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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


CAMPOS/RJ

Processo número: ...

LAURO, já qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado infra-assinado,


procuração em anexo, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS, com base no artigo 403, § 3º
do Código de Processo Penal, pelos fatos e direitos à seguir expostos:

I – DOS FATOS

O réu foi denunciada pela tentativa da prática do crime de estupro qualificado,


previsto no artigo 213, § 1º, c/c com o Art. 14, II e Art. 61, III, ‘’f’’ todos do
CP.

Durante a primeira audiência de instrução foi ouvida a vítima, que não levou
documento identificação e apenas apresentou cópia de matrícula escolar.

O réu não compareceu na audiência pois não foi intimado, tendo a defesa manifestado
total inconformismo, sendo o réu interrogado apenas segunda audiência.

O Ministério Público requereu a condenação do réu nos termos a denúncia.

A defesa foi intimada em 04 de setembro de 2018.

II – DO DIREITO

A) DA PRELIMINAR

A.1 ) DA NULIDADE DA INSTRUÇÃO

O réu não compareceu na primeira audiência.

Todavia os atos processuais realizados durante a instrução devem ser anulados uma
vez que o réu não foi intimado e a defesa se insurgiu em audiência.

A audiência de instrução foi realizada, e no caso, o réu não estava presente nessa
primeira audiência quando foram ouvidas a vítima e testemunhas, causando-lhe nítido
prejuízo na sua defesa.

Portanto, os atos processuais realizados a partir da audiência de instrução devem


ser anulados, uma vez que a falta de intimação para comparecer o réu em audiência
reputa cerceamento de defesa e afronta princípio constitucional, o da ampla defesa,
previsto no artigo 5º, LV, da Constituição Federal de 1988.

Portanto, diante disso, resta patente a nulidade de atos de instrução, nos termos
artigo 564, inciso IV do Código de Processo Penal.
B) DO MÉRITO

B.1) DA ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE ESTUPRO

O réu foi acusado de ter tentado estuprar a vítima Maria.

Todavia o fato do réu ter apenas comprado arma permitida, locado quarto de hotel e
adquirido mordaça para supostamente ameaçar a vítima, para com ele manter relações
canais, configura apenas atos preparatórios.

Logo, não foi iniciada a execução do crime de estupro, haja vista que atos
preparatórios, em regra não são punidos.

Portanto não há que se falar em tentativa de estupro, já que não havia sido
iniciada a execução do delito, devendo o agente ser absolvido, uma vez que a
conduta não configura crime.

Ademais o porte de arma de fogo era permitido, já que o réu possui autorização.

Portanto, de rigor a absolvição do réu, com base no artigo 386, inciso III, do
Código de Processo Penal.

C) DA SUBSIDIARIEDADE

C.1) DA QUALIFICADORA DA MENORIDADE DA VÍTIMA

O réu foi denunciado por crime de tentativa de estupro qualificado.

Todavia, na audiência de instrução a vítima não apresentou documentação hábil que


comprove a sua idade, apenas apresentou matrícula escolar e disse que possui 17
anos, a matrícula escolar não indica data de nascimento, a mera alegação em
audiência não é suficiente para comprovação de idade, não sendo possível se ter
certeza em razão da aparência da vítima, se é menor de dezoito anos de idade.

Nos termos do parágrafo único do artigo 115 do Código de Processo Penal, (DA PROVA)
em relação ao estado de pessoas serão observadas as restrições estabelecidas em
Direito civil (lei civil).

Além disso, conforme enunciado da Súmula 74 do STJ, diz que a menoridade requer
prova com documento hábil.

Nesse sentido não há prova nos autos da idade da vítima bem como não foi
apresentado nenhum exame pericial, devendo ser afastada a qualificadora prevista no
artigo 213, parágrafo primeiro do CP.

