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O Ambiente

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do Trabalho
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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Verena Emmanuelle Soares Ferreira

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Contextualização Histórica
da Saúde do Trabalhador

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Conceituação e Importância;
• Medicina do Trabalho: Atribuições e Relação
com a Engenharia de Segurança do Trabalho.

Fonte: Getty Images


Objetivos
• Compreender os principais fatos que influenciaram na construção histórica da relação
entre saúde e segurança no trabalho;
• Promover reflexões sobre os desafios, avanços ou perspectivas na promoção da saúde
dos trabalhadores;
• Discutir a atuação do profissional para atuar no campo da engenharia de segurança do tra-
balho, em prol da promoção, prevenção e na saúde dos trabalhadores e do meio ambiente.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Contextualização
Esta Unidade tem a finalidade de partilhar com o estudante informações de como se
tria dados para a construção do conhecimento a respeito dos condicionantes, determi-
nantes, da natureza, dos processos e dos mecanismos de adoecimento dos trabalhadores
quando esses têm relação com as condições e ambientes de trabalho. A unidade é um
ponto de partida para fornecer os instrumentos necessários no sentido de impulsionar
mudanças no contexto social, tecnológico e de políticas públicas que estejam envolvidos
com a Saúde do Trabalhador para assegurar que erros não se repitam e contribuir na
construção de um mundo novo possível. Construindo um olhar sobre o trabalho que seja
um determinante de saúde e vida.

É importante, como profissionais da área da saúde e segurança, entender o contexto


do trabalho e que as consequências das nossas ações e atividades chegam a todos: ao
empregador, aos trabalhadores, familiares e à própria comunidade.

Pensar que a construção histórica do nosso trabalho interfere na construção e for-


mação pessoal e profissional de outras pessoas nos faz buscar de forma contínua o
conhecimento e a qualificação.

Sendo assim, para iniciarmos esta unidade, convidamos você a refletir acerca das
consequências da questão de segurança nas empresas. Veja a reportagem do jornal da
ciência e sobre grandes desastres da engenharia e o quanto aprendemos com os erros
cometidos na história do mundo.

Top 11 erros de engenharia que resultaram em desastres, disponível em: https://bit.ly/2Xgp7Rb

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Conceituação e Importância
Desde os tempos mais remotos, reconhecemos a relação entre saúde e trabalho, sen-
do que o trabalho ocupa um lugar fundamental na vida dos indivíduos. Na pré-história e
história antiga, o trabalho era visto como a busca por fontes primárias de sobrevivência
– abrigo, caça, água. Atualmente, várias outras funções foram agregadas ao sentido do
trabalho, como a busca do bem-estar, a autorrealização ou ainda como fonte de prazer.
Estudos apontam o trabalho também como um importante fator na construção da sub-
jetividade dos indivíduos.
De qualquer maneira, o trabalho não é nunca neutro em relação à
saúde, e favorece seja a doença seja a saúde.

Fonte: Christophe Dejours, A Loucura do Trabalho

Ainda que escassa, desde os papiros egípcios e, mais tarde, na tradição judaica e no
mundo greco-romano, historiadores da Medicina como Henry Sigerist (1891-1957) e
George Rosen (1910-1977) mostravam em seus estudos que já é possível detectar algu-
ma referência sobre a associação entre trabalho e saúde-doença.

Mendes (2013) afirma que, ao menos desde o antigo Egito, reconhece-se a existência
de doenças associadas ao trabalho. Lesões de braços e mãos em pedreiros são descritas
nos papiros de Sellier (DEMBE, 1996), dermatites pruriginosas laborais são citadas no pa-
piro de Ebers (WRIGHT; GOLDMAN, 1979) e havia atendimento médico organizado em
certos locais de trabalho, como minas e pedreiras, na construção de pirâmides e de outros
monumentos, e em expedições à procura de minas de cobre e turquesa (LECA, 1983).

Trabalhos de Hipócrates e outros autores chamavam a atenção para a importância


do ambiente, da sazonalidade, do tipo de trabalho e da posição social como fatores de-
terminantes na produção de doenças. Hipócrates (460-375 a.C.), em seu clássico Ares,
Águas e Lugares, centra-se em ensinamentos ligados às relações entre ambiente – in-
cluindo clima, topografia, qualidade da água e mesmo organização política – e saúde
(SIGERIST, 1951; ROSEN, 1979). Goldwater (1936) menciona o Corpus Hippocraticum
– tratados relativos à saúde escritos por Hipócrates e seus seguidores é a produção que
mais alusões fez às doenças ocupacionais, até Ramazzini (1633-1714).

Na Antiguidade Greco-romana, o trabalho já era visto como um fator gerador e mo-


dificador das condições de viver, adoecer e morrer dos homens. Na antiga Grécia, Titus
Maccius Plautus (c.254-184 a.C) descreveu que artistas e alfaiates possuíam problemas
posturais e que alguns apresentavam sequelas graves em função das posturas peculiares
que eram obrigados a assumir em seus trabalhos (MENDES, 2013).

Não é de estranhar que também em Roma, em um ambiente onde havia grande in-
fluência da cultura grega, de presença frequente e distinta de médicos, e onde se desen-
volveram várias escolas médicas, tenha havido algum direcionamento da prática médica
aos esteios da civilização romana. Assim, legiões militares, as escolas de gladiadores, as
companhias teatrais e as corporações de trabalhadores possuíam seus próprios médi-
cos, voltados ao tratamento de doenças desenvolvidas por esses profissionais. Não há,

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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

nesse período, como em nenhum outro período da história clássica, uma abordagem
exclusiva de cunho ocupacional; os médicos tratavam as doenças de indivíduos organi-
zados por seus ofícios (GIORDANI, 1987).

Importante ressaltar a falta de tratado clássico que se preocupe exclusivamente com


uma ocupação específica e com as doenças a ela relacionadas, ou com uma doença es-
pecífica e as ocupações que poderiam causá-la. Por mais avançado que possa parecer o
pensamento clássico, não se deve esquecer que a medicina e o médico acompanhavam
o percurso da sociedade. O fazer o “bem” (“o princípio da beneficência”) e o não fazer
o “mal” (“o princípio da não maleficência”), bases da moral hipocrática, tinham aplica-
ções diferenciadas óbvias e bem determinadas em sociedades escravagistas. A melhoria
concreta das condições de trabalho e a Medicina como espaço de referencia a essas
mudanças, de modo similar e recorrente a vários momentos da história, mesmo recente,
não se anunciavam enquanto atributo social do saber e da prática dos médicos.

O fim do século XVII pode ser considerado como um divisor de águas na história
do conhecimento sobre as doenças relacionadas ao trabalho, posto que em 1700 foi
publicado o clássico De Morbis Artificium Diatriba [Tratado sobre a Doença dos Traba-
lhadores], de autoria de Bernardino Ramazzini (1633-1714). Ele era médico e professor
de Medicina em Módena e em Pádua, nasceu em Capri, na Itália, no dia 4 de outubro
de 1633. Diatriba, seu texto mais importante, creditou a ele o título de Pai da Medicina
do Trabalho.

Ramazzini, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. 4. ed. São Paulo: Fundacentro,


2016. 321 p. Disponível em: https://bit.ly/2v6iftN

A obra de Ramazzini representa para a evolução da higiene ocupacional o mesmo


que o livro de Versálio para a Anatomia, e o de Morgagni para a Patologia. Percebendo
a grande importância social da saúde ocupacional, Ramazzini se dedicou não apenas
a estudar mórbidas das profissões, mas também a chamar atenção para a aplicação
prática desse conhecimento. Na primeira edição, ele discutiu quarenta e dois grupos de
trabalhadores, entre os quais mineiros, douradores, farmacêuticos, parteiras, padeiros e
moleiros, pintores, oleiros, cantores e soldados. E ampliou a segunda edição, de 1713,
para incluir mais doze grupos, entre os quais impressores, tecelões, amoladores e cava-
dores de poços.

A obra de Ramazzini tem duas partes significativas: é síntese de todo o conhecimen-


to sobre a doença ocupacional, desde os primeiros tempos, e, também, um solo para
novas investigações; é assim um olhar ao passado e uma intimação ao futuro. Esse livro
perdurou como o texto fundamental desse ramo de medicina preventiva até o século
XIX, quando a Revolução Industrial lançou no cenário novos problemas.

A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, aconteceu em um


cenário de muitos prejuízos econômicos, altos índices de acidentes de trabalho, adoeci-
mento devido às péssimas condições de vida e trabalho, precariedade flexibilidade das
relações de trabalho, marcado por reinvindicações dos trabalhadores por mudanças.

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As transformações desencadeadas pela Revolução Industrial trouxeram mudanças
na forma de produzir e de viver das pessoas e, consequentemente, deu novo impulso à
Medicina do Trabalho. Desde então, as mudanças e exigências dos processos produtivos
e dos movimentos sociais, suas práticas, têm se transformado e vêm incorporando novos
enfoques e instrumentos de trabalho, em uma perspectiva mais interdisciplinar, delimitan-
do o campo da Saúde Ocupacional e, mais recentemente, da Saúde dos Trabalhadores.

Medicina do Trabalho: Atribuições


e Relação com a Engenharia de
Segurança do Trabalho
De acordo com Mattos e Másculo (2011), as ações no campo da relação saúde
versus trabalho são resultantes de diferentes conceitos e práxis de diversas correntes que
tentaram, ao longo dos últimos séculos, trazer para si a hegemonia do conhecimento.

Esse modo de análise permitiu que se tipificassem três formas predominantes de


ação e interpretação do campo da saúde e suas relações com o trabalho, designadas pe-
las ciências ligadas ao estudo do trabalho como medicina do trabalho, saúde ocupacional
e saúde do trabalhador.

Medicina do Trabalho
A Medicina do Trabalho, enquanto especialidade médica, surge na Inglaterra na pri-
meira metade do século XIX, com a Revolução Industrial. Naquele momento, o con-
sumo da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo
acelerado e desumano de produção, exigiu uma intervenção, sob pena de tornar inviável
a sobrevivência e reprodução do próprio processo.

As péssimas condições de trabalho e de vida acabavam muitas vezes por compro-


meter a própria produção, em face de grande constância de acidentes e/ou doenças
que reduziam a intensidade produtiva. É dessa maneira, e também como reação à ca-
pacidade de organização de clamor popular, que se impôs o surgimento de novas ações
normativas sanitárias voltadas a esse problema (WAISSMANN; CASTRO, 1996).

Para a manutenção do bem de produção que começava a se impor e de seus con-


troladores, editar novas normas que determinassem algumas melhorias às condições
sanitárias laborais era fundamental. Em parte, as mudanças se deram principalmente
após o Massacre de Peterloo.

Em 1802, surgiu a Health and Morals of Apprentices Act, com a regulamentação


da idade mínima para o trabalho, redução da jornada de trabalho e com medidas para
melhorar o ambiente das fábricas. Essas orientações não eram obedecidas por falta de
um organismo fiscalizador.

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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Em 1833, seguiu-se o Factory Act, lei das fábricas, que ampliava as medidas de prote-
ção dos trabalhadores em todas as fábricas que utilizavam a força hidráulica ou do vapor,
iniciando a contratação de médicos para o controle da saúde dos trabalhadores. É impor-
tante destacar a criação do “Inspetorado de Fábricas”, órgão governamental que, pela pri-
meira vez, entrou no interior das fábricas para verificar se a saúde dos trabalhadores estava
sendo protegida contra os agravos do trabalho (NOGUEIRA, 1984; MENDES, 2013).

Assista ao filme: Peterloo: O Massacre de Manchester (2018). Trailer disponível em:


https://youtu.be/Dj5h1kKjVYc

Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, preocupado com o fato de que
seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a não ser aquele propiciado
por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert Baker, seu médico pessoal, e o
colocou dentro da fábrica para verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas e estabe-
lecer as formas de prevenção. A contratação de Baker para trabalhar na sua fábrica, em
1830, fez surgir o primeiro serviço de medicina do trabalho. Esse modelo se estendeu
por outros países, assim como o processo de industrialização.
De acordo com Mendes e Dias (1991), a medicina do trabalho pode ser conceituada
como: [...] especialidade médica voltada primordialmente para o tratamento (da doença),
a recuperação da saúde, o tratamento dos efeitos ou a diminuição de sequelas causadas
pelos acidentes e as doenças.
O modelo da Medicina do Trabalho se adequou bem ao paradigma taylorista, surgido
no final do século XIX, e foi aperfeiçoado por Henry Ford nas décadas seguintes nos
Estados Unidos, pois favorecia a seleção dos mais aptos, o controle do absenteísmo e o
gerenciamento do retorno ao trabalho dos doentes e acidentados (SILVA, 2000).
Após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento de novas tecnologias com en-
grenagens pesadas, novos instrumentos, a chegada de produtos químicos e a fragmen-
tação crescente das tarefas trouxeram em seu bojo uma crescente demanda por inter-
venção no ambiente de trabalho. Tal processo também ocasionou o deslocamento do
papel do supervisor para a própria máquina, que passou a exercer formas abusivas de
controle da produção através da obrigatoriedade da execução de tarefas mais intensas ou
monótonas. Essas demandas oferecem novas repercussões à saúde dos trabalhadores,
que se traduzem no crescimento do número de acidentes e no aumento das doenças.
Isso exige uma atenção que a medicina sozinha não pode dar conta (DIEESE, 1994).

O pensamento preponderante da
concepção de Medicina do Traba-
lho se orienta pela teoria da unicau-
salidade, ou seja, para cada doença,
um agente etiológico.

A grande crítica que se faz à Medicina do Trabalho é que o pensamento preponderan-


te dessa concepção se orienta pela teoria da unicausalidade, ou seja, para cada doença,
um agente etiológico. Assim, a medicina do trabalho, ao isolar riscos específicos, atua

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sobre suas consequências, medicalizando em função de sintomas e sinais ou, quando
muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida. Dessa forma, não é capaz
de superar o enfoque biológico, ignorando outros fatores que envolvam as relações psi-
cossociais que trazem consequências para a saúde do trabalhador (GOMEZ-MINAYO;
THEDIN-COSTA, 1997).

Conforme afirma Mendes (1980), a medicina do trabalho e a higiene tornaram-se insu-


ficientes para apreender as agora cada vez mais complexas relações entre trabalho e saúde,
havendo a necessidade de uma racionalidade científica mais abrangente, consubstanciada
na saúde ocupacional – melhor elaborada conceitualmente, e que absorva contribuições da
higiene industrial, da toxicologia, da epidemiologia e da própria saúde pública, momento
em que a medicina do trabalho confunde-se, conceitualmente, com a saúde ocupacional.

Saúde Ocupacional
Para Silva (2000), surge como resposta à questão do ambiente insalubre a concepção
de saúde ocupacional, com um clamor multidisciplinar, aliando médicos e engenheiros a
um pensamento que enfatiza a higiene industrial.

Essa nova perspectiva na abordagem da saúde no trabalho retira o enfoque principal


do indivíduo para o ambiente. Busca-se ampliar o caráter técnico do conhecimento, con-
trolando os riscos ambientais e promovendo uma doutrina de asseio para os trabalhado-
res. No entanto, essa abordagem, mesmo preventiva, por si só, demonstra ser limitadora.

A nova perspectiva na aborda-


gem da saúde no trabalho retira
o enfoque principal do indivíduo
para o ambiente.

Fundada em 1919 como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira
Guerra Mundial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem como objetivo pro-
mover a justiça social. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas
internacionais do trabalho (Convenções e Recomendações). As Convenções, uma vez
ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento
jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência
Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião.
Em 1950, o comitê misto da OIT e da Organização Mundial da Saúde (OMS) (1950) de-
finiu, em reunião realizada em Genebra em 1949, a saúde ocupacional como aquela que:
[...] visa à promoção e manutenção, no mais alto grau do bem-estar
físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações; à pre-
venção, entre os trabalhadores, de doenças ocupacionais causadas por
suas condições de trabalho; à proteção dos trabalhadores em seus la-
bores, dos riscos resultantes de fatores adversos à saúde; à colocação e
conservação dos trabalhadores nos ambientes ocupacionais adaptados
às suas aptidões fisiológicas e psicológicas; em resumo: à adaptação do
trabalho ao homem e de cada homem ao seu próprio trabalho.

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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

A saúde ocupacional surge, sobretudo, dentro das grandes empresas, com traços
da multidisciplinar e interdisciplinaridade, com a organização de equipes progressiva-
mente multiprofissionais e a ênfase na higiene “industrial”, refletindo a origem histórica
dos serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países “industrializados”
(MENDES; DIAS, 1991). Nessa abordagem, existe uma valorização dos ambientes de
trabalho e de agentes ambientais, mantendo a atenção nas doenças ocupacionais do
trabalhador produtivo, além da variação do conceito de causalidade, aceitando a multi-
causalidade, quantificação dos riscos ambientais e mantendo o desprezo à análise dos
processos de trabalho e dos modos de organização da produção como geradores de
riscos com o trabalho excluído do contexto social.

Para Porto (1994), o conceito de Saúde Ocupacional se apresenta como multidisci-


plinar, porque envolve profissionais de áreas distintas. Assim, a higiene do trabalho atua
sobre o ambiente: a engenharia de segurança do trabalho está direcionada para índices
de acidente ou à busca dos agentes patogênicos existentes no local de trabalho, lidan-
do com os conceitos de riscos físicos, químicos, biológicos e mecânicos e indicando as
medidas de segurança para cada caso; além disso, há uma medicina do trabalho com
enfoque também assistencial.

A respeito do mesmo tema, é oportuno o enfoque apresentado pelos autores Gomez


Minayo e Thedin-Costa (1997), que afirmam que a saúde ocupacional incorpora a teoria
da multicausalidade, na qual um conjunto de fatores de risco é considerado na produção
da doença, avaliada através da clínica médica e de indicadores ambientais e biológicos.

Ainda hoje, esse modelo é largamente utilizado no mundo, apesar de mostrar-se


inadequado na prevenção dos riscos à saúde decorrentes do trabalho, apresentando
fragilidades tanto do ponto de vista teórico quanto das práticas de saúde (MENDES;
DIAS, 1991).

