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O Ambiente

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do Trabalho
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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Verena Emmanuelle Soares Ferreira

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Contextualização Histórica
da Saúde do Trabalhador

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Conceituação e Importância;
• Medicina do Trabalho: Atribuições e Relação
com a Engenharia de Segurança do Trabalho.

Fonte: Getty Images


Objetivos
• Compreender os principais fatos que influenciaram na construção histórica da relação
entre saúde e segurança no trabalho;
• Promover reflexões sobre os desafios, avanços ou perspectivas na promoção da saúde
dos trabalhadores;
• Discutir a atuação do profissional para atuar no campo da engenharia de segurança do tra-
balho, em prol da promoção, prevenção e na saúde dos trabalhadores e do meio ambiente.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Contextualização
Esta Unidade tem a finalidade de partilhar com o estudante informações de como se
tria dados para a construção do conhecimento a respeito dos condicionantes, determi-
nantes, da natureza, dos processos e dos mecanismos de adoecimento dos trabalhadores
quando esses têm relação com as condições e ambientes de trabalho. A unidade é um
ponto de partida para fornecer os instrumentos necessários no sentido de impulsionar
mudanças no contexto social, tecnológico e de políticas públicas que estejam envolvidos
com a Saúde do Trabalhador para assegurar que erros não se repitam e contribuir na
construção de um mundo novo possível. Construindo um olhar sobre o trabalho que seja
um determinante de saúde e vida.

É importante, como profissionais da área da saúde e segurança, entender o contexto


do trabalho e que as consequências das nossas ações e atividades chegam a todos: ao
empregador, aos trabalhadores, familiares e à própria comunidade.

Pensar que a construção histórica do nosso trabalho interfere na construção e for-


mação pessoal e profissional de outras pessoas nos faz buscar de forma contínua o
conhecimento e a qualificação.

Sendo assim, para iniciarmos esta unidade, convidamos você a refletir acerca das
consequências da questão de segurança nas empresas. Veja a reportagem do jornal da
ciência e sobre grandes desastres da engenharia e o quanto aprendemos com os erros
cometidos na história do mundo.

Top 11 erros de engenharia que resultaram em desastres, disponível em: https://bit.ly/2Xgp7Rb

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Conceituação e Importância
Desde os tempos mais remotos, reconhecemos a relação entre saúde e trabalho, sen-
do que o trabalho ocupa um lugar fundamental na vida dos indivíduos. Na pré-história e
história antiga, o trabalho era visto como a busca por fontes primárias de sobrevivência
– abrigo, caça, água. Atualmente, várias outras funções foram agregadas ao sentido do
trabalho, como a busca do bem-estar, a autorrealização ou ainda como fonte de prazer.
Estudos apontam o trabalho também como um importante fator na construção da sub-
jetividade dos indivíduos.
De qualquer maneira, o trabalho não é nunca neutro em relação à
saúde, e favorece seja a doença seja a saúde.

Fonte: Christophe Dejours, A Loucura do Trabalho

Ainda que escassa, desde os papiros egípcios e, mais tarde, na tradição judaica e no
mundo greco-romano, historiadores da Medicina como Henry Sigerist (1891-1957) e
George Rosen (1910-1977) mostravam em seus estudos que já é possível detectar algu-
ma referência sobre a associação entre trabalho e saúde-doença.

Mendes (2013) afirma que, ao menos desde o antigo Egito, reconhece-se a existência
de doenças associadas ao trabalho. Lesões de braços e mãos em pedreiros são descritas
nos papiros de Sellier (DEMBE, 1996), dermatites pruriginosas laborais são citadas no pa-
piro de Ebers (WRIGHT; GOLDMAN, 1979) e havia atendimento médico organizado em
certos locais de trabalho, como minas e pedreiras, na construção de pirâmides e de outros
monumentos, e em expedições à procura de minas de cobre e turquesa (LECA, 1983).

Trabalhos de Hipócrates e outros autores chamavam a atenção para a importância


do ambiente, da sazonalidade, do tipo de trabalho e da posição social como fatores de-
terminantes na produção de doenças. Hipócrates (460-375 a.C.), em seu clássico Ares,
Águas e Lugares, centra-se em ensinamentos ligados às relações entre ambiente – in-
cluindo clima, topografia, qualidade da água e mesmo organização política – e saúde
(SIGERIST, 1951; ROSEN, 1979). Goldwater (1936) menciona o Corpus Hippocraticum
– tratados relativos à saúde escritos por Hipócrates e seus seguidores é a produção que
mais alusões fez às doenças ocupacionais, até Ramazzini (1633-1714).

