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Noção de Direito
Critérios de distinçã o
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cominam determinadas penas pela prá tica de crimes, apesar de tutelarem
interesses pú blicos como a paz social e a segurança da colectividade, defendem os
interesses físicos, morais ou patrimoniais dos lesados individualmente.
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crimes particulares, que exclusivamente para sua puniçã o exigem uma denú ncia ou
acusaçã o particular, artigo 113º e seguintes do Có digo Penal e 241º e seguintes do
Có digo Processual Penal.
Este critério é defendido por Marcelo Caetano e Freitas do Amaral, diz que nã o é
tã o agressivo que as normas de direito privado também visam direito pú blico,
como por exemplo: os livros de registo sã o de consulta pú blica.
O direito privado disciplina relaçõ es entre sujeitos ligados por posiçõ es relativas
de igualdade ou de coordenaçã o.
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relaçã o com o Estado ou qualquer ente pú blico. Ao invés, do Direito Privado
que as normas que regulam relaçõ es em que intervêm apenas particulares.
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Mas também este critério nã o é isento de reparos, em primeiro lugar, porque
nã o oferece uma indiscutível base de sustentaçã o para a integraçã o no direito
pú blico das normas que regulam a organizaçã o e o funcionamento das pessoas
colectivas pú blicas e por outro lado, deixa em aberto o que deve entender por
poder de autoridade pú blica, de soberania.
No artigo 3º do Có digo Civil de 1867, obtínhamos uma versã o mais pró xima da
teoria dos sujeitos, se proclamava que se os direitos e obrigaçõ es se limitam à s
relaçõ es dos cidadã os entre si, como meros particulares ou entre cidadã os e o
Estado, em questõ es de propriedade ou de direitos puramente individuais, esses
direitos e obrigaçõ es sã o regidos pelo direito privado.
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Os exercícios de actividades de gestã o pú blica ou de gestã o privada
fundamentalmente caracterizados pelo uso ou nã o de autoridade pú blica, que o
ordenamento adoptou o critério da qualidade dos sujeitos da relaçã o jurídica.
A lei distingue direito pú blico do direito privado com base na qualidade dos
sujeitos da relaçã o jurídica, embora a complexidade da vida real leve algumas
vezes à instauraçã o de regimes mistos com normas pú blicas e privadas associadas.
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Quanto à s acçõ es e recursos contenciosos que tenham por objecto dirimir os
litígios emergentes das relaçõ es jurídicas administrativas e fiscais, que constituem
o direito pú blico sã o competentes os tribunais administrativos e fiscais do 212º
nº3 da CRP.
Direito Privado
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Direito Pú blico
No direito romano a partir do século V a.C., o direito civil ou ius civile era o sistema
jurídico que regulava apenas as relaçõ es jurídicas entre os cidadã os. Mas ainda
antes das colectâ neas legislativas do imperador Justiniano século VI d.C., o direito
das gentes em que o ius gentium previa as relaçõ es jurídicas entre os cidadã os
romanos e os estrangeiros submetidos a Roma e o direito honorá rio introduzido
pelo pretor urbano para interpretar, suprir ou até corrigir o ius civile, o direito das
gentes e honorá rio fundiram-se com o ius civile.
O direito civil surge nos aquando das recepçõ es de direito romano na Europa a
partir do século XII, a ponto de as principais compilaçõ es de justiniano virem a ser
aglutinadas sob a designaçã o de corpus iuris civilis em contraposiçã o à de corpus
iuris canonici.
Direito comercial
Os costumes e leis, que mais tarde foram compilados o livro IV das ordenaçõ es
afonsinas, dentro do Direito Privado, desde cedo, surgiram tribunais comerciais
para os mercadores cuja jurisprudência muito contribuiu para a autonomizaçã o do
direito comercial.
Este có digo foi muito consolidado nas leis antigas, apesar das diversas influências
de có digos comerciais estrangeiros, tem um declive subjectivista, isto é, regulava
um direito dos comerciantes, como decorre, desde logo, da carta de apresentaçã o
do projecto e do livro I, que abrange apenas os comerciantes e os empregados
comerciantes, com um cará cter mais doutrinal do que legislativo.
Mas o có digo comercial admite também actos de comércio subjectivo, isto é, actos
praticados apenas por comerciantes conexionados com o seu comércio mesmo que
nã o sejam tipologicamente previstos na lei comercial.
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O artigo 3º do có digo comercial vigente nã o deixa dú vidas sobre o cará cter
subsidiá rio, geral ou comum, do direito civil face ao direito comercial.
Direito do Trabalho
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Apó s o ultimato inglês de 1890º e depois com a 1ª Repú blica, passa a dar-se o justo
relevo nas relaçõ es jurídicas laborais à s ideias de deveres e responsabilidades
sociais, assim, o decreto de 14 de Abril de 1891 protege o trabalho de mulheres e
de menores, o decreto de 6 de Dezembro de 1910 reconhece o direito à greve. Com
o regime corporativo proíbe-se a greve mas aprova-se de um modo sistematizado e
unitá rio e pela primeira vez, o regime do contrato individual de trabalho.
O có digo civil actual, apó s definir no artigo 1152º o contrato de trabalho com um
cará cter subordinado.
Por outro lado, o estado intervém ainda, por exemplo, ao nível da previdência
social, da higiene e da segurança no trabalho e de uma certa concertaçã o social
ligada à política de preços e de salá rios.
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Direito internacional Privado
Mas há também regras de direito pú blico, como a estruturaçã o fundiá ria, a reforma
agrá ria, o crédito agrícola e a política agrá ria portuguesa articulada com a política
agrá ria da Uniã o Europeia, estas normas tendem para a autonomizaçã o, mas nã o
há , um corpo legislativo unitá rio dotado de espírito específicos, estas normas estã o
directamente integradas no direito civil, no direito comercial ou em ramos de
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direito pú blico. O que nã o impede que tais normas, possam ser objecto de um
tratamento didá ctico, doutrinal, numa cadeira universitá ria (Direito Agrá rio).
A lei constitucional pode ser fonte de direito civil. A constituiçã o constitui o quadro
bá sico das relaçõ es jurídicas da sociedade, o contrato social, em que encontramos
diversas normas constitucionais que têm aplicaçã o no â mbito também do direito
civil, nomeadamente das normas dos artigos 24º a 47º da CRP que tem aplicaçã o
imediata e incorporam maioritariamente direitos fundamentais civis.
Estas normas têm relevo nas relaçõ es jurídicas civis, porque o artigo 18º nº2 da
CRP estabelece que os preceitos constitucionais relativos aos direitos, liberdades e
garantias sã o directamente aplicá veis e vinculam as entidades pú blicas e privadas.
No caso de violaçã o destas normas, sã o aplicá veis para além de uma tutela
constitucional, diversas sançõ es civis, como a legítima defesa do artigo 337º do CC,
a responsabilidade civil do 483º do CC e as providências tutelares restitutivas e
preventivas do artigo 70º nº2 do CC.
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Por outro lado, existem outras normas na constituiçã o de cará cter programá tico,
que precisam de desenvolvimento legislativo, como por exemplo, o direito à
habitaçã o do artigo 65º do CRP.
Uma norma deste tipo nã o confere um direito subjectivo à habitaçã o exigível face
aos particulares ou ao estado e demais entes pú blicos, mas outorga aos seus
destinatá rios um poder de exigir do estado uma política de habitaçã o que lhes
atribuía, de acordo com os recursos do país e em condiçõ es de igualdade, as
prestaçõ es estaduais de habitaçã o implementadas.
Por outro lado, pode também produzir efeitos civis as leis ordiná rias, ou seja, as
leis da Assembleia da Repú blica que decorrem dos seus poderes legislativos
normais e correntes, por força dos artigos 164º d) e 168º nº3 da CRP, a Assembleia
da Repú blica pode fazer leis sobre todas as matérias e inclusivamente é matéria da
sua reserva relativa a regulaçã o, artigo 18º nº 2 e 3 do CRP dos direitos, liberdades
e garantias.
Os decretos-lei do Governo têm o mesmo valor das leis ordiná rias segundo o artigo
112º nº2 e 198º nº1 a) da CRP no que toca na matéria dos direitos, liberdades e
garantias.
Numa lei ordiná ria civil nã o fundamental pode ser alterada por um decreto-lei e
vice-versa, mas o mesmo acontece com os direitos fundamentais civis podem ser
regulados por decreto – lei do Governo, no uso da autorizaçã o legislativa da
Assembleia da Repú blica do artigo 165º nº1 b) e 198º nº1) da CRP.
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No direito civil deve – se também sublinhar as zonas periféricas de cará cter
regulamentar, como por exemplo, as portarias determinativas dos coeficientes de
actualizaçã o dos arrendamentos urbanos para habitaçã o regulado no artigo 31º e
32º da RAU, trata-se de matérias cujas circunstâ ncias estã o sujeitas a constante
evoluçã o e que por isso, devem ser mais facilmente alterá veis.
Haviam críticas aos assentos, primeiro de cará cter teó rico, que diziam que os
assentos violam o princípio da separaçã o dos poderes.
O poder judicial
O poder legislativo
O poder executivo
O professor Castanheira Neves vem dizer que começa a haver uma intromissã o
do direito judicial.
Cada juiz passa também a julgar segundo a sua pró pria consciência, nã o
descurando da lei.
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Usos (fonte mediata)
Os usos sã o simples prá ticas sociais ou usos de facto que quando nã o forem
contrá rias aos princípios da boa fé e nã o estejam em oposiçã o com as normas
corporativas, artigo 3º do CC.
O costume, como foi fonte de direito imediata, teve um importante destaque nos
ordenamentos primitivos, na Antiguidade Clá ssica e mesmo na Idade Média, mas
foi decrescendo de valor, por causa das incertezas que lhe sã o inerentes e pela
complexidade, amplitude e rapidez das mutaçõ es sociais da época moderna, que
exige adaptaçã o, segurança e justiça do direito face a conflitos novos e a situaçõ es.
Por força da autonomia da vontade privada das partes, artigo 405º do CC;
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Fontes internacionais
Por fim, o artigo 8º nº3 da CRP que declara que as normas emanadas dos ó rgã os
competentes das organizaçõ es internacionais de que Portugal seja parte vigoram
directamente na ordem interna, desde que tal se encontre estabelecido nos
tratados constitutivos. Os regulamentos dos ó rgã os da Uniã o Europeia estabelecem
o cará cter geral, obrigató rio em todos os elementos e directamente aplicá veis em
todos os Estados – membros.
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Jurisprudência e o Direito Civil
Nã o tem força obrigató ria geral nem mesmo face aos tribunais da relaçã o e de 1ª
instâ ncia, é preciso que haja razoes profundas para que estes tribunais contrariem
o acó rdã o, de outro modo, se a acçã o tiver valor para subir até ao supremo será
natural que este acó rdã o seja reafirmado.
Quanto aos assentos, eles deixaram de ter retroactivamente força obrigató ria geral
e têm o valor dos acó rdã os proferidos nos termos dos artigos 732º A e 732º B do
CPC, sã o jurisprudência uniformizada com valor indicativo.
Na aplicaçã o das leis no tempo, o artigo 17º nº3 do Decreto – lei nº 329 – A / 95
estabelece que quanto ao recurso para tribunal pleno intentado até 13 de
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Dezembro de 1995 o seu objecto vale para a resoluçã o em concreto do conflito e
em termos gerais como mera jurisprudência uniformizada, com valor indicativo.
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Quanto à aplicação das leis no tempo, o artigo 17º nº3 do Decreto – lei nº 329 – A
/95 estabelece que quanto ao recurso para o tribunal pleno intentado, o seu
objecto vale para a resoluçã o em concreto do conflito e em termos gerais como
mera jurisprudência uniformizada.
O Direito pressupõ e com reflexos na interpretaçã o das leis em geral, cada vez
menos uma jurisprudência de conceitos positivista, dedutiva e exegética e face à
vida moderna, procura a mediaçã o de uma jurisprudência atenta aos interesses
das partes e capaz de valoraçõ es jurídicas, daí a flexibilizaçã o de muitos comandos
legais e a necessidade de ponderaçã o do juiz na sua aplicaçã o concreta de clá usulas
gerais (direitos de personalidade), de conceitos indeterminados (487º CC).
Para o Professor Oliveira Ascensão, sustenta que os acórdãos, com força obrigatória
geral do Tribunal constitucional, previsto nos artigos 281º nº1 e 3 e 119º nº1 g) da CRP
são fontes de direito. O tribunal constitucional não cria qualquer norma jurídica, limita-
se a formular um juízo de valor, a declarar a inconstitucionalidade ou não, total ou
parcial, de uma concreta norma jurídica que lhe é submetida a fiscalização. O TC
verifica a existência de inconstitucionalidade por omissão, apenas dará conhecimento
ao órgão legislativo competente segundo o artigo 283º nº2 da CRP não podendo
elaborar qualquer norma jurídica de conduta.
O facto de aqueles acó rdã os serem publicados no Diá rio da Repú blica, I Série A e
terem força obrigató ria geral, pois tal publicaçã o também tem lugar no caso dos
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acó rdã os do STJ uniformizados e a nomeaçã o de um Ministro no Diá rio da
Repú blica tem igualmente força obrigató ria geral.
Os princípios gerais emergentes da lei ordiná ria civil, seja através de enunciado
geral, de reconduçã o de uma pluralidade de normas ou de induçã o de afloramento
normativo singular. Os princípios sã o desenvolvidos, de modo conciliado, pelas
normas civis regulativas, impregnando a ratio legis, tanto no sentido como sua
funçã o, artigo 9º nº1 do CC ou alimentam o espírito do sub sistema juscivilístico a
eles se recorrendo na correlativa integraçã o de lacunas, artigo 10º nº3 do CC.
Para Larenz, todo o ser humano tem, face a qualquer outro, um direito a ser
respeitado por este como pessoa e a nã o ser lesado no seu existir (vida, corpo e
saú de) e na sua esfera pró pria, bem como é obrigado a respeitar a outro de modo
aná logo.
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A dignidade da pessoa humana implica o princípio da proibiçã o dos negó cios
usurá rios (282º nº1 do CC), a vigência de certos institutos de favorecimento da
parte contratante mais fraca e a nulidade de clá usulas condicionais testamentá rias
e donatá rias de tal dignidade do 2232º, 2233 nº1 e 953º do CC.
Da dignidade da pessoa humana decorre nos termos dos artigos 66º do CC, 16º
nº2 da CRP e 6º DUDH que todo e qualquer ser humano tem personalidade
jurídica.
Personalidade jurídica – é a aptidã o para ser centro autó nomo das relaçõ es
jurídicas, isto é, sã o os direitos e deveres que cada um esta sujeito.
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Esfera jurídica – é o conjunto de direitos e deveres que cada ser humano é titular
a cada momento da sua vida.
4) Princípio da igualdade
Em termos do artigo 13º nº1 da CRP começa por declarar que todos os cidadã os
têm a mesma dignidade, que se traduz, para além das capacidades, das virtudes e
dos talentos de cada um que originam a sua individualidade, existe no cerne da
natureza humana uma base comum igual a todos os homens, isto é, uma qualidade
da pró pria essência, nã o pode deixar de pertencer a cada homem em concreto,
quaisquer que sejam as circunstâ ncias sociais. Essa qualidade é um elemento
fundamental, estrutural, da personalidade físico – moral referida no 70º do CC.
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O princípio da igualdade implica que sejam ilícitas quaisquer discriminaçõ es ou
favorecimentos arbitrá rios ou sem fundamento material bastante, praticados por
entes pú blicos ou privados, como por exemplo: em razã o de ascendência, sexo,
raça, língua, territó rio de origem, religiã o, convicçõ es políticas, instruçã o, situaçã o
econó mica.
Esta igualdade material que há -de ser cumprida pelo pró prio conteú do da lei, nã o
esgota a esse nível as suas exigências, pois o que em geral ou em abstracto pode
oferecer-se em termos de igualdade normativamente fundada pode revelar em
concreto também injustificado, daí o momento constitutivo concreto da decisã o
normativa, resultante da referência da teleologia normativa material à s concretas
circunstâ ncias do caso pode traduzir – se numa diferenciaçã o onde havia formal
igualaçã o e uma igualaçã o onde havia formal diferenciaçã o, nesta linha o princípio
da igualdade ao dar conteú do e sentido à pró pria lei funciona como limite interno
da actuaçã o de poderes pú blicos e como proibiçã o do livre arbítrio destes, tudo o
que também outros particulares nã o podem perturbar.
