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Instituto Superior de Ciências e Educação á

Distância

Curso: Curso de Direito

1º Ano

Cadeira: Teoria Geral do Direito

Tema:

A DECLARAÇÃO NEGOCIAL

O/A Tutor/a:

Discente:

 António Dinis Alberto Magaia

Maputo, Agosto

2021
INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DE EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA

CURSO DE DIREITO

1º ANO

NOME DO ACADÊMICO

ANTÓNIO DINIS ALBERTO MAGAIA

TRABALHO DE CAMPO

TITULO DO TRABALHO:

A DECLARAÇÃO NEGOCIAL

MAPUTO, AGOSTO

2021
ÍNDICE

1.
Introdução 1

1.2.Objectivos .................................................................................................................................1
1.3.NOÇÕES GERAIS..................................................................................................................2
1.3.1.Declaração Negocial..................................................................................................................2
1.3.2. Elementos constitutivos normais da declaração negocial .............................................................2
1.3.3. Declaração negocial presumida, declaração negocial ficta...................................................3
1.3.4. Perfeição da declaração negocial...........................................................................................3
1.4. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS.……………...4
1.4.1.Interpretação…………………………………………...........................................................4
1.4.2. Integração…………………………………………………………………………………..6
1.5. DIVERGGÊNCIA ENTRE A VONTADE E A DECLARAÇÃO……………………….7
1.5.1. Formas possíveis de divergência…………………………………………………………...7
1.6. VÍCIOS DA VONTADE……………………………………………………………………8
1.6.1. Erro com o vício da vontade: noção......................................................................................9
1.6.2.Dolo: conceito……………………………………………………………………………….9
1.6.3.A coacção: conceito………………………………………………………………………..10
1.6.4.Medo.....................................................................................................................................11
1.7. A REPRESENTAÇÃO NOS NEGÓCIOS JURÍDICOS..................................................11
2. Considerações Finais…………………………………………...
3. Refer6encias Bibliográficas…………………………………………………………………...15
1.Introdução

Os negócios jurídicos são actos jurídicos constituídos por uma ou mais declarações de vontade,
dirigidas à realização de certos efeitos práticos, com intenção de os alcançar sob tutela do direito,
determinado o ordenamento jurídico produção dos efeitos jurídicos conformes à intenção
manifestada pelo declarante ou declarantes.

A importância do negócio jurídico manifesta-se na circunstância de esta figura ser um meio de


auto ordenação das relações jurídicas de cada sujeito de direito. Está-se perante o instrumento
principal de realização do princípio da autonomia da vontade ou autonomia privada.

negócio jurídico enquadra-se nos actos intencionais e caracteriza-se sempre pela liberdade de
estipulação. No que toca à sua estrutura, o negócio jurídico autonomiza-se como acto voluntário
intencional e por isso acto finalista.

No negócio, tem de haver de acção, sem esta, o negócio é inexistente. O autor do acto tem de
querer um certo comportamento exterior por actos escritos ou por palavras. Tem de ser de livre
vontade, de outra maneira será inexistente (ex. coacção física), tem de haver uma declaração
(exteriorização da vontade do agente), constitui um elemento de natureza subjectiva.

O comportamento não basta ser desejado em si mesmo, é necessário que ele seja utilizado pelo
declarante como meio apto a transmitir um certo conteúdo de comportamento.

Portanto, o presente trabalho de campo tem como tema: A Declaração Negocial

1.2.Objectivos

Geral:

 Conhecer noções gerais da Declaração Negocial.


Específicos:

 Saber formas de Interpretação e Integração dos negócios Jurídicos;


 Ter domínio de matéria no que tange a divergência entre a vontade e a Declaração;
 Conhecer vícios da vontade;
 Ter noção da Representação nos negócios jurídicos.

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1.3.NOÇÕES GERAIS
1.3.1.Declaração Negocial

Comportamento exteriormente observado que cria a aparência de exteriorização de um certo


conteúdo de vontade. Pode ser feita por escrito (escritura pública), declaração verbal ou
declaração tácita (supermercado).