Mais recentemente, em 1995, o conceito de Saúde Ocupacional, ou Saúde no Traba-


lho, foi revisto e ampliado pelo já citado comitê misto OIT-OMS, tendo sido enunciado
nos seguintes termos:
O principal foco da Saúde no Trabalho deve estar direcionado para três
objetivos: (I) A manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e
de sua capacidade de trabalho; (II) O melhoramento das condições de
trabalho, para que elas sejam compatíveis com a saúde e a segurança;
(III) O desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações de
trabalho que contribuam com a saúde e segurança e promovam um
clima social positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das
empresas. O conceito de cultura empresarial, neste contexto, refere-se
a sistemas de valores adotados por uma empresa específica. Na práti-
ca, ele se reflete pelos sistemas e métodos de gestão, nas políticas de
pessoal, nas políticas de participação, nas políticas de capacitação e
treinamento e na gestão da qualidade. (ANAMT, 2019)

As práticas mais disseminadas eram a seleção de pessoal que, em tese, fosse me-
nos propenso a se acidentar e adoecer, o controle da saúde para evitar problemas de
absenteísmo e os esforços para proporcionar retorno rápido ao trabalho nos casos de

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afastamentos. A medicina do trabalho tornou-se a variável técnica para solucionar os da-
nos à saúde provocados pelos processos produtivos, sem a possibilidade de interferir além
dos preceitos normativos estabelecidos no contrato de trabalho firmado entre patrões e
empregados. Inaugurava-se um campo médico subserviente ao contrato e ao interesse do
capital produtivo (VASCONCELLOS, 2011; VASCONCELLOS; PIGNATTI, 2006).

Saúde do Trabalhador
A insuficiência do modelo da saúde ocupacional não constitui fenômeno pontual e
isolado. Antes, foi e continua sendo um processo que, embora guarde certa especifici-
dade do campo das relações entre trabalho e saúde, tem sua origem e desenvolvimen-
to determinados por cenários políticos e sociais mais amplos e complexos (MENDES;
DIAS, 1991).

Além disso, ainda que esse processo tenha traços comuns que lhe conferem certa uni-
versalidade, ele ocorre em ritmo e natureza próprios, refletindo a diversidade dos mundos
políticos e sociais e as distintas maneiras de os setores de trabalho e saúde se organizarem.

Conforme destaca Vasconcellos (2011), tanto a saúde ocupacional como a saúde do


trabalhador retratam campos de ação sobre as relações saúde-trabalho, na perspectiva
de prevenção e reparação dos danos à saúde no trabalho, que implicam na construção
de conhecimentos e de intervenção sobre os problemas gerados nessas relações. Com-
plementa afirmando que, embora ambas se assentem em raízes históricas comuns, os
campos de ação de cada uma são profundamente marcados por diferenças conceituais,
ideológicas, institucionais, normativas, culturais, sociopolíticas e econômicas que aca-
bam por estabelecer políticas públicas distintas em suas diretrizes de ação e de compor-
tamento dos agentes públicos por elas responsáveis. A saúde do trabalhador prioriza as
ações de promoção da saúde e hierarquiza a importância entre as causas (MENDES;
DIAS, 1991).

O modelo operário italiano contribuiu de forma bastante significativa para mudan-


ças na relação saúde versus trabalho, inicialmente na Itália, por meio do Estatuto dos
Direitos dos Trabalhadores, Lei n.º 300, de 20/05/1970, em que são incorporadas as
principais reivindicações dos trabalhadores, dentre elas a não monetarização do risco, a
não delegação da vigilância da saúde ao Estado e a técnicos estranhos ao trabalhador,
a validação do saber operário por intermédio de estudos independentes a partir de gru-
pos homogêneos de riscos (SILVA, 2000; FACCHINI, 1991; MENDES; DIAS, 1991;
ODDONE et al., 1986; SIVIERI, 1995; MATTOS e FREITAS, 1994).

Segundo Vasconcellos (2011), a saúde do trabalhador surgiu como fruto de uma


crítica ao modelo trabalhista-previdenciário histórico, cuja identidade está fortemente
vinculada aos campos técnicos da medicina do trabalho e da saúde ocupacional. Como
parte integrante do campo da saúde coletiva, propõem-se a ultrapassar as articulações
simplificadas e reducionistas de causa e efeito de ambas as concepções que são sustenta-
das por uma visão monocausal, entre a doença e um agente específico; ou multicausal,
entre a doença e um grupo de fatores de risco (físicos, químicos, biológicos, mecânicos)
presente no ambiente de trabalho (LACAZ, 1996, 2007; MENDES; DIAS, 1991).

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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

O enfoque na saúde do trabalhador surgiu no Brasil com a 1ª Conferência Nacional


de Saúde dos Trabalhadores, realizada em Brasília, em 1986. Podemos dizer que o con-
ceito já vinha amadurecendo em anos anteriores nos ambientes acadêmicos e sindicais
de diversas instituições brasileiras, em um contexto histórico de transição do regime
político, saindo de uma situação de repressão social (ditadura militar) para a construção
da sociedade civil, em busca da participação e reivindicação social, caracterizadas pela
lógica da cidadania e pela formação de novas leis trabalhistas e mudanças nos sistemas
institucionais (SIMONI, 1989). Portanto, trata-se, conforme comentado anteriormente,
de uma nova visão da relação saúde no mundo do trabalho.

A incorporação da lógica da Saúde Pública, de prevenção de riscos e de promoção da


saúde com a participação dos trabalhadores, em uma perspectiva coletiva, constituindo
o que se denomina como Saúde do Trabalhador, efetivou-se no Brasil a partir da criação
do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988.

A saúde do trabalhador agrega um amplo espectro de disciplinas. Como campo de


saber próprio da saúde coletiva, está composta pelo tripé epidemiologia, administração
e planejamento em saúde e ciências sociais em saúde, ao que se somam disciplinas
auxiliares como demografia, estatística, ecologia, geografia, antropologia, economia,
sociologia, história e ciências políticas, toxicologia, engenharia de produção, ergonomia,
enfermagem, odontologia, entre outras.

Ao superar a visão de saúde ocupacional, a saúde do trabalhador se situa na perspec-


tiva da “saúde como direito”, conforme a tendência internacional e a que foi plasmada
no SUS, de universalização dos direitos fundamentais (VASCONCELLOS, 2007, 2011).

Finalizando, o campo da Saúde do Trabalhador compreende um corpo de práticas


teóricas interdisciplinares – técnicas, sociais, políticas, humanas –, multiprofissionais
e interinstitucionais no âmbito da saúde coletiva. Diversos atores, situados em lugares
sociais distintos e informados por uma perspectiva comum de produção de saúde, de-
senvolvem ações com vistas à promoção da saúde, sempre no âmbito de atuação das
políticas públicas de saúde.

Medicina do Trabalho: a doença

Saúde Ocupacional: o posto


de trabalho

Saúde do Trabalhador: as
relações sociais de produção
(intersetorial, multiprofissional,
postura proativa do trabalhador)

Figura 1

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Destaques importantes da História brasileira
• 1921: Foi criada a Inspeção do Trabalho, circunscrita ao Rio de Janeiro;
• 1926: Com a reforma constitucional, estabeleceu-se a competência da União para
legislar sobre o assunto;
• 1931: Governo Getúlio Vargas foi criado o Departamento Nacional do Trabalho,
com a função de fiscalizar o cumprimento de leis sobre acidentes laborais, jornada,
férias, organização sindical e trabalho de mulheres e menores;
• 1932: Criadas as inspetorias regionais nos estados da federação, posteriormente
transformadas em Delegacias Regionais do Trabalho;
• 1934: Decreto que ampliou a definição de Acidente de Trabalho e traz a obri-
gatoriedade de comunicação de acidentes dessa natureza à autoridade policial
pelo Departamento Nacional do Trabalho, que também previa a imposição de
multas administrativas;
• 1943: Surge no país a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, com ela, as
primeiras referências à higiene e segurança no trabalho. Em um cenário de cres-
cimento das indústrias, resultou no aumento do número de trabalhadores urbanos,
o que, consequentemente, trouxe novas preocupações para o governo brasileiro;
• Na década de 1940, também emergem as Comissões Internas de Prevenção de
Acidentes (CIPA) organizadas pelas empresas. A Portaria do Ministério do Traba-
lho, que criou as CIPA, foi estruturada pela Associação Brasileira de Medicina do
Trabalho e é considerada uma das medidas mais efetivas no contexto das ações
para prevenção dos acidentes do trabalho. As primeiras comissões trouxeram bons
resultados e incentivaram a realização de congressos sobre prevenção de acidentes;
• Em 1947, a OIT adota a Convenção n.º 81, que estabelece que cada membro da
organização deva ter um sistema de inspeção do trabalho nos estabelecimentos
industriais e comerciais. A experiência dos países industrializados transformou-se
na Recomendação n.º 112, de 1959, estabelecida pela OIT, que tratava dos “Servi-
ços de Medicina do Trabalho”. Posteriormente, ela foi substituída pela Convenção
n.º 161 da OIT, de 1985, e sua respectiva Recomendação, de n.º 171.
Importante ressaltar o documento da Convenção n.º 161, que traz em seu artigo 5º:
Sem prejuízo da responsabilidade de cada empregador a respeito da
saúde e a segurança dos trabalhadores que emprega e considerando a
necessidade de que os trabalhadores participem em matéria de saúde
e segurança no trabalho, os serviços de saúde no trabalho deverão
assegurar as funções seguintes que sejam adequadas e apropriadas
aos riscos da empresa para a saúde no trabalho.

• 1966: No Brasil, esse desenvolvimento ocorreu tardiamente e reproduziu o proces-


so dos países do Primeiro Mundo. No campo das instituições, destaca-se também
a criação da Fundacentro, versão nacional dos modelos de institutos desenvolvidos
no exterior a partir da década de 1950;
• Fim da década de 1960: A Medicina do Trabalho já contava com uma legislação
específica, o que melhorou a fiscalização;

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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

• Década de 1970: Obrigatoriedade dos Serviços de Segurança e Medicina do Tra-


balho; introdução do Engenheiro de Segurança do Trabalho;
• 1978: Foram criadas as Normas Regulamentadoras:
» NR 04: Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho;
» NR 05: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;
» NR 06: Equipamentos de Proteção Individual (EPI);
» NR 07: Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO);
» NR 09: Programas de Prevenção de Riscos Ambientais;
» NR 15: Atividades e Operações Insalubres;
» NR 16: Atividades e Operações Perigosas.

Com a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988, a saúde foi elevada à


categoria de direito social. A CF/88 estabeleceu os fundamentos e fixou princípios nor-
teadores da política de saúde brasileira; desenhou o marco institucional encarregado de
executar essa política na forma do Sistema Único de Saúde (SUS) e incorporou uma
definição de saúde abrangente e progressista, em sintonia com o padrão normativo in-
ternacional (AITH; MINHOTO; COSTA, 2009).

A CF 88 incluiu a Saúde do Trabalhador no seu artigo 200 (ANDRADE, 2002):


Artigo 200 – Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atri-
buições, nos termos da lei: [...] II – executar as ações de vigilância sanitária
e epidemiológica bem como as de saúde do trabalhador; [...] VII – cola-
borar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Apesar da promulgação da Constituição em 1988, foi necessário estabelecer como


prioridade a sua regulamentação em todo âmbito federal, sendo criada em 19 de se-
tembro de 1990 a Lei n.º 8080, Lei Orgânica de Saúde (LOS), que dispõe sobre as
condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o fun-
cionamento dos serviços. Nessa regulamentação, atribui-se competências ao SUS no
campo de saúde do trabalhador e considera o trabalho como um fator determinante/
condicionante da saúde (BRASIL, 2002).

Lei n. 8080/1990 – Lei Orgânica de Saúde

Medicina do Trabalho e a relação com outros profissionais


O Código de Ética Médica publicado pela Resolução CFM n.º 1.931/2009 traz como
um dos princípios fundamentais que “as relações do médico com os demais profissionais
devem basear-se no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, bus-
cando sempre o interesse e o bem-estar do paciente”.

É importante nesse momento resgatar um pouco da história discutida anteriormen-


te nesta unidade para entender que as mudanças sociais e nos processos de trabalho

16
ressaltam o quanto é fundamental para o trabalhador as práticas multiprofissionais,
assim como conhecer as políticas públicas voltadas para a saúde do trabalhador.

Médico do
Trabalho
Enfermagem
Outros
do Trabalho

Engenheiro
Fisioterapeuta de Segurança
do Trabalho

TRABALHADOR

Técnico de
Fonoaudiólogo Segurança do
Trabalho

Psicólogo Odontologia
do Trabalho
Administra-
ção/Recursos
Humanos

Figura 2

“Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes.” (Paulo Freire)

No Brasil, a Norma Regulamentadora n.º 4 (NR4), cuja existência jurídica está asse-
gurada, em um nível de legislação ordinária, através do artigo 162 da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas
que possuam empregados regidos pela CLT:
[...] de organizarem e manterem em funcionamento um Serviços Es-
pecializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
(SESMT) com a finalidade de promover a saúde e proteger a integrida-
de do trabalhador, no local de trabalho. (PUSTIGLIONE, 2015)

O mesmo autor nos chama atenção para a leitura da NR4 e suas afins, que deixa
claro que o estabelecido por essa norma como missão e ações do SESMT se assemelha
com o que é preconizado pela Occupational Health and Safety Assessment Series
(OHSAS) 18001:2007, como mostra o quadro a seguir:

A OHSAS 18001 foi desenvolvida para ser compatível com as normas de gestão ISO
9001:2000 (Qualidade) e ISO 14001:2004 (Ambiente), a fim facilitar a integração dos siste-
mas de gestão da saúde e segurança do trabalho com os sistemas de gestão ambiental e
com os sistemas de gestão da qualidade, caso as organizações o pretendam fazer.

17
17
UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Quadro 1 – Comparação das ações integrativas propostas


pela Occupational Health and Safety Assessment Series e desenvolvidas pelos
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
Ações integrativas da OHSAS Ações integrativas do SESMT
Identificação e avaliação dos fatores e áreas de riscos. Elaboração de mapas e plantas de risco.
Compromisso de seguir uma política de gestão dos riscos Implementação de programa de prevenção de riscos am-
com identificação de objetivos e programas. bientais (PPRA).
Desenvolvimento de programas de capacitação, treina-
Formação das pessoas.
mento e educação continuada.
Implantação de programa de controle médico de saúde
Implantação de processos de controle e estabelecimento
ocupacional (PCMSO) e de sistemas de vigilância da saúde
de procedimentos de medida de vigilância.
e segurança dos trabalhadores.
Capacitação de brigadistas e socorristas e divulgação de
Preparação para situações de emergência.
normas de conduta em casos de emergência.
Adoção de medidas de precaução, implantação de equi-
pamentos de proteção coletiva e individual, análise de
Implantação de medidas de prevenção dos acidentes.
acidentes e incidentes e disseminação de espírito e ati-
tude prevencionista.
Fonte: Pustiglione (2015)

Para encerrar nossa unidade, vamos enfatizar sobre a importância do engenheiro


de segurança do trabalho também conhecer a extensão da consequência de seus atos
no âmbito legal, para que atue de forma regular e condizente com o profissionalismo
necessário à segurança exigida por sua profissão.

A responsabilidade civil do engenheiro está fundamentada no Novo Código Civil


Brasileiro e nas Leis n.º 5.194/66 e 6.496/77, trata da aplicação de medidas que obri-
guem a reparação de dano moral ou patrimonial causado a terceiros. Nesse sentido, a
realização da vistoria periódica dos ambientes de trabalho pode ser de grande valia e
deve ser realizada.

Importante destacar artigos do código civil que dizem respeito à responsabilidade civil
do profissional:
Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusi-
vamente moral, comete ato ilícito.

[...]

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (Arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independen-


temente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a ativi-
dade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.

18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Secretaria de Trabalho – Ministério da Economia
https://bit.ly/2ZjCxxN

Vídeos
Normas de Segurança do Trabalho
https://youtu.be/zXMGeesxvG0

Leitura
Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990
https://bit.ly/1RMDgj1
Responsabilidade civil pelos danos à saúde do trabalhador (2016)
https://bit.ly/2ZbguJs

19
19
UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador

Referências
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Estado Democrático de Direito. In: COSTA, E.A, organizadora. Vigilância Sanitária:
Temas para Debate. Salvador: EDUFBA; 2009. p. 37-60.

ANAMT. História da Medicina do Trabalho. Disponível em: <https://www.anamt.


org.br/portal/historia-da-medicina-do-trabalho/>. Acesso em 08 de janeiro de 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Decreto n.º 7.602, de 7 de novembro de 2011 – Dispõe


sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST. Brasília, DF, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 – Dispõe so-
bre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990.

FACCHINI, L. A. Modelo operário e percepção de riscos ocupacionais. O uso exemplar


de estudo descritivo. Revista Saúde Pública. São Paulo: 25(5), 1991, pp. 394-400.

GOMEZ, C. M. Campo da Saúde do Trabalhador: Trajetória, Configuração e Trans-


formações. In: GOMEZ, A. M.; MACHADO, J. M. H.; PENA, P. G. L. (Org.) Saúde
do Trabalhador na Sociedade Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Editora
Fiocruz. 2011. p. 23-34.

LACAZ, F. A. C. Saúde do trabalhador: um estudo sobre as formações discursivas da


academia, dos serviços e do movimento sindical. 1996. Tese (Doutorado) – Faculdade de
Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996.

LACAZ, F. C. O campo Saúde do Trabalhador: resgatando conhecimentos e práticas


sobre as relações trabalho-saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23,
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LACAZ, F. A. C. Conhecimentos, práticas em Trabalho-Saúde e as abordagens da medicina


social e da medicina do trabalho no Brasil: final do século XIX até os anos 1950-60. Cad.
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pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-37172007000100007&lng
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MATTOS, U. A. O.; FREITAS, N. B. B. Mapa de Risco no Brasil: As limitações da apli-


cabilidade de um Modelo Operário. Cadernos de Saúde Pública, n. 2, v. 10. Rio de
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MATTOS, U; MÁSCULO, F. (Orgs.). Higiene e Segurança do Trabalho. Rio de Janei-


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MENDES, R.; DIAS, E. C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de


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MENDES, R. (org.) et al. Patologia do trabalho: volume 1. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2013.

MENDES, R. (org.) et al. Patologia do trabalho: volume 2. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2013.