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globalidade da sua pró pria personalidade humana, nos seus elementos corpó reos,
espirituais e ambientais.
Aquela clá usula geral tutela da personalidade protege, desde logo, os bens da
personalidade ligados à relaçã o do homem consigo mesmo, como exemplo: a vida,
o corpo
Por outro lado, o homem é um ser eminentemente social, nã o é um ser isolado, ele
por si só nã o poderia subsistir, daí a existência de outros bens da personalidade,
igualmente integrantes daquela clá usula geral, decorrentes da relaçã o do homem
com o seu pró prio ambiente físico e social, como a identidade, a liberdade, a
igualdade, a existência, a honra, a reserva e o desenvolvimento da personalidade.
Junto desta estrutura normativa geral vêm coexistindo vá rios direitos especiais de
personalidade, como os referidos nos artigos 72º a 80º do CC, tuteladores de
aspectos particulares da personalidade com regimes jurídicos especiais é aplicado
o regime do direito geral de personalidade.
Estes direitos têm uma enorme importâ ncia face ao facto de a violaçã o dos mesmos
poder implicar nã o só responsabilidade civil mas também judiciais adequadas à s
circunstâ ncias do caso, com o fim de evitar a consumaçã o da ameaça ou atenuar
efeitos da ofensa já cometida, nos termos do 70º nº2 do CC e 1414º e seguintes do
CPC.
O artigo 70ºnº2 tem a ver com a indemnizaçã o ou outros efeitos em tribunal, que
permite que sejam tomadas só quando exista uma mera perigosidade ou uma mera
ameaça - Providências não especificadas.
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Há autores que discordam da opiniã o do Professor Capelo de Sousa:
Associaçõ es;
Fundaçõ es;
Sociedades;
A capacidade jurídica das pessoas colectivas privadas nã o tem cará cter geral, mas
sim de natureza funcional porque qualquer pessoa colectiva tem que anunciar qual
o fim da sociedade, em prol da protecçã o jurídica.
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prossecuçã o dos seus fins, excepciona a capacidade das pessoas colectivas no nº2,
quer os direitos e obrigaçõ es que sejam insepará veis da personalidade singular, ou
seja, a capacidade jurídica das pessoas colectivas é menor e inferior à das pessoas
singulares resultante dos artigos 67º e 160º do CC.
Este princípio resulta do cruzamento de dois vectores, por um lado, o nascer com o
poder de autodeterminaçã o de cada homem, e por outro lado, cresce limitado
pelos quadros normativos da ordem jurídica assentes na vontade popular,
regulado no artigo 1º, 27º nº1 e 61º da CRP e 70º nº1 do CC.
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Para o Professor Orlando de Carvalho, a escassez dos bens acarreta conflitos de
interesses, susceptíveis de resoluçã o ou por via autoritá ria ou heteró noma ou por
outra via paritá ria ou autó noma, no direito civil predomina a via paritá ria ou
autó noma com composiçã o espontâ nea de interesses e inerente com o poder de
autodeterminaçã o, enquanto o poder de auto gestã o de cada indivíduo da sua
esfera de interesses, sob a sançã o do ordenamento jurídico em vigor.
Direitos de personalidade
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Nos direitos reais vigoram expressõ es da autonomia privada, o maxime o princípio
da livre aquisiçã o e transmissã o, entre vivos e por morte, das coisas dominais
privadas artigo 62º nº1 e 80º b) e c) da CRP, abrangem a generalidade das coisas
corpó reas, mó veis e imó veis (1302º e 202º nº2 do CC), mas também as coisas
incorpó reas sã o objecto de aquisiçã o privada e de transmissã o inter vivos e mortis
causa.
O princípio da livre realizaçã o de actos reais, ou seja, de simples actos jurídicos que
se traduzem em um certo resultado material ou factual, a que a lei liga certos
efeitos jurídicos como a criaçã o de obras literá rias, artísticas ou cientificas.
Todavia, esta é uma á rea com grande incidência de normas imperativas, como por
exemplo o artigo 1306º nº1 do C, em que traduz na regra do numerus clausus ou
da tipicidade das figuras reais e dos seus elementos característico pelo artigo
1316º do CC estã o taxativamente fixados os modos de aquisiçã o do direito de
propriedade, de modo a evitar incertezas quanto à sua titularidade.
Mas também rege o princípio da tipicidade dos institutos familiares e dos seus
pressupostos e efeitos característicos do artigo 1576º e seguintes.
Para Pereira Coelho, interpreta o artigo 36º nº1, 1ª parte da CRP abrangendo à
família natural, resultante do facto bioló gico da geraçã o e à pró pria família
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adoptiva, assim nomeadamente, um progenitor nã o casado a viver exclusivamente
com o filho bem como um adoptante solteiro a viver só com o adoptado constituem
uma família.
Antunes Varela, entende que o artigo 36º nº1 da CRP nã o abrange a uniã o de
facto, dado o projectado cará cter transitó rio desta, a sua falta de estabilidade e a
possibilidade da ruptura unilateral a todo o momento, sem quaisquer
formalidades, tudo o que nã o constitui o melhor ambiente para a criaçã o de filho
ou para entre ajuda mú tua tendencialmente perpétua entre os unidos de facto.
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Negócio jurídico bilateral - há duas ou mais declaraçõ es de vontade, de
conteú do oposto, mas convergente, ajustando na comum pretensã o de
produzir resultado jurídico unitá rio, embora com um para cada parte, há
proposta e aceitaçã o que se conciliam num consenso.
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casos em que a lei, dados certos pressupostos acha correcto afastar esse
princípio artigo 406º.
Por outro lado, a forma os pressupostos e os efeitos característicos dos negó cios
estã o imperativamente fixados na lei, quanto ao acto de instituiçã o de fundaçõ es
do 158º nº2 e 185º e seguintes do CC, à representaçã o sem poderes do 268º do CC,
à confirmaçã o dos negó cios jurídicos do 288º do CC.
Liberdade contratual
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O ordenamento jurídico estabelece algumas restriçõ es à liberdade de celebraçã o
de contratos:
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celeridade, para realizar estes objectivos sã o consagradas limitaçõ es à liberdade de
fixaçã o do conteú do contratual.
Algumas restrições:
3. A conduta das partes contratuais deve pautar-se pelo princípio da boa fé,
artigo 762º nº2;
Sã o hipó teses em que uma das partes, normalmente uma empresa de apreciá vel
dimensã o, fó rmula prévia e unilateralmente as clá usulas negociais e a outra parte
aceita essas condiçõ es, mediante a adesã o ao modelo que lhe é apresentado, nã o
sendo possível modificar o ordenamento negocial apresentado, sã o celebrados
através da aceitaçã o de clá usulas prévia e unilateralmente redigidas para todos os
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contratos que a empresa venha a celebrar no futuro, falando-se a esse propó sito e
num momento anterior ao da celebraçã o do contrato, de clá usulas contratuais
gerais ou de condiçõ es negociais gerais, no caso dos contratos de seguro, de
transporte marítimo, aéreo ou terrestre, na mediaçã o de vendas de propriedades,
na venda de certos aparelhos como os electrodomésticos.
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Os contratos obrigacionais – Domínio principal de aplicaçã o da liberdade
contratual;
Contratos familiares – com eficá cia no domínio das relaçõ es de família, há liberdade
de concluir ou nã o o contrato, é o pensamento da autonomia que subjaz e enforma
o direito civil.
Cada pessoa tem uma esfera jurídica pró pria, composta pela totalidade das
relaçõ es e situaçõ es jurídicas de que é sujeito ou pelo conjunto dos direitos,
interesses juridicamente protegidos e deveres.
A esfera jurídica traduz-se numa oposiçã o entre pessoa e patrimó nio, podemos
considerar dois hemisférios:
A liberdade do homem como ser racional vai a par da sua responsabilidade jurídica
pelos seus actos e omissõ es que violam deveres de abstençã o e de acçã o, vigoram
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como componentes da interpretaçã o e integraçã o jurídicas. Nos direitos de
personalidade e nos direitos reais predominam os direitos absolutos contrapostos
aos deveres gerais de abstençã o.
Daí que quando uma pessoa singular ou colectiva viola a esfera jurídica alheia,
constitui-se em princípio, na obrigaçã o de reparar ou compensar os danos que
causou ou de sofrer outro tipo de sançõ es.
Sançõ es Materiais;
Sançõ es de ineficá cia;
Inexistência jurídica;
Nulidade;
Anulabilidade;
Ineficá cia em sentido restrito;
Tem variantes:
Embora a culpa negocial seja apreciada nos termos aplicá veis à responsabilidade
civil extra – contratual (487º e 799º nº2 do CC), há na responsabilidade civil
contratual uma presunçã o de culpa, todavia, assiste-se a uma incidência da
responsabilidade pelo risco, isto é, objectiva ou sem culpa, em alguns casos de
responsabilidade negocial pelos actos praticados pelos representantes legais ou
pelos auxiliares que utiliza no cumprimento da obrigaçã o nos termos do artigo
800º nº1 do CC.
Vem regulada em termos gerais nos artigos 798º e seguintes do CC que implica na
falta culposa do devedor ao cumprimento da obrigaçã o que o torna responsá vel
pelo prejuízo causado ao credor e desdobra-se em três modalidades:
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implicam uma acçã o, já nã o quanto à s obrigaçõ es de conteú do negativo com a
prestaçã o de um facto negativo, que origina uma omissã o, uma vez que neste caso
a violaçã o das obrigaçõ es provoca a impossibilidade total ou parcial da prestaçã o.
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Responsabilidade por actos ilícitos culposos (483º nº1 do CC)
Pressupõe:
2. Culpa:
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facto ilícito prevendo como um efeito apenas possível
ou eventual mas teria persistido na sua conduta se
previsse o facto ilícito como efeito necessá rio na sua
conduta – dolo eventual; O lesante que conheça as
circunstâ ncias de facto que integram a violaçã o do
direito ou da norma tuteladora de interesses alheios e
tenha consciência da ilicitude do facto – dolo
intelectual.
A) Dano emergente;
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A verificaçã o de um nexo de causalidade adequada entre os danos
produzidos e o acto em causa, ou seja, trata-se de uma responsabilidade
culposa ou subjectiva nos termos do artigo 483º nº1 do CC só sã o
indemnizá veis os danos resultantes da violaçã o, isto é, nã o sã o
indemnizá veis todos os danos sobrevindos ao facto teria sofrido se nã o
fosse a lesã o, esta disposiçã o, está consagrada no pensamento fundamental
da doutrina da causalidade adequada, é necessá rio que o facto violador
tenha actuado como condiçã o concreta do dano e que em abstracto tal facto
seja uma causa adequada do dano.
Só que a responsabilidade objectiva por risco é taxativa, pois ainda nos termos do
483º nº2 apenas pode existir obrigaçã o de indemnizar independentemente da
culpa nos termos do 500º a 510º do CC.
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em primeira linha de um facto ou acontecimento natural, de um acto de terceiro ou
até em certos casos de um acto do pró prio lesado.
Quando a violaçã o dos direitos e interesses legítimos constituir para além de ilícito
civil, ilícito criminal (homicídio), o pedido de indemnizaçã o pecuniá ria pelos
danos, por força do 71º do CPC, deve ser formulado na acçã o penal, nã o só na
hipó tese de a violaçã o do direito materializar um crime pú blico, mas também a
violaçã o configurar apenas um crime particular.
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Subjectiva – consiste na actuaçã o com ignorâ ncia nã o culposa de vícios ou
irregularidades dos actos, que leva a lei a dispensar um tratamento de favor
a quem actua de proceder sem prejudicar direitos de terceiros.
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O princípio das prestaçõ es importa ainda uma distribuiçã o justa dos encargos e
dos riscos do contrato, do 796º nº1, 797º e 807º nº1 do CC.
Contra propriedade: a propriedade que varias pessoas tem em comum, duas ou mais
pessoas serem proprietárias da mesma coisa. Há um perfeito equilíbrio entre aquilo
que tem de prestar.
Exemplo: Cônjuge existe uma perfeita prolificidade, há uma igualdade entre as partes.
Esta situação e uma manifestação do equilíbrio das prestações
O professor Capelo de Sousa Alerta para o facto de nos vivermos num estado de
direito.
No Estado de Direito devemos recorrer a chamada hetero tutela dos nossos direitos,
devido que as pessoas quando se sentem injustiçadas devem recorrer a meios
coercivos normais, como tal o tribunal.
Existem figuras em que o legislador autoriza que nos fazemos justiça por nossa conta e
risco, exemplo do 336º ao 339º. São de legítima defesa, práticas limite.
A hetero tutela é considerada uma regra enquanto auto tutela é uma excepção.
Meios de tutela:
Legítima defesa;
Estado de necessidade;
Legitima directa;
Direito legal de resolução por cumprimento artigo do 801º nº2 (A lei permite que uma
das partes uni literalmente termine com o contracto jurídico, tem a liberdade desta
iniciativa).
45
Artigo 754º Direito de retenção (exemplo do vestido a arranjar e quando vão pagar a
factura diz que é uma exorbitância e não quer pagar a costureira pode ficar com o
vestido, é uma forma de compelir).
Esta plasmada no artigo 219º liberdade de forma (o legislador diz que nós em Portugal
não temos em princípio de o fazer de forma especial é um estimulo ás praticas
negociais).
Dentro das sanções jurídicas: (Toda a regra jurídica ou outra pode ser assistida por
uma sanção, que reforça a sua imperatividade, a sanção é uma consequência
desfavorável que atinge aquele que violou uma regra):
46
embora diferente equivalente a primeira. Opera através de uma indemnização
de danos sofridos.
b) Nulidade (acto nulo que existe para o direito mas esta afectado na sua
eficácia desde o momento da sua publicação, é mais grave que a
anulabilidade, sanciona actos que interessa a protecção dos bens públicos,
e é um acto nulo e insanável).
Pressupostos da nulidade:
- Invocável a todo o tempo;
- Invocável por qualquer pessoa interessada do 286º;
- Invocável oficiosamente pela simples iniciativa do tribunal;
47
A anulabilidade é sanável pelo decurso do prazo e é sanável por confirmação, o artigo
288º alerta para a forma de sanação.
Utilizar o artigo 287º nº2 para casos práticos da anulabilidade quando estamos perante
um negócio jurídico anulável ainda não concluído. Exemplo: de compra e venda a
prestações, são contractos de execução continuada no tempo.
A lei não considera inválido o acto que não observou os requisitos legais, mas impede
que ele produza todas ou parte das consequências que se destinava a produzir, entao
existe uma mera ineficácia total ou parcial. Artigo 268º representação sem poderes.
Terceiro que adquiriu o bem, tenha registado logo a aquisição desse bem;
O professor Oliveira Ascensão discorda, dizendo que conta a partir do negócio com
terceiro.
48
As normas imperativas são aquelas que impõem um certo comportamento ou proíbem
uma determinada conduta e cuja violação, face aos interesses públicos subjacentes
implicam a nulidade dos actos e negócios colidentes.
O costume e as leis foram surgindo ao longo da história para regular certas relações sociais de
um modo coercivo, vão multiplicando, dispersando, revogando e alterando na tarefa de
adaptação Paulatina à vida social.
Por outro lado, os equilíbrios sociais fundamentais rompem-se com as classes sociais
digladiam-se até novos consensos ou ocorrendo mesmo revoluções, que dão outros rumos ao
direito, um primeiro tipo de codificação residiu em compilações, de certas fontes jurídicas de
diferentes datas e abarcando diversas matérias, relativas ao apurar vigência e sugeria unidade,
ordem, certeza, clareza, estabilidade e maior conhecimento.
Na lei das XII tábuas regulou grande parte do direito civil dos patrícios e plebeus romanos,
pondo fim a um longo e aceso conflito, isto é, não continha a organização política,
administrativa ou judiciária da comunidade, mas tão só normas referentes à esfera jurídica
individual do homem nas matérias de direito processual civil, direito da família e de sucessões,
de negócios jurídicos mais importantes e de direito penal.
