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Objectivos a alcançar:
1. Gerais
2. Especiais
O Reino Unido é o tipo mais acabado desses Estados sem regime administrativo.
Com efeito, existem serviços administrativos pouco centralizados, em que todos os
agentes da Administração Pública são sujeitos ao controlo dos tribunais comuns e
às leis ordinárias como qualquer cidadão e só eles actuam em relação com os
particulares com prévia intervenção do Poder judicial. Nesta perspectiva, o direito
é "um", no sentido de que, em princípio são as mesmas regras que regem todas as
relações jurídicas dentro de um mesmo Estado, qualquer que seja a natureza
dessas relações jurídicas. Para ser mais rigoroso, isto não quer dizer que não existe
um "Direito Administrativo" nos países anglo-saxónicos. Em bom rigor, em todos os
Estados, quaisquer que sejam, existe necessariamente, do ponto de vista material,
um conjunto de regras que se chama "Direito Administrativo", que rege a
organização e as competências das autoridades administrativas e define os direitos
e as garantias dos administrados quando eles sofrem um prejuízo em relação às
essas autoridades. O que não existe nesses países é um “modelo europeu” e,
sobretudo, um “modelo francês” de Direito Administrativo.
sobre a debilidade da protecção judicial dos cidadãos são dois casos apresentados por C. J. Hamson, um
professor de Direito Comparado de Cambridge, que estudou o funcionamento do Conselho de Estado francês e
que escreveu um livro traduzido para francês em que relatou essa experiência. Um taxista queixou-se contra
uma autoridade de policia que lhe retirou a sua licença de exercício da sua actividade. A autoridade
administrativa invocou para o efeito que estava habilitada para tal por um regulamento que prescrevia que a
licença podia ser retirada se a autoridade entendesse que o seu titular não estava apto para a conservar.
Chamada a decidir sobre este assunto, a High Court deliberou que não podia intervir neste caso, usando um
dos remédios a sua disposição nomeadamente o de certiorari (hoje quash). E isto porque o court não tinha
que se imiscuir na actividade administrativa. Se a autoridade dizia que a licença tinha que ser retirada por o
taxista não estar apto, tudo estava bem perante o court. Não era preciso dar razões. No outro caso
apresentado por Hamson tratava-se de um cidadão que tinha sido internado ao abrigo de disposições legais e
o problema era a fundamentação dessa decisão de internamento. O regulamento para ordenar o
internamento (detenção) dizia: “Se o Secretário de Estado do Interior possui um motivo razoável para pensar
que uma pessoa é de origem inimiga ou tem ligações com o inimigo ou que se encontrou recentemente
implicada em actividades prejudiciais a segurança pública e a defesa do reino (...) o Secretário de Estado
pode ordenar que seja internada”. Ora o Court (secção da Camara dos Lordes) chamado a pronunciar-se
considerou que o Ministro estava no direito de não dar qualquer explicação sobre as razões que o tinham
levado a emitir a ordem de internamento. Bastava que o ministro declarasse que tinha um motivo razoável
(reasonable cause). Isto espantou o interlocutor francês de Hamson, membro do Conselho de Estado, que
procurou saber a fundo se as coisas se poderiam passar assim na Inglaterra. E podiam! Assim, o controlo
judicial da Administração estava e está muito longe de ter a superioridade e de ser a perfeição que Dicey
pretendeu transmitir. Ainda sobre a Inglaterra, muito há para dizer que não cabe no âmbito desta
intervenção. Principalmente, a partir do ínicio do século XX ocorreu o fenomeno de intervencao da
Administracao nos mais diversos dominios, tendo surgido leis para regular tais intervenções e tendo sido
criados ao mesmo tempo (por essas mesmas leis) órgão para dirimir os conflitos que dai pudessem decorrer.
Esses órgãos receberam, em regra, o nome de tribunals (administrative tribunals). Eles davam
aparentemente uma garantia de justiça barata e pronta que os courts nunca dariam. Mas tinham problemas
sérios tais como a sujeição aos departamentos ministeriais e o pouco cuidado posto no preenchimento dos
cargos de quem tomava as decisões sobre os lítigios. Ao longo do século XX vamos assistir a constantes
esforços para melhorar os tribunals, tendo desempenhado, nesse aspecto, um papel fundamental o relatório
Franks (1957). Este relatório foi seguido de legislação conforme que colocou os tribunals na órbita da
administração da justiça, ainda que mantivessem muitas debilidades que foram objecto de particular atenção
muito mais tarde no importante relatório Leggatt elaborado em 2001 e que será ulteriormente objecto de
referência.”
Artigo 3 da Lei Orgânica da Jurisdição Administrativa – Lei n. o 25/2009, de 28 de
Setembro, actual artigo 3 da Lei n.o 24/2013, de 1 de Novembro.
Legislação
Exercícios de consolidação