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Sexta-feira, 2 de Outubro de 2020 I Série-N.

º 155

ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA


Preço deste número - Kz: 850,00
Toda a correspondência, quer ofi cial, quer ASSI ATURA O preço de cada linha pub lica da no Diário
relativa a anúncio e a ina tura do «Diário Ano da Rep ública l.' e 2.' série é de Kz: 75.00 e para
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«Impren a». A 3.' série . .................. Kz: 180 133.20 da Imprensa Naciona l - E. P.

SUMÁRIO como fetrnmenta da sua integração no Sistema Nacional


de Saúde, com vista a contribuir para o desenvolvimento
Presidente da República socioeconómico do País;
Decreto Presidencial n.º 253/20: O Presidente da República decreta, nos teimos da alí-
Aprova a Política Naciona l de Medicina Tradicional e Con1p lementar. nea d) do rutigo 120.º e do n.º 3 do a1tigo 125.º, ambos da
- Revoga toda a legislação qu e contrarie o dispo to no presente Constituição da República de Angola, o seguinte:
Diploma.
ARTIGO 1. 0
Deueto Presidencial n.º 254/20:
Exonera as ent id ades que integram o Conse lho de Administração do (Aprovação)
Entreposto Adu aneiro de Angola (EAA - E .P.). É aprovada a Política Nacional de Medicina Tradicional
Despacho Presidencial n.0 142/20: e Complementai·, anexa ao presente Decreto Presidencial de
Non1e ia a Conú são de Gestão do Entreposto A duaneiro de Angola
que é pa1te integrante.
(EAA - E.P.).
ARTIGO2.º
Vice-Presidente da Repúbhca (Revoga ção)
Despacho n.º 16/20:
Non1eia Osvaldo Sebastião Bartolon1eu para a função de Consultor do É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no
As essor Juríd ico de ModemizaçãoAdnúnistrativa e Intercâmbio do presente Diploma.
Vice-Presidente da Repúb lica. ARTIGO 3.0
Despacho n.0 17/20: (Dúvidas e omissões)
Non1eia Dioni io Bastos Cipriano da Costa para integrar o quadro tem-
porário do A sessor Económico e Social do Vice-Presidente da As dúvidas e omissões resultantes da intetpretação e apli-
República. cação do presente Diploma são resolvida s pelo Presidente da
Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos República.
ARTIGO4.0
Decreto Executivo n. 0 240/20 :
Aprova o Regulamento do Con1ités Locai do Direito Humanos (Entrada em vigor)
{CLDH). - Revoga o Decreto E.xecutivo n.0 13 7/14, de 13 de Maio. O presente Diploma et1t:ra em vigor na data da sua
Ministério do Ensino Superior, publicação.
Ciência, Tecnologia e Inovação Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda ,
aos 29 de Agosto de 2020.
Decnto Executivo n. 0 241/20:
Autoriza a Instituiçõe do Ens ino Superior Pública , Privadas e Publique-se.
Público-Privada a reton1aren1 as ac tividades lectivas presenciais,
respe itantes ao Ano Académico 2020, a partir de 5 de Outubro. Luanda, aos 23 de Setembro de 2020.
O Presidente da República, JoÃo MANUEL GONÇALVES

PRESIDENTE DA REPÚBLICA LOURENÇO .

