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Objectivos
Geral:
Identificar as áreas de mudança do português em Moçambique.
Especifico:
Identificar as áreas de mudança do português em Moçambique;
Discutir aspectos de mudança na fonética, na sintaxe e no léxico;
Apresentar propostas que visam a resolução dos problemas de mudança do português
de Moçambique.
Metodologias
O presente trabalho foi subordinado ao método de revisão de literatura, durante o qual foram
analisados artigos científicos, livros e documentos relacionados com o tema. A revisão da
literatura permitiu recolher e analisar a informação mais importante sobre o tratamento deste
tema, tendo em conta as diversas perspectivas e evidências disponíveis na literatura
especializada
Áreas de mudança do português em Moçambique
Iniciamos a discussão inspirados com a frase de Crystal (2005), que defende que as línguas
não são estáticas e estão sempre em constante manutenção. Por essa razão, a variação e
mudança linguística não é recente. Na outrora, a variação e a mudança linguísticas eram
fenómenos linguísticos atribuídos a factores de ordem física, mental, do ambiente, até
suspeitas de influências de zonas de altas altitudes, de clima, fato que não foi comprovado
cientificamente” cf..
Tendo em conta a ideia do autor, podemos destacar as seguintes áreas de variação português
moçambicano.
Variação fonético-fonológica
É uma característica das diferenças na pronunciação de palavras que variam de língua para
língua, de variedade para variedade. Pode ainda ser causada por influências de outras línguas,
ainda que deva considerar que “os valores fonológicos são abstracções que se originam das
relações que os sons físicos mantêm dentro do sistema da língua” (CAGLIARI, 2008).
Em Moçambique muitas formas de variação fonético-fonológica no português são resultados
da influência das línguas maternas de origem bantu espalhadas um pouco pelo país.
É através da variação fonética que percebemos se o falante nasceu no norte ou no sul do país.
Vejamos algumas variações fonéticas encontradas nas províncias de Nampula, Cabo Delgado,
Niassa e Zambézia todas localizadas a norte de Moçambique locais onde predomina a língua
makhuwa:
Troca da consoante sonora pela consoante surda:
Exemplo: A troca de [d] por [t] : dedo= [teto]; dado=[tato] b) A troca de [b] por [p]:
Segundo Ngunga, “o não vozeamento de consoantes é uma característica fonética
fundamental do português falado pelos falantes de makhuwa como língua materna”
(NGUNGA, 2012).
Variação morfológica
A Morfologia é uma disciplina que descreve e analisa a estrutura interna das palavras e os
processos morfológicos da variação e de formação das palavras. Podemos destacar alguns
exemplos de variação morfossintática no PM.
A diferença que se observa nestas duas frases é a falta de concordância no PM se
compararmos com o PE. O importante a reter é que esta variação está inerente à norma
padrão. Sabe-se que a fala pode variar segundo a idade, o grau de escolaridade, as redes
sociais, o local de residência, etc.
Variação sintáctica
Para além da variação morfológica que vimos em, o PM apresenta variação a nível sintáctico.
Pesquisas de Dias (1991, 2005b; 2009b) mostram que há vários casos de variação se
compararmos com o PE. Vejamos alguns exemplos de Gonçalves (2005b, p.55). (23) Desvios
ao PE a) “Eles elogiaram a uma pessoa.” (PM) vs “Eles elogiaram uma pessoa.” (PE) b)
“Elogiaram-lhe muito.” (PM) vs “Elogiaram-na muito.” (PE)
Variação semântica
A semântica é o estudo do significado de palavras e da interpretação de frases. O significado
pode variar segundo variáveis: linguísticas, geográficas e sociais. Por exemplo, uma única
palavra pode ter significados diferentes em duas comunidades linguísticas. Por exemplo, a
palavra camisola, no Português Brasileiro significa “vestimenta feminino usada para dormir”
enquanto no Português Moçambicano, camisola é “vestimenta de malha de lã ou algodão com
mangas compridas que é usada para se proteger do frio.”
Variação lexical
Para um único referente podem existir várias palavras. Por exemplo: as palavras candonga (na
Guiné-Bissau e Angola), chapa-100 (em Moçambique), van (no Brasil), tocatoca (na Guiné-
Bissau), busão (no Brasil) referem-se ao nome do transporte de passageiros. No futebol
moçambicano, os termos trave, gandula, bandeirinha, grama e escanteio são designados
baliza, panha-bolas, fiscal de linha, relva e canto respectivamente (cf. TIMBANE, 2013a). Por
outro lado, uma unidade lexical pode ter vários significados. Por exemplo: O jogo de
brincadeira das crianças “neca”, no PM refere-se a “amarelinha” no PB. Estas variações
lexicais são causadas por razões culturais, sociais e geográficas. As crianças brincam do
mesmo jeito, as regras são iguais e o que muda é simplesmente o nome. Mas também há
variação lexical na fala de jovens e adultos.
Os jovens tendem a criar um léxico específico:
“E aí malta, tá-se bem?” (E aí colegas, estão bem?);
“oi pessoal, mbora-lá tchilar para não nholar!” (Amigos, vamos divertir para não ficarmos
isolados);
“Tcheca-lá antes de bazarmos. Esse gai-gai pode tchunar as cenas e ficarmos a mbunhar!”