AO DOUTO JUÍZO DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/ESTADO.
ELENA GILBERT, [nacionalidade], [estado civil], [profissã o], portadora da cédula de
identidade nº _________, inscrita no CPF sob o nº _________, residente e domiciliada à [endereço completo], com endereço eletrô nico registrado como [e-mail], neste ato representada por seu (sua) procurador (a) que junta instrumento de procuraçã o com endereço profissional completo para intimaçõ es e notificaçõ es, vem, respeitosamente, à presença deste Juízo, propor a presente: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C/C TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA Em face de MYSTIC FALLS CLUBE DE BENEFÍCIOS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº _________, estabelecida na [endereço completo], com endereço eletrô nico registrado como [e-mail], e AUTO PEÇAS SALVATORE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº _________, estabelecida na [endereço completo], com endereço eletrô nico registrado como [e-mail], pelas razõ es de fato e de direito a seguir delineadas: I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA A parte Autora é pobre na acepçã o do termo e nã o possui condiçõ es financeiras para arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios sem prejuízo do pró prio sustento, razã o pela qual desde já requer o benefício da Gratuidade de Justiça, assegurado pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do Có digo de Processo Civil de 2015. Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do CPC/2015, o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por petiçã o simples e durante o curso do processo, tendo em vista a possibilidade de se requerer, a qualquer tempo e grau de jurisdiçã o, os benefícios da justiça gratuita, ante a alteraçã o do status econô mico. Para a concessã o de tal benefício, a Autora junta declaraçã o de hipossuficiência e comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judiciais sem comprometer sua subsistência, conforme clara redaçã o do art. 99 do CPC/15. Assim, por simples petiçã o, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus, a Requerente, ao benefício da gratuidade de justiça: AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA. INDEFERIMENTO DA GRATUIDADE PROCESSUAL. AUSÊ NCIA DE FUNDADAS RAZÕ ES PARA AFASTAR A BENESSE. CONCESSÃ O DO BENEFÍCIO. CABIMENTO. Presunçã o relativa que milita em prol da autora que alega pobreza. Benefício que nã o pode ser recusado de plano sem fundadas razõ es. Ausência de indícios ou provas de que pode a parte arcar com as custas e despesas sem prejuízo do pró prio sustento e o de sua família. Recurso provido. (TJ-SP 22234254820178260000 SP 2223425-48.2017.8.26.0000, Relator: Gilberto Leme, Data de Julgamento: 17/01/2018, 35ª Câ mara de Direito Privado, Data de Publicaçã o: 17/01/2018) AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. CONCESSÃ O. Presunçã o de veracidade da alegaçã o de insuficiência de recursos, deduzida por pessoa natural, ante a inexistência de elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessã o da gratuidade da justiça. Recurso provido. (TJ-SP 22259076620178260000 SP 2225907- 66.2017.8.26.0000, Relator: Roberto Mac Cracken, 22ª Câ mara de Direito Privado, Data de Publicaçã o: 07/12/2017) Destaque-se, ainda, que a assistência de advogado particular nã o pode ser parâ metro ao indeferimento do pedido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. CONCESSÃ O DO BENEFÍCIO. HIPOSSUFICIÊ NCIA. COMPROVAÇÃ O DA INCAPACIDADE FINANCEIRA. REQUISITOS PRESENTES. 1. Incumbe ao Magistrado aferir os elementos do caso concreto para conceder o benefício da gratuidade de justiça aos cidadã os que dele efetivamente necessitem para acessar o Poder Judiciá rio, observada a presunçã o relativa da declaraçã o de hipossuficiência. 2. Segundo o § 4º do art. 99 do CPC, nã o há impedimento para a concessã o do benefício de gratuidade de Justiça o fato de as partes estarem sob a assistência de advogado particular. 3. O pagamento inicial de valor relevante, relativo ao contrato de compra e venda objeto da demanda, nã o é, por si só , suficiente para comprovar que a parte possua remuneraçã o elevada ou situaçã o financeira abastada. 4. No caso dos autos, extrai-se que há dados capazes de demonstrar que o Agravante, nã o dispõ e, no momento, de condiçõ es de arcar com as despesas do processo sem desfalcar a sua pró pria subsistência. 4. Recurso conhecido e provido. (TJ-DF 07139888520178070000 DF 0713988-85.2017.8.07.0000, Relator: GISLENE PINHEIRO, 7ª Turma Cível, Data de Publicaçã o: Publicado no DJE : 29/01/2018) Logo, considerando a demonstraçã o inequívoca da necessidade da Requerente, tem-se por comprovada a sua necessidade, fazendo jus ao benefício. Cabe destacar que a lei nã o exige atestada miserabilidade da Requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e honorá rios advocatícios" (art. 98, CPC/15), conforme destaca a doutrina: "Nã o se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou faturamento má ximos. É possível que uma pessoa natural, mesmo com boa renda mensal, seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é proprietá rio de bens imó veis, mas nã o dispõ e de liquidez. A gratuidade judiciá ria é um dos mecanismos de viabilizaçã o do acesso à justiça; nã o se pode exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar recursos e