Mas houve também compilações de carácter não oficial e que depois vieram a fazer parte do
sistema jurídico, é o caso, das institutiones de Gaio, que funcionaram como o manual por
excelência dos estudiosos e aplicadores do direito e que mais tarde vieram a integrar o Digesto
e as Institutiones do Corpus Juris Civilis (530 a 534 d.c) de Justiniano.
Os códigos modernos
No direito civil assume especial significado o código civil francês de 1804, que assinala sob
defesa de Napoleão Bonaparte o triunfo do individualismo e do liberalismo despido dos
exageros revolucionários e com diversas alterações.
49
O plano geral é manifestamente similar ao das Institutiones de Gaio e de justiniano, embora o
conteúdo das normas seja muito diferente, as recepções do direito romano não foram meras
transposições de normas e os institutos romanos eram continuadamente adaptados às novas
realidades para além do predomínio do direito nacional sobre o direito romano, que
funcionava a título subsidiário.
Nos sistemas romanistas uma outra classificação de normas civis disputa a primazia, a
chamada classificação germânica que culminaria no código civil alemão de 1876, em vigor
desde 1900, a generalidade dos tratados alemães de pandectas do século XIX seguindo a
orientação de Hugo, Heise e Savigny, iniciava o direito civil com uma parte geral, seguindo o
direito das coisas, direito das obrigações, direito da família e das sucessões.
A existência de uma parte geral no BGB foi um problema algo discutido especialmente após a
sua entrada em vigor. O principal argumento invocado contra a parte geral é a de que ela não
passaria de um mero exercício teorético tornado lei, quando a elaboração de uma verdadeira
parte geral seria uma tarefa da ciência do direito.
A parte geral tem autonomia própria, não é um mero corolário de soluções jurídicas
anteriores, a pandectística tinha diversas soluções para os mesmos problemas da parte geral,
que foram constitutivamente resolvidas, para além das soluções novas na parte geral do BGB.
É manifesto que os artigos da Parte Geral podem e devem ser alterados, introduzidos e
removidos, pelas mutações e que conjuntamente com os artigos das Partes especiais não
formam qualquer plenitude lógica do ordenamento jurídico, há lugar neste sistema a lacunas
jurídicas, na medida em que o âmbito de aplicação das normas da Parte Geral não vale para
todos os casos que não estejam contemplados nas partes especiais, mas apenas para uma
generalidade de casos que caibam na letra e no espírito daquelas disposições da Parte Geral.
A vários níveis do código civil é preciso conjugar partes, secções e normas gerais com partes e
normas especiais e ainda normas excepcionais, tudo isto é fruto da actual modernidade do
direito não apresentando especial complexidade, permite ordenar um melhor e maior
enquadramento jurídico das situações da vida real, possibilita formular o que há de comum, de
especial e de excepcional no conjunto das relações jurídicas civis, de modo a melhor conhecer
as diversas camadas e sectores da realidade social.
Na lei pombalina de 1769 conhecida pela lei da boa razão, onde na falta de ordenações, leis
pátrias, assentos da casa da suplicação, quando confirmados por aquela, ou usos do reino, se
erige como primeiro critério de integração das lacunas de direito nacional a boa razão em si
mesma, a recta ratio da escola do direito natural.
50
moderno das mesmas leis romanas entre as sobreditas Nações que habitam a Europa,
determinavam ainda os mesmos estatutos que para se instruírem no dito uso moderno se
aproveitarão do útil, e apreciável trabalho que para o mesmo fim se acha já feito por grande
número de jurisconsultos.
Afastado o Marques de Pombal em 1777, D. Maria I nomeou no ano seguinte uma comissão
para averiguação das leis em vigor, sua reforma e posterior elaboração dum código novo
abarcando direito público e privado.
Apesar da falência do projecto do código são as institutiones júris civilis de Mello Freire
adoptadas como compilação de lições de direito pátrio, por aviso régio sendo regente o
príncipe D. João, quando se o Antigo Regime esboroava, mas que até meados do século XIX
passam a ser modelo e o mote da ciência jurídica portuguesa.
Na elaboração do código civil de 1867, no segundo governo de Costa Cabral foi, por decreto de
D. Maria II de 1850 encarregado de redigir o projecto de código civil português o entao juiz da
Relação do Porto António Luiz de Seabra e nomeada uma comissão revisora do mesmo.
A principal polémica que ocorreu durante a elaboração do código foi o da existência ou não do
casamento civil obrigatório, a par do até então exclusivo casamento católico, tendo o
legislador liberal decidido pelo casamento civil facultativo, na modalidade em que o
casamento católico tem autonomia de efeitos jurídicos face ao casamento civil.
Na legislação Republicana, a questão social não se pôs no nosso país com a agudeza verificada
naqueles países europeus onde se registam verdadeiras revoluções industriais e a constituição
de enorme proletariado.
51
A carta mantivera os seus privilégios que se contrapunham nos seus interesses aos das classes
médias urbanas, estas classes serviam de base ao partido republicano e iriam sair vencedoras
na revolução de 1910, mas aqueles privilégios também colidiam com os interesses de núcleos
de operários. Esta legislação republicana, que revogou tacitamente o código de Seabra não foi
felizmente mandada logo inserir neste código o que se torna redutor.
Mas a tudo isto acrescia a contradição fundamental entre uma constituição de 1933, férrea e
autoritária e um código liberal e antropocêntrico, mesmo os direitos e garantias consagrados
constitucionalmente iam sendo congelados à medida que todos os partidos políticos eram
banidos.
Na elaboração deste código, o ministro Adriano Vaz Serra foi autorizado a promover os
trabalhos de elaboração de um projecto de revisão geral do código civil, e viria a presidir à
comissão do código, sendo ministros da justiça cavaleiro de ferreira, pires de lima e Antunes
Varela.
Dado que o projecto do código devia ser apresentado pela comissão promoveu a sua
nomeação, composta por Vaz Serra, que presidia e integrada por Manuel de Andrade, Pires de
Lima e Paulo Cunha, com poderes de agregação de outros colaboradores.
Serra Vaz publicava e ia elaborando importantes estudos sobre o direito das obrigações, a
saída de Pires de Lima e Paulo Cunha para funções ministeriais fez desactivar a comissão, o
que só foi contrabalançado com as iniciativas de Antunes Varela, enquanto Ministro da Justiça.
A estrutura do código civil de 1966, com Coelho da Rocha fez a primeira contestação à
estrutura e ao método exegético, emergentes do código civil napoleónico.
52
e do direito das sucessões, o que não admira, face à especial sensibilidade destes conjuntos
normativos perante as mutações, com efeito, a família é a célula básica da sociedade civil e as
alterações na sua estrutura e dinâmica tendem a repercutir-se profundamente em função da
sociedade civil projectada.
A maioridade desceu dos vinte e um para os dezoito anos, face a precursora e igual mudança
constitucional na capacidade eleitoral activa e passiva, depois consagrou-se a liberalização na
aquisição da personalidade jurídica das associações de direito privado.
Para dar satisfação ao novo princípio constitucional da plena igualdade de direitos e deveres
dos cônjuges, entre as muitas alterações do código civil, destacamos, a idade núbil tanto para
o homem como para a mulher foi fixada nos dezasseis anos.
Embora um código civil pressuponha e vise a estabilização das suas normas, ele não é de
nenhum modo imutável e as transformações sócio económicas e políticas, as descobertas e
implementações científicas e tecnológicas vão – lhe alterando, por vezes profundamente, as
diversas áreas, a primeira alteração substancial do código de 1966, fora do arrendamento,
ocorreu com a dissolubilidade por divórcio dos casamentos católicos.
O comando jurídico normativo para ser reconhecível e respeitado tem que haver harmonia
entre a linguagem do legislador e o entendimento objectivo dela pelos emissários, que implica
o respeito pela morfologia e a sintaxe da língua portuguesa e fornece o primeiro elemento da
interpretação das normas jurídicas.
Karl Larenz, distinguiu quanto aos critérios organizatórios da normatividade civil, em três
estilos:
53
determinados, segundo as regras da lógica, pelo julgador subsume as situações da vida real a
decidir.
Começou por ocorrer ainda no BGB com as cláusulas gerais legais, enquanto pautas de
valoração carecidas de preenchimento ou de concretização valorativa ou imagens directoras e
representações de valor ou tão só pontos de apoio para o desenvolvimento judicial da norma,
como as cláusulas de boa fé e dos bens costumes. Os conceitos consideravelmente imprecisos
de forma a melhor se moldar à realidade do caso concreto, caracterizados por transições
difusas e interpretados ou integrados, a partir da aplicação da lei a casos concretos anteriores.
Relação jurídica
A relação jurídica como objecto da norma jurídica civil
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contemporânea, na busca do humanismo comprometido e desde que o direito seja
constantemente aos interesses, com um serviço de uma vida inserida numa dinâmica
histórica que aponta para emancipação pessoal.
Para Manuel de Andrade, trata-se de meras técnicas legais, apenas sendo susceptível
de tal valoração o conteúdo substancial de cada relação jurídica normativa, acresce
que o homem e sujeito de direito, são conceitos diferentes, tendo o homem, mesmo
no código civil actual, exemplo 66º e 158º. O facto de todas as relações jurídicas deve
ser sujeitos de direito não prejudica a existência de relações jurídicas inacessíveis a
outras pessoas não singulares. A existência do artigo 70º de um direito geral de
personalidade humana, é o reconhecimento da defesa da integridade individual e do
desenvolvimento humano.
Para Castro Mendes, diria que este conceito apresenta – se como um conceito jurídico
fundamental e basilar da dogmática jurídica, face à alteridade do direito, face ao
código civil actual na base da sistematização da sua parte geral no esquema da relação
jurídica.
Sentido mais restrito – seria a relação da vida social disciplinada pelo direito, mediante
a atribuição a uma pessoa de um direito subjectivo e a correspondente imposição a
outra pessoa de um dever ou de uma sujeição, parece que a relação jurídica não é a
relação social nem mesmo a relação de vida, mas a regulação dessas relações ou das
previsões de tais relações, constituindo por isso um vínculo normativo.
A relação jurídica civil é o vínculo normativo, garantido coercivamente, que une entre
si sujeitos de direito, mediante a atribuição a um deles de um direito subjectivo, de um
direito potestativo ou de um poder-dever jurídico e a imposição ao outro ou aos
outros desses sujeitos de um dever jurídico ou de uma sujeição correspondentes,
tendo por objecto, as condutas comuns sujeitos, quando despidos de poderes de
autoridade pública.
55
Sentido mais amplo – A relação jurídica é toda a situação ou relação da vida real
juridicamente relevante produtiva de consequências, disciplinada pelo Direito.
Quanto à estrutura externa da relação jurídica ou aos seus elementos, temos que
considerar os sujeitos, o objecto, o facto jurídico e a garantia, ou seja, não existe
relação jurídica sem que haja sujeitos jurídicos vinculados, um incidente, um facto
jurídico que não vida real a origine e a modele e uma garantia de que essa relação é
dotada de coerção jurídica.
O objecto segundo Mota Pinto é o quid que incide sobre os poderes do sujeito activo
da relação jurídica.
Relações jurídicas relativas – o titular activo da relação não tem poderes directos e
imediatos sobre o bem objecto da relação e não tem plena disponibilidade desse bem.
56
Relações jurídicas abstractas – são as figuradas, ideias, arquétipos das que a realidade
da vida jurídica que oferece, isto é, as que decorrem das normas legais aglutinadas em
função de uma previsível da relação social.
Os vínculos jurídicos
O vínculo jurídico engloba apenas poderes, deveres, encargos e outros mecanismos
que medeiam entre os sujeitos activo e passivo de cada relação jurídica abstracta ou
concreta, constituindo o conteúdo da relação.
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Nos vínculos jurídicos há outras figuras jurídicas bipolares como:
Ónus jurídico;
Faculdades;
Qualidades;
Competências;
Excepções;
Actualmente o direito subjectivo tende a ser definido como poder atribuído pela
ordem jurídica, embora com especificações diversas, a esta concepção contrapõe-se a
uma visão nominalista do direito, enquanto afectação jurídica de um bem à realização
dum fim de pessoas individualmente consideradas ou permissão normativa específica
de aproveitamento de um bem.
58
O conceito de direito subjectivo em sentido amplo subdivide-se:
Poder de exigir;
Poder de pretender;
59
para cumprir uma obrigação que não era devida gozando da retenção a título de
cumprimento.
Acção;
Omissão;
Este dever é típico das relações creditórias, por exemplo, vendedor de uma jóia tem a
obrigação de entregá - la ao comprador pagador (874º e 879º).
Nas relações jurídicas absolutas pode haver lugar a deveres jurídicos de acção, assim
quem não lança a um náufrago em perigo de vida uma bóia, ao alcance daquele e de
que ele não necessita para sua salvação, comete um crime e viola o direito de
personalidade à vida do naufrago.
Casos os sujeitos passivos não cumprissem, ou não cumpram, os seus deveres jurídicos
de acção ou de omissão, os titulares dos correspectivos direitos subjectivos poderiam
ou podem obter sanções jurídicas contra aqueles.
Nos deveres jurídicos ao invés, das sujeições, o obrigado não está sujeito de um modo
inelutável à realização do direito do sujeito activo, exige-se a contribuição voluntária
do sujeito passivo para tal realização que ele pode negar, embora ilicitamente,
violando o direito subjectivo alheio. O sujeito do dever jurídico tem a possibilidade de
não cumprir, mas há sanções jurídicas.
Direito potestativo
60
efeitos jurídicos imediatos inelutáveis na esfera jurídica do sujeito passivo, e não exige
comportamentos positivos e negativos do sujeito.
Contrapõe – se:
O direito potestativo numa situação de sujeição, assiste ao efeito jurídico na sua esfera
jurídica.
É um poder-dever é o poder atribuído pela ordem jurídica, pelo modo reclamado pela
sua função, exigir um comportamento positivo ou negativo de outrem e que visa
sobretudo o interesse deste.
61
Aos direitos funcionais contrapõem – se principalmente deveres jurídicos e os variados
casos de sujeições. Os direitos funcionais implicam normalmente deveres jurídicos
relativos, mas quando incorporam direitos de personalidade entrelaçam também
obrigações passivas universais.
Os direitos não patrimoniais e os direitos familiares são havidos como os não avaliáveis
em dinheiro, prendem na esfera jurídica global do sujeito, ao hemisfério pessoal,
dizendo directamente respeito à categoria do ser e não do ter da pessoa, muito
embora influam nesta.
Direitos subjectivos absolutos – são aqueles em que o seu titular activo tem poderes
políticos directos e imediatos sobre determinado bem, que lhe é afectado de modo
exclusivo ao seu uso, fruição, reivindicação e autodeterminação, devendo todos os
demais sujeitos jurídicos abster-se de qualquer comportamento lesivo (direitos de
personalidade, direitos reais e os direitos intelectuais).
Direitos subjectivos relativos – são aqueles em que o seu titular activo tem poderes
jurídicos dirigidos a uma pessoa ou a pessoas determinadas, que lhes impõem a um
dever ou sujeição específica (direitos de crédito, direitos familiares patrimoniais e os
direitos sucessórios).
Direitos subjectivos de domínio – o titular activo para além do poder político imediato
e exclusivo sobre o bem, tem uma plena disponibilidade sobre tal bem, assim acontece
com os direitos reais e os direitos intelectuais.
Direitos subjectivos de não dominais – embora possam ser direitos absolutos, não tem
a plena disponibilidade sobre o bem que é objecto dos seus poderes jurídicos, como
exemplo: direitos de personalidade.
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Distinção dos direitos subjectivos privados:
Colisão de direitos
63
correspondente ao exercício do mesmo ou de outro direito subjectivo por parte de
outra pessoa.
A colisão real de direitos impõe – se que a própria ordem jurídica, para a unidade e
coerência do seu sistema, resolva tão perturbadora contradição interna, em termos
gerais, se efectua através do artigo 335º.
