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AULA 5

ATENÇÃO À SAÚDE DO
TRABALHADOR

Profª Glaucia Garanhani Correa


CONVERSA INICIAL

A saúde do trabalhador é uma área do conhecimento que tem como objeto


o processo saúde-doença em sua relação com o trabalho, mas os trabalhadores
também são indivíduos que vivem em sociedade e neste contexto adoecem como
qualquer outro indivíduo. Os profissionais da área não devem negligenciar esta
verdade quando estiverem planejando, desenvolvendo, implantando ou avaliando
uma ação, tanto preventiva como curativa. Outra verdade de extrema importância
é que um trabalhador consciente e comprometido com a sua própria condição de
saúde e integridade física, soma forças em qualquer projeto de prevenção e
promoção de sua saúde quando lhe é dada a oportunidade de participação. Neste
sentido, a equipe de profissionais da saúde do trabalhador deve, primeiramente,
considerar o que os trabalhadores conhecem a respeito de sua condição de saúde
e também buscar conhecer as necessidades de saúde que desejam compartilhar.
Afinal de contas, é o trabalhador o sujeito que melhor conhece o processo de
trabalho e seus riscos, e também conhece as suas próprias necessidades de
saúde.
Dentre as atividades da equipe da saúde ocupacional, está a implantação
e manutenção de um ambulatório ocupacional.
Toda empresa deve possuir um ambulatório ocupacional com estrutura
física adequada com as necessidades de atendimento dos trabalhadores; também
deve ser considerada a atividade desenvolvida.
Caso o ambulatório seja geral e tenha que realizar o primeiro atendimento
a um acidente de trabalho, realize consultas clínicas, administração de
medicamentos, realização de curativos, suturas... então deve possuir estrutura e
organização para o desenvolvimento destas atividades. O projeto físico está
regulamentado pela Resolução RDC n. 307, de 14 de novembro de 2002. Se o
ambulatório de Saúde ocupacional for somente para atender aos exames
periódicos, não há necessidade de manter salas para procedimentos; caso seja
serviço terceirizado, então, o serviço deve atender às necessidades e manter a
estrutura. Vale ressaltar que a organização do ambulatório, de acordo com as
normas e rotinas de biossegurança, é obrigatória, então para cada atividade deve
haver uma descrição detalhada das técnicas, materiais envolvidos, bem como
normas de proteção do trabalhador, higiene e limpeza, e reprocessamento dos
artigos.

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CONTEXTUALIZANDO

A Saúde Ocupacional é definida pela OMS e pela OIT, como:

a área que se dedica à promoção e manutenção do mais elevado padrão


de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores de todos os
setores de atividade; à prevenção das alterações de saúde provocadas
pelas suas condições de trabalho; à proteção dos trabalhadores contra
os riscos resultantes de fatores adversos, no seu local de trabalho; a
proporcionar ao trabalhador, um ambiente de trabalho adaptado ao seu
equilíbrio fisiológico e psicológico.

Assim, saúde ocupacional é um conceito moderno, subscrito pela


generalidade da comunidade científica e pelos organismos internacionais de
referência, como a OMS e OIT.
A enfermagem enquanto profissão possui capacitação para a prevenção e
promoção da saúde e tratamento de doenças, é o profissional que possui a maior
carga horária focada na educação, treinamento e capacitação para o autocuidado,
logo melhor habilitada para atuar em prevenção e proteção da saúde.
Reconhecidamente, é o enfermeiro, na área da saúde, o profissional que tem
contato mais direto com os trabalhadores e pode exercer o seu papel de agente
educador para a saúde, higiene e segurança deles, sem prejuízo da atuação
multidisciplinar e interdisciplinar com a equipe.
A Enfermagem do Trabalho dá importante contribuição para redução de
desperdícios e redução de custos nas empresas, intervindo nos fatores que o
provocam, como exemplo, a saúde dos trabalhadores reduzindo o absentismo
com afastamentos por doença, melhorando, assim, a produtividade.
A equipe de enfermagem do trabalho se dedica a estudar para realizar
procedimentos de enfermagem, prestando assistência aos trabalhadores de
diversas áreas. Ele é o responsável por prescrever ações e aplicar medidas de
precaução para proteger os funcionários dos riscos demonstrados pela
biossegurança, que é o conjunto de medidas e normas visando à proteção dos
profissionais de saúde e da população.
Para refletir
Propomos a seguinte questão a fim de demonstrar o compartilhamento das
responsabilidades do enfermeiro do trabalho e enfermeiro gestor de uma
instituição de saúde

A consulta de enfermagem apresenta a seguinte característica:


I. Está regulamentada pelo Decreto n. 94.406/87.

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II. Compõe-se de histórico de enfermagem (compreendendo a
entrevista), exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição e
implementação da assistência e evolução de enfermagem.
III. Tem como fundamento os princípios de universalidade, equidade,
resolutividade e integralidade das ações de saúde.
IV. Constitui atividade privativa do enfermeiro e do técnico de
enfermagem, que utilizam componentes do método científico para
identificar situações de saúde e doença, a fim de prescrever e
implementar medidas de enfermagem que contribuam para a promoção,
prevenção, proteção da saúde, recuperação e reabilitação do indivíduo,
família e comunidade.
É correto o que consta em:
(A) I, II, III, apenas.
(B) I, III, e IV, apenas.
(C) I e III apenas.
(D) III, apenas.
(E) IV, apenas.
Resposta: A (Disponível em:
<https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/10663678/ac41af11a6c0/p
rova_v22_tipo_001.pdf>. Acesso em: 21 maio 2018.)

