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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA____VARA CIVEL DA


COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS - RJ

GEDSON RIBEIRO ALVES, brasileiro, casado, militar


reformado, portador da cédula de identidade N° 70160945, expedida pela
Marinha do Brasil, inscrito no CPF/MF sob o Nº. 272.672.377-20,
residente e domiciliado a Rua 09, casa 889, casa fundos, Nova Campinas,
Duque de Caxias - Rio de Janeiro, CEP: 25268-390, pelo presente
instrumento particular de procuração nomeia e constitui nos termos do Art.
106, I do novo código de processo civil, Dr. LUIZ EDUARDO VIEIRA
DIAS, OAB/RJ 175.194, estabelecido com escritório a Rua da Conceição,
N°99, sala 911, Centro, Niterói, CEP: 24020-081, onde deverão ser
endereçadas as futuras intimações/publicações, as quais deverão constar de
forma exclusiva o nome acima indicado, com endereço eletrônico:
Luiz_adv_vieira@hotmail.com vem por seu advogado signatário, subscrito
da presente procuração em anexo, propor a presente ação pelos fatos e
fundamentos que seguem.

AÇÃO DECLARATÓRIA C/C REVISIONAL DE JUROS C/C


REPETIÇÃO DO INDÉBITO C/C (COM PEDIDO DE TUTELA
PROVISÓRIA - URGENTE)

em face de BANCO PANAMERICANO S.A, Pessoa jurídica de direito


privado, com sede comercial localizada á Avenida Paulista, nº. 1374 -
Estado de São Paulo - SP - CEP : 01310-100, com inscrição no CPNJ N°
59.285.411/0001-13, BANCO BMC – BRADESCO
FINANCIAMENTOS S/A, Pessoa jurídica de direito privado, com sede
comercial localizada á Prédio Prata, 4º andar, Vila Yara, Osasco - Cidade de
Deus - São Paulo - CEP.: 06029-900, com inscrição no CNPJ Nº.
07.207.996/001-50, CHINA CONSTRUCTION BANK (BRASIL) –
BANCO MULTIPLO S/A-CCB BRASIL, Pessoa jurídica de direito
privado, com sede comercial localizada á Avenida Brigadeiro Faria Lima,
nº 4440, Itaim Bibi – São Paulo – SP CEP: 04538-132, CNPJ nº
07450604/0001-89, BRB – BANCO DE BRASÍLIA , Pessoa jurídica de
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direito privado, com sede comercial localizada á Qd 02, Bl. B, 2º andar,


Asa Norte – Brasília – DF - CEP.: 70632-200, com inscrição no CNPJ nº.
00.000.208/0001-00, pelos fatos de direito que passa a declinar

PREAMBULARMENTE

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Na forma da lei 7.115/93, declara o autor da vestibular não possuir


meios de demandar sem prejuízo de seu sustento e de sua família,
requerendo assim, a concessão dos benefícios da Gratuidade de Justiça,
com fulcro na Lei 1.060/50, com declaração de hipossuficiência juntada
aos autos (Doc. Anexo).

Para tanto, vem requerer ao Douto Juízo que seja deferido o


benefício da gratuidade de justiça ao autor, nos moldes do artigo 98, § 1º
do Novo Código de Processo Civil

A Carta Magna assegura o acesso ao Judiciário, visando facilitar o


amplo acesso ao Poder Judiciário (artigo 5º, XXXV, da CF).vejamos:

CF/88 – Art. 5º - LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica


integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.

A lei a toda evidência, não se dirige apenas aos miseráveis no sentido


estrito da palavra, mas a todos quantos não tenham como pagar as despesas
processuais sem prejuízo próprio ou da família. O dispositivo regula o
princípio constitucional de que o judiciário há de ser acessível a todos.

Neste caminho, o artigo 99, § 3º do Novo Código de Processo Civil


aduz que é permitida a concessão da justiça gratuita mesmo quando a parte
estiver sendo representada por advogado particular.

Desta forma, há de ser reconhecido o direito do autor ao benefício da


gratuidade de justiça, tento em vista sua situação de hipossuficiência
econômica, não tendo condições de arcar com as custas e despesas
processuais sem o comprometimento do próprio sustento próprio e de sua
família.

Importante ressaltar que o fato de ter o autor adquirido o empréstimo


consignado, não significa ausência de pressuposto para concessão da
gratuidade, pois devido à enorme crise financeira que assola todo o nosso
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País, o autor teve sua vida financeira devastada pela atual situação
econômica do Brasil, o que causa grande preocupação, não só ao autor, mas
à toda parcela da população que depende do seu próprio trabalho para
garantir seu sustento, pois a crise econômica de 2016 deixou de ser uma
possibilidade para se tornar fato.

Na forma da lei 7.115/93, declara o autor da


vestibular não possuir meios de demandar sem prejuízo de seu sustento e
de sua família, requerendo assim, a concessão dos benefícios da Gratuidade
de Justiça, com fulcro na Lei 1.060/50, com declaração de hipossuficiência
juntada aos autos, em observância ainda ao teor do Art. 99, §1º, §4º do
novo código de processo civil (Doc. Anexo).

DOS FATOS

Inicialmente, cabe informar que o autor é cidadão respeitado no meio


onde vive, prezando pelo ótimo nome que cultivou ao longo dos anos, e
que apesar de sua condição financeira humilde, sempre honrou com suas
obrigações morais e financeiras. O referido autor teve de forma veemente
seu direito subjetivo violado conforme ficará evidenciado.

O autor da peça exordial é militar da Marinha do Brasil e passou por


problemas financeiros, fazendo empréstimos junto às rés, inclusive, a expor
a seguir.

Em virtude dessas colocações, cabe frisar que o autor tem em


andamento 07 empréstimos consignados em contracheque com desconto
direto em débito automático na sua conta corrente; Contracheques em
anexo.

1º (Primeiro) contrato com o 1º réu, no valor de R$ 6.187,97 (seis


mil cento e oitenta e sete reais e noventa e sets centavos), com valor de
parcela R$ 167,60 (cento e sessenta sete reais e sessenta centavos), com
data inicial 10/2020 e término 02/2026, sendo este no total de 72 parcelas.

2º (Segundo) contrato com o 1º réu, no valor de R$ 37.978,36 (trinta


e sete mil novecentos e setenta e oito reais e trinta e seis centavos), com
valor de parcela R$ 834,75 (oitocentos e trinta e quatro reais e setenta e
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cinco centavos), com data inicial 11/2019 e término 11/2025, sendo este no
total de 72 parcelas.

3º (Terceiro) contrato com o 1º réu, no valor de R$ 5.520,63 (cinco


mil quinhentos e vinte reais e sessenta três centavos), com valor de parcela
R$ 137,35 (cento e trinta e sete reais e trinta e cinco centavos), com data
inicial 07/2019 e término 06/2025, 72 parcelas.

4º (Quarto) contrato com o 2º réu, no valor de R$ 4.129,53 (quatro


mil cento e vinte e nove reais e cinquenta e três centavos), com valor de
parcela R$ 99,27 (noventa e nove reais e vinte e sete centavos), com data
inicial 06/2019 e término 05/2025, 72 parcelas.

5º (Quinto) contrato com o 2º réu, no valor de R$ 9.821,50 (nove mil


oitocentos e vinte e um reais e cinquenta centavos), com valor de parcela
R$ 227,47 (duzentos e vinte e sete reais e quarenta e sete centavos), com
data inicial 11/2019 e término 01/2025, 72 parcelas.

6º (Sexto) contrato com o 2º réu, no valor de R$ 8.587,86 (oito mil


quinhentos e oitenta e sete reais e oitenta e seis centavos), com valor de
parcela R$ 216,50 (duzentos e dezesseis reais e cinquenta centavos), com
data inicial 07/2018 e término 06/2024, 72 parcelas.

7º (Sexto) contrato com o 2º réu, no valor de R$ 8.061,48 (oito mil e


sessenta e um reais e quarenta e oito centavos), com valor de parcela R$
203,23 (duzentos e três reais e vinte e três centavos), com data inicial
07/2018 e término 06/2024, 72 parcelas.

O que ocorreu, foram que os 1º, 2º, 3º, 4º, e 6º, foram refinanciados
e/ou comprados, ou seja, operou-se a transferência do credito inicial,
ocorrendo assim, a novação, majorando a divida do autor, sendo tal
procedimento chamado de portabilidade financeira e/ou refinanciamento,
também conhecido como “compra de divida interna” e em alguns casos de
unificação de parcela ou dívida.

Em todos esses contratos, operou-se o refinanciamento pelo menos


duas vezes.

O 1º contrato teve 07 parcelas quitadas pelo 4° réu, na modalidade de


portabilidade de unificação de parcelas, sendo 2 dois empréstimos
unificados em uma única parcela. Doc. em anexo.
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O 2º contrato teve 09 parcelas iguais quitadas pelo 2° réu, e 39


parcelas de igual valor pagas pelo 4º réu, na modalidade de
refinanciamento.

O 3º contrato teve 14 parcelas iguais quitadas pelo 2° réu, esta na


modalidade de refinanciamento.

O 4º contrato teve 10 parcelas iguais quitadas pelo 2° réu, e 13


parcelas de igual valor pagas pelo 4º réu, na modalidade de
refinanciamento.

O 6º contrato teve 14 parcelas iguais quitadas por um réu e 13


quitadas por outro.

O 7º contrato teve 10 parcelas iguais quitadas pelo 4º réu, também na


modalidade de portabilidade.

Neste passo, frise-se que o autor pagou novamente por valores já


quitados.

Frise-se que neste tipo de operação todos os contratos são majorados


e retornam a contagem zero, independente do montante já quitado.

Na emissão dos saldos devedores os valores já quitados deveriam ser


amortizados para a sua quitação, fato este que não ocorreu de fato o autor
teve sua divida majorada conforme se verifica nos informativos contratuais
em anexo, sendo ofertado na época pelo preposto dos réus um reembolso
de juros.

Flagrante é a incidência de juros sobre juros, uma vez que a


matemática dos valores da aquisição dos empréstimos não corresponde
com os valores dos saldos devedores enviados pelos réus que detinham o
crédito, tudo levando a crer que os contratos firmados estão eivados da
prática de ANATOCISMO.