A colisão de direitos iguais da colisão de direitos desiguais, distinção esta que constitui
uma afloração do princípio da igualdade, 13º da CRP e que leva a tratar igualmente
situações de interesses iguais e a tratar diferentemente, em correspondência com a
particularidade, situações de interesses desiguais.
Procede a uma identificação e ponderação quer dos bens jurídicos tutelados pelas
normas jurídicas estruturantes dos direitos colidentes, quer dos conteúdos dos
poderes jurídicos resultantes destes direitos, quer ainda dos factos reais constitutivos
de cada um dos direitos subjectivados em colisão das modalidades de actividade
material concretamente exercitadas pelas partes e dos interesses efectivamente
prosseguidos pelas partes.
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titular do outro direito conflitual, quando os comportamentos condicionam o conflito
de direitos, e a colocação em risco pelo titular dos bens tutelados.
De outro modo, temos todos os factos reais relevantes e todos os valores jurídicos
respeitantes, estes e aqueles, ao outro direito conflituante, indagando do peso
específico através de metodologia idêntica, nomeadamente com a prévia concreção e
interpretação das previsões normativas relativas a tal direito e a identificação e
hierarquização dos valores ínsitos nessas proposições.
Para efeito do artigo 335º do CC, numa determinada situação concreta conflitual,
estamos perante direitos iguais, implica quer a indagação e a aferição dos diversos
elementos de cada um dos conjuntos dos factos reais relativos à génese e ao exercício
dos direitos em conflito, e nas suas concretas circunstâncias tanto aumentativas como
diminutivas do peso jurídico, com vista à avaliação da sua igualdade mediante a
aplicação de critérios normativos de preferência, identificadores dos interesses e
valores jurídicos resultantes do sistema jurídico na sua globalidade e unidade ao caso.
Nos casos de conflito de um direito subjectivo com outro direito que tenha como
objecto uma diferente espécie de bem, apesar da óbvia diversidade dos contrapostos
interesses concretos protegidos, podem na multiplicidade da vida real, igual os pesos
jurídicos totais das ponderações e valorações jurídicas respeitantes a cada um dos
diferentes conjuntos de todas as circunstâncias factuais relativas à génese e ao
exercício de cada conflito, assim o peso jurídico total das ponderações e valorações
jurídicas respeitantes às concretas circunstâncias factuais de constituição e exercício
de um direito.
No caso de conflito entre dois direitos subjectivados incidindo sobre a mesma espécie
de bem com diferentes graus, áreas, de tutela desse objecto jurídico ou outras
circunstâncias, de constituição ou exercício de cada um desses direitos, que face às
65
ponderações e avaliações jurídicas conduzem a um peso jurídico total desequilibrado
de tais direitos entre si.
No caso de colisão de dois direitos subjectivados tendo por objecto diferentes espécies
de bens, a diversidade, desde logo, dos bens jurídicos tutelados, os particulares graus
desses bens em cada um dos direitos conflituantes e as demais circunstâncias
referentes à génese e ao exercício de cada um desses direitos, em cada um dos
conjuntos, face aos valores com eles ligados, imprimindo um diferente peso jurídico,
que esta prevalência não é definível em função apenas de uma hierarquização jurídica
das axiologias dos bens em conflito, envolvendo sempre a ponderação e a avaliação de
todo o factual relevante em que se processou a subjectivação dos direitos em conflito
bem como de todas as valorações estruturantes desses direitos, tanto no interior de
cada um desses direitos como nas relações desses direitos entre si ou com o conjunto
do ordenamento jurídico.
Apurados quer os casos de colisão em que se verifica uma igualdade do peso jurídico
dos direitos subjectivos conflituais, face à identidade ou ao equilíbrio dos contrapostos
conjuntos de interesses concretos juridicamente tutelados, quer os casos em que se
reconhece uma desigualdade do peso jurídico de tais direitos, face à predominância de
um dos conjuntos de interesses concretos tutelados, importa saber quais as soluções
dessas colisões.
66
A saída para o conflito de direitos iguais nas relações jurídicas civis pode resultar da
aplicação de um princípio de alternativa ou de desvio, consistindo na adopção pelos
titulares dos direitos, colidentes face ao concreto modo de exercício escolhido, de
outros modos de exercício de direitos que se mostrem não colidentes e igualitários,
por falta de alternativa, os modos de exercício escolhidos têm de ser limitados
segundo um princípio de equiparação para que os direitos possam concordar na
prática.
68
Os direitos subjectivos decorrem de uma norma jurídica que protege directa e
primacialmente interesses particulares, conferindo aos titulares o gozo e o exercício,
com disponibilidade, de accionar o conjunto dos mecanismos coercitivos dessa tutela
contra todas as ofensas ilícitas aos correspondentes bens.
As expectativas jurídicas (são protegidas por lei mas não são considerados direitos)
Ao lado da mera expectativa de facto que se traduz apenas em uma mera esperança
psicológica, de vir a beneficiar no futuro de um direito ou outra vantagem jurídica, sem
qualquer relevância jurídica, há a expectativa jurídica.
Este instituto é definido como uma protecção legal durante toda a pendência da
constituição de um direito de formação sucessiva gradual, que implica a conjunção de
dois ou mais factos jurídicos separados no tempo, essa protecção se manifesta em
providências instrumentais destinadas a defender, em termos legalmente razoáveis, o
interesse do expectante à consumação de tal constituição, são os casos dos negócios
jurídicos.
O termo expectativa com um valor jurídico mas fora do sentido habitual e próprio,
artigo 78º a expectativa corresponde à vontade presumível e às restrições expressas
do autor de carta missiva não confidencial e com os artigos 118º nº2 e 245º nº1 em
que as expectativas são fundadas esperanças de verificação de um evento natural mas
relevantes para o preenchimento da hipótese jurídica.
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No artigo 82º nº1 ao declarar que a limitação voluntária quando legal, é sempre
revogável, ainda que com obrigação de indemnizar os prejuízos causados às legítimas
expectativas da outra parte, tem de ser interpretado cuidadosamente.
O professor Castro Mendes considera o artigo 81º nº2 tais expectativas como um
exemplo de expectativa jurídica, ou seja, da posição jurídica do potencial futuro
adquirente de um direito subjectivo, que beneficia da circunstância de se haverem
verificado já alguns elementos do facto complexo de que depende essa aquisição.
Ónus Jurídicos
Os Sujeitos de Direito
Noção de Sujeito de Direito
71
prática, têm personalidade judiciária do 5º a 7ºdo CPC (sociedades civis, associações
comercias e as comissões especiais).
72
A capacidade de exercício de direitos não se reduz aos poderes de um maior, não
juridicamente inibido, para administrar, ele mesmo, uma determinada propriedade
que comprou, engloba também os poderes para comprar essa mesma propriedade
através da sua acção voluntária, porque a ordem jurídica lhe reconhece tal
possibilidade de exercício artigo 130º bem como a capacidade de gozo do 67º.
É específica a capacidade jurídica de gozo das pessoas colectivas, devendo porém estar
também delimitada na lei a fronteira face às incapacidades de gozo (160ºCC e 12º nº2
da CRP), estas pessoas são um prolongamento das pessoas humanas.
A representação legal
Assistência
Na assistência o incapaz de exercício pode praticar ele mesmo actos jurídicos mas a
validade e eficácia destes actos estão dependentes de autorização ou consentimento
de outra pessoa (escolhido pela pessoa que irá representar).
74
A legitimidade e a disponibilidade jurídicas
No domínio da capacidade e da incapacidade jurídicas através de outros conceitos,
como os da legitimidade e da disponibilidade.
75
indisponibilidades são nulos e não podem ser realizados por interposta pessoa do 579º
e 294º.
Por outro lado, faltará ainda o sujeito passivo de uma obrigação contraída por uma
pessoa entretanto falecida e cuja herança se encontra jacente, sendo certo que os seus
sucessíveis aceitantes, enquanto titulares da herança, virão a responder por tal
obrigação do 2068º e 2071º.
O legislador para casos justificados por razoes muito especiais pode excepcionalmente
admitir mecanismos jurídicos de melhor construção doutrinária seja de direitos
subjectivos sem sujeito.
76
conteúdo e o objecto de determinados poderes jurídicos de exigir o comportamento
de outra pessoa, bem como os correlativos deveres jurídicos.
A pessoa singular perante a cultura, a sua dignidade impõe que a ordem jurídica se
limite a reconhecer pelo mero facto da existência de qualquer homem e sem
condicionalismos, a sua personalidade jurídica.
Por outro lado, a fundamental liberdade de associação do 46º nº1 da CRP legitima que
os homens se agrupem entre alguns deles formando entidades distintas de cada um
dos agrupados em vista da prossecução de certas finalidades que lhes são comuns,
também o direito geral da liberdade, 27º nº1 da CRP e 70º do CC que permite os vários
homens instituir organizações distintas deles próprios e que visam a realização de
interesses sociais, face a terceiros beneficiários. A dignidade é importante na ordem
jurídica que atribui as entidades que em certos requisitos, a personalidade jurídica, das
pessoas colectivas.
As pessoas singulares
Início da personalidade jurídica das pessoas singulares
A aptidão para se ser titular autónomo de direitos e obrigações, ou de relações e
outras situações jurídicas, é reconhecida às pessoas singulares no artigo 66º nº1 do CC.
77
Por outro lado, haverá nascimento com vida quando, após aquela separação, com o
nascido a respirar ou manifestar quaisquer outros sinais de presença de energia vital,
como pulsações do coração, havendo processos médicos aptos para determinar se o
recém-nascido respirou ou não após parto. Para os opositores modernos não faz
sentido adquirir personalidade jurídica antes de o nascimento completo e com vida.
Em segundo lugar, não se exige o nascimento com figura humana ao invés dos artigos
110º e 1176º do código civil de Seabra e actualmente do artigo 30º do código civil
espanhol. Considerando-se que em 1966 destituídas de fundamento quer a velha
crença romana de que a mulher podia dar à luz monstros, quer a justificabilidade do
requisito da figura humana no caso de nascimento tão prematuro, que o feto não
tivesse configuração humana se viesse vivo, neste argumento o processo normal de
gestação humana e o problema que aí se coloca é outro, o da viabilidade do feto
prematuro nascido vivo, cuja viabilidade a nossa lei não exige.
Assim, o feto nascido prematuro, desde que vivo, tem personalidade jurídica, mesmo
que seja um dos sêxtuplos muito prematuros, resultante de uma fertilização in vitro.
Face à enorme importância do nascimento completo e com vida implicar uma nova
personalidade plena, um novo centro autónomo de direitos e obrigações no universo
jurídico, não admira que a lei imponha em tal caso o registo civil obrigatório do
nascimento, artigo 1º a) do CRCom, no prazo de 20 dias, artigo 96º do CRCom e sob
sanção contra ordenacional 98º nº5 e 295º do CRCom.
Tese Natalistica – defendida pelo Prof. Pires de lima, Antunes Varela e Castro Mendes,
em que no artigo 66º já existe personalidade jurídica, que contra os crimes contra a
vida uterina e protege a vida em desenvolvimento.
Tese da retroacção - Prof. Dias Marques, os nascituros não tem personalidade jurídica,
tem que nascer completo e com vida, posto isto retroage ao momento da concepção.
78
Tese da utilidade - Egelhart, é útil para a sociedade, atingir a maioridade de forma
livre, assim a pessoa é inteira.
Nascituros concebidos – são os seres humanos já concebidos mas ainda não nascidos,
sendo o nascimento provável.
Pelo que, não só a nível de garantias constitucionais mas também no âmbito das
relações entre os particulares, por força da eficácia civil daquela norma artigo 18º nº1
da CRP, deve considerar o ser do concebido como um bem protegido, tanto mais que o
legislador constitucional não distinguiu no artigo 24º a vida humana extra – uterina da
uterina, aquela desta e a razão de ser da lei a ambas abrange no respeito das
correlativas especificidades.
Que o concebido é no direito português um ser tutelado, decorre ainda das sanções
previstas nos artigos 139º e seguintes do CP relativos aos crimes contra a vida intra –
uterina e da taxatividade da restritividade das indicações interruptivas da gravidez
excluidoras da ilicitude do aborto apesar das molduras penais serem menos pesadas.
O código civil foi mais detalhado na defesa dos interesses patrimoniais do nascituro
concebido, assim o artigo 952º permite a doação a concebidos, uma vez que a doação
é um contrato, 940º nº1, tem de ser parte o concebido donatário, cujos
representantes legais são em regra os pais (1878º nº2) e que declaram aceitar a
doação.
79
O artigo 2033º nº1 equipara sem prejuízo do 66º nº2 o concebido ao nascido na
sucessão em geral, isto é, na sucessão legitimária, legítima, testamentária e na
sucessão contratual, o que arrasta diversas consequências jurídicas, há três hipóteses
excepcionais de sucessão contratual previstas no 1700º nº1.
Mas ainda resultam do código civil efeitos pessoais para o concebido, desde logo, a
possibilidade de perfilhação deste artigo 1854º e 1855º, a existência de um poder
paternal, com poderes de representação em relação ao nascituro 1878º nº2 e a
presunção de paternidade também relativamente aos filhos concebidos na constância
do matrimónio 1826º nº1.
O artigo 70º do CC acolhe uma protecção geral da personalidade física e moral dos
nascituros concebidos, com efeito, a lei protege os indivíduos contra violações da sua
personalidade, utilizando uma nomenclatura diferente da utilizada na personalidade
jurídica e na capacidade jurídica, as quais, ao menos de um modo pleno, apenas são
atribuídas aos seres humanos nascidos completamente e com vida, 66º nº1, isto é, se
o legislador civil quisesse circunscrever a tutela da personalidade às pessoas jurídicas
singulares nascidas e com vida mais razoavelmente utilizaria no artigo 70º.
Por outro lado, os concebidos são seres vivos humanos intra – uterinos dotados de
uma estrutura e dinâmica própria e como tais, são indivíduos dotados de uma
naturalística personalidade, aliás, a ratio legis do artigo 70º vale também para os
concebidos, porque carentes de uma protecção geral contra ofensas à sua
personalidade, não só para nascerem com vida e ilesos, mas também para que a
própria gestação se processe no modo próprio.
O legislador teve em vista no artigo 66º, que foi regular o começo da personalidade
jurídica plena, nessa disposição projectando ainda os direitos que reconheceu aos
nascituros, o problema que nos prende não é directamente o da titularidade subjectiva
80
dos direitos ou faculdades respeitantes à tutela dos interesses dos nascituros, mas de
saber se a lei previu a tutela, como bem jurídico, da personalidade física e moral do
nascituro, caso dos artigos 24º nº1 da CRP, 139º e seguintes do CP, e 70º, 1878º nº1,
1826º nº1 e 1855º do CC na unidade do sistema jurídico, que esta tutela contém
diversos modos de representação da titularidade dos poderes e faculdades jurídicas.
Com efeito, de acordo com o artigo 70º CC nº2 e os artigos 1474º e seguintes do CPC,
as ofensas ou as simples ameaças de ofensa, desde que ilícitas, à personalidade física
ou moral do concebido são susceptíveis de ser legalmente combatidas através do
requerimento de providências cíveis adequadas às circunstâncias do caso com o fim de
atenuar os efeitos da ofensa cometida da ameaça.
81
Do princípio de que a personalidade jurídica do individuo humano nascido e com vida
cessa com a morte (68º nº1) não pode concluir – se que a morte pressupõe sempre um
ser humano nascido com vida.
82
A natureza jurídica do concebido
A tutela jurídica relativa ao concebido desde que consideraram que estamos perante
direitos sem sujeitos, e as entendem que há aí só meros estados de vinculação, não
atribuindo, qualquer tipo de personalidade jurídica ao concebido, passando pelas que
admitem uma retroacção da personalidade jurídica desde o nascimento ao momento
da constituição do direito, e pelas que sustentam haver lugar entre a concepção e o
nascimento a uma personalidade jurídica parcial.