TEMA 1 – ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO DO TRABALHO

Considerando que o trabalhador compartilha “um viver, adoecer e morrer


compartilhado com o conjunto da população, em um dado tempo, lugar e inserção
social, mas que é também, específico, resultante de sua inserção em um processo
de trabalho particular”, conforme Maria Celeste Soares Ribeiro (2012), a equipe
de profissionais da saúde do trabalhador deve executar toda e qualquer ação de
saúde dentro desta premissa, ou seja, considerando que o trabalhador também é
um indivíduo social.
Considerando, então, o viver compartilhado do trabalhador com o restante
da população, propomos as atribuições do enfermeiro do trabalho.
Apenas por questão didática, iremos abordar separadamente as
atribuições compartilhadas com os enfermeiros das outras áreas, mas que se
relacionam com o trabalhador, das atribuições específicas do enfermeiro do
trabalho.
As atribuições do enfermeiro do trabalho especialista são:

 Anamnese na Consulta de Enfermagem – referência protocolo


“Anamnese Ocupacional” do Ministério da Saúde; considerando:
 Ocupação atual e local de trabalho – incentivar o trabalhador a
descrever “o que faz na empresa”;
 História da doença atual – sinais e sintomas, duração, fatores que
aliviam ou agravam, relação dos sinais e sintomas com as atividades do
trabalho;
 História ocupacional pregressa – investigar atividade de trabalho
anterior exercida pelo trabalhador, incluindo as realizadas na infância e
adolescência, mesmo que não remuneradas, questionar sobre os riscos
e atividade econômica;

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 Anamnese ocupacional – perguntar sobre o processo produtivo,
incluindo matéria-prima e produto final, posto e local de trabalho, riscos
à saúde presentes no local, função que realiza e como realiza, manuseio
de máquinas ou equipamentos, uso de EPI, jornada de trabalho, turno
de trabalho, rodízio de turnos e atividades, horas extras, grau de
autonomia e controle sobre o trabalho, ritmo e produtividade, entre
outros;
 Notificação compulsória ao SUS de agravos relacionados ao
trabalho: a notificação compulsória consta no Anexo III da portaria 104,
de 25 de janeiro de 2011. Conforme a lista: acidente de trabalho fatal,
acidente de trabalho com mutilações, acidente com exposição a material
biológico relacionado ao trabalho, acidente de trabalho em crianças e
adolescentes, câncer relacionado ao trabalho, dermatoses
ocupacionais, DORT e LER, pneumoconioses relacionadas ao trabalho,
PAIR relacionada ao trabalho, transtornos mentais relacionados ao
trabalho. Além deste também devem ser notificados os casos de
intoxicações exógenas por substâncias químicas – agrotóxicos, gases
tóxicos e metais pesados, decorrentes do trabalho, por qualquer serviço
de saúde. A notificação deve ser feita em instrumento próprio – Ficha de
Investigação do SINAM. Além da notificação compulsória ao SUS, os
acidentes ou as doenças do trabalho também devem ter uma abertura
de CAT para comunicação ao INSS;
 CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho: destina-se à
comunicação de acidentes do trabalho e doenças do trabalho, seu
preenchimento é uma exigência do Ministério da Previdência Social para
todos os trabalhadores regidos pela CLT, com direito ao auxílio-doença
acidentária e auxilio acidente, mesmo que não ocorra afastamento do
trabalho. Orientar trabalhadores e familiares sobre os direitos
trabalhistas;
 Inspeção do ambiente de trabalho: o enfermeiro, bem como
membro da CIPA devem acompanhar a equipe de inspeção. Geralmente
a inspeção do ambiente de trabalho é realizada por equipe do CEREST
e tem como objetivo a “avaliação do processo de trabalho, do ambiente
e das condições em que o trabalho se realiza, identificando os riscos e
as cargas de trabalho a que os trabalhadores estão sujeitos, no aspectos
tecnológicos, ergonômicos e organizacionais.

A demanda por inspeção pode ser originada por: ocorrência de acidente de


trabalho grave, programa específico definido pelo município em algum ramo de
atividade econômica, solicitação de um sindicato, denúncia, solicitação do
Ministério Público, aumento da frequência de um agravo determinado, produzido
por uma empresa ou ramo de atividade econômica e outros.
A equipe de inspeção deve elaborar relatório detalhado, apontando
irregularidades, a legislação infringida e as correções necessárias; fundamentado
a partir do que foi observado e da análise da documentação da empresa; pode
ser feito no momento da inspeção ou posterior a ela. A equipe deve contar também
com uma autoridade sanitária para lavrar o auto de infração quando ocorrer
irregularidade, auto de imposição de penalidade, interdição de máquina ou parte
da empresa ou até de sua totalidade.
Programa de imunização do trabalhador: o Programa Nacional de
Imunização do Ministério da Saúde prevê algumas vacinas para utilização em
situações de trabalho. Estas vacinas são disponibilizadas gratuitamente para os
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trabalhadores que podem ser encaminhados as unidades basicas para vacinação
ou as vacinas odem ser levadas para a empresa e administradas, desde que o
enfermeiro se responsabilize pela conservação delas em rede de frio.

