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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Contextualização Histórica
da Saúde do Trabalhador
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
Contextualização
Esta Unidade tem a finalidade de partilhar com o estudante informações de como se
tria dados para a construção do conhecimento a respeito dos condicionantes, determi-
nantes, da natureza, dos processos e dos mecanismos de adoecimento dos trabalhadores
quando esses têm relação com as condições e ambientes de trabalho. A unidade é um
ponto de partida para fornecer os instrumentos necessários no sentido de impulsionar
mudanças no contexto social, tecnológico e de políticas públicas que estejam envolvidos
com a Saúde do Trabalhador para assegurar que erros não se repitam e contribuir na
construção de um mundo novo possível. Construindo um olhar sobre o trabalho que seja
um determinante de saúde e vida.
Sendo assim, para iniciarmos esta unidade, convidamos você a refletir acerca das
consequências da questão de segurança nas empresas. Veja a reportagem do jornal da
ciência e sobre grandes desastres da engenharia e o quanto aprendemos com os erros
cometidos na história do mundo.
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Conceituação e Importância
Desde os tempos mais remotos, reconhecemos a relação entre saúde e trabalho, sen-
do que o trabalho ocupa um lugar fundamental na vida dos indivíduos. Na pré-história e
história antiga, o trabalho era visto como a busca por fontes primárias de sobrevivência
– abrigo, caça, água. Atualmente, várias outras funções foram agregadas ao sentido do
trabalho, como a busca do bem-estar, a autorrealização ou ainda como fonte de prazer.
Estudos apontam o trabalho também como um importante fator na construção da sub-
jetividade dos indivíduos.
De qualquer maneira, o trabalho não é nunca neutro em relação à
saúde, e favorece seja a doença seja a saúde.
Ainda que escassa, desde os papiros egípcios e, mais tarde, na tradição judaica e no
mundo greco-romano, historiadores da Medicina como Henry Sigerist (1891-1957) e
George Rosen (1910-1977) mostravam em seus estudos que já é possível detectar algu-
ma referência sobre a associação entre trabalho e saúde-doença.
Mendes (2013) afirma que, ao menos desde o antigo Egito, reconhece-se a existência
de doenças associadas ao trabalho. Lesões de braços e mãos em pedreiros são descritas
nos papiros de Sellier (DEMBE, 1996), dermatites pruriginosas laborais são citadas no pa-
piro de Ebers (WRIGHT; GOLDMAN, 1979) e havia atendimento médico organizado em
certos locais de trabalho, como minas e pedreiras, na construção de pirâmides e de outros
monumentos, e em expedições à procura de minas de cobre e turquesa (LECA, 1983).
Não é de estranhar que também em Roma, em um ambiente onde havia grande in-
fluência da cultura grega, de presença frequente e distinta de médicos, e onde se desen-
volveram várias escolas médicas, tenha havido algum direcionamento da prática médica
aos esteios da civilização romana. Assim, legiões militares, as escolas de gladiadores, as
companhias teatrais e as corporações de trabalhadores possuíam seus próprios médi-
cos, voltados ao tratamento de doenças desenvolvidas por esses profissionais. Não há,
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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
nesse período, como em nenhum outro período da história clássica, uma abordagem
exclusiva de cunho ocupacional; os médicos tratavam as doenças de indivíduos organi-
zados por seus ofícios (GIORDANI, 1987).
O fim do século XVII pode ser considerado como um divisor de águas na história
do conhecimento sobre as doenças relacionadas ao trabalho, posto que em 1700 foi
publicado o clássico De Morbis Artificium Diatriba [Tratado sobre a Doença dos Traba-
lhadores], de autoria de Bernardino Ramazzini (1633-1714). Ele era médico e professor
de Medicina em Módena e em Pádua, nasceu em Capri, na Itália, no dia 4 de outubro
de 1633. Diatriba, seu texto mais importante, creditou a ele o título de Pai da Medicina
do Trabalho.
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As transformações desencadeadas pela Revolução Industrial trouxeram mudanças
na forma de produzir e de viver das pessoas e, consequentemente, deu novo impulso à
Medicina do Trabalho. Desde então, as mudanças e exigências dos processos produtivos
e dos movimentos sociais, suas práticas, têm se transformado e vêm incorporando novos
enfoques e instrumentos de trabalho, em uma perspectiva mais interdisciplinar, delimitan-
do o campo da Saúde Ocupacional e, mais recentemente, da Saúde dos Trabalhadores.
Medicina do Trabalho
A Medicina do Trabalho, enquanto especialidade médica, surge na Inglaterra na pri-
meira metade do século XIX, com a Revolução Industrial. Naquele momento, o con-
sumo da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo
acelerado e desumano de produção, exigiu uma intervenção, sob pena de tornar inviável
a sobrevivência e reprodução do próprio processo.
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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
Em 1833, seguiu-se o Factory Act, lei das fábricas, que ampliava as medidas de prote-
ção dos trabalhadores em todas as fábricas que utilizavam a força hidráulica ou do vapor,
iniciando a contratação de médicos para o controle da saúde dos trabalhadores. É impor-
tante destacar a criação do “Inspetorado de Fábricas”, órgão governamental que, pela pri-
meira vez, entrou no interior das fábricas para verificar se a saúde dos trabalhadores estava
sendo protegida contra os agravos do trabalho (NOGUEIRA, 1984; MENDES, 2013).
Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, preocupado com o fato de que
seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a não ser aquele propiciado
por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert Baker, seu médico pessoal, e o
colocou dentro da fábrica para verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas e estabe-
lecer as formas de prevenção. A contratação de Baker para trabalhar na sua fábrica, em
1830, fez surgir o primeiro serviço de medicina do trabalho. Esse modelo se estendeu
por outros países, assim como o processo de industrialização.
De acordo com Mendes e Dias (1991), a medicina do trabalho pode ser conceituada
como: [...] especialidade médica voltada primordialmente para o tratamento (da doença),
a recuperação da saúde, o tratamento dos efeitos ou a diminuição de sequelas causadas
pelos acidentes e as doenças.
O modelo da Medicina do Trabalho se adequou bem ao paradigma taylorista, surgido
no final do século XIX, e foi aperfeiçoado por Henry Ford nas décadas seguintes nos
Estados Unidos, pois favorecia a seleção dos mais aptos, o controle do absenteísmo e o
gerenciamento do retorno ao trabalho dos doentes e acidentados (SILVA, 2000).
Após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento de novas tecnologias com en-
grenagens pesadas, novos instrumentos, a chegada de produtos químicos e a fragmen-
tação crescente das tarefas trouxeram em seu bojo uma crescente demanda por inter-
venção no ambiente de trabalho. Tal processo também ocasionou o deslocamento do
papel do supervisor para a própria máquina, que passou a exercer formas abusivas de
controle da produção através da obrigatoriedade da execução de tarefas mais intensas ou
monótonas. Essas demandas oferecem novas repercussões à saúde dos trabalhadores,
que se traduzem no crescimento do número de acidentes e no aumento das doenças.
Isso exige uma atenção que a medicina sozinha não pode dar conta (DIEESE, 1994).
O pensamento preponderante da
concepção de Medicina do Traba-
lho se orienta pela teoria da unicau-
salidade, ou seja, para cada doença,
um agente etiológico.
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sobre suas consequências, medicalizando em função de sintomas e sinais ou, quando
muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida. Dessa forma, não é capaz
de superar o enfoque biológico, ignorando outros fatores que envolvam as relações psi-
cossociais que trazem consequências para a saúde do trabalhador (GOMEZ-MINAYO;
THEDIN-COSTA, 1997).
