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CNU
CONCURSO NACIONAL UNIFICADO
EDITAL N. º 04/2024 -
CONCURSO PÚBLICO NACIONAL UNIFICADO, 10 DE JANEIRO DE 2024.
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,
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no prazo de até 05 dias úteis.,
• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.
Ética e Integridade
1. Princípios e valores éticos do serviço público, seus direitos e deveres à luz do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, e do
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/1994) . . . . . . . . . . . . . . . 57
2. Governança pública e sistemas de governança (Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017). Gestão de riscos e medidas
mitigatórias na Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3. Integridade pública (Decreto nº 11.529/2023) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4. Transparência e qualidade na gestão pública, cidadania e equidade social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5. Governo eletrônico e seu impacto na sociedade e na Administração Pública. Lei nº 14.129/2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
6. Acesso à informação. Lei nº 12.527/2011 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
7. Transparência e imparcialidade nos usos da inteligência artificial no âmbito do serviço público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Políticas Públicas
1. Introdução às políticas públicas: conceitos e tipologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
2. Ciclos de políticas públicas: agenda e formulação; processos de decisão; implementação, seus planos, projetos e programas; 106
monitoramento e avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. Institucionalização das políticas em Direitos Humanos como políticas de Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4. Federalismo e descentralização de políticas públicas no Brasil: organização e funcionamento dos sistemas de programas 108
nacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. Contrato individual de trabalho; conceito, classificação, espécies, características e efeitos; alteração do contrato de trabalho;
alteração unilateral e bilateral; o jus variandi; suspensão e interrupção do contrato de trabalho; caracterização e distinção.. 363
6. Formas de rescisão do contrato de trabalho............................................................................................................................... 367
7. Duração do trabalho: Jornada de trabalho; Registro e controle do horário de trabalho; Períodos de descanso; intervalo para
repouso e alimentação; Descanso semanal remunerado; Trabalho noturno e trabalho extraordinário; Sistema de compensa-
ção de horas................................................................................................................................................................................. 369
8. Salário-mínimo; irredutibilidade e garantia................................................................................................................................. 376
9. Férias, direito, duração, concessão, época das férias, remuneração e abono de férias.............................................................. 379
10. Salário e remuneração: Conceito e distinções; Composição do salário; Modalidades de salário; formas e meios de pagamen-
to do salário; 13º salário; equiparação salarial; Princípio da igualdade de salário; Desvio de função........................................ 380
11. Benefícios aos trabalhadores e trabalhadoras: vale transporte, FGTS, seguro desemprego e abono salarial............................. 382
12. Prescrição e decadência............................................................................................................................................................... 396
13. Proteção ao trabalho da mulher, Lei nº 14.457/2022.................................................................................................................. 398
14. Direito coletivo do trabalho; conceito, objeto, função, evolução histórica, princípios e fontes normativas; organização sin-
dical; conceito de categoria; categoria diferenciada; negociação coletiva no Direito do Trabalho; instrumentos coletivos de
trabalho; mediação e arbitragem no Direito do Trabalho........................................................................................................... 405
15. Direito de greve; greve nos serviços essenciais........................................................................................................................... 413
16. Regimes especiais de trabalho previstos na CLT: Trabalho portuário e a NR 29 (Norma regulamentadora de segurança e saú-
de no trabalho portuário) e suas atualizações............................................................................................................................. 416
17. Trabalho avulso não portuário..................................................................................................................................................... 434
18. Trabalho esportivo....................................................................................................................................................................... 435
19. Trabalho em atividades petrolíferas: NR 37 (Norma regulamentadora de segurança e saúde em plataformas de petróleo) e
suas atualizações......................................................................................................................................................................... 436
20. Trabalho do artista e do técnico em espetáculos de diversões................................................................................................... 473
21. Trabalho da pessoa com deficiência e reabilitada....................................................................................................................... 473
22. Aprendizagem profissional.......................................................................................................................................................... 474
23. Trabalho rural: Lei nº 5889 de 1973 e alterações e NR 31........................................................................................................... 475
24. Trabalho cooperado..................................................................................................................................................................... 478
25. Trabalho infantil e proteção do trabalhador adolescente............................................................................................................ 479
26. Trabalho análogo ao de escravo e tráfico de pessoas.................................................................................................................. 479
27. Convenções da OIT: natureza jurídica, processo de elaboração, ratificação, denúncia, vigência, aplicação e revisão................ 481
28. Inspeção e Fiscalização no Trabalho: Decreto nº 4.552/2002 e alterações................................................................................. 482
29. Lei nº 10.593/2002 e alterações e Regulamento da Inspeção do Trabalho................................................................................. 487
30. NR 3 – Embargo e interdição....................................................................................................................................................... 489
31. NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho............................................................................................ 492
32. NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos.................................................................................................. 497
33. Segurança e saúde no trabalho na indústria da construção: Norma Regulamentadora nº 18.................................................... 498
34. Norma Regulamentadora nº 1..................................................................................................................................................... 519
35. Norma Regulamentadora nº 7..................................................................................................................................................... 526
36. Norma Regulamentadora nº 9..................................................................................................................................................... 526
ÍNDICE
Conteúdo Digital
Administração Pública Federal
1. Princípios constitucionais e normas que regem a administração pública (artigos de 37 a 41 da Constituição Federal de
1988)........................................................................................................................................................................................... 3
2. Estrutura organizacional da Administração Pública Federal (Decreto Lei nº 200/1967)............................................................ 9
3. Agentes públicos: Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/1990 e suas alterações)....................................................................... 41
Finanças Públicas
1. Atribuições econômicas do Estado............................................................................................................................................. 85
2. Fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento.................................................................................................... 85
3. Financiamento das Políticas Públicas: estrutura de receitas e despesas do Estado brasileiro................................................... 86
4. Noções de orçamento público: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual
(LOA)........................................................................................................................................................................................... 87
5. Federalismo fiscal no Brasil; Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000)................................................. 133
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Em meados dos anos oitenta, já começava a ficar claro que o c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informa-
desenvolvimento econômico e social e a transição para democra- ções em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avalia-
cia, ainda que necessários, não eram suficientes para conter o au- ção e monitoramento de sua efetivação;
mento da criminalidade e da violência no Brasil. Ficava patente que II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos:
esse fenômeno constituía um grande obstáculo e uma ameaça aos a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sus-
processos de desenvolvimento e de consolidação da democracia. tentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equi-
A questão era saber se esta tendência de banalização da crimina- librado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente
lidade, da violência e da morte poderia ser controlada e revertida diverso, participativo e não discriminatório;
ou se ela acabaria por consumir os recursos humanos da sociedade b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito cen-
brasileira a ponto de inviabilizar os processos de desenvolvimento e tral do processo de desenvolvimento; e
de consolidação da democracia no país. [...] c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como
Com o objetivo de limitar, controlar e reverter as graves vio- Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de
lações de direitos humanos e implementando uma recomendação direitos;
da Conferência Mundial de Direitos Humanos realizada em Viena III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto
em 1993 - na qual o Brasil teve papel muito atuante, pois foi o em- de desigualdades:
baixador Gilberto Sabóia quem coordenou o comitê de redação da a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma univer-
Declaração e Programa de Viena ¾ o governo Fernando Henrique sal, indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena;
Cardoso decidiu integrar como política de governo a promoção e b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes
realização dos direitos humanos propondo um plano de ação para para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória,
direitos humanos. Em 7 de setembro de 1995, o Presidente anun- assegurando seu direito de opinião e participação;
ciava: ‘Chegou a hora de mostrarmos, na prática, num plano nacio- c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e
nal, como vamos lutar para acabar com a impunidade, como vamos d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;
lutar para realmente fazer com que os direitos humanos sejam res- IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e
peitados’. Combate à Violência:
Ao assumir esse compromisso, o governo brasileiro reconhece a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de
a obrigação do estado de proteger e promover os direitos humanos segurança pública;
e os princípios da universalidade e da indivisibilidade dos direitos b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema
humanos. [...]”.1 de segurança pública e justiça criminal;
O principal mecanismo utilizado para exteriorizar e planejar a c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e pro-
Política Nacional de Direitos humanos é o Programa Nacional de fissionalização da investigação de atos criminosos;
Direitos Humanos. d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na
erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carce-
rária;
DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009. e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de
proteção das pessoas ameaçadas;
Aprova o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3 e f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal,
dá outras providências. priorizando a aplicação de penas e medidas alternativas à privação
de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível,
confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direi-
DECRETA: tos;
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Huma-
Art. 1º Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos Huma- nos:
nos - PNDH-3, em consonância com as diretrizes, objetivos estra- a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da po-
tégicos e ações programáticas estabelecidos, na forma do Anexo lítica nacional de educação em Direitos Humanos para fortalecer
deste Decreto. uma cultura de direitos;
Art. 2º O PNDH-3 será implementado de acordo com os seguin- b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e
tes eixos orientadores e suas respectivas diretrizes: dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas insti-
I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e so- tuições de ensino superior e nas instituições formadoras;
ciedade civil: c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos;
civil como instrumento de fortalecimento da democracia participa- d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no
tiva; serviço público; e
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como ins- e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática
trumento transversal das políticas públicas e de interação demo- e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Di-
crática; e reitos Humanos; e
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como
1 PINHEIRO, Paúlo Sérgio; MESQUITA NETO, Paulo de. Direitos humanos no Direito Humano da cidadania e dever do Estado;
Brasil: perspectivas no final do século. Disponível em: <http://www.dhnet.org.
br/direitos/militantes/pspinheiro/pspinheirodhbrasil.html>.
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção ticipação. Fortes protestos e a luta pela democracia marcaram esse
pública da verdade; e período. Paralelamente, surgiram iniciativas populares nos bairros
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com pro- reivindicando direitos básicos como saúde, transporte, moradia e
moção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a democra- controle do custo de vida. Em um primeiro momento, eram inicia-
cia. tivas atomizadas, buscando conquistas parciais, mas que ao longo
Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além dos res- dos anos foram se caracterizando como movimentos sociais orga-
ponsáveis nele indicados, envolve parcerias com outros órgãos fe- nizados.
derais relacionados com os temas tratados nos eixos orientadores Com o avanço da democratização do País, os movimentos so-
e suas diretrizes. ciais multiplicaram-se. Alguns deles institucionalizaram-se e passa-
Art. 3º As metas, prazos e recursos necessários para a imple- ram a ter expressão política. Os movimentos populares e sindicatos
mentação do PNDH-3 serão definidos e aprovados em Planos de foram, no caso brasileiro, os principais promotores da mudança e
Ação de Direitos Humanos bianuais. da ruptura política em diversas épocas e contextos históricos. Com
Art. 4º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) efeito, durante a etapa de elaboração da Constituição Cidadã de
II - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) 1988, esses segmentos atuaram de forma especialmente articula-
III - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) da, afirmando-se como um dos pilares da democracia e influencian-
IV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) do diretamente os rumos do País.
V - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Nos anos que se seguiram, os movimentos passaram a se con-
§ 1º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) solidar por meio de redes com abrangência regional ou nacional,
I - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) firmando-se como sujeitos na formulação e monitoramento das
II - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) políticas públicas. Nos anos 1990, desempenharam papel funda-
III - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) mental na resistência a todas as orientações do neoliberalismo de
IV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) flexibilização dos direitos sociais, privatizações, dogmatismo do
V - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) mercado e enfraquecimento do Estado. Nesse mesmo período,
VI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) multiplicaram-se pelo País experiências de gestão estadual e muni-
VII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) cipal em que lideranças desses movimentos, em larga escala, passa-
VIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) ram a desempenhar funções de gestores públicos.
IX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Com as eleições de 2002, alguns dos setores mais organizados
X - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) da sociedade trouxeram reivindicações históricas acumuladas, pas-
XI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sando a influenciar diretamente a atuação do governo e vivendo de
XII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) perto suas contradições internas.
XIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Nesse novo cenário, o diálogo entre Estado e sociedade civil as-
XIV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sumiu especial relevo, com a compreensão e a preservação do distinto
XV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) papel de cada um dos segmentos no processo de gestão. A interação
XVI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) é desenhada por acordos e dissensos, debates de idéias e pela delibe-
XVII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) ração em torno de propostas. Esses requisitos são imprescindíveis ao
XVIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) pleno exercício da democracia, cabendo à sociedade civil exigir, pres-
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sionar, cobrar, criticar, propor e fiscalizar as ações do Estado.
XX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Essa concepção de interação democrática construída entre os
XXI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) diversos órgãos do Estado e a sociedade civil trouxe consigo resul-
§ 2º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) tados práticos em termos de políticas públicas e avanços na inter-
§ 3º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) locução de setores do poder público com toda a diversidade social,
§ 4º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) cultural, étnica e regional que caracteriza os movimentos sociais em
Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os órgãos nosso País. Avançou-se fundamentalmente na compreensão de que
do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público,
os Direitos Humanos constituem condição para a prevalência da
serão convidados a aderir ao PNDH-3.
dignidade humana, e que devem ser promovidos e protegidos por
Art. 6º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
meio do esforço conjunto do Estado e da sociedade civil.
Art. 7º Fica revogado o Decreto nº 4.229, de 13 de maio de
Uma das finalidades do PNDH-3 é dar continuidade à integra-
2002.
ção e ao aprimoramento dos mecanismos de participação existen-
tes, bem como criar novos meios de construção e monitoramento
Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188º da Independência e
das políticas públicas sobre Direitos Humanos no Brasil.
121º da República.
No âmbito institucional o PNDH-3, amplia as conquistas na área
dos direitos e garantias fundamentais, pois internaliza a diretriz se-
ANEXO gundo a qual a primazia dos Direitos Humanos constitui princípio
transversal a ser considerado em todas as políticas públicas.
Eixo Orientador I: As diretrizes deste capítulo discorrem sobre a importância de
fortalecer a garantia e os instrumentos de participação social, o ca-
• Interação democrática entre Estado e sociedade civil ráter transversal dos Direitos Humanos e a construção de mecanis-
A partir da metade dos anos 1970, começam a ressurgir no Bra- mos de avaliação e monitoramento de sua efetivação. Isso inclui a
sil iniciativas de rearticulação dos movimentos sociais, a despeito construção de sistema de indicadores de Direitos Humanos e a arti-
da repressão política e da ausência de canais democráticos de par- culação das políticas e instrumentos de monitoramento existentes.
13
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
O Poder Executivo tem papel protagonista na coordenação e Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
implementação do PNDH-3, mas faz-se necessária a definição de Presidência da República, Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
responsabilidades compartilhadas entre a União, Estados, Municí- blica
pios e do Distrito Federal na execução de políticas públicas, tanto
quanto a criação de espaços de participação e controle social nos d)Criar base de dados dos conselhos nacionais, estaduais, dis-
Poderes Judiciário e Legislativo, no Ministério Público e nas Defen- trital e municipais, garantindo seu acesso ao público em geral.
sorias, em ambiente de respeito, proteção e efetivação dos Direitos Responsáveis: Secretaria-Geral da Presidência da República;
Humanos. O conjunto dos órgãos do Estado – não apenas no âm- Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú-
bito do Executivo Federal – deve estar comprometido com a imple- blica
mentação e monitoramento do PNDH-3.
Aperfeiçoar a interlocução entre Estado e sociedade civil de- e)Apoiar fóruns, redes e ações da sociedade civil que fazem
pende da implementação de medidas que garantam à sociedade acompanhamento, controle social e monitoramento das políticas
maior participação no acompanhamento e monitoramento das po- públicas de Direitos Humanos.
líticas públicas em Direitos Humanos, num diálogo plural e trans- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
versal entre os vários atores sociais e deles com o Estado. Ampliar o Presidência da República; Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
controle externo dos órgãos públicos por meio de ouvidorias, moni- blica
torar os compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasi-
leiro, realizar conferências periódicas sobre a temática, fortalecer e f)Estimular o debate sobre a regulamentação e efetividade dos
apoiar a criação de conselhos nacional, distrital, estaduais e muni- instrumentos de participação social e consulta popular, tais como
cipais de Direitos Humanos, garantindo-lhes eficiência, autonomia lei de iniciativa popular, referendo, veto popular e plebiscito.
e independência são algumas das formas de assegurar o aperfeiço- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
amento das políticas públicas por meio de diálogo, de mecanismos Presidência da República; Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
de controle e das ações contínuas da sociedade civil. Fortalecer as blica
informações em Direitos Humanos com produção e seleção de in-
dicadores para mensurar demandas, monitorar, avaliar, reformular g)Assegurar a realização periódica de conferências de Direitos
e propor ações efetivas, garante e consolida o controle social e a Humanos, fortalecendo a interação entre a sociedade civil e o po-
transparência das ações governamentais. der público.
A adoção de tais medidas fortalecerá a democracia participati- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
va, na qual o Estado atua como instância republicana da promoção sidência da República
e defesa dos Direitos Humanos e a sociedade civil como agente ati-
vo – propositivo e reativo – de sua implementação. Objetivo estratégico II:
Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil Ampliação do controle externo dos órgãos públicos.
como instrumento de fortalecimento da democracia participativa. Ações programáticas:
Objetivo estratégico I:
a)Ampliar a divulgação dos serviços públicos voltados para a
Garantia da participação e do controle social das políticas pú-
efetivação dos Direitos Humanos, em especial nos canais de trans-
blicas em Direitos Humanos, em diálogo plural e transversal entre
parência.
os vários atores sociais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
Ações programáticas:
a)Apoiar, junto ao Poder Legislativo, a instituição do Conselho
Nacional dos Direitos Humanos, dotado de recursos humanos, ma- b)Propor a instituição da Ouvidoria Nacional dos Direitos Hu-
teriais e orçamentários para o seu pleno funcionamento, e efetuar manos, em substituição à Ouvidoria-Geral da Cidadania, com in-
seu credenciamento junto ao Escritório do Alto Comissariado das dependência e autonomia política, com mandato e indicação pelo
Nações Unidas para os Direitos Humanos como “Instituição Nacio- Conselho Nacional dos Direitos Humanos, assegurando recursos
nal Brasileira”, como primeiro passo rumo à adoção plena dos “Prin- humanos, materiais e financeiros para seu pleno funcionamento.
cípios de Paris”. Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da sidência da República
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
c)Fortalecer a estrutura da Ouvidoria Agrária Nacional.
b)Fomentar a criação e o fortalecimento dos conselhos de Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Direitos Humanos em todos os Estados e Municípios e no Distrito
Federal, bem como a criação de programas estaduais de Direitos Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instru-
Humanos. mento transversal das políticas públicas e de interação democrá-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- tica.
sidência da República
Objetivo estratégico I:
c)Criar mecanismos que permitam ação coordenada entre os Promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores
diversos conselhos de direitos, nas três esferas da Federação, visan- das políticas públicas e das relações internacionais.
do a criação de agenda comum para a implementação de políticas
públicas de Direitos Humanos.
14
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
15
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
• Recomendações advindas de relatores especiais do Conselho São essenciais para o desenvolvimento as liberdades e os direi-
de Direitos Humanos da ONU; tos básicos como alimentação, saúde e educação. As privações das
• Recomendações advindas dos comitês de tratados do Meca- liberdades não são apenas resultantes da escassez de recursos, mas
nismo de Revisão Periódica; sim das desigualdades inerentes aos mecanismos de distribuição,
da ausência de serviços públicos e de assistência do Estado para a
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da expansão das escolhas individuais. Este conceito de desenvolvimen-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores to reconhece seu caráter pluralista e a tese de que a expansão das
liberdades não representa somente um fim, mas também o meio
d)Definir e institucionalizar fluxo de informações, com respon- para seu alcance. Em consequência, a sociedade deve pactuar as
sáveis em cada órgão do governo federal e unidades da Federação, políticas sociais e os direitos coletivos de acesso e uso dos recursos.
referentes aos relatórios internacionais de Direitos Humanos e às A partir daí, a medição de um índice de desenvolvimento humano
recomendações dos relatores especiais do Conselho de Direitos Hu- veio substituir a medição de aumento do PIB, uma vez que o Índice
manos da ONU e dos comitês de tratados. de Desenvolvimento Humano (IDH) combina a riqueza per capita
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da indicada pelo PIB aos aspectos de educação e expectativa de vida,
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores permitindo, pela primeira vez, uma avaliação de aspectos sociais
não mensurados pelos padrões econométricos.
e)Definir e institucionalizar fluxo de informações, com respon- No caso do Brasil, por muitos anos o crescimento econômico
sáveis em cada órgão do governo federal, referentes aos relatórios não levou à distribuição justa de renda e riqueza, mantendo-se ele-
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e às decisões da vados índices de desigualdade. As ações de Estado voltadas para a
Corte Interamericana de Direitos Humanos. conquista da igualdade socioeconômica requerem ainda políticas
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da permanentes, de longa duração, para que se verifique a plena pro-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores teção e promoção dos Direitos Humanos. É necessário que o mode-
lo de desenvolvimento econômico tenha a preocupação de aperfei-
f)Criar banco de dados público sobre todas as recomendações çoar os mecanismos de distribuição de renda e de oportunidades
dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasil, contendo as medidas ado- para todos os brasileiros, bem como incorpore os valores de pre-
tadas pelos diversos órgãos públicos para seu cumprimento. servação ambiental. Os debates sobre as mudanças climáticas e o
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da aquecimento global, gerados pela preocupação com a maneira com
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores que os países vêm explorando os recursos naturais e direcionan-
do o progresso civilizatório, está na agenda do dia. Esta discussão
Eixo Orientador II: coloca em questão os investimentos em infraestrutura e modelos
de desenvolvimento econômico na área rural, baseados, em grande
Desenvolvimento e Direitos Humanos parte, no agronegócio, sem a preocupação com a potencial violação
O tema “desenvolvimento” tem sido amplamente debatido por dos direitos de pequenos e médios agricultores e das populações
ser um conceito complexo e multidisciplinar. Não existe modelo tradicionais.
único e preestabelecido de desenvolvimento, porém, pressupõe- O desenvolvimento pode ser garantido se as pessoas forem
-se que ele deva garantir a livre determinação dos povos, o reco- protagonistas do processo, pressupondo a garantia de acesso de
nhecimento de soberania sobre seus recursos e riquezas naturais, todos os indivíduos aos direitos econômicos, sociais, culturais e am-
respeito pleno à sua identidade cultural e a busca de equidade na bientais, e incorporando a preocupação com a preservação e a sus-
distribuição das riquezas. tentabilidade como eixos estruturantes de proposta renovada de
Durante muitos anos, o crescimento econômico, medido pela progresso. Esses direitos têm como foco a distribuição da riqueza,
variação anual do Produto Interno Bruto (PIB), foi usado como indi- dos bens e serviços.
cador relevante para medir o avanço de um país. Acreditava-se que, Todo esse debate traz desafios para a conceituação sobre os
uma vez garantido o aumento de bens e serviços, sua distribuição Direitos Humanos no sentido de incorporar o desenvolvimento
ocorreria de forma a satisfazer as necessidades de todas as pesso- como exigência fundamental. A perspectiva dos Direitos Humanos
as. Constatou-se, porém, que, embora importante, o crescimento contribui para redimensionar o desenvolvimento. Motiva a passar
do PIB não é suficiente para causar, automaticamente, melhoria do da consideração de problemas individuais a questões de interesse
bem estar para todas as camadas sociais. Por isso, o conceito de comum, de bem-estar coletivo, o que alude novamente o Estado e
desenvolvimento foi adotado por ser mais abrangente e refletir, de o chama à corresponsabilidade social e à solidariedade.
fato, melhorias nas condições de vida dos indivíduos. Ressaltamos que a noção de desenvolvimento está sendo ama-
A teoria predominante de desenvolvimento econômico o defi- durecida como parte de um debate em curso na sociedade e no go-
ne como um processo que faz aumentar as possibilidades de acesso verno, incorporando a relação entre os direitos econômicos, sociais,
das pessoas a bens e serviços, propiciadas pela expansão da capa- culturais e ambientais, buscando a garantia do acesso ao trabalho,
cidade e do âmbito das atividades econômicas. O desenvolvimento à saúde, à educação, à alimentação, à vida cultural, à moradia ade-
seria a medida qualitativa do progresso da economia de um país, quada, à previdência, à assistência social e a um meio ambiente sus-
refletindo transições de estágios mais baixos para estágios mais al- tentável. A inclusão do tema Desenvolvimento e Direitos Humanos
tos, por meio da adoção de novas tecnologias que permitem e fa- na 11a Conferência Nacional reforçou as estratégias governamen-
vorecem essa transição. Cresce nos últimos anos a assimilação das tais em sua proposta de desenvolvimento.
idéias desenvolvidas por Amartya Sem, que abordam o desenvol- Assim, este capítulo do PNDH-3 propõe instrumentos de avan-
vimento como liberdade e seus resultados centrados no bem estar ço e reforça propostas para políticas públicas de redução das desi-
social e, por conseguinte, nos direitos do ser humano. gualdades sociais concretizadas por meio de ações de transferência
16
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à ex- d)Avançar na implantação da reforma agrária, como forma de
pansão da reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e inclusão social e acesso aos direitos básicos, de forma articulada
do extrativismo e da promoção do turismo sustentável. com as políticas de saúde, educação, meio ambiente e fomento à
O PNDH-3 inova ao incorporar o meio ambiente saudável e as produção alimentar.
cidades sustentáveis como Direitos Humanos, propõe a inclusão do Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário
item “direitos ambientais” nos relatórios de monitoramento sobre
Direitos Humanos e do item “Direitos Humanos” nos relatórios am- e)Incentivar as políticas públicas de economia solidária, de co-
bientais, assim como fomenta pesquisas de tecnologias socialmen- operativismo e associativismo e de fomento a pequenas e micro
te inclusivas. empresas.
Nos projetos e empreendimentos com grande impacto socio- Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
ambiental, o PNDH-3 garante a participação efetiva das populações do Desenvolvimento Agrário; Ministério das Cidades; Ministério do
atingidas, assim como prevê ações mitigatórias e compensatórias. Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Considera fundamental fiscalizar o respeito aos Direitos Humanos
nos projetos implementados pelas empresas transnacionais, bem f)Fortalecer políticas públicas de apoio ao extrativismo e ao
como seus impactos na manipulação das políticas de desenvolvi- manejo florestal comunitário ambientalmente sustentáveis.
mento. Nesse sentido, avalia como importante mensurar o impacto Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do De-
da biotecnologia aplicada aos alimentos, da nanotecnologia, dos senvolvimento Agrário; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
poluentes orgânicos persistentes, metais pesados e outros poluen- Comércio Exterior
tes inorgânicos em relação aos Direitos Humanos.
Alcançar o desenvolvimento com Direitos Humanos é capa- g)Fomentar o debate sobre a expansão de plantios de mono-
citar as pessoas e as comunidades a exercerem a cidadania, com culturas que geram impacto no meio ambiente e na cultura dos po-
direitos e responsabilidades. É incorporar, nos projetos, a própria vos e comunidades tradicionais, tais como eucalipto, cana-de-açú-
população brasileira, por meio de participação ativa nas decisões car, soja, e sobre o manejo florestal, a grande pecuária, mineração,
que afetam diretamente suas vidas. É assegurar a transparência dos turismo e pesca.
grandes projetos de desenvolvimento econômico e mecanismos de Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
compensação para a garantia dos Direitos Humanos das populações sidência da República
diretamente atingidas.
Por fim, este PNDH-3 reforça o papel da equidade no Plano Plu- h)Erradicar o trabalho infantil, bem como todas as formas de
rianual, como instrumento de garantia de priorização orçamentária violência e exploração sexual de crianças e adolescentes nas ca-
de programas sociais. deias produtivas, com base em códigos de conduta e no Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento susten- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equili- Presidência da República; Ministério do Turismo
brado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente
diverso, participativo e não discriminatório. i)Garantir que os grandes empreendimentos e projetos de in-
fraestrutura resguardem os direitos dos povos indígenas e de comu-
Objetivo estratégico I: nidades quilombolas e tradicionais, conforme previsto na Constitui-
Implementação de políticas públicas de desenvolvimento com ção e nos tratados e convenções internacionais.
inclusão social. Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério dos Trans-
portes; Ministério da Integração Nacional; Ministério de Minas e
Ações programáticas: Energia; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
a)Ampliar e fortalecer as políticas de desenvolvimento social e Racial da Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente;
de combate à fome, visando a inclusão e a promoção da cidadania, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministé-
garantindo a segurança alimentar e nutricional, renda mínima e as- rio da Pesca e Aquicultura; Secretaria Especial de Portos da Presi-
sistência integral às famílias. dência da República
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome j)Integrar políticas de geração de emprego e renda e políticas
sociais para o combate à pobreza rural dos agricultores familiares,
b)Expandir políticas públicas de geração e transferência de ren- assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas, famílias de
da para erradicação da extrema pobreza e redução da pobreza. pescadores e comunidades tradicionais.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
à Fome te à Fome; Ministério da Integração Nacional; Ministério do Desen-
volvimento Agrário; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
c)Apoiar projetos de desenvolvimento sustentável local para da Justiça; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualda-
redução das desigualdades inter e intrarregionais e o aumento da de Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura; Minis-
autonomia e sustentabilidade de espaços sub-regionais. tério da Pesca e Aquicultura
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Agrário k)Integrar políticas sociais e de geração de emprego e renda
para o combate à pobreza urbana, em especial de catadores de ma-
teriais recicláveis e população em situação de rua.
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
m)Promover o turismo sustentável com geração de trabalho e b)Garantir a aplicação do princípio da precaução na proteção
renda, respeito à cultura local, participação e inclusão dos povos da agrobiodiversidade e da saúde, realizando pesquisas que ava-
e das comunidades nos benefícios advindos da atividade turística. liem os impactos dos transgênicos no meio ambiente e na saúde.
Responsáveis: Ministério do Turismo; Ministério do Desenvol- Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Meio Am-
vimento, Indústria e Comércio Exterior biente; Ministério de Ciência e Tecnologia
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Ministério das Cidades; Secretaria Especial dos Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central
Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério do De- do processo de desenvolvimento.
senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Objetivo estratégico I:
b)Fortalecer espaços institucionais democráticos, participati- Garantia da participação e do controle social nas políticas pú-
vos e de apoio aos Municípios para a implementação de planos di- blicas de desenvolvimento com grande impacto socioambiental.
retores que atendam aos preceitos da política urbana estabelecidos
no Estatuto da Cidade. Ações programáticas:
Responsável: Ministério das Cidades a)Fortalecer ações que valorizem a pessoa humana como su-
jeito central do desenvolvimento, enfrentando o quadro atual de
c)Fomentar políticas públicas de apoio aos Estados, Distrito Fe- injustiça ambiental que atinge principalmente as populações mais
deral e Municípios em ações sustentáveis de urbanização e regula- pobres.
rização fundiária dos assentamentos de população de baixa renda, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
comunidades pesqueiras e de provisão habitacional de interesse Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente
social, materializando a função social da propriedade.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am- b)Assegurar participação efetiva da população na elaboração
biente; Ministério da Pesca e Aquicultura dos instrumentos de gestão territorial e na análise e controle dos
processos de licenciamento urbanístico e ambiental de empreendi-
d)Fortalecer a articulação entre os órgãos de governo e os con- mentos de impacto, especialmente na definição das ações mitiga-
sórcios municipais para atuar na política de saneamento ambiental, doras e compensatórias por impactos sociais e ambientais.
com participação da sociedade civil. Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am- Cidades
biente; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da Re-
pública c)Fomentar a elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico
(ZEE), incorporando o sócio e etnozoneamento.
e)Fortalecer a política de coleta, reaproveitamento, triagem, Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am-
reciclagem e a destinação seletiva de resíduos sólidos e líquidos, biente
com a organização de cooperativas de reciclagem, que beneficiem
as famílias dos catadores. d)Assegurar a transparência dos projetos realizados, em todas
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Trabalho e as suas etapas, e dos recursos utilizados nos grandes projetos eco-
Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; nômicos, para viabilizar o controle social.
Ministério do Meio Ambiente Responsáveis: Ministério dos Transportes; Ministério da Inte-
gração Nacional; Ministério de Minas e Energia; Secretaria Especial
f)Fomentar políticas e ações públicas voltadas à mobilidade ur- dos Direitos Humanos da Presidência da República
bana sustentável.
Responsável: Ministério das Cidades e)Garantir a exigência de capacitação qualificada e participati-
va das comunidades afetadas nos projetos básicos de obras e em-
g)Considerar na elaboração de políticas públicas de desenvolvi- preendimentos com impactos sociais e ambientais.
mento urbano os impactos na saúde pública. Responsáveis: Ministério da Integração Nacional; Ministério de
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério das Cidades Minas e Energia; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
h)Fomentar políticas públicas de apoio às organizações de ca-
tadores de materiais recicláveis, visando à disponibilização de áreas f)Definir mecanismos para a garantia dos Direitos Humanos das
e prédios desocupados pertencentes à União, a fim de serem trans- populações diretamente atingidas e vizinhas aos empreendimentos
formados em infraestrutura produtiva para essas organizações. de impactos sociais e ambientais.
Responsáveis: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
tão; Ministério das Cidades; Ministério do Trabalho e Emprego; Mi- sidência da República
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
g)Apoiar a incorporação dos sindicatos de trabalhadores e cen-
i)Estimular a produção de alimentos de forma comunitária, trais sindicais nos processos de licenciamento ambiental de empre-
com uso de tecnologias de bases agroecológicas, em espaços ur- sas, de forma a garantir o direito à saúde do trabalhador.
banos e periurbanos ociosos e fomentar a mobilização comunitária Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do
para a implementação de hortas, viveiros, pomares, canteiros de Trabalho e Emprego; Ministério da Saúde
ervas medicinais, criação de pequenos animais, unidades de pro-
cessamento e beneficiamento agroalimentar, feiras e mercados pú- h)Promover e fortalecer ações de proteção às populações mais
blicos populares. pobres da convivência com áreas contaminadas, resguardando-as
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba- contra essa ameaça e assegurando-lhes seus direitos fundamentais.
te à Fome; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das
Cidades; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
Ministério da Saúde
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
e)Ampliar a adesão de empresas ao compromisso de responsa- e)Fortalecer ações que estabilizem a concentração de gases de
bilidade social e Direitos Humanos. efeito estufa em nível que permita a adaptação natural dos ecossis-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da temas à mudança do clima, controlando a interferência das ativida-
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento, Indústria des humanas (antrópicas) no sistema climático.
e Comércio Exterior Responsável: Ministério do Meio Ambiente
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
No Brasil, ao longo das últimas décadas, os Direitos Humanos cas, sempre sob o foco dos Direitos Humanos, com a preocupação
passaram a ocupar uma posição de destaque no ordenamento ju- de assegurar o respeito às diferenças e o combate às desigualdades,
rídico. O País avançou decisivamente na proteção e promoção do para o efetivo acesso aos direitos.
direito às diferenças. Porém, o peso negativo do passado continua Por fim, em respeito à primazia constitucional de proteção e
a projetar no presente uma situação de profunda iniquidade social. promoção da infância, do adolescente e da juventude, o capítulo
O acesso aos direitos fundamentais continua enfrentando bar- aponta suas diretrizes para o respeito e a garantia das gerações fu-
reiras estruturais, resquícios de um processo histórico, até secular, turas. Como sujeitos de direitos, as crianças, os adolescentes e os
marcado pelo genocídio indígena, pela escravidão e por períodos jovens são frequentemente subestimadas em sua participação polí-
ditatoriais, práticas que continuam a ecoar em comportamentos, tica e em sua capacidade decisória. Preconiza-se o dever de assegu-
leis e na realidade social. rar-lhes, desde cedo, o direito de opinião e participação.
O PNDH-3 assimila os grandes avanços conquistados ao longo Marcadas pelas diferenças e por sua fragilidade temporal, as
destes últimos anos, tanto nas políticas de erradicação da miséria e crianças, os adolescentes e os jovens estão sujeitos a discrimina-
da fome, quanto na preocupação com a moradia e saúde, e aponta ções e violências. As ações programáticas promovem a garantia de
para a continuidade e ampliação do acesso a tais políticas, funda- espaços e investimentos que assegurem proteção contra qualquer
mentais para garantir o respeito à dignidade humana. forma de violência e discriminação, bem como a promoção da ar-
Os objetivos estratégicos direcionados à promoção da cidada- ticulação entre família, sociedade e Estado para fortalecer a rede
nia plena preconizam a universalidade, indivisibilidade e interde- social de proteção que garante a efetividade de seus direitos.
pendência dos Direitos Humanos, condições para sua efetivação
integral e igualitária. O acesso aos direitos de registro civil, alimen- Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal,
tação adequada, terra e moradia, trabalho decente, educação, par- indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena.
ticipação política, cultura, lazer, esporte e saúde, deve considerar a
pessoa humana em suas múltiplas dimensões de ator social e sujei- Objetivo estratégico I:
to de cidadania. Universalização do registro civil de nascimento e ampliação
À luz da história dos movimentos sociais e de programas de do acesso à documentação básica.
governo, o PNDH-3 orienta-se pela transversalidade, para que a im-
plementação dos direitos civis e políticos transitem pelas diversas Ações programáticas:
dimensões dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais. a)Ampliar e reestruturar a rede de atendimento para a emissão
Caso contrário, grupos sociais afetados pela pobreza, pelo racismo do registro civil de nascimento visando a sua universalização.
estrutural e pela discriminação dificilmente terão acesso a tais di- • Interligar maternidades e unidades de saúde aos cartórios,
reitos. por meio de sistema manual ou informatizado, para emissão de re-
As ações programáticas formuladas visam enfrentar o desafio gistro civil de nascimento logo após o parto, garantindo ao recém
de eliminar as desigualdades, levando em conta as dimensões de nascido a certidão de nascimento antes da alta médica.
gênero e raça nas políticas públicas, desde o planejamento até a sua • Fortalecer a Declaração de Nascido Vivo (DNV), emitida pelo
concretização e avaliação. Há, neste sentido, propostas de criação Sistema Único de Saúde , como mecanismo de acesso ao registro
de indicadores que possam mensurar a efetivação progressiva dos civil de nascimento, contemplando a diversidade na emissão pelos
direitos. estabelecimentos de saúde e pelas parteiras.
Às desigualdades soma-se a persistência da discriminação, que • Realizar orientação sobre a importância do registro civil de
muitas vezes se manifesta sob a forma de violência contra sujeitos nascimento para a cidadania por meio da rede de atendimento
que são histórica e estruturalmente vulnerabilizados. (saúde, educação e assistência social) e pelo sistema de Justiça e de
O combate à discriminação mostra-se necessário, mas insufi- segurança pública.
ciente enquanto medida isolada. Os pactos e convenções que in- • Aperfeiçoar as normas e o serviço público notarial e de re-
gistro, em articulação com o Conselho Nacional de Justiça, para ga-
tegram o sistema regional e internacional de proteção dos Direitos
rantia da gratuidade e da cobertura do serviço de registro civil em
Humanos apontam para a necessidade de combinar estas medidas
âmbito nacional.
com políticas compensatórias que acelerem a construção da igual-
dade, como forma capaz de estimular a inclusão de grupos social-
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvi-
mente vulneráveis. Além disso, as ações afirmativas constituem
mento Social e Combate à Fome; Ministério da Previdência Social;
medidas especiais e temporárias que buscam remediar um passado
Ministério da Justiça; Ministério do Planejamento, Orçamento e
discriminatório. No rol de movimentos e grupos sociais que deman-
Gestão; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
dam políticas de inclusão social encontram-se crianças, adolescen-
República
tes, mulheres, pessoas idosas, lésbicas, gays, bissexuais, travestis,
transexuais, pessoas com deficiência, pessoas moradoras de rua, b)Promover a mobilização nacional com intuito de reduzir o nú-
povos indígenas, populações negras e quilombolas, ciganos, ribei- mero de pessoas sem registro civil de nascimento e documentação
rinhos, varzanteiros e pescadores, entre outros. básica.
Definem-se, neste capítulo, medidas e políticas que devem ser • Instituir comitês gestores estaduais, distrital e municipais
efetivadas para reconhecer e proteger os indivíduos como iguais com o objetivo de articular as instituições públicas e as entidades da
na diferença, ou seja, para valorizar a diversidade presente na po- sociedade civil para a implantação de ações que visem à ampliação
pulação brasileira para estabelecer acesso igualitário aos direitos do acesso à documentação básica.
fundamentais. Trata-se de reforçar os programas de governo e as
resoluções pactuadas nas diversas conferências nacionais temáti-
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
• Realizar campanhas para orientação e conscientização da po- b)Vincular programas de transferência de renda à garantia da
pulação e dos agentes responsáveis pela articulação e pela garantia segurança alimentar da criança, por meio do acompanhamento da
do acesso aos serviços de emissão de registro civil de nascimento e saúde e nutrição e do estímulo de hábitos alimentares saudáveis,
de documentação básica. com o objetivo de erradicar a desnutrição infantil.
• Realizar mutirões para emissão de registro civil de nascimen- Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
to e documentação básica, com foco nas regiões de difícil acesso e te à Fome; Ministério da Educação; Ministério da Saúde
no atendimento às populações específicas como os povos indíge-
nas, quilombolas, ciganos, pessoas em situação de rua, institucio- c)Fortalecer a agricultura familiar e camponesa no desenvolvi-
nalizadas e às trabalhadoras rurais. mento de ações específicas que promovam a geração de renda no
campo e o aumento da produção de alimentos agroecológicos para
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvi- o autoconsumo e para o mercado local.
mento Social e Combate à Fome; Ministério da Defesa; Ministério Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis-
da Fazenda; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Jus- tério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
tiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
República d)Ampliar o abastecimento alimentar, com maior autonomia
e fortalecimento da economia local, associado a programas de in-
c)Criar bases normativas e gerenciais para garantia da universa- formação, de educação alimentar, de capacitação, de geração de
lização do acesso ao registro civil de nascimento e à documentação ocupações produtivas, de agricultura familiar camponesa e de agri-
básica. cultura urbana.
• Implantar sistema nacional de registro civil para interligação Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
das informações de estimativas de nascimentos, de nascidos vivos bate à Fome; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
e do registro civil, a fim de viabilizar a busca ativa dos nascidos não Ministério do Desenvolvimento Agrário
registrados e aperfeiçoar os indicadores para subsidiar políticas pú-
blicas. e)Promover a implantação de equipamentos públicos de segu-
• Desenvolver estudo e revisão da legislação para garantir o rança alimentar e nutricional, com vistas a ampliar o acesso à ali-
acesso do cidadão ao registro civil de nascimento em todo o terri- mentação saudável de baixo custo, valorizar as culturas alimentares
tório nacional. regionais, estimular o aproveitamento integral dos alimentos, evitar
• Realizar estudo de sustentabilidade do serviço notarial e de o desperdício e contribuir para a recuperação social e de saúde da
registro no País. sociedade.
• Desenvolver a padronização do registro civil (certidão de nas- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
cimento, de casamento e de óbito) em território nacional. à Fome
• Garantir a emissão gratuita de Registro Geral e Cadastro de
Pessoa Física aos reconhecidamente pobres. f)Garantir que os hábitos e contextos regionais sejam incorpo-
• Desenvolver estudo sobre a política nacional de documenta- rados nos modelos de segurança alimentar como fatores da produ-
ção civil básica. ção sustentável de alimentos.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvol- à Fome
vimento Social e Combate à Fome; Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão; Ministério da Fazenda; Ministério da Justiça; g)Realizar pesquisas científicas que promovam ganhos de pro-
Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Previdência Social; dutividade na agricultura familiar e assegurar estoques reguladores.
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú- Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
blica te à Fome; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
d)Incluir no questionário do censo demográfico perguntas para
identificar a ausência de documentos civis na população. Objetivo estratégico III:
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Garantia do acesso à terra e à moradia para a população de
sidência da República baixa renda e grupos sociais vulnerabilizados.
Ações programáticas:
Objetivo estratégico II: a)Fortalecer a reforma agrária com prioridade à implementação
Acesso à alimentação adequada por meio de políticas estru- e recuperação de assentamentos, à regularização do crédito fundi-
turantes. ário e à assistência técnica aos assentados, atualização dos índices
Grau de Utilização da Terra (GUT) e Grau de Eficiência na Exploração
Ações programáticas: (GEE), conforme padrões atuais e regulamentação da desapropria-
a)Ampliar o acesso aos alimentos por meio de programas e ção de áreas pelo descumprimento da função social plena.
ações de geração e transferência de renda, com ênfase na partici- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministé-
pação das mulheres como potenciais beneficiárias. rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
bate à Fome; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
22
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
b)Integrar as ações de mapeamento das terras públicas da k)Garantir as condições para a realização de acampamentos ci-
União. ganos em todo o território nacional, visando a preservação de suas
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- tradições, práticas e patrimônio cultural.
tão Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério das Cidades
c)Estimular o saneamento dos serviços notariais de registros
imobiliários, possibilitando o bloqueio ou o cancelamento adminis- Objetivo estratégico IV:
trativo dos títulos das terras e registros irregulares. Ampliação do acesso universal a sistema de saúde de qualida-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvi- de.
mento Agrário
Ações programáticas:
d)Garantir demarcação, homologação, regularização e desin- a)Expandir e consolidar programas de serviços básicos de saú-
trusão das terras indígenas, em harmonia com os projetos de futu- de e de atendimento domiciliar para a população de baixa renda,
ro de cada povo indígena, assegurando seu etnodesenvolvimento e com enfoque na prevenção e diagnóstico prévio de doenças e defi-
sua autonomia produtiva. ciências, com apoio diferenciado às pessoas idosas, indígenas, ne-
Responsável: Ministério da Justiça gros e comunidades quilombolas, pessoas com deficiência, pessoas
em situação de rua, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais,
e)Assegurar às comunidades quilombolas a posse dos seus ter- crianças e adolescentes, mulheres, pescadores artesanais e popula-
ritórios, acelerando a identificação, o reconhecimento, a demarca- ção de baixa renda.
ção e a titulação desses territórios, respeitando e preservando os Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
sítios de valor simbólico e histórico. ticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República;
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura; República; Ministério da Pesca e Aquicultura
Ministério do Desenvolvimento Agrário
b)Criar programas de pesquisa e divulgação sobre tratamentos
f)Garantir o acesso a terra às populações ribeirinhas, varzan- alternativos à medicina tradicional no sistema de saúde.
teiras e pescadoras, assegurando acesso aos recursos naturais que Responsável: Ministério da Saúde
tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e eco-
nômica. c)Reformular o marco regulatório dos planos de saúde, de
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis- modo a diminuir os custos para a pessoa idosa e fortalecer o pacto
tério do Meio Ambiente intergeracional, estimulando a adoção de medidas de capitalização
para gastos futuros pelos planos de saúde.
g)Garantir que nos programas habitacionais do governo sejam Responsável: Ministério da Saúde
priorizadas as populações de baixa renda, a população em situação
de rua e grupos sociais em situação de vulnerabilidade no espaço d)Reconhecer as parteiras como agentes comunitárias de saú-
urbano e rural, considerando os princípios da moradia digna, do de- de.
senho universal e os critérios de acessibilidade nos projetos. Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvol- ticas para as Mulheres da Presidência da República
vimento Social e Combate à Fome
e)Aperfeiçoar o programa de saúde para adolescentes, especi-
h)Promover a destinação das glebas e edifícios vazios ou subu- ficamente quanto à saúde de gênero, à educação sexual e reprodu-
tilizados pertencentes à União, para a população de baixa renda, tiva e à saúde mental.
reduzindo o déficit habitacional. Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po-
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Planeja- líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es-
mento, Orçamento e Gestão pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República
i)Estabelecer que a garantia da qualidade de abrigos e alber- f)Criar campanhas e material técnico, instrucional e educativo
gues, bem como seu caráter inclusivo e de resgate da cidadania à sobre planejamento reprodutivo que respeite os direitos sexuais e
população em situação de rua, estejam entre os critérios de con- reprodutivos, contemplando a elaboração de materiais específicos
cessão de recursos para novas construções e manutenção dos exis- para a população jovem e adolescente e para pessoas com defici-
tentes. ência.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvol- Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po-
vimento Social e Combate à Fome líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República
j)Apoiar o monitoramento de políticas de habitação de inte-
resse social pelos conselhos municipais de habitação, garantindo g)Estimular programas de atenção integral à saúde das mulhe-
às cooperativas e associações habitacionais acesso às informações. res, considerando suas especificidades étnico-raciais, geracionais,
Responsável: Ministério das Cidades regionais, de orientação sexual, de pessoa com deficiência, priori-
zando as moradoras do campo, da floresta e em situação de rua.
23
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- r)Apoiar a implementação de espaços essenciais para higiene
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es- pessoal e centros de referência para a população em situação de
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência rua.
da República; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Fome Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome
h)Ampliar e disseminar políticas de saúde pré e neonatal, com
inclusão de campanhas educacionais de esclarecimento, visando à s)Investir na política de reforma psiquiátrica fomentando pro-
prevenção do surgimento ou do agravamento de deficiências. gramas de tratamentos substitutivos à internação, que garantam às
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- pessoas com transtorno mental a possibilidade de escolha autôno-
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es- ma de tratamento, com convivência familiar e acesso aos recursos
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República psiquiátricos e farmacológicos.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di-
i)Expandir a assistência pré-natal e pós-natal por meio de pro- reitos Humanos da Presidência da República; Ministério da Cultura
gramas de visitas domiciliares para acompanhamento das crianças
na primeira infância. t)Implementar medidas destinadas a desburocratizar os ser-
Responsável: Ministério da Saúde viços do Instituto Nacional de Seguro Social para a concessão de
aposentadorias e benefícios.
j)Apoiar e financiar a realização de pesquisas e intervenções Responsável: Ministério da Previdência Social
sobre a mortalidade materna, contemplando o recorte étnico-racial
e regional. u)Estimular a incorporação do trabalhador urbano e rural ao
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- regime geral da previdência social.
ticas para as Mulheres da Presidência da República Responsável: Ministério da Previdência Social
k)Assegurar o acesso a laqueaduras e vasectomias ou reversão v)Assegurar a inserção social das pessoas atingidas pela hanse-
desses procedimentos no sistema público de saúde, com garantia níase isoladas e internadas em hospitais-colônias.
de acesso a informações sobre as escolhas individuais. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- Presidência da República; Ministério da Saúde
ticas para as Mulheres da Presidência da República
w)Reconhecer, pelo Estado brasileiro, as violações de direitos
l)Ampliar a oferta de medicamentos de uso contínuo, especiais às pessoas atingidas pela hanseníase no período da internação e
e excepcionais, para a pessoa idosa. do isolamento compulsórios, apoiando iniciativas para agilizar as
Responsável: Ministério da Saúde reparações com a concessão de pensão especial prevista na Lei no
11.520/2007.
m)Realizar campanhas de diagnóstico precoce e tratamento Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
adequado às pessoas que vivem com HIV/AIDS para evitar o estágio sidência da República
grave da doença e prevenir sua expansão e disseminação.
Responsável: Ministério da Saúde x)Proporcionar as condições necessárias para conclusão do
trabalho da Comissão Interministerial de Avaliação para análise
n)Proporcionar às pessoas que vivem com HIV/AIDS programas dos requerimentos de pensão especial das pessoas atingidas pela
de atenção no âmbito da saúde sexual e reprodutiva. hanseníase, que foram internadas e isoladas compulsoriamente em
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- hospitais-colônia até 31 de dezembro de 1986.
ticas para as Mulheres da Presidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
o)Capacitar os agentes comunitários de saúde que realizam a
triagem e a captação nas hemorredes para praticarem abordagens Objetivo estratégico V:
sem preconceito e sem discriminação. Acesso à educação de qualidade e garantia de permanência na
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di- escola.
reitos Humanos da Presidência da República Ações programáticas:
a)Ampliar o acesso a educação básica, a permanência na escola
p)Garantir o acompanhamento multiprofissional a pessoas e a universalização do ensino no atendimento à educação infantil.
transexuais que fazem parte do processo transexualizador no Siste- Responsável: Ministério da Educação
ma Único de Saúde e de suas famílias.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di- b)Assegurar a qualidade do ensino formal público com seu mo-
reitos Humanos da Presidência da República nitoramento contínuo e atualização curricular.
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos
q)Apoiar o acesso a programas de saúde preventiva e de prote- Direitos Humanos da Presidência da República
ção à saúde para profissionais do sexo.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
ticas para as Mulheres da Presidência da República
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
j)Elaborar diagnósticos com base em ações judiciais que envol- f)Propor marco legal e ações repressivas para erradicar a inter-
vam atos de assédio moral, sexual e psicológico, com apuração de mediação ilegal de mão de obra.
denúncias de desrespeito aos direitos das trabalhadoras e trabalha- Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
dores, visando orientar ações de combate à discriminação e abuso Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Secre-
nas relações de trabalho. taria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidên- g)Promover a destinação de recursos do Fundo de Amparo ao
cia da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Trabalhador (FAT) para capacitação técnica e profissionalizante de
da Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Huma- trabalhadores rurais e de povos e comunidades tradicionais, como
nos da Presidência da República medida preventiva ao trabalho escravo, assim como para imple-
mentação de política de reinserção social dos libertados da condi-
k)Garantir a igualdade de direitos das trabalhadoras e trabalha- ção de trabalho escravo.
dores domésticos com os dos demais trabalhadores. Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República;
Ministério da Previdência Social h)Atualizar e divulgar semestralmente o cadastro de emprega-
dores que utilizaram mão-de-obra escrava.
l)Promover incentivos a empresas para que empreguem os Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
egressos do sistema penitenciário. Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Fazenda; Ministério do Trabalho e
Emprego; Ministério da Justiça Objetivo estratégico VIII:
Promoção do direito à cultura, lazer e esporte como elementos
m)Criar cadastro nacional e relatório periódico de empregabili- formadores de cidadania.
dade de egressos do sistema penitenciário. Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça a)Ampliar programas de cultura que tenham por finalidade pla-
nejar e implementar políticas públicas para a proteção e promoção
n)Garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profis- da diversidade cultural brasileira, em formatos acessíveis.
sionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão. Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério do Esporte
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. b)Elaborar programas e ações de cultura que considerem os
formatos acessíveis, as demandas e as características específicas
° Objetivo estratégico VII: das diferentes faixas etárias e dos grupos sociais.
° Combate e prevenção ao trabalho escravo. Responsável: Ministério da Cultura
e)Identificar periodicamente as atividades produtivas em que h)Assegurar o direito das pessoas com deficiência e em sofri-
há ocorrência de trabalho escravo adulto e infantil. mento mental de participarem da vida cultural em igualdade de
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria oportunidade com as demais, e de desenvolver e utilizar o seu po-
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República tencial criativo, artístico e intelectual.
26
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Ministério do Esporte; Ministério da Cultura; Se- Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminató-
ria, assegurando seu direito de opinião e participação.
i)Fortalecer e ampliar programas que contemplem participação
dos idosos nas atividades de esporte e lazer. Objetivo estratégico I:
Responsáveis: Ministério do Esporte; Secretaria Especial dos Proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes por
Direitos Humanos da Presidência da República meio da consolidação das diretrizes nacionais do ECA, da Política
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos da Criança
j)Potencializar ações de incentivo ao turismo para pessoas ido- e do Adolescente e da Convenção sobre os Direitos da Criança da
sas. ONU.
Responsáveis: Ministério do Turismo; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República Ações programáticas:
a)Formular plano de médio prazo e decenal para a política na-
Objetivo estratégico IX: cional de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
Garantia da participação igualitária e acessível na vida política. adolescente.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Ações programáticas: sidência da República
a)Apoiar campanhas para promover a ampla divulgação do
direito ao voto e participação política de homens e mulheres, por b)Desenvolver e implementar metodologias de acompanha-
meio de campanhas informativas que garantam a escolha livre e mento e avaliação das políticas e planos nacionais referentes aos
consciente. direitos de crianças e adolescentes.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
líticas para as Mulheres da Presidência da República sidência da República
b)Apoiar o combate ao crime de captação ilícita de sufrágio, c)Elaborar e implantar sistema de coordenação da política dos
inclusive com campanhas de esclarecimento e conscientização dos direitos da criança e do adolescente em todos os níveis de governo,
eleitores. para atender às recomendações do Comitê sobre Direitos da Crian-
Responsável: Ministério da Justiça ça, dos relatores especiais e do Comitê sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais da ONU.
c)Apoiar os projetos legislativos para o financiamento público Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de campanhas eleitorais. Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
Responsável: Ministério da Justiça
d)Criar sistema nacional de coleta de dados e monitoramen-
d)Garantir acesso irrestrito às zonas eleitorais por meio de to junto aos Municípios, Estados e Distrito Federal acerca do cum-
transporte público e acessível e apoiar a criação de zonas eleitorais primento das obrigações da Convenção dos Direitos da Criança da
em áreas de difícil acesso. ONU.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
e)Promover junto aos povos indígenas ações de educação e ca-
pacitação sobre o sistema político brasileiro. e)Assegurar a opinião das crianças e dos adolescentes que es-
Responsável: Ministério da Justiça tiverem capacitados a formular seus próprios juízos, conforme o
disposto no artigo 12 da Convenção sobre os Direitos da Criança, na
f)Apoiar ações de formação política das mulheres em sua diver- formulação das políticas públicas voltadas para estes segmentos,
sidade étnico-racial, estimulando candidaturas e votos de mulheres garantindo sua participação nas conferências dos direitos das crian-
em todos os níveis. ças e dos adolescentes.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
da Presidência da República sidência da República
g)Garantir e estimular a plena participação das pessoas com Objetivo estratégico II:
deficiência no ato do sufrágio, seja como eleitor ou candidato, as- Consolidar o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e
segurando os mecanismos de acessibilidade necessários, inclusive Adolescentes, com o fortalecimento do papel dos Conselhos Tu-
a modalidade do voto assistido. telares e de Direitos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República Ações programáticas:
a)Apoiar a universalização dos Conselhos Tutelares e de Direi-
tos em todos os Municípios e no Distrito Federal, e instituir parâme-
tros nacionais que orientem o seu funcionamento.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
27
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
b)Implantar escolas de conselhos nos Estados e no Distrito Fe- d)Implantar sistema nacional de registro de ocorrência de vio-
deral, com vistas a apoiar a estruturação e qualificação da ação dos lência escolar, incluindo as práticas de violência gratuita e reiterada
Conselhos Tutelares e de Direitos. entre estudantes (bullying), adotando formulário unificado de re-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- gistro a ser utilizado por todas as escolas.
sidência da República Responsável: Ministério da Educação
c)Apoiar a capacitação dos operadores do sistema de garantia e)Apoiar iniciativas comunitárias de mobilização de crianças
dos direitos para a proteção dos direitos e promoção do modo de e adolescentes em estratégias preventivas, com vistas a minimizar
vida das crianças e adolescentes indígenas, afrodescendentes e co- sua vulnerabilidade em contextos de violência.
munidades tradicionais, contemplando ainda as especificidades da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
população infanto-juvenil com deficiência. Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério do Es-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da porte; Ministério do Turismo
Presidência da República; Ministério da Justiça
f)Extinguir os grandes abrigos e eliminar a longa permanência
d)Fomentar a criação de instâncias especializadas e regionali- de crianças e adolescentes em abrigamento, adequando os serviços
zadas do sistema de justiça, de segurança e defensorias públicas, de acolhimento aos parâmetros aprovados pelo CONANDA e CNAS.
para atendimento de crianças e adolescentes vítimas e autores de Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
violência. à Fome
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Justiça g)Fortalecer as políticas de apoio às famílias para a redução dos
índices de abandono e institucionalização, com prioridade aos gru-
e)Desenvolver mecanismos que viabilizem a participação de pos familiares de crianças com deficiências.
crianças e adolescentes no processo das conferências dos direitos, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
nos conselhos de direitos, bem como nas escolas, nos tribunais e Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
nos procedimentos judiciais e administrativos que os afetem. Combate à Fome
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República h)Ampliar a oferta de programas de famílias acolhedoras para
crianças e adolescentes em situação de violência, com o objetivo
f)Estimular a informação às crianças e aos adolescentes sobre de garantir que esta seja a única opção para crianças retiradas do
seus direitos, por meio de esforços conjuntos na escola, na mídia convívio com sua família de origem na primeira infância.
impressa, na televisão, no rádio e na Internet. Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da à Fome
Presidência da República; Ministério da Educação
i)Estruturar programas de moradia coletivas para adolescentes
e jovens egressos de abrigos institucionais.
Objetivo estratégico III:
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Proteger e defender os direitos de crianças e adolescentes com
à Fome
maior vulnerabilidade.
j)Fomentar a adoção legal, por meio de campanhas educativas,
Ações programáticas:
em consonância com o ECA e com acordos internacionais.
a)Promover ações educativas para erradicação da violência na
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
família, na escola, nas instituições e na comunidade em geral, im-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
plementando as recomendações expressas no Relatório Mundial de
Violência contra a Criança da ONU. k)Criar serviços e aprimorar metodologias para identificação e
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- localização de crianças e adolescentes desaparecidos.
sidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
b)Desenvolver programas nas redes de assistência social, de
educação e de saúde para o fortalecimento do papel das famílias l)Exigir em todos os projetos financiados pelo Governo Federal
em relação ao desenvolvimento infantil e à disciplina não violenta. a adoção de estratégias de não discriminação de crianças e adoles-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da centes em razão de classe, raça, etnia, crença, gênero, orientação
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério do sexual, identidade de gênero, deficiência, prática de ato infracional
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde e origem.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
c)Propor marco legal para a abolição das práticas de castigos sidência da República
físicos e corporais contra crianças e adolescentes.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da m)Reforçar e centralizar os mecanismos de coleta e análise sis-
Presidência da República; Ministério da Justiça temática de dados desagregados da infância e adolescência, espe-
cialmente sobre os grupos em situação de vulnerabilidade, histori-
camente vulnerabilizados, vítimas de discriminação, de abuso e de
negligência.
28
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
c)Implantar centros de formação continuada para os operado- k)Estabelecer parâmetros nacionais para a apuração adminis-
res do sistema socioeducativo em todos os Estados e no Distrito trativa de possíveis violações dos direitos e casos de tortura em
Federal. adolescentes privados de liberdade, por meio de sistema indepen-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da dente e de tramitação ágil.
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério do Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Desenvolvimento Social e Combate à Fome sidência da República
d)Desenvolver estratégias conjuntas com o sistema de justiça, Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais.
com vistas ao estabelecimento de regras específicas para a aplica-
ção da medida de privação de liberdade em caráter excepcional e Objetivo estratégico I:
de pouca duração. Igualdade e proteção dos direitos das populações negras, his-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- toricamente afetadas pela discriminação e outras formas de into-
sidência da República lerância.
30
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da h)Promover projetos e pesquisas para resgatar a história dos
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura povos indígenas.
Responsável: Ministério da Justiça
g)Fortalecer os mecanismos existentes de reconhecimento das
comunidades quilombolas como garantia dos seus direitos especí- i)Promover ações culturais para o fortalecimento da educação
ficos . escolar dos povos indígenas, estimulando a valorização de suas pró-
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis- prias formas de produção do conhecimento.
tério da Cultura; Secretaria Especial de Política de Promoção da Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
Igualdade Racial da Presidência da República
j)Garantir o acesso à educação formal pelos povos indígenas,
h)Fomentar programas de valorização do patrimônio cultural bilíngues e com adequação curricular formulada com a participação
das populações negras. de representantes das etnias indigenistas e especialistas em edu-
Responsável: Ministério da Cultura; Secretaria Especial de Pro- cação.
moção da Igualdade Racial da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
i)Assegurar o resgate da memória das populações negras, me-
dia k)Assegurar o acesso e permanência da população indígena no
nte a publicação da história de resistência e resgate de tradi- ensino superior, por meio de ações afirmativas e respeito à diversi-
ções das populações das diásporas. dade étnica e cultural.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
Igualdade Racial da Presidência da República
l)Adotar medidas de proteção dos direitos das crianças indíge-
Objetivo estratégico II: nas nas redes de ensino, saúde e assistência social, em consonância
Garantia aos povos indígenas da manutenção e resgate das com a promoção dos seus modos de vida.
condições de reprodução, assegurando seus modos de vida. Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Saúde;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secreta-
Ações programáticas: ria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
a)Assegurar a integridade das terras indígenas para proteger e
promover o modo de vida dos povos indígenas. Objetivo estratégico III:
Responsável: Ministério da Justiça Garantia dos direitos das mulheres para o estabelecimento das
condições necessárias para sua plena cidadania.
b)Proteger os povos indígenas isolados e de recente contato
para garantir sua reprodução cultural e etnoambiental. Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça a)Desenvolver ações afirmativas que permitam incluir plena-
mente as mulheres no processo de desenvolvimento do País, por
c)Aplicar os saberes dos povos indígenas e das comunidades meio da promoção da sua autonomia econômica e de iniciativas
tradicionais na elaboração de políticas públicas, respeitando a Con- produtivas que garantam sua independência.
venção no 169 da OIT. Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Responsável: Ministério da Justiça da Presidência da República
d)Apoiar projetos de lei com objetivo de revisar o Estatuto do b)Incentivar políticas públicas e ações afirmativas para a parti-
Índio com base no texto constitucional de 1988 e na Convenção no cipação igualitária, plural e multirracial das mulheres nos espaços
169 da OIT. de poder e decisão.
Responsável: Ministério da Justiça Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República
e)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti-
cas indigenistas que contemple dados sobre os processos de de- c)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti-
marcações das terras indígenas, dados sobre intrusões e conflitos cas para mulheres com recorte étnico-racial, que contenha dados
territoriais, inclusão no sistema de ensino (básico e superior), assis- sobre renda, jornada e ambiente de trabalho, ocorrências de assé-
tência integrada à saúde, número de violações registradas e apura- dio moral, sexual e psicológico, ocorrências de violências contra a
das, recorrências de violações e dados populacionais. mulher, assistência à saúde integral, dados reprodutivos, mortalida-
Responsável: Ministério da Justiça de materna e escolarização.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
f)Proteger e promover os conhecimentos tradicionais e medici- da Presidência da República
nais dos povos indígenas.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde d)Divulgar os instrumentos legais de proteção às mulheres,
nacionais e internacionais, incluindo sua publicação em formatos
g)Implementar políticas de proteção do patrimônio dos povos acessíveis, como braile, CD de áudio e demais tecnologias assistivas.
indígenas, por meio dos registros material e imaterial, mapeando os Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
sítios históricos e arqueológicos, a cultura, as línguas e a arte. da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
31
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
e)Ampliar o financiamento de abrigos para mulheres em situa- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
ção de vulnerabilidade, garantindo plena acessibilidade. à Fome
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e)Apoiar e valorizar a associação das mulheres quebradeiras
e Combate à Fome de coco, protegendo e promovendo a continuidade de seu trabalho
extrativista.
f)Propor tratamento preferencial de atendimento às mulheres Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
em situação de violência doméstica e familiar nos Conselhos Gesto- à Fome
res do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e junto ao
Fundo de Desenvolvimento Social. f)Elaborar relatórios periódicos de acompanhamento das polí-
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres ticas direcionadas às populações e comunidades tradicionais, que
da Presidência da República; Ministério das Cidades; Ministério do contenham, entre outras, informações sobre população estimada,
Desenvolvimento Social e Combate à Fome assistência integrada à saúde, número de violações registradas e
apuradas, recorrência de violações, lideranças ameaçadas, dados
g) Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a ga- sobre acesso à moradia, terra e território e conflitos existentes.
rantia do acesso aos serviços de saúde. (Redação dada pelo Decreto Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se-
nº 7.177, de 2010) cretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da da Presidência da República
Justiça
Objetivo estratégico II:
h)Realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais
estereótipos relativos às profissionais do sexo. como Direito Humano.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Ações programáticas:
da Presidência da República a)Promover ações de afirmação do direito à diversidade das ex-
pressões culturais, garantindo igual dignidade e respeito para todas
Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade. as culturas.
Responsável: Ministério da Cultura
Objetivo estratégico I:
Afirmação da diversidade para construção de uma sociedade b)Incluir nos instrumentos e relatórios de políticas culturais a
igualitária. temática dos Direitos Humanos.
Responsável: Ministério da Cultura
Ações programáticas:
a)Realizar campanhas e ações educativas para desconstrução Objetivo estratégico III:
de estereótipos relacionados com diferenças étnico-raciais, etárias, Valorização da pessoa idosa e promoção de sua participação
de identidade e orientação sexual, de pessoas com deficiência, ou na sociedade.
segmentos profissionais socialmente discriminados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Ações programáticas:
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Pro- a)Promover a inserção, a qualidade de vida e a prevenção de
moção da Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria agravos aos idosos, por meio de programas que fortaleçam o conví-
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; vio familiar e comunitário, garantindo o acesso a serviços, ao lazer,
Ministério da Cultura à cultura e à atividade física, de acordo com sua capacidade fun-
cional.
b)Incentivar e promover a realização de atividades de valori- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
zação da cultura das comunidades tradicionais, entre elas ribeiri- Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério do Es-
nhos, extrativistas, quebradeiras de coco, pescadores artesanais, porte
seringueiros, geraizeiros, varzanteiros, pantaneiros, comunidades
de fundo de pasto, caiçaras e faxinalenses. b)Apoiar a criação de centros de convivência e desenvolver
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério do Desenvolvi- ações de valorização e socialização da pessoa idosa nas zonas ur-
mento Social e Combate à Fome; Ministério do Esporte banas e rurais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
c)Fomentar a formação e capacitação em Direitos Humanos, Presidência da República; Ministério da Cultura
como meio de resgatar a autoestima e a dignidade das comunida-
des tradicionais, rurais e urbanas. c)Fomentar programas de voluntariado de pessoas idosas, vi-
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da sando valorizar e reconhecer sua contribuição para o desenvolvi-
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Justiça; mento e bem-estar da comunidade.
Ministério da Cultura Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
d)Apoiar políticas de acesso a direitos para a população cigana,
valorizando seus conhecimentos e cultura.
32
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
d)Desenvolver ações que contribuam para o protagonismo da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
pessoa idosa na escola, possibilitando sua participação ativa na Presidência da República; Ministério do Trabalho e Emprego; Mi-
construção de uma nova percepção intergeracional. nistério das Cidades
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República d)Garantir recursos didáticos e pedagógicos para atender às
necessidades educativas especiais.
e)Potencializar ações com ênfase no diálogo intergeracional, Responsável: Ministério da Educação
valorizando o conhecimento acumulado das pessoas idosas.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- e)Disseminar a utilização dos sistemas braile, tadoma, escrita
sidência da República de sinais e libras tátil para inclusão das pessoas com deficiência em
todo o sistema de ensino.
f)Desenvolver ações intersetoriais para capacitação continuada Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de cuidadores de pessoas idosas. Presidência da República; Ministério da Educação
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério da Cultura
f)Instituir e implementar o ensino da Língua Brasileira de Sinais
g)Desenvolver política de humanização do atendimento ao ido- como disciplina curricular facultativa.
so, principalmente em instituições de longa permanência. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério da Educação
Presidência da República; Ministério da Cultura
g)Propor a regulamentação das profissões relativas à imple-
h)Elaborar programas de capacitação para os operadores dos mentação da acessibilidade, tais como: instrutor de Libras, guia-in-
direitos da pessoa idosa. térprete, tradutor-intérprete, transcritor, revisor e ledor da escrita
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- braile e treinadores de cães-guia.
sidência da República.
Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
i)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti- h)Elaborar relatórios sobre os Municípios que possuam frota
cas para pessoas idosas que contenha informações sobre os Cen- adaptada para subsidiar o processo de monitoramento do cumpri-
tros Integrados de Atenção a Prevenção à Violência, tais como: mento e implementação da legislação de acessibilidade.
quantidade existente; sua participação no financiamento público; Responsáveis: Ministério das Cidades; Secretaria Especial dos
sua inclusão nos sistemas de atendimento; número de profissionais Direitos Humanos da Presidência da República
capacitados; pessoas idosas atendidas; proporção dos casos com
resoluções; taxa de reincidência; pessoas idosas seguradas e apo- Objetivo estratégico V:
sentadas; famílias providas por pessoas idosas; pessoas idosas em Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de
abrigos; pessoas idosas em situação de rua; principal fonte de ren- gênero.
da dos idosos; pessoas idosas atendidas, internadas e mortas por
violência ou maus-tratos. Ações programáticas:
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da a)Desenvolver políticas afirmativas e de promoção de cultura
Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério da Previ- de respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero, favo-
dência Social; Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento recendo a visibilidade e o reconhecimento social.
Social e Combate à Fome Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
Objetivo estratégico IV:
Promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiên-
b)Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre
cia e garantia da acessibilidade igualitária.
pessoas do mesmo sexo.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Ações programáticas:
Presidência da República; Ministério da Justiça
a)Garantir às pessoas com deficiência igual e efetiva proteção
legal contra a discriminação.
c)Promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
casais homoafetivos.
Presidência da República; Ministério da Justiça
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
b)Garantir salvaguardas apropriadas e efetivas para prevenir reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
abusos a pessoas com deficiência e pessoas idosas. Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República d)Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço
público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas,
c)Assegurar o cumprimento do Decreto de Acessibilidade (De- gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução
creto no 5.296/2004), que garante a acessibilidade pela adequação da heteronormatividade.
das vias e passeios públicos, semáforos, mobiliários, habitações, es- Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
paços de lazer, transportes, prédios públicos, inclusive instituições tão
de ensino, e outros itens de uso individual e coletivo.
33
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
e)Desenvolver meios para garantir o uso do nome social de tra- entre as religiões, proporção de pessoas que já trocaram de religião,
vestis e transexuais. número de pessoas religiosas não praticantes e número de pessoas
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- sem religião.
sidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
f)Acrescentar campo para informações sobre a identidade de
gênero dos pacientes nos prontuários do sistema de saúde. Eixo Orientador IV:
Responsável: Ministério da Saúde Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência
Por muito tempo, alguns segmentos da militância em Direitos
g)Fomentar a criação de redes de proteção dos Direitos Huma- Humanos mantiveram-se distantes do debate sobre as políticas
nos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), públicas de segurança no Brasil. No processo de consolidação da
principalmente a partir do apoio à implementação de Centros de democracia, por diferentes razões, movimentos sociais e entidades
Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homo- manifestaram dificuldade no tratamento do tema. Na base dessa
fobia e de núcleos de pesquisa e promoção da cidadania daquele dificuldade, estavam a memória dos enfrentamentos com o aparato
segmento em universidades públicas. repressivo ao longo de duas décadas de regime ditatorial, a postu-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- ra violenta vigente, muitas vezes, em órgãos de segurança pública,
sidência da República a percepção do crime e da violência como meros subprodutos de
uma ordem social injusta a ser transformada em seus próprios fun-
h)Realizar relatório periódico de acompanhamento das polí- damentos.
ticas contra discriminação à população LGBT, que contenha, entre Distanciamento análogo ocorreu nas universidades, que, com
outras, informações sobre inclusão no mercado de trabalho, as- poucas exceções, não se debruçaram sobre o modelo de polícia
sistência à saúde integral, número de violações registradas e apu- legado ou sobre os desafios da segurança pública. As polícias bra-
radas, recorrências de violações, dados populacionais, de renda e sileiras, nos termos de sua tradição institucional, pouco aproveita-
conjugais. ram da reflexão teórica e dos aportes oferecidos pela criminologia
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- moderna e demais ciências sociais, já disponíveis há algumas dé-
sidência da República cadas às polícias e aos gestores de países desenvolvidos. A cultura
arraigada de rejeitar as evidências acumuladas pela pesquisa e pela
experiência de reforma das polícias no mundo era a mesma que
Objetivo estratégico VI:
expressava nostalgia de um passado de ausência de garantias indi-
Respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia
viduais, e que identificava na idéia dos Direitos Humanos não a mais
da laicidade do Estado.
generosa entre as promessas construídas pela modernidade, mas
uma verdadeira ameaça.
Ações programáticas: Estavam postas as condições históricas, políticas e culturais
a)Instituir mecanismos que assegurem o livre exercício das di- para que houvesse um fosso aparentemente intransponível entre
versas práticas religiosas, assegurando a proteção do seu espaço os temas da segurança pública e os Direitos Humanos.
físico e coibindo manifestações de intolerância religiosa. Nos últimos anos, contudo, esse processo de estranhamento
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Cultura; Se- mútuo passou a ser questionado. De um lado, articulações na so-
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República ciedade civil assumiram o desafio de repensar a segurança pública
a partir de diálogos com especialistas na área, policiais e gestores.
b)Promover campanhas de divulgação sobre a diversidade re- De outro, começaram a ser implantadas as primeiras políticas públi-
ligiosa para disseminar cultura da paz e de respeito às diferentes cas buscando caminhos alternativos de redução do crime e da vio-
crenças. lência, a partir de projetos centrados na prevenção e influenciados
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da pela cultura de paz.
Presidência da República; Ministério da Cultura; Secretaria Especial A proposição do Sistema Único de Segurança Pública, a moder-
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Re- nização de parte das nossas estruturas policiais e a aprovação de
pública novos regimentos e leis orgânicas das polícias, a consciência cres-
cente de que políticas de segurança pública são realidades mais
c) (Revogado pelo Decreto nº 7.177, de 2010) amplas e complexas do que as iniciativas possíveis às chamadas
Responsável: (Revogado pelo Decreto nº 7.177, de 2010) “forças da segurança”, o surgimento de nova geração de policiais,
disposta a repensar práticas e dogmas e, sobretudo, a cobrança da
d)Estabelecer o ensino da diversidade e história das religiões, opinião pública e a maior fiscalização sobre o Estado, resultante do
inclusive as derivadas de matriz africana, na rede pública de ensino, processo de democratização, têm tornado possível a construção de
com ênfase no reconhecimento das diferenças culturais, promoção agenda de reformas na área.
da tolerância e na afirmação da laicidade do Estado. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos (Pronasci) e os investimentos já realizados pelo Governo Federal na
montagem de rede nacional de altos estudos em segurança pública,
Direitos Humanos da Presidência da República
que têm beneficiado milhares de policiais em cada Estado, simboli-
zam, ao lado do processo de debates da 1ª Conferência Nacional de
e)Realizar relatório sobre pesquisas populacionais relativas a
Segurança Pública, acúmulos históricos significativos, que apontam
práticas religiosas, que contenha, entre outras, informações sobre
para novas e mais importantes mudanças.
número de religiões praticadas, proporção de pessoas distribuídas
34
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
As propostas elencadas neste eixo orientador do PNDH-3 ar- e sustentando que a democracia, os processos de participação e
ticulam-se com tal processo histórico de transformação e exigem transparência, aliados ao uso de ferramentas científicas e à profis-
muito mais do que já foi alcançado. Para tanto, parte-se do pressu- sionalização das instituições e trabalhadores da segurança, assina-
posto de que a realidade brasileira segue sendo gravemente mar- lam os roteiros mais promissores para que o Brasil possa avançar no
cada pela violência e por severos impasses estruturais na área da caminho da paz pública.
segurança pública.
Problemas antigos, como a ausência de diagnósticos, de pla- Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de
nejamento e de definição formal de metas, a desvalorização pro- segurança pública
fissional dos policiais e dos agentes penitenciários, o desperdício
de recursos e a consagração de privilégios dentro das instituições, Objetivo estratégico I:
as práticas de abuso de autoridade e de violência policial contra Modernização do marco normativo do sistema de segurança
grupos vulneráveis e a corrupção dos agentes de segurança pública, pública.
demandam reformas tão urgentes quanto profundas.
As propostas sistematizadas no PNDH-3 agregam, nesse con- Ações programáticas:
texto, as contribuições oferecidas pelo processo da 11ª Conferência a)Propor alteração do texto constitucional, de modo a conside-
Nacional dos Direitos Humanos e avançam também sobre temas rar as polícias militares não mais como forças auxiliares do Exército,
que não foram objeto de debate, trazendo para o PNDH-3 parte do mantendo-as apenas como força reserva.
acúmulo crítico que tem sido proposto ao País pelos especialistas e Responsável: Ministério da Justiça
pesquisadores da área.
Em linhas gerais, o PNDH-3 aponta para a necessidade de am- b)Propor a revisão da estrutura, treinamento, controle, empre-
pla reforma no modelo de polícia e propõe o aprofundamento do go e regimentos disciplinares dos órgãos de segurança pública, de
debate sobre a implantação do ciclo completo de policiamento às forma a potencializar as suas funções de combate ao crime e prote-
corporações estaduais. Prioriza transparência e participação popu- ção dos direitos de cidadania, bem como garantir que seus órgãos
lar, instando ao aperfeiçoamento das estatísticas e à publicação de corregedores disponham de carreira própria, sem subordinação à
dados, assim como à reformulação do Conselho Nacional de Segu- direção das instituições policiais.
rança Pública. Contempla a prevenção da violência e da criminalida- Responsável: Ministério da Justiça
de como diretriz, ampliando o controle sobre armas de fogo e indi-
cando a necessidade de profissionalização da investigação criminal. c)Propor a criação obrigatória de ouvidorias de polícias inde-
Com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalida- pendentes nos Estados e no Distrito Federal, com ouvidores pro-
de policial e carcerária, confere atenção especial ao estabelecimen- tegidos por mandato e escolhidos com participação da sociedade.
to de procedimentos operacionais padronizados, que previnam as Responsável: Ministério da Justiça
ocorrências de abuso de autoridade e de violência institucional, e
confiram maior segurança a policiais e agentes penitenciários. Re- d)Assegurar a autonomia funcional dos peritos e a moderni-
afirma a necessidade de criação de ouvidorias independentes em zação dos órgãos periciais oficiais, como forma de incrementar sua
âmbito federal e, inspirado em tendências mais modernas de po- estruturação, assegurando a produção isenta e qualificada da prova
liciamento, estimula as iniciativas orientadas por resultados, o de- material, bem como o princípio da ampla defesa e do contraditório
senvolvimento do policiamento comunitário e voltado para a solu- e o respeito aos Direitos Humanos.
ção de problemas, elencando medidas que promovam a valorização Responsável: Ministério da Justiça
dos trabalhadores em segurança pública. Contempla, ainda, a cria-
e)Promover o aprofundamento do debate sobre a instituição
ção de sistema federal que integre os atuais sistemas de proteção a
do ciclo completo da atividade policial, com competências reparti-
vítimas e testemunhas, defensores de Direitos Humanos e crianças
das pelas polícias, a partir da natureza e da gravidade dos delitos.
e adolescentes ameaçados de morte.
Responsável: Ministério da Justiça
Também como diretriz, o PNDH-3 propõe profunda reforma da
Lei de Execução Penal que introduza garantias fundamentais e no-
f)Apoiar a aprovação do Projeto de Lei no 1.937/2007, que dis-
vos regramentos para superar as práticas abusivas, hoje comuns. E
põe sobre o Sistema Único de Segurança Pública.
trata as penas privativas de liberdade como última alternativa, pro- Responsável: Ministério da Justiça
pondo a redução da demanda por encarceramento e estimulando
novas formas de tratamento dos conflitos, como as sugeridas pelo Objetivo estratégico II:
mecanismo da Justiça Restaurativa. Modernização da gestão do sistema de segurança pública.
Reafirma-se a centralidade do direito universal de acesso à Jus-
tiça, com a possibilidade de acesso aos tribunais por toda a popula- Ações programáticas:
ção, com o fortalecimento das defensorias públicas e a moderniza- a)Condicionar o repasse de verbas federais à elaboração e revi-
ção da gestão judicial, de modo a garantir respostas judiciais mais são periódica de planos estaduais, distrital e municipais de seguran-
céleres e eficazes. Destacam-se, ainda, o direito de acesso à Justiça ça pública que se pautem pela integração e pela responsabilização
em matéria de conflitos agrários e urbanos e o necessário estímulo territorial da gestão dos programas e ações.
aos meios de soluções pacíficas de controvérsias. Responsável: Ministério da Justiça
O PNDH-3 apresenta neste eixo, fundamentalmente, propos-
tas para que o Poder Público se aperfeiçoe no desenvolvimento de b)Criar base de dados unificada que permita o fluxo de infor-
políticas públicas de prevenção ao crime e à violência, reforçando mações entre os diversos componentes do sistema de segurança
a noção de acesso universal à Justiça como direito fundamental, pública e a Justiça criminal.
35
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- • Quantidade e tipos de laudos produzidos pelos órgãos fede-
reitos Humanos da Presidência da República rais de perícia oficial.
Responsável: Ministério da Justiça
c)Redefinir as competências e o funcionamento da Inspetoria-
-Geral das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Objetivo estratégico II:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Defesa Consolidação de mecanismos de participação popular na ela-
boração das políticas públicas de segurança.
Objetivo estratégico III:
Promoção dos Direitos Humanos dos profissionais do sistema Ações programáticas:
de segurança pública, assegurando sua formação continuada e a)Reformular o Conselho Nacional de Segurança Pública, asse-
compatível com as atividades que exercem. gurando a participação da sociedade civil organizada em sua com-
posição e garantindo sua articulação com o Conselho Nacional de
Ações programáticas: Política Criminal e Penitenciária.
a)Proporcionar equipamentos para proteção individual efetiva Responsável: Ministério da Justiça
para os profissionais do sistema federal de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça b)Fomentar mecanismos de gestão participativa das políticas
públicas de segurança, como conselhos e conferências, ampliando
b)Condicionar o repasse de verbas federais aos Estados, ao Dis- a Conferência Nacional de Segurança Pública.
trito Federal e aos Municípios, à garantia da efetiva disponibilização Responsável: Ministério da Justiça
de equipamentos de proteção individual aos profissionais do siste-
ma nacional de segurança pública. Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e pro-
Responsável: Ministério da Justiça fissionalização da investigação de atos criminosos.
36
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
c)Promover a capacitação técnica em investigação criminal Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
para os profissionais dos sistemas estaduais de segurança pública. reitos Humanos da Presidência da República
Responsável: Ministério da Justiça
d)Desenvolver normas de conduta e fiscalização dos serviços
d)Realizar pesquisas para qualificação dos estudos sobre técni- de segurança privados que atuam na área rural.
cas de investigação criminal. Responsável: Ministério da Justiça
Responsável: Ministério da Justiça
e)Elaborar diretrizes para atividades de policiamento comuni-
Objetivo estratégico III: tário e policiamento orientado para a solução de problemas, bem
Produção de prova pericial com celeridade e procedimento pa- como catalogar e divulgar boas práticas dessas atividades.
dronizado. Responsável: Ministério da Justiça
b)Realizar anualmente pesquisas nacionais de vitimização. d)Promover campanhas educativas e pesquisas voltadas à pre-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- venção da violência contra pessoas com deficiência, idosos, mulhe-
reitos Humanos da Presidência da República res, indígenas, negros, crianças, adolescentes, lésbicas, gays, bisse-
xuais, transexuais, travestis e pessoas em situação de rua.
c)Fortalecer mecanismos que possibilitem a efetiva fiscalização Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de empresas de segurança privada e a investigação e responsabili- Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
zação de policiais que delas participem de forma direta ou indireta. Combate à Fome; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
37
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial de Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério sidência da República
da Justiça; Ministério do Turismo; Ministério do Esporte
n)Capacitar profissionais de educação e saúde para identificar
e)Fortalecer unidade especializada em conflitos indígenas na e notificar crimes e casos de violência contra a pessoa idosa e con-
Polícia Federal e garantir sua atuação conjunta com a FUNAI, em tra a pessoa com deficiência.
especial nos processos conflituosos de demarcação. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsável: Ministério da Justiça Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério da Edu-
cação
f)Fomentar cursos de qualificação e capacitação sobre aspec-
tos da cultura tradicional dos povos indígenas e sobre legislação o)Implementar ações de promoção da cidadania e Direitos Hu-
indigenista para todas as corporações policiais, principalmente para manos das lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, com
as polícias militares e civis especialmente nos Estados e Municípios foco na prevenção à violência, garantindo redes integradas de aten-
em que as aldeias indígenas estejam localizadas nas proximidades ção.
dos centros urbanos. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- reitos Humanos da Presidência da República
reitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico VI:
g)Fortalecer mecanismos para combater a violência contra a Enfrentamento ao tráfico de pessoas.
população indígena, em especial para as mulheres indígenas víti-
mas de casos de violência psicológica, sexual e de assédio moral. Ações programáticas:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se- a)Desenvolver metodologia de monitoramento, disseminação
cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da e avaliação das metas do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfi-
República co de Pessoas, bem como construir e implementar o II Plano Nacio-
nal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
h)Apoiar a implementação do pacto nacional de enfrentamen- Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Turismo; Se-
to à violência contra as mulheres de forma articulada com os planos cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
estaduais de segurança pública e em conformidade com a Lei Maria República; Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial
da Penha (Lei no 11.340/2006). dos Direitos Humanos da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po-
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da b)Estruturar, a partir de serviços existentes, sistema nacional
Saúde; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da de atendimento às vítimas do tráfico de pessoas, de reintegração e
República diminuição da vulnerabilidade, especialmente de crianças, adoles-
centes, mulheres, transexuais e travestis.
i)Avaliar o cumprimento da Lei Maria da Penha com base nos Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
dados sobre tipos de violência, agressor e vítima. Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- Mulheres da Presidência da República; Ministério da Justiça
líticas para as Mulheres da Presidência da República
c)Implementar as ações referentes a crianças e adolescentes
j)Fortalecer ações estratégicas de prevenção à violência contra previstas na Política e no Plano Nacional de Enfrentamento ao Trá-
jovens negros. fico de Pessoas.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Justiça reitos Humanos da Presidência da República
k)Estabelecer política de prevenção de violência contra a popu- d)Consolidar fluxos de encaminhamento e monitoramento de
lação em situação de rua, incluindo ações de capacitação de poli- denúncias de casos de tráfico de crianças e adolescentes.
ciais em Direitos Humanos. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
reitos Humanos da Presidência da República Políticas para as Mulheres da Presidência da República
l)Promover a articulação institucional, em conjunto com a so- e)Revisar e disseminar metodologia para atendimento de
ciedade civil, para implementar o Plano de Ação para o Enfrenta- crianças e adolescentes vítimas de tráfico.
mento da Violência contra a Pessoa Idosa. Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da sidência da República
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério do De-
senvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde f)Fomentar a capacitação de técnicos da gestão pública, orga-
nizações não governamentais e representantes das cadeias produ-
m)Fomentar a implantação do serviço de recebimento e enca- tivas para o enfrentamento ao tráfico de pessoas.
minhamento de denúncias de violência contra a pessoa idosa em Responsável: Ministério do Turismo
todas as unidades da Federação.
38
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
h)Realizar estudos e pesquisas sobre o tráfico de pessoas, in- h)Publicar trimestralmente informações sobre pessoas mortas
clusive sobre exploração sexual de crianças e adolescentes. e feridas em ações da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da e da Força Nacional de Segurança Pública.
Presidência da República; Ministério do Turismo; Ministério da Jus- Responsável: Ministério da Justiça
tiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidên-
cia da República i)Criar sistema de rastreamento de armas e de veículos usados
pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de
Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na Segurança Pública, e fomentar a criação de sistema semelhante nos
erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carce- Estados e no Distrito Federal.
rária. Responsável: Ministério da Justiça
39
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
liberdade, nos termos do protocolo facultativo à convenção da ONU j)Estabelecer procedimento para a produção de relatórios anu-
contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ais, contendo informações sobre o número de casos de torturas e
ou degradantes. de tratamentos desumanos ou degradantes levados às autoridades,
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos número de perpetradores e de sentenças judiciais.
Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério das Re- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
lações Exteriores; sidência da República
• Objetivo estratégico IV:
b)Instituir grupo de trabalho para discutir e propor atualização • Combate às execuções extrajudiciais realizadas por agentes
e aperfeiçoamento da Lei no 9.455/1997, que define os crimes de do Estado.
tortura, de forma a atualizar os tipos penais, instituir sistema na-
cional de combate à tortura, estipular marco legal para a definição Ações programáticas:
de regras unificadas de exame médico-legal, bem como estipular a)Fortalecer ações de combate às execuções extrajudiciais re-
ações preventivas obrigatórias como formação específica das forças alizadas por agentes do Estado, assegurando a investigação dessas
policiais e capacitação de agentes para a identificação da tortura. violações.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
sidência da República reitos Humanos da Presidência da República
c)Promover o fortalecimento, a criação e a reativação dos co- b)Desenvolver e apoiar ações específicas para investigação e
mitês estaduais de combate à tortura. combate à atuação de milícias e grupos de extermínio.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
sidência da República reitos Humanos da Presidência da República
d)Propor projeto de lei para tornar obrigatória a filmagem dos Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de
interrogatórios ou audiogravações realizadas durante as investiga- proteção das pessoas ameaçadas.
