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Aula 6

1 Noções conceituais de higiene do trabalho e


suas relações com o ambiente de trabalho: 1.1
Agentes nocivos e os agravos à saúde do tr...

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Trabalhador e da Trabalhadora para Bloco 4...

Prof. Nicole Rodrigues de Oliveira


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Aula 6: 1 Noções conceituais de higiene d...

Sumário
.......................................................................................................................................................................................

AGENTES NOCIVOS E OS AGRAVOS À SAÚDE DO TRABALHADOR................................................................. 3

HIGIENE DO TRABALHO: ANTECIPAÇÃO, RECONHECIMENTO 9

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Agentes nocivos e os agravos à saúde do trabalhador

1.1. Doença Ocupacional


A legislação brasileira, mais precisamente o inciso II do artigo 20 da Lei n. 8.213 de 24 de julho de 1991, reconhece e
define a doença ocupacional como uma enfermidade que está presente na lista mencionada no inciso I. Isso significa
que determinadas doenças estão oficialmente reconhecidas como sendo de origem relacionada ao trabalho e são
passíveis de serem consideradas para fins de benefícios previdenciários.
No contexto das doenças ocupacionais, é crucial considerar que há uma gama variada de condições que podem ser
causadas pelas circunstâncias do trabalho. Por exemplo, o câncer em trabalhadores de minas e refinações de níquel, a
exposição ao amianto ou materiais radioativos, doenças pulmonares decorrentes de exposição a poeira, névoa, vapores
ou gases prejudiciais, bem como a surdez causada por ambientes ruidosos, ilustra a diversidade das doenças que
podem ser consideradas ocupacionais.
A detecção precoce e a prevenção de doenças ocupacionais são de extrema importância para garantir a saúde e a
segurança dos trabalhadores. Isso envolve a implementação de medidas de proteção, monitoramento da saúde
dos funcionários expostos a riscos e a conscientização sobre a importância de adotar práticas seguras no
ambiente de trabalho.

1.1.1. Impacto causado pelas Doenças Ocupacionais


A incidência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho impacta significativamente as empresas,
independentemente de seu porte. Os custos associados a esses eventos podem ser substanciais, afetando tanto a
saúde financeira das organizações quanto sua reputação e responsabilidade social. Entre os anos de 2012 e 2018, o
Brasil testemunhou uma alarmante quantidade de 4,5 milhões de ocorrências relacionadas à saúde e segurança do
trabalho, juntamente com o trágico registro de 16,4 mil mortes de trabalhadores. Essas estatísticas abrangem desde
acidentes até afastamentos ocasionados por doenças relacionadas ao ambiente profissional.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) enfatiza a magnitude desses impactos a nível global. Conforme a OIT,
cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, equivalente a US$ 2,8 trilhões, são perdidos anualmente devido
aos custos diretos e indiretos decorrentes de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Isso ressalta a dimensão
econômica desses problemas e sublinha a necessidade de abordagens proativas para mitigar os riscos associados.
A questão financeira também se manifesta nas despesas previdenciárias associadas a acidentes e doenças no ambiente
de trabalho. No período de 2012 a 2020, as despesas acidentárias totalizaram mais de R$ 100 bilhões em gastos
previdenciários. Esses números representam um ônus tanto para o sistema previdenciário quanto para as próprias
empresas, que enfrentam encargos adicionais, perda de produtividade e outros impactos negativos.
As doenças profissionais representam uma parcela significativa das mortes relacionadas ao trabalho,
respondendo por uma fatia substancial de 86,3%, em contraste com os acidentes de trabalho que totalizam
13,7%. No entanto, paradoxalmente, essas doenças muitas vezes carecem da visibilidade adequada no âmbito
dos sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho.
O panorama das doenças profissionais é muitas vezes obscurecido, apesar de serem responsáveis pela maioria das
mortes relacionadas ao trabalho. É notável que, enquanto os acidentes de trabalho recebem atenção considerável, as
doenças profissionais não gozam do mesmo destaque. As doenças profissionais representam 86,3% das mortes no
contexto do trabalho, enquanto os acidentes de trabalho correspondem a 13,7%. Ainda é possível destacar que a
necessidade de prevenção de lesões musculoesqueléticas (LME) relacionadas ao trabalho, que têm uma influência
significativa nessas estatísticas.

1.2. Complexidade das Doenças Ocupacionais

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As doenças ocupacionais surgem como resultado da interação entre diversos fatores, incluindo as condições de
trabalho, as características individuais dos trabalhadores e os riscos presentes no ambiente laboral. Essa
complexidade torna a identificação, diagnóstico e tratamento das doenças ocupacionais um desafio significativo para
os profissionais de saúde, segurança e direito do trabalho.
Uma das principais características que aumentam a complexidade das doenças ocupacionais é o fato de que uma
doença pode ser causada por uma combinação de fatores, como exposição a substâncias químicas, movimentos
repetitivos, posturas inadequadas, estresse psicológico e outros. Essa interação de fatores dificulta identificar uma
única causa raiz, exigindo uma abordagem holística na investigação. Além disso, as doenças ocupacionais podem ter
uma apresentação clínica variada, o que muitas vezes torna o diagnóstico mais complexo. Um mesmo agente de risco
no ambiente de trabalho pode resultar em diferentes doenças ou sintomas em diferentes indivíduos,
dependendo de fatores como predisposição genética, saúde geral e outros fatores individuais. Isso exige uma
análise minuciosa e uma compreensão profunda da relação entre exposição e sintomas.
A complexidade também é agravada pelo fato de que muitas doenças ocupacionais têm um período de latência entre
a exposição e o desenvolvimento dos sintomas. Isso significa que os efeitos nocivos do ambiente de trabalho podem
levar anos para se manifestarem clinicamente. Esse atraso dificulta a associação direta entre a doença e o trabalho,
tornando necessária uma análise retrospectiva detalhada das condições de trabalho ao longo do tempo.
Além disso, a ampla gama de setores industriais e tipos de trabalho cria uma diversidade de riscos ocupacionais.
Profissões variadas estão expostas a diferentes agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais. A
colaboração entre médicos, especialistas em segurança no trabalho, ergonomistas, psicólogos ocupacionais e outros
profissionais é essencial para uma compreensão abrangente dos fatores envolvidos e para a implementação de
estratégias de prevenção eficazes.

