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EVOTEC - ESCOLA TÉCNICA EVOLUÇÃO

MAIELY MOTTA
MIRIELE VALBUZA ZEN
NATASHA MAIANE OTT PERONNI
NATHALIA ZANOTTI
SCHIRLEY KRAUSE ALMEIDA

DOENÇAS RELACIONADAS AO AMBIENTE E PROCESSOS DE


TRABALHO DENTRO DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE

COLATINA
2023
DOENÇAS RELACIONADAS AO AMBIENTE E PROCESSOS DE
TRABALHO DENTRO DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE

1. INTRODUÇÃO

As doenças relacionadas ao ambiente de trabalho em instituições de saúde têm


se tornado uma preocupação crescente no campo da saúde ocupacional. O
trabalho em hospitais, clínicas e outras instituições de saúde é caracterizado por
exposições a diversos riscos físicos, químicos, biológicos e psicossociais, que
podem resultar em uma série de doenças ocupacionais. Esta análise busca
abordar a relação entre o ambiente de trabalho nas instituições de saúde e o
surgimento de doenças entre os trabalhadores, ressaltando a importância da
implementação de medidas preventivas nessas áreas.
A dinâmica de trabalho em instituições de saúde é marcada por uma variedade
de fatores que podem afetar a saúde dos profissionais. Um dos principais riscos
ocupacionais presentes nesses locais é a exposição a agentes biológicos, como
vírus, bactérias e fungos. Os trabalhadores da saúde estão constantemente em
contato com pacientes que podem estar infectados com diversas doenças
transmissíveis, o que os coloca em risco de contrair infecções. Além disso, o
manuseio de materiais biológicos, como sangue e tecidos, também pode
representar um perigo se não forem tomadas as devidas precauções.
Outro aspecto que merece atenção é a exposição a produtos químicos utilizados
nas instituições de saúde. Muitos produtos de limpeza e desinfecção contêm
substâncias químicas que podem ser tóxicas para os trabalhadores,
especialmente se forem inaladas ou absorvidas pela pele. Essa exposição
repetida ao longo do tempo pode levar a doenças respiratórias, dermatites e
outros problemas de saúde. Além disso, muitos medicamentos utilizados no
ambiente hospitalar também podem apresentar riscos, especialmente quando há
manipulação inadequada ou falta de equipamentos de proteção individual.

Além dos riscos físicos e químicos, as instituições de saúde são locais propícios
ao surgimento de doenças psicossociais. A natureza do trabalho nessas áreas é
marcada pelo estresse constante, alta carga de trabalho, pressão por resultados
e contato com situações traumáticas. Esses fatores podem levar ao
desenvolvimento de distúrbios psicológicos, como ansiedade, depressão e
burnout. A falta de apoio emocional e o pouco reconhecimento pelo trabalho
realizado também são questões que afetam a saúde mental dos profissionais da
saúde.
Diante desses desafios, é imprescindível que as instituições de saúde
implementem medidas preventivas a fim de reduzir a incidência dessas doenças
relacionadas ao trabalho. Uma atenção especial deve ser dada à capacitação e
treinamento dos profissionais, abordando questões como a utilização correta de
equipamentos de proteção individual, higiene das mãos, manejo adequado de
materiais biológicos e produtos químicos. Estratégias para o gerenciamento do
estresse e promoção de um ambiente de trabalho saudável também devem fazer
parte das políticas institucionais.
A saúde dos trabalhadores nas instituições de saúde é de extrema importância
não apenas para o bem-estar individual, mas também para a qualidade do
atendimento prestado aos pacientes. O combate às doenças relacionadas ao
ambiente de trabalho requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo
profissionais da saúde, gestores, governos e pesquisadores. Somente por meio
de esforços conjuntos será possível garantir um ambiente de trabalho seguro e
saudável para os profissionais da saúde.

