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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM LETRAS
TÓPICOS DE ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO

LINGUAGEM E
DISCURSO
Patrick Charaudeau
Jackeline Braga, Jessica Dantas, Jéssica
Souza e Maria Machado
Informações
bibliográficas
Linguagem e discurso. Modos de
organização.
Patrick Charaudeau

Ano de publicação do livro

2008
BIOGRAFIA DO AUTOR
Patrick Charaudeau é professor emérito da Universidade
de Paris-Nord (Paris XIII) e fundador do Centre
d'Analyse du Discours (CAD) dessa mesma universidade.
Criador de uma teoria de análise do discurso, denominada
Semiolinguística, é autor de diversas obras: A conquista
da opinião pública, Discurso das mídias, Discurso e
desigualdade social, Discurso político, Dicionário de
análise do discurso e Linguagem e discurso e A
manipulação da verdade, todos publicados pela Contexto.
Na França, é autor de vários livros, capítulos de livros e
revistas, dedicados aos estudos discursivos. (Editora
Contexto)
CONCEPÇÕES
TEÓRICAS
PARTE UM PARTE DOIS

Reflexão sobre o Os princípios básicos


Discurso; que se referem à
Os protagonistas organização
do Ato de discursiva dos
linguagem; diferentes atos de
Sua relação com o comunicação
sentido discursivo.
PRIMEIRA PARTE

UMA PROBLEMÁTICA

SEMIOLINGUÍNSTICA

DO ESTUDO DO

DISCURSO
Campo de outro

Método
pesquisador

Distância do

Conhecimento
Problemáticas objeto

no discurso Objeto Justificativas

O campo Semiolinguístico
O signo entre o sentido
de língua e o sentido de
discurso
1. A dupla dimensão do
fenômeno linguageiro
(Um grupo de pessoas sentadas em torno de uma mesa. Ambiente

animado. Um garçom se aproxima do grupo.)


O garçom (apontando para um maço
de Marlboro que está sobre a mesa):
"De quem é este maço de cigarros?"
Alguém (dirigindo-se à moça ao seu lado):
"É seu, não é, Cristina?"
Um outro (dirigindo-se ao que falou antes):
"Você não entendeu que ele queria um cigarro? Você não tem reflexos."

Expectativa múltipla

Depende do ponto de vista dos atores envolvidos no diálogo


O que o garçom realmente queria dizer? O cigarro não poderia ser deixado
em cima da mesa? Ele desejava um cigarro? Ele queria falar sobre a
publicidade da embalagem? Ou gostaria de falar que cigarro faz mal para a
saúde ?

a) O explícito como testemunha de uma


atividade estrutural da linguagem: a
simbolização referencial

"Fecha a porta"

"Abra a porta", "Fecha a janela", "Fecha uma porta", "Eu lhe peço para fechar a porta".

É possível encontrar sentido nestas frases mesmo que estejam fora de um


contexto;
Todas essas frases são alternativas à primeira;
Resultam da formação de paráfrases estruturais;
O autor nomeia de Simbolização referencial.

b) O implícito como testemunha de uma


atividade serial da linguagem: a Significação
"Fecha a porta"

(Vamos levar em conta as circunstâncias de produção - intencionalidade do


sujeito)
"Fecha a porta" comunica ao seu interlocutor que:
(1) "está com frio";
(2) "quer confiar-lhe um segredo";
(3) "os barulhos do corredor estão incomodando".

Tais frases evidenciam um sentido implícito;


São denominadas paráfrases seriais;
São concomitantes à mesma instância de fala
O autor nomeia de Significação

II. As condições de produção/ interpretação do


ato de linguagem (ou circunstâncias de
discurso)
Sequência n° 2: Crônica esportiva

(Crônica sobre o encontro de uma equipe de futebol polonesa com o time francês
de Saint-Etienne, pela copa U.E.F.A. O cronista, depois de destacar o que qualifica
como atos de agressão dos poloneses contra os jogadores do Saint- Etienne e as
respostas dos jogadores deste último time, diz o seguinte)

"Mas um jogo de futebol, sobretudo nesse nível, não é um confronto de


intelectuais."
a) Os saberes do Enunciador e do Interpretante sobre
o propósito linguageiro, ou o investimento de suas
práticas sociais

Para compreender a palavra intelectual, levamos em conta que:


Partilhamos experiências dos mais variados tipos (física, intelectual, afetiva, etc.)