20
MINAYO-GOMEZ, C. Campo da Saúde do Trabalhador: trajetória, configuração e trans-
formações. In: MINAYO-GOMEZ, C.; MACHADO, J. M. H.; PENA, P. G. L. (orgs.).
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ODONNE, I.; MARRI, G.; GLÓRIA, S.; BRIANTE, G.; CHIATELLA, M.; RE, A. Am-
biente de Trabalho: A luta dos trabalhadores pela saúde. São Paulo: Hucitec, 1986.
PORTO, M. F. S. Trabalho industrial, saúde e ecologia. Tese de doutorado do Pro-
grama de Engenharia de Produção COPPE/URFJ, 1994, 258p.
PUSTIGLIONE, M. A importância dos Serviços Especializados em Engenharia de Se-
gurança e Medicina do Trabalho nas certificações de qualidade de empresas e serviços.
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SILVA, C. T. Saúde do trabalhador: um desafio para a qualidade total no He-
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SIVIERI, L. H. Saúde no Trabalho e Mapeamento de Riscos. In: Saúde, meio ambiente
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VASCONCELLOS, L. C. F. Entre a saúde ocupacional e a saúde do trabalhador: as
coisas nos seus lugares. In: VASCONCELLOS, L. C. F.; OLIVEIRA, M. H. B. Saúde,
Trabalho e Direito: uma trajetória crítica e a crítica de uma trajetória. Rio de Janeiro:
Educam, 2011. p. 401-422.
VASCONCELLOS, L. C. F.; PIGNATI, W. A. Medicina do trabalho: subciência ou sub-
serviência? Uma abordagem epistemológica. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janei-
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Sites visitados
<http://renastonline.ensp.fiocruz.br/>.
<https://maisemprego.mte.gov.br/portal/pages/home.xhtml>.
<http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf>.
<http://revistacipa.com.br/>.
<http://trabalho.gov.br/>.
<http://acesso.mte.gov.br/legislacao/>.
<https://www.anamt.org.br/portal/>.
<https://anent.org.br/>.

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O Ambiente
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Doenças do Trabalho
Aqui
Doenças do Trabalho

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Verena Emmanuelle Soares Ferreira

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Doenças do Trabalho

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução;
• Acidente de Trabalho;
• Influência das Doenças do Trabalho na
Produtividade e Bem-estar do Trabalhador;

Fonte: Getty Images


• Doenças Relacionadas
ao Trabalho no Meio Rural.

Objetivos
• Reconhecer os principais agravos relacionados ao trabalho;
• Entender a relação entre agentes ambientais (físicos, químicos e biológicos) e doenças
do trabalho;
• Identificar principais agravos na indústria e no meio rural;
• Compreender a importância dos aspectos epidemiológicos para as ações de prevenção e
promoção à saúde do trabalhador.

Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Doenças do Trabalho

Contextualização
Esta Unidade tem a finalidade de partilhar com o estudante informações sobre os
principais agravos relacionados ao trabalho. Trabalhadores apresentam doenças e aci-
dentes muitas vezes decorrentes do trabalho que executam e dos ambientes a que estão
expostos em função desses trabalhos. Dessa forma, o perfil de adoecimento dos traba-
lhadores depende diretamente da influência do ambiente de trabalho como um determi-
nante ou condicionante do processo de saúde-doença.

A detecção de agravos relacionados ao trabalho não constitui uma atividade recente,


mas a implementação de novas condutas de saúde e segurança são imprescindíveis para
a qualidade de vida do trabalhador.

Ressalta-se que o universo de agravos relacionados ao trabalho é muito extenso. Com


isso, espera-se que os alunos sejam fortalecidos ao se qualificarem e se aproximarem da
temática, para que tenham subsídios para uma abordagem mais direcionada aos traba-
lhadores, entendendo a importância do acompanhamento cotidiano do ambiente de tra-
balho para a intervenção nos ambientes de risco para prevenção de agravos relaciona-
dos ao trabalho e assumindo um papel fundamental no cenário da saúde do trabalhador.

Para iniciarmos esta unidade, convidamos você a refletir acerca das consequências
de um ambiente de trabalho sem as devidas orientações de saúde e segurança. Veja um
documentário denominado Sucata de Plástico no endereço a seguir:

Sucata de Plástico: https://youtu.be/teUY_QMuYMo.

6
Introdução
Os agentes ambientais são agentes existentes nos ambientes de trabalho que, em fun-
ção de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de
causar danos à saúde do trabalhador. Dessa forma, necessita-se que sejam eliminados,
minimizados ou neutralizados e constantemente monitorados.

Esses agentes ambientais podem ser classificados como:


I. Agentes físicos: classificados como as diversas formas de energia a que pos-
sam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões
anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ioni-
zantes, bem como o infrassom e o ultrassom;
II. Agentes químicos: classificados como as substâncias, compostos ou produ-
tos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de
poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da
atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo
através da pele ou por ingestão;
III. Agentes biológicos: classificados como os microrganismos que podem con-
taminar os trabalhadores, como as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, pro-
tozoários, vírus, entre outros.

De acordo com a Norma Regulamentadora n.º 9, que trata Programa de Prevenção


de Riscos Ambientais publicada pela Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978:
9.5.1. Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agen-
tes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de traba-
lho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tem-
po de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

No entanto, é importante destacar outros riscos, como os agentes ergonômicos e


mecânicos (acidentes), citados a seguir:
I. Agentes ergonômicos: qualquer fator que possa interferir nas características
psicológicas e fisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando
sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento de peso, rit-
mo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de
trabalho etc.;
II. Agentes mecânicos ou de acidentes: qualquer fator ou circunstância que
coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade
e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de risco de acidente: as má-
quinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão,
arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado etc.

Em maio de 1999, o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) decidiu


adotar a relação que estava sendo elaborada pelo Ministério da Saúde, publicando-a,
no momento, como Anexo II do Decreto n.º 3048/99. No mesmo ano, o Ministério da
Saúde publicou a mesma lista sob o título de Lista de Doenças Relacionadas ao Tra-
balho, que se deu pela Portaria n.º 1339/99.

7
7
UNIDADE
Doenças do Trabalho

Do ponto de vista conceitual, preferiu-se trabalhar com a compreensão ampla de


“doenças relacionadas com o trabalho”, o que permitiu a superação da confusa de-
nominação ou – talvez – da sutil diferença entre doenças profissionais e doenças do
trabalho, presentes na conceituação legal (Lei n.º 8213/91). Consequentemente, foram
incluídas nas listas pelo menos três categorias, que, segundo a classificação proposta por
Schilling (1984), abrangem:
• Grupo I: Doenças que o trabalho é causa necessária, tipificadas pelas “doenças
profissionais” e pelas intoxicações profissionais agudas;
• Grupo II: Doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco, contributivo,
mas não necessário, exemplificadas por todas as doenças “comuns”, mais frequente
ou mais precoce em determinados grupos ocupacionais, sendo que o nexo causal
é de natureza eminentemente epidemiológica. As neoplasias em determinados gru-
pos ocupacionais ou profissões constitui um exemplo típico;
• Grupo III: Doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente,
ou agravador de doença já estabelecida ou preexistente, ou seja, concausa,
tipificadas pelas doenças alérgicas da pele e respiratórias e pelos distúrbios mentais,
em determinados grupos ocupacionais ou profissão.

Desde 2004, o Ministério da Saúde tornou obrigatória a notificação compulsória de


agravos relacionados ao trabalho. As portarias que tratam dos agravos desses agravos,
que estão em vigor, são Portaria n.º 204/2016 e Portaria n.º 205/2016. São agra-
vos de notificação compulsória, para efeitos dessas portarias: (I) Acidente de Trabalho
Fatal; (II) Acidentes de Trabalho Grave; (III) Acidentes do Trabalho em Crianças e Ado-
lescentes; (IV) Acidente com Exposição a Material Biológico; (V) Intoxicações Exóge-
nas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados);
(VI) Dermatoses Ocupacionais; (VII) Lesões por Esforços Repetitivos (LER)/Distúrbios
Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT); (VIII) Pneumoconioses; (IX) Perda
Auditiva Induzida por Ruído – PAIR; (X) Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho;
e (XI) Câncer Relacionado ao Trabalho.

Acidente de Trabalho
Fórum Acidentes do Trabalho, acesse o link: http://bit.ly/2Gy1f4Z.

O acidente de trabalho (AT) configura como um importante problema de saúde pública


devido à sua elevada incidência e seu grande impacto na morbimortalidade da população.
A Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991, em seu Art. 19, define o conceito de AT como:
Aquele que ocorre durante o exercício do trabalho, que provoca lesão
corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução
permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Conside-
rando igualmente os agravos ocorridos no percurso da residência do
trabalhador até seu local de trabalho e vice-versa.

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De acordo com o Ministério da Fazenda, entre 2012 e 2016, foram registrados
3,5  milhões de casos de acidente de trabalho em 26 estados e no Distrito Federal.
Esses casos resultaram na morte de 13.363 pessoas e geraram um custo de R$22,171
bilhões para os cofres públicos, com gastos da Previdência Social, como auxílio-do-
ença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente para pessoas
que ficaram com sequelas. Nos últimos cinco anos, 450 mil pessoas sofreram fraturas
enquanto trabalhavam.

O que muda com a Lei n.º 13.467, de 13 de julho de 2017, que altera a CLT?

Com a divulgação da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo IBGE em


parceria com o Ministério da Saúde, pode-se verificar uma discrepância entre os dados
relacionados a acidentes de trabalho dessa pesquisa e aqueles registrados na base de
dados do Ministério da Previdência Social. Nesse primeiro boletim, o objetivo foi anali-
sar dados da PNS comparados com os dados de registros no AEPS (Anuário Estatístico
da Previdência Social) de 2013. A comparação mostrou que a PNS aponta números
de quase 7 vezes os da previdência, sendo que há maior variação entre as unidades da
Federação da região Norte e Nordeste.

O Ministério da Saúde classifica o Acidente de Trabalho em:


• Acidente de Trabalho Fatal: é o óbito que ocorre no ambiente de trabalho ou no
percurso de ida ou volta ao trabalho ou durante o exercício do trabalho (quando
o trabalhador estiver realizando atividades relacionadas à sua função, ou a serviço
do empregador ou representando os interesses do mesmo). O óbito pode ocorrer
imediatamente após o acidente ou posteriormente, em ambiente hospitalar ou não,
desde que a causa básica, intermediária ou imediata da morte seja decorrente do
acidente de trabalho;

Setores mais perigosos, responsáveis pelo maior número de acidentes: http://bit.ly/2GvYS2B.

• Acidentes de Trabalho Grave: é o acidente que ocorre no ambiente de trabalho ou


no percurso de ida ou volta ao trabalho ou durante o exercício do trabalho (quando
o trabalhador estiver realizando atividades relacionadas à sua função, ou a serviço
do empregador ou representando os interesses do mesmo), ocasionando lesão que
resulte em internação hospitalar; incapacidade para as ocupações habituais por
mais de 30 dias, incapacidade permanente para o trabalho, queimaduras graves,
politraumatismo, fraturas, amputações, esmagamentos, luxações, traumatismo crâ-
nio encefálico; desmaio (perda de consciência) provocado por asfixia, choque elé-
trico ou outra causa externa; qualquer outra lesão, levando à hipotermia, doença
induzida pelo calor ou inconsciência, requerendo ressuscitação; aceleração de parto
ou aborto decorrente do acidente;
• Acidentes do Trabalho em Crianças e Adolescentes: é o acidente de trabalho
que, independentemente da sua gravidade, acontece com indivíduos menores de
18 anos, na data de sua ocorrência.

A nova CLT e o acidente no percurso para o trabalho: http://bit.ly/2Gs1bUc.

9
9
UNIDADE
Doenças do Trabalho

Acidentes de Trabalho com Exposição a Material Biológico


Definidos como acidentes de trabalho envolvendo exposição direta ou indireta do
trabalhador a material biológico – fluidos orgânicos, humanos ou de animais, que são
potencialmente infectantes (secreções sexuais, líquor cefalorraquidiano e líquidos peri-
toneal, pleural, sinovial, pericárdico e amniótico; escarro, suor, lágrima, urina, vômitos,
fezes, secreção nasal; saliva e fluidos animais).

A assistência ao trabalhador deve ocorrer imediatamente após o acidente e, inicial-


mente, basear-se em uma adequada anamnese do acidentado, identificação da fonte do
material biológico (quando for o caso), análise do risco, notificação do acidente e orien-
tação de manejo e medidas de cuidado com o local exposto.

As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados são


um sério risco aos profissionais em seus locais de trabalho. Estudos desenvolvidos nessa
área mostram que os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos correspon-
dem às exposições mais frequentemente relatadas (BRASIL, 2011).

Os ferimentos com agulhas e material perfurocortantes, em geral, são considerados


extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir patógenos
diversos, sendo o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o da hepatite B e o da hepa-
tite C os agentes infecciosos mais comumente envolvidos (BRASIL, 2011).

Intoxicações Exógenas (por Substâncias Químicas,


Incluindo Agrotóxicos, Gases Tóxicos e Metais Pesados)
Intoxicação exógena é o conjunto de efeitos nocivos representados por mani-
festações clínicas ou laboratoriais que revelam o desequilíbrio orgânico produzido
pela interação de um ou mais agentes tóxicos com o sistema biológico. Os agentes
tóxicos são substâncias químicas, quase sempre de origem antropogênica, capaz de
causar dano a um sistema biológico, alterando uma ou mais funções, podendo pro-
vocar a morte (sob certas condições de exposição). De modo geral, a intensidade da
ação do agente tóxico será proporcional à concentração e ao tempo de exposição
(BRASIL, 2017).

Os complexos eventos envolvidos na intoxicação, desde a exposição às substâncias


químicas até o aparecimento de sinais e sintomas, podem ser desdobrados, para fins de
operacionalização da vigilância em saúde, em quatro fases descritas, tradicionalmente,
como as fases da intoxicação: fase de exposição, fase toxicocinética, fase toxicodinâmi-
ca e fase clínica. A compreensão dessas fases permite definir melhor as abordagens do
ponto de vista de vigilância em saúde, assistência, prevenção e promoção da saúde das
populações expostas e intoxicadas por substâncias químicas.

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Dermatoses Ocupacionais
É toda alteração das mucosas, pele e seus anexos, que seja direta ou indiretamente
causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupa-
cional ou no ambiente de trabalho (BRASIL, 2006c).

Dois grandes grupos de fatores podem ser enumerados como condicionadores de


dermatoses ocupacionais:
• Causas indiretas ou fatores predisponentes;
• Causas diretas, que são constituídas por agentes biológicos, físicos, químicos, exis-
tentes no meio ambiente e que atua riam diretamente sobre o tegumento, quer cau-
sando, quer agravando dermatose preexistente (BIRMINGHAM, 1998). Os agentes
biológicos, físicos e químicos podem causar dermatoses ocupacionais ou funcionar
como fatores desencadeantes, concorrentes ou agravantes. Os agentes biológicos
mais comuns são: bactérias, fungos, leveduras, vírus e insetos.

Dentre os agentes físicos, os principais são: radiações não ionizantes, calor, frio, ele-
tricidade. E quanto aos agentes químicos, os principais são:
• Irritantes: cimento, solventes, óleos de corte, detergentes, ácidos e álcalis;
• Alérgenos: aditivos da borracha, níquel, cromo e cobalto como contaminantes do
cimento, resinas, tópicos usados no tratamento de dermatoses.

As principais dermatoses apontadas em estudos são: dermatites de contato por ir-


ritantes; dermatites alérgicas de contato; dermatite de contato com fotossensibilização;
ulcerações; urticária de contato; erupções acneiformes; discromias; distrofias ungueais –
onicopatias e Câncer cutâneo ocupacional.

Lesões por Esforços Repetitivos (LER)/Distúrbios


Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (Dort)
As lesões por esforços repetitivos e os distúrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho são, por definição, um fenômeno relacionado ao trabalho. Ambos são danos
decorrentes da utilização excessiva, imposta ao sistema musculoesquelético, e da falta
de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas, con-
comitantes ou não, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, tais
como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga. Abrangem quadros clínicos do sistema
musculoesquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de
trabalho (BRASIL, 2012).

Para o Ministério da Saúde, a etiologia dos casos de LER/Dort é multifatorial. Dife-


rentemente de uma intoxicação por metal pesado, cuja etiologia é identificada e mensu-
rável, nos casos de LER/Dort, é importante analisar os vários fatores de risco envolvidos
direta ou indiretamente. Os fatores de risco não são necessariamente as causas diretas
de LER/Dort, mas podem gerar respostas que produzem as lesões ou os distúrbios.
Na  maior parte das vezes, tais fatores foram estabelecidos por meio de observações
empíricas e depois confirmados com estudos epidemiológicos.

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UNIDADE
Doenças do Trabalho

Os fatores de risco não são independentes: interagem entre si e devem ser sempre
analisados de forma integrada. Envolvem aspectos biomecânicos, cognitivos, sensoriais,
afetivos e de organização do trabalho. Por exemplo, fatores organizacionais como carga
de trabalho e pausas para descanso podem controlar fatores de risco quanto à frequên-
cia e à intensidade.

Na caracterização da exposição aos fatores “físicos” de risco não organizacionais,


quatro elementos se destacam:

Tabela 1
Regiões anatômicas submetidas
Punho, cotovelo, ombro, mão, pescoço etc.
aos fatores de risco.
Para carga musculoesquelética, por exemplo, pode ser o peso do objeto
Magnitude ou intensidade
levantado. Para características psicossociais do trabalho, pode ser a percepção do
dos fatores de risco.
aumento da carga de trabalho.
Variação de tempo dos fatores de risco. Duração do ciclo de trabalho, distribuição das pausas, estrutura de horários etc.
O tempo de latência das lesões e dos distúrbios pode variar de dias a décadas
Tempo de exposição aos fatores de risco.
(KIVI, 1984; CASTORINA, 1990).

Apresentamos, a seguir, algumas doenças que podem ser relacionadas ao trabalho e


que especificamente podem ser enquadradas como LER/Dort. Elas constam da Lista de
Doenças Relacionadas ao Trabalho do Ministério da Saúde (BRASIL, 1999) e do Minis-
tério da Previdência Social:
• Síndrome cervicobraquial (M53.1);
• Dorsalgia (M54.);
• Cervicalgia (M54.2);
• Sinovites e tenossinovites (M65.);
• Dedo em gatilho (M65.3);
• Tenossinovite do estiloide radial
(De Quervain) (M65.4);
• Bursite da mão (M70.1);
• Lesões do ombro (M75.);
• Epicondilite medial (M77.0);
Figura 1
• Dentre outros agravos. Fonte: Getty Images

Pneumoconioses
As pneumopatias relacionadas etiologicamente à inalação de poeiras em ambientes
de trabalho são genericamente designadas como Pneumoconioses (do grego, conion
= poeira). São excluídas dessa denominação as alterações neoplásicas, as reações de
vias aéreas, como asma e a bronquite, e o enfisema. Apesar de esse conceito englo-
bar a maior parte das alterações pulmonares envolvendo o parênquima, alguns autores
apontam para o fato de que o termo pneumoconiose pode não ser adequado quando

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aplicado a determinadas pneumopatias mediadas por processos de hipersensibilidade,
atingindo o parênquima pulmonar, como as alveolites alérgicas por exposição a poeiras
orgânicas e outros agentes, a doença pulmonar pelo berílio ou a pneumopatia pelo co-
balto, por exemplo.

