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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

O TERRORISMO E A LEI 13.260/16

PEDRO JOSÉ DE ALMEIDA TEIXEIRA

Piracicaba, São Paulo


2019
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

O TERRORISMO E A LEI 13.260/16

PEDRO JOSÉ DE ALMEIDA TEIXEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Departamento de
Direito Penal da Faculdade de Direito de
Piracicaba da Universidade Metodista
de Piracicaba para obtenção do título de
bacharel em direito.
Área de concentração: Direito
Penal.
Orientador: Prof. Dr. Miguel
Ângelo Ciavarelli Nogueira dos Santos.

Piracicaba, São Paulo


2019
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer
meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que
citada a fonte.

Teixeira, Pedro José de Almeida.


O Terrorismo e a Lei 13.260/16.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Faculdade


de Direito de Piracicaba/Universidade Metodista de Piracicaba.
Orientador: Santos, Miguel Ângelo Ciavarelli Nogueira dos.

1. O Histórico da Legislação no Combate ao Terrorismo no


Brasil. 2. O Terrorismo. 3. Lei 8.072/90 Crimes Hediondos. 4. Lei
13.260/16 Lei Antiterrorismo. 5. Operação Hashtag. 6.
Convenções Internacionais de Combate ao Terrorismo.
TEIXEIRA, Pedro José de Almeida. O Terrorismo e a Lei 13.260/16. Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Direito de Piracicaba da
Universidade Metodista de Piracicaba para a obtenção de título de bacharel em direito.
Piracicaba, 2019.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof.Dr._____________________________________________________________
Instituição: ________________________Julgamento: ________________________

Assinatura: __________________________________________________________

Prof.Dr._____________________________________________________________
Instituição: ________________________Julgamento: ________________________

Assinatura: __________________________________________________________

Prof.Dr._____________________________________________________________
Instituição: ________________________Julgamento: ________________________

Assinatura: __________________________________________________________
A minha mãe pela educação, ensinamentos
e por sempre estar ao meu lado.

Ao meu padrinho pelo enorme suporte que


foi essencial para esta etapa da minha vida.

A memória de minha madrinha que sempre


busco honrar o amor que nunca deixou de dar.

Aos meus queridos amigos que estiveram


comigo durante esta jornada, tornando a vida
acadêmica mais prazerosa.
Agradeço imensamente ao Prof. Dr. Miguel
Ângelo Ciavarelli Nogueira dos Santos pelos
valiosos ensinamentos.

Aos Mestres e Professores José Luiz Joveli


e André Camargo Tozadori, que introduziram o
Direito Penal na minha vida de forma impetuosa,
perpetuando a paixão pela disciplina.
“Mas eu não vou parar, porque eu vou escalar até o topo da
montanha. Não pode cair. Permaneça triunfante, continue vivendo”
CAREY, ROSS E MILL, 2012.
RESUMO

No primeiro capítulo deste trabalho será abordado a evolução da legislação


brasileira no combate ao terrorismo. O segundo capítulo apresenta o terrorismo em
suas variadas classificações e a maneira em que é repercutido. O terceiro capítulo
acerca-se da Lei de Crimes Hediondos. No quarto capítulo é apresentada, em todos
os seus artigos, a Lei Antiterrorismo. O quinto capítulo traz a primeira operação que
teve a condenação baseada na Lei 13.260/16. E por fim, o sexto e último capítulo visa
expor as convenções internacionais de combate ao fenômeno do terrorismo.

PALAVRAS-CHAVES: terrorismo, atos terroristas, organização criminosa, crimes


hediondos, tratados.
ABSTRACT

The first chapter of this work will discuss the evolution of Brazilian legislation in
the fight against terrorism. The second chapter presents terrorism in its various
classifications and the manner in which it is passed on. The third chapter is about the
Law of Harmful Crimes. In the fourth chapter is presented, in all its articles, the
Antiterrorism Law. The fifth chapter brings the first operation that had the conviction
based on Law 13.260 / 16. Finally, the sixth and final chapter aims to expose
international conventions to combat the phenomenon of terrorism.

KEYWORDS: terrorism, terrorist acts, criminal organization, heinous crimes, treaties.


LISTA DE SIGLAS

CF – Constituição Federal
CP – Código Penal Brasileiro
MP – Ministério Público
MPF – Ministério Público Federal
ONU – Organização das Nações Unidas
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

1. O HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO NO COMBATE AO TERRORISMO NO


BRASIL ..................................................................................................... 15

2. O TERRORISMO ...................................................................................... 19

2.1 CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................... 19

2.1.1 AOS ATORES .......................................................................................... 19

2.1.2 AOS MÓVEIS ESSENCIAIS ..................................................................... 20

2.1.3 AOS EFEITOS ......................................................................................... 21

2.1.4 AO ÂMBITO DE EXECUÇÃO DAS AÇÕES E DE PROCEDÊNCIA DOS


ENVOLVIDOS .............................................................................................................. 21

2.2 A REPERCUSSÃO DO TERRORISMO .......................................................... 21

3. LEI 8.072/90 – CRIMES HEDIONDOS ....................................................... 24

3.1 ANISTIA .......................................................................................................... 24

3.2 GRAÇA ........................................................................................................... 25

3.3 INDULTO ........................................................................................................ 25

4 LEI 13.260/16 – LEI ANTITERRORISMO ................................................... 26

4.1 ARTIGO 1º - A REGULAMENTAÇÃO ............................................................. 26

4.2 ARTIGO 2º - O CRIME DE TERRORISMO ..................................................... 27

4.3 ARTIGO 3º - AUXÍLIO A ORGANIZAÇÃO TERRORISTA ............................... 28

4.4 ARTIGO 4º - VETADO .................................................................................... 29

4.5 ARTIGO 5º - ATOS PREPARATÓRIOS .......................................................... 29

4.6 ARTIGO 6º - ASSISTÊNCIA AO TERRORISMO ............................................ 31

4.7 ARTIGO 7º - AGRAVANTE DO RESULTADO DE MORTE OU LESÃO


CORPORAL ..................................................................................................................... 31

4.8 ARTIGO 8º - VETADO .................................................................................... 32

4.9 ARTIGO 9º - VETADO .................................................................................... 32

4.10 ARTIGO 10 – DESISTÊNCIA VOLUTÁRIA ................................................... 33

4.11 ARTIGO 11 - COMPETÊNCIA ...................................................................... 33


4.12 ARTIGO 12 – MEDIDAS ASSECURATÓRIAS .............................................. 34

4.13 ARTIGO 13 – NOMEAÇÃO PARA ADMINISTRAÇÃO DE BENS ................. 35

4.14 ARTIGO 14 – DAS RESPONSABILIDADES ................................................. 35

4.15 ARTIGO 15 – DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS NO ESTRANGEIRO ..... 36

4.16 ARTIGO 16 – INVESTIGAÇÃO, PROCESSO E JULGAMENTO................... 36

4.17 ARTIGO 17 – EQUIPARADO A HEDIONDO ................................................ 37

4.18 ARTIGO 18 – PRISÃO TEMPORÁRIA .......................................................... 37

4.19 ARTIGO 19 – ORGANIZAÇÃO TERRORISTA COMO ORGANIZAÇÃO


CRIMINOSA ..................................................................................................................... 38

4.20 ARTIGO 20 – PUBLICAÇÃO......................................................................... 38

5. OPERAÇÃO HASHTAG ............................................................................ 39

6. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS DE COMBATE AO TERRORISMO .. 41

