Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Timbirense
Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
França
Antologia Poética
Timbirense
Cocais Maranhenses - 2ª
Edição São Luís, 2022
Copyragh@2016 by Joseh Carlos Araújo & Robson Alvin França
Todos os direitos reservados aos autores
Uma obra de
VANGUARDA LITERÁRIA TIMBIRENSE
Homenagem à
Timbira 96 anos, através da sua Prefeitura
Municipal
Homenagem à
Timbira 96 anos, através da sua Prefeitura
Municipal
Equipe de articulação
Maria Albertina Dias
Lauro Pereira da Silva
Júnior Luís Alberto
Coelho Pereira
Nonato Gilberto Costa
Pereira
Revisão de texto e
linguística Lucimar
Ribeiro Soares
Ilustração e Capa:
Joseh Carlos Araújo
Raimundo N. B. de
Macêdo
Diagramação
Eletrônica: Raimundo
N. B. de Macêdo
Editoração e
Impressão: Gráfica
Coringa
Contatos:
(98) 98199-0011 / <jcara@elo.com.br>
(99) 98432-2423 / <robson.alvim@bol.com.br>
Dados de catalogação da publicação
CDU 869.0(81)-1
Raiz Maranhense
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos - cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’àltiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
Sousândrade (1833-1902)
(Joaquim de Sousa Andrade, O Guesa. Edição londrina, 1888)
Soror Teresa
[..]
E um dia as monjas foram dar com
ela morta, da cor de um sonho de
noivado, no silêncio cristão da
estreita cela, lábios nos lábios de
um Crucificado.
[..]
Maranhão Sobrinho (1879-1915)
(José Américo A. Olímpio Cavalcante dos Albuquerque
Maranhão Sobrinho. Papéis Velhos... Roídos pela
Traça do Símbolo, 1908)2.
(...)
Consinto em ser o império da amargura, a
lepra santa de igual criatura postada
sobre mim, no meu assédio. Sou ett
mesmo o estrume canto, o meu remédio.
Mate-me logo o delirium tremens de todo
álcool, de todos os semens.
t
Nauro Machado (1935-2015)
(Nauro Diniz Machado, Os Órgãos Apocalípticos, 1976).
Êxtase
(...)
Amor, bem sabes tu como te
quis... No afeto que minha alma
te ofertou, dei-te tudo... Ilusão...
Dei-te carinho... uma alma
vibrante,
- essa taça de vinho que sorveste
feliz, o vinho delirante que tua
vida embriagou.
(...)
Dagmar Desterro (1925-2004)
(Dagmar Desterro e Silva, Segredos Dispersos, 1957).
Noites V
– Se todo mês temos uma lua
nova o que faz Deus das luas
velhas? – Recorta-as em
pedacinhos e prepara as
estrelas.
(...)
Para a defesa da paz,
O remédio não é a guerra
Desculpa boba demais
Dos homens ricos da terra
(...)
(...)
Nos seus vários
afazeres O carteiro é
enganador:
As vezes conduz prazeres,
Outras mais nos traz a dor
(...)
José Ribamar Bogéa (1921-1996)
(Jornalista e poeta, fundador do Jornal Pequeno)3
Os autores citados nesta página pertenceram à Academia Maranhense de
(3)
Moreira de Acopiara
(Adaptação de O Arraial de Canudos, da obra Os Sertões)4
Sumário
Palavras iniciais 17
Gratidão 23
Poetas e poemas 25
Raimunda Soares Pereira de Almeida 27
Maria de Lourdes Machado 33
Joseh Carlos Araújo 37
Robson Alvim França 53
Maria da Graça Gomes Fernandes 63
Raimundo Nonato Pereira da Silva 73
Nonato Gilberto Costa Prazeres 81
Edézio Machado Coelho Filho 93
José Aldimar Ferreira do Nascimento 99
Meirydianne Chrystina de A. S. Silva 109
Antônio Carlos Alves da Silva 117
Francisco Soares da Silva 121
Alércio Bispo da Silva 125
Antônio Carlos Bispo da Silva 129
Manoel de Jesus Batista Oliveira 131
Diógenes Antônio da Silva Machado 133
Josélia Fernanda Bento da Silva 135
Antônio Carlos Barbosa Marinho 137
Osmael Monteiro Araújo 145
Maria Ilzamar da Silva Araújo 149
Palavras iniciais
U ma recente descoberta, publicada na prestigiada
Revista de História da Biblioteca Nacional, revela
que é de 1663 a obra poética mais antiga da
literatura brasileira.
D. Lope e D. Diego são amigos e amam a mesma
mulher D. Leonor. Mas não sabem disso. D.
Diego é correspondido, mas quando descobre que
D. Lope também está apaixonado por ela, decide
acabar com a relação em nome da amizade. Diz a
D. Leonor que não a ama mais. Vingativa, a
jovem passa a amar D. Lope. Contudo, este vem a
saber do sacrifício que o seu amigo fez e então
pede a D. Leonor para voltar a amar D. Diego. Ela
não acata o pedido. No fim da história, D. Lope
acaba casando com D. Leonor, enquanto D. Diego
se casa com D. Isabel, irmã de seu amigo .
