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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO

Curso de Direito/nocturno /4º ano/turma única.


Discente:
Idalicio Marques Omar

ELEMENTOS DO RECURSO CONTENCIOSO

Nampula, 2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO

Curso de Direito/nocturno /4º ano/turma única.


Discente:
Idalicio Marques Omar

ELEMENTOS DO RECURSO CONTENCIOSO

Trabalho de carácter avaliativo


da cadeira de Contencioso
Administrativo leccionado pela
docente Pincha Morais.

Nampula, 2023
Índice
Introdução...................................................................................................................................1

1. Recursos contenciosos.........................................................................................................2

2. Elementos do Recurso Contencioso....................................................................................3

2.1. Sujeitos.........................................................................................................................3

2.1.1. Legitimidade das Partes........................................................................................3

2.1.3. Legitimidade dos Recorrentes: Os Interessados...................................................4

2.1.4. Legitimidade dos Recorridos................................................................................5

2.1.5. Direito ao Recurso Contencioso...........................................................................5

2.2. Tribunal........................................................................................................................6

2.3. Objecto.......................................................................................................................10

2.4. Pedido.........................................................................................................................10

2.5. Causa de pedir............................................................................................................11

Conclusão..................................................................................................................................12

Bibliografia...............................................................................................................................13
Introdução
O presente trabalho cujo tema é elementos do recuso contencioso enquadra-se no
cumprimento parcial de um dos requisitos exigidos para a cadeira de Contencioso
Administrativo na UCM. Este estudo é o resultado de um trabalho individual, trabalho este de
carácter científico. O tema que nos foi proposto enquadra-se no âmbito do direito público,
tratando-se de elementos do recuso contencioso, concretamente o direito processual civil e o
direito processual administrativo contencioso. O trabalho está estruturado em três partes a
primeira sendo composta pelos elementos pré-textuais onde vão constar os elementos que
compõem o grupo, a natureza do trabalho e uma introdução sobre qual será a realidade do
trabalho. A segunda parte que consubstancia o desenvolvimento do trabalho é onde o grupo
pretende trazer de forma exaustiva os aspectos fundamentais relacionados ao objecto do
trabalho, respectivamente em que consistem as providências judiciais, em especial sobre os
meios processuais acessórios, procurando entender quais são, as suas espécies, os seus
pressupostos trazendo também algumas vicissitudes do que é tramitação das providências
cautelares e analisando o seu regime jurídico por completo, fazendo uma ponte entre a lei do
processo administrativo contencioso e o seu regime subsidiário que é o código de processo
civil. E uma terceira pare, que será composta pelos elementos pós-textuais onde o grupo vai
tecer as conclusões a que chegar ao longo da pesquisa do tema, assim como as suas
recomendações e pareceres. Para a feitura deste trabalho pretendemos realizar uma pesquisa
bibliográfica e documental, e para tal vamos utilizar fontes bibliográficas recomendadas como
os manuais, assim como os dispositivos legais reguladores das matérias referentes aos
recursos e seus elementos, concretamente a lei do procedimento administrativo contencioso
(LPAC) e também a legislação subsidiária da mesma, o Código do processo civil.

