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Seja muito bem vindo

Você acaba de adquirir o material: Caderno Mapeado para o Concurso Nacional


Unificado – 2024.

Esse material é totalmente focado no certame e aborda ponto a ponto do edital da


disciplina de Segurança e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.

Nele foi inserido toda a teoria sobre a matéria cobrada no certame, para facilitar a sua
compreensão, e marcações das partes mais importantes.

Assim, trabalharemos os assuntos mais importantes para a sua prova com foco na
banca Cesgranrio.

Caso tenha qualquer dúvida, você pode entrar em contato conosco enviando seus
questionamentos para o suporte: suporte@cadernomapeado.com.br e WhatsApp.

Bons Estudos!

Rumo à Aprovação!!

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SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS..................................................................................................................... 6
NOÇÕES CONCETUAIS DE HIGIENE DO TRABALHO.......................................................................... 8
1) Introdução ........................................................................................................................................... 8
2) Considerações iniciais ........................................................................................................................ 8
2.2) Relações com o ambiente de trabalho......................................................................................... 8
3) Agentes nocivos e os agravos à saúde do trabalhador ................................................................ 9
4) Antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da exposição ocupacional ....................11
5) Doenças relacionadas ao trabalho: Conceitos, espécies e fisiopatologias ...............................13
6) Reconhecimento oficial de doenças relacionadas ao trabalho ..................................................15
7) Nexo técnico previdenciário, individual, profissional e epidemiológico .................................19
ACIDENTE DE TRABALHO: ASPECTOS GERAIS E PREVENÇÃO........................................................19
1) Introdução ..........................................................................................................................................19
2) Acidentes do trabalho: Definição e legislação previdenciária ...................................................20
2.1) Tipos de acidentes de trabalho ....................................................................................................20
3) Equiparação dos acidentes de trabalho às doenças relacionadas ao trabalho ........................22
4) Emissão de comunicação de acidente do trabalho (CAT) ...........................................................23
4.1) Tipos de comunicação de acidente do trabalho (CAT) e vias necessárias ............................24
4.2) Quando emitir a CAT? ....................................................................................................................25
5) Análise de Acidentes de Trabalho: Modelos, Metodologias e Etapas ......................................27
5.1) Condições inseguras e atos inseguros ........................................................................................28
5.2) Identificação de perigos, avaliação e controle de riscos..........................................................29
5.3) Métodos e técnicas de investigação de acidentes ....................................................................30
5.3 Prevenção e combate a sinistros e proteção contra incêndio e explosões ............................31
5.4) Estudo de fatores causais em eventos ocupacionais adversos ...............................................32
5.5) Acidentes ampliados, planificação de emergências e catástrofes .........................................32
5.6) Cuidados e protocolos com respeito ao trabalho em espaços confinados...........................33
5.7) Primeiros socorros ..........................................................................................................................35
TOXICOLOGIA OCUPACIONAL .............................................................................................................36
1) Introdução ..........................................................................................................................................36
2) Perigo e risco, efeitos tóxicos e agente tóxico .............................................................................37
2.1) Efeitos tóxicos e agente tóxico ....................................................................................................37
2.2) Testes de avaliação de toxicidade aguda e crônica ..................................................................38

3
2.3) Fases da intoxicação.......................................................................................................................38
2.4) Limite de tolerância e limite de exposição ocupacional ..........................................................39
2.4.1) Limite de Exposição para Superfícies (TLV-SL).......................................................................40
2.4.2) Exposição de Curta Duração (TLV-STEL) .................................................................................41
2.5) Classificações quanto à intoxicação ............................................................................................41
2.6) Vias de penetração de um agente tóxico ...................................................................................42
2.6.1) Absorção e distribuição pelo organismo.................................................................................43
3) Dose, efeito e resposta e relações dose-efeito e dose-resposta ................................................44
DINÂMICA TÓXICA E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE NA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A
AGENTES QUÍMICOS ..............................................................................................................................46
1) Introdução ..........................................................................................................................................46
2) Toxicocinética e toxicodinâmica .....................................................................................................46
2.1 Controle da exposição e monitoramento biológico da exposição ocupacional....................47
2.2 Indicadores biológicos ....................................................................................................................49
3) Avaliação de toxicidade ....................................................................................................................49
3.1 Condições para manifestação da toxicidade ...............................................................................49
3.1.3 Dose letal e concentração letal...................................................................................................51
3.1.3 Efeitos mutagênicos e carcinogênicos ......................................................................................52
4) Classificação dos agentes tóxicos quanto à ação tóxica .............................................................52
4.1 Substâncias sensibilizantes.............................................................................................................53
4.2 Gases e vapores irritantes e asfixiantes........................................................................................54
4.3 Classificação dos contaminantes no ar.........................................................................................55
4.4 Partícula dos sólidos ........................................................................................................................56
FICHA DE INFORMAÇÕES SOBRE PRODUTOS QUÍMICOS...............................................................57
1) Introdução ..........................................................................................................................................57
2) Ficha de dados de segurança (FDS) ................................................................................................58
ERGONOMIA ...........................................................................................................................................59
1) Introdução ..........................................................................................................................................59
2) Noções conceituais em ergonomia relacionadas a ergonomia física, cognitiva,
organizacional e análise ergonômica do trabalho ............................................................................59
2.1 Biomecânica e fisiologia do trabalho ...........................................................................................60
2.2 Aspectos cognitivos e psicossociais ..............................................................................................61
2.3 Organização do trabalho ................................................................................................................62
3) Assédio moral organizacional..........................................................................................................62
BIOSSEGURANÇA VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR ..........................64
1) Introdução ..........................................................................................................................................64

4
1.1 Noções conceituais em biossegurança, vigilância e promoção da saúde do trabalhador e
da trabalhadora ......................................................................................................................................64
1.1.2 Normas de precaução, práticas de biossegurança e controle de infecções em ambientes
de saúde ...................................................................................................................................................65
2) Perícia médica e reabilitação ocupacional.....................................................................................67
2.2 Noções conceituais em gestão de riscos relacionadas a programas prevencionistas ..........69
2.3 Prevenção e controle de riscos em máquinas, equipamentos, instalações e serviços..........70
3) Prevenção e controle dos riscos psicossociais; gestão integrada de saúde, segurança e
meio ambiente ........................................................................................................................................72
3.1 Elenco de programas, laudos, ensaios e perícias em segurança e saúde no trabalho ..........73
3.2 Registros administrativos em segurança e saúde no trabalho.................................................75
INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE .................................................................................................75
1) Introdução ..........................................................................................................................................75
1.2 Insalubridade ....................................................................................................................................75
1.2 Periculosidade ..................................................................................................................................76
PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL DO TRABALHO......................................................................78
1) Introdução ..........................................................................................................................................78
1.1 Considerações iniciais .....................................................................................................................78
1.2 Saneamento ambiental ...................................................................................................................79
1.3 Gestão de resíduos e meio ambiente............................................................................................80
1.4 Sinalização.........................................................................................................................................81
2) Organização do trabalho ..................................................................................................................82
3) Ferramentas da qualidade ................................................................................................................83
3.1 Certificações .....................................................................................................................................84
GESTÃO EPIDEMIOLÓGICA NO TRABALHO .......................................................................................85
1) Introdução ..........................................................................................................................................85
1.1 Aplicação da epidemiologia para a higiene ocupacional ..........................................................85
2) Estudo de acidentes de trabalho à luz da epidemiologia ...........................................................86
2.1 Notificação compulsória de agravos relacionados ao trabalho e seus instrumentos ..........86
PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO ......................................................................................................87
1) Introdução ..........................................................................................................................................87
1.1 A psicopatologia do trabalho ........................................................................................................87

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Pessoal!

Antes de iniciarmos o estudo da matéria de Eixo Temático 4 – Segurança e Saúde do


Trabalhador e da Trabalhadora, apresentaremos os assuntos que são cobrados no edital. Siga
firme com os estudos que a aprovação virá!!

CONTEÚDO - PARTE I

1 Noções conceituais de higiene do trabalho e suas relações com o ambiente de trabalho: 1.1 Agentes
nocivos e os agravos à saúde do trabalhador. 1.2 Antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da
exposição ocupacional. 1.3 Doenças relacionadas ao trabalho, conceitos, espécies, etiologias, fisiopatologias.
1.4 Fatores de risco. 1.5 Reconhecimento oficial de doenças relacionadas ao trabalho. 1.6 Nexo técnico
previdenciário, individual, profissional e epidemiológico.

2 Acidente do Trabalho: 2.1 Definição e legislação previdenciária. 2.2 Equiparação dos acidentes de trabalho
às doenças relacionadas ao trabalho. 2.3 Emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). 2.4
Modelos, metodologias, etapas da análise de acidentes de trabalho e tecnologias de prevenção e combate
a sinistros. 2.5 Estudo de fatores causais em eventos ocupacionais adversos. 2.6 Acidentes ampliados,
planificação de emergências e catástrofes. 2.7 Proteção contra incêndio e explosões. 2.8 Cuidados e
protocolos com respeito ao trabalho em espaços confinados. 2.9 Primeiros socorros.

3 Toxicologia Ocupacional: 3.1 Noções conceituais de toxicologia ocupacional relacionadas a perigo, risco,
efeitos tóxicos e agente tóxico.3.2 Testes de avaliação de toxicidade aguda e crônica. 3.3 Fases da intoxicação
3.4 Limite de tolerância e limite de exposição ocupacional. 3.5 Classificações quanto à intoxicação. 3.6 Vias
de penetração de um agente tóxico. 3.7 Absorção e distribuição pelo organismo. 3.8 Dose, efeito e resposta
e relações dose-efeito e dose-resposta. 3.9 Exposição ocupacional e efeitos. 3.10 Limite de tolerância; limite
de exposição ocupacional. 3.11 Toxicocinética e toxicodinâmica. 3.12 Controle da exposição e
monitoramento biológico da exposição ocupacional: 3.12.1 Indicadores biológicos. 3.12.2 Avaliação de
toxicidade. 3.12.3 Condições para manifestação da toxicidade. 3.12.4 Dose letal e concentração letal; 3.12.5
Efeitos mutagênicos e carcinogênicos. 3.13 Classificação dos agentes tóxicos quanto à ação tóxica: 3.13.1
Substâncias sensibilizantes. 3.13.2 Gases e vapores irritantes e asfixiantes. 3.14 Classificação dos
contaminantes no ar: 3.14.1 Particulados sólidos. 3.14.2 Sensibilizantes e seus efeitos para a saúde humana.

4 Ficha de Informações sobre Produtos Químicos (FISPQ)/Ficha com dados de segurança, e cuidados com
fabricação, preparação, armazenamento, transporte, uso e eliminação de resíduos tóxicos.

5 Noções conceituais em ergonomia relacionadas a ergonomia física, cognitiva e organizacional. 5.1


Biomecânica e fisiologia do trabalho. 5.2 Aspectos cognitivos e psicossociais. 5.3 Organização do trabalho.
5.4 Assédio moral organizacional. 5.5 Análise ergonômica do trabalho.

6 Biossegurança Vigilância e Promoção da saúde do trabalhador: 6.1 Noções conceituais em biossegurança,


vigilância e promoção da saúde do trabalhador e da trabalhadora. 6.2 Conceitos de perícia médica
ocupacional. 6.3 Reabilitação ocupacional. 6.4 Noções conceituais em gestão de riscos relacionadas a
programas prevencionistas. 6.5 Ferramentas e técnicas de reconhecimento e análise de riscos e adoção de
medidas de proteção e controle. 6.6 Prevenção e controle de riscos em máquinas, equipamentos, instalações
e serviços. 6.7 Prevenção e controle dos riscos psicossociais; gestão integrada de saúde, segurança e meio

6
ambiente. 6.8 Elenco de programas, laudos, ensaios e perícias em segurança e saúde no trabalho. 6.9
Registros administrativos em segurança e saúde no trabalho.

7 Conceitos de insalubridade e periculosidade, sua caracterização e controle.

8 Noções conceituais em engenharia da segurança no trabalho relacionadas a proteção coletiva e individual


do trabalho: 8.1 Saneamento ambiental. 8.2 Gestão de resíduos e meio ambiente. 8.3 Sinalização. 8.4
Organização do trabalho. 8.5 Ferramentas da qualidade e certificações.

9 Gestão epidemiológica no trabalho: 9.1 Conceitos e objetivos de epidemiologia. 9.2 Aplicação da


epidemiologia para a higiene ocupacional. 9.3 Estudo de acidentes de trabalho à luz da epidemiologia. 9.4
Notificação compulsória de agravos relacionados ao trabalho e seus instrumentos.

10 A psicopatologia do trabalho: 10.1 Sofrimento e prazer no trabalho.10.2 Processo de trabalho e


adoecimento.

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NOÇÕES CONCETUAIS DE HIGIENE DO TRABALHO

1) Introdução

Iniciaremos os estudos do Concurso Nacional Unificado sobre as noções conceituais de higiene do


trabalho e suas relações com o ambiente de trabalho. Essa área é crucial para garantir um ambiente
laboral saudável e seguro para os trabalhadores.

1 – Noções conceituais de higiene do trabalho e suas relações com o ambiente de trabalho

2) Considerações iniciais

A higiene do trabalho representa um conjunto de princípios e práticas destinados a preservar a


saúde e o bem-estar dos trabalhadores em seus ambientes laborais. Essa área essencial da segurança
ocupacional busca identificar, avaliar e controlar fatores que possam afetar adversamente a saúde
física e mental dos colaboradores, bem como prevenir a ocorrência de acidentes e doenças
ocupacionais.

No âmbito das noções conceituais de higiene do trabalho, é fundamental compreender a ampla


gama de elementos que contribuem para um ambiente de trabalho saudável.

A antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da exposição ocupacional a agentes


nocivos constituem processos fundamentais nesse contexto. A identificação proativa de riscos, a
análise da presença de agentes prejudiciais e a implementação de medidas de controle são passos
essenciais para garantir a segurança dos trabalhadores.

Em síntese, as noções conceituais de higiene do trabalho não apenas abordam a prevenção de riscos
ocupacionais, mas também propõem a promoção de ambientes laborais que incentivem o bem-
estar, a segurança e a eficiência. Ao integrar esses conceitos, as organizações não apenas cumprem
normativas legais, mas também investem no maior ativo que possuem: a saúde e a qualidade de
vida de seus colaboradores.

2.2) Relações com o ambiente de trabalho

A relação entre higiene do trabalho e o ambiente laboral engloba diversos aspectos, conforme
destacado no quadro a seguir:

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Cultura Organizacional
Promover uma cultura de segurança através da conscientização e
participação ativa dos colaboradores, contribuindo para o sucesso das
práticas de higiene no trabalho.

Legislação e Normas de Segurança


Alicerces cruciais na promoção da higiene do trabalho fornecem
diretrizes específicas para assegurar ambientes seguros e saudáveis.

Controle de Riscos Ocupacionais


Uso adequado de EPIs, e implementação de práticas seguras visando
mitigar danos à saúde dos trabalhadores.

Ergonomia
Adaptação do ambiente de trabalho às características físicas e cognitivas
dos colaboradores para prevenir lesões musculoesqueléticas e
aprimorar a eficiência das atividades.

3) Agentes nocivos e os agravos à saúde do trabalhador

A exposição a agentes nocivos refere-se à presença de elementos que possam comprometer a


saúde ou a integridade dos trabalhadores. O ambiente profissional, por sua própria natureza,
apresenta diversos riscos inerentes ao trabalhador.

A exposição a agentes nocivos pode derivar de condições ambientais, envolvendo fatores


físicos, químicos, biológicos, organização das rotinas de trabalho e aspectos ergonômicos.
Contudo, as atividades profissionais atuais são regidas por normas regulamentadoras, contribuindo
para a mitigação ou eliminação desses riscos. Dessa forma, as empresas conseguem oferecer
ambientes de trabalho menos prejudiciais, prevenindo danos à saúde física e mental dos
colaboradores. É responsabilidade da empresa identificar esses elementos e gerenciar a exposição
dos colaboradores a eles.

Tome nota!

Em alguns casos, a exposição pode ocorrer dentro de limites estabelecidos e por tempo
determinado, com benefícios específicos, como a aposentadoria especial para aqueles
permanentemente expostos a riscos. Nesse contexto, a atuação da empresa envolve a gestão das

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jornadas de trabalho e o uso de estratégias de saúde e segurança no trabalho (SST), alinhadas com
as normas regulamentadoras.

Vamos explorar detalhadamente cada uma dessas categorias:

Riscos Ambientais

Riscos biológicos: Riscos químicos: Riscos físicos:


• Microorganismos • Compostos Químicos: Impacto • Vibrações: Associadas a
Patogênicos: Exposição na saúde variando de irritações a distúrbios circulatórios e
pode resultar em infecções e doenças crônicas. musculoesqueléticos.
doenças ocupacionais. • Gases e Vapores: Inalação pode • Pressões Anormais: Podem
• Vírus e Bactérias: Ambiente causar danos respiratórios causar problemas respiratórios
propício para propagação de graves. e circulatórios.
doenças. • Substâncias Tóxicas: Exposição • Calor e Frio Extremos:
pode levar a intoxicação aguda Condições climáticas extremas
ou crônica. impactam a saúde térmica.
• Ruídos: Exposição prolongada
pode resultar em perda
auditiva irreversível.

Impacto na circulação e
Arranjo físico Inadequado:
segurança no deslocamento.

Máquinas e equipamentos Risco de acidentes graves, como


cortes e amputações.
Riscos Mecânicos:

sem proteção:

Ferramentas impróprias ou Aumento do risco de acidentes


defeituosas: e lesões.

Instalações elétricas mal- Risco de choques elétricos e


feitas: incêndios.

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Posturas inadequadas
Mobiliário inadequado: podem causar lesões
musculoesqueléticas.

Risco de lesões e fadiga


Esforço físico intenso:
excessiva.
Riscos Ergonômicos:
Controle rígido da Pressão psicológica, estresse
produtividade: e impacto na saúde mental.

Associadas a lesões por


Tarefas repetitivas:
esforço repetitivo (LER).

Ritmos excessivos de Aumento do estresse e riscos


trabalho: à saúde mental.

4) Antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da exposição ocupacional

A gestão eficiente da segurança ocupacional envolve uma abordagem sistemática que compreende
quatro fases interligadas: antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da exposição
ocupacional. Vamos explorar cada uma dessas etapas:

Antecipação:

A fase de antecipação busca identificar previamente os potenciais riscos e perigos associados a


determinadas atividades laborais ou ambientes, com o objetivo de prever e mitigar riscos antes
mesmo de serem introduzidos no ambiente de trabalho.

Ex.: Revisão de planos de trabalho, análise de projetos, consideração de históricos de acidentes e


revisão de literatura técnica.

Reconhecimento:

A fase de reconhecimento consiste na identificação específica e detalhada dos agentes nocivos


presentes no ambiente de trabalho, com o objetivo de ter uma compreensão clara e abrangente dos
fatores de risco existentes.

Ex.: Observação direta, análise de documentos, entrevistas com trabalhadores e revisão de dados
histórico.

Avaliação:

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A fase de avaliação envolve a mensuração quantitativa ou qualitativa da exposição dos
trabalhadores aos agentes nocivos identificados na fase de reconhecimento, com o objetivo de obter
dados concretos sobre a extensão da exposição, permitindo uma avaliação precisa dos riscos à
saúde.

Ex.: Utilização de instrumentos de medição, análises laboratoriais, questionários e entrevistas.

Controle da exposição ocupacional:

A etapa de controle da exposição ocupacional compreende a implementação de medidas


preventivas e corretivas para reduzir ou eliminar os riscos identificados na avaliação, com o objetivo
de garantir que os níveis de exposição estejam dentro de limites seguros, protegendo a saúde e
segurança dos trabalhadores.

Ex.: Uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), implementação de procedimentos


seguros, modificação de processos, entre outras medidas.

Essas quatro fases formam um ciclo contínuo e interativo, pois a melhoria contínua da segurança
ocupacional envolve a constante revisão e atualização com base nas mudanças nas atividades
laborais, nos ambientes de trabalho e nas regulamentações pertinentes. O engajamento ativo dos
trabalhadores, aliado a uma cultura organizacional comprometida com a segurança, é fundamental
para o sucesso desse processo.

Momento da Questão

Questão inédita – Qual é a relação direta entre agentes nocivos presentes no ambiente de
trabalho e os agravos à saúde do trabalhador?

a) Os agentes nocivos não têm impacto significativo na saúde do trabalhador.

b) Os agravos à saúde do trabalhador são sempre resultado de fatores genéticos.

c) A exposição a agentes nocivos pode causar danos à saúde do trabalhador.

d) A legislação trabalhista isenta os trabalhadores de qualquer agravamento à saúde.

e) Os agravos à saúde do trabalhador são exclusivamente de responsabilidade individual.

Gabarito: Letra C.

Comentário: A exposição a agentes nocivos no ambiente de trabalho pode resultar em diversos


danos à saúde do trabalhador, dependendo do tipo de agente e do nível de exposição. A legislação
de saúde ocupacional visa justamente identificar, controlar e prevenir a exposição a esses agentes,
protegendo a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
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5) Doenças relacionadas ao trabalho: Conceitos, espécies e fisiopatologias

As doenças relacionadas ao trabalho, também conhecidas como doenças ocupacionais, referem-se


às condições de saúde adversas resultantes da exposição a riscos presentes no ambiente de trabalho.
Estas podem ser agudas ou crônicas e estão frequentemente ligadas às atividades laborais ou às
condições do local de trabalho.

Vamos explorar algumas das principais espécies de doenças ocupacionais e suas respectivas
etiologias.

Principais espécies de doenças ocupacionais

Espécies: Lesões por esforços repetitivos (LER): Causadas por movimentos repetitivos,
podem afetar músculos, tendões e nervos.

Pneumoconioses: Doenças pulmonares causadas pela inalação de poeiras


minerais, como a silicose.

Distúrbios musculoesqueléticos: Englobam condições como tendinites,


bursites e hérnias de disco, associadas a atividades laborais que envolvem
esforço físico.

Transtornos psicossociais: Incluem a síndrome de burnout, depressão e


ansiedade relacionadas ao ambiente de trabalho.