Essas considerações têm importância quando se estudam os processos fisiopatogêni-


cos subjacentes a essas doenças. Para fins práticos, no entanto, o termo Pneumoconiose
é utilizado para designar genericamente as doenças pulmonares causadas por inalação
de poeiras independente do processo fisiopatogênico envolvido.

As pneumoconioses podem, didaticamente, ser divididas em fibrogênicas e não fi-


brogênicas, de acordo com o potencial da poeira em produzir fibrose reacional. Apesar
de existirem tipos bastante polares de pneumoconioses fibrogênicas e não fibrogênicas,
como a silicose e a asbestose, de um lado, e a baritose, de outro, existe a possibilidade
fisiopatogênica de poeiras tidas como não fibrogênicas produzirem algum grau de fibro-
se dependendo da dose, das condições de exposição e da origem geológica do material.

Entende-se por “asbesto”, também denominado amianto, a forma fibrosa dos silicatos minerais per-
tencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas. Entende-se por “exposição ao asbesto”,
a exposição no trabalho às fibras de asbesto respiráveis ou poeira de asbesto em suspensão no ar origi-
nada pelo asbesto ou por minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto. Os registros das ava-
liações dos trabalhadores expostos deverão ser mantidos por um período não inferior a 30 (trinta) anos.

1. Pneumoconioses não fibrogênicas: Caracterizam-se, do ponto de vista histo-


patológico, por lesão de tipo macular com deposição intersticial peribronquiolar
de partículas, fagocitadas ou não, com nenhum ou discreto grau de desarranjo
estrutural, além de leve infiltrado inflamatório ao redor, com ausência ou discreta
proliferação fibroblástica e de fibrose. Na dependência do conhecimento do tipo
de poeira inalada, a pneumoconiose leva denominação específica como siderose
(Fe), baritose (Ba), estanose (Sn) etc.;
2. Pneumoconioses fibrogênicas: Como o termo diz são as reações pulmonares
à inalação de material particulado que leva à fibrose intersticial do parênquima
pulmonar. A seguir, são comentados sinteticamente os mecanismos implicados
no desenvolvimento das principais doenças, como: silicose e asbestose; pneu-
monite por hipersensibilidade; pneumoconiose por metal duro; pneumoconio-
se dos trabalhadores de carvão (PTC); beriliose ou doença crônica por berílio;
pneumopatia por poeira mista

Não respire contem amianto: http://bit.ly/2Gtx8vj.

Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair)


Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair) é a perda provocada pela exposição por
tempo prolongado ao ruído. Configura-se como uma perda auditiva do tipo neuros-
sensorial, geralmente bilateral, irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao
ruído (CID 10 – H 83.3).

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UNIDADE
Doenças do Trabalho

Consideram-se como sinônimos: perda auditiva por exposição ao ruído no trabalho,


perda auditiva ocupacional, surdez profissional, disacusia ocupacional, perda auditiva
induzida por níveis elevados de pressão sonora, perda auditiva induzida por ruído ocu-
pacional, perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de
pressão sonora de origem ocupacional.

Quando o ruído é intenso e a exposição a ele é continuada, em média 85 dB por


oito horas por dia, ocorrem alterações estruturais na orelha interna, que determinam a
ocorrência da Pair (CID 10 – H83.3). A Pair é um dos agravos mais frequente à saúde
dos trabalhadores, estando presente em diversos ramos de atividade, principalmente
siderurgia, metalurgia, gráfica, têxteis, papel e papelão, vidraria, entre outros.

Além dos sintomas auditivos frequentes – quais sejam, perda auditiva, dificuldade de
compreensão de fala, zumbido e intolerância a sons intensos –, o trabalhador portador
de Pair também apresenta queixas como cefaleia, tontura, irritabilidade e problemas
digestivos, entre outros.

Morata e Lemasters (2001) observam a importância de estudos sobre a Pair, utilizando


o método epidemiológico, o que traz confiabilidade aos resultados obtidos e permite a re-
produção desses mesmos estudos. Quando a exposição ao ruído é de forma súbita e muito
intensa, pode ocorrer o trauma acústico, lesando, temporária ou definitivamente, diversas
estruturas do ouvido. Outro tipo de alteração auditiva provocado pela exposição ao ruído
intenso é a mudança transitória de limiar, que se caracteriza por uma diminuição da acui-
dade auditiva que pode retornar ao normal, após um período de afastamento do ruído.

A Norma Regulamentadora n.º 15 estabelece os limites de exposição a ruído contínuo e o limite de


tolerância para ruído do tipo impacto será de 130 dB. Nos intervalos entre os picos, o ruído existente
deverá ser avaliado como ruído contínuo.
As ações de controle da Pair estão relacionadas ao controle do ruído. São as medidas de controle da
exposição na fonte, na trajetória e no indivíduo. Além dessas, podemos dispor de medidas organizacio-
nais, como redução de jornada, estabelecimento de pausas e mudança de função.

A avaliação audiológica periódica permite o acompanhamento da progressão da per-


da auditiva, que pode variar de acordo com a intensidade e com o tempo de exposição,
além da suscetibilidade individual. A velocidade da progressão da perda auditiva determi-
nará a eficácia das medidas de proteção tomadas e a necessidade da aplicação de outras.
Os efeitos extra-auditivos devem ser considerados nessa avaliação, apesar de não serem
previstos pela legislação.

Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho


Segundo estimativa da OMS, os transtornos mentais menores acometem cerca de
30% dos trabalhadores ocupados, e os transtornos mentais graves, cerca de 5 a 10%.
A definição de disfunções e incapacidades causadas pelos transtornos mentais e do com-
portamento, relacionados ou não com o trabalho, é bem difícil. Os indicadores e parâ-
metros propostos pela Associação Médica Americana (AMA) organizam a disfunção ou
deficiência causadas pelos transtornos mentais e do comportamento em quatro áreas:

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• Limitações em atividades da vida diária: que incluem atividades como autocuida-
do, higiene pessoal, comunicação, deambulação, viagens, repouso e sono, atividades
sexuais e exercícios de atividades sociais e recreacionais. O que é avaliado não é sim-
plesmente o número de atividades que estão restritas ou prejudicadas, mas o conjunto
de restrições ou limitações que, eventualmente, afetam o indivíduo como um todo;
• Exercício de funções sociais: refere-se à capacidade do indivíduo de interagir
apropriadamente e comunicar-se eficientemente com outras pessoas. Inclui a ca-
pacidade de conviver com outros, tais como membros de sua família, amigos, vizi-
nhos, atendentes e balconistas no comércio, zeladores de prédios, motoristas de táxi
ou ônibus, colegas de trabalho, supervisores ou supervisionados, sem alterações,
agressões ou sem o isolamento do indivíduo em relação ao mundo que o cerca;
• Concentração, persistência e ritmo: também denominados capacidade de com-
pletar ou levar a cabo tarefas. Esses indicadores ou parâmetros referem-se à capa-
cidade de manter a atenção focalizada o tempo suficiente para permitir a realização
cabal, em tempo adequado, de tarefas comumente encontradas no lar, na escola ou
nos locais de trabalho. Essas capacidades ou habilidades podem ser avaliadas por
qualquer pessoa, principalmente se for familiarizada com o desempenho anterior,
basal ou histórico do indivíduo. Eventualmente, a opinião de profissionais psicólo-
gos ou psiquiatras, com bases mais objetivas, poderá ajudar na avaliação;
• Deterioração ou descompensação no trabalho: refere-se a falhas repetidas na
adaptação a circunstâncias estressantes. Frente a situações ou circunstâncias mais
estressantes ou de demanda mais elevada, os indivíduos saem, desaparecem ou
manifestam exacerbações dos sinais e sintomas de seu transtorno mental ou com-
portamental. Em outras palavras, descompensam e têm dificuldade de manter as
atividades da vida diária, o exercício de funções sociais e a capacidade de completar
ou levar a cabo tarefas. Aqui, situações de estresse, comuns em ambientes de traba-
lho, podem incluir o atendimento de clientes, a tomada de decisões, a programação
de tarefas, a interação com supervisores e colegas.

Lista de transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, de acordo com


a Portaria/MS n.° 1.339/1999.

A prevenção dos transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho


baseia-se nos procedimentos de vigilância dos agravos à saúde e dos ambientes e das
condições de trabalho. Utilizam conhecimentos médico-clínicos, epidemiológicos, de
higiene ocupacional, toxicologia, ergonomia, psicologia, entre outras disciplinas, va-
lorizando a percepção dos trabalhadores sobre seu trabalho e a saúde. Baseia-se nas
normas técnicas e regulamentos vigentes, envolvendo:
• Reconhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam substân-
cias químicas, agentes físicos e/ou biológicos e os fatores de risco decorrentes da
organização do trabalho potencialmente causadores de doença;
• Identificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde, decorrentes da ex-
posição aos fatores de risco identificados;

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UNIDADE
Doenças do Trabalho

• Identificação e proposição de medidas que devem ser adotadas para a eliminação


ou o controle da exposição aos fatores de risco e para proteção dos trabalhadores;
• Educação e informação aos trabalhadores e empregadores.

Câncer relacionado ao trabalho


As concentrações de substâncias cancerígenas, em geral, são maiores nos locais
de trabalho do que em outros ambientes extralaborais. Segundo as estimativas da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), aproximadamente 440 mil pessoas
morreram no mundo em 2005 como consequência da exposição a substâncias pe-
rigosas no trabalho. Mais de 70% dessa cifra, ou seja, aproximadamente 315 mil
pessoas morreram de câncer relacionado ao trabalho. Uma proporção significativa
dos casos de câncer decorrente do trabalho teve como causa a exposição ao amianto
(OIT, 2009; EUROGIP, 2010).

O primeiro relato associando câncer à ocupação foi descrito por Percival Pott, em
1775, relacionando câncer de escroto em limpadores de chaminé como decorrente da
exposição à fuligem. Todavia, o modelo experimental da carcinogenicidade da fuligem
só foi demonstrado em 1920, ou seja, 150 anos depois da primeira observação epide-
miológica (OIT, 2009).

A associação de câncer com causas ocupacionais tem sido demonstrada por meio
de estudos epidemiológicos. A partir de 1965, com a criação da IARC pela Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS), ficou a cargo dessa Agência o consenso internacional
para o reconhecimento do caráter cancerígeno das substâncias, agentes ou outras
formas de exposição. No que tange à exposição ocupacional, o papel da IARC tem
sido fundamental no sentido de reconhecer os ambientes complexos e as múltiplas
exposições que ocorrem no ambiente de trabalho e que não permitem a identificação
de agentes isolados.

No Brasil, a legislação específica do Ministério do Trabalho e Emprego reconhece


como agentes cancerígenos apenas cinco substâncias: benzeno, 4-aminodifenil, benzidina,
beta-naftilamina e 4-nitrodifenil. Porém, agentes reconhecidamente cancerígenos, como
radiação ionizante, amianto e a sílica estão entre as que possuem exposições toleradas.

Benzeno é um hidrocarboneto aromático encontrado no estado líquido incolor, liposso-


lúvel, volátil, inflamável, de odor característico. A exposição ao benzeno pode causar in-
toxicação aguda e crônica. O benzeno é um agente mielotóxico regular, leucemogênico e
cancerígeno até mesmo em doses inferiores a 1ppm. Uma das doenças que o benzeno e
seus homólogos tóxicos podem provocar é a leucemia.

Dessa forma, adota-se no país a concepção de “níveis seguros” para a exposição


ocupacional a maior parte dos cancerígenos, o que conflita com o atual conhecimento
científico sobre carcinogênese, que não reconhece limites seguros para a exposição do
trabalhador aos agentes cancerígenos (BRASIL, 2012).

Anexo XI – Norma Regulamentadora Nº 15.

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Quanto à forma de utilização das substâncias químicas, importantes compostos can-
cerígenos encontram-se entre os metais pesados, os agrotóxicos, os solventes, formal-
deído e as poeiras. Existem diferentes formas de classificação para o mesmo agente.
As restrições para a exposição a substâncias químicas baseadas no conhecimento da
toxicidade potencial ou da carcinogenicidade são bastante recentes.

Nuvem de Veneno: https://youtu.be/jZ1QUAxFaxs.

A IARC adota como metodologia, para elaborar suas publicações, a constituição de


grupos de especialistas internacionais para produzir consensos do estado da arte das
pesquisas. Os consensos são divulgados através de monografias temáticas, servem de
referência para as recomendações da OMS e adotam como classificação quatro grupos
(IARC, 2010), conforme descritos a seguir:
• Grupo 1: O agente (mistura) é cancerígeno para humanos;
• Grupo 2: O agente é provavelmente cancerígeno para humanos (2A) ou possivel-
mente cancerígeno para humanos (2B);
• Grupo 3: O agente não é classificável como cancerígeno;
• Grupo 4: O agente (mistura) é provavelmente não cancerígeno para humanos.

Influência das Doenças do Trabalho na


Produtividade e Bem-estar do Trabalhador
A saúde e o bem-estar do trabalhador influenciam diretamente na sua produtividade.
Para Martinez e Paraguay (2003), a satisfação no trabalho tem sido definida de diferentes
maneiras, dependendo do referencial teórico adotado. As conceituações mais frequentes
referem-se à satisfação no trabalho como sinônimo de motivação, como atitude ou como
estado emocional positivo, havendo, ainda, os que consideram satisfação e insatisfação
como fenômenos distintos, opostos.

No entanto, o comprometimento do empregador com a saúde do trabalhador e na


prevenção de riscos gera uma resposta positiva, além de proporcionar um ambiente no
qual os trabalhadores executam suas tarefas com mais satisfação. Aumentando o nível
de produtividade das equipes, reduzindo o número de adoecimentos, como a depressão,
a ansiedade e o estresse.

É necessário mudar o paradigma de que a saúde do trabalhador seja apenas um gasto


desnecessário ou desperdício de dinheiro, visualizando que o investimento que gera
retorno está diretamente relacionado com a motivação e o bem-estar das pessoas, bem
como com os resultados da organização.

Investir em segurança do trabalho deve estar para além de uma obrigação im-
posta pela lei. Quando, de fato, o empregador se preocupa e aposta na área de

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UNIDADE
Doenças do Trabalho

saúde e segurança, os resultados alcançados podem ser significativamente melhores.


A melhor alternativa é envolver toda a equipe e fazer com que as regras sirvam para
motivar a satisfação e o bem-estar.

Cuidar da saúde do trabalhador é um desafio para o empregador e a sociedade.


Muitos são os desafios que precisam ser superados, por exemplo, o envelhecimento da
população. As ações tomadas devem ser preventivas, evitando o surgimento de proble-
mas futuros.

Atuar no campo da Saúde do Trabalhador demanda abandonar o conforto das certe-


zas das causas e construir argumentos na imprevisibilidade da realidade (LIEBER, 2008).
Suscita dificuldades, porque a complexidade do objeto não permite ser “engessado” em
rotinas e atitudes técnicas padronizadas. Pelo contrário, exige criatividade, pesquisa e
envolvimento social direto e permanente (RIBEIRO, 2013).

Doenças Relacionadas
ao Trabalho no Meio Rural
No âmbito rural o direito brasileiro regulou a atividade do trabalhador, inicialmente
pela Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, e pelo Decreto nº 73.626, de 12 de fevereiro
de 1974. Mais tarde, em 1988, a Constituição Federal, no seu art. 7º equipara em di-
reitos o trabalhador rural ao urbano. O meio onde o trabalhador exerce suas atividades
pode apresentar riscos à sua integridade física e psicológica (CERVI, 2015).

A agropecuária é um dos ramos mais crescentes no Brasil. Porém, o uso indiscri-


minado de algumas substâncias, a carga horária excessiva e as precárias condições de
trabalho vêm favorecendo o surgimento de algumas doenças relacionadas ao mesmo,
assim como a incidência de acidentes de trabalho.

No Brasil, a prática da atividade laboral rural é exercida principalmente por homens,


porém, a presença das mulheres também está presente nesse meio, sendo que elas
exercem, além das atividades na lavoura ou plantio, as atividades domésticas e, ainda, a
educação dos filhos (LIMA; BONOW; BARTH, 2014).

Levantamentos da Organização Mundial de Saúde apontam a atividade agrícola


como uma das mais perigosas em relação à saúde e segurança do trabalhador. Estu-
dos diversos têm confirmado o caráter insalubre das atividades rurais, demonstran-
do o aumento no número de acidentes, lesões e doenças de toda ordem (ALVES;
GUIMARÃES, 2012).

Segundo Laurell e Noriega (1989), os riscos, fatores de risco e danos à saúde dos tra-
balhadores devem ser compreendidos como expressão das tecnologias utilizadas, da orga-
nização e da divisão do trabalho, da intervenção dos trabalhadores nos locais de trabalho,
da ação de técnicos e instituições relacionados à questão e do arcabouço jurídico vigente.

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Podemos considerar que os riscos e danos que podem acometer o trabalhador agro-
pecuário são:
• Acidentes com ferramentas manuais, com máquinas e implementos agrícolas ou
provocados por animais, ocasionando lesões traumáticas de diferentes graus de
intensidade. Entre os agricultores, esses são os acidentes de trabalho mais comu-
mente notificados, seja por meio dos sistemas oficiais de informação em saúde, seja
pela empresa;
• Acidentes com animais peçonhentos cuja relação com o trabalho quase nunca é es-
tabelecida, embora sejam bastante comuns. Ofidismo, aracneísmo, escorpionismo
são os mais comuns. Acontecem ainda com taturanas, abelhas, vespas, marimbon-
dos etc.;
• Exposição a agentes infecciosos e parasitários endêmicos que provocam doenças
como a esquistossomose, a malária etc.;
• Exposição à radiação não ionizante (solar) por longos períodos, sem observar as
pausas e as reposições calórica e hídrica necessárias, desencadeia uma série de
problemas de saúde, tais como cãibras, síncopes, exaustão por calor, envelheci-
mento precoce e câncer de pele;
• Exposição ao ruído e à vibração que estão presentes no uso de motosserras, colhe-
deiras, tratores etc. O ruído provoca perda lenta e progressiva da audição, fadiga,
irritabilidade, aumento da pressão arterial, distúrbios do sono etc. Já a exposição à
vibração ocasiona desconforto geral, dor lombar, degeneração dos discos interver-
tebrais, a “doença dos dedos brancos” etc.;
• Exposição a partículas de grãos armazenados, ácaros, pólen, detritos de origem
animal, componentes de células de bactérias e fungos provocam um problema de
saúde muito comum em trabalhadores rurais, e pouco reconhecido e registrado
como tal. São as doenças respiratórias, com destaque para a asma ocupacional e
as pneumonites por hipersensibilização;
• A divisão e o ritmo intenso de trabalho com a cobrança de produtividade, jornada
de trabalho prolongada, ausência de pausas, entre outros aspectos da organização
do trabalho, condição particularmente observada em trabalhadores rurais assala-
riados (como, por exemplo, colheita de cana, flores, café etc.) têm ocasionado o
surgimento de LER/Dort;
• Exposição a fertilizantes, que podem causar intoxicações graves e mortais. As in-
toxicações registradas têm sido consideradas acidentais, envolvendo produtos do
grupo dos fosfatos, sais de potássio e nitratos. As intoxicações por fosfatos se ca-
racterizam por hipocalcemia, enquanto as causadas por sais de potássio provocam
ulceração da mucosa gástrica, hemorragia, perfuração intestinal etc. Os nitratos,
uma vez no organismo, transformam-se – por meio de uma série de reações meta-
bólicas – em nitrosaminas, que são substâncias cancerígenas;
• Exposição a agrotóxicos.