Por exemplo:
Victor telefona para sua amante, Marta, e que esta lhe diga: "João está viajando" (João é
o marido de Marta). As condições de saber que Marta e Victor partilham a respeito de
João (casal de amantes versus marido da mulher) permitem compreender "João está
viajando" como: Estamos livres, nesse momento."

Exemplo 2 "Não é um bom momento para vir me ver"


As Circunstâncias de Discurso intervém na partilha do saber
b) Os saberes do Enunciador e do Interpretante, um a
respeito do outro, ou o "filtro construtor do sentido" dos
protagonistas do ato de linguagem

O saber dos protagonistas da linguagem depende igualmente dos saberes


que tais sujeitos comunicantes supõem existir entre eles e que
constituem os filtros construtores de sentido.

As condições para que Marta e Victor possam se compreender são que


eles saibam que "João é o marido de Marta"
"o que João faz quando ele diz que vai viajar",
mas também que eles se reconheçam do ponto de vista de "amantes um
do outro".
O ato de linguagem como
encenação
I. O ato de linguagem como ato inter-
enunciativo
Universo de discurso do EU

EU Processo de produção -> TU Zona de intercompreensão


suposta

EU' <- Processo de interpretação TU

Universo de discurso do TU'


O sujeito destinatário (TUd):
interlocutor fabricado pelo EU como destinatário ideal. O EU
tem sobre ele um total domínio.

O sujeito interpretante (TUi):


É um ser que age fora do ato de enunciação produzido pelo
EU. O TUi é o sujeito responsável pelo processo de
interpretação que escapa do domínio do EU.
O sujeito enunciador (EUe):
Uma imagem de enunciador construída pelo sujeito
produtor da fala

O sujeito produtor da fala (EUc):


Sujeito produtor da fala

Contratos e estratégias de discurso


A noção de contrato é dado pelo fato de que os indivíduos


(pertencentes às práticas sociais comuns) podem chegar
a um acordo sobre as representações linguageiras dessas
práticas sociais. “[...] Em decorrência disso, o sujeito
comunicante sempre pode supor que o outro possui uma
competência linguageira de reconhecimento análoga à
sua [...]” (CHARAUDEAU, 2014, p. 56).

SEGUNDA PARTE

OS MODOS DE ORGANIZAÇÃO

DO DISCURSO
PRÍNCIPIOS DE ORGANIZAÇÃO DO DISCURSO
O que é comunicar? É o falante (ao falar ou escrever) em relação ao interlocutor.

Situação de comunicação: (Psicológica e social) e ligados por um contrato de


comunicação. (CHARAUDEAU, 2008, p. 68).

Língua constitui o material verbal em categorias linguísticas que ao mesmo tempo


tem forma e sentido. (CHARAUDEAU, 2008, p. 68).

O Texto "[...] resultado do ato de comunicação e os modos de organização do discurso,


em função das restrições impostas pela situação”. (CHARAUDEAU, 2008, p.68).

a)Anúncios de oferta de empregos.

Do ponto de vista enunciativo, o sujeito pode interpelar o destinatário. Deseja trabalhar


com autonomia? Então este anúncio lhe interessa”. (CHARAUDEAU, 2008, p.68)
1 - SITUAÇÃO E CONTEXTO

Situação: se refere ao ambiente físico e social do ato de comunicação. Externo ao ato de


linguagem.

Contexto: se refere ao ambiente textual de palavras ou sequência delas interno ao ato de


linguagem de maneira (texto verbal, imagem etc). (CHARAUDEAU, 2008, p. 68).

Contexto discursivo nomeia atos de linguagem existentes numa determinada sociedade


e compreensão do texto a interpretar. ("junto ao rumo").

2. Componentes da situação de comunicação todo sujeito ocupa o centro da situação de


comunicação com o parceiro.

a) Características físicas; b) identitárias; c) características contratuais.

3.Observação sobre língua falada/língua escrita.

3.1 Situação dialogal.


O Modo Enunciativo tem uma função particular na organização do discurso,


sua vocação é dar conta da posição do locutor com relação ao interlocutor, a si
mesmo e aos outros. Ele intervêm na encenação dos três modos de
organização, por isso, este modo comanda os três modos de organização.

