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INTRODUÇÃO À ANÁLISE

DE DISCURSO FRANCESA
INTRODUÇÃO

 AD surge na década de 60 pelo filosofo


francês Michel Pêcheux;
 Método de pesquisa – o sujeito da
linguagem, do discurso, do significante e do
inconsciente;
RUPTURAS TEÓRICAS
Bases Epistemológicas:
 LINGUÍSTICA – a língua não é transparente:
materialidade da língua – aborda os
processos de enunciação;
 MARXISMO – a história não é transparente
ao homem: materialidade da história – adota
o conceito de ideologia;
 PSICANÁLISE – o homem não é
transparente nem para si mesmo: sujeito
inconsciente – considera o não-dito.
LÍNGUA E FALA / LÍNGUA E DISCURSO
 SAUSSURE: LÍNGUA – SOCIAL / FALA –
OCASIONAL, HISTÓRICA E INDIVIDUAL
( SEPARAÇÃO SOCIAL / HISTÓRICO)
 AD: LÍNGUA E DISCURSO: SOCIAL E
HISTÓRICO INDISSOCIADOS
 Não considera apenas a língua como sistema, mas a
vê na sua relação com o mundo e com os sujeitos.
 A LÍNGUA NÃO É ESTRUTURA, MAS ACONTECIMENTO, A FORMA
MATERIAL É VISTA COMO ACONTECIMENTO DO SIGNIFICANTE
EM UM SUJEITO AFETADO PELA HISTÓRIA. (ORLANDI, 1999)
O QUE É DISCURSO
 DISCURSO: EFEITO DE SENTIDOS ENTRE
INTERLOCUTORES (PÊCHEUX,1969)
 A AD de Pêcheux propõe-se a pensar os efeitos
de sentido no discurso, considerando as
condições de produção, a ideologia, a posição
do sujeito falante e todo o processo discursivo.
 Portanto, sua preocupação nunca foi “O que
isso significa?”, não se importando com os
significados dos fenômenos, mas com os
significantes que emergem de um sujeito que
falha em dizer.
CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
 1. SITUAÇÃO:
 A) EM SENTIDO ESTRITO: AS
CIRCUNSTÂNCIAS DA ENUNCIAÇÃO (fatores
internos e externos ao sujeito)

 B) EM SENTIDO AMPLO: CONTEXTO SÓCIO-


HISTÓRICO IDEOLÓGICO
 Assim, o homem, localizado entre os aspectos social e
histórico, caracteriza-se pela tensão entre a sua
individualidade e a determinação exercida pelo contexto
em que se insere.
Fases da Análise de Discurso
 1ª fase: Maquinaria discursiva – sujeito
“assujeitado”:
 Publicação da Análise Automática do Discurso
(1969) – dispositivo que pudesse generalizar o
discurso – “maquina de ler” que “arrancaria a
leitura da subjetividade”;
 Os discursos eram tomados como estruturas,
armazenados em Formações Discursivas (FD’s) –
homogeneidade do discurso segundo as
Formações Ideológicas (FI’s)
Fases da Análise de Discurso
 2ª fase: FD, interdiscurso – forma – sujeito:
 FD’s não são homogêneas, mas relacionam-se e
ainda se constituem por aquilo que não é dito, o
silenciado.
 Interdiscurso – AD concebe o discurso como
formado e perpassado por vários outros discursos
que o antecedem ou que acontecem
simultaneamente.
 É aquilo que fala antes e memória discursiva que seria
“o saber discursivo que torna possível todo dizer.
Fases da Análise de Discurso
 3ª fase: Heterogeneidade do sujeito e do
sentido:
 Abre-se a possibilidade de tratar da questão da
incompletude do sentido, que atravessa a
literatura e as manifestações mais triviais da vida
cotidiana. Nessa perspectiva, busca-se
“elementos para compreender como se constrói o
sentido no discurso, levando-se em conta um
sujeito que falha em dizer, porque as palavras
escapam a seu domínio”. (TEIXEIRA, 2005, p.
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A ANÁLISE, O TEXTO, O DISCURSO

