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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ................................................................. 5

2 DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL X DIREITO


CONSTITUCIONAL PROCESSUAL .......................................................................... 5

2.1 Direito Constitucional Processual e a Tutela Constitucional dos


Princípios Fundamentais da Organização Judiciária e do Processo ........................... 7
2.2 Direito Constitucional Processual e a Jurisdição Constitucional .......... 8
3 JURISDIÇÃO, PROCESSO, AÇÃO E DEFESA ...................................... 10

4 CONSTITUIÇÃO X PROCESSO .............................................................. 13

4.1 O processo e os princípios constitucionais ................................... 14


4.1.1 Princípio do Acesso ao Poder Judiciário ...................................... 15

4.1.2 Princípios e normas sobre a participação popular na função


jurisdicional................................................................................................................ 18

4.1.3 Princípios e normas que tratam dos poderes – deveres dos juízes e
direitos fundamentais no processo ............................................................................ 18

4.1.4 Princípio da inafastabilidade da jurisdição.................................... 19

4.1.5 Princípio do juiz natural ................................................................ 20

4.1.6 Princípio do devido processo legal ............................................... 21

4.1.7 Princípios do contraditório e da ampla defesa.............................. 22

4.1.8 Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios


ilícitos.................... .................................................................................................... 22
4.1.9 Princípio da necessidade de motivação das sentenças e demais
decisões judiciais... ................................................................................................... 23

4.1.10 Princípio da publicidade dos atos processuais ............................. 24

4.1.11 Princípio do duplo grau de jurisdição............................................ 25

4.1.12 Princípio da celeridade na tramitação dos processos .................. 26

4.1.13 Princípio da Jurisdição constitucional ........................................... 26

5 RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL ....................................................... 27

5.1 Fundamento normativo da reclamação: ............................................. 31


5.2 Cabimento da reclamação.................................................................. 33
5.3 Observância de precedentes e súmula vinculante ............................. 34
6 SÚMULA VINCULANTE........................................................................... 35

6.1 Controle concentrado de constitucionalidade ..................................... 37


6.2 Precedentes (IRDR, IAC, RE e Resp repetitivos e RE com repercussão
geral)............... .......................................................................................................... 37
6.3 Prazo .................................................................................................. 39
7 CONCEITO DE PROCESSO CONSTITUCIONAL ................................... 40

7.1 Processo legal .................................................................................... 41


7.2 Processo judicial ................................................................................ 42
7.3 Processo constitucional (judicial e não judicial) .................................. 44
8 BIBLIOGRAFIA: ....................................................................................... 45
INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da


sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta,
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado.

O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos
ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.

Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa


disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.

A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e


prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

O direito possui um ramo que trata da constitucionalidade das normas, ou seja,


tem por estudo o conjunto de princípios e regras que se encontram contidos no
processo, o denominado pela doutrina como Direito Constitucional Processual.

Há ainda um ramo do direito que trata do estudo das normas que disciplinam a
doutrina da jurisdição constitucional e a denominam Direito Processual Constitucional.

De acordo com DANTAS (2018), existe uma parte da doutrina, que, entende
não existir razão para referida divisão, uma vez que ambas estão atribuídas ao
chamado Direito Processual Constitucional.

Assim, pode se concluir que o Direito Processual Constitucional tem por objeto
o estudo dos princípios e regras constitucionais que tratam do processo, podendo
ainda tratar dos princípios constitucionais de cunho processual, bem como as normas
que tratam da organização do Poder Judiciário, e ainda do conjunto de normas que
dispõem sobre a chamada jurisdição constitucional, ou seja, aquelas que tratam da
tutela das liberdades públicas bem como de disciplinar o controle de
constitucionalidade de leis e atos normativos instituídos pelo Poder Público.

2 DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL X DIREITO CONSTITUCIONAL


PROCESSUAL

Ao primeiro momento pode parecer a mesma coisa, no entanto ao se observar


o conteúdo de cada um entende-se o porquê da necessidade de fazer a distinção
entre um e outro.

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No momento em que se estuda Direito Processual Constitucional, estuda-se o
caráter processual das normas constitucionais, ou seja, de acordo com BOTELHO
(2003): essa nomenclatura subverte o princípio da hierarquia constitucional, porque
acaba por colocar as normas processuais acima da Constituição que é a Carta Magna.

Já a nomenclatura Direito Constitucional Processual enfatiza o caráter


constitucional da norma, observando então a necessidade de se observar as normas
processuais (infraconstitucionais) do ponto de vista da Constituição, de forma a
eliminar aquilo que não lhe for compatível.

BOTELHO (2003) traz um conceito de OLIVEIRA com o objetivo de facilitar o


entendimento de porque a expressão Direito Constitucional Processual é a mais viável
para o estudo que vamos fazer:

O Direito Constitucional Processual seria formado a partir dos princípios


basilares do 'devido processo' do 'acesso à justiça', e se desenvolveria
através dos princípios constitucionais referentes às partes, ao juiz, ao
Ministério Público, enfim, os princípios do contraditório, da ampla defesa, da
proibição das provas ilícitas, da publicidade, da fundamentação das decisões,
do duplo grau, da efetividade, do juiz natural, etc...

Já o Direito Processual Constitucional seria formado a partir de normas


processuais de organização da Justiça Constitucional e de instrumentos
processuais previstos nas Constituições, afetos à 'Garantia da Constituição'
e a 'Garantia dos direitos fundamentais', controle de constitucionalidade,
soluções de conflitos entre órgãos de cúpula do Estado, resolução de
conflitos federativos e regionais, julgamento de agentes políticos, recurso
constitucional, 'Habeas Corpus', 'Amparo', 'Mandado de Segurança', 'Habeas
Data', etc.... (OLIVEIRA. apud. BOTELHO, 2003)

Diante da leitura dos conceitos citados anteriormente pode-se entender que o


Direito Constitucional Processual objetiva então proteger, ou seja, fazer valer as
garantias referentes ao processo, assim entendidas referentes ao procedimento que
se deve seguir para que tudo transcorra dentro da Lei, como por exemplo: o Poder
Judiciário e sua estrutura, a implementação bem como a ação do Ministério Público,

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sua função, no sistema, para finalizar as garantias ao devido processo legal bem como
os desdobramentos que lhe são necessários.

Lavando-nos a conclusão de que Direito Constitucional Processual e Direito


Processual Constitucional são matérias distintas e que cada uma ocupa o seu espaço
dentro do Direito Constitucional.

Sendo assim, a essência do Direito Constitucional Processual são os princípios


constitucionais aplicáveis ao processo, bem como ao procedimento.