2. O CAMPO DA SAÚDE DO TRABALHADOR

O campo da saúde do trabalhador é um domínio interdisciplinar que se debruça


sobre a análise das relações entre o trabalho e a saúde, promovendo uma
abordagem crítica e holística das questões relacionadas ao mundo laboral.
Neste contexto, a saúde do trabalhador surge como uma disciplina que
transcende as fronteiras tradicionais da medicina e da segurança ocupacional,
exigindo uma compreensão profunda das complexidades inerentes às interações
entre o trabalho, o ambiente e o indivíduo.
Teve seu surgimento na década de 1970, influenciado por movimentos sociais e
sindicais que denunciavam as precárias condições de trabalho e os impactos
adversos sobre a saúde dos trabalhadores. Ao longo dos anos, sua evolução foi
marcada pela interação de diversas disciplinas, como a medicina, a sociologia,
a psicologia, a epidemiologia e a engenharia, em busca de uma compreensão
mais abrangente dos fatores que afetam a saúde dos trabalhadores.
Ao contrário de abordagens mais tradicionais centradas na doença, busca
analisar as complexas interações entre o ambiente laboral, as condições de
trabalho e a saúde física e mental dos trabalhadores. Essa abordagem holística
regular que o trabalho pode tanto promover a saúde quanto representar um risco
à mesma, dependendo de uma série de variações, tais como o tipo de ocupação,
as práticas de gestão, o acesso a recursos de saúde, e a participação dos
trabalhadores nas decisões que afetam suas vidas laborais.
é fundamental identificar os fatores de risco que podem comprometer a saúde
dos trabalhadores. Estes podem variar desde exposições a substâncias
químicas nocivas, condições de trabalho físicas e psicossociais adversárias, até
a falta de acesso a serviços de saúde de qualidade. Simultaneamente, é
importante ressaltar os fatores de proteção, tais como políticas de saúde e
segurança no trabalho, medidas de prevenção de acidentes, e a promoção de
ambientes de trabalho saudáveis.
Assim, existe uma necessidade de intervenção e prevenção. Isso envolve uma
promoção de políticas públicas que visem a melhoria das condições de trabalho,
a regulamentação de questões e processos de contratação, e o fortalecimento
da participação dos trabalhadores na gestão de sua própria saúde no ambiente
trabalhista. Além disso, a capacitação dos profissionais de saúde para atender
às demandas específicas dos trabalhadores é essencial.

3. BASES LEGAIS PARA AS AÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR

A implementação de ações de saúde do trabalhador fundamenta-se em um


sólido arcabouço legal, cujo objetivo é proteger e promover a saúde dos
trabalhadores em consonância com os direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal de 1988. Dentre as principais bases legais para essas
ações estão:
Constituição Federal de 1988 : A Carta Magna estabelece a dignidade da
pessoa humana como princípio fundamental e assegura, em seu artigo 7º,
direitos trabalhistas, como o direito à saúde, à redução dos riscos envolvidos ao
trabalho e à assistência aos acidentados e aposentados.
Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990) : Essa lei dispõe sobre as condições
para promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a saúde do
trabalhador, estabelecendo as diretrizes para a política de saúde no país.
Normas Regulamentadoras (NRs) : Elaboradas pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (hoje Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia), as NRs
estabelecem os requisitos e diretrizes para a segurança e saúde no trabalho,
incluindo medidas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social): Esta lei
estabelece os direitos previdenciários relacionados a acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais, garantindo a proteção social aos trabalhadores.
Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT): O Brasil é
signatário de diversas convenções da OIT que tratam da saúde e segurança no
trabalho, comprometendo-se a adotar medidas para promover um ambiente
laboral seguro e saudável.

Essas bases legais formam um conjunto robusto de diretrizes que respaldam as


ações de saúde do trabalhador, orientando desde a prevenção de acidentes e
doenças ocupacionais até a garantia de assistência e proteção social aos
trabalhadores. A sua observância é essencial para garantir um ambiente de
segurança laboral e a promoção da saúde dos trabalhadores como um direito
fundamental.

4. SITUAÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES NO BRASIL

A situação de saúde dos trabalhadores no Brasil é um tema de relevância


inquestionável, uma vez que reflete não apenas as condições laborais, mas
também a qualidade de vida e o bem-estar de milhões de cidadãos. Embora
tenham feito progressos nas últimas décadas, os desafios persistentes
continuam a marcar esse cenário.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho – OIT (2011), cerca de
2,3 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência de acidentes de
trabalho e 860 mil pessoas sofrem algum ferimento no trabalho todos os dias.
Os custos dessas ocorrências são alarmantes, sendo estimados em 2,8 trilhões
de dólares por ano. A OIT (2011) destaca o Brasil como um país que contribui
significativamente para essa estatística, com mais de 700 mil acidentes e
adoecimentos relacionados ao trabalho por ano – o país ocupa o quarto lugar do
ranking mundial de acidentes de trabalho com óbito, ficando atrás apenas da
China, Estados Unidos e Rússia.
A exposição a riscos ocupacionais, tais como produtos químicos contratados,
condições de trabalho insalubres e jornadas extenuantes, ainda é uma realidade
para muitos trabalhadores. Isso resulta em uma alta incidência de acidentes de
trabalho e doenças ocupacionais, impactando qualidades de suas vidas e a
economia do país.
Além disso, a informalidade laboral e a falta de acesso a serviços de saúde de
qualidade são fatores que prejudicam a vulnerabilidade dos trabalhadores.
Muitos não têm acesso adequado aos cuidados de saúde e enfrentam
dificuldades para obter benefícios previdenciários em casos de doenças
relacionadas ao trabalho.
A atenção à saúde do trabalhador é uma necessidade urgente. A implementação
efetiva das normas reguladoras, a promoção de ambientes de trabalho seguros
e a capacitação de profissionais de saúde são passos essenciais para melhorar
essa situação. Além disso, políticas públicas que incentivam a formalização do
emprego e garantem o acesso universal à saúde são cruciais para elevar os
padrões de saúde ocupacional no país.

