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4º Ano-2023
TEMA:
O Tutor:
Discente:
4º ANO
NOME DA ESTUDANTE:
TRABALHO DE CAMPO
TITULO DO TRABALHO:
1.INTRODUÇÃO. .......................................................................................................................... 4
1.1.Objectivos ................................................................................................................................ 5
1.3.2. Composição........................................................................................................................... 8
1.3.4.Proteção da Constituição........................................................................................................ 9
1.4.1.2.Fiscalização sucessiva....................................................................................................... 12
1.5.Conclusão................................................................................................................................ 17
Nos países onde o controle de constitucionalidade das leis é exercido a posteriori, questões
concernentes à natureza e aos efeitos da decisão que declara a inconstitucionalidade são
incansavelmente debatidas na doutrina e na jurisprudência.
A constituição como norma suprema do ordenamento jurídico não tem valor enquanto não houver
entidades com poderes para fazer valer essa qualidade de norma suprema do ordenamento jurídico.
É justamente por esse facto que a própria constituição estabelece várias formas destinadas a
garantir que seja salvaguardada a sua supremacia, fixando bases que garantam o cumprimento das
suas normas, incluindo no processo de feitura das normas ordinárias que devem obediência à
Constituição. Juntamente com essas bases, também foram estabelecidas várias formas de
fiscalização da constitucionalidade para garantir que normas já aprovadas possam ser submetidas
ao crivo da constituição.
A doutrina distingue entre vícios formais e vícios materiais. São vícios formais aqueles que
incidem sobre o acto normativo em si, independentemente do seu conteúdo, mas atendendo apenas
ao processo seguido para a sua expressão externa. Está-se em presença destes quando os
procedimentos adoptados para a elaboração de um acto se chocam com a Constituição. São vícios
materiais aqueles que dizem respeito ao conteúdo do acto, quando este conteúdo é contrário à
chamada Lei-Mãe.
Há autores que defendem que em matéria constitucional, se pode distinguir entre a inexistência
relativamente aos actos para os quais faltem os requisitos considerados essenciais pela
Constituição, e nulidade ipso jure no que respeita aos actos que contradigam formal ou
substancialmente a Constituição, quando essa contradição não resulte da falta de um requisito
próprio da existência do acto. Sem entrar na discussão doutrinária profunda sobre a matéria, pode
dizer-se que a consequência necessária da inconstitucionalidade das leis é a nulidade absoluta, pois
é princípio fundamental na maioria das legislações, incluindo a moçambicana, a prevalência das
normas hierarquicamente superiores sobre as inferiores.
Geral
Específicos
1.3. CONSTITUIÇÃO
1
Uma constituição é o conjunto de normas jurídicas que ocupa o topo da hierarquia do direito de
um Estado, e que pode ou não ser codificado como um documento escrito.
a) o Presidente da República;
d) o Primeiro-Ministro;
f) o Provedor de Justiça;
1.3.2. Composição
1. O Conselho Constitucional é composto por sete juízes conselheiros, designados nos seguintes
termos:
3. os Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional, à data da sua designação, devem ter idade
igual ou superior à trinta e cinco anos, ter pelomenos dez anos de experiência profissional na
magistatura ou em qualquer actividade forense ou de docência em Direito.
___________________________
1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o
Ensina Celso Ribeiro Bastos que “o controle de constitucionalidade das leis consiste no exame da
adequação das mesmas à Constituição, tanto de um ponto de vista formal quanto material (…)”.
(1968, p. 51).
Alexandre de Moraes traça o mesmo entendimento sobre a questão, senão vejamos: “controlar a
constitucionalidade significa verificar a adequação (compatibilidade) de uma lei ou ato normativo
com a Constituição, verificando seus requisitos formais e materiais”. (2001, p. 559).
Não se configura suficiente uma sanção direta ao órgão ou agente que promulgou o ato
inconstitucional, porquanto tal providência não o retira do ordenamento jurídico, fazendo com que
o conceito de inconstitucionalidade converta-se em simples crítica.
