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ESTUDOS SINTÁTICOS

Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa


Educação Odete Aléssio Pereira
DA LÍNGUA PORTUGUESA

Odete Aléssio Pereira


DA LÍNGUA PORTUGUESA
ESTUDOS SINTÁTICOS
Estudos
Sintáticos
da Língua
Portuguesa
Odete Aléssio Pereira

Curitiba
2016
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501

P436e Pereira, Odete Aléssio


Estudos sintáticos da língua portuguesa / Odete Aléssio Pereira.
– Curitiba: Fael, 2016.
150 p.: il.
ISBN 978-85-60531-35-6

1. Língua portuguesa – Estudo e ensino 2. Língua


portuguesa - Análise sintática I. Título
CDD 469.53

Direitos desta edição reservados à Fael.


É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.

FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão FabriCO
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/Unuchko Veronika
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
Carta ao Aluno | 5

1. Termos essenciais da oração  |  7

2. Termos Integrantes da Oração  |  19

3. Termos Acessórios da Oração  |  33

4. Período simples e composto: análise


dos períodos e pontuação   |  45

5. Período Composto por Coordenação  |  59

6. Período Composto por Subordinação  |  71

7. Sintaxe de Regência: Nominal e Verbal  |  89

8. Sintaxe de concordância: nominal e verbal


e recursos de expressão  |  101

9. Sintaxe de colocação e noções de estilística  |  117

10. Práticas pedagógicas no ensino da gramática


e vertentes da sintaxe: teoria  |  131

Conclusão | 145

Referências | 147
Carta ao Aluno

Prezado aluno,
Atualmente, o profissional da educação, principalmente o
professor de língua portuguesa, encontra muitos desafios. É pre-
ciso estar disposto a trilhar uma estrada tortuosa; no entanto, ao
final dessa trilha há um grande tesouro. Esse tesouro não são barras
de ouro; é muito mais que isso: é a felicidade de olhar para trás e
perceber que todo esforço empreendido na formação de seus alunos
valeu a pena. Isso é percebido, por exemplo, na colação de grau de
uma turma. Docentes e discentes em uma comunhão de alegrias e
sonhos realizados.
Sabemos que nosso idioma é o que nos uni como nação, e ele
tem a missão de nos socializar. A linguagem está presente em nosso
cotidiano, estamos expostos a várias situações comunicativas, nas
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

diversas práticas sociais, por exemplo, um e-mail, um bate-papo nas redes


sociais, uma aula, uma carta, um trabalho escolar, a leitura de uma revista
dentre tantas outras coisas. Nesse sentido, é necessário destacar a importância
do professor, que no seu dia a dia coloca um “tijolinho” na sua construção.
Assim, o docente de língua portuguesa tem a missão de formar leitores e pro-
dutores de textos, cidadãos competentes para atuarem na sociedade de forma
plena. O aluno inicia seus estudos ainda na tenra idade, vai galgando degrau
a degrau, até tornar-se um profissional. Se a opção for a docência, certamente,
ele proporcionará muitas mudanças na vida de seus alunos.
O objetivo principal desta disciplina é, portanto, proporcionar aos estu-
dantes a capacidade de compreender conceitos básicos de sintaxe e transferí-los
para os desafios que o professor de língua portuguesa certamente encontrará no
mercado de trabalho. Estas provocações incluem, por exemplo, a indisciplina
em uma sala de aula, a desmotivação no processo-ensino aprendizagem, dentre
outros, por isso é importante que o aluno encontre na escola um lugar para
expressar suas opiniões e ideias, experiências já vividas. Nesse sentido, o edu-
cador de língua portuguesa, que exerce seu ofício com dedicação, certamente
fomentará diversas propostas de trabalho no ensino da leitura, da produção
textual, dos aspectos gramaticais envolvendo a fonética, fonologia, morfologia,
sintaxe, dentre outros tópicos. Sabemos que o comprometimento de muitos
docentes contribui de forma peculiar na formação de pessoas autônomas, capa-
zes de agir e interagir de forma plena na sociedade em que vivem.
Nesse sentido, ao final desta disciplina, do curso de Letras, o aluno será
capaz de compreender e produzir textos de diferentes gêneros e registros,
observando as regras gramaticais. Terá a compreensão dos métodos, proces-
sos, procedimentos e técnicas de organização do trabalho docente, no que
se refere ao ensino de gramática. Possuirá o domínio dos conteúdos básicos
trabalhados nos ensinos fundamental e médio, para que tenha uma atuação
eficaz como profissional do saber. Terá desenvolvido e assimilado a capaci-
dade de organizar e dirigir situações de aprendizagem voltadas para o ensino
da análise sintática, além de conceber e fazer evoluir os dispositivos de dife-
renciação entre os pontos estudados na disciplina. Durante sua trajetória no
curso, o discente certamente terá assimilado estratégias para a utilização das
novas tecnologias como recurso didático no ensino-aprendizagem da gramá-
tica da língua portuguesa.

–  6  –
1
Termos essenciais
da oração

Neste capítulo, você conhecerá um pouco mais sobre sujeito


e predicado, elementos primordiais na estruturação de uma oração.
Por isso, são chamados termos essenciais, pois sem eles a oração
ficará sem sentido. Quanto às definições desses termos, presentes
nos manuais de gramática, são muitas, encontram-se posicionamen-
tos similares e, às vezes, divergentes entre elas. De uma forma geral,
há mais semelhanças do que discrepâncias. No manual de gramática
de Faraco&Moura (2006, p.388), os autores definem sujeito como:
“termo sobre o qual se declara algo. O verbo da oração concorda
com o sujeito da oração em pessoa e número”. Para predicado, eles
consideram que: “é tudo aquilo que se declara a respeito do sujeito.
Não existe oração sem predicado.” Geralmente, ao escrevermos um
texto, usamos esses termos constantemente e nem nos damos conta.
Isso ocorre devido à nossa gramática internalizada.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Distinguir sujeito de predicado na frase ou oração;
22 Reconhecer os tipos de sujeito e predicado;
22 Analisar sintaticamente as frases e orações;
22 Classificar adequadamente os termos essenciais da oração.

1.1 Definição de sujeito


Você perceberá as semelhanças e diferenças nas definições apresentadas
por alguns gramáticos e linguistas no que se refere à conceituação de sujeito.
Isso fica constatado ao pesquisar o conceito de sujeito em alguns manuais de
gramática e observar as considerações e críticas elaboradas. Diante disso, é
possível perceber que há algumas divergências a respeito de como conceituar
na visão dos autores, confira no quadro a seguir:
Quadro 1 - Definição de sujeito

“O termo da oração com o qual o verbo concorda em número e pes-


soa é o sujeito” (CIPRO NETO, 1998, p. 348).
“Sujeito é o ser de quem se diz alguma coisa” (CEGALLA, 1985, p. 273).
“Sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declara-
ção” (CUNHA & CINTRA, 2001, p. 122).
“Sujeito é o termo que denota o ser a respeito de quem ou de que se
faz uma declaração” (FARACO & MOURA, 1994, p. 313).
Sujeito é “o ser de quem se diz alguma coisa [...] é o elemento
com o qual concorda o verbo” (LUFT, 2002, p. 46).
“Chama-se sujeito a unidade [...] que estabelece uma relação predicativa com o núcleo
verbal para construir uma oração. É [...] uma explicitação léxica que o núcleo verbal
da oração [...] inclui como morfema número-pessoa (BECHARA, 2006, p. 409).
“Sujeito é o termo da oração que está em relação de concordân-
cia com o núcleo do predicado” (PERINI, 2003, p. 76).

– 8 –
Termos essenciais da oração

“Sujeito é o ser ao qual se atribui a ideia contida no predicado. [...] É o


termo representado por substantivo ou expressão substantiva, ao qual, no sin-
tagma oracional, se atribui um predicado” (SACCONI, 1994, p. 288).

Fonte: Elaborada pela autora, 2015.

Importante
Ao observarmos tais definições, o que percebemos em comum?
A maioria destaca a ideia de que o sujeito é o tema, ou seja, o
“ser” sobre o qual se menciona algo, o termo referente ao predi-
cado. Desse modo, para que possamos direcionar melhor nosso
estudo, podemos pensar que o sujeito é aquele sobre o qual se
fazem as afirmações.

1.2 Tipos de sujeito


Se propusessem a você a seguinte frase: “os retardatários não puderam
entrar no local da prova” e, logo em seguida, fizessem-lhe os seguintes ques-
tionamentos: qual é o assunto central dessa frase? Qual é a informação forne-
cida sobre ele? Você com certeza responderia que o tema central é “os retar-
datários” e a informação fornecida sobre eles é que “não puderam entrar no
local da prova”. Pode-se afirmar, portanto, que ao propor um assunto para a
comunicação de um fato ou de uma ideia, ou para se informar algo sobre este
assunto, utilizam-se os dois termos anunciados anteriormente na abertura
desse capítulo, ou seja, o sujeito e o predicado.
De posse dessas informações prévias, convém, agora, que o sujeito seja
conhecido com mais detalhes.
O sujeito é o termo da oração (formado por uma palavra ou conjunto
de palavras) para se declarar alguma coisa; portanto, geralmente o verbo con-
corda com ele em número e pessoa.

– 9 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 sujeito simples (claro ou oculto) – possui apenas um núcleo.


Exemplo: Nós viajaremos para Londres no final de semana.
(Nós - sujeito claro)
Viajaremos para Londres no final de semana.
( sujeito oculto, ele está na forma verbal (nós) Viajaremos.)
Há casos em que o verbo não concorda com o sujeito e, por isso, ocorre
uma concordância especial (por razões semânticas – concordância “ideoló-
gica”) ou opcional (pela proximidade de algum vocábulo com o verbo – con-
cordância atrativa).
Exemplos: Os responsáveis pela pesquisa somos nós
sujeito verbo
Nesse caso, observa-se que o verbo concordou com o pronome nós, e
não com o sujeito, porque os pronomes pessoais atraem o verbo ser.
Já na frase:
Os brasileiros são bastante otimistas.
Sujeito verbo
O verbo concordou com um elemento da oração que está implícito
(os brasileiros + eu), resultando em uma concordância “ideológica” deno-
minada silepse.

Silepse: a silepse é uma figura sintática que faz concordância


pela ideia, e não por meio de regras gramaticais, por isso que é
considerada de concordância ideológica ou figurada. A silepse
pode ser de número, de gênero e de pessoa. Ex: Senhor governa-
dor, Vossa Excelência está equivocado.
Trata-se de uma silepse de gênero, pois a palavra equivo-
cado está no masculino, concordando com o sexo da pessoa
e não com o pronome Vossa Excelência, que é feminino

– 10 –
Termos essenciais da oração

22 sujeito composto – possui dois ou mais núcleos


Exemplo:
Os responsáveis pela pesquisa foram ele e eu.
verbo sujeito
Em frases com sujeito composto, também pode ocorrer concordância
especial (por razões semânticas), ou opcional (pela proximidade de algum
vocábulo com o verbo).
Exemplos:
Ainda não voltaram/voltou da praia a mulher e seus filhos.
verbo sujeito
Nesse caso, como o sujeito está posposto ao verbo, este pode ser flexio-
nado no singular – concordando com o núcleo mais próximo – ou no plural –
concordando com os dois núcleos.

Obs.: quando o sujeito aparece posposto ao verbo, ele encontra-se na


ordem inversa.
Eu, tu e ele resolveremos este assunto com a maior urgência.
sujeito verbo

Como o sujeito composto foi formado por pessoas gramaticais diferen-


tes, e dentre elas há a 1ª pessoa, a forma verbal permanece na 1ª pessoa do
plural (nós) prevalecendo sobre as demais.

Saiba mais
Assista ao vídeo do grupo chamado Teatro Mágico, que compôs
uma música intitulada “Sintaxe à vontade”. A banda trata do assunto
estudado, de forma divertida. A letra fala sobre os termos da ora-
ção. Certamente você terá uma visão diferente sobre esse assunto.
A letra, bem como a música, estão disponíveis em: http://www.vaga-
lume.com.br/o-teatro-magico/sintaxe-a-vontade.html

– 11 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 sujeito indeterminado – não aparece expresso na oração, ou por


não se desejar, ou por não ser possível que ele seja explicitado.
Há dois processos de indeterminação do sujeito:
1. Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural.
Exemplo: Falaram mal de você na reunião de ontem.
Nesse caso o verbo não se refere a nenhuma palavra determinada
no contexto.
2. Colocando-se o verbo na terceira pessoa do singular + pronome
SE (classificado como pronome indeterminador do sujeito)
Exemplos: Vive-se bem no campo.
(Verbo intransitivo- VI)
Necessita-se de paz de espírito.
(Verbo transitivo indireto-VTI)
Ama-se a Deus em primeiro lugar.
(Verbo transitivo direto – VTD preposicionado)
Nunca se é feliz sozinho.
(Verbo de ligação –VL)

Importante
Não se deve confundir o pronome indeterminador do sujeito (PIS)
– que acompanha verbos intransitivos, transitivos indiretos, transitivos
diretos preposicionados e de ligação com o pronome apassivador
(PA) – com o pronome que acompanha verbos transitivos diretos.

Exemplo: Vendem-se casas na zona rural.


VTD sujeito
Nesse exemplo, o verbo está na voz passiva pronominal (ou sintética)
e equivale à seguinte estrutura da voz passiva verbal (também conhecida
como analítica):

– 12 –
Termos essenciais da oração

Casas são vendidas na zona rural.


Sujeito
Portanto, nos dois casos em que há voz passiva, o sujeito é o termo casas.
É importante esclarecer, ainda, que a função do sujeito não é exclusiva
de substantivos, pronomes e numerais. Os advérbios de base nominal ou pro-
nominal também podem desempenhar a função de sujeito em uma oração.
Exemplos:
Agora é tudo ou nada.
sujeito
Ali parece sujo.
sujeito

Você Sabia
Já houve muita discussão entre os estudiosos da língua portuguesa
sobre a questão do sujeito inexistente e as orações sem sujeito.
Segundo alguns, não se poderia considerar o sujeito como termo
essencial da oração se existe a possibilidade de construir enunciados
sem sujeito. Outros afirmam que a perspectiva de orações sem sujeito
não invalida o fato de que ele é essencial nas orações das quais faz
parte. E você, o que pensa sobre isso?

1.3 Oração sem sujeito


Ocorre quando o predicado não se refere a nenhum tipo de sujeito e,
nesse caso, são empregados verbos impessoais.
Exemplos:
(Ø) Trovejou durante a noite toda.
(Ø) Está muito quente hoje.
(Ø) Há muitos problemas naquele setor da indústria
(Ø) Faz muito calor naquela região.

– 13 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

(Ø) Já é meio-dia e meia.


(Ø) Chega de lamúrias!
Atenção: se os verbos que expressam fenômenos da natureza forem
empregados em sentido figurado, então passarão a ter sujeito.
Ex.: Os olhos da atriz relampejavam de ódio.
Sujeito

Você Sabia
Nas locuções verbais, o verbo auxiliar representará a impessoalidade
do verbo principal, ou seja, ficará na 3ª pessoa do singular (ou even-
tualmente na 3ª pessoa do plural, com o verbo ser)

Exemplos:
(Ø) Deve haver muitas pessoas na fila do caixa.
(Ø) Vai fazer dias muito quentes neste verão.
(Ø) Devem ser umas três da manhã em Tóquio.

Dicas para localizar o sujeito na oração:


22 Primeiro, localize o verbo da oração.
22 A posição usual do sujeito é antes do verbo
22 Na língua portuguesa, o verbo concorda com o sujeito em pessoa e
número.
22 Se o sujeito for um substantivo, ele pode ser substituído pelo pro-
nome ele, ela, eles, elas).

Saiba Mais
Assista ao vídeo sobre “Tipos de sujeito - Aula Grátis de Português
para Concursos Vestibular e Enem”. Disponível em: http://www.
youtube.com/watch?v=9d58zR-zmrM. Acesso em 09 de out. De
2015. Nele você poderá fundamentar melhor seus conhecimentos
sobre esse assunto.

– 14 –
Termos essenciais da oração

Consulte o capítulo Termos Essenciais da Oração da Gramática da


Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, São Paulo: Com-
panhia Editora Nacional, 2008.

Saiba Mais
Assista ao vídeo do grupo, chamado Teatro Mágico, que compôs
uma música intitulada “Sintaxe à vontade”. O grupo trata do assunto
estudado, de forma divertida, a letra fala sobre os termos da oração,
certamente você terá uma visão diferente sobre esse assunto. A letra,
bem como a música, estão disponíveis em:
http://www.vagalume.com.br/o-teatro-magico/sintaxe-a-vontade.
html. Acesso em 30 de out. de 2015.

1.4 Predicado
O predicado é o termo indispensável da oração, uma vez que, conforme
exposto anteriormente, o sujeito pode estar indeterminado ou, em algumas
orações, ele pode não existir.

1.4.1 Tipos de predicado


22 predicado nominal – ocorre quando sua estrutura é constituída
por: verbo de ligação + predicativo do sujeito

Exemplo: As pessoas daquele local ficaram inquietas.


VL e predicativo do sujeito
22 O predicativo do sujeito expressa uma característica, qualidade ou
estado do sujeito.
22 predicado verbal – ocorre quando sua estrutura é formada por um
verbo significativo (intransitivo ou transitivo) + complementos e/ou
circunstâncias e não há predicativo na oração.
Exemplo: O homem abandou o carro no estacionamento.
VTD OD circunstância
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Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 predicado verbo-nominal – ocorre quando sua estrutura é for-


mada por um verbo significativo (intransitivo ou transitivo) + um
predicativo (do sujeito ou do objeto)
Exemplo: As pessoas caminhavam desorientadas.
VI PS
A mãe encontrou a filha desmaiada.
VTD OD PO
22 Na estrutura do predicado verbo-nominal também pode ser encon-
trado o predicativo do sujeito e o predicativo do objeto – termo que
atribui características ao objeto direto ou ao objeto indireto.

22 predicativo do sujeito, do objeto


Segundo Henriques (2011), predicativo é o “termo B” que quali-
fica o “termo A”.
Exemplos: A criança estava irritada.
termo A termo B
Todos consideravam o garoto mais velho um gênio.
termo A termo B

Saiba Mais
Se quiser aprofundar melhor esse conteúdo, assista à videoaula: “
Tipos de Predicado - Aula grátis de Português para Concursos
ENEM e Vestibular”. Disponível em: http://www.youtube.com/
watch?v=jvJC981hEEA. Acesso em 09 de out. De 2015.

Quadro 2 – Predicativo do sujeito


O predicativo do sujeito (PS) pode ser representado não ape-
nas por um adjetivo, mas também por uma locução adjetiva, um
substantivo, um pronome ou um numeral. Exemplos:
A casa deles era de tijolos.
PS = loc. adjetiva

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Termos essenciais da oração

Janete é uma amiga.


PS = substantivo
Esses objetos são meus.
PS = pronome
Os filhos do casal eram quatro.
PS = numeral
O predicativo do objeto pode ser representado por subs-
tantivo, adjetivo ou locução adjetiva. Exemplos:
Ele a considera uma líder.
PO = substantivo
Ele a encontrou desmaiada.
PO = adjetivo
Ele a encontrou em desespero.
PO = loc. adjetiva
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Você Sabia
Todo falante de um determinado idioma é capaz de construir, orga-
nizar e entender frases e orações com sujeito e predicado sem ter
frequentado a escola. Isso acontece devido à gramática intuitiva ou
internalizada. Mesmo que o falante não tenha consciência dela, per-
mite o uso automático das estruturas linguísticas. .

Resumindo
Nesse capítulo, você viu que para compartilhar suas ideias com alguém
é preciso organizá-las, fazendo uso de estruturas linguísticas que permitem a
transmissão adequada dessas ideias. Sujeito e predicado são considerados as
duas estruturas linguísticas fundamentais para que você possa verbalizar o que
sente, o que pensa e o que deseja. Viu também que o predicativo do sujeito
e o predicativo do objeto são termos que participam da construção do predi-
cado, sempre que se deseja atribuir uma característica, qualidade ou estado ao
sujeito ou ao objeto direto do verbo.

– 17 –
2
Termos Integrantes
da Oração

Neste capítulo, você estudará sobre a função desempe-


nhada pelo objeto direto e pelo objeto indireto. Compreenderá
sobre as particularidades de cada um deles. Perceberá como empre-
gar os pronomes pessoais oblíquos na função de objeto direto e
de objeto indireto. Será reforçado, também, um pouco sobre a
predicação verbal, para que você perceba a importância dos verbos
significativos e os de ligação. Assim, você poderá assimilar melhor
a classificação dos verbos quanto à predicação, entendendo que
depende de seu emprego na frase e que todo predicado informa
uma ação e/ou estado acerca do sujeito, bem como os verbos se
relacionam com o seu sujeito.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Perceber a função desempenhada pelo objeto direto e pelo
objeto indireto;
22 Entender as particularidades da predicação verbal, bem como os
seus complementos: objeto direto e do objeto indireto;
22 Identificar a forma adequada de emprego dos pronomes pessoais
oblíquos na função de objeto direto e de objeto indireto;
22 Diferenciar complemento verbal e complemento nominal;
22 Compreender a função sintática exercida pelo agente da passiva
como um termo relacionado ao verbo.

2.1 Predicação Verbal


Você já está ciente de que o verbo mantém uma ligação com o sujeito
por meio das relações de concordância, de regência e de mediação. Já enten-
deu também que a concordância diz respeito à adaptação em número e pessoa
entre o verbo e o sujeito; que na regência ocorre a subordinação entre um
verbo e seus complementos ou circunstâncias, visando à construção de ora-
ções corretas e claras; e que na relação de mediação, o verbo pode manter uma
marca de ligação entre o sujeito e a qualificação dele e, em outro contexto,
pode estabelecer a conexão entre sujeito e verbo e, verbo e complementos ou
entre verbos e circunstâncias.
Para entender bem a relação de mediação, é essencial saber analisar os
verbos quanto à predicação, isto é, classificá-lo a partir das relações que ele
estabelece na oração, tendo em vista o significado que se pretende obter em
um determinado contexto.
Em uma oração, o verbo pode ser classificado de duas formas:
1. Verbos significativos – também denominados de nocionais.
Dentro da oração, os verbos significativos podem apresentar sen-
tido completo ou incompleto e, a partir disso, são classificados em
intransitivos ou transitivos.

– 20 –
Termos Integrantes da Oração

22 Verbos intransitivos (VI) – unem sujeito a uma circunstância.


Exemplo: O assessor do ministro estava na Europa.
VI circunstância
22 Os verbos transitivos fazem a conexão entre sujeito e o alvo de sua ação
e subdividem-se em:
a) transitivo direto (VTD) - não exige preposição na conexão com
seu complemento (objeto direto - OD).
Exemplo: Os manifestantes aguardavam o pronunciamento do líder.
VTD objeto direto
b) transitivo indireto (VTI) – une-se ao seu complemento (objeto
indireto - OI), por meio de uma preposição
Exemplo: Os garotos necessitavam de atenção.
VTI objeto indireto
c) transitivo direto e indireto (VTDI) - exige dois complemen-
tos: um sem preposição (objeto direto) e outro com preposição
(objeto indireto).
Exemplo: Ensinamos o caminho ao turista alemão.
VTDI objeto direto objeto indireto

2. Verbos de ligação (VL) - fazem a conexão entre sujeito e sua qualifica-


ção ou estado denominada predicativo do sujeito (PS).
Exemplo: O clima daquela região estava agradável.
sujeito verbo de Predicativo
ligação do sujeito

Os principais verbos de ligação são: ser, estar,


parecer, permanecer, ficar, continuar e outros.

É importante salientar que os verbos de ligação possuem as seguintes
características:

– 21 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

a) Não têm significação própria;


b) Não indicam ação;
c) Não indicam a posição do sujeito em um lugar.
Além dessas características, os verbos de ligação exprimem certas carac-
terísticas do sujeito:
a) Estado permanente – Exemplo: Minha casa é confortável.
b) Estado transitório – Exemplo: Ontem ela estava meio aborrecida.
c) Mudança de estado – Exemplo: De repente, ela ficou extrema-
mente nervosa.
d) Aparência de estado – Exemplo: Você me parece muito feliz hoje.
e) Continuidade de estado – Exemplo: As pessoas continuam ame-
drontadas.
É importante esclarecer que a predicação de um verbo depende do con-
texto em que este é aplicado, ou seja, a análise do verbo está vinculada a seu
significado ou emprego em uma frase. Só neste contexto sua predicação se
torna evidente. Veja alguns exemplos para esclarecer melhor as ideias apresen-
tadas até o momento.

Minha prova será difícil.


sujeito VL PS
Minha prova será no período da manhã.
sujeito VI circunstância
Minha prova será na sala ao lado da secretaria.
sujeito VI circunstância

Você sabia
Que o verbo ser é intransitivo quando tem o significado de ocorrer,
realizar-se ?

