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DIREITOS HUMANOS,
DESAFIOS E CONQUISTAS

MÓDULO I

Professor André Bakker da Silveira


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Seja bem-vindo e bem-vinda ao primeiro módulo do curso!


Este primeiro módulo será a base dos seus estudos. Aprenderemos sobre direitos
humanos com objetividade e sem distorções, para que você conheça a importância desse
tema e possa levar esses aprendizados para sua vida pessoal e profissional. As
informações que você encontrará aqui são fundamentais para o restante do curso, por isso,
fique atento e atenta aos conceitos apresentados e volte a este módulo sempre que achar
necessário.
Bons estudos!

INTRODUÇÃO

Este módulo de introdução ao curso sobre direitos humanos serve para situarmos o
debate. Para isso, primeiro precisaremos falar sobre o que são direitos humanos (que
chamaremos de DH, para abreviar). Como esse é um tema controverso, antes de qualquer
coisa é interessante limparmos o terreno. Por isso, vamos começar falando sobre o que os
direitos humanos não são.
Você já ouviu alguma dessas frases?
• “Direitos humanos são só para humanos direitos”.
• “Direitos humanos são direitos de criminosos”.
• “Esse pessoal dos direitos humanos...”
• “Os direitos humanos não protegem as vítimas”.

Todas essas frases são muito comuns no dia a dia dos brasileiros e brasileiras. São
disseminadas entre amigos, familiares e, infelizmente, por parte da mídia. Segundo uma
pesquisa realizada, em 2018, pelo Instituto Ipsos, dois em cada três brasileiros “acreditam
que os direitos humanos defendem mais bandidos que vítimas”. Isso significa que 66% da
população crê nessa ideia. Mas será que ela é verdadeira? Será que os DH de fato só
defendem bandidos?
Se você está aqui estudando este material, já deve saber que a resposta é não. Esta
noção de que os DH servem para promover a violência e proteger pessoas que cometeram
crimes é uma visão equivocada. Infelizmente, essa ideia falsa foi disseminada por parte da
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imprensa já nos anos 80 (CALDEIRA, 1991), seguindo à máxima de que “uma mentira
contada muitas vezes se torna uma verdade”.
A ideia por trás do surgimento dos DH sempre foi proteger as pessoas – todas as
pessoas – da opressão e da dominação. Ou seja, os DH servem como um escudo protetor
contra o autoritarismo, a intolerância e contra a vontade do mais forte sobre o mais fraco.
Mais especificamente, os DH buscam proteger os indivíduos de situações de opressão que
podem surgir em decorrência de desigualdades econômicas, sociais e políticas ou como
consequência de um Estado que se tornou autoritário. Em última análise, os direitos
humanos apontam para o que significa viver com dignidade, liberdade e igualdade.
Considerando tudo isso, podemos reescrever as frases anteriores para terem um
sentido mais correto. Torcemos para que, um dia, todos e todas que falarem sobre direitos
humanos, falem desta forma:
• “Direitos humanos são para todos os humanos e todas as humanas.”
• “Direitos humanos são direitos de criminosos, de não criminosos, de policiais
e de qualquer outra pessoa.”
• “Esse pessoal dos direitos humanos... luta para que todos e todas tenham
acesso aos seus direitos.”
• “Os direitos humanos protegem as vítimas, em especial, as vítimas da falta de
acesso ao básico para se viver com dignidade.”

Ao final deste material, esperamos que você entenda porque, somente escritas
dessa forma, essas frases fazem sentido. Agora que você já sabe o que não são DH, vamos
conhecer um pouco da história dos DH para descobrir o que de fato são esses direitos e
como surgiram.
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1 A FORMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS1

Contar toda a história dos direitos humanos não é tarefa fácil, pois, para alguns,
começa há muito tempo, cerca de 500 anos antes de Cristo. Por isso, o que faremos aqui
é uma síntese, um recorte. Para compreendermos o que são os DH atualmente, o principal
é que conheçamos o processo histórico que levou ao surgimento da Declaração Universal
de Direitos Humanos de 1948. Para chegarmos nesse momento específico, começaremos
por um marco histórico fundamental, as revoluções do século XVIII.