Na Antiguidade Greco-romana, o trabalho já era visto como um fator gerador e mo-


dificador das condições de viver, adoecer e morrer dos homens. Na antiga Grécia, Titus
Maccius Plautus (c.254-184 a.C) descreveu que artistas e alfaiates possuíam problemas
posturais e que alguns apresentavam sequelas graves em função das posturas peculiares
que eram obrigados a assumir em seus trabalhos (MENDES, 2013).

Não é de estranhar que também em Roma, em um ambiente onde havia grande in-
fluência da cultura grega, de presença frequente e distinta de médicos, e onde se desen-
volveram várias escolas médicas, tenha havido algum direcionamento da prática médica
aos esteios da civilização romana. Assim, legiões militares, as escolas de gladiadores, as
companhias teatrais e as corporações de trabalhadores possuíam seus próprios médi-
cos, voltados ao tratamento de doenças desenvolvidas por esses profissionais. Não há,

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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

nesse período, como em nenhum outro período da história clássica, uma abordagem
exclusiva de cunho ocupacional; os médicos tratavam as doenças de indivíduos organi-
zados por seus ofícios (GIORDANI, 1987).

Importante ressaltar a falta de tratado clássico que se preocupe exclusivamente com


uma ocupação específica e com as doenças a ela relacionadas, ou com uma doença es-
pecífica e as ocupações que poderiam causá-la. Por mais avançado que possa parecer o
pensamento clássico, não se deve esquecer que a medicina e o médico acompanhavam
o percurso da sociedade. O fazer o “bem” (“o princípio da beneficência”) e o não fazer
o “mal” (“o princípio da não maleficência”), bases da moral hipocrática, tinham aplica-
ções diferenciadas óbvias e bem determinadas em sociedades escravagistas. A melhoria
concreta das condições de trabalho e a Medicina como espaço de referencia a essas
mudanças, de modo similar e recorrente a vários momentos da história, mesmo recente,
não se anunciavam enquanto atributo social do saber e da prática dos médicos.

O fim do século XVII pode ser considerado como um divisor de águas na história
do conhecimento sobre as doenças relacionadas ao trabalho, posto que em 1700 foi
publicado o clássico De Morbis Artificium Diatriba [Tratado sobre a Doença dos Traba-
lhadores], de autoria de Bernardino Ramazzini (1633-1714). Ele era médico e professor
de Medicina em Módena e em Pádua, nasceu em Capri, na Itália, no dia 4 de outubro
de 1633. Diatriba, seu texto mais importante, creditou a ele o título de Pai da Medicina
do Trabalho.

Ramazzini, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. 4. ed. São Paulo: Fundacentro,


2016. 321 p. Disponível em: https://bit.ly/2v6iftN

A obra de Ramazzini representa para a evolução da higiene ocupacional o mesmo


que o livro de Versálio para a Anatomia, e o de Morgagni para a Patologia. Percebendo
a grande importância social da saúde ocupacional, Ramazzini se dedicou não apenas
a estudar mórbidas das profissões, mas também a chamar atenção para a aplicação
prática desse conhecimento. Na primeira edição, ele discutiu quarenta e dois grupos de
trabalhadores, entre os quais mineiros, douradores, farmacêuticos, parteiras, padeiros e
moleiros, pintores, oleiros, cantores e soldados. E ampliou a segunda edição, de 1713,
para incluir mais doze grupos, entre os quais impressores, tecelões, amoladores e cava-
dores de poços.

A obra de Ramazzini tem duas partes significativas: é síntese de todo o conhecimen-


to sobre a doença ocupacional, desde os primeiros tempos, e, também, um solo para
novas investigações; é assim um olhar ao passado e uma intimação ao futuro. Esse livro
perdurou como o texto fundamental desse ramo de medicina preventiva até o século
XIX, quando a Revolução Industrial lançou no cenário novos problemas.

A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, aconteceu em um


cenário de muitos prejuízos econômicos, altos índices de acidentes de trabalho, adoeci-
mento devido às péssimas condições de vida e trabalho, precariedade flexibilidade das
relações de trabalho, marcado por reinvindicações dos trabalhadores por mudanças.