– 22 –
Termos Integrantes da Oração

Meu chefe está nervoso


sujeito VL PS
Meu chefe está no escritório
sujeito VI circunstância
Obs. estar é verbo intransitivo quando indica a posição do sujeito
em um lugar.
As crianças continuam animadas.
sujeito VL PS
As crianças continuam suas brincadeiras.
sujeito VTD OD
As crianças continuam no parque.
sujeito VI circunstância

Você sabia
Que o verbo continuar é verbo transitivo direto quando significa
uma ação não interrompida? Ao indicar posição do sujeito em um
lugar, é intransitivo. É importante esclarecer ainda que alguns verbos
intransitivos ou transitivos assumem a função de um verbo de ligação.
Observe esses exemplos:

A mulher virou o prato.


Sujeito VTD OD
A mulher virou uma fera.
Sujeito VL PS
A menina saiu de sua casa.
Sujeito VI circunstância
A moça saiu uma mulher linda.
Sujeito VL PS
O nosso vizinho caiu em um buraco.
Sujeito VI circunstância

– 23 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

O nosso vizinho caiu doente.


Sujeito VL PS

Saiba mais
Se você tem interesse em aprofundar o tema, leia o artigo científico
Tipologia dos Complementos Verbais do Português Contemporâ-
neo, de Sebastião Expedito Ignácio. Nele você encontrará vários
exemplos e explicações sobre a complementação verbal. Dispo-
nível em: http://seer.fclar.unesp.br/alfa/article/view/3755/3478.
Acesso em: 11 out. 2015.

2.2 Objeto Direto e Objeto Indireto


Você já entendeu que uma oração é uma estrutura organizada para
comunicar ideias, fatos, sentimentos etc. e, para que isso ocorra, as pala-
vras que formam essa estrutura estabelecem relações entre si. Já compre-
endeu também que os termos fundamentais dessa estrutura são sujeito e
predicado e, esse último, pode ser formado apenas por um verbo. Mas,
na maioria das vezes, o predicado, quando informa uma ação do sujeito,
apresenta um verbo que necessita de complemento, isto é, um verbo tran-
sitivo. Nesse caso é que são usados os complementos verbais, ou seja, o
objeto direto e o objeto indireto.
Dessa forma, define-se objeto direto como um termo que integra o
sentido de um verbo significativo sem o auxílio de preposição obrigatória.
Exemplo: Os pedestres desrespeitaram o sinal de trânsito.
VTD OD
Já o objeto indireto integra o sentido de um verbo significativo com o
auxílio de uma preposição obrigatória.
Exemplo: Os pedestres obedeceram ao sinal de trânsito.
VTI OI
Há certas particularidades sobre o emprego do objeto direto que mere-
cem ser mencionadas:

– 24 –
Termos Integrantes da Oração

Objeto direto preposicionado – alguns casos de emprego:


22 Para evitar ambiguidade, ou seja, por motivos de clareza – uso
obrigatório.
Exemplo: Ofendeu ao filho a mãe.
Observação: essa ambiguidade não existiria com o uso da ordem
direta da oração: A mãe ofendeu o filho.
22 Quando o objeto direto é formado por um pronome oblíquo
tônico – uso obrigatório.
Exemplo: Ele sempre consultava a mim.
22 Quando o objeto direto é formado pelo pronome quem (interroga-
tivo ou relativo) – uso obrigatório.
Exemplo: Estamos hospedando a quem agora? (interrogativo)
Ela é a pessoa a quem sempre amei. (relativo)
22 Quando o objeto direto aparece antecipado ao sujeito (procedi-
mento chamado de topicalização) – uso facultativo.
Exemplo: Ao seu procedimento todos admiram.
22 Quando o objeto direto é formado por um pronome indefinido
designativo de pessoa– uso facultativo.
Exemplo: Essas medidas beneficiarão a todos.
22 Quando o objeto direto é utilizado com intenção partitiva – uso
facultativo.
Exemplo: Comeram do bolo que ofereci.
22 Por motivos estilísticos, quando se quer enfatizar o objeto direto –
uso facultativo.
Exemplo: Sempre cumpri com o meu dever.

Objeto direto interno – ocorre em duas situações:


22 Quando o objeto direto tem o mesmo radical do verbo.
Exemplo: Sorriu um sorriso triste e sentou-se.

– 25 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Quando o objeto direto tem apenas uma identificação semân-


tica com o verbo.
Exemplo: Meus filhos dormiam um sono tranquilo.

Objeto direto pleonástico - utilizado por motivos estilísticos:


22 Quando o objeto direto é repetido por meio de um pronome
oblíquo átono.
Exemplo: Meus pertences, eu os encontrei espalhados pelo chão.
OD OD pleonástico
Há também duas particularidades acerca do objeto indireto:

Objeto indireto pleonástico


22 Quando o objeto direto é repetido por meio de um pronome
oblíquo átono.
Exemplo: Aos dois, desejamos-lhe sucesso.
OI OI pleonástico

Glossário:
Pleonástico: você já ouviu falar em “descer para baixo” ou
“subir para cima”? Pois bem: trata-se da figura de lingua-
gem nomeada de “pleonasmo”, que serve para dar ênfase a
uma palavra, ideia ou expressão, muitas vezes por repetição.
Trazendo o termo para a esfera sintática, ao falar de objeto
pleonástico, estamos dizendo que ele aparece na frase duas
vezes. Ex.: A chave, escondeu-a na gaveta. (temos como
objeto direto pleonástico a palavra “chave” e o pronome
oblíquo átono “a”); isso reforça a ênfase a esse objeto.

– 26 –
Termos Integrantes da Oração

Objeto indireto de interesse


22 Quando o objeto indireto não tem função inferida pelo verbo -
intransitivo – e, portanto, é empregado como recurso expressivo do
falante na mensagem verbal.
Exemplo: Nunca me apareças aqui sem avisar.

Saiba mais
Acesse o artigo Facultatividade e Omissão de Complementos
Verbais, de Mônica Magalhães Cavalcante. Nele há uma explica-
ção detalhada da transitividades verbal.
Disponível em: http://www.revistadeletras.ufc.br/rl19Art02.pdf.
Acesso em: 11 out. 2015.

2.3 Pronomes oblíquos na função de objeto


Comumente, o objeto direto e o objeto indireto são representados por
pronomes oblíquos. Veja esses exemplos:
Sempre a encontro nesse local.
OD VTD
Enviei-lhe uma mensagem de boa viagem.
VTI OI
Confundiram-me com outra pessoa.
VTD OD
Telefonaram para mim?
VTI OI
Observe o quadro 1 a seguir, que esquematiza o emprego dos pronomes
oblíquos como objetos diretos e indiretos:

– 27 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Quadro 1 - Pronomes oblíquos

Pronomes oblíqutos átonos Pronomes oblíquos tônicos

o – a – os – as (e variações) →
sempre objeto direto
preposição + mim – ti – si – ele(s) –
lhe – lhes → sempre objeto indireto ela(s) – nós – vós → objeto direto
preposicionado ou objeto indireto
me – te – se – nos – vos →
(conforme a predicação verbal)
objeto direto e indireto (con-
forme a predicação verbal)

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Quando os pronomes oblíquos átonos O – A – Os – As aparecem


pospostos aos verbos, sofrem as seguintes alterações:
22 Se o verbo termina em R, S ou Z, essa letra desaparece, e os pro-
nomes assumem as formas LO – LA – LOS – LAS
Exemplos: Encontrá-lo na saída é um prazer. (encontrar + o +
encontrá-lo)
Deixemo-las conversar a sós. (deixemos + as + deixemo-la)
Fi-los sair da sala naquela hora. (fiz + os = fi-los)

Obs.: Essa última forma é pouco utilizada no português contemporâneo.

22 Se o verbo termina em som nasal (com M ou ÃO), conserva-se essa(s)


letra e os pronomes assumem as formas NO – NA – NOS - NAS
Exemplos: Chamaram-no para conversar. (chamaram + o = cha-
maram-no)
A herança, dão-na como perdida. (dão + a = dão-na)

– 28 –
Termos Integrantes da Oração

Importante
Os pronomes oblíquos que completam o sentido dos verbos transi-
tivos e, ao mesmo tempo, repetem a figura do sujeito, são denomina-
dos pronomes oblíquos reflexivos.
Exemplos: Ele penteou-se caprichosamente para sair. (OD reflexivo)
/Nós nos impusemos severa disciplina. (OI reflexivo)
Muitas vezes, esse pronome pode ter aspecto recíproco.
Exemplos: Eles cumprimentaram-se antes da luta. (OD Reflexivo).

2.4 Agente da Passiva, Complemento Nominal


O agente da passiva é um termo relacionado ao verbo, como ocorre com
o objeto direto e o objeto indireto. Assim como ocorre com o verbo, ou seja,
o fato deste necessitar de um termo que se relacione com ele por motivos
semânticos, alguns nomes também apresentam essa necessidade. Portanto, ao
estudar o complemento nominal, você entenderá a relação deste com certos
nomes (substantivos, adjetivos e advérbios).
O agente da passiva é um termo da oração que pratica a ação
expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva. Esse termo
aparece precedido da preposição por, na maioria das vezes, e, mais rara-
mente, pela preposição de.
Exemplo: Na saída, a moça foi abordada por um estranho.
verbo na voz agente da passiva
passiva
Aquele político vivia cercado de bajuladores.
verbo na voz agente da passiva
passiva
Segundo Bechara (2009), o agente da passiva é um tipo de termo de
argumento, não obrigatório e, por isso, muitas vezes uma oração pode apare-
cer na voz passiva e não apresentar o agente da passiva.

– 29 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Exemplo: O réu foi condenado ontem à tarde.


verbo na voz passiva
Vale salientar, ainda, que uma oração na voz passiva tem origem a
partir de uma estrutura equivalente, semanticamente, na voz ativa, desde
que haja a presença de um verbo transitivo direto ou de um verbo tran-
sitivo direto e indireto.
Na mudança da voz ativa para a voz passiva analítica (formada por
verbo auxiliar conjugado + verbo principal no particípio), o objeto direto
da ativa passa para a função de sujeito da voz passiva, e o sujeito da ativa
passa a agente da passiva.
Exemplo: Voz ativa: Um carro desgovernado atropelou muitas pessoas.
sujeito agente VTD OD
Voz passiva: Muitas pessoas foram atropeladas por um carro desgovernado.
sujeito paciente VTD na voz passiva
Obs.: O verbo auxiliar da voz passiva fica no mesmo tempo e modo
da voz ativa.
Henriques (2011, p. 72) adverte que:
“[...] o fato de haver uma estrutura com verbo transitivo direto
não significa, obrigatoriamente, que a voz passiva equivalente
tenha uso corrente no português. Razões semânticas, pragmáticas
ou estilísticas podem revelar que, às vezes, a voz passiva é uma
estrutura mais potencial do que real – e o mesmo se pode dizer
para a ocorrência da voz pronominal.”
Exemplos:
Ainda não publicaram as novas regras salariais. → VA
As novas regras salariais ainda não foram publicadas. → VP verbal
de uso corrente.
Ainda não se publicaram as novas regras salariais.→ VP pronominal
de uso corrente
Levaram vários sustos. → VA
Vários sustos foram levados. → VP verbal de uso improvável
Levaram-se vários sustos.→ VP pronominal de uso improvável

– 30 –
Termos Integrantes da Oração

Importante
Você sabe qual a diferença entre o complemento nominal e o
objeto indireto?
Em outras estruturas sintáticas, há certos nomes de significação
transitiva que necessitam de um complemento. Nesse caso,
emprega-se o complemento nominal. Dessa forma, a sua função
assemelha-se à do objeto indireto, por também ser um termo
regido de preposição, porém o objeto indireto completa o sen-
tido de um verbo, e o complemento nominal, o de um substan-
tivo, adjetivo ou advérbio.

Exemplos:
Tenho necessidade de sua ajuda. X Necessito de sua ajuda.
substantivo CN VTI OI
Ele tinha confiança em você. X Ele confiava em você.
substantivo CN VTI OI
É válido esclarecer ainda que, quando o complemento nominal com-
pleta o sentido de um substantivo, este apresenta duas particularidades:
a) substantivo que necessita de complemento é sempre abstrato;
b) o substantivo que exige complemento geralmente deriva de um verbo.
Veja também exemplos de complementos nominais de adjetivos e advérbios.
A mãe foi favorável a um dos filhos.
adjetivo complemento nominal
A mãe agiu favoravelmente a um dos filhos.
advérbio CN

Você sabia
O complemento nominal, assim como o objeto direto e o objeto
indireto, também pode ser representado por pronomes oblíquos.

– 31 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Exemplos:
A mãe sempre lhe foi favorável. (= favorável a ele)
Eles me devem respeito. (= respeito a mim)

Saiba mais
Para ter uma melhor compreensão sobre os termos integrantes da ora-
ção, assista ao vídeo: Termos Integrantes da Oração, da profª.. Keyse.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=q4_L2B9MF1U.
Acesso em 12 out. 2015. Consulte o capítulo Termos integrantes
da oração da Gramática da língua portuguesa, de Domingos Paschoal
Cegalla. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

Resumindo
Nesse capítulo, você relembrou sobre a predicação verbal para enten-
der que o objeto direto e o objeto indireto são termos da oração, que se
relacionam ao verbo, e dizem respeito às ações que as pessoas realizam sobre
algo ou alguém. Isto, no plano linguístico, equivale a dizer que os objetos
são responsáveis por expressar a capacidade humana de agir e modificar seu
entorno. Viu também que o emprego dos objetos está ligado a motivos esti-
lísticos ou de clareza, como, por exemplo, o objeto direto preposicionado e
o objeto direto e indireto pleonástico. Entendeu que os pronomes pessoais
oblíquos átonos podem desempenhar a função de objeto direto e de objeto
indireto. Verificou, também, que o agente da passiva é um termo usado sem-
pre que num processo comunicativo o emissor da mensagem tem a intenção
de expressar a ideia de passividade do sujeito. Percebeu que há situações em
que determinados nomes abstratos (substantivos, adjetivos e advérbios) exi-
gem um complemento que lhes esclareça o sentido e, nesse caso, utiliza-se o
complemento nominal.

– 32 –
3
Termos Acessórios
da Oração

Neste capítulo, você entenderá o emprego do adjunto


adverbial, bem como sua classificação. Observará como utilizar o
aposto, outro termo acessório que se refere obrigatoriamente a um
vocábulo anterior a ele. Compreenderá que o vocativo não é um
termo sintático da oração, mas do discurso, já que ele se relaciona
com o interlocutor (o destinatário) que está fora da oração. Desta
forma, você saberá como empregar o adjunto adverbial como uma
expressão que indica diversas circunstâncias em relação à ação ver-
bal, além de usar o aposto como esclarecedor do sentido de outra
palavra e, ainda, compreenderá como fazer uso do vocativo para
dirigir-se ao interlocutor. Aprenderá também como empregar o
adjunto adnominal relacionado ao nome e no que se distingue de
complemento nominal.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Empregar o adjunto adverbial como um termo que indica diversas
circunstâncias em relação à ação verbal;
22 Entender o emprego do aposto como esclarecedor do sentido de
outra palavra;
22 Utilizar o vocativo para dirigir-se ao interlocutor nas diversificadas
situações comunicativas;
22 Empregar o adjunto adnominal como um termo que se relaciona
ao nome.

3.1 Adjunto Adverbial


O adjunto adverbial é o termo da oração que, a priori, denota a cir-
cunstância de um fato expresso por um verbo, mas também, em outros casos,
intensifica o sentido de um adjetivo ou de um advérbio.
Novamente, recorre-se à morfologia para afirmar que o adjunto adver-
bial é expresso por um advérbio ou por uma locução adverbial.

Veja estes exemplos:


Ela sempre fazia tudo formalmente.
advérbio

Ela sempre fazia tudo com formalidade.


locução adverbial

Nesses casos, tanto o advérbio “formalmente”, quanto a locução “com


formalidade”, funcionam como adjuntos adverbiais, pois expressam uma cir-
cunstância referida ao verbo “fazia”.
Em outros casos, como já foi mencionado, o adjunto adverbial inten-
sifica o sentido de um adjetivo ou de um advérbio – que também exerce a
função de adjunto adverbial.

– 34 –
Termos Acessórios da Oração

Exemplos:
Sua pele estava bastante manchada.
adjunto adjetivo
adverbial
Meu filho acordou cedo demais.
adjunto adjunto
adverbial adverbial
São muitas as circunstâncias expressas pelos adjuntos adverbiais. O qua-
dro a seguir — elaborado sem a intenção de considerá-lo encerrado — tem o
objetivo de selecionar os adjuntos adverbiais mais frequentes.
Quadro 1: Os tipos de adjuntos adverbiais e exemplos.
Adjuntos Adverbiais Exemplos
tempo Amanhã poderemos conversar no período da tarde.
modo A moça fazia tudo às pressas.
lugar Encontrarei com você em frente ao fórum.
afirmação Certamente ela concordará com o acordo.
negação Não sabemos se ele voltará logo.
dúvida Talvez você possa me dar uma informação concreta.
intensidade Você está estudando demais!
assunto Os turistas conversavam sobre os perigos da viagem.
causa Muitas pessoas sorriam de contentamento.
instrumento Cortei minha mão com uma faca afiada.
fim/finalidade Eles não estavam preparados para essa perda.
companhia Iremos ao cinema com nossos amigos.
meio A mulher chegou aqui de táxi.
condição Sem dinheiro, não poderemos viajar.
conformidade Faça tudo conforme o combinado.
concessão Apesar de cansado, quis sair.
preço ou valor Comprei uma blusa por noventa reais.
inclusão Todos foram à festa, inclusive eu.
exclusão Todos foram convidados, menos eu.
quantidade Os presentes chegavam em minha casa aos montes.
repetição ou reiteração Vou conversar outra vez com ele.
ordem Ele, finalmente, chegou ao seu destino.
[...]
Fonte: elaborado pelo autor , 2015.

– 35 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Esse quadro não contempla todos os tipos de adjuntos adverbiais que


podem ocorrer na língua portuguesa, nem tampouco se pretende afirmar que
as classificações que lhes foram dadas são definitivas, uma vez que, segundo
Henriques (2011, p. 81), “[...] o reconhecimento da função “adjunto adver-
bial” tem natureza sintática, mas a identificação do tipo a que pertence tem
caráter semântico (isto é, depende do entendimento de seu significado em
relação ao outro vocábulo).”

3.2 Adjunto Adnominal


O adjunto adnominal é um termo periférico que sempre se vincula a
um núcleo ao qual pertence. Mas o que isso significa? Em outras palavras, o
adjunto adnominal é um termo que delimita o significado de um substan-
tivo-núcleo, seja qual for a sua função sintática na oração.
Exemplo:
Estas duas camisetas de algodão pertencem a uma criança pequena.
núcleo do núcleo do
sujeito OI
Os adjuntos adnominais são: estas, duas, de algodão, uma e pequena
Já se afirmou também que, para o entendimento da estrutura sintática
de uma oração, um pré-requisito é ter um bom conhecimento das classes
gramaticais, uma vez que são elas que fornecem os elementos que possi-
bilitam a construção dessa estrutura. Portanto, vale ressaltar que o adjunto
adnominal pode ser expresso pelas seguintes classes gramaticais:
a) Artigo definido ou indefinido
Exemplo: O homem precisa uma cadeira.
b) Pronome adjetivo
Exemplo: Meu cachorro foi roubado.
c) Numeral adjetivo
Exemplo: Comprei duas camisetas.
d) Adjetivo
Exemplo: Visitamos belas paisagens.

– 36 –
Termos Acessórios da Oração

e) Locução adjetiva
Exemplo: Ali havia uma mesa de madeira.

Você sabia
O adjunto adnominal, como acontece com o objeto direto, objeto
indireto e complemento nominal, também pode ser expresso por
pronomes oblíquos, desde que estes tenham valor possessivo.
Exemplo:
Ela tocou-me o rosto. (= meu rosto)
Beijei-lhe os cabelos. (= seus cabelos

Com o que aprendeu até agora, você já sabe identificar os adjuntos


adverbiais e adnominais em um texto? Leia o parágrafo abaixo e observe
como eles se apresentam:

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura

A persistência, mesmo do que é frágil, derruba fortalezas. O provérbio


de origem latina está registrado num verso de Lucrécio (98-55 a.C.): “ stilli-
cidi casus lapidem cavat” ( a água que tomba gota a gota fura o rochedo). A
expressão conviveria com outra forma popular entre os romanos, mais atenu-
ada: “guta cavat lapidem lat” ( a gota de água cava a pedra), muito próxima
da versão árabe, que influenciaria a península Ibérica séculos depois, “a água
é mole, a pedra é dura, mas tanto anda a água sobre a pedra que deixa rastro
nela”. Esse ditado integra o Kalila wa Dimna, coletânea de contos e máximas.
Muito mais explicita é a forma como Ovídio (43-17 d.C.) registra o dito,
em Arte de Amar, “Que é mais duro que uma pedra? Que é mais mole que
a água? Contudo, a água mole cava a pedra dura”. (Fonte: Revista Língua
Portuguesa.São Paulo: Segmento, n.3 dez.2005, p.11.)
A partir dos termos grifados no texto podemos classificá-los em:
22 Adjunto Adverbiais: tanto (intensidade), num verso de Lucrécio
(lugar), entre os romanos (lugar), muito (intensidade), séculos
depois (tempo), em Arte de amar (tempo), mais (intensidade).

– 37 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Adjunto Adnominais: mole, dura, latina,outra, popular, árabe.

3.3 Distinção entre o complemento


nominal e o adjunto adnominal
Você aprendeu que o complemento nominal é um termo sempre ini-
ciado por preposição e que o adjunto adnominal, quando expresso por uma
locução adjetiva, também pode ser iniciado por uma preposição. Então,
como diferenciar um do outro? Se o termo preposicionado referir-se a um
substantivo abstrato, teremos:
I. A acusação do rapaz não era consistente.
II. A acusação ao rapaz não era consistente.
Nos dois casos, os termos em destaque se referem a um substantivo abs-
trato, porém suas funções sintáticas são diferentes.
O critério utilizado para distinguir qual termo funciona como adjunto
adnominal e qual funciona como complemento nominal é o seguinte:
1º Verifique se o termo em destaque é o agente da ação = adjunto adnominal
2º Verifique se o termo em destaque é o alvo da ação = comple-
mento nominal
Em I, pode-se observar que o rapaz é quem acusa, portanto a função
sintática do termo “do rapaz” é de adjunto adnominal;
Em II, constata-se que o rapaz recebe a acusação, ou seja, é o alvo da
ação = complemento nominal.
Para tornar mais claro este assunto, observe exemplos de adjuntos adno-
minais representados por adjetivos, locuções adjetivas, pronomes adjetivos,
numerais adjetivos e artigos:
22 Amo filme agitado (Adjunto adnominal representado por adjetivo.)
22 Manhãs de outono são agradáveis! (Adjunto adnominal represen-
tado por locução adjetiva.)
22 Nosso  carro está distante. (Adjunto adnominal representado por
pronome adjetivo.)

– 38 –
Termos Acessórios da Oração

22 Quarenta  empregados foram demitidos. (Adjunto adnominal


representado por numeral adjetivo.)
22 A aluna passou no exame. (Adjunto adnominal representado por artigo.)
Observe que quando o substantivo é trocado por um pronome, todos
os adjuntos adnominais são igualmente substituídos pelo pronome, deixando
de aparecer na frase.

Locução adjetiva: é formada por duas ou mais pala-


vras para indicar uma mesma ideia. Por exemplo:
de diamante = diamantino ou adamantino; de ele-
fante = elefantino; de enxofre = sulfúrico.

Exemplos:
22 Aquele castelo branco foi vendido.
22 Ele foi vendido.
22 Meus simpáticos amigos  prepararam tudo para a despedida
de solteiro.
22 Eles prepararam tudo para a despedida de solteiro.
22 Uma alegria imensa atingiu o paciente moribundo.
22 Uma dor intensa atingiu-o.

Saiba mais
Se quiser aumentar seu conhecimento, assista à videoaula de número
19: Termos acessórios da oração, da professora Keyse, nela é apre-
sentado o conteúdo com vários exemplos e explicação detalhada. Dis-
ponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HoEvRvR05kQ.
Acesso em 15 de out. 2015.
Consulte o capítulo Termos Acessórios da Oração da Gramática
da língua portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2008.

– 39 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

3.4 Aposto
Para abordar o aposto, vamos tomar como base a definição de Henri-
ques (2011, p. 81):
o aposto [...] é um termo acessório que se relaciona obrigatoriamente
com um termo anterior a ele (por isso, é aposto = posto + após),
podendo ser empregado com finalidades distintas. Pode, porém, o
aposto referir-se ao sentido global de uma oração.

3.4.1 Tipos de aposto


a) Explicativo – amplia o significado de um termo fundamental da
oração e aparece entre vírgulas, travessões ou parênteses.
Exemplo: Luiz Vaz de Camões, poeta português, é autor da obra
“Os Lusíadas”.
b) Especificativo – refere-se a um substantivo de sentido genérico a fim
de especificá-lo. Nesse caso, não se usa nenhum sinal de pontuação.
Exemplo: O poeta Luiz Vaz de Camões nasceu em Portugal.
c) Enumerativo – enumera as partes que constituem o termo fun-
damental. Aparece separado por dois-pontos, vírgula ou travessão.
Exemplo: Nada altera a sua personalidade: curiosidade, ignorân-
cia, desrespeito.
d) Resumidor, resumitivo ou recapitulativo – resume por meio de
um pronome o que foi expresso pelo termo fundamental. Nesse
caso, o sujeito concorda com o aposto.
O carro, os móveis, as joias, tudo foi levado pelos ladrões.
e) Aposto distributivo – relaciona-se sintaticamente com outra oração.
Exemplo: Machado de Assis e Gonçalves Dias são os meus escrito-
res preferidos, aquele na prosa e este na poesia.
f ) Aposto referido a uma oração - refere-se ao conteúdo de uma
oração inteira.
Exemplo: Depois da prova, Filipe estava radiante, sinal de seu sucesso.