custear o processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60) Por tais razõ es, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça à Requerente. II. DA SÍNTESE FÁTICA A Autora é proprietá ria de um [citar o modelo do carro e os seus dados], avaliado pela tabela FIPE 2021 em R$ XX.XXX,XX (valor por extenso). Diante disso, buscando a proteçã o veicular do seu automó vel, a Requerente assinou contrato de adesã o junto à primeira Requerida na data de xx/xx/xxxx, conforme documento em anexo. Para participar do Clube de benefícios, a Requerente despendia o valor de R$ xxx,xx (valor por extenso) mensais em favor da associaçã o Demandada, tendo sempre honrado com suas parcelas pontualmente, na expectativa de ter, quando necessá rio, a segurança e proteçã o veicular oferecidas pelo Clube em seu contrato de adesã o. Ocorre que, quando de fato a Autora necessitou dos serviços ofertados pela Primeira Requerida, foi surpreendida negativamente, devido à flagrante falha na prestaçã o do serviço. Explico. Em 05/03/2021, por volta das 23h30min a Requerente sofreu um grave acidente de carro quando retornava para sua residência, em que acabou colidindo em uma á rvore e em outro veículo que se encontrava estacionado na rua, conforme faz prova o boletim de ocorrência em anexo. Nessa ocasiã o, o carro da Autora sofreu danos severos, e ao procurar a proteçã o veicular para informar do sinistro, logo apó s o acidente, deparou-se com enorme dificuldade em contatá -la. Primeiro, os familiares da Requerente entraram em contato com o 0800 da associaçã o, e nã o conseguiram resultado. Tentaram contato com o chat de atendimento, também sem sucesso. Somente pó s 3h de tentativas de contato com a Primeira Requerida, enfim conseguiram, porém, mais uma etapa de insatisfaçã o se iniciou. Agora, a associaçã o passou a dificultar o envio do guincho, tornando um momento difícil, ainda mais complicado. (Vide conversas e imagens em anexo) Ato contínuo, em 07/03/2021, a Autora enviou para o Sr. Damon, funcioná rio da Primeira Requerida, os documentos necessá rios para o ressarcimento, conforme disposto em contrato, e ficou decidido, posteriormente, que o carro seria levado para a AUTO PEÇAS SALVATORE, oficina credenciada ao seguro, aqui, Segunda Requerida. Em 09/03/2021 a Autora pagou o valor de R$ XXXX,XX (valor por extenso), referente a 5% (cinco por cento) da cota de participaçã o (franquia), para dar entrada no processo de aná lise para saber se o seu veículo seria consertado ou seria restituído o seu valor, e para que fosse realizado o reparo no carro atingido no acidente, pertencente a terceiro. (Vide recibo anexo) Pois bem, o carro do terceiro teve os seus reparos feitos e foi entregue no dia 23/03/2021. Realidade distante do que tem sido vivenciado pela Autora com o seu veículo, afinal, desde que pagou a franquia, mais uma fase de desgaste e frustraçã o se iniciou para a Demandante. Explico. Desde que deu entrada no processo de aná lise para saber que rumo tomaria o seu veículo, a Autora vinha questionando, quase que diariamente, ao funcioná rio da empresa, Sr. Damon, sobre um posicionamento acerca da situaçã o do seu carro, tendo como resposta que estaria ainda em aná lise, aguardando apenas a relaçã o de peças que precisariam ser trocadas, a ser entregue pela Segunda Requerida, conforme fazem prova as conversas em anexo. Apenas em 14/04/2021, quando, mais uma vez, foi questionado pela Autora sobre uma posiçã o acerca do seu veículo, o funcioná rio informou que a Oficina Requerida havia enviado a listagem das peças, no entanto, precisaria, agora, fazer a comparaçã o dos preços junto aos fornecedores. Ora, Excelência, nota-se que apenas para listar as peças que precisariam ser trocadas, as Demandadas gastaram mais de um mês!! Um verdadeiro descaso com a Demandante! Sem contar que, a Primeira Requerida sempre apresentava algo novo para fazer, antes de finalizar a aná lise. Primeiro, a listagem das peças pela oficina, segundo, o orçamento das peças junto aos fornecedores, e por ú ltimo, foi lhe informado que precisaria ser feito um teste no motor, para ter a certeza se seria reparo ou indenizaçã o. Destaque-se que as informações eram sempre fornecidas pela metade, quando concluída uma pendência, surgia uma nova, deixando a Demandante completamente iludida e frustrada. Tanto que, apenas foi lhe informado que o carro seria consertado, em 19/05/2021, quando, mais uma vez, a Autora entrou em contato com o funcioná rio Damon para saber notícias do seu carro. Sobre isso, pode-se perceber duas coisas: Primeira, que a Primeira Requerida nunca dava satisfaçã o à Requerente sobre a situaçã o do seu veículo, a iniciativa partia sempre da Demandante. Segundo, que a Primeira Demandada demorou mais de 02 meses apenas para concluir uma aná lise sobre o carro. Completo absurdo! Ora, nã o bastasse toda essa demora apenas para realizar uma aná lise no veículo da Autora, quando iniciada a fase de execuçã o dos reparos, mais uma etapa de frustraçã o e angú stia se iniciou para a Requerente, principalmente porque, nunca lhe foi informado um prazo para conclusão dos serviços, então, dia após dia, mês após mês, a Autora vem sendo enrolada pelas Requeridas, em completa falha na prestação dos serviços. Frise-se, Excelência, que a todo momento, desde o início do processo, a Autora deixa claro a necessidade e importância do seu carro, principalmente