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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS HUMANAS

LICENCIATURA EM DIREITO

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens

Victoria Das Dores David Macocola Faustino

Nampula, 2019
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
LICENCIATURA EM DIREITO

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens Projecto de pesquisa para
elaboração de Monografia Científica que será entregue ao Centro de Recursos de Nampula,
Departamento de Ciências Sociais e Humana, como requisito parcial para obtenção do grau
académico de Licenciatura em Direito.

Candidato Supervisor
________________________________ ________________________________
(Victoria Das Dores David Macocola Faustino) ( Quiabondo Demane)

Nampula, 2019
2

Índice
IV. DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO DE HONRA ............................................................. 6

V. DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ 7

VI. AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 8

VII. Relação de siglas e abreviaturas .............................................................................................. 9

CAPITULO I ................................................................................................................................ 10

1.Introdução .................................................................................................................................. 10

2.Tema: ......................................................................................................................................... 12

3.Delimitação do tema .................................................................................................................. 12

3.1. Objecto de estudo ................................................................................................................... 12

3.2. Âmbito disciplinar ................................................................................................................. 12

3.3.Tempo e espaço....................................................................................................................... 12

4.Objectivos .................................................................................................................................. 13

4.1. Objectivo geral ....................................................................................................................... 13

4.2. Objectivos específicos ........................................................................................................... 13

5. Justificativa ............................................................................................................................... 14

6.Problematização ......................................................................................................................... 15

7.Surge pergunta de partida: ......................................................................................................... 15

8.Hipóteses .................................................................................................................................... 16

9.Fundamentação teórica .............................................................................................................. 16

9.1.Teoria de base ......................................................................................................................... 16

10.Procedimentos metodológicos ................................................................................................. 16

10.1. Técnicas de colecta de dados ............................................................................................... 16

10.2. Tipo de Pesquisa .................................................................................................................. 18


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10.3. Tipo de Abordagem ............................................................................................................. 18

11. Amostragem ............................................................................................................................ 18

11.1. Universo da pesquisa ........................................................................................................... 18

11.2. Amostra ................................................................................................................................ 18

12.Estratégias de análise e interpretação de dados ....................................................................... 19

12.1.Fundamento das unidades de análise .................................................................................... 19

12.2.População e universo ............................................................................................................ 19

13.Descrição e análise de resultados ............................................................................................. 20

13.1.Localização da Provincia de Nampula. ................................................................................. 20

14.Estado de arte (lógica temporal) .............................................................................................. 21

CAPITULO II ............................................................................................................................... 25

15. Direito comparado .................................................................................................................. 25

15.1. Direito internacional de união de facto ................................................................................ 27

16. União de Facto no ordenado jurídico Português ..................................................................... 29

16.1A união de facto na constituição ............................................................................................ 29

16.2. O instituto jurí


dico da união de facto no código civil .......................................................... 32

17. A lei da união de facto ............................................................................................................ 33

CAPITULO III .............................................................................................................................. 33

18. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 33

18.1. A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens ................................. 33

18.2.Direito da Família no ordenado Jurí


dico Moçambicano....................................................... 34

19.Moblidade do Casamento ........................................................................................................ 35

20.Evolução histórica .................................................................................................................... 35

21.Sair de casa união de facto ....................................................................................................... 37

22.Separação de Factos /Separação Judicial de Pessoas e Bens ................................................... 38

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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23.Divórcio ................................................................................................................................... 38

23.1. O divórcio litigioso .............................................................................................................. 39

23.2. Divórcio por mútuo consentimento ..................................................................................... 39

24. A morte como causa de dissolução da união de facto ............................................................ 41

25. Apresentação. Analise e Discussão dos Resultados ............................................................... 41

25.1. Este pode ser invocado por um dos cônjuges quando se violem os seguintes valores
conjugais: ...................................................................................................................................... 41

25.2. O divórcio pode ser obtido de duas maneiras ...................................................................... 41

25.3. Os cônjuges têm de estar de acordo relativamente a três questões ...................................... 42

25.4. O divórcio sem consentimento de um dos cônjuges pode ser pedido por uma das seguintes
razões ............................................................................................................................................ 42

25.5. Separação de facto por mais de um ano consecutivo ........................................................... 43

25.6. Alteração das faculdades mentais ........................................................................................ 44

25.7. Ausência do outro cônjuge sem notícias .............................................................................. 44

25.7. Rotura definitiva da vida em comum ................................................................................... 45

25.8. O dever de respeito .............................................................................................................. 47

25.9. O dever de cooperação ......................................................................................................... 47

25.10. O dever de assistência ........................................................................................................ 48

26.O dever de fidelidade ............................................................................................................... 48

26.1. O dever da coabitação Finalmente, ...................................................................................... 49

26.2. Consequências do Divórcio ................................................................................................. 50

26.3Partilha de bens ...................................................................................................................... 50

26.4. Alimentos entre ex-cônjuges................................................................................................ 53

26.5. Atribuição da casa de morada de família ............................................................................. 55

26.6. Mediação familiar ................................................................................................................ 57

27. Comunhão Geral de Bens ....................................................................................................... 58


A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens
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27.1. Separação de Bens ............................................................................................................... 58

27.2. Comunhão de Bens Adquiridos ........................................................................................... 58

27.3. Outros que os nubentes convencionem ................................................................................ 58

28. O direito ao património ........................................................................................................... 59

29. Distribuição de herança em união de facto pode passar a ser feita com base na Lei .............. 59

29. Conclusão ................................................................................................................................ 61

30. Recomendações....................................................................................................................... 62

31. Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 63

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IV. DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO DE HONRA

Declaro que este trabalho Científico é o resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e de todas fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico.

Nampula, ________ de _____________________ de 2019

________________________________________________

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V. DEDICATÓRIA
Dedico este Trabalho a todos aqueles que me apoiaram de forma directa ou indirecta duranta a
minha caminhada académica e ajudaram-me a tornar esta realização possível.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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VI. AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus omnipotente pelo dom da vida e que me proporcionou o
tempo, força e vida suficiente para a realização dos meus objectivos, e que e em tudo me
protegeu. A minha família agradeço pelo ampoio incondicional e por entenderem as minhas
ausências em eventos familiares e em momentos em que eles de mim porecisaram. Agradeço a
minha Supervisora pelo acompanhamento durante a realização deste trabalho permitindo
concretizar as ideias desenhadas no âmbito desta monografia. Agradeço a todos os docentes do
curso de Direito pela paciência na transmissão de conhecimentos durante os estudos.
Agradeço aos funcionários da faculdade pelo carinho, atenção e paciência dedicada em todos os
momentos que solicitasse a informação.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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VII. Relação de siglas e abreviaturas


ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade
ADPF Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental
Art. Artigo
CC Código Civil
CCA
CFJJ Centro de Formação Juridica e Judiciária
CT
EUA Estados Unidos da América
FMI Fundo Monetário Internacional
FRELIMO Frente de Libertação de Mocambique
GD
IBMWs Instituições Breston Woods
IPAJ
Km Quilómetros

ONU Organização das Nações Unidas

LUF
pags Páginas
RC

RP
STF Supremo Tribunal Federal
STJ
TC Tribunal Comunitario
ULTREL Unidade Técnica de Reforma Legal

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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CAPITULO I

1.Introdução
O presente trabalho de pesquisa, vai debruçar sobre “A ineficácia da união de facto na separação
dos cônjuges e dos bens”. O tema enquadra-se no âmbito do Direito Privado e Público,
concretamente nas cadeiras do Direito da Família e irárecorrer ao Direito Constitucional no qual
vamos aferir os pontos positivos e negativos que surge a necessidade de debate neste trabalho.
O fenómeno da união de facto tem vindo paulatinamente a ganhar importância no panorama
conjugal do nosso país, contrariando a tendência global de diminuição que o casamento tem
sofrido na última década.
Independentemente do espírito que presida à sua escolha união de facto enquanto mera etapa
prévia ao casamento ou como situação conjugal definitiva, a convivência estável entre duas
pessoas, do mesmo sexo ou de sexo diferente, criamos seus membros um espectro de interesse se
de fins comuns, quer a nível pessoal, quer a nível patrimonial, aos quais o Direito não pode ser
completamente alheio. Atento àrealidade sociológica que o rodeia, o legislador português tem
vindo, ao longo das últimas décadas, a adoptar um conjunto de medidas de protecção desta
convivência análoga ao casamento, tendo os esforço culminado na elaboração de um diploma
legal que se ocupa exclusivamente da protecção das uniões de facto.
A alteração da relação conjugal pode revestir duas modalidades, dos quais sejam, a simples
separação judicial de bens, que sóafecta os efeitos patrimoniais e a separação judicial de pessoas
e bens que altera os efeitos pessoais e os efeitos patrimoniais.
No que diz respeito ao perí
odo da sua manifestação vai compreender entre os 2012-2018, em
relação ao espaço geográfico seráde abrangência a nível nacional e em particular na proví
ncia de
Nampula. Identificar os principais aspectos ou consequências que advém da ineficácia da união
de facto na separação dos cônjuges e dos bens. Procedem do à inevitável indagação
relativaaoregimejurídicoaplicávelàsrelaçõespatrimoniaisquesedesenvolvemnaunião de facto, e
confrontando-o, sempre que possível, como regime matrimonial. Buscaremos, neste contexto,
formas de superação da ausência de uma disciplina patrimonial específica para a união de facto,
recorrendo, para tanto, àanálise de alguns instrumentos jurídicos que o direito comum oferece e
que se revelam aptos para os conviventes alcançarem a tão desejada regulamentação patrimonial,
não deixando, contudo, de abordar aquele que para muitos éo instrumento ideal na realização

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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deste fim: o contrato de coabitação. Ao longo da nossa análise não deixaremos de abordar
algumas matérias em que, no nosso entendimento, aos membros da união de facto deveria ser
conferida uma protecção jurídica mais intensa.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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2.Tema:
“A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens"

3.Delimitação do tema

3.1. Objecto de estudo


No que diz respeito ao objecto de estudo deste projecto de pesquisa, éa ineficácia da união de
facto na separação dos cônjuges e dos bens e quais são as suas implicações para a sua
efectivação para a partilha dos bens comuns.

3.2. Âmbito disciplinar


Este trabalho de pesquisa científica enquadra-se no âmbito do Direito Público e Privado,
concretamente nas cadeiras do Direito Família e irárecorrer ao Direito Constitucional, no qual
faz alusão a ineficácia da união de facto na separação de pessoas e bens.

3.3.Tempo e espaço
O tema central deste projecto de pesquisa, faz menção a ineficácia da união de facto na
separação de pessoas e bens, será conduzido na cidade de Nampula e terá por foco o perí
odo
definido no tema. No qual pretendemos saber das causas e identificar as possíveis soluções. E
que, hánecessidade de fazer alusão o perí
odo da sua manifestação do nosso problema que foi a
partir dos anos de 2012- 2018.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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4.Objectivos

4.1. Objectivo geral


 O objectivo central deste projecto de pesquisa éde analisar a ineficácia da união de facto na
separação dos cônjuges e dos bens.

4.2. Objectivos específicos


 Analisar os factores que influenciam a ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges
e dos bens;
 Pretende descobrir se as leis existentes no âmbito aplicação e protecção dos casamentos que
constitui um dos direitos fundamentais no ordenamento jurídico moçambicano, caso concreto
na província de Nampula;
 Permite analisar o nível de eficácia das leis na organização e funcionamento dos processos de
separação judicial de cônjuges dos bens.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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5. Justificativa
A separação judicial de bens é o regime que só põe termo às relações patrimoniais entre os
cônjuges, relativamente aos quais passa a vigor depois de decretada àseparação judicial de bens
pelo tribunal em acção de carácter litigioso.
Actualmente o que se dáênfase sobre a situação da união de facto em Moçambique épelo facto
de existir separação dos cônjuges e dos bens que uma das partes pode sair prejudicada, isto é,
não beneficiar nada dos bens adquiridos na constância da relação vividos entre ambos durante
vários anos, partilhando cama e mesa.
Sendo assim, no tocante aos efeitos pessoais, os membros da união de facto, vivendo em
condições semelhantes às dos cônjuges estarão vinculados por diversos deveres, como sejam o
dever de respeito e confiança, o dever de solidariedade, o dever de assistência, o dever de
coabitação e o dever de fidelidade.
No que diz respeito a efeitos patrimoniais, estabelece-se que àunião de facto aplica-se o regime
da comunhão de adquiridos, nos termos do nº2 do art.203ºda Lei nº10/2004, de 25 de Agosto,
que aprova a Lei da Família, regime que permite, ao lado dos bens próprios de cada um dos
cônjuges, haver ou poder haver bens comuns, bens que aqueles fazem seus, na vigência do
casamento. Quer dizer, os membros da união de facto participam no património comum por
metade no activo e no passivo, sendo nula qualquer estipulação em sentido diverso.

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6.Problematização
O casamento une não só duas pessoas de sexo diferente, mas também duas famílias nas
dimensões do próprio acordo de vontade dos nubentes.Assim sendo, o Estado reconhece e
protege, nos termos da lei, o casamento como instituição que garante a prossecução dos
objectivos da família.
Os principais problemas enfrentados pelo sistema da Administração da Justiça, Assuntos
Constitucionais e Religioso são: o não reconhecimento da união de facto como casamento oficial,
a simples separação judicial de bens, só alterando as relações de carácter patrimonial com
afectação dos respectivos efeitos.
A união de facto é reconhecida como entidade familiar, para efeitos patrimoniais, assim
protegendo-se muitas mulheres e crianças que ficavam desprotegidas após a dissolução das
uniões de facto, por não se achar regularizada a situação daquelas, pelo facto de o homem, as
mais das vezes, se escusar a assumir a responsabilidade dos seus actos.
Constitui um dos problemas na união de facto, segundo FRANCISCO PITÃO, (2000: pág.111),
que a pratica das relações sexuais por um dos companheiros com terceira pessoa apenas é
reprovável no plano ético ou social, podendo gerar censura das pessoas com quem o casal
convivesse, a qual não tem qualquer relevância jurídica, muito embora possa ser fonte de
obrigação de indemnizar nos termos gerais.
No entanto, a separação judicial de bens, pode ser requerida por qualquer dos cônjuges quando
houver perigo de perda de bens próprios ou comuns por má administração do outro cônjuge,
artigos 170ºcom os fundamentos consagrados no artigo 175º, todos da Lei nº10/2004, de 25 de
Agosto, que aprova a Lei da Família. Face às dificuldades aqui, arrolados importa alegar ou
levanta-se alguma questão interrogativa: Atéque ponto a união de facto seráconsiderada como
casamento oficial em Moçambique?

7.Surge pergunta de partida:


Será que, por força do princípio da liberdade contratual, as partes têm faculdades, dentro dos
limites da lei, celebrar contractos diferentes dos previstos na lei? Ou seja, as formas de
superação da ausência de uma disciplina patrimonial específica para ma união de facto?

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8.Hipóteses
 A falta de conhecimento da existência de uma lei que faz menção a ineficácia da união de
facto na separação dos cônjuges e dos bens;
 A falta de uma lei específica, influência muito para a existência dos problemas de separação
dos cônjuges e dos bens na união de facto;
 A separação assenta na culpa, como sanção contra o cônjuge ofensor, sendo assim o tribunal
deve declarar que ambos os cônjuges são culpados ou apenas um deles.