Da mesma forma, os demais contratos se encontram eivados de juros


igualmente capitalizados nos moldes iniciais, antes mesmo se ser realizado
qualquer refinanciamento.

Desta forma deve constar ainda no Âmago do I.julgador que o autor


é pessoa comum e só dispõe dos vencimentos oriundos de sua matrícula na
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marinha, e possui contas rotineiras: Água, Luz, Telefone, Gás, bem como
outras.

Verdade seja e esta é que, além dos fatos até aqui elencados. mister
se faz saber que o réu está a praticar outra ilegalidade, no Quantum ao
permissivo legal de desconto consignado em bilhete de pagamento,
registrando que o limite previsto em lei específica é de 30%, e que no caso
em tela os descontos efetivados pelo réu transbordam do limite
supracitado, ferindo o patrimônio do requerente de forma objetiva,
conforme quadro expositivo abaixo, onde se verifica o desconto em média
de 46,32 % dos vencimentos do Suplicante; Contra cheques em anexo.

VENCIMENTOS MES AGOSTO/2020. LIMITE DE 30%


R$ 4.071,85 R$ 1.221,54

VENCIMENTOS MÊS AGOSTO/2020. DESCONTOS CHEGAM A 45,74%.


R$ 4.071,85 R$ 1.886,17

Desta forma, deve constar que o autor possui um total de R$ 664,63


(seiscentos e sessenta e quatro reais e sessenta três centavos) de desconto
mensal a maior.

Outrossim, cabe ainda relatar que o autor possui contas mensais


comuns como: água, luz, telefone, mercado, dentre outras conforme
documentos juntados em anexo.

Deve-se informar ainda que o autor não possui as cópias dos


contratos objeto da presente demanda, tão somente os espelhos disponíveis
no portal de consignação da Marinha do Brasil.

DO DIREITO – (CONCLUSÃO)

Em sentido do exposto, deve-se registrar que os bancos que são


inicialmente detentores do crédito praticam a ilegalidade de
ANATOCISMO, suplicam os saldos devedores às alturas com a finalidade
de garantir que o cliente não troque de banco, como se fosse uma
“penalidade”, para o cliente não pagar taxas de juros menores, além disso,
9

as instituições adquirentes da dívida pagam/quitam um saldo devedor que é


flagrantemente ilegal com o mesmo propósito, garantir o lucro abusivo em
cima de situação de ausência de esclarecimento por parte do contratante,
cometendo assim ato ilícito contido nos parâmetros do Art.186, 187, 927,
932, III, todos do Código Civil Brasileiro.

Sabendo-se ainda que os réus praticam uma ilegalidade de “penhora


disfarçada”, afetando o preceito do Art. 7°, IV, CRFB/1988, tendo este
dispositivo constitucional a garantir que o salário há de atender as
necessidades vitais básicas, como moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, tal atitude
praticada de empréstimo consignado em folha de pagamento acima do que
a lei reserva como parâmetro de máximo, configura por si só uma
ilegalidade legal, bem como social, deixando a vida financeira do autor ao
alvedrio dos réus, fato este que deve cessar !

ART. 21 LEI 1046/1950 – A SOMA DAS CONSIGNAÇÕES


NÃO EXCEDERÁ DE 30% (TRINTA POR CENTO) DO
VENCIMENTO, REMUNERAÇÃO, SALÁRIO,
PROVENTO, SUBSÍDIO, PENSÃO, MONTEPIO, MEIO-
SOLDO, E GRATIFICAÇÃO ADCIONAL POR TEMPO
DE SERVIÇO (REDAÇÃO DADA PELA LEI 2.853 DE
1956).

Assim, todas as instituições bancárias doravante denominadas rés,


estão a comprometer a vida financeira do requerente, trazendo grande
prejuízo a gerencia financeira, social, e bem estar contido nos princípios da
Carta Maior.

DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS


CONTROVERTIDAS

CPC/2015, art. 330, § 2º

Observa-se que a relação contratual entabulada entre as partes é de


empréstimo, razão qual o Autor, à luz da regra contida no art. 330, § 2º, da
Legislação Adjetiva Civil, cuida de balizar, com a exordial, as obrigações
contratuais alvo desta controvérsia judicial.

O Promovente almeja alcançar provimento judicial de sorte a afastar os


encargos contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela
gravitará com a pretensão de fundo para:
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( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados diários;

( b ) reduzir os juros remuneratórios;

Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.


( c ) excluir os encargos moratórios;

Art. 285-B - Nos litígios que tenham por objeto obrigações


decorrentes de empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o
autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações
contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor
incontroverso. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013)

Parágrafo único - O valor incontroverso deverá continuar sendo pago


no tempo e modo contratados. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013).

Observa-se que a relação contratual entabulada entre as partes é


de empréstimo, razão qual o Autor, à luz da regra contida no art. 285-B, da
Legislação Adjetiva Civil, cuida de balizar, com a exordial, as obrigações
contratuais alvo desta controvérsia judicial, anexando ao final da peça
vestibular a planilha com os valores descriminados.

Dessarte, tendo em conta as disparidades legais supra-anunciadas, o


Promovente acosta planilha com cálculos ao final do processo que
demonstra o valor a ser pago.

Nesse compasso, com supedâneo na regra processual ora invocada, o


Autor requer que Vossa Excelência defira o depósito, em juízo, da parte
controversa. Por outro ângulo, pleiteia que a Promovida seja instada a
acatar o pagamento da quantia incontroversa, acima mencionada, a qual
será paga junto à Ag. 3344, no mesmo prazo contratual avençado.
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A ratificar os fundamentos acima mencionados, urge evidenciar


diversos julgados acolhendo o pleito de depósito do valor incontroverso,
esse delimitado pelo Autor com a inaugural, verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE


CLÁUSULA CONTRATUAL. DEPÓSITO JUDICIAL DAS
PARCELAS NO VALOR INCONTROVERSO. POSSIBILIDADE.
DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA. IMPOSSIBILIDADE.
ART. 285-B DO CPC. RECURSO NÃO PROVIDO.Com a entrada em
vigor do artigo 285-B do CPC, nos litígios que tenham por objeto
obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou arrendamento
mercantil, o autor-devedor deverá continuar pagando o valor incontroverso.
Assim, pode o devedor depositar judicialmente as parcelas, no valor que
entende devido, enquanto perdurar a ação revisional das cláusulas
contratuais. No entanto, esse depósito não elide ou suspende a mora.
(TJMG; AI 1.0702.14.088637-6/001; Rel. Des. Marcos Lincoln; Julg.
25/03/2015; DJEMG 31/03/2015)

AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULA CONTRATUAL COM


PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. PRETENSÃO DO
AGRAVANTE À CONSIGNAÇÃO DAS PARCELAS MENSAIS NO
VALOR INCONTROVERSO. INDEFERIMENTO EM PRIMEIRO
GRAU. POSSIBILIDADE DOS DEPÓSITOS. INOVAÇÃO
INTRODUZIDA PELO ARTIGO 285-B DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL. Reflexos da conduta do recorrente, entretanto, que correrão por sua
conta e risco, inclusive no que toca aos efeitos da mora. Recurso
parcialmente provido. (TJSP; AI 2010316-19.2015.8.26.0000; Ac.
8240939; Itapetininga; Vigésima Segunda Câmara de Direito Privado; Rel.
Des. Sérgio Rui; Julg. 26/02/2015; DJESP 05/03/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE


CONTRATO BANCÁRIO. Decisão que indeferiu pedido de depósito dos
valores incontroversos e não determinou que a ré se abstenha de negativar
o nome do autor ou ajuizar ação de busca e apreensão.
Inconformismo. Reconhecimento da possibilidade de depósitos parciais.
Inteligência do art. 285-B do Código de Processo Civil. Consignação das
parcelas a menor, porém, que não impedirá a caracterização da mora, com
os efeitos dela decorrentes. Valores que se mantêm devidos na sua
integralidade, ante a ausência, em sede de cognição sumária, de
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verossimilhança na alegação de abusividade das cobranças questionadas.


Direito de ação, ademais, que é garantido constitucionalmente. Decisão
reformada em parte. Agravo parcialmente provido. (TJSP; AI 2207874-
33.2014.8.26.0000; Ac. 8161535; Praia Grande; Vigésima Segunda Câmara
de Direito Privado; Rel. Des. Hélio Nogueira; Julg. 29/01/2015; DJESP
04/02/2015)

DIREITO CONSTITUCIONAL E DO CONSUMIDOR. CONTRATO


BANCÁRIO. DEPÓSITO DE PARCELAS INCONTROVERSAS.
CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA. POSSIBILIDADE.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1 Na hipótese, o fundado
receio de dano irreparável decorre da possível debilidade creditícia oriunda
da inserção do nome do demandante nos serviços de proteção ao crédito e a
eventual busca e apreensão do bem em litígio. 2 Além da propositura
antecipada da ação revisional, o agravante se utilizou de meio lícito e
idôneo para afastar os efeitos da mora, que no caso, consiste em pretender
depositar em juízo os valores incontroversos das parcelas vencidas e
vincendas, o que basta para comprovar a existência de verossimilhança no
alegado. 3 É cediço que o exame do débito financiado em ação revisional,
intentada previamente à ação de busca e apreensão, é apto a possibilitar o
depósito mensal das importâncias entendidas como devidas, conforme
requerimento do devedor para fins de purgação da mora, uma vez que não
acarretará nenhum prejuízo aos litigantes, em virtude da possibilidade de
ser executada em momento ulterior a diferença de valores porventura
existentes, o que impõe a manutenção da decisão ora adversada. 4 Recurso
conhecido e desprovido. (TJCE; AG 062840045.2014.8.06.0000/50000;
Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Clécio Aguiar de Magalhães; DJCE
03/02/2015; Pág. 2) Ademais, é de toda conveniência revelar aresto no
sentido da possibilidade do valor incontroverso ser menor que aquele
pactuado, a saber:

REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. PRETENSÃO DO


AGRAVANTE À CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DE
PARCELAS MENSAIS EM VALOR INFERIOR AO PACTUADO.
POSSIBILIDADE. ARTIGO 285-B, PARÁGRAFO ÚNICO,
DO CPC.Discussão do contrato celebrado para efetuar depósito de valor
mensal menor que o pactuado, sem a inclusão de seu nome junto aos órgãos
de proteção ao crédito. Súmula nº 380 do STJ. Existindo a mora, é direito
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do credor adotar as medidas cabíveis para evitar a inconstitucional vedação


de seu acesso à jurisdição. Inteligência dos artigos 273 do CPC, 5º, inciso
XXXV, da CF, 585, parágrafo 1º, do CPC e 43, parágrafos 1º e 4º, do CDC.
Decisão mantida. Recurso improvido, com ressalva. (TJSP; AI 2041259-
53.2014.8.26.0000; Ac. 7497668; Jundiaí; Vigésima Segunda Câmara de
Direito Privado; Rel. Des. Sérgio Rui; Julg. 10/04/2014; DJESP
22/04/2014) De igual modo é desnecessário o pagamento de valores
prévios ao ajuizamento da ação revisional, o que se depreende do julgado
abaixo:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE REVISÃO


DE CONTRATO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. EXTINÇÃO
SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ARTIGO 285-B DO CPC.
COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DAS PARCELAS
ANTERIORES AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO.
PRESCINDIBILIDADE. QUESTÃO QUE AFETA APENAS A
AFERIÇÃO DA ELISÃO DA MORA PELA PARTE AUTORA E NÃO
AS CONDIÇÕES DA AÇÃO. ERROR IN PROCEDENDO.
SENTENÇA CASSADA. 1. O artigo 285-b, caput, do código de processo
civil dispõe que. Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes
de empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá
discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, quantificando o valor incontroverso. Seu parágrafo
1º acrescenta que. O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no
tempo e modo contratados. 2. O referido artigo visa tão somente obrigar a
parte a apontar clara e precisamente a causa de pedir das ações revisionais,
declarando qual a espécie e o alcance do abuso contratual que fundamenta
sua ação, bem como explicitar a inadmissão do depósito judicial do valor
incontroverso das obrigações contratuais. 3. Tal artigo, não impõe a
comprovação do pagamento das parcelas anteriores ao ajuizamento da ação
ou o mesmo o efetivo pagamento do valor incontroverso como condição de
procedibilidade da ação revisional. Caso assim o fizesse, implicaria em
nítida ofensa ao princípio constitucional do livre acesso ao poder judiciário,
previsto no artigo 5º, inciso XXXV daConstituição Federal, pois impediria
que o consumidor inadimplente e sem condições de promover o pagamento
das prestações contratadas, de discutir em juízo a legitimidade dos valores
que lhe estão sendo exigidos, por vícios insertos no contrato em que a
obrigação inadimplida foi convencionada. 4. A não comprovação, do
14

pagamento das prestações anteriores ao ajuizamento da ação revisional de


contrato bancário, e a ausência de continuidade do pagamento dos valores
vincendos tidos como incontroversos, não sendo circunstância que possa
mitigar o direito constitucional de ação, resulta apenas na impossibilidade
de ser elidida a mora do consumidor, pelo simples ajuizamento da
pretensão revisional, não se tratando de circunstância que autorize a
extinção do processo sem o julgamento dos pedidos deduzidos em juízo,
volvidos a infirmar as disposições contidas no instrumento contratual. 5. In
casu, sendo desnecessária a comprovação do pagamento das parcelas
contratadas a fim de se constatar as condições de procedibilidade da ação
revisional de contrato bancário ajuizada pela autora, a extinção do processo
pelo indeferimento da petição inicial representa error in procedendo,
devendo ser cassada a sentença recorrida. 6. Apelação conhecida e provida.
Sentença cassada. (TJDF; Rec 2014.09.1.019627-6; Ac. 846.624; Rel. Des.
Alfeu Machado; DJDFTE 20/02/2015; Pág. 317)

DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS


CAPITALIZADOS

É consabido que a cláusula de capitalização, por ser de importância


crucial ao desenvolvimento do contrato, ainda que ajuste eventualmente
existisse nesse pacto, deve ser redigida de maneira a demonstrar
exatamente ao contratante do que se trata e quais os reflexos gerarão ao
plano do direito material.

O pacto, à luz do princípio consumerista da transparência, que significa


informação clara, correta e precisa sobre o contrato a ser firmado, mesmo
na fase pré-contratual, teria que necessariamente conter:

1) redação clara e de fácil compreensão (art. 46);

2) informações completas acerca das condições pactuadas e seus reflexos


no plano do direito material;

3) redação com informações corretas, claras, precisas e ostensivas, sobre as


condições de pagamento, juros, encargos, garantia (art. 54, parágrafo 3º, c/c
art. 17, I, do Dec. 2.181/87);
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4) em destaque, a fim de permitir sua imediata e fácil compreensão, as


cláusulas que implicarem limitação de direito (art. 54, parágrafo 4º)

Nesse mesmo compasso é o magistério de Cláudia Lima Marques:

“ A grande maioria dos contratos hoje firmados no Brasil é redigida


unilateralmente pela economicamente mais forte, seja um contrato aqui
chamado de paritário ou um contrato de adesão. Segundo instituiu o CDC,
em seu art. 46, in fine, este fornecedor tem um dever especial quando da
elaboração desses contratos, podendo a vir ser punido se descumprir este
dever tentando tirar vantagem da vulnerabilidade do consumidor.
(... )

O importante na interpretação da norma é identificar como será apreciada


‘a dificuldade de compreensão’ do instrumento contratual. É notório que a
terminologia jurídica apresenta dificuldades específicas para os não
profissionais do ramo; de outro lado, a utilização de termos atécnicos pode
trazer ambiguidades e incertezas ao contrato. “ (MARQUES, Cláudia
Lima.Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das
relações contratuais. 6ª Ed. São Paulo: RT, 2011. Pág. 821-822)

Por esse norte, a situação em liça traduz uma a relação jurídica que,
sem dúvidas, é regulada pela legislação consumerista. Por isso, uma vez
seja constada a onerosidade excessiva e a hipossuficiência do consumidor,
resta autorizada a revisão das cláusulas contratuais, independentemente do
contrato ser “pré” ou “pós” fixado.

Nesse trilhar, o princípio da força obrigatória contratual (pacta sunt


servanda) deve ceder e se coadunar com a sistemática doCódigo de Defesa
do Consumidor.

Além disso, a relação contratual também deve atender à função


social dos contratos, agora expressamente prevista no artigo 421 doCódigo
Civil, “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da
função social do contrato“.

De outra banda, é certo que o Superior Tribunal de Justiça já


consagrou entendimento de que “a previsão no contrato bancário de taxa de
16

juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a


cobrança da taxa efetiva anual contratada.”

No entanto, na hipótese fere a boa-fé objetiva prevista no Código de


Defesa do Consumido. De regra, nessas situações, há uma relação de
consumo firmada entre banco e mutuário. Destarte, resta comprometido o
dever de informação ao consumidor no âmbito contratual, maiormente à luz
dos ditames dos artigos 4º, 6º,31, 46 e 54 do CDC.

Ademais, a forma de cobrança dos juros, sobretudo nos contratos


bancários, é incompreensível à quase totalidade dos consumidores. É dizer,
o CDC reclama, por meio de cláusulas, a prestação de informações
detalhadas, precisas, corretas e ostensivas.

Todavia, no pacto em debate houvera sim cobrança indevida da


capitalização de juros, porém fora adotada outra forma de exigência
irregular; uma “outra roupagem”.

Observe-se que a legislação que trata da Cédula de Crédito Bancário


admite a cobrança de juros capitalizados mensalmente,mas desde que
expressamente pactuados no contrato:
Lei nº. 10.931/04

Art. 28 – A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial e


representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, seja pela soma nela
indicada, seja pelo saldo devedor demonstrado em planilha de cálculo, ou
nos extratos da conta corrente, elaborados conforme previsto no § 2º.

§ 1º – Na Cédula de Crédito Bancário poderão ser pactuados:


I – os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os critérios de sua
incidência e, se for o caso, a periodicidade de sua capitalização, bem
como as despesas e os demais encargos decorrentes da obrigação. “
( os destaques são nossos ).

É cediço que essa espécie de periodicidade de capitalização


(diária) importa emonerosidade excessiva ao consumidor.
17

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO


BANCÁRIO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO-CAPITAL DE
GIRO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA Nº 297 DO STJ. POSSIBILIDADE DE REVISÃO. JUROS
REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO EM 12% AO ANO.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO SE SUJEITA A LEI DE
USURA. SÚMULA Nº 596 DO STF. ART. 192, §
3º DACONSTITUIÇÃO FEDERAL REVOGADO. LIMITAÇÃO
SUJEITA AO ÍNDICE DIVULGADO PELA TAXA MÉDIA DE
MERCADO ANUNCIADA PELO BANCO CENTRAL DO BRASIL.
ENUNCIADOS I E IV DO GRUPO DE CÂMARAS DE DIREITO
COMERCIAL DESTA CORTE. Convém contemplar na presente decisão
a inaplicabilidade dos termos legais constantes do Decreto nº 22.626/33
frente as instituições financeiras de acordo com a Súmula n. 596 do
Superior Tribunal Federal, in verbis:”As disposições do Decreto
nº 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos
cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas,
que integram o Sistema Financeiro Nacional”. Embora o índice dos juros
remuneratórios não esteja vinculado a limitação disposta no revogado
artigo 192, § 3º, da Constituição Federal, a jurisprudência pátria e até
mesmo o Enunciado I e IV do Grupo de Câmaras de Direito Comercial
anota que é possível estabelecer limitação/redução quando superior àquele
praticado pelo mercado financeiro, elencada pela tabela emitida pelo Banco
Central do Brasil. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. CONTRATO
FIRMADO APÓS A EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA N.
1.963/2000. PACTUAÇÃO EM PERIODICIDADE DIÁRIA. VEDAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR MENSAL.
INVIABILIDADE DA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. “Por certo que
permitir a capitalização diária dos juros incidentes na dívida configuraria
onerosidade excessiva para qualquer devedor. Aliás, essa prática está em
profunda discrepância com a atualidade econômica brasileira, e deve ser
rechaçada do sistema. [...]” (TJSC, Apelação Cível n. 2011.006278-1, de
Indaial. Relator: Des. Volnei Celso Tomazini. Julgada em 08/03/2012).
Assim, impossibilitado o anatocismo diário, não pode ser deferido o pleito
de capitalização mensal, porque esta não foi convencionada, não se
podendo dar interpretação extensiva ao contrato para tanto. ” (STJ. Agravo
Regimental no Agravo de Instrumento n. 966.398/AL, Rel. Ministro Aldir
Passarinho Júnior, j. 26.8.2008). ÔNUS SUCUMBENCIAL. FIXAÇÃO
18