1.3.2. Elementos constitutivos normais da declaração negocial

Numa declaração negocial podem distinguir-se normalmente os seguintes elementos:

a) Declaração propriamente dita (elemento externo) – consiste no comportamento declarativo

b) A vontade (elemento interno) – consiste no querer, na realidade volitiva que normalmente


existirá e coincidirá com o sentido objectivo da declaração.

O elemento interno – a vontade real – pode decompor-se em três subelementos:

a) Vontade de acção, consiste na voluntariedade (consciência e intenção) do comportamento


declarativo, pode faltar vontade de acção.

b) Vontade da declaração ou vontade da relevância negocial da acção, consiste em o


declarante atribuir ao comportamento querido o significado de uma declaração negocial; este
subelemento só está presente, se o declarante tiver consciência e a vontade de que o seu
comportamento tenha significado negocial vinculativo. A declaração deve corresponder a um
“sic volo sic jubeo”, vinculativo do declarante, pode haver vontade da declaração.

c) Vontade negocial, vontade do conteúdo da declaração ou intenção do resultado, consiste na


vontade de celebrar um negócio jurídico de conteúdo coincidente com o significado exterior da
declaração. É na vontade efectiva correspondente ao negócio concreto que apareceu
exteriormente declarado, pode haver um desvio na vontade negocial.

Art.º 35º - Declaração negocial

1. A perfeição, interpretação e integração da declaração negocial são reguladas pela lei aplicável
à substância do negócio, a qual é igualmente aplicável à falta e vícios da vontade.

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2. O valor de um comportamento como declaração negocial é determinado pela lei da residência
habitual comum do declarante e do destinatário e, na falta desta, pela lei do lugar onde o
comportamento de verificou.

3. O valor do silêncio como meio declaratório é igualmente determinado pela lei da residência
habitual comum e, na falta desta, pela lei do lugar onde a proposta foi recebida.

Art.º 36º - Forma da declaração

1. A forma da declaração negocial é regulada pela lei aplicável à substância do negócio; é,


porém, suficiente a observância da lei em vigor no lugar em que é feita a declaração, salvo se a
lei reguladora da substância do negócio exigir, sob pena de nulidade ou ineficácia, a observância
de determinada forma, ainda que o negócio seja celebrado no estrangeiro.

2. A declaração negocial é ainda formalmente válida se, em vez da forma prescrita na lei local,
tiver sido observada a forma prescrita pelo Estado para que remete a norma de conflitos daquela
lei, sem prejuízo do disposto na última parte do número anterior.

1.3.3. Declaração negocial presumida, declaração negocial ficta

A declaração negocial presumida, tem lugar quando a lei liga a determinado comportamento o
significado de exprimir uma vontade negocial, em certo sentido, podendo-se ilidir-se tal
presunção mediante prova em contrário (art. 350º/1/2 CC).

A declaração negocial ficta, tem lugar sempre que a um comportamento seja atribuído um
significado legal tipificado, sem admissão de prova em contrário (presunção “iuris et iure” ou
absoluta ou irredutível, art. 350º/2 CC).

O regime regra é o de as presunções legais poderem ser ilididas mediante prova em contrário, só
deixando de ser assim quando a lei o proibir (art. 350º/2 CC). Quer dizer: salvo os casos
excepcionais consagrados na lei, as presunções legais são presunções.

1.3.4. Perfeição da declaração negocial

O contrato está perfeito quando a resposta, contendo a aceitação, chega á esfera de acção do
proponente, isto é, quando o proponente passa a estar em condição de a conhecer. Concretizando

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algo mais: quando a declaração de aceitação foi levada à proximidade do destinatário de tal
modo que, em circunstâncias normais, este possa conhecê-la, em conformidade com os seus usos
pessoais ou os usos de tráfico.

A retracção ou revogação da proposta ou da aceitação tem lugar, se a declaração revogatória


chegou ao poder de outra parte ao mesmo tempo ou antes do que as declarações de proposta ou
de aceitação; releva, para este efeito a relação temporal da possibilidade de conhecimento, não a
ordem do conhecimento efectivo.

Registe-se que uma proposta contratual só existirá se for suficientemente precisa, dela resultar a
vontade de o seu autor se vincular e houver consciência de se estar a emitir uma verdadeira
declaração negocial. Em relação com esta matéria da perfeição da declaração negocial e da
formação dos contratos, merece destaque o art. 227º CC, que manda pautar a conduta das partes
pelos princípios da boa fé, entendida esta num sentido ético, quer durante a fase negociatória,
quer durante a fase decisória do contrato.