1.1 UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS: DO SÉCULO XVIII


AO SÉCULO XX

1776 e 1789 são duas datas centrais para a história dos DH. A primeira, marca a
Independência dos Estados Unidos e, a segunda, a Revolução Francesa. Esses dois
acontecimentos tiveram alguns elementos em comum, mas destacaremos aqui um aspecto
central: a busca pela liberdade. Tanto na França quanto na colônia britânica (antes de se
tornar Estados Unidos da América), parte da população queria ter mais voz nas decisões
políticas e nos rumos de suas próprias vidas. Desejavam não viver mais uma relação de
dominação por parte dos reis. Por isso, ocorreram vários movimentos sociais que
culminaram na independência das colônias norte-americanas da coroa inglesa e no fim
(temporariamente) da monarquia francesa.
Por trás desses movimentos existiam alguns ideais, por exemplo, de que todas as
pessoas nascem livres, que todas devem ser tratadas igualmente e que devem viver em
harmonia, daí o lema: liberdade, igualdade e fraternidade. Por isso, uma das consequências
dessas lutas foi o surgimento da Declaração de Independência dos Estados Unidos e a
criação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, na França. Podemos dizer
que, com esses dois momentos, nasce a ideia moderna de direitos humanos.

1Todo o apanhado histórico apresentado neste capítulo (subcapítulos 1.1 e 1.2) é uma compilação resumida
dos textos de Fábio Konder Comparato (1999), Giuseppe Tosi (2002), José Damião de Lima Trindade (1998)
e Lindomar Wessler Boneti (2019).
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Na França, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão dizia que os direitos


naturais de todos os cidadãos franceses eram: a liberdade, a propriedade, a segurança e a
resistência à opressão. É importante saber que não constava nessa declaração a igualdade
entre as pessoas, nem entre os sexos e não se falou sobre a escravidão (que continuou
nas colônias francesas). No que diz respeito à igualdade, a declaração apenas referiu-se à
igualdade jurídica, diante das leis, e não de igualdade material entre as pessoas.
Priorizando a liberdade e a propriedade, essa Declaração acabou criando a falsa
imagem de que todos os seres humanos partiam das mesmas condições e que, por isso,
caberia a cada um lutar por aquilo que queria. O problema dessa ideia é que as pessoas
mais ricas sempre tiveram maior possibilidade de realizar suas vontades, pois, as condições
materiais de vida (como a riqueza, o acesso à educação e à alimentação) sempre tiveram
um papel determinante na qualidade da vida. Assim como ocorre atualmente, naquela
época, pessoas que não tinham suas necessidades básicas atendidas (como ter uma
moradia e boa alimentação) não estavam na mesma condição de fazer escolhas que
aquelas que possuíam mais recursos. Por isso, o povo, que antes era explorado pelo rei,
com o passar do tempo, passaria a ser explorado pelas elites econômicas2.
Assim, a primeira declaração expressa de direitos humanos acabou atendendo aos
desejos da elite econômica da época. A revolução falhara para a maior parte da população,
pois, na prática, os direitos humanos não eram universais, mas apenas dos cidadãos
franceses, do sexo masculino e ricos. O que ocorreu nos Estados Unidos não foi muito
diferente. Apesar disso, é importante ter em mente que durante os séculos XVII e XVIII
surgiram pensadores, ideias e movimentos sociais que mudaram parte do mundo, pois uma
nova maneira de vida em sociedade surgia, uma vida baseada na democracia e liberdade
individual das pessoas. Por isso, dizemos que desse contexto surgiram o que hoje

2 Por elites, nos referimos aos indivíduos com maior poder econômico e político. À época das revoluções, a
burguesia passou a ocupar esse papel e teve grande influência no desenvolvimento dos direitos humanos na
modernidade (TRINDADE, 1998). Décadas após a Revolução Francesa, em decorrência da Revolução
Industrial (já no século XIX), as condições de trabalho nas fábricas europeias eram desumanas. Homens,
mulheres e crianças chegavam a trabalhar 16 horas por dia em espaços insalubres e recebendo um salário
ínfimo (MARTINS, 2008). Isso era possível porque não existiam direitos trabalhistas e porque os trabalhadores
e as trabalhadoras não tinham condições materiais de negociação com os empregadores (a elite burguesa).
Se não quisessem trabalhar, haveria outras pessoas para ocupar a vaga. Uma famosa representação desse
contexto é o romance de Émile Zola, Germinal, de 1885. A obra foi levada ao cinema em 1993, pelo diretor
Claude Berri.
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chamamos de direitos civis (liberdades básicas como a liberdade de expressão e de crença)


