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LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

Dístico, segundo o Dicionário Online de Português (Dício), dentre outros significados,


pode ser uma frase, uma sentença, ou estrofe expressa em dois versos. Pode ainda significar rótulo
etiqueta, letreiro ou legenda. Mas pode ser também divisa (mote, lema) de um escudo ou bandeira.
Liberdade, ainda que tardia é a tradução mais comum dada ao dístico em latim expresso no título deste
artigo. Ele foi proposto pelos inconfidentes para marcar a futura Bandeira da República, idealizada pela
Capitania de Minas Gerais, no Brasil do final do século XVIII.

A Inconfidência Mineira, também conhecida como Conjuração Mineira, foi a revolta


separatista, de caráter republicano, planejada pelos mineiros contra o domínio colonial de Portugal. A
insatisfação era contra a política fiscal portuguesa aplicada sobre a extração aurífera na Capitania de
Minas Gerais: 20% de todo o ouro produzido. Mas, a partir de 1760, a produção escasseou. A fim de
compensar as perdas, a Corte Portuguesa autorizou a derrama, uma cobrança adicional de tributo sobre
todo e qualquer bem pertencente aos mineiros.

A revolta inconfidente não queria a formação de um novo Estado. Seu objetivo era apenas
livrar os mineiros da pressão econômica lusitana. A conspiração não prosperou! Joaquim José da Silva
Xavier, o Tiradentes, um dos líderes e mártir do movimento, foi enforcado, decapitado e esquartejado em
21 de abril de 1792. José Silvério dos Reis, um dos revoltosos, era devedor da Coroa e, na esperança de
ser perdoado, delatou seus companheiros. Assim, o dístico título jamais constou da Bandeira da
República. Mas foi eternizado na Bandeira de Minas Gerais.

A liberdade de expressão e opinião é a mais importante de todas as liberdades. Ela nos


assegura o direito de reação a desmandos. Não por acaso, encontra-se expressa no artigo 19 da
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), proclamada pela ONU em 1948, com a chancela do
Brasil e vários outros países membros. Alguns direitos fundamentais, no entanto, já constavam da nossa
Constituição de 1946. Para consagrar, os direitos humanos aparecem contundentemente na Constituição
de 1988. Um grande avanço nas nossas relações sociais.

Nossa constitucional liberdade de expressão, em tese, garante a todos os brasileiros o


direito de falar, escrever, desenhar, compor músicas, criar filmes, opinar e produzir e transmitir
informações sem qualquer tipo de restrição ou proibição. Claro que cada um deve responder pelos
prejuízos que vier a causar. Esse direito fundamental, entretanto, tem sido vilipendiado sem dó nem
piedade. Na eleição presidencial, a Justiça Eleitoral não pune os eventuais excessos, ao contrário,
preleciona regras, em evidente favorecimento a um dos contendores.

Tudo leva a crer que há mesmo um complô de esquerda a conduzir nosso processo
eleitoral. No Brasil, excluído o período de exceção militar, a esquerda sempre dominou. E o resultado tem
sido desastroso! Nosso atraso institucional em relação ao primeiro mundo é assustador. Agora, as
autoridades judiciais, que deveriam primar pela correta aplicação da lei e da Constituição, delas tripudiam
em inexcusável, espúrio e explícito partidarismo. O Brasil não merece! Temos de resgatar o dístico título
deste artigo: Liberdade, ainda que tardia!

João Teodoro da Silva


Presidente – Sistema Cofeci-Creci – 29/OUT/2022,

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