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1. Conceito e importância
A Medicina do Trabalho é, segundo a Associação Nacional de Medicina do
Trabalho, a especialidade médica que lida com as relações entre homens e
mulheres trabalhadores e seu trabalho, visando não somente à prevenção dos
acidentes e das doenças do trabalho, mas à promoção da saúde e da qualidade
de vida. Tem por objetivo assegurar ou facilitar aos indivíduos e ao coletivo
de trabalhadores a melhoria contínua das condições de saúde, nas dimensões
física e mental, e a interação saudável entre as pessoas e, estas, com seu
ambiente social e o trabalho (ANAMT, 2017).
A Medicina do Trabalho surgiu na 1ª metade do século XIX na Inglaterra, no
contexto da Revolução Industrial, para recuperar a força de trabalho cuja
sobrevivência nas indústrias estava ameaçada pelas péssimas condições de
trabalho. Tem, como características, a prevenção de danos à saúde resultantes
dos riscos do trabalho, a responsabilidade pelos problemas de saúde ocorridos
nos ambientes de trabalho das empresas, a centralidade na figura do médico e
a relação de confiança deste com os empregadores, contratantes de seus
serviços (Mendes; Dias, 1991).
As mudanças no mundo do trabalho, oriundas dos processos produtivos e dos
movimentos sociais, impulsionaram transformações nessas práticas, de modo
que estas incorporaram novos enfoques e instrumentos de trabalho, em uma
perspectiva interdisciplinar, o que culminou na delimitação posterior da
chamada “Saúde Ocupacional” e, mais recentemente, do campo da “Saúde do
Trabalhador” (ANAMT, 2017; Mendes; Dias, 1991).
A Saúde do Trabalhador desenvolveu-se no Brasil acompanhando a Reforma
Sanitária Brasileira, a partir do início da década de 1980, sob a influência de
uma concepção ampliada de saúde ancorada na Teoria da Determinação
Social do Processo Saúde-Doença. Com isso, a relação trabalho e saúde
passou a ser compreendida com base no social, como uma categoria que diz
respeito às formas de produção e reprodução da sociedade. Portanto, pauta
intervenções não somente na recuperação biológica da saúde dos
trabalhadores doentes e acidentados, ou em modificações de seu ambiente de
trabalho a fim de preveni-las, mas também nas condições de trabalho e seus
determinantes e condicionantes. A Saúde do Trabalhador foi incorporada ao
Sistema Único de Saúde (SUS), abrindo novas possibilidades e novos
desafios para a atuação médica e multiprofissional diante dos problemas de
saúde relacionados ao trabalho, nos diversos âmbitos do sistema de saúde.
A relevância do campo de atuação pode ser expressa a partir dos dados da
Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2013), os quais mostram que
2,34 milhões de mortes relacionadas ao trabalho ocorrem por ano, 321 mil
decorrentes de acidentes de trabalho, e os 2,02 milhões restantes, causados
por diversos tipos de enfermidades relacionadas com o trabalho, o que
equivale a uma média diária de mais de 5.500 mortes. Países em
desenvolvimento, como o Brasil, possuem elevados indicadores de mortes e
lesões, pois uma grande parte de suas populações está empregada em
atividades perigosas, como a agricultura, a construção civil, a pesca e a
mineração.
- As Normas Regulamentadoras
Importante
PCMSO são as iniciais do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional. Trata-se de uma legislação federal, especificamente a Norma
Regulamentadora nº 07, emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego no
ano de 1994, que determina a obrigatoriedade de elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que
admitam trabalhadores como empregados, com base no programa, com o
objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus
trabalhadores.
A - Atribuições do médico
b) Outros exames
A - Físicos
B - Químicos
Dica
Toda vez que nos deparamos com uma questão de riscos ocupacionais de
natureza química devemos lembrar que químicos se referem a partículas
e/ou moléculas de dispersão como fatores de risco ocupacional.
C - Biológicos
D - Ergonômicos
E - Riscos de acidentes
5. Acidentes de trabalho
Afetam o empregado segurado, o trabalhador avulso, bem como o segurado
especial, provocando lesão corpórea ou perturbação funcional que cause a
morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o
trabalho.
Os acidentes de trabalho, típicos e de trajeto, geralmente se constituem de
fenômenos traumáticos e são, respectivamente, os que ocorrem a serviço da
empresa ou no percurso da residência ou da refeição para o local de trabalho e
vice-versa. Também se incluem nessa categoria a doença profissional, isto é,
aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade, constante da relação publicada pelo Ministério da
Saúde, e a doença do trabalho, assim entendida como aquela adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que é realizado e com ele
se relacione diretamente, desde que também constante em regulamentação.
Importante
Os acidentes em que profissionais de saúde se expõem a sangue e outros
fluidos biológicos devem ser considerados emergência médica. Há,
portanto, necessidade de priorizar o atendimento a eles no mais curto
espaço de tempo possível. As condutas específicas visam evitar a
disseminação do HIV e dos vírus das hepatites B e C no ambiente de
trabalho.
Acompanhamento pós-exposição:
Caracterização do acidente:
Profilaxia:
Logo após o acidente deverá se proceder à descontaminação do sítio exposto,
limpando a ferida com água e sabão ou irrigando as membranas mucosas com
água limpa.
Acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
tenha consequência significativa de saúde;
Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho por
causas diversas às laborais;
Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
Acidente sofrido, ainda que fora do local e do horário de trabalho, desde
que a serviço da empresa ou durante o trajeto de ida e volta do trabalho.
Doença degenerativa;
Inerente a grupo etário;
Aquela que não produz incapacidade laborativa;
Doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região onde ela
se desenvolva, salvo se comprovado que resultou de exposição ou de
contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Importante
Em caso de suspeita de doença ocupacional, deve-se realizar um
acompanhamento médico do trabalhador para avaliar se é realmente uma
doença ocupacional. Caso seja constatada a doença, é preciso fazer a
emissão da CAT e o encaminhamento ao INSS. Depois disso, é realizada
uma avaliação pericial e, em caso de incapacidade, é feito o
encaminhamento ao auxílio-doença.
1ª via: ao INSS;
2ª via: à empresa;
3ª via: ao segurado ou dependente;
4ª via: ao sindicato de classe do trabalhador;
5ª via: ao SUS;
6ª via: à Delegacia Regional do Trabalho (DRT).
É importante ressaltar que a CAT deve ser emitida para todo acidente ou
doença relacionados ao trabalho, ainda que não haja afastamento ou
incapacidade.
Importante
Dos itens que mais são cobrados nas provas, no que se refere ao
preenchimento da doença que levará ao afastamento do trabalho, podemos
citar o agente causador, a situação geradora do acidente e se houve
afastamento.
Dica
Entende-se por limite de tolerância a concentração ou intensidade máxima
ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente,
que não causará dano à saúde do trabalhador durante a sua vida laboral.
Dica
Para não esquecer, um esquema é memorizar que, para 85dB, o tempo
máximo de exposição é de 8 horas e, acima de 100dB, o tempo de
exposição é reduzido para minutos. Muitas provas colocam esses períodos
como tempos de corte em relação à exposição em dB.
a) Auditivos
Perda auditiva;
Zumbidos;
Dificuldades no entendimento da fala;
Outros sintomas auditivos menos frequentes: algiacusia (sensação
dolorosa a ruído de alta intensidade), sensação de audição “abafada”,
dificuldade na localização da fonte sonora.