Saúde Ocupacional
Para Silva (2000), surge como resposta à questão do ambiente insalubre a concepção
de saúde ocupacional, com um clamor multidisciplinar, aliando médicos e engenheiros a
um pensamento que enfatiza a higiene industrial.
Fundada em 1919 como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira
Guerra Mundial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem como objetivo pro-
mover a justiça social. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas
internacionais do trabalho (Convenções e Recomendações). As Convenções, uma vez
ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento
jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência
Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião.
Em 1950, o comitê misto da OIT e da Organização Mundial da Saúde (OMS) (1950) de-
finiu, em reunião realizada em Genebra em 1949, a saúde ocupacional como aquela que:
[...] visa à promoção e manutenção, no mais alto grau do bem-estar
físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações; à pre-
venção, entre os trabalhadores, de doenças ocupacionais causadas por
suas condições de trabalho; à proteção dos trabalhadores em seus la-
bores, dos riscos resultantes de fatores adversos à saúde; à colocação e
conservação dos trabalhadores nos ambientes ocupacionais adaptados
às suas aptidões fisiológicas e psicológicas; em resumo: à adaptação do
trabalho ao homem e de cada homem ao seu próprio trabalho.
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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
A saúde ocupacional surge, sobretudo, dentro das grandes empresas, com traços
da multidisciplinar e interdisciplinaridade, com a organização de equipes progressiva-
mente multiprofissionais e a ênfase na higiene “industrial”, refletindo a origem histórica
dos serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países “industrializados”
(MENDES; DIAS, 1991). Nessa abordagem, existe uma valorização dos ambientes de
trabalho e de agentes ambientais, mantendo a atenção nas doenças ocupacionais do
trabalhador produtivo, além da variação do conceito de causalidade, aceitando a multi-
causalidade, quantificação dos riscos ambientais e mantendo o desprezo à análise dos
processos de trabalho e dos modos de organização da produção como geradores de
riscos com o trabalho excluído do contexto social.
As práticas mais disseminadas eram a seleção de pessoal que, em tese, fosse me-
nos propenso a se acidentar e adoecer, o controle da saúde para evitar problemas de
absenteísmo e os esforços para proporcionar retorno rápido ao trabalho nos casos de
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afastamentos. A medicina do trabalho tornou-se a variável técnica para solucionar os da-
nos à saúde provocados pelos processos produtivos, sem a possibilidade de interferir além
dos preceitos normativos estabelecidos no contrato de trabalho firmado entre patrões e
empregados. Inaugurava-se um campo médico subserviente ao contrato e ao interesse do
capital produtivo (VASCONCELLOS, 2011; VASCONCELLOS; PIGNATTI, 2006).
Saúde do Trabalhador
A insuficiência do modelo da saúde ocupacional não constitui fenômeno pontual e
isolado. Antes, foi e continua sendo um processo que, embora guarde certa especifici-
dade do campo das relações entre trabalho e saúde, tem sua origem e desenvolvimen-
to determinados por cenários políticos e sociais mais amplos e complexos (MENDES;
DIAS, 1991).
Além disso, ainda que esse processo tenha traços comuns que lhe conferem certa uni-
versalidade, ele ocorre em ritmo e natureza próprios, refletindo a diversidade dos mundos
políticos e sociais e as distintas maneiras de os setores de trabalho e saúde se organizarem.
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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
Saúde do Trabalhador: as
relações sociais de produção
(intersetorial, multiprofissional,
postura proativa do trabalhador)
Figura 1
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Destaques importantes da História brasileira
• 1921: Foi criada a Inspeção do Trabalho, circunscrita ao Rio de Janeiro;
• 1926: Com a reforma constitucional, estabeleceu-se a competência da União para
legislar sobre o assunto;
• 1931: Governo Getúlio Vargas foi criado o Departamento Nacional do Trabalho,
com a função de fiscalizar o cumprimento de leis sobre acidentes laborais, jornada,
férias, organização sindical e trabalho de mulheres e menores;
• 1932: Criadas as inspetorias regionais nos estados da federação, posteriormente
transformadas em Delegacias Regionais do Trabalho;
• 1934: Decreto que ampliou a definição de Acidente de Trabalho e traz a obri-
gatoriedade de comunicação de acidentes dessa natureza à autoridade policial
pelo Departamento Nacional do Trabalho, que também previa a imposição de
multas administrativas;
• 1943: Surge no país a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, com ela, as
primeiras referências à higiene e segurança no trabalho. Em um cenário de cres-
cimento das indústrias, resultou no aumento do número de trabalhadores urbanos,
o que, consequentemente, trouxe novas preocupações para o governo brasileiro;
• Na década de 1940, também emergem as Comissões Internas de Prevenção de
Acidentes (CIPA) organizadas pelas empresas. A Portaria do Ministério do Traba-
lho, que criou as CIPA, foi estruturada pela Associação Brasileira de Medicina do
Trabalho e é considerada uma das medidas mais efetivas no contexto das ações
para prevenção dos acidentes do trabalho. As primeiras comissões trouxeram bons
resultados e incentivaram a realização de congressos sobre prevenção de acidentes;
• Em 1947, a OIT adota a Convenção n.º 81, que estabelece que cada membro da
organização deva ter um sistema de inspeção do trabalho nos estabelecimentos
industriais e comerciais. A experiência dos países industrializados transformou-se
na Recomendação n.º 112, de 1959, estabelecida pela OIT, que tratava dos “Servi-
ços de Medicina do Trabalho”. Posteriormente, ela foi substituída pela Convenção
n.º 161 da OIT, de 1985, e sua respectiva Recomendação, de n.º 171.
Importante ressaltar o documento da Convenção n.º 161, que traz em seu artigo 5º:
Sem prejuízo da responsabilidade de cada empregador a respeito da
saúde e a segurança dos trabalhadores que emprega e considerando a
necessidade de que os trabalhadores participem em matéria de saúde
e segurança no trabalho, os serviços de saúde no trabalho deverão
assegurar as funções seguintes que sejam adequadas e apropriadas
aos riscos da empresa para a saúde no trabalho.
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UNIDADE
Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
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ressaltam o quanto é fundamental para o trabalhador as práticas multiprofissionais,
assim como conhecer as políticas públicas voltadas para a saúde do trabalhador.
Médico do
Trabalho
Enfermagem
Outros
do Trabalho
Engenheiro
Fisioterapeuta de Segurança
do Trabalho
TRABALHADOR
Técnico de
Fonoaudiólogo Segurança do
Trabalho
Psicólogo Odontologia
do Trabalho
Administra-
ção/Recursos
Humanos
Figura 2
No Brasil, a Norma Regulamentadora n.º 4 (NR4), cuja existência jurídica está asse-
gurada, em um nível de legislação ordinária, através do artigo 162 da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas
que possuam empregados regidos pela CLT:
[...] de organizarem e manterem em funcionamento um Serviços Es-
pecializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
(SESMT) com a finalidade de promover a saúde e proteger a integrida-
de do trabalhador, no local de trabalho. (PUSTIGLIONE, 2015)
O mesmo autor nos chama atenção para a leitura da NR4 e suas afins, que deixa
claro que o estabelecido por essa norma como missão e ações do SESMT se assemelha
com o que é preconizado pela Occupational Health and Safety Assessment Series
(OHSAS) 18001:2007, como mostra o quadro a seguir:
A OHSAS 18001 foi desenvolvida para ser compatível com as normas de gestão ISO
9001:2000 (Qualidade) e ISO 14001:2004 (Ambiente), a fim facilitar a integração dos siste-
mas de gestão da saúde e segurança do trabalho com os sistemas de gestão ambiental e
com os sistemas de gestão da qualidade, caso as organizações o pretendam fazer.