1.2.1. Investigação e Diagnóstico das Doenças Ocupacionais


A investigação e diagnóstico das doenças do trabalho desempenham um papel crucial na identificação precoce,
tratamento adequado e prevenção dessas condições que afetam a saúde dos trabalhadores. Dado que as doenças
ocupacionais muitas vezes apresentam características específicas ligadas ao ambiente de trabalho, a abordagem de
investigação e diagnóstico requer métodos e estratégias diferenciados em comparação com as doenças não
ocupacionais.
Vamos ver os tipos de Investigação que podem ser usadas para avaliar doenças como relacionadas ao trabalho:

1. História Ocupacional: Começando com uma análise detalhada da história ocupacional do paciente, os profissionais
de saúde podem identificar exposições a riscos no ambiente de trabalho que podem estar associadas ao
desenvolvimento da doença. Perguntas sobre o tipo de trabalho, duração, tarefas executadas, exposição a produtos
químicos, agentes físicos, movimentos repetitivos e outros fatores são essenciais.
2. Avaliação Ambiental: Realização de avaliações no local de trabalho para identificar potenciais agentes causadores
da doença. Isso pode incluir medições de substâncias químicas no ar, análise ergonômica do ambiente, avaliação de
ruído, entre outros.
3. Exame Físico: Um exame clínico detalhado pode revelar sinais específicos associados a doenças ocupacionais. Por
exemplo, manchas cutâneas causadas por exposição a produtos químicos ou padrões específicos de dor em doenças
musculoesqueléticas.
4. Exames Complementares: Testes laboratoriais, radiografias, exames de imagem e outros procedimentos podem
ser utilizados para confirmar o diagnóstico, avaliar a gravidade e determinar a relação com o ambiente de trabalho.
Investigar e diagnosticar doenças do trabalho requer conhecimento especializado e cooperação entre diferentes
profissionais. A detecção precoce e a prevenção eficaz são fundamentais para proteger a saúde dos trabalhadores e
criar ambientes de trabalho seguros e saudáveis.
Vamos observar agora algumas formas de diagnóstico:

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1. Associação Causal: O diagnóstico das doenças ocupacionais requer a associação causal entre a exposição no
ambiente de trabalho e os sintomas apresentados. É essencial estabelecer a relação entre os fatores ocupacionais e a
condição de saúde do paciente.
2.Diferencial: Muitas doenças ocupacionais apresentam sintomas semelhantes a outras condições não ocupacionais.
Portanto, é necessário considerar um diagnóstico diferencial, excluindo outras causas possíveis dos sintomas.
3.Critérios de Diagnóstico: Algumas doenças ocupacionais têm critérios de diagnóstico específicos estabelecidos por
organizações de saúde. Os profissionais devem estar familiarizados com esses critérios para fazer um diagnóstico
preciso.
4. Avaliação Multidisciplinar: A complexidade das doenças ocupacionais muitas vezes exige uma abordagem
multidisciplinar. Médicos, enfermeiros, especialistas em segurança no trabalho, ergonomistas e psicólogos podem
contribuir para um diagnóstico abrangente.
5. Registro e Notificação: O diagnóstico de doenças ocupacionais deve ser devidamente registrado e notificado às
autoridades competentes, conforme as leis e regulamentos locais. Isso é essencial para rastrear tendências e
implementar medidas preventivas.

1.2.2. Prevenção das Doenças Ocupacionais


Uma das principais metas para Saúde e Segurança do Trabalhador é a prevenção das doenças ocupacionais. Isso
envolve a avaliação e controle dos riscos presentes nos locais de trabalho, bem como a implementação de medidas de
proteção adequadas. A introdução de equipamentos de proteção individual, treinamento adequado, ajustes
ergonômicos e políticas de saúde ocupacional eficazes são algumas das estratégias empregadas para minimizar os
riscos de doenças ocupacionais.
A prevenção das doenças ocupacionais é um aspecto fundamental da saúde e segurança no trabalho, visando
proteger os trabalhadores de riscos relacionados ao ambiente laboral e reduzir a incidência de enfermidades
causadas ou agravadas pelo trabalho. A prevenção abrange uma série de medidas e estratégias destinadas a
identificar, eliminar ou minimizar os perigos no local de trabalho, promovendo assim um ambiente saudável e
produtivo.
Para te auxiliar listei algumas estratégias de prevenção:

1. Identificação de Riscos: Realização de avaliações de risco para identificar perigos específicos associados a
determinadas atividades, agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais presentes no ambiente de
trabalho.
2. Eliminação e Substituição: A estratégia mais eficaz é eliminar o risco em sua fonte. Se isso não for possível, deve-se
considerar a substituição de substâncias ou equipamentos perigosos por alternativas mais seguras.
3. Controle de Engenharia: Implementação de medidas de controle no próprio ambiente de trabalho, como
isolamento de áreas perigosas, ventilação adequada, instalação de barreiras de proteção, entre outros.
4.Medidas Administrativas: Estabelecimento de procedimentos operacionais seguros, treinamentos regulares,
rotatividade de tarefas, pausas regulares para descanso e conscientização dos trabalhadores sobre os riscos e medidas
de prevenção.
5.Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): Quando não é possível eliminar completamente o risco, a utilização
de EPIs apropriados é essencial. Eles incluem equipamentos como máscaras, luvas, capacetes e protetores auriculares,
entre outros.
6.Ergonomia: Introdução de princípios ergonômicos para minimizar riscos associados a movimentos repetitivos,
posturas inadequadas e sobrecarga física, contribuindo para prevenir doenças musculoesqueléticas.
7.Promoção da Saúde Mental: Fomentar um ambiente de trabalho saudável do ponto de vista psicossocial, através de
programas de prevenção do estresse, incentivo à comunicação, gestão adequada de conflitos e apoio emocional aos
trabalhadores.