– 40 –
Termos Acessórios da Oração

Saiba mais
Encontre mais informações sobre o uso do adjunto adnominal na
dissertação A Multifuncionalidade do Aposto em Textos Jornalís-
ticos de divulgação científica e em Artigos Científicos, de Cristina
Araújo de Farias. Disponível em: http://www.ple.uem.br/defesas/
pdf/cafarias.pdf. Acesso em: 15 out. 2015.

3.5 Vocativo
Na introdução deste capítulo, falamos que o vocativo é um termo
independente da estrutura sintática da oração, ou seja, não pertence nem
ao sujeito nem ao predicado. Seu uso está ligado a chamar ou interpelar
alguém ou algo personificado, isto é, o interlocutor (ou destinatário) real
ou retórico.
Exemplos:
Ó mar salgado, quanto de teu sal
São lágrimas de Portugal! (Fernando Pessoa)

Você, garota, não perde por esperar!

Obs.: O vocativo também é um termo que aparece isolado por vírgula(s).


O vocativo também pode vir precedido de interjeição, Óh!, Olá! Eh! Ei! :
Exemplo: Ei! Mariana, onde estás?
O vocativo também pode aparecer no início, no meio ou no final
da oração:
Exemplo:
Sibele, meu tio está muito bem, não é verdade?
Meu tio está muito bem, Sibele, não é verdade?
Meu tio está muito bem, não é verdade, Sibele?

– 41 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

3.6 Diferença entre Vocativo e Aposto


O vocativo não apresenta relação sintática com outra palavra da oração.
Exemplo:
Meninos, vamos sair.
vocativo

Já o aposto tem relação sintática com outro vocábulo da oração.


Exemplo:
A vida de Moisés, grande profeta, foi filmada.
  sujeito    aposto

Importante
Estrutura sintática: quando se estuda um idioma, há somente os dis-
cursos como ponto de partida. As regras gramaticais da língua não
são visíveis em si. As estruturas sintáticas não estão perceptíveis para
serem observadas, mas certamente o sistema de regras que com-
põe a competência dos falantes é construído por estruturas sintáticas.
Observe o exemplo, para confirmar o que foi dito.

Exemplo: Paulo achou a senha do cartão de crédito que ele tinha per-
dido. Percebe-se no exemplo uma clara ambiguidade sintática. Paulo perdeu
a senha ou o cartão? Para resolver esse problema, pode-se lançar mão do uso
de parênteses.

Exemplo: Paulo achou (a senha do cartão de crédito) que ele tinha


perdido). Paulo achou a senha (do cartão de crédito que ele tinha perdido).

Percebe-se como o uso dos parênteses proporciona dois sentidos para a


oração. Isso mostra como a maneira que unimos os elementos de uma frase
ou de uma oração influencia diretamente em seu sentido.

– 42 –
Termos Acessórios da Oração

Figura 1: Esquema sobre os termos da oração.


ANÁLISE SINTÁTICA
Análise da estrutura de um período e das orações que compõem um período.

simples - um núcleo 3ª p. p.
a) determinado
composto - mais de um núcleo 3ª p. s. + se
b) indeterminado - O sujeito não vem expresso nem pode ser identificado.
sujeito
c) oculto/implícito - Não está materialmente expressa, mas pode ser identificado pela desinência verbal.
verbos que representam fenômenos da natureza
termos d) inexistente/oração sem sujeito verbo haver com sentido de “existir”
1 essenciais
verbo haver, fazer e ir indicando tempo decorrido
verbo ser, na indicação do tempo

(fundamentais)
a) nominal - verbo: não é ação = verbo de ligação + predicativo do sujeito
predicado b) verbal - verbo: ação = verbo transitivo direto / verbo transitivo indireto
c) verbo-nominal - verbo: ação + predicativo

a) objeto direto - verbo transitivo direto = sem preposição


complementos indireto - verbo transitivo indireto = com preposição
verbais
b) predicativo do objeto
termos
ORAÇÃO
2 integrantes complementos
- Pode referir-se a substantivos, adjetivos ou advérbios, sempre por meio de preposição.
nominal
(Completam o
sentido dos
agente da
- Pode ser expresso por substantivos, ou pronomes.
verbos e dos
passiva
nomes.)

Exercem função adjetiva.


adjetivos
artigos
adjunto adnominal - Acompanha o núcleo do sujeito, do objeto ou do predicativo.
pronomes
termos
3 acessórios adjunto adverbial - Intensifica o sentido de um verbo. Expressa circunstância.
numerais

(Não integram a aposto - Explica ou esclarece um nome. Uma oração pode ter vários apostos.
estrutura básica
da oração.)

4 vocativo - não pertence nem ao sujeito, nem ao predicado

Língua Portuguesa - Professor Fábio Cezar - fabiocezar@msn.com

Fonte: Blog Fábio Cezar , 2015.

Resumindo
Nesse capítulo, você viu que o ajunto adverbial é um termo que exprime
uma circunstância, geralmente referida ao verbo e, às vezes, intensifica o sen-
tido do adjetivo e do advérbio. Observou também que o aposto é empregado
sempre que outro termo da oração precisa ser esclarecido. E, ainda, que o
vocativo não é uma expressao sintática da oração, mas do discurso, já que

– 43 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

se relaciona com o interlocutor que está fora da oração, portanto não per-
tence ao sujeito nem ao predicado. Compreendeu que os termos sintáticos
exercidos pelos substantivos são utilizados, muitas vezes, acompanhados de
atributos que lhe delimitam o significado, circunstância que lança mão do
emprego de um adjunto adnominal. E entendeu a diferença entre comple-
mento nominal e adjunto adnominal.

– 44 –
4
Período simples e
composto: análise dos
períodos e pontuação

Neste capítulo, você estudará o período simples e o com-


posto, bem como suas características. Entenderá a definição de
frase oração e período e a diferença entre eles. Verificará também
como ocorre a classificação da frase, da oração e do período, além de
identificá-los em um texto. Poderá aprofundar seus conhecimentos
sobre a pontuação e o seu uso, de acordo com o contexto discursivo.
Terá a oportunidade de aprender a redigir frases, orações e períodos
na construção textual e qual a importância desses como fator deci-
sivo na clareza, objetividade, coerência e coesão do texto, no que se
refere à comunicação, tanto na oralidade como na escrita.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Promover a distinção entre: frase, oração e período.
22 Reconhecer o período simples e o período composto em um texto;
22 Redigir frases, orações e períodos, empregando corretamente a
pontuação.

4.1 Objeto de estudo da sintaxe


Antes de dar início às definições e exemplificações, faz-se necessário
conhecer a sintaxe. Ela é a parte gramatical responsável pelo estudo das rela-
ções que as palavras estabelecem entre si e nas orações, além de proporcionar
a lógica estabelecida entre as orações de um período. Assim, a sintaxe é um
instrumento primordial na criação das múltiplas possibilidades na combi-
nação das palavras, frases e orações.
Para que haja um discurso ou algo seja comunicado por meio da lín-
gua, as palavras ou grupo de palavras são dispostos de modo a formar um
enunciado de sentido completo, que chamamos de frase. Na fala, a frase é
marcada pela entonação, que indica seu início e fim. Na escrita, os sinais de
pontuação podem indicar seus limites.
As estruturas das frases alteram bastante. Há frases muito simples, com
apenas uma palavra, e outras mais complexas, que se organizam a partir de
verbos ou locuções verbais. Quando a frase é formada por palavras que não
são verbos, recebe o nome de frase nominal. Quando é estruturada a partir
de um verbo, recebe o nome de oração. A frase organizada em orações cons-
titui um período. Se houver apenas uma oração, tem-se o período simples;
se houver mais de uma oração, dá-se o nome de período composto.

Importante
Expandindo o conhecimento um pouco mais sobre a sintaxe, pode-
mos observar uma afirmação de Mussalim F. Bentes, C.A. Intro-
dução à linguística: domínios e fronteiras, v.1. São Paulo:Cortez,
2001. [...] “É preciso, antes de mais nada, dizer que o desejo de
– 46 –
Período simples e composto: análise dos períodos e pontuação

estabelecer a Sintaxe como disciplina linguística independente


data apenas do final do século XIX. Vale lembrar que os estu-
dos linguísticos se caracterizaram no século XIX, essencialmente,
pelo interesse em fenômenos fonéticos e morfológicos. Um dos
primeiros indícios do interesse específico pelos fenômenos sintá-
ticos está no trabalho de John Ries, Was ist Syntax? ( O que é
Sintaxe?), de 1894. No entanto, é sobretudo a partir das ideias
do linguista Ferdinand de Saussure, no início do século XX, e
das várias aplicações e desenvolvimentos que delas fizeram seus
seguidores que a Sintaxe foi adquirindo o estatuto de disciplina
autônoma. A Sintaxe se distingue claramente tanto da Fonologia
quanto da Morfologia pela unidade linguística que constitui o seu
foco de análise – a sentença . Se o objeto de estudo é, em prin-
cípio, o mesmo, nem sempre encontramos consenso entre seus
estudiosos sobre a natureza dos processos que ali se desenrolam
e a maneira mais adequada de explicá-los”. [...] (p. 209-210).

Observe e analise a imagem abaixo:

Figura 1 – Frase, oração e período


Período Simples Uma oração

Verbal

Período composto Duas ou mais


orações
Frase

Nominal

Fonte: elaborada pela autora, baseado em Galvão, 2015.

– 47 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

4.2 Frase
Pode-se dizer que frase é a unidade mínima linguística, ou seja, um
enunciado constituído de significado, que facilita a comunicação, tor-
nando-a clara e precisa, favorecendo o entendimento entre os interlocuto-
res; isso ocorre na língua falada e escrita.
Neste sentido, tem-se a frase nominal e verbal.
Na frase nominal não há presença de verbo.
Ex.: Que dia bonito!
Já na frase verbal, existe o verbo.
Ex: Preciso de seu carinho.

4.3 Tipos de frases


Muitas vezes, o sentido de uma frase só é compreendido dentro do con-
texto em que ela aparece. A entonação é um aspecto muito importante na
frase falada, o que permite reconhecer o significado de admiração, espanto,
dúvida, surpresa, ironia etc. Na frase escrita, os sinais de pontuação indicam
a entonação. Ex.: Que educação, hein! Há pessoas na fila!

De um modo geral, as frases podem ser classificadas em:


22 Declarativas: usadas para declarar alguma coisa. Podem ser afirmativas
ou negativas. Ex.: Ele não chegou à noite. Chegou no dia seguinte.
22 Interrogativas: servem para construir perguntas diretas (com ponto de
interrogação) ou indiretas. Ex.: Quem é ele? Queria saber quem é ele.
22 Exclamativas: utilizadas para indicar um estado emotivo (alegria,
espanto, dúvida, admiração etc.). Ex.: Nossa! Que vestido lindo!
Eu não sei o que fazer!
22 Imperativas: usadas para expressar ordem, desejo ou pedido.
Podem ser afirmativas ou negativas. Ex.: Não traga o livro aqui!
Leve para a casa de Paulo.
22 Optativa: é usada para exprimir desejo. Geralmente, tem o verbo
no subjuntivo. Ex.: Deus te ajude! Tomara que a língua portuguesa
se mantenha viva!

– 48 –
Período simples e composto: análise dos períodos e pontuação

Importante
Sabe-se que na língua oral as frases são compreendidas a partir da
entonação, das pausas e até da ausência de som. Na escrita, esses
elementos vocais são substituídos pelos sinais de pontuação, que
marcam graficamente as frases. No entanto, é preciso ficar atento ao
contexto no qual as frases são empregadas. É o caso de situações em
que se faz uso da ironia.

Observe:
Mentira! (pode expressar desaprovação ou espanto, surpresa)
Que ideia! (pode expressar aprovação ou desaprovação)
É isso! (pode expressar aprovação ou desaprovação)

4.4 Oração
Oração é a frase ou parte de uma frase que se organiza em torno de
um verbo ou de uma locução verbal. Ela é constituída, geralmente, de dois
elementos: sujeito e predicado, ou pelo menos de um predicado. (FARACO;
MOURA, 2010)
Ex.: O português e o espanhol são muito parecidos.
sujeito predicado
Fazia um frio terrível no mar. (nesta oração não tem sujeito)
predicado

4.5 Período
Período é a frase constituída de uma ou mais orações. Ele pode ser:
22 Simples: quando formado por uma só oração, que é chamada de
absoluta: Ex.: As línguas são dinâmicas.
22 Composto: quando formado por duas ou mais orações: (FARACO;
MOURA, 2006)

– 49 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Ex.: É bastante provável que surja uma espécie de portunhol.


1ª oração 2ª oração
Não sabemos se esse linguista fez afirmações que procedem.
1ª oração 2ª oração 3ª oração

Importante
Toda a oração é considerada uma frase, mas nem toda frase pode ser
considerada uma oração. Como saber o número de orações que há
em um período? Geralmente, basta contar os verbos e ou locuções
verbais presentes nelas.

O período sempre termina por uma pausa definida, que é representada,


na escrita, por um dos seguintes sinais de pontuação: ponto final, ponto de
exclamação, ponto de interrogação, reticências (FARACO; MOURA, 2006).
Ex.: A língua falada poderá desaparecer.
A língua falada poderá desaparecer!
A língua falada poderá desaparecer?
A língua falada poderá desaparecer...

Saiba mais
Se você quiser aprofundar o tema e ter mais conhecimento sobre
frase, oração e período, assista à videoaula para o ENEM e Vestibu-
lares de Português com a professora Betânia Ferreira. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=a_eaYQw2Wxc. Acesso em
18 de out. 2015.

4.6 Pontuação
Sinais de pontuação são símbolos gráficos empregados nos textos escritos
para organizar os termos, os enunciados e os parágrafos, estabelecendo uma hie-
rarquia (ordem) entre eles. Essa hierarquia sintática torna o texto compreensível.

– 50 –
Período simples e composto: análise dos períodos e pontuação

Os sinais de pontuação que são usados na língua portuguesa são estes:


, . ; : ? ! ... “” _ ( )

22 Uso da vírgula
Dentre os sinais de pontuação, o que mais dúvida provoca, no momento
da utilização, é a vírgula. Isso acontece porque estamos presos àquela noção
de que as vírgulas representam toda e qualquer pausa da língua oral. Quando
vamos escrever, inadvertidamente colocamos uma vírgula após o primeiro
segmento das frases, como no exemplo abaixo:
Ex.: *A extinção do reduto de Canudos, aconteceu no início deste século.
A vírgula, nesse caso, é gramaticalmente incorreta, pois está repre-
sentando uma pausa de língua oral que não tem correspondência na língua
escrita. Para não incorrer nesse equívoco, basta lembrar que o tipo padrão de
frase, na língua portuguesa, é composto de sujeito, verbo e complemento. A
maioria das frases apresenta o esquema abaixo:
Quadro 1 – Sujeito, verbo e complemento
Sujeito Verbo Complemento
João construiu uma casa.
Os alunos desta classe gostam da língua portuguesa.
Cristian e Mary compraram um apartamento.
Fonte: elaborado pela autora, 2015.
Ao ler um texto de jornal, um livro, intuitivamente procura-se nas frases
esses três elementos: sujeito, verbo e complemento. Qualquer outra informação
que apareça antes, depois ou entre eles será um “encaixe’, ou seja, um ele-
mento dispensável para o entendimento da ideia principal da frase. Esses encai-
xes podem ser explicações, observações, indicações de tempo, lugar, modo etc.

Importante
Guarde para sempre a regra básica:
ENTRE OS TRÊS ELEMENTOS BÁSICOS, A VÍRGULA É
PROIBIDA.

– 51 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Para facilitar a leitura, os “encaixes” são apresentados entre vírgulas.


Assim, o leitor poderá facilmente encontrar os três elementos indispensá-
veis para o entendimento da frase. Você já reparou que, durante uma leitura,
lemos “rapidinho” alguns segmentos? Normalmente eles são “encaixes”, e
estamos “correndo” para encontrar, lá na frente, o verbo ou o complemento.
Fazemos, com as vírgulas, uma “ponte”.
Leia com atenção a sequência de frases:

22 João comprou uma casa.


22 João, marido de minha irmã, comprou uma casa.
22 No ano passado, João, marido de minha irmã, comprou uma casa.
22 No ano passado, João, marido de minha irmã, com a ajuda do
sogro, comprou uma casa.
22 No ano passado, João, marido de minha irmã, com a ajuda do
sogro, comprou uma casa, uma linda e bem construída casa.

Concluindo, a correta utilização de vírgulas é muito importante para


facilitar a rápida leitura e estabelecer o correto significado da frase.
Muitos são os exemplos de frases que mudam de sentido conforme a
utilização de vírgulas. Alguns até aparecem em textos muito engraçados sobre
heranças que mudam de dono, conforme a colocação da vírgula:
Quadro 2 – Utilização da vírgula
Um milionário redigiu seu testamento desta forma:
“Deixo a minha fortuna para o meu irmão não para o meu sobrinho jamais para o meu
advogado nada para os pobres.”
Ninguém entendeu, nem conseguia definir para quem iria a herança e, cada um dos
interessados pontuo assim:
O irmão:
“Deixo minha fortuna para o meu irmão. Não para o meu sobrinho. Jamais para o meu
advogado! Nada para os pobres.”

– 52 –
Período simples e composto: análise dos períodos e pontuação

O sobrinho:
“Deixo a minha fortuna: para o meu irmão? Não! Para o meu sobrinho. Jamais para o
meu advogado! Nada para os pobres.”
O advogado:
“Deixo a minha fortuna: para o meu irmão? Não! Para o meu sobrinho? Jamais! Para o
meu advogado. Nada para os pobres.”
O defensor dos pobres:
“Deixo a minha fortuna: para o meu irmão, não; para o meu sobrinho, jamais; para o
meu advogado, nada; para os pobres.”

Fonte: Blog O Detalhe da Palavra, 2015.

Você sabia
“A tecnologia gráfica, aplicada à língua escrita, vem criando algumas
notações que podem ser consideradas sinais de pontuação, embora
esse status não lhes seja atribuído nem pela Nomenclatura Gramatical
Brasileira (NGB) nem pela gramática tradicional. A análise de um
texto jornalístico pode ser elucidativa a esse respeito, se observarmos
com atenção a pontuação empregada nele, os símbolos gráficos utili-
zados e a função que desempenham”. ( Faraco;Moura, 2006)

22 Uso do Ponto
Usa-se o ponto para a finalização de um período e também na indi-
cação de abreviatura.
Exemplos: Deus criou o mundo.
Dr. pág. Ilmo. etc.

22 Uso do ponto e vírgula


O ponto e vírgula tem a importante função de “separar conjuntos”,
ou seja, ajudar na delimitação das orações que compõem um período.

– 53 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Sabe-se que as vírgulas separam orações. No entanto, se duas orações


estão com muitos “encaixes”, já indicados por vírgulas, a utilização do ponto
e vírgula será essencial para indicar o término da primeira oração e o início da
segunda. Para você entender mais facilmente, leia com atenção a sequência
de frases abaixo:
22 Netuno é deus do mar, mas Baco tem afogado mais gente.
22 Netuno, meus amigos, é Deus do mar, mas Baco tem afogado
mais gente.
22 Netuno, meus amigos, é Deus do mar, mas Baco, o deus do vinho,
tem afogado mais gente.
22 Netuno, meus amigos, também chamado Possêidon, é deus do
mar, mas Baco, o deus do vinho, tem afogado mais gente.
22 Netuno, meus amigos, também chamado Possêidon, é deus do mar;
mas Baco, ou Dionísio, o deus do vinho, tem afogado mais gente.
Na última frase, o ponto e vírgula aparece para facilitar ao leitor a locali-
zação do sujeito, do verbo e do complemento de cada uma das orações.
O ponto e vírgula é usado também para separar itens de uma enumeração:

Ex.: E estas são as etapas:


aquisição da matéria-prima;
preparo da matéria –prima;
confecção do produto;
controle de qualidade.

22 Separar os itens de considerandos, decretos, leis, portarias, etc.:


Ex.: Artigo 16
O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
I. ir, vir, e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,
ressalvadas as restrições legais;
II. opinião e expressão;

– 54 –
Período simples e composto: análise dos períodos e pontuação

III. crença e culto religioso;


IV. brincar, praticar esportes e divertir-se;
V. participar da vida familiar e comunitária, sem discrimi-
nação;
VI. participar da vida política na forma da lei;
VII. buscar refúgio, auxilio e orientação.
(BRASIL, 1990)

Saiba mais
Tem interesse em aprofundar mais seu conhecimento sobre pontu-
ação? Assista ao vídeo: “Aula 11 – Pontuação”, do professor Fábio
D’ávila; nele há uma explicação detalhada sobre o assunto. Disponível
em: http://www.youtube.com/watch?v=IQWPh9G8wc0. Acesso
em 18 de out. 2015.

Pesquise no manual de gramática elaborado por Faraco & Moura. Gra-


mática. São Paulo: Ática, 2006. Nele você poderá compreender detalhamente
os assuntos estudados.

22 Uso de Dois Pontos


Usa-se os dois pontos para introduzir uma explicação, um esclare-
cimento, uma enumeração, a fala de um personagem.
Exemplos:
E esta é a verdadeira razão: o bracelete.
Ainda brandindo a colher, ela continuou ameaçando:
– Acabo com sua vida, seu safado!

22 Uso do Ponto de interrogação


É utilizado no final de uma frase interrogativa direta.
Exemplos: Quem chegou? Onde estão meus chinelos?

– 55 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Uso do Ponto de exclamação


Usa-se no final de frases optativas, imperativas e exclamativas.
Exemplos: Deus te guarde!
Saia daqui!
Que maravilha!

22 Uso da Reticências
Seu uso está nas indicações de hesitações, incertezas, um prolonga-
mento da ideia, pode também sugerir ironia, malícia.
Exemplos: Não sei...
Se você pensa assim...
Aquela mulher ruiva é inteligente...

22 Uso da Aspas
Muito usado em citações textuais, também é pertinente para indi-
car que um termo é gíria, estrangeirismo ou que está sendo usado
em sentido figurado (FARACO; MOURA,2010.).
Exemplos:
“Que seja eterno enquanto dure”, afirmava Vinicius de Moraes.
Ela não deixa de “trampar” e manda o “boy” várias vezes ao banco.
O jornal serve para “embrulhar”.
Ela é muito “inteligente”.

22 Uso do Travessão
Seu uso serve para esclarecer o significado de um termo, além de ser
um bom recurso para intercalar reflexões e comentários à sequência
da frase, bem como na marcação de interlocutores nos diálogos.
Exemplos:
Em Campinas – cidade do Estado de São Paulo – a vida é agitada.
Ao barão – diria os alcoviteiros – não escapa mulher bonita.
– Você irá ao baile?
– Certamente, minha princesa!

– 56 –
Período simples e composto: análise dos períodos e pontuação

22 Uso do Parênteses
São usados para esclarecer o significado de um termo e também
para intercalar reflexões e comentários à sequência da frase.
Exemplos:
Em São Paulo (Capital) a violência é extrema.
Ao barão (diriam os inimigos de plantão) não escapa mulher bonita.

“NGB é uma sigla que significa Nomenclatura Grama-


tical Brasileira, que se refere ao conjunto dos vocábulos
estabelecidos para uso na gramática. A NGB tem por obje-
tivo padronizar a nomenclatura gramatical em uso no País,
nas escolas e na literatura didática.”(Fonte: http://www.
significados.com.br/ngb/. Acesso em: 10 nov.2015.

Resumindo
Neste capítulo, você estudou sobre o período simples e o composto, bem
como suas características. Compreendeu a importância de distinguir frase,
oração e período e de fazer uso adequado dos mesmos em situações comu-
nicativas, tanto oral quanto escrita. A partir das exemplificações apresenta-
das, pôde verificar também como ocorre a classificação da frase, da oração
e do período, além de identificá-los em contextos específicos. Aprofundou
seus conhecimentos sobre a pontuação, quanto ao seu uso e importância de
acordo com o contexto discursivo. Assimilou a forma correta de redigir fra-
ses, orações e períodos na construção textual e a pertinência desses como fator
decisivo na clareza, objetividade, coerência e coesão do texto, no que se refere
à comunicação, tanto na oralidade como na escrita.