TEMA 2 – ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO GESTOR E TÉCNICO DE


SEGURANÇA DO TRABALHO

No tema anterior, discorremos sobre as atribuições do enfermeiro do


trabalho enquanto profissional da área de saúde do trabalhador – especialista;
agora, discorreremos sobre as atribuições compartilhadas do enfermeiro
especialista com outros enfermeiros de serviços de enfermagem ou da saúde, ou
seja, todos os enfermeiros devem atender sua equipe, não somente o enfermeiro
do trabalho.
São elas:

 Divulgar o Mapa de Riscos entre os trabalhadores, enfatizando as medidas


de proteção necessárias;
 Analisar a situação vacinal dos trabalhadores e providenciar a vacinação
quando esquema incompleto;
 Pleitear junto ao empregador a realização de exames admissionais,
periódicos, de retorno e de mudança de função;
 Discutir com o SESMT os riscos da equipe de enfermagem, incluindo os
ergonômicos;
 Providenciar o comparecimento dos trabalhadores aos exames periódicos;
 Realizar treinamentos em medidas de proteção para os trabalhadores;
 Incentivar a notificação de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais
dos trabalhadores;
 Garantir o cumprimento das legislações trabalhistas, especialmente da NR
32;
 Incentivar a participação dos trabalhadores na identificação de riscos do
ambiente de trabalho, bem como as sugestões de eliminação ou atenuação
destes;
 Priorizar a adoção de medidas de proteção coletiva ou medidas
administrativas para a eliminação ou atenuação dos riscos, em detrimento
da utilização de EPI;

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 Considerar o processo de trabalho, sua organização e os riscos
ergonômicos na elaboração de escalas de trabalho e no planejamento do
quantitativo da equipe;
 Elaborar normas e rotinas na perspectiva de manter a integridade física e
psíquica do trabalhador;
 Utiliza os dados epidemiológicos de acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais entre os trabalhadores sob sua gestão para o planejamento
das ações de treinamento e capacitação;
 Providenciar equipamentos de proteção individual e coletivas em
quantidade suficiente e de qualidade adequada;
 Propiciar ambiente de confiança entre os trabalhadores a fim de possibilitar
a detecção de agravos à saúde decorrentes do trabalho ou que interfiram
na qualidade de vida do trabalhador sob sua responsabilidade, também
identificar com a equipe os agravos nos pacientes sob sua
responsabilidade;
 Proporcionar condições para que a equipe notifique os agravos à saúde do
trabalhador em pacientes e profissionais;
 Adotar referencial teórico da Saúde do Trabalhador na elaboração de aulas,
palestras e cursos; inclusive na elaboração de pesquisa;
 Incentivar e viabilizar a participação de sindicatos dos trabalhadores e
centrais sindicais em temas referentes à saúde e trabalho;
 Analisar a adequação de protocolos de atendimento na perspectiva de
manter a integridade física e psíquica dos trabalhadores envolvidos;
 Fazer testes de acuidade visual (capacidade de perceber o contorno e a
forma dos objetos), curativos e medicações segundo prescrição de um
médico;
 Criar as ações sociais, inovação na área do lazer, desenvolver o lúdico,
sempre em benefício do bem-estar dos funcionários da empresa.

Responsabilidades da equipe de enfermagem – enfermeiros, auxiliares e


técnicos de enfermagem:

 Conhecer o Mapa de Riscos do seu ambiente de trabalho;


 Colaborar na execução do Mapa de Riscos;

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 Colaborar com a CIPA na investigação de acidentes do trabalho, na
detecção dos riscos do ambiente de trabalho, e nas sugestões de melhoria
do ambiente de trabalho;
 Candidatar-se nas eleições da CIPA;
 Manter sua carteira de vacinas atualizada;
 Cumprir protocolos de saúde e segurança;
 Notificar o acidente de trabalho próprio à chefia imediata, ao SESMT e a
CIPA;
 Submeter-se aos exames médicos periódicos e reivindicar sua realização;
 Realizar desinfecção e esterilização de equipamentos, utilizando medidas
de biossegurança.

Atribuições do Técnico de Segurança do Trabalho: as responsabilidades


do técnico de segurança são definidos pela Portaria n. 3.275, de 21 de Setembro
de 1989, a seguir descritas:

 informar o empregador, através de parecer técnico, sobre os


riscos exigentes nos ambientes de trabalho, bem como orientá-los sobre
as medidas de eliminação e neutralização;
 informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem
como as medidas de eliminação e neutralização;
 analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os
fatores de risco de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do
trabalho e a presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador,
propondo sua eliminação ou seu controle;
 executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e
avaliar os resultantes alcançados, adequando estratégias utilizadas de
maneira a integrar o processo Prevencionista em uma planificação,
beneficiando o trabalhador;
 executar programas de prevenção de acidentes do trabalho,
doenças profissionais e do trabalho nos ambientes de trabalho, com a
participação dos trabalhadores, acompanhando e avaliando seus
resultados, bem como sugerindo constante atualização dos mesmos
estabelecendo procedimentos a serem seguidos;
 promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras,
reuniões, treinamentos e utilizar outros recursos de ordem didática e
pedagógica com o objetivo de divulgar as normas de segurança e
higiene do trabalho, assuntos técnicos, visando evitar acidentes do
trabalho, doenças profissionais e do trabalho;
 executar as normas de segurança referentes a projetos de
construção, aplicação, reforma, arranjos físicos e de fluxos, com vistas à
observância das medidas de segurança e higiene do trabalho, inclusive
por terceiros;
 encaminhar aos setores e áreas competentes normas,
regulamentos, documentação, dados estatísticos, resultados de análises
e avaliações, materiais de apoio técnico, educacional e outros de
divulgação para conhecimento e autodesenvolvimento do trabalhador;
 indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra
incêndio, recursos audiovisuais e didáticos e outros materiais
considerados indispensáveis, de acordo com a legislação vigente, dentro
das qualidades e especificações técnicas recomendadas, avaliando seu
desempenho;

