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O FENÓMENO CORRUPÇÃO NA FUNÇÃO PÚBLICA MOÇAMBICANA

Helfas Samuel Cumbane –Estudou Curso Básico de Formação de Professores Primários


(ADPP-EPF Gaza); Licenciado em Ensino Básico com habilitações em Supervisão e Inspecção
Escolar. Docente no SDEJT-Chibuto.
Endereços: helfas16cumbane@gmail.com;
Facebook: Helfas Samuel

0.INTRODUÇÃO

O fenómeno de corrupção na função pública em Moçambique, não depende somente do poder


que os funcionários públicos possuem, do controlo das zonas de incertezas, das leis e
regulamentos sobre um certo serviço; nem da burocracia dos serviços públicos e, muito menos,
dos ordenados pagos na função pública em Moçambique, como constatámos na revisão da
literatura. Isto porque, a considerarmos estes factores, deixaríamos de lado o pragmatismo de
uma parte de actores, ou seja, dos utentes numa relação social, uma das características cruciais
em todas interacções face a face

O trabalho tem como objectivo geral Compreender O Fenómeno Corrupção na Função Pública
Moçambicana. E como objectivos específicos visa: conceituar corrupção; identificar os tipos de
corrupção na função pública e caracterizar as formas de corrupção na função publica.

Em termos estruturais, o nosso trabalho apresenta: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão, e


Bibliografia. Não obstante, para a elaboração deste trabalho, em termos metodológicos,
recorremos a leitura de diversos manuais e outras fontes bibliográficas, onde fizemos uma leitura
sintética a volta do tema em estudo.
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1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1.Conceitos

Segundo) citando Freitas (2001), a expressão ‘’corrupção’’ vem do latim corruptus, que Firmino
(2013) literalmente significava quebrado.

Simão (2007) define corrupção, como toda acção ou efeito de corromper, ou seja, de fazer
degenerar, acção de seduzir por dinheiro, presentes ou quaisquer benesses a alguém, levando este
a se afastar da conduta correcta.

Corrupção é, segundo Silva (2001), uma prática de carácter pessoal e ilegal, entre dois ou mais
actores, cujo objectivo é a transferência da renda dentro de uma instituição em causa para a
realização de fins privados.

Segundo Matthias (1999), prática de prometer, oferecer ou pagar a uma autoridade, governante,
funcionário público ou profissional da iniciativa privada, qualquer quantidade de dinheiro ou
quaisquer favores (desde uma garrafa de bebida, jóias, propriedades ou até hotel e avião em
viagens de férias) para que a pessoa em questão deixe de se portar eticamente com os seus
deveres profissionais.

Assim, a corrupção consiste na troca de favores entre actores ou grupos de agentes, neste caso,

utentes e funcionários aduaneiros, que se manifesta em pagamento e recebimento de subornos

ou de qualquer tipo de prémio ou recompensa.


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1.2.Tipos de corrupção na função pública

1.2.1.Corrupção passiva para acto ilícito

Representa a situação em que um funcionário ou agente do Estado solicita ou aceita, por si ou


por interposta pessoa, vantagem patrimonial ou a promessa de concessão de vantagem
patrimonial ou não patrimonial, para si ou para terceiro, para realizar qualquer acto ou omitir a
sua prática, desde que tal actuação seja contrária aos deveres do seu cargo Firmino (2013).

Exemplo: Um agente da Polícia de Trânsito que recebe certo valor monetário de um


automobilista para não sancioná-lo com uma multa por transgressão de uma regra do Código de
Estrada.

1.2.2.Corrupção passiva para acto lícito

É a situação em que um funcionário ou agente do Estado solicita ou aceita, por si ou por


interposta pessoa, vantagem patrimonial ou a promessa de vantagem patrimonial ou não
patrimonial, para si ou para terceiro, para a prática de qualquer acto ou omissão não contrários
aos deveres do cargo Firmino (2013).

Exemplo: Um funcionário da Conservatório do Registo Criminal que recebe uma oferta para
proceder a passagem urgente de uma certidão autêntica, desrespeitando a ordem de entrada dos
pedidos em benefício de quem lhe ofereceu o presente.

1.2.3.Corrupção activa

É a situação em que qualquer pessoa, que por si ou por interposta pessoa, dá ou promete a
funcionário, ou a terceiro, com o conhecimento daquele, vantagem patrimonial ou não
patrimonial que a este não é devida, quer seja para a prática de um acto lícito ou ilícito Firmino
(2013).

