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Analogia entre a Mensagem e os Lusíadas

Pessoa e Camões
O paralelismo entre Os Lusíadas e a Mensagem caracterizou-se pela forte relação que existiu entre
Fernando Pessoa e Luís de Camões, certamente dois dos maiores nomes da literatura portuguesa. A
relação deles foi marcada pela competitividade e pelo desejo de superação, uma vez, que Pessoa tinha
como intenção superar Camões e ocupar o seu lugar como um dos maiores poetas portugueses de
todos os tempos.

Diferenciação das duas obras


A comparação entre as obras como Os Lusíadas e Mensagem permite descobrir várias diferenças,
grande parte delas resultantes da competitividade pessoana em relação a Camões. Ambas patrióticas, as
obras diferem, para além da sua leitura da História de Portugal e da própria conceção de heroísmo
português.

Heroísmo
N’Os Lusíadas, o heroísmo concretiza-se através da realização de esforços sobre-humanos e lendários
(herói épico) e revê-se num Império que se espalhou desde a Índia ao Brasil. Já em Mensagem, o
heroísmo português não é concreto, mas sim abstrato, não é físico, mas sim mental (herói mítico). O
Império Português já não se revê em territórios e em conquistas, mas sim num império ideológico,
cultural e espiritual: o Quinto Império, que está ainda por vir.

Linguagem
Outra grande diferença entre Os Lusíadas e Mensagem é a linguagem que registam. Os Lusíadas
apresentam uma linguagem e tom épico, uma vez que a obra é uma epopeia (poema narrativo extenso,
de tom sublime e elevado); enquanto Mensagem apresenta uma poesia épico-lírica que oscila entre os
momentos de grandeza e os de introspeção, com um tom menor.

Semelhanças
Ambas as obras são poemas sobre Portugal e sobre os portugueses. Ambas exaltam o espírito patriótico
lusitano e elevam-no a níveis quase divinos. Apresentam uma estrutura bem definida, seja ela composta
pelos cantos e pela métrica decassilábica rigorosa de Camões ou pela divisão de Mensagem em três
grandes partes (Brasão, O Mar Português e O Encoberto). Ambas evocam as memórias de um passado
glorioso e preveem um futuro digno de lenda, mais que merecido pelo povo ilustre português.

Conclusão
Concluímos assim, que mesmo com todas as diferenças as duas obras apresentam um conjunto de
semelhanças intertextuais que as unem e as tornam complementares, se não simbióticas, na medida em
que se completam. Esta complementaridade confere a ambas as obras um estatuto superior ao que
possuiriam separadas, tornando-as assim verdadeiramente características e dignas do povo português,
que tanto elogiam e representam.

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