devido ao seu uso para o trabalho. Tanto que, quando o seu veículo ainda estava em aná lise, a Requerente precisou solicitar o carro reserva fornecido pelo seu contrato, informando, nesta oportunidade, que precisaria dele pois estaria retornando ao trabalho no dia 04/04/2021. Sendo assim, no pró prio dia 04/04/2021 a Autora pegou o carro reserva, o qual ficou por 15 dias. Ademais, a Autora chegou inclusive a informar que estaria praticamente pagando para trabalhar, tendo em vista o vasto gasto mensal com uber e moto taxi que tem tido em razã o da demora injustificada na entrega do seu automó vel pelas Requeridas, já que ela trabalha em um local distante da sua residência. (vide comprovantes em anexo) Além disso, de breve aná lise das conversas anexadas a esta exordial, observa-se que a Autora vem sempre buscando saber a situaçã o que se encontra o seu veículo, tendo se dirigido diversas vezes à s Requeridas, para buscar informaçõ es e solicitar um posicionamento dos responsá veis e principalmente, um prazo para a entrega do carro. Sobre isso, vale trazer à baila que no dia 16/09/2021, a Autora foi informada pelo funcioná rio da Primeira Requerida, o Sr. Damon, de que o seu carro estava 99% (noventa e nove por cento) concluído, “faltando apenas um ajuste no eletro ventilador e no mó dulo do airbag”. Na data de 29/09/2021, a Autora entrou mais uma vez em contato com o funcioná rio da Primeira Requerida para saber quando seria entregue o carro, e foi informada de que só estava faltando que o automó vel “apagasse a luz do airbag” e que ele seria levado naquele dia para que a luz fosse apagada e o veículo pudesse ser entregue à Requerente no dia 02/10/2021. Inclusive, já frustrada e cansada de toda essa enrolaçã o por parte das Requeridas, a Autora informou que a partir daquele momento nã o os cobraria mais sobre a entrega do carro, eles que avisassem quando o veículo estivesse pronto. Pois bem, no dia 02/10/2021 o funcioná rio da Primeira Requerida entrou em contato com a Requerente para avisar que o carro nã o seria entregue naquela data e que a oficina Requerida ainda estaria realizando diagnó stico do air bag, e que esta havia dado o prazo para entregar no dia 05/10/2021. Ocorre que, até a presente data a Autora ainda não recebeu o seu automóvel, Excelência!!! Passados quase 08 meses da entrega do veículo na oficina Requerida para realização do conserto. Um completo absurdo e descaso com a Requerente, que vem sofrendo, dia após dia, com tamanha falha na prestação dos serviços! Destaque-se que desde 16/09/2021 a Primeira Requerida informa sobre suposto problema no air bag, e até a presente data, mais de um mês depois, nenhuma solução foi encontrada? Situação, no mínimo, intrigante, de modo que a Autora, hoje, sofre com a incerteza sobre a sua segurança, caso o carro seja entregue com alguma avaria. Sendo assim, diante de todo o exposto, considerando a demora excessiva e injustificada das Requeridas na entrega do veículo da Requerente, que apó s quase 08 meses do início do processo ainda nã o foi consertado, e que se encontra sem previsã o de entrega, é que a Autora nã o viu outra alternativa, senã o socorrer-se ao Poder Judiciá rio para ver o seu problema solucionado. III. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Inicialmente, verificamos que há no presente caso uma relaçã o de consumo existente entre a Requerente e as Requeridas, uma vez que a Autora se enquadra no conceito de consumidor descrito no artigo 2º do CDC, como destinatá ria final, e as empresas Demandadas no de fornecedor, nos termos do artigo 3º do mesmo diploma legal, sendo, pois, amparada pela lei 8.078/90, que trata especificamente das questõ es em que fornecedores e consumidores integram a relaçã o jurídica. No presente caso, a Requerente vem sofrendo em razã o da demora excessiva e injustificada da entrega do seu automó vel por parte das Requeridas, que estã o com a posse do seu veículo há mais de 07 meses, para realizaçã o de um conserto apó s um sinistro. Destaque-se que a Primeira Requerida é uma Associaçã o de Proteçã o Veicular, que deveria assegurar à Autora segurança e proteçã o do seu veículo, neste caso, em razã o do sinistro, e, assim, garantir que suas empresas credenciadas prestem um serviço adequado. O que de fato nã o vem acontecendo no presente caso, já que a Oficina Requerida, que é credenciada à seguradora Requerida, vem demorando, excessiva e injustificadamente, para prestar o serviço de reparo no carro da Demandante. Frise-se, ainda, que sequer o dever de fornecer informaçõ es sobre o serviço prestado vem sendo feito de forma adequada pela Primeira Demandada, que, na maioria das vezes, tem apenas informado à Autora sobre a fruiçã o do serviço quando questionada pela pró pria Demandante, e, ainda, a informaçã o passada acontece de forma incompleta e confusa. Em face disso, necessá rio se faz frisar, segundo o Có digo de Defesa do Consumidor, o artigo 14, onde se expressa de forma bastante sucinta: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparaçã o dos danos causados aos consumidores, por defeitos relativos à prestaçã o de serviço, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas, sobre sua fruiçã o.” Além disso, no que concerne a matéria probató ria, tal legislaçã o faculta ao magistrado determinar a inversã o do ô nus da prova em favor do consumidor, conforme seu artigo 6º, VIII, observe: “Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor: (...) VIII- A facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiência” Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior esforço, ter o legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de, presente o requisito da verossimilhança das alegaçõ es ou quando o consumidor for hipossuficiente, poder inverter o ô nus da prova. Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a hipossuficiência da parte Autora, dá -se como certo o deferimento da inversã o do ô nus da prova no presente caso. IV. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA DAS REQUERIDAS Em se tratando de relaçã o de consumo, os integrantes da cadeia de fornecimento do serviço respondem solidariamente pelos danos causados ao consumidor, independentemente de aferiçã o de culpa. Com efeito, na linha do entendimento do STJ, a seguradora, na condição de fornecedora, responde solidariamente perante o consumidor pelos danos decorrentes de defeitos na prestação dos serviços por parte da oficina que credenciou ou indicou, pois, ao fazer tal indicação ao segurado, estende sua responsabilidade também aos consertos realizados pela credenciada, nos termos dos artigos 7º, pará grafo ú nico, 14, 25, § 1º, e 34 do Có digo de Defesa do Consumidor. Segundo pondera a Corte Superior, o ato de credenciamento ou de indicaçã o de oficinas como aptas a proporcionar ao segurado serviço adequado no conserto do objeto segurado sinistrado nã o é simples gentileza ou comodidade proporcionada pela seguradora ao segurado, senã o resultado de relaçã o institucional, de trato duradouro, baseada em ajuste vantajoso para as sociedades empresá rias e com vantagens recíprocas, tais como captaçã o de mais clientela pela oficina e concessã o por esta de descontos nos preços dos serviços de reparos cobrados das seguradoras. Nesse sentido, está a ementa do REsp 1.341.530 - PR, Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃ O, Quarta Turma, julgado em 27/06/2017: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. SEGURO DE DANO. DANOS AO VEÍCULO SOB A GUARDA DA CONCESSIONÁ RIA ESCOLHIDA PELA SEGURADORA. DANOS ORIUNDOS DA FALTA DE ZELO NA GUARDA DO VEÍCULO (FURTO DE PEÇA E DEPREDAÇÃ O). RESPONSABILIDADE SOLIDÁ RIA DA SEGURADORA. DEMORA INJUSTIFICÁ VEL PARA DEVOLUÇÃ O DO VEÍCULO. LUCROS CESSANTES DEVIDOS. JUROS MORATÓ RIOS A PARTIR DA CITAÇÃ O. 1. A seguradora de seguro de responsabilidade civil, na condição de fornecedora, responde solidariamente perante o consumidor pelos danos materiais decorrentes de defeitos na prestação dos serviços por parte da oficina que credenciou ou indicou, pois, ao fazer tal indicação ao segurado, estende sua responsabilidade também aos consertos realizados pela credenciada, nos termos dos arts. 7º, pará grafo ú nico, 14, 25, § 1º, e 34 do Có digo de Defesa do Consumidor. (REsp 827.833/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚ JO, QUARTA TURMA, julgado em 24/4/2012, DJe 16/5/2012) 2. O credenciamento ou a indicação de oficinas e concessionárias como aptas à prestação do serviço necessário ao reparo do bem sinistrado ao segurado induz o consumidor ao pensamento de que a empresa escolhida pela seguradora lhe oferecerá serviço justo e de boa qualidade. 3. Nesse passo, considerando-se que, a partir do momento em que o bem segurado é encaminhado à oficina cadastrada da seguradora, vinculada a ela, deixa o segurado de ter qualquer poder sobre o destino daquele veículo, que sai de sua guarda e passa, ainda que indiretamente, para o controle da seguradora, afirma-se a responsabilidade desta, seja pela má escolha da concessionária credenciada, assim como pela teoria da guarda 4. A partir do momento em que o consumidor entrega seu veículo à concessioná ria para reparo, ele confia naquela empresa, tanto no que respeita aos serviços que serã o prestados diretamente no bem, quanto à sua guarda e incolumidade, exsurgindo dessa constataçã o que o contrato de depó sito se encontra unido ao de prestaçã o de serviço, porque imprescindível a permanência do bem no estabelecimento onde se efetuarã o os consertos. 5. O Có digo Civil, em seu artigo 629, estabelece de forma clara o dever de guarda sobre o objeto depositado, bem como sobre a obrigaçã o de restituir o bem da mesma forma que foi deixado, ou seja, neste dispositivo resta incontroverso que a nã o devoluçã o do objeto importará na incidência da responsabilidade civil. 6. No caso concreto, o furto do tacó grafo e a destruiçã o do para-brisa devem ser considerados má prestaçã o do serviço, porque representaram falha na guarda do bem, defeito na conservaçã o do veículo, da qual nã o se pode descuidar a contratante na realizaçã o de sua prestaçã o. 7. Já decidiu esta Corte que, descumprindo a seguradora o contrato, causando danos adicionais ao segurado, que por isso fica impossibilitado de retomar suas atividades normais, sã o devidos lucros cessantes. (REsp 593.196/RS, Rel. Ministro HÉ LIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 04/12/2007, DJ 17/12/2007, p. 176) 8. Nã o se assemelham a exclusã o dos lucros cessantes relativos ao prazo expressamente previsto em contrato como adequado e razoá vel ao reparo do veículo segurado, e a consideraçã o dos lucros cessantes em relaçã o ao período de dias de reparo que ultrapassa o prazo contratual, porque este deixa de ser prazo "permitido". 