1
1. Recursos contenciosos
O recurso contencioso nasceu da necessidade de conciliar o princípio da separação
de poderes com o controlo da actividade administrativa. Pode dizer-se que esta conciliação
indispensável se fez em torno de três conceitos básicos:
 O conceito de acto administrativo, espécie de criação jurídica de um “alvo” em
direcção ao qual se vai orientar a garantia contenciosa;
 O conceito de Tribunal Administrativo, como órgão especializado da Administração (e
não da jurisdição);
 O conceito de recurso contencioso, como meio de apreciação da conformidade legal
de um acto administrativo – o processo feito ao acto.
O recurso contencioso, trata-se de um meio de impugnação de um acto
administrativo, interposto perante o Tribunal Administrativo competente, a fim de obter a
anulação ou a declaração de nulidade ou inexistência desse acto. Com efeito:
 Trata-se de um recurso, ou seja, de um meio de impugnação de actos unilaterais de
uma autoridade pública, é um recurso e não uma acção;
 Trata-se de um recurso contencioso, ou seja, de uma garantia que se efectiva através
dos Tribunais;
 Trata-se de um recurso contencioso de anulação, isto é, o que com ele se pretende e se
visa é eliminar da ordem jurídica de um acto administrativo inválido, obtendo, para o
efeito, uma sentença que reconheça essa invalidade e que, em consequência disso, o
destrua juridicamente.
Nos termos do artigo 32 da Lei n.º 7/2014 (que regula os procedimentos atinentes
ao processo administrativo contencioso), os recursos contenciosos são de mera legalidade e
têm por objecto a declaração de anulabilidade, nulidade e inexistência jurídica dos actos
recorridos, exceptuada qualquer disposição em contrário12.
Ainda no artigo 34 da lei supramencionada, constitui fundamento próprio do recurso
contencioso a ofensa, pelo acto recorrido, dos princípios ou normas jurídicas aplicáveis,
designadamente:
a) A usurpação do poder;

1
Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro - Regula os procedimentos atinentes ao processo administrativo
contencioso.
2
ALMEIDA, Mário Aroso de: - Manual de Processo Administrativo, Almedina, 2010. Pág. 150

2
b) A incompetência;
c) O vício de forma, neste se englobando a falta de fundamentação, de facto ou de
direito, do acto administrativo e a falta de quaisquer elementos essenciais deste;
d) A violação da lei, incluindo-se a falta de respeito pelos princípios da igualdade, da
proporcionalidade, da justiça e da imparcialidade e, ainda, o erro manifesto ou a total
falta de razoabilidade no exercício de poderes discricionários;
e) O desvio de poder3.

2. Elementos do Recurso Contencioso


2.1. Sujeitos
Sujeitos são os intervenientes no processo que, através da sua actividade
processual ou actos processuais, de certo modo condicionam e conformam a tramitação do
processo penal, fazendo-o por lhes assistir ou competir direitos e deveres processuais, pois
estes lhes permitem co-determinar, dentro de certos limites, a concreta tramitação do
processo4.
Os elementos do recurso contencioso são: os sujeitos: são o recorrente, é a pessoa
que interpõe o recurso contencioso, impugnando o acto administrativo; os recorridos, são
aqueles que têm interesse na manutenção do acto recorrido; o Ministério Público; e o
Tribunal.

2.1.1. Legitimidade das Partes


A “legitimidade das partes” é o pressuposto processual através do qual a lei
selecciona os sujeitos de direito admitidos a participar em cada processo levado a Tribunal.
A luz do artigo 44 da LPAC, Têm legitimidade para interpor recurso contencioso os que se
considerem titulares de direitos subjectivos ou interesses legalmente protegidos que tivessem
sido lesados pelo acto recorrido, quando tenham interesse directo, pessoal e legítimo na
interposição do recurso. A legitimidade processual é uma posição das partes em relação ao
objecto do processo, posição tal que justifica que elas possam ocupar-se em juízo desse
objecto.
No recurso contencioso de anulação, há três espécies de legitimidade processual: a
legitimidade dos recorrentes, a legitimidade dos recorridos, e a legitimidade dos assistentes.
Comecemos pela legitimidade dos recorrentes. Há três tipos de recorrentes com legitimidade
para interpor o recurso contencioso de anulação:
3
Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro - Regula os procedimentos atinentes ao processo administrativo
contencioso.
4
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, pág 123.
3
1. Os interessados;
2. O Ministério Público;
3. Os titulares da acção popular.

