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Curso de Pós-graduação a Distância

Saúde Mental
e Trabalho

Autor:
Liliana Andolpho Magalhães Guimarães

Universidade Católica Dom Bosco Virtual


www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335
SUMÁRIO

UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE OCUPACIONAL .......................... 05


1.1 A Higiene Ocupacional e sua evolução .............................................................. 05
1.2 Contribuições de Ramazzini ............................................................................... 08

UNIDADE 2 – SAÚDE MENTAL E TRABALHO ...................................................... 14


2.1 Considerações sobre a Saúde/Doença Mental e Trabalho ................................. 14
2.2 Abordagens teórico-metodológicas em Saúde Mental do trabalhador................ 16

UNIDADE 3 - PRINCIPAIS FATORES DE RISCO À SAÚDE MENTAL DO


TRABALHADOR ...................................................................................................... 23
3.1 Fatores de risco .................................................................................................. 23
3.2 Repercussões psicossociais dos riscos ocupacionais ........................................ 25

UNIDADE 4 – ESTRESSE OCUPACIONAL E SÍNDROME DE BURNOUT ........... 42


4.1 O estresse ocupacional ...................................................................................... 42
4.2 Principais modelos sobre estresse ocupacional ................................................. 43
4.3 Causas e consequências do estresse ocupacional ............................................ 46
4.4 Controle do estresse ocupacional ....................................................................... 46
4.5 Síndrome de Burnout .......................................................................................... 50

UNIDADE 5 – INTRODUÇÃO DE MUDANÇAS NO AMBIENTE DE TRABALHO.. 55


5.1 Sistema de recompensas ou compensações: controle do status, estima e
salário ....................................................................................................................... 55
5.2 Características da empresa e dos postos de trabalho ........................................ 55
5.3 Futuro inseguro no emprego ............................................................................... 56
5.4 Contexto físico perigoso ..................................................................................... 57
5.5 Consequências dos riscos psicossociais ............................................................ 57

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 62

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INTRODUÇÃO

Prezado acadêmico(a),
Bem-vindo(a) a mais uma disciplina do seu curso de Pós-graduação: a
Saúde Mental e Trabalho!!
É importante que você saiba que a Saúde Mental geral tem merecido
grande destaque na imprensa leiga, que relata o enorme consumo de
antidepressivos e tranquilizantes e as capas das revistas semanais apresentam
temas como estresse, depressão e ansiedade, propondo muitas vezes soluções
mágicas e mirabolantes. No entanto, constatamos que em nosso país ainda há falta
de estudos e pesquisas relevantes nesta área, particularmente no que se refere ao
ambiente de trabalho.
As proporções epidêmicas das afecções emocionais e mentais exigem a
adoção de estratégias adequadas e cientificamente comprovadas, compatíveis com
a cultura de nosso país.
Com relação ao ambiente de trabalho, constatamos, por meio das
estatísticas de afastamentos e acidentes no trabalho que o capítulo “F” do Código
Internacional de Doenças (CID), relacionado às doenças mentais e emocionais,
emerge como uma das mais prevalentes.
Dados do Ministério da Previdência demonstram o crescimento do
afastamento do trabalho por uso abusivo do álcool e drogas. Estarão os
profissionais da área de saúde ocupacional capacitados para conduzir programas
de prevenção, de diagnóstico e tratamento neste campo?
Neste contexto, urge que os profissionais e pesquisadores de saúde
ocupacional não abordem somente os riscos ambientais, mas busquem entender e
abordar as questões psicossociais associadas ao trabalho. É emblemática a
inserção deste pilar no modelo de ambiente de trabalho saudável proposto pela
Organização Mundial da Saúde (2010).
Ogata (2012), refere uma pesquisa realizada pela empresa Gallup com
mais de 1 milhão de participantes em todo o mundo que constatou que o trabalho é
o elemento mais importante do bem-estar, em relação aos outros domínios como
financeiro, social, comunitário e físico. O bem-estar estaria relacionado
primordialmente à realização e ao sentido do trabalho (RATH, 2010). A abordagem
unicamente individual, em geral, não é efetiva se não forem abordadas as questões
psicossociais relacionadas ao trabalho.
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Os gestores dos programas de promoção de saúde e qualidade de vida
reconhecem que a questão emocional e o estresse são fatores muito importantes,
pois estão relacionados a adoecimento precoce,
Presenteísmo: refere-se à
absenteísmo e presenteísmo, aumento dos presença “física” do trabalhador
custos de assistência médica e doenças no ambiente de trabalho, sem
que o mesmo esteja conectado,
ocupacionais. Frequentemente, as abordagens causando repercussões
são pontuais, como palestras, feiras de saúde, pessoais, profissionais,
organizacionais e sociais.
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do
Trabalho (SIPATs) ou sessões de massagem, o dia da fruta, entre outros. A
abordagem dos fatores emocionais exige conhecimento teórico e preparação de
programas de Saúde Mental que propiciem resultados efetivos e sustentáveis
(OGATA, 2012).
Existem duas lacunas na literatura científica nacional. A primeira é oferecer
pesquisas e reflexões sobre questões conceituais e novos aportes teóricos, além de
analisar a questão da saúde emocional em diferentes ocupações, como policiais,
bancários, funcionários públicos, trabalhadores rurais e da área de serviços. A
segunda é oferecer propostas práticas de abordagem, particularmente no que se
refere ao estresse ocupacional e às novas realidades do contexto do trabalho.
Nesta disciplina abordaremos a cronologia das leis e regulamentações
sobre fatos da saúde geral e mental do trabalhador, as principais correntes teórico-
metodológicas existentes, os principais fatores de risco e proteção à saúde do
trabalhador, com ênfase aos fatores psicossociais de risco, o diagnóstico dos
transtornos mentais relacionados ao trabalho e por fim, programas de promoção,
prevenção, intervenção, reabilitação e readaptação do trabalhador. A sequência e
os temas propostos foram elaborados para que você adquira conceitos, que serão
trabalhados de forma interativa, permitindo um aprendizado mais efetivo.

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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE OCUPACIONAL

1.1 A Higiene Ocupacional e sua evolução

Aqui, você poderá conhecer os principais acontecimentos históricos


destacados na evolução da hoje denominada Saúde Ocupacional, anteriormente
denominada Higiene Ocupacional.
 No século IV a.C, Hipócrates identifica e registra a toxicidade do chumbo
na indústria mineradora.
 No século I d.C., Plínio mencionou a iniciativa dos escravos utilizarem
panos para atenuar a inalação de poeira.
 Nos séculos XII e XIII d.C. foram realizadas as primeiras experiências
sobre saúde ocupacional.
 Nos anos 1700, Bernardino Ramazzini publica o primeiro livro sobre
doenças ocupacionais. São as contribuições desse autor, que por sua
importância, serão relatadas em detalhe, posteriormente.
 Em 1778, Percival Pott reconheceu a fuligem das chaminés como uma
das causas do câncer escrotal.
 A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII,
desencadeou transformações radicais na forma de produzir e de viver
das pessoas e, portanto de seu adoecer e morrer. Deu novo impulso à
Medicina do Trabalho, dado que foram descobertos muitos problemas de
Higiene Ocupacional. Aumentou o número de problemas de saúde
relacionados com o trabalho.
 1833 - O parlamento britânico regulamentou o trabalho da criança pela
primeira vez, chamada de “lei das fábricas”.
 1851 - William Farr descobre que a mortalidade entre os fabricantes de
vasos de 25 a 45 anos era excessivamente alta e que a fabricação de
cerâmica na Inglaterra era um dos ofícios mais insalubres.
 1869 - Na Alemanha, foram instituídas as leis precursoras que
responsabilizavam os empregadores por lesões ocupacionais.
 1878 - A legislação indicava requisitos para a implantação de ventilação
exaustora, com o objetivo de remoção de poeiras e fumos.

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 1890 - Primeira legislação sobre condições de trabalho industrial, criada
por meio do Conselho de Saúde Pública.
 1910 - Oswaldo Cruz dirige pessoalmente estudos e o combate a
epidemias na ferrovia Madeira-Mamoré.
 1919 - foi criada a Organização Internacional do Trabalho - OIT. Foi
aprovada a primeira lei sobre acidentes de trabalho no Brasil (Decreto-
legislativo n. 3754, de 15/01/1919).
 1920 - Indústria de fiação em São Paulo contrata o que seria o primeiro
médico de fábrica brasileiro.
 1923 - Criação da Inspetoria da Higiene Industrial (HI) pelo Departamento
Nacional de Saúde em que, a higiene profissional e industrial seria
incluída no âmbito da saúde pública.
 1934 - Na USP, inicia- se o ensino da disciplina de Higiene do trabalho,
na Escola de Higiene e Saúde Pública. Foi decretada a segunda lei de
acidentes do trabalho (Decreto
n. 24.637 de 10/07/1934).
 1939 a 1943 - Fundada a
Associação Americana de
Higiene Industrial- AIHA. O
serviço de Higiene do trabalho
torna-se Divisão de Higiene e
Segurança no trabalho.
Fonte: http://migre.me/eUD6E
 1948 - Criação da Organização Mundial de Saúde – OMS. As
concentrações máximas permitidas passaram a ser chamadas de limite
de tolerância.
 1953-1959 - A OIT faz a recomendação 97, que trata da Proteção da
Saúde do trabalhador. Na Conferência Internacional do Trabalho é
aprovada a recomendação 112 sobre os serviços de Medicina do
trabalho.
 1960-1970 - Surgem os movimentos sindicais representando as
reivindicações dos trabalhadores na Alemanha, França, Inglaterra,
Estados Unidos e Itália. O governo brasileiro convidou técnicos da OIT
para estudarem as condições de Segurança e Higiene do Trabalho no
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Brasil. A lei n. 5.161 criava a Fundação Centro Nacional de Segurança,
Higiene e Medicina do trabalho - FUNDACENTRO em São Paulo, ligada
ao Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil.
 Década de 1970 - O modelo de atuação da Saúde Ocupacional não
consegue mais responder a todos os problemas causados pelas
mudanças dos processos de trabalho: a automação em alto grau, a
robotização, entre outros.
 1972 - Cursos (FUNDACENTRO) para a formação de Médicos do
Trabalho.
 1978 - Começam a ser instituídas as Normas Regulamentadoras (NR) de
Segurança e Saúde no Trabalho, com uma grande proporção delas a
partir da década de 1990. Interessa-nos focalizar aquelas relacionadas à
saúde, em particular à Saúde Mental do trabalhador, citadas a seguir:
 Década de 1980 - Observou-se um avanço nos estudos toxicológicos,
especialmente com relação a fatores de risco potencial genotóxico.
 Década de 1990 - Verifica-se a tendência de estabelecer limites de
tolerância, dado que os mesmos são cada vez menores.
 1996 - NR 07- Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PCMSO é um programa que deve ser elaborado e implantado em todas
as empresas que possuam funcionários registrados. Sobre essa NR,
você terá mais detalhes na Unidade 3.
 1999 - Portaria/MS n. 1339 de 1999, que lista os Transtornos Mentais e
do Comportamento relacionados ao trabalho, que implica a utilização de
modelos diagnósticos e o estabelecimento do nexo causal entre o Dano
e/ou a Doença e o Trabalho. O Decreto n. 3.048 de 06/ 05/1999 pelo
Ministério da Previdência e Assistência Social discrimina os Transtornos
Mentais Relacionados ao Trabalho, traz novos desafios aos profissionais
de saúde e de recursos humanos de organizações públicas e privadas no
reconhecimento e prevenção dessas patologias.
 2007 - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) (I.N. 16/07
INSS 27/03/07). Para você compreender melhor o que ocorre com a
introdução do NTEP, listamos:
 o incentivo para se investir em prevenção e na redução das
doenças ocupacionais, ou seja, a doença cuja incidência for
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elevada em determinada atividade econômica será
caracterizada como do trabalho, independentemente da
notificação pela empresa, por meio da Comunicação do
Acidente de Trabalho - CAT;
 transfere-se o ônus da prova para o empregador: até agora, o
trabalhador é quem precisava provar que estava doente,
ficando a cargo do médico da empresa, ou do INSS, conceder a
emissão do CAT;
 mudanças na forma de pagamento do Seguro Acidentário de
Trabalho – SAT.
O enfrentamento desses desafios é especialmente importante no contexto
atual, em que passa a vigorar o NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO
PREVIDENCIÁRIO (BRASIL, 2006). Trata-se de lei que permite à previdência social
conceder benefício acidentário ao trabalhador incapacitado para o trabalho que seja
acometido por doença cujo risco de adquiri-la seja maior no ramo econômico ao qual
pertence a empresa em que trabalha, ou seja, com base em critério epidemiológico.
Agora, no item 1.2., detalharemos em pormenores as contribuições de
Ramazzini, que podem ser consideradas as bases da Medicina do Trabalho, da
Saúde Ocupacional e também da Saúde Mental Ocupacional, a Saúde Mental e
Trabalho, dada sua completude e atualidade.

1.2 Contribuições de Ramazzini

Após o entendimento da cronologia da Higiene Ocupacional, depois


denominada Saúde Ocupacional, neste item você vai poder entender quais foram as
contribuições de Ramazzini e a sua importância, para o início da sistematização do
campo de estudos e práticas em saúde do trabalhador.
No ano acadêmico de 1690/91, Ramazzini inicia no curso médico de
Módena (Itália), suas aulas sobre a matéria que denominou De Morbis Artificum - As
doenças dos trabalhadores. Suas observações e apontamentos de aula, mais tarde
constituidores de sua diatriba - tratado que intitulou De Morbis Artificum Diatriba,
resultaram da amalgamação de uma sólida bagagem de erudição na literatura
histórica, filosófica e médica disponível, com as observações colhidas em visitas a
locais de trabalho e entrevistas com trabalhadores.

