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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7ª VARA DE CÍVEL DA

COMARCA DE VITÓRIA – ES

REF. PROC. Nº 0021669-77.2019.8.08.0024

JORGE RENATO MARES GUIA,


Brasileiro, divorciado, autônomo, portador do CPF sob nº 317.292.667-20, com endereço sito
à:
Av. Joubert de Barros, nº 110
Bento Ferreira, Vitória – ES
CEP 29.050-720, e

ABRAHÃO OLIVEIRA MARES GUIA,


Brasileiro, solteiro, comerciante, portador do CPF sob nº 578.992.237-68, com endereço sito
à:
Av. Joubert de Barros, nº 110
Bento Ferreira, Vitória – ES
CEP 29.050-720, e

SANDRA DE OLIVEIRA MARES GUIA,


Brasileira, solteira, comerciante, portador do CPF sob nº 833.004.307-04, com endereço sito
à:
Av. Joubert de Barros, nº 110
Bento Ferreira, Vitória – ES
CEP 29.050-720, e

MARCO ANTÔNIO DE OLIVEIRA MARES GUIA,


Brasileiro, casado, guarda portuário, portador do CPF sob nº 488.770.857-20, com endereço
sito à:
Av. Joubert de Barros, nº 110
Bento Ferreira, Vitória – ES
CEP 29.050-720, e

ESPÓLIO DE WALDEIA DE OLIVEIRA MARES GUIA,

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Todos representados por seu bastante procurador e advogado infra-assinado, constituído
e qualificado no instrumento procuratório em anexo, vem, respeitosamente, a presença
de V. Exa. apresentar, de forma tempestiva,

CONTESTAÇÃO

Em face de
FLAVIO GOMES DE MIRANDA,

Pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:

DA GRATUIDADE
Requer os benefícios da assistência judiciária gratuita nos termos dos arts. 2º, 4º e 6º da
Lei 1.060/50, também em conformidade com o art. 5º inc. LXXIV da Carta Magna
brasileira, bem como artigo 98, §5ª do Novo Código de Processo Civil, visto que a
situação econômica atual dos requeridos não lhes permite pagar as custas do processo,
bem como suportar a sucumbência sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família,
uma vez que encontram-se atravessando forte crise financeira. Nesse sentido são os
julgados:

“A simples declaração de miserabilidade jurídica por parte do


interessado é suficiente para a comprovação desse estado, nos
termos do artigo 4º, § 1º da Lei 1060/50”.
(STF-RE 205.029-RS-DJU de 07.03.97).

“REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA.


PESSOA FÍSICA. DECLARAÇÃO DE POBREZA SUFICIENTE
PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. PRECEDENTE DO C.
STF.” [...]
(TJ-SP - APL: 00298655120118260562 SP 0029865-
51.2011.8.26.0562, Relator: Tasso Duarte de Melo, Data de
Julgamento: 18/08/2014, 12ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 18/08/2014).

Informa ainda, conforme artigo 99, §4º do Novo Código de Processo Civil, a assistência
e advogado particular não impedem concessão do benefício de gratuidade da justiça.
DOS FATOS
Em 05 (cinco) de maio de 2009 os requeridos firmaram contrato de honorários por êxito com
o autor (conforme claramente demonstra o teor do parágrafo 5º), onde o autor ficaria
responsável por ajuizar ação ordinária de indenização em desfavor do órgão IEMA, e
receberia como pagamento de seus serviços 4% sobre o valor de indenização a ser pego pelo
IEMA à parte contrária, caso o requerente ganhasse a causa.

A atuação do autor como advogado na causa decepcionou em muito os requeridos por


diversos motivos, dentre eles, o descaso extremo com o qual o autor tratou seus clientes, os
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ora requeridos, não os repassando informações sobre a causa, culminando por fim na
destituição do autor como procurador e patrono nos autos.

Portanto, os requeridos destituíram o advogado, formalizando tal ato com o envio de


telegrama, agindo conforme preceitos estabelecidos pelo código de ética e disciplina da
Advocacia, bem como Estatuto da Advocacia.

Por fim, conforme provas acostadas aos autos, fora proferida sentença que reconheceu a
ilegitimidade passiva do órgão IEMA, extinguindo o feito, não havendo condenação do
mesmo ao dever de indenizar a parte contrária.

Portanto, fica claro que a demanda não obteve êxito, e sendo assim, os requeridos não
receberam indenização ou qualquer espécie de benefício com o feito, não havendo o que se
falar em remuneração do advogado por serviços prestados, uma vez que, segundo os termos
do contrato firmado, o autor atuou sabendo e assumindo os riscos que corria quando aceitou
patrocinar demanda, pactuando com os requeridos contrato de êxito, estabelecendo que o
advogado receberia como pagamento por seus serviços uma porcentagem em cima da
indenização que, por ventura, poderia vir a ser recebida, em caso de êxito da demanda.
Ressalta-se que não há clausula que especifique multa por quebra do contrato em questão, não
incumbindo obrigações aos contratantes.