CONCLUSÃO ................................................................................................. 43

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 45
13

INTRODUÇÃO

Mencionado no art. 5º, XLIII da Constituição Federal de 1988 e elencado na Lei


nº8.072/90, a Lei dos Crimes Hediondos, o terrorismo é um fenômeno social muito
antigo. Contudo, pouco houve uma preocupação maior por parte do Estado em tratar
sobre o tema, em face do Brasil nunca ter sido palco dos ataques terroristas políticos
enfrentados pelos países europeus, os Estados Unidos e o Oriente Médio.
No ano de 2016 o Brasil fora anfitrião do maior evento esportivo mundial, o
Jogos da XXXI Olimpíada, mais conhecido como Rio 2016. Decerto o país já não
contava tão somente com a atenção das demais nacionalidades presentes no
espetáculo, mas sim de maneira especial do Poder Legislativo.
Em decorrência dos ataques sofridos pelos Estados Unidos (Nova York),
Espanha (Madri), Inglaterra (Londres) e o os recorrentes na França (Paris), o
terrorismo entrou em evidência e chamou a atenção do Legislativo para que tipificasse
a conduta.
A pressão do povo tomava força com a chegada dos Jogos em virtude da
inércia do Estado em tipificar a prática, quando então buscavam-se em outros textos
mecanismos de combate e punição, como dispõe o art. 20 da Lei de Segurança
Nacional, a Lei nº 7.170/83, no qual faz menção ao tipo.
Ocorre que essa mera referência disposta na Lei de Segurança Nacional era
demasiadamente aberta, um objeto de insegurança jurídica, impedindo uma
interpretação uníssona por parte do Judiciário e, por fim, ferir o princípio da
taxatividade.
Foi quando em 18/03/2016, aprovada às pressas, entrara a vigor a controvérsia
Lei nº 13.260/16, popularmente chamada Lei Antiterrorismo, que disciplinava o
terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o
conceito de organização terrorista.
Sendo assim, o Estado rompe o hiato sobrevivido acerca de longos 28 anos de
silêncio do Poder Legislativo, cujo não havia texto específico para o tema, diferente
das outras práticas equiparadas a crimes hediondos, para dar efetividade ao referido
inciso XLIII do art. 5º da Constituição Federal e também acolher as recomendações
internacionais.
14

Dessa forma, o objeto desta monografia versa sobre o histórico da conduta, o


conceito e consequências trazidos pela Lei 13.260/16, a abordagem na Legislação
Penal Especial e a importância da cooperação internacional no combate.
15

1. O HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO NO COMBATE AO TERRORISMO NO BRASIL

O Brasil confere inúmeras leis que fizeram ou ainda fazem referência ao


terrorismo. Nesta trilha, faz-se pertinente ilustrar as principais evoluções ao tratamento
jurídico em solo brasileiro sobre o fenômeno social1.
No século XVII, período em que era colônia de Portugal, havia os chamados
crimes de Lesa Majestade, praticados contra a pessoa do monarca ou seu Real
Estado2, dispostos nas Ordenações Filipinas, de 16033, na qual o Brasil era
submetido.
Em 1831, ocorreu o advento do Código Criminal do Império e no dizer de
Guimarães, houve “[...] indicativos da repressão aos delitos contra a segurança
nacional e a ordem política [...] no título sobre crimes públicos e nos relativos aos “[...]
crimes contra o livre exercício dos poderes políticos e dos crimes contra a segurança
interna do Império e pública tranquilidade4”.
Segundo Almeida (2017, p.140), em 1890, o Código Penal Republicano entrou
em vigor contemplando dois títulos referentes à segurança nacional, chamados “Dos
crimes contra a Existência Política da República” e “Dos Crimes contra’ a Segurança
Interna da República, citado por Guimarães, mantidos “[...] praticamente na íntegra na
Consolidação das Leis Penais, de 19325”.
Na década de 20 foi publicado o Decreto 469 de 1921, quando se fez mister a
tipificação do anarquismo em razão da iminência de um ataque terrorista-anarquista6.
O termo “terror” inaugurou-se na literatura brasileira através da Lei 1 de 1938,
responsável por emendar o art. 122, nº 13 da Constituição de 1937 (ALMEIDA, 2017,
p. 141).
Determinava que:

1
ALMEIDA, Débora de Souza de. Terrorismo: Comentários, artigo por artigo, à Lei 1.260/16 e Aspectos
Criminológicos e Político-Criminais – Salvador: JusPodivm, 2017. p. 139.
2
PIERANGELLI, José Henrique. Códigos Penais do Brasil: evolução histórica. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001. p. 120.
3
ORDENAÇÕES FILIPINAS. Portugal: Universidade de Coimbra. Disponível em:
<http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/15ind.htm>. Acesso em: 30 mar. 2019.
4
GUIMARÃES, Marcello Ovídio Lopes. O Tratamento Penal do Terrorismo. São Paulo. Quartier Latin,
2007. p. 80.
5
Ibid., p.80.
6
BRASIL, Decreto nº 4.269, de 17 de janeiro de 1921. Regula a Repressão do Anarchismo. In:
SENADO FEDERAL. Secretaria de Informação legislativa. Brasília, 1921. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=29074>. Acesso em: 31 mar. 2019.
16

Art. 122 – A Constituição assegura aos brasileiros e estrangeiros


residentes no País o direito à liberdade, à segurança individual e à
propriedade, nos termos seguintes: [...] 13) Não haverá penas
corpóreas perpétuas. As penas estabelecidas ou agravadas na lei
nova não se aplicam aos fatos anteriores. Além dos casos previstos
na legislação militar para o tempo de guerra, a pena de morte será
aplicada nos seguintes crimes: [...] h) atentar contra a segurança do
Estado praticando devastação, saque, incêndio, depredação ou
quaisquer atos destinados a suscitar terror; [...]7.

A problemática em conceituar o terrorismo foi demonstrada desde muito cedo.


Embora sendo possível encontrar a expressão “terror” ou em suas formas derivadas
na legislação, nenhuma trazia propriamente a sua definição, resultando-se numa
cláusula aberta, conforme o Decreto-Lei 314 de 1967, em seu art. 25:
Art. 25 – Praticar massacre, devastação, saque, roubo, seqüestro,
incêndio ou depredação, atentado pessoal, ato de sabotagem ou
terrorismo; impedir ou dificultar o funcionamento de serviços
essenciais administrados pelo Estado ou mediante concessão ou
autorização. Pena – reclusão, de 2 a 6 anos8.

Resta nítido que as leis demonstraram fracassos em suas tentativas infrutíferas


em criminalizar o terrorismo, pois como Almeida (2017, p. 144) exemplifica
Guimarães, não basta empregar o termo: deve-se determinar os seus contornos
respeitando o princípio da taxatividade9.
A vigente Lei nº 7.70/83, notória Lei de Segurança Nacional persistiu na falha
em definir o terrorismo. O referido texto em seu art. 20 confere a expressão “atos de
terrorismo”, nitidamente configurando a violação ao princípio da taxatividade e,
consequentemente, ao princípio da legalidade.
Art. 20 – Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em
cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar
atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou
para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações
políticas clandestinas ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único – Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena
aumenta-se até o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo10.

7
BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil (de 10 de novembro de 1937), In: PLANALTO.
Leis Constitucionais. Brasília, 1937. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituição37.htm>. Acesso em: 31 mar. 2019.
8
BRASIL. Decreto-Lei 314, de 1967. Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e
social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências. In: PLANALTO. Legislação
Republicana Brasileira. Brasília, 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/1965-1988/Del0314.htm>. Acesso em: 31 mar. 2019.
9
GUIMARÃES, Marcello Ovídio Lopes. O Tratamento Penal do Terrorismo. São Paulo. Quartier Latin,
2007. p. 86.
10
Art. 20 da Lei de Segurança Nacional.
17

A hodierna Constituição Federal, promulgada em 1988, apresenta em dois


artigos o termo terrorismo. Contudo, a Carta Magna segue os moldes de suas
predecessoras e abstém-se em trazer um conceito do fenômeno.
Em seu art. 4º, dispõe o repúdio ao terrorismo como um dos princípios pelos
quais a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais11.
Posteriormente se faz possível notar a tratativa mais grave que o diploma
trouxe ao introduzir o terrorismo como um dos crimes comparados a hediondo,
segundo o art. 5º, inciso XLIII, ceifando a possibilidade de concessão de fiança, de
graça e anistia12.
Neste sentido, foi editada a Lei 8.072/90, a chamada Lei de Crimes Hediondos.
Contudo, o novo texto apresentou a mesma deficiência em deixar de apresentar um
conceito para o terrorismo, abrindo espaço para uma amplitude de interpretações.
(ALMEIDA, 2017, p. 146).
Almeida (2017, p. 147) mostra que no ano de 2003, a Lei nº 9.613/98 sofreu
uma modificação pela Lei nº 10.701, inserindo ao art. 1º, inciso II, o financiamento do
terrorismo, sendo “ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de crime: [...] II – de terrorismo e seu financiamento13”.
A autora também salienta outra norma que buscou definir o terrorismo, sendo
a Lei nº 10.744/03. Conforme disposto em seu art. 1º, §4, “entende-se por ato terrorista
qualquer ato de uma ou mais pessoas, sendo ou não agentes de um poder soberano,
com fins políticos ou terroristas, seja a perda ou dano dele resultante acidental ou
intencional14”.