Etiologias: Exposição a agentes químicos: A inalação constante de substâncias tóxicas,


como solventes ou metais pesados, no ambiente de trabalho pode levar a
(Estudo das causas ou lesões hepáticas, renais e comprometimento do sistema respiratório.
origens de uma doença
ou condição médica. Ex.: Mecanismos fisiopatológicos incluem inflamação crônica, necrose
Compreensão dos fatores celular e disfunção orgânica.
que contribuem para o
desenvolvimento de uma Fatores ergonômicos: Condições ergonômicas precárias, como posturas
enfermidade) inadequadas e movimentos repetitivos, podem resultar em lesões
musculoesqueléticas.
Fisiopatologias:
Ex.: A fisiopatologia envolve desgaste progressivo de articulações,
(A fisiopatologia estuda inflamação dos tecidos e, em casos extremos, ruptura de tendões.
as alterações funcionais
que ocorrem em um Estresse e pressão psicossocial: Ambientes laborais estressantes podem
organismo afetado por desencadear distúrbios mentais, como a síndrome de burnout.
uma doença)
Ex.: As alterações fisiopatológicas podem envolver desequilíbrios
neuroquímicos, ativação prolongada do sistema de resposta ao estresse e
impacto negativo na saúde mental.

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Exposição a agentes físicos: A exposição a agentes físicos, como radiações
ionizantes, vibrações intensas ou temperaturas extremas, pode resultar em
condições como câncer e lesões térmicas.

Ex.: A fisiopatologia pode incluir danos ao DNA, alterações na divisão


celular e inflamação tecidual.

Importante!

Atenção para não se confundir com armadilhas em questões de concursos: compreenda claramente
a distinção entre doença ocupacional e doença do trabalho. Em resumo, a diferença crucial reside
no fato de que a doença do trabalho está mais associada ao ambiente laboral, enquanto a doença
ocupacional é desencadeada pelas especificidades da atividade profissional em si.
Aprofundemos essa explicação:

Doença ocupacional:
• Causada pelas características específicas da atividade profissional que o trabalhador exerce.
• Relacionada diretamente às tarefas desempenhadas no trabalho.
• Ex.: Um soldador exposto à luz da solda pode desenvolver problemas oculares devido à natureza de
sua profissão.

Doença do trabalho:

• Definida legalmente como aquela adquirida em função de condições especiais em que o trabalho
é realizado, relacionando-se diretamente a ele.
• Provocada pela exposição a agentes presentes no ambiente de trabalho, mesmo que não façam parte
das tarefas específicas do trabalhador.
• Ex.: Um auxiliar de escritório que, devido à exposição contínua ao barulho dos soldadores, desenvolve
perda auditiva, mesmo que essa não seja uma parte direta de suas atividades.

Tome nota!

O Ministério da Saúde recentemente atualizou a lista de doenças relacionadas ao trabalho, marcando


um marco importante após 24 anos desde sua última revisão. A revisão resultou na incorporação de
165 novas patologias, incluindo a consideração de doenças como a Covid-19, distúrbios de saúde
mental, distúrbios musculoesqueléticos e vários tipos de cânceres.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde


revelaram que, nos últimos 15 anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) atendeu quase 3 milhões de
14
casos de doenças ocupacionais. Acidentes de trabalho graves foram a maior parte das notificações,
representando 52,9% do total.

O levantamento ainda destacou que 26,8% das notificações ocorreram devido à exposição a material
biológico, 12,2% por acidentes com animais peçonhentos e 3,7% por lesões por esforços repetitivos
(LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Apenas neste ano, já foram
notificados mais de 390 mil casos de doenças relacionadas ao trabalho, ressaltando a importância
contínua de abordagens eficazes para a promoção da saúde e segurança no ambiente de trabalho.

6) Reconhecimento oficial de doenças relacionadas ao trabalho

A segurança e saúde no trabalho constituem uma disciplina amplamente abordada na legislação


brasileira, englobando a Constituição Federal, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o Direito
do Trabalho e as Normas Regulamentadoras (NR’s), estas últimas estabelecidas por meio da Portaria
n. 3.214.

Atualmente, contamos com 38 Normas Regulamentadoras, instrumentos que são elaborados,


revisados e sujeitos a revogação pela Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP). Essa
comissão é composta por representantes dos empregados, dos empregadores e do governo, e,
portanto, o número de NR’s existentes pode ser ajustado a qualquer momento, conforme as
necessidades emergentes.

O propósito central das Normas Regulamentadoras é aprimorar o ambiente de trabalho,


promovendo condições mais seguras e saudáveis para os trabalhadores. Essas normas evoluem de
acordo com as transformações no modelo produtivo. Em um período de duas décadas, o cenário
produtivo passou por significativas mudanças, impulsionadas pelo avanço tecnológico. Essa
evolução proporciona a oportunidade de implementar medidas mais eficazes de segurança no
trabalho, alinhadas às demandas contemporâneas.

Destaca-se que, no intervalo entre 2019 e os dias atuais, aproximadamente 80% das Normas
Regulamentadoras foram objeto de alterações. Na perspectiva de especialistas, essas mudanças
são percebidas como positivas, contribuindo para desburocratizar a área de segurança do trabalho
e otimizar as práticas regulatórias, sem comprometer a integridade e bem-estar dos trabalhadores.

O reconhecimento oficial de doenças relacionadas ao trabalho é um processo essencial para garantir


a saúde e segurança dos trabalhadores. Esse reconhecimento envolve a identificação de condições
de saúde específicas que são causadas ou agravadas pelas atividades ocupacionais.

Observemos agora como esse ciclo opera:

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Coleta de Dados
Epidemiológicos

Acompanhamento Classificação
e Pesquisa Internacional de
Contínua Doenças (CID)

Capacitação e Exames Médicos


Sensibilização Ocupacionais

Reconhecimento Notificação
Legal Obrigatória

Regulamentação e
Avaliação das
Normas de
Condições de
Segurança
Trabalho

Coleta de dados epidemiológicos:

Essa etapa fornece a base para a compreensão das condições de saúde em diferentes setores e
ocupações.

Ex.: O ciclo começa com a coleta sistemática de dados epidemiológicos, envolvendo informações
de saúde relevantes, registros médicos e estudos epidemiológicos.

Classificação internacional de doenças (CID):

Esse passo facilita a identificação e a análise dessas condições de forma consistente.

Ex.: Os dados coletados são então organizados e categorizados usando a Classificação


Internacional de Doenças (CID), padronizando a codificação de doenças ocupacionais.

Exames médicos ocupacionais:


16
Esses exames desempenham um papel crucial na detecção precoce de doenças relacionadas ao
trabalho, estabelecendo a conexão entre a saúde do trabalhador e o ambiente laboral.

Ex.: Paralelamente, a coleta de dados é complementada por exames médicos específicos


realizados em trabalhadores expostos a riscos ocupacionais.

Notificação obrigatória:

Esse processo contribui para a criação de um registro abrangente de doenças ocupacionais.

Ex.: Casos identificados são notificados obrigatoriamente por médicos, empregadores e


profissionais de saúde às autoridades de saúde pública.

Avaliação das condições de trabalho:

Essa análise é crucial para identificar áreas de melhoria na segurança do ambiente de trabalho.

Ex.: Simultaneamente, uma avaliação sistemática das condições de trabalho é realizada,


analisando fatores como exposição a substâncias químicas, ergonomia e outros riscos ocupacionais.

Regulamentação e normas de segurança:

Estas incluem limites de exposição e padrões ergonômicos, visando reduzir os riscos e promover
um ambiente de trabalho mais seguro.

Ex.: Com base nas avaliações, são desenvolvidas e implementadas regulamentações e normas de
segurança ocupacional.

Reconhecimento legal:

Paralelamente, são estabelecidos critérios legais para o reconhecimento de doenças ocupacionais,


garantindo procedimentos claros para a concessão de benefícios previdenciários e compensações
aos trabalhadores afetados.

Capacitação e sensibilização:

Ex.: Durante todo o ciclo, programas contínuos de capacitação são implementados para
trabalhadores, empregadores e profissionais de saúde, visando aumentar a conscientização sobre a
importância do reconhecimento precoce e da prevenção de doenças relacionadas ao trabalho.

17
Acompanhamento e pesquisa contínua:

Essas práticas são essenciais para identificar novos riscos emergentes e adaptar estratégias de
prevenção ao longo do tempo, garantindo um ambiente de trabalho seguro e saudável.

Ex.: O ciclo é fechado com o monitoramento contínuo das condições de trabalho, análise de dados
de saúde ocupacional e pesquisa constante.

Importante!

O reconhecimento de doenças profissionais está condicionado à existência de um nexo causal ou


concausal entre as condições de trabalho e as doenças desenvolvidas pelo trabalhador. Esse
requisito é fundamental para estabelecer a relação direta ou contributiva entre as atividades
profissionais e a ocorrência da doença. Vejamos o que isso implica.

O nexo causal refere-se à relação de causa e efeito


entre as condições de trabalho e o surgimento
da doença. Para que uma doença seja reconhecida
Nexo causal
como profissional, deve ser demonstrado que ela
foi diretamente causada ou significativamente
influenciada pelo ambiente de trabalho.
Reconhecimento
oficial
A concausalidade é considerada quando há
múltiplos fatores que podem ter contribuído
para o desenvolvimento da doença, sendo o
Concausalidade
trabalho um desses fatores. Isso reconhece que a
doença pode ter múltiplas origens, e o ambiente
de trabalho pode ser uma delas.

Tome nota!

Quando surgem dúvidas sobre o nexo causal ou a causalidade em casos relacionados à saúde
ocupacional, a avaliação médica ocupacional assume um papel crucial na tomada de decisões.
Nesse contexto, os médicos ocupacionais desempenham uma função central ao analisar a exposição
ocupacional, o histórico médico do indivíduo e outros fatores pertinentes. Em situações mais
complexas ou disputadas, a expertise de peritos médicos pode ser requisitada para uma avaliação
mais detalhada e abrangente. Essa abordagem visa esclarecer e estabelecer de maneira precisa a
relação entre as condições de trabalho e a saúde do trabalhador.

18
7) Nexo técnico previdenciário, individual, profissional e epidemiológico

O reconhecimento do nexo causal é necessário para a concessão de benefícios previdenciários,


compensações e outras formas de apoio ao trabalhador afetado. Vamos diferenciar cada tipo de
nexo e sua devida importância na busca por justiça e precisão nas decisões relacionadas à saúde
ocupacional.

TIPOS DE NEXOS

O Nexo Técnico Previdenciário é uma ferramenta crucial na interseção da saúde e


previdência social. Sua aplicação visa estabelecer a correlação entre a condição de
Nexo técnico saúde do trabalhador e suas atividades laborais, sendo essencial para a concessão
previdenciário de benefícios previdenciários. Ao determinar se a condição de saúde está
relacionada ao ambiente de trabalho, este nexo orienta decisões importantes sobre
auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.

No contexto do Nexo Técnico Individual, a avaliação se personaliza, levando em


consideração o histórico médico, a exposição ocupacional específica e outros
Nexo técnico fatores individuais. Esta abordagem minuciosa visa precisamente identificar se a
individual condição de saúde de um trabalhador específico está diretamente ligada às suas
atividades laborais, proporcionando uma visão mais detalhada e personalizada.

O Nexo Técnico Profissional concentra-se na análise da relação entre a atividade


profissional desempenhada e a condição de saúde do trabalhador. Ao examinar
Nexo técnico se a exposição a riscos ocupacionais inerentes a uma profissão pode ser associada
profissional ao desenvolvimento de doenças ou lesões específicas, esse nexo proporciona uma
compreensão mais precisa dos impactos ocupacionais na saúde individual.

No âmbito do Nexo Técnico Epidemiológico, a análise amplia-se para além do


indivíduo, utilizando princípios epidemiológicos para examinar dados de saúde
em grupos de trabalhadores. Essa perspectiva mais abrangente é valiosa para
Nexo técnico
identificar padrões de doenças em populações específicas, orientando a formulação
epidemiológico
de estratégias de saúde ocupacional em grande escala e direcionando intervenções
preventivas de maneira mais eficaz.

ACIDENTE DE TRABALHO: ASPECTOS GERAIS E PREVENÇÃO

1) Introdução

Continuaremos os estudos para o Concurso Nacional Unificado, concentrando-nos no conhecimento


específico do eixo temático 4: Segurança e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.

2 Acidente do Trabalho: 2.1 Definição e legislação previdenciária. 2.2 Equiparação dos


acidentes de trabalho às doenças relacionadas ao trabalho. 2.3 Emissão de Comunicação de

19
Acidente do Trabalho (CAT). 2.4 Modelos, metodologias, etapas da análise de acidentes de
trabalho e tecnologias de prevenção e combate a sinistros. 2.5 Estudo de fatores causais em
eventos ocupacionais adversos. 2.6 Acidentes ampliados, planificação de emergências e
catástrofes. 2.7 Proteção contra incêndio e explosões. 2.8 Cuidados e protocolos com respeito
ao trabalho em espaços confinados. 2.9 Primeiros socorros.

2) Acidentes do trabalho: Definição e legislação previdenciária

Inicialmente, precisamos responder a seguinte pergunta: O que é acidente de trabalho e quando ele
ocorre?

A principal legislação que aborda o tema é a Lei nº 8.213/91. O artigo 19 desta lei define acidente
de trabalho como aquele que ocorre durante o exercício do trabalho a serviço da empresa,
empregador doméstico ou pelos segurados mencionados no inciso VII do artigo 11. Esse acidente
provoca lesão corporal ou perturbação funcional, resultando em morte, perda, ou redução, de forma
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Após compreender como ocorre um acidente de trabalho, é crucial abordar o processo de


confirmação efetiva desse incidente, vejamos como isso ocorre:

A confirmação ocorre por meio de perícia médica realizada pelo INSS, estabelecendo a relação entre
o acidente e a atividade do colaborador. Como resultado desse processo, é possível que o
funcionário seja temporariamente afastado de suas atividades devido à incapacidade de continuar
desempenhando suas tarefas diárias.

Isso ocorre especialmente quando o acidente provoca uma impactante e, por vezes, permanente
redução nas habilidades do colaborador, impossibilitando-o de exercer a mesma função. Essa
medida de afastamento temporário visa garantir a recuperação adequada do trabalhador e proteger
sua saúde, além de proporcionar tempo para avaliações médicas e a implementação de medidas
apropriadas para o retorno ao trabalho, quando possível.

2.1) Tipos de acidentes de trabalho

Conforme estabelecido pela CLT, existem três principais tipos de acidentes de trabalho:

Essas categorias facilitam a análise pericial, assegurando que o acidente seja vinculado
corretamente à atividade exercida. Cada tipo apresenta características distintas, permitindo uma
diferenciação clara. Independentemente do tipo, as empresas devem seguir procedimentos padrão
estabelecidos por lei para garantir os direitos do profissional lesionado e facilitar sua recuperação.
Vejamos quais são essas categorias:

20
Atípico:
Surge em casos específicos
Típico: com certa repetição de De Trajeto:
Ocorre no local de trabalho, atividades laborais ou Acontece durante o
seus arredores ou durante o doenças relacionadas ao deslocamento do
expediente. trabalho. profissional entre sua casa
Causas comuns incluem Exemplos incluem atos de e a sede da empresa, seja
imprudência, negligência e agressão, contaminação em veículo próprio ou
eventos naturais. durante o trabalho e transporte público.
acidentes durante períodos
de alimentação e descanso.

Tome nota!

Os acidentes de trabalho não têm apenas implicações jurídicas; há também repercussões


econômicas significativas. Em casos menos graves, nos quais o empregado se ausenta por um
período inferior a quinze dias, o empregador enfrenta a temporária falta de mão de obra e os custos
econômicos associados à relação de emprego.

Além disso, o acidente impacta o cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) da empresa,
conforme estabelecido pelo art. 10 da Lei nº 10.666/2003. Este fator influencia diretamente as
contribuições previdenciárias da empresa, podendo aumentar ou diminuir dependendo do histórico
de acidentes.

Os acidentes de trabalho também geram custos para o Estado, com o Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) encarregado da administração de benefícios como auxílio-doença acidentário, auxílio-
acidente, habilitação e reabilitação profissional e pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por
morte. Vamos examinar os diferentes tipos de benefícios oferecidos pelo INSS e entender como cada
um deles opera:

21
Auxílio-doença Auxílio-acidente: Aposentadoria por Pensão por morte:
acidentário: invalidez:

• Benefício destinado • Benefício • Benefício


• Benefício ao trabalhador que, concedido ao concedido aos
concedido ao após sofrer um segurado que, dependentes do
segurado que, em acidente de devido a uma segurado falecido,
decorrência de trabalho, apresenta incapacidade total seja por acidente
acidente de sequelas e permanente para de trabalho ou
trabalho, fica permanentes que o trabalho, não outras
temporariamente reduzem sua pode mais circunstâncias,
incapacitado para capacidade laboral, desempenhar suas assegurando uma
o exercício de suas mas não o tornam funções laborais. renda mensal.
atividades laborais. totalmente inválido.

3) Equiparação dos acidentes de trabalho às doenças relacionadas ao trabalho

Em casos excepcionais, se uma doença não constante na lista resultar das condições especiais do
trabalho e tiver relação direta com ele, a Previdência Social pode considerá-la como acidente de
trabalho. O § 2º do artigo da Lei nº 8.213/91 aborda situações em que não é possível listar todas as
hipóteses de doenças relacionadas ao trabalho. Vejamos o que o artigo 21 da mesma lei equipara a
acidente de trabalho:

I. Acidentes ligados ao trabalho que, mesmo não sendo a causa única, contribuem
diretamente para a morte, redução ou perda da capacidade para o trabalho, ou causam lesões
que exigem atenção médica para recuperação.

II. Acidentes ocorridos durante o trabalho, em decorrência de:

a) Atos de agressão, sabotagem ou terrorismo praticados por terceiros ou colegas de trabalho.

b) Ofensa física intencional, incluindo disputas relacionadas ao trabalho.

c) Atos de imprudência, negligência ou imperícia de terceiros ou colegas de trabalho.

d) Atos de pessoas privadas do uso da razão.

e) Desabamento, inundação, incêndio e outros eventos fortuitos ou decorrentes de força


maior.

III. Doença proveniente de contaminação acidental durante a atividade laboral.

IV. Acidentes ocorridos com o segurado, mesmo fora do local e horário de trabalho, nos
casos de:

a) Execução de ordens ou realização de serviços sob a autoridade da empresa.

b) Prestação espontânea de serviço à empresa para evitar prejuízo ou proporcionar benefício.

22
c) Viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo financiado por ela, independentemente
do meio de locomoção.

d) No percurso entre residência e local de trabalho, independente do meio de locomoção,


inclusive veículo de propriedade do segurado.

Importante!

O § 1º destaca que, durante os períodos destinados a refeição, descanso ou outras necessidades


fisiológicas no local de trabalho, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

Se um acidente ocorrer durante o tempo destinado a refeições, descanso ou atendimento de


necessidades fisiológicas no próprio local de trabalho, ele será considerado um acidente de trabalho.
Isso é relevante para determinar a cobertura previdenciária e os direitos do trabalhador em caso de
lesões ou incidentes durante esses momentos específicos.

4) Emissão de comunicação de acidente do trabalho (CAT)

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento fundamental que atesta a


ocorrência de um acidente de trabalho ou de uma doença ocupacional. Sua função principal é
documentar o incidente para a empresa e para o próprio empregado (ou seus dependentes).

Além disso, a CAT desempenha um papel crucial na comunicação da situação a diversas entidades,
incluindo:

DRT
(Delegacia
Sindicato da Regional do
SUS (Sistema Categoria: INSS (Instituto
Trabalho): Nacional do
Único de Saúde) :
Quando Quando Quando Seguro Social):
Comunicação
de Acidente necessário, para necessário, necessário, Para que o
de Trabalho que o sistema de para que o para notificar a trabalhador
(CAT) saúde tenha sistema de autoridade tenha acesso a
conhecimento da saúde tenha competente benefícios
situação. conhecimento sobre o previdenciários
da situação. acidente.

23
Essa abrangente comunicação é crucial para garantir que todas as partes interessadas estejam
cientes do ocorrido e possam tomar as medidas adequadas em relação à assistência ao trabalhador
e à investigação do acidente.

Tome nota!

A emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é, por lei, uma obrigação do


empregador, que deve realizá-la no prazo legal quando ocorre um acidente de trabalho ou uma
doença ocupacional. No entanto, se o empregador se recusar a emitir a CAT, há outras instâncias
que podem realizar esse procedimento:

CEREST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador): O CEREST é um local especializado


em Saúde do Trabalhador e pode emitir a CAT, além de oferecer atendimento especializado aos
trabalhadores.

Sindicato: O sindicato ao qual o trabalhador é filiado também tem a capacidade de emitir a CAT.
Os sindicatos desempenham um papel importante na defesa dos direitos dos trabalhadores.

Médico: O médico que atende o trabalhador também pode emitir a CAT. Caso o empregador se
recuse, o médico pode ser uma alternativa para garantir que o incidente seja registrado
adequadamente.

Autoridades Públicas: Caso todas as opções anteriores falhem, o trabalhador pode procurar as
autoridades públicas responsáveis pela fiscalização e cumprimento das leis trabalhistas.

Emissão Online por Trabalhador ou Dependentes: Em último caso, se nenhuma das


alternativas anteriores for viável, o próprio trabalhador ou seus dependentes podem emitir a CAT
online.

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é uma das principais evidências documentais de um


acidente no ambiente de trabalho. Emiti-la é crucial para garantir que os trabalhadores tenham
respaldo legal em casos de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho.

4.1) Tipos de comunicação de acidente do trabalho (CAT) e vias necessárias

Existem três tipos principais de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT):

24
Comunicação de Comunicação de
Comunicação Inicial Óbito
Reabertura (CAT de
(CAT Inicial)
Reabertura) (CAT de Óbito)

• Utilizada para notificar o • Utilizada quando há • Utilizada para comunicar o


acidente ou a doença necessidade de reabrir o falecimento de um
ocupacional pela primeira caso de um acidente trabalhador em decorrência
vez. anteriormente comunicado, de acidente de trabalho ou
devido a complicações, doença ocupacional.
agravamentos ou outras
circunstâncias.

Quanto ao número de vias, a CAT deve ser preenchida em quatro vias:

1ª Via - INSS:
Enviada ao Instituto
Nacional do Seguro Social.