– 57 –
5
Período Composto
por Coordenação

Neste capítulo, você estudará o período composto por coor-


denação, bem como suas características. Entenderá a definição das
orações coordenadas sindéticas e assindéticas e bem como a diferença
existente entre elas. Verificará também como ocorre a classificação
das orações coordenadas sindéticas e seus tipos, além de identificá-
-las em um texto. Poderá aprofundar seus conhecimentos sobre elas,
verificando os exemplos nos diversos contextos discursivos. Terá a
oportunidade de reconhecer os conectivos em vários gêneros tex-
tuais com tipologias diversificadas. Vai entender a importância da
colocação adequada dos conectivos como fator decisivo na clareza,
objetividade, coerência e coesão do texto, no que se refere à comu-
nicação, tanto na oralidade como na escrita.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Diferenciar o período simples e o período composto por coordenação;
22 Classificar as orações coordenadas sindéticas;
22 Entender a diferença entre a coordenada sindética e a assindética.

5.1 Compreensão do período


composto por coordenação
Vamos iniciar o estudo do período composto por coordenação lendo e
observando o texto abaixo:
Observe como ocorre a divisão do período em orações:

Como fazíamos sem... água limpa

Hoje a coisa é simples. Você abre o filtro - ou a garrafinha de água mineral - e mata
a sede à vontade. Mas, para nossos antepassados, água costumava ser um problemão:
um pequeno gole podia levar à morte. Isso porque, no começo dos tempos, os únicos
instrumentos que os homens tinham para determinar se a água estava boa ou não para o
consumo eram o olho e o paladar. E parecia óbvio que água clara e sem sabores estranhos
era sinônimo de água limpa. O problema é que muitos organismos nocivos ao ser humano
não mudam nem a cor nem o gosto da água. [...] (SOALHEIRO, 2006, p.14).

Ex.: Você abre o filtro e mata a sede à vontade.


1ª oração 2ª oração

Você consegue perceber como as duas orações não dependem uma da


outra para ter sentido completo? Isso ocorre porque as orações coordenadas
não possuem relação de dependência entre elas. São consideradas indepen-
dentes entre si.
A segunda oração do exemplo acima (e mata a sede à vontade) não exerce
nenhum papel na primeira (Você abre o filtro), assim como a primeira não
exerce nenhuma função na segunda. São partes independentes. O período
apresenta orações coordenadas.

– 60 –
Período Composto por Coordenação

Nesse sentido, você já está ciente de que o período pode ser formado
por uma oração - período simples (oração absoluta) - ou por um conjunto de
orações - período composto. Veja estes exemplos:
Minha amiga vai dar uma festa linda!
1ª oração
Minha amiga vai dar uma festa linda e não me convidou.
1ª oração 2ª oração
As orações que formam o segundo período do exemplo são as coordena-
das, as quais se caracterizam pela sua independência sintática. Mas o que isso
significa? Quer dizer que, quando os períodos são construídos com orações
em que haja uma ordem em sequência, sem que ocorra uma relação hierár-
quica, elas são consideradas coordenadas. Bechara (2009) as define como ora-
ções que são sintaticamente independentes, porque possuem todos os termos
sintáticos previstos na relação predicativa. Veja este exemplo:
Amanhã eu irei ao clube, mas meu irmão não vai.
1ª oração 2ª oração
Se a primeira oração for separada da segunda, pode-se perceber que
cada uma delas possui os elementos sintáticos necessários para o seu entendi-
mento: Observe:
1ª oração: Amanhã eu irei ao clube.
Sujeito simples = eu
Predicado verbal = amanhã irei ao clube
2ª oração: (mas) meu irmão não vai.
Sujeito simples = meu irmão
Predicado verbal = não vai

Note que o emprego da conjunção ou conectivo “mas’ não é res-


ponsável por estabelecer dependência entre as duas orações. Sua função
é estabelecer uma relação semântica de oposição entre as ideias expostas
nas duas orações.
Além disso, o uso da conjunção serve para definir a classificação das ora-
ções coordenadas, as quais se dividem em assindéticas e sindéticas.

– 61 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Glossário
Semântica é a ciência que estuda a significação das
palavras. A semântica, segundo Castilho, é “o sistema
através do qual criamos os significados” (2010, p.
122). O autor ainda separa a semântica em três campos
distintos: a semântica lexical, a semântica gramatical
(ou composicional) e a semântica pragmática. Semân-
tica lexical diz respeito ao significado das palavras,
individualmente. Semântica gramatical se preocupa
com os significados presentes nas diversas constru-
ções gramaticais. E semântica pragmática se ocupa
da relação entre o dito e o não dito, através do que
deseja expressar e do que realmente expressa o falante,
e do que entende o ouvinte. (CASTILHO, 2010)

5.2 Coordenadas assindéticas


As orações coordenadas assindéticas são aquelas que não são iniciadas ou
ligadas por conjunção, isto é, estão apenas justapostas. Por que elas se chamam
assindéticas? Para ter esta resposta, é preciso entender o significado da palavra:
o prefixo “a” significa “sem, ausência de”, e “síndeto” significa “elemento de
ligação”. Observe os exemplos para ficar mais clara a afirmação:

Entrou, olhou para os lados, não havia ninguém.


1ª 2ª 3ª
Ela abriu o filtro, matou a sede, saiu sem dizer nada.
1ª 2ª 3ª
Você percebeu que em cada um, dos dois exemplos, as três orações
formam um período composto por coordenação? Elas possuem três orações
coordenadas assindéticas e independentes sintaticamente entre si, separadas
apenas pela vírgula.

– 62 –
Período Composto por Coordenação

5.3 Coordenadas sindéticas


Já as coordenadas sindéticas são iniciadas por uma conjunção coordena-
tiva que é responsável pela classificação que a oração coordenada sindética vai
receber. Veja, novamente, o exemplo trazido anteriormente:
Amanhã eu irei ao clube, mas meu irmão não vai.
1ª oração 2ª oração
(oração coord. assindética) (oração coordenada sindética)
conjunção (mas)

5.4 Classificação das orações


coordenadas sindéticas
22 Aditivas:
Leia o período:
Seu carro está amassado e precisa ser consertado.
(oração coord. assindética) (oração coord. sindética aditiva)
Como você pode ver, neste período formado por duas orações coordena-
das, a 2ª está ligada à 1ª por meio da conjunção coordenativa “e”, a qual
expressa uma ideia de acrescentamento ou adição à noção da 1ª oração.
As orações coordenadas sindéticas aditivas podem ser introduzidas pelas
seguintes conjunções coordenativas aditivas: e, nem (= e não), não só... mas
também, não só...como também, bem como, não só...mas ainda, etc.

22 Adversativas:
Observe o exemplo:
Tentei chegar mais cedo, todavia não consegui.
(oração coord. assindética) (oração coord. sindética adversativa)
A 2ª oração, iniciada pela conjunção “todavia”, expressa ideia de con-
traste ou compensação em relação à 1ª oração. As orações coordenadas
sindéticas adversativas podem ser iniciadas pelas seguintes conjunções
coordenativas adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entre-
tanto, no entanto, não obstante, etc.

– 63 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Alternativas
Agora leia mais este período:
Ou vou ao cinema, ou vou à festa do seu aniversário.
(oração coordenada (oração coordenada
sindética alternativa) sindética alternativa)
Note que, nesse caso, as duas orações expressam fatos ou ideias que envol-
vem alternância ou escolha. As orações coordenadas sindéticas iniciam-se
pelas conjunções coordenativas alternativas, ou seja: ou, ou...ou, ora,
já...já, quer...quer, seja...seja, talvez...talvez, etc.

22 Conclusivas
Observe a oração:
Júlia estava preparada para a competição, portanto estava certa da vitória.
(oração coord. assindética) (oração coordenada sindética conclusiva)
A ideia iniciada pela conjunção “portanto” expressa conclusão do fato
mencionado na 1ª oração. As conjunções coordenativas, que iniciam
esse tipo de oração, são: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
conseguinte, por isso, assim.

22 Explicativas
Considere mais este período:
Vá se arrumar agora, porque precisamos sair.
(oração coordenada (oração coordenada sindética
assindética) explicativa)
A 2ª oração, iniciada pela conjunção “porque”, explica ou justifica a
ideia contida na 1ª oração. As orações desse tipo são introduzidas pelas
seguintes conjunções coordenativas explicativas: que, porque, pois
(antes do verbo), porquanto, etc.

Importante
É preciso esclarecer que a classificação dada a uma oração coorde-
nada sindéticaprecisa levar em conta as relações de sentido que se

– 64 –
Período Composto por Coordenação

estabelecem no contexto da comunicação, já que, muitas vezes, o


uso de determinada conjunção contraria o que normalmente é pres-
crito em sua classificação gramatical.

Observe estas frases:


O garoto ganhou um presente e agradeceu-o.
(oração coordenada (oração coordenada
assindética) sindética aditiva)

O garoto ganhou um presente e não gostou dele.


(oração coordenada (oração coordenada
assindética) sindética adversativa)

Note que a conjunção “e” assume dois valores semânticos: na primeira,


de adição; na segunda, de adversidade.

Saiba mais
Se você quiser se aprofundar no tema, leia o artigo As Orações e as
Relações de Interdependência, de Ana Clara Gonçalves Alves de
Meira, nele você encontrará explicações detalhadas.
Disponível em: http://www.slmb.ueg.br/iconeletras/artigos/volume2/
primeiras_letras/ana_meira.pdf. Acesso em 19 de out. 2015.

O quadro 1, a seguir, apresenta, de forma compacta, os tipos das coor-


denadas sindéticas:
Quadro 1 – Tipos das coordenadas sindéticas
Oração coordenada Principais
Sentido no texto Exemplo
sindética conjunções
Estabelece uma
E, nem (= e Não viajei, nem
adição (soma)
Aditiva não), não só... estudei para
com a ideia da
mas também o exame.
oração anterior.

– 65 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Oração coordenada Principais


Sentido no texto Exemplo
sindética conjunções
Mas, porém, toda- Indica uma ideia
Ela se indignou
via, contudo, no contrária (uma
Adversativa com o fato, porém
entanto, entretanto, oposição) à
manteve a calma.
não obstante outra oração.
Exprime uma
outra opção, Uma Oriente seu irmão,
Ou...ou, ora...
Alternativa alternância em ou terá prejuízos
ora, quer...quer
relação ao fato nos negócios.
da outra oração
Logo, pois
Indica uma con-
(coloca-se após Ele pediu demis-
clusão lógica rela-
Conclusiva o verbo), por são, portanto
tivamente ao fato
isso, portanto, estamos sem chefe.
da outra oração
de modo que
Contém uma
Que, pois (colo- Não fume,
justificativa ao
Explicativa cada antes do porque o cigarro
que está expresso
verbo) porque é um veneno.
na outra oração
Fonte: elaborado pela autora, 2015.

Saiba mais
O artigo O Ensino de Orações Coordenadas: Proposta Interativa
de Linguagem, de Aline Basin Stofonello e Nilsa Teresinha Reichert
Basin, traz mais detalhes para você compreender melhor o tema
estudado. Confira! Disponível em: http://sites.unifra.br/Portals/36/
ALC/2008/o%20ensino.pdf. Acesso em 19 out.2015.

5.5 A coordenação e a organização


das ideias nos textos
Sabe-se que as conjunções coordenativas ligam duas orações independen-
tes uma da outra, estabelecendo entre elas alguma relação de sentido. Essa rela-
ção pode ser de adição, de oposição ou restrição, de escolha, de conclusão.

– 66 –
Período Composto por Coordenação

Em textos mais longos, é comum o emprego das conjunções coordena-


tivas no início dos parágrafos para estabelecer relações de sentido entre eles.
Isso contribui para que o texto fique coeso (texto coeso é aquele cujas partes
estão bem “ligadas” uma às outras), ao mesmo tempo que explicitam as relações
de sentido que se quer estabelecer entre as ideias.
Observe o exemplo de como isso ocorre, lendo o trecho da reportagem
“Maturidade (ainda) sem receita”, publicada na Revista da Folha.

Maturidade (ainda) sem receita


Cena um: sexta-feira para ele é batata, é noite de alugar um filme pornô e tomar uma cerveja
trincando de gelada. Cena dois: ela deixa a piscina correndo depois da aula de natação, seca o
cabelo e vai se arrumar para o jantar de aniversário. Irá apresentar o namorado aos pais. Cena
três: depois de cinco anos de namoro, ele chega à casa dela com um buquê cor-de-rosa e uma
pequena caixa entre as flores. Dentro, a aliança de ouro que selará o pedido de noivado.
Histórias comuns de um cotidiano trivial, vividas pela primeira geração brasileira com sín-
drome de Down que chega à idade adulta. São eles também os primeiros protagonistas dos
dilemas dessa fase. Nessa etapa, os problemas não são mais inserção social, escola ou apren-
dizado. Eles querem e reivindicam namorar, transar, morar sozinhos, trabalhar, casar e, por
que não, constituir família e ter filhos. Um panorama que apavora seus pais.
Em 1980, a expectativa média de vida de alguém com Down era de 25 anos. Hoje, graças
aos avanços médicos e aos cuidados contínuos desde o nascimento, é de 56 anos. A lon-
gevidade trouxe dilemas até então ignorados.
A dona-de-casa Edney Pires, 67, mãe de Fernanda Pires, 28, assiste há cinco anos ao namoro
da filha com Felipe Feldman, 28. Os dois nasceram com síndrome de Down. No começo,
todo mundo viu a formação do casal como brincadeira de criança, eles iam juntos à escola,
telefonavam no final do dia um para o outro e nos fins de semana passeavam no shopping.
Até que, em 24 de julho, dia do aniversário dela, o casal trocou alianças. O anel de noi-
vado veio acompanhado de buquê de flores, um estojo de maquiagem e um casal de
noivinhos em miniatura, daqueles que enfeitam bolo de casamento.
No entanto, os dois nunca estão sozinhos. “Se deixar, o bicho pega”, diz Fernanda, com
um sorriso maroto. Ela conta que, em um futuro próximo, eles pensam em casar, mas para
a mãe esse assunto está fora de cogitação. “Como eles iriam se sustentar?”, pergunta. [...].
Fonte: Piemonte, 2006.

– 67 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Você notou que a conjunção “no entanto”, adversativa, inicia o sexto


parágrafo, conectando ao quinto, estabelecendo entre eles uma relação de
oposição? No quinto parágrafo, fala-se do noivado de Fernanda e Felipe, des-
crevendo como os dois ficaram noivos. No parágrafo seguinte, opondo-se à
ideia do noivado, vem a afirmação de que o casal nunca fica sozinho. A con-
junção “no entanto”, além de ligar os dois parágrafos, explica a oposição entre
as ideias, e tem também peso argumentativo: o autor do texto supõe que os
leitores admitem que um casal de noivos possa ficar sozinho e, como isso não
ocorre, ele assinala essa ideia empregando a conjunção adversativa.

5.6 Orações intercaladas


Quando se fala de orações intercaladas e interferentes, estamos nos referindo
a nomenclaturas não tão comum no dia a dia dos falantes de língua portuguesa.
No entanto, ao estabelecer uma aproximação maior com o assunto, constata-se
não se tratar de algo complexo, e sim de simples de entendimento. Você sabe por
que são chamadas assim? Elas são nomeadas desta forma justamente por não esta-
belecer dependência sintática com os demais elementos. As orações intercaladas
são inseridas em outra oração sempre que se deseja fazer um esclarecimento, uma
ressalva, uma advertência, ou qualquer outro tipo de acréscimos ao texto. Em
geral, elas aparecem entre vírgulas, entre travessões ou parênteses.
Exemplos:
Sua filha – disse o rapaz alegremente - é uma pessoa muito especial.
oração intercalada
Aguardamos ansiosos, disseram os jogadores, pela entrega das premiações.
oração intercalada
Durante as comemorações cívicas, algumas pessoas  (somente as mais
comprometidas) fizeram uma linda homenagem à fundadora da cidade.
(somente as mais comprometidas) – oração intercalada

Você sabia
A grande maioria dos manuais de gramática apresenta a seguinte divi-
são: Fonética e Fonologia, Morfologia, Sintaxe e Estilística.

– 68 –
Período Composto por Coordenação

Ao deparar-se com a parte Morfologia e Sintaxe, sabe-se que uma


tem como objeto de estudo as classes gramaticais, e a outra preocupa-
-se com as diferentes posições exercidas, por um mesmo termo, num
determinado contexto linguístico. Nesse sentido, fica compreensivo
o uso do termo morfossintaxe, pois há um condicionamento desta
com os pertencentes a diferentes classes gramaticais, quando desem-
penham diferentes funções nos enunciados.

Resumindo
Neste capítulo você estudou o período composto por coordenação, bem
como suas características. Entendeu a definição das orações coordenadas sin-
déticas e assindéticas, bem como a diferença existente entre elas. Verificou
também como ocorre a classificação das orações coordenadas sindéticas e seus
tipos, além de identificá-las em um texto. Pode aprofundar seus conhecimentos
sobre elas, verificando os exemplos, nos diversos contextos discursivos. Teve a
oportunidade de reconhecer as conjunções ou conectivos em vários exemplos
apresentados. Percebeu a importância da colocação adequada dos conectivos
ou conjunções como fator decisivo na clareza, objetividade, coerência e coesão
do texto no que se refere à comunicação, tanto na oralidade como na escrita.

– 69 –
6
Período Composto
por Subordinação

Neste capítulo, você estudará o período composto por


subordinação, bem como suas características. Entenderá a defi-
nição das orações subordinadas substantivas, adjetivas, adverbiais
e reduzidas, e a diferença existente entre elas. Verificará também
como ocorre a classificação das orações subordinadas substantivas,
adjetivas e adverbiais, além de identificá-las em um texto. Poderá
aprofundar seus conhecimentos sobre elas, com os exemplos, nos
diversos contextos discursivos. Terá a oportunidade de reconhecer
os conectivos ou marcadores argumentativos em vários gêneros
textuais com tipologias diversificadas. Vai perceber a importância
da colocação adequada dos conectivos, ou conjunções, como fator
decisivo na clareza, objetividade, coerência e coesão do texto, no
que se refere à comunicação, tanto na oralidade como na escrita.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Compreender a diferença entre o período composto por coor-
denação e subordinação;
22 Classificar as subordinadas: substantivas, adjetivas e adverbiais;
22 Entender as características das orações subordinadas substanti-
vas reduzidas.

6.1 Orações Subordinadas Substantivas


As orações subordinadas mantém uma relação de dependência com a
outra oração, denominada principal. Observe o exemplo para que você possa
ficar seguro em relação a esse assunto:

Fernando esperou que você voltasse hoje.


1ª oração 2ª oração
principal (OP) oração subordinada
22 Note o que acontece se a 1ª oração for separada da 2ª:
Fernando esperou...

Percebe-se que a oração isolada não apresenta sentido; portanto, como


visto nos outros capítulos, a obtenção de sentido daquilo que se quer expres-
sar é fundamental para aquele que quer comunicar algo.
Dessa forma, a oração “que você voltasse hoje” funciona como o termo
responsável por dar sentido ao período, já que é ela que completa o signifi-
cado da 1ª oração. Afirma-se também que, nessa oração, o verbo “voltasse”
poderia ser substituído pelo substantivo “volta” e, assim, seria possível obter
uma estrutura equivalente ao período simples. Veja o exemplo:
Fernando esperou que você voltasse hoje. – período composto
1ª oração 2ª oração
Fernando esperou a sua volta hoje. – período simples

– 72 –
Período Composto por Subordinação

Como a substituição do verbo voltar pode ser feita por um substantivo,


isso determina a classificação da oração subordinada em substantiva. Porém,
adverte-se que nem toda a oração subordinada substantiva pode ser substitu-
ída por um substantivo equivalente.
Você sabe dizer o motivo pelo qual a oração é subordinada ou substan-
tiva? Confira abaixo:
22 é subordinada porque completa o sentido de uma oração prin-
cipal (OP);
22 é substantiva porque equivale a uma função sintática desempe-
nhada por um substantivo nas orações.
Nesse ponto, você deve estar se perguntando: mas quais são as funções
que podem ser desempenhadas pelos substantivos? São alguns termos explo-
rados nos temas que corresponderam ao estudo do período simples, como:
sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do
sujeito, aposto e agente da passiva. Dessa forma, a função que a oração subor-
dinada substantiva exerce no período determinará a sua classificação.

6.2 Classificação das orações


subordinadas substantivas
22 Subjetivas : exercem a função de sujeito da oração principal.
Observe essa frase:
É fundamental que você colabore.
Oração principal oração subordinada
VL + PS substantiva subjetiva
É fundamental /a sua colaboração.
VL + PS sujeito
Note que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo
pronome isso. Dessa transformação resulta um período simples.
É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
sujeito sujeito

– 73 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Portanto, a oração subordinada correspondente à palavra isso exer-


cerá a função de sujeito.
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da
oração principal será sempre na 3ª pessoa do singular. (FARACO e
MOURA, 2006, p.424).
OBS:
22 Algumas abreviaturas:
22 Oração Principal: OP
22 Verbo de ligação: VL
22 Predicativo do sujeito: PS
22 Sujeito: S
22 Verbo Transitivo Direto: VTD
22 Verbo Transitivo Indireto: VTI

Importante
As orações subordinadas substantivas são classificadas de acordo
com a função sintática que exercem em relação à oração princi-
pal. Existe um procedimento que pode auxiliá-lo na classificação
das orações substantivas: basta substituí-las pelo pronome “isso”, e
identificar a função sintática do pronome. A função será a mesma
do pronome. Ex.: Espero que não chova mais hoje. Espero isso.
O pronome “isso” exerce a função de objeto direto. Portanto, a
oração “que não chova mais hoje” exerce a função de objeto direto.

22 Objetivas diretas
Observe:
Ele pediu que eu participasse do jogo.
OP oração subordinada substantiva
S + VTD objetiva direta

– 74 –
Período Composto por Subordinação

Ele pediu /a minha participação no jogo.


S + VTD objeto direto
As orações que exercem a função de objeto direto da OP são deno-
minadas objetivas diretas.

22 Objetivas indiretas
Agora, leia mais esta frase:
Ele insistia em que permanecêssemos ali.
OP oração subordinada substantiva
S + VTI objetiva indireta
Ele insistia na nossa permanência ali.
S + VTI objeto indireto
As orações objetivas indiretas exercem a função de objeto indireto da OP.

22 Completivas nominais
Observe:
Eles são favoráveis a que você seja promovido.
OP oração subordinada substantiva
S + VL + PS completiva nominal
Eles são favoráveis / à sua promoção.
S + VL + PS complemento nominal
As orações completivas nominais exercem a função de complemento
nominal da OP.

22 Predicativas
Leia:
A decisão seria que ele ingressasse na equipe.
OP oração subordinada substantiva

– 75 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

S + VL predicativa
A decisão seria / o seu ingresso na equipe.
S + VL predicativo do sujeito
As orações que exercem a função de predicativo do sujeito da OP clas-
sificam-se como orações subordinadas substantivas predicativas.

22 Apositivas
Observe:
Ele desejava isto: que nosso time vencesse o campeonato.
OP oração subordinada substantiva
S + VTD + OD apositiva
Ele desejava isto: / a vitória do nosso time no campeonato.
S + VTD + OD aposto
As orações subordinadas apositivas exercem a função de aposto da OP.

22 Agente da passiva
Observe esta oração:
Ele foi procurado por quem não conhecia.
OP oração subordinada substantiva
S + VTD na voz passiva agente da passiva

Ele foi procurado por um desconhecido.


S+ VTD na voz passiva agente da passiva

As orações que exercem a função de agente da passiva são denomi-


nadas de orações subordinadas substantivas agente da passiva.
Obs.: A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) não reco-
nhece esse tipo de oração.

– 76 –
Período Composto por Subordinação

Vale ressaltar algumas particularidades das orações subordinadas subs-


tantivas: normalmente são introduzidas pelas conjunções integrantes que e
se, e também podem ser iniciadas por certos advérbios interrogativos, pro-
nomes indefinidos ou interrogativos.

6.3 Orações subordinadas


substantivas reduzidas
As orações subordinadas substantivas, que foram apresentadas ante-
riormente, são consideradas pela gramática como pertencentes à forma
desenvolvida, pois são iniciadas por conjunção integrante e possuem um
verbo flexionado (conjugado).
Porém, há outra forma de as orações se apresentarem: na forma
reduzida.

Veja:
O guia afirmou que conhecia bem o caminho. → oração desenvolvida
O guia afirmou conhecer bem o caminho. → oração reduzida
Observe que as duas orações transmitem a mesma ideia, o que muda é
a forma de serem apresentadas.
São características das orações subordinadas substantivas reduzidas: a
ausência da conjunção e a presença de um verbo no infinitivo.

Saiba mais
Assista ao vídeo do professor Dimitri Sarmento. Nele há uma expli-
cação detalhada, por meio de exemplos, sobre as orações subor-
dinadas substantivas. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=f_PbhuTWsrY. Acesso em 22 de out. 2015.

– 77 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Figura 1 – Mapa conceitual sobre as orações subordinadas substantivas

Fonte: CmpaTools, 2015.

