O documento descreve o caso de Adolfo, um homem de 74 anos que transportou maconha sob ameaça do chefe do tráfico local. Seu advogado deve apresentar alegações finais pedindo: 1) absolvição por inexigibilidade de conduta diversa; subsidiariamente 2) reconhecimento de atenuantes e aplicação de pena mínima em regime aberto substituído por pena restritiva de direitos.
O documento descreve o caso de Adolfo, um homem de 74 anos que transportou maconha sob ameaça do chefe do tráfico local. Seu advogado deve apresentar alegações finais pedindo: 1) absolvição por inexigibilidade de conduta diversa; subsidiariamente 2) reconhecimento de atenuantes e aplicação de pena mínima em regime aberto substituído por pena restritiva de direitos.
O documento descreve o caso de Adolfo, um homem de 74 anos que transportou maconha sob ameaça do chefe do tráfico local. Seu advogado deve apresentar alegações finais pedindo: 1) absolvição por inexigibilidade de conduta diversa; subsidiariamente 2) reconhecimento de atenuantes e aplicação de pena mínima em regime aberto substituído por pena restritiva de direitos.
ADOLFO, com 74 anos de idade, primário, no dia 21 de março de 2015,
estava na sua humilde residência (um barraco na comunidade conhecida como Favela Zulu), quando foi visitado pelo chefe do tráfico da comunidade, conhecido pelo vulgo de SORRISO. SORRISO estava armado e exigiu que ADOLFO transportasse 25 gramas de maconha para outro traficante, devendo a entrega ocorrer em uma Loja de Roupas, sob pena de ADOLFO ser expulso da favela onde morava. Ordem essa que foi cumprida por ADOLFO, contudo, quando estava caminhando em direção ao local determinado, foi abordado por policiais militares, sendo a droga encontrada e apreendida. Assim, foi preso em flagrante, porém, foi concedida liberdade provisória sem fiança com medidas cautelares ao agente. ADOLFO foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. Processo regular, na audiência de instrução e julgamento, os policiais militares confirmaram os fatos narrados na denúncia, afirmando, inclusive que o acusado apresentou a versão de que transportava as drogas por exigência de SORRISO. ADOLFO ao ser interrogado confirmou que fazia o transporte da droga, mas alegou que somente o fez porque foi ameaçado sob pena de ser expulso do local onde mora a mais de 40 anos, não tendo outro lugar para morar. F.A., juntada aos autos, demonstrando a primariedade, e laudo de exame de material confirmando que, de fato, a substância encontrada com o réu era “maconha”, conforme previsto na Portaria n.º 344/98, da ANVISA. Os autos foram encaminhados para o Ministério Público, que pugnou pela condenação do acusado nos exatos termos da denúncia. Em seguida, você, advogado(a) de ADOLFO, foi intimado(a).
Destarte, com base nas informações acima expostas e naquelas que
podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus. GABARITO PEÇA CABÍVEL Alegações Finais por meio de MEMORIAIS, com fundamento no art. 403, § 3º, do CPP, por analogia, haja vista que o art. 57 da Lei de Drogas não prevê a possibilidade de memoriais (Cf. art. 394 § 4.º do CPP). ENDEREÇAMENTO Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca de ...
TERMINOLOGIA • Cliente: Denunciado, Acusado ou Réu.
• Verbo: apresentar.
ESTRUTURA DA PEÇA Formato de petição simples (peça única).
TESES • NO MÉRITO - ABSOLVIÇÃO POR INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA
DIVERSA – ARTIGO 386, INCISO VI, DO CPP
Requerer a absolvição do acusado por inexigibilidade de conduta
diversa. Para que determinada conduta seja considerada crime, deve ela ser típica, ilícita e culpável. Um dos elementos da culpabilidade é a exigibilidade de conduta diversa, sendo, portanto, a inexigibilidade de conduta diversa uma causa dirimente da culpabilidade. Houve coação moral irresistível por parte do traficante SORRISO, que estando armado, ao exigir o transporte das substâncias entorpecentes por parte de ADOLFO, um senhor de 74 anos de idade, sob pena de expulsá-lo de sua casa e da comunidade que vive, sem ele ter outro local para residir, assim conforme previsão do art. 22, primeira parte, do CP, no caso de coação irresistível, somente deve responder pela infração o autor da coação, consequentemente, REQUERER a absolvição nos termos do art. 386, inciso VI, do CPP.
• SUBSIDIARIAMENTE – DA FIXAÇÃO DA PENA
I - Do reconhecimento das atenuantes genéricas – art. 65 do CP
Em caso de condenação, ad argumentandum tantum, deverá pleitear o
reconhecimento da atenuante do art. 65, inciso I, segunda parte, do CP, já que o réu era maior de 70 anos na data da sentença, bem como a atenuante da confissão, prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP, cabendo destacar que a chamada confissão qualificada, ou seja, quando, apesar de confessar o fato, o acusado alega a existência de causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, vem sendo reconhecida pelo STJ como suficiente para justificar o seu reconhecimento como atenuante (vide Súmula n.º 545 do STJ). Deverá, ainda, ser alegada a atenuante da coação resistível, já que o crime somente foi praticado por exigência de SORRISO (art. 65, inciso III, “c”, do CP).
II – Da aplicação da causa de diminuição de pena prevista no artigo
33, § 4° da Lei n.º 11.343/2006
Considerando que o acusado é primário, de bons antecedentes, e que
não consta em seu desfavor qualquer indício de envolvimento com organização criminosa ou dedicação às atividades criminosas, cabível a aplicação do redutor de pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 em seu grau máximo, reconhecendo, portanto, a existência do tráfico privilegiado do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.
III – Fixação de regime inicial menos gravoso
Da mesma forma, o STF também reconheceu a inconstitucionalidade da
exigência da aplicação do regime inicial fechado para os crimes hediondos ou equiparados trazida pelo Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072 por violação do princípio da individualização da pena, de modo que nada impede a fixação do regime inicial menos gravoso de cumprimento da reprimenda penal (Cf. HC n.º 111.840/ES julgado em 2012, da Rel. Ministro Dias Toffoli). Nesse sentido, é o disposto no art. 5.º, inciso XLVI da CF, c/c., art. 33 §§2.º e 3.º do CP, e da redação da Súmula n.º 440 do STJ.
IV – Da substituição da pena privativa de liberdade de regime aberto
pela pena restritiva de direito
Cabível o requerimento de substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, pois não mais subsiste a vedação trazida pelo dispositivo (vide arts. 33 §4.º e 44, ambos da Lei de Drogas). O STF reconheceu a inconstitucionalidade dessa vedação em abstrato, além da Resolução nº 05 do Senado, publicada em 15/02/2012, suspendendo a execução da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direito” do parágrafo supracitado.
PEDIDOS a) julgamento de improcedência da ação penal para a absolvição do
acusado pelo crime de tráfico, na forma prevista no art. 386, inciso VI, do CPP;
b) subsidiariamente, aplicação da pena base no mínimo legal;
c) reconhecimento das atenuantes do art. 65, incisos I e III, alíneas “c” e
“d”, do Código Penal;
d) aplicação da causa de diminuição do art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/06;
e) aplicação do regime inicial aberto de cumprimento da pena;
f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.