2ª Via - Sindicato:
A CAT deve ser preenchida em

Encaminhada ao sindicato
representativo da
4 (quatro) vias

categoria.
5ª via à Delegacia
Regional do Trabalho –
3ª Via - Empregado ou Caso o acidente cause o
Dependente: Fica com o DRT
óbito do trabalhador,
trabalhador ou seus também deve ser entregue
dependentes. a CAT ao: 6ª via ao Sistema Único
de Saúde

4ª Via - Empregador:
Mantida pela empresa no
local de trabalho.

4.2) Quando emitir a CAT?

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) deve ser emitida nos seguintes prazos:

25
No caso de morte do
trabalhador, a emissão
da CAT deve ser
Até o primeiro dia útil imediata após a
seguinte ao da ciência constatação do óbito.
do diagnóstico da
Até o primeiro dia útil doença ocupacional ou
seguinte ao da profissional.
ocorrência do acidente
de trabalho ou de
trajeto.

Tome nota!

Este prazo se aplica mesmo nos casos em que o trabalhador não precise se afastar do trabalho.
Mesmo que não haja necessidade de atestado médico ou afastamento temporário ou
permanente, a CAT ainda deve ser aberta.

Se a empresa não emitir a CAT no prazo legal, estará sujeita a multas. A primeira falta de comunicação
resultará em uma multa no grau mínimo. Em caso de reincidência, o valor da multa será duplicado.

Importante!

É possível abrir a CAT após 24 horas, mas é essencial que seja feita o mais rápido possível para
cumprir o prazo legal e garantir a proteção dos direitos do trabalhador. Se a empresa não emitir a
CAT, o trabalhador pode procurar o CEREST, sindicato, médico ou autoridade pública. Caso não
consiga emitir por nenhum desses meios, o próprio trabalhador pode preencher a CAT, assegurando
que o documento seja emitido.

Momento da Questão

CESGRANRIO 2023 – Na última semana, ocorreram três acidentes fatais em uma fábrica
envolvendo os trabalhadores P, Q e R, com as seguintes circunstâncias:

P veio a óbito imediatamente após o acidente.

Q foi levado ao hospital, mas faleceu poucas horas depois.

26
R sobreviveu inicialmente, mas veio a óbito uma semana depois, devido às complicações decorrentes
do acidente.

Diante dessas situações, a empresa deve emitir, até o primeiro dia útil seguinte ao do acidente:

a) A CAT de comunicação de óbito para cada trabalhador (P, Q e R), e, de imediato, comunicar à
autoridade competente.

b) A CAT inicial para cada trabalhador (P, Q e R), e, de imediato, comunicar à autoridade competente.

c) A CAT de agravamento para cada trabalhador (P, Q e R).

d) A CAT inicial e a CAT de reabertura para cada trabalhador (P, Q e R).

e) A CAT inicial para R e a CAT de agravamento para P e Q na ocasião do óbito.

Gabarito: Letra B.

Comentário: A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) deve ser emitida até o primeiro dia
útil seguinte ao do acidente, conforme previsto na legislação brasileira.

Para cada trabalhador envolvido nos acidentes fatais (P, Q e R), a empresa deve emitir a CAT inicial,
indicando a ocorrência do acidente. Mesmo que o óbito seja imediato ou ocorra posteriormente
devido a complicações, a CAT inicial deve ser emitida de imediato. Isso é fundamental para cumprir
os prazos legais e garantir a comunicação adequada às autoridades competentes.

5) Análise de Acidentes de Trabalho: Modelos, Metodologias e Etapas

A análise de acidentes de trabalho envolve modelos que identificam causas e metodologias que
analisam incidentes. As tecnologias de prevenção incluem sistemas avançados, treinamentos
virtuais e automação, enquanto as de combate envolvem detecção rápida, resgate eficiente e
comunicação ágil.

O termo acidente frequentemente evoca a ideia de um evento imprevisto, ocorrendo por acaso e
resultando em danos pessoais. No entanto, essa perspectiva é limitada e dificulta os esforços de
prevenção. Muitas vezes, os acidentes são percebidos apenas como ocorrências que causam danos
pessoais, ignorando as consideráveis perdas materiais, transtornos e custos associados.

A definição legal de acidente de trabalho, conforme estabelecida pela Lei Nº 8.213, de 24 de


julho de 1991, foca na lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou
redução da capacidade de trabalho. No entanto, essa definição se revela insuficiente para
empresas e demais partes interessadas. O legislador, ao buscar proteger o trabalhador
acidentado por meio de compensação financeira, visando seu sustento durante a
incapacidade de trabalhar ou indenização em caso de incapacidade permanente, não aborda
todas as dimensões dos acidentes (BENITE, 2005).

27
Os quase-acidentes são eventos imprevistos que, por um estreito margem, escaparam de se
transformar em acidentes completos. Essas ocorrências, longe de serem simples coincidências,
devem ser encaradas como alertas para os potenciais perigos que podem se materializar. Ignorar
esses avisos, por parte da empresa, pode levar à efetiva ocorrência de um acidente.

Vamos exemplificar esses termos:

Quase-Acidentes:

Os quase-acidentes referem-se a incidentes ou situações que, por uma pequena margem, não
resultaram em danos significativos ou acidentes reais. São eventos que poderiam ter se transformado
em acidentes, mas por intervenção ou circunstâncias favoráveis, não atingiram seu potencial
máximo de dano, eles servem como alertas e indicadores de potenciais falhas nos sistemas,
processos ou comportamentos, oferecendo oportunidades para melhorias preventivas.

Ex.: Um operador de máquina quase esquece de desligar uma função crítica, mas é alertado a
tempo por um colega.

Acidentes:

Acidentes são eventos que resultam em danos reais, como lesões pessoais, danos materiais ou
impactos adversos à saúde, causados por falhas em sistemas, processos ou comportamentos.
Envolvem consequências prejudiciais e muitas vezes requerem intervenção médica, reparos materiais
ou medidas corretivas substanciais. Em suma, são eventos negativos que, em muitos casos, podem
ser evitados com base no aprendizado obtido a partir de quase-acidentes e outras análises
preventivas.

Ex.: Um trabalhador sofre uma lesão enquanto operava uma máquina devido à falta de
treinamento adequado ou falha no equipamento.

5.1) Condições inseguras e atos inseguros

Ao adotar uma abordagem voltada para a prevenção, é imperativo considerar como potencial causa
de acidentes qualquer elemento que, se não for prontamente removido, possa resultar em um
incidente. A significância desse conceito reside na evidência incontestável de que os acidentes não
são inevitáveis ou aleatórios, mas sim têm origens específicas e são passíveis de prevenção. Isso é
possível por meio do entendimento e da eliminação atempada de suas causas fundamentais.
Vejamos duas categorias fundamentais na análise de incidentes:

28
Os atos inseguros referem-se a
comportamentos imprudentes dos
As condições inseguras
trabalhadores, como negligência em
compreendem variáveis ambientais,
procedimentos de segurança e uso
como máquinas desprotegidas,
inadequado de equipamentos de
iluminação inadequada e pisos
proteção. A responsabilidade
escorregadios, que são fontes diretas
individual desempenha um papel
de riscos no ambiente de trabalho.
crucial na prevenção desses atos,
Corrigir essas condições é vital para
sendo essencial promover práticas
assegurar um ambiente seguro.
seguras para garantir a segurança
pessoal e coletiva.

Ao antecipar potenciais riscos e analisar proativamente as condições inseguras e atos inseguros, as


organizações podem implementar medidas corretivas e preventivas.

5.2) Identificação de perigos, avaliação e controle de riscos

A identificação de perigos, avaliação e controle de riscos são elementos fundamentais na gestão da


segurança e saúde ocupacional em qualquer ambiente de trabalho. Esses processos são parte
integrante de um sistema eficaz de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. No Brasil, as
normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) exigem programas como o
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Condições e Meio Ambiente
de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), que incorporam a identificação, avaliação e
controle de riscos como práticas obrigatórias para as empresas. O cumprimento efetivo dessas
etapas contribui para um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. Vejamos um sistema eficaz
de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais:

Avaliação de
Riscos
• A identificação de perigos • O controle de riscos
envolve a criação de um envolve a implementação
inventário de fontes de • A avaliação de riscos é uma de medidas eficazes de
risco potencial, como avaliação sistemática que mitigação ou eliminação de
máquinas desprotegidas classifica o risco como alto ou riscos, como o uso de EPIs
ou produtos químicos baixo, considerando a ou a instalação de
perigosos. probabilidade de ocorrência e dispositivos de segurança
a gravidade das em máquinas.
consequências.
Identificação de Controle de
Perigos Riscos

29
O cumprimento efetivo dessas etapas contribui para um ambiente de trabalho mais seguro e
saudável.

5.3) Métodos e técnicas de investigação de acidentes

A investigação de causas de riscos, acidentes e quase-acidentes pode ser classificada em dois


enfoques principais: reativos e pró-ativos. Cada abordagem tem suas características distintas,
visando melhor compreensão e prevenção de incidentes, vejamos:

Investigação reativa:

Este método concentra-se na análise após a ocorrência do evento, buscando identificar suas causas
e consequências. Seu objetivo é entender por que um incidente ocorreu, avaliando fatores
contribuintes e falhas no sistema.

Ex.: Utilização de técnicas comuns de árvore de falhas, análise de causa raiz e entrevistas pós-
acidente.

Investigação pró-ativa:

Enfoca a prevenção, antecipando-se aos incidentes através da identificação e correção de potenciais


falhas no sistema. Seu objetivo é identificar condições inseguras antes que resultem em acidentes,
promovendo ações preventivas.

Ex.: Utilização de técnicas comuns de análise de risco preliminar, observações de segurança e


análise de quase-acidentes.

Esquema de métodos utilizados para ambos os tipos de investigação:

Para a investigação reativa os Para a investigação pró-ativa os


principais métodos são: principais métodos são:
- Brainstorming. - Análise preliminar de risco (APR).
- Diagrama de causa-efeito. - Técnica de incidente crítico (TIC).
- Análise pela árvore de causas (ADC ou - Estudos de identificação de perigos e
AAC). operabilidade (HAZOP).
- Análise dos modos de falha e efeitos
(AMFE).
- What if (E se...?).
- Análise por árvore de falhas (AAF).

30
5.3 Prevenção e combate a sinistros e proteção contra incêndio e explosões

A prevenção, o combate a sinistros e a proteção contra incêndio e explosões são componentes


fundamentais da gestão de segurança e emergências em diversos ambientes, incluindo residencial,
industrial e comercial. A conformidade rigorosa com regulamentações de segurança, a manutenção
regular de equipamentos e a realização de treinamentos contínuos são elementos cruciais para
garantir ambientes seguros e prontidão eficaz em caso de emergências. Vamos explorar esses
conceitos em detalhes:

Planejamento de Emergência:
Desenvolvimento e prática de planos
eficientes de evacuação.
Realização de exercícios regulares para
preparar equipes para situações críticas.

Prevenção de Medidas Técnicas:


Sinistros Avaliação de Riscos: Implementação de equipamentos e
Identificação e análise de sistemas de segurança, como extintores,
potenciais ameaças e sprinklers e detectores de fumaça.
vulnerabilidades.
Identificação de Garantir que equipamentos estejam em
Riscos boas condições de funcionamento.

Inspeções Regulares: Planejamento de Emergência:


Monitoramento periódico Desenvolvimento e prática de planos
para identificar condições eficientes de evacuação.
inseguras ou inadequadas.
Realização de exercícios regulares para
preparar equipes para situações críticas.

31
Utilização de Equipamentos: Uso
adequado e eficaz de ferramentas de
combate a incêndios.
Equipes de Resposta:
Utilização de ferramentas para resgate e
Designação de equipes
salvamento.
treinadas para responder
Combate a a emergências.
Evacuação e Salvamento: Garantir a saída
Sinistros segura de pessoas em Preparação para
resgate de pessoas em perigo.

Resposta Rápida
Comando e Controle: Estabelecimento de
um local de comando centralizado.
Alocação eficiente de recursos para áreas
Comunicação Eficiente: prioritárias.
Sistemas de comunicação
eficazes para coordenar Avaliação Pós-Sinistro: Determinação das
esforços de resposta. causas do sinistro para prevenção futura.
Revisão e aprimoramento contínuo dos
planos de emergência com base nas lições
aprendidas.

A abordagem integrada de prevenção e combate a sinistros é essencial para garantir a segurança de


vidas e propriedades. A educação contínua, a prática de simulações e a adaptação constante dos
planos são fundamentais para enfrentar desafios emergentes e manter um ambiente seguro.

5.4) Estudo de fatores causais em eventos ocupacionais adversos

O estudo de fatores causais em eventos ocupacionais adversos é vital para a segurança no trabalho.
Começa com a coleta detalhada de dados e entrevistas. Analisa-se causas imediatas e, em seguida,
busca-se fatores subjacentes usando métodos como a análise de causa raiz. Avaliação de fatores
humanos, condições ambientais, e aspectos organizacionais são considerados. Recomendações são
desenvolvidas, documentadas em um relatório detalhado e compartilhadas com as partes
envolvidas. A implementação de medidas corretivas e monitoramento contínuo são cruciais para
a melhoria contínua e a promoção de práticas seguras no ambiente de trabalho.

5.5) Acidentes ampliados, planificação de emergências e catástrofes

Acidentes ampliados, planificação de emergências e catástrofes são elementos críticos na gestão de


situações extremas que podem ter impacto significativo em comunidades, empresas ou regiões.
Vamos explorar esses conceitos em mais detalhes:

Acidentes Ampliados: Acidentes ampliados referem-se a incidentes que extrapolam a escala e


capacidade normais de resposta, envolvendo múltiplos fatores, recursos e organizações.

32
Ex.: Desastres naturais, acidentes industriais graves, pandemias, entre outros eventos que
demandam coordenação abrangente.

Planificação de Emergências: A planificação de emergências é o processo de desenvolvimento


e implementação de estratégias para prevenir, preparar, responder e recuperar-se de eventos
adversos, primeiramente fazendo avaliação dos potenciais perigos e ameaças, elaborando
procedimentos específicos para diferentes tipos de emergências, preparando de equipes por meio
de treinamentos e simulações realísticas e estabelecendo de sistemas de comunicação claros e
eficazes.

Catástrofes: Catástrofes referem-se a eventos de grande escala que causam danos significativos,
afetando extensas áreas geográficas ou populações.

Ex.: Terremotos, furacões, tsunamis, pandemias globais, grandes acidentes industriais.

A natureza imprevisível de algumas catástrofes apresenta desafios significativos. A planificação de


emergências deve abranger tanto situações comuns como acidentes ampliados ou catástrofes. Em
casos de eventos ampliados, a coordenação entre agências governamentais, organizações não
governamentais e setor privado é fundamental. A integração efetiva desses conceitos na gestão de
emergências é vital para garantir a segurança e a capacidade de resposta diante de situações
desafiadoras, sejam elas acidentes ampliados, eventos catastróficos ou emergências cotidianas.

5.6) Cuidados e protocolos com respeito ao trabalho em espaços confinados

O trabalho em espaços confinados requer cuidados específicos e a implementação de protocolos


rigorosos para garantir a segurança dos trabalhadores. Esses espaços, como tanques, silos,
tubulações e áreas de armazenamento, apresentam riscos particulares devido à sua natureza restrita
e à possível presença de condições perigosas. Vamos explorar os cuidados e protocolos essenciais:

33
Considera-se espaço confinado qualquer área Considera-se atmosfera perigosa
ou ambiente que atenda simultaneamente aos aquela em que estejam presentes uma
seguintes requisitos: das seguintes condições:
a) não ser projetado para ocupação humana a) deficiência ou enriquecimento de
contínua; oxigênio; b) presença de contaminantes
NR 33

b) possuir meios limitados de entrada e saída; e com potencial de causar danos à saúde
c) em que exista ou possa existir atmosfera do trabalhador; ou c) seja caracterizada
perigosa. como uma atmosfera explosiva.

A NR 33 determina a utilização obrigatória de EPI, como cintos de segurança,


capacetes, óculos, respiradores, entre outros, de acordo com os riscos identificados.

A NR 33 estabelece requisitos específicos para o treinamento e a capacitação dos trabalhadores


que atuam em espaços confinados. Isso inclui conhecimentos sobre os riscos, procedimentos de
entrada, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), entre outros.

A entrada em espaços confinados só é permitida após a emissão de uma Permissão de Entrada e


Trabalho (PET), que deve ser emitida após a realização de uma avaliação de riscos e a implementação
de medidas de controle.

Antes da entrada, é obrigatória a realização de uma avaliação de riscos para identificar e controlar
os perigos associados ao espaço confinado, incluindo gases tóxicos, deficiência ou excesso de
oxigênio, inflamabilidade, entre outros.

O percentual de oxigênio (O2) é crucial para garantir condições seguras durante a entrada em
espaços confinados. A concentração aceitável varia de 19,5% a 23% de volume, com o padrão normal
de 20,9%.

A entrada e o trabalho em espaço confinado são proibidos se não houver uma autorização prévia,
conforme determinado pelos subitens 1.4.3 e 1.4.3.1 da NR-01. É proibida a entrada se não forem
realizadas avaliações atmosféricas antes do início das atividades no espaço confinado. Além disso,
é necessário o monitoramento contínuo durante as atividades para garantir condições seguras. A
entrada e permanência em espaço confinado são proibidas na ausência de um vigia. A entrada é
proibida se houver falta de capacitação adequada para supervisores de entrada, vigias,
trabalhadores autorizados e equipes de resgate.

Os trabalhadores designados para atividades em espaços confinados devem ser avaliados quanto à
aptidão física e mental, considerando os fatores de riscos psicossociais.

O plano de resgate deverá conter: A identificação dos perigos associados à operação de resgate;
designação da equipe de emergência e salvamento, interna ou externa, dimensionada conforme a
geometria, acessos e riscos das atividades e operação de resgate; O tempo de resposta para

34
atendimento à emergência; seleção das técnicas apropriadas, equipamentos pessoais e/ou coletivos
específicos e sistema de resgate disponíveis, de forma a reduzir o tempo de suspensão inerte do
trabalhador e sua exposição aos perigos existentes; e a previsão da realização de simulados dos
cenários identificados.

5.7) Primeiros socorros

Todo estabelecimento, independentemente de seu segmento, deve estar equipado com o material
necessário para prestação de primeiros socorros, considerando as características específicas da
atividade desenvolvida. Conforme estabelecido pela NR-07, que trata do treinamento de primeiros
socorros, uma pessoa treinada deve ser designada para cuidar desse material, garantindo a eficácia
das práticas de emergência.

Tome nota!

Além da NR-07, a Lei nº 102/2009 — Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no


Trabalho reforça a importância de estruturas que certifiquem a realização de procedimentos de
emergência e primeiros socorros em empresas e estabelecimentos.

A legislação exige a presença de um kit de primeiros socorros e destaca a necessidade de ao


menos uma pessoa ser treinada para a aplicação adequada dessas práticas.

Uma abordagem adicional é a contratação de uma empresa terceirizada especializada em oferecer


treinamento de primeiros socorros aos funcionários. Essa iniciativa pode ser direcionada para
capacitar membros da CIPA ou, caso a empresa tenha menos de 20 funcionários ou opte por não
criar a comissão, garantir que pelo menos um indivíduo esteja devidamente treinado.

Importante!

O treinamento de primeiros socorros, geralmente com uma carga horária média de oito horas, deve
ser integrado à jornada de trabalho dos empregados, assegurando que as aulas ocorram em horários
convenientes. Abaixo estão alguns dos principais procedimentos de primeiros socorros:

Chamado de Emergência:
Verificação da Consciência:
Caso a vítima não responda,
Avaliação da Cena: Tente conversar com a vítima e ou se a situação exigir, chame
Antes de se aproximar da verificar se ela está consciente. Se a imediatamente os serviços de
vítima, avalie a segurança vítima estiver inconsciente e emergência (SAMU,
da cena para evitar respirando, coloque-a na posição bombeiros) informando a
colocar-se em risco. lateral de segurança para prevenir localização e a condição da
obstrução das vias respiratórias. vítima.

35
Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP): Confira se a vítima está respirando normalmente. Se não
estiver, inicie a ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Comprima o peito ritmicamente, realizando 30
compressões seguidas de duas ventilações boca a boca.

Em casos de:

Queimaduras: Resfrie a área queimada com água corrente por cerca de 10 minutos. Não utilize
gelo. Cubra a queimadura com um pano limpo.

Crises Convulsivas: Proteja a cabeça da vítima, afaste objetos ao redor, e coloque-a de lado após
a crise para facilitar a respiração.

Choque: Eleve as pernas da vítima, mantenha-a aquecida e chame ajuda médica. Evite oferecer
alimentos ou bebidas.

Lesões na Cabeça: Mantenha a cabeça da vítima imobilizada e evite movimentá-la. Aplique


compressas frias em caso de inchaço.

Hipotermia e Hipertermia: Aqueça gradualmente a vítima em caso de hipotermia. Em caso de


hipertermia, resfrie a vítima gradualmente

Lesões Oculares: Lave suavemente os olhos com água limpa em caso de contaminação. Não
esfregue os olhos.

Traumas na Coluna: Evite movimentar a vítima. Imobilize a cabeça e o pescoço, chamando ajuda
médica imediatamente.

Controle de Hemorragias: Aplique pressão direta sobre feridas para controlar sangramentos.
Use luvas descartáveis, se possível, para evitar contaminação.

Fraturas: Imobilize fraturas usando talas, faixas ou materiais disponíveis. Evite movimentar a
vítima desnecessariamente.

Desobstrução de Vias Respiratórias: Caso a vítima esteja engasgada, realize a manobra de


Heimlich para desobstruir as vias respiratórias.

TOXICOLOGIA OCUPACIONAL

1) Introdução

Continuaremos os estudos para o Concurso Nacional Unificado, concentrando-nos no conhecimento


específico do eixo temático 4: Segurança e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.

3 Toxicologia Ocupacional: 3.1 Noções conceituais de toxicologia ocupacional relacionadas a


perigo, risco, efeitos tóxicos e agente tóxico.3.2 Testes de avaliação de toxicidade aguda e
crônica. 3.3 Fases da intoxicação 3.4 Limite de tolerância e limite de exposição ocupacional.