9.Fundamentação teórica

9.1.Teoria de base
O tema é de extrema importância, visto que a ineficácia da união de facto na separação dos
cônjuges e dos bens pode constituir uma das formas de oficializar a união de facto como
casamento.
No que diz a orientação deste projecto de pesquisa, dá-nos entender que, a ineficácia da união de
facto na separação dos cônjuges e dos bens, é de grande importância e benéfico para o
desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, e torna-se como uma ferramenta para desvendar os
males a sociedade na actualidade.
Para ANTUNES VARELA (1999: pág.537) é essencial que o facto invocado sensibilize
grandemente o cônjuge ofendido, que a vida em comum tenha cessado, tenha incompatibilizando
o ofendido e ofensor, como marido e mulher, não devendo ser considerado como relevantes
bombagens que sustentem o capricho dos cônjuges nem irrelevantes ou desculpáveis falta e de
difícil perdão, lembrando que o Estado não pode, nem quer, exigir dos cônjuges que eles sejam
santos em esperança, heróis em virtude ou mártires em paciência.

10.Procedimentos metodológicos

10.1. Técnicas de colecta de dados


A colecta de informações foi feita pela técnica de consulta bibliográfica, observação directa, uso
do questionário, estudo documental e entrevista. A escolha destas actividades e estratégias para
viabilizar a proposta centra-se no facto de:
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Observação directa, constitui fonte de obtenção de conhecimentos diários para o homem sobre si
próprio, e sobre o mundo que o rodeia – pessoas, coisas, factos (DIAS et all, 2008:64).
“Pela observação vulgar se conhece e aprende sobre o que éútil e necessário para sua vida,
desde coisas muito simples como, por exemplo (…) qual o estado de humor do chefe pela
fisionomia que apresenta” (RUDIO, 1999:14 apud DIAS et all, 2008:64).
Dada sua relevância usar-se-á a observação científica que consiste na complementaridade
aprofundamento e enriquecimento na observação vulgar, de forma a dar maior validade, eficácia
e fidedignidade cujo seu sob capítulo seráa sistemática visto que atinge os padrões desejados no
alcance dos objectivos;
Entrevista, achou-se conveniente por ser um instrumento básico para recolha de dados. A
entrevista é uma conversa entre um entrevistador e um entrevistado que tem o objectivo de
extrair determinada informação do entrevistado, antecedida de uma preparação que contempla a
selecção de tópicos, elaboração de questões, consideração do tipo de análise e preparação de um
plano de entrevista a efectuar (MOSER e KALTON, 1971 apud BELL, 1997: 118).
Questionário, por ser um conjunto de questões previamente elaboradas, sistemática e
sequencialmente dispostas em itens que constituem o tema a pesquisar, com objectivo de suscitar
dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que os informantes opinem.
O questionário deve conter uma estrutura lógica, deve ser preciso, a linguagem deve ser simples
e acessível ao informante evitando perguntas ambíguas que suscitem duplo sentido.
Para CHIZZOTTI (2000:55) apud DIAS et all (2008:70), considera que “é o veículo de pesquisa
que utiliza impressos preparados para receber respostas a todas as perguntas necessárias para um
levantamento onde previamente são elaboradas e dispostas na melhor sequência, na forma mais
agradável para facilitar o preenchimento de evolução”.
Fontes documentais, uma vez que elas constituem a fonte primária, isto é, de primeira mão, por
outra são documentos elaborados, escritos ou não que servirão de fonte de informação para a
pesquisa científica (IVALA, 1999:4).
“Os documentos constituem fonte rica e estável de dados, eles subsistem ao longo do tempo,
sendo por isso a mais importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica”
(IVALA, 1999:7).

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10.2. Tipo de Pesquisa


A pesquisa éeminente descritiva, com finalidade de observar, registar e analisar os fenómenos
sem entrar no mérito de seu conteúdo. Aqui, não háinterferência do investigador, apenas procura
perceber o necessário com cuidado, a frequência com que o fenómeno acontece. Esta, usa
padrões textuais como questionários para identificação da informação pretendida.

10.3. Tipo de Abordagem


Qualitativa, afirmada como promissora possibilidade de investigação em pesquisas realizadas na
área de educação. A pesquisa qualitativa observa o facto no meio natural, por isso é também
denominada naturalista porque não envolve manipulação de variáveis, nem tratamento
experimental e o estudo do fenómeno natural. Este tipo de pesquisa permite que se chegue bem
perto da escola para perceber como operam os mecanismos de opressão e de contestação.
A realização de uma pesquisa etnográfica dá-se a partir da pergunta: “o que está acontecendo
aqui?” Responder essa pergunta permite com que o familiar se torne estranho e o comum se
torne problemático e, com isso, muitos dados se tornem visíveis e possíveis de serem
sistematicamente documentados (ERICKSON, 1989).

11. Amostragem

11.1. Universo da pesquisa


Constitui universo do presente trabalho de pesquisa a população da província de Nampula.

11.2. Amostra
Constitui amostra deste projecto de pesquisa para a materialização do nosso trabalho que irá
compreender um universo de (25) profissionais distribuídos das seguintes maneiras: (5)
Magistrados Judiciais, (5) Magistrados do Ministério Público, (5) Advogados ou Técnicos
Superiores de Assistência Jurí
dica do IPAJ, esses profissionais beneficiaram de uma entrevista, e
(10) pessoas serão inqueridos sobre as questões relacionadas com as causas e as possíveis
consequências que advém da ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens.

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12.Estratégias de análise e interpretação de dados


Em princípio este trabalho combinou com dois métodos, embora o da natureza qualitativa tenha
sido o mais empregue. Isto porque os dados numéricos auxiliam a compreender a relevância da
abordagem. E, analiticamente, a aplicação de uma abordagem qualitativa, justifica-se por ser
uma forma adequada para entender melhor a natureza do problema do próprio trabalho.
Assim, a estratégia de análise e interpretação de dados envolvera a elaboração de categorias,
tendo em vista a exaustividade, o que permitira a inclusão de todos os elementos relativos a
principal abordagem do trabalho; homogénea, em que as categorias basearam-se em um mesmo
principio de classificação, a objectividade e fidelidade.
Também irei usar a análise de conteúdos que é um conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter, através de procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do
conteúdo das mensagens, indicadores que permitem inferir conhecimento relativos às condições
de produção ou de recepção dessas mensagens. (BARDIN, 1979:31).

12.1.Fundamento das unidades de análise


De uma forma geral, a selecção destas unidades tem a ver com o grau de conhecimento do
processo, assim como o nível do seu envolvimento no processo de resolução de conflitos. O
problema proposto para pesquisar é, de certa forma, do conhecimento destas unidades, évivido
por estes grupos sociais, o que os levou, obviamente, trazer elementos mais aprofundados do
problema. Ainda as referidas unidades de análise são compostas de indivíduos (membros dos
tribunais comunitários) com capacidade para atender as necessidades da população.
No geral, os cidadãos e os membros dos tribunais comunitários serão parte integrante das
unidades de análise do presente trabalho.

12.2.População e universo
A população constitui um conjunto de pessoas que vivem numa determinada comunidade que
partilham os mesmos costumes e hábitos que comungam a mesma cultura. Neste trabalho a
população da Proví
ncia de Nampula, compõe o universo do estudo. As unidades empíricas de
análise são constituídas de pessoas de diferentes estratos sociais, que estão directa ou
indirectamente ligadas ou não aos tribunais, Deste modo, a recolha de dados abrangera aos juízes

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presidentes e outros membros dos tribunais, como vice – presidentes e escrivães, e alguns
cidadãos que serão escolhidos de forma aleatória, da Proví
ncia de Nampula.

13.Descrição e análise de resultados

13.1.Localização da Provincia de Nampula.


Estes localiza se no norte de Moçambique. E a sua Capital éa cidade de Nampula, localiza se a
cerca de 2150 km a norte da Cidade de Maputo, a capital do Pais. Com uma área de 81906 km e
uma população de 6102867. Habitantes em 2017, éa Proví
ncia que esta dividida em mais de 23
Distritos, e possui, desde 2013, 7 Municípios, Angoche, Ilha de Moçambique, Malema, Monapo,
Nacala, Nampula e Ribáué.
As instalações do Tribunal Provincial de Nampula

12.Análise dos principais factores que criam dificuldade ao cidadão no acesso a justiça.
O acesso à justiça, condição fundamental para o exercício da cidadania, constitui uma
preocupação de qualquer sistema democrático. Nesta pesquisa foram constatados dificuldades ou
problemas que dia a dia os tribunais enfrentam. Porém, os problemas apontados são, resultantes
de toda uma serie de situações, sobretudo, da fraca articulação entre estes e os órgãos que, no
entender dos diferentes entrevistados desta pesquisa, deveriam ser os promotores do
desenvolvimento das instâncias de resolução de conflitos no seio da comunidade, incluindo as
formas de resolução mais tradicionais.
A multiplicidade dos problemas nesses tribunais põe em causa tal demanda por essas instâncias,
podendo acontecer que os problemas sejam adicionados aos outros males resultantes da fraca
articulação entre os órgãos de justiça. Foi adicionada neste quadro, o pouco conhecimento que os

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entrevistados têm sobre a articulação entre o Ministério que tutela a justiça moçambicana e os
tribunais. Embora tenham sido apontados a falta de coordenação entre dois órgãos como
constrangimento.

14.Estado de arte (lógica temporal)


Ao longo da história, o Estado moçambicano assumiu diferentes modelos que influenciaram
sempre a dinâmica formal com que se relacionou com as estruturas locais de resolução de
conflitos. Entre 1975 e o presente, assistimos ao fim do modelo colonial, àconstrução do Estado
socialista e àsua transformação em economia neoliberal capitalista e democracia multipartidária.
Apesar das rupturas radicais formalmente assumidas, nenhuma completou a substituição
permanente do perí
odo anterior, tendo-se continuadamente verificado sobreposições de
elementos dos vários modelos políticos. Boaventura de Sousa Santos escolheu uma metáfora que
ilustra este argumento: o palimpsesto de políticas e culturas jurídicas. Um palimpsesto é um
pergaminho ou outro material sobre o qual se escreve a segunda vez, mas cuja primeira escrita
não desaparece totalmente. Com esta imagem, Santos pretende mostrar como as diferentes
culturas políticas e jurídicas que perpassaram o Estado Moçambicano ao longo da sua história
continuam a cruzar-se na realidade politica e judiciaria moçambicana (Santos, 2006).
Estabelecida a independência, em 1975, o projecto socialista prévia a construção de uma
sociedade completamente nova. A expressão, então usada, "escangalhamento do Estado"
transmite essa vontade de destruir todos os vestígios coloniais, missão que passava pelo fim da
sociedade dualista e pelo desaparecimento dos régulos, símbolos da humilhação e da
inferioridade. Se o sistema jurídico anterior era fascista, colonial e elitista; tinha que ser
transformado num sistema popular, moçambicano e democrático (Sachs e Welch, 1990:3).
A concretização dessa tarefa passava pela implementação de uma organização judiciária que se
estendesse a todas as circunscrições territoriais e promovesse a participação popular, bem como
pela institucionalização de um sistema de acesso à justiça gratuito (Araújo e José, 2007;
Trindade, 2003).
Nas zonas libertadas, tinha sido já experimentado um modelo de justiça popular, de onde
estavam excluídos o direito costumeiro e as autoridades tradicionais. Com base nessa experiencia,
em 1978, foi aprovado a Lei Orgânica dos Tribunais Populares, (Lei nº 12/78, de 12 de

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


22

Dezembro) 1 ,que criava tribunais populares em diferentes escalões territoriais, onde juízes
profissionais trabalhavam ao lado de juízes eleitos pela população.
Na base da pirâmide, os tribunais de localidade ou de bairro funcionavam exclusivamente com
juízes eleitos, desprofissionalizados, que conheciam das infracções de pequena gravidade e
decidiam de acordo com o bom senso e a justiça e tendo em conta os princípios que presidiam à
construção da sociedade socialista (Sachs e Welch, 1990; Gundersen, 1992; Trindade, 2003;
Gomes et. al., 2003; Araújo e José, 2007).
A ideia, afirmam Sachs e Welch, era construir um sistema que, em vez de pressupor um
dualismo entre um direito estatal para a elite e outros direitos para a população, assentasse no
princípio de um sistema de direito único para toda a sociedade, do norte ao sul, "do Rovuma ao
Maputo". Os autores definem o sistema como sendo simultaneamente indígenas e anti-
tradicional, baseado em aspectos democráticos da tradição africana, mas transformando-os e
rejeitando os divisionismos. Citam, como esclarecedora, a frase de Samora Machel: " para a
nação viver, a tribo deve morrer" (Sachs e Welch, 1990:5).
O papel dos juízes eleitos era fundamental na organização judiciária, sobretudo ao nível dos
tribunais de base. Esperava-se que conhecessem os problemas da comunidade e as pessoas. O
governo moçambicano, ao mesmo tempo que se empenhava em por fim ao direito costumeiro,
procurava garantir instâncias sensíveis aos cidadãos e às suas nações de justiça. A ideia de uma
justiça de reconciliação e a forma de resolução na base " do bom senso e da justiça" garantia o
último objectivo.
Simultaneamente, abria espaço àsubsistência do direito costumeiro, que se interligava agora com
os princípios do novo Estado (Gundersen, 1992). Isto não equivale a afirmar que a justiça
popular tenha sido sempre mal sucedida na transformação do direito costumeiro, mas sim a
existência de espaços de intelectualidade, isto é, de cruzamento de diferentes ordens normativas
na resolução dos problemas.
Os tribunais populares de base deveriam substituir as autoridades tradicionais ao nível das
funções judiciais. Contudo, a estas cabiam, ainda, funções administrativas, que, na estrutura
estabelecida pelo Estado moçambicano, passariam a ser desempenhadas pelos Grupos
Dinamizadores, que nunca chegaram a conhecer formatação jurídica formal (Mineses, 2009:29).
1
Lei nº12/78, de 12 de Dezembro;

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


23

Os GDs eram comités compostos por oito a doze pessoas, liderados por um Secretário, que
passaram a desempenhar um conjunto de tarefas. Para além de funções como a mobilização das
populações para a participação político-partidária, a segurança nacional, a organização de
processos de produção colectiva e a execução de programas de educação, foram-lhes atribuídas
inicialmente funções na área da justiça. Cabia-lhes difundir e explicar os novos valores e as
novas normas comportamentais e dirimir pequenos conflitos. Ainda que, logo após o II
Congresso da FRELIMO em 19772, e a criação dos tribunais populares em 1978, as suas tarefas
tenham sido reestruturadas e lhes tenha sido retirado o papel de resolução de conflitos, fazia
parte das suas funções " promover as relações de boa vizinhança entre os moradores, e procurar a
solução de pequenos conflitos, desde que estes não estejam da competência do tribunal popular
local. Assim, no que diz respeito àjustiça, o papel dos GDs e dos tribunais populares de base
tende, por vezes, a confundir-se, o que permanecera uma constante, memo quando, nos anos 90,
os últimos são substituídos pelos tribunais comunitários (Isaacman e Isaacman, 1982:300-304;
Araújo e José, 2007).
Ainda na década de 1980, a FRELIMO, na época partido único, viu-se obrigada a reconhecer
fracasso económico de seu projecto socialista. Em 1984, o Governo aderiu às Instituições de
BretonWoods (IBWs), nomeadamente ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional
(FMI). A Constituição da Republica Popular de 1990, no contexto de construção de uma
democracia liberal, consagrou os princípios da separação de poderes, da independência, da
imparcialidade e da legalidade, lançando bases para a produção de alterações subsistências na
organização judiciária. Assim, a Lei dos Tribunais Populares foi substituída pela Lei Orgânica
dos Tribunais Judicias de 1992, (Lei nº10/92 de 6 de Maio) 3 . Os tribunais de base foram
excluídos da organização judiciária e, no mesmo ano, foram criados, por lei própria, os tribunais
comunitários (TCs). Estes, fora da organização judiciária, deviam continuar a funcionar com
juízes eleitos pela comunidade e a desempenhar o papel que cabia aos tribunais populares de
localidade e de bairro. No entanto, não chegaram a ser regulamentados (Trindade, 2003; Gomes
et. al., 2003; Araújo e José, 2007).