9. Os juros morató rios, em sede de responsabilidade contratual, fluem a partir da citaçã o. Precedentes. 10. Recurso especial parcialmente provido. (STJ - REsp: 1341530 PR 2012/0182003-9, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃ O, Data de Julgamento: 27/06/2017, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicaçã o: DJe 04/09/2017) (grifo nosso) Desse modo, se a associaçã o de proteçã o veicular, Primeira Requerida, efetuou a escolha da oficina onde a Requerente, sua associada, teria que levar seu veículo para conserto, ela assume total responsabilidade pela qualidade do serviço prestado pela Segunda Requerida, inclusive com relaçã o ao cumprimento de prazo razoá vel para o reparo do automó vel. Na hipótese, a Autora vem se desgastando física e emocionalmente há mais de 07 meses, quando acionou o seguro em razão de um sinistro. Primeiro, devido à falta de informação sobre o andamento dos serviços, em que na maioria das vezes a Autora quem vai buscar saber sobre, e quando recebe as informações, estas são fornecidas de forma incompleta, confusas, com o simples intuito de “enrolar” a Requerente, já que, há mais de meses as Demandadas informam que vão entregar o veículo e até a presente data, nada aconteceu. Ora Excelência, são quase 08 meses de espera!! Sempre surgindo uma e outra desculpa que em nada justificam! As conversas via whatsapp com o funcionário da Primeira Requerida seguem anexadas e provam isso! É um lapso de tempo enorme para a realização do conserto de um veículo! Principalmente porque há muito tempo não se trata de falta de peças, mas somente da realização do serviço. Assim, demonstrada a falha na prestaçã o do serviço contratado, resta configurada a responsabilidade dos fornecedores independentemente da existência de culpa, afinal, a Lei 8.078/90, em seu artigo 14, indica de forma clara a aplicaçã o do instituto da responsabilidade objetiva aos fornecedores de serviços por danos causados aos consumidores, caso dos autos. V. DA NECESSIDADE DE INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MATERIAS Os danos materiais sofridos pela Autora decorrem da evidente falha na prestaçã o dos serviços pelas Requeridas, que em razã o da injustificada demora para entrega do veículo da Requerente, fez recair sobre esta um enorme gasto com meios de transporte durante esse longo tempo em que as Demandadas se encontram com a posse do seu automó vel, principalmente porque a Autora reside em local distante do seu trabalho. Assim, considerando que a Autora deu entrada no processo junto à Primeira Requerida em 09/03/2021 e o carro foi entregue à oficina Requerida em 17/03/2021, temos que, durante esse período já se passaram mais de 07 meses e o carro ainda nã o foi devolvido à Requerente. Um completo absurdo! Logo, deve a Requerente ser indenizada pelos prejuízos suportados em razã o da falha na prestaçã o de serviço pelas Requeridas. Diante disso, vejamos os gastos mensais da Requerente com uber e moto taxi, desde o mês de [citar mês] de [ano] a [mês] de [ano] (vide extratos bancá rios e recibos em anexo): [COLAR TABELA DOS GASTOS MENSAIS] Desse modo, tem-se como devido a título de dano material o importe de R$ XX (valor por extenso). Imperioso, pois, o seu pagamento, por ser MEDIDA DE JUSTIÇA! VI. DA NECESSIDADE DE INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS SOFRIDOS Conforme relatado no breviá rio fá tico, o transtorno da Requerente se iniciou desde o acionamento da Associaçã o de Proteçã o Veicular Requerida, haja vista a demora para contatá -la no momento do acidente. Além disso, desde o início do processo de reparo no seu veículo, a Autora tem se desgastado física e emocionalmente a fim de obter soluçã o para o imbró glio, sem sucesso. Dia apó s dia tem buscado informaçõ es sobre o andamento dos serviços, sempre alertando sobre a necessidade do seu veículo, principalmente para se locomover até o seu trabalho. No entanto, as informaçõ es nã o lhe sã o passadas de forma adequada, e, hoje, já fazem mais de 07 meses que as Requeridas estã o com a posse do seu veículo, sem qualquer justificativa plausível, afinal, nã o se trata de falta de peça, mas tã o somente da realizaçã o do serviço. Dessa forma, a esfera emocional foi plenamente atingida, sendo que os efeitos do ato ilícito praticado pelas Requeridas alcançaram a vida íntima da Requerente, que viu quebrada a sua paz ao tentar solucionar o problema, bem como se sentiu totalmente lesada ao perceber que com tanto esforço vinha pagando o seguro do carro, e no momento que necessitou do serviço contratado se viu diante de tamanha falha na prestaçã o do serviço. Assim, inafastá vel que a Demandante vem sentindo angú stia, privaçã o de prazeres, lazer e comodidade, preocupaçã o, receio e sentimento de impotência perante a situaçã o criada pelas Requeridas. Logo, o dano moral restou plenamente configurado. Com efeito, as inúmeras tentativas frustradas de obter o reparo do veículo objeto do sinistro em tempo razoável; a falta de informação adequada acerca do prazo para efetiva conclusão do serviço; e a privação da Autora de utilização de bem essencial por mais de 07 meses, configuram um quadro de circunstâncias especiais com habilidade eficiente para violar a dignidade, rendendo ensejo à configuração do dano moral, passível de indenização pecuniária. A indenizaçã o dos danos puramente morais deve representar puniçã o forte e efetiva, bem