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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
Importante destacar artigos do código civil que dizem respeito à responsabilidade civil
do profissional:
Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusi-
vamente moral, comete ato ilícito.
[...]
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (Arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Secretaria de Trabalho – Ministério da Economia
https://bit.ly/2ZjCxxN
Vídeos
Normas de Segurança do Trabalho
https://youtu.be/zXMGeesxvG0
Leitura
Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990
https://bit.ly/1RMDgj1
Responsabilidade civil pelos danos à saúde do trabalhador (2016)
https://bit.ly/2ZbguJs
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Contextualização Histórica da Saúde do Trabalhador
Referências
AITH, F.; MINHOTO, L. D.; COSTA, E. A. Poder de polícia e vigilância sanitária no
Estado Democrático de Direito. In: COSTA, E.A, organizadora. Vigilância Sanitária:
Temas para Debate. Salvador: EDUFBA; 2009. p. 37-60.
BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 – Dispõe so-
bre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990.
MENDES, R. (org.) et al. Patologia do trabalho: volume 1. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2013.
MENDES, R. (org.) et al. Patologia do trabalho: volume 2. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2013.
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MINAYO-GOMEZ, C. Campo da Saúde do Trabalhador: trajetória, configuração e trans-
formações. In: MINAYO-GOMEZ, C.; MACHADO, J. M. H.; PENA, P. G. L. (orgs.).
Saúde do Trabalhador na Sociedade Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro:
Editora Fiocruz, 2011. p. 320-350.
MINAYO-GOMEZ, C.; THEDIM-COSTA, S. M. F. A construção do campo da saúde do traba-
lhador: percurso e dilemas. Cad. Saúde Pública [online]. 1997, vol.13, supl.2, pp.S21-S32.
NOGUEIRA, D. P. Incorporação da saúde ocupacional à rede primária de saúde. Rev.
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www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101984000600009&lng=
en&nrm=iso>. Acesso em: 10 jan. 2019.
ODONNE, I.; MARRI, G.; GLÓRIA, S.; BRIANTE, G.; CHIATELLA, M.; RE, A. Am-
biente de Trabalho: A luta dos trabalhadores pela saúde. São Paulo: Hucitec, 1986.
PORTO, M. F. S. Trabalho industrial, saúde e ecologia. Tese de doutorado do Pro-
grama de Engenharia de Produção COPPE/URFJ, 1994, 258p.
PUSTIGLIONE, M. A importância dos Serviços Especializados em Engenharia de Se-
gurança e Medicina do Trabalho nas certificações de qualidade de empresas e serviços.
Rev Bras Med Trab. 2015;13(2):135-8.
SILVA, C. T. Saúde do trabalhador: um desafio para a qualidade total no He-
morio. Dissertação de mestrado em saúde pública. Rio de Janeiro: CESTEH/ENSP/
FIOCRUZ, 2000.
SIVIERI, L. H. Saúde no Trabalho e Mapeamento de Riscos. In: Saúde, meio ambiente
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Fundacentro, 1995, pp. 75-111.
VASCONCELLOS, L. C. F. Entre a saúde ocupacional e a saúde do trabalhador: as
coisas nos seus lugares. In: VASCONCELLOS, L. C. F.; OLIVEIRA, M. H. B. Saúde,
Trabalho e Direito: uma trajetória crítica e a crítica de uma trajetória. Rio de Janeiro:
Educam, 2011. p. 401-422.
VASCONCELLOS, L. C. F.; PIGNATI, W. A. Medicina do trabalho: subciência ou sub-
serviência? Uma abordagem epistemológica. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janei-
ro, v. 11, n. 4, p. 1105-1115. 2006.
Sites visitados
<http://renastonline.ensp.fiocruz.br/>.
<https://maisemprego.mte.gov.br/portal/pages/home.xhtml>.
<http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf>.
<http://revistacipa.com.br/>.
<http://trabalho.gov.br/>.
<http://acesso.mte.gov.br/legislacao/>.
<https://www.anamt.org.br/portal/>.
<https://anent.org.br/>.
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O Ambiente
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as
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Doenças do Trabalho
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Doenças do Trabalho
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Doenças do Trabalho
Objetivos
• Reconhecer os principais agravos relacionados ao trabalho;
• Entender a relação entre agentes ambientais (físicos, químicos e biológicos) e doenças
do trabalho;
• Identificar principais agravos na indústria e no meio rural;
• Compreender a importância dos aspectos epidemiológicos para as ações de prevenção e
promoção à saúde do trabalhador.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Doenças do Trabalho
Contextualização
Esta Unidade tem a finalidade de partilhar com o estudante informações sobre os
principais agravos relacionados ao trabalho. Trabalhadores apresentam doenças e aci-
dentes muitas vezes decorrentes do trabalho que executam e dos ambientes a que estão
expostos em função desses trabalhos. Dessa forma, o perfil de adoecimento dos traba-
lhadores depende diretamente da influência do ambiente de trabalho como um determi-
nante ou condicionante do processo de saúde-doença.
Para iniciarmos esta unidade, convidamos você a refletir acerca das consequências
de um ambiente de trabalho sem as devidas orientações de saúde e segurança. Veja um
documentário denominado Sucata de Plástico no endereço a seguir:
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Introdução
Os agentes ambientais são agentes existentes nos ambientes de trabalho que, em fun-
ção de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de
causar danos à saúde do trabalhador. Dessa forma, necessita-se que sejam eliminados,
minimizados ou neutralizados e constantemente monitorados.
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UNIDADE
Doenças do Trabalho
Acidente de Trabalho
Fórum Acidentes do Trabalho, acesse o link: http://bit.ly/2Gy1f4Z.
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De acordo com o Ministério da Fazenda, entre 2012 e 2016, foram registrados
3,5 milhões de casos de acidente de trabalho em 26 estados e no Distrito Federal.
Esses casos resultaram na morte de 13.363 pessoas e geraram um custo de R$22,171
bilhões para os cofres públicos, com gastos da Previdência Social, como auxílio-do-
ença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente para pessoas
que ficaram com sequelas. Nos últimos cinco anos, 450 mil pessoas sofreram fraturas
enquanto trabalhavam.
O que muda com a Lei n.º 13.467, de 13 de julho de 2017, que altera a CLT?
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UNIDADE
Doenças do Trabalho
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Dermatoses Ocupacionais
É toda alteração das mucosas, pele e seus anexos, que seja direta ou indiretamente
causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupa-
cional ou no ambiente de trabalho (BRASIL, 2006c).
Dentre os agentes físicos, os principais são: radiações não ionizantes, calor, frio, ele-
tricidade. E quanto aos agentes químicos, os principais são:
• Irritantes: cimento, solventes, óleos de corte, detergentes, ácidos e álcalis;
• Alérgenos: aditivos da borracha, níquel, cromo e cobalto como contaminantes do
cimento, resinas, tópicos usados no tratamento de dermatoses.