Função Base é:
É uma relação de influência (EU TÚ)

Ponto de vista do Sujeito (EU ELE)

Retomada do que já foi dito (ELE)

Princípio de organização
Posição em relação ao interlocutor, posição em relação ao mundo
Modos de
organização do
discurso

Narrativo
Descritivo Argumentativo
Função base: construir a

sucessão de uma história no Função base: expor e provar


Função base: é identificar e tempo com finalidade de casualidades numa visada
qualificar seres de modo fazer um relato. Princípio de racionalizante para
objetivo e subjetivo. organização: organização influenciar o interlocutor.
Princípio de organização: da lógica narrativa (actantes Princípio de organização:
é qualificar, encenação e processos) e encenação Organização da lógica
descritiva. narrativa. argumentativa, encenação


argumentativa.
Texto é qualquer manifestação
material (verbal e semiológica:
oral/gráfico, gestual etc.
(CHARAUDEAU, 2008, p. 77).
Os gêneros textuais tanto podem
coincidir com um modo de discurso
que constitui sua organização
dominante quanto resultar da
combinação de vários desses modos.
(CHARAUDEAU, 2008, p. 78).
MODO DE

ORGANIZAÇÃO

. ENUNCIATIVO
O que é enunciar?
II. Componentes da construção enunciativa.
1. Relação de influência do locutor sobre o interlocutor ou "comportamento ALOCUTIVO".
Salvem os pandas! Salvem as baleias!
1. Relação do locutor consigo mesmo ou "comportamento Elocutivo"
2. "Eu não sei se...," "Eu ignoro se...".
3. A relação do locutor com um terceiro ou "comportamento Delocutivo" Ele relata "o que o
outro diz e como o outro diz".
IV. Procedimento da construção enunciativa: As categorias modais.

1. Modalidades Alocutivas

1.1 PROPOSTA – estabelece com seu enunciado uma ação de dizer.


Interlocutor: recebe uma oferta da qual ele deve ser beneficiário. Exemplo: “Eu te
proponho a função de crítico de cinema em nosso jornal”.
.

2. Modalidades ELOCUTIVAS

1.1 AVISO
papel do locutor: no enunciado estabelece uma ação a realizar por ele mesmo, que
pode estar ligado por uma condição.
Papel do interlocutor: é tido como ciente da intenção do locutor.
Exemplo: “Estou avisando que não estou mais disposto a aceitar essa situação”.

3. Modalidade DELOCUTIVA
Apreciação: "E bom que...", "É satisfatório que..."

MODO DE

ORGANIZAÇÃO

DESCRITIVO

I - SOBRE O MODO DESCRITIVO


II - A CONSTRUÇÃO DESCRITIVA
III- A ENCENAÇÃO DESCRITIVA
"Descrever consiste em ver o mundo com
o 'olhar parado' que faz existir os seres ao
nomeá-los, localizá-los e atribuir-lhes
qualidades que os singularizam"
(CHARAUDEAU, 2008, p.111, grifo do autor)

Descrever e Descrever dá
contar tem sentido ao
proximidades Narrativo

Descrever e Os três modos de


Argumentar estão organização
estreitamente ligadas contribuem igualmente
para construir textos.
I - SOBRE O MODO O que é descrever?
Descrição/descritivo:
DESCRITIVO Do ponto de vista
tipologia ou
do sujeito falante: é
procedimento?
PROBLEMÁTICAS: uma atividade de

Descrever ou linguagem.
O termo descritivo é
contar?
utilizado para definir IMPORTANTE:
Qual sua finalidade?
um procedimento O Descritivo pode
Há relação de
discursivo combinar com o Narrativo
continuidade entre
(processo); e o Argumentativo no
categorias textuais e
Descrição serve âmbito de um mesmo
suas características
para definir um texto texto.
discursivas?
(resultado);

II - A construção descritiva

3 tipos de componentes: O descritivo serve:


1. Nomear: Construção de imagem
Percepção/Classificação: É o atemporal do mundo;
sujeito que constrói e estrutura a Se expande fora do tempo;
visão do mundo. Fixa lugares e épocas,
Faz existir seres significantes no maneiras de ser e de fazer;
mundo. Caracteriza objetos;
2. Localizar-situar: o ser EXEMPLO:
depende de sua posição Personagens, lugares e objetos
espaço-temporal. descritos por autores como José
3. Qualificar: Atribuir a um ser de Alencar, Machado de Assis,
uma qualidade, fazendo-o estar Aluísio de Azevedo etc. são
em um subgrupo. Atribui sentido imortalizados.
particular.
Procedimentos COMPONENTES
PROCEDIMENTOS FINALIDADE (da Situação
GÊNEROS DE TEXTO
DISCURSIVOS de Comunicação)
discursivos da
construção
descritiva Inventário
Listas recapitulativas
recensear Listas identificatórias
identificação
informar Nomenclaturas
Artigos da Imprensa
Romances