e direitos políticos (direito de participar nas decisões do governo, de votar e ser votado).
Mas, é claro que esses direitos não eram garantidos para todas as pessoas. Durante
o século XIX houve diversas revoltas em toda a Europa, idas e vindas e alternâncias de
poder. Apesar de todas as lutas, as camadas populares tiveram pequenas conquistas de
direitos e continuavam reféns das elites. Os direitos humanos para os operários eram
apenas uma ficção, usada para dar a impressão de liberdade.
Por tudo isso, ocorreu em 1910 a primeira grande revolução do século XX, a
Revolução Mexicana e, alguns anos depois, a Revolução Russa, em 1917. Assim como a
Revolução Francesa, de 1789, gerou a Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão,
a Revolução Mexicana produziu a Constituição Mexicana de 1917 e a Revolução Russa, a
Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, de 1918. Além dos direitos civis
e políticos, esses documentos trouxeram direitos sociais e econômicos, como o direito à
saúde, à educação e direitos trabalhistas, como as jornadas de 8 horas de trabalho e férias
remuneradas. Agora, o povo antes explorado tinha mais argumentos para impor limites às
exigências das elites. Não bastava ter liberdade, era preciso mais igualdade de condições
e, sobretudo, era preciso ser tratado com dignidade.

1.2 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS DE 1948

O século XX marcou a história da humanidade com duas guerras mundiais em que


milhões de pessoas morreram, tanto combatentes quanto civis e vítimas dos campos de
concentração. As perdas de vidas humanas desses conflitos, a brutalidade e a banalidade
com que elas se deram foram tamanhas, que os países viram a necessidade de criar, em
1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) para garantir que as atrocidades das
guerras não mais se repetissem. Com isso, o debate sobre direitos humanos é retomado
agora em nível global, com a participação de vários Estados ao redor do mundo.
A comunidade mundial decidiu criar um documento que prescrevesse aquilo que era
considerado fundamental para todo ser humano ter uma boa vida. Assim, em 1948, nasce
a Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) e com ela, a noção atual de direitos
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humanos (civis, políticos, sociais, culturais e econômicos)3 como indivisíveis, universais,


interdependentes e inter-relacionados. Quando se fala de DH atualmente, a principal
referência é a DUDH.
A DUDH é uma carta de princípios que diz como devem se dar as relações
internacionais e a relação entre Estados e seus cidadãos. Os valores ou princípios básicos
são aqueles que vimos anteriormente, frutos das lutas sociais dos séculos XVIII e XIX:
liberdade, igualdade e dignidade fundamentais de todos os seres humanos. A DUDH traz
30 artigos que devem servir como uma carta de valores comuns entre toda a humanidade
(no próximo módulo deste curso – módulo II – , aprofundaremos esse tema e
apresentaremos um quadro com todos os direitos presentes na DUDH.
Em 1945, a DUDH foi assinada por 48 países da Organização das Nações Unidas,
incluindo o Brasil. Hoje são 193 os países signatários, ou seja, praticamente todos os países
do mundo assinaram a Declaração Universal. Porém, a DUDH era apenas uma
recomendação de como os Estados deveriam agir. Por isso, foi necessária a criação de
vários pactos ou tratados de DH para garantir que os Estados de fato cumpririam com sua
palavra. No próximo módulo conheceremos um pouco mais sobre a DUDH e sobre alguns
tratados de DH. Por ora, o mais importante é saber que toda essa construção histórica, que
envolve teorias, ideias e lutas sociais, aponta em uma direção: o valor da dignidade
humana.

2 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

O que exatamente significa dizer que todo o ser humano tem dignidade? O que é
dignidade? Antes de aprofundarmos este tópico é preciso fazer uma ressalva: não há
consenso sobre o tema. Antes de tudo, dignidade é um conceito filosófico que entra no

3O professor Giuseppe Tosi (2002) sugere que pensemos os direitos a partir de quatro gerações diferentes.
São elas: 1ª geração: direitos civis e políticos (liberdades básicas, direito à vida, à integridade física e de
participação no governo); 2ª geração: direitos sociais, econômicos e culturais (direitos trabalhistas, seguridade
social etc.); 3ª geração: direitos a uma nova ordem internacional (direito à paz, ao meio ambiente e ao
desenvolvimento); 4ª geração: direitos das gerações futuras. Pesquisadores e pesquisadoras divergem sobre
o uso ou não dessa divisão em gerações (ou dimensões) de direitos humanos. Mas como essa é uma
categorização bastante usada, deixamos essa menção para seu conhecimento.
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mundo do direito como um ideal a ser alcançado. Por isso, falaremos aqui sobre algumas
perspectivas para entendermos o que é dignidade, embora de forma alguma esgotaremos
o assunto.