2.1.3. Legitimidade dos Recorrentes: Os Interessados


Aquele em que um particular recorre de um acto administrativo inválido que o
prejudica.
Para ter legitimidade processual, o particular que queira recorrer de um acto
administrativo tem que demonstrar, por um lado, que é titular de um interesse na anulação
desse acto, e por outro, que esse interesse reúne as seguintes características: é um interesse
directo, é pessoal, e é legítimo.
A pessoa pode dizer-se interessada quando espera obter da anulação desse acto
um benefício e se encontra em posição de o receber. Portanto, “interessado” é aquele que
espera e pode obter um benefício da anulação do acto5.
O interesse diz-se “directo” quando o benefício resultante da anulação do acto
recorrido tiver repercussão imediata no interessado. Ficam, portanto, excluídos da
legitimidade processual aqueles que da anulação do acto recorrido viessem a retirar apenas
um benefício mediato, eventual, ou meramente possível.
O interesse diz-se “pessoal” quando a repercussão da anulação do acto recorrido
se projectar na própria esfera jurídica do interessado.
O interesse diz-se “legítimo” quando é protegido pela ordem jurídica como interesse do
recorrente6.
A aceitação do acto recorrido (ou ilegitimação processual daqueles que aceitaram
o acto): para que o interesse subsista é, no entanto, ainda preciso que o interessado não tenha
aceitado o acto em causa.
Em consequência, quem aceitar o acto administrativo não tem legitimidade para
recorrer dele – o que aliás bem se compreende, porque a aceitação equivale à perda do
interesse no recurso.
Citação dos Contra-interessados: os contra-interessados, são aquelas pessoas
titulares de um interesse na manutenção do acto recorrido, oposto portanto ao do recorrente.
São os demais recorridos, ou os interessados a quem o provimento do recurso possa
directamente prejudicar.

5
RATO, António Esteves Fermiano: - Contencioso Administrativo. Novo Regime Explicado e Anotado. pag.
312
6
Idem. Pág. 312.
4
Coligação de recorrentes: podem coligar-se no mesmo recurso vários recorrentes
quando todos impugnem, com os mesmos fundamentos jurídicos, actos contidos num único
despacho ou noutra forma de decisão artigo 47 da LPAC.

2.1.4. Legitimidade dos Recorridos


Quanto ao recorrido público, ou autoridade recorrida, não há nada de especial a
assinalar: tem legitimidade, a esse título, o órgão da Administração Pública que tiver
praticado o acto administrativo de que se recorre.
Quanto aos recorridos particulares, ou contra-interessados, a lei define quem são
ou quais entre eles têm legitimidade. Quer dizer: os contra-interessados, são os particulares
que ficaram directamente prejudicados se o recurso tiver provimento e, portanto, se o acto
recorrido for anulado, artigo 50 da LPAC.Legitimidade dos Assistentes
Finalmente, e pelo que respeita à legalidade dos assistentes, a matéria vem
regulada no art. 51 da LPAC, onde se estabelece que, uma vez tomada a iniciativa de interpor
recurso contencioso por quem tenha para tanto interesse directo, pessoal e legítimo, podem
outras pessoas “vir em auxílio do recorrente ou de algum dos recorridos”, para reforçar a
posição processual destes, ajudando-os a triunfar7.
O requisito da legitimidade é, neste caso, o de que o assistente tenha um interesse
legítimo no triunfo da parte principal que quer coadjuvar; esse interesse deverá ser idêntico ao
da parte assistida, ou pelo menos com ele conexo8.
A posição do assistente no recurso é a de parte acessória, auxiliar e subordinada.

2.1.5. Direito ao Recurso Contencioso


Os particulares têm direito ao recurso contencioso. É um Direito Subjectivo
público, que nenhum Estado de Direito pode negar aos seus cidadãos. A garantia
constitucional do direito ao recurso contencioso abrange:
a) A proibição de a lei ordinária declarar irrecorríveis certas categorias de actos
definitivos e executórios;
b) A proibição de a lei ordinária reduzir a impugnabilidade de determinados actos a
certos vícios;
c) A proibição de em lei retroactiva se excluir ou afastar, por qualquer forma, o direito ao
recurso.