Textos de lei
Textos didáticos
NOMEAR definir TExtos científicos
LOCALIZAR- Construção Objetiva do explicar Crônicas
mundo incitar Modos de usar
SITUAR contar
Anúncios
Relatos literários
QUALIFICAR Resumos

Publicidades
Declarações
Anúncios-bilhetes
Fonte: Construção Subjetiva do incitar Catálogos
mundo contar Relatos jornalísticos
CHARAUDEAU, Canções
2008, p.131. História em quadrinhos
Textos literários
III - A encenação descritiva
Ordenada pelo sujeito falante: o descritor;
Produz efeitos:
Saber: identificações e qualificações =
descritor sábio;
Realidade e de ficção: io narrador-descritor -
exterior e parte interessada;
Confidência: intervenção do descritor -
apreciação pessoal;
Gênero: emprego de alguns procedimentos
do discurso repetitivos e característicos de
um gênero
MODO DE

ORGANIZAÇÃO

NARRATIVO

I - SOBRE O MODO NARRATIVO


II - ORGANIZAÇÃO DA LÓGICA NARRATIVA
III - A ENCENAÇÃO NARRATIVA
I - Sobre o modo narrativo

Importante: "Para que uma


Por que contar:
Não confundir gênero sequência de busca constante e
textual e modo de acontecimentos infinita às questões
organização do contados se fundamentais;
discurso; transforme em Atividade linguageira
Definição e função narrativa, é preciso que implica uma série
narrativa inventar-lhe um de tensões e até
Na narrativa, é contexto" (VARGA contradições
necessário um apud CHARAUDEAU,
"contador": com 2008, p. 153)
intencionalidade de
transmitir algo a um
destinatário.
Contar é:
A ordem do Narrativo:
Fazer surgir o universo
Narrativa é totalidade - Narrativo,
contado: crer no verdadeiro,
um dos seus componentes.
ainda que ficcional;
A narrativa usa os modos de
Construir um universo de
organização: Narrativo e descritivo
representações das ações
Logo,
humanas: ao mundo, ao ser
Narrativa e Narrativo são
humano e à verdade.
diferentes;

O Narrativo é:
Descoberta;
Sucessivo e contínuo.
O sujeito que narra:
testemunha/experiência

II - Organização da lógica
narrativa
Componentes da lógica narrativa: Procedimentos de configuração da
Actantes: papéis relacionados à lógica narrativa:
ação; Encenação da lógica narrativa;
processos: orientação funcional à Considera especificidades
ação dos actantes; semânticas, convertendo a
sequências: princípios de narrativa em história contada;
organização que integram Conduzida por princípios de
processos e actantes. intencionalidade, coerência,
encadeamento e localização.
Está configurada em diferentes
materiais semiológicos: filme,
história em quadrinhos, teatro etc.
III - A encenação narrativa
DISPOSITIVO DA ENCENAÇÃO NARRATIVA
Situação de comunicação
(Experiência vivida + Projeto
de escritura)

História Contada como real

Historiador (de hist. real)


(Indivíduo) (Indivíduo)
NARRADOR LEITOR
AUTOR LEITOR REAL
Contador de DESTINATÁRIO
(Escritor) (Competência de
histórias (de hist. inventada)
leitura)

História contada como ficção


MODO DE

ORGANIZAÇÃO

ARGUMENTATIVO

I - SOBRE O MODO ARGUMENTATIVO


II - ORGANIZAÇÃO DA LÓGICA ARGUMENTATIVA
III - A ENCENAÇÃO ARGUMENTATIVA
I - SOBRE O MODO

C. Pelreman define uma nova retórica,

ARGUMENTATIVO estudando as técnicas antigas de

adesao dos espítos às teses.

História da
A psicologia, a partir

O. Ducrot propõe distinguir o

dos anos 50, também

argumentaç
raciocícnio liinguístico do

se interessou pelas

estudo da argumentação.
ão mensagens

persuasivas e pela

comunicação e sedus

Antiguidade: Fazia-se a
J. B. Grizeopõe argumentação,

impactos em grupos

distinção entre o que pertence


que leva em cfonta o contexto

sociais.
ao raciocício e o que pertence a
e os sujeitos, da demonsração,

persuasão. uma formalização.