ções policiais.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- Objetivo estratégico I:
reitos Humanos da Presidência da República Instituição de sistema federal que integre os programas de
proteção.
e)Estabelecer protocolo para a padronização de procedimen-
tos a serem realizados nas perícias destinadas a averiguar alegações Ações programáticas:
de tortura. a)Propor projeto de lei para integração, de forma sistêmica, dos
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- programas de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas, defen-
reitos Humanos da Presidência da República sores de Direitos Humanos e crianças e adolescentes ameaçados
de morte.
f)Elaborar matriz curricular e capacitar os operadores do siste- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
ma de segurança pública e justiça criminal para o combate à tortura. sidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República b)Desenvolver sistema nacional que integre as informações das
ações de proteção às pessoas ameaçadas.
g)Capacitar e apoiar a qualificação dos agentes da perícia ofi- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
cial, bem como de agentes públicos de saúde, para a identificação sidência da República
de tortura.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- c)Ampliar os programas de proteção a vítimas e testemunhas
reitos Humanos da Presidência da República ameaçadas, defensores dos Direitos Humanos e crianças e adoles-
centes ameaçados de morte para os Estados em que o índice de
h)Incluir na formação de agentes penitenciários federais curso violência aponte a criação de programas locais.
com conteúdos relativos ao combate à tortura e sobre a importân- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
cia dos Direitos Humanos. sidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República d)Garantir a formação de agentes da Polícia Federal para a pro-
teção das pessoas incluídas nos programas de proteção de pessoas
i)Realizar campanhas de prevenção e combate à tortura nos ameaçadas, observadas suas diretrizes.
meios de comunicação para a população em geral, além de cam- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
panhas específicas voltadas às forças de segurança pública, bem reitos Humanos da Presidência da República
como divulgar os parâmetros internacionais de combate às práticas
de tortura. e)Propor ampliação os recursos orçamentários para a realiza-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- ção das ações dos programas de proteção a vítimas e testemunhas
sidência da República ameaçadas, defensores dos Direitos Humanos e crianças e adoles-
centes ameaçados de morte.
40
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- c)Desenvolver e aperfeiçoar os indicadores de morte violenta
sidência da República de crianças e adolescentes, assegurando publicação anual dos da-
dos.
Objetivo estratégico II: Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Consolidação da política de assistência a vítimas e a testemu- Presidência da República; Ministério da Saúde
nhas ameaçadas.
d)Desenvolver programas de enfrentamento da violência letal
Ações programáticas: contra crianças e adolescentes e divulgar as experiências bem su-
a)Propor projeto de lei para aperfeiçoar o marco legal do Pro- cedidas.
grama Federal de Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
ampliando a proteção de escolta policial para as equipes técnicas Presidência da República; Ministério da Justiça
do programa, e criar sistema de apoio à reinserção social dos usuá-
rios do programa. Objetivo estratégico IV:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- Garantia de proteção dos defensores dos Direitos Humanos e
reitos Humanos da Presidência da República de suas atividades.
41
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
• Aplicar a Lei de Execução Penal também a presas e presos i)Avançar na implementação do Sistema de Informações Peni-
provisórios e aos sentenciados pela Justiça Especial; tenciárias (InfoPen), financiando a inclusão dos estabelecimentos
• Vedar a divulgação pública de informações sobre perfil psi- prisionais dos Estados e do Distrito Federal e condicionando os re-
cológico do preso e eventuais diagnósticos psiquiátricos feitos nos passes de recursos federais à sua efetiva integração ao sistema.
estabelecimentos prisionais; Responsável: Ministério da Justiça
• Instituir a obrigatoriedade da oferta de ensino pelos estabe-
lecimentos penais e a remição de pena por estudo; j)Ampliar campanhas de sensibilização para inclusão social de
• Estabelecer que a perda de direitos ou a redução de acesso egressos do sistema prisional.
a qualquer direito ocorrerá apenas como consequência de faltas de Responsável: Ministério da Justiça
natureza grave;
• Estabelecer critérios objetivos para isolamento de presos e k)Estabelecer diretrizes na política penitenciária nacional que
presas no regime disciplinar diferenciado; fortaleçam o processo de reintegração social dos presos, internados
• Configurar nulidade absoluta dos procedimentos disciplina- e egressos, com sua efetiva inclusão nas políticas públicas sociais.
res quando não houver intimação do defensor do preso; Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvi-
• Estabelecer o regime de condenação como limite para casos mento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde; Ministério da
de regressão de regime; Educação; Ministério do Esporte
• Assegurar e regulamentar as visitas íntimas para a população
carcerária LGBT. l)Debater, por meio de grupo de trabalho interministerial,
ações e estratégias que visem assegurar o encaminhamento para o
Responsável: Ministério da Justiça presídio feminino de mulheres transexuais e travestis que estejam
em regime de reclusão.
b)Elaborar decretos extraordinários de indulto a condenados Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
por crimes sem violência real, que reduzam substancialmente a po- reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
pulação carcerária brasileira. Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico II:
c)Fomentar a realização de revisões periódicas processuais dos Limitação do uso dos institutos de prisão cautelar.
processos de execução penal da população carcerária.
Responsável: Ministério da Justiça Ações programáticas:
a)Propor projeto de lei para alterar o Código de Processo Penal,
d)Vincular o repasse de recursos federais para construção de es- com o objetivo de:
tabelecimentos prisionais nos Estados e no Distrito Federal ao atendi- • Estabelecer requisitos objetivos para decretação de prisões
mento das diretrizes arquitetônicas que contemplem a existência de preventivas que consagrem sua excepcionalidade;
alas específicas para presas grávidas e requisitos de acessibilidade. • Vedar a decretação de prisão preventiva em casos que envol-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- vam crimes com pena máxima inferior a quatro anos, excetuando
líticas para as Mulheres da Presidência da República crimes graves como formação de quadrilha e peculato;
• Estabelecer o prazo máximo de oitenta e um dias para prisão
e)Aplicar a Política Nacional de Saúde Mental e a Política para provisória.
a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas no sistema
penitenciário. Responsável: Ministério da Justiça
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
b)Alterar a legislação sobre abuso de autoridade, tipificando de
f)Aplicar a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mu- modo específico as condutas puníveis.
lher no contexto prisional, regulamentando a assistência pré-natal, Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
a existência de celas específicas e período de permanência com reitos Humanos da Presidência da República
seus filhos para aleitamento.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se- Objetivo estratégico III:
cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da Tratamento adequado de pessoas com transtornos mentais.
República
Ações programáticas:
g)Implantar e implementar as ações de atenção integral aos pre- a)Estabelecer diretrizes que garantam tratamento adequado às
sos previstas no Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. pessoas com transtornos mentais, em consonância com o princípio
Responsável: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde de desinstitucionalização.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
h)Promover estudo sobre a viabilidade de criação, em âmbi-
to federal, da carreira de oficial de condicional, trabalho externo e b)Propor projeto de lei para alterar o Código Penal, prevendo
penas alternativas, para acompanhar os condenados em liberdade que o período de cumprimento de medidas de segurança não deve
condicional, os presos em trabalho externo, em qualquer regime de ultrapassar o da pena prevista para o crime praticado, e estabele-
execução, e os condenados a penas alternativas à prisão. cendo a continuidade do tratamento fora do sistema penitenciário
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Planejamen- quando necessário.
to, Orçamento e Gestão Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
c)Estabelecer mecanismos para a reintegração social dos inter- Objetivo estratégico II:
nados em medida de segurança quando da extinção desta, median- Garantia do aperfeiçoamento e monitoramento das normas ju-
te aplicação dos benefícios sociais correspondentes. rídicas para proteção dos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Mi-
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Ações programáticas:
a)Implementar o Observatório da Justiça Brasileira, em parce-
Objetivo estratégico IV: ria com a sociedade civil.
Ampliação da aplicação de penas e medidas alternativas. Responsável: Ministério da Justiça
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
d)Incentivar projetos pilotos de Justiça Restaurativa, como for- Objetivo estratégico VI:
ma de analisar seu impacto e sua aplicabilidade no sistema jurídico Acesso à Justiça no campo e na cidade.
brasileiro.
Responsável: Ministério da Justiça Ações programáticas:
a)Assegurar a criação de marco legal para a prevenção e media-
e)Estimular e ampliar experiências voltadas para a solução de ção de conflitos fundiários urbanos, garantindo o devido processo
conflitos por meio da mediação comunitária e dos Centros de Re- legal e a função social da propriedade.
ferência em Direitos Humanos, especialmente em áreas de baixo Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e com dificuldades de
acesso a serviços públicos. b)Propor projeto de lei voltado a regulamentar o cumprimento
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da de mandados de reintegração de posse ou correlatos, garantindo a
Presidência da República; Ministério da Justiça observância do respeito aos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades;
Objetivo estratégico IV: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Garantia de acesso universal ao sistema judiciário.
c)Promover o diálogo com o Poder Judiciário para a elaboração
Ações programáticas: de procedimento para o enfrentamento de casos de conflitos fundi-
a)Propor a ampliação da atuação da Defensoria Pública da ários coletivos urbanos e rurais.
União. Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério da Justiça;
Responsável: Ministério da Justiça Ministério do Desenvolvimento Agrário
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
d)Atribuir premiação anual de educação em Direitos Humanos, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
como forma de incentivar a prática de ações e projetos de educação Presidência da República; Ministério da Educação
e cultura em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da c)Incluir, nos programas educativos, o direito ao meio ambien-
Presidência da República; Ministério da Educação te como Direito Humano.
Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Secretaria Espe-
e)Garantir a continuidade da “Mostra Cinema e Direitos Huma- cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério
nos na América do Sul” e o “Festival dos Direitos Humanos” como da Educação
atividades culturais para difusão dos Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- d)Incluir conteúdos, recursos, metodologias e formas de avalia-
sidência da República ção da educação em Direitos Humanos nos sistemas de ensino da
educação básica.
f)Consolidar a revista “Direitos Humanos” como instrumento Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de educação e cultura em Direitos Humanos, garantindo o caráter Presidência da República; Ministério da Educação
representativo e plural em seu conselho editorial.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- e)Desenvolver ações nacionais de elaboração de estratégias de
sidência da República mediação de conflitos e de Justiça Restaurativa nas escolas, e outras
instituições formadoras e instituições de ensino superior, inclusive
g)Produzir recursos pedagógicos e didáticos especializados promovendo a capacitação de docentes para a identificação de vio-
e adquirir materiais e equipamentos em formato acessível para a lência e abusos contra crianças e adolescentes, seu encaminhamen-
educação em Direitos Humanos, para todos os níveis de ensino. to adequado e a reconstrução das relações no âmbito escolar.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
Justiça
h)Publicar materiais pedagógicos e didáticos para a educação
em Direitos Humanos em formato acessível para as pessoas com f)Publicar relatório periódico de acompanhamento da inclusão
deficiência, bem como promover o uso da Língua Brasileira de Si- da temática dos Direitos Humanos na educação formal que conte-
nais (Libras) em eventos ou divulgação em mídia. nha, pelo menos, as seguintes informações:
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da • Número de Estados e Municípios que possuem planos de
Presidência da República; Ministério da Educação. educação em Direitos Humanos;
• Existência de normas que incorporam a temática de Direitos
i)Fomentar o acesso de estudantes, professores e demais pro- Humanos nos currículos escolares;
fissionais da educação às tecnologias da informação e comunicação. • Documentos que atestem a existência de comitês de educa-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da ção em Direitos Humanos;
Presidência da República; Ministério da Educação • Documentos que atestem a existência de órgãos governa-
mentais especializados em educação em Direitos Humanos.
Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e
dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas insti- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
tuições de ensino superior e outras instituições formadoras. sidência da República
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da b)Fomentar núcleos de pesquisa de educação em Direitos Hu-
Presidência da República; Ministério da Educação manos em instituições de ensino superior e escolas públicas e priva-
das, estruturando-as com equipamentos e materiais didáticos.
b)Incentivar a elaboração de metodologias pedagógicas de ca- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
ráter transdisciplinar e interdisciplinar para a educação em Direitos Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da Ci-
Humanos nas Instituições de Ensino Superior. ência e Tecnologia
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação c)Fomentar e apoiar, no Conselho Nacional de Desenvolvimen-
to Científico e Tecnológico (CNPq) e na Coordenação de Aperfei-
c)Elaborar relatórios sobre a inclusão da temática dos Direitos çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a criação da área
Humanos no ensino superior, contendo informações sobre a exis- “Direitos Humanos” como campo de conhecimento transdisciplinar
tência de ouvidorias e sobre o número de: e recomendar às agências de fomento que abram linhas de finan-
• cursos de pós-graduação com áreas de concentração em Di- ciamento para atividades de ensino, pesquisa e extensão em Direi-
reitos Humanos; tos Humanos.
• grupos de pesquisa em Direitos Humanos; Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
• cursos com a transversalização dos Direitos Humanos nos Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
projetos políticos pedagógicos; Fazenda
• disciplinas em Direitos Humanos;
• teses e dissertações defendidas; d)Implementar programas e ações de fomento à extensão uni-
• associações e instituições dedicadas ao tema e com as quais versitária em direitos humanos, para promoção e defesa dos Direi-
os docentes e pesquisadores tenham vínculo; tos Humanos e o desenvolvimento da cultura e educação em Direi-
• núcleos e comissões que atuam em Direitos Humanos; tos Humanos.
• educadores com ações no tema Direitos Humanos; Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
• projetos de extensão em Direitos Humanos; Presidência da República; Ministério da Educação
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como
Direitos Humanos da Presidência da República espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos.
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da b)Incentivar a inserção da temática dos Direitos Humanos nos
Presidência da República; Ministério das Comunicações; Ministério programas das escolas de formação de servidores vinculados aos
da Cultura órgãos públicos federais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
e)Desenvolver iniciativas que levem a incorporar a temática da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as
educação em Direitos Humanos nos programas de inclusão digital e Mulheres da Presidência da República; Secretaria Especial de Polí-
de educação à distância. ticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério das c)Publicar materiais didático-pedagógicos sobre Direitos Hu-
Comunicações; Ministério de Ciência e Tecnologia manos e função pública, desdobrando temas e aspectos adequados
ao diálogo com as várias áreas de atuação dos servidores públicos.
f)Apoiar a incorporação da temática da educação em Direi- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tos Humanos nos programas e projetos de esporte, lazer e cultura Presidência da República; Ministério do Planejamento, Orçamento
como instrumentos de inclusão social. e Gestão
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da Objetivo Estratégico II:
Cultura; Ministério do Esporte Formação adequada e qualificada dos profissionais do siste-
ma de segurança pública.
g)Fortalecer experiências alternativas de educação para os
adolescentes, bem como para monitores e profissionais do sistema Ações programáticas:
de execução de medidas socioeducativas. a)Oferecer, continuamente e permanentemente, cursos em Di-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da reitos Humanos para os profissionais do sistema de segurança pú-
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da blica e justiça criminal.
Justiça Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
Objetivo estratégico II: Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria
Resgate da memória por meio da reconstrução da história dos Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidên-
movimentos sociais. cia da República
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
atuação no presente. O acesso a todos os arquivos e documentos Horizonte, o Ministro de Estado da Justiça realizou audiência pú-
produzidos durante o regime militar é fundamental no âmbito das blica de apresentação do projeto Memorial da Anistia Política do
políticas de proteção dos Direitos Humanos. Brasil, envolvendo a remodelação e construção de novo edifício
Desde os anos 1990, a persistência de familiares de mortos e junto ao antigo “Coleginho” da Universidade Federal de Minas Ge-
desaparecidos vem obtendo vitórias significativas nessa luta, com rais (UFMG), onde estará disponível para pesquisas todo o acervo
abertura de importantes arquivos estaduais sobre a repressão po- da Comissão de Anistia.
lítica do regime ditatorial. Em dezembro de 1995, coroando difícil No âmbito da sociedade civil, foram levadas ao Poder Judiciário
e delicado processo de discussão entre esses familiares, o Minis- importantes ações que provocaram debate sobre a interpretação
tério da Justiça e o Poder Legislativo Federal, foi aprovada a Lei no das leis e a apuração de responsabilidades. Em 1982, um grupo de
9.140/95, que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro familiares entrou com ação na Justiça Federal para a abertura de
pela morte de opositores ao regime de 1964. arquivos e localização dos restos mortais dos mortos e desapareci-
Essa Lei instituiu Comissão Especial com poderes para deferir dos políticos no episódio conhecido como “Guerrilha do Araguaia”.
pedidos de indenização das famílias de uma lista inicial de 136 pes- Em 2003, foi proferida sentença condenando a União, que recorreu
soas e julgar outros casos apresentados para seu exame. No art. 4o, e, posteriormente, criou Comissão Interministerial pelo Decreto no
inciso II, a Lei conferiu à Comissão Especial também a incumbência 4.850, de 2 de outubro de 2003, com a finalidade de obter informa-
de envidar esforços para a localização dos corpos de pessoas desa- ções que levassem à localização dos restos mortais de participantes
parecidas no caso de existência de indícios quanto ao local em que da “Guerrilha do Araguaia”. Os trabalhos da Comissão Interminis-
possam estar depositados. terial encerraram-se em março de 2007, com a divulgação de seu
Em 24 de agosto de 2001, foi criada, pela Medida Provisória no relatório final.
2151-3, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Esse marco Em agosto de 1995, o Centro de Estudos para a Justiça e o Direi-
legal foi reeditado pela Medida Provisória no 65, de 28 de agosto de to Internacional (CEJIL) e a Human Rights Watch/América (HRWA),
2002, e finalmente convertido na Lei no 10.559, de 13 de novembro em nome de um grupo de familiares, apresentaram petição à Co-
de 2002. Essa norma regulamentou o art. 8o do Ato das Disposições missão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), denunciando
Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição de 1988, que o desaparecimento de integrantes da “Guerrilha do Araguaia”. Em
previa a concessão de anistia aos que foram perseguidos em decor- 31 de outubro de 2008, a CIDH expediu o Relatório de Mérito no
rência de sua oposição política. Em dezembro de 2005, o Governo 91/08, onde fez recomendações ao Estado brasileiro. Em 26 de
Federal determinou que os três arquivos da Agência Brasileira de março de 2009, a CIDH submeteu o caso à Corte Interamericana
Inteligência (ABIN) fossem entregues ao Arquivo Nacional, subordi- de Direitos Humanos, requerendo declaração de responsabilidade
nado à Casa Civil, onde passaram a ser organizados e digitalizados. do Estado brasileiro sobre violações de direitos humanos ocorridas
Em agosto de 2007, em ato oficial coordenado pelo Presidente durante as operações de repressão àquele movimento.
Em 2005 e 2008, duas famílias iniciaram, na Justiça Civil, ações
da República, foi lançado, pela Secretaria Especial dos Direitos Hu-
declaratórias para o reconhecimento das torturas sofridas por seus
manos da Presidência da República e pela Comissão Especial sobre
membros, indicando o responsável pelas sevícias. Ainda em 2008,
Mortos e Desaparecidos Políticos, o livro-relatório “Direito à Me-
o Ministério Público Federal em São Paulo propôs Ação Civil Pública
mória e à Verdade”, registrando os onze anos de trabalho daquela
contra dois oficiais do exército acusados de determinarem prisão
Comissão e resumindo a história das vítimas da ditadura no Brasil.
ilegal, tortura, homicídio e desaparecimento forçado de dezenas de
A trajetória de estudantes, profissionais liberais, trabalhadores
cidadãos.
e camponeses que se engajaram no combate ao regime militar apa-
Tramita também, no âmbito do Supremo Tribunal Federal,
rece como documento oficial do Estado brasileiro. O Ministério da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, proposta
Educação e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos formularam pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que so-
parceria para criar portal que incluirá o livro-relatório, ampliado licita a mais alta corte brasileira posicionamento formal para saber
com abordagem que apresenta o ambiente político, econômico, se, em 1979, houve ou não anistia dos agentes públicos responsá-
social e principalmente os aspectos culturais do período. Serão dis- veis pela prática de tortura, homicídio, desaparecimento forçado,
tribuídas milhares de cópias desse material em mídia digital para abuso de autoridade, lesões corporais e estupro contra opositores
estudantes de todo o País. políticos, considerando, sobretudo, os compromissos internacio-
Em julho de 2008, o Ministério da Justiça e a Comissão de Anis- nais assumidos pelo Brasil e a insuscetibilidade de graça ou anistia
tia promoveram audiência pública sobre “Limites e Possibilidades do crime de tortura.
para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores de Direi- Em abril de 2009, o Ministério da Defesa, no contexto da deci-
tos Humanos durante o Estado de Exceção no Brasil”, que discutiu são transitada em julgado da referida ação judicial de 1982, criou
a interpretação da Lei de Anistia de 1979 no que se refere à contro- Grupo de Trabalho para realizar buscas de restos mortais na região
vérsia jurídica e política, envolvendo a prescrição ou imprescritibili- do Araguaia, sendo que, por ordem expressa do Presidente da Re-
dade dos crimes de tortura. pública, foi instituído Comitê Interinstitucional de Supervisão, com
A Comissão de Anistia já realizou setecentas sessões de julga- representação dos familiares de mortos e desaparecidos políticos,
mento e promoveu, desde 2008, trinta caravanas, possibilitando para o acompanhamento e orientação dos trabalhos. Após três me-
a participação da sociedade nas discussões, e contribuindo para a ses de buscas intensas, sem que tenham sido encontrados restos
divulgação do tema no País. Até 1o de novembro de 2009, já ha- mortais, os trabalhos foram temporariamente suspensos devido às
viam sido apreciados por essa Comissão mais de cinquenta e dois chuvas na região, prevendo-se sua retomada ao final do primeiro
mil pedidos de concessão de anistia, dos quais quase trinta e cinco trimestre de 2010.
mil foram deferidos e cerca de dezessete mil, indeferidos. Outros Em maio de 2009, o Presidente da República coordenou o ato
doze mil pedidos aguardavam julgamento, sendo possível, ainda, de lançamento do projeto Memórias Reveladas, sob responsabili-
a apresentação de novas solicitações. Em julho de 2009, em Belo dade da Casa Civil, que interliga digitalmente o acervo recolhido ao
50
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Arquivo Nacional após dezembro de 2005, com vários outros arqui- são Nacional da Verdade, composta de forma plural e suprapartidá-
vos federais sobre a repressão política e com arquivos estaduais de ria, com mandato e prazo definidos, para examinar as violações de
quinze unidades da federação, superando cinco milhões de páginas Direitos Humanos praticadas no contexto da repressão política no
de documentos (www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br). período mencionado, observado o seguinte:
Cabe, agora, completar esse processo mediante recolhimento • O grupo de trabalho será formado por representantes da
ao Arquivo Nacional de todo e qualquer documento indevidamente Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá, do Minis-
retido ou ocultado, nos termos da Portaria Interministerial assinada tério da Justiça, do Ministério da Defesa, da Secretaria Especial dos
na mesma data daquele lançamento. Cabe também sensibilizar o Direitos Humanos da Presidência da República, do presidente da
Legislativo pela aprovação do Projeto de Lei no 5.228/2009, assina- Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, criada
do pelo Presidente da República, que introduz avanços democrati- pela Lei no 9.140/95 e de representante da sociedade civil, indicado
zantes nas normas reguladoras do direito de acesso à informação. por esta Comissão Especial;
Iimportância superior nesse resgate da história nacional está • Com o objetivo de promover o maior intercâmbio de informa-
no imperativo de localizar os restos mortais de pelo menos cento ções e a proteção mais eficiente dos Direitos Humanos, a Comissão
e quarenta brasileiros e brasileiras que foram mortos pelo apare- Nacional da Verdade estabelecerá coordenação com as atividades
lho de repressão do regime ditatorial. A partir de junho de 2009, desenvolvidas pelos seguintes órgãos:
a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República • Arquivo Nacional, vinculado à Casa Civil da Presidência da
planejou, concebeu e veiculou abrangente campanha publicitária República;
de televisão, internet, rádio, jornais e revistas de todo o Brasil bus- • Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério da Justiça;
cando sensibilizar os cidadãos sobre essa questão. As mensagens • Comissão Especial criada pela Lei no 9.140/95, vinculada à
solicitavam que informações sobre a localização de restos mortais Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú-
ou sobre qualquer documento e arquivos envolvendo assuntos da blica;
repressão política entre 1964 e 1985 sejam encaminhados ao Me- • Comitê Interinstitucional de Supervisão instituído pelo Decre-
mórias Reveladas. Seu propósito é assegurar às famílias o exercício to Presidencial de 17 de julho de 2009;
do direito sagrado de prantear seus entes queridos e promover os • Grupo de Trabalho instituído pela Portaria no 567/MD, de 29
ritos funerais, sem os quais desaparece a certeza da morte e se per- de abril de 2009, do Ministro de Estado da Defesa;
petua angústia que equivale a nova forma de tortura. • No exercício de suas atribuições, a Comissão Nacional da Ver-
As violações sistemáticas dos Direitos Humanos pelo Estado dade poderá realizar as seguintes atividades:
durante o regime ditatorial são desconhecidas pela maioria da po- • requisitar documentos públicos, com a colaboração das res-
pulação, em especial pelos jovens. A radiografia dos atingidos pela pectivas autoridades, bem como requerer ao Judiciário o acesso a
repressão política ainda está longe de ser concluída, mas calcula-se documentos privados;
que pelo menos cinquenta mil pessoas foram presas somente nos • colaborar com todas as instâncias do Poder Público para a
primeiros meses de 1964; cerca de vinte mil brasileiros foram sub- apuração de violações de Direitos Humanos, observadas as disposi-
metidos a torturas e cerca de quatrocentos cidadãos foram mortos ções da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979;
ou estão desaparecidos. Ocorreram milhares de prisões políticas • promover, com base em seus informes, a reconstrução da
não registradas, cento e trinta banimentos, quatro mil, oitocentos e história dos casos de violação de Direitos Humanos, bem como a
sessenta e duas cassações de mandatos políticos, uma cifra incalcu- assistência às vítimas de tais violações;
lável de exílios e refugiados políticos. • promover, com base no acesso às informações, os meios e
As ações programáticas deste eixo orientador têm como fina- recursos necessários para a localização e identificação de corpos e
lidade assegurar o processamento democrático e republicano de restos mortais de desaparecidos políticos;
todo esse período da história brasileira, para que se viabilize o dese- • identificar e tornar públicas as estruturas utilizadas para a
jável sentimento de reconciliação nacional. E para se construir con- prática de violações de Direitos Humanos, suas ramificações nos
senso amplo no sentido de que as violações sistemáticas de Direitos diversos aparelhos do Estado e em outras instâncias da sociedade;
Humanos registradas entre 1964 e 1985, bem como no período do • registrar e divulgar seus procedimentos oficiais, a fim de ga-
Estado Novo, não voltem a ocorrer em nosso País, nunca mais. rantir o esclarecimento circunstanciado de torturas, mortes e de-
saparecimentos, devendo-se discriminá-los e encaminhá-los aos
Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como órgãos competentes;
Direito Humano da cidadania e dever do Estado. • apresentar recomendações para promover a efetiva reconci-
liação nacional e prevenir no sentido da não repetição de violações
Objetivo Estratégico I: de Direitos Humanos.
Promover a apuração e o esclarecimento público das viola- • A Comissão Nacional da Verdade deverá apresentar, anual-
ções de Direitos Humanos praticadas no contexto da repressão mente, relatório circunstanciado que exponha as atividades realiza-
política ocorrida no Brasil no período fixado pelo art. 8o do ADCT das e as respectivas conclusões, com base em informações colhidas
da Constituição, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade ou recebidas em decorrência do exercício de suas atribuições.
histórica e promover a reconciliação nacional.
Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção
Ação Programática: pública da verdade.
a)Designar grupo de trabalho composto por representantes da
Casa Civil, do Ministério da Justiça, do Ministério da Defesa e da Se- Objetivo Estratégico I:
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Incentivar iniciativas de preservação da memória histórica e
para elaborar, até abril de 2010, projeto de lei que institua Comis- de construção pública da verdade sobre períodos autoritários.
51
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
c) Identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as insti- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tuições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de di- Presidência da República; Ministério da Justiça; Secretaria de Rela-
reitos humanos, suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos ções Institucionais da Presidência da República
estatais e na sociedade, bem como promover, com base no acesso
às informações, os meios e recursos necessários para a localização e b)Propor e articular o reconhecimento do status constitucional
identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos. de instrumentos internacionais de Direitos Humanos novos ou já
(Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010) existentes ainda não ratificados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Casa Civil da Presidência da República; Presidência da República; Ministério da Justiça; Secretaria de Re-
Ministério da Justiça; Secretaria de Relações Institucionais da Presi- lações Institucionais da Presidência da República; Ministério das
dência da República Relações Exteriores
d)Criar e manter museus, memoriais e centros de documenta- c) Fomentar debates e divulgar informações no sentido de que
ção sobre a resistência à ditadura. logradouros, atos e próprios nacionais ou prédios públicos não re-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da cebam nomes de pessoas identificadas reconhecidamente como
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério da Cultu- torturadores. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
ra; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República; Casa Civil da Presi-
e)Apoiar técnica e financeiramente a criação de observatórios dência da República; Secretaria de Relações Institucionais da Presi-
do Direito à Memória e à Verdade nas universidades e em organiza- dência da República
ções da sociedade civil.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da d) Acompanhar e monitorar a tramitação judicial dos processos
Presidência da República; Ministério da Educação de responsabilização civil sobre casos que envolvam graves viola-
ções de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8º do
f) Desenvolver programas e ações educativas, inclusive a pro- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de
dução de material didático-pedagógico para ser utilizado pelos 1988. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
sistemas de educação básica e superior sobre graves violações de Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
direitos humanos ocorridas no período fixado no art. 8º do Ato das Presidência da República; Ministério da Justiça
Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988.
(Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
Justiça; Ministério da Cultura; Ministério de Ciência e Tecnologia
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Desenvolvimento Sustentável
QUESTÕES
O desenvolvimento sustentável aborda a interconexão entre
três pilares fundamentais: econômico, social e ambiental. No con-
texto econômico, significa adotar práticas que promovam a prospe- 1. Qual foi um dos principais impactos da Constituição Federal
ridade sem esgotar recursos finitos. Socialmente, envolve garantir de 1988 no sistema político brasileiro?
que todos tenham acesso a oportunidades, serviços e qualidade de (A) Aumento da centralização do poder no governo federal.
vida adequados. E ambientalmente, implica a preservação e a res- (B) Estabelecimento de um sistema de governo democrático e
tauração dos ecossistemas naturais que sustentam a vida na Terra. reforço das instituições democráticas.
Isso requer uma transição para uma economia mais verde, (C) Redução da participação cidadã na política.
onde a eficiência no uso de recursos, a produção de energia limpa e (D) Limitação das funções do Poder Judiciário.
a redução das emissões de carbono sejam prioridades. Além disso,
o desenvolvimento sustentável exige a promoção da justiça social, 2. Como a Constituição Federal de 1988 abordou a questão da
garantindo que os benefícios sejam distribuídos de forma equitati- participação cidadã na democracia brasileira?
va, incluindo a erradicação da pobreza e a redução das desigualda- (A) Restringindo o direito ao voto apenas a determinadas clas-
des. ses sociais.
(B) Enfatizando apenas a participação em eleições periódicas.
Meio Ambiente (C) Promovendo a participação direta em plebiscitos e referen-
O meio ambiente é o nosso lar comum, e sua saúde é crucial dos e o engajamento em audiências públicas.
para a sobrevivência de todas as formas de vida. A degradação am- (D) Proibindo a formação de organizações civis e grupos de interesse.
biental, a perda de biodiversidade, a poluição e o esgotamento de
recursos naturais representam ameaças significativas. Para preser- 3. Qual é o objetivo principal da divisão de poderes em um Es-
var o meio ambiente, é necessário adotar práticas sustentáveis em tado democrático, conforme proposto por Montesquieu e adotado
todos os setores, desde a agricultura até a indústria, e promover na Constituição Federal do Brasil?
a conservação de ecossistemas críticos, como florestas, oceanos e (A) Centralizar o poder legislativo para eficiência na criação de leis.
rios. (B) Prevenir a concentração de poder nas mãos de uma única
Além disso, a gestão responsável dos resíduos e a redução do entidade ou grupo, evitando a tirania.
uso de plásticos descartáveis são medidas importantes para com- (C) Facilitar a administração governamental delegando funções
bater a poluição e proteger os ecossistemas aquáticos e terrestres. específicas.
(D) Estabelecer o predomínio do Poder Judiciário sobre os de-
Mudança Climática mais poderes.
A mudança climática é um dos maiores desafios enfrentados
pela humanidade. A emissão excessiva de gases de efeito estufa, 4. No contexto do sistema de freios e contrapesos na divisão
principalmente provenientes da queima de combustíveis fósseis, de poderes, qual das seguintes afirmações descreve corretamente
tem causado o aumento da temperatura global, resultando em uma das funções do Poder Judiciário no Brasil?
eventos climáticos extremos, derretimento de geleiras e elevação (A) O Poder Judiciário pode vetar leis aprovadas pelo Poder Le-
do nível do mar. Para enfrentar a mudança climática, é imperativo gislativo.
reduzir as emissões de carbono e adaptar-se aos impactos já em (B) O Poder Judiciário tem a capacidade de declarar a inconsti-
curso. tucionalidade de leis ou atos do Executivo.
A transição para fontes de energia limpa, como a solar e a eóli- (C) O Poder Judiciário é responsável por promulgar e executar as leis.
ca, é fundamental para reduzir as emissões de carbono. Além disso, (D) O Poder Judiciário pode propor emendas à Constituição Federal.
a conservação de florestas e a restauração de ecossistemas desem-
penham um papel vital na absorção de carbono atmosférico. 5. Qual é um dos principais desafios enfrentados pelo sistema
O desenvolvimento sustentável, a preservação do meio am- presidencialista brasileiro?
biente e o combate à mudança climática são desafios complexos (A) Dificuldades em formar coalizões governamentais devido à
que exigem ação global e compromisso de todos os setores da so- fragmentação do Congresso.
ciedade. Essa é uma responsabilidade compartilhada para garan- (B) Centralização excessiva do poder legislativo.
tir um futuro sustentável e saudável para as gerações presentes e (C) Eliminação da separação entre os poderes Executivo e Le-
futuras. É necessário que governos, empresas e indivíduos atuem gislativo.
de forma coletiva e imediatamente para enfrentar esses desafios (D) Independência total do Poder Judiciário em relação às de-
cruciais. cisões presidenciais.
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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
7. Qual é o papel da memória no contexto da efetivação dos 13. O que significa o conceito de desenvolvimento sustentável
direitos humanos em sociedades pós-autoritárias? e quais são seus três pilares fundamentais?
(A) Promover o esquecimento coletivo das violações para ace- (A) Desenvolvimento sustentável refere-se apenas à preserva-
lerar a reconciliação nacional. ção ambiental.
(B) Conscientizar a sociedade sobre os perigos do autoritarismo (B) Desenvolvimento sustentável é um termo usado exclusiva-
e prevenir a repetição de abusos. mente no contexto econômico.
(C) Justificar as ações tomadas pelos regimes autoritários. (C) Desenvolvimento sustentável busca equilibrar os pilares
(D) Focar exclusivamente no futuro, ignorando as injustiças do econômico, social e ambiental.
passado. (D) Desenvolvimento sustentável concentra-se apenas na erra-
dicação da pobreza.
8. No processo de reparação de direitos humanos após um regi-
me autoritário, qual das seguintes medidas é geralmente adotada? 14. Por que a gestão responsável de resíduos e a redução do
(A) Indenização financeira e exoneração dos perpetradores de uso de plásticos descartáveis são medidas importantes para prote-
violações de direitos humanos. ger o meio ambiente?
(B) Responsabilização dos perpetradores e compensação para (A) Para promover a conveniência no descarte de resíduos.
as vítimas. (B) Para combater a poluição e proteger ecossistemas aquáti-
(C) Promoção exclusiva de compensações financeiras, sem in- cos e terrestres.
vestigação das violações. (C) Para aumentar a produção de plásticos descartáveis.
(D) Anistia geral para todos os envolvidos em abusos, sem qual- (D) Para aumentar a demanda por recursos naturais.
quer forma de compensação às vítimas.
15. O que causa a mudança climática e quais são algumas das
9. Qual é um dos principais desafios no processo de lidar com o medidas mencionadas no texto para enfrentá-la?
legado da violência de Estado em regimes autoritários? (A) A mudança climática é causada pelo aumento da produção
(A) Reconstruir a confiança nas instituições e lidar com o trau- agrícola, e a principal medida é a urbanização.
ma coletivo e divisões sociais. (B) A mudança climática é causada pela expansão da indústria
(B) Eliminar completamente todas as formas de governo auto- de alimentos, e a principal medida é o desmatamento.
ritário futuras. (C) A mudança climática é causada pela emissão excessiva de
(C) Estabelecer um novo regime autoritário que seja mais be- gases de efeito estufa, e medidas incluem a transição para fon-
nevolente. tes de energia limpa e a conservação de florestas.
(D) Ignorar completamente o passado para evitar conflitos na (D) A mudança climática é causada pela pesca excessiva, e me-
sociedade. didas incluem a redução do consumo de frutos do mar.
10. Qual das seguintes é uma abordagem eficaz para combater
as desigualdades regionais, conforme mencionado no texto?
(A) Redução do investimento em infraestrutura em áreas ur- GABARITO
banas.
(B) Incentivos para negócios que promovam o desenvolvimen-
to local. 1 B
(C) Centralização de serviços públicos em grandes cidades. 2 C
(D) Ignorar as disparidades de desenvolvimento entre áreas ru-
rais e urbanas. 3 B
4 B
11. De acordo com o texto, qual é um dos principais meios para
combater a discriminação racial? 5 A
(A) Aumento de barreiras comerciais entre países. 6 C
(B) Redução de investimentos em educação multicultural.
(C) Implementação de legislação anti-discriminatória e políticas 7 B
de ação afirmativa. 8 B
(D) Promoção de políticas de isolamento cultural.
9 A
12. No contexto da luta contra a discriminação de gênero, qual 10 B
a importância da educação, conforme discutido no texto? 11 C
(A) A educação é irrelevante para a questão da igualdade de
gênero. 12 B
(B) Educação sobre igualdade de gênero desde cedo pode mol- 13 C
dar uma geração mais justa e igualitária.
(C) Educação formal deve ser evitada para promover a igualda- 14 B
de de gênero. 15 C
(D) Educação em igualdade de gênero deve ser restrita ao en-
sino superior.
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ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES
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Com relação às vantagens pecuniárias, Hely Lopes Meirelles, tepios. Pela mesma razão, o artigo 100 da Constituição e o artigo 33
faz uma classificação que já se tornou clássica; para ele, “vantagens de suas disposições transitórias, ao excluírem os créditos de natu-
pecuniárias são acréscimos ao vencimento do servidor, concedidas reza alimentar do processo especial de execução contra a Fazenda
a título definitivo ou transitório, pela decorrência do tempo de ser- Pública, sempre foram interpretados de modo a incluir, na ressalva,
viço (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções especiais os vencimentos devidos aos servidores públicos. Esse entendimen-
(ex facto officii), ou em razão das condições anormais em que se to foi adotado, no Estado de São Paulo, pelo Decreto nº 29.463, de
realiza o serviço (propter laborem), ou, finalmente, em razão de 19-12-88, e pelo artigo 57, §3º, de sua Constituição. Agora, a matéria
condições pessoais do servidor (propter personam). As duas primei- constitui objeto de preceito constitucional contido no artigo 100, §1º-
ras espécies constituem os adicionais (adicionais de vencimento e A, da Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional
adicionais de função), as duas últimas formam a categoria das grati- nº 30/00; ficou expresso que “os débitos de natureza alimentícia com-
ficações de serviço e gratificações pessoais”. A Lei nº 8.112/90, em preendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos,
seu artigo 49, prevê as vantagens que podem ser pagas ao servidor, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indeni-
incluindo, além dos adicionais e gratificações, também as indeniza- zações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em
ções, que compreendem a ajuda de custo, as diárias, o transporte e virtude de sentença transitada em julgado”.
o auxílio-moradia (definidos nos artigos subsequentes). Ainda com relação aos direitos dos funcionários, é importan-
São exemplos de adicionais por tempo de serviço os acréscimos te lembrar que muitos deles correspondem a benefícios previstos
devidos por quinquênio e a sexta parte dos vencimentos, previstos para os integrantes da Previdência Social ou, mais amplamente, da
na Constituição paulista (art. 129). Eles aderem ao vencimento e Seguridade Social (que abrange previdência, saúde e assistência).
incluem-se nos cálculos dos proventos de aposentadoria. Com efeito, em relação aos servidores, o Poder Público pode
Os adicionais de função são pagos em decorrência da natureza determinar a sua inclusão na previdência social (ressalvados aque-
especial da função ou do regime especial de trabalho, como as van- les direitos, como aposentadoria e disponibilidade, que constituem
tagens de nível universitário e o adicional de dedicação exclusiva. encargos que a Constituição atribui ao Estado) ou assumi-los como
Em regra, também se incorporam aos vencimentos e aos proventos encargos próprios. A primeira opção normalmente é utilizada para
desde que atendidas as condições legais. os servidores contratados pela legislação trabalhista e, a segunda,
A gratificação de serviço é retribuição paga em decorrência das para os estatutários.
condições anormais em que o serviço é prestado. Como exemplo, Assim, examinando-se os Estatutos funcionais, normalmente,
podem ser citadas as gratificações de representação, de insalubri- encontram-se vantagens, como a licença para tratamento de saúde,
dade, de risco de vida e saúde. licença-gestante, licença ao funcionário acidentado ou acometido
As gratificações pessoais correspondem a acréscimos devidos de doença profissional e auxílio-funeral, entre outras. Na esfera fe-
deral, com a Lei nº 8.112/90, essas vantagens passaram a ter cará-
em razão de situações individuais do servidor, como o salário-espo-
ter previdenciário (art. 185).
sa e o salário-família.
Embora a classificação citada seja útil, até para fins didáticos,
Em regra, os mesmos direitos dos trabalhadores da esfera pri-
o critério distintivo – incorporação dos adicionais aos vencimentos
vada se aplicam aos servidores públicos, como:
e não incorporação das gratificações – nem sempre é o que decor-
– Garantia de salário nunca inferior ao mínimo, incluindo aque-
re da lei; esta é que define as condições em que cada vantagem
les que recebem remuneração variável;
é devida e calculada e estabelece as hipóteses de incorporação.
– Décimo terceiro salário;
É frequente a lei determinar que uma gratificação (por exemplo, – Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno;
a de risco de vida e saúde) se incorpore aos vencimentos depois – Remuneração das horas extras em no mínimo 50% a mais da
de determinado período de tempo. É evidente, contudo, que, no hora normal;
silêncio da lei, tem-se que entender que a gratificação de serviço – Salário família para os dependentes;
somente é devida enquanto perdurarem as condições especiais de – Jornada de trabalho não superior a 8 horas diária e 44 sema-
sua execução, não havendo infringência ao princípio constitucional nais + repouso semanal remunerado;
da irredutibilidade de vencimento na retirada da vantagem quando – Férias anuais remunerada com, pelo menos, um terço a mais
o servidor deixa de desempenhar a função que lhe conferiu o acrés- do que o salário normal;
cimo. As gratificações que não se incorporam não são incluídas nos – Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
vencimentos para fins de cálculo dos proventos de aposentadoria e com duração de 120 a 180 dias;
de pensão dos dependentes. – Licença paternidade, nos termos fixados em lei;
O princípio da irredutibilidade de vencimentos diz respeito – Proteção do mercado de trabalho da mulher;
ao padrão de cada cargo, emprego ou função e às vantagens pe- – Redução de riscos inerentes ao trabalho;
cuniárias já incorporadas; não abrange as vantagens transitórias, – Proibição de diferença de salários, idade, cor ou estado civil.
somente devidas em razão de trabalho que está sendo executado – No entanto, em todos esses direitos, é crucial verificar a lei
em condições especiais; cessado este, suspende-se o pagamento que se aplica a você, porque a lei é diferente para servidor federal,
do acréscimo, correspondente ao cargo, emprego ou função. estadual ou municipal.
Os vencimentos do servidor público (empregada a palavra em
sentido amplo, para abranger também as vantagens pecuniárias) Deveres dos Servidores Públicos
têm caráter alimentar e, por isso mesmo, não podem ser objeto Os deveres dos servidores públicos vêm normalmente previs-
de penhora, arresto ou sequestro, consoante artigos 649, IV, 821 e tos nas leis estatutárias, abrangendo, entre outros, os de assidui-
823 do CPC. Pelo artigo 833, IV, do novo CPC, são impenhoráveis os dade, pontualidade, discrição, urbanidade, obediência, lealdade. O
vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, descumprimento dos deveres enseja punição disciplinar.
os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os mon-
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ÉTICA E INTEGRIDADE
Os deveres a serem abordados são: dever de agir, dever de f) Levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
eficiência, dever de probidade e dever de prestar contas. cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
O dever de agir se refere à obrigação do administrador públi- suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
co de se desincumbir no tempo próprio das atribuições inerentes a dade competente para apuração.
cargo, função ou emprego público de que é titular. Tais atribuições g) Zelar pela economia do material e a conservação do patri-
devem ser exercidas em sua plenitude e no momento legal. Sua mônio público.
omissão sujeita o agente público a punições de ordens administra- h) Guardar sigilo sobre assunto da repartição.
tiva e penal (concussão e prevaricação). i) Manter conduta compatível com a moralidade administrati-
O dever de eficiência traz como mandamento ao agente pú- va.
blico o rendimento em seu serviço, que deve ser demonstrado de j) Ser assíduo e pontual ao serviço.
maneira rápida e bem realizada. O serviço deve ser executado de k) Tratar com urbanidade as pessoas.
forma que atenda ao interesse coletivo, em tempo hábil, e sem dei- l) Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder:
xar de lado a qualidade. a representação será encaminhada pela via hierárquica e apreciada
O dever de probidade impõe ao agente público o desempenho pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegu-
de suas atribuições de forma que indique atitudes retas, leais, jus- rando-se ao representando ampla defesa.
tas e honestas, características próprias da integridade de caráter do
ser humano. O administrador deve buscar sempre o melhor para a Servidores Públicos
Administração Pública. É elemento essencial para legitimar os atos Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
do administrador público. O art. 37, §4o, da Constituição Federal à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
preceitua que os atos de improbidade administrativa importarão cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indispo- rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
nibilidade dos bens e ressarcimento ao erário na forma da lei. Distrito Federal ou aos Municípios.
O dever de prestar contas se refere à própria gestão de bens,
direitos e serviços alheios. Portanto, não foge ao administrador pú- As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
blico a responsabilidade de prestar contas de sua atuação na gestão
dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
do patrimônio público, não se restringindo apenas aos atos de na-
tureza econômico-financeira, mas também aos planos de governo.
SEÇÃO II
Os regimes jurídicos modernos impõem uma série de deveres aos
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
servidores públicos como requisitos para o bom desempenho de seus
encargos e regular funcionamento dos serviços públicos. A Lei de Im-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
probidade Administrativa, de natureza nacional, diz que constituem ato
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único
de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da ad-
ministração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de e planos de carreira para os servidores da administração pública
honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. (Lei direta, das autarquias e das fundações públicas.
8.429/92, art. 10 cap), as quais, para serem punidas, pressupõem que Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
o agente as pratique com a consciência da ilicitude, isto é, dolosamente. instituirão conselho de política de administração e remuneração de
O dever de lealdade exige do servidor maior dedicação ao ser- pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
viço e o integral respeito às leis e as instituições. deres.
O dever de obediência impõe ao servidor o acatamento às or- §1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
dens legais de seus superiores e sua fiel execução. componentes do sistema remuneratório observará:
Dever de conduta ética decorre do princípio constitucional da I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
moralidade administrativa e impõem ao servidor de jamais despre- cargos componentes de cada carreira;
zar o elemento ético de sua conduta. II - os requisitos para a investidura;
Dever de eficiência, conforme acima explanado, decorre do in- III - as peculiaridades dos cargos.
ciso LXXVIII do art. 5º da CF, acrescentado pela EC 45/2004. §2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
Outros deveres são comumente especificados nos estatutos, de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
procurando adequar a conduta do servidor. O servidor, por estar públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos
submetido à hierarquia administrativa, deve atuar segundo os pa- requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a
drões legais e éticos impostos, estabelecendo a Lei 8.112/1990 um celebração de convênios ou contratos entre os entes federados.
rol, meramente exemplificativo, de deveres impostos aos agentes §3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
públicos. Vejamos: disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
a) Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo. XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
b) Ser leal às instituições a que servir. de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
c) Observar as normas legais e regulamentares. §4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
d) Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
mente ilegais. remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
e) Atender com presteza: ao público em geral, prestando as vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; à ex- prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
pedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclare- obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
cimento de situações de interesse pessoal; às requisições para a
defesa da fazenda pública.
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ÉTICA E INTEGRIDADE
§5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos §4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência,
caso, o disposto no art. 37, XI. previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por
§6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e Constitucional nº 103, de 2019)
empregos públicos. §4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
provenientes da economia com despesas correntes em cada penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de §4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
produtividade. do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
§8º A remuneração dos servidores públicos organizados em diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades
carreira poderá ser fixada nos termos do §4º. sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos
§9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) §5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, aplicação do disposto no inciso III do §1º, desde que comprovem
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência §6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
nº 103, de 2019) de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- Constitucional nº 103, de 2019)
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federa- §7º Observado o disposto no §2º do art. 201, quando se
tivo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; hipótese de morte dos servidores de que trata o §4º-B decorrente
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na §8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os critérios estabelecidos em lei.
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo §9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, municipal será contado para fins de aposentadoria, observado
de 2019) o disposto nos §§9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço
§2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação
ao valor mínimo a que se refere o §2º do art. 201 ou superiores dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência §10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem
Social, observado o disposto nos §§14 a 16. (Redação dada pela de tempo de contribuição fictício.
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) §11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
§3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes
serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral
§4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados de previdência social, e ao montante resultante da adição de
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável
social, ressalvado o disposto nos §§4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
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ÉTICA E INTEGRIDADE
§12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. tucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
§13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
regime de previdência complementar para servidores públicos sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das 2019)
aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Inclu-
social, ressalvado o disposto no §16. (Redação dada pela Emenda ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Constitucional nº 103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
§15. O regime de previdência complementar de que trata o §14 servados os princípios relacionados com governança, controle in-
oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição terno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por de 2019)
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indireta-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) mente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucio-
§16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nal nº 103, de 2019)
nos §§14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
correspondente regime de previdência complementar. X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
§17. Todos os valores de remuneração considerados para o de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
cálculo do benefício previsto no §3° serão devidamente atualizados, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
na forma da lei. Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
§18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que concurso público.
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime §1º O servidor público estável só perderá o cargo:
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
§19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do rada ampla defesa;
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
que tenha completado as exigências para a aposentadoria penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer §2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
Constitucional nº 103, de 2019) remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de §3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional
desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro
poderes, órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão cargo.
responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios, os §4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
que trata o §22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, instituída para essa finalidade.
de 2019)
§21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional – Estabilidade
nº 103, de 2019) A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
§22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os vado em estágio probatório.
que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade
e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros poder ser definida como a garantia constitucional de permanência
aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de
2019) concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após
o transcurso de estágio probatório.
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ÉTICA E INTEGRIDADE
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ÉTICA E INTEGRIDADE
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa-
esperanças e seus esforços para construí-los. mente em todo o sistema;
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na dências cabíveis;
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
usuários dos serviços públicos. ção;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso zação do bem comum;
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função exercício da função;
pública. q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
sempre conduz à desordem nas relações humanas. superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura orga- vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
nizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de boa ordem.
todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. direito;
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
SEÇÃO II que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
dicionados administrativos;
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes-
emprego público de que seja titular; mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen- quer violação expressa à lei;
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer ou- bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
tra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que cumprimento.
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri- SEÇÃO III
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- XV - E vedado ao servidor público;
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-
cargo; sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan- para outrem;
do o processo de comunicação e contato com o público; b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios res ou de cidadãos que deles dependam;
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú- c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
blicos; com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res- de sua profissão;
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu- d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho ou material;
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
dano moral; cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re- f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu- paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
ra em que se funda o Poder Estatal; público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie-
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de rarquicamente superiores ou inferiores;
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo
vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe- para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-
cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva; dor para o mesmo fim;
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ÉTICA E INTEGRIDADE
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ÉTICA E INTEGRIDADE
de governança bem estruturados são mais capazes de inovar, tomar internos (empregados), além de transparência nas informações e
decisões informadas e atender às expectativas de seus stakehol- responsabilização dos executivos do quadro dirigente perante os
ders. acionistas.
A etiqueta “governance” denota pluralismo, no sentido que di-
A governança pública e os sistemas de governança são ele- ferentes atores têm, ou deveriam ter, o direito de influenciar a cons-
mentos essenciais para o funcionamento eficaz das instituições em trução das políticas públicas. Essa definição implicitamente traduz-
todas as esferas da sociedade. A busca constante por práticas de -se numa mudança do papel do Estado (menos hierárquico e menos
governança transparentes, responsáveis e eficazes é fundamental monopolista) na solução de problemas públicos. Por causa disso, a
para construir um mundo mais justo, equitativo e sustentável. governança pública (GP) também é relacionada ao neoliberalismo.
A GP também significa um resgate da política dentro da admi-
— Governança pública nistração pública, diminuindo a importância de critérios técnicos
A definição de governança não é livre de contestações. Isso nos processos de decisão e um reforço de mecanismos participati-
porque tal definição gera ambiguidades entre diferentes áreas do vos de deliberação na esfera pública.
conhecimento. As principais disciplinas que estudam fenômenos de Os impulsionadores do movimento da GP são múltiplos. O pri-
“governance” são as relações internacionais, teorias do desenvol- meiro é que a crescente complexidade, dinâmica e diversidade de
vimento, a administração privada, as ciências políticas e a adminis- nossas sociedades coloca os sistemas de governo sob novos desa-
tração pública. fios e que novas concepções de governança são necessárias.
Estudos de relações internacionais concebem governança como A segunda força por trás da GP é a ascensão de valores neoli-
mudanças nas relações de poder entre estados no presente cenário berais e o chamado esvaziamento do Estado (hollowing out of the
internacional. Os chamados teóricos globalizadores (globalizers), state), em que a incapacidade do Estado em lidar com problemas
de tradição liberal, veem governance como a derrocada do modelo coletivos é denunciada. Tal movimento ideológico desconfia da ha-
de relações internacionais vigente desde o século XVII, onde o Esta- bilidade estatal de resolver seus próprios problemas de forma au-
do-nação sempre foi tido como ator individual, e a transição a um tônoma e prega a redução das autoridades nacionais em favor de
modelo colaborativo de relação interestatal e entre atores estatais organizações internacionais (blocos regionais, Nações Unidas, FMI,
e não estatais na solução de problemas coletivos internacionais. Banco Mundial), em favor de organizações não estatais (mercado e
Governança, nesse sentido, denota o processo de estabeleci- organizações não governamentais) e em favor de organizações lo-
mento de mecanismos horizontais de colaboração para lidar com cais (governos locais, agências descentralizadas etc.)
problemas transnacionais como tráfico de drogas, terrorismo e A terceira força motriz da GP é a própria APG como modelo
emergências ambientais. Teorias do desenvolvimento tratam a go- de gestão da administração pública nacional, estadual e municipal,
vernança como um conjunto adequado de práticas democráticas e focando maior atenção no desempenho e no tratamento dos pro-
de gestão que ajudam os países a melhorar suas condições de de- blemas do que nas perguntas “quem” deve implementar ou “como”
senvolvimento econômico e social. devem ser implementadas as políticas públicas. Na verdade, alguns
“Boa governança” é, portanto, a combinação de boas práti- acadêmicos consideram a GP uma consequência do movimento da
cas de gestão pública. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o APG, com a qual compartilha algumas características: há alguma se-
Banco Mundial exigem “boa governança” como requisito para paí- melhança entre as duas perspectivas e parece claro que o recente
ses em via de desenvolvimento receberem recursos econômicos interesse em governança, em parte, tem sido alavancado pela cres-
e apoio técnico. Áreas de aplicação das boas práticas são aquelas cente popularidade da administração pública gerencial e a ideia de
envolvidas na melhora da eficiência administrativa, da accounta- formas genéricas de controle social.
bility democrática, e de combate à corrupção como exemplos de Delineiam-se os elementos inexoráveis da GP: estruturas e in-
elementos essenciais de um framework2 no qual economias conse- terações. As estruturas podem funcionar por meio de mecanismos
guem prosperar. de hierarquia (governo), mecanismos autorregulados (mercado) e
Governança na linguagem empresarial e contábil significa um mecanismos horizontais de cooperação (comunidade, sociedade,
conjunto de princípios básicos para aumentar a efetividade de con- redes). As interações dos três tipos de estrutura são fluidas, com
trole por parte de stakeholders3 e autoridades de mercado sobre pouca ou nenhuma distinção clara entre elas.
organizações privadas de capital aberto. Essa abordagem relacional, e o resgate das redes/comunida-
Exemplos de princípios institucionais de governança são: a arti- des/sociedades como estruturas de construção de políticas públi-
culação entre autoridades para controlar o respeito à legislação e a cas, é a grande novidade proposta pelos teóricos da GP. A gover-
garantia de integridade e objetividade pelas autoridades regulado- nança não é mais baseada na autoridade central ou políticos eleitos
ras do mercado. Exemplos de princípios de governança para empre- (modelo da hierarquia) e nem passagem de responsabilidade para
sas privadas são: a participação proporcional de acionistas na toma- o setor privado (modelo de mercado), mas sim regula e aloca recur-
da de decisão estratégica, a cooperação de empresas privadas com sos coletivos por meio de relações com a população e com outros
organizações externas (sindicatos, credores etc.) e stakeholders níveis de governo.
Um aspecto de maior discordância dentro da comunidade epis-
2 Um framework em desenvolvimento de software, é uma abstração que une têmica de administração pública é a questão do papel do Estado num
códigos comuns entre vários projetos de software provendo uma funcionalidade
genérica. Um framework pode atingir uma funcionalidade específica, por confi-
contexto de GP. Por um lado, percebe-se uma diminuição do protago-
guração, durante a programação de uma aplicação. nismo estatal no processo de elaboração de políticas públicas.
3 Stakeholder, é um dos termos utilizados em diversas áreas como gestão de pro- A GP implica não apenas o envolvimento de atores não estatais
jetos, comunicação social administração e arquitetura de software referente às no planejamento e implementação das políticas públicas, mas tam-
partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança bém em todo o processo de coprodução e cogestão de políticas. O
corporativa executadas pela empresa.
65
ÉTICA E INTEGRIDADE
Estado torna-se uma coleção de redes interorganizacionais compos- cios são compartilhados. As áreas de políticas públicas onde as PPPs
tas por atores governamentais e sociais sem nenhum ator soberano têm sido intensamente adotadas são os setores de infraestrutura e
capaz de guiar e regular. proteção ambiental, e os contratos preveem mecanismos de con-
Alguns autores contestam esse tipo de entendimento, respon- trole para mensurar resultados e impactos no ambiente econômico
dendo que o Estado mantém seu papel de liderança na elaboração e social.
de políticas públicas. De acordo com estes, a GP provoca a criação
de centros múltiplos de elaboração da política pública, em nível lo- — Gestão de riscos e medidas mitigatórias na Administração
cal, regional, nacional ou supranacional. Pública
O Estado, no entanto, não perde importância, mas sim deslo- A gestão de riscos e medidas mitigatórias desempenha um pa-
ca seu papel primordial da implementação para a coordenação e o pel fundamental na administração pública, garantindo a eficiência,
controle. Essa abordagem centrada no Estado argumenta que a GP transparência e responsabilidade na condução dos assuntos go-
cria instrumentos de colaboração e um modelo mais transparente vernamentais. Neste contexto, é essencial compreender o que são
e integrador de Estado, que serve como um veículo ao alcance de riscos na administração pública, como identificá-los, avaliá-los e, o
interesses coletivos. mais importante, como implementar medidas mitigatórias adequa-
Tratando de questões mais práticas, a GP disponibiliza platafor- das para proteger os interesses da sociedade.
mas organizacionais para facilitar o alcance de objetivos públicos
tais como o envolvimento de cidadãos na construção de políticas, Definição de Riscos na Administração Pública
fazendo uso de mecanismos de democracia deliberativa e redes de Os riscos na administração pública referem-se a eventos ou
políticas públicas. As redes de políticas públicas (policy networks) circunstâncias que podem afetar negativamente a capacidade do
podem ser consideradas uma abordagem de pesquisa, uma filoso- governo de cumprir seus objetivos e entregar serviços públicos de
fia de mediação de interesses ou uma forma específica de interação qualidade. Esses riscos podem ser de natureza financeira, opera-
entre atores públicos e privados numa área de política pública. cional, estratégica, legal, reputacional ou política. Por exemplo, a
A democracia deliberativa foi experimentada em indústrias ja- instabilidade econômica, desastres naturais, fraudes, decisões ju-
ponesas no pós-guerra como um procedimento adequado a apro- diciais desfavoráveis e escândalos políticos são exemplos de riscos
veitar o conhecimento e os frames cognitivos dos empregados no que podem afetar a administração pública.
momento de decidir sobre produtos e processos produtivos. Essa
experiência organizacional também vem sendo usada na esfera go- Identificação e Avaliação de Riscos
vernamental com o intuito de melhorar a interação entre atores pú- A identificação e avaliação de riscos na administração pública
blicos e privados para a solução de problemas coletivos e a redução envolvem a análise minuciosa de todos os processos, atividades e
de elos na cadeia de accountability. operações governamentais. Isso inclui a revisão de políticas, regula-
Os mecanismos de democracia deliberativa já foram experi- mentos e procedimentos, bem como a análise de dados históricos e
mentados em diferentes lugares e áreas de políticas públicas. Exem- tendências. O objetivo é identificar possíveis ameaças e vulnerabili-
plos desses mecanismos são o fortalecimento da comunidade na dades que podem comprometer o desempenho do governo.
gestão do patrimônio público (community empowerment), os pla-
Uma vez identificados, os riscos devem ser avaliados quanto à
nejamentos e orçamentos participativos, os conselhos deliberativos
sua probabilidade de ocorrência e impacto potencial. A avaliação
nas diversas áreas de políticas públicas.
de riscos ajuda a priorizar quais riscos merecem maior atenção e
As redes de políticas públicas (policy networks) representam
recursos para mitigação.
outra forma específica de interação entre atores públicos e priva-
dos. A participação nas redes de políticas públicas é aberta a qual-
Medidas Mitigatórias
quer interessado e tal tipo de arena produz baixa externalidade
A implementação de medidas mitigatórias é uma etapa crucial
negativa ao ambiente externo. Um exemplo de rede desse gênero
seria o grupo de jovens que se organiza para resolver o problema no processo de gestão de riscos na administração pública. Essas
de cachorros abandonados nos grandes centros urbanos, ou ainda medidas visam reduzir a probabilidade de ocorrência de riscos ou
o grupo de empresários e organizações do terceiro setor que se or- minimizar seu impacto quando ocorrem. Existem várias estratégias
ganizam para encontrar soluções locais para combater a criminali- que podem ser adotadas, incluindo:
dade. • Políticas de Controle Interno: Estabelecimento de políticas
A relativa independência das redes de políticas públicas é sub- robustas de controle interno para prevenir fraudes, corrupção e má
linhada quando diz-se que as mesmas se auto-organizam. Trocando administração de recursos públicos.
em miúdos, auto-organização quer dizer que as redes são autô- • Seguro e Reservas Financeiras: Aquisição de seguros adequa-
nomas e autogovernáveis, redes se desvinculam da liderança go- dos e a criação de reservas financeiras para cobrir despesas impre-
vernamental, desenvolvem suas próprias políticas e moldam seus vistas, como desastres naturais ou crises econômicas.
ambientes. • Planos de Continuidade de Negócios: Desenvolvimento de
O ideal subjacente a essa forma de organização é a substituição planos de continuidade de negócios para garantir a prestação contí-
da agregação numérica de preferências (votos) pelo processo cíclico nua de serviços públicos em situações de emergência.
e dialético de fertilização cruzada das preferências no momento de • Treinamento e Capacitação: Investimento em treinamento
elaborar políticas públicas. A GP também denota a coordenação de e capacitação de servidores públicos para lidar com riscos específi-
atores estatais e não estatais nas operações de governo, e as parce- cos, como a implementação de medidas de segurança cibernética.
rias público-privadas (PPPs) são os exemplos mais básicos. • Transparência e Prestação de Contas: Fortalecimento da
Definem-se as PPPs como cooperação entre atores públicos transparência e prestação de contas, permitindo que a sociedade
e privados de caráter temporário no qual os atores desenvolvem acompanhe de perto as ações do governo e denuncie irregularida-
produtos mutuamente e/ou serviços e onde riscos, custos e benefí- des.
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ÉTICA E INTEGRIDADE
Monitoramento e Aperfeiçoamento Contínuo I - direcionar ações para a busca de resultados para a socieda-
A gestão de riscos na administração pública não é um proces- de, encontrando soluções tempestivas e inovadoras para lidar com
so estático, mas sim contínuo e iterativo. É essencial estabelecer a limitação de recursos e com as mudanças de prioridades;
sistemas de monitoramento para acompanhar a eficácia das me- II - promover a simplificação administrativa, a modernização da
didas mitigatórias e ajustá-las conforme necessário. Além disso, a gestão pública e a integração dos serviços públicos, especialmente
aprendizagem com experiências passadas e a incorporação de boas aqueles prestados por meio eletrônico;
práticas são elementos-chave para aprimorar a gestão de riscos ao III - monitorar o desempenho e avaliar a concepção, a imple-
longo do tempo. mentação e os resultados das políticas e das ações prioritárias para
A gestão de riscos e medidas mitigatórias desempenha um pa- assegurar que as diretrizes estratégicas sejam observadas;
pel vital na administração pública, permitindo que o governo atue IV - articular instituições e coordenar processos para melhorar
de forma mais eficiente, responsável e transparente. Ao identificar, a integração entre os diferentes níveis e esferas do setor público,
avaliar e implementar medidas adequadas, as organizações gover- com vistas a gerar, preservar e entregar valor público;
namentais podem proteger seus interesses e, o que é mais impor- V - fazer incorporar padrões elevados de conduta pela alta ad-
tante, garantir que os serviços públicos sejam entregues de maneira ministração para orientar o comportamento dos agentes públicos,
consistente e de alta qualidade à sociedade. Portanto, a incorpora- em consonância com as funções e as atribuições de seus órgãos e
ção de uma cultura de gestão de riscos na administração pública é de suas entidades;
essencial para o sucesso e a integridade do setor público. VI - implementar controles internos fundamentados na gestão
de risco, que privilegiará ações estratégicas de prevenção antes de
processos sancionadores;
DECRETO Nº 9.203, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2017 VII - avaliar as propostas de criação, expansão ou aperfeiçoa-
mento de políticas públicas e de concessão de incentivos fiscais e
Dispõe sobre a política de governança da administração públi- aferir, sempre que possível, seus custos e benefícios;
ca federal direta, autárquica e fundacional. VIII - manter processo decisório orientado pelas evidências,
pela conformidade legal, pela qualidade regulatória, pela desburo-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe cratização e pelo apoio à participação da sociedade;
confere o art. 84, caput , inciso VI, alínea “a”, da Constituição, IX - editar e revisar atos normativos, pautando-se pelas boas
DECRETA : práticas regulatórias e pela legitimidade, estabilidade e coerência
do ordenamento jurídico e realizando consultas públicas sempre
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a política de governança da que conveniente;
administração pública federal direta, autárquica e fundacional. X - definir formalmente as funções, as competências e as res-
Art. 2º Para os efeitos do disposto neste Decreto, considera-se: ponsabilidades das estruturas e dos arranjos institucionais; e
I - governança pública - conjunto de mecanismos de lideran- XI - promover a comunicação aberta, voluntária e transparente
ça, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e das atividades e dos resultados da organização, de maneira a forta-
monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à lecer o acesso público à informação.
prestação de serviços de interesse da sociedade; Art. 5º São mecanismos para o exercício da governança pública:
II - valor público - produtos e resultados gerados, preservados I - liderança, que compreende conjunto de práticas de natureza
ou entregues pelas atividades de uma organização que represen- humana ou comportamental exercida nos principais cargos das or-
tem respostas efetivas e úteis às necessidades ou às demandas de ganizações, para assegurar a existência das condições mínimas para
interesse público e modifiquem aspectos do conjunto da sociedade o exercício da boa governança, quais sejam:
ou de alguns grupos específicos reconhecidos como destinatários a) integridade;
legítimos de bens e serviços públicos; b) competência;
III - alta administração - Ministros de Estado, ocupantes de car- c) responsabilidade; e
gos de natureza especial, ocupantes de cargo de nível 6 do Grupo- d) motivação;
-Direção e Assessoramento Superiores - DAS e presidentes e direto- II - estratégia, que compreende a definição de diretrizes, obje-
res de autarquias, inclusive as especiais, e de fundações públicas ou tivos, planos e ações, além de critérios de priorização e alinhamen-
autoridades de hierarquia equivalente; e to entre organizações e partes interessadas, para que os serviços e
IV - gestão de riscos - processo de natureza permanente, es- produtos de responsabilidade da organização alcancem o resultado
tabelecido, direcionado e monitorado pela alta administração, que pretendido; e
contempla as atividades de identificar, avaliar e gerenciar potenciais III - controle, que compreende processos estruturados para mi-
eventos que possam afetar a organização, destinado a fornecer se- tigar os possíveis riscos com vistas ao alcance dos objetivos institu-
gurança razoável quanto à realização de seus objetivos. cionais e para garantir a execução ordenada, ética, econômica, efi-
Art. 3º São princípios da governança pública: ciente e eficaz das atividades da organização, com preservação da
I - capacidade de resposta; legalidade e da economicidade no dispêndio de recursos públicos.
II - integridade; Art. 6º Caberá à alta administração dos órgãos e das entidades,
III - confiabilidade; observados as normas e os procedimentos específicos aplicáveis,
IV - melhoria regulatória; implementar e manter mecanismos, instâncias e práticas de gover-
V - prestação de contas e responsabilidade; e nança em consonância com os princípios e as diretrizes estabeleci-
VI - transparência. dos neste Decreto.
Art. 4º São diretrizes da governança pública: Parágrafo único. Os mecanismos, as instâncias e as práticas de
governança de que trata o caput incluirão, no mínimo:
67
ÉTICA E INTEGRIDADE
I - formas de acompanhamento de resultados; II - aprovar manuais e guias com medidas, mecanismos e prá-
II - soluções para melhoria do desempenho das organizações; e ticas organizacionais que contribuam para a implementação dos
III - instrumentos de promoção do processo decisório funda- princípios e das diretrizes de governança pública estabelecidos nes-
mentado em evidências. te Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
Art. 7º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - aprovar recomendações aos colegiados temáticos para ga-
Art. 7º-A. O Comitê Interministerial de Governança - CIG tem rantir a coerência e a coordenação dos programas e das políticas de
por finalidade assessorar o Presidente da República na condução da governança específicos; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
política de governança da administração pública federal. (Incluído IV - incentivar e monitorar a aplicação das melhores práticas de
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) governança no âmbito da administração pública federal direta, au-
Art. 8º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional; e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) V - editar as resoluções necessárias ao exercício de suas com-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) petências. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) §1º Os manuais e os guias a que se refere o inciso II do caput
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) deverão: (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) I - conter recomendações que possam ser implementadas nos
§2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) órgãos e nas entidades da administração pública federal direta, au-
§3º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional definidos na resolução que os aprovar; (In-
Art. 8º-A. O CIG é composto pelos seguintes membros titulares: cluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) II - ser observados pelos comitês internos de governança, a que
I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da se refere o art. 15-A. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
República, que o coordenará; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de §2º O colegiado temático, para fins do disposto neste Decreto,
2019) é a comissão, o comitê, o grupo de trabalho ou outra forma de co-
II - Ministro de Estado da Economia; e (Incluído pelo Decreto legiado interministerial instituído com o objetivo de implementar,
nº 9.901, de 2019) promover ou executar políticas ou programas de governança rela-
III - Ministro de Estado da Controlaria-Geral da União. (Incluído tivos a temas específicos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º Os membros do CIG poderão ser substituídos, em suas au- §1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
sências e seus impedimentos, pelos respectivos Secretários-Execu- §2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
tivos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10-A. O CIG poderá instituir grupos de trabalho específicos
§2º As reuniões do CIG serão convocadas pelo seu Coordena- com o objetivo de assessorá-lo no cumprimento das suas compe-
dor. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tências. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§3º Representantes de outros órgãos e entidades da adminis- §1º Representantes de órgãos e entidades públicas e privadas
tração pública federal poderão ser convidados a participar de reu- poderão ser convidados a participar dos grupos de trabalho consti-
niões do CIG, sem direito a voto. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, tuídos pelo CIG. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
de 2019) §2º O CIG definirá no ato de instituição do grupo de trabalho
Art. 8º-B. O CIG se reunirá, em caráter ordinário, trimestral- os seus objetivos específicos, a sua composição e o prazo para con-
mente e, em caráter extraordinário, sempre que necessário. (Inclu- clusão de seus trabalhos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10-B. Os grupos de trabalho: (Incluído pelo Decreto nº
§1º O quórum de reunião do CIG é de maioria simples dos 9.901, de 2019)
membros e o quórum de aprovação é de maioria absoluta. (Incluído I - serão compostos na forma de ato do CIG; (Incluído pelo De-
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) creto nº 9.901, de 2019)
§2º Além do voto ordinário, o Coordenador do CIG terá o voto II - não poderão ter mais de cinco membros; (Incluído pelo De-
de qualidade em caso de empate. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, creto nº 9.901, de 2019)
de 2019) III - terão caráter temporário e duração não superior a um ano;
Art. 9º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - estarão limitados a três operando simultaneamente. (Inclu-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III- (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 11. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
V - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) V - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
Art. 9º-A. Ao CIG compete: (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de Art. 11-A. A Secretaria-Executiva do CIG será exercida pela Se-
2019) cretaria Especial de Relações Governamentais da Casa Civil da Pre-
I - propor medidas, mecanismos e práticas organizacionais para sidência da República. (Redação dada pelo Decreto nº 10.907, de
o atendimento aos princípios e às diretrizes de governança pública 2021) (vigência)
estabelecidos neste Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de Parágrafo único. Compete à Secretaria-Executiva do CIG: (Inclu-
2019) ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
68
ÉTICA E INTEGRIDADE
I - receber, instruir e encaminhar aos membros do CIG as pro- competência. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
postas recebidas na forma estabelecida no caput do art. 10-A e no Art. 16. Os comitês internos de governança publicarão suas
inciso II do caput do art. 13-A; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de atas e suas resoluções em sítio eletrônico, ressalvado o conteúdo
2019) sujeito a sigilo.
II - encaminhar a pauta, a documentação, os materiais de dis- Art. 17. A alta administração das organizações da administra-
cussão e os registros das reuniões aos membros do CIG; (Incluído ção pública federal direta, autárquica e fundacional deverá estabe-
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) lecer, manter, monitorar e aprimorar sistema de gestão de riscos e
III - comunicar aos membros do CIG a data e a hora das reuni- controles internos com vistas à identificação, à avaliação, ao trata-
ões ordinárias ou a convocação para as reuniões extraordinárias; mento, ao monitoramento e à análise crítica de riscos que possam
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) impactar a implementação da estratégia e a consecução dos obje-
IV - comunicar aos membros do CIG a forma de realização da tivos da organização no cumprimento da sua missão institucional,
reunião, que poderá ser por meio eletrônico ou presencial, e o lo- observados os seguintes princípios:
cal, quando se tratar de reuniões presenciais; e (Incluído pelo De- I - implementação e aplicação de forma sistemática, estrutu-
creto nº 9.901, de 2019) rada, oportuna e documentada, subordinada ao interesse público;
V - disponibilizar as atas e as resoluções do CIG em sítio eletrô- II - integração da gestão de riscos ao processo de planejamento
nico ou, quando o seu conteúdo for classificado como confidencial, estratégico e aos seus desdobramentos, às atividades, aos proces-
encaminhá-las aos membros. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de sos de trabalho e aos projetos em todos os níveis da organização,
2019) relevantes para a execução da estratégia e o alcance dos objetivos
Art. 12. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) institucionais;
Art. 12-A. A participação no CIG ou nos grupos de trabalho por III - estabelecimento de controles internos proporcionais aos
ele constituídos será considerada prestação de serviço público rele- riscos, de maneira a considerar suas causas, fontes, consequências
vante, não remunerada. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) e impactos, observada a relação custo-benefício; e
Art. 13. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - utilização dos resultados da gestão de riscos para apoio à
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) melhoria contínua do desempenho e dos processos de gerencia-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) mento de risco, controle e governança.
Art. 13-A. Compete aos órgãos e às entidades integrantes da Art. 18 A auditoria interna governamental deverá adicionar
administração pública federal direta, autárquica e fundacional: (In- valor e melhorar as operações das organizações para o alcance de
cluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) seus objetivos, mediante a abordagem sistemática e disciplinada
I - executar a política de governança pública, de maneira a in- para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento
corporar os princípios e as diretrizes definidos neste Decreto e as de riscos, dos controles e da governança, por meio da:
recomendações oriundas de manuais, guias e resoluções do CIG; e I - realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) independente, segundo os padrões de auditoria e ética profissional
II - encaminhar ao CIG propostas relacionadas às competências reconhecidos internacionalmente;
previstas no art. 9º-A, com a justificativa da proposição e da minuta II - adoção de abordagem baseada em risco para o planejamen-
da resolução pertinente, se for o caso. (Incluído pelo Decreto nº to de suas atividades e para a definição do escopo, da natureza, da
9.901, de 2019) época e da extensão dos procedimentos de auditoria; e
Art. 14. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - promoção à prevenção, à detecção e à investigação de frau-
Art. 15. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) des praticadas por agentes públicos ou privados na utilização de
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) recursos públicos federais.
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 19. Os órgãos e as entidades da administração direta, au-
III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional instituirão programa de integridade, com o
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais
Art. 15-A. São competências dos comitês internos de governan- destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de
ça, instituídos pelos órgãos e entidades da administração pública fraudes e atos de corrupção, estruturado nos seguintes eixos:
federal direta, autárquica e fundacional: (Incluído pelo Decreto nº I - comprometimento e apoio da alta administração;
9.901, de 2019) II - existência de unidade responsável pela implementação no
I - auxiliar a alta administração na implementação e na manu- órgão ou na entidade;
tenção de processos, estruturas e mecanismos adequados à incor- III - análise, avaliação e gestão dos riscos associados ao tema
poração dos princípios e das diretrizes da governança previstos nes- da integridade; e
te Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - monitoramento contínuo dos atributos do programa de in-
II - incentivar e promover iniciativas que busquem implementar tegridade.
o acompanhamento de resultados no órgão ou na entidade, que Art. 20. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
promovam soluções para melhoria do desempenho institucional ou Art. 20-A. Revogado pelo Decreto nº 10.756, de 2021 Vigência
que adotem instrumentos para o aprimoramento do processo deci- Art. 21. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
sório; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - promover e acompanhar a implementação das medidas, Brasília, 22 de novembro de 2017; 196º da Independência e
dos mecanismos e das práticas organizacionais de governança defi- 129º da República.
nidos pelo CIG em seus manuais e em suas resoluções; e (Incluído
pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
IV - elaborar manifestação técnica relativa aos temas de sua
69
ÉTICA E INTEGRIDADE
70
ÉTICA E INTEGRIDADE
§1º Na administração pública federal direta, as unidades seto- Art. 8º Compete às unidades setoriais do Sitai: (Vigência)
riais do Sitai para a gestão da integridade, da transparência e do I - assessorar a autoridade máxima do órgão ou da entidade
acesso à informação são as assessorias especiais de controle inter- nos assuntos relacionados com a integridade, a transparência e o
no. acesso à informação e com os programas e as ações para efetivá-
§2º Na administração pública federal autárquica e fundacional, -los;
as unidades setoriais do Sitai são aquelas responsáveis pela gestão II - articular-se com as demais unidades do órgão ou da entida-
da integridade, da transparência e do acesso à informação. de que desempenhem funções de integridade, com vistas à obten-
§3º O dirigente máximo das entidades de que trata o §2º desig- ção de informações necessárias à estruturação e ao monitoramento
nará uma ou mais unidades responsáveis pela gestão da integrida- do programa de integridade;
de, da transparência e do acesso à informação. III - coordenar a estruturação, a execução e o monitoramento
§4º O responsável pela unidade setorial de que trata o §1º será de seus programas de integridade;
designado para o exercício das atribuições previstas no art. 40 da IV - promover, em coordenação com as áreas responsáveis pe-
Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. las funções de integridade, a orientação e o treinamento, no âmbito
§5º Na hipótese de alteração de unidade setorial responsável, do órgão ou da entidade, em assuntos relativos ao programa de
as entidades da administração pública federal deverão informá-la integridade;
ao órgão central do Sitai. V - elaborar e revisar, periodicamente, o plano de integridade;
Art. 6º As atividades das unidades setoriais do Sitai ficarão VI - coordenar a gestão dos riscos para a integridade;
sujeitas à orientação normativa e à supervisão técnica do órgão VII - monitorar e avaliar, no âmbito do órgão ou da entidade, a
central, sem prejuízo da subordinação administrativa ao órgão ou implementação das medidas estabelecidas no plano de integridade;
à entidade da administração pública federal a que pertençam. (Vi- VIII - propor ações e medidas, no âmbito do órgão ou da entida-
gência) de, a partir das informações e dos dados relacionados com a gestão
Art. 7º Compete ao órgão central do Sitai: (Vigência) do programa de integridade;
I - estabelecer as normas e os procedimentos para o exercício IX - avaliar as ações e as medidas relativas ao programa de inte-
das competências das unidades integrantes do Sitai e as atribuições gridade sugeridas pelas demais unidades do órgão ou da entidade;
dos dirigentes para a gestão dos programas de integridade; X - reportar à autoridade máxima do órgão ou da entidade
II - orientar as atividades relativas à gestão dos riscos para a
informações sobre o desempenho do programa de integridade e
integridade;
informar quaisquer fatos que possam comprometer a integridade
III - exercer a supervisão técnica das atividades relacionadas
institucional;
aos programas de integridade geridos pelas unidades setoriais, sem
XI - participar de atividades que exijam a execução de ações
prejuízo da subordinação administrativa dessas unidades ao órgão
conjuntas das unidades integrantes do Sitai;
ou à entidade da administração pública federal a que pertençam;
XII - reportar ao órgão central as situações que comprometam
IV - coordenar as atividades que exijam ações conjuntas de uni-
o programa de integridade e adotar as medidas necessárias para
dades integrantes do Sitai;
V - monitorar e avaliar a atuação das unidades setoriais; sua remediação;
VI - realizar ações de comunicação e capacitação relacionadas XIII - supervisionar a execução das ações relativas à Política de
às temáticas de integridade, transparência e acesso à informação; Transparência e Acesso à Informação da Administração Pública Fe-
VII - dar ciência aos órgãos ou às entidades de fatos ou situa- deral;
ções que possam comprometer o seu programa de integridade e XIV - monitorar o cumprimento das normas de transparência e
recomendar a adoção das medidas de remediação necessárias; acesso à informação no âmbito dos órgãos e das entidades;
VIII - planejar, coordenar, executar e monitorar a Política de XV - manter atualizadas as informações sobre os serviços de
Transparência e Acesso à Informação da Administração Pública Fe- informação ao cidadão; e
deral; XVI - manter atualizados o inventário de base de dados e a ca-
IX - estabelecer normas complementares necessárias ao fun- talogação dos dados abertos no Portal Brasileiro de Dados Abertos.
cionamento do Sitai; Art. 9º O Sitai atuará de forma complementar e integrada aos
X - desenvolver e disponibilizar procedimentos, padrões, meto- demais sistemas estruturadores, principalmente aqueles que coor-
dologias e sistemas informatizados que permitam a disseminação, denem as atividades de instâncias que lhe prestem apoio, de forma
a obtenção, a utilização e a compreensão de informações públicas; a evitar a sobreposição de esforços, racionalizar os custos e melho-
XI - monitorar o atendimento às solicitações de acesso à infor- rar o desempenho e a qualidade dos resultados. (Vigência)
mação e o cumprimento das obrigações de transparência ativa e de
abertura de dados; CAPÍTULO III
XII - estimular e apoiar a adoção de medidas de integridade, DA POLÍTICA DE TRANSPARÊNCIA E ACESSO À INFORMAÇÃO
transparência e acesso à informação para o fortalecimento das po- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
líticas públicas;
XIII - definir critérios e indicadores para a avaliação e o monito- Art. 10. A Política de Transparência e Acesso à Informação da
ramento da implementação da Política de Transparência e Acesso à Administração Pública Federal compreende a:
Informação da Administração Pública Federal; I - transparência passiva, para garantir a prestação de informa-
XIV - promover o uso dos dados e das informações públicas pela ções em atendimento a pedidos apresentados à administração pú-
sociedade para a melhoria da gestão, das políticas e dos serviços; e blica federal com fundamento na Lei nº 12.527, de 2011;
XV - identificar bases de dados e de informações de interesse II - transparência ativa, para garantir a divulgação de informa-
público e, conforme o caso, sugerir às unidades setoriais a abertura ções nos sítios eletrônicos oficiais; e
em transparência ativa.
71
ÉTICA E INTEGRIDADE
III - abertura de bases de dados produzidos, custodiados ou Art. 14. Os dados e as informações divulgados no Portal da
acumulados pela administração pública federal, para promover Transparência do Poder Executivo Federal compreenderão aqueles
pesquisas, estudos, inovações, geração de negócios e participação relativos à gestão de recursos do Governo federal, incluídos, no mí-
da sociedade no acompanhamento e na melhoria de políticas e ser- nimo:
viços públicos. I - o orçamento anual de despesas e de receitas públicas do
Art. 11. São princípios e objetivos da Política de Transparência e Poder Executivo federal;
Acesso à Informação da Administração Pública Federal: II - a execução das despesas e das receitas públicas, nos termos
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo do disposto na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;
como exceção; III - os repasses de recursos federais aos Estados, aos Municí-
II - amplo acesso da sociedade às informações e aos dados pro- pios e ao Distrito Federal;
duzidos, custodiados ou acumulados pela administração pública IV - os convênios e as operações de descentralização de recur-
federal e livre utilização desses dados e dessas informações, inde- sos orçamentários em favor de pessoas naturais ou de organizações
pendentemente de autorização prévia ou de justificativa; não governamentais de qualquer natureza;
III - primariedade, integralidade, autenticidade e atualidade V - as licitações e as contratações realizadas pelo Poder Execu-
das informações disponibilizadas; tivo federal;
IV - tempestividade no provimento de informações; VI - as notas fiscais eletrônicas relativas às compras públicas
V - utilização de linguagem acessível e de fácil compreensão; disponíveis no Ambiente Nacional da Nota Fiscal Eletrônica, nos ter-
VI - ênfase na transparência ativa como forma de atender ao di- mos do disposto no art. 6º do Decreto nº 10.209, de 22 de janeiro
reito das pessoas físicas e jurídicas de terem acesso às informações de 2020;
e aos dados produzidos, custodiados ou acumulados pela adminis- VII - as informações sobre os servidores públicos federais e so-
tração pública federal; bre os militares, incluídos nome, detalhamento dos vínculos e re-
VII - observância das diretrizes: muneração;
a) previstas na Política de Dados Abertos do Poder Executivo VIII - as informações individualizadas relativas aos servidores
Federal, instituída pelo Decreto nº 8.777, de 11 de maio de 2016; inativos, aos pensionistas e aos reservistas vinculados ao Poder Exe-
b) previstas na Política Nacional de Governo Aberto, nos ter- cutivo federal, incluídos nome, detalhamento dos vínculos e remu-
mos do disposto no Decreto nº 10.160, de 9 de dezembro de 2019; neração;
e IX - as viagens a serviço custeadas pela administração pública
c) de Governo Digital e de eficiência pública, nos termos do dis- federal;
posto na Lei nº 14.129, de 29 de março de 2021; X - a relação de empresas e de profissionais que sofreram san-
VIII - foco no cidadão para definição de prioridades de transpa- ções que tenham como efeito a restrição ao direito de participar em
rência ativa e abertura de dados e informações; licitações ou de celebrar contratos com a Administração;
IX - participação da sociedade na formulação, na execução e no XI - a relação das entidades privadas sem fins lucrativos impe-
monitoramento das políticas públicas e no controle da aplicação de didas de celebrar novos convênios, contratos de repasse, termos
seus recursos; de fomento, termos de colaboração ou termos de parceria com a
X - utilização de tecnologias de informação e de comunicação administração pública federal; e
para disseminação e incentivo ao uso de dados e informações; XII - a relação dos servidores da administração pública federal
XI - compartilhamento de informações com vistas ao estímulo punidos com demissão, destituição ou cassação de aposentadoria.
à pesquisa, à inovação, à produção científica, à geração de negócios §1º A Controladoria-Geral da União poderá incluir outras infor-
e ao desenvolvimento econômico e social do País; mações de interesse coletivo e geral a serem divulgadas no Portal
XII - melhoria da gestão das informações disponibilizadas pela da Transparência do Poder Executivo Federal.
administração pública federal para a provisão mais eficaz e eficien- §2º Cabe às unidades setoriais do Sitai fornecer os dados e as
te de serviços públicos e para a prestação de contas adequada à informações necessários ao cumprimento do disposto neste artigo.
sociedade; §3º Os órgãos e as entidades fornecerão acesso gratuito aos
XIII - combate à corrupção por meio da inibição da prática de dados necessários para a manutenção e a atualização do Portal da
atos ilícitos na administração pública federal e de desvios de condu- Transparência do Poder Executivo Federal, nos prazos e nas formas
ta de agentes públicos; e acordadas com a Controladoria-Geral da União.
XIV - respeito à proteção dos dados pessoais. §4º Os órgãos e as entidades poderão solicitar à Controladoria-
Art. 12. A transparência ativa será realizada por meio da divul- -Geral da União, mediante indicação do fundamento legal, a restri-
gação de dados e informações nos sítios eletrônicos oficiais dos ór- ção de publicação, no Portal da Transparência do Poder Executivo
gãos e das entidades da administração pública federal. Federal, de informações sigilosas por eles produzidas ou custodia-
Parágrafo único. A ações de transparência ativa de que trata o das.
caput se darão: §5º A solicitação de que trata o §4º permanecerá à disposição
I - em cumprimento às normas vigentes; do público em seção específica do Portal da Transparência do Poder
II - por demanda ou interesse coletivo ou geral da sociedade; e Executivo Federal e conterá, no mínimo:
III - por iniciativa dos órgãos e das entidades. I - as características gerais da informação de cuja publicação foi
Art. 13. A Controladoria-Geral da União manterá o Portal da solicitada a restrição; e
Transparência do Poder Executivo Federal para divulgar dados e in- II - os fundamentos legais da restrição de publicação.
formações sobre a gestão de recursos públicos e sobre servidores §6º As unidades setoriais do Sitai que não tiverem as informa-
públicos. ções publicadas no Portal da Transparência do Poder Executivo Fe-
deral por não utilizarem sistemas estruturantes do Governo federal
72
ÉTICA E INTEGRIDADE
publicarão as informações em seus sítios eletrônicos oficiais ou pro- • accountability, que corresponde principalmente à pres-
verão os dados na forma e nos prazos estabelecidos pela Controla- tação de contas da administração para a sociedade, mas não fica
doria-Geral da União. limitada a isto.
