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Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Economia e Gestão


Curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos

As Fontes de Direito

Nonel José Victor


Código: 71232929

Quelimane, Maio de 2023

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Universidade Aberta ISCED
Faculdade de Economia e Gestão
Curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos

As Fontes de Direito

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em Gestão
de Recursos Humanos, no ISCED

Pelo tutor: Dra. Maria Teresa José

Nonel José Victor

Código: 71232929

Quelimane, Maio de 2023


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ÍNDICE
I Introdução ..................................................................................................................................... 3

1.1 Objectivos.............................................................................................................................. 3

1.1.1 Geral ............................................................................................................................... 3

1.1.2 Específicos ...................................................................................................................... 3

1.2 Metodologia .......................................................................................................................... 3

II Revisão da Literatura .................................................................................................................. 4

2.1 Fontes de direito .................................................................................................................... 4

2.2 Tipologia das Fontes de direito ............................................................................................. 4

2.2.1 Fontes imediatas ............................................................................................................. 4

2.2.1.1 Lei ................................................................................................................................ 4

2.2.1.1.1 Classificações da Lei ................................................................................................ 4

2.2.1.2 Costume ....................................................................................................................... 5

2.2.1.2.1 Classificações dos Costumes .................................................................................... 5

2.2.1.3 Tratado internacional ................................................................................................... 5

2.2.2 Fontes mediatas .............................................................................................................. 6

2.2.2.1 A Doutrina ................................................................................................................... 6

2.2.2.2 A Jurisprudência .......................................................................................................... 6

2.2.2.3 Os princípios gerais de Direito .................................................................................... 7

2.3 Principal fonte de direito no ordenamento jurídico moçambicano ....................................... 7

2.4 Prática costumeira e jurisprudência....................................................................................... 8

2.4.1 Prática costumeira........................................................................................................... 8

2.4.2 Prática jurisprudência ..................................................................................................... 8

III Conclusão ................................................................................................................................... 9

IV Referências bibliográficas ....................................................................................................... 10

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I Introdução
O presente trabalho tem por objecto as Fontes do Direito. A sua pertinência é indubitável,
por se tratar do problema de saber a origem das normas jurídicas, ou seja, a questão de saber o
modo como certas normas ascendem a categoria de norma jurídica. Problema esse, que para
quem queira ter as noções gerais de direito, importa reflectir de forma a conhecer as fontes do
direito. Assim sendo, analisar e expor as fontes do direito, ainda que de forma singela, constitui o
objectivo principal do presente trabalho.

Neste âmbito, abordaremos questões como os conceitos de cada fonte, as suas


importâncias e papéis, os processos de elaboração entre outros.

1.1 Objectivos

1.1.1 Geral
 Compreender o processo funcional das fontes de direito.

1.1.2 Específicos
 Definir as fontes de direito;
 Distinguir as fontes imediatas e as fontes mediatas;
 Explicar cada uma das fontes de direito;
 Identificar a principal fonte de direito no ordenamento jurídico moçambicano;
 Dar exemplos de uma prática costumeira e uma jurisprudência.

1.2 Metodologia

Quanto à técnica de pesquisa, pode-se classificar este estudo como uma pesquisa
bibliográfica de caráter exploratório e abordagem qualitativa. A pesquisa bibliográfica tem como
finalidade colocar o pesquisador em contato com o conhecimento já publicado, podendo
abranger artigos, livros, jornais, monografias, teses e até material audiovisual (Marconi &
Lakatos, 2003).

A revisão de literatura contou com um levantamento bibliográfico. Os descritores e


abrangência utilizados para o levantamento foram amplos e o recorte temporal foi de 1978 a
2015.

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II Revisão da Literatura
2.1 Fontes de direito

Fonte do Direito é de onde provêm o direito, a origem, nascente, motivação, a causa das
várias manifestações do direito.

Nas palavras de Ascensão (1978), Fontes do Direito são “processos ou meios em virtude
dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória”. Para Kelsen (2009) é
“o fundamento de validade da norma jurídica, decorre de uma norma superior, válida.”