2
Resolução sobre a organização dos Grupos Dinamizadores e Bairros Comunais, 1977.

3
Lei nº10/92 de 6 de Maio;

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


24

Boaventura de Sousa Santos (2003) classifica os tribunais comunitários como o híbrido jurídico
por excelência, por se encontrarem num limbo institucional, na medida em que são reconhecidos
por lei, mas estão fora do sistema judicial e não estão, ate hoje, regulamentados.
Em 2003, a Unidade Técnica de Reforma Legal (ULTREL) solicitou ao Centro de Formação
Jurí
dica e Judiciaria (CFJJ) a elaboração de um pacote legislativo que incluía a revisão da Lei
Orgânica dos Tribunais Judiciais e a regulamentação da Lei dos Tribunais Comunitários. Ainda
antes de esse trabalho estar concluído, a revisão Constitucional de 2004 constituiu um incentivo
a propostas mais ousadas no âmbito do reconhecimento das várias ordens normativas e das várias
instâncias de resolução de conflitos, ao integrar o artigo 4º sobre pluralismo jurídico, que
estabelece que, "o Estado reconhece os vários sistemas normativos e de resolução de conflitos
que coexistem na sociedade, na medida em que não contrariem os valores e os princípios
fundamentais da Constituição".
As propostas aprestadas pela equipa de trabalho que reuniu investigadores do CFJJ e do Centro
de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, incluíram uma anteproposta de Lei de Bases da
Administração da Justiça e uma Anteproposta de Lei Orgânica dos Tribunais Comunitários.
De entre as várias alterações que previam, destaca-se o reforço da base da pirâmide judiciária
através da integração dos tribunais comunitários no sistema de administração da justiça e do
alargamento das suas competências e a criação dos Conselhos Provinciais Coordenadores das
Justiças Comunitárias com funções de propor ao Ministério da Justiça a criação de novos TCs,
avaliar e inspeccionar a actividade dos juízes dos TCs. Coordenar com o CFJJ as acções de
formação daqueles juízes, a definição e execução de programas de divulgação da justiça
comunitária.
Estas propostas não vieram a conhecer aprovação legal e Lei da Organização Judiciaria, que
entrou em vigor em 2008, (Lei nº 24/2007, de 20 de Agosto), não se distanciou
significativamente da lei que a antecedeu. Assim, os tribunais comunitários, embora sejam
reconhecidos, continuam sujeitos à legislação anterior e fora do sistema judicial. Órfãos do
Estado, encontram-se jogados à sua sorte e os que se mantém em funções, recorrem à
experiencia dos tribunais populares, bem como à sua capacidade de criação e recriação para
contrariar as dificuldades; constituindo, por vezes, um meio de acesso à justiça; outra,
atropelando os direitos mais básicos (Araújo e José, 2007).

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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CAPITULO II

15. Direito comparado


O direito comparado é o ramo do direito que compara ordenamentos jurídicos distintos, de
diversas geografias e as suas especificidades. Neste sentido o direito comparado permite-nos ter
uma ideia de como éentendida a união de facto nos diversos sistemas e especificamente verificar
se existe um regime de bens que tutele a posição do unido de facto sobrevivente perante a morte
do seu companheiro de vida. O fenómeno da união de facto pode reportar-se a uma série de
realidades sociais, dificultando o delimitar dos seus contornos jurídicos, sociais e económicos.
Existem variadas expressões para descrever esta realidade: as uniões livres, as uniões de facto, as
uniões estáveis, o casamento de facto, o casamento do segundo grau ou convivência moremos
Osório. Todos estes casos são semelhantes a União de Facto no que toca a uma caracterí
stica
essencial, que éa sua livre dissolução, ao contrário do casamento formal, na qual énecessária a
realização do processo judicial de divórcio, para a sua dissolução. Quanto maiores são as
dificuldades para obtenção da sentença de divórcio, maior éa tendência para que se recorra às
uniões de facto. Há uma tendência a nível europeu para a desregulação do casamento,
acompanhada de um paralelo reconhecimento de maiores efeitos jurídicos às uniões de factos, o
que conduz a um certo esbatimento das diferenças tradicionalmente notadas entre as duas figuras.
São vários os modelos de articulação da realidade factual com o domínio jurídico, no que diz
respeito àunião de facto. São eles:
1. º- Modelo: os sistemas jurídicos que equiparam a união de facto à condição de fonte
autónoma de relações jurídicas em paridade com o casamento formalizado. Na generalidade
dos ordenamentos jurídicos, o conceito de casamento associa-se ao casamento devidamente
formalizado, há sistemas em que basta o mero consenso das partes, sem qualquer
formalidade, para que uma união estável entre um homem e uma mulher, verificando certos
requisitos, seja equiparada a um verdadeiro casamento. Ou seja, é dado relevo jurídico à
união de facto como verdadeiro casamento.
2. Tal sistema vigora nos sistemas anglo-saxónicos de influência da common law marriage,
como por exemplo:
3. a) na China relativamente aos casamentos não registados;
4. b) na antiga União Soviética quanto aos casamentos de factos (1927 e 1944);

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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5. c) nos Estados Unidos da América (EUA), a instituição do common law marriage remonta à
famosa decisão Reed do Supreme Court de Nova Iorque74, de 1809, ditadas pelas
dificuldades, à época, na celebração de um casamento devidamente formalizado, e pela
diversidade cultural e religiosa entre os vários grupos de emigrantes, continua a ser
reconhecida em vários Estados (actualmente vigora em 13 os Estados e o Distrito de
Columbia).
2.º- Modelo: os sistemas jurídicos que adoptam a união de facto como “casamentos de segundo
grau”, que apresentam menor densidade de efeitos jurídicos face aos casamentos formais.
Os “casamentos de segundo grau” são uma fonte autónoma de relações familiares.
3.º- Modelo: em vigor em Portugal e na França por exemplo, em que o reconhecimento da união
de facto épontual.
No Brasil esta união de facto ou convivência fática tem o nome de união estável, veja-se art
1.723 do Código Brasileiro, o qual trata a união estável da seguinte forma:
O art. 1723.º do Código civil basileiro determina que: “É reconhecida como entidade familiar a
união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o bjetivo de constituição de família.”.
No seu parágrafo 1.º estabelece que: “A união estável não se constituírá se ocorrerem os
impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa
casada se achar separada de fato ou judicialmente.” E o seu parágrafo 2.º estabelece que: “As
causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável”.
Também o art. 1.724 do Código Civil brasileiro estabelece que: “As relações pessoais entre os
companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e
educação dos filhos.”.
O regime do código civil brasileiro determina no seu art. 1725.º que “ Na união estável, salvo
contrato escrito entre os companheiros, aplica-se relações patrimoniais, no que couber, o regime
de comunhão parcial de bens.
O art. 1.726.º estabelece que: “A união estável poderá converter-se em casamento, mediante
pedido dos companheiros ao juiz e assento no registo Civil.”.
Estabelece, por outro lado, o art. 1.727 que: “As relações não eventuais entre o homem e a
mulher, impedidos de casar, constituiem concubinato.”.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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A 5 de maio de 2011 o Supremo Tribunal Federal brasileiro reconheceu, por unanimidade, a


possibilidade do estabelecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Os ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceram a
união estável para casais do mesmo sexo.
No Brasil a união de facto, entre duas pessoas que não têm impedimento de se casarem, recebe o
nome de "união estável", regulamentando a convivência entre duas pessoas sem que seja
oficializado o casamento civil, conforme o artº. 1.723.
A Constituição Federal de 198876 reconhece como entidade familiar a união estável entre
homem e mulher no seu art. 226,
No Brasil, a lei n.º8.971, de 29 de dezembro de 1994, Regula o direito dos companheiros a
alimentos e à sucessão, estabelecendo no seu n.º 1 que: “A companheira comprovada de um
homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva hámais de cinco
anos, ou dele tenha prole, poderávaler-se do disposto na Lei nº5.478, de 25 de julho de 1968,
enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade.”.
O STF do Brasil77 já decidiu que o instituto é similar ao casamento, afirmando: "A essa
orientação, não se opõe a norma do §3ºdo art. 226 da Constituição de 1988, que, além de haver
entrado em vigor após o óbito do instituidor, coloca, em plano similar ao do casamento, a
chamada união estável, tanto que deve a lei facilitar a conversão desta naquele.”.
O STF pronunciu-se porque o Cód. Civil trata de maneira diferente o companheiro do cônjuge,
como por exemplo, na questão dos direitos sucessórios, veja-se os artigos 1.790.ºe 1.829.ºe, no
que diz respeito ao direito àherança, na situação em que o falecido não deixou ascendentes ou
descendentes, apenas deixou o cônjuge, então a este cabe toda a herança, facto esse que não
acontece com o unido de facto sobrevivo.

15.1. Direito internacional de união de facto


A Organização das Nações Unidas, doravante ONU, adopta os princípios norteadores do direito
da família visando melhor justiça social e da elevação da dignidade humana e a afirmação dos
princípios fundamentais. Os princípios fundamentais que a ONU defende são os princípios do
“direito à liberdade; direito à igualdade inerentes à pessoa humana” e que se repercutem no meio
da estrutura familiar. Nesse sentido, a Carta das Nações Unidas10 proclama os direitos humanos

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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e a igualdade de direitos entre homens e mulheres. A Declaração Universal dos Direitos


Humanos (DUDH)11, a qual consagra que, transcrevemos o seu 1.º artigo: “Todos os seres
humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência,
devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”. O princípio da igualdade é
assumido como o ponto central da declaração. No seu art.º16ºestatui acerca das relações
familiares e do direito a constituir família, estatuindo que, transcrevemos: “1. A partir da idade
núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de
raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm
direitos iguais.
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
3. A família éo elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito àprotecção desta e do
Estado.”.
A carta das Nações Unidas ou Carta de São Francisco éo acordo que formou a Organização das
Nações Unidas logo após a Segunda Guerra Mundial, em substituição àLiga das Nações, como
entidade máxima da discussão do direito internacional e fórum de relações e entendimentos
supranacionais. A Carta foi assinada em São Francisco em 26 de junho de 1945, após o término
da Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional, entrando em vigor a 24 de
outubro daquele mesmo ano.
Ou seja, o art. 16.ºda Declaração pugna para que na relação familiar seja tida em conta a partir
da idade de casar, ou seja, homem e mulher têm igual direito quanto àfaculdade de poder casar
ou a viver maritalmente, seja em união de facto ou em outra relação.
O artigo 16.º “Âmbito e sentido dos direitos fundamentais” da Constituição portuguesa estatui
que os direitos fundamentais consagrados na Constituição não excluem quaisquer outros
constantes das leis e das regras aplicáveis de direito internacional. Os preceitos constitucionais e
legais relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e integrados de harmonia com
a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
11 A Declaração Universal dos Direitos Humanos delineia os direitos humanos básicos, foi
adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de Dezembro de 1948.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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16. União de Facto no ordenado jurí


dico Português

16.1A união de facto na constituição


O título “União de facto na Constituição” visa demonstrar que ao texto constitucional falta
reconhecer expressamente a união de facto. A Constituição portuguêsa reconhece que “Portugal
é uma República soberana, assente na dignidade da pessoa humana, na vontade popular,
empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”, como o reconhece o artigo
1.º, epígrafe “República Portuguesa”, da Constituição da República Portuguesa, doravante
CRP12, bem como, portugal é “A República Portuguesa é um Estado de direito democrático,
baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas,
no respeito e na garantia de efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e
interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o
aprofundamento da democracia participativa.”, nos termos do art. 2.º, epígrafe “Estado de direito
democrático”.
A Constituição estabelece no art. 9.ºquais são as tarefas fundamentais do Estado, sendo que para
o que neste tema nos interessa, ao Estado compete:
“al. b) garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de
direito democrático;
al. d) promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os
portugueses, bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais,
mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais ; Jorge Miranda14,
José Carlos Vieira15 e Gomes Canotilho16 definem os direitos liberdades e garantias como
posições jurídicas básicas reconhecidas pelo direito português, europeu e internacional com vista
àdefesa dos valores e interesses mais relevantes que assistem às pessoas singulares e colectivas
em Portugal, independentemente da nacionalidade que tenham (ou até, no caso dos apátridas, de
não terem qualquer nacionalidade.
Ao Estado cabe respeitar os direitos fundamentais e de tomar medidas para os concretizar, quer
através de leis, quer nos domínios administrativo e judicial, bem como as entidades privadas
quanto as públicas, e tanto os indivíduos quanto as pessoas colectivas e os cidadãos portugueses
que residam no estrangeiro gozam da protecção do Estado para o exercício dos direitos
fundamentais, desde que isso não seja incompatível com a ausência do país.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


30

A CRP estabelece duas grandes categorias de direitos fundamentais:


a) os direitos, liberdades e garantias, por ex., o direito àliberdade e àsegurança, àintegridade

sica e moral, à propriedade privada, à participação política e à liberdade de expressão, a
participar na administração da justiça — correspondem ao núcleo fundamental da vivência numa
sociedade democrática. Independentemente da existência de leis que os protejam, são sempre
invocáveis, beneficiando de um regime constitucional específico que dificulta a sua restrição ou
suspensão.
b) os direitos e deveres económicos, sociais e culturais: por exemplo, o direito ao trabalho, à
habitação, à segurança social, ao ambiente e à qualidade de vida — são, muitas vezes, de
aplicação diferida, pois dependem da existência de condições sociais, económicas ou até
políticas para os efectivare e a sua não concretização não atribui a um cidadão, em princípio, o
poder de obrigar o Estado ou terceiros a agir, nem o direito de ser indemnizado.
Nos termos do art. 24.º “Direito à vida”, do TÍTULO II Direitos, liberdades e garantias, do
Capítulo I, Direitos, liberdades e garantias pessoais a vida humana é inviolável e a integridade
moral e física das pessoas éinviolável, veja-se o seu n.º1.
O n.º 1 do artigo 26.º estatuí que: “A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao
desenvolvimento da personalidade, àcapacidade civil, àcidadania, ao bom nome e reputação, à
imagem, àpalavra, àreserva da intimidade da vida privada e familiar e àprotecção legal contra
quaisquer formas de discriminação”, sendo este dispositivo legal reforçado pelo art. 26.º “Outros
direitos pessoais”.
A CRP, estabelece na parte I - Direitos e deveres fundamentais, do TÍTULO II - Direitos,
liberdades e garantias, o art. 36.º com a epígrafe: “Família, casamento e filiação”.
Ora, o n.º1 do art. 36.ºestebelece que, transcrevemos:
“Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena
igualdade” e o n.º 2 que: “A lei regula os requisitos e os efeitos do casamento e da sua dissolução,
por morte ou divórcio, independentemente da forma de celebração.”.
O art. 36.ºda CRP protege a igualdade nos cônjuges ao estabelecer no seu n.º 3 que: “Os
cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e
educação dos filhos” e no n.º 4 ao proteger os filhos, igualizando-os, demosntrando que: “Os
filhos nascidos fora do casamento não podem, por esse motivo, ser objecto de qualquer

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


31

discriminação e a lei ou as repartições oficiais não podem usar designações discriminatórias


relativas à filiação”.
O n.º5 do art. 36 da CRP estabelece, de acordo com o princípio da igualdade que os pais têm o
direito e o dever de educação dos filhos e o n.º 6 estabelece que: “Os filhos não podem ser
separados dos pais, salvo quando estes não cumpram os seus deveres fundamentais para com eles
e sempre mediante decisão judicial.”.
O art. 67.º da CRP17, epígrafe “Família”, da CRP, n.º 1, determina: “A família, como elemento
fundamental da sociedade, tem direito àprotecção da sociedade e do Estado e àefectivação de
todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros.
Segundo o seu n.º 2: “Incumbe, designadamente, ao Estado para protecção da família:
a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;
b) Promover a criação e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros
equipamentos sociais de apoio àfamília, bem como uma política de terceira idade;
c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;
d) Garantir, no respeito da liberdade individual, o direito ao planeamento familiar, promovendo a
informação e o acesso aos métodos e aos meios que o assegurem, e organizer.
as estruturas jurídicas e técnicas que permitam o exercício de uma maternidade e paternidade
conscientes;
e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa
humana;
f) Regular os impostos e os benefí
cios sociais, de harmonia com os encargos familiares;
g) Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de família
com carácter global e integrado.
h) Promover, através da concertação das várias políticas sectoriais, a conciliação da actividade
profissional com a vida familiar.”.
Quer o artigo 36.ºe o art. 67.ºda CRP estabelecem a família como centro da estrutura social da
nossa democracia.
Ora, para constituir família não éde todo obrigatório o casamento, bastando se a união de facto
entre duas pessoas. Não se pode previlegiar o casamento face a outras formas de constituição
familiar.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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Porém, e curiosamente a palavra “união de facto” não foi usada no texto da CRP, em nenhum
dos artigos que constituem o seu corpo.
Da leitura dos artigos acima expostos, podemos concluir que a CRP assume a família como foco
central da sociedade portuguesa. As relações familiares devem ser protegidas e estimuladas, na
sua diversidade. A Constituição da República Portuguesa de 1976 é a atual constituição
portuguesa e recebeu já7 revisões constitucionais, nos anos de 1982, 1989, 1992, 1997, 2001,
2004 e 2005.

