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Universidade Aberta ISCED

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Mudança do Português em Moçambique

Janete Arlindo Cossa: Código: 31230364

Xai-Xai, Março, 2024


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Universidade Aberta ISCED

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Mudança do Português em Moçambique

Janete Arlindo Cossa: Código: 31230364

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em Ensino
da Língua Portuguesa do ISCED.

Tutor: Mestre.

Xai-Xai, Marco, 2024.


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ÍNDICE

0.INTRODUÇÃO............................................................................................................................4

1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................................5

1.2.As áreas de mudança do Português em Moçambique...............................................................5

1.3.Aspectos de mudança na fonética, na sintaxe e no léxico.........................................................5

1.3.1.Mudança fonológica..............................................................................................................6

1.3.2.Mudanca Sintática..................................................................................................................7

1.3.3.Mudanca Semântico................................................................................................................8

1.4.Propostas para ultrapassar os problemas que encontrar............................................................8

2.CONCLUSÃO..............................................................................................................................9

3.BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................10
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0.INTRODUÇÃO

O trabalho que nos propusemos apresentar é relativo as Mudanças do Português em


Moçambique, e tem como objectivos micro: Fazer uma recolha de dados sobre as áreas de
mudança do Português em Moçambique; Discutir os aspectos de mudança na fonética, na sintaxe
e no léxico; Apresentar propostas para ultrapassar os problemas que encontrar.
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1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2.As áreas de mudança do Português em Moçambique

Considerando que a política educativa em Moçambique requer que todas as crianças aprendam
em Português num nível que lhes possibilite beneficiar da educação através desta língua, a nível
do ensino, o Português continua a ser a única língua utilizada na educação formal, embora esteja
em implementação e em fase experimental, o sistema de ensino bilingue. Reforçado pelo facto de
a escola não aceitar e desvalorizar os usos linguísticos não-padronizados dos alunos. A escola
moçambicana está com dificuldades em garantir o sucesso no ensino e aprendizagem da norma-
padrão de Português europeu (PE) por conta das interferências que as Línguas Bantu apresentam
na língua oficial e de ensino.

O conflito é político-linguístico porque a manipulação e o domínio da norma-padrão e a


estigmatização das línguas bantu não-padronizadas, apesar de serem questões linguísticas
relacionadas com o paradoxo existente nas várias línguas do Mundo entre variação/unificação,
ultrapassam o âmbito puramente linguístico e assumem-se, também, como questões de política
linguística e educacional.

Notamos, na mesma, que os neologismos para os alunos em causa se configuram uma alternativa
para suprir as suas limitações linguísticas na língua de ensino, tendo em conta que os mesmos se
encontram num ambiente multicultural, sendo que, mesmo não havendo espaço para aquisição
das línguas bantu em contexto escolar, os alunos (in)conscientemente recorrem a alguns itens
lexicais como um recurso linguístico que garante a fluência da comunicação.

É nesta ordem de ideias que no presente trabalho, consubstanciado pelo manancial teórico,

1.3.Aspectos de mudança na fonética, na sintaxe e no léxico

Para Cardoso (2007, p. 5) “a interferências linguísticas de falantes bilingues diz tratar-se de


transferência de traços de uma língua materna para a língua não materna e identifica dois tipos de
transferência, “positiva e negativa”, sendo o primeiro tipo “um recurso para o falante,
particularmente quando as línguas são aparentadas, podendo recorrer a ela para enriquecer o seu
discurso” e o segundo uma “dificuldade a ser ultrapassada”. A interferencia negativa é também
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considerado desvio que acontece quando um falante, usando uma língua, sofre influência de
outra língua (Mello, 1999), seja materna ou não.

No Caderno de Organização do Neologismos de Português falado em Moçambique (ONPM),


citado por Machungo (2012) assumiu-se que neologismo é uma unidade de léxico (palavra, lexia
ou sintagma), cuja forma significante ou cuja relação significado-significante, caracterizada por
um funcionamento efectivo num determinado modelo de comunicação, não se tinha realizado no
estádio imediatamente anterior do código da língua (Rey 1976). Tomando como base esta
perspectiva, foram identificados, no PM, os seguintes processos básicos de criação lexical:

(i) neologismos formais, que resultam de processos gramaticais de formação de palavras.

Ex: cabelaria [[cabelo] + [aria]] 'cabeleireiro'

Neste grupo destacam-se os empréstimos, que resultam da importação de itens lexicais de outras
línguas.

Ex: xitiqueiro [[xitique1] + [eiro]] 'membro de um grupo de xitique

(ii) neologismos semânticos, provenientes da atribuição de um significado novo a uma palavra


existente.

Ex: chapa 'meio de transporte colectivo de passageiros'

1.3.1.Mudança fonológica

De acordo com Alves (2007) e Barbosa (1996), este tipo de neologismo resulta da criação de um
item lexical totalmente novo, sem base em nenhuma palavra existente. Alves (2007) usa a
unidade lexical gás que tem sido interpretada como oriunda do étimo grego khaos, para
exemplificar. Barbosa (1996) considera que o emprego de neologismos fonológicos como item

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Xitique, (xitiki nas línguas Ronga/Changana) é um tipo de organização em que os membros do grupo de 'xitique'
contribuem com um certo valor monetário previamente estabelecido, cujo total é atribuído a cada membro, de forma

rotativa (Machungo, 2012).