§7º Constará no Portal da Transparência do Poder Executivo Fe-
deral a lista dos órgãos e das entidades que publicam informações Governabilidade
no sítio eletrônico e das informações publicadas. A governabilidade da administração pública tem forte relação
Art. 15. A Controladoria-Geral da União é responsável pela ges- com a afinidade de legitimidade do gestor público em relação à so-
tão do Portal Brasileiro de Dados Abertos. ciedade. Sem legitimidade não há como se falar em governabilida-
Parágrafo único. O Portal de que trata o caput tem a finalida- de. Diz respeito a uma capacidade política do Estado, refletindo na
de de prover o catálogo de referência para a busca e o acesso aos credibilidade e imagem pública da burocracia.
dados públicos e a seus metadados, informações, aplicativos e ser- Conforme Paludo (2013, p. 128), governabilidade significa tam-
viços relacionados. bém que “o governo deve tomar decisões amparadas num processo
Art. 16. A transparência passiva será realizada por sistema ele- que inclua a participação dos diversos setores da sociedade, dos
trônico específico para registro e atendimento de pedidos de aces- poderes constituídos, das instituições públicas e privadas e segmen-
so à informação direcionados aos órgãos e às entidades da adminis- tos representativos da sociedade, para garantir que as escolhas efe-
tração pública federal. tivamente atendam aos anseios da sociedade, e contem com seu
Parágrafo único. Compete à Controladoria-Geral da União a apoio na implementação dos programas/projetos e na fiscalização
gestão do sistema eletrônico específico de que trata o caput. dos serviços públicos”.
Art. 17. Os pedidos de acesso à informação registrados no sis-
tema eletrônico específico de que trata o art. 16 e suas respostas A fonte ou origem da governabilidade é representada pelos
serão disponibilizados para consulta aberta na internet, resguarda- cidadãos e pela cidadania organizada, os partidos políticos, as as-
dos os dados pessoais e as informações protegidas por outras hipó- sociações e demais agrupamentos representativos da sociedade
teses legais de sigilo. (PALUDO, 2013).
§1º A publicação de que trata o caput não incluirá dados do
solicitante de acesso à informação. Sendo assim, o desafio maior da governabilidade está em con-
§2º Os órgãos e as entidades responsáveis pelo tratamento dos ciliar as divergências constantes nos interesses dos diversos atores
pedidos de informação indicarão a existência de dados pessoais ou da sociedade, e uní-las em um ou vários objetivos comuns. Por-
de informações protegidas por outras hipóteses legais de sigilo que tanto, a viabilização dos objetivos políticos do Estado está muito
impeçam a sua disponibilização em transparência ativa. relacionada com a capacidade de articulação em alianças políticas
Art. 18. Os órgãos e as entidades da administração pública fede- e pactos sociais.
ral que receberem atribuições por força de transferência de compe-
tência de outros órgãos ou de outras entidades ficam responsáveis
Governança
pelo atendimento às solicitações de acesso à informação em anda-
A governança possui um caráter mais amplo que a governabi-
mento e pelo provimento das informações em transparência ativa.
lidade e refere-se a uma capacidade administrativa de executar as
políticas públicas.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Pereira (1997) explica que um governo pode ter governabilida-
Art. 19. Ficam revogados: de, na medida em que seus dirigentes contem com os necessários
I - o Decreto nº 5.482, de 30 de junho de 2005; e apoios políticos para governar, e no entanto pode governar mal por
II - o Decreto nº 10.756, de 27 de julho de 2021. (Vigência) lhe faltar a capacidade da governança.
Art. 20. Este Decreto entra em vigor: A governança no contexto da administração pública é um refle-
I - em 17 de julho de 2023, quanto aos art. 2º a art. 9º e quanto xo da governança corporativa da administração privada.
ao inciso II do caput do art. 19; e
II - na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos. As boas práticas de governança corporativa surgiram como
uma busca para solucionar conflitos entre acionistas e gestores a
Brasília, 16 de maio de 2023; 202º da Independência e 135º da respeito do desempenho do patrimônio, da sustentabilidade finan-
República. ceira e da transparência na gestão. A governança é também reflexo
das relações da organização com seus stakeholders (partes interes-
sadas).
De acordo com Paludo (2013), a governança é instrumental,
TRANSPARÊNCIA E QUALIDADE NA GESTÃO PÚBLICA,
pois é o braço da governabilidade. Além disso, relaciona-se com
CIDADANIA E EQUIDADE SOCIAL
competência técnica, abrangendo as capacidades gerencial, finan-
ceira e técnica propriamente dita.
Com o passar dos anos, a administração pública tem incorpo-
rado - e aplicado - alguns conceitos oriundos da administração pri- A fonte de origem da governança é, em sentido lato, os agentes
vada, como: públicos, e em sentido estrito os servidores públicos.
• governabilidade, a qual diz respeito a uma capacidade po-
lítica do Estado; Accountability
• governança, que refere-se à capacidade da administração Por sua vez, a accountability trata da prestação de contas, mas
de executar as políticas públicas; e não apenas isso. A accountability possui três planos:
73
ÉTICA E INTEGRIDADE
1. Prestação de contas: irá refletir na transparência do go- Afinal de contas, como as empresas dependem das pessoas
verno com a população. Exemplo: o Relatório de Gestão Fiscal, ins- para conduzir seus processos, é importante que haja um monito-
tituído pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); ramento para minimizar impactos em caso de deslizes. A regulação
2. Responsabilização dos agentes: os agentes devem res- da relação entre administradores e donos é feita de três formas:
ponsabilizar-se pela correta utilização dos recursos. Exemplo: a através de regras, auditorias e restrições de autonomia.
Lei de Improbidade Administrativa (LIA), que instituiu mecanismos
para punir maus gestores; 1. Regras
3. Responsividade dos agentes: diz respeito à capacidade de Estabelecer regras significa estipular normas para estruturar a
resposta do poder público às demandas sociais. Um governo res- organização e limitar o comportamento indesejável dos administra-
ponsivo buscará satisfazer as necessidades da população e colocar dores, conduzindo as suas decisões.
em prática as políticas escolhidas pelos cidadãos.
2. Auditorias
Podemos ainda classificar a accountability em dois tipos: Fazer auditorias é fundamental para checar se as regras estabe-
1. Horizontal: não há hierarquia, pois corresponde a uma lecidas previamente estão sendo cumpridas ou não, além de moni-
mútua fiscalização e controle existente entre os poderes. Exemplos: torar as ações dos administradores.
prefeitura recebe recursos do governo e a CGU faz uma auditoria;
atuação dos Tribunais de Contas, do Ministério Público; 3. Restrições de autonomia
2. Vertical: trata do controle da população sobre o gover- Impor restrições de autonomia se trata de limitar a atuação dos
no. É uma relação entre desiguais, pois o povo pode fiscalizar e administradores e determinar ações que eles estão autorizados a
punir as más gestões, principalmente através do voto em eleições fazer.
livres e justas. “É algo que depende de mecanismos institucionais,
sobretudo da existência de eleições competitivas periódicas, e que Vale lembrar que, dependendo da intensidade de como esse
é exercido pelo povo” (Miguel, 2005). controle é feito, pode-se obter diferentes efeitos, como veremos no
próximo tópico.
Conclusões
A governabilidade, a governança e a accountability constituem Impactos da governança corporativa nas empresas
diferentes conceitos, mas que trabalhados conjuntamente corres- Você já parou para pensar o que acontece quando os donos do
pondem a fatores essenciais para a boa gestão de um Estado. negócio impõem muitas regras e restrições? Ou pior, quando não
estabelecem regras e restrições suficientes?
Para finalizar, cabe ressaltar que a governabilidade está forte- Em uma governança muito forte, o administrador não conse-
mente relacionada com a legitimidade; a governança é mais ampla gue fazer seu trabalho, pois não possui autonomia para isso. Ele
que a governabilidade, e está relacionada com a capacidade de exe- está sempre “amarrado” à decisão de outras pessoas. Podemos ob-
cução e com competência técnica; já a accountability está relacio- servar esse tipo de governança na área pública e em grandes em-
nada com o uso do poder e dos recursos públicos, em que o titular presas.
da coisa pública é o cidadão e não os políticos eleitos. Já em uma governança muito fraca, as chances do adminis-
Sendo assim: trador usar de má-fé para buscar apenas seus próprios interesses
Podemos dizer que a governança mostra a direção que uma aumentam significativamente. Ou, pode ser que ele não atue com
empresa deve seguir para alcançar os resultados esperados. a competência necessária. Esse tipo de governança pode ser obser-
A governança corporativa tem suas bases fundamentadas na vado em startups e em pequenas empresas.
Teoria da Agência, que trata das questões associadas à relação en- Encontrar um ponto de equilíbrio é o grande dilema da gover-
tre principais e agentes. nança corporativa ideal! Por isso, é preciso cuidar para que os ins-
Você deve estar se perguntando: “Tá, mas quem são essas pes- trumentos de controle não sejam mais caros que eventuais prejuí-
soas?” zos dos administradores.
Atribui-se a posição de principais aos donos da empresa. Já os O conceito de governança também pode ser aplicado em ou-
agentes são as pessoas contratadas pelos donos para administrar o tros campos de negócio, para além da esfera organizacional.
negócio e representar seus interesses. Contudo, nem sempre é isso
o que acontece. Eficiência: refere-se ao bom uso dos recursos disponíveis. É a
Os administradores também possuem suas próprias demandas relação entre os insumos utilizados e os produtos/serviços gerados.
e podem acabar cometendo deslizes, por diversos motivos. Mas,
você sabia que dá para evitar e contornar esses deslizes? Eficácia: está relacionada ao alcance dos objetivos. É a relação
entre os resultados ovitidos e os resultados esperados.
Para que serve a governança corporativa?
A governança corporativa assegura que os interesses dos admi- Efetividade: diz respeito ao impacto positivo gerado na socie-
nistradores estejam alinhados aos interesses dos donos do negócio. dade.
Ela garante que os processos e as estratégias estão sendo correta-
mente seguidos, além de promover uma cultura de prestação de Accountability é a responsabilização dos agentes públicos pe-
contas na empresa. los atos praticados e sua obrigação ética de prestar contas. Em ou-
tras palavras, é o conjunto de mecanismos e procedimentos que
induzem os dirigentes governamentaisa prestar contas dos resul-
tados de suas ações à sociedade, garantindo, dessa forma, maior
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ÉTICA E INTEGRIDADE
nível de transparência, participação da sociedade e exposição das Enfoque no produto Descrição de todos os
políticas públicas. Quanto maior for a possibilidade de os cidadãos serviços administrativos
discernirem se o agente público está agindo em prol da coletividade como “produtos”:
e de sancioná- lo, mais accountable é um governo. recursos, custos, clareza no
prazo de entrega
Horizontal: exercido por instituições do Estado devidamente
encarregadas da prevenção, reparação e punição de ações ilegais
cometidas por agentes públicos. É feita pelos mecanismos institu- Características Gestão pública Gestão pública
cionalizados, abrangendo os Poderes e também agências governa- burocrática gerencial
mentais que tenham como finalidade a fiscalização do poder públi- Modelo de gestão Rígido e ineficiente Flexível e eficiente
co e de outros órgãos estatais, como por exemplo os Tribunais de
Contas. Ideologia Formalismo e rigor Maior confiança
técnico e flexibilidade de
Vertical: são as atividades de fiscalização feitas pela sociedade gestão
procurando estabelecer formas de controle sobre o poder público. Atributos Rigidez nos Maior autonomia e
Para grande parte dos autores, ela é exercida “de baixo para cima”, procedimentos, responsabilidade
por pessoas e entidades da sociedade civil, geralmente sob a forma excesso de normas
de voto ou de mobilizações. Certo autor separou a vertical em duas: e regulamentos
- Eleitoral - os eleitores avaliam governos e fazem suas esco-
Foco Poder do Estado Cidadão / sociedade
lhas;
- Societal - especificamente para o controle exercido por agen- Ênfase Processos / Resultados
tes ou entidades de representatividade social (conselhos, associa- procedimentos
ções etc.), ou seja, grupos se mobilizam para impor suas deman- Indicadores Produção Efetividade, eficácia
das em relação à prevenção, reparação ou punição de ilegalidades. e eficiência
Outro autor aventou a possibilidade de uma accountability vertical
“de cima para baixo”, quando há direito de sanção a partir de uma Decisão Centralizada Descentralizada
relação de hierarquia, ou seja, entre chefia e subordinados. Servidor Público Estabilidade Valorização do
servidor, investindo
Estado racionalizado Redução das tarefas do em capacitação
estado Controle “A priori” nos “A posteriori” nos
Separação dos níveis de decisão Separação dos níveis processos resultados
estratégicos e operacional: Sociedade / Racionalidade Campo de conflitos,
a política decide O QUE e a ambiente aboslutada para cooperação e
Administração COMO ser impessoal incertezas
Gestão racionalizada Aplicação de gestão por Papel do Estado Executor Regulador, provedor
objetivos, hierarquia ou promotor
planejada, gestão por
projetos, remuneração de NOVA GESTÃO PÚBLICA
acordo com o desempenho
e métodos modernos de *Antecendentes:
liderança - Estados grandes, caros e ineficientes (burocráticos);
Nova atitude nos serviços Orientação de acordo com - Crises Mundiais;
o cliente: satisfação como - Necessidade de reequilíbrio financeiro/fiscal;
ponto central; mudança de - Desenvolvimento tecnológico e globalização - competição.
comportamento
*Foco:
Novo sistema de controle Atitudes definidas por
- Superar a Administração Burocrática
metas claras, avaliação de
- Rompe com os princípios negativos, mantém os positivos.
resultados, transparência
- Melhorar a Administração Pública
na aplicação de recursos
- Eficiência, Redução de Custos, Aumento da Qualidade
Descentralização Tarefas, responsabilidade,
competência *New Public Management: Modelo Pós-Burocrático - Modelo
Gestão de qualidade Garantia de serviços de Gerencial
qualidade de acordo com a - Conjunto de doutrinas administrativas que orientaram as re-
formação, competência e formas da Adm. Pública em nível mundial.
pela transparência - Incorporação, pelo serviço público, de alguns pressupostos e
inovações da administração gerencial - privada
- Cuidado: não é exatamente igual à Adm. Privada.
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ÉTICA E INTEGRIDADE
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ÉTICA E INTEGRIDADE
— Prêmios da qualidade públicos Em alguns mercados, uma qualidade superior significa, ain-
A partir da década de 80, governos de diversos países da, um diferencial competitivo. A disseminação dessa filosofia nas
começaram a implementar um conjunto de ideias que ficou conhe- empresas ocorreu, em grande parte, devido à criação dos prêmios
cido como a „nova administração pública – NPM, do inglês, New da qualidade.
Public Management. O objetivo principal dessa doutrina é o de mo- Neste momento, para que os governos sirvam à população com
dernizar a administração pública de forma a propiciar mais benefí- qualidade, os prêmios da qualidade públicos estão sendo utilizados
cios ao cidadão4. enquanto estratégia gerencial. Um prêmio da qualidade público
As principais diretrizes da NPM são: administração visível e pro- pode ser definido como um instrumento que incentiva inovação e
fissional, utilização de medidas e padrões de desempenho, maior desempenho no setor público, por meio da identificação de organi-
ênfase no controle de resultados, desagregação de unidades para zações públicas com excelência em serviços.
melhor administrar, aumento da competição no setor público (prin- Dessa forma, introduz competição em setores que não pos-
cipalmente, em licitações e parcerias), foco na utilização dos estilos suem concorrência e incentivam o aprendizado organizacional,
de gestão da iniciativa privada, e maior disciplina e economia no pois as companhias que se destacam mostram suas virtudes para
uso dos recursos públicos. outras organizações, participantes ou não da premiação. Boa parte
Desde então, o serviço público caminha, cada vez mais, no sen- das premiações da qualidade premiam tanto organizações privadas
tido de modernizar suas práticas de gestão. Para execução dessa quanto as públicas.
tarefa, a gestão da qualidade é uma importante aliada, pois traz O que motiva a criação de prêmios exclusivamente públicos é
conceitos que auxiliam na consecução de objetivos com uma me- o fato de as restrições desse ambiente serem diferentes das do am-
lhor utilização de recursos. Na aplicação da gestão da qualidade em biente privado. Fundamentalmente, o setor público pertence a uma
serviços públicos, é importante que se alinhe esses conceitos com comunidade, enquanto o setor privado pertence a um empresário
as políticas a serem implementadas e com as expectativas dos ci- ou grupo de acionistas.
dadãos. Além disso, os serviços públicos são custeados, majoritaria-
Dessa maneira, é preciso melhorar internamente, sem perder, po- mente, com recursos de impostos, enquanto que os serviços pri-
rém, o foco externo. Portanto, além de boas políticas, é necessário que vados são sustentados pelos valores pagos pelos clientes. Assim,
as organizações adotem boas práticas de gestão, alinhadas à estratégia as organizações públicas são guiadas, principalmente, por forças
traçada, com a possibilidade de medição de desempenho. políticas ao invés de forças econômicas, gerando diferentes fontes
Aplicar a gestão da qualidade a serviços é um desafio, tanto de autoridade, que podem ser conflitantes.
para o setor privado quanto para o público. Em uma pesquisa rea- Tais características influenciam no modo de administração. Na
lizada, onde usuários atribuíram notas a alguns serviços públicos e administração privada, os empresários ou sócios procuram contro-
privados oferecidos no Estado da Geórgia (EUA), apesar do estereó- lar o negócio diretamente, e os administradores possuem benefí-
tipo consagrado de que os serviços públicos possuem um nível de
cios financeiros diretos de um bom resultado da companhia, seja
desempenho abaixo do nível privado, esses recebem notas seme-
através de ações ou de programas de incentivo. Na administração
lhantes às atribuídas à iniciativa privada em processos de prestação
pública, geralmente, os administradores não obtêm benefícios fi-
de serviços.
nanceiros de um bom resultado alcançado na instituição.
Além disso, as notas atribuídas pelas pessoas que não utiliza-
Outro entrave é a burocracia, que tende a ser maior no setor
ram o serviço público (baseadas apenas na sua percepção) foram
público, devido à necessidade de controle sobre o patrimônio públi-
menores do que as notas das pessoas que os haviam utilizado re-
co. Muitas vezes, essa característica pode levantar barreiras à busca
centemente. A melhoria na qualidade dos serviços públicos benefi-
cia, além do cidadão, o funcionário público. de inovações, ou, ainda, uma preocupação excessiva com regras e
Estudos demonstraram, por meio de uma pesquisa realizada processos ao invés de resultados.
com 274 gestores públicos, que a motivação dos funcionários está Por fim, o horizonte de planejamento, geralmente é curto,
diretamente relacionada com o ambiente da organização. Uma dada a instabilidade decorrente do fato de as forças políticas mu-
organização pública que consegue manter um alto nível de motiva- darem periodicamente. Em relação à medição da qualidade em
ção e uma boa imagem perante a sociedade facilita o recrutamento serviços públicos, definem-se dez dimensões principais: acesso ao
de novos funcionários e aumenta o comprometimento com o ser- serviço (p.ex., localização, tempo de espera, disponibilidade, dentre
viço público. outros), nível de comunicação (associado à linguagem simplificada,
Os agentes públicos tendem a ter um perfil pessoal e profissio- mas que mantenha o rigor à legislação), sistema administrativo inteli-
nal diferente daquelas que optam pela iniciativa privada. Gestores gível (por meio de processos simplificados com informação suficiente
públicos tendem a ser menos sensíveis a incentivos financeiros do e de boa qualidade), respostas flexíveis e rápidas (realização de adap-
que os seus pares privados. tação quando as necessidades dos cidadãos mudam), receptividade
Para que ocorra a motivação dos agentes públicos, é necessário aos serviços (privilegiando o envolvimento dos cidadãos na definição
que eles sintam que prestam um serviço que agrega valor à socieda- dos serviços), competência do pessoal que presta o serviço (habili-
de, e não apenas servem à burocracia. Dessa forma, é importante dade técnica do servidor), polidez e gentileza do pessoal (que é um
um trabalho de comunicação que permita a esses agentes visualizar elemento-chave na qualidade de um serviço), credibilidade (no setor
os benefícios que trazem para a sociedade. público, requer tratamento igualitário e profissionalismo.
Nesse processo, a gestão da qualidade é válida, pois aumenta Possui relação direta com a imagem da organização), confia-
a eficiência da prestação de serviços, melhora a comunicação orga- bilidade e responsabilidade (consistência e precisão na prestação
nizacional e focaliza resultados. Qualidade já é um requisito básico do serviço), e segurança e qualidade dos aspectos tangíveis (ins-
para a existência das empresas da iniciativa privada. talações adequadas, acesso a pessoas deficientes, por exemplo, e
4 https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/97354/000919637.pdf?- que passem uma imagem de serviço de qualidade, mobiliário, por
sequence=1 exemplo).
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ÉTICA E INTEGRIDADE
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ÉTICA E INTEGRIDADE
dos cidadãos. No entanto, é importante abordar os desafios éticos III - a possibilidade aos cidadãos, às pessoas jurídicas e aos ou-
e tecnológicos que surgem com essa transformação, para garantir tros entes públicos de demandar e de acessar serviços públicos por
que ela seja inclusiva e beneficie a todos. O Governo Eletrônico re- meio digital, sem necessidade de solicitação presencial;
presenta um passo importante na busca por um governo mais efi- IV - a transparência na execução dos serviços públicos e o mo-
ciente, responsável e orientado para o cidadão. nitoramento da qualidade desses serviços;
V - o incentivo à participação social no controle e na fiscalização
da administração pública;
LEI Nº 14.129, DE 29 DE MARÇO DE 2021 VI - o dever do gestor público de prestar contas diretamente à
população sobre a gestão dos recursos públicos;
Dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o Gover- VII - o uso de linguagem clara e compreensível a qualquer ci-
no Digital e para o aumento da eficiência pública e altera a Lei nº dadão;
7.116, de 29 de agosto de 1983, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro VIII - o uso da tecnologia para otimizar processos de trabalho
de 2011 (Lei de Acesso à Informação), a Lei nº 12.682, de 9 de julho da administração pública;
de 2012, e a Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017. IX - a atuação integrada entre os órgãos e as entidades en-
volvidos na prestação e no controle dos serviços públicos, com o
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- compartilhamento de dados pessoais em ambiente seguro quando
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: for indispensável para a prestação do serviço, nos termos da Lei nº
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
CAPÍTULO I Pessoais), e, quando couber, com a transferência de sigilo, nos ter-
DISPOSIÇÕES GERAIS mos do art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código
Tributário Nacional), e da Lei Complementar nº 105, de 10 de janei-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre princípios, regras e instrumentos ro de 2001;
para o aumento da eficiência da administração pública, especial- X - a simplificação dos procedimentos de solicitação, oferta e
mente por meio da desburocratização, da inovação, da transforma- acompanhamento dos serviços públicos, com foco na universaliza-
ção digital e da participação do cidadão. ção do acesso e no autosserviço;
Parágrafo único. Na aplicação desta Lei deverá ser observado XI - a eliminação de formalidades e de exigências cujo custo
o disposto nas Leis nºs 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de econômico ou social seja superior ao risco envolvido;
Acesso à Informação), 13.460, de 26 de junho de 2017, 13.709, de XII - a imposição imediata e de uma única vez ao interessado
14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), e das exigências necessárias à prestação dos serviços públicos, justifi-
5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), e na cada exigência posterior apenas em caso de dúvida superveniente;
Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001. XIII - a vedação de exigência de prova de fato já comprovado
Art. 2º Esta Lei aplica-se: pela apresentação de documento ou de informação válida;
I - aos órgãos da administração pública direta federal, abran- XIV - a interoperabilidade de sistemas e a promoção de dados
gendo os Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, incluído o Tri- abertos;
bunal de Contas da União, e o Ministério Público da União; XV - a presunção de boa-fé do usuário dos serviços públicos;
II - às entidades da administração pública indireta federal, in- XVI - a permanência da possibilidade de atendimento presen-
cluídas as empresas públicas e sociedades de economia mista, suas
cial, de acordo com as características, a relevância e o público-alvo
subsidiárias e controladas, que prestem serviço público, autarquias
do serviço;
e fundações públicas; e
XVII - a proteção de dados pessoais, nos termos da Lei nº
III - às administrações diretas e indiretas dos demais entes fe-
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
derados, nos termos dos incisos I e II do caput deste artigo, desde
Pessoais);
que adotem os comandos desta Lei por meio de atos normativos
XVIII - o cumprimento de compromissos e de padrões de quali-
próprios.
dade divulgados na Carta de Serviços ao Usuário;
§1º Esta Lei não se aplica a empresas públicas e sociedades de
XIX - a acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobi-
economia mista, suas subsidiárias e controladas, que não prestem
serviço público. lidade reduzida, nos termos da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015
§2º As referências feitas nesta Lei, direta ou indiretamente, a (Estatuto da Pessoa com Deficiência);
Estados, Municípios e ao Distrito Federal são cabíveis somente na XX - o estímulo a ações educativas para qualificação dos servi-
hipótese de ter sido cumprido o requisito previsto no inciso III do dores públicos para o uso das tecnologias digitais e para a inclusão
caput deste artigo. digital da população;
Art. 3º São princípios e diretrizes do Governo Digital e da efici- XXI - o apoio técnico aos entes federados para implantação e
ência pública: adoção de estratégias que visem à transformação digital da admi-
I - a desburocratização, a modernização, o fortalecimento e a nistração pública;
simplificação da relação do poder público com a sociedade, me- XXII - o estímulo ao uso das assinaturas eletrônicas nas intera-
diante serviços digitais, acessíveis inclusive por dispositivos móveis; ções e nas comunicações entre órgãos públicos e entre estes e os
II - a disponibilização em plataforma única do acesso às infor- cidadãos;
mações e aos serviços públicos, observadas as restrições legalmen- XXIII - a implantação do governo como plataforma e a promo-
te previstas e sem prejuízo, quando indispensável, da prestação de ção do uso de dados, preferencialmente anonimizados, por pessoas
caráter presencial; físicas e jurídicas de diferentes setores da sociedade, resguardado o
disposto nos arts. 7º e 11 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018
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ÉTICA E INTEGRIDADE
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ÉTICA E INTEGRIDADE
SEÇÃO II Art. 19. Poderá o Poder Executivo federal estabelecer Base Na-
DO GOVERNO DIGITAL cional de Serviços Públicos, que reunirá informações necessárias
sobre a oferta de serviços públicos em cada ente federado.
Art. 14. A prestação digital dos serviços públicos deverá ocorrer Parágrafo único. Cada ente federado poderá disponibilizar as
por meio de tecnologias de amplo acesso pela população, inclusive informações sobre a prestação de serviços públicos, conforme dis-
pela de baixa renda ou residente em áreas rurais e isoladas, sem posto nas suas Cartas de Serviços ao Usuário, na Base Nacional de
prejuízo do direito do cidadão a atendimento presencial. Serviços Públicos, em formato aberto e interoperável e em padrão
Parágrafo único. O acesso à prestação digital dos serviços pú- comum a todos os entes.
blicos será realizado, preferencialmente, por meio do autosserviço.
Art. 15. A administração pública participará, de maneira inte- SUBSEÇÃO III
grada e cooperativa, da consolidação da Estratégia Nacional de Go- DAS PLATAFORMAS DE GOVERNO DIGITAL
verno Digital, editada pelo Poder Executivo federal, que observará
os princípios e as diretrizes de que trata o art. 3º desta Lei. Art. 20. As Plataformas de Governo Digital, instrumentos ne-
Art. 16. A administração pública de cada ente federado poderá cessários para a oferta e a prestação digital dos serviços públicos
editar estratégia de governo digital, no âmbito de sua competência, de cada ente federativo, deverão ter pelo menos as seguintes fun-
buscando a sua compatibilização com a estratégia federal e a de cionalidades:
outros entes. I - ferramenta digital de solicitação de atendimento e de acom-
panhamento da entrega dos serviços públicos; e
SEÇÃO III II - painel de monitoramento do desempenho dos serviços pú-
DAS REDES DE CONHECIMENTO blicos.
§1º As Plataformas de Governo Digital deverão ser acessadas
Art. 17. O Poder Executivo federal poderá criar redes de conhe- por meio de portal, de aplicativo ou de outro canal digital único e
cimento, com o objetivo de: oficial, para a disponibilização de informações institucionais, notí-
I - gerar, compartilhar e disseminar conhecimento e experiên- cias e prestação de serviços públicos.
cias; §2º As funcionalidades de que trata o caput deste artigo de-
II - formular propostas de padrões, políticas, guias e manuais; verão observar padrões de interoperabilidade e a necessidade de
III - discutir sobre os desafios enfrentados e as possibilidades integração de dados como formas de simplificação e de eficiência
de ação quanto ao Governo Digital e à eficiência pública; nos processos e no atendimento aos usuários.
IV - prospectar novas tecnologias para facilitar a prestação de Art. 21. A ferramenta digital de atendimento e de acompanha-
serviços públicos disponibilizados em meio digital, o fornecimento mento da entrega dos serviços públicos de que trata o inciso I do
de informações e a participação social por meios digitais. caput do art. 20 desta Lei deve apresentar, no mínimo, as seguintes
§1º Poderão participar das redes de conhecimento todos os características e funcionalidades:
órgãos e as entidades referidos no art. 2º desta Lei, inclusive dos I - identificação do serviço público e de suas principais etapas;
entes federados. II - solicitação digital do serviço;
§2º Serão assegurados às instituições científicas, tecnológicas III - agendamento digital, quando couber;
e de inovação o acesso às redes de conhecimento e o estabeleci- IV - acompanhamento das solicitações por etapas;
mento de canal de comunicação permanente com o órgão federal a V - avaliação continuada da satisfação dos usuários em relação
quem couber a coordenação das atividades previstas neste artigo. aos serviços públicos prestados;
VI - identificação, quando necessária, e gestão do perfil pelo
usuário;
VII - notificação do usuário;
VIII - possibilidade de pagamento digital de serviços públicos e
de outras cobranças, quando necessário;
81
ÉTICA E INTEGRIDADE
IX - nível de segurança compatível com o grau de exigência, a §1º As ferramentas previstas no caput deste artigo devem:
natureza e a criticidade dos serviços públicos e dos dados utilizados; I - disponibilizar, entre outras, as fontes dos dados pessoais, a
X - funcionalidade para solicitar acesso a informações acerca do finalidade específica do seu tratamento pelo respectivo órgão ou
tratamento de dados pessoais, nos termos das Leis nºs 12.527, de ente e a indicação de outros órgãos ou entes com os quais é rea-
18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), e 13.709, de lizado o uso compartilhado de dados pessoais, incluído o histórico
14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais); e de acesso ou uso compartilhado, ressalvados os casos previstos no
XI - implementação de sistema de ouvidoria, nos termos da Lei inciso III do caput do art. 4º da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de
nº 13.460, de 26 de junho de 2017. 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais);
Art. 22. O painel de monitoramento do desempenho dos ser- II - permitir que o cidadão efetue requisições ao órgão ou à
viços públicos de que trata o inciso II do caput do art. 20 desta Lei entidade controladora dos seus dados, especialmente aquelas pre-
deverá conter, no mínimo, as seguintes informações, para cada ser- vistas no art. 18 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral
viço público ofertado: de Proteção de Dados Pessoais).
I - quantidade de solicitações em andamento e concluídas anu- §2º A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) po-
almente; derá editar normas complementares para regulamentar o disposto
II - tempo médio de atendimento; e neste artigo.
III - grau de satisfação dos usuários. Art. 26. Presume-se a autenticidade de documentos apresenta-
Parágrafo único. Deverá ser assegurada interoperabilidade e dos por usuários dos serviços públicos ofertados por meios digitais,
padronização mínima do painel a que se refere o caput deste artigo, desde que o envio seja assinado eletronicamente.
de modo a permitir a comparação entre as avaliações e os desem-
penhos dos serviços públicos prestados pelos diversos entes. SEÇÃO VI
Art. 23. Poderá o Poder Executivo federal: DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DA PRESTAÇÃO DIGITAL DE
I - estabelecer padrões nacionais para as soluções previstas SERVIÇOS PÚBLICOS
nesta Seção;
II - disponibilizar soluções para outros entes que atendam ao Art. 27. São garantidos os seguintes direitos aos usuários da
disposto nesta Seção. prestação digital de serviços públicos, além daqueles constantes
das Leis nºs 13.460, de 26 de junho de 2017, e 13.709, de 14 de
SEÇÃO V agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais):
DA PRESTAÇÃO DIGITAL DOS SERVIÇOS PÚBLICOS I - gratuidade no acesso às Plataformas de Governo Digital;
II - atendimento nos termos da respectiva Carta de Serviços ao
Art. 24. Os órgãos e as entidades responsáveis pela prestação Usuário;
digital de serviços públicos deverão, no âmbito de suas competên- III - padronização de procedimentos referentes à utilização de
cias: formulários, de guias e de outros documentos congêneres, incluí-
I - manter atualizadas: dos os de formato digital;
a) as Cartas de Serviços ao Usuário, a Base Nacional de Serviços IV - recebimento de protocolo, físico ou digital, das solicitações
Públicos e as Plataformas de Governo Digital;
apresentadas; e
b) as informações institucionais e as comunicações de interesse
V - indicação de canal preferencial de comunicação com o pres-
público;
tador público para o recebimento de notificações, de mensagens,
II - monitorar e implementar ações de melhoria dos serviços
de avisos e de outras comunicações relativas à prestação de servi-
públicos prestados, com base nos resultados da avaliação de satis-
ços públicos e a assuntos de interesse público.
fação dos usuários dos serviços;
III - integrar os serviços públicos às ferramentas de notificação
CAPÍTULO III
aos usuários, de assinatura eletrônica e de meios de pagamento di-
gitais, quando aplicáveis; DO NÚMERO SUFICIENTE PARA IDENTIFICAÇÃO
IV - eliminar, inclusive por meio da interoperabilidade de da-
dos, as exigências desnecessárias ao usuário quanto à apresentação Art. 28. Fica estabelecido o número de inscrição no Cadastro
de informações e de documentos comprobatórios prescindíveis; de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
V - eliminar a replicação de registros de dados, exceto por ra- (CNPJ) como número suficiente para identificação do cidadão ou da
zões de desempenho ou de segurança; pessoa jurídica, conforme o caso, nos bancos de dados de serviços
VI - tornar os dados da prestação dos serviços públicos sob sua públicos, garantida a gratuidade da inscrição e das alterações nes-
responsabilidade interoperáveis para composição dos indicadores ses cadastros.
do painel de monitoramento do desempenho dos serviços públicos; §1º O número de inscrição no CPF deverá constar dos cadastros
VII - realizar a gestão das suas políticas públicas com base em e dos documentos de órgãos públicos, do registro civil de pessoas
dados e em evidências por meio da aplicação de inteligência de da- naturais, dos documentos de identificação de conselhos profissio-
dos em plataforma digital; e nais e, especialmente, dos seguintes cadastros e documentos:
VIII - realizar testes e pesquisas com os usuários para subsidiar I - certidão de nascimento;
a oferta de serviços simples, intuitivos, acessíveis e personalizados. II - certidão de casamento;
Art. 25. As Plataformas de Governo Digital devem dispor de fer- III - certidão de óbito;
ramentas de transparência e de controle do tratamento de dados IV - Documento Nacional de Identificação (DNI);
pessoais que sejam claras e facilmente acessíveis e que permitam V - Número de Identificação do Trabalhador (NIT);
ao cidadão o exercício dos direitos previstos na Lei nº 13.709, de 14 VI - registro no Programa de Integração Social (PIS) ou no Pro-
de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). grama de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep);
82
ÉTICA E INTEGRIDADE
VII - Cartão Nacional de Saúde; VI - atualização periódica, mantido o histórico, de forma a ga-
VIII - título de eleitor; rantir a perenidade de dados, a padronização de estruturas de in-
IX - Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); formação e o valor dos dados à sociedade e a atender às necessida-
X - Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou Permissão para des de seus usuários;
Dirigir; VII - (VETADO);
XI - certificado militar; VIII - respeito à privacidade dos dados pessoais e dos dados
XII - carteira profissional expedida pelos conselhos de fiscaliza- sensíveis, sem prejuízo dos demais requisitos elencados, conforme
ção de profissão regulamentada; a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de
XIII - passaporte; Dados Pessoais);
XIV - carteiras de identidade de que trata a Lei nº 7.116, de 29 IX - intercâmbio de dados entre órgãos e entidades dos diferen-
de agosto de 1983; e tes Poderes e esferas da Federação, respeitado o disposto no art. 26
XV - outros certificados de registro e números de inscrição exis- da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de
tentes em bases de dados públicas federais, estaduais, distritais e Dados Pessoais); e
municipais. X - fomento ao desenvolvimento de novas tecnologias desti-
§2º A inclusão do número de inscrição no CPF nos cadastros e nadas à construção de ambiente de gestão pública participativa e
nos documentos de que trata o §1º deste artigo ocorrerá sempre democrática e à melhor oferta de serviços públicos.
que a instituição responsável pelos cadastros e pelos documentos §2º Sem prejuízo da legislação em vigor, os órgãos e as entida-
tiver acesso a documento comprobatório ou à base de dados ad- des previstos no art. 2º desta Lei deverão divulgar na internet:
ministrada pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do I - o orçamento anual de despesas e receitas públicas do Poder
Ministério da Economia. ou órgão independente;
§3º A incorporação do número de inscrição no CPF à carteira de II - a execução das despesas e receitas públicas, nos termos dos
identidade será precedida de consulta à base de dados administra- arts. 48 e 48-A da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;
da pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministé- III - os repasses de recursos federais aos Estados, aos Municí-
rio da Economia e de validação de acordo com essa base de dados. pios e ao Distrito Federal;
§4º Na hipótese de o requerente da carteira de identidade não IV - os convênios e as operações de descentralização de recur-
estar inscrito no CPF, o órgão de identificação realizará a sua ins- sos orçamentários em favor de pessoas naturais e de organizações
crição, caso tenha integração com a base de dados da Secretaria não governamentais de qualquer natureza;
V - as licitações e as contratações realizadas pelo Poder ou ór-
Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério Economia.
gão independente;
§5º (VETADO).
VI - as notas fiscais eletrônicas relativas às compras públicas;
VII - as informações sobre os servidores e os empregados públi-
CAPÍTULO IV
cos federais, bem como sobre os militares da União, incluídos nome
DO GOVERNO COMO PLATAFORMA
e detalhamento dos vínculos profissionais e de remuneração;
VIII - as viagens a serviço custeadas pelo Poder ou órgão inde-
SEÇÃO I
pendente;
DA ABERTURA DOS DADOS IX - as sanções administrativas aplicadas a pessoas, a empresas,
a organizações não governamentais e a servidores públicos;
Art. 29. Os dados disponibilizados pelos prestadores de servi- X - os currículos dos ocupantes de cargos de chefia e direção;
ços públicos, bem como qualquer informação de transparência ati- XI - o inventário de bases de dados produzidos ou geridos no
va, são de livre utilização pela sociedade, observados os princípios âmbito do órgão ou instituição, bem como catálogo de dados aber-
dispostos no art. 6º da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei tos disponíveis;
Geral de Proteção de Dados Pessoais). XII - as concessões de recursos financeiros ou as renúncias de
§1º Na promoção da transparência ativa de dados, o poder pú- receitas para pessoas físicas ou jurídicas, com vistas ao desenvolvi-
blico deverá observar os seguintes requisitos: mento político, econômico, social e cultural, incluída a divulgação
I - observância da publicidade das bases de dados não pessoais dos valores recebidos, da contrapartida e dos objetivos a serem
como preceito geral e do sigilo como exceção; alcançados por meio da utilização desses recursos e, no caso das
II - garantia de acesso irrestrito aos dados, os quais devem ser renúncias individualizadas, dos dados dos beneficiários.
legíveis por máquina e estar disponíveis em formato aberto, respei- §3º (VETADO).
tadas as Leis nºs 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso Art. 30. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de abertura
à Informação), e 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Pro- de bases de dados da administração pública, que deverá conter os dados
teção de Dados Pessoais); de contato do requerente e a especificação da base de dados requerida.
III - descrição das bases de dados com informação suficiente §1º O requerente poderá solicitar a preservação de sua identi-
sobre estrutura e semântica dos dados, inclusive quanto à sua qua- dade quando entender que sua identificação prejudicará o princípio
lidade e à sua integridade; da impessoalidade, caso em que o canal responsável deverá res-
IV - permissão irrestrita de uso de bases de dados publicadas guardar os dados sem repassá-los ao setor, ao órgão ou à entidade
em formato aberto; responsável pela resposta.
V - completude de bases de dados, as quais devem ser dispo- §2º Os procedimentos e os prazos previstos para o processa-
nibilizadas em sua forma primária, com o maior grau de granulari- mento de pedidos de acesso à informação, nos termos da Lei nº
dade possível, ou referenciar bases primárias, quando disponibiliza- 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação),
das de forma agregada; aplicam-se às solicitações de abertura de bases de dados da admi-
nistração pública.
83
ÉTICA E INTEGRIDADE
§3º Para a abertura de base de dados de interesse público, as II - a otimização dos custos de acesso a dados e o reaproveita-
informações para identificação do requerente não podem conter mento, sempre que possível, de recursos de infraestrutura de aces-
exigências que inviabilizem o exercício de seu direito. so a dados por múltiplos órgãos e entidades;
§4º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos de- III - a proteção de dados pessoais, observada a legislação vi-
terminantes da solicitação de abertura de base de dados públicos. gente, especialmente a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei
§5º Os pedidos de abertura de base de dados públicos, bem Geral de Proteção de Dados Pessoais).
como as respectivas respostas, deverão compor base de dados Art. 39. Será instituído mecanismo de interoperabilidade com
aberta de livre consulta. a finalidade de:
§6º Consideram-se automaticamente passíveis de abertura as I - aprimorar a gestão de políticas públicas;
bases de dados que não contenham informações protegidas por lei. II - aumentar a confiabilidade dos cadastros de cidadãos exis-
Art. 31. Compete a cada ente federado monitorar a aplicação, tentes na administração pública, por meio de mecanismos de ma-
o cumprimento dos prazos e os procedimentos para abertura dos nutenção da integridade e da segurança da informação no trata-
dados sob seu controle. mento das bases de dados, tornando-as devidamente qualificadas
Art. 32. (VETADO). e consistentes;
Art. 32. A existência de inconsistências na base de dados não III - viabilizar a criação de meios unificados de identificação do
poderá obstar o atendimento da solicitação de abertura. (Promul- cidadão para a prestação de serviços públicos;
gação partes vetadas) IV - facilitar a interoperabilidade de dados entre os órgãos de
Art. 33. A solicitação de abertura da base de dados será consi- governo;
derada atendida a partir da notificação ao requerente sobre a dis- V - realizar o tratamento de informações das bases de dados a
ponibilização e a catalogação da base de dados para acesso público partir do número de inscrição do cidadão no CPF, conforme previsto
no site oficial do órgão ou da entidade na internet. no art. 11 da Lei nº 13.444, de 11 de maio de 2017.
Art. 34. É direito do requerente obter o inteiro teor da decisão Parágrafo único. Aplicam-se aos dados pessoais tratados por
negativa de abertura de base de dados. meio de mecanismos de interoperabilidade as disposições da Lei nº
Parágrafo único. Eventual decisão negativa à solicitação de 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
abertura de base de dados ou decisão de prorrogação de prazo, em Pessoais).
razão de custos desproporcionais ou não previstos pelo órgão ou Art. 40. Os órgãos abrangidos por esta Lei serão responsáveis
pela entidade da administração pública, deverá ser acompanhada pela publicidade de seus registros de referência e pelos mecanis-
da devida análise técnica que conclua pela inviabilidade orçamen- mos de interoperabilidade de que trata esta Seção.
tária da solicitação. §1º As pessoas físicas e jurídicas poderão verificar a exatidão, a
Art. 35. No caso de indeferimento de abertura de base de dados, correção e a completude de qualquer um dos seus dados contidos
poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 nos registros de referência, bem como monitorar o acesso a esses
(dez) dias, contado de sua ciência. (Promulgação partes vetadas) dados.
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui- §2º Nova base de dados somente poderá ser criada quando
camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá forem esgotadas as possibilidades de utilização dos registros de re-
manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias. (Promulgação partes ve- ferência existentes.
tadas) Art. 41. É de responsabilidade dos órgãos e das entidades referi-
Art. 36. Os órgãos gestores de dados poderão disponibilizar em dos no art. 2º desta Lei os custos de adaptação de seus sistemas e de
transparência ativa dados de pessoas físicas e jurídicas para fins de suas bases de dados para a implementação da interoperabilidade.
pesquisa acadêmica e de monitoramento e de avaliação de políticas
públicas, desde que anonimizados antes de sua disponibilização os CAPÍTULO V
dados protegidos por sigilo ou com restrição de acesso prevista, nos DO DOMICÍLIO ELETRÔNICO
termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso
à Informação). Art. 42. Os órgãos e as entidades referidos no art. 2º desta Lei,
Art. 37. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, as disposi- mediante opção do usuário, poderão realizar todas as comunica-
ções da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de ções, as notificações e as intimações por meio eletrônico.
que trata este Capítulo. §1º O disposto no caput deste artigo não gera direito subjetivo
à opção pelo administrado caso os meios não estejam disponíveis.
SEÇÃO II §2º O administrado poderá, a qualquer momento e indepen-
DA INTEROPERABILIDADE DE DADOS ENTRE ÓRGÃOS PÚBLI dentemente de fundamentação, optar pelo fim das comunicações,
COS
das notificações e das intimações por meio eletrônico.
Art. 38. Os órgãos e as entidades responsáveis pela prestação
§3º O ente público poderá realizar as comunicações, as notifi-
digital de serviços públicos detentores ou gestores de bases de da-
cações e as intimações por meio de ferramenta mantida por outro
dos, inclusive os controladores de dados pessoais, conforme esta-
ente público.
belecido pela Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de
Art. 43. As ferramentas usadas para os atos de que trata o art.
Proteção de Dados Pessoais), deverão gerir suas ferramentas digi-
42 desta Lei:
tais, considerando:
I - disporão de meios que permitam comprovar a autoria das
I - a interoperabilidade de informações e de dados sob gestão
dos órgãos e das entidades referidos no art. 2º desta Lei, respeita- comunicações, das notificações e das intimações;
dos as restrições legais, os requisitos de segurança da informação e II - terão meios de comprovação de emissão e de recebimento,
das comunicações, as limitações tecnológicas e a relação custo-be- ainda que não de leitura, das comunicações, das notificações e das
nefício da interoperabilidade; intimações;
84
ÉTICA E INTEGRIDADE
III - poderão ser utilizadas mesmo que legislação especial pre- I - integração da gestão de riscos ao processo de planejamento
veja apenas as comunicações, as notificações e as intimações pes- estratégico e aos seus desdobramentos, às atividades, aos proces-
soais ou por via postal; sos de trabalho e aos projetos em todos os níveis da organização,
IV - serão passíveis de auditoria; relevantes para a execução da estratégia e o alcance dos objetivos
V - conservarão os dados de envio e de recebimento por, pelo institucionais;
menos, 5 (cinco) anos. II - estabelecimento de controles internos proporcionais aos
riscos, de modo a considerar suas causas, fontes, consequências e
CAPÍTULO VI impactos, observada a relação custo-benefício;
DOS LABORATÓRIOS DE INOVAÇÃO III - utilização dos resultados da gestão de riscos para apoio à
melhoria contínua do desempenho e dos processos de governança,
Art. 44. Os entes públicos poderão instituir laboratórios de ino- de gestão de riscos e de controle;
vação, abertos à participação e à colaboração da sociedade para o IV - proteção às liberdades civis e aos direitos fundamentais.
desenvolvimento e a experimentação de conceitos, de ferramen- Art. 49. A auditoria interna governamental deverá adicionar
tas e de métodos inovadores para a gestão pública, a prestação de valor e melhorar as operações das organizações para o alcance de
serviços públicos, o tratamento de dados produzidos pelo poder seus objetivos, mediante a abordagem sistemática e disciplinada
público e a participação do cidadão no controle da administração para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de governança, de
pública. gestão de riscos e de controle, por meio da:
Art. 45. Os laboratórios de inovação terão como diretrizes: I - realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma
I - colaboração interinstitucional e com a sociedade; independente, conforme os padrões de auditoria e de ética profis-
II - promoção e experimentação de tecnologias abertas e livres; sional reconhecidos internacionalmente;
III - uso de práticas de desenvolvimento e prototipação de sof- II - adoção de abordagem baseada em risco para o planejamen-
twares e de métodos ágeis para formulação e implementação de to de suas atividades e para a definição do escopo, da natureza, da
políticas públicas; época e da extensão dos procedimentos de auditoria;
IV - foco na sociedade e no cidadão; III - promoção da prevenção, da detecção e da investigação de
V - fomento à participação social e à transparência pública; fraudes praticadas por agentes públicos ou privados na utilização de
VI - incentivo à inovação; recursos públicos federais.
VII - apoio ao empreendedorismo inovador e fomento a ecos-
sistema de inovação tecnológica direcionado ao setor público; CAPÍTULO VIII
VIII - apoio a políticas públicas orientadas por dados e com base DISPOSIÇÕES FINAIS
em evidências, a fim de subsidiar a tomada de decisão e de melho-
rar a gestão pública; Art. 50. O acesso e a conexão para o uso de serviços públicos
IX - estímulo à participação de servidores, de estagiários e de poderão ser garantidos total ou parcialmente pelo governo, com o
colaboradores em suas atividades; objetivo de promover o acesso universal à prestação digital dos ser-
X - difusão de conhecimento no âmbito da administração pú- viços públicos e a redução de custos aos usuários, nos termos da lei.
blica. Art. 51. O art. 3º da Lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983, pas-
Art. 46. (VETADO). sa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 3º . .....................................................................................
CAPÍTULO VII .........................
DA GOVERNANÇA, DA GESTÃO DE RISCOS, DO CONTROLE E ....................................................................................................
DA AUDITORIA .........................
g) assinatura do dirigente do órgão expedidor;
Art. 47. Caberá à autoridade competente dos órgãos e das en- h) número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).
tidades referidos no art. 2º desta Lei, observados as normas e os §1º A inclusão do número de inscrição no CPF na Carteira de
procedimentos específicos aplicáveis, implementar e manter meca- Identidade, conforme disposto na alínea “h” do caput deste artigo,
nismos, instâncias e práticas de governança, em consonância com ocorrerá sempre que o órgão de identificação tiver acesso a docu-
os princípios e as diretrizes estabelecidos nesta Lei. mento comprobatório ou à base de dados administrada pela Secre-
Parágrafo único. Os mecanismos, as instâncias e as práticas de taria Especial da Receita Federal do Brasil.
governança referidos no caput deste artigo incluirão, no mínimo: §2º A incorporação do número de inscrição no CPF à Carteira
I - formas de acompanhamento de resultados; de Identidade será precedida de consulta e de validação com a base
II - soluções para a melhoria do desempenho das organizações; de dados administrada pela Secretaria Especial da Receita Federal
III - instrumentos de promoção do processo decisório funda- do Brasil.
mentado em evidências. §3º Na hipótese de o requerente da Carteira de Identidade
Art. 48. Os órgãos e as entidades a que se refere o art. 2º desta não estar inscrito no CPF, o órgão de identificação realizará a sua
Lei deverão estabelecer, manter, monitorar e aprimorar sistema de inscrição, caso tenha autorização da Secretaria Especial da Receita
gestão de riscos e de controle interno com vistas à identificação, à Federal do Brasil.” (NR)
avaliação, ao tratamento, ao monitoramento e à análise crítica de Art. 52. O art. 12 da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
riscos da prestação digital de serviços públicos que possam impac- (Lei de Acesso à Informação), passa vigorar com a seguinte redação:
tar a consecução dos objetivos da organização no cumprimento de “Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação
sua missão institucional e na proteção dos usuários, observados os é gratuito.
seguintes princípios:
85
ÉTICA E INTEGRIDADE
86
ÉTICA E INTEGRIDADE
Assim, a transparência e a LAI são essenciais para fortalecer a I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo
participação cidadã, e garantir o direito à informação. O acesso à como exceção;
informação pública contribui para uma sociedade mais informada, II - divulgação de informações de interesse público, indepen-
empoderada e capaz de regular as ações governamentais. dentemente de solicitações;
Até janeiro de 2022, a Lei de Acesso à Informação (Lei nº III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec-
12.527/2011) estava em vigor no Brasil. No entanto, é importante nologia da informação;
observar que leis podem ser modificadas, atualizadas ou revogadas IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência
ao longo do tempo. na administração pública;
Recomenda-se, sempre verificar fontes oficiais, como o Diário V - desenvolvimento do controle social da administração pú-
Oficial da União, o site oficial da Presidência da República, ou o site blica.
do Senado Federal para obter informações atualizadas sobre a Lei Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
de Acesso à Informação. Essas fontes fornecerão os textos mais re- I - informação: dados, processados ou não, que podem ser uti-
centes, emendas ou quaisquer mudanças na legislação. lizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em
Além disso, é possível que tenham ocorrido alterações legisla- qualquer meio, suporte ou formato;
tivas após a minha última atualização em janeiro de 2022. Instruí-se II - documento: unidade de registro de informações, qualquer
verificar fontes confiáveis e atualizadas para obter informações pre- que seja o suporte ou formato;
cisas sobre o estado atual da Lei de Acesso à Informação no Brasil. III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente
à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
para a segurança da sociedade e do Estado;
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011 IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural
identificada ou identificável;
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à
5º , no inciso II do §3º do art. 37 e no §2º do art. 216 da Constituição produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazena-
Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, mento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informa-
de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. ção;
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser co-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- nhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas au-
torizados;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado in-
CAPÍTULO I
divíduo, equipamento ou sistema;
DISPOSIÇÕES GERAIS
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, in-
clusive quanto à origem, trânsito e destino;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser-
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte,
vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim
com o máximo de detalhamento possível, sem modificações.
de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor-
5º , no inciso II do §3º do art. 37 e no §2º do art. 216 da Constituição mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
Federal. ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: preensão.
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos
Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju- CAPÍTULO II
diciário e do Ministério Público; DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa-
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
nicípios. I - gestão transparente da informação, propiciando amplo aces-
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às so a ela e sua divulgação;
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realiza- II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
ção de ações de interesse público, recursos públicos diretamente autenticidade e integridade; e
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen- observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even-
tos congêneres. tual restrição de acesso.
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as en- Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos de, entre outros, os direitos de obter:
recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
a que estejam legalmente obrigadas. acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as- obtida a informação almejada;
segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser II - informação contida em registros ou documentos, produ-
executados em conformidade com os princípios básicos da adminis- zidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou
tração pública e com as seguintes diretrizes: não a arquivos públicos;
87
ÉTICA E INTEGRIDADE
III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou §2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e enti-
entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos dades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legí-
ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; timos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; oficiais da rede mundial de computadores (internet).
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti- §3º Os sítios de que trata o §2º deverão, na forma de regula-
dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú- I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o
blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis- acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em
trativos; e linguagem de fácil compreensão;
VII - informação relativa: II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro- eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani-
gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
como metas e indicadores propostos; III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, in- IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutura-
cluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. ção da informação;
VIII – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.345, de 2022) V - garantir a autenticidade e a integridade das informações
§1º O acesso à informação previsto no caput não compreende disponíveis para acesso;
as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimen- VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
to científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu- VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado co-
rança da sociedade e do Estado. municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entida-
§2º Quando não for autorizado acesso integral à informação de detentora do sítio; e
por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili-
sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art.
parte sob sigilo. 17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da
§3º O direito de acesso aos documentos ou às informações ne- Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada
les contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008.
do ato administrativo será assegurado com a edição do ato decisó- §4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha-
rio respectivo. bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a
§4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido for- que se refere o §2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, em
mulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e fi-
fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos nanceira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com-
termos do art. 32 desta Lei. plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade
§5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o Fiscal).
interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado me-
de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva docu- diante:
mentação. I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e
§6º Verificada a hipótese prevista no §5º deste artigo, o res- entidades do poder público, em local com condições apropriadas
ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de para:
10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que compro- a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa-
vem sua alegação. ções;
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in- b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res-
dependentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil pectivas unidades;
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de inte- c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a infor-
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. mações; e
§1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, de- II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
verão constar, no mínimo: participação popular ou a outras formas de divulgação.
I - registro das competências e estrutura organizacional, en-
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi- CAPÍTULO III
mento ao público; DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur-
sos financeiros; SEÇÃO I
III - registros das despesas; DO PEDIDO DE ACESSO
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, in-
clusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
contratos celebrados; acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1º
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
projetos e obras de órgãos e entidades; e identificação do requerente e a especificação da informação reque-
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. rida.
88
ÉTICA E INTEGRIDADE
§1º Para o acesso a informações de interesse público, a identi- §2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no §1º deste
ficação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem
a solicitação. prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da
§2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº 14.129,
alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de de 2021) (Vigência)
seus sítios oficiais na internet. Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em
§3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de-
determinantes da solicitação de informações de interesse público. verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conce- confere com o original.
der o acesso imediato à informação disponível. Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o
§1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve- de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não
rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: ponha em risco a conservação do documento original.
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão
efetuar a reprodução ou obter a certidão; de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
parcial, do acesso pretendido; ou SEÇÃO II
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do DOS RECURSOS
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou
interessado da remessa de seu pedido de informação. às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor re-
§2º O prazo referido no §1º poderá ser prorrogado por mais 10 curso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
(dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado ciência.
o requerente. Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui-
§3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se
e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po- manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.
derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti-
a informação de que necessitar. dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à
§4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de infor- Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco)
mação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser infor- dias se:
mado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for ne-
interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade compe- gado;
tente para sua apreciação. II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par-
§5º A informação armazenada em formato digital será forneci- cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classi-
da nesse formato, caso haja anuência do requerente. ficadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
§6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público pedido de acesso ou desclassificação;
em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa
acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi-
a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão mentos previstos nesta Lei.
ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo §1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si gido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apre-
mesmo tais procedimentos. ciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo de 5 (cinco) dias.
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser §2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Controla-
cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do doria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que adote as
custo dos serviços e dos materiais utilizados. (Vide Lei nº 14.129, providências necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
de 2021) (Vigência) §3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavalia-
no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fa- ção de Informações, a que se refere o art. 35.
zê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica-
termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. ção de informação protocolado em órgão da administração públi-
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação ca federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da
é gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência) área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reava-
§1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o liação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
valor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma- §1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da gido às autoridades mencionadas depois de submetido à aprecia-
informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela ção de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à
entidade pública consultada. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças
(Vigência) Armadas, ao respectivo Comando.
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ÉTICA E INTEGRIDADE
§2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de in-
objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta, vestigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a pre-
caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações venção ou repressão de infrações.
prevista no art. 35. Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públi-
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias cas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à
proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classifica- segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como
ção de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação pró- ultrassecreta, secreta ou reservada.
pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em §1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data
caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido. de sua produção e são os seguintes:
Art. 19. (VETADO). I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
§1º (VETADO). II - secreta: 15 (quinze) anos; e
§2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público infor- III - reservada: 5 (cinco) anos.
marão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do §2º As informações que puderem colocar em risco a segurança
Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau de do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônju-
recurso, negarem acesso a informações de interesse público. ges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob si-
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei nº gilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato,
9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este em caso de reeleição.
Capítulo. §3º Alternativamente aos prazos previstos no §1º , poderá ser
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência
CAPÍTULO IV de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO do prazo máximo de classificação.
§4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o
SEÇÃO I evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au-
tomaticamente, de acesso público.
DISPOSIÇÕES GERAIS
§5º Para a classificação da informação em determinado grau
de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem
Estado; e
sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos prati-
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que
cada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não
defina seu termo final.
poderão ser objeto de restrição de acesso.
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses SEÇÃO III
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo DA PROTEÇÃO E DO CONTROLE DE INFORMAÇÕES
industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômi- SIGILOSAS
ca pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha
qualquer vínculo com o poder público. Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades,
SEÇÃO II assegurando a sua proteção.(Regulamento)
DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO QUANTO AO GRAU E §1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação clas-
PRAZOS DE SIGILO sificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham ne-
cessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie- forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes
dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor- públicos autorizados por lei.
mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: §2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida- obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
de do território nacional; §3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a se-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as rem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo a
relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e
em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; divulgação não autorizados.
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências ne-
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica cessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente
ou monetária do País; conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu-
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi- rança para tratamento de informações sigilosas.
cos das Forças Armadas; Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desen- razão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades
volvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne-
instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autori- observem as medidas e procedimentos de segurança das informa-
dades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou ções resultantes da aplicação desta Lei.
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ÉTICA E INTEGRIDADE
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I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des- Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamen-
ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la te pelos danos causados em decorrência da divulgação não autori-
intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; zada ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutili- pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos
zar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conheci- Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa físi-
mento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou ca ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer na-
função pública; tureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso ou pessoal e a submeta a tratamento indevido.
à informação;
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir CAPÍTULO VI
acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de
terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou Art. 35. (VETADO).
por outrem; §1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente in- ções, que decidirá, no âmbito da administração pública federal, so-
formação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo bre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá
de terceiros; e competência para:
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con- I - requisitar da autoridade que classificar informação como ul-
cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de trassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou inte-
agentes do Estado. gral da informação;
§1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou se-
do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão con- cretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada,
sideradas: observado o disposto no art. 7º e demais dispositivos desta Lei; e
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como
transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios ne- ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu
les estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania
contravenção penal; ou nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às
II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro relações internacionais do País, observado o prazo previsto no §1º
de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão do art. 24.
ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela §2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única reno-
estabelecidos. vação.
§2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou §3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do §1º deve-
agente público responder, também, por improbidade administrati- rá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação
va, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950, prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos
e 8.429, de 2 de junho de 1992. ou secretos.
Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver infor- §4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de
mações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder Reavaliação de Informações nos prazos previstos no §3º implicará a
público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às desclassificação automática das informações.
seguintes sanções: §5º Regulamento disporá sobre a composição, organização e
I - advertência; funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
II - multa; observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e de-
III - rescisão do vínculo com o poder público; mais disposições desta Lei.(Regulamento)
IV - suspensão temporária de participar em licitação e impe- Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tra-
dimento de contratar com a administração pública por prazo não tados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e reco-
superior a 2 (dois) anos; e mendações constantes desses instrumentos.
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Insti-
administração pública, até que seja promovida a reabilitação peran- tucional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Cre-
te a própria autoridade que aplicou a penalidade. denciamento (NSC), que tem por objetivos:(Regulamento)
§1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser apli- I - promover e propor a regulamentação do credenciamento
cadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para
do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias. tratamento de informações sigilosas; e
§2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive
quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti- aquelas provenientes de países ou organizações internacionais com
dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado,
aplicada com base no inciso IV. acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo
§3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competên- das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais
cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública, órgãos competentes.
facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, or-
de 10 (dez) dias da abertura de vista. ganização e funcionamento do NSC.
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ÉTICA E INTEGRIDADE
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de no- Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990,
vembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurí- passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
dica, constante de registro ou banco de dados de entidades gover- “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci-
namentais ou de caráter público. vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su-
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à rea- perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
valiação das informações classificadas como ultrassecretas e secre- autoridade competente para apuração de informação concernente
tas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
vigência desta Lei. ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun-
§1º A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia- ção pública.”
ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições pre- Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
vistos nesta Lei. em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas
§2º No âmbito da administração pública federal, a reavaliação nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao dis-
prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Co- posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III.
missão Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos Art. 46. Revogam-se:
desta Lei. I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 ; e
§3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
legislação precedente. a data de sua publicação.
§4º As informações classificadas como secretas e ultrassecretas
não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, au- Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da Independência e
tomaticamente, de acesso público. 123º da República.
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi-
nistração pública federal direta e indireta designará autoridade que TRANSPARÊNCIA E IMPARCIALIDADE NOS USOS DA INTE-
lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo ór- LIGÊNCIA ARTIFICIAL NO ÂMBITO DO SERVIÇO PÚBLICO
gão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a
informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei; A Inteligência Artificial (IA) é uma das tecnologias mais revolu-
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre- cionárias do nosso tempo, e seu impacto na esfera pública é inegá-
sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento; vel. À medida que governos e órgãos públicos exploram as possibi-
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação lidades oferecidas pela IA para melhorar a eficiência, a qualidade
e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao dos serviços e a tomada de decisões, surgem desafios críticos rela-
correto cumprimento do disposto nesta Lei; e cionados à transparência e à imparcialidade. Este texto abordará a
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cum- importância da transparência e imparcialidade na implementação
primento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. da IA no serviço público.
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis-
tração pública federal responsável: A Revolução da Inteligência Artificial no Serviço Público
I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo- A IA oferece uma série de benefícios potenciais para o setor pú-
mento à cultura da transparência na administração pública e cons- blico, incluindo automação de tarefas rotineiras, análise de dados
cientização do direito fundamental de acesso à informação; em grande escala e tomada de decisões baseadas em informações
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao precisas e rápidas. No entanto, a implantação da IA no serviço pú-
desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi- blico também traz desafios éticos e sociais, particularmente no que
nistração pública; diz respeito à transparência e imparcialidade.
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da ad-
ministração pública federal, concentrando e consolidando a publi- Transparência na IA Governamental
cação de informações estatísticas relacionadas no art. 30; A transparência é um princípio fundamental para garantir que a
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório IA no serviço público seja compreendida e confiável. Os algoritmos
anual com informações atinentes à implementação desta Lei. e modelos de IA devem ser transparentes, com explicações claras
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei sobre como tomam decisões e processam informações. Isso é es-
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua pu- sencial para que os cidadãos compreendam como suas informações
blicação. são usadas e como as decisões são tomadas em seu nome.
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezem- A transparência também implica a divulgação de dados e práti-
bro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: cas de coleta, para que o público possa avaliar a qualidade e a inte-
“Art. 116. ................................................................... gridade dos sistemas de IA. Os governos devem adotar políticas que
............................................................................................ garantam a abertura de algoritmos e modelos, bem como permitir
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do auditorias independentes.
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
dade competente para apuração;
.................................................................................” (NR)
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Esses atores são todas as pessoas, grupos ou instituições que, Os interesses apresentados pelos grupos aos dirigentes do go-
direta ou indiretamente participam da formulação e implementação verno podem ser específicos para atender uma parte específica do
de uma política. Os envolvidos no processo de discussão, criação grupo de pessoas, como por exemplo a construção de uma creche,
e execução das Políticas Públicas podem ser classificados como ou um sistema de captação de águas, ou mesmo de interesse geral
estatais ou privados: da sociedade, como por exemplo, a necessidade de melhorias na
- Estatais: são os procedentes do Governo ou do Estado, alguns saúde pública ou na questão da segurança.
foram eleitos pela sociedade por um período determinado (os A apresentação das demandas e interesses não significa ne-
políticos eleitos) e outros atuarão de forma permanente exercendo cessariamente que serão atendidas mas a força, justificativas ou
funções públicas no Estado (servidores). Os servidores teoricamente o impacto com que as reivindicações chegam aos dirigentes pode
deveriam atuar de forma neutra, sem agir de acordo com os demonstrar a urgência e importância de tal ação para o grupo ou
interesses pessoais, mas sim contribuindo de modo essencial para a sociedade.
um bom desempenho das ações governamentais.
- Privados: são os procedentes da Sociedade Civil, eles não Modelos de Tomada de Decisão em Políticas Públicas
possuem um vínculo direto com a administração do Estado, esse As decisões são escolhas entre diferentes cursos de ações pos-
grupo é formado por sindicatos de trabalhadores, sindicatos síveis, normalmente uma pessoa faz escolhas diariamente para
patronais, entidades de representação da Sociedade Civil diferentes situações ou circunstâncias e isso também ocorre no
Organizada, a imprensa, os centros de pesquisa, entre outros. contexto organizacional, essas decisões têm inúmeras implicações,
inclusive no alcance de resultados e no consumo de recursos da
Ao longo dos anos as mudanças que ocorreram na sociedade empresa.
como um todo levaram o Estado a ampliar seu papel de atuação O estudo sistemático do processo decisório pode maximizar as
que concentrava-se na segurança pública e defesa externa em caso chances de decisões boas a serem tomadas e minimizar as chances
de ataques inimigos. Essa ampliação foi tomada pela democracia e de serem tomadas decisões que tragam consequências negativas
pelas novas responsabilidades que levaram o Estado a atuar pelo para a organização.
bem-estar da sociedade como um todo. Com a finalidade de descobrir a melhor decisão para determi-
As atividades realizadas pelo Estado no exercício e busca pelo nadas situações, cabe ao indivíduo tomador de decisões construir
bem-estar comum são desenvolvidas nas mais diversas áreas como: o máximo de alternativas possíveis para que então possa escolher
saúde, trabalho, educação, meio ambiente, segurança, etc. o melhor caminho otimizando e possibilitando o crescimento e
Dessa forma, as políticas públicas são ações que buscam atingir desenvolvimento da empresa nesse contexto de competitividade
resultados nessas diversas áreas e consequentemente promover o agressiva.
bem-estar da sociedade, sendo assim, elas podem ser compreen-
didas como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas Etapas para Solução de Problemas
para a solução (ou não) de problemas da sociedade, que é a soma Seguir critérios racionais e etapas estabelecidas pode ser um
das ações, metas e planos que os governos estabelecem buscando caminho para resolução de problemas e tomada de decisões no
alcançar o bem-estar da sociedade. contexto organizacional. Abaixo foram litadas as etapas da solução
A maneira pela qual a sociedade expressa os interesses e ne- de problemas e as principais técnicas de cada uma.
cessidades é através de solicitações aos grupos organizados. Essas Deve-se primeiramente realizar a identificação do problema
necessidades são apresentas aos vereadores/deputados/senado- ou da oportunidade, pode ser caracterizada pela existência de um
res, e estes levam os interesses e demandas da sociedade aos pre- obstáculo ao alcance de objetivos organizacionais, por uma nova
feitos/governadores/presidente da República, membros do Poder oportunidade, por um problema nos processos de trabalho ou por
Executivo escolhidos para representar a sociedade e atender ao um acontecimento qualquer que exija uma decisão e, subsequen-
bem-estar coletivo. temente, a adoção de determinadas ações.
Os grupos organizados podem ser chamados de Sociedade Civil O diagnóstico do problema consiste na caracterização do pro-
Organizada, incluindo também sindicatos, associações, entidades blema, devemos entender o problema, seu contexto, suas causas e
empresariais, associações patronais e ONGs em geral. suas consequências ante de iniciar o processo de resolução. Chia-
Vivemos em uma sociedade que se caracteriza por uma grande venato destaca condições sob as quais a decisão pode ser tomada: 4
diversidade, ou seja, diferentes valores, cultura, costumes, religião, 1. Incerteza: situação em que o tomador de decisão tem pouca
idade, sexo, profissão, interesses e ainda por inúmeras necessida- ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência
des com uma quantidade escassa de recursos. de cada evento futuro.
A formação de grupos que possuem interesses comuns é um 2. Risco: é a situação em que sabemos a probabilidade de ocor-
caminho muito comum para criar força e se organizar para reivin- rência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de
dicar direitos e melhorias para a sociedade, é importante que essas acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. Por exem-
ações sejam sempre estabelecidas de acordo com as conformida- plo: na prova desse concurso, se cair uma questão que trate de um
des da legislação vigente. assunto acercado do qual nunca ouvimos falar, e todas as alter-
Levando em conta que as necessidades são ilimitadas faz-se nativas parecem igualmente plausíveis, temos 20% de chance de
necessário ao formulador de políticas públicas selecionar as prio- acertar e 80% de chance de errar. Para marcar o gabarito, cada um
ridades de modo que as políticas sejam então respostas que aten- adotará uma tática, considerando os riscos e benefícios envolvidos.
dam as expectativas e demandas da sociedade voltando o governo Neste caso, a intuição, que vimos anteriormente, também pode es-
para o atendimento dos interesses públicos da sociedade buscando tar presente.
assim atender o bem-estar da sociedade.
4 CHIAVENATO, I.; Administração nos novos tempos. 2ª ed., RJ: Elsevier, 2004.
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3. Certeza: é a situação em que temos sob controle todos os - Decisões Operacionais: são aquelas tomadas no dia-a-dia,
fatores que afetam a tomada de decisão, aqui sabemos quais são relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realidade organi-
os riscos e probabilidades de ocorrência de eventos, temos infor- zacional.
mações acerca de custo, sabemos quais são os fatores potenciali- - Decisões Autocráticas: são decisões tomadas sem discussões,
zadores e restritivos, e possuímos estudos de viabilidade das alter- acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou
nativas etc. alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma
4. Turbulência: é a condição para tomada de decisão que ocor- rápida de tomada de decisão e não devem ser questionadas. Mui-
re quando as metas não são claras ou quando o meio ambiente tas vezes, são decisões de cunho estritamente técnico.
muda muito depressa. - Decisões Compartilhadas: são aquelas decisões tomadas de
forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características
Decisões Racionais marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso.
As decisões ordenadas de forma lógica são chamadas de deci- Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consulta,
sões racionais, uma vez que seguem critérios para escolher a me- ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
lhor alternativa buscando os melhores resultados com os menores - Decisões Delegadas: são tomadas pela equipe ou pessoa que
custos, algumas características são a busca pelo resultado e evitar recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam
a incerteza. ser aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo
É necessário considerar que não é possível obter todas as in- assume plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a
formações de modo a tomar uma decisão cem por cento racional, informação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes
considerando que nem todas as variáveis estão sob nosso total con- para decidir da melhor maneira possível.
trole.
Serão apresentadas abaixo cinco etapas sequenciais no proces-
Decisões Intuitivas so de decisão, este processo começa com a identificação da situa-
As decisões baseadas em sentimentos, intuição, percepção são ção e vai até monitoração e feedback.
chamadas de decisões intuitivas, esse tipo de decisão normalmente
ocorre quando as informações, dados não são suficientes para se 1ª Etapa - Reconhecimento: ocorre aqui a identificação/
tomar uma decisão racional ou mesmo quando não há tempo para diagnóstico da situação, é a etapa mais difícil, pois é necessário
se analisar todas as variáveis. reconhecer um problema e/ou oportunidade. Ela é fundamental
São muitos os fatores que afetam uma decisão, tais como: cus- porque, se não for bem-feita, todo trabalho de uma equipe será
tos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assumidos, perdido, essa etapa é considerada a mais difícil das cinco etapas do
tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponí- processo decisório.
veis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilidade do to-
mador de decisão, estrutura de poder da organização entre outros. 2ª Etapa - Planejamento: nessa etapa acontece o desenvol-
vimento de alternativas, ou seja, aqui são elaboradas as alternati-
Decisões Programadas e Não Programadas vas de ação. Faz-se necessária a elaboração de alternativas porque
As decisões podem ainda ser programadas ou não programa- é a partir delas que uma decisão deverá ser tomada, e sem elas,
das, as programadas são aquelas para a qual a organização dispõe não existe decisão a ser tomada. Para facilitar essa etapa, pode
de soluções padronizadas e preestabelecidas. São tomadas com ser desenvolvido um instrumento gráfico, denominado “árvore
base em regras e procedimentos preestabelecidos aplicam-se a de decisão”, que avalia as alternativas disponíveis (esse processo
problemas rotineiros, cujas soluções podem ser previstas. Neste é normalmente usado quando há muitas alternativas a serem dis-
caso, não seguiremos as etapas de decisão, pois o diagnóstico já cutidas).
foi identificado, aconselha-se no contexto organizacional tomar o
maior número possível de decisões programáveis. 3ª Etapa - Avaliação: ocorre aqui a avaliação e escolha das al-
Já as decisões não programáveis ou não programadas são ternativas, que foram desenvolvidas na etapa anterior. Nesta eta-
aquelas referentes a problemas inéditos, novos ou problemas que pa, deverá ser feita uma análise das vantagens e desvantagens das
as soluções programadas não são capazes de resolver. As transfor- alternativas desenvolvidas, e é importante destacar que realmente
mações que ocorrem no mundo organizacional contribuem para deve-se avaliar as vantagens e as desvantagens de cada alternativa
que decisões não programáveis sejam frequentemente necessá- utilizando senso crítico ao avaliar as alternativas.
rias, esse tipo de decisão exige que sejam seguidas todas as etapas
de tomada de decisão (identificação do problema, diagnóstico etc.). 4ª Etapa - Decisão e implementação: faz-se a seleção e depois
a implementação, ou seja, nessa etapa é o momento de selecio-
Há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em que ela nar a melhor alternativa. Uma vez escolhida, deve-se anunciá-la
é tomada, assim: com confiança e de forma decisiva, pois caso contrário poderá ser
- Decisões Estratégicas: são aquelas mais amplas, referentes à despertado um sentimento de insegurança nos outros. Para a im-
organização como um todo e sua relação com o ambiente, elas são plementação da alternativa escolhida, deve-se também, verificar o
tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e possuem consequên- momento oportuno de implementá-la, é um erro comum imple-
cias de longo prazo. mentar a alternativa escolhida na época errada.
- Decisões Táticas: ou chamadas também de administrativas,
são tomadas nos níveis das unidades organizacionais ou departa- 5ª Etapa - Controle: ocorre aqui a monitoração e o feedback,
mentos. para que se alcance os resultados desejados e para um bom contro-
le do andamento e do processo, faz-se necessário a avaliação dos
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POLÍTICAS PÚBLICAS
resultados da decisão. Nessa etapa é necessário humildade, pois São exemplos de políticas públicas distributivas: as podas
em se verificando que os resultados não atingiram o esperado é de árvores, os reparos em uma creche, a implementação de um
preferível admitir o erro que manter a decisão, pois as consequên- projeto de educação ambiental ou a limpeza de um córrego, dentre
cias poderão ser danosas. outros. O seu financiamento é feito pela sociedade como um todo
através do orçamento geral de um estado.
Modelos de Tomada de Decisão
Com relação as Políticas Públicas, os modelos de tomada de Políticas Regulatórias: disciplinam aspectos da atividade
decisão são classificados como: social, esse tipo consiste na elaboração das leis que autorizarão
os governos a fazerem ou não determinada política pública
Modelo Incremental: segundo informações do Ministério do redistributiva ou distributiva. Se estas duas implicam no campo
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), o modelo de tomada de ação do poder executivo, a política pública regulatória é,
de decisão incremental pode ser visto como um processo político essencialmente, campo de ação do poder legislativo.
caracterizado pela barganha e pelo compromisso entre decisores
auto orientados. As decisões limitam-se a decisões sucessivas ante- Políticas Redistributivas: são aquelas que de várias formas
riores, sendo, portanto, apenas marginalmente diferentes das an- (transferências, isenções, etc.) redistribuem recursos de qualquer
teriores. Dessa forma, ocorreriam apenas mudanças incrementais natureza, entre grupos sociais. Consistem em redistribuição de
no status quo. renda em forma de recursos e financiamentos de equipamentos e
O modelo incremental traz duas constatações ao processo de serviços públicos.
políticas públicas: São exemplos de políticas públicas redistributivas: os
1) Por mais adequada que seja a fundamentação técnica de programas de bolsa-escola, bolsa-universitária, cesta básica, renda
uma alternativa, a decisão envolve relações de poder; cidadã, isenção de IPTU e de taxas de energia/água para famílias
2) Os governos democráticos não possuem efetivamente liber- carentes, dentre outros.
dade total na alocação de recursos públicos. Do ponto de vista da justiça social o seu financiamento deveria
ser feito pelos estratos sociais de maior poder aquisitivo, de modo
A principal crítica a este modelo se refere à sua pouca compa- que se pudesse ocorrer, portanto, a redução das desigualdades
tibilidade com as necessidades de mudanças necessárias à gestão sociais. No entanto, por conta do poder de organização e pressão
de programas e projetos, podendo gerar prejuízos à eficiência do desses estratos sociais, o financiamento dessas políticas acaba
Estado e legitimar um viés conservador no processo decisório. sendo feito pelo orçamento geral do ente estatal (união, estado
federado ou município).
Modelo Racional: segundo ainda informações do MPOG, nes-
te modelo, a tomada de decisão segue as seguintes atividades se- Políticas Constitucionais: estabelecem procedimentos para a
quenciais: adoção de decisões públicas e relações entre os vários aparatos
- Um objetivo para solucionar um problema é estabelecido. do Estado. Cada tipo de política pressupõe uma arena de poder
- Todas as estratégias alternativas para alcançar o objetivo são diferente, uma rede diferente de atores, uma diferente estrutura
exploradas e listadas. decisional e um contexto institucional diferente.
- Todas as sequências significantes de cada alternativa estraté-
gica são previstas e as probabilidades dessas consequências ocor- Fases das Políticas Públicas
rerem são estimadas. As fases das Políticas Públicas também são conhecidas como “Pro-
- Por fim, a estratégia que parece resolver o problema ou que o cesso de Formulação de Políticas Públicas” ou “Ciclo das Políticas Pú-
resolve com menor custo é selecionada. blicas”. Veja na tabela a seguir, as cincos fases das Políticas Públicas:
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POLÍTICAS PÚBLICAS
Faz-se necessário definir as questões a serem tratadas bem lhor forma de proceder. As diversas opiniões poderão servir como
como reconhecer aquelas que não serão levadas adiante, alguns um banco de ideias que poderão apontar o caminho desejado por
elementos poderão ser levados em conta para a inserção de um cada segmento social.
problema na Agenda Governamental. Veja os exemplos abaixo: Uma análise objetiva precisa ser realizada com relação as opi-
niões do grupo e ainda considerar a viabilidade técnica, legal, fi-
Exemplo 1: se um número elevado de pequenas empresas en- nanceira e política. Comparar e medir as alternativas, os riscos, a
cerra os negócios nos primeiros meses de existência, uma política eficácia e eficiência pode conduzir a um melhor atendimento aos
pública voltada especificamente para esta situação poderia ser cria- interesses e objetivos sociais.
da como medida de controle ou influência.
3ª Fase - Processo de Tomada de Decisão: embora seja neces-
Exemplo 2: acontecimentos como crimes violentos podem sário tomar decisões em todos os momentos no ciclo de Políticas
levar a população a uma comoção, o impacto social causado por Públicas, esta fase concentra-se em um importante momento de
evento específico pode levar os dirigentes do governo a estabelece- ação em resposta aos problemas escolhidos para a Agenda. Defi-
rem ações que possam evitar a repetição do ato ocorrido. nem-se os recursos e o prazo temporal da ação política. As formali-
zações das escolhas são expressas por meio de leis, normas, resolu-
O feedback das ações governamentais que podem contribuir ções, decretos, e outros atos da administração pública.
para o apontamento de falhas em medidas adotadas pelo progra- É importante ressaltar que na terceira fase ou processo de to-
ma avaliado ou outros programas que não receberam atenção go- mada de decisão, verificam-se os procedimentos a seguir antes de
vernamental. tomar a decisão. Faz-se necessário decidir aqueles que participarão
O período onde ocorre transição entre os governos pode ser do processo e ainda se o mesmo será aberto ou fechado. Se for
considerado como um período onde a agenda passa por mudan- aberto faz-se necessário verificar se ocorrerá participação dos be-
ças, diante desta circunstância faz-se necessário valorizar e dedicar neficiários, se a decisão será ou não tomada por votação, e em qual
maior atenção aos temas já selecionados como mais relevantes en- grau direto ou indireto.
tre as demandas da sociedade. As decisões serão fortemente influenciadas por diferentes for-
mas de decisão e diferentes controladores da Agenda.
Porém ainda que uma questão esteja selecionada na Agen-
Pesquisadores e estudiosos desenvolveram modelos que po-
da Governamental, isso não significa obrigatoriamente que será
derão amenizar erros e elevar eficiência desse processo. Dentre os
dedicada uma atenção especial ou prioridade. Isso normalmente
diversos modelos, cabe a Abordagem das Organizações, que pres-
ocorrerá quando outros fatores são somados a esta questão como,
supõe que o governo é um conjunto de organizações dos mais di-
por exemplo, mobilização popular, vontade política, percepção dos
versos níveis, dotadas de maior ou menor autonomia. A forma dos
custos de não se resolver a questão versus os custos de resolver.
governos perceberem problemas são os sensores das organizações,
e as informações fornecidas por tais sensores se constituem em re-
2ª Fase - Formulação de Políticas: faz-se necessário definir curso para se solucionar os problemas inseridos nesse modelo, as
quais caminhos ou ações deverão ser tomadas para solucionar uma Políticas Públicas passam a ser entendidas como resultado da atu-
situação já vista como um problema inserido na Agenda Governa- ação das organizações.
mental. Assim, os atores são as próprias organizações que concorrem
Diante da realidade mencionada anteriormente compreende- em termos de poder e influência para promover a sua perspectiva e
-se que esse processo nem sempre é tomado como um processo interpretação dos problemas tratados. Sob este enfoque, explicam-
pacífico, embora as ações ou medidas tomadas sejam favoráveis e -se as decisões basicamente como o resultado de interações po-
de interesse de determinado grupo/parte da sociedade, outros gru- líticas entre as organizações burocráticas. As soluções ajustam-se
pos poderão considerar as ações não favoráveis aos seus interesses aos procedimentos operacionais padronizados, ou seja, às rotinas
e necessidades. organizacionais.
Por isso, definir os objetivos da política, os programas e metas Segundo esse modelo, uma boa decisão seria aquela que per-
a serem desenvolvidas fazem-se importantes e necessárias, ainda mitisse a efetiva acomodação de todos os pontos de conflito envol-
que provoque rejeições de várias propostas de ação. vidos naquela Política Pública. Os principais atores, ou seja, aque-
As decisões devem ser tomadas após ouvir o corpo técnico da les que têm condições efetivas de inviabilizar uma Política Pública
administração pública, considerando recursos materiais, econômi- devem ter a convicção de que saíram ganhando. Na pior hipótese,
cos, técnicos, pessoais, e ainda após verificação do posicionamento nenhum deles deve se sentir completamente prejudicado. Na práti-
dos grupos sociais. ca, isso requer que os atores que podem impedir a execução devem
sentir que poderão não ter ganhos reais mas, ao menos, não terão
Veja abaixo alguns importantes passos para a elaboração de prejuízos com a política proposta.
Políticas Públicas:
- A conversão de estatísticas em informação relevante para o 4ª Fase - Implementação: Na quarta fase, na implementação
problema; ocorre a transformação do planejamento e das escolhas em atos.
- Análise das preferências dos atores; e O principal responsável pela execução da política ou ação direta é
- Ação baseada no conhecimento adquirido. o corpo administrativo. Devem realizar a aplicação, o controle e o
monitoramento das medidas já definidas. Dependendo da postura
Deve haver uma comunicação entre o responsável pela elabo- do corpo administrativo a política poderá sofrer mudanças drásti-
ração da Política Pública e os atores envolvidos no contexto com o cas durante este período/fase. Mencionaremos aqui dois modelos
propósito de facilitar a formulação de propostas, onde ela irá ser de implementação das Políticas Públicas, o de cima para baixo e o
implantada e requerer a eles uma proposta sobre qual seria a me- de baixo para cima.
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POLÍTICAS PÚBLICAS
De Cima para Baixo: aplicação descendente, do governo para A indiferença e descaso gerais, a resistência passiva ou a mo-
população. Este modelo representa um modelo centralizado onde bilização intensa contra as medidas podem configurar uma con-
um número muito pequeno de funcionários participa das decisões juntura negativa que prejudique a aplicação dos objetivos e metas
e pode opinar sobre a forma da implementação das Políticas Pú- propostas na política. Para melhor se entender isso, é importante
blicas. As decisões tomadas pela administração pública devem ser ressaltar quais características possuem os indivíduos que podem
cumpridas sem quaisquer questionamentos. contribuir para o aparecimento dos fatores externos.
De Baixo para Cima: aplicação ascendente, da população para Além da diferença na escala social (grupos de alta, média ou
o governo. Este modelo representa um modelo descentralizado. baixa posição), as características mais importantes dos atores polí-
Ocorre participação dos beneficiários ou usuário final das políticas ticos são: a racionalidade, os interesses e as capacidades que pos-
em questão. O contato direto com aqueles que serão os beneficiá- suem para agir. Se entendermos essas três características, enten-
rios, o cidadão, permite uma perspectiva participativa nas Políticas deremos como ocorre a formulação de Políticas Públicas na prática.
Públicas. A racionalidade é a capacidade de um Grupo Social (um ator)
definir estratégias e cursos de ação para alcançar seus objetivos. Os
Nesta fase deve-se chamar a atenção para fatores que podem interesses representam as preferências de um dado ator por uma
comprometer a eficácia das políticas, as disputas de poder entre certa política com a qual possui mais afinidade em detrimento de
as organizações, os fatores internos e externos que podem afetar outras que desconhece ou não possui simpatia.
o desempenho das organizações, suas estruturas, sua preparação A capacidade reflete os recursos (carisma, possibilidade de
formal. mobilização, liderança, unidade, acesso aos meios de comunica-
Dentre os fatores de disputas entre as organizações, destacam- ção) que um ator possui na sua relação com seus representados,
-se a quantidade de agências ou organizações envolvidas no acom- o que faz com que a sociedade ouça seus argumentos e os leve em
panhamento e controle das políticas e o grau de cooperação ou consideração (ou não).
lealdade entre elas.
Quanto maior o número de organizações envolvidas na execu- 5ª Fase - Monitoramento ou Avaliação: o fato de que o “Mo-
ção de uma política, maior será o número de comandos ou ordens nitoramento e Avaliação” são classificados como a quinta fase não
que tem de ser expedidas e, consequentemente, o tempo deman- significa que suas atuações ocorram somente no final. A avaliação
dado para a realização das tarefas, a extensão da cadeia de coman- pode ser realizada em todos os momentos do ciclo de Políticas Pú-
do mede-se pelo número de decisões que é necessário adotar para blicas. O constante exercício do monitoramento e avaliação pode
que o programa funcione. contribuir para o sucesso das ações governamentais e para a maxi-
A extensão de comando afeta o grau de cooperação entre as mização dos resultados obtidos com os recursos. O monitoramento
organizações, tornando o controle e monitoração do processo de e avaliação tem vital importância no processo de percepção sobre
implementação mais complexo e difícil. Dessa forma, quanto mais quais ações tendem a elevar melhores resultados.
elos (agências e organizações da administração pública envolvidas
na execução de tarefas) tiver a cadeia de comando (canais de trans- O monitoramento e a avaliação permitem à administração:
missão das ordens para execução das tarefas) mais sujeita a defici- - Corrigir e prevenir falhas;
ências estará a implementação de políticas. - Prestar contas de seus atos;
Dentre os fatores internos que afetam as organizações, pode- - Justificar as ações e explicar as decisões;
mos enumerar, em primeiro lugar, as características estruturais das
- Gerar informações úteis para futuras Políticas Públicas;
agências burocráticas (recursos humanos, financeiros e materiais) e
- Fomentar a coordenação e a cooperação entre esses atores;
a relação entre quantidade de mudanças exigidas por uma política
- Identificar as barreiras que impedem o sucesso de um pro-
e extensão do consenso sobre seus objetivos e metas.
grama;
As características das agências abrangem aspectos objetivos
- Promover o diálogo entre os vários atores individuais e cole-
(como tamanho, hierarquia, autonomia, sistemas de comunicação
tivos envolvidos; e
e de controle) e qualitativos (como a competência da equipe e a
- Responder se os recursos, que são escassos, estão produzindo
vitalidade de seus membros).