Dica
Uma regra mnemônica para gravar os sintomas de PAIR é o “PAZA”, que
representa, respectivamente, Perda auditiva, Algiacusia, Zumbidos e
Abafada.
b) Não auditivos
Transtornos da comunicação;
Alterações do sono;
Transtornos neurológicos;
Transtornos vestibulares;
Transtornos digestivos;
Transtornos comportamentais.
B - Silicose
A mais antiga, mais grave e mais prevalente das doenças pulmonares
relacionadas à inalação de poeiras minerais é a silicose. As pneumoconioses
são definidas pela OIT como “doenças pulmonares causadas pelo acúmulo de
poeira nos pulmões e reação tissular à presença dessas poeiras”. E, por não ser
passível de tratamento e totalmente irreversível, pode cursar com graves
transtornos à saúde do trabalhador.
É vasta a relação das atividades de risco: mineração subterrânea e de
superfície; corte de pedras, britagem, moagem, lapidação, cerâmicas,
fundições que utilizam areia no processo, vidro industrial de abrasivos,
marmorarias, corte e polimento de granito, cosméticos, protéticos, cavadores
de poços; artistas plásticos e jateadores de areia. Dentre as principais
atividades, com respectivos registros de prevalência de silicose, podemos citar
indústria cerâmica (3,9%), atividades em pedreiras (3 a 16%), jateamento de
areia na indústria naval (23,6%) e perfuração de poços no Nordeste (17%).
Dica
Boa parte dos casos só será diagnosticada anos depois de o trabalhador
estar afastado da exposição, já que a silicose é, em geral, uma doença de
desenvolvimento lento, com progressão independente do término da
exposição, praticamente assintomática na fase inicial.
Importante
Caso os sintomas da fase inicial da silicose se apresentem antes de 10 anos
de exposição à sílica cristalina, podem ser atribuídos ao tabagismo ou a
outras doenças associadas, como a silicotuberculose.
C - Asbestose
Importante
Considerada uma doença eminentemente ocupacional, a asbestose é a
pneumoconiose associada ao asbesto ou amianto. A doença, de caráter
progressivo e irreversível, pode se manifestar alguns anos depois de
cessada a exposição, com período de latência superior a 10 anos.
Clinicamente, caracteriza-se por dispneia de esforço, estertores crepitantes
nas bases pulmonares, baqueteamento digital, alterações funcionais e
pequenas opacidades irregulares na radiografia de tórax.
- Procedimento
Importante
Além da asbestose, a exposição às fibras de asbesto está relacionada ao
surgimento de outras doenças, como as alterações pleurais benignas, o
câncer de pulmão e os mesoteliomas malignos, que podem acometer a
pleura, o pericárdio e o peritônio.
Figura 2 - Corpos de asbesto do tipo anfibólio: fibras finas e retas no tecido pulmonar
Repetitividade de movimentos;
Manutenção de posturas inadequadas por tempo prolongado;
Esforço físico;
Invariabilidade de tarefas;
Pressão mecânica sobre determinados segmentos do corpo, em particular
membros superiores;
Trabalho muscular estático;
Choques e impactos, vibração, frio e fatores organizacionais.
E - Intoxicações exógenas
a) Agrotóxicos
Organofosforados;
Carbamatos;
Organoclorados;
Piretroides;
Dietilditiocarbamatos;
Derivados do ácido fenoxiacético.
Importante
Dentre as intoxicações químicas relacionadas ao trabalho, podemos citar,
como de maior importância, os organofosforados e carbamatos, tendo,
como sintomatologia, sudorese, sialorreia, miose, hipersecreção brônquica,
colapso respiratório, tosse, vômitos, cólicas, diarreia, miofasciculações,
hipertensão arterial fugaz, confusão mental, ataxia, convulsões e choque
cardiorrespiratório, podendo levar a coma e óbito. Lembrando que o
carbamato se diferencia por apresentar sintomatologia mais leve.
- Procedimento
b) Chumbo (saturnismo)
Cefaleia, astenia;
Alterações do comportamento (irritabilidade, hostilidade, agressividade,
redução da capacidade de controle racional);
Alterações do estado mental (apatia, obtusidade, hipoexcitabilidade,
redução da memória);
Alteração da habilidade psicomotora, com redução da força muscular,
dor e parestesia nos membros;
Queixas de impotência sexual e diminuição da libido (comuns);
Hiporexia, epigastralgia, dispepsia, pirose, eructação;
Dor abdominal aguda, às vezes confundida com abdome agudo, pode ser
sintoma de intoxicação crônica por chumbo;
Modificação da frequência e do volume urinários, das características da
urina, aparecimento de edema e hipertensão arterial;
O exame oral pode revelar a existência da orla gengival de Burton. É um
sinal relativamente frequente e constitui-se numa linha azulada da
gengiva imediatamente por cima da implantação dos dentes. Aparece
mais nas áreas dos caninos, mas nos casos de má higiene (tártaro) ou
cáries junto ao colo costuma incidir mais nas áreas correspondentes aos
dentes com patologia. A orla azulada é ocasionada pelo sulfeto de
chumbo formado nos intoxicados pela presença do chumbo eliminado na
saliva, que age com o ácido sulfídrico normalmente existente na boca,
vindo a formar o sulfeto de chumbo. Esse sulfeto, que tem a coloração
azulada, deposita-se na gengiva (Figura 3).
Figura 3 - Orla gengival de Burton (linha azulada na gengiva, próxima à região de implantação dos
dentes)
c) Mercúrio (hidrargirismo)
d) Solventes orgânicos
- Benzenismo
É o nome dado às manifestações clínicas ou alterações hematológicas
compatíveis com a exposição ao benzeno. Os processos de trabalho que
expõem trabalhadores ao benzeno estão presentes no setor siderúrgico, nas
refinarias de petróleo, nas indústrias de transformação que utilizam o benzeno
como solvente ou nas atividades em que se utilizem tintas, vernizes,
seladores, tíneres etc.
Os sintomas clínicos são pobres, mas pode haver queixas relacionadas às
alterações hematológicas, como fadiga, palidez cutânea e de mucosas,
infecções frequentes, sangramentos gengivais e epistaxe. Podem ser
encontrados sinais neuropsíquicos, como astenia, irritabilidade, cefaleia e
alterações da memória. Laboratorialmente, esses quadros podem se
manifestar por meio de mono, bi ou pancitopenia, caracterizando, nesta última
situação, quadros de anemia aplástica.
Vários estudos epidemiológicos demonstram a relação do benzeno com
leucemia mieloide aguda, leucemia mieloide crônica, leucemia linfocítica
crônica, doença de Hodgkin e hemoglobinúria paroxística noturna.
- Procedimento
e) Cromo
Teste de Phalen:
G - Outras patologias
Distúrbios mentais;
Alcoolismo;
Dermatoses ocupacionais: dermatite de contato;
Radiações ionizantes: catarata, neoplasias;
Pressão atmosférica: osteonecrose;
Picadas por animais peçonhentos.