DE FORMA PROPORCIONAL AO RESULTADO QUE AS PARTES


OBTIVERAM NA DEMANDA. Recurso do autor conhecido e
parcialmente provido. Recurso do réu conhecido e improvido. (TJSC; AC
2014.022245-8; Trombudo Central; Quinta Câmara de Direito Comercial;
Rel. Des. Cláudio Barreto Dutra; Julg. 19/03/2015; DJSC 30/03/2015; Pág.
234)

AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO


REVISIONAL C/C CONSIGNATÓRIA. DISTRIBUIÇÃO DOS
ÔNUS SUCUMBENCIAIS. AUSÊNCIA DE FATO NOVO. 1. Legítimo
o reconhecimento, em sentença, da abusividade na fixação dos juros
moratórios com capitalização diária, vez que causa excessiva onerosidade
ao consumidor. 2. Se a parte agravante não traz nenhum argumento hábil a
viabilizar a alteração do entendimento adotado na decisão monocrática,
limitando-se a rediscutir a matéria decidida, impõe-se o desprovimento do
agravo regimental, porquanto interposto à míngua de elemento novo a
sustentar a pretendida modificação. 3. Agravo regimental conhecido e
desprovido. (TJGO; AC 0212220-13.2013.8.09.0148; Quinta Câmara
Cível; Rel. Des. Geraldo Gonçalves da Costa; DJGO 20/03/2015; Pág. 249)
APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS.
EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. EMBARGOS.
CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. EMPRÉSTIMO. CHEQUE
ESPECIAL/CRÉDITO ESPECIAL. PESSOA FÍSICA. INÉPCIA DOS
EMBARGOS, AUSÊNCIA DE DEMONSTRATIVO DO VALOR QUE
ENTENDE COMO DEVIDO. DISPENSA. CASO CONCRETO.
DISCUSSÃO ACERCA DE JUROS REMUNERATÓRIOS E
CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. AUSÊNCIA DE CÓPIA DO
TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL EXEQUENDO.
DESNECESSIDADE. EMBARGOS EM APENSO À EXECUÇÃO.
CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. AFASTADA. PERMITIDA A
CAPITALIZAÇÃO MENSAL. INÉPCIA DA INICIAL DOS
EMBARGOS. AFASTADA. NO QUE TANGE À AUSÊNCIA DE
CÁLCULO, NO QUAL CONSTASSE O VALOR QUE A
EXECUTADA ENTENDIA COMO DEVIDO, EM NADA AFETA A
PROCEDIBILIDADE DO PEDIDO INICIAL E A FORMAÇÃO DA
RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL, POIS HÁ PERFEITAS
CONDIÇÕES PARA QUE A PARTE ADVERSA EXERÇA O
CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, UMA VEZ QUE AS
19

QUESTÕES DEBATIDAS NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO ERAM


TÃO SOMENTE QUANTO AOS JUROS REMUNERATÓRIOS E
ACERCA DA CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. ADEMAIS,
EM QUE PESE NÃO TENHA SIDO JUNTADO AOS AUTOS
DESTES EMBARGOS O DOCUMENTO APONTADO PELO
APELANTE/EMBARGADO, TAL PODE SER ENCONTRADO NOS
APENSOS AUTOS DE EXECUÇÃO, MOTIVO PELO QUAL
SOMENTE COM O DESAPENSAMENTO DO PROCESSO
ORIGINÁRIO É QUE A FALTA DA CÉDULA DE CRÉDITO
BANCÁRIO PODERIA COMPROMETER O DESENVOLVIMENTO
DESTES EMBARGOS. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS.
AFASTADA. ONEROSIDADE EXCESSIVA. 1. No que tange à
capitalização de juros, a periodicidade diária, no caso contratualmente
prevista, revela-se abusiva, por implicar ônus excessivo para a contratante
em flagrante desequilíbrio contratual. 2. No caso, observa-se que a taxa
anual (179,11%) supera o duodécuplo da taxa mensal (8,93%), o que
demonstra a efetiva previsão de capitalização mensal de juros. Admitida,
pois, a capitalização mensal. Rejeitaram a preliminar e proveram, em parte,
o recurso de apelação. (TJRS; AC 0421342-07.2014.8.21.7000; Santana do
Livramento; Décima Quinta Câmara Cível; Relª Desª Adriana da Silva
Ribeiro; Julg. 17/12/2014; DJERS 22/01/2015)

REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO.


CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. 1.
A capitalização de juros em contrato bancário firmado após edição da MP
1.963-17/2000 (reeditada sob nº 2.170-36/2001), desde que prevista
expressamente, é válida. Nova orientação, baseada no julgamento do RESP
973.827/RS (2007/0179072-3), processado nos termos do art. 543-
C do CPC. 2. Porém, acarreta onerosidade excessiva a previsão de
capitalização diária, causando desequilíbrio na relação jurídica. E não
cabendo substituir a capitalização diária pela mensal, de se determinar sua
incidência anual, legalmente prevista (art. 591, CC). 3. A validade da
cláusula que estipula comissão de permanência, dependia de sua não
cumulação com outros encargos de mora, consoante entendimento
consolidado pelo STJ, com repercussão geral da matéria (RESP
1.063.343/RS). Invalidade verificada. 4. Recurso do autor provido,
desprovido o do réu. (TJSP; APL 0155060-40.2012.8.26.0100; Ac.
20

7161828; São Paulo; Décima Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des.
Melo Colombi; Julg. 06/11/2013; DJESP 18/02/2015)

Não bastasse a clareza dos dados contidos no contrato em ensejo, o


próprio laudo particular financeiro, acostado com esta inaugural, já adverte
e demonstra a referida cobrança diária dos juros capitalizados. (doc. 02)
Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a ilegalidade da
cláusula que prevê a capitalização diária dos juros, esses não poderão ser
cobrados em qualquer outra periodicidade (mensal, bimestral, semestral,
anual). É que, lógico, inexiste previsão contratual nesse sentido; do
contrário, haveria nítida interpretação extensiva ao acerto entabulado
contratualmente.

Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém ressaltar os ditames


estabelecidos na Legislação Substantiva Civil:

CÓDIGO CIVIL
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se
transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.
Nesse passo, é altamente ilustrativo transcrever o seguinte aresto:

Agravo de instrumento Ação de execução por título judicial Incidente de


execução Decisão proclamando o valor atualizado do débito Irresignação
parcialmente procedente Antecedente título executivo extrajudicial
substituído por transação Incabível, assim, o cômputo da multa moratória
prevista no primitivo título Aplicação do art. 843 do CC, a dispor que a
transação não comporta interpretação extensiva Juros previstos no
instrumento da transação, de 1,5% a. M., incidindo até o efetivo
cumprimento da obrigação Evidente a má-fé processual na conduta da
credora, por ter computado os juros de modo mensalmente capitalizado, em
total infração ao ordenamento jurídico da época e sem que o instrumento da
transação isso autorizasse Quadro ensejando a aplicação da multa do
art. 18 do CPC, de 1% sobre o valor atualizado da execução. Agravo a que
se dá parcial provimento. (TJSP; AI 2187868-05.2014.8.26.0000; Ac.
8269858; São Paulo; Décima Nona Câmara de Direito Privado; Rel. Des.
Ricardo Pessoa de Mello Belli; Julg. 23/02/2015; DJESP 13/03/2015)
21

Diante disso, conclui-se que declarada nula a cláusula que estipula a


capitalização diária, resta vedada a capitalização em qualquer outra
modalidade.

(b) – JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO


Não fosse bastante isso, Excelência, concluímos que a Ré cobrara do Autor,
ao longo de todo trato contratual, taxas remuneratórias bem acima da
média do mercado.

Tais argumentos podem ser facilmente constatados com uma simples


análise junto ao site do Banco Central do Brasil. Há de existir, nesse
tocante, uma redução à taxa de XX % a. M., posto que foi a média
aplicada no mercado no período da contratação. Não sendo esse o
entendimento, aguarda-se sejam apurados tais valores em sede de prova
pericial, o que de logo requer.

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


BUSCA E APREENSÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. JUROS
REMUNERATÓRIOS LIMITADOS À TAXA MÉDIA DE
MERCADO.1. – Mantém-se a limitação dos juros remuneratórios à taxa
média de mercado quando comprovada, no caso concreto, a significativa
discrepância entre a taxa pactuada e a taxa de mercado para operações da
espécie. 2. – agravo regimental improvido. (STJ – AgRg-REsp 1.423.475;
Proc. 2013/0401171-1; SC; Terceira Turma; Rel. Min. Sidnei Beneti; DJE
13/03/2014)

AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO


REVISIONAL C/C CONSIGNATÓRIA. POSSIBILIDADE DE
REVISÃO. JUROS REMUNERATÓRIOS. TAXA MÉDIA DE
MERCADO. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. AUSÊNCIA DE FATO
NOVO. 1. Tendo em vista a natureza bancária do contrato realizado entre
as partes, são plenamente cabíveis as regras do Código de Defesa do
Consumidor, conforme evidenciado por seu art. 3º, § 2º, e inciso V, do
art. 6º, bem como pela Súmula nº 297 do STJ; 2. É pacífico o entendimento
do Superior Tribunal de justiça no sentido de que os juros remuneratórios
devem ser fixados na taxa média do mercado, inclusive nos contratos de
cartão de crédito, quando não for possível aferir a taxa acordada, pela falta
de pactuação expressa; 3. Ao interpor agravo regimental devem as partes
22

agravantes sustentarem as razões de sua insurgência em elementos novos


que justifiquem o pedido de reconsideração, e não reiterar os fundamentos
formulados na petição do recurso originário, os quais já foram devidamente
apreciados. Agravo regimental conhecido e desprovido. Decisão mantida.
(TJGO – AC 0420538-11.2007.8.09.0051; Goiânia; Quinta Câmara Cível;
Rel. Des. Itamar de Lima; DJGO 13/03/2014; Pág. 275)

( c ) – DA AUSÊNCIA DE MORA

De outro bordo, não há que se falar em mora do Autor.