Biblioteca Nacional. V. 4, n. 48, set. Rio de Janeiro: Sabin, 2009 (p. 68-71). Ele é
o autor da tese Relaciones literárias entre La Península Ibérica y Brasil: Estúdioy
edición crítica de la obra poética de Manoel Botelho de Oliveira (1636-1711)
(Universidade Complutense de Madrid, 2007).
paixão, colorir tudo isso com a imaginação, fundir
do Sérgio Martins, junto com Marcelo Marthe, sobre a morte do roqueiro inglês, de
69 anos, David Bowie. Foi mais que um cantor e compositor. De espírito inovador
e múltiplas personas, ele foi o semeador dos sonhos de várias gerações e de idéias
caras à cultura contemporânea. No último lance, David Bowie (1947-2016) fez de
sua agonia uma obra de arte: “Senhor, eu me ajoelho e ofereço minha palavra
alada, e estou tentando muito me encaixar na sua ordem das coisas”.
Azevedo.
De outro lado, professores disciplinados, como
Osmael Monteiro Araújo, encantado com a maestria das
letras de ilu-
Gratidão
Q uando conduzimos, como prefeito em 1998, o I
Seminário de Consciência Jovem para o Futuro,
estava prevista, além da consciência sócio-política e
econômica, a redenção cultural de Timbiras através de
concursos de artes plásticas, poesias, festivais de música
popular. E foi no decorrer das versões seguintes desses
seminários que ficou patente a evidência da música e
mais ainda da poesia na alma timbirense.
Não obstante, nós já havíamos coletado valorosas
peças literárias, ainda desconhecidas, de uma geração
anterior. Citamos como exemplo as professoras, que
deram suas vidas ao ensino nesta terra, como Dica
Pereira, Lourdes Machado, Lourdes Coelho, Maria das
Graças Chuvas, além do renomado agrônomo ex-
professor universitário, poeta e amigo co-autor Joseh
Carlos Araújo, que contribuiu tão eficazmente, fazendo
com que esta obra se cristalizasse.
Portanto, de posse desse patrimônio, de riqueza
inegável, é que surgiu esta obra pioneira. E como tal,
omissões puramente involuntárias, de poetas que
porventura deixaram de constar nesta primeira versão,
serão devidamente reparadas na segunda, vindoura.
É um marco na história cultural de Timbiras, com
um único objetivo, o de registrar e ao mesmo tempo, o de
estimular a chama da veia poética timbirense. Porém, se
esta missão não for cumprida, comprida será a missão de
continuar.
1
Raimunda Soares Pereira de Almeida
(D. Dica Pereira)
Lua nova
Novilúnio visão encantadora
Núncia sutil de noites liriais
O nubívaga deusa sonhadora
Envolta na brancura dos lendais.
Tu és deusa vivificadora
A Selene dos gregos sem rivais
Faze que a terra madre criadora
Brote os seios viçosos em rosais
Sono de nenê
(A João Batista)
32 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
O livro biográfico da saudosa professora será um dos próximos a ser editado pelo
(8)
escritor Joseh Carlos Araújo, “com grata satisfação”, diz o autor decano.
Sorri feliz em sonhos embalados
Sob os olhos de mãe enternecidos
A chuva e o cismar
Sozinha, em doce calma debruçada
Sinto o torpor da plúmbea natureza
Ouço o piar das aves em revoada
Amedrontada à voz da realeza
E um desfiar de lembranças
Das traquinagens que fiz
Amor é fraternidade
Assim o mundo comprova
Tudo que encerra bondade
Está na língua da trova
A trova nasce da gente
Como amor em vagabundo
E o desejo é mais crescente
Ver trovador todo mundo
2
Poemas e Poetas timbirenses 35
Um coração generoso
Cidade nordestina, distante e erma, onde morava o
casal ébrio João e Maria. Não tinham casa nem o mínimo
necessário para a vida. Em meio a tamanha miséria, Maria
apareceu gestante. Aí tudo ficou ainda pior. Sem condições
e sem coragem, o melhor que eles achavam era a bebida
alcoólica. Aproximou-se a época do filho nascer e nem
sequer uma camisinha usada foi arranjada!
Numa dessas noites chuvosas ela sentiu as dores, e
num instante o menino nasceu. João, em desespero, foi à
casa da vizinha, uma velha bondosa veio e, imediatamente
cuidou de tudo. No dia seguinte, João foi à casa de um
casal muito rico, contou o que tinha acontecido, e foi logo
pedindo para que eles ficassem com o recém- -nascido.
Como não tinham filhos, o casal foi, correndo buscar o
menino, que a partir desse momento teve berço de ouro.
Cresceu forte e bonito. Foi educado em bons colégios,
tomando-se um médico famoso.
O casal de ébrios foi embora para muito longe, nunca
mais souberam notícias deles. Quando completou 28 anos
eles voltaram, mais nada foi revelado pelos pais adotivos
ao filho querido. João e Maria continuaram na vida de
farra. Como o destino tem seus laços trágicos, o médico
sempre via aquelas criaturas e tinha muita pena deles.
Poemas e Poetas timbirenses 37
3
Joseh Carlos Araújo
Criada no início dos anos 1970, deu certo no país, tornando-se hoje referência
(9)
Cenas de pacificação
Primeira cena
(tapiri de brindes)
no alto do ribeirão
encontrado, os
índios quebraram
o jirau e todos os
brindes
Exceto medalhão
esfinge de José
Bonifácio início de
maio de 1877 daí
sempre à noite
rumores de índios
imitando pássaros.