36
3.5 Classificações quanto à intoxicação. 3.6 Vias de penetração de um agente tóxico. 3.7
Absorção e distribuição pelo organismo. 3.8 Dose, efeito e resposta e relações dose-efeito e
dose-resposta. 3.9 Exposição ocupacional e efeitos. 3.10 Limite de tolerância; limite de
exposição ocupacional. 3.11 Toxicocinética e toxicodinâmica. 3.12 Controle da exposição e
monitoramento biológico da exposição ocupacional: 3.12.1 Indicadores biológicos. 3.12.2
Avaliação de toxicidade. 3.12.3 Condições para manifestação da toxicidade. 3.12.4 Dose letal
e concentração letal. 3.12.5 Efeitos mutagênicos e carcinogênicos. 3.13 Classificação dos
agentes tóxicos quanto à ação tóxica. 3.13.1 Substâncias sensibilizantes. 3.13.2 Gases e
vapores irritantes e asfixiantes. 3.14 Classificação dos contaminantes no ar. 3.14.1 Particulados
sólidos. 3.14.2. Sensibilizantes e seus efeitos para a saúde humana.

2) Perigo e risco, efeitos tóxicos e agente tóxico

A toxicologia ocupacional desempenha um papel crucial na proteção da saúde dos trabalhadores,


abrangendo conceitos fundamentais relacionados a perigo, risco, efeitos tóxicos e agentes tóxicos.
Cada um desses conceitos contribui para uma compreensão abrangente dos riscos associados à
exposição a substâncias químicas no ambiente de trabalho.

Vamos esclarecer a distinção entre os termos "perigo" e "risco":

Perigo Risco
• O termo "perigo" refere-se à capacidade • Por outro lado, "risco" é a probabilidade de que
intrínseca de uma substância causar danos à a exposição a esse perigo realmente cause
saúde. Um exemplo claro é o benzeno, um danos. Se os trabalhadores estão
solvente comum na indústria, que é classificado frequentemente expostos ao benzeno sem
como cancerígeno. Portanto, o benzeno precauções adequadas, o risco de
apresenta um perigo potencial. desenvolverem problemas de saúde, como
câncer, aumenta consideravelmente.

2.1) Efeitos tóxicos e agente tóxico

Os efeitos tóxicos são manifestações adversas que um organismo pode experimentar quando
exposto a uma substância química, seja de forma aguda ou crônica. Esses efeitos podem variar
amplamente, desde danos imediatos até impactos cumulativos ao longo do tempo.

Ex.: Tomemos a exposição ao mercúrio, um agente tóxico comumente encontrado em certas


indústrias. Se inalado repetidamente, o mercúrio pode causar danos neurológicos progressivos,
resultando em tremores, dificuldades de coordenação e problemas cognitivos. Esses efeitos, que
podem se manifestar ao longo do tempo, ilustram a importância da compreensão dos impactos a
longo prazo da exposição a agentes tóxicos.

Um agente tóxico é uma substância capaz de causar efeitos adversos à saúde quando presente em
concentrações suficientemente elevadas. Exemplos comuns incluem produtos químicos industriais,

37
metais pesados, solventes e pesticidas. A toxicidade de um agente pode depender de vários fatores,
incluindo a via de exposição (inalação, ingestão, contato cutâneo) e a duração da exposição.

Ex.: Para ilustrar, considere o benzeno, um agente tóxico encontrado em certos ambientes de
trabalho. A exposição prolongada a esse solvente pode aumentar o risco de distúrbios sanguíneos,
como a leucemia. O benzeno, portanto, exemplifica como diferentes agentes tóxicos podem ter
efeitos específicos no corpo humano.

2.2) Testes de avaliação de toxicidade aguda e crônica

Ambos os tipos de testes desempenham um papel crucial na avaliação de riscos ocupacionais. A


toxicidade aguda oferece informações sobre potenciais impactos imediatos, enquanto a toxicidade
crônica destaca os efeitos que podem se desenvolver ao longo do tempo, vejamos:

Os testes de toxicidade aguda têm Por outro lado, os testes de


Toxicidade Aguda:

como objetivo avaliar os efeitos Toxicidade Crônica: toxicidade crônica investigam os


nocivos de uma substância após uma efeitos adversos decorrentes de
única exposição ou exposições exposições prolongadas ou
repetidas em um curto período. Estes repetitivas a uma substância.
testes geralmente são conduzidos em Diferentemente dos testes agudos,
animais de laboratório para estes podem se estender por meses
determinar a dose letal (DL50), que ou anos, permitindo a observação de
representa a quantidade necessária impactos no longo prazo.
para causar a morte em 50% dos Um exemplo prático seria o estudo de
animais testados. carcinogenicidade, em que animais
Por exemplo, se um novo produto são expostos continuamente a uma
químico industrial é desenvolvido, os substância para identificar se ela tem
testes agudos ajudam a estimar quão potencial para causar câncer ao longo
perigoso ele pode ser em situações do tempo.
de exposição de curto prazo.

2.3) Fases da intoxicação

Exposição: A exposição marca o início do contato entre o organismo e o agente tóxico. Diversos
fatores, como dose, concentração, via de exposição, frequência e duração, além das propriedades
físico-químicas do agente, influenciam a disponibilidade química do xenobiótico para absorção. A
suscetibilidade individual também desempenha um papel crucial nessa fase, moldando a resposta
do organismo à exposição.

Ex.: Trabalhadores em uma fábrica de produtos químicos que inalam vapores de solventes
orgânicos durante o processo de produção, como o tolueno. A dose, concentração, frequência e
duração da exposição dependem da natureza do trabalho e das práticas de segurança adotadas.

38
Toxicocinética: Esta fase abrange os processos relacionados à absorção, distribuição,
armazenamento, biotransformação e excreção do agente tóxico no organismo. As propriedades
físico-químicas do toxicante determinam seu acesso aos órgãos-alvo e a velocidade de eliminação.
O equilíbrio desses movimentos define a biodisponibilidade da substância, influenciando a
quantidade que está disponível para exercer seus efeitos.

Ex.: Um trabalhador exposto a metais pesados, como o chumbo, através da ingestão de água
contaminada no local de trabalho. Nesta fase, o chumbo é absorvido no trato gastrointestinal,
distribuído pelo sangue para órgãos como o cérebro e os ossos, metabolizado no fígado e,
eventualmente, excretado na urina.

Toxicodinâmica: A toxicodinâmica explora a interação entre as moléculas do toxicante e os


sítios de ação nos órgãos, desencadeando desequilíbrios homeostáticos. Essa interação é
responsável pelo surgimento de efeitos tóxicos no organismo. Compreender como o agente tóxico
afeta os processos biológicos nos níveis celular e molecular é essencial para identificar os
mecanismos subjacentes aos efeitos adversos.

Ex.: A exposição crônica a pesticidas organofosforados, como o clorpirifós, que interferem no


sistema nervoso. Nesta fase, os compostos afetam os neurotransmissores, causando desequilíbrios
nas funções neuromusculares e levando a sintomas como tremores, fraqueza e, em casos graves,
convulsões.

Clínica: A fase clínica é o estágio em que os efeitos nocivos da exposição se manifestam


clinicamente. Aqui, sinais e sintomas visíveis ou mensuráveis, assim como alterações patológicas
identificáveis por meio de exames diagnósticos, caracterizam os impactos do toxicante no
organismo. Esta fase é crucial para o diagnóstico e tratamento precoces de doenças relacionadas à
exposição a substâncias tóxicas.

Ex.: Trabalhadores de uma indústria que desenvolvem sintomas de intoxicação por solventes,
como dores de cabeça, tonturas e irritação ocular. Os exames clínicos e laboratoriais revelam
alterações patológicas, como danos hepáticos e renais, confirmando a exposição e seus efeitos no
organismo.

2.4) Limite de tolerância e limite de exposição ocupacional

O Limite de Tolerância é a concentração máxima permitida de uma substância química no


ambiente de trabalho, a qual os trabalhadores podem ser expostos continuamente, sem apresentar
efeitos adversos à saúde.

Esses limites são estabelecidos por órgãos reguladores de saúde e segurança ocupacional e são
expressos em unidades específicas, como partes por milhão (ppm) ou miligramas por metro
cúbico de ar (mg/m³). Ultrapassar o Limite de Tolerância pode resultar em efeitos prejudiciais à
saúde dos trabalhadores.
39
Ex.: O LT para o benzeno, um solvente amplamente utilizado em indústrias químicas, pode ser
estabelecido em 1 ppm (parte por milhão) em um ambiente de trabalho. Isso significa que a
concentração de benzeno no ar não deve exceder 1 ppm para evitar efeitos adversos à saúde dos
trabalhadores.

O Limite de Exposição Ocupacional é uma terminologia mais abrangente que inclui não apenas os
limites de tolerância, mas também outros valores que podem ser usados na avaliação de riscos
ocupacionais, como valores biológicos de referência e índices biológicos. O LEO é uma medida mais
ampla que considera diferentes formas de avaliar e controlar a exposição ocupacional, incluindo
limites de curto prazo (como o Limite de Exposição de Curto Prazo - LEC).

Ex.: Além do LT para o benzeno, o LEO pode considerar outros aspectos, como limites de
exposição de curto prazo para períodos específicos. Por exemplo, o LEC para o benzeno pode ser
estabelecido em 5 ppm para um período de 15 minutos.

O Valor Teto é a concentração máxima que não pode ser ultrapassada em nenhum momento
durante a jornada de trabalho. Essa medida é específica para substâncias que têm ação aguda e
rápida sobre o organismo. O VT é estabelecido para garantir uma proteção imediata contra efeitos
adversos significativos, mesmo em exposições breves.

Ex.: Considere um ambiente de trabalho em que os trabalhadores lidam com um produto químico
altamente corrosivo, conhecido por suas propriedades irritantes e potencialmente nocivas. O Valor
Teto para essa substância é estabelecido em 2 partes por milhão (ppm).

Durante uma inspeção de rotina, é identificado que, devido a uma falha temporária no sistema de
ventilação, a concentração dessa substância no ar atingiu 3 ppm por um curto período de tempo,
não ultrapassando 15 minutos. Nesse caso, mesmo que a exposição tenha sido breve, ela ultrapassou
o Valor Teto estabelecido. Consequentemente, as medidas de segurança e evacuação são
imediatamente acionadas para garantir que os trabalhadores não permaneçam no local afetado por
mais tempo do que o necessário.

2.4.1) Limite de Exposição para Superfícies (TLV-SL)

O Limite de Exposição para Superfícies (TLV-SL), implementado em 2019, estabelece concentrações


de substâncias químicas em equipamentos e áreas industriais, visando evitar efeitos adversos por
contato dérmico ou ingestão ocasional. Complementar aos valores no ar atmosférico, utiliza a
unidade mg/100 cm², refletindo a quantidade permitida por unidade de superfície, em
conformidade com uma jornada de trabalho de oito horas.

Ex.: Consideremos uma fábrica que lida com um solvente tóxico. O TLV-SL para esse solvente é
definido em 5 mg/100 cm². Isso significa que, durante uma jornada de trabalho de oito horas, a

40
quantidade desse solvente não deve exceder 5 mg em cada área de 100 cm². Essa medida visa
proteger os trabalhadores contra efeitos adversos por contato dérmico ou ingestão ocasional,
proporcionando uma abordagem abrangente à segurança ocupacional, além dos limites no ar
atmosférico.

2.4.2) Exposição de Curta Duração (TLV-STEL)

O Limite de Exposição de Curta Duração (TLV-STEL) representa o acúmulo máximo ao qual a maioria
dos colaboradores pode ser continuamente exposta por até 15 minutos. Esse padrão permite uma
regularidade máxima de quatro vezes em um mesmo dia, com intervalo superior a 60 minutos entre
duas exposições consecutivas. Essa abordagem é projetada considerando o Limite de Tolerância
Ponderado no Tempo (TLV-TWA) como referência, assegurando que mesmo exposições breves não
causem danos à saúde dos trabalhadores.

Ex.: Considere um ambiente industrial onde os trabalhadores lidam com um solvente volátil
durante seus processos. O TLV-STEL para esse solvente é estabelecido em 50 partes por milhão
(ppm). Durante uma tarefa específica, os trabalhadores podem ser expostos a picos de concentração
do solvente, por exemplo, ao realizar a limpeza de equipamentos. Se durante esses procedimentos
a concentração do solvente atingir 60 ppm, isso estaria acima do TLV-STEL, que é estipulado em 50
ppm.

2.5) Classificações quanto à intoxicação

As classificações quanto à intoxicação referem-se à categorização de substâncias químicas com base


em seus efeitos tóxicos no organismo. Essas classificações ajudam na compreensão dos riscos
associados à exposição a determinadas substâncias. Vamos exemplificar algumas classificações
comuns:

41
Substâncias que causam irritação nos
tecidos com os quais entram em contato.
Irritantes Podem afetar a pele, olhos, trato
respiratório ou digestivo. Exemplo: ácidos
fortes.

Substâncias que interferem na capacidade


do organismo de transportar oxigênio,
Asfixiantes
levando à asfixia. Exemplo: gases inertes
que deslocam o oxigênio do ambiente.

Substâncias que afetam o sistema nervoso,


Neurotóxicos podendo causar danos ao cérebro ou
nervos periféricos. Exemplo: mercúrio.
Substâncias
Comuns
Substâncias que têm o potencial de causar
Carcinogênicos
câncer. Exemplo: benzeno, asbestos.

Substâncias que podem causar mutações


Mutagênicos no material genético, levando a alterações
hereditárias. Exemplo: radiações ionizantes.

Substâncias que causam danos ao fígado


Hepatotóxicos e
(hepatotóxicos) ou aos rins (nefrotóxicos).
Nefrotóxicos
Exemplo: alguns solventes orgânicos.

Essas classificações são fundamentais para avaliar os riscos ocupacionais, desenvolver medidas de
segurança apropriadas e fornecer informações sobre como manipular, armazenar e descartar
substâncias químicas de maneira segura.

2.6) Vias de penetração de um agente tóxico

Os agentes tóxicos podem entrar no corpo humano por diferentes vias de penetração, sendo essas
as principais:

Inalação: A via de inalação ocorre quando substâncias tóxicas são inaladas pelo sistema
respiratório. Isso inclui gases, vapores, poeiras ou aerossóis.

Ex.: Poluentes atmosféricos, vapores químicos industriais e poeira de produtos químicos.

Ingestão: A ingestão ocorre quando substâncias tóxicas são ingeridas através da boca.

Ex.: Ingestão acidental de produtos químicos, alimentos contaminados, água contaminada ou


ingestão deliberada de substâncias tóxicas.

42
Absorção Cutânea: A absorção cutânea refere-se à entrada de substâncias tóxicas através da
pele.

Ex.: Isso pode ocorrer quando uma pessoa entra em contato direto com substâncias químicas
líquidas, sólidas ou em forma de vapor. Algumas substâncias são absorvidas mais facilmente pela
pele do que outras.

Injeção: A injeção ocorre quando substâncias tóxicas são introduzidas diretamente no corpo por
meio de agulhas, picadas de insetos, mordidas de animais venenosos ou acidentes com objetos
perfurantes.

Ex.: Toxinas presentes em picadas de cobras ou veneno injetado por agulhas contaminadas.

2.6.1) Absorção e distribuição pelo organismo

A absorção é o processo pelo qual os agentes tóxicos entram no organismo a partir do ponto de
exposição.

As principais vias de absorção são inalação (pulmões), ingestão (trato gastrointestinal), absorção
cutânea (pele) e injeção (injeção direta no corpo). A taxa e a eficiência da absorção dependem das
propriedades físico-químicas da substância e da via de exposição.

Ex.: Substâncias gasosas podem ser prontamente absorvidas pelos pulmões durante a inalação.

Após a absorção, os agentes tóxicos se distribuem pelo corpo através da corrente sanguínea. A
distribuição é influenciada pelas propriedades da substância, características do sistema circulatório
e afinidade por tecidos específicos.

Alguns agentes tóxicos têm afinidade por órgãos específicos, enquanto outros são distribuídos
de maneira mais ampla. A distribuição pode ocorrer rapidamente para substâncias solúveis em água,
enquanto substâncias lipossolúveis podem se acumular em tecidos adiposos.

43
• O corpo possui barreiras biológicas que podem modular a
absorção e distribuição de agentes tóxicos. Ex.: a barreira
hematoencefálica protege o sistema nervoso central, limitando a
Barreiras entrada de substâncias químicas. No entanto, algumas
Biológicas substâncias tóxicas conseguem ultrapassar essas barreiras,
impactando órgãos vitais.

• Muitos agentes tóxicos passam por processos


metabólicos no fígado. O metabolismo pode converter
substâncias em metabólitos ativos ou inativos,
Metabolismo influenciando a toxicidade. Algumas substâncias são
ativadas por enzimas hepáticas, enquanto outras são
desativadas para facilitar a excreção.
• Agentes tóxicos podem acumular-se
em tecidos específicos, causando
Acúmulo efeitos cumulativos ao longo do
em Tecidos tempo. Ex.: chumbo, pode acumular-se
nos ossos, enquanto substâncias
lipossolúveis podem ser armazenadas
nos tecidos adiposos.

3) Dose, efeito e resposta e relações dose-efeito e dose-resposta

A dose refere-se à quantidade total de um agente tóxico que entra no organismo durante um
determinado período de exposição. Geralmente, é expressa em termos de massa ( por exemplo,
miligramas) por unidade de peso corporal ou volume. A dose é um fator crítico na toxicologia, pois
a magnitude dos efeitos muitas vezes está relacionada à quantidade de substância recebida.

Relação dose-efeito: A relação dose-efeito descreve como a magnitude do efeito está


relacionada à quantidade da substância tóxica administrada. Pode ser linear, não linear ou apresentar
uma resposta em estágios. Em geral, quanto maior a dose, maior o efeito observado. No entanto, a
relação pode não ser linear em todas as faixas de doses.

O efeito é a resposta observada após a exposição a uma determinada dose de um agente tóxico.
Os efeitos podem variar desde respostas agudas, como náuseas e irritação, até efeitos crônicos,
como danos aos órgãos.

Por outro lado, a resposta é a manifestação específica dos efeitos no organismo. Pode incluir
alterações fisiológicas, bioquímicas, comportamentais ou patológicas. A resposta é a tradução visível
ou mensurável dos efeitos que ocorrem em nível celular, tecidual ou sistêmico.

Relação Dose-Resposta: A relação dose-resposta é uma representação gráfica da relação entre


a dose administrada de um agente tóxico e a resposta observada. Geralmente, é expressa em um
gráfico onde a dose está no eixo horizontal e a resposta no eixo vertical. A curva dose-resposta pode
ser usada para estabelecer limites seguros de exposição e para entender a variabilidade nas respostas
individuais.

44
Momento da Questão

Questão inédita – Em um laboratório químico, trabalhadores manipulam uma substância


química volátil. O órgão regulatório de saúde estabeleceu limites para proteger a saúde dos
trabalhadores. Considere as seguintes informações:

Substância Química A:

Limite de Tolerância (LT): 30 partes por milhão (ppm) no ar.

Substância Química B:

Limite de Exposição Ocupacional (LEO): Concentração dérmica não deve exceder 3 mg/cm²
durante uma jornada de trabalho de 8 horas.

Qual é a principal finalidade do Limite de Tolerância (LT) estabelecido para a Substância


Química A?

a) Proteger contra a exposição dérmica.

b) Evitar a inalação excessiva da substância.

c) Limitar a exposição ocular.

d) Controlar a exposição oral.

Gabarito: Letra B

Comentário: O Limite de Tolerância (LT) é geralmente estabelecido para limitar a concentração


de uma substância no ar, visando proteger os trabalhadores contra a inalação excessiva da
substância e seus potenciais efeitos adversos.

Questão inédita - O que diferencia o Limite de Exposição Ocupacional (LEO) da Substância


Química B do Limite de Tolerância (LT) da Substância Química A?

a) O LEO considera apenas a exposição dérmica.

b) O LT é específico para exposição oral.

c) O LEO abrange múltiplas vias de exposição.

d) O LT é aplicado apenas a substâncias gasosas.

Gabarito: Letra C

Comentário: Enquanto o LT geralmente se concentra na concentração no ar e na inalação, o


LEO é uma abordagem mais abrangente que considera várias vias de exposição, incluindo a
exposição dérmica, como indicado pelo limite dérmico estabelecido para a Substância Química B.

45
Questão Inédita - Como a empresa pode garantir o cumprimento do Limite de Exposição
Ocupacional (LEO) para a Substância Química B?

a) Monitorando apenas a concentração no ar.

b) Implementando práticas de ventilação adequada.

c) Utilizando equipamentos de proteção respiratória.

d) Realizando avaliações regulares da exposição dérmica.

Gabarito: Letra D

Comentário: Para garantir o cumprimento do LEO, a empresa deve monitorar não apenas a
concentração no ar, mas também realizar avaliações regulares da exposição dérmica,
implementando medidas de controle, como o uso de equipamentos de proteção pessoal adequados.

DINÂMICA TÓXICA E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE NA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A


AGENTES QUÍMICOS

1) Introdução

Continuaremos os estudos para o Concurso Nacional Unificado, concentrando-nos no conhecimento


específico do eixo temático 4: Segurança e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.

3.11 Toxicocinética e toxicodinâmica. 3.12 Controle da exposição e monitoramento biológico


da exposição ocupacional: 3.12.1 Indicadores biológicos. 3.12.2 Avaliação de toxicidade. 3.12.3
Condições para manifestação da toxicidade. 3.12.4 Dose letal e concentração letal; 3.12.5
Efeitos mutagênicos e carcinogênicos. 3.13 Classificação dos agentes tóxicos quanto à ação
tóxica: 3.13.1 Substâncias sensibilizantes. 3.13.2 Gases e vapores irritantes e asfixiantes. 3.14
Classificação dos contaminantes no ar: 3.14.1 Particulados sólidos. 3.14.2 Sensibilizantes e seus
efeitos para a saúde humana.

2) Toxicocinética e toxicodinâmica

Toxicocinética e toxicodinâmica são dois conceitos fundamentais na área da toxicologia, que é o


estudo dos efeitos adversos de substâncias químicas nos organismos vivos, incluindo humanos.
Vamos explorar cada um desses termos:

46
Toxicocinética:
A toxicocinética refere-se ao estudo do movimento de substâncias químicas no corpo, desde o momento em que
são absorvidas até o momento em que são eliminadas.

• Processos envolvidos:
• Absorção: Como e em que quantidade a substância entra no organismo (geralmente ocorre através do trato
gastrointestinal, pulmões ou pele).
• Distribuição: Como a substância é distribuída pelos diferentes tecidos e órgãos do corpo.
• Metabolismo (biotransformação): Como a substância é transformada em metabólitos, muitas vezes por
enzimas no fígado.
• Excreção: Como os metabólitos são eliminados do corpo, geralmente através dos rins (urina) ou do fígado
(bile).