7. Benefícios
A - Previdência Social
Serviço social;
Reabilitação profissional.
Resumo
A organização política da área de saúde do trabalhador é regida pelo:
Ministério do Trabalho e Emprego;
Ministério da Previdência Social;
Ministério da Saúde.
A saúde do trabalhador é um conjunto de ações de promoção, proteção,
recuperação e reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e
agravos advindos das condições de trabalho;
As normas regulamentadoras:
São responsáveis por regulamentar e fornecer parâmetros e instruções
sobre Saúde e Segurança do Trabalho:
NR 04 - SESMT: o SESMT tem a finalidade de promover a saúde e
proteger a integridade física dos trabalhadores no local de trabalho.
O seu dimensionamento depende do GR e do número de
empregados da empresa;
NR 05 - CIPA:
No geral, empresa com 20 ou mais funcionários;
Representantes do empregador (inclui-se o presidente) e dos
empregados, conforme o dimensionamento da empresa;
Reuniões ordinárias mensais;
SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do
Trabalho) e campanhas de prevenção de AIDS;
Elaboração do Mapa de Risco;
Ligação com SESMT, quando houver, e PCMSO e PPRA.
NR 06 - EPI: é todo dispositivo de uso individual, de fabricação
nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade
física dos trabalhadores. Todo trabalhador exposto a riscos é
obrigado a utilizá-lo corretamente, responsabilizando-se por sua
guarda e conservação e devendo avisar o empregador sempre que
apresentar defeitos ou problemas;
NR 07 - PCMSO: visa promover e preservar a saúde do conjunto
dos seus trabalhadores. Consultas ocupacionais (admissionais,
periódicas, demissionais, de mudança de função e de retorno ao
trabalho);
NR 09 - PPRA:
Prevenção da saúde e segurança dos trabalhadores;
Levantamento dos riscos ambientais existentes nos locais de
trabalho;
Medidas para neutralização;
Engenheiro do trabalho/técnico de segurança.
NR 17 - Ergonomia: visa estabelecer parâmetros que permitam a
adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
Riscos ocupacionais:
Químicos: exposição a substâncias tóxicas por intermédio de gases,
fumos, névoas, poeiras, contato térmico ou ingestão;
Físicos: ruídos, vibração, calor, frio, luminosidade, ventilação,
umidade, pressões anormais, radiação etc.;
Biológicos: bactérias, fungos, vírus, contato com lixo e esgotos;
Ergonômicos e psicossociais: divisão do trabalho, pressão da chefia
por produtividade ou disciplina, jornada, ritmo, pausas, trabalho
noturno ou diurno, organização dos espaços físicos, esforço físico
intenso, levantamento manual de peso, postura e posições
inadequadas, repetitividade de movimentos;
Mecânicos e de acidentes: arranjo físico inadequado, falta de
proteção em máquinas perigosas, ferramentas defeituosas,
possibilidade de incêndios e explosão, presença de animais
peçonhentos.
Patologias ocupacionais:
Pneumoconioses: deposição de partículas sólidas no parênquima
pulmonar, levando ao quadro de fibrose, isto é, ao endurecimento
intersticial do tecido pulmonar;
PAIR;
Silicose;
Asbestose;
LERs;
DORTs;
Intoxicações exógenas.
Acidente de trabalho:
É o agravo à saúde pelo exercício do trabalho e serviço da empresa,
afetando o empregado segurado, o trabalhador avulso, bem como o
segurado especial, provocando lesão corpórea ou perturbação funcional
que cause a morte, a perda ou a redução, temporária ou permanente, da
capacidade para o trabalho:
Acidente típico decorrente das características da atividade
profissional por ele desempenhada;
Acidente de trajeto ou percurso da residência e do local de trabalho.
Doença do trabalho desencadeada em função de condições especiais em
que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente;
Doença profissional produzida ou desencadeada pelo exercício do
trabalho, peculiar a determinado ramo de atividade constante de relação
existente no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social;
Previdência Social: os beneficiários do Regime Geral de Previdência
Social são os segurados e os dependentes;
Segurados (pessoas físicas):
Empregado pela CLT;
Empregado doméstico;
Contribuinte individual.
Auxílio-doença: indivíduo que, após um acidente ou doença, fique
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por
mais de 15 dias consecutivos;
Acidentário/previdenciário;
Aposentadoria por invalidez: indivíduo que, após um acidente, seja
considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e será paga enquanto
permanecer nessa condição;
Auxílio-acidente: deve-se ao segurado como indenização quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
aparecem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho
que habitualmente exercia.
CID-10
Marina Gemma
Jeane Lima e Silva Carneiro
Edson Lopes Mergulhão
1. O que é?
A 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID) é conhecida,
na prática clínica, como CID-10. Embora reconhecida por essa sigla, a
publicação é denominada de Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (Laurenti, 1994). A CID é uma
ferramenta diagnóstica padrão para a Epidemiologia, gestão de saúde e
prática clínica, que agrupa doenças análogas, semelhantes ou afins e é
utilizada para monitorizar a incidência e prevalência de doenças e outros
problemas de saúde, de forma a fornecer um panorama da situação de saúde
dos países e das populações (Laurenti, 1991; OMS, 2016).
Além de servir de instrumento estatístico para análises de âmbito nacional, a
CID é cada vez mais utilizada para o cuidado clínico e desenvolvimento de
pesquisas que visam definir doenças e/ou estudar os padrões das doenças,
bem como na gestão dos cuidados em saúde, a fim de monitorizar os
desfechos e a alocação de recursos (OMS, 2016).
Dessa forma, trata-se de uma classificação utilizada por médicos,
enfermeiros, pesquisadores, formuladores de políticas públicas, seguradoras,
gestores de saúde, entre outros profissionais interessados no conhecimento
de uma doença específica quanto a sua história natural e maneiras de
diagnóstico, tratamento e/ou prevenção. A CID foi traduzida em 43 línguas e
teve sua 11ª revisão lançada em 2018.
Importante
Como o próprio nome sugere, a CID não equivale somente a uma
classificação de doenças: consiste em uma sistematização de doenças,
sinais, sintomas e motivos de consultas, englobando, inclusive, definições
usadas em estatísticas vitais e de saúde.
2. Breve histórico
Para cumprir o principal objetivo da Saúde Pública, que é evitar doenças,
prolongar a vida e promover a saúde mediante a atividade organizada da
sociedade, é preciso identificar os problemas de saúde e a forma como estes
se distribuem na população. Nesse contexto, para analisar estatisticamente a
frequência de doenças, é necessário um instrumento que as agrupe ou
classifique segundo determinados critérios. Ao se obter uma uniformização
terminológica (nomenclatura de doenças ou nosografia), é possível ter uma
linguagem comum que favoreça uma melhor troca de informações sobre a
doença, possibilitando, ainda, comparações da sua frequência em áreas
distintas, de forma a contribuir à sua prevenção (Laurenti, 1991).
