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Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do novo CPC/2015, o pedido
de gratuidade da justiça pode ser formulado por petiçã o simples e durante o curso do
processo, tendo em vista a possibilidade de se requerer em qualquer tempo e grau de
jurisdiçã o os benefícios da justiça gratuita, ante a alteraçã o do status econô mico.
Para tal benefício, parte Autora junta declaraçã o de hipossuficiência e comprovante de
renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judiciais sem
comprometer sua subsistência, conforme clara redaçã o do Có digo de Processo Civil de
2015:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para
ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição
simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a
comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.
Assim, por simples petiçã o, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus, parte Autora, ao
benefício da gratuidade de justiça:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA. INDEFERIMENTO DA GRATUIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE
FUNDADAS RAZÕES PARA AFASTAR A BENESSE. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. CABIMENTO. Presunção relativa que
milita em prol da autora que alega pobreza. Benefício que não pode ser recusado de plano sem fundadas razões.
Ausência de indícios ou provas de que pode a parte arcar com as custas e despesas sem prejuízo do próprio
sustento e o de sua família. Recurso provido. (TJ-SP 22234254820178260000 SP 2223425-48.2017.8.26.0000,
Relator: Gilberto Leme, Data de Julgamento: 17/01/2018, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
17/01/2018)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. CONCESSÃO. Presunção de veracidade da alegação de
insuficiência de recursos, deduzida por pessoa natural, ante a inexistência de elementos que evidenciem a falta
dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça. Recurso provido. (TJ-SP
22259076620178260000 SP 2225907-66.2017.8.26.0000, Relator: Roberto Mac Cracken, 22ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 07/12/2017)
Por tais razõ es, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal e pelo artigo 98 do
CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça parte Autora.
B. DA APLICAÇÃO DO CDC
A parte autora adquiriu o imó vel na planta, com intençã o ser esse imó vel a sua futura
moradia. Mas, com o passar do tempo, a parte autora nã o teve condiçõ es de arcar com as
prestaçõ es. Diante disso, houve a rescisã o do contrato por inadimplência do adquirente, o
que é possível no nosso ordenamento jurídico. Contudo, diante desse rompimento
contratual, e pela clá usula específica em contrato, o que se esperava pela parte requerente
era a devoluçã o daquelas prestaçõ es já pagas, com retençã o de 10% (dez por cento) a título
de ressarcir os gastos da incorporadora.
Diante da compra e venda do imó vel na planta, realizada entre as partes, configura uma
relaçã o de consumo propriamente dita, sendo disciplinada pelo Có digo de Defesa do
Consumidor – CDC, que dispõ e em seus arts. 2º e 3º, estabelecem, ainda, em seu art. 6º, VIII,
a inversã o do ô nus, com a finalidade de atribuir uma maior proteçã o ao consumidor e
facilitar o acesso à justiça, in verbis:
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo.
No caso dos autos, a relaçã o existente entre as partes é regulada pelo Có digo de Defesa do
Consumidor, tendo em vista a qualidade de consumidora da requerente ( CDC, art. 2º) e de
fornecedora de produto da requerida ( CDC, art. 3º).
Assim, como a resoluçã o é de um contrato de promessa de compra e venda firmado entre
as partes a parte requerente visa com a presente demanda a devoluçã o do valor das
prestaçõ es pagas, aplicando o Có digo de Defesa do Consumidor, devendo a parte autora
maior proteçã o por ser a parte mais vulnerá vel e hipossuficiente dessa relaçã o.
C. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Com o intuito de garantir o equilíbrio dessa relaçã o de consumo existente entre o
consumidor e o vendedor/fornecedor de serviço ou produto, devido a sua natural
vulnerabilidade daquele em face deste, foi estabelecido meios e mecanismos legais para
que o consumidor possa se beneficiar da inversã o do ô nus garantindo a defensa dos seus
direitos.
Ainda, na Carta Maior é assegurada a proteçã o ao consumidor, devido a sua
hipossuficiência técnica e financeira diante do fornecedor, conforme está disposto em seu
artigo 5º, XXXII e, artigo 170, V, vejamos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; (...)
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
(...)
Ainda, a Corte Superior fixa o percentual de retençã o em 10% dos valores pagos, conforme
se vê das razõ es abaixo:
(...) O percentual de retenção estabelecido pela sentença (10% dos valores recebidos pela requerida) afigura-se
adequado, pois cobre suficientemente as despesas administrativas do contrato e não prejudica sobremaneira o
adquirente. A despeito, pois, da insurgência da ré, não vejo como elevar ainda mais o percentual de retenção a
que faz jus. O montante, como visto, coaduna-se com a jurisprudência deste Tribunal acerca do tema, e serve de
maneira suficiente ao custeio das despesas da alienante com a venda. (e-STJ, fls. 483)
Conclui-se que é devido ao autor o ressarcimento dos valores das parcelas já pagas
referente ao contrato de promessa de compra e venda pactuado com as rés, mesmo em
caso de rescisã o do contrato por culpa exclusiva do comprador, sendo possível à
construtora ou incorporadora reter somente a parte do valor pago para ressarcir as
despesas administrativas.