1.3.3.4.Proteção da Constituição
Como a Constituição tem uma supremacia reconhecida de sua força vinculante frente ao Poder
Público, muito se discute sobre as formas e os modos de defesa do Texto Magno e sobre a
necessidade de controle de constitucionalidade das leis e atos normativos daquele.
O controle de constitucionalidade pode ser feito de várias maneiras, de modo que sua classificação
será determinada em relação ao modo ou à forma, quanto ao órgão de incidência e/ou quanto ao
momento do controle.
Ao abrigo do artigo 70º da Lei n.º 2/2022, de 21 de Janeiro, Lei Orgânica do Conselho
Constitucional, a declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade com força obrigatória geral
produz efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada inconstitucional ou ilegal e determina
a repristinação das normas revogadas.
Nos casos em que a inconstitucionalidade ou ilegalidade é declarada por infracção a uma norma
constitucional ou legal posterior, a declaração de inconstitucionalidade só produz efeitos desde a
entrada em vigor da norma posterior que ditou a alteração que dá lugar à inconstitucionalidade ou
ilegalidade. É o que estabelece o n.º 2 do artigo 70º da Lei Orgânica do Conselho Constitucional.
É claro que para as situações em que a nova norma torna caduca a anterior, sempre devem ser
ressalvadas situações de leis especiais e leis temporárias, em relação às quais, nos termos do artigo
7º do Código Civil, não dão lugar à caducidade ou derrogação das leis anteriores sobre a mesma
matéria regulada. Mas nos casos de declaração de inconstitucionalidade ou ilegalidade de leis
especiais ou temporárias, os efeitos já serão fixados nos termos gerais do nº 1 do artigo 70º da Lei
Orgânica do Conselho Constitucional o que, no nosso entender, dá lugar à aplicação do regime
geral que era regulado pela norma especial.
4
O Presidente da República tem solicitado com frequência ao Conselho Constitucional a
verificação preventiva das leis aprovadas pela Assembleia da República e submetidas à
promulgação e, em muitos casos, a sua iniciativa é motivada por inquietações que lhe são
transmitidas por organizações da sociedade civil ou por outros órgãos do Estado, como o
Procurador-Geral da República, ou, ainda, pela falta de consenso, entre a maioria e a minoria,
sobre a constitucionalidade da lei, revelada no momento da sua discussão e aprovação na
Assembleia da República. Entre estas solicitações de verificação de inconstitucionalidade
aparecem leis aprovadas pelo Parlamento por iniciativa do Governo, que é chefiado pelo próprio
Presidente da República.
Além disso, considerando que o Presidente da República é, por um lado, o chefe do partido
maioritário no Parlamento, por outro, chefe do Governo, percebe-se que ele, ao solicitar a
verificação preventiva da constitucionalidade, assume-se como Chefe do Estado e garante da
Constituição, distanciando-se, deste modo, do seu partido e do Poder Executivo. O exercício
reiterado, pelo Presidente da República, da iniciativa de fiscalização preventiva da
constitucionalidade de leis, aprovadas pela maioria parlamentar com que se identifica
politicamente, é um sinal não só de confiança ao Conselho Constitucional como também de um
clima de bom relacionamento entre os dois órgãos .
1.4.1.2.Fiscalização sucessiva
A fiscalização sucessiva é aquela que ocorre posteriormente a entrada em vigor da norma. Para
Filho, M. (2012) este tipo de fiscalização pelo menos posteriormente a publicação oficial da norma
jurídica (…) este depois de perfeito o ato, de promulgada a lei, ou seja posteriori. Esta fiscalização
encontra corpo nas disposições constantes nos artigos 244, 213, todos da CRM. Ora, dentro a
fiscalização sucessiva podemos encontrar a fiscalização sucessiva concreta e a fiscalização
sucessiva abstrata.
decorre das disposições do artigo 244 da CRM vigente. Para Rodigues, F. (2013, p.188) “a
fiscalização abstracta de inconstitucionalidade ou de ilegalidade é aquela que é feita
independentemente da aplicação da norma ao caso concreto”. Esta legitimidade é atribuída as
__________________________
2 GOUVEIA, Jorge Bacelar (2005). Manual de Direito Constitucional, Apud António Chuva, et
al. (2012). Estudos de Direito Constitucional Moçambicano – Contributos para a reflexão. CFJJ-
FDUEM-ISCTEM, Maputo, pág. 467.