2.1 A ORIGEM DA IDEIA DE DIGNIDADE

O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) foi quem nos deu a chave para
entendermos o que é dignidade e foram suas ideias que formaram o conceito de dignidade
presente nos DH4. Ele afirmou que nós humanos, diferentemente das coisas, não podemos
ser utilizados simplesmente como meios para um fim e disse que não há nada no mundo
que tenha valor maior do que uma pessoa. Reconhecer isso, é reconhecer a dignidade da
pessoa humana.
Kant também mostrou que não há nada que aumente ou diminua a dignidade de uma
pessoa. A dignidade é um valor absoluto, não existe maior ou menor dignidade. Conhece
aquela famosa frase “o trabalho dignifica o homem”? Então, para Kant e para os direitos
humanos, essa frase é incorreta. Nada dignifica as pessoas, elas são dignas por serem
pessoas.
Vamos tentar compreender o que Kant quis dizer. Para o filósofo, o que é usar uma
pessoa simplesmente como um meio? A ideia é que toda vez que se usa uma pessoa como
um degrau para chegar a algum lugar ou para conseguir algo, está se usando uma pessoa
como um meio. Imagine a seguinte situação: se uma pessoa mente para a outra porque
quer tirar alguma vantagem (digamos, não levar uma bronca por ter feito algo errado), a
pessoa que mente está usando a outra como um meio para atingir um fim pessoal (não
levar bronca). Ela está usando a pessoa como um meio, como um degrau, para atingir seus
propósitos. Kant diria que a mentirosa está violando a dignidade da outra pessoa em razão
de seu interesse pessoal.
Kant quis nos mostrar que a dignidade humana é um valor absoluto e nunca pode
ser relativizado. Por isso, podemos dizer que os humanos são sempre fins em si mesmos
e que não têm preço. Veja o que ocorreu durante o período da escravidão. À época, a

4A ideia de dignidade, como formulada neste material, está presente na obra Fundamentação da Metafísica
dos Costumes (1785), de Kant (1980).
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própria lei brasileira dizia que os escravos não eram pessoas, mas, objetos, propriedades
dos senhores, os quais os usavam como meios para ficarem mais ricos. Por isso, era uma
violação da dignidade.
Daí a importância da ideia de dignidade para os DH, para que nunca, em nenhum
lugar no mundo e sob nenhuma circunstância, possa um ser humano ser usado
simplesmente como um meio, como mero objeto. Vejamos agora como a dignidade se liga
aos DH.

2.2 OS DIREITOS HUMANOS E A DIGNIDADE

Se a dignidade humana é incondicional, então todo ser humano tem dignidade pelo
simples fato de ser humano e nenhuma situação pode justificar a relativização (ou
condicionamento) da dignidade.
Mas o que isso significa? Dizer que temos dignidade, segundo os DH, é o mesmo
que dizer que nenhuma circunstância da vida pode violar nossa dignidade. Então, ser
homem, mulher, branco, negro, cristão, muçulmano, heterossexual, homossexual,
cisgênero, transgênero, rico, pobre, preguiçoso, esforçado, saudável, doente (e qualquer
outro fator que você possa imaginar!), nada disso é motivo para violar a dignidade.
Nenhuma condição ou situação de vida pode violar o fato de sermos humanos, nem mesmo
as atitudes e comportamentos das pessoas.
Por isso, tudo aquilo que ao longo da história foi sendo entendido como digno se
tornou um direito humano. Quando se entendeu que uma pessoa sem liberdade estava
também sem dignidade, a liberdade passou a ser um direito humano. Quando se percebeu
que uma pessoa sem acesso à comida ou à educação, acaba sem dignidade, então comida
e educação se tornaram direitos humanos. Por isso, quando direitos humanos são violados,
a dignidade humana também é violada. A lógica aqui é: porque temos dignidade, temos
direitos. A dignidade define os direitos. Porém, isso também significa que para podermos
ter uma vida digna, precisamos ter acesso real aos direitos humanos. Então: porque temos
direitos, temos dignidade. Os direitos garantem a dignidade.
Talvez agora você comece a entender porque a desumanização de grupos como os
escravizados no Brasil colonial e os judeus, ciganos, gays e pessoas com deficiência no
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nazismo, apenas para citar alguns exemplos, foi tão comum na nossa história. Desumanizar
é uma forma de justificar a violação da dignidade e, consequentemente, dos direitos
humanos. Infelizmente, há ainda grupos que são desumanizados cotidianamente, por isso
é preciso estar atento para que os horrores do passado nunca mais se repitam.
A conclusão a que chegamos é que a luta por direitos é a luta por dignidade. Quando
falamos do direto à liberdade, estamos também falando de dignidade. Quando falamos do
direito à igualdade, estamos falando de dignidade. Quando falamos do direito à educação,
à saúde, à moradia, à alimentação, à assistência social, ao respeito da diversidade,
estamos sempre falando de dignidade humana.
Como dissemos, não existe um conceito único e fechado do que significa dignidade.
O que trouxemos aqui foram algumas possibilidades de reflexão. Agora você pode pensar
sobre esse tema e encontrar a melhor forma para entendê-lo, mas, sempre lembrando, que
dignidade e direitos humanos estão sempre conectados. A dignidade é um conceito, uma
ideia, a partir da qual todos os direitos devem derivar. Não pode existir direito que esteja
em desacordo com a dignidade e não há direito que seja superior à dignidade. Por isso, a
dignidade aparece logo no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos
e da nossa Constituição Federal de 1988:

Declaração Universal de Direitos Constituição da República Federativa do


Humanos de 1948 Brasil de 1988:

Artigo 1 - Todos os seres humanos Art. 1º A República Federativa do Brasil,


nascem livres e iguais em dignidade e formada pela união indissolúvel dos
direitos. São dotados de razão e Estados e Municípios e do Distrito
consciência e devem agir em relação uns Federal, constitui-se em Estado
aos outros com espírito de fraternidade. Democrático de Direito e tem como
fundamentos: III - a dignidade da
pessoa humana;
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3 OS DESAFIOS DOS DIREITOS HUMANOS E OS GRUPOS


VULNERÁVEIS

Depois de termos apresentado essa breve história dos direitos humanos e falado um
pouco sobre o princípio da dignidade, talvez você esteja se perguntando: por que é que
esse mundo ideal dos DH não existe na prática? Não há resposta simples para essa
questão, mas, nesta parte final do primeiro módulo, apresentaremos alguns dos principais
desafios dos DH.
Inicialmente, é importante ter em mente que os DH foram conquistados “não todos
de uma vez e nem de uma vez por todas”, como afirmou o jurista Norberto Bobbio (2004,
p. 9) e que o projeto dos DH é uma utopia “que se realiza na própria tentativa de realizá-la”
(BENEVIDES, 2000). Ou seja, cabe a todos e todas lutar para que mais e mais pessoas
tenham acesso a seus direitos básicos, tendo como objetivo construir uma sociedade livre
de opressão e em que todas as pessoas tenham sua dignidade respeitada.
O grande objetivo dos direitos humanos é criar uma comunidade global que
compreenda e respeite esses direitos. Trata-se de criar uma cultura de direitos humanos.
Porém, basta olhar o mundo a nossa volta para ver que estamos muito distantes dessa
realidade. Ainda que o século XX tenha sido repleto de pactos e convenções de direitos
humanos, atos violentos permearam as décadas que se seguiram à Declaração de 48
(Conflitos no Vietnã, Coreia, Laos e Cambodja, Apartheid nos EUA e África do Sul, e, mais
recentemente as guerras no Afeganistão, Irã e Iraque). E de maneira talvez ainda mais
perversa, pois muitos conflitos foram justificados a partir dos direitos humanos.
Além disso, diariamente, milhares de pessoas morrem por falta de alimento, por
conflitos armados e por violência dentro de suas próprias casas. Ainda hoje, há pessoas
que sofrem violência e inclusive são mortas em razão do seu sexo ou gênero, pela cor de
sua pele, pela sua nacionalidade, etnia ou religião. Por isso, os desafios que os DH têm de
enfrentar são imensos, já que o fato de existirem previsões legais não garante a
materialização dos direitos. Para isso, é preciso exigir das autoridades o respeito aos
direitos humanos.
É claro que existem diversas causas para esses problemas, mas há algo em comum
entre essas causas. Nas décadas que seguiram à Segunda Guerra Mundial, o crescimento
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econômico e intervenção estatal permitiram maior distribuição de riquezas, o que gerou os