16.2. O instituto jurídico da união de facto no código civil


. Em Portugal, foi o Decreto-Lei n.º496/77, de 25 de novembro que reformou o Código Civil de
196618, doravante CC, e introduziu a referência àunião de facto no art. 2020.ºao estipular que:
“n.º 1 – Aquele que, no momento da morte de pessoa não casada ou separada judicial mente
pessoas e bens, vivia com ela hámais de dois anos em condições análogas às dos cônjuges, tem
direito a exigir alimentos da herança do falecido, se não puder obter nos termos das alíneas a) a d)
do art. 2009.º. O anterior era Código Civil de 1867, o qual foi o primeiro Código Civil em
Portugal. Foi aprovado em 1867 e entrou em vigor em 1868. Designava-se também Código de
Seabra, dado que foi elaborado por António Luís de Seabra e Sousa, 1.ºVisconde de Seabra. n.
3 – O direito a que se refere o número precedente caduca se não for exercido nos dois anos
subsequentes à data da morte do autor da sucessão.”.
Foi com a revolução de 25 de abril 1974 e consequente abandono das ideias do Estado Novo19,
cujo regime teminou nesse mesmo ano, que permitiram que surgisse no ceio da sociedade
portuguesa a necessidade premente de legislar e proteger a união de facto, libertando-a da ideia
catolicista que impunha o casamento ou o “sagrado casamento” como único instituto a ser
previsto na lei e por isso socialmente bem aceite.
Assim Código Civil, que vem do regime político anterior, é alterado por forma permitir que,
quem vive maritalmente ou vive numa relação de união de facto, lhe seja reconhecido esse
direito como um direito que faz parte da personalidade e capacidade jurídica da pessoa.
Assim, como o art. 66.º “Começo da personalidade” do CC, no título II – Das relações jurí
dicas,
Seção I - Personalidade e capacidade jurídica, n.º 1 “A personalidade adquire-se no momento do
nascimento completo e com vida.”.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


33

Ora, o direito a poder escolher viver numa união de facto faz parte da condição humana, éuma
questão da dignidade do Homem, enquanto ser livre, ser composto, ser dotado de direitos e de
deveres.
Por conseguinte, a união de facto éparte integrante do núcleo essencial da personalidade humana,
da sua capacidade e livre escolha Estado Novo foi o regime político autoritário, autocrata e
corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante 41 anos sem interrupção, desde a
aprovação da Constituição de 1933 atéao seu derrube pela Revolução de 25 de Abril de 1974.

17. A lei da união de facto


A lei da união de facto, lei Lei n.º7/2001, de 11 de Maio éa lei de Proteção das Uniões de Facto.
Esta é uma lei que está apartada do Código Civil, não tendo sido incorporada no mesmo. O
legislador optou por não fazer o enquadramento legal da união de facto dentro do texto do
Código Civil, tendo optado por criar um diploma próprio.
A lei da união de facto écomposta por 11 artigos.Porém, como iremos verificar infra, o diploma
autónomo dedicado exclusivamente à união de facto é insipiente e pouco desenvolvido, não
contendo toda a realidade e problemática da união de facto, o que obriga a recorrer às regras da
interpretação jurídica e às regras do casamento.

CAPITULO III

18. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

18.1. A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


A união de facto consiste, pois, numa vivência em comum em condições análogas às dos
cônjuges2, isto é, numa comunhão plena de vida que se traduz numa comunhão de mesa, leito e

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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habitação, duradoura e não meramente fortuita ou concubinaria. O prazo de dois anos3 é


condição necessária para que a união de facto previamente iniciada aceda à protecção jurídica
emergente da LUF. Mas não basta: a lei exige ainda que não se verifiquem os impedimentos
estabelecidos no seu artigo 2.º– que correspondem quase na sua totalidade aos impedimentos
dirimentes do casamento, previstos nos artigos 202.ºe 203.º, da lei n° 10/2004 de Agosto, a
verificação de impedimentos obsta à produção de direitos ou benefí
cios fundados na união de
facto mas não impede a atribuição de uma certa relevância jurídica à mesma “quando se tratar
de salvaguardar interesses legítimos de terceiros que de outro modo poderiam resultar
prejudicados (…) ou quando se tirarem consequências desfavoráveis”5.
A união de facto inicia-se assim que os sujeitos começam a viver em coabitação, isto é, quando
iniciam a comunhão de mesa, leito e habitação, não sendo necessário o preenchimento de
qualquer formalidade atestadora dessa situação (bem como para aceder à tutela legal) 6. O
disposto na alínea c) do n°2 do artigo 225°e alínea c) do n°2 do artigo 277.º-A União de facto
releva para efeitos de presunção de maternidade e paternidade.

18.2.Direito da Família no ordenado Jurídico Moçambicano


O codico civil de 1966.21 A reforma de 2004- lei n°10/2004, de 25 de Agosto. 22. Divisões do
Direito da Família.
O direito da família ocupava fundamentalmente o livro IV do codico civil Português aprovado
pelo decreto – lei n°47344, de 25/11/66be tornado extensivo as Províncias Ultramarinas pela
portaria Ministerial n°22.869, de 4 de Setembro de 1967.
No tocante ao Direito da Família, um dos ramos do Direito mais permeáveis as transformações
económicas, ideológicas, políticas e sociais, a alteração introduzidas pela lei n°10/2004 de 25 de
Agosto, conduziu a modificações bastantes penetrações, tange a composição do agregado
familiar, como no que respeita a sua estrutura interna, em lei destacada do codico civil como já
ocorreu em alguns países.
Relativamente a composição do agregado familiar, a alteração visou o afastamento do modelo
nuclear da sociedade familiar constituída pelo marido mulher e filhos e a distribuição do lugar do
modelo alargado cuja composição conta não sou com cônjuges e filhos, mas também os outros
decadentes do casal afins e adoptados, podendo algumas vezes integrar os ateados menores sob

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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tutela, menor de família de acolhimento e outros dependentes de quem dirigem o agregado


familiar.

19.Moblidade do Casamento
O casamento não se apresenta fácil de definir pela extrema multiplicidade das situações
compreendidas no seu conceito, não e fácil de terminar notas essências comuns entre um
casamento de jovem que visa criar a educação aos filhos e um casamento de velhos como mero
propósito de regularizar situações passadas ou determinar notas essências comuns entre um
casamento católico alicerçado em princípios da unidade e da perpetuidade do repúdio e um
casamento celebrado com a possibilidade de repúdio da mulher ou por tempo determinado.
Porem, é que os ordenamentos jurídicos que o define traduzem no em ideia de união de duas
pessoas de sexo diferentes, visado estabelecer uma plena comunhão de vida, união firmada
segundo as regras do direito estabelecidos pera efeito.
O codico Civil Portugues difine o casamento como “ o contrato celebrado entre duas pessoas de
sexo diferente que pretedem construir familia mediante uma plena comunhao de vida” segundo
CARLOS PAMPLOMA CORTE-REAL e JOSÉ DA SILVAPEREIRA, concluem o acto
constituvo do casamento, manifestar não pode revelar uma ideia de automatismo na ciprocidade
a essencia do casamento assenta numa pretendida comunhao de mesa leito e habitacao que cada
um dos conjuges assume “e modalidade com grande flexiblidade, e a todo tempo, por ambos.”
No caso do nosso ordenamento Juridico, a lei n°10/2004, de 25 de Agosto, no seu artigo 7,
define casamento como “ uniao vuluntaria e singular entre um homem e uma mulher, com
proposito de construir a sua familia mediante comunhao plena da vida”.

20.Evolução histórica

A união de facto corresponde a uma das primeiras formas de união familiar que existiu. É a
união de facto a génese da evolução das relações humanas familiares, isto é, éa união de facto a
semente de todas as outras figuras jurídicas que apareceram depois, das quais se tem destacado o
casamento. De facto, só com a criação dos primeiros sistemas públicos de registo do casamento
surge a ideia de o condicionar a formalidades, quer com a imposição da ideia do casamento
escrito, formal. A união de facto continuou a existir como realidade paralela aquele instituto,

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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aliás, verifica-se em certas tribos africanas, nas quais não existe a imposição do casamento, que
as pessoas vivem maritalmente, como homem e mulher, sem essa obrigação de se “casar no
papel” e sem se incomodarem com tal formalidade, desnecessária. Em Angola, país cujo regime
da união de facto escolhemos para comparar com a união de facto em Portugal, no terceiro
capítulo da nossa dissertação, concede à união de facto direitos praticamente iguais aos do
casamento, estado essa matéria direitamente regulada, de forma autonoma do Código Civil
Angolano, doravante CCA e no Código da Família. A união de facto estáassim nos primordios
do “casamento”, correspondendo, ela sim, à verdadeira união, àunião originária, sem contrato
escrito, socialmente determinada, aceite, sendo por norma as duas pessoas reconhecidas e
nomeadas socialmente como marido e marido ou marido e mulher ou mulher e mulher. Em
Portugal, a união de facto, na época das Ordenações da monarquia portuguesa, era mal vista e
entendida, quase sempre, com intuito prejurativo, quer também nas ordenações Afonsinas5, as
ordenações Manuelinas6 e as ordenações Filipinas Por exemplo, nas ordenações Afonsinas a
união de facto era classificada como crime contra a moralidade. O código civil português de
1867, ou Código de Seabra8, manteve o regime das Ordenações no que toca ao estatuto da
concubina ao proibir as doações feitas pelo homem casado à sua concubina (art.º1480.º) e
impedia a disposição de bens pelo cônjuge adúltero a favor do seu cúmplice (art.º1771.º). A
concubina não tinha direito a alimentos mas admitia-se, nos termos do art.º2361.ºdo CC de
1867, que a concubina podia exigir uma indemnização caso fosse abandonada pelo seu
companheiro ou em caso de separação. Ao longo dos tempos, e consoante a geografia, a união
de facto foi assumindo termos distintos, desde a “union libre”, isto é, união livremente contratada;
a “cohabitation ou cohabitacion hors marriage”, usada em França, ou a cohabitation wuthout
marriage ou unmarried cohabitation, na doutrina anglo-saxónica. Qualquer uma das expressões
usadas têm, por fito comum, designar uma vivência conjunta, na mesma habitação e relações
próximas de intimidade. Porém, contém por norma, uma certa sansão social típica do legislador
mais conservador, que em pleno séc. XXI, ainda vê a união de facto como algo de
desprestigiante e, por isso mesmo, com menos direitos do que o casamento.
Recuando aos primeiros séculos após a fundação da nacionalidade portuguesa, Observamos que,
numa época dominada pela influência da Igreja e em que lhe era reconhecida competência
quase exclusiva na regulação da disciplina matrimonial, a única convivência em comum
admitida era a emergente do casamento -sacramento. O concubinato “era claramente

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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fornicatio, contrariava o sexto mandamento, era pecado mortal de luxúria e, como tal,
obviamente condenável”8. Avançando no tempo, as Ordenações Filipinas mostravam
ainda, ao estatuírem no seu Livro IV, título 66, a proibição de doações dos homens
casados às suas concubinas e a punição criminal do concubinato de homem casado em
determinadas circunstâncias, um certo grau de reprovação face àconvivência more uxorio.
E esta tendência manteve-se mesmo após a Revolução Liberal de 1820 e surgimento do Código
Penal de 1852 – que previa pena de multa para o homem casado que tivesse “manceba teúda e
manteúda na casa conjugal” (artigo 404.º) e pena de desterro para fora da comarca por seis
meses para a mulher casada que matasse a “concubina teúda e manteúda pelo marido na casa
conjugal, ou ao marido ou a ambos”, não devendo sofrer qualquer punição caso lhes
infligisse apenas ofensas corporais menos graves (artigo 372.º) –, e do Código Civil de 1867 –
que dispunha que o adultério do marido com concubina era causa legítima de separação de
pessoas e bens (artigo 1204.º) e previa a nulidade das doações feitas pelo homem casado àsua
concubina (artigo 1480.º).
A versão primitiva do Código Civil de 1966, no que concerne à convivência à margem do
casamento, dispunha, em matéria de liberalidades, a nulidade da disposição a

7 Cfr., MARTA COSTA, Convivência more uxorio na perspectiva de harmonização do Direito


da
Família Europeu: uniões homossexuais, 1ªed., Coimbra, Coimbra Editora, 2011, p. 387.
8 Cfr., NUNO DE SALTER CID, A Comunhão de Vida àMargem do Casamento: entre o facto
e o Direito, Coimbra, Almedina, 2005, p. 181.

21.Sair de casa união de facto


O facto de viverem os dois sobre o mesmo tecto não quer dizer nada. Uma coisa éunião de facto
de facto e outra é apenas a união de facto.
Entre os requisitos para ser união de facto estáo facto de que têm que viver sob o mesmo tecto
em dependência há pelo menos 3 anos. Mas não chega. Imagine 2 colegas que estão na
faculdade e durante todo o curso um deles gosta do outro e resolve declarar unilateralmente

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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(ainda que com testemunhas) união de facto. Acha que isso pega? Ou seráque a outra parte não
tem algo a dizer?

22.Separação de Factos /Separação Judicial de Pessoas e Bens


Quando a vida conjugal tenha entrado em ruptura, a lei permite que, por decisão conjunta ou
individual dos cônjuges, se ponha termo à vida em comum, através das seguintes situações
Separação de facto.