Decreto Presidencial n .º 253/20 1. INTRODUÇÃO


de 2 de Outubro A saúde é um direito humano fundamental e cabe ao
Havendo necessidade de se adoptar e implementar a Estado garantir o direito à assistência médica e sanitária ,
Política Nacional de Medicina Tradicional e Complementar, assegurando os meios de sua promoção, prevenção de doen-
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ças, diagnóstico e tratamento. Neste aspecto, é conhecido o vá1ios botânicos nacionais e internacionais, conc01re para
papel fundamental da Medicina Tradicional e Complementar isto, uma vez que proporciona diferentes espécies desde ali-
na prevenção, diagnóstico e tratamento de várias enfennida- mentares, madeiráveis, oleaginosas e um elevado número de
des em diferentes países do mundo. plantas com utilidades medicinais .
Esse facto é reconhecido pela Organização Mundial A potencialidade dessa medicina não é aproveitada ple-
de Saúde (OMS), que no final da década de 1970, criou o namente no País por vários factores . A Política Nacional de
Programa de Medicina Tradicional e Complementar, no Saúde, aprovada em 2010, aponta o estado de organização
qual recomenda aos Estados-Membros o desenvolvimento ainda incipiente que se encontra, embora muitos pacientes
de políticas públicas para facilitar a integração da Medicina rec01rnm a este Sector, que carece de um quadro legal que
Tradicional e Complementar nos Sistemas Nacionais de leva a que os va lores positivos desta sejam devidamente
Saúde. aproveitados em beneficio da saúde da população;
A OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância Sendo uma das tarefas fundamentais do EstadoAngolano,
(UNICEF) promoveram a Conferência Internacional sobre nos tennos da alú1ea f) do a1tigo 21.º da Constituição
Cuidados Primários de Saúde, tendo sido recomendado da República de Angola, promover políticas que penni-
aos Estados-Membros a fonnulação de políticas e regu- tam tomar universais e gratuitos os cuidados primários de
lamentações nacionais referentes à utilização de práticas saúde, fica assegurado que outras políticas sejam enquadra-
complementares à medicina convencional com eficácia das de fonna abrangente nas várias tipologias universais
comprovada e exploração das possibilidades de incorporar de atendimento dos cuidados primários às populações, que
os detentores de conhecimento tradicional às actividades já se promove a cura através da Medicina Tradicional e
de atenção primária em saúde, fornecendo-lhes fotmação Comp lementar quer nas zonas tu·banas, petiféricas e mrais.
c 011"esp ondente. A OMS reconhece que grande prute da população dos paí-
Com efeito, muitos países se aperceberam da necessi- ses em desenvolvimento depende da Medicina Tradicional e
Complementar para a sua atenção primária, tendo em vista
dade de considerar a temática de Medicina Tradicional
que 80% desta população utiliza práticas tradicionais nos
e Complementar pela eficácia e segurança demonstra-
cuidados básicos da saúde, sendo que 85% utilizam plantas
das e outorgam licenças para o exercício desta actividade.
e fá1macos a base de plantas medicinais.
Consideram ainda que as prioridades para a capacitação
Neste sentido, coffespondendo aos apelos da OMS e
e investigação podem ser melhor geridas no quadro de
da SADC inseridos nas suas resoluções e estratégias para
uma política e uma esb·atégia nacional. Reconhecem que
a Região Africana, o Governo de Angola, considerando a
há uma necessidade urgente do estabelecimento de políti-
!ruga utilização da Medicina Tradicional e Comp !ementai· no
cas e de n01ma s internacionais para a investigação sobre
País, pretende continuar os esforços de pesquisa e valo1iza-
a segurança, controlo de qualidade e eficácia da Medicina
ção da mesma com vista à sua utilização mais segura pelos
Tradicional e Complementar, bem como do uso sustentável
cidadãos. Pretende-se criar mecanismos n01mativos e legais
de plantas medicinais uma vez que se reconhece que cerca
necessários à promoção de uma boa prática desta medicina ,
de 90% dos fá1macos utilizados são oriundos de exb·actos
assim como garantir que o acesso seja equitativo e que se
vegeta is. Defendem a regulação da protecção e do uso equi-
assegtu·e autenticidade, eficácia e segurança destas terapias.
tativo dos conhecimentos sobre a Medicina Tradicional e
Assim, a Política Nacional da Medicina Tradicional
Complementar.
e Complementar é de extrema impo1tãncia por constituir
Na sua estratégia global sobre a Medicina Tradicional e
tuna fetrnmenta de integração desta Medicina no Sistema
Complementar 2000-20 10 e de 2014-2023 , a OMS reforçou Nacional de Saúde e de aiticulação com outros prestadores
o compromisso em estimular o desenvolvimento de políti- de saúde, assegurando ainda a valorização do praticante da
cas públicas com o objectivo de inseri-la no Sistema Oficial Medicina Tradicional e Complementai·.
de Saúde dos seus Estados-Membros. Como resultado
II. ANTECEDENTES E JUSTIFICAÇÃO
da década, 39 países da Região Africana já têm políticas
nacionais e Gabinete Nacional de Medicina Tradicional 2.1. Antecedentes:
e Complementar no Ministério da Saúde, 28 têm qua- Desde os primórdios, em Angola a prática da Medicina
dros jurídicos para a prática da Medicina Tradicional e Tradicional está estreitamente ligada à vida quotidiana das
Complementar, 25 criaram a sua Comissão Nacional e 24 nossas populações . As plantas medicinais caracterizam a ver-
contam com um Programa Nacional de Medicina Tradicional dadeira medicina tradicional angolana como fruto das raízes
e Comp lementar no Ministério da Saúde. culturais do nosso povo. Há registos sobre a fo1te utilização
Em Angola, a Medicina Tradicional assenta fundamen- no período pré-colonial da Medicina Tradicional, o que está
talmente na utilização das plantas medicinais com base retratado tanto nas anotações de Frederich Welwitsch (1862-
na fitoterapia. A riqueza florí stica do País, confinnada por 1868) na sua obra sobre Madeira e Drogas Medicinais de
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Angola , como no livro de Gossweiller (1953) sobre Nomes A contribuição das Organizações Não Governamen-
Indígenas de Plantas de Angola . Durante o período colo- tais (ONG's) dedicadas ao desenvolvimento dos
nial, a Medicina e a Fannacopeia Tradicionais eram práticas recursos naturais com fins curativos e oub·as
proibidas ou consideradas supersticiosas , não obstante as práticas tradicionais, assim como as pesquisas;
populações continuaram a sua utilização, pois dela depen- A celebração sistemática da Jornada pelo dia da
Medicina Tradicional e Comp lementar Africana ,
diam exclusivamente para o tratamento das enfennidades.
desde o ano de 2003 ;
Em estudos realizados pelo Instituto Nacional de Saúde
A criação da Comissão Nacional para o Desenvol-
Pública (actualmente Instituto Nacional de Investigação em
vimento da Medicina Tradicional e Nattu·al em
Saúde) entre os anos 2009-2011 aplicaram-se 1.388 inqué-
Angola no ano de 2009, pelo Instituto Nacional
ritos, cujos resultados indicaram que 72,4% da população
de Saúde Pública;
angolana utiliza as plantas medicinais para o tratamento A realização, em Outt1bro de 2011 , do I Enconb·o
de mais de 10 doenças e 87,4% considera que a Medicina Nacional sobre a Flora e Vegetação de Angola;
Tradicional e Complementar deve integrar-se no Sistema A realização, em Novembro de 2011 , da Conferência
Nacional de Saúde. sobre Medicina Tradicional que culminou com
Outros procedimentos da Medicina Tradicional e a criação da Câmara Profissional de Medicina
Complementar como a acupunctura, homeopatia , massagens, Tradicional e Práticas Complementares.
terapias bioenergéticas e outros têm sido implementados em 2.2. Justificação:
Angola e são utilizados para a prevenção e tratamento das É prioridade para o Governo de Angola a expansão dos
diferentes doenças. cuidados ptimários de saúde, que constittlÍ tuna elevada
A Homeopatia foi introduzida em Angola nos anos 80 preocupação pela demanda destes cuidados de saúde. Daí
pelas Mach-es Capuchinhos. Segundo dados, hoje cerca de a iniciativa do Sector da Saúde em envidar esforços con-
5.000 pessoas procuram anualmente estes serviços, sendo sideráveis, resultantes no crescimento de infra-estn1ttu·as
que desta população cerca de 75% são mulheres. sanitárias , recursos htunanos nacionais e estrangeiros e de
A Acupunctura tem sido utilizada em Angola desde os equipamentos , com vista a assegurar seiviços de saúde mais
anos 90, com excelentes resultados na prevenção e trata- próximo do cidadão.
mento da maioria das doenças. Assim sendo, nos últimos anos foi impletnentado um
processo de desconcentração e descentralização adminis-
Em 1939, alguns naturalistas angolanos repo1ta-
trativa, privilegiando as camadas mais desfavorecidas e,
vam cerca de uma centena de espécies colhidas apenas no
ao mesmo tempo, reconhecendo o papel da pesquisa e do
Centro Sul do País, muito utilizadas pelas nossas popula-
conhecimento científico para a melho1ia dos padrões de
ções como a única medida curativa, nomeadamente o Gtupo
saúde em todo o mundo.
Bosquímano-Hotentote ou Khoisan e pelo grupo eb10lin- Todavia, foi feito paulatinamente tun reforço da capa-
guístico «BanttD>, que se constatava a utilização massiva de cidade institucional e capacitação de rectu·sos humanos, de
plantas como medidas de terapias e de oub·os costtunes, ape- modo a pe1mitir o desenvolvimento de pesquisa na medi-
sar da carga assistencial e do reconhecimento implícito e da cina , apesar destes investimentos actualmente cobrirem, no
impo1tância da Medicina Tradicional e Complementar não Se1viço Nacional de Saúde, apenas 60% da população, nas
ser ainda um se1viço legalmente reconhecido no País. áreas periurbanas e mrais recotTem aos se1viços fornecidos
EmAngola, existem contributos sobre o desenvolvimento pela Medicina Tradicional e Comp lementar, ab·avés do uso
da Medicina Tradicional e Complementar, nomeadamente: de plantas medicinais, outros rectu·sos naturais e práticas tra-
A publicação, em 1984, do livro de plantas medici- dicionais para o tratamet1to das doenças.
nais de Manuela Batalha, com questionários a Hoje é bem conhecido pela sociedade o papel preponde-
rante que desetnpenham os terapeutas e pa1teiras tradicionais
centenas de pessoas;
na aplicação de conhecimentos e práticas no intuito de afastar
A publicação, em 1996, do livro a Medicina Tradicio-
ou prevenir os males e doenças ptincipalmente no meio rmal.
nal no Cenb·o e Oeste de Angola, de FJ-ic Bossard;
Considerando a ampla utilização da Medicina Tradicional
A fo1te actividade exercida por terapeutas, pa1teiras
e Comp lemet1tar pela população angolana e admitindo ainda
tradicionais e ainda das e1vanárias;
as fragilidades existentes no Sistema Nacional de Saúde
O cadastramento de 61.197 terapeutas tradicionais a no que toca ao acesso e disponibilidade dos seiviços de
nível das associações de Medicina Tradicional e medicina convencional, toma-se necessária a criação de ins-
Complementar no País; tnunentos legais que ditein as nonnas e procedimentos de
A inventa1iação de cerca de 500 espécies de plantas modo a salvaguardar a saúde da população e tomá-la mais
medicinais pelas instituições de pesquisa do País; segma e eficaz.
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III. DEF1NIÇÕES exclusivamente em experiências passadas e na


