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PIAUÍ
(1866-1889) Herculano Moraes
(1866 – 1917) Luiz Romero
CONTEXTO
• Piauienses na Faculdade de Direito do Recife;
• O Piauí na Guerra do Paraguai;
• Iluminação pública de Teresina (1882) – lampiões em postes;
• Fundação de jornais;
• David Caldas funda o jornal Oitenta e Nove – O Jornal da República;
• Seca de 1877 (motiva o romance Ataliba, o vaqueiro);
• Permuta dos territórios de Crateús por Amarração, atual Luís Correia;
• Inauguração do Theatro 4 de Setembro (1894);
• Polêmica ideológica entre o clero e a maçonaria (virada do séc. XIX que
motivou o romance Um Manicaca);
• Saúde pública enfrenta a tuberculose.
ROMANTISMO NO PIAUÍ
• A questão do introdutor do romantismo no Piauí: José
Coriolano x Licurgo de Paiva;
• João Pinheiro: visão universal dos valores culturais do Piauí;
• Manifestações não são diferentes das produzidas por autores
da consagrados na metrópole;
• Influências: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Laurindo
Rabelo, Castro Alves e Tobias Barreto.
• Novidade: Regionalismo de Francisco Gil Castelo Branco.
LICURGO
JOSÉ
HENRIQUE
DE PAIVA
(1842-1887)
p. 50 a 52
PREFÁCIO DE TOBIAS BARRETO
“[...] O autor das FLORES DA NOITE, em quem a meditação e o
estudo têm muito que aperfeiçoar, é um viçoso talento que pode
enriquecer-se da mais bela frutificação.
Sinto que o poeta novel não tenha querido face a face encarar a
natureza e pedir-lhe inspirações: – lamento que se deixasse levar da
admiração que a outros consagra, para tornar-se algumas vezes
imitador, quando muitas outras provou poder ser original.
No seio das nossas matas, como no fundo de nossas almas, como
no fundo da nossa história, há muita sombra de que o poeta se
possa vestir, muito mistério de que a poesia deve-se ocupar.
PREFÁCIO DE TOBIAS BARRETO
Todas as alturas inacessíveis, todas as profundezas insondáveis, como Deus e o coração
do homem, estão sempre aí para receberem e sumirem nos seus abismos as
inquietudes, os sonhos, as lágrimas do poeta. A humanidade agita-se, a filosofia
observa e a poesia canta.
[...]
Ser poeta é mais alguma coisa do que andar com os seios túmidos, o crânio em brasa,
fingindo mágoas que não se sentem ou prazeres que não se gozam; – é mais alguma
coisa do que viver a beijar lábios de rosa, ver e pegar em peitos de alabastro, etc., etc.,
e chamar-se lírico; – falar em túmulos, em desgraças... e dizer-se – melancólico; –
repetir o insípido lugar comum do – progresso – e chamar-se – humanitário. Não é isto.
Ser poeta é sobretudo pensar. O pensamento é a masculinidade do espírito.
PREFÁCIO DE TOBIAS BARRETO
[...]
A ciência e a arte são as duas asas do espírito humano. Prima a filosofia entre as ciências,
como a poesia entre as artes. Ambas avançam para o desconhecido. Mas, ao passo que a
ciência caminha, a poesia voa: – o seu mister não é como o da ciência, esclarecer as sombras
do problema universal; mas também não deve ser estranha aos achados daquela.
[...]
É um moço que tem a nobre ousadia de querer produzir. Em nossa terra isto é um crime de
lesa-inveja para os que, preguiçosos ou pusilânimes, sequer ousam ousar.
O Sr. Lycurgo de Paiva principia agora a estudar, a dedicar-se aos livros; sua alma escaldou-se
ao contato de alguma página ardente e sentiu-se capaz de exprimir os seus sentimentos na
linguagem dos versos. Outros dir-lhe-iam – deixa isso que não é para ti – nós dir-lhe-emos –
estuda, pensa e prossegue.
PREFÁCIO DE TOBIAS BARRETO
[...]
Aconselho-lhe que estude, procure corrigir-se, aperfeiçoar-se.
Comunique-se com a natureza, fale-lhe como filho e como irmão, e
ouça o que lhe diz.
Familiarize-se com os grandes poetas do século, e tenha a ousadia de
querer segui-los, não de dizer o que eles dizem, mas de ir aonde eles
vão.
Não arrefecer, não recuar diante dos esgares e grimácias da estupidez
elegante, é e deve ser o seu primeiro trabalho.
INGENUIDADE E
SENTIMENTALISMO
Poesia singela e memorial: Casimiro de Abreu e Varela;
Devaneios lúbricos: Castro Alves;
Fantasias da natureza humana e ambiental de sua meninice e a
grande admiração: Tobias Barreto.
Dina! II
Um dia tive saudades
Tive um dia saudades palpitantes Daquelas matas viçosas,
Desses tempos passados junto a ti; Das brisas tão soluçosas,
Recolhi-me ao silêncio alguns instantes, Dos ares de meu sertão;
E estes versos tristes produzi. Era de tarde – no sítio,
Tudo era grave e sentido,
Volta a folha, que ainda orvalha o Como da rola o gemido
pranto; Perdido na solidão.