DO DIREITO
DA CLAUSULA 5ª
Conforme explanado em momento oportuno, em 05 (cinco) de maio de 2009 os requeridos
firmaram contrato de honorários por êxito com o autor (conforme claramente demonstra o
teor da cláusula 5ª), onde o autor Sr. Flavio Gomes, ficaria responsável por ajuizar ação
ordinária de indenização em desfavor do órgão IEMA, e receberia como pagamento de seus
serviços 4% sobre o valor de indenização a ser pego pelo IEMA à parte contrária, caso o
requerente ganhasse a causa. Ressalta-se que não há clausula que especifique multa por
quebra do contrato em questão, não incumbindo obrigações aos contratantes.

É sabido que antes de aceitar uma causa, o cabe ao advogado tentar prever o fim da demanda,
verificando se terá altas probabilidades de receber pelo trabalho prestado, ao final da
demanda, decidindo com independência pelo que lhe parecer mais vantajoso.

A cláusula Quota Litis, como também é conhecido o contrato de risco, é modalidade de


contrato advocatício onde se estabelece que os honorários advocatícios serão determinados de
acordo com o sucesso do advogado na lide. Ou seja, se ao final do processo o advogado sair
vencedor do pleito, receberá pelo seu trabalho conforme porcentagens estabelecidas
previamente em contrato, porém em caso de decisão desfavorável aos seus pedidos, não
receberá nada por isso. Portanto, não há que se falar em condenação dos requeridos ao
pagamento de URHs ao requerente, uma vez que o contrato estipulou o pagamento de
honorários em caso de êxito da ação, onde haveria o pagamento de uma indenização.

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DO TELEGRAMA DE DESTITUIÇÃO
É sabido que a relação cliente e advogado baseia-se em princípios como honestidade,
transparência, confiança, comunicação, dentre tantos outros. No caso em tela, a atuação do
autor como advogado na causa decepcionou em muito os requeridos, destacando-se o descaso
extremo com o qual o autor tratou seus clientes, os ora requeridos, não os repassando
informações sobre a causa, não informando-lhes a cerca das estratégias adotadas na lide, entre
outros, quebrando assim a relação de confiança entre as partes.

O autor foi procurado diversas vezes pelos requeridos, que desejavam obter maiores
informações sobre o deslinde da causa, mas apenas obtinham respostas superficiais meses
depois, demonstrando o grande descaso que o autor tratou os seus clientes, ora requeridos.

Frisa-se que os requeridos tinham que se deslocar pessoalmente até o cartório da vara onde
tramitava o referido processo, e somente assim obtinham acesso as petições protocoladas por
seu patrono, ou ficavam sabendo sobre o andamento do processo.

Assim sendo, os requeridos, muito descontentes com o descaso com o qual foram tratados,
bem como a falta de comunicação e quebra de confiança por parte do advogado, procuraram
pessoalmente o autor e pediram-lhe que se retirasse da causa, porém o autor se recusou
veementemente.

Foi então que os requeridos se viram acuados e forçados a enviar telegrama formalizando a
destituição do autor como patrono da causa. Após isso, conferiram procuração a outro
advogado.

O autor afirma que a destituição imotivada retirou dele a possibilidade de remuneração por
seus serviços, mas devem ser esclarecidos alguns pontos: Em um primeiro momento deve-se
ressaltar os requeridos agiram de forma ética quando comunicaram pessoalmente ao autor
quanto as suas insatisfações como clientes frente a atuação do patrono na causa.
Posteriormente à negativa verbal do autor em retirar-se do processo amigavelmente, sobreveio
telegrama informando a destituição do mesmo formalmente, obedecendo critérios éticos.

Quanto a remuneração do autor por ter atuado como patrono da causa, o contrato fala por si
só, pois é contrato de êxito onde o autor seria remunerado apenas em caso de vitória na lide.
Além do mais, vale ressaltar que não fora estabelecida multa em caso de destituição do
patrono, sendo direito do cliente destituir o advogado, caso entenda que há quebra de
confiança, ou entenda que o advogado não corresponde às expectativas do cliente, entre
outros motivos.

DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:

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a) O benefício da gratuidade judiciária em conformidade com a Lei 1.060 de 05 de
fevereiro de 1950, art. 5º inc. LXXIV da Carta Magna brasileira, e art. 98 e seguintes
do Novo Código de Processo Civil;

b) O indeferimento da exordial em todos os seus termos, condenando o autor ao


pagamento de custas processuais e honorários advocatícios;

c)

Nestes Termos,
P. deferimento!!!!

Vila Velha, ES.


18 de janeiro de 2020.

JOSUÉ S. FERREIRA COUTINHO


OAB/ES 5.790

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