O dano a ser ressarcido pela responsabilidade pré-contratual é o chamado dano da confiança,


resultante de lesão do interesse contratual negativo. Quer dizer: deve colocar-se o lesado na
situação em que estaria, se não tem chegado a depositar uma confiança, afinal frustrada, na
celebração dum contrato válido e eficaz. Coisa diversa seria a reparação do interesse contratual
positivo, que consistiria em colocar as coisas na situação correspondente ao cumprimento de um
contrato válido

1.4. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

1.4.1. Interpretação

Por razões de boa ordenação do tráfico jurídico-negocial - com a implicada tutela da confiança
dos destinatários das declarações negociais e da segurança jurídica, bem como a desejável
redução dos custos de transacção - o legislador acolhe no nº 1 do art. 236º um critério objectivo
da interpretação.

Na prática, o critério funciona sobretudo quando falta um sentido consensual e, portanto, a


interpretação se torna uma questão controvertida. Estamos no domínio da autonomia privada; por
isso, resultando daí um sentido da declaração diferente do correspondente à vontade real do
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declarante (por também não funcionar a regra do nº 2), a lei institui a favor deste dois
mecanismos de salvaguarda: o do art. 247º, que permite a anulação da declaração, por erro, e o
da parte final desse nº 1, de que pode resultar a nulidade ou ineficácia da declaração.

O objecto da interpretação é um comportamento declarativo. No apuramento do seu sentido, são


utilizáveis diversos meios ou elementos, incluindo a vontade do declarante, conhecida ou
reconhecível, e circunstâncias pertinentes (cf. a anotação ao art. 236º). A interpretação antecede,
naturalmente, o problema da qualificação jurídica; e o resultado da mesma pode conduzir ao
afastamento de eventuais normas supletivas.

Um negócio jurídico pode apresentar lacunas. Saber se existe ou não lacuna é, ainda, um
problema de interpretação, a que se aplicam as regras respectivas. Sobre a sua integração rege,
em geral, o art. 239º. Embora discutível, o entendimento maioritário é, no entanto, no sentido de
que este preceito apenas se aplica se não houver norma supletiva capaz de colmatar a lacuna em
causa. Para as pertinentes diferenciações, veja-se a anotação respectiva. O art. 239º aplica-se
também às lacunas que as CCG possam apresentar (cf. os arts. 9º e 10º do DL nº 446/85).

Nessa medida, a situação mostra-se diferente da relativa à interpretação e integração do negócio


jurídico, dado que, na interpretação das declarações negociais e do contrato, o juiz deve realizar a
interpretação na óptica do declaratário ou destinatário médio da declaração ou regulamento
contratual: do declaratário médio colocado na posição do declaratário real, se estiver em causa a
interpretação de declarações dirigidas a certa pessoa (cf. o art. 236º, nº 1), ou do destinatário
médio de regulamentos ou declarações negociais com destinatários indeterminados (cf. também,
por ex., PAIS DE VASCONCELOS, 2010:553s).

A situação não se altera quando esse declaratário ou destinatário (médio ou real) seja uma pessoa
com assessoria jurídica, interna ou externa, embora isso seja um factor a considerar (cfr. «supra»,
V). Observações análogas valem para a integração.

Todavia, como para as leis dispõe o art. 9º, também a interpretação das declarações negociais e
dos contratos não deve cingir-se à respectiva letra (cf. o nº 1) e, nos negócios formais, o
resultado da interpretação deve ter um mínimo de correspondência verbal (cf. o nº 2 e o art. 238º,
bem como MENEZES CORDEIRO, 2005:767). E, tal como para a lei vigora uma regra de

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interpretação teleológica e sistemática (art. 9º, nº 1), também uma cláusula negocial deve ser
interpretada no seu contexto, à luz do micro-sistema regulatório que o negócio constitui, levando
em consideração outras circunstâncias relevantes, e tendo em conta o fim prosseguido.
Salientando este aspeto, cf. MENEZES CORDEIRO, 2005:761 e 766. Em geral sobre as relações
que existem entre a interpretação das leis e do negócio jurídico, cf. MANUEL DE ANDRADE,
1960:306s.