2.1 Direito Constitucional Processual e a Tutela Constitucional dos Princípios


Fundamentais da Organização Judiciária e do Processo

A Tutela Constitucional de acordo com a doutrina se manifesta através de duas


premissas básicas que são:

 Direito de acesso à justiça: que pode-se dizer do direito de ação e de


defesa.
 Direito ao processo: que se trata precisamente do direito a um devido
processo legal.

A Carta Magna possui diversos dispositivos que tratam da tutela constitucional


do processo, desse modo estudaremos nesse tópico o aspecto das garantias
constitucionais, relacionadas a ação e ao processo a qual se utiliza do direito
processual como um instrumento público que visa viabilizar a ação seja civil ou penal
por meio do direito de ação e do devido processo legal.

O Direito Constitucional Processual vai tratar da estrutura da estrutura dos


órgãos do Poder Judiciário da forma como eles se dividem como mostra o quadro a
seguir:

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SÃO ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO:

I - o Supremo Tribunal Federal;

II - o Superior Tribunal de Justiça;

III - os Tribunais Regionais Federais e


Art. 92, CF/88 Juízes Federais;

IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI - os Tribunais e Juízes Militares;

VII - os Tribunais e Juízes dos Estados


e do Distrito Federal e Territórios.

Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm sede


na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional.

2.2 Direito Constitucional Processual e a Jurisdição Constitucional

O art. 134 da Constituição Federal de 1988 vai tratar da Jurisdição


constitucional e como deverão ser organizados os órgãos que irão prestar essa
jurisdição.

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Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais
e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV
do art. 5º desta Constituição Federal.

§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito


Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos
Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público
de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e
vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.

§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia


funcional e administrativa, e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no
art. 99, § 2º.

§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do


Distrito Federal.

§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a


indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que couber, o
disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. (BRASIL, 1988)

O Direito Constitucional Processual tem por objetivo, o estudo das normas, ou


seja, princípios e regras que se encontram elencados na Carta Magna, estes que
disciplinam o processo, bem como abrange os princípios constitucionais processuais,
que tratam da organização do Poder Judiciário, a jurisdição constitucional, que se
refere às ações constitucionais.

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Assim, o direito constitucional processual está intimamente ligado à ideia de
jurisdição, de processo e de ação, bem como da defesa, que é o contraponto do direito
de ação, e que são os pilares da teoria geral do processo, encontrando fundamento
na Constituição Federal de 1988.

3 JURISDIÇÃO, PROCESSO, AÇÃO E DEFESA

O art. 2º da Constituição Federal, dispõe: “são Poderes da União,


independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
(BRASIL,1988)

Com o advento da Carta Magna de 1988 adotou-se a tradicional tripartição de


poderes, ou seja, a repartição do poder estatal em três funções distintas, todas com
independência, prerrogativas e imunidades próprias, indispensáveis ao bom
cumprimento de seus misteres.

Uma vez que cada ente possui uma função autônoma, observa-se que a função
típica do Poder Judiciário é exercer a função jurisdicional, ou seja, a jurisdição. Desse
modo, podemos dizer que a jurisdição é o poder-dever do Estado, que exercido por
meio de órgãos jurisdicionais, nesse caso juízes e tribunais competentes, conforme
critérios fixados tanto pela Constituição Federal, como por normas
infraconstitucionais, que tem por função a solução dos litígios, ou lides, que lhe forem
submetidos a julgamento, por meio da vontade da lei ao caso concreto.

A jurisdição estatal, geralmente é exercida por órgãos jurisdicionais do Estado,


que são: os diversos juízes e tribunais, que atuam conforme a parcela da jurisdição,
ou seja, conforme a competência que lhes foi conferida pela Carta Magna por meio
do Supremo Tribunal Federal e também dos Tribunais Superiores, bem como pelas
demais normas infraconstitucionais, a exemplo: Códigos de Processo e Leis de
Organização Judiciária.

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As atividades jurisdicionais de cada órgão se encontra vinculada a sua função
que foi estabelecida pela Constituição, ou seja, um procedimento ou processo.

O processo, portanto, é o meio ou instrumento instituído pelo Estado com o fim


de viabilizar o exercício de sua função jurisdicional, mediante um conjunto de atos
jurídicos ordenados, que, praticados perante o Poder Judiciário, para a solução dos
litígios que lhe forem submetidos à apreciação.

Diante disso, o processo pode ser definido como um instrumento necessário


para o exercício da jurisdição, podendo ser encarado sob o aspecto objetivo, o qual
se refere ao conjunto de atos jurídicos que são atos sucessivos, destinados à solução
do litígio.

De acordo com o processo irá ocorrer a ação que é o direito que o indivíduo
tem de recorrer a tutela jurisdicional, ou, de pedir que o Estado solucione uma lide.

Via de regra a tutela jurisdicional ocorre por provocação, ou seja, o Estado


somente exerce a sua jurisdição quando alguém o pede que intervenha.

Havendo a propositura da ação, abre-se então a oportunidade para que se


apresente a defesa, que é um direito constitucional também denominado pela doutrina
de exceção.

Assim, entendido pela doutrina que a defesa ou exceção é o contraponto do


direito de ação, ou seja, trata-se da faculdade do demandado em repelir à pretensão
do autor.

Quando se fala em direito de defesa deve-se entender todos os atos praticados


pelo réu no decorrer do processo, em cujo objetivo é conseguir impedir que o órgão
jurisdicional acolha a pretensão do autor da demanda.

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Para alcançar seu objetivo, a defesa deverá oferecer contestação bem como
produzir provas.

Com o objetivo de facilitar o entendimento observe o quadro a seguir:

JURISDIÇÃO PROCESSO AÇÃO DEFESA OU


EXCEÇÃO

É o poder-dever do É o meio ou Nada mais é do É o direito


Estado, exercido instrumento que o direito de se conferido àquele
por meio de órgãos instituído pelo invocar a tutela contra quem se
jurisdicionais Estado para jurisdicional, de se propõe a ação
competentes viabilizar o pedir que o Estado (réu) de se
(juízes e tribunais), exercício de sua solucione uma contrapor à
conforme critérios função lide. Com efeito, pretensão
fixados tanto pela jurisdicional, por como regra, a formulada pelo
Constituição meio de um atividade autor. Considerado
Federal, como conjunto de atos jurisdicional em seu sentido
pelas demais jurídicos somente é mais genérico,
normas coordenados, prestada pelo refere-se a todos
infraconstitucionais, praticados perante Estado caso as os atos produzidos
que tem por função o Poder Judiciário, partes a pleiteiem. pelo réu, no
a solução dos para a solução dos Valendo-nos de transcorrer do
litígios que lhe litígios que lhe uma expressão processo, para que
forem submetidos a forem submetidos costumeiramente o órgão
julgamento, por à apreciação. Em empregada pelos jurisdicional não
uma breve processualistas, a acolha a pretensão
tutela do

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meio da dicção da definição, o jurisdicional Autor.
vontade da lei ao processo pode depende de
caso concreto. provocação.
ser definido como
o instrumento
necessário para o
exercício da
jurisdição.