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Fonte: http://migre.me/eUDwQ

Conforme relato feito pelo próprio Ramazzini, o despertar do seu interesse


pelas doenças dos trabalhadores e pela elaboração de um texto voltado para este
tema, deu-se a partir da observação do trabalho dos "cloaqueiros", em sua própria
casa, em Módena. Esses trabalhadores tinham a tarefa de esvaziar as "cloacas"
("fossas negras") que armazenavam fezes e outros dejetos, como, aliás, ainda era
feito rotineiramente, há até não muito tempo atrás, em diversas cidades brasileiras,
e excepcionalmente por trabalhadores de empresas de saneamento básico.
Ramazzini, em uma rica descrição, que resolvemos manter na íntegra, dada
sua riqueza de conteúdo e narrativa, baseada em sua incomum e singular
capacidade de observação, relata:

[...] observei que um dos operários, naquele antro de Caronte,


trabalhava açodadamente, ansioso por terminar; apiedado de seu
labor impróprio, interroguei-o porque trabalhava tão afanosamente e
não agia com menos pressa, para que não se cansasse
demasiadamente, com o excessivo esforço. Então, o miserável,
levantando a vista e olhando-me desse antro, respondeu: ‘ninguém
que não tenha experimentado poderá imaginar quanto custaria
permanecer neste lugar durante mais de quatro horas, pois ficaria
cego’. Depois que ele saiu da cloaca, examinei seus olhos com
atenção e os notei bastante inflamados e enevoados; em seguida
procurei saber que remédio os cloaqueiros usavam para essas
afecções, o qual respondeu-me que usaria o único remédio, que era
ir imediatamente para casa, fechar-se em quarto escuro,
permanecendo até o dia seguinte, e banhando constantemente os
olhos com água morna, como único meio de aliviar a dor dos olhos.
Perguntei-lhe ainda se sofria de algum ardor na garganta e de certa
dificuldade para respirar, se doía a cabeça enquanto aquele odor

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irritava as narinas, e se sentia náuseas. Nada disso, respondeu ele,
somente os olhos são atacados e se quisesse prosseguir neste
trabalho muito tempo, sem demora perderia a vista, como tem
acontecido aos outros’. Assim, atendendo-me, cobriu os olhos com
as mãos e seguiu para casa. Depois observei muitos operários
dessa classe, quase cegos ou cegos completamente, mendigando
pela cidade [...] (MENDES, 2000)

Segundo Mendes (2000), Ramazzini tinha uma preocupação e o


compromisso com uma classe de pessoas habitualmente esquecida e
menosprezada pela Medicina. O próprio Ramazzini reconhece no prefácio de seu
tratado, que,

Ninguém que eu saiba pôs o pé nesse campo [doenças dos


operários]. [...] É, certamente um dever para com a mísera condição
de artesãos, cujo labor manual muitas vezes considerado vil e
sórdido, é contudo necessário e proporciona comodidades à
sociedade humana. [...]. (RAMAZZINI, 2006)

Ramazzini entendera que,

Os governos bem constituídos têm criado leis para conseguirem um


bom regime de trabalho, pelo que é justo que a arte médica se
movimente em favor daqueles que a jurisprudência considera com
tanta importância, e empenhe-se [...] em cuidar da saúde dos
operários, para que possam, com a segurança possível, praticar o
ofício a que se destinaram. (RAMAZZINI, 2006).

Os passos de abordagem utilizados e ensinados por Ramazzini seguem-se


pelas visitas ao local de trabalho e pelas entrevistas com trabalhadores. Aliás, como
antes visto, o impacto da observação do trabalho e as conversas com os
trabalhadores levaram Ramazzini a se dedicar ao tema das doenças dos
trabalhadores.
Mais tarde, com a sistematização de seus estudos sobre as doenças dos
trabalhadores, Ramazzini pode afirmar com a autoridade dos mestres:

Eu, quanto pude, fiz o que estava ao meu alcance, e não me


considerei diminuído visitando, de quando em quando, sujas oficinas
a fim de observar segredos da arte mecânica. [...] Das oficinas dos
artífices, portanto, que são antes escolas de onde saí mais instruído,
tudo fiz para descobrir o que melhor poderia satisfazer o paladar dos
curiosos, mas, sobretudo, o que é mais importante, saber aquilo que
se pode sugerir de prescrições médicas preventivas ou curativas,
contra as doenças dos operários. (RAMAZZINI, 2006)

À abordagem clínico-individual, cujos fundamentos foram ensinados por


Hipócrates (460-375 a.C.), Ramazzini agregou a prática da história ou anamnese
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ocupacional. Assim, ele dizia algo, que não se aplica somente ao médico, mas a
todos os profissionais da saúde que atuam no contexto do Trabalho:

[...] um médico que atende um doente deve informar-se de muita


coisa a seu respeito pelo próprio e por seus acompanhantes [...]. A
estas interrogações devia acrescentar-se outra: ‘e que arte exerce?’.
Tal pergunta considero oportuna e mesmo necessário lembrar ao
médico que trata um homem do povo, que dela se vale chegar às
causas ocasionais do mal, a qual quase nunca é posta em prática,
ainda que o médico a conheça. Entretanto, se a houvesse
observado, poderia obter uma cura mais feliz. (RAMAZZINI, 2006).

Ampliando a abordagem clínico-individual, Ramazzini introduziu, também, a


análise coletiva ou epidemiológica, categorizando-a segundo ocupação ou profissão
(cerca de 54) o que lhe permitiu construir e analisar "perfis epidemiológicos" de
adoecimento, incapacidade ou morte, como até então não feitos. Com justiça,
portanto, Ramazzini é também respeitado pelo campo da Epidemiologia, por haver
introduzido esta categoria de análise, no estudo da distribuição da doença.
Uma outra área para a qual Ramazzini deixou sua contribuição foi a da
sistematização e classificação das doenças segundo a natureza e o grau de nexo
com o trabalho. Com efeito, ao descrever as "doenças dos mineiros" (capítulo I de
seu livro), Ramazzini entendeu que

[...] o múltiplo e variado campo semeado de doenças para aqueles


que necessitam ganhar salário e, portanto, terão de sofrer males
terríveis em consequência do ofício que exercem, prolifera, [...]
devido a duas causas principais: a primeira, e a mais importante, é a
natureza nociva da substância manipulada, o que pode produzir
doenças especiais pelas exalações danosas, e poeiras irritantes que
afetam o organismo humano; a segunda é a violência que se faz à
estrutura natural da máquina vital, com posições forçadas e
inadequadas do corpo, o que pouco a pouco pode produzir grave
enfermidade. (RAMAZZINI, 2006)

A propósito das "doenças dos que trabalham em pé" (capítulo XXIX de seu
livro), assim se expressa Ramazzini:

[...] até agora falei daqueles artífices que contraem doenças em


virtude da nocividade da matéria manipulada; agrada-me, aqui,
tratar de outros operários que por outras causas, como sejam a
posição dos membros, dos movimentos corporais inadequados, que,
enquanto trabalham, apresentam distúrbios mórbidos, tais como os
operários que passam o dia de pé, sentados, inclinados,
encurvados, correndo, andando a cavalo ou fatigando seu corpo por
qualquer outra forma. (RAMAZZINI, 2006)

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De fato, deste critério de classificação empírica utilizado por Ramazzini, é
possível pinçar as bases para uma sistematização da Patologia do Trabalho, onde,
no primeiro grupo estariam as "doenças profissionais" ou "tecnopatias", e no
segundo, as "doenças adquiridas pelas condições especiais em que o trabalho é
realizado", ou as "mesopatias" - classificação até hoje utilizada para fins médico-
legais e previdenciários em muitos países, inclusive no Brasil.
Muitas outras contribuições poderiam ser aqui identificadas, tais como sua
visão das inter-relações entre a Patologia do Trabalho e o Meio Ambiente, quando
estuda as "doenças dos químicos" (capítulo IV de seu livro), e a ênfase na
prevenção primária das doenças dos trabalhadores, o que ele faz no interior de
inúmeros capítulos de seu livro. Ainda, é no estudo das "doenças dos químicos" que
ele descreve a utilização potencial de registros de óbito para o estudo dos impactos
da poluição ambiental sobre a saúde das comunidades - estratégia metodológica
que até hoje se utiliza.
Apesar das relações Trabalho, Saúde e Doença dos trabalhadores serem
reconhecidas desde os primórdios da história humana registrada, expressa em
obras de artistas plásticos, historiadores, filósofos e escritores, é relativamente
recente uma produção mais sistemática sobre o tema.
Desde então, acompanhando as mudanças e exigências dos processos
produtivos, e dos movimentos sociais, as práticas da Saúde Ocupacional têm se
transformado, incorporando novos enfoques e instrumentos de trabalho, em uma
perspectiva interdisciplinar, delimitando o campo da Saúde Ocupacional e mais
recentemente, da Saúde dos Trabalhadores e da Saúde Mental do trabalho ou
Saúde Mental Ocupacional.

Dica de Aprofundamento

Assista ao vídeo “A História da Segurança no Trabalho”, disponível


em: <https://www.youtube.com/watch?v=ToWkKQMvPLU>. Acesso
em: 06 jun. 2018.

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Exercício 1

1. Quem foi Ramazzini?


a) Reconheceu a fuligem das chaminés como uma das causas do câncer escrotal,
no ano de 1778.
b) Publicou o primeiro livro sobre doenças ocupacionais, De Morbis Artificum
Diatriba, em 1700.
c) Em 1851, descobriu que a mortalidade entre os fabricantes de vasos de 25 a 45
anos era excessivamente alta e que a fabricação de cerâmica na Inglaterra era um
dos ofícios mais insalubres.
d) Dirigiu pessoalmente estudos e o combate a epidemias na ferrovia Madeira-
Mamoré, em 1910.

2. Ramazzini caracterizou cerca de cinquenta e quatro (54) ocupações ou


profissões, o que permitiu:
a) A criação da legislação de requisitos para a implantação de ventilação local
exaustora, para remoção de poeiras e fumos.
b) construir e analisar "perfis epidemiológicos" de adoecimento, incapacidade ou
morte, como até então não feitos.
c) responder a todos os problemas causados pelas mudanças dos processos de
trabalho: a automação em alto grau, a robotização, entre outros.
d) a primeira legislação sobre condições de trabalho industrial.

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UNIDADE 2 - SAÚDE MENTAL E TRABALHO

2.1 Considerações sobre a Saúde/Doença Mental e Trabalho

Neste item, você poderá conhecer os conceitos de Saúde/Doença Mental


mais utilizados na literatura, assim como, a sua relação com o Trabalho.
Começaremos pela definição de Saúde da OMS (1958, p. 45), que refere
que “a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”.
Dejours (1991), faz críticas a essa definição da Organização Mundial da
Saúde: sobre saúde, como algo inatingível, dizendo que a normalidade é um estado
em que as doenças estão estáveis, devido à ação de estratégias defensivas; quanto
à Saúde Mental nunca é verdadeiramente atingida e é evidente a relação entre
saúde física e Saúde Mental.
Portanto, o Trabalho pode contribuir para a Saúde ou a Doença, é
importante na construção da Saúde Mental, moldando a identidade e podendo levar
ou não à autorrealização e à autoestima do trabalhador, trazendo reconhecimento e
oportunidades de relações sociais.
Desde as últimas décadas do século XX, constata-se uma crescente
atenção à saúde/doença mental dos trabalhadores. Ressalta-se, ainda, uma
associação do sofrimento e/ou da doença psíquica com o contexto laboral que
começa, paulatinamente, a ser reconhecida pelo imaginário social (JACQUES;
AMAZZARAY, 2006).
É importante que você saiba que o termo Trabalho deriva do latim
Tripalium, que na Antiguidade era um instrumento de três pontas de ferro utilizado
para a ceifa dos cereais. No entanto, com o decorrer do tempo, o termo Tripalium
passa para a história como instrumento de tortura e associado a sofrimento. O
termo Tripaliare significa “torturar alguém”. Atualmente, Trabalho tem um duplo
significado: prazer e sofrimento.

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Há pessoas que percebem o trabalho predominantemente como sofrimento
e outras como prazer, embora se saiba que, prazer e sofrimento sempre existirão,
variando os graus.

Fonte: http://migre.me/eUEV3 Fonte: http://migre.me/eUES2

A Saúde Mental é definida pela Organização Mundial da Saúde - OMS


como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode
fazer face ao estresse normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e
contribuir para a comunidade em que se insere” (OMS, 200, p. 44) e pode ser
promovida por meio de programas adequados, da melhoria das condições sociais e
da prevenção do estresse entre outros fatores, e da luta contra o estigma segundo o
Secretariado Nacional para Reabilitação e Integração das pessoas com Deficiência
(SNRIPD, 2006).
Para Guimarães (1999, p.23),

A Saúde Mental e Trabalho é o estudo da dinâmica, da organização


e dos processos de trabalho, visando à promoção da Saúde Mental
do trabalhador, por meio de ações diagnósticas, preventivas e
terapêuticas eficazes.

O conceito de Saúde Mental deve envolver o homem no seu todo


biopsicossocial, o contexto social em que está inserido, assim como a fase de
desenvolvimento em que se encontra. Neste sentido, podemos considerar a Saúde
Mental como um equilíbrio dinâmico que resulta da interação do indivíduo com os
seus vários ecossistemas: o seu meio interno e externo, as suas características
orgânicas e os seus antecedentes pessoais e familiares (FONSECA, 1985).