11
Art. 4º da Constituição Federal: “a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios: [...] VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo”.
12
Art. 5º da Constituição Federal: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
los, se omitirem”.
13
BRASIL. Lei nº 10.701, de 9 de julho de 2003. Altera e acrescenta dispositivos à Lei nº 9.613, de 3
de março de 1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; a
prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de
Controle de Atividades Financeiras – Coaf, e dá outras providências. In: PLANALTO. Legislação
Republicana Brasileira. Brasília, 2003. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.701.htm#art1art1ii>. Acesso em: 14 abr. 2019
14
BRASIL. Lei nº 10.744, de 9 de outubro de 2003. Dispõe sobre a assunção, pela União, de
responsabilidades civis perante terceiros no caso de atentados terroristas, atos de guerra ou eventos
correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte
aéreo público, excluídas as empresas de táxi aéreo. Legislação Republicana Brasileira. Brasília, 2003.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.744.htm>. Acesso em: 14 abr. 2019
18

Desde que tramitou o primeiro projeto de lei sobre o assunto na Câmara dos
Deputados em 1991, até a publicação do texto normativo específico, a então Lei
Antiterrorismo15, perduraram 25 anos de desarmonia legislativa sem descrição
jurídico-penal apropriada. (ALMEIDA, 2017, p. 151).
Em suma, todas tentativas atingiam sempre o mesmo resultado, acarretando
amplas e genéricas interpretações, consequentemente configurando violação ao
princípio da taxatividade e da reserva legal, contrariando a obrigatoriedade de a lei ser
clara e específica em seu texto e aplicação.

15
BRASIL. Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016. Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º
da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e
processuais e reformulando o conceito de organização terrorista; e altera as Leis nºs 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, e 12.850, de 2 de agosto de 2013. In: PLANALTO. Legislação Republicana
Brasileira. Brasília, 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2016/Lei/L13260.htm#art19>. Acesso em: 14 abr. 2019
19

2. O TERRORISMO

2.1 CLASSIFICAÇÃO

A lei antiterrorismo veio para tratar de forma especial o que demandava a Carta
Magna da República.
Como observado, a problemática em conceituar o fenômeno de forma precisa
não é recente. Até a publicação da Lei 13.260/2016, foram publicados diversos textos
fazendo menção ao tema. Contudo, não foi possível encontrar o termo conceituado
de forma adequada em nenhuma produção.
O terrorismo é um assunto que auferiu ampla evidência em razão dos atentados
ao World Trade Center em 11 setembro de 2001, em Nova York, nos Estados Unidos
e posterirormente em outros lugares do mundo, como o ataque sofrido em outubro de
2002, em Moscou, na Rússia.
Desde então, muito se comenta sobre o terrorismo. No entanto, este é um tema
que apresenta dúvidas e incertezas à população principalmente no que tange ao seu
significado.
De acordo com as definições apresentadas pelo Dicionário Aurélio, a palavra
“terrorismo” indica um “conjunto de atos de violência cometidos por agrupamentos
revolucionários; um sistema de governo por meio de terror ou de medidas violentas”.
A classificação de terrorismo, como bem cediço, não é unívoca16. Na literatura
internacional e penal, consta-se que cada estudioso sugere uma diferente
categorização das espécies, para tanto, os mais diversos critérios: quanto a seus
atores; quanto a seus móveis essenciais; quanto a seus efeitos; e quanto ao âmbito
de execução das ações e procedência dos envolvidos. (ALMEIDA, 2017, p. 22).

2.1.1 AOS ATORES

Úbeda-Portugués (2010, p. 208), em sua classificação, elenca seus atores


divididos em terrorismo social, terrorismo de Estado e terrorismo paraestatal. Assim
sendo:

16
ÚBEDA-PORTUGUÉS, José Escribano. Lecciones de relaciones internacionales. Madrid: Aebius,
2010. p. 207.
20

a) Terrorismo social: cometido por grupos sociais que não participam


da estrutura político-administrativa do Estado17.
b) Terrorismo de Estado: praticado por órgãos do Estado18.
c) Terrorismo paraestatal: perpetrado por grupos paraestatais, os
quais possuem um vínculo com o Estado que oferece cobertura legal
e apoio logístico, consistindo-se em patrocínio19.

2.1.2 AOS MÓVEIS ESSENCIAIS

Partindo para a análise dos móveis essenciais, o autor classifica o terrorismo


em subversivo, repressivo, ideológico, nacionalista e religioso. Dessa forma:
a) Terrorismo subversivo: faz uso de violência e terror para
desestabilizar politicamente o regime de governo, atuando
principalmente contra a estrutura político-administrativa do Estado ou
grupos sociais que sustentam com a base governamental20.
b) Terrorismo repressivo: pretende fulminar a oposição política ao
governo, evitando a deslegitimação e a crise do sistema político. [...].
Exerce violência indiscriminada, buscando também o anonimato e a
ocultação. [...]. Logo, é orientado por uma diretriz contrária à do
terrorismo subversivo21.
c) Terrorismo ideológico: emprega violência com o fim de impor um
sistema de crenças e valores à sociedade, dominando, assim,
consciências individuais e coletivas22.
d) Terrorismo nacionalista: objetiva impor sua concepção nacional,
radical e discriminatória por meio da violência subversiva contra
nacionais dissidentes, minorias estrangeiras ou autoridades
nacionais e coletividades estrangeiras23.

17
ÚBEDA-PORTUGUÉS, José Escribano. Lecciones de relaciones internacionales. Madrid: Aebius,
2010. p. 208.
18
Ibid. p. 208.
19
Ibid. p. 208.
20
Ibid. p. 208.
21
Ibid. p. 208.
22
Ibid. p. 208.
23
Ibid. p. 208.
21

e) Terrorismo religioso: é norteado pelo fundamentalismo


religioso, ou seja, por uma interpretação radical da própria religião24.

2.1.3 AOS EFEITOS

Úbeda-Portugués (2010), traz espécies de efeitos produzidos pelo terrorismo:


a) Terrorismo seletivo: atos violentos cometidos contra pessoas e
instituições que dirigem e simbolizam o sistema político ou
organização a que visa destruir. Requer grande infraestrutura
logística e um alto grau de especialização dos executores para
alcançar os fins almejados, quais sejam: danos e a imagem de poder
e eficácia do grupo terrorista25.
b) Terrorismo indiscriminado: o emprego da violência contra qualquer
pessoa, grupo ou instituição. Táticas pouco arriscadas, e, assim
sendo, atenta contra os setores mais vulneráveis da sociedade26.

2.1.4 AO ÂMBITO DE EXECUÇÃO DAS AÇÕES E DE PROCEDÊNCIA DOS


ENVOLVIDOS

a) Terrorismo interno, doméstico ou nacional: se sucede no país de


nacionalidade das vítimas e dos agressores27.
b) Terrorismo internacional: atinge em diversos países, podendo
também afetar cidadãos de diferentes nacionalidades ou
representantes de organizações governamentais28.

2.2 A REPERCUSSÃO DO TERRORISMO

O termo terrorismo apresenta uma considerável repercussão no mundo todo,


principalmente após aos ataques sofridos mais conhecidos. Assunto com grandes

24
ÚBEDA-PORTUGUÉS, José Escribano. Lecciones de relaciones internacionales. Madrid: Aebius,
2010. p. 209.
25
Ibid. p. 209.
26
Ibid. p. 209.
27
Ibid. p. 209.
28
Ibid. p. 209.
22