Dos direitos de personalidade do concebido vem colocar novas, como saber se antes
do nascimento deste existem ou não direitos de exigir a abstenção, dai decorre que é
necessário reconhecer no concebido uma entidade parcialmente dotada de força
jurisgénica, pois podem existir lesões e ilícitos tutelados nos casos em que o concebido
morra antes do nascimento e para o esclarecimento de efeitos jurídicos mostra-se
ainda mais adequada a construção do concebido como uma personalidade jurídica
parcial, ele agirá através dos seus representantes legais, mas a atribuição ao concebido
da titularidade dos poderes jurídicos sobre o bem geral da sua própria personalidade
física e moral poderá ter interesse mesmo face aos seus próprios representantes
legais.
O concepturo não é objecto da tutela do 70º do CC porque não possui qualquer forma
da vida humana, não é uma personalidade humana.
Também não se prevê quanto ao concepturo uma norma que, à semelhança do 71º do
CC tutelasse uma personalidade humana a conceber, porque não há analogia de
situações: a existência de direitos de personalidade face a pessoas falecidas decorre do
real da vida anterior dessas pessoas e personalidade humana.
83
Natureza jurídica do concepturo
A morte nos termos do artigo 68º nº1 faz com que cesse a personalidade jurídica das
pessoas singulares é a apenas a morte natural ou física.
De acordo com os artigos 3º e 4º do mesmo código, a morte não pode ser invocada
pelos herdeiros do de cujos ou por terceiros enquanto não for lavrado o registo, mas
uma vez registada, a prova da morte resultante do registo civil não pode ser ilidida por
qualquer outra, a não ser nas acções de estado e nas acções de registo e o facto da
morte não pode ser impugnado em juízo sem que seja pedido o cancelamento ou
rectificação dos assentos e averbamentos.
O assento do óbito é feito com base em declaração das pessoas que têm o ónus
jurídico de o declarar, 193º e 203º do CRcivil, declaração acompanhada da
apresentação do certificado médico do 194º, ou nos casos de impossibilidade absoluta
de comparência médica para verificação do óbito, de um auto lavrado pela
competente autoridade administrativa com a intervenção de duas testemunhas e no
194º do CRcivil.
Do assento deverão constar, o artigo 201º do CRcivil, para além dos elementos de
identificação pessoal do finado, a hora, a data e o lugar do falecimento ou do
aparecimento do cadáver e a causa da morte.
84
É necessária a justificação judicial do óbito, cujo processo vem regulado nos termos do
233º e seguintes do CRcivil, quando o óbito tenha ocorrido há mais de um ano e
entretanto não tenha sido declarado 199º, ou quando os cadáveres não forem
encontrados ou tiverem sido destruídos em consequência do acidente ou só
aparecerem despojos insusceptíveis de ser individualizados ou for impossível chegar ao
local onde os corpos se encontram, 207º do CRcivil, nomeadamente em caso de
naufrágio do 208º do CRcivil e 68º nº3 do CRcivil.
Pelo artigo 211º, a prova da morte é normalmente feita através de certidões passadas
nos termos do 212º e seguintes, mas também o pode ser mediante boletins do registo
de óbito que os funcionários do registo deverão passar em seguida à realização dos
assentos do 218º.
A comoriência
Pode acontecer que uma pessoa singular morra juntamente com outras, nos casos em
que os falecimentos de tais pessoas tiveram lugar simultaneamente ou em momentos
tão próximos que não seja possível determinar a sua ordem cronológica, por outro
lado, em que para a produção de certos efeitos jurídicos se exija a sobrevivência de
uma das pessoas a outra, estamos colocados perante o problema jurídico da
comoriência.
Caso não seja produzida prova sobre os momentos de cada morte, haja contradição
probatória, seja insuficiente, as presunções factuais não convençam o julgador,
presume - se nos termos do 68º nº2 que essas pessoas faleceram ao mesmo tempo.
Falecendo as pessoas ao mesmo tempo, não se verifica entre elas, um dos requisitos
da capacidade sucessória, decorrente do 2032º nº1 e 2033º pelo qual o sucessível
deverá sobreviver ao de cujus.
A morte presumida
85
O Código prevê ainda dois casos de presunção legal de morte, admitindo sempre prova
em contrário 350º nº2, que pode consistir no simples reaparecimento da pessoa.
A morte presumida é regulada nos artigos 114º e seguintes, ela tem lugar quando
determinadas pessoas estão ausentes sem notícias durante um certo lapso de tempo
(5 a 10 anos) porém, esta hipótese está integrada no instituto da ausência das pessoas
singulares.
Por outro lado, as incapacidades jurídicas de gozo das pessoas singulares têm carácter
taxativo e há-de constar de disposição legal, acresce também por força do princípio da
dignidade da pessoa humana, artigo 1º, tais incapacidades só podem incidir sobre
determinadas relações jurídicas previstas nessas leis excepcionais, isto é, sobre
determinados direitos e obrigações, que não sobre círculos, mais ou menos amplos, de
relações jurídicas, direitos ou obrigações, como acontece com a incapacidade de gozo
das pessoas colectivas.
86
humana, particularmente, com a inegociabilidade dessa dignidade e com a
necessidade de manutenção sempre em aberto da pluralidade de vias de
desenvolvimento da sua personalidade, desenvolvimento este só realizável através da
plenitude da capacidade do homem, esta abstracta capacidade jurídica é susceptível
de gradações diversas e não prejudica a possibilidade de renúncia, prévia, à aquisição
de certos e determinados direitos não indisponíveis.
Os maiores, são aqueles que perfizerem 18 anos. O momento exacto em que termina a
menoridade e se atinge a maioridade resulta do 296º e 279º c), ou seja, é às 24h do dia
que corresponda ao do nascimento, dentro do último dos 18 anos após este evento.
O artigo 133º apenas abre uma excepção, ou seja, quando o menor, com mais de 16
ano, tiver casado sem ter obtido a autorização dos pais ou do tutor para casar nem o
suprimento pelo conservador do registo civil, continua a ser considerado menor, e os
bens são administrados pelos pais, tutor ou representante legal.
87
A menoridade
Embora os menores tenham capacidade de gozo da generalidade de direitos e
obrigações (na venda, compra, na troca), eles carecem de capacidade para exercício de
direitos, assim não podem, por si próprios ou por seus representantes voluntários,
adquirir e exercitar tais direitos, assumir e cumprir essas obrigações, agir nos actos e
negócios jurídicos.
De acordo com o artigo 127º determina que as hipóteses do nº1 não comportam
aplicação analógica, em matéria de integração legal, artigo 11º, além de outros
previstos na lei, são excepcionalmente válidos três tipos de actos e negócios jurídicos,
de grande amplitude:
Restrição por força da lei ou de sentença, dos poderes de gestão patrimonial dos
administradores de bens alheios, ou de bens próprios e alheios, de bens próprios.
A lei qualifica, ela própria, certos negócios jurídicos como actos de administração
ordinária ou de disposição.
O código civil não se limita sempre a restringir os poderes dos administradores de bens
alheios aos actos de administração e a impedi-los de praticar actos de disposição, sem
qualquer concretização; antes, seguiu muitas vezes o sistema de fazer uma
enumeração de certos actos que são permitidos ou vedados ao referido administrado.
88
pode induzir ou não a correr, na administração dos bens alheios, riscos que não
correria se os bens fossem próprios, o administrador de bens de outrem estará mais
facilmente propenso a sujeitar o património administrado a aventuras arriscadas, se a
lei lhe permitir.
Categorias:
A doutrina de Coimbra tende para a solução afirmativa, parece que esta orientação só
poderá aceitar-se quando as despesas com os apontados negócios sejam feitas à custa
dos rendimentos e é geralmente se entende e quando os melhoramentos não
consistem em novas aquisições de bens mas em quaisquer obras nos bens
administrados.
89
A razão do exposto está na ideia geral já falada, o mero administrador, por falta de
interesse pessoal ou das aptidões normais, tem de confinar-se nos limites de uma
gestão muito comedida e prudente.
90
Na primeira parte da alínea c) do nº1 do 127º visam-se os actos próprios integradores
da actividade laboriosa do menor. Na segunda parte abrangem-se os negócios jurídicos
que, embora não necessariamente integradores ou característicos dessa actividade,
são pressupostos ou consequências adequadas desta (exemplo comprar tintas por um
menor autorizado a pintar quadros para vender).
Mas não só face aos negócios jurídicos de ambas as hipóteses da alínea c) nº1 do 127º,
mas também aos actos jurídicos relativos às mesmas actividades dessa norma, o nº 2
do artigo 127º estatui que só respondem os bens de que o menor tenha livre
disposição, tal constitui um travão a que terceiros se aproveitem da inexperiência ou
imaturidade do menor, desde que os actos jurídicos em sentido amplo 127º nº1 a) e 2
se desdobram em negócios jurídicos e simples actos jurídicos.
Negócios jurídicos – são os actos jurídicos compostos por um ou por duas ou mais
declarações de vontade dirigidas a produzir efeitos sociais a que a ordem jurídica
reconhece efeitos jurídicos em geral concordantes com o conteúdo de tais
declarações.
91
dos bens integrantes da sua personalidade nos termos do 81º está sujeita aos regimes
de incapacidades de exercício dos menores e do seu suprimento pelos pais ou tutor,
123º e 124º, e por fim a defesa dos direitos de personalidade dos menores, isto é, para
a validade de múltiplos actos relativos aos exercício de diversos direitos de
personalidade do menor basta apenas a mera capacidade natural de entender e
querer, deste, uma função de cada um dos actos ou exigida pela natureza de cada
negócio jurídico, o mesmo quando o menor age como procurador do 263º.
Por outro lado, a lei vai atribuindo por via de excepção, uma gradual capacidade de
exercício do menor em função da sua mera idade:
16 Anos - o menor pode casar 1600º e 1601º a), perfilhar 1850º nº1, testar
2188º e 2189º a) do CC
92
O menor nos casos que procede sem dolo, com o sentido que se refere a mera culpa,
imprevidência ou negligência, bem como sem culpa, determina o corpo do 125º nº1,
ou seja, para a tutela do próprio menor e por desconfiança nas pessoas que com ele
negociaram, os negócios jurídicos ou os actos jurídicos do artigo 295º, praticados pelo
menor sem para tal ter capacidade de exercício, estão feridos de anulabilidade do
287º, que é a uma sanção menos grave do que a nulidade do 286º e a inexistência
jurídica do 246º e 1628º.
No primeiro caso opera-se através de uma acção com processo comum de declaração
(4º, 460º e 467º do CPC), principiada por uma petição inicial daqueles ao juiz, onde se
identificam as partes substantivas e processuais, e expõem os fundamentos de facto e
de direito e se conclui por um pedido de declaração judicial da invalidade por
anulabilidade do negócio ou acto jurídico.
Na arguição por excepção do 493º nº2 do CPC, o menor, seus representantes legais ou
herdeiros, em acção intentada por outrem, alegam em defesa a anulabilidade de
qualquer negócio que face ao menor tenha sido invocado.
Mas há que conjugar estes modos de arguição com dois tipos de factos:
93
exercício, quer para iniciar uma acção declarativa de anulabilidade quer para
continuar, uma vez que estão em causa os seus direitos e interesses e é
suposto ter o entendimento e a vontade para defender – os.
Por outro lado, há representantes legais casuísticos do menor para determinados fins,
actos ou intervenções substanciais, nomeadamente o curador especial em caso dos
progenitores do menor na representação judicial deste num determinado processo,
12º nº3 do CPC, o representante especial para, em nome do menor, celebrar negócios
jurídicos que sejam urgentes ou de que resulte manifesto para proveito deste do
1921º nº2.
Representante provisório – para ter a guarda do menor, quando houver perigo para a
segurança, saúde, formação moral e educação deste, não seja caso de inibição do
exercício do poder paternal e falecimento do progenitor a quem o menor tenha sido
entregue do 1908º e 1918º.
94
favorecimento implica o alargamento da arguição a favor do representante
legal.
c) Mas a anulabilidade que não tenha sido arguida pelo representante legal do ex
– menor nem por este devido ao falecimento pode sê - lo a requerimento de
qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da morte deste,
desde que esta morte tenha ocorrido antes de expirar o prazo de um ano a
contar da maioridade ou emancipação do ex – menor do 127º nº1 do c).
O legislador que tenha concedido um prazo de um ano completo aos herdeiros para tal
arguição, pois eles precisam de se inteirar do condicionalismo do acto jurídico
praticado pelo menor, reunir provas, conseguir, mandatário forense.
95
Se o acto jurídico não foi cumprido e é anulável não há interesses jurídicos substanciais
da contraparte ou de terceiros que imponham o cumprimento daqueles actos jurídicos
apenas por terem passado os prazos gerais de arguibilidade do 125º nº1.
O não cumprimento desses actos torna-se mais atacáveis, dado estarem em jogo
interesses de menores do 287º nº2 e a censura moral.
A declaração judicial de anulação tem efeito retroactivo devendo ser restituído tudo o
que tiver sido prestado, 289º nº1.
Sendo a confirmação um acto jurídico, com uma declaração de vontade própria, ela
pressupõe para a sua própria validade uma intenção de confirmar ou de validar o acto
ou negócio jurídico do menor anulável, o que implica, para além da existência de
objecto possível e de capacidade e legitimidade dos sujeitos confirmantes, o
conhecimento do vício e do direito à anulação.
Tal sanação do acto ou negócio jurídico pode ser benéfica para o menor ou ex –
menor, tudo dependendo da ponderação das vantagens pessoais e patrimoniais delas
resultantes para o menor e das contrapartidas. Se o menor ou o seu representante
legal têm o direito de anulação devem ter também o direito de sanação por
confirmação do acto jurídico em causa, uma vez que não subjazem aqui os interesses
públicos que dão lugar à nulidade e à insanabilidade.
O acto jurídico de confirmação pode ter lugar por declaração expressa ou tácita do
288º nº3 e 217º e tem eficácia retroactiva, mesmo em relação a terceiro do 288º nº4
para que o acto jurídico celebrado pelo menor sem capacidade de exercício possa ter
total eficácia após a confirmação.
Trata-se de dolo nos negócios jurídicos e actos jurídicos previstos no 253º, ou seja,
qualquer sugestão ou artifício que o menor empregue com a intenção ou consciência
de induzir ou manter em erro o autor da declaração, bem como da dissimulação pelo
menor do erro do declarante. A estes requisitos gerais do dolo negocial, há que
acrescentar os referidos no 126º que são: o uso de meios artificiosos pelo menor deve
96
servir directamente para praticar o acto ou negócio jurídico do 253º e o menor há – de
usar o dolo com o fim de se fazer passar por maior ou emancipado.
A doutrina levanta dúvidas sobre as questões de saber quem afecta a proibição do 16º
e quais os efeitos jurídicos desta.
Há quem entenda que o artigo 126º permite a arguibilidade da anulabilidade dos actos
negócios jurídicos do menor incapaz de exercício praticados com dolo pelos seus
representantes legais nos termos do 125º a) até à maioridade ou emancipação do
menor.
Os outros autores não admitem tal arguibilidade, todos estão de acordo com a
proibição da arguição pelos herdeiros do menor, nos termos do 127º nº1 alínea c),
uma vez que estes são meros continuadores do menor, sucedendo apenas em objectos
sucessórios da esfera jurídica deste do 2024º e 2032º nº1 e não havendo nesse caso
um direito de anulabilidade por parte do menor também não o terão os herdeiros.
A posição do menor que forjou o artifício não merece qualquer tutela, inexistindo o
dever de diligência da contraparte, enganada, face à idade do menor, o professor
Mota Pinto, defende que a ratio do artigo 126º é a de sancionar o menor que a lei
apenas pretende excluir a actuação pessoal do menor, mas não a dos seus
representantes e que a impugnabilidade do acto cessaria assim que cessasse a
representação.
97
actos indevidos, tenha usado o dolo com o fim de se fazer passar por maior tenha sido
eliminada a referência sublinhada.
Nos casos de dolo do menor sobre a sua própria idade ou emancipação, extingue-se ou
preclude o direito à anulabilidade prevista no artigo 125º e são válidos os actos, uma
vez que também não é lícito ao enganado arguir uma anulabilidade nos termos do
253º dado que se trata do dolo impróprio. O que não impedirá que, se o menor ou seu
representante e a contraparte enganada nisso acordarem ou o enganado renunciar ao
seu direito à validade do acto, tais actos possam vir a ser ineficazes.