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 cooperar com as atividades do meio ambiente, orientando quanto
ao tratamento e destinação dos resíduos industriais, incentivando e
conscientizando o trabalhador da sua importância para a vida;
 orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas,
quanto aos procedimentos de segurança e higiene do trabalho previstos
na legislação ou constantes em contratos de prestação de serviços;
 executar as atividades ligadas à segurança e higiene do trabalho
utilizando métodos e técnicas científicas, observando dispositivos legais
e institucionais que objetivem a eliminação, controle ou redução
permanente dos riscos de acidentes do trabalho e a melhoria das
condições do ambiente, para preservar a integridade física e mental dos
trabalhadores;
 levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho,
doenças profissionais e do trabalho, calcular a frequência e a gravidade
destes para ajustes das ações prevencionistas, normas, regulamentos e
outros dispositivos de ordem técnica, que permitam a proteção coletiva
e individual;
 articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelos
recursos humanos, fornecendo-lhes resultados de levantamento
técnicos de riscos das áreas e atividades para subsidiar a adoção de
medidas de prevenção a nível de pessoal;
 informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades
insalubres, perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos
específicos, bem como as medidas e alternativas de eliminação ou
neutralização dos mesmos;
 avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer
técnico que subsidie o planejamento e a organização do trabalho de
forma segura para o trabalhador;
 articular-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à
prevenção de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;
 participar de seminários, treinamento, congressos e cursos
visando o intercâmbio e o aperfeiçoamento profissional.

TEMA 3 – ATIVIDADES DO MÉDICO E DO ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO


TRABALHO

Encontramos, no Portal Educação, a descrição do papel do médico do


trabalho:

Executa exames periódicos de todos os empregados ou em especial


daqueles expostos a maior risco de acidentes do trabalho ou de doenças
profissionais, fazendo o exame clínico e/ou interpretando os resultados
de exames complementares, para controlar as condições de saúde dos
mesmos e assegurar a continuidade operacional e a produtividade;
• Executa exames médicos especiais em trabalhadores do sexo
feminino, menores, idosos ou portadores de subnormalidades, fazendo
anamnese, exame clínico e/ou interpretando os resultados de exames
complementares, para detectar prováveis danos à saúde em decorrência
do trabalho que executam e instruir a administração da empresa para
possíveis mudanças de atividades;
• Faz tratamento de urgência em casos de acidentes de trabalho ou
alterações agudas da saúde, orientando e/ ou executando a terapêutica
adequada, para prevenir consequências mais graves ao trabalhador;
• Avalia, juntamente com outros profissionais, condições de insegurança,
visitando periodicamente os locais de trabalho, para sugerir à direção da
empresa medidas destinadas a remover ou atenuar os riscos existentes;
• Participa na elaboração e execução de programas de proteção à saúde
dos trabalhadores, analisando em conjunto os riscos, as condições de

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trabalho, os fatores de insalubridade, de fadiga e outros, para obter a
redução de absenteísmo e a renovação da mão de obra;
• Participa do planejamento e execução dos programas de treinamento
das equipes de atendimento de emergências, avaliando as
necessidades e ministrando aulas, para capacitar o pessoal incumbido
de prestar primeiros socorros em casos de acidentes graves e
catástrofes;
• Participa de inquéritos sanitários, levantamentos de doenças
profissionais, lesões traumáticas e estudos epidemiológicos, elaborando
e/ou preenchendo formulários próprios e estudando os dados
estatísticos, para estabelecer medidas destinadas a reduzir a morbidade
e mortalidade decorrentes de acidentes do trabalho, doenças
profissionais e doenças de natureza não ocupacional;
• Participa de atividades de prevenção de acidentes, comparecendo a
reuniões e assessorando em estudos e programas, para reduzir as
ocorrências de acidentes do trabalho;
• Participa dos programas de vacinação, orientando a seleção da
população trabalhadora e o tipo de vacina a ser aplicada, para prevenir
moléstias transmissíveis;
• Participa de estudos das atividades realizadas pela empresa,
analisando as exigências psicossomáticas de cada atividade, para
elaboração das análises profissiográficas;
• Procede aos exames médicos destinados à seleção ou orientação de
candidatos a emprego em ocupações definidas, baseando-se nas
exigências psicossomáticas das mesmas, para possibilitar o
aproveitamento dos mais aptos;
• Participa da inspeção das instalações destinadas ao bem-estar dos
trabalhadores, visitando o restaurante, a cozinha, a creche e as
instalações sanitárias, para observar as condições de higiene e orientar
a correção das possíveis falhas existentes;
• Pode participar do planejamento, instalação e funcionamento dos
serviços médicos da empresa. Pode elaborar laudos periciais sobre
acidentes do trabalho, doenças profissionais e condições de
insalubridade;
• Pode participar de reuniões de órgãos comunitários governamentais ou
privados, interessados na saúde e bem-estar dos trabalhadores. Pode
participar de congressos médicos ou de prevenção de acidentes e
divulgar pesquisas sobre saúde ocupacional.