Havendo a necessidade de clarificar o entendimento de obse1vação transmitida de geração em geração,
algumas designações aqui apresentadas, devem considerar- oralmente ou não;
-se as seguintes definições e tenninologias : j ) <<Medicina. Tradicional e Co111ple111e11ta.r», conjunto
a) <
<Acupunctw·a», método terapêutico chinês de mais de medicinas não convencionais que funde os
5000 anos, que consiste na inserção de agulhas teimos de Medicina Tradicional e Medicina
muito finas ou outros meios , em detenninados Comp lementar e abai·ca produtos , práticas e os
pontos do corpo, com o objectivo de restabele- profissionais, confonne documentos da Organi-
cer o equilíbrio energético e recuperar a saúde; zação Mw1dial da Saúde (OMS);
b) «Fan11acopeia Ti·adicionalAfricana», conjunto de k) «Terapeuta Ti·adicional e Co111.ple111entco·», pessoa
saberes , conhecimentos e práticas de técnicas reconhecida pela comunidade na qual vive e
de preparações e de utilização das substâncias por órgãos competei1tes da saúde, como sendo
vegetais animais e/ou minerais que seive para competeilte para prestar cuidados de saúde,
diagnosticar prevenir e/ou eliminar um desequi- baseados nos conhecimentos tradicionais, com-
líbrio fisico mental ou social; plementares ou técnicos, quer sejam culturais e/
c) <<Fitoterapia>>, ciência do uso das plantas medi- ou sociais , visando o bem-estar meiltal, fisico e
cinais ou seus derivados com fins terapêuticos, socia l;
l) «Ten11a.lis1110 ou Crenoterapia» , utilização das
para a prevei1ção ou tratamento das doet1Ças;
d) «Homeopatia», sistema terapêutico aletnão águas medicinais ou teimais para tratar ou pre-
venir etúetmidades.
baseado no princípio da Lei dos Semelhantes «o
similar se cura com o similar» e tratam as doen- IV.MISSÃO
ças mediante substâncias altamente diluídas que A Política Nacional de Medicina Tradicional é o instm-
numa pessoa saudável produziriam sintomas mento que deve ser usado para garantir a prática segura e
semelhantes aos da doença. sustentável da Medicina Tradicional e Complementar com
e) <<Inocuidade», ausência de toxicidade nas doses base numa regulamentação apropriada e no incentivo à
terapêuticas a cwto, médio e longo prazos; investigação convencional, desenvolvimento tecnológico e
j) <<Medicamentos Procedentes da Farmacopeia Ti·a- em pa1ticular na Área da Biotecnologia. É wn instrumento
dicional», medicamentos, misturas fo1muladas , fundatnental que deve assegurar o papel reitor do Estado na
compostos desenvolvidos por um terapeuta tra- resolubilidade do Sistema Nacional de Saúde, ampliando o
dicional, naturopata ou um pesquisador a pa1tir acesso a todos os cidadãos de fo1ma eficaz, valorizando e
dos conhecimentos ou info1mações procedentes protegendo o conhecimento tradicional das populações.
da fa1macopeia tradicional; V. VISÃO
g) «Medicina Complementar», conjunto de diversos
A implemei1tação da Política Nacional de Medicina
sistemas, práticas, produtos médicos e de aten- Tradicional visa a integração de práticas de saúde e de medi-
ção da saúde, que não se consideram actuahnente camentos tradicionais comprovadamente seguros, eficazes e
patte da medicina convet1cional. São técnicas
de qualidade no Sistema Nacional de Saúde, numa lógica
procedet1tes de outros sistemas médicos, que se de complementaridade, incentivo e apoio à pesquisa para o
usam como secundárias ou complementos da desetwolvimento e aplicação alargada e segura destas práti-
medicina modet11a; cas tradicionais que incluam as componentes de saúde, meio
h) <<Medicinalntegrativa», combinação dos tratamen- ambiet1te, deseiwolvimento económico e social para promo-
tos convencionais com alternativas terapêuticas ção da melhoria na qualidade de vida dos angolanos.
e complementares, para a abordagem integral do
VI. OBJECTIVOS
doetlte, potei1ciando os resultados das acções de
saúde; 6.1. Objectivo Geral:
i) <<Medicina Tradicional», combinação total de Desenvolver as práticas da Medicina Tradicional e
conhecimentos, habilidades e práticas baseadas Comp lemei1tar no Sistema Nacional de Saúde de modo
em teorias e expei·iências oriundas das diferen- que conttibua para a obtenção de melhores resultados na
tes culturas , explicáveis, usadas para mantei· a saúde, optimizando e consolidando o seu papel, garantindo
saúde, na prevei1ção, diagnóstico e tratamento os cuidados com eficácia, segurança e qualidade a toda a
das doenças fisicas ou mentais. Podem assentar população.
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6.2. Oh j ectivos Específicos: 7.4. Princípio da Garantia de Qualidade:


a) Integrar as práticas da Medicina Tradicional e Os setviços de saúde fornecidos pelos profissionais de
Complementar, cientificamente avaliadas, ao Medicina Tradicional e Complementar devem obedecer,
exercício da medicina convencional, promo- com rigor, à eficácia, segtu·ança e exigências dos padrões de
vendo pesquisas na área para a validação do qualidade de saúde a nível nacional e internacional.
conhecimento tradicional de fonna a garantir 7.5. Princípio do Respeito pelos Valores Éticos:
a sua eficácia e segurança no impacto social e O exercício da Medicina Tradicional e Comp lementai·
económico; deve respeitai· os mesmos princípios éticos preconizados
b) Desenvolver um novo modelo de assistência pela Medicina Convencional, garantindo a segurança, priva-
sanitária através da Medicina lntegrativa, princi- cidade e confidencialidade dos utentes.
palmente nos cuidados primários de saúde;
7.6. Princípio da Sustentabilidade:
e) Regulamentar o exercício da Medicina Tradicio-
A prática da Medicina Tradicional e Complementar
nal e Complementar, bem como a produção,
quanto ao conhecimento tradicional é patte integrante do
conse1vação, distribuição, annazenamento,
património culttu·al e histórico dos cidadãos angolanos, deve
comercialização e uso de fitoterápicos e outros
garantir a conse1vação da biodiversidade e prese1vai· a sus-
rectu·sos nattu·ais no Sistema Nacional de Saúde;
tentabilidade dos recursos nattu·ais.
d) Criar Centros de referência da Medicina Tradicio-
nal e Complementar em cada provincia do País; 7.7. Princípio da Exclusividade:
e) Incentivar a elaboração de programas de educação Os Praticantes da Medicina Tradicional e Complementar
e capacitação em Medicina Tradicional e Com- devem exercer as suas funções única e exclusivamente den-
plementar para o pessoal do Sistema Nacional tro da implementação das estratégias da presente Política.
de Saúde e os detentores de conhecimento tradi- 7.8. Principio do Respeito à Dignidade da Pessoa
cional das comunidades; Humana:
j) Promover a valorização do conhecimento da Medi- Os praticantes da Medicina Tradicional e Complementai·
cina Tradicional e Complementar e os direitos devem, no exercício das funções , respeitai· a dignidade da
de propriedade intelecttial; pessoa humana, em especial os direitos e garantias funda-
g) Promover a produção qualitativa e quantitativa mentais das crianças, dos idosos, mulheres e das pessoas
de diversas espécies de plantas medicinais e com deficiência.
outros recursos nattu·ais necessários para o cabal 7.9. Principio da Responsabilização:
desenvolvimento da Medicina Tradicional e
Os praticantes da Medicina Tradicional e Complementar
Complementar no Pais;
são responsáveis civil e criminalmente pelos danos pes-
h) Promover a elaboração da Fannacopeia Tradicio-
soa is e patrimoniais causados aos pacientes no exercício das
nal Angolana. ftmções .
VII. PRINCÍPIOS VIII. ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO
Para a con-ecta implementação da Política Nacional de
As esb·atégias da implementação da Política Nacional de
Medicina Tradicional e Comp lementar são estabelecidos os
Saúde no seio do Sistema Nacional de Saúde é ftmdamen-
seguintes princípios : tal pai·a promover uma melhor coordenação e alinhamento
7. 1. Princípio da Inter-Sectorialidade: com as políticas intersectoriais, incluindo os praticai1tes da
Garante a paiticipação de todos os órgãos do Estado Medicina Tradicional e Complementar, associações profis-
e a Sociedade Civil no desenvolvimento da Medicina sionais, consumidores, os Sectores Público, Privado com
Tradicional e Complementar no País. fins lucrativos, não lucrativo e o sector infonnal.
7.2. Princípio da Equidade do Acesso aos Serviços de 8.1. Integração da Medicina Tradicional e Comple-
Saúde: mentar no Sistema Nacional de Saúde:
Estabelece o direito à equidade aos cidadãos no acesso a) A implementação da Medicina Tradicional e
aos Setviços Nacionais de Saúde. Comp lementar no Sistema Nacional de Saúde
7.3. Princípio da Institucionalização do Conhecimento deve conb·ibuir para o alargamento em todo
Tradicional: teiTitório nacional das acções de saúde que são
Garante a qualidade e a capacitação das instituições desetwolvidas pelo MINSA, principalmente no
de ensino para a transmissão do conhecimento tradicional, que se refere à atet1ção primária, reforçando o
complementar e crenças através de regras , nonnas para a Programa de Revitalização dos Setviços Muni-
prestação e expansão dos setviços de saúde. cipais de Saúde;
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b) A organização da assistência médica tradicional Comp lementar ouAlternativa e do fornecimento


