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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE

DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO


JUDICIÁRIA DE BRASILIA/DF.

João dos Santos, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, que


lhe move a Justiça Pública, por seu advogado que esta subscreve, vem,
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 403, §
3° do Código de Processo Penal (CPP), apresentar os MEMORIAIS FINAIS DE
SUAS ALEGAÇÕES, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

I – DOS FATOS

João dos Santos, ao ser denunciado pela prática de furto qualificado pelo
emprego de fraude, não apresentara resposta à acusação e, entendendo não
ser o caso de absolvição sumária, o magistrado determinou, sem a referida
peça e sem nomeação de defensor, o prosseguimento do feito no qual, em
audiência, foram ouvidas as testemunhas de acusação, que confirmaram a
ocorrência do furto apesar de não saberem quem o teria praticado. Fora
requerida pelo MP a condenação nos autos da supracitada audiência.

II – PRELIMINARMENTE

Da Nulidade
Considerando o disposto nos arts. 396 e 396-A do CPP, observa-se que
a resposta a acusação é elemento importantíssimo para a garantia do direito a
defesa e contraditório (art. 5º, LV da CF) do réu, vez que é em tal instrumento
que este poderá alegar aquilo que importa à sua defesa, como as provas
pretendidas, arrolamento de testemunhas, vícios processuais e etc. devendo,
na falta da apresentação de tal instrumento tempestivamente, o magistrado
nomear defensor para que o faça, como bem determina o § 2° do supracitado
art. 396-A.
Ao dar andamento ao processo sem que haja apresentação de resposta
à acusação ou nomeação de um defensor, o magistrado não só comprometeu
o direito a ampla defesa e contraditório do requerente, como incorreu em
nulidade processual, ensejando assim a retificação dos atos praticados após o
ato nulo, conformando com o disposto nos arts. 564, inciso IV e 573 do CPP,
respectivamente.

III – DO DIREITO

Da Insuficiência de Provas
Ainda que o Douto Magistrado opte por desconsiderar a hipótese de
nulidade processual, é de se observar que, como disposto no artigo 386, V do
CPP, a inexistência de provas da concorrência do réu para a infração penal é
tida por nosso ordenamento jurídico como causa de absolvição do réu, causa
esta que resvala no caso em apreço, visto que apesar de estar explícita a
ocorrência do fato típico, não fora, de forma alguma, comprovada a ligação do
requerente com tal fato, o que denota a necessidade de sua absolvição.

Da Pena Base
Na hipótese de acusação, a pena base deverá ser fixada no mínimo
legal, já que não há condição de demérito judicial do réu em ação já transitada
em julgado, assim como determina o art. 59 do Código Penal (CP) e observa a
súmula 444 do STJ.

Das Atenuantes
Ainda quanto à dosimetria da pena, é importante atentar-se ao art. 65, I
do CP, que estabelece a atenuante genérica da menoridade relativa, a qual
incide sobre o caso em análise, visto que o réu era menor de 21 anos na data
da suposta prática do fato típico.

Do Regime e Diligências
Quanto ao regime, deve ser considerado o regime inicial aberto, dada a
primariedade do requerente e o rigor mínimo legal da pena, como determina o
art. 33, § 2°, ”c” do CP, a substituição da pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos, já que respeitados os pressupostos do art. 44, I do CP ou
a suspensão condicional da pena, uma vez que o requerente também atende
aos pressupostos previstos no art. 77 também do CP.

Da Fixação Mínima da Reparação do Dano


Em caso de sentença condenatória salienta-se a necessidade de adesão
à fixação de valor mínimo para reparação dos danos causados pelo
requerente, em respeito ao art. 387, IV.

Do Direito de Recorrer Em Liberdade


Por fim, pugna-se pelo direito do requerente de recorrer em liberdade,
sendo que não são observados no caso fundamentos para que este incorra nos
pressupostos do art, 387, § 1° do CPP.

IV – DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer:
a) Seja anulado o processo a partir da citação, com a devolução
do prazo para a devida manifestação do réu no processo,
conforme art. 564, IV.
b) A absolvição do réu, considerando o art. 386, V do CPP.
c) A fixação da pena base no valor mínimo legal, conforme art.
59 do CP e Súmula 444 do STJ;
d) O reconhecimento da atenuante genérica da menoridade, nos
termos do art. 65, I do CPP;
e) A fixação do regime inicial aberto, em respeito ao art. 33, § 2°
do CP;
f) A substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direito, conforme art. 44 do CP ou a suspensão
condicional da pena prevista no artigo 77 do CP;
g) A fixação do valor da reparação de danos em seu patamar
mínimo, conforme art. 387, IV do CPP;
h) O reconhecimento do direito de recorrer em liberdade, nos
termos do art. 387, § 1º do CPP.

Nestes termos, pede deferimento.

Local e data
Advogado,OAB/UF

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