As atividades do Engenheiro de Segurança do Trabalho são definidas pela


Resolução n. 792/03, a seguir descritas:

 Elaborar e executar projetos de normas e sistemas para


programas de segurança do trabalho, desenvolvendo estudos e
estabelecendo métodos e técnicas, para prevenir acidentes de trabalhos
e doenças profissionais;
 Acompanhar e fiscalizar a execução de obras civis contratadas
pelo Ministério Público;
 Avaliar e emitir parecer sobre a situação das edificações, das
reformas dos prédios próprios e locados e dos ambientes de trabalho no
âmbito da Instituição;
 Controlar perdas potenciais e reais de processos, produtos e
serviços e ao identificá-las, determinar e analisar suas causas,
estabelecendo plano de ações preventivas e corretivas;
 Desenvolver, testar e supervisionar sistemas, processos e
métodos de trabalho;
 Acompanhar atividades de segurança do trabalho e do meio
ambiente;

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 Planejar empreendimentos e atividades diversas e coordenar
equipes, treinamentos e atividades de trabalho;
 Emitir laudos na condição de assistente técnico e divulgar
documentos técnicos como relatórios, mapas de risco e contratos;
 Avaliar laudos técnicos e emitir pareceres e relatórios de
atividades;
 Auxiliar na elaboração de projetos e convênios;
 Acompanhar o Promotor de Justiça nas audiências judiciais e
extrajudiciais;
 Participar de reuniões, fóruns, grupos de trabalho, comissões,
para as quais for designado;
 Realizar vistoria em empresas, visando instruir os procedimentos
instaurados na Promotoria, objetivando o cumprimento de disposições
legais e regulamentares, relacionadas à segurança e à medicina do
trabalho;
 Desenvolver e aplicar os conhecimentos de engenharia de
segurança ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes,
inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os
riscos ali existentes à saúde do trabalhador;
 Proceder a orientação técnica quanto ao cumprimento do disposto
nas Normas Regulamentadoras – NRs - e Códigos Sanitários aplicáveis
às atividades funcionais executadas na Instituição, no que diz respeito à
segurança e saúde do trabalho;
 Elaborar e propor as medidas necessárias visando a
implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais no
Ministério Público do Estado;
 Assessorar a Instituição em assuntos relativos à segurança e
higiene do trabalho, examinando locais e condições de trabalho,
instalações em geral e material, métodos e processos adotados pelo
trabalhador, para determinar as necessidades no campo da prevenção
de acidentes;
 Inspecionar as unidades da Instituição e estabelecimentos fabris,
comerciais e de outro gênero, verificando se existem riscos de incêndios,
desmoronamentos ou outros perigos, para fornecer indicações quanto
às precauções a serem tomadas;
 Promover a aplicação de dispositivos especiais de segurança,
como óculos de proteção, cintos de segurança, vestuário especial,
máscara e outros, determinando aspectos técnicos funcionais e demais
características, para prevenir ou diminuir a possibilidade de acidentes;
 Adaptar os recursos técnicos e humanos, estudando a adequação
da máquina ao homem e do homem à máquina, para proporcionar maior
segurança ao trabalhador;
 Executar campanhas educativas sobre prevenção de acidentes,
organizando palestras e divulgações nos meios de comunicação
internos e externos, distribuindo publicações e outro material informativo,
para conscientizar os trabalhadores e o público, em geral;
 Estudar as ocupações encontradas nos estabelecimentos de
qualquer gênero, analisando suas características, para avaliar a
insalubridade ou periculosidade de tarefas ou operações ligadas à
execução do trabalho;
 Realizar estudos sobre acidentes de trabalho e doenças
profissionais, consultando técnicos de diversos campos, bibliografia
especializada, visitando fábricas e outros estabelecimentos, para
determinar as causas desses acidentes e elaborar recomendações de
segurança;
 Prestar consultoria e assessoria técnica à direção da Instituição
em todos os assuntos relacionados com a área;
 Executar outras atividades de sua competência que lhe forem
atribuídas ou determinadas pelo seu superior.

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TEMA 4 – AMBULATÓRIO OCUPACIONAL – NORMAS E SEGURANÇA

Independentemente da característica do ambulatório ocupacional, todos


devem seguir normas de higiene e limpeza das salas e artigos, pois se trata de
local sob risco biológico. Devem seguir normas estabelecidas pela Vigilância
Sanitária de cada município, a qual exige expedição e liberação de alvará de
funcionamento.
Os ambulatórios devem seguir algumas normas gerais que descreveremos
– limpeza, desinfecção e esterilização de artigos –; classificação segundo
Spaulding:

 Artigos críticos – aqueles utilizados em procedimentos invasivos; devem


ser esterilizados, ex.: instrumental cirúrgico;
 Artigos semicríticos – aqueles que entram em contato com pele não íntegra
e mucosas íntegras; devem ser esterilizados ou desinfecção de alto nível,
ex.: material de assistência ventilatória.
 Artigos não críticos – aqueles que entram em contato com a pele íntegra,
ex.: termômetros, esfigmomanômetros; devem receber limpeza ou
desinfecção de baixo nível.