Nomeadas as doenças, o agrupamento destas segundo características comuns
(nosologia) constitui, então, uma classificação, que serve, basicamente, para
fins estatísticos de análises das situações de saúde das populações. Em uma
classificação estatística de doenças, o interesse principal está, portanto, nos
agrupamentos e não nos casos individualizados (Laurenti, 1991). A busca
por uma classificação ordenada de doenças é secular, mas em meados do
século XVIII e ao longo do século XIX houve um interesse mais expressivo
na obtenção de um instrumento estatístico que sistematizasse as causas de
morte e que fosse de uso internacional, principalmente para possibilitar
comparações (Laurenti, 1991, 1994).
Após diversas tentativas com aceitações bastante limitadas, houve, em 1893,
um acordo internacional para o uso de uma classificação de doenças que
eram causas de morte (77 causas de mortes) e uma recomendação para que
esta fosse revista decenalmente, de modo a incorporar novas causas que
fossem sendo descritas. A 1ª revisão ocorreu em 1900 e, até a 5ª revisão em
1938, havia um reduzido número de códigos, visto que era somente uma
classificação de doenças que causavam morte. A partir da 6ª revisão,
aprovada em 1948, este documento passou a englobar classificações de
doenças, lesões e causas de morte e suas revisões tornaram-se
responsabilidade da Organização Mundial da Saúde – OMS (Laurenti,
1994).
Da 6ª à atual 10ª revisão, a CID ampliou enormemente o número de
categorias e, principalmente, subcategorias, visando satisfazer plenamente
aos seus vários usos em análises de morbidade. Além disso, também foram
incorporadas à Classificação diversas definições usadas em estatísticas vitais
e de saúde (Laurenti, 1991, 1994).
A 10ª revisão da CID foi aprovada em 1989 e recomendada para entrar em
vigor em 1º de janeiro de 1993 pela 43ª Assembleia Mundial de Saúde. No
entanto, por diversos motivos, especialmente de ordem operacional, muitos
países a implementaram entre 1995 e 1997. No Brasil, a CID-10 foi
introduzida em 1º de janeiro de 1996, em cumprimento à Portaria nº
1.832/94 (Grassi; Laurenti, 1998).
Antes da 10ª revisão da CID, não havia atualizações entre as revisões.
Contudo, na Conferência Internacional para a Décima Revisão, de 1989, foi
recomendado que “a OMS endosse o conceito de um processo de
atualização no período entre 2 revisões e considere os mecanismos para que
esta atualização seja colocada em prática”. A partir dessa proposta, 2 grupos
foram estabelecidos para coordenar o processo de atualização: o Grupo de
Referência de Mortalidade (Mortality Reference Group – MRG) e o Comitê
de Referências de Atualizações (Update Reference Committee – URC).
O MRG foi desenvolvido em 1997 e começou suas atividades referentes à
aplicação e interpretação da CID-10 em 1998. O MRG também envia
propostas de atualização para o URC.
O URC foi estabelecido no ano 2000 e recebe propostas do MRG e de
Centros Colaboradores da OMS. O URC avalia essas propostas e submete
recomendações de atualizações aos Diretores dos Centros Colaboradores a
cada ano, que então encaminham sugestões para a OMS.
Para melhor sistematização, foram estabelecidas 2 categorias de atualização:
Principais (major):
Inclusão/exclusão de códigos;
Movimentação de um código para outra categoria ou capítulo;
Alteração numa entrada do índice que muda o código de uma
categoria de 3 caracteres para outra categoria de 3 caracteres
(movimentação de termos);
Alteração de uma regra ou linha de ação que afeta a integridade dos
conjuntos de dados de morbidade e mortalidade; ou introdução de
novos termos no índice.
Secundárias (minor):
Correção ou esclarecimento de uma entrada do índice, alterando o
seu código para outro dentro da mesma categoria de 3 caracteres;
Melhorias na lista tabular ou no índice, como adição de termos de
inclusão ou de exclusão a um código existente ou a duplicação de
uma entrada do índice sob outro termo principal;
Alteração na descrição de um código que a aprimora, sem alterar o
conceito;
Alteração de uma regra ou linha de ação que não afeta a integridade
dos conjuntos de dados de morbidade e mortalidade;
Correção de erros tipográficos.
A CID-11 foi lançada pela OMS em junho de 2018 e deverá ser apresentada
na Assembleia Mundial da Saúde em 2019.
Dica
A CID começou a adquirir as características que possui atualmente a partir
de 1948, com a 6ª revisão, quando incluiu classificações além de doenças
que eram causas de morte e se tornou responsabilidade da Organização
Mundial da Saúde. A 10ª revisão está em vigência, e a 11ª revisão, lançada
em 2018, deverá entrar em vigor em 2022.
Objetivo
Histórico
Apresenta 3 volumes:
I: contém a classificação propriamente dita, chamada de Lista
Tabular. Além disso, apresenta a classificação da morfologia de
neoplasias, listas especiais de tabulação para mortalidade e para
morbidade, bem como as definições e os regulamentos das
nomenclaturas;
II: consiste no Manual de Instruções, contendo toda parte referente
ao Atestado Médico da Causa de Morte, além de uma breve
descrição da CID, instruções práticas para os codificadores de
morbidade e mortalidade e diretrizes para a apresentação e
interpretação dos dados;
III: apresenta o Índice Alfabético.
Organizada em 22 capítulos, que contêm os agrupamentos de categorias
(códigos alfanuméricos de 3 dígitos) e subcategorias (código da
categoria acrescido de um ponto e mais um algarismo - .0 a .9).
Medicina Legal
André Ribeiro Morrone
Edson Lopes Mergulhão
Thaís Minett
Marcos Rodrigo Souza Fernandes
Fábio Roberto Cabar
João Victor Fornari
1. Introdução
A Medicina Legal compreende o ramo da Medicina que utiliza conhecimentos
das Ciências Médicas para atender às demandas da Justiça, ou seja, realiza as
perícias necessárias para a elucidação de um fato relevante para o Direito. O
médico-legista utiliza conhecimentos da Medicina e de outras ciências
correlatas para fazer as perícias requisitadas pela autoridade competente.
Importante
A Tanatologia Forense é um ramo da Medicina Legal que, por meio do
exame do local, fornece informações acerca das circunstâncias da morte,
além de buscar determinar a identificação do cadáver, o mecanismo da
morte, a causa da morte e o diagnóstico diferencial médico-legal (se
acidente, suicídio, homicídio ou causa natural), por meio de necrópsia.
2. Lesões corpóreas
Estudadas quanto à quantidade e à qualidade do dano, as lesões corpóreas têm
o significado jurídico de configurar, no dolo (o autor tem a intenção de
provocar lesão) ou na culpa (o autor não tem a vontade de lesar, mas por
imprudência, imperícia ou negligência a lesão ocorre na vítima) um crime
contra a pessoa.
As lesões corpóreas dolosas, consideradas quanto à quantidade e à qualidade
do dano, classificam-se em leves, graves e gravíssimas. O crime de lesão
corpórea está previsto no Art. nº 129 do Código Penal (CP).
Importante
As lesões corpóreas podem ser leves (danos com pouca repercussão
orgânica e de fácil recuperação individual), graves (causam incapacidade
para as ocupações habituais por mais de 30 dias, perigo de vida, debilidade
permanente de membro, sentido ou função e aceleração do parto) e
gravíssimas (resultam em incapacidade permanente para o trabalho,
enfermidade incurável, perda ou inutilização de membro, sentido ou
função, deformidade permanente e aborto).