I - Sobre o modo argumentativo


Definição e função do
Para que haja

argumentativo argumentação é

O aspecto
necessário que exista:

argumentativo de um
1. Um questionamento

discurso está no
sobre à legitimidade da

implícito. proposta; 2.Um sujeito

Não confunda
que se engaje no

argumentação com
questionamento e

outros atos do discurso raciocine para

desenvolver uma

(negação: - O clima

verdade sobre a

ficou maluco. - Não.

proposta; 3. Um outro

Não ficou; refutação:

sujeito a quem se dirige

Dizer que o clima ficou


o sujeito que

maluco não é verdade, argumenta.


porque...)
Argumentar é uma atividade discursiva em que

existe uma dupla busca: 2. Uma busca de influência que tende a


um ideal de persuasão, compartilhando
1. Uma busca de racionalidade que com o outro um certo universo
tende a uma explicação de discursivo para que este tenha as
verdade quanto à explicação de mesmas propostas.
fenômenos do universo.

São percsebidos por duas filtragens: experiência


Cuidado para não cair em dois extremos:
individual, social, espacial e temporalmente
deterinado, e operações do pensamento que
Considerar que o único problema de
constroem um universo discursivo dependente Tratar a argumentação em sua
comunicação humana é fazer com que
de esquemtaizações coletivas. vertente racional, buscando
o outro venha a aderir e ingressar em
somente a lógica do raciocínio.
seu próprio universo de discurso
confundindo sedução e persuasão.
Posição do autor:
Não se deve confundir os objetivos de comunicação (fazer
aderir, comprender ou manipular) com certos meios discuraivos
(seduzir, persuadir).
Argumentar inclui diversos procedimentos que se inscrevem
numa finalidade racionalizante numa lógica e princípio de não
contradição.
A ordem do argumentativo
|A argumentação é o resultado textual de uma combinação entre diferentes componentes que dependem de uma situação

que tem finalidade persuasiva. Poderá apresentar-se sob forma dialógica (interlocutiva), escrita ou oratória (monolutiva). O

argumentativo, como Modo de organização do discurso, constitui a mecânica que permite produzir argumentações sob

essas diferentes formas.


Esse modo tem por função permitir a

construção de explicações sobre asserções


Categorias de língua, de discurso e tipos de discurso são
feitas acerca do mundo numa dupla
três domínios de construção da linguagem que se
perspectiva: relacionam. Nas categorias de discurso e tipos de textos:
os textos científicos são organizados segundo um
Razão demonstrativa: se baseia num
mecanismo que busca estabelecer relações de modo em que predomina o argumentativo
causalidade diversas que se estabelecem (explicativo);
através da organização da lógica argumentativa, os textos didáticos são organizados de maneira ora
ligados aos tipos de relações e tipos de descritiva ora argumentativa;
validação. os textos de imprensa utilizam principalmente o
descritivo e o narrativo, vindo o argumentativo
Razão persuasiva: se baseia num mecanismo somente em contraponto;
que busca estabelecer a prova com a ajuda de os textos publicitários raramente são argumentativos
argumentos que justifiquem as propostas a em sua função explícita, mas as revistas técnicas
respeito do num do, e as relações de causalidade fazem muito apelo a esse modo de organização.
que unem as asserções umas às outras.
Depende de procedimentos de encenação do
sujeito argumentante.
II- Organização da lógica argumentativa
Toda relação argumentativa swe compõe de
pelo me nos três elementos: aserção de partida
(dado, premissa), asserção de chegada
(conclusão: causa ou onsequência, resultado) e Componentes da lógica argumentativa
asserção de passagem, relação de causalidade
que une A1 a A2 (prova, argumento, inferências)
Exemplos:
São cinco horas(A1), eles não virão mais (A2)
Você acha? Dê-me um só argumento que
prove o que você está falando.
O último trem parte ás três horas e chega
aqui às quatro e meia. Ora ás três horas eles
ainda estavam em casa quando telefonei para
lá. (argumento, prova)

O céu está azul (A1), você pode fechar o guarda


chuva (A2).
(Inferência): Quando o céu está azul, não chove.
Quando não chove, não há necessidade de abrir o
guarda-chuva.
Procedimentos da lógica argumentativa:

modos de raciocínio

Se as flores são plantas (e se) uma tulipa é uma flor (então, portanto) a tulipa é uma planta.
Chove, (portanto), eu levo o guarda chuva
Se você acabasse o trabalho, poderia ir ao cinema
Se 51% dos brasileiros aprovam esta medida, então o Brasil está em perigo.
Ele engordou porque comeu carne de ovelha e porque carne de ovelha é gorda
Eu fui embora porque fecharam a porta no meu nariz
O Brasil está em perigo, porque 51% dos brasileiros dizem...
Não tirei nenhuma conclusão de sua atitude, talvez porque pensasse que talvez não tivesse feito de
propósito
Os pequenos vinhos só são pequenos porque estão ao lado dos grandes
O Brasil nunca é tão Brasil quando é ele mesmo