7
Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro - Regula os procedimentos atinentes ao processo administrativo
contencioso.
8
Ibidem.
5
A jurisprudência constitucional considera que o direito ao recurso contencioso é
um Direito fundamental, por ter natureza análoga à dos Direitos, Liberdades e Garantias
consagrados na Constituição, aplicando-se-lhe portanto o regime destes (art. 48º CRM)9.

2.2. Tribunal
De acordo com os arts. 212 e ss da CRM os tribunais são órgãos de soberania aos
quais compete exercer a função judicial10.
O principal factor determinante da competência dos Tribunais Administrativos no
âmbito dos recursos contenciosos é a categoria do autor do acto recorrido. A natureza da
questão controvertida passou a constituir também factor relevante em 1996, tendo passado a
existir um Tribunal Central Administrativo que, no âmbito do recurso contencioso, possui
competência especializada em função da matéria, nas questões relativas ao funcionalismo
público11.
Nos termos do artigo 227 da CRM, o Tribunal Administrativo é o órgão superior
da hierarquia dos tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros.
O controlo da legalidade dos actos administrativos e da aplicação das normas
regulamentares emitidas pela Administração pública, bem como a fiscalização da legalidade
das despesas públicas e a respectiva efectivação da responsabilidade por infracção financeira
cabem ao Tribunal Administrativo. A luz do artigo 228 da CRM, o Tribunal Administrativo é
composto por juízes conselheiros em número estabelecido por lei12.
Relativamente a competência do Tribunal Administrativo, nos termos do artigo
229 da Constituição da República de Moçambique, o Tribunal é competente em:
a) Julgar acções que tenham por objecto litígios emergentes das relações jurídicas
administrativas;
b) Julgar os recursos contenciosos interpostos das decisões dos órgãos dos Estado, dos
respectivos titulares e agentes; Conhecer dos recursos interpostos das decisões
proferidas pelos tribunais administrativos, fiscais e aduaneira;
Compete ainda o tribunal administrativo:
a) Emitir o relatório e o parecer sobre a conta geral do Estado;
b) Fiscalizar, previamente, a legalidade e a cobertura orçamental dos actos e contratos
sujeitos a jurisdição do Tribunal Administrativo;