A - Leves
B - Graves
São as lesões que tiveram, como consequência:
C - Gravíssimas
3. Traumatologia Forense
A - Conceito
a) Características
Dica
As feridas punctórias são causadas por agulha, estilete, espinho, espeto etc.
Figura 1 - Feridas punctórias (puntiformes)
- Ferida incisa
A ferida incisa é causada pela ação de instrumento cortante que age por
pressão e deslizamento com “gume afiado” ou fio (bordo de ataque) e atinge a
superfície, em ângulos variáveis. Fibras dos tecidos são seccionadas
(exemplos: navalha, gilete, bisturi, lâminas metálicas afiladas, “papel”,
estilhaços de vidros, capim-navalha). É geralmente de origem homicida, mas
pode ser de origem suicida ou acidental, apresentando as características
relatadas na Tabela 4.
Figura 2 - Características da fenda incisa, como profundidade e comprimento: (A) bordas regulares;
(B) afastamento das bordas da ferida e ausência de trabéculas; (C) extensão maior do que
profundidade
Dica
As feridas incisas são causadas por instrumentos como navalha, gilete,
bisturi, estilhaços de vidro etc.
Figura 3 - Diferentes feridas incisas: (A) agressão; (B) esgorjamento; (C) autoprovocadas no punho
esquerdo (hesitação)
- Lesão contusa
Dica
As lesões contusas são causadas por instrumentos como martelo, pau,
pedra, cassetete, soco-inglês etc.
Edema ou tumefação
Inchaço e elevação;
Palidez da pele na área do impacto;
Surgimento depois de 1 a 3 minutos;
Tríplice reação de Lewis (rubor, tumor e calor);
Coleção de líquido transudato;
Ausência de extravasamento de sangue e de lesão de vasos sanguíneos.
Figura 5 - Edema na face dorsal de pés (A) esquerdo e (B) direito, no qual se pode ver o sinal de
Godet positivo
Escoriação
Equimose
Importante
Esta é a sequência cronológica da equimose: 1º dia, vermelha; 2º e 3º dias,
violácea; do 4º ao 6º dia, azul; do 7º ao 10º dia, esverdeada; e do 11º ao 15º
dia, amarelada.
Figura 7 - (A) Formação de víbices violáceos no dorso e (B) múltiplas fases de equimose no globo e
periocular
Hematoma
“Tumor de sangue”;
Ruptura de um número maior de vasos (mais calibrosos) que forma uma
coleção de sangue afastando os tecidos vizinhos e ocupa espaço próprio
(neocavidade);
Ausência de infiltração do sangue nas malhas do tecido.
Localização:
Superficial (subungueal, subperiostal);
Órgãos e tecidos (fígado, baço, músculo e encéfalo);
Regiões anatômicas (mediastino, retroperitônio, espaços
extradural e subdural do crânio, cervical).
Figura 8 - Formação de hematomas: (A) subgaleal e (B) extradural
Ferida contusa
Fraturas
Luxações
Entorses
Lesões internas
São causadas por impacto direto, aumento súbito da pressão no interior das
vísceras e cavidades, compressão lenta ou aceleração/desaceleração
(traumatismo cranioencefálico, trauma abdominal, trauma torácico).
Figura 13 - Tomografia que demonstra lesão esplênica após trauma abdominal contuso
- Ferida cortocontusa
- Ferida perfurocontusa
Dica
As feridas perfurocontusas são causadas por instrumentos como projétil de
arma de fogo, flecha, lança, tesoura fechada etc.
As zonas são formadas pelos resíduos que saem pela boca do cano da arma e
atingem o alvo, dividindo-se em:
Importante
Lesões causadas por projéteis de arma de fogo causam zonas e orlas no
local onde atingem. As orlas dividem-se em orla de escoriação (contusão),
de enxugo (“sujeiras” que ficam aderidas à derme) e equimótica, enquanto
as zonas são divididas em zonas de queimadura ou chamuscamento, de
esfumaçamento (fuligem depositada na pele ou na roupa) e zona de
tatuagem (grãos de pólvora incombusta que penetram a derme, por
exemplo).
- Ferida perfuroincisa
a) Térmica
Tanto o calor como o frio são capazes de lesar o corpo humano. O calor pode
lesar pelo contato direto (ação local): chama ou corpos aquecidos (sólidos,
líquidos e gases); ou pelo calor irradiado (ação difusa): solar (insolação) ou
industrial (intermação). Do ponto de vista médico-legal, as queimaduras
podem ser classificadas em 4 graus, segundo Hoffmann e Lussena:
1º grau: eritema
Vasodilatação com pele vermelha, edemaciada e dolorosa;
Não deixa cicatriz.
2º grau: bolhas (flictena)
Formação de bolhas com conteúdo rico em proteínas;
Eritema, edema e dor;
Não lesa a camada basal;
Não deixa cicatriz.
3º grau: escara
Destruição da epiderme e da derme;
Aspecto endurecido e indolor;
Deixa cicatriz.
4º grau: carbonização
Destruição da pele e de tecidos moles por ação direta do fogo;
Posição “do boxeador” (braços repuxados).
O frio também age de forma local e difusa. Sua ação local se chama geladura
e classifica-se em 4 graus:
b) Elétrica
Importante
A eletricidade artificial produz, no local de contato com o corpo humano,
uma lesão indolor de bordas elevadas e coloração amarelo-esbranquiçada,
denominada marca elétrica de Jellinek.
a) Afogamento
Definição: asfixia mecânica, produzida pela penetração de um meio líquido
nas vias respiratórias, impedindo a passagem de ar até os pulmões;
Mecanismo de ação: havendo a submersão, ocorre a morte na sequência das
seguintes fases:
Fase de defesa:
Lesões externas:
Hipotermia;
Pele anserina;
Retração do mamilo, do escroto e do pênis;
Maceração da epiderme;
Tonalidade vermelha dos livores cadavéricos;
Cogumelo de espuma;
Erosão dos dedos;
Presença de corpos estranhos sob as unhas;
Equimoses da face e das conjuntivas;
Mancha verde de putrefação (tórax);
Lesões post mortem produzidas por animais aquáticos.
Lesões internas:
Líquidos nas vias respiratórias;
Corpos estranhos no líquido das vias respiratórias;
Lesões dos pulmões: aumentados, distendidos, enfisema aquoso e
equimoses;
Sinal de Brouardel: enfisema aquoso subpleural (“esponja molhada”);
Manchas de Tardieu: equimose subpleural (raras);
Manchas de Paltauf: hemorragias subpleurais (equimoses vermelho-
claras com ≥2cm de diâmetro, devido à ruptura das paredes alveolares);
Diluição do sangue (hidremia);
Crioscopia (temperatura de congelamento): aumentada (água doce) e
diminuída (água salgada);
Sinal de Wydler: presença de espuma, líquido e sólido no estômago;
Sinal de Niles: hemorragia temporal;
Sinal de Vargas Alvarado: hemorragia etmoidal;
Sinal de Étienne Martin: congestão hepática;
Equimoses nos músculos e no pescoço.