chamados Estados de Bem-Estar Social. Porém, a partir de 1970, novas políticas
econômicas fizeram com que os direitos adquiridos no período fossem questionados. Nesse
momento, a presença do Estado na promoção de direitos sociais passou a ser vista como
um problema (DAGNINO, 2004) e o individualismo tomou força como forma de conceber a
atuação política dos governos, espalhando-se pelo mundo como um novo modelo
econômico e social. Se antes o bem-estar de todas as pessoas da sociedade era o foco
das políticas públicas, agora o principal era garantir a liberdade da economia e do livre
mercado. Essa é uma das ideias por trás do chamado neoliberalismo (DARDOT; LAVAL,
2016).
Como consequência dessa rejeição da participação do Estado na qualidade de vida
dos cidadãos e cidadãs, renda e riqueza passam a ser requisitos para o acesso a bens e
serviços básicos5, aumentando-se a desigualdade social. Itens que deveriam ser direitos
(educação, saúde, alimentação etc.) passam a ser privilégios. A conclusão de uma
pesquisa realizada em 2015 sobre o acesso a serviços públicos é fundamental para
entendermos esse contexto, pois mostra que

[...] na última década, ocorreram avanços significativos para as camadas mais pobres
em sua capacidade de consumo, mas que elas ainda enfrentam grande dificuldade
para ter assegurado seu direito de acesso a serviços de boa qualidade. As mudanças
que se têm dado “da porta de casa para dentro” não vêm sendo acompanhadas pelos
mesmos avanços “da porta de casa para fora”, nos serviços disponíveis, especial-
mente para as camadas mais pobres da população. Sem promover o acesso a
serviços públicos de boa qualidade, corre-se o risco de que as portas de saída
da pobreza virem portas giratórias, fazendo com que as mesmas populações
saiam por um lado e entrem pelo outro. [...] ficou claro que, para superar a pobreza
no Brasil, o nível de renda é condição necessária, porém não suficiente: tem de haver
uma verdadeira revolução no acesso e na qualidade dos serviços públicos para uni-
versalização da cidadania. E para tal, a compreensão de acesso a serviços como
direito e não como mercadoria é imprescindível. (FAGNANI; MENEZES; ROMANO,
2015, não p., grifos nossos).

5 “Como explica Barbosa, o neoliberalismo de Thatcher e Reagan – condensado na frase da ex-primeira-


ministra ‘there is no such thing as society. Thre are individual men and women and there are families’ (‘não
há sociedade. Há apenas homens e mulheres individuais e há famílias’) – acabou por enfatizar que as pessoas
são exclusivamente responsáveis por seus destinos e aquilo que conquistarem será fruto direto de seus
esforços e capacidades. A noção de self-made man tipicamente norte-americana é globalizada e, com isso,
o mérito é propagado como um valor fundamental e a meritocracia como forma legítima e desejável de
organização das sociedades ocidentais (BARBOSA, 2001)” (SILVEIRA, 2021, p. 45).
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Mas é claro que essa situação não afeta a todas as pessoas da mesma forma, pois,
como disse o escritor colombiano Gabriel García Márquez em seu discurso no Nobel de
Literatura em 1982 (HOMO LITERATUS, 2016), os estragos da vida não são iguais para
todos. Há alguns grupos de indivíduos que são mais afetados e mais vulneráveis aos
impactos ambientais e à falta de acesso a direitos sociais e que, por isso, precisam de maior
atenção6.
Nesse segmento vulneráveis composto por mulheres, pessoas negras, pessoas
LGBTI+, imigrantes e refugiados, indígenas, pessoas com deficiência, crianças e
adolescentes, povos ciganos, população de rua, pessoas idosas são minorias. No nosso
país, mulheres e pessoas negras, por exemplo, representam mais de 50% da população,
ainda assim, são pouco presentes na política e em profissões de maior reconhecimento
social. Esses grupos são os mais afetados pelos desafios atuais dos DH e pela redução da
participação do Estado na materialização de direitos sociais. Lembre-se: ter o direito à
liberdade e não ter os meios para viver com liberdade é como não ter o direito à liberdade.
Vejamos agora alguns dos desafios bastante atuais dos DH de maneira introdutória,
pois esses temas serão estudados com maiores detalhes em outros cursos.