chances de ser abordado em discussões acadêmicas, matérias jornalísticas e até


mesmo em conversas esporádicas por qualquer indivíduo.
Em busca de uma explicação no Dicionário da Língua Portuguesa Houaiss
(2001, p. 2.706), encontra-se: “terrorismo modo de se impor a vontade pelo uso
sistemático do terror ou emprego sistemático da violência para fins políticos,
especialmente a prática de atentados e destruições por grupos cujo objetivo é a
desorganização da sociedade existente e tomada do poder”.
Nos dizeres de Raposo (2018), o terrorismo possui características básicas a
serem definidas, ao expressar que “Um ato terrorista pode ser caracterizado,
identificando-se a presença de algumas peculiaridades: a natureza indiscriminada; a
imprevisibilidade e arbitrariedade; a gravidade de suas consequências; e o caráter
amoral e de anomia”.
Guimarães (2007, p. 28) divide o terrorismo em quatro grupos, consistindo em
terrorismo fundado em organizações criminosas, o terrorismo de Estado, o terrorismo
político-revolucionário e o terrorismo ideológico-religioso.
Mesmo afastado dos atentados de ordem política ou religiosa como países
europeus e asiáticos, o Brasil percebe determinadas condutas que se aproximam ao
terrorismo, como a atuação “do Comando Vermelho no Rio de Janeiro e do Primeiro
Comando da Capital, em São Paulo, com atentados à bomba dirigidos a prédios da
Segurança pública e do Poder judiciário”, pois provocaram extremo medo e pavor,
atingindo a população, situação idêntica apresentada em rebeliões em unidades
prisionais, como também fugas cinematográficas planejadas e arquitetadas de dentro
dos presídios (GUIMARÃES, 2007, p. 31).
Segundo Guimarães (2007, p. 38 e 39), diversos grupos representam o
terrorismo político-revolucionário, evidenciando as Brigadas Vermelhas, na Itália, a
Ação Direta Francesa, a Fração Exército Vermelho, na Alemanha, Setembro Negro,
da Palestina, Exército Separatista Basco (ETA), na Espanha, Exército Republicano
Irlandês (IRA), Sikhs, na Índia, os chechenos, na Rússia, o BaederMeinhoffer, da
Alemanha, o Grupo Islâmico Armado (GIA), principalmente na Argélia e a Frente para
a Libertação da Palestina.
Dentre as atividades desenvolvidas na América do Sul, o Sendero Luminoso e
Movimento Tupac-Amaru, no Peru e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(FARC) e o Exército da Libertação Nacional (ELN) na Colômbia.
23

A população está diante de uma vasta gama de organizações terroristas com


princípios religiosos, salientando os dizeres de Guimarães (2007, p. 48), o Hamas e a
Jihad Islâmica, de origem palestina, destinados a total destruição do Estado de Israel,
o libanês Hizbollah (Partido de Deus), o egípcio Al Jihad, os israelenses Irgum, Kach
e a Kahane Chai, como também o IRA, representando o terror católico irlandês. E por
fim, Al Qaeda, famosa internacionalmente por protagonizar o maior atentado terrorista
ocorrido em 11 de setembro de 2001, contra os Estados Unidos.
24

3. LEI 8.072/90 – CRIMES HEDIONDOS

Influenciada por uma postura político-criminal ingênua, que insiste em


apresentar o Direito Penal como fórmula mágica capaz de resolver todos os conflitos
sociais, solucionando os males causados por uma péssima distribuição de rendas,
pela miséria, pela forme, pelo desemprego, pela corrupção e pela impunidade, a
Constituição Federal dispôs em seu art. 5º, inciso XLIII, que “a lei considerará crimes
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícitos
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se
omitirem”29.
Segundo Lima (2016, p. 53), o constituinte empregou a conjunção aditiva “e”
após apontar a tortura, o tráfico e o terrorismo junto aos crimes classificados como
hediondos, deduz-se que, tais delitos estão impedidos de serem rotulados como
hediondos. No entanto, o artigo dispõe que lhes seja dispensado o mesmo tratamento,
sendo assim, a tortura, o tráfico e o terrorismo são considerados como crimes
equiparados a hediondos.
O constituinte originário preferiu manter os crimes equiparados afastados dos
crimes hediondos para permitir uma tratativa mais rigorosa, sendo assim, garantindo
uma maior estabilidade em suas punições.
Conforme autoriza a Constituição Federal de 1988, uma Lei Ordinária pode
elencar quais delitos são enquadrados como hediondos. Ao passo que para os crimes
equiparados a hediondos, o constituinte impossibilitou qualquer margem de
discricionariedade para o legislador ordinário, logo impondo tratamento mais rígido à
tortura, ao tráfico de drogas e ao terrorismo30.

3.1 ANISTIA

Como descrito por Andreucci (2017. p. 223), a anistia é o esquecimento jurídico


de uma ou mais infrações penais.

29
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada: volume único – 4. ed. rev. atual.
e ampl. – Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 25.
30
Ibid. p. 53.
25

Segundo o disposto no art. 48, VIII, da Constituição Federal, a concessão de


anistia é atribuição do Congresso Nacional, que a promove através de lei penal de
efeito retroativo.
A anistia pode estender-se a mais de um indivíduo, pois se refere a fatos,
extinguindo a punibilidade do crime, que assim deixa de existir, como os demais
efeitos de natureza penal. Anistiado o delito, o sujeito, não será considerado
reincidente na ocorrência de um novo crime (ANDREUCCI, 2017. p. 223).

3.2 GRAÇA

Andreucci (2017. p. 223), descreve a graça como concessão de clemência, de


perdão ao criminoso pelo chefe do Presidente da República, nos moldes do art. 84,
XII, da Constituição Federal, realizada mediante decreto.
Diferente da anistia, a graça é sempre individual. Concedida a um determinado
sujeito, deve, nos termos do art. 188 da Lei de Execução Penal, ser solicitada por
petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselheiro
Penitenciário ou da autoridade administrativa.
O pedido de graça será submetido à apreciação do Conselho Penitenciário, por
exigência do art. 189 da Lei de Execução Penal.
Em poucas palavras, Andreucci (2017, p. 223) define graça como indulto
individual.

3.3 INDULTO

Indulto ou indulto coletivo, também representa uma clemência, um perdão


concedido pelo Presidente da República através de um decreto.
O indulto possui caráter de generalidade, logo, abrange vários indivíduos,
relacionando-se a fatos, podendo ser concedido sem qualquer requerimento
(ANDREUCCI, 2017. p. 223).
26

4. LEI 13.260/16 – LEI ANTITERRORISMO

Adentramos em um momento importante do Direito Penal Brasileiro no qual foi


publicada o primeiro texto que versa propriamente sobre o fenômeno terrorismo,
tipificando a conduta e reformulando o conceito de organização criminosa.
Conforme Cavalcanti e Aras (2015) entendem, o mundo está cada vez menor.
Onde não há garantias de segurança nas fronteiras. As interações da economia
global, a facilidade dos transportes, das comunicações, do trânsito de pessoas e de
mercadorias e da movimentação de valores servem-se para o bem quanto para o mal.
Ataques podem ser planejados em um local e ser executado em outro, como ocorrido
em Munique em 1972, nos Estados Unidos em 2001 e na França em 2015.
Este capítulo visa abordar todos os artigos da Lei 13.260/16, a Lei
Antiterrorismo, analisando as características do texto e, assim sendo, percebendo a
finalidade desta lei e avaliar sua eficácia no direito penal.

4.1 ARTIGO 1º - A REGULAMENTAÇÃO

Atendendo o que demandava a CF/88, o caput da referida Lei alcançou a


regulamentação rompendo um hiato de 29 anos desde que o texto constitucional se
originou.
No dia 17 de março de 2016, foi publicada em território brasileiro, entrando em
vigor na mesma data, a Lei 13.260/16, conhecida como Lei Antiterrorismo31.
Através desta lei, tipificou-se a única conduta dos crimes equiparados a
hediondos que não possuía uma lei própria.
Art. 1º – Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da
Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de
disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito
de organização terrorista. (BRASIL, 2016)

Por fim, o artigo versa sobre a parte investigatória e processual, além de


reformular o conceito de organização terrorista.