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As transformações desencadeadas pela Revolução Industrial trouxeram mudanças
na forma de produzir e de viver das pessoas e, consequentemente, deu novo impulso à
Medicina do Trabalho. Desde então, as mudanças e exigências dos processos produtivos
e dos movimentos sociais, suas práticas, têm se transformado e vêm incorporando novos
enfoques e instrumentos de trabalho, em uma perspectiva mais interdisciplinar, delimitan-
do o campo da Saúde Ocupacional e, mais recentemente, da Saúde dos Trabalhadores.

Medicina do Trabalho: Atribuições


e Relação com a Engenharia de
Segurança do Trabalho
De acordo com Mattos e Másculo (2011), as ações no campo da relação saúde
versus trabalho são resultantes de diferentes conceitos e práxis de diversas correntes que
tentaram, ao longo dos últimos séculos, trazer para si a hegemonia do conhecimento.

Esse modo de análise permitiu que se tipificassem três formas predominantes de


ação e interpretação do campo da saúde e suas relações com o trabalho, designadas pe-
las ciências ligadas ao estudo do trabalho como medicina do trabalho, saúde ocupacional
e saúde do trabalhador.

Medicina do Trabalho
A Medicina do Trabalho, enquanto especialidade médica, surge na Inglaterra na pri-
meira metade do século XIX, com a Revolução Industrial. Naquele momento, o con-
sumo da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo
acelerado e desumano de produção, exigiu uma intervenção, sob pena de tornar inviável
a sobrevivência e reprodução do próprio processo.

As péssimas condições de trabalho e de vida acabavam muitas vezes por compro-


meter a própria produção, em face de grande constância de acidentes e/ou doenças
que reduziam a intensidade produtiva. É dessa maneira, e também como reação à ca-
pacidade de organização de clamor popular, que se impôs o surgimento de novas ações
normativas sanitárias voltadas a esse problema (WAISSMANN; CASTRO, 1996).

Para a manutenção do bem de produção que começava a se impor e de seus con-


troladores, editar novas normas que determinassem algumas melhorias às condições
sanitárias laborais era fundamental. Em parte, as mudanças se deram principalmente
após o Massacre de Peterloo.

Em 1802, surgiu a Health and Morals of Apprentices Act, com a regulamentação


da idade mínima para o trabalho, redução da jornada de trabalho e com medidas para
melhorar o ambiente das fábricas. Essas orientações não eram obedecidas por falta de
um organismo fiscalizador.

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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Em 1833, seguiu-se o Factory Act, lei das fábricas, que ampliava as medidas de prote-
ção dos trabalhadores em todas as fábricas que utilizavam a força hidráulica ou do vapor,
iniciando a contratação de médicos para o controle da saúde dos trabalhadores. É impor-
tante destacar a criação do “Inspetorado de Fábricas”, órgão governamental que, pela pri-
meira vez, entrou no interior das fábricas para verificar se a saúde dos trabalhadores estava
sendo protegida contra os agravos do trabalho (NOGUEIRA, 1984; MENDES, 2013).

Assista ao filme: Peterloo: O Massacre de Manchester (2018). Trailer disponível em:


https://youtu.be/Dj5h1kKjVYc

Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, preocupado com o fato de que
seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a não ser aquele propiciado
por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert Baker, seu médico pessoal, e o
colocou dentro da fábrica para verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas e estabe-
lecer as formas de prevenção. A contratação de Baker para trabalhar na sua fábrica, em
1830, fez surgir o primeiro serviço de medicina do trabalho. Esse modelo se estendeu
por outros países, assim como o processo de industrialização.
De acordo com Mendes e Dias (1991), a medicina do trabalho pode ser conceituada
como: [...] especialidade médica voltada primordialmente para o tratamento (da doença),
a recuperação da saúde, o tratamento dos efeitos ou a diminuição de sequelas causadas
pelos acidentes e as doenças.
O modelo da Medicina do Trabalho se adequou bem ao paradigma taylorista, surgido
no final do século XIX, e foi aperfeiçoado por Henry Ford nas décadas seguintes nos
Estados Unidos, pois favorecia a seleção dos mais aptos, o controle do absenteísmo e o
gerenciamento do retorno ao trabalho dos doentes e acidentados (SILVA, 2000).
Após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento de novas tecnologias com en-
grenagens pesadas, novos instrumentos, a chegada de produtos químicos e a fragmen-
tação crescente das tarefas trouxeram em seu bojo uma crescente demanda por inter-
venção no ambiente de trabalho. Tal processo também ocasionou o deslocamento do
papel do supervisor para a própria máquina, que passou a exercer formas abusivas de
controle da produção através da obrigatoriedade da execução de tarefas mais intensas ou
monótonas. Essas demandas oferecem novas repercussões à saúde dos trabalhadores,
que se traduzem no crescimento do número de acidentes e no aumento das doenças.
Isso exige uma atenção que a medicina sozinha não pode dar conta (DIEESE, 1994).