como, remédio para desestimular a prá tica de atos ilícitos pelas Requeridas e tem cará ter pedagó gico para estas e para outras empresas que atuam no mesmo ramo. Imperativo, portanto, que a Requerente seja indenizada pelo abalo moral em decorrência do ato ilícito, em razã o de ter sido vítima de completa e total negligência e falha na prestaçã o de serviço das Demandadas. O Excelentíssimo Senhor Desembargador Pinheiro Lago, na ocasiã o do julgamento da apelaçã o Cível n. 90.681/8, no TJMG, com muita propriedade asseverou em seu voto que; "nã o se pode perder de vista que o ressarcimento por dano moral não objetiva somente compensar à pessoa ofendida o sofrimento que experimentou pelo comportamento do outro, mas também, sobre outra ó tica, punir o infrator, através da imposiçã o de sançã o de natureza econô mica, em benefício da vítima, pela ofensa à ordem jurídica alheia." (grifo nosso) Em sede de jurisprudência, em casos mui semelhantes, já se entendeu que (grifos nossos): EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O ORDINÁ RIA - REPARAÇÃ O E COMPENSAÇÃ O DE DANOS - PROTEÇÃ O AUTOMOTIVA - DEMORA NO CONSERTO DE VEÍCULO - RESPONSABILIDADE SOLIDÁ RIA DA ASSOCIAÇÃ O - DANOS MORAIS - REDUÇÃ O - IMPOSSIBILIDADE. - A associaçã o que presta serviços de proteçã o automotiva responde solidariamente pelos danos suportados pelo associado, em razã o da demora no conserto do veículo objeto do contrato entre eles firmado - Tratando-se de oficina credenciada pela apelante, competia a ela zelar pelos serviços prestados, de modo a garantir que o reparo fosse feito em prazo razoá vel - O atraso injustificado na entrega do veículo levado a conserto ultrapassa a barreira do mero dissabor, na medida em que o apelado permaneceu longo lapso de tempo sem poder utilizar de seu automóvel - Nã o deve ser reduzido o valor compensató rio que se encontra de acordo com as questõ es fá ticas, a extensã o do prejuízo, a conduta ilícita e a capacidade econô mica da apelante, nã o implicando em enriquecimento sem causa (TJ-MG - AC: 10024140764259002 MG, Relator: Juliana Campos Horta, Data de Julgamento: 04/12/2015, Data de Publicaçã o: 15/12/2015) Acidente automobilístico (ocorrido em 08.07.16), envolvendo Ford KA, ano 15, do autor (terceiro) e caminhã o Volvo, ano 03, segurado pela primeira ré. Seguradora que, acionada, assumiu os reparos no automó vel. Alegaçã o de demora excessiva e de que o conserto nã o foi realizado a contento (por ambas as correqueridas), tendo sido o Ford recusado em duas vistorias realizadas pelo DETRAN. Açã o indenizató ria. R. sentença de extinçã o (art. 485, VI, CPC), em relaçã o à s oficinas corrés, e de improcedência no que tange à Seguradora ré. Apelo só do acionante. Plena aplicaçã o do CDC, bem assim de seu art. 6º, VIII. Legitimidade passiva patente de todas as demandadas ( CDC, art. 34). Contexto probató rio dos autos mais desfavorá vel à s teses defensorias. A despeito de restar prejudicada a produçã o da perícia técnica a fim de apurar a existência de vício na prestaçã o dos serviços, tem-se que amplamente demonstrada a demora desmedida (dez meses) para a realizaçã o dos reparos, com posterior reprovaçã o do Ford em vistoria realizada por empresa credenciada do DETRAN/SP. Valores despendidos com transporte e vistorias, nã o impugnados. Ressarcimento que se impõ e. Gravames morais evidentes. Teoria do desvio produtivo do consumidor. Dá -se provimento ao apelo do demandante, e isso a fim de julgar parcialmente procedente açã o por ele ajuizada. (TJ-SP - APL: 10606327320178260100 SP 1060632-73.2017.8.26.0100, Relator: Campos Petroni, Data de Julgamento: 03/12/2018, 27ª Câ mara de Direito Privado, Data de Publicaçã o: 03/12/2018) EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O INDENIZATÓ RIA POR CONSERTO DE AUTOMÓ VEL - ASSOCIAÇÃ O DE PROTEÇÃ O VEICULAR - CÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - APLICABILIDADE - ATRASO INJUSTIFICADO - LUCROS CESSANTES - AUSÊ NCIA DE COMPROVAÇÃ O - DANO MORAL - CARACTERIZAÇÃO - VALOR DA INDENIZAÇÃ O - FIXAÇÃ O ADEQUADA - PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. - É aplicá vel o Có digo de Defesa do Consumidor aos contratos de firmados com entre associados e associaçõ es de proteçã o veicular - Diante da ausência de regulamentaçã o específica e da equivalência do objeto da contrataçã o, os contratos de associaçã o devem se sujeitar ao regramento do contrato de seguro - Atraso superior ao prazo estabelecido na clá usula contratual caracteriza a mora, espécie de inadimplemento contratual que enseja o dever de indenizar os danos materiais efetivamente demonstrados e morais sofridos pela parte inocente - Os lucros cessantes alegados devem ser inequivocadamente comprovados pela parte autora, sob pena de indeferimento da pretensã o - O atraso significativo na entrega de automóvel transcende a baliza do mero dissabor, na medida em que priva o proprietário de um meio de transporte corriqueiramente utilizado nos dias atuais, caracterizando dano moral indenizável - A quantificaçã o da indenizaçã o deve observar a capacidade econô mica das partes e sopesar as particularidades do caso concreto, mostrando-se suficiente para cumprir a dupla funçã o, reparató ria e pedagó gica, da indenizaçã o por dano moral - Em se tratando de responsabilidade civil contratual, os juros de mora da indenizaçã o por dano moral incidem a partir da citaçã o