31
BRASIL. Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016. Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º
da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e
processuais e reformulando o conceito de organização terrorista; e altera as Leis n.º 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, e 12.850, de 2 de agosto de 2013. In: PLANALTO. Legislação Republicana
Brasileira. Brasília, 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2016/Lei/L13260.htm#art19>. Acesso em: 11 mai. 2019.
27

4.2 ARTIGO 2º - O CRIME DE TERRORISMO

Segundo os autores Almeida e Araújo (2017, p. 175), o artigo seguinte é a


essência da Lei Antiterrorismo, pois estão elencados os nove verbos que assim
definem o terrorismo.
Assim define como terrorismo:
Art. 2º - O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos
dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação
ou preconceito de raça, cor etnia e religião, quando cometidos com a
finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo
pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
§ 1o São atos de terrorismo:
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo
explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos,
nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover
destruição em massa;
II - (VETADO);
III - (VETADO);
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave
ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do
controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de
comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações
ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas,
estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem
serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão
de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e
processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede
de atendimento;
V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções
correspondentes à ameaça ou à violência.
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou
coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais,
sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional,
direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a
contestar, criticar, protestar ou apoiar com o objetivo de defender
direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da
tipificação penal contida em lei. (BRASIL, 2016)

O terrorismo é um fenômeno considerado complexo por grande parte dos


autores e a sua redação foi alvo de diversas críticas.
O uso do termo “terror social” é abusivo, impreciso e vago, o que dificulta a
definição do bem jurídico tutelado, exemplifica Barbosa (2016). Enquanto para Júnior
(2016), o legislador não englobou em seu conceito a discriminação política e a
discriminação sexual, permitindo uma falta de tutela por parte do Estado.
28

Callegari et al. (2016) demonstra sua crítica quando a lei fala em terrorismo
com a finalidade de terror social sem englobar seu viés político e sua finalidade de
comunicação com os entes públicos.
Almeida e Araújo (2017, p. 207) ressaltaram sobre os incisos vetados pela
então Presidente da República e mantidos pelo Congresso Nacional, sob a justificativa
que as condutas descritas já haviam sido previstas nos demais incisos, sendo assim,
contrariando o Princípio da Proporcionalidade. Os incisos II e III mencionavam atos
como incendiar e depredar meios de transporte e sabotar ou danificar meios de
comunicação.
Como caracteriza Callegari et. al. (2016), a lei protegeu eventuais excessos dos
manifestantes não os configurando como atos de terrorismo, ao analisar o segundo
parágrafo do artigo 2º que afasta da lei os atos praticados em manifestações ou
movimentos que buscam defender direitos, garantias e liberdades que a Constituição
Federal resguarda.

4.3 ARTIGO 3º - AUXÍLIO À ORGANIZAÇÃO TERRORISTA

As condutas relacionadas à organização terrorista estão tipificadas no art. 3º


do texto. Conforme considera Araújo (2017, p. 232) trata-se de uma modalidade de
organização criminosa destinada a cometer atos terroristas conforme estabelecidos
pelo art. 2º da presente Lei.
Os verbos previstos no artigo consistem em um tipo penal misto alternativo.
Logo, a prática de uma ou mais condutas inseridas na redação resultaria em um crime
único.
O referido artigo apresenta:
Art. 3º Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente
ou por interposta pessoa, a organização terrorista:
Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.
§ 1o (VETADO).
§ 2o (VETADO). (BRASIL, 2016)

Trata-se de crime plurissubjetivo, também chamado de crime de concurso


necessário, onde implica a participação de mais um agente. Deste modo, não se
poderia conceber uma organização terrorista formada por um agente único (ARAÚJO,
2017, p. 233).
29

O artigo sofreu vetos em seus dois parágrafos sustentados na prévia existência


de suas práticas no Código Penal, além tratar de forma imprecisa a situação na qual
o crime se aplicaria e não estabelecer quais atos seriam contidos à norma, gerando
insegurança jurídica incompatível com os princípios do Direito Penal.
O primeiro punia quem desse abrigo ou guarida ao terrorista enquanto o último
afastava a punição caso o agente fosse ascendente ou descendente do terrorista,
cônjuge ou companheiro e irmão.

4.4 ARTIGO 4º - VETADO

O art. 4º da presente Lei sofreu veto em sua integralidade. A conduta constava


o seguinte:
Art. 4º Fazer, publicamente, apologia de fato tipificado como crime
nesta Lei ou de seu autor:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem incitar a prática de fato tipificado
como crime nesta Lei.
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a dois terços se o crime é
praticado pela rede mundial de computadores ou por qualquer meio
de comunicação social. (BRASIL, 2016)

De acordo com a Presidência da República, as seguintes razões foram


apresentadas:
O dispositivo busca penalizar ato a partir de um conceito muito amplo
e com pena alta, ferindo o princípio da proporcionalidade e gerando
insegurança jurídica. Além disso, da forma como previsto, não ficam
estabelecidos parâmetros precisos capazes de garantir o exercício do
direito à liberdade de expressão. (BRASIL, 2016).

Na visão de Araújo (2016), correto o veto quando se trata de uma afronta ao


princípio da proporcionalidade, quanto a pena prevista.

4.5 ARTIGO 5º - ATOS PREPARATÓRIOS

Assim como disposta na Lei nº 11.343/06, a Lei das Drogas (e.g.), os atos
preparatórios, do mesmo modo são passíveis de punições na Lei do Terrorismo, a Lei
nº 13.260/16, sendo eles: recrutar, organizar, transportar e municiar, bem como
fornecer ou receber treinamento.
Assim determina:
30

Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito


inequívoco de consumar tal delito:
Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto
até a metade.
§ lº Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de
praticar atos de terrorismo:
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem
para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua
residência ou nacionalidade.
§ 2º Nas hipóteses do §1º, quando a conduta não envolver treinamento
ou viagem para país distinto daquele de sua residência ou
nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado,
diminuída de metade a dois terços. (BRASIL, 2016)

Tal dispositivo penal refere acerca da prática dos atos preparatórios vinculados
a práticas de terrorismo.
O ato é preparatório quando “estabelece as condições idôneas para a execução
de um delito planejado, levando em consideração que deve, pelo menos, ultrapassar
a mera planificação interna do fato e que, como limite máximo, não deve se ter dado
início a imediata execução típica da vontade criminal, o que já constituiria, uma
conduta de tentativa32”.
A preparação é a prática de alguns atos dados como imprescindíveis para a
efetivação do delito. Em tal etapa ainda não se tem o início da agressão ao bem
jurídico tutelado (CAPEZ, 2012, p. 579).
Segundo Júnior (2016), discussões podem ocorrer sobre as punições, visto que
não se permite punir a cogitação e a preparação, sendo que o agente pode desistir a
qualquer momento.
Já Barbosa (2016), interpreta que de acordo com o artigo 5º, o legislador
pretendia defender o Estado e não o cidadão. Conforme o autor entende, a edição da
Lei 13.260/16 surgiu para que fossem criminalizadas devidas condutas, com a
intenção de defender a imagem institucional do Estado contra o fato de não existir lei
antiterrorismo, o que fez da lei não um instrumento de segurança pública, mas sim um
elemento para aliviar os anseios internacionais previamente aos Jogos Olímpicos de
2016. Para Araújo (2017, p. 248), sobre a punibilidade do fato, é fundamental que o
objeto de tutela tenha entrado no raio de ação da conduta perigosa e que a lesão se
mostre concretamente provável.

32
Ver SÁNCHEZ GARCÍA DE PAZ, M. Isabel. El moderno Derecho penal y la anticipación de la tutela
penal. P. 57 Praticamente no mesmo sentido veja-se MARINUCCI, Giorgio; DOLCINI, Emilio. Corso de
Diritto penale, p. 448.
31

4.6 ARTIGO 6º - ASSISTÊNCIA AO TERRORISMO

O combate ao terrorismo passa pela criminalização adequada do seu


financiamento, conforme recomendam as Resoluções do Conselho de Segurança das
Nações Unidas, sem ignorar a necessidade de medidas assecuratórias efetivas
(CUNHA e PINTO, 2017, p. 249).
O art. 6º tipifica uma série de práticas indicativas de assistência dos crimes
previstos nesta Lei.
Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito,
solicitar, investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos,
ativos, bens, direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para
o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes previstos
nesta Lei:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber,
obtiver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de
qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso
financeiro, com a finalidade de financiar, total ou parcialmente, pessoa,
grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que
tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter
eventual, a prática dos crimes previstos nesta Lei. (BRASIL, 2016).

Conforme afirma Rodrigues (2017), este artigo é bastante completo no que se


indica a regular, no entanto a maioria das condutas mencionadas poderiam estar
inseridas no art. 3º desta lei, que dispõe sobre a prestação de auxílio à organização
terrorista. Para o autor, este artigo ao versar sobre financiamento, afasta o
financiamento estrangeiro assim como uma eventual captação lítica de dinheiro, que
possivelmente possam a serem usados para um ato de terrorismo. Segundo ele, o
dispositivo trata sobre qual seria a consequência.

4.7 ARTIGO 7º - AGRAVANTE DO RESULTADO MORTE OU LESÃO CORPORAL

Conforme ordena o art. 68 do Código Penal33, cujo adota o critério trifásico de


aplicação da pena, o juiz fixará primeiramente a pena-base, adiante passará a
aplicação da pena provisória ou intermediária e, por fim, à pena definitiva.