4 https://www.venice.coe.int/WCCJ/Rio/Papers/MOZ_Conselho_Constitutional_por.pdf
O Presidente da República;
O presidente da Assembleia da República;
Um terço, pelo menos, dos deputados da Assembleia da Republica;
O Procurador – Geral da República;
O Provedor de Justiça e por fim;
Dois mil cidadãos.
Pelo que, fora dos sujeitos processuais acima mencionados nenhuma outra pode solicitar
apreciação sucessiva abstraída da Constitucionalidade das normas judiciadas junto ao Conselho
Constitucional.
Na fiscalização sucessiva concreta, o legislador constituinte determina no artigo 213 que “ Nos
feitos submetidos ao julgamento, os tribunais não podem aplicar leis ou princípios que ofendam a
Constituição”. Esta ocorre única e exclusivamente nos tribunais no âmbito da aplicação das normas
pode juiz. O legislador proíbe aos Juízes a aplicabilidade de normas que sejam contrárias a
Constituição, devendo ser remetidos ao Conselho Constitucional sempre que assim se manifestar.
A Constituição consagra a supremacia das suas normas no artigo 2, nº 4, ao dispor que “[a]s normas
constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do ordenamento
O processo constitucional em Moçambique rege-se pelo princípio do pedido (artigos 245, n.º 2,
246, n.º 1 e 247 da CRM e artigo 48, n.º 1, da LOCC). Recai sobre o autor do pedido o ónus de
“...especificar, além das normas cuja apreciação [...] requer, as normas ou princípios
constitucionais violados” (artigo 48, n.º 1, da LOCC). Estas especificações são de tal forma
indispensáveis que a sua “falta, insuficiência ou obscuridade” determina a notificação do autor
para suprir a deficiência” (artigo 48, n.º 2, da LOCC), não devendo o pedido ser admitido
“...quando as deficiências que apresentar não tiverem sido supridas” (artigo 49, n.º 1, da LOCC).
A expressão “concreta” é elucidativa da natureza do controlo, que é feita nos feitos submetidos a
julgamento, em qualquer tribunal, e é oficiosa (portanto sem necessidade do pedido), materializa
o brocardo latino iuri novit cúria. Ao juiz deixa-se uma ampla margem, de interpretação e recusa
de aplicação de uma norma, longe portanto da teorização de MONTESQUIEU, que defendia que
os juízes da nação não eram mais do que “a boca que pronuncia as palavras da lei, seres inanimados
que não podem moderar nem a sua força nem o seu rigor”, “um poder invisível e nulo”4 .A
fiscalização concreta encontra consagração constitucional no art.º. 246.º que distingue duas
situações: uma em que é o próprio juiz que recusa a aplicação de uma normacom fundamento na
sua inconstitucionalidade, recaindo sobre si a obrigação constitucional de remessa para o Conselho
Constitucional178, na outra situação, fala-se do caso de o Procurador-Geral da República ou o
Ministério Público solicite a apreciação abstracta da constitucionalidade ou da legalidade de
qualquer norma, cuja aplicação tenha sido recusada, com a justificação de inconstitucionalidade
ou ilegalidade, por decisão judicial insusceptível de recurso.
Cabe recurso conforme o n.º 1 do art.º 247.º da CRM dos acórdãos e outras decisões Com
fundamento na inconstitucionalidade, desde que recusem a aplicação de qualquer normacom
fundamento na sua inconstitucionalidade. A recusa, de acordo com o Prof. JORGEMIRANDA,
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não tem de ser expressa; pode ser uma recusa implícita, como ocorre quando a decisão do tribunal
extrai consequências correspondentes ao julgamento da norma como inconstitucional.