E. DA CLÁUSULA PENAL ESTABELECIDA EM CONTRATO
O percentual do que foi pago pelo adquirente a ser restituído pela incorporadora nos casos
de distrato e resoluçõ es é o limite da clá usula penal compensató ria, conforme acordo
pactuado entre as partes, anexado, na Clá usula 12, pará grafo § 1º.
O percentual de retençã o que consta no contrato de promessa de compra e venda assinado
por ambas as partes foi de 10% (dez por cento) dos valores pagos, a título de
ressarcimento pelo adimplemento e resoluçã o do contrato.
Tratando especificamente do quantum a ser restituído ao promitente comprador, o art. 67-
A da Lei 4.591/1964 estabelece, como regra geral, tanto nos casos de resoluçã o por
inadimplemento quanto nos casos de distrato, que a clá usula penal compensató ria nã o
pode ser maior que 25% das quantias pagas devidamente atualizadas pelo mesmo índice
do contrato.
As alteraçõ es decorrentes da Lei 13.786/2018 nã o deve alcançar essa demanda, já que há
um contrato anterior norteando as obrigaçõ es recíprocas e como será o procedimento no
caso de desfazimento do contrato por inadimplência do adquirente ou por atraso de
entrega do imó vel pela incorporadora.
Ressalte-se que a clá usula penal firmada entre a parte requerente e parte requerida em
contrato é de retençã o de 10% (dez por cento) dos valores pagos como forma de ressarcir
os eventuais gastos da incorporadora decorrentes do empreendimento, chamada de
clá usula penal.
Assim, a restituiçã o, ao promitente comprador foi avençada em clá usula específica, pelas
partes, das quantias pagas.
Deveras, a base de cá lculo, para do total extrair os descontos, é a somató ria dos valores
pagos diretamente ao incorporador, atualizados desde cada desembolso pelo mesmo índice
contratual.
F. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Manifesta-se a parte autora sobre seu interesse na realizaçã o de audiência de conciliaçã o
ou mediaçã o, nos termos do art. 319, VII do CPC.
III. DOS PEDIDOS
Diante de tais circunstâ ncias, o autor passou a ter o direito de receber os valores pagos
referente as prestaçõ es da compra do imó vel e nã o ressarcidas, e nã o encontrando outra
saída para reaver os valores pagos indevidamente, vem à presença de V. Exa. para requerer
o deferimento de todos os pedidos que se seguem.
Isto posto, o autor vem à presença de Vossa Excelência para requerer:
A) A total procedência dos pedidos, com a resoluçã o do contrato de promessa de compra e
venda entre as partes e, ainda, condenar as rés a restituir os valores das prestaçõ es pagas,
totalizando um valor de R$ XX (XX mil reais), conforme tabela anexada com os valores
corrigidos monetariamente;
B) Fixar a retençã o de 10% (dez por cento) do valor pago a título de clá usula penal
conforme pactuado pelas partes, conforme a clá usula 12, § 1º do contrato de promessa de
compra e venda;
C) A inversã o do ô nus da prova, conforme o art. 6º, inciso VIII, do Có digo de Defesa do
Consumidor, devido a relaçã o consumerista entre as partes, com a finalidade de atribuir
uma maior proteçã o ao consumidor/autor e facilitar o acesso à justiça;
D) A citaçã o das Rés para, querendo, comparecerem à audiência de conciliaçã o, nos termos
do art. 319, VII do CPC, na qual a parte autora concorda em participar, e responderem no
prazo legal, sob pena de sofrer os efeitos da revelia;
E) O cadastramento da advogada subscritora da presente, para recebimento de futuras
publicaçõ es;
F) A concessã o do benefício da justiça gratuita, por ser a parte autora pessoa sem condiçõ es
de arcar com as custas, honorá rios advocatícios e demais despesas processuais, sem
prejuízo ao sustento pró prio e de sua família, consoante declaraçã o anexa;
G) A condenaçã o das rés ao pagamento das custas e demais despesas processuais, bem
como dos honorá rios advocatícios no importe de até 20% do valor da causa.
Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
especialmente pelos documentos juntados e pelo depoimento pessoal das partes.
Dá -se a causa o valor de R$ XX (XX reais), nos termos do inciso II do artigo 292 do Novo
Có digo de Processo Civil.
Termos em que pede deferimento.
Brasília/DF, DATA.
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ADVOGADO
OAB/DF
Petição elaborada pela Dra. Taysa Dornfeld de A. Mendes. Elaboro peças cíveis para o
seu caso concreto, sob medida e com pontualidade. (contato@direitoremoto.com)