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As transformações introduzidas nos contextos laborais, nos últimos anos,
têm oportunizado, em geral, melhores condições de trabalho, com ambientes mais
limpos, menos insalubres, com menos riscos de acidentes e doenças. Por outro
lado, tais transformações nos processos de trabalho têm suscitado novas formas de
sofrimento e/ou doença, vinculadas, preferencialmente, com o funcionamento
psíquico dos trabalhadores e disseminadas pelos mais diferentes espaços de
trabalho, incluindo o setor de serviços. As estatísticas de auxílio-doença e
aposentadoria por invalidez refletem este novo perfil.
Segundo dados da Organização
Mundial da Saúde - OMS, cerca de 30% dos
Transtornos Mentais Menores: De
trabalhadores ocupados sofrem de acordo com Santos (2002, apud
MARAGNO, 2006), trata-se da
Transtornos Mentais Menores - TMM, e
situação de saúde de uma
cerca de 10% sofrem de Transtornos Mentais população, com indivíduos que não
Graves (GUIMARÃES et al, 2006). preenchem os critérios formais para
diagnósticos de depressão e/ou
As maiores conquistas no âmbito da ansiedade, segundo as
Saúde do Trabalhador se devem à luta classificações do DSM-IV
(Diagnostic and Statistical Manual of
histórica e cotidiana da classe trabalhadora
Mental Disorders – Fourth Edition) e
como atestam os registros da História. Voltar- da CID-10 (Classificação
Internacional de Doenças- 10ª
se, hoje, para as relações entre Saúde
Revisão), mas que apresentam
Mental e Trabalho é o novo desafio a ser sintomas proeminentes que trazem
coletivamente assumido. Para tanto, faz-se uma incapacitação funcional
comparável ou até mais grave que
necessário demandar sustentação teórica, quadros crônicos já bem
estudos empíricos, pactos com diversos estabelecidos.
segmentos sociais, posições políticas e um trabalho de militância, trabalho este
potencialmente promotor de saúde.

2.2 Abordagens teórico-metodológicas em Saúde Mental do


trabalhador

Entre os modelos de explicação das relações entre Saúde Mental e


Trabalho podemos definir duas principais correntes:
 a Psicopatologia do trabalho: denominada Psicodinâmica do
Trabalho a partir dos estudos de Dejours;

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 os estudos que tratam da Relação entre estresse e trabalho (Work
Stress) (GLINA e ROCHA, 2006).

No entanto, diferentes autores nacionais, classificam as abordagens teórico-


metodológicas em Saúde Mental e trabalho, de diferentes maneiras, explicitadas na
sequência.

Figura 1 - As duas faces do trabalho para o trabalhador: a manifesta


(esquerda) e a oculta (direita)

De forma geral, pode-se dizer que a Psicodinâmica do Trabalho entende


o trabalho como vértice do indivíduo e refere que a divisão de tarefas e divisão dos
homens norteia conflitos psíquicos.
A Psicodinâmica do Trabalho enfatiza a centralidade do trabalho na vida
dos trabalhadores, analisando os aspectos dessa atividade que podem favorecer a
saúde ou a doença. Ao analisar a inter-relação entre Saúde Mental e Trabalho,
Dejours (1986), acentua o papel da organização do trabalho no que tange aos
efeitos negativos ou positivos que aquela possa exercer sobre o funcionamento
psíquico e a vida mental do trabalhador. Este autor conceitua organização do
trabalho como a divisão das tarefas e a divisão dos homens. A divisão das tarefas
engloba o conteúdo das tarefas, o modo operatório e tudo o que é prescrito pela
organização do trabalho.
Mais recentemente, Dejours et al. (1994), passaram a acentuar o fato de
que a relação entre a organização do trabalho e o ser humano encontra-se em
constante movimento. Do ponto de vista da Ergonomia, a análise da organização do
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trabalho deve levar em conta: a organização do trabalho prescrita (formalizada pela
empresa) e a organização do trabalho real (o modo operatório dos trabalhadores).
Segundo o autor, o descompasso entre as duas favoreceria o aparecimento
do sofrimento mental, uma vez que levaria o trabalhador à necessidade de
transgredir para poder executar a tarefa.
A segunda corrente de análise dedicada à inter-relação Saúde Mental e
Trabalho é a que privilegia a relação entre estresse e trabalho. O Estudo da
Relação Estresse –Trabalho (Work stress) afere o desequilíbrio entre as
demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos trabalhadores.

Fonte: http://migre.me/eUGkq

Tal abordagem apresenta um alto grau de complexidade, a começar por


uma ampla variação do conceito de estresse. Destacam-se, nesse campo, os
autores escandinavos (FRANKENHAEUSER & GARDELL, 1976; KALIMO, 1980;
LEVI, 1988), entre outros, que definem estresse como um desequilíbrio entre as
demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos trabalhadores.
No âmbito desta vertente, observa-se a preocupação com a determinação
dos fatores potencialmente estressantes em uma situação de trabalho. Karasek &
Theorell (1990), propõem um modelo com uma abordagem tridimensional,
contemplando os seguintes aspectos: "exigência/controle" (demand/control);
"tensão/ aprendizagem" (strain/learning) e suporte social.

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A situação saudável de trabalho seria a que permitisse o desenvolvimento
do indivíduo, alternando exigências e períodos de repouso com o controle do
trabalhador sobre o processo de trabalho.
Como referido anteriormente, são vários os autores que classificam as
abordagens teórico-metodológicas em Saúde Mental e Trabalho. Iniciaremos com a
pioneira desse campo de estudos no Brasil: Seligmann-Silva (1995, apud
JACQUES, 2003), apresenta três diferentes abordagens teórico-metodológicas em
Saúde Mental e Trabalho:
 as Teorias sobre estresse (work stress);
 a Psicodinâmica do Trabalho;
 o Desgaste mental.
Essa autora pode ser considerada a pioneira nos estudos em Saúde Mental
e Trabalho no Brasil.
Para Jacques (2003), existem quatro (4) amplas abordagens em Saúde
Mental:
 as teorias sobre estresse,
 a Psicodinâmica do Trabalho;
 as abordagens de base epidemiológica ou diagnóstica,
 os estudos e pesquisas em subjetividade e trabalho.

Para Borges, Guimarães e Silva (2013), são três as abordagens:

 Individualistas: se caracterizam por buscar explicações mais nas


características das próprias pessoas do que na relação destas com o
trabalho e suas condições. Mesmo que haja reconhecimento do nexo
entre saúde psíquica e trabalho, nessas abordagens ele é mais
enfraquecido. A subjetividade é levada em conta na forma de crenças,
percepções, atitudes, motivações, estereótipos, preconceitos, etc. e no
impacto que tais cognições e afetos estão relacionados e/ou imbricados
no processo de saúde/doença. No entanto, o trabalho aparece como
categoria social secundarizada tanto na construção de tais cognições
quanto na etiologia do processo de saúde/doença. Tal posicionamento
está relacionado diretamente ao posicionamento dos psicólogos de tal
abordagem apontando na direção que tende mais a uma aproximação de

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uma psicologia abstrata, que explica o processo de saúde-doença
prioritariamente com base em processos psíquicos.
 Psicodinâmica do Trabalho: já descrita acima.
 Abordagens psicossociológicas: As abordagens psicossociológicas
na Psicologia Social são descritas por vários autores (e.g., ALVARO,
1995; MONTERO, 2000; SANDOVAL, 2000; PRADO, 2002; ALVARO;
GARRIDO; SCHWEIGER; TORREGROSA, 2007), a cujos textos
recomendamos recorrer para aprofundamento sobre o assunto.

Chamamos a atenção para o fato que estamos no presente capítulo nos


referindo às abordagens psicossociológicas sempre no plural propositadamente,
porque compreendemos que elas são na realidade um conjunto e uma dispersão de
várias perspectivas de análise, mas sutilmente diferentes umas da outras (AMADO;
ENRIQUEZ, 2011; CARRETEIRO; BARROS, 2011).
O que há de comum em tais perspectivas que nos conduziram a reuni-las
sob o título de abordagens psicossociológicas? Que pressupostos básicos
partilham? Como tais perspectivas se concretizam no campo da saúde psíquica e
trabalho? O primeiro ponto é que, nessas abordagens, assume-se abertamente a
categoria trabalho como estruturante, tanto do ponto de vista das sociedades como
da vida concreta dos grupos e das pessoas.
Desse ponto fundamental parte o posicionamento dos psicólogos que
aplicam essas abordagens em referência a cada tensão comentada na introdução
do presente capítulo. Assim, a posição dos psicólogos sobre o nexo entre saúde
psíquica e trabalho abrange a consideração ao papel do trabalho no
desenvolvimento de identidade (CHANLAT, 2011).
É, por isso, que nessa abordagem há uma busca da explicação do processo
saúde/adoecimento diretamente nas condições de trabalho. Diferentemente às
abordagens anteriores, o trabalho concreto é o foco principal. As características
pessoais (humanas) são consideradas, mas ora como elementos facilitadores do
processo, ora mediando a relação da pessoa com o mundo do trabalho. (KOHN;
SCHOOLER, 1983; JAHODA, 1987; CODO, 1993; LIMA, 2002; BORGES et al,
2007; HELOANI, 2008).
Fica claro que há diferenças e convergências entre as três abordagens. Por
isso, defende-se que algum diálogo é possível existir, que permita uma convivência

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saudável e produtora de novos saberes. Tal diálogo requer, entretanto, cuidados e
prudência, como tem alertado Fielding e Schreier (2004), principalmente se tais
diferenças partem dos pressupostos básicos.
O respeito pela produção do outro é uma atitude profissional saudável, que
permite reconhecer méritos e limitações de cada abordagem. Voltamos, então, a
assinalar que já há algum tempo surgem iniciativas que indicam a construção de tal
diálogo. Certamente vale a pena citar os livros “Trabalho em Transição, Saúde em
Risco” (MENDES; BORGES e FERREIRA, 2002), “Trabalho e Saúde” (MENDES,
2008) e “Clínicas do Trabalho” de (BENDASSOLLI; SOBOLL, 2011), que são
coletâneas organizadas reunindo autores de diversas abordagens.

Exercício 2

1. Sobre o termo Tripalium, analise os enunciados a seguir:


I. Tripalium era um instrumento feito de três paus aguçados, algumas vezes ainda
com pontas de ferro, no qual os agricultores bateriam o trigo, as espigas de milho,
para rasgá-los, esfiapá-los.
II. A maioria dos dicionários, contudo, registra tripalium apenas como instrumento
de tortura, o que teria sido originalmente, ou se tornado depois.
III. Tripalium era um instrumento musical utilizado pelos romanos.
IV. Para a comunidade linguística, os termos tripalium e tripaliare deram origem,
no português, às palavras “tripa”, “ atrapalhar” e “palha”.
V. A origem do termo Tripalium é grega.
a) Apenas os enunciados I, II e III estão corretos.
b) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
c) Apenas os enunciados I, III, IV e V estão corretos.
d) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
e) Apenas os enunciados II e V estão corretos.

2. Quais são, para Jacques (2003), as quatro (4) abordagens teórico-


metodológicas em Saúde Mental e Trabalho?
a) Exigência/controle" (demand/control); "tensão/ aprendizagem" (strain/learning);
suporte social; pesquisas em subjetividade e trabalho.
b) As teorias sobre Estresse Ocupacional, (work stress); as teorias sobre a
Psicodinâmica do Trabalho; as abordagens de base epidemiológica ou diagnóstica;
os estudos e pesquisas em subjetividade e trabalho.
c) As teorias sobre Estresse (work stress), a Psicodinâmica do Trabalho; (Desgaste

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mental); suporte organizacional.
d) Individualista; Psicodinâmica do Trabalho; abordagens psicossociológicas; as
teorias sobre Estresse (work stress).