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lexical inédito é bastante raro. Para Barbosa, a produção onomatopeica específica é uma criação
fonológica inédita e, “ocorre com menor frequência em todas as línguas, sendo mais comum em
discursos literários” (Barbosa, 1996, p. 176). A onomatopeia resulta da criação de uma unidade
lexical que tenha relação com certos sons ou gritos; ao que se pode entender que, em palavras
onomatopeicas, existe sempre uma relação entre a palavra e o significante, como é o caso de
“miau” em representação da voz do gato.

Em Moçambique, o neologismo fonológico vai ocorrer como resultado do contato entre a LP e as


LBm. O processo pode ocorrer tanto na LP assim como nas línguas bantu, como podemos ver
nos exemplos que se seguem, apresentados por Ngunga (2012) sobre o português e a língua
changana (falada nas províncias do sul do país):

a. kuxatiyara (< chatear)

b. kuvota (< votar)

c. manduwinya (< amendoim)

1.3.2.Mudanca Sintática

De acordo com Alves (2007, p. 14), “ao contrário dos neologismos fonológicos, os neologismos
sintáticos supõem a combinatória de elementos já existentes no sistema linguístico português”.
São denominados sintáticos porque a combinação de seus membros constituintes não está
circunscrita exclusivamente ao âmbito lexical (junção de um afixo a uma base), mas concerne
também ao nível frásico: o acréscimo de sufixos pode alterar a classe gramatical da palavra base,
e a composição tem caráter coordenativo ou subordinativo.

Os neologismos sintáticos podem ser formados por: (a) Derivação prefixal: este tipo de
derivação se forma quando é adicionada a uma base (radical) um prefixo, o qual lhe acrescenta
uma grande variedade de significados. Ex.: Desconseguir = [des (pref) + conseg (Rad) + ir
(Suf)]– não conseguir.
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1.3.3.Mudanca Semântico

De acordo com Barbosa (1996, p. 171), pode ser definido como empréstimo de significado, à
medida que, em geral, não pressupõe alterações no significante. O neologismo semântico
constitui-se de palavras já existentes, porém, utilizadas com novas acepções, ou seja, forma-se
uma palavra por neologismo semânticoquando se dá um novo significado, somado ao que já
existe; trata-se do surgimento de uma significação nova para um mesmo segmento fonológico,
que passa a ser uma nova unidade de significação. “Por meios dos processos estilísticos da
metáfora, da metonímia, da sinédoque (...), vários significados podem ser atribuídos a uma base
formal e transformam-na em novos itens lexicais” (Alves, 2007, p. 62).

Por exemplo: a palavra cabrito significa ‘fora da lei’; a esse significado somamos outro,
‘(corrupção)

Afinar, que em Moçambique pode ter o sentido de «usar português rebuscado»;

o verbo alarmar usa-se indiferentemente para “pôr em alarme, assustar” e para «instalar alarme
no carro»;

Matabicho designa indiferentemente, “pequeno-almoço, gratificação, gorjeta”;

mola estende o seu conteúdo semântico a “dinheiro”.

1.4.Propostas para ultrapassar os problemas que encontrar

Um profissional de línguas estrangeiras deve estar bem preparado para assumir seu papel. Como
afirmava Bugueño Miranda (1998), um professor de línguas não pode reduzir seu papel ao de um
simples animador cultural. Um profissional de ensino de idiomas deve conhecer os mecanismos
que regulam a gramática – oracional e supra-oracional -, tanto de sua própria língua como
daquela que ensina. Só deste modo, ser-lhe-á possível detectar previamente problemas que
poderão surgir ao longo dos processos de aprendizagem, auxiliando-o na utilização de métodos e
estratégias mais adequados para culminar com êxito a assimilação e aquisição das formas
linguísticas por parte do aprendiz.
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2.CONCLUSÃO

Maior dos casos da mudança do Português são empregues pêlos alunos na sua locução ou
durante a aprendizagem, com maior frequência, mas estes por sua vez não tem o conhecimento
do significado dos mesmos na língua de ensino/língua oficial. O que nos faz perceber que a
aprendizagem tem sido colocada em causa se for ministrada nestes moldes, outrossim, o
professor utiliza inconscientemente e por maioritariamente deixar os alunos utilizarem e não
intervir para dar a explicação da respectiva significação, isto de certa forma pode interferir no
ensino colocando a aprendizagem de caracter solida, significativa e aplicável em risco
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3.BIBLIOGRAFIA

 Alves, Ieda. (2007). Neologismo. Criação Lexical. 3a. ed. São Paulo: Ática.
 Armindo Ngunga & Osvaldo Faquir. (2012). Padronização Da Ortografia De Linguas
Moçambicanas: Relatório Do Iii Seminário. Maputo: Ciedima, Sarl.
 Armindo Ngunga, Názia Nhongo, Laurinda Moisés, Jossias Langa, Hermínio Chirinze &
João Mucavele. (2010). Educação Bilingue Na Província De Gaza: Avaliação De Um
Modelo De Ensin. Maputo: Cea - Uem.
 Barbosa, J. M. (1998). Gramática e Ensino das Línguas. (Actas do I Colóquio Sobre
gramática). Lisboa: Livraria Almedina.

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