e complementar deve ser de acordo com o de aconselhamento sobre a regulamentação e as
nível de atendimento do Sistema Nacional de nonnas de garantia de qualidade;
Saúde e regulamentar o exercício desta prática, k) Reforço da capacidade das associações, autoridades
assim como criar cenb·os de referência para o reguladoras nacionais dos medicamentos e orga-
desenvolvimento da Medicina Tradicional e nizações intergovernamentais que contribuem
Complementar em todas as províncias do País; para melhorar a implementação e hannonizar a
e) A aprovação e institucionalização dos procedimen- regulamentação sobre os produtos da medicina
tos e modalidades da Medicina Tradicional e tradicional.
Complementar deve ser de acordo com o rigor 8.2. Asseguramento do Desenvolvimento das Plantas
científico e princípios éticos exigidos para o Medicinais, sua Conservação e Protecção da Biodíversidade:
exercício da Medicina Convenciona l a fim de a) Inventariação das plantas utilizadas tradicional-
se garantir serviços à população com eficiência, mente no tratamento de enfennidades por fonna
segurança e qualidade; a pennitir a planificação, selecção e o cultivo de
d) Promoção da cooperação entre praticantes da plantas medicinais de modo a garantir as neces-
Medicina Tradicional e Complementar e a sidades de consumo da população como droga
medicina convencional, principalmente no que vegetal ou o volume de matéria-prima vegetal
concerne à utilização de medicamentos tradi- e espécies para a produção industrial ou local
cionais de eficácia científica comprovada, a fim de medicamentos fitoterápico s que responda às
de reduzir os gastos por medicamentos usados necessidades de comercialização;
convenc ionalmente; b) Definição de um plano estratégico de cultivo e
e) Elaboração do diagnóstico da Medicina Tradicional uso de plantas medicinais, que pe1mita uma
e Complementar no País, quer no Sector Público exploração sustentável para a conse1vação e
quer no Privado para o devido enquadramento prese1vação da biodiversidade, evitando o uso
legal; de espécies ameaçadas de extinção;
j) Aumento da afectação e mobilização de recursos e) Elaboração de instrumentos n01mativos que regu-
adequados para uma eficaz implementação da lem o acesso as plantas medicinais e aos recursos
Estratégia Regional sobre Medicina Tradicional genéticos;
e Complementar, sobrehtdo para realizarem d) Elaboração da Política Nacional de Plantas Medi-
investigação que produza provas científicas cinais e Fitoterápicos para garantir à população
sobre a segurança e eficácia dos medicamentos angolana o acesso seguro e o uso racional de plan-
tradicionais; tas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso
g) Reforço da regulamentação dos produtos da sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento
Medicina Tradicional e Complementar, dos da cadeia produtiva e da indústria nacional;
praticantes e da prática nesta área , tomando e) Promoção e organização do cultivo em larga escala
em consideração a Declaração de Argel e a conse1vação de plantas medicinais devida-
sobre Investigação para a Saúde e a renovada mente estudadas que sejam usadas para o fabrico
Década da Medicina Tradicional Africana de produtos da Medicina Tradicional e Com-
(20 11-2020); plementar, com base nos princípios das boas
h) Aumento da disponibilidade e a abordagem da práticas de cultivo, colheita e annazenamento;
Medicina Tradicional, Comp lementar ou Alter- j) Apoio à criação de plantações domésticas, zonas
nativa, de maneira apropriada, com ênfase no botânicas e viveiros de conservação;
acesso para as populações de baixa renda eco- g) Asseguramento que a Medicina Tradicional e
nómica ; Comp lementar seja devidamente considerada
i) Promoção do uso terapêutico coITecto da Medicina nos planos nacionais de desenvolvimento para a
Tradicional e Comp lementar apropriado para os prese1vação da diversidade biológica;
prestadores de se1viço e aos consumidores; h) Fncorajamento da produção local de produtos da
j ) Promoção da inocuidade, eficácia e a qualidade Medicina Tradicional e Complementar criando
da Medicina Tradicional, Complementar ou um ambiente político, económico e regulador
Alternativa, por meio do entendimento da base favorável, incluindo um desagravamento fiscal
de conhecimentos sobre a Medicina Tradicional, para os produtores locais;
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i) Criação de nonnas nacionais e quadros regula- i) hltensificação da colaboração e a confiança entre


