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Direitos Humanos

Desde muito cedo que os homens e as mulheres se têm vindo a revoltar contra
as condições de vida onde predominavam a violência e a crueldade, que causaram e
causam ainda um número infinito de mortes e muito sofrimento.
Um desses exemplos de luta contra a injustiça foi o de Espártaco, um escravo
romano que mobilizou inúmeras lutas contra os proprietários de escravos e contra o
próprio exército romano. Espártaco liderou, durante a revolta, um exército rebelde
que contou com quase 40 mil ex-escravos, no entanto, acabou por morrer em batalha
e o seu corpo nunca foi encontrado.
Outro desses exemplos diz respeito aos defensores dos povos colonizados, que
eram tratados como escravos, e que lutavam contra a igreja católica e todas as
atrocidades que esta proclamava, tendo-se destacado o padre António Vieira que
dedicou a sua vida a tentar proteger e defender estas pessoas que ele achava serem
merecidas do mínimo de dignidade humana.
Um dos documentos mais antigos que se vinculam aos direitos humanos é o
Cilindro de Ciro, que contém uma declaração do rei persa Ciro II depois de sua
conquista da Babilônia em 539 a.C. Foi descoberto em 1879 e foi traduzido em 1971. O
Cilindro de Ciro apresentava características inovadoras, especialmente em relação à
liberdade religiosa e a abolição da escravatura. Tem sido valorizado positivamente
por seu sentido humanista e inclusive foi descrito como a primeira declaração de
direitos humanos.
Tendo em conta a existência deste tipo de ideias inovadoras torna-se ainda
mais revoltante o facto de a escravatura ser uma coisa que ainda ocorre nos dias de
hoje.
De facto, a existência de escravos é documentada há milhares de anos, mas
em Portugal a massificação da sua utilização é uma realidade a partir do século XV.
Embora não tenham sido os inventores da escravatura, os portugueses usaram-na com
muita frequência no período dos Descobrimentos, uma vez, que recorrer à mão de
obra escrava para trabalhar no império era a maneira mais barata e lucrativa de o
desenvolver. Aliás, Portugal foi o primeiro estado do mundo a fazer comércio global
de escravos vindos de África.
A escravatura só veio a terminar no decorrer do século XIX, com o triunfo da
ideologia da Revolução Francesa aliado ao avanço do capitalismo. Em Portugal no
governo do Marquês de Pombal foram criadas as primeiras leis que impediam a
importação de escravos para o país, no entanto a escravatura não terminou
definitivamente até porque, as razões por detrás destas leis não eram filantrópicas,
mas práticas: era necessário "prender" os escravos negros no Brasil e incentivá-los a
ficar. Para isso concluiu-se que era apenas necessário conceder pequenos direitos aos
escravos de modo a estimula-los, tornando-os mais produtivos. A abolição da
escravatura propriamente dita só aconteceu em Portugal a 27 de fevereiro de 1869,
108 anos depois da abolição do tráfico de escravos.
Apesar de grandes avanços no decorrer dos séculos é importante relembrar
que o século XX, há relativamente pouco tempo, historicamente falando, também
viveu horrores irreparáveis. São exemplos desses horrores as consequências diretas
das duas grandes guerras — como fome, morte, destruição e crimes de guerra — e os
genocídios de civis — como os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki e o holocausto
contra o povo judeu, em que aproximadamente seis milhões de pessoas foram mortas.
Para tentar minimizar e conscientizar o mundo sobre este assunto foi criada,
após o fim da Segunda Guerra Mundial a ONU que se tornou fundamental para a
garantia dos Direitos Humanos nos dias de hoje. (começou com 50 países e hoje
conta com 193 países)
A ONU trabalha pelo respeito aos Direitos Humanos, por meio de campanhas
pela erradicação do trabalho escravo, pela educação gratuita e universal, pela paz e
contra a violência por exemplo, no entanto, não interfere diretamente na política e
nas ações econômicas dos países. O máximo de interferência que pode haver por parte
dela acontece por meio de acordos com os quais os governos dos outros países
acabam exercendo pressões externas e isoladas contra o país não signatário como o
fechamento das fronteiras.
1.ª Geração dos Direitos Humanos
A primeira geração de direitos humanos ocorreu no final do século XVIII,
geração esta que está associada à independência dos EUA, que ocorreu a 4 de julho
de 1776, e à Revolução Francesa em 1789, tendo esta última sido influenciada pela
Declaração de Independência dos EUA, a criar a Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão.
Na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foram proclamados os
Direitos Humanos de 1.ª Geração que tem como elemento principal a ideia da
liberdade individual, civis e políticos como por exemplo a liberdade de expressão;
proteção à vida privada; liberdade religiosa ou o direito ao voto. No entanto os direitos
políticos são direitos de participação restritos à cidadania e por isso atingem somente
os eleitores, não sendo então alargado às mulheres apesar de muitas figuras já se
manifestarem contra. Olympe Gouges foi uma dessas mulheres, que decidiu publicar
um documento que mencionava a igualdade jurídica e legal das mulheres em
comparação aos homens que ficou conhecida como a Declaração dos Direitos da
Mulher e da Cidadã, projeto este que a convenção rejeitou, tornando-se
completamente ignorada política e academicamente.