9
Lei n 1/2018 – Revisa Pontual da Constituição da Pública de Moçambique.
10
Idem.
11
Ibidem.
12
Ibidem.
6
c) Fiscalizar, sucessiva e concomitantemente os dinheiros públicos;
d) Fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros obtidos no estrangeiro, nomeadamente
através de empréstimos, subsídios, avales e donativos13.
A lei regula a organização e o funcionamento do Tribunal Administrativo e os
demais aspecto relativos à sua competência.
O conselho superior da magistratura judicial administrativa é o órgão de gestão e
disciplina da Magistratura Administrativa, fiscal e aduaneira.
Ministério Púbico
O Ministério Público constitui uma magistratura hierarquicamente organizada,
subordinada ao procurador – Geral da República.
O Ministério Público goza de autonomia nos termos da Constituição da República
e da presente Lei. Esta autonomia do Ministério Público caracteriza-se pela vinculação aos
princípios de legalidade, objectividade, isenção e pela exclusiva sujeição dos magistrados do
Ministério Público às directivas e ordens previstas nos termos da presente Lei. Ao MP é
assegurada autonomia funcional e administrativa, cabendo:
a) Orçamento próprio, com os limites fixados nos termos da lei orçamental14;
b) Propor ao Governo, através do Ministro que superintende a área da Justiça, a criação e
extinção dos seus cargos e serviços, bem como a fixação das remunerações dos seus
magistrados, oficiais de justiça, assistentes de oficiais de Justiça e funcionários;
c) Organizar os serviços internos;
d) Praticar actos de gestão própria15.
Compete o Ministério Público, nos termos do artigo 4 da lei orgânica do MP:
a) Representar o Estado junto dos tribunais;
b) Defender o interesse público e os direitos indisponíveis;
c) Defender os interesses jurídicos dos menores, incertos, ausentes e incapazes;
d) Defender os interesses colectivos e difusos;
e) Exercer a acção penal e dirigir a instrução preparatória dos processos-crime;
f) Dirigir a instrução preparatória de processos por infracções tributárias, financeiras e
outros previstos na lei;
g) Zelar pela observância da legalidade e fiscalizar o cumprimento da Constituição da
República, das leis e demais normas legais;
13
Lei n.º 1/2022 de 12 de Janeiro - Lei Orgânica do Ministério Público e o Estatuto dos Magistrados do
Ministério Pública.
14
Idem.
15
Ibidem.
7
h) Participar nas audiências de discussão e julgamento, colaborando no esclarecimento da
verdade e enquadramento legal dos factos, podendo, para o efeito, fazer directamente
perguntas e promover a realização de diligências que visem a descoberta da verdade
material16;
i) Controlar a legalidade das detenções e a observância dos respectivos prazos;
j) Promover a representação ou assistência jurídica do Estado e de outras pessoas
colectivas de Direito público nos processos movidos em tribunais estrangeiros em que
aqueles sejam parte;
k) Intervir, em articulação com os órgãos do Estado, nos processos de extradição e de
transferência de condenados envolvendo outros Estados;
l) Providenciar consulta jurídica, mediante a emissão de pareceres jurídicos em matéria
de estrita legalidade, por determinação da lei ou solicitação dos órgãos do Estado;
m) Fiscalizar os actos processuais de polícia e dos agentes de investigação criminal, nos
termos da lei17;
n) Inspeccionar as condições de reclusão nos estabelecimentos penitenciários e similares;
o) Zelar para que a pena determinada na sentença e o respectivo regime sejam
estritamente cumpridos;
p) Fiscalizar a execução dos contratos de trabalhos dos internos dos estabelecimentos
penitenciários18;
q) Promover a concessão da liberdade condicional;
r) Promover a execução das decisões dos tribunais quando tenha legitimidade;
s) Promover acções de responsabilização financeira dos gestores dos bens e fundos
públicos, nos termos da lei;
t) Exercer o patrocínio oficioso dos trabalhadores e das respectivas famílias, em defesa
dos seus direitos sociais;
u) Realizar inquéritos, inspecções e sindicâncias, ou solicitar a sua realização pelos
órgãos da Administração Pública, nos termos da lei;
v) Participar nas acções de prevenção e combate à criminalidade;
w) Fiscalizar e avaliar o sistema de declaração do património e dos rendimentos de
servidores públicos;

16
Lei n.º 1/2022 de 12 de Janeiro - Lei Orgânica do Ministério Público e o Estatuto dos Magistrados do
Ministério Pública.
17
Idem.
18
Ibidem.
8
x) Emitir parecer, na qualidade de garante da legalidade, sobre os contratos celebrados
entre o Estado e outros entes com valor superior a 600 salários mínimos nacionais da
Função Pública;
y) Exercer outras funções definidas por lei19.
A estrutura do Ministério Público compreende a Procuradoria - Geral da
República, como órgão superior, e os seguintes órgãos subordinados:
a) O Gabinete Central de Combate à Corrupção;
b) O Gabinete Central de Combate à Criminalidade Organizada e Transnacional20;
c) O Gabinete Central de Recuperação de Activos;
d) As Sub-Procuradorias-Gerais da República;
e) As Procuradorias Provinciais da República;
f) Os Gabinetes Provinciais de Combate à Corrupção;
g) Os Gabinetes Provinciais de Recuperação de Activos;
h) As Procuradorias Distritais da República.
São órgãos colegiais do Ministério Público o Conselho Superior da Magistratura
do Ministério Público e o Conselho Coordenador21.
Nos termos do artigo 10 da lei que regula O Ministério Público, o MP é
representado nos tribunais da seguinte forma: a) nos Plenários do Tribunal Supremo, do
Tribunal Administrativo e no Conselho Constitucional, pelo Procurador-Geral da República;
b) nas Secções do Tribunal Supremo e do Tribunal Administrativo, por Procuradores-Gerais
Adjuntos; c) nos Tribunais Superiores de Recurso, por Sub- -Procuradores-Gerais; d) nos
tribunais de escalão inferior por procuradores da República.
Nas Secções de Recurso, nos tribunais de nível provincial, excepcionalmente,
podem representar o Ministério Público, os Sub-Procuradores-Gerais. Nos casos de manifesta
falta de Procuradores da República de uma certa categoria, para representação do Ministério
Público junto de um determinado tribunal, podem ser nomeados interinamente, Procuradores
da República de categoria imediatamente superior ou inferior, por deliberação do Conselho
Superior de Magistratura do Ministério Público. Compete aos titulares dos órgãos do
Ministério Público determinar a substituição de magistrados subordinados nos casos de
impedimento ou ausência temporária, por período não superior a cinco dias. É vedada a