6.4 Orações Subordinadas Adjetivas


Você já está ciente de que a oração subordinada adjetiva tem valor de um
adjetivo que modifica um termo da oração principal. Ela equivale à função de
adjunto adnominal, pois determina um substantivo ou pronome contido na
oração principal (OP). Observe mais uma representação dessa equivalência:

– 78 –
Período Composto por Subordinação

A moça levava uma vida confortável.


adjunto adnominal
A moça levava uma vida que tinha muito conforto.
OP oração subordinada adjetiva

6.5 Classificação das orações


subordinadas adjetivas
Para que você entenda a classificação das orações subordinadas adjetivas,
propõem-se, inicialmente, estas duas orações:
I – Amanhã, bem cedo, vou devolver os livros que peguei na biblioteca.
OP oração subordinada adjetiva

II – Atualmente os rios, que são fonte de alimento, estão sendo poluídos.


OP oração subordinada adjetiva OP

Observe que no primeiro período, a oração “que peguei na biblioteca”


restringe ou particulariza o sentido do substantivo “livros” da OP. Já no
segundo período, a oração “que são fonte de alimento” acrescenta uma expli-
cação sobre uma qualidade peculiar do termo “rios” da OP.
A partir desse entendimento, pode-se, então, classificar as orações subor-
dinadas adjetivas que se dividem em:

22 Restritivas – aquelas que restringem ou particularizam o sentido


de um substantivo ou pronome presente na oração principal. Veja
um exemplo:
As pessoas que passavam por ali estavam apressadas.
OP OSA restritiva OP
22 Explicativas – aquelas que acrescentam uma explicação pecu-
liar a um substantivo ou pronome da oração principal. Observe
esse exemplo:
Paris, que é a capital da França, recebe muitos turistas durante o ano.
OP OSA restritiva OP

– 79 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Importante
É necessário salientar que toda oração adjetiva explicativa apa-
rece isolada por vírgula(s).

O gramático Nílson Teixeira de Almeida (ANO) adverte que o


emprego ou não da vírgula nas orações adjetivas pode acarretar mudança
de sentido ao que quer expressar. Observe:
I – Ele visitará o irmão que mora em Recife.
II – Ele visitará o irmão, que mora em Recife.

Na oração I, o sentido que se quer dar é de que ele tem mais de um


irmão, mas apenas um deles mora em Recife. Portanto, a oração é subor-
dinada adjetiva restritiva. Em II, ele tem apenas um irmão, e este mora em
Recife. A oração é adjetiva explicativa.
Outro aspecto importante, no que diz respeito às orações subordi-
nadas adjetivas, é que elas são introduzidas por pronomes relativos (que,
quem, onde, como, quando, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo,
cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.) (FARACO e
MOURA, 2006).
Os pronomes relativos, além de desempenharem a função de conec-
tivo no período, ainda exercem uma função sintática na oração adjetiva
que introduzem.
Como fazer para reconhecer a função sintática do pronome relativo?
Basta substituí-lo por seu termo antecedente e, a seguir, analisar sua função
na oração subordinada. Observe:

Comprei este carro que é muito confortável.


Este carro: termo antecedente
Dessa forma: Este carro é muito confortável.
sujeito
Os pronomes relativos desempenham as seguintes funções sintáticas:

– 80 –
Período Composto por Subordinação

22 Sujeito: As flores que murcharam eram para você.


As flores: termo antecedente
Dessa forma: As flores murcharam.
sujeito

22 Objeto direto: Vi as fotos que tiramos ontem.


as fotos: termo antecedente
Dessa forma: (nós) Tiramos as fotos.
OD

22 Objeto indireto: O cargo ao qual aspiro é ótimo.


o cargo: termo antecedente
Dessa forma: (eu) Aspiro ao cargo.
OI

22 Predicativo: Não sou mais aquilo que fui no passado.


aquilo: termo antecedente
Dessa forma: (eu) fui aquilo.
PS

22 Complemento nominal: Este é o livro a que fizemos referência.


o livro: termo antecedente
Dessa forma: (nós) fizemos referência ao livro.
CN

22 Agente da passiva: O rapaz por quem fomos enganadas fugiu.


o rapaz: termo antecedente
Dessa forma: (nós) Fomos enganados pelo rapaz.
AP
22 Adjunto adnominal: Paulo é um homem em cuja palavra confio.
na palavra do homem: termo antecedente

– 81 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Dessa forma: (eu) Confio na palavra do homem.


adjunto adnominal

22 Adjunto adverbial: A casa onde estou é muito bonita.


na casa: termo antecedente
Dessa forma: (eu) Estou na casa.
adjunto adverbial

6.6 Orações subordinadas adjetivas reduzidas


As orações subordinadas adjetivas também podem apresentar-se na
forma desenvolvida ou reduzida. Veja:
Na rua vi crianças que soltavam pipas. → oração desenvolvida
Na rua vi crianças soltando pipas → oração reduzida

Note que, assim como ocorre com as orações subordinadas substantivas,


as orações subordinadas adjetivas reduzidas conservam o mesmo sentido da
forma desenvolvida. Há, porém, uma diferença: enquanto as subordinadas
substantivas reduzidas estruturam-se por meio de um verbo no infinitivo, as
adjetivas reduzidas podem apresentar um verbo no infinitivo, gerúndio ou
particípio. Veja estes exemplos:
Estavam todos a conversar sobre futebol. – reduzida de infinitivo
No restaurante vi uma pessoa discutindo com o garçom. – reduzida
de gerúndio
Ela pôs a blusa comprada naquele shopping. – reduzida de particípio

Saiba mais
Quer aprofundar mais seu conhecimento sobre as orações subordi-
nadas adjetivas? Assista ao vídeo da professora Sandra Franco. Nele
há uma explicação detalhada, por meio de exemplos, das orações
subordinadas adjetivas.

– 82 –
Período Composto por Subordinação

Disponível em: http://www.dailymotion.com/video/xgubbr_


periodo-composto-oracoes-subordinadas-adjetivas_people. Acesso
em 22 de out. 2015.

6.7 Orações Subordinadas Adverbiais


Como você já está familiarizado com a estrutura das orações subordina-
das, iniciamos esse assunto propondo o seguinte período:
Eu não pude sair de casa, já que chovia muito.
Note que se trata de um tipo de informação muito frequente na comu-
nicação do dia a dia das pessoas. O indivíduo que transmite uma informação
comunica a causa de não ter podido sair de casa. Daí a importância de com-
preender esse tipo de período.
As orações subordinadas adverbiais são iniciadas por palavras que deno-
tam vários tipos de circunstâncias, além dessa citada anteriormente e, dessa
forma, são classificadas de acordo com o sentido contido nas conjunções
subordinativas que as iniciam.

6.8 Classificação das orações


subordinadas adverbiais
22 Causais – exprimem a causa de um fato apresentado na oração
principal. Observe:
Ele veio logo, porque queria abrir o presente.
OP oração subordinada adverbial causal
Esse tipo de oração é iniciada pelas seguintes conjunções subordinativas
causais: porque, já que, visto que, como, posto que, uma vez que, que, etc.

22 Condicionais – exprimem uma condição para a ocorrência de um


fato da oração principal. Veja:
Caso você queira colaborar conosco, pode me telefonar.
(oração subordinada adverbial condicional) OP

– 83 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

As conjunções subordinativas que iniciam essas orações são: se, caso,


contanto que, desde que, a menos que, salvo, etc.
Comparativas – exprimem uma comparação em relação à oração prin-
cipal. Veja este exemplo:
Sua pele era áspera como uma lixa. (é)
OP oração subordinada adverbial comparativa

Importante
Uma particularidade dessa oração é que geralmente o verbo da subordi-
nada aparecerá subtendido quando este coincide com o verbo da OP.

As conjunções subordinativas causais que introduzem essas orações são:


como, assim como, que (mais) do que, (menos) do que, tanto quanto, etc.

22 Conformativas – expressam uma ideia de concordância em relação a


um fato expresso na oração principal. Veja este período:
Você deve escrever o relatório conforme o diretor exigiu.
OP oração subordinada adverbial conformativa
As conjunções subordinativas conformativas que introduzem essas ora-
ções são: conforme, como, segundo, consoante.

22 Concessivas – estabelecem uma concessão em relação a um fato pre-


sente na oração principal. Leia este exemplo:
Mesmo que estivesse muito quente, colocou uma camisa de manga longa.
oração subordinada adverbial concessiva OP
As orações subordinadas concessivas são introduzidas pelas seguintes
conjunções subordinativas: embora, mesmo que, ainda que, apesar de
que, conquanto, que, por mais que, etc.

22 Consecutivas – indicam uma consequência do fato ocorrido na oração


principal. Observe:

– 84 –
Período Composto por Subordinação

Ele comeu tanto que sentiu ânsia de vômito.


OP oração subordinada adverbial consecutiva
Iniciam esse tipo de oração as conjunções subordinativas consecutivas:
de modo que, de sorte que, que (precedido das expressões tão, tal,
tanto, tamanho), etc.

22 Finais – exprimem uma finalidade para um fato apresentado na oração


principal. Exemplo:
Para que fique tudo organizado, você deve trabalhar muito.
oração subordinada adverbial final OP
As conjunções subordinativas finais são: a fim de que, para que, que.

22 Proporcionais – indicam uma proporção em relação a um fato expresso


na oração principal. Observe:
Quanto mais ela se irrita, mais sua cabeça dói.
oração subordinada OP
adverbial proporcional
São conjunções subordinadas proporcionais: à medida que, à propor-
ção que, quanto mais, quanto menos, etc.

22 Temporais – exprimem o momento em que o fato expresso na oração


principal acontece. Veja:
Assim que ele chegou, tive que sair.
oração subordinada OP
adverbial temporal
As conjunções subordinativas temporais são: quando, enquanto, assim
que, desde que, sempre que, logo que, mal, etc.

Marcadores argumentativos ou conjunções: são palavras


que atuam na coesão do texto e estabelecem os argumen-
tos necessários dependendo da situação comunicativa.

– 85 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Você Sabia
Que alguns gramáticos, contrariando o que prescreve a Nomencla-
tura Gramatical Brasileira (NGB), consideram ainda que existem dois
tipos de orações subordinadas adverbiais: as modais e as locativas.
Observe:
Ele foi chegando de mansinho, sem que fosse percebido.
OP oração subordinada adverbial modal

Na minha velhice quero viver onde me sinta em paz.


OP oração subordinada adverbial locativa

6.9 Orações subordinadas adverbiais reduzidas


As orações subordinadas adverbiais também podem apresentar-se na
forma desenvolvida ou reduzida. Veja:
Porque estava muito ocupado, ele não pode sair. → oração desenvolvida
Por estar muito ocupado, ele não pode sair. → oração reduzida
A forma de redução das orações subordinadas adverbiais é o mesmo
das orações subordinadas adjetivas, ou seja, podem apresentar um verbo
no infinitivo, gerúndio ou particípio. Veja estes exemplos:
Ao entrar, ele fechou a porta. → reduzida de infinitivo
Mesmo estando nervoso, ele quis conversar. → reduzida de gerúndio
Terminado o espetáculo, todos foram a um restaurante. → reduzida
de particípio

Saiba mais
Quer mais informações sobre as orações subordinadas adverbiais e
reduzidas? Assista ao vídeo da professora Sandra Franco, nele há uma
explicação detalhadas por meio de exemplos.

– 86 –
Período Composto por Subordinação

Disponível em: http://www.dailymotion.com/video/xgubn7_oracoes-


subordinadas-adverbiais-e-oracoes-reduzidas_people. Acesso em 22
de out. 2015.
Leia Também: CARONE, Flávia Barros. Subordinação e coordena-
ção: confrontos e contrastes. São Paulo: Ática, 1988.

Resumindo
Neste capítulo, você conheceu como o período composto por subordi-
nação se estrutura, além de entender como acontece a classificação das ora-
ções subordinadas. Foi importante saber a definição das orações subordinadas
substantivas, adjetivas, adverbiais e reduzidas, e a diferença existente entre
elas, pois, ao ler ou escrever um texto é nesse processo que nos apoiamos. A
partir dos exemplos apresentados, nos diversos contextos discursivos, você
encontrou a oportunidade de reconhecer os conectivos ou marcadores argu-
mentativos em vários gêneros textuais com tipologias diversificadas. É de fun-
damental importância saber usar os conectivos, ou conjunções, como fator
decisivo na clareza, objetividade, coerência e coesão do texto, no que se refere
à comunicação, tanto na oralidade como na escrita.

– 87 –
7
Sintaxe de Regência:
Nominal e Verbal

Neste capítulo, você estudará a sintaxe de regência nominal


e verbal, bem como suas características. Entenderá as relações de
regência existentes entre os termos da oração, e como se dá a distin-
ção entre a regência verbal e a regência nominal. Verificará também
como ocorrem os mecanismos que envolvem a relação de regência
entre os temos da oração. Poderá aprofundar seus conhecimentos
sobre esse assunto, verificando os exemplos, nos diversos contextos
discursivos. Terá a oportunidade de reconhecer os principais casos
de regência verbal e nominal que oferecem dúvidas. Vai perceber a
importância da colocação adequada das preposições, na construção
da significação dos verbos. Compreenderá sobre o termo regente e o
termo regido nas orações, frases e períodos.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Identificar as relações de regência existente entre os termos
da oração;
22 Verificar como se dá a distinção entre a regência verbal e a
regência nominal;
22 Analisar a transitividade verbal e perceber as mudanças de signi-
ficados que podem ocorrer;
22 Entender os principais casos de regência verbal e nominal.

7.1 A regência e seu conceito em


alguns manuais de gramática
Sabe-se que os manuais de gramática são elaborados para serem usados
nas salas de aulas, por isso devem trazer uma linguagem simples e clara. Vamos
conhecer o entendimento de alguns educadores sobre a regência? Faraco e
Moura (1999, p. 511) definem o termo, em seu manual, como: “regência é
a relação de dependência que se estabelece entre dois termos”. Nessa pers-
pectiva, os autores esclarecem que os elementos que precisam da presença
de outros se intitulam regentes ou subordinantes, e os que complementam o
sentido de outros são nomeados de termos regidos ou subordinados.
Segundo a gramática reflexiva produzida por Cereja (2009, p.350),
“regência é quando um termo, verbo ou nome, exige a presença de outro; ele
chama-se regente ou subordinante; os que complementam a sua significação
chamam-se regidos ou subordinados”.
Encontra-se no manual de gramática elaborado por Terra (1999, p. 246)
a seguinte definição de regência: “ a parte da gramática que trata das relações
entre os termos da oração, verificando se um termo pede ou não comple-
mento, chama-se sintaxe de regência”.
Pesquisando na Moderna Gramática Brasileira de Luft (1983, p.20),
encontra-se a seguinte definição de regência: “função subordinativa de ter-
mos principais (regentes) sobre termos dependentes (regidos). Princípio que
governa a estrutura da frase, lhe dá conexão, equilíbrio e perspectiva”.

– 90 –
Sintaxe de Regência: Nominal e Verbal

Conforme o manual de gramática de Sacconi (1983, p.321), pode-se


observar o conceito de regência desta maneira: “a sintaxe de regência é a que
trata da relação de dependência dos termos da oração. Existem dois tipos de
regência: a verbal e a nominal”.
Segundo a Novíssima Gramática de Cegalla (2008, p. 404), “a sintaxe de
regência ocupa-se das relações de dependência que as palavras mantêm na frase.
Regência é o modo pelo qual um termo rege outro que o complementa”.
Você notou que as afirmações feitas pelos gramáticos, em seus manuais,
apresentam semelhanças? Isso reforça ainda mais a ideia de que as palavras
dispostas em frases, orações e períodos, realmente devem ser organizadas
hierarquicamente e de forma harmônica, desempenhando suas devidas fun-
ções. Quando se pensa em um texto escrito, pode-se até mesmo dizer que é
composto por um emaranhado de palavras; no entanto, estas palavras estão
organizadas em sequências lógicas. Desta forma, o leitor poderá fazer uma
compreensão adequada daquilo que foi escrito por um determinado autor e
perceber as intenções comunicacionais.

7.2 As relações de Regência: nominal e verbal


Para ganharmos mais familiaridade com esse assunto, leia o texto e veri-
fique os termos destacados e sua organização no enunciado:

[...] Ser curioso não é defeito. Não saber é uma condição necessária para aprender.
Quando a resposta vem antes do questionamento, poda-se todo um processo mental
de “bolação”, fantasia e imaginação, o que empobrece o desenvolvimento. Quando
eu sei, não preciso imaginar. Cabe ao adulto assistir ao desabrochar da fantasia,
intervindo só quando o aprendiz corre perigo ou vai deixar de perguntar.
Já vi pais ensinando o bebê a esticar o braço para alcançar alguma coisa que ele
apenas parece estar querendo pegar. Se o adulto lhe dá o objeto, está tirando a
chance de a criança descobrir. Se ele ensina como pegar, desensina e poda o pro-
cesso de tentativa e erro.

Fonte: Mautner (2006)

– 91 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

As palavras organizam-se nas frases de um modo determinado. Algumas


pedem complemento, outras não; umas exigem a presença da preposição,
outras não. Observe a frase em destaque no texto acima:
“Cabe ao adulto assistir ao desabrochar da fantasia...”
O verbo assistir é transitivo indireto e pede a preposição a quando signi-
ficar ver, testemunhar, estar presente. De acordo com a norma culta da língua,
quem assiste, assiste a alguma coisa.
Na língua portuguesa, existe sempre uma relação de dependência entre
as palavras. A regência é a parte da gramática que estuda essa relação.

Você sabia
Os termos que exigem a presença de outros denominam-se regen-
tes ou subordinantes; aqueles que completam o sentido de outros
chamam-se regidos ou subordinados.
Exemplo: Cabe ao adulto assistir ao desabrochar da fantasia...
regente regido

Nesse sentido, você já sabe que a relação de interdependência que se


estabelece entre as palavras, quando elas são selecionadas e combinadas
para formar as frases, denomina-se regência. E também que ela sempre
estabelece uma relação entre o termo regente e o termo regido.
Com base nesses conhecimentos, você ainda pode se perguntar: mas
por que é importante esse tipo de informação para minha vida prática?
O que pode ser usado como justificativa é que as relações de regên-
cia são responsáveis, juntamente com outros princípios, pela organização
lógico-sintática dos enunciados linguísticos do português. Como há cer-
tos verbos que admitem mais de uma regência, há a necessidade de conhe-
cer os casos que comumente oferecem dúvidas.
Geralmente a diversidade de regência corresponde a uma variedade
de significados do verbo, no caso da regência verbal. Por exemplo, o verbo
agradar, no sentido de “acariciar”, é transitivo direto, enquanto no sen-
tido de “satisfazer, contentar” é transitivo indireto.
– 92 –
Sintaxe de Regência: Nominal e Verbal

Observe:
A pai, comovido, agradava a filha chorosa.
VTD OD
Suas atitudes agradaram ao povo.
VTD OI

Interdependência: “s.f. Relação de dependência entre


uma coisa e outra. Estado ou condição dos indivíduos
que estão ligados por uma relação de dependência mútua;
dependência recíproca.” Disponível em: http://www.dicio.
com.br/interdependencia/. Acesso em: 11 nov.2015..

7.3 Regência de alguns verbos


que causam dúvidas
Para que você compreenda melhor o que está sendo exposto, observe
o quadro com alguns verbos cuja regência costuma provocar dúvidas:

Quadro 1- Casos especiais de regência verbal.

VERBO CLASSIFICAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO

VTD sorver, respirar Os jovens aspiravam o ar


das manhãs ensolaradas.
Aspirar
A vereadora aspirava a
VTI pretender, desejar
uma nova oportunidade.
VTI ver, presenciar Mês passado assisti a um
seriado americano.
Assistir
VTD prestar assistência A médica assiste a paciente.
VI morar, residir Meu irmão assiste em Ubatuba.

– 93 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

VERBO CLASSIFICAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


VTD acolher com atenção, O balconista atendeu o cliente.
Atender VTI acatar dar atenção Ela não atendeu ao
meu chamado.
VTD convocar, fazer vir Chamem o técnico!
VTI invocar (prep. por) A mãe chama insisten-
temente pelo filho .
Chamar cognominar, quali- Chamava-a irresponsável.

VTD ou VTI ficar, denominar + Chamava-a de irresponsável.


predicativo do objeto Chamava-lhe irresponsável.
Chamava-lhe de irresponsável.
VTD valer A saia custou cem reais.

Custar VTI ser difícil (conjugado Custou-me muito esquecê-la.


como verbo reflexivo
na 3ª p. do singular)
VTD (quando não Esqueci o nome dela,
pronominais) mas lembrei o dele.

VTI (quando pronominais, Esqueci-me dela, mas


Esquecer ou exigem a prep. “de”) lembrei-me dele.
lembrar
cair no esquecimento/ Esqueceram-me as notas em casa.
VTI vir à lembrança Lembrei-me aque-
les dias deliciosos.
VTD dar notícias, Os noticiários infor-
esclarecer maram as pessoas.
Informar
VTDI (mesmo significado) A professora infor-
mou a nota ao aluno.
VTD causar, envolver Seu ato implica consequências.
Implicar VTI antipatizar A menina implicou com a irmã.
VTDI embaraçar O rapaz implicou-o no caso.

– 94 –
Sintaxe de Regência: Nominal e Verbal

VERBO CLASSIFICAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


VI (exigem adjunto Moro em São Paulo.
morar e
adverbial com Resido em Taubaté.
residir
a prep. “em”
VTI exigem a pre- A moça obedece ao regulamento.
Desobedecer posição “a” Felipe desobedeceu às regras.
VTD (quando o objeto Paguei a dívida.
Pagar e VTI é coisa) Perdoou aos inimigos.
perdoar VTDI (quando o objeto Pagou a dívida ao padeiro.
é pessoa)
Perdoei a ofensa ao moço.
VTDI querer antes, Prefiro o amor ao ódio.
VTD escolher entre duas Prefiro o sorriso, não
Preferir ou várias coisas. aceito a tristeza.
dar primazia a,
determinar-se por
VTD indicar com certeza Ele precisou a hora de sua saída.
Precisar Ele precisa de seu carinho.
VTI ter necessidade
VTD desejar Ela queria muito essa blusa.
Querer VTI estimar, querer bem Eu quero muito a meus amigos.
(exige a prep. “a”
VTI (exige a preposi- Simpatizava com a ideia.
Simpatizar e
ção “com”; não Sempre antipatizei com ela.
Antipatizar
são pronominais)
VTD mirar, pôr visto Visou o alvo e atirou.
ter em vista, O fiscal visava os passaportes.
Visar
VTI pretender (exige Ele sempre visou a uma
a prep. “a”) posição de destaque.
Namorar VI não há preposição Ele namora Helena.

– 95 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Importante
Não se deve misturar verbos cujas regências são diferentes. Veja o
que comumente é feito nesse sentido:
Ele procurou e pediu à moça um favor.
Nesse caso, a construção deveria ser a seguinte:
Ele procurou a moça e pediu-lhe um favor.

Saiba mais
Quer assimilar melhor o conteúdo exposto? Assista ao vídeo sobre
a regência verbal do professor Fabio Dávila, nele há vários exem-
plos que ajudarão você. Disponível em: http://www.youtube.com/
watch?v=5JvqGvPs9_g. Acesso em 23 de out. 2015.

7.4 Regência nominal


Da mesma maneira que os verbos, alguns nomes (substantivos, adjeti-
vos e advérbios) podem apresentar dificuldades de regência, principalmente
aqueles que admitem mais de uma preposição.
A seguir, apresenta-se um quadro com uma relação de nomes com suas
regências mais comuns.

