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Instituto Superior de Ciências e Educação á Distância

Curso de Direito
2o Ano
Cadeira: Direito Administrativo
TEMA: PRINCIPIOS BASILARES QUE NORTEIAM A ADMINISTRAÇÃO EM
MOCAMBIQUE

O/A Tutor/a:

Discente:
Cristina Lucas Cumbula

Maputo, Abril de 2021


INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DE EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA

CURSO DE DIREITO

2º ANO

NOME DA ESTUDANTE: CRISTINA LUCAS CUMBULA

TRABALHO DE CAMPO :

PRINCÍPIOS BASILARES QUE NORTEIAM A ADMINISTRAÇÃO EM


MOCAMBIQUE

MAPUTO, ABRIL DE 2021


ÍNDICE

1.Introdução .................................................................................................................................... 1

1.2.Objectivos ............................................................................................................................... 2

1.3. Metodologia ............................................................................................................................ 3

1.4. Administração Pública ............................................................................................................ 4

1.4.1. Características da Administração Pública em Moçambique ................................................. 4

1.4.2. Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 2004.............................. 5

1.5. Princípios Basilares que norteiam a Administração em Moçambique .................................... 6

1.6. Princípios da Organização da Administração Pública que devem ser tomados em


consideração .................................................................................................................................... 9

1.7. O papel de Adminstração Pública em Moçambique .............................................................. 10

2.Conclusão................................................................................................................................... 11

3.Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 12


1.INTRODUÇÃO

O presente trabalho de campo, é sobre Princípios basilares que norteiam a Administração


em Moçambique
A administração pública em Moçambique passou por um longo processo de evolução e foi
dominada desde o período colonial ate ao Moçambique independente pelo ciclo de centralização
e descentralização da mesma.

Foi também caracterizada sobretudo no período colonial por um volume de decretos que muitas
vezes ficavam nos papéis ou em teoria devido a debilidade financeira e consequente dependência
do capital internacional.

Da independência a terceira Republica a administração foi introduzindo reformas em virtude do


alinhamento, em primeiro lugar com relação a vontade dos parceiros de cooperação e em segundo
lugar em função da satisfação dos utentes.

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1.2. Objectivos

Geral
Saber e entender a importância de princípios basilares que norteiam a Administração Pública
em Moçambique.

Específicos
Identificar os Princípios da Organização da Administração Pública; e
Conhecer o papel de Adminstração Pública em Moçambique.

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1.3. Metodologia
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, por estar em concordância e harmonia com o
tema proposto. Baseado em legislações vigentes, que tratam bem o assunto. A coleta foi feita
através de livros, materiais impressos e sites da internet.

Prosseguindo-se, buscou-se a adoção de alguns critérios para uma revisão bibliográfica com todo
o material que foi coletado. Em busca de melhor entender os elementos utilizados, os dados foram
tratados de uma forma qualitativa, examinando os itens em destaque segundo os fenômenos
ressaltados pelos autores.

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1.4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Administração Pública ou Gestão da Organização Pública é o conjunto de órgãos, serviços e


agentes do Estado, que asseguram a satisfação das necessidades da colectividade, sejam elas:
segurança, saúde, educação, em resumo, o bem-estar da população (CHIAVENATO, 2008).

Em sentido amplo, a Administração Pública, subjectivamente considerada, compreende tanto os


órgãos governamentais, supremos, constitucionais (Governo), aos quais incumbe traçar os planos
de acção, dirigir, comandar, como também os órgãos administrativos, subordinados, dependentes
(Administração Pública, em sentido estrito), aos quais incumbe executar os planos
governamentais; ainda em sentido amplo, porém objectivamente considerada, a administração
pública compreende a função política, que traça as directrizes governamentais e a função
administrativa, que as executa;

Segundo ensina Maria Sylvia Zanella DI PIETRO o conceito de administração pública divide-se
em dois sentidos: “Em sentido objectivo, material ou funcional, a administração pública pode ser
definida como a actividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de
direito público, para a consecução dos interesses colectivos. Em sentido subjectivo, formal ou
orgânico, pode-se definir Administração Pública, como sendo o conjunto de órgãos e de pessoas
jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado”. Podemos então
definir a organização pública como um sistema complexo de estrutura e redes que interactuam
para resolver problemas públicos (MADUREIRA, 2005).