4 CONSTITUIÇÃO X PROCESSO

O processo é o instrumento instituído pelo Estado com o objetivo possibilitar o


exercício da função jurisdicional, assim é por meio do processo, que se inicia a partir
do direito de ação, que o cidadão pode se valer do Poder Judiciário com o objetivo de
observar os direitos e garantias constitucionais que lhe são assegurados pela Carta
Magna, caso sejam desrespeitados.

Ainda assim, por meio do direito de ação e do processo é que o Poder Judiciário
poderá exercer sua atividade jurisdicional com o fim de realizar o chamado controle
de constitucionalidade.

Dessa forma os institutos da teoria geral do direito processual que são:


jurisdição, processo, ação e defesa encontram-se fundamentos no próprio texto
constitucional.

Ainda convém observar que é a partir da Constituição Federal de 1988 que


atribui ao Poder Judiciário o dever de julgar as demandas que lhe são submetidas, e

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que também garante o direito de ação e de defesa consagrando assim o devido
processo legal.

A Constituição de 1988 contém diversas normas, princípios e regras de cunho


processual, especialmente o art. 5º, por exemplo, trata dos direitos e garantias
fundamentais, bem como uma expressa relação de princípios constitucionais
processuais:

 Devido processo legal.


 Do contraditório e da ampla defesa.

4.1 O processo e os princípios constitucionais

A Constituição Federal de 1988, possui diversas regras e princípios de caráter


processual, dentre eles os denominados princípios constitucionais processuais,
destacaremos aqui os princípios que possuem cunho constitucional de forma
abreviada entre outros destaca-se:

 Princípios e normas que tratam dos poderes-deveres dos juízes e


direitos fundamentais no processo.
 Princípios e normas sobre a participação popular na função
jurisdicional.
 Princípio do acesso ao Poder Judiciário
 Princípio da igualdade.
 Princípio da legalidade.
 Princípio da irretroatividade da norma.
 Princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional.
 Princípio do Juiz natural.
 Princípio do devido processo legal.
 Princípio do contraditório.

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 Princípio da ampla defesa.
 Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos.
 Princípio da necessidade de motivação das decisões.
 Princípio da publicidade dos atos processuais.
 Princípio do duplo grau de jurisdição.
 Princípio da celeridade.
 Princípio da tramitação dos processos.

4.1.1 Princípio do Acesso ao Poder Judiciário

O princípio do acesso ao Poder Judiciário se encontra disposto no art. 5º inciso


XXXV, da Constituição Federal de 1988, este inciso trata do princípio do acesso à
justiça, denominado ainda, direito de ação ou princípio da inafastabilidade da
jurisdição.

Princípio este que busca possibilitar a todos os brasileiros que possam


reivindicar seus direitos, buscando ainda garantir uma atuação do Estado para tomar
as medidas necessárias, caso ocorra a violação ou ameaça de algum direito ou
garantia.

Este direito é colocado em prática por meio da movimentação do Poder


Judiciário, órgão responsável por decidir conflitos de forma imparcial com base na
legislação.

Existe uma busca para que as decisões do Judiciário venham se concretizar,


ou seja, acontecer no tempo certo e de maneira efetiva, e é por meio do princípio do
acesso à justiça que se busca satisfazer esse objetivo.

Assim, somente o Poder Judiciário pode tomar decisões definitivas sobre um


impasse jurídico.

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Além disso o acesso à justiça deve estar disponível a todo e qualquer cidadão
de forma igualitária.

No Brasil o direito de acesso à justiça surgiu na Constituição de1946, a qual


previa que a lei não poderia excluir do Poder Judiciário qualquer violação aos direitos
individuais.

Após o Regime Militar, ou seja, em 1970, o Brasil finalmente consagrou o


acesso à justiça, isso porque os movimentos sociais começaram a intensificar sua luta
por igualdade social, cidadania plena, democracia, efetividade dos direitos
fundamentais e da própria justiça.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, materializou-se o acesso à


justiça, como direito fundamental de todos os brasileiros e estrangeiros residentes no
Brasil.

Neste sentido, o legislador constituinte, não só possibilitou o acesso aos


tribunais como determinou a criação de mecanismos adequados para garantir e
efetivar esse acesso.

Observa-se a relevância desse direito pelo fato de que sem o acesso à justiça
que é um dos pilares da democracia, onde todas as pessoas respondem à lei
igualmente para que a ordem seja mantida.

Observa-se também que é por meio desse direito que todos os outros direitos
são assegurados, ou seja, o inciso que trata do acesso à justiça (XXXV, art. 5º) atua
como um mecanismo de efetivação de direitos sociais e individuais.

Isso acontece porque, sem acesso à justiça, nada garante que as leis serão
respeitadas, devendo todos os cidadãos reivindicar os seus direitos, caso se faça
necessário, não podendo o Poder Judiciário se esquivar de solucionar tais questões.

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Assim, o acesso à justiça é o principal meio para atingir a função principal do
direito: garantir a pacificação social.

Foram criados diversos mecanismos cujo objeto é garantir o acesso à justiça,


dentre os mecanismos encontra-se os Juizados Especiais que possuem competência
para as causas cíveis de menor complexidade e para as infrações penais de menor
potencial ofensivo.

A assistência judiciária gratuita (Lei n° 1.060, de 1950), foi criada para


beneficiar aqueles que não possuem condições financeiras para custear as despesas
necessárias ao processo.

Destarte, este tipo de assistência judiciária possibilita a prestação gratuita de


serviços advocatícios, a exemplo da Defensoria Pública (Lei Complementar n°80 de
1994), garante o acesso à justiça para todas as pessoas prestando assistência jurídica
integral e gratuita.

Dessa forma os defensores públicos prestam assistência jurídica, orientação e


defesa em todas as instâncias, existe ainda a forma pro bono, que também se trata
de uma assistência judiciária gratuita, prestada por advogados profissionais liberais
de modo caritativo.

Ainda existem os meios alternativos de solução de conflito:

 Conciliação.
 Mediação.
 Arbitragem.

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4.1.2 Princípios e normas sobre a participação popular na função jurisdicional

O art. 5º inciso XXXVIII da Constituição Federal de 1988 versa: e reconhecida


a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; (BRASIL,


1988).

O CPP possui um capítulo que trata diretamente da organização do Júri, onde,


pessoas leigas, ou seja, da população julgam o crime e dão o veredito que será
referendado pelo juízo, bem como calculado o devido tempo em que o cidadão irá
permanecer cumprindo a pena, caso o júri o condene.