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UNIDADE
Doenças do Trabalho
Os fatores de risco não são independentes: interagem entre si e devem ser sempre
analisados de forma integrada. Envolvem aspectos biomecânicos, cognitivos, sensoriais,
afetivos e de organização do trabalho. Por exemplo, fatores organizacionais como carga
de trabalho e pausas para descanso podem controlar fatores de risco quanto à frequên-
cia e à intensidade.
Tabela 1
Regiões anatômicas submetidas
Punho, cotovelo, ombro, mão, pescoço etc.
aos fatores de risco.
Para carga musculoesquelética, por exemplo, pode ser o peso do objeto
Magnitude ou intensidade
levantado. Para características psicossociais do trabalho, pode ser a percepção do
dos fatores de risco.
aumento da carga de trabalho.
Variação de tempo dos fatores de risco. Duração do ciclo de trabalho, distribuição das pausas, estrutura de horários etc.
O tempo de latência das lesões e dos distúrbios pode variar de dias a décadas
Tempo de exposição aos fatores de risco.
(KIVI, 1984; CASTORINA, 1990).
Pneumoconioses
As pneumopatias relacionadas etiologicamente à inalação de poeiras em ambientes
de trabalho são genericamente designadas como Pneumoconioses (do grego, conion
= poeira). São excluídas dessa denominação as alterações neoplásicas, as reações de
vias aéreas, como asma e a bronquite, e o enfisema. Apesar de esse conceito englo-
bar a maior parte das alterações pulmonares envolvendo o parênquima, alguns autores
apontam para o fato de que o termo pneumoconiose pode não ser adequado quando
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aplicado a determinadas pneumopatias mediadas por processos de hipersensibilidade,
atingindo o parênquima pulmonar, como as alveolites alérgicas por exposição a poeiras
orgânicas e outros agentes, a doença pulmonar pelo berílio ou a pneumopatia pelo co-
balto, por exemplo.
Entende-se por “asbesto”, também denominado amianto, a forma fibrosa dos silicatos minerais per-
tencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas. Entende-se por “exposição ao asbesto”,
a exposição no trabalho às fibras de asbesto respiráveis ou poeira de asbesto em suspensão no ar origi-
nada pelo asbesto ou por minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto. Os registros das ava-
liações dos trabalhadores expostos deverão ser mantidos por um período não inferior a 30 (trinta) anos.
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UNIDADE
Doenças do Trabalho
Além dos sintomas auditivos frequentes – quais sejam, perda auditiva, dificuldade de
compreensão de fala, zumbido e intolerância a sons intensos –, o trabalhador portador
de Pair também apresenta queixas como cefaleia, tontura, irritabilidade e problemas
digestivos, entre outros.
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• Limitações em atividades da vida diária: que incluem atividades como autocuida-
do, higiene pessoal, comunicação, deambulação, viagens, repouso e sono, atividades
sexuais e exercícios de atividades sociais e recreacionais. O que é avaliado não é sim-
plesmente o número de atividades que estão restritas ou prejudicadas, mas o conjunto
de restrições ou limitações que, eventualmente, afetam o indivíduo como um todo;
• Exercício de funções sociais: refere-se à capacidade do indivíduo de interagir
apropriadamente e comunicar-se eficientemente com outras pessoas. Inclui a ca-
pacidade de conviver com outros, tais como membros de sua família, amigos, vizi-
nhos, atendentes e balconistas no comércio, zeladores de prédios, motoristas de táxi
ou ônibus, colegas de trabalho, supervisores ou supervisionados, sem alterações,
agressões ou sem o isolamento do indivíduo em relação ao mundo que o cerca;
• Concentração, persistência e ritmo: também denominados capacidade de com-
pletar ou levar a cabo tarefas. Esses indicadores ou parâmetros referem-se à capa-
cidade de manter a atenção focalizada o tempo suficiente para permitir a realização
cabal, em tempo adequado, de tarefas comumente encontradas no lar, na escola ou
nos locais de trabalho. Essas capacidades ou habilidades podem ser avaliadas por
qualquer pessoa, principalmente se for familiarizada com o desempenho anterior,
basal ou histórico do indivíduo. Eventualmente, a opinião de profissionais psicólo-
gos ou psiquiatras, com bases mais objetivas, poderá ajudar na avaliação;
• Deterioração ou descompensação no trabalho: refere-se a falhas repetidas na
adaptação a circunstâncias estressantes. Frente a situações ou circunstâncias mais
estressantes ou de demanda mais elevada, os indivíduos saem, desaparecem ou
manifestam exacerbações dos sinais e sintomas de seu transtorno mental ou com-
portamental. Em outras palavras, descompensam e têm dificuldade de manter as
atividades da vida diária, o exercício de funções sociais e a capacidade de completar
ou levar a cabo tarefas. Aqui, situações de estresse, comuns em ambientes de traba-
lho, podem incluir o atendimento de clientes, a tomada de decisões, a programação
de tarefas, a interação com supervisores e colegas.
15
15
UNIDADE
Doenças do Trabalho
O primeiro relato associando câncer à ocupação foi descrito por Percival Pott, em
1775, relacionando câncer de escroto em limpadores de chaminé como decorrente da
exposição à fuligem. Todavia, o modelo experimental da carcinogenicidade da fuligem
só foi demonstrado em 1920, ou seja, 150 anos depois da primeira observação epide-
miológica (OIT, 2009).
A associação de câncer com causas ocupacionais tem sido demonstrada por meio
de estudos epidemiológicos. A partir de 1965, com a criação da IARC pela Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS), ficou a cargo dessa Agência o consenso internacional
para o reconhecimento do caráter cancerígeno das substâncias, agentes ou outras
formas de exposição. No que tange à exposição ocupacional, o papel da IARC tem
sido fundamental no sentido de reconhecer os ambientes complexos e as múltiplas
exposições que ocorrem no ambiente de trabalho e que não permitem a identificação
de agentes isolados.
16
Quanto à forma de utilização das substâncias químicas, importantes compostos can-
cerígenos encontram-se entre os metais pesados, os agrotóxicos, os solventes, formal-
deído e as poeiras. Existem diferentes formas de classificação para o mesmo agente.
As restrições para a exposição a substâncias químicas baseadas no conhecimento da
toxicidade potencial ou da carcinogenicidade são bastante recentes.
Investir em segurança do trabalho deve estar para além de uma obrigação im-
posta pela lei. Quando, de fato, o empregador se preocupa e aposta na área de
17
17
UNIDADE
Doenças do Trabalho
Doenças Relacionadas
ao Trabalho no Meio Rural
No âmbito rural o direito brasileiro regulou a atividade do trabalhador, inicialmente
pela Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, e pelo Decreto nº 73.626, de 12 de fevereiro
de 1974. Mais tarde, em 1988, a Constituição Federal, no seu art. 7º equipara em di-
reitos o trabalhador rural ao urbano. O meio onde o trabalhador exerce suas atividades
pode apresentar riscos à sua integridade física e psicológica (CERVI, 2015).
Segundo Laurell e Noriega (1989), os riscos, fatores de risco e danos à saúde dos tra-
balhadores devem ser compreendidos como expressão das tecnologias utilizadas, da orga-
nização e da divisão do trabalho, da intervenção dos trabalhadores nos locais de trabalho,
da ação de técnicos e instituições relacionados à questão e do arcabouço jurídico vigente.