O pensamento preponderante da
concepção de Medicina do Traba-
lho se orienta pela teoria da unicau-
salidade, ou seja, para cada doença,
um agente etiológico.

A grande crítica que se faz à Medicina do Trabalho é que o pensamento preponderan-


te dessa concepção se orienta pela teoria da unicausalidade, ou seja, para cada doença,
um agente etiológico. Assim, a medicina do trabalho, ao isolar riscos específicos, atua

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sobre suas consequências, medicalizando em função de sintomas e sinais ou, quando
muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida. Dessa forma, não é capaz
de superar o enfoque biológico, ignorando outros fatores que envolvam as relações psi-
cossociais que trazem consequências para a saúde do trabalhador (GOMEZ-MINAYO;
THEDIN-COSTA, 1997).

Conforme afirma Mendes (1980), a medicina do trabalho e a higiene tornaram-se insu-


ficientes para apreender as agora cada vez mais complexas relações entre trabalho e saúde,
havendo a necessidade de uma racionalidade científica mais abrangente, consubstanciada
na saúde ocupacional – melhor elaborada conceitualmente, e que absorva contribuições da
higiene industrial, da toxicologia, da epidemiologia e da própria saúde pública, momento
em que a medicina do trabalho confunde-se, conceitualmente, com a saúde ocupacional.

Saúde Ocupacional
Para Silva (2000), surge como resposta à questão do ambiente insalubre a concepção
de saúde ocupacional, com um clamor multidisciplinar, aliando médicos e engenheiros a
um pensamento que enfatiza a higiene industrial.

Essa nova perspectiva na abordagem da saúde no trabalho retira o enfoque principal


do indivíduo para o ambiente. Busca-se ampliar o caráter técnico do conhecimento, con-
trolando os riscos ambientais e promovendo uma doutrina de asseio para os trabalhado-
res. No entanto, essa abordagem, mesmo preventiva, por si só, demonstra ser limitadora.

A nova perspectiva na aborda-


gem da saúde no trabalho retira
o enfoque principal do indivíduo
para o ambiente.

Fundada em 1919 como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira
Guerra Mundial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem como objetivo pro-
mover a justiça social. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas
internacionais do trabalho (Convenções e Recomendações). As Convenções, uma vez
ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento
jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência
Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião.
Em 1950, o comitê misto da OIT e da Organização Mundial da Saúde (OMS) (1950) de-
finiu, em reunião realizada em Genebra em 1949, a saúde ocupacional como aquela que:
[...] visa à promoção e manutenção, no mais alto grau do bem-estar
físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações; à pre-
venção, entre os trabalhadores, de doenças ocupacionais causadas por
suas condições de trabalho; à proteção dos trabalhadores em seus la-
bores, dos riscos resultantes de fatores adversos à saúde; à colocação e
conservação dos trabalhadores nos ambientes ocupacionais adaptados
às suas aptidões fisiológicas e psicológicas; em resumo: à adaptação do
trabalho ao homem e de cada homem ao seu próprio trabalho.

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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

A saúde ocupacional surge, sobretudo, dentro das grandes empresas, com traços
da multidisciplinar e interdisciplinaridade, com a organização de equipes progressiva-
mente multiprofissionais e a ênfase na higiene “industrial”, refletindo a origem histórica
dos serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países “industrializados”
(MENDES; DIAS, 1991). Nessa abordagem, existe uma valorização dos ambientes de
trabalho e de agentes ambientais, mantendo a atenção nas doenças ocupacionais do
trabalhador produtivo, além da variação do conceito de causalidade, aceitando a multi-
causalidade, quantificação dos riscos ambientais e mantendo o desprezo à análise dos
processos de trabalho e dos modos de organização da produção como geradores de
riscos com o trabalho excluído do contexto social.

Para Porto (1994), o conceito de Saúde Ocupacional se apresenta como multidisci-


plinar, porque envolve profissionais de áreas distintas. Assim, a higiene do trabalho atua
sobre o ambiente: a engenharia de segurança do trabalho está direcionada para índices
de acidente ou à busca dos agentes patogênicos existentes no local de trabalho, lidan-
do com os conceitos de riscos físicos, químicos, biológicos e mecânicos e indicando as
medidas de segurança para cada caso; além disso, há uma medicina do trabalho com
enfoque também assistencial.