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UNIDADE 3 - PRINCIPAIS FATORES DE RISCO À SAÚDE MENTAL
DO TRABALHADOR

3.1 Fatores de risco

Ao se analisar a realidade brasileira quanto à assistência médica e


psicológica ocupacional, eleva-se o nível de preocupação, pois desde 2001, um
levantamento feito por Serrano (2001) mostra que cerca de 90% das empresas
nacionais contam com menos de 19 funcionários e não conseguem subsidiar um
programa de assistência integral à saúde do trabalhador, comprometendo a
implantação e manutenção do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO- NR-7). Portanto, na prática, são as médias e grandes empresas que têm
esses programas implantados.
Isso significa que muitas vezes, os médicos das empresas ou os clínicos
dos ambulatórios (serviços de saúde privados ou públicos) podem se deparar com
um número significativo de transtornos mentais, leves ou moderados, que poderão
interferir no desempenho pessoal e profissional do trabalhador, se não
diagnosticados e tratados precocemente. A Psiquiatria, a Psicologia e a Medicina do
Trabalho, podem produzir uma atenção mais abrangente, incluindo aspectos
diagnósticos clínicos, terapêuticos e previdenciários.
Dias e Mendes (2004), referem que em sua ampla atuação preventiva e
terapêutica, a Medicina do Trabalho (MT), tem como princípio básico, prevenir
doenças ocupacionais, acidentes de trabalho, promover os aspectos físicos e
mentais e a qualidade de vida dos trabalhadores.
A Medicina do trabalho fundamenta suas ações por meio de leis específicas
do Ministério do Trabalho, normas regulamentadoras (NR) (BRASIL, 2007) relativas
à Segurança e Medicina do trabalho, que servem como base para as empresas
administrarem seus riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e para isso foram
divididas em 33 itens específicos, sendo periodicamente modificados e atualizados.
Entre elas temos a NR-4- Serviços especializados em Engenharia de Segurança em
Medicina do Trabalho; NR-5- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; NR-6-
Equipamentos de proteção individual- EPI; NR-15- Atividades e operações
insalubres; NR-17- Ergonomia; NR-23- Proteção contra incêndios; NR-32-

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Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde. Destacam-se entre
elas a NR-7 e NR-9.
A NR-7, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO,
consiste na promoção e proteção à saúde do trabalhador, por meio de ações
primárias (programas educativos e preventivos) e secundárias de saúde,
representadas pelos exames ocupacionais (admissional, periódico, mudança de
função, retorno ao trabalho e demissional) aos quais são submetidos
obrigatoriamente todos os trabalhadores. É coordenado pelo médico do trabalho, e
a cada exame o trabalhador recebe o atestado de saúde ocupacional com o
resultado sobre sua aptidão ou inaptidão física e mental para o trabalho.
A NR-9, Programa de Prevenção e riscos ambientais, tem como
preocupação o reconhecimento dos riscos ambientais por meio da identificação dos
mesmos, determinação e localização das possíveis fontes geradoras, identificação
das funções e do número dos trabalhadores expostos, caracterização das
atividades e do tipo de exposição. Integra essa NR-9 o Mapa de Riscos, que pela
representação gráfica, estimula e auxilia o trabalhador a conhecer melhor o seu
ambiente de trabalho e a identificar os Principais Riscos Ocupacionais em grupos
existentes na NR-9 na Tabela I do Anexo IV, existem cinco grupos, a saber:

Quadro 1 - Mapa de Risco


Grupo 1 (cor verde) Riscos físicos
Grupo 2 (cor vermelha) Riscos químicos
Grupo 3 (cor marrom) Riscos biológicos
Grupo 4 (cor amarela) Riscos ergonômicos
Fonte: Adaptado de NR-9

Você deve ter percebido que falamos em cinco (5) grupos e o Mapa de
Riscos, enquanto que o Quadro 1 contempla somente quatro (4). Em segundo
lugar, você poderia pensar: O que os riscos mencionados têm a ver com a Saúde
Mental do trabalhador? Tudo!! é a nossa resposta. Porque é nesse cenário
permeado por toda a sorte de riscos que os trabalhadores desempenham seu ofício
no cotidiano de trabalho. Esses fatores podem trazer vários comprometimentos à
Saúde Mental do trabalhador, que são descritos no Quadro 2 que contém a
Classificação dos Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o
Trabalho (Grupo V da CID-10), mostrado mais adiante.

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Mas o que dizer dos Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho (FPRT),
aqueles que sequer estão incluídos no mapa de risco? Veremos mais à frente, após
falarmos sobre os 4 tipos de risco do Mapa, com especificidade, quais são os mais
comuns e suas implicações para a Saúde Mental do trabalhador.
De qualquer forma, é bom você já ir sabendo que são chamados fatores de
risco todos os aspectos da situação de trabalho que têm a propriedade ou a
capacidade de causar um dano e de interferir negativamente na segurança, na
saúde e no bem-estar dos trabalhadores. Alguns desses riscos constituem-se em
fatores importantes no desencadeamento de transtornos mentais, e suas
repercussões psicossociais são analisadas a seguir:

3.2 Repercussões Psicossociais dos riscos ocupacionais

Camargo e Oliveira (2010), partindo da descrição dos agentes ambientais,


segundo o Mapa de Riscos (Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em
grupos - Tabela I do anexo IV), e adotando a nomenclatura da nova
regulamentação sobre as Doenças Profissionais e do Trabalho, descrevem os
seguintes riscos:

3.2.1 Riscos Físicos


a) Ruído: Considerado como um dos principais estressores psicossociais do
trabalho (SAUTER et al, 1998), que pode levar à irritabilidade, ansiedade,
excitabilidade, insônia, entre outros (COSTA; KITAMURA, 1995). Os locais
de trabalho mais sujeitos a esses riscos
são indústrias de mineração, construção
de túneis, explosão de pedreiras
(detonações e perfurações), engenharia
pesada (fundição de ferro, prensa de forja);
trabalhos com máquinas com motores a
combustão, utilização de máquinas têxteis
e testes de reatores de aviões
(CAMPANHOLE, 1995);
Fonte: http://migre.me/eXoh3
b) Pressões anormais: encontradas em atividades hiperbáricas, nas quais o
indivíduo fica submetido a um aumento da pressão atmosférica ou
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hidrostática, como no mergulho aquático civil e militar e na construção civil
(ALVES, 2003). No mergulho de saturação pode ocorrer a doença
descompressiva, caracterizada por dor localizada, parestesias e alterações
cerebrais como cefaleia, diplopia, disartria, vertigens, chegando a alterações
mentais e da personalidade e, em casos mais graves, a convulsões e morte
(SELIGMANN-SILVA, 1994);
c) Vibrações: dependendo da intensidade, as vibrações podem
comprometer o sistema endocrinológico, metabólico, cardiovascular e
gastrointestinal (SALIBA et al, 1999). No sistema nervoso central, podem
levar à debilitação e mal-estar geral, produzindo repercussões psíquicas
(SELIGMANN-SILVA, 1994);
d) Radiações ionizantes e não
ionizantes: Não são conhecidos
estudos sobre distúrbios emocionais
diretamente provocados pelas
radiações ionizantes (raios-X, gama,
alfa e beta) e as não ionizantes
(radiação ultravioleta, radiação visível
e infravermelha, laser, micro-ondas);
Fonte: http://migre.me/eXowo
e) Frio e calor: frio ou calor extremo estão incluídos entre os principais
estressores psicossociais no trabalho (SAUTER et al, 1994). Além da tontura,
sintomas como desfalecimento, desidratação e distúrbios “psiconeuróticos”, o
calor pode favorecer a descompensação de indivíduos que estejam em
estado limítrofe quanto à sua Saúde Mental (COUTO, 1987).

3.2.2 Riscos Químicos


Os efeitos tóxicos dos produtos químicos podem acarretar doenças
orgânicas e psíquicas por lesarem muitos órgãos vitais, como o Sistema Nervoso
central, o fígado, os pulmões e os rins. (WHO, 2010), sendo representados por
poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias, compostos ou
produtos químicos em geral (ALGRANTI et al, 1995):
a) Aerodispersantes: são todas as partículas que se encontram em
suspensão no ar e que podem ser nocivas à saúde. São denominadas de

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aerodispersóides e representadas por névoas e neblinas, poeiras, fumos e
fibras, podendo levar à enfermidade como a rinite alérgica, a asma
ocupacional e as pneumoconioses (silicose, asbestose e outras);
b) Gases e vapores: os gases e vapores são diferenciados pela
concentração de cada um no ambiente e divididos em: irritantes e asfixiantes.
Os gases e vapores irritantes (ácido clorídrico, o cloro gasoso, os óxidos de
enxofre e nitrogênio, a amônia, entre outros) são assim denominados por
provocarem lesões e desencadearem processo inflamatório quando em
contato com a pele, olhos e outros tecidos do organismo, em particular as
mucosas (BUSCHINELLI, 2000). Os gases e vapores asfixiantes são
classificados em asfixiantes simples (nitrogênio, dióxido de carbono) e pelo
gás cianídrico. O monóxido de carbono pode desencadear distúrbios
psíquicos com característica demencial;
c) Solventes: os solventes são apontados como estressores psicossociais
no trabalho e podem desencadear inúmeros distúrbios psíquicos (SAUTER et
al, 1998), sendo conhecidos em nosso meio, como hidrocarbonetos alifáticos
e aromáticos, alcoóis, cetonas, hidrocarbonetos alifáticos alogenados, entre
outros sendo utilizados para a fabricação de vernizes, tintas, colas,
fabricação de sapatos, nas indústrias de agrotóxicos e limpeza de metais
(BUSCHINELLI, 2000). Tricolorotileno, tetracloroetileno e outros solventes
aromáticos neurotóxicos, podem produzir alterações mentais e do
comportamento.
d) Metais pesados representados pelo chumbo inorgânico, mercúrio
metálico, manganês e outros, apresentam como característica toxicológica o
acúmulo no organismo, a afinidade por um órgão específico e também o fato
de serem excretados lentamente. (CAMARGO; OLIVEIRA, 2010).

3.2.3 Riscos Biológicos


Você sabia que, segundo a OMS (1997), os riscos biológicos são
representados por bactérias, fungos, protozoários, vírus, parasitas e bacilos, que
podem acarretar inúmeras doenças, principalmente nos que trabalham na
agricultura, construção civil, veterinária e os profissionais de saúde. A encefalopatia
provocada pelo retrovírus HIV pode levar a sérias complicações neuropsiquiátricas
(KAPLAN et al, 1997). Entre elas, destacam-se os transtornos demenciais que

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acarretam déficit cognitivo e alguns casos de transtornos afetivos, psicoses e
convulsões.

3.2.4 Riscos Ergonômicos


A ergonomia, “visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de
modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente!”
(BRASIL, 2007). Os riscos ergonômicos relatados na classificação dos principais
riscos ocupacionais em grupos em sua Tabela I, Anexo IV (BRASIL, 2001) são:
esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de
posturas inadequadas, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos
excessivos, trabalho em turnos e noturno, jornadas de trabalho prolongadas,
monotonia e repetitividade e outras situações causadoras de estresse físico e/ou
psíquico.
Em relação a esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de
peso, exigência de posturas inadequadas, destaca-se a fadiga muscular,
encontrada nos ambientes de trabalho onde se exige a força muscular nas
atividades dinâmicas e estáticas,
ocasionando, por vezes, os distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho -
DORT, que vieram substituir o termo LER
(Lesões por esforços repetitivos), por ser
mais abrangente (CAMARGO, OLIVEIRA,
2010). Ainda a principal forma de nos
referirmos à patologia é DORT-LER.
Fonte: http://migre.me/eXpwp
3.2.5 Riscos de Acidentes ou Mecânicos
Esses riscos, segundo a Classificação dos principais riscos ocupacionais
em grupos (Tabela I, Anexo IV), compreendem: o arranjo físico inadequado,
máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas,
iluminação e outras situações de risco (eletricidade, probabilidade de incêndio ou
explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos), que poderão
contribuir para a ocorrência de acidentes (COUTO, 1987).

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Dependendo do local acometido, da extensão e gravidade da lesão e da
eficácia do tratamento, as repercussões neuropsíquicas dos acidentes de trabalho,
podem levar a sérios danos mentais, por vezes, irreversíveis (BRASIL, 2007).

3.2.6 Fatores Psicossociais de Risco Ligados ao Trabalho (FPRT)


As questões ligadas à organização do trabalho e aos fatores psicossociais
no trabalho têm sido mais intensivamente estudadas desde os anos 60,
principalmente, com o advento das novas tecnologias e sistemas de produção, seja
no trabalho administrativo como no industrial.
O Processo de Reestruturação produtiva demonstra que no momento, vive-
se o que se pode denominar de 3ª Revolução Industrial. Nos países industrializados
têm ocorrido intensas inovações tecnológicas. Estas, por sua vez, configuram-se
por meio de diferentes processos decisórios no controle do processo de trabalho e
na resolução de problemas dele resultantes.
Nas duas últimas décadas, pesquisas sobre fatores psicossociais de risco
no ambiente de trabalho têm produzido um grande corpo de pesquisa empírica e
teórica (THEORELL, 2000).
Desde 1984, a Organização Internacional do Trabalho - OIT e a
Organização Mundial de Saúde - OMS evidenciam a importância dos fatores
psicossociais no trabalho (ILO, 2002; WHO, 2011).
Os centros colaboradores da OMS em Saúde Ocupacional têm identificado
a necessidade de procedimentos práticos e formas de gerenciamento da saúde
ocupacional e segurança no trabalho. Idealmente, estes deveriam ser capazes de
lidar com as diferenças que existem entre países, setores e contextos
organizacionais; em adição, a ênfase é agora localizada
na mudança da natureza do trabalho e novas formas de
risco que poderiam afetar negativamente a saúde e a
segurança dos trabalhadores.
Outros riscos, tais como, o estresse
ocupacional, o assédio moral e o sexual agora recebem
atenção em nível global e esforços têm sido
empreendidos para entendê-los ao nível do ambiente
de trabalho.
Fonte: http://migre.me/eXqRu

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Entretanto, a complexidade da origem destas ocorrências e a especificidade
do contexto têm trazido dificuldades até o momento, para a prática orientada a ser
desenvolvida e que poderia ser adaptada e usada em vários contextos, setores e
países.
É importante perceber que, os riscos psicossociais têm a sua origem no
complexo âmbito da organização do trabalho e, embora as suas consequências
negativas para a saúde não sejam tão evidentes como as dos acidentes de trabalho
ou as doenças profissionais, também podem ter uma relevância notável,
manifestando-se por meio de problemas como o absenteísmo, rotação de pessoal,
defeitos de qualidade ou o stress que, em conjunto, representam importantes custos
tanto em termos de saúde para as pessoas, como econômicos para a empresa.
A OIT (1986) definiu risco psicossocial em termos da interação entre
conteúdo do trabalho, organização do trabalho e gerenciamento, e outras condições
ambientais e organizacionais, por um lado, e competências e necessidades dos
empregados, de outro. Estas interações que podem provocar riscos influenciam a
saúde dos empregados através de sua percepção e experiência.
Uma definição de riscos psicossociais no trabalho simplificada é dada por
Cox e Griffiths (1995, p.23): “são todos aqueles aspectos do desenho e
gerenciamento do trabalho e os contextos social e organizacional que têm potencial
para causar dano físico ou psicológico”.
Os FRPT podem também ser definidos como aquelas características do
trabalho que funcionam como “estressores”, ou seja, implicam em grandes
exigências no trabalho, combinadas com recursos insuficientes para o
enfrentamento das mesmas (GUIMARÃES, 2006). Enfim, os fatores psicossociais
podem ser definidos como aquelas características das condições de trabalho e,
sobretudo, da sua organização que afetam a saúde das pessoas por meio de
mecanismos psicológicos e fisiológicos a que também chamamos de estresse,
detalhado em seção adiante.
De acordo com o exposto até aqui, quando ocorre um desequilíbrio entre as
interações de, por um lado, o trabalho, o seu ambiente, a satisfação no trabalho e
as condições da sua organização e, por outro lado, a capacidade do trabalhador, as
suas necessidades, a sua cultura e a situação pessoal fora do trabalho, aparece o
risco de origem psicossocial. Assim sendo, o 5º grupo do qual falamos

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anteriormente como faltando no Quadro 1, deveria avaliar os fatores psicossociais
de risco.