42 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Segunda cena na
mesma picada mais
perto da margem os
índios levaram tudo
sem qualquer
retribuição ainda
rumores na mata.
Terceira cena
montada fins de maio
três quilômetros do
posto todos os
brindes também
levados sem um outro
sinal.
Quarta cena
quinze dias
depois ainda
mais próxima
picada foi
visitada mais
uma vez os
brindes levados.
busto e rosto à
vista de encontro
batelão de
brindes.
Se aproximaram
presentes
distribuídos direto
mão a mão depois
mudos os urubus
sumiram na mata
tudo isso fins de
julho.
Gerações
Caros ancestrais
timbirenses mães
parideiras filhas de
avós rendeiras Pais
prélios guerreiros filhos
de avôs curandeiros
muito orgulho de vocês
tribos urubu e timbira.
Pais de muda de Codó
para Monte Alegre,
mirante eterno de ternas
esperanças e o tal
progresso? esperar não
é saber, diziam muita
poeira e briga mas como
éramos felizes!
adiante sempre o
enigmático
A encruzilhada
mágica clarão infinito
escuridão sem fim
mais infinito só o amor
e a imaginação mais
escuridão só erros por
não saber ler dê-me
sua mão irmão vamos
encarar a real
Matinal domingueira
burburinho ainda meio
preguiçoso rua acima
surgem primeiro ela lucidez
brejeira no rosto já suado
vestido de chita passos
firmes apesar do peso do
côfio e do tempo.
dele, coitado,
nada a
acrescentar só
passos.
Primeira
parada Zé
Salomão e já a
zanga com os
preços do vil
carcamano
venda do coco
arroz de pilão
peles tratadas
onça pintada
paca e veado
catingueiro.
Segunda zanga
carestia do sal do
querosene da
munição do fumo
pinga agulha botão
próxima rusga
besteira à toa mas
ela sem jeito não
segura sai o primeiro
trago.
Lucidez matinal se
rende ao delírio do
enigmático par
rusga com vendedor
que vergonha! e
entre eles nem pra
quê leveza no trato
com a cunhada
grávida até aprazer
agora cueiros e
chupeta.
Tardinha
pachorrenta
burburinho de novo
meio preguiçoso rua
48 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
abaixo surgem
primeiro ele cabeça
arriada camisa
esfarrapada ela
mais atrás lucidez
amarga no rosto já
demente.
Vestido esgarçado
passos lerdos
apesar do negrume
do mato mesmo
assim crueza
mordaz para
desconjurar do
sempre calado
porém safado
mulato lengalenga
de sempre.
...
Cinquenta anos passados
na quitanda do Juarez
espanto encanto de novo
ela, vestido e cabelos
alvos e compridos olhar
vago de catarata um
passado de ferro e muito
fogo agora voz e olhar até
pastoral.
Santa missão
mas sempre
Poemas e Poetas timbirenses 49
acorrentada à
solidão e
muita
miséria; sina
maldita da
lendária e
sofrida
Auri do Ivo11.
Aventureiro libanês
Turco Rachid
muito bom
homem cuja vida
diária no
conceito Willems
uma preciosa
história de casos
para estudos de
aculturação.
Premiada no III Concurso Literário do antigo CEFET (atual IFMA), São Luís,
(11)
2002.
negociante remédio
coco tecido.
dinheiro que ia
mandando para o
Líbano; lá
comprou as casas
e vinhedos dos
velhos e ricos que
ficaram na terra.
Pajelança
Ajuntado de casas do
lado de lá do rio negra
velha douta pajé do
lugar na sombra e
sempre cheia de medo
de ser descoberta e
presa faz suas
sessões.
Cigarros temperados
(fumo e diamba)
primeiro cantos
52 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
compassados e
roucos sentada num
banco cabeça nos
joelhos numa mão
maracá noutra
penacho de arara.
Preconceituosos e
medrosos fora na
sala só fica gente
interessada
saracoteio sapateio e
cantos noturnos
cheios de ameaças de
feitiço de mãe d’água.
Poemas e Poetas timbirenses 53
A Muda do Itapecuru
Pais pobres ágrafos
e incultos penca de
54 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
De dia remadas e
alguns trocados
de noite
calambanjos prá
janta meninada
na enxada e no
sacho e ela,
calada,
principiava amar.
Dias
alternadamente
morosos dolosos
sorrisos na roça
na prosa na troça
chorosos no
martírio e na
morte e ela,
correspondida e
feliz.
Arraial na Sardinha
só forró e festejo
junino suados sapato
apertado e cachaça
remelexo e arrasta-
pé até o sol raiar e
Poemas e Poetas timbirenses 55
ela, no mato,
guturando aos
abraços.
Estiagem de caça
e muita pesca
espingarda e
tarrafa limpeza e
remendos
grandes
empreitadas às
vezes até
amargas e ela, ao
safado, gemendo
se entrega.