18
Podemos considerar que os riscos e danos que podem acometer o trabalhador agro-
pecuário são:
• Acidentes com ferramentas manuais, com máquinas e implementos agrícolas ou
provocados por animais, ocasionando lesões traumáticas de diferentes graus de
intensidade. Entre os agricultores, esses são os acidentes de trabalho mais comu-
mente notificados, seja por meio dos sistemas oficiais de informação em saúde, seja
pela empresa;
• Acidentes com animais peçonhentos cuja relação com o trabalho quase nunca é es-
tabelecida, embora sejam bastante comuns. Ofidismo, aracneísmo, escorpionismo
são os mais comuns. Acontecem ainda com taturanas, abelhas, vespas, marimbon-
dos etc.;
• Exposição a agentes infecciosos e parasitários endêmicos que provocam doenças
como a esquistossomose, a malária etc.;
• Exposição à radiação não ionizante (solar) por longos períodos, sem observar as
pausas e as reposições calórica e hídrica necessárias, desencadeia uma série de
problemas de saúde, tais como cãibras, síncopes, exaustão por calor, envelheci-
mento precoce e câncer de pele;
• Exposição ao ruído e à vibração que estão presentes no uso de motosserras, colhe-
deiras, tratores etc. O ruído provoca perda lenta e progressiva da audição, fadiga,
irritabilidade, aumento da pressão arterial, distúrbios do sono etc. Já a exposição à
vibração ocasiona desconforto geral, dor lombar, degeneração dos discos interver-
tebrais, a “doença dos dedos brancos” etc.;
• Exposição a partículas de grãos armazenados, ácaros, pólen, detritos de origem
animal, componentes de células de bactérias e fungos provocam um problema de
saúde muito comum em trabalhadores rurais, e pouco reconhecido e registrado
como tal. São as doenças respiratórias, com destaque para a asma ocupacional e
as pneumonites por hipersensibilização;
• A divisão e o ritmo intenso de trabalho com a cobrança de produtividade, jornada
de trabalho prolongada, ausência de pausas, entre outros aspectos da organização
do trabalho, condição particularmente observada em trabalhadores rurais assala-
riados (como, por exemplo, colheita de cana, flores, café etc.) têm ocasionado o
surgimento de LER/Dort;
• Exposição a fertilizantes, que podem causar intoxicações graves e mortais. As in-
toxicações registradas têm sido consideradas acidentais, envolvendo produtos do
grupo dos fosfatos, sais de potássio e nitratos. As intoxicações por fosfatos se ca-
racterizam por hipocalcemia, enquanto as causadas por sais de potássio provocam
ulceração da mucosa gástrica, hemorragia, perfuração intestinal etc. Os nitratos,
uma vez no organismo, transformam-se – por meio de uma série de reações meta-
bólicas – em nitrosaminas, que são substâncias cancerígenas;
• Exposição a agrotóxicos.
A essas situações de risco para a saúde do trabalhador se somam condições que afe-
tam o conjunto dos trabalhadores brasileiros como baixos salários, condições sanitárias
inadequadas, carência alimentar, deficiência dos serviços de saúde, entre outras.
19
19
UNIDADE
Doenças do Trabalho
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Documentário Linha de Corte
https://youtu.be/Iy7MWg3Llq8
Leitura
Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde
Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de
Saúde. Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil;
Organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. –
Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001.
http://bit.ly/2Gyasdz
Modelo de análise e prevenção de acidente de trabalho – MAPA
ALMEIDA, Ildeberto Muniz. Modelo de análise e prevenção de acidente de trabalho –
MAPA. Ildeberto Muniz Almeida e Rodolfo A. G. Vilela; Alessandro J. Nunes da Silva
[et al.], (colab.). – Piracicaba: CEREST, 2010. 52 p.
http://bit.ly/2GtxWAk
20
Referências
ALVES, R. A.; GUIMARÃES, M. C. De que sofrem os trabalhadores rurais? Análise dos
principais motivos de acidentes e adoecimentos nas atividades rurais. Informe Gepec,
Toledo, v. 16, n. 2, p. 39-56, jul./dez. 2012
BRASIL. Ministério da Saúde. Dor relacionada ao trabalho: lesões por esforços repeti-
tivos (LER): distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort). Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2006d.
BRASIL. Ministério da Saúde. Risco químico: atenção à saúde dos trabalhadores ex-
postos ao benzeno. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006g.
21
21
UNIDADE
Doenças do Trabalho
CERVI, Mauro Luiz. The injuries at work and the occupational diseases in the
rural environment and their judicial impacts. 2015. 215 f. Tese (Doutorado em
Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015.
KIVI, P. Rheumatic disorders of the upper limbs associated with repetitive occupacional
tasks in Finland in 1975-1979. Scand. J. Rheumatology, [S.l.], v. 13, p. 101-7, 1984.
LAURELL, A. C.; NORIEGA, M. Processo de produção e saúde. São Paulo: Hucitec, 1989.
MENDES, René (Org.) et al. Patologia do trabalho: volume 1. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2013a.
MENDES, René (Org.) et al. Patologia do trabalho: volume 2. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2013b.
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O Ambiente
Inserir TítuloeAqui
as
Inserir Título
Doenças do Trabalho
Aqui
Toxicologia
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Toxicologia
Objetivos
• Apresentar informações básicas sobre toxicologia;
• Destacar as funções dos agentes tóxicos, as vias de penetração no corpo humano, as fun-
ções da toxicocinética e os limites de tolerância biológicos no corpo humano;
• Mostrar como conduzir o estudo do nexo causal e como realizar a vigilância dos
agentes tóxicos.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Toxicologia
Contextualização
No meio ambiente de trabalho, podem existir muitos componentes químicos, bioló-
gicos e físicos presentes que podem afetar os trabalhadores. A ciência que estuda esses
efeitos nocivos causados por substâncias químicas na saúde do trabalhador é denomina-
da de Toxicologia Ocupacional.
Para saber um pouco mais sobre o que é toxicologia, acesse o vídeo do Centro de Estudos
em Toxicologia da Universidade Federal do Ceará (CETOX UFC, 2015).
Acesse aqui: https://youtu.be/MhI_edjpXE4.
Esse tema é muito complexo, suas ações não devem ser realizadas por novatos, a
proficiência no assunto é fundamental para as ações de proteção da saúde dos traba-
lhadores. Alguns dos temas abordados na Instituto Nacional do Câncer aponta: agentes
infecciosos, agrotóxicos, amianto, poeiras, poeira de couro, poeira de madeira, poeira
de sílica, poluentes, fumaças de motores a diesel, hidrocarbonetos policíclicos aromáti-
cos, poluição do ar, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, solventes, benzeno,
formol, tricloroetileno, medicamentos, quimioterapia e antineoplásica.
Problemas novos estão surgindo com as novas tecnologias, como a nanotecnologia. São
mudanças que vêm ocorrendo de forma muito rápida, sem o conhecimento necessário de
seu impacto nos ambientes de trabalho. Contudo, não vemos a mesma preocupação com a
exposição dos trabalhadores nesse contexto, das nanotecnologias, por isso a Fundacentro
criou um grupo de pesquisa no assunto que pode ser acessado aqui: https://bit.ly/2Izypnp.
No Brasil, quando se fala de toxicologia, normalmente nos remetemos ao Instituto Nacional
do Câncer como referência, por isso, para dar início, ao conteúdo é fundamental a leitura
no site de Toxicologia e Câncer – Causas e Prevenção. Acesse aqui: https://bit.ly/2IxrqLG.