- Diagnóstico
b) Soterramento
c) Confinamento
Lesões internas:
Equimoses viscerais (manchas de Tardieu);
Congestão polivisceral;
Distensão e edemas dos pulmões;
Sangue: escuro e líquido (fluidez).
Dica
É necessário entender que não existe nenhum sinal que, isoladamente, faça
o diagnóstico das asfixias mecânicas. Portanto, deve-se ter um critério com
base no somatório das lesões estudadas, associando-se sinais e o estudo das
circunstâncias do acontecimento.
d) Sufocação direta
f) Enforcamento
Sinais internos:
g) Estrangulamento
Sinais internos:
h) Esganadura
Sinais internos:
4. Aborto
A Organização Mundial da Saúde define abortamento como a interrupção da
gestação antes de 20 a 22 semanas ou feto com peso inferior a 500g. Para o
Direito, aborto é a interrupção da gestação, com a morte do produto
conceptual, haja ou não expulsão, qualquer que seja o seu estado evolutivo,
desde a concepção até o parto; assim, a legislação, ao contrário da Medicina,
não define tempo limite para a ocorrência de aborto, aceitando a denominação
desde a concepção até o termo. No Código Penal Brasileiro, o aborto
provocado é considerado crime, exceto nas situações abordadas a seguir.
B - Resolução nº 1.989/12
Importante
À luz da legislação atual, só se permite o aborto em casos de estupro ou de
comprovado risco de morte para a mãe, diretamente relacionado às
alterações fisiológicas da gravidez. Com a Resolução nº 1.989/12, o aborto
é consentido quando se tem diagnosticado, por meio de exame
ultrassonográfico, a partir da 12ª semana de gestação, a presença de feto
anencéfalo, com laudo assinado por 2 médicos.
5. Morte encefálica
A - Características clínico-jurídicas
Importante
Os parâmetros clínicos para a definição de morte encefálica são coma não
perceptivo, ausência de reatividade supraespinal e apneia persistente. O
paciente deve apresentar lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e
capaz de causar a morte encefálica, ausência de fatores tratáveis que
possam confundir o diagnóstico de morte encefálica, temperatura corporal
superior a 35°, saturação arterial de oxigênio acima de 94% e pressão
arterial sistólica ≥100mmHg para adultos.
a) Anexo I
Pré-requisitos:
Presença de lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e
capaz de causar a morte encefálica;
Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico
de morte encefálica;
Tratamento e observação em ambiente hospitalar pelo período
mínimo de 6 horas;
Quando a causa primária do quadro for encefalopatia hipóxico-
isquêmica, esse período de tratamento e observação deverá ser de,
no mínimo, 24 horas;
Temperatura corpórea (esofágica, vesical ou retal) >35°C, saturação
arterial de oxigênio >94% e pressão arterial sistólica ≥100mmHg ou
pressão arterial média ≥65mmHg para adultos, ou conforme tabela
para menores de 16 anos.
Na repetição do exame clínico (2º exame) por outro médico, será utilizada a
técnica do 1º exame. Não é necessário repetir o teste de apneia quando o
resultado do 1º teste for positivo (ausência de movimentos respiratórios na
vigência de hipercapnia documentada).
O intervalo mínimo de tempo a ser observado entre o 1º e o 2º exame clínico
é de 1 hora nos pacientes com idade ≥2 anos. Nas demais faixas etárias, esse
intervalo é variável.
Os familiares do paciente ou seu responsável legal deverão ser
adequadamente esclarecidos, de forma clara e inequívoca, sobre a situação
crítica do paciente, o significado da morte encefálica, o modo de determiná-la
e os resultados de cada etapa de sua determinação. Esse esclarecimento é de
responsabilidade da equipe médica assistente do paciente ou, na sua
impossibilidade, da equipe de determinação da morte encefálica.
A decisão quanto à doação de órgãos somente deverá ser solicitada aos
familiares ou responsáveis legais do paciente após o diagnóstico da morte
encefálica e a comunicação da situação a eles.
b) Anexo II
c) Anexo III
6. Declaração de óbito
A DO é o documento-base do Sistema de Informações sobre Mortalidade do
Ministério da Saúde (SIM/MS). É composta de 3 vias autocopiativas, pré-
numeradas sequencialmente, fornecidas pelo Ministério da Saúde e
distribuídas pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde conforme
fluxo padronizado para todo o país. Além da sua função legal, os dados de
óbitos são utilizados para conhecer a situação de saúde da população e gerar
ações visando à sua melhoria e, para tanto, devem ser fidedignos e refletir a
realidade. As estatísticas de mortalidade são produzidas com base na DO
emitida pelo médico. A emissão da DO é um ato médico, segundo a legislação
do país. Portanto, ocorrida uma morte, o médico tem a obrigação legal de
constatar e atestar o óbito, usando o formulário oficial “Declaração de Óbito”
mencionado. O documento tem, por finalidade:
Resolve:
a) Morte natural
I - Morte sem assistência médica
a) Nas localidades com Serviço de Verificação de Óbitos (SVO):
A DO deverá ser fornecida pelos médicos do SVO.
b) Nas localidades sem SVO:
A DO deverá ser fornecida pelos médicos do serviço público de saúde mais
próximo do local onde ocorreu o evento e, na sua ausência, por qualquer
médico da localidade.
II - Morte com assistência médica
a) A DO deverá ser fornecida, sempre que possível, pelo médico que vinha
prestando assistência ao paciente.
b) A DO do paciente internado sob regime hospitalar deverá ser fornecida
pelo médico assistente e, na sua falta, por médico substituto pertencente à
instituição.
c) A DO do paciente em tratamento sob regime ambulatorial deverá ser
fornecida por médico designado pela instituição que prestava assistência, ou
pelo SVO.
d) A DO do paciente em tratamento sob regime domiciliar (Programa Saúde
da Família, internação domiciliar e outros) deverá ser fornecida pelo médico
pertencente ao programa ao qual o paciente estava cadastrado, ou pelo SVO,
caso o médico não consiga correlacionar o óbito com o quadro clínico
concernente ao acompanhamento do paciente.
b) Morte fetal
B - Aspectos éticos
1 - Assinar DO em branco.
2 - Preencher a DO sem, pessoalmente, examinar o corpo e constatar a
morte.
3 - Utilizar termos vagos para o registro das causas de morte, como
parada cardíaca, parada cardiorrespiratória ou falência de múltiplos
órgãos.
4 - Cobrar pela emissão da DO.
Dica
O ato médico de examinar e constatar o óbito pode ser cobrado desde que
se trate de paciente particular a quem não vinha prestando assistência.
C - Definições
Estas definições foram adotadas pela Assembleia Mundial da Saúde
(resoluções WHA 20.19 e WHA 43.24), de acordo com o Art. nº 23 da
Constituição da Organização Mundial da Saúde, e constam da CID-10.
a) Causas de morte
b) Causa-base de morte
Importante
Segundo a Organização Mundial da Saúde, causa-base da morte é “a
doença ou lesão que iniciou a sucessão de eventos mórbidos, os quais
levaram diretamente à morte, ou as circunstâncias do acidente ou violência
que produziu a lesão fatal”.