Ou se é juiz, ou se é réu, mas não se pode ser as duas coisas ao mesmo tempo
Ou eu ou o caos
Ou eu reduzo seu salário, ou você trabalha mais. Escolha.
Ou eu aumento seu salário e você ganha mais dinheiro, ou eu reduzo sua jornada e

você dispõe de mais tempo.


-Você disse que ele é maleável, mas eu não acho. - Mas não disse que ele era

maleável, eu disse amável.


III- A encenação argumentativa
Componentes da encenação argumentativa

A proposição parte de um quadro de questionamento


baseado na possibilidade de pôr em causa a proposta.
Uma proposta se compõe de uma ou mais asserções A persuasão coloca em evidência um quadro de
que dizem algo sobre os fenômenos do mundo, raciocínio persuasivo que é destinado a desenvolver uma
quando se põe uma asserção com uma outra. das opções do quadro de questionamento, a
Corresponde a tese. controvérsia, para estabelecer a prova da posição
adotada na proposição.
Tipos de

configuração
Procedimentos de encenação argumentativa
Os procedimentos semânticos

É verdadeiro porque é autêntico


Este objeto tem valor porque é belo
É porque eu sou X que eu ajo assim
Eu bebo cerveja quando faz calor, porque é refrescante
É necessário agir rápido para pegar o inimigo de surpresa

Com X você encontrará seu verdadeiro rosto


Você é linda/ Mais que demais/ Você é linda sim/ Onda do
mar do amor/ Que bateu em mim
Longe de afetar somente os atuais alunos, pais e
professores da escola, esta grave questão concerne a
todos.
Mais vale um pássaro na mão que dois voando
X faz a sopa que você ama.
Procedimentos de encenação argumentativa
Os procedimentos discursivos

Eu falo da liberdade de expressão e não da liberdade de agir


Crescer é NESTLÉ
Porque a temperatura deste ano é como a do ano passado
Não confunda olhos com bugalhos
Isto é um homem de bem (Subentendido: os outros não são)
Ele é sutil como um trator

Descreve-se fatos ou histórias para reforçar uma prova ou produzi-la


O próprio ministro disse que os impostos iam baixar para algumas categorias de produtos. Eu não

inventei nada!
Ricardo pode testemunhar. Ele me disse ter visto umas pessoas suspeitas saindo da loja naquela manhã.
Após esta vitória, eu poderei dizer como César "Vim, vi venci"

Ele não somente quebrou sa promessa feita ao cunhado, como também o impediu de agir
Você se lamenta o tempo todo. Você quer receber adiantamento. Então valorize o seu trabalho , ou

trabalhe mais.
Senhor William, será que isto o tentaria a ir viver no interior? Eu lhe dou uma promoção
Você pede dois anfiteatros a mais, mas você sabe, ao menos, qual é o montante de nossa verba de

custeio?
Você é um grande preguiçoso, não?
Por que eu deveria me cansar para ir procurar clientes, se eles chegam sozinhos?
Procedimentos de encenação argumentativa
Os procedimentos de composição

Começaremos por...Vejamos agora...Terminemos por...


Como já vimos acima...
É preciso ressaltar que ....

Retomar os argumentos de modo resumido por


reformulação ondensada ou por quadros e figuras.
Discussão final:
1) De acordo com Charaudeau (2014), o ato de linguagem não pode ser considerado
somente como um ato de comunicação, uma vez que não devemos compreende-lo
apenas como o resultado de uma intenção entre emissor e receptor. Portanto, de
acordo com o que foi exposto, e considerando o que você compreendeu, no que
resulta o ato de linguagem?

2) Vimos que há modos de organização do discurso e que estes não podem ser
confundidos com gêneros textuais. Charaudeau (2014), nos mostra três modos como
Descritivo, Narrativo e Argumentativo. Portanto, ao levar em consideração a função
base e o princípio de organização de cada modo, como podemos distingui-los do modo
Argumentativo?
Obrigada!
¡Gracias!
Merci!
Thank you!
Referência:

CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso. Modos de organização.

Editora Contexto, 2ª ed., São Paulo, 2008

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