Toxicodinâmica:
A toxicodinâmica refere-se ao estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos das substâncias químicas no
organismo, ou seja, como essas substâncias interagem com os sistemas biológicos para produzir efeitos tóxicos.

• Processos envolvidos:
• Receptores: Interação da substância com receptores específicos no corpo, como proteínas, enzimas, ou outras
moléculas.
• Transdução de sinal: Como os sinais bioquímicos são transmitidos dentro da célula em resposta à exposição
à substância.
• Resposta celular e tecidual: Como as células e os tecidos respondem aos sinais e às alterações induzidas pela
substância.
• Manifestações clínicas: Desenvolvimento de sinais e sintomas observáveis de toxicidade.

Em resumo, a toxicocinética aborda a trajetória da substância no corpo, desde sua entrada até sua
eliminação, enquanto a toxicodinâmica se concentra nos efeitos da substância nos processos
biológicos e nas respostas do organismo.

2.1 Controle da exposição e monitoramento biológico da exposição ocupacional

O controle da exposição e o monitoramento biológico da exposição ocupacional são estratégias


fundamentais para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores em ambientes onde podem
ocorrer exposições a substâncias químicas ou agentes nocivos. Vamos ilustrar sobre esse assunto:

O controle da exposição refere-se às medidas adotadas para reduzir ou eliminar a exposição dos
trabalhadores a substâncias perigosas no ambiente de trabalho. Vamos conhecer as medidas de
controle:

Controles de Engenharia: Modificações no ambiente de trabalho para reduzir a emissão,


dispersão ou concentração de substâncias perigosas.

Ex.: ventilação adequada, isolamento de processos e uso de equipamentos fechados.

47
Controles Administrativos: Mudanças nos procedimentos de trabalho ou na organização para
minimizar a exposição, como rotação de tarefas, limitação do tempo de exposição e implementação
de práticas seguras.

Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI): Quando outras medidas não são
suficientes, EPIs, como máscaras respiratórias, luvas e óculos de proteção, podem ser utilizados.

O monitoramento biológico da exposição é o acompanhamento direto dos níveis de substâncias


químicas ou seus metabólitos nos fluidos biológicos dos trabalhadores, como sangue, urina ou
cabelo. Seus objetivos principais são:

Identificar
Avaliar a possíveis efeitos
Avaliar a eficácia
quantidade da adversos à
das medidas de
substância que saúde antes que
controle
foi absorvida sintomas
implementadas.
pelo organismo. clínicos
apareçam.

Agora vamos conhecer quais são os métodos de monitoramento biológico:

Outras Matrizes
Biológicas: Em alguns
casos, podem ser
Amostragem de analisadas amostras de
Sangue: Análise de saliva, cabelo, unhas,
amostras de sangue entre outros.
Amostragem de Urina: para medir a
Coleta de amostras de concentração de
urina para avaliar a substâncias específicas.
presença de substâncias
químicas ou seus
metabólitos.

A interpretação dos resultados do monitoramento biológico pode fornecer informações sobre a


exposição real dos trabalhadores e a necessidade de ajustes nas medidas de controle.

48
2.2 Indicadores biológicos

Indicadores biológicos: Indicadores biológicos são substâncias ou seus metabólitos presentes


no corpo humano ou em outros organismos vivos, que podem ser utilizados como marcadores para
avaliar a exposição a agentes químicos ou físicos no ambiente. Esses indicadores são úteis na área
da saúde ocupacional, pois fornecem informações diretas sobre a absorção, distribuição,
metabolismo e eliminação de substâncias químicas no organismo.

Ex.: Esses indicadores são mensuráveis em amostras biológicas, como sangue, urina, saliva, cabelo,
entre outros.

3) Avaliação de toxicidade

Avaliação de toxicidade refere-se ao estudo dos efeitos nocivos que uma substância química pode
causar à saúde, considerando fatores como dose, duração da exposição e via de administração.
Utilizamos esse tipo de avaliação para identificar potenciais riscos para a saúde humana e definir
limites de exposição ocupacional. Vamos conhecer os métodos mais comuns utilizados na avaliação
de toxicidade:

Testes In Vitro:
Definição: São realizados em sistemas celulares isolados fora do organismo.
Exemplo: Testes de citotoxicidade, genotoxicidade ou ensaios de metabolismo em
células cultivadas.
Aplicações: Identificação de efeitos tóxicos em nível celular.

Testes In Vivo (Animais):

Métodos de Definição: Utilização de animais para avaliar os efeitos de substâncias tóxicas.


avaliação de Exemplo: Estudos em ratos, camundongos, coelhos, etc., para avaliar toxicidade aguda e
toxidade: crônica.
Aplicações: Determinar efeitos adversos à saúde, estabelecer limites de exposição
ocupacional.

Estudos Epidemiológicos:
Definição: Avaliação de efeitos tóxicos em populações humanas expostas a substâncias
químicas no ambiente.
Exemplo: Investigação de comunidades expostas a poluentes do ar ou trabalhadores de
indústrias químicas.
Aplicações: Identificação de correlações entre exposição e efeitos na saúde humana.

3.1 Condições para manifestação da toxicidade

As condições para a manifestação da toxicidade são variáveis e existem diversos fatores que
influenciam como e quando os efeitos adversos de uma substância tóxica podem ocorrer. Alguns
dos principais elementos a considerar são:

49
Refere-se à
Geralmente, a toxicidade está relacionada
quantidade da
Dose: à dose. Doses mais altas aumentam o
substância que entra
risco de efeitos adversos.
no organismo.

Exposições mais longas podem aumentar


Refere-se à duração
Tempo de a probabilidade de efeitos tóxicos,
da exposição à
Exposição: especialmente para substâncias que se
substância.
acumulam no corpo ao longo do tempo.

Refere-se à forma
como a substância A via de exposição pode influenciar a
Via de entra no organismo rapidez com que a substância atinge os
Exposição: (por exemplo, tecidos-alvo e, portanto, a manifestação
Condições inalação, ingestão, dos efeitos tóxicos.
para contato dérmico).
manifestação
da toxicidade: Algumas substâncias
Interações podem interagir entre A presença de outras substâncias no
com Outras si, aumentando ou ambiente ou no corpo pode modular a
Substâncias: diminuindo os efeitos toxicidade de uma substância específica.
tóxicos.

Refere-se a com que Exposições frequentes podem levar a


Frequência da
acúmulo de substâncias no corpo,
frequência a
Exposição: aumentando o risco de toxicidade
exposição ocorre.
crônica.

A saúde geral do
indivíduo pode
Estado de influenciar a Indivíduos com condições de saúde pré-
capacidade do existentes podem ser mais vulneráveis aos
Saúde Geral:
organismo de lidar efeitos tóxicos.
com substâncias
tóxicas.

Importante!

Compreender essas condições é fundamental para avaliar e gerenciar riscos ocupacionais e


ambientais associados à exposição a substâncias tóxicas. A análise desses fatores permite uma
abordagem mais abrangente na prevenção de efeitos adversos à saúde.

Momento da Questão

Questão inédita – Em relação à Toxicologia, marque a alternativa que apresenta aspectos


conceituais INCORRETOS.

a) Toxicidade é a potencialidade de a substância química provocar efeitos adversos quando em


contato com o organismo vivo.

b) Toxicologia experimental estuda os sinais de toxicidade própria dos animais.

50
c) Toxicologia clínica estuda os sinais e os sintomas indesejáveis causados pelo toxicante.

d) Toxicologia analítica tem como objetivo identificar e/ou quantificar o toxicante nos tecidos e
fluidos biológicos.

e) Intoxicação é a manifestação das reações indesejáveis causadas pelas substâncias químicas no


organismo.

Gabarito: Letra B.

Comentário: A toxicologia experimental não se restringe apenas ao estudo dos sinais de


toxicidade em animais, mas abrange a experimentação em modelos biológicos para entender os
efeitos tóxicos em geral.

3.1.3 Dose letal e concentração letal

"Dose letal" (DL) e "Concentração letal" (CL) são termos frequentemente utilizados em toxicologia
para expressar a quantidade ou concentração de uma substância tóxica que é letal, ou seja, que
causa a morte de uma determinada porcentagem de organismos expostos. Vamos explorar a
diferença desses conceitos:

Dose Letal (DL)

Concentração Letal (CL):


A Dose Letal é a quantidade de uma substância
específica que causa a morte em uma
determinada população ou grupo de A Concentração Letal é a concentração de uma
organismos. substância no ambiente (como ar, água ou solo)
Geralmente é expressa como DL50, que é a dose que é letal para uma determinada porcentagem
que causa a morte de 50% da população de organismos expostos.
exposta. Geralmente é expressa como CL50, que é a
Exemplo: Se a DL50 de uma substância é 100 concentração que causa a morte de 50% da
mg/kg, isso significa que, em média, metade da população exposta.
população morreria se receber uma dose de 100 Exemplo: Se a CL50 de um poluente no ar é 50
mg da substância por quilograma de peso ppm (partes por milhão), isso significa que a
corporal. concentração do poluente no ar seria letal para
metade dos organismos expostos.

Tome nota!
A DL50 e a CL50 são valores médios que representam uma população, e a resposta individual
pode variar dependendo de fatores como a saúde do organismo, a via de exposição, o tempo de
exposição, entre outros.

51
3.1.3 Efeitos mutagênicos e carcinogênicos

Efeitos Mutagênicos: Mutagênicos são agentes que têm a capacidade de causar mutações, ou
seja, alterações no material genético de um organismo. Os mutagênicos podem atuar interferindo
no processo normal de replicação do DNA, causando mudanças na sequência de bases. As mutações
genéticas podem ter efeitos variados, desde nenhum impacto até o desenvolvimento de doenças
genéticas ou câncer.

Ex.: Radiações ionizantes, certas substâncias químicas presentes em cigarros e alguns agentes
quimioterápicos.

Efeitos Carcinogênicos: Carcinogênicos são agentes capazes de causar ou promover o


desenvolvimento de câncer. Eles podem agir induzindo mutações genéticas, estimulando o
crescimento descontrolado das células ou interferindo nos mecanismos de reparo celular.
Contribuindo para o desenvolvimento de tumores cancerígenos que podem ser benignos ou
malignos, dependendo do tipo de células afetadas.

Ex.: Substâncias químicas carcinogênicas, como o amianto, benzopireno encontrado na fumaça


do cigarro, radiações ionizantes e certos vírus.

Importante!

Nem todos os mutagênicos são carcinogênicos, mas muitos carcinogênicos têm potencial
mutagênico, pois a ocorrência de mutações genéticas é um dos mecanismos que pode levar ao
desenvolvimento do câncer. O entendimento e identificação dessas substâncias são fundamentais
para avaliações de risco, regulação e medidas de prevenção em saúde ocupacional e ambiental.

4) Classificação dos agentes tóxicos quanto à ação tóxica

Os agentes tóxicos podem ser classificados de várias maneiras com base em sua ação tóxica e nos
efeitos que causam no organismo. Uma classificação comum envolve categorias amplas,
considerando diferentes critérios. Vamos conhecer algumas das principais classificações:

52
Quanto ao Sistêmicos: Afetam o organismo como um Locais ou Locais de Contato: Exercem efeitos
Local de todo após absorção, atuando em órgãos ou no local de contato direto, como irritantes
Ação: sistemas específicos. dérmicos ou oculares.

Quanto ao Crônicos: Resultam de exposições repetidas


Agudos: Causam efeitos imediatos após uma
Tipo de ao longo do tempo, manifestando-se
única exposição ou exposições curtas.
Efeito: gradualmente.
CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES

Compostos Orgânicos: Como solventes, Gases e Vapores: Como monóxido de


Quanto à
pesticidas, hidrocarbonetos. carbono, amônia.
Natureza
Metais Pesados: Como chumbo, mercúrio,
TÓXICOS:

Química: Radiações: Ionizantes e não ionizantes.


cádmio.

Quanto à Inalatórios: Substâncias que Ingeridos: Substâncias


Dérmicos: Substâncias em
Via de são inaladas, como poeiras, ingeridas pela boca, como
Exposição: contato com a pele.
vapores. alimentos contaminados.

Quanto ao
Nefrotóxicos: Tóxicos para os Hepatotóxicos: Tóxicos para Neurotóxicos: Afetam o
Mecanismo
de Ação: rins. o fígado. sistema nervoso.

Quanto ao
Gasosos: Substâncias no Líquidos: Substâncias em Sólidos: Substâncias em
Estado
Físico: estado gasoso. forma líquida. forma de partículas sólidas.

É importante considerar essas categorias ao desenvolver estratégias de prevenção, monitoramento


e tratamento em contextos ocupacionais e ambientais.

4.1 Substâncias sensibilizantes

Substâncias sensibilizantes são agentes químicos que têm a capacidade de induzir uma resposta
imunológica específica no organismo, levando à sensibilização. A sensibilização é um processo no
qual o sistema imunológico do indivíduo desenvolve uma resposta de hipersensibilidade a uma
substância específica após exposição inicial. Essa resposta imunológica pode se manifestar em
exposições subsequentes, resultando em reações alérgicas ou dermatites de contato.

Existem duas principais categorias de sensibilização:

Sensibilização dérmica:

Ex.: Dermatites de contato alérgicas. Substâncias como certos metais (níquel, cromo), produtos
químicos em cosméticos, corantes têxteis, entre outros, podem causar reações alérgicas na pele.

Sensibilização respiratória:

Ex.: Asma ocupacional. Substâncias como poeiras de madeira, isocianatos (encontrados em tintas
e adesivos), proteínas de animais, podem desencadear reações alérgicas nos pulmões.

53
Agora vamos conhecer as características das substâncias sensibilizantes:

Período de Latência: A
Baixa Dose Sensibilizante: Em sensibilização muitas vezes não
muitos casos, a sensibilização pode ocorre imediatamente após a
ocorrer com exposição a doses exposição inicial. Pode haver um
relativamente baixas da substância. período de latência antes que a
resposta alérgica se desenvolva.

Efeitos Cumulativos: A Resposta Alérgica Tardia: As


sensibilização pode se acumular ao reações alérgicas geralmente
longo do tempo com exposições ocorrem em exposições
repetidas, tornando a pessoa mais subsequentes à substância, após a
suscetível a reações alérgicas. sensibilização ter ocorrido.

A identificação e avaliação de substâncias sensibilizantes são cruciais para a saúde ocupacional,


pois a exposição contínua a essas substâncias pode resultar em problemas de saúde crônicos.
Medidas preventivas, como o uso de equipamentos de proteção individual e a implementação de
boas práticas ocupacionais, são fundamentais para reduzir o risco de sensibilização em ambientes
de trabalho.

4.2 Gases e vapores irritantes e asfixiantes

Gases e Vapores Irritantes: São substâncias que, ao entrarem em contato com os tecidos do
corpo, podem causar irritação ou inflamação. Essa irritação pode afetar principalmente as mucosas,
como olhos, nariz, garganta e pulmões.

Ex.: Cloro (Cl2): Um gás irritante que pode causar danos nas vias respiratórias e nos olhos; Amônia
(NH3): Gás comum em processos industriais, pode ser irritante para os olhos, nariz e garganta;
Dióxido de Enxofre (SO2): Pode irritar o sistema respiratório.

Gases e Vapores Asfixiantes: São substâncias que reduzem a quantidade de oxigênio


disponível no ambiente, podendo levar à asfixia se inaladas em concentrações elevadas.

Ex.: Gás Nitrogênio (N2): Pode deslocar o oxigênio no ambiente, causando falta de oxigênio;
Monóxido de Carbono (CO): Pode interferir no transporte de oxigênio no corpo.

Tome nota!
54
Gases e vapores podem apresentar características tanto irritantes quanto asfixiantes, dependendo
da substância e da concentração.

Importante!

Os Limites de Exposição Ocupacional (LEO) no Brasil, conforme estabelecidos pela NR-15, são
chamados de Limites de Tolerância (LT). Esses LT são compilados das tabelas dos valores de TLV-
TWA (Time Weight Average) propostos pela ACGIH-USA. Referem-se às concentrações médias
máximas que não devem ser ultrapassadas em uma jornada de 8 horas por dia, 48 horas por semana.
Os LT brasileiros são extrapolados dos TLV por meio de uma média aritmética, proporcionando
uma margem para flutuações ao longo da jornada de trabalho, onde:

NA= Nível de ação | LEO = Limite de exposição ocupacional

NA= LEO
2

4.3 Classificação dos contaminantes no ar

Os contaminantes no ar podem ser classificados de várias maneiras, levando em consideração


diferentes critérios, como a fonte de origem, o estado físico, os efeitos à saúde e a natureza química.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTAMINANTES NO AR


Por Efeito à Saúde: Por Natureza Química:

Poluentes Respiratórios: Causam impacto no Óxidos de Nitrogênio (NOx): Incluem óxido nítrico
sistema respiratório, como partículas finas, ozônio e (NO) e dióxido de nitrogênio (NO2), provenientes de
dióxido de nitrogênio. processos de combustão.

Poluentes Tóxicos: Substâncias que podem causar Compostos Orgânicos Voláteis (COVs):
danos ao sistema nervoso, fígado, rins, entre outros, Substâncias químicas orgânicas que evaporam
como metais pesados e compostos orgânicos facilmente, como benzeno, formaldeído e tolueno.
voláteis.
Partículas Inaláveis: Partículas sólidas ou líquidas
Poluentes Cancerígenos: Substâncias associadas ao em suspensão no ar, com tamanho pequeno o
aumento do risco de câncer, como benzeno, suficiente para serem inaladas, incluindo PM10
asbestos e alguns poluentes atmosféricos orgânicos (partículas com diâmetro menor que 10
persistentes. micrômetros) e PM2.5 (partículas com diâmetro
menor que 2.5 micrômetros).
Por Estado Físico: Por Fonte de Origem:

Particulados: Partículas sólidas ou líquidas Antropogênicos: Originados de atividades


suspensas no ar, como poeira, fumaça e aerossóis. humanas, como emissões industriais, veiculares e
domésticas.
Gases: Substâncias no estado gasoso, como dióxido
de enxofre (SO2), ozônio (O3) e monóxido de Naturais: Provenientes de fontes naturais, como
carbono (CO). incêndios florestais, vulcões e poeira atmosférica.

55
Por Características Específicas:

Poluentes Atmosféricos Tropicais: Como o ozônio troposférico, que é formado em níveis mais baixos da
atmosfera devido à interação de poluentes sob a influência da luz solar.

Poluentes Secundários: Formados por reações químicas na atmosfera, como o ozônio troposférico e as
partículas secundárias.

4.4 Partícula dos sólidos

A expressão "partícula dos sólidos" refere-se a partículas sólidas suspensas no ar, também
conhecidas como particulados ou aerossóis. Essas partículas podem variar em tamanho, origem e
composição, e podem ter efeitos significativos na qualidade do ar e na saúde humana. A NHO-08 é
uma fonte completa para a avaliação e classificação de diversos partícula dos sólidos. Algumas
dessas classificações incluem:

Classificação por Partículas Não


Tamanho: Especificadas de
Particulado Respirável: Fração Inalável: Outra Maneira
Partículas com diâmetro Partículas com (PNOS):
menor que 10 diâmetro menor que Particulado Refere-se a
micrômetros (μm) que 10μm. Total: partículas para as
podem penetrar nos Fração Torácica: Representa o quais não há
bronquíolos terminais e Partículas com material dados suficientes
se depositar na região de diâmetro menor que particulado para demonstrar
troca de gases nos 10μm e que atingem suspenso no ar, efeitos à saúde
pulmões. os bronquíolos e coletado em um em concentrações
Particulado Inalável: alvéolos. cassete de encontradas no
Partículas que podem Fração Respirável: poliestireno de 37 ambiente de
atingir o sistema Partículas com mm de diâmetro. trabalho. Incluem
respiratório, incluindo diâmetro menor que partículas sem
bronquíolos e alvéolos. 4μm, atingindo áreas limites de
mais profundas dos exposição
pulmões. estabelecidos.

Tome nota!
A NHO-08 estabelece diretrizes para avaliar a exposição ocupacional a particulados sólidos, incluindo
poeiras, fumos metálicos, carvão vegetal, negro de fumo, madeira, cereais, farinha e PNOS (partículas
não especificadas de outra maneira).

Momento da Questão

Questão inédita – Considerando a Norma de Higiene Ocupacional (NHO) 08 da Fundacentro,


as afirmativas sobre a coleta de material particulado sólido suspenso no ar são:

56
1. Material particulado são partículas sólidas produzidas por ruptura de material originalmente
sólido, suspensas ou capazes de se manterem suspensas no ar.
2. Particulado inalável é a fração do material particulado suspensa no ar constituída por
partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 100 μm, com capacidade de entrar pelas
narinas e pela boca, penetrando no trato respiratório durante a inalação.
3. Particulado toráxico é a fração de material particulado suspensa no ar constituída por
partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 20 μm, com capacidade de passar pela
laringe, entrar pelas vias aéreas superiores e penetrar nas vias aéreas dos pulmões.
4. Particulado respirável é a fração de material particulado suspensa no ar constituída por
partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 10 μm, com capacidade de penetrar além
dos bronquíolos terminais e se depositar na região de troca de gases dos pulmões, causando
efeito adverso nesse local.
5. Particulado total é o material particulado suspenso no ar coletado em porta-filtro de
poliestireno de 50 mm de diâmetro, de 2 peças, com face fechada e orifício para a entrada
do ar de 4 mm de diâmetro, conhecido como cassete.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente as afirmativas 3 e 5 são verdadeiras.

b) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

e) Somente as afirmativas 1, 2, 4 e 5 são verdadeiras.

Gabarito: Letra B.

Comentário: Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. O erro encontra-se no item 3, a


fração torácica é constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 25 μm. Quanto ao
item 5, o particulado total é coletado em porta-filtro de poliestireno é de 37 mm de diâmetro, de 3
peças, com face fechada e orifício para a entrada do ar de 4 mm de diâmetro, conhecido como
cassete.

FICHA DE INFORMAÇÕES SOBRE PRODUTOS QUÍMICOS

1) Introdução

Continuaremos os estudos para o Concurso Nacional Unificado, concentrando-nos no conhecimento


específico do eixo temático 4: Segurança e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.