Parte I: cartório;
Parte II: identificação do falecido;
Parte III: residência;
Parte IV: ocorrência;
Parte V: óbito fetal ou menor de 1 ano;
Parte VI: condições e causas de óbito;
Parte VII: médico;
Parte VIII: causas externas;
Parte IX: localidades sem médico.
Figura 23 - Campos das causas de morte primária (parte I) e contribuintes (parte II)
7. Legislação
Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei dos Registros Públicos), com as
correções da Lei nº 6.216, de 30 de junho de 1975 – Capítulo IX.
- Relacionado ao óbito
Art. 77º: nenhum sepultamento será feito sem certidão oficial de registro do
lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista
do atestado de médico se houver no lugar, ou, em caso contrário, de 2 pessoas
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.
1º - Antes de proceder ao assento de óbito de criança de menos de 1 ano, o
oficial verificará se houve registro de nascimento que, em caso de falta, será
previamente feito.
2º - A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver
manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se
a DO tiver sido firmada por 2 médicos ou por 1 médico-legista, no caso de
morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária.
Resumo
Lesões corpóreas
Aborto
No Código Penal Brasileiro, o aborto provocado é crime, exceto se não há
outro meio de salvar a vida da gestante; se a gravidez resulta de estupro e o
aborto é precedido de consentimento; e se o feto em questão é diagnosticado
como anencéfalo.
Morte encefálica
Declaração de óbito
1. Introdução
A Ética estuda o comportamento moral dos homens dentro de uma sociedade,
isto é, estuda uma forma específica de comportamento humano. Baseia-se nos
atos humanos voluntários e conscientes e que podem envolver outros
indivíduos, grupos sociais e até mesmo toda a sociedade. Embora estejam
profundamente relacionados, os termos “ética” e “moral” não devem ser
confundidos, mas entendidos como complementares.
“Ética”, do grego ethos, significa “modo de ser”, “caráter”; e “moral”, do
latim mos, significa “costume”, “conjunto de normas adquiridas pelo
homem”. Portanto, esses termos se referem a 2 qualidades especificamente
humanas: o “modo de ser” ou o “caráter” de cada um, sobre o qual se
assentam os “costumes” ou as “normas adquiridas”, plasmando o
comportamento moral do homem.
A Ética Médica é responsável pelo estudo do comportamento moral dos
médicos durante o exercício profissional, ou seja, enquanto estão em
atividade médica. A Deontologia Médica, por sua vez, é responsável pelos
estudos dos deveres dos médicos, enquanto a Diceologia estuda os direitos
dos médicos. Essas 2 vertentes estão ordenadas no Código de Ética Médica
(CEM): os Princípios Fundamentais, os Direitos dos Médicos e os capítulos
relativos às vedações a eles.
A Bioética, termo criado pelo oncologista e biólogo americano Van
Rensselaer Potter em seu livro “Bioethics: bridge to the future”, é o estudo
sistemático da conduta humana na área das Ciências da Vida e dos Cuidados
da Saúde, na medida em que essa conduta é examinada à luz dos valores e dos
princípios morais. Esse conceito é o atualmente empregado e foi lançado pela
Encyclopedia of Bioethics em 1978. Como campo emerso da Ética Médica, a
Bioética é fruto da evolução do saber e de concepções novas geradas pelas
realidades atuais da Medicina, da Biologia, da Sociologia e da Filosofia.
Tema frequente de prova
Devemos lembrar sempre os conceitos de autonomia, beneficência e não
maleficência, uma vez que esses temas são sempre cobrados nas provas.
Importante
O termo de consentimento livre e esclarecido tem, como finalidade,
documentar as possíveis consequências e complicações do ato médico e
cumpre finalidade ético-jurídica em casos de processos médicos.
2. Conselhos de Medicina
O CFM e os CRMs, em conjunto, constituem uma autarquia dotada de
personalidade jurídica de direito público com autonomia administrativa e
financeira. São os órgãos supervisores da ética profissional em toda a
República e, ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores da classe médica,
cabendo-lhes zelar e trabalhar, por todos os meios ao seu alcance, pelo
perfeito desempenho ético da Medicina e pelo prestígio e bom conceito da
profissão e dos que a exerçam legalmente. Há, em Brasília, o CFM com
jurisdição em todo o território brasileiro, ao qual ficam subordinados os
CRMs, e, em cada capital de estado e no Distrito Federal, há um CRM, cuja
jurisdição alcançará a do estado ou do Distrito Federal.
Os médicos só poderão exercer legalmente a Medicina, em quaisquer dos seus
ramos ou especialidades, após o prévio registro de seus títulos, diplomas,
certificados ou cartas no Ministério da Educação e de sua inscrição no CRM
sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade. Se o médico exercer sua
atividade por mais de 90 dias em outra jurisdição, ficará obrigado a requerer
inscrição secundária no quadro do CRM dessa jurisdição.
Importante
O novo CEM, de 2010, além de considerar as mudanças sociais, jurídicas e
científicas, levou em conta os atuais códigos de ética médica de outros
países e considerou elementos de jurisprudência, posicionamentos que já
integram pareceres, decisões e resoluções da Justiça, das Comissões de
Ética locais e resoluções éticas do Conselho Federal de Medicina e dos
Conselhos Regionais de Medicina editadas desde 1988.
Aprova o CEM;
O CFM, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de
setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho
de 1958, modificado pelo Decreto nº 6.821, de 14 de abril de 2009, e
pela Lei nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004, e consubstanciado nas
Leis nº 6.838, de 29 de outubro de 1980 e Lei nº 9.784, de 29 de janeiro
de 1999;
Considerando que os Conselhos de Medicina são ao mesmo tempo
julgadores e disciplinadores da classe médica, cabendo-lhes zelar e
trabalhar, por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho
ético da Medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que
a exerçam legalmente;
Considerando que as normas do CEM devem submeter-se aos
dispositivos constitucionais vigentes;
Considerando a busca de melhor relacionamento com o paciente e a
garantia de maior autonomia à sua vontade;
Considerando as propostas formuladas ao longo dos anos de 2008 e 2009
e pelos CRMs, pelas entidades médicas, pelos médicos e por instituições
científicas e universitárias para a revisão do atual CEM;
Considerando as decisões da IV Conferência Nacional de Ética Médica,
que elaborou, com participação de delegados médicos de todo o Brasil,
um novo CEM revisado;
Considerando o decidido pelo Conselho Pleno Nacional, reunido em 29
de agosto de 2009;
Considerando, finalmente, o decidido em sessão plenária de 17 de
setembro de 2009.
Resolve:
Art. 1º: aprovar o CEM, anexo a esta Resolução, após sua revisão e
atualização;
Art. 2º: o CFM, sempre que necessário, expedirá resoluções que
complementem esse CEM e facilitem sua aplicação;
Art. 3º: o Código anexo a esta Resolução entra em vigor 180 dias após a
data de sua publicação, e, a partir daí, revoga-se o CEM aprovado pela
Resolução CFM nº 1.246, publicada no Diário Oficial da União, no dia
26 de janeiro de 1988, Seção I, páginas 1.574 a 1.579, bem como as
demais disposições em contrário.
Preâmbulo:
Art. 16º: intervir sobre o genoma humano com vista à sua modificação, exceto
na terapia gênica, excluindo-se qualquer ação em células germinativas que
resulte na modificação genética da descendência.