Quadro 2 – Regência nominal – Alguns casos


REGÊNCIA DE ALGUNS NOMES
Preposição Nomes
A Acessível, adequado, alheio, análogo, apto, avesso, benéfico,
cego,conforme, contíguo, desatento, desfavorável, desleal,
equivalente, fiel, grato, guerra, hostil, idêntico, inacessível, inerente,
indiferente, infiel, insensível, nocivo, obediente, odioso, oposto,
peculiar, pernicioso, próximo (de), superior, surdo (de),visível.
Exemplo: Ele é o OPOSTO DElA (de ela)
Prep. + pronome

– 96 –
Sintaxe de Regência: Nominal e Verbal

REGÊNCIA DE ALGUNS NOMES


Preposição Nomes
De amante, amigo, ansioso, ávido, capaz, cobiçoso, comum, con-
temporâneo, curioso, devoto, diferente, digno, desseme-
lhante, dotado, duro, estreito, fértil, fraco, incerto, indigno,
inocente, menor, natural, nobre, orgulhoso, pálido, passí-
vel, pobre, pródigo (em), temeroso, vazio, vizinho.
Exemplo: São pessoas muito DIFERENTES DE mim.
Com afável, amoroso, aparentado, compatível, conforme, cruel, cuidadoso,
descontente, furioso (de), inconsequente, ingrato, intolerante,
liberal, misericordioso, orgulhoso, parecido (a), rente (a, de).
Exemplo: Todo esse luxo é INCOMPATÍVEL COM seu salário.
Contra desrespeitoso, manifestação, queixa.
Exemplo: Assistimos a uma MANISFESTAÇÃO
CONTRA o governo vigente.
Em constante, cúmplice, diligente, entendido, erudito, exato,
fecundo, fértil, fraco, forte, hábil, impossibilidade (de), incan-
sável, incerto, inconstante, indeciso, lento, morador, parco
(de), perito, prático, sábio, sito, último (de, a), único.
Exemplo: Ele é PRÁTICO EM manobras.
Entre convênio, união.
Exemplo: Estuda-se a legalidade do CONVÊNIO COM esta empresa.
Para apto, bom, diligente, essencial, idôneo, incapaz, inútil, odioso, pronto.
Exemplo: Sinto-me APTO PARA voltar às minhas atividades.
Para com afável, amoroso, capaz, cruel, intolerante, orgulhoso.
Exemplo: Marília mostrou-se intolerante para com ele.
Por ansioso, querido (de), responsável, respeito (a,de).
Exemplo: Mostravam-se ANSIOSOS POR férias!
Sobre dúvida, influência, triunfo.
Exemplo: Antonio sempre exerceu forte INFLUÊNCIA SOBRE ela.
Fonte: elaborado pela autora, 2015.
– 97 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Algumas dicas de bem escrever


Geralmente, os falantes de língua portuguesa cometem alguns equívocos
no uso de nomes que exigem complementos ou adjuntos preposicionados em
relação ao que recomenda a norma culta da língua.
Observem no quadro alguns exemplos, citados por Faraco e Moura (2006),
todos relacionados ao bom uso da Norma Padrão da Língua Portuguesa:

TV (em)
O correto é dizer TV em cores e não TV a cores
Igual (a)
O certo é igual a mim e não igual eu
Bacharel (em)
O correto é bacharel em e não bacharel de
Curioso (de, sobre, por)
Ficou curioso do que ocorreu.
Ficou curioso sobre o que ocorreu.
Ficou curioso pelo que ocorreu.
Recurso (de, contra)
Coube recurso contra a decisão.
Coube recurso da decisão.
Acostumado (a) / Habituado (a) (a, com)
Estava acostumada a sanduiche na hora do jantar.
Estava habituado com sanduiche na hora do jantar.
Compatível (com, entre)
A doadora tinha o sangue compatível com o da vítima.
Os tipos sanguíneos da doadora e vítima eram compatíveis entre si.
Entendido, Perito (em)
Era entendida em Mecânica.

– 98 –
Sintaxe de Regência: Nominal e Verbal

Era perito em construções.

Incluído (em, entre)


Foi incluído no grupo.
Estava incluído entre os mais capacitados.
Morador / Residente / Situado/ Estabelecido (em, de)
Era morador na Rua do Lavradio.
Foi morador da Rua Santa Clara.
Fonte: (FARACO e MOURA, 2006)

Saiba mais
Para mais detalhes sobre o tema, consulte o capítulo Sintaxe de
Regência, na Novíssima gramática da língua portuguesa, de Domingos
Paschoal Cegalla. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.
Ou você pode optar por assistir ao vídeo sobre a regência nominal
com o prof. Edison A Oliveira, do INSTITUTO DE APRIMORA-
MENTO MENTAL - IAM CURSOS. Nele há uma clara expli-
cação sobre o assunto estudado, facilitando a sua assimilação. Dis-
ponível em: http://www.youtube.com/watch?v=v24RlT6CYuM.
Acesso em 24 de out. 2015.

Resumindo
Neste capítulo, você viu que a relação de dependência entre os ter-
mos da oração e seus complementos denomina-se regência, princípio
que ocorre quando determinados verbos ou nomes exigem um comple-
mento. Viu também que o termo que exige complemento é denomi-
nado termo regente e o que lhe completa o sentido é chamado termo
regido. Por fim, compreendeu que as relações de regência também são
divididas em dois tipos: regência verbal e regência nominal e que é pre-

– 99 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

ciso conhecer os casos de regência que comumente oferecem dúvidas.


Pôde aprofundar seus conhecimentos sobre esse assunto, verificando os
exemplos, nos diversos contextos discursivos. Percebeu a importância
da colocação adequada das preposições, na construção da significação
dos verbos. Compreendeu sobre o termo regente e o termo regido nas
orações, frases e períodos, bem como a transitividade verbal e alteração
de sentido conforme o contexto.

– 100 –
8
Sintaxe de
concordância: nominal
e verbal e recursos
de expressão

Que tal estudar as regras básicas de concordância que tratam


do ajuste entre o verbo e o sujeito e também as de concordância
verbal nominal? Isso é um pouco do que irá ver neste capítulo, que
vai explanar ainda sobre o princípio sintático de concordância, bem
como a distinção entre as concordâncias verbal e nominal. Além
disso, você terá oportunidade de verificar como ocorrem os meca-
nismos que envolvem a relação de concordância entre os termos da
oração e poderá aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto,
conferindo os exemplos nos diversos contextos discursivos. Convi-
damos você a reconhecer os principais casos de concordância ver-
bal e nominal que oferecem dúvidas. Certamente esse conjunto de
aspectos vai reforçar a importância da combinação correta das pala-
vras na construção da significação dos enunciados e do texto.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Perceber o princípio sintático de concordância;
22 Diferenciar a concordância verbal e a concordância nominal;
22 Compreender quais as principais regras de concordância verbal e
nominal;
22 Identificar os recursos expressivos empregados no texto;
22 Entender sua importância na construção textual.

8.1 As relações de concordância


Tomando como base o entendimento de que a concordância é um prin-
cípio linguístico que orienta a combinação de palavras na frase, propomos a
seguinte sentença:
O grupo de pesquisadores chegou à região selecionada para a coleta
de material.
Se esta frase fosse considerada no contexto de uma comunicação entre
dois interlocutores, aquele que a ouviu, caso não conhecesse as regras de con-
cordância, poderia perguntar:
– O grupo de pesquisadores chegou ou chegaram?
O que está em questão é: com que termo o verbo chegar faz concordân-
cia? Com o termo “grupo” ou com o determinante “pesquisadores”?
Afirma-se que, na variedade padrão da língua portuguesa, as duas for-
mas são consideradas corretas.
E você poderia questionar o seguinte: mas a regra de concordância não
diz que o verbo deve concordar com o sujeito?
Na realidade, o que ocorre nesse exemplo é que o verbo pode concordar
com o núcleo do sujeito (grupo) e com o seu determinante (de pesquisado-
res). Ou seja: existem casos em que há mais de uma possibilidade de concor-
dância para o verbo e é disso que este capítulo vai tratar.
Vale ressaltar que os casos de concordância verbal serão divididos em
quatro itens: o primeiro tratará dos casos de concordância com o sujeito

– 102 –
Sintaxe de concordância: nominal e verbal e recursos de expressão

simples; o segundo, de concordância com o sujeito composto; o terceiro, da


concordância especial do verbo ser; e o quarto, de alguns casos especiais de
concordância verbal.
Concordância nominal é a concordância do adjetivo e das palavras adje-
tivas (artigo, numeral, pronome adjetivo) com o substantivo a que se referem,
em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural).
A regra geral da concordância nominal é: o artigo, o adjetivo e as pala-
vras adjetivas (pronome e numeral) concordam em gênero e número com o
substantivo (ou nome) a que se referem (FARACO; MOURA, 2006).
Exemplos: As cidades mortas. / Quinhentos gramas de café. / Muita
grama no jardim.

8.2 Concordância do verbo com


o sujeito simples
Sujeito representado por
22 Substantivo coletivo – verbo no singular: O arquipélago foi atin-
gido por um tsunami.
Porém, se o coletivo estiver acompanhado de adjunto adnominal
ou estiver distante do verbo, este fica no singular ou no plural.
Exemplos: O grupo de estudantes manteve-se/mantiveram-se
em silêncio.
A turma, durante as horas vagas, costumava/costumavam caminhar
pelo parque.

22 Nomes próprios de lugar ou títulos de obras – verbo no plural, caso


precedido de artigo: Os Alpes ficam na Europa.
No entanto, em nomes de obras, em estruturas com o verbo ser + pre-
dicativo do sujeito no singular, o verbo fica no singular ou no plural.
Exemplo: Os Lusíadas é/são obra de Luiz de Camões.
22 Caso os nomes próprios não apareçam precedidos de artigo, o
verbo fica no singular.
Exemplo: Campinas é uma cidade do interior de São Paulo.

– 103 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Com pronomes de tratamento, o verbo fica na 3ª pessoa:


Exemplos: Vossa Excelência vai sair agora?
Vossas Senhorias poderiam cooperar conosco?
22 Com o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente
do pronome.
Exemplo: Fui eu que idealizei esse projeto.
22 Com o pronome relativo quem, o verbo concorda com o antece-
dente do pronome ou fica na 3ª pessoa do singular.
Exemplo: Fui eu quem idealizei/idealizou esse projeto.
22 Com um dos que, o verbo fica no plural ou no singular.
Exemplo: Um dos que mais duvidou/duvidaram disso foi Paulo.
22 Com expressões partitivas como parte de, a maioria de, metade de,
grande parte de + substantivo no plural, o verbo fica no singular ou
no plural.
Exemplo: Grande parte dos presentes não viu/viram o espetáculo.
22 Em expressões como cerca de, perto de, mais de, menos de + numeral,
o verbo concorda com o numeral que o acompanha.
Exemplos: Cerca de dez mil pessoas compareceram à passeata.
Mais de uma pessoa compareceu ao evento beneficente
22 Com a locução mais de um, o verbo fica no singular.
Exemplo: Mais de um reservou um lugar no teatro.
Porém, se o verbo expressar reciprocidade, ficará no plural.
Exemplo: Mais de um jogador xingaram-se durante a partida de futebol.
22 Em expressão indicativa de porcentagem, o verbo concorda com o
numeral ou com o substantivo a que se refere a porcentagem.
Exemplos: 35% da população apoiam este candidato.
35% dos professores não comparecem à reunião do sindicato.

– 104 –
Sintaxe de concordância: nominal e verbal e recursos de expressão

22 Nas locuções pronominais algum de nós/vós, alguns de nós/vós, qual


de nós/vós, quais de nós/vós etc., o verbo fica no singular quando o
primeiro pronome da locução estiver no singular.
Exemplos: Algum de nós fará o almoço hoje.
Qual de nós fará o almoço hoje?
22 Se o primeiro pronome aparecer no plural, o verbo poderá concor-
dar com esse pronome ou com o pronome pessoal.
Exemplos: Alguns de nós sairão/sairemos mais cedo hoje.
Quais de vós sairão/sairemos mais cedo hoje?

8.3 Concordância do verbo


com o sujeito composto
Se o sujeito composto
22 estiver anteposto ao verbo, este fica no plural.
Exemplo: A mãe e os filhos permaneciam imóveis perante a cena.
22 estiver posposto ao verbo, este concorda com o núcleo mais pró-
ximo ou com todos os núcleos do sujeito.
Exemplo: Permaneceu/permaneceram imóveis perante a cena a
mãe e os filhos.
Se for constituído por pessoas gramaticais diferentes, o verbo fica no
plural. Nesse caso:
22 a 1ª pessoa prevalece sobre as demais.
Exemplo: Eu, tu e ele iremos ao cinema hoje.
22 Com a 2ª e 3ª pessoas, o verbo pode ficar na 2ª ou 3ª pessoa.
Exemplo: Tu e ele ireis/irão ao cinema hoje?
22 Se for constituído por núcleos ligados por ou, o verbo fica no singu-
lar, dando ideia de exclusão, ou plural com ideia de inclusão.
Exemplos: Um ou outro será escolhido como representante da comissão.
Matemática ou Física são disciplinas muito importantes.

– 105 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Se for constituído por núcleos ligados por com, o verbo fica no plural.
Exemplo: A mulher com o esposo farão uma viagem para a França.
22 Se for constituído pelas expressões um ou outro, nem um nem outro,
o verbo fica no singular.
Exemplo: Nem um nem outro rapaz permaneceu naquele cargo.
22 Se for constituído pelas expressões um e outro, o verbo fica no sin-
gular ou no plural.
Exemplo: Um e outro trouxe/trouxeram uma colaboração para
a campanha.
22 Se for constituído por uma sequência de palavras seguido de aposto
resumidor, o verbo concorda com o aposto.
Exemplo: Viagens, passeios, noitadas, tudo isso não o satisfazia mais.

Saiba mais
Assista ao vídeo sobre concordância verbal (parte I) feito pela Profa.
Rafaela Motta. Nele, a professora dá uma explicação detalhada sobre
o assunto estudado, além de apresentar vários exemplos. Disponível
em: http://www.youtube.com/watch?v=2mwq0ka4iYw. Acesso
em: 23 out. 2015.

8.4 Concordância do verbo ser


Em geral, o verbo ser, como verbo de ligação, concorda com o sujeito.
Exemplo: Minha vida é um mar de rosas.
Porém há casos em que ele pode concordar com o predicativo. Veja esses casos.
22 Se o sujeito for constituído pelos pronomes tudo, isso, isto ou aquilo
+ predicativo no plural, o verbo concorda com o predicativo.
Exemplos: Tudo eram bobagens para a moça.
Aquilo eram bobagens de criança.

– 106 –
Sintaxe de concordância: nominal e verbal e recursos de expressão

22 Se o sujeito referir-se a coisas ou objetos, o verbo concorda, de pre-


ferência, com o predicativo.
Exemplo: A cama eram algumas tábuas muito finas.
22 Se o sujeito for expresso por pronomes retos, o verbo concorda com
o pronome.
Exemplo: O responsável por tudo sou eu.
22 Se o verbo ser indicar quantidade, a concordância será com o pre-
dicativo.
Exemplo: Quinhentos reais é muito por essa camisa.
22 Se o verbo ser indicar horas, datas e distâncias, concordará com o
numeral.
Exemplos: É meio-dia e meia agora.
Hoje são dois de agosto.

Saiba mais
Na concordância que se refere a datas, é admitido também o singular.
Sabe por quê? Porque ela pode ser feita com o termo dia, que está
subentendido. Por exemplo: Hoje é (dia) dois de agosto.

8.5 Casos especiais de concordância


Verbo haver:
22 com sentido de existir é impessoal, portanto fica na 3ª pessoa do
singular.
Exemplo: Havia vinte pessoas na sala.
Obs.: em locuções verbais, ele transmite sua impessoalidade para
o verbo auxiliar.
Exemplo: Deve haver vinte pessoas naquela sala.

22 Quando indica tempo decorrido, também é impessoal.

– 107 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Exemplo: Há meses partiu para bem longe.

22 O verbo fazer, ao expressar tempo decorrido, é impessoal e fica na


3ª pessoa do singular.
Exemplo: Faz dez anos que não o vejo.

22 Os verbos bater, soar e dar, quando indicam horas, concordam com


o numeral.
Exemplos: São duas horas.
Bateram duas horas no relógio da matriz.
22 Na voz passiva pronominal (ou sintética), o verbo concorda com
o sujeito.
Exemplos: Conserta-se relógio de pulso.
Forram-se botões.

Saiba mais
Assista ao vídeo sobre concordância verbal (parte II) feito pela Profa.
Rafaela Motta. Nele a professora apresenta uma explicação detalhada
sobre o assunto estudado, além de apresentar vários exemplos. Dis-
ponível em: http://www.youtube.com/watch?v=r4WaWjy6Ryo.
Acesso em: 23 out. 2015.

8.6 Concordância nominal: regras especiais


O adjetivo vem posposto a dois ou mais substantivos
22 do mesmo gênero: o adjetivo vai para o plural deste gênero ou con-
corda com o mais próximo.
Exemplos: Toalha e mesa sujas.
Copo e prato quebrado ou quebrados.
22 de gêneros diferentes: o adjetivo vai para o masculino plural ou
concorda com o mais próximo.

– 108 –
Sintaxe de concordância: nominal e verbal e recursos de expressão

Exemplos: Marinha e Exercito brasileiros ou brasileiro.


Rios e floresta imensos ou imensa.
Quando o adjetivo vem anteposto a dois ou mais substantivos
22 o adjetivo concorda com o mais próximo.
Exemplos: Escolheste bom lugar e hora.
Escolheste boa hora e lugar (FARACO; MOURA, 2006).
Se os substantivos forem nomes próprios
22 o adjetivo irá para o plural.
Exemplo: Os famosos Alencar e Machado.

Quando um substantivo é modificado por dois ou mais adjetivos no


singular
22 há três tipos de concordância.
Exemplos: As bandeiras brasileira e portuguesa.
A bandeira brasileira e portuguesa.
A bandeira brasileira e a portuguesa.

8.7 Concordância de certas


palavras e expressões
Expressões um e outro e nem um nem outro seguidas de substantivos
22 O substantivo fica no singular.
Exemplo: Um e outro problema.
22 Se vier adjetivo, este ficará no plural.
Exemplo: Um e outro problema insolúveis.

Leso, próprio, mesmo, junto, anexo, incluso, quite, obrigado, tal e


os particípios (adjetivos)
22 Concordam com o nome a que se referem.

– 109 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Exemplos: Crime de lesa-pátria.


Crime de lesos-direitos.
Crime de leso-patriotismo.
Nós próprios faremos o trabalho.
As crianças saíram juntas.
As declarações seguem anexas.
Estão inclusas as taxas e os impostos.
Eu estou quite com o clube.
Muito obrigada, disse Fernanda.
Que tais estas músicas?
Encerrada a reunião, saíram.
Menos, pseudo, alerta, quanto possível
22 Ficam sempre invariáveis.
Exemplos.: Mais amor e menos confiança.
São pseudointelectuais.
Os soldados estão alerta.
Bebi tantas cervejas quanto possível.
Adjetivos apocopados: Mor (= maior) e Grão (= grande)
22 Mor só faz plural (Mores).
Exemplo: Capitão-mor, Capitães mores.
22 Grão só faz feminino (Grã).
Exemplo: Grão-duque, Grã-duquesa.
São, santo
22 Antes de nomes próprios iniciados por consoante usa-se São.
Exemplo: São Miguel; São Benedito.
22 Antes de nomes próprios iniciados por vogal,usa-se Santo.
Exemplo: Santo Antonio; Santo André.
Exceção: Santo Tomás/São Tomás.

– 110 –
Sintaxe de concordância: nominal e verbal e recursos de expressão

Pouco, muito, bastante, só, meio, caro, barato, alto

22 Se tiverem a função de adjetivo, variam (acompanham o substantivo).


Exemplos: Havia muitas alunas.
Eram bastantes problemas.
Eles saíram sós (sozinhos).
É meio-dia e meia (hora).

22 Se tiverem a função de advérbio, ficam invariáveis (acompanham o


verbo, adjetivos, advérbios).
Exemplos: As alunas eram muito boas.
Estavam bastante longe.
Só eles não saíram (somente).
A porta estava meio aberta.
Os sapatos custaram caro.

8.8 Plural dos adjetivos


Com os adjetivos compostos
22 Só varia (gênero e número) o último elemento.
Exemplos: Centros médico-cirúrgicos.
Guerra Ítalo-soviética.

Com adjetivos compostos que indicam cor


22 Quando os dois termos são adjetivos, varia o último.
Exemplos: Vestidos azul-claros.
Blusa azul-escura.
Exceções: azul-marinho e ultravioleta (invariáveis).
22 Quando o último termo é substantivo, fica invariável.
Exemplo: blusas azul-piscina.

– 111 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Com a palavra que indica cor


22 É adjetivo, portanto varia.
Exemplos: sapatos pretos.
Blusas brancas.
Quando um substantivo é usado para indicar a cor
22 Transforma-se em adjetivo, ficando invariável, porque está suben-
tendido “da cor de”.
Exemplos: Sapatos gelo (da cor de).
Blusas rosa (da cor de).
Camisas cinza (da cor de).

8.9 Adjetivos usados como predicativos


O predicativo vem depois do sujeito composto
22 Quando os elementos do sujeito composto forem do mesmo
gênero, o predicativo do sujeito irá para o plural deste gênero.
Exemplo: Marta e Maria são amigas.
22 Se forem de gêneros diferentes, o predicativo do sujeito irá para o
masculino plural.
Exemplo: Pedro e Maria são amigos.
O predicativo vem antes do sujeito
22 O predicativo do sujeito concorda com o mais próximo ou vai para
o plural.
Exemplo: Estava quieta a casa e o campo.
Estavam quietos a casa e o campo.
O predicativo do objeto composto
22 Vai para o plural.
Exemplos: A justiça declarou culpados o réu e a ré.
A justiça declarou o réu e a ré culpados.
– 112 –
Sintaxe de concordância: nominal e verbal e recursos de expressão

Verbo Ser + predicativo do tipo: é bom, é claro, é evidente, é necessário


22 Quando vem sem o modificador, fica invariável.
Exemplos: Cerveja é bom.
É proibido entrada.
É necessário apresentação de documentos.
22 Quando vem com modificador, concorda com o nome a que se refere.
Exemplos: A cerveja é boa.
É proibida a entrada.
É necessária a apresentação de docu mentos.

Saiba mais
Assista ao vídeo sobre concordância nominal feito pela Profa. Rafaela
Motta. Nele a professora apresenta uma explicação detalhada sobre
o assunto estudado, usando questões para explicar o conteúdo. Dis-
ponível em: http://www.youtube.com/watch?v=r4WaWjy6Ryo.
Acesso em: 23 out. 2015.

8.10 Recursos de expressão ou


recursos linguísticos
Existem diversos recursos a serem usados para tornar um texto mais
expressivo. Eles podem ser: semânticos (sentido das palavras), sonoros (som
das palavras) e sintáticos (construção das frases). Os recursos de expressão são
modos de comunicar fatos de forma original, emotiva ou dando uma carga
poética ao discurso. Algumas figuras de linguagem ou de estilo são utilizadas
para atribuir ao texto uma linguagem com mais expressividade. Observe os
exemplos: recursos semântico, sonoro e sintático.
22 Recurso semântico : “O amor é difícil mas pode luzir em qualquer
ponto da cidade.” (Ferreira Gullar, s/d) http://www.klickeduca-
cao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-802-3757-,00.html.
Como você pode notar, há uma preocupação do autor em apresen-
tar o significado ou conceito do termo “amor”.

– 113 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Recurso sonoro: “Meu coração tardou. Meu coração Talvez se hou-


vesse amor nunca tardasse; Mas visto que, se o houve, o houve em
vão (...)” (Fernando Pessoa, s/d http://www.klickeducacao.com.
br/conteudo/pagina/0,6313,POR-802-3757-,00.html). Observou
como as palavras são colocadas de tal modo, que cria-se um ritmo
na frase...tardou...tardasse...
Recursos sintáticos: “Ó dor! Ó dor! Ó dor! Cala, ó Job, os teus ais,
Que os tem maiores este filho de seus pais!” (Antônio Nobre, s/d)) http://
www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-802-3757-,00.
html). Como você pode perceber, aqui a preocupação é a construção das fra-
ses, nesse caso, o autor fez um enunciado usando frases curtas e exclamativas.
Sabe-se que as figuras de palavra ou semânticas são recursos de estilo
utilizados na elaboração de textos, nos quais o autor joga com as palavras,
organizando-as conforme seu estilo e objetivos pretendidos. Nos exemplos
apresentados anteriormente, você pode notar a presença de tais recursos.
Observe os versos abaixo:
Violões que choram
Cruz e Souza
“Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
(FIGURAS DE SOM, [S.d.])

Vozes veladas: vozes escondidas, encobertas.


Volúpias: s.f. grande prazer dos sentidos.
Vórtices: s.m. redemoinho, turbilhão (BECHARA, 2009).

Neste exemplo, nota-se o uso da figura de palavra, nomeada aliteração,
que consiste na repetição consonantal (letra V). Este é o recurso usado para
intensificar o ritmo ou efeito sonoro nos versos do poeta Cruz e Souza.
Veja outro exemplo de recurso sonoro, do mesmo poeta, mas com a
repetição de sons vocálicos iguais, que recebe o nome de assonância.

– 114 –
Sintaxe de concordância: nominal e verbal e recursos de expressão

“Ó formas alvas, brancas formas claras”


Há também como recurso sonoro as onomatopeias, que são grupos de
sons que se unem para imitar ruídos. Os substantivos criados para designar ruí-
dos são considerados onomatopaicos: o tique-taque, o zunzunzum, o miau, etc.
Ex.: O relógio da sala incomodava o visitante com seu tique-taque.
Cocorocó, fazia o galo todas as manhãs.
As histórias em quadrinhos e tiras humorísticas são ricas em onomatopeias.
Na linguagem literária elas são usadas para exprimir ruídos e ou insistências.
Considere os versos iniciais do hino nacional brasileiro como exemplo
de recurso sintático.
Hino Nacional
(Letra: Joaquim Osório Duque Estrada / Música: Francisco Manoel
da Silva)
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante, [...]
Sabe-se que quando se trata da organização das palavras na oração, a gra-
mática costuma considerar como direta a ordem: sujeito-verbo-complementos.
No interior das funções sintáticas com núcleo substantivo, a ordem direta
é: determinantes > substantivo > adjetivos > locuções adjetivas > expressões
preposicionadas. Os determinantes são: artigos, pronomes e numerais.
Ao desobedecer a essa ordem direta, tem-se enunciados baseados nas
figuras de inversão. A inversão acontece geralmente com as seguintes finalida-
des: destacar ou evidenciar um termo, com isso garantindo o ritmo ou a rima
(em textos poéticos); chamar a atenção do leitor para a forma do enunciado e
para sua efetiva compreensão.
No exemplo das frases iniciais do hino nacional brasileiro, quando
ocorre o deslocamento do substantivo para depois dos determinantes, tem-se
a figura chamada anástrofe ou inversão. Esse é um recurso linguístico
usado na linguagem escrita e oral com a finalidade de aumentar a expressi-
vidade da mensagem.
No hino nacional há vários exemplos de anáfora.
– 115 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas


De um povo heroico o brado retumbante, [...]

