Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
º 34
DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 510,00
Toda a correspondência, quer oficial, quer ASSINATURA O preço de cada linha publicada nos Diários
relativa a anúncio e assinaturas do «Diário . Ano da República 1.ª e 2.ª série é de Kz: 75.00 e para
da República», deve ser dirigida à Imprensa
As três séries . . .. . .. . .. . .. . .. . .. Kz: 734 159.40 a 3.ª série Kz: 95.00, acrescido do respectivo
Nacional - E.P., em Luanda, Rua Henrique de
A 1.ª série . . .. . .. . .. . .. . .. . .. Kz: 433 524.00 imposto do selo, dependendo a publicação da
Carvalho n.º 2, Cidade Alta, Caixa Postal 1306,
www.imprensanacional.gov.ao - End. teleg.: A 2.ª série . . .. . .. . .. . .. . .. . .. Kz: 226 980.00 3.ª série de depósito prévio a efectuar na tesouraria
«Imprensa». A 3.ª série . . .. . .. . .. . .. . .. . .. Kz: 180 133.20 da Imprensa Nacional - E. P.
Ministério da Administração Pública, A presente Lei tem como objecto estabelecer as bases
Trabalho e Segurança Social gerais e os princípios que regem a organização e funcio-
namento da Polícia Nacional de Angola, abreviadamente
Decreto Executivo n.º 122/20:
designada por «PNA».
Determina que todas as empresas públicas e privadas e outras entidades
abrangidas pela Lei Geral do Trabalho devam elaborar e aplicar pla- ARTIGO 2.º
(Definição, natureza e composição)
nos de contingência ao abrigo do Decreto Legislativo Presidencial
Provisório n.º 1/20, de 18 de Março. 1. A Polícia Nacional é uma instituição nacional, poli-
cial, permanente, regular e apartidária, organizada na base
da hierarquia e da disciplina, incumbida da protecção e
ASSEMBLEIA NACIONAL asseguramento policial do País, no estrito respeito pela
Constituição e a lei, bem como pelas convenções internacio-
Lei n.º 6/20 nais de que Angola seja parte.
de 24 de Março 2. A PNA é uma instituição militarizada, uniformizada,
Convindo dotar a Polícia Nacional de Angola de um armada e apartidária, com natureza de força de segurança
instrumento legal que legitime a sua actuação enquanto cor- pública, dotada de capacidade jurídica, de autonomia ope-
poração que detém forças militarizadas e armas de vários racional, administrativa, financeira e patrimonial, com a
tipos e calibres; natureza de unidade financeira.
2278 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. A Polícia Nacional compõe-se exclusivamente de cráticas, visando a segurança das pessoas e bens
cidadãos angolanos, sendo a sua organização única para e a promoção de um estado de paz social e con-
todo o território nacional. vivência pacífica entre os cidadãos;
ARTIGO 3.º b) Investigar ilícitos penais, através de acções ten-
(Missão e âmbito territorial) dentes a prevenir e a reprimir a criminalidade
1. A PNA tem por missão, no âmbito do sistema de comum, prevenir e combater o terrorismo e
segurança nacional, garantir a manutenção da ordem, o com- outras formas de manifestação da criminalidade
bate à criminalidade, a segurança interna e a tranquilidade organizada transnacional, determinar os agentes
públicas, o asseguramento e protecção das instituições, o do crime, reunir as provas, instruir os corres-
exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais pondentes processos, bem como coadjuvar as
dos cidadãos contra a criminalidade, bem como colaborar autoridades judiciárias no exercício da acção
na execução da política de defesa nacional, nos termos da penal;
Constituição e da lei. c) Prevenir e reprimir ilícitos de mera ordenação social,
2. A PNA exerce a sua missão em todo o território nacio- no âmbito das transgressões administrativas,
nal, podendo a mesma ser prosseguida fora do território nomeadamente sobre tranquilidade, salubridade
pública e outras infracções administrativas;
nacional, desde que superiormente mandatada para o efeito,
d) Garantir a segurança e protecção às altas entidades
no estrito respeito da Constituição e da lei, bem como das
nacionais e estrangeiras, às missões diplomáti-
convenções internacionais de que Angola seja parte.
cas e aos objectivos económicos e estratégicos
ARTIGO 4.º
(Adido de Polícia) nacionais;
e) Licenciar, controlar e fiscalizar actividades em
A PNA pode, no âmbito da reciprocidade e da coopera-
matéria de armas, munições e explosivos, de
ção internacional, ter Adidos de Polícia em Representações
segurança privada e de outras actividades, nos
Diplomáticas no exterior do País, para o tratamento especia-
termos da lei;
lizado de assuntos de natureza policial.
f) Garantir a protecção e o asseguramento das fron-
ARTIGO 5.º
teiras nacionais terrestres, marítimas, fluviais e
(Organização hierárquica e territorial da PNA)
lacustres.