A interpretação das declarações negociais constitui uma operação simultaneamente jurídico-


valorativa e jurídico-prática, com consequências jurídicas para os interessados (apura um sentido
judidicamente vinculante) e com impacto na ordem económica e social. E implica uma
articulação da autonomia privada com a tutela da confiança (cf. MENEZES CORDEIRO,
2005:754s). Vista desse modo, é uma «questão de direito», sujeita a revisão pelos tribunais
superiores (cf. MENEZES CORDEIRO, 2005:743ss, e «infra», anotação aos arts. 236º e 238º).

1.4.2. Integração

Na falta de disposição especial, a declaração negocial deve ser integrada de harmonia com a
vontade que as partes teriam tido se houvessem previsto o ponto omisso, ou de acordo com os
ditames da boa-fé, quando outra seja a solução por eles imposta.

Ocupa-se o preceito das eventuais lacunas do negócio jurídico, quando falte disposição especial
aplicável. À primeira vista, estabelece dois critérios de preenchimento das mesmas: o da vontade
hipotética ou presumível das partes; e o superior critério da boa-fé.

Todavia, o seu exacto alcance suscita dúvidas: por um lado, se a vontade hipotética das partes
houver de entender-se em sentido naturalístico, sendo ela comum ou convergente, mostra-se
questionável, pelo menos na generalidade das situações, que em nome da boa-fé se venha
desatendê-la; por outro lado, se está em jogo uma vontade normativa, a boa-fé concorre para a
sua determinação.

Daí que, negando-se aquele primeiro entendimento da vontade conjectural das partes, já se tenha
afirmado que a lei se limita a remeter para a boa fé ou, noutros termos, acolhe o critério da
«vontade hipotética objectiva», segundo o qual, perante as declarações negociais e os demais
dados relativos à situação existente, bem como os valores e interesses em presença, se procurará

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reconstruir, mediante ponderação objectiva, equilibrada e equitativa (boa fé), a «vontade justa»
que as partes teriam se houvessem previsto o ponto omisso (cf. MENEZES CORDEIRO,
2005:776s, 774s; cf., igualmente, PAIS DE VASCONCELOS, 2010:563s).

O artigo alude genericamente à integração da «declaração negocial», pelo que o respectivo


campo de aplicação se estende, em princípio, a qualquer tipo de declaração ou negócio jurídico
cujo conteúdo se apresente lacunoso, incluindo negócios sujeitos a forma especial.

1.5. DIVERGGÊNCIA ENTRE A VONTADE E A DECLARAÇÃO

1.5.1. Formas possíveis de divergência

Normalmente o elemento interno (vontade) e o externo da declaração negocial (declaração


propriamente dita) coincidirão. Pode, contudo, verificar-se por causas diversas, uma divergência
entre esses dois elementos da declaração negocial. A normal relação de concordância entre a
vontade e a declaração (sentido objectivo) é afastada, por razões diversas, em certos casos
anómalos. À relação normal de concordância substitui-se uma relação patológica. Está-se perante
um vício da formulação da vontade.

Esse dissídio ou divergência entre vontade real e a declaração, entre “querido” e o “declarado”,
pode ser uma divergência intencional, quando o declarante emite, consciente e livremente uma
declaração com um sentido objectivo diverso da sua vontade real.

Está-se perante uma divergência não intencional, quando o dissídio em apreço é involuntário
(porque o declarante se não apercebe da divergência ou porque é forçado irresistivelmente a
emitir uma declaração divergente do seu real intento).

A divergência intencional pode apresentar-se sob uma de três formas principais:

a) Simulação: o declarante emite uma declaração não coincidente com a sua vontade real, por
força de um conluio com o declaratório, com a intenção de enganar terceiros.

b) Reserva mental: o declarante emite uma declaração não coincidente com a sua vontade real,
sem qualquer conluio com o declaratório, visando precisamente enganar este.