4 Ficha de Informações sobre Produtos Químicos (FISPQ)/Ficha com dados de segurança, e


cuidados com fabricação, preparação, armazenamento, transporte, uso e eliminação de
resíduos tóxicos

57
2) Ficha de dados de segurança (FDS)

A ficha de dados de segurança (FDS) é um documento padronizado pela Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) conforme a norma NBR 14725 2023, substituindo a antiga FISPQ. Essa
ficha fornece informações cruciais sobre produtos químicos, destacando riscos, medidas de proteção
e procedimentos em caso de acidentes. Ela é essencial para garantir a segurança, saúde e
preservação do meio ambiente no manuseio de substâncias químicas.

Controle de Estabilidade e
Identificação: Exposição e Reatividade:
Informações sobre Proteção Estabilidade,
o produto, usos Individual: Limites reatividade, Outras
recomendados, de exposição, condições a serem Informações:
detalhes do medidas de evitadas e materiais Detalhes sobre a
fornecedor e engenharia e incompatíveis. preparação e revisão
telefone de equipamentos de da FDS.
emergência. proteção.
Informações
Toxicológicas:
Identificação de Regulamentações:
Manuseio e Efeitos à saúde,
Perigos: Referências a
Armazenamento: rotas de exposição e
Classificação GHS, normas de saúde,
Orientações para medidas numéricas
elementos de segurança e meio
manuseio seguro e de toxicidade.
rotulagem e outros ambiente aplicáveis.
condições de
perigos específicos.
armazenamento.
Informações Informações sobre
Composição e Ecológicas: Transporte:
Informações sobre Controle de Ecotoxicidade, Regulamentações
Ingredientes: Derramamento ou persistência e para transporte e
Detalhes sobre Vazamento: potencial de precauções
substâncias ou Precauções, bioacumulação. necessárias.
misturas, incluindo equipamentos e
identidade química procedimentos para
e concentrações. contenção e Propriedades Destinação Final:
limpeza. Físicas e Químicas: Disposição segura
Informações sobre de resíduos e
Medidas de características do embalagens
Primeiros Medidas de produto. contaminadas.
Socorros: Combate a
Procedimentos em Incêndio: Meios de
caso de exposição, extinção, perigos
sintomas e cuidados específicos e
médicos equipamentos de
necessários. proteção.

Tome nota!

A FDS é disponibilizada pelo fabricante/fornecedor junto com o produto e deve estar acessível a
todos os que trabalham com a substância. Ela serve como um guia abrangente para o manuseio
seguro de produtos químicos, oferecendo informações essenciais para treinamento e
conscientização dos usuários. Em situações em que a FDS não é fornecida, os usuários devem
solicitá-la ao fabricante/fornecedor.

58
Importante!

Não é todo e qualquer produto químico que exige uma FISPQ; apenas os classificados como
perigosos, segundo o GHS (Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de
Produtos Químicos). Alguns exemplos de produtos químicos para quais a FISPQ é obrigatória são:

Explosivos; Gases, líquidos e sólidos inflamáveis; Aerossóis inflamáveis; Gases comburentes


(oxidantes); Gases sob pressão; Substâncias e misturas autorreativas; Líquidos e sólidos pirofóricos;
Substâncias e misturas suscetíveis de autoaquecimento; Substâncias e misturas que, em contato com
a água, liberam gases inflamáveis; Líquidos e sólidos comburentes; Peróxidos orgânicos; Corrosivos
para metais.

ERGONOMIA

1) Introdução

Continuaremos os estudos para o Concurso Nacional Unificado, concentrando-nos no conhecimento


específico do eixo temático 4: Segurança e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
5 Noções conceituais em ergonomia relacionadas a ergonomia física, cognitiva e
organizacional. 5.1 Biomecânica e fisiologia do trabalho. 5.2 Aspectos cognitivos e
psicossociais. 5.3 Organização do trabalho. 5.4 Assédio moral organizacional. 5.5 Análise
ergonômica do trabalho.

2) Noções conceituais em ergonomia relacionadas a ergonomia física, cognitiva,


organizacional e análise ergonômica do trabalho

A ergonomia é uma disciplina que visa otimizar a interação entre o ser humano, as máquinas, os
equipamentos, o ambiente e os sistemas de trabalho. Ela busca melhorar o bem-estar, a segurança,
o desempenho e a satisfação no trabalho. As noções conceituais em ergonomia são geralmente
categorizadas em três principais áreas:

59
Ergonomia Cognitiva:
Ergonomia Física: Ergonomia Organizacional:
Relaciona-se ao entendimento
Refere-se à adaptação das Definição: Envolvente o projeto de
dos processos mentais e da
condições de trabalho ao sistemas de trabalho, políticas
percepção humana no
corpo humano, considerando organizacionais, estruturas de
contexto do trabalho,
características físicas, comunicação e gestão para
buscando otimizar a cognição,
biomecânicas e promover um ambiente de trabalho
a atenção, a memória e a
antropométricas. eficiente, saudável e produtivo.
tomada de decisões.

Exemplos de Aplicações: Exemplos de Aplicações: Exemplos de Aplicações:


Design de mobiliário e Desenvolvimento de Análise de estruturas
equipamentos para se adequar interfaces de usuário intuitivas organizacionais para otimizar
às dimensões do corpo em sistemas computacionais. comunicação e cooperação.
humano.
Organização de tarefas de
forma a reduzir a carga Gerenciamento de horários e carga
Posicionamento adequado de cognitiva. de trabalho para evitar estresse e
ferramentas e controles para fadiga.
evitar tensões musculares e Treinamento e suporte para
posturas desconfortáveis. lidar com demandas
cognitivas específicas no
trabalho.

Tome nota!
Essas três áreas da ergonomia frequentemente interagem entre si. Por exemplo, um ambiente de
trabalho bem projetado fisicamente pode contribuir para a eficiência cognitiva e a saúde
organizacional. A abordagem holística da ergonomia busca considerar o ser humano em sua
totalidade, promovendo ambientes de trabalho que sejam seguros, saudáveis e eficientes.

2.1 Biomecânica e fisiologia do trabalho

Biomecânica do Trabalho: A biomecânica do trabalho estuda as forças físicas, movimentos e


posturas no ambiente de trabalho, analisando como esses fatores afetam a biomecânica do corpo
humano. Seus principais objetivos são: Entender como as tarefas laborais afetam as articulações,
músculos e estruturas do corpo; Identificar riscos ergonômicos e projetar ambientes de trabalho que
minimizem o estresse biomecânico; Desenvolver técnicas e equipamentos que reduzam o risco de
lesões musculoesqueléticas.

Ex.: A biomecânica ajuda a projetar ferramentas, equipamentos e ambientes que minimizam o


risco de lesões físicas.

Fisiologia do Trabalho: A fisiologia do trabalho estuda as respostas fisiológicas do corpo


humano às demandas do trabalho, investigando como o sistema cardiovascular, respiratório,
muscular, entre outros, reage durante a realização de tarefas laborais. Seus principais objetivos são:
Analisar a carga física imposta pelo trabalho sobre o corpo e o sistema cardiovascular; Compreender
60
como o estresse térmico, esforço físico e outros fatores influenciam as funções fisiológicas.;
Desenvolver estratégias para promover a saúde e a segurança dos trabalhadores, considerando as
respostas fisiológicas.

Ex.: A fisiologia do trabalho contribui para entender como o corpo humano responde às
exigências laborais, ajudando a prevenir condições relacionadas ao estresse e à fadiga.

2.2 Aspectos cognitivos e psicossociais

Os aspectos cognitivos e psicossociais são componentes fundamentais quando se trata de


compreender o impacto do trabalho na mente e no bem-estar dos indivíduos. Vamos explorar cada
um desses aspectos:

Aspectos Cognitivos: Aspectos Psicossociais:

Os aspectos cognitivos referem-se aos Os aspectos psicossociais abrangem fatores


processos mentais relacionados ao sociais e psicológicos que influenciam o
conhecimento, percepção, raciocínio, comportamento e a experiência do indivíduo
memória e tomada de decisões. no ambiente de trabalho.

Relevância no Trabalho:Carga
Relevância no Trabalho:
Cognitiva: Avalia a quantidade de
esforço mental exigido para realizar uma Relações Interpessoais: A qualidade das
tarefa. Tarefas complexas ou multitarefas relações no trabalho, incluindo o apoio social
podem aumentar a carga cognitiva. e o trabalho em equipe, desempenha um
papel crucial no bem-estar psicológico.
Desempenho Cognitivo: Relaciona-se
com a capacidade de processar Estresse Ocupacional: Pressões no trabalho,
informações e tomar decisões eficazes falta de controle sobre as tarefas e conflitos
no ambiente de trabalho. podem contribuir para o estresse ocupacional.
Fadiga Mental: Excesso de demandas Equilíbrio Trabalho-Vida: A capacidade de
cognitivas ao longo do tempo pode equilibrar as demandas profissionais e
levar à fadiga mental, afetando o pessoais é essencial para o bem-estar geral
desempenho e a segurança no trabalho. dos trabalhadores.

Tome nota!
A pressão cognitiva decorrente de situações que demandam uma alta carga mental pode ser um
fator contribuinte para o estresse, especialmente quando combinada com desafios psicossociais.
Nesse contexto, a resiliência mental, que se refere à habilidade de enfrentar e superar desafios
mentais, está intrinsecamente conectada à resiliência psicossocial, que se manifesta na capacidade
de lidar com adversidades de natureza social e emocional.

A promoção de ambientes de trabalho saudáveis exige uma abordagem abrangente, considerando


tanto os elementos cognitivos quanto os psicossociais.

61
2.3 Organização do trabalho

A organização do trabalho no contexto da cultura de segurança do trabalho é uma peça


fundamental para garantir ambientes laborais seguros e saudáveis. Neste cenário, a estrutura
organizacional não apenas define as funções e responsabilidades, mas também estabelece a base
para uma cultura de segurança robusta. Vejamos alguns aspectos cruciais relacionados à organização
do trabalho e à cultura de segurança para se aplicar dentro do local de trabalho:

Estrutura Organizacional voltada para a Segurança: Uma estrutura organizacional que coloca
a segurança como prioridade demonstra o comprometimento da liderança com a proteção da saúde
e bem-estar dos trabalhadores.

Ex.: Isso pode envolver a designação de profissionais de segurança dedicados e a integração de


práticas seguras em todas as funções.

Jornada de Trabalho Segura: A definição de jornadas de trabalho que evitem a fadiga excessiva
e permitam períodos adequados de descanso é crucial para garantir a vigilância e a atenção dos
trabalhadores às práticas seguras durante suas tarefas.

Comunicação Interna Focada na Segurança: Sistemas eficazes de gestão de desempenho em


segurança estabelecendo metas claras, avaliando continuamente o cumprimento dessas metas e
oferecendo feedback construtivo.

Ex.: Canais de comunicação interna que destacam regularmente questões de segurança,


compartilham boas práticas e alertam sobre potenciais riscos contribuem para manter a segurança
como um tema central nas mentes dos funcionários.

Cultura Organizacional de Segurança: A cultura organizacional desempenha um papel


determinante na segurança do trabalho.

Ex.: Uma cultura que promove a comunicação aberta sobre incidentes, aprendizado contínuo em
segurança e responsabilização mútua fortalece os valores relacionados à segurança.

3) Assédio moral organizacional

O assédio moral organizacional refere-se a práticas repetitivas, abusivas e hostis no ambiente de


trabalho, que têm o potencial de prejudicar a integridade psicológica e emocional dos trabalhadores.
Este fenômeno pode ocorrer em diferentes formas e manifestações, contribuindo para um clima
organizacional tóxico e impactando negativamente o bem-estar dos colaboradores.

Importante!

62
A recente portaria do MTP Nº 4.219, trouxe uma alteração significativa na nomenclatura da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) para organizações que agora são obrigadas a
instituí-la conforme as diretrizes da NR-05. Desde março de 2023, a nova designação é Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio.

Essa mudança reflete uma abordagem mais abrangente da CIPA, incluindo não apenas a prevenção
de acidentes físicos, mas também o combate ao assédio no ambiente de trabalho. Dentre as
orientações estabelecidas, destaca-se:

I- Inclusão de regras explícitas sobre assédio sexual e outras formas de violência nas normas
internas da empresa, com divulgação abrangente entre os colaboradores.

II- Estabelecimento de procedimentos para o recebimento e acompanhamento de denúncias,


com a devida apuração dos fatos. Quando necessário, devem ser aplicadas sanções administrativas
aos responsáveis diretos e indiretos por atos de assédio sexual e violência. É fundamental garantir o
anonimato da pessoa denunciante, sem prejuízo dos procedimentos jurídicos cabíveis.

III- Realização, pelo menos a cada 12 meses, de ações de capacitação, orientação e sensibilização
para todos os níveis hierárquicos da empresa. Essas ações devem abordar temas relacionados à
violência, assédio, igualdade e diversidade no ambiente de trabalho, sendo apresentadas em
formatos acessíveis, apropriados e que maximizem a efetividade dessas iniciativas.

Tome nota!

Entre as várias modificações, o §2º do artigo 23 da Lei 14.457/2022 determina que as empresas têm
a obrigação de criar um ambiente de trabalho seguro e saudável, implementando medidas para
prevenir e combater o assédio sexual e outras formas de violência. Essas ações devem ser
conduzidas por meio da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).

Momento da Questão

Questão inédita – A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA) tem por
atribuições, EXCETO:

a) Acompanhar a análise dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, nos termos da NR-01 e
propor, quando for o caso, medidas para a solução dos problemas identificados.

b) Incluir temas referentes à prevenção e ao combate ao assédio sexual e a outras formas de violência
no trabalho nas suas atividades e práticas.

c) Elaborar e acompanhar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva em segurança e saúde
no trabalho.

d) Verificar os ambientes e as condições de trabalho visando identificar situações que possam trazer
riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores.
63
e) Elaborar plano de trabalho e monitorar metas, indicadores e resultados de segurança e saúde no
trabalho.

Gabarito: Letra E.

Comentário: Elaborar plano de trabalho e monitorar metas, indicadores e resultados de


segurança e saúde no trabalho são atribuições do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e Medicina do Trabalho (SESMT) e não da CIPA.

BIOSSEGURANÇA VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR

1) Introdução

Iniciaremos os estudos dos conhecimentos específicos do Concurso Nacional Unificado para o bloco
4 – Trabalho e Saúde do Servidor:

6 Biossegurança Vigilância e Promoção da saúde do trabalhador: 6.1 Noções conceituais em


biossegurança, vigilância e promoção da saúde do trabalhador e da trabalhadora. 6.2
Conceitos de perícia médica ocupacional. 6.3 Reabilitação ocupacional. 6.4 Noções conceituais
em gestão de riscos relacionadas a programas prevencionistas. 6.5 Ferramentas e técnicas de
reconhecimento e análise de riscos e adoção de medidas de proteção e controle. 6.6
Prevenção e controle de riscos em máquinas, equipamentos, instalações e serviços. 6.7
Prevenção e controle dos riscos psicossociais; gestão integrada de saúde, segurança e meio
ambiente. 6.8 Elenco de programas, laudos, ensaios e perícias em segurança e saúde no
trabalho. 6.9 Registros administrativos em segurança e saúde no trabalho.

1.1 Noções conceituais em biossegurança, vigilância e promoção da saúde do trabalhador e


da trabalhadora

A vigilância da saúde do trabalhador envolve a coleta, análise e interpretação de informações


relacionadas à saúde dos trabalhadores, visando identificar riscos, doenças ocupacionais, acidentes
de trabalho e contribuir para a promoção de ambientes laborais seguros. Por meio de
monitoramento da exposição a agentes nocivos, avaliação médica periódica, investigação de
doenças ocupacionais, análise de acidentes de trabalho, entre outras.

Por outro lado, a biossegurança refere-se às medidas adotadas para prevenir, controlar, reduzir ou
eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e
o meio ambiente.

No âmbito das noções conceituais de higiene do trabalho, é fundamental compreender a ampla


gama de elementos que contribuem para um ambiente de trabalho saudável. Em ambientes
laboratoriais, de saúde ou em setores onde há manipulação de agentes biológicos, a biossegurança
é essencial para proteger os trabalhadores contra infecções, contaminações e acidentes.

Vejamos algumas normas e princípios gerais de biossegurança:

64
NORMAS E PRINCÍPIOS GERAIS DE BIOSSEGURANÇA

Classificação de riscos: A classificação de riscos é fundamental para avaliar e identificar os níveis de


risco associados a agentes biológicos. Essa classificação orienta as práticas e
medidas a serem adotadas, desde níveis de contenção mais baixos até os mais
elevados.

Treinamento e Todos os profissionais que lidam com agentes biológicos devem receber
educação: treinamento adequado sobre práticas de biossegurança, incluindo o uso
correto de equipamentos de proteção individual (EPIs) e procedimentos
operacionais padrão (POPs).

Fornecimento de epis: Garantir acesso fácil e adequado a Equipamentos de Proteção Individual, como
luvas, óculos de proteção, jalecos, uniformes, capacetes, máscaras,
dependendo das necessidades do ambiente de trabalho.

A escolha dos EPIs deve ser baseada na avaliação de riscos específicos


associados a cada tarefa.

Procedimentos Desenvolvimento e implementação de procedimentos operacionais padrão


operacionais padrão para cada atividade específica, detalhando as práticas corretas a serem
(pops): seguidas para evitar a exposição a riscos biológicos.

Contenção e Estabelecimento de áreas de contenção apropriadas para atividades que


isolamento: envolvam agentes biológicos. Isso inclui a adoção de medidas para prevenir a
disseminação acidental de agentes infecciosos.

Descarte seguro de Implementação de procedimentos seguros para a coleta, transporte e descarte


resíduos: de resíduos biológicos e químicos, garantindo a minimização de riscos
ambientais e a conformidade com regulamentações locais.

Vacinação e imunização: Incentivo à vacinação e imunização dos profissionais de saúde e outros grupos
expostos a agentes biológicos, quando disponíveis.

Sinalização de áreas de Instalação de placas de identificação em áreas onde existem riscos específicos,
risco: como substâncias químicas perigosas, agentes biológicos ou radiações.

1.1.2 Normas de precaução, práticas de biossegurança e controle de infecções em ambientes


de saúde

Diante de casos de infecção profissional pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), relacionados
ao contato com sangue, secreções sexuais e fluídos, os Centers for Disease Control and Prevention

65
(CDC) recomendaram medidas de barreira, independentemente do conhecimento do estado
sorológico dos pacientes, denominadas Precauções Universais (PU). Vamos abordar algumas das
principais medidas destacadas, com foco no uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs):

Luvas: As de látex são preferíveis às de vinil, sendo recomendado o uso de


luvas reforçadas em procedimentos cirúrgicos. Estudos indicam que
camadas internas de algodão, poliéster ou kevlar aumentam a proteção. A
adequação das luvas às atividades específicas de cada setor é crucial.

Avental: Indicado em procedimentos de isolamento com risco de contato


com material infectante e em cirurgias. A utilização de aventais
impermeáveis é aconselhável em situações de grande exposição a sangue.
Alternativas para racionalizar o uso devem ser consideradas.

Máscaras: Máscaras descartáveis são preferíveis às de pano, e máscaras que


filtram partículas de até 5 micra são essenciais em situações como a
prevenção da tuberculose. Respiradores N-95 são necessários em casos
específicos, como contato com pacientes com tuberculose ou em
procedimentos cirúrgicos.

Óculos Protetores: Feitos de materiais rígidos, como acrílico e polietileno,


são indicados em procedimentos invasivos para proteção ocular. Limitações
relacionadas ao embaçamento ou distorção de imagens precisam ser
abordadas para melhorar a adesão ao uso.

Botas: O uso de botas é recomendado em procedimentos de limpeza


hospitalar, para profissionais que atuam em áreas contaminadas da
lavanderia e para aqueles envolvidos em autópsias.

Tome nota!

As Precauções Padrão (PP) envolvem o uso de barreiras, como equipamentos de proteção individual
(EPIs), sempre que há possibilidade de contato com sangue, secreções, excreções, fluidos corpóreos
(exceto suor), mucosas e pele não íntegra. Além disso, incluem isolamentos específicos, como
precauções com aerossóis, gotículas e de contato, cada uma adaptada às características das doenças
envolvidas.

Momento da Questão

Questão inédita – O Equipamento de Proteção Individual (EPI) compreende dispositivos ou


produtos de uso individual destinados a proteger o trabalhador contra riscos que possam
ameaçar sua segurança e saúde no ambiente de trabalho. Em procedimentos realizados em
pacientes afetados por síndromes gripais, especialmente aqueles que geram aerossóis, as
medidas específicas de proteção recomendadas são:

a) Óculos de proteção ou protetor facial, máscara cirúrgica, avental impermeável de mangas


compridas e luvas de procedimento.

66
b) Gorro, óculos de proteção ou protetor facial, máscara cirúrgica, avental impermeável de mangas
compridas e luvas de procedimento.

c) Gorro, óculos de proteção ou protetor facial, máscara PFF2, avental impermeável de mangas
compridas e luvas de procedimento.

d) Óculos de proteção ou protetor facial, gorro, avental impermeável de mangas compridas e luvas
de procedimento.

e) Intoxicação é a manifestação das reações indesejáveis causadas pelas substâncias químicas no


organismo.

Gabarito: Letra C.

Comentário: De acordo com as diretrizes de saúde e segurança ocupacional, ao lidar com


pacientes que apresentam síndromes gripais capazes de gerar aerossóis (pequenas partículas
suspensas no ar que podem conter o vírus), é essencial utilizar Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs) que protejam todas as áreas expostas do corpo. Isso inclui um gorro para resguardar o cabelo
e o couro cabeludo, óculos de proteção ou protetor facial para proteger os olhos, uma máscara PFF2
(com filtro mais eficaz que a máscara cirúrgica comum, capaz de proteger contra partículas muito
pequenas, incluindo aerossóis), um avental impermeável de mangas compridas para proteger o
tronco e os braços, e luvas de procedimento para proteger as mãos. As outras alternativas não
abrangem todos esses elementos necessários para garantir uma proteção adequada.

2) Perícia médica e reabilitação ocupacional

O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) é uma obrigação estabelecida pela
Norma Regulamentadora 7 (NR 7) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no Brasil. O PCMSO
tem como objetivo promover e preservar a saúde dos trabalhadores, bem como prevenir e
diagnosticar precocemente possíveis danos à saúde relacionados ao trabalho.