No entendimento do Governo de Moçambique e como definido no seu Plano Estratégico de


Desenvolvimento da Administração (PEDAP, também conhecido por ERDAP, 2011-2025 a
Administração Pública é “um conjunto de órgãos, serviços e funcionários e agentes do Estado,
bem como das demais pessoas colectivas públicas que asseguram a prestação de serviços públicos
ao cidadão” (MAE, 2011).

1.4.1. Características da Administração Pública em Moçambique


Desde a independência a administração pública em Moçambique sofreu várias alterações tendo
apresentado as principais características (Rev. Adm. Pública — Rio de Janeiro 48 (3): 551-570,
Maio/Jun. 2014):

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1975-87: Exercício do controle e autoridade das estruturas administrativas de nível central e falta
de autonomia e de poder de decisão dos governos locais (províncias e distritos).

1987-90-2001: Surgimento da administração indirecta do Estado, privatização e criação de formas


descentralizadas de gestão pública e estabelecimento de estruturas administrativas autónomas.

2001-2004:Transformações do modelo de administração tradicional, modernização e


institucionalização primeiramente de princípios da Nova Gestão Pública (NGP) e mais
recentemente do Novo Serviço Público (NSP).

1.4.2. Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 2004

A Constituição da República de Moçambique de 2004, passou a ser constituído pelo Conselho de


Ministros, da qual o Presidente da República é quem preside, seguido do Primeiro-Ministro e
outros Ministros. No entanto podem ser convocados para participar em reuniões do Conselho de
Ministros os Vice-Ministros e os Secretários de Estado e que na sua actuação, o Conselho de
Ministros observa as decisões do Presidente da República e as deliberações da Assembleia da
República.

Em suma a Administração Pública a luz da Constituição de 2004, tem em primazia servir os


interesses públicos e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Igualmente os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei, baseando pelos
princípios de igualdade, imparcialidade, ética e justiça patente no art. 249 da Constituição da
Republica de Moçambique.

A Administração Pública estrutura-se com base no princípio de descentralização e


desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos serviços.
Promove a simplificação de procedimentos administrativos e a aproximação dos serviços públicos
aos cidadãos, art. 250 da CRM, coadjuvado com o Decreto nº 30/2001 de 15 de Outubro que aprova
as Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública estabelecendo os princípios
da actuação da Administração Pública, Principio da legalidade, Principio da prossecução do
interesse público e protecção dos direitos e interesses dos cidadãos.Órgãos Locais do Estado.

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1.5. Princípios Basilares que norteiam a Administração em Moçambique

A Administração Pública (adiante, a “AP”), segundo a CRM, serve o interesse público e a sua
actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.1 Desta forma, na sua
actuação, os órgãos da AP devem obedecer à CRM e à lei e respeitar os princípios da igualdade,
da imparcialidade, da ética e da justiça.2

A AP e os seus respectivos agentes, funcionários e titulares de órgãos estão sujeitos aos seguintes
princípios, conforme disposto pela Lei 14/2011 e pelo Decreto 30/2001:3
• Princípio da legalidade: Determina a actuação em obediência à lei e ao Direito e dentro dos
limites e fins dos poderes conferidos;

• Princípio da prossecução do interesse público: Determina que o interesse público deve ser o
fim principal da AP, sem contudo deixar de respeitar os direitos e interesses protegidos dos
particulares;

• Princípio da igualdade e da proporcionalidade: Proíbe qualquer privilégio ou prejuízo razão


de factores subjectivos ou convicções particulares ou sociais da AP, bem como determina a
necessidade de se optar, a cada momento, pelas medidas legais que acarretem consequências
menos graves aos particulares;

• Princípio da justiça e da imparcialidade: Proíbe a discriminação e a participação nos actos,


contratos ou decisões em que se tenha interesse próprio ou estejam em causa interesses de
personalidades e ou entidades próximas, tal como cônjuge, unido defacto, parente, afim4;

• Princípio da transparência: Determina a necessidade de publicidade da actividade


administrativa, dos regulamentos e demais normas de forma a informaratempadamente os
particulares, a sujeição da AP à fiscalização e auditoria e, ainda, aproibição de aceitação de
benefícios para favorecer uns em detrimento de outros.

• Princípio da boa-fé: Determina que, tanto a AP como os particulares devem basear a sua
actuação na confiança mútua e nos valores fundamentais do Direito.

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• Princípio da participação dos particulares: Determina que a AP deve promover a participação,
assim como a defesa dos interesses dos particulares na formação das decisões que lhes digam
respeito;

• Princípio da colaboração da AP com os particulares: Determina que a AP deve mostrar


abertura para prestar informações e esclarecimentos aos particulares, bem como estimular a
participação dos particulares. Adicionalmente, estabelece que a AP é responsável pelas
informações prestadas por escrito aos particulares, mesmo que não sejam obrigatórias.

• Princípio da decisão: Determina a obrigação de decidir sobre os assuntos apresentados pelos


particulares, seja em defesa de interesses próprios ou gerais.

• Princípio da desburocratização, eficácia e da eficiência: Determina a necessidade de uma


estrutura administrativa que garanta maior proximidade dos particulares e respostamais céleres e
eficazes.

• Princípio da responsabilização da AP: Determina que a AP responde pelos actos ilegais dos
seus órgãos, funcionários e agentes no exercício das suas funções de que resultem danos a
terceiros, sem prejuízo do direito de regresso;

• Princípio da Ética : A ética compreende um conjunto de regras e princípios que procuram


estimular e criar valores comuns aos membros de um grupo. No caso de uma organização pública
(ex. associação), a ética representa a forma pela qual, as normas morais de cada um se aplicam às
actividades e aos objectivos da associação e reflecte as escolhas que os membros da mesma fazem
no que diz respeito às suas próprias actividades e às dos restantes elementos da associação.

• Princípio da fundamentação dos actos administrativos: Determina o dever de fundamentar os


actos que impliquem o indeferimento de um pedido ou a revogação, alteração ou suspensão de
actos anteriores.

• Princípio da gratuidade: Determina que, como regra geral, o procedimento administrativo é


gratuito, salvo se legal e expressamente for fixado o contrário. Adicionalmente, perante
comprovada situação de insuficiência económica, o particular poderá ser isento do pagamento de
taxas, emolumentos e demais custos.

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• Princípio do acesso à justiça e ao Direito: Determina o direito de acesso aos tribunais na defesa
dos direitos e interesses legítimos dos particulares.

______________________
1
CRM, Artigo 249.
2
CRM, Artigo 249

3
Lei 14/2011, Artigos 4 a 17 e Decreto 30/2001, Artigo 4 a 14.
4
A lei indica as situações de conflito de interesse em que o titular do órgão, o funcionário e o
agente da AP não devem participar em procedimento administrativo, em acto ou em contrato
administrativo, bem como os mecanismos para declaração do impedimento e a sanção pela falta
desta declaração, que seria a anulabilidade do procedimento, acto ou contrato em casa, se outra
sanção não for especificamente fixada.

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1.6. Princípios da Organização da Administração Pública que devem ser tomados em
consideração

A Lei 7/2012 define os princípios da organização da AP, e contém os seguintes princípios que

também devem ser tomados em consideração:5

a. Princípio da desconcentração e descentralização;


b. Princípio da desburocratização e simplificação de procedimento;
c. Princípio da unidade de acção e de poderes de direcção do Governo;
d. Princípio da coordenação e articulação dos órgãos da AP;
e. Princípio da fiscalização e supervisão através de órgãos administrativos;

f. Princípio da supervisão da AP pelos cidadãos (através de consultas e audiências públicas,


elaboração de relatórios e estudos independentes, direito de petição e denúncia de irregularidades,
entre outros);

g. Princípio da modernização, eficiência e eficácia;


h. Princípio da aproximação da AP aos cidadãos;
i. Princípio da participação do cidadão na gestão da AP;
j. Continuidade do serviço público;

k. Princípio da estrutura hierárquica (caracterizado pelo poder de instrução e ordem do superior


hierárquico sobre os seus subalternos, bem como de solicitar informações, confirmar, rever,
modificar, suspender ou revogar actos dos subalternos e aplicar sanções disciplinares, nos termos
da lei); e,

l. Princípio da responsabilidade pessoal (este princípio determina a responsabilidade civil,


criminal, disciplinar e financeira dos titulares de órgãos da AP, seus funcionários e demais agentes
pelos actos e omissões ilegais que pratiquem no exercício das suasfunções, sem prejuízo da