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8. Monitoramento e Avaliação: Implementação de sistemas de monitoramento contínuo para verificar a eficácia das
medidas de prevenção e identificar quaisquer novos riscos que possam surgir.
9. Capacitação e Treinamento: Educar os trabalhadores sobre os riscos associados às suas atividades, bem como
instruí-los sobre o uso correto de EPIs e medidas de prevenção é crucial para a prevenção de doenças ocupacionais.
10. Participação dos Trabalhadores: Incentivar a participação ativa dos trabalhadores na identificação de riscos e na
sugestão de medidas de prevenção, promovendo uma cultura de segurança no local de trabalho.
A prevenção das doenças ocupacionais não apenas protege os trabalhadores de danos à saúde, mas também contribui
para um ambiente de trabalho mais produtivo, reduzindo os custos associados a absenteísmo, tratamentos médicos e
afastamentos. É uma responsabilidade compartilhada entre empregadores, trabalhadores e autoridades
regulatórias, visando criar condições de trabalho saudáveis e seguras para todos.

Avanço Tecnológico e as Doenças Ocupacionais


Com o avanço tecnológico e a evolução dos ambientes de trabalho, novos desafios emergem na área da Patologia do
Trabalho. A exposição a agentes químicos e físicos em indústrias de alta tecnologia, os efeitos das novas formas de
trabalho, como o teletrabalho, e a crescente conscientização sobre saúde mental no ambiente de trabalho são apenas
alguns exemplos. A adaptação contínua das políticas de saúde ocupacional e a colaboração entre profissionais da área
são essenciais para lidar com esses desafios.
O avanço tecnológico trouxe inúmeras transformações nos ambientes de trabalho, impactando diretamente na
natureza das atividades laborais e, consequentemente, nas questões relacionadas às patologias do trabalho. Embora a
tecnologia tenha trazido eficiência, automação e melhorias em muitos aspectos, também introduziu novos desafios e
riscos para a saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Podemos listar como impactos das Tecnologias nos Ambientes de Trabalho:

1. Automação e Robótica: A introdução de máquinas e robôs em diversas indústrias reduziu a exposição dos
trabalhadores a tarefas repetitivas e monótonas, diminuindo riscos de lesões musculoesqueléticas. No entanto,
também trouxe a necessidade de operar, programar e manter essas máquinas, criando riscos de acidentes e
demandando novas competências.
2.Trabalho Remoto e Digitalização: A possibilidade de trabalhar remotamente e a digitalização de processos têm
vantagens, como a flexibilidade. Porém, também podem levar ao sedentarismo, problemas posturais, isolamento social
e aumento da carga de trabalho devido à dificuldade de separar vida pessoal e profissional.
3. Exposição a Telas e Dispositivos Eletrônicos: O uso intensivo de computadores, tablets e smartphones pode levar
à fadiga visual, dores musculares e distúrbios do sono, além de impactar negativamente a saúde mental.
4. Tecnologias na Indústria Pesada: Setores como a indústria química, petroquímica e nuclear podem envolver a
exposição a substâncias tóxicas e radioativas, exigindo medidas rigorosas de segurança e proteção.
A prevenção e intervenção diante da evolução dos ambientes laborais demanda abordagens inovadoras, incluindo a
capacitação dos trabalhadores para lidar com novos riscos e adotar posturas saudáveis, a garantia de espaços
ergonomicamente projetados para prevenir lesões, a implementação de programas de saúde mental para enfrentar o
aumento do estresse, a utilização de tecnologias para monitorar continuamente a saúde dos trabalhadores e identificar
problemas precocemente, além da adaptação das políticas de saúde e segurança para enfrentar os desafios
emergentes apresentados pelas novas tecnologias no ambiente de trabalho.

1.2.4. Concausa
A concausa é um conceito fundamental no campo das doenças ocupacionais, trazendo nuances e complexidades para
a compreensão das situações em que múltiplos fatores contribuem para eventos que afetam a saúde e a capacidade
laboral dos trabalhadores. De acordo com o inciso I do artigo 21 da Lei n. 8.213/1991, a concausa é equiparada ao
acidente de trabalho quando ela contribui diretamente para a morte do segurado, para a redução ou perda de

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sua capacidade de trabalho, ou para a ocorrência de lesões que exijam atenção médica para a recuperação. Em
resumo, a concausa é uma causa adicional que se junta à principal, exacerbando ou amplificando seus efeitos.
Essas concausas podem ser classificadas em três categorias:

1. Concausas Preexistentes: São fatores que já existiam antes do acidente de trabalho ou da exposição ao
ambiente laboral e que, quando combinados com as condições de trabalho, levam à ocorrência ou ao
agravamento do problema de saúde. Por exemplo, um trabalhador com uma condição de saúde pré-existente pode
sofrer complicações devido às exigências físicas de sua ocupação.
2.Concausas Concomitantes: São eventos que ocorrem simultaneamente ao acidente de trabalho ou à
exposição. Um exemplo é quando um trabalhador sofre um ataque cardíaco durante um evento traumático no local de
trabalho, como um assalto, que resulta em incapacidade ou morte.
3.Concausas Supervenientes: São eventos que ocorrem após o acidente de trabalho ou exposição, mas que
impactam negativamente a saúde ou a recuperação do trabalhador. Isso pode incluir intervenções médicas mal
executadas, infecções hospitalares ou falta de tratamento adequado durante a recuperação.
É importante observar que a presença de concausas não diminui a responsabilidade da empresa ou do
empregador na proteção da saúde e segurança dos trabalhadores. O foco em identificar e compreender as
concausas auxilia na tomada de decisões mais informadas para prevenir, mitigar ou tratar os riscos ocupacionais. Além
disso, essas considerações são fundamentais para a avaliação de responsabilidades legais e indenizações em casos de
acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho.