Para que essa “participação popular” ocorra da melhor forma possível a


Constituição Federal estabelece alguns critérios os quais se encontram no inciso
XXXVIII, art. 5º da Constituição.

4.1.3 Princípios e normas que tratam dos poderes – deveres dos juízes e
direitos fundamentais no processo

Também denominado princípio da segurança jurídica se encontra elencado no


art. 5º da CF/88: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada” (BRASIL, 1988)

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Este artigo busca preservar a estabilidade das relações jurídicas, visam garantir
a proteção jurídica dos cidadãos que se submetem a jurisdição da Lei brasileira, as
leis passam a valer apenas depois de decretadas, de acordo com o que as mesmas
determinar, podendo existir o período de vacatio legis (art. 1º da LINDB, Lei n°
4.657/42) em regra, ou caso a mesma determine começar a ter eficácia no momento
em que é editada.

Dessa forma a lei não pode retirar do cidadão o direito já adquirido por elas,
pela eficácia de lei anterior, assim, o princípio da segurança jurídica visa manter
protegido o direito do cidadão mesmo que a lei já esteja revogada por lei nova.

A proteção jurídica é dividida em três categorias:

 Direito adquirido.
 Ato jurídico perfeito.
 Coisa julgada.

A LINDB (Decreto-Lei 4.657/1942) em seu art. 6º definem os conceitos de


direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.

O direito de segurança jurídica possui hierarquia constitucional, não podendo


ser revogado por lei ou emenda constitucional.

Ainda o CPC regula a coisa julgada em seu art. 966, traz as exceções a sua
proteção.

4.1.4 Princípio da inafastabilidade da jurisdição

Previsto no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição de 1988, “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. (BRASIL, 1988)

Também conhecido como:

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 Princípio do controle jurisdicional.
 Princípio do livre acesso ao Poder Judiciário.
 Princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional.
 Princípio da universalidade.
 Princípio da ubiquidade da jurisdição.

O princípio da inafastabilidade da jurisdição tem por objetivo assegurar o direito


a uma tutela jurisdicional a todos que dela necessitem, o qual, garante às pessoas,
tanto naturais como jurídicas, sendo elas de direito público; ou de direito privado.

A Carta Magna de 1988 instituiu o sistema da chamada jurisdição una, onde,


entregou a atividade jurisdicional somente ao Poder Judiciário, não permitindo a
criação de órgãos de contencioso administrativo, que são comuns nos países que
adotam a jurisdição dúplice, como é o caso da França.

Nesse caso de sistema da jurisdição una, mesmo que haja no país, como de
fato os há, órgãos administrativos com função de julgamento, as decisões desses
órgãos sempre poderão ser revistas pelo Poder Judiciário.

4.1.5 Princípio do juiz natural

O inciso XXXVII do art. 5º da Carta Magna dispõe que “não haverá juízo ou
tribunal de exceção”. (BRASIL, 1988)

Já o inciso LII, do mesmo artigo, declara que “ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente”. (BRASIL, 1988)

Trata-se da consagração, pela Constituição Federal, do chamado princípio do


juiz natural, por meio do qual, todos têm direito a serem julgados por membros
regulares do Poder Judiciário, investidos em conformidade com os comandos

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constitucionais e legais, inclusive relativos à fixação de suas competências, não serem
julgados por tribunais de exceção.

4.1.6 Princípio do devido processo legal

O art. 5º, inciso LIV, da Carta de 1988, “ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal”. (BRASIL, 1988)

O denominado princípio do devido processo legal, trazido expressamente para


a seara constitucional desde 1988, e que tem por escopo a proteção do indivíduo
contra eventuais arbitrariedades perpetradas pelo Estado, na condução dos
processos contra aquele.

Também instituído pela Constituição Federal de 1988 o princípio do devido


processo legal, tem por objetivo a proteção do indivíduo contra eventuais
arbitrariedades perpetradas pelo Estado, na condução dos processos contra aquele.

Onde, somente por meio da atividade jurisdicional, exercida com exclusividade


pelo Estado, é que o indivíduo poderá perder sua liberdade ou seus bens, não sendo
possível sofrer tais gravames por meio de atos praticados por outrem, inclusive pela
própria Administração Pública, sem a intervenção do Poder Judiciário.

O do devido processo legal é um princípio do qual decorrem diversos outros


direitos e garantias constitucionais, a exemplo:

 O direito ao contraditório e à ampla defesa,


 À inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos.
 O da presunção de inocência.

21
 O do relaxamento da prisão ilegal.

4.1.7 Princípios do contraditório e da ampla defesa

O art. 5º, inciso LV, da Carta Magna, prevê: “aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. (BRASIL, 1988)

O princípio do contraditório é também denominado audiência bilateral, ou seja,


é aquele que faculta à parte, em um processo judicial ou mesmo administrativo, e aos
acusados em geral, permitindo a parte de manifestar sobre todas as alegações e
documentos produzidos pela parte contrária.

Nos dizeres de DANTAS (2008) decorre desse princípio a necessidade de


concessão de igualdade de tratamento a ambas as partes de uma relação processual.

O princípio da ampla defesa é aquele que confere à parte, num processo, a


possibilidade de trazer aos autos todas as alegações e provas que considerar úteis à
sua plena defesa e à garantia de seus direitos.

4.1.8 Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos

O art. 369, do Código de Processo Civil prevê que, as partes têm o direito de
empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados naquele diploma legal, para provar a verdade dos fatos em que se funda
o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.

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Por outro lado, o art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal, dispõe
expressamente que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos”. (BRASIL, 1988)

Toda e qualquer prova obtida por meios ilícitos (que não sejam legais ou
moralmente ilegítimos) será nula, imprestável à comprovação dos fatos que a parte
pretendia demonstrar.

Por prova ilícita pode-se entender, aquela produzida com ofensa aos princípios
e regras constitucionais e legais, sobretudo quando ofender as liberdades públicas,
consagradas pela Constituição Federal de 1988.

4.1.9 Princípio da necessidade de motivação das sentenças e demais decisões


judiciais

O princípio da necessidade de motivação das decisões proferidas pelo Poder


Judiciário trata da exigência de que todas as decisões judiciais sejam devidamente
fundamentadas é decorrência lógica do próprio Estado Democrático de Direito, uma
vez que permite o efetivo controle da correção daquelas decisões, impedindo, por
consequência, que determinado magistrado, no julgamento do caso concreto que lhe
foi submetido a julgamento, decida de maneira arbitrária.

Ocorrendo de alguma decisão proferida por órgão do Poder Judiciário não


observar a exigência contida no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal vigente,
será inequivocamente ilegítima, e, consequentemente, irremediavelmente nula, por
desrespeitar uma norma constitucional de eficácia plena.