Embora não exista vida em comum entre os cônjuges, o casamento continua a existir, mantendo-
se todos os seus efeitos, bem como os deveres conjugais (respeito, fidelidade, coabitação,
cooperação e assistência). A separação de facto por certo tempo pode constituir fundamento de
separação judicial de pessoas e bens ou de divórcios. Separação Judicial de Bens
Qualquer dos cônjuges que considerar estar em perigo de perder o que éseu em virtude de uma
máadministração dos bens por parte do outro, pode pedir a separação. O pedido éapresentado
pelo cônjuge ofendido contra o outro (sendo obrigatória a intervenção de advogado), junto do
Tribunal de Família e Menores da sua área de residência. Após a sentença o património comum é
partilhado, por via de acordo entre os cônjuges ou, no caso de este ser impossível, por inventário
judicial separação Judicial de bens é irrevogável. Separação Judicial de Pessoas e Bens
A separação judicial de pessoas e bens não põe fim ao casamento, ou seja, as pessoas separadas
judicialmente só podem voltar a casar se a separação se converter em divórcio ou por morte do
cônjuge.
Mas tem efeitos sobre os deveres conjugais, deixando os cônjuges de ter os deveres de
coabitação e de assistência, sem prejuízo do direito a alimentos ao cônjuge que deles necessite,
mantendo-se, no entanto, os deveres de respeito, fidelidade e cooperação.
Nota: Os meios e os procedimentos para obter a separação judicial de pessoas e bens e os efeitos
daíresultantes, aqui não referidos, são, em regra, os do divórcio.
23.Divórcio
O divórcio é sempre um processo delicado e doloroso para o casal. Mas na hora de tomar
decisões, háque estar informado. Existem duas formas de recorrer ao divórcio: divórcio litigioso;
divórcio por mútuo consentimento.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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23.1. O divórcio litigioso


É requerido, no tribunal, por um dos cônjuges contra o outro, e baseia-se no princípio de que
existiu uma violação dos direitos e deveres conjugais, comprometendo a vida em comum.
O divórcio litigioso épedido no Tribunal de Família ou, caso não exista, no Tribunal de Comarca
da residência do cônjuge que instaura a acção.
Se recorrer ao divórcio litigioso teráque invocar um dos seguintes pontos e terásempre que ir a
tribunal requerer o divórcio;

23.2. Divórcio por mútuo consentimento


Pressupõem o cessar da convivência conjugal, por vontade de um ou de ambos os cônjuges sem
que seja necessária a intervenção da autoridade judicial. Quando os cônjuges estiverem de
acordo acerca do divórcio, mas não conseguiram fazer acordo sobre algum dos temas, ou quando
o acordo apresentado não for considerado razoável e não puder ser homologado, o processo entra
no tribunal, ou éenviado para o tribunal, respectivamente. O juiz decretaráo divórcio por mútuo
consentimento, depois de ter determinado as consequências do divórcio que os cônjuges não
conseguiram combinar.
Caso os cônjuges solicitem o divórcio por mútuo consentimento, não terão que revelar o motivo
que levou àsituação. E ao contrário do divórcio por via litigiosa, o processo de divórcio mútuo
consentimento não obriga àrepresentação por advogado. Assim, ao contrário do regime anterior,
em que existia uma separação definida na tramitação e na competência entre o divórcio por
mútuo consentimento (onde os cônjuges deveriam acordar nas questões relativas aos seus
interesses pessoais e patrimoniais e aos interesses dos filhos menores) e o divórcio litigioso (em
que essas questões seriam objecto de decisão nas acções próprias, não afectando a tramitação da
acção de divórcio), no regime actual, estando os cônjuges de acordo em cessar a relação
matrimonial por divórcio mas não havendo acordo sobre todas ou alguma das questões que
constituem as consequências do divórcio, incumbe ao juiz decidir os efeitos do divórcio
relativamente a essas questões, como se fosse um divórcio sem consentimento. Em primeiro
lugar, a questão que se coloca ésaber se, com o prosseguimento da ação para fixação judicial das
consequências do divórcio por mútuo consentimento como se fosse um divórcio sem
consentimento, o legislador pretende que se faça uso do regime previsto no artigo 931.º, n.º7 do
Código de Processo Civil, no qual se prevê a possibilidade de fixação incidental (provisória e

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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para a pendência da ação de divórcio) da regulação do exercício das responsabilidades parentais


dos filhos menores, da fixação de alimentos a cônjuge e da atribuição de casa de morada de
família. A este propósito, Tomé d’Almeida Ramião entende que “o legislador não pretendeu que
na fixação dessas consequências, o juiz aplique as regras processuais aplicáveis ao divórcio sem
consentimento de um dos cônjuges, ou seja, não pretendeu remeter para o regime processual
previsto nos artigos 931.ºe 932.ºdo Código de Processo Civil e afastar o regime processual
aplicável ao divórcio por mútuo consentimento, previsto nos artigos 994.ºa 999.ºdo Código de
Processo Civil, por incompatível com o regime instituído no artigo 1778.º-A. Se assim fosse, tê-
lo-ia dito, nomeadamente que seria aplicável esse regime processual, com as devidas adaptações
O divórcio termina definitivamente com o casamento.
Os deveres conjugais extinguem-se, podendo apenas haver lugar a pensão de alimentos.
Com a Lei n.º61/2008, de 31 de Outubro, foi estabelecida uma nova modalidade de divórcio por
mútuo consentimento requerido no tribunal exigindo apenas que os cônjuges estejam de acordo
em divorciar-se, mas esse acordo não existe quanto à regulação do exercício das
responsabilidades parentais dos filhos menores, quanto àatribuição da casa de morada de família,
quanto à fixação da prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça ou quanto à relação
especificada dos bens comuns (artigo 1178.º-A do Código Civil).
Essa novidade foi introduzida pelo artigo 1778.º-A do Código Civil, onde é prevista a
possibilidade de decretamento do divórcio por mútuo consentimento sem o acordo dos cônjuges
quanto a todos ou alguns dos consensos obrigatórios que deveriam instruir o mesmo
requerimento de divórcio por mútuo consentimento na conservatória do registo civil.
O divórcio éjudicialmente decretado quando:

1-Existir separação de facto por três anos consecutivos;


2--Existir separação de facto por um ano, se o divórcio for requerido por um dos cônjuges sem
oposição do outro;
3- Existir ausência de um dos cônjuges, sem dar notícias, por tempo não inferior a dois anos;
4- Alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure hámais de três anos e que
pela sua gravidade comprometa a possibilidade de vida em comum;
5- Existir uma violação dos deveres conjugais.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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24. A morte como causa de dissolução da união de facto


Nos termos do artigo 8.º “Dissolução da união de facto”, a união de facto dissolve-se nos termos
da al. a): “com o falecimento de um dos membros.”.
O termo falecimento vem do latim “fallescere”, o qual designa: morte, acto de falecer. A morte
de um dos unidos de facto põe termo àunião de facto. O unido de facto sobrevivo volta àsua
categoria de solteiro e não àcategoria de viúvo como acontece com a pessoa que esteve casada.
Por consequência, a lei não reconhece, após a morte de um dos unidos de facto, nenhum direito
ao membro sobrevivo, tratando-o como se sempre tivesse sido um cidadão solteiro, sem laços de
família ou de parentesco para com o de cujus

CAPITULO IV

25. Apresentação. Analise e Discussão dos Resultados

25.1. Este pode ser invocado por um dos cônjuges quando se violem os seguintes valores
conjugais:

- Respeito - Palavras ou actos que atinjam a honra, a reputação, a consideração social, o brio, o
amor-próprio, a sensibilidade e a susceptibilidade do parceiro;
- Fidelidade - Praticar adultério, deixando de cumprir a dedicação exclusiva e sincera ao
parceiro;
- Coabitação - Abandono do domicílio conjugal;
- Cooperação - Incumprimento da obrigação de socorro e auxílio nas responsabilidades
inerentes àvida da família;
- Assistência - Incumprimento da obrigação de prestar alimentos e de contribuir para o custeio
dos encargos inerentes ao quotidiano familiar.
25.2. O divórcio pode ser obtido de duas maneiras:
1. Por mútuo consentimento, isto é, a pedido de ambos os cônjuges, de comum acordo.
O pedido deve ser apresentado na conservatória do registo civil da residência de qualquer dos
cônjuges ou em outra que ambos escolham, não sendo obrigatória a intervenção de advogado.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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Os cônjuges podem apresentar o pedido a todo o tempo e não têm que invocar o motivo porque o
fazem.
25.3. Os cônjuges têm de estar de acordo relativamente a três questões:
 A prestação de alimentos ao conjugue que deles precisam;
 O destino da casa de morada da família;
 O exercício do poder paternal relativamente aos filhos menores;
2- Sem consentimento de um dos cônjuges, ou seja, a pedido de um dos cônjuges (o cônjuge
ofendido) contra o outro, com um ou mais fundamentos previstos na lei.

25.4. O divórcio sem consentimento de um dos cônjuges pode ser pedido por uma das
seguintes razões:
A separação de facto por 1 ano, se o divórcio for pedido por um dos cônjuges sem oposição do
outro;
A ausência de um dos cônjuges sem que dele haja notícias por tempo não inferior a 1 ano;
A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure hámais de 1 ano e, pela sua
gravidade, comprometa a possibilidade da vida em comum;
Quaisquer outros factos que mostrem a ruptura definitiva do casamento.
Destino dos bens
Após o divórcio, por mútuo consentimento ou sem consentimento de um dos cônjuges, terminam
as relações pessoais, não tendo os divorciados entre si qualquer dever, à excepção de um
eventual dever de alimentos, e também as relações patrimoniais, devendo ser feita a partilha dos
bens comuns e serem pagas as eventuais dívidas.
Cada um dos cônjuges recebe, além dos seus bens próprios, metade dos bens comuns que
existam.
A partilha feita por acordo, deve identificar os bens que cabem a cada um e deve fazê-lo pela
forma legalmente exigida para provar a propriedade do bem (ex: quando o bem a partilhar éuma
casa o acordo da partilha éfeito por escritura pública).
Não sendo possível o acordo, a partilha é feita em tribunal, através do processo de inventário
para partilha de bens do casal, a pedido de qualquer dos interessados.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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25.5. Separação de facto por mais de um ano consecutivo


A separação de facto por mais de um ano consecutivo dos cônjuges constitui uma das causas
objectivas do divórcio sem consentimento de um dos cônjuges (artigo 1781.º, alínea a), do
Código Civil). Trata-se de uma causa objectiva (sem culpa) de divórcio e bilateral, ou seja, pode
ser invocada por qualquer dos cônjuges (artigo 1782.ºdo mesmo Código).
Entende-se por separação de facto a inexistência de comunhão de vida entre os cônjuges e a
existência, por parte de ambos ou de um deles, do propósito de não a restabelecer (artigo 1782.º,
n.º1 do citado Código). Assim, para que a separação de facto constitua fundamento de divórcio
sem consentimento, são necessários dois elementos: a) um elemento objectivo que se traduz na
separação de leito, mesa e habitação que consubstancia a falta de comunhão de vida entre os
cônjuges; e b) um elemento subjectivo que consiste na intenção de romper a vida em comum,
havendo por parte de ambos ou apenas de um deles uma disposição interior no sentido de não
restabelecer a comunhão de vida matrimonial. São estes os factos que terão que ser alegados e
provados no âmbito de uma ação de divórcio sem consentimento com este fundamento. Com
efeito, os cônjuges podem viver em residências autónomas (artigo 1673.ºdo Código Civil) e,
apesar disso, manter uma plena comunhão de vida; por outro lado, podem ser forçados a viver
separados (o caso de um dos cônjuges cumprir pena de prisão ou exercer a sua actividade
profissional no estrangeiro ou em local diverso daquele em que estabeleceram residência) sem
que, contudo, exista a vontade ou a intenção de romper a vida em comum. Neste caso, o
fundamento da separação de facto não está verificado por falta do elemento subjectivo. Numa
outra perspetiva, podem os cônjuges viver sob o mesmo teto mas não existir vida em comum já
que não partilham as refeições em comum, dormem em leitos separados como se não fossem
casados ou não partilham os mesmos interesses e amizades, não pretendendo restabelecer a
convivência conjugal. Nestas circunstâncias, o elemento objectivo existe, mas pode não ser tão
notório e evidente e verifica-se o elemento subjectivo que justifica o decretamento do divórcio.
Por isso, éimportante a existência do elemento da voluntariedade na separação, pelo menos, por
parte de um dos cônjuges, e a intencionalidade no sentido de não pretender o restabelecimento da
vida conjugal.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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25.6. Alteração das faculdades mentais


A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure hámais de um ano e que, pela
sua gravidade, comprometa a possibilidade da vida em comum constitui uma outra causa
(objetiva) do divórcio (artigo 1781.º, alínea b), do Código Civil)32. A alteração das faculdades
mentais (anomalia mental ou psíquica que, independentemente da sua causa, diminua ou retire a
lucidez ou capacidade intelectual) compromete a possibilidade da vida em comum quando, da
sua manutenção resulte para o outro cônjuge um sacrifício exagerado e, por isso mesmo,
inexigível. Por seu turno, a possibilidade da vida em comum fica comprometida se exceder o
limite razoável do sacrifício.
A plena comunhão de vida que une os cônjuges, própria do casamento, nomeadamente o espírito
de entreajuda, de solidariedade, o dever recíproco de auxílio e de socorro, de amparo na doença e
na saúde, decorrente do próprio casamento écolocado em causa, na medida em que se permite a
um dos cônjuges o direito de pedir o divórcio. Contudo, entende-se não ser razoável obrigar o
cônjuge a manter o casamento àespera de uma eventual cura do mal que afeta o outro cônjuge,
sabendo-se à partida que a comunhão plena de vida, que constitui a essência da relação
matrimonial, muito dificilmente seria restabelecida (Pires de Lima e Antunes Varela, Código
Civil Anotado, 2.ªedição, vol. IV, pg. 544). O cônjuge que pediu o divórcio fica, porém,
obrigado a reparar os danos morais causados ao outro cônjuge pela dissolução do casamento,
sendo o único caso em que este pedido de indemnização deve ser formulado na própria ação de
divórcio (artigo 1792.º, n.º2 do Código Civil).

25.7. Ausência do outro cônjuge sem notí


cias
A ausência, sem notícias do outro cônjuge, pelo perí
odo não inferior a um ano constitui outra
causa (objectiva) de divórcio (artigo 1781.º, alínea c), do Código Civil) O cônjuge do ausente,
decorrido o prazo de um ano desde a data das últimas notícias, pode obter o divórcio o que
significa que não basta que o ausente não dênotícias, sendo também necessário que dele não se
saibam notícias, nem através do ausente, nem através de terceiras pessoas, sendo este prazo
contínuo, interrompendo-se com qualquer notícia do ausente. Em face da coincidência de prazo
com a separação de facto, poderáo cônjuge, na eventualidade de não fazer prova da ausência
(critério mais exigente), invocar aqueloutro fundamento, alegando e demonstrando os seus

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


45

elementos objectivos e subjectivo, procurando obter maiores possibilidades de sucesso na


procedência do pedido.