4
Robson Alvim França
A Ilha e o Poeta
(Para São Luís - MA)]
ARAUJO, Joseh Carlos, Crônicas de São Luís 615: A expulsão dos franceses do
(12)
Povo
Arrebenta essa corrente que
oculta tuas armas somos
altroístas e isso incomoda
nosso óbvio é inerente ao
destino nossa volta inexorável
nossa força é nossa voz e ela
surgirá da luz iluminará as
trevas percorrerá as ruas
contaminará os povos as
bandeiras subirão as
crianças sorrirão e as forças
malignas deterioradas junto
60 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Opus-40
Da aurora ao acaso zombando do
tempo e das translações do
planeta sem saber aonde ir mas
já a caminho driblando o mal
filtrando as pessoas eternizando
momentos mais ouvinte que
tagarela mais racional que
revolucionário dian te da
possibilidade do impossível sinto-
me abstrato creio em milagres
mas não dependo deles vejo que
o sol não nasce para todos posto
que a vida é feita de desculpas e
resultados faço de tudo pra não
fazer nada mas já que a noite
está posta não repare o meu
sono.
Mulher
Polido ser estranho de
sensibilidade aguçada
um coração sem
Poemas e Poetas timbirenses 61
tamanho amiga,
amante, alada
Na candura de teus gestos
oculta um bicho feroz que
remete o homem ao deserto
e nos despe ao ouvir sua
voz
Eu e minha cidade
Dorme minha cidade!
A noite descansa teu dia
E tudo que eu queria
Era poder sempre te madrugar
Ouvir teu silêncio
Olhar teu escuro
Sozinho mas seguro
Em tuas noites caminhar
Tu que embalastes minha infância
Ainda hoje sou criança
Quando vejo a chuva te molhar
Tuas ruas tão caladas
A lua cheia na madrugada
E a candura do teu rio
Sinto o vento noturno da pororoca
Que balança as palhas das
palmeiras e se entoca
Na escuridão da mata adentro afio
Agora é uma forte neblina que cai
Que a madrugada do mês de julho
traz Me sento no banco da matriz em
pensamentos
As manhãs de domingo na prainha
Faz sentir que você não é mais só
minha Acho até que parei no tempo
Dorme minha cidade!
Ainda me resta algum tempo
Para cantar teu acalanto
Poemas e Poetas timbirenses 63
Antes da claridade
E eu, poeta queria ser
Para traduzir em versos teu amanhecer
E falar da tua
realidade Disfarçada e
sombria Você e eu!
Oh! Minha cidade tu és minha alegria
Acorde! Jã amanheceu!
5
Maria das Graças Gomes
Fernandes
Aprofessora Gracira como é carinhosamente conhecida,
I
Deslumbraram-se os nativos
Em um céu estrelado
Deram vida a Timbiras
Sob um manto azulado
Tuas matas são riquezas
Tuas palmeiras formosura
Os “timbiras” descobriram
Dos teus filhos és doçura.
68 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
(Refrão)
Timbiras, Timbiras,
Terra de palmeiras
Beleza sem fim
Jamais vista igual.
II
III
(Refrão)
Timbiras, Timbiras,
Terra de palmeiras
Beleza sem fim
Jamais vista igual.
Se eu morresse amanhã
Se eu morresse amanhã, viría
ao menos fechar meus olhos
meu triste amor se eu
morresse amanhã! minha mãe
de saudades morrería, meus
filhos, morreríam de tristeza e
de dor.
Se eu morresse amanhã,
mas, essa dor da vida,
que me devora... a ânsia
de perder o meu amor que
foi embora a dor no peito
que emudecerá minha voz,
se eu morresse amanhã.
70 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Uma flor
Anoitecer
Noite de minha vida onde
me queres levar? noite
escura sem estrelas que
se deita em meu corpo
Poemas e Poetas timbirenses 71
apossando-se da minha
alma lenta, lenta vai
passando...
6
Antônio Flávio Almeida Prado
72 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Fuga
Procuro um afago
ou coisa que o
valha tomo outro
trago beijo mais um
canalha esqueço e
me embriago que
me causa grande
estrago neste
cigarro de palha no
fio de uma navalha
libertam-se os
escravos no seco
Poemas e Poetas timbirenses 73
Só
Estar só às vezes dói o
tempo não se dilui as
cores empalidecem os
ânimos arrefecem a
paciência corroe a
inspiração não flui o
corpo a alma enfraquece
como se doentes
estivessem presenças
que não estão viagens
que desacontecem voltas
que não se vão telefone
incomunicação imagens
de televisão deitado
acabo no chão escrevo
sem pretensão quero
acabar tudo inclusive a
solidão desejo o sorriso
ou o grito pra não perder
a razão já que não tenho
remédio viajo, viajo,
viajo,
de Olinda passo em Lençóis Arpoador,
Santa Teresa,
Sete Lagoas, São
Luís, Rio, rio e rio pra
74 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Inveja
A poesia era o que
eu mais fazia
coração enlutece
chora a terra ri o
céu Drumont falece
ah! Se o dom dele
eu herdasse.
Insônia
Viro e reviro miro-te
no espelho nem
adianta contar mil
carneiros que
pesadelo Arranco
os cabelos coço os
pentelhos afogo o
travesseiro
molhado de
angustia sou como
coelho embora que
filhos não quero
mais tê-los.
Poemas e Poetas timbirenses 75
A busca incessante de
outros corações chega-me e
se vai como gaviões em voo
rasante tal qual aviões
7
Raimundo Nonato Pereira da
Silva
(Nonato Maranhão)
Veredas apáticas
Os sonhos tão grandes e
harmoniosos quanto parece
serem e estarem vem e vem
alguma doce paixão
Fênix
Há tanta esperança nesse
novo mundo ataco a real
cidade azul ataco a
realidade e sua posse se
tiver que sentir dor.