A mora reflete uma inexecução de obrigação diferenciada, maiormente
quando representa o injusto retardamento ou o descumprimento culposo
da obrigação. Assim, na espécie incide a regra estabelecida no
artigo 394 do Código Civil, com a complementação disposta
no artigo 396 desse mesmo Diploma Legal.
CÓDIGO CIVIL

Art. Art. 394 – Considera-se em mora o devedor que não efetuar o


pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que
a lei ou a convenção estabelecer.

Art. 396 – Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre
este em mora

Do mesmo teor a posição do Superior Tribunal de Justiça:


BANCÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
REVISÃO CONTRATUAL. DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO.
IMPOSSIBILIDADE. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO.
TAXA MÉDIA DE MERCADO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS.
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. DESCARACTERIZAÇÃO DA
MORA. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. POSSIBILIDADE.
CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. INSCRIÇÃO.
REEXAME DE FATOS. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS. INADMISSIBILIDADE. 1. É vedado aos juízes de
primeiro e segundo graus de jurisdição julgar, com fundamento no
art. 51 do CDC, sem pedido expresso, a abusividade de cláusulas nos
contratos bancários. 2. A estipulação de juros remuneratórios superiores a
12% ao ano, por si só, não indica abusividade. 3. Os juros remuneratórios
23

incidem à taxa média de mercado em operações da espécie, apurados pelo


Banco Central do Brasil, quando verificada pelo tribunal de origem a
abusividade do percentual contratado ou a ausência de contratação
expressa. 4. Admite-se a capitalização mensal dos juros nos contratos
bancários celebrados a partir da publicação da MP 1.963-17 (31.3.00),
desde que seja pactuada. 5. É admitida a incidência da comissão de
permanência desde que pactuada e não cumulada com juros
remuneratórios, juros moratórios, correção monetária e/ou multa contratual.
6. Reconhecida a abusividade dos encargos exigidos no período de
normalidade contratual, descarateriza-se a mora. 7. A repetição simples
e/ou compensação dos valores pagos a maior, nos contratos bancários,
independe da prova de que o devedor tenha realizado o pagamento por erro.
8. A abstenção da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes,
requerida em antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será
deferida se, cumulativamente: a) a ação for fundada em questionamento
integral ou parcial do débito; b) houver demonstração de que a cobrança
indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência
consolidada do STF ou STJ; c) houver depósito da parcela incontroversa ou
for prestada a caução fixada conforme o prudente arbítrio do juiz. 9. O
reexame de fatos e a interpretação de cláusulas contratuais em Recurso
Especial são inadmissíveis. 10. Recurso Especial parcialmente conhecido e
provido. (STJ – REsp 1.430.348; Proc. 2014/0008686-5; RS; Relª Minª
Nancy Andrighi; DJE 14/02/2014)
Nesse sentido é a doutrina de Washington de Barros Monteiro:
“ A mora do primeiro apresenta, assim, um lado objetivo e um lado
subjetivo. O lado objetivo decorre da não realização do pagamento no
tempo, lugar e forma convencionados; o lado subjetivo descansa na culpa
do devedor. Este é o elemento essencial ou conceitual da mora solvendi.
Inexistindo fato ou omissão imputável ao devedor, não incide este em
mora. Assim se expressa o art. 396 do Código Civil de 2002. “
(MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 35ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2010, vol. 4. Pág. 368)
Como bem advertem Cristiano Chaves de Farias e Nélson Rosenvald:
“Reconhecido o abuso do direito na cobrança do crédito, resta
completamente descaracterizada a mora solvendi. Muito pelo contrário, a
mora será do credor, pois a cobrança de valores indevidos gera no devedor
razoável perplexidade, pois não sabe se postula a purga da mora ou se
contesta a ação. “ (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD,
24

Nelson. Direito das Obrigações. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
Pág. 471)

Na mesma linha de raciocínio, Silvio Rodrigues averba:

“Da conjunção dos arts. 394 e 396 do Código Civil se deduz que sem culpa
do devedor não há mora. Se houve atraso, mas o mesmo não resultar de
dolo, negligência ou imprudência do devedor, não se pode falar em mora. “
( In, Direito civil: parte geral das obrigações. 32ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2002. P. 245).

Por fim, colhe-se lição de Cláudia Lima Marques:


“Superadas as dúvidas interpretativas iniciais, a doutrina majoritária
conclui que a nulidade dos arts. 51 e 53 é uma nulidade cominada de
absoluta (art. 145, V, do CC/1916 e art. 166, VI e VII, do CC/2002, como
indica o art. 1º do CDC e reforça o art. 7º, caput, deste Código.

(... )

Quanto à eventual abusividade de cláusulas de remuneração e das cláusulas


acessórias de remuneração, quatro categorias ou tipos de problemas foram
identificados pela jurisprudência brasileira nestes anos de vigência
do CDC: 1) as cláusulas de remuneração variável conforme a vontade do
fornecedor, seja através da indicação de vários índices ou indexadores
econômicos, seja através da imposição de ‘regimes especiais’ não
previamente informados; 2) as cláusulas que permitem o somatório ou a
repetição de remunerações, de juros sobre juros, de duplo pagamento pelo
mesmo ato, cláusulas que estabelecem um verdadeiro bis in
idemremuneratório; 3) cláusulas de imposição de índices unilaterais para o
reajuste ou de correção monetária desequilibradora do sinalagma inicial;
cláusulas de juros irrazoáveis. “(MARQUES, Cláudio Lima. Contratos no
Código de Defesa do Consumidor. 6ª Ed. São Paulo: RT, 2011. Págs. 942-
1139)
Em face dessas considerações, conclui-se que a mora cristaliza o
retardamento por um fato, quando imputável ao devedor. É dizer, quando
o credor exige o pagamento do débito, agregado com encargos
excessivos, retira-se do devedor a possibilidade de arcar com a
obrigação assumida. Por conseguinte, não pode lhes ser imputados os
efeitos da mora.
25

Entende-se, uma vez constatado a cobrança de encargos abusivos durante o


“período da normalidade” contratual, restará afastada eventual condição
de mora do Promovente.
O Superior Tribunal de Justiça, ao concluir o julgamento de recurso
repetitivo sobre revisão de contrato bancário (REsp nº. 1.061.530/RS),
quanto ao tema de “configuração da mora” destacou que:

“ORIENTAÇÃO 2 – CONFIGURAÇÃO DA MORA

a) O reconhecimento da abusividade nos encargos exigidos noperíodo da


normalidade contratual(juros remuneratórios e
capitalização) descaracteriza a mora;
b) Não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado de ação revisional,
nem mesmo quando o reconhecimento de abusividade incidir sobre os
encargos inerentes ao período de inadimplência contratual. “

( os destaques são nossos )

E do preciso acórdão em liça ainda podemos destacar que:

“Os encargos abusivos que possuem potencial para descaracterizar a mora


são, portanto, aqueles relativos ao chamado ‘período da normalidade’, ou
seja, aqueles encargos que naturalmente incidem antes mesmo de
configurada a mora. “ ( destacamos )
Por todo o exposto, de rigor o afastamento dos encargos moratórios, ou
seja, comissão de permanência, multa contratual e juros moratórios.

( d ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS


Entende o Autor, inclusive fartamente alicerçado nos fundamentos antes
citados, que o mesmo não se encontra em mora.
Caso este juízo entenda pela impertinência desses argumentos, o que se diz
apenas por argumentar, devemos também destacar que é abusiva a cobrança
da comissão de permanência cumulada com outros encargos
moratórios/remuneratórios, ainda que expressamente pactuada. É pacífico o
entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que
em caso de previsão contratual para a cobrança de comissão de
permanência, cumulada com correção monetária, juros remuneratórios,
juros de mora e multa contratual, impõe-se a exclusão da incidência desses
últimos encargos. Em verdade, a comissão de permanência já possui a
26

dupla finalidade de corrigir monetariamente o valor do débito e de


remunerar o banco pelo período de mora contratual.

Perceba que no pacto há estipulação contratual pela cobrança de comissão


de permanência com outros encargos moratórios. Desse modo, os mesmos
devem ser afastados pela via judicial.

CIVIL E BANCÁRIO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


REVISIONAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO.
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
CARACTERIZAÇÃO DA MORA. REEXAME DE FATOS E
PROVAS. INADMISSIBILIDADE. DANOS MORAIS. VALOR
IRRISÓRIO. NÃO CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
Nº 7/STJ. 1. Admite-se a capitalização mensal dos juros nos contratos
bancários celebrados a partir da publicação da MP 1.963-17 (31.3.00),
desde que seja pactuada. 2. É admitida a incidência da comissão de
permanência desde que pactuada e não cumulada com juros
remuneratórios, juros moratórios, correção monetária e/ou multa contratual.
3. Afastada a abusividade dos encargos exigidos no período de normalidade
contratual, caracteriza-se a mora. 4. Reconhecida a mora, a posse do bem
dado em garantia deve ser atribuída ao credor. 5. O reexame de fatos e
provas em Recurso Especial é inadmissível. 6. A alteração do valor fixado a
título de compensação por danos morais somente é possível, em Recurso
Especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada pelo tribunal de origem
revela-se irrisória ou exagerada. 7. Agravo conhecido. Recurso Especial
parcialmente provido. (STJ – Ag-REsp 437.833; Proc. 2013/0389376-0;
GO; Terceira Turma; Relª Min. Nancy Andrighi; DJE 13/03/2014)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO EM


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA DE
CRÉDITO BANCÁRIO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO COM DEMAIS
ENCARGOS. FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL.
COMPENSAÇÃO/REPETIÇÃO DO INDÉBITO. ENUNCIADOS NºS
30 E 322 DA SÚMULA DO STJ. 1. Segundo o entendimento pacificado
na 2ª seção (agrg no RESP n. 706.368/rs, Rel. Ministra nancy andrighi,
unânime, DJU de 8.8.2005), a comissão de permanência não pode ser
cumulada com quaisquer outros encargos remuneratórios ou
27

moratórios, nem com correção monetária, o que retira o interesse na


reforma da decisão agravada. 2. A jurisprudência consolidada por
intermédio do Enunciado nº 322 da Súmula do STJ admite a
compensação/repetição simples quando verificada a cobrança de
encargos ilegais, tendo em vista o princípio que veda o enriquecimento
sem causa do credor, independentemente da comprovação do equívoco
no pagamento. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ –
AgRg-REsp 1.411.822; Proc. 2013/0350266-7; RS; Quarta Turma; Relª
Minª Isabel Gallotti; DJE 28/02/2014)
( e ) – DO PLEITO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
Ficou destacado claramente nesta peça processual, em tópico próprio,
que a Ré cobrou juros capitalizados indevidamente, encargo esse, pois,
arrecadado do Promovente durante o “período de normalidade”
contratual. E isso, segundo que fora debatido também no referido
tópico, ajoujado às orientações advindas do c. Superior Tribunal de
Justiça, afasta a mora do devedor.
Nesse ponto, deve ser excluído o nome do Autor dos órgãos de restrições,
independentemente do depósito de qualquer valor, pois não se encontra em
mora contratual.