Dentre estas fonte é necessário fazer a distinção entre as fontes imediatas e fontes
mediatas

As fontes imediatas são aquelas que, pela sua própria força, geram uma regra jurídica.
Cumprem essa função a lei e o costume.

As fontes mediatas são aquelas que, embora não gerem, independentemente, uma regra
de imediato, exercem grande influência para a elaboração da norma. Este papel é desempenhado
pela doutrina e pela jurisprudência (Garcia, 2015).

2.2 Tipologia das Fontes de direito

2.2.1 Fontes imediatas


2.2.1.1 Lei
Lei é uma regra geral, que, emanando de autoridade (estadual) competente, é imposta,
coactivamente, à obediência de todos. Com efeito, ela caracteriza-se por ser um conjunto de
normas dotadas de generalidade, isto é, que se dirigem a todos os membros da colectividade, sem
exclusão de ninguém. A lei é ainda provida de coacção, com o objectivo tornar induzir os
indivíduos a não violar os seus preceitos (Martins, 2014).

2.2.1.1.1 Classificações da Lei


Lei em Sentido Amplo - Em sentido amplo, emprega-se o vocábulo lei para indicar o
jusscriptum. É uma referência genérica que atinge à lei propriamente, à medida provisória e ao
decreto (Martins, 2014).

Lei em Sentido Estrito - Neste sentido, lei é o preceito comum e obrigatório, emanado
do Poder Legislativo, no âmbito de sua competência.

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Lei Substantiva e Lei Adjetiva - Lei substantiva ou material é aquela que reúne normas
de conduta social que definem os direitos e deveres das pessoas, em suas relações de vida. As
leis relativas ao Direito Civil, Penal, Comercial, normalmente são dessa natureza. Lei adjetiva ou
formal consiste em um agrupamento de regras que definem os procedimentos a serem cumpridos
no andamento das questões forenses. Exemplos: leis sobre Direito Processual Civil, Direito
Processual Penal. As leis que reúnem normas substantivas e adjectivas são denominadas
institutos unos. Exemplo: Lei de Falências (Martins, 2014).

A lei substantiva é, naturalmente, a lei principal, que deve ser conhecida por todos,
enquanto a adjectiva é de natureza apenas instrumental e o seu conhecimento é necessário
somente àqueles que participam nas acções judiciais: advogados, juízes, promotores.

2.2.1.2 Costume
Chama-se costume a forma de criação de normas jurídicas que consiste na prática
repetida e habitual de uma conduta com a convicção de obrigatoriedade pela generalidade dos
membros da comunidade (Gusmão, 2003).

A obediência a uma conduta por parte de uma colectividade configura um uso. A


reiteração desse uso forma o costume, que vem a ser a regra de conduta criada espontaneamente
pela consciência comum do povo, que a observa por modo constante e uniforme, e sob a
convicção de corresponder a uma necessidade jurídica.

2.2.1.2.1 Classificações dos Costumes


Secundum Legem: (segundo a lei) é o costume que está previsto na lei, a qual reconhece
a sua eficácia obrigatória. A lei se reporta expressamente a ele reconhecendo sua obrigação.

Praeter Legem: (além da lei) é aquele que intervém na falta ou omissão da lei. Nesses
casos ele pode ser invocado, embora não mencionado pela legislação, tendo carácter supletivo.
Ex: Parar para um pedestre atravessar onde não existe faixa de segurança é um costume em
diversas cidades e ainda que não possua lei é por todos condutores observado.

Contra Legem: (contra a lei) aquele que se forma em sentido contrário ao da lei. Aplica
se mais aos casos de desuso (desuetudo) ou superação da lei (ab-rogatório)

2.2.1.3 Tratado internacional


O Tratado Internacional é o acordo de vontades entre estados e outros sujeitos
internacionais. Por força constitucional, os tratados fazem parta da ordem. Para tanto, devem ser
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aprovados (a aprovação pode ser, consoante os casos, da competência do Governo ou da
Assembleia) e ratificados (confirmados) pelo Presidente da República (Varela, 2011).

Há diferentes tipos de Tratados: tratados normativos (que definem normas ou regras de


Direito), tratados-contratos (que visam a realização de uma operação concreta, extinguindo-se
os seus efeitos com o término dessa operação), tratados colectivos (que envolvem mais do
que dois estados) e tratados particulares ou bilaterais (que envolvem dois estados) (Varela,
2011).