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c) Declarações não sérias: o declarante emite uma declaração não coincidente com a sua
vontade real, mas sem intuito de enganar qualquer pessoa (declaratário ou terceiro). O autor da
declaração está convencido que o declaratário se apercebe do carácter não sério da declaração.
Pode tratar-se de declarações jocosas, didácticas, cénicas, publicitárias, etc.

A divergência não intencional pode consistir:

• Erro-obstáculo ou na declaração: o declarante emite a declaração divergente da vontade, sem


ter consciência dessa falta de coincidência.

• Na falta de consciência da declaração: o declarante emite uma declaração sem sequer ter
consciência (a vontade) de fazer uma declaração negocial, podendo até faltar completamente a
vontade de agir.

• Coacção física ou violência absoluta: o declarante é transformado num autómato, sendo


forçado a dizer ou escrever o que não quer, não através de uma mera ameaça mas por força do
emprego de uma força física irresistível que o instrumentaliza e leva a adoptar o comportamento.

1.6. VÍCIOS DA VONTADE

Trata-se de perturbações do processo formativo da vontade, operando de tal modo que esta,
embora concorde com a declaração, é determinada por motivos anómalos e valorados, pelo
Direito, como ilegítimos. A vontade não se formulou de um “modo julgado normal e são”. São
vícios da vontade:

• Erro;

• Dolo;

• Coacção

• Medo;

• Incapacidade acidental.

A consequência destes vícios traduz-se na invalidação do negócio, tendo para isso os vícios de
revestir-se de certos requisitos. Quando esses vícios são relevantes, geram a anulabilidade do
respectivo negócio.

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1.6.1. Erro com o vício da vontade: noção

O erro-vício traduz-se numa representação inexacta ou na ignorância de uma qualquer


circunstância de facto ou de direito que foi determinante na decisão de efectuar o negócio.

Tem as seguintes categorias:

a) Erro sobre a pessoa do declaratório: resulta do texto da lei respeitando ao facto de estar
apenas em causa a pessoas do declaratário. Se se referir a outras pessoas declarantes já se aplica
o art. 252º/1 CC. O erro pode referir-se à sua entidade, a qualquer qualidade jurídica ou que não
concorra na pessoa do declaratário, quaisquer outras circunstâncias.

b) Erro sobre o objecto do negócio: deve aceitar-se que ele abrange o objecto material como
jurídico (conteúdo), o erro aqui relevante quando relativo ao erro material reporta-se à entidade
ou às qualidades objectivas (art. 251º -247º);

c) Erro sobre os motivos não referentes à pessoa do declaratário nem ao objecto do negócio (art.
252º CC).

Condições gerais do erro-vício como motivo de anulabilidade

É corrente na doutrina a afirmação de que só é relevante o erro essencial, isto é, aquele que levou
o errante a concluir o negócio, em si mesmo e não apenas nos termos em que foi concluído. O
erro si causa da celebração do negócio e não apenas dos seus termos.

O erro é essencial se, sem ele, se não celebraria qualquer negócio ou se celebraria um negócio
com outro objecto ou outro tipo ou com outra pessoa. Já não relevaria o erro incidental isto é,
aquele que influiu apenas nos termos do negócio, pois o errante sempre contraria embora noutras
condições. O erro, para revelar, deve atingir os motivos determinantes da vontade (art. 251º e
252º CC). O erro só é próprio quando incide sobre uma circunstância que não seja a verificação
de qualquer elemento legal da validade do negócio.

1.6.2.Dolo: conceito

O dolo tem uma dupla concepção completamente distinta, pode ser:

- Uma sugestão ou artifício usados com o fim de enganar o autor da declaração (art. 253º/1 CC);

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- A modalidade mais grave de culpa é a contraposta à mera culpa ou também negligência (art.
483º/1 CC).

Em Direito Civil, o que está em causa é a primeira acepção. O dolo dá lugar a uma espécie
agravada de erro, porque o dolo é erro provocado

1.6.3.A coacção: conceito

Consta do art. 255º/1, e consiste no “receio de um mal de que o declarante foi ilicitamente
ameaçado com o fim de obter dele a declaração”. É, portanto, a perturbação da vontade,
traduzida no medo resultante de ameaça ilícita de um dano (de um mal), cominada com o intuito
de extorquir a declaração negocial.