6
Introdução
“[...] todas as substâncias são venenos, não existe nenhuma que não
seja. A dose correta diferencia um remédio de um veneno”. Paracelso
1443-1541. (SOUZA, 2019)
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7
UNIDADE
Toxicologia
Agentes Tóxicos
“O que é agente tóxico? É a substância química capaz de causar dano a
um sistema biológico, alterando seriamente uma função ou levando-o à
morte, sob certas condições de exposição”. (SANTA CATARINA, 2019)
8
Outro ponto importante a ser considerado pela equipe de saúde e segurança sobre
os efeitos tóxicos é a severidade, conforme mostra a Tabela 2.
Relato de caso
Sendo assim, verifique quais ações podem ser realizadas para a proteção
desses profissionais. Acesse aqui: https://bit.ly/2GqvZ91.
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9
UNIDADE
Toxicologia
Para saber a relação entre as substâncias tóxicas, a ocupação e o órgão afetado, leia o
Capítulo 3 do texto, Tipos de Câncer e a Relação com a Exposição Ocupacional.
Acesso aqui: https://bit.ly/2HD017u.
Vias de Penetração
Para que ocorra um efeito tóxico, o agente ou seu metabólito ativo
deve atingir o sítio (local) correto de ação, na dose (concentração)
correta e com duração (período de tempo) suficiente para produzir o
dano (manifestações tóxicas) no organismo. A toxicologia define dose
como a quantidade do agente tóxico que alcança o tecido-alvo em um
determinado período de tempo. (INCA, 2012)
Via respiratória
Para a toxicologia ocupacional, é a principal via de introdução de agentes tóxicos
no organismo humano. As vias respiratórias superiores e os alvéolos tomam parte na
retenção e absorção de agentes tóxicos, embora dependendo sempre do estado físico do
agente tóxico (INCA, 2012).
10
Primeiros Socorros – Intoxicação por via inalatória (pela respiração)
• Remover a vítima para local fresco e ventilado;
• Afrouxar as roupas;
• Se necessário, iniciar manobras de ressuscitação cardiopulmonar (caso tenha trei-
namento específico);
• Os cuidados imediatos devem contemplar a situação como um todo: em mui-
tos casos, a contaminação ocorre tanto por inalação quanto pela pele (SANTA
CATARINA, 2019).
Via cutânea
A pele é um órgão que possui múltiplas camadas de tecidos, por isso ela é uma bar-
reira efetiva contra a penetração de substâncias químicas exógenas. Contudo, alguns
agentes podem sofrer absorção cutânea, sempre dependendo dos fatores fisiológicos e
anatômicos da pele e das propriedades físico-químicas dos agentes. Muitos agentes tó-
xicos são permeáveis, sejam eles em seu estado sólido, gasoso ou líquido (INCA, 2012).
Relato de caso
Ele desenvolvia essa atividade e passava por essa exposição durante um dia todo,
enquanto cortava. Contudo, em uma manhã, ao iniciar os trabalhos, começou
a sentir dores nos braços, dirigindo-se ao pronto socorro mais próximo, sendo
medicado com analgésico. Seu quadro piorou durante o dia, e o mesmo teve que
procurar outro pronto socorro, onde recebeu mais uma dose de analgésico.
Como estava sem diagnóstico e com dores, o trabalhador procurou pela terceira
vez o pronto socorro, onde foi barrado pelo guarda municipal a pedido da equipe.
Nesse caso, a equipe, pelo desconhecimento da exposição do trabalhador, enten-
deu ser ele uma pessoa tentando se drogar.
Ao conservar do caso com sua vizinha, que era enfermeira e trabalhava em um hospi-
tal, desconfiou finalmente da exposição química. A mulher o encaminhou ao Centro
de Controle de Intoxicações, onde foi realizado o diagnóstico, seguido de internação e
tratamento. A exposição por contato ao ácido fluorídrico (70%), que é um sequestrante
de cálcio, provocou a osteoporose química nele, causando muita dor ao trabalhador.
Fonte: Buoso (2019)
11
11
UNIDADE
Toxicologia
Via oral
A absorção por meio dessa via pode percorrer em todo o trato gastrointestinal,
como a boca, faringe, esôfago e estômago. Para a toxicologia ocupacional, essa via é
secundária, entretanto, a exposição a poeiras de certos elementos, como chumbo, ar-
sênio, cádmio, pode ocorrer também pela via digestiva. Isso se deve ao fato de que, no
meio industrial, a contaminação por essas poeiras pode ocorrer diretamente pelas mãos
ou por alimentos contaminados (INCA, 2012)
Relato de caso
Toxicocinética
A equipe de saúde e segurança deve compreender que a toxicocinética é caracteri-
zada pela ação que o organismo realiza sobre o agente tóxico, sendo que esse atua em
etapas distintas e consecutivas, como: a absorção, distribuição, metabolismo e excreção
(INCA, 2012), conforme mostra a Tabela 5 e a Figura 1.
12
Para maior conhecimento no assunto, realizar a leitura do mecanismo da toxicocinética nas
páginas 31 a 34 das diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho.
Acesse aqui: http://bit.ly/2UEbmyL.
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13
UNIDADE
Toxicologia
Tabela 6 – Exemplo de parâmetros para controle biológico da exposição ocupacional a alguns agentes químicos
Indicador Biológico
Agente Químico
Mat. Biológico Análise
Arsênico Urina Arsênico
Cádmio Urina Cádmio
Urina Chumbo e Ácido delta amino levulínico ou
Chumbo Inorgânico
Sangue Zincoprotoporfirina
Cromo Hexavalente Urina Cromo
AcetilColinesterase Eritrocitária ou Colinesterase
Ésteres Organofosforados e Carbamatos Sangue
Plasmática ou Colinesterase Eritrocitária e plasmática
Etil-Benzeno Urina Ácido Mandélico
Flúor e Fluoretos Urina Fluoreto
Mercúrio Inorgânico Urina Mercúrio
Monóxido de Carbono Sangue Carboxihemoglobina
Tolueno Urina Ácido Hipúrico
Xileno Urina Ácido Metil-Hipúrico
Fonte: BRASIL (1978)
14
Relato de caso
Relata ainda que utiliza a máscara PFF2 nesse momento, porém, todo maquinário
e as plantas ao redor estão com herbicida em suas superfícies e, mesmo com a más-
cara, sente o cheiro forte. Também relata que suas roupas ficam com odor intenso,
sendo que alguns herbicidas causam maior desconforto respiratório.
Após, volta para o trator, retira a máscara (relata que recebeu orientação durante capa-
citação na empresa, que dentro da cabine não é necessário utilizar a máscara), inicia a
aplicação de herbicida no campo. O trabalhador relata que, mesmo dentro da cabine
do trator, sente cheiro forte devido às suas roupas estarem impregnadas com o herbici-
da. Outra variável que dificulta são as misturas, em que algumas causam maiores difi-
culdades em passar pelo bico porque, com a mistura dos compostos químicos, alguns
reagem e viram produtos gelatinosos, densos etc. Com isso a passagem fica limitada.
Os trabalhadores do campo utilizam de estratégias para que isso não ocorra, como
a utilização de água na temperatura certa, o momento de misturar, o como mistu-
rar. São situações que, por conta da experiência desses trabalhadores, fazem com
que o serviço possa ser realizado. Além disso, há momentos em que é preciso
retirar os filtros para que se possa passar o produto químico. Portanto, existem
muitas variáveis na atividade que colocam o trabalhador mais ou menos exposto.
Nos exames de controle médico, os limites de tolerância biológica estavam abaixo
do padrão, mas o trabalhador precisou se afastar do trabalho para realizar o trata-
mento. E outras medidas de segurança precisaram ser adotadas para não deixar os
trabalhadores expostos.