Exemplo: Proprietário de um estabelecimento comercial que promete determinada quantia a um


funcionário do serviço de Finanças para este não lhe aplique multa resultante do atraso na
entrega de uma declaração fiscal.
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1.3.Formas de corrupção na função pública

Por de trás de qualquer actuação corrupta está o princípio legal de que não devem existir
quaisquer vantagens indevidas ou a sua mera promessa para o agente ou funcionário do Estado
adoptar uma certa conduta ou comportamento, seja este lícito ou ilícito, ou por meio de uma
acção ou omissão. Qualquer das situações que a seguir se descrevem representa uma situação de
corrupção (Mosse e Cortez, 2006).

1.3.1.Desvio de fundos do Estado

É quando um funcionário do Estado, de empresa pública ou intervencionada pelo Estado, que,


em razão das suas funções, tiver na sua posse ou à sua guarda, dinheiro, cheques, títulos de
crédito, coisas móveis que são pertença da organização a que está afecto, desviar esses bens do
seu destino legal em proveito próprio ou de terceiros, em prejuízo do Estado, da empresa publica
ou intervencionada de particulares. O crime de desvio de fundos aplica-se também a funcionários
que furtarem tais bens (Mosse e Cortez, 2006).

Exemplo: Funcionário de uma empresa pública ocupando o cargo máximo na sua direcção, que
vai gerindo de forma danosa o departamento financeiro da empresa, ordenando a retirada de
valores monetários para beneficio próprio sem apresentar justificação baseada nos Estatutos e
regulamento da empresa.

1.3.2.Corrupção eleitoral

Pratica este crime quem persuadir alguém a votar ou deixar de votar em determinada lista
mediante oferecimento, promessa de oferecimento ou concessão de emprego público ou privado
ou de qualquer outra coisa ou vantagem a um ou mais eleitores com o seu consentimento, mesmo
que a coisa ou vantagem utilizada ou ainda prometida ou conseguida forem dissimuladas a vários
títulos (Mosse e Cortez, 2006).

Exemplo: Candidato que, em processo eleitoral, dá dinheiro ou outros benefícios materiais a um


eleitor em troca do seu voto e da sua família.
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1.3.3.Corrupção de juízes

Comete este crime qualquer juiz que for corrompido para julgar, ordenar ou pronunciar em
matéria criminal, em favor ou contra alguma pessoa, desde que tais factos ocorram antes ou
depois da acusação.

Exemplo: O juiz que recebe um valor monetário para proferir um despacho de pronúncia ou
julgar um determinado réu

1.3.4.Corrupção de funcionários e agentes

Pratica este crime o funcionário ou agente do Estado que aceitar por si ou por interposta pessoa,
com o seu consentimento ou ratificação, oferecimento ou promessa de oferecimento, ou receber
dádiva ou presente para praticar ou deixar de praticar um acto no quadro das suas funções.
Exemplo: Funcionário público que aceita receber um presente de um utente dos serviços, que
pretende obter um despacho favorável do seu expediente cuja decisão depende do seu parecer
técnico.
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3.CONCLUSÃO

Após realizar o trabalho, concluímos:

As práticas e estratégias sobre suborno são tantas e compreendem aliciamentos, extorsões aos
utentes não regulares e não esclarecidos, negociações de montantes do suborno entre
funcionários e importadores, assim como utentes eventuais esclarecidos, assinatura porparte do
funcionário do "gate pass" e acompanhamento da viatura por parte deste, até atravessar a cancela
em direcção ao interior do País.

A relação de corrupção é uma relação social de carácter pessoal e ilegal, que se estabelece entre
dois ou mais actores ou dois grupos de agentes (corruptos e corruptores), cujo objectivo é
transferência da renda dentro de uma instituição em causa para a realização de fins privados.
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4.BIBLIOGRAFIA

 Firmino Flávio S. Corrupção na Função Pública" Um Estudo de Caso Sobre a Relação


Utente e Funcionários Aduaneiros na Fronteira de Ressano Garcia.. UEM, 2013.
 Manjate, K. Cultura de corrupção. Artigo. UEM. Maputo. 2008.
 Mosse e Cortez. A corrupção no sector de saúde em Moçambique. CIP. Maputo. 2006.
 Mosse, M. Corrupção em Moçambique. CIP. Maputo. 2004.

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