Assim, a necessidade de fundamentação das decisões, refere-se não só às


chamadas decisões interlocutórias, como também às sentenças prolatadas pelos

23
órgãos jurisdicionais de primeira instância e aos acórdãos proferidos pelos tribunais.

4.1.10 Princípio da publicidade dos atos processuais

O princípio da publicidade dos atos processuais encontra-se positivado, na


Constituição Federal de 1988, em dois artigos distintos. Conforme expressa a redação
do art. 5º, inciso LX, de nossa Lei Maior, “a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
(BRASIL, 1988)

Já o art. 93, inciso IX, da mesma Carta Magna, é expresso em determinar que
“todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, [...] podendo a
lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. (BRASIL,
1988)

Quanto ao princípio da publicidade dos atos processuais o qual determina que,


tanto quanto possível, os atos dos juízes e tribunais sejam públicos, de maneira que
seja permitido não só aos órgãos jurisdicionais superiores, no julgamento dos
recursos, como também aos jurisdicionados e também aos diversos órgãos de
controle interno e externo do Poder Judiciário, realizar um satisfatório controle dos
atos e omissões praticados pelos membros daquele poder.

Em relação ao conhecimento, pelas partes e seus procuradores, os atos


praticados pelo Poder Judiciário, caso lhes seja permitido tomar ciência efetiva dos
atos judiciais produzidos no processo, notadamente dos gravosos aos seus
interesses.

24
De forma que à generalidade das pessoas, conforme preconiza a própria Lei
Maior, o princípio da publicidade dos atos e decisões judiciais nada mais é do que a
exteriorização do direito público à informação, só que voltado especificamente para a
seara do direito processual, o qual poderá sofrer restrições, caso referida publicidade
acabe por ferir a intimidade da pessoa, ou quando o interesse social o exigir.

4.1.11 Princípio do duplo grau de jurisdição

A Constituição de 1988 não determina, em quaisquer de seus dispositivos, a


exigência do duplo grau de jurisdição.

Entretanto, o princípio do duplo grau de jurisdição pode ser extraído do sistema


jurídico vigente, inclusive da própria Carta Magna, que prevê, em diversos de seus
dispositivos, a existência de tribunais para julgar as decisões proferidas pelos órgãos
jurisdicionais de instância inferior.

Por dois órgãos jurisdicionais distintos, a verdade é que o referido princípio não
limita a atuação do Poder Judiciário a apenas dois graus de jurisdição, permitindo, na
realidade, que determinada demanda, atendidos certos pressupostos de
admissibilidade, seja examinada por uma pluralidade de instâncias.

Assim, em alguns casos, a própria Constituição Federal afasta sua aplicação,


ao fixar as hipóteses em que a jurisdição será exercida em grau único, como se dá,
por exemplo, com as competências originárias do Supremo Tribunal Federal.

25
4.1.12 Princípio da celeridade na tramitação dos processos

A Emenda Constitucional n. 45, promulgada em 8 de dezembro de 2004,


acrescentou aos direitos e garantias individuais e coletivos, elencados no art. 5º, da
Constituição Federal, aquele que assegura a todos, no âmbito judicial e administrativo,
a razoável duração do processo e dos meios que garantam a celeridade de sua
tramitação (inciso LXXVIII).

A Emenda n. 45/2004, materializou a denominada “Reforma do Judiciário”, com


o objetivo de justamente tentar conferir maior celeridade à tramitação dos processos,
notadamente os judiciais, mas também os administrativos.

Diante disso a Carta Magna passou a exigir que a distribuição de processos


passasse a ser imediata, em todos os graus de jurisdição, conforme o art. 93, inciso
XV, objetivando acabar com a demora na simples distribuição dos processos, que
noticiamos anteriormente.

A previsão da necessidade de criação de juizados especiais no âmbito da


Justiça Federal o art. 98, § 2º, prevê que, a partir de sua implementação, acabou com
aquele absurdo, relatado acima, de apenas os sucessores do falecido receberem as
vantagens advindas do término definitivo das ações de concessão ou de revisão de
benefícios previdenciários. (DANTAS, 2008)

4.1.13 Princípio da Jurisdição constitucional

O direito processual constitucional tem por objeto o estudo sistematizado dos


princípios e regras constitucionais que tratam do processo, de forma que dentre outros
assuntos, a referida disciplina também estuda a chamada jurisdição constitucional.

26
A jurisdição, é o poder-dever do Estado, exercido por meio de órgãos
jurisdicionais (juízes e tribunais) competentes, conforme critérios fixados tanto pela
constituição, como pelas demais normas infraconstitucionais, destinado à solução dos
litígios (ou lides) que lhes forem submetidos a julgamento, por meio da dicção da
vontade da lei ao caso concreto. (DANTAS, 2008)

Dessa forma a denominada jurisdição constitucional não constitui uma


modalidade distinta de jurisdição. Trata-se, na realidade, da mesma atividade
jurisdicional do Estado, só que realizada tendo em vista o regramento constitucional,
se destina a combater os atos e omissões praticados pelas pessoas naturais e
jurídicas, notadamente pelo Poder Público, que contrariem os princípios e regras
fixados pela Lei Maior.

5 RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL

Quanto à natureza jurídica da reclamação pode-se dizer que ela possui


natureza jurídica de ação constitucional, no entanto, PORTO. ADRIANO (2020)
explicam que existiu, durante muito tempo, enorme divergência acerca da natureza
da reclamação, diante disso segue um quadro com algumas das divergências:

Vinicius Lemos, Alcides de Mendonça


Lima, Min. Amaral Santos: A
RECLAMAÇÃO É UM RECURSO (ou
PRIMEIRA CORRENTE sucedâneo recursal).

27
Egas Moniz de Aragão: A
RECLAMAÇÃO É UM INCIDENTE
SEGUNDA CORRENTE
PROCESSUAL.

TERCEIRA CORRENTE Orozimbo Nonato: A RECLAMAÇÃO É


UM REMÉDIO INCOMUM.

José Frederico Marques: A


RECLAMAÇÃO É UMA MEDIDA DE
DIREITO PROCESSUAL
QUARTA CORRENTE CONSTITUCIONAL.

Min. Djaci Falcão: A RECLAMAÇÃO É


UMA MEDIDA PROCESSUAL DE
QUINTA CORRENTE
CARÁTER EXCEPCIONAL.

A RECLAMAÇÃO É UMA ESPÉCIE DE


CORREIÇÃO PARCIAL, POSSUINDO
NATUREZA ADMINISTRATIVA
SEXTA CORRENTE DISCIPLINAR.

Pedro Lenza: A RECLAMAÇÃO É UM


INSTRUMENTO DE CARÁTER
MANDAMENTAL E NATUREZA
SÉTIMA CORRENTE CONSTITUCIONAL.