A incapacidade de exercício dos menores é suprida pelo poder paternal, pela tutela do
124º e pela administração de bens do 1922º e 1967º.
Em casos especiais e para determinados actos do menor, tal suprimento pode ainda
ter lugar através do MPº e certos curadores.
Há que ter ainda em conta a existência de actos dos pais cuja validade depende de
autorização do tribunal do 1889º, 1890º e 1892º.
O exercício do poder paternal pode apenas competir a um dos cônjuges, como é o caso
de impedimento do 1903º e de inibição do outro dos termos do 1913º, ou a um só ou
a ambos os progenitores no caso de estes não estarem plenamente casados entre si,
de acordo com diversas regras do direito de filiação do 1904º a 1912º
Aos actos praticados pelos pais em contravenção dos artigos 1889º e 1892º que
impõem a autorização do tribunal para a validade de diversos actos dos pais em
representação do filho menor sujeito ao seu poder paternal, aplica-se a sanção de
anulabilidade do 1893º.
98
Só excepcionalmente o poder paternal não se exerce através da representação legal
mas sim mediante a assistência, ou seja, com uma autorização dos pais para o menor
praticar o acto. É o caso da autorização dos pais para o menor, entre os 16 e os 18
anos, casar do 1604º a).
O poder paternal pode não ser sequer constituído por pais serem incógnitos, pode não
estar em condições de ser exercido ou pode extinguir-se, nestes casos tem lugar a
tutela do 1921º nº1 e 124º.
Tutela
Os órgãos da tutela, nos termos dos artigos 1924º, 1955º, 1956º e 1925º, são :
O tutor é designado ou confirmado pelo tribunal de entre as pessoas dos artigos 1928º
a 1934º, mas é obvio que não o liga ao menor os laços de proximidade sanguínea,
afectiva e teológica que normalmente existem entre os pais e filhos menores. Daí que
o legislador seja mais parcimonioso na outorga de poderes jurídicos ao tutor e mais
severo na condução e na fiscalização da sua actividade.
O artigo 1953º nº1 estabelece que o tutor tem os mesmos direitos e obrigações dos
pais do 1881º nº1 logo acrescenta com as modificações e restrições constantes dos
artigos, por isso, o artigo 1937º proíbe ao tutor a prática de certos actos como os actos
gratuitos e o artigo 1938º impõe ao tutor o recurso a autorização do tribunal para a
prática de um maior número de actos do que acontece com os pais, artigo 1889º.
São mais severas as sanções impostas ao tutor. Por contravenção do disposto no artigo
1937º vigora a nulidade do 1939º e na violação do preceituado no 1938º aplica-se uma
anulabilidade que, para além de ser arguível por um maior número de pessoas, pode
ser decretada pelo tribunal do 1940º.
O tutor pode ser removido, verificando-se as causas previstas no 1948º e ter-se que
designar ou confirmar outro tutor, mas a tutela pode ser reversível e dar novamente
lugar ao poder paternal pelo termo da inibição do poder paternal, pela cessação do
99
impedimento de facto dos pais e pelo estabelecimento da maternidade e da
paternidade do 1961º d), e) e f).
Administração de bens
Nos termos do nº1 1971º maxime, os artigos 1935º, 1937º e 1938º sobre os actos
praticados pelo administrador de bens e os artigos 1939º e 1940º quando às sanções
de nulidade e anulabilidade por contravenções do administrador.
O artigo 1971º nº2 quis deixar bem claro que o administrador não é um assistente ou
curador, mas o representante legal do menor nos actos relativos aos bens cuja
administração lhe pertença.
100
A interdição
Noção
O nº2 do artigo 138º permite que as interdições possam ser requeridas e decretadas
dentro do ano anterior à maioridade, para produzirem os seus efeitos a partir do dia
em que o menor se tornou maior.
101
Requisitos substanciais
1) Que se verifica uma das três causas taxativas (anomalia psíquica, surdez –
mudez ou cegueira) conducente a essa incapacidade;
2) Pela sua elevada gravidade, determine que o afectado por ela não possa
governar tanto a sua pessoa como os seus bens 138ºnº1.
Só estes tipos de deficiências humanas são relevantes para a interdição, mas para que
esta seja decretada judicialmente é preciso que estejamos perante deficientes
profundos, que tais deficiências humanas sejam tão graves que os impeçam de
governar não só os seus bens, mas sua própria pessoa.
Com efeito as anomalias psíquicas, a surdez – mudez e a cegueira, podem ter uma
gravidade muito variável, em função de cada tipo e grau de deficiência, de serem
congénitas, de primeira infância ou posteriores, da evolução das ciências médicas e
farmacêuticas e do acesso aos cuidados médicos e o do seu nível, do tipo de educação
recebido, da inserção social, das potencialidades psíquicas.
Os certos tipos de anomalias psíquicas face ao real de cada ser humana, são na maior
parte das vezes as causas da interdição, também a surdez – mudez ou cegueira,
sobretudo quando congénita, desacompanhadas de educação correctora, com má
inserção social poderão levar à interdição.
Daqui decorre que a deficiência há-de traduzir – se num estado habitual, duradouro,
não acidental ou transitório, isto é, não são suficientes as perturbações passageiras,
embora graves, se bem que não se exija um estado definitivo incurável e que não
sejam relevantes na anomalia – psíquica para efeitos de interdição os intervalos
lúcidos, por não se exigir uma continuidade absoluta da deficiência, assim o estado
altamente deficiente há – de ser actual, isto é, tem de verificar-se com carácter
duradouro no momento da propositura da acção de interdição, não se pode reportar
apenas a situações passadas ou previsíveis no futuro.
102
Requisitos formais. O processo e a sentença judiciais
Não basta para a interdição a existência factual dos requisitos substanciais, atentos os
amplos efeitos desta incapacidade, os artigos 140º e 147º exigem que haja um
processo judicial e uma sentença definitiva de interdição.
A competência para decretar a interdição bem como para suprir, tal incapacidade
pertence aos tribunais comuns de competência genérica, com efeito trata-se de definir
o estatuto jurídico individual e pessoal de um maior, não estão, em causa
directamente questões de família nem delinquência de menores.
O processo reveste um carácter especial do 944º do CPC, sendo – lhe como tal
aplicáveis normas particulares, pontificando diversas regras para se averiguar da
profundidade da deficiência do requerido.
Para melhorar a tutela do deficiente, o juiz por sentença pode decretar definitiva ou
provisoriamente, a interdição ou inabilitação consoante o grau de incapacidade do
arguido e independentemente de se ter pedido uma ou outra, isto é, embora o
requerente na petição inicial deva pedir ou a interdição ou a inabilitação, o juiz na
sentença pode decretar a incapacidade que se mostra mais adequada ao deficiente.
Nenhum interdito pode ser testamenteiro, 2321º nº1, cabeça de casal 2082º nº1,
tutor, 1933º nº1 a), administrador de bens, 1953º nº1, vogal de conselho de família do
1970º, mandante do 1174º a) e adoptante pleno ou restrito, por inibição de pleno
direito do exercício do poder paternal (anomalia psíquica do 1913º nº1 b)) ou por falta
de poderes de representação 1913º nº2, requisitos exigidos quer para a adopção plena
do 1986º nº1 e quer para a restritiva do 1997º.
Quanto aos menores com as devidas adaptações, o artigo 127º remete por força do
139º, assim entre outros actos jurídicos previstos na lei, todos os interditos têm, desde
logo, capacidade jurídica de exercício para praticar validamente os actos de
administração ou disposição de bens que hajam adquirido pelo seu trabalho, que
exigem a autonomia e a dignidade da pessoa humana do interdito.
104
também a qualidade e o grau de capacidade de entendimento e de vontade de cada
interdito.
Para Pires de lima e Antunes Varela, que o legislador seguiu um critério fechado,
objectivo da existência ou não de prejuízo, para o interdito.
Também não se exige que os actos jurídicos neste período causem prejuízo ao
deficiente, embora seja a estatuição do 257º que se pressuponha, requisitos mais
apertados do que os do 148º e 149º.
Nos casos em que o interdito procede do 148º ou procedeu do 149º sem dolo, os
actos jurídicos por eles praticados sem capacidade de exercício, são anuláveis segundo
o artigo 148º e 149º.
105
o prazo de um ano para o propor, caso em que os seus herdeiros poderão propor tal
acção no prazo de um ano a contar da morte do ex – interdito do 139º e 125º c).
Quando o futuro tutor definitivo haja tido conhecimento do acto anulável antes da
sentença definitiva de interdição, o prazo de anulabilidade de um ano deve contar-se a
partir da data de trânsito em julgado desta do 956º nº2 do CPC.
Quanto aos actos jurídicos praticados por estes tipos de interditos antes da
publicidade da acção de interdição, quando esta vier a ser decretada por sentença
definitiva aplica – se o 945º como indubitavelmente acontecerá se a interdição não for
decretada, o prazo geral de um ano a contar da data em que o deficiente com a
incapacidade acidental, vir cessada esta incapacidade, teremos que distinguir, se a
publicidade da acção de interdição tiver lugar depois ou antes do fim daquele prazo
geral de um ano.
106
Por outro lado, face aos próprios requisitos do 257º, particularmente a gravidade da
incapacidade do deficiente e a notoriedade desta, se bem que numa expressão
acidental, será justo para o deficiente e não será desmedido para a contraparte aplica
– se as regras especiais do 125º nº1, como não houve publicidade da acção de
interdição antes dos negócios jurídicos anuláveis, deverão valer para terceiros de boa
fé as regras de contagem do início do novo do 331º nº1 prazo de arguição da
anulabilidade a partir do registo da sentença definitiva anulável praticado nas
condições do 150º ou a partir da data de conhecimento posterior ao registo da
sentença de interdição. Face a terceiros de má fé a anulabilidade pode ser arguida logo
após o trânsito da sentença definitiva de interdição do 1920º C.
Aplica-se igualmente o artigo 126º por força do 139º. Nos casos de interdição
registada, estaremos perante hipóteses mais raras do que na menoridade, mas não é
de todo impossível que o interdito use sugestões no sentido de se fazer passar por
pessoa plenamente capaz de exercício e consiga convencer a contraparte.
O artigo 139º manda aplicar à interdição as disposições que fixam os meios de suprir o
poder paternal, o que nos remete para os artigos 1921º e seguintes, isto é, há lugar à
tutela relativamente à pessoa e os bens do interdito, verificando – se os pressupostos
do 1922º, quanto à pessoa do interdito a administração de bens do 1967º e seguintes.
Os actos jurídicos, para os quais o interdito tem capacidade de gozo mas não de
exercício, podem ser praticados, em sua substituição, pelo seu tutor ou administrador
de bens, como seus representantes legais, como ou sem autorização do tribunal. Por
força da parte inicial do 139º do disposto nos artigos 140º a 146º.
107
A prioridade dos designados pelos progenitores relativamente a estes explica – se não
só porque a designação dos primeiros emerge sempre na vontade dos pais ou
progenitor que exerça o poder paternal, mas também porque vale a mortis causa, após
a morte de ambos os pais que exerciam o poder paternal.
Quando a tutela for deferida do 143º nº1 c), o progenitor designado tutor exerce
segundo 1878º e seguintes como o interdito fosse menor, neste caso o tutor
progenitor tem poderes mais amplos do que os outros tutores de interditos e do que
os tutores de menores.
Embora os pais e tutores devam velar pela saúde dos menores do 1878º e 1935º nº1, a
importância do 145º está em considerar como dever especial e prioritário do tutor o
de cuidar da saúde do interdito, podendo para esse efeito alienar os bens, obtida a
necessária autorização judicial, decorre o objectivo da tutela de assegurar a regência
da pessoa e bens e de procurar ultrapassar a deficiência de modo que o interdito
venha a reger a sua pessoa e bens, e evitar o agravamento da deficiência.
Levantamento da interdição
A interdição não é um estado definitivo, pode ser levantada, artigo 151º. Tal implica
que a anomalia psíquica, a surdez – mudez ou a cegueira tenham de tal modo deixado
de ser incapacitantes que o interdito possa reger a sua pessoa e bens, possa reger a
sua pessoa.
A Inabilitação
Noção
108
Certos tipos de inabilitação implicam mesmo incapacidades de gozo de direitos e
obrigações, assim, sucede com a inabilitação por anomalia psíquica para casar do
1601º b).
Requisitos substanciais
1) Que se verifique uma das seis causas taxativas (anomalia psíquica, surdez –
mudez, cegueira, habitual prodigalidade e abuso de bebidas alcoólicas ou de
estupefacientes);
Nestes casos tais deficientes não podem ser interdito nem inabilitados e têm plenas
capacidades jurídicas de gozo e de exercício de direitos e obrigações, isto é, é
necessário atender à qualidade e ao grau que cada deficiência e às suas consequências
concretas em cada individuo.
109
Pródigo – é aquele que, por defeito de vontade ou de carácter, dá ou gasta ou
propende a dar ou a gastar exageradamente em relação às suas posses, de um modo
injustificado e socialmente reprovável, implicando a efectiva, provável ou possível
delapidação do seu património, actual ou futuro, independentemente de ser casado
ou ter herdeiros legitimários.
Todas as causas de inabilitação para além da gravidade, devem ser habituais e actuais.
Todas as causas de inabilitação devem implicar que os afectados por elas, são
incapazes de reger o seu património, mas são capazes de reger a sua pessoa do 138º
nº1, mas tem capacidade reduzida, pois as suas deficiências os tornam incapazes de
reger os seus bens.
Por força do 156º aplicam-se os artigos 140º a 143º e 147, o processo especial de
interdição e inabilitação do 944º a 958º do CPC, acha – se fundido e a generalidade das
suas disposições aplica-se quer à interdição quer à inabilitação, para ser decretada a
inabilitação torna-se necessária uma sentença definitiva do 954º do CPC, a qual
culmina um processo cujos principais actos e objectivos do 944º a 953º do CPC, sendo
necessário a publicidade do 945º do CPC, para tutela do inabilitando e de terceiros.
Apesar de ter sido pedida a interdição o juiz poderá decretar a inabilitação, se a achar
mais adequada para o grau de incapacidade natural judicialmente apurado do 954º
nº1 do CPC. A sentença da inabilitação está sujeita a registo civil obrigatório do 156º e
147º do CC.
110
O inabilitado pode ainda não ter capacidade de exercício para todos os outros actos
que, em atenção às circunstâncias de cada caso, forem especificados na sentença, que
decretou a inabilitação do 153º nº1 in fine do CC e 954º nº2 do CPC, trata-se de actos
em que os inabilitados são assistidos por curador, neste caso, o juiz decreta que todos
ou alguns dos actos de administração de bens pelo inabilitado fiquem sujeitos a
autorização do curador.
Situação diferente, é quanto aos negócios mortis causa, a lei estabelece regimes
imperativos, daí que as incapacidades pontuais decretadas pelo juiz, caso a caso, não
possam estender-se à disposição de bens mortis causa.
Nesta incapacidade de exercício, por força da remissão do 156º para o 148º, 149º e
150º, há que distinguir também três períodos:
Por força do artigo 156º e 149º, aplicam-se aqui regras idênticas para a interdição, isto
é, para além de inserção no âmbito das incapacidades de exercício próprias da
inabilitação, é necessário, que a inabilitação venha a ser definitivamente decretada, e
se mostre que o negócio, carece de autorização, casou prejuízo ao inabilitado.
111
3) Actos do incapaz anterior à publicidade da acção de inabilitação
Nos casos em que o inabilitado procede do 156º e 158º ou procedeu do 156º e 149º
sem dolo, os actos jurídicos por ele praticados carecidos de autorização do seu
curador, ou que excepcionalmente devessem ser praticados por este são anuláveis do
156º, 148º e 149º.
Por força dos artigos 156º e 139º aplica-se na inabilitação também os dispostos no
artigo 126º,que o inabilitado atenta a menor gravidade da sua deficiência ou
dependência, está em melhores condições mentais do que o interdito para usar de
sugestões enganadores da contraparte.
112
constituição do conselho de família e designação vogal como subcurador, exerça
funções que na tutela cabem ao protutor do 154º nº2.