Essas características estruturais são responsáveis não apenas os resultados esperados e da forma mais eficiente possível;
pela eficácia na execução das tarefas como também pela compre-
ensão mais ou menos precisa dos implementadores acerca da polí- O processo de avaliação de uma política leva em conta seus
tica e pela abertura ou adaptabilidade da organização às mudanças. impactos e as funções cumpridas pela política, busca determinar
Quanto ao segundo fator interno, cabe destacar a existência sua relevância, analisar a eficiência, eficácia e sustentabilidade das
de consenso dentro da burocracia, com efeito, a relação entre a ações desenvolvidas, e ainda serve como um meio de aprendizado
quantidade de mudanças exigidas afeta inversamente o consenso para os atores públicos.
sobre a política, ou seja, quanto mais mudanças no padrão de inte- Os impactos se referem aos efeitos que uma Política Pública
ração dos atores ou nas estruturas forem necessárias, menor será provoca nas capacidades dos atores e grupos sociais, por meio da
o consenso sobre como atingi-las. Isso afeta negativamente o grau redistribuição de recursos e valores, afetando interesses e suas es-
de cooperação entre as organizações e a lealdade da burocracia truturas de preferências. A avaliação de impacto analisa as modifi-
aos formuladores, provocando deficiências e deturpações na im- cações na distribuição de recursos, a magnitude dessas modifica-
plementação das Políticas Públicas. ções, os segmentos afetados, as contribuições dos componentes da
Os fatores externos, por fim, também afetam as Políticas Pú- política na consecução de seus objetivos.
blicas, com efeito, a opinião pública, a disposição das elites, as con- A avaliação de uma política também deve enfocar os efeitos
dições econômicas e sociais da população e a posição de grupos que esses impactos provocam e que se traduzem em novas deman-
privados podem tornar problemática a execução das políticas. das de decisão por parte das autoridades, com o objetivo de anular
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Portanto, a concepção, a implementação e a avaliação de po- canais institucionais para ampliação da participação nos processos
líticas públicas devem ser balizadas pelos condicionantes de um de concepção e implementação de políticas públicas é consequên-
regime democrático. A gestão pública deixa de ser voltada para cia lógica no processo de fortalecimento da democracia brasileira.
somente rotinas e procedimentos burocráticos internos para se
colocar também como meio para que governantes, políticos, ad- DICA: A nova governança pública representa um novo modo de
ministradores e sociedade a utilizem para viabilização de políticas governar: mais democrático, mais participativo, mais descentraliza-
públicas capazes de fortalecer a democracia por meio da elevação do e com maior número de atores participantes.
dos níveis de justiça social e fomentar o desenvolvimento econômi-
co sustentável. A gestão pública brasileira vive um intenso processo de trans-
A ampliação das discussões e a abertura de espaços para no- formação, ainda sob a influência principal da redemocratização do
vos participantes com influências na concepção e implementação país e da reforma do Estado, que tem na descentralização um de
de políticas públicas deve ser regra na democracia, pois “se demo- seus eixos principais para aproximação da ação pública das reais
cracia é participação dos cidadãos, uma participação insuficiente aspirações da sociedade.
debilita-a” (Bobbio et al., 1998). No âmbito local, surgem tendências de crescente constituição
de estruturas organizacionais em forma de rede envolvendo organiza-
Por que a participação é tão importante no processo de for- ções estatais, não governamentais e privadas para atuarem cooperati-
mação de políticas públicas? vamente em contextos de múltiplas e sobrepostas jurisdições.
A falta de participação torna difícil para os agentes públicos As relações entre tais organizações têm fundamentos que vão
e governantes perceberem demandas não expressas pelo número além de simples relações contratuais. Num processo de negociação
reduzido de cidadãos que se manifestam nas esferas políticas, essa contínua em longos períodos tende a haver formação de laços so-
falta de percepção dos problemas enfrentados pela sociedade fra- ciopolíticos em que a confiança entre os atores assume papel rele-
giliza a produção legislativa que regula a distribuição de recursos vante; logo, as relações se diferenciam substancialmente daquelas
entre grupos na sociedade. constituídas em regras puras de mercado.
Numa situação como essa, existe a tendência de que os recur- Nessa linha, estudos têm mostrado que o resgate da importân-
sos públicos sejam direcionados para os poucos cidadãos que par- cia do município na definição e condução de políticas públicas e na
ticipam dos processos políticos de elaboração de políticas públicas gestão do território está, cada vez mais, exigindo a concepção de
em detrimento da maioria da população não participante, o que novas formas de intervenção voltadas ao atendimento das necessi-
gera falta de legitimidade dos governos perante a sociedade. dades locais, assim como a incorporação de uma multiplicidade de
Assim, como o nosso sistema é democrático, não há alternativa novos atores na articulação dos interesses da comunidade.
diferente para compreender as políticas públicas e utilizá-las para A qualidade da gestão local passa a depender da capacidade
fazer cumprir o que constitucionalmente foi determinado. Veja a de obtenção de equilíbrios dinâmicos nas articulações entre atores
importância da participação que vem sendo atribuída na elabora- internos, integrantes do próprio poder público, e externos, oriun-
ção do Plano Plurianual federal e de alguns estados e municípios. É dos da iniciativa privada ou da sociedade em geral, participando da
o cidadão e a sociedade civil organizada obtendo um espaço para concepção e implementação de políticas públicas.
priorizar a alocação de recursos orçamentários em políticas que As estruturas locais de governança são vistas mais como inicia-
consideram prioritárias. tivas orgânicas que mecanicistas, logo, a forma de gestão de inicia-
Antes de ser vista como coisa de políticos, a política deve ser tivas locais tende a ser descentralizada e distribuída. Esta lógica da
compreendida por servidores públicos, agentes políticos e cida- governança leva à constituição de configurações únicas de conjun-
dãos, para que consigam se instrumentalizar, se capacitar e se arti- tos de atores em torno de projetos específicos.
cular com eficiência com vistas a planejar e executar ações públicas Os projetos, neste caso, apresentam a peculiaridade de ir além
capazes de encontrarem um mínimo de legitimidade, eficiência e da atuação das organizações e, ao mesmo tempo, serem conduzidos
eficácia perante a sociedade. sob uma lógica própria de gestão desenvolvida em espaço de inter-
Como a Administração Pública trabalha para o público, não secção de condicionantes do setor público e do setor privado local.
pode esperar, principalmente dos que detêm cargos com capacida- Nessa nova perspectiva de condução das atividades estatais,
de decisória, que “um chefe” diga o que e como fazer política pú- no Brasil apostou-se no controle social realizado por meio de co-
blica. Desenvolver políticas públicas é, portanto, atividade que en- missões/conselhos de cidadãos para avaliação da qualidade de ser-
volve políticos, administradores e servidores públicos, e cidadãos. viços, possibilitando, deste modo, influir nas mudanças da gestão
No processo de transformação de modos de governo centra- dos equipamentos sociais.
lizado para governos mais descentralizados, a governança passou A gestão de serviços tende a ser deixada a cargo da comuni-
a significar um modo de governo distinto do modelo de controle dade, das organizações não governamentais ou mesmo de espe-
hierárquico, característico do Estado intervencionista. cialistas e voluntários, com patrocínio parcial de empresas com
A acepção atual de governança diz respeito a um novo estilo de objetivos de melhorar sua imagem e evitar efeitos negativos dos
governo, distinto do modelo de controle hierárquico. Está relacio- problemas sociais que pudessem atingi-las. Ao Estado caberia man-
nada a governos que atuam procurando maior grau de cooperação ter o funcionamento e controle dessas políticas por meio de uma
e de interação entre o Estado e os atores não estatais em redes burocracia preparada para tal função.
decisórias mistas situadas na intersecção entre o espaço público e Com a Reforma do Estado de 1995 foi dado início ao processo
o espaço privado. de publicização, como incentivo à constituição de organizações hí-
A governança expande o foco para incluir atores públicos, pri- bridas de propriedade pública não estatal, submetidas ao controle
vados e da sociedade civil como componentes essenciais do proces- social, para ocupar o espaço compreendido entre o Estado e a so-
so de governo, daí na nova governança a abertura de espaços e de ciedade para prestação de serviços sociais e competitivos.
104
POLÍTICAS PÚBLICAS
Nesse sentido, a chamada Lei do Terceiro Setor (Lei n° DICA: Esses conselhos existem nas políticas públicas mais bem
9.790/1999), instituiu o Termo de Parceria como instrumento de estruturadas. Têm amparo legal com atribuições definidas e atuam
regulação das relações entre o poder público e as entidades quali- mais no planejamento e fiscalização. Em regra são paritários (50%
ficadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. de participantes públicos e 50% não públicos), e nem todos são obri-
O objetivo foi formar vínculos de cooperação entre as partes, gatórios.
para o fomento e a execução de políticas públicas e de atividades
de interesse público. Além disso, essa lei reforçou a atuação dos O aumento das atividades associativas voluntárias propiciou a
Conselhos de Políticas Públicas nos diferentes níveis de governo ao distribuição mais equitativa de serviços do governo, e o fortaleci-
determinar a necessidade de consultas a eles quanto à intenção de mento da cidadania e da democracia no Brasil. Exemplo disso foi
firmar Termos de Parceria com organizações privadas e do terceiro a criação de mais de 170 projetos de orçamento participativo ins-
setor. talados, a instalação de cerca de 5000 conselhos de saúde, e de
Um ponto positivo nesse processo de descentralização da ges- milhares de comissões de planejamento urbano.7
tão de políticas públicas foi instituição e ampliação da atuação dos Além disso, são realizadas audiências públicas em diferentes
conselhos como espaços públicos (não estatais). Isso sinalizou para âmbitos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para tratar
a possibilidade de representação de interesses coletivos na cena de assuntos que afetam interesses coletivos.
política e na definição da agenda pública, apresentando um caráter No contexto das políticas há mudanças na concepção sobre a
híbrido, uma vez que são, ao mesmo tempo, parte do Estado e da natureza dos serviços prestados e novas propostas são aplicadas
sociedade. para fazer frente a novos desafios, como a ampliação de espaços de
Esses conselhos, como canais institucionalizados de participa- cidadania, com atenção a minorias excluídas, aliadas à ampliação e
ção política, de controle público sobre a ação governamental, de reconstrução da esfera de atuação dos governos locais dentro de
deliberação legalmente aceita e de publicação das ações do gover- um processo de reconstrução da esfera pública, orientado para a
no, marcam uma reconfiguração das relações entre Estado e so- democratização da gestão das políticas públicas.8
ciedade que, idealmente, busca a corresponsabilização quanto ao A democracia brasileira vai, assim, deixando de ser uma de-
desenho, monitoramento e avaliação de políticas públicas. mocracia de elites para se transformar em uma democracia de
Ao lado de vários outros conselhos já institucionalizados que opinião pública na qual já podem ser percebidas características
figuram como arena de manifestação da sociedade civil dentro de da democracia participativa ou republicana, na medida em que se
um novo espaço “público não estatal” de interseção entre Estado multiplicam os processos participativos oriundos de organizações
e a Sociedade, a Lei de Responsabilidade Fiscal ampliou as insti- da sociedade civil, sejam elas públicas não estatais, de controle e
tuições democráticas, ao trazer a figura dos Conselhos de Gestão advocacia social, ou corporativas, como associações representati-
Fiscal. vas de interesses e sindicatos.
Tais conselhos são integrados por representantes do Estado, Nesse sentido, os governos locais assumem assim um papel de
além de contar com a presença do Ministério Público e entidades coordenação e de liderança, mobilizando atores governamentais
representativas da sociedade, que têm como função a promoção e não governamentais e procurando estabelecer um processo de
de avaliação continuada da gestão. ‘concertação’ de diversos interesses e de diferentes recursos em
Embora com funcionamento ainda precário, esses conselhos torno de objetivos comuns.
se apresentam como instrumentos de controle social sobre o Es- Através dos novos arranjos institucionais assim constituídos
tado ao viabilizarem um canal de participação da população na tende a crescer a perspectiva de sustentabilidade de políticas públi-
formulação, implementação e no controle da execução de políticas cas que, de outra forma, poderiam sofrer solução de continuidade a
públicas mais concatenadas com as demandas dos segmentos so- cada mudança de governo.
ciais a que se destinam. O enraizamento das políticas em um espaço público que trans-
Os conselhos de políticas públicas funcionam como uma espé- cende a esfera estatal reforça a possibilidade de políticas de longo
cie de fórum para negociação e captação de demandas de grupos prazo, com repercussões sobre a eficiência e a efetividade das po-
sociais, possibilitando a participação pública de segmentos menos líticas implantadas.9
representativos. Não obstante os conselhos e a formação de novos arranjos de
governança e de gestão pública, ainda persistem profundamente
As principais dificuldades enfrentadas pelos conselhos são: arraigadas culturalmente tendências de condução dos interesses
- A desigualdade de condições entre seus participantes; públicos “a portas fechadas”.
- A ausência de garantia de que suas decisões sejam efetiva- Os espaços efetivos para os cidadãos se fazerem presentes ain-
mente implementadas; e da, por um lado, são bastante diminutos e, por outro, a maioria dos
- A ausência de instrumentos jurídicos que imponham ao Poder cidadãos ainda não detêm suficiente clareza sobre os seus direitos
Executivo o cumprimento das decisões emanadas dos conselhos. em relação à administração e aos administradores públicos.
105
POLÍTICAS PÚBLICAS
Outros Aspectos de Políticas Públicas DICA: O empresário político, em regra, não é um comercial/
industrial.
Instituições Públicas
Quase todas as políticas públicas são executadas por institui- Equilíbrio Interrompido: utiliza-se esse termo para explicar as
ções públicas, essas instituições têm papel decisivo: influenciam as políticas públicas que são implementadas por longos períodos, mas
decisões com seu poder, condicionam as decisões com sua estru- que em determinado momento são interrompidas em face de ins-
tura, limitam as decisões com suas normas, e impõem seu estilo tabilidades que provocam mudanças nas políticas anteriores.
próprio de agir. Portanto, as instituições influenciam na escolha, na
forma e na implementação das políticas públicas. Tipos de Demandas: considera três tipos de demandas: as
Instituições, políticos, gestores e servidores não são neutros: demandas novas resultam do surgimento de novos atores políti-
cada um tem seus interesses e nem sempre esses interesses são cos ou de novos problemas; as demandas recorrentes se referem
harmônicos. a problemas não resolvidos ou mal resolvidos, que retornam com
frequência ao debate e à agenda governamental; e as demandas
DICA: As instituições impõem limites e procuram moldar o com- reprimidas contemplam problemas já existentes que não foram
portamento dos atores na direção que lhes interessa. considerados problemas, mas apenas um “estado de coisas”.
106
POLÍTICAS PÚBLICAS
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POLÍTICAS PÚBLICAS
das práticas locais com padrões internacionais. A superação desses A gestão desses programas envolve um constante processo de
desafios requer compromisso político, recursos adequados e uma negociação e coordenação entre os diferentes níveis de governo.
abordagem colaborativa entre diferentes setores da sociedade. Mecanismos como consórcios intermunicipais, conferências de po-
Em conclusão, a institucionalização das políticas em direitos líticas públicas e comissões intergestoras são exemplos de como
humanos como políticas de Estado é fundamental para a constru- essa coordenação é realizada na prática. Esses mecanismos visam
ção de sociedades justas e equitativas. Ela promove o respeito à promover a integração entre os diferentes níveis de governo e ga-
dignidade humana, a proteção contra abusos e a promoção de uma rantir a coerência e a efetividade das políticas públicas.
cultura de respeito e valorização dos direitos humanos. Esta abor-
dagem não apenas fortalece o estado de direito e a democracia, Desafios e Perspectivas
mas também contribui para a estabilidade social e o desenvolvi- Apesar dos benefícios potenciais, a descentralização enfrenta
mento sustentável. Portanto, assegurar que os direitos humanos desafios significativos no Brasil. A variação na capacidade admi-
sejam uma prioridade nas políticas de Estado é um imperativo tan- nistrativa e financeira entre os Municípios e Estados pode levar a
to ético quanto prático para governos comprometidos com o bem- desigualdades significativas na qualidade dos serviços públicos ofe-
-estar de seus cidadãos e o progresso de sua nação. recidos. Além disso, a complexidade na coordenação entre os dife-
rentes níveis de governo pode resultar em sobreposição de funções
e ineficiências.
FEDERALISMO E DESCENTRALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚ- Para enfrentar esses desafios, é necessário fortalecer mecanis-
BLICAS NO BRASIL: ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO mos de cooperação e coordenação, aprimorar a capacidade admi-
DOS SISTEMAS DE PROGRAMAS NACIONAIS nistrativa dos governos locais e regionais e garantir uma distribui-
ção mais equitativa de recursos. Além disso, a avaliação contínua
das políticas públicas e a promoção da transparência e da participa-
O federalismo e a descentralização de políticas públicas no Bra- ção cidadã são essenciais para assegurar a eficácia e a responsabili-
sil representam aspectos fundamentais da organização política e dade na gestão pública.
administrativa do país. A estrutura federal brasileira é composta O federalismo e a descentralização de políticas públicas no Bra-
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada um com sil oferecem um quadro complexo, mas potencialmente eficaz, para
competências e responsabilidades específicas definidas pela Cons- a gestão de serviços e programas em um país de dimensões conti-
tituição de 1988. Essa estrutura visa equilibrar o poder entre dife- nentais e de grande diversidade regional. Ao equilibrar a autono-
rentes níveis de governo, ao mesmo tempo que promove a autono- mia dos governos locais com a coordenação e supervisão em nível
mia regional e local. federal, busca-se promover políticas públicas que sejam ao mesmo
tempo uniformes em qualidade e adaptadas às necessidades locais.
Federalismo Brasileiro A efetivação desse modelo, contudo, requer um compromisso con-
O federalismo no Brasil é caracterizado pela distribuição de tínuo com a melhoria da capacidade administrativa, a cooperação
poderes entre os diferentes níveis de governo. A União detém com- intergovernamental e a participação ativa da sociedade.
petências exclusivas em áreas como defesa nacional, política ex-
terna, e regulação do comércio internacional. Os Estados possuem
competências residuais, ou seja, tudo aquilo que não é exclusivo da QUESTÕES
União ou atribuído aos Municípios. Já os Municípios são responsá-
veis por questões de interesse local, como educação básica e servi-
ços de saúde de atenção primária. 1. (DETRAN-MT - Administrador – UFMT) Políticas Públicas
consistem em:
Descentralização de Políticas Públicas (A) Outputs resultantes da atividade política, em áreas como
A descentralização no Brasil foi intensificada com a Constitui- emprego, educação, segurança e saúde.
ção de 1988, que ampliou as competências dos Estados e Municí- (B) Procedimentos formais e informais que expressam relações
pios, especialmente em áreas como saúde, educação e assistência de poder na solução de conflitos.
social. Essa mudança visou aproximar a administração dos serviços (C) Centros de competências instituídos para o desempenho de
públicos dos cidadãos, buscando maior eficiência e adequação às funções estatais, por meio de seus agentes.
realidades locais. A descentralização é vista como um meio de pro- (D) Procedimentos que permitem aos gestores públicos tornar
mover a participação cidadã, aumentar a transparência e melhorar públicas suas ações, garantindo-lhes transparência.
a alocação de recursos.
2. (ANVISA - Técnico Administrativo – CETRO) A respeito das
Organização e Funcionamento dos Sistemas de Programas Políticas Públicas, é correto afirmar que
Nacionais (A) geram bens públicos e privados.
No contexto desse federalismo descentralizado, os sistemas de (B) são o resultado da atividade política.
programas nacionais são organizados de modo a assegurar a uni- (C) não possuem aspecto coercitivo.
formidade de diretrizes em todo o território nacional, ao mesmo (D) leis orgânicas municipais são políticas públicas.
tempo que permitem adaptações às especificidades locais e regio- (E) Estados e Municípios priorizam a ocupação do que se con-
nais. Por exemplo, no sistema de saúde, o Sistema Único de Saúde vencionou denominar a high politics.
(SUS) estabelece diretrizes nacionais, mas permite que Estados e
Municípios adaptem suas políticas e programas de acordo com as
necessidades locais.
108
POLÍTICAS PÚBLICAS
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POLÍTICAS PÚBLICAS
10. Por que a educação e a conscientização são essenciais na Nesse modelo, a(s) etapa(s)
institucionalização das políticas de direitos humanos? (A) identificação do problema e formação da Agenda corres-
(A) Para aumentar o controle do Estado sobre a população. pondem aos processos de reconhecimento de uma questão
(B) Para informar os cidadãos sobre seus direitos e como protegê-los. social como problema público e de sua legitimação na pauta
(C) Para reduzir a influência da sociedade civil e de organiza- pública, em determinado momento.
ções não governamentais. (B) formulação das alternativas consiste na escolha técnico-po-
(D) Para centralizar a formulação de políticas de direitos huma- lítica dos rumos a seguir, decidindo entre as alternativas formu-
nos no governo. ladas de ação efetiva ou não.
(C) tomada de decisão refere-se à capacidade de oferecer uma
11. Qual é o papel da sociedade civil na institucionalização das solução consistente indicando os encaminhamentos e progra-
políticas de direitos humanos como políticas de Estado? mas para o problema social diagnosticado.
(A) Reduzir a transparência e a prestação de contas do governo. (D) implementação contribui para os esforços de efetivação da
(B) Assegurar que as políticas sejam inclusivas e representati- ação governamental, mediante a verificação da pertinência,
vas das necessidades de diferentes comunidades. viabilidade e eficácia potencial de um programa.
(C) Centralizar as decisões de políticas de direitos humanos nas (E) avaliação identifica o conjunto de assuntos e problemas
mãos de grupos selecionados. que os gestores públicos e a comunidade política entendem
(D) Promover uma agenda política específica, independente como mais relevantes em um dado momento.
dos direitos humanos.
110
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um tema de crescente reconhecimento e importância na sociedade contemporânea.
Este tema abrange uma vasta gama de identidades e expressões que transcendem as tradicionais concepções binárias de masculino e
feminino, desafiando as normas e expectativas sociais estabelecidas. A compreensão e aceitação dessa diversidade é fundamental para a
promoção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.
Sexo, geralmente atribuído ao nascimento, refere-se a características biológicas e fisiológicas que definem humanos como masculinos,
femininos ou intersexuais. Pessoas intersexuais nascem com características sexuais (como cromossomos, genitália e padrões hormonais)
que não se encaixam nas noções típicas de corpos masculinos ou femininos. A diversidade no espectro do sexo biológico é mais complexa
do que a simples dicotomia.
Gênero, por outro lado, é um constructo social e cultural relativo às características, comportamentos, atividades e papéis que uma
sociedade considera apropriados para homens e mulheres. A identidade de gênero é o senso pessoal de alguém sobre a própria identidade
de gênero, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído ao nascimento. Além dos gêneros masculino e feminino, existem identidades
de gênero não binárias, como agênero, bigênero, gênero-fluido, entre outras, que refletem a complexidade e variabilidade da experiência
humana em relação ao gênero.
A sexualidade, que engloba a orientação sexual e as práticas sexuais, também faz parte dessa diversidade. A orientação sexual refere-
-se à atração afetiva, emocional ou sexual por indivíduos do mesmo sexo, de sexo oposto, de ambos os sexos, ou mais, incluindo atrações
que não se baseiam no gênero. Portanto, abrange identidades como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, assexual, entre
outras.
Reconhecer e respeitar a diversidade de sexo, gênero e sexualidade é crucial para o bem-estar e a dignidade de todos os indivíduos.
A falta de reconhecimento e aceitação pode levar a discriminação, estigmatização e violência. É essencial que as sociedades promovam a
inclusão e a igualdade, proporcionando ambientes seguros e acolhedores onde todas as pessoas possam expressar livremente suas iden-
tidades e viver suas vidas sem medo de preconceito ou marginalização.
A educação desempenha um papel crucial neste processo. Ensinar sobre a diversidade de sexo, gênero e sexualidade nas escolas pode
ajudar a desmantelar estereótipos e preconceitos desde cedo. A inclusão de tópicos sobre identidade de gênero e orientação sexual em
currículos educacionais promove a compreensão e o respeito pelas diferenças, além de fornecer apoio essencial a jovens que estão explo-
rando ou questionando suas próprias identidades.
Além disso, políticas públicas inclusivas são fundamentais para garantir os direitos e a proteção de todas as pessoas, independente-
mente de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Isso inclui legislações contra discriminação, acesso a cuidados de saúde adequa-
dos e representação igualitária em todos os aspectos da vida social, econômica e política.
A representação na mídia e na cultura popular também tem um papel importante na normalização e celebração da diversidade. Quan-
do filmes, programas de TV, livros e outras formas de mídia retratam uma variedade de identidades de gênero e orientações sexuais de
maneira positiva e autêntica, eles ajudam a criar uma cultura mais inclusiva e compreensiva.
Por fim, é vital criar espaços seguros e de suporte para pessoas de todas as identidades de gênero e orientações sexuais. Isso pode
incluir grupos de apoio, serviços de aconselhamento e eventos comunitários que celebram a diversidade. A promoção do diálogo aberto
e respeitoso, a educação continuada e a defesa dos direitos são essenciais para avançar na compreensão e aceitação da diversidade de
sexo, gênero e sexualidade.
A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um aspecto intrínseco da condição humana. Reconhecer, respeitar e celebrar essa di-
versidade é essencial para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e empática, onde cada pessoa é valorizada e respeitada
por sua singularidade.
Diversidade étnico-racial
A Constituição Federal determina:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
O racismo pode ser dividido em diversas espécies, entre elas:
111
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
O Racismo Sexual é definido como preconceito em relações sexuais. Surgiu em razão de um aplicativo de relacionamento amoroso, no
qual havia a opção de selecionar a etnia desejada.
A lei 7.716/89 define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce-
dência nacional.
Apesar da ampla diversidade étnico-racial, o Brasil é um dos países mais preconceituosos do mundo. É raro ver um negro no poder,
em razão da discriminação feita desde pequeno até o momento que vai para o mercado de trabalho.
As causas do racismo estão relacionadas à escravidão de povos de origem africana, e, também à tardia abolição da escravidão.
Além disso, a abolição da escravidão causou enorme marginalização, pois não assegurou um futuro aos libertados. Ou seja, houve
grande irresponsabilidade na organização da abolição, que não se preocupou com a inclusão dos ex-escravos na sociedade.
Para tentar corrigir a desigualdade histórica, o STF julgou constitucional o sistema de cotas, inclusive em concursos públicos:
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de vagas para negros em concursos públicos. Consti-
tucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Procedência do pedido.
1. É constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provi-
mento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal direta e indireta, por três fundamentos.
1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em questão está em consonância com o princípio
da isonomia. Ela se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente na sociedade brasileira, e garantir
a igualdade material entre os cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da
população afrodescendente.
1.2. Em segundo lugar, não há violação aos princípios do concurso público e da eficiência. A reserva de vagas para negros não os isenta
da aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o beneficiário da política deve alcançar a nota necessária para que seja
considerado apto a exercer, de forma adequada e eficiente, o cargo em questão. Além disso, a incorporação do fator “raça” como critério
de seleção, ao invés de afetar o princípio da eficiência, contribui para sua realização em maior extensão, criando uma “burocracia repre-
sentativa”, capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de toda a população sejam considerados na tomada de decisões estatais.
112
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
1.3. Em terceiro lugar, a medida observa o princípio da propor- A diversidade cultural abrange uma ampla gama de aspectos,
cionalidade em sua tríplice dimensão. A existência de uma política incluindo, mas não se limitando a, línguas, tradições, crenças, artes,
de cotas para o acesso de negros à educação superior não torna a histórias, formas de organização social, sistemas de valores e esti-
reserva de vagas nos quadros da administração pública desnecessá- los de vida. Ela é influenciada por uma variedade de fatores, como
ria ou desproporcional em sentido estrito. Isso porque: história, geografia, religião, e interações sociais e políticas. Cada cul-
(I) nem todos os cargos e empregos públicos exigem curso su- tura oferece uma perspectiva única sobre o mundo, influenciando
perior; a maneira como seus membros veem a si mesmos, aos outros e ao
(II) ainda quando haja essa exigência, os beneficiários da ação ambiente ao seu redor.
afirmativa no serviço público podem não ter sido beneficiários das A promoção da diversidade cultural implica no reconhecimento
cotas nas universidades públicas; e e na valorização das diferenças culturais, bem como no incentivo
(III) mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ao diálogo e ao intercâmbio entre culturas. Este respeito mútuo é
ensino superior por meio de cotas, há outros fatores que impedem fundamental para prevenir conflitos e para fortalecer a coesão so-
os negros de competir em pé de igualdade nos concursos públi- cial. Além disso, a diversidade cultural é um motor essencial para
cos, justificando a política de ação afirmativa instituída pela Lei n° a inovação e a criatividade, contribuindo para o desenvolvimento
12.990/2014. social e econômico.
A educação desempenha um papel crucial na promoção da
2. Ademais, a fim de garantir a efetividade da política em ques- diversidade cultural. Educar as pessoas, especialmente os jovens,
tão, também é constitucional a instituição de mecanismos para sobre a riqueza e a importância das diferentes culturas ajuda a
evitar fraudes pelos candidatos. É legítima a utilização, além da au- construir uma base de respeito e apreciação pela diversidade. A
todeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação (e.g., educação multicultural pode ajudar a desmantelar preconceitos e
a exigência de autodeclaração presencial perante a comissão do estereótipos, promovendo a empatia e o entendimento entre pes-
concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e soas de diferentes origens culturais.
garantidos o contraditório e a ampla defesa. Além da educação, a proteção e promoção das expressões cul-
3. Por fim, a administração pública deve atentar para os seguin- turais, através de políticas públicas e legislação, são fundamentais.
tes parâmetros: Isso inclui o apoio a linguagens minoritárias, a preservação de sítios
(I) os percentuais de reserva de vaga devem valer para todas as históricos, a promoção de festivais culturais e a proteção dos di-
fases dos concursos; reitos de autores e criadores de diferentes contextos culturais. Tais
(II) a reserva deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas no medidas não apenas ajudam a manter a diversidade cultural, mas
concurso público (não apenas no edital de abertura); também incentivam a contribuição de todos para o patrimônio cul-
(III) os concursos não podem fracionar as vagas de acordo com tural comum da humanidade.
a especialização exigida para burlar a política de ação afirmativa, A diversidade cultural também é reforçada pela mídia e tec-
que só se aplica em concursos com mais de duas vagas; e nologias digitais, que têm um papel importante na disseminação e
(IV) a ordem classificatória obtida a partir da aplicação dos cri- no intercâmbio de expressões culturais. A internet, em particular,
térios de alternância e proporcionalidade na nomeação dos candi- oferece oportunidades sem precedentes para o acesso e a partilha
datos aprovados deve produzir efeitos durante toda a carreira fun- de informação cultural, embora também apresente desafios rela-
cional do beneficiário da reserva de vagas. cionados à homogeneização cultural e à preservação das identida-
des culturais locais.
4. Procedência do pedido, para fins de declarar a integral No âmbito internacional, organizações como a UNESCO traba-
constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Tese de julgamento: “É lham para promover a diversidade cultural e o diálogo intercultural
constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos através de convenções e programas. Estes esforços reconhecem
públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos que a diversidade cultural é uma parte essencial do desenvolvimen-
no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a to humano e uma necessidade para alcançar a paz e a sustentabi-
utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de he- lidade global.
teroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa hu- A diversidade cultural é uma riqueza imensurável que contribui
mana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”. para a expansão do conhecimento, da compreensão e da tolerân-
(ADC 41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, cia no mundo. É através do reconhecimento, da valorização e do
julgado em 08/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG respeito às diferentes culturas que podemos construir sociedades
16-08-2017 PUBLIC 17-08-2017) mais inclusivas e justas, onde a diversidade é vista não como uma
barreira, mas como uma fonte de força e beleza.
Diversidade cultural
A diversidade cultural refere-se à variedade de culturas exis-
tentes no mundo e à forma como essas culturas se manifestam nas
práticas, expressões, conhecimentos e habilidades das comunida-
des, grupos e indivíduos. Esta diversidade é um patrimônio valioso
da humanidade, enriquecendo nossas vidas de várias maneiras e
contribuindo para um maior entendimento global. Em um mundo
cada vez mais globalizado, onde as interações entre diferentes
culturas se tornam mais frequentes, entender e respeitar a di-
versidade cultural é essencial para a convivência harmoniosa e o
desenvolvimento sustentável das sociedades.
113
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
114
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante a complementada pela Convenção Internacional sobre os Direitos das
garantia de condições mínimas e a efetivação de políticas sociais Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em
públicas que permitam um envelhecimento saudável em atenção à Nova York, em 30 de março de 2007, e promulgados pelo Decreto
sua dignidade, bem como liberdade, respeito, como pessoa humana nº 6.949 de 25 de agosto de 2009; e a Convenção Interamericana
e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais. para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
No âmbito da ONU, ainda não há Convenção específica de Pessoas Portadoras de Deficiência, assinada na Guatemala, em 28
proteção, mas apenas normativas principiológicas não diretamente de maio de 1999, promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956 de 8
coativas, que podem ser combinadas com normas genéricas como de outubro de 2001.
as dos Pactos Internacionais de 1966. Neste sentido, de forma mais No âmbito das Nações Unidas, a Convenção Internacional sobre
relevante, em 1991 sobrevieram os Princípios Das Nações Unidas os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo
para as Pessoas Idosas; e em 2002, na II Conferência Internacional desponta como o mais relevante tratado internacional na matéria
de Madri sobre o Envelhecimento, surgiram a Declaração Política em estudo que foi ratificado pelo Brasil com status de Emenda
e o Plano de Ação Internacional de Madri sobre Envelhecimento Constitucional. como é o caso da Convenção sobre os Direitos da
(MIPAA), estes de ordem um pouco mais pragmática. Pessoa com Deficiência. Essa convenção aproxima-se da realidade
Em janeiro de 2010, o Comitê Consultivo do Conselho de que se almeja alcançar.
Direitos Humanos das Nações Unidas publicou estudo apontando
a necessidade de uma convenção internacional específica, o que Proteção da diversidade sexual (LGBTQIA+)
indica que futuramente é possível que tal documento seja elaborado A Organização das Nações Unidas, no âmbito de seu Conselho
e ratificado pelos países-membros da ONU. de Direitos Humanos, tem elaborado resoluções voltadas a este
Em relação à normativa brasileira, destaca-se o Estatuto do grupo vulnerável, a exemplo dos Princípios de Yogyakarta, que são
Idoso (Lei nº 10.741/2003), que entrou em vigor no dia 1º de janeiro princípios voltados à aplicação da legislação de direitos humanos
de 2004, em consonância com a já manifestada preocupação
em todo o planeta em relação à diversidade sexual e à identidade
brasileira em conferir proteção específica aos direitos dos idosos.
de gênero, delimitando a igualitária aplicação dos direitos humanos
Não se pode perder de vista, ainda, o texto constitucional, que
consagrados a pessoas que se encaixem em grupos com sexualidade
no título VII (Ordem Social) traz no capítulo VII a proteção da Família,
diferenciada. Outro documento a respeito que assume relevância é
da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso, sem prejuízo da
a Declaração condenando violações dos direitos humanos com base
menção ao direito à assistência social feita anteriormente no artigo
na orientação sexual e na identidade de gênero, de 18 de dezembro
203, V.
de 2008. O Brasil estava presente quando tal Declaração foi aceita
Direitos da pessoa com deficiência pela Assembleia Geral da ONU e votou a favor, tratando-se assim de
A proteção à pessoa com deficiência é uma discussão de documento corroborado pelo país no âmbito internacional.
grande relevância na atualidade, à luz dos Direitos Humanos. A Pode-se dizer que a maior conquista no âmbito interamericano
preocupação com a proteção das pessoas com deficiência e a eficácia é a recente Convenção Interamericana contra Toda Forma de
desse caráter protetivo no plano nacional e internacional tornou-se Discriminação e Intolerância, de 5 de junho de 2013 (ainda não
constante. No Brasil e no mundo, a eficácia e a aplicabilidade da incorporada ao ordenamento interno brasileiro, mas já assinada
proteção às pessoas com deficiência dependem, principalmente, da pelo Brasil), que pode ser considerado o primeiro documento
efetividade da inclusão social, dever não só do Estado, mas também internacional juridicamente vinculante a expressamente condenar
de toda a sociedade. É na integração entre Estados, que vemos a discriminação baseada em orientação sexual, identidade e
surgir medidas mais eficazes de combate às desigualdades. expressão de gênero.
Há quatro fases históricas no desenvolvimento dos direitos
humanos da pessoa com deficiência: Proteção da população em situação de rua e sem teto
a) Fase da intolerância: a deficiência simbolizava impureza, Situação extremamente delicada é a da chamada população
pecado ou castigo divino; em situação de rua. Trata-se de grupo populacional que possui
b) Fase da invisibilidade: ignorava-se a existência das pessoas em comum a pobreza extrema, assim como os vínculos familiares
com deficiência e de seus direitos; interrompidos ou fragilizados. Seja por conta da constante – e grave
c) Fase assistencialista: pautada na perspectiva médica e – crise econômica dos tempos atuais, e/ou do déficit de moradia, e/
biológica de que era preciso encontrar uma cura para a deficiência, ou tendo em vista conflitos pessoais (como questões familiares ou
que era exclusivamente vista como enfermidade; vícios em drogas), não se pode fechar os olhos para um problema
d) Fase humanista: orientada pelo paradigma dos direitos cada vez maior, notadamente nos grandes e médios centros
humanos, na qual emergiram os direitos à inclusão social, com urbanos.
ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio em que ela Em termos normativos internacionais, é fraca a proteção da
se insere, além da necessidade de eliminar obstáculos e barreiras população em situação de rua, destacando-se relatório sobre uma
(culturais, físicos ou sociais) que possam ser superados. habitação adequada como elemento integrante do direito a um
nível de vida adequado e sobre o direito de não discriminação a
Destaca-se a inovação promovida pela Convenção da este respeito, preparado em cumprimento à Res. nº 25/17 do
ONU, que reconhece a deficiência como resultado da interação aludido Relatório propõe, inclusive, um enfoque tridimensional:
entre indivíduos e seu meio ambiente, não residindo apenas A 1ª dimensão se refere à ausência de moradia – a ausência
intrinsecamente no indivíduo. tanto do aspecto material de uma habitação minimamente
Internacionalmente, três documentos merecem destaque, adequada quanto do aspecto social de um lugar seguro, para
quais sejam: Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos estabelecer uma família ou relações sociais, e participar da vida em
das Pessoas com Deficiência, de 9 de dezembro de 1975, comunidade.
115
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
A 2ª dimensão considera a situação de rua como uma forma b) Todo ato que tenha por objeto ou consequência alhear-lhes
de discriminação sistêmica e de exclusão social, e reconhece que a suas terras, territórios ou recursos;
privação de um lar dá lugar a uma identidade social através da qual c) Toda forma de mudança forçada de local de povoado que
as pessoas em situação de rua formam um grupo social sujeito à tenha por objeto ou consequência a violação ou o menosprezo de
discriminação e estigmatização. qualquer de seus direitos;
A 3ª dimensão reconhece as pessoas em situação de rua como d) Toda forma de assimilação ou integração forçadas;
titulares de direitos que são resilientes na luta pela sobrevivência e e) Toda forma de propaganda que tenha como fim promover ou
dignidade. Com uma compreensão única dos sistemas que negam incitar à discriminação racial ou étnica dirigida contra eles.
seus direitos, deve-se reconhecer as pessoas em situação de rua
como agentes centrais da transformação social necessária para a O sentido do artigo 8º é aprofundado nos artigos 10, 11, 12,
realização do direito a uma moradia adequada. 13, 14, 15, 16, 24, 25, 26, 31, 32, 33, 34, 35, que conferem direitos
Internamente, o Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009, específicos culturais, religiosos, medicinais, territoriais, de ensino,
institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e de autoadministração e outros aos indígenas. No mais, enquanto
seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, no artigo 8º garante-se a cultura, no artigo 9º garante-se o direito
dentre outras providências. de pertencer a uma comunidade. Nos termos dos artigos 18,
19, 23 e 27, assegura-se a representação política, notadamente
Proteção da população sem-terra participando de decisões que envolvam a comunidade indígena.
O Brasil é um dos países com maior concentração de terras do Portanto, o desenvolvimento social também é um direito,
mundo, onde se encontram os maiores latifúndios. A concentração que deve ser garantido sem discriminações, permitindo o
de terras deriva da exploração portuguesa no Brasil, com a melhoramento das condições econômicas e sociais, em áreas
escravidão e a monocultura voltada à exportação. Esse perfil de como educação, emprego, capacitação e adaptações profissionais,
ocupação de nossas terras gerou profundas raízes de desigualdade moradia, saneamento, saúde e seguridade social (artigo 21, DDPI).
social sentidas até hoje. Necessidades especiais de seus grupos vulneráveis, como idosos,
A proteção à população sem terra tem suas bases nos valores mulheres e crianças também devem ser respeitadas (artigo 22,
da solidariedade e do humanismo ante ao legado histórico da classe DDPI).
trabalhadora. A respeito da retirada de povos indígenas de suas terras
Nacionalmente o Brasil dispõe do Estatuto da Terra, que regula originais, embora seja colocada como exceção, pode ocorrer, caso
os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para em que o povo local deve ser ouvido e em que é preciso garantir
os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política a justa indenização (justa, imparcial e equitativa), que poderá
Agrícola. O uso da terra decorre do direito de propriedade e da ser paga em terras, territórios e recursos de igual qualidade aos
necessidade de esta atender à sua função social. Busca-se pela tomados (artigo 28, DDPI).
reforma agrária para que as terras do Estado não permaneçam As comunidades indígenas não devem ficar isoladas e alheias
improdutivas em grandes latifúndios, enquanto pequenos aos acontecimentos fora de seu âmbito, mesmo os que envolvam
produtores se vêm privados de sua subsistência. decisões estatais. Neste sentido, o artigo 36 volta-se ao direito
de manter e desenvolver contatos, relações e cooperação e suas
Proteção da população indígena atividades; o artigo 37 reforça questões sobre a possibilidade de
O direito de autodeterminação ou livre determinação dos celebrar tratados, acordos e pactos; o artigo 39 traz o direito à
povos indígenas está embasado nos postulados da igualdade, da assistência financeira e técnica; o artigo 40 trata dos procedimentos
liberdade e da fraternidade, e encontra embasamento no Direito para solucionar controvérsias que surjam etc. Reforça-se nos
Internacional, em especial no sistema internacional de proteção demais dispositivos a necessidade de adotar medidas para garantir
aos direitos humanos a garantir o desenvolvimento humano global. todos estes direitos.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Nacionalmente, Constituição de 1988 pode ser considerada
Indígenas foi aprovada pela Assembleia da ONU em 07 de setembro um marco na conquista e garantia de direitos pelos indígenas no
de 2007. Brasil, por garantir o respeito e a proteção à cultura das populações
No artigo 1º é trazida a fórmula genérica que garante aos originárias, direitos esses expressos em capítulo específico do
indígenas, como povos ou pessoas, o desfrute pleno dos direitos Título Da Ordem Social, com preceitos que asseguram o respeito
humanos e liberdades fundamentais. O ideário da igualdade de à organização social, aos costumes, às línguas, crenças e tradições,
direitos e liberdades é reforçado pelo artigo 2º e pelos artigos 3º e além de estabelecer como obrigação da União, a proteção e a
4º (estes focados no direito à autodeterminação). Em seguimento, demarcação das terras indígenas.
garantem-se os direitos políticos no artigo 5º e o direito à
nacionalidade no artigo 6º. Outros direitos humanos são reforçados Proteção dos negros e quilombolas
no artigo 7º. Muito embora a sociedade brasileira seja pluralista e altamente
O artigo 8º tem o seguinte teor: miscigenada, ainda são comuns os casos de preconceito racial e
1. Os povos e as pessoas indígenas têm direito a não sofrer a étnico, o que coloca pessoas como negros, índios, quilombolas e
assimilação forçada ou a destruição de sua cultura. membros de grupos étnicos minoritários em geral na situação de
2. Os Estados estabeleceram mecanismos eficazes para a vulnerabilidade que assegura uma especial proteção sob o viés da
prevenção e o ressarcimento de: igualdade material.
a) Todo ato que tenha por objeto ou consequência privar Há diversos documentos internacionais específicos voltados
aos povos e as pessoas indígenas de sua integridade como povos à proteção deste grupo vulnerável, destacando-se: Declaração
distintos ou de seus valores culturais ou sua identidade étnica; das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de
116
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
Discriminação Racial, de 20 de novembro de 1963; Convenção países. Internacionalmente, o Alto Comissariado das Nações Unidas
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de para os Refugiados – ACNUR é um órgão das Nações Unidas criado
Discriminação Racial, de 21 de dezembro de 1965 (Decreto nº pela Resolução nº 428 da Assembleia da ONU em 14 de dezembro
65.810 de 8 de dezembro de 1969); e, recentemente, a Convenção de 1950 para dar apoio e proteção a refugiados de todo o mundo.
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Ainda internacionalmente a Convenção das Nações Unidas sobre o
Correlatas de Intolerância, de 5 de junho de 2013 (ainda não Estatuto dos Refugiados ou Convenção de Genebra de 1951 e seu
incorporada ao ordenamento interno brasileiro, mas já assinadas Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados de 1967 constituem
pelo Brasil). os principais instrumentos internacionais estabelecidos para a
O racismo é a manifestação de um preconceito racial proteção dos refugiados e asseguram, que qualquer pessoa, em
em determinadas situações e constitui crime inafiançável e caso de necessidade, possa exercer o direito de procurar e de
imprescritível, previsto na Lei 7.716/1989. Diferencia-se do crime de gozar de refúgio em outro país, sendo altamente reconhecidos
injúria racial, previsto no art. 140, § 3º do Código Penal brasileiro. internacionalmente.
O Brasil é reconhecido internacionalmente como um país
Os povos quilombolas tolerante e aberto aos imigrantes e refugiados. O Brasil assinou
Os quilombolas são pessoas das comunidades formadas por a Convenção de Genebra em 1952, relativa ao Estatuto dos
descendentes de africanos que fugiram da escravidão durante Refugiados, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 11, de 1960
o período colonial – os quilombos, onde ao longo dos anos e promulgada pelo Decreto nº 50.215/1961 e o Protocolo de
conseguiram preservar algumas de suas tradições e costumes. Nova York de 1967, recepcionado pelo Decreto nº 70.946/1972 e
A população quilombola no Brasil é de 1,32 milhão de pessoas, retificado pelos Decretos 98602/1989 e 99757/1990. Internamente,
ou 0,65% do total de habitantes do país e assim como os indígenas, a nova Lei de Migração – Lei 13.455/2017 revogou o antigo Estatuto
tem o seu direito à terra reconhecido na Constituição Federal, do Estrangeiro, Lei 6815/1980. O referido dispositivo é pautado
que também prevê a obrigação do Estado de demarcar e titular pelo princípio da não-discriminação.
as terras ocupadas por essas comunidades. A Lei nº 12.288/2010, É importante mencionar que nem todo imigrante possui o
conhecida como Estatuto da Igualdade Racial trata especificamente status de refugiado e asilo político (individual) é diferente de
dos quilombolas e estabelece estabelece diretrizes e políticas Refúgio (coletivo).
públicas para a promoção da igualdade racial. A legislação que No Brasil, o mecanismo do Refúgio é regido pela Lei 9.474/1997,
trata especificamente dos quilombolas é a Lei nº 12.288/2010, que estabelece todo o procedimento para a determinação,
conhecida como Estatuto da Igualdade Racial. Essa lei estabelece cessação e perda da condição de refugiado, os direitos e deveres
diretrizes e políticas públicas para a promoção da igualdade dos solicitantes de refúgio e refugiados, bem como soluções
racial no Brasil, incluindo medidas de proteção e promoção dos duradouras para essa população.
direitos dos povos quilombolas, com o objetivo promover o Portanto, não se deve confundir o asilo político, direito
desenvolvimento sustentável dessas comunidades, garantindo- individual, requerido e outorgado caso a caso, com o moderno
lhes acesso a serviços básicos, como saúde, educação, saneamento ramo do direito dos refugiados, que trata de fluxos maciços de
básico e infraestrutura, além da criação de políticas de reparação populações deslocadas. Ambos institutos podem ocasionalmente
para os povos quilombolas, como ações afirmativas e programas coincidir, já que cada refugiado pode requerer o asilo político
de inclusão social e econômica. Essas medidas visam compensar individualmente (BRASIL, 2020).
os séculos de discriminação e exclusão enfrentados por essas
comunidades.
QUESTÕES
Proteção dos imigrantes e refugiados
Refugiado é todo aquele que sofre algum tipo de perseguição
em seu país de origem numa situação de guerra e busca asilo em 1. Qual lei brasileira define os crimes resultantes de preconcei-
outro país. to de raça e cor?
(A) Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso.
Imigrante é todo aquele que sai de seu país de origem e vai (B) Lei nº 11.340/2006 - Lei Maria da Penha.
para outro em busca de melhores condições de vida. (C) Lei nº 7.716/1989.
Em ambos casos, são pessoas em locais que não são comuns (D) Lei nº 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial.
a elas, convivendo com a população local já habituada. Episódios
envolvendo xenofobia e desigualdade no acesso a direitos são, 2. O que define o Racismo Institucional?
infelizmente, comuns. Cabe ao Estado propiciar que imigrantes (A) Práticas de discriminação em ambientes educacionais.
e refugiados gozem de igual proteção jurídica aos seus direitos (B) Desigualdade na distribuição de serviços, benefícios e opor-
fundamentais. Segundo a ONU, a questão dos refugiados nos tunidades pelas instituições e organizações.
remete à pior crise humanitária do século. (C) Discriminação contra indivíduos em espaços públicos.
O refúgio e a migração não trazem em si o terrorismo e (D) Ofensa à liberdade de expressão religiosa.
necessariamente o agravamento dos problemas sociais. Tal
perspectiva seria totalmente contrária aos preceitos de cidadania e 3. Como o STF classificou as condutas homofóbicas e transfóbi-
acolhimento para com outros povos. cas no contexto dos crimes de preconceito?
Em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos da ONU (A) Como crimes inafiançáveis e imprescritíveis.
reconheceu como direito humano a possibilidade de as pessoas (B) Como expressões de racismo, ajustando-se aos preceitos da
fugirem de situações de guerra e fome e migrarem para outros Lei nº 7.716/1989.
117
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________
_____________________________________________________
1 C
_____________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 B
4 B ______________________________________________________
5 B ______________________________________________________
118
EIXO TEMÁTICO 1 -
GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
119
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A diferença entre eles se refere ao nível hierárquico em que são elaborados, a abrangência em relação às unidades e o período para o
qual se referem, como está resumido no quadro a seguir:
Planejamento Estratégico: O planejamento estratégico é aquele que define as estratégias de longo prazo da empresa. Esse planeja-
mento contribui na definição da visão, missão e valores da organização. Também colabora com a concepção dos objetivos (metas), e da
análise dos fatores internos e externos da companhia. O planejamento estratégico é o mais amplo dos três e abrange toda a organização.
Ele é de longo prazo e será responsável por nortear a empresa como um todo. O planejamento começa aqui. No geral, podemos resumi-lo
como um processo gerencial que possibilita estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na
relação da empresa com o seu ambiente.
O planejamento estratégico é um processo permanente e contínuo, sendo sempre voltado para o futuro. Ele visa a racionalidade das
tomadas de decisão e a alocação dos recursos organizacionais da forma mais eficiente possível, o que acaba gerando mudanças e inovações
na companhia. Em sua maioria, as decisões estratégicas da empresa são tomadas pelos proprietários, CEO, presidente, diretoria, porém,
dependendo da forma como a organização concebe seus processos. É importante lembrar que os ocupantes de cargos estratégicos devem
evitar ao máximo atividades administrativas de nível tático e atividades de execução de nível operacional. Importante salientar que ele deve
ser constantemente revisto e atualizado, não pode ficar defasado por ser de longo prazo e não deve apenas ficar guardado na gaveta.
O planejamento estratégico apresenta cinco características fundamentais:
1. O planejamento estratégico está relacionado com a adaptação da organização a um ambiente mutável. Está voltado para as
relações entre a organização e seu ambiente de tarefa. Portanto, sujeito à incerteza a respeito de eventos ambientais. Por se defrontar
com a incerteza, tem suas decisões baseadas em julgamentos e não em dados concretos. Reflete uma orientação externa que focaliza as
respostas adequadas às forças e pressões que estão situadas do lado de fora da organização.
2. O planejamento estratégico é orientado para o futuro. Seu horizonte de tempo é o longo prazo. Durante o curso do planejamento,
a consideração dos problemas atuais é dada apenas em função dos obstáculos e barreiras que eles possam provocar para um desejado
lugar no futuro. É mais voltado para os problemas do futuro do que daqueles de hoje.
3. O planejamento estratégico é compreensivo. Ele envolve a organização como uma totalidade, abarcando todos os seus recursos,
no sentido de obter efeitos sinergísticos de todas as capacidades e potencialidades da organização. A resposta estratégica da organização
envolve um comportamento global, compreensivo e sistêmico.
4. O planejamento estratégico é um processo de construção de consenso. Dada a diversidade dos interesses e necessidades dos par-
ceiros envolvidos, o planejamento oferece um meio de atender a todos eles na direção futura que melhor convenha a todos.
5. O planejamento estratégico é uma forma de aprendizagem organizacional. Como está orientado para a adaptação da organização
ao contexto ambiental, o planejamento constitui uma tentativa constante de aprender a ajustar-se a um ambiente complexo, competitivo
e mutável. O planejamento estratégico se assenta sobre três parâmetros: a visão do futuro, os fatores ambientais externos e os fatores
120
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
organizacionais internos. Começa com a construção do consenso divididas em políticas de atendimento ao cliente, de pós-vendas, de
sobre o futuro que se deseja: é a visão que descreve o mundo em assistência técnica, de garantia etc. Em cada política, a organização
um estado ideal. A partir daí examinam-se as condições externas do especifica como os funcionários deverão se comportar frente ao
ambiente e as condições internas da organização. seu conteúdo.
Planejamento Tático: O planejamento tático é aquele que faz Planejamento Operacional: O planejamento operacional é a
a intermediação entre o nível estratégico e o operacional. Geral- formalização dos objetivos e procedimentos, ou seja, a implemen-
mente, o planejamento tático é projetado a médio prazo e abrange tação das ações previamente desenvolvidas e estabelecidas pelos
cada unidade da organização, ele traduz e interpreta as decisões baixos níveis de gerência (nível tático). Tem como principal finali-
do planejamento estratégico e os transforma em planos concretos dade desdobrar os planos táticos de cada departamento em planos
dentro das unidades da empresa. Cada unidade, em específico, pro- operacionais para cada tarefa. É de conhecimento mútuo que o pla-
cura atingir seus próprios objetivos, que varia desde otimizar deter- nejamento operacional possui um curto alcance (o menor dos três
minada área de resultado até utilizar de modo eficiente os recursos níveis de planejamento), estando diretamente ligado com a área
disponíveis. técnica de execução de um determinado plano de ação.
O planejamento tático também integra a estrutura da organi- Podemos dizer, que ele envolve cada tarefa ou atividade de
zação para fazer frente aos desafios estratégicos, desdobrando os forma isolada, preocupando-se com o alcance de metas bastante
objetivos institucionais em objetivos departamentais. No geral, específicas. O planejamento operacional ajuda a colocar em prática
os integrantes desse nível devem se apropriar da estratégia para os planos táticos de cada setor da empresa, criando condições para
desdobrá-la em ações concretas nas suas áreas e processos ou sub a realização mais adequada dos trabalhos diários que são executa-
processos de atuação. É o nível da gerência média ou intermediária, dos dentro da organização. Uma de suas principais características
estando aqui os supervisores, diretores de cada área da empresa, é a formalização, principalmente, por meio das metodologias esta-
etc. Podemos dizer que o plano tático tem por finalidade especificar belecidas e formalmente designadas em documentos corporativos.
de que modo o seu setor, processo ou projeto ajudará a alcançar os É importante lembrar que, cada planejamento operacional deve
objetivos gerais da organização. Deve traduzir, transmitir de forma conter: os recursos necessários para sua implantação, os procedi-
clara ao nível operacional o que deve ser realizado. mentos básicos a serem adotados, os resultados esperados, prazos
Os planos táticos geralmente envolvem: estabelecidos e os responsáveis pela sua execução. Como resultado
1. Planos de produção. Envolvendo métodos e tecnologias ne- da etapa de Planejamento Operacional geralmente obtemos Planos
cessárias para as pessoas em seu trabalho, arranjo físico do traba- de Ações e Cronogramas das atividades que precisam ser desenvol-
lho e equipamentos como suportes para as atividades e tarefas. vidas dentro do período de tempo que está sendo planejado.
2. Planos financeiros. Envolvendo captação e aplicação do di- Apesar de serem heterogêneos e diversificados, os planos ope-
nheiro necessário para suportar as várias operações da organização. racionais podem ser classificados em quatro tipos, a saber:
3. Planos de marketing. Envolvendo os requisitos de vender e 1. Procedimentos: São os planos operacionais relacionados
distribuir bens e serviços no mercado e atender ao cliente. com métodos (ex: Fluxogramas / Lista de Verificação)
4. Planos de recursos humanos. Envolvendo recrutamento, 2. Orçamentos: São os planos operacionais relacionados com
seleção e treinamento das pessoas nas várias atividades dentro dinheiro (ex: Fluxo de caixa)
da organização. Recentemente, as organizações estão também se 3. Programas (ou programações): São os planos operacionais
preocupando com a aquisição de competências essenciais para o relacionados com o tempo (ex: Cronograma / Gráfico de Gannt /
negócio através da gestão do conhecimento corporativo. Contudo, PERT)
os planos táticos podem também se referir à tecnologia utilizada 4. Regulamentos: São os planos operacionais relacionados
pela organização (tecnologia da informação, tecnologia de produ- com comportamentos das pessoas.
ção etc.), investimentos, obtenção de recursos etc.
Toda empresa precisa planejar seu futuro. Assim, Oliveira
Políticas: As políticas constituem exemplos de planos táticos (1998) define o planejamento estratégico como uma metodologia
que funcionam como guias gerais de ação. Elas funcionam como gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela or-
orientações para a tomada de decisão. Geralmente refletem um ganização, visando ao melhor grau de interação com o ambiente,
objetivo e orienta as pessoas em direção a esses objetivos em si- considerando a capacitação da organização para este processo de
tuações que requeiram algum julgamento. As políticas servem para adequação. Este é de grande valia para o administrador, tendo em
que as pessoas façam escolhas semelhantes ao se defrontarem vista o alcance da otimização da empresa; mas, ao mesmo tempo,
com situações similares. As políticas constituem afirmações genéri- é necessário haver um esforço para se antecipar aos possíveis pro-
cas baseadas nos objetivos organizacionais e visam oferecer rumos blemas, bem como estar capacitado para usufruir as oportunidades
para as pessoas dentro da organização. As políticas definem limites que poderão surgir.
ou fronteiras dentro dos quais as pessoas podem tomar suas deci-
sões. Nesse sentido, as políticas reduzem o grau de liberdade para O Planejamento Estratégico (PE) se trata de uma técnica de or-
a tomada de decisão das pessoas. As organizações definem uma ganização que procura definir qual a melhor maneira (estratégia) de
variedade de políticas, como de recursos humanos, de vendas, de se atingir um objetivo.
produção, de crédito etc.
Cada uma dessas políticas geralmente é desdobrada em polí- De acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson3, o planejamento estra-
ticas mais detalhadas. As políticas de recursos humanos são divi- tégico deve considerar a análise do ambiente interno e externo para
didas em políticas de seleção, de remuneração, de benefícios, de ter as informações de que precisa para formar uma missão e uma
treinamento, de segurança, de saúde etc. As políticas de vendas são 3 Hitt, Ireland e Hoskisson. Administração Estratégica: competitividade e globali-
121
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
visão. Os stakeholders (partes interessadas, aqueles que afetam ou são afetados pelo desempenho de uma empresa) aprendem muito
sobre uma empresa analisando a sua visão e missão. Na verdade, uma das finalidades-chave das declarações de missão e visão é informar
aos stakeholders o que a empresa é, o que pretende realizar e a quem pretende atender; outra finalidade é fornecer as diretrizes estraté-
gicas para que a empresa formule seu planejamento estratégico.
Os Planejamentos Tático e Operacional fazem parte do Planejamento Estratégico de uma empresa, e são uma metodologia gerencial
que permite estabelecer a direção a ser seguida pela Organização, visando a um maior grau de interação com o ambiente.
As várias definições trazem em comum que a estratégia (1) estabelece os objetivos, (2) o caminho a ser seguido para alcançá-los, (3)
levando em consideração o ambiente em que a organização está inserida.
A diferença entre eles se refere ao nível hierárquico em que são elaborados, a abrangência em relação às unidades e o período para o
qual se referem - como está resumido na figura a seguir:
Planejamento estratégico
É aquele que define as estratégias de longo prazo da empresa. Esse planejamento contribui na definição da visão, missão e valores
da organização. Também colabora com a concepção dos objetivos (metas) e da análise dos fatores internos e externos da companhia. O
planejamento estratégico é o mais amplo dos três e abrange toda a organização. Ele é de longo prazo e será responsável por nortear a em-
presa como um todo. O planejamento começa aqui. Em geral, podemos resumi-lo como um processo gerencial que possibilita estabelecer
o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação dela com o seu ambiente.
O planejamento estratégico é um processo permanente e contínuo, sendo sempre voltado para o futuro. Ele visa à racionalidade das
tomadas de decisão e a alocação dos recursos organizacionais da forma mais eficiente possível, o que acaba gerando mudanças e ino-
vações na companhia. Em sua maioria, as decisões estratégicas da empresa são tomadas pelos proprietários, CEO, presidente, diretoria,
porém dependendo da forma como a organização concebe seus processos. É importante lembrar que os ocupantes de cargos estratégicos
devem evitar - ao máximo - atividades administrativas de nível tático e execução de nível operacional. Importante salientar que o planeja-
mento deve ser constantemente revisado e atualizado, não pode ficar defasado por ser de longo prazo e não deve apenas ficar guardado
na gaveta.
Vamos acompanhar as etapas para a operacionalização do planejamento estratégico.
zação. 2. ed. São Paulo: Tomson Learning, 2008.
122
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
123
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Esfera de segmento de mercado: Para qual público comerciali- organização. Podem ser definidos como princípios que guiam a vida
zar? Um público com maior ou menor poder aquisitivo? da organização, tendo um papel tanto de atender seus objetivos
Esfera de competências: Quais são as melhores competências quanto de atender às necessidades de todos aqueles a sua volta.
dessa empresa? É uma empresa em que seu melhor é a inovação São elementos motivadores que direcionam as ações das pes-
tecnológica, a qualidade? soas na organização, contribuindo para a integração e a coerência
Esfera vertical: A empresa produz desde a matéria-prima até o do trabalho. Formação de estratégia, análise, formulação, formali-
produto final e a distribuição ou apenas distribui? zação, decisão e implementação.
Fiat -Fiat
Desenvolver, produzir e comercializar carros e serviços que as Satisfação do cliente
pessoas prefiram comprar e tenham orgulho de possuir, garantindo Ele é a razão da existência de qualquer negócio.
a criação de valor e a sustentabilidade do negócio. Valorização e respeito às pessoas
São as pessoas o grande diferencial que torna tudo possível.
HSBC Atuar como parte integrante do Grupo Fiat
Garantir a excelência na entrega de produtos e serviços finan- Juntos nossa marca fica muito mais forte.
ceiros, maximizando valor para clientes e acionistas. Responsabilidade social
É a única forma de crescer em uma sociedade mais justa.
Gerdau Respeito ao Meio Ambiente
Gerar valor para nossos clientes, acionistas, equipes e a socie- É isso que nos dá a perspectiva do amanhã.
dade, atuando na indústria do aço de forma sustentável.
-HSBC
VISÃO ORGANIZACIONAL Nossa conduta deve refletir os mais altos padrões de ética;
Refere-se àquilo que a empresa deseja ser no futuro. A Visão Nossa comunicação deve ser clara e precisa;
deve apresentar um quadro descritivo do que a empresa deverá ser Nosso gerenciamento deve ser em equipe, consistente e fo-
no futuro. cado;
Nosso relacionamento com clientes e colaboradores deve ser
A Visão é útil para: transparente e baseado na responsabilidade e confiança entre as
- esclarecer a todos os stakeholders a direção do negócio; partes.
- descrever uma condição futura (aonde a empresa quer che-
gar); -Gerdau
- motivar os interessados e envolvidos a tomarem as ações ne- Ter a preferência do CLIENTE
cessárias; SEGURANÇA das pessoas acima de tudo
- oferecer o foco; PESSOAS respeitadas, comprometidas e realizadas
- incentivar as pessoas a trabalharem em direção a um estado EXCELÊNCIA com SIMPLICIDADE
comum e a um conjunto interligado de objetivos. Foco em RESULTADOS
INTEGRIDADE com todos os públicos
Exemplos de Visão: SUSTENTABILIDADE econômica, social e ambiental
Fiat OBS: Para resumir os pontos principais do que foi exposto, te-
Estar entre os principais players do mercado e ser referência de mos que:
excelência em produtos e serviços automobilísticos.
Missão: É o propósito de a empresa existir. É sua razão de ser.
HSBC Visão: É a situação em que a empresa deseja chegar (em perí-
Ser o melhor grupo financeiro do Brasil em geração de valor odo definido de tempo).
para clientes, acionistas e colaboradores. Valores: são os ideais de atitude, comportamento e resultados
que devem estar presentes nos colaboradores e nas relações da
Gerdau empresa com seus clientes, fornecedores e parceiros.
Ser global e referência nos negócios em que atua.
É nessa etapa em que objetivos e metas são traçadas de acordo
VALORES com um período pré-determinado.
Valores são crenças, costumes e ideias em que a maioria das
pessoas da organização acredita. Permeiam todas as atividades e Objetivos Estratégicos
relações existentes na organização e desta com os clientes. Cons- No âmbito coorporativo, a definição de metas e objetivos está
tituem uma fonte de orientação e inspiração no local de trabalho. diretamente relacionada com o planejamento estratégico das orga-
Os valores incidem nas convicções que fundamentam as escolhas nizações, em que definições claras de objetivo precisam existir para
por um modo de conduta tanto de um indivíduo quanto em uma direcionarem os rumos da instituição, dando sustentabilidade a ela.
124
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A principal razão de se escrever os objetivos e as metas do ne- Alguns exemplos de metas estratégicas:
gócio é procurar adequar e orientar o caminho a ser seguido para - Aumentar a satisfação dos clientes em 30%;
que a empresa esteja cumprindo sua Missão em direção à sua Vi- - Reduzir os custos produtivos em 20%;
são. - Elevar o índice de capacitação dos funcionários em 25%.
125
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Oportunidades - são fatores externos que podem beneficiar a empresa (crescimento econômico do país, a quebra de uma empresa
rival etc).
Diante do conhecimento dos pontos fortes ou fracos, e das oportunidades e ameaças a organização, esta pode adotar estratégias que
visem buscar sua sobrevivência, manutenção ou seu desenvolvimento.
4Q1POC5
O que é e como Usar - Para auxiliar no planejamento das ações que for desenvolver, pode-se utilizar um quadro chamado 4Q1POC,
que é uma ferramenta utilizada para planejar a implementação de uma solução, sendo elaborado em resposta às questões a seguir:
Utilizando esse quadro é possível visualizar a solução adequada de um problema, com possibilidades de acompanhamento da execu-
ção de uma ação. Quando for usar o quadro, é necessário definir qual a ação a ser implementada.
Plano de Ação
Ação:________________________________
Responsável geral: ____________________
OBS: Veja que o nome desta técnica faz referência às palavras usadas para o auxílio do planejamento da ação. Outro ponto importan-
te: é comum encontrar - tratando da mesma técnica em sua sigla em inglês - com o nome de “5W2H”.
O QUE WHAT
QUANDO WHEN
QUEM WHO
ONDE WHERE
POR QUE WHY
COMO HOW
126
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Os indicadores nos permitem manter, mudar ou abortar o rumo Sigma10 é uma medida de variação estatística. Quando aplicada
de nossas ações, de processos empresarias, de atividades, etc. São a um processo organizacional, ela se refere à frequência com que
ferramentas de gestão ligadas ao monitoramento e auxiliam no determinada operação ou transação, utiliza mais do que os recursos
desenvolvimento de qualquer tipo de empresa. Alto desempenho mínimos para satisfazer o cliente. A maioria das organizações está
atrai o sucesso; baixo desempenho leva à direção oposta. no nível “4-sigma”, o que significa mais de 6 mil defeitos por 1 mi-
Tudo que for crítico para uma empresa deve ser monitorado, lhão de oportunidades. Isso representa 6 mil produtos defeituosos
medido - não apenas custos, ganhos financeiros ou desperdícios. É em cada 1 milhão de produtos fabricados. Uma organização que
possível medir e monitorar até mesmo coisas abstratas como, por está no nível “6-sigma” registra apenas três defeitos em 1 milhão.
exemplo, a satisfação. Isso se traduz em uma vantagem de custos e, mais importante, faz
Os indicadores de desempenho servem para medir o grau de com que sobrem recursos para serem dirigidos aos processos de
“atingimento” de um objetivo ou de uma meta e, portanto, devem diferenciar uma empresa 6-sigma em relação às demais.
ser expressos em unidade de medidas que sejam as mais significa- O programa 6-sigma utiliza várias técnicas em um metódico
tivas àqueles que vão utilizá-los, seja para fins de avaliação ou para processo passo a passo para atingir metas bem definidas. A princi-
subsidiar a tomada de decisão com base nas informações geradas. pal diferença é que, com o 6-sigma, já não se busca qualidade pela
Dessa forma, as metas estabelecidas definirão a natureza dos indi- qualidade, mas se pretende aperfeiçoar todos os processos de uma
cadores de desempenho8. organização. Na prática, o 6-sigma diferencia-se da Qualidade Total
em quatro áreas básicas:
Um indicador é composto de um número ou percentual - que a.) Maior amplitude da aplicação. A maior parte do TQM se
indica a magnitude (quanto) - e de uma unidade de medida - que dá aplica dentro da área de produção e manufatura, e não no projeto,
ao número ou percentual um significado (o que, quando). finanças, etc. O 6-sigma é para a organização toda. A Motorola afixa
1) Indicadores Estratégicos: Informam o “quanto” a organiza- boletins de tempo de ciclo, dados de defeitos e metas de melhoria
ção se encontra na direção da consecução de sua visão. Refletem o nos refeitórios e banheiros.
desempenho em relação aos fatores críticos para o êxito. b.) Estrutura de implementação mais simples. Os faixas-preta
2) Indicadores de Produtividade (eficiência): medem a propor- se dedicam, inteiramente, à mudança e ficam fora do cotidiano. A
ção de recursos consumidos com relação às saídas dos processos. administração é premiada ou punida pela melhoria dos negócios.
3) Indicadores de Qualidade (eficácia): focam as medidas de sa- c.) Ferramentas mais profundas. Além das ferramentas do
tisfação dos clientes e as características do produto/serviço. TQM, o 6-sigma se aprofunda para descrever a situação atual e pre-
6 Chiavenato, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Elsevier, 7 ver o futuro.
ed., Rio de Janeiro, 2004.
7 Idem. 9 Chiavenato, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Elsevier, 7
8 Texto adaptado do Centro de Referência para Apoio de Novos empreendimentos – ed., Rio de Janeiro, 2004.
Cerne, 2011. 10 Idem.
127
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A estatística é a base para uma melhor compreensão de como a capacidade de produção, o alinhamento com as demandas, a lo-
os processos se comportam, um software para auxiliar e um mapa gística e a otimização dos fluxos, assim como a qualidade das infor-
para a aplicação das ferramentas. Este permite esclarecer os pro- mações, da comunicação interna e das interfaces.
blemas e melhorar sua solução. d. Aprendizagem/crescimento organizacional. Para analisar o
d.) Forte vinculação com a saúde (financeira) dos negócios. O negócio sob o ponto de vista daquilo que é básico para alcançar o
6-sigma aborda os objetivos da empresa e se certifica de que todas futuro com sucesso. Considera as pessoas em termos de capacida-
as áreas-chave para a saúde futura da empresa contêm mensura- des, competências, motivação, empowerment, alinhamento e es-
ções quantificáveis com metas de melhoria e planos de aplicação trutura organizacional em termos de investimentos no seu futuro.
detalhados. Essas perspectivas podem ser tantas quanto a organização ne-
cessite escolher em função da natureza do seu negócio, propósitos,
-Quantifica o que é necessário para atingir os objetivos finan- estilo de atuação, etc. O BSC busca estratégias e ações equilibradas
ceiros da organização. em todas as áreas que afetam o negócio da organização como um
todo, permitindo que os esforços sejam dirigidos para as áreas de
O 6-sigma busca a eficácia organizacional em três dimensões maior competência, detectando e indicando as que necessitam da
que devem funcionar conjuntamente: eliminação de incompetências.
É um sistema focado no comportamento e não no controle. Re-
a.) Redução do desperdício – através do conceito de empre- centemente, o BSC passou a ser utilizado para criar organizações
endimento enxuto (lean enterprise), ou esforço de tempo futuro, focadas na estratégia.
redução do ciclo de tempo ou, ainda, eliminação do desperdício do Alinhamento e foco são as palavras de ordem. Aquele significa
sistema, eliminação do que não tem valor para o cliente, imprimin- coerência da organização; este, concentração. O BSC habilita a orga-
do velocidade à empresa. nização a direcionar suas equipes de executivos, unidades de negó-
b.) Redução dos defeitos – é o 6-sigma em si. cios, recursos humanos, tecnologia da informação e recursos finan-
c.) Envolvimento das pessoas - por meio da chamada “arqui- ceiros para sua estratégia organizacional; constrói um contexto para
tetura humana”. que as decisões relacionadas com as operações cotidianas possam
ser alinhadas com a estratégia e a visão organizacional, permitindo
O Balanced Scorecard (BSC) 11 divulgar a estratégia, promover o consenso e o espírito de equipe,
integrar as partes da organização e criar meios para envolver todos
As medidas e indicadores afetam, significativamente, o com- os programas do negócio, catalisar esforços e motivar as pessoas.
portamento das pessoas nas organizações. A ideia predominante
é: o que se faz é o que se pode medir. O que uma organização de- Indicadores e Sistemas de Informações Gerenciais
fine como indicador é o que ela vai obter como resultados. O foco - Os indicadores devem ser definidos de forma a descrever, mi-
dos sistemas e medidas tradicionalmente utilizados nas organiza- nuciosamente, como o atual desempenho se relaciona com a Mis-
ções - como balanço contábil, demonstrativos financeiros, retorno são e a Visão de futuro da organização;
sobre investimento, produtividade por pessoa, etc. - concentra-se, - devem servir de apoio para detectar as causas e os efeitos de
puramente, em aspectos financeiros ou quantitativos – e tenta con- uma ação, e não apenas seus resultados, e podem ser agrupados
trolar comportamentos. Esse controle, típico da Era Industrial, não em categorias que indiquem o grau de controle que a instituição
funciona adequadamente. Torna-se necessário construir um mode- tem sobre eles. Uma avaliação de desempenho deve ter indicado-
lo direcionado para a organização no futuro, colocando as diversas res que meçam - entre outros elementos - a eficácia, eficiência e a
perspectivas em um sistema de contínua monitoração em substitui- qualidade;
ção ao controle. - Um indicador deve ser compreensível, ter aplicação fácil e
abrangente; ser interpretável de forma uniforme (não permitindo
O BSC é um método de administração focado no equilíbrio or- diferentes interpretações); ser compatível com o processo de coleta
ganizacional e se baseia em quatro perspectivas básicas, a saber: de dados existente; ser preciso quanto à interpretação de resulta-
a. Finanças. Para analisar o negócio sob o ponto de vista finan- dos; ser economicamente viável a sua aferição; oferecer subsídios
ceiro. Envolve os indicadores e medidas financeiras e contábeis, para o processo decisório.
que permitem avaliar o comportamento da organização frente a
itens como lucratividade, retorno sobre investimentos, valor agre- Sendo assim, as características de um indicador podem ser re-
gado ao patrimônio e outros indicadores que a organização adote sumidas da seguinte maneira:
como relevantes para seu negócio. - Ser representativo.
b. Clientes. Para analisar o negócio sob o ponto de vista dos - Fácil de entender. A facilidade para que qualquer um tire suas
clientes. Inclui indicadores e medidas como satisfação, participação conclusões a partir de um indicador é fundamental para a sua uti-
no mercado, tendências, retenção de clientes e aquisição de clien- lidade.
tes potenciais, bem como valor agregado aos produtos/serviços, - Testado no campo. Um indicador não tem valor até que prove
posicionamento no mercado, nível de serviços agregados à comu- que realmente funciona.
nidade com os quais os clientes, indiretamente, contribuem, etc. - Econômico. Indicadores que dão trabalho para serem calcula-
c. Processos internos. Para analisar o negócio sob o ponto de dos não funcionam.
vista interno da organização. Inclui indicadores que garantam a qua- - Disponível a tempo. Dados atrasados não representam mais a
lidade dos produtos e processos; analisa a inovação, a criatividade, situação atual. Devem estar disponíveis antes que a situação mude.
- Compatível. Ser compatível com os métodos de coleta dispo-
11 Ibidem. níveis.
128
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
129
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Os gestores são conservadores e analíticos, reagem e adaptam- Estabelecendo a correspondência com a tese de Zaleznik, Rowe
-se aos factos ao invés de transformá-los. Tendem a adoptar atitu- (2001) “ a liderança gestionária está para os gestores como a lide-
des impessoais, calculam as vantagens da competição, negoceiam e rança visionária está para os líderes. Ao contrário de Zaleznik “con-
usam as recompensas e as punições como formas de coação. Estes sidera ainda que os dois papéis são conciliáveis na figura do líder
estão perfeitamente enquadrados na cultura organizacional e lutam estratégico.”
pela optimização dos recursos de modo a alcançarem os resultados
desejados. A importância dos líderes
Para que as organizações possam sobreviver num mercado glo- HARRIS (2001, p.394) “O Papel dos líderes é criar um ambiente
balizado e cada vez mais competitivo têm de ter uma boa gestão. A em que as pessoas se sintam livres para experimentar, exprimir-se
gestão tem que ter a implementação da mudança através da visão com franqueza, tentar novas coisas. Ainda mais importante, o seu
do seu líder de forma a alcançar os resultados previamente defini- papel é o de (…) construir o espaço, remover obstáculos e permitir
dos. Sem uma boa gestão as organizações não conseguirão atingir que os empregados façam o seu trabalho. Um dos objetivos primor-
esses resultados e tornam-se pouco produtivas e competitivas. diais dos líderes deveria ser o de libertar os talentos de cada pessoa
Quer a gestão quer a liderança têm diferentes formas de gerir para benefício delas próprias e da empresa como um todo.”
a sua equipa, através dos diferentes líderes. Esta hipótese é bem Nas organizações é crucial que os líderes sejam pessoas idóne-
acolhida por Rowe (2001), através de um modelo triangular cujos as e sejam um exemplo para toda a equipa, pois sem um bom líder
vértices são a liderança gestionária, a liderança visionária e a lide- não haverá uma boa equipa. É fundamental que exista uma boa
rança estratégica. liderança por parte dos líderes, somente assim a equipa será coesa
e trabalhará afincadamente para o alcance das metas organizacio-
Tipos de liderança nais e dos objetivos conjuntos. Se o objetivo primordial de um líder
é fazer com que os outros o sigam, então é imprescindível que dê
• Líder Gestionário bons exemplos e lhes mostre o caminho a seguir.
O líder gestionário está mais virado para a estabilidade finan- A liderança é um tópico fundamental nas relações de trabalho,
ceira a longo prazo e orientado para os comportamentos de curto os líderes têm de trabalhar no sentido de evitar conflitos laborais e
prazo e baixo custo. O seu relacionamento com as pessoas está in-
proporcionar benefícios para todos.
timamente ligado com os seus papéis no processo de decisão, mas
Por vezes, as incompatibilidades pessoais e profissionais entre
raramente decide com base em valores. Não investe na inovação
os líderes e os liderados, fazem com que surjam conflitos difíceis de
que pode mudar a organização pois falta-lhe visão, iniciativa e cria-
gerir, contribuindo para o insucesso das pessoas e o fracasso das
tividade. Normalmente é reativo e adapta atitudes passivas perante
organizações, dificultando assim o alcance das metas traçadas.
os objetivos, estes centram-se nas necessidades sentidas e não nos
Segundo Russo (2005) “a discussão se os líderes nascem líderes
desejosos ou sonhos.
ou aprendem a sê-lo é longa. Contudo a resposta diz Russo é sim-
ples e direta: as duas afirmações são verdadeiras.”
• Líder Visionário
Já o líder visionário fomenta a mudança, a inovação e a criati- O líder deve ser capaz de criar um ambiente saudável, bem
vidade. É proativo, muda o modo de as pessoas pensarem acerca como interação e dinâmica com toda a equipa de trabalho. É fun-
daquilo que é desejável e necessário. Está orientado para o desen- damental criar desafios e dar autonomia, para que em conjunto se
volvimento das pessoas e para o sucesso das organizações. Normal- implementem e tomem as melhores decisões.
mente decide com base em valores e relaciona-se com as pessoas
de modo intuitivo e empático. Enfatiza a viabilidade de empresa a Estilos de liderança
longo prazo mas os seus sonhos podem ser destruidores da riqueza As organizações, as equipas e as situações variam no tempo e
no curto prazo. no espaço, os líderes também, daí que é bastante comum que o su-
cesso do líder e dos seus seguidores esteja diretamente relacionado
• Líder Estratégico com o estilo de liderança adoptado.
O líder estratégico combina as duas orientações, ou seja, com- White & Lippit (1939) fizeram os primeiros estudos para verifi-
bina as qualidades dos gestores com as dos líderes. Acredita nas car o impacto causado pelas diferentes formas de liderar. Segundo
escolhas estratégicas que fazem a diferença na organização. Essas eles existem essencialmente três estilos de liderança: liderança au-
estratégias devem ter impacto imediato, sendo que as responsa- toritária, liberal e democrática.
bilidades serão a longo prazo. Fomenta o comportamento ético e
as decisões baseadas em valores. Tem elevadas expectativas acerca • Liderança Autoritária
dos seus superiores, colaboradores e dele próprio. Em primeiro lugar aparece a liderança autoritária, “o líder fixa
Podemos então concluir que a liderança estratégica resulta da as diretrizes, sem qualquer participação do grupo”, é ele que fixa
conciliação da liderança visionária e gestionária. todas as diretrizes e determina qual tarefa deve ser realizada, tudo
Alguns indivíduos terão mais aptidão para liderar e outros para tem que ser feito como ele define. (CHIAVENATO, 2003)
gerir, enquanto outros conciliam as duas vertentes. Na liderança autoritária, autocrática ou diretiva o líder foca-
No entanto, muitos líderes podem aprender a gerir e muitos -se apenas nas tarefas e determina técnicas para a execução das
gestores podem melhorar as suas capacidades de liderança. mesmas. O líder toma as decisões individualmente e não considera
a opinião da equipe, ordena e impõe a sua vontade. Este tipo de
liderança provoca tensão e frustração no grupo. O líder tem uma
postura essencialmente diretiva e não dá espaço à criatividade dos
liderados. A sua postura por vezes é paternalista e fica satisfeito por
130
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
sentir que os outros dependem dele. É rápido na tomada de decisão Teorias da liderança
e os seus objetivos são o lucro e os resultados. Por norma, neste Existem várias teorias de liderança e podem ser classificadas
tipo de liderança as consequências são nefastas, existe ausência de em quatro grupos: teorias de traços de personalidade (até aos anos
espontaneidade e de iniciativa e quando o líder abandona a orga- 40), teorias sobre estilos de liderança/comportamento do líder (até
nização as pessoas sentem-se completamente perdidas pois não aos anos 60), teorias situacionais/contingências da liderança (desde
estavam habituadas a tomar decisões e a terem iniciativa própria. os anos 50 até final da década de 70) e por último as teorias dos
O trabalho só se realiza na presença do líder, pois na sua ausên- traços e do carisma (últimas décadas).
cia o grupo é pouco produtivo e indisciplinado. O líder autoritário
normalmente não delega tarefas, prefere ser ele a executá-las. A • Teoria dos Estilos de Liderança
liderança autoritária apresenta elevados níveis de produção, mas Na Teoria sobre os Estilos de Liderança a preocupação domi-
com evidentes sinais de frustração e agressividade. nante nas várias teorias foi definir o comportamento do líder mais
eficaz. A abordagem dos estilos refere-se não ao que o indivíduo é
• Liderança Liberal mas ao que ele faz, ou seja, o seu estilo de liderar. Aqui destacam-se
A liderança liberal é totalmente inversa à autocrática, “há liber- as maneiras e estilos de comportamento adoptados pelo líder: au-
dade total para as decisões grupais ou individuais, e mínima partici- tocracia, liberalismo e democracia, bem como a liderança centrada
pação do líder.” (CHIAVENATO, 2003) nos resultados da tarefa e a liderança centrada na preocupação com
Na liderança laissez faire ou liberal não há imposição de regras, as pessoas.
parte-se do princípio que o grupo atingiu a maturidade e não ne- Como instrumento de avaliação dos estilos de liderança Black
cessita do líder para o orientar e o supervisionar. Caracteriza-se pela e Mouton (1964), apresentam uma grelha de gestão, que é uma
total liberdade da equipa o líder não interfere na divisão das tarefas tabela de dupla entrada, composta por dois eixos: o eixo vertical
nem na tomada de decisão, quem decide é o próprio grupo. Este é representa a “ênfase nas pessoas” e o eixo horizontal representa
considerado o pior estilo de liderança, uma vez que não há demar- a “ênfase na produção”. Nos quatro cantos e no centro da grelha
cação dos níveis hierárquicos instala-se a confusão, a desorganiza- os autores colocaram os principais estilos de liderança, de acordo
ção, o desrespeito e a falta de um líder com poder e autoridade com a orientação para a tarefa ou para o relacionamento. Segundo
para resolver os conflitos. os autores, é muito importante que cada líder aprenda a observar
Na liderança liberal o líder só participa na tomada de decisão o seu estilo de liderança através da grelha, a fim de melhorar o seu
quando é solicitado pelo grupo, os níveis de produtividade são in- desempenho, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento pro-
satisfatórios e existem fortes sinais de individualismo, insatisfação e fissional, bem como para o desenvolvimento da organização.
desrespeito pelo líder. Para Chiavenato (2003, p.124), “São teorias que estudam a li-
derança em termos de estilos de comportamento do líder em rela-
• Liderança Democrática ção aos seus subordinados. A abordagem dos estilos de liderança
No que respeita à liderança democrática, participativa ou con- se refere àquilo que o líder faz, isto é, o seu comportamento de
sultiva, este estilo está voltado para as pessoas e há participação de liderar”.
toda a equipa no processo de decisão. É o grupo que define as téc-
nicas para atingir os objetivos, no entanto o líder tem a responsabi- • Teoria dos Traços e do Carisma
lidade de alertar o grupo para as dificuldades existentes no alcance Nas últimas décadas os psicólogos organizacionais começam a
desses mesmos objetivos. interessar-se pela cultura organizacional e pela mudança cultural.
Segundo, Chiavenato (2003, p.125), “As diretrizes são debati- De acordo com o trabalho de Shein (1989) os líderes têm de ter
das e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder”. capacidades específicas como a paciência, persistência, contenção
O líder envolve todo grupo, pede sugestões e aceita opiniões, da ansiedade, garantir estabilidade e confiança emocional, etc. Da
existe confiança mútua, relações amistosas e muita compreensão. análise de Shein resultam dois importantes conceitos: a liderança
Este estilo de liderança está orientado para as tarefas e para as pes- transformacional e a liderança transacional.
soas. Os grupos submetidos à liderança democrática, apresentam
elevados níveis de produtividade, quer em quantidade quer em • Liderança Transformacional
qualidade. Existe ainda, um clima de satisfação, integração e com- Bass (1985), foi um dos pioneiros nos estudos da liderança
prometimento das pessoas para com a organização. transformacional e transacional, a considerar que a liderança tanto
De acordo com Fachada (1998), “A diferença entre o estilo efi- envolve comportamentos transformacionais como transacionais.
caz e ineficaz não depende unicamente do comportamento do líder, Alguns autores (Barling, Slater e Kelloway, 2000; Judge e Bono,
mas da adequação desses comportamentos ao ambiente onde ele 2000) destacaram exclusivamente o papel da liderança transforma-
desempenha as suas funções.” cional.
A Liderança Transformacional é o tipo de liderança que resul-
O estilo de liderança a adoptar vai depender sobretudo da ta do processo de influenciar as grandes mudanças das atitudes e
equipa a liderar e do seu tamanho. Deverá estar adaptada a cada comportamentos dos membros da organização e o comprometi-
pessoa, à equipa e à tarefa a realizar, só assim se conseguirá a máxi- mento com a missão e os objetivos da organização.
ma eficácia na persecução dos objetivos. Segundo Bass (1985), os líderes transformacionais têm “visão”,
prendem-se às suas convicções internas, têm vontade de encorajar
e olhar os problemas de diferentes formas. Estes líderes são donos
do seu próprio destino e têm talento para atravessar os tempos de
adversidade com sucesso.
131
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Bass (1995) descobriu que as três principais características de Conclui-se, que diante das mudanças, o líder deve conciliar os
um líder transformacional são o carisma, reconhecimento e estímu- interesses da organização com os da sua equipa de trabalho, em-
lo de cada seguidor como incentivo intelectual para que os segui- penhando-se afincadamente para proporcionar um ambiente fa-
dores examinem as situações de acordo com novas perspectivas. vorável ao desenvolvimento dos seus liderado, influenciando-os a
O mesmo autor (BASS, 2000, p.297) sustenta que “as qualida- alcançarem os objetivos comuns.
des dos líderes transformacionais são afetadas pelas experiências
de infância (pais zelosos e que estabelecem objetivos desafiantes).
Afirma mesmo que causas hereditárias podem estar na sua origem.” GERENCIAMENTO DE CONFLITOS
Um líder Transformacional consegue que os seus seguidores
prossigam além dos seus próprios interesses e altera ou transforma O conflito é uma realidade presente em qualquer organização
as suas metas em metas de todo o grupo ou da organização. Ele e pode surgir por diversas razões, como diferenças de opiniões,
faz com que os seguidores se envolvam integralmente para que se objetivos divergentes, falta de recursos, entre outras. Quando mal
atinjam os objetivos organizacionais. gerenciado, pode causar impactos negativos na produtividade, na
Segundo Yukl (1999, p.46), “as teorias da liderança carismática e motivação dos funcionários e na reputação da empresa. Por isso,
transformacional contribuem para o nosso entendimento da eficácia é importante que a administração esteja preparada para lidar com
de liderança, mas a sua singularidade e contributo foram exagerados.” conflitos de forma eficiente.
Uma das formas de gerenciar conflitos é através da negociação.
• Liderança Transacional A negociação pode ser definida como um processo de comunicação
A Liderança Transacional baseia-se na relação do líder e do li- entre duas ou mais partes, com o objetivo de chegar a um acordo
derado. O líder conduz e motiva toda a equipa na direção dos obje- que satisfaça os interesses de ambas as partes envolvidas. É uma
tivos estabelecidos. habilidade essencial para a administração, pois permite que os
Segundo Bass (1995), a liderança transacional “envolve a atri- gestores possam resolver conflitos de forma eficiente, evitando
buição de recompensas aos seguidores em troca da sua obediência. desgastes e desentendimentos.
O líder reconhece as necessidades e desejos dos seus colaborado- A negociação pode ser dividida em três fases: preparação,
res, clarificando-lhes como podem satisfazê-las em troca da execu- negociação propriamente dita e fechamento. Na fase de
ção das tarefas e do desempenho.” preparação, os gestores devem identificar as necessidades de cada
Muitas situações de liderança são baseadas num entendimento entre parte envolvida, seus interesses e objetivos. É importante que essa
o líder e os seus seguidores. Existe um contrato social implícito indicando fase seja feita com calma e atenção, para que os gestores estejam
que se concordar com o que o líder deseja fazer, o seguidor terá certos preparados para a próxima fase.
benefícios, tais como remuneração melhorada ou a não-demissão. Na fase de negociação, os gestores devem conduzir a conversa
As transações construtivas resultam em consequências positivas, de forma assertiva e clara, buscando entender os interesses de cada
tais como a obtenção de uma promoção. Essas promoções são vistas parte e apresentando soluções que satisfaçam ambas as partes. É
como mais eficazes e satisfatórias do que as transações corretivas, importante que os gestores mantenham a calma e evitem agir de
que trazem consequências negativas, tais como uma humilhação. forma impulsiva ou agressiva, pois isso pode piorar o conflito.