Só há vício da vontade, quando a liberdade do coacto não foi totalmente excluída, quando lhe
foram deixadas possibilidade de escolha, embora a submissão á ameaça fosse a única escolha
normal.

Só se cairá no âmbito da coacção física (absoluta ou ablativa), quando a liberdade exterior do


coacto é totalmente excluída e este é utilizado como puro autómato ou instrumento.

A coacção moral origina a anulabilidade do negócio (art. 256º CC) e dá lugar igualmente á
responsabilidade pré- negocial do coactor (art. 227º CC). Verifica-se a anulabilidade, e não a
nulidade, mesmo que o coacto tenha procedido com reserva mental, ao emitir a declaração. São
necessários três elementos, cumulativamente, para que exista coacção moral:

1. Ameaça de um mal, todo o comando do coactor que consta em desencadear o mal ou consiste
no mal já iniciado. Este mal pode respeitar á pessoa do coagido (há sua honra) e ao seu
património, pode ainda haver ameaça relevante se respeitar à pessoa, património deste ou de
terceiro.

2. Ilicitude da ameaça, a existência deste requisito vem duplamente estabelecida na lei (art.
255º/1 e 255º/3 CC), se a ameaça se traduz na prática de um acto ilícito, está-se perante coacção,
constitui coacção, o exercício normal do direito (n.º 3).

3. Intencionalidade da ameaça, consiste em o coactor com a ameaça tem em vista obter do


coagido a declaração negocial (art. 255º/1 CC), esta ameaça deve ser cominatória, este requisito
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da intencionalidade falta de o coagido emitir outra declaração que não aquela que a ameaça se
dirigia.

1.6.4.Medo

O que está em causa é a própria liberdade de libertação do declarante que fica afectada. Consiste
na intervenção, no processo de formação da vontade de um factor (que é uma precisão), faz com
que o declarante queira algo que de outro modo não queria.

Não há uma exclusão da vontade, mas há uma vontade formada de modo viciado. Em sentido
jurídico do termo, pode-se dizer que quem age condicionado por medo, quer ter aquela conduta
que adoptou, mas que essa pessoa não queria esse tipo de conduta se não fosse o receio de que
contra o declarante viesse a surgir um mal se ele não agisse daquela maneira.

“Coactus tamén voluit” (o coagir também quer). Esta construção jurídica do medo é menos nítida
que no erro, porque há situações em que não se pode excluir que com essa situação de medo não
estar também uma certa reserva mental. No caso do medo. Só faz sentido se ele resultar de
coacção moral, o declarante finge querer o negócio para fazer cessar a violência ou para impedir
ou cessar a ameaça de algo que ele realmente não quer

Como consequência, a sua vontade está viciada, porque ele não agiu livremente, mas dominado
por aquela previsão de dano. Este medo não é uma emoção psicológica, mas verifica-se o medo
quando o agente pondera o risco da ameaça do mal.

O medo consiste na previsão de danos emergentes de um mal que impende sobre o declarante
por virtude da qual ele emite certa declaração negocial que noutras circunstâncias não queria,
causas:

• Pode advir de uma situação criada por acto humano;

• Causas que têm origem pela própria força da natureza.

1.7. A REPRESENTAÇÃO NOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

É possível que certos actos da vida civil não sejam realizados directamente pelo seu titular e sim
por intermédio de uma outra pessoa. A actuação jurídica em nome de outrem é chamada de

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representação, que pode decorrer da lei ou da vontade do interessado e é tratada na parte geral do
Código Civil, em capítulo próprio (arts. 115 a 120). Quem pratica o ato é o representante e
aquele que em nome de quem se atua é chamado de representado (GONÇALVES, 2017).

Conforme já abordado em arquivo anterior, aqueles que são menores devem ser legalmente
representados por representantes ou assistentes (art. 3º e 4º), como no caso dos pais com relação
a seus filhos (art. 115, 1634, VII, e 1690), tutores (art. 1747, I) e procuradores (art. 1774). Há
também os síndicos, que são administradores de condomínios edifícios (art. 1347). Assim, na
representação legal, os poderes são exercidos sempre no interesse do representado (art. 116). No
caso dos incapazes ela supre a capacidade daqueles que ainda não a possuem de forma plena.
(GONÇALVES, 2017).