A essas situações de risco para a saúde do trabalhador se somam condições que afe-
tam o conjunto dos trabalhadores brasileiros como baixos salários, condições sanitárias
inadequadas, carência alimentar, deficiência dos serviços de saúde, entre outras.

19
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UNIDADE
Doenças do Trabalho

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Documentário Linha de Corte
https://youtu.be/Iy7MWg3Llq8

Leitura
Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde
Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de
Saúde. Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil;
Organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. –
Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001.
http://bit.ly/2Gyasdz
Modelo de análise e prevenção de acidente de trabalho – MAPA
ALMEIDA, Ildeberto Muniz. Modelo de análise e prevenção de acidente de trabalho –
MAPA. Ildeberto Muniz Almeida e Rodolfo A. G. Vilela; Alessandro J. Nunes da Silva
[et al.], (colab.). – Piracicaba: CEREST, 2010. 52 p.
http://bit.ly/2GtxWAk

20
Referências
ALVES, R. A.; GUIMARÃES, M. C. De que sofrem os trabalhadores rurais? Análise dos
principais motivos de acidentes e adoecimentos nas atividades rurais. Informe Gepec,
Toledo, v. 16, n. 2, p. 39-56, jul./dez. 2012

BIRMINGHAM, D. J. Overview: occupational skin diseases. In: STELLMAN, J. M.


(Ed.). Encyclopaedia of occupational health and safety. 4th ed. Geneva: International
Labour Office, 1998. p. 12.

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde dos trabalhadores expostos ao


chumbo metálico. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Câncer relacionado ao trabalho: leucemia mielóide


aguda-síndrome mielodisplásica decorrente da exposição ao benzeno. Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2006b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Dermatoses ocupacionais. Brasília: Editora do Ministé-


rio da Saúde, 2006c.

BRASIL. Ministério da Saúde. Dor relacionada ao trabalho: lesões por esforços repeti-
tivos (LER): distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort). Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Exposição a materiais biológicos. Brasília: Editora do


Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Notificação de acidentes do trabalho fatais, graves e


com crianças e adolescentes. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006e.

BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Doen-


ças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde.
Organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al.
Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2006d.

BRASIL. Ministério da Saúde. Pneumoconioses. Brasília: Editora do Ministério da


Saúde, 2006f.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 204, de 17 de fevereiro de 2016 – Define a


Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pú-
blica nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos
do anexo, e dá outras providências. Diário Oficial da União. 18 fev. 2016a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 205, de 17 de fevereiro de 2016 – Define a


lista nacional de doenças e agravos, na forma do anexo, a serem monitorados por meio
da estratégia de vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes. Diário Oficial da
União. 18 fev. 2016b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Risco químico: atenção à saúde dos trabalhadores ex-
postos ao benzeno. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006g.

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21
UNIDADE
Doenças do Trabalho

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LAURELL, A. C.; NORIEGA, M. Processo de produção e saúde. São Paulo: Hucitec, 1989.

LIEBER, R. R. O princípio da precaução e a saúde no trabalho. Saúde e Sociedade,


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LIMA, G. L.; BONOW, C. A.; BARTHV, T. Doenças relacionadas ao trabalho rural:


uma revisão de literatura. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Exten-
são. v.6, n. 2, 2014. Acesso em 02 de fevereiro de 2019. Disponível em: <http://seer.
unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/view/8480>.

MENDES, R.; DIAS, E. C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de


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MENDES, René (Org.) et al. Patologia do trabalho: volume 1. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2013a.

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O Ambiente
Inserir TítuloeAqui
as
Inserir Título
Doenças do Trabalho
Aqui
Toxicologia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Toxicologia

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução;
• Agentes Tóxicos;
• Vias de Penetração;
• Limites Biológicos de Tolerância;

Fonte: Getty Images


• A Vigilância da Exposição a Agentes
Tóxicos no Ambiente de Trabalho.

Objetivos
• Apresentar informações básicas sobre toxicologia;
• Destacar as funções dos agentes tóxicos, as vias de penetração no corpo humano, as fun-
ções da toxicocinética e os limites de tolerância biológicos no corpo humano;
• Mostrar como conduzir o estudo do nexo causal e como realizar a vigilância dos
agentes tóxicos.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Toxicologia

Contextualização
No meio ambiente de trabalho, podem existir muitos componentes químicos, bioló-
gicos e físicos presentes que podem afetar os trabalhadores. A ciência que estuda esses
efeitos nocivos causados por substâncias químicas na saúde do trabalhador é denomina-
da de Toxicologia Ocupacional.

Para saber um pouco mais sobre o que é toxicologia, acesse o vídeo do Centro de Estudos
em Toxicologia da Universidade Federal do Ceará (CETOX UFC, 2015).
Acesse aqui: https://youtu.be/MhI_edjpXE4.

A Toxicologia é uma ciência que estuda a interação entre os agentes


químicos, biológicos e físicos com os organismos vivos e ecossistemas
e a probabilidade de ocorrência de danos, a partir desta interação,
assim como a prevenção e tratamento dos efeitos e danos decorrentes
da exposição a tais agentes. (BRASIL, 2018a)

Esse tema é muito complexo, suas ações não devem ser realizadas por novatos, a
proficiência no assunto é fundamental para as ações de proteção da saúde dos traba-
lhadores. Alguns dos temas abordados na Instituto Nacional do Câncer aponta: agentes
infecciosos, agrotóxicos, amianto, poeiras, poeira de couro, poeira de madeira, poeira
de sílica, poluentes, fumaças de motores a diesel, hidrocarbonetos policíclicos aromáti-
cos, poluição do ar, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, solventes, benzeno,
formol, tricloroetileno, medicamentos, quimioterapia e antineoplásica.

Problemas novos estão surgindo com as novas tecnologias, como a nanotecnologia. São
mudanças que vêm ocorrendo de forma muito rápida, sem o conhecimento necessário de
seu impacto nos ambientes de trabalho. Contudo, não vemos a mesma preocupação com a
exposição dos trabalhadores nesse contexto, das nanotecnologias, por isso a Fundacentro
criou um grupo de pesquisa no assunto que pode ser acessado aqui: https://bit.ly/2Izypnp.
No Brasil, quando se fala de toxicologia, normalmente nos remetemos ao Instituto Nacional
do Câncer como referência, por isso, para dar início, ao conteúdo é fundamental a leitura
no site de Toxicologia e Câncer – Causas e Prevenção. Acesse aqui: https://bit.ly/2IxrqLG.

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Introdução
“[...] todas as substâncias são venenos, não existe nenhuma que não
seja. A dose correta diferencia um remédio de um veneno”. Paracelso
1443-1541. (SOUZA, 2019)

Na atualidade, existem mais de 23 milhões de substâncias químicas conhecidas, das


quais cerca de 200 mil são usadas mundialmente (FREITAS, 2000). A cada momento
essas aumentam em milhares e o excesso de possibilidades de produtos e derivados
causam a poluição ambiental no “ar, água, terra que plantamos, resíduos sóli-
dos, líquidos e gasosos”, no local de trabalho decorrente dos muitos processos de
transformação de produtos “plástico, borracha, fluidos, aço, combustíveis, papel,
muitos outros” e também presentes na cadeia de consumo como os “alimentos,
remédios, ambientes climatizados, dentre outros”, portanto, muitas possibilidades
no nosso dia a dia. Para nossa maior compreensão da Toxicologia, segue um trecho
de Fukushima e Azevedo:
A Toxicologia é a área do conhecimento humano devotada a com-
preender os tóxicos, sua existência, sua ocorrência, seus comporta-
mentos, mecanismos de ação, etc. Os propósitos para esse esforço
humano de conhecer são muitos, e têm se diversificado com o passar
do tempo: desde reconhecer o alimento seguro, até praticar a ‘arte’
do envenenamento; desde caracterizar o tóxico de um envenena-
mento até predizer o grau possível de uma exposição (contato) sem
superveniência de risco explícito etc. É exatamente nesse aspecto
último, vale dizer, conhecer para determinados agentes tóxicos e sob
determinadas situações qual a possibilidade de ocorrência da doença
intoxicação (de subclínica a grave ou letal), que mais e mais tem hoje a
Toxicologia encontrado desenvolvimento franco e aplicação prática.
Por isso é que a atual Toxicologia ganha intimidade quase amalgâmi-
ca com a matemática e as técnicas computacionais. (FUKUSHIMA;
AZEVEDO, 2015)

Os resíduos, se não cuidados, podem estar presentes no meio ambiente de trabalho


e também nas áreas circunvizinhas das indústrias, como é o caso, por exemplo, da po-
luição decorrente da cadeia produtiva de cerâmica que afeta a população em geral e a
classe trabalhadora no polo cerâmico no interior do estado de São Paulo.

O que está por trás da segunda cidade mais poluída do Brasil?


Acesse o link: https://youtu.be/p1oO1N7ymzk.

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UNIDADE
Toxicologia

No meio ambiente de trabalho, é necessário ter um controle sobre esses agentes de


poluição (BRASIL, 2014) e, para evitar ou mitigar o adoecimento do trabalhador, devem
existir ações de monitoramento através do (BRASIL, 1978), por isso da necessidade de
um trabalho preventivo e protetivo, conforme determina a NR9.

Eu respirei o pó do amianto, acesse: https://youtu.be/R2__iCjXTPY.

Agentes Tóxicos
“O que é agente tóxico? É a substância química capaz de causar dano a
um sistema biológico, alterando seriamente uma função ou levando-o à
morte, sob certas condições de exposição”. (SANTA CATARINA, 2019)

A toxidade é a medida do potencial tóxico de uma substância. Portanto, não existem


substâncias químicas sem toxicidade (FIOCRUZ, 2019). Ao manipular as substâncias
químicas, deve-se adotar barreiras de segurança, sejam elas de forma coletiva, individual
ou procedimental, sempre visando à limitação da dose e da exposição dos trabalhadores
(BRASIL, 2014).
Para a equipe de segurança, é importantíssimo saber que os maiores
fatores que influenciam na toxicidade de uma substância são: frequên-
cia da exposição, duração da exposição e via de administração. Existe
uma relação direta entre a frequência e a duração da exposição na
toxicidade dos agentes tóxicos. (FIOCRUZ, 2019)

Para se avaliar a toxicidade de uma substância química, é necessário conhecer: que


tipo de efeito ela produz, a dose para produzir o efeito, informações sobre as caracte-
rísticas ou propriedades da substância, informações sobre a exposição e o indivíduo.
As intoxicações por substâncias químicas podem ser agudas e crônicas, e poderão se
manifestar de forma leve, moderada ou grave, a depender da quantidade da substância
química absorvida, do tempo de absorção, da toxicidade do produto, da suscetibilida-
de do organismo e do tempo decorrido entre a exposição e o atendimento médico
(BRASIL, 2018b), conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Manifestações dos Efeitos tóxicos


Efeitos tóxicos Período Vias Exemplo
Respiratória O trabalhador ficou exposto a produtos tóxicos
Aguda Exposição de curto tempo – dia Cutânea uma única vez ou por múltiplas exposições a uma
Oral substância no mesmo dia.
Respiratória
O trabalhador fica exposto a uma substância em
Subcrônica Exposição mediana – meses Cutânea
vários dias de forma contínua.
Oral
Respiratória O trabalhador fica exposto a repetidas exposições,
Crônica Exposição prolongada – anos Cutânea por um período longo. Nesses casos, as
Oral manifestações ocorrem tardiamente.
Fonte: Fiocruz (2019)

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Outro ponto importante a ser considerado pela equipe de saúde e segurança sobre
os efeitos tóxicos é a severidade, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2 – Severidade da exposição ao agente tóxico


Severidade Descrição
Promove distúrbios no corpo humano que são rapidamente reversíveis e desaparecem com o término da
Leve
exposição ou sem a intervenção médica.
Promove distúrbios no organismo que são reversíveis e não são suficientes para provocar danos físicos sérios
Moderada
ou prejuízos à saúde. Depende de intervenção médica.
Promove mudanças irreversíveis no organismo humano, suficientemente severas para produzirem lesões
Severa
graves ou a morte.
Fonte: Fiocruz (2019)

Relato de caso

O texto a seguir traz maior compreensão para compreendermos sobre a exposição


dos bombeiros no resgate de humanos e animais especificamente nos rompimentos
das barragens da Samarco e da Vale nos municípios de Mariana e Brumadinho,
uma vez que essa exposição pode causar muitos problemas de saúde para esses
profissionais no futuro. Principalmente, ao considerarmos que a “lama tóxica” pos-
sui muitos contaminantes, dentre eles metais pesados.

Sendo assim, verifique quais ações podem ser realizadas para a proteção
desses profissionais. Acesse aqui: https://bit.ly/2GqvZ91.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) apresenta um quadro onde mostra as substân-


cias tóxicas que causam adoecimento e podem ter relação com o trabalho na maioria
dos casos.

Tabela 3 – Exposição a substâncias tóxicas e órgão afetado


Substâncias Tóxicas Locais Primários dos Tumores
Nitrito de acrílico Pulmão, cólon e próstata
Alumínio e seus compostos Pulmão
Arsênico Pulmão, pele e fígado
Asbesto Pulmão, serosas, trato gastrointestinal e rim
Aminas aromáticas Bexiga
Benzeno Medula óssea (leucemia mieloide)
Benzidina Bexiga
Berílio e seus compostos Pulmão
Cádmio Próstata
Cromo e seus compostos Pulmão
Álcool isopropílico Seios paranasais
Borracha Medula óssea e bexiga
Compostos de níquel Pulmão e seios paranasais
Pó de madeiras Seios paranasais
Radônio Pulmão
Tinturas de cabelo Bexiga
Material de pintura Pulmão
Fonte: INCA (2012)

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UNIDADE
Toxicologia

Tabela 4 – Exemplos de função e órgão afetado


Ocupação Locais Primários dos Tumores
Marceneiro Carcinoma de nariz e seios paranasais
Sapateiro Carcinoma de nariz e seios paranasais
Limpador de chaminé Carcinoma de pele, pulmão e bexiga
Fonte: INCA (2012)

Para saber a relação entre as substâncias tóxicas, a ocupação e o órgão afetado, leia o
Capítulo 3 do texto, Tipos de Câncer e a Relação com a Exposição Ocupacional.
Acesso aqui: https://bit.ly/2HD017u.

Vias de Penetração
Para que ocorra um efeito tóxico, o agente ou seu metabólito ativo
deve atingir o sítio (local) correto de ação, na dose (concentração)
correta e com duração (período de tempo) suficiente para produzir o
dano (manifestações tóxicas) no organismo. A toxicologia define dose
como a quantidade do agente tóxico que alcança o tecido-alvo em um
determinado período de tempo. (INCA, 2012)

Nas atividades no meio ambiente de trabalho, as equipes de segurança devem ficar


atentas às formas de absorção dos agentes tóxicos. A partir desse momento, os agen-
tes atravessam as membranas e adentram na corrente sanguínea. As principais vias
de exposição de agentes tóxicos no organismo são a respiratória, a dérmica e a oral
(INCA, 2012).

Via respiratória
Para a toxicologia ocupacional, é a principal via de introdução de agentes tóxicos
no organismo humano. As vias respiratórias superiores e os alvéolos tomam parte na
retenção e absorção de agentes tóxicos, embora dependendo sempre do estado físico do
agente tóxico (INCA, 2012).

Você deve pesquisar a reportagem referente ao acidente no alojamento do Clube Regatas


Flamengo, onde dez trabalhadores (jogadores de uma categoria de base menor) morreram
quando dormiam em local organizado pelo clube. Analisar: quais os produtos tóxicos foram
inalados pelos jogadores que morreram? Como esses agem no nosso organismo? Quais são
os meios para evitar? Acesse aqui: https://bit.ly/2UZGmZt.

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Primeiros Socorros – Intoxicação por via inalatória (pela respiração)
• Remover a vítima para local fresco e ventilado;
• Afrouxar as roupas;
• Se necessário, iniciar manobras de ressuscitação cardiopulmonar (caso tenha trei-
namento específico);
• Os cuidados imediatos devem contemplar a situação como um todo: em mui-
tos casos, a contaminação ocorre tanto por inalação quanto pela pele (SANTA
CATARINA, 2019).

Via cutânea
A pele é um órgão que possui múltiplas camadas de tecidos, por isso ela é uma bar-
reira efetiva contra a penetração de substâncias químicas exógenas. Contudo, alguns
agentes podem sofrer absorção cutânea, sempre dependendo dos fatores fisiológicos e
anatômicos da pele e das propriedades físico-químicas dos agentes. Muitos agentes tó-
xicos são permeáveis, sejam eles em seu estado sólido, gasoso ou líquido (INCA, 2012).
Relato de caso

Ocorreu em um acidente de trabalho com o proprietário de empresa de reciclagem


de materiais plásticos, que era usada para o descarte clandestino de embalagens
(bombona de 50 litros) de ácido fluorídrico (70%). Ao receber as embalagens ácido
fluorídrico (70%), o proprietário, para revender as bombonas, necessitava realizar
o corte em pedaços pequenos, em um tamanho que pudesse entrar nas máquinas
extrusoras de plástico. Para realizar o corte em pedaços pequenos, utilizava uma
serra de fita. Quando realizava esses cortes, o trabalhador tinha o contato com o
líquido que estava armazenado em pequenas quantidades no interior da bombona.

Ele desenvolvia essa atividade e passava por essa exposição durante um dia todo,
enquanto cortava. Contudo, em uma manhã, ao iniciar os trabalhos, começou
a sentir dores nos braços, dirigindo-se ao pronto socorro mais próximo, sendo
medicado com analgésico. Seu quadro piorou durante o dia, e o mesmo teve que
procurar outro pronto socorro, onde recebeu mais uma dose de analgésico.