33
Art. 68 do Código Penal: “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código;
em seguida ser]ao consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e aumento. Parágrafo único – No concurso de causas de aumento ou de diminuição
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua”.
32

O artigo apresenta:
Art. 7º Salvo quando for elementar da prática de qualquer crime
previsto nesta Lei, se de algum deles resultar lesão corporal grave,
aumenta-se a pena de um terço, se resultar morte, aumenta-se a pena
da metade. (BRASIL, 2016).

Sob este viés, o art. 7º da Lei 13.260/16 ao tratar sobre causa de aumento de
pena, incidirá sobre a terceira fase da dosimetria da pena.

4.8 ARTIGO 8º - VETADO

O art. 8º da Lei Antiterrorismo foi vetado. O artigo mencionava sobre os danos


ambientais resultantes de atos terroristas.
Assim determinava:
Art. 8º Se a prática de qualquer crime previsto nesta Lei resultar dano
ambiental, aumenta-se a pena de um terço. (BRASIL, 2016).

Almeida (2017, p. 258) aponta que o artigo exara conteúdo adverso ao princípio
da proporcionalidade e também por tender a tutelar um bem jurídico que já possui
legislação própria, a Lei 9.605/98.

4.9 ARTIGO 9º - VETADO

O art. 9º da Lei 13.260/16 sofreu o veto presidencial ao estabelecer que o


condenado a regime fechado pelos crimes da Lei Antiterrorismo deveria cumprir sua
pena em penitenciária de segurança máxima.
Assim ditava:
Art. 9º Os condenados a regime fechado cumprirão pena em
estabelecimento penal de segurança máxima. (BRASIL, 2016).

O artigo apresentou redação contrária ao princípio da individualização da pena,


impossibilitando, como indica o veto presidencial, as considerações das “[...]
condições pessoais do apenado, como grau de culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social, a personalidade e os fatores subjetivos concernentes à prática
delituosa34”.

34
Trata-se de trecho das razões do veto do dispositivo em comento. Cf. BRASIL. Mensagem nº 85, de
16 de março de 2016. In: PLANALTO. Legislação Republicana Brasileira. Brasília, 2016. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016Msg/VEP-85.htm>. Acesso em: 20 mai.
2019.
33

4.10 ARTIGO 10 - DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

O artigo 15 do Decreto-Lei 2.848/40, o Código Penal, aborda dois clássicos


institutos penais: a desistência voluntária e o arrependimento eficaz. Segundo o
dispositivo: “o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”35.
O art. 10 da Lei Antiterrorismo ordena aplicar o art. 15 do CP, assim sendo:
Art. 10. Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo,
na hipótese do art. 5º desta Lei, aplicam-se as disposições do art. 15
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
(BRASIL, 2016).

A desistência voluntária e o arrependimento eficaz somente são admitidos entre


os atos executórios e a consumação. Gomes (2017, p. 260) entende que este
dispositivo demonstra um estímulo ao agente para que a prática delituosa não seja
consumada, evitando lesão ao bem jurídico tutelado, uma vez que a prática de atos
executórios é pressuposto indispensável de tais institutos.

4.11 ARTIGO 11 - COMPETÊNCIA

De acordo com o artigo 11 da Lei 13.260/16, os crimes previstos no texto são


cometidos contra a União. Compete a Justiça Federal, tendo a sua definição de forma
taxativa no art. 109 da Constituição Federal de 1988.
Art. 11. Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes
previstos nesta Lei são praticados contra o interesse da União,
cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de
inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e
julgamento, nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição
Federal.
Parágrafo único. (VETADO). (BRASIL, 2016).

O parágrafo que ficava a cargo do GSI (Gabinete de Segurança Institucional)


da Presidência da República a coordenação das ações de combate e prevenção foi
vetado, segundo o entendimento de que essa prática cabe unicamente ao chefe do
Poder Executivo (RODRIGUES, 2017).
O autor esclarece que o fato de a União ser lesada e demonstrar interesse em
relação ao crime de terrorismo coloca a Polícia Federal como agência responsável

35
Ver GOMES, Luiz Flávio, BIANCHINI, Alice e DAHER, Flávio. Curso de direito penal 1: parte geral
(arts. 1º a 120). 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
34

para o processo investigativo. Igualmente não impede que a PF coordene ações com
outros órgãos de segurança durante a fase, o que importará a futuros processos de
investigação.

4.12 ARTIGO 12 – MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

No artigo 12, o legislador tratou sobre as medidas assecuratórias de bens,


direitos ou valor do investigado ou acusado, ou existentes em nome de pessoas
interpostas, que sejam instrumento ou proveito do crime de terrorismo.
Assim determina:
Art. 12. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério
Público em vinte e quatro horas, havendo indícios suficientes de crime
previsto nesta Lei, poderá decretar, no curso da investigação ou da
ação penal, medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do
investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas
pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes
previstos nesta Lei.
§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor
dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de
deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua
manutenção.
§ 2º O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos bens, direitos
e valores quando comprovada a licitude de sua origem e destinação,
mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e
suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações
pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o
comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que
se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de
atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem
prejuízo do disposto no § 1o.
§ 4º Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens,
direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração
penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de
prestação pecuniária, multa e custas. (BRASIL, 2016).

O dispositivo permite que, antes da prolação da sentença penal, se proceda à


alienação antecipada de bens. No entanto, se faz necessário que os bens estejam
sujeitos à deterioração ou depreciação ou que haja dificuldade de manutenção
(CUNHA e PINTO, 2017, p. 279). Assim como os autores definem, deterioração é
aquilo que se estraga com o passar do tempo, enquanto a depreciação acontece
quando o bem perde seu valor inicial.
35

4.13 ARTIGO 13 – NOMEAÇÃO PARA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS

A redação do artigo 13 da Lei Antiterrorismo, define que o juiz poderá nomear


pessoa física ou jurídica qualificada para a administração dos bens, direitos ou
valores, confiscados do investigado pelos crimes disposto desta lei.
Como descrito por Rodrigues (2017), esse administrador será o responsável
por evitar a depreciação dos bens.
O artigo apresenta:
Art. 13. Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o
Ministério Público, nomeará pessoa física ou jurídica qualificada para
a administração dos bens, direitos ou valores sujeitos a medidas
assecuratórias, mediante termo de compromisso. (BRASIL, 2016).

4.14 ARTIGO 14 – DAS RESPONSABILIDADES

O artigo 14 da Lei nº 13.260/16 diz sobre as responsabilidades da pessoa


responsável pela administração dos bens, a qual deverá perceber uma remuneração
para os exercícios do trabalho.
Dispõe o artigo:
Art. 14. A pessoa responsável pela administração dos bens:
I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita
preferencialmente com o produto dos bens objeto da administração;
II - prestará, por determinação judicial, informações periódicas da
situação dos bens sob sua administração, bem como explicações e
detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos realizados.
Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens serão
levados ao conhecimento do Ministério Público, que requererá o que
entender cabível. (BRASIL, 2016).

O quantum a ser fixado pelo juiz dependerá da análise do caso concreto, sem
uma tabela previamente estabelecida com a remuneração indicada (CUNHA e PINTO,
2017, p. 295).
Os autores salientam que compete ao administrador, quando solicitado, prestar
contas quanto ao exercício do encargo que lhe foi conferido e apontar a situação do
bem que se encontra sob sua administração.
Em virtude do teor das informações prestadas pelo responsável, o MP poderá
adotar as medidas que entender admissíveis à espécie. As medidas de caráter penal
se vislumbram a prática de algum crime. Podem, ainda, ter um caráter civil, a justificar
36

um pedido de substituição de administrador, decorrente de sua má gestão (CUNHA e


PINTO, 2017, p. 296).

4.15 ARTIGO 15 – DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS NO ESTRANGEIRO

Assim como Rodrigues (2017) enfatiza, na hipótese de bens em territórios


estrangeiros, dispõe o artigo 15 da lei que, existindo tratado ou convenção entre os
países e havendo reciprocidade do contrário, os recursos serão divididos, ressalvado
o direito do lesado.
Art. 15. O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou
convenção internacional e por solicitação de autoridade estrangeira
competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores
oriundos de crimes descritos nesta Lei praticados no estrangeiro.
§ 1o Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado
ou convenção internacional, quando houver reciprocidade do governo
do país da autoridade solicitante.
§ 2o Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores
sujeitos a medidas assecuratórias por solicitação de autoridade
estrangeira competente ou os recursos provenientes da sua alienação
serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de
metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé.
(BRASIL, 2016).