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15
UNIDADE
Toxicologia
IV – os dados epidemiológicos;
V – a literatura científica;
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VII – a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos,
estressantes e outros;
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UNIDADE
Toxicologia
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Documentário Nuvens de veneno
http://bit.ly/2UA3Ox0
Documentário Mulheres das águas
http://bit.ly/2UDJcE5
Documentário Agrofloresta é mais
http://bit.ly/2UJjsGI
TV Unesp – Saúde e Segurança no Trabalho – Substâncias químicas no ambiente de trabalho
https://youtu.be/4noZLzdAIcg
Relatório da ONU revela que Santa Gertrudes (SP) é a cidade mais poluída do País
Reportagem que traz relatório da ONU que revela que Santa Gertrudes (SP) é a cidade
mais poluída do País.
https://youtu.be/nV6W2PjO3bg
Leitura
Doenças relacionadas ao trabalho – Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde
http://bit.ly/2UDJydT
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19
UNIDADE
Toxicologia
Referências
BRASIL (1943). Presidência da República. Decreto-lei n.º 5.452. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 11 abril. 2019.
20
FIOCRUZ. (20 de 02 de 2019). Fundação Oswaldo Cruz. Toxicidade, 2019. Rio de
janeiro. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/toxidade.
html>. Acesso em: 11 abril. 2019.
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O Ambiente
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as
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Doenças do Trabalho
Aqui
Primeiro Socorros
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Primeiro Socorros
Objetivo
• Apresentar aos alunos informações básicas sobre primeiros socorros e destacar a impor-
tância do atendimento rápido, da organização e formação da equipe, da comunicação,
do treinamento básico e avançado e dos meios de transporte. Sempre visando às bar-
reiras de segurança, obrigações legais, responsabilidades técnicas e ações que visem à
proteção dos trabalhadores acidentados.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Primeiro Socorros
Contextualização
A atividade dos profisisonais do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e em Medicina (SESMT) tem como objetivo utilizar os conhecimentos de engenharia
de segurança e de medicina do trabalho de modo a reduzir, e até eliminar, os riscos ali
existentes para a saúde do trabalhador (BRASIL, 2016).
Amplia-se o olhar com o modelo da gravata-borboleta (HALE et al., 2007), que au-
xilia os profissionais do SESMT. Considerando as barreiras de segurança que podem
ser preventivas e protetivas, nesse modelo, existem barreiras ou medidas de prevenção,
situadas à esquerda da gravata, que se destinam a evitar ou prevenir a ocorrência dos
acidentes; à direita da gravata, estão medidas ou barreiras denominadas de proteção,
que podem minimizar as consequências do acidente (HALE et al., 2007).
P
e
r Distais Proximais Proximais Distais
i
g
o 2 - Evento
Indesejado
1 - Antecedentes 3 - Consequências
Dessa forma, amplia-se o olhar da equipe para ultrapassar as causas imediatas (pró-
ximas ao evento), visando à busca das causas e condições latentes. Esse olhar sistêmico
perimite ampliar o leque para identificar os perigos e riscos presentes no sistema e con-
sequentemente propror medidas de controle de forma a melhorar a confiabilidade do
sistema (ALMEIDA; VILELA, 2010).
6
O SESMT deve estabelecer programas de educação em saúde e segurança para
prevenir acidentes de trabalho, dirigidos a trabalhadores e gerentes, garantindo medidas
preventivas e, em caso de acidentes, devendo organizar ações de redução de danos.
7
7
UNIDADE
Primeiro Socorros
Introdução
Acidentes no ambiente de trabalho, mesmos com ações preventivas, podem ocorrer e
por isso é essencial saber como agir e prestar os primeiros cuidados antes da chegada do
serviço e/ou profissional especializado (MOURA et al., 2018). Após o acidente, a falta de
conhecimento e as decisões tomadas, como ações incorretas de manejo da vítima no local
do acidente, podem acarretar em consequências sérias e até levar o trabalhador à morte.
Primeiros socorros não evitam o acidente, mas têm um papel importante sobre as
consequências. A assistência imediata prestada às vítimas de acidentes antes da chegada
de pessoal médico especializado tem sempre o objetivo de parar e, se possível, reverter
os danos causados. Existem uma série de medidas rápidas e simples, como liberar as
vias aéreas, aplicar pressão em feridas com sangramento ou lavar queimaduras químicas
localizadas nos olhos ou na pele (DAJER, 2019).
Embora seja necessário agir com muito cuidado, todo trabalhador pode conhecer
de cinco a dez regras fundamentais sobre primeiros socorros. Nesses casos, meios de
comunicação e materiais educativos simples podem salvar vidas.
Em relação às lesões nos olhos decorrentes de agentes químicos, uma ação imediata é a
lavagem com água que pode salvar a visão. Por isso que nas empresas que usam produtos
químicos temos que ter o chuveiro e lava-olhos de emergência. Nas lesões da medula es-
pinhal, a imobilização correta pode fazer a diferença entre recuperação completa e paralisia.
8
Na hemorragia, a simples aplicação da ponta de um dedo em um vaso sanguíneo
pode interromper uma hemorragia com risco de vida.
Muitas vezes, mesmo os cuidados médicos mais avançados não conseguem reparar os
efeitos de primeiros socorros inadequados.
Qualquer programa do SESMT deve incluir primeiros socorros, pois eles contribuem
para minimizar as consequências dos acidentes e são, portanto, um dos componentes da
prevenção terciária. Existe uma ligação entre a identificação de riscos ocupacionais, sua
prevenção, primeiros socorros, tratamento de emergência, atendimento médico adicio-
nal e tratamento especializado para a reintegração e readequação ao trabalho. Acidentes
que exigem apenas primeiros socorros são um tema a ser abordado por profissionais
de saúde e segurança ocupacional para que se possa direcionar e promover medidas
preventivas (DAJER, 2019).
9
9
UNIDADE
Primeiro Socorros
» médicos particulares;
» centros de toxicologia;
» defesa civil;
» serviços de bombeiros e policiais.
Relato de caso
Organização e Planejamento
A equipe do SESMT, ao organizar os primeiros socorros, deve fazer isso evitando
planejar esse processo de forma isolada, porque essas ações dependem de uma aborda-
gem organizada composta por:
Figura 2
10
A organização de primeiros socorros deve ser um esforço cooperativo envolvendo
gerentes da empresa, os serviços de saúde pública e SESMT. O envolvimento dos tra-
balhadores é essencial porque eles geralmente são os principais recursos em caso de
acidentes em situações específicas.
Relato de caso
O SESMT, na organização dos primeiros socorros, deve avaliar com olhar sistêmico,
observando o tamanho da empresa, a sua localização (cidade ou área rural), o tipo de
trabalho a ser realizado e o nível de risco associado, a disponibilidade de outros serviços
de saúde, o desenvolvimento do sistema de saúde e a legislação Saúde e Segurança do
Trabalho (SST) em todo o país (DAJER, 2019).