1.2.5. Dano Moral


O dano moral, no contexto das doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, emerge como uma esfera vital do
sistema jurídico, encapsulando não apenas as repercussões físicas, mas também o complexo panorama de angústias
emocionais e psicológicas que os trabalhadores podem enfrentar em decorrência dessas circunstâncias adversas. O
artigo 7º, XXVIII da Constituição Federal do Brasil delineia, de forma categórica, o direito do trabalhador à indenização
por doença ocupacional, desde que fique demonstrado o nexo causal entre as atividades profissionais exercidas e
a enfermidade contraída.
No centro deste assunto crucial está a ideia fundamental de que a doença tem sua origem diretamente nas atividades
laborais da empresa. Isso estabelece uma ligação de responsabilidade ou até mesmo intenção por parte do
empregador, o que, por sua vez, cria a base para a necessidade de compensação por danos emocionais. Essa
compensação vai além de ser apenas um conceito; ela atua como um meio para aliviar a dor intensa e o sofrimento
subjacente que a vítima enfrenta, servindo como uma forma de reparação que abrange aspectos que vão além do
financeiro.
No que diz respeito à determinação do valor a ser concedido como compensação por danos morais, surge um processo
complexo, influenciado tanto por regras estabelecidas previamente quanto pelas particularidades únicas de cada
situação específica. Nesse processo, o papel do ofensor e do ofendido é minuciosamente considerado em termos de
justiça. As jurisprudências ilustram que essa forma de compensação possui uma natureza inerentemente disciplinar,
indo além da simples função de reparação. Nesse contexto, o objetivo não é apenas aliviar o sofrimento individual,
mas, sobretudo, estabelecer um padrão de prudência e responsabilidade por parte das empresas, a fim de evitar
situações futuras que possam resultar em danos emocionais.
É essencial destacar que a busca por compensação por danos morais não é apenas uma busca individual, mas
uma expressão coletiva que ressoa a importância da saúde física e psicológica dos trabalhadores. Ao adotar uma
abordagem que enfatiza a dimensão moral da compensação, o sistema jurídico faz um apelo enfático para que as
empresas implementem rigorosas práticas de segurança ocupacional e saúde no trabalho. Além de promover um
ambiente de trabalho seguro, essa abordagem gera uma perspectiva de conscientização na qual a responsabilidade
corporativa se entrelaça com a ética, resultando em relações laborais mais saudáveis e justas.

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Higiene do Trabalho: antecipação, reconhecimento,


avaliação e controle da exposição ocupacional.
Pilares da Higiene do Trabalho
A higiene do trabalho é uma disciplina que se concentra na promoção da saúde e no bem-estar dos trabalhadores,
prevenindo doenças ocupacionais e melhorando as condições do ambiente de trabalho. Ela abrange uma série de
práticas e medidas que têm como objetivo identificar, avaliar e controlar os riscos presentes nos ambientes laborais, a
fim de proteger a saúde física e mental dos trabalhadores.
A higiene do trabalho, em sua amplitude, engloba um conjunto de normas e procedimentos essenciais que têm um
propósito claro e intransigente: proteger a saúde física e mental do trabalhador. Essa salvaguarda é vital, uma vez
que os riscos associados às tarefas inerentes ao cargo e ao ambiente físico de atuação podem ser potencialmente
prejudiciais. A definição da higiene do trabalho inclui diversas áreas de atuação, como:

Avaliação de Riscos: Identificação e análise dos perigos existentes no ambiente de trabalho, avaliando a
probabilidade de exposição dos trabalhadores a esses perigos e os potenciais efeitos sobre sua saúde.
Monitoramento da Exposição: Utilização de equipamentos e técnicas para medir e monitorar os níveis de
exposição dos trabalhadores a agentes prejudiciais, a fim de garantir que eles não ultrapassem os limites de
segurança estabelecidos.
Controle de Riscos: Desenvolvimento e implementação de estratégias para reduzir ou eliminar os riscos
identificados. Isso pode incluir modificações no ambiente de trabalho, adoção de medidas de engenharia,
implementação de práticas seguras e uso adequado de equipamentos de proteção individual.
Educação e Treinamento: Educação dos trabalhadores sobre os riscos ocupacionais, bem como a
promoção de práticas seguras no ambiente de trabalho através de treinamentos e conscientização.
Investigação de Acidentes e Doenças: Identificação das causas de acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais, a fim de implementar medidas para prevenir a ocorrência de incidentes semelhantes.

A Higiene do Trabalho não busca apenas entender, mas também controlar, os fatores que podem influenciar
adversamente a saúde do trabalhador. O enfoque preventivo é primordial, buscando promover a saúde e o conforto
do indivíduo, dissuadindo o surgimento de enfermidades que poderiam não só comprometer a saúde do trabalhador,
mas também resultar em ausências prejudiciais para a produtividade da empresa. Não se restringe somente à
esfera de ações individuais. Ela também se estende à análise e controle das condições do ambiente laboral. Buscando
a segurança do trabalhador além das normas e regulamentos. Demandando um esforço conjunto, com as empresas
desempenhando um papel fundamental. Fornecendo treinamento adequado e conscientização, permitindo que os
funcionários compreendam os perigos associados a suas tarefas e como mitigá-los de maneira eficaz.
A transformação necessária para alcançar níveis satisfatórios de higiene e segurança no ambiente de trabalho requer a
reavaliação dos hábitos arraigados e das práticas existentes. Esse processo de mudança não é meramente técnico, mas
profundamente humano. O valor humano, muitas vezes obscurecido pelas demandas comerciais, precisa ser
resgatado como um componente central dessa evolução. Quando a organização demonstra preocupação real pela
higiene e segurança do trabalhador, um sinal inconfundível de valorização é emitido. Ela é um compromisso com o
bem-estar humano, um esforço colaborativo para criar um ambiente onde o valor de cada trabalhador é
reconhecido e protegido. As próprias características das atividades desenvolvidas, a dinâmica organizacional, as
interações interpessoais e a exposição a agentes físicos, químicos ou biológicos, podem culminar para proteção dos
trabalhadores e ambiente de trabalho salubre.