De acordo com o art.º 72.º da LOCC, «para os efeitos previstos no artigo anterior, proferida a
decisão judicial, o juiz da causa remete oficiosamente os autos, de imediato, ao Conselho
Constitucional, com efeitos suspensivos». Nas palavras de JORGE MIRANDA , o objecto do
recurso é sempre a constitucionalidade (…) de uma norma, e não a constitucionalidade (…) de
uma decisão judicial. Do que se cura é simplesmente, a análise pelo Conselho Constitucional da
norma cuja aplicação, tenha sido recusada.
A norma referida no art.º 246.º deve ser entendida tanto do ponto de vista material, ou seja, do seu
conteúdo, impondo uma regra ou padrão de conduta, como do ponto de vista orgânico, decorrente
de poder normativo público, e para o qual não concorre a vontade do particular, independentemente
de haver abstracção, por causa das leis-medida.
Como dissemos supra, o legislador constituinte podia ter ido muito mais longe, no sentido de
conceder às próprias partes em litígio a possibilidade de recorrer ao Conselho Constitucional, pois
a questão que se coloca, é do incumprimento por parte do Juiz da obrigação de remessa, do art.º
72 da LOCC.
1. O Juiz da causa que se recusar a aplicar uma norma ou princípio com fundamento na sua
inconstitucionalidade ou ilegalidade deve, de imediato, suspender o processo e remetê-lo
obrigatoriamente ao Conselho Constitucional para efeitos da apreciação da alegada questão de
inconstitucionalidade ou ilegalidade.
3. Caso o Juiz da causa, se convença da suscitada inconstitucionalidade, deve proceder nos termos
do número 1 do presente artigo.
Contudo a expressão não é isenta de dúvidas, pois como refere VITALINO CANAS “o que já é
mais grave é não se delimitar claramente o alcance máximo desses efeitos: isto é, a decisão irá
repercutir-se no caso concreto a propósito do qual a questão da constitucionalidade foi suscitada,
mas poderá repercutir-se em qualquer outro caso? Poderá ter, por exemplo, força de precedente,
estando todos os juízes a quem posteriormente se coloque a questão da sua aplicação, obrigados a
desaplica-la? (…) Por estas breves linhas pode-se denotar que no nosso regime de fiscalização
concreta falta uma comunicação mais eficaz entre esta e a fiscalização abstracta, estabelecendo-se
primeiro a obrigatoriedade de recurso para o Conselho Constitucional quando se apliquem normas
anteriormente declaradas inconstitucionais em processo de fiscalização concreta. Impedindo assim
que outro juiz aplique norma anteriormente julgada inconstitucional e de seguida obrigar a um
recurso de inconstitucionalidade já em sede de fiscalização abstracta.
________________________
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MIRANDA, Jorge, Manual de Direito Constitucional, Tomo VI, 1ª Edição, Coimbra Editora,
Coimbra, 2001, pág. 19
As normas constitucionais ocu- pam uma posição de primariedade e supremacia em relação a todas
outras normas legais. Assim, sempre que estas não se conformam com aquelas, está-se em presença
do vício da inconstitucionalidade.
Por conseguinte, urge uma nova orientação na fiscalização da constitucionalidade para garantir
que uma norma que seja inconstitucional ou ilegal e que tenha produzido efeitos e a sua revogação
não tenha eliminado os efeitos que ainda podem ser eliminados, o que pressupõe, como já referido,
a existência de um interesse relevante na eliminação dos efeitos da inconstitucionalidade ou
ilegalidade.
GOUVEIA, Jorge Bacelar (2005). Manual de Direito Constitucional, Apud António Chuva, et al.
(2012). Estudos de Direito Constitucional Moçambicano – Contributos para a reflexão. CFJJ-
FDUEM-ISCTEM, Maputo, pág. 467
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Trad. CRISTINA MURACHO. São Paulo: Martins Fontes,
2005,
Legislação
Lei n.º 2/2022 de 21 de Janeiro, (Lei Orgânica o Conselho Constitucional), Imprensa Nacional de
Moçambique, Maputo.