1. A organização da PNA é única para todo o territó-
2. Durante o estado de necessidade constitucional, desig-
rio nacional, obedecendo aos princípios da disciplina e da nadamente estado de sítio, estado de emergência e estado de
hierarquia de comando em todos os níveis da sua estrutura guerra, a PNA assume as atribuições previstas na legislação
organizativa e com respeito pela diferenciação entre as fun- especial sobre a matéria.
ções policiais e as funções civis. ARTIGO 8.º
2. Entende-se por funções civis as actividades gerais de (Estatuto orgânico)
gestão administrativa realizadas no âmbito das atribuições A PNA é dotada de Estatuto Orgânico aprovado por
da PNA. diploma próprio.
3. O pessoal afecto ao exercício de funções civis está ARTIGO 9.º
sujeito às regras gerais da função pública. (Estandarte nacional)
ter consciência de bem servir, com eficiência e rigor, no rela- A Polícia Nacional, no exercício das suas atribuições,
cionamento com os particulares, em todas as situações que deve comunicar-se com a sociedade, informando sobre as
não contrariem a lei e a ordem instituídas, bem como prestar situações de segurança pública que passam a ser de domí-
informações e esclarecimentos de que careçam. nio público.
2280 DIÁRIO DA REPÚBLICA
1. Em matéria disciplinar o Agente da PNA está sujeito 1. O Agente da PNA que tiver notícia de um crime, por
ao disposto no Regulamento sobre o Regime Disciplinar do conhecimento próprio ou mediante denúncia, deve transmi-
Pessoal da PNA. tir a ocorrência ao Ministério Público.
2. Em matéria disciplinar o pessoal civil está sujeito ao 2. Em caso de urgência, a transmissão a que se refere o
regime geral da função pública. número anterior pode ser feita por qualquer meio de comu-
CAPÍTULO V nicação para o efeito disponível, incluindo a comunicação
Autoridades com Competências de Polícia Criminal oral, que deve ser sempre seguida de comunicação escrita.
ARTIGO 46.º ARTIGO 50.º
(Comandantes e agentes de força pública) (Medidas cautelares quanto aos meios de prova)
2. Para efeitos do disposto no número anterior, compete c) À apreensão de objectos utilizados na prática do
ao Agente da PNA, nomeadamente: crime ou que sejam produto do crime;
a) Proceder a exames dos vestígios do crime, em d) A outras situações em que a lei permita a realização
especial as diligências previstas na legislação de revistas e buscas cautelares.
processual penal, assegurando a manutenção do 2. As revistas, buscas e apreensões efectuadas nos ter-
estado das coisas e dos lugares; mos do número anterior devem, sob pena de nulidade, ser
b) Colher informações das pessoas que facilitem a
comunicadas imediatamente à autoridade judiciária com-
descoberta dos agentes do crime e a sua recons-
petente para a correspondente apreciação e validação, nos
tituição;
termos da legislação processual penal.
c) Proceder a apreensões no decurso de revistas
ARTIGO 53.º
ou buscas em caso de urgência ou perigo na (Detenção em flagrante delito)
demora, bem como adoptar as medidas caute-
Em caso de flagrante delito, por crime punível com pena
lares necessárias à conservação ou manutenção
de prisão, o Agente da PNA pode proceder à detenção de
dos objectos apreendidos.
qualquer pessoa, nos termos da legislação processual penal.
3. Após a intervenção da autoridade judiciária, compete
ainda ao Agente da PNA assegurar novos meios de prova de ARTIGO 54.º
(Detenção fora de flagrante delito)
que tiver conhecimento, sem prejuízo do dever de dar notí-
cia deles imediatamente àquela autoridade. As autoridades com competência de polícia criminal da
PNA podem ordenar a detenção fora de flagrante delito, nos
ARTIGO 51.º
(Identificação de suspeito e pedido de informações) termos da lei.