A respeito do mesmo tema, é oportuno o enfoque apresentado pelos autores Gomez


Minayo e Thedin-Costa (1997), que afirmam que a saúde ocupacional incorpora a teoria
da multicausalidade, na qual um conjunto de fatores de risco é considerado na produção
da doença, avaliada através da clínica médica e de indicadores ambientais e biológicos.

Ainda hoje, esse modelo é largamente utilizado no mundo, apesar de mostrar-se


inadequado na prevenção dos riscos à saúde decorrentes do trabalho, apresentando
fragilidades tanto do ponto de vista teórico quanto das práticas de saúde (MENDES;
DIAS, 1991).

Mais recentemente, em 1995, o conceito de Saúde Ocupacional, ou Saúde no Traba-


lho, foi revisto e ampliado pelo já citado comitê misto OIT-OMS, tendo sido enunciado
nos seguintes termos:
O principal foco da Saúde no Trabalho deve estar direcionado para três
objetivos: (I) A manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e
de sua capacidade de trabalho; (II) O melhoramento das condições de
trabalho, para que elas sejam compatíveis com a saúde e a segurança;
(III) O desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações de
trabalho que contribuam com a saúde e segurança e promovam um
clima social positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das
empresas. O conceito de cultura empresarial, neste contexto, refere-se
a sistemas de valores adotados por uma empresa específica. Na práti-
ca, ele se reflete pelos sistemas e métodos de gestão, nas políticas de
pessoal, nas políticas de participação, nas políticas de capacitação e
treinamento e na gestão da qualidade. (ANAMT, 2019)

As práticas mais disseminadas eram a seleção de pessoal que, em tese, fosse me-
nos propenso a se acidentar e adoecer, o controle da saúde para evitar problemas de
absenteísmo e os esforços para proporcionar retorno rápido ao trabalho nos casos de

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afastamentos. A medicina do trabalho tornou-se a variável técnica para solucionar os da-
nos à saúde provocados pelos processos produtivos, sem a possibilidade de interferir além
dos preceitos normativos estabelecidos no contrato de trabalho firmado entre patrões e
empregados. Inaugurava-se um campo médico subserviente ao contrato e ao interesse do
capital produtivo (VASCONCELLOS, 2011; VASCONCELLOS; PIGNATTI, 2006).

Saúde do Trabalhador
A insuficiência do modelo da saúde ocupacional não constitui fenômeno pontual e
isolado. Antes, foi e continua sendo um processo que, embora guarde certa especifici-
dade do campo das relações entre trabalho e saúde, tem sua origem e desenvolvimen-
to determinados por cenários políticos e sociais mais amplos e complexos (MENDES;
DIAS, 1991).

Além disso, ainda que esse processo tenha traços comuns que lhe conferem certa uni-
versalidade, ele ocorre em ritmo e natureza próprios, refletindo a diversidade dos mundos
políticos e sociais e as distintas maneiras de os setores de trabalho e saúde se organizarem.

Conforme destaca Vasconcellos (2011), tanto a saúde ocupacional como a saúde do


trabalhador retratam campos de ação sobre as relações saúde-trabalho, na perspectiva
de prevenção e reparação dos danos à saúde no trabalho, que implicam na construção
de conhecimentos e de intervenção sobre os problemas gerados nessas relações. Com-
plementa afirmando que, embora ambas se assentem em raízes históricas comuns, os
campos de ação de cada uma são profundamente marcados por diferenças conceituais,
ideológicas, institucionais, normativas, culturais, sociopolíticas e econômicas que aca-
bam por estabelecer políticas públicas distintas em suas diretrizes de ação e de compor-
tamento dos agentes públicos por elas responsáveis. A saúde do trabalhador prioriza as
ações de promoção da saúde e hierarquiza a importância entre as causas (MENDES;
DIAS, 1991).

O modelo operário italiano contribuiu de forma bastante significativa para mudan-


ças na relação saúde versus trabalho, inicialmente na Itália, por meio do Estatuto dos
Direitos dos Trabalhadores, Lei n.º 300, de 20/05/1970, em que são incorporadas as
principais reivindicações dos trabalhadores, dentre elas a não monetarização do risco, a
não delegação da vigilância da saúde ao Estado e a técnicos estranhos ao trabalhador,
a validação do saber operário por intermédio de estudos independentes a partir de gru-
pos homogêneos de riscos (SILVA, 2000; FACCHINI, 1991; MENDES; DIAS, 1991;
ODDONE et al., 1986; SIVIERI, 1995; MATTOS e FREITAS, 1994).