De outro norte, o Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a


tutela de urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo”:

Art. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela Ré, fartamente


comprovada por documentos imersos nesta querela, maiormente
pela perícia particular apresentada com a presente peça vestibular. (doc.
02)
Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos
de ilegalidades contido na prova ora imersa e até mesmo da análise das
cláusulas contratuais antes mencionadas, traz à tona circunstâncias de que o
direito muito provavelmente existe.

Acerca do tema do tema em espécie, é do magistério de José Miguel


Garcia Medina as seguintes linhas:
28

“... Sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é vista como
requisito, no sentido de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que o
direito afirmado é provável (e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar
que tal direito muito provavelmente existe, quanto menor for o grau
de periculum. “ (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo
civil comentado … – São Paulo: RT, 2015, p. 472)

(itálicos do texto original)

Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior,delimitando


comparações acerca da “probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”,
esse professa, in verbis:
“4. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni
iuris: Também é preciso que a parte comprove a existência da
plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris). Assim, a
tutela de urgência visa assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou
do processo de execução…” (NERY JÚNIOR, Nélson. Comentários ao
código de processo civil. – São Paulo: RT, 2015, p. 857-858)

(destaques do autor)

Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a concessão da


tutela de urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos
ensinamentos de Tereza Arruda Alvim Wambier:

“O juízo de plausibilidade ou de probabilidade – que envolvem dose


significativa de subjetividade – ficam, ao nosso ver, num segundo plano,
dependendo do periculum evidenciado. Mesmo em situações que o
magistrado não vislumbre uma maior probabilidade do direito invocado,
dependendo do bem em jogo e da urgência demonstrada (princípio da
proporcionalidade), deverá ser deferida a tutela de urgência, mesmo que
satisfativa. “ (Wambier, Teresa Arruda Alvim … [et tal]. – São Paulo: RT,
2015, p. 499)

No tocante ao periculum na demora da providência judicial, urge


demonstrar que o veículo, concedido como garantia do empréstimo em
espécie, é o único que a empresa se utilizada para fazer suas entregas. (doc.
19) Não qualquer outro em nome da mesma, consoante certidão do Detran.
(doc. 20)
29

Com efeito, a retomada do bem seguramente trará maiores danos


patrimoniais, nada beneficiando ambas as partes, uma vez que o mesmo
não é capaz de cobrir todo o montante do débito discutido.

Diante disso, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte


contrária (CPC/2015, art. 300, § 2º), independente de caução
(CPC/2015, art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória no sentido
de:
a) determinar que a Ré exclua, no prazo de cinco (5) dias, o nome do
Promovente dos órgãos de restrições, referente ao pacto ora debatido;

b) pleiteia, mais, seja concedida medida judicial no sentido da manutenção


do veículo, ofertado em garantia, na posse da Autora, até ulterior
deliberação deste juízo.

São nulas de pleno direito, a luz do ART.51 inciso IV da lei 8.078/90,


as cláusulas contratuais que estipulem obrigações consideradas iníquas, e
abusivas ou que coloquem os consumidores em desvantagem exagerada.

Pretende-se tão somente que este insigne Julgador declare a nulidade


das cláusulas ante os argumentos abaixo narrados, que apontam para a
defesa dos consumidores de crédito neste País, com fincas á legislação
infraconstitucional preambularmente indicada como parâmetro
comparativo para provar que as taxas praticadas são abusivas como
alegado.

Ressalte-se, portanto, que o legislador consumerista consagrou com,


absoluta propriedade, a proteção e a defesa dos consumidores, sublinhando
a facilitação de sua defesa ao entendimento da hipossuficiência natural,
presenteando-lhes com uma legislação especial, ante as regras gerais e
ordinárias da Lei Civil.

Sobre essas considerações, penosa é a situação do povo deste país


que permite que entidades poderosas “desfilem suas pretensões ilegais em
verdadeiras avenidas” criadas pela notória falta de fiscalização dos órgãos
competentes (CADE, SDE), forçando os consumidores a derramarem suas
pretensões no leito contencioso.

Não se admite que o direito do consumidor, em se tratando de


serviços bancários, seja desprezado, porque o Congresso Nacional, após o
decurso de mais de 12 (doze) anos, de vigência da Constituição, insiste em
30

omitir-se, no cumprimento de seu dever de regulamentar o Sistema


Financeiro Nacional.

Portanto, entre essa omissão, e a existência já da lei


regulamentadora daquela garantia Constitucional, que estabeleceu as
normas de proteção e defesa do consumidor, que vige desde 1990, esta
há de prevalecer.

Logo, objetivamente adunado ao caso em tela, mister se faz observar,


os dispostos no inciso IV do ART. 51 do Diploma de Defesa do
Consumidor, que informam exegésicamente, como já dito, serem nulas de
pleno direito, as cláusulas contratuais que estabeleçam obrigações
consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou seja, incompatíveis com a boa-fé ou equidade.

O instrumento hábil para a contratação do serviço objeto da presente


ação esta eivado das mencionadas cláusulas, principalmente no que tange
á porcentagem de juros cobrados, levando em conta a aplicação na
modalidade de aplicação capitalizada.

A economia contemporânea, não se acomete mais por taxas de juros


gritantes, encontrando-se de certa forma estável, e aí vale exemplificar
QUE NO QUE CONSERNE AO REPASSE DOS CRÉDITOS
GERADOS PELA APLICAÇÃO NAS POUPANÇAS E
INVESTIMENTOS BANCÁRIOS, ENCONTRAMO-NOS ANTE
ATUALIZAÇÃO PAGA EM CIFRAS ÍNFIMAS.

Para tais casos, os Bancos encontram lastro suficiente para devolver


aos investidores índices que variam no patamar de 1% a 1,5% ao mês,
resguardando, naturalmente seu spread.

Entende-se, portanto, que cobrar do autor juros elevados á uma


monta absurda, constitui violação evidente aos seus direitos de consumidor,
e frise-se Exa., em se tratando de cláusula abusiva, não esta o poder
Judiciário impedido, por norma constitucional ou legal, de decretar sua
nulidade. Muito ao contrário, pode fazê-lo ex oficio.

CARLOS MAXIMILIANO, em citações de ROBERTO


RUGGIERO, ressalta que “para ser hermeneuta completo, é mister
entesourar profundo conhecimento de direito e cognição sólida, não só
da historia dos institutos, mas também das condições de vida em que as
relações jurídicas se formam” (HERMENEUTICA E APLICAÇÃO
DO DIREITO, 8° edição página 112).
31

Note V.Exa. que os tribunais pátrios vêm desenvolvendo o conceito


esposado nestes autos, imputando ao contrato de natureza idêntica aos que
se encontram sub examine o reequilíbrio alcançado pelos legisladores
consumeristas, lavrando com dignidade e sabedoria suas decisões.

DES. RENATA COTTA - Julgamento: 22/09/2011 - TERCEIRA


CAMARA CIVEL – 0158857-35.2006.8.19.0001

APELAÇÃO. RELAÇÃO DE CONSUMO. CONTRATO


BANCÁRIO. REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS.
POSSIBILIDADE EM CASO DE ABUSIVIDADE. COBRANÇA
DE JUROS CAPITALIZADOS COMPROVADA POR PERÍCIA.
INEXISTÊNCIA DE JUROS ABUSIVOS. NÃO APLICAÇÃO DA
LEI DA USURA. CUMULAÇÃO DE COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA NÃO CONFIGURADA. COBRANÇA
INDEVIDA DA TARIFA DE ADIANTAMENTO. EXISTÊNCIA
DE DÉBITO DO AUTOR. NEGATIVAÇÃO DEVIDA. AUSÊNCIA
DE DANOS MORAIS INDENIZÁVEIS. CLÁUSULA-MANDATO.
VALIDADE. SOBRESTAMENTO DO PAGAMENTO DA
CONDENAÇÃO NAS CUSTAS E HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA DEFERIDA.
REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA QUE SE IMPÕE. O fato de
não estarem sujeitas às limitações das taxas de juros não libera as
instituições financeiras para a prática da capitalização, que é vedada
pelo artigo 4º, do Decreto 22.626/33, conforme consolidado pela
Súmula 121 do STF (é vedada a capitalização de juros ainda que
expressamente convencionada). Nos termos do art. 103 do
Regimento Interno deste Tribunal, a decisão proferida na Argüição
de inconstitucionalidade Nº. 10/2003, que declarou a
inconstitucionalidade do artigo 5º e seu Parágrafo único da Medida
Provisória Nº. 2.170-36/2001, possui efeito vinculante. Laudo pericial
que atestou a cobrança de encargos capitalizados e a existência de
débito do autor. As taxas de juros observaram os juros de mercado,
sendo certo que a parte autora sequer vem amortizando a dívida,
ainda existindo um débito pendente. A comissão de permanência é
inacumulável com a correção monetária (Verbete Nº. 30, do STJ) e
com os juros remuneratórios (Verbete Nº. 296, do STJ), sendo
limitada à taxa estipulada no contrato (Verbete Nº. 294, do STJ).
Entretanto, in casu, apenas resta comprovada a cobrança da tarifa
de adiantamento de depósito. Decerto, inconteste a possibilidade de
cobrança de tarifas pelas instituições financeiras, desde que o serviço
correspondente seja efetivamente prestado. Nada obstante,
especificamente quanto à denominada "tarifa de adiantamento ao
depositante", consolidou-se nessa Corte de Justiça o entendimento
de que a sua cobrança é abusiva, uma vez que a instituição
financeira já é remunerada pelo serviço de disponibilização e efetiva
utilização do cheque especial, através dos elevados juros cobrados
em tal operação. Cláusula-mandato que não se mostra abusiva,
32

porquanto a possibilidade de compensação automática de créditos


depositados em conta corrente que se encontra com saldo negativo é
inerente ao serviço de cheque especial prestado. Inexistência de
danos morais indenizáveis, uma vez que o laudo pericial atestou a
existência de débito pendente, o que possibilita a inserção do nome
do autor nos cadastros restritivos de crédito. Trata-se de cobrança
indevida de valores, que se restringe ao plano dos danos materiais.
Mero descumprimento contratual. Inteligência do verbete nº. 75
desta Corte de Justiça. Por fim, a sentença merece pequeno reparo,
uma vez que deixou de reconhecer a gratuidade de justiça concedida
ao autor, no que se refere à sua condenação nos ônus sucumbenciais.
Recurso da parte ré que se nega seguimento. Recurso do autor
parcialmente provido.