1. O Agente da PNA pode proceder à identificação de SECÇÃO II
Medidas de Polícia
qualquer pessoa encontrada em lugar público, aberto ao
público ou sujeito à vigilância policial, sempre que sobre ela ARTIGO 55.º
(Medidas de polícia)
recaiam fundadas suspeitas da prática de crime, da pendên-
1. No âmbito das suas atribuições, a PNA aplica as medi-
cia de processo de extradição ou de expulsão, de que tenha
das de polícia previstas na lei, podendo impor restrições ou
penetrado ou permaneça irregularmente no território nacio-
fazer uso de meios de coerção estritamente proporcionais,
nal ou de haver contra si mandado de detenção.
adequados e necessários para o efeito.
2. O Agente da PNA tem a faculdade de solicitar ao sus-
2. São medidas gerais de polícia:
peito, bem como a quaisquer pessoas, informações relativas
a) Identificar pessoas suspeitas que se encontrem ou
a um crime, a descoberta dos seus autores e sobre os meios
circulem em lugar público, aberto ao público ou
de prova susceptíveis de se perderem antes da intervenção
sujeito à vigilância policial;
da autoridade judiciária. b) Evacuar ou determinar o abandono temporário de
ARTIGO 52.º locais ou de meios de transporte, por razões de
(Revistas, buscas e apreensões urgentes)
perigo eminente;
1. Em caso de urgência ou de perigo na demora da autori- c) Remover objectos, veículos ou outros obstáculos
zação da autoridade judiciária competente, o Agente da PNA colocados em locais públicos sem autorização,
pode proceder: que impeçam ou condicionem a liberdade de
a) À revista de suspeitos detidos em flagrante ou fora circulação de pessoas e bens em condições de
do flagrante delito, ou quando hajam fundadas segurança;
suspeitas de que alguém mantém oculta em sua d) Conduzir à unidade policial mais próxima as pes-
posse objectos relacionados com a prática de soas cuja vida ou a integridade física esteja em
um crime ou que possam servir para a respec- perigo ou de pessoas que possam pôr em causa a
tiva prova e que, de outro modo, poder-se-iam integridade física ou a vida de terceiros;
perder; e) Interditar, por razões de segurança e de forma
b) À busca, salvo tratando-se de busca domiciliária, temporária, o acesso e circulação de pessoas e
sempre que haja suspeita fundada de que em meios de transporte em vias terrestres, fluviais
determinado lugar, reservado ou não acessível ou marítimas.
ao público, se encontrem objectos relacionados 3. São medidas especiais de polícia:
com a prática de um crime ou que possam servir a) Algemar, por razões de segurança, pessoas detidas
para a respectiva prova, ou de uma pessoa que ou presas nos termos da legislação penal e pro-
deva ser presa ou detida nos termos da lei; cessual penal;
I SÉRIE – N.º 34 – DE 24 DE MARÇO DE 2020 2283
e) Para abate de animais que constituam perigo para 3. As autoridades da administração central e local, os ser-
as pessoas ou bens ou que, gravemente feridos, viços públicos e as demais entidades públicas ou privadas
não possam com êxito ser imediatamente assis- devem prestar à PNA a colaboração que legitimamente lhes
tidos; seja solicitada para o exercício das suas funções.
f) Como meio de alarme ou pedido de socorro, numa ARTIGO 62.º
(Requisição de forças e execução de ordens judiciárias)
situação de emergência, quando outros meios
não possam ser utilizados com a mesma finali- 1. As autoridades judiciárias e administrativas podem
dade; requisitar à PNA forças para a garantia da ordem e tran-
g) Quando a reposição e manutenção da ordem e tran- quilidade públicas ou no âmbito do cumprimento de outras
quilidade públicas assim o exijam. medidas legalmente estabelecidas.
2. A requisição de forças é apresentada junto da auto-
ARTIGO 60.º
(Limites ao uso de meios coercivos)
ridade de polícia territorialmente competente, indicando a
natureza do serviço a desempenhar e o motivo ou a ordem
1. O nível adequado e razoável de emprego dos meios
que a justifique.
coercivos deve ser sempre avaliado segundo regras de pru-
3. As forças requisitadas actuam no quadro das suas
dência, moderação e bom senso, com base nos princípios da
competências e de forma a cumprirem a sua missão, man-
proporcionalidade, adequação e necessidade, dependendo
tendo total subordinação aos comandos de que dependem.
das condições específicas que caracterizam determinada 4. As autoridades judiciárias podem solicitar à PNA a
situação, tendo em conta, entre outros factores, a gravidade execução de ordens por si emitidas.