25.7. Rotura definitiva da vida em comum


A rotura definitiva da vida em comum constitui a novidade introduzida pela Lei n.º61/2008, de
31 de Outubro, relativamente aos fundamentos do divórcio sem consentimento do outro cônjuge
e encontra-se prevista no artigo 1781.º, alínea d), do Código Civil, não apenas substituindo o
anterior fundamento do divórcio baseado na violação culposa dos deveres conjugais mas
possibilitando a introdução de novas circunstâncias de facto que revelem a rutura definitiva do
casamento. A violação culposa dos deveres conjugais só constituía fundamento de divórcio
litigioso quando, pela sua gravidade e reiteração, comprometesse a possibilidade da vida em
comum. Entendia-se que a vida em comum não devia ser para o cônjuge ofendido um sacrifício
exorbitante e, por isso mesmo, inexigível. A possibilidade da vida em comum ficaria
comprometida se excedesse a medida razoável do sacrifício inerente àmanutenção da sociedade
conjugal e devia considerar-se a impossibilidade da vida em comum para um cônjuge ideal, isto
é, para um cônjuge razoável, de boa formação e são entendimento, expressão das condições
dominantes sobre o divórcio. Não se devia considerar relevante qualquer pequena falta ou
violação de deveres conjugais nem se deviam considerar irrelevantes ou desculpáveis faltas
graves e dificilmente perdoáveis, obrigando o cônjuge ofendido a continuar a viver com o
cônjuge ofensor (neste sentido, entre outros, Ac. STJ de 08/03/1994 in CJ-STJ, I, pg. 147). No
novo regime do divórcio, qualquer um dos cônjuges pode, sem o consentimento do outro, obter o
divórcio desde que demonstre a existência de “quaisquer outros factos que, independentemente
da culpa dos cônjuges, mostre a ruptura definitiva do casamento” (artigo 1781.º, alínea d), do
Código Civil). Esta causa do divórcio, autêntica cláusula geral, dada a sua amplitude, comporta
sete elementos, sendo os cinco primeiros de relevância positiva (os mesmos terão que verificar-
se) e os dois últimos de relevância neutra (o divórcio não se encontra dependente da sua
verificação):
 Deve ser revelada por um ou mais factos;
 Estes factos têm que ser diversos daqueles que são fundamento de outras causas de divórcio;
 Têm que ser reveladores da falência do casamento;

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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 A rutura terá que revelar-se como definitiva (e não uma mera rotura esporádica ou
temporária);
 Deve consistir numa situação objectiva, passível de ser constatada, não resultando de um
simples e mero acto de vontade de um dos cônjuges;
 Não depende da eventual culpa de qualquer dos cônjuges;
 Não depende da verificação de qualquer prazo.

A culpa éirrelevante para o efeito de decretar o divórcio mas não como elemento de avaliação
do preenchimento do conceito de “rutura definitiva do casamento”. Na verdade, por um lado, o
legislador não modificou, revogou ou alterou os deveres conjugais a que os cônjuges se mostram
reciprocamente vinculados, antes os manteve, e, por outro lado, eliminou de forma definitiva a
culpa, enquanto fundamento do divórcio, e as suas consequências patrimoniais. Tratou-se apenas
de transferir a questão da culpa para o juízo de avaliação e concretização do conceito legal de
“rutura definitiva do casamento”. Nem só a violação ou inobservância dos deveres conjugais
poderáconduzir a uma rutura definitiva do casamento nomeadamente nas situações em que os
cônjuges mantenham uma persistente relação conflituosa, com discussões e desentendimentos
constantes, com a consequente perda de afetividade entre ambos, provocando sentimentos de
mal-estar, angústia ou sofrimento; neste caso, Os factos que demonstrem a rutura definitiva do
casamento não podem implicar uma simples rutura ocasional, temporária, um pequeno
desentendimento entre o casal, tendo que ser definitiva, no sentido de ser irremediável, sem
solução, sem qualquer possibilidade de restabelecimento da relação conjugal e de uma plena
comunhão de vida que o casamento implica e pressupõe34. A rotura definitiva do casamento tem
de ser avaliada em função de um cônjuge ideal, isto é, de um cônjuge razoável, de normal
formação e entendimento sobre a própria concessão do casamento, de acordo com as actuais
concessões dominantes. Nesta parte, deverácontinuar-se a entender que não se deve exigir a um
cônjuge razoável, segundo as concessões legais, um sacrifício que exceda o limite do razoável
para manter a união conjugal e um casamento, quando este deixou de ser o centro da sua
realização pessoal ou quando se perderam os afectos. Os factos integradores da rotura definitiva
da vida em comum têm que ser constatáveis objectivamente e não podem resultar da mera
declaração de vontade de qualquer dos cônjuges.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


47

O juiz não tem um elenco de factos relevantes nem um prazo mínimo de duração que o possa
guiar no seu juízo.
Nestas condições, certos factos muito graves podem sustentar a conclusão sobre a rutura, sem
que tenham que repetir-se ou prolongar-se no tempo. Outros factos, menos graves mas reiterados
podem fundamentar a mesma conclusão sobre a rutura. Apesar de tudo, não é consagrado um
divórcio unilateral a pedido pelo que não parece que deva ser estabelecida uma atitude mais
condescendente nas exigências da prova.

25.8. O dever de respeito


Constituem factos ofensivos da integridade moral, e como tal violadores do dever conjugal de
respeito, quaisquer palavras ou atos dos cônjuges que ofendam a honra do outro cônjuge, ou
ainda a sua reputação e consideração social de que ele goza, ou atémesmo sóo seu brio e amor-
próprio, a sua sensibilidade ou suscetibilidade pessoal. Implica também o dever de cada um dos
cônjuges em não praticar atos ou adotar comportamentos que atentem contra a imagem pública
do casal (se um dos cônjuges se embriaga ou se droga com frequência, ou comete um crime
infamante, viola o dever de respeito para com o outro cônjuge) e, segundo alguma doutrina,
atenta contra o bom nome coletivo e o património comum entre os cônjuges (neste sentido, Tomé
d’Almeida Ramião, O Divórcio e as Questões Conexas, 3.ªedição, pgs. 24-25; Antunes Varela,
Direito da Família, pg. 362; Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira, Curso de Direito da Família,
4.ªedição, pg. 350). Assume um carácter residual em relação aos outros deveres com um cariz
negativo, de non facere em face dos direitos pessoais ou absolutos do outro, mas também um
cariz positivo, de tomar iniciativas de comunhão com o outro cônjuge, no mundo da sua vida e
interesses.

25.9. O dever de cooperação


O dever de cooperação encontra-se expresso no artigo 1674.ºdo Código Civil e importando
“para os cônjuges a obrigação de socorro e auxílio mútuos e a de assumirem em conjunto as
responsabilidades inerentes à vida da família que fundaram”. Este dever importa a ajuda na vida
de todos os dias, assim como o amparo e auxí
lio na doença e na adversidade, abrangendo o dever
de amparo e ajuda entre os cônjuges nos problemas quotidianos da sociedade familiar,
nomeadamente na educação dos filhos, na defesa da saúde e nas necessidades de ordem material,

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


48

espiritual, moral e afectiva. A obrigação de assumir conjuntamente as responsabilidades onera os


cônjuges com o dever de interesse, decisão e cooperação em todas as decisões do quotidiano da
vida familiar, no que se refere aos filhos, aos bens, aos objetos de condução familiar, bem como
todos os deveres de carácter pessoal que não aproveitem apenas individualmente aos cônjuges.
Se um dos cônjuges mostrar desinteresse total, ou mesmo parcial, pela vida do lar, não dando o
seu apoio e auxílio para a realização de uma vida conjugal plena, haverá fundamento para
decretar o divórcio.

25.10. O dever de assistência


Por seu turno, o dever de assistência pressupõe a obrigação de prestar alimentos e a de contribuir
para os encargos da vida familiar (artigos 1672.ºe 1675.º, ambos do Código Civil). Consiste no
dever recíproco de contribuir para as despesas domésticas, com tudo o que se torna necessário
para o sustento, habitação e vestuário e em cada um dos cônjuges ter de participar nas despesas
do lar, de acordo com as suas possibilidades, e pode ser cumprido, por qualquer um deles, pela
afetação dos seus recursos àqueles encargos e pelo trabalho despendido no lar ou na manutenção
e educação dos filhos (artigos 1676.º, n.º1 e 2015.º, ambos do Código Civil). A obrigação de
alimentos só tem autonomia em caso de separação de facto e de direito dos cônjuges, caso
contrário integra-se e é absorvida na obrigação de contribuir para as despesas domésticas,
porquanto se enquadra numa situação conjugal e familiar normal.

26.O dever de fidelidade


O dever de fidelidade recíproca tem por objeto a dedicação exclusiva e sincera, como consorte,
de cada um dos cônjuges ao outro ”envolvendo“ a proibição de qualquer dos cônjuges ter
relações sexuais com terceiro (outra pessoa que não o seu consorte)” sendo que a violação dessa
proibição (infidelidade material) se denomina adultério (Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira,
Curso de Direito da Família, 4.ª edição, pg. 312). Compreende-se no dever de dedicação
exclusiva e leal de um cônjuge a outro, possuindo um caráter de puro dever negativo, de
abstenção de encetar ou manter relações emocionais com terceiras pessoas, quer materializadas
em relação corporal, que assume a sua forma mais intensa no relacionamento de caráter sexual,
quer não materializadas, desde que exprimam uma violação da promessa daquela dedicação
exclusiva e leal que um cônjuge deve ao outro.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


49

Contudo, a quebra daquela dedicação pode revestir formas menos graves, muito embora
igualmente censuráveis, como sejam namoros ou ligações sentimentais com terceiros, que
constituem os casos de infidelidade moral. Não obstante, apenas a infidelidade moral
exteriorizada pode constituir uma violação do dever de fidelidade, embora, mesmo nesse caso,
ainda haja que distinguir entre ligação platónica a certas pessoas, mas efetiva, com determinada
pessoa (Miguel Teixeira de Sousa, O regime jurídico do divórcio, 1991, pg. 41). Com efeito, não
énecessária a consumação de relações sexuais com terceiros, bastando a tentativa de adultério ou
a manutenção de comprometimento que revele ligação amorosa ou sentimental (mera ligação
sentimental ou platónica com alguém) (Ac. STJ de 10/12/1996 in CJ-STJ, III, pg. 131).

26.1. O dever da coabitação Finalmente,


o dever de coabitação compreende por um lado, a obrigação dos cônjuges viverem em comum,
em princípio debaixo do mesmo teto, ou seja na casa de morada de família, e por outro o
chamado “débito conjugal”, o qual envolve ou se traduz no compromisso de manutenção de
relações com o outro cônjuge, relações de toda a natureza e nomeadamente de caráter íntimo ou
sexual (artigo 1673.º, n.º1 do Código Civil). Envolve a comunhão de mesa, leito e habitação e
que consubstancia o duos in carne una, que envolve o dever de ambos os cônjuges comerem à
mesma mesa, partilharem a mesma cama e habitarem a mesma casa, envolvendo ainda a prática
de atos sexuais. A recusa injustificada em manter relações sexuais com o outro cônjuge é, assim,
suscetível de constituir uma violação do dever de coabitação. Em suma, quando a comunhão de
vida entre os cônjuges esteja posta em crise de forma definitiva, nomeadamente quando haja uma
quebra do laço afetivo, existe fundamento para o divórcio sem consentimento. Haveráquebra do
laço afetivo em situações que ponham em causa a saudável convivência e entreajuda entre os
cônjuges, o seu bem-estar e em que se verifiquem persistentemente desentendimentos no
casamento ou sacrifício no relacionamento. Também haverá quebra do laço afetivo e
consequente rutura definitiva do casamento quando haja violação grave, não necessariamente
culposa, dos deveres conjugais, sendo certo que, a comunhão de vida também se concretiza pela
recíproca vinculação aos deveres conjugais de respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e
assistência.

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


50

26.2. Consequências do Divórcio


Se o casamento terminar por divórcio (…) cada cônjuge receberá o que é seu, e receberá metade
do património comum que foi adquirido onerosamente com o esforço conjunto. (…) o cônjuge
que prova um desinvestimento manifesto na vida pessoal em favor da vida de casado tem direito
a um valor que o compense desse prejuízo e lhe favoreça alguma recuperação do padrão de vida
que poderia ter tido (…) (…) depois do divórcio, é de esperar que os dois ex-cônjuges ganhem a
vida, sendo a relação de alimentos um recurso excecional (…) embora se permita a fixação de
uma medida decente que não signifique uma descida radical do estatuto económico, mas que
também não transforme o casamento num seguro de bem estar àcusta do outro ex-cônjuge.”

26.3Partilha de bens
O divórcio implica a cessação das relações patrimoniais entre os cônjuges o que implica que,
sendo o casamento celebrado sob um qualquer regime de comunhão de bens (comunhão geral ou
comunhão de adquiridos)39, torna-se necessário proceder àpartilha dos bens comuns do casal.
Com a supressão da discussão ou averiguação da culpa no divórcio, as consequências
patrimoniais e de natureza sancionatória para o cônjuge declarado único ou principal culpado
foram eliminadas, assumindo particular relevância a supressão dos efeitos patrimoniais na
partilha de bens para o cônjuge declarado único ou principal culpado (artigo 1790.ºdo Código
Civil).
Na versão anterior, esta disposição normativa traduzia uma das penalizações do cônjuge
declarado único ou principal culpado na sentença que decretasse o divórcio ou a separação de
pessoas e bens, com um âmbito de aplicação cada vez mais restrito40, ou seja, “quando o regime
de bens do casamento tenha sido a comunhão geral de bens e, uma vez liquidado o regime
matrimonial, apurandose um ativo integrado por bens que seriam próprios do cônjuge inocente,
se o regime escolhido tivesse sido a comunhão de adquiridos, caso em que a lei, para evitar o
benefí
cio do único ou principal culpado, determina que a partilha se faça de acordo com o
regime da comunhão de adquiridos” (Esperança Pereira Mealha, Acordos Conjugais para
Partilha de Bens Comuns, pg. 81). Na redação anterior à Lei n.º61/2008, de 31 de outubro, o
artigo 1790.ºdo Código Civil estabelecia que o cônjuge declarado único ou principal culpado
não podia, na partilha, receber mais do que receberia se o casamento tivesse sido celebrado
segundo o regime de comunhão de adquiridos. A sanção estabelecida para o cônjuge considerado

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


51

único ou principal culpado pela rutura do casamento apenas tinha relevância nos casos em os
cônjuges tivessem convencionado o regime da comunhão geral e quando o cônjuge inocente
tivesse levado mais bens para o casamento ou tivesse adquirido a título gratuito os bens de maior
valor. Com a eliminação da culpa nas causas do divórcio, não era necessariamente imposto que
fossem eliminados os seus efeitos na medida em que a própria doutrina entendia que a culpa
poderia manter alguma relevância, não em termos de avaliação e castigo da conduta passada,
mas em critérios de “welfare”, da obtenção da melhor repartição dos custos pessoais e
patrimoniais, para as partes envolvidas e para a sociedade, em geral, do divórcio (Eva Dias Costa,
Da Relevância da Culpa nos Efeitos Patrimoniais do Divórcio, pg. 146). Para fundamentar a
opção assumida pela Lei n.º61/2008, de 31 de outubro, afirma-se que “em caso de divórcio, a
partilha far-se-ácomo se os cônjuges tivessem estado casados em comunhão de adquiridos, ainda
que o regime convencionado tivesse sido a comunhão geral, ou um outro regime misto mais
próximo da comunhão geral do que da comunhão de adquiridos; a partilha continuaráa seguir o
regime convencionado no caso de dissolução por morte (…) evita que o divórcio se torne um
meio de adquirir bens, para além da justa partilha do que se adquiriu com o esforço comum na
constância do matrimónio, e que resulta da partilha segundo a comunhão de adquiridos (…)
abandonando-se o regime atual que aproveita o ensejo para premiar um inocente e castigar um
culpado” (Exposição de Motivos do Projeto de Lei n.º509/X) 42. Contudo, na versão anterior, a
sanção prevista para o cônjuge declarado único ou principal culpado não significava que o
regime aplicável à partilha fosse necessariamente o da comunhão de adquiridos, tornando-se
necessário confrontar o resultado da declaração de culpa com o que se obteria mediante a
aplicação do regime de comunhão de adquiridos pois sóno caso de o primeiro (a comunhão geral
ou outro convencionado) ser mais favorável à sua posição do que o segundo (o regime da
comunhão de adquiridos) é que a lei manda aplicar este último. Com efeito, “se, por exemplo, se
convencionou entre os cônjuges o regime da comunhão geral e o cônjuge considerado único ou
principal culpado tiver levado para o casal ou adquirido posteriormente, por sucessão ou doação,
bens de valor superior aos do cônjuge inocente, não haverá lugar à aplicação das regras de
comunhão de adquiridos, visto que elas só beneficiariam o culpado (único ou principal) do
divórcio mas se, porém, ao invés da hipótese prefigurada, os bens próprios do cônjuge inocente
forem de valor superior, haverá que aplicar o regime da comunhão de adquiridos e não o da