Etapas da Higiene do Trabalho

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As etapas da higiene ocupacional são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e
controle de riscos nos ambientes de trabalho. As quatro principais etapas são:
1. Antecipação: Nesta etapa, os profissionais de higiene ocupacional identificam e avaliam os riscos potenciais antes
que eles se tornem um problema real. Isso envolve a análise detalhada das atividades laborais, processos, substâncias
químicas, agentes biológicos, equipamentos e outras variáveis que possam representar um risco para a saúde dos
trabalhadores. A antecipação permite que medidas preventivas sejam planejadas e implementadas antes que os riscos
se materializem.
2. Reconhecimento: O reconhecimento dos riscos envolve a identificação precisa dos perigos presentes no ambiente
de trabalho. Nessa etapa, os profissionais buscam entender quais agentes físicos, químicos, biológicos ou outros
podem representar ameaças à saúde dos trabalhadores. Isso inclui não apenas a identificação dos riscos conhecidos,
mas também a consideração de fatores emergentes ou desconhecidos.
3. Avaliação: A avaliação dos riscos é um passo crítico que envolve a quantificação da exposição dos trabalhadores aos
agentes de risco identificados. Isso pode incluir medições de concentração de substâncias químicas, níveis de ruído,
vibrações, entre outros parâmetros. A avaliação é crucial para determinar se os níveis de exposição estão dentro dos
limites de segurança estabelecidos pelas normas e regulamentações.
4.Controle de Riscos: Com base nas informações coletadas nas etapas anteriores, os profissionais de higiene
ocupacional desenvolvem estratégias para controlar e minimizar os riscos identificados. Isso pode envolver medidas de
engenharia (modificações no ambiente de trabalho), medidas administrativas (procedimentos de segurança) e o uso
correto de equipamentos de proteção individual. O objetivo é reduzir ao máximo a exposição dos trabalhadores a
agentes prejudiciais.
A importância dessas etapas é evidente não apenas para a segurança e saúde dos trabalhadores, mas também para o
cumprimento das normas e regulamentações estabelecidas. A evolução das normas, como a transição do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) para o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), reflete o contínuo
aprimoramento das abordagens de higiene ocupacional para garantir ambientes de trabalho cada vez mais seguros e
saudáveis.

Gestão de doenças ocupacionais


A gestão das doenças ocupacionais é um processo complexo que requer a aplicação de princípios, conceitos e
ferramentas de gestão. Essa abordagem é essencial para garantir a eficácia na prevenção, identificação, análise e
intervenção em relação às doenças relacionadas ao trabalho. O processo de gestão das doenças profissionais se
desdobra em três fases interconectadas.
Inicialmente, há a necessidade de compreender profundamente as doenças relacionadas ao trabalho e o contexto em
que ocorrem, empregando princípios de saúde ocupacional. Posteriormente, focaliza-se na análise do comportamento
dos trabalhadores dentro desse ambiente, aplicando conhecimentos comportamentais para compreender interações,
medidas de segurança e influências psicossociais. Finalmente, os insights obtidos são aplicados na análise e
intervenção, moldando estratégias que vão desde a mitigação de riscos até treinamentos e mudanças nas práticas
laborais, contribuindo para ambientes de trabalho mais saudáveis e seguros.
A figura 1 apresenta é um triangulo de gestão de Investigação e Análise de Doenças Ocupacionais, onde a
informação flui entre as três partes, permitindo uma abordagem integrada e adaptativa. Este triangulo é um modelo
estruturado utilizado para analisar e compreender as relações complexas entre os elementos fundamentais envolvidos
nas doenças relacionadas ao trabalho. Ao analisar os três lados do triângulo de maneira integrada, é possível identificar
os fatores que contribuem para as doenças ocupacionais, permitindo uma abordagem mais abrangente para
prevenção, intervenção e melhoria das condições de trabalho e saúde dos trabalhadores.

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Investigação das Doenças Ocupacionais - Ferramentas


As ferramentas auxiliam na coleta e análise de dados, na identificação de causas raiz, na avaliação de riscos e na
tomada de decisões embasadas. Essas ferramentas variam desde checklists de inspeção até análises estatísticas mais
avançadas. A investigação de riscos e doenças ocupacionais é uma parte essencial da gestão de saúde e segurança no
trabalho. Ela envolve a identificação, análise e avaliação dos riscos presentes no ambiente de trabalho, bem
como a detecção e diagnóstico precoce de doenças relacionadas ao trabalho.

Análise Preliminar de Riscos - APR


A Análise Preliminar de Riscos (APR) é uma ferramenta crucial na gestão de segurança ocupacional e na prevenção de
doenças e acidentes no ambiente de trabalho. Ela envolve a identificação e avaliação antecipada dos potenciais
riscos associados a uma determinada tarefa, atividade ou processo. O objetivo principal da APR é antecipar
situações de perigo, compreender suas causas e consequências, e tomar medidas preventivas para minimizar ou
eliminar esses riscos. O processo de APR geralmente segue os seguintes passos:
1.Identificação da Tarefa ou Atividade: Começa-se por selecionar a tarefa ou atividade a ser analisada. Isso pode
envolver uma ampla variedade de atividades, desde operações industriais até procedimentos em escritórios.
2.Identificação dos Riscos: São identificados todos os possíveis riscos associados à tarefa. Isso inclui riscos físicos,
químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais. Exemplos podem ser quedas de altura, exposição a produtos
químicos perigosos, levantamento incorreto de pesos, posturas inadequadas, entre outros.
3. Avaliação dos Riscos: Cada risco identificado é avaliado quanto à sua probabilidade de ocorrer e ao potencial
impacto caso ocorra. Isso ajuda a classificar os riscos em termos de severidade.
4.Medidas de Controle: Com base na avaliação dos riscos, medidas de controle são determinadas. Estas podem
envolver modificações nas práticas de trabalho, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), treinamento
adequado, ajustes ergonômicos, entre outras.