A Norma Regulamentadora 7 (NR 7) estabelece diretrizes e requisitos para o Programa de Controle


Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que visa a promoção e preservação da saúde dos
trabalhadores. O PCMSO é uma ferramenta essencial para prevenir doenças relacionadas ao
trabalho, identificar precocemente possíveis agravos à saúde e garantir a adequação das condições
de trabalho à saúde dos colaboradores. Além dos exames médicos, o PCMSO inclui o
monitoramento da saúde dos trabalhadores, considerando os riscos ocupacionais existentes.

Este monitoramento pode incluir avaliação clínica, análise de exames complementares, como
análises laboratoriais, e acompanhamento de condições específicas.

A perícia médica ocupacional refere-se à avaliação médica especializada realizada com o objetivo
de verificar as condições de saúde dos trabalhadores em relação aos riscos e ambientes laborais.
Essa prática é fundamental para assegurar a segurança, a saúde e o bem-estar dos profissionais no
ambiente de trabalho.

67
A elaboração do PCMSO é de responsabilidade da empresa, devendo ser coordenada por um
médico do trabalho, especialista em medicina ocupacional. Além disso, o programa deve ser
desenvolvido em conjunto com a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), quando
existente, e com a participação dos trabalhadores. Vamos conhecer os tipos exames médicos
ocupacionais exigidos pela NR 7:

Exame Admissional: Exame Periódico Exame Demissional

Realizado periodicamente Realizado quando o


É realizado antes da contratação durante o vínculo empregatício trabalhador se desliga da
do trabalhador, sendo obrigatório para monitorar a saúde do empresa, visando avaliar as
para atestar a aptidão do trabalhador e identificar possíveis condições de saúde após o
empregado para a função que irá alterações relacionadas às período de trabalho. Deve ser
desempenhar. condições de trabalho. A realizado até a data da
periodicidade deve ser homologação da rescisão
É obrigatório constar no ASO determinada pelo médico
(Atestado de Saúde contratual. O ASO demissional
responsável pelo PCMSO, deve conter os mesmos itens
Ocupacional) o nome do médico,
considerando a natureza do risco obrigatórios do exame
sua assinatura, o CRM, o resultado
ocupacional e o estado de saúde admissional, com a inclusão do
dos exames e a indicação de
do trabalhador. O ASO deve ser resumo dos exames médicos e
aptidão ou inaptidão para o
emitido, e a aptidão ou inaptidão a indicação clara de aptidão ou
trabalho. deve ser registrada conforme a inaptidão para o trabalho.
avaliação médica.

Além dos exames médicos admissionais, periódicos e demissionais, a Norma Regulamentadora 7


(NR 7) também prevê:

Exame de mudança de função: Este exame é realizado quando o trabalhador muda de função
dentro da empresa e essa mudança pode expô-lo a riscos diferentes dos existentes na função
anterior.

O objetivo é avaliar se o trabalhador está apto a desempenhar as atividades da nova função,


considerando os riscos específicos associados a ela.

Exame de retorno ao trabalho: Este exame é realizado quando o trabalhador retorna às


atividades após um afastamento por motivo de saúde, acidente ou licença.

O objetivo é verificar se o estado de saúde do trabalhador permite o retorno às suas atividades


laborais, garantindo que ele esteja apto para o trabalho.

Tome nota!

A Norma Regulamentadora 7 (NR 7) estabelece que o exame clínico demissional deve ser realizado
em até 10 (dez) dias contados do término do contrato de trabalho, todavia, o exame clínico
demissional pode ser dispensado caso o trabalhador tenha realizado um exame clínico ocupacional
mais recente em prazos específicos:

68
Para organizações classificadas como graus de risco 1 e 2, o exame clínico demissional pode ser
dispensado se o exame ocupacional mais recente tiver sido realizado há menos de 135 (cento e
trinta e cinco) dias.

Para organizações classificadas como graus de risco 3 e 4, a dispensa ocorre se o exame ocupacional
mais recente tiver sido realizado há menos de 90 (noventa) dias.

Importante!

O PCMSO deve abranger todos os empregados da empresa, independentemente do tipo de contrato


de trabalho.

2.2 Noções conceituais em gestão de riscos relacionadas a programas prevencionistas

O PGR, ou Programa de Gerenciamento de Riscos, é um conjunto de ações e estratégias adotadas


pelas empresas para identificar, avaliar e controlar os riscos existentes no ambiente de trabalho. Seus
principais objetivos são:

OBJETIVOS DO PRG - PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS

Identificar possíveis perigos e agravos à saúde no Evitar os riscos ocupacionais: A prevenção é um


ambiente de trabalho: Isso envolve a análise de dos pilares do PGR. Busca-se evitar a ocorrência de
todos os aspectos do ambiente laboral que possam situações de risco por meio da implementação de
representar riscos à saúde e segurança dos medidas preventivas.
trabalhadores.

Adotar medidas de prevenção conforme a Mensurar os riscos ocupacionais especificando o


classificação de riscos: Os riscos identificados são nível de risco: O PGR inclui a avaliação quantitativa
classificados e, com base nessa classificação, são e qualitativa dos riscos, determinando seu impacto e
adotadas medidas específicas para prevenção. a probabilidade de ocorrência.

Implementar medidas de prevenção conforme os Monitorar o controle dos riscos ocupacionais: O


riscos identificados: Após a identificação dos riscos, processo de gestão de riscos é contínuo, envolvendo
são implementadas ações para mitigar ou eliminar o monitoramento constante para assegurar que as
esses riscos. medidas preventivas estão sendo eficazes.

A NR-1, que trata das disposições gerais sobre saúde e segurança no trabalho, estabelece requisitos
importantes para o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). De acordo com essa norma, o PGR
deve conter, no mínimo, dois documentos essenciais:

69
Este documento desempenha um papel crucial ao caracterizar os processos, o
ambiente de trabalho e as atividades que podem representar riscos à saúde dos
colaboradores. O Inventário de Riscos Ocupacionais monitora a exposição a
Inventário de
agentes ou fatores potencialmente prejudiciais e inclui a definição dos critérios de
riscos
avaliação de riscos. É fundamental que esse inventário seja continuamente
ocupacionais: atualizado para refletir as mudanças nas condições de trabalho e os avanços nas
práticas de segurança. O histórico de atualizações deve ser mantido por um período
mínimo de 20 anos.

Com base nas informações contidas no Inventário de Riscos Ocupacionais, a


empresa elabora o Plano de Ação. Esse plano detalha todas as medidas de
prevenção que serão implementadas, aprimoradas ou mantidas, visando eliminar,
reduzir ou controlar os riscos ocupacionais identificados. O objetivo é criar um
Plano de ação: roteiro claro e efetivo para a gestão proativa da segurança no trabalho. O Plano de
Ação é dinâmico e deve ser ajustado conforme necessário para garantir a eficácia
contínua das medidas preventivas.

Tome nota!

A validade do PGR é de, no máximo, dois anos. Além disso, A NR-1 dispensa a elaboração do PGR
para alguns tipos de empresa, sendo elas: Microempreendedores individuais (MEI); Microempresas
(ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), desde que tenham graus de risco 1 ou 2 e que, no
levantamento preliminar de perigos, não identifiquem exposições ocupacionais a agentes físicos,
químicos e biológicos, em conformidade com a NR9. As empresas também precisam ter declarado
as informações ao governo pelo e-Social.

Importante!

Quanto à diferença entre PGR e PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), o PGR é mais
abrangente, incorporando não apenas os riscos ambientais, mas também riscos ergonômicos e de
acidentes. Ele substituiu o PPRA e visa proporcionar uma abordagem mais completa na gestão dos
riscos ocupacionais.

2.3 Prevenção e controle de riscos em máquinas, equipamentos, instalações e serviços

A NR 12 (Norma Regulamentadora 12) estabelece diversas diretrizes para garantir a segurança no


trabalho em máquinas e equipamentos. Dentre essas diretrizes, destacam-se algumas etapas de
implementação, dispositivos de segurança, e orientações sobre manutenção e inspeção. Vejamos
quais as fases de implementação:

70
Avaliação de
Riscos:
A empresa deve
realizar uma
avaliação detalhada
dos riscos presentes
em cada máquina ou
equipamento,
identificando
possíveis perigos
para os
trabalhadores.

Elaboração do Inventário de
Capacitação dos Trabalhadores:
Máquinas:
Os trabalhadores devem receber
Deve ser elaborado um inventário
capacitação específica para operar
de máquinas, que é um documento
as máquinas de forma segura,
detalhado que caracteriza os
compreendendo os riscos
processos, o ambiente de trabalho e
associados e as práticas seguras de
as atividades que possam
trabalho.
representar riscos ocupacionais.

Adoção de Medidas
de Proteção:
Com base na
avaliação de riscos, a
empresa deve
adotar medidas de
proteção
apropriadas para
cada máquina,
visando eliminar ou
reduzir os riscos
identificados.

Além disso, a norma estabelece diretrizes claras para a implementação de dispositivos de


segurança, visando assegurar um ambiente laboral seguro e protegido. Dentre esses dispositivos,
destacam-se:

Proteções fixas e móveis: A norma exige a presença de dispositivos de segurança, como


proteções fixas e móveis, que impeçam o acesso a áreas perigosas durante o funcionamento das
máquinas.

Ex.: Em uma prensa industrial, as proteções fixas podem ser estruturas físicas ao redor das partes
móveis, enquanto as proteções móveis podem ser painéis intertravados que só permitem a operação
quando fechados.

71
Sistemas de parada de emergência: Para situações de risco iminente, a NR 12 preconiza a
instalação de sistemas de parada de emergência.

Ex.: Botão de parada de emergência posicionado estrategicamente, permitindo que os trabalhadores


interrompam imediatamente o funcionamento da máquina em caso de perigo.

Sistemas de bloqueio: A norma enfatiza o uso de sistemas de bloqueio para evitar acionamentos
não autorizados durante intervenções, como manutenção.

Ex.: Em um cenário real, isso pode envolver o uso de cadeados ou travas que impeçam a
energização da máquina enquanto procedimentos de manutenção estão em andamento.

Tome nota!

A norma estabelece requisitos para inspeções periódicas, as quais devem ser realizadas
regularmente para verificar a integridade dos dispositivos de segurança. Vejamos:

Estabelecer um plano de inspeção periódica, indicando a periodicidade das inspeções e os pontos a serem verificados
em cada máquina ou equipamento.

Avaliar a integridade e o funcionamento dos dispositivos de segurança, como proteções fixas e móveis, sistemas de
parada de emergência e sistemas de bloqueio.

Verificar a documentação relacionada à segurança da máquina, como manuais do fabricante, instruções de operação e
manutenção, e registros de intervenções anteriores.

Realizar medições e testes específicos conforme necessário, como verificações de níveis de ruído, avaliação de
emissões de substâncias perigosas, testes de funcionamento de dispositivos elétricos, entre outros.

Verificar as condições de componentes mecânicos, como engrenagens, correias, rolamentos, e componentes elétricos,
como fiações e painéis elétricos.

Além disso, para manter um registro consistente, é obrigatório manter um histórico de atualizações
do inventário de máquinas por no mínimo 20 anos. Cada alteração realizada, como a instalação de
novos dispositivos de segurança, deve ser documentada para referência futura.

3) Prevenção e controle dos riscos psicossociais; gestão integrada de saúde, segurança e


meio ambiente

A prevenção e controle dos riscos psicossociais e a gestão integrada de saúde, segurança e meio
ambiente são aspectos fundamentais para promover ambientes de trabalho saudáveis, seguros e
sustentáveis. Esses temas estão relacionados ao bem-estar dos colaboradores, à qualidade de vida
72
no trabalho e à responsabilidade socioambiental das organizações. Vamos nos aprofundar nesses
conceitos:

Ambiente de trabalho
hostil

Falta de equilíbrio entre


Pressão por prazos vida pessoal e
profissional

Riscos psicossociais
referem-se a fatores
do ambiente de
trabalho e à forma
Excesso de carga de como o trabalho é
Falta de reconhecimento
trabalho organizado, que
podem afetar a saúde
mental, o bem-estar e
o desempenho dos
trabalhadores.

As medidas preventivas adotadas pela organização visam promover ambientes de trabalho


saudáveis e equilibrados, reconhecendo a importância do bem-estar dos colaboradores. Isso inclui
o estabelecimento de políticas que favoreçam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, bem como
programas específicos para prevenir o estresse e a sobrecarga. A implementação de práticas de
gestão participativa e a oferta de treinamentos sobre saúde mental e gerenciamento do estresse
também fazem parte dessa abordagem proativa.

Tome nota!

A implementação de sistemas de gestão integrada, como ISO 45001 para saúde e segurança no
trabalho e ISO 14001 para gestão ambiental, é destacada como uma prática eficaz. O
estabelecimento de indicadores de desempenho permite o monitoramento contínuo dessas áreas.

3.1 Elenco de programas, laudos, ensaios e perícias em segurança e saúde no trabalho

Programas, laudos, ensaios e perícias são fundamentais para garantir a conformidade com as
normas regulamentadoras, promover um ambiente de trabalho seguro e saudável, prevenir
acidentes e proteger a saúde dos trabalhadores. A abrangência e a necessidade de cada um desses
elementos podem variar de acordo com a natureza e as atividades específicas da empresa. Vejamos
os mais comuns e utilizados pelas empresas:

73
PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional): Estabelecimento de diretrizes
para o monitoramento da saúde dos trabalhadores.

PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da


Construção): Diretrizes para a segurança em canteiros de obras.

PPEOB (Programa de Prevenção de Explosões de Origem Biológica): Prevenção de riscos


biológicos.

LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (Previdência Social): O LTCAT


é utilizado para caracterizar atividades que gerem condições especiais prejudiciais à saúde ou
integridade física para fins previdenciários.

PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário (Previdência Social): Este é um documento


previdenciário que registra as informações do trabalhador, como atividades exercidas, exposição a
agentes nocivos e condições de trabalho, sendo fundamental para a concessão de benefícios
previdenciários.

AET – Análise Ergonômica do Trabalho (NR-17): A NR-17 trata das condições ergonômicas no
ambiente de trabalho. A AET é um documento que avalia os fatores ergonômicos nas atividades
laborais, visando a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores.

PPRPS – Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares: Esse programa é


específico para máquinas e equipamentos, como prensas industriais. A NR-12 estabelece requisitos
para garantir a segurança no trabalho com esses equipamentos, visando prevenir acidentes.

Laudo de Caldeiras e Vasos de Pressão (NR-13): A NR-13 trata das condições mínimas para
garantir a segurança na operação de caldeiras e vasos de pressão. O laudo relacionado a essa norma
tem o objetivo de avaliar as condições desses equipamentos, garantindo sua operação segura.

PPEOB – Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno (NR-15): Este


programa é voltado para a prevenção da exposição dos trabalhadores ao benzeno, uma substância
química que pode representar riscos à saúde. A NR-15 estabelece os limites de tolerância e as
medidas de prevenção relacionadas a essa substância.

Tome nota!

Todas as empresas, independentemente do porte ou segmento de atuação, devem desenvolver


programas, análises e laudos de segurança e saúde do trabalho. Essa prática é essencial para garantir
a conformidade com as normas regulamentadoras, evitando possíveis ações fiscais. Embora as
abordagens possam variar conforme a natureza das atividades laborais, a implementação adequada
dessas medidas é crucial para mitigar o risco de fiscalizações e seus potenciais desdobramentos.

74
3.2 Registros administrativos em segurança e saúde no trabalho

Os registros administrativos em segurança e saúde no trabalho são essenciais para documentar e


monitorar as ações e condições relacionadas à segurança dos trabalhadores. Vejamos os mais
utilizados:

Registro de
Registro de Registro de PPP - Perfil
equipamentos de
acidentes e treinamentos e profissiográfico
proteção individual
incidentes: capacitações: previdenciário: (EPIS):
• Documentação • Manutenção de • Registro • Controle do
detalhada de registros que previdenciário que fornecimento, uso e
acidentes de comprovem a contempla substituição de EPIs,
trabalho, lesões ou realização de informações sobre a registrando datas de
incidentes, incluindo treinamentos em história laboral do distribuição,
informações sobre as segurança e trabalhador, inspeções e trocas
circunstâncias, capacitações para os incluindo atividades dos equipamentos.
gravidade e medidas trabalhadores, desenvolvidas,
corretivas adotadas. incluindo datas, exposição a agentes
temas abordados e nocivos e períodos
participantes. trabalhados.

INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

1) Introdução

Seguiremos os estudos dos conhecimentos específicos do Concurso Nacional Unificado para o bloco
4 – Trabalho e Saúde do Servidor:

7 Conceitos de insalubridade e periculosidade, sua caracterização e controle.

1.2 Insalubridade

A insalubridade está relacionada às condições de trabalho que expõem os trabalhadores a agentes


nocivos à saúde acima dos limites tolerados. É regulamentada pela NR-15, que estabelece os
critérios para identificação das atividades insalubres. A avaliação é realizada por meio do LTCAT.
Vejamos o que diz o Art. 189 da legislação:

Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza,
condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde,
acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e
do tempo de exposição aos seus efeitos.

A fim de complementar este artigo, destaca-se que a Portaria n° 3.214/78 aprovou a Norma
Regulamentadora 15 (NR-15), a qual elenca diversos fatores que caracterizam um trabalho como
insalubre. Entre esses fatores incluem-se:
75
Ruídos contínuos ou Exposição ao calor Condições
Vibrações;
intermitentes; ou frio excessivos; hiperbáricas;

Agentes químicos e
Umidade; Poeiras minerais; Benzeno.
biológicos;

Radiações ionizantes
e não ionizantes;

Tome nota!

Quando é identificado que o trabalho está em condições insalubres, a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) estabelece a necessidade de implementar ações que visem manter o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância definidos pela Norma Regulamentadora 15 (NR-15) e
normas técnicas, como aquelas estipuladas pela American Conference of Governmental Industrial
Hygienists (ACGIH).

Cabe ressaltar que para que o trabalho seja comprovado como insalubre pelo Ministério do
Trabalho (MTE), é necessário realizar uma perícia, conduzida por um médico ou engenheiro do
trabalho devidamente autorizado por esse órgão.

Importante!

O cálculo do adicional de insalubridade será estabelecido de acordo com o grau de insalubridade,


conforme definido na Norma Regulamentadora 15 (NR-15), podendo corresponder a:

40% do salário-mínimo
para grau máximo de 20% para grau médio; 10% para grau baixo.
insalubridade;

1.2 Periculosidade

A periculosidade está associada a atividades ou operações que, pela natureza ou métodos de


trabalho, impliquem contato permanente com substâncias inflamáveis, explosivas ou radioativas,

76
bem como em situações de risco acentuado. É regulamentada pela NR-16, que estabelece os critérios
para identificação das atividades perigosas. A avaliação é realizada por meio do LTCAT. Vejamos o
que diz o Art. 193 da CLT:

São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada


pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de
trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:

I – inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;

II – roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança


pessoal ou patrimonial.

Art. 193 – O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional


de 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa.

Tome nota!

A empresa pode deixar de conceder os adicionais se adotar medidas que mantenham o ambiente
de trabalho dentro dos limites de tolerância ou se incentivar o uso de equipamentos de proteção
individual que reduzam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. O direito do
empregado a esses adicionais cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física.

Momento da Jurisprudência

O artigo 193 da CLT permite que o profissional escolha entre os adicionais de insalubridade e
periculosidade, definindo qual deseja receber. No entanto, essa escolha estava sujeita a
interpretações que permitiam a acumulação dos dois adicionais, uma vez que eram compensações
por motivos semelhantes, embora pagas por razões diferentes.

Em setembro de 2019, uma decisão do Supremo Tribunal do Trabalho (TST) vetou a possibilidade
de cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade.

Importante!

Conforme estabelecido no artigo 392 da CLT, durante a gestação, as trabalhadoras têm o direito
assegurado à "transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem, assegurada a
retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao trabalho".

Para efetivar essa transferência, é necessário apresentar um atestado médico que comprove a
condição de insalubridade ou periculosidade na atividade desempenhada. Uma vez confirmada a
transferência, a funcionária não terá direito ao adicional durante esse período, retomando a
compensação apenas ao retornar à sua função original após o período de licença-maternidade.

77
PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL DO TRABALHO

1) Introdução

Seguiremos os estudos dos conhecimentos específicos do Concurso Nacional Unificado para o bloco
4 – Trabalho e Saúde do Servidor:

8 Noções conceituais em engenharia da segurança no trabalho relacionadas a proteção


coletiva e individual do trabalho: 8.1 Saneamento ambiental. 8.2 Gestão de resíduos e meio
ambiente. 8.3 Sinalização. 8.4 Organização do trabalho. 8.5 Ferramentas da qualidade e
certificações.

1.1 Considerações iniciais

No âmbito da engenharia da segurança no trabalho, a proteção coletiva e individual são


abordagens fundamentais para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores.

De acordo com a hierarquia de controle, a proteção coletiva é priorizada sobre as medidas


individuais. Ou seja, deve-se primeiro tentar eliminar ou controlar os riscos no ambiente antes de
depender exclusivamente do uso de equipamentos de proteção individual. A proteção coletiva nada
mais é que medidas e dispositivos implementados no ambiente de trabalho para proteger um
grupo de trabalhadores, independentemente das características individuais. O objetivo é eliminar ou
minimizar os riscos no ambiente. Vejamos os exemplos mais comuns:

Barreiras físicas para isolar áreas de risco: Utilização de barreiras físicas, como cercas, grades,
ou paredes, para isolar áreas específicas que apresentam riscos aos trabalhadores.

Ex.: Em uma fábrica, a instalação de barreiras ao redor de máquinas perigosas para evitar acesso
não autorizado ou acidentes.

Sinalização de segurança para alertar sobre perigos: Uso de sinais visuais, como placas, cores
e símbolos, para comunicar informações importantes sobre segurança, alertando os trabalhadores
sobre possíveis perigos no ambiente.

Ex.: Colocação de placas de advertência indicando áreas de risco elétrico, pisos escorregadios ou
locais onde é necessário o uso de equipamentos de proteção individual.

Ventilação adequada para controlar a exposição a substâncias tóxicas: Implementação de


sistemas de ventilação eficientes para remover ou diluir a concentração de substâncias tóxicas ou
poluentes no ar, proporcionando um ambiente mais seguro.

Ex.: Em um laboratório químico, a instalação de sistemas de exaustão para eliminar vapores tóxicos
durante processos de manipulação de substâncias químicas.