19
Lei n.º 1/2022 de 12 de Janeiro - Lei Orgânica do Ministério Público e o Estatuto dos Magistrados do
Ministério Pública.
20
Idem.
21
Ibidem.
9
representação do Ministério Público por pessoas não investidas das respectivas funções, sob
pena de nulidade dos actos por estes praticados.
Reza o artigo 13 lei do MP que O Ministério Público tem intervenção principal
nos processos, quando:
a) Representa o Estado;
b) Defende o interesse público e os direitos indisponíveis;
c) Defende os interesses dos menores, incertos, ausentes e incapazes;
d) Defende os interesses colectivos ou difusos;
e) Defende outros interesses definidos por lei22.
Nos casos previstos na alínea c), do número 1, do presente artigo, a intervenção
principal do Ministério Público cessa se for constituído mandatário judicial ou se o respectivo
representante legal a ela se opuser, por requerimento no processo.
O Ministério Público intervém nos processos, acessoriamente:
Fora dos casos previstos no número 1, do presente artigo, quando sejam interessados na causa
as autarquias locais, órgãos de governação descentralizada, outras pessoas colectivas de
utilidade pública, incapazes e ausentes, ou a acção vise a realização de interesses colectivos
ou difusos23;
Nos demais casos previstos na lei.

2.3. Objecto
O objecto do recurso é um acto administrativo. Se se impõe um recurso
contencioso sem que haja acto administrativo, o recurso não tem objecto ou fica sem objecto.
Aquilo que se vai apurar no recurso é se o acto administrativo é válido ou inválido. Tal
apuramento faz-se em função da lei vigente no momento da prática do acto – e não em função
da lei que eventualmente esteja a vigorar no momento em que é proferida a sentença pelo
Tribunal24.

2.4. Pedido
O pedido do recurso é sempre a anulação ou declaração de nulidade ou
inexistência do acto recorrido25.

22
Lei n.º 1/2022 de 12 de Janeiro - Lei Orgânica do Ministério Público e o Estatuto dos Magistrados do
Ministério Pública.
23
Idem.
24
RATO, António Esteves Fermiano: - Contencioso Administrativo. Novo Regime Explicado e Anotado,
Almedina, 2004, pág. 234.
25
CARVALHO, Agostinho de: - Reclamações e Recursos no Direito Positivo Português, Bolama, 2010, pág.
10
O pedido ou pretensão é aquilo que o interessado quer do tribunal. De forma
simplificada, considera-se em geral seis espécies diferentes de pretensões, que se distinguem
entre si por aquilo que se pede:
1º Pede-se ao tribunal que, apreciando os argumentos do autor, declare que este se encontra
numa determinada situação jurídica – é proprietário, não é devedor, pedido de simples
apreciação;
2º Pede-se ao tribunal que, com uma decisão sua, produza uma alteração na situação jurídica
do autor – anule uma cláusula de um contrato, dissolva o casamento civil, pedido constitutivo;
3º Pede-se ao tribunal que obrigue o réu a adoptar uma certa conduta – pagar uma divida,
devolver um objecto ao respectivo proprietário, pedido condenatório26;
4º Pede-se ao tribunal que, não tendo o réu adoptado a conduta a que o tribunal o obrigou,
tome medidas que o constranjam a tal, pedido de execução;
5º Pede-se ao tribunal que, enquanto procede a análise de outra pretensão que lhe foi dirigida
pelo interessado, adopte medidas de carácter provisório que evitem que o decurso do tempo
possa inutilizar os efeitos pretendidos pelo autor, pedido cautelar;
6º Pede-se ao tribunal que aprecie uma decisão anteriormente tomada por outro tribunal, que
se considera uma errada aplicação do direito, pedido de recurso27.