A presença de matéria orgânica em qualquer artigo inviabiliza a


esterilização ou a desinfecção. Somente uma limpeza rigorosa garante a
esterilização ou desinfecção, então o processo de limpeza deve ser garantido no
ambulatório. Pode ser facilitado pela ação de um sabão enzimático, produto que
dissolve a matéria orgânica e oferece menor risco no manuseio dos artigos
contaminados, mas não descarta a limpeza mecânica.
Desinfecção é o processo que elimina a maior parte das formas vegetativas dos
agentes infectantes, com exceção dos esporos, já a esterilização elimina os
agentes, incluindo as formas esporuladas. Antigamente era amplamente utilizado
o glutaraldeido – agente químico desinfetante e esterilizante, atualmente em
desuso por ser altamente tóxico para o trabalhador, alergênico e irritante. A opção
do mercado é o ácido peracético, o qual tem como produtos finais a água e o ácido
acético, portanto, não tóxicos.
Opção amplamente indicada para os ambulatórios – pequenos serviços, é
a terceirização do reprocessamento dos artigos, restando para a empresa
somente o processo de pré-lavagem que pode ser realizada em área limpa do
expurgo. Outra opção é a utilização de materiais descartáveis, atualmente
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baratos, mas com alta geração de resíduos biológicos. Os materiais de curativos
e suturas devem ser obrigatoriamente esterilizados.

 Maleta de Emergência – o Decreto Lei n. 246/86, NR 7 e NR 31


(trabalhadores rurais) determinam que todo estabelecimento deve contar
com maleta de emergência, distribuídos em vários setores, bem como os
materiais necessários. Diferenciar maleta de emergência e de primeiros
socorros, a última deve ser equipada, inclusive, com medicamentos para
atender uma PCR e reanimação, presença do profissional médico.
 Limpeza do ambulatório – a limpeza deve ser diária e quando necessária.
Limpeza com água e sabão, seguida de desinfecção com álcool a 70o. Para
esta atividade, deve ser utilizado EPI – bota, luvas de borracha de cano
longo; na presença de matéria orgânica é necessário também a máscara
facial, avental impermeável e óculos.
 Limpeza de caixa d’água – as caixas d’água devem ser instaladas em locais
de acesso seguro, protegidas de infiltração e vedadas. A rotina de limpeza
é semestral, seguida de desinfecção. A desinfecção pode ser realizada com
hipoclorito de sódio a 2,5%.
 Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde (PGRSS) – o
PGRSS deve ser focado nos aspectos intra e extra-estabelecimento, indo
desde a geração até a disposição final, incluindo as etapas: geração,
minimização, segregação, reciclagem, acondicionamento,
armazenamento, coleta, tratamento e disposição final. Foi regulamentado
pela RDC n. 306, de 7 de dezembro de 2004 da ANVISA. Na etapa
“geração”, deve ser realizado levantamento minucioso do tipo de cada
resíduo, local de geração e volume. Também deve ser classificado de
acordo com a natureza, biológico, químico, radioativo, comum ou
perfurocortante. A segregação deve ser seletiva, realizada logo após a
utilização, no momento do descarte.
 Biossegurança – “é o conjunto de ações voltadas para a prevenção,
minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa,
produção, insumo, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços,
visando à saúde do homem, dos animais, à preservação do meio ambiente
e à qualidade dos resultados.”
Classificação do risco de acidente com material biológico:
 Riscos primários – é a própria fonte do risco, ex.: agulha, lâmina de bisturi;
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 Riscos secundários – é a própria fonte de risco associada à condição
insegura, é onde a biossegurança atua, ex.: reencape de agulhas, não
utilização de luvas na punção venosa.

Os acidentes de trabalho envolvendo os materiais perfurocortantes


requerem especial atenção, pois é por meio da contaminação destes com os
fluidos corporais que o trabalhador pode adquirir doenças ocupacionais
importantes, como: hepatite B, hepatite C e AIDS. Desde a epidemia da AIDS no
Brasil, em 1981, que os trabalhadores da saúde passaram a ficar expostos a essa
doença e quando se confirma um acidente de trabalho com perfurocortante temos
que desencadear o protocolo de investigação para AIDS e hepatite, também
estabelecer as medidas protetivas, bem como as medidas imediatas.
Devemos: lavar imediatamente a pele ou mucosas com água e sabão, os olhos
devem ser lavados com solução salina, nunca realizar abrasões, apertar, ou
raspar o local. Abrir CAT e encaminhar ao centro de referência mais próximo.
Solicitar ao paciente fonte autorização para a realização de exames de AIDS,
hepatite B e hepatite C, levar as amostras ao centro de referência. O centro de
referência irá realizar a profilaxia medicamentosa, conforme o caso, e deve ser
instituída nas primeiras duas horas, exames de diagnóstico pré-acidente e
acompanhamento por seis a doze meses.

TEMA 5 – TÉCNICAS APLICADAS NO AMBULATÓRIO

Numa empresa, os procedimentos técnicos de enfermagem são realizados


para conhecer o perfil de um candidato a uma vaga ou a manutenção da saúde
dos trabalhadores, mas o objetivo é a avaliação do estado de saúde. A melhor
avaliação de saúde representa melhores trabalhadores, maior produção, menor
absenteísmo, prevenção de doenças ocupacionais ou doenças clínicas que
podem ser desencadeadas ou piorar se não identificadas.
Descreveremos a seguir as mais comuns:

 Sinais Vitais – extremamente importante conhecer o que interfere nos


sinais vitais durante a execução de suas tarefas a fim de evitar problemas.
 Pressão Arterial (PA) – proporciona avaliação do sistema cardiovascular e
a capacidade física do trabalhador. Considerando que a pressão arterial
sofre alterações quando o indivíduo está sob ansiedade, o trabalhador que
realiza atividades nas quais a alteração da pressão arterial pode colocá-lo