Art. 17º: deixar de cumprir, salvo por motivo justo, as normas emanadas dos
Conselhos Federal e Regionais de Medicina e de atender às suas requisições
administrativas, intimações ou notificações no prazo determinado.
Art. 18º: desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e
Regionais de Medicina ou desrespeitá-los.
Art. 19º: deixar de assegurar, quando investido em cargo ou função de
direção, os direitos dos médicos e as demais condições adequadas para o
desempenho ético-profissional da Medicina.
Art. 20º: permitir que interesses pecuniários, políticos, religiosos ou de
quaisquer outras ordens, do seu empregador ou superior hierárquico ou do
financiador público ou privado da assistência à saúde, interfiram na escolha
dos melhores meios de prevenção, diagnóstico ou tratamento disponíveis e
cientificamente reconhecidos no interesse da saúde do paciente ou da
sociedade.
Art. 21º: deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou infringir a
legislação pertinente.
Art. 88º: negar ao paciente acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer
cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe oferecer explicações
necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionem riscos ao próprio
paciente ou a terceiros.
Art. 89º: liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando
autorizado, por escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a
sua própria defesa.
Art. 102º: deixar de utilizar a terapêutica correta, quando seu uso estiver
liberado no país.
Dica
O que não se pode deixar de atentar é para o fato de que as provas colocam
situações referentes a determinado artigo e perguntam se referem aos
capítulos em específico, como direito médico, disposição geral etc. O
principal não é memorizar cada um dos capítulos, e sim identificá-los no
enunciado.
5. Tópicos relacionados
A - Alta médica
O médico pode negar-se a conceder alta a paciente sob seus cuidados quando
considerar que isso possa acarretar-lhe risco de morte. Se o paciente, os
responsáveis ou os familiares tomarem a decisão de transferência, deverão
responsabilizar-se pelo ato por escrito. Nesse caso, o médico também tem o
direito de passar a assistência que vinha prestando para outro profissional
indicado, ou aceito pelo paciente, ou pela família, documentando as razões da
medida. A decisão sobre a alta é técnica, ou seja, só o médico pode
manifestar-se tecnicamente sobre a necessidade ou não de o paciente
permanecer internado; portanto, o termo “alta a pedido” não tem qualquer
relação com o julgamento técnico do médico, sendo apenas um ato
administrativo.
Ao médico compete fazer o que julgar melhor para assistir o paciente. Porém,
esse poder é limitado e se subordina à aceitação deste, se tiver capacidade de
autodeterminar-se ou de alguém que possa falar por ele – por
consanguinidade ou delegações legítimas de outra natureza, inclusive as
constituídas por decisão judicial. O Código Civil traz no Art. 15 o seguinte
preceito legal: “ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de
vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”, que vai ao encontro do
princípio da autonomia da vontade do paciente.
Importante
A questão da alta a pedido deve ser bem discutida, pois no dia a dia vemos
essa situação com frequência e não nos atentamos que, do ponto de vista
do julgamento técnico do médico, ela não tem valor na avaliação, sendo
considerada um problema muito comum na vida médica.
B - Abandono do paciente
D - Terapias alternativas
E - Sigilo profissional
c) Quebra do sigilo
Importante
A quebra de sigilo profissional pode ocorrer por motivo justo,
consentimento por escrito do paciente e por dever legal, sendo esses temas
importantes para a sua preparação.
F - Responsabilidade médica
O médico deve ser responsável por todos os seus atos nas esferas ética,
administrativa, cível e criminal, principalmente ao realizar atos médicos e
assinar documentos médicos. Apesar de a assinatura ser atividade rotineira em
sua vida, o profissional não pode se esquecer da responsabilidade que ele
assume com esse ato: um atestado, uma receita ou um laudo.
O novo CEM traz como novidade que a responsabilidade profissional nunca é
presumida, portanto deve ser provada dentre uma das modalidades de culpa
(imperícia, imprudência ou negligência). A atuação profissional do médico
não caracteriza relação de consumo. Exceção se faz aos procedimentos
estéticos (cirurgias plásticas, por exemplo).
6. Documentos médicos
Importante
Os aspectos éticos e legais, como sigilo médico e responsabilidade médica,
também se aplicam aos documentos médicos, porém a Constituição de
1988 permite o habeas data, que é o direito de saber ou ter conhecimento
das informações relativas à pessoa que busca as informações.
A - Fichas clínicas
B - Prontuário clínico
7. Atestados médicos
Trata-se da afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas
consequências. São sempre de muita responsabilidade, não importando a sua
finalidade e incorrendo nas penas da lei. Assim, de acordo com o Código
Penal, fica vedado ao médico:
Art. 302: “dar o médico, no exercício de sua profissão, atestado falso”. A pena
compreende detenção de 1 mês a 1 ano.
O novo CEM prevê no Art. 80 que é vedado ao médico “expedir documento
médico sem ter praticado ato profissional que o justificasse, que seja
tendencioso ou que não corresponda à verdade”.
A - Classificação
C - Notificações compulsórias
D - Parecer médico
Dica
Os processos ético-profissionais são regidos pelo CEM, e a competência
para julgar infrações éticas será do Conselho Regional de Medicina em que
o médico estiver inscrito.
A - Princípios gerais
Dica
Os vetos presidenciais sancionados em 2013 para a lei que disciplina o
exercício da Medicina no país preveem que outros profissionais de saúde
formulem o diagnóstico e a respectiva prescrição terapêutica.
1 - Não punitivo.
2 - Confidencial.
3 - Independente (com dados analisados por organizações).
4 - Resposta oportuna para os usuários do sistema.
5 - Orientado para soluções dos problemas notificados.
6 - As organizações participantes devem ser responsivas às mudanças
sugeridas.
No Brasil, a vigilância de EAs relacionados ao uso dos produtos que estão sob
a vigilância sanitária (incluindo o monitoramento do uso desses produtos)
objetiva a detecção precoce de problemas relacionados a esse uso para
desencadear as medidas pertinentes para que o risco seja interrompido ou
minimizado.
Eixo 2 – Envolvimento do cidadão na sua segurança:
Paciente pela Segurança do Paciente é um programa da OMS que estabelece
que haverá melhora na segurança se os pacientes forem colocados no centro
dos cuidados e incluídos como parceiros. A visão desse programa, segundo a
OMS, é a de “um mundo em que os pacientes devem ser tratados como
parceiros nos esforços de prevenir todo mal evitável em saúde”.
Corresponsabilidade e vínculos solidários são termos utilizados na Política
Nacional de Humanização e correspondem ao termo “parceria” utilizado no
Paciente pela Segurança do Paciente.
Eixo 3 – Inclusão do tema segurança do paciente no ensino:
Envolve a inclusão do tema no ensino técnico e de graduação, na pós-
graduação na área da Saúde e na educação permanente dos profissionais de
saúde.
Eixo 4 – Incremento de pesquisa em segurança do paciente:
O foco na investigação tem se concentrado em 5 componentes (OMS):
1 - Medir o dano.
2 - Compreender as causas.
3 - Identificar as soluções.
4 - Avaliar o impacto.
5 - Transpor a evidência em cuidados mais seguros.
Resumo