28
Ada Grinover: A RECLAMAÇÃO É UMA
SIMPLES POSTULAÇÃO PERANTE O
ÓRGÃO QUE PROFERIU A DECISÃO,
OITAVA CORRENTE BUSCANDO SEU CUMPRIMENTO.

A RECLAMAÇÃO É UM EXERCÍCIO DO
DIREITO CONSTITUCIONAL DE
NONA CORRENTE
PETIÇÃO.

Luiz Fux, Pontes de Miranda, Fredie


Didier, Leonardo Carneiro da Cunha,
Antônio Gaio Jr, Humberto Dalla,
Marcelo Navarro Ribeiro Dantas,
Rennan Thamay, Daniel Neves, José
Miguel Garcia Medina, Teresa Arruda
Alvim: A RECLAMAÇÃO É UMA AÇÃO,
PORQUE:

I. Depende de provocação dos


DÉCIMA CORRENTE
legitimados;

II. Possui natureza jurisdicional e


contenciosa;

III. Não corre na mesma relação


processual em que o ato atacado foi
praticado;

29
IV. Não está elencada em lei federal
como recurso;

V. Não há prazo fixado em lei para sua


apresentação;

VI. Não tem como objetivo a reforma ou


anulação de decisão, mas a cassação ou
preservação da competência;

VII. É ação de competência originária


dos tribunais (como enuncia a
Constituição);

VIII. Independe de sucumbência (é


possível que o vencedor queria, por
exemplo, fazer cumprir a decisão que o
beneficiou);

IX. Independe de anterior processo


judicial (podendo decorrer de um ato
administrativo, por exemplo);

X. Possui os elementos constitutivos da


ação: parte, causa de pedir e pedido;

XI. Exige o preenchimento das


condições da ação e dos pressupostos
processuais;

XII. Exige o recolhimento de custas.

30
O STF, ao reconhecer a multiplicidade de posições, concluiu, que em um
primeiro momento, a reclamação é uma manifestação do direito constitucional de
petição conforme prevê o art. 5º, inciso XXXIV, como um instrumento de extração
constitucional.

Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, o STF passou a


reconhecer a natureza de ação da medida e, do mesmo modo, o STJ.

De forma que com a vigência do Código de Processo Civil de 2015, consolidou-


se o entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que o instituto da
reclamação possui natureza de ação, de índole constitucional, e não de recurso ou
incidente processual. (STJ, EDcl na Rcl 33.747/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
Segunda Seção, julgado em 12/12/2018)

Ainda PORTO. ADRIANO (2020) trouxeram um conceito da doutrina de Fredie


Didier, Leonardo Cunha, Daniel Neves que apontam as seguintes consequências para
a reclamação:

 Formação de coisa julgada material;


 Cabimento de tutela provisória;
 Exigência de capacidade postulatória;
 Pagamento de custas e condenação em honorários;
 Preenchimento dos requisitos da petição inicial.

5.1 Fundamento normativo da reclamação:

O art. 102, versa: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a


guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: l) a

31
reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas
decisões. (BRASIL, 1988)

Já o art. 105, prevê: Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e


julgar, originariamente: f) a reclamação para a preservação de sua competência e
garantia da autoridade de suas decisões. (BRASIL, 1988)

A reclamação passou, historicamente em linhas gerais, pelas seguintes etapas


a seguir:

 Ausência de previsão: o Supremo Tribunal Federal admitia a reclamação


com base na teoria dos poderes implícitos, necessário para dar
efetividade ao poder explícito de julgar;
 Previsão no Regimento Interno do STF de 1957, onde: incorporação a
nível regimental. Entretanto, com o advento da Constituição de 1967, as
disposições regimentais passaram a ter força de lei federal.
 Constituição Federal de 1988: previsão expressa do cabimento da
reclamação para preservar a competência e a autoridade das decisões
do STF e do STJ.
 A Lei 8.038/90: trata do procedimento da reclamação, junto com os
demais processos que tramitam nos tribunais de cúpula.
 EC nº 45/04: cria a súmula vinculante e prevê o cabimento de
reclamação em caso de descumprimento, mesmo que administrativo.
Diante da lei 11.417/2006 que trata do cabimento da reclamação pelo
descumprimento de enunciado de súmula vinculante.
 O CPC/15: trata da reclamação amplamente, trazendo cabimento,
legitimados, procedimento, pela primeira vez em um código.

32
5.2 Cabimento da reclamação

O supracitado art. 102 da Constituição Federal de 1988, prevê a competência


ao Supremo Tribunal Federal de processar e julgar a reclamação, quanto ao
cabimento o Código de Processo Civil traz as seguintes hipóteses:

 Preservação de competência de tribunal;


 Garantia da autoridade de decisão de tribunal, onde se incluem:
 Ofensa à súmula vinculante;
 Ofensa à decisão em controle concentrado de constitucionalidade;
 Ofensa à precedente fixado em: Incidente de resolução de demandas
repetitivas; Incidente de assunção de competência; Recurso
extraordinário com repercussão geral; Recurso extraordinária ou recurso
especial repetitivos.

O CPC/15 em seu art. 988, versa: Caberá reclamação da parte interessada ou


do Ministério Público para:

I - preservar a competência do tribunal;

II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do


Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente


de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência;
§ 5º É inadmissível a reclamação:

II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário


com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de

33
recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias
ordinárias. (BRASIL, 2015)

O Código de Processo Civil de 2015 destaca como hipótese autônoma e


genérica de cabimento a garantia da autoridade do tribunal, a qual se desdobra essa
previsão em outras específicas, havendo necessidade de se observar os precedentes
judiciais.

Dessa forma, independentemente de haver uma decisão vinculante para todos,


pode caber a reclamação, buscando que se observe a autoridade do tribunal por uma
decisão proferida no próprio processo.

A exemplo disso, caso o juiz indefira um pedido de tutela provisória, o tribunal,


em agravo de instrumento, reforme a decisão, mas o juiz se negue a cumpri-la.

5.3 Observância de precedentes e súmula vinculante

O CPC/15 em seu art. 927, institui: Os juízes e os tribunais observarão:

I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de


constitucionalidade;

II - os enunciados de súmula vinculante;

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de


demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial
repetitivos;

IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria


constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

34
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem
vinculados. (BRASIL, 2015)

Algumas decisões, constituem precedentes judiciais de forma que em um


sentido amplo, ou seja, obriga o Judiciário em relação ao controle de
constitucionalidade, bem como os outros poderes, assim, autorizam o cabimento de
reclamação, para que sejam efetivamente seguidos.

Funcionando então, a reclamação funciona como um instrumento concreto que


visa garantir sua observância, completando a previsão mais genérica.