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5. Implementação e Monitoramento: As medidas de controle são implementadas e o processo é monitorado para


garantir a eficácia das medidas adotadas. Caso necessário, ajustes podem ser feitos para melhorar a segurança.
Em trabalhos em altura, por exemplo, a APR identificaria pontos de risco, avaliaria a eficácia dos equipamentos de
segurança e recomendaria medidas para prevenir quedas. Já em laboratórios com manuseio de produtos químicos
perigosos, a APR focaria em sistemas de ventilação, uso correto de EPIs e sinalização.

Check List
Uma checklist ou lista de verificação é uma série de itens ou etapas que precisam ser revisados ou realizados. Essa lista
pode ser física (em papel) ou digital, e pode ser adaptada para atender às necessidades específicas de diferentes
atividades ou setores. São ferramentas valiosas usadas em várias áreas para garantir a consistência, precisão e
conformidade em processos e atividades. Elas são particularmente úteis em ambientes de trabalho para garantir que
tarefas sejam realizadas de maneira completa e correta, e para identificar potenciais problemas ou riscos.

As vantagens do uso de checklists incluem:

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1.Organização e Estrutura: Uma lista de verificação ajuda a organizar as tarefas ou etapas de um processo de forma
lógica e estruturada. Isso ajuda a evitar a omissão de itens importantes.
2.Padronização: O uso de checklists garante que as mesmas etapas sejam seguidas todas as vezes, resultando em
consistência e qualidade nos resultados.
3. Eficiência: Ao seguir uma lista de verificação, os trabalhadores podem completar as tarefas de maneira mais
eficiente, uma vez que sabem exatamente o que precisa ser feito.
4. Redução de Erros: Checklists ajudam a identificar e corrigir erros antes que eles se tornem problemas maiores,
contribuindo para a prevenção de acidentes e para a melhoria da qualidade.
5. Documentação: Checklists podem servir como registros documentados de que as etapas foram concluídas ou que
os procedimentos foram seguidos, o que pode ser útil para auditorias ou para fins de conformidade.

RULA
A RULA, que significa "Rapid Upper Limb Assessment" ou "Avaliação Rápida dos Membros Superiores", é uma
ferramenta ergonômica utilizada para avaliar rapidamente os riscos ergonômicos associados às atividades que
envolvem movimentos repetitivos dos membros superiores, como braços, mãos e pescoço. A RULA é
frequentemente aplicada em ambientes de trabalho para melhorar a ergonomia e reduzir o risco de lesões
ocupacionais. Ela avalia as posturas do corpo e os movimentos dos membros superiores em uma tarefa
específica, atribuindo níveis de risco baseados em uma série de fatores. A avaliação é feita seguindo um processo
sistemático:
1.Análise das Posturas Iniciais: São observadas as posturas iniciais do trabalhador antes de iniciar a tarefa. Isso inclui a
posição do corpo, braços, mãos, pescoço e outras partes relevantes.
2. Avaliação dos Segmentos Corporais: Cada segmento corporal (como ombros, cotovelos, punhos, etc.) é avaliado
individualmente quanto à postura e angulação. São atribuídos níveis de risco para cada segmento.
3. Avaliação dos Movimentos: Os movimentos realizados durante a tarefa são analisados quanto à frequência e
repetitividade, bem como à carga de força aplicada.
4.Combinação de Níveis de Risco: A partir das avaliações dos segmentos corporais e movimentos, são combinados os
níveis de risco para determinar um nível geral de risco ergonômico.
5.Recomendações de Intervenção: Com base no nível de risco identificado, são feitas recomendações de intervenção
para melhorar a ergonomia da tarefa. Isso pode incluir alterações nas posturas, na organização do trabalho ou na
adoção de ferramentas ergonômicas.
A avaliação da RULA é realizada com o auxílio de uma escala de classificação que atribui valores aos segmentos
corporais e movimentos, como mostra a figura 3. Essa escala ajuda a quantificar o nível de risco ergonômico e a
priorizar as intervenções necessárias.
A RULA é uma ferramenta útil para identificar rapidamente áreas de risco ergonômico e tomar medidas para prevenir
problemas de saúde relacionados ao trabalho.

HAZOP
O HAZOP, que significa "Hazard and Operability Study" (Estudo de Perigos e Operabilidade), é uma técnica sistemática
usada principalmente na indústria para identificar potenciais riscos, perigos e deficiências em processos, sistemas e
operações. O objetivo principal do HAZOP é examinar detalhadamente as operações e os sistemas para
identificar cenários de risco e propor medidas de mitigação, melhorando a segurança, confiabilidade e
eficiência.
O HAZOP envolve a formação de uma equipe multidisciplinar composta por especialistas em diferentes áreas
relevantes. A equipe segue um processo estruturado que geralmente inclui os seguintes passos:

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1. Seleção do Processo ou Sistema: O processo ou sistema a ser analisado é escolhido. Pode ser um processo de
fabricação, uma operação industrial, uma planta química, entre outros.
2.Identificação dos Parâmetros de Estudo: A equipe identifica os parâmetros críticos do processo ou sistema que
serão analisados. Isso pode incluir variáveis como temperatura, pressão, fluxo, tempo, entre outros.
3. Geração de Desvios e Cenários: A equipe começa a gerar desvios possíveis nos parâmetros selecionados e explora
cenários hipotéticos onde esses desvios podem ocorrer. Isso inclui variações acima ou abaixo dos valores normais.
4. Análise dos Desvios: Para cada cenário, a equipe analisa os possíveis efeitos adversos que podem ocorrer, bem
como suas causas e consequências. Isso envolve identificar os riscos de segurança, ambientais e operacionais.
5. Identificação de Medidas de Controle: Com base nas análises, a equipe propõe medidas de controle e mitigação
para evitar ou reduzir os riscos identificados. Isso pode incluir mudanças nos procedimentos operacionais, uso de
equipamentos de segurança, revisão de projetos, entre outras ações.
6. Documentação: O processo HAZOP é documentado em um relatório detalhado que registra todos os cenários
analisados, as análises de risco e as recomendações de controle.
A análise HAZOP (Hazard and Operability Study) envolve a análise sistemática de desvios nas condições normais de
operação de um sistema e a avaliação dos impactos desses desvios. As palavras-guia usadas na análise HAZOP são
fundamentais para guiar a identificação dos desvios e suas consequências. Algumas palavras-guia importantes
incluem:

Nenhum: Esta palavra-chave questiona a ausência de um componente, ação ou condição esperada no


processo, o que pode levar a resultados indesejados.
Mais: "Mais" implica um aumento quantitativo em um parâmetro, como temperatura, pressão ou fluxo, que
pode resultar em riscos ou falhas operacionais.
Menos: O termo "menos" aponta para uma diminuição quantitativa em um parâmetro, podendo levar a
problemas operacionais ou situações perigosas.
Parte de: Essa expressão investiga uma parte específica do sistema que pode ter desvios em relação à
condição normal, identificando seus possíveis efeitos.
Mais do que: "Mais do que" foca na possibilidade de que uma condição ou parâmetro exceda limites críticos,
resultando em consequências adversas.
Menos do que: Similar a "mais do que", essa expressão sugere que um parâmetro ou condição está abaixo do
necessário ou aceitável, podendo levar a riscos.
Reação: A palavra-chave "reação" aborda mudanças químicas ou físicas no processo que podem resultar em
produtos perigosos ou indesejados.
Além disso: considera os efeitos combinados de múltiplos desvios, levando em conta suas interações e
impactos.
Participação inversa: Essa expressão questiona o oposto do esperado em uma situação, destacando a
possibilidade de situações não conformes.
Outra maneira: "Outra maneira" sugere alternativas para as operações normais que podem gerar riscos ou
desvios.

Essas palavras-chave são empregadas para explorar cenários potenciais de risco e desvio nos processos
industriais durante uma análise HAZOP. Elas ajudam a equipe a considerar diferentes ângulos e variações,
identificando assim uma ampla gama de possíveis perigos e vulnerabilidades.

Análise de Árvore de Falhas- FTA


A Análise de Árvore de Falhas (FTA, do inglês "Failure Mode and Effects Analysis") é uma técnica utilizada para
identificar e analisar as possíveis combinações de eventos que podem levar a um determinado evento

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indesejado, muitas vezes referido como "modo de falha". Ela é uma ferramenta especialmente adequada para a
análise de riscos em sistemas complexos devido à sua capacidade de incorporar conceitos estatísticos nas
modelagens. Essa abordagem não apenas permite a identificação de possíveis falhas em um sistema, mas
também quantifica a probabilidade associada a essas falhas, proporcionando uma base estatística para a tomada
de decisões relacionadas ao risco e sua taxa de ocorrência. A FTA envolve a criação de um diagrama de árvore que
descreve as relações entre os eventos que podem levar ao evento indesejado. O processo geralmente segue os
seguintes passos:
1.Identificação do Evento Indesejado (Top Event): O primeiro passo é identificar o evento indesejado que se deseja
analisar. Pode ser um acidente, uma falha crítica ou outro resultado negativo.
2.Identificação das Causas Básicas (Eventos Primários): Em seguida, são identificadas as causas mais básicas que
podem contribuir para o evento indesejado. Essas são representadas como "eventos primários" na parte inferior do
diagrama.
3. Identificação das Causas Intermediárias e Finais: A partir dos eventos primários, as causas intermediárias e finais
são identificadas e adicionadas à árvore. Isso cria uma representação hierárquica das relações entre os eventos.
4. Avaliação das Probabilidades e Consequências: Para cada evento na árvore, são avaliadas a probabilidade de o
evento ocorrer e as consequências caso ele ocorra. Isso pode ser feito por meio de análises quantitativas ou
qualitativas.
5. Determinação dos Valores de Risco: Com base nas avaliações de probabilidade e consequências, os valores de risco
são atribuídos a cada evento na árvore. Isso ajuda a identificar os eventos de maior risco e priorizar ações de mitigação.
6. Identificação de Medidas de Controle: Com base na análise da árvore, medidas de controle são identificadas para
prevenir ou reduzir as causas dos eventos indesejados. Isso pode envolver alterações de projeto, melhorias nos
procedimentos, treinamento adicional, entre outras ações.

Análise de Causa Raiz- RCA


A Análise de Causa Raiz (RCA, do inglês "Root Cause Analysis") é uma metodologia sistemática usada para identificar a
causa fundamental ou raiz de um problema, incidente ou evento indesejado. O objetivo principal da RCA é entender
por que um evento ocorreu em primeiro lugar, em vez de apenas tratar dos sintomas superficiais. Essa
abordagem visa prevenir recorrências, melhorar processos e sistemas, e promover a aprendizagem
organizacional. A RCA envolve uma série de etapas que guiam a investigação para encontrar a causa raiz subjacente.
As etapas típicas incluem:
1. Definir o Problema: Começa-se definindo claramente o problema, incidente ou evento indesejado que precisa ser
investigado. Isso ajuda a direcionar a análise.
2. Coletar Dados: São coletados dados relevantes sobre o evento em questão, incluindo informações sobre o que
aconteceu, onde aconteceu, quem estava envolvido e quaisquer fatores contextuais.
3. Identificar Causas Imediatas: São identificadas as causas imediatas do evento. Essas são as causas mais próximas
que contribuíram para o evento ocorrer.
4. Perguntar "Por Quê?": Para cada causa imediata identificada, são feitas perguntas repetidas "por quê?" para
explorar as causas subjacentes. O objetivo é ir além das causas superficiais e identificar as verdadeiras razões pelas
quais essas causas ocorreram.
5. Analisar Causas Fundamentais: Continuando a fazer perguntas "por quê?", a análise busca encontrar as causas
fundamentais ou raízes. Essas são as causas subjacentes que, se tratadas, podem prevenir recorrências.
6.Identificar Soluções: Uma vez que as causas raízes são identificadas, são propostas soluções para abordá-las e
prevenir futuros incidentes. Essas soluções podem envolver mudanças em processos, treinamento, procedimentos,
design de sistemas, entre outros.
7.Implementar Ações Corretivas: As soluções identificadas são implementadas, acompanhadas e monitoradas para
garantir que elas sejam eficazes.