Quadro 2 - Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o


Trabalho (Grupo V da CID-10)

Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza


DOENÇAS
ocupacional
Demência e outras  Manganês (X49.-; Z57.5)
doenças específicas  Substâncias asfixiantes: CO, H2S, etc. (sequela) (X47.-;
classificadas em outros Z57.5)
locais (F02.8)  Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)
Delirium, não sobreposto
a demência, como  Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5)
 Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)
descrita (F05.0)
 Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos
(X46.-; Z57.5)
 Chumbo ou seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5)
 Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros
Outros transtornos solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-;
mentais decorrentes de Z57.5)
lesão e disfunção  Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5)
cerebrais e de doença  Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5)
física (F06.-): Transtorno  Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e
Cognitivo Leve (F06.7) Z57.5)
 Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)
 Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-;
Z57.5)
Transtornos de
personalidade e de
comportamento  Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos
(X46.-; Z57.5)
decorrentes de doença,
 Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros
lesão e disfunção de solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-;
personalidade (F07.-): Z57.5)
Transtorno Orgânico de  Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5)
Personalidade (F07.0);  Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5)
Outros transtornos de  Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e
personalidade e de Z57.5)
comportamento  Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)
decorrentes de doença,  Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-;
Z57.5)
lesão ou disfunção
cerebral (F07.8)
Transtorno Mental  Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos
(X46.-; Z57.5)
Orgânico ou Sintomático
 Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros
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não especificado (F09.-) solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-;
Z57.5)
 Brometo de Metila (X46.-; Z57.5)
 Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5)
 Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e
Z57.5)
 Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)
 Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-;
Z57.5)
Transtornos
comportamentais e  Problemas relacionados com o emprego e com o
mentais devidos ao álcool desemprego: Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
(Relacionado com o  Circunstância relativa às condições de trabalho (Y96)
Trabalho) (F10.2)
 Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos
(X46.-; Z57.5)
 Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros
solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-;
Z57.5)
Episódios Depressivos  Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5)
(F32.-)  Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5)
 Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e
Z57.5)
 Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)
 Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-;
Z57.5)
Reações ao “Stress”
Grave e Transtornos de  Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com
Adaptação (F43.-): o trabalho; reação após acidente do trabalho grave ou
catastrófico, ou após assalto no trabalho (Z56.6)
Estado de “Stress” Pós-
 Circunstância relativa às condições de trabalho (Y96)
Traumático (F43.1)
 Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos
(X46.-; Z57.5)
 Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros
solventes orgânicos halogenados (X46.-; Z57.5)
Neurastenia (Inclui  Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5)
“Síndrome de Fadiga”)  Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5)
(F48.0)  Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e
Z57.5)
 Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)
 Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-;
Z57.5)
 Problemas relacionados com o emprego e com o
Outros transtornos desemprego (Z56.-): Desemprego (Z56.0); Mudança de
neuróticos especificados emprego (Z56.1); Ameaça de perda de emprego (Z56.2);
(Inclui “Neurose Ritmo de trabalho penoso (Z56.3); Desacordo com patrão
Profissional”) (F48.8) e colegas de trabalho (Z56.5); Outras dificuldades físicas
e mentais relacionadas com o trabalho (Z56.6)
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Transtorno do Ciclo  Problemas relacionados com o emprego e com o
Vigília-Sono devido a desemprego: Má adaptação à organização do horário de
trabalho (Trabalho em Turnos ou Trabalho Noturno)
Fatores Não-Orgânicos
(Z56.6)
(F51.2)  Circunstância relativa às condições de trabalho (Y96)
Sensação de Estar  Ritmo de trabalho penoso (Z56.3)
Acabado (“Síndrome de  Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com
Burn-Out” (Z73.0) o trabalho (Z56.6)

Fonte: Brasil (1999)

Exercício 3

Quais os 5 grupos de fatores de risco ocupacional?


a) Mecânicos, Físicos, Biológicos, Carcinogênicos, Químicos e Psicossociais.
b) Físicos, Químicos, Biológicos, Ergonômicos e Psicossociais.
c) Físicos, Químicos, Biológicos, Ergonômicos e Vibratórios.
d) Físicos, Nucleares, Pós-traumáticos, Ergonômicos e Funcionais.
e) Mecânicos, Físicos, Biológicos, Psicossociais e DORT-LER.

São muitos os Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho e, apesar de


todos eles estarem relacionados entre si e serem encontrados agrupando mais ou
menos características do ambiente de trabalho, pode-se realizar a classificação
abaixo.
Segundo Leka et al (2005), Guimarães (2006)) e Guimarães e Freire
(2004), são três os grandes grupos de riscos psicossociais relacionados ao
trabalho:

 Fatores ligados à tarefa: oportunidade para desenvolver seus talentos,


competências, tipo de trabalho, se monótono, repetitivo, grau de autonomia,
controle sobre as pausas e sobre o ritmo de trabalho, pressão de tempos
(relação entre o volume de trabalho e o tempo disponível), interrupções
incômodas, emotional work (atendimento a utilizadores, público e clientes),
trabalho cognitivo (que exige grande esforço intelectual), trabalho sensorial
(que exige esforço dos sentidos), entre outros (GUIMARÃES; FREIRE,
2004).
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 Fatores ligados à organização do tempo de trabalho: duração e
distribuição dos tempos no horário de trabalho, trabalho noturno e por turnos,
pausas formais e informais, entre outros (GUIMARÃES, 2006)
 Fatores ligados à estrutura da organização: apoio social de colegas e
superiores hierárquicos, quantidade e qualidade das relações sociais no
trabalho, sistemas de participação, práticas de formação e informação,
controle do status (estabilidade profissional, mudanças, perspectivas de
promoção, tarefas de acordo com a qualificação), estima (respeito e
reconhecimento), apoio adequado, trato justo, salário, entre outros. Outros
fatores psicossociais: características da empresa e do posto de trabalho
(GUIMARÃES, 2006; FERREIRA; MENDES, 2006).

A seguir, para um melhor entendimento, apresentamos, segundo o grupo


ISASTUR (2013), em que consiste cada um desses fatores,

3.2.7 Fatores Ligados à Tarefa

Segundo Ferreira e Mendes (2006) e Guimarães (2006), são vários os


fatores psicossociais de risco ligados à tarefa:

 Conteúdo e significado do trabalho


Segundo a WHO (2011), o conteúdo do trabalho deve compreender uma
variedade de tarefas, pequenos ciclos de trabalho, trabalho sem fragmentação, sem
ausência de significado ou sentido, alto nível de incerteza, exposição continuada da
pessoa por meio do seu trabalho.
Assim sendo, um trabalho com conteúdo é aquele que permite o trabalhador
sentir que o seu trabalho serve para alguma coisa, que é útil no conjunto do
processo em que é desenvolvido e para a sociedade em geral, e que lhe oferece a
possibilidade de aplicar e desenvolver os seus conhecimentos e capacidades.
Para que um trabalho seja interessante deve haver variedade de tarefas e
atribuições, o que poderá permitir, ainda, ao trabalhador regular melhor a carga de
trabalho. O enriquecimento de tarefas deve dar-se de forma vertical, para que haja,
de fato, um enriquecimento psicológico por meio do trabalho, possibilitando o
aumento do grau de controle sobre o próprio trabalho e a introdução de tarefas
novas e mais difíceis e complexas.

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 Carga de trabalho
Temporariamente, se existe uma demanda aumentada de trabalho, que exija
mais do que o habitual ou muito pouco, o trabalhador, provavelmente, não terá
dificuldades para se adaptar, mas se esta situação persistir, tanto por excesso
(sobrecarga), como por falta (infracarga), pode tornar-se uma fonte importante de
estresse. Quando as exigências do trabalho superam a capacidade do sujeito para
responder às mesmas (NIOSH, 1999), falamos de sobrecarga de trabalho
(FRANKENHAUSER, 1988), que pode ser:
 Sobrecarga quantitativa: ocorre quando a pressão pelo tempo de
execução do trabalho é intensa, isto é, quando o trabalhador não
pode regular o ritmo imposto de trabalho e este é elevado; quando
ocorre um grande volume de trabalho em relação ao tempo
disponível; e/ou quando são numerosas as interrupções que
obrigam o trabalhador a deixar momentaneamente as tarefas e
voltar a elas mais tarde.
 Sobrecarga qualitativa: se dá quando a realização do trabalho
exige demasiado do trabalhador e este se sente incapacitado ou
sem condições de realizar a tarefa a ele designada. Costuma
aparecer quando ocorre uma mudança tecnológica e
organizacional; quando um trabalhador é promovido sem ter sido
previamente informado ou treinado sobre o novo trabalho ou
processo de trabalho; ou nos trabalhos de atendimento a usuários,
público e/ou clientes.
Pode parecer estranho, mas também, quando a realização das tarefas
apresenta poucas exigências ao trabalhador, esse pode ser um fator, por vezes de
risco para a Saúde Mental e fala-se de infracarga de trabalho (GRUPO ISASTUR,
2013), e esta pode ser:
 Infracarga quantitativa: quando a atividade (física e/ou
mental) da tarefa é escassa, ou quando a presença do
trabalhador é necessária, mas as suas intervenções são
limitadas;
 Infracarga qualitativa: quando o conteúdo do trabalho é
escasso, ou quando o trabalho é pouco criativo e a

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realização do mesmo não permite ter iniciativa nem tomar
decisões.
 Autonomia
Podemos diferenciar três tipos de autonomia, segundo Ferreira e Mendes
(2006):
 Autonomia de tempos: possibilidade de controlar o ritmo de
trabalho, a duração e distribuição das pausas e de adaptar o horário
e as férias às suas necessidades.
 Autonomia operacional: possibilidade de influir na ordem das
tarefas, de escolher entre elas e o modo de execução, bem como a
influência sobre a quantidade e a qualidade das respostas.
 Autonomia organizacional: possibilidade de intervir na política
da empresa, nos objetivos, normas e processos.

A falta de autonomia traz menor envolvimento do trabalhador na organização,


afetando a sua motivação, gerando insatisfação e reduzindo o seu rendimento no
trabalho. Além disso, se esta falta de controle se prolongar, poderá gerar ansiedade
e alterações psicossomáticas.
 Grau de automatização
Para Seligmann-Silva (1997), na maioria dos processos automatizados, a
organização e o ritmo de trabalho dependem do equipamento, limitando a tarefa do
trabalhador a uma série de operações rotineiras e repetitivas, não sendo possível
uma visão do conjunto do processo produtivo e originando o empobrecimento do
conteúdo do trabalho e um aumento da monotonia.
Além disso, a informação recebida e tratada
costuma aparecer em um monitor, na forma de
símbolos, sinais e gráficos que exigem interpretação
(mais ou menos rápida em função da tarefa que se
realiza), o que aumenta a carga mental ou cognitiva do
trabalho. Pode ocorrer igualmente um empobrecimento
das relações pessoais e das possibilidades de
comunicação com outros trabalhadores, aparecendo o
risco de isolamento.
Fonte: http://migre.me/eXtuT

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Dicas de Aprofundamento

AREIAS, E. Q.; GUIMARÂES, L.A.M. Gênero e estresse em


trabalhadores de uma universidade pública do estado de São
Paulo. Psicol. estud .vol 9 no 2 Maringá /May / Aug. 2004 Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
73722004000200011> Acesso em: 10 mai. 2018.
GUIMARAES, L. A. M. Fatores psicossociais de risco no trabalho.
Disponível em: <https://pt.slideshare.net/SandraFlores5/liliana-
amguimaraes-factorespsicossociais> Acesso em: 10 mai. 2018.
LEKA, S; COX, T.; KORTUN, E. Towards the development of a
Psychological.110 Risk Management (PRIMAT). IOHA 2005,
PILANESBERG: paper 03.
GRUPO ISASTUR. Manual de segurança. Disponível em:
<http://www.grupoisastur.com/manual_isastur/data/pt/1/1_10.htm> Acesso em:
10 mai. 2018.

Um agrupamento que pode facilitar em muito o seu entendimento sobre


esses importantes aspectos da Saúde Mental do Trabalhador é o seguinte:

3.2.8 Fatores Ligados à Organização do Tempo de Trabalho

 Período de trabalho diário: duração e distribuição do horário de


trabalho
A recomendação para determinar quanto deve durar o período de trabalho
diário deve levar em consideração alguns fatores: as necessidades de recuperação
física e mental do organismo humano e será mais ou menos longo em função da
maior ou menor atividade física ou mental (cognitiva) desenvolvida.
Em geral, o que os autores mais recomendam é o horário flexível, dando
uma margem de tempo no início e no fim do horário de trabalho que permita ao
trabalhador realizar as suas atividades pessoais, mas há controvérsias a esse
respeito. Há quem considere que um intervalo de almoço mais longo seria o
suficiente para a reposição da fadiga ocasionada pelo trabalho.
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 Horário por turnos
O horário por turnos tem uma repercussão direta na saúde, e a afeta em
maior ou menor medida, dependendo de cada pessoa. O conjunto de problemas
que apresenta centra-se nas consequências decorrentes da mudança constante
dos horários de trabalho, levando a importantes consequências no ritmo circadiano
ou biológico do trabalhador, da incidência que o horário de tarde tem na vida
familiar e social e das repercussões diretas do trabalho noturno na saúde.