 OS PERCURSOS DA ANALISE DO
DISCURSO:
 A – análise da superfície textual;
 B – determinar as relações do texto com as
formações ideológicas: passagem do objeto
discursivo para processo discursivo
 Pêcheux (1975) – processo discursivo
consiste nas relações de substituição:
paráfrases, sinonímias, etc, que funcionam
entre elementos linguísticos de uma
formação discursiva (FD)
Etapas AD
 Processo de análise do discurso
DISPOSITIVOS ANALÍTICOS
processo de dessuperficialização do corpus de análise,
objetivando-se encontrar os mecanismos de produção
de sentido dos sujeitos.
PARÁFRASE
 Diz respeito a matriz de sentido da
linguagem em suas diversas manifestações,
tratam-se de discursos já estabelecidos
presentes na fala do entrevistado, em que
seus elementos se repetem.
 É um mecanismo de fechamento, de
delimitação das fronteiras em busca da
preservação de sua identidade.
POLISSEMIA
 Contrapõe-se à paráfrase, sendo definida pelo
deslocamento, que provoca uma ruptura e
experimenta um sentido novo no dito cotidiano.
Quando o enunciado passa a ter vários
sentidos, causando um equívoco, o diferente.
 o fato de nem sempre essa ruptura ocorrer está
relacionado ao modo como os sujeitos
enunciadores são afetados pela língua, se
inscrevem na história e afetam e são afetados
pelo jogo entre paráfrase e polissemia.
Discurso Polissêmico
Se o real da língua não fosse sujeito à falha e o real
da história não fosse passível de ruptura, não
haveria transformação, não haveria movimento
possível, nem dos sujeitos, nem dos sentidos. É
porque a língua é sujeita ao equívoco e a
ideologia é um ritual com falhas que o sujeito, ao
significar, se significa. Por isso, dizemos que a
incompletude é a condição da linguagem: nem os
sujeitos, nem os sentidos, logo, nem o discurso, já
estão prontos e acabados (ORLANDI, 2001)
INTERDISCURSO
 O sujeito elabora o seu dizer remetendo-o a
outros discursos, em fazer uso de outros
discursos de acordo com sua aproximação com
os mesmos, demarcando também como se
posiciona ideologicamente. Constitui-se como a
“memória do dizer”.
 É através dessa memória que os sentidos se
constroem, dando a impressão de que a pessoa
sabe do que está falando e de que esse dizer
possui origem exclusiva em seu pensar.
METÁFORA
 É definida como um fato semântico produzido por
uma substituição contextual, pelos deslizamentos de
sentidos; é a tomada de uma palavra pela outra
através de um mecanismo de transferência.

 Já para Orlandi (2001) , metáfora é um dos lugares


privilegiados em que a ideologia e a historicidade se
manifestam, pois, pelos equívocos gerados por
essas variáveis no inconsciente do enunciante,
permite que os sentidos atribuídos pelos próprios
sujeitos se mostrem.
APLICAÇÕES
 Os dispositivos analíticos permitem superar as
ilusões que o analista constrói ao entrar em contato
com o material empírico, descortinando a literalidade
da discursividade e explicitando que, normalmente,
se enuncia sem a noção de abrangência do dito ou
não se pronuncia o que se quer dizer. Por isso, há
necessidade de sua compreensão e utilização como
instrumental útil para o desenvolvimento de uma
análise de discurso, conferindo o rigor necessário ao
processo científico e evitando que o pesquisador se
limite a descrever os resultados encontrados.
APLICAÇÕES
 De forma circular, ao utilizar esses dispositivos e
explicitar os mecanismos de produção de sentido, eles
permitem observar a presença de outros dispositivos
que expõem, em uma profundidade e complexidade
crescentes, o processo de constituição de sentidos
utilizado pelos sujeitos. Assim, em um constante
processo de ir e vir entre o corpus, os dispositivos e os
mecanismos de constituição de sentido, de tal modo
interligados e implicados que é impossível separá-los,
o analista vai realizando as etapas necessárias à AD e
construindo o seu trabalho embasado teoricamente
FINALIZANDO

 A Análise de Discurso tem como


característica ouvir no que é dito o que é dito
ali ou em outro lugar, o que não é dito e o
que deve ser ouvido por sua ausência
necessária.

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