6 SÚMULA VINCULANTE

Quando existe ofensa à súmula vinculante do STF, existe um tratamento legal


específico, na lei 11.417/06, onde a lei institui, em seu art. 7º:

Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula


vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao
Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de
impugnação.

§ 1º Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só


será admitido após esgotamento das vias administrativas.

§ 2º Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o


ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra
seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso. (BRASIL, 2006)

Destarte, o cabimento contra atos administrativos, seja por ação ou omissão,


possui a característica de exigir o esgotamento prévio da via administrativa.

35
De forma que se discute a constitucionalidade do comando:

Segunda corrente Terceira corrente

Primeira corrente (Daniel Neves, Gilmar (Fredie Didier, Leonardo


Mendes): Cunha):

A norma é A norma é constitucional, A norma é, em tese,


inconstitucional, por violar não havendo ofensa ao constitucional. In
a inafastabilidade princípio da concreto, porém, poderia
jurisdicional (art. 5º, inafastabilidade da ser afastada, em controle
XXXV, da CF), exigindo o jurisdição, porque a vida difuso, se presente
judicial permanece aberta interesse de agir,
curso administrativo
através de outras medidas demonstrando o
forçado, previsto mais
(ação pelo procedimento reclamante a razão pela
amplamente na CF/67,
comum, mandado de qual não pode aguardar o
mas, na CF/88, apenas segurança) e porque, na encerramento
para a justiça desportiva prática, haveria uma
do trâmite administrativo.
(art. 217, §1º) substituição da multidão
de recursos
extraordinários por uma
multidão de reclamações.

36
6.1 Controle concentrado de constitucionalidade

Em relação as decisões que foram proferidas em ações de controle


concentrado de constitucionalidade, o cabimento da reclamação se encontra elencado
no CPC/15 e busca garantir a autoridade dos Tribunais.

Pela vinculação da lei a todos, a reclamação tem por objeto a revisão do


entendimento, pelo Supremo Tribunal Federal que no exame da reclamação o tribunal
possivelmente irá analisar a matéria decidida no controle concentrado podendo
concluir em sentido divergente ao existente, o Min. Gilmar Mendes conforme citam
PORTO. ADRIANO (2020) conclui que havendo significativa mudança das
circunstâncias fáticas ou da percepção jurídica.

Havendo, uma conclusão que não seja pacífica na corte, onde, se posicione
em sentido oposto, enxergando que a reclamação, nesse caso, teria natureza
rescisória e que de duas uma: ou o tribunal julgava procedente a reclamação e fazia
cumprir o entendimento, ou julgava a improcedente.

6.2 Precedentes (IRDR, IAC, RE e Resp repetitivos e RE com repercussão


geral)

Quanto aos denominados IRDR (incidente de resolução de demandas


repetitivas), IAC (incidente de assunção de competência), recurso extraordinário ou
recurso especial repetitivos ou em um recurso extraordinário com repercussão geral,
não observada por julgador a ela obrigado, será cabível a reclamação, em casos de
tese jurídica previamente fixada, com a modificação operada pela lei 13.256/16, ainda

37
na vacatio do CPC/15, o regramento acerca dos recursos repetitivos e do recurso
extraordinária com repercussão geral ficou um pouco confuso.

Assim, o primeiro ponto relevante é o próprio cabimento da reclamação, que


apesar de retirada a hipótese do rol do caput, o §5º, II, a contrario sensu, esclarece o
cabimento, de acordo com ampla doutrina. (PORTO. ADRIANO, 2020)

Dessa forma o entendimento que prevalece, doutrinariamente, é o do


cabimento, portanto, após o esgotamento das instâncias ordinárias, ou seja, no
mesmo momento em que caberia o recurso especial ou o recurso extraordinário.

Havendo justificativa para a modificação a qual é bastante prática: os tribunais


superiores não teriam condições de receber milhares de reclamações contra atos de
juízos de primeiro grau, cabendo aos tribunais locais fiscalizarem a aplicação desses
precedentes.

O Supremo Tribunal Federal, inclusive, vem seguindo tal linha, admitindo


reclamações após a interposição de todos os recursos ordinários.

Existe jurisprudência no sentido de que: A reclamação constitucional com


fundamento na erronia de aplicação de entendimento do STF firmado de acordo com
a sistemática da repercussão geral admite como objeto tão somente decisão judicial
proferida no exercício da competência conferida à Corte de origem quanto à
apreciação de recurso extraordinário pelo Código de Processo Civil, sob pena de se
subverter o instituto e tornar inócua a inovação normativa introduzida pela EC nº
45/04. Precedente plenário. (Rcl 20892 AgR, Relator: Min. Dias Toffoli, Segunda
Turma, julgado em 15/03/2016)

PORTO. ADRIANO (2020) ainda trazem o entendimento de que o Superior


Tribunal de Justiça, em debatido julgamento, decidiu não ser cabível reclamação para

38
controle da aplicação de precedente aprofundando em Ações Constitucionais firmado
em recurso especial repetitivo, mesmo que esgotadas as instâncias ordinárias.

Decisão essa, bastante criticada pela doutrina, sobretudo, por desconsiderar


uma evidente interpretação no sentido do cabimento a partir da negativa de cabimento
somente antes de utilizados todos os recursos no tribunal local, o qual também se
fundamenta em argumentos de administração judiciária e mesmo do próprio papel do
STJ, enquanto Corte de Precedentes.

6.3 Prazo

A reclamação não pode ser ajuizada após o trânsito em julgado da decisão que
enseja seu cabimento, entendimento, consagrado em súmula do STF, foi positivado
no Código de Processo de 2015.

Sobre tal assunto a jurisprudência entende “Não cabe reclamação quando já


houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão
do Supremo Tribunal Federal”. (Súmula 724 do STF).

O CPC/15, em seu art. 988 § 5º prevê: É inadmissível a reclamação: I –


proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada. (BRASIL, 2015).

Entretanto, mesmo que, antes do julgamento da reclamação, sobrevenha o


trânsito em julgado da decisão, a reclamação deverá ser julgada, como o CPC/15
expressamente afirma, em se art. 988 § 6º, que versa: A inadmissibilidade ou o
julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado não
prejudica a reclamação.

39
7 CONCEITO DE PROCESSO CONSTITUCIONAL

Segundo DIMOULIS, LUNARDI. (2016) a palavra processo constitui uma


sequência de atos, ou acontecimentos relacionados, ou seja, em uma sequência com
o objetivo de alcançar um resultado. Assim, uma ação ou uma sequência de ações
parciais consecutivas.

Existem vários tipos de processo, os quais são fundamentalmente diferentes


entre si, o que faz necessário indicar a forma como o processo deverá ocorrer e qual
deverá ser usado em cada situação, ou seja qual o rito deverá ser seguido.