Apesar de rejeitado, este ato de coragem incentivou diversas mulheres a lutar
pelos seus direitos, aliás o século XIX foi marcado pelos movimentos a favor da
concessão, às mulheres, do direito ao voto. O seu início deu-se em 1897, com a
fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino por uma educadora britânica que
tinha por base movimentos sufragistas, movimentos estes que inicialmente eram
pacíficos e que questionavam a hipocrisia vivida neste século, onde as mulheres eram
consideradas capazes de assumir postos de trabalho relativamente relevantes na
sociedade inglesa, mas serem vistas com desconfiança como possíveis eleitoras.
2.ª Geração dos Direitos Humanos
A segunda geração dos Direitos Humanos surge após a Primeira Guerra
Mundial, quando se começa a fortalecer a conceção de Estado de Bem-Estar Social
que se encontra ligada ao conceito de igualdade e que se mostra mais preocupada
com o poder de exigir do Estado a garantia dos direitos sociais, econômicos e
políticos, todos imprescindíveis à possibilidade de uma vida digna.
Esta segunda geração, graças ao desenvolvimento do capitalismo,
proporcionou um aumento do número de operários, operários estes que viviam em
condições precárias e muito duras. Existindo este tipo de dificuldades, depois de
muita lutas sociais, os operários foram capazes de alcançar diversos direitos,
económicos, políticos e sociais como já referi. Estes direitos consistiam num salário
proporcional às horas de trabalho; férias remuneradas e condições de trabalho
dignas por exemplo. Mais do que isso, o Estado foi capaz de garantir direitos de
oportunidade iguais a todos os cidadãos, através de políticas públicas como acesso
básico à saúde, educação, habitação, trabalho, entre outros, no entanto, só no século
XX é que parte destes direitos se vieram ao conquistar.
3 ª Geração dos Direitos Humanos
Os direitos fundamentais de terceira geração surgiram após a Segunda Guerra
Mundial, direitos esses, criados depois da aprovação da Carta Africana dos Direitos
Humanos. Estes direitos fundamentais encontram-se ligados aos valores de
fraternidade ou solidariedade, estes estão relacionados com o desenvolvimento ou
progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, ao direito de
propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade, ao direito de comunicação
entre outros.
É importante referir que estes são direitos transindividuais, uma vez que estão
destinados à proteção do gênero humano, direcionados para a preservação da
qualidade de vida, no entanto, estes direitos coletivos estão longe de serem
concretizados, vemos isso através das constantes guerras que acontecem pelos quatro
cantos do mundo, violando assim o direito à paz com está explicito na 3 ª Geração dos
Direitos Humanos.
Características dos Direitos Humanos
Como já referi ao longo do trabalho, os Direitos Humanos são um conjunto de
direitos civis, políticos, económicos, sociais e coletivos presentes na Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que tem como objetivo aviar uma vida digna,
igualitária e livre a qualquer ser humano.
Para isto foram criados 30 artigos nesta Declaração que apresentam ainda
diversas características no que diz respeito aos dito Direitos Humanos, sendo essas a
universalidade, indivisibilidade, interdependência e a inalienabilidade.
Os direitos são:
 universais porque os mesmos são dirigidos a qualquer pessoa, sem restrições,
independentemente de sua raça, crença ou nacionalidade;
 indivisíveis, pois, estes direitos não podem ser analisados de maneira
separada uma vez que a sua violação põe em causa o respeito pelos outros;
 interdependentes, uma vez que todos os direitos referidos se relacionam
entre si;
 e inalienáveis, porque dizem respeito a cada um dos seres humanos.
No caso de Portugal estes direitos só puderam ser institucionalizados, a todos
os cidadãos e cidadãs, depois da Revolução do 25 de abril em 1974.
Como ressaltei, uma das características dos direitos humanos corresponde à
universalidade, no entanto, muitos países do Sul começaram a questionar os países
do Norte quanto às conceções e políticas destes direitos, uma vez que estes, em
teoria, são responsáveis pelas situações de pobreza e exclusão vividas no mundo.
Durante muitos anos houve um conjunto de conhecedores que definiam o que
os outros deviam ter acesso. Esta ideia de democratizar a cultura, muitas vezes, estava
associada à ideia de democratização, ao levar a cultura ao povo como se povo fosse
uma entidade homogénea. Esta noção de democratização da cultura foi então posta
em causa a partir de 1980, que mostrava a consciência da importância da voz de cada
um para a cultura de todos, ou seja, consciencializava todos sobre a importância de
valorizar diferentes vozes, diferentes tipos de cultura e diferentes manifestações
artísticas.

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