Note que nenhuma unidade médica se aprofundou no motivo da dor.

Como estava sem diagnóstico e com dores, o trabalhador procurou pela terceira
vez o pronto socorro, onde foi barrado pelo guarda municipal a pedido da equipe.
Nesse caso, a equipe, pelo desconhecimento da exposição do trabalhador, enten-
deu ser ele uma pessoa tentando se drogar.

Ao conservar do caso com sua vizinha, que era enfermeira e trabalhava em um hospi-
tal, desconfiou finalmente da exposição química. A mulher o encaminhou ao Centro
de Controle de Intoxicações, onde foi realizado o diagnóstico, seguido de internação e
tratamento. A exposição por contato ao ácido fluorídrico (70%), que é um sequestrante
de cálcio, provocou a osteoporose química nele, causando muita dor ao trabalhador.
Fonte: Buoso (2019)

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UNIDADE
Toxicologia

Primeiros Socorros – Intoxicação por via cutânea (pele)


• Devidamente protegido com luvas, o socorrista deve retirar as roupas contamina-
das da vítima e colocá-las em saco plástico;
• Lavar bem a pele contaminada com água corrente e sabão por no mínimo 10 mi-
nutos. Não esquecer de lavar cabelos, axilas, virilhas, umbigo, barba e dobras do
corpo, para descontaminar;
• No caso de contaminação nos olhos, lavar bem com água corrente por 15 minu-
tos, encaminhando o paciente para avaliação oftalmológica o mais breve possível
(SANTA CATARINA, 2019).

Via oral
A absorção por meio dessa via pode percorrer em todo o trato gastrointestinal,
como a boca, faringe, esôfago e estômago. Para a toxicologia ocupacional, essa via é
secundária, entretanto, a exposição a poeiras de certos elementos, como chumbo, ar-
sênio, cádmio, pode ocorrer também pela via digestiva. Isso se deve ao fato de que, no
meio industrial, a contaminação por essas poeiras pode ocorrer diretamente pelas mãos
ou por alimentos contaminados (INCA, 2012)
Relato de caso

Em uma indústria de transformação metálica que possui muita poeira, contendo


metais pesados decorrentes da fundição, ocorreu que o refeitório e os bebedouros
de água tinham contato direto com a área produtiva. Isso fazia com que a exposição
dos trabalhadores ao metal pesado, já rotineira nas atividades de trabalho, aumen-
tasse ainda mais por conta da ingestão de água e das refeições contaminadas.
Fonte: elaborado pelo autor

Primeiros socorros – Intoxicação por via oral


• Ler o rótulo do produto para ver se é recomendado provocar vômito;
• Não provocar vômitos em pessoas inconscientes, durante convulsões, em crian-
ças menores de três anos ou quando na composição do produto constar derivados
de petróleo;
• Nunca oferecer leite ou bebidas alcoólicas como forma de amenizar a intoxicação;
• Após os primeiros socorros, deve-se procurar o serviço de saúde mais próximo ou
chamar o SAMU 192, levando o rótulo ou a embalagem do agrotóxico e o receitu-
ário agronômico (SANTA CATARINA, 2019).

Toxicocinética
A equipe de saúde e segurança deve compreender que a toxicocinética é caracteri-
zada pela ação que o organismo realiza sobre o agente tóxico, sendo que esse atua em
etapas distintas e consecutivas, como: a absorção, distribuição, metabolismo e excreção
(INCA, 2012), conforme mostra a Tabela 5 e a Figura 1.

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Para maior conhecimento no assunto, realizar a leitura do mecanismo da toxicocinética nas
páginas 31 a 34 das diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho.
Acesse aqui: http://bit.ly/2UEbmyL.

Tabela 5 – Etapas da Toxicocinética


Toxicocinética Descrição
Absorção É o processo pelo qual os agentes tóxicos atravessam as membranas e entram na corrente sanguínea.
Os agentes são transportados pelo sangue para diversos tecidos, portanto, a distribuição depende do
Distribuição
fluxo sanguíneo nos diferentes órgãos.
Os agentes tóxicos são alvo de uma série de reações enzimáticas, cujo resultado é a transformação de
Biotransformação
moléculas lipofílicas em metabólitos mais hidrossolúveis.
É o processo pelo qual as substâncias químicas são eliminadas do organismo. Os agentes tóxicos são
Excreção excretados por diferentes vias e, na maioria das vezes, sob a forma de produtos mais hidrossolúveis,
após a sua biotransformação.
Fonte: INCA (2012)

Para um entendimento melhor do processo das fases de exposição, toxicocinética,


toxicodinâmica e efeitos das substâncias químicas no organismo humano, assim Instituto
Nacional de Câncer (INCA) desenvolveu a Figura 1.

Figura 1 – Fases de exposição, toxicocinética, toxicodinâmica


e efeitos das substâncias químicas no organismo humano
Fonte: INCA (2012)

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UNIDADE
Toxicologia

Limites Biológicos de Tolerância


Uma das funções dos médicos do trabalho é a de realizar os exames necessários para
cada função de trabalho. Nesse caso, para realizar exames, utilizam dos indicadores
biológicos. Esses indicadores são uma quantidade do agente químico que está no corpo
humano, seja no sangue, na urina, em algum tecido (BRASIL, 1978). O ponto de par-
tida é a quantidade do agente que pode gerar reações indesejadas no corpo. Contudo,
se a quantidade estiver abaixo do limite de tolerância biológica, deve-se considerar que
está tudo bem, mas que cuidados médicos são importantes, uma vez que esses limites
biológicos mudam ao longo do tempo. Sendo assim, caso ocorra qualquer alteração, a
equipe de saúde deverá criar ações como: afastar o trabalhador da exposição, tratá-lo
e, por seguinte, avisar a equipe de segurança para avaliar o cenário de contaminação.

Os limites de tolerância são dados pela NR 15 – Atividades e Operações Insalubres


(BRASIL, 2011) e também pelos artigos 189 a 194 da CLT, em que é determinado que
se deve eliminar primeiramente o risco; na negativa, neutralizar, e que podem ser rea-
lizadas as seguintes ações: a) com a adoção de medidas que conservem o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância; b) com a utilização de equipamentos de prote-
ção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites
de tolerância (BRASIL, 1943).

Para ampliar os seus conhecimentos sobre os limites de tolerância, é importante pesquisar e


acessar os seguintes anexos da NR 15: a) XI – Agentes químicos cuja insalubridade é caracteri-
zada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho; b) XII – Limites de tolerância para
poeiras minerais asbesto; c) XIII – Agentes químicos e benzeno e d) XIV – Agentes biológicos.

Para esse monitoramento, existe o Quadro I – Parâmetros para Controle Bio-


lógico da Exposição Ocupacional a alguns Agentes Químicos, anexo da NR 07
(BRASIL, 1978), conforme Tabela 6.

Tabela 6 – Exemplo de parâmetros para controle biológico da exposição ocupacional a alguns agentes químicos
Indicador Biológico
Agente Químico
Mat. Biológico Análise
Arsênico Urina Arsênico
Cádmio Urina Cádmio
Urina Chumbo e Ácido delta amino levulínico ou
Chumbo Inorgânico
Sangue Zincoprotoporfirina
Cromo Hexavalente Urina Cromo
AcetilColinesterase Eritrocitária ou Colinesterase
Ésteres Organofosforados e Carbamatos Sangue
Plasmática ou Colinesterase Eritrocitária e plasmática
Etil-Benzeno Urina Ácido Mandélico
Flúor e Fluoretos Urina Fluoreto
Mercúrio Inorgânico Urina Mercúrio
Monóxido de Carbono Sangue Carboxihemoglobina
Tolueno Urina Ácido Hipúrico
Xileno Urina Ácido Metil-Hipúrico
Fonte: BRASIL (1978)

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Relato de caso

O caso se passa com um tratorista aplicador de agrotóxico. O trator é cabinado com


ar condicionado. A empresa fornece todos os Equipamento de proteção individual
(EPIs) e vestimentas necessárias. Ao realizar o trabalho, permanece dentro da ca-
bine vedada e climatizada, controlando a dispensação de herbicidas na plantação,
visualizando se todos os bicos dos braços acoplados na lateral e atrás do trator estão
em funcionamento. Contudo, quando ocorrem algumas variáveis, tem que corrigi-
-las, como o desentupimento dos bicos que são realizados manualmente. Para re-
alizar isso, utiliza mangueira acoplada em reservatórios de água para lavar o bico
e, quando isso não resolve, utiliza um arame para introduzir no bico e desentupir.

Relata ainda que utiliza a máscara PFF2 nesse momento, porém, todo maquinário
e as plantas ao redor estão com herbicida em suas superfícies e, mesmo com a más-
cara, sente o cheiro forte. Também relata que suas roupas ficam com odor intenso,
sendo que alguns herbicidas causam maior desconforto respiratório.

Após, volta para o trator, retira a máscara (relata que recebeu orientação durante capa-
citação na empresa, que dentro da cabine não é necessário utilizar a máscara), inicia a
aplicação de herbicida no campo. O trabalhador relata que, mesmo dentro da cabine
do trator, sente cheiro forte devido às suas roupas estarem impregnadas com o herbici-
da. Outra variável que dificulta são as misturas, em que algumas causam maiores difi-
culdades em passar pelo bico porque, com a mistura dos compostos químicos, alguns
reagem e viram produtos gelatinosos, densos etc. Com isso a passagem fica limitada.

Os trabalhadores do campo utilizam de estratégias para que isso não ocorra, como
a utilização de água na temperatura certa, o momento de misturar, o como mistu-
rar. São situações que, por conta da experiência desses trabalhadores, fazem com
que o serviço possa ser realizado. Além disso, há momentos em que é preciso
retirar os filtros para que se possa passar o produto químico. Portanto, existem
muitas variáveis na atividade que colocam o trabalhador mais ou menos exposto.
Nos exames de controle médico, os limites de tolerância biológica estavam abaixo
do padrão, mas o trabalhador precisou se afastar do trabalho para realizar o trata-
mento. E outras medidas de segurança precisaram ser adotadas para não deixar os
trabalhadores expostos.

A Vigilância da Exposição a Agentes


Tóxicos no Ambiente de Trabalho
Uma das tarefas mais tradicionais em que a equipe de segurança atuará é na ela-
boração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA),
que visa sempre à preservação da saúde dos trabalhadores. As etapas de atuação são
a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o consequente controle da ocorrência
de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo
em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (BRASIL, 2014).

A quantificação e a estimativa da exposição do trabalhador aos agentes tóxicos po-


dem ser realizadas pela avaliação ambiental e/ou do monitoramento biológico. A ava-
liação ambiental (BRASIL, 2014) deve ser realizada de forma individual e setorial, para
que se tenha um olhar sistêmico do ambiente de trabalho, uma vez que pode ocorrer a
integração da concentração da substância. A forma de exposição pode ser visível ou in-
visível ao olhar humano, portanto, a equipe de segurança não deve subestimar os riscos
presentes no local de trabalho, ficando atenta aos produtos novos.

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15
UNIDADE
Toxicologia

Para desenvolver o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO),


que tem como objetivo a promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus traba-
lhadores, deve-se estabelecer parâmetros mínimos e diretrizes para cada estabelecimento.

A organização da equipe de segurança deve ser integrada, assim como os indicadores


de saúde – atestados, absenteísmo etc. –, as questões de incidentes sobre os indivíduos
e a coletividade de trabalhadores, privilegiando assim o instrumental clínico-epidemio-
lógico na abordagem da relação entre saúde e trabalho. Essa organização o deve ter
caráter de prevenção, para o rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde
relacionados ao trabalho. Tudo deve ser planejado e implantado com base nos riscos
à saúde dos trabalhadores, especialmente os identificados nas avaliações previstas no
PPRA (BRASIL, 1978).

O casamento entre o PPRA e PCMSO é fundamental para o monitoramento dos


trabalhadores expostos e não expostos, ficando a equipe de segurança com o ambiente
de trabalho (coletivo) e a equipe médica no controle individual (biológico) dos trabalha-
dores, portanto, referindo-se à quantificação das substâncias tóxicas presentes no corpo
humano (BRASIL, 1978).

O olhar do profissional de segurança, mesmo que desenvolvendo atividades de asses-


sorias, deve pensar em desenvolver programas específicos, principalmente na criação
de multiplicadores. Como exemplo, podemos pensar em profissionais da agricultura
que ficam expostos aos agrotóxicos. Nesse caso, no mínimo, deve-se transmitir conhe-
cimento para capacitar e entregar material educativo, como que pode ser acessado
aqui: http://bit.ly/2UB6yKw (SANTA CATARINA, 2019).

O nexo causal entre o dano ou a doença com o trabalho


A equipe de saúde deve ser composta por equipe multidisciplinar para realizar o nexo
da relação da doença com o trabalho. Essa deve se basear em argumentos que permitam
a sua presunção, sem a existência de prova absoluta. Para isso, o Conselho Federal de
Medicina em sua Resolução n.º 2.183 e em seu artigo 2º descreve:
Para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde
e as atividades do trabalhador, além da anamnese, do exame clínico
(físico e mental), de relatórios e dos exames complementares, é dever
do médico considerar:

I – a história clínica e ocupacional atual e pregressa, decisiva em qual-


quer diagnóstico e/ou investigação de nexo causal;

II – o estudo do local de trabalho;

III – o estudo da organização do trabalho;

IV – os dados epidemiológicos;

V – a literatura científica;

VI – a ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhadores


expostos a riscos semelhantes;

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VII – a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos,
estressantes e outros;

VIII – o depoimento e a experiência dos trabalhadores;

IX – os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus


profissionais, sejam ou não da área da saúde. (CFM, 2018)

No manual de procedimentos para os serviços de saúde de doenças relacionadas


ao trabalho (BRASIL, 2001), apresenta-se alguns critérios que devem ser considerados
pela equipe de saéde e segurança para que se identifique o nexo causal entre doença e
trabalho, em que é preciso verificar as seguintes etapas:
• Verificar o tipo de relação causal com o trabalho, conforme a classificação de
Schilling (BRASIL, 2001);
• Verificar o grau ou a intensidade da exposição, se é compatível com a relação pro-
dução e doença;
• Verificar se o tempo de exposição é suficiente para produzir a doença;
• Verificar se o tempo de latência é suficiente para que a doença se instale e manifeste;
• Verificar se existem registros quanto ao estado anterior de saúde do trabalhador;
» Em caso positivo, esses contribuem para o estabelecimento da relação causal
entre o estado atual e o trabalho?
» Existem evidências epidemiológicas que reforçam a hipótese de relação causal
entre a doença e o trabalho.

A Tabela 7 a seguir é uma proposta do Ministério da Saúde, para que a equipe do


Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)
possa realizar a investigação das relações saúde-doença-trabalho, seguindo os instru-
mentos e as abordagens envolvendo ações individuais e coletivas (BRASIL, 2001).

Tabela 7 – Instrumentos de Investigação das relações Saúde – Trabalho – Doença


Natureza Nível de aplicação Abordagem / Instrumentos
Clínica História clínica/Anamnese ocupacional.
Complementar
Individual Laboratoriais
Dano ou Exames laboratoriais, exames clínicos e funcionais.
Toxicológicos
doença
Provas funcionais
Estudos descritivos de morbidade e mortalidade.
Coletivo Estudos epidemiológicos
Estudos casos controle – prospectivo e retrospectivo.
Estudo de posto de trabalho, por meio de análise ergonômica da atividade.
Individual Avaliação ambiental qualitativa ou quantitativa, de acordo com as ferramentas da
higiene do trabalho.
Fatores ou
condição Estudo de posto de trabalho, por meio de análise ergonômica da atividade.
de riscos Análise Coletiva do Trabalho.
Coletivo Avaliação ambiental qualitativa ou quantitativa.
Elaboração de matriz de risco.
Inquéritos coletivos.
Fonte: BRASIL (2001)

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UNIDADE
Toxicologia

Dicas para a prevenção e proteção do câncer ocupacional


Dicas do INCA para prevenir o câncer ocupacional, para isso é preciso realizar as
seguintes ações:
• A remoção da substância cancerígena do local de trabalho;

• Controle da liberação de substâncias cancerígenas resultantes de


processos industriais para a atmosfera;

• Controle da exposição de cada trabalhador e o uso rigoroso dos


equipamentos de proteção individual (máscaras e roupas especiais);

• A boa ventilação do local de trabalho, para se evitar o excesso de


produtos químicos no ambiente;

• O trabalho educativo, visando aumentar o conhecimento dos traba-


lhadores a respeito das substâncias com as quais trabalham, além
dos riscos e cuidados que devem ser tomados ao se exporem a
essas substâncias;

• A eficiência dos serviços de medicina do trabalho, com a realização


de exames periódicos em todos os trabalhadores;

• A proibição do fumo nos ambientes de trabalho, pois, como já foi


dito, a poluição tabagista ambiental potencializa as ações da maio-
ria dessas substâncias. (INCA, 2012)

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Documentário Nuvens de veneno
http://bit.ly/2UA3Ox0
Documentário Mulheres das águas
http://bit.ly/2UDJcE5
Documentário Agrofloresta é mais
http://bit.ly/2UJjsGI
TV Unesp – Saúde e Segurança no Trabalho – Substâncias químicas no ambiente de trabalho
https://youtu.be/4noZLzdAIcg
Relatório da ONU revela que Santa Gertrudes (SP) é a cidade mais poluída do País
Reportagem que traz relatório da ONU que revela que Santa Gertrudes (SP) é a cidade
mais poluída do País.
https://youtu.be/nV6W2PjO3bg

Leitura
Doenças relacionadas ao trabalho – Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde
http://bit.ly/2UDJydT

19
19
UNIDADE
Toxicologia

Referências
BRASIL (1943). Presidência da República. Decreto-lei n.º 5.452. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 11 abril. 2019.

BRASIL (1978). Ministério do Trabalho Emprego. Normas Regulamentadoras de Segu-


rança e Saúde no Trabalho. NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupa-
cional, 1978. Disponível em: <https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_
SST/SST_NR/NR-07.pdf>. Acesso em: 11 abril. 2019.

BRASIL (2001). Ministério da Saúde. Doenças Relacionadas Ao Trabalho – Manual


de Procedimentos para os Serviços de Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_trabalho1.pdf>. Acesso em: 11 abril. 2019.

BRASIL (2011). Ministério do Trabalho Emprego. Normas Regulamentadoras de Se-


gurança e Saúde no Trabalho. NR 15 – Atividades e Operações Insalubres, 2011.
Disponível em: <https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/
NR-15.pdf>. Acesso em: 11 abril. 2019.