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A RCA é amplamente usada em várias indústrias, incluindo saúde, manufatura, aviação, engenharia e gestão de
projetos. Ela é uma ferramenta poderosa para promover melhorias contínuas, aumentar a segurança, a qualidade e a
eficácia, além de prevenir a repetição de eventos indesejados. Ao abordar as causas raízes, as organizações podem
criar ambientes mais seguros, eficientes e confiáveis.

Análise de Modos de Falhas e Efeitos - FMEA


A Análise de Modos de Falha e Efeitos (FMEA, do inglês "Failure Mode and Effects Analysis") é uma metodologia
utilizada para avaliar os riscos associados a sistemas, processos, produtos ou serviços, identificando potenciais
modos de falha, seus efeitos e suas causas. O objetivo principal da FMEA é prevenir ou mitigar falhas e seus
impactos, melhorando a confiabilidade, segurança e qualidade. A FMEA é realizada em equipe, geralmente
composta por especialistas de diferentes áreas, e segue um processo estruturado:
1. Identificação dos Componentes/Processos: Começa-se identificando os componentes de um sistema, os passos de
um processo ou os elementos de um produto ou serviço que serão analisados.
2. Identificação dos Modos de Falha: Para cada componente ou passo, a equipe identifica os possíveis modos de
falha, ou seja, as maneiras pelas quais o componente ou processo pode falhar.
3. Atribuição de Efeitos: Para cada modo de falha, são identificados os efeitos que essa falha pode causar. Isso
envolve avaliar como a falha pode impactar a operação, a segurança, a qualidade, a produção, entre outros aspectos.
4. Atribuição de Causas: Para cada modo de falha e efeito, as causas prováveis são identificadas. Isso ajuda a entender
as origens das falhas e ações que podem ser tomadas para preveni-las.
5. Avaliação de Severidade, Ocorrência e Detecção: Para cada modo de falha, efeito e causa, são atribuídas
pontuações de severidade, ocorrência e detecção. Essas pontuações quantificam o impacto potencial, a probabilidade
de ocorrência e a capacidade de detecção de cada elemento.
6. Cálculo do Número de Risco (RPN): O Número de Risco (RPN, do inglês "Risk Priority Number") é calculado
multiplicando as pontuações de severidade, ocorrência e detecção. Isso ajuda a priorizar os elementos de maior risco.
7.Priorização de Ações: Com base nos RPNs, a equipe prioriza as ações que precisam ser tomadas para prevenir ou
mitigar as falhas de maior risco. Isso pode envolver melhorias em projetos, processos, treinamento, testes, entre
outros.
8. Implementação de Ações: As ações priorizadas são implementadas, acompanhadas e monitoradas para garantir
que elas sejam eficazes.
A FMEA é uma ferramenta valiosa para melhorar a qualidade, segurança e confiabilidade de produtos, processos e
sistemas. Ela ajuda a identificar e abordar riscos potenciais antes que eles causem problemas reais, resultando em
produtos mais seguros, processos mais eficientes e redução de custos associados a falhas.

Análise de Eventos Críticos- CEA


A Análise de Eventos Críticos (CEA, do inglês "Critical Event Analysis") é uma abordagem utilizada para examinar e
compreender eventos específicos que são considerados críticos devido ao seu impacto significativo na segurança,
qualidade ou eficácia. Essa análise se concentra em eventos adversos ou incidentes importantes, buscando
identificar as causas subjacentes e as lições aprendidas para prevenir recorrências e melhorar o desempenho no
futuro. A CEA é realizada seguindo um processo sistemático:
1. Seleção dos Eventos Críticos: Começa-se selecionando os eventos ou incidentes que serão analisados. Geralmente,
esses eventos são aqueles que tiveram impactos significativos, como acidentes graves, falhas críticas de sistemas, erros
médicos sérios, entre outros.
2. Coleta de Dados: São coletados dados detalhados sobre o evento, incluindo informações sobre o que aconteceu,
quem estava envolvido, as circunstâncias, as ações tomadas e os resultados.
3.Descrição Detalhada do Evento: O evento é descrito de forma detalhada, incluindo a sequência de eventos, as
decisões tomadas e as interações entre as partes envolvidas.

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4. Identificação das Causas Raízes: A análise busca identificar as causas raízes que contribuíram para o evento crítico.
Isso envolve explorar as falhas nos sistemas, processos, procedimentos e comportamentos que levaram ao evento.
5.Avaliação de Fatores Contribuintes: Além das causas raízes, são identificados fatores contribuintes que também
desempenharam um papel no evento. Isso pode incluir erros de comunicação, falta de treinamento, pressão do tempo,
entre outros.
6.Identificação de Lições Aprendidas: Com base na análise, são identificadas as lições aprendidas e as áreas de
melhoria. Isso ajuda a informar as medidas preventivas e ações corretivas necessárias.
7. Desenvolvimento de Medidas Preventivas e Corretivas: São propostas ações preventivas e corretivas para evitar a
recorrência de eventos semelhantes. Essas ações podem envolver melhorias nos processos, treinamento adicional,
mudanças de procedimentos, entre outras medidas.
8. Implementação das Ações: As ações identificadas são implementadas, monitoradas e revisadas para garantir que
sejam eficazes e levem a melhorias reais.
A CEA é uma ferramenta importante para promover a aprendizagem organizacional a partir de eventos críticos. Ao
analisar detalhadamente esses eventos, as organizações podem identificar oportunidades para melhorar processos,
sistemas e comportamentos, reduzindo o risco de recorrência de eventos adversos significativos. Ela é frequentemente
usada em áreas como segurança, saúde, gestão de riscos e qualidade para impulsionar a melhoria contínua e a
prevenção de incidentes graves.

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