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em risco, como trabalho em altura, espaço confinado, eletricidade,
exposição ao calor; é de extrema importância o diagnóstico precoce de
alterações. A aferição da PA deve ser realizada em todos os exames e
intensificação do monitoramento naqueles que possuem alterações. Uma
PA < de 120/80 mmHg é classificada como ótima.
 Pulso – assim como a PA, o pulso é um parâmetro para avaliação
cardiovascular. Também sofre influência da ansiedade e do estresse.
Importante observar a frequência, volume de enchimento e ritmo. Um pulso
entre 70 e 80 bpm é classificado como normal.
 Respiração – avaliação de extrema importância para os trabalhadores que
fazem parte do Programa de Proteção Respiratória – PPR. Importante
identificar se é fumante, quanto tempo e quantos cigarros por dia. Também
se é portador de doença respiratória prévia, como bronquite e asma, se faz
uso de medicamentos broncodilatadores. Identificar cicatrizes importantes
na face, uso de barba ou costeletas, pois estas dificultam a vedação das
máscaras e respiradores.
 Temperatura – monitoramento importante para os trabalhadores que
realizam tarefas sob altas temperaturas, como manuseio de fornos,
siderurgias, estufas. Em atividades sob altas temperaturas há necessidade
de aclimatização para a adaptação do organismo, no qual a exposição ao
calor é gradual. O trabalhador não aclimatizado ganha calor e não
consegue perdê-lo, a temperatura aumenta e pode chegar a 40 – 43 ºC,
suficiente para desnaturação das proteínas corporais e morte. Também
pode ocorrer a coagulação intravascular disseminada que é a coagulação
do sangue dentro dos vasos, sabidamente doença ocupacional que
provoca morte. Outro fator envolvido é o estresse do organismo, no qual os
mecanismos de termorregulação ficam comprometidos, acarretando
câimbras, hipertermia, exaustão e intermação.
 Medidas Antopométricas – avaliação do estado nutricional do trabalhador
é importante recurso para estabelecimento de medidas preventivas de
acidentes, pois algumas atividades, como espaços confinados, altas
temperaturas, trabalhos em altura, que exigem esforço físico intenso
podem trazer danos à saúde e provocar acidentes. Exemplo: desnutridos
com atividades que exigem esforço físico intenso, programa alimentar com

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suplementação ou obesos com atividades em espaço confinado, programa
de reeducação alimentar e perda de peso.
 Peso e Altura – são as medidas mais utilizadas, pois servem como base de
cálculo do Índice de Massa Corporal – IMC. Também importante a
verificação da Circunferência da Cintura, normal se < de 94 cm em homens
e < de 80 cm em mulheres, indicador de risco de doença coronariana
quando acima desses valores. Avaliação das Pregas cutâneas podem ser
associadas, assim como a Bioimpedância.
 Dinamometrias – teste de força muscular aplicado a determinado grupo de
músculos, como mãos, lombar e escapular. O objetivo é avaliar o grau de
normalidade e aptidão física para os trabalhadores que precisam de força
muscular e resistência, como saqueiros, pedreiros e trabalhadores rurais.
Importante também para determinar a perda de força e resistência nos
casos de doenças como a LER/ DORT (lesão por esforço repetitivo/
distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho).
 Teste de Aptidão Física – é realizado por meio dos ergômetros que avaliam
a capacidade cardiorrespiratória, também chamados de Testes de Esforço.
Os mais comuns são a Esteira Rolante, Bicicleta Ergométrica e Prova dos
Degraus (escada). A aptidão física cardiorrespiratória de um trabalhador é
mais um parâmetro para acompanhar a saúde daqueles que
desempenham atividades de grande esforço físico, como um carteiro, por
exemplo.
 Teste de Acuidade Visual – alguns trabalhos podem exigir capacidade
visual normal, cujo não atendimento pode ocasionar dano para o
trabalhador e para a empresa, são exemplo as atividades com painéis
elétricos coloridos, direção de veículos, desenhos, avaliações da
qualidade. Não confundir com o exame médico, no qual se determina uma
anormalidade e prescreve lentes corretivas, estes testes somente
determinam se há ou não algum déficit, mas não identifica qual. Para a
determinação da acuidade visual de longe, pode ser utilizada a Tabela de
Snellen “E”, e para acuidade visual de perto os Cartões de Jaeger que
associa “Es” e números. Teste de visão cromática para determinar o
Daltonismo.
 Teste de Função Pulmonar/ Espirometria – utilizada para se determinar a
quantidade de ar que o trabalhador pode expulsar dos pulmões após uma

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expiração máxima, permitindo, assim, a identificação de distúrbios
ventilatórios e o grau de gravidade deles. Importante para os trabalhadores
com exposição a aerodispersóides e risco de desenvolvimento das
pneumoconiose, são exemplos os trabalhadores de aviários, indústria
carvoeira, trabalhadores das estradas. Deve ser estabelecido em conjunto
com o PPR, associado a outras medidas e exames.
 Teste de Acuidade Auditiva/ Audiometria – o site Guia Trabalhista traz
informações importantes sobre a audiometria:

a realização do teste audiométrico demonstra o estado de sensibilidade


auditiva de um indivíduo, importante exame para os trabalhadores
expostos a altos níveis de pressão sonora. Faz parte do Programa de
Conservação Auditiva (PCA), relacionado à prevenção da PAIR – perda
auditiva induzida pelo ruído.
 Eletrocardiograma (ECG) e Eletroencefalograma (EEC) – a NR
35, sobre trabalho em altura determina que o EEG, ECG, pesquisa de
anemia com eritrogra e glicemia em jejum devem fazer parte dos exames
admissionais e periódicos. O objetivo é determinar fatores de risco
clínicos para exercer atividades em altura que podem provocar quedas,
acidentes graves e até mesmo a morte de um trabalhador. Estes exames
podem diagnosticar a presença de condições clínicas que podem
provocar uma queda, como; epilepsia, vertigem, tonturas, distúrbios de
equilíbrio, alterações cardiovasculares. A NR 35 identifica como
trabalhos em altura aquele realizado acima de 2 metros, onde haja risco
de queda.