Vou caminhar pra guerra santa sem
me armar marchar sem direção só
para aprender sem obrigação de
chegar em lugar algum.
Entranhas espíritas
Demônios
As paredes do meu quarto de dormir
tornaram-se aposentos de alcatraz
sinais e datas feitas com o meu
próprio sangue estou tão só! parece
que Deus já me vendeu pro diabo.
Praguejo o nome
santo antes do
dormir tenho raiva
da bonita cortina
da parede tenho
raiva da comida
dada-me na rede.
Revelação do eterno
O tempo já não diz com a
antiga certeza se esse
deserto de incertezas
torna-se única oração que
só tem transmutação se o
tempo parar.
São rosas
brancas que
encantam prás
terras santas.
Se encanto é guia é
magia cantar é ver a
velha vidapoder
nascer.
Plantam e
encantam sábios
sagrados anjos de
guardas conselhos
e histórias assim
nos plantam.
Já é injindável quando é
canção oração a passos
pequenos e opacos chego
mais perto da velha glória
histórias de um homem
canção.
8
Nonato Gilberto Costa Prazeres
Minha Menina
Es uma verdade! de
sonho a realidade de
tão desejada que foi
de repente... como
três realizas o sonho
de dois.
Poemas e Poetas timbirenses 85
Em conversas!
por uma, muito esperamos,
porém contigo não
contávamos hoje, há muito
que te amamos era no teu
nome que falavamos.
Bem vinda!
apesar de teres vinda tão
pequenina das veias azuis e sem
manta Deus te deu charme e
beleza feminina o teu sincero
sorriso nos encanta.
Fascinante!
adoro-te tanto e em tudo a
tua humildade mais ainda
quando estou longe fico
mudo se perto, ser criança
me ensinas.
A todos!
todos querem te apresentar o
tempo passando e você cresce
com mamãe ou papai vai se
tornando felicidades pra todos
você dá com alguém você parece.
Se Deus quiser!
tem alguém que vai chegar
cheia alegria e grande
felicidade pronta pra te
amar e com esse amor vais
86 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Há instantes instáveis
momentos insanos quando te
quis corações pérfidos almas
tristes olhos em orvalhos íris
irônica e ainda assim, quiçá!
faça-me feliz.
Sem você
Decisa quando
quer indefinida ao
trair sensata no
amor sofro eu,
quando te vejo
sorrir.
E aí maldita!
que um dia sejas bendita
se no teu ventre deixar a
gota que por bis hoje
rejeitas por mim aceita,
suplico-te!
aprende a amar, mesmo que não seja
eu mas a quem deves um dia
amamentar.
Eu e tu utopia
Eu imagino teu desejo
Eu presumo o teu saber
Eu sonho com teu corpo
Eu sou a comida da tua fome
Eu sacio a tua secura
Eu imagino o teu sono
Eu vejo-me na tua cama
Eu tenho a ilusão
Eu sonho com o meu desejo
Eu vou te encontrar
94 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Tu não és só bela
Tu és linda
Tu não és só mulher
Tu és femenina
Tu não só encantas
Tu me alucina
Tu extasias
Tu não és só sensualidade
Tu és sonho
Tu és verdade
Tu ofegas
Tu és extasiante
Tu não és só mulher
Tu és muito mais que amante
Tu és pura,
Tu és impura,
Tu não só me alucina
Tu és uma loucura
Tu és felina
Tu tens pele como uma qualquer
Tu tens sorriso que impele
Tu és fenômeno de mulher
Tu tens olhos que pedem
Tu reparas no meu colo
Tu cantará comigo o
amor Tu terás o apogeu
sonhado Tu e eu.
9
Edézio Machado Coelho Filho
(Edézio Bio)
Avenuzar é preciso
Se o teu pensamento
viaja até Venus na
velocidade da voz não
hesite no momento
traga camisetas para
nós.
Se pretendes ir até
Plutão leve as camisetas
para não desgastar as
mãos
98 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Se o teu pensamento é
rude e achar que é
heresia leia escreva e
mude mas não subestime
a poesia.
Ai de ti cidade morta
Cantaram-te em versos e prosa
também em poesia lançaram
sobre ti, pétalas de rosas e
pintaram a tua fantasia no
mais alto índice de tua glória
cantaram parabéns e amaram
tua história fizeram da tristeza
e solidão seus reféns
mas sem perdão andaram
na contramão a ganância e
a ambição tornaram
rebeldes teus filhos e fracos
de emoção caminhando por
incertos trilhos cruzam os
braços descansam o pão e
dos alegres abraços e do
aperto de mão resta... “A
cidade morta” de placa
torta indicando contramão.
centopeia
tomando
banho
Muda de nome
para vulgar
como o homem
muda de lugar
mas te
conheces sem
endereço por
embuá
O poeta e a flor
O poeta é sensível
demais é um aprendiz
de sonhador como os
verticilos florais que
completam uma flor.
O poeta é a flor
incompleta tem o cálice
mas não tem pétalas.
Só a ti mocidade figura
Só a ti a mocidade figura
que a vida sorri da
inocência que tem na sua
censura a luz da
existência.
