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EXCELENTÍSSIMO SR.

DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA


DE PORTO ALEGRE-RS

COM PEDIDO DE AJG

R.D MENDES & CIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
sob o nº 05.373.855/0001-81, com endereço na Rodovia BR 101, s/nº, KM
06, Bairro Campo Bonito, na cidade de Torres/RS, com CEP: 95.560-000 e
TIAGO DIMER MENDES, brasileiro, portador da cédula de identidade RG nº
1086880109, inscrito no CPF/MF sob nº 008.814.670-73, residente e
domiciliado a Rua dos Melhas, nº 2304, Bairro Porto Colônia, na cidade de
Dom Pedro de Alcântara-RS- CEP 95568-000, vem, em causa própria, propor:

AÇÃO DE COBRANÇA

em face de BARATA ENGENHARIA E PROJETOS LTDA, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº 06.698.821/0001-20, com sede na Rua
Livramento, nº 1459, Bairro Centro Novo , na cidade de Eldorado do Sul /RS, CEP:
92990-000, com os seguintes fundamentos fáticos e jurídicos a serem deduzidos a
seguir:

DOS FATOS:

O autor prestou de serviço (fabricação sob medida e instalação de portão) e


entregou materiais para o réu, no endereço Rua Livramento, nº 1459, Bairro Centro Novo , na
cidade de Eldorado do Sul /RS, CEP: 92990-000.

O pagamento foi combinado e orçado no valor R$ 14.308,00. Ocorre que o autor


entregou o serviço e materiais na forma acordada em meados de junho do ano de 2015, entretanto
ao final da prestação de serviço foi surpreendido com o inadimplemento dos réus, os quais até a
presente data, não realizaram qualquer pagamento total.

É possível verificar na documentação juntada, notas fiscais, (e-mails) a negociação e


os pedidos realizados entre as partes sobre a prestação de serviço realizada, comprovando
evidente ciência existência dos valores cobrados na respectiva ação.
Diante da falta de pagamento, os quais deveriam ser realizados pela parte ré, o
autor buscou o adimplemento da obrigação junto a ré, no qual restou infrutífera, não lhe restando
outra alternativa à satisfação do seu crédito, senão, socorrer-se da prestação jurisdicional.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, afirma a Autora, por meio da declaração anexa, que, de acordo com o
artigo 4º da Lei nº 1.060/50 com redação introduzida pela Lei nº 7.510/86, a mesma não possui
condições de arcar com eventual ônus processual sem prejuízo dos direitos basilares asseverados
pelo artigo 6º da Constituição Federal de 1988, bem como do sustento próprio e de sua família.

Em decorrência deste fato, eis que a Autora se enquadra no conceito de


necessitado trazido pelo parágrafo único do artigo 2º da lei 1.060/50. In verbis:

Art. 2º. Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou estrangeiros residentes no país,
que necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho.

Parágrafo único. - Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação
econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo do sustento próprio ou da família.

O Código de Processo Civil no artigo 98 autoriza, também, a concessão do beneficio


da AJG para pessoa jurídica, desde que presentes a comprovação de necessidade. Salienta-se que,
no caso concreto, a pessoa jurídica detém escassez de faturamento, bem como está no simples
nacional.
A própria ação de cobrança proposta demonstra a hipossuficiência, pois a mesma
busca recuperar um valor jamais recebido, o qual trouxe muitos prejuízos ara a autora.

Desta forma, requer os benefícios da Justiça Gratuita, na forma da lei e assento


jurisprudencial a seguir consignado:

MANDADO DE SEGURANÇA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA QUE


COMPROVA A NECESSIDADE POR MEIO DOS EXTRATOS DO SIMPLES NACIONAL.
CABIMENTO. Comprovado pela impetrante que se enquadra nos casos excepcionais,
fazendo jus ao benefício da assistência judiciária gratuita, nos termos da Lei n.º 1.060/50.
É de ser concedida a ordem, deferindo-se o beneplácito e determinando o regular
processamento do recurso. SEGURANÇA CONCEDIDA (Mandado de Segurança Nº
71006703144, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Glaucia Dipp
Dreher, Julgado em 13/06/2017)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÇÃO MONITÓRIA. IMPUGNAÇÃO AO BENEFÍCIO DA AJG. PESSOA


JURÍDICA. ENQUADRAMENTO NO SIMPLES NACIONAL. PROVA DA INCAPACIDADE
ECONÔMICA. MANUTENÇÃO DA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. 1. No caso em análise é
oportuno destacar que na Lei nº. 1.060/50 não está previsto o benefício da assistência
judiciária gratuita à pessoa jurídica. Entretanto, a Carta Magna, no seu artigo 5º, XXXIV,
garante a todos o direito, independente do pagamento despesas processuais, o acesso à
Justiça. 2. Assim, ainda que se trate de pessoa jurídica, cabe ao julgador decidir quanto à
concessão ou não do benefício, atentando as peculiaridades do caso concreto.
Entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme Súmula nº. 481. 3.
No presente feito a apelada trouxe aos autos cópia de sua declaração de imposto de
renda referente ao ano-calendário 2012 (fls. 20/23). Analisando a referida documentação,
contata-se que a parte recorrida se trata de pequena empresa que declara renda nos
padrões do simples nacional, bem como que o montante anual repassado ao seu sócio,
somado, perfaz cerca de doze mil reais, o que demonstra um faturamento não elevado.
Portanto, deferir a gratuidade judiciária é a medida que se impõe, como forma de
assegurar o acesso ao Judiciário. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº
70061117321, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Glênio José
Wasserstein Hekman, Julgado em 30/03/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. RESPONSABILIDADE CIVIL.


GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. ENQUADRAMENTO NO SIMPLES NACIONAL.
O benefício da gratuidade não supõe estado de miserabilidade da parte. Tratando-se de
empresa enquadrada no simples nacional, havendo comprovação de escassez de recursos
para arcar com o custo processual, merece ser concedido o beneplácito. A AJG pode
oportunamente ser revogada, provando a parte contrária à inexistência ou o
desaparecimento dos requisitos essenciais à concessão. Precedentes jurisprudenciais.
AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO, DE PLANO. (Agravo de Instrumento Nº
70049209489, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto
Lessa Franz, Julgado em 29/05/2012)

Portanto restando demonstrada a necessidade econômica dos autores, requer seja


deferido o beneplácito da AJG.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Os autores diante da possibilidade de firmar um acordo com os réus, bem como


pelo princípio da economia processual, postulam por uma data para realização de uma audiência
de conciliação.

O próprio CPC no seu artigo 334 tem prevista tal possibilidade, objetivando uma
composição.

Não se pode ignorar o instituto da conciliação, o qual tem se mostrado de grande


eficácia perante o judiciário gaúcho. O próprio CNJ -Conselho Nacional de Justiça tem sido o
principal incentivador da criação de uma nova cultura no Brasil que desincentiva as pessoas a
perpetuarem litígios e incentiva a estabelecer diálogos e alcançar a solução para seus conflitos
mediante a conciliação. Esta tem sido uma política que o CNJ encampou e que vem obtendo grande
êxito.
Assim, requer uma data para que ocorra uma audiência de conciliação no intuito de
ser ter acordado o referido processo.

DO DIREITO:

A legislação brasileira, em especial o Código Civil, prevê a possibilidade de o credor


buscar a satisfação do seu crédito mediante a oposição de ação pertinente.

Considerando não tratar-se de título executivo, tem-se por derradeira a via


adequada para atingir receber os valores, os quais são devidos ao autor.

No presente caso , tem-se no caso concreto um ato iícito pelo descumprimento de


obrigação contratual firmada pelo réu, o que enquadra no Código Civil, o direito que o autor busca
visando receber pela prestação de serviço efetuada, senão vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A comprovação da falta de pagamento reflete diretamente em um prejuízo ao


Autor, configurando um ato ilícito do réu, pois não cumpriu com sua obrigação firmada.

Latente que a ação voluntária da Ré violou direito e causou danos à Autora, o que
por força do artigo 927 do Código Civil de 2002 lhe acarreta o dever de indenizar a Autora.

Vejamos:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo.

O não pagamento de tais valores, proporcionará a Ré que enriqueça ilicitamente às


expensas da Autora, fato que, por força do artigo 884 do Código Civil de 2002 é vedado pelo
ordenamento jurídico brasileiro:

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.

Em comunhão com o legislação civil brasileira é o entendimento do excelso Tribunal


de Justiça do ESTADO, in verbis:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE COBRANÇA E


INDENIZATÓRIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS GERAIS DE OBRA. INCIDÊNCIA DA REGRA
PREVISTA NO ART. 373, INCISO II, DO CPC/2015. O RÉU NÃO SE DESINCUMBIU DE PROVAR
FATO IMPEDITIVO DO DIREITO DO AUTOR. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA
MANTIDA. UNÂNIME. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70073986655, Décima
Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Katia Elenise Oliveira da Silva,
Julgado em 06/09/2017)

Assim, a fim de evitar o enriquecimento ilícito da Ré e reparar os danos que seu ato
ilícito acarretaram à Autora, no qual cumpriu integralmente com sua prestação de serviço
conforme resta claro nos e-mails, pugna que este austero Magistrado condene a Ré a efetuar o
pagamento dos valores que são devidos à Autora ( R$ 132.814,50), devidamente atualizados, para
que seja cristalizada a justiça.

DO PEDIDO:

Ex positis, a Autora REQUER a que a Ré seja citada por oficial de justiça para que tome
conhecimentos dos termos da inicial e, querendo, apresente defesa dentro do prazo legal, sob pena
de revelia, nos termos do artigo 319 e seguintes do Código de Processo Civil.

a) A procedência da pretensão ora deduzida, com a consequente condenação da Ré


no pagamento de R$ 132.814,50 referente aos danos que seu ato ilícito causaram à Autora;

b) Por ser os Autores pobres/hipossuficientes na acepção jurídica do termo, não


tendo como suportar as custas processuais sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, nos
termos da lei 1.060/50 e demais alterações, conforme declaração de próprio punho em anexo,
requer-se a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita;

d) Seja marcada audiência de conciliação nos termos do 334 do CPC;

e) Seja, ao final, julgada totalmente procedente a presente Ação de Cobrança com a


condenação do Requerido ao pagamento do valor principal acrescido de honorários(20%) e custas
na forma da lei, incluindo a incidência de juros e correção monetária a partir da data de sua citação.

f) Pretende provar o alegado utilizando-se de todos os meios em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 132.814,50(cento e trinta e dois mil e oitocentos e


quatorze reais e cinquenta centavos.

Termos em que pede e espera deferimento.

Porto Alegre, 23 de outubro de 2023.

Gregory Knuth Ribeiro


OAB/RS 82.917

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