mentares aplicáveis aos produtos da Medicina os cientistas investigadores e os Praticantes da
Tradicional e Complementar; Medicina Tradicional e Comp lemei1tar, através
j ) Investimento no reforço das fábricas de produtos da de um melhor entendimento dos seus papéis
Medicina Tradicional e Comp lementar e melho- individuais e complementares ;
rar a produção loca l, com base em métodos j ) Capacitação dos Praticantes da Medicina Tra-
científicos de investigação e desenvolvimento.
dicional e Complementar, as comunidades e
8.3. Promoção da Produção, Comercialização de os investigadores acerca dos seus direitos e
Fitoterápicos e Outros Produtos Naturais: promoção do uso dos recursos biológicos e
a) Implementação e regulamentação da produção de documentação dos conhecimeiltos de Medicina
medicamentos naturais, de acordo com as boas Tradicional por vários meios, tais como base de
práticas de produção com vista a pennitir a cer- dados, levantamei1to etnobotânico, inventários
tificação da qualidade; dos produtos e práticas da Medicina Tradicio-
b) Regulamentação do exercício fannacêutico das nal, monografias sobre as plantas medicinais ,
e1vanárias em todo o País para a venda de faimacopeias de produtos à base de plantas e
medicamentos fitoterápicos e outros produtos
fonnulários ;
naturais devidamente avaliados e ceitificados.
k) Adequação do laboratório do Instituto Nacional de
8.4. Promoção da Investigação Cientifica em Medicina Investigação ein Saúde para o controlo de qua-
Tradicional e Complementar:
lidade das plantas medicinais e seus dei·ivados
a) Realização de projectos de investigação baseados comei·cializados no País.
em princípios éticos e metodológicos interna-
8.5. Formação e Capacitação dos Recursos Humanos
cionalmente aceites e que se enquadram nas
em Medicina Tradicional e Complementar:
estratégias do Sistema Nacional de Saúde para
a prevenção e tratamento das doenças mais fre- a) Criação de Escolas técnico-profissionais pai·a a
quentes com elevada morbilidade e mo1talidade fo1mação e capacitação de recursos humanos;
no País; b) Promoção de colaboração com as Instituições de
b) Criação do Centro Nacional de Referência de ei1si110 nacional e internacional para o treina-
Medicina Tradicional e Comp lementai; mento e a fo1mação dos profissionais de saúde
e) Fonnação de capacidades em investigação em Medicina Tradicional e Comp leinentar com-
sobre Medicina Tradicional e Complementar, provadas cientificamente;
incluindo a ética da investigação; e) Desenvolvimento de programas de fo1mação em
d) Colaboração entre as instituições de investigação e Medicina Tradicional e Comp leinentar dirigidos
os fabricantes , para a produção de novos medi- ao pessoal da saúde nas difei·entes instâncias;
camentos; d) Elaboração de instn.unentos que pennitam avaliai·
e) Criação de ü1cei1tivos para os investigadores que
a competência e deseinpenho dos detentores do
detenham patentes;
conhecimento b·adicional pai·a a sua ceitificação;
j) Promoção de maior coordeirnção entre as institui-
e) Incorporação dos conteúdos da Medicina Tradi-
ções de fonnação e de investigação, incluindo
cional e Compleinentares nos programas de
os Cei1tros de Colaboração da OMS envolvidos
fonnação das ciências da saúde;
no desenvolvimento da Medicina Tradicional e
j) Elaboração de programas de fo1mação pai·a capa-
Compleinentar;
citação do co1po docente e de acordo com as
g) Cooperação e parcei·ias entre os países nas aborda-
gens Sul-Sul ou triangular para o financiamento matérias dos programas cU1Ticulares das ciên-
da investigação; cias da saúde;
h) Desenvolvimeilto da investigação e a inovação na g) Mobilização e afectação de recursos financeiros
Medicina Tradicional e Complementar como adequados para a fonnação de recursos humanos
paite da implemei1tação da resolução sobre a que produzam medicamentos novos e acessíveis
estratégia mundial e plano de acção para a saúde para as doenças prioritárias transmissíveis e não
pública, inovação e propriedade intelectual; transmissíveis;
4948 DIÁRIO DA REPÚBLICA