BRASIL (2017). Ministério do Trabalho Emprego. Normas Regulamentadoras de Se-


gurança e Saúde no Trabalho. NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambien-
tais, 2017. Disponível em: <https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/
SST_NR/NR-09.pdf>. Acesso em: 11 abril. 2019.

BRASIL (2018a). Ministério da Saúde. Toxicologia e câncer, 2018. Disponível em:


<https://www.inca.gov.br/exposicao-no-trabalho-e-no-ambiente/toxicologia-e-cancer>.
Acesso em: 11 abril. 2019.

BRASIL (2018b). Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Intoxicação Exógena.


Disponível em: <http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/boletim-epidemiologico-in-
toxicacoes-exogenas-relacionadas-trabalho-brasil-2007-2016>. Acesso em: 11 abril. 2019.

BRASIL (2019). Ministério da Saúde. O agente comunitário de saúde na prevenção


das intoxicações por agrotóxicos. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/agente_comunitario_prevencao_intoxicacao_agrotoxico.pdf>. Acesso em:
23 de 02 de 2019.

BRASÍLIA (2018) Conselho Federal de Medicina. Resolução Nº 2.183, de 21 de ju-


nho de 2018. Brasília, Disponível em: <http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publi-
sher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/41779130/do1-2018-09-21-resolucao-n-2-183-de-21-
de-junho-de-2018-41778871>. Acesso em: 11 abril. 2019.

BUOSO, E. (2019). Relatório de acidente com intoxicação liquida em reciclagem.


PIRACICABA, SÃO PAULO, BRASIL. Relatório interno CEREST Piracicaba, 2019.

CAMÊRA RECORD. (2018). Youtube. Reportagem Câmera Record, 2018: Disponível


em: <https://www.youtube.com/watch?v=p1oO1N7ymzk>. Acesso em: 23 de 02 de 2019.

CETOX (2015). Universidade Federal do Ceará. Centro de Estudos em Toxicologia,


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FIOCRUZ. (20 de 02 de 2019). Fundação Oswaldo Cruz. Toxicidade, 2019. Rio de
janeiro. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/toxidade.
html>. Acesso em: 11 abril. 2019.

FREITAS N.B.B. (2000). Caderno Saúde do Trabalhador. Riscos devido a substâncias


químicas, 2000. Disponível em: <http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/images/
caderno2_risco_quimico.pdf>. Acesso em: 11 abril. 2019.

FUKUSHIMA, AR; AZEVEDO, FA. (2015). Revista de Toxicologia, Risco Ambiental e


Sociedade História da Toxicologia. Parte I – breve panorama brasileiro, 2015. Dispo-
nível em: <file:///C:/Users/user/Downloads/3-626-1-PB%20(2).pdf>. Acesso em: 11
abril. 2019.

FUNDACENTRO. (2009).  Fundação Jorge Duprat e Figueiredo. Nanotecnologia – A


manipulação do invisível, 2019: Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/ar-
quivos/projetos/nanotecnologia/literatura/Nanotecnologia-A-Manipulacao-do-Invisivel.
pdf>. Acesso em: 11 abril. 2019.

INCA. (2012). Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio


de Janeiro: Ministério da Saúde. Disponível em: <ttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica-
coes/inca/diretrizes_vigilancia_cancer_trabalho.pdf>. Acesso em 11 abril. 2019.

OSHA. (2019). Occupational Safety and Health Administration. Administração de


Segurança e Saúde Ocupacional: Metais Tóxicos, 2019. Disponível em: <https://
www.osha.gov/SLTC/metalsheavy/>. Acesso em 11 abril. 2019.

SANTA CATARINA (2019). Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Infor-


mação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina, 2019. Disponível em: <http://
ciatox.sc.gov.br/#>. Acesso em: 11 abril. 2019.

SOUZA, L. A. (20 de 02 de 2019). UOL – BRASIL ESCOLA. Paracelso: cientista


da saúde, 2019. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/quimica/paracelso-
cientista-saude.htm>. Acesso em: 11 abril. 2019.

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O Ambiente
Inserir TítuloeAqui
as
Inserir Título
Doenças do Trabalho
Aqui
Primeiro Socorros

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Primeiro Socorros

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ;
• Importância dos Primeiros Socorros;
• Primeiros Socorros no Contexto da Organização
Geral da Saúde e Segurança;

Fonte: Getty Images


• Relacionamento com outros Serviços Relacionados à Saúde;
• Organização e Planejamento;
• A Organização dos PS em Atividades
de Trabalho sem Estabelecimento Fixo;
• Requisitos Básicos de um Programa de Primeiros Socorros.

Objetivo
• Apresentar aos alunos informações básicas sobre primeiros socorros e destacar a impor-
tância do atendimento rápido, da organização e formação da equipe, da comunicação,
do treinamento básico e avançado e dos meios de transporte. Sempre visando às bar-
reiras de segurança, obrigações legais, responsabilidades técnicas e ações que visem à
proteção dos trabalhadores acidentados.

Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Primeiro Socorros

Contextualização
A atividade dos profisisonais do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e em Medicina (SESMT) tem como objetivo utilizar os conhecimentos de engenharia
de segurança e de medicina do trabalho de modo a reduzir, e até eliminar, os riscos ali
existentes para a saúde do trabalhador (BRASIL, 2016).

Amplia-se o olhar com o modelo da gravata-borboleta (HALE et al., 2007), que au-
xilia os profissionais do SESMT. Considerando as barreiras de segurança que podem
ser preventivas e protetivas, nesse modelo, existem barreiras ou medidas de prevenção,
situadas à esquerda da gravata, que se destinam a evitar ou prevenir a ocorrência dos
acidentes; à direita da gravata, estão medidas ou barreiras denominadas de proteção,
que podem minimizar as consequências do acidente (HALE et al., 2007).

P
e
r Distais Proximais Proximais Distais
i
g
o 2 - Evento
Indesejado
1 - Antecedentes 3 - Consequências

Barreiras de Prevenção: Agem para Barreiras de Prevenção: Agem para


evitar a ocorrência do evento minimizar as consequências do evento
Figura 1 – Modelo da gravata-borboleta
Fonte: Adaptado de Hale, 2007

Dessa forma, amplia-se o olhar da equipe para ultrapassar as causas imediatas (pró-
ximas ao evento), visando à busca das causas e condições latentes. Esse olhar sistêmico
perimite ampliar o leque para identificar os perigos e riscos presentes no sistema e con-
sequentemente propror medidas de controle de forma a melhorar a confiabilidade do
sistema (ALMEIDA; VILELA, 2010).

Deve-se considerar que os primeiros socorros são barreiras protetivas, e o tempo,


a comunicação, o planejamento e a formação dos profissionais são fundamentais para
que essa barreira funcione de forma a atender às medidas protetivas. Como exemplo,
o deslocamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) deve ser
rápido e, para isso, a comunicação deve ser clara. Por conta disso, em um ambiente de
trabalho, se tivermos profissionais que consigam informar de forma clara aos serviços de
emergência as situações, já temos um avanço na tentativa de socorrer um profissional
em caso de acidente de trabalho.

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O SESMT deve estabelecer programas de educação em saúde e segurança para
prevenir acidentes de trabalho, dirigidos a trabalhadores e gerentes, garantindo medidas
preventivas e, em caso de acidentes, devendo organizar ações de redução de danos.

Portanto, para dar início ao conteúdo, é fundamental a leitura da função do Serviço de


Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). Acesse aqui o texto: http://bit.ly/2UCA5np.
Assista ainda ao vídeo Saiba como funciona o Samu – 192.
Acesse aqui o vídeo aqui: https://youtu.be/zKGW4R5iHKs.

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UNIDADE
Primeiro Socorros

Introdução
Acidentes no ambiente de trabalho, mesmos com ações preventivas, podem ocorrer e
por isso é essencial saber como agir e prestar os primeiros cuidados antes da chegada do
serviço e/ou profissional especializado (MOURA et al., 2018). Após o acidente, a falta de
conhecimento e as decisões tomadas, como ações incorretas de manejo da vítima no local
do acidente, podem acarretar em consequências sérias e até levar o trabalhador à morte.

Primeiros socorros não evitam o acidente, mas têm um papel importante sobre as
consequências. A assistência imediata prestada às vítimas de acidentes antes da chegada
de pessoal médico especializado tem sempre o objetivo de parar e, se possível, reverter
os danos causados. Existem uma série de medidas rápidas e simples, como liberar as
vias aéreas, aplicar pressão em feridas com sangramento ou lavar queimaduras químicas
localizadas nos olhos ou na pele (DAJER, 2019).

Para garantir bons serviços de primeiros socorros, é preciso conhecer os principais


fatores que definem riscos específicos do local de trabalho e assim planejar e treinar a
equipe. Como exemplo, a assistência requerida por uma lesão causada por uma serra
de alta potência é radicalmente diferente daquela requerida pela inalação de um produto
químico. Contudo, do ponto de vista dos primeiros socorros, uma lesão grave na coxa
que ocorre perto de um hospital é diferente da lesão que ocorre em uma zona rural para
oito horas mais próximas das instalações médicas (DAJER, 2019).

A equipe do SESMT deve considerar o conceito de primeiros socorros como flexível,


porque não é apenas sobre o que deve ser feito – por quanto tempo, com que grau de
complexidade –, mas também sobre quem executa tem papel importante nesse processo,
e a informação para esse profissional é primordial, sempre garantido atualizações.

Embora seja necessário agir com muito cuidado, todo trabalhador pode conhecer
de cinco a dez regras fundamentais sobre primeiros socorros. Nesses casos, meios de
comunicação e materiais educativos simples podem salvar vidas.

Acesse o vídeo dos Bombeiros PMESP – Primeiros Socorros: https://youtu.be/Z_0XT_6opiQ.

Importância dos Primeiros Socorros


A atividade do primeiro atendimento tem como foco diminuir o dano causado, por
exemplo: nos casos de parada cardíaca por fibrilação ventricular, a desfibrilação realiza-
da durante os primeiros quatro minutos atinge taxas de sobrevida de 40% a 50%, em
comparação com valores abaixo de 5% se administrada posteriormente (DAJER, 2019).

Em relação às lesões nos olhos decorrentes de agentes químicos, uma ação imediata é a
lavagem com água que pode salvar a visão. Por isso que nas empresas que usam produtos
químicos temos que ter o chuveiro e lava-olhos de emergência. Nas lesões da medula es-
pinhal, a imobilização correta pode fazer a diferença entre recuperação completa e paralisia.

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Na hemorragia, a simples aplicação da ponta de um dedo em um vaso sanguíneo
pode interromper uma hemorragia com risco de vida.

Muitas vezes, mesmo os cuidados médicos mais avançados não conseguem reparar os
efeitos de primeiros socorros inadequados.

Primeiros Socorros no Contexto da


Organização Geral da Saúde e Segurança
A prestação de primeiros socorros deve ter sempre uma relação direta com a organi-
zação do SESMT, uma vez que os primeiros socorros em si não resolvem nada mais do
que um pequena parte da assistência total dos trabalhadores. Os primeiros socorros na
prática, a sua aplicação dependerá em grande parte das pessoas presentes no momento
do acidente, sejam eles colegas de trabalho ou pessoal médico com treinamento padro-
nizado. Essa intervenção imediata deve ser completada com assistência médica especia-
lizada quando necessário (DAJER, 2019).

Qualquer programa do SESMT deve incluir primeiros socorros, pois eles contribuem
para minimizar as consequências dos acidentes e são, portanto, um dos componentes da
prevenção terciária. Existe uma ligação entre a identificação de riscos ocupacionais, sua
prevenção, primeiros socorros, tratamento de emergência, atendimento médico adicio-
nal e tratamento especializado para a reintegração e readequação ao trabalho. Acidentes
que exigem apenas primeiros socorros são um tema a ser abordado por profissionais
de saúde e segurança ocupacional para que se possa direcionar e promover medidas
preventivas (DAJER, 2019).

Relacionamento com outros


Serviços Relacionados à Saúde
As instituições que podem participar na organização de primeiros socorros e na pres-
tação de assistência após um acidente ou doença no trabalho são as seguintes:
• O serviço de saúde no trabalho da própria empresa ou de outras entidades de saúde
no trabalho;
• Outras instituições que podem fornecer serviços, tais como:
» serviços públicos de salvamento e emergência;
» serviços de ambulância privado;
» hospitais;
» clínicas e centros de saúde públicos ou privados;

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UNIDADE
Primeiro Socorros

» médicos particulares;
» centros de toxicologia;
» defesa civil;
» serviços de bombeiros e policiais.
Relato de caso

Em um bairro industrial, existe um serviço de ambulância que, de forma coletiva,


presta o serviço para várias empresas do local. Considerando que possui profissionais
capacitados e profecientes, esse tipo de serviço pode reduzir muito o tempo de aten-
dimento, uma vez que só o tempo de deslocamento dos bombeiros e o SAMU até o
bairro é de no mínimo 15 minutos. O serviço de ambulância pode reduzir esse tempo
em até 80% e aguardar os serviços públicos para o deslocamento, caso necessário.

A cooperação entre esses serviços é muito importante para a prestação de primeiros


socorros adequados, especialmente no caso de pequenas empresas. Muitos deles podem
orientar a organização sobre os primeiros socorros e o planejamento necessário para
atender a uma emergência. Existem boas práticas que são muito simples e eficazes. Por
exemplo, no centro de um cidade onde há várias lojas pequenas, podemos convidar
bombeiros para visitar suas instalações e receber conselhos sobre prevenção e controle
de incêndios, planos de emergência, extintores de incêndio, kit de primeiros socorros
etc. Em outros casos de empresas maiores, a brigada de incêndio conhecerá a empresa
e estará preparada para intervir de forma mais rápida e eficaz (DAJER, 2019).

Serviços de saúde e disponilidade


O nível de formação e o grau de organização dos primeiros socorros são determinados,
basicamente, pela proximidade da empresa com os serviços de saúde, dependendo da
facilidade do acesso e da integração e comunicação com eles. Um relacionamento próximo,
com um fluxo adequado de informações, para evitar atrasos no transporte e no pedido
de ajuda, pode ser mais decisivo para a obtenção de bons resultados do que habilidades
na aplicação de procedimentos médicos. Todo programa de primeiros socorros no local
de trabalho deve ser adaptado ao serviço médico que fornece a assistência definitiva aos
trabalhadores acidentados e se torna uma extensão do mesmo (DAJER, 2019).

Organização e Planejamento
A equipe do SESMT, ao organizar os primeiros socorros, deve fazer isso evitando
planejar esse processo de forma isolada, porque essas ações dependem de uma aborda-
gem organizada composta por:

Equipamentos Sistema Transporte


Pessoas e materias
Instalações de apoio da vítima

Figura 2

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A organização de primeiros socorros deve ser um esforço cooperativo envolvendo
gerentes da empresa, os serviços de saúde pública e SESMT. O envolvimento dos tra-
balhadores é essencial porque eles geralmente são os principais recursos em caso de
acidentes em situações específicas.
Relato de caso

Um trabalhador de manutenção de máquina Torno CNC estava realizando sua ati-


vidade dentro da máquina e em um dado momento a máquina foi ligada pelo ope-
rador. O movimento de um peça metálica prendeu a perna do trabalhador, vindo a
corta a artéria femoral. Após o acidente, o trabalhador consciente pediu para outro
profissional chamar a emergência enquanto ele sozinho tirava os parafusos para
desmontar a peça que o prensou. Ele tinha ciência que se tirasse rápido poderia
complicar sua situação, por isso foi realizando lentamente o processo, esperando
a equipe de emergência que chegou depois de 4 minutos, quando o trabalhador
estava no último parafuso. Nesse momento, precisou da ajuda de um amigo, que
tirou o parafuso porque a mão do acidentado estava cheia de sangue e ele estava
perdendo a consiciência. Ao tirar o último parafuso, foi socorrido pela equipe de
emergência. O atendimento rápido foi bem-sucedido e levou o acidentado para o
hospital onde fez a cirurgia. Atualmente o trabalhador tem uma vida normal, mes-
mo com sequelas físicas do acidente.

Independentemente do grau de complexidade ou disponibilidade de instalações, a se-


quência de ações que devem ser realizadas no caso de um episódio imprevisto precisam
ser determinadas com antecedência. Para fazer isso, as circunstâncias e os perigos exis-
tentes devem ser mapeados e levados em conta, assim como as formas de obter ajuda
adequada imediatamente (DAJER, 2019).

O SESMT, na organização dos primeiros socorros, deve avaliar com olhar sistêmico,
observando o tamanho da empresa, a sua localização (cidade ou área rural), o tipo de
trabalho a ser realizado e o nível de risco associado, a disponibilidade de outros serviços
de saúde, o desenvolvimento do sistema de saúde e a legislação Saúde e Segurança do
Trabalho (SST) em todo o país (DAJER, 2019).

Acesso à assistência adicional


O plano de referência é uma parte importante do plano de emergência da empresa. O plano de refe-
rência requer o apoio de um sistema de comunicação e meios para transportar a vítima. Em alguns
casos, podem ser sistemas de comunicação e transportes organizados pela própria empresa. Nas
pequenas empresas, o transporte de vítimas pode ser feito por meio de um serviço externo, como
sistemas de transporte público, serviços públicos de ambulância, táxis etc. É aconselhável estabelecer
sistemas alternativos ou de alerta. Os procedimentos previstos para situações de emergência devem
ser comunicados aos trabalhadores, salva-vidas, agentes de segurança, serviços de saúde ocupacio-
nal, serviços de saúde ao qual a vítima pode ser encaminhada e entidades relacionadas a comunica-
ções e transportes de vítimas, por exemplo: serviços telefônicos, serviços de ambulância, empresas de
táxi etc. (DAJER, 2019).

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UNIDADE
Primeiro Socorros

Procedimento para Primeiros Socorros


Organização de primeiros socorros na empresa, incluindo o procedimento previsto
para identificar ou aprensentar:
• as formas de acesso à assistência adicional;
• os trabalhadores designados para primeiros socorros;
• as formas de comunicação;
• a localização do kit de primeiros socorros;
• a localização da sala de primeiros socorros;
• a localização do equipamento de resgate;
• as ações que os trabalhadores devem realizar em caso de acidente;
• a localização de rotas de evacuação;
• as ações que os trabalhadores devem realizar após um acidente;
• as formas de apoiar o pessoal de primeiros socorros no desempenho de sua tarefa.