 Exames laboratoriais – bioquímicos e toxicológicos – exames importantes


para acompanhamento dos indicadores biológicos, de acordo com a
exposição aos agentes químicos. Devem ser, no mínimo, semestrais ou a
critério médico.

FINALIZANDO

O enfermeiro, pela característica de ser o líder da equipe de enfermagem,


é um gestor, ou seja, possui equipe, deve gerenciar esta equipe, delega tarefas e
é o responsável por tudo que a equipe executa. Sendo responsável pelo
desempenho da equipe, também é o responsável por tornar o trabalho dela o mais
eficiente e seguro possível; fundamentada neste raciocínio, posso afirmar que é o
responsável pela prevenção de riscos e promoção da saúde, não somente a do
enfermeiro do trabalho.
As instituições de saúde, em geral, possuem riscos importantes à saúde do
trabalhador de enfermagem e da equipe de saúde como um todo. Os riscos vão
desde riscos biológicos inerentes à manipulação de secreções corporais, até
riscos radioativos em instituições com radiologia, radioterapia e terapia nuclear.
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Riscos químicos comuns na administração de quimioterapias e antibióticos os
quais provocam uma redução da resposta imunológica do indivíduo que a
manipula, mesmo que utilizando de todo equipamento de proteção individual e
coletivo, como as capelas de fluxo laminar.
O enfermeiro é o profissional que detém o conhecimento sobre medidas
preventivas e protetivas dos indivíduos, onde estão inseridos os trabalhadores da
saúde. Não há necessidade, então, de se aguardar pelo enfermeiro do trabalho
para executar medidas que protejam os trabalhadores, já que possuem o mesmo
conhecimento e capacitação técnica, o quanto mais precoce é detectado e tratado
um risco, mais eficaz é a medida pelo menor tempo de exposição.
Sendo o enfermeiro parte integrante da equipe de saúde, não pode privar
os outros trabalhadores de sua atenção, afinal, trata-se de uma equipe que possui
os mesmos objetivos, cada um em sua área, lembrando o farmacêutico, médico,
nutricionistas, fisioterapeutas, fonoterapeutas, profissionais técnicos, copeiras,
seguranças, higienizadores, não dominam os conhecimentos preventivos e
protetivos de sua saúde. Vale ressaltar aqui os profissionais do serviço de
manutenção, desconhecem totalmente os riscos a que estão expostos,
trabalhando em uma instituição de saúde, é do enfermeiro a responsabilidade de
instruir estes trabalhadores para tomar as medidas protetivas.
Instrumento importante na atuação do enfermeiro do trabalho, assim como
para a atuação de um enfermeiro de instituição de saúde é a Consulta de
Enfermagem. No caso do enfermeiro do trabalho, o cliente consultado é o
trabalhador e o foco é sua atividade laborativa passada e atual, já o enfermeiro de
instituição de saúde o cliente é um paciente e o foco da consulta é seu histórico
de saúde atual e passado.
Para refletir – Resposta
Tratando, então, de nossa questão proposta no item Contextualizando:

Alternativa “A” é a correta, pois a afirmativa I, II e III estão corretas; o


decreto que regulamenta a Consulta de Enfermagem é o Decreto n.
94.406/87; a consulta de enfermagem contém como etapas o histórico
de enfermagem , exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição
e implementação da assistência e evolução de enfermagem; de acordo
com o SUS, a consulta de enfermagem deve possuir como fundamento
os princípios de universalidade, equidade, resolutividade e integralidade
das ações de saúde. A afirmativa III está incorreta pois se trata de
atividade privativa do enfermeiro, ou seja, ao técnico de enfermagem é
vetado sua realização, bem como a qualquer outro profissional, mas na
consulta de enfermagem o enfermeiro deve utilizar de componentes do
método científico para identificar situações de saúde e doença, a fim de
prescrever e implementar medidas de enfermagem que contribuam para
a promoção, prevenção, proteção da saúde, recuperação e reabilitação
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do indivíduo, família e comunidade. (Disponível em:
<https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/10663678/ac41af11a6c0/p
rova_v22_tipo_001.pdf>. Acesso em: 21 maio 2018.)

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Diário Oficial da União, Brasília.


Disponível em:
<http://www.ipsm.mg.gov.br/arquivos/legislacoes/legislacao/leis/lei_8213.pdf>.
Acesso em: 21 maio 2018.

_____. Portaria n. 3.275, de 21 de setembro de 1989. Diário Oficial da União,


Brasília. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/920163.pdf>.
Acesso em: 21 maio 2018.

_____. Ministério da Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde no


Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho. Brasília, 2001. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_trabalho_ma
nual_procedimentos.pdf>. Acesso em: 21 maio 2018.

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LTDA, 1976. v.1

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Disponível em: <http://portaltelemedicina.com.br/conheca-o-papel-do-enfermeiro-
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MORAES, M. V. G. Enfermagem do Trabalho: programas, procedimentos e


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Trabalho. Disponível em: <http://www.mppr.mp.br/pagina-803.html>. Acesso em:
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em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/o-papel-
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RIBEIRO, M. C. S. Enfermagem e Trabalho: fundamentos para a atenção à


saúde dos trabalhadores. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2012.

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