Já aquela que decorre da vontade das partes é a chamada voluntária ou convencional,


consubstanciada no contrato de mandato da parte especial (art. 115, 120 e 653 e seguintes), que
decorre da noção de colaboração jurídica. Normalmente, ocorre uma intervenção de terceiro para
a conclusão de um negócio de outrem. Mas, os atos podem beneficiar até mesmo o outorgante,
como no caso da procuração em causa própria (art. 685), por instrumento público ou particular
(art. 654). (GONÇALVES, 2017).

Já a representação judicial é necessária em certos casos em que a escolha do representante cabe


ao juiz de Direito. Por exemplo, quanto à nomeação do inventariante, que é o administrador de
uma herança (art. 1992) ou no caso da escolha do administrador dos bens de uma empresa falida
ou em recuperação judicial (Lei 11.101/2005, art. 21 e seguintes).

Os actos que são praticados com a devida observância legal vinculam apenas os negociantes, ou
seja, o representado e a pessoa com quem o negócio foi realizado. a quem com ele .
(GONÇALVES, 2017).

O representante deve sempre provar a sua qualidade com aqueles que tratar e, caso exceda seus
poderes, poderá responder pelas perdas e danos decorrentes dos atos que praticou sem a devida
autorização do representado (art. 118).

Em caso de conflito de interesses entre o representante e o representado, o negócio será anulável


se tal fato era ou deveria ser de conhecimento dos envolvidos, no prazo decadência de 180 dias,

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contados da celebração do negócio ou do fim da incapacidade (art. 119). Ou seja, a boa-fé das
partes deve ser observada no caso concreto. Pode-se citar o caso do falso procurador ou
procurador aparente, aquele que parece agir em nome de outrem, entretanto não possui poderes
para tanto (GONÇALVES, 2017).

Também pode ser anulado o negócio jurídico em que o representante (pessoalmente ou por
aquele para quem substabeleceu poderes), no seu interesse ou de outra pessoa, contratar consigo
mesmo, sem autorização legal ou do seu representado (art. 117).

Por exemplo, em um mesmo contrato de compra e venda a mesma pessoa assina como
comprador e vendedor, sem previsão dessa possibilidade no instrumento de representação. Como
não há prazo decadência específico indicado nesta hipótese, aplica-se a regra geral: em até 2
anos, contados da conclusão do negócio (art. 179). Porém, em ambos os casos, o negócio poderá
ser confirmado pelo representado nos termos art. 172.

A DECLARAÇÃ O NEGOCIAL Pá g. 13
2. Considerações finais

A Declaração Negocial é a declaração de vontade negocial como o comportamento que


exteriormente observado, cria a aparência de exteriorização de um certo conteúdo de vontade
negocial caracterizando, depois, a vontade negocial como a intenção de realizar certos efeitos
práticos, com ânimo de que sejam juridicamente tutelados e vinculantes.

Dá-se assim um conceito objectivista de declaração negocial, fazendo-se consistir a sua nota
essencial, não num elemento interior uma vontade real, efectiva, psicológica--» mas num
elemento exterior- o comportamento declarativo.

A declaração pretende ser o instrumento de exteriorização da vontade psicológica do declarante--


essa é a sua função.

A declaração negocial é um comportamento humano portador de um sentido e destinado, pelo


seu autor, a produzir efeitos jurídico-privados de acordo com esse sentido. E a interpretação é o
apuramento do sentido negocial dos comportamentos jurídico-privados. Isto é, do sentido
determinador dos efeitos jurídico-privados.

A “declaração negocial” é o comportamento humano, simples ou complexo, que manifesta,


directa ou indirectamente, a vontade do sujeito (art. 217.º, n.º 1 C.Civil).

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3. Referências bibliográficas

• GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2017. v.1.

• https://slideplayer.com.br/slide/40311/;

•http://www.evaristomendes.eu/ficheiros/
Evaristo_Mendes_Interpretacao_e_integracao_do_negocio_juridico_ (Final).htm;

• https://escola.mmo.co.mz/estrutura-do-negocio-juridico/;

• Manual de teoria geral do direito/ISCED.

Legislação

• Código civil.

A DECLARAÇÃ O NEGOCIAL Pá g. 15

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