2.2.2 Fontes mediatas


2.2.2.1 A Doutrina
A Doutrina consiste na exposição, explicação e sistematização do Direito,
consubstanciada nas manifestações dos estudiosos, jurisperitos ou jurisconsultos, através de
tratados, livros didácticos, monografias, conferências. Esta fonte do Direito resulta de
investigações e reflexões teóricas e de princípios metodicamente expostos, analisados e
sustentados pelos autores, tratadistas, jurisconsultos, no estudo das leis (Venosa, 2009).

A doutrina, mediante seus argumentos de autoridade, está também vinculada à dogmática


(norma) jurídica. A prática reiterada de juristas a respeito de determinado assunto, gera
interpretação da lei e a possibilidade de conceitos operacionais pode influenciar um ordenamento
jurídico, assim como também preencher lacunas, auxiliando os intérpretes aplicadores na
confecção de suas sentenças, desde que sob beneplácito dos tribunais (Venosa, 2009).

Com efeito, é de grande valor o trabalho dos doutrinadores na elaboração e na aplicação


do direito objectivo, já que, analisando criticamente as diferentes opções jurídicas, apontando as
falhas, os inconvenientes e defeitos da lei vigente, ajuda o legislador na feitura de lei mais
perfeita e o aplicador do direito na procura das soluções mais adequadas aos casos em apreço
(Venosa, 2009).

2.2.2.2 A Jurisprudência
A jurisprudência é o conjunto de reiteradas decisões dos tribunais sobre determinada
matéria. A jurisprudência não vincula o juiz, mas acaba prevalecendo na maioria dos casos,
principalmente, em virtude da tendência que se tem à sua uniformização, o que não implica
dizer, todavia, que o juiz deva tabelar suas decisões, pois ao contrário disso, deve o magistrado
analisar cada caso em concreto para aplicar o direito da forma mais adequada (Garcia, 2015).

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A jurisprudência expressa nas sentenças e acórdãos, estabelecendo um entendimento a
respeito da norma a ser subsumida ao caso, é assim fonte por meio da qual se manifesta o
Direito, em sua aplicação prática e real (Garcia, 2015).

A Constituição e as leis só valem, verdadeiramente, através desse significado que lhes


empresta a jurisprudência. Apesar da Jurisprudência não ter a mesma força que a lei, não se pode
estudar qualquer assunto jurídico, desvinculando-o das manifestações do Poder Judiciário,
especialmente da jurisprudência do Supremo Tribunal, que no desempenho de sua missão
constitucional, serve-se como guardião da Constituição e uniformizador da jurisprudência,
manifesta- se a respeito dos mais diversos temas jurídicos (Garcia, 2015).

2.2.2.3 Os princípios gerais de Direito


São postulados que procuram fundamentar todo o sistema jurídico, não tendo
necessariamente uma correspondência positivada equivalente. São ideias jurídicas gerais que
sustentam, dão base ao ordenamento jurídico e não necessariamente precisam estar escritos para
serem válidos. Segundo Martins (2014) admitem-se como princípios gerais:

 Não condenar alguém se não se pode provar sua culpa;


 A ninguém é permitido causar dano a outrem e, se o fizer, deverá indemnizá-lo;
 Não se pode punir ninguém pelos seus pensamentos;
 Ninguém pode ser obrigado a citar os dispositivos legais em que se apoia a sua pretensão,
pois parte-se do pressuposto de que o julgador os conhece;
 A ninguém é obrigado fazer o impossível;
 Não há crime nem criminoso se não houver lei anterior que o prescreva como tal.

2.3 Principal fonte de direito no ordenamento jurídico moçambicano

Há que referir que a principal fonte de direito no ordenamento jurídico moçambicano é a


Lei, visto que é um documento escrito editado por uma autoridade competente e de acordo com
um procedimento específico, e que veicula normas jurídicas a nivel nacional. Com efeito, ela
caracteriza-se por ser um conjunto de normas dotadas de generalidade, isto é, que se dirigem a
todos os membros da colectividade, sem exclusão de ninguém. A lei é ainda provida de coacção,
com o objectivo de induzir os indivíduos a não violar os seus preceitos.