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


52

comunhão geral” (Pires de Lima e Antunes Varela, Código Civil Anotado, volume IV, 2.ª edição,
pg. 562).
Assim sendo, o regime pretérito da partilha em caso de divórcio não configurava
necessariamente um modo de adquirir bens e, muito menos, uma forma injustificada de aquisição
desses bens na medida em que só se impunha fazer funcionar essa regra se os bens próprios do
cônjuge inocente fossem de valor superior, postergando-se o regime de bens do casamento
convencionado entre os cônjuges a favor daquele que não podia ser considerado o responsável
pela rutura do casamento e, consequentemente, pelo termo das expectativas pessoais e
patrimoniais que a união conjugal implicava, Ao invés, com o regime da Lei n.º61/2008, de 31
de outubro, no caso de o cônjuge que requereu o divórcio ser aquele que violou os deveres
conjugais, mas levou mais bens para o casamento ou adquiriu mais bens a título gratuito ao
longo do mesmo, não sóobtém o divórcio como sai em vantagem face ao outro44 (neste sentido,
Cristina Araújo Dias, Uma Análise do Novo Regime Jurí
dico do Divórcio, 2.ªedição, pg. 27).
Com efeito, esta disposição é aplicável às partilhas que forem instauradas na sequência de
divórcios instaurados após a entrada em vigor da Lei n.º61/2008, de 31 de outubro, ou seja,
aplica-se também a todos os casamentos celebrados segundo o regime de comunhão geral de
bens, quer seja de acordo com o regime supletivo em vigor antes do Código Civil de 196645,
quer seja de acordo com a celebração de convenção antenupcial entre os cônjuges.
A partilha é o ato ou o meio técnico-jurídico pelo qual se põe termo à indivisão de um
património comum e, no caso da partilha dos bens que integram a comunhão conjugal, visa a
atribuição definitiva aos cônjuges dos bens comuns através do preenchimento da respectiva
meação, pressupondo a existência de mais do que um titular desse património (Esperança Pereira
Mealhada, Acordos Conjugais para Partilha dos Bens Comuns, pg. 62). Não optando ambos os
cônjuges pela partilha conjuntamente com o divórcio por mútuo consentimento requerido na
Conservatória do registo civil (artigos 1775.º, n.º1, alínea a), in fine do Código Civil e 272.º-A a
272.º-C, todos do Código de Registo Civil), é através do processo de inventário que os ex-
cônjuges irão pôr termo àcomunhão de bens do casal e onde devem relacionar-se os bens que
entraram na comunhão e as dívidas que oneram o património comum, ou seja, da
responsabilidade de ambos os cônjuges (neste sentido, Lopes Cardoso, Partilhas Judiciais,
volume III, pg. 362; Ac. RP de 21/11/2000 in CJ, V, pg. 197) Decretada a separação judicial de
pessoas e bens ou o divórcio, ou declarado nulo ou anulado o casamento, qualquer um dos ex-

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


53

cônjuges pode requerer inventário para partilha dos bens, salvo se o regime de bens do
casamento for o de separação (artigo 79.º, n.º1 do Regime Jurí
dico do Processo de Inventário).
O processo de inventário subsequente àseparação, divórcio ou anulação de casamento deixou de
ser tramitado por apenso aos processos judiciais de separação, divórcio ou anulação de
casamento. Em caso de inventário em consequência de separação, divórcio, declaração de
nulidade ou anulação de casamento, é competente o cartório notarial sediado no município do
lugar da casa de morada de família ou, na falta desta, o cartório notarial do município da situação
dos imóveis ou da maior parte deles, ou, na falta de imóveis, do município onde estiver a maior
parte dos móveis (artigo 3.º, n.º6 do Regime Jurí
dico do Processo de Inventário). Cabe ao
tribunal de comarca do cartório notarial onde o processo foi apresentado praticar os atos que
sejam da competência do juiz (artigo 3.º, n.º7 deste Regime), designadamente o conhecimento
dos recursos que venham a ser interpostos para o tribunal de 1.ªinstância (artigos 16.º, n.º4, 57.º,
n.º4, 66.º, n.º3 e 76.º, n.º2, a decisão homologatória da partilha (artigo 66.º, n.º1), a retificação
de atos materiais (artigo 70.º, n.º2), a fixação de valor superior de taxa de justiça quando o
processo seja remetido ao tribunal (artigo 83.º, n.º1) (Carla Câmara e outros, Regime Jurí
dico do
Processo de Inventário Anotado, Coimbra, Almedina, 2013, pg. 45).

26.4. Alimentos entre ex-cônjuges


Como efeito do casamento e na vigência da sociedade conjugal, um dos deveres recíprocos dos
cônjuges é o dever de assistência, compreendendo o dever de prestar alimentos e o dever
recíproco de contribuir para as despesas domésticas (artigos 1675.º, n.º1 e 2015.º, ambos do
Código Civil). Por seu turno, o n.º2 do artigo 2016.ºdo mesmo Código estabelece o direito de
alimentos a qualquer dos cônjuges, em caso de divórcio ou de separação judicial,
independentemente do tipo de divórcio. O artigo 2016.º, n.º1 do citado Código (na redação dada
pela Lei n.º61/2008, de 31 de outubro) veio estabelecer o princípio da autossubsistência, ou seja,
de que cada ex-cônjuge deve prover à sua subsistência após o divórcioCom esta alteração
“pretende-se afirmar que o direito a alimentos não deve perdurar para sempre, competindo ao ex-
cônjuge providenciar e esforçar-se pela angariação de meios de subsistência e não ficar
dependente do outro ex-cônjuge e este, por sua vez, eternamente vinculado a essa obrigação”
(Tomé d’Almeida Ramião, O Divórcio e Questões Conexas, 3.ª edição, pg. 91). Este autor cita
ainda uma decisão da Relação de Coimbra que afirma que “o casamento, como expoente

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


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máximo da última manifestação pública de amor, afeto e carinho, sófaz hoje sentido quando os
dois cônjuges o querem e enquanto nele ambos se sentiram bem, não se justificando, a nosso ver
que um dos cônjuges tenha que pagar um tributo ao outro só porque àluz desse amor, afeto e
carinho, que outrora existiu, se apagou entretanto” (Ac. RC de 24/05/2005). Na fixação do
montante dos alimentos, deve o tribunal tomar em conta a duração do casamento, a colaboração
prestada à economia do casal, a idade e estado de saúde dos cônjuges, as suas qualificações
profissionais e possibilidades de emprego, o tempo que terão que dedicar, eventualmente, à
criação dos filhos comuns, os seus rendimentos e proventos, um novo casamento ou união de
facto e, de modo geral, todas as circunstâncias que influam sobre as necessidades do cônjuge que
recebe os alimentos e as possibilidades do que os presta (artigos 2004.ºe 2016.º-A, n.º1, ambos
do Código Civil).
Contudo, o cônjuge credor não tem o direito de exigir a manutenção do padrão de vida de que
beneficiou na constância do matrimónio48 (artigo 2016.º-A, n.º3 do Código Civil) podendo
ainda o direito a alimentos ser negado por razões manifestas de equidade (artigo 2016.º, n.º3 do
Código Civil). Assim, em caso de divórcio ou de separação judicial de pessoas e bens, os ex-
cônjuges têm direito a alimentos um do outro e esta solidariedade conjugal estende-se para além
do casamento, justificando que ao ex-cônjuge com direito a alimentos seja garantida uma
situação económica ou uma condição de sobrevivência minimamente condigna, dentro das
possibilidades do obrigado a pagá-los e observados o princípio da autossubsistência de cada um
dos cônjuges e o princípio da equidade (artigos 2016.ºe 2016.º-A, ambos do Código Civil, Cabe
ao credor dos alimentos o ónus da prova das suas necessidades e de que o requerido tem
possibilidades de os prestar (artigo 342.º, n.º1 do Código Civil)49, cabendo a este o ónus da
prova das circunstâncias que poderão justificar a não atribuição do direito a alimentos (n.º2 do
mesmo artigo). Os alimentos devem, em regra, ser fixados em prestações pecuniárias mensais,
admitindo a lei outros modos de cumprir essa obrigação, por acordo ou disposição legal em
contrário, ou se ocorrerem motivos que justifiquem medidas de exceção (artigo 2005.ºdo Código
Civil). Os alimentos são devidos desde a proposição da ação ou, estando jáfixados pelo tribunal
ou por acordo, desde o momento em que o devedor se constituiu em mora, ou seja, se não
estiverem já fixados judicialmente ou por acordo e não for deduzida providência cautelar de
alimentos provisórios, os alimentos só serão exigíveis após o trânsito em julgado da respetiva

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


55

sentença mas, no seu montante, hão de ser computadas quantias apuradas desde a data da
propositura da ação (artigo 2006.º, n.º1 do Código Civil).

26.5. Atribuição da casa de morada de família


Num sentido comum, a casa de morada de família é o edifício ou a estrutura com destino a
habitação, onde reside um conjunto de pessoas do mesmo sangue ou ligadas por algum vínculo
familiar. Em termos jurídicos, e porque os textos legislativos não fornecem qualquer noção, a
casa de morada de família tem sido definida pela doutrina como “a casa de residência comum
dos cônjuges, o local em que os cônjuges, no exercício do seu comum poder de imprimir uma
direção unitária àvida familiar, determinaram fixar a residência da família” (Nuno Espinosa da
Silva, Posição sucessória do cônjuge sobrevivo, Reforma do Código Civil, Ordem dos
Advogados, 1981, pg. 72) ou “a casa que constitua a residência habitual principal do agregado
familiar, ou seja, aquela residência, determinável caso por caso, que, pela sua estabilidade e
solidez, seja a sede e o centro principal da maioria dos interesses, das tradições e das aspirações
familiares em apreço” (Capelo de Sousa, Lições de Direito das Sucessões, vol. II, 2.ªedição
reimpressão, 1990, pg. 246). A jurisprudência tem definido a casa de morada de família como “o
espaço habitacional da família” (Ac. RP de 17/05/1979 in CJ, IV, pg. 953) ou “a casa do casal
arrendada por um ou por ambos os cônjuges e a casa propriedade de um ou de ambos os
cônjuges” (Ac. RL de 28/10/1982 in CJ, IV, pg. 134). Numa outra decisão, “a casa de morada de
família édefinida como a situação (...) que resulta da residência dos cônjuges e persiste enquanto
nela se mantiver o cônjuge beneficiário da respetiva proteção legal (Ac. RC de 28/04/1987 in
BMJ 336.º-571) enquanto que outra decisão a identifica como “centro de referência ou centro
aglutinador da unidade familiar (...), como base ou sede do núcleo essencial da sociedade
familiar (Ac. RL de 06/02/1992 in CJ, I, pg. 154). Por seu turno, outra decisão define a casa de
morada de família como “a sede da vida familiar em condições de habitabilidade e de
continuidade, o centro da organização doméstica e social da comunidade familiar” (Ac. STJ de
06/03/1986 in BMJ 335.º-346) ou ainda “qualquer casa (comum ou própria de um dos cônjuges)
que só poderáter essa qualificação quando for nela que habitualmente more ou habite a família
(...), formando uma economia comum” (Ac. RP de 21/12/2006 in CJ, V, pg. 197; Ac. RC de
01/03/2005). Finalmente, a casa de morada de família é ainda definida como “aquela que
constitui a residência permanente dos cônjuges e dos filhos, a sua residência habitual ou

A ineficácia da união de facto na separação dos cônjuges e dos bens


56

principal, implicando que esta 55 Divórcio constitua ou tenha constituído a residência principal
do agregado familiar e que um dos cônjuges seja titular do direito que lhe confira o direito à
utilização dela” (Ac. RL de 12/02/1998 in CJ, I, pg. 121). Quando a casa de morada de família
seja arrendada, o seu destino, em caso de divórcio, édecidido por acordo dos cônjuges, podendo
estes optar pela transmissão ou pela concentração a favor de um deles; na falta de acordo, cabe
ao tribunal, tendo em conta a necessidade de casa um, os interesses dos filhos e outros fatores
relevantes (artigo 1105.ºdo Código Civil). Se a casa de morada de família for bem próprio ou
comum dos cônjuges, o tribunal pode dar a mesma de arrendamento a qualquer dos cônjuges, a
seu pedido, quer esta seja comum ou própria do outro, considerando, nomeadamente, as
necessidades de cada um dos cônjuges e os interesses dos filhos do casal, fixando as condições
do contrato de arrendamento, designadamente a sua duração e valor mensal (artigo 1793.º, n.º1
do Código Civil). Se a casa pertencer, na totalidade, a um dos cônjuges, a renda fixada ser-lhe-á
paga na totalidade. Sendo pertença de ambos, pagará a sua quota parte nessa renda, ou seja,
metade desse valor. Se, na futura partilha dos bens comuns, o imóvel vier a ser adjudicado ao
cônjuge arrendatário, cessa o arrendamento mas, no caso contrário, passaráa pagar a totalidade
da renda. Discutia-se na doutrina e na jurisprudência se o acordo sobre a utilização da casa de
morada de família poderia vir a ser modificado depois do divórcio, a pedido de qualquer dos ex-
cônjuges. A jurisprudência maioritária afirmava que o acordo sobre a casa de morada de família
era um requisito do divórcio que, depois de decretado e homologado, fazia caso julgado e se
esgotava no cumprimento da decisão, não havendo disposição normativa que contrariasse esta
afirmação e previsse a faculdade de alteração posterior (neste sentido, Ac. STJ de 02/10/2993 in
CJ-STJ, III, pg. 74; Ac. RL de 18/02/1993 in CJ, I, 149; Ac. RP de 02/05/1995 in CJ, III, pg. 197;
Ac. RP de 05/05/2005 in CJ, III, pg. 160). Contudo, alguma doutrina e jurisprudência defendia
que, sem deixar de ser requisito do divórcio, o acordo sobre a casa de morada de família deve
beneficiar do mesmo regime que se aplica aos outros acordos preliminares do divórcio, para que
se pudesse fazer justiça nas relações entre os cônjuges (neste sentido, Nuno Salter Cid, A
Proteção da Casa de Morada de Família no Direito Português, pgs. 314-316; Ac. RP de
05/02/2007)
Para avaliar a premência da necessidade da casa, o juiz deveráter em conta o interesse dos filhos,
a situação económica de cada um dos cônjuges, o seu estado de saúde, a sua idade, a capacidade
profissional de cada um deles, bem como outros fatores relevantes (artigo 1105.º, n.º2 do

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Código Civil). Estes fatores não se encontram ordenados segundo qualquer hierarquia de valores
embora não possam deixar de prevalecer os interesses dos filhos menores (se os houver) e a
capacidade económica de cada um dos ex-cônjuges. Em caso de conflito, o tribunal tem de o
resolver, atribuindo a um ou a outro a casa em questão, não podendo impor a duas pessoas que
decidiram romper os seus laços familiares, através do divórcio, a convivência em comum
naquele espaço (neste sentido, Ac. RL de 16/10/2007 in CJ, IV, pg. 119)