h) Promoção do contacto dos estudantes das Ciências h) Fomentar a pesquisa aplicada , assim como a for-
da Saúde e dos profissionais de saúde com o mação e capacitação pennanente e divulgar os
papel da Medicina Tradicional e Complementar resultados;
nos sistemas de saúde; i) Estabelecer preços de referência para os produtos
i) Criação ou reforço dos sistemas de qualificação, e/ou remédios tradicionais locais e impo1tados;
acreditação ou licenciamento dos Praticantes de J) Fomentar o desenvolvimento de mini-indústrias
Medicina Tradicional e Comp lementai~ para o processamento e transfonnação das plan-
j ) Priorização do financiamento da investigação em
tas medicinais;
k) Criar mecanismos de regulamentação e fi scalização;
Medicina Tradicional e Complementar e ao
l) Criar mecanismos para a gestão, controlo de quali-
desenvolvimento de mecanismos de financia-
dade e biossegurança;
mento inovadores.
m) Assegurar a exploração sustentável das plantas
8.6. Promoção de Programas de Comunicação Social
medicinais;
para Medicina Tradicional e Complementar:
n) Promover a divulgação da Política da Medicina
Realização de programas de divulgação sobre a eficá- Tradicional em linguas nacionais;
cia , segurança e beneficies dos procedimentos da Medicina o) Tomar medidas concretas para avaliar as neces-
Tradicional cientificamente demonstrados, através dos sidades de financiamento da investigação em
meios de comunicação massiva. Medicina Tradicional e Comp lementar e atribuir
8. 7. Protecção do Conhecimento e a Prática da Medicina recursos financeiros do orçamento nacional,
Tradicional e Complementar: assim como considerar mudanças na s opções
a) Elaboração de instrumentos nacionais para o de financiamento e mecanismos inovadores de
cadastramente do conhecimento da Medicina financiamento ;
p ) Documentar e preservar os conhecimentos da
Tradicional e Complementar visando o direito
Medicina Tradicional e Comp lementar sob
da propriedade intelectual;
várias fonnas e criar legislação nacional para a
b) Criação de um Código de Ética para a protecção do
protecção dos Direitos da Propriedade Intelec-
exercício profissional da Medicina Tradicional e
tual e acesso aos recursos biológicos;
Complementar.
q) Adaptar os instrumentos e orientações da OMS
IX. INTERVENIENTES sobre Medicina Tradicional e Complementar às
9.1. Papel do Estado: situações específicas e implementar as intavenções
a) Elaborar nonnas técnicas para a inserção da Medi-
p1io1itá1ias, assim como as estratégias e planos;
r) Emitir autorizações para a introdução no mercado
cina Tradicional e complementar no Sistema
de medicamentos de origem natural que satis-
Nacional de Saúde;
façam os crité1ios, as n01mas, os padrões de
b) Definir recursos orçamentais e financeiro s para a
qualidade, segurança e eficácia à nível nacional,
implementação da política;
da OMS e inclui-los na Lista Nacional dos
e) Estimular pesquisas nas áreas de interesse, em
Remédios Tradicionais/Naturais e na fannaco-
especial, aquelas consideradas estratégicas para
peia b·adicional;
a fo1mação e desenvolvimento tecnológico;
s) Reforçar o Sistema Nacional de Fánnacovigilância
d) Manter a1ticulação com os Depa1tamentos Minis-
para monitorizar os efeitos adversos dos produ-
teriais, Govemos Provinciais e Administrações
tos da Medicina Tradicional e Complementar;
Municipais para a efectivação da política;
t) Promover, coordenar e monitorizar a implementa-
e) Estabelecer mecanismos de acompanhamento, ção dos planos estratégicos multissectoriais de
divulgação e avaliação do impacto junto das Medicina Tradicional e Comp lementar, através
populações; do Depaitamento de Medicina Tradicional do
j) Garantir a especificidade da assistência fannacêu- Instituto Nacional de Investigação em Saúde;
tica em fitoterapia e outros produtos naturais de u) Elaborar programas de fonnação e rever os pla-
acordo com a legislação vigente; nos de estudo, de modo a incluir módulos de
g) Aprovar e actualizar a cataloga ção de plantas Medicina Tradicional e Complementar, para pôr
medicinais e seu potencial de utilização na saúde os estudantes de ciências da saúde em contacto
e a lista nacional de fitoterápicos (lista nacional com o papel da Medicina Tradicional e Comp le-
de medicamentos); mentar no Sistema Nacional de Saúde;
I SÉRIE - N .º 155 - DE 2 DE OlITUBRO DE 2020 4949

v) Promover parcerias público-privadas, para atunen- d) Assegurar no orçamento municipal tun financia-
tar o interesse pelos investimentos na Medicina mento para esta actividade;
Tradicional e Complementar; e) Fornecer os meios logísticos necessários para o
111 Criar base de dados nacional para registar os ctunprimento das tarefas do plano operacional
do Município;
conhecimentos de Medicina Tradicional e Com-
./) Elaborar tun relatório mensal sobre os resultados
plementar e o uso dos produtos da Medicina
do ctunprimeilto da estratégia no Mtmicípio;
Tradicional e Complementar;
g) Implementar a Fannacovigilância.
x) Promover parcerias com instituições internacionais
9.4. Papel dos Parceiros:
para desenvolvimento de fonnação, investiga-
A Sociedade Civil, represei1tada por Organizações
ção em Medicina Tradicional e Complementar
Não Governamentais e sócio-profissionais, Autoridades
comprovada cientificamente no Sistema Nacio- Tradicionais, organizações sindicais, organizações de base
nal de saúde; da co1mmidade, bem como as Agências de Cooperação para
y) Investir na pesquisa operacional e biomédica em o Desenvolvimento, em realce a Organização Mtmdial da
Medicina Tradicional, para melhorar as práticas Saúde, o Sector Privado e as Instituições de Investigação
e os produtos da Medicina Tradicional e Com- têm papel preponderante e tuna responsabilidade na insti-
plementai: tucionalização da Medicina Tradicional e Comp lemei1tar,
devendo actuar etn coordenação e complementaridade com
9.2. Papel dos Governos Provinciais:
as associações de Medicina Tradicional e Completnentar, na
a) Promover a implementação da Política Nacional optimização do uso da mesma, assim como:
para o Desenvolvimento da Medicina Tradicio- a) Advogar o compromisso das autoridades nacio-
nal e Complementar em seu ten-itório; nais na priorização da Medicina Tradicional e
b) Aplicar as 1101mas de funcionamento da estratégia; Comp lementar e reforçar o papel de tutela dos
e) Capacitar as equipas de trabalho a todos os níveis e
governos, para criar um ambiente favorável ;
b) Encorajar e trabalhar com as C01mmidades Eco-
cettificar a qualidade do conteúdo do programa
nómicas Regionais, para promover acções que
de capacitação;
contribuam para reforçar o financiamento da
d) Elaborar o Plano Estratégico da Província;
Medicina Tradicional e Compleinentar;
e) Assessorar as equipas municipais na elaboração do e) Melhorar a cooperação e a ha,monização de pro-
plano operacional do Município; cedimentos de regulamentação da Medicina
./) Assegurar o ctunprimento dos prazos de implemen- Tradicional e Complementar;
tação das tarefas; d) Advogar o fabrico de produtos da Medicina Tradi-
g) Supervisionar, monitorar e avaliar este processo; cional e Complementar;
h) Realizar visitas de supe1visão aos 1mmicípios para e) Dar aconselhametlto técnico e orientação a o Estado
identificar os constrangimentos e propor solu- Angolano, para que se adapte os instrumentos e
as orientações à sua situação específica e apoiem
ções atempadas;
a implemei1tação das inte1venções p1ioritárias ;
i) Planificar tun financiamento anual para o desenvol-
./) Promover a coordenação e a coopei·ação entre
vimento desta estratégia em todo o teiTitório;
várias organizações e parceiros internacionais ,
j ) Elaborar um relatório semestral sobre a avalia-
assim como o alinhamento com a política e a
ção do processo de impleinentação da Política legislação do País sobre a Medicina Tradicional
Nacional para o deseiwolvimento da Medicina e Compleinentar.
Tradicional e Complementar. X. MONITORAMENIO E AVALIAÇÃO
9.3. Papel das Administrações Municipais: Compete ao Ministério da Saúde, em colaboração
a) Promovei· e organizar uma estratégia para o desen- com as instituições estratégicas do Estado relacionadas a
volvimento da Política de Medicina Tradicional Medicina Tradicional e Comp lementar o monitoramento e
avaliação das fases de impleinenta ção e regulamentação da
e Comp lemei1tar a nível dos Mtmicípios;
política.
b) Criar tuna equipa de trabalho para a implemei1ta-
Para monitorizar a implementação de cada estratégia
ção desta esb·atégia; descrita na presente Política, o Ministério da Saúde, em
e) Preparar o plano opei·acional municipal com o colaboração com as instituições estratégicas do Estado rela-
apoio da equipa provincial; cionadas a Medicina Tradicional e Compleinentar criar um
4950 DIÁRIO DA REPÚBLICA