Tipo de Trabalho e Nível de Risco Associado


Os riscos de lesão variam muito entre empresas e profissões. Mesmo dentro da
mesma empresa, por exemplo, em uma usina de açúcar, existem diferentes riscos, con-
forme o envolvimento do trabalhador: pode ser na operação de tombamento da cana,
onde as prensagens dos membros superiores são mais frequentes; ou do mantenendor
que fica exposto à parte mecânica e elétrica durante suas atividades; há ainda operado-
res de armazenamento de inflamáveis que podem ter queimaduras ou produtos químicos
nos olhos; há acidentes decorrentes das muitas movimentações de carga, como os atro-
pelamentos; entre outros. A variablidade de acidentes, não só nesse tipo de empresa, é
muito grande, por isso deve haver um plano de emergência.

A classificação para planejar os primeiros socorros e estabelecer requisitos mais ou


menos rígidos depende muito do olhar da equipe de saúde e segurança. Considerando,
assim, que a NR 4 realiza a distinção entre tipos de trabalho e riscos potenciais especí-
ficos, chamado de Grau de Risco (GR), e que utiliza a Relação da Classificação Nacional
de Atividades Econômicas (CNAE) para organizar.

Assim, a equipe de SESMT sempre levan em conta as instruções normativas dos


bombeiros, porque é preciso mensurar a quantidade de pessoas expostas e a localidade
do estabelecimento.  A Tabela 1 a seguir foi criada como um exemplo de como tudo
isso pode ser pensado pela equipe, considerando que no setor de educação e de saúde
devam ter profissionais que atendam à emergência ou mesmo dentro de um shopping,
ou um evento com grande acumulação de pessoas.

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Tabela 1 – Divisão de atividades por grau de risco para a ocorrência de acidente de trabalho
Baixo risco Médio risco Alto risco
Atividades Financeiras e de Seguros Comércio Agricultura
Atividades Imobiliárias Correio Indústrias Extrativas
Informação e Comunicação Alojamento e Alimentação Indústrias de Transformação
Atividades Profissionais, Científicas
Administração Pública Eletricidade e Gás
e Técnicas
Água, Esgoto, Atividades de Gestão
Atividades Administrativas Artes, Cultura, Esportes e Recreação
de Resíduos e Descontaminação
Serviços Domésticos Saúde Humana e Serviços Sociais Construção
Educação Transporte e Armazenagem

O SESMT, por meio da análise de perigos potenciais, pode estabelecer os requisitos minimos para
a organização dos primeiros socorros. Sempre observando o potencial de gravidade, como as
quedas de altura, amputações, lesões por esmagamento, alto risco de incêndio e explosão, into-
xicação química no trabalho, outras exposições a substâncias químicas, eletrocussão, exposição
a calor excessivo ou frio, falta de oxigênio, exposição a agentes infecciosos, mordidas e mordidas
de animais.

Tamanho e Organização da Empresa


Toda empresa, independentemente de seu porte, deve ter Primeiros Socorros (PS), já
que a frequência de acidentes é, em muitos casos, inversamente proporcional ao tama-
nho da empresa. Em grandes empresas, o planejamento e a organização dos primeiros
socorros podem ser mais sistemáticos. Assim, montamos a Tabela 2, uma esquematiza-
ção simples para a equipe do SESMT pensar sobre o assunto.

Tabela 2
Tamanho Localidade
Ações
da empresa (urbana e rural)
Ter equipe interna multidisciplinar treinada, capacitada
Grande e orientada para realizar o PS. Valorizar a formação, as
instalações, os equipamentos de comunicação e o transporte.
Acesso do PS externo Garantir profissionais que realizem o PS e os trabalhadores
rápido, demorado treinados para a identificação da gravidade do caso.
Média
ou remoto Valorizar a formação, os equipamentos, a comunicação
e o transporte.
Treinar os trabalhadores para a identificação da gravidade
Pequena
do caso. Valorizar a formação, comunicação e o transporte.

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UNIDADE
Primeiro Socorros

Relato de caso

Um trabalhador de 20 anos se acidentou em uma empresa de extração de areia


localizada na área rural, 40 Km de distância da unidade de saúde mais próxima.
Local com sistema de comunicação com falhas e que apresentava cinco traba-
lhadores no momento do acidente. O trabalhador recebeu um choque de alta
voltagem em cabine de força, quando ele tentava religar o sistema – o acesso
a essa cabine é permitido para qualquer trabalhador. A forma de socorro foi
conduzida da seguinte forma: tentaram a comunicação com o SAMU, mas com
falha, por isso os profissionais presentes resolveram colocá-lo no carro e levá-
-lo à unidade de saúde mais próxima. Considerando a gravidade da situação, foi
acertada essa tomada de decisão, tendo em vista o tempo de espera do SAMU, a
dificuldade de chegar no estabelicimento e a falha de comunicação. Mesmo com
cinco trabalhadores, a unidade de trabalho apresentava um SESMT coorporativo
porque se tratava de uma grande empresa. Pensando como profissional de Saúde
e Segurança, como deveria ser a organização e formação dos profissionais para
o primeiro socorro?

A Organização dos PS em Atividades


de Trabalho sem Estabelecimento Fixo
O tipo de atividade e o local onde está sendo realizado o trabalho contém muitas
váriavéis, ou seja, os locais em que os trabalhadores executam sua atividade devem
ser pensandos pelo SESMT no momento do planejamento e na organização dos pri-
meiros socorros.

Um exemplo é a organização de um serviço rural na plantação, manunteção e


corte de cana, onde existem atividades diversas: manuais, com máquinário, em locais
variados, com produtos químicos, expostos às intempéries etc. Portanto, a variedade
de atividades influência o fornecimento de equipamentos e de materiais, o número e a
distribuição de pessoal de primeiros socorros e os meios disponíveis para o resgate de
trabalhadores acidentados e seu transporte para centros médicos mais especializados.
Outras situações diferentes são atividades temporárias ou sazonais. Isso significa que
alguns locais de trabalho existem apenas temporariamente ou que, no mesmo local
de trabalho, algumas funções são realizadas apenas durante determinados períodos de
tempo e, consequentemente, podem acarretar riscos diferentes. Os primeiros socorros
devem estar disponíveis sempre que necessário, independentemente da situação mudar,
e devem ser planejados de acordo com essas circunstâncias.

O trabalho conjunto com a interação de atividades, como na construção, deve estabelecer


também conjuntamente acordos para combinar as ações dos primeiros socorros. É necessá-
rio atribuir claramente as responsabilidades e a divisão dos trabalhadores de cada empresa
e informar de forma adequada as ações a serem tomadas nos casos em que se precisar de
primeiros socorros. O SESMT deve garantir que a organização dos primeiros socorros para
essa situação específica seja a mais simples possível (DAJER, 2019).

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Requisitos Básicos de um
Programa de Primeiros Socorros
O SESMT é o responsavel técnico pela gestão dos Primeiros Socorros, mas não po-
dem ser eficazes sem a participação total dos trabalhadores. Por exemplo, a cooperação
dos trabalhadores em operações de salvamento e primeiros socorros pode ser necessária.

No Brasil, a construção de uma brigada de incêndio tem uma legislação específica


dos bombeiros, onde o médico e o enfermeiro do trabalho devem se responsabilizar pelo
treinamento de primeiros socorros e determinar os procedimentos básicos de emergên-
cia, que são: o alerta, a análise da situação, de primeiros socorros, isolamento da área,
exercícios simulados, identificação da equipe de primeiro socorros, comunicação interna
e externa e o grupo de apoio.

Nesse sentido, o SESMT deve fornecer instruções escritas sobre primeiros socor-
ros, preferencialmente na forma de cartazes, em locais estratégicos de suas instalações.
Os elementos básicos de um programa de primeiros socorros são os listados a seguir

Equipamentos, materiais e instalações


• Equipamento spara o resgate da vítima no local do acidente, a fim de evitar mais
ferimentos (por exemplo, em caso de incêndio, fumaça de gás, eletrocussão);
• Kits de primeiros socorros, equipamentos similares, com uma quantidade suficiente de
material e instrumentos necessários para o fornecimento de primeiros socorros básicos;
• Equipamentos e materiais especializados que possam ser necessários em empresas
com riscos específicos ou incomuns no trabalho;
• Sala de primeiros socorros adequadamente identificada ou instalação similar na
qual os primeiros socorros podem ser administrados;
• Fornecimento de meios de evacuação e transporte de emergência dos feridos para
o serviço de primeiros socorros ou locais onde a assistência médica complementar
esteja disponível;
• Significa levantar o alarme e comunicar a situação de alerta.

Recursos humanos
• Garantir a seleção dos profissionais, o que pode ser organizada pelo SESMT, con-
forme determina a formação da brigada de incêndio;
• Garantir o treinamento e a reciclagem de profissionais de primeiros socorros;
• Garantir a designação dos profissionais em locais-chave da empresa;
• Garantir treinamento com exercícios práticos para simular situações de emergên-
cia, levando em conta os perigos profissionais específicos que existem na empresa.

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UNIDADE
Primeiro Socorros

Comunição interna sobre o acidente


• Garantir a educação e a informação para todos os trabalhadores sobre a prevenção
de acidentes e ferimentos, e as medidas que os trabalhadores devem tomar após
uma lesão;
• Garantir as informações sobre as disposições de primeiros socorros e a atualização
periódica dessas informações;
• Grantir a divulgação de anúncios com informações – como cartazes e regras sobre
primeiros socorros, bem como planos para a prestação de assistência médica após
os primeiros socorros;
• Garantir a organização das informações através do registro do tratamento de pri-
meiros socorros;
• Desenvolver relatório interno que contém dados sobre a saúde da vítima, além de
referências à segurança do trabalho;
• Desenvolver análise do acidente (hora, local, circunstâncias); o tipo e gravidade
da lesão; o primeiro socorro fornecido; a assistência médica adicional solicitada;
o nome da pessoa afetada e os nomes das testemunhas e outros trabalhadores
relacionados, especialmente aqueles que transportaram a vítima, bem como as
medidas adotadas para evtiar acidentes.

Treinamentos
Considerando que é a função do SESMT, não está vedado o atendimento de emer-
gência quando esse se tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle
de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios
e ao salvamento e de imediata atenção à vítima desse ou de qualquer outro tipo de aci-
dente estão incluídos em suas atividades (BRASIL, 2016). Por isso da importancia da
construção de um programa que vise à capacitação dos trabalhadores para ações de
primeiros socorros.

Na prática, uma diferença pode ser feita entre dois tipos de pessoal de primeiros so-
corros: a equipe de primeiros socorros de nível básico, que recebe treinamento básico,
conforme descrito a seguir, e que está qualificada para atuar nos casos em que o risco
potencial no trabalho é baixo; a equipe de primeiros socorros de nível avançado, que
deve receber treinamento básico e avançado, e deve estar qualificado para atuar nos
casos em que o risco potencial é maior, especial ou raro.

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Treinamento básico
Os programas básicos de treinamento geralmente podem ser divididos em duas par-
tes: tarefas gerais a serem realizadas e prática específica de primeiros socorros. Eles
cobrem as áreas mencionadas a seguir:

Tabela 3
Organização de primeiros socorros;
Sistema de comunicação;
Material educativo;
Avaliação da situação, a magnitude e gravidade das lesões e a necessidade de solicitar
assistência médica adicional;
Proteção da vítima contra novos ferimentos, sem risco para o salva-vidas;
Localização e uso de equipamentos de resgate;
Observação e interpretação da condição geral da vítima (por exemplo, inconsciência,
distúrbios respiratórios e cardiovasculares, hemorragia);
Localização, uso e manutenção de equipamentos e instalações de primeiros socorros;
Planejar o acesso a assistência adicional;

Conteúdo do treinamento de primeiros socorros


Tabela 4
Treinamento básico Treinamento avançado
O objetivo é fornecer conhecimentos teóricos e práticos básicos O objetivo do treinamento avançado é a especialização, e
para a prestação de primeiros socorros. não o entendimento geral.
• feridas; • reanimação cardiopulmonar;
• hemorragias; • envenenamento;
• fraturas ósseas ou articulares; • lesões causadas por corrente elétrica;
• lesões por esmagamento (por exemplo, no peito ou no • queimaduras graves;
abdômen); • lesões oculares graves;
• inconsciência, especialmente se acompanhada por • lesões de pele;
dificuldade ou parada respiratória; • contaminação com material radioativo (interno ou
• ferimentos nos olhos; contaminação da pele e feridas);
• queimaduras; • outros procedimentos relacionados a riscos específicos
• hipotensão ou choque; (por exemplo, estresse devido ao frio ou ao calor,
• higiene pessoal durante o manuseio das feridas; situações de emergência devido à imersão).
• cuidado dos dedos amputados.
Fonte: Dajer (2019)

No link a seguir, é possível acessar vários videos de Educação Pública realizados pelo Corpo
de Bomberios do Estado de São Paulo. Acesse aqui e procure: http://bit.ly/2UHHMZt.

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Primeiro Socorros

Conteúdo básico
Considerando que na equipe do SESMT é onde o médico e o enfermeiro do trabalho
devem se responsabilizar pelo treinamento de primeiros socorros, essa equipe deve de-
finir as informações a serem passados tendo por base o ambiente de trabalho presente
na empresa. Assim, apresentamos um kit de primeiros socorros relativamente simples
que inclui os seguintes itens:
• curativos adesivos estéreis embalados individualmente;
• ataduras (e bandagens compressivas, quando apropriado);
• diferentes tipos de curativos;
• curativos estéreis para queimaduras;
• óculos estéreis;
• bandagens triangulares;
• alfinetes de segurança;
• tesoura;
• solução antisséptica;
• algodão;
• um cartão com instruções de primeiros socorros;
• sacos plásticos estéreis;
• possibilidade de obtenção de gelo;

Veja o video sobre o kit avançado completo de primeiros socorros de um bombeiro.


Acesse aqui: https://youtu.be/Qvt71iTUelE.

Equipamentos especializados
Equipamentos especializados devem sempre estar localizados próximos aos locais
em que podem ocorrer acidentes e na sala de primeiros socorros. Transportar o equi-
pamento de uma posição central, como o serviço de saúde no trabalho, para o local do
acidente pode levar muito tempo. Como exemplo: em caso de intoxicação, deve-se ter
antídotos disponíveis em um recipiente individual.

Equipamentos de resgate
Em algumas situações de emergência, pode ser necessário usar um equipamento
de resgate especializado para mover ou resgatar a vítima de um acidente. Embora seja
difícil fazer previsões, algumas situações de trabalho (como aquelas que ocorrem em es-
paços fechados, em grandes altitudes ou debaixo d’água) podem estar ligadas a uma alta

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probabilidade desse tipo de incidente. O equipamento de resgate pode ser composto,
entre outros elementos, por roupas de proteção, cobertores para extinção de incêndios,
extintores de incêndio, respiradores, aparelhos respiratórios autônomos, instrumentos
de corte e macacos hidráulicos ou mecânicos, como cordas e macas especiais para
transportar a vítima. Deve também incluir todo o material necessário para proteger o
pessoal de primeiros socorros das lesões (DAJER, 2019).

Sala de primeiros socorros


Uma sala ou área preparada para a administração de primeiros socorros deve estar
disponível. As características ideais de uma sala de primeiros socorros são as seguintes:
• Permitir o acesso a macas e ambulâncias ou outros meios de transporte;
• Garantir espaço para abrigar uma cama, com espaço suficiente para que a equipe
possa contorná-la;
• Garantir que esteja limpo, bem ventilado, bem iluminado e organizado;
• Garantir que seja reservado para ações de primeiros socorros;
• Garantir a identificação de serviço de primeiros socorros, com a sinalização correta
e sob a responsabilidade do pessoal de primeiros socorros;
• Garantir água corrente, de preferência quente e fria, sabão e uma escova de unha.
Se não houver água corrente, deve haver água armazenada em recipientes descar-
táveis perto do kit de primeiros socorros para lavar e irrigar os olhos;
• Garantir toalhas, travesseiros e cobertores, roupas limpas que possam ser usadas
pelo pessoal de primeiros socorros e um recipiente de resíduos.

Sistemas de comunicação e encaminhamento


O SESMT deve garantir meios de comunicação e de alerta na ocorrência de um aci-
dente ou durante a necessidade de atendimento urgente. Por isso, é importante entrar em
contato com o pessoal de primeiros socorros imediatamente. Para isso, deve-se garantir:
• meios de comunicação entre as áreas de trabalho, o pessoal de primeiros socorros
e a sala de primeiros socorros;
• comunicações telefônicas se possível, especialmente se as distâncias forem maiores
do que 200 metros, embora nem todos os estabelecimentos estejam disponíveis;
• alertas como forma de comunicação, como as sirenes, que permitem alertar a equipe
de primeiros socorros;
• a comunicação com a assistência médica especializada ou avançada geralmente
é feita por telefone, assim como a chamada para a ambulância ou os serviços
de emergência;
• que os endereços, nomes e números de telefone sejam registrados de forma clara e
visível em todas as suas instalações, bem como na sala de primeiros socorros.

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UNIDADE
Primeiro Socorros

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Conheça o aplicativo de primeiros socorros do Dr. Dráuzio Varella
https://youtu.be/LgdAqdtlqsc
Primeiros socorros – Dr. Dráuzio Varella
https://youtu.be/fsnv8b1vNUY
Vídeos preventivos dos bombeiros
http://bit.ly/2UHHMZt

Leitura
Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
http://bit.ly/2UJIhSV
Manual de Primeiros Socorros – Ministério da Saúde
http://bit.ly/2UBBIl0

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Referências
ALMEIDA, I. M.; VILELA, R. A. G. Modelo de análise e prevenção de acidente de
trabalho – MAPA. Piracicaba: CEREST, 2010. Disponível: <http://www.cerest.piraci-
caba.sp.gov.br/site/images/images/MAPA_IMPRESSO_CERTO240810_PDFX.pdf>.
Acesso em: 13/04/2019.

BRASIL (2016). Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora nº 4 – Serviços


especializados em engenharia de segurança em medicina do trabalho, 2016. R.
Disponível em: <https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/
NR-04.pdf>. Acesso em: 13/04/2019.

DAJER A.J. (2019). Organização Internacional do Trabalho (OIT). Primeros Auxilios


y Servicios Medicos de Urgencia, 1-10. Disponível em: <http://www.insht.es/
InshtWeb/Contenidos/Documentacion/TextosOnline/EnciclopediaOIT/tomo1/14.
pdf>. Acesso em: 13/04/2019.

HALE. et al. (2007). Modeling accidents for prioritizing prevention. Reliability


Engineering & System Safety, v. 92, n. 12, Cambridge, 1-15.

MOURA et al. (2018). Práticas Educativas em Primeiros Socorros: Relato de Experiência


Extensionista. Revista Ciência em Extensão – UNESP, v.14, n.2., 180-187, 2018. Dis-
ponível em: <http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/1644>. Acesso
em: 13/04/2019.

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