5. PRINCIPAIS DOENÇAS RELACIONADAS AO AMBIENTE E


PROCESSOS DE TRABALHO NAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE DO
BRASIL

As instituições de saúde desempenham um papel fundamental na promoção da


saúde, mas muitas vezes os próprios profissionais de saúde enfrentam riscos à
sua saúde devido às condições de trabalho. Diversas doenças e problemas de
saúde estão diretamente relacionados ao ambiente e aos processos de trabalho
nessas instituições. Abaixo, são destacadas algumas das principais:

Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares


Relacionados ao Trabalho (DORT) : Profissionais de saúde, como enfermeiros
e fisioterapeutas, frequentemente estão sujeitos a movimentos repetitivos,
posturas utilizadas e levantamento de pacientes. Isso pode levar ao
desenvolvimento de LER e DORT, causando dor crônica, inflamação e
incapacidade.
Estresse e Distúrbios Psicológicos: A alta carga de trabalho, a pressão
emocional e a exposição a situações traumáticas podem levar a altos níveis de
estresse e distúrbios psicológicos, como a síndrome de burnout, depressão e
ansiedade, afetando médicos, enfermeiros e psicólogos.
Exposição a Agentes Biológicos: Profissionais de saúde estão
constantemente expostos a microrganismos patogênicos, como vírus e
bactérias, aumentando o risco de infecções ocupacionais. Isso é particularmente
relevante em ambientes hospitalares.
Acidentes com Materiais Perfurocortantes: Agulhas, bisturis e outros
instrumentos médicos definidos representam riscos de acidentes com perfuração
da pele, potencialmente transmitindo infecções como HIV e hepatite.
Exposição a Produtos Químicos: Profissionais que lidam com produtos
químicos, como agentes de esterilização, podem estar sujeitos à exposição a
substâncias tóxicas que podem causar problemas de infecções, dermatites e
outras doenças.
Riscos Biomecânicos: Transporte de pacientes, movimentação de
equipamentos pesados e adoção de posturas específicas podem resultar em
lesões musculares-esqueléticas e lesões na coluna.
Exposição a Radiações: Trabalhadores em radiologia e áreas relacionadas
estão expostos a radiações ionizantes, que podem causar câncer e outros efeitos
adversos à saúde.
Doenças Infecciosas Ocupacionais: Além das infecções causadas por
microrganismos, os trabalhadores da saúde estão em risco de contrair doenças
infecciosas no ambiente de trabalho, especialmente em cenários de surtos,
como ocorrências com a COVID-19.
Problemas respiratórios: A exposição a substâncias irritantes, poeiras e
aerossóis no ambiente hospitalar pode levar ao desenvolvimento de problemas
respiratórios, como asma ocupacional.
Câncer Relacionado ao Trabalho: Alguns profissionais de saúde estão em
risco de desenvolver câncer devido à exposição a agentes carcinogênicos, como
produtos químicos e radiações.

CONCLUSÃO

À medida que o mundo do trabalho continua a evoluir, a saúde do trabalhador


desempenha um papel crucial na construção de sociedades mais justas e
equitativas, onde o bem-estar dos trabalhadores é uma prioridade.
A prevenção e o controle dessas doenças ocupacionais nas instituições de saúde
são fundamentais para proteger a saúde dos trabalhadores e garantir a
segurança dos pacientes. Isso envolve o uso adequado de equipamentos de
proteção, treinamento em segurança, redução de riscos ocupacionais,
implementação de protocolos de prevenção de infecções, apoio psicológico aos
profissionais e o cumprimento rigoroso das normas regulamentadoras de
segurança e saúde no trabalho. Além disso, é importante que as instituições de
saúde promovam uma cultura de segurança e bem-estar para seus funcionários,
atendendo aos desafios específicos que enfrentam no ambiente de trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.Diário Oficial da União


[Internet]. Brasília, nº 182, p. 18055-9, 20 set 1990. Seção 1. Disponível:
https://bit.ly/3paxC0l

BRASIL [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988. Brasília, DF: Presidente da República, [2016].

OIT. Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho: Um


instrumento para uma melhoria contínua. OIT, 2011.

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