conjunto de indicadores para os níveis nacional, provincial Constituição da República de Angola, conjugados com o
e municipal, com a finalidade de garantir a monitorização e n.º 2 do aitigo 46.º da Lei n. º 11 /13, de 3 de Setembro, e
avaliação periódica . com o n.º 2 do a1tigo 9.º do Decreto Presidencial n.º 201/18,
XI. F1NANCIAMENIO de 29 de Agosto, o seguinte:
Para garantir o processo de integração da prática da São exoneradas as entidades que integram o Conselho de
Medicina Tradicional e Complementar no Sistema Nacional Administração do Enti·eposto Aduai1eiro de Angola (EAA -
de Saúde, o Estado deve assegurar o financiamento para as E.P.), nomeadas ati·avés do Decreto Presidencial n.º 360/17,
várias acções constantes do plano de implementação. Devem de 28 de Dezembro, nomeadamente:
também ser criadas as condições para atrair financiamentos 1. Ludgério de Jesus Florentino Pelinganga - Presi-
de parcerias público-privadas nacionais e internacionais. dente do Conselho de Administi·ação;
XII. LOGOMARCA 2. Mariana da Luz Silva Sai1tos -Administi·adora;
A Medicina Tradicional e Complementar é tuna terapia 3. Bráulio Dias dos Santos Caetano de Brito -
que e1úatiza a capacidade intlfaseca do corpo para a cura Administrador;
e manter-se saudável, usando os recursos naturais como 4. Fernai1do Silvério Pegado Sobrinho - Adminis-
folhas e raízes medicinais (fitoterapia) como remédio para t1-ad01~
combater as causas da doença e reco1Ter acima de tudo ao
5. Alie e Paula dos Santos Neves - Administi·adora.
aconselhamento dietético natural e à orientação sobre esti-
los de vida. Publique-se.
Descrição da Logomarca: Luanda, aos 2 de Outubro de 2020.
A figura de fonna circular indica a concenti·ação da
o Presidente da República, JoÃo MANUEL GONÇALVES
Energia Vital do Universo.
LOURENÇO.
A escritura indica aMedicinaTradicional e Complementar
do País.
A cor verde indica as plantas medicinais como recurso Despacho Presidencial n.º 142/20
de 2 de Outubro
da Medicina Tradicional e Complementar mais usada em
Angola. Considerando a necessidade de implementai· medidas
A figura centi·al representa a combinação do símbolo económicas e financeiras conducentes à consolidação das
da Medicina Convencional com as plantas, como fonna de políticas governamentais ;
expressão da Medicina Tradicional e Comp lementar utili- Atendendo a impo1tância de dinamizai· a política empre-
zada em Angola. sarial do Enu-eposto Aduaneiro de Angola (EAA - E.P.), no
sentido de se concretizar os seus objectivos esti·atégicos;
O Presidente da República detennina , nos tennos da alí-
nea d) do aitigo 120.º e do n.º 5 do a,tigo 125.º, ainbos da
Constituição da República de Angola, conjugados com o
n.º 1 do aitigo 48.º da Lei n.º 11 /13, de 3 de Setembro, e
com o n.º 2 do a1tigo 9.º do Decreto Presidencial n.º 201/18,
de 29 de Agosto, o seguinte:
1. É nomeada uma Comissão de Gestão do Enb·eposto
Aduaneiro de Angola (EAA - E.P.) , integrada pelas entida-
des seguintes :
a) Eduardo Júlio de Almeida Machado;
b) Afonso Mkaka;
e) Pati·ício do Rosário da Silva Neto;

O Presidente da República, JoÃo MANUEL GONÇALVES d) João José;


LOURENÇO. e) David Kisadila.
2. A referida Comissão está enca1Tegue de apresentar
Decreto Presidencial n.º 254/20 proposta de reesti·uturação e reescalonamento do passivo do
de 2 de Outubrn Enti·eposto Aduai1eiro, no prazo de 30 (ti·inta) dias.
Por conveniência de serviço; 3. As dúvidas e omissões resultantes da aplicação e inter-
O Presidente da República decreta, nos tennos da alí- pretação do presente Diploma são resolvidas pelo Presidente
nea d) do a1tigo 120.º e do n.º 1 do artigo 125.º, ambos da da República.

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