78
Estas medidas coletivas são eficazes porque visam eliminar ou reduzir os riscos no ambiente de
trabalho, beneficiando a todos os trabalhadores que atuam naquela área. Elas são parte integrante
de uma abordagem preventiva à segurança no trabalho, conforme preconizado por
regulamentações e normas de segurança ocupacional.

1.2 Saneamento ambiental

A integração do saneamento ambiental nas práticas de segurança do trabalho é essencial para


garantir ambientes laborais saudáveis, seguros e propícios ao bem-estar dos trabalhadores.
Saneamento ambiental refere-se a um conjunto de medidas e ações voltadas para a promoção da
saúde e prevenção de doenças, por meio do controle de fatores ambientais que possam representar
riscos à saúde humana.

Os aspectos fundamentais relacionados ao saneamento ambiental encontram-se delineados na


Norma Regulamentadora 24 (NR 24), que estabelece diretrizes e requisitos essenciais para garantir
condições sanitárias adequadas nos ambientes de trabalho. Vamos agora explorar os principais
pontos dessa normativa:

Norma Regulamentadora 24 (NR 24)

Instalações  Devem ser proporcionais ao número de trabalhadores, com separação por sexo
sanitárias: quando houver mais de dez funcionários.
 Deve haver pelo menos um vaso sanitário para cada grupo de 20 trabalhadores.
 Para atividades que exijam esforço físico, como a construção civil, deve ser
disponibilizado um mictório para cada 20 trabalhadores.
 Devem ser mantidas em condições de higiene e limpeza adequadas.

Higiene nos  Os locais de trabalho devem ser mantidos limpos e organizados.


locais de  A limpeza geral inclui a remoção de poeira, sujeira e resíduos sólidos.
trabalho:  Os resíduos sólidos devem ser descartados de forma segura e adequada,
seguindo as normas ambientais.

Controle de  Devem ser adotadas medidas para reduzir a exposição dos trabalhadores a
poeira e poeiras e substâncias tóxicas.
substâncias  Isso pode incluir o uso de sistemas de ventilação, a umidificação de áreas secas
tóxicas: para evitar a dispersão de poeira, e o uso de equipamentos de proteção
respiratória quando necessário.

Áreas de  Devem ser proporcionadas áreas adequadas para refeições, com espaços limpos
refeição: e confortáveis.
 As áreas de refeição devem ser separadas das áreas de trabalho para evitar
contaminação.
 Devem ser disponibilizados utensílios de cozinha e armazenamento de alimentos
seguros.

79
Vestiários e  Devem ser fornecidos vestiários e alojamentos em condições adequadas de
alojamentos: higiene e conforto.
 Os vestiários devem ter armários individuais para guardar roupas e objetos
pessoais.
 Os alojamentos devem proporcionar condições de conforto térmico e ventilação
adequada.

Condições de  Devem ser mantidas condições de conforto térmico nos locais de trabalho,
conforto considerando temperatura, umidade e ventilação.
térmico:  Devem ser adotadas medidas para evitar o desconforto térmico, como a
instalação de sistemas de climatização.

1.3 Gestão de resíduos e meio ambiente

Na gestão de resíduos e meio ambiente, é imperativo adotar práticas sustentáveis para minimizar
o impacto ambiental e promover a responsabilidade socioambiental. A abordagem eficaz dessas
questões encontra-se refletida em diversos pontos essenciais.

Ex.: A coleta seletiva e o descarte apropriado de resíduos sólidos, aliados ao tratamento adequado
de efluentes líquidos, desempenham um papel central nesse processo. Adicionalmente, a redução
da geração de resíduos e o estímulo à reciclagem contribuem para a promoção de práticas
ambientais responsáveis.

A Norma ISO 14001 estabelece requisitos para sistemas de gestão ambiental (SGA) e oferece um
quadro para as organizações implementarem práticas sustentáveis, minimizando o impacto
ambiental de suas operações.

Política ambiental:

• A organização deve desenvolver e manter uma política ambiental documentada, alinhada


aos objetivos e contexto da empresa. Essa política deve ser comunicada interna e
externamente.

Planejamento:

• As organizações devem identificar aspectos ambientais significativos de suas atividades,


produtos e serviços. Isso inclui a avaliação de impactos ambientais e a determinação dos
requisitos legais e outros requisitos aplicáveis.

Implementação e operação:

• Definição de papéis, responsabilidades e autoridades dentro da organização para a gestão


ambiental.
• Desenvolvimento de programas de treinamento e conscientização para os funcionários.
• Estabelecimento de procedimentos para gerenciar documentos e registros.
• Implementação de controles operacionais para atingir os objetivos ambientais e lidar com
situações de emergência.

80
Além disso, a efetiva gestão ambiental requer um diligente monitoramento e medição,
contemplando a implementação de processos para monitorar e medir de forma regular os diversos
aspectos ambientais relacionados às operações da organização.

1.4 Sinalização

A sinalização desempenha um papel crucial na promoção da segurança no ambiente de trabalho,


fornecendo informações visuais claras sobre riscos, procedimentos e medidas de segurança. A
Norma Regulamentadora 26 (NR 26) no Brasil é específica quanto aos requisitos para a utilização
de cores na segurança, estabelecendo diretrizes para garantir uma comunicação eficaz e padronizada
no local de trabalho. A NR 26 aborda principalmente a sinalização por cores, fornecendo orientações
sobre sua aplicação e significado. Vejamos:

Azul:
Verde:
Pode ser empregado para identificar
Pode ser associado a áreas de segurança,
equipamentos de combate a incêndio,
como saídas de emergência e rotas de fuga.
como hidrantes e extintores. Também é
Também é comumente utilizado para
utilizado em sinalizações relacionadas à
indicar equipamentos de segurança, como
presença de água ou outras substâncias
chuveiros de emergência.
que possam representar riscos.

Laranja:
Branco:
Pode ser associado a áreas ou
Geralmente, é utilizado para sinalizar áreas
equipamentos que representem perigos,
ou rotas de tráfego interno, como
indicando a necessidade de atenção e
corredores ou zonas de circulação,
contribuindo para a organização e precaução. Também é utilizado em
sinalizações temporárias de obras ou
segurança dentro de instalações.
manutenções.

Preto e Amarelo Listrado: Roxo:


Podem ser empregados para sinalizar áreas Pode ser utilizado para indicar a presença
ou objetos que apresentem riscos de substâncias tóxicas ou perigosas. É
significativos. Essa combinação de cores é comum em locais onde há manuseio de
frequentemente utilizada para destacar produtos químicos que requerem atenção
zonas de perigo. especial.

Marrom: Pode ser associado a áreas de Cinza: Pode ser utilizado para sinalizar áreas
resíduos sólidos ou materiais perigosos, ou equipamentos que não estão em uso ou
indicando locais de descarte específicos. que estão temporariamente desativados.

Tome nota!

As cores também são usadas para delimitar áreas específicas, como áreas de armazenamento de
materiais inflamáveis, zonas de tráfego de veículos industriais e áreas de primeiros socorros.

81
Importante!

A correta interpretação da sinalização requer treinamento e conscientização dos trabalhadores,


conforme destacado pela NR 26.

2) Organização do trabalho

A organização do trabalho desempenha um papel essencial na promoção de ambientes laborais


seguros e saudáveis. Essa iniciativa se concretiza por meio do desenho de layouts seguros, que se
refere à configuração e disposição estratégica de máquinas, equipamentos e áreas de trabalho
dentro de uma instalação. Os principais objetivos dessa abordagem são:

Acesso facilitado a
Redução de riscos de
Otimização dos fluxos equipamentos de
acidentes:
de trabalho: segurança:
A disposição estratégica
Busca-se assegurar a Garante-se que os
visa minimizar os riscos
otimização dos fluxos de equipamentos de
de acidentes,
trabalho, facilitando a segurança, como
contemplando a
movimentação eficiente extintores de incêndio e
localização adequada de
de trabalhadores, saídas de emergência,
máquinas e
materiais e estejam
equipamentos. Esse
equipamentos. Essa estrategicamente
planejamento visa
otimização contribui para posicionados. Isso
prevenir situações
a produtividade e reduz assegura fácil
indesejadas, como
os desperdícios de acessibilidade em
colisões, quedas ou
tempo. situações de
interferências.
necessidade.

Além disso, é fundamental a implementação de procedimentos operacionais seguros para a


execução segura das atividades. Isso envolve:

Desenvolvimento de procedimentos claros: Procedimentos operacionais que forneçam


instruções claras e detalhadas sobre como realizar as tarefas de maneira segura.

Medidas preventivas: Inclusão de medidas preventivas nos procedimentos, como a utilização


de EPIs, verificações de segurança antes da execução de tarefas críticas e a identificação de pontos
de parada de emergência.

Evitar sobrecarga e fadiga: Distribuição de tarefas de maneira equitativa para evitar que alguns
trabalhadores sejam sobrecarregados, o que poderia levar à fadiga, estresse e redução da eficiência.

Promover rodízio de funções: Implementação de estratégias de rodízio de funções para evitar


que os trabalhadores fiquem por longos períodos em atividades monótonas, reduzindo o risco de
lesões por esforço repetitivo.

Treinamento e conscientização: Garantir que os trabalhadores sejam devidamente treinados


nos procedimentos operacionais e estejam cientes da importância de segui-los rigorosamente.

82
3) Ferramentas da qualidade

O emprego de ferramentas da qualidade é uma prática estratégica que visa aprimorar


continuamente os processos e práticas de saúde e segurança ocupacional. Um dos principais
métodos reconhecidos é o ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), vejamos:

Plan (Planejar):
Nesta etapa, a organização identifica e
analisa riscos, estabelece metas e
desenvolve planos de ação para
melhorar a segurança e saúde
ocupacional.

Act (Agir): Do (Executar):


Com base na verificação, a organização As ações planejadas são
toma medidas corretivas e ajusta suas implementadas. Isso pode envolver
práticas conforme necessário. Esse ciclo treinamentos, atualizações em
é repetido continuamente para procedimentos operacionais e ajustes
aprimorar constantemente a gestão de em práticas que visam a segurança e
saúde e segurança ocupacional. saúde dos trabalhadores.

Check (Verificar):
Realização de auditorias e avaliações
para verificar se as ações
implementadas estão alcançando os
resultados desejados. É uma fase de
monitoramento para garantir a eficácia
das mudanças realizadas.

Momento da Questão

Questão inédita – Em um Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho, em relação à utilização


do ciclo PDCA, é correto afirmar que:

a) O PDCA é um ciclo contínuo projetado para identificar e corrigir possíveis falhas no processo.

b) Realizar correções imediatas na diferença identificada é desencorajado para manter a


padronização.

c) Executar o trabalho planejado, conforme o plano de ação original, promove eficiência no processo
produtivo, sendo, portanto, aconselhável.

d) É aceitável efetuar alterações no projeto original durante a execução do trabalho planejado, desde
que esteja em conformidade com o plano de ação.

e) A primeira etapa do PDCA consiste no planejamento do trabalho a ser realizado, por meio de um
Plano de Ação, após a identificação, reconhecimento das características e descoberta das causas
principais do trabalho a ser executado.
83
Gabarito: Letra E.

Comentário: Para alcançar seus objetivos, é essencial começar com o reconhecimento de sua
situação atual e definir claramente para onde deseja ir. Isso estabelece as bases para o primeiro
passo fundamental: o PLANEJAMENTO, expresso através de um sólido PLANO DE AÇÃO.

A cada iteração do ciclo PDCA, mesmo que os avanços sejam pequenos, há progresso. É crucial
entender que nunca se retorna ao mesmo ponto. Cada implementação bem-sucedida de mudanças
inicia um novo ciclo, construído sobre as lições aprendidas e conquistas anteriores. Essa abordagem
caracteriza a espiral da melhoria contínua, onde cada ciclo se torna uma plataforma para o próximo.

Assim, o processo de identificar a situação, estabelecer metas, planejar as ações e implementar


melhorias, através do ciclo PDCA, se transforma em uma jornada contínua de aprimoramento. A
espiral da melhoria contínua destaca que, a cada volta, mesmo pequena, há um avanço constante
em direção aos objetivos.

3.1 Certificações

A busca por certificações, como a ISO 45001, reflete o comprometimento de uma organização com
padrões internacionais rigorosos de gestão de saúde e segurança ocupacional. Essa norma
internacional estabelece requisitos abrangentes para sistemas de gestão, proporcionando um guia
valioso para as organizações que buscam assegurar ambientes de trabalho seguros e saudáveis.

A ISO 45001 tem como objetivo proporcionar uma estrutura para que as organizações desenvolvam,
implementem e melhorem continuamente sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional
eficazes. Essa norma destaca a importância da prevenção de lesões, doenças ocupacionais e
incidentes, promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.

84
Política de saúde e segurança ocupacional:
Estabelecer uma política que demonstre o compromisso da
organização com a saúde e segurança ocupacional.

Planejamento:
Identificar riscos e oportunidades, estabelecer objetivos e

Principais elementos da norma:


desenvolver planos de ação para alcançar metas de saúde e
segurança.

Implementação e operação:
Executar os planos estabelecidos, proporcionando recursos
adequados e promovendo a conscientização e competência
dos colaboradores.

Monitoramento e avaliação do desempenho:


Monitorar continuamente o desempenho em saúde e
segurança, avaliando a eficácia das medidas implementadas.

Análise crítica e melhoria contínua:


Realizar análises críticas periódicas do sistema de gestão,
visando melhorias contínuas e a adaptação às mudanças nas
circunstâncias da organização.

A combinação do uso de ferramentas da qualidade, como o ciclo PDCA, e a busca por certificações,
como a ISO 45001, reflete um comprometimento robusto com a segurança e saúde ocupacional,
contribuindo para ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e eficientes.

GESTÃO EPIDEMIOLÓGICA NO TRABALHO

1) Introdução

Seguiremos os estudos dos conhecimentos específicos do Concurso Nacional Unificado para o bloco
4 – Trabalho e Saúde do Servidor:

9 Gestão epidemiológica no trabalho: 9.1 Conceitos e objetivos de epidemiologia. 9.2


Aplicação da epidemiologia para a higiene ocupacional. 9.3 Estudo de acidentes de trabalho
à luz da epidemiologia. 9.4 Notificação compulsória de agravos relacionados ao trabalho e
seus instrumentos.

1.1 Aplicação da epidemiologia para a higiene ocupacional

A epidemiologia é aplicada à higiene ocupacional para analisar a relação entre exposições


ocupacionais e a ocorrência de doenças. Isso envolve a coleta e análise de dados sobre a saúde dos
trabalhadores, a exposição a agentes ambientais e a eficácia das medidas de controle.

85
2) Estudo de acidentes de trabalho à luz da epidemiologia

O estudo dos acidentes de trabalho à luz da epidemiologia é uma abordagem que busca
compreender os fatores de risco e as condições que contribuem para a ocorrência de incidentes
ocupacionais. A epidemiologia, nesse contexto, utiliza métodos científicos para analisar a
distribuição e os determinantes dos acidentes de trabalho, visando identificar padrões e causas
que podem orientar a prevenção. Vejamos de que maneira isso é feito:

PRINCIPAIS ASPECTOS DO ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE ACIDENTES DE TRABALHO

Identificação de padrões A epidemiologia busca analisar dados estatísticos para identificar padrões na
de ocorrência: ocorrência de acidentes de trabalho. Isso inclui a análise de setores específicos,
tipos de acidentes, gravidade das lesões, entre outros.

Análise de fatores de Examina-se os fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes,


risco: incluindo condições do ambiente de trabalho, práticas laborais, equipamentos
utilizados e treinamento dos trabalhadores.

Determinação de causas A epidemiologia busca determinar as causas fundamentais dos acidentes de


e consequências: trabalho, identificando os elementos que desencadeiam os incidentes e as
consequências para a saúde e segurança dos trabalhadores.

Desenvolvimento de Com base nas análises, são propostas estratégias preventivas direcionadas
estratégias preventivas: aos fatores de risco identificados. Isso pode envolver mudanças nas práticas
de trabalho, melhorias nos equipamentos, treinamento de pessoal e outras
intervenções.

Monitoramento A epidemiologia contribui para o estabelecimento de sistemas de


contínuo: monitoramento contínuo, permitindo a avaliação periódica dos dados e a
adaptação das estratégias preventivas conforme necessário.

2.1 Notificação compulsória de agravos relacionados ao trabalho e seus instrumentos

A notificação compulsória de agravos relacionados ao trabalho refere-se à obrigatoriedade de


comunicar autoridades de saúde sobre casos de doenças ocupacionais. Instrumentos como CAT
(Comunicação de Acidente de Trabalho) e sistemas de informação são utilizados para registrar e
notificar esses agravos.

86
Tome nota!

O SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), possui um papel fundamental na


coleta, armazenamento e análise das informações permitindo que as autoridades de saúde atuem
de forma eficaz na prevenção, controle e resposta a eventos de importância epidemiológica.
A inclusão de um agravo ou doença na lista de notificação compulsória demanda a avaliação de
diversos fatores críticos, tais como características que possam representar ameaças à saúde pública.
São considerados critérios essenciais para essa incorporação:

potencial de existência de doenças existência de doenças


desencadear surtos ou ou agravos com causas ou agravos com causas
epidemias; desconhecidas; desconhecidas;

Nesse processo, são analisados aspectos como o potencial de disseminação, a magnitude, a


gravidade, a severidade, a transcendência e a vulnerabilidade na população.

PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO

1) Introdução

Seguiremos os estudos dos conhecimentos específicos do Concurso Nacional Unificado para o bloco
4 – Trabalho e Saúde do Servidor:

10 A psicopatologia do trabalho: 10.1 Sofrimento e prazer no trabalho.10.2 Processo de


trabalho e adoecimento.

1.1 A psicopatologia do trabalho

A psicopatologia do trabalho é uma área de estudo que se dedica a compreender as relações entre
o trabalho e a saúde mental dos indivíduos.

2) Sofrimento e prazer no trabalho

O ambiente de trabalho pode ser tanto fonte de satisfação quanto de sofrimento para os
trabalhadores. Aspectos psicossociais, como o relacionamento com colegas, a autonomia no
trabalho e o reconhecimento, desempenham papéis cruciais nesse contexto. O sofrimento no
trabalho pode surgir de condições adversas, tais como:

87
assédio ou carga sofrimento
falta de pressão
de trabalho no
reconhecimento excessiva
desproporcional trabalho

Por outro lado, a busca por significado, desafios e realização pessoal pode contribuir para o prazer
no trabalho. A psicopatologia do trabalho examina essas dinâmicas para compreender como elas
afetam o bem-estar psicológico dos trabalhadores.

3) Processo de trabalho e adoecimento

O modo como o trabalho é estruturado e organizado pode ter impactos diretos na saúde mental
dos trabalhadores. O processo de trabalho, incluindo aspectos como ritmo, carga horária, demandas
cognitivas e emocionais, influencia o desenvolvimento de doenças psicológicas e psicossomáticas,
vejamos sobre essas condições:

Doenças Psicológicas Doenças Psicossomáticas

Depressão: Um transtorno de humor que afeta o Síndrome de somatização: Caracterizada pela


estado emocional, levando a sentimentos presença de múltiplos sintomas físicos, muitas vezes
persistentes de tristeza, desespero e falta de crônicos, sem causa médica identificável, mas
interesse em atividades cotidianas. associados ao estresse emocional.

Transtornos de ansiedade: Incluem condições Transtorno somatoforme: Inclui condições em que


como transtorno de ansiedade generalizada, os sintomas físicos são predominantemente de
transtorno do pânico e fobias, caracterizadas por origem psicológica, como a conversão de sintomas
preocupação excessiva, medo intenso e sintomas emocionais em sintomas físicos.
físicos associados à ansiedade.

Transtornos do humor bipolar: Marcados por Distúrbios de conversão: Manifestam-se como


episódios de depressão seguidos por períodos de perda de função motora ou sensorial sem causa
mania, nos quais a pessoa experimenta um aumento médica evidente, mas influenciada por fatores
anormal de energia, impulsividade e humor elevado. psicológicos.

Transtornos do estresse pós-traumático (TEPT): Úlcera péptica: Embora influenciada por fatores
Desenvolvem-se após a exposição a eventos físicos, o estresse e outros fatores psicológicos
traumáticos e podem envolver flashbacks, pesadelos podem agravar ou desencadear úlceras pépticas.
e hipervigilância.

88
Tome nota!

Essas categorias não são mutuamente exclusivas, e muitas condições de saúde envolvem uma
interação complexa entre fatores psicológicos e físicos.

Importante!

NÃO serão doenças do trabalho:

Doença degenerativa: São doenças caracterizadas por um processo progressivo de deterioração


do corpo que não está diretamente relacionado ao trabalho.

Doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que se desenvolva: Se


uma doença endêmica é adquirida por uma pessoa devido à sua localização geográfica e não está
relacionada ao trabalho em si

Doença de grupo etário: Doenças associadas a um grupo etário específico não são consideradas
doenças ocupacionais, pois estão mais relacionadas à idade do que às condições de trabalho.

Doença que não produza incapacidade laborativa: Se uma doença não resultar em
incapacidade para o trabalho, ela não será considerada uma doença ocupacional.

Momento da Questão

Questão inédita – A relação entre o trabalho e o processo de adoecimento dos trabalhadores


envolve uma abordagem clínico-individual e coletivo-epidemiológica, considerando a
contribuição ou o "papel causal" desempenhado pelo trabalho no adoecimento. Assinale a
alternativa que se refere corretamente àquela doença em que o trabalho é considerado causa
necessária.

a) Asma e doenças mentais.

b) Intoxicação por chumbo e silicose.

c) Câncer e varizes de membros inferiores.

d) Doença coronariana e hipertensão arterial.

e) Bronquite crônica e dermatite de contato alérgica.

Gabarito: Letra B.

Comentário: Muitas vezes, a exposição ao chumbo ocorre no ambiente de trabalho, como em


indústrias que lidam com o metal. A intoxicação por chumbo pode resultar de atividades
ocupacionais específicas. Por outro lado, a silicose uma doença pulmonar causada pela inalação de

89
partículas de sílica, frequentemente associada a trabalhos que envolvem exposição a poeira
contendo sílica, como na indústria de mineração, construção e manuseio de pedras. Essas condições
têm uma relação mais direta com o ambiente de trabalho, tornando-as exemplos de doenças em
que o trabalho é considerado causa necessária.

Parabéns por ter concluído até aqui! Continuamos juntos na Parte II

Bora para cima!

90

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