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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE

FLORIANÓPOLIS/SC

AUTOS Nº...

BRENO, já qualificado nos autos de ação penal que lhe move o


Ministério Público, vem, por intermédio de seu advogado que infra subscreve, respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, irresignada com a sentença condenatória de 8 anos e 8 meses
de reclusão e 20 dias multa, interpor, tempestivamente

RECURSO DE APELAÇÃO

com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo


Penal. Requer que, após o recebimento destas, com as razões inclusas, ouvida a parte contrária,
sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal, onde serão processados e provido o referido
recurso.

Termos em que,

pede e aguarda deferimento.

Local, 09 de dezembro de 2019.

Advogado..., OAB...
EXCELETÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA
CATARINA

Apelante: Breno

Apelado: Ministério Público

Autos de origem nº...

RAZÕES DE APELAÇÃO

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara

Ínclitos julgadores

I. DA SÍNTESE PROCESSUAL

O recorrente foi denunciado pelo Ministério Público no dia


05 de junho de 2019, pela presumida prática do crime de roubo, conforme Artigo 157, § 2º,
inciso II e § 2º-A, inciso I, do Código Penal e Art. 244-B da Lei nº 8.069/90, na forma do artigo 70
do Código Penal.

A denúncia foi devidamente recebida e realizada a


audiência de instrução e julgamento, e após apresentação de manifestação das partes, foi
proferida a sentença, sendo fixada no regime fechado, em razão da pena final de 8 anos e 8
meses de reclusão e 20 dias de multa.

II. PRELIMINARMENTE
1) NULIDADE DA INSTRUÇÃO E CERCEAMENTO DE
DEFESA

Inicialmente, cabe ressaltar que a presente demanda


padece de muitos vícios, vez não ter sido devidamente ouvida as partes na audiência de
instrução, devendo ser anulada a partir da fase em que deveria ter sido oportunizada às partes
a manifestação.

Quando o magistrado opta por perguntar diretamente para


as testemunhas de acusação e defesa, não oportunizando manifestação das partes, entende-se
por justo anular a instrução, uma vez que ocorreu nulidade que acarretou no cerceamento de
defesa e violando o principio da ampla defesa e do devido processo legal, em conformidade com
artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal Brasileira.
É evidente o prejuízo causado ao Apelante por ter sido
privado de complementar a manifestação das partes devido a ocorrência de inversão na ordem
da realização das perguntas para as testemunhas.

Diante disso, a anulação da oitiva das partes sem direito de


manifestação pela parte apelante, cerceou e amputou ao apelante o direito ao exercício da
própria defesa, conforme artigo 564, inciso IV, do Código de Processo Penal e
concomitantemente, artigo 212 e artigo 5º, inciso LV, ambos da Constituição Federal.

III. NO MÉRITO RECURSAL


1) INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA

Diante da alegação, somente se admite o crime de


corrupção de menores aludido no artigo 244-B da Lei nº 8.069/90, quando corrompe ou facilita
a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando a infração penal ou até mesmo
induzindo-o a praticar o delito, assim, tais alegações não devem prosperar, conforme artigo 20,
caput, do Código Penal, tendo em vista que o apelante não agiu com dolo nem culpa, sua
conduta foi atípica em relação crime de corrupção de menores.

Portanto, ocorreu erro de tipo, tendo em vista que houve


uma falsa percepção da realidade sob o elemento do crime, não tendo sido demonstrado dolo,
bem como ausência da modalidade culposa para o crime de corrupção de menores, não há o
que se falar em tipicidade do crime.

2) DOSIMETRIA DA PENA

Conforme artigo 68, caput, o Código Penal, estabelece que


será fixada considerando as circunstâncias atenuante e agravantes e por último, as causas de
diminuição e de aumento, sendo elas:

a) Grau de culpabilidade do acusado;


b) Antecedentes criminais;
c) Conduta social;
d) Personalidade do agente;
e) Motivos, circunstâncias e consequências do crime;
f) Influencia do comportamento da vitima na pratica do
delito.

De acordo com a sentença, não foi devidamente


observados os pontos acima citados, e consequentemente não ocorrendo a diminuição da pena
base, tendo em vista que os inquéritos e ações anteriores não podem ser aplicadas na pena
base, nem mesmo para avaliar sua personalidade, nos termos do artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal e Súmula 444 do STJ.

3) CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES

Na segunda fase da dosimetria da pena, embora tenha o


juízo sentenciante não reconhecido a presença das circunstâncias atenuantes da confissão
espontânea e da menoridade relativa do acusado à época dos fatos, deixou de aplicá-las,
consignando como óbice o teor da súmula nº 231, do Superior Tribunal de Justiça.
Desta forma, “são circunstancias que sempre atenuam a
pena: I – ser o agente menor de 21 (vinte e um) anos, na data do fato, ou maior de 70 (setenta)
anos, na data da sentença;

Sendo assim, faz-se impositivo o reconhecimento da


atenuante da menoridade relativa em relação ao apelante, ainda que essa circunstância conduza
à fixação da pena abaixo do limite mínimo abstratamente cominado, o que é admitido pelo
artigo 65, inciso I, do Código Penal.

IV. DOS PEDIDOS

Ante a todo exposto, requer que seja a sentença impugnada e


reformada da forma que a:

a) Preliminarmente, reconhecer a nulidade da instrução e cerceamento de defesa, com


base no artigo 564, inciso IV, do Código de Processo Penal e concomitantemente,
artigo 212 e artigo 5º, inciso LV, ambos da Constituição Federal;
b) Reconhecer no mérito a insuficiência probatória referente ao crime de corrupção de
menores, conforme o artigo 244-B da Lei nº 8.069/90;
c) A dosimetria da pena com base no artigo 68, caput, o Código Penal, tendo em vista
que não houve o crime, apenas a tentativa, não ocorrendo a subtração do dinheiro do
estabelecimento;
d) Da minoridade relativa, visto da sua aplicabilidade ao caso concreto, nos termos do
artigo 65, inciso I, do Código Penal;
e) Admitir da redução do quantum de aumento realizado na dosimetria do crime de
roubo, com base no artigo 5º, inciso XL, da Constituição Federal;
f) Da não aplicabilidade do regime interposto com base na pena a ser aplicada e
primariedade do apelante, conforme artigo 33, § 2º, alíneas b ou c, do Código Penal;
g) Subsidiariamente, requer que a apelante seja absolvida, ante a evidente atipicidade da
conduta pela não consumação do delito, nos termos do artigo 386, inciso III, do Código
de Processo Penal.

Assim, requer que seja conhecido e provido o recurso, reformando


a sentença ora impugnada para que seja julgada improcedente a pretensão acusatória, sendo o
apelante ABSOLVIDO das imputações contra ele formuladas, nos termos do art. 386, incisos VI,
do Código de Processo Penal.

Termos em que,
pede e aguarda deferimento.
Local, 09 de dezembro de 2019.
Advogado..., OAB...

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