Em ordem direta, ficaria:

As margens plácidas do Ipiranga ouviram


O brado retumbante de um povo heroico.

Ao deslocar o substantivo margens para depois do seu adjunto adnomi-


nal do Ipiranga ocorre a anástrofe. O mesmo acontece com brado, que aparece
após de um povo heroico.

Você sabia
Os manuais de gramática da língua portuguesa geralmente apresentam par-
tes distintas, tais como fonética, fonologia, morfologia, sintaxe e estilística.
Cada parte requer estudo separado; no entanto, todas as partes se relacio-
nam, pois uma complementa a outra. Ao estudar a sintaxe, você está anali-
sando as funções que as palavras exercem nos enunciados, além de verificar
as diversas possibilidades de combinação de termos em uma oração.

Resumindo
Neste capítulo você estudou as regras básicas de concordância que tra-
tam do ajuste entre o verbo e o sujeito. Viu as regras básicas de concordância
verbal nominal, bem como suas características. Entendeu o princípio sintá-
tico de concordância, bem como a distinção entre a concordância verbal e
a concordância nominal. Verificou também como ocorrem os mecanismos
que propiciam a concordância entre os termos da oração. Pôde aprofundar
seus conhecimentos sobre esse assunto a partir dos exemplos, nos diversos
contextos discursivos. Teve a oportunidade de reconhecer os principais casos
de concordância verbal e nominal que oferecem dúvidas. Percebeu a impor-
tância da combinação adequada das palavras na construção da significação
dos enunciados e, consequentemente, do texto.

– 116 –
9
Sintaxe de colocação
e noções de estilística

Neste capítulo você estudará as regras básicas de colocação


pronominal e noções de estilística, bem como suas características.
Você sabe o que é próclise, mesóclise e ênclise? Neste capítulo
aprenderá o que são, como devem ser usadas e como se distinguem.
Conhecerá as principais figuras de linguagem e os efeitos de sentidos
que elas proporcionam ao texto. Verificará também como ocorrem
os mecanismos que envolvem a adequada colocação pronominal nas
orações. Poderá aprofundar seus conhecimentos sobre os tópicos
deste capítulo, verificando os exemplos nos diversos contextos discur-
sivos. Terá a oportunidade de reconhecer o modo adequado e aceito
pela Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) no que se refere à
colocação pronominal em enunciados de um texto. E perceberá a
importância da colocação dos pronomes e do uso de algumas figuras
de linguagem para que não ocorram problemas na situação comuni-
cativa entre interlocutores.
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Objetivos de aprendizagem:
22 Refletir sobre a colocação pronominal adequada a cada contexto;
22 Compreender o uso da próclise, mesóclise e ênclise;
22 Analisar a importância das figuras de linguagem num texto e seus
efeitos de sentido.

9.1 Colocação pronominal:


próclise, mesóclise e ênclise
Quando se fala de pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, nós, vós e
eles), verifica-se que eles ocupam na frase a função de sujeito. Já os pronomes
do caso oblíquo átono (me, te, se, o, a, os, as, lhe, lhes, nos, vos) funcionam
como complemento. Você já pensou como eles podem assumir três posições
em relação ao verbo?
Próclise (pronome antes do verbo), mesóclise (pronome no meio do
verbo) e ênclise (pronome no final do verbo). Cada caso de colocação prono-
minal depende de certas condições (FARACO; MOURA, 2006).
É importante ressaltar que as orientações para a colocação pronominal,
presente nos manuais de gramática, seguem o padrão descrito pelas gramá-
ticas normativas fundamentado no português europeu. Por causa de dife-
renças de entonação, ritmo, sintaxe, o português brasileiro moderno vem
apresentando um padrão diferente, pois muitas das regras da gramática nor-
mativa nos soam muito estranhas. Autores mais modernos e parte da grande
imprensa propõem o uso de regras adaptadas ao “português brasileiro”. Para
dar início às explicações sobre a colocação pronominal, observe o trecho da
música “Ponto Fraco” abaixo.
[...] Benzinho, eu ando pirado
Rodando de bar em bar
Jogando conversa fora
Só pra te ver
Passando, gingando

– 118 –
Sintaxe de colocação e noções de estilística

Me encarando
Me enchendo de esperança
Me maltratando a visão[...]
(Compositor: Cazuza / Roberto Frejat - <http://www.vagalume.com.br/
barao-vermelho/ponto-fraco.html>.)
De acordo com a gramática que herdamos de Portugal, e que no Brasil,
com as devidas adequações, costumamos chamar de Norma Padrão, a posição
normal do pronome, no exemplo acima, Me encarando/Me enchendo de espe-
rança/Me maltratando a visão deve ser enclítica, ou seja, o pronome vem depois
do verbo. No entanto, observa-se na prática que essa regra é respeitada no
português de Portugal. Já no Brasil há um distanciamento considerável entre
aquilo que é ensinado pela gramática e a realidade produzida pelo falante.

9.2 O uso da próclise


Você sabe como fazer adequadamente a colocação pronominal?
Quer saber mais?
A próclise é usada quando há palavras ou expressões que atraem o pro-
nome. Veja os exemplos.
22 Palavras e expressões negativas.
Ex.: Não me aborreça.
22 Advérbios que indicam dúvida, lugar, modo, tempo, intensidade,
afirmação.
Ex.: Depois eu os procuro. Sempre se julgaram superiores.
22 Pronomes relativos (que, quem, qual, cujo, onde, quando).
Ex.: Cada qual se ajeite como puder.
22 Pronomes indefinidos (alguém, algum, diversos, qualquer, quem
quer que, vários, poucos, tudo).
Ex.: Poucos o viram no trabalho.

– 119 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Conjunções subordinativas (que, quando, se, porque, embora, con-


forme, segundo, enquanto, quanto mais…mais, logo que…).
Ex.: Embora lhe tenha avisado sobre o perigo, não respeitou as placas
de sinalização.
Quanto mais os governos se omitem, mais os assaltos se alastram.
22 Pronomes demonstrativos (este, esse, aquele e suas variações).
Ex.: Isso me agrada.
22 Pronomes interrogativos.
Ex.: Quem te falou a respeito do caso?
22 Verbo no gerúndio precedido da preposição em.
Ex.: Em se tratando de dicionário, este é o melhor.
22 Frase que exprime desejo ou exclamação.
Ex.: Deus nos proteja!
22 Frase com infinitivo pessoal precedido de preposição.
Ex.: Por se acharem infalíveis, caíram no ridículo.

9.3 O uso da mesóclise


Agora vamos ao uso da mesóclise.
Ela será empregada com a forma verbal no futuro do presente e futuro
do pretérito, desde que não haja nenhuma das situações que peçam o uso da
próclise (Faraco; Moura, 2006).
Exemplos: O torneio iniciar-se-á no domingo. (A forma verbal está no
futuro do presente: iniciará).
Com o reforço na conta bancária, dir-se-ia que seus problemas já não são os
mesmos. (A forma verbal está no futuro do pretérito: diria)
Levá-lo-ei ao cinema.

– 120 –
Sintaxe de colocação e noções de estilística

Mas se a frase iniciar-se com palavra negativa e/ou outra situação que
possa atrair o pronome, então ocorrerá a próclise.
Ex.: Não o levarei ao cinema.

Importante
No português do Brasil, a mesóclise é rara, mesmo em textos formais.
Na língua oral ela praticamente não existe e seu uso é considerado
pedante ou conota ironia.

9.4 O uso da ênclise


Usa-se a ênclise depois do verbo.
A norma padrão da língua portuguesa não aceita frases, orações e perío-
dos iniciados por pronomes oblíquos átonos.
Ocorrerá a ênclise quando:
22 o verbo iniciar o período: Sabe-se que o clima não está bom.
Contaram-me que você chorou;
22 o verbo estiver no infinitivo impessoal: A partir daquele momento os
dois passaram a amar-se.
Os amigos começaram a cumprimentar-se;
22 o verbo estiver no gerúndio:
Disse adeus, abraçando-me.
Tenho ótimas lembranças dele ensinando-me a dançar;
22 o verbo estiver no imperativo:
Faça-me um favor: coloque os livros na estante.
Levante-se e vá fazer o trabalho.

– 121 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Você sabia
Pode ocorrer ênclise com o infinitivo e o gerúndio ou próclise com
o auxiliar caso os verbos sejam antecedidos de palavras negativas,
conjunções subordinativas, pronomes demonstrativos etc.
Exemplos: Não lhe queremos fazer o favor.
Não queremos fazer-lhe o favor.
Não estamos entregando-lhe a carta.
Não lhe estamos entregando a carta.

9.5 Colocação do pronome


nas locuções verbais
Observe as orientações abaixo:
Quadro 1 – Como empregar pronomes nas locuções verbais.
Quando houver dois Empregue o
Exemplos
ou mais verbos pronome átono
Depois do auxiliar ou Queremos-lhe fazer este favor.
Verbo auxiliar + infinitivo
depois do infinitivo Queremos fazer-lhe este favor.
Depois do auxiliar ou Estamos-lhe entregando a carta.
Verbo auxiliar + gerúndio
depois do gerúndio Estamos entregando-lhe a carta.
Depois do verbo auxiliar.
Verbo auxiliar + particípio Nunca pode haver Eu havia-me queixado
ênclise com o particípio
Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Saiba mais
Assista à videoaula sobre colocação pronominal do Prof. Sidney
Martins. Nela o professor apresenta uma explicação detalhada e com
vários exemplos sobre o assunto estudado. Para saber mais acesse:
<https://www.youtube.com/watch?v=SBX9V0y4L80>.

– 122 –
Sintaxe de colocação e noções de estilística

9.6 Figuras de linguagem


Em seguida, vamos estudar as figuras de linguagem ou de estilo.
Elas são usadas para destacar o texto, conferindo maior expressividade
à linguagem.
São recursos linguísticos que expressam experiências comuns de modos
diferentes, proporcionando originalidade, emotividade ou poeticidade ao dis-
curso. As figuras de linguagem mostram bastante da sensibilidade de quem as
produz e traduzem, também, de forma particular o estilo do autor. O termo
utilizado em sentido figurado, não denotativo, transporta-se para outra esfera
de significação, mais ampla e criativa. (ANTUNES, s/d)
A classificação das figuras de linguagem ocorre da seguinte forma:
22 figuras semânticas ou de palavra;
22 figuras fonéticas ou de harmonia;
22 figuras de sintaxe ou construção.

9.7 Figuras semânticas ou de palavra


As figuras de palavra são figuras de linguagem que empregam termos
com sentido diverso daquele comumente utilizado, com a finalidade de obter
um resultado mais expressivo na comunicação. (ANTUNES, s/d)
Algumas figuras de palavra:

Comparação; metáfora; metonímia; sinestesia; anto-


nomásia, eufemismo, hipérbole, gradação.

22 Comparação: acontece uma comparação no momento em que fica


estabelecida a aproximação entre dois termos que se assemelham,
geralmente ligados por conjunções ou conectivos comparativos
explícitos – feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual,
que nem – e alguns verbos – parecer, assemelhar-se e outros. Exem-
plo: O olhar dele é como o sol, ilumina o planeta. (ANTUNES, s/d)

– 123 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Metáfora: ocorre metáfora quando uma palavra substitui outra por


meio de um viés de semelhança, consequência da subjetividade do
autor que a adota. A metáfora pode ser compreendida como uma
comparação resumida, em que o conectivo ou conjunção não está
expresso, mas subentendido. Exemplo: A moça é uma flor. (FARACO;
MOURA, 2006).
22 Metonímia: figura de linguagem que consiste na substituição de
uma palavra por outra em razão de existir entre elas uma rela-
ção de interdependência, de inclusão, de implicação (FARACO;
MOURA, 2006).
O efeito pela causa e vice-versa: Ex.: Conseguiu sucesso com deter-
minação e suor. (Trabalho)
O nome do autor pela obra: Ex.: Ler Guimarães Rosa é um grande
desafio. (A obra.)
A parte pelo todo: Ex.: Nunca tive um teto próprio. (Casa)
A matéria pelo objeto: Ex.: Ao cair da tarde, o bronze soa lento e
triste. (O sino.)
22 Sinestesia: essa figura de linguagem surge quando há a inter-
penetração de campos sensoriais expressa por meio de palavras
que exprimem sensações. Essas sensações podem ser físicas (gus-
tativas, auditivas, visuais, olfativas e táteis) ou psicológicas (sub-
jetivas). Aproxima-se, portanto, da metáfora e muitas vezes se
confunde com ela. Observe estes versos de Cruz e Souza. Exem-
plo: A luz gelada e pálida diluindo… Brancas sonoridades
de cascatas…
22 Antonomásia: acontece antonomásia quando existe a substitui-
ção de um nome por uma expressão que o identifique facilmente
(FARACO; MOURA,2006). Exemplo: O Fenômeno marcou
vários gols durante sua trajetória nos estádios brasileiros e estran-
geiros (O Fenômeno, em vez de Ronaldo.)
22 Eufemismo: segundo Iba Mendes (In.: “O que é eufemismo”, dis-
ponível em <http://www.etimologista.com/2012/12/o-que-e-eufe-

– 124 –
Sintaxe de colocação e noções de estilística

mismo.html>), “a palavra eufemismo tem origem no grego euphe-


mismós, formada dos elementos eu, ev (bem, bom) e phemi (falar).
Trata-se de uma figura de linguagem, que consiste no uso de palavras
ou expressões agradáveis, em substituição àquelas de sentido grosseiro
ou desagradável”.
Mendes apresenta ainda os seguintes exemplos:
faltar à verdade (em vez de mentir);
toalete(por mictório);
bater as botas (em substituição a morrer);
tumor maligno(em vez de câncer).
Podemos observar o uso de eufemismo no exemplo a seguir:
“O meu último sono, eu quero assim dormi-lo: Num largo descam-
pado…” (Vicente de Carvalho).
Obs.: os termos “último sono” atenuam a palavra morte.

22 Gradação: acontece gradação quando há uma sucessão de termos


de intensidade crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax).
Exemplo: O ar que queima os seus pulmões sadios, férreos, heroicos…
(Luis Aranha); […] a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar, agride-o
e estonteia-o. (Euclides da Cunha).
22 Hipérbole: consiste no emprego de palavras com o intuito de exa-
gerar uma ideia. É geralmente usada na linguagem familiar e no
estilo épico. Exemplo: A mãe chorava rios de lágrimas de saudades
do filho. Outro exemplo: Todo muito foi à festa, menos eu. (essa
última construção é bastante comum em nosso dia a dia).

Importante
O efeito de sentido decorrente do polissíndeto é a simultaneidade,
como se todas as ações fossem realizadas ao mesmo tempo. Já o
assíndeto provoca o efeito oposto: isola as ações.

– 125 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

9.8 Figuras fonéticas ou de harmonia


São assim nomeadas pelos efeitos produzidos na linguagem quando há
repetição de sons ou, ainda, quando há imitação de sons produzidos por obje-
tos ou seres.
As principais figuras fonéticas de linguagem ou de harmonia são alitera-
ção, assonância e onomatopeia.
22 Aliteração: é a repetição da mesma consoante ou grupo de conso-
antes num enunciado para gerar uma impressão sonora que evoque
algo ligado ao sentido desse enunciado. É comum a presença dessa
figura de linguagem no trava-línguas e parlendas.
Exemplo: Traga três pratos de trigo para três tristes tigres!
22 Assonância: É a repetição de vogais ou ditongos num enunciado.
A função da assonância é a mesma da aliteração. Combinando os
efeitos expressivos dessas duas figuras, obtém-se o efeito de har-
monia imitativa (sons que imitam objetos ou ações designados no
texto ou no enunciado em evidência).
Exemplo:
O vaga-lume
O vaga-lume
vagava
vagabundo
pelo mundo
com seu vago
lume.
(ELIAS, 2001)
Você percebeu que neste exemplo, tem marcas da aliteração e da asso-
nância? Isso porque a letra V é repetida, sugerindo o barulho provocado pelo
bater das asas do vaga-lume durante o voo. Já a repetição das vogais a e u –
uma vogal aberta e a outra fechada – dá a impressão da luzinha que se acende
e se apaga, emitida pelo vaga-lume quando ele voa.

– 126 –
Sintaxe de colocação e noções de estilística

22 Onomatopeia: são grupos de sons que se juntam para imitar ruí-


dos. Exemplo: O tique-taque do relógio não deixava Pedro dormir.
As lojas do centro da cidade estavam lotadas e o zunzunzum era imenso.

Saiba mais
Assista à videoaula sobre as figuras de linguagem, feita pelo profes-
sor Pasquale. Nela o professor apresenta uma explicação detalhada
e com vários exemplos, sobre o assunto estudado. Para saber mais
acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=uNhUFnNbf5I>.

9.9 Principais figuras de construção ou sintaxe


As figuras de sintaxe ou de construção referem-se a problemas de concor-
dância entres os elementos de uma frase, oração e período. Geralmente apre-
sentam alteração na hierarquia e disposição das palavras em um enunciado,
podendo alterar a ordem, além de possíveis repetições ou omissões de termos.
As principais figuras de linguagem de construção ou sintaxe são: elipse,
silepse, pleonasmo, anacoluto, polissíndeto, assíndeto.
22 Elipse: A elipse acontece quando há omissão de um termo que
o contexto ou a própria estrutura sintática do enunciado permite
recobrar. É um importante recurso na garantia da concisão. Tem
funcionalidade também nos textos como recurso sintático que pro-
porciona coesão.
Exemplo: Ninguém entendeu o que Paulo fez. Saiu sem se despedir.
Obs.: na segunda frase, fica clara a omissão do sujeito Paulo.
22 Silepse: recebe o nome de silepse a concordância que se faz fun-
damentada no referente designado pela palavra, e não de acordo
com a lógica gramatical. Em se tratando de um fenômeno sintático
ligado à concordância, ela pode ser:
a. Silepse de gênero: usa-se o masculino pelo feminino, ou vice-
-versa. Exemplo: A gente andou muito e ficou cansado.

– 127 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Obs.: o adjetivo cansado, no gênero masculino, funciona como


predicativo do sujeito e refere-se ao sujeito a gente, uma expressão
feminina. Supõe-se que, nesse exemplo, a expressão a gente refira-se
a um homem.
b. Silepse de número: usa-se o singular pelo plural ou vice-versa.
Exemplo: Coisa curiosa é aquela gente!
Divertem-se com tão pouco.
Obs.: O verbo divertem-se, no plural, tem como sujeito gramatical
o substantivo gente, singular. O plural justifica-se pela ideia que o
substantivo gente comunica ao enunciado.
c. Silepse de pessoa: usa-se uma pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) no lugar de
outra. Exemplo: Os brasileiros adoramos futebol!
Obs.: O sujeito, brasileiros, está na 3ª pessoa do plural; o verbo, no
entanto, está na 1ª pessoa do plural, porque o enunciador se inclui
entre os brasileiros.

22 Pleonasmo: é uma figura de linguagem utilizada para evidenciar


e reforçar o significado de uma palavra por meio da repetição da
própria palavra ou da ideia expressa por ela. O termo pleonasmo
origina-se do latim pleonasmu e significa “redundância”.
Há algumas variações de pleonasmo, como o literário, assim
conhecido por ser usado por poetas para representar um estilo.
Exemplo: “Chovia uma triste chuva de resignação” (Manuel Bandeira).
O poeta, ao fazer uso da palavra chuva, pretende repetir a ideia pre-
sente no verbo chover, assim ele pode intensificar a expressividade
do mesmo.
Há também o pleonasmo vicioso, que é a repetição de termos de
modo supérfluo ou a ideia que eles contêm. Esse tipo de figura de
linguagem é considerado vício de linguagem.
Exemplo: A menina queria entrar para dentro da sala.

22 Anacoluto: é uma quebra sintática, deixando termos desarticu-


lados no interior do período. É como se o enunciador iniciasse

– 128 –
Sintaxe de colocação e noções de estilística

um primeiro enunciado e, por alguma razão, o interrompesse,


para, em seguida, iniciar outro sem relação sintática com o pri-
meiro. Geralmente o anacoluto serve para registrar a oralidade
ou a linguagem coloquial. Exemplo: Eu parece que ninguém
me entende.
Observe que o pronome eu parece iniciar o enunciado como sujeito,
porém, na sequência, a primeira pessoa aparece como objeto do
verbo entender, representado pela forma oblíqua me. O resultado é
que o pronome eu fica sem ligação sintática como os outros termos
da oração.

22 Polissíndeto: é uma figura de conexão; o polissíndeto é a repetição


de uma mesma conjunção para ligar orações de uma mesma natu-
reza sintática. Normalmente é a conjunção coordenativa aditiva
“e”, muito embora possa ocorrer com outras.
Exemplo: […] as casas são pobres e os homens pobres, e muitos são
parados e doentes e indolentes… (Rubem Braga)

22 Assíndeto: é também uma figura de conexão; no entanto, o assín-


deto é a construção oposta. Consiste na omissão de uma conjun-
ção. Os termos da oração são separados por vírgula, configurando,
assim, as coordenadas assindéticas.
Exemplo: Escrevia, lia, dormia, acordava, levantava-me, tornava a
deitar-me (Graciliano Ramos).

Glossário
Estilística: estuda os processos de manipulação da linguagem que per-
mitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos
por meio das palavras. Além disso, estabelece princípios capazes de
explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais
no que se refere ao uso da língua. Para saber mais acesse: <http://
www.soportugues.com.br/secoes/estil/>.

– 129 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Resumindo
Neste capítulo você entrou em contato com a sintaxe de colocação pro-
nominal. Assimilou as regras básicas de como usar adequadamente os prono-
mes nos diversos contextos discursivos, tanto nos orais quanto nos escritos,
além de estudar sobre a estilística e suas peculiaridades. Entendeu o uso da
próclise, mesóclise e ênclise, bem como a distinção entre elas. Percebeu como
as figuras de linguagem são responsáveis pelos efeitos de sentido no texto.
Descobriu como acontecem os mecanismos da colocação pronominal, nas
frases e orações. Soube também da importância da colocação dos pronomes e
do uso de algumas figuras de linguagem para que não ocorram problemas na
situação comunicativa entre interlocutores.

– 130 –
10
Práticas pedagógicas
no ensino da gramática
e vertentes da
sintaxe: teoria

Neste capítulo você terá noções básicas das correntes teóri-


cas da sintaxe – estrutural, funcional e gerativa –, bem como suas
características. Entenderá a importância do ensino de gramática nas
aulas de língua portuguesa. Conhecerá os tipos de gramática e seus
conceitos, assim como a distinção entre eles. Estudará as práticas
pedagógicas no que se refere ao ensino de gramática, mais precisa-
mente a sintaxe. Compreenderá que o ensino da língua portuguesa,
no que diz respeito ao ensino das regras gramaticais, é pautado pelas
orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Você
perceberá ainda que este documento sugere que o ensino de gra-
mática ocorra de forma contextualizada, ou seja, a partir do texto
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

acontece o ensino das regras gramaticais, sempre observando o emprego delas


a cada contexto específico da linguagem no ato de comunicação.

Objetivos de aprendizagem:
22 Assimilar visão crítica das várias concepções de gramática no âmbito
dos estudos linguísticos da língua portuguesa;
22 Distinguir a tipologia das gramáticas e suas respectivas especifici-
dades e os problemas inerentes à doutrina gramatical normativo-
-descritiva tradicional;
22 Aprimorar a competência linguística por meio do estudo das várias
concepções da gramática e da análise sintática.

10.1 Noções das teorias da sintaxe:


estrutural, funcional e gerativa
Antes de apresentar as teorias sintáticas, faz-se necessário tecer comentá-
rios sobre o objeto de estudo da linguística, bem como alguns de seus impor-
tantes pilares. É interessante ressaltar que a linguística é concebida como a
ciência que se ocupa do estudo dos fatos da linguagem, cujo precursor foi
Ferdinand de Saussure, considerado o “Pai da Linguística”. Para que você
possa compreender o porquê de ela ser caracterizada como uma ciência, tome
como exemplo o caso da gramática normativa, uma vez que ela não descreve
a língua como realmente se evidencia, mas, sim, como deve ser materializada
pelos falantes, constituída por um conjunto de sinais (as palavras) e por um
conjunto de regras, de modo a realizar a combinação desses (Carvalho, 2003).
No livro Curso de linguística geral (Saussure, 2006) são apresentados os
distintos conceitos que serviram de fundamentação para o desenvolvimento
da linguística moderna. Entre tais conceitos, podem-se mencionar alguns,
como as dicotomias (Carvalho, 2003).
Quer saber mais? Continue observando como acontecem as dicotomias
que fundamentam a teoria saussureana:

– 132 –
Práticas pedagógicas no ensino da gramática e vertentes da sintaxe: teoria

Você Sabia
“A linguística moderna nasceu da vontade de Saussure de elaborar um
modelo abstrato, a língua, a partir dos atos de fala. Seu ensinamento,
que foi compilado por seus alunos e publicado após a sua morte, cons-
titui o ponto de partida do estruturalismo linguístico e, não obstante
certas passagens nas quais se encontra a afirmação de que a língua “é
parte social da linguagem”, ou que “a língua é uma instituição social”,
(...) “ a língua é um sistema que conhece apenas sua ordem própria”
ou que, como afirma a última frase do texto, “a linguística tem por único
e verdadeiro objeto a língua considerada em si mesma e por si mesma”.
CALVET ( 2002, p.11). In. GASSENFERTH (2015, p.91)

22 Língua X Fala
Para Saussure, a língua opõe-se à fala, consideradas língua coletiva
e fala individual. Diante disso, pode-se dizer que a língua é o con-
junto de signos estruturados, sistematizados; já a fala pertence ao
âmbito da individualidade. Assim, língua é social e fala é particular.
A fala é o modo como o falante usa a língua. Os fatos de um idioma
podem ser analisados e estudados separadamente dos fatos da fala.
Em algumas regiões do Brasil as pessoas pronunciam muié em vez
de mulher. Numa situação como essa, a língua não é alterada, pois
ambas as construções, mulher e muié lá ocorrem; a fala só altera a
língua quando a estrutura é alterada.
Portanto, a língua é um sistema organizado, enquanto a fala é a
forma particular de usar esse sistema (Carvalho, 2003).