3.1 VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS: PRECONCEITOS,


EXCLUSÕES E VIOLÊNCIAS

O preconceito e a discriminação são grandes causadores de desigualdades sociais.


O machismo e a misoginia (preconceito contra mulheres), o racismo (preconceito em razão
da raça, etnia ou cor da pele), a xenofobia (preconceito contra estrangeiros) a homofobia e
a transfobia (preconceito contra pessoas LGBTI+), o capacitismo (preconceito contra
pessoas com deficiência) entre outros são males que devem ser enfrentados. Todos esses
preconceitos podem se transformar em exclusão e desigualdade7. Acontece que, pela

6 Esses grupos vulneráveis muitas vezes também são chamados de minorias. Quando nos referimos às
minorias não estamos falando em termos numéricos, mas políticos, econômicos e sociais. As minorias
políticas, nesses casos, são os grupos de pessoas menos representadas politicamente, que tem menos voz
e menos acesso a direitos.
7 É muito importante ter atenção a essas duas palavras: diferença e desigualdade. Diferença diz respeito às

características que cada indivíduo possui e que acabam por formar sua identidade, por isso podemos dizer
que todas as pessoas são diferentes. Desigualdade, por sua vez, diz respeito à forma como uma pessoa é
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perspectiva dos direitos humanos, não importa quão diferente o outro seja, não há razão
para tratá-lo de forma desigual.
É claro que existem casos em que é necessário tratar as pessoas de formas
diferentes, chamamos isso de equidade. Equidade significa tratar as pessoas de maneira
desigual, apenas na medida em que essa desigualdade possibilite uma vida plena. Não se
trata de dar privilégios, mas de garantir a mesma oportunidade. Nesse caso, o que se busca
é gerar mais igualdade em situações em que certas pessoas vivem com desvantagens. Do
lado oposto do tratamento com igualdade ou com equidade há a exclusão. Ela ocorre
quando as diferenças entre pessoas e grupos são usadas como justificativas para o
tratamento desigual e, por vezes, violento8. Sobre isso, Trindade afirma:

[a] pesar de avanços em alguns países em relação à igualdade de gêneros ou aos


direitos de certas minorias mais organizadas, é certo que as garantias dos direitos
individuais não são as mesmas para todos, ou o são nas leis, mas é de realidade que
importa falar. Quem são as vítimas mais usuais de agressão policial, detenção
arbitrária, tortura, aprisionamento além da pena, preconceito, discriminação no
emprego, no acesso à educação, na representação política, e assim por diante? As
mesmas de duzentos anos atrás. Fortalece-se, por toda parte, o cinismo de elites
tendente a qualificar os trabalhadores — principalmente os excluídos do mercado e
do consumo — mais ou menos como categoria inferior de humanos. Às vezes, isso
manifesta-se de modo dissimulado. Outras vezes, extravasa como nostalgia de
soluções fascistas contra os que são encarnados como ameaça: migrantes,
desempregados, grupos étnicos ou regionais, presidiários, crianças de rua,
miseráveis em geral etc. (TRINDADE, 1998, p. 58).

A história do Brasil pode ser contada a partir da perspectiva da violência. Essa é uma
questão importante do desenvolvimento do país, tanto em termos das práticas sociais
quanto das práticas institucionais. A violência sempre foi resolvida com mais violência, por
isso se diz que está enraizada em nossa cultura, pois é geradora de conflitos, mas é
também acionada para a tentativa de resolução desses conflitos.
Muitas vezes, essa violência se materializa nas políticas públicas e na atuação do
Estado. Sobre isso, é importante notar que o Brasil já foi acionado onze vezes na Corte
Interamericana de Direitos Humanos (tribunal responsável pelo julgamento de denúncias

tratada em relação às outras. Por exemplo, se duas pessoas com as mesmas capacidades realizam um
mesmo trabalho, é justo que recebam a mesma recompensa. Isso é tratamento igual.
8 Como exemplo, veja a situação das pessoas transexuais e travestis no Brasil. A expectativa de vida delas é