Levantamento da inabilitação
Nos caos de deficientes por anomalia psíquica, surdez – mudez e cegueira aplica-se o
151º por força do 156º, isto é, cessando ou reduzindo-se aquelas causas de modo a
que o inabilitado possa reger o seu património, deverá ser requerida e levantada, após
a instrução, de imediato a inabilitação do 958º nº1 e 2 do CPC.
113
As incapacidades de facto de gozo, que originam incapacidade de facto de exercício o
artigo 1933º.
A incapacidade acidental vem regulada no artigo 257º, esta tanto para situações
ocasionais como para estados habituais a interdição ou a inabilitação não foi proposta.
Há requisitos cumulativos nos artigos 257º e 295º deve ser natural, factual e traduzida
em, no momento do acto jurídico, segundo querer ou de agir e simultaneamente de
entender e de querer e exige – se que seja segundo o artigo 257º.
Domicílio
Noção (em sentido jurídico) - é a sede jurídica de uma pessoa singular para a
generalidade ou para uma parte dos efeitos jurídicos ligados à fixação espacial da
pessoa. Trata-se de uma ligação jurídica a vários títulos de uma pessoa singular com
determinado lugar.
Domicílios voluntários
Domicilio voluntário geral
Que vale para a generalidade dos efeitos jurídicos ligados à fixação espacial de cada
pessoa singular. Este domicílio é o mais relevante, nomeadamente, é tal domicílio do
réu que determina o tribunal competente para a generalidade das acções do 85º nº1
114
do CPC, a abertura da sucessão por morte tem lugar no último domicílio do seu autor,
artigo 2031º, o credor deve supletivamente receber em regra a prestação debitória no
lugar do domicílio do devedor do 772º nº1.
4) Se uma pessoa singular não tiver residência habitual nem ocasional com
alguma permanência ou não pode ser determinada a sua residência ocasional ,
o seu domicílio voluntário é o lugar onde se encontra do 82º nº2, 2ª parte;
Este domicílio é voluntário sendo a sua fixação um quase negócio jurídico nas
profissões por conta própria e um efeito supletivo do contrato de trabalho por conta
de outrem, onde se pode estipular quanto no domicílio.
Domicílio electivo
115
comunicações entre as partes, e pode abranger a totalidade ou parte destes efeitos,
exemplo: uma obra.
O domicílio electivo pode determinar onde deve ter lugar a citação dos contraentes
em caso de litígio num determinado negócio do 237º A do CPC.
Domicílios legais
Domicílio legal dos menores e interditos
O Código não prevê domicílios legais para os inabilitados daí, os seus domicílios são
fixados por eles próprios, de acordo com o 82º a 84º.
Os menores não sujeitos a tutela têm o seu domicílio e normal convivência com o pai,
na falta desta residência o domicílio do menor não sujeito a tutela é o domicílio
voluntário geral (85º, 1904º a 1911º). Se o mesmo menor for confiado a terceira
pessoa ou estabelecimento de educação ou assistência do 1905º nº2, 1907º e 1908º, o
seu domicílio legal geral é o domicílio voluntario geral do progenitor que exerce o
poder paternal do 85º nº2 e 1907º nº2.
O domicílio legal geral dos menores sujeitos a tutela e dos interditos é o domicílio
voluntario geral do representante legal.
Domicílio legal dos empregados públicos (87º) (actos jurídicos relacionados com o
exercicio de empregos públicos 87º nº1 e 82º)
116
Domicílio legal dos agentes diplomáticos português (88º)
Ausência
Noção de ausência
É juridicamente empregue quer no sentido de simples não presença de alguém em
certo lugar do 240º e 244º do CPC, quer como desaparecimento continuado
acompanhado de falta de notícias ou ausência qualificada do 89º nº1.
Fases da ausência
A lei distingue três fases:
Curadoria provisória;
Curadoria definitiva;
Morte presumida;
Estas fases não têm necessariamente de ter uma sequência, a curadoria definitiva
pode ter lugar sem antes de se decretar a curadoria provisória do 99º, e a morte
presumida sem antes haver curadoria provisória ou definitiva do 114º nº1.
Curadoria provisória
117
Têm legitimidade para poder requerer a curadoria provisória, de acordo com o artigo
91º, o MPº ou qualquer interessado, abrange para além das pessoas referidas no 100º,
qualquer outra pessoa que tenha um interesse jurídico sobre o património do ausente.
Se o ausente não tiver bens em Portugal ou os tiver mas eles não carecem de
administração não deve decretar-se a curadoria provisória, o fundamento das
curadorias provisórias e definitiva é diferente do da morte presumida.
Nos termos do 94º nº1, o curador provisório fica, sujeito ao regime do mandato geral,
de acordo com 1159º nº1, só compreende os actos de administração ordinária, a lei
atribui – lhe alguns poderes especiais nos nº 2 e 3 do 94º por vezes dependentes de
autorização judicial e sempre funcionalizados em vista da melhor administração dos
bens do ausente.
O artigo 96º o curador provisório é remunerado, pelo que em primeira linha nos
parecem aplicáveis as regras do mandato oneroso.
A curadoria definitiva
É uma ausência mais prolongada com forte probabilidade do ausente não regressar, a
medida de suprimento é a curadoria definitiva.
Pressupostos:
3) 5 Ano se ele tiver deixado representante legal ou procurador mas continue sem
dar noticias artigo 99º;
Desta declaração, para além dos reflexos em matéria de administração de bens, 100º
com 94º, já decorrem certos efeitos que podemos considerar de para sucessórios,
assim transitada em julgado a sentença que tenha considerado justificada a ausência ,
e de acordo com o artigo 101º, procede-se judicialmente à requisição de certidões dos
testamentos públicos e à abertura dos testamentos cerrados que o ausente tenha
feito.
Com tal trânsito tem lugar a aceitação e o repúdio da sucessão do justificado ausente,
em caso de aceitação, admite-se a disposição de direitos sucessórios, do 109º e
permite nos termos do 102ºque se entreguem desde logo, os bens do ausente aos
legatários e a todos aqueles que por morte do ausente teriam direito a bens
determinados e que requeiram tal entrega, diferentemente do que se passa com os
herdeiros, cuja entrega só tem lugar após partilha, conforme o 103 do CC e 1108º do
CPC, são havidos como curadores definitivos os herdeiros, legatários, e demais
interessados a quem tenham sido entregues os bens do ausente do 104º.
119
Por força do 110º e 94º, os curadores definitivos, à semelhança do curador provisório
mas apenas relativamente aos bens que efectivamente lhes forem entregues, são
considerados em princípio como mandatários gerais do ausente não podendo eles
alienar nem onerar os bens entregues que sejam imóveis, objectos preciosos, títulos
de crédito, estabelecimentos comerciais bem como quaisquer outros bens entregues
cuja alienação ou oneração não constitua acto de administração, a não ser com
autorização judicial, que só será concedida se com isso se beneficiar o património do
ausente.
Os curadores definitivos, embora usufruam dos frutos dos bens entregues (artigo 11º)
não podem em princípio dispor de tais bens, e muito menos em benefício próprio,
terminando a curadoria definitiva se o ausente regressa ou sendo nos termos do 113º,
os bens restituídos ao ausente logo que ele o requeira, são devolvidos os próprios
bens, em espécie, que o ausente tinha ou os sub rogados no lugar daqueles que
tiverem sido alienados ou onerados para benefício do património do ausente.
Cessação
Processa-se nos termos do 112º ou pela extinção pura e simples com o regresso do
ausente ou pela notícia da sua existência e do lugar onde reside, ou por aplicação de
medidas mais radicais como a morte presumida.
A morte presumida
Pressupostos:
120
O processo civil especial para declaração da morte presumida vem previsto no 1110º,
1114º, 460º e 463º do CPC. A sentença transitada em julgado tem de ser registada nos
assentos de nascimento, do 69º nº1 m) do CRC e de casamento do 70º nº1 c) do CRC.
Têm legitimidade, nos termos do 114º nº1 combinado com o 100º para requerer a
declaração judicial de morte presumida, o cônjuge sobrevivo, os herdeiros do ausente
e todos os que tiveram sobre os bens do ausente direito dependente da sua morte,
nem mesmo o MPº tem legitimidade para requerer tal declaração, uma vez que nesta
situação se ultrapassa o objectivo central das curadorias, que é o da administração dos
bens do ausente, para incursão nos domínios da transmissão dos bens e em efeitos
pessoais.
Dado que a declaração de morte presumida produz os mesmos efeitos que a morte e
se opera a devolução sucessória, os herdeiros e legatários do ausente recebem as
quotas hereditárias e os legados em propriedade e podem partilhar, alienar ou onerar
livremente essas quotas ou bens.
Se o ausente regressar, segundo o artigo 119º nº1 apenas será devolvido o património
no estado em que se encontrar, com o preço dos bens alienados ou com os bens
directamente sub rogados, e bem assim os bens adquiridos mediante o preço dos
alienados, quando no título de aquisição se declare a proveniência do dinheiro, nos
termos do nº 2 e 3 do 119º do direito a indemnização do prejuízo sofrido, no caso de
má – fé dos sucessores, a qual só pode consistir no conhecimento por parte destes de
que o ausente sobreviveu à data da morte presumida.
A esta equiparação, o 115º, 2ª parte, e 116º abrem contudo uma excepção em matéria
de casamento, com a morte presumida o casamento não é dissolvido, 115º, 2ª parte,
mas torna-se dissolúvel porque o cônjuge do ausente casado, pode contrair outro
casamento, e não há impedimento matrimonial por bigamia do 1601º c), considera-se
o primeiro matrimónio dissolvido por divórcio, à data da declaração da morte do 116º.
121
Há uma perfeita coerência entre este artigo e o anterior, é que o cônjuge do ausente
pode não ter requerido e não estar interessada na declaração de morte presumida e
pode o cônjuge do ausente ter requerido tal declaração para efeitos matrimoniais, mas
não pessoais.
Cessação
Pessoas Colectivas
O substrato (elementos)
b) Elemento teológico
São muitas as finalidades humanas que não são atingíveis através da actividade de
uma só pessoa, pela envergadura e complexidade das prestações pessoais e meios
materiais a reunir e a empregar, pela longa duração do empreendimento, pelo
largo espectro de pessoas a atingir e inclusivamente pelas multiformes finalidades
a realizar.
O elemento teleológico deve ser comum ou social, de acordo com a própria razão
de ser da pessoa colectiva, que posterga o fim meramente individual.
No art. 158ºA e 280º CC, o objecto do acto constitutivo das pessoas colectivas bem
como o objecto do acto constitutivo das pessoas colectivas bem como o objecto
das actividades destas que constituam actos jurídicos, o que naturalmente se
estende às próprias finalidades dessas pessoas. Os negócios jurídicos são nulos
quando celebrados pelas pessoas colectivas com terceiros em que apenas o fim de
tais negócios seja contrário à lei ou à ordem pública ou ofensivo dos bons
costumes, quando esse fim for comum a ambas as partes do negócio (art.281 CC).
123
As finalidades das pessoas colectivas devem ser determináveis com o que se proíbe
a sua indeterminabilidade, tais finalidades devem ser determinadas no acto
constitutivo da pessoa colectiva ou serem susceptíveis de determinação no futuro.
C) Elemento intencional
Por falta de tal intenção jurídica exprimir, desde logo, nos meros contratos de
sociedade como nas associações de facto com ausência e nas comissões especiais
previstas nos art. 199º e seguintes, também não constituem pessoas colectivas por
falta do elemento intencional os patrimónios de oblação, as fundações de facto e
as fundações fiduciárias.
Fundações de facto – são massas patrimoniais afectadas pelo titular a certos fins
altruísticos mas não destacadas juridicamente do seu património e que assim, a
qualquer momento podem ser desafectadas por ele a regressar plenamente a tal
património.
d) Elemento organizatório
124
Os órgãos da pessoa colectiva ou seja no ser humano ou indivíduos
institucionalizados de acordo com os estatutos e, supletiva ou imperativamente
conforme os casos com a lei a quem dentro de tais parâmetros normativos cabe
deliberar e dar execução à vontade da pessoa colectiva.
Na pessoa colectiva por mera deliberação dos órgãos sociais, estão os agentes ou
auxiliares, que desempenham por incumbência daqueles ou sob a sua direcção,
determinadas operações materiais, no regime de contrato de trabalho de contrato
de prestação de serviço ou de outra conexão comissária.
Normativa;
125
- Vinculada
Incondicionado;
126
Classificação das pessoas colectivas
Associações;
Fundações;
A nível do direito privado vem definida no art. 157º ao distinguir as associações que
não tenham por fim o lucro económico dos associados, as fundações de interesse
social e as sociedades ou associações com fins lucrativos .
Os associados quem, em vista do fim comum, dirigem, eles mesmos ou por órgãos
representativos previstos nos estatutos, a própria associação, ou seja, os associados
reunidos em assembleia-geral, são a fonte do poder associativo. Podem deliberar
sobre todos os assuntos que digam respeito à associação, instituir os órgãos previstos
nos estatutos, eleger, designar, suspender e destituir os respectivos membros,
executar organicamente as suas deliberações, contratar agentes ou representantes,
modificando os fins da associação e dissolver a associação nos termos estatutários e
legais. O art.46º nº2 CRP como direito fundamental que as associações prosseguem
livremente os seus fins sem interferência das autoridades públicas.
128
Em sistema democrático, as associações se baseiam no direito fundamental de
liberdade de associação e sobre os associados impedem os resultados e os riscos das
respectivas actividades é lógico que o reconhecimento da sua personalidade jurídica
seja normativo.
A fundação vista do fim que embora definido pelo instituidor, tem de ser social (arts.
157º e 188º nº1) ou seja um fim não egoístico do fundador, estranho à vontade dos
órgãos da fundação e dirigido a um círculo maior ou menor de beneficiários exteriores
à fundação.
129
justifica aqui apenas pelo seu carácter social é normal que o seu reconhecimento,
atributivo de personalidade jurídica tem um carácter individual ou por concessão.
(arts. 457º e 295º).
Os tipos de classificações são compatíveis entre si, porque empregues pelo nosso
legislador com objectivos diversos.
Pessoas colectivas de direito público e pessoas colectivas de direito privado, a nossa lei
avisa, regular a capacidade jurídica em geral ou dessas pessoas; ou seja, determinar
quais as relações jurídicas em que tais pessoas podem intervir, às pessoas colectivas
privadas são aplicáveis normas de direito público contidas em leis administrativas.
Critérios distintivos
130
Este critério não serve porque imporia a qualificação de pessoas colectivas às
associações de fins não lucrativos e altruísticos e às fundações de fim social abrangidas
pelo art. 157º CC.
Certas pessoas colectivas públicas podem ser criadas com duração limitada ou
transitória e pelos seus estatutos, podem auto dissolver – se, por outro lado, a garantia
da confiança dos seus associados ou da vontade do seu instituidor, as pessoas
131
colectivas privadas também estão adstritas ao cumprimento obrigatório dos seus fins
estatutários sob pena de hetero extinção (arts. 182º nº2 al. b); 183º nº2; 192º nº 2 al.
b) CC).
- FREITAS DO AMARAL – pessoas colectivas públicas são criadas por iniciativa pública,
para assegurar a prossecução necessária de interesses públicos e por isso dotadas em
nome próprio de poderes e deveres públicos.
Posição Adoptada
O nosso legislador atribui tal estatuto a uma panóplia de pessoas colectivas com
regimes jurídicos muito diversos. O actual código civil clarificou quais as pessoas
colectivas sujeitas ao disposto nos arts. 157º a 194º.
As regras gerais de interpretação e de integração das leis dos arts 9º, 10 º e 11º CC, a
que tipo ou subtipo de pessoas colectivas cada norma diferenciadora se reporta bem
como analisar a estrutura e as finalidades de cada pessoa colectiva em concreto para
determinar se a ela são aplicáveis.
132
concretas emitir comandos vinculativos executáveis pela força se necessário contra
terceiros.
Entes públicos menores – o Estado como pessoa colectiva pública legiferante, judicial
e imperante por emanação da soberania residente no povo e actuante no quadro
públicos menores (arts 225º e 235º)
6º- As pessoas colectivas públicas têm um regime fiscal privilegiado fruto da sua
prossecução de fins colectivos e das suas ligações aos fins do Estado que se traduz em
regra na isenção de contribuições e impostos.