26.6. Mediação familiar


A mediação familiar é o processo no qual os cônjuges, em instância de divórcio, pedem
voluntariamente a ajuda de uma terceira pessoa neutra e qualificada, para resolver os seus
conflitos, de maneira naturalmente aceitável, o que lhes permitiráestabelecer um acordo durável
e equilibrado, que tomaráem linha de conta as necessidades de todos os membros da família,
especialmente as das crianças. Com a Lei n.º61/2008, de 31 de outubro, foi introduzida uma
alteração ao artigo 1774.ºdo Código Civil55 determinando que, antes do início do processo de
divórcio, a conservatória do registo civil ou o tribunal devem informar os cônjuges sobre a
existência e os objetivos dos serviços de mediação familiar. No âmbito das questões relativas à
regulação do exercício das responsabilidades parentais56, a mediação familiar encontra-se
estabelecida no artigo 147.º-D da Organização Tutelar de Menores (na redação introduzida pela
Lei n.º133/99, de 20 de agosto57) segundo a qual, em qualquer estado da causa e sempre que o
entenda conveniente, designadamente em processo de regulação do exercício das
responsabilidades parentais, oficiosamente, com o consentimento dos interessados, ou a
requerimento destes, o juiz pode determinar a intervenção dos serviços públicos ou privados de
mediação, homologando o acordo obtido por esta via se o mesmo satisfizer o interesse da criança.
Assim, a mediação familiar pode ser definida como uma modalidade extrajudicial de resolução
de litígios, informal, confidencial e voluntária, em que as partes, com a sua participação ativa e
directa, são auxiliadas por um terceiro (mediador) a encontrar, por si próprias, uma solução
negociada e amigável para o conflito que as opõe, podendo o processo ser iniciado por iniciativa
das partes ou sugerido por um tribunal. A palavra mediação deriva do latim “medius” ou
“medium” que significa “no meio” e, por isso, é tradicionalmente definida na doutrina como “um
processo de colaboração para a resolução de conflitos” no qual duas ou mais partes em litígio são
ajudados por um terceiro imparcial com o fim de comunicarem entre eles e de chegarem àsua

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própria solução mutuamente aceite, acerca da forma como resolver os problemas em disputa,
ajudando-os a explorar as opções disponíveis e, se possível, a atingir decisões que satisfaçam os
interesses de todos os envolvidos. Deste modo, a filosofia subjacente àmediação éa de que as
pessoas envolvidas num conflito são as que melhor sabem como resolvê-lo na medida em que o
mediador não impõe às partes a obtenção de um acordo ou o seu conteúdo; a sua função éa de
esclarecer as partes acerca dos seus direitos e deveres face à mediação e de as aproximar,
facilitando a obtenção de um acordo, sem o impor. Para o sistema tradicional de justiça, o
recurso à mediação poderá significar uma importante redução dos processos judiciais e a
diminuição da sobrecarga de trabalho existente nos tribunais, permitindo uma maior atenção
sobre outros casos mais complexos que não podem ser resolvidos por aquela via; por outro lado,
verifica-se uma maior garantia de efetivo cumprimento das decisões tomadas activamente pelas
partes, e tendência para os casos não retornarem ou não perdurarem

27. Comunhão Geral de Bens


A partir da data do casamento todos os bens, mesmo os possuídos anteriormente, passarão a
pertencer aos dois elementos do casal. Em caso de separação, serátudo dividido pelos dois. No
entanto, este tipo de regime só poderá ser celebrado se os noivos não
possuírem filhos de casamentos anteriores.

27.1. Separação de Bens


Os noivos mantêm todo o seu património dividido, tanto aquele que levaram para o casamento,
como o que foi adquirido posteriormente. Este tipo de regime éobrigatório quando qualquer um
dos nubentes tenha idade idêntica ou superior a 60 anos.

27.2. Comunhão de Bens Adquiridos


Cada um dos noivos mantém separadamente os bens que leva para o casamento, passando
a partilhar apenas os que forem adquiridos após essa data.

27.3. Outros que os nubentes convencionem


A lei permite aos noivos a elaboração de um regime diferente dos três acima
descritos, combinando, na medida da sua compatibilidade, características de qualquer um deles,
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podendo ser outorgada escritura pública em qualquer cartório notarial ou auto lavrado em
qualquer conservatória. Seja qual for o regime matrimonial que preferirem, os noivos deverão
realizar uma convenção antenupcial, numa conservatória notarial, antes do casamento. Na
ausência desta convenção serádefinido o regime de comunhão de bens adquiridos.

28. O direito ao património


Os efeitos patrimoniais da união de facto não são os mesmos que os efeitos patrimoniais que o
casamento, já que, ao contrário deste, não gera um regime de bens, ou seja, o unido de facto
sobrevivente da união não étratado como herdeiro, mas como qualquer outra pessoa não casada
e évisto como um elemento externo ao elenco das classes sucessíveis.

29. Distribuição de herança em união de facto pode passar a ser feita com base na Lei
O projecto de lei das sucessões, que estáa ser analisado pelas comissões do Parlamento, prevê
que em caso de morte de um dos cônjuges numa relação de união de facto (relação matrimonial
em que duas pessoas vivem juntas por mais de dois anos, sem que tenha havido um casamento
civil), a outra parte seja herdeira de parte da herança com base na lei. É pensando na família que
o debate é trazido à superfície. Várias são as famílias moçambicanas a viverem em união de
facto. E a vivência não tem sido pacífica, principalmente quando há mortes e consequente
partilha de herança. O projecto de Lei de Sucessões (revisão do Livro V do Código Civil, Direito
das Sucessões) pretende sanar conflitos que tem havido nestas situações e estáa ser discutido nas
comissões especializadas da Assembleia da República. A submissão do projecto áAssembleia da
república terá sido em 2014. Volvidos cinco anos, poderá atrair a atenção dos “mandatários do
povo”. O instrumento que regula a sucessão por morte foi submetido ao Parlamento já
espelhando alterações relevantes quanto àeliminação de normas discriminatórias e contrárias aos
princípios consagrados em instrumentos internacionais ratificados pelo Estado moçambicano,
bem como continha normas que regulam o efeito sucessório a outras pessoas até agora não
previstas nesta lei em virtude do seu reconhecimento na Lei da Família. No projecto de Lei das
Sucessões destaca-se no artigo 126 que "na falta de descendentes e ascendentes, é chamado à
sucessão da totalidade da herança o cônjuge ou o companheiro da união de facto". E no Artigo
127, a proposta indica que "na falta de parentes em linha recta e do cônjuge ou companheiro da
união de facto, os irmãos e, representativamente, os descendentes destes, são chamados à

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totalidade da herança". Ao companheiro da união de facto, o projecto prevê que "a quota do
cônjuge ou do companheiro da união de facto, se não concorrer com descendentes nem
ascendentes éde 50% da herança". Com a revisão da Lei de Sucessões, pretende-se reconhecer o
valor jurídico da união de facto para efeitos sucessórios, de modo que quando um dos dois
companheiros vivendo em união de facto morre, o outro possa ser chamado àsucessão e possa
fazer parte dos que partilham os bens do casal. Outra inovação que serátrazida como resultado
desta revisão tem que ver com o tratamento discriminatório entre filhos e filhas, onde vem se
dando tratamento privilegiado aos filhos em detrimento das filhas. Com a presente revisão, os
filhos e as filhas passam a ter tratamento igual para efeitos sucessórios, não havendo uns que
pelo seu género (masculino ou feminino) estejam em vantagem ou desvantagem. "Na falta de
cônjuge ou companheiro da união de facto e sendo um só filho, este tem direito a uma quota
correspondente a 50% da herança e 75% se existirem dois ou mais filhos", refere a proposta de
revisão da Lei. O instrumento traz, ainda, outra novidade quanto ao tratamento dos filhos tidos
no casamento e os de fora do casamento, onde prevêtratamento igualitário. "Havendo uns que
eram privilegiados, tidos como filhos legítimos, com esta alteração passa a não haver
descriminação de filhos nascidos dentro e fora do casamento", explicou Edson Macuácua,
presidente da primeira comissão do Parlamento, a Comissão dos Assuntos Constitucionais,
Direitos Humanos e de Legalidade, detalhando que os filhos são chamados para sucessão e
partilha de património em igualdade de circunstâncias de tratamento, independentemente do
estado social dos seus pais ou da situação em que tenham nascido. Edson Macuácua diz ser uma
revisão necessária, destacando nos seus argumentos a necessidade de adequar a Lei de Sucessões
àrealidade sociocultural moçambicana, de adequar a Lei ao contexto constitucional trazer mais
justiça ao próprio processo de sucessão por morte. “Na actual lei, os cônjuges são chamados em
quarto lugar para o processo sucessório. Primeiro temos os filhos, depois temos ascendentes,
temos os irmãos e por fim temos o casal. Isso éuma situação injusta porque quem constitui o
património é o casal. Quando um dos dois morre, naturalmente que o sobrevivo deve ser
chamado na primeira linha para o processo sucessório. Não pode se situar em quarto lugar como
actualmente acontece”, disse, por outro lado, Edson Macuácua.

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29. Conclusão
A união de facto tem assumido nas últimas décadas uma importância assinalável no panorama
das relações conjugais Moçambicanas, afirmando-se, cada vez mais, como alternativa ao
casamento, Apesar da realidade social ter assumido a união de facto como verdadeira relação
familiar e não meramente união para familiar, se revela inapta a solucionar e a que o legislador
não pode continuar indiferente sob pena de manutenção de um sistema jurídico desadequado da
realidade, sem eficácia social. Em questão está, como vimos ao longo de toda a dissertação, a
ausência de regulação dos efeitos patrimoniais da união de facto e do alargamento da protecção
dos conviventes em determinadas matérias, questões que, aliás, têm levado a doutrina, que a
nosso ver tem uma abordagem correta, de aplicação analógica da disciplina patrimonial do
casamento àunião de facto. nos diz no que respeita aos efeitos patrimoniais que possam derivar
da união de facto, a qual também não remete para o regime matrimonial dos cidadãos casados,
ou seja, os unidos de facto são obrigados a recorrer a figuras jurídicas do instituto do casamento
e os institutos do direito comum por forma a, perante a omisssão existente, poderem regular e
determinar os aspectos da sua convivência em comum, que considerem imprescindíveis e
merecedores de uma tutela e segurança jurídica. É de certa forma falacioso dizer-se que os
unidos de facto têm uma ampla liberdade contratual na modelação das suas relações patrimoniais,
podendo recorrer, designadamente, à estipulação voluntária da solidariedade de determinadas
obrigações, àprestação de alimentos convencional, ao instituto da compropriedade, ao contrato-
promessa de divisão de coisa comum e ao testamento, pois que defendemos que tais soluções
deviam estar perfeitamente enquadradas e delimitadas na lei da união de facto, criando-se um
regime jurídico da união de facto completo e, por si só, suficiente. Para a larga maioria dos
unidos de facto, viver em união de facto é viver em casamento, com os mesmos direitos e
obrigações. Para o português comum não há no seu imaginário intelectual diferenças entre a
união de facto e o de casamento. A única difenrença é, segundo a larguíssima maioria dos unidos
de facto, uma mera questão de na união de facto não existir um contrato, isto é, um casameto,
formal, escrito, porque, de resto, assumem se verdadeiramente como marido e mulher, detentores
dos mesmos direitos que os casados e assim o são entendidos perante a sua existência social, Os
unidos de facto só no fim da vida se deparem abrutamente como uma lei que lhes retira
quaisquer direitos patrimoniais pós portem em relação aos bens da massa hereditária deixada
pelo seu companheiro. Quer os unidos de facto e quer terceiros àrelação tem de ser protegidos

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por uma lei clara, completa e que ela mesma seja suficiente na concretização do regime da unão
de facto.

30. Recomendações
Defendemos que a natureza factual e informal da união de facto não é avessa a uma
regulamentação legislativa completa do seu regime de bens em vida e após morte, pelo que,
afastamos o receio que possa existir na equiparação da união de facto a um casamento, como se
esta fosse um casamento informal, pois de facto, socialmente éassim que ela évista. A lei tem
de acompanhar o devir social sob pena de ser mal recebida e entendida pelos cidadãos.
Defendemos também que a união de facto não pode continuar a ser Defendemos também que a
união de facto não pode continuar a ser vista e analisada sob o prisma de relação “parafamiliar”,
pois, para nós a união de facto éuma verdadeira relação familiar tout court, e não um minimus
inter partis. A união de facto traduz-se numa convivência em comum duradoura que surge para
dica – nomeadamente nos momentos de crise
os seus membros, um incremento da protecção jurí

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da relação, mesmo que com isso haja uma aproximação ao regime matrimonial. Os argumentos
contrários a tal evolução assentam normalmente numa perspectiva religiosa, preconceituosa e
elitista;
De iure constituendo, defendemos a consagração pelo legislador de:
a) Um direito a alimentos na dissolução em vida da união de facto, com a óbvia duração superior
a dois anos, na hipótese um dos conviventes demonstre manifesta dificuldade em prover ao seu
próprio sustento;
b) O consentimento de ambos os unidos de facto na alienação, oneração, arrendamento ou
constituição de outros direitos pessoais de gozo sobre a casa de morada de família,
independentemente da sua titularidade;
c) A consagração de uma responsabilidade solidária quanto às dívidas contraídas para ocorrer
aos encargos normais da vida familiar, conferindo-se assim também uma protecção aos terceiros
que contratam com os membros de uma união de facto;
d) A equiparação do unido de facto ao cônjuge para efeitos de herança,

31. Referências Bibliográficas


Legislação
1. Constituição da República Moçambique, (2018), plural Editores, Maputo, 1a Edição, in
Boletim da República, I Série nº01, Maputo.
2. Código Civil e Legislação Complementar (2008). Aprovado pelo Decreto - Lei nº47 344, 25
de Novembro de 1966, por força da Portaria nº22 869, de 4 de Setembro de 1967, actualizado
pelo Decreto-Lei nº3/2006, de 23 de Agosto, Maputo, Plural Editores, in Imprensa Nacional.
3. Código de Registo Civil Anotado. (2005), Aprovado pela Lei nº12/2004, de 8 de Dezembro,
Maputo, 2ªedição, in Imprensa Nacional.

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4. Lei nº10/2004, de 25 de Agosto, que aprova a Lei de Família, in Boletim da República,


Maputo, I Série nº35, 25 de Agosto.
5. SERRA, Carlos, (2008). Colectânea de Legislação de Família e Menores, Maputo, 1ªedição,
editor Centro de Formação Jurí
dica e Judiciária, in Imprensa Nacional.

Jurisprudência
- Ac. n.º690/98 do Tribunal Constitucional, de 15 de Dezembro (DR n.º56, de 08-03-1999), pág.
3414;
- Ac. n.º39/84 do Tribunal Constitucional, de 05-22-1984 (DR, II, n.º159, de 07/11/1984), pág.
6156;
- Ac. n.º 181/97 do Tribunal Constitucional, de 05-03-1997 [Consult. 20 Nov. 2010] em
(http://w3.tribunalconstitucional.pt/acordaos/Acordaos97/101-200/18197.htm);
- Ac. R.P. de 3-12-87 (C.J. 1987, 5, pág. 206);
- Ac. S.T.J. de 9-1-86 (B.M.J., 353, pág. 464);
- Ac. S.T.J. de 11-7-91, in C.J. 1991, 4, pág. 19);
- Ac. S.T.J. de 22-03-95 (C.J. 1995, 1, pág. 284);
- Ac. n.º195/2003 do Tribunal Constitucional, de 9-4-2003 (DR, II, de 22-5-2003), pág. 7797;
- Ac. n.º88/2004 do Tribunal Constitucional, de 10-2-2004 (DR,II de 16-4-2004), pág.5962;
- Ac. R.P, de 08-04-2008: Proc.0820710. dgsi. Net, [Consult. 26 Out. 2010];
- Ac. S.T.J, de 27-5-2008: Proc. 08B1201.dgsi.Net [Consult. 10 Out. 2010];
- Ac. S.T.J, de 25-6-1996: B.M.J., 458.ºPág. 335;

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