Dessa forma, tem-se aqui como objeto de estudo apenas uma fatia do
fenômeno processual, dentro do direito brasileiro.

Conforme mencionam os autores supracitados essas análises são feitas na


perspectiva da sociologia jurídica e pouco interesse despertam no mundo jurídico,
onde a finalidade do direito processual é garantir a segurança jurídica, de modo que
se baseia em regras rígidas, onde deverá prevalecer o formalismo processual.
(DIMOULIS, LUNARDI, 2016)

Diante dessa afirmativa observa-se ainda que as possibilidades de atuação


processual, bem como as consequências de cada ato, os prazos, as competências e
os demais elementos são predeterminados por regras jurídicas as quais compõem o
direito processual, regras que prevalecem sobre a vontade e o interesse dos
indivíduos.

40
7.1 Processo legal

Conforme supracitado o processo é então uma sequência de atos que


permitem produzir normas jurídicas, buscando aplicar as normas já existentes, por
exemplo, a criação e uma lei é resultado do processo legislativo, por meio do qual
após uma sequência de atos se aplicam normas jurídicas (Constituição, Regimento
Interno do Congresso Nacional) que permitem receber, examinar, discutir e votar uma
proposta com o objetivo de transformá-la em lei.

Diante disso entende-se que o processo legislativo objetiva criar novas normas,
baseado na aplicação de normas anteriores, em particular, das normas constitucionais
que detalham as competências do legislador e as formas de tramitação das propostas
legislativas.

Incorporado a esse quadro constitucional, cumpre observar que o conteúdo das


leis depende da vontade dos legisladores, ou seja, dos interesses políticos e
econômicos que eles defendem.

Não obstante o processo administrativo é preponderante o momento de


aplicação de normas, onde, as autoridades ao constatar a infração devem aplicar as
penalidades previstas em leis.

Assim, os processos devem seguir regras vigentes a exemplo da publicidade


do processo, a solução pacífica dos conflitos, o exercício da ampla defesa, a aceitação
da decisão pelas partes, a celeridade e a previsibilidade.

Regras que vinculam as autoridades estatais bem como os particulares e tem


por finalidade garantir o devido processo legal.

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Conforme citam DIMOULIS, LUNARDI (2016) em regra, o processo tem
natureza dialética, onde, são facultados aos interessados apresentar e fundamentar
suas pretensões e opiniões, podendo o termo processo pode ser empregado de duas
formas:

 Primeiro, indica um conjunto de regras, o direito processual;


 Segundo, indica processos concretos que são regulamentados pelo
direito processual.

7.2 Processo judicial

Os processos judiciais são os processos realizados pelo Poder Judiciário, cuja


finalidade é aplicar normas de sanção, ou seja, penalidades quando são
desrespeitados os imperativos de conduta.

Os quais ocorrem mediante decisões que satisfazem três características:

 Seguir as regras formais;


 Sejam definitivas formando coisa julgada.
 Celeridade que tem por objeto evitar prejuízos.

Assim, quem transgride uma proibição legal ou não cumpre suas obrigações
não recebe punição automática, sendo submetido a um processo no qual serão
discutidas conforme regras formais as provas, tendo ele direito de se defender das
acusações.

Podendo ainda recorrer de decisões que considera equivocadas ou


desfavoráveis aos seus interesses, de forma que somente no final desse processo,
que, o infrator será definitivamente punido ou absolvido.

42
Podendo as sanções ser:

 Compensatórias, reparando o dano que alguém sofreu, onde, a


reparação pode ser direta ou indireta.
 Inibitórias-preventivas, impedindo que o agressor ou outras pessoas
tenham no futuro a mesma conduta. Isso ocorre quando o infrator é
condenado a pagar altas indenizações para que ele (e os demais) não
repitam aquele ato ilícito.

O processo judicial possui uma função que vai além de resolver os litígios
apenas objetiva, ainda, dar publicidade e formalidade a certos acontecimentos, a
exemplo, do divórcio.

Declarar definitivamente a
constitucionalidade de uma lei.

Outras situações que se valem do Declarar o falecimento de uma pessoa


processo judicial: desaparecida há décadas.

Impedir atos ilícitos, através das Tutelas


preventivas. (Habeas corpus preventivo)

Vale ressaltar que o controle de constitucionalidade judicial se realiza com a


finalidade de verificar a regularidade do sistema jurídico, especificamente a

43
concordância da norma inferior com a norma superior, não havendo uma pretensão
resistida como no processo tradicional.

7.3 Processo constitucional (judicial e não judicial)

O processo constitucional é definido por parte da doutrina como sequência de


atos que objetiva permitir uma decisão judicial sobre a constitucionalidade de certas
normas, ou seja, é um processo de fiscalização da constitucionalidade das normas.

De forma que se pode entender que o processo constitucional não se limita ao


processo judicial.

Ainda podemos citar que os demais poderes do Estado ainda se utilizam de


processos específicos com o objetivo de verificar a constitucionalidade de normas.

Já uma outra parte da doutrina define o processo constitucional como um


conjunto de atos mediante os quais o órgão jurisdicional atua conforme a vontade das
normas constitucionais.

Ainda, existe uma parte da doutrina que considera processo constitucional o


conjunto de tipos de processo regulamentados pela Constituição.

A Constituição Federal de 1988 prevê e regulamenta vários tipos de processo


os quais objetivam garantir o respeito a direitos fundamentais ou a regras de
organização do poder do Estado. Dentre outros, tem-se:

 Habeas corpus.
 Mandado de segurança individual e coletivo.
 Habeas data.
 Mandado de injunção.

44
 Desapropriação.
 Ação popular.
 Ação civil pública.
 Procedimento especial no Tribunal do Júri.
 Ação direta de inconstitucionalidade por ação ou omissão.
 Ação declaratória de constitucionalidade.
 Arguição de descumprimento de preceito fundamental.
 Processo legislativo.
 Impeachment.

Existindo assim uma multiplicidade de processos constitucionais.

8 BIBLIOGRAFIA:

BOTELHO, Jarlan Barroso. Direito Constitucional Processual. Fortaleza/CE.

2003. Disponível em: < http://www.mpce.mp.br/> Acesso em ago, de 2021.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil> Acesso em: ago de 2021.

45
DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito processual constitucional. 8. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

DIMOULIS, Dimitri. Curso de processo constitucional: controle de


constitucionalidade e remédios constitucionais. 4. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2016.

IATAROLA, Ana Cristina Silva. Direito Processual Civil. Revista Conteúdo Jurídico.
Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/> Acesso em: ago de 2021.

PORTO, José Roberto Mello. ADRIANO, Danniel. Aprofundando em Ações


Constitucionais. 2020.

46

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