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2.4 Prática costumeira e jurisprudência

2.4.1 Prática costumeira


Existem algumas normas na nossa sociedade que, embora não escritas, são obrigatórias.
Tais normas são ditadas pelos usos e costumes e não pode deixar de ser cumpridas, muito
embora não estejam gravadas numa lei escrita. Mais cedo ou mais tarde alguns costumes acabam
por tornar-se leis e passam a integrar a legislação do país. Exemplo de norma costumeira que,
não obstante não esta consagrada em lei escrita nem por isso deixa de ser obrigatório, é a
chamada Fila, seja na escola, no supermercado ou no Banco.

Assim, no caso exemplificado, preserva-se, com carácter obrigatório, o direito de


precedência dos que chegam primeiro, desde que o atendimento não se dê por agendamento, hora
marcada ou critério de urgência (hospitais).

2.4.2 Prática jurisprudência


Uma consumidora que comprou uma lata de sardinha de marca Nutro na Terra mar, ao
tentar arduamente abrir a lata sofreu graves danos em seu dedo.

Com isso, ela ajuizou uma acção indemnizatória contra a marca que foi julgada
improcedente em primeiro grau.

O Tribunal de Justiça de Maputo, deu provimento ao recurso da autora com base no


entendimento de que se a empresa coloca no mercado latas do tipo abre fácil que não funcionam
dessa forma, eles têm a obrigação de informar sobre possíveis acidentes que possam ocorrer para
evitar causar danos aos consumidores.

A parte jurídica da marca tentou recorrer dizendo que o problema não foi o produto, mas
sim a embalagem, mas o Tribunal Superior de Justiça reconheceu a sua responsabilidade já que a
empresa responde pela integralidade do produto, ou seja, a massa e como ela é entregue ao
consumidor.

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III Conclusão
De todo o exposto, torna-se importante referir que fontes de direito são modos de criação
e revelação de normas jurídicas. E o problema da sua determinação releva para sabermos como é
que determinados conteúdos normativos ascendem a juridicidade. Nesta senda, são fontes de
direito a lei, o costume, a jurisprudência, a doutrina e o Tratado Internacional.

A lei é a principal fonte de direito. Sendo que, o termo lei deve ser entendido como toda
disposição provinda de uma autoridade competente. Por sua vez, o costume só é fonte de direito
quando a lei o determinar, daí que se trata de uma fonte mediata. No que tange a jurisprudência,
ela só é fonte de direito, quando se trata de uma decisão do Tribunal Supremo, na forma de
assento. A terminar, cumpre salientar que a doutrina só é fonte de direito voluntária, pois tudo
depende da força dos seus argumentos em convencer o legislador e este assumindo-a em
transformar em lei.

Assim sendo, o direito é criado e revelado através da lei, costume, jurisprudência,


doutrina e Tratado Internacional. O seu conhecimento torna-se, assim, peculiar para quem
pretende ter alguma noção do direito.

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IV Referências bibliográficas
Ascensão, José de Oliveira. (1978). O direito: Introdução e Teoria Geral. Lisboa Fundação
Calouste Gulbenkian.

Garcia, Gustavo Filipe Barbosa. (2015). Introdução ao estudo do direito: teoria geral do direito.
Rio de Janeiro: Forense. 3ª Edição.

Gusmão, Paulo Dourado De. (2003). Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense.
33ª Edição.

Kelsen, Hans. Teoria Pura do Direito. (2009). São Paulo: Martins fontes. 8ª Edição.

Marconi, Marina de Andrade; Lakatos, Eva Maria. (2003). Fundamentos de metodologia


científica. São Paulo: Atlas. 5ª Edição.

Martins, Sérgio Pinto. (2014). Instituições de Direito Publico e Privado. São Paulo: Editora
Atlas S.A. 14ª Edição.

Varela, Bartolomeu. (2011). Manual de Introdução ao Direito. Praia, Uni-CV. 2ª edição.

Venosa, Sílvio de Salvo. (2009). Introdução ao estudo do Direito. São Paulo, Editora Atlas. 2ª
Edição.

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