10
Jose Aldimas Ferreira do
Nascimento
A
juventude timbirense dos anos 1970 foi
O sonho de Tiradentes
O patriota destemido de
naturalidade mineiro os
portugueses taxaram de
infâme prisioneiro
enforcaram e
esquartejaram la no Rio
de Janairo.
A verdade eu afirmei
Leiam, composto o verso
Do sonho de Tiradentes
Igualmente lhe confesso
Memória atraente
Afirmei claramente
Realidade sem
excesso.
Alumar na Ilha
O bê a bá da operação
foi ensinamento
primeiro desenvolveu
a atenção elevando ao
alvissareiro,
despertando a todos
com um alerta
companheiro. Alertem-
se para o trabalho
com cuidado, e
disposição encarar
com seriedade de
todos é uma obrigação
obedencendo com
rigor as normas da
prevenção.
106 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
A prevenção de
acidentes é evidente, e
eficaz desperta-nos, hoje
e sempre cuidados
primordiais sigamos com
otimismo que grande
proveito traz.
Consórcio, Billiton e
Alcoa formam o
condomínio ao Estado
do Maranhão
trouxeram este
patrocínio destacando
o potencial na
produção de alumínio,
esta séria afirmação
que com clareza eu fiz
Poemas e Poetas timbirenses 107
No Parque Industrial
desperta sua atenção cada
setor visitado lhe causa
admiração é o maior
investimento privado já
feito no Maranhão.
Martírio do dr. Tancredo
Ressuscitaram, os velhos
partidos uma ansiedade
preferida a realidade
brasileira ficou assim,
ressurgida pelo dr. Tancredo
Neves a bandeira foi erguida.
Governava Minas
Gerais donde era
natural na aliança
democrática sua
Poemas e Poetas timbirenses 109
Redemocratizar o Brasil
era seu lema principal
cortesia diplomática
brilhava em seu ideal
com brilhantismo
conquistou o território
nacional.
O sol da Nova
República no horizonte
raiava a população
anciosa do dr.
110 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Tancredo, esperava
aulas de democracia
pra ministrar se
preparava Os anos de
vida pública provavam
sua experiência aos
intentos nacionais
demonstrou sua
tendência popularidade
e dinamismo ensinava
com clemência.
Na missa, em ação de
graças retiniu muita gente
surpreendidos ficaram
com acontecido de
repente todo mundo
lamentava ver enfermo, o
presidente
Com a saúde
agravada ao hospital
foi levado os médicos,
de prontidão
assistiam com
cuidado dias depois
ele era num avião
transportado.
No Instituto do Coração
a junta médica
esperava ver chegar
opresidente que pra lá
se destinava num curto
Poemas e Poetas timbirenses 111
espaço de tempo o
aviao aterrisava.
No Dia de Tiradentes o
último suspiro ele deu
este bravo patriota que
a todo mundo comoveu
o ideal republicano
marcou um forte seu.
11
Meirydianne Chrystina de
Almeida Santos Silva
A descoberta de amar
Descobrir pétalas
De um sentimento fulminante
Que arrebata no auge do eclipse.
Cada detalhe é um ato efusivo,
Agravador da ânsia de gritar ao mundo
O surto do teu sentir, cálido e
abrasador,
Toma-te na promiscuidade do teu
pensar
E na égide da tua paixão
Inesperadamente, inexplicavelmente,
Conto de fadas,
Um anjo caiu do céu
Anjo em forma de homem
Flutuar pelo planeta
Do universo amor
Um lindo sonho
No espaço sideral
Viajando
Em algum cometa perdido
Na constelação da paixão
Força invisível
Por traz de um grande homem
Sempre há uma grande mulher
Sublime é o amor
Como se fosse do avesso,
inverso, E ainda assim na
poesia é um verso
Se torna música.
Sentimento avassalador
Que te toma de um jeito forte
E ilumina a escuridão
A vida é amor.
E para o amor nascemos
E por amor vivemos O amor
se alimenta de detalhes
Amais!
O Poeta
Ser que sofre
Que vai de encontro a
demagogia E busca caneta e
papel Para expressar-se.
E um fingidor
Que oculta sua própria dor
Ser imaginador, sonhador,
De um mundo em fantasia
De amor e paz.
Poluição do ar e da água
Extinção de animais e vegetais
A destruição da camada de ozônio
Agressões completamente fatais.
120 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
A exploração desordenada
Das riquezas naturais
E um que se alarma
Cada dia mais e mais.
12
Antônio Carlos Alves da Silva
Se me pedires
Pede-me tudo, tudo quanto desejares,
122 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Sina nordestina
A paisagem nordestina
Se transforma
com a chegada do
verão Onde era verde
agora é sertão
Onde era vida
resta apenas
solidão Onde havia água
agora apenas o
chão
Rachado e sofrido
Como o povo desta terra
Que sem ter o que fazer
Apenas reza e reza
Cansado de sofrer
Sem água pra beber
Vai sair em retirada
Seguir qualquer caminho
Seguir qualquer estrada
A procura de amor
O amor...
Eu o procurei ontem
Procurei-o hoje
Hei de procura-lo amanhã
Pois, Não o
encontrei ontem
Não o encontrei
hoje.
Espero encontrá-lo amanhã...
Amor.
Procurar-te-ei por toda vida
Se necessário for
Pois,
A vida
Não é vida
Sem você
Amor...