Dicas de Aprofundamento

Artigo - GUIMARÃES, L.A.M.; PROVAZI, L.T. Transtornos Mentais e


trabalho em turnos alternados em operários de mineração de ferro de
Itabira (MG), Brasil. J. bras. psiquiatr;52(4):283-289, jul.-ago. 2003.
Livro - SOUZA, J.C.R.P.; GUIMARÃES, L.A.M. Insônia e Qualidade de
Vida. Campo Grande: UCDB, 1999.

As mudanças de horário provocam uma série de consequências relacionadas


fundamentalmente com a redução da atividade mental e da capacidade de atenção
e reação, e com o equilíbrio nervoso e a fadiga (FRANKENHAUSER, 1988),
juntamente com alterações do sono que podem repercutir na saúde física, no risco
de sofrer acidentes, na qualidade do trabalho e no âmbito familiar (FISCHER,
MORENO E ROTENBERG, 2003).
 Descansos e pausas

A distribuição das pausas está ligada ao tipo de horário de trabalho, à


possibilidade de flexibilidade do horário e, sobretudo, ao tipo de tarefa (trabalho
físico, contato contínuo com clientes ou pacientes, etc.).
Como orientação geral, podem ser propostas várias pausas curtas e uma
pausa mais longa, aproximadamente na metade do período de trabalho diário, que
permita uma ruptura da atividade realizada (FERREIRA; MENDES, 2006).

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3.2.9 Fatores Ligados à Estrutura da Organização

 Definição da tarefa: definição extrema ou indefinição

Os trabalhadores precisam saber o que se espera deles, quais são as suas


atribuições, até onde podem chegar e o que podem ou não fazer. Por isso, cada
posto de trabalho deve ter uma clara definição das tarefas associadas ao mesmo.
Além disso, também deve ser claramente definido o organograma de comando, o
grau de autonomia, se o trabalho vai ser realizado em equipe ou não, bem como as
consequências das suas decisões, de forma a evitar situações conflitivas
(BEZERRA, 2011, p. 34)
 Estrutura da hierarquia: hierarquização vertical ou horizontal

Para Benevides (2010), conhecer a estrutura da empresa e o lugar que cada


um ocupa na mesma é importante para o desenvolvimento, tanto dos trabalhadores
como da própria empresa. O autor define e descreve, a seguir, os tipos de
liderança:
 Estilo de liderança

- Autoritário: Caracterizado pela centralização da autoridade e do


processo de fazer. O poder do líder é conferido pela posição e
pelo foco na tarefa.
- Paternalista ou demagógico: se caracteriza por antepor os
interesses pessoais às demandas da Organização. O líder utiliza
métodos de controlo gerais e moderados, porém, ao contrário do
que possa parecer, não facilita a participação dos trabalhadores e
pode gerar mal-estar entre os membros do grupo.
- "Laissez-faire": O comportamento Laissez-faire é a vacância
completa de liderança. Estes não-líderes abdicam completamente
de seu papel da liderança e se recusam a tomar decisões Este é
um líder que é "relativamente sem atenção, indiferente,
frequentemente ausente e sem influência".
- Democrático: caracterizado pela participação e envolvimento
dos funcionários no processo de tomada de decisão, pela
delegação da autoridade e pela decisão em conjunto da forma e

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dos métodos de trabalho. O poder do líder é conferido pelo grupo
e o mesmo tem preocupação com as relações humanas.
 Canais de informação e comunicação
A informação que o trabalhador precisa conhecer, tanto para desempenhar
adequadamente o seu trabalho, como para trabalhar sem riscos para a sua
segurança e saúde, deve ser transmitida de forma clara e simples e deve chegar a
todo o pessoal.
Daí a importância de estabelecer e manter ativos canais de comunicação
eficientes, que irão favorecer a participação dos trabalhadores e que podem ajudar
a reduzir a acidentalidade.
 Relações entre departamentos e trabalhadores
As boas relações entre os diferentes departamentos da empresa e entre os
próprios trabalhadores contribuem para a melhoria do ambiente de trabalho e da
produtividade.
 Desenvolvimento profissional
A possibilidade de desenvolvimento profissional é um elemento claramente
motivador para os trabalhadores, especialmente quando existe uma relação entre
formação e promoção.
A falta de possibilidades de promoção pode provocar a perda de interesse
por tudo aquilo não relacionado com a rotina diária e, por outro lado, uma formação
inadequada para o desempenho dos trabalhos poderia constituir uma fonte de
estresse, tanto quando os trabalhos exigem superar as capacidades do trabalhador,
como quando estas são infrautilizadas.

Exercício 4

Quais são os fatores de risco ligados à tarefa?


a) Conteúdo e significado da tarefa, carga de trabalho, autonomia, grau de
automatização.
b) Quantidade de projetos, carga de trabalho, canais de comunicação, conteúdo e
significado da tarefa.
c) Horário por turnos, quantidade de projetos, desenvolvimento profissional,
autonomia, domínio.
d) Conteúdo e resultado da tarefa, carga de trabalho, autonomia, grau de
automatização.

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Em sequência será abordado aquele fator psicossocial de risco que mais
afeta a saúde mental e física, segundo a Conferência do Ministério Europeu sobre
Saúde Mental (WHO, 2005): o estresse.

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UNIDADE 4 – ESTRESSE OCUPACIONAL E SÍNDROME DE
BURNOUT

4.1 O Estresse Ocupacional

O termo estresse vem do latim e tem o significado de fadiga, cansaço no


século XVII; a partir dos séculos XVIII e XIX, o termo já aparece relacionado com as
palavras força, esforço e tensão (FARIAS, 1992, apud VIEIRA; GUIMARÃES e
MARTINS, 1999). Ao longo da história ele é incorporado à língua inglesa com o
termo stress, e no idioma português do Brasil, já existe o termo estresse que é
utilizado e visto por leigos em sua forma cotidiana como situações que causam
algum tipo de pressão e/ou desconforto no indivíduo (HAAN, 1982, apud MIGUEL,
2006).
Vasconcelos (2005), refere que o estresse é percebido de várias maneiras e
com intensidades distintas pelos indivíduos, e com isso apresentam níveis de
estresse particulares. Sabe-se que existe uma estreita relação entre trabalho e
adoecimento, e esta vem sendo destacada em uma série de estudos científicos há
várias décadas (DEJOURS, 1980/1992).
O estresse ocupacional e a saúde são
temas que têm gerado muitas discussões em
Medicina Preventiva e Promoção de Saúde Mental
e Física. Uma das razões vem de natureza
política, pela necessidade de uma transformação
e atualização nas regulamentações e normas da
saúde ocupacional. Outra razão é que o estresse
ocupacional elicia custos que podem ser evitados,
mediante as adequações dos locais de trabalho
(MARMOT, SIEGRIST, THEORELL, FEENEY
1999, apud GUIMARÃES e FREIRE, 2003).
Fonte: http://migre.me/fjwLy

O estresse se conceitua em termos da relação entre o trabalho e a pessoa,


podendo aparecer quando as exigências do trabalho não se ajustam às
necessidades, expectativas ou capacidades do trabalhador (SAUTER, et al. 1998
apud MARTINS e GUIMARÃES, 2004, p. 57).
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O National Institut of Occupacional Safety and Health- NIOSH (1999, p.35),
refere que o “Estresse no Trabalho ocorre quando as exigências do trabalho não se
igualam às capacidades, aos recursos ou às necessidades do trabalhador”. Essa
tem sido uma das definições mais adotadas no estudo do estresse, na literatura
internacional e nacional.
Segundo Carayon, Smith & Haims (1999 apud MURTA, 2004), os
estressores ocupacionais estão ligados à organização do trabalho e seus fatores,
como: retaliação, indisponibilidade de treinamento e orientação, pressão para
produtividade, condições desfavoráveis à segurança no trabalho, relação abusiva
entre supervisores e subordinados, falta de controle sobre a tarefa e ciclos trabalho-
descanso incoerentes com os limites físicos e biológicos do trabalhador.

4.2 Principais Modelos sobre Estresse Ocupacional

Na avaliação de Levi (2001), os dois modelos teóricos sobre estresse


ocupacional que são considerados os mais utilizados, contribuíram de maneira
importante para o desenvolvimento das pesquisas recentes acerca do estresse
ocupacional. Apesar de eles focalizarem originalmente a relação entre a vida
ocupacional, por um lado, e a saúde e o bem-estar do trabalhador por outro, eles
podem ser adaptados ao contexto organizacional de maneira a contribuir para um
aperfeiçoamento das relações de trabalho e das estratégias preventivas a serem
implementadas, especialmente, pelo fato de permitirem medidas acerca do impacto
do estresse ocupacional nas condições psicofisiológicas e cardiovasculares do
trabalhador. São eles:
a) Modelo de estresse ocupacional demanda/controle D/C (“Job Strain
Model”)
Um dos modelos que explicam o estresse ocupacional é o modelo de
estresse ocupacional demanda/controle (“Job strain model”) desenvolvido por
Robert Karasek. Realça dois elementos-chave desses estressores – a demanda e o
controle –, apoiado por uma quantidade substancial e cada vez mais crescente de
evidências (MARTINS e GUIMARÃES, 2004, p. 57)
Para Guimarães e Freire (2004), o modelo Demanda/Controle /D/C) funciona
de maneira que sua premissa é que a demanda ou exigência no trabalho resulta da
combinação de duas dimensões definidas do conteúdo ocupacional: a) dimensão da

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quantidade e o tipo de demanda, e b) a dimensão do controle sobre as tarefas que
se realizam no marco da divisão do trabalho (ver figura abaixo):

Figura 2 – Modelo Demanda – Controle de Karasek


Fonte: Karasek (1979)

b) Modelo teórico de estresse ocupacional: desequilíbrio entre esforço –


recompensa no trabalho (ERI)
O modelo teórico ERI é o mais abrangente para a mensuração do estresse
ocupacional. Segundo os autores (SCHNALL et al , 1994), o ERI apresenta a
vantagem de ampliar o conceito de controle que o modelo demanda-controle (D/C)
propõe, de Karasek (1979), sendo que ele inclui a segurança no trabalho e a
mobilidade ascendente que são perspectivas de promoção de saúde (Ver figura a
seguir).

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FIGURA

Fatores SUPERCOMPROMETIMENTO
intrínsecos
(Necessidade de controle)
(Pessoais)

Alto esforço Baixa recompensa

 Salário
Fatores Demandas
 Reconhecimento
extrínsecos Obrigações
Fonte: Guimarães, Siegrist e Martins (2004)  Segurança
(Situacionais)  Oportunidade

Figura 3 - O Modelo de Esforço-Recompensa no Trabalho- ERI

Exercício 5

Sobre o estresse ocupacional, analise os enunciados a seguir:


I. É somente provocado pelo montante de trabalho a ser realizado.
II. Provém de uma carga e de uma demanda equilibrada de trabalho e recompensa.
III. Se cronificado pode levar à síndrome de burnout.
IV. Já se conhece como eliminá-lo por completo.
V. O Estresse no Trabalho ocorre quando as exigências do trabalho não se igualam
às capacidades, aos recursos ou às necessidades do trabalhador (NIOSH, 1999).
a) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
b) Apenas os enunciados III e V estão corretos.
c) Apenas os enunciados II, III e V estão corretos.
d) Apenas os enunciados I, II e IV estão corretos.
e) Apenas os enunciados I, III e V estão corretos.

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4.3 Causas e consequências do estresse ocupacional
Para Siegrist (2001, apud GUIMARÃES e FREIRE, 2004), é necessário se
observar as transformações ocorridas nas indústrias nas últimas décadas para
sabermos encontrar as causas do estresse ocupacional (EO).
Algumas causas que contribuem para a ocorrência do EO são: a
globalização da economia, a racionalização e concentração de empresas, a
crescente pressão da competição, as inovações necessárias da tecnologia e
economia e o encurtamento do ciclo produtivo. Os trabalhadores se veem
obrigados a fazer alguns tipos de reciclagem e adaptações, que em alguns casos é
complicado do indivíduo se recuperar (LEVI, 1988).
Guimarães e Freire (2004), referem que alguns fatores como: acúmulo de
exigências, carga horária elevada e alto nível de responsabilidade, todos esses
fatores associados, podem fazer com que o indivíduo tenha uma sobrecarga de
esforços mentais.
Segundo Karasek (1979), os lugares que pressupostamente apresentam
um alto nível de estresse fisiológico relacionado com uma demanda quantitativa
e/ou uma margem de decisão limitada.

4.4 Controle do estresse ocupacional

Murta (2007), enfatiza que os danos associados/correlacionados ao


estresse ocupacional têm estimulado o desenvolvimento de diversos modelos de
intervenção para seu controle ou prevenção, desde os focados em mudanças na
organização até em alterações no comportamento do trabalhador.
Van der Heck & Plomp, (1997) citado por Murta (2007, p. 296), salientam
que existem vários modelos de intervenção do controle do estresse e dentre vários
o seguinte:
[...] nos modelos de intervenção focados no comportamento
individual, destacam-se as intervenções fundamentadas no
desenvolvimento de modos de enfrentamento a fatores estressores
presentes no ambiente de trabalho e de hábitos de vida, de forma a
reduzir o risco de adoecimento.