Segundo Vasconcellos (2011), a saúde do trabalhador surgiu como fruto de uma


crítica ao modelo trabalhista-previdenciário histórico, cuja identidade está fortemente
vinculada aos campos técnicos da medicina do trabalho e da saúde ocupacional. Como
parte integrante do campo da saúde coletiva, propõem-se a ultrapassar as articulações
simplificadas e reducionistas de causa e efeito de ambas as concepções que são sustenta-
das por uma visão monocausal, entre a doença e um agente específico; ou multicausal,
entre a doença e um grupo de fatores de risco (físicos, químicos, biológicos, mecânicos)
presente no ambiente de trabalho (LACAZ, 1996, 2007; MENDES; DIAS, 1991).

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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

O enfoque na saúde do trabalhador surgiu no Brasil com a 1ª Conferência Nacional


de Saúde dos Trabalhadores, realizada em Brasília, em 1986. Podemos dizer que o con-
ceito já vinha amadurecendo em anos anteriores nos ambientes acadêmicos e sindicais
de diversas instituições brasileiras, em um contexto histórico de transição do regime
político, saindo de uma situação de repressão social (ditadura militar) para a construção
da sociedade civil, em busca da participação e reivindicação social, caracterizadas pela
lógica da cidadania e pela formação de novas leis trabalhistas e mudanças nos sistemas
institucionais (SIMONI, 1989). Portanto, trata-se, conforme comentado anteriormente,
de uma nova visão da relação saúde no mundo do trabalho.

A incorporação da lógica da Saúde Pública, de prevenção de riscos e de promoção da


saúde com a participação dos trabalhadores, em uma perspectiva coletiva, constituindo
o que se denomina como Saúde do Trabalhador, efetivou-se no Brasil a partir da criação
do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988.

A saúde do trabalhador agrega um amplo espectro de disciplinas. Como campo de


saber próprio da saúde coletiva, está composta pelo tripé epidemiologia, administração
e planejamento em saúde e ciências sociais em saúde, ao que se somam disciplinas
auxiliares como demografia, estatística, ecologia, geografia, antropologia, economia,
sociologia, história e ciências políticas, toxicologia, engenharia de produção, ergonomia,
enfermagem, odontologia, entre outras.

Ao superar a visão de saúde ocupacional, a saúde do trabalhador se situa na perspec-


tiva da “saúde como direito”, conforme a tendência internacional e a que foi plasmada
no SUS, de universalização dos direitos fundamentais (VASCONCELLOS, 2007, 2011).

Finalizando, o campo da Saúde do Trabalhador compreende um corpo de práticas


teóricas interdisciplinares – técnicas, sociais, políticas, humanas –, multiprofissionais
e interinstitucionais no âmbito da saúde coletiva. Diversos atores, situados em lugares
sociais distintos e informados por uma perspectiva comum de produção de saúde, de-
senvolvem ações com vistas à promoção da saúde, sempre no âmbito de atuação das
políticas públicas de saúde.

Medicina do Trabalho: a doença

Saúde Ocupacional: o posto


de trabalho

Saúde do Trabalhador: as
relações sociais de produção
(intersetorial, multiprofissional,
postura proativa do trabalhador)