C.2) DA PENA BASE NO MÍNIMO LEGAL – ART. 59 DO CP

CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FAVORÁVEIS

Na eventualidade da sentença condenatória, o que não se espera, deve a pena-base


ser fixada no mínimo legal.

Isso porque foi juntada FAC (folha de antecedentes criminais) do réu sem qualquer
anotação.
Logo o réu apresenta bons antecedentes, devendo a pena-base fixada no mínimo legal,
já que todas as circunstâncias judiciais do artigo 59 do código Penal são
favoráveis.

C.3) AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DA VÍTIMA SER MULHER

Apesar da vítima ser mulher, não está explícita a situação em relação familiar, o
suposto ocorrido não foi pratica no âmbito da violência doméstica contra a mulher,
como prevê o artigo 5º da lei 11.340/06.

Isso porque, o fato da vítima ser mulher não basta para reconhecer a agravante.

Logo requer seja afastada a agravante do artigo 61, inciso II, alínea ‘’f’’ do
Código Penal.

C.4) DO RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA

Ao ser interrogado, o réu confirmou os fatos narrados na denúncia.

Portanto, no caso, incide a atenuante da confissão espontânea, prevista no artigo


65, inciso III, alínea ‘’d’’ do Código Penal.

Assim requer a reconhecimento da atenuante da confissão espontânea.

C.5) DA REDUÇÃO MÁXIMA DA PENA PELA TENTATIVA

Contudo o crime ficou longe da sua consumação, o que é entendimento pacífico do


direito, de que é justa a redução máxima no ‘’quantum’’ da pena, devido ao ‘’iter
criminis’’, o caminho do crime, que não foi totalmente percorrido e assim ficou
longe de ser consumado.

De rigor a redução no percentual máximo, 2/3 em razão da tentativa, nos termos do


artigo 14, inciso, II, do Código Penal.

C.6) DO REGIME ABERTO OU SEMI-ABERTO – Art. 33, § 2º ‘’b’’ ou ‘’c’’ do CP

Considerando que a pena resta no mínimo legal e a redução pela tentativa fica com a
diminuição no seu patamar máximo, a pena ficou abaixo dos 4 anos, devendo o
magistrado fixar o regime inicial de cumprimento de pena no aberto ou semiaberto.

Portanto, na hipótese de eventual condenação, o juiz deve fixar o regime aberto ou


semiaberto, nos termos do artigo 33, § 2º ‘’b’’ ou ‘’c’’ do CP, já que o réu é
primário e circunstâncias judiciais são favoráveis.

C.7) DA SUSPENSÃO DA PENA – Art. 77 do CP

Considerando a pena no mínimo legal e a redução pela tentativa no patamar máximo a


pena ficará em 2 (dois) anos.

Sendo assim, o réu preenche os requisitos do artigo 77 do código Penal.

Portanto, de rigor, a aplicação da suspensão condicional da Pena.

III – DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, requer-se:

a) Que seja declarada a nulidade dos atos de instrução em razão da falta de


intimação do réu para a solenidade, nos termos do Art. 564, IV do CPP;
b) Absolvição do réu, nos termos do Art. 386, III do CPC;

c) Seja afastada a qualificadora do artigo 213, § 1º do CP;

d) Seja aplicada a pena-base no mínimo legal, nos termos do Art. 59 do CP;

e) Seja aceita a atenuante da confissão espontânea 65, III, ‘’d’’ do CP;

f) Seja afastada a agravante da menoridade de 18 da vítima, nos termos do Art. 65,


II, ‘’f do CP.

g) Seja aplicada a redução máxima da tentativa, nos termos do Art. 14, II do CP;

h) Seja fixado o regime de cumprimento de pena aberto ou semiaberto, nos termos do


Art. 33, 2º§, ‘’c’’ do CP;

i) Seja aplicada a suspensão condicional da pena, nos termos do Art. 77 do CP

Termos em que,

pede deferimento.

Local e data

Advogado

OAB

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