Tais intervenções, usualmente, possuem formato psico-educativo e utilizam


técnicas cognitivo-comportamentais (BRASIO, 2004; CALAIS, 2004; LIPP, 1996;
TANGANELLI, 2004; VILELA, 2004), para a redução de tensão e de pensamentos

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disfuncionais e aumento de habilidades comunicativas, de solução de problemas,
de manejo do tempo e de autocontrole, a fim de minimizar o impacto dos
estressores ocupacionais.
Do ponto de vista do conteúdo, tipicamente estes programas têm utilizado
técnicas para redução de tensão fisiológica, tais como meditação, relaxamento e
biofeedback1, ou técnicas cognitivo-comportamentais associadas, tais como treino
assertivo, reestruturação cognitiva, treino em solução de problemas, manejo de
tempo e fornecimento de instruções sobre autocuidado à saúde (MURPHY, 1996
apud MURTA e TROCCOLI, 2009, p.27).
É da cronificação do estresse ocupacional que poderá surgir um quadro
clínico mental extremo denominado Síndrome de Burnout, definido por Guimarães
(2005), como uma síndrome depressiva específica do trabalho, que será exposta a
seguir. Antes, no entanto, teste seu nível de estresse ocupacional, corrija e veja
dicas úteis para sua redução.

1 Biofeedback é uma das áreas de maior desenvolvimento no campo da medicina de comportamento


nos Estados Unidos. Bio é vida, feedback é informação, que pode ser visual ou auditiva. O
tratamento de biofeedback é simplesmente o retorno imediato da informação através de aparelhos
sensórios eletrônicos sobre processos fisiológicos (frequência cardíaca, temperatura periférica,
resposta galvânica da pele, tensão muscular, pressão arterial e atividade cerebral). O método
permite à pessoa voluntariamente regular suas reações fisiológicas e emocionais. O uso de
equipamento eletrônico sensível amplia e transforma as reações fisiológicas em sinais de luz e som
que são utilizados para evitar doenças. Todos os processos fisiológicos podem ser controlados
através do uso de biofeedback. O treinamento inclui diferentes métodos de conscientização e
relaxamento, como técnicas musculares, respiratórias, autogênicas e cognitivas.
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ESCALA DE ESTRESSE OCUPACIONAL
Copyright © The Marlin Company, North Haven, CT, and the American Institute of
Stress, Yonkers, NY
Tradução e adaptação para o português: Profa. Dra. Liliana A M Guimarães (UCDB;
UNICAMP; USP)

Pensando no seu trabalho atual, o quanto cada uma das seguintes afirmações
descreve como você sente? Circule o número correspondente.

ÀS
QUESTÔES NUNCA RARAMENTE FREQUENTE MUITO
VEZES
MENTE
1. As condições de
meu trabalho
são desagradáveis 1 2 3 4 5
ou inseguras.
2. Sinto que meu
trabalho está
afetando
negativamente 1 2 3 4 5
meu bem-estar
físico e/ou
emocional.
3. Tenho excesso
de trabalho
a fazer e/ou muitos 1 2 3 4 5
prazos curtos.
4. Tenho
dificuldade para
expressar minhas
opiniões ou
1 2 3 4 5
sentimentos sobre
minhas condições
de trabalho a meus
superiores.
5. Sinto que as
pressões do
trabalho interferem 1 2 3 4 5
em minha vida
familiar ou pessoal.
5. Tenho
controle sobre 1 2 3 4 5
minhas tarefas no
trabalho.
7.Recebo o
reconhecimento ou
1 2 3 4 5
recompensas
apropriadas para o
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meu bom
desempenho.
8.Posso utilizar
minhas outras
habilidades e 1 2 3 4 5
talentos no
trabalho.

Inicie a contagem, somando os pontos das oito (8) perguntas que você respondeu,
veja onde você se encaixa:

INTERPRETAÇÃO DA ESCALA DE ESTRESSE OCUPACIONAL

Pontuação Total -15 ou abaixo (33% das pessoas estão nesta categoria):
Seu nível de estresse não é significativo.
Pontuação Total 16 a 20 (35%): Baixo nível de estresse.
Pontuação Total 21-25 (21%): Nível Moderado de Estresse Alguns aspectos
do seu trabalho podem ser consideravelmente estressantes, mas não muito mais do
que para a maioria das pessoas. Examine o que pode ser feito para reduzir os
aspectos cujas pontuações encontram-se elevadas.
Pontuação Total 26-30 (9%): Nível Severo de Estresse. Você ainda consegue
enfrentar o estresse, mas seu trabalho às vezes pode ser bastante aversivo.
Provavelmente, diversas de suas pontuações são extremas. Preste atenção se este
é o trabalho certo para você, mas o dimensionamento da intensidade e dos tempos
para execução do trabalho está inadequado. Você pode beneficiar-se com um
aconselhamento psicológico, ou psicoterapia de apoio.
Pontuação Total 31-40 (2%): Nível de estresse potencialmente perigoso –
Verifique o aspecto que no qual você obteve maior pontuação. Você deve procurar
auxílio profissional especializado, especialmente se sente que sua saúde física e ou
mental está afetada, ou pode considerar seriamente uma mudança de trabalho e/ou
emprego.

ALGUMAS DICAS GERAIS E ÚTEIS PARA REDUÇÃO DO ESTRESSE

Analise todas as questões onde você pontuou altos níveis de estresse e a forma
de poder autocontrolá-lo, particularmente se você sente que sua saúde está sendo
afetada significativamente. Tenha em mente que uma escala e suas categorias é
subjetiva e que alguns eventos circunstanciais ou não, tais como “cumprir prazos
apertados”, por exemplo, podem realmente afetá-lo significativamente. Avalie se
você está constantemente sob esta circunstância ou não, e tente verificar o que
pode ser mudado em sua rotina de vida e trabalho.
Lembre-se que o estresse é diferente para cada pessoa. Há coisas que são
angustiantes para uns que podem ser agradáveis para outros. Da mesma forma,
nenhuma técnica de redução do estresse funciona igualmente para todas as
pessoas. Fazer caminhadas, meditar ou praticar ioga poderá ser eficiente para

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alguns, mas ser fonte de estresse quando impostos arbitrariamente, a outros.
Procure detectar o que funciona para você.
Não suponha automaticamente que suas dores de cabeça ou outras queixas
físicas estão relacionadas somente ao estresse, só porque você teve uma
pontuação elevada em estresse ocupacional. Um médico deve sempre ser
consultado se você tiver novos sintomas ou se após a ocorrência de problemas
você se sentir mal frequentemente, pois estes, podem estar sendo causados por
outro fator, que uma vez detectado, será sempre muito mais fácil de tratar em seus
estágios iniciais.
Finalmente, embora o estresse seja difícil de definir, a sensação de ter pouco
controle sobre suas tarefas é sempre angustiante. Tudo o que você puder fazer
para ter mais controle sobre suas atividades diárias, resultará em importantes
resultados para a redução do estresse e consequentemente para sua saúde e
qualidade de vida.

4.5 Síndrome de Burnout

Muitos nomes são designados para denominar a síndrome de burnout


(BENEVIDES-PEREIRA, 2003), o que pode até confundir o leitor ou dificultar
pesquisas sobre a temática. A título de exemplo, seguem algumas dessas
denominações: estresse laboral para assinalar a associação com o trabalho
(SCHAUFELI, 1999), estresse profissional (NUNES, 1989), estresse assistencial,
estresse ocupacional assistencial ou simplesmente estresse ocupacional denotando
uma maior incidência entre profissionais que lidam com o cuidado a outras pessoas,
independentemente do caráter profissional ou trabalhista (CARLOTTO, 1999).
Alguns autores espanhóis referem-se à expressão síndrome de queimar-se
pelo trabalho (GIL-MONTE & PEIRÓ, 1997; SEISDEDOS, 1997) ou desgaste
profissional (MORENO-JIMÉNEZ, GARROSA &
GONZÁLEZ, 2000).
Como visto, ao longo dos anos esta síndrome de
“queimar-se” ou de “esgotamento profissional” tem se
estabelecido como uma resposta ao estresse laboral
crônico, integrado por atitudes e sentimentos negativos.
Contudo, observando-se os estudos que contemplam tal
síndrome, constata-se a não existência de um conceito
unânime.
Fonte: http://migre.me/fkwHq

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Para Maslach, Leiter e Schaufeli (2001), a Síndrome de Burnout é composta
por três dimensões:
 A dimensão de exaustão emocional [EE] se caracteriza pelo fato do
sujeito encontrar-se exaurido, esgotado, sem energia para enfrentar outro
projeto, outras pessoas e incapaz de recuperar-se de um dia para o
outro. Seus indicadores, conforme descritos por MASLACH E JACKSON
(1981), buscam verificar o esgotamento emocional para o trabalho, o
sentimento de cansaço após a jornada de trabalho e a dificuldade para
enfrentar uma nova, o sentimento de exaustão pelo fato de ter que
trabalhar com pessoas diariamente, a sensação de estar trabalhando em
demasia e no limite de suas possibilidades, bem como, o sentimento de
frustração pelo trabalho realizado. Ou seja, a variável exaustão
emocional caracteriza-se pela experimentação psicofísica da exaustão e
pelo fato da pessoa ter chegado ao limite de suas forças.
 A dimensão de despersonalização [D] é caracterizada pelo fato do
sujeito adotar atitudes de descrença, distância, frieza e indiferença em
relação ao trabalho e aos colegas de trabalho (MASLACH, LEITER &
SCHAUFELI (2001), assiste e experimenta-se culpado por elas terem
seus problemas e, por fim, se tem se tornado alguém emocionalmente
mais endurecido em função do trabalho que realiza. Ou seja, a dimensão
de despersonalização abrange a relação com os outros é caracterizada
pela indiferença, descaso, cinismo e descomprometimento com as
necessidades e sofrimentos das pessoas assistidas e de seus colegas.
Nesse sentido, burnout não é somente a síndrome do profissional
exausto, mas também do profissional indiferente e descomprometido em
relação às pessoas com quem trabalha.
 A dimensão de perda da realização pessoal [PRP] é caracterizada
pelo fato da pessoa experimentar-se ineficiente, incapaz e certa de que
seu trabalho não faz diferença (MASLACH, LEITER e SCHAUFELI
2001). Seus indicadores (MASLACH & JACKSON, 1981), buscam
verificar se o profissional entende com facilidade o que os seus pacientes
necessitam, se consegue criar uma atmosfera tranquila e fica estimulado
após o trabalho realizado, se lida de forma eficaz com os problemas das

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pessoas assistidas, e se sente sua influência positiva na vida dos outros
através do trabalho que realiza.
Dado o acima exposto pode-se dizer que burnout é a síndrome do
profissional que perdeu a realização de si mesmo, descomprometido com os outros
e exaurido emocionalmente. Benevides-Pereira
(2002), Maslach, Leiter e Schaufeli (2001) e Schaufeli
e Bunnk, (2003), além de confirmarem a definição de
burnout como constituído essencialmente por [EE], [D],
[PRP], têm descrito também uma série de sintomas
físicos e emocionais comumente relacionados à
síndrome: dores de cabeça, tensão muscular,
distúrbios do sono, irritabilidade, sentimentos
negativos que começam a afetar o relacionamento
familiar e a vida em geral, propensão a largar o
emprego e absenteísmo.
Fonte: http://migre.me/fkwM1
Schaufeli e Bunnk (2003), publicam um estudo sobre o estado da arte a
respeito de burnout e, da mesma forma, confirmam a definição de burnout como
constituída pelas mesmas três dimensões essenciais – [EE], [D], [PRP] –
distinguindo-o dos demais fenômenos ligados ao trabalho, tais como o estresse
profissional e a fadiga. Demonstram, desta forma, que burnout não é apenas “um
velho vinho em uma nova garrafa” (SCHAUFELI & BUUNK, 2003, p.390), e deixam
claro que só é possível compreender tal fenômeno levando-se em consideração a
relação das três dimensões entre si e suas relações com os estressores
organizacionais que as determinam.
Tendo definido burnout como um fenômeno multidimensional constituído
por suas três dimensões fundamentais ([EE], [D] e [PRP]), faz-se necessário
demarcar o conjunto de dimensões presentes na realidade do trabalho e das
organizações que estão relacionadas ao desencadeamento de burnout.
Maslach e Leiter (1997) e Maslach, Leiter e Schaufeli (2001), especificam o
seguinte conjunto de dimensões: aquelas relacionadas às altas demandas de
trabalho e aquelas relacionadas a poucos recursos. Em relação à alta demanda,
são especificadas as seguintes: aumento da carga de trabalho, caracterizada pelo
fato de menos pessoas estarem fazendo mais trabalho; pressão de tempo,