Este tipo de liderança, a par da liderança carismática, constitui o Por fim, na fase de fechamento, os gestores devem formalizar o
estilo de liderança mais apropriado para a mudança organizacional. acordo alcançado, garantindo que todas as partes envolvidas estejam
Não é a força da autoridade que os chefes possuem devido à cientes dos termos do acordo e comprometidas em cumpri-los.
sua posição privilegiada no organograma da organização que lhes Em resumo, a negociação é uma ferramenta poderosa para a
proporciona eficácia para liderar as pessoas, mas a percepção posi- administração gerenciar conflitos de forma eficiente. Quando bem
tiva desses seguidores que faz dele um verdadeiro líder. conduzida, a negociação pode levar a soluções que satisfaçam
Num mundo altamente dinâmico e instável onde o ambiente ambas as partes envolvidas e evitar impactos negativos na
organizacional sofre continuamente profundas alterações impul- organização. É importante que os gestores estejam preparados
sionadas pelo processo de globalização, o mercado torna-se mais para lidar com conflitos de forma profissional e assertiva, buscando
exigente e competitivo, exigindo das organizações adaptações e sempre o diálogo e o entendimento mútuo.
respostas rápidas a estas mudanças e alterações sofridas. As em-
presas necessitam de profissionais capazes de responderem de for-
ma ajustada e em tempo útil aos novos desafios. MOTIVAÇÃO
O alinhamento entre as Práticas de Liderança e a Cultura Orga-
nizacional é compreendido através dos conceitos percebidos atra- — Motivação
vés da revisão bibliográfica. A revisão da literatura permitiu uma A implantação da psicologia nas organizações nas últimas dé-
melhor compreensão dos conceitos de Liderança e dos principais cadas concedeu aos gestores, as respostas de certas lacunas sobre
fatores que a influenciam. o trabalho humano, pois o homem é movido por uma força interior,
A chave do sucesso para um elevado desempenho das orga- mas, para que seja satisfatória, e traga bem estar, é estimulada por
nizações está na congruência entre os elementos da organização, fatores externos. No ponto econômico das organizações, quando
principalmente entre a estratégia, a estrutura, as pessoas, a própria o colaborador trabalha com satisfação é sinal de mais resultado e
cultura e como não podia deixar de ser a Liderança. Assim sendo, mais rentabilidade para a empresa.
será crucial que a organização repense a forma como a Liderança Motivação é um processo responsável por impulso no compor-
vem sendo exercida, só assim, conseguirá pessoas motivadas e feli- tamento do ser humano para uma determinada ação, que o estimu-
zes, contribuindo de forma decisiva para o aumento da performan- la para realizar suas tarefas de forma que o objetivo esperado seja
ce da organização. alcançado de forma satisfatória.
132
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
De acordo com Robbins (2005) a motivação possui três proprie- Maslow desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas
dades que a regem, uma é a direção, o foco da pessoa em sua meta dispõem-se numa hierarquia mais complexa que a simples divisão
e como realizar, outra é a intensidade, se o objetivo proposto é feito em dois grandes grupos. Segundo Maslow, as necessidades huma-
como algo que vai lhe trazer satisfação ou será realizado por obriga- nas dividem-se em cinco grupos, necessidades fisiológicas ou bási-
ção, e a permanência. “A motivação é específica. Uma pessoa mo- cas, segurança, sociais, estima, auto-realização.
tivada para trabalhar pode não ter motivação para estudar ou vice- Segundo Robbins (2005), Herzberg, com a teoria dos dois fa-
-versa. Não há um estado geral de motivação, que leve uma pessoa tores, traz que os estímulos de insatisfação se eliminados podem
a sempre ter disposição para tudo.” (MAXIMILIANO, 2007, p.250). apaziguar os colaboradores, mas não necessariamente trazem a sa-
“Motivação é ter um motivo para fazer determinada tarefa, agir tisfação. Desse modo o contrário de satisfação é a não-satisfação;
com algum propósito ou razão. Ser feliz ou estar feliz no período e da insatisfação é a não-satisfação. Pelo fato das pessoas não es-
de execução da tarefa, auxiliado por fatores externos, mas princi- tarem insatisfeitas, não quer dizer que estão satisfeitas. Os incenti-
palmente pelos internos. O sentir-se bem num ambiente holístico, vos motivacionais que acercam as condições de trabalho, Herzberg
ambientar pessoas e manter-se em paz e harmonia, com a soma caracterizou como fatores higiênicos.
dos diversos papéis que encaramos neste teatro da vida chamado Ainda dentro da teoria de Herzberg, Chiavenato (2005), aborda
“sociedade”, resulta em uma parcialidade única e que requer cuida- dizendo que para Herzberg a motivação das pessoas para o trabalho
dos e atenção.” (KLAVA, 2010). vai depender de dois fatores, sendo os higiênicos que correspon-
O que os gestores estão buscando são como manter sempre dem ao contexto do trabalho e os motivacionais que correspondem
seus colaboradores satisfeitos, para que assim possam exercer suas ao cargo, tarefas e atividades relacionadas com o cargo.
funções com o rendimento esperado pela organização, de modo “As condições ambientais, no entanto, não são suficientes para
que também, lhe seja prazeroso e satisfatório. Por exemplo, além induzir o estado de motivação para o trabalho. Para que haja moti-
da remuneração, que já foi provado não ser o principal fator moti- vação, de acordo com Herzberg, é preciso que a pessoa esteja sinto-
vacional do ser humano, existe os fatores de relações interpessoais, nizada com seu trabalho, que enxergue nele a possibilidade de exer-
como ambiente de trabalho, o relacionamento com os demais co- citar suas habilidades ou desenvolver suas aptidões.” (MAXIMIANO,
laboradores, são estímulos para que os funcionários se motivem ao 2007 p.268-269).
trabalho. Seguindo ainda a linha das teorias que aborda à motivação
A partir da análise do filme Invictus (2010) a liderança exercida Zanelli (2004), apresenta a teoria X e Y, onde McGregor abordou
com democracia revela o respeito das pessoas, sem forçá-las para que o homem tem aversão ao trabalho, precisa ser controlado e
que isso aconteça. E dessa forma as pessoas se sentem motivadas punido, só se interessa pela parte financeira que o trabalho irá lhe
a realizarem seus trabalhos sem uma pressão superior, dando-lhes proporcionar, sendo está à teoria X, dentro da teoria Y, McGregor
bem estar em seu ambiente. diz que o desempenho do homem no trabalho é um fator mais de
Com a compreensão desses pontos, sabemos de que forma natureza gerencial do que motivacional. O autor ainda acrescenta:
uma pessoa pode sentir-se motivada dentro da organização. Mas, “A conclusão de McGregor foi a de que a prática gerencial
por trás de tudo isso, tem a questão do poder, pois pela busca do apoiada na teoria X ignorava os estudos da motivação desenvolvi-
bem estar no trabalho, há também a ambição econômica e por sta- dos por Maslow, que ressaltavam o quanto a motivação seria decor-
tus dentro das organizações, cabe aos gestores a complicada tarefa rente da emergência de necessidades humanas dispostas hierarqui-
de fazer dos seus colaboradores, aliados, de forma benéfica para camente.” (ZANELLI, 2004 p.151-152).
Entende-se pois, que várias teorias foram criadas para abordar
todos da organização.
a motivação, cada uma com um enfoque, mais aliadas a analisar de
forma criteriosa a respeito do comportamento do indivíduo; de que
Teorias que abordam a motivação
formas são motivados, quais os mecanismos que poderão ser usados
De acordo com Zanelli (2004) ao longo do tempo foram sur-
para que o processo motivacional aconteça de forma a trazer êxodo
gindo conceitos e posteriormente teorias abordando a motivação
tanto para o indivíduo quanto para a organização. Segundo Chiavena-
humana, diversos teóricos contribuíram para tal propósito, anali-
to (2005, p.247). “Não faltam teorias sobre motivação. Nem pesqui-
sando o comportamento do indivíduo e buscando entender o que
sas sobre o assunto. O fato é que o assunto é complexo”.
o faz motivado, e como o processo da motivação ocorre na vida do
ser humano, dentre esses teóricos se destacaram alguns, que ana- Processo motivacional
lisaram de forma a colocar essas teorias dentro do contexto organi- De acordo com Chiavenato (2005), a motivação vai estar atrela-
zacional: Maslow, Herzberg, McGregor são alguns desses teóricos. da com o comportamento humano, quando este pretende alcançar
Pode-se observar que Maslow em sua teoria destaca que o algum objetivo, a uma variedade de fatores que poderão influenciar
comportamento do indivíduo está sujeito a uma hierarquia de fa- a motivação do indivíduo, quando o mesmo tem uma determinada
tores, baseada nas necessidades humanas, o teórico afirma que o necessidade, imediatamente busca mecanismos que faz com que a
indivíduo só será motivado a partir do momento que suas necessi- satisfação seja suprida de forma a lhe garantir um conforto e reali-
dades básicas forem supridas, colocando estas como sendo as ne- zação, ainda segundo o autor:
cessidades fisiológicas e de segurança, estando na base da pirâmide “Os seres humanos são motivados por uma grande variedade
hierárquica de Maslow, o indivíduo conseguiria atingir uma nova de fatores. O processo motivacional pode ser explicado da seguinte
necessidade a partir do momento que a anterior tiver sido satis- forma: as necessidades e carências provocam tensão e desconforto
feita, as necessidades superiores apresentam-se como motivadoras na pessoa e desencadeiam um processo que busca reduzir ou eli-
da conduta humana, ou seja, as necessidades sociais, estima e au- minar a tensão. A pessoa escolhe um curso de ação para satisfazer
to-realização. Sobre esta mesma teoria Maximiano (2007, p.262), determinada necessidade ou carência. Se a pessoa consegue satis-
vai dizer:
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
fazer a necessidade, o processo motivacional é bem-sucedido. Essa prestígio e a influência do que propriamente com o desempenho
avaliação do desempenho determina algum tipo de recompensa ou eficaz. “Pessoas orientadas pela necessidade de associação buscam
punição à pessoa.” (CHIAVENATO, 2005 p. 273). a amizade, preferem situações de cooperação em vez de compe-
Essas considerações referentes à motivação nos levam a entender tição e desejam relacionamentos que envolvam um alto grau de
que o processo motivacional está intimamente ligado ao comportamen- compreensão mútua.” (ROBBINS, 2005 p.139)
to do indivíduo, ou seja, o que ele busca alcançar; é claro e faz se lembrar As demais teorias, como, a teoria da fixação de objetivos, ênfa-
que o ambiente é fator preponderante para a busca da realização das se na produtividade; teoria do reforço, qualidade e volume de tra-
necessidades, vários fatores são responsáveis pela motivação humana. balho; teoria do planejamento do trabalho, produtividade, absente-
Dentro do contexto organizacional entende-se, pois que o clima organi- ísmo, satisfação e rotatividade; teoria da equidade, ponto forte na
zacional está relacionado com a motivação, segundo Chiavenato (2005). previsão do absenteísmo e da rotatividade; e a teoria da expectati-
“O clima organizacional está intimamente relacionado com o grau va, o colaborador se sente motivado sabendo que a força exercida
de motivação de seus participantes. Quando há elevada motivação en- para objetivo terá o resultado esperado.
tre os membros, o clima organizacional se eleva e traduz-se em relações “O ambiente de trabalho moderno é, para dizer o mínimo, desafia-
de satisfação, animação, interesse, colaboração irrestrita etc., todavia, dor. O sucesso das organizações e das pessoas que as fazem funcionar
quando a baixa motivação entre os membros, seja por frustração ou não vem fácil. Essa era de contrastes abre a porta para a criatividade na
imposição de barreiras a satisfação, das necessidades, o clima organiza- administração. Os ganhos em produtividade, desempenho e lealdade
cional tende a baixar, caracterizando-se por estados de depressão, desin- do consumidor ficam à disposição daqueles que realmente respeitam
teresse, apatia, insatisfação etc., podendo em casos extremos chegar ao as necessidades dos trabalhadores, tanto no emprego quanto na vida
estado de agressividade, tumulto, inconformismo etc., típicos de situa- pessoal.” (KLAVA apud SCHERMERHORN et al, 2010).
ção em que os membros se defrontam abertamente com a organização, As teorias motivacionais contemporâneas trouxeram uma nova
como nos casos de greves, piquetes etc.” (CHIAVENATO, 2005 p. 269). roupagem, sobre a motivação do indivíduo, adequando as teorias
Portanto, os gestores devem compreender que o clima organi- anteriores a um contexto organizacional moderno e desafiador, que
zacional é fator de grande importância nas organizações, a partir do as organizações terão que enfrentar.
momento que a organização oferece um ambiente que seja propí-
cio para o colaborador se sentir motivado, animado e interessado SISTEMAS DE INCENTIVO E RESPONSABILIZAÇÃO
com o trabalho, a organização caminhará ao alcance dos resultados
positivos, colaborador que trabalha satisfeito a organização só ten-
de a crescer, mas para isso é preciso que haja condições; uma desta As características do trabalho mudam radicalmente, passando de
é favorecer um ambiente de trabalho agradável. sistemas rígidos para sistemas flexíveis de administração, uma grande
tendência à criatividade na execução das tarefas, gerando um aprendi-
As relações das teorias motivacionais contemporâneas e as zado contínuo e a multiespecialização das equipes de trabalho.
Com isso as empresas buscam adequar os seus sistemas tradicio-
organizações
nais de Remuneração ao novo conceito de Remuneração Estratégica,
A expansão da globalização exige pessoas bem instruídas e
onde a remuneração passa a focar o indivíduo e não mais o cargo,
qualificadas. As teorias contemporâneas baseiam-se na necessida-
estimula o trabalho em equipe, busca-se qualidade e produtividade
de de auto realização, a ambição por um bom cargo e status dos co-
maiores a custos cada vez menores, reduzindo seus níveis hierárqui-
laboradores, essas teorias dão ênfase aos estímulos motivacionais
cos, visando conceder maior autonomia aos colaboradores, e assim
principalmente no trabalho.
conseguir maior rapidez e flexibilidade nas tomadas de decisão.
Clayton Alderfer, com a Teoria ERG (Existence, Relatedness, Grow-
A remuneração estratégica12 tem como objetivo beneficiar o co-
th), somou à Teoria das Necessidades descrita por Maslow, informações
laborador com outras formas de pagamentos complementando, as-
das organizações contemporâneas, e propôs três grupos de motivação sim, o sistema de remuneração tradicional. Com isso o funcionário se
no trabalho. O primeiro grupo foi o de existência, que está associado às sente mais motivado a alcançar melhores resultados a alguma meta
necessidades básicas, como descritas por Maslow nas necessidades fi- proposta, além de sentir mais valorizado (GHENO; BERLITZ, 2011).
siológicas e de segurança. O segundo, as necessidades de relacionamen- O sistema de remuneração estratégica é uma forma equilibra-
to, desejo que os seres humanos têm em manter relações sociais. No da de diferentes formas de remuneração.
último grupo, aparece a necessidade de crescimento do colaborador, o Podemos definir como Remuneração Estratégica, um “mix” de
desejo por cargos e status dentro da organização, realização pessoal dá todas as ferramentas que possuímos atualmente, ou seja, a própria
ênfase as necessidades de nível alto da teoria de Maslow. “Um desejo remuneração funcional, salários indiretos, remuneração por habili-
intrínseco de desenvolvimento pessoal. Isto inclui os componentes in- dades e competências, remuneração variável, participações acioná-
trínsecos da categoria estima de Maslow, bem como as características da rias e outras diversas formas de se remunerar.
necessidade de auto realização”. (ROBBINS, 2005 p.136). Com isso busca-se poder remunerar de forma altamente com-
David McClelland e sua equipe deram ênfase a três necessi- petitiva, gerando valores antes deixados de lado, ou seja, faz com
dades: realização, poder e associação; que aparecem de forma di- que o profissional busque estar altamente qualificado na execução
ferenciada em cada pessoa, caracterizando-as. A necessidade de de suas atividade e visando atingir cada vez melhor os seus objeti-
realização, a compulsão por eficiência, o desejo de ser cada vez vos organizacionais (quer obter o melhor desempenho).
melhor, e suprir sua necessidade pessoal, os grandes realizadores
se destacam das outras pessoas pelo seu desejo de fazer melhor as
coisas. As pessoas que gostam de estar no comando, se caracteriza 12 Wood Júnior, Thomaz; Picarelli Filho, Vicente. Remuneração estratégica: a
pela necessidade de poder, em estar liderando e preferem situa- nova vantagem competitiva. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ções competitivas e de status, tendem a se preocupar mais com o CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas. 18ª edição, Rio de Janeiro: Campus, 1999.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A multiplicidade de formas de remuneração tem crescido devi- 4. Mantém o nível de profissionalização e especialização dos
do à necessidade de encontrar maneiras criativas para aumentar o empregados compatível com a competitividade;
vínculo entre as empresas e seus funcionários. 5. Encoraja as pessoas a ter responsabilidades plenas e à busca
Diante disso, Lunkes e Schnorrenberger (2009), definem a re- contínua do desenvolvimento profissional;
muneração estratégica como uma combinação equilibrada de di- 6. Melhora a produtividade e a qualidade dos produtos e servi-
ferentes formas de remuneração, visando alinhar a remuneração ços prestados pela empresa;
a estratégia da organização, harmonizando interesses, ajudando a 7. Facilita a seleção e a contratação de talentos humanos ade-
gerar consensos e atuando como alavanca de resultados. quados aos requisitos do cargo;
8. Aumenta a motivação da equipe, uma vez que ela percebe a
Grupos da Remuneração relação de sua performance com os aumentos salariais.
Podem ser classificadas em oito grupos:
• Remuneração Funcional Remuneração Variável (Ou Por Resultados)
• Remuneração por Habilidades Essa forma de remuneração é vinculada a metas de desempe-
• Remuneração por competências nho (Utiliza-se das notas atingidas em um determinado grupo de
• Remuneração Variável regras previamente estabelecidas na organização) dos indivíduos,
• Salário indireto das equipes ou da organização. Aplica-se em situações que haja in-
• Previdência complementar dicadores de desempenho, isto é, executivos, vendedores de carro
• Participação Acionária ou trabalhadores de uma linha de produção, podem ser bonificados
• Alternativas criativas dessa forma. Inclui formas de remuneração variável de curto prazo,
como as comissões, PLR, e de longo prazo, como bônus executivo.
Importante ressaltar que a remuneração estratégica deve estar
intimamente ligada aos resultados organizacionais esperados. Salário Indireto
Também chamado de plano de benefícios, salário in natura ou
Remuneração Funcional (Tradicional) salário utilidade. O salário indireto compreende os benefícios e ou-
É determinada pelo cargo e as respectivas funções do cargo, tras vantagens. Os profissionais procuram cada vez mais benefícios
seguindo o mercado. É o tipo mais tradicional que existe, também que auxiliam nas suas vidas, como auxílio educação, vale alimenta-
conhecido como remuneração tradicional ou remuneração por car- ção, plano de saúde, plano odontológico, auxílio creche, auxílio mo-
go ou ainda como PCS (Plano de Cargos e Salários). É o modelo mais radia, participação nos lucros, desconto em academias, entre outros.
popular em uso pelas empresas, as quais tendem ao conservadoris- As empresas utilizam isso como forma de convencer os profissionais
mo e à inércia. Algumas das principais desvantagens são: excesso de a permanecer nas organizações, pois este tipo de salário gera um
burocracia na gestão; inibição da criatividade e queda na motivação grande impacto na renda mensal do trabalhador. Permite flexibiliza-
ção dos benefícios, de acordo com as necessidades e preferências e a
Remuneração Por Habilidades forma mais comum é relacionada com nível hierárquico.
Essa forma de remuneração desloca o foco do cargo ou fun-
ção e passa para o indivíduo. As habilidades passam a determinar Previdência Complementar
a base da remuneração. Quanto mais o funcionário adquire e acu- O aumento na concessão deste tipo de remuneração está re-
mula conhecimentos na sua carreira profissional que agreguem va- lacionado diretamente com a disseminação dos sistemas de pre-
lor a organização, maiores são as suas chances de reconhecimento, vidência privada que tem crescido muito. A previdência privada é
ganhos remuneratórios e promoções. Algumas das principais van- uma modalidade complementar à previdência pública e essa forma
tagens desse sistema são: Foco da avaliação está na pessoa, que de remuneração contribui comprovadamente para a motivação dos
busca aprimorar suas habilidades cada vez mais; A área de recursos funcionários e a valorização do compromisso de longo prazo por
humanos assume papel mais estratégico e menos operacional; Em- parte deles com relação à empresa.
pregados especializados e bem treinados, gerando maior flexibilida-
de na organização, além de maior motivação. Participação Acionária
Nada mais é do que dar ao colaborador uma fatia do negócio.
Remuneração Por Competências Assim, a participação acionária consiste em distribuir ou subsidiar
Essa forma de remuneração se difere da remuneração por habili- ações da empresa para os funcionários. Essa forma de remuneração
dades quanto ao objeto: a remuneração por habilidades é geralmen- é vinculada a objetivos de lucratividade e crescimento da empresa.
te aplicada ao nível operacional e a remuneração por competência é Isto é, trata-se de um sistema que premia desempenho e resultados
mais adequada aos demais níveis da organização. Ideal para empre- corporativos, e geralmente é aplicado nos níveis mais estratégicos
sas as quais a capacidade de inovação é fator crítico de sucesso. da organização, como diretores e gerentes. Utilizada também para
reforçar o compromisso de longo prazo entre a empresa e os cola-
Algumas vantagens na utilização dessa Remuneração por com- boradores, pois eles passam a se sentir como parte da empresa na
petência são: qual atuam.
1. Direciona o foco para as pessoas e não para os cargos ou
responsabilidades; Alternativas Criativas
2. Remunera os funcionários com uma parcela fixa do salário a Essa forma de remuneração inclui diversos componentes, tais
cada competência adquirida; como: prêmios, gratificações e outras formas especiais de reconhe-
3. Garante o reconhecimento aos empregados pela parcela de cimento.
contribuição especializada disponibilizada à empresa;
135
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Há quatro tipos de reconhecimento: 1. O custo direto, que inclui o diagnóstico, o estudo para cons-
- Social: (agradecimento público, cartas de reconhecimento, trução do sistema, a preparação do plano de implantação, a comu-
jantares de comemoração, etc), nicação, a própria implantação e administração do sistema.
- Simbólico: (convites para teatro, viagem para duas pessoas, 2. O custo indireto, que inclui essencialmente treinamento e
etc.), desenvolvimento de pessoas, especialmente no caso de remune-
- Relacionado Ao Trabalho: (participação em projetos espe- ração por habilidades e competências. Embora representem custos
ciais, promoção, estágios no exterior, participações em congressos financeiros, recomenda-se que sejam vistos como investimentos.
e feiras, etc.) 3. Um custo que pode ser chamado de psicológico, pois inclui
- Financeiro: (bônus, ações da empresa, prêmios especiais, um principalmente o estresse causado nos funcionários pela adoção de
dia de folga, etc.). um sistema de risco. Enquanto muitas empresas vêem a implanta-
ção de sistemas de Remuneração Estratégica como forma de trans-
Construção de um Sistema de Remuneração Estratégica formar custos fixos em variáveis, os funcionários tendem a perceber
Construir um sistema de remuneração estratégica não é tarefa nessas implantações uma erosão do salário, uma perda que precisa
simples, pois alguns aspectos são essenciais para a sua implantação: ser recuperada com esforço extra.
1. É necessário realizar um diagnóstico da organização, consi-
derando-se o ambiente interno e o posicionamento estratégico;
2. É preciso conhecer profundamente as várias formas e alter- GESTÃO DO DESEMPENHO. PROGRAMA DE GESTÃO DO
nativas de remuneração e saber quando e como aplicá-las; DESEMPENHO
3. É necessário definir o próprio sistema; ou seja, determinar
que componentes devem ser adotados para garantir os melhores O progresso do desempenho organizacional se dá através da
resultados; melhoria do desempenho das pessoas que compõem a instituição,
4. Deve-se garantir que o sistema a ser implantado seja trans- oriunda através do desenvolvimento das competências individuais
parente e funcional, para assegurar sua ampla aceitação e fácil ope- oportunizadas pela realização de programas contínuos de treina-
racionalização na empresa. A remuneração estratégica derruba o mento e desenvolvimento13.
mito do sistema universal de gestão de salários e passa a ser parte Treinamento é qualquer atividade que contribua para tornar
de um sistema gerencial da organização e, se bem balanceado, fon- uma pessoa apta a exercer uma função ou atividade, isto é, au-
te autêntica de diferenciação e vantagem competitiva. mentar sua capacidade para desempenhar suas funções atuais ou
prepará-la para novas atribuições. Portanto, treinamento é um pro-
Fatores Críticos De Sucesso cesso de assimilação cultural em curto prazo, que objetiva repassar
Além dos princípios citados anteriormente, podemos enume- ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes, relacionados
rar sete fatores críticos de sucesso para garantir que um sistema de diretamente à execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho.
Remuneração Estratégica atinja seus objetivos: O treinamento apresenta a intenção de melhorar um desempe-
1. Desenvolver uma orientação estratégica clara, explicitando nho específico, o desenho que reflete a estratégia organizacional
as expectativas e metas e relacionando o sistema de remuneração que melhor se ajuste à aprendizagem requerida, os mecanismos
às prioridades do negócio; pelos quais as instruções são entregues e a avaliação, cujos níveis
2. Garantir que os objetivos pretendidos, e que servem de base de complexidade distinguem-se conforme as situações vivenciadas.
para a remuneração sejam factíveis, ou seja, que sejam desafiado- Portanto, o desenvolvimento e a capacitação de pessoas compõem
res, mas estejam ao alcance das equipes e dos indivíduos; o processo de auxiliar o colaborador a adquirir efetividade no seu
3. Ter flexibilidade. Alterar o sistema sempre que preciso para trabalho em situações presentes ou futuras, através de apropriados
atender a novos planos e mudanças estratégicas. Para isso é preciso hábitos de pensamento, ação, habilidades, conhecimentos e atitu-
monitorar continuamente o sistema, acompanhando seus resulta- des desenvolvidos sistematicamente.
dos; Em relação ao desenvolvimento este consiste na aprendizagem
4. Ter um horizonte. Os componentes do sistema de remune- direcionada para o crescimento individual, sem a existência de rela-
ração estratégica devem ter um horizonte predeterminado. Devem ção com um trabalho específico. O desenvolvimento é um processo
durar tanto quanto os objetivos estratégicos a que servem. de aprendizagem geral, visto que propicia o amadurecimento de in-
5. Respeitar as diferenças entre unidades de negócio, níveis divíduos de forma mais ampla, não especificamente para um posto
hierárquicos, funções, etc.; de trabalho.
6. Separar claramente a remuneração estrutural da remunera- Neste sentido, é possível afirmar que os subsistemas de treina-
ção variável. O caráter de reconhecimento por performance desa- mento e desenvolvimento são processos fundamentais para a ges-
parece quando existe uma percepção de que tudo foi agregado à tão de desempenho, pois desenvolvem as pessoas, oportunizando
remuneração fixa; a melhoria do desempenho humano nas organizações. A gestão ou
7. Buscar a simplicidade. Metodologias e fórmulas complicadas administração de desempenho refere-se a uma metodologia geren-
de cálculo deslocam a atenção para o sistema, desviando energias cial que visa promover a consecução das metas organizacionais e o
que deveriam estar voltadas para o atendimento das metas estra- desenvolvimento dos recursos humanos, através de um processo
tégicas. participativo, dinâmico, contínuo e sistematizado de planejamento,
acompanhamento, avaliação e melhoria do desempenho.
O Ônus Da Transição
Mudar é inevitável, porém não é fácil. É preciso estar prepa-
rado para enfrentar as barreiras e as dificuldades do processo, que 13 https://www.researchgate.net/publication/326029030_Gestao_do_desempe-
podem ser classificados em três tipos: nho_o_papel_dos_lideres_na_avaliacao_dos_colaboradores
136
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Assim, a gestão de desempenho é vista como um processo-cha- realizada em conjunto entre avaliador e avaliado, isto é, a ferramen-
ve nas organizações, fundamental para um futuro sustentado, de ta de avaliação é analisada ao mesmo tempo e discutida para obter
modo que é através dela que se gera a performance, alinhando-a consenso. Por outro lado, alguns autores conceituam esta forma de
com os objetivos e estratégias definidas. O objetivo da gestão de avaliação como avaliação 180 graus.
desempenho é promover um ciclo proativo, em que as estratégias Referente ao modelo de auto avaliação, postula-se que esta prá-
são desdobradas para todos os processos de negócio, atividades, tica oportuniza a participação ativa do avaliado, uma vez que este
tarefas e pessoal, de modo que o feedback é obtido através de um faz o julgamento sobre o seu desempenho, analisando e respon-
sistema de medição de desempenho que permite tomar decisões dendo à ferramenta de avaliação, concluindo seu parecer final. O
de gestão apropriadas. modelo definido como avaliação 360 graus, consiste em uma técni-
Este processo permite definir a forma como a organização utili- ca na qual os participantes do programa recebem simultaneamente
za os vários sistemas para gerir o seu desempenho, podendo incluir feedbacks estruturados de seus superiores, pares, subordinados e
o desenvolvimento estratégico, o controle de gestão, a gestão por outros stakehorlders14.
objetivos, as métricas de natureza não financeira, a política de in- Tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento de compor-
centivos bem como a própria avaliação de desempenho. tamentos e habilidades demandadas pela organização que a utiliza.
E por fim, conceitua-se a avaliação por competências, que consiste
Avaliação de Desempenho em uma metodologia que permite avaliar o desempenho do indi-
Avaliar significa realizar análise e ter a oportunidade de rever, víduo com base no perfil de competências estabelecidas para cada
aperfeiçoar, fazer de forma diferente, sempre buscando a eficácia cargo.
em resultados. Assim, a avaliação de desempenho nas organizações Relacionado aos colaboradores, permite melhorar a utilização
constitui-se uma ferramenta de estimativa de aproveitamento do do potencial humano, identificando e desenvolvendo competências
potencial individual das pessoas no trabalho e, por isso, do poten- e habilidades, e para a organização, possibilita melhorar a eficácia
cial humano de toda a organização. organizacional e de gestão dos recursos utilizados.
O processo de avaliação devidamente administrado benefi- A avaliação com foco em competências caracteriza-se por um
cia funcionários e a organização, podendo ser usado para análise modelo de avaliação abrangente, o que permite que qualquer um
de diversas questões gerenciais, tais como manter a motivação e dos tipos de avaliação pode ser aplicado sob esse foco. Neste sen-
o compromisso das pessoas, melhorar a performance individual e tido, o desenvolvimento deste artigo tem como base a técnica de
organizacional, estimular a eficácia na comunicação interna, ajus- avaliação direta, conhecida também como avaliação 90 graus e o
tar os objetivos com as metas da organização e da equipe, analisar método de avaliação com foco em competências.
o desenvolvimento e identificar as necessidades de treinamento,
bem como, desafiar e estimular o aperfeiçoamento, avaliar poten-
TELETRABALHO
cial, entender aspirações de carreira, comemorar êxitos e aprender
com os insucessos, desenvolver a visão sistêmica da empresa, pro-
mover mudanças entre outros. O teletrabalho, também conhecido como trabalho remoto,
A avaliação de desempenho vem atender às necessidades da representa uma transformação significativa no modo como as ati-
organização, porque orienta os esforços dos colaboradores para a vidades profissionais são realizadas. Essa modalidade de trabalho
consecução de metas, dos gerentes, fornecendo uma metodologia ganhou um impulso sem precedentes com a pandemia de Covid-19,
de administração que integra a gerência do trabalho e a gerência de que forçou empresas e funcionários a adotarem rapidamente novas
pessoas. Além disso, associado aos demais subsistemas de Recur- formas de trabalhar para manter a continuidade dos negócios en-
sos Humanos proporciona um melhor acompanhamento e aprovei- quanto respeitavam as restrições de saúde pública.
tamento de suas potencialidades e, consequentemente, um maior
comprometimento organizacional. Natureza do Teletrabalho
Nessa mesma perspectiva, a avaliação é considerada em termos Teletrabalho refere-se à prática de realizar atividades profissio-
organizacionais como uma ferramenta que possibilita o desenvol- nais fora do ambiente tradicional de escritório, frequentemente em
vimento dos indivíduos e a obtenção de resultados individuais que casa, mas também em espaços de coworking, cafés ou qualquer
sejam congruentes e que contribuam para os resultados organizacio- local que disponha de uma conexão de internet confiável. Esta mo-
nais. O método de avaliação por objetivos é um modelo de avaliação dalidade de trabalho é viabilizada principalmente por tecnologias
que propõe revisar o cumprimento de metas e atingimento de re- digitais, como computadores portáteis, smartphones e plataformas
sultados, analisar a forma como o indivíduo realiza seus objetivos e de comunicação e colaboração online.
avaliar o potencial, ou seja, realizar uma estimativa sobre os rumos
que o indivíduo pode tomar na sua carreira dentro da organização. • Vantagens e Desafios
A avaliação direta é praticada pelo líder imediato, cuja respon-
sabilidade é atribuída à liderança imediata que assume o compro-
misso de emitir parecer sobre todos os seus subordinados diretos,
visto que este é um método bastante utilizado pelas empresas,
principalmente para treinar avaliadores e avaliados.
14 Os stakeholders são todos os grupos de pessoas ou organizações que podem
Define-se esta forma de avaliação como avaliação superior ou
ter algum tipo de interesse pelas ações de uma determinada empresa. As partes
avaliação 90 graus, caracterizada quando somente o chefe avalia o
interessadas podem ser desde colaboradores, considerados stakeholders internos,
subordinado. Avaliação conjunta é um modelo em que a avaliação é
até investidores, fornecedores, clientes e comunidade, chamados de externos.
137
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
As vantagens do teletrabalho são muitas. Para os empregadores, incluem a redução de custos com espaços físicos e a capacidade de
atrair talentos de uma área geográfica mais ampla. Para os empregados, oferece flexibilidade, economia de tempo e dinheiro com deslo-
camentos, e a possibilidade de um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
No entanto, o teletrabalho também apresenta desafios. A falta de interação presencial pode afetar a coesão da equipe, a cultura da
empresa e a comunicação interna. Além disso, a gestão de equipes remotas requer novas habilidades e abordagens por parte dos líderes.
Os funcionários podem enfrentar desafios como a sensação de isolamento, dificuldade em separar a vida profissional da pessoal e a ne-
cessidade de autodisciplina para manter a produtividade.
• Impacto Tecnológico
A tecnologia é um pilar fundamental do teletrabalho. As ferramentas de comunicação e colaboração, como videoconferências, men-
sagens instantâneas e plataformas de gestão de projetos, são essenciais para manter as equipes conectadas e produtivas. Além disso, a
segurança da informação se torna uma preocupação ainda maior, exigindo soluções robustas de segurança cibernética e práticas rigorosas
de proteção de dados.
Tendências Futuras
Olhando para o futuro, o teletrabalho parece destinado a ser uma parte permanente do cenário de trabalho. Muitas empresas estão
adotando modelos híbridos, combinando trabalho remoto com presencial. Este modelo busca equilibrar os benefícios do teletrabalho com
a necessidade de interação face a face e colaboração.
O teletrabalho representa uma evolução significativa na forma como o trabalho é concebido e realizado. Ele oferece uma gama de be-
nefícios tanto para empregadores quanto para empregados, mas também exige adaptações em termos de gestão, tecnologia e legislação.
À medida que mais empresas e trabalhadores se adaptam a esta modalidade, o teletrabalho continua a moldar o futuro do ambiente de
trabalho.
Assis (2012), autor da obra “Indicadores de Gestão de Recursos Humanos”15, acredita que as métricas são fundamentais para se deter-
minar um ponto de chegada, estabelecer parâmetros, entender e compartilhar resultados, determinar e mobilizar recursos, corrigir rumos,
reforçar ações e recompensar resultados.
Segundo Dessler (2005), as ações da área de administração de Recursos Humanos correspondem às práticas e às políticas necessárias
para conduzir diversos processos relacionados às pessoas no trabalho, incluindo contratações, treinamentos, avaliações, pagamentos etc.
Dutra (2013) entende que as principais ações e processos de gestão de pessoas podem ser organizados e classificados em três funções:
a) movimentação: captação, internalização, transferências, promoções, expatriação e recolocação;
b) desenvolvimento: capacitação, carreira e desempenho;
c) valorização: remuneração, premiação e serviços e facilidades.
De acordo com Pomi (2002) existem diversos benefícios na utilização de indicadores de gestão relacionados com as funções da área
de RH, dentre eles:
- Ter parâmetros para comparar e melhorar seus resultados;
- conhecer melhor a força de trabalho da organização, suas necessidades e oportunidades;
- entender o que fazer com os resultados identificados, interpretando e agindo estrategicamente;
- usar os indicadores como base para o estabelecimento de metas;
- organizar, sistematizar e aprimorar a base das informações de RH;
- contribuir com a construção do planejamento estratégico;
- aumentar o poder de decisão da área de gestão de pessoas, através de informações objetivas para apresentar, justificar, aprovar e
mensurar processos e ações envolvendo RH.
15 ASSIS, Marcelino Tadeu de. Indicadores de Gestão de Recursos Humanos. 2. Ed. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2012.
CALDEIRA, Jorge. 100 Indicadores da Gestão. Lisboa: Actual, 2012.
POMI, Rugenia Maria. Manual de Gestão de Pessoas e Equipes: estratégias e tendências: Indicadores de desempenho em gestão do Capital Humano. São Paulo:
Editora Gente, 2002.
BASSI, E. R, et al. A Utilização De Indicadores De Gestão De Recursos Humanos Pelos Institutos Federais De Educação, Ciência E Tecnologia (Ifets). Xi Congresso
Nacional De Excelência Em Gestão, 2015.
138
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O Quadro a seguir apresenta alguns dos diversos Indicadores de Gestão de Recursos Humanos propostos e explicados por Assis (2012):
139
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
De acordo com Pomi (2002), dentre os grupos dos indicadores mais utilizados no gerenciamento de Recursos Humanos é possível
destacar os seguintes, apresentados no Quadro seguinte:
A maioria dos indicadores propostos por Assis (2012) e pelos demais autores possibilitam variações na abrangência do índice e até
mesmo alguns ajustes na fórmula de cálculo, viabilizando a adaptação dos indicadores para diversos tipos de demandas e realidades or-
ganizacionais.
Em razão disso, pode-se concluir que inexistem regras fixas para calcular e interpretar indicadores de gestão (CALDEIRA, 2012).
TRABALHO EM EQUIPE.
Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços conjuntos de um grupo ou sociedade visando a solução de um problema. Ou
seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a realizar determinada tarefa estão trabalhando em equipe.
Essa denominação se origina da época logo após a Primeira Guerra Mundial. O trabalho em equipe, através da ação conjunta, possi-
bilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas áreas.
Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o trabalho em equipe oferece também maior agilidade e dinamismo.
Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que o grupo possua metas ou objetivos compartilhados. Também é neces-
sário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação de cada tarefa.
Um bom exemplo de trabalho em equipe é a forma que times esportivos são divididos. Cada jogador possui uma função específica,
devendo desempenhá-la bem sem invadir o espaço e função dos seus companheiros de time.
Cada vez mais as organizações valorizam colaboradores que apresentam facilidade com trabalho em equipe. Como a grande maioria
das tarefas e serviços requerem a atuação de diferentes setores profissionais, colaborar e se comunicar bem é mais do que essencial.
A capacidade para trabalho em equipe possibilita que você apresente melhores resultados e mais eficiência. Além disso, um ambiente
corporativo composto por pessoas que se comunicam bem e colaboram sem problemas é mais harmonioso, melhorando muito a qualida-
de de vida de todos os envolvidos.
O trabalho em equipe é uma habilidade fundamental para bons líderes. Por isso, se a liderança está no seu plano de carreira, você
precisa desenvolver essa capacidade.
De uma forma geral, pessoas que possuem facilidade com trabalho em equipe são mais contratáveis, trabalham melhor, têm mais
qualidade de vida no trabalho e mais possibilidades de receber uma promoção.
140
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
e enfatizando efetividade das políticas públicas, assim como maior cionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma de-
transparência à sociedade das ações empreendidas com os recur- mocrática e participativa, em torno de causas afins, são estruturas
sos públicos. flexíveis, estabelecidas horizontalmente.
A dinâmica de trabalho das redes supõe atuação colaborativa
Governança e se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes, ca-
Na iniciativa privada a governança corporativa representa o racterizando-se como um significativo recurso organizacional para
modo como as organizações são administradas e controladas, e a estruturação social.
como interagem com as partes interessadas. Inclui políticas, regu- Uma estrutura em rede significa que seus integrantes se ligam
lamentos/instruções, processos, estratégia e cultura, e orienta-se horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos
pelos princípios da transparência, equidade, responsabilidade por que os cercam, pode-se dizer que no trabalho em rede, não há um
resultados, cumprimento das normas e accountability. De acordo “chefe”, mas sim uma equipe trabalhando com uma vontade coleti-
com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa o conselho de va de realizar um determinado objetivo.
administração é o guardião do sistema de governança. Entre suas características, destaca-se pouca hierarquia e grande
Governança pública, no entanto, é compreendida como a capa- interatividade entre seus atores. A essência de uma rede é o fe-
cidade de governar, capacidade de decidir e implementar políticas nômeno da coopetição, ou seja, cooperação e competição entre
públicas que atendam às necessidades da população. Governança é empresas, os elementos fundamentais da rede são os atores e as
a capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, de um relações que são estabelecidas entre eles.
governo implementar políticas”. O governo em rede pode ser entendido como um sistema inter-
Governança relaciona-se com a competência técnica, que ligado, uma rede complexa de relações temporárias destinadas à
abrange as capacidades gerencial, financeira e técnica propriamen- solução dos problemas que a todo instante surgem, uma rede liga-
te dita, e tem nos agentes públicos, em sentido amplo, e nos ser- da por canais informais de comunicação, cujo lema seria conectar,
vidores públicos, em sentido estrito, a sua fonte de origem. “Existe comunicar e colaborar.
governança em um Estado quando seu governo tem as condições Rede é uma estrutura de organização capaz de reunir pessoas e
financeiras e administrativas para transformar em realidade as de- instituições em torno de objetivos comuns, sua base da formação
cisões que toma. ” é o compartilhamento da informação. Os autores expõem que o
conjunto de redes do governo matricial envolve alinhamento hori-
Gestão de Redes Organizacionais17 zontal e vertical.
Os traços que compõem as novas formas organizacionais tra- No alinhamento horizontal, as redes podem conter ligações sim-
zem à tona a condição implícita da flexibilidade na gestão das orga- ples, quando programas intrasetoriais são implementados por uma
nizações. A flexibilidade compreende diversos aspectos relaciona- única organização, ou podem ser ligações complexas, em que os
dos à adaptação da organização frente às mudanças constantes no programas multisetoriais são implementados por múltiplas organi-
ambiente. Um destes aspectos é o fato de que nem sempre é possí- zações, incluindo entidades não governamentais e entes de outras
vel modificar a estrutura organizacional tão rapidamente quanto as esferas do governo.
mudanças ambientais exigem. Castells18 aponta que uma rede não tem centro, e sim nós de
Uma das alternativas para a rigidez das estruturas organizacio- diferentes dimensões e com relações intermodais diferenciadas.
nais é o desenvolvimento de uma gestão em rede. Ao mesmo tempo Cada nó é necessário para a existência da rede, e a tecnologia da
em que possibilitam articular vários conhecimentos e habilidades informação e comunicação é que podem proporcionar a articulação
em torno de uma atividade de forma dinâmica, as organizações em cotidiana de uma rede de instituições complexas, pois, de outra for-
rede estimulam a iniciativa, a flexibilidade e a participação dos in- ma, a interatividade dos participantes estaria prejudicada.
tegrantes. Nesse contexto, as parcerias são o principal instrumento O funcionamento em rede, assegurando descentralização e
de geração de informação e conhecimento destinados ao serviço coordenação na mesma organização complexa, é um privilégio da
que visam prestar. era da informação.19 Quando se discute redes, Ahmadjian20 destaca
A constituição de uma teia de relações em torno de objetivos também a criação e compartilhamento do conhecimento entre as
delimitados e fortemente compartilhados, voltada para a realização organizações que se relacionam, seja esse relacionamento próximo
de atividades diversas (e que podem sofrer mutações) amplia o raio ou distante, por meio de vínculos fracos, mas de grande alcance.
de ação das organizações públicas, gerando novas oportunidades e Kickert e Koppenjan21 apontam que uma análise mais aprofun-
aumentando seu potencial de efetividade. dada acerca da gestão de redes é necessária para se verificar como
as redes podem ser utilizadas para desenvolver políticas que bus-
Participar de uma rede organizacional significa um com- quem solucionar os problemas mais complexos. As organizações
prometimento no sentido de realizar conjuntamente ações entendem que a cooperação é a melhor maneira de atingir obje-
concretas, compartilhando valores e atuando de forma flexível, tivos comuns.
transpondo assim, fronteiras geográficas, hierárquicas, sociais ou
políticas.
18 CASTELLS, M.; A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
A rede organizacional ou Inter organizacional, como também 19 Idem
é denominada, é um tipo de rede social, com caráter técnico e 20 AHMADJIAN, C. L. Criação do conhecimento inter-organizacional: conheci-
operacional. Podemos conceituar Redes como sistemas organiza- mento e redes. Gestão do conhecimento. Porto Alegre, 2008.
21 KICKERT, W. J, M.; & KOPPENJAN, J. F. M. Public Management and Network
Management: an overview. In: KICKERT W. J. M. Et alli eds, Managing Complex
17 http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2012_EOR1733.pdf Networks Strategies for the Public Sector, Sage Publications, London, 1999.
142
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Granovetter22, pesquisador dos relacionamentos em rede, Acerca dessa questão da efetividade da atuação das redes, Kis-
apontou que os vários laços fracos mantidos por um indivíduo são sler e Heidemann28 apontam que “Pairam dúvidas não somente so-
mais importantes que os laços fortes na manutenção das redes so- bre as bases de cooperação entre esses atores, mas também sobre
ciais, uma vez que possibilitam a interação com vários outros gru- seus resultados.”. Esses autores também ressaltam a importância
pos mais dispersos. Sem estes laços fracos, os grupos seriam como de se avaliar e controlar o desempenho das alianças de cooperação.
ilhas isoladas e não uma rede, esse autor observou também que Vários exemplos de redes estão presentes hoje entre as organi-
existe uma ordem na organização das redes, ou seja, elas não são zações do chamado “terceiro setor”, que têm procurado desenvol-
simplesmente randômicas. ver ações conjuntas, operando nos níveis local, regional, nacional
Kissler e Heidemann23 apontam que o desenvolvimento da con- e internacional. As organizações, sejam elas empresariais ou não,
fiança entre os membros de uma rede é um pressuposto para um estão constantemente em busca de estruturas capazes de enfrentar
estado de cooperação. Os autores também explicam que a estrutu- ambientes de maior complexidade. Uma das respostas a esta busca
ra de uma rede de atores é composta por fios e nós, sendo os fios as por estruturas e estratégias alternativas de trabalho é o surgimento
expectativas, objetivos e demandas acerca da atuação dos atores e de uma forma de atuação que articula organizações e pessoas em
os nós seriam os próprios atores e sua atuação conjunta. um padrão de rede.
Também expõem que a função de uma rede é reunir atores com
interesses diferenciados, ou até conflitantes, para trabalharem em
conjunto, buscando agir de acordo com interesses do grupo, e não COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
particulares, os membros da rede devem negociar os interesses,
ajustando-se uns aos outros. Abordaremos o conteúdo de Comportamento Organizacional
contextualizando o surgimento da complexidade das organizações,
Mas o que leva as instituições a se organizarem em rede, ten- no qual segundo Gomes29:
do em vista essa limitação dos interesses particulares? Para Kissler “As primeiras formas organizadas de trabalho de que temos no-
e Heidemann24 a resposta a esta questão é que as redes protegem tícia surgiram, provavelmente, com o povo de Karin Shan, quando
os atores, ou seja, elas possibilitam aos atores a resolução de pro- este começou a cultivar trigo e cevada nativos e a domesticar car-
blemas que representariam uma carga excessiva para um ator iso- neiros e cães, iniciando a mudança que revolucionou o destino da
lado, único, em outras palavras: quem trabalha sozinho sucumbe. humanidade, isto é, passando de uma sociedade de mera coleta de
alimentos para uma sociedade de produção. Fato que ocorreu em
As redes evitam a queda; possibilitam a solução dos problemas, 9000 a.C., na Mesopotâmia. ”
acima de tudo, pela ação conjunta. Sua estabilidade resulta, assim, Com a organização dos povos, surgiram dois tipos de organiza-
da pressão por cooperação e do bom êxito da cooperação. Kissler ções que até hoje têm poderosa influência sobre nós, sendo estas a
e Heidemann25 apontam ainda que a governança pública não pode militar e a religiosa. Entretanto, foi com a descrição da burocracia
ser imposta: é um processo de troca que oscila entre o topo e a feita - por Max Weber - e com os primeiros estudos sobre adminis-
base em toda a organização. tração científica, realizados por Taylor e Fayol, no início do nosso
Portanto, a nova cultura de governança deve estar impregnada século, que passamos a dispor de modelos para orientar a ação ge-
em todas as organizações participantes da estrutura de governança. rencial.
“Desse modo, os parceiros, liderando uma coalizão em rede ou uma A partir da escola clássica, surgiram a contraposição da escola
aliança, irão construir efetivamente as bases para o desenvolvimen- de relações humanas, os modelos racionalistas, a teoria geral dos
to de uma confiança mútua.”26 sistemas e muitas outras escolas de administração.
Os estudos preliminares sobre redes de Políticas Públicas, por A crescente complexidade organizacional, colocando em risco
volta dos anos 60 do século XX, focavam na importância das rela- a produtividade, associada à grande concorrência, foi a razão mar-
ções de cooperação entre organizações, na forma como elas traba- cante para favorecer o surgimento das escolas de administração do
lhavam e no impacto dessas relações na estrutura e comportamen- início do nosso século. Desde então, os autores vêm desenvolvendo
to organizacional. Recentemente, o foco de estudo foi ampliado, modelos que nos ajudem a entender e lidar com as organizações e,
buscando verificar a efetividade das atividades da rede, consideran- para cada um deles, seu modelo representa a chave para a eficiên-
do as várias interações entre os atores.27 cia e eficácia.
Administrar uma empresa, atualmente, requer muito mais do
que o exercício das funções básicas de gerência, como planejar, or-
22 GRANOVETTER, M.; The Strength of Weak Ties. American Journal of Socio- ganizar e controlar.
logy, 1973. As ameaças às organizações vindas dos clientes, da concorrên-
23 KISSLER, L.; & HEIDEMANN, F. G. Governança pública: novo modelo regula- cia e em decorrência das mudanças no contexto socioeconômicos
tório para as relações entre Estado, mercado e sociedade. Revista de Administra- requerem habilidades humanas em alto grau de refinamento. E a
ção Pública, RJ, 2006. compreensão do comportamento individual e dos grupos em situa-
24 Idem ção de trabalho constitui o campo de estudo do Comportamento
25 Idem Organizacional.
26 KISSLER, L.; & HEIDEMANN, F. G. Governança pública: novo modelo regula-
tório para as relações entre Estado, mercado e sociedade. Revista de Administra- 28 KISSLER, L.; & HEIDEMANN, F. G. Governança pública: novo modelo regula-
ção Pública, RJ, 2006 tório para as relações entre Estado, mercado e sociedade. Revista de Administra-
27 PROVAN, K. G.; MILWARD, H. B. Do Networks really work? A Framework for ção Pública, RJ, 2006
evaluating Public-Sector Organizational Networks. Public administration review, 29 GOMES, Comportamento organizacional. Rev. adm. empresa. [online], vol.27,
2001. 1987.
143
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Chiavenato30 define “Comportamento Organizacional como o trabalho desfavorável. Além disso, são estudadas as expectativas,
estudo da dinâmica das Organizações e como os grupos e pessoas motivações, habilidades e competências que cada colaborador de-
se comportam dentro delas. É uma ciência interdisciplinar. Como a monstra individualmente através de seu trabalho a fim de delegar-
organização é um sistema cooperativo racional, ela somente pode -lhe as atividades mais compatíveis com suas capacidades, e deste
alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõem coordenarem modo, desfrutar de seus talentos e potencial plenamente.
seus esforços a fim de alcançarem algo que, individualmente, ja-
mais conseguiriam”. 2. O grupo como perspectiva intermediária do comportamento
Conforme Marques31, Comportamento Organizacional é o es- organizacional e os grupos na organização e as variáveis no nível
tudo dos comportamentos dos indivíduos e de seus impactos no dos grupos são: equipes e empowerment33, dinâmica grupal e in-
ambiente de uma empresa. tergrupal.
O estudo desses comportamentos está relacionado a fatores de
grande influência nos resultados alcançados pelas empresas como: 3. Organizacional como macro perspectiva do comportamento
liderança, estruturas e processos de grupo, percepção, aprendiza- organizacional e a dinâmica organizacional, sendo as variáveis no ní-
gem, atitude, adaptação às mudanças, conflito, dimensionamento vel da organização: desenho organizacional, cultura organizacional
do trabalho, entre outros que afetam os indivíduos e as equipes e processos de trabalho.
organizacionais.
Maximiliano32 apresenta que o objetivo implícito do enfoque Ao contrário do nível individual, aqui a empresa é estudada
comportamental é fornecer instrumentos para a administração das como um todo entre um ou mais grupos. Estuda a formação das
organizações, tendo por base o conhecimento sobre o comporta- equipes, grupos, as funções desempenhadas por estes, a comuni-
mento das pessoas, como indivíduos e membros de grupos. cação e interação uns com os outros, além da influência e o poder
Na evolução da história da administração, a Teoria Comporta- do líder neste contexto.
mental trouxe uma redefinição dos conceitos administrativos no Na avaliação entra a formação das equipes ou grupos, as fun-
final da década de 40. ções desempenhadas por estes, a qualidade de comunicação e in-
Essa teoria explica o comportamento organizacional fundamen- teração uns com os outros, além da influência e o poder do líder
tando-se no comportamento individual das pessoas. E que de acor- neste contexto. A intenção dessa avaliação é justamente conseguir
do com Chiavenato, o estudo da motivação humana explica que o conectar as equipes e fazer com que as pessoas consigam traba-
modo como um indivíduo ou uma organização age ou reage deve-se lhar de maneira conjunta e efetiva, trazendo assim mais felicidade
a suas interações com o seu meio ambiente, em resposta aos estí- e motivação para os funcionários e mais retornos financeiros para
mulos que dele recebe. A Teoria Comportamental da Administra- a empresa, uma vez que pessoas motivadas produzem mais e com
ção tem o objetivo de estudar a motivação humana. Os teóricos mais qualidade por estarem felizes e sendo recompensadas.
behavioristas (teóricos da teoria comportamental) verificaram que O estudo do comportamento organizacional é uma ciência apli-
o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para cada que se apoia na contribuição de diversas outras disciplinas
melhor compreender o comportamento humano e utilizar a moti- comportamentais. As áreas predominantes são a psicologia, a so-
vação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de ciologia, a psicologia social, a antropologia e a ciência política.
vida dentro das organizações. A psicologia tem contribuído principalmente para o nível micro,
Assim, o estudo do comportamento organizacional deseja tra- ou individual, de análise, enquanto as demais disciplinas têm con-
zer maior entendimento sobre as lacunas empresariais para o de- tribuído para a nossa compreensão dos conceitos macro, tais como
senvolvimento sucessivo e assertivo de soluções, afim de: reter ta- os processos grupais e as organizações, segundo Robbins34.
lentos, evitar o turnover e promover engajamento e harmonia entre O entendimento do Comportamento Organizacional possibilita
os stakeholders. também mapear os profissionais que necessitam de aprimoramen-
Podemos considerar então que o comportamento organizacio- to e desenvolvimento em alguns pontos, como também descobrir
nal tem como objetivo investigar o impacto que indivíduos, grupos aqueles que se destacam em suas funções. Essa abordagem e visão
e a estrutura da própria organização têm sobre o desempenho das sistematizada assegura tanto o amadurecimento, como o melhor
empresas. aproveitamento das competências de ambos.
Ao estudar o comportamento organizacional, podemos consi- Os relatórios gerados pelo estudo do comportamento organiza-
derar três níveis: cional geram para os gestores, poderosas ferramentas que auxiliam
1. Individual como micro perspectiva do comportamento orga- na melhor administração diante da complexidade existente devido
nizacional, as pessoas nas organizações possuem diferenças indivi- à diversidade, globalização, contínuas mudanças, aumento dos pa-
duais, percepção e atribuição, motivação e satisfação no trabalho. drões de qualidade, ou seja, consequências dos avanços de modo
Estuda as expectativas, motivações, as habilidades e competên- geral.
cias que cada colaborador demonstra individualmente através de Os componentes que constituem a área de estudos do compor-
seu trabalho. Aqui o indivíduo é avaliado a partir de seus objetivos, tamento organizacional incluem motivação, comportamento e po-
seus rendimentos atuais, o que atrapalha seu crescimento e quais der de liderança, comunicação interpessoal, estrutura e processos
são as diretrizes ou costumes da empresa que tornam seu clima de
30 CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos: fundamentos básicos. 33 Empowerment é um conceito de Administração de Empresas que significa
São Paulo: Atlas, 1999. “descentralização de poderes”, que sugere uma maior participação dos trabalha-
31 MARQUES, J. R. Conceito de Comportamento Organizacional. Instituto Brasi- dores nas atividades da empresa ao lhes ser dada maior autonomia de decisão e
leiro de Coaching. 2013. responsabilidades.
32 MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à 34 ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. São Paulo: Peason
revolução digital. São Paulo: Atlas, 2002. Prentice Hall, 2005.
144
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
de grupos, aprendizado, desenvolvimento de atitudes e percepção, Os princípios clássicos do modelo mecanicista passam a ser du-
processos de mudanças, conflitos, planejamento do trabalho e es- ramente contestados. Os engenheiros, técnicos, métodos e proce-
tresse no trabalho. dimentos, cedem lugar aos psicólogos, sociólogos, assistentes so-
ciais, dinâmicas de grupo, trabalho em equipe e outras ferramentas
Histórico35 voltadas a gestão do comportamento, segundo Maximiano36.
Ao longo do tempo, considera-se que as teorias e as práticas A felicidade humana passa a ser vista sob um ângulo comple-
que constituem o Comportamento Organizacional de hoje tiveram tamente diferente, pois o homo economicus cede lugar ao homem
suas origens a partir da Revolução Industrial do século XVIII e XIX. social.
As invenções que proliferaram nessa época, como o descaroçador A ênfase nas tarefas e na estrutura é substituída pela ênfase
de algodão e a máquina a vapor, criaram novas formas de traba- nas pessoas. Nesta nova concepção de gestão que enfoca as pes-
lho que tornaram obsoletos os métodos gerenciais empregados soas e seus comportamentos como sucesso empresarial surgindo
até aquela época. Com isso as grandes linhas de montagem, que se o homem social, a motivação torna-se essencial para a gestão do
criaram, exigiram um número maior de trabalhadores, impactaram comportamento organizacional, mudando por sua vez o enfoque
drasticamente os poucos gerentes que havia nas empresas. cultura da empresa. Se quisermos uma força de trabalho motivada,
A situação ficou ainda mais difícil quando o trabalho especializa- devemos construir e modificar continuamente o ambiente onde as
do agora necessário para atender à manutenção dos equipamentos pessoas podem satisfazer suas necessidades, ao mesmo tempo em
e à coordenação das diversas atividades pressionou os gerentes, que cumprem os objetivos da empresa, Maslow37.
que, sobrecarregados, não dispunham de tempo para atendê-las.
Estas abordagens modeladas por pesquisa e prática da adminis- Sistemas Abertos (abordagem sistêmica)
tração podem desenhar um quadro da evolução histórica dos mo- Nesta abordagem temos que toda a empresa constitui um sis-
mentos que influenciaram o desenvolvimento do Comportamento tema, uma estrutura unificada de subsistemas inter-relacionados
Organizacional. Veja as influências seguintes: sujeitos às influências do ambiente, denominada abordagem dos
sistemas abertos.
Administração Científica Hoje percebe-se que o campo do Comportamento Organiza-
A primeira foi a chamada administração científica, que teve cional evoluiu de uma orientação com ênfase nas estruturas e
como concentração o aumento da eficiência do comportamento no processos de pequenos grupos, para uma perspectiva de grandes
trabalho e dos processos de produção. Aqui a preocupação é com o subsistemas, organizações e seus ambientes, contribuindo para a
desempenho dos recursos, métodos, técnicas e processos, de uma compreensão e solução de problemas de trabalho por meio de dife-
tarefa ou de toda empresa, considerando que as pessoas não são rentes possibilidades de intervenção.
negligentes, que tudo era reflexo orientado da Revolução Industrial,
ou seja, da mecanização. Sendo assim as pessoas não eram consi- Sendo assim a utilização eficaz de todas as descobertas e teorias
deradas em sua totalidade, e sim, apenas os aspectos físicos, pois desenvolvidas ao longo dos anos constitui um recurso sólido que
eram os necessários para desempenhar uma única tarefa dentro da assegura uma verdadeira vantagem competitiva para as empresas.
empresa.
O comportamento do homem só era influenciado por recom- Os Gerentes nas Organizações
pensadas materiais, econômicas ou financeiras, denominando esse As pressões sobre as empresas são cada vez maiores, exigindo
indivíduo como homem economicus. De acordo com Maximiano das pessoas e, principalmente, dos seus gerentes, maneiras diferen-
(2004): sempre foi evidente que a administração não iria muito lon- tes e seguras de se alcançar melhores resultados. Entretanto, várias
ge se as pessoas não fossem consideradas em sua totalidade, e não são as críticas aos gerentes que, de maneira tradicional, tentam ad-
apenas como “peças humanas” como parte importante do proces- ministrar empresas em situações que não se assemelham àquelas
so de administrar organizações. do passado. Os tempos atuais requerem mais informações e recur-
sos para o enfrentamento de condições instáveis e inesperadas.
Relações Humanas Os gerentes, atualmente, são levados a dar respostas às situações
Uma outra abordagem refere-se aos princípios da administra- complexas que exigem diferentes habilidades.
ção, enfocando o aumento da eficiência de todos os procedimentos As pressões de tempo, satisfação do cliente, redução de custos,
empregados pelos gerentes para alcançar resultados, incluindo-se entre outras, estão presentes no dia-a-dia daqueles que adminis-
as pessoas. Tal abordagem enfatizava o estímulo ao desenvolvimen- tram.
to e satisfação dos trabalhadores, sendo chamada abordagem de Várias são as restrições aos gerentes que, de alguma forma, não
relações humanas. conseguem corresponder às expectativas de um conjunto exigente
A abordagem comportamental só ganhou destaque a partir da de pessoas (clientes, subordinados, acionistas, fornecedores, etc.),
Teoria das Relações Humanas, com a ideia de que gerenciar o com- levando a algumas constatações, tais como:
portamento organizacional resulta em maior produtividade e, por- 1) Os gerentes, de maneira geral, não conhecem a realidade do
tanto, ganhos econômicos. Neste sentido, a cultura também é parte mercado onde suas empresas atuam (não conhecem em profundi-
integrante desse processo de gestão. Fala-se agora em motivação, dade as demandas, características, tendências);
liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo 2) Os gerentes em geral não conhecem o perfil dos seus clientes
etc. (não sabem das suas necessidades, expectativas e dificuldades);
36 MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2004.
35 QUADROS, Dante e TREVISAN, Rosi Mary. Comportamento Organizacional. 37 MASLOW, A. H. Diário de Negócios de Maslow. Rio de Janeiro: Qualitymak,
Coleção Gestão Empresarial. S.D. 2003.
145
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
3) Muitas vezes, os gerentes não sabem tomar decisões dian- ses valores. Desse modo, como as pessoas tem seus valores e são
te de situações complexas (tem medo das consequências, não tem o ponto de partida para uma relação saudável ou não, as organiza-
autonomia, preferem que seus superiores assumam as consequên- ções se constroem sobre seus valores. Valores virtuosos como dis-
cias); ciplina, lealdade, honestidade, perseverança e respeito encontram-
4) As tarefas dos gerentes frequentemente são apenas de roti- -se presentes na missão de organizações e tem sido responsável
na, conduzindo suas ações voltados muito mais para situações que pela longevidade e credibilidade de algumas, por longas décadas.
já ocorreram do que para questões prospectivas; A Sony, por exemplo, preserva o respeito e encorajamento entre
5) Alguns gerentes não se mostram capazes de lidar eficazmen- as capacidades das pessoas. Já a 3M, preza pela inovação, integri-
te com pessoas (não sabem lidar com as emoções, não sabem lide- dade absoluta, respeito pela iniciativa individual e pelo crescimento
rar, nem tampouco conduzir uma boa reunião com a participação pessoal, tolerância com os erros, qualidade e confiabilidade.
intensa de todos). Estes são alguns valores que tem apoiado essas empresas na
sua trajetória de sucesso. É preciso ter em mente que os valores
Diante dessas adversidades e de tanta concorrência no merca- explicitados, mas não presentes nas ações são declarações ape-
do, passou a ser um imperativo para os gerentes conhecer da me- nas de princípios, e isto é pouco. É necessário que sejam os pilares
lhor forma e em profundidade os fatores relacionados ao compor- que sustentam a definição de negócio da empresa. Tanto as ques-
tamento humano, como a importância das percepções, a influência tões individuais, relacionadas às características biográficas, quanto
das atitudes e a abrangência dos nossos valores. aquelas que envolvem o funcionamento de um grupo, tornaram-se
relevantes para se compreender e atuar sobre a cultura, estrutura
Percepção e processos organizacionais. Não é por acaso que pesquisas feitas
A qualidade das nossas relações com as pessoas depende em com profissionais, anos após estarem formados, apontam as disci-
grande medida da nossa capacidade de perceber adequadamente plinas relacionadas ao comportamento humano no trabalho como
o comportamento e a experiência do outro. Quando vemos, toca- decisivas para o sucesso profissional.
mos, ouvimos, nós o fazemos pela emoção e pela inteligência, que
resultam em ideias, o que nos possibilita compreender e distinguir Grupo de Alto Desempenho
os estímulos. É possível considerar, de maneira ampla, que todas as nossas
Contudo, a capacidade do ser humano de apreender o mundo atividades acontecem em um contexto de grupo e, nele, qualquer
exterior é limitada, em decorrência da dinamicidade do mundo, da trabalhador é tão influenciado que o seu desempenho pode ser
complexidade do nosso sistema perceptivo e das limitações dos sensivelmente alterado. Por outro lado, não basta simplesmente
nossos sentidos. As nossas características pessoais podem facilitar colocar as pessoas juntas para que se alcance um bom desempenho.
ou dificultar o processo perceptivo. É preciso que a pessoa aprenda como interagir de maneira a
Indivíduos com problemas de relacionamento apresentam difi- compartilhar informações, confrontar diferenças e cooperar com
culdade em perceber os outros e o mundo a sua volta de forma acu- os seus pares.
rada, sem deformações. A pessoa que, continuamente, busca uma Na empresa moderna é nítida a preocupação e importância dos
maior consciência sobre si, sobre o outro e o mundo, tem maior grupos para o alcance de melhores resultados, e isto ocorre em to-
probabilidade de perceber as situações e de se relacionar, diferen- dos os níveis da hierarquia. Os grupos se formam nas empresas com
temente daquela que se comporta de maneira rígida, preconcei- base no agrupamento por função (por tarefas que os seus membros
tuosa, em face dos valores dos outros, quando estes são diferentes executam) ou no agrupamento por fluxo de trabalho (desde o início
dos seus. do trabalho até sua conclusão).
A gerência que conhece as fases de desenvolvimento de um
Sendo assim vejamos as demais definições: grupo sabe que não pode cobrar resultados enquanto os indivíduos
- Atitudes: a partir da percepção do meio social e dos outros, que trabalham juntos não tenham resolvido algumas questões en-
vamos organizando as informações recebidas e as relacionamos tre eles. Assim, é possível diferenciar um grupo de uma eficaz equi-
com afetos positivos ou negativos, o que nos predispõe favorável pe de alto desempenho. Considera-se um grupo como duas ou mais
ou desfavoravelmente com relação às pessoas, objetos e situações. pessoas que interagem entre si de tal forma que cada uma influên-
A estas predisposições chamamos de atitudes. cia e é influenciada pelas demais.
A aprovação de pessoas importantes para nós ou do grupo so- Existe, em um grupo, algumas distinções, como: as pessoas
cial de que participamos exerce um efeito reforçador das nossas consideram-se membros, identificam-se umas com as outras, inte-
atitudes, o que faz com que estas sejam incorporadas ao nosso re- ragem frequentemente, tem papéis interdependentes e comparti-
pertório de comportamento, enquanto que, aquelas que são criti- lham normas comuns. Uma equipe de alto desempenho apresenta
cadas, costumam ser rejeitadas. características distintivas, como um alto grau de interdependência
Observa-se, assim, que as atitudes são aprendidas e passíveis entre seus membros. Estes tem elevado grau de responsabilidade
de serem modificadas. no desempenho de diversas funções e, além disso, as diferenças
entre os membros em termos de experiência e conhecimento são
- Valores: a maneira como vemos a vida, as pessoas e o mun- aproveitadas de tal forma que elas interferem nos resultados e de-
do depende dos nossos valores. Eles são componentes dos nossos sempenho final. Vários são os fatores que podem impedir um bom
modelos mentais. Se temos modelos de boa qualidade, teremos rendimento do grupo, como o seu tamanho, o grau de motivação de
uma melhor representação da realidade; se estes são de qualidade, seus membros, a falta de coesão, dificuldades de comunicação e até
teremos uma visão mutilada e deturpada do mundo. Por exemplo: mesmo normas restritivas ao seu bom funcionamento.
para uma pessoa que valoriza a integridade e competência, suas
escolhas, decisões e implementação podem ser sustentadas por es-
146
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Algumas providências são eficazes quanto ao bom funciona- Não é raro se observar a incoerência de certas políticas presen-
mento de um grupo, a saber: tes em algumas organizações que desenvolvem programas de valo-
- Favorecer a integração das pessoas, observar a liderança volta- rização da diversidade, mas depois castram estas pessoas, apresen-
da para a tarefa, tanto quanto os fatores de manutenção do grupo tando modelos como “aqui nós nos comportamos”, formalizados
que dizem respeito às questões sociais; nos famosos cursos de “formação”.
- Classificar papéis e expectativas; O fato de a empresa ter entre seus membros pessoas diferentes
- Intensificar os valores e respeito às normas, bem como favore- não a torna mais inovadora. É preciso que se criem espaços para a
cer, sempre, uma maior coesão das pessoas. inovação. Só então as diferenças se complementarão e serão gera-
doras de novos conhecimentos.
Sabe-se que os resultados alcançados pelos grupos dependem Falar de diversidade é falar de inclusão de minorias, não sus-
muito do grau de participação de cada um, bem como do nível de tentada por um protecionismo, mas baseada nas competências. As
empowerment (delegação, empoderamento), de que as pessoas minorias tão desprezadas por questões de cor, raça, sexo, credo reli-
dispõem. Especificamente isto é encontrado nas chamadas equipes gioso, opção sexual, idade, deficiência física, não buscam por algum
auto gerenciadas que são pequenos grupos de trabalho onde cada tipo de favor e nem as empresas poderiam permitir que alguém
membro tem a responsabilidade sobre si e sobre o trabalho que faz, permanecesse na sua folha de pagamento sem gerar resultados,
com o mínimo possível de supervisão direta. pois hoje a busca por competência é vital a sobrevivência das or-
ganizações.
Valorização da Diversidade Para a implantação de um programa de valorização da diversi-
A pressão da sociedade sobre a questão da responsabilidade dade não basta adaptar o ambiente para receber as pessoas com
social das empresas, a competitividade, a necessidade de produ- deficiência, flexibilizar horários para funcionários que moram longe
tos inovadores, talvez seja uma das razıes para a emergência dessa ou adequar dias de feriados religiosos. Trata-se, antes de mais nada,
nova postura. É inegável que a forma como fomos educados não de uma mudança na cultura da empresa, em que a diversidade deve
nos permite olhar para a diversidade sem uma certa parcialidade. fazer parte da missão como um todo e ser disseminada entre seus
Desde tenra idade somos ensinados a ser iguais e a encarar a desi- parceiros, fornecedores, consumidores e clientes.
gualdade como indicador de distúrbio, anormalidade, problema e Quando a empresa, na figura dos seus integrantes, tem interna-
outras tantas designações. lizada uma atitude de isenção diante das diferenças, ela se torna ca-
Nos primeiros anos da escola, onde realizamos grandes apren- paz de percorrer, de forma mais segura e competente, os caminhos
dizagens, somos solicitados a nos vestir da mesma forma, a nos sen- intrincados das relações humanas e aprender com elas.
tarmos sempre na mesma carteira, a pintarmos o céu de azul e os A busca do trabalho conjunto exige, do gerente, habilidades que
campos de verde. Quando adultos, na empresa, aprendemos que as em outros tempos não eram imaginadas e que agora são considera-
diferenças são desagregadoras e geradoras de conflitos. Apesar de das essenciais: o controle emocional, a empatia, a sociabilidade, o
decadente, ainda prevalece, em muitas empresas, um padrão para saber ouvir, dar e receber feedback, entre outras.
ingressar ou ocupar determinados cargos na empresa. Nas equipes de alto desempenho que os indivíduos se apresen-
Por exemplo, o padrão para ocupar cargos de gerência geral- tam profundamente comprometidos com um propósito comum,
mente era o de homens brancos. Mulheres e negros ocupavam procuram alcançar de modo responsável as metas estabelecidas e
cargos de menor importância na hierarquia. Hoje essa concepção têm uma crença na capacidade do grupo que lhes permite superar
está mudando. Já se encontram negros em cargos expressivos nos conflitos e alcançar os melhores resultados. E para que este proces-
diferentes segmentos do mercado de trabalho e as mulheres vêm so seja continuamente renovado é necessário que o gerente man-
ocupando cargos mais elevados na hierarquia, nas ·áreas pública, tenha permanente o apoio às equipes, aconselhando, orientando e
privada e política, antes são ocupados por homens. treinando-os como um verdadeiro Coach.
Potencialmente, a empresa aberta para o diferente, ou seja,
para o novo, tem mais possibilidade de gerar mais resultados. Ape- Em Pleno Século XXI Ainda Existem Gerentes Exercendo Plena-
sar de ser ainda um tema bastante novo nas empresas brasileiras e mente a Tirania
não se ter estudos mais comprovadores de que a diversidade. É a A pressão para as empresas tornarem-se competitivas tem le-
responsável por gerar maiores e melhores resultados, as empresas vado muitas chefias a adotarem estratégias pouco éticas, justifican-
tem caminhado nesta direção. do-as como necessárias para o alcance das metas organizacionais,
Entende-se que um ambiente constituído por profissionais de daí a enorme necessidade, principalmente por parte de alguns ges-
diferentes formações, com diferentes histórias de vida, tem maior tores, de Coach.
chance de fazer uma leitura de mundo muito mais abrangente, vi- Em uma época em que, nas organizações, é tema recorrente a
sualizar ângulos não percebidos por muitos, apresentar ideias origi- qualidade de vida, o respeito aos direitos humanos, a preocupação
nais e usar referências pouco comuns. pelo bem-estar dos seus colaboradores, pode soar de forma no mí-
A empresa formada por diferentes públicos internos tem um nimo estranha a expressão assédio moral.
repertório rico de comportamento e conhecimento para atender a Porém, mais estranho é ainda existirem gestores que adminis-
diferentes públicos externos. Ademais, é a diversidade que estimula tram pelo medo, pela coação e pelo autoritarismo. O assédio moral
a criatividade. Não basta, contudo, termos uma clientela interna di- é muito mais do que a ocorrência de situações humilhantes, depre-
versificada, se esta atitude não faz parte da estratégia da empresa e ciativas e manipuladoras. É principalmente, uma falta de respeito
se não há· um compromisso de todos os setores da empresa. pelo ser humano.
147
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A tirania de muitas empresas pode vir manifestada pelas seguin- As mudanças tecnológicas e estruturais frequentemente não ofe-
tes posturas: recem dificuldades de resistência quando bem explicadas e entendi-
- Impor sobrecarga de trabalho; das, mas as mudanças que afetam as pessoas (atitudes, habilidades,
- Sonegar informações e criar dificuldades para a realização de motivações dos empregados) normalmente trazem transtornos. É
um trabalho; preciso o conhecimento de métodos e técnicas que favoreçam a ade-
- Desqualificar as pessoas, não respondendo a solicitações, per- são das pessoas com a menor turbulência do ambiente.
guntas, cumprimentos, como forma de menosprezo, humilhação; As organizações que apresentam um alto grau de inovação fre-
- Desmoralizar o trabalho ou colocar em dúvida a competência quentemente favorecem a criatividade em trabalhos de equipe, ga-
das pessoas; rantem apoio ‡s novas ideias, e a alta direção se envolve por inteiro
- Mostrar indiferença pelas condições em que as pessoas traba- nas questões que devem ser mudadas. As mudanças que efetiva-
lham, ou fazer cobranças desmedidas; mente alcançam sucesso são aquelas que envolvem as pessoas e
- Exaltar-se nas suas comunicações ao funcionário; cujo processo de implantação pode ser continuamente revisto.
- Ameaçar constantemente com a possibilidade de desemprego
ou demissão; Questões Atuais
Os temas e o entendimento das questões relacionadas com o
Todo ser humano tem um limite de resistência a situações ad- Comportamento Organizacional nunca foram tão importantes para
versas. Além deste ponto começa-se a observar sintomas de sensi- os gestores como nos dias de hoje. Alguns assuntos merecem es-
bilidade exagerada, crises de choro, baixa autoestima, pouco nível pecial atenção no dia-a-dia das organizações, como por exemplo:
de tolerância, irritabilidade, pensamentos negativos, ansiedade, - Questões relacionadas com a Inovação - As respostas de on-
tremores, taquicardia, insônia ou muita sonolência. tem não atendem mais as perguntas de hoje. É preciso encontrar
Estas manifestações interferem no desempenho do trabalho, re- soluções para novos e velhos problemas.
sultando em queda da produtividade e da qualidade, baixa motiva-
ção, medo de tomar decisões, pouca criatividade. O assédio moral - Questões relacionadas com a Temporariedade - A velocidade
acaba acontecendo e se repetindo em muitas empresas em razão da mudança é intensa e é preciso estar preparado para mudar cons-
do medo, por parte daqueles que são vítimas, de perder o emprego, tantemente, só que agora em prazos mais curtos.
pois as denúncias de assédio, em sua maior parte, apontam como
autores pessoas hierarquicamente superiores. Atualmente, movi- - Questões relacionadas com a Interação Humana - A busca pela
mentos de funcionários que não se intimidam diante do autoritaris- autonomia e a necessidade de auto realização exigem um entendi-
mo têm levado muitas empresas a rever sua declaração de valores mento de como isso ser possível.
e a coerência das suas atitudes.
- Questões relacionadas com o Desempenho - A qualidade, a
Mudança produtividade, a ética nos negócios passou a exigir grande atenção,
O ser humano está em permanente mudança e as organizações a qual se traduz em resultados.
em que ele participa estão incessantemente alterando suas disposi-
ções e estruturas. Se a mudança é um processo inevitável, todos os - Questões relacionadas com a Diversidade - É preciso promo-
temas abordados pelo Comportamento Organizacional influenciam ver a aprendizagem e aceita-la de diferenças, que cada vez mais es-
ou são influenciados pelas exigências de mudança. tão presentes nas organizações, exigindo novas posturas e atitudes
O ambiente em que vivemos não é estático, o que implica estar- no ambiente de trabalho.
mos permanentemente tendo que alterar nossa postura diante do
mundo. Sem estas alterações contínuas e não há garantia de que - Questões relacionadas com a Globalização - A abertura de no-
uma pessoa ou organização possa continuar tendo sucesso. Inicial- vos mercados, novos concorrentes, a quebra de fronteiras, perdas
mente deve-se considerar os gerentes como os principais agentes de emprego, novas oportunidades e dificuldades econômicas cons-
de mudança de uma organização, o que não exclui a responsabili- tituem-se em desafios permanentes.
dade de cada membro em fazer a diferença. Entretanto, é ele quem
toma decisões e serve de modelo para o restante da empresa. - Questões relacionadas com as Mudanças - As organizações es-
De maneira geral um gerente enfrenta as seguintes situações tão cada vez mais baseadas em trabalhos em equipe, na interação,
inevitáveis: na inovação e no aprendizado contínuo.
- Nas forças da mudança, encontradas dentro ou fora da orga-
nização, não identificar quais oferecem risco de sobrevivência da - Questões relacionadas com as Novas Estruturas - Cada vez
empresa; mais as estruturas formais, hierarquizadas, estão cedendo lugar
- A necessidade percebida da mudança (responsabilidade de para estruturas horizontais flexíveis e mais enxutas.
monitorar quais são as forças e o seu impacto na organização, exi-
gindo uma resposta planejada); - Questões relacionadas com as Novas Opções de Carreira - Não
- O início da mudança (garantir os recursos decisivos que levam faz mais sentido planejar a carreira tomando como referência os
ao sucesso e evitar o descrédito sobre o que se pretende mudar); níveis hierárquicos da empresa. A tendência agora é o movimen-
- O próprio processo de mudança (saber trabalhar com as resis- to horizontal, contemplando-se outras oportunidades, a exemplo
tências, comunicação, participação e exaltação do sucesso alcan- dos empreendedores. A variedade e a amplitude do estudo destas
çado). questões irã contribuir de maneira significativa para que o gerente e
o homem comum possam dispor de recursos para uma vida melhor
e um mundo organizacional mais humano para ser vivido.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Há três níveis de cultura, a saber: artefatos, valores de suporte e pressuposições básicas de suporte. Observe a figura a seguir.
Níveis de Cultura
https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.php?codigo=38054
– Artificialidades observáveis: constituem-se da disposição física, vestimenta, maneira como as pessoas se tratam, odor e “clima” do
lugar, intensidade emocional e outros fenômenos (inclusive registros, produtos, filosofias e anuários da empresa). São palpáveis e mais
difíceis de se decifrar com precisão.
Sabemos como reagir a elas, mas isso não é necessariamente um indicador confiável de como reagem os membros da organização.
Vemos e sentimos que uma empresa é mais formal e burocrática do que a outra, mas isso não diz nada sobre o porquê de ser assim.
Na investigação sobre cultura, questiona-se o uso de instrumentos aferidores, pois eles prejulgam as dimensões que se está
considerando. Não há meio de saber se as dimensões que se está considerando são relevantes ou salientes naquela cultura, até que se
tenha examinado níveis mais profundos de cultura.
– Valores: este nível pode ser pesquisado através de entrevistas, questionários ou instrumentos de avaliação. Estudam-se os valores,
normas, ideologias, licenciamentos e filosofias adotadas e documentadas de uma cultura.
São realizadas entrevistas, em que o entrevistado pode responder livremente, por serem mais úteis para se chegar ao nível de como as
pessoas se sentem e pensam. Porém, os questionários e instrumentos aferidores são geralmente considerados como menos úteis, porque
prejudicam as dimensões a serem estudadas.
– Concepções básicas: reconhecem-se as concepções adotadas, apenas através de observações mais intensas, de indagações mais focalizadas
e de envolvimento de membros motivados do grupo. Essas concepções determinam o modo de perceber processos mentais, sentimentos e
comportamento, sendo apresentado de forma inconsciente; se constituindo o nível mais profundo de entendimento da cultura organizacional.
https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.php?codigo=38054
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
No planejamento do projeto é necessário identificar as neces- Assim, o patrocinador do projeto é aquele que provê os meios
sidades que existem a ser atendidas por meio de um novo projeto. para a realização do projeto, garante os recursos necessários, arti-
Os objetivos devem ser muito bem elaborados, de forma clara e cula para o sucesso, protege o projeto e decide questões que estão
realizável. Faz-se necessário estimar os conflitos, tempo e custo do acima da alçada do gerente.
projeto, e promover adaptações. Esse patrocinador apoia o gerente do projeto e acompanha
O objetivo central da gestão de projetos é alcançar o controle ativamente o projeto, fazendo gestões em níveis que o gerente de
adequado do projeto, de modo a assegurar sua conclusão no prazo projeto não alcança. Portanto, deve ser alguém com poder dentro
e orçamento determinado, obtendo a qualidade determinada. da organização, a quem o gerente de projeto tenha acesso direto e
com quem possa contar quando necessário, o patrocinador geral-
Benefícios de um bom Gerenciamento de Projetos39 mente tem a visão do negócio em que o projeto está inserido.
As boas práticas de Gerenciamento de Projetos trazem diversos Ele estabelece objetivos e prioridades, aprova o planejamen-
benefícios às empresas, como: to, os documentos e arbitra conflitos no projeto, o patrocinador
- Custos menores; geralmente é representado por alguém da alta administração, que
- Menos improviso; tenha grande poder de articulação e de influência nos vários níveis
- Decisões mais eficazes; da organização. Normalmente, o patrocinador poderá dividir com o
- Afastamento de surpresas; gestor do projeto a competência em nomear o gerente de projetos.
- Maior satisfação do cliente;
- Ciclo de desenvolvimento mais curto; Papéis e Responsabilidades do Patrocinador do Projeto:
- Antecipação das situações desfavoráveis; - Reconhecer e premiar os sucessos;
- O aumento de sucesso na execução dos projetos; - Administrar em alto nível dos stakeholders;
- Fornecimento de um mecanismo de medição de desempe- - Assegurar a supervisão da função de gerenciamento de pro-
nho; jetos;
- O aumento da carteira de clientes e consequente fidelização - Avaliar e tomar decisões contínuas para continuar ou parar o
destes; projeto;
- A redução de custos e do tempo para desenvolvimento de - Auxiliar o líder do projeto na identificação e obtenção de re-
novos produtos e soluções; cursos-chave;
- Planejamento e compartilhamento de recursos no aprimora- - Apoiar e defender visível e abertamente o projeto ao longo de
mento da eficiência (reduz custos); seu ciclo de vida;
- O aumento de vendas e receita para reinvestimento, tanto do - Garantir o alinhamento do projeto com as necessidades e
capital humano quanto da estrutura da organização. prioridades de negócios;
- Certificar-se que o projeto seja avaliado e todas as lições
Princípios relevantes para o desenvolvimento de Projetos aprendidas compartilhadas;
Alguns fatores são condicionantes assim como seus efeitos so- - Possuir ou assegurar os processos de monitoramento e revi-
bre as organizações no desenvolvimento de um projeto: são dos orçamentos de projetos;
- Análise de mercado; - Responsável pela aplicabilidade do projeto nos negócios, e
- Definir o horizonte do projeto; pela entrega dos benefícios de negócio definidos;
- Estimar o retorno do investimento; - Garantir que os principais riscos de projetos que impactam o
- Analisar a estrutura e a projeção dos custos; negócio sejam visíveis e bem gerenciados;
- Analisar a viabilidade econômica do projeto; - Trabalhar em estreita colaboração com o líder do projeto e
- Definir como será feito o gerenciamento do projeto; visivelmente apoiar a equipe do projeto, em nome da organização;
- Projetar o fluxo de caixa dentro do horizonte do projeto; - Garantir uma transição suave dos entregáveis do projeto para
- Levantamento dos investimentos necessários ao projeto; o negócio da organização solicitante após o encerramento do pro-
- Efeitos do projeto sobre a estrutura organizacional e de capi- jeto;
tal da empresa; - Autorizar mudanças de escopo, revisões de final de fase e de-
- Levantamento dos custos operacionais do projeto e estimati- cisões de avançar/não avançar quando os riscos são particularmen-
va preliminar do ponto de equilíbrio; te elevados.
- Realizar um diagnóstico das tendências da oferta e demanda
dos produtos e serviços oferecidos. Gerente de Projetos
Assim como as organizações necessitam de uma pessoa res-
Patrocinador do Projeto ponsável pelo cumprimento dos seus objetivos, o projeto também
O patrocinador do projeto é definido como, uma pessoa ou tem a mesma necessidade. O gestor do projeto é essa pessoa res-
grupo, que fornece recursos e apoio para o projeto, programa ou ponsável por apoiar a equipe de projetos na condução das ações e
portfólio, e é responsável por facilitar seu sucesso. 40 por garantir que o projeto siga pelo caminho planejado. Tem como
objetivo desenvolver o produto/serviço esperado dentro do prazo,
custo e nível de qualidade desejados.
Este papel pode ser desempenhado tanto pelo gestor da uni-
39 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/informatica/beneficios-do- dade demandante do projeto quanto por servidor especificamente
-gerenciamento-dos-projetos/67466. designado para tal fim, sempre tendo como objetivo final estabele-
40 http://stakeholdernews.com.br/artigo/responsabilidades-do-patrocinador-do-pro- cer as interfaces entre as partes interessadas.
jeto-2/
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Além disso, a utilização das pessoas normalmente começa de um nível baixo e vai evoluindo com o passar do tempo, ou seja, come-
çamos os projetos com poucos profissionais e vamos aumentando esse número.
Entretanto, após certo tempo, a utilização de pessoas cai bruscamente até o encerramento do projeto, em que todas as pessoas serão
desmobilizadas. O mesmo ocorre com os gastos por unidade de tempo, que começam normalmente mais baixos, são aumentados durante
o desenvolvimento do projeto e caem bastante no final.
Outro fator importante é a capacidade e o custo de se fazer uma alteração no projeto. Em seu início, o custo é baixo e a possibilidade
alta de se poder alterar algum aspecto no projeto. Assim sendo, antes de começar uma obra é razoavelmente fácil alterar o projeto e incluir
algum ambiente, por exemplo.
ETAPAS DO PROJETO
É a etapa inicial em que se define o projeto, as necessidades são identificadas, autorização do projeto
1. Processos de Iniciação
é feita, e em geral é uma etapa que deve ser desenvolvida em uma reunião de brainstorming.
Nessa etapa é definido o objetivo do projeto, planejam-se as ações necessárias para atingir os objeti-
vos e o escopo para o qual se propõe o projeto, além de serem desenvolvidos planos auxiliares para
2. Processos de Planeja-
gestão do projeto. São processos interativos de definição e refinamento de objetivos e escolha dos
mento
melhores caminhos para atingir os resultados. O resultado do planejamento é uma lista de tarefas e/
ou um gráfico de Gantt/Cronograma.
A integração das pessoas e os outros recursos para colocar em prática o plano do projeto, é nessa
3. Processos de Execução
etapa que ocorre a maior parte do esforço/dispêndio do projeto.
Aqui ocorre em paralelo ao processo de execução. Mede e monitora o desempenho do projeto para
4. Processos de Monito-
identificar variações em relação ao planejado para que ações corretivas sejam disparadas quando
ramento e Controle
necessário, garantindo que os resultados do período sejam alcançados.
Formaliza a aceitação do projeto, serviço ou resultado e o fechamento formal do contrato. Analisa a
5. Processos de Encerra- evolução do projeto para que erros não se repitam no futuro, além disso, também é importante iden-
mento tificar os acertos para que eles voltem a acontecer em outros projetos. Atualizar a base de conheci-
mento de lições aprendidas.
As etapas do processo são ligadas pelos resultados que produzem: o resultado de um processo frequentemente é a entrada de outro.
Uma saída com falhas pode comprometer a entrada de processos dependentes. As cinco etapas de processos possuem conjuntos de ações
que se bem aplicadas e planejadas garantem a taxa de sucesso do projeto. Outro destaque é que o Guia PMBOK deixa bem claro que os
grupos de processos não são fases do ciclo de vida do projeto (as quais são apenas início, meio e fim).