2.5. Causa de pedir


A causa a pedir: é a invalidade do acto recorrido, as mais das vezes resultante da
sua ilegalidade. Os Tribunais Administrativos não podem substituir-se à Administração activa
no exercício da função administrativa: só podem exercer a função jurisdicional. Por isso não
podem modificar os actos administrativos, nem praticar outros actos administrativos em
substituição daqueles que reputem ilegais, nem sequer podem condenar a Administração a
praticar este ou aquele acto administrativo28.

26
SILVA, Vasco Pereira da: - O contencioso administrativo no divã da psicanálise: ensaio sobre as acções no
novo processo administrativo”, 2009, pág.138.
27
CAUPER, João – Introdução ao Direito Administrativo, 10ª edição, Lisboa, Âncora editora, 2009, págs.
422423
28
Idem. pág. 456
11
Conclusão
O recurso contencioso, trata-se de um meio de impugnação de um acto
administrativo, interposto perante o Tribunal Administrativo competente, a fim de obter a
anulação ou a declaração de nulidade ou inexistência desse acto. Os elementos do recurso
contencioso são os sujeitos: são o recorrente, é a pessoa que interpõe o recurso contencioso,
impugnando o acto administrativo; os recorridos, são aqueles que têm interesse na
manutenção do acto recorrido; o Ministério Público; e o Tribunal. O objecto do recurso é um
acto administrativo. Se se impõe um recurso contencioso sem que haja acto administrativo, o
recurso não tem objecto ou fica sem objecto. Aquilo que se vai apurar no recurso é se o acto
administrativo é válido ou inválido. Tal apuramento faz-se em função da lei vigente no
momento da prática do acto – e não em função da lei que eventualmente esteja a vigorar no
momento em que é proferida a sentença pelo Tribunal. O pedido do recurso é sempre a
anulação ou declaração de nulidade ou inexistência do acto recorrido. A causa a pedir: é a
invalidade do acto recorrido, as mais das vezes resultante da sua ilegalidade. Os Tribunais
Administrativos não podem substituir-se à Administração activa no exercício da função
administrativa: só podem exercer a função jurisdicional. Por isso não podem modificar os
actos administrativos, nem praticar outros actos administrativos em substituição daqueles que
reputem ilegais, nem sequer podem condenar a Administração a praticar este ou aquele acto
administrativo.

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Bibliografia
 Legislação
Lei n 1/2018 – Revisa Pontual da Constituição da Pública de Moçambique.
Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro - Regula os procedimentos atinentes ao processo
administrativo contencioso.
Lei n.º 1/2022 de 12 de Janeiro - Lei Orgânica do Ministério Público e o Estatuto dos
Magistrados do Ministério Pública.
 Doutrina
ALMEIDA, Mário Aroso de: - Manual de Processo Administrativo, Almedina, 2010
Carvalho, Agostinho de: - Reclamações e Recursos no Direito Positivo Português, Bolama,
1950.
CAUPER, João – Introdução ao Direito Administrativo, 10ª edição, Lisboa, Âncora editora,
2009.
Crespo, Miguel Ângelo Oliveira, Dissertação: “Recurso de Revista no Contencioso
administrativo, Vol I, 2006
Rato, António Esteves Fermiano: - Contencioso Administrativo. Novo Regime Explicado e
Anotado, Almedina, 2004
Silva, Vasco Pereira da: - O contencioso administrativo no divã da psicanálise: ensaio sobre
as acções no novo processo administrativo”, 2009

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