DES. ANDRE RIBEIRO - Julgamento: 10/08/2011 - SETIMA


CAMARA CIVEL – 0015263-33.20068.190204

APELAÇÃO. REVISÃO DE CONTRATO DE MÚTUO. SISTEMA


FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. PERÍCIA. OCORRÊNCIA DE
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. ANATOCISMO. VEDAÇÃO.
REAJUSTE. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL. ÍNDICE
DE AUMENTO DA CATEGORIA PROFISSIONAL DO
MUTUÁRIO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL.
INCONFORMISMO DO RÉU. MANUTENÇÃO DO JULGADO. A
prova pericial foi enfática ao constatar a capitalização de juros, e o
descumprimento do contrato pelo réu, uma vez que não utilizou o
plano de equivalência salarial, como previa o contrato, para fim de
reajustamento, apontando para a existência de saldo devedor em
favor do réu. A capitalização no SFH somente é admissível nas
hipóteses expressamente autorizadas por lei específica, sendo vedada
nos demais casos, ainda que pactuada. Quanto ao índice de correção
das prestações não tem razão o Banco/apelante, posto que, diante da
boa-fé objetiva, deveria ter instado os mutuários a apresentar o
índice de reajuste de seu salário, coisa que não fez, atuando assim,
com deslealdade e contrário a moralidade negocial. O contrato, no
seu quadro resumo, deixa claro que o Plano de Equivalência Salarial
(PES/CP) seria utilizado como forma de reajustamento, sendo
afastada apenas quando o mutuário não pertencer à categoria
profissional específica, o que não ocorreu. Ademais, não há que se
falar em desacolhimento do pedido revisional, em decorrência do
fato das parcelas terem se tornado onerosas para os autores. Pacta
sunt servanda. Anatocismo que restou evidenciado com a prova
pericial produzida. Decisão de 1º grau que se harmoniza com a
jurisprudência deste tribunal. RECURSO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.

ART.173
Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo estado só será permitida quando
33

necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse


coletivo, conforme
definidos em lei.

§ 4° A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise


á dominação dos mercados, á eliminação da concorrência
e ao aumento arbitrário dos lucros.

E não se diga que o dispositivo não se encontra regulamentado, na


verdade esta existe, é clara e encontra cognição na Lei 8.884/94, da qual,
em perfeita e imediata aplicação ao caso vertente, se cola:

ART.20
Constituem inflação da ordem econômica,
independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma
manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os
seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
...
III – aumentar arbitrariamente os lucros

A abusividade no aumento unilateral dos seus preços, juros, cláusulas


írritas, variação das taxas ao sabor dos réus, seguido de contratos que se
diferem no tempo apenas para lhe beneficiar, são indicativos claros, da
inflação do que determina a Carta Matriz e a Lei 8.884/90.

Trata-se de aplicação imediata á espécie.

Inobstante a tudo isto, tipifica precisamente a mencionada Lei a


pratica que deseja, por império de ordem pública, coibir, ou seja, a
proteção ao mercado financeiro e aos consumidores; senão vejamos:

ART. 21
As seguintes condutas, além de outras, na medida em que
configurem hipóteses previstas no Art.20 e seus incisos,
caracterizam infração da ordem econômica.

XXIV – impor preços excessivos, ou aumentar sem justa


causa o preço de bem ou serviço.

Parágrafo único. Na caracterização da imposição de preços


excessivos ou do aumento injustificado de preços, além de
outras circunstâncias econômicas e mercadológicas
relevantes, considerar-se-á:
34

I – O preço do produto ou serviço, ou sua elevação, não


justificados pelo comportamento do custo dos respectivos
insumos, ou pela introdução de melhorias de qualidade;

A ilação imediata é a seguinte: O insumo básico da empresa de


crédito, ao ofertar seu serviço é o dinheiro, sendo assim, a abusividade no
lucro aduzir-se-ia a partir da aferição dos custos de captação dos recursos,
subtraídos da receita gerada por seu repasse, ou seja, o denominado
SPREAD, que em rápida notação matemática pode ser assim indicado:

Spread: Custo de captação – Receita de seu Repasse

Localiza-se-aí o cerne da questão, será necessariamente abusiva a


taxa de juros quando não atendida a razoabilidade do Spread, em contra
posição com as taxas de lucro médias da economia genérica, sendo
assim, em face de necessária inversão do ônus da probandi, imposição do
ART. 6°, da lei 8078/94, E AINDA PELOS FORTES INDÍCIOS DE
ABUSIVIDADE NO LUCRO, MISTER SE FAZ QUE DEMOSTRE AO
AUTOR O VALOR DE SEU SPREAD NESTES AUTOS !

Perceba este Douto Juízo que despiciendo é o esforço de perquirir


um parâmetro médio de lucratividade negocial em nossa economia, para se
auferir a abusividade do lucro no caso vertente, comparando-se com a
lucratividade da operação em contenda.

Isto apesar de ser este número acessível em estudos de diversos


departamentos de economia de Universidades núcleos de notório saber e
institutos públicos.

Na verdade, existe a disposição imediata do aplicador do Direito,


parâmetro exato para estabelecer o que seria lucro abusivo. Este é a Lei
1.521/51.
Esta em seu ART.4°, assim delimita:
Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária
ou real, assim se considerando:

b) Obter ou estipular, em qualquer contrato,


abusando da premente necessidade, inexperiência ou
leviandade de outra parte, lucro patrimonial que
exceda o quinto do valor corrente ou justo da
prestação feita ou prometida.
35

Observe este Douto Juízo, que o parâmetro estatuído pelo diploma


acima permitido em nosso ordenamento legal é claro, ou seja, o quinto, ou
a quinta parte, por fim, 20%.

Em outras palavras, É ABUSIVA QUAQUER TAXA DE LUCRO


LÍQUIDA QUE SEJA SUPERIOR A 20% DO CAPITAL INVESTIDO,
OU INDETERMINADO, SERÁ CONSIDERADA ABUSIVA E
OBJETO DE LOCUPLEMENTO.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a concessão


da tutela de urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos
ensinamentos de Tereza Arruda Alvim Wambier:

“O juízo de plausibilidade ou de probabilidade – que envolvem dose


significativa de subjetividade – ficam, ao nosso ver, num segundo plano,
dependendo do periculum evidenciado. Mesmo em situações que o
magistrado não vislumbre uma maior probabilidade do direito invocado,
dependendo do bem em jogo e da urgência demonstrada (princípio da
proporcionalidade), deverá ser deferida a tutela de urgência, mesmo que
satisfativa. “ (Wambier, Teresa Arruda Alvim … [et tal]. – São Paulo: RT,
2015, p. 499)

No tocante ao periculum na demora da providência judicial, urge


demonstrar que trata-se de desconto mensal em bilhete de pagamento, ou
seja, possui este natureza alimentar contido no Art. 7° da CRFB/1988, e
ainda em escopo da Dignidade da pessoa Humana, Art. 1° inciso III DA
Carta Maior!

Art. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo.
36

Diante disso, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte


contrária (CPC/2015, art. 300, §2º) independente de caução (CPC/2015,
art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória no sentido de:

a) determinar que a Ré não inclua o nome da autora nos órgãos de proteção


de crédito, pelos débitos aqui discutidos;

b) pleiteia, mais, seja concedida a redução dos valores mensais conforme


planilha em anexo.

DOS PEDIDOS:

Pelo acima exposto, a luz maior da Responsabilidade Objetiva dos


réus, requer a este Douto Juízo, as rubricas que discorre a seguir:

1 - Seja concedida a Gratuidade de Justiça, com fulcro nas Leis


1060/50 e 5584/70, devido à situação econômica do autor;

2 - O deferimento liminar INAUDITA ALTERA PARTE, da Tutela de


urgência Art. 300§ 2ºdo CPC, requerida supra, para que as rés sejam
compelidas a se absterem de efetivar o nome do autor nos órgãos restritivos
bancários SPC/SERASA, no caso de alguma das parcelas virem a ficar fora
da folha de pagamento, bem como pela SUSPENSÃO IMEDIATA de
cobrança no contracheque/conta corrente do autor no valor superior de 30%
(Trinta por cento) de desconto nos moldes do Art. 21 da Lei 1.046/50 C/C
Art. 1º parágrafo 1° da Lei 10.820/2003 C/C as Súmulas 200 e 295 do TJ-
RJ e o teor do Art. 833, IV da Lei 13.105/2015, novo CPC, até a apuração
dos cálculos referentes à prática de ANATOCISMO e apresentação dos
contratos, e seus saldos devedores, com o devido pagamento de multa
diária a ser arbitrado pelo ilustre julgador no caso de descumprimento, no
prazo de 48 horas após a citação válida, bem como ofício imediato a
PAGADORIA DE PESSOAL DA MARINHA DO BRASIL situada a
Rua da Ponte, S/N°, edifício 23 do AMRJ, Ilha das Cobras, 4º andar,
CEP: 20091-000 - Rio de Janeiro, para que o órgão possa proceder
administrativamente em liberar a margem consignável, com o efeito “EX
TUNC”; por fim a redução das parcelas dentro do permissivo legal de 30%
conforme todos os documentos anexados aos autos, vislumbrando-se o
acolhimento da tese autoral pelo M.M Juízo;