de apenas 35 anos (ALVES, 2021). Essa triste realidade é resultado da intolerância e da exclusão social que
fazem com que as vidas dessas pessoas sejam repletas de obstáculos.
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contra os Estados americanos), tendo sido condenado dez vezes. Essas condenações
ocorreram, pois se considerou que o Estado brasileiro atuou ou foi negligente em situações
de tortura, escravidão, assassinato, violação de privacidade, ou seja, graves violações de
direitos humanos (PLASTINO, 2021). É preciso sempre ter em mente que é papel do Estado
garantir os direitos humanos. Por isso, na ausência dessas garantias, o Estado acaba se
tornando o maior violador de direitos humanos (SOUZA; BELMUDES, 2008)9.
Atualmente, os grupos em situação de maior vulnerabilidade e risco de sofrer
violência são as mulheres, os idosos, as crianças e adolescentes, a população negra,
indígenas, migrantes e refugiados, LGBTI+ e pessoas com deficiência. Além disso, quando
falamos desses grupos é preciso considerar a interseccionalidade, isto é, a sobreposição
de circunstâncias que causam a exclusão social.
Para entender a questão da interseccionalidade, considere que as dificuldades
enfrentadas por uma mulher branca de classe média alta no Brasil (apenas para citar um
exemplo), poderão ser bastante diferentes daquelas enfrentadas por uma mulher negra e
pobre. Isto não significa dizer que a primeira não sofra preconceitos de gênero, apenas que
a segunda está sujeita a um grau maior de injustiças em razão da cultura racista, machista
e elitista do país. O conceito de interseccionalidade pode ser aplicado a todas as categorias
que citamos anteriormente e resultará em tipos diferentes de discriminação e exclusão.
Por isso, toda política pública deveria estar fundamentada (assim como o Estado
brasileiro está) nos direitos humanos e nas necessidades de cada grupo. A Constituição foi
construída com o propósito de expandir a dignidade e viabilizar o acesso aos direitos de
todas as pessoas. Como disse o professor Sérgio Adorno (2017), a lei e a ordem e os
direitos humanos devem estar conectados. Sem o devido planejamento, execução e
avaliação de políticas, os problemas relacionados à violência, à discriminação e à exclusão
não podem ser de fato enfrentados. Medidas como essa visam retirar o viés violento
enraizado na cultura e propiciar um atendimento adequado.

9 E esse respeito, podem ser encontrados dados sobre a percepção da população sobre a segurança
pública na pesquisa do DataFavela de 2020 (PAULUZE, 2020), disponível em:
//www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/07/so-5-dos-brasileiros-acreditam-que-a-policia-nao-e-racista-
aponta-pesquisa.shtml).
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Por isso, não cabe a nenhuma pessoa ou Estado definir quais características
pessoais são aceitáveis ou não, boas ou más, toleráveis ou respeitáveis. Todos e todas
devem ser igualmente respeitados em sua dignidade.
A luta pelos direitos humanos exige que os responsáveis pela garantia dos DH (o
Estado, os governos, os servidores públicos, a sociedade civil e o setor privado) entendam
a noção de integralidade destes direitos. Os DH são universais, interdependentes e
indivisíveis. Isso significa que a violação a qualquer direito é uma violação de direitos
humanos, não apenas daquele direito específico. Dessa forma, o ser humano é pensado,
também, em sua integralidade, pois todos precisam de liberdade, saúde, educação,
segurança etc. para ter sua dignidade garantida.
Diferentemente do que se pensa, DH não são privilégios, ou seja, não são algo que
se merece ou não se merece. Dizer que uma pessoa não merece ter DH porque ela é de
um jeito ou porque ela fez algo, não faz sentido. Se fosse assim, todas as pessoas estariam
correndo o risco de perder seus direitos, bastaria que dissessem: “você não merece ter
direitos!”.
Isso significa que criminosos também têm dignidade e devem ter seus direitos
humanos respeitados? Correto! Então, as pessoas não devem ser responsabilizadas pelos
seus crimes? Errado! A questão aqui é que ter um julgamento justo também é um direito
humano. Então, sim, um criminoso deve ser responsabilizado, mas seu julgamento e sua
pena devem ser justos e respeitar sua dignidade.
Temos direitos pelo simples fato de sermos humanos e quanto mais uma sociedade
respeita os DH de todas as pessoas, inclusive dos criminosos, mais se difunde uma cultura
de respeito a esses direitos. Parece óbvio, não? Quanto mais acesso aos DH maior
igualdade e, portanto, menor violência e instabilidade social. Nas palavras de Sérgio Adorno
(2017), “para eu ter paz, os outros também têm que ter paz”. Então, diferentemente de
recursos naturais (como a água que quanto mais se usa, menos se tem), no caso dos
direitos humanos, quanto mais se usa, mais se tem.
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