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Teoria da Enunciação

Prof.a. Msc. Denise Terçariol


Teoria da Enunciação
Nos estudos da Linguística o sujeito havia ficado
de fora, quando Saussure afirmou que a
língua era o objeto de estudo da área.
Benveniste (1902, Cairo – 1976), um linguista
francês, foi o responsável pelo “reingresso” do
sujeito nos estudos da linguagem.
Antes de Benveniste, a linguagem era estudada
como uma estrutura, com leis próprias e com
um funcionamento próprio. O seu uso e a
relação dela com o usuário não era uma
questão problematizada pela Linguística.
Teoria da Enunciação

Benveniste entende a linguagem/língua


como essencialmente social, concebida
no consenso coletivo. Para ele (1989, p.
63), “(...) somente a língua torna
possível a sociedade. A língua constitui
o que mantém juntos os homens, o
fundamento de todas as relações que
por seu turno fundamentam a
sociedade.”
A contribuição de Benveniste
Benveniste procurou demonstrar no interior
da língua as características formais da
enunciação a partir da manifestação
individual que a própria língua atualiza.

Deste modo,o foco de preocupação nos


estudos da linguagem seria analisar o
processo e não o produto = analisar o
próprio ato de produzir um enunciado e
não o texto de um enunciado.
A enunciação
É o processo de apropriação da língua para
dizer algo.
 Para Benveniste, a língua é apenas uma
possibilidade que ganha concretude somente no
ato da enunciação.
 Benveniste entende que a significação passa pela
instância discursiva e, dessa forma, nos seus
estudos o usuário da língua, ou seja, o falante e
sua relação com a língua, é objeto de estudo.
 A linguagem sempre incorpora um “outro” em si.
Há sempre um diálogo com o sujeito do discurso.
Teoria da Enunciação


 Na teoria da enunciação, a Deixis é
um fenômeno estudado e
compreendido como instância do
discurso.

 O que é a deixis?
DÊIXIS
A dêixis designa o conjunto de palavras ou expressões
(expressões deiticas) que têm como função ‘apontar’ para o
contexto situacional.
Deste modo, essas palavras ou expressões, ao serem
utilizadas num discurso, adquirem um novo significado, uma
vez que o seu referente depende do contexto.
Por outras palavras, a dêixis pode ser definida como o
conjunto de processos linguísticos que permitem inscrever
no enunciado as marcas da sua enunciação, que é única e
irrepetível.
Assim, assinalam o sujeito que enuncia (locutor), o sujeito a
quem se dirige (interlocutor), o tempo e o espaço da
enunciação.
DÊIXIS
O sujeito da enunciação/locutor é o ponto central a partir do
qual se estabelecem todas as coordenadas do contexto: eu
é aquele que diz eu no momento em que fala; tu é a pessoa
a quem o eu se dirige; agora é o momento em que o eu fala;
aqui é o lugar em que o eu se encontra; isto é um objeto que
se encontra perto do eu, os tempos verbais indicam um
tempo anterior, simultâneo ou posterior ao momento da
enunciação (ex.: escrevi, escrevo, escreverei).
Com efeito, é o sistema de coordenadas referenciais (EU/TU—
AQUI—AGORA) da enunciação que possibilita a atribuição
de sentidos referenciais.
“A própria palavra dêixis, pelo seu sentido etimológico, está
associada ao gesto de “apontar”.
DÊIXIS

Os dêiticos inserem-se em diversas categorias gramaticais,


adquirindo sentido pleno apenas no contexto em que se
emitem. Assim, pertencem à categoria dos dêiticos:
— os pronomes pessoais;
— os pronomes e determinantes possessivos;
— os pronomes e determinantes demonstrativos;
— os artigos;
— os advérbios de lugar e de tempo;
— os tempos verbais;
— alguns vocábulos, como ir / vir (movimento de
afastamento / aproximação em relação ao espaço em que
se encontra o locutor e interlocutor, respectivamente).
DÊIXIS
A deixis tem origem no gestual, na capacidade
humana de dizer mostrando,
indicando.
Esse ato é realizado por um eu na tentativa de
relacionar-se com o
mundo, em um momento inédito e irrepetível, em um
contexto também particular.
Por isso, a dêixis na teoria da enunciação é
considerada como categoria de linguagem, de
enunciação e uma
reveladora das subjetividades envolvidas.

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