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Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Problemas de Regência Verbal no Português de Moçambique

Nome Completo: Hélder José Ngungulo


Código:41190565

Maxixe, Setembro de 2023

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Departamento de Ciências de Educação

Licenciatura em Ensino de Português

Problemas de Regência Verbal no Português de Moçambique

Trabalho do campo a ser submetido na


coordenação, do curso de Licenciatura em
ensino de Português da disciplina de:
Sintaxe II

Nome Completo: Hélder José Ngungulo

Código:41190565

Maxixe, Setembro de 2023

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Índice
1.0 Introdução.........................................................................................................................................3
2.0Fundamentação teórica.....................................................................................................................4
Conclusão................................................................................................................................................5
6.0Bibliografia........................................................................................................................................6

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1.0 Introdução
Moçambique é um país lusófono e tem uma diversidade linguística composta por mais de vinte
Línguas Bantu que concorrem com o português como língua oficial. Há desvio à norma-padrão
causado pelo contato e interferência das Línguas Bantu. O fato importante é que “a língua se
transforma, isto é, estruturas e palavras que existiam antes não ocorrem mais ou estão deixando
de ocorrer; ou, então, ocorrem modificadas em sua forma, função e/ou significado.”
(FARACO, 2005, p.16). Sabe-se que toda língua apresenta variação, que é sempre
potencialmente um desencadeador de mudança. Como “a mudança é gradual, é necessário
passar primeiro por um período de transição em que há variação, para em seguida ocorrer a
mudança.
Este trabalho tem como foco o estudo da regência verbal no português moçambicano trazendo
exemplos comparativos com o português Europeu
1.1 Objectivos específicos:
 Conceitualizar regência verbal;
 Caracterizar o português falado em Moçambique;
 Identificar a regência verbal existente no português falado em Moçambique
1.2 Metodologia
A pesquisa realizada neste trabalho foi classificada como descritiva, pois, se buscou para a
construção do referencial teórico explorar o tema a partir de uma pesquisa bibliográfica,
ferramenta que permitiu a exploração mais profunda sobre o tema, como também, buscou-se
realizar uma pesquisa de campo com a finalidade de recolher e registar os dados que
embaçassem mais precisamente o assunto.

O presente trabalho para uma fácil compreensão se encontra dividido em capítulos, títulos e
subtítulos e estão postos em negrito ou itálico as partes necessárias para uma boa percepção.

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2.0Fundamentação teórica
Neste capítulo apresentam-se diversas literaturas que trazem uma abordagem teórica
relacionada a este trabalho e que foram objectos de análise crítica, trazendo desta forma
algumas ideias que foram construídas por outros autores em relação ao mesmo tema.

2.1 Regência verbal

Regência verbal é a relação que existe entre um verbo e o termo da oração que o complementa,
ou seja, a regência verbal é estabelecida entre o verbo e os complementos verbais. Ressaltar
que na regência verbal há um termo regente que estabelece uma relação com um termo regido.
O termo regente é sempre o verbo e o termo regido é o complemento verbal. Quando um termo
regido é um objecto directo , a regência verbal é estabelecida através de uma preposição.
Exemplo de regência verbal

Ele não se lembrou do nosso acordo.

Termo regente = verbo = lembrou-se

Termo regido = objeto indireto = do nosso acordo

Preposição que estabelece a regência = de (de + o = do)

2.2 Português falado em Moçambique

Estudos tentam mostrar que o rumo da Língua portuguesa em Moçambique é bem diferente do
determinado pelo sistema colonial, consequentemente pela norma-europeia. Defender que
existe norma-europeia e outra moçambicana é ao mesmo tempo aceitar que “as línguas mudam
com o passar do tempo” e os contextos sociolinguísticos podem provocar variação e mudança.
Faraco (2005) e Faria (2003) mostram que as mudanças de uma língua podem afetar os
seguintes sistemas: fonético-fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático, só que
o mais desmascarado é o léxico, (p. 34-43).
Garmadi (1983º) explica que o português moçambicano é uma variante diferente do português
europeu e precisa ser mais aprofundado procurando cada vez mais espaço da sua afirmação
legal- a padronização. “Falar de uma variedade é apenas reconhecer a existência de um ou de
vários conjuntos de diferenças, de uma ou de várias variedades e recusar estabelecer entre essas
variedades numa hierarquia (pág. 29).
Esses fenômenos linguísticos são causados pelo contato entre línguas, pelo surgimento de
realidades sociais, culturais, políticas e econômicas bem diferentes ou mesmo pela diferença de
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classes sociais. Entendemos por variação linguística a forma como uma determinada
comunidade linguística se diferencia de outra, sistemática e coerentemente tendo em conta os
contextos sociais. A variação se manifesta em diversos níveis:

3.0 Regência verbal no Português falado em Moçambique

Regência verbal com preposição

Os verbos transitivos indiretos estabelecem regência com o objeto indireto com a presença
obrigatória de uma preposição.