O autor também destaca a importância de que os bens alvos de medidas


assecuratórias estejam no Brasil, mesmo sendo os crimes praticados no estrangeiro.

4.16 ARTIGO 16 – INVESTIGAÇÃO, PROCESSO E JULGAMENTO

Conforme ordena a Lei nº 13.260/16, os mecanismos de investigação e os


meios extraordinários de obtenção de provas dispostos na Lei nº 12.850/13, a Lei das
Organizações Criminosas, aplicam-se aos crimes de terrorismo.
Art. 16. Aplicam-se as disposições da Lei nº 12.850, de 2 agosto de
2013, para a investigação, processo e julgamento dos crimes previstos
nesta Lei. (BRASIL, 2016)

Cunha e Pinto (2017, p. 302), destacam: a colaboração premiada; a ação


controlada; a infiltração, por policiais, em atividade de investigação; a captação
ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; o acesso a registros de
ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados
públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; a interceptação de
comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; o
37

afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação


específica; e a cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e
municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da
instrução criminal.

4.17 ARTIGO 17 – EQUIPARADO A HEDIONDO

O artigo 17 da Lei Antiterrorismo aplica as disposições da Lei nº 8.072/90, a Lei


de Crimes Hediondos.
Art. 17. Aplicam-se as disposições da Lei no 8.072, de 25 de julho de
1990, aos crimes previstos nesta Lei. (BRASIL, 2016).

Determinadas características da Lei de Crimes Hediondos foram adotadas pela


Lei Antiterrorismo, como a impossibilidade de recebimento de anistia, graça, indulto e
fiança pelo réu. Além de estabelecer que o condenado inicie o cumprimento da pena
em regime fechado. Ademais, a progressão de regime apenas se valerá decorridos
dois quintos de pena, quando réu primário e três quintos, em casos de reincidências
(RODRIGUES, 2017).

4.18 ARTIGO 18 – PRISÃO TEMPORÁRIA

O artigo 18 da Lei nº 13.260/16 acrescentou o delito terrorismo no rol dos crimes


do art. 1º, III da Lei 7.960/89, a Lei da Prisão Temporária.
Art. 18. O inciso III do art. 1o da Lei no 7.960, de 21 de dezembro de
1989, passa a vigorar acrescido da seguinte alínea p:
“Art. 1º [...]
[...]
III – [...]
[...]
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo” (NR) (BRASIL, 2016).

Como salienta Rodrigues (2017), essa inclusão permite a Lei Antiterrorismo a


relacionar-se à execução da pena em prazos de prisão temporária, conclusão de
inquérito, impossibilidade de anistia, graça, indulto e fiança.
O prazo da prisão temporária será de cinco dias, prorrogável por igual período,
conforme dispõe o art. 2º da Lei nº 7.960/89. Contudo, o §4º da Lei nº 8.072/90,
estende o prazo para 30 dias, prorrogável por igual período nas hipóteses de crimes
hediondos ou equiparados.
38

4.19 ARTIGO 19 – ORGANIZAÇÃO TERRORISTA COMO ORGANIZAÇÃO


CRIMINOSA

O legislador incluiu um inciso à Lei nº 12.850/13, a Lei da Organização


Criminosa, através do art. 19 da Lei Antiterrorismo, definindo como organização
criminosa as organizações terroristas, compreendidas com a finalidade de práticas de
terrorismo (RODRIGUES, 2017).
Art. 19. O art. 1º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, passa a
vigorar com a seguinte alteração:
“Art. 1º [...]
[...]
§ 2º [...]
[...]
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas
para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos” (NR)
(BRASIL, 2016).

4.20 ARTIGO 20 – PUBLICAÇÃO

Determina o artigo 20 da Lei nº 13.260/16 que a Lei Antiterrorismo entra em


vigor na data de sua publicação, a qual incidiu no dia 17 de março de 2016.
Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação (BRASIL,
2016).

Por se tratar de uma novatio legis incriminadora, sem alcançar fatos anteriores
à sua vigência, em cumprimento ao princípio da irretroatividade da lei, amparado no
art. 5º, inc. XL da Constituição Federal (ALMEIDA, 2017, p.356).
39

5. OPERAÇÃO HASHTAG

Em maio de 2017, ocorreu a primeira condenação de oito réus embasada na


Lei nº 13.260/16. Homens com idades entre 19 e 33 anos foram processados por se
dedicarem a promover o Estado Islâmico através de perfis de redes sociais,
compartilhando conteúdos extremistas, enaltecendo atentados e cogitando alvos36
Proferida pela 14ª Vara Federal de Curitiba, a sentença afastou a tese da
defesa que demonstrava que a difusão de ideologia extremista não configurava como
promoção de organização terrorista, conduta tipificada disposta no art. 3º da Lei
Antiterrorismo (CRUZ e DA SILVA ARAUJO, 2018).
Nos dizeres de Rodrigues (2017), além do grupo promover a organização
criminosa, foram enquadrados ainda pela instigação de outras pessoas propagação
de ideias, ou apologia, possibilitando causar atentado contra a integridade física e a
vida de terceiros, propendendo provocar terror generalizado.
Kishida (2016, p. 135), ressalta sobre a investigação:
Os investigados que, supostamente, integravam a célula terrorista
eram membros de um grupo intitulado “Adoradores da Sharia”. De
acordo com a representação da Autoridade Policial, os membros do
grupo treinavam artes marciais e haviam tentado comprar um Fuzil,
arma utilizada em atentados, de alto poder bélico, por meio da internet,
em um site paraguaio. Um dos investigados, no curso das conversas
monitoradas, narrou um episódio no qual teria realizado um disparo de
arma de fogo. Durante o monitoramento de conversas entre os
investigados, verificou-se que um deles declarou que estaria disposto
a morrer em nome do terrorismo.

Na análise realizada pela Justiça Federal (2017), o juiz estabelece que


“promover” pode significar ser a causa de algo ou proporcionar os meios para que
alguma coisa ocorra, fornecer impulso para a sua realização, ou ainda expressar
solicitação, a prática material de uma conduta, ou mesmo fazer propaganda positiva
de algo.
Para o magistrado, não se confunde ato de apologia com direito de crítica, de
liberdade religiosa ou de expressão. O caso analisado, mantém-se sobre a
organização e a ideologia, contendo encorajamento, incentivo a atos terroristas.

36
CRUZ, Anna; DA SILVA ARAUJO, JOHN, John da Silva Araujo. Reflexões sobre o terrorismo e seu
enquadramento legal no Brasil. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n.
5502, 25 jul. 2018. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/62690>. Acesso em: 25 maio 2019.
40

Quanto a um dos acusados, a quem também se imputou o recrutamento para


a prática terrorista, delimitou-se que a consumação do delito ocorre mesmo estando
ausente do local atacado. Assim sendo, firma-se o entendimento de que o
recrutamento pode ser alcançado através do ambiente virtual (CRUZ e DA SILVA
ARAUJO, 2018.
Uma nova denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Federal em junho
de 2017, contra um grupo que mantinham relação com os indiciados na primeira fase
da Operação Hashtag37. A denúncia baseava-se com fulcro no art. 3º da Lei 13.260/16
novamente. Desta vez, o MPF acusava uma mulher que buscava recrutar outras do
gênero a fim de formar uma célula no Brasil do Estado Islâmico.
Para efeitos comparativos, o MPF e o juiz, ponderam, que no Reino Unido, o
Parlamento aprovou o Terrorism Act de 2006, exemplificando incriminação mais
ampla e abrangente que a brasileira, dispondo que é crime publicar ou fazer com que
outro publique:
Declaração suscetível de ser entendida por alguns ou todos os
membros do público ao qual ela se destina como um incentivo direto
ou indireto ou outra forma de induzimento para o cometimento,
preparação ou instigação de atos de terrorismo ou de delitos previstos
em Convenções (2017).

Assim como Cruz e da Silva Araújo (2018) trazem, em maio de 2017, na nova
denúncia e assim como na sentença, fotos, fragmentos de conversas e publicações
são copiados, visando demonstrar a seriedade da adesão dos acusados à ideologia
do EI, apresentando o contexto que garante o elemento subjetivo do tipo penal: a
vontade livre e consistente de promover a organização terrorista,
A sentença marcou-se como a primeira feita baseada na Lei nº 13.260/16, a
Lei Antiterrorismo. Os oito acusados sofreram condenações que variam entre 5 a 15
anos de prisão em regime fechado.