Ergue a palma d’amor que te compus,
Que se foste, na glória o meu encanto, Sentado só no terreiro,
Do calvário és agora a doce cruz. Meu pensamento soltava;
Talvez nas asas deixava
L. de P. Minh’alma também levar!...
Sentia dores profundas,
Dores que a voz emudecem,
Dores que o peito falecem,
Dores assim de matar.
MEU CORAÇÃO
Choram as fontes, o bezerro muge,
O sabiá suspira;
A natureza infunde amor nos seios,
E faz vibrar a lira.
(1829-
1869)
As duas publicações das poesias de
José Coriolano. A de 1870 e a de
1973
Por Ivens Roberto de Araújo
Mourão
JOSÉ CORIOLANO: BIOGRAFIA
• Nasceu na antiga Vila de Príncipe Imperial (atual Crateús) 30 de
outubro de 1829;
• Primeiras letras em sua terra natal;
• Fez Humanidades no Maranhão;
• 1859: Forma-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de
Direito todo Recife;
• Foi promotor público em Piracuruca, juiz municipal em Codó-MA
e Príncipe Imperial;
JOSÉ CORIOLANO: BIOGRAFIA
• 1860/61: deputado provincial e presidente da Assembleia;
• Jornalista: Ateneu Pernambucano Revista Acadêmica, Iris, Arena
e Ensaio Filosófico;
• 1859: Casa-se com Maria Cezalpina Correia;
• 1870: Publicação póstuma de Impressões e gemidos.
• É patrono da cadeira nº 8 da Academia Piauiense de Letras.
• Poesia Várias (inédito).
IMPRESSÕES E
GEMIDOS (1870)
JOSÉ CORIOLANO: TEMÁTICAS
• Natureza e paisagem;
• Discursiva confessional;
• Telurismo e simplicidade;
• Universo e Deus.
TARDE
Como é bela a manhã, surgindo alegre
Das partes do Oriente em que se arreia! Vales, campinas, fonte e campanários,
Que formosos listões de fogo e púrpura, Com teu meigo arrebol também matizas,
Que sua cor dourada comunicam Se quando surge o sol as aves cantam,
Às campinas, à fonte, às cumeadas! Se a natureza ri-se com seus raios,
O levantino mar é todo rosas Se bafejam as auras docemente
No seu leito de areia a espreguiçar-se Enchendo de fragrância os horizontes,
Oh! quanto a aurora despontando é bela! Também, tarde gentil, no teu regaço
Tarde, filha dos céus, os teus encantos Ao sepultar-se o sol, as aves trinam,
Não lhe ficam somenos: tu guarneces Suspira a natureza, as auras sopram,
Também as brancas nuvens de escarlate, Embalsamando os ares de fragrância.
Quando além do poente o sol se esconde. Em ti se encontra amor, ledice, encanto!”
Um manto sobre o mar também estendes
De vermelhos listões também formados.
AURORA
1875 1893
A CRÍTICA
Por sua meiga alma de mulher virtuosa, onde nunca roçou o atrito
das grandes paixões mundanas, não perpassam as lufadas dos
ventos tormentosos que rugem nas lutas tremendas da vida.
Nascer, crescer e viver no gineceu do lar, no aconchego suavissímo
da família e da abastança, sem experimentar no pé delicado a
ponta do espinho das urzes da existência, é infelizmente, condão a
poucos reservado, porém motivo, certamente, para que a alma
nunca se afervore em entusiasmos capazes de criações imortais.
(FREITAS, 1998, p. 107 - 108).
A CRÍTICA
As Flores Incultas não são criações seladas pela originalidade nem
encerram belezas próprias dos grandes artistas imortais. A poesia
flui espontânea da alma cândida da poetisa; mas essa
espontaneidade é reflexiva, tal como o balbuciar das primeiras
sílabas nos lábios da criança. O som é espontâneo, mas as palavras
se formam mediante a lição da experiência. A nossa poetisa tem a
sua linguagem móvel e receptiva; porém não veda a faculdade
genetriz da harmonia rítmica. (FREITAS, 1998, p. 110).
CARACTERÍSTICAS
• Geração Condoreira;
• Denunciava a situação das mulheres da época: acesso à
instrução;
• Temas: amor, desilusão, cotidiano;
A mulher
(fragmento)
Jamais o seu peito mais duro que o aço,
Palpita a não ser a louca ambição.
Supõe-se - orgulhoso - que é soberano,
Que todas as belas vassalas lhe são!
Mais falso que a brisa que as flores bafeja,
Se mil forem belas... a mil finge amar...
Assim um já disse, e assim fazem todos,
Embora não queiram jamais confessar,
Cruéis, como Nero, são todos os homens!
Ateiam as chamas de ardente paixão,
Depois... observam, sorrindo, os estragos...
E dizem, cobardes! que têm coração!!
REFERÊNCIAS
LIMA, Luiz Romero. Presença da literatura piauiense. 11. ed. Teresina: s/e, 2011.
SILVA FILHO, Herculano Moraes da. Visão histórica da literatura piauiense: tomo I. 4. ed. Teresina:
HM Editor, 1997.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO. Disponível em:
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=287. Acesso
em: 12 jan. 2020.
MOURÃO, Ivens Roberto de Araújo. Impressões e gemidos: poesias completas de José Coriolano
de Souza Lima. Disponível em: http://poesiasjosecoriolano.blogspot.com/2008/08/impresses-e-
gemidos.html. Acesso em: 12 jan. 2020.