3- A citação e intimação dos Réus


37

4 – O Autor opta pela realização de audiência conciliatória (CPC/2015,


art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta
(CPC/2015, art. 247, caput) para comparecer à audiência designada para
essa finalidade (CPC/2015, art. 334,caput c/c § 5º);

5- excluir do encargo mensal e/ou diários os juros capitalizados;

6- A apresentação, pelos réus dos contratos assinados pelo autor e


demais documentos que sejam requeridos no curso do processo, em
observância ao disposto no ART. 6° inc.III da Lei 8.078/90 c/c ART.370 e
397, II do Código de Processo Civil, visto que não foram entregues as vias
do autor, pelos réus;

7 - A declaração, à luz do ART.51 III, do Código de Defesa dos


Consumidores, da nulidade das cláusulas contratuais que estipulam
obrigações consideradas iníquas, díspares ou abusivas relativas á
estipulação de taxas de juros desproporcionais, ante a legislação acima
delineada, ART.173 § 4° da CRFB/88, c/c ART.20 inc. III, ART.21 inc.
XXIV da Lei 8.884/90 c/c ART.4° b) da Lei 1.521/51, ou seja, as cláusulas
contratuais que permitam a refinanciamento/portabilidade de dívida, com
taxas de juros além das legais permitidas, ou do SPREAD liquido, na
presente relação jurídica;

8- Que declare em sentença o efetivo expurgo dos valores tidos à


maior, embutidos pela prática ilegal de ANATOCISMO, a serem apurados
em sede pericial ou posteriormente em liquidação de sentença, bem como a
devolução do crédito por ventura existente, em dobro nos moldes do
ART.42 parágrafo único da Lei 8.078/90, levando-se em cômputo as
parcelas vencidas e vincendas;

9- Que sejam compelidos os réus a retornarem ao patrimônio do autor


todas as quantias ilegais, taxas cobradas sem sua devida anuência,
delimitando como despesas vinculadas a concessão de crédito, em dobro
nos moldes do ART.42 parágrafo único da Lei 8.078/90;

10- Requer a inversão do ônus da prova com fulcro no ART. 6°


INC.VIII, da Lei 8.078/90;
38

11- reduzir os juros remuneratórios à taxa média do mercado,


apurado no período do pagamento das parcelas;

12- sejam afastados todo e qualquer encargo contratual moratório, visto


que o Autor não se encontra em mora, ou, como pedido sucessivo, a
exclusão do débito de juros moratórios, juros remuneratórios, correção
monetária e multa contratual, em face da ausência de inadimplência,
possibilitando, somente, a cobrança de comissão de permanência, limitada
à taxa contratual;

13- que a Ré seja condenada, por definitivo, a não inserir o nome do


Autor junto aos órgãos de restrições, bem como a não promover
informações à Central de Risco do BACEN, sob pena de pagamento de
multa;

14- sejam as Rés condenadas a pagar o todos os ônus pertinentes à


sucumbência, nomeadamente honorários advocatícios, esses de já
pleiteados no patamar máximo de 20%(vinte por cento) sobre o proveito
econômico obtido pelo Autor ou, não sendo possível mensurá-los, sobre o
valor atualizado da causa (CPC/2015, art. 85, § 2º).
15- Seja tomada por definitiva a Tutela Antecipada pleiteada,
condenando o réu a se abster de efetivar o nome do autor nos serviços de
proteção de crédito, bem como de reduzir os descontos ao limite de 30%
dos vencimentos do requerente, fazendo retornar a margem consignável do
autor junto a sua pagadoria, bem como a consignação de descontos nos
termos do Art. 285 “B” do CPC, fazendo sua manutenção até o montante
legal.

16- Sejam condenados os Réus solidariamente ao pagamento das custas


judiciais, bem como honorários periciais;

17- Sejam os réus solidariamente condenados ao pagamento a título de


danos morais e materiais, na quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por
todos os dissabores causados ao autor;

Protesta por todas as provas em direito admitidas,


documental, testemunhal, pericial, inclusive depoimento do representante
legal do autor, testemunhas e juntada de novos documentos.
39

Anexa o Suplicante a esta peça inicial, cópia fiel,


para servir de contrafé.
Dá-se a causa, o valor de R$ 80.287,33 (oitenta mil
duzentos e oitenta e sete reais e trinta e três centavos), tudo nos termos do
ART.291, C/C ART. 292, II, ambos CPC, Lei 13.105/2015.

Nesses termos,
Pede e espera deferimento
Rio de Janeiro, 03 de novembro de 2020.

__________________________________
Luiz Eduardo Vieira Dias
OAB/RJ 175.194

Neste ato anexa com fulcro no Art.464 C/C 465 III, CPC os
QUESITOS para realização da Perícia:

Para que o i.expert logre a efetiva realização da perícia contábil


vindicada, deve-se inexoravelmente observar os extratos de utilização da
conta corrente, o histórico financeiro de descontos em contracheque, bem
como os documentos do web site, do portal oficial da Marinha do Brasil,
juntados aos autos, desde a efetivação do primeiro saldo devedor,
utilizando-se como reflexo os contratos de negociação denominados
empréstimos, celebrados entre as partes, que denotem o acompanhamento
evolutivo do saldo devedor examinado, realizando-se através da requisição
de documentos, ou diretamente nos registros das empresas demandadas.

1- Que o ilustre Expert informe, mediante


análise dos mencionados extratos e/ou saldos, se os demandados em sua
forma de cálculo de atualização mensal do saldo devedor praticaram
ANATOCISMO, bem como informe qual a taxa de juros aplicada
nos períodos mensais, informando destacadamente e se a mesma se
manteve igual durante o período analisado, desde o inicio dos
40

empréstimos, seguindo o juros do contrato até o pagamento do


saldo devedor.

2- Se foi utilizado pelos demandados a


cumulação de taxa de juros com índices atualizadores como TR ou
TBR para correção de algum saldo.

3- Se foi aplicado no débito/saldo devedor


do quesitante comissão de permanência e se a mesma também foi
capitalizada.

4- Como foram calculados os encargos


incidentes sobre o débito/saldo devedor e se a forma de cálculo
adotada segue o mesmo padrão mês a mês, averiguando-se também
se os referidos encargos sofreram capitalização.

5- De que maneira foi calculado o imposto


sobre a operação financeira e se o mesmo cálculo se mantém igual
mês a mês. Qual o valor?

6- Qual o valor da multa de mora adotado


pelos demandados nas parcelas que ficaram fora da folha de
pagamento? Se superior a 2%, que calcule com base neste
percentual.

7- Qual o valor do SPREAD auferido


pelas operações, confrontando-se o valor do custo do capital com o
lucro, ou seja, valor do repasse auferido.

8- Quais os valores pagos pelo quesitante


á título de juros, multa de mora, e em todos os saldos devedores
enviados. Qual o total?

9- Discrimine quais os produtos utilizados


na conta corrente dos empréstimos e o saldo de cada um deles,
informando ainda se estes valores foram renegociados a e a que
41

valor, exemplificando se o valor do contrato de empréstimo foi


sacado pelo demandante ou se realmente se prestou para cobrir saldo
negativo em conta.

10- Que após a análise ora proposta, a partir


da atualização descapitalizada dos saldos devedores subtraia do que
fora efetivamente pago pelo quesitante aos demandados, informe este
Expert se o saldo é positivo ou negativo. Qual valor com o expurgo
da capitalização.

11- Que o Expert demonstre os valores


capitalizados entre a portabilidade de um banco para outro, em
valores de cada operação bancária.

12- Qual o valor do saldo da conta corrente


na época da negociação dos referidos empréstimos e quantas parcelas
foram pagas. Qual o valor, calculado com base nos juros de 12% sem
capitalização, a partir do primeiro contrato de empréstimo.

13- Tomando por base os contratos originários de empréstimo,


sejam realizadas três planilhas.

a) Com juros dos contratos capitalizadamente;


b) Com juros do contrato descapitalizadamente;
c) Com juros de 12% ao ano descapitalizadamente.

Confiante que o nobre Expert saberá demonstrar a este


Douto Juízo, os efeitos e à proporção que a capitalização pode gerar em
saldos devedores, deverá requerer, durante a diligência, todos os
documentos especificados na exordial, como os extratos bancários do
demandante desde a efetivação do primeiro empréstimo, e desde a chagada
do primeiro saldo devedor, momento em que o demandante passou a
utilizar o crédito oferecido, pagando por ele as taxas acima.

PLANILHA DE DESCONTOS NOS TERMOS DO ART.330


PARAGRAFO 2º DO CPC
42

1° CONTRATO

VALOR DA OBRIGAÇÃO AJUSTADA EM CONTRATO VALOR CONTROVERSO DA PARCELA


R$ 167,60
VALOR INCONTROVERSO DA PARCELA R$ 64,46
R$ 103,13

2° CONTRATO

VALOR DA OBRIGAÇÃO AJUSTADA EM CONTRATO VALOR CONTROVERSO DA PARCELA


R$ 834,75
VALOR INCONTROVERSO DA PARCELA R$ 201,77
R$ 632,97

3° CONTRATO

VALOR DA OBRIGAÇÃO AJUSTADA EM CONTRATO VALOR CONTROVERSO DA PARCELA


R$ 137,35
VALOR INCONTROVERSO DA PARCELA R$ 45,34
R$ 92,01

4° CONTRATO

VALOR DA OBRIGAÇÃO AJUSTADA EM CONTRATO VALOR CONTROVERSO DA PARCELA


R$ 99,27
VALOR INCONTROVERSO DA PARCELA R$ 30,44
R$ 68,82

5° CONTRATO

VALOR DA OBRIGAÇÃO AJUSTADA EM CONTRATO VALOR CONTROVERSO DA PARCELA


R$ 227,47
VALOR INCONTROVERSO DA PARCELA R$ 63,77
R$ 163,69
43

6° CONTRATO

VALOR DA OBRIGAÇÃO AJUSTADA EM CONTRATO VALOR CONTROVERSO DA PARCELA


R$ 216,50
VALOR INCONTROVERSO DA PARCELA R$ 73,36
R$ 143,13

7° CONTRATO

VALOR DA OBRIGAÇÃO AJUSTADA EM CONTRATO VALOR CONTROVERSO DA PARCELA


R$ 203,23
VALOR INCONTROVERSO DA PARCELA R$ 68,88
R$ 134,35

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