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caracterizada pelo tempo não ser suficiente para cumprir exigências de trabalho;
aumento da complexidade das tarefas, caracterizada pelo fato de um mesmo
profissional desempenhar múltiplas funções simultaneamente; papel conflitante
caracterizado pela obrigação profissional de executar duas funções contrárias e
conflituosas, (e.g., um médico que tem como objetivo prestar o melhor atendimento
a seus pacientes, mas é obrigado pelas exigências organizacionais a prestar um
atendimento rápido e precário); e por último, a ambiguidade de papéis, decorrente
de informações inadequadas ao comprimento da função profissional, que prejudica
a realização dos objetivos de trabalho.
Em relação ao conjunto de dimensões relacionadas a poucos recursos são
especificadas as seguintes: falta de suporte no trabalho por parte de supervisores,
que deixa o profissional sem uma chefia que dê apoio para o enfrentamento e
resolução dos problemas; a falta de apoio de colegas, caracterizado pela perda da
confiança no trabalho de equipe, criando relações de competição e isolamento entre
os profissionais; falta de controle e autonomia sobre dimensões importantes de
suas atividades profissionais, que impede os profissionais de resolverem os
problemas relacionados ao seu trabalho e assim os inviabiliza realizar corretamente
as tarefas para as quais têm formação e capacidade; e, por fim, a falta de
recompensa material caracterizada pela redução de salários e benefícios e por
menos oportunidades de progresso na carreira.
Schaufeli e Buunk (2003), ao falarem sobre o estado da arte2 do fenômeno
de burnout confirmam o mesmo conjunto de dimensões estressoras organizacionais
relacionadas ao desencadeamento de burnout, dando especial destaque para a
sobrecarga, a pressão de tempo, ao conflito de papéis e a falta de suporte. Jardim,
Silva Filho e Ramos (2004), ao realizarem uma revisão da literatura sobre burnout
em livros, dissertações e teses no plano internacional, publicados entre os anos de
1980 e 2001, confirmam a prevalência de burnout em profissionais da área de
serviços de assistência (professores, profissionais da saúde, policiais, assistentes
sociais, advogados). Maslach, Leiter e Schaufeli (2001), corroborando os autores
acima, verificam que os estressores mais importantes presentes na organização de
trabalho que predispõe os trabalhadores ao problema de burnout são: o papel

2 O estado da arte é o nível mais alto de conhecimento de um construto, conceito, técnica ou de

uma área científica, alcançado em um tempo definido. Pode encontrar-se a expressão "estado da
arte" na composição de teses acadêmicas, seja como parte da introdução ou no capítulo seguinte,
que se destina a documentar o que está sendo feito atualmente no campo em estudo.
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conflitante, a perda de controle ou autonomia sobre seu fazer, ausência de suporte
social e sobrecarga.

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UNIDADE 5 - INTRODUÇÃO DE MUDANÇAS NO AMBIENTE DE
TRABALHO

A introdução das mudanças necessárias para a evolução da empresa deve


ser realizada de forma adequada para evitar conflitos e devem levar em
consideração:
 As atitudes dos trabalhadores frente à mudança.
 A informação aos trabalhadores, especialmente os afetados, sobre as
mudanças e os seus objetivos.
 Fornecer, quando for o caso, a formação necessária aos trabalhadores
para as suas novas funções.
 A participação dos trabalhadores afetados pela mudança, ao longo de
todo o processo de implementação da mesma.

5.1 Sistema de recompensas ou compensações: controle do


status, estima e salário

O controle do status inclui a estabilidade profissional, as mudanças não


desejadas, a falta de perspectivas de promoção e a inconsistência de status; e a
estima inclui o respeito e o reconhecimento, o apoio adequado e o tratamento justo.
O desequilíbrio entre um esforço elevado e um baixo nível de recompensas,
em longo prazo, representa a situação de maior risco para a saúde (SIEGRIST,
GUIMARÃES, MARTINS, 2004).

5.2 Características da empresa e dos postos de trabalho

 Tamanho da empresa: nas grandes empresas é mais provável que


exista maior organização preventiva, maiores possibilidades de receber
formação em todos os aspectos e maior estabilidade no emprego,
enquanto que nas pequenas empresas costuma haver grande
autonomia, maior controle sobre o trabalho realizado e maior satisfação
no mesmo.

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 Imagem social: uma boa imagem social gera nos trabalhadores maior
identificação com a empresa, e isto influi no ambiente de trabalho, no
rendimento e na satisfação no trabalho, podendo cobrir ainda as suas
necessidades de status e prestígio.
 Localização: a deslocação a outras cidades ou grandes distâncias
entre o local de trabalho e a residência e locais de lazer, e a influência de
um espaço natural circundante, incidem diretamente na qualidade de vida
dos trabalhadores.
 Atividade: a atividade da empresa pode gerar "conflito de função" se
o trabalhador realizar tarefas não compatíveis com os seus interesses ou
valores. O mesmo pode chegar a envergonhar-se do seu trabalho,
quando este entra em conflito com os interesses ou valores da
sociedade, tornando-se uma fonte de insatisfação.
 Concepção do local de trabalho: o espaço disponível, a distribuição
e o acondicionamento do mesmo para um determinado posto de
trabalho, são fatores psicossociais a serem levados em conta, já que
entre os seus efeitos negativos se encontram a insatisfação, o
desenvolvimento de sintomatologia do estresse e até mesmo
manifestações psicopatológicas graves, tais como a claustrofobia ou a
agorafobia3, geradoras de graves episódios de angústia ou ansiedade.
Cabe destacar como especialmente negativos os trabalhos realizados em
situação de isolamento ou confinamentos, e.g., trabalho em plataformas
de petróleo.

5.3 Futuro inseguro no emprego

Quando existe incerteza acerca do futuro no posto de trabalho (demissão,


transferência forçada, promoção), qualquer questão é percebida como uma
ameaça, aumentando o nível de estresse e a insatisfação. Esta incerteza pode ser

3Agorafobia (do grego ágora - assembleia; reunião de pessoas; multidão + phobos - medo) é
originalmente o medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão. Em realidade, o
agorafóbico teme a multidão pelo medo de que não possa sair do meio dela caso se sinta mal e não
pelo medo da multidão em si. Muitas vezes é sequela de transtorno do pânico. Quando o medo
surge é difícil saber se, se está tendo um ataque de pânico ou Agorafobia, porque ambos têm quase
os mesmos sintomas.
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minimizada, informando os trabalhadores afetados sobre as possíveis mudanças,
com a devida antecedência.

5.4 Contexto físico perigoso

Quando a tarefa a ser realizada ou supervisada implica em periculosidade,


gera-se ansiedade e sentimento de ameaça no trabalhador. Nestes casos, adquire
especial importância a informação e a formação dada ao trabalhador sobre a
identificação dos riscos e as medidas a adotar para evitá-los.

5.5 Consequências dos riscos psicossociais

Quando as condições de trabalho e os fatores humanos estão em equilíbrio,


o trabalho cria autoconceito e autoconfiança, aumenta a motivação, a capacidade e
a satisfação no trabalho e melhora a saúde.
Se, pelo contrário, houver desequilíbrio, os efeitos podem ser diversos.
Partindo da insatisfação no trabalho, podem surgir efeitos psicológicos, reações de
comportamento, consequências psicofisiológicas e, até mesmo, incidentes e
acidentes de trabalho. Lembremos que é este conjunto de efeitos psicológicos,
alterações de comportamento e consequências psicofisiológicas que se denomina
estado de estresse (GUIMARÃES, SIEGRIST e MARTINS, 2004).

5.5.1 Consequências psicológicas

A manutenção dos fatores psicossociais nocivos ao longo do tempo pode


originar uma diminuição das defesas psíquicas do trabalhador, favorecendo o
aparecimento de transtornos emocionais tais como sentimentos de insegurança,
ansiedade, medo, fobias, apatia, depressão, síndrome de Burnout, entre outros.
Além disso, estas alterações podem ser acompanhadas de perturbações das
funções cognitivas como a atenção, a memória, o pensamento, a concentração, etc.

a) Reações de comportamento

As reações de comportamento afetam tanto a vida pessoal e familiar, como a


vida social e profissional do trabalhador, repercutindo na eficiência das

57
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organizações. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) classifica os
transtornos do comportamento em:
 Comportamentos ativos: reclamações, greves, enfrentamentos com
chefes e superiores hierárquicos, atrasos, etc.
 Comportamentos passivos: resignação, indiferença pela qualidade
do trabalho, absentismo, falta de participação, não ter vontade de estar
com outras pessoas, sentir-se agoniado, infeliz, não conseguir dormir
bem, abusar da comida, do álcool ou o tabaco, de drogas ou
substâncias ilícitas, etc.

b) Consequências psicofisiológicas

Foi demonstrado que existe uma relação entre os fatores psicossociais e


uma série de transtornos funcionais físicos e estados psicológicos extremos. O
aparecimento de um ou outro transtorno depende da sensibilidade de cada pessoa,
já que este tipo de alterações costuma afetar a parte mais débil de cada indivíduo.
Estes transtornos podem ser do tipo cardiovascular (enfartes), respiratório
(hiperatividade brônquica, asma), transtornos de base imunitária (artrite
reumatóide), gastrointestinais (dispepsia, úlcera péptica, síndrome do cólon irritável,
doença de Crohn4, colite ulcerosa), dermatológicos (psoríase, neurodermite,
alergias), endocrinológicos, músculo-esqueléticos (dor nas costas, contraturas) e
transtornos na Saúde Mental.
É possível identificar a escalada de um conjunto de transtornos mentais que
tem sido reconhecido nos estudos de SMRT, em sua relação à violência contida na
precarização social e do trabalho. Essa categorização tem como fundamento
estudos clínicos e sociais realizados em diferentes países, inclusive no Brasil, ao
longo das últimas três décadas, e tem sido objeto de revisão e sistematização
recentes. Estão incluídos neste grupo: quadros depressivos; esgotamento

4 A doença de Crohn é uma doença crônica inflamatória intestinal, que atinge geralmente o íleo e o

cólon (mas pode afectar qualquer parte do trato gastrointestinal). Apresenta-se sob três formas
principais: inflamatória, fistulosa e fibroestenosante. Muitos danos são causados por células
imunológicas que atacam uma ou mais partes dos tecidos do tubo digestivo, mas não há certeza de
etiologia autoimune. Os sintomas e tratamentos dependem do doente, mas é comum haver dor
abdominal, diarreia, perda de peso e febre. Atualmente não há cura para esta doença, no entanto os
tratamentos permitem alívio dos sintomas e melhoria de qualidade de vida.
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profissional (Burnout)5; o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)6,
dependência de bebidas alcoólicas e outras substâncias (drogas ilícitas e
psicotrópicos).

Dica de Aprofundamento

Sobre o TETP, leia o artigo a seguir:


GUIMARÃES, L.A.M.; NEVES, S.N.H. Transtorno de Estresse Pós-Traumático
(TEPT) e Coping em Trabalhadores do Setor Aeroespacial Brasileiro: O Caso
de Alcântara, MA. Revista Psicologia e Saúde, v. 3, n. 2, jul. - dez. 2011, pp.
71-78. Disponível em: <http://www.gpec.ucdb.br/pssa/index.php/pssa/index >
Acesso em: 10 mai. 2018.

c) Incidentes e acidentes de trabalho

Condições psicossociais prejudiciais podem gerar distrações,


comportamentos inseguros, etc., e resultarem em incidentes ou acidentes de
trabalho.
A Prevenção de Riscos Profissionais, enquanto ação a desenvolver no seio
da empresa, deve ser implementada no conjunto das suas atividades e decisões,
tanto nos processos técnicos, na organização do trabalho e nas condições em que
este é realizado, como na linha hierárquica da empresa incluindo todos os níveis da
mesma; o que implica a atribuição e aceitação por parte deles (os responsáveis de
cada nível hierárquico) da obrigação de incluir a prevenção de riscos em qualquer
atividade que realizem ou mandem realizar e em todas as decisões a adotar.
Certamente, como foi sugerido por Kasl (1998), medidas de fatores de risco
psicossocial percebidos poderiam ter um significado análogo para medir um

5
Apesar de não constar como diagnóstico da CID-10 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1992), a
síndrome do Burnout faz parte, no Brasil, da lista de 12 transtornos mentais relacionados ao
trabalho que se tornou oficial a partir da Portaria nº 1.339 /1999 do Ministério da Saúde (BRASIL,
2001).
6 A Invisibilidade do TEPT nos registros previdenciários do Brasil: os dados do Instituto Nacional de

Seguridade Social (INSS) sobre causas médicas dos benefícios em auxílio-doença e auxílio-
acidentário não incluem avaliação específica do código F43.1, que é o referente ao TEPT. Constata-
se, assim, a invisibilidade dos casos de TEPT relacionado ao trabalho nas estatísticas brasileiras da
Previdência Social e consequente prejuízo para a análise dos impactos da violência na saúde
mental.

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marcador biológico da exposição. Pontuações médias, nas quais todos os
trabalhadores de uma dada ocupação fornecessem os escores relativos à mesma,
poderiam ser uma forma de estimar uma probabilidade da contribuição ambiental de
um fator de risco psicossocial, mas essa é apenas uma possibilidade.

Dica de Aprofundamento

GUIMARÃES, L.A.M.; GUIMARÃES, P.M.; NEVES, S.N.H.; DEL


CISTIA, J.M. A técnica do debriefing psicológico em acidentes e
desastres. Mudanças - Psicologia da Saúde, Vol. 15, No 1 (2007)
Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas-
ims/index.php/MUD/article/viewArticle/659> Acesso em: 10 mai.
2018.

60
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CONCLUSÃO

O campo de estudos da Saúde Mental e trabalho necessita de uma


robustez teórica e conceitual crescente, de mais dados empíricos gerados em
nosso meio que revertam efetivamente para a prevenção e a promoção da saúde e
melhoria da Qualidade de Vida Geral do Trabalhador, de um Estreitamento das
relações empresa-universidade, do Reconhecimento e aceitação da Saúde Mental
como algo pertencente à organização, não somente ao indivíduo, ao sistema
externo de saúde, e.g., da Implementação efetiva de programas de prevenção,
tratamento e reabilitação em SM.

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REFERÊNCIAS

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