Figura 1

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Destaques importantes da História brasileira
• 1921: Foi criada a Inspeção do Trabalho, circunscrita ao Rio de Janeiro;
• 1926: Com a reforma constitucional, estabeleceu-se a competência da União para
legislar sobre o assunto;
• 1931: Governo Getúlio Vargas foi criado o Departamento Nacional do Trabalho,
com a função de fiscalizar o cumprimento de leis sobre acidentes laborais, jornada,
férias, organização sindical e trabalho de mulheres e menores;
• 1932: Criadas as inspetorias regionais nos estados da federação, posteriormente
transformadas em Delegacias Regionais do Trabalho;
• 1934: Decreto que ampliou a definição de Acidente de Trabalho e traz a obri-
gatoriedade de comunicação de acidentes dessa natureza à autoridade policial
pelo Departamento Nacional do Trabalho, que também previa a imposição de
multas administrativas;
• 1943: Surge no país a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, com ela, as
primeiras referências à higiene e segurança no trabalho. Em um cenário de cres-
cimento das indústrias, resultou no aumento do número de trabalhadores urbanos,
o que, consequentemente, trouxe novas preocupações para o governo brasileiro;
• Na década de 1940, também emergem as Comissões Internas de Prevenção de
Acidentes (CIPA) organizadas pelas empresas. A Portaria do Ministério do Traba-
lho, que criou as CIPA, foi estruturada pela Associação Brasileira de Medicina do
Trabalho e é considerada uma das medidas mais efetivas no contexto das ações
para prevenção dos acidentes do trabalho. As primeiras comissões trouxeram bons
resultados e incentivaram a realização de congressos sobre prevenção de acidentes;
• Em 1947, a OIT adota a Convenção n.º 81, que estabelece que cada membro da
organização deva ter um sistema de inspeção do trabalho nos estabelecimentos
industriais e comerciais. A experiência dos países industrializados transformou-se
na Recomendação n.º 112, de 1959, estabelecida pela OIT, que tratava dos “Servi-
ços de Medicina do Trabalho”. Posteriormente, ela foi substituída pela Convenção
n.º 161 da OIT, de 1985, e sua respectiva Recomendação, de n.º 171.
Importante ressaltar o documento da Convenção n.º 161, que traz em seu artigo 5º:
Sem prejuízo da responsabilidade de cada empregador a respeito da
saúde e a segurança dos trabalhadores que emprega e considerando a
necessidade de que os trabalhadores participem em matéria de saúde
e segurança no trabalho, os serviços de saúde no trabalho deverão
assegurar as funções seguintes que sejam adequadas e apropriadas
aos riscos da empresa para a saúde no trabalho.

• 1966: No Brasil, esse desenvolvimento ocorreu tardiamente e reproduziu o proces-


so dos países do Primeiro Mundo. No campo das instituições, destaca-se também
a criação da Fundacentro, versão nacional dos modelos de institutos desenvolvidos
no exterior a partir da década de 1950;
• Fim da década de 1960: A Medicina do Trabalho já contava com uma legislação
específica, o que melhorou a fiscalização;

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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

• Década de 1970: Obrigatoriedade dos Serviços de Segurança e Medicina do Tra-


balho; introdução do Engenheiro de Segurança do Trabalho;
• 1978: Foram criadas as Normas Regulamentadoras:
» NR 04: Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho;
» NR 05: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;
» NR 06: Equipamentos de Proteção Individual (EPI);
» NR 07: Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO);
» NR 09: Programas de Prevenção de Riscos Ambientais;
» NR 15: Atividades e Operações Insalubres;
» NR 16: Atividades e Operações Perigosas.

Com a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988, a saúde foi elevada à


categoria de direito social. A CF/88 estabeleceu os fundamentos e fixou princípios nor-
teadores da política de saúde brasileira; desenhou o marco institucional encarregado de
executar essa política na forma do Sistema Único de Saúde (SUS) e incorporou uma
definição de saúde abrangente e progressista, em sintonia com o padrão normativo in-
ternacional (AITH; MINHOTO; COSTA, 2009).

A CF 88 incluiu a Saúde do Trabalhador no seu artigo 200 (ANDRADE, 2002):


Artigo 200 – Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atri-
buições, nos termos da lei: [...] II – executar as ações de vigilância sanitária
e epidemiológica bem como as de saúde do trabalhador; [...] VII – cola-
borar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Apesar da promulgação da Constituição em 1988, foi necessário estabelecer como


prioridade a sua regulamentação em todo âmbito federal, sendo criada em 19 de se-
tembro de 1990 a Lei n.º 8080, Lei Orgânica de Saúde (LOS), que dispõe sobre as
condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o fun-
cionamento dos serviços. Nessa regulamentação, atribui-se competências ao SUS no
campo de saúde do trabalhador e considera o trabalho como um fator determinante/
condicionante da saúde (BRASIL, 2002).

Lei n. 8080/1990 – Lei Orgânica de Saúde

Medicina do Trabalho e a relação com outros profissionais


O Código de Ética Médica publicado pela Resolução CFM n.º 1.931/2009 traz como
um dos princípios fundamentais que “as relações do médico com os demais profissionais
devem basear-se no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, bus-
cando sempre o interesse e o bem-estar do paciente”.

É importante nesse momento resgatar um pouco da história discutida anteriormen-


te nesta unidade para entender que as mudanças sociais e nos processos de trabalho

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ressaltam o quanto é fundamental para o trabalhador as práticas multiprofissionais,
assim como conhecer as políticas públicas voltadas para a saúde do trabalhador.