Exemplos de regência verbal preposicionada:

Eu duvidei da opinião do garoto.

O aluno respondeu à pergunta da professora.

O objeto indireto responde principalmente às perguntas de quê? para quê? de quem? para
quem? em quem?.

Exemplos de verbos que exigem preposição para regência verbal

Verbos chegar, ir e voltar

Quando indicam destino ou direção = ir a, ir de, ir para, voltar a, voltar de, voltar para, chegar
a, chegar de, chegar para.

Fui à feira comprar melancia.

Voltei para Pernambuco.

Cheguei da escola ao meio-dia.


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Verbo comparecer

Quando indica local = comparecer a ou comparecer em.

Compareci ao escritório no domingo para resolver um problema.

Compareci no escritório no domingo para resolver um problema.

Verbo assistir

Quando significa ver ou presenciar = assistir a.

Meus vizinhos assistiram ao acidente e ficaram muito perturbados.

Verbo aspirar

Quando significa desejar, pretender ou ambicionar = aspirar a.

Mariana aspira ao papel principal naquela peça.

Verbo visar

Quando significa desejar, pretender ou ambicionar = visar a.

Mariana visa ao papel principal naquela peça.

Verbos esquecer-se e lembrar-se

Quando são verbos pronominais = esquecer-se de e lembrar-se de.

Não me esqueci de seu aniversário.

Não me lembrei de seu aniversário

Verbo querer

Quando tem sentido de estimar ou de querer bem = querer a.


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Quero muito a minha filha.

Verbo obedecer

Quando se obedece a alguém ou a alguma coisa = obedecer a.

Aquele aluno nunca obedece à professora.

Verbo responder

Quando se responde a alguém ou a alguma coisa = responde a.

Pedro não soube responder ao que lhe foi perguntado.

Verbo agradar

Quando significa contentar ou satisfazer = agradar a.

O serviço realizado agradou ao diretor da empresa.

Verbos avisar, comunicar, advertir, prevenir,…

Com sentido de informar com antecedência = avisar a, comunicar a, advertir a, prevenir a,…

Avisei ao diretor que os funcionários estão descontentes.

Comuniquei ao diretor que os funcionários estão descontentes.

Adverti ao diretor que os funcionários estão descontentes.

Preveni ao diretor que os funcionários estão descontentes.

Verbo perdoar

Quando se perdoa a uma pessoa, não uma coisa = perdoar a.

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Nunca perdoarei a minha mãe por me ter abandonado.

Verbo pagar

Quando se paga a uma pessoa, não uma coisa = pagar a.

Pagou ao empregado o que lhe devia, antes de o despedir.

Verbos morar e residir

Quando indica local = morar em e residir em.

Regência verbal sem preposição

Os verbos transitivos diretos estabelecem regência com o objeto direto sem a presença
obrigatória de uma preposição.

Exemplos de regência verbal sem preposição:

Mariana comeu o quibe.

Mirim esperava a irmã.

O objeto direto responde principalmente às perguntas o quê? ou quem

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Conclusão
Por meio de todos os teóricos apresentados neste estudo, entende-se que

Importa salientar que

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6.0Bibliografia
Cunha, Celso e Cintra. (1984). Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa. 13ª
Edição.: João Sá da Costa.
Mateus et al. (1990). Fonética, Fonologia e Morfologia do Português. Lisboa: Universidade
Aberta
Azeredo, J.C. (200) Fundamentos de Gramática do Português. Rio de Janeiro: Zahar.

Bagno, M.(1999) Preconceito linguístico: o que é, como faz. 37ª ed. São Paulo: Loyola.

Castilho, A T.(1998). A língua falada e o ensino de português. São Paulo: Contexto,

Câmara Jr.(1985) Dicionário de Linguística e Gramática. 12ª ed. Petrópolis: Vozes.

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