13
Francisco Sousa da Silva
Borboleta
Aurora
Amada aurora
Alguém anuncia
Aqui, acolá ou no além
As aves animais e árvores
Almejam que venhas
Abrem-se bicos
Com tons agudos
Desabrocham botões
Alarme de avisos
Que a aurora é agora
E no ar de um céu
Tão alto e azul
Surge uma estrela amiga
O sol, almo sem atrasos
Iluminando a aurora
Aquarela que a vida namora.
As flores
Solução, aflição
Na amargura, na solidão
Se te acompanho, se te abandono
Ou se espero no meu desespero
O meu senhor aperto despertar o sono
E por esse aperto do coração
Traga-se luz como tempero
Com toda minha vida
Agarrada neste mar
De terra sua e meu sertão
Poemas e Poetas timbirenses 131
A mentira
A verdade mente, não diz tudo.
A verdade anda encobrindo a mentira
A mentira encobre a
verdade A verdade é
punidora, carrasca.
A verdade dói, a mentira acalanta,
conforma
A mentira esconde a revolta causada
pela verdade A mentira esconde e
protege a separação dos casais
A mentira livra o garoto da fúria dos
pais
A mentira pole e protege o chifre
A mentira camufla a verdade do jovem
A mentira esconde a verdade nua,
desesperadora,
A mentira se junta à mãe em ajuda à
filha
A mentira é grande, é pequena, tem
pernas... E corre... e dança... e pula... e
nega...
E diz a verdade e novamente mente
A mentira conserva a virgindade por
anos
A mentira não deixa o garoto
drogado A mentira preserva o pai
santo honesto...
E a mãe sempre fiel...
E a garota a mais
estudiosa... E o garoto o mais
educado n a família a mais
sem problemas E se a
verdade entra em campo!?
Tudo então vira a grande mentira!
E a mentira vira uma grande verdade...
E protege... e desculpa... e perdoa...
15
Antõnio Carlos Bispo da Silva
T
2001.
imbirense (*08/08/1982), irmão mais novo do
casal anterior (do poeta Abércio), concluiu apenas
o ensino médio, na capital tocantina Palmas, em
Injustiça
O amor...
Não foi justo comigo Veio-
me em forma de castigo
Judiou de mim...
Fez minha vida tão difícil assim
Vou vivendo
Sofrendo cada dia
mais Você me faz
tanto mal E eu te
quero tão bem!
16
Manuel de Jesus Batista
Oliveira
A migração
Migrar, sinônimo de mudar,
Unir ou separar,
Sempre busca o bem-
estar; Longe de seu
lugar.
Ao entardecer
Quando canta o sabiá;
De quem ama deve lembrar
Após o introito na ação de migrar.
Poemas e Poetas timbirenses 137
Apodera-se
De quem dela tem liberdade,
Corações partidos de saudades
Buscam outro habitat.
Migrar!
Vai e vem sem parar;
Ação geográfica descrita por
Vesentini, de Migração Pendular.
17
Diógenes Antônio da Silva
Machado
O dia
Estou nesse martírio
E procuro uma saída
Existe uma dor que é
forte E que pulsa dentro
de mim
Dentro do meu eu
Soam como gritos
De recém-nascidos
Sufocados, angustiados,
Atormentados.
Poemas e Poetas timbirenses 139
18
Jozélia Fernanda Bento da
Silva
A
jovem timbirense Josélia de 21 anos, filha de
D. Rosália
Amizade
Existe um grande tesouro
Muito raro e valioso
De tão precioso
Vale mais que ouro
E como semente
Que cresce dentro da gente
De pouco a pouco
E queremos encontrá-la nos outros
Poemas e Poetas timbirenses 141
É um dom tê-la
E mais ainda não perdê-la
Nas horas difíceis traz alegria
Uma agradável companhia
Está no passado, presente e futuro
está no claro e no escuro
Ela surge de repente
De pai pra filho
19
Antônio Carlos Barbosa
Marinho
O céu se exibe
O céu se exibe porque nele hoje
reflete a luz dos olhos teus. Raios
mais intensos que a própria luz do
sol. A alma de uma mulher que
Deus fez perfeita. Quando te olho
vejo a beleza e a simplicidade de
uma flor. Tua doce beleza cria na
mente de admiradores imagens
que só o Senhor fez, mas só os
apaixonados conseguem ver. A
pureza constante e eterna de um
sorriso exuberante que trás em teu
rosto e que fascina como a lua
cheia no meio do céu
144 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Saudades de Timbiras
(à Luma)
Fui pra bem longe de ti,
deixando-te para trás. A
distância entre nós foi
aumentando e no meu
coração um aperto. Que
vontade de desistir de ir pra
frente e voltar pra ti.
Quando a noite chega e ainda
estou me distanciando mais de
você. Olho pra trás e vejo as
estrelas indicando a tua posição
e a saudade continua me
chamando. Quero voltar! Se
pudesse tocar uma
estrela e mandar por ela um
recado: estou te abraçando daqui.
Essa distância só aumenta a
saudade
e quando eu voltar você vai
estar mais linda do que
estava quando parti. Vou
suportar, te guardando no
meu coração, pois lá
dentro vou te encontrar
Poemas e Poetas timbirenses 145
quando a saudade
começar a falar de você.
Noite de glamour
A noite surge e já vem
a lua se exibindo,
desfilando em teu céu.
Ela entra na passarela
e as estrelas começam
a se agitar.
