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Nas doze ocasiões listadas, restou demonstrado que parte dos valores
recebidos pela denuncianda Vera Lúcia foram oferecidos por ela a Fábio, que não apenas
aceitou como também os recebeu, o que redundou em condutas de Fábio que favoreceram
o interesse dos clientes de Vera, não apenas colocando fim a expedientes administrativos
instaurados no âmbito da 10º Promotoria de Justiça de Uberlândia/MG, como também a
processos, já judicializados, e, no caso de Alexandre Fonseca Marquez, oitavo cliente
acima listado, inclusive com trânsito em julgado em prol do Poder Público.
De outro lado, consumada a corrupção, o denunciando Fábio recebia os
valores em espécie e, então, passava a ocultá-los, seja adquirindo bens em dinheiro ou
amortizando valores de financiamento bancário que possuía junto à Caixa Econômica
Federal para fins de aquisição de suntuosa casa em condomínio fechado, na cidade de
Uberlândia/MG, para a qual, inclusive, contraiu diversas despesas com benfeitorias, com
o nítido propósito de camuflar a ilicitude da vantagem, em deliberada atitude de lavagem
de dinheiro.
Consta que, até o final do ano de 2013, o denunciando Fábio agia para
ocultar a origem do dinheiro recebido, o que passou a ser feito, a partir de 2014, também
quanto à movimentação do numerário.
Isso porque, em 2013, o segundo denunciando realizou vultosos depósitos
em espécie em sua conta bancária, que somaram R$ 542.864,77 (quinhentos e quarenta e
dois mil, oitocentos e sessenta e quatro reais e setenta e sete centavos). Todavia, a partir
de 2014, os depósitos em dinheiro minguaram, sendo da ordem de R$ 24.813,72 (vinte e
quatro mil, oitocentos e treze mil reais e setenta e dois centavos) em 2014, e R$ 7.011,88
(sete mil e onze reais e oitenta e oito centavos) em 2015.
Como os autos revelam a correspondência da lavagem de capitais aos
crimes anteriores de corrupção, incorreu o denunciando Fábio na prática, por doze vezes,
da conduta típica prevista no artigo 1º, da Lei 9613/98, e, ainda, em razão da reiteração
da prática para camuflar doze crimes diferentes de corrupção passiva, na causa de
aumento de pena prevista no artigo 1, § 4º, da Lei 9613/98.
Por fim, como os atos para os quais foi oferecida e recebida a vantagem
financeira foram efetivamente praticados pelo denunciando Fábio, incide, para ambos os
denunciandos, as causas de aumento de pena correspondentes às figuras típicas de
corrupção a eles imputadas.
Assim agindo, como o denunciando FÁBIO GUEDES DE PAULA
MACHADO incorreu nas condutas típicas previstas no artigo 317, § 1º, do Código
Penal, por doze vezes, e no artigo 1º, §4º, da Lei nº 9.613/98, também por doze vezes,
observada a regra do cúmulo material entre os delitos de espécie distintas, e como a
denuncianda VERA LÚCIA SERRALHA MENDES incorreu nas condutas típicas
previstas no artigo 333, parágrafo único, do Código Penal, por doze vezes, em face
dos mesmos é oferecida a presente denúncia que, após a fase prevista no artigo 4º da Lei
8038/90, espera seja recebida para que, com o trâmite previsto nos artigos 7º e ss. da
mesma Lei e oitiva das testemunhas do rol abaixo, possam eles, ao final, serem
condenados nas sanções que lhes couberem.
2.2) A decretação, com lastro nos artigos 125 e seguintes do C.P.P. e para fins do
disposto no artigo 91, II, “b”, do Código Penal, do sequestro do imóvel localizado na
Rua Berenice Rezende Diniz, 300, casa 14, Condomínio Villaggio da Colina, bairro
Gávea, Uberlândia/MG, com a devida inscrição no registro imobiliário (artigo 128
CPP) e autuação na forma do artigo 129, do C.P.P. Isso porque, do exposto às ff. 831/831
verso, observa-se fortes indícios (artigo 126 CPP) de que o referido imóvel, a que se
refere o contrato de financiamento de ff. 97/109 (Anexo I – volume 01 – Lacre 3388811),
foi adquirido com dinheiro recebido ilicitamente por Fábio já que teve sua entrada e
grande parte de suas amortizações extraordinárias de grande vulto quitadas em datas
próximas ao recebimento das vantagens. A se destacar também que o dinheiro
ilicitamente recebido por Fábio, consoante extratos de movimentação bancária aludidos
no laudo de ff. 825/844 verso, foram utilizados para pagamento de benfeitorias de grande
vulto realizadas no imóvel, conforme notas e recibos que compõem os autos do Anexo I –
volume 5 – Lacre 3207998.
2.3) A decretação, com lastro nos artigos 125 e seguintes do C.P.P e também para fins
do disposto no artigo 91, II, “b”, do Código Penal, do sequestro dos imóveis adquiridos
por Vera Lúcia Serralha Mendes como parte do pagamento do contrato entabulado
com o cliente Elglobal Construtora Ltda (vide denúncia), mais precisamente aqueles
devidamente individualizados no contrato de ff. 76/81, do anexo II, volume 18, nas
cláusulas sétima e oitava, assim como aquele adquirido pela denuncianda Vera como
parte do pagamento do contrato celebrado com Vinícius Félix de Miranda (vide
denúncia), imóvel este devidamente individualizado conforme contrato de ff.
172/173 dos autos do anexo II, volume 16. De igual forma, requer-se a devida inscrição
das medidas no Cartório de Registro de Imóveis (artigo 128 CPP) e autuação na forma do
artigo 129, do mesmo Codex.
2.4) Para fins do disposto no artigo 91, II, “b” do Código Penal e no artigo 4º, da Lei
9613/98 e com base nos artigos 136 e seguintes, do Código de Processo Penal, o arresto
de valores depositados e/ou aplicados em contas pessoais dos denunciandos em
instituições financeiras, com o bloqueio de R$ 1.400.500,00 (um milhão quatrocentos
mil e quinhentos reais) para cada um deles, preferencialmente via BACEN-JUD,
valores estes que correspondem à vantagem individual obtida com a prática criminosa da
corrupção.
2.6) A abertura de conta judicial, devidamente remunerada, para fins de depósito, a ser
devidamente autorizado por V.Ex.a, da quantia em dinheiro apreendida em decorrência
da Busca e Apreensão deferida nos autos da Ação Cautelar 1.0000.15.101.444-6/000,
correspondente a:
2.9) A juntada aos autos de CAC e FAC dos agentes no juízo estadual (1ª e 2ª
instâncias), bem como certidão de antecedentes emitidas pelos foros eleitoral (TRE/MG)
e federal (1ª e 2ª instâncias).
2.11) Quanto à investigada Lilian Starling de Freitas, uma vez que os autos não fornecem,
por ora, elementos suficientes para a deflagração da ação penal, requeiro o
desmembramento do feito, com remessa de cópia digitalizada dos autos à
Procuradoria-Geral de Justiça Adjunta Jurídica, para a continuidade das
investigações visando identificar eventual responsabilidade do primeiro denunciando e
das sócias do escritório de advocacia “Starling de Freitas & Borges Torres”.
2.12) Que seja determinada, para fins de preservação de prova, a realização de cópia de
todas as mídias juntadas aos autos principais, incluindo o HD Externo de f. 889, com a
manutenção delas em secretaria.