da infracção, os intervenientes não policiais, os Agentes da
ARTIGO 63.º
PNA e outros factores envolventes. (Comissão de serviço especial)
2. Nos termos do número anterior, o uso de meios coer-
1. O Agente da PNA pode exercer funções, em comissão
civos pelo Agente da PNA deve consubstanciar um razoável
de serviço, em organismos de interesse público, em condi-
equilíbrio entre o grau de ameaça e o respectivo nível de
ções definidas por diploma próprio.
força adequado para neutralizar ameaça actual e ilícita. 2. Por despacho da autoridade competente, o pessoal da
3. Para efeitos do presente artigo, entende-se por grau PNA pode ser nomeado em comissão de serviço para orga-
de ameaça o nível de perigo resultante da possibilidade de nismos internacionais ou países estrangeiros, em função
ocorrência de acções violentas ou de acções violentas já dos interesses nacionais e dos compromissos assumidos no
concretizadas por infractores, dirigidas ao Agente da PNA âmbito da cooperação internacional, nos termos legalmente
ou a terceiro. estabelecidos.
4. Entende-se por nível de força o tipo de reacção que, 3. Para efeitos de ordem pública, o pessoal referido no
assegurando dentro do possível os interesses legalmente n.º 1 deste artigo cumpre as directivas do comando com
protegidos, se revele necessário para anular determinado jurisdição na respectiva circunscrição geográfica.
grau de ameaça.
5. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, os CAPÍTULO VIII
meios coercivos e o respectivo uso são determinados em Direitos e Deveres Gerais
diploma próprio. SECÇÃO I
Direitos
CAPÍTULO VII
ARTIGO 64.º
Cooperação e Requisição de Serviços
(Armamento e fardamento)
ARTIGO 61.º 1. O Agente da PNA tem direito à posse, porte e uso de
(Cooperação e colaboração com entidades públicas e privadas)
armas de fogo de calibre adequado à sua missão e de meios
1. A PNA, sem prejuízo das prioridades legais da sua
não letais, sendo obrigado a manifestar a posse de armas
actuação, coopera com os demais órgãos do Sistema de
quando forem sua propriedade.
Segurança Nacional e colabora com as autoridades públicas
2. O Agente da PNA tem direito ao uso de uniformes e
e privadas, nos termos da lei.
insígnias específicas da sua condição profissional.
2. Sem prejuízo do cumprimento da sua missão e da
legislação aplicável, o Agente da PNA pode, mediante auto- 3. O Agente referido nos números anteriores não pode
rização da autoridade competente, prestar colaboração a fazer uso, por qualquer modo, das armas que lhe estiverem
outras entidades públicas ou privadas que a solicitem, para distribuídas e nem servir-se da qualidade de agente de auto-
garantir a segurança de pessoas e bens ou para a prestação ridade, do cargo que exerce ou da função que desempenha,
de outros serviços no âmbito da segurança pública, mediante para a prática de actos ilícitos.
pedidos concretos que lhe sejam formulados, os quais são 4. O uso das armas de fogo e dos uniformes pelo Agente
sujeitos à decisão casuística. da PNA são regulados por diploma próprio.
I SÉRIE – N.º 34 – DE 24 DE MARÇO DE 2020 2285
Em conformidade com os poderes delegados pelo dição de quarentena, bem como aqueles cuja actividade
Presidente da República, nos termos do artigo 137.º da laboral esteja suspensa face à pandemia, sem prejuízo de as
Constituição da República de Angola, e de acordo com o entidades empregadoras procederem ao pagamento integral
n.º 1 do artigo 4.º do Estatuto Orgânico do Ministério da e pontual dos salários dos referidos trabalhadores.
Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, apro- ARTIGO 3.º
(Dúvidas e omissões)
vado pelo Decreto Presidencial n.º 33/18, de 8 de Fevereiro,
determino: As dúvidas e omissões que resultem da interpretação e
aplicação do presente Decreto Executivo são resolvidas pela
ARTIGO 1.º
(Obrigatoriedade) Ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança
Todas as empresas públicas e privadas, bem como Social.
ARTIGO 4.º
outras entidades abrangidas pela Lei Geral do Trabalho,
(Entrada em vigor)
devem elaborar e aplicar planos de contingência ao abrigo
do Decreto Legislativo Presidencial Provisório n.º 1/20, O presente Decreto Executivo entra imediatamente em
de 18 de Março. vigor.
ARTIGO 2.º Publique-se.
(Justificação de ausência)
Luanda, aos 20 de Março de 2020.
Consideram-se justificadas as ausências registadas no
local de trabalho de todos os trabalhadores sujeitos à con- A Ministra, Teresa Rodrigues Dias.