Médico do
Trabalho
Enfermagem
Outros
do Trabalho

Engenheiro
Fisioterapeuta de Segurança
do Trabalho

TRABALHADOR

Técnico de
Fonoaudiólogo Segurança do
Trabalho

Psicólogo Odontologia
do Trabalho
Administra-
ção/Recursos
Humanos

Figura 2

“Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes.” (Paulo Freire)

No Brasil, a Norma Regulamentadora n.º 4 (NR4), cuja existência jurídica está asse-
gurada, em um nível de legislação ordinária, através do artigo 162 da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas
que possuam empregados regidos pela CLT:
[...] de organizarem e manterem em funcionamento um Serviços Es-
pecializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
(SESMT) com a finalidade de promover a saúde e proteger a integrida-
de do trabalhador, no local de trabalho. (PUSTIGLIONE, 2015)

O mesmo autor nos chama atenção para a leitura da NR4 e suas afins, que deixa
claro que o estabelecido por essa norma como missão e ações do SESMT se assemelha
com o que é preconizado pela Occupational Health and Safety Assessment Series
(OHSAS) 18001:2007, como mostra o quadro a seguir:

A OHSAS 18001 foi desenvolvida para ser compatível com as normas de gestão ISO
9001:2000 (Qualidade) e ISO 14001:2004 (Ambiente), a fim facilitar a integração dos siste-
mas de gestão da saúde e segurança do trabalho com os sistemas de gestão ambiental e
com os sistemas de gestão da qualidade, caso as organizações o pretendam fazer.

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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Quadro 1 – Comparação das ações integrativas propostas


pela Occupational Health and Safety Assessment Series e desenvolvidas pelos
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
Ações integrativas da OHSAS Ações integrativas do SESMT
Identificação e avaliação dos fatores e áreas de riscos. Elaboração de mapas e plantas de risco.
Compromisso de seguir uma política de gestão dos riscos Implementação de programa de prevenção de riscos am-
com identificação de objetivos e programas. bientais (PPRA).
Desenvolvimento de programas de capacitação, treina-
Formação das pessoas.
mento e educação continuada.
Implantação de programa de controle médico de saúde
Implantação de processos de controle e estabelecimento
ocupacional (PCMSO) e de sistemas de vigilância da saúde
de procedimentos de medida de vigilância.
e segurança dos trabalhadores.
Capacitação de brigadistas e socorristas e divulgação de
Preparação para situações de emergência.
normas de conduta em casos de emergência.
Adoção de medidas de precaução, implantação de equi-
pamentos de proteção coletiva e individual, análise de
Implantação de medidas de prevenção dos acidentes.
acidentes e incidentes e disseminação de espírito e ati-
tude prevencionista.
Fonte: Pustiglione (2015)

Para encerrar nossa unidade, vamos enfatizar sobre a importância do engenheiro


de segurança do trabalho também conhecer a extensão da consequência de seus atos
no âmbito legal, para que atue de forma regular e condizente com o profissionalismo
necessário à segurança exigida por sua profissão.

A responsabilidade civil do engenheiro está fundamentada no Novo Código Civil


Brasileiro e nas Leis n.º 5.194/66 e 6.496/77, trata da aplicação de medidas que obri-
guem a reparação de dano moral ou patrimonial causado a terceiros. Nesse sentido, a
realização da vistoria periódica dos ambientes de trabalho pode ser de grande valia e
deve ser realizada.

Importante destacar artigos do código civil que dizem respeito à responsabilidade civil
do profissional:
Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusi-
vamente moral, comete ato ilícito.

[...]

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (Arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independen-


temente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a ativi-
dade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Secretaria de Trabalho – Ministério da Economia
https://bit.ly/2ZjCxxN

Vídeos
Normas de Segurança do Trabalho
https://youtu.be/zXMGeesxvG0

Leitura
Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990
https://bit.ly/1RMDgj1
Responsabilidade civil pelos danos à saúde do trabalhador (2016)
https://bit.ly/2ZbguJs

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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Referências
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Estado Democrático de Direito. In: COSTA, E.A, organizadora. Vigilância Sanitária:
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BRASIL. Ministério da Saúde. Decreto n.º 7.602, de 7 de novembro de 2011 – Dispõe


sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST. Brasília, DF, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 – Dispõe so-
bre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990.

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