11
11
UNIDADE
Primeiro Socorros
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Tabela 1 – Divisão de atividades por grau de risco para a ocorrência de acidente de trabalho
Baixo risco Médio risco Alto risco
Atividades Financeiras e de Seguros Comércio Agricultura
Atividades Imobiliárias Correio Indústrias Extrativas
Informação e Comunicação Alojamento e Alimentação Indústrias de Transformação
Atividades Profissionais, Científicas
Administração Pública Eletricidade e Gás
e Técnicas
Água, Esgoto, Atividades de Gestão
Atividades Administrativas Artes, Cultura, Esportes e Recreação
de Resíduos e Descontaminação
Serviços Domésticos Saúde Humana e Serviços Sociais Construção
Educação Transporte e Armazenagem
O SESMT, por meio da análise de perigos potenciais, pode estabelecer os requisitos minimos para
a organização dos primeiros socorros. Sempre observando o potencial de gravidade, como as
quedas de altura, amputações, lesões por esmagamento, alto risco de incêndio e explosão, into-
xicação química no trabalho, outras exposições a substâncias químicas, eletrocussão, exposição
a calor excessivo ou frio, falta de oxigênio, exposição a agentes infecciosos, mordidas e mordidas
de animais.
Tabela 2
Tamanho Localidade
Ações
da empresa (urbana e rural)
Ter equipe interna multidisciplinar treinada, capacitada
Grande e orientada para realizar o PS. Valorizar a formação, as
instalações, os equipamentos de comunicação e o transporte.
Acesso do PS externo Garantir profissionais que realizem o PS e os trabalhadores
rápido, demorado treinados para a identificação da gravidade do caso.
Média
ou remoto Valorizar a formação, os equipamentos, a comunicação
e o transporte.
Treinar os trabalhadores para a identificação da gravidade
Pequena
do caso. Valorizar a formação, comunicação e o transporte.
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UNIDADE
Primeiro Socorros
Relato de caso
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Requisitos Básicos de um
Programa de Primeiros Socorros
O SESMT é o responsavel técnico pela gestão dos Primeiros Socorros, mas não po-
dem ser eficazes sem a participação total dos trabalhadores. Por exemplo, a cooperação
dos trabalhadores em operações de salvamento e primeiros socorros pode ser necessária.
Nesse sentido, o SESMT deve fornecer instruções escritas sobre primeiros socor-
ros, preferencialmente na forma de cartazes, em locais estratégicos de suas instalações.
Os elementos básicos de um programa de primeiros socorros são os listados a seguir
Recursos humanos
• Garantir a seleção dos profissionais, o que pode ser organizada pelo SESMT, con-
forme determina a formação da brigada de incêndio;
• Garantir o treinamento e a reciclagem de profissionais de primeiros socorros;
• Garantir a designação dos profissionais em locais-chave da empresa;
• Garantir treinamento com exercícios práticos para simular situações de emergên-
cia, levando em conta os perigos profissionais específicos que existem na empresa.
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UNIDADE
Primeiro Socorros
Treinamentos
Considerando que é a função do SESMT, não está vedado o atendimento de emer-
gência quando esse se tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle
de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios
e ao salvamento e de imediata atenção à vítima desse ou de qualquer outro tipo de aci-
dente estão incluídos em suas atividades (BRASIL, 2016). Por isso da importancia da
construção de um programa que vise à capacitação dos trabalhadores para ações de
primeiros socorros.
Na prática, uma diferença pode ser feita entre dois tipos de pessoal de primeiros so-
corros: a equipe de primeiros socorros de nível básico, que recebe treinamento básico,
conforme descrito a seguir, e que está qualificada para atuar nos casos em que o risco
potencial no trabalho é baixo; a equipe de primeiros socorros de nível avançado, que
deve receber treinamento básico e avançado, e deve estar qualificado para atuar nos
casos em que o risco potencial é maior, especial ou raro.
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Treinamento básico
Os programas básicos de treinamento geralmente podem ser divididos em duas par-
tes: tarefas gerais a serem realizadas e prática específica de primeiros socorros. Eles
cobrem as áreas mencionadas a seguir:
Tabela 3
Organização de primeiros socorros;
Sistema de comunicação;
Material educativo;
Avaliação da situação, a magnitude e gravidade das lesões e a necessidade de solicitar
assistência médica adicional;
Proteção da vítima contra novos ferimentos, sem risco para o salva-vidas;
Localização e uso de equipamentos de resgate;
Observação e interpretação da condição geral da vítima (por exemplo, inconsciência,
distúrbios respiratórios e cardiovasculares, hemorragia);
Localização, uso e manutenção de equipamentos e instalações de primeiros socorros;
Planejar o acesso a assistência adicional;
No link a seguir, é possível acessar vários videos de Educação Pública realizados pelo Corpo
de Bomberios do Estado de São Paulo. Acesse aqui e procure: http://bit.ly/2UHHMZt.
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UNIDADE
Primeiro Socorros
Conteúdo básico
Considerando que na equipe do SESMT é onde o médico e o enfermeiro do trabalho
devem se responsabilizar pelo treinamento de primeiros socorros, essa equipe deve de-
finir as informações a serem passados tendo por base o ambiente de trabalho presente
na empresa. Assim, apresentamos um kit de primeiros socorros relativamente simples
que inclui os seguintes itens:
• curativos adesivos estéreis embalados individualmente;
• ataduras (e bandagens compressivas, quando apropriado);
• diferentes tipos de curativos;
• curativos estéreis para queimaduras;
• óculos estéreis;
• bandagens triangulares;
• alfinetes de segurança;
• tesoura;
• solução antisséptica;
• algodão;
• um cartão com instruções de primeiros socorros;
• sacos plásticos estéreis;
• possibilidade de obtenção de gelo;
Equipamentos especializados
Equipamentos especializados devem sempre estar localizados próximos aos locais
em que podem ocorrer acidentes e na sala de primeiros socorros. Transportar o equi-
pamento de uma posição central, como o serviço de saúde no trabalho, para o local do
acidente pode levar muito tempo. Como exemplo: em caso de intoxicação, deve-se ter
antídotos disponíveis em um recipiente individual.
Equipamentos de resgate
Em algumas situações de emergência, pode ser necessário usar um equipamento
de resgate especializado para mover ou resgatar a vítima de um acidente. Embora seja
difícil fazer previsões, algumas situações de trabalho (como aquelas que ocorrem em es-
paços fechados, em grandes altitudes ou debaixo d’água) podem estar ligadas a uma alta
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probabilidade desse tipo de incidente. O equipamento de resgate pode ser composto,
entre outros elementos, por roupas de proteção, cobertores para extinção de incêndios,
extintores de incêndio, respiradores, aparelhos respiratórios autônomos, instrumentos
de corte e macacos hidráulicos ou mecânicos, como cordas e macas especiais para
transportar a vítima. Deve também incluir todo o material necessário para proteger o
pessoal de primeiros socorros das lesões (DAJER, 2019).
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UNIDADE
Primeiro Socorros
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Conheça o aplicativo de primeiros socorros do Dr. Dráuzio Varella
https://youtu.be/LgdAqdtlqsc
Primeiros socorros – Dr. Dráuzio Varella
https://youtu.be/fsnv8b1vNUY
Vídeos preventivos dos bombeiros
http://bit.ly/2UHHMZt
Leitura
Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
http://bit.ly/2UJIhSV
Manual de Primeiros Socorros – Ministério da Saúde
http://bit.ly/2UBBIl0
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Referências
ALMEIDA, I. M.; VILELA, R. A. G. Modelo de análise e prevenção de acidente de
trabalho – MAPA. Piracicaba: CEREST, 2010. Disponível: <http://www.cerest.piraci-
caba.sp.gov.br/site/images/images/MAPA_IMPRESSO_CERTO240810_PDFX.pdf>.
Acesso em: 13/04/2019.
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