133
Âmbito de aplicação de cada norma diferenciadora
Algumas normas com regimes jurídicos diversos para denominadas pessoas colectivas
privadas e pessoas colectivas públicas. No art. 501º a responsabilidade civil
extracontratual, por risco, no exercício de actividades de gestão privada, do estado e
demais pessoas colectivas públicas.
Pelo estado ou por pessoas colectivas públicas do art. 1527º CC, da constituição do
direito de superfície por estes no seu domínio privado, pela história e espírito da
norma, só deve abranger o estado as autarquias locais e as pessoas colectivas de
utilidade públicas administrativas.
As empresas públicas “stricto sensu” são sociedades constituídas nos termos da lei
comercial, nas quais o Estado ou outras entidades públicas estaduais possam exercer,
isolada ou conjuntamente de forma directa ou indirecta uma influência dominante em
virtude de alguma das seguintes circunstâncias:
Uma determinada pode revestir, por força da lei geral ou até dos seus estatutos, a
natureza jurídica privada ou pública para a generalidade ou para uma parte dos efeitos
jurídicos.
134
orientações estratégicas estaduais relativas ao exercício da função accionista, a larga
extensão da tutela do estado, a sua prestação de contas públicas.
As empresas públicas em sentido estrito são, face a estes dados legais pessoas
colectivas privadas. Os seus traços jurídicos fundamentais correspondem a este tipo de
pessoas, a sua criação ou constituição embora contém a iniciativa do estado ou outras
entidades públicas estaduais faz – se nos termos da lei comercial.
O seu regime jurídico geral é o direito privado, estão sujeitas a tributação directa ou
indirecta nos termos gerais da concorrência, nacionais ou internacionais.
O estado quer instituir capacidade jurídica e regime jurídico de direito público para
prestação de serviços públicos especializados. O estado exclusivo quer constituir na
constituição de uma pessoa colectiva com personalidade jurídica autónoma e com
capacidade jurídica e regime jurídico basicamente de direito privado para a produção
de bens ou para prestação de serviços privados.
O nosso critério distintivo das pessoas colectivas privadas face às pessoas colectivas
públicas decorre de diferenciações básicas de regimes jurídicos, onde avulta que as
primeiras, em nome próprio, não detêm poderes de autoridade pública nem prestam
serviços públicos, em maior ou menor grau, nome próprio, detêm tais poderes ou
prestam serviços públicos.
135
As pessoas colectivas públicas
Os institutos públicos podem estar sujeitos ao regime comum e ter regime especial,
possuir organização simplificada e ter gestão participada de terceiros.
136
As associações públicas distinguem – se em três sub – categorias, que são:
As pessoas colectivas privadas de utilidade pública podem ver o seu estatuto social
beneficiado mediante declaração governamental de utilidade pública, pressupõe a
cooperação da respectiva pessoa com a administração central ou local e envolve a
atribuição de determinados benefícios, a isenção ou redução do preço de certos
serviços estaduais ou colectivos, as pessoas colectivas privadas de utilidade pública são
susceptíveis de declaração governamental de utilidade pública as pessoas colectivas de
utilidade pública administrativa.
137
- As fundações de interesse social;
Entre as associações que não tenham por fim o lucro económico dos seus
associados;
As fundações privadas podem ser criadas por particulares pelo estado ou por outras
pessoas colectivas públicas e conjuntamente por particulares e pelo estado.
138
Sociedades comerciais;
As sociedades comerciais – são aquelas que tenham por objecto a prática de actos de
comércio e adoptam o tipo de sociedade em nome colectivo de sociedade por quotas,
anónima, comandita simples ou por acções.
As sociedades comerciais têm carácter taxativo e o critério distintivo entre elas reside
na responsabilidade civil de cada sócio perante a sociedade e os credores sociais.
Nas sociedades por quotas – os sócios são solidariamente responsáveis por todas as
entradas convencionadas no contrato social, isto é, cada sócio é responsável pela
realização da sua quota e solidariamente com os demais sócios pela realização de
quaisquer outras quotas em falta.
Sociedades anónimas – o seu capital está dividido por acções de igual valor mas em
número muito elevado, cada sócio responde apenas para com a sociedade pelo valor
das acções que subscreveu que não pelas acções dos outros sócios.
139
Sociedades em comandita – são por acções as participações dos sócios comanditários
são representadas por acções, a lei estabelece um mínimo de 5 sócios comanditários, o
papel destes sócios é já na gestão e orientação da sociedade e daí que as normas que
regulam as sociedades anónimas as que se aplicam a estas sociedades.
São as que têm exclusivamente por objecto a prática de actos não comerciais mas que
adoptam um dos tipos atrás referidos de sociedade comercial e nesse caso aplicar o
código das sociedades comerciais.
As associações de fim económico não lucrativo, que não sociedades, uma vez que não
podem ter por fim principal a realização e partilha de lucros. Nos casos omissos destes
diplomas são aplicáveis aos agrupamentos complementares de empresas as
disposições que regem as sociedades comerciais em nome colectivo e agrupamentos
podem ter podem ter por fim acessório a realização e partilha de lucros quando
autorizado expressamente pelo contrato constitutivo.
A intenção de se associar;
140
A contribuição com bens ou serviços dos sócios;
A sociedade com bens imóveis, caso em que é exigida escritura pública (art. 981º nº1
CC).
Quando o contrato de sociedade for meramente verbal ou for realizado por escritura
mas os sócios não pretendam fundar uma organização autónoma de pessoas e bens
em que seja a prosseguir os fins lucrativos da sociedade, então estaremos perante
meras sociedades civis, sem personalidade jurídica.
As sociedades civis sob forma civil têm apenas personalidade judiciária, que não
personalidade jurídica.
Os arts. 980º a 1021º CC não são conclusivos a favor da tese afirmativa ou da tese
negativa da personalidade jurídica da sociedade civil sob a forma civil. A mera
sociedade civil constitui uma universalidade jurídica de bens, ou mesmo um
património autónomo, cuja titularidade pertence a todos os sócios, únicos nesse caso
a terem personalidade jurídica.
A alegada atribuição de direitos e obrigações às sociedades civis sob forma civil não
implica a pressuposição de uma personalidade jurídica plena. Tal atribuição é
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compatível com uma sua natureza de universalidade jurídica de bens ou de património
autónomo, pertencente ao conjunto dos sócios, únicos titulares de personalidade
jurídica.
Não há normas expressas nem tácitas donde se deduza a personalidade jurídica das
sociedades civis sob a forma civil.
À razão de ser do carácter taxativo das sociedades comerciais e das sociedades civis
sob forma comercial e respectiva personalidade jurídica, face as idênticas finalidades
lucrativas das sociedades civis sob forma civil e necessidade de garantia do interesse
colectivo, dos interesses do tráfico em geral, dos credores sociais e particulares e dos
próprios sócios na confiança conhecível, porque pré – determinado, quadro regulativo
social básico uniforme, prevalente sobre mutáveis estatutos sociais convencionais.
As sociedades civis sob forma civil, dadas as suas finalidades lucrativas, as teias de
interesses que movimentam e a ausência de um pré – determinado quadro regulativa
base uniforme adequado (art.158º, nº1 CC).
Nos arts. 33º e 34º CC, as pessoas colectivas podem ter o seu regime jurídico básico,
maxime o seu reconhecimento jurídico, definido em função da ordem jurídica interna
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de um determinado estado, com base no art. 8º CRP, no direito comum, convenção ou
tratado internacional.
As pessoas colectivas internas portuguesas de acordo com o art. 33º nº1 CC, são
aquelas que têm a sede principal e efectiva da sua administração um território
português. As pessoas colectivas internas estrangeiras de acordo com o direito
português, por força daquelas mesmas disposições legais.
As agregações de pessoas singulares e/ ou colectivas que não têm por fim o lucro
económico dos associados, mas quaisquer outros fins lícitos de natureza algo
permanente a prosseguir mediante tarefas não necessariamente determinadas, de tais
pessoas não há a intenção de constituição de um ente dotado de personalidade
jurídica ou cujo substrato não preenche os requisitos jurídicos próprios para ser
normativamente reconhecida como pessoa colectiva.
Na falta de regras são aplicáveis os arts. 157º a 194º exceptuadas as que pressupõem a
personalidade jurídica, arts. 192º, nº2 e 3 e 196º a 198º que são normas especiais e
imperativas para os respectivos associados.
Este fundo tem independência patrimonial face aos patrimónios dos associados.
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O fundo comum das associações sem personalidade jurídica constitui basicamente um
património colectivo autónomo: responde apenas por dívidas associativas, por elas
responde prioritariamente, pertence solidariamente na sua globalidade a uma
pluralidade de titulares.
Mas, para além do que joga ainda contra tal construção o regime de liberalidades em
favor das associações previsto no art.197º.
Com efeito, uma das duas: ou regra geral, o doador ou o testador deixa a liberdade
tout court a uma dessas associações ou a liberdade é feita sob condição de tal
associação adquirir personalidade jurídica.
A extinção das associações sem personalidade jurídica tem lugar nos casos e termos
previstos pelos associados no respectivo acto de constituição ou nos estatutos (art. 46º
nº1 e 2 CRP e 195º nº1 CC).
Quanto ao destino dos bens art. 46º nº 1 CRP (no caso esteja pago) ou art. 166º por
remissão do art. 195º, nº1, 2ª parte CC.
As comissões especiais
As comissões são associações sem personalidade jurídica, a que estão adstritos fundos
patrimoniais recolhidos por subscrição pública em vista de um fim social anunciado.
Têm, por isso um regime especial.
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A constituição, a organização interna e o funcionamento de tais comissões são os
convencionados pelos membros da comissão ou comissionados.
Estas comissões não têm na sua regulação ordinária uma norma remissiva como o art.
195º não lhe é subsidiariamente aplicáveis as normas dos arts. 157º a 184º sempre
que houver um caso omissivo que necessite de ser regulado, serão aplicáveis as regras
do art. 10º, integração das declarações negociais dos simples actos consoante o
decisor entender que a resolução do caso omissivo se insere, pela sua particular
importância, no quadro legal de tais comissões ou se circunscrever ao âmbito da
autonomia da vontade privada.
Um fundo comum como nas associações sem personalidade jurídica mas fundos
patrimoniais dos comissionados e/ou dos subscritores sujeitos a regimes especiais.
São consideradas um património autónomo uma vez que têm uma maior
independência face aos patrimónios individuais dos comissionarios do que o fundo
comum nas associações sem personalidade jurídica (art. 200º nº2 e art. 198º nº 1 e2),
estão afectados exclusivamente à realização o fim enunciado para a subscrição (art.
200º nº1 e 2ª parte) e respondem apenas pelas dívidas adequadas ao fim anunciado e
os credores particulares dos considerados não os podem executar.
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As comissões especiais, embora não tendo personalidade jurídica possuem
personalidade judiciária e são representadas em juízo pelas pessoas que hajam como
directores, gerentes ou administradores.
A extinção das comissões especiais tem lugar quando se realizam os planos, obras ou
eventos previstos no art. 199º com a correspondente liquidação de débitos e aplicação
de eventual saldo, quando os fundos angariados forem insuficientes para o fim
enunciado, com idêntica liquidação e aplicação, quando o fim anunciado se mostra
impossível, com semelhante liquidação e aplicação ou quando por aplicação analógica,
mediante decisão judicial, a comissão especial seja declarada insolente (art. 182º e
192º CC), que o seu fim seja sistematicamente prosseguido por meios ilícitos ou morais
ou que a sua existência se tornou contrária à ordem pública.
3. A que numa 1ª fase lhes atribuem o carácter de associação e que numa 2ª fase
a caracterizam como fundação;
Dos arts. 199º a 201º retira-se que as comissões especiais têm uma natureza jurídica
própria.
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Responsabilidade das pessoas colectivas
Devem responder pelos factos dos seus órgãos, agentes ou mandatários que
produzam o inadimplemento de uma obrigação em sentido técnico.
O art.165º estatui que as pessoas colectivas respondem nos mesmos termos em que
os comitentes respondem pelos actos ou omissões dos seus comissários.
Do art. 800ºCC para o qual se deve considerar como feita a remissão do art.165º na
hipótese de responsabilidade contratual.
O art.165º remete para a responsabilidade dos comitentes por actos dos seus
cometidos. Na hipótese da responsabilidade aquilina consta do art. 500º, integrado
nas disposições relativas à responsabilidade de risco.
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Que sobre o órgão recai igualmente a obrigação de indemnizar (art.500º nº1)
que tenha havido culpa da pessoa simples que praticou o acto ilícito causador
do dano (483º) salvo se tratar de matérias onde se responder sem culpa ou do
caso ainda excepcional de responsabilidade por intervenções ilícitas;
Que o acto danoso haja sido praticado pelo órgão, no exercício da função que
lhe foi confiada;
O órgão ou agente deve ter procedido em tal veste ou qualidade ou ter actuado por
causa das suas funções e não apenas por ocasião delas e precisa-se que basta que o
acto se integre no quadro geral da respectiva competência.
O art. 500º nº 2 CC, estatui que a responsabilidade se mantém, ainda que o acto seja
praticado intencionalmente.
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Associações ou Fundações essas, que colaboram com a Administração central ou
local, para prosseguirem fins próprios nacionais ou locais.
O art. 160º CC, delimita o âmbito das Pessoas Colectivas a partir de um elemento
positivo e de dois negativos:
Elementos negativos (art. 160º/2 CC): exclui dessa Capacidade de Gozo os direitos e
vinculações que são vedados por lei à personalidade colectiva, visto serem
inseparáveis da personalidade de singular. A capacidade das Pessoas Colectivas admite
a possibilidade da Pessoa Colectiva ser titular de direitos adequados à realização dos
seus fins.
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prossecução dos seus fins, consagra-se, por conseguinte, o princípio da especialidade
do fim, mas com uma larga atenuação do seu rigor.
Receber liberdades por acto entre vivos ou “mortis causa” – a solução negatória da
capacidade não pode substituir à face do Código Civil, o art. 1033º/2-b, atribuí às
sociedades capacidade testamentária passiva e, quanto a doações a sua aceitação
não é mais destoante do fim especulativo da sociedade do que se deve atribuir-lhe
igualmente capacidade para as receber, todavia por força do art. 160º/1 CC,
subsiste a incapacidade de as sociedades fazerem doações.
As pessoas colectivas não têm capacidade para o exercício de direitos, nem a poderiam
nunca ter. A capacidade para os exercícios de direitos ou capacidade de agir consiste
não aptidão para pôr em movimento a capacidade jurídica por actividade própria, sem
necessidade de ser representado ou assistido ninguém. As pessoas colectivas carecem
de um organismo físico – psíquico, só podendo agir por intermédio de certas pessoas
físicas, cujos actos projectarão a sua eficácia na esfera jurídica do ente colectivo. As
pessoas colectivas, não podendo agir elas mesmas mas apenas através de
determinadas pessoas singulares, estariam necessariamente privadas daquela
capacidade.
Esta proposição negativa da capacidade de agir das pessoas colectivas não está, isenta
de contestação possível, bem podendo vir a chegar-se à conclusão oposta. Tudo
depende da natureza do vínculo entre a pessoa colectiva e aquelas pessoas físicas que
procedem em seu nome e no seu interesse.
A qualificação como órgãos não é uma conclusão imagética, mais ou menos arbitrária,
denunciando um qualquer exagero no plano jurídico. A lei fala – nos em órgãos e em
representantes não tomando estes termos, infere-se da solução dada pela a lei a um
concreto problema de regulamentação: o problema da responsabilidade
extracontratual das pessoas colectivas.
Resulta da lei não haver responsabilidade civil extracontratual dos representados pelos
actos dos seus representantes.
À representação legal preceito especial impõe aos incapazes essa obrigação artigo
483º nº2.
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O comitente responde mesmo sem culpa com fundamento no risco: se beneficiar
duma actividade alheia a do comissário, deve suportar os riscos respectivos.
O artigo 160º nº1, a incapacidade das sociedades para fazer doações. Invalidade dos
negócios viciados reveste em princípio a forma de nulidade e não de anulabilidade
(294º).
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