Elas aplaudem, assoviam,
gritam. E ela vai passando
com todo seu charme
encantando os admiradores
que não param de fotografar.
Noite de glamour. Um
espetáculo todas as noites
sempre quando a lua surge no
céu de um lugar onde a
simplicidade nos convida para
sentar nos bancos das praças,
deitar nas gramas dos jardins e
admirar a beleza que os astros
e estrelas fazem em teu céu, um
show, onde os convidados
somos nós. Uma noite de
glamour e o lugar não poderia
ser outro! e no teu céu Timbiras.
146 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Amor e saudade
O amor pergun tou pra saudade!
Saudade, por que te abrigas em mim?
Por que me fazes
sofrer? A saudade
respondeu! Porque
Poemas e Poetas timbirenses 147
na ausência da tua
outra metade eu
quero te completar!
Pois se tu és verdadeiro não
posso deixar de te acompanhar.
Quando tu estás quase
morrendo lembram de mim. Eu
saudade existo para que tu
creças e supere o tempo e a
distância. Compreenda não sou
teu inimigo
E nem te faço sofrer Só
dependemos um do
outro Para sobreviver.
A lua
A lua está no céu?
Não! Ela não está no céu! Ela
dorme nesse exato momento com
a cabeça sobre o seu travesseiro e
tendo lindos sonhos. Dorme lua e
sonhe com os anjos. Nos seus
sonhos eles cantam pra você
músicas que te fazem flutuar e
sentir a magia do amor. Enquanto
dorme em sua cama tem uma
falsa lua ocupando o seu lugar lá
no céu junto às estrelas.
Lua, ao amanhecer quando
acordar e sentir a luz do sol a
te envolver, é alguém te
abrançando e ao mesmo tempo
148 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Apenas
Como dois e dois é pouco
Sei que minha loucura vale a pena
Embora o sim seja outro
A solidão não me condena
Como dois e dois é louco
Poemas e Poetas timbirenses 151
Calação
Com o coração calado
Vou vendo a vida passar
Com emoções congeladas
Que pararam de respirar.
Lembranças
Dias da minha infância
Quanta alegria! Tanta esperança
Um olhar doce para o mundo
Pessoas indo e voltando
Sem pressa alguma de ser feliz
Minha infância...
Infância de mundos
Poemas e Poetas timbirenses 153
Infinitas da infância
Inocência era uma ponte de felicidade
Só restou a ponte quebrada da solidão
Felicidade quebrou o pacto e foi embora
154 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
21
Maria Ilzamar da Silva Araújo
Acerca dos sentidos, ele sentenciou: o mais superficial é a vista; o mais orgulhoso,
o ouvido; o mais voluptuoso, o olfato; o mais supersticioso e inconstante, o gosto;
e o tato, o mais profundo. (Referência: ARAÚJO, Joseh Carlos. Crônicas dos
Cocais. Imperatriz (MA): Ética, 2013, p.l 13).
Santarém
Um antigo riachinho
No centro de Timbiras
Uma velha pontezinha
Um pequeno matagal
156 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Navega devagarzinho
Se despedindo de mim
Como se fosse um amigo
Se afastando assim!
Se toda a população
Amasse a natureza
Poemas e Poetas timbirenses 157
Uma só
conscientização Pra
não fazer de ti Um
grande lixão!
Lixo em quantidade
Jogado no teu leito
Se todos fossem mudar
Ainda teria jeito!
Um cartão postal
Uma bela homenagem
Foi com muito prazer
E alegria também
Que escrevi pra você
Riacho Santarém!
Timbiras
Quando olho pra você
Fico muito magoada
Tanta gente no
poder E você
abandonada!
Nossa cidade esquecida
Está muito mal cuidada
Governo não faz nada
População revoltada!
158 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Seria maravilhoso
A atenção do poder
O povo muito orgulhoso
Vivendo com prazer!
Cidade maravilhosa
De velha e do novo
Com muito carinho
Acolhe teu povo!
Todos comemorando
Com muita alegria
A noite terminando
Chegando novo dia!
Uma grande cantoria
No despedir da aurora
Uma bela melodia Que
termina às sete horas!
Poemas e Poetas timbirenses 159
No domingo à tardinha
Que lindo pôr-do-
sol Para você
rainha Uma flor de
girassol!
Quero te agradecer
Por esta inspiração
Escrevi pra você
Com muita
emoção!
Queria me descidpar
A ninguém quis ofender
Gosto muito de estudar
Meu lazer é escrever!
Será Amor
Esse meu coração
Com esse seu sentimento, Está tirando
meu sossego E deixando sofrimento.
160 Joseh Carlos Araújo & Robson Alvim
Quando te conheci
Pra mim vinha trazendo
A lua no céu estrelado,
O coração me dizendo
Que era o meu amado!
Será amor,
Será paixão, Estou
sentindo uma dor
Dentro do meu
coração!
Será amor,
Será paixão, Estou
sentindo uma dor
Dentro do meu
coração!
Filho
Era minha alegria
Poemas e Poetas timbirenses 161
Meu Deus
A gente se acostuma
A viver dessa migalha,
Veja quanta Pobreza
Que pelo mundo se espalha!
Quanta fome
Nessa terra,
Quantas mortes
Quanta guerra!
Quantos bens
Quanta desigualdade,
Quantas não têm
Quanta maldade!