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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE BELÉM/PA

Autos do Processo nº …

Preâmbulo:
Cláudio, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem por meio do advogado que esta
subscreve (procuração anexa), em presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 403, §3º e
404, parágrafo único, ambos do Código de Processo Penal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS EM
FORMATO DE MEMORIAIS, com os argumentos de fato e de direito a seguir apontadas.

Da Tempestividade:
Considerando que a intimação foi realizada em 13 de fevereiro de 2023, uma segunda-feira, e o
prazo começou a fluir na terça subsequente, resta comprovar que a peça é tempestiva, tendo seu
prazo final em: 20 de fevereiro de 2023, conforme os artigos 403, §1º e 798, §1º, ambos do CPP.

Dos Fatos:
Cláudio foi denunciado pelo suposto delito de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo –
art. 155, §4º, I, CP. Segundo a denúncia, Cláudio arrombou a fechadura de um armário e furtou seis
lâminas de barbear, no valor total de R$ 38,99 (trinta e oito reais e noventa e nove centavos), de
uma grande rede de farmácia.

Do Direito:
I – Das preliminares
Preliminarmente, requer a nulidade do processo, pois, nos casos de prisão em flagrante,
deve-se iniciar o inquérito policial com o auto de prisão em flagrante, o que não foi apresentado no
caso em tela, eivando o processo de nulidade, conforme o art. 564, III, alínea a, CPP.
Ainda antes do mérito, deve-se observar que após o réu preso em flagrante não ocorreu a
audiência de custódia, para afiançar se a prisão fora legal, se cabia liberdade provisória, as
condições do imputado, aqui também cabendo a nulidade do processo, por falta de formalidade que
constitui elemento essencial ao ato, nos termos do art. 564, IV, CPP.

II – Do mérito
A responsabilidade legal exige a observância de três institutos para tornar um fato delituoso:
tipicidade, ilicitude e culpabilidade. No caso em tela, sabe-se que o fato fora ilícito e, até mesmo
típico formal, contudo não se pode dizer que a tipicidade material fora afetada, senão, vejamos:
O imputado furtou seis lâminas no valor de R$ 38,99 de uma grande rede de farmácia. Tal
valor é irrisório diante do faturamento diário de uma grande rede de lojas, por mais reprovável que
seja a conduta do réu, a bem da verdade a infração ofendeu minimamente o bem jurídico que
deveria ser resguardado. Aqui nos vemos diante do princípio da insignificância que, mediante tais
circunstâncias, enseja a excludente de tipicidade material e, consequentemente, a absolvição do réu,
nos termos do art. 386, VI, CPP.
Ainda no mérito, cabe destacar que são ausentes os requisitos que mantêm o imputado no
cárcere, por isso, requer sua liberdade provisória (art. 321, CPP), mediante imposição de medidas
cautelares cabíveis, nos termos do art. 319, CPP.
Cabe ainda requerer o afastamento da reincidência, pois tal agravante só deve incidir sobre a
pena quando o agente comete novo crime após o trânsito em julgado de sentença de crime anterior,
não antes, como no caso em tela, conforme art. 63, do CP.
Conforme visto nos autos, o imputado possui mais de 70 anos e na instrução confessou
voluntariamente a conduta criminosa, perante tais circunstâncias há atenuantes que favorecem o réu,
conforme o artigo 65, I e III, alínea ‘d’, do CP.
Além disso, na análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, como inexiste
argumento desfavorável ao réu é imperiosa a fixação da pena base no mínimo legal. E ocorrendo tal
contexto de dosimetria da pena, o regime inicial de cumprimento deve ser o aberto, nos termos do
art. 33, do CP.
Em outro giro, é necessária a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, nos termos do art. 44, do CP.

Dos Pedidos:
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
i) Preliminarmente, requer a nulidade do processo por ausência do auto de prisão em flagrante,
obrigatório nos casos de prisão em flagrante para se dar início a persecução penal, conforme art.
564, III, ‘a’, CPP;
ii) Ainda antes do mérito, requer a nulidade do processo pela sonegação de audiência de custódia ao
qual o preso tem direito, em até 24h após a prisão, para que sejam analisados as circunstâncias da
prisão, tal ausência fere a formalidade que constitui elemento essencial ao ato, nos termos do art.
564, IV, CPP;
iii) No mérito, requer a absolvição do réu por excludente de tipicidade, por ter atuado sob o
princípio da insignificância, nos termos do art. 386, VI, CPP;
iv) Ainda no mérito, o reconhecimento de atenuantes para o imputado, quais sejam: agente maior de
70 anos e confissão espontânea, segundo o art. 65, I e III, alínea ‘d’, ambos do CP;
v) Afastar a reincidência, já que o agravante apenas incide sobre a pena quando o agente comete
novo crime após o trânsito em julgado de sentença de crime anterior, conforme art. 63, do CP;
vi) Requerer a liberdade provisória do imputado, mediante revogação da prisão, de acordo com o
art. 321, do CPP, e substituir por medidas cautelares descritas no art. 319, CPP;
vii) Por inexistir elementos desfavoráveis ao réu, conforme a análise das circunstâncias judiciais do
art. 59 do CP, requer a fixação da pena base no mínimo legal;
viii) E ocorrendo tal contexto de dosimetria da pena, o regime inicial de cumprimento deve ser o
aberto, nos termos do art. 33, do CP;
ix) Por derradeiro, requerer a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
de acordo com o art. 44, CP.

Termos em que pede deferimento.


Belém, 20 de fevereiro de 2023
Advogado …; OAB nº …
Questão 1
a) Embriaguez culposa, em que não isenta o imputado de culpa, mas sabendo que ele não desejava o
resultado, ele não agiu com dolo sobre a vítima (art. 28, II). Também incluir uma atenuante prevista
no art. 65, III, ‘b’, CP, pois o agente minorou as consequências do acidente sobre a vítima pagando-
lhe tratamento.
b) Sim, pois nas lesões corporais graves (art. 129, §1º, III, CP) se processa perante ação penal
pública incondicionada (art. 100, §1º, CP).

Questão 2

a) Sim, homicídio, pois mesmo não agindo sob ‘animus necandi’, assumiu o risco de produzir a
ofensa ao se aproximar do desafeto (art. 18, CP) e cumpriu todo o elemento do tipo penal: matou
alguém (art. 121, CP)
b) Resposta à Acusação, 10 dias, ao juiz que recebeu a denúncia (art. 396, CPP).

Questão 3

a) Nulidade do ato processual (art. 564, IV, CPP), pois o reconhecimento de pessoas não seguiu o
rito prescrito no art. 226, CP.
b) Atenuante do art. 65, III, alínea b, CP, pois a ré, de forma espontânea, após o crime minorou as
consequências do delito ao devolver o telefone da vítima.

Questão 4

a) Recurso em sentido estrito (art. 581, IV, CPP)


b) Nulidade do processo (art. 564, IV, CPP), pois o juiz não seguiu o rito prescrito no art. 411, do
CPP, quanto da audiência de instrução.

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