37
CRUZ, Anna; DA SILVA ARAUJO, JOHN, John da Silva Araujo. Reflexões sobre o terrorismo e seu
enquadramento legal no Brasil. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n.
5502, 25 jul. 2018. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/62690>. Acesso em: 25 maio 2019.
41

6. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS DE COMBATE AO TERRORISMO

A comunidade internacional procurou conceituar o terrorismo através de uma


série de tratados internacionais específicos, denominados Convenções Antiterrorismo
(SILVA, 2017). Atualmente conta-se com 13 documentos que abordam sobre o tema.
Sendo eles:

1) Convenção sobre infrações e certos outros atos praticados a bordo de


aeronave: assinada em Tóquio em 1963, entrou em vigor em 1969;

2) Convenção para a Repressão ao Apoderamento Ilícito de Aeronaves:


firmada em Haia em 1970, em vigor desde 1971;

3) Convenção para a Repressão aos Atos Ilícitos contra a Segurança da


Aviação Civil: firmada em Montreal em 1971, entrou em vigor em 1973.
Aplica-se a atos de sabotagem de aeronaves, tais como explosão de
bombas a bordo de aeronaves em voo;

4) Convenção sobre a Prevenção e Punição de Crimes contra Pessoas que


Gozam de Proteção Internacional, inclusive Agentes Diplomáticos: assinada
em 1973 em Nova York, entrou em vigor em 1977. Proíbe ataques a altos
funcionários do governo e a diplomatas;

5) Convenção Internacional Contra a Tomada de Reféns: firmada em Nova


York em 1979, em vigor desde 1983;

6) Convenção sobre a Proteção Física de Materiais Nucleares: assinada em


Viena em 1979, entrou em vigor em 1987. Proíbe ataques a altos
funcionários do governo e a diplomatas;

7) Protocolo para a Repressão de Atos Ilícitos de Violência em Aeroportos que


Prestem Serviço à Aviação Civil Internacional: aprovada em Montreal,
42

8) Complementa a Convenção para a Repressão de Atos Ilícitos contra a


Segurança da Aviação Civil de 1988;

9) Convenção para a Repressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da


Navegação Marítima: firmada em Roma, em 1988, em vigor desde 1992.
Aplica-se a atividades terroristas a bordo de navios;

10) Protocolo para a Repressão de Atos Ilícitos contra a Segurança das


Plataformas Fixas Situadas na Plataforma Continental: adotada em Roma
em 1988, entrou em vigor em 1992;

11) Convenção para a Marcação de Explosivos Plásticos para Fins de


Detecção: assinada em Montreal em 1991, entrou em vigor em 1998.

12) Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com


Bombas: firmada em Nova York, em 1997, em vigor desde 2001.

13) Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do


Terrorismo: adotada em Nova York, em 1999, entrou em vigor em 2002;

14) Convenção Internacional para a Supressão de Atos de Terrorismo Nuclear:


firmada em Nova York em 2005, em vigor desde 2007.

O Brasil tem assinado e ratificados todas as intenções contra o terrorismo,


entretanto a Convenção Internacional para a supressão de atos de terrorismo nuclear,
que foi celebrado na Assembleia Geral da ONU de 14 de setembro de 2005, mesmo
sendo aprovada pelo Decreto Legislativo nº 267, de 10 de junho de 2009, até o
presente momento não foi promulgada pelo poder executivo 38.

38
Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/sci/dados-da-
atuacao/publicacoes/docs/tratados-sobre-terrorismo.pdf>.
43

CONCLUSÃO

O presente trabalho procurou apresentar de forma estruturada todo o percurso


que o fenômeno terrorista enfrentou através dos textos normativos. Percebe-se que o
tema pouco foi abordado com a devida importância no regimento brasileiro.
Ainda que mencionada na Constituição Federal de 1988, mais conhecida como
Constituição Cidadã, o tema suportou grandes dificuldades em tentativas pouco
eficazes em conceituar este fenômeno que apavora a população de todo o planeta.
A Carta Magna permitiu ao legislador disciplinar sobre o tema de uma forma
rigorosa é rígida, assim como fez com outras práticas criminosas equiparadas a
hediondas, como a tortura e o tráfico de drogas.
A tratativa severa admitida pela CF/88 não foi recebida com grande atenção,
haja vista em que todos os textos, que tratavam sobre o terrorismo, eram referidos
como “atos terroristas”.
Entende-se que o Legislativo se absteve de disciplinar propriamente sobre o
assunto em razão do Brasil permanecer-se fora dos palcos de ataques terroristas,
diferentemente dos países europeus, asiáticos e dos Estados Unidos da América.
A preocupação foi se alastrando principalmente depois do ataque mais
conhecido da história, ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, em Nova
Iorque, arquitetado pela organização terrorista Al-Qaeda.
No ano de 2016, o Brasil sediou o maior evento esportivo da Terra, os Jogos
Olímpicos, e a pressão internacional ganhou forças devido ao despreparo do país no
que tange ao combate ao terrorismo.
A conduta repudiada, então, foi tipificada pela Lei nº 13.260/16, mais conhecida
como Lei Antiterrorismo. O texto foi elementar em conceituar a prática, tratando de
disposições investigatórias e processuais, além de reformular o conceito de
organização terrorista.
Mesmo aprovada às pressas e alvo de diversas críticas, a lei cumpre seu papel
em nortear os responsáveis do Estado nos procedimentos a serem tomados para frear
ou inibir a prática, ainda que não rotineira do país.
Importante destacar que a Lei Antiterrorismo não foi um instrumento para
atender tão somente os clamores e os compromissos internacionais, posto que foi
capaz de frear organizações terroristas no Brasil com condutas dispostas em seus
44

artigos. A Operação Hashtag, deflagrada pela Polícia Federal do Brasil, foi marcada
pela primeira condenação sustentada pela Lei nº 13.260/16.
Deste modo, mostra-se uma lei eficaz em seus meios investigatórios,
processuais e punitivos, visando garantir uma segurança nacional, sendo aplicável a
eventuais condutas, tentadas ou consumadas por qualquer organização terrorista ou
de seu integrante.
A cautela do legislador em não tipificar as manifestações de cunho político é
um ponto de destaque, pois assim garante a população o direito à liberdade de
expressão, sem ferir princípios e resguardando a democracia do país.
O cuidado deve ser prestado a todo momento em virtude da facilidade da
comunicação, ocasionada pela globalização, pois um ato terrorista pode ser cometido
a qualquer momento, por qualquer indivíduo em qualquer lugar, mesmo planejado por
terceiros e de outras localidades.
Com este cenário, se faz possível reconhecer a importância desta Lei de
combate ao terrorismo, que atravessou diversos problemas em diferentes períodos,
até conquistar a sua própria definição. Ainda que recente e possivelmente objeto de
alterações, o texto traz um respaldo aos brasileiros, assim como outras práticas
presentes no Direito Penal Brasileiro.
45

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por artigo, à lei 13.260/16 e aspectos criminológicos e político-criminais.
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mar. 2019.

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Anarchismo. SENADO FEDERAL. Secretaria de Informação legislativa. Brasília,
1921. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=29074>. Acesso
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BRASIL. Decreto-Lei 314, de 1967. Define os crimes contra a segurança nacional,


a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras
providências. PLANALTO. Legislação Republicana Brasileira. Brasília, 1967.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-
1988/Del0314.htm>. Acesso em: 31 mar. 2019.

BRASIL. Lei nº 10.701, de 9 de julho de 2003. Altera e acrescenta dispositivos à


Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem ou
46

ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema


financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de
Atividades Financeiras – Coaf, e dá outras providências. PLANALTO. Legislação
Republicana Brasileira. Brasília, 2003. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.701.htm#art1art1>. Acesso em:
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BRASIL. Lei nº 10.744, de 9 de outubro de 2003. Dispõe sobre a assunção, pela


União, de responsabilidades civis perante terceiros no caso de atentados
terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula
brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público,
excluídas as empresas de táxi aéreo. PLANALTO. Legislação Republicana
Brasileira. Brasília, 2003. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.744.htm>. Acesso em: 14 abr.
2019

BRASIL. Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016. Regulamenta o disposto no inciso


XLIII do art. 5º da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de
disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de
organização terrorista; e altera as Leis nºs 7.960, de 21 de dezembro de 1989, e
12.850, de 2 de agosto de 2013. PLANALTO. Legislação Republicana Brasileira.
Brasília, 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
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