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responsabilidade solidária do Estado. Para o efeito é igualmente prevista a possibilidade de uso de
contratos-programa e estabelecimento de mecanismos de gestão orientados para resultados). Os
particulares podem reagir contra a violação dos princípios da actuação da AP através do uso das
garantias que a lei oferece para a sua protecção, tratadas nas secções seguintes.

1.7. O papel de Adminstração Pública em Moçambique

Em Moçambique, a administração pública, através dos respectivos serviços públicos é o


instrumento através do qual o estado materializa a vontade dos cidadãos. Com efeito, os artigos
249 e 250 da CRM, e respectivos números, estabelecem que a administração pública serve o
interesse público e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.

Os seus órgãos obedecem à Constituição e à lei, e actuam com respeito pelos princípios da
igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça. Ainda, a administração pública estrutura-se com
base no princípio de descentralização e desconcentração, promovendo a modernização e a
eficiência dos seus serviços sem prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do
Governo.

Por seu turno, o Decreto no. 30/2001, de 15 de Outubro, define no seu artigos 5 e 6os princípios
de actuação dos serviços da administração pública, dos quais se pode destacar o princípio da
prossecução do interesse público e protecção dos direitos e interesses dos cidadãos; e o princípio
de justiça e de imparcialidade.

______________________________
5
Lei 7/2012, Artigos 4 a 17.

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3. Conclusão
Desta elaboração pode-se concluir que, a Administração Pública no intuito de concretização de
seu fim essencial que é o bem-estar da coletividade deve guiar-se em suas atividades pelos
denominados Princípios da Administração Pública.

Almejando a concretização do objetivo precípuo da Administração Pública que é o bem-estar


social, gerindo os recursos públicos do povo e para o povo, o gestor deve guiar-se pelos Princípios
da Administração Pública, embasando todos os seus atos promovendo a simplificação de
procedimentos administrativos e a aproximação dos serviços públicos aos cidadãos, art. 250 da
CRM, coadjuvado com o Decreto nº 30/2001 de 15 de Outubro que aprova as Normas de
Funcionamento dos Serviços da Administração Pública estabelecendo os princípios da actuação
da Administração Pública, Principio da legalidade, Principio da prossecução do interesse público
e protecção dos direitos e interesses dos cidadãos.

Contudo que apesar de esforços e vontade política do Governo de Moçambique, ainda persistem
muitos problemas de organização e do funcionamento da Administração Pública que constituem
autênticos desafios de momento e para os próximos anos. Estes podem ser agrupados em
problemas estruturais e funcionais.

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2. Referências Bibliográficas
Estratégia de Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025 (ERDAP).
Ministério da Função Pública. 2012. Decreto no. 30/2001, de 15 de Outubro.

Rev. Adm. Pública — Rio de Janeiro 48 (3): 551-570, Maio/Jun. 2014).

Legislação
Decreto nº 30/2001 de 15 de Outubro que aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços da
Administração Pública.

Lei 14/2011, de 10 de agosto.


REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique de 2004, in
Boletim da República, I Série número 51 de 22 de Dezembro de 2004.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 7/2012 de 8 de Fevereiro, Lei que estabelece as bases


e funcionamento da Administração Pública, in Boletim da República, I Série n°6 de 8 de Fevereiro
de 2012.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique actualizada em


2018, in Boletim da República, I Série n° 115 de 12 de Junho de 2018.

Internet
https://www.acismoz.com/wp-content/uploads/2017/06/Rights-Guide-vf-PORT.pdf

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