22 Significante X Significado
Signo, para Saussure, é a soma de um significante com um significado.
A língua não é simplesmente nomenclatura, mas, sim, a relação
de uma imagem acústica com um conceito, isto é, um significante
e um significado que juntos formam um signo. Um signo ganha
valor em sua relação com outros signos. Por exemplo, significado
é a árvore física na natureza, e a palavra “árvore” escrita é o signifi-
cante (Carvalho, 2003. Grifo do autor).
– 133 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

22 Sintagma X Paradigma
Para Saussure as relações com os elementos linguísticos são estabeleci-
das em dois domínios distintos: um eixo de seleção (paradigmático), e
um eixo de combinação (sintagmático). Os signos, sendo alinhados um
após o outro, formam uma relação chamada sintagmática. Sintagma,
no grego, quer dizer coisa “posta em ordem”. A relação, com base nos
elementos que são combinados, chama-se paradigmática. Paradigma
vem do grego paradéigma, que quer dizer modelo, exemplo.
A dicotomia paradigma vs sintagma está no domínio da língua e
não da fala; isso porque pertence ao sistema estruturado, enquanto
a fala é a realização desse sistema pelo ato individual. Tanto as rela-
ções paradigmáticas quanto as sintagmáticas ocorrem em todos os
níveis da língua: o dos sons, o dos morfemas e o das palavras (Car-
valho, 2003).
22 Sincronia X Diacronia
Saussure estabeleceu um objeto de estudo para a linguística. Antes
dele se utilizava o método histórico-comparativo, que Saussure
denominou diacronia. Diacronia vem do grego dia, que significa
através, e kronos, que significa tempo. Nesse sentido, o estudo dia-
crônico estuda as mudanças que a língua sofreu através do tempo.
Se a diacronia estuda as mudanças que a língua sofreu ao longo do
tempo, a sincronia é o estudo da língua num determinado perí-
odo do tempo. A palavra sincronia vem do grego sin, que significa
juntamente, e kronos que significa tempo. Então a dicotomia sin-
cronia vs diacronia colabora para a distinção dos fatos sincrônicos
e diacrônicos. Os fatos sincrônicos estabelecem períodos de regu-
laridade num tempo da língua e a diacronia é a sucessão dessas
sincronias (Carvalho, 2003).

10.2 Sintaxe estrutural


De um modo geral, a sintaxe tem como objeto de estudo a relação e a
disposição que as palavras ocupam e exercem nas frases, orações e períodos.
A sintaxe estrutural surgiu como disciplina a partir do estruturalismo (teoria

– 134 –
Práticas pedagógicas no ensino da gramática e vertentes da sintaxe: teoria

fundamentada nas concepções de Saussure), encontrando respaldo na concei-


tuação de língua como uma estrutura formada por distintas hierarquias, tendo
como preocupação o estudo dos sintagmas ou palavras dentro da frase, ou seja,
apenas a disposição e organização ocupadas pelas palavras. De um modo geral,
pode-se dizer que é o estudo da palavra pela palavra, sem considerar a função
social da língua e os contextos discursivos em que os enunciados são formados.

10.3 Sintaxe funcional


Diferentemente da sintaxe estrutural, a funcional considera a língua um
instrumento de interação social, pois existe em função dela, além de levar
em consideração o discurso e a semântica, que trata da significação das pala-
vras em distintos contextos. Quando se fala de interação social, remete-se à
ideia de que cada falante possui competência comunicativa e que existe uma
relação entre os falantes de um determinado idioma. Isso possibilita o inter-
câmbio linguístico de ordem mental ou prática entre eles. A sintaxe funcional
procura identificar o que subjaz à estrutura gramatical, considerando como
seu objeto de estudo as competências comunicativas – em outras palavras,
o uso da linguagem como uma produção socialmente contextualizada. No
funcionalismo, a sintaxe e a semântica devem ser vistas de uma perspectiva
pragmática, ou seja, a língua em uso.

Pragmática: área da Linguística que tem como objeto de


estudo a língua em uso. A língua em situação de uso é regu-
lada por um conjunto de regras que vão além dos precei-
tos gramaticais de cada uma. Para a Pragmática, a Língua
é instrumento de ação e de comportamento dos falantes
inseridos numa determinada cultura. (Fiorin, 2005)

10.4 Sintaxe gerativa


A sintaxe gerativa tem seu apoio na gramática gerativa, que foi elaborada
por Noam Chomsky no final da década de 1950. Chomsky apresenta uma

– 135 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

teoria que discute aspectos linguísticos, como a criatividade do falante e sua


capacidade de emitir e compreender frases inéditas. Sendo assim, a gramática
seria considerada um sistema finito que permite gerar um conjunto infinito
de frases gramaticais. Essas frases, porém, obedeceriam a regras que definem
as sequências de palavras, e cada indivíduo possuiria estas regras internaliza-
das, de modo que teria competência linguística para utilizar a língua a partir
de diferentes arranjos segundo suas particularidades. A gramática é analisada
basicamente a partir de três ângulos ou pontos de visão: sintaxe, semântica e
fonologia (Lobato, 1986).

Figura 1 – Linguista Chomsky, pai Chomsky deu uma


da teoria gerativista. contribuição  fundamental
à linguística moderna com
a formulação teórica e o
Fonte: Shutterstock, 2015.

desenvolvimento do conceito
de gramática transformacional,
ou generativa, cuja principal
novidade está na distinção
de dois níveis diferentes na
análise das frases: por um
lado, a estrutura profunda,
conjunto de regras de grande
generalidade, a partir das
quais é gerada, mediante uma série de regras de transformação, a estrutura
superficial da frase. Este método permite basear a identidade estrutural pro-
funda entre frases superficialmente diferentes, como acontece com a voz ativa
e a voz passiva de uma frase. No nível profundo, a pessoa possui um conheci-
mento tácito das estruturas fundamentais da gramática, que Chomsky consi-
derou, em grande medida, inato (Lobato, 1986).
Com base na dificuldade de explicar a competência adquirida pelos
falantes nativos de determinado  idioma, a partir da experiência deficitária
recebida de seus pais, Chomsky considerou que a única forma de entender o
aprendizado de uma língua era postular uma série de estruturas gramaticais
inatas (já nascidas com o indivíduo), as quais seriam comuns, portanto, a
toda a humanidade. Nesse sentido, a sintaxe, elemento primordial na teoria
gerativa, analisa, segundo o autor, a competência e o desempenho linguísticos

– 136 –
Práticas pedagógicas no ensino da gramática e vertentes da sintaxe: teoria

dos falantes, no momento em que eles têm de acionar, reconhecer ou cons-


truir e interpretar as frases de seu idioma (Lobato, 1986).

Você Sabia
Avram Noam Chomsky foi linguista, filósofo, ativista, autor e ana-
lista político estadunidense; nasceu na Filadélfia (Estados Unidos),
no dia 7 de dezembro de 1928. Foi introduzido na linguística por
seu pai, especializado em linguística histórica hebraica. Estudou na
universidade da Pensilvânia, onde se tornou doutor (1955) com uma
tese sobre a análise transformacional, elaborada a partir das teorias
de Z. Harris, de quem foi discípulo. Assim, tornou-se professor do
renomado MIT (Massachussetts Institute of Technology) a partir de
1961. É autor de uma contribuição fundamental à linguística moderna,
com a formulação teórica e o desenvolvimento do conceito de gra-
mática transformacional, ou generativa, cuja principal novidade está na
distinção de dois níveis diferentes na análise das frases: por um lado,
a “estrutura profunda”, conjunto de regras de grande generalidade a
partir das quais é gerada, mediante uma série de regras de transforma-
ção, a “estrutura superficial” da frase (Pacievitch, [S. d.]).

10.5 Práticas pedagógicas e o


ensino da gramática
Nesse momento, você deve estar se perguntando: o que são práticas
pedagógicas?
As Práticas pedagógicas são as ações utilizadas pelos docentes no pro-
cesso de ensino-aprendizagem. Aqui o foco está direcionado ao ensino da
gramática da língua portuguesa. Sabe-se que o ensino pautado em métodos
tradicionais, ou seja, os estudos das regras gramaticais de forma descontextu-
alizada, não colabora na efetiva formação linguística do aluno. Sabe-se que
muitos professores de Língua Portuguesa deparam-se com esse problema que
se agrava com o passar do tempo. Os alunos chegam ao fim do o ensino
básico, na sua grande maioria, sem o domínio da língua pátria.

– 137 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

Você saberia dizer o motivo disso? Observe o que as autoridades no


assunto revelam.
Estudiosos garantem que se a instituição de ensino não adotar novas
estratégias para o ensino-aprendizagem da língua materna, os alunos con-
cluirão o nível básico sem dominar tópicos importantes da língua materna.
Diante disso, é importante buscar novas maneiras de ensino da norma,
observar as sugestões feitas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
que norteiam o ensino da gramática utilizando-se do texto como base para
o ensino das regras gramaticais. Desta forma, o ensino acontecerá de forma
contextualizada. Na língua portuguesa, podem ser encontrados alguns
tipos de gramática, mas as principais são: a normativa, descritiva, gerativa
e funcional. Três dessas quatro são desconhecidas pela maioria das pessoas,
pois são estudadas somente nos cursos de graduação em Letras; a normativa
é comum a todos. Ela é nomeada desta forma porque é a responsável pelas
regras de nosso idioma (Perini, 1979).

Importante
Atualmente, a apresentação de como é empregado o uso da norma
padrão de maneira contextualizada é bastante relevante para que o
aluno possa observar a importância dela no uso da linguagem no ato
de comunicação.

Diante do exposto, você poderá constatar que os conteúdos sobre a sintaxe


ensinados nas escolas precisam de atualizações para que haja sintonia entre o
processo de ensino-aprendizagem e a realidade linguística, pois, como apregoam
os PCNs, deve-se considerar o ensino e a aprendizagem de língua portuguesa
na escola como resultantes da articulação de três variáveis: o aluno, a língua e
o ensino. Assim, para que crianças e adolescentes tenham maior competência
oral e escrita na língua materna, impõe-se o estudo da gramática na escola. Não
é apenas o senso comum que o diz. São também os linguistas, os psicolinguistas
e os próprios programas curriculares (Brasil, 1998).
O problema está em como abordar essa gramática e que estratégias uti-
lizar para que sua aprendizagem-reflexão surta os efeitos desejados. É fato
que não se ensina gramática às crianças pelo mero desejo de que elas saibam
distinguir e listar em grupos e subgrupos as classes de palavras, e que também

– 138 –
Práticas pedagógicas no ensino da gramática e vertentes da sintaxe: teoria

saibam as regras sintáticas como uma espécie de código. O papel da gramática


é essencialmente o de aperfeiçoar a linguagem e fazer com que o aluno que a
estuda reflita sobre ela (Possenti, 1996).
Sabe-se que o ensino da gramática não contempla exclusivamente o
estudo da sintaxe. Aliás, esta é apenas uma pequena parte dela. O professor
que ensina a língua materna deverá ter em mente que a fonologia, a morfolo-
gia, a semântica e até mesmo a pragmática são disciplinas de grande impor-
tância dentro da abordagem gramatical. Neste aspecto, a atuação do professor
será de primordial importância. Será responsabilidade dele propor atividades
e encontrar estratégias para que o ensino/aprendizagem não se torne uma
tarefa árdua. Não é concebível fazer o aluno decorar extensas listas de con-
jugações de verbos e um sem-número de regras e exceções desvinculadas da
realidade concreta dos falantes (Possenti, 1996).
Certamente, ensinar gramática é desafiador para qualquer docente da área
de idiomas, principalmente o de língua portuguesa – e isso em todos os níveis:
básico, fundamental, médio e superior. Sabe-se que isso não é um privilégio
do professor; os discentes, em grande maioria, sentem alguma dificuldade no
entendimento das regras gramaticais e como e quando devem ser usadas.
Nesse sentido, Antunes (2003 p. 85) afirma: “não existe língua sem gra-
mática”. O grande desafio é promover o ensino da gramática e ter o retorno
do entendimento pelos alunos. Talvez seja essa uma das dificuldades do pro-
fessor de língua portuguesa, pois, para os alunos, o ensino da língua materna
está intimamente ligado às regras gramaticais. Desta forma, cabe ao educador
mudar esse modo de pensar e direcionar o foco do ensino nas aulas de língua
portuguesa. Uma maneira de mudar pode estar na opção de ensinar a gramá-
tica a partir do texto, de modo a contextualizar as situações discursivas. Desta
maneira, o docente poderá mostrar aos seus alunos a importância do uso da
normapadrão, por exemplo, de forma prática e contextualizada, dispensando
a famigerada decoreba das regras gramaticais.
Esse novo olhar para o ensino de língua portuguesa não é uma novidade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) já recomendam que os currícu-
los escolares insiram o texto como suporte para o ensino, tanto da gramática
quanto de outros segmentos. Notadamente, ao mudar o modo de abordar
o ensino de gramática, consequentemente será notado o resultado de pro-

– 139 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

vas como o Enem e Prova Brasil, instrumentos utilizados pelo MEC para a
verificação do Ideb. Nesse sentido, projetos de capacitação direcionados para
aqueles que atuam na educação são muito relevantes. Pode-se perceber, atu-
almente, que as faculdades de Letras formam docentes com essa nova faceta.
Portanto, a questão não deve se concentrar em “ensinar ou não gramática?”,
mas, sim, em “que gramática ensinar?” O professor, ciente da complexidade
desse conceito, deve estar atento à sua prática pedagógica, propiciando ao
aluno o acesso aos diferentes usos e reflexões acerca da língua escrita.

Saiba mais
Leia a resenha do livro de Sírio Possenti Por que (não) ensinar gramática
na escola é elaborada pelo docente do Instituto de Estudos da Lingua-
gem da Universidade Estadual de Campinas Rodolfo Ilari. Na resenha,
o autor elenca os principais capítulos discorrendo de forma crítica sobre
as principais contribuições do autor em sua obra. Vale a pena proble-
matizar o próprio título que também é discutido na obra, pois o que se
apregoa é ensinar uma gramática diferenciada e não aquela tradicional
com a qual os manuais didáticos estão acostumados (ILARI,, 1997).

10.6 Tipos de gramática


Em seguida veremos alguns tipos de gramática:
Conforme Possenti (apud Riolfi et al., 2008), existem três tipos de gramá-
tica, mas recorrentemente a escola valoriza apenas uma. Ilari (1997) também se
guia pelos estudos do professor Sírio Possenti ao estabelecer três conceitos de gra-
mática, a saber: 1) a gramática normativa ou prescritiva; 2) a gramática descritiva
e 3) a gramática como competência linguística ou gramática internalizada.
22 A gramática normativa refere-se àquela presente na maioria dos
livros didáticos. Trata-se de um modelo no qual a língua ideal (a
norma padrão ou norma culta) é perseguida e eleita como forma
de expressão que deve regular o discurso de todos os falantes (Ilari,
1997; Riolfi et al., 2008). Na perspectiva da gramática normativa

– 140 –
Práticas pedagógicas no ensino da gramática e vertentes da sintaxe: teoria

ou prescritiva, a compreensão da língua é reduzida à variedade da


norma padrão e tudo que foge a essa definição é considerado erro.
Dessa noção derivam falas bastante comuns entre os professores,
tais como “ele fala tudo errado” ou “ele escreve tudo errado”.
22 A gramática descritiva diferentemente da normativa, busca estu-
dar a língua como ela realmente é, sem as dicotomias que envol-
vem língua e erro, variedade padrão e variedade popular etc. (Ilari,
1997). Assim, Riolfi et al. (2008), interpretando o professor Sírio
Possenti, destacam que a função da gramática descritiva é descrever
ou explicar o funcionamento da língua em sua diversidade, acei-
tando-a como língua viva, passiva a mutação.
22 A gramática internalizada ou gramática da competência retrata
o conjunto de regras de funcionamento da língua que a criança
assimila e internaliza durante sua fase de aquisição da linguagem.
Esse conjunto de regras e princípios também se constitui gramática
e é o que permite à criança, muito antes de ingressar na escola,
conseguir interagir com outros sujeitos de sua comunidade por
meio de discursos orais estruturados. Nessa concepção, entende-
-se que, inconscientemente, a criança mobiliza um repertório de
conhecimentos gramaticais para se comunicar por meio de sua
língua materna, sem necessariamente saber descrever as regras que
segue (Ilari, 1997; Riolfi et al., 2008). O importante é conside-
rar que as crianças, quando ingressam na escola, já trazem, sim,
uma língua e uma gramática internalizadas, mesmo que elas não
tenham o mesmo prestígio social que a gramática normativa. Nesse
momento entra o papel da escola de conduzir os alunos para o
acesso a outras variedades da língua, entre elas a padrão.

Saiba mais
Leia a entrevista, feita pela revista Letra Magna com a participação
do Prof. Dr. Sírio Possenti Nessa entrevista o Prof. Possenti destaca
o papel do professor de língua portuguesa no ensino da gramática
e debate questões ainda recorrentes nessa área do conhecimento,
como a desmistificação de que os linguistas querem abolir a gramática
da sala de aula (Modesto, [S.d.]).

– 141 –
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

10.7 Orientações de alguns estudiosos


para o ensino de gramática
Para um conhecimento integral da língua, Geraldi (1991 apud Riolfi et
al., 2008) recomenda que a gramática seja explorada por meio de diferentes
atividades.
22 Atividades linguísticas: por exemplo, quando você utiliza a lín-
gua na interação com o outro, ou seja, expõe, argumenta, questiona
ou responde, esta prática corresponde a uma atividade linguística.
22 Atividades epilinguísticas: esta atividade sugere a reflexão sobre a
língua. Isto ocorre, por exemplo, quando você escreve um texto e,
durante ou após sua escrita, busca alterar uma palavra para causar
diferente efeito de sentido no leitor ou mesmo cuidar para que uma
palavra ou expressão utilizada não cause sentidos diferentes do espe-
rado em seu leitor. Como, em geral, a escrita não permite que o autor
esteja junto ao seu leitor durante sua leitura, é preciso selecionar rigo-
rosamente o uso das palavras e sua organização no texto. Esta é, por-
tanto, uma atividade epilinguística. Segundo Riolfi e et al. (2008), as
atividades epilinguísticas são essenciais ao aprendizado da aquisição
da escrita, pois quando o aluno reflete e compreende os processos
de construção da escrita, consequentemente entenderá as regras e os
funcionamentos dos aspectos gramaticais. Para Riolfi et al. (2008,
p. 125) “escrever não é somente registrar palavras em conformidade
com as regras sintáticas, morfológicas e lexicais”.
22 Atividades metalinguísticas. Um professor está usando a ativi-
dade metalinguística quando fala sobre a língua – por exemplo,
quando está ministrando aula para uma turma de alunos sobre a
diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal. A
atividade metalinguística usa a própria língua para esclarecer e/ou
explicar os aspectos gramaticais.

Saiba mais
Leia os PCNs para entender os parâmetros que norteiam a educação
brasileira (Brasil, 1998). .

– 142 –
Práticas pedagógicas no ensino da gramática e vertentes da sintaxe: teoria

Resumindo
Neste capítulo você teve a oportunidade de conhecer sobre as correntes
teóricas da sintaxe: estrutural, funcional e gerativa, bem como suas características.
Verificou como o conhecimento das regras gramaticais, muitas vezes servem de
estratégias e podem ajudar o leitor a entender melhor um texto. Você pôde perce-
ber a importância do ensino de gramática nas aulas de língua portuguesa, além
de ter conhecido os tipos de gramática e seus conceitos, assim como a distinção
entre eles. Compreendeu que o ensino da língua portuguesa, no que diz res-
peito ao ensino das regras gramaticais, é pautado pelas orientações dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN). Você percebeu ainda que este documento (PCN)
sugere que o ensino de gramática ocorra de forma contextualizada, ou seja, a
partir do texto acontece o ensino das regras gramaticais, sempre observando seu
emprego a cada contexto específico da linguagem no ato de comunicação.

– 143 –
Conclusão
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

A língua é um bem comum a todos e constitui-se em uma atividade


essencialmente social. No nosso cotidiano, interagimos em diversas situações
comunicativas, e a linguagem está presente nas mais diversificadas práticas
sociais, como uma aula, um e-mail, um telefonema, dentre outros. Por isso,
o domínio da norma padrão da Língua Portuguesa é almejado por muitos
falantes, por diversos motivos, um deles é o de melhorar o desempenho lin-
guístico para que possa atuar plenamente em contextos formais de uso do
idioma. Por exemplo, em uma entrevista para uma colocação no mercado de
trabalho, o falante precisa mostrar conhecimentos específicos da área, além de
saber comunicar-se formalmente.
Para isso, precisa ter conhecimentos fonológicos, morfológicos, sintáti-
cos dentre outros. Nessa disciplina, Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa,
você teve a oportunidade de entender que a gramática sistematiza os fenôme-
nos que acontecem na língua. Compreendeu que a sintaxe é responsável pela
organização dos termos nas frases, orações e períodos. Você pode entender
que a análise sintática é uma forte aliada na compreensão dos enunciados.
O conhecimento obtido, por meio dessa disciplina, vai permitir que você
elabore e organize, adequadamente, textos orais e escritos. Foi possível, tam-
bém, o desenvolvimento de competências e habilidades para a compreensão
da diversidade textual existente em nossa sociedade.
Dessa forma, acredita-se que o aluno de Letras esteja apto ao exercício
da profissão, no que se refere à compreensão dos métodos, processos, procedi-
mentos e técnicas de organização do trabalho docente, no que tange o ensino
de gramática. Após ter conhecido e assimilado vários conceitos sobre a sintaxe
da Língua Portuguesa, certamente você terá maior capacidade de organizar e
dirigir situações de aprendizagem voltadas para o ensino da análise sintática.
Sabe-se que a maior responsabilidade no entendimento da sintaxe é do pro-
fissional de Letras, entretanto conhecer a sintaxe pode ser um diferencial na
carreira profissional de qualquer cidadão.

– 146 –
Referências
Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

ALMEIDA, N. T. Gramática da língua portuguesa para concursos,


vestibulares, Enem, colégios técnicos e militares. São Paulo: Saraiva, 2009.
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Atualmente, o profissional da educação, principalmente o professor de língua
portuguesa, encontra muitos desafios. É preciso estar disposto a trilhar uma
estrada tortuosa; no entanto, ao final dessa trilha há um grande tesouro. Esse
tesouro não são barras de ouro; é muito mais que isso: é a felicidade de olhar
para trás e perceber que todo esforço empreendido na formação de seus alunos
valeu a pena. Isso é percebido, por exemplo, na colação de grau de uma turma.
Docentes e discentes em uma comunhão de alegrias e sonhos realizados.
Sabemos que nosso idioma é o que nos une como nação, e ele tem a missão
de nos socializar. A linguagem está presente em nosso cotidiano, estamos
expostos a várias situações comunicativas, nas diversas práticas sociais, por
exemplo, um e-mail, um bate-papo nas redes sociais, uma aula, uma carta, um
trabalho escolar, a leitura de uma revista dentre tantas outras coisas. Nesse
sentido, é necessário destacar a importância do professor, que no seu dia a dia
coloca um “tijolinho” na sua construção. Assim, o docente de língua portuguesa
tem a missão de formar leitores e produtores de textos, cidadãos competentes
para atuarem na sociedade de forma plena. O aluno inicia seus estudos ainda
na tenra idade, vai galgando degrau a degrau, até tornar-se um profissional.
Se a opção for a docência, certamente, ele proporcionará muitas mudanças na
vida de seus alunos.
O objetivo principal desta disciplina é, portanto, proporcionar aos estudantes a
capacidade de compreender conceitos básicos de sintaxe e transferí-los para
os desafios que o professor de língua portuguesa certamente encontrará no
mercado de trabalho.

ISBN 978-85-60531-35-6

9 788560 531356

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