e a correçã o monetá ria do arbitramento, nos moldes da Sú mula 362, do c. STJ. (TJ-MG - AC: 10000204758304001 MG, Relator: Adriano de Mesquita Carneiro, Data de Julgamento: 02/09/2020, Data de Publicaçã o: 03/09/2020) Importante também trazer à baila o art. 927 do Có digo Civil que aduz que: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará - lo”. Portanto, é evidente que as Requeridas causaram danos morais à Requerente, devendo, conforme a lei, repará -la. Assim, requer, desde já , sejam as Demandadas condenadas, solidariamente, ao pagamento de indenizaçã o pelos danos morais no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). VII. DA OBRIGAÇÃO DE FAZER. CONTRATO QUE PREVÊ RESTITUIÇÃO DO VALOR DO VEÍCULO QUANDO O ORÇAMENTO DO MONTANTE PARA REPARAÇÃO DO BEM ULTRAPASSAR 75% DO VALOR DA TABELA FIPE. ORÇAMENTOS FEITOS EM OUTRAS OFICINAS QUE EXTRAPOLAM O VALOR DO VEÍCULO PELA TABELA FIPE. INCERTEZA QUANTO À SEGURANÇA DA REQUERENTE QUANDO DA ENTREGA DO VEÍCULO. Nã o restam dú vidas que a demora excessiva e injustificada na entrega do veículo pelas Requeridas tem causado enormes prejuízos à Requerente. Mas, hoje, sua maior preocupaçã o é com sua pró pria segurança, principalmente porque nã o há justificativa para tamanha morosidade na entrega do bem. Destaque-se, inclusive, que desde 16/09/2021 a Primeira Requerida informou sobre suposto problema no air bag, e até a presente data, mais de um mês depois, nenhuma solução foi encontrada? Situação, no mínimo, intrigante, e que despertou na Autora grande incerteza quanto a sua segurança, caso o carro seja devolvido com algum problema ou vício oculto. Pois bem, diante de tal incerteza, a Autora, com a listagem das peças que seriam trocadas no seu carro, realizada pela Segunda Demandada e fornecida à Requerente pela Primeira Demandada, procurou outras duas oficinas para fazer orçamentos do serviço de reparo do bem, a Oficina Lockwood e a Oficina Donovan. Surpreendentemente, a Autora descobriu que os orçamentos feitos com tais oficinas extrapolam, e muito, o valor do veículo na tabela FIPE. Observe: Segundo a tabela FIPE do ano de 2021, ano que ocorreu o sinistro, o carro da Autora, um [citar modelo], placa XXX-XXXX, foi avaliado em R$ XX.XXX,XX (valor por extenso), pois bem, as oficinas supracitadas orçaram os serviços para o reparo do veículo da Autora, levando em consideraçã o a listagem de peças fornecidas pelas Demandas em R$ 53.889,71 (cinquenta e três mil oitocentos e oitenta e nove reais e setenta e um centavos) e R$ 40.342,71 (quarenta mil, trezentos e quarenta e dois reais e setenta e um centavos) respectivamente. (Vide orçamentos em anexo) Ora, Excelência, os orçamentos feitos por essas duas oficinas superam, e muito, o valor do carro na tabela FIPE! Um, inclusive, chega a mais de 50% (cinquenta por cento) do seu valor. Sã o valores extremamente elevados e que colocam em xeque a realizaçã o dos serviços realizados pelas Requeridas, em razã o da discrepâ ncia entre os valores. Isto, pois, no contrato de adesã o firmado entre a Requerente e a Primeira Requerida existe uma clá usula que aduz que “haverá ressarcimento integral (danos irreparáveis), em regra, quando o orçamento do montante para reparação do bem ultrapassar 75% (setenta e cinco por cento) do valor da tabela FIPE”. Sendo assim, subtende-se que o valor orçado pelas Demandadas fora inferior a 75% do valor do carro na tabela FIPE. Ocorre que, sequer foi apresentado pela Primeira Demanda à Autora o valor efetivamente orçado, colocando em risco a qualidade das peças e do serviço realizado, de modo que, o barato pode sair muito caro para a Requerente! Desse modo, considerando que os orçamentos feitos pelas oficinas Lockwood e Donovan ultrapassaram demasiadamente o valor do veículo da Autora na tabela FIPE; considerando que as Demandadas nã o forneceram à Requerente o orçamento dos reparos no seu veículo; considerando a demora excessiva e injustificada para a entrega do bem, que está em posse das Demandadas há mais de 07 meses, e, principalmente, considerando a segurança da Autora, requer seja atribuído dano irrepará vel ao veículo, para que a Requerente seja ressarcida integralmente ao equivalente ao valor do veículo na tabela FIPE, ou seja, R$ XX.XXX,XX (valor por extenso), conforme clá usula contratual. No mais, caso nã o seja esse o entendimento deste Douto Juízo, requer, subsidiariamente, sejam as Demandadas compelidas a devolver o carro da Autora somente apó s realizada perícia no veículo, por profissional qualificado a ser arbitrado por esse Juízo, para atestar o seu bom funcionamento, e, caso o laudo pericial constate qualquer problema, seja considerada a perda total do automó vel, com a consequente restituiçã o do seu valor. VIII. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA PARA QUE AS DEMANDADAS SEJAM COMPELIDAS A FORNECER CARRO RESERVA ATÉ EFETIVA ENTREGA DO VEÍCULO DA AUTORA OU RESITUIÇÃO DO VALOR DO MESMO. Diante dos fatos apresentados e do evidente prejuízo material que a Autora vem sofrendo em razã o do atraso injustificado na entrega do seu veículo pelas Requeridas, principalmente porque necessita do seu carro para se deslocar até o seu local de trabalho, e está , por conta da falha na prestaçã o dos serviços das Demandadas, praticamente pagando para trabalhar, conforme comprovam os extratos bancá rios em anexo, requer sejam as Requeridas compelidas a fornecer um carro reserva à Requerente até a data da efetiva entrega do seu automóvel, ou da restituição do valor do mesmo. Sendo assim, lança-se mã o do instituto da tutela de urgência, insculpida nos artigos 300 e 303, do Novo Có digo de Processo civil e artigo 84, do Có digo de Defesa do Consumidor, que permitem ao juiz conceder a tutela específica da obrigaçã o de fazer ou não fazer e que garanta ao litigante detentor da maior probabilidade do direito, a antecipaçã o dos efeitos do provimento final, de modo a assegurar-lhe a eficá cia deste, devendo estar evidenciada a verossimilhança do direito da Requerente e o perigo de a morosidade processual vir a acarretar-lhe danos de difícil ou de impossível reparaçã o. A verossimilhança resta demonstrada pelos documentos trazidos aos autos, que comprovam que as Requeridas estã o há quase 08 meses com o veículo da Autora para realizaçã o de conserto apó s sinistro, e que tamanha morosidade tem causado enormes prejuízos à Requerente, tanto de ordem moral, quanto material, já que, por estar sem o seu carro há tanto tempo, a Autora tem gastado valores absurdos mensalmente com outros meios de transporte. No que concerne ao “periculum in mora”, resta este evidenciado pelo prejuízo material que continuará tendo a Requerente, caso as Requeridas nã o forneçam um carro reserva durante o período em que se encontram com a posse do automó vel da Autora. Destarte, por estarem preenchidos os requisitos para a concessã o da tutela de urgência antecipada, consoante os requisitos estabelecidos no Có digo de Processo Civil, vem requerer a este Juízo a sua concessã o, inaudita altera pars, por ser de legítimo direito. IX. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (CPC, art. 319, inc. VII) Manifesta-se a parte Autora sobre seu desinteresse na realizaçã o de audiência de conciliaçã o ou mediaçã o, nos termos do art. 319, VII do CPC. X. DOS REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, e dos documentos acostados aos autos, REQUER a este Juízo: a) De início requer seja deferido, INAUDITA ALTERA PARS, o requerimento da tutela provisó ria de urgência antecipató ria no sentido de que sejam as Requeridas compelidas a fornecer um carro reserva à Requerente no prazo má ximo de 05 dias, sob pena de multa diá ria, até a data da efetiva entrega do seu automó vel, ou da restituiçã o do valor do mesmo; b) A concessã o da gratuidade de justiça, na medida em que a Requerente nã o possui condiçõ es econô micas e financeiras de arcar com as custas processuais e demais despesas sem prejuízo de sua sobrevivência, nos termos da inclusa declaraçã o de pobreza, e com esteio legal na Lei 1.060/50, na Lei 7.115/83 e na Constituiçã o Federal; c) Seja recebida a presente açã o, determinando a citaçã o das Requeridas no endereço indicado preambularmente, para contestar, querendo, a presente açã o, sob pena de revelia e confissã o quanto à matéria de fato; d) Requer a inversã o do ô nus da prova, em favor da parte autora, nos termos do artigo 6º, VIII do CDC, por se tratar de relaçã o de consumo, onde fica, por consequência, evidenciada a vulnerabilidade desta; e) Sejam as Requeridas condenadas, solidariamente, ao pagamento da indenizaçã o pelos danos materiais no valor de R$ X.XXX,XX (valor por extenso), devidamente corrigido e acrescido de juros de 1% ao mês desde o efetivo prejuízo; f) Considerando que os orçamentos feitos pelas oficinas Lockwood e Donovan ultrapassaram demasiadamente o valor do veículo da Autora na tabela FIPE; considerando que as Demandadas nã o forneceram à Requerente o orçamento dos reparos no seu veículo; considerando a demora excessiva e injustificada para a entrega do bem, que está em posse das Demandadas há mais de 07 meses, e, principalmente, considerando a segurança da Autora, requer seja atribuído dano irrepará vel ao veículo, para que a Requerente seja ressarcida integralmente ao equivalente ao valor do veículo na tabela FIPE, ou seja, R$ XX.XXX,XX (valor por extenso); g) Subsidiariamente, caso esse Douto Juízo nã o acolha o pedido supra, requer sejam as Demandadas compelidas a devolver o carro da Autora somente apó s realizada perícia no veículo, por profissional qualificado a ser arbitrado por esse Juízo, para atestar o seu bom funcionamento, e, caso o laudo pericial constate qualquer problema, seja considerada a perda total do automó vel, com a consequente restituiçã o do seu valor; h) Sejam as Requeridas condenadas, solidariamente, ao pagamento de indenizaçã o por danos morais no importe de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), cujo valor deverá ser corrigido monetariamente desde o arbitramento, e acrescido de 1% ao mês desde a citaçã o; i) Sejam condenadas as Requeridas ao pagamento das custas e demais despesas processuais, inclusive em honorá rios advocatícios sucumbenciais, que deverã o ser arbitrados por este Juízo, conforme norma do artigo 85 do NCPC; j) Manifesta-se a parte autora sobre seu desinteresse na realizaçã o de audiência de conciliaçã o ou mediaçã o, nos termos do art. 319, VII do CPC; Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente prova documental acostada e prova testemunhal. Dá -se à causa o valor de R$ XX.XXX,XX (valor por extenso). [O valor da causa será a soma do valor do carro na tabela FIPE + valor dos danos materiais e morais] Nestes termos, Pede e espera deferimento. [Cidade/Estado], [Dia] de [mês] de [ano].