Por fim, tendo em vista as características discutidas até então, observe as principais semelhanças e diferenças entre projetos e pro-
cessos em uma organização:
Principais Semelhanças:
- Ambos seguem um sequencia lógica e ordenada de tarefas.
- Projetos e processos estão concentrados em satisfazer requisitos de um cliente.
- Ambos consomem recursos (materiais, financeiros, humanos e tecnológicos) que são tratados através de atividades ordenadas, ge-
rando valor até a entrega de um produto final.
Principais Diferenças:
- Enquanto o processo objetiva entregar um porduto ou serviço padronizado, o projeto visa entregar algo novo e único.
- No projeto temos que o escopo, tempo e custo são definidos claramente anteriormente ao projeto, embora variem de um projeto
para o outro. No processo, a demanda e consumo de recursos são mais constantes.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
E finalmente a área de conhecimento incluída por último no PMBOK: o Gerenciamento das Partes Interessadas, que são indivíduos ou
organizações que estejam ativamente envolvidos no projeto de forma positiva e também negativa e que possuem seus interesses próprios
relacionados ao projeto. São eles: clientes, fornecedores, gerente e equipe de projeto, usuários do produto do projeto, organizações go-
vernamentais e não governamentais, meio ambiente, etc.
Em muitas organizações o treinamento para gerente de projetos inclui uma formação mais focada no desenvolvimento tático do
projeto, porém uma abordagem mais sólida e estruturada no Gerenciamento nas Partes Interessadas aumenta significativamente a proba-
bilidade de sucesso no projeto, reduzindo e eliminando barreiras não técnicas e obstáculos (PMI, 2011).
A ferramenta utilizada para a representação das entregas de um projeto é a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), tradução para o por-
tuguês de Work Breakdown Structure (WBS).
Após ser elaborada e aprovada, essa estrutura passa a ser a base para a elaboração do cronograma do projeto, a EAP é uma estrutura
hierárquica que pode ser representada como uma lista ou na forma gráfica.41
A EAP pode ser criada totalmente nova ou reutilizar partes de outra EAP ou de modelos, também chamados de templates, da organi-
zação. Ela deve conter subprodutos necessários ao gerenciamento do projeto, tais como relatórios, planos, documentação administrativa,
treinamento etc.
Vale lembrar que o escopo de um projeto começa a ser definido anteriormente à elaboração da EAP, em documentos tais como Project
Charter e Declaração de Escopo, que são gerados. Enquanto em algumas áreas a EAP tem frequentemente consistido de uma hierarquia
de 3 níveis, esse número não é apropriado para todas as situações.
A profundidade da EAP depende do tamanho e complexidade do projeto, e da necessidade de detalhe necessário para o planejamento
e gerenciamento.
Veremos abaixo uma estratégia para elaboração de uma EAP, utilizando a técnica top-down (de cima para baixo), no formato gráfico,
onde usaremos, a título de ilustração, um projeto de implantação ou melhoria de um processo.
2. Colocar no segundo nível (também chamado de primeiro nível de decomposição) as fases que estabelecem o ciclo de vida do pro-
jeto:
Este é o mais comum e mais fácil método de iniciar a estruturação da EAP. Uma grande vantagem é que a EAP resultante pode ser
usada como modelo (template) para muitos projetos do mesmo tipo.
O PMBOK sugere que as fases do ciclo de vida do projeto podem ser usadas como primeiro nível de decomposição, com os subpro-
dutos do projeto repetidos no segundo nível. Porém, não quer dizer que esta seja sempre a melhor forma de decompor inicialmente o
projeto.
Além de ter a possibilidade de ser por fases, a decomposição inicial, assim como a decomposição em qualquer nível, pode ser por
subprodutos (ex.: decompor uma bicicleta em suas partes principais), por sistema funcional (ex.: sistema elétrico, sistema hidráulico, sis-
tema mecânico...), por localização física (ex.: região nordeste, região sul ...), por Unidade Administrativa a executar (ex.: divisões, departa-
mentos ...) ou até mesmo por cliente (ex.: de acordo com a fiscalização).
41 XAVIER, C. M. S. Gerenciamento de Projetos: Como definir e controlar o escopo do projeto. São Paulo, Saraiva, 2009.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
3. Acrescentar um elemento, no segundo nível, à esquerda, para conter os deliverables necessários ao gerenciamento do projeto
(Iniciação, Planejamento, Monitoramento e Controle) e, à direita, para o Encerramento do projeto:
4. Identificar os subprodutos necessários para que seja alcançado o sucesso do projeto em cada fase, inclusive os relativos ao geren-
ciamento do projeto (ou outra forma de decomposição citada acima no item 2).
Nesta situação, deve-se consultar os documentos de alto nível que guiam o escopo do projeto (Project Charter e Declaração de Esco-
po) assim como entrevistar clientes e usuários, de forma a identificarmos os subprodutos de cada fase.
Caso o número de subprodutos no nível fique muito grande (mais de 7), eles devem ser agrupados, aumentando em mais um nível a
EAP. Em relação ao gerenciamento do projeto, devemos identificar os subprodutos que serão necessários aos macroprocessos de Iniciação,
Planejamento, Monitoramento, Controle e Encerramento do projeto.
O Plano do Projeto é o grande deliverable do planejamento do projeto. É trabalho do gerente do projeto definir se o plano será mais
ou menos detalhado.
5. Para cada subproduto, verificar se as estimativas de custo e tempo, assim como a identificação de riscos, podem ser desenvolvidas
neste nível de detalhe e se é possível atribuir a responsabilidade para a execução do mesmo.
Caso a resposta for negativa, decompor o elemento da EAP, subdividindo-o em componentes menores, mais manejáveis, até que os
subprodutos estejam definidos em detalhe suficiente para suportar o desenvolvimento dos processos de gerenciamento do projeto (pla-
nejar, executar, controlar e encerrar).
Os elementos nos níveis mais baixos da EAP (aqueles que não foram decompostos), são denominados pacotes de trabalho (work
packages), sendo a base lógica para a definição de atividades, designação de responsabilidades, estimativa de custos e planejamento de
riscos. Atenção que não é necessário que a EAP seja simétrica, ou seja, que todos os subprodutos sejam decompostos até o mesmo nível.
Quando um determinado elemento da EAP for ser contratado a uma empresa externa ao projeto, é uma decisão da equipe de geren-
ciamento se ele deve ser decomposto na EAP em subprodutos, já que é incumbência do fornecedor a sua execução.
A vantagem do detalhamento é que permite um melhor acompanhamento do trabalho e possibilita, no cronograma, o estabeleci-
mento de dependências entre entregas do contratado e entregas do projeto ou de outro contratado. Da mesma forma, deve ser decidido
se serão detalhados os elementos da EAP em que o gerente do projeto decida delegar o gerenciamento do mesmo a algum membro da
equipe ou setor da empresa, transformando-o em um subprojeto.
É responsabilidade do gerente desse subprojeto efetuar o detalhamento. Esta decisão, de detalhar ou não, nos dois exemplos citados,
dependerá do rigor necessário de controle. Este rigor aumenta ou diminui em função dos fatores “custos”, prazos e “riscos” associados.
A Figura apresenta o resultado da utilização dos passos acima para a elaboração da EAP no projeto de melhoria ou implantação de um
processo.
6. Rever e refinar a EAP até que o planejamento do projeto possa ser completado
Após seguirmos os passos anteriores, teremos uma primeira versão da EAP. Esta EAP será utilizada como entrada para o planejamento
de outras áreas do gerenciamento do projeto. Logo após termos uma versão da EAP em que foram levadas em consideração as necessida-
des das outras áreas de gerenciamento, devemos realizar uma validação da estrutura gerada.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
PERT e CPM
A ideia central do PERT e do CPM está na identificação do caminho que leva mais tempo, por meio da rede de atividades como base
para o planejamento e o controle de um projeto. Tanto o PERT como o CPM utilizam flechas e nós para a construção gráfica do projeto.
Originalmente, as diferenças básicas entre o PERT e o CPM eram que o PERT utilizava flechas para representar as atividades, enquanto
o CPM utilizava nós para essa representação.
Outra diferença estava associada à estimativa de tempo para a realização das atividades, onde PERT fazia uso das três estimativas
de tempo: otimista, pessimista e a mais provável para a realização de uma atividade, enquanto o CPM utilizava uma única estimativa de
tempo, a mais provável.
Essa distinção está associada à origem do PERT para a programação de projetos científicos avançados (como missões para a lua), que
eram caracterizados pela incerteza, enquanto o uso inicial do CPM estava associado a atividades de rotina de manutenção de fábricas.
Dessa forma, o PERT era frequentemente utilizado quando a variável básica de interesse era o tempo, enquanto o CPM era utilizado
quando a variável principal era o custo. Após alguns anos, essas duas diferenças entre as técnicas não distinguiam mais o PERT do CPM.
Isso ocorreu porque os usuários do CPM começaram a fazer uso das três estimativas de tempo e os usuários de PERT passaram a tra-
tar os nós da representação gráfica como atividades. Para a utilização do método CPM, deve-se determinar uma única duração para cada
atividade.
42 MARTINS, PETRÔNIO G.; LAUGENI. Fernando P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 5ª Ed., 2005. & DAVIS, M.M. Fundamentos da Administra-
ção da Produção. Porto Alegre: Bookman, 3ª Ed., 2001.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Representação de um Projeto
Um projeto é constituído por um conjunto de atividades independentes, mas ligadas entre si, por meio de uma figura chamada dia-
grama de rede.
Objetivo
Atribuir uma duração a cada atividade e determinar em quanto tempo é possível se completar o projeto.
Ainda, se em cada atividade designarmos o tipo de recurso que é necessário, a quantidade e o custo de cada um dos recursos, po-
deremos ter uma estimativa do custo do projeto e uma estimativa de quantidade física de cada um dos recursos alocados no projeto em
cada unidade de tempo.
Caminho Crítico
O caminho crítico se refere à sequência de atividades que ligam o início ao fim do projeto. Se houver algum atraso na duração de
qualquer uma das atividades, haverá um aumento na duração do projeto.
É considerado caminho crítico aquele com maior duração.
Exemplo: O diagrama de rede abaixo apresenta um conjunto de atividades com seus respectivos tempos (semanas), onde de acordo
com o tempo de duração de cada atividade, foi definido suas primeiras e últimas datas de início, com o objetivo de identificar o tempo total
de duração do projeto e o tempo de folga do projeto.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
No caminho crítico (B, D e E) não poderá ocorrer nenhuma ano- caminho “B” e “F”, ela terá 4 semanas (tempo de folga) para poder
malia para não comprometer a data de término do projeto. Já nos estar corrigindo o erro e realizando o projeto novamente dentro do
caminhos onde os tempos de folga foram identificados (A, C e E; e prazo.
B e F), caso ocorra algum problema, ainda temos tempo (folga) de
corrigir o problema e conseguir concluir o projeto no prazo especi- A atividade C é representada pelo conjunto de nós (2) e (4),
ficado. e necessita de 5 semanas para ser executada, ela se inicia após a
O último nó (5), que é o último nó de ligação do projeto, atividade “A” se encerrar, então como já explicado na atividade A,
referente as últimas atividades, seguindo todos os percursos, o que esse caminho tem 1 semana de folga caso aconteça algum erro para
tem duração maior é o que leva 13 semanas no total para ser exe- ser corrigido.
cutado. Portanto chegamos à conclusão de que é esse tempo máxi-
mo necessário para se executar esse projeto. A atividade D é representada pelo conjunto de nós (3) e (4), e
Como já explicado anteriormente, o caminho crítico é aquele necessita de 2 semanas para a sua realização, o caminho em que
que tem maior duração para a realização das atividades. ela é utilizada para a realização do projeto, já tem o tempo máximo
No diagrama podemos identificar a duração de cada atividade de realização, sendo assim caso ocorra alguma anomalia em sua
do projeto, nessa imagem mostramos as atividades “A”, “B”, “C”, realização, o projeto será prejudicado com o seu atraso, e a data de
“D”, “E” e “F”, temos uma vírgula logo após a atividade e um nú- término seria comprometida.
mero, esse número representa o tempo de duração que cada ativi-
dade precisa para ser executada, neste caso o tempo é medido em A atividade E é representada pelo conjunto de nós (4) e (5),
semanas. essa atividade necessita de 4 semanas para ser executada, e ela
Sendo assim, se seguirmos o caminho das atividades “B”, “D” e está presente em dois caminhos, no primeiro ela terá uma semana
“E”, podemos notar que, juntas a atividade “B” e a “D” levam o tem- de folga, caso algum imprevisto apareça, já no segundo, ela será
po de 9 semanas até chegar a sua última atividade, a “E”. (7+2=9) prejudicada pois já utiliza o tempo máximo de execução.
Já se seguirmos pelas atividades “A”, “C” e “E”, podemos notar
que juntas, as atividades “A” e “C”, levam 8 semanas até chegar a Por fim, a atividade F é representada pelo conjunto de nós (3)
última atividade do projeto “E”. (3+5=8) e (5), essa atividade precisa de 2 semanas para ser executada, ela
Portanto vemos que o caminho “B”, “D”, e “E” tem 1 semana a está sendo utilizada em apenas um percurso, e nele existe 4 sema-
mais de duração, em relação ao caminho “A”, “C” e “E”. nas de folga, podemos ver isso na tabela anterior, caso ocorra al-
O tempo de folga é a diferença do tempo máximo de duração gum tipo de imprevisto o projeto não será comprometido, pois terá
do projeto, e a duração que cada caminho tem. um tempo para poder corrigir o erro e ser realizado dentro do prazo
Seguindo o caminho “A”, “C” e “E” temos 1 semana de fol- de 13 semanas.
ga, pois a duração total do projeto é de 13 semanas, e seguindo
esse caminho no final a última atividade “E” teremos 12 semanas, Sendo assim, o CPM (Critical Path Method (Método
(3+5+4=12). do Caminho Crítico)) é uma ferramenta de destaque no
Já se seguirmos o caminho “B” e “F”, teremos o projeto concluí- gerenciamento de projetos, pois por meio dele podemos nos
do em 9 semanas, (7+2=9), tendo assim 4 semanas de folga. programar para definirmos os prazos custos e recursos do projeto
Na tabela a seguir, mostramos os caminhos, e seus tempos de e, consequentemente, conseguirmos chegar ao seu término sem
duração, para melhor compreensão do gráfico: nenhum equívoco inesperado.
Escritório de Projetos
O conceito de escritório de projetos não é muito recente, em-
bora somente nos últimos anos vem sendo aplicado com maior fre-
quência pelas organizações que adotam o estilo de “gerenciamento
por projetos”.
Este modo de se organizar das empresas ganha força devido ao
aumento da velocidade das mudanças no ambiente de negócios,
causando uma multiplicação de iniciativas que precisam ser ge-
A atividade A é representada pelo conjunto de nós (1) e (2), renciadas de modo uniforme e centralizado, e pela necessidade de
necessita de 3 (PDI) ou 4 (UDI) semanas de duração para ser execu- garantir a entrega eficiente e eficaz de produtos/serviços. O certo
tada, por que se observamos no final, o caminho em que ela está é que a adoção dessa estrutura simplifica, facilita e otimiza o geren-
inclusa tem 1 semana de folga, e é essa semana que ela irá utilizar ciamento de projetos.
caso tenha algum imprevisto em sua realização, essa atividade é Alguns autores definem o conceito de escritório de projetos
única nesse projeto que tem diferença entre a sua PDI e a sua UDI. como sendo: “Unidade organizacional que centraliza e coordena o
processo de gerenciamento de projetos sob seu domínio”, segundo
A atividade B é representada pelo conjunto de nós (1) e (3), o Project Management Body of Knowledge - PMBOK® 5ª Ed.
essa atividade aparece em dois tipos de caminho, necessita de 7 Um escritório de projetos tem como principais objetivos a me-
semanas para ser executada, e caso ela venha passar por alguma lhoria nos processos de planejamento e gerenciamento dos proje-
anomalia na realização do seu projeto, se ela for utilizada no cami- tos, garantia da qualidade dos produtos e serviços e aumento da
nho “B”, “D” e “E”, o projeto será prejudicado pois esse percurso produtividade dos processos. É uma unidade organizacional que
já utiliza o tempo máximo de realização, caso ela for utilizada no gerencia determinado portfólio de projetos e serve como referência
para gestão de projetos.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A implantação de um escritório de projetos traz diversos benefícios para as empresas. O principal resultado percebido no primeiro ano
de implantação de um EP é: o estabelecimento, a disseminação e a crescente utilização de processos, ferramentas e técnicas de gerencia-
mento de projetos, os quais podem fomentar de forma direta ou indireta a elevação do desempenho dos projetos.
Na literatura técnica existem várias abordagens para a implantação e posicionamento de um escritório de projetos, sendo que o seu
correto posicionamento será em função da estrutura organizacional da empresa no seu contexto político e cultural.
Quanto menor a distância entre a alta administração e o escritório de projetos, mais rapidamente os benefícios da gestão de projetos
serão reconhecidos”.
É importante perceber que a existência do escritório de projetos está a serviço de toda Organização, conectado com as áreas de
negócios e compartilhando informações.
GESTÃO DE PROCESSOS. CONCEITOS DA ABORDAGEM POR PROCESSOS. TÉCNICAS DE MAPEAMENTO, ANÁLISE E MELHO-
RIA DE PROCESSOS. BPM. DESENHO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Um processo é uma sequência de atividades rotineiras que, em conjunto com outros processos, compõe a forma pela qual a organiza-
ção funcionará. É a abordagem pela qual esses processos serão desenhados, descritos, medidos, supervisionados e controlados.
Segundo a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ, esse tipo de gestão necessita de visão sistêmica, pois sem ela é impossível perce-
ber como o todo significa muito mais do que a uma simples soma das partes. A abordagem sistêmica dentro de uma organização faz com
que o foco de sua gestão esteja voltado não só para o seu ambiente interno, mas para o externo também, ou seja, que haja uma sinergia
entre as partes para que os objetivos planejados sejam alcançados.
A gestão de processos realiza diversos papéis dentro da organização. Sendo o primeiro passo para organizar e entender como as áreas,
bem como seus processos funcionam internamente. É por meio dela que os responsáveis compreenderão como melhorar o aproveita-
mento dos recursos disponíveis e quais ações necessitam ser tomadas para aperfeiçoar o fluxo de trabalho e otimizando e adequando a
organização para o mercado vigente.
Gerenciamento de Processo ou Gestão de Processos é o entendimento de como funciona a organização. A série de atividades estru-
turadas para a produção do produto/serviço. Anteriormente à compreensão desses processos, setorizava-se os trabalhos com base na
departamentalização, onde os procedimentos existentes dentro de cada setor da organização eram separados por departamentos e cada
área pensava separadamente, sem sinergia umas com as outras. Focada em ciclos verticais separados.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Análise de Processos
Geralmente é nessa etapa que a empresa é mapeada. É preciso analisar com exatidão como acontece cada processo no negócio atu-
almente. Assim, os processos são listados e descritos pelo conjunto de atividades que os compõem.
É preciso conhecer realmente como funciona a empresa, para realizar esse mapeamento. Somente sim o gestor terá conhecimento
dos pontos de melhoria na operação com clareza.
CONSUMIDOR
FORNECEDORES PROCESSO CLIENTES
• Entradas / Inputs
• Saídas / Outputs
• As diversas entradas passam por transformação no processo, e a saída (entrega) sempre será diferente da entrada.
• O consumidor é quem consome o produto/serviço e o cliente é quem decide pela compra/aquisição, não necessariamente serão a
mesma pessoa.
Execução
É importante estudar os recursos necessários, antes de institucionalizar as mudanças, como: remanejar equipe, ferramentas, mudan-
ças no layout da organização, aquisição de programas (softwares), entre outras.
Existem duas vertentes para a implantação das novas estratégias:
• Implantação sistêmica, quando são utilizados softwares para isso
• Implantação não sistêmica, que não necessitam de ferramentas desse tipo.
A visão dessa execução deve ser positiva, pois irá auxiliar organização a estruturar melhor seus processos, não sendo que atrapalhará
o ciclo de trabalho.
Monitoramento
Através dos indicadores de desempenho pré-definidos, os novos processos devem ser constantemente acompanhados. Geralmente,
algumas das métricas a constar em cada processo são: o tempo de duração, o custo, a capacidade (quanto cada processo realmente pro-
duz) e a qualidade (medida com indicadores próprios que variam de processo a processo).
Melhoria de Processos
Nessa etapa, observa-se os indicadores previamente levantados, onde se torna possível identificar quais são os principais gargalos em
todo processo e se os objetivos estão sendo conquistados.
As melhorias podem ser concernentes a inclusão ou exclusão de atividades, realocação de responsabilidades, documentação, novas
ferramentas de apoio e sequências diferentes, por exemplo. Melhorar o desempenho para reduzir custos, aumentar a eficiência, aprimorar
a qualidade do produto/serviço e melhorar o relacionamento com o cliente, devem ser o objetivo.
O processo todo em si é cíclico: finalizando essa fase, volta-se a analisar a situação no negócio, investigam se os processos estão
sinérgicos ao objetivo da empresa, mapeia-se novas situações diante das melhorias apontadas, executa-se as mudanças, monitorando-as
e otimizando-as.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Enquanto “apetite ao risco” está associado ao nível de risco que a organização pode aceitar na busca e realização de sua missão/ visão
(análise ex-ante), “tolerância ao risco” diz respeito ao nível aceitável de variabilidade na realização das metas e objetivos definidos (ativi-
dade mais associada ao monitoramento, ex-post.
O perfil de riscos deverá estar refletido na cultura da organização e, para isto, cabe ao conselho de administração outorgar um manda-
to claro para a diretoria administrá-lo. A implantação de um modelo de gestão de risco corporativo requer o envolvimento ativo de ambos
(conselho de administração e diretoria), aprimorando o processo de tomada de decisão da organização, tanto no contexto da elaboração
do seu planejamento estratégico, como na sua execução e monitoramento.
Para determinar o perfil de riscos de uma organização são necessárias definições claras de indicadores de desempenho e índices de
volatilidade, divididos em dois grupos: um de natureza financeira (valor de mercado, geração de caixa operacional, distribuição de dividen-
dos, etc.) e outro de natureza qualitativa (transparência, idoneidade, reconhecimento de marca, ambiente de trabalho, responsabilidade
socioambiental, etc.).
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Analogamente, as variáveis relacionadas ao “risco de mercado” são cruciais para um banco e podem não ser tão relevantes para deter-
minada organização manufatureira. Uma das formas de categorização dos riscos consiste em desenhar uma matriz que considere a origem
dos eventos, a natureza dos riscos e uma tipificação dos mesmos, conforme ilustrado hipoteticamente na Figura abaixo:
É importante determinar a origem dos eventos (externos ou internos), pois auxilia na definição da abordagem a ser empregada por
parte da organização.
Riscos Externos: são ocorrências associadas ao ambiente macroeconômico, político, social, natural ou setorial em que a organização
opera. Exemplos: nível de expansão do crédito, grau de liquidez do mercado, nível das taxas de juros, tecnologias emergentes, ações da
concorrência, mudança no cenário político, conflitos sociais, aquecimento global, catástrofes ambientais, atos terroristas, problemas de
saúde pública, etc. A organização, em geral, não consegue intervir diretamente sobre estes eventos e terá, portanto, uma ação predomi-
nantemente reativa. Isto não significa que os riscos externos não possam ser “gerenciados”; pelo contrário, é fundamental que a organiza-
ção esteja bem preparada para essa ação reativa.
Riscos Internos: são eventos originados na própria estrutura da organização, pelos seus processos, seu quadro de pessoal ou de seu
ambiente de tecnologia. A organização pode e deve, em geral, interagir diretamente com uma ação proativa.
Riscos Estratégicos
Os riscos estratégicos estão associados à tomada de decisão da alta administração e podem gerar perda substancial no valor econô-
mico da organização10. Os riscos decorrentes da má gestão empresarial muitas vezes resultam em fraudes relevantes nas demonstrações
financeiras. Exemplos: falhas na antecipação ou reação ao movimento dos concorrentes causadas por fusões e aquisições; diminuição de
demanda do mercado por produtos e serviços da empresa causada por obsolescência em função de desenvolvimento de novas tecnolo-
gias/produtos pelos concorrentes.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O impacto financeiro consolidado dos riscos na organização Transferir e/ou Compartilhar: atividades que visam reduzir
pode ser medido quantitativamente em termos da variação poten- o impacto e/ou a probabilidade de ocorrência do risco através da
cial do seu valor econômico, fluxo de caixa e resultado econômico, transferência ou, em alguns casos, do compartilhamento de uma
através de uma metodologia que se denomina “planejamento sob parte do risco. Exemplo: uma concessionária de energia elétrica
incerteza”. identificou e avaliou os riscos de falhas naturais com danos elétricos
Para viabilizar tal quantificação é necessário que a organização em seus equipamentos turbo-geradores e de potência de grandes
1. tenha o seu negócio modelado em alguma ferramenta que usinas. Após analisar a melhor estratégia a ser adotada no que tan-
possibilite simulações e ge às despesas possíveis com franquia vis-à-vis os prêmios de risco
2. seja capaz de gerar cenários das principais variáveis e con- a serem contratados, constitui-se um seguro destes equipamentos
sistentes entre si. junto ao mercado, transferindo este risco operacional categoriza-
do como de alto impacto e baixa frequência, inerente ao processo
A modelagem passa pela identificação detalhada de cada um de operação e manutenção. Devem ser transferidos por meio de
dos fatores que afetam as transações e indicadores de desempenho seguro os riscos tidos como catastróficos (riscos de baixa frequên-
da organização, incluindo todos os tipos de riscos identificados, e cia e alta severidade), os riscos de alta frequência que provoquem
pela determinação da dinâmica de impacto de cada uma das ope- cumulativamente perdas relevantes e todos aqueles cujo custo de
rações nas contas de resultados. Associando-se probabilidades aos transferência seja inferior ao custo de retenção. Os custos de segu-
cenários gerados, é possível quantificar o risco e estimar a proba- ro obtidos no mercado podem subsidiar a decisão sobre retenção
bilidade de que qualquer métrica de desempenho fique abaixo das versus transferência dos riscos. Além de identificar os riscos que
metas orçadas em cada período (ex.: geração ou necessidade de deseja transferir, os gestores de seguros precisam conhecer pro-
caixa, resultado contábil, etc.). fundamente a dinâmica das operações da organização e o fluxo de
informações que garantirá a adequação do contrato de seguro por
Tratamento dos Riscos toda a vigência das apólices, normalmente de 12 meses.
Depois de identificados, avaliados e mensurados, deve-se defi-
nir qual o tratamento que será dado aos riscos. Na prática, a elimi- Explorar: aumentar o grau de exposição ao risco na medida em
nação total dos riscos é impossível. Nesse contexto, a elaboração de que isto possibilita vantagens competitivas. Exemplo: uma empresa
um mapa de riscos apoia a priorização e visa direcionar os esforços produtora de petróleo usa as informações sobre o mercado futuro
relativos a novos projetos e planos de ação elaborados, a fim de para especular no mercado de derivativos, aumentando sua exposi-
minimizar os eventos que possam afetar adversamente e maximizar ção ao preço da commodity.
aqueles que possam trazer benefícios para a organização. É reco-
mendável alinhar a estrutura de controles internos aos objetivos Prevenção e Redução dos Danos
estratégicos e ao nível de exposição desejado pela organização. Os riscos podem ser reduzidos pela prevenção – diminuição da
A alta administração poderá determinar seu posicionamen- probabilidade de ocorrência e/ou diminuição do impacto financeiro
to frente aos riscos, considerando seus efeitos, grau de aversão e esperado sobre a organização, caso o evento ocorra – e/ou pela re-
resposta, complementada por uma análise de custo-benefício. As mediação – controle dos danos após a ocorrência do evento.
várias alternativas para tratamento dos riscos são descritas abaixo, Para o risco cujo impacto possa afetar adversamente a conti-
iniciando-se pelo dilema básico: evitar ou aceitar o risco. nuidade da operação, faz-se necessária a elaboração de um plano
de contingência adequado e continuamente testado. Ainda mais
Evitar o Risco: decisão de não se envolver ou agir de forma a se amplo do que um plano de contingência, as organizações devem
retirar de uma situação de risco. Exemplo: uma organização decide avaliar a adoção de uma metodologia para a “Gestão da Continui-
se desfazer de uma unidade de negócios. dade de Negócios”.
As decisões sobre evitar, reter, reduzir, transferir ou explorar
Aceitar o Risco: neste caso, apresentam-se quatro alternativas: riscos estão baseadas na avaliação do impacto dos mesmos sobre
reter, reduzir, transferir/ compartilhar ou explorar o risco. os indicadores de desempenho escolhidos e sobre a imagem da or-
ganização vis-à-vis os custos de se estabelecerem controles inter-
Reter: manter o risco no nível atual de impacto e probabilida- nos.
de. Exemplo: a diretoria da empresa decide nada investir em me- Um dos objetivos da gestão de riscos é buscar um nível con-
lhorias da área de informática, assumindo que as perdas e erros fortável e balanceado de retenção, redução, exploração e transfe-
atualmente sabidos e esperados de informações internas para o rência de riscos, adequado a seu apetite definido estrategicamente,
processo de decisão e de gestão são (riscos) toleráveis. envolvendo os objetivos, os riscos respectivos e os controles inter-
nos. Da mesma forma, pode haver critérios distintos para enfocar o
Reduzir: ações são tomadas para minimizar a probabilidade e/ conceito e práticas de controles internos, que quando acentuados
ou o impacto do risco. Exemplo: uma organização financeira identi- podem gerar custos, muitas vezes excessivos.
ficou e avaliou o risco de seus sistemas permanecerem inoperantes Na questão do equilíbrio riscos versus controles versus custos,
por um período superior a três horas e concluiu que não aceitaria o são muito utilizadas as “melhores práticas” aplicáveis aos tipos es-
impacto dessa ocorrência. A organização investiu no aprimoramen- pecíficos ou categorias de risco, segmento de negócios ou tecnolo-
to de sistemas de autodetecção de falhas e de backup para reduzir gias em questão. As melhores práticas são geradas e disseminadas
a probabilidade de indisponibilidade do sistema. por institutos independentes, internacionais ou nacionais, associa-
ções de indústria ou profissionais e organismos de normatização e
por entidades regulatórias, tais como as citadas nos Anexos.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Desta forma, a organização terá uma resposta específica para Para implantar um modelo de gestão de riscos e promover uma
cada evento significativo. Deverão ser avaliados e monitorados os cultura de gerenciamento de riscos na organização deve-se elaborar
impactos positivos e negativos da ocorrência dos eventos, conside- uma arquitetura para facilitar e viabilizar o gerenciamento do risco
rando: propriamente dito, cuja concepção e implementação trazem inú-
- Risco inerente: risco natural; ausência de qualquer ação que meros benefícios para a organização, tais como:
a direção possa realizar para alterar a probabilidade de ocorrência - Aderência dos processos internos ao perfil de riscos estabele-
ou de impacto. cido pelo conselho de administração; • Clareza quanto às regras de
- Risco residual: resultante do processo de tomada de ações e governança para gerir a exposição;
aplicação das melhores práticas de controles internos ou da reposta - Endereçamento de lacunas de capacitação de pessoas, pro-
da organização ao risco. cessos e sistemas;
- Implementação de sistemas de controles eficazes.
Monitoramento e reporte dos Riscos
Cabe à alta administração a avaliação contínua da adequação e Abaixo, listam-se as questões que devem ser abordadas com
da eficácia de seu modelo de gestão de riscos. Este deve ser cons- referência aos objetivos e metas e em cada uma das dimensões da
tantemente monitorado, com o objetivo de assegurar a presença e arquitetura de risco identificadas:
o funcionamento de todos os seus componentes ao longo do tem- - Os objetivos estratégicos e metas de desempenho estão defi-
po. nidos, comprometidos e gerenciados?
O monitoramento regular ocorre no curso normal das ativida- - A gestão dos objetivos e das metas estratégicas norteia as
des gerenciais. Já o escopo e a frequência de avaliações ou revisões prioridades dos riscos, seus respectivos controles e dos demais
específicas dependem, normalmente, de uma avaliação do perfil de componentes da arquitetura de risco?
riscos e da eficácia dos procedimentos regulares de monitoramen- - As mudanças no ambiente de negócios são antecipadamente
to. Vulnerabilidades e deficiências na gestão de riscos devem ser gerenciadas em termos de objetivos, metas, riscos e controles?
relatadas aos níveis superiores de gestão e, dependendo da gravi-
dade, reportadas à alta administração. Gerenciamento de Crises
O gerenciamento de crise, também chamado de gestão de cri-
Informação, Comunicação e Documentação se, é um conjunto de práticas que têm como objetivo lidar com um
A comunicação ágil e adequada com as diversas partes interes- problema inesperado, interno ou externo, que pode causar prejuí-
sadas, acionistas, reguladores, analistas financeiros e outras entida- zos financeiros e para a reputação da empresa. Esse tipo de proble-
des externas tem a finalidade de permitir avaliações mais rápidas e ma costuma acontecer de surpresa, representar uma ameaça para
objetivas a respeito dos riscos a que está exposta a organização. O o negócio e exigir uma rápida tomada de decisão.
conteúdo da comunicação com o ambiente externo e interno reflete Além de lidar com os problemas enquanto ocorrem e com os
as políticas, a cultura e as atitudes desejadas e valorizadas pela alta efeitos que causam, fazer gerenciamento de crise também inclui
administração. Devem ser veiculadas a filosofia e a abordagem da identificar fontes de risco para lidar com elas antes que a crise se
gestão de riscos na organização, assim como delegações claras de instaure.
responsabilidade e autoridade. A divulgação de processos e proce- Como lidar com as crises da melhor maneira é algo crítico para
dimentos deve alinhar atitudes e reforçar a cultura da organização. a sobrevivência das empresas, muitos negócios criam antecipada-
Mecanismos devem ser implementados e geridos de modo a mente um plano de contingência, que deve ser seguido assim que
estimular, e não a reprimir, a comunicação de desvios ou suspeitas os problemas surgirem. Além disso, é preciso aprender com os er-
de violações dos códigos de conduta ou dos princípios de ordem ros que já ocorreram, traçando estratégias para que não voltem a
ética da organização por todos os colaboradores, como por meio de acontecer.
exemplos e pelo reforço de atitudes positivas pela alta administra-
ção. Entre outros aspectos, devem ser veiculados de forma eficaz: O gerenciamento de crise garante que a empresa reduza os da-
-A importância e a relevância de um gerenciamento efetivo dos nos causados por problemas que surgem de repente e que, se não
riscos corporativos; forem bem resolvidos, podem até levar o negócio a fechar as por-
- Os objetivos da organização neste domínio; tas. Estes são alguns motivos pelos quais a empresa deve investir
- O apetite e a tolerância a riscos da empresa; em um fazer uma boa gestão de crises:
- Uma linguagem comum para o assunto “riscos”; • Agir de maneira rápida e eficiente frente a um problema;
- As funções e responsabilidades envolvidas de cada um na or- • Contribuir para a sobrevivência da empresa no mercado;
ganização quanto a isso. • Preservar a reputação da empresa perante o mercado;
• Reduzir o impacto da crise, tanto interna quanto externa-
Implementação e melhorias de controle (plano de ação) mente;
Não existe uma única forma para implementar um modelo de • Aprender com os erros, evitando-os no futuro.
gestão de riscos, nem uma única estrutura adequada para tal, de-
pendendo de uma análise custo-benefício em função do porte, es- Como fazer gerenciamento de crise?
pecificidades e nível de complexidade de cada organização. Estar no mercado é estar constantemente exposto a situações
de crise. Por isso é importante ter um planejamento prévio de ge-
renciamento de crise no sentido de preservar a credibilidade e ima-
gem da empresa, prevenindo-se contra qualquer impacto negativo
ou mesmo utilizando isso como oportunidade para intensificar ou
gerar novos negócios.
169
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Há alguns pontos que podem evitar ou ajudar a minimizar os 4 – Parcerias Público-Privadas: a colaboração com o setor
efeitos percebidos na repercussão da crise: privado pode ser uma fonte valiosa de inovação na prestação de
1. Conheça a percepção dos seus clientes serviços públicos, trazendo novas abordagens e eficiências.
2. Monte um comitê de gerenciamento de crise 5 – Capacitação dos Servidores Públicos: investir na capacitação
A empresa não precisa ter colaboradores exclusivamente dedi- dos servidores públicos em competências relacionadas à inovação é
cados à gestão de crise, mas é importante ter um grupo de pessoas crucial para promover uma cultura de inovação no governo.
cuja atribuição, ainda que parcial, seja lidar com esses problemas 6 – Avaliação e Aprendizado Contínuo: É importante que
quando surgirem. as agências federais avaliem constantemente seus processos e
3. Entenda quais são os riscos que a empresa corre programas, identificando áreas onde melhorias podem ser feitas e
Antes de elaborar o plano de gerenciamento de crise, convém aprendendo com as experiências passadas.
conhecer os pontos fracos da empresa.
4. Crie um plano de gerenciamento de crises A inovação na gestão pública federal não apenas melhora
O planejamento para o gerenciamento de crises deve iniciar a eficiência, mas também fortalece a confiança dos cidadãos no
bem antes de os problemas surgirem. Nesse momento, a empresa governo e na democracia. Ao adotar abordagens inovadoras, o
deve trabalhar sua imagem e se preparar para os eventuais proble- governo federal pode ser mais ágil na resposta às demandas da
mas que podem acontecer. sociedade, tornando-se mais adaptável às mudanças e às crises.
5. Saiba como se comunicar No entanto, é importante destacar que a inovação na gestão
Comunicar-se da maneira certa com os clientes, o mercado e os pública federal não é um processo simples e requer liderança
stakeholders é essencial em momentos de crise. Por isso, não basta sólida, comprometimento e uma cultura organizacional que
definir um porta-voz, é preciso saber se comunicar bem e dizer as valorize a experimentação e o aprendizado contínuo. No final das
coisas certas. contas, a busca pela inovação na gestão pública federal é uma busca
6. Trabalhe de maneira consistente e contínua constante por maneiras melhores e mais eficazes de servir aos
Passada a crise, depois de todo o desgaste sofrido, tenha em interesses do público e promover o bem-estar da sociedade como
mente que o trabalho ainda não terminou. Lembre-se de que a ima- um todo.
gem de uma empresa é construída ao longo dos anos, por isso, os
danos sofridos não serão recuperados do dia para a noite.
GOVERNO ELETRÔNICO:TRANSPARÊNCIA DA ADMINIS-
TRAÇÃO PÚBLICA
O gerenciamento de crises anda de mãos dadas com outras
equipes, como marketing, branding e atendimento ao cliente. To-
dos esses times devem ter em mente os problemas trazidos pela Governo Eletrônico
crise, trabalhando continuamente para reverter os danos. O Governo Eletrônico (também conhecido como Governo Di-
gital), começou a ser utilizado na administração pública brasileira
por volta do ano de 1980, após a disseminação do e-commerce44
INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA pelas organizações privadas, sempre associado às Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC).45
A inovação na gestão pública federal é um tema de grande Segundo Diniz46, a evolução em relação ao uso das tecnologias
importância, pois pode impulsionar a eficiência, a transparência e no setor público brasileiro, passou por várias fases, ele nos mostra
a qualidade dos serviços oferecidos pelo governo. Em um mundo quatro grandes períodos do uso de TIC no setor público, que são:
em constante transformação, a capacidade de se adaptar e adotar 1) Pioneirismo (dos anos 1950 até meados dos anos 1960);
novas abordagens é fundamental para atender às crescentes 2) Centralização (de meados dos anos 1960 até o final dos anos
expectativas dos cidadãos e enfrentar os desafios complexos que a 1970);
administração pública enfrenta. Nesse contexto, a inovação é uma 3) Terceirização (anos 1980); e
peça-chave para o sucesso. 4) Governo eletrônico propriamente dito (a partir dos anos
Além disso, ela também envolve a introdução de novas ideias, 1990).
processos, tecnologias e práticas que resultam em melhorias
significativas na entrega de serviços públicos. Alguns elementos- O esforço governamental tem sido intenso e contínuo, no sen-
chave desse processo são: tido de maior utilização das TIC no meio público, bem como para
1 – Tecnologia e Digitalização: a implementação de caminhar do instrumental para o estratégico.
tecnologias modernas, como a inteligência artificial, a análise de
dados e a automação de processos, pode otimizar as operações
governamentais, reduzir custos e melhorar a experiência do usuário.
2 – Transparência e Participação Cidadã: a inovação na gestão
pública também inclui a promoção da transparência, permitindo
que os cidadãos tenham acesso a informações relevantes e 44 Comércio eletrônico ou e-commerce, é um tipo de comércio virtual, ou seja,
participem ativamente do processo decisório. não-presencial, são transações comerciais feitas especialmente através de um
3 – Gestão de Dados: o uso estratégico de dados governamentais equipamento eletrônico, como, por exemplo, computadores, tablets e smartpho-
pode melhorar a tomada de decisões e ajudar a identificar áreas nes.
que necessitam de intervenção. 45 PALUDO, A.; Administração pública. 3ª ed.; Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
46 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório
18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000.
170
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
As TIC são indissociáveis do Governo Eletrônico, e sem o avanço dessas tecnologias não seria possível estar se exigindo a ideia básica
de Governo Eletrônico e nem de sua face ampliada. No contexto do Governo Eletrônico a internet surgiu como uma ferramenta facilitadora
da participação da sociedade no Governo e do exercício do controle social.
No meio público, as primeiras ações de TIC sempre estiveram mais associadas às questões operacionais e internas, do que às estra-
tégicas ou de relacionamento com a sociedade. Mas isso mudou, e é possível afirmar que atualmente a relação está equilibrada, ou seja,
utilizam-se em larga escala os recursos das TIC nos dois sentidos, tanto interna quanto externa.
O uso interno das TIC visa elevar a eficiência administrativa a um novo patamar, ao mesmo tempo em que se busca a redução de cus-
tos, que pode originar-se de diversas maneiras:
- Queda no preço das aquisições;
- Redução/eliminação de distorções;
- Redução da corrupção; e
- Melhoria no desempenho de atividades internas, dentre outras.
Existem diferenças entre as organizações públicas e as empresas privadas, que dificultam a implantação e a gestão das TIC, que são as
interferências políticas, as resistências culturais, e também as restrições legais.
Mesmo atrasada em relação as organizações privadas, houve uma evolução na gestão das TIC na área pública: de administração
de sistemas de informações passou para administração dos Recursos de Informação, e atualmente consiste na administração de Tecnolo-
gia da Informação na Era da Informação.
Esses estágios passam do operacional para o estratégico, partindo da busca da eficiência administrativa, na automação e agilização
dos procedimentos operacionais e burocráticos, à melhoria da atividade fim, na relação direta do Governo com o cidadão. Diniz47 analisa
o foco das ações de TIC desenvolvidas em três fases:
1) Gestão Interna (1970 a 1992);
2) Serviço e Informações ao Cidadão (1993 a 1998); e
3) Entrega de Serviços via Internet (a partir de 1999).
Dentre as causas determinantes da adoção estratégica e intensiva das TIC pelos governos, em processos internos, prestação de servi-
ços e informações, e no relacionamento com a sociedade, Diniz48 destaca:
- O uso intensivo das TIC aumentou pelos cidadãos, organizações privadas e não governamentais;
- A migração da informação baseada em papel para mídias eletrônicas e serviços online; e
- O avanço e universalização da infraestrutura pública de telecomunicações e da internet.
Outras causas estão associadas às forças provenientes do próprio movimento de reforma do Estado, da modernização da gestão pú-
blica e da necessidade de maior eficiência do Governo.
Foi mediante a utilização estratégica das TIC como integrantes e viabilizadoras da nova gestão pública que surgiu o termo denominado
Governo Eletrônico e que representa tanto uma evolução quanto uma ampliação na utilização das TIC pelos governos.
O Governo Eletrônico, que também é chamado de Governo Digital, procura construir um elo entre o operacional e o estratégico, assim
como busca novas formas de relacionamento com a sociedade, ele é um instrumento para melhorar os serviços públicos e o relacionamen-
to com a sociedade, mediante a utilização das tecnologias da informação e comunicação.
Isso não significa apenas colocar os serviços públicos online ou melhorar sua prestação, mas compreende também um conjunto de
processos, mediados pela tecnologia, que pode modificar as interações, em uma escala maior, entre os cidadãos e o Governo.
Assim, podemos definir Governo Eletrônico (GE), como as ações de governo direcionadas a disponibilizar informações e serviços à
sociedade e novos canais de relacionamento direto entre governo e cidadãos, mediante o uso de recursos da TIC, em especial a internet.
O desenvolvimento de programas de Governo Eletrônico teve como princípio a utilização das modernas TIC para democratizar o
acesso à informação, ampliar discussões e dinamizar a prestação de serviços públicos com foco na eficiência e efetividade das funções
governamentais.
47 Idem
48 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório 18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000.
171
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O Programa de Governo Eletrônico brasileiro pretende transformar as relações do governo com os cidadãos e empresas, e também
entre os órgãos do próprio Governo, de forma a aprimorar a qualidade dos serviços prestados, promover a interação com empresas e
indústrias, e fortalecer a participação cidadã por meio do acesso à informação e a uma administração mais eficiente.
Um dos eixos deste novo conceito é a viabilização de meios que permitam maior participação do cidadão nas questões do Estado,
tanto na busca de serviços e informações, quanto no aumento do espaço democrático.
Dentre os avanços institucionais relacionados às políticas de Governo Eletrônico, destacam-se os portais públicos de governo na in-
ternet, que permitem ao cidadão realizar um conjunto de serviços, ter acesso a informações públicas disponíveis e estabelecer canais de
comunicação com o Governo.
Os usos das TIC ajudaram a modernizar o Estado e as formas de prestação de serviços, de informações e de interação com o cidadão
e a sociedade, mas o Governo Eletrônico é mais que isso, ele inclui o fortalecimento da cidadania e das práticas democráticas, a melhoria
da governança, a integração intra e entre governos, o incremento da transparência e o accountability governamental.
Atenção!!! O Governo Eletrônico proporciona mais transparência das ações públicas e facilita o accountability governamental.
O Governo Eletrônico, com serviços e informações prestados pela internet e por outros meios de comunicação, abrange quatro linhas
de ação:
1. Voltadas ao Cidadão: procuram oferecer informações e serviços aos cidadãos com qualidade e agilidade;
2. Voltadas à Eficiência Interna: relativas ao funcionamento interno dos órgãos de governo, com destaque para sua utilização nos
processos de licitações e contratações em geral;
3. Voltadas à Cooperação: têm a finalidade de integrar os diversos órgãos governamentais, assim como promover a integração com
outras organizações públicas, não estatais e privadas;
4. Voltadas à Gestão do Conhecimento: visam gerar e manter um banco de dados atualizado dos conhecimentos do Governo, para
servir como fonte de informação e inovação a gerar melhorias nos processos em geral.
A interação entre governos e cidadãos ocorre através dos portais do Governo na internet e possibilita ações que incluem desde a
comunicação direta (via e-mail) com a autoridade máxima do Poder Executivo, a formulação de reclamações através de ouvidorias nos
principais órgãos governamentais, até a divulgação e troca de informações do processo de orçamento participativo.
Um portal de governo é um site público e pode ser definido como uma forma de acesso à internet patrocinada por algum órgão pú-
blico, em que são disponibilizados serviços, informações, canal de comunicação via e-mail, busca na internet, links para diversos outros
portais, informações e serviços etc.
Segundo Luiz Akutsu e José Pinho49: Um portal é uma página na internet a partir do qual todos os serviços e informações da entidade
podem ser acessados. É também um “cartão de visitas”, um “palanque eletrônico”, que permite divulgar ideias 24 horas por dia, todos os
dias da semana; é ainda um canal de comunicação entre governos e cidadãos que possibilita a estes exercitar a cidadania e aperfeiçoar a
democracia.
No processo de evolução das ações do Governo Eletrônico surgem os conceitos de e-governança, e-democracia e e-governo.
Segundo Lorigados, Lima, e Sanchez50: e-governança relaciona-se a uma visão mais abrangente, sendo definida como a aplicação de
meios eletrônicos e recursos da TI, na interação entre governo e cidadão e governo e demais agentes, e com a aplicação desses meios
nas questões internas do Governo, buscando simplificar e melhorar os seus processos internos; e-democracia refere-se a toda e qualquer
relação, através de recursos da TI, entre o Governo e o cidadão; e e-governo é definido como uma forma de e-business no Governo, re-
ferindo-se a processos e estruturas necessários a disponibilizar serviços por meios eletrônicos, ao público, bem como interagir através de
meios eletrônicos com agentes que possuem relações com o Governo.
49 AKUTSU, L.; PINHO J. A. G.; Sociedade da informação, accountability e democracia delegativa: investigação em portais de governo no Brasil. 2002.
50 LORIGADOS, W. B.; LIMA, F. T. de; e SANCHEZ, A.; Administração Pública, Planejamento e Gestão. São Paulo:1999.
172
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Destaque-se que não só o Governo Federal vem atuando forte- A criação desse comitê pode ser considerada um dos grandes
mente, mas os governos Estaduais e Municipais também. Nos níveis marcos do compromisso do Governo em prol da evolução da pres-
Estadual e Municipal, avanços sociais têm sido alcançados através tação de serviços e informações ao cidadão.
da utilização de recursos da Tecnologia da Informação e Comunica-
ção e de sistemas de informação.
→
Segundo Eduardo Diniz51 destacam-se: sistemas para o agenda- Fatos Marcantes para Grupo de Trabalho - GTTI
Criação
mento de consultas médicas em hospitais e postos de saúde; siste- implantação do GE Comitê Gestor Cege
→
mas automatizados de matrículas escolares, que acabaram com as
filas na porta das escolas públicas; lojas (praças) de atendimento
Ao final do ano de 2001, já existiam mais de 1.300 serviços dis-
integrado que, complementados pela entrega de serviços por meio
poníveis pela internet no portal da Rede Governo, bem como mais
dos portais governamentais na internet, dispensam a necessidade
de 11 mil tipos de informação disponíveis. Em 2002, o número de
da presença física do cidadão nos órgãos públicos.
serviços havia crescido para aproximadamente 1.700, com cerca de
22 mil links de acesso direto a serviços e informações de outros
Breve Histórico do Governo Eletrônico
websites governamentais.53
No contexto do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Es-
Em setembro de 2002 publicou-se um relatório com as ações já
tado, em 1995, já foram abordadas questões relacionadas ao Go-
realizadas, e com desafios e pretensões futuras. Em 2003, a Secre-
verno Eletrônico, tratava-se de Sistemas de Gestão Pública capazes
taria Executiva do comitê passa para o Ministério do Planejamento,
de oferecer transparência às ações governamentais, disponibilizar
Orçamento e Gestão, a cargo da Secretaria de Logística e Tecnologia
informações aos gestores para a tomada de decisão, e facilitar o
da Informação, o que garantiu o apoio técnico-administrativo ne-
acesso dos cidadãos a essas informações.
cessário ao funcionamento do Comitê.
Em dezembro de 1999 foi instituído pelo Governo Federal o
Ao final de 2003, mediante decreto, criaram-se oito Comitês
programa Sociedade da Informação, com o objetivo de promover
Técnicos de Governo Eletrônico, a saber:
a inclusão social de todos os brasileiros (integrando, fomentando e
1. Implementação do Software Livre;
coordenando ações para a utilização das tecnologias de informação
2. Inclusão Digital;
e comunicação, em especial a internet) e melhorar a competitivida-
3. Integração de Sistemas;
de das empresas brasileiras no cenário global. O programa orientou
4. Sistemas Legados e Licenças de Software;
tanto ações na área pública quanto na área privada, cujas ações
5. Gestão de Sítios e Serviços Online;
e responsabilidades deveriam ser compartilhadas pelo Governo e
6. Infraestrutura de Rede;
pela iniciativa privada.
7. Governo para Governo – G2G; e
8. Gestão de Conhecimentos e Informação Estratégica.
Atenção!!! O programa Sociedade da Informação direcionou
ações tanto para a área pública quanto para a área privada.
Instituiu-se também o Sistema Brasileiro de Televisão Digital
(SBTVD), com o objetivo de democratizar a informação através da
Eduardo Diniz52 ressalta como fator marcante para a estrutu-
inclusão social, respeitando a diversidade cultural do país e a língua
ração das ações de TI no Governo Federal as ações desencadeadas
pátria.
por força do “bug do milênio”, geridas pela Casa Civil, mas coor-
Esses Comitês Técnicos, juntamente com o Comitê Executivo,
denadas e operacionalizadas com sucesso pela SLTI (Secretaria de
são os responsáveis pelo desenvolvimento das políticas e ações de-
Logística e Tecnologia da Informação).
finidas nos princípios e diretrizes de GE estabelecidos para toda a
No ano de 2000, o Governo brasileiro lançou as bases para a
Administração Pública Federal.
criação de uma “sociedade digital” ao criar um Grupo de Trabalho
Em julho de 2004 é publicado decreto que cria o Departamento
Interministerial, com a finalidade de examinar e propor políticas,
de Governo Eletrônico na SLTI. Em 2006 houve o decreto de implan-
diretrizes e normas relacionadas com as novas formas eletrônicas
tação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T),
de interação.
contendo diretrizes para a transição do atual sistema de transmis-
O Grupo de Trabalho - GTTI, concentrou os esforços em três
são analógica para o sistema de transmissão digital, que envolve a
linhas de ação dentre as previstas no programa Sociedade da In-
radiodifusão de sons e imagens e serviços de retransmissão.
formação:
No mês de dezembro de 2008 foi publicada a primeira versão
- Universalização de serviços;
da Estratégia Geral da Tecnologia de Informação (EGTI), que teve
- Governo ao alcance de todos; e
como objetivo estabelecer as bases para a transição da situação
- Infraestrutura avançada.
atual de gestão dos ambientes de informática do Executivo Federal.
Em março de 2009 foram criados 230 cargos de nível superior de
Ainda nesse ano, criou-se o Comitê Executivo de Governo Ele-
analista em Tecnologia da Informação, vinculados ao MPOG.
trônico (Cege), presidido pelo ministro-chefe da Casa Civil da Presi-
Por fim, é importante destacar que, em 2011, surgiu o primeiro
dência da República, com o objetivo de formular políticas, estabe-
programa de pós-graduação em Governo Eletrônico, ofertado pela
lecer diretrizes, coordenar e articular as ações de implantação do
UniSerpro em parceria com a Esaf.
Governo Eletrônico, voltado para a prestação de serviços e informa-
ções ao cidadão.
51 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório
18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000.
52 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório 53 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório
18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000 18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000
173
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Não obstante os muitos pontos positivos, o Governo Eletrônico A disponibilização da prestação de contas através da internet
apresenta algumas dificuldades. Em auditoria realizada pelo TCU, proporciona a transparência da gestão governamental no contex-
iniciada em 2005 e concluída em 2006, o relatório final apontou to democrático, e é uma forma de concretização do accountability
dificuldade de coordenação do programa e falta de monitoramento governamental.
das iniciativas eletrônicas da Administração Pública Federal. A transparência é inerente aos Estados democráticos moder-
De outro lado, surgem fortes questionamentos quanto aos nos, insere-se no bojo da democracia, um dos pressupostos do Esta-
muitos recursos investidos e às volumosas quantias destinadas ape- do moderno é a sua visibilidade social. Num ambiente democrático
nas aos contratos de manutenção de sistemas de informação como a sociedade tem direito a informações transparentes, ou seja, quan-
o Siafi, Sisbacen, Siscomex, Receita Federal, Previdência Social, en- to mais houver transparência nas informações, mais democráticos
tre outros, em face dos poucos resultados divulgados. serão os governos e a sociedade.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
pessoas físicas e jurídicas que se relacionam com o INSS. É um dos Há também espaço para a participação e controle popular, e
portais que já apresenta a “Carta de Serviços ao Cidadão” instituída são oferecidos serviços como:
pelo Decreto nº 9.094, de 17 de julho de 2017.58 - Consulta da situação cadastral Pessoa Física (CPF);
Outro portal importante é o da Receita Federal, que também - Aposentadorias e processos de concessão inicial/revisão de
atende a milhões de contribuintes, e oferece diversos serviços benefícios;
como envio da declaração do Imposto de Renda, consulta e emis- - Concursos públicos;
são de certidões relativas a tributos federais, consulta sobre anda- - Saúde pública, e etc.
mento de processos e lotes de restituições, informações sobre a
arrecadação de receitas etc. Para o site Brasil.gov, a transparência na Administração Pública
A internet chegou ao Brasil em 1995, e em 1996 era criado o constrói uma nova relação Estado/Sociedade, na qual prevenção e
site da Receita, que em 1997 já oferecia a possibilidade de envio, controle são instrumentos legítimos para consolidar a democracia.
de forma online, das declarações do Imposto de Renda mediante o Dessa forma, o cidadão pode acompanhar a aplicação dos recursos
programa Receitanet. e, de forma organizada, interferir no processo decisório.
O portal do Tribunal de Contas da União também apresenta Além de atender às exigências constitucionais, como a presta-
diversos serviços e informações de interesse de órgãos públicos, ção de contas e o Balanço Geral, essas iniciativas aperfeiçoam mé-
entidades fiscalizadoras e da sociedade, principalmente no que se todos e criam novas estratégias de combate à corrupção e à impu-
refere às atividades de controle externo da Administração Pública. nidade.
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal também ofere- No entanto, nada pode ser considerado mais transparente
cem, através de seus portais, um leque de informações e serviços do que o portal da Transparência da Controladoria Geral da União
relacionados à tramitação e aprovação de normas primárias, apro- (CGU), criado em 2004. Nesse portal, qualquer pessoa pode acom-
vação e execução dos orçamentos, treinamentos a distância, e etc. panhar e fiscalizar a execução dos programas governamentais e os
Pesquisa realizada em 2008, pela ONG Transparência Brasil, recursos transferidos a estados e municípios, assim como obter in-
destaca positivamente a divulgação de informações pelo portal da formações sobre compras e contratações públicas.
Câmara dos Deputados. No portal do Senado encontra-se o Siga Há também espaço para a apresentação de denúncias relacio-
Brasil, um sistema completo de informações orçamentárias, tanto nadas com o mau uso dos recursos públicos, o portal da Transpa-
relativas à aprovação do orçamento, quanto relativas à sua execu- rência é um instrumento que possibilita o efetivo exercício do con-
ção. trole social.
O portal Comprasnet disponibiliza informações relacionadas
a compras públicas, licitações, contratos administrativos, cadastro Atenção!! Quando se fala em transparência das informações,
de fornecedores, catálogo/classificação de materiais e serviços etc. o portal da Transparência da CGU59 é o mais importante.
O Comprasnet oferece três tipos de serviços: serviços ao Governo,
serviços aos fornecedores e serviços à sociedade. O portal da Transparência iniciou com dois tipos de consultas:
Ele divulga em tempo real ou quase real os resultados das lici- referente às aplicações diretas e referente às transferências.
tações realizadas pelos órgãos e entidades da Administração Públi- As aplicações diretas contêm informações sobre os gastos di-
ca Federal. O Comprasnet abrange o SIASG (Sistema Integrado de retos do Governo Federal em compras ou contratação de obras e
Administração de Serviços Gerais), que atua como ferramenta de serviços. As transferências de recursos contêm informações sobre
apoio às atividades de gestão de materiais, licitações/contratos e como é feita a transferência dos recursos federais a estados, muni-
fornecedores. cípios, Distrito Federal, ou diretamente ao cidadão.
As transferências financeiras da União podem ser consultadas Atualmente foram ampliadas as possibilidades de consultas e
no portal de convênios, criado para facilitar e simplificar as relações aumentados os links relacionados, interconexões e funcionalidades.
entre os entes da federação, e proporcionar maior transparência O portal da Transparência reúne informações sobre como o dinhei-
quanto aos convênios realizados pela União. ro público federal é aplicado. Pode-se consultar, por exemplo, quan-
O portal Brasil apresenta um leque variado de informações, to foi repassado, quanto cada município recebeu do Fundo de Ma-
e no que diz respeito à transparência pública, disponibiliza quatro nutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
blocos de informações referentes: dos Profissionais da Educação (FUNDEB), ou mesmo quem são os
1. À prestação de contas da execução orçamentária e financeira beneficiários do Bolsa Família, quanto receberam e em que meses.
do Governo Federal e aos relatórios de gestão de órgãos e entida- Também se encontram publicadas informações sobre os recur-
des da Administração Pública; sos federais transferidos diretamente ao cidadão e sobre os gastos
2. Ao orçamento da União, relacionadas às prioridades dos po- diretos realizados pelo Governo Federal, em compras ou contra-
deres Executivo/Legislativo/Judiciário, quanto aos investimentos; tação de obras e serviços, incluindo os gastos de cada órgão com
3. À fiscalização, contendo a lista dos entes que fiscalizam e diárias, material de expediente, compra de equipamentos e obras e
acompanham a correta administração dos recursos públicos fede- serviços, entre outros, bem como os gastos realizados por meio de
rais, e o acesso às páginas eletrônicas desses órgãos; Cartões de Pagamento do Governo Federal.
4. Ao Conselho da Transparência, com informações sobre o co- Cabe destacar, ainda, a existência de “portais de Transparên-
legiado que propõe e debate medidas de aperfeiçoamento do con- cia”, inclusive com a carta de serviços ao cidadão, em todos os Mi-
trole e da transparência na gestão pública, além de estratégias de nistérios e entidades da Administração indireta, a divulgar as mais
combate à corrupção. variadas informações de interesse da sociedade, além de informa-
ções sobre contratações e gastos públicos.
58 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9094.
htm#art25 59 https://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica
175
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Ainda no que se refere à transparência eletrônica, no ano de necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado
2001, destaca-se a certificação digital (ICP-Brasil), definida como e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o
“atividade de reconhecimento em meio eletrônico que se caracteri- § 4o do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
za pelo estabelecimento de uma relação única, exclusiva e intrans- § 4o A inobservância do disposto nos §§ 2o e 3o ensejará as
ferível entre uma chave de criptografia e uma pessoa física, jurídica, penalidades previstas no § 2o do art. 51. (Incluído pela Lei Comple-
máquina ou aplicação. Esse reconhecimento é inserido em um Certi- mentar nº 156, de 2016)
ficado Digital, por uma Autoridade Certificadora. ” O ICP-Brasil com- § 5o Nos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos
prova que você é você na internet, essa certificação permite a di- os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
vulgação das informações com mais fidedignidade e confiabilidade. cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput. (In-
Registre-se também a atuação da Justiça Eleitoral, que em 1996 cluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
utilizou de forma parcial a urna eletrônica nas eleições municipais, § 6o Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos
no ano 2000 quase todos os municípios a utilizaram, e em 2004 autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes
a votação eletrônica alcançou todos os municípios brasileiros. Em e fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de
2008, Curitiba foi a primeira capital a divulgar o resultado final da execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo
eleição municipal com menos de uma hora após o encerramento Poder Executivo, resguardada a autonomia. (Incluído pela Lei Com-
da votação. plementar nº 156, de 2016)
Destaque-se, ainda, que em 2005 foi instituído o “pregão ele-
trônico”, obrigatório para a aquisição de bens e serviços comuns no Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo
âmbito do Poder Executivo. Essa modalidade de licitação é realizada único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer
de forma online via internet, e todos os fornecedores cadastrados pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluí-
(portal Comprasnet/Sicaf) podem participar da licitação, indepen- do pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
dentemente da localização geográfica ou física de suas empresas. I. Quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
Os resultados dessas aquisições são disponibilizados em tempo gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
quase real no Comprasnet. realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao servi-
Transparência e a LRF ço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
Efetivamente, hoje não é possível falar em transparência sem e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; (Incluído
considerar a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). Se não fosse essa pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
lei, não teríamos o nível de divulgação de informações públicas, II. Quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda
principalmente sobre a gestão fiscal, a toda a população. a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos ex-
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), elaborada para garantir traordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
a responsabilização na gestão pública, primar pelo equilíbrio entre
receitas e despesas e pela transparência da gestão fiscal, é um divi- Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
sor de águas na história das finanças em termos de transparência ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Le-
das contas públicas no Brasil. Ela apresenta vários instrumentos de gislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para
transparência, conforme se verifica nos arts. 48, 48-A e 49: consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de-
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras ofi-
fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios ciais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento
eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu-
parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns-
e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.60
documentos.
§ 1o A transparência será assegurada também mediante: (Re- No que se refere a essas contas, a LRF ampliou o contido no
dação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016) art. 31, § 3º, da Constituição Federal de 198861, para o qual, as con-
III. adoção de sistema integrado de administração financeira e tas dos municípios deveriam ficar, durante sessenta dias por ano, à
controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, os
pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído quais poderiam questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº 7.185, de Santana Junior62 realizou pesquisa em 207 sites públicos dos
2010) três poderes e dos seguintes órgãos:
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis- - Tribunais de Justiça;
ponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários - Assembleias Legislativas;
e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos - Tribunais de Contas;
pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser - Ministérios Públicos; e
divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluído - Poder Executivo.
pela Lei Complementar nº 156, de 2016) 60 planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
§ 3o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminha- 61 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
rão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a se- 62 SANTANA JUNIOR, J. J.B.; “Transparência fiscal eletrônica”. Dissertação.
rem definidos em instrução específica deste órgão, as informações UNB, 2008.
176
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Focando a transparência das ações à luz das recomendações do Segundo o Art.7º da referida lei65, o acesso à informação com-
art. 48 da LRF, a pesquisa interessa-se pelo cumprimento integral preende o direito de obter:
das normas da LRF, e, assim, ressalta os pontos deficitários, como Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
a baixa divulgação em geral pelas Assembleias e Ministérios Públi- de, entre outros, os direitos de obter:
cos, a linguagem complicada das divulgações, a não totalidade dos I. Orientação sobre os procedimentos para a consecução de
documentos, a pouca divulgação das audiências públicas, a intem- acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou ob-
pestividade das informações e a ausência de algumas prestações de tida a informação almejada;
contas por chefes do Poder Executivo. II. Informação contida em registros ou documentos, produzidos
Por outro lado, a pesquisa apontou a “existência de associação ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a
dos indicadores econômicos e sociais e os níveis de transparência arquivos públicos;
fiscal eletrônica observados nos sites dos poderes”. Embora a pes- III. Informação produzida ou custodiada por pessoa física ou en-
quisa destaque os aspectos deficitários, é possível constatar que a tidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou
grande maioria das informações é divulgada através dos portais ele- entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
trônicos desses órgãos, disponíveis para toda a sociedade, existindo IV. Informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
também canais de participação popular. V. Informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti-
Segundo Pereira63, ao nível de discurso o Governo demonstra dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
que está consciente que a corrupção drena recursos que seriam VI. Informação pertinente à administração do patrimônio pú-
destinados a produzir bens e serviços em favor da sociedade, a blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis-
gerar negócios e a criar e manter empregos, mas na prática, em trativos; e
que pese os avanços, a transparência das ações de governo ainda VII. Informação relativa:
se encontra distante do ideal. São tantas as informações atualmen- a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro-
te disponibilizadas pelo Governo Federal na internet, que se perde gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem
tempo em localizar as de “maior interesse” dentro desse universo. como metas e indicadores propostos;
As informações eletrônicas disponibilizadas facilitam e permi- b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas
tem o controle social, tanto no que se refere à fiscalização do uso de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, in-
de recursos públicos e combate à corrupção, quanto na redução das cluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
distâncias entre o discurso e o desempenho dos governos, e as reais § 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende
necessidades dos cidadãos e da sociedade. as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento
Agora, fica a cargo dos cidadãos, associações diversas, Ongs e científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à
órgãos de controle utilizarem essas informações para cobrar dos go- segurança da sociedade e do Estado.
vernos, políticos e gestores públicos, responsabilidade pela correta § 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação
utilização dos recursos públicos em benefício de toda a população, por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não
respeitando o contido nos princípios e normas legais pertinentes; sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da
bem como denunciar a má utilização dos recursos públicos e exigir parte sob sigilo.
a punição dos responsáveis. § 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações
neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão
Transparência e a Lei de Acesso à Informação e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato
A Lei nº 12.527/201164 visa assegurar o direito fundamental de aces- decisório respectivo.
so à informação. Ela se aplica a todos os Órgãos e Entidades dos três po- § 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido
deres, e também às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não
recursos públicos (no que se refere à parcela de recursos recebidos). fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
termos do art. 32 desta Lei.
A Lei de Acesso à Informação (LAI), contempla as seguintes § 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o
diretrizes: interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura
- Observância da publicidade como preceito geral e do sigilo de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva
como exceção; documentação.
- Divulgação de informações de interesse público, independen- § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o
temente de solicitações; responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no
- Utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecno- prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que
logia da informação; comprovem sua alegação.
- Fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na
administração pública; e O acesso à informação será assegurado mediante:
- Desenvolvimento do controle social da administração pública. I. Criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e en-
tidades do poder público, em local com condições apropriadas para:
Atenção!!! Salvo alguns casos de sigilo e de informações im- atender e orientar o público quanto ao acesso a informações; informar
prescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado, o acesso às sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas unidades; pro-
demais informações encontram-se assegurado por esta lei. tocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e
63 PEREIRA, J. M.; Finanças públicas: a política orçamentária no Brasil. SP: II. Realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
Atlas, 1999. participação popular ou a outras formas de divulgação.
64 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm 65 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Além disso, a referida lei também obriga que os órgãos e entidades públicas, independentemente de requerimento, divulguem em
local de fácil acesso, as informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. Além de outros meios, é obrigatória
a divulgação dessas informações em sítios oficiais na internet.
O fornecimento da informação é gratuito, salvo se houver necessidade de cópia de documentos (mesmo assim, estarão isentos aque-
les cuja situação econômica não permita).
Sob a égide dessa lei, qualquer interessado poderá requerer informação sem a necessidade de justificativas, inclusive as relacionadas
à remuneração recebida pelos servidores públicos em sentido amplo, que deverão ser atendidas de imediato, ou no prazo máximo de
vinte dias.
Sem dúvida, a lei de acesso à informação, aplicada a partir de maio de 2012, é um poderoso instrumento em termos de transparência
pública – capaz de fomentar o controle social e inibir práticas de corrupção.
O controle social pode ser entendido como a participação do cidadão na Gestão Pública, na fiscalização, no monitoramento e no
controle das ações da Administração Pública, ele trata-se de um importante mecanismo de prevenção da corrupção e de fortalecimento
da cidadania.
A preocupação em se estabelecer um controle social forte e atuante torna-se ainda maior, em razão da extensão territorial do país e
da descentralização geográfica dos órgãos públicos integrantes dos diversos níveis federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pios). No caso destes, há que considerar, ainda, o seu grande número. Por isso, a fiscalização da aplicação dos recursos públicos precisa ser
feita com o apoio da sociedade.
O controle social é um complemento indispensável ao controle institucional realizado pelos órgãos que fiscalizam os recursos públicos.
Essa participação é importante porque contribui para a boa e correta aplicação dos recursos públicos, fazendo com que as necessidades
da sociedade sejam atendidas de forma eficiente.
No entanto, para que os cidadãos possam desempenhar de maneira eficaz o controle social, é necessário que sejam mobilizados e
recebam orientações sobre como podem ser fiscais dos gastos públicos.
O PPA apresenta os critérios de ação e decisão que devem orientar os gestores públicos (Diretrizes); estipula os resultados que se bus-
ca alcançar na gestão (Objetivos), inclusive expressando-os em números (Metas) e delineia o conjunto de ações a serem implementadas
(Programas).
66 Controladoria Geral da União. Controle Social: Orientações aos cidadãos para participação na gestão pública e exercício do controle social. Brasília, 2012.
178
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O PPA também indica os meios para se atingir os objetivos de O art. 58 desse estatuto informa que empenho é “o ato emana-
um programa, podendo assumir a forma de projetos, atividades do de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de
ou operações especiais (Ações). Projetos são trabalhos específicos, pagamento, pendente ou não de implemento de condição”.
com prazo e produto final. Atividades são operações de um traba- Se o empenho é obrigação de pagamento, não é o pagamento
lho continuado, a fim de manter ações já desenvolvidas. propriamente dito. É preciso que a despesa empenhada seja liqui-
Operações especiais são ações que, em tese, não contribuem dada. Conforme o art. 68 da Lei n.º 4.320/1964, liquidação é a “ve-
para a manutenção das ações do governo, como o pagamento de rificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos
servidores inativos. e documentos comprobatórios do respectivo crédito”.
A LDO dispõe sobre as metas e prioridades para a Administra- Somente após essa fase o pagamento deve ser efetuado, mas
ção Pública, os critérios para a elaboração da LOA, as alterações da não por qualquer pessoa, apenas por despacho de autoridade com-
legislação tributária e as formas de financiamento do orçamento. petente, em documentos processados pela contabilidade do órgão
Dispõe ainda sobre política salarial e concursos públicos e estabe- realizador da despesa.
lece os percentuais de recursos que serão descentralizados para os Por isso, após participar da elaboração das peças orçamentá-
Poderes e Administração Indireta, como fundações, autarquias e rias, a sociedade deve acompanhar de perto a execução das des-
sociedades de economia mista. Elege, a partir do PPA, os programas pesas públicas, nas três fases descritas acima, para evitar desvio e
e metas físicas a serem executados, sempre no exercício seguinte desperdício dos recursos públicos.
ao de sua elaboração. A LOA se ocupa de definir as fontes de arreca-
dação, estimar as receitas e prever as despesas para o ano seguinte Formas de Exercício do Controle Social
ao de sua elaboração. O controle social pode ser exercido pelos conselhos de políti-
Na LDO, igualmente, pode e deve participar da decisão que cas públicas ou diretamente pelos cidadãos, individualmente ou de
elege os programas a serem executados no exercício seguinte, pois forma organizada.
somente assim será garantida uma governança democrática, que
melhor atenda às necessidades da comunidade. O Controle Social exercido pelos Conselhos
A sociedade deve também participar da deliberação que aloca Conforme citado, os conselhos são instâncias de exercício da
os recursos públicos para a execução do programa de trabalho do cidadania, que abrem espaço para a participação popular na gestão
governo de sua unidade federativa. pública. Nesse sentido, os conselhos podem ser classificados con-
A sociedade deve participar não apenas da elaboração dos ins- forme as funções que exercem. Assim, os conselhos podem desem-
trumentos de planejamento (PPA, LDO e LOA), mas, inclusive, do penhar, conforme o caso, funções de fiscalização, de mobilização,
processo de apreciação e votação nas casas legislativas. de deliberação ou de consultoria.
A função fiscalizadora dos conselhos pressupõe o acompanha-
Controle Social da execução das Despesas Públicas mento e o controle dos atos praticados pelos governantes.
Encerrada a fase de elaboração, apreciação, votação e apro- A função mobilizadora refere-se ao estímulo à participação
vação das peças orçamentárias, inicia-se a fase de execução. É o popular na gestão pública e às contribuições para a formulação e
momento da realização dos fins públicos estabelecidos na Consti- disseminação de estratégias de informação para a sociedade sobre
tuição. Por isso, a sociedade deve se organizar para participar da as políticas públicas.
gestão desses recursos, em conjunto com os agentes públicos. A função deliberativa, por sua vez, refere-se à prerrogativa dos
Nosso ordenamento jurídico estabelece algumas regras para conselhos de decidir sobre as estratégias utilizadas nas políticas pú-
que as despesas não se realizem arbitrariamente. Essas regras es- blicas de sua competência, enquanto a função consultiva relaciona-
tão contidas, principalmente, na Lei das Finanças Públicas, a Lei -se à emissão de opiniões e sugestões sobre assuntos que lhes são
n.º4.320/1964, na Lei das Licitações, a Lei n.º 8.666/1993 e na Lei correlatos.
de Responsabilidade Fiscal, a Lei Complementar n.º 101/2000. A legislação brasileira prevê a existência de inúmeros conselhos
A Lei n.º 8.666/1993 estabelece, por sua vez, que as despesas de políticas públicas, alguns com abrangência nacional e outros cuja
devem ser efetuadas, sem privilegiar um ou outro fornecedor dos atuação é restrita a estados e municípios.
produtos, obras ou serviços. Isto é, o gestor público deve observar
o princípio constitucional da isonomia (igualdade de todos peran- O Direito à Informação e o Controle Social
te a lei). Por outro lado, deve sempre selecionar a proposta mais A participação ativa do cidadão no controle social pressupõe a
vantajosa para a Administração, conjugando com razoabilidade os transparência das ações governamentais.
critérios de preço e técnica. Esse portal reúne informações sobre o uso do dinheiro público
Assim, as obras, serviços, compras, alienações, concessões, pelo Governo Federal e os disponibiliza para todo o cidadão brasilei-
permissões e locações da Administração Pública, quando contra- ro, privilegiando uma relação governo sociedade fundada na trans-
tadas com terceiros, devem ser, em regra, precedidos de licitação, parência e na responsabilidade social. O governo deve propiciar ao
que deve ser processada e julgada em estrita conformidade com os cidadão a possibilidade de entender os mecanismos de gestão, para
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, que ele possa influenciar no processo de tomada de decisões. O
da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vin- acesso do cidadão à informação simples e compreensível é o ponto
culação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos de partida para uma maior transparência.
que lhes são correlatos. A transparência da gestão pública e das ações do governo de-
Segundo a Lei n.º 4.320/1964, toda despesa efetuada na Admi- pende, portanto:
nistração Pública, de qualquer dos entes federativos (União, esta- • Da publicação de informações;
dos, Distrito Federal e municípios) deve seguir três estágios: empe- • De espaços para a participação popular na busca de soluções
nho, liquidação e pagamento. para problemas na gestão pública;
179
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
• Da construção de canais de comunicação e de diálogo entre a Accountability, por tratar de responsabilidade, tem a ver com o
sociedade civil e o governante; conceito de ética ligado às questões que envolvem responsabilidade
• Do funcionamento dos Conselhos, órgãos coletivos do poder social, imputabilidade, obrigações e prestação de contas. O termo é
público e da sociedade civil com o papel de participar da elabora- considerado, segundo o IFAC, um aspecto central da governança na
ção, execução e fiscalização das políticas públicas; Administração Pública, entendida como accountability política, ou
• Da modernização dos processos administrativos, que, muitas seja, responsabilidade dos governos, servidores públicos e políticos
vezes, dificultam a fiscalização e o controle por parte da sociedade perante o legislativo e a sociedade.
civil; Parece haver consenso, na literatura, de que o fundamento dos
• Da simplificação da estrutura de apresentação do orçamento sistemas democráticos está verdadeiramente na accountability, já
público, aumentando assim a transparência do processo orçamen- que a informação é um pressuposto básico da transparência dos
tário. negócios públicos em uma verdadeira e legítima democracia. Sem
informação apropriadas a respeito da gestão pública, os cidadãos
Para que o controle social possa ser efetivamente exercido, é ficam privados de realizar julgamentos adequados em relação aos
preciso, portanto, que os cidadãos tenham acesso às informações atos praticados por seus governantes.
públicas. Essa transparência implica, no entanto, um trabalho simul- No contexto da Lei de Responsabilidade Fiscal, essa obrigação
tâneo do governo e da sociedade: o governo, levando a informação ganha dimensões relevantes, haja vista o conjunto de sanções que
à sociedade; a sociedade, buscando essa informação consciente de dela resultam para as autoridades públicas que sonegarem infor-
que tudo o que é público é de cada um de nós. mações sobre suas práticas. Esse tema tem sido tratado com tanto
interesse ultimamente que já se considera como imprescindível o
fortalecimento de instituições independentes do governo para ofe-
ACCOUNTABILITY recer à coletividade as informações necessárias ao efetivo exercício
da cidadania.
Accountability67 Outro termo utilizado nesse contexto é a “responsividade”, em
É um termo inglês, originado do latim accomptare (tomar em que os governantes responsivos obedecem aos desejos ou às de-
conta), derivado da forma prefixada computare (computar), que terminações dos cidadãos (o que os levaria a adotar políticas para
por sua vez deriva de putare (calcular), sem tradução literal para o atender a esses desejos). Os governos são responsivos “quando
português – como forma mais próxima tem-se usado responsabili- promovem os interesses dos cidadãos, adotando políticas escolhi-
zação, que se relaciona à obrigação de prestar contas, pelo mem- das pelos cidadãos” (Araújo; Gomes, 2006).
bros de um órgão administrativo ou representativo a instâncias con- A responsividade não é um termo autônomo, ela se vincula ao
troladoras ou aos seus representados. Numa tradução mais rude, termo accountability, como um de seus elementos, assim como a
pode-se confundir com o próprio termo prestar contas. responsabilidade. Segundo Lamartine Braga et al. (2008), o governo
De acordo com Matias-Pereira (2010), accontability refere-se a responsivo:
um conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os gesto- “Executa fielmente as políticas do dia a dia; satisfaz as necessi-
res governamentais a prestar contas dos resultados de suas ações, dades dos grupos de clientes; comunica-se e toma conselhos; usa
de forma que permita aos cidadãos verificarem se os governantes políticas atuais que satisfazem as necessidades dos cidadãos envol-
estão agindo em função dos interesses da coletividade. vidos”.
A accontability pressupõe que, ao desempenhar função rele- Num ambiente democrático há um forte aspecto político no
vantes na sociedade, vem-se, sistematicamente, relatar as ações accountability. Para Adam Przeworski (1996), há accountability
realizadas, as motivações para a realização dessas ações, a forma nos governos quando “os cidadãos têm possibilidade de discernir
como essas ações foram realizadas na sequência. Trata-se de um aqueles que agem em seu benefício”, e assim são capazes de lhes
procedimento de avaliação quantitativa e qualitativa, por meio do conceder aprovação e/ou lhes impor sanções, de forma que “os
qual se dá publicidade ao realizado, buscando ainda justificar as governantes que atuam em prol do benefício dos cidadãos sejam
possíveis falhas. Nesse sentido, o dever de prestar contas é ainda reeleitos, e os que não o fazem sejam derrotados”.
maior quando a função é pública, uma vez que se trata do desem- O accountability legal é o que decorre das normas jurídicas vi-
penho de cargos que lidam com o dinheiro dos contribuintes. gentes. Na literatura há menção a três tipos de accountability: o
De acordo com o TCU, prestar contas sempre trouxe a cono- Horizontal e o Vertical, estabelecidos por Guillermo O’donnel, e o
tação de dar informação sobre pessoa ou coisa (incluindo valores) SOCIETAL.
pela qual se é responsável. Assim, a função do instituto da presta-
ção de contas parte da obrigação social e pública de prestar infor- Accountability Horizontal: ocorre através da mútua fiscaliza-
mações sobre algo pelo qual é responsável (atribuição, dever). Esse ção e controle existente entre os poderes (os freios e contrapesos),
conceito é a base da transparência e do controle social, definições ou entre os órgãos, por meio dos Tribunais de Contas ou Controla-
mais próximas do termo governança, que por sua vez decorre do dorias Gerais e agências fiscalizadoras – pressupõe uma ação entre
conceito de accuontability. iguais ou autônomos. Esse accountability refere-se à “transparência
Ainda de acordo com o TCU, o instituto da prestação de contas das ações da gestão pública em relação aos agentes que podem fis-
iniciou o seu desenvolvimento a partir das ciências Contábeis, como calizá-las e puni-las” (Marcelo Amaral, 2007). O accountability hori-
elemento de registro dos lançamentos de débito ou crédito relati- zontal pressupõe que existam órgãos próprios de Estado detentores
vos a operações comerciais e financeiras. de “poder e capacidade, legal e de fato, para realizar ações, tanto
de monitoramento de rotina quanto de imposição de sanções cri-
67 PETER, M. G. A; MACHADO, M. V. V. Manual de contabilidade Governamen-
tal. 2 Ed. – São Paulo: Atlas 2014.
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
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EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
De acordo com Cunha69, as tecnologias de informação e comunicação, de fato, abriram oportunidades para transformar o relaciona-
mento entre governo, cidadão, sociedade civil organizada e empresas, contribuindo para alcançar a boa governança e, especialmente na
dimensão da transparência.
A Governança Eletrônica abrange três grandes ramos:
1. e-administração,
2. e-serviços e
3. e-democracia.
A e-administração é um suporte digital para a implementação de políticas públicas, como, por exemplo, a obrigatoriedade de publica-
ção dos resultados, baseada na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que busca a transparência do uso do dinheiro público.
De acordo com Gerzson e Müller70, a sociedade passa por um momento de reavaliação de sua participação no próprio envolvimento
das ações públicas. É indicado ainda que a contemporaneidade tem exigido reposicionamento desse paradigma referente às relações
entre organizações públicas e seus públicos, como citado pelos autores:
A sociedade está exigente no que se refere aos seus direitos, inclusive o de ser bem atendido. Ao mesmo tempo em que surge essa
consciência, as práticas de comunicação pública passam por crises de identidade e se percebe a importância da adoção de práticas mais
democráticas e direcionas, em oposição ao viés de massificação historicamente adotado pelo setor público.71
Temos então, um governo que, além de ter que se adaptar aos recursos tecnológicos de informação, é também obrigado a utilizar
destes meios para cumprir a lei. Por outro lado, a população, diferente de outrora, busca as informações disponibilizadas de maneira ainda
tímida, para entender e participar de decisões, nem que seja, em último caso, por meio do voto, ajudando a não eleger algum represen-
tante que se demonstre “indigno” de ocupar um cargo público.
Gomes Filho72, salienta que informação gera mais informação, ou seja, a partir do momento em que o gestor publica dados, a sua
divulgação, tanto pelos órgãos oficiais como pela mídia, acaba gerando o debate entre a sociedade e fortificando a democracia. Quanto
a isto, o autor cita: “Essa emergência da informação, como consequência dos processos de informatização, montou o cenário favorável à
promoção da transparência. ”
As pessoas naturalmente tendem a avaliar positivamente a transparência no relacionamento humano, com o avanço dos processos
que definem a globalização, aumentou a transparência, na medida em se derrubaram barreiras, se transpuseram fronteiras e se venceram
limites que separavam as pessoas, dando margem a um ambiente de valorização da liberdade. E um ambiente de liberdade oferece as
condições para que crie uma cultura da informação. E informação gera mais informação.73
Por isso é conveniente distinguirmos os meios de comunicação com a comunicação em si, pois, enquanto a comunicação representa
um processo social primário, os chamados meios de comunicação de massa constituem apenas uma mediação tecnológica em relação a
esse processo.
Ferreira74 discorre que todo processo de comunicação deve ser analisado sob a ótica de três elementos:
- Os públicos;
- Os profissionais da comunicação; e
- As mediações.
69 CUNHA, M. A. V. C.; Meios eletrônicos e transparência: a interação do vereador brasileiro com o cidadão e o poder executivo. In: Congreso Internacional del clad
sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Santiago, Chile, 2005.
70 GERZSON, V. R. S., & MÜLLER, K. M.; PROCAC/Canoas: comunicação pública e relacionamento com o cidadão. Revista FAMECOS, Porto Alegre, 2009.
71 Idem
72 GOMES FILHO, A. B.; O desafio de implementar uma gestão pública transparente. In: Congreso Internacional del clad sobre la Reforma del Estado y de la Adminis-
tración Pública, Santiago, Chile, 2005.
73 GOMES FILHO, A. B.; O desafio de implementar uma gestão pública transparente. In: Congreso Internacional del clad sobre la Reforma del Estado y de la Adminis-
tración Pública, Santiago, Chile, 2005
74 http://www.faac.unesp.br/publicacoes/anais-comunicacao/textos/34.pdf
182
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Para melhor compreender esse quadro, diversos autores discor- Ascendente: concede aos subordinados a oportunidade de se
rem sobre a comunicação pública, não como maneira de manejar exprimirem e se sentirem parte integrante da instituição. Para além
a massa com informações com cunho de promoção de um grupo disso, permite aos gestores conhecerem melhor a realidade organi-
político, mas como um caminho para democratizar a informação zacional e saberem se a comunicação descendente atingiu os alvos
de forma que o cidadão se sinta mais preparado para interpretar, pretendidos, e se está a ser corretamente utilizada ou implemen-
questionar, discutir e, por que não, participar de decisões políticas tada.
por intermédio de associações, ONGs, entidades ligadas ao poder
público, partidos políticos e pela escolha no voto de suas decisões. Lateral / Horizontal: este fluxo, é o que decorre entre pessoas
Segundo Duarte75 “a Comunicação Pública ocupa-se da viabili- do mesmo nível hierárquico. Prossegue três funções principais: a
zação do direito social coletivo e individual ao diálogo, à informa- Coordenação do Trabalho, a Partilha de Informações e a Resolução
ção e à expressão. Assim, fazer comunicação pública é assumir a de Problemas Interdepartamentais.
perspectiva cidadã na comunicação envolvendo temas de interesse
coletivo”. Diagonal: é a menos frequente – pelo menos do ponto de vista
Para Lopes76, no lugar de uma relação meramente unidirecional, formal. É especialmente importante, quando as pessoas não po-
na qual o governo provê o cidadão com as informações que julga dem comunicar de modo eficaz, através de outros canais.
pertinente utilizando apresentação e edição que entende adequa-
das, a teoria política contemporânea entende que o envolvimento Barreiras na Comunicação
dos cidadãos nas políticas públicas deve ser bidirecional. Segundo Lopes81, as barreiras na comunicação podem estar pre-
Tal prática, aliada à melhora da transparência governamental, sentes em todo e em qualquer processo de comunicação. Pode-se
tende a reduzir de maneira considerável a assimetria de informa- dizer que é mais provável que ocorra interferência quando a mensa-
ção e, consequentemente, os abusos cometidos pelas autoridades gem é complexa, provoca emoções ou se choca com o estado men-
governamentais. O cidadão deve ser mais do que um simples apoia- tal do receptor. Dessa forma, faz-se necessário descrever, de modo
dor da democracia por meio do voto, mas que deve ter acesso a to- sucinto, alguns aspectos que interferem:
dos os mecanismos necessários para agir como membro de algum
grupo de interesse, para que possa exercer de fato a tão propalada Semântica: está relacionado ao significado diferente que as
“cidadania” em um ambiente de efetiva “poliarquia”. 77 pessoas vinculam às palavras, nesta situação, é provável que um
Lopes78 afirma que, quando se trata da falta de informação em sujeito atribua um significado errado a uma palavra ou a uma co-
relação aos órgãos públicos, “o silêncio é a arma do poder que omi- municação não-verbal.
te dados”. O autor comenta também que governar não é algo fá-
cil, considerando que o interesse público diverge muitas vezes, por Filtragem da informação negativa: ocorre principalmente de
exemplo, entre moradores de uma mesma rua, pois o que pode ser baixo para cima e tende a filtrar os efeitos negativos para não desa-
feito para o benefício geral pode agradar a um morador, mas desa- gradar aos superiores. Além disso, a filtragem ocorre quando há um
gradar a outro. histórico de punições por parte da gerência executiva com os porta-
Por isto, “governar é avaliar, analisar, debater e optar entre pos- dores de más notícias e também quando uma mensagem é passada
sibilidades quase infinitas de ações que, normalmente trazem be- por várias pessoas, causando perda de informações e distorções da
nefícios para alguns e malefícios para outros”. Mesmo assim, não mensagem original.
satisfazendo a todos, cabe ao gestor informar o que está sendo feito
para justificar o emprego do dinheiro público. Credibilidade do transmissor: é um dos elementos
fundamentais para uma liderança eficaz. Quanto mais confiável for
O Fluxo de Comunicação Interna79 a fonte ou transmissor, maior será aceitação da mensagem.
Segundo Rego80, existem assim, no seio de uma instituição qua-
tro fluxos de comunicação: Sinais misturados: estão intimamente associados à postura do
Descendente: Consubstancia-se em instruções de trabalho, di- gestor e àquilo que ele enuncia, ou seja, é necessário apresentar
retrizes, repreensões e elogios, palestras de divulgação, procedi- coerência entre o que ele fala e como se comporta.
mentos, avisos, informações, circulares, manuais, publicações da
instituição. A sua eficácia é afetada pelas competências de comuni- Diferentes estruturas de referência: envolve pontos de vista e
cação dos gestores e dos colaboradores, pelas filtragens verificadas perspectivas baseadas em experiências passadas.
nas várias passagens da informação ao longo da cadeia hierárquica,
e pelas diversas barreiras. Julgamento de valor: é fazer julgamentos antes de receber
a mensagem completamente. Um julgamento apressado induz a
75 http://www.jforni.jor.br/forni/files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf pessoa a ouvir apenas a parte que lhe interessa. É possível que um
76 http://www.yoemito.com/apoyo/MariaVassallo.pdf precipitado julgamento de valor leve o indivíduo a imediatamente
77 Idem desconsiderar a mensagem, mesmo após tê-la ouvido em sua
78 Idem totalidade.
79 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Professor
Doutor João Pedro Almeida Couto.: Professora Doutora Maria Manuela dos San- Sobrecarga de comunicação: refere-se à questão que os fun-
tos Natário. Disponível em: http://bdigital.ipg.pt/dspace/bitstream/10314/1290/1/ cionários precisam receber informações para desempenhar os seus
GAP%20-%20Catarina%20%20Isabel%20D%20F%20Grilo.pdf. trabalhos e a barreira é quando não se passa a informação necessá-
80 REGO, F. G. T.; Comunicação empresarial, comunicação institucional. SP, ria para execução da tarefa ou se passa informação demais, ocasio-
1986. 81 http://www.yoemito.com/apoyo/MariaVassallo.pdf
183
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
nando uma sobrecarga de informação em que os funcionários não dar atendimento às exigências de informação e tratamento justo
conseguem absorver tudo. Aqui cabe ressaltar que a comunicação por parte do cidadão em sua relação com o Estado e instituições,
eletrônica contribui para o problema do excesso de informação, à do consumidor com as empresas e entre todos os agentes sociais.
medida que facilita as transmissões de informações e também devi- Levou, por exemplo, ao surgimento do conceito de compor-
do a sua velocidade e alcance. tamento empresarial socialmente responsável no setor privado
(mesmo que muitas vezes subordinado a estratégias comerciais),
Para superar todas estas barreiras faz-se imprescindível: ao empoderamento do terceiro setor e a uma maior demanda por
- Esclarecer as ideias antes de comunicá-las, o que evita distor- transparência no setor público. Todas as conquistas devem ser rela-
ções na semântica; tivizadas, mas permitem identificar importante evolução.
- Motivar o receptor “prendendo” sua atenção no momento da As mudanças, entretanto, não parecem ter despertado um sen-
transmissão da mensagem de modo a apelar para seus interesses timento coletivo de valorização da cidadania ou de satisfação com
ou necessidades; a representação democrática. O cidadão parece considerar os go-
- Discutir as diferenças dos padrões de referência de forma a vernos como algo não relacionado à sua vida e tornam-se um tanto
saber e entender que as pessoas têm paradigmas diferentes que cínicas com relação à política e à capacidade dos governantes de
interferem no modo como elas interpretam os acontecimentos; buscar o interesse público.
- Transformar a comunicação informal numa aliada e fazer com Mais do que simples desinteresse do indivíduo em ser sujeito
que encontros casuais dentro da organização se transforme num da ação, muitas vezes a apatia e a falta de formação política são
canal positivo, além de aproximar a direção de sua equipe de traba- resultado do cruzamento entre desinformação, falta de oportuni-
lho; comunicar os sentimentos implícitos nos fatos, o que propor- dades de participação e descrédito com a gestão pública. Pesquisa
ciona maior força e convicção à mensagem; realizada pelo Ibope em 2003 para o Observatório da Educação e
- Tomar cuidado com o comportamento não-verbal, dar o fee- da Juventude mostrou que enquanto 44% dos brasileiros desejam
dback de maneira a fazer perguntas, encorajando o receptor a influenciar políticas públicas, 56% não têm interesse.
demonstrar suas reações, sendo fundamental também ouvir para
saber se a mensagem foi realmente entendida, ou melhor, se o O que chama a atenção, é que, dos não-interessados, 35% di-
transmissor da mensagem fez-se entender (LOPES, 2004). zem que não desejam simplesmente porque não tinham informa-
ções sobre como fazê-lo. Além do desconhecimento sobre como
Portanto, para obter melhores resultados no processo da comu- influenciar políticas públicas, ou sobre qual o papel e responsabi-
nicação é necessário saber ouvir, falar, ter habilidade para transmi- lidade dos diferentes entes federativos na execução das ações pú-
tir uma mensagem utilizando linguagem adequada, e possuir tam- blicas, é frequente a divulgação de resultados de pesquisas que in-
bém habilidade de leitura e compreensão. A comunicação eficiente dicam baixo índice de lembrança do eleitor sobre em quem voltou
é muito mais do que o emprego de uma mesma linguagem, uma vez na última eleição, o que sugere uma de crise de representatividade.
que envolve identificação, reconhecimento e respeito às diferenças Nesse ambiente, a Comunicação Pública (CP) torna-se uma das
entre indivíduos no que se refere aos modos de pensar, sentir e agir. ideias mais vigorosas, não apenas para aqueles que atuam no ter-
Através do processo de comunicação organizacional é possível ceiro setor e no governo, mas também no ensino de comunicação,
encorajar ideias, diálogos, parcerias, mudanças e envolvimento no setor político e até mesmo na área privada.
emocional, pois as relações interpessoais são a alma da empresa, A comunicação, sabe-se, é energia que dá vida às organizações;
capazes de gerar um maior comprometimento de todos, para me- por isso, administrá-la, na área privada, é essencial para a eficiência
lhores índices de qualidade e produtividade. e até sobrevivência num ambiente altamente instável, volátil e crí-
tico. No ambiente de interesse público, há responsabilidade maior,
A Comunicação Pública82 do atendimento ao direito do cidadão de ter capacidade de agir em
Comunicação Pública é um conceito que tem origem na noção seu próprio interesse e na viabilização das demandas coletivas nas
de comunicação governamental. A raiz da evolução está na viabi- mais diversas áreas.
lização da democracia e na transformação do perfil da sociedade A Comunicação Pública ocorre no espaço formado (veja quadro)
brasileira a partir da década de 1980. As duas grandes referências pelos fluxos de informação e de interação entre agentes públicos e
originais em comunicação governamental no século XX, registram atores sociais (governo, Estado e sociedade civil – inclusive parti-
viés autoritário. dos, empresas terceiro setor e cada cidadão individualmente) em
Durante a década de 1930, o governo federal definiu políticas temas de interesse público.
de controle de informações, cujo apogeu se deu entre 1939 e 1945, Ela trata de compartilhamento, negociações, conflitos e acor-
por meio do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e uma dos na busca do atendimento de interesses referentes a temas de
rede nacional que buscava controlar e orientar a imprensa. Durante relevância coletiva. A Comunicação Pública ocupa-se da viabilização
o regime militar, foi organizado o Sistema de Comunicação Social no do direito social coletivo e individual ao diálogo, à informação e ex-
âmbito do governo, cujos focos eram propaganda e censura. pressão. Assim, fazer comunicação pública é assumir a perspectiva
Com o fim da censura e a redemocratização, o panorama mu- cidadã na comunicação envolvendo temas de interesse coletivo.
dou. A Constituição de 1988, a transformação do Papel do Estado,
o Código de Defesa do Consumidor, a terceirização e a desregula-
mentação, a atuação de grupos de interesse e movimentos sociais
e o desenvolvimento tecnológico estabeleceram um sistema de
participação e pressão que forçou a criação de mecanismos para
82 DUARTE, J. Comunicação Pública. Disponível em: http://www.jforni.jor.br/forni/
files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf.
184
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O modelo acima é a simplificação de determinada complexidade para fins de descrição e análise. No desenho, a proposta de modelo
de campo da comunicação pública, com a distinção de alguns dos principais atores.
Dentro do círculo os atores cujas ações e comunicações necessariamente dizem respeito ao interesse coletivo, a imprensa, cidadão,
entidades representativas e empresas praticam ações e comunicações de natureza privada e também de natureza pública.
É útil, aqui, tentar estabelecer diferenças entre alguns conceitos para ajudar a avançar a discussão. A comunicação governamental
diz respeito aos fluxos de informação e padrões de relacionamento envolvendo os gestores e a ação do Estado e a sociedade. Estado,
nesse caso, é compreendido como o conjunto das instituições ligadas ao Executivo, Legislativo e Judiciário, incluindo empresas públicas,
institutos, agências reguladoras, área militar e não deve ser confundido com governo.
A gestão administrativa e política do aparato do Estado é responsabilidade do governo. Este é apenas o gestor transitório daquele. Os
agentes são a elite política e todos os integrantes das instituições públicas, representantes eleitos, agentes públicos nomeados e funcio-
nários de carreira.
A comunicação política trata do discurso e ação de governos, partidos e seus agentes na conquista da opinião pública em relação a
ideias ou atividades que tenham a ver com poder político, relacionado ou não a eleições. A comunicação pública diz respeito à interação e
ao fluxo de informação relacionados a temas de interesse coletivo.
O campo da comunicação pública inclui tudo que diga respeito ao aparato estatal, às ações governamentais, partidos políticos, terceiro
setor e, em certas circunstâncias, às ações privadas. A existência de recursos públicos ou interesse público caracteriza a necessidade de
atendimento às exigências da comunicação pública.
As interfaces entre as diversas áreas são várias e as linhas divisórias, fluidas – até etéreas. O desafio da CP (Comunicação Pública), em
colocar a perspectiva do conjunto da sociedade e do indivíduo-cidadão acima das instâncias governamentais, privadas, midiáticas, pes-
soais e políticas é o que, de alguma maneira, unifica o conjunto.
Adotam-se como referência, para tratar de CP, conceitos como cidadania, democratização, participação, diálogo, interesse público.
Mais poder para a sociedade, menos para os governos; mais comunicação, menos divulgação; mais diálogo e participação, menos dirigis-
mo, são algumas das premissas.
A ideia-chave talvez seja a de espírito público, o compromisso de colocar o interesse da sociedade antes da conveniência da empresa,
da entidade, do governante, do ator político. O objetivo central é fazer com que a sociedade ajude a melhorar a própria sociedade.
Nesse trabalho de qualificar a gestão do público, a CP pode ser fundamental para:
a) Identificar demandas sociais;
b) Definir conceitos e eixos para uma ação pública coerente e integrada;
c) Promover e valorizar o interesse público;
d) Qualificar a formulação e implementação de políticas públicas;
e) Orientar os administradores em direção a uma gestão mais eficiente;
f) Garantir a participação coletiva na definição, implementação, monitoramento, controle e viabilização, avaliação e revisão das políti-
cas e ações públicas;
g) Atender as necessidades do cidadão e dos diferentes atores sociais por obter e disseminar informações e opiniões, garantindo a
pluralidade no debate público;
h) Estimular uma cidadania consciente, ativa e solidária;
i) Melhorar a compreensão sobre o funcionamento do setor público;
j) Induzir e qualificar a interação com a gestão e a execução dos serviços públicos; e
k) Avaliar a execução das ações de interesse coletivo.
185
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Informação e Comunicação83 ser trocada entre pessoas, escrita, gesticulada, falada, utilizada para
As informações, no âmbito da CP, podem ser agrupadas, para tomada de uma decisão. É a principal matéria prima, um insumo
efeito didático, nas seguintes categorias: comparável à energia que alimenta um sistema.
a) Institucionais: referentes ao papel, responsabilidades e funcio- É o elo da interação e da transmissão do conhecimento. Atores
namento das organizações – o aparato relativo à estrutura, políticas, e agentes geram, transformam, buscam, usam e disseminam
serviços, responsabilidades e funções dos agentes públicos, poderes, informações de variados tipos. Mas a simples existência de
esferas governamentais, entes federativos, entidades, além dos di- informação não necessariamente significa comunicação eficiente.
reitos e deveres do cidadão. O que esperar, onde buscar e reclamar. Ela pode ser inútil, manipulada, mal compreendida ou não che-
b) De gestão: relativos ao processo decisório e de ação dos agentes gar no momento adequado. Informação é apenas a nascente do
que atuam em temas de interesse público. Incluem discursos, metas, processo que vai desaguar na comunicação viabilizada pelo acesso,
intenções, motivações, prioridades e objetivos dos agentes para escla- pela participação, cidadania ativa, diálogo.
recer, orientar e municiar o debate público. O cidadão e os diferentes Um dos principais atores no campo da comunicação pública é a im-
atores precisam saber o que está acontecendo em temas relacionados prensa. Ela estabelece espaço público indispensável de informação, de-
a acordos, ações políticas, prioridades, debates, execução de ações. bate e formação da opinião na democracia contemporânea. É otimismo,
c) De utilidade pública: sobre temas relacionados ao dia-a-dia entretanto, imaginar que imprensa livre seja suficiente para a viabiliza-
das pessoas, geralmente serviços e orientações. Imposto de renda, ção do acesso pleno à informação ou concretização da mediação social.
campanhas de vacinação, sinalização, causas sociais, informações Além das idiossincrasias e restrições naturais de formato (infor-
sobre serviços à disposição e seu uso são exemplos típicos. mação superficial, objetiva), direcionamento (unilateral) e alcance
d) De prestação de contas: dizem respeito à explicação e esclare- (limitado, mesmo nos de maior público), no dia a dia, cada veículo
cimento sobre decisões políticas e uso de recursos públicos. Viabiliza de comunicação de massa estabelece seus próprios critérios de se-
o conhecimento, avaliação e fiscalização da ação de um governo; leção de temas, conteúdo e opiniões e a maneira de apresentá-los.
e) De interesse privado: as que dizem respeito exclusivamente A autorregulação da linha editorial faz com que alguns poucos ato-
ao cidadão, empresa ou instituição. Um exemplo: dados de imposto res pré-selecionados estabeleçam o debate substantivo no noticiário,
de renda, cadastros bancários; e tornem o público simples destinatário da troca de mensagens já me-
f) Mercadológicos: referem-se a produtos e serviços que parti- diada. A imprensa pode e deve ser livre, mas não oferece comunicação
cipam de concorrência no mercado; e a todos, nem na emissão nem na recepção – e não atua na perspectiva
g) Dados públicos: informações de controle do Estado e que de participação e formação de consensos, até mesmo porque, além de
dizem respeito ao conjunto da sociedade e a seu funcionamento. fórum de debate, também é integrada, em grande medida, por atores
Exemplos: normas legais, estatísticas, decisões judiciais, documen- privados comprometidos com seus próprios interesses.
tos históricos, legislação e normas. Sociedades democráticas como a brasileira exigem refinamen-
to nas estratégias comunicativas e diversidade de instrumentos,
Parece óbvio que o cidadão, no seu relacionamento com a processos e agentes; que a transparência e o compromisso com o
estrutura pública, deve possuir informação consistente, rápida e cidadão sejam pré-requisitos; que os públicos tenham respeitada
adaptada às suas necessidades. Ele precisa saber quando pagar im- sua heterogeneidade; e que não seja subestimada a capacidade de
postos, onde e quando buscar uma vacina, como discutir as políti- interesse e participação.
cas públicas, conhecer as mudanças na legislação, como usufruir de A comunicação diz respeito à criação de formas de acesso e par-
seus direitos e expressar sua opinião. ticipação; à ampliação de redes sociais que permitam maior liga-
Ele precisa ser atendido, orientado, ter possibilidade de falar e ção entre os agentes públicos, os grupos de interesse e o cidadão.
saber que prestam atenção ao que diz. Assim, é espantoso como O estímulo à controvérsia, ao debate, ao confronto de opiniões, à
a comunicação de muitas instituições ainda tenda a ser limitada à consciência e exercício da cidadania, é apenas parte da pedagogia
publicidade e à divulgação – ou seja, predomine o viés do emissor. que busca compreensão, entendimento, satisfação e avanço no es-
Pensar em qualificar a comunicação, para muitos, ainda é au- tabelecimento do interesse social.
mentar o aparato tecnológico, o número de fontes de emissão de As possibilidades de aprimoramento da comunicação são ex-
informação, investir em bombardeio de informação persuasiva. traordinárias. Gerar comunicação de qualidade é mais do que au-
Parte do enfoque tem origem na compreensão de comunicação mentar a quantidade e potência das mensagens. Implica criar uma
como sinônimo de divulgação, na busca de convencimento. Um dos cultura de comunicação que perpasse todos os setores envolvidos
instrumentos-guia nessa discussão é a Constituição de 1988, em com o interesse público, o compromisso do diálogo em suas dife-
seu artigo 37, que estabelece a publicidade como um dos princípios rentes formas e de considerar a perspectiva do outro na busca de
da administração pública, e que ela “deverá ter caráter educativo, consensos possíveis e de avançar na consolidação da democracia.
informativo ou de orientação social”.
Surpreendentemente, entretanto, a amplitude do direito à co- Os instrumentos da Comunicação na Gestão Pública84
municação muitas vezes é reduzida à tese de que “o cidadão precisa Existem múltiplas formas de fortalecer a interlocução. Quanto
ser informado”, assumindo-o simples receptor e não reconhecendo maior a variedade, a especificidade e a facilidade de acesso e uso
sua capacidade de ser emissor, produtor de informações e agente dos instrumentos de CP pelos diferentes interessados, mais fortale-
ativo na interação. cida a cidadania. Para garantir o sucesso do empreendimento, a co-
Comunicação não se reduz à informação. Comunicação é um municação deve, necessariamente, ser assumida com visão global,
processo circular, permanente, de troca de informações e de mútua papel estratégico, planejamento, ação integrada, e visão de longo
influência. A troca de informações faz parte do processo de comu- prazo.
nicação. Informação é a parte explícita do conhecimento, que pode 84 DUARTE, J. Comunicação Pública. Disponível em: http://www.jforni.jor.br/forni/
83 http://www.jforni.jor.br/forni/files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf. files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf.
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15. (CREFITO – 4ª REGIÃO/(MG) - ANALISTA DE PESSOAL – 20. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS -
QUADRIX/2021) Acerca dos subsistemas e das vertentes da gestão INSTITUTO AOCP/2021) A respeito da gestão e mapeamento de
de pessoas, julgue o item. competências, julgue o seguinte item.
Suponha-se que uma empresa utilize a ferramenta 360 graus As competências comportamentais são importantes tanto
como forma de avaliação semestral e que, em seu dia a dia, um quanto as competências técnicas, não havendo a relação de supe-
analista a ser avaliado possua relação direta com o coordenador, rioridade entre elas.
outro analista (par), seu gerente e o assistente da área. Nesse caso, (...) CERTO
durante a época de avaliações e feedbacks, de acordo com a ava- (...) ERRADO
liação 360 graus, o analista será avaliado pelo coordenador, pelo
gerente e pelo diretor. 21. (CREFITO – 4ª REGIÃO/(MG) - ANALISTA DE PESSOAL –
(...) CERTO QUADRIX/2021) Segundo Chiavenato, a gestão de pessoas é uma
(...) ERRADO das áreas que mais têm passado por mudanças e transformações
nesses últimos anos, não somente em seus aspectos tangíveis e
16. (PM/MT - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - PM/MT/2021) concretos, mas também nos aspectos conceituais e intangíveis.
Sobre o modelo de Gestão de Competências, leia o texto. No mo- Com base nessa informação, julgue o item.
delo de Gestão por Competência a fase de __________________ A gestão por competências acredita que as pessoas são essen-
tem como foco identificar qual a diferença entre competências já ciais para a perpetuação da empresa e que, portanto, é essencial
existentes e aquelas necessárias para que a organização cumpra que haja alinhamento entre a estratégia organizacional e o colabo-
com sucesso a sua estratégia de atuação. Assinale a alternativa que rador.
preenche corretamente a lacuna. (...) CERTO
(A) implantação do sistema de retribuição e incentivos. (...) ERRADO
(B) acompanhamento e avaliação.
(C) formulação da estratégia da organização. 22. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS -
(D) mapeamento de competências. INSTITUTO AOCP/2021) Sobre gestão por competências, julgue o
(E) captação ou desenvolvimento de competências. seguinte item.
A gestão por competências não é algo isolado, depende da co-
17. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS - municação contínua e da colaboração dos demais setores, reforçan-
INSTITUTO AOCP/2021) A respeito da gestão e mapeamento de do as competências valorizadas pela instituição.
competências, julgue o seguinte item. (...) CERTO
Uma das vantagens de mapear competências é a identificação (...) ERRADO
das necessidades de desenvolvimento interno, sendo possível cor-
rigir processos para que se tornem mais eficazes. 23. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS -
(...) CERTO INSTITUTO AOCP/2021) A respeito da gestão e mapeamento de
(...) ERRADO competências, julgue o seguinte item.
As competências comportamentais são importantes tanto
18. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS - quanto as competências técnicas, não havendo a relação de supe-
INSTITUTO AOCP/2021) A respeito da gestão e mapeamento de rioridade entre elas.
competências, julgue o seguinte item. (...) CERTO
A primeira etapa do mapeamento de competências é a coleta (...) ERRADO
de dados com pessoas chave da organização visando levantar as
competências organizacionais e profissionais do campo institucio- 24. (CREFITO – 4ª REGIÃO/(MG) - ANALISTA DE PESSOAL –
nal. QUADRIX/2021) Segundo Chiavenato, a gestão de pessoas é uma
(...) CERTO das áreas que mais têm passado por mudanças e transformações
(...) ERRADO nesses últimos anos, não somente em seus aspectos tangíveis e
concretos, mas também nos aspectos conceituais e intangíveis.
19. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS - Com base nessa informação, julgue o item.
INSTITUTO AOCP/2021) Sobre gestão por competências, julgue o A gestão por competências acredita que as pessoas são essen-
seguinte item. ciais para a perpetuação da empresa e que, portanto, é essencial
A gestão por competências não é algo isolado, depende da co- que haja alinhamento entre a estratégia organizacional e o colabo-
municação contínua e da colaboração dos demais setores, reforçan- rador.
do as competências valorizadas pela instituição. (...) CERTO
(...) CERTO (...) ERRADO
(...) ERRADO
190
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
191
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
30. (CREFITO – 4ª REGIÃO/(MG) - ANALISTA DE PESSOAL – 34. (IMBEL - ENGENHEIRO DE CONTROLE DE QUALIDADE –
QUADRIX/2021) Acerca dos subsistemas e das vertentes da gestão FGV/2021) Na gestão de desempenho organizacional, o Balanced
de pessoas, julgue o item. Scorecard procura ligar o mapeamento estratégico da organização
Existem métodos, disponibilizados hoje no mercado, para a in- com um conjunto de medidores de desempenho, de forma a des-
vestigação da cultura organizacional. Um desafio a ser enfrentado tacar as nuances e as interligações entre as diversas áreas dessa or-
para esse tipo de pesquisa é a captação de valores e comportamen- ganização. Na implantação desse sistema, é necessário considerar
tos organizacionais vitais. alguns elementos conceituais, à exceção de um. Assinale-o.
(...) CERTO (A) Objetivos estratégicos.
(...) ERRADO (B) Iniciativas estratégicas.
(C) Relações de causa e efeito.
31. (PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN - AD- (D) Fatores críticos de sucesso.
MINISTRADOR – IBFC/2021) Organizações de sucesso trabalham o (E) Planejamento racional compreensivo.
aperfeiçoamento e a inovação de forma equilibrada, sendo ambos
importantes. Acerca desse assunto, analise as afirmativas abaixo. 35. (PG/DF - ANALISTA JURÍDICO – PSICOLOGIA - CESPE/CE-
I. O aprendizado organizacional e a inovação favorecem à criativi- BRASPE/2021) A respeito de organizações de aprendizagem, julgue
dade, experimentação e implementação de novas ideias. Também pro- o item subsequente.
movem a geração de ganhos sustentáveis para as partes interessadas. Para promover a aprendizagem organizacional, é importante
II. A inovação relaciona-se com flexibilidade e capacidade de avaliar continuamente o apoio de chefes e pares à aprendizagem
mudança em tempo hábil, frente a novas demandas das partes in- no trabalho, além do suporte material.
teressadas e alterações no contexto. (...) CERTO
III. O aprendizado organizacional e inovação visam o aumento (...) ERRADO
de competência para a organização e para a força de trabalho. Para
que isso ocorra é necessário que a percepção, reflexão, avaliação e 36. (MPE/AP - ANALISTA MINISTERIAL - ESPECIALIDADE:
compartilhamento dos conhecimentos. PSICOLOGIA - CESPE/CEBRASPE/2021) Acerca de clima e cultura
organizacionais, assinale a opção correta.
Assinale a alternativa correta (A) Entende-se por clima organizacional a abstração da percep-
(A) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. ção do ambiente de trabalho decorrente das experiências indi-
(B) Apenas a afirmativa II e III estão corretas. viduais e da leitura afetiva multinível efetuada pelo trabalhador
(C) As afirmativas I, II e III estão corretas. dessa experiência.
(D) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. (B) A cultura organizacional pode ser estudada com base em
várias perspectivas teóricas, mas, sendo um padrão de premis-
32. (IF/RJ – ADMINISTRADOR - IF/RJ/2021) Dentro do pro- sas compartilhadas de um grupo, tem como base a aprendiza-
cesso organizacional, _____________ é importante para que cada gem, a adaptação externa e a integração interna.
um conheça os limites da sua função, de seus direitos e deveres, (C) Existe pouco acordo sobre as dimensões de clima organi-
evitando também esforços duplicados. Assinale a alternativa que zacional. Como consequência, liderança, suporte, pressão, cla-
preenche, corretamente, a lacuna do texto: reza, coesão, justiça e autonomia foram excluídos da estrutura
(A) Divisão do trabalho. fatorial do constructo.
(B) Hierarquização da autoridade. (D) A relevância da gestão da cultura organizacional está no
(C) Competência técnica e mérito. fato de que ela segmenta e excluiu as dimensões de distância
(D) Profissionalização. do poder, evitação das incertezas e masculinidade/feminilida-
de do dimensionamento do constructo, tornando essa estraté-
33. (UFMT – ADMINISTRADOR – UFMT/2021) Desenvolvi- gia mais diretiva e clara.
mento Organizacional é uma estratégia educacional adotada para (E) Diagnóstico e clima organizacional se confundem porque
trazer à tona uma mudança organizacional planejada, exigida pelas ambos se realizam por meio de questionários e entrevistas. No
demandas às quais a organização tenta responder e que enfatiza entanto, a gestão do clima organizacional independe de diag-
o comportamento com base na experiência. O Desenvolvimento nóstico organizacional, uma vez que os instrumentos de clima
Organizacional demanda um processo. Quais as etapas presentes são psicometricamente válidos.
nesse processo?
(A) Planejamento; Implementação do Plano; Monitoramento 37. (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – GESTÃO –
dos resultados; Melhoria contínua (Ciclo PDCA). IBFC/2021) Os gestores das organizações formam equipes de tra-
(B) Análise da situação estratégica; Análise do Ambiente Exter- balho pelos mais diversos motivos. Sobre esses motivos, assinale a
no; Análise do Ambiente Interno; Definição do Plano Estratégi- alternativa incorreta.
co, contendo objetivos, estratégias funcionais e operacionais e (A) Melhoria de produtividade.
execução. (B) Necessidade de flexibilidade e agilidade nas decisões.
(C) Diagnóstico; Planejamento da ação; Sociograma; Definição (C) Diversidade da força de trabalho.
das alterações a serem perseguidas tendo em vista os objetivos (D) Melhoria da qualidade.
almejados; Implementação follow-up; Avaliação. (E) Redução de gastos com funcionários.
(D) Escolha do Líder da equipe; Identificação do problema;
Análise do ambiente institucional externo; Sensibilização da
equipe.
192
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
38. (CREMEPE - ANALISTA SUPERIOR – ADMINISTRADOR – 42. (CESPE/2015 TCE/RN) Com relação à gestão de risco e de
IDIB/2021) Considere que um gestor decida implementar uma es- plano de continuidade de negócio, julgue o item seguinte.
tratégia para aumentar a produtividade de sua equipe. Estratégias A implementação de gestão de risco deverá resultar na iden-
para o aumento da produtividade podem se basear em qualquer tificação, no tratamento, no acompanhamento e na extinção total
das abordagens da administração, da clássica à contingencial, ou do risco.
mesmo em mais de uma. Se o gestor optar por basear sua estraté- ( ) CERTO
gia nos princípios da abordagem comportamental, deverá, então, ( ) ERRADO
(A) estruturar um sistema de remuneração que varie de acordo
com a sua produtividade. 43. (FEPESE/2018 - CELESC) Assinale a alternativa que descre-
(B) estabelecer um sistema de punição para descumprimento ve corretamente trecho da Lei Federal Anticorrupção n° 12.846 de
das metas. 2013
(C) oferecer mais oportunidades de crescimento pessoal e re- (A) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente,
conhecimento para os colaboradores. nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos praticados
(D) oferecer assistência psicológica para os colaboradores, de em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
forma que estes possam obter maior equilíbrio entre suas vidas (B) A responsabilização da pessoa jurídica exclui a responsabi-
pessoais e profissionais. lidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de
qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
39. (PREFEITURA DE JOÃO PESSOA/PB - ASSISTENTE ADMI- ilícito.
NISTRATIVO - INSTITUTO AOCP/2021) Dentre os novos desafios (C) A instauração e o julgamento de processo administrativo
da administração de pessoas, estão os processos da gestão de pes- para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabe so-
soas. Considere que um funcionário é responsável por determinado mente à autoridade máxima do Poder Judiciário, que agirá de
processo que inclui administração da disciplina, higiene, segurança ofício ou mediante provocação, observados o contraditório e a
e qualidade de vida. Qual é esse processo? ampla defesa.
(A) Processo de recompensar pessoas. (D) Fica restrito à autoridade máxima do Poder Judiciário a
(B) Processo de desenvolver pessoas. possibilidade de celebrar acordo de leniência com as pessoas
(C) Processo de agregar pessoas. jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei
(D) Processo de manter pessoas. que colaborem efetivamente com as investigações e o processo
(E) Processo de aplicar pessoas. administrativo.
(E) Fica criado no âmbito do Poder Judiciário Federal o Cadastro
40. (FGV/2015 - Câmara Municipal de Caruaru/PE) Estar em Nacional de Empresas Punidas (CNEP), que reunirá e dará pu-
“compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos blicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos
externos e internos da organização ou instituição. Compliance tem Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas
sido uma expressão bastante utilizada ultimamente e gerou uma de governo.
corrida em diversas organizações para a absorção do conceito e a
implementação de estruturas, processos e mecanismos que o ga- 44. (FCC/2018 – PGE/TO) Na gestão dos contratos administra-
rantam. tivos, repactuação é a
A função compliance envolve as atividades listadas a seguir, à (A) alteração bilateral do contrato, visando a adequação dos
exceção de uma. Assinale-a. preços contratuais aos novos preços de mercado, observados
(A) Assumir as funções de auditoria interna na organização. o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da
(B) Avaliar os riscos do negócio referentes às regras estabele- variação dos componentes dos custos do contrato, devidamen-
cidas. te justificada.
(C) Avaliar a conformidade entre normas externas, internas e (B) alteração bilateral do contrato, formalizada a qualquer tem-
políticas corporativas. po, visando promover o reequilíbrio econômico-financeiro, na
(D) Reportar-se diretamente ao Conselho e à Alta Administra- hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, po-
ção sem intervenção ou veto de outras áreas rém de consequências incalculáveis, retardadores ou impediti-
(E) Agir para integrar governança corporativa, gestão de riscos vos da execução do ajustado.
e os controles da instituição, orientados para a sua estratégia. (C) alteração unilateral do contrato, determinada a qualquer
tempo pela contratante, com vistas a promover modificação do
41. (CESPE/2018 – IPAHN) Julgue o item subsequente, relativo projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica
à participação social nos processos de gestão na administração pú- aos seus objetivos.
blica e ao controle social. (D) atualização anual da contraprestação monetária, com base
Inserem-se no âmbito do controle social quaisquer atividades em índice previamente estabelecido no contrato, passível de
reivindicatórias ou de participação de tomada de decisão do cida- registro por simples apostila, dispensando a celebração de adi-
dão frente à administração pública. tamento.
( ) CERTO (E) alteração unilateral do contrato, determinada a qualquer
( ) ERRADO tempo pela contratante, quando necessária a modificação do
valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela lei.
193
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
45. (EDUCA - 2020 - Prefeitura de São Francisco - PB - Conta- 47. (CESGRANRIO - 2018 - Petrobras - Contador Júnior) De
dor) Segundo art. 11º da Lei 13.303/2016, a empresa pública não acordo com o Decreto no 8.420/2015, a apuração da responsabili-
poderá: dade administrativa de pessoa jurídica que possa resultar na aplica-
I. Lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários, ção das sanções previstas no art. 6o da Lei no 12.846, de 2013, será
conversíveis em ações; efetuada por meio de Processo Administrativo de
II. Emitir partes beneficiárias. (A) Especialização
III. Divulgar toda e qualquer forma de remuneração dos admi- (B) Fixação
nistradores. (C) Contribuição
IV. Adequar constantemente suas práticas ao Código de Con- (D) Responsabilização
duta e Integridade e a outras regras de boa prática de governança (E) Proporcionalização
corporativa, na forma estabelecida na regulamentação desta Lei.
48. (FUNDATEC - 2017 - BRDE - Analista de Projetos - Área Eco-
Assinale a alternativa CORRETA: nômico - Financeira) De acordo com o Decreto nº 8.420/2015, con-
(A) I, III, IV, apenas. siste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanis-
(B) I, II, III, IV. mos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo
(C)I, II, apenas. à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de
(D) I, IV, apenas. ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar
(E) II, IV, apenas. e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados
contra a administração pública, nacional ou estrangeira. A que ter-
46. (FUNDATEC - 2021 - Carris Porto-Alegrense - Auditor) A Lei mo se refere a descrição acima?
nº 13.303/2016, conhecida como a Lei das Estatais, trata em seção (A) Sistema de Controles Internos.
específica da exigência de licitação e dos casos de dispensa e de (B) Sistema de Combate a Atos Ilícitos Contra a Administração
inexigibilidade para as empresas públicas e sociedades de econo- Pública.
mia mista. De acordo com esta norma, é dispensável a realização (C) Programa de Integridade.
de licitação por empresas públicas e sociedades de economia mista (D) Política de Governança Corporativa.
em algumas hipóteses. Nos termos da referida Lei, analise as as- (E) Processo Administrativo de Responsabilização.
sertivas abaixo em relação às hipóteses de dispensa de licitação,
expressamente previstas na norma, assinalando V, se verdadeiras, 49. (IADES - 2019 - BRB - Advogado) O compliance envolve
ou F, se falsas. questão estratégica [...] para a consolidação de um novo compor-
( ) Quando não acudirem interessados à licitação anterior e tamento por parte das empresas, que devem buscar lucratividade
essa, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para de forma sustentável, focando no desenvolvimento econômico e
a empresa pública ou a sociedade de economia mista, bem como socioambiental na condução dos seus negócios. MONKS, Robert A.
para suas respectivas subsidiárias, desde que mantidas as condi- G.; MINOW, Nell. Ownership-Based Governance: Corporate Gover-
ções preestabelecidas. nance for the New Millennium, 1999. Disponível em:<https://ssrn.
( ) Para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- com/abstract=6148>. Acesso em: 14 jun. 2019, tradução livre.
mento de suas finalidades precípuas, quando as necessidades de O objetivo da governança é maximizar a geração de riqueza
instalação e localização condicionarem a escolha do imóvel, desde na medida em que ela seja compatível com os interesses gerais da
que o preço seja inferior ao valor de mercado, segundo índices imo- sociedade.
biliários oficiais.
( ) Quando as propostas apresentadas consignarem preços ma- RIBEIRO, Marcia Carla Pereira; DINIZ, Patrícia Dittrich Ferreira. Com-
nifestamente superiores aos praticados no mercado nacional ou pliance e lei anticorrupção nas empresas.
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes. In: Revista de Informação Legislativa, v. 52, n. 205, p. 87-105, 2015.
( ) Na contratação de associação sem fins lucrativos para a Disponível em:: <https://www12.senado.leg.br/> . Acesso em: 14 jun.
prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que 2019.
o preço contratado seja inferior com o praticado no mercado.
( ) Na transferência de bens a órgãos e entidades da adminis- Com base no exposto, assinale a alternativa que indica uma
tração pública, inclusive quando efetivada mediante permuta. prática ou atividade na qual os objetivos da governança corporativa
se consorciam ao conceito de compliance.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima (A) Publicidade e propaganda
para baixo, é: (B) Participação social na gestão
(A) F – V – V – V – V. (C) Modelos colaborativos de tomada de decisão
(B) F – V – F – F – F. (D) Desenvolvimento e capacitação
(C) V – F – F – V – V. (E) Respo
(D) V – F – V – F – F. nsabilidade socioambiental corporativa
(E) V – F – V – F – V.
194
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
GABARITO 40 A
41 ERRADO
1 ERRADO 42 ERRADO
2 CERTO 43 A
3 E 44 A
4 ERRADO 45 C
5 D 46 E
6 B 47 D
7 C 48 C
8 ERRADO 49 E
9 B
10 A ANOTAÇÕES
11 CERTO
12 CERTP ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 B
______________________________________________________
15 ERRADO
16 D ______________________________________________________
17 CERTO ______________________________________________________
18 ERRADO
______________________________________________________
19 CERTO
20 CERTO ______________________________________________________
21 CERTO ______________________________________________________
22 CERTO ______________________________________________________
23 CERTO
______________________________________________________
24 CERTO
25 B ______________________________________________________
26 A ______________________________________________________
27 E
______________________________________________________
28 CERTO
______________________________________________________
29 E
30 CERTO ______________________________________________________
31 A ______________________________________________________
32 A
______________________________________________________
33 C
34 E ______________________________________________________
35 CERTO ______________________________________________________
36 B
______________________________________________________
37 E
______________________________________________________
38 C
39 D ______________________________________________________
______________________________________________________
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en-
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva tre os entes federados. (Incluído pela Lei n° 12.466, de 2011).
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
Saúde ou órgão equivalente. (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes à
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função so-
correspondam. cial, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei n° 12.466, de
§ 1° Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o 2011).
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- § 1°O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
rão sobre sua observância. geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
§ 2° No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po- no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- convênios com a União. (Incluído pela Lei n° 12.466, de 2011).
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de § 2°Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
saúde. são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
Art. 11. (Vetado). nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei n° 12.466,
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas de 2011).
da sociedade civil.
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade CAPÍTULO IV
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). SEÇÃO I
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati-
vidades: Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
I - alimentação e nutrição; exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
II - saneamento e meio ambiente; I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
IV - recursos humanos; II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
V - ciência e tecnologia; e destinados, em cada ano, à saúde;
VI - saúde do trabalhador. III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- da população e das condições ambientais;
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- IV - organização e coordenação do sistema de informação de
sional e superior. saúde;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de sistência à saúde;
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são VII - participação de formulação da política e da execução das
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde ção do meio ambiente;
(SUS). (Incluído pela Lei n° 12.466, de 2011). VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- IX - participação na formulação e na execução da política de
tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei n° 12.466, de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;
2011). X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi- Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde;
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi-
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro- ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;
vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei n° 12.466, de XII - realização de operações externas de natureza financeira de
2011). interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu- XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e
nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca-
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com-
integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
Lei n° 12.466, de 2011). bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, -lhes assegurada justa indenização; (Vide ADIN 3454)
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais
199
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen- XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
tes e Derivados; Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos tência à saúde;
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva-
ção e recuperação da saúde; mente, de abrangência estadual e municipal;
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
exercício profissional e outras entidades representativas da socie- nal de Sangue, Componentes e Derivados;
dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes- XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de
quisa, ações e serviços de saúde; saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- trito Federal;
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
tratégicos e de atendimento emergencial. em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
ral. (Vide Decreto n° 1.651, de 1995)
SEÇÃO II XX - definir as diretrizes e as normas para a estruturação física
DA COMPETÊNCIA e organizacional dos serviços de saúde bucal. (Incluído pela Lei n°
14.572, de 2023)
Art. 16. À direção nacional do SUS compete: (Redação dada § 1°A União poderá executar ações de vigilância epidemioló-
pela Lei n° 14.572, de 2023) gica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da
II - participar na formulação e na implementação das políticas: direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que repre-
a) de controle das agressões ao meio ambiente; sentem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo
b) de saneamento básico; e único pela Lei n° 14.141, de 2021)
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; § 2° Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên-
III - definir e coordenar os sistemas: cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica-
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do
b) de rede de laboratórios de saúde pública; regulamento. (Incluído pela Lei n° 14.141, de 2021)
c) de vigilância epidemiológica; e § 3° Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro-
d) vigilância sanitária; duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri-
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- mônio genético de que trata o § 2° deste artigo serão repartidos nos
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele termos da Lei n° 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído pela Lei
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; n° 14.141, de 2021)
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar compete:
a política de saúde do trabalhador; I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância e das ações de saúde;.
epidemiológica; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de Sistema Único de Saúde (SUS);
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu-
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; tar supletivamente ações e serviços de saúde;
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de serviços:
consumo e uso humano; a) de vigilância epidemiológica;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis- b) de vigilância sanitária;
calização do exercício profissional, bem como com entidades repre- c) de alimentação e nutrição; (Redação dada pela Lei n° 14.572,
sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde; de 2023)
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução d) de saúde do trabalhador;
da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a e) de saúde bucal; (Incluída pela Lei n° 14.572, de 2023)
saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência VI - participar da formulação da política e da execução de ações
à saúde; de saneamento básico;
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
cias de interesse para a saúde; e dos ambientes de trabalho;
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;
atuação institucional; IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e
200
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
al e regional; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei n°
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- 9.836, de 1999)
nização administrativa; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; n° 9.836, de 1999)
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
e substâncias de consumo humano; do País. (Incluído pela Lei n° 9.836, de 1999)
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
de portos, aeroportos e fronteiras; mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen-
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica- te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei n° 9.836, de
dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. 1999)
Art. 18. À direção municipal do SUS compete: (Redação dada § 1° A União instituirá mecanismo de financiamento específi-
pela Lei n° 14.572, de 2023) co para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços houver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos ter-
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; ritórios indígenas. (Incluído pela Lei n° 14.021, de 2020)
II - participar do planejamento, programação e organização § 2° Em situações emergenciais e de calamidade pública: (Inclu-
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde ído pela Lei n° 14.021, de 2020)
(SUS), em articulação com sua direção estadual; I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais In-
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; dígenas (DSEIs) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Inclu-
IV - executar serviços: ído pela Lei n° 14.021, de 2020)
a) de vigilância epidemiológica; II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla-
b) vigilância sanitária; nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
c) de alimentação e nutrição; tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as
d) de saneamento básico; (Redação dada pela Lei n° 14.572, referências para o atendimento em tempo oportuno. (Incluído pela
de 2023) Lei n° 14.021, de 2020)
e) de saúde do trabalhador; Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
f) de saúde bucal; (Incluída pela Lei n° 14.572, de 2023) realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
equipamentos para a saúde; se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei n° 9.836, de
lá-las; 1999)
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- (Incluído pela Lei n° 9.836, de 1999)
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei n°
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de 9.836, de 1999)
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; § 1°-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi-
dos de saúde; ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- saúde. (Incluído pela Lei n° 14.021, de 2020)
cos de saúde no seu âmbito de atuação. § 1°-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva- rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
das aos Estados e aos Municípios. gena. (Incluído pela Lei n° 14.021, de 2020)
§ 2° O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
CAPÍTULO V Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
(INCLUÍDO PELA LEI N° 9.836, DE 1999) pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten- Lei n° 9.836, de 1999)
dimento das populações indígenas, em todo o território nacional, § 3° As populações indígenas devem ter acesso garantido ao
coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In- SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor-
cluído pela Lei n° 9.836, de 1999) do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária,
Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí- secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei n° 9.836, de 1999)
201
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar unidade de terapia intensiva com restrições relacionadas à seguran-
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e ça ou à saúde dos pacientes, devidamente justificadas pelo corpo
avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de clínico, somente será admitido acompanhante que seja profissional
Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for de saúde. (Incluído pela Lei n° 14.737, de 2023)
o caso. (Incluído pela Lei n° 9.836, de 1999) § 5° Em casos de urgência e emergência, os profissionais de
saúde ficam autorizados a agir na proteção e defesa da saúde e da
CAPÍTULO VI vida da paciente, ainda que na ausência do acompanhante requeri-
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICI- do. (Incluído pela Lei n° 14.737, de 2023)
LIAR Art. 19-L.(VETADO) (Incluído pela Lei n° 11.108, de 2005)
(INCLUÍDO PELA LEI N° 10.424, DE 2002)
CAPÍTULO VIII
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de (INCLUÍDO PELA LEI N° 12.401, DE 2011)
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluí- DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORAÇÃO DE
do pela Lei n° 10.424, de 2002) TECNOLOGIA EM SAÚDE”
§ 1°Na modalidade de assistência de atendimento e internação
domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi- Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere
cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência a alínea d do inciso I do art. 6° consiste em: (Incluído pela Lei n°
social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes 12.401, de 2011)
em seu domicílio. (Incluído pela Lei n° 10.424, de 2002) I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
§ 2° O atendimento e a internação domiciliares serão realiza- a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
dos por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da me- terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra-
dicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei n° vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade
10.424, de 2002) com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
§ 3° O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei n° 10.424, de 2002) pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no
CAPÍTULO VII território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
(Redação dada pela Lei n° 14.737, de 2023) Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota-
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO À MULHER NOS SER- das as seguintes definições: (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
VIÇOS DE SAÚDE I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
Art. 19-J. Em consultas, exames e procedimentos realizados em coletoras e equipamentos médicos; (Incluído pela Lei n° 12.401, de
unidades de saúde públicas ou privadas, toda mulher tem o direito 2011)
de fazer-se acompanhar por pessoa maior de idade, durante todo II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
o período do atendimento, independentemente de notificação pré- estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
via. (Redação dada pela Lei n° 14.737, de 2023) saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
§ 1° O acompanhante de que trata o caput deste artigo será de produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
livre indicação da paciente ou, nos casos em que ela esteja impos- das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
sibilitada de manifestar sua vontade, de seu representante legal, e a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
estará obrigado a preservar o sigilo das informações de saúde de gestores do SUS. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
que tiver conhecimento em razão do acompanhamento. (Redação Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de-
dada pela Lei n° 14.737, de 2023) verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
§ 2° No caso de atendimento que envolva qualquer tipo de diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
sedação ou rebaixamento do nível de consciência, caso a paciente tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
não indique acompanhante, a unidade de saúde responsável pelo e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
atendimento indicará pessoa para acompanhá-la, preferencialmen- vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
te profissional de saúde do sexo feminino, sem custo adicional para escolha. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
a paciente, que poderá recusar o nome indicado e solicitar a indi- Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
cação de outro, independentemente de justificativa, registrando-se dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
o nome escolhido no documento gerado durante o atendimento. quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
(Redação dada pela Lei n° 14.737, de 2023) para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
§ 2°-A Em caso de atendimento com sedação, a eventual re- de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
núncia da paciente ao direito previsto neste artigo deverá ser feita Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
por escrito, após o esclarecimento dos seus direitos, com no míni- tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei n° 12.401, de
mo 24 (vinte e quatro) horas de antecedência, assinada por ela e 2011)
arquivada em seu prontuário. (Incluído pela Lei n° 14.737, de 2023) I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
§ 3° As unidades de saúde de todo o País ficam obrigadas a gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
manter, em local visível de suas dependências, aviso que informe nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
sobre o direito estabelecido neste artigo. (Redação dada pela Lei n° Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei n° 12.401, de
14.737, de 2023) 2011)
§ 4° No caso de atendimento realizado em centro cirúrgico ou II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
202
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluído
pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci- pela Lei n° 14.313, de 2022)
mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei n°
pela Lei n° 12.401, de 2011) 14.313, de 2022)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com § 2°(VETADO). (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu- Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu- Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS:
ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei n° 12.401, (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
de 2011) I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica-
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental,
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- tária - ANVISA; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí- so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
do pela Lei n° 12.401, de 2011) na Anvisa. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
§ 1° A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (Incluí-
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, do pela Lei n° 14.313, de 2022)
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis-
Conselho Nacional de Saúde, de 1 (um) representante, especialista tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina e de 1 (um) re- tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
presentante, especialista na área, indicado pela Associação Médica de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas
Brasileira. (Redação dada pela Lei n° 14.655, de 2023) as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
§ 2°O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí- Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei n° 14.313, de 2022)
do pela Lei n° 12.401, de 2011) II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad-
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti- quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais,
vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- suas entidades vinculadas, nos termos do § 5° do art. 8° da Lei n°
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) 9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei n° 14.313, de
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos 2022)
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen-
quando cabível. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges-
§ 3° As metodologias empregadas na avaliação econômica a tores Tripartite. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
que se refere o inciso II do § 2° deste artigo serão dispostas em
regulamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos TÍTULO III
indicadores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em com- DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
binação com outros critérios. (Incluído pela Lei n° 14.313, de 2022)
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re- CAPÍTULO I
fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces- DO FUNCIONAMENTO
so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido, Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
§ 1°O processo de que trata o caput deste artigo observará, no promoção, proteção e recuperação da saúde.
que couber, o disposto na Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei n° 12.401, Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
de 2011) de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa- condições para seu funcionamento.
ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art. Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
19-Q; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
II - (VETADO); (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei n° 13.097, de
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do 2015)
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
logias no SUS; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei n° 13.097, de
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei 2015)
n° 12.401, de 2011) II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- explorar: (Incluído pela Lei n° 13.097, de 2015)
203
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, pela Lei n° 14.510, de 2022)
policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei VI - confidencialidade dos dados; (Incluído pela Lei n° 14.510,
n° 13.097, de 2015) de 2022)
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela VII - promoção da universalização do acesso dos brasileiros às
Lei n° 13.097, de 2015) ações e aos serviços de saúde; (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por VIII - estrita observância das atribuições legais de cada profis-
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, são; (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei n° IX - responsabilidade digital. (Incluído pela Lei n° 14.510, de
13.097, de 2015) 2022)
IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído Art. 26-B. Para fins desta Lei, considera-se tele saúde a moda-
pela Lei n° 13.097, de 2015) lidade de prestação de serviços de saúde a distância, por meio da
utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que en-
CAPÍTULO II volve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas
adequadas. (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes Parágrafo único. Os atos do profissional de saúde, quando pra-
para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter- ticados na modalidade tele saúde, terão validade em todo o territó-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos rio nacional. (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
serviços ofertados pela iniciativa privada. Art. 26-C. Ao profissional de saúde são asseguradas a liberdade
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços e a completa independência de decidir sobre a utilização ou não da
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa- tele saúde, inclusive com relação à primeira consulta, atendimento
das, a respeito, as normas de direito público. ou procedimento, e poderá indicar a utilização de atendimento pre-
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró- sencial ou optar por ele, sempre que entender necessário. (Incluído
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do pela Lei n° 14.510, de 2022)
Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 26-D. Compete aos conselhos federais de fiscalização do
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços exercício profissional a normatização ética relativa à prestação dos
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela serviços previstos neste Título, aplicando-se os padrões normati-
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no vos adotados para as modalidades de atendimento presencial, no
Conselho Nacional de Saúde. que não colidirem com os preceitos desta Lei. (Incluído pela Lei n°
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de 14.510, de 2022)
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio- Art. 26-E. Na prestação de serviços por tele saúde, serão ob-
nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato servadas as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua- Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento,
lidade de execução dos serviços contratados. observada a competência dos demais órgãos reguladores. (Incluído
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- pela Lei n° 14.510, de 2022)
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único Art. 26-F. O ato normativo que pretenda restringir a prestação
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do de serviço de tele saúde deverá demonstrar a imprescindibilidade
contrato. da medida para que sejam evitados danos à saúde dos pacientes.
§ 3 (Vetado). (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- Art. 26-G. A prática da tele saúde deve seguir as seguintes de-
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou terminações: (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). I - ser realizada por consentimento livre e esclarecido do pa-
ciente, ou de seu representante legal, e sob responsabilidade do
TÍTULO III-A profissional de saúde; (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
(INCLUÍDO PELA LEI N° 14.510, DE 2022) II - prestar obediência aos ditames das Leis n°s 12.965, de 23
DA TELESSAÚDE de abril de 2014 (Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de julho
de 2013 (Lei do Ato Médico), 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei
Art. 26-A. A tele saúde abrange a prestação remota de serviços Geral de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de setembro de 1990
relacionados a todas as profissões da área da saúde regulamenta- (Código de Defesa do Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos
das pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal e obede- ditames da Lei n° 13.787, de 27 de dezembro de 2018 (Lei do Pron-
cerá aos seguintes princípios: (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022) tuário Eletrônico). (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
I - autonomia do profissional de saúde; (Incluído pela Lei n° Art. 26-H. É dispensada a inscrição secundária ou complemen-
14.510, de 2022) tar do profissional de saúde que exercer a profissão em outra juris-
II - consentimento livre e informado do paciente; dição exclusivamente por meio da modalidade tele saúde. (Incluído
III - direito de recusa ao atendimento na modalidade tele saú- pela Lei n° 14.510, de 2022)
de, com a garantia do atendimento presencial sempre que solicita-
do; (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
IV - dignidade e valorização do profissional de saúde; (Incluído
pela Lei n° 14.510, de 2022)
V - assistência segura e com qualidade ao paciente; (Incluído
204
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
TÍTULO IV tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
DOS RECURSOS HUMANOS § 3° As ações de saneamento que venham a ser executadas
supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia-
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: da Habitação (SFH).
I - organização de um sistema de formação de recursos huma- § 4 (Vetado).
nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além § 5° As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de tecnológico em saúde serão cofinanciadas pelo Sistema Único de
pessoal; Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
II - (Vetado) recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
III - (Vetado) externa e receita própria das instituições executoras.
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema § 6 (Vetado).
Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema CAPÍTULO II
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e DA GESTÃO FINANCEIRA
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
com o sistema educacional. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora- (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
exercidas em regime de tempo integral. lhos de Saúde.
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou § 1° Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos de, através do Fundo Nacional de Saúde.
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- § 2 (Vetado).
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. § 3 (Vetado).
Art. 29. (Vetado). § 4° O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
entidades profissionais correspondentes. nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re-
TÍTULO V ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao
DO FINANCIAMENTO Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do-
CAPÍTULO I tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
DOS RECURSOS e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- e projetos:
nientes de: I - perfil demográfico da região;
I -(Vetado) II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis- III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
tência à saúde; na área;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; anterior;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e duais e municipais;
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual outras esferas de governo.
será destinada à recuperação de viciados. § 1° (Revogado pela Lei Complementar n° 141, de 2012)
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde § 2° Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen- cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei
205
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula- Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
cional, em especial o número de eleitores registrados. direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§ 3 (Vetado). como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
§ 4 (Vetado). humanos e para transferência de tecnologia.
§ 5 (Vetado). Art. 42.(Vetado).
§ 6° O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe- vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
na gestão dos recursos transferidos. das.
Art. 44.(Vetado).
CAPÍTULO III Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- jam vinculados.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em § 1° Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
da União. do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
§ 1° Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), § 2° Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
tária. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§ 2° É vedada a transferência de recursos para o financiamento esse fim, for firmado.
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde
função das características epidemiológicas e da organização dos nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
lucrativa. de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
epidemiológicas e de prestação de serviços.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 48.(Vetado).
Art. 49.(Vetado).
Art. 39. (Vetado). Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
§ 1 (Vetado). celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali-
§ 2 (Vetado). zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
§ 3 (Vetado). sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 4 (Vetado). Art. 51.(Vetado).
§ 5° A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri-
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe-
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único
§ 6° Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventa- de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
riados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens Art. 53.(Vetado).
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
mediante simples termo de recebimento. de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
§ 7 (Vetado). clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
§ 8 O acesso aos serviços de informática e bases de dados, livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho estrangeiros. (Incluído pela Lei n° 13.097, de 2015)
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro- Art. 55. São revogadas a Lei n°. 2.312, de 3 de setembro de
cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das 1954, a Lei n°. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições
contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas em contrário.
médico-hospitalares.
Art. 40.(Vetado)
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
206
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169° da Independência e va. Isso significa que eles não podem ser realizados integralmente
102° da República. todos de uma vez, mas que devem ser realizados esforços contínuos
para se ampliar, gradativamente, a cobertura de um determinado
O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS; O PAPEL serviço ou obter a ampliação de seus destinatários.
DO ESTADO; A BUROCRACIA E O ESTADO; PODER, De acordo com as informações apresentadas, é possível afir-
RACIONALIDADE E TOMADA DE DECISÕES mar que todo e qualquer processo político começa quando um ou
mais atores da sociedade identificando uma necessidade ou um
Processo de Elaboração de Políticas problema, ou notando que as ações do governo afetam negativa-
As políticas públicas constituem objeto por excelência dos mente algum segmento da sociedade. Esses atores procuram mo-
direitos sociais. Estes, por sua vez, têm como foco, como núcleo bilizar apoio para convencer os decisores políticos a agir no sentido
essencial, um conjunto de prestações de natureza positiva, fática de alterar o status quo em seu favor.
ou jurídica. As prestações de natureza fática são os bens concretos Os atores, por sua vez, identificarão com mais facilidade as
produzidos e fornecidos pelo Estado, tais como os serviços públicos prioridades e suas obrigações compartilhadas com o Estado num
de saúde e educação, por exemplo. Já as prestações de natureza processo de governança, em que compartilham com o governo a
jurídica são as normas necessárias para a regulamentação dos direi- responsabilidade na tomada e implementação das decisões. O esta-
tos previstos abstratamente na Constituição, fornecendo condições belecimento de prioridades, objetivos e metas a serem alcançadas
específicas para a fruição de tais direitos. Tanto as prestações de na- constitui a espinha dorsal de uma política pública, seu aspecto mais
tureza fática como as prestações de natureza jurídica são importan- concreto, e sinaliza para todos os envolvidos os parâmetros pelos
tes para o delineamento dos sistemas públicos que organizam a ati- quais devem se orientar as ações na área. São as diretrizes para o
vidade estatal necessária para a concretização dos direitos sociais. setor, quer seja para a área da saúde, da educação, meio ambien-
O processo 1 de formulação de política pública é aquele atra- te ou turismo, entre outras. Podemos associar as políticas públicas
vés do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e como ferramentas utilizadas pelo Estado para exercer suas funções
ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas. públicas no atendimento de demandas sociais e solução de proble-
O processo de formulação de políticas públicas pode ser en- mas que afetam a coletividade
tendido como uma sucessão de negociações entre atores políticos
(ou jogadores, no jargão da teoria dos jogos) que interagem em — O Papel do Estado; a Burocracia e o Estado
arenas formais (como o Legislativo ou o ministério) e informais (“a Papel da Burocracia no Processo de Formulação e Implemen-
rua”, onde os movimentos sociais e outros atores mobilizam-se). tação de Políticas Públicas
Algumas dessas negociações são mais transparentes (os tribunais); A burocracia 2 como o corpo de funcionários públicos (burocra-
outras são menos transparentes (negociações a portas fechadas). tas) possui algumas características marcantes que afetam o proces-
O importante é que, nesse processo, as necessidades e obje- so de políticas públicas.
tivos sejam previamente definidos de maneira democrática, pela A burocracia considerada de suma importância na formulação
utilização dos mais diversos mecanismos de participação social. A e na implementação de políticas públicas.
intervenção, via política pública, e numa determinada área (saúde, A função primordial do corpo burocrático é manter a adminis-
educação, meio ambiente, turismo etc.), não deve ser uma decisão tração pública ativa, não obstante os ciclos eleitorais. As caracterís-
solitária e limitada tão somente a quem detém o poder político mo- ticas peculiares da burocracia são:
mentaneamente. - estabilidade de emprego,
A participação da sociedade deve ser considerada de funda- - esquemas de seleção e promoção baseados na competência
mental importância para a implantação e implementação de polí- técnica e
ticas públicas que atendam às reais necessidades da população e - experiência adquirida, mecanismos hierárquicos de coorde-
estabeleçam seus limites e alcances. nação.
A concretização de uma política envolve processos de natureza
administrativa, orçamentária, legislativa etc., razão por que, como O termo burocracia costuma ser utilizado na literatura de duas
dito, as políticas públicas constituem um tema que ultrapassa a formas mais amplas:
esfera do Direito, embora com ele estejam relacionadas. Deve-se (1) seguindo a definição weberiana, burocracia constitui uma
frisar uma peculiaridade do complexo processo de implementação instituição moldada por suas estruturas, regras, objetivos e recur-
das políticas públicas como um todo: a necessidade de abertura à sos; ou
participação popular, fundamental para a legitimidade da tomada (2) a máquina administrativa parte do governo, tendo a função
de decisões políticas em um Estado Democrático de Direito. Tal par- principal de executar a vontade do Estado, ou seja, implementar
ticipação pode ocorrer tanto de forma direta quanto indireta. políticas públicas.
A própria Constituição prevê̂ uma série de mecanismos para A burocracia, contudo, não deve ser encarada apenas como o
que os interessados e beneficiários dos serviços que envolvem uma conjunto dos funcionários públicos ou como processos administra-
determinada política possam se manifestar, intervindo na deter- tivos, conforme lembrou Lima, mas como um dos fundamentos do
minação dos objetivos e escolhas de meios para a efetivação das exercício do poder estatal e do governo democrático. Dessa forma,
politicas a partir de suas necessidades concretas. Outro ponto a ser tópicos sobre a composição da burocracia, seu funcionamento e
considerado é a dimensão temporal das políticas públicas. Os direi- como ela se relaciona com os dirigentes políticos são fundamentais
tos sociais, à luz do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, So- para situá-la no contexto das democracias liberais contemporâne-
ciais e Culturais (PIDESC), são direitos de implementação progressi- as, dentro do contexto do processo de tomada de decisão coletiva
1 Smanio, Gianpaolo, P. e Patrícia Tuma Martins Bertolin. O Direito e 2 Secchi, Leonardo, et al. Políticas Públicas: Conceitos, Casos Práticos,
as políticas públicas no Brasil. Grupo GEN, 2013. Questões de Concursos. (3rd edição). Cengage Learning Brasil, 2019
207
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
orientada para o interesse público. Na fase de formação da agenda, os burocratas captam os pro-
blemas públicos de forma direta, percebendo as necessidades dos
Seguindo a definição weberiana, burocracia constitui uma ins- destinatários das políticas públicas, e separando “problemas irre-
tituição moldada por suas estruturas, regras, objetivos e recursos; levantes” dos “problemas relevantes”, que devem ser abordados.
Uma das questões que mais ganhou atenção dos pesquisado- Na fase de formulação de alternativas, os burocratas subsi-
res da ciência política e da administração pública diz respeito à re- diam os políticos com seus conhecimentos técnicos para a formula-
lação entre a política e a burocracia, bem como suas fronteiras de ção e escolha de soluções para os problemas públicos.
atuação. Embora Weber tenha apontado, em um arranjo ideal, que É na fase de implementação que a burocracia tem seu maior
a ação de burocratas e políticos devesse ocorrer de forma comple- papel, transformando valores e orientações políticas em atividades
mentar e que o embate contínuo dessas duas esferas estabeleceria executadas pela administração pública. É também nessa fase de
um equilíbrio na tomada de decisão de forma que o poder fosse implementação das políticas públicas que o corpo burocrático con-
controlado, parte da literatura produziu um entendimento dicotô- segue beneficiar-se de sua posição privilegiada (assimetria informa-
mico entre política e burocracia. tiva, domínio da execução) para interpretar os objetivos da política
O modelo organizacional burocrático, como idealizado por Max pública a favor de seus interesses, de sua comunidade profissional
Weber, deve ser preenchido por um corpo de pessoas qualificadas ou do seu estrato social.
tecnicamente, com atuação politicamente neutra e em benefício Na fase de avaliação das políticas públicas, os burocratas abas-
do bem coletivo. Também faz parte do ideal weberiano a atuação tecem os sistemas de controle com dados relevantes, fornecem
eficiente da burocracia, em que as tarefas são executadas de acor- aos políticos informações sobre o andamento da implementação,
do com prescrições normativas. Implícita na visão weberiana está recebem críticas e sugestões vindas dos destinatários das políticas
a interpretação de que o trabalho do burocrata deve ter o mínimo públicas. Segundo Downs (1967), os burocratas podem ser classifi-
de discricionariedade, de forma a evitar corrupção, favoritismos ou cados em cinco categorias, que variam de acordo com os tipos de
desvirtuamentos dos interesses coletivos. interesse que defendem: - alpinistas: são burocratas pragmáticos,
focados em suas carreiras e que pensam exclusivamente em escalar
A essa visão contrapõe-se uma visão mais positiva do corpo bu- a hierarquia governamental; - conservadores: são burocratas aco-
rocrático, considerado um corpo detentor de conhecimentos, cria- modados, resistentes a mudanças e defensores férreos do status
tividade e, quando bem administrado, capaz de evitar a frustração quo; - devotos: são burocratas fiéis a uma linha de política pública
de políticas públicas mal planejadas. (por exemplo, causa ambiental, energia nuclear etc.) ou a algum
Na teoria da administração pública, dois modelos de gestão valor de fundo das políticas públicas (por exemplo, igualdade, efi-
são considerados antitéticos: o modelo burocrático weberiano, que ciência, flexibilidade) e lutam para que tais valores e políticas pros-
prega os princípios de legalidade e impessoalidade, e o modelo ge- perem na cultura burocrática; - defensores (advocates): são buro-
rencial, que prega conceitos de eficácia e orientação ao cliente/usu- cratas fiéis a uma agência ou organização dentro do setor público
ário dos serviços públicos. e lutam para que esta cresça em tamanho e prestígio; - homens de
Uma das distinções básicas entre esses modelos, no que tange Estado: são burocratas leais à sociedade e ao interesse coletivo e
ao tratamento da burocracia estatal, é o aspecto da discricionarie- obedientes à tradução de vontades políticas em ações. Esses bu-
dade, ou seja, a liberdade de escolha entre alternativas de ação de rocratas correspondem ao ideal weberiano de funcionário público.
que goza o agente público. Mas talvez a categoria mais matizada de burocratas seja aquela que
No modelo burocrático weberiano, a discricionariedade é en- Lipsky resolveu chamar de street level bureaucrats, numa tradução
carada como exceção, uma patologia que deve ser combatida. No literal “burocratas do nível da rua”, ou burocratas de linha de frente.
modelo gerencial, a discricionariedade do burocrata é vista como Esse grupo refere-se aos funcionários da estrutura burocrática da
necessária para aumentar a eficácia da ação pública. administração pública que têm um contato direto com o público, e
No modelo gerencial, os burocratas são vistos como detentores que possuem, informalmente, alto grau de liberdade de decisão, ou
de alguns recursos importantes que possibilitam o aumento da efi- seja, discricionariedade.
cácia das políticas públicas.
Em primeiro lugar, são detentores de conhecimento técnico so- Entram nessa classe os policiais, os assistentes sociais, os
bre o serviço que prestam. Encontram-se nesse grupo policiais, mé- professores, os médicos, os bombeiros e os funcionários de aten-
dicos, contadores, assistentes sociais, professores que conhecem dimento ao público. A importância de identificar tal categoria de
os meandros de suas profissões e, por isso, conseguem entender burocratas está em mostrar que as decisões referentes às etapas
melhor os requisitos essenciais para um bom funcionamento do de construção da agenda, elaboração de alternativas e escolha de
serviço público. alternativas de policy podem ser implementadas diferentemente
Em segundo lugar, são os burocratas que têm o privilégio de es- daquilo que foi programado.
tar mais próximos dos destinatários das políticas públicas, e podem, A autonomia de implementação dos street level bureaucrats
assim, entender melhor seus comportamentos e suas necessidades. pode ir de um nível de superconformidade, nos casos em que os
Em terceiro lugar, os burocratas conhecem o funcionamento da funcionários decidem implementar ao pé da letra uma orientação
máquina estatal melhor que os políticos ou as chefias designadas, política, a níveis de total desobediência às regras.
podendo, dessa forma, desviar de obstáculos práticos na imple- Entre as estratégias usadas pelos burocratas/burocracia, estão:
mentação das políticas públicas. organização do trabalho de acordo com a disponibilidade de recur-
Assim, a influência da burocracia acontece em todas as fases sos da administração pública (número de funcionários, recursos fi-
do ciclo de política pública. nanceiros, tempo), modificação dos objetivos de acordo com a dis-
ponibilidade de recursos, criação de alternativas práticas àquilo que
está descrito nas regulamentações, leis ou prescrições de tarefas
208
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
para que as políticas públicas sejam implementadas de forma mais Tomada de Decisões 3
coerente com relação às necessidades dos usuários (policytakers) e No processo de elaboração de política pública, a tomada de
da própria administração pública. decisões é vista como a etapa que sucede a formulação de alter-
nativas de solução. A tomada de decisão representa o momento
— Poder, Racionalidade e Tomada de Decisões em que os interesses dos atores são equacionados e as intenções
Poder (objetivos e métodos) de enfrentamento de um problema público
Tipicamente, o poder é visto como a habilidade que determi- são explicitadas.
nado indivíduo tem de fazer com que os outros façam o que ele Existem três formas de entender a dinâmica de escolha de al-
quer que seja feito, se necessário contra a própria vontade deles. O ternativas de solução para problemas públicos:
poder é concebido como a capacidade de agir do indivíduo e tam- - Os tomadores de decisão têm problemas em mãos e correm
bém como a capacidade de determinar o comportamento de outro atrás de soluções: a tomada de decisão ad hoc com base no estudo
indivíduo. É a ação do homem sobre o homem. de alternativas, ou seja, toma-se o problema já estudado, os obje-
tivos já definidos e então busca-se escolher qual alternativa é mais
A Racionalidade pressupõe que escolhas de qualidade a serem apropriada em termos de custo, rapidez, sustentabilidade, equida-
feitas, contemplam complexidade se observadas de forma minu- de ou qualquer outro critério para a tomada de decisão
ciosa, pois requerem uma boa análise da situação e das variáveis
potencialmente influentes. Feito isso, cabe ao gestor selecionar a - Os tomadores de decisão vão ajustando os problemas às so-
melhor alternativa e decidir, cumprindo assim a sua função geren- luções, e as soluções aos problemas: o nascimento do problema,
cial. Portanto, o processo racional envolve a constante comparação o estabelecimento de objetivos e a busca de soluções são eventos
entre os meios alternativos em função dos fins que se procuram simultâneos e ocorrem em um processo de “comparações sucessi-
alcançar. Mais que isso, os indivíduos quando decidem, não o fazem vas limitadas.
por um processo racional de consideração de todas as alternativas,
mas através de simplificações acessíveis à sua própria capacidade - Os tomadores de decisão têm soluções em mãos e correm
mental. atrás de problemas: um empreendedor de política pública já tem
predileção por uma proposta de solução existente, e então luta
Observa-se que há consenso na literatura analisada quanto para inflar um problema na opinião pública e no meio político de
ao entendimento de que tomar uma decisão totalmente racional maneira que sua proposta se transforme em política pública
é uma tarefa praticamente impossível, pois o tomador de decisão Quando uma decisão é tomada, há uma percepção do interes-
não tem condições de possuir conhecimento sobre todas as vari- se geral e dos grupos, que nem sempre são coincidentes. Ao to-
áveis influenciadoras do processo; isso porque, no momento da mar uma decisão são adotados os melhores métodos para que esta
coleta de informações, já se pressupõe a análise inicial das alterna- seja efetivamente levada adiante, na fase de execução. Essa fase
tivas e, também, das prováveis consequências que cada uma pode seguinte de implementação deveria ser automática, mas isso nem
causar. Nesse contexto, Robbins (2005, p. 114) define ‘racionalida- sempre ocorre. Uma decisão ter sido tomada não garante que ela
de limitada’ como a “construção de exemplos simplificados que será́ cumprida. Há inúmeros fatores que impedem a execução das
atraem os aspectos essenciais dos problemas, sem capturar toda decisões adotadas: “o contexto político, o contexto social, a econo-
a sua complexidade”; isso porque o indivíduo não tem condições mia, fatores tecnológicos, étnicos e culturais que podem impedir a
cognitivas para se apropriar de todas as informações que lhe são implementação de uma decisão ou de uma política pública.
oferecidas e, nessa circunstância, somente o que julga importante
é assimilado. a tomada de decisão pode não ter uma relação direta
com a estruturação do processo decisório empregado, ou seja, são
IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS:
decisões tomadas muito rapidamente, sem um processo cauteloso
PROBLEMAS, DILEMAS E DESAFIOS. ARRANJOS
e sistemático de análise, sem seguir uma sequência de passos pre-
INSTITUCIONAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE
determinados, e, no entanto, podem ser tão boas quanto aquelas
POLÍTICAS PÚBLICAS
tomadas de forma consciente e deliberada. Trata-se de minimizar o
problema, dar enfoque e supervalorizar os aspectos mais relevan- Implementação 4
tes ou mais visíveis. Uma vez elaborada a política, processo que conta com
Já, segundo a teoria baseada na racionalidade ilimitada, o pro- participação de políticos e da burocracia pública atuando
cesso decisório passa por etapas, tais como identificação da situa- conjuntamente, ela precisa ser implementada.
ção, entendimento dos objetivos, identificação das possíveis opções A fase de implementação sucede à tomada de decisão e
e escolha da melhor, implementação e análise da decisão (CLEMEN, antecede os primeiros esforços avaliativos. É nesse arco temporal
1996). O processo decisório, bem como sua análise, requer mais que são produzidos os resultados concretos da política pública. A
do que a simples utilização de informações, e implica, em muitos fase de implementação é aquela em que regras, rotinas e processos
casos, na mudança da própria concepção de mundo; pode levar a sociais são convertidos de intenções em ações
nova apreensão da realidade, o que, em geral, não ocorre de for- A implementação, como fase do ciclo de políticas públicas,
ma natural, ou seja, precisa ser aprendido (VLEK, 1984; HOWARD, consiste no desafio de transformar intenções gerais em ações
1988; TORRES JUNIOR e MOURA, 2011). e resultados. Este desafio é potencializado pela crescente
3 Secchi, Leonardo, et al. Políticas Públicas: Conceitos, Casos Práticos,
Questões de Concursos. (3rd edição). Cengage Learning Brasil, 2019
4 Secchi, Leonardo, et al. Políticas Públicas: Conceitos, Casos Práticos,
Questões de Concursos. (3rd edição). Cengage Learning Brasil, 2019
209
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
210
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
São medidas especiais e temporárias, tomadas pelo Estado e/ III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com gualdades sociais e regionais;
o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
garantindo a igualdade material. raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Suas linhas de atuação abrangem: Um dos princípios que legitimam as ações afirmativas é o da
- a priorização no atendimento de serviços públicos como edu- proporcionalidade, por ser o principal instrumento assecuratório na
cação e saúde; promoção da igualdade, razão pela qual se faz indispensável seu
- a proteção social e empregabilidade; estudo neste trabalho e seus impactos na sociedade. O princípio da
- o reconhecimento legal de suas tradições culturais e o fomen- proporcionalidade vem a interferir nas relações humanas, na razão
to à sua continuidade; em que por meio dele pode-se garantir a legitimidade formal e ma-
- o combate ao preconceito sofrido por caminhos jurídicos, po- terial dos indivíduos, traduzida na isonomia que objetiva dirimir as
líticos e sociais. desigualdades sociais resultados da dependência cultural, econô-
mica, política e religiosa dos homens ditos “mais fracos”.
O termo, ação afirmativa, foi utilizado pela primeira vez nos
EUA, na década de 1960, referindo-se a políticas governamentais Podemos citar como políticas afirmativas:
voltadas para combater-se a desigualdade entre brancos e negros. - Acesso à educação por meio de cotas.
As ações afirmativas são políticas públicas focalizadas que bus- As cotas para pessoas com deficiência no serviço público são
cam minorar a desigualdade política, social e econômica entre gru- consagradas pela Constituição de 88. O respectivo direito ainda é
pos de uma sociedade. Esse tipo de ação faz-se necessário quando estabelecido pela Lei nº 12.711/2012.
a assimetria de oportunidades entre grupos sociais deriva de suas
características culturais, fenotípicas, biológicas ou de injustiças his- A Constituição Cidadã também assegura os direitos dos povos
tóricas, comuns em sociedades que sofreram processos de coloni- originários.
zação escravocrata, segregação racial, guerras civis. Ações afirma- Em 2007, o Governo Federal instituiu a Política Nacional de De-
tivas também são fundamentais em sociedades multiculturais ou senvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais,
com intensos fluxos migratórios. que reconhece formalmente as especificidades desses grupos e ga-
rante seus direitos territoriais e socioeconômicos e a valorização de
A premissa básica das ações afirmativas é promover igualdade sua cultura.
de acesso a oportunidades. As ações afirmativas propõem o trata-
mento desigual aos desiguais para a construção de uma distribuição - Determinação de cotas mínimas de participação na política
equitativa de bens e oportunidades. São importantes mecanismos Esse fato foi modificado com a lei nº 12.034/2019 que acres-
para a ampliação da mobilidade social ascendente. centou um caráter obrigatório ao cumprimento da norma ao reser-
As ações afirmativas possuem como objetivo a concretização var o percentual de 30% das vagas para candidatura destinados a
do princípio constitucional da igualdade material é também chama- um dos sexos fazendo com que a participação das mulheres na polí-
da de igualdade efetiva ou substancial. É a igualdade que se preo- tica venha crescendo gradualmente nos últimos anos.
cupa com a realidade. Traduz-se na seguinte expressão: “Tratar os As ações afirmativas para ampliar a participação feminina na
iguais de forma igual, os desiguais de forma desigual, na medida de política existem desde a década de 1990, mas sem conseguir gran-
suas desigualdades.” des resultados nas décadas seguintes. Em 2018, o STF garantiu que
A igualdade formal, por sua vez, é a regra utilizada pelo Estado 30% do fundo partidário sejam destinados a candidaturas femini-
para conferir um tratamento isonômico. Entretanto, algumas vezes, nas.
um tratamento igualitário não consegue atender a todas as neces-
sidades. Faz-se necessária a utilização da Igualdade em seu aspec- Com o advento do Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº
to material para que se possa produzir um verdadeiro tratamento 12.288/10), se estabeleceu inovação sobre as ações afirmativas no
isonômico. mercado de trabalho no setor público e como de “incentivo” no
âmbito privado, cujas regras deveriam observar o princípio da pro-
As ações afirmativas permitem, ainda que de forma reduzida, porcionalidade de gênero.
que os caminhos percorridos por indivíduos de determinados gru- Dentre as ações afirmativas no Brasil para a população negra,
pos sejam frutos de sua escolha, e não de suas circunstâncias. As podemos citar:
ações afirmativas abarcam a promoção dos direitos civis, a emanci- - o Estatuto da Igualdade Racial
pação material e a valorização de patrimônio cultural. - a Lei de Cotas no Ensino Superior
A promulgação da Constituição Federal de 1988, estabeleceu o - s Leis 10.639/03 e 11.645/08
princípio da dignidade da pessoa humana, conforme estabelece o
artigo 1º, inciso III da Carta Magna bem como o da igualdade, esta- A Lei nº 12.990/14 estabelece a competência do órgão de
belecido no caput do artigo 5º. igualdade étnica para realizar o acompanhamento, avaliação e a di-
vulgação dos dados sobre política de reservas de vagas do ingresso
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede- no sistema dos cargos públicos.
rativa do Brasil: Até 2014 não se tinha notícia de cumprimento das políticas de
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; ação afirmativa previstas nas Portarias Ministeriais e no Decreto
II – garantir o desenvolvimento nacional; Presidencial; com o advento da Lei nº 12.990, passou a existir um
sistema de cotas em concursos públicos, porém apenas em nível de
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Administração Pública Federal, excluindo os Poderes Legislativo e cípios brasileiros é o Fundo Municipal de Saúde, que é um instru-
Judiciário e os demais entes da Federação. mento legal, de natureza contábil, orçamentária e financeira, cujo
objetivo é gerir centralizadamente, com racionalidade e transpa-
As ações afirmativas desempenham seu papel de harmoniza- rência, a totalidade dos recursos da saúde do Município. Conforme
rem direitos e de corrigir distorções que se arrastaram no tempo, as diretrizes do SUS, os recursos que se destinam ao financiamento
ou seja, têm o intuito de garantir a inclusão social das classes me- de ações e serviços de saúde deverão compor esse fundo, a ser ge-
nos favorecidas como forma de garantir a tais pessoas direitos fun- rido de forma democrática e transparente, pelo gestor municipal da
damentais, garantias a elas inerentes enquanto seres humanos. A saúde, sob fiscalização da sociedade organizada, representada no
adoção de políticas Conselho Municipal de Saúde.
públicas para redução das desigualdades em relação aos afro-
descendentes remete a uma dívida histórica. Essas políticas devem Os Consórcios Públicos consistem em estruturas de articulação
acima de tudo serem entendidas como uma forma de transforma- federativa que possibilitam ações de cooperação intergovernamen-
ção social e criação de novas realidades onde a igualdade, a equida- tal e gestão compartilhada de responsabilidades públicas, forta-
de e a justiça social estejam presentes possibilitando a participação, lecendo a administração dos governos locais. Em outras palavras,
a inclusão e o respeito as diversidades no serviço público. consórcios públicos nada mais são do que um agrupamento de go-
vernos que se unem para prestar determinado serviço em conjunto.
Permitir que pessoas com origens e vivências distintas parti- No caso dos consórcios públicos que são integrados exclusiva-
cipem da construção do conhecimento acadêmico, da formulação mente por prefeituras, atribui-se o nome “intermunicipal”. Todavia,
e operação das leis, das funções de Estado, da associação política, também são permitidos consórcios “interestaduais”, e até mesmo
das diversas posições hierárquicas no mercado de trabalho, signifi- consórcios híbridos, que contam com membros municipais, estadu-
ca construir o caminho para que o perfil demográfico da sociedade ais e em certos casos até com a União. Os municípios que integram
seja representado em todas as suas atividades produtivas e decisó- um consórcio também não precisam ser limítrofes, havendo a pos-
rias e que essas sejam consideradas legítimas perante a população sibilidade de agrupamento independente da proximidade geográ-
como um todo. fica e até mesmo do estado. Os consórcios podem ainda ser dife-
renciados com relação à sua natureza jurídica, existindo tanto os de
As políticas públicas exercem no atual Estado Democrático de direito público, que integram os municípios de maneira autárquica,
Direito papel de fundamental importância no sentido de garantir a quanto os de direito privado, que se enquadram como associações
inclusão social e, por conseguinte o pleno exercício da cidadania. privadas para fins não econômicos.
Dentre os benefícios desse tipo de estrutura, podemos citar:
Em 2012, o Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade - Redução de custos fixos de certa operação,
que as ações afirmativas são constitucionais e de suma importância - Ganho de escala,
na correção das desigualdades. - Fortalecimento da gestão local,
- Melhora na qualidade dos serviços prestados.
INSTRUMENTOS E ALTERNATIVAS DE A experiência dos consórcios públicos é sem dúvidas uma
IMPLEMENTAÇÃO, COMO FUNDOS, CONSÓRCIOS E pertinente alternativa para o fortalecimento e para o aumento da
TRANSFERÊNCIAS OBRIGATÓRIAS capacidade de formulação e implementação de políticas públicas
por parte dos governos locais. Além das vantagens operacionais da
A Constituição Federal define modalidades de repasses de re- atuação consorciada, é importante destacar o fundamental papel
cursos da União para Estados, Distrito Federal ou Municípios. de articulação interfederativa. Ao unirem-se em agrupamentos, os
Visando dotar de maior transparência a gestão financeira rela- municípios facilitam a comunicação com as demais esferas federati-
cionada à execução de políticas pública, foram instituídos os fundos vas, sejam os estados ou a União.
especiais de gestão dos recursos financeiros foi instituída levando
em consideração tanto o aspecto da descentralização político-admi- As Transferências Obrigatórias decorrem de previsão da Cons-
nistrativa, como também da autonomia administrativa e a agilidade tituição Federal de 19881.
do processo decisório que o fundo possibilita, além de ordenar a Sobre as Transferências Obrigatórias como instrumentos de
gestão da política de forma a lhe garantir recursos necessários. implementação de políticas públicas municipais no Brasil, pode-se
Os fundos especiais são mecanismos de financiamento das po- asseverar que o Fundo de Participação dos Municípios é uma trans-
líticas pública. A baixa efetivação desses fundos pode ser remetida ferência obrigatória incondicional.
à pouca compreensão sobre o processo orçamentário e as normas O FPM - Fundo de Participação dos Municípios é uma trans-
de financiamento das políticas públicas sociais, tanto no que diz res- ferência redistributiva, paga pela União a todos os municípios do
peito à legislação e aos procedimentos para inclusão das demandas País. Como ilustrado, é de uso incondicional, obrigatória e sem con-
da área no orçamento, quanto à própria compreensão da peça or- trapartida. Trata-se da segunda maior categoria de transferências,
çamentária e dos instrumentos e processos de prestação de contas. perdendo apenas para o repasse do ICMS dos estados para os mu-
Os esforços para alteração desse quadro devem ser ampliados, vi- nicípios.
sando aumentar a “participação da população na definição do mon-
tante dos recursos públicos para a área social e dos critérios de re-
passe dos mesmos para a rede prestadora de serviços à população”.
Um exemplo, de um fundo dos mais disseminados pelos muni-
212
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
- O direito de petição é definido como o direito dado a qual- público estatal em práticas que dizem respeito à gestão de bens
quer pessoa que invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma públicos. Os Conselhos constituem, neste novo milênio, a principal
questão ou uma situação. novidade em termos e políticas públicas.
Os conselhos têm o caráter público e deliberativo, devendo
- Ação popular é o meio processual a que tem direito qualquer funcionar como instâncias deliberativas com competência legal
cidadão que deseje questionar judicialmente a validade de atos que para formular políticas e fiscalizar a sua implementação, garantindo
considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrati- assim a democratização da gestão.
va, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural
— Mecanismos Legais e Institucionais de Ampliação, Diver-
A Participação social desenvolve o diálogo entre administração sificação e Garantia de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos.
pública federal e sociedade civil, com o objetivo de promover a inte- Controle Social
ração, a divulgação de conteúdos relacionados às políticas públicas.
As audiências públicas encontram seu principal fundamento
Um dos objetivos da gestão pública é atingir resultados positi- na Constituição Federal, no art. 1º, que prevê a soberania popular.
vos no que tange à prestação de serviços à população. Neste mecanismo a democracia é exercida diretamente, visto que
Para que a gestão pública possa atingir os resultados positivos o cidadão pessoalmente ou por organizações sociais representati-
que almeja, isto é, eficiência e eficácia na prestação de serviços à vas tem a oportunidade de apresentar propostas, tomar ciência de
população, é necessário que haja uma integração entre as quatro fatos, ações estratégicas, planejamento e prestação de contas, ou
funções ou processos fundamentais que a compõem: planejamen- ainda, reivindicar direitos. O principal requisito para que seja desig-
to, organização, execução e controle, conforme demonstra a figura nada uma audiência pública é a relevância da questão, entendida
a seguir. como a importância e o interesse coletivo, a exemplo de questões
que envolvem o meio ambiente.
Organização Esses conselhos são mecanismos legais e institucionais de con-
A organização de processos é uma prática com o objetivo de trole social da política no Brasil, com origem em experiências de
compreender todas as atividades executadas dentro de uma em- caráter informal sustentadas por movimentos sociais, iniciados com
presa em relação ao desenvolvimento e desempenho. a Constituinte de 1988 e depois por meio de leis. Sendo assim, os
Ou seja, trata-se do controle e gestão dos processos para pro- Conselhos de Políticas Públicas devem ser constituídos nas esferas
mover melhorias na administração que auxiliem nas metas e obje- da União, estados e municípios.
tivos da empresa. Os institutos previstos na Constituição para o controle e efeti-
vação dos direitos sociais constituem-se como espaços favoráveis
A importância da organização e gestão de processos ajuda as para o exercício político, visto que representam, do ponto de vista
organizações a avançarem em direção à transformação digital e a legal, uma iniciativa que torna possível, por exemplo, o estabele-
atingir metas organizacionais maiores. cimento de novos fóruns de participação e novas formas de con-
vivência entre o Estado e a sociedade civil, investido aos cidadãos
Entre os principais benefícios da organização dos processos es- prerrogativas fiscalizadoras e deliberativas. Controle social, nesse
tão: ínterim, tem o sentido de controle da sociedade civil sobre as ações
do Estado, especialmente no âmbito das políticas públicas sociais.
Agilidade de negócios
É necessário alterar e otimizar a organização de processos de - Controle Social 7
negócios para acompanhar as condições do mercado. Implementar Falar de controle social é tratar da participação da sociedade
mudanças e alterar fluxos de trabalho permite que os processos de na administração pública, na definição de diretrizes, na avaliação da
negócios se tornem mais responsivos. conduta dos agentes públicos, na gestão das políticas públicas, en-
fim, na participação efetiva da sociedade em tudo aquilo que direta
Custos reduzidos e receitas maiores ou indiretamente afeta o bem-estar comum. O Controle social con-
A organização de processos elimina gargalos, o que reduz sig- siste no poder dos cidadãos para fiscalizar a ação do Estado, exigin-
nificativamente os custos ao longo do tempo. Um exemplo disso do que o governo preste contas sobre o uso dos recursos públicos.
pode ser um aumento na entrega de produtos e serviços, dando O controle exercido pela sociedade é elemento de fundamental
aos clientes acesso rápido a suas soluções e, consequentemente, importância ao estímulo de práticas corretas pelos atores sociais, e,
levando ao aumento das vendas e receitas. por conseguinte, é instrumento inibidor de desvios e abusos no tra-
to da coisa pública, além de propiciador da inclusão social. O con-
Mais Eficiência trole popular ou social é decorrência do primado da democracia.
A integração dos processos de negócios traz o potencial de me-
lhoria de ponta a ponta na eficiência. Com as informações corre- Além do efetivo controle feito pela opinião pública, que acaba
tas, os responsáveis podem monitorar de perto os atrasos e alocar exercendo pressão no governo, há órgãos que possuem atribuições
recursos adicionais, se necessário. A automação de processos, por específicas para receber reclamações, como as ouvidorias, e me-
exemplo, aumenta a eficiência dos negócios. canismos de participação ou influência do povo na condução dos
assuntos políticos, como, por exemplo:
— Conselhos, Conferências e Outros Fóruns. •a ação popular;
Os Conselhos de Políticas Públicas são canais de participação 7 Nohara, Irene Patrícia D. Direito Administrativo. (11th edição).
que articulam representantes da população e membros do poder Grupo GEN, 2022
214
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Métodos de Avaliação
AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS; PRINCIPAIS – Coleta de Dados: isso envolve obter informações pertinentes
COMPONENTES DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO; por meio de entrevistas, pesquisas e análise de documentos, entre
CUSTO-BENEFÍCIO, ESCALA, EFETIVIDADE, IMPACTO outras fontes.
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS – Análise Estatística: é necessária em muitas avaliações para
comparar resultados e encontrar relações de causa e efeito.
A avaliação de políticas e programas sociais na administração – Avaliação Qualitativa: para obter informações contextuais,
pública é fundamental para entender sua eficácia, eficiência e im- a avaliação qualitativa pode incluir entrevistas, estudos de caso e
pacto na sociedade. Aqui estão alguns pontos-chave sobre esse análises de narrativas.
processo: – Benchmarking: a comparação com padrões e melhores práti-
cas é comum para avaliar o desempenho.
— Avaliação das Políticas Públicas
É o processo de analisar e avaliar criticamente as políticas pú- Divulgação dos Resultados
blicas para determinar se elas estão sendo eficazes e alcançando os Os resultados da avaliação devem ser comunicados de forma
resultados esperados. A avaliação é feita para garantir que as políti- compreensível e fácil de entender para os tomadores de decisão,
cas sejam ajustadas e aprimoradas de acordo com as necessidades. partes interessadas e público em geral.
Em suma, o planejamento e a avaliação são mecanismos essen- Os resultados, sugestões e lições aprendidas são discutidos nos
ciais para garantir que as políticas públicas sejam baseadas em evi- relatórios de avaliação.
dências, adaptáveis às necessidades da sociedade e responsáveis Para garantir que as conclusões da avaliação sejam usadas na
perante os cidadãos. Eles contribuem para a transparência, pres- tomada de decisões, os resultados devem ser comunicados de for-
tação de contas e melhoria constante das ações governamentais, ma eficaz.
promovendo o bem-estar e a qualidade de vida da população.
Ciclo de Avaliação
A avaliação faz parte do ciclo de aprendizado e gestão e não é
um evento único. Novos exames podem ser necessários para avaliar
o progresso porque as conclusões da avaliação são usadas na toma-
da de decisões e no desenvolvimento de novas estratégias.
215
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Além disso, a avaliação é uma ferramenta poderosa para ga- go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
rantir que os programas e projetos atinjam seus objetivos, sejam assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
eficientes e contribuam para o bem-estar da sociedade. Ele é essen- Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se-
cial para uma gestão eficaz e responsabilidade no uso de recursos rão repassados de forma regular e automática para os Municípios,
públicos e privados. Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no
art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA GESTÃO DO previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS), LEI Nº 8142/1990 E será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério
ALTERAÇÕES estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo
LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990 menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
aos Estados.
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sis- § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu-
tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover- ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas
namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.
providências. Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- com:
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: I - Fundo de Saúde;
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go- III - plano de saúde;
verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se- IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o
guintes instâncias colegiadas: § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
I - a Conferência de Saúde; e V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça-
II - o Conselho de Saúde. mento;
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa-
com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si- lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação.
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos
de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu- Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste
tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis-
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe- trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta
formulação de estratégias e no controle da execução da política de lei.
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô- Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) 102° da República.
terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS),
Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg- DECRETO 7.508/2011 E ALTERAÇÕES
mentos.
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen- DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011.
to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para
alocados como: dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o pla-
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus nejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação Inter fe-
órgãos e entidades, da administração direta e indireta; derativa, e dá outras providências.
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis-
da Saúde; posto na Lei nº 8.080, 19 de setembro de 1990,
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
DECRETA: SEÇÃO I
DAS REGIÕES DE SAÚDE
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 4º As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em
articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pac-
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de se- tuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o
tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único inciso I do art. 30.
de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a § 1º Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais,
articulação Inter federativa. compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec-
Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se: tivos Estados em articulação com os Municípios.
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído § 2º A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de
por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem
identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunica- as relações internacionais.
ção e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalida- Art. 5º Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no
de de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações mínimo, ações e serviços de:
e serviços de saúde; I - atenção primária;
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo II - urgência e emergência;
de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade III - atenção psicossocial;
de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regio- IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
nalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi- V - vigilância em saúde.
cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará
recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle cronograma pactuado nas Comissões Intergestores.
e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à Art. 6º As Regiões de Saúde serão referência para as transferên-
implementação integrada das ações e serviços de saúde; cias de recursos entre os entes federativos.
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde Art. 7º As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no
do usuário no SUS; âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em consonân-
IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consen- cia com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores .
sual entre os entes federativos para definição das regras da gestão Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes
compartilhada do SUS; elementos em relação às Regiões de Saúde:
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de I - seus limites geográficos;
recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo II - população usuária das ações e serviços;
SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instala- III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e
da existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e
indicadores de saúde do sistema; escala para conformação dos serviços.
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços
de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a SEÇÃO II
finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde; DA HIERARQUIZAÇÃO
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde
específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo Art. 8º O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e
ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se com-
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que pleta na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a com-
estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à plexidade do serviço.
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais Art. 9º São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- nas Redes de Atenção à Saúde os serviços:
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e I - de atenção primária;
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos II - de atenção de urgência e emergência;
gestores do SUS. III - de atenção psicossocial; e
IV - especiais de acesso aberto.
CAPÍTULO II Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com
DA ORGANIZAÇÃO DO SUS o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos po-
derão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde,
Art. 3º O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser- considerando as características da Região de Saúde.
viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais
pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a especializados, entre outros de maior complexidade e densidade
participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que
de forma regionalizada e hierarquizada. trata o art. 9º .
Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado
na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério
cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas
217
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen-
entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pac- volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili-
tuado nas Comissões Intergestores. dades individuais e as solidárias; e
Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêu- V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de
tica pressupõe, cumulativamente: atenção à saúde para o atendimento da integralidade da assistên-
I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do cia.
SUS; Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a pac-
II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde, tuação:
no exercício regular de suas funções no SUS; I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES;
III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e os II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e ser-
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação es- viços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento
pecífica complementar estadual, distrital ou municipal de medica- da gestão; e
mentos; e III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões
IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela di- operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou-
reção do SUS. tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem
§ 1º Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuário as relações internacionais.
à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública o
justifiquem. SEÇÃO II
§ 2º O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen- DO CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA SAÚDE
ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado.
Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar es- Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos
tadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão para a organização da rede Inter federativa de atenção à saúde será
conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sa- firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú-
nitária - ANVISA. de.
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da
CAPÍTULO V Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços de
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região
de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistên-
SEÇÃO I cia aos usuários.
DAS COMISSÕES INTERGESTORES Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública da
Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes fede-
Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e rativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento as
o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em re- pactuações estabelecidas pela CIT.
des de atenção à saúde, sendo: Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde de-
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde finirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fede-
para efeitos administrativos e operacionais; rativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores
II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os
de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de controle
III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regio- e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à
nal, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos adminis- implementação integrada das ações e serviços de saúde.
trativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB. § 1º O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de
Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de garantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do
saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre- SUS, a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Saú-
tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias de.
Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de Se- § 2º O desempenho aferido a partir dos indicadores nacionais
cretarias Municipais de Saúde - COSEMS. de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação do de-
Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão: sempenho da prestação das ações e dos serviços definidos no Con-
I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges- trato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as Regiões
tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política de de Saúde, considerando-se as especificidades municipais, regionais
saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de e estaduais.
saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde; Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde con-
II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de limi- terá as seguintes disposições essenciais:
tes geográficos, referência e contrarreferência e demais aspectos I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais;
vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os en- II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo-
tes federativos; ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter-
III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interes- -regional;
tadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde, III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe-
principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das rante a população no processo de regionalização, as quais serão
ações e serviços dos entes federativos; estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a
IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten- organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços
219
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
de cada ente federativo da Região de Saúde; Algumas das principais políticas do SUS incluem:
IV - indicadores e metas de saúde; – Política Nacional de Atenção Básica (PNAB): essa política visa
V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde; fortalecer a atenção primária à saúde como porta de entrada do
VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monitora- sistema, com foco na promoção da saúde, prevenção de doenças,
mento permanente; tratamento de doenças comuns e acompanhamento contínuo das
VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos condições de saúde dos usuários.
em relação às atualizações realizadas na RENASES; – Política Nacional de Saúde da Mulher: destinada à promoção
VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas respon- da saúde integral das mulheres, abrange ações de saúde sexual e
sabilidades; e reprodutiva, pré-natal, parto humanizado, planejamento familiar,
IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada entre outras medidas de atenção à saúde da mulher em todas as
um dos partícipes para sua execução. fases da vida.
Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir formas – Política Nacional de Saúde do Idoso: voltada para a promo-
de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das ção do envelhecimento saudável e a melhoria da qualidade de vida
ações e serviços de saúde. dos idosos, envolve ações de prevenção de doenças, cuidados espe-
Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde ob- cíficos para idosos fragilizados, atendimento geriátrico, entre outras
servará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da ges- abordagens.
tão participativa: – Política Nacional de Alimentação e Nutrição: tem como obje-
I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação tivo promover a alimentação saudável e combater a desnutrição, a
do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me- obesidade e outras doenças relacionadas à nutrição. Envolve ações
lhoria; de educação alimentar, suplementação nutricional, fortificação de
II - apuração permanente das necessidades e interesses do usu- alimentos, entre outros aspectos da nutrição.
ário; e – Política Nacional de Promoção da Saúde: voltada para ações
III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em de promoção da saúde e prevenção de doenças, abrangendo ações
todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas em escolas, empresas, comunidades e outras esferas da sociedade.
que dele participem de forma complementar. – Política Nacional de Saúde Mental: destinada a garantir a
Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator atenção integral às pessoas com sofrimento psíquico e transtornos
determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas mentais, promovendo o cuidado em liberdade e o tratamento hu-
no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde. manizado, com a redução gradativa dos leitos psiquiátricos.
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Organi- – Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do
zativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT, cabendo SUS: busca humanizar o atendimento nos serviços de saúde, com
à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua implementação. foco na valorização do usuário, do acolhimento, da escuta qualifica-
Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS, da e da integralidade do cuidado.
por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscalização do Essas são apenas algumas das políticas do SUS, existem muitas
Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde. outras voltadas para diversas áreas da saúde, como a prevenção e o
§ 1º O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4º tratamento de doenças específicas, a atenção a grupos vulneráveis,
da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá seção espe- entre outras.
cífica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do Contrato Essas políticas são construídas com base em evidências científi-
Organizativo de Ação Pública de Saúde. cas e em amplo debate com profissionais da saúde, gestores, acadê-
§ 2º O disposto neste artigo será implementado em conformi- micos e a sociedade em geral. Elas são fundamentais para orientar
dade com as demais formas de controle e fiscalização previstas em as ações e a organização do SUS, buscando sempre melhorar a saú-
Lei. de e o bem-estar da população brasileira.
Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução t. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Ministério
do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo:
ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na
aplicação dos recursos disponibilizados. prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre-
Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Contrato vistas neste Decreto;
Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de informações II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere o
em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará ao inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990 ;
respectivo Conselho de Saúde para monitoramento. III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos finan-
ceiros; e
CAPÍTULO VI IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as ações
e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto são
ArAs políticas do SUS (Sistema Único de Saúde) são diretrizes ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, de
e estratégias adotadas para orientar a organização e o funciona- forma direta ou indireta.
mento do sistema de saúde público no Brasil. Essas políticas têm Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretri-
como objetivo garantir o acesso universal, integral e equânime aos zes de que trata o § 3º do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a
serviços de saúde, promover a saúde, prevenir doenças e oferecer partir da publicação deste Decreto.
atendimento de qualidade à população. Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
220
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Brasília, 28 de junho de 2011; 190º da Independência e 123º reprodutiva, pré-natal, parto humanizado, planejamento familiar,
da República. entre outras medidas de atenção à saúde da mulher em todas as
fases da vida.
– Política Nacional de Saúde do Idoso: voltada para a promo-
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI). ção do envelhecimento saudável e a melhoria da qualidade de vida
dos idosos, envolve ações de prevenção de doenças, cuidados espe-
Definição: política pública de saúde que busca regulamentar a cíficos para idosos fragilizados, atendimento geriátrico, entre outras
imunização, por meio de vacinas, no âmbito nacional. abordagens.
– Política Nacional de Alimentação e Nutrição: tem como obje-
Objetivos tivo promover a alimentação saudável e combater a desnutrição, a
A. Controle ou erradicação das doenças de alcance mundial, obesidade e outras doenças relacionadas à nutrição. Envolve ações
imunopreveníveis e infectocontagiosas, como difteria, sarampo, tu- de educação alimentar, suplementação nutricional, fortificação de
berculose, coqueluche, entre outras. alimentos, entre outros aspectos da nutrição.
B. Conscientizar a população da importância da vacinação, e – Política Nacional de Promoção da Saúde: voltada para ações
imunizar o maior número possível de cidadãos. de promoção da saúde e prevenção de doenças, abrangendo ações
em escolas, empresas, comunidades e outras esferas da sociedade.
Principais metas: – Política Nacional de Saúde Mental: destinada a garantir a
atenção integral às pessoas com sofrimento psíquico e transtornos
mentais, promovendo o cuidado em liberdade e o tratamento hu-
manizado, com a redução gradativa dos leitos psiquiátricos.
– Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do
SUS: busca humanizar o atendimento nos serviços de saúde, com
foco na valorização do usuário, do acolhimento, da escuta qualifica-
da e da integralidade do cuidado.
Essas são apenas algumas das políticas do SUS, existem muitas
outras voltadas para diversas áreas da saúde, como a prevenção e o
tratamento de doenças específicas, a atenção a grupos vulneráveis,
entre outras.
Essas políticas são construídas com base em evidências científi-
cas e em amplo debate com profissionais da saúde, gestores, acadê-
micos e a sociedade em geral. Elas são fundamentais para orientar
as ações e a organização do SUS, buscando sempre melhorar a saú-
de e o bem-estar da população brasileira.
Principais êxitos do PNI:
• Erradicação da poliomielite (paralisia infantil) e da varíola. POLÍTICAS PÚBLICAS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE; A
• De acordo com o Manual de Rede de Frio (MS, 2007), as VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO ÂMBITO DO SUS
ações de vacinação para as crianças têm auxiliado na redução das
incidências de morbimortalidade por doenças imunopreveníveis,
proporcionando uma qualidade de vida, especialmente nos cida- A Vigilância em Saúde é um campo estratégico no âmbito da
dãos menores de cinco anos. saúde pública, que engloba um conjunto de ações e práticas vol-
tadas para a promoção, prevenção, controle e monitoramento de
doenças e agravos à saúde da população.
POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
— Conceitos Fundamentais
As políticas do SUS (Sistema Único de Saúde) são diretrizes e Vigilância Epidemiológica: consiste na coleta, análise e inter-
estratégias adotadas para orientar a organização e o funcionamen- pretação sistemática de dados relacionados à saúde, com o objetivo
to do sistema de saúde público no Brasil. Essas políticas têm como de detectar precocemente qualquer mudança no padrão das doen-
objetivo garantir o acesso universal, integral e equânime aos servi- ças e intervir de forma rápida e eficaz.
ços de saúde, promover a saúde, prevenir doenças e oferecer aten- Vigilância Sanitária: foca na promoção e proteção da saúde por
dimento de qualidade à população. meio do controle e fiscalização de produtos, serviços e ambientes
que possam representar riscos à saúde pública, garantindo a quali-
Algumas das principais políticas do SUS incluem: dade e segurança.
– Política Nacional de Atenção Básica (PNAB): essa política visa Vigilância Ambiental em Saúde: engloba a análise e monito-
fortalecer a atenção primária à saúde como porta de entrada do ramento dos fatores ambientais que podem impactar a saúde, in-
sistema, com foco na promoção da saúde, prevenção de doenças, cluindo a qualidade da água, do ar, do solo, e a identificação de
tratamento de doenças comuns e acompanhamento contínuo das situações de risco.
condições de saúde dos usuários.
– Política Nacional de Saúde da Mulher: destinada à promoção
da saúde integral das mulheres, abrange ações de saúde sexual e
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
5-CESGRANRIO - 2018
QUESTÕES Segundo a Constituição Federal de 1988, a saúde é um direito
de todos e dever do Estado. Desse modo, a saúde deve ser promo-
1-CESGRANRIO - 2018 vida de forma gratuita e segundo os princípios estabelecidos pelo
Dentre as competências do SUS, está a de desenvolver ações SUS.
destinadas à prevenção de deficiências por causas evitáveis. Fazem parte desses princípios:
NÃO é uma ação preventiva do SUS, nesse sentido, o(a) (A) atendimento integral, descentralização administrativa e
(A) acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, participação da comunidade
com garantia de parto humanizado e seguro (B) seguridade social, assistência à saúde e previdência social
(B) aprimoramento e expansão dos programas de imunização e (C) acessibilidade, atendimento integral e longitudinalidade
de triagem neonatal (D) acesso de todos à saúde, promoção da saúde e diminuição
(C) oferta de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção das desigualdades
(D) promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, (E) regionalidade, comando único e participação popular
vigilância alimentar e nutricional
(E) identificação e controle da gestante de alto risco 6-CESGRANRIO - 2018
A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS de novos
2- CESGRANRIO - 2019 medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a constitui-
Um gerente de saúde de um determinado município apresenta ção ou alteração de um protocolo clínico ou diretriz terapêutica,
a um outro gerente da mesma área, de um município vizinho, pro- são atribuições
posta para otimizar os parcos recursos que ambos têm para trata- (A) do Ministério da Saúde
mento dos pacientes de suas localidades. (B) do Governo Federal
Nos termos da Lei nº 8.080/1990, os municípios, para desen- (C) das Autarquias
volver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes corres- (D) das Empresas Privadas
pondam, poderão constituir (E) dos municípios
(A) empresas
(B) consórcios 7-CESGRANRIO - 2022
(C) organizações Na perspectiva crítico-dialética, o assistente social orientou
(D) sociedades e acompanhou os usuários do Sistema Único de Saúde, repassan-
(E) associações do-lhes dados para facilitar o seu acesso aos serviços prestados.
Problematizou, com eles, os determinantes do processo saúde/do-
3-CESGRANRIO - 2018 ença, politizando as suas demandas coletivas e fortalecendo a sua
De acordo com o art. 2º da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº atuação como sujeitos políticos para a defesa de seus direitos.
8.080/1990), faz parte das intervenções orientadas à proteção à Quais são os alicerces dessas ações socioeducativas?
saúde o (A) Adaptação dos comportamentos e consciência crítica
(A) fluxo contínuo à vacinação (B) Democratização dos serviços e enquadramento institucio-
(B) programa antitabagismo nal
(C) atendimento ambulatorial (C) Dissolução dos conflitos e controle social
(D) incentivo à prática esportiva (D) Normatização das condutas e pedagogia emancipatória
(E) desenvolvimento sustentável (E) Socialização das informações e processo reflexivo
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
9-INSTITUTO AOCP - 2020 (C) Promoção da saúde é toda ação cujo foco é voltado para o
De acordo com o que consta no Decreto Presidencial n° tratamento e cura das doenças, visando a minimização de agra-
7.508/11, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a vos à saúde.
seguir e assinale a alternativa com a sequência correta. (D) A promoção da saúde deve considerar a autonomia e a
( ) A RENAME representa o conjunto de ações e serviços de singularidade dos sujeitos, das coletividades e dos territórios
promoção, proteção e recuperação da saúde oferecidos pelo SUS e está condicionada e determinada pelo contexto social, eco-
à população, para atender à integralidade da assistência à saúde. nômico, político e cultural em que as pessoas vivem.
( ) O Pacto pela Saúde traduz os acordos de colaboração entre (E) Dentre os objetivos da PNPS está a promoção da educação e
os entes federativos para a organização da rede interfederativa de formação profissional voltados apenas aos gestores, pois consi-
atenção à saúde, em cada região de saúde. dera-se que são eles os responsáveis por colocar em prática os
( ) Uma das principais atribuições das comissões intergestores princípios da política.
regionais é efetivar o planejamento regional de acordo com o Plano
de Saúde de cada ente federado, aprovado no respectivo Conselho 13-(FGV - TCE-TO - 2022 ) Uma fonte relevante de recursos para
de Saúde. os entes subnacionais são as receitas de transferências que, em ge-
( ) O Decreto n° 7.508/11 regulamenta a Lei Orgânica da Saúde ral, podem ser obrigatórias (por disposição constitucional ou legal)
(Lei n° 8.080/90). ou voluntárias e requerem procedimentos específicos para seu re-
(A) F – V – F – F. gistro.
(B) V – F – F – V No reconhecimento de receitas de transferências voluntárias:
(C) V – V – F – V. (A) deve-se evitar que haja impacto na apuração do superávit
(D) F – F – V – V. financeiro do ente recebedor;
(E) V – F – V – F. (B) o ente transferidor deve reconhecer a obrigação na abertu-
ra das dotações orçamentárias;
10-MS CONCURSOS - 2020 (C) o ente recebedor deve reconhecer um direito a receber (ati-
Analise as alternativas, sobre o Programa Nacional de Imuniza- vo) no momento da arrecadação pelo ente transferidor;
ções (PNI) e marque a incorreta. (D) o ente recebedor deve registrar a receita orçamentária ape-
(A) O Programa Nacional de Imunizações tem avançado ano a nas no momento da efetiva transferência financeira;
ano para proporcionar melhor qualidade de vida à população (E) o ente recebedor deverá efetuar a baixa do direito a receber
com a prevenção de doenças. (ativo) em contrapartida do ingresso no banco.
(B) Ao longo do tempo, a atuação do Programa Nacional de
Imunizações alcançou consideráveis avanços ao consolidar a 14-ADM&TEC - 2020
estratégia de vacinação nacional. Analise as afirmativas a seguir:
(C) O Programa Nacional de Imunizações foi institucionalizado I. Estudar a resistência aos antivirais não é um dos objetivos da
em 1990, quando passou a coordenar, assim, as atividades de vigilância epidemiológica da influenza humana.
imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede de serviços. II. A vigilância em saúde, no âmbito do SUS, não está relaciona-
(D) O Calendário Nacional de Vacinação do Brasil contempla da às ações de prevenção de doenças transmissíveis.
não só as crianças, mas também adolescentes, adultos, idosos, Marque a alternativa CORRETA
gestantes e povos indígenas. (A) As duas afirmativas são verdadeiras.
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa
11-Acerca do Programa Nacional de Imunização, no tocante (C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
aos imunobiológicos, assinale a alternativa correta: (D) As duas afirmativas são falsas.
(A) A vacina Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
é indicada para a vacinação de crianças com 15 meses de idade 15- (FGV - CÂMARA DE ARACAJU - SE - 2021)
que já tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice viral. A burocracia possui um papel a desempenhar nas políticas pú-
(B) A vacina Penta protege contra a difteria, o tétano, a coque- blicas.
luche, a hepatite B e doença sistêmica causada pela Neisseria Analise as afirmativas a seguir e assinale V para a(s) afirmati-
meningitidis do sorogrupo C em crianças menores de 5 anos. va(s) verdadeira(s) e F para a(s) afirmativa(s) falsa(s).
(C) O esquema da Vacina rotavírus humano (VORH) correspon- ( ) A burocracia conhece o que está ocorrendo nos programas
de a duas doses, administradas aos 3 e 5 meses de idade. públicos e o grau de aceitação que eles geram.
(D) O esquema vacinal com a vacina febre amarela correspon- ( ) A burocracia deve ser apartidária, neutra, objetiva, estrita-
de à administração de uma dose a partir dos 5 anos de idade. mente técnica e movida pela ética da obediência.
( ) A burocracia tem influência em todas as etapas das políticas
12-Sobre os conceitos que envolvem a Promoção da Saúde e a públicas.
Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), é correto afirmar: A sequência correta é:
(A) Ambientes, territórios saudáveis e desenvolvimento sus- (A) V, F, V;
tentável não são considerados temas dentro da PNPS, uma vez (B) F, V, F;
que se referem ao meio em que as pessoas vivem, não tendo (C) F, F, F;
relação com as questões de saúde. (D) V, V, V;
(B) Dentre as ações de destaque na PNPS está o combate a (E) V, F, F.
doenças crônicas e ampliação da vacinação em todo território
nacional.
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
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EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
ANOTAÇÕES
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA
APLICADAS AO TRABALHO
trabalho.
A SOCIOLOGIA DO TRABALHO E SEU OBJETO DE Essa transformação da forma de viver, destruição de costumes
ESTUDO: O TRABALHO COMO UMA CATEGORIA e instituições, a automação, a formação do proletariado, etc. tudo
DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO. O CONCEITO DE isso fez com que se despertasse a atenção daqueles que observam
TRABALHO. TRABALHO: AÇÃO, NECESSIDADE E cientificamente a sociedade. O estudo científico dessa sociedade
COERÇÃO. EXPLORAÇÃO E ALIENAÇÃO resultou de fato no advento da Sociologia, e assim sendo vemos
que a Sociologia do Trabalho é um campo de estudos e observações
A Sociologia, como sabemos, encontra-se subdividida em diver- inerente ao próprio pensamento social, já que ambos foram origi-
sas áreas, que embora tenham princípios muito semelhantes dife- nados a partir das mesmas preocupações.
rem especialmente em seu objeto central de estudo. Se a Sociologia
volta-se para análises da sociedade, da vida em sociedade e das Os responsáveis por influenciar o que hoje se entende na So-
relações sociais, a especificidade do ramo da Sociologia do Trabalho ciologia do Trabalho
está no fato de esta voltar-se mais particularmente para a busca Essa divisão da Sociologia em áreas é muito posterior. Mas
da compreensão da organização e evolução do mundo do trabalho isto que hoje conhecemos como Sociologia do Trabalho sofre im-
na sociedade, as relações de trabalho e as implicações sociais dos portante influência de grandes nomes da Sociologia, como Marx
mesmos. e Durkheim que já pensavam as transformações nas relações de
Essas preocupações não são tão antigas. As transformações no trabalho, na luta de classes, na vida do trabalhador e nas relações
mundo do trabalho foram responsáveis por atrair o olhar desses sociais compreendidas nesse universo.
estudiosos, além disso, a visão que se tem do próprio trabalho foi
construída ao longo do tempo. Os modos de produção nos quais as A Sociologia do Trabalho e a Alienação do trabalhador
sociedades já se inseriram vem se modificando, e junto com isso Uma das grandes críticas que a Sociologia do Trabalho tece ao
vem se transformando o conceito do trabalho bem como as rela- mundo moderno e ao modo capitalista de produção é de fato a alie-
ções sociais suscitadas pelo mesmo e as preocupações referentes nação do trabalhador em relação à sua atividade. Esse conceito de
a isso. alienação do trabalho mostra de fato como o trabalhador está pos-
to como um mero vendedor de sua força de trabalho, estando mui-
A Sociologia do Trabalho e a História tas vezes colocado à parte da função de sua atividade e do produto
Historicamente sabe-se que o trabalho já foi considerado uma final de seu esforço. Mais do que isso, na esmagadora maioria das
atividade extremamente depreciável. Os gregos da antiguidade vezes a remuneração auferida por esse trabalhador não é suficiente
clássica consideravam que o ócio criativo era digno apenas de ho- para que ele possa ter igual acesso àquilo que produziu.
mens livres, e também somente esses homens livres estariam aptos Essa crítica refere-se a um sistema de produção fragmentado,
para dedicar-se a vida pública e a erudição. De outro lado estavam onde cada vez mais o trabalhador encontra-se forçosamente distan-
os escravos, que se dedicavam as atividades cotidianas, aos cuida- ciado do produto de seu trabalho. Distancia-se por estar cada vez
dos com afazeres domésticos e etc. Assim foi durante muito tempo, mais desenvolvendo uma atividade mínima, especializada e repeti-
visto que se considerava a escravidão como a mais adequada rela- tiva, onde muitas vezes desconhece o produto final do qual resulta
ção laboral. a junção de tantas pequenas tarefas. E distancia-se também pelo
As transformações pelas quais o mundo do trabalho vem pas- fato de muitas vezes a remuneração por ele auferida ser insuficien-
sando desde então são importantíssimas para que se compreenda te para ter acesso àquilo que é produto de seu próprio trabalho.
a organização atual dessas relações, bem como as preocupações O trabalhador, no capitalismo, é infinitamente diferente do ar-
dos sociólogos dessa área. Desde o escravismo antigo, passando tesão. Enquanto o artesão tinha total domínio sobre seu locar de
pelo artesanato, servidão, e tantas outras formas de trabalho até trabalho, seus horários, atividades, matérias primas e valor mone-
chegarmos aos moldes do trabalho industrial no mundo moderno tário de seu produto o trabalhador hoje se encontra submetido aos
acarretaram transformações que dizem respeito à própria vida em horários, condições e atividades pré-determinados pelo patrão, de-
sociedade, organização desses sujeitos e relações de poder entre tentor dos meios de produção. As relações nesse sistema são forte-
os proprietários dos meios de produção e aqueles que vendem sua mente marcadas pelo poder.
força de trabalho. Desta feita, a fim de complementar, o principal alvo da crítica
O impacto de novas tecnologias no mundo do trabalho, novas da Sociologia do Trabalho deve-se ao fato de as transformações no
formas de organização, obsolescência de diversas profissões, o au- mundo do trabalho ter-nos levado a uma condição onde uns são
mento do mecanismo de exclusão, a exigência de cada vez mais tão poderosos e detém tanto capital que podem comprar os outros
qualificação da mão de obras são fatores ainda presentes e que que estão submetidos a condições tão degradantes que necessitam
nos mostram o quanto o mundo do trabalho ainda encontra-se em vender-se sob condições muitas vezes questionáveis.
contínuo processo de transformação. Contudo, o advento do ca-
pitalismo e as bruscas transformações acarretadas pela revolução
industrial são ainda o grande ponto de transformação da lógica do
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
mostraremos, os conflitos incessantemente renascentes e as desor- socializado porque, embora tenha uma esfera própria de ação, de-
dens de todo tipo de que o mundo econômico nos dá o triste es- pende dos demais, e por conseguinte, da sociedade resultante des-
petáculo. Porque, como nada contém as forças em presença e não sa união. Nesta sociedade predomina a solidariedade orgânica, ou
lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar elas tendem a seja, uma sociedade em que os indivíduos estão unidos em virtude
se desenvolver sem termos e acabem se entrechocando, para se da divisão social do trabalho.
reprimirem e se reduzirem mutuamente. (...) As paixões humanas Vale ressaltar que a divisão social do trabalho, explicitada pelo
só se detêm diante de uma força moral que elas respeitam. Se qual- teórico, não se refere apenas à especialização de funções econô-
quer autoridade desse gênero inexiste, é a lei do mais forte que micas, mas também pelas diferentes esferas sociais que se diferen-
reina e. latente ou agudo, o estado de guerra é necessariamente ciam e se especializam cada vez mais como a economia, a política,
crônico”.2 a educação, o direito e outros. Além disso, a divisão social do traba-
Durkheim considera que os conflitos e as desordens da socie- lho, exerce nos homens a função de freio moral.
dade moderna são sintomas deste estado de anomia e ainda que, A solidariedade orgânica é fruto das diferenças sociais. São es-
a Religião, o Estado e a família têm sido pouco eficazes no controle sas diferenças que unem os indivíduos pela necessidade de troca de
moral desta sociedade. O mecanismo que oferece a coesão para a serviços e pela sua interdependência.
sociedade seria a solidariedade social. Nesta perspectiva, cabe-nos A solidariedade orgânica prevalece nas sociedades complexas
demonstrar que a solidariedade social se expressa, segundo sua te- de tipo capitalistas, onde, através da acelerada divisão social do
oria, por uma maior ou menor divisão do trabalho, somando ainda trabalho, os indivíduos se tornam interdependentes e suas funções
à consciência que poderá ser individual ou coletiva. são vitais para o funcionamento do sistema social. Neste tipo de so-
A divisão do trabalho e a forma de consciência que se expressa lidariedade a consciência coletiva se afrouxa, dando espaço à cons-
em cada sociedade, levaram Durkheim a demonstrar que os fatos ciência individual que expressa o que temos de pessoal e distinto.
sociais têm existência própria, externa aos indivíduos e que no in- Isto nos revela outro aspecto importante da obra de Durkheim:
terior de qualquer grupo ou sociedade existem formas padroniza- a especialização de funções e o grande desenvolvimento das ativi-
das de conduta e pensamento baseadas na soma destas categorias. dades econômicas levaram a uma acentuação da consciência indivi-
Esta soma, por sua vez, formam os dois tipos de solidariedade: a dual, o que pode ser prejudicial à coesão social.
solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. A infinidade de ocupações distribuídas ente os homens impe-
Em sua obra, Durkheim demonstra que a sociedade modela o dirá que eles percebam a complementariedade entre elas, gerando
comportamento social do homem no processo da evolução social, um forte sentimento de individualismo. A acentuada especialização
passando de uma solidariedade mecânica, para uma solidariedade de atividades faz com que o indivíduo oriente seus atos, segundo
orgânica. suas próprias intenções, deixando de lado os valores coletivos. Des-
ta forma, o individualismo exacerbado, segundo Durkheim, leva a
“A solidariedade mecânica é mais simples e se forma pela igual- sociedade a um estado de anomia moral, ou seja, à perda de uma
dade: os indivíduos vivem em comum porque partilham de uma moral orientadora e disciplinadora dos comportamentos.
consciência coletiva comum. A consciência coletiva é ‘um conjunto
das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de A falta de regulamentação das atividades profissionais
uma mesma sociedade [que] forma um sistema determinado que também levariam a sociedade a uma “divisão anômica (falta de
tem vida própria’”.3 organização) do trabalho”.
De acordo com SELL:
Durkheim observou que a estrutura das sociedades tradicio- De acordo com Quintaneiro5:
nais era caracterizada por uma repetição de segmentos similares e Como o sociólogo francês o percebia, tal estado de anarquia
homogêneos, que não tinham nenhuma relação entre si. Uma so- não poderia ser atribuído somente a uma distribuição injusta da
ciedade segmentada é aquela onde os grupos sociais (como aldeias, riqueza mas, principalmente, à falta de regulamentação das ativida-
por exemplo) vivem isolados, com um sistema social que tem vida des econômicas, cujo desenvolvimento havia sido tão extraordiná-
própria. O segmento basta-se a si mesmo e tem pouca comunicação rio nos últimos dois séculos que elas acabaram por deixar de ocupar
com o mundo exterior. seu antigo lugar secundário.
A evolução da sociedade, promove uma diferenciação social,
no qual predomina a divisão do trabalho. De acordo com Durkheim, Como Dürkheim preservaria a sociedade garantindo assim o
são três os fatores responsáveis pelo crescimento da sociedade: vo- seu bom funcionamento?
lume, densidade sócia e densidade moral. Qual seria, portanto, a função da divisão social do trabalho nes-
Raymond Aron4, assim define estes conceitos: te contexto?
Com o crescimento quantitativo (volume) e qualitativo (den-
sidade material e moral) da sociedade, ocorre na sociedade um Durkheim irá procurar no campo do trabalho, um lugar de
processo de especialização de funções denominado por Durkheim construção da solidariedade da moralidade perdida. A anomia (au-
de Divisão Social do Trabalho. Nesta nova sociedade o indivíduo é sência de lei ou de regra) que desestabilizou a sociedade, necessita
da criação de uma nova moral, condizente com os valores da so-
2 DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: ciedade industrial emergente. Esta nova moral estaria intrínseca ao
Martins Fontes, 2004. mundo do trabalho que poderia exercer a regulamentação moral
3 DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: nas sociedades. Neste sentido, a profissão assume grande impor-
Martins Fontes, 2004.
5 QUINTANEIRO, Tânia. BARBOSA, Maria Ligia de O. OLIVEIRA, Már-
4 ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 6ª ed, São cia Gardênia de. Um toque de clássicos: Marx, Dürkheim e Weber. 2ª ed. Ver. Amp.,
Paulo: Martins Fontes, 2002. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
229
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
tância, substituindo a família, a religião e o Estado como instituições ou seja, no caso do capitalismo, uma divisão do trabalho que se dá
integradoras. na troca entre capitalistas individuais e independentes que compe-
tem uns com os outros.
De acordo com Quintaneiro, a saída para a moralização seria Em segundo lugar a divisão de trabalho entre trabalhadores,
criar corporações capazes de cumprir a autoridade moral, estabe- cada um dos quais executa uma operação parcial de um conjunto de
lecendo regras de conduta sobre os indivíduos, criando entre eles operações que são todas, executadas simultaneamente e cujo resul-
uma forte solidariedade. tado é o produto social do trabalhador coletivo. Esta é uma divisão
de trabalho que se dá na produção, entre o capital e o trabalho em
A função da divisão social do trabalho, seria produzir a seu confronto dentro do processo de produção. Embora esta divisão
solidariedade, dando sentido às ações dos trabalhadores. Ao do trabalho na produção e a divisão de trabalho na troca estejam
restabelecer a solidariedade entre os homens, a divisão social do mutuamente relacionadas, suas origens e seu desenvolvimento são
trabalho, assumiria seu caráter moral ampliando a harmonia, a de todo diferentes.
integração e a coesão na sociedade moderna. Como vemos, a divisão do trabalho compreende uma esfera
técnica e outra esfera social. Cabe-nos agora, observarmos como
A Divisão do Trabalho para Karl Marx Marx identifica o papel da divisão do trabalho na sociedade capita-
lista moderna, para tanto, estaremos promovendo uma análise de
Karl Marx (1818-1883), desenvolveu uma corrente de pensa- alguns de seus conceitos básicos. Para Marx, os homens constroem
mento considerada a mais revolucionária da teoria social moderna: a si próprios na produção dos seus meios de vida. É desta forma que
o materialismo histórico. As ideias desse teórico, destinavam-se a os homens se organizam socialmente e estabelecem as relações so-
todos os homens pois denunciavam as contradições básicas da so- ciais de produção.
ciedade capitalista, embasadas em um ideal revolucionário e numa As relações sociais de produção, segundo Quintaneiro, refe-
proposta de ação política prática. A sociedade é, portanto, produto rem-se “as formas estabelecidas de distribuição dos meios de pro-
da ação recíproca entre os homens. dução e do produto, e o tipo de divisão social do trabalho numa
Para Marx, a lei fundamental de transformação de uma socie- dada sociedade em um período histórico determinado”. Para Marx,
dade está vinculada ao desenvolvimento de suas forças produtivas, as relações sociais de produção dividem os homens entre proprie-
que em determinado estágio de desenvolvimento, chegam ao seu tários e não proprietários dos meios de produção. Esta formação,
limite entrando em contradição com as relações de produção que característica da sociedade capitalista, expressa as desigualdades
as desenvolveram. É na expansão das forças produtivas que encon- nas quais se baseiam as classes sociais.
traremos as relações de propriedade, a distribuição da renda entre É importante ressaltar, que para Marx, a divisão social do traba-
os indivíduos e a formação das classes sociais. lho sempre existiu em todas as sociedades. Esta divisão é inerente
Marx, identifica que pelas classes sociais os homens estabele- ao trabalho humano e ocorre em relação as tarefas econômicas,
cem uma relação social de exploração, antagonismos sociais e alie- políticas e culturais. Desde as sociedades tradicionais a divisão do
nação, sob a forma da apropriação dos meios de produção. A ex- trabalho correspondia à divisão de papéis por gênero sendo sucedi-
pressão desta contradição entre as forças produtivas e as relações das mais tarde, pela divisão das atividades como a agricultura, o ar-
de produção é a luta de classes. tesanato e o comércio. A divisão do trabalho surge com o excedente
Desta forma, vê as relações sociais na sociedade moderna, da produção e a apropriação privada das condições de produção.
como negativas, por serem a principal causa da desigualdade so- Foi ainda através da Revolução Industrial que intensificou e frag-
cial entre os homens. Para Marx, “a história de toda sociedade até mentou-se as tarefas, aumentando por sua vez, a produtividade.
hoje é a história da luta entre classes”. Para melhor entendermos Braverman7, nos adverte que a divisão do trabalho na oficina se
este conceito, devemos nos remeter ao seu conceito de divisão do difere da divisão do trabalho no interior de uma sociedade:
trabalho. A divisão do trabalho na sociedade é característica de todas
Marx concebe a ideia de que a sociedade está dividida em clas- as sociedades conhecidas; a divisão do trabalho na oficina é pecu-
ses, cada uma com suas regras e condutas apropriadas, mas que liar da sociedade capitalista. A divisão social do trabalho divide a
estão inseridas em um único sistema que é o Modo de Produção sociedade entre ocupações, cada qual apropriada a certo ramo de
Capitalista. A divisão social do trabalho é para Marx “a totalidade produção; a divisão pormenorizada do trabalho destrói ocupações
das formas heterogêneas de trabalho útil, que diferem em ordem, consideradas neste sentido, e torna o trabalhador inapto a acompa-
gênero, espécie e variedade”. (O Capital I, Cap.I) nhar qualquer processo completo de produção.
É interessante observar que Marx considera a divisão do tra- No capitalismo, a divisão social do trabalho é forçada, caótica e
balho não só como um meio para se alcançar a produção de mer- anarquicamente pelo mercado, enquanto a divisão do trabalho na
cadorias, mas considera a divisão de tarefas ente os indivíduos e oficina é imposta pelo planejamento e controle. Ainda no capitalis-
ainda nas relações de propriedade. Ou seja, a divisão do trabalho e mo, os produtos da divisão social do trabalho são trocados como
a especialização das atividades em classes, é basicamente a divisão mercadorias, enquanto os resultados da operação do trabalhador
dos meios de produção e da força de trabalho. parcelado não são todos possuídos pelo mesmo capital.
No dicionário do Pensamento Marxista de Tom Bottomore6, en- Enquanto a divisão social do trabalho subdivide a sociedade,
contramos a seguinte definição para a divisão do trabalho: a divisão parcelada do trabalho subdivide o homem, e enquanto
Primeiro, há a divisão social do trabalho, entendida como o sis- a subdivisão da sociedade pode fortalecer o indivíduo e a espécie,
tema complexo de todas formas úteis de trabalho que são levadas a a subdivisão do indivíduo, quando efetuada com menosprezo das
cabo independentemente umas das outras por produtores privados, capacidades e necessidades humanas, é um crime contra a pessoa
6 BOTTOMORE, Tom (org.). Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de 7 BRAVEMAN, Harry. Trabalho e Capital Monopolista: A Degradação do
Janeiro: Jorge Zahar, 1983. Trabalho no Século XX. 5ª ed, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980.
230
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
e contra a humanidade. sociedade entre classes sociais distintas e com interesses opostos.
Desta forma, Braverman, nos mostra que a divisão social do A ideologia seria a encarregada de difundir a visão de mundo e os
trabalho expressa meios de segmentação da sociedade, enquanto valores burgueses, legitimando e consolidando seu poder.
que a divisão do trabalho na produção busca a valorização do capi- Conforme afirma Marx9: As ideias da classe dominante são,
tal, por meio da mais-valia, ou seja, o valor excedente produzido em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força
pelo operário e apropriado pela burguesia. A mais-valia promove o material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força
aumento da produtividade seja pelo prolongamento da jornada de espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios
trabalho, ou pela mecanização das atividades produtivas. de produção material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios de pro-
dução espiritual, o que faz com que ela seja submetida, ao mesmo
Tanto a divisão social do trabalho, quanto a divisão do tra- tempo e em média, as ideias daqueles aos quais faltam os meios de
balho na produção, convergem pra um mesmo ponto: a estrutura produção espiritual.
que representa o substrato econômico da sociedade, expressa
aqui pelas forças produtivas e pelas relações sociais de produção. As ideias dominantes nada mais são do que a expressão
ideal das relações materiais dominantes, as relações dominantes
A ideia de segmentação da sociedade, reflete uma relação de concebidas como ideias; portanto, a expressão das relações que
exploração dos possuidores, a burguesia, em relação aos não pos- tomam a classe dominante; portanto as ideias de sua dominação.
suidores, o proletariado. De acordo com Marx, esta relação de ex-
ploração acontece sob a forma legal da propriedade privada dos Weber
meios de produção. Desta forma, o trabalhador se vê obrigado a
vender sua força de trabalho ao empresário capitalista, que por Para Weber, a sociedade era composta de partes cuja constitui-
sua vez, se apropria do produto do trabalho do proletário. Neste ção depende fundamentalmente do indivíduo. As relações entre es-
contexto a força de trabalho se torna uma mercadoria, vendida ao ses indivíduos seguiriam suas quatro formas de ação social (racional
empresário capitalista por um salário. orientada a fins, racional orientada a valores, afetiva, tradicional).
Isto reforça a teoria do economista inglês, Adam Smith, de que Essas relações acabariam por caracterizar a sociedade como um
o trabalho seria a verdadeira fonte de riqueza da sociedade. Este todo, à medida que fossem incorporadas à legislação, à constitui-
conceito foi apropriado e ampliado por Marx que demonstra que a ção, à religiosidade e outras manifestações culturais, legais, valora-
força de trabalho significa criação de valor, mas como já afirmamos, tivas e administrativas dessa sociedade.
este é um valor apropriado pelo capitalista. Dessa forma, nas sociedades cujo pano de fundo religioso era
A força de trabalho, ao ser negociada como mercadoria, pro- o protestantismo cristão, por exemplo, Weber pôde identificar ele-
move a completa separação do trabalhador dos meios de produção, mentos que justificassem o desenvolvimento do que ele chamou de
alienando o homem de sua própria essência que é o trabalho. Assim espírito do capitalismo a partir da ética protestante. Essa ética leva-
a divisão social do trabalho e a divisão industrial do trabalho, pro- va os indivíduos da sociedade a atuar em seus papéis de trabalho
movem a alienação e destroem as relações entre os homens, uma (em suas divisões de trabalho social) de forma a sempre buscarem
vez que estes não têm domínio do processo de produção e não se a acumulação e a eficiência e evitarem o desperdício ou a pregui-
beneficiam do produto de seu trabalho. ça. Assim, as sociedades inicialmente protestantes puderam expe-
É sobre esta base material que se ergue a superestrutura da rimentar um crescimento econômico e mesmo um melhoramento
sociedade moderna, segundo Marx. A superestrutura é formada dos níveis sociais, entre outros fatores.
pela esfera jurídica, política e ideológica da sociedade, que por sua
vez representam a forma como os homens estão organizados no
processo produtivo. Como afirma Marx: “o Modo de Produção con- PROCESSO DE TRABALHO E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO
diciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em
geral”. O processo de trabalho, como componente essencial na confi-
Nesse sentido, o Estado surge para garantir o interesse da clas- guração das sociedades humanas, desempenha um papel crucial na
se dominante. Apesar do Estado Liberal difundir a ideia da defesa compreensão das complexas dinâmicas sociais, econômicas e psico-
da igualdade, Marx denuncia no Manifesto do Partido Comunista8: lógicas. Sob a análise conjunta da sociologia e da psicologia aplicada
“a sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da socie- ao trabalho, exploram-se as interações entre indivíduos, organiza-
dade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão ções e as nuances do ambiente laboral, proporcionando uma visão
substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas abrangente dessa experiência multifacetada.
de luta às que existiram no passado”. Marx ressalta aqui a ideia de Na perspectiva sociológica, o processo de trabalho é estudado
que é a burguesia, a classe social que irá controlar o poder político, como um fenômeno social que tanto influencia quanto é moldado
ideológico e jurídico da sociedade. pelas estruturas sociais. A sociologia aplicada ao trabalho direcio-
O estado de alienação do proletariado, resultado da divisão do na seu foco para as relações laborais, hierarquias organizacionais
trabalho, também se reflete nestas formas de dominação da bur- e formas de organização do trabalho, buscando compreender a di-
guesia. Marx afirma que o Estado é um instrumento criado pela nâmica social que emerge desses elementos. Ao longo da história,
burguesia para garantir seu domínio econômico sobre o proleta- as transformações nas relações de trabalho refletem alterações nas
riado, preservando e protegendo a propriedade privada dos meios estruturas sociais, evidenciando a interdependência intrínseca en-
de produção. O aparato jurídico, por sua vez, seria o responsável tre o trabalho e a sociedade.
por garantir a igualdade entre os homens, camuflando a divisão da
9 MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. 22ª ed., Rio de
8 MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista. 6ª ed., Petrópolis: Vozes:
1996. Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
231
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Desde os primórdios da civilização, o trabalho não se limita à psicológicos desse intercâmbio no ambiente laboral. Ao longo des-
mera subsistência; ele desempenha um papel central na definição te texto, exploraremos os elementos fundamentais que delineiam
de identidades sociais e na estruturação das comunidades. A socio- a organização de trabalho, ressaltando as nuances sociológicas e
logia explora a divisão do trabalho, a especialização de funções e as psicológicas que permeiam esse cenário dinâmico.
formas de cooperação entre trabalhadores como aspectos cruciais Na perspectiva sociológica, a organização de trabalho é analisa-
para a compreensão da organização social resultante do processo da como um fenômeno social moldado e moldador das estruturas
de trabalho. sociais. A sociologia aplicada ao trabalho investiga a divisão laboral,
Já na abordagem psicológica aplicada ao trabalho, o processo as hierarquias organizacionais, as formas de cooperação e as rela-
laboral é percebido como um ambiente complexo que exerce im- ções interpessoais, destacando como esses aspectos influenciam
pacto direto na saúde mental, no bem-estar emocional e no desen- a dinâmica social. Ao longo da história, a organização de trabalho
volvimento individual dos trabalhadores. A psicologia do trabalho transcende sua função de garantir subsistência, tornando-se um
mergulha nas experiências individuais no contexto profissional, elemento central na construção de identidades sociais e na con-
abordando temas como motivação, satisfação no trabalho, estresse figuração de comunidades. A sociologia destaca a importância de
ocupacional e dinâmicas de grupo. compreender como as mudanças nas relações laborais refletem e
As demandas do processo de trabalho e as condições psicos- impactam as estruturas sociais, sendo as transformações na organi-
sociais no ambiente laboral emergem como fatores determinantes zação de trabalho elementos-chave na evolução da sociedade.
para a saúde mental dos trabalhadores. A pressão por desempe- No âmbito da psicologia aplicada ao trabalho, a organização
nho, a sobrecarga de tarefas e a falta de autonomia são elementos laboral é percebida como um ambiente complexo que influencia a
psicológicos que influenciam diretamente a experiência dos indiví- saúde mental, bem-estar emocional e desenvolvimento individual
duos no trabalho. Além disso, as relações interpessoais, a comuni- dos trabalhadores. O enfoque recai sobre as experiências individu-
cação eficaz e o suporte emocional no ambiente profissional são ais, abordando temas como motivação, satisfação no trabalho, es-
aspectos cruciais investigados pela psicologia aplicada ao trabalho. tresse ocupacional e dinâmicas de grupo. As demandas específicas
Com o avanço tecnológico, marcado pela automação, infor- do ambiente laboral, como prazos rigorosos, pressão por desem-
matização e inteligência artificial, o processo de trabalho passa por penho e relações interpessoais, têm um impacto direto no bem-es-
transformações significativas. A sociologia, ao analisar as mudanças tar emocional e psicológico dos trabalhadores. Assim, a psicologia
nas estruturas sociais provocadas por inovações tecnológicas, des- aplicada à organização de trabalho busca compreender como os
taca a necessidade de compreender o impacto dessas transforma- indivíduos se adaptam a essas demandas, lidam com a pressão e
ções nas relações laborais e nas dinâmicas sociais. como as dinâmicas psicológicas influenciam a eficiência e qualidade
A psicologia aplicada ao trabalho, por sua vez, investiga os efei- do trabalho.
tos psicológicos dessas mudanças, examinando como os trabalha- O cenário contemporâneo presencia transformações significa-
dores lidam com a adaptação a novas tecnologias, a pressão por tivas na organização de trabalho, impulsionadas por avanços tecno-
atualização profissional e as mudanças nas expectativas em rela- lógicos, mudanças nas expectativas dos trabalhadores e novos pa-
ção ao trabalho. A automação, embora promova eficiência, levanta radigmas de gestão. A sociologia destaca o papel da tecnologia na
questões sobre o impacto psicológico da substituição de tarefas hu- reconfiguração das estruturas sociais, enquanto a psicologia aplica-
manas por máquinas e a redefinição das funções laborais. da explora os efeitos dessas mudanças na saúde mental e bem-es-
No cenário contemporâneo, o processo de trabalho apresen- tar emocional dos colaboradores. A ascensão do trabalho remoto, a
ta desafios e oportunidades para a sociedade. As desigualdades no busca por ambientes inclusivos e a valorização da qualidade de vida
acesso a oportunidades laborais, a precarização do trabalho e as no trabalho são desafios contemporâneos que demandam uma
mudanças nas formas de emprego são temas críticos abordados análise sociológica e psicológica aprofundada. A organização de
pela sociologia aplicada ao trabalho. A psicologia, por sua vez, bus- trabalho enfrenta a necessidade de se adaptar a essas mudanças,
ca estratégias para promover ambientes laborais saudáveis, visando promovendo práticas que não apenas aumentem a eficiência, mas
equilibrar as exigências do trabalho com o bem-estar dos trabalha- também considerem o impacto humano, gerando um equilíbrio en-
dores. tre as demandas organizacionais e o bem-estar dos colaboradores.
Em síntese, o entendimento do processo de trabalho, sob a No contexto das desigualdades sociais, a organização de tra-
perspectiva da sociologia e da psicologia aplicada, revela-se como balho muitas vezes reflete e perpetua disparidades. A sociologia
um campo fértil para a compreensão das dinâmicas sociais e indi- aplicada destaca como certos grupos podem ser marginalizados
viduais. A interação entre as estruturas sociais, as transformações ou enfrentar obstáculos sistêmicos no acesso a oportunidades no
tecnológicas e as experiências psicológicas no ambiente laboral é ambiente laboral. A psicologia, por sua vez, procura identificar e mi-
um fenômeno multifacetado que demanda análises aprofundadas e tigar os impactos psicológicos dessas desigualdades, promovendo
abordagens integradas. Esse conhecimento abrangente não apenas estratégias de inclusão e equidade. Olhando para o futuro, a orga-
enriquece o meio acadêmico, mas também contribui para o desen- nização de trabalho se revela como um campo dinâmico e desafia-
volvimento de práticas laborais mais justas, saudáveis e sustentá- dor. A sociologia e a psicologia aplicada ao trabalho desempenham
veis em uma sociedade em constante evolução. papéis cruciais na antecipação e gestão dos desafios emergentes. A
compreensão aprofundada das dinâmicas sociais e psicológicas na
— Organização de trabalho organização de trabalho é essencial para promover uma evolução
A organização do trabalho, central nas sociedades modernas, equitativa e sustentável na sociedade do século XXI. Em suma, a
demanda uma compreensão essencial sob a ótica da sociologia e organização de trabalho, na interseção entre a sociologia e a psi-
psicologia aplicada ao trabalho. Estas disciplinas proporcionam cologia aplicada, é um campo vasto e intrincado que merece uma
uma abordagem interpretativa valiosa, desvendando as complexas análise contínua e aprofundada. O entendimento das complexas in-
relações entre indivíduos, estruturas organizacionais e os impactos terações entre as estruturas sociais, as demandas psicológicas e as
232
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
transformações contemporâneas na dinâmica organizacional é cru- vizado na saúde mental das comunidades afetadas.
cial para moldar futuras práticas de trabalho mais justas, equitativas
e humanas. O diálogo contínuo entre essas disciplinas oferece um Ao longo do tempo, movimentos sociais, avanços legislativos
caminho promissor para enfrentar os desafios e explorar as oportu- e transformações culturais têm contribuído para a abolição da es-
nidades na incessante evolução do mundo do trabalho cravidão em muitas partes do mundo. No entanto, é crucial reco-
nhecer que as sequelas desse período persistem e demandam uma
abordagem sensível e holística. A sociologia e a psicologia aplicada
O TRABALHO HUMANO E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA: ao trabalho oferecem ferramentas teóricas e práticas para analisar
TRABALHO ESCRAVIZADO, TRABALHO FEUDAL EM SERVI- e enfrentar as consequências sociais e psicológicas do trabalho es-
DÃO, TRABALHO LIVRE DESPROTEGIDO cravizado, promovendo a conscientização, a reparação e a constru-
ção de sociedades mais justas e equitativas.
233
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Mesmo diante das adversidades, surgiram formas de resistên- persistente. A sociologia e a psicologia aplicada ao trabalho são es-
cia e resiliência por parte dos servos, aspectos muitas vezes ignora- senciais para compreender não apenas as implicações sociais desse
dos. Esses elementos são fundamentais para compreensão comple- fenômeno, mas também para desenvolver estratégias que visem à
ta das experiências nesse contexto. promoção de ambientes laborais mais justos, equitativos e saudá-
Em conclusão, o trabalho feudal em servidão representa ca- veis.
pítulo significativo na história do trabalho humano, onde relações
sociais, econômicas e psicológicas se entrelaçam. Sociologia e psi- O trabalho livre e desprotegido não é apenas uma condição
cologia aplicada proporcionam ferramentas analíticas valiosas, con- econômica; é um fenômeno que transcende as fronteiras da socio-
tribuindo para compreensão abrangente das dinâmicas sociais e logia e da psicologia, penetrando nas bases fundamentais da socie-
individuais na sociedade feudal. dade e da experiência humana. A compreensão profunda dessas
dinâmicas é crucial para promover mudanças significativas, visando
— Trabalho livre desprotegido não apenas a proteção dos trabalhadores, mas também a constru-
O labor desamparado e sem proteção, ao ser analisado do pon- ção de uma sociedade mais justa e humanitária, onde o labor seja
to de vista da sociologia e da psicologia aplicada ao trabalho, expõe fonte de dignidade e realização para todos.
aspectos intricados e frequentemente desafiadores das dinâmicas
sociais e individuais contemporâneas. Essa modalidade de organi-
zação laboral, caracterizada pela carência de garantias e salvaguar- FASES HISTÓRICAS INICIAIS DA INDUSTRIALIZAÇÃO:
das para os trabalhadores, é um fenômeno que permeia variadas ARTESANATO, MANUFATURA, MAQUINOFATURA E
sociedades e segmentos econômicos, gerando implicações profun- MECANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
das nas vidas daqueles que experienciam essa realidade.
— Artesanato
Na avaliação sociológica do labor livre e desprotegido, desta- O advento da Revolução Industrial marcou uma transição histó-
cam-se as relações de poder presentes nesse contexto. A inexistên- rica que alterou profundamente as formas de produção e organiza-
cia de regulamentações eficazes frequentemente resulta em uma ção do trabalho. No contexto das fases iniciais da industrialização,
disparidade significativa entre empregadores e empregados, refor- uma fase anterior à plena ascensão das fábricas, destaca-se o papel
çando hierarquias desfavoráveis. A sociologia aplicada ao trabalho crucial do artesanato. Essa forma tradicional de produção, que re-
investiga como a ausência de proteção pode contribuir para a per- monta à Idade Média, desempenhou um papel central nas primei-
petuação de desigualdades sociais, marginalizando grupos específi- ras etapas da transformação econômica e social.
cos e afetando diretamente a estruturação das comunidades.
Durante o período pré-industrial, o artesanato representava a
A sociologia também volta sua atenção para as condições de principal modalidade de produção. Artífices habilidosos, muitas ve-
labor e o papel desempenhado pelos trabalhadores no contexto do zes trabalhando em pequenas oficinas, eram responsáveis por criar
trabalho livre e desprotegido. A ausência de segurança no emprego bens de maneira manual e personalizada. Esse método de produ-
e a instabilidade laboral podem criar um ambiente propício para ção estava intrinsecamente ligado à comunidade local, com os arte-
a exploração, impactando negativamente a autoestima e a iden- sãos desempenhando papéis multifacetados, desde a criação até a
tidade dos trabalhadores. O estigma social associado a empregos comercialização de seus produtos.
desprotegidos pode instigar uma dinâmica que perpetua a vulnera-
bilidade e limita as oportunidades de ascensão social. A transição para a industrialização trouxe mudanças signifi-
cativas na estrutura do trabalho artesanal. O desenvolvimento de
No âmbito da psicologia aplicada ao trabalho, o labor livre e máquinas e a introdução de novas tecnologias possibilitaram uma
desprotegido é examinado quanto aos seus efeitos na saúde men- produção em maior escala, tornando-se um precursor do que viria
tal e bem-estar emocional dos trabalhadores. A instabilidade e a a ser a produção fabril. O artesanato, no entanto, não desapare-
incerteza laboral podem desencadear estresse crônico, ansiedade e ceu imediatamente; ao contrário, enfrentou uma série de desafios
outros problemas psicológicos. A falta de benefícios e direitos tra- e transformações.
balhistas contribui para um ambiente onde a pressão por desempe-
nho muitas vezes prevalece sobre a saúde e o equilíbrio entre vida A sociologia aplicada ao trabalho nesse contexto examina como
profissional e pessoal. as mudanças nas práticas produtivas afetaram as relações sociais
entre artesãos, comunidades e as emergentes classes empresariais.
A psicologia do labor também se volta para as dinâmicas in- A transição para métodos mais mecanizados muitas vezes resultou
terpessoais nesse contexto. A competição acirrada, resultado da na fragmentação do trabalho artesanal, com tarefas específicas
ausência de proteções e garantias, pode levar a relações laborais sendo isoladas e atribuídas a diferentes trabalhadores. Essa frag-
prejudiciais, minando a colaboração e a construção de um ambien- mentação teve implicações não apenas nas relações entre colegas
te laboral saudável. A carência de reconhecimento e recompensas de trabalho, mas também nas relações sociais mais amplas.
adequadas pode impactar diretamente na motivação e na satisfa-
ção no trabalho, influenciando a qualidade do desempenho indivi- No âmbito da psicologia aplicada ao trabalho, a transição do
dual e coletivo. artesanato para métodos mais industrializados trouxe desafios psi-
cológicos para os artesãos. A perda de controle sobre o processo
Num contexto global, onde as alterações nas formas de empre- produtivo, a diminuição da autonomia e a padronização do trabalho
go e as dinâmicas econômicas redefinem constantemente o cenário representaram mudanças significativas na experiência do trabalho.
laboral, o trabalho livre e desprotegido emerge como um desafio A identidade profissional dos artesãos, anteriormente fortemente
234
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
vinculada à criação artesanal, viu-se ameaçada pela crescente me- A psicologia do trabalho na era da manufatura também se de-
canização. bruça sobre as condições de trabalho e a resposta dos indivíduos a
um ambiente laboral em transformação. Questões como jornadas
Além disso, o deslocamento de artesãos para trabalhos em fá- extensas, condições precárias e a adaptação às novas tecnologias
bricas, onde eram inseridos em linhas de produção, teve impactos são exploradas para compreender os impactos na saúde mental, na
nas dinâmicas interpessoais. As relações entre os trabalhadores resistência psicológica e nas estratégias de enfrentamento adota-
tornaram-se mais impessoais e hierárquicas, refletindo as mudan- das pelos trabalhadores.
ças na organização do trabalho. A psicologia aplicada ao trabalho
explora como essas mudanças influenciaram a satisfação no traba- A manufatura não foi apenas um estágio intermediário na
lho, o bem-estar emocional e as estratégias de enfrentamento dos evolução do trabalho, mas também um precursor essencial para
artesãos diante das transformações em seus ambientes laborais. o desenvolvimento da produção fabril moderna. A sociologia e a
psicologia aplicada ao trabalho oferecem ferramentas analíticas
A fase inicial da industrialização, marcada pela transição do ar- fundamentais para desvendar as complexidades dessa transição
tesanato para métodos mais mecanizados, representa um capítulo histórica. A sociologia examina como as mudanças na organização
fascinante na evolução do trabalho humano. A sociologia e a psico- laboral afetaram as estruturas sociais, enquanto a psicologia busca
logia aplicadas ao trabalho oferecem abordagens complementares compreender as implicações psicológicas dessa transformação para
para compreender não apenas as mudanças nas estruturas sociais, os indivíduos inseridos nesse contexto.
mas também as complexas dinâmicas psicológicas desencadeadas
por essa transformação. Ao examinar as fases iniciais da industria- Ao compreender as nuances da manufatura, é possível lançar
lização, é possível desvendar as raízes das atuais práticas laborais e luz sobre as raízes das práticas laborais contemporâneas. A intera-
suas implicações nas sociedades contemporâneas. ção entre sociologia e psicologia aplicada ao trabalho proporciona
uma compreensão holística das mudanças históricas e das dinâmi-
— Manufatura cas sociais e individuais que moldaram o trabalho humano ao longo
A manufatura, como modo de produção intermediário entre do tempo.
o artesanato e a produção fabril plena, desempenhou um papel
crucial nas transformações socioeconômicas durante a Revolução — Maquinofatura
Industrial. Esse período marcante na história do trabalho humano, A maquinofatura, enquanto estágio evolutivo na história do
que teve início no final do século XVIII, testemunhou mudanças pro- trabalho, representa uma fase marcante que testemunhou a ascen-
fundas nas formas de organização laboral, e a manufatura emergiu são da automação e da mecanização nas práticas industriais. Este
como uma etapa transitória significativa nesse processo. período, que se desenvolveu principalmente durante o século XIX,
trouxe consigo mudanças significativas nas dinâmicas sociais e nas
A manufatura caracterizou-se pelo uso crescente de máquinas experiências individuais dos trabalhadores, sendo um tema crucial
e pela organização do trabalho em uma escala intermediária entre para a análise sob as perspectivas da sociologia e da psicologia apli-
a produção artesanal e a produção fabril em grande escala. Nesse cada ao trabalho.
cenário, diferentes trabalhadores desempenhavam tarefas espe-
cíficas em uma linha de produção, contribuindo para a fabricação Sob o olhar sociológico, a maquinofatura introduziu uma nova
de produtos de forma mais rápida e eficiente do que o artesanato dimensão nas estruturas sociais. O uso intensivo de máquinas
tradicional permitia. Essa mudança representou um marco na evo- transformou a organização do trabalho, alterando as relações en-
lução das relações laborais e nas estruturas econômicas. tre os trabalhadores e redefinindo hierarquias no ambiente fabril. A
sociologia aplicada ao trabalho destaca como a maquinofatura não
Sob a perspectiva sociológica, a transição para a manufatura apenas influenciou as dinâmicas laborais, mas também contribuiu
trouxe consigo novas dinâmicas sociais. O trabalho tornou-se mais para a formação de novas classes sociais, marcando a transição da
especializado, com a necessidade de habilidades específicas para sociedade agrária para a industrial.
tarefas pontuais. A hierarquia e a divisão de classes no ambiente A mecanização da produção na maquinofatura também teve
de trabalho também se intensificaram, refletindo as mudanças nas implicações psicológicas profundas para os trabalhadores. A espe-
estruturas sociais. A sociologia aplicada ao trabalho explora como cialização de tarefas, aliada à crescente automação, transformou a
essa organização laboral intermediária impactou não apenas as re- natureza do trabalho, impactando a autonomia e a identidade dos
lações entre trabalhadores, mas também as relações entre empre- indivíduos no contexto laboral. A psicologia aplicada ao trabalho ex-
gadores e empregados. plora como essa mudança para uma rotina mais automatizada afe-
tou a motivação, a satisfação no trabalho e o equilíbrio emocional
No contexto da psicologia aplicada ao trabalho, a manufatu- dos trabalhadores.
ra introduziu desafios e oportunidades distintas para a experiência As condições de trabalho na era da maquinofatura também são
psicológica dos trabalhadores. A especialização das tarefas e a repe- alvo de investigação pela psicologia do trabalho. Jornadas extensas,
tição constante de operações contribuíram para a fragmentação do ambientes ruidosos e a falta de regulamentação levantam questões
trabalho, alterando a relação dos indivíduos com o processo produ- sobre os efeitos na saúde mental, na resistência psicológica e na
tivo. A falta de autonomia e a monotonia nas funções desempenha- qualidade de vida dos trabalhadores. A adaptação a novas tecnolo-
das levaram a mudanças na percepção do trabalho, influenciando a gias e a pressão por desempenho são fatores que moldam a experi-
motivação, a satisfação e o bem-estar emocional dos trabalhadores. ência psicológica dos indivíduos inseridos nesse contexto.
A maquinofatura não apenas acelerou o processo produtivo,
mas também desencadeou uma série de mudanças sociais e psico-
235
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
lógicas que moldaram a era industrial. A sociologia e a psicologia novas relações de produção influenciaram as estruturas sociais e a
aplicada ao trabalho são essenciais para desvendar as complexi- distribuição de poder, enquanto a psicologia explora as adaptações
dades dessas transformações. A sociologia analisa como as novas psicológicas e os desafios enfrentados pelos trabalhadores.
relações de produção influenciaram as estruturas sociais, enquanto Além disso, a mecanização da produção levantou questões éti-
a psicologia busca compreender as adaptações e desafios enfrenta- cas e morais sobre a substituição de trabalhadores por máquinas.
dos pelos trabalhadores. Essas preocupações se refletiram no debate sobre o desemprego
Além disso, a maquinofatura trouxe à tona questões éticas e estrutural e a desumanização do trabalho. A sociologia e a psicolo-
morais relacionadas à automação. A substituição de trabalhadores gia aplicada exploram as consequências sociais e psicológicas des-
por máquinas levanta preocupações sobre o desemprego e a desu- sas mudanças, contribuindo para o desenvolvimento de estratégias
manização do trabalho. A sociologia e a psicologia aplicada explo- que promovam ambientes de trabalho mais humanizados e equi-
ram as consequências sociais e psicológicas dessas mudanças, con- tativos.
tribuindo para o desenvolvimento de estratégias que promovam Sendo assim, a mecanização da produção nas fases iniciais da
ambientes de trabalho mais humanizados e equitativos. industrialização é uma peça fundamental na narrativa da evolução
Em síntese, a maquinofatura representa um capítulo essencial do trabalho humano. A análise sociológica e psicológica desse pe-
na história do trabalho, destacando a interconexão entre a evolução ríodo histórico proporciona uma compreensão mais profunda das
das práticas laborais, as mudanças sociais e as experiências indivi- transformações que moldaram o cenário laboral, fornecendo insi-
duais. A análise sociológica e psicológica desse período contribui ghts valiosos para lidar com os desafios contemporâneos na organi-
para uma compreensão mais profunda das transformações que zação do trabalho e na automação industrial. Essa interação entre
moldaram o cenário laboral, fornecendo insights valiosos para lidar sociologia e psicologia aplicada contribui para moldar uma aborda-
com os desafios contemporâneos na organização do trabalho e na gem integrada na compreensão das complexidades das fases ini-
automação industrial. ciais da mecanização da produção.
236
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Alguns estudiosos denominam essa etapa de “revolução agrí- tou dos 6 milhões para 10 milhões de pessoas, em fins do século
cola”. Na pecuária, a estocagem de forragens, como o feno, me- XVIII, e para impressionantes 18 milhões na década de 1840.
lhorou a qualidade do gado bovino e ovino, sendo este último a
principal fonte de matéria-prima da manufatura inglesa: a lã. Rotas Fluviais
Foi importante também o rápido aumento no processo de cer- O pioneirismo inglês na industrialização ocorreu, ainda, devido
camento das terras comuns, que ocorria há séculos na Inglaterra, à existência de amplas vias fluviais. Elas viabilizaram um rápido e
mas que sofreu enorme impulso na segunda metade do século XVIII eficiente sistema de transportes entre o interior e os portos ma-
e início do século XIX. As terras comuns eram aquelas que os cam- rítimos, além de serem mais econômicas do que as terrestres no
poneses e os aldeões, embora não fossem os proprietários, tinham transporte de mercadorias pesadas ou volumosas, como o carvão.
o direito de utilizar para caçar, pescar, retirar lenha e madeira e usar Desde o século XVI, os ingleses se preocuparam em melhorar
como pasto. as vias fluviais para fornecer carvão aos moradores das cidades, que
Por meio dos chamados cercamentos (enclosures), o governo o utilizavam para cozinhar alimentos e se aquecer, e às pequenas fá-
inglês livrava os proprietários de qualquer tipo de restrição quanto bricas (panificações, forjas, curtumes, refinarias de açúcar e cerve-
ao uso de suas terras, incluindo as comuns, podendo vendê-las ou jarias). Para isso, alteravam o curso dos rios e abriam canais. Quan-
arrendá-las. Houve, na verdade, uma redefinição da propriedade do começou a industrialização, havia cerca de 2 mil quilômetros de
agrária e das relações de trabalho no campo. águas navegáveis na Inglaterra. Até o final do século XVIII, foram
Como todas as terras, incluindo as comuns, passaram a ser construídos outros mil quilômetros, o que criou boas condições às
alienáveis, os camponeses não puderam mais usá-las em proveito novas fábricas para receber matéria-prima e escoar mercadorias.
próprio. Passaram a trabalhar por jornada para os proprietários ou Em resumo, a Revolução Industrial ocorreu especialmente na
arrendatários mais ricos ou migraram para outros lugares. O rom- Inglaterra por um conjunto de fatores. Embora restrita a alguns pro-
pimento da forma tradicional com a qual os trabalhadores rurais se dutos e centralizada em certas regiões, transformou a Inglaterra na
relacionavam com a terra e as novas condições agrárias representa- principal economia do mundo.
ram um duro golpe ao campesinato: o contrato de trabalho passou
a ser individual, e não mais por grupo familiar. A Máquina a Vapor
Embora não tenha sido um processo imediato, a verdade é que Desde o século XVI, o vapor era visto como uma possibilidade
o “trabalho camponês familiar” desapareceu. Com o cercamento de fonte de energia na exploração do ferro e do carvão, em especial
dos campos, os proprietários ou os arrendatários mais ricos pude- para bombear as águas que com frequência inundavam as minas.
ram introduzir novos métodos agrícolas e de criação de animais, Nenhuma das máquinas a vapor criadas, porém, mostrava-se
como o rodízio de cultura, e ampliar o uso do arado triangular, da eficiente. Somente em 1712, após anos de trabalho, o inglês Tho-
semeadeira mecânica e de adubos. mas Newcomen aprimorou uma máquina para retirar água das mi-
Com o aumento da produtividade das terras em decorrência nas e distribuí-la às cidades. O custo da máquina de Newcomen era
das novas técnicas, só acessíveis aos mais ricos, o preço do arrenda- muito elevado.
mento subiu muito e os pequenos arrendatários não puderam mais James Watt, em 1769, melhorou essa máquina, baixando os
arcar com o aluguel. Acabaram expulsos da terra, assim como os custos de produção. Com isso, ela foi adaptada para diversos usos
camponeses proprietários de pequenos lotes, pressionados a ven- industriais, alcançando sucesso num ramo específico da indústria
dê-los. Em 1700, estima-se que metade das terras cultiváveis ingle- inglesa: a fabricação de fios e tecidos de lã e de algodão. Os aprimo-
sas ainda era utilizada por meio da exploração dos campos comuns. ramentos na fiação e tecelagem da lã ocorriam havia muito tempo.
Ao fim do século XVIII, eles praticamente já não existiam. O fim das No século XVIII, a Inglaterra produzia tecidos de lã finos e bem
terras comuns e o cercamento dos campos concentraram a proprie- aceitos no mercado externo. O mesmo não ocorria com os tecidos
dade fundiária nas mãos de cada vez menos pessoas. de algodão, pois não havia técnicas para produzir fios finos e resis-
tentes. Para não arrebentar, o fio de algodão era feito junto com o
Oferta de Mão-de-obra linho, o que resultava em um produto de qualidade inferior. Assim,
O cercamento dos campos foi elemento decisivo para o desenvol- o grande investimento tecnológico no setor têxtil se dirigiu para a
vimento da indústria. Com o aumento da produtividade por meio do produção de tecidos de algodão.
avanço técnico da agricultura, permitiu-se a produção de matéria-pri-
ma para as fábricas. As transformações no campo também resultaram — O Trabalho Fabril
em mais alimentos para a população e, como consequência, em menos A fabricação de tecidos era uma atividade tradicional na Ingla-
mortalidade, o que representou aumento demográfico. terra. A maioria das famílias camponesas estava, de alguma forma,
Um grande contingente de trabalhadores passou a se ocupar envolvida com o processo de fiar e tecer. A introdução de uma nova
de outras atividades, como nas minas de carvão e de ferro e nas matéria-prima, o algodão, no final do século XVIII, não mudou em
fábricas nascentes. O excesso de pessoas sem trabalho fez com que princípio essa organização. A nova máquina de fiar de Hargreaves,
surgissem, desde o século XVI, Leis Anti-vadiagem, que podiam pu- que se baseava no trabalho doméstico camponês, ainda manual,
nir até com a morte pessoas que não trabalhassem. E certo que es- tornou possível a fabricação doméstica de tecidos de algodão no
sas mudanças transformaram profundamente o universo econômi- mesmo sistema utilizado com os tecidos de lã.
co e cultural dos antigos camponeses, que tiveram de se submeter Mesmo com o aparecimento das fábricas de fiação, nas primei-
a uma ordem nova: a do capital. ras décadas do século XIX, a maior parte da produção ainda resul-
Tornaram-se assalariados no campo e nas cidades. A mão de tava do trabalho doméstico. O mesmo ocorria com a tecelagem dos
obra das primeiras fábricas têxteis inglesas, no final do século XVIII, fios, entregue às oficinas de tecelões nas aldeias ou vilas. A intro-
resultava também do aumento demográfico. Nessa época, houve dução das máquinas no processo produtivo aumentou o montante
um aumento da população urbana e rural na Grã-Bretanha, que sal- dos investimentos no setor têxtil, restringindo o número de empre-
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
sários com dinheiro para montar fábricas. de qualidade semelhante à dos indianos, já havia um mercado con-
A propriedade das máquinas concentrou-se na pessoa do in- sumidor estruturado. Os preços mais baixos permitiram aos tecidos
dustrial/capitalista, que contratava os operários pagando salários ingleses competir nos mercados.
pelas jornadas de trabalho. Na fábrica, os operários atuavam so- Na Inglaterra, o centro da produção estava na cidade de Man-
mente em uma etapa da produção - uma mudança radical na forma chester. Com a utilização cada vez maior da fiandeira hidráulica,
de realizar seu trabalho. Em outras palavras, o processo produtivo inacessível aos camponeses, as fábricas de fiação se multiplicaram,
nas fábricas tendia a se fragmentar: estava em curso uma nova di- mantendo um ritmo de trabalho diário e ininterrupto. Tradicional-
visão do trabalho. mente, eram mulheres e crianças os principais trabalhadores do-
No contexto fabril, essa divisão do trabalho mostrava-se mais mésticos da fiação. E os negociantes mantiveram o emprego dessa
produtiva e capaz de atender ao aumento do consumo - o consumo força de trabalho em suas fábricas, cuia disciplina era muito mais
em massa. Dessa forma, os trabalhadores eram tragados por um rigorosa do que no sistema de fiação doméstico.
sistema em que a máquina era o centro do processo produtivo. Com as transformações radicais no regime de trabalho, entre
os séculos XVIII e XIX, milhares de trabalhadores passaram a se con-
Situação da Classe Trabalhadora centrar em fábricas, sob um regime de serviço intenso e rigoroso.
Os proprietários dos meios de produção enriqueciam rapida- Sem uma regulamentação específica, calcula-se que a jornada diá-
mente, mas boa parte da população inglesa se via excluída de tais ria de trabalho era superior a 12 horas.
benefícios. Os trabalhadores viviam em condições degradante e in- Somente em 1847 apareceram regulamentações que limita-
salubres11. vam a jornada a dez horas diárias. Em 1850, outra lei estipulou um
As fábricas eram geralmente úmidas, quentes e abafadas. A horário para encerrar a atividade semanal: duas horas da tarde de
alimentação servida era insuficiente e de má qualidade. Devido às sábado, com descanso no domingo - dia tradicionalmente reserva-
más condições de vida e às extenuantes jornadas de trabalho, a ex- do à religião.
pectativa de vida era baixa, e a incidência de doenças e acidentes no O sistema de fábrica impulsionou outras mudanças. Ampliou
trabalho, muito alta. Os patrões preferiam contratar crianças (mui- consideravelmente a população urbana, especialmente com a ex-
tas com 4 ou 5 anos de idade) e mulheres, porque lhes pagavam pansão desse sistema para outras produções, como as de chapéus,
salários menores. sapatos, ferramentas e alimentos. Diversificou-se o setor de servi-
A jornada de trabalho era de 15 a 18 horas ininterruptas. Os ços, sobretudo o comércio.
operários eram vigiados de perto por um supervisor. Acidentes pro- Também cresceu a oferta de empregos domésticos - criadas,
vocados pelo cansaço aconteciam com frequência e qualquer falta cozinheiras e arrumadeiras - nas casas dos novos e ricos empresá-
era punida severamente. rios. Na passagem do século XVIII para o XIX, o aumento da popu-
lação nas cidades, que não estavam preparadas para receber tanta
Reação dos Trabalhadores gente, teve repercussões sociais significativas.
A reação dos trabalhadores veio em 1811, quando invadiram Em cidades como Londres, Manchester, Liverpool e Leeds,
fábricas (à noite) para destruir máquinas. Eles ficaram conhecidos multiplicavam-se os bairros pobres, e os governos locais não conse-
como luditas, pois seu líder chamava-se Ned Ludd. As máquinas guiam atender à nova demanda e promover reformas do espaço ur-
eram vistas como o principal responsável pela situação em que os bano. Havia ruas sem calçamento, lixo por todos os cantos, muitas
proletários se encontravam, pois substituíam a mão de obra ope- pessoas morando numa mesma casa. A situação era propícia para
rária. a disseminação de doenças, com epidemias frequentes de cólera e
O movimento espalhou-se nas décadas seguintes para países tifo. Aprofundaram-se as desigualdades sociais entre ricos e pobres.
como França, Bélgica e Suíça. Os trabalhadores ingleses uniram-se
e formaram organizações para reagir aos problemas decorrentes de
acidentes de trabalho, doenças e desemprego. Surgiram assim as — Mas e o resto da Europa?
associações de auxílio mútuo, que criavam fundos de reserva para A Inglaterra se industrializou sem planejamento prévio, utili-
os momentos de necessidade. zando o capital privado. Os empresários investiam no setor indus-
Era o primeiro passo para a criação dos sindicatos trabalhis- trial em busca do lucro e não para transformar a economia britâ-
tas. Uma vez organizados em sindicatos, os trabalhadores ingleses nica. O mesmo não ocorreu com os demais países europeus. Cada
e de outros países fariam importantes conquistas, como melhores lugar teve de lidar com suas próprias especificidades e recursos.
salários, redução na jornada de trabalho, aposentadoria, descanso Foram, portanto, industrializações posteriores, e, por vezes, mais
semanal remunerado, férias, etc. rápidas e eficientes. Na passagem do século XIX para o XX, alguns
Na década de 1830, os trabalhadores ingleses reuniram suas países já podiam concorrer com a Inglaterra na economia mundial,
reivindicações na chamada Carta do povo. Nascia o cartismo, pri- principalmente Alemanha e França.
meiro grande movimento político do proletariado, que obteve im-
portantes avanços trabalhistas, em especial quanto à jornada de França
trabalho de adultos e quanto ao trabalho infantil. A França era um país de grande extensão territorial, mas des-
provido de meios de transporte adequados para formar um merca-
— Cidades Industriais do integrado. Prevaleciam os negócios locais ou regionais, em geral
Os tecidos de algodão da Índia já eram conhecidos e aceitos em torno de uma economia agrária. A Revolução Francesa, embora
na Europa, negociados pelos britânicos através da Companhia das tenha destroçado o poder da nobreza e do clero, aprofundou essa
Índias Orientais. Quando os ingleses passaram a produzir tecidos estrutura rural ao conceder terras aos camponeses.
11 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo Assim, tudo contribuía para que os franceses não conseguis-
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática. sem deslanchar uma economia capitalista similar à inglesa, apesar
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
do caráter burguês da Revolução. Enriquecidos, os burgueses prefe- riram os Estados do sul, em 1867. A gradual eliminação das barrei-
riram adquirir cargos nobiliárquicos ou artigos de luxo, imitando um ras alfandegárias e a centralização das decisões criaram excelentes
estilo de vida aristocrático que a Revolução de 1789 havia derruba- condições para a industrialização.
do. A solução encontrada pelos industriais franceses foi investir no Seguindo a onda liberal que varreu a Europa na primeira me-
que já era tradicional no mercado interno: os artigos de luxo consu- tade do século XIX, os príncipes germânicos aboliram a servidão,
midos pela burguesia urbana e pelos proprietários rurais aristocrá- favorecendo a difusão do trabalho assalariado. O território da futu-
ticos, como mobiliário, tecidos de seda, rendas, roupas, chapéus, ra Alemanha possuía, assim, por volta de 1850, ao menos o esboço
plumas, perfumes e adereços variados. das condições fundamentais para o desenvolvimento capitalista:
Grande parte dessa produção era executada por profissionais mercado interno e trabalho livre.
experientes e foi exportada para o mundo. Por volta de 1840, a ex-
pansão da economia francesa exigia maior exploração das minas de • Industrialização
ferro e de carvão, o que esbarrava na precariedade do sistema de No decorrer da década de 1840, favorecidos pela união adua-
transportes. Tornou-se urgente a construção de uma rede ferroviá- neira, os grandes proprietários rurais da futura Alemanha passaram
ria. Para tanto, era preciso organizar um sistema bancário, associar a apoiar a implantação de ferrovias, percebendo que poderiam au-
capitais e construir uma rede comercial em grande escala. Era uma mentar suas vendas e lucros. Os militares, por sua vez, perceberam
empreitada difícil. a importância da ferrovia para o transporte de matérias-primas, sol-
Os poucos bancos franceses tinham sido criados nas décadas dados e armamentos. Com isso, estimularam o Estado a investir na
de 1820 e 1830 e eram dominados por um pequeno grupo de em- malha ferroviária.
presários de Paris. O sistema ferroviário foi um dos principais responsáveis por de-
A introdução da ferrovia, financiada por ingleses associados a senvolver significativamente a economia dos Estados inseridos no
uns poucos empresários parisienses, contribuiu um pouco para mu- Zollverein. A indústria têxtil, até então incipiente, tomou novo im-
dar o quadro. Isso só mudou de fato na segunda metade do século pulso e, embora incapaz de concorrer com os têxteis ingleses, con-
XIX, com fatores políticos decorrentes da ascensão ao poder de Na- seguiu se expandir no mercado interno. Os bancos tiveram papel
poleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, em 1852. de destaque no investimento de capitais em ferrovias, nas grandes
indústrias de base e na abertura de minas, em contraste com o que
• Bonapartismo ocorreu na Inglaterra.
A partir da chegada ao poder de Napoleão III, os industriais fran- A indústria pesada - de bens de capital, como a de metalur-
ceses passaram a ter reconhecimento público, a ocupar posições no gia - foi o carro-chefe da industrialização, alimentada pelo capital
Estado e a influir nas decisões governamentais. Essa situação levou financeiro, com o apoio do Estado. Uma das principais inovações
a uma participação decisiva do Estado na economia, sobretudo nos nesse processo de industrialização foi o investimento dos diversos
anos 1850, em especial nos investimentos de infraestrutura. governos na educação, especialmente nos níveis técnicos e científi-
Ao final do século XIX, a França se apresentava como um país cos, criando profissionais altamente qualificados.
industrial, com suas instituições bancárias e financeiras bastante Os alemães chegaram a desenvolver tecnologia de ponta que
desenvolvidas e investindo em indústrias, em particular nas de ferro superava, em muitos aspectos, a dos ingleses, em especial no se-
e aço nas regiões mineradoras, como na província de Lorena, e nas tor químico. Em resumo, os Estados germânicos reuniram todas as
minas de carvão do norte. Em 1914, quando estourou a Primeira condições para um processo de industrialização eficiente: grande
Guerra Mundial, a França ocupava a terceira posição entre as eco- mercado consumidor interno; grande oferta de mão de obra, ali-
nomias capitalistas da Europa. Na frente dos franceses, somente a mentada por um crescimento demográfico expressivo; recursos
pioneira Inglaterra e a Alemanha. minerais adequados à tecnologia existente; empresas estrangeiras
interessadas em investir na economia alemã; estrutura bancária es-
Alemanha tável; investimento na educação técnica e científica.
No início do século XIX, era considerável a diversidade entre O processo de industrialização alemão, por conta do grande
os Estados germânicos. Mas havia traços comuns que lembravam investimento do Estado, foi denominado de “revolução pelo alto”.
os pequenos reinos ou principados dos séculos anteriores: uma Recebeu ainda o nome de “modernização conservadora”, por não
política de impostos elevados; concentração de recursos no finan- ter removido, como na França, o poder da aristocracia rural. Ao con-
ciamento de exércitos; economia agrária, com forte presença da trário, a aristocracia junker comandou o processo.
servidão camponesa.
Na primeira metade do século XIX, os altos cargos nos Estados
germânicos eram ocupados, em grande parte, por homens forma- MODELOS DE GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DO
dos nos princípios da Ilustração (do Iluminismo), ou seja, que com- TRABALHO: TAYLORISMO, FORDISMO, TOYOTISMO,
preendiam bem o sentido do liberalismo. Apesar do espírito conser- PLATAFORMAS DIGITAIS E SEUS IMPACTOS NO
vador, vários Estados germânicos, em particular a Prússia, apoiaram TRABALHADOR E NA SOCIEDADE
ou bancaram o estabelecimento de empresas capitalistas, na explo-
ração de minas e na criação de indústrias.
A Prússia havia saído fortalecida das guerras napoleônicas, Novas tecnologias, novas fontes de energia e a expansão da
com o território intacto, ao contrário de vários outros Estados dura- atividade industrial marcaram uma nova etapa do desenvolvimento
mente atingidos. Isso facilitou a hegemonia prussiana sobre o terri- capitalista, na segunda metade do século XIX. É o início da Segun-
tório germânico. O primeiro grande passo para essa hegemonia foi da Revolução Industrial. As hidrelétricas e o petróleo ampliaram a
dado em 1834, com a criação de uma união aduaneira, o Zollverein. capacidade de geração de energia e acrescentaram novas possibi-
Incluía 38 Estados do norte e do centro do território, aos quais ade- lidades à tecnologia de produção e, portanto, ao aparecimento de
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
novos produtos. Surgiram as grandes siderúrgicas e as indústrias O fordismo foi implantado pelo empresário Henry Ford (1863-
químicas. A marinha mercante multiplicou a sua frota em diversos 1947) na produção de automóveis, no início do século XX. O modelo
países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. As ferrovias se de produção fordista associada a linha de montagem às técnicas de
expandiram por todo o mundo, como meio de transporte e como organização do taylorismo. O automóvel, em processo de monta-
atividade empresarial. A evolução e a ampliação dos sistemas de gem, deslocava-se no interior da fábrica para a realização de cada
transporte estimularam o desenvolvimento da atividade industrial etapa de produção. O trabalhador, especializado, realizava sua tare-
e criaram novas possibilidades em relação à localização geográfica fa num tempo determinado e o automóvel continuava a se deslocar
de alguns setores industriais. até a instalação da última peça, do último acabamento.
Nessa fase, a livre concorrência das pequenas e médias empre- Método de otimização da produção, o fordismo baseava-se na
sas da Primeira Revolução Industrial foi praticamente substituída linha de produção em série com os funcionários desempenhando
pelo monopólio praticado por empresas gigantescas, comandadas cada um uma única função em ritmo acelerado.
por grandes bancos que passaram a investir, também, na produção. A produção era verticalizada, contando com uma rígida hierar-
O empresário, isolado, não tinha como realizar investimentos tão quia de chefes e subchefes, com ordens encaminhadas do alto para
elevados. o baixo escalão.
O domínio econômico das grandes empresas intensificou as Ao fordismo foi acoplado o taylorismo, método desenvolvido
disputas comerciais entre os países e ampliou as disputas territo- pelo engenheiro Frederick Winslow Taylor em que o tempo de pro-
riais para muito além de suas fronteiras. No final do século XIX, a dução das máquinas e dos operários era rigidamente controlado
Inglaterra, que mantinha o maior império colonial do planeta, não para se obter a máxima produtividade. O taylorismo era inflexível
era a única potência industrial. Os países que se industrializaram com horários e metas de produção.
nesse período incorporaram as tecnologias mais recentes e moder-
nas, enquanto algumas indústrias inglesas eram consideradas “ve-
lharias” da Primeira Revolução Industrial. Alemanha, Itália, França,
Japão e Estados Unidos competiam em pé de igualdade com a in-
dústria inglesa e, em diversos setores, até com superioridade. Todos
queriam ampliar seus mercados e suas fontes de matérias-primas.
Os Estados Unidos já exerciam domínio sobre o continente
americano. A Itália, a Alemanha e o Japão não tinham colônias para
ampliar a base de sua produção industrial. O mundo industrializado
criou um vasto império colonial que se estendeu por todo o planeta
com ocupação direta de territórios, guerras e acordos econômicos
com as elites das novas colônias. É a fase do imperialismo ou neo-
colonialismo.
A Segunda Revolução Industrial, no século XIX, trouxe novida-
Chaplin em “Tempos modernos”, 1936: uma denúncia da alie-
des tecnológicas também nas relações de trabalho. O carvão, com-
nação e da violência na produção industrial.
ponente energético da Primeira Revolução Industrial, foi sendo,
paