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SALVADOR-BAHIA
REGINA & RAIMUNDO FARMACIA LTDA, nome fantasia FARMACIA DOS REMEDIOS, inscrito no CNPJ
n. 03.131.797/0001-54, com sede na Rua São Cristóvão, n. 1882, Itinga, Lauro de Freitas-BA, CEP
42739-005, neste ato representado por REGINA DE LIMA DOS SANTOS, brasileira, solteira,
empresaria, portador do RG sob o nº 04.359.601-05 SSP/BA, inscrito no CPF sob o nº 806.209.815- 04,
e ALDELICIO JO DE OLIVEIRA JUNIOR, brasileiro, solteiro, empresario, portador do RG n. 03.764.370-
30 SSP/BA, inscrito no CPF n. 440.350.715-87, denominado FIDUCIANTE, ambos residente e
domiciliados na Rua Doutor Barreto, n. 223, Condominio Residencia Recanto Imperial, Torre Violeta,
Apt. 602, Pitangueiras, Lauro de Freitas-BA, CEP 42701-310,vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por meio de seu procurador signatário, que junta neste ato instrumento de procuração
com endereço profissional completo para receber notificações e intimações, com fulcro na Dignidade
da Pessoa Humana (art. 1º, III, CRFB/88) e artigo 104-A do Código de Defesa do Consumidor, conforme
redação dada pela Lei 14.18/2021 propor a presente
DOS FATOS
Em termo de constituição de garantia do presente Contrato, o Sr. Aldelicio Jo de Oliveira Junior, instituiu
alienação fiduciaria de bem imovel em garantia, do imovel situado na Rua Doutor Barreto, n. 223,
Condominio Residencial Recanto Imperial, Torre Violeta, Apt. 602, Pitangueiras, Lauro de Freitas- BA,
registrado no 1º Oficio do Registro de Imoveis e Hipotecas de Lauro de freitas, sob matricula 19.959,
tipo apartamento.
Insta salientar, que foram adimplidas 12 parcelas do presente contrato, perfazendo um montante de R$
146.674,80 (cento e quarenta e seis mil, seiscentos e setenta e quatro reais e oitenta centavos), restante
o montante do valor do Contrato, acrescido de juros e moras.
Os requerentes procuraram o requerido na devida agencia (Lauro de Freitas) que firmaram o contrato,
e informado pelo gerente Leonardo Cerqueira Viana que não seria possivel qualquer tipo de
renegociação do presente Contrato, solução que teria que ser adimplido apenas de forma unica e a vista.
Ocorre que com o passar do tempo, as parcelas que antes lhe pareciam plenamente possíveis de
serem pagas, passaram a onerar demasiadamente o seu financeiro, de modo que estão, inclusive,
prejudicando se sustento próprio, requerendo com esta presente demanda, o plano de
parcelamento sugerido na presente ação, estando claramente em situação de superendividamento.
Impende anotar que o microssistema consumerista busca garantir ao consumidor o real exercício
dos direitos a ele assegurados na legislação, dentre eles, a facilitação de sua defesa. A propósito,
dispõe o artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:
“Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;”
Com efeito, deve ser assegurado ao consumidor, parte, em regra, hipossuficiente no negócio jurídico e
na relação processual, o amplo acesso ao Judiciário. Tratando-se de cláusula contratual que estipula
foro de eleição capaz de inviabilizar a defesa judicial por parte dos consumidores, evidente que deverá
ser recebido o presente feito no domicilio do demandante.
Nesse sentido:
"Escolha do consumidor O inciso I fala em autor:"A ação pode ser proposta no domicílio do autor".
Deve-se entender, então, o termo" autor "como sendo consumidor, posto que o capítulo trata das
ações judiciais propostas em face do fornecedor. É regra expressa que decorre do princípio geral de
proteção ao consumidor e, neste caso, especificamente insculpido nos incisos VII e VIII do art. 6º de lei
consumerista. Anote-se, também, que pouco importa a qualidade do consumidor, se pessoa física ou
jurídica. Todo e qualquer consumidor tem o benefício." (LUIZ ANTONIO RIZZATO NUNES. Comentário
ao Código de Defesa do Consumidor. Saraiva. 2015, Versão Kindle XXXXX-22110.) Ademais, a própria
jurisprudência do c. STJ caminha no sentido de reconhecer a competência do domicílio do consumidor
nos casos do art. 101 do CDC como absoluta, matéria de ordem pública.
Senão, veja-se:
“DIREITO CIVIL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE ADESÃO. ARTIGO 535, II, CPC.
VIOLAÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. MULTA. EMBARGOS NÃO PROTELATÓRIOS. AFASTADA. EXAME DE
MATÉRIA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME NA VIA DO RECURSO ESPECIAL.
COMPETÊNCIA TERRITORIAL ABSOLUTA. POSSIBILIDADE DE DECLINAÇÃO DE COMPETÊNCIA.
AJUIZAMENTO DA AÇÃO. PRINCÍPIO DA FACILITAÇÃO DA DEFESA DOS DIREITOS. COMPETÊNCIA.FORO
DO DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR. 1. Não há por que falar em violação do art. 535 do CPC quando o
acórdão recorrido, integrado pelo julgado proferido nos embargos de declaração, dirime, de forma
expressa, congruente e motivada, as questões suscitadas nas razões recursais. 2. É inviável a aplicação
da multa prevista no parágrafo único do artigo 538 do Código de Processo Civil se os embargos
declaratórios foram opostos com o manifesto intento de prequestionar a matéria deduzida no apelo
especial, e não com o propósito de procrastinar o feito. Aplicação da Súmula n.98/STJ. 3. Refoge da
competência outorgada ao Superior Tribunal de Justiça apreciar, em sede de recurso especial, a
interpretação de normas e princípios de natureza constitucional. 4. O magistrado pode, de ofício,
declinar de sua competência para o juízo do domicílio do consumidor, porquanto a Jurisprudência do
STJ reconheceu que o critério determinativo da competência nas ações derivadas de relações de
consumo é de ordem pública, caracterizando-se como regra de competência absoluta. 5. O
microssistema jurídico criado pela legislação consumerista busca dotar o consumidor de instrumentos
que permitam um real exercício dos direitos a ele assegurados e, entre os direitos básicos do
consumidor, previstos no art. 6º, VIII, está a facilitação da defesa dos direitos privados. 6. Apossibilidade
da propositura de demanda no foro do domicílio do consumidor decorre de sua condição pessoal de
hipossuficiência e vulnerabilidade. 7. Não há respaldo legal para deslocar a competência de foro em
favor de interesse de representante do consumidor sediado em local diversoao do domicílio do autor.
8. Recurso especial parcialmente conhecido e provido. (REsp XXXXX/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 09/02/2009)”. Portanto, requer seja
reconhecido como competente o foro de domicilio da parte Demandante.
Inicialmente, impende ressaltar que há, na espécie, inequívoca relação consumerista entre as partes
litigantes, de tal sorte que, além da legislação atinente ao mercado financeiro, se impõe a
aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90).
As partes se amoldam com perfeição aos conceitos legais de consumidor e fornecedor, nos termos
dos arts. 2º e 3º, do CDC. Ademais, a relação estabelecida se enquadra na conceituação de relação
de consumo, apresentando todos os aspectos necessários para a aplicabilidade do codex
consumerista, vez que esta legislação visa coibir infrações inequivocamente cometidas no caso em
exame.
Ademais, a sujeição das instituições financeiras às disposições do Código de Defesa do Consumidor foi
declarada constitucional pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade XXXXX/DF DJU de 13.4.2007, p. 83.
Trata-se de redação clara da Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça, que assim dispõe:
Súmula 297 STJ: O Código de Defesa do consumidor é aplicável às instituições financeiras. Trata-se
da materialização exata do Princípio da Isonomia, segundo o qual, todos devem ser tratados de forma
igual perante a lei, observados os limites de sua desigualdade, sendo devido a inversão do ônus da
prova.
Esse contexto conduz a uma inexorável desigualdade material que clama pela incidência do CDC.
O CDC no seu artigo 6º é muito claro, pois preceitua que são direitos básicos do consumidor a
informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como os riscos que apresentem.
Corolário lógico da aplicabilidade do CDC ao caso objeto desta demanda é a inversão do ônus
probatório, conforme dispõe o art. 6º, VIII, do CDC, verbis:
“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor: (...)VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;”
Trata-se da materialização exata do Princípio da Isonomia, segundo o qual, todos devem ser tratados
de forma igual perante a lei, observados os limites de sua desigualdade, como já deliberado pelo STJ:
"(...) aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados de
alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição hospitalar e o profissional
responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado indiretamente
por ato de terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de
indenizar da instituição, de natureza absoluta (arts. 932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz,
demonstrada a hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do
CDC)" (REsp XXXXX/MG, Relator o Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJe de 28.6.2011). Desta
feita, requer-se, desde já, o deferimento da inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6º,VIII do
CDC.
Inicialmente importante expor as despesas fixas do autor para manutenção do minimo existencial:
O Autor é pessoa pobre na acepção do termo e não possui condições financeiras para arcar com as
custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento, razão pela qual desde
já requer o benefício da Gratuidade de Justiça, assegurados pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98,
caput, do novo CPC/2015, verbis:
“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para
pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.”
Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do novo CPC/2015, o pedido de
gratuidade da justiça pode ser formulado por petição simples e durante o curso do processo, tendo
em vista a possibilidade de se requerer em qualquer tempo e grau de jurisdição os benefícios da justiça
gratuita, ante a alteração do status econômico.
Para tal benefício, parte Autora junta declaração de hipossuficiência e comprovante de renda, os
quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judicias sem comprometer sua
subsistência, conforme clara redação do Código de Processo Civil de 2015:
“Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na
petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado
por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à
parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.”
Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus, parte Autora, ao benefício da
gratuidade de justiça:
Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do requerente, sendo suficiente a
"insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e honorários advocatícios"(Art. 98,
CPC/15), conforme destaca a doutrina:
"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar
ou faturamento máximos. É possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal, seja
merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é proprietário de bens imóveis, mas
não dispõe de liquidez. A gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do acesso à justiça;
não se pode exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que comprometer significativamente
sua renda, ou tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar recursos e custear o
processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed.
Editora JusPodivm, 2016. p. 60)
Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98 do CPC,
requer seja deferida a gratuidade de justiça parte Autora.
• DA TUTELA DE URGÊNCIA
Com base nas alegações ora expendidas, bem como na evidente lesão e legislação vigente, imperiosa
necessidade do deferimento da tutela de urgência pretendida, para a finalidade de que sejam
limitados, previamente, os descontos ao patamar de 30% dos seus rendimentos.
Os fatos declinados ensejam o deferimento da medida cautelar pleiteada, eis que presentes os
requisitos autorizados de sua concessão, ou seja:
O FUMUS BONI IURIS, que se resume na plausibilidade da existência do direito invocado por um dos
sujeitos da relação jurídico-material, ou seja, na possibilidade que a tese por ele defendida venha a ser
sufragada pelo judiciário. No caso concreto, está demonstrada seu superendividamento, de modoque
a probabilidade do direito do Autor de fato existe.
O PERICULUM IN MORA, que se revela pelo dano irreparável que no caso pode ser apontado como:
o Autor se endividar cada vez mais, o que provavelmente implicaria em uma possivel penhora do
imovel fiduciario, visto ser a unica moradia do autor, além do mesmo ser portador de deficiencia, na
qualidade de paraplegia.
Isso posto, requer seja concedida TUTELA DE URGÊNCIA, com fulcro nos artigos 497 de 300, ambos do
NCPC, para o fim de que sejam limitados, previamente, os descontos ao patamar de 30% dos seus
rendimentos, o que deve ser reconhecido por este juízo, tendo em vista, principalmente, os
documentos anexos que comprovam a verossimilhança dos fatos declinados nesta peça processual,
bem como os requisitos necessários para a concessão desta;
3. DOS PEDIDOS
a) Requer seja concedida TUTELA DE URGÊNCIA, com fulcro nos artigos 497 de 300, ambos do NCPC,
para o fim de que sejam impedidos de qualquer ato de penhora, previamente, o que deve ser
reconhecido por este juízo, tendo em vista, principalmente, os documentos anexos que comprovam a
verossimilhança dos fatos declinados nesta peça processual, bem como os requisitos necessários para
a concessão desta, sob pena de multa diária à ser fixada;
b) Requer que seja o Réu citado para que, querendo, conteste a presente ação no momento
processualoportuno, sob pena de revelia e confissão;
c) Requer a inversão do ônus da prova, em favor do autor, nos termos do artigo 6º, VIII do CDC, por se
tratar de relação de consumo, onde fica, por consequência, evidenciada a vulnerabilidade deste;
d) Seja designada a audiencia conciliatoria, nos termos do art. 104-A do CDC, com a presença do credor;
e) Se não houver exito na conciliação em relação ao credor, requer desde já seja instaurado processo
por superendividamento para revisão e integração do contrato e repactuação das dividas
remanescente medinate plano judicial compulsorio, nos termos do art. 104-B do CDC;
h) Seja determinada a SUSPENSÃO de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca
e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do requerente, orineda de demandas
judiciais e extrajudiciais cujos creditos ou obrigações sujeitem-se ao presente plano de pagamento;
A concessão do benefício da justiça gratuita, por ser a parte autora pessoa sem condições de arcar
com as custas, honorários advocatícios e demais despesas processuais, sem prejuízo ao sustento
próprio e de sua família, consoante declaração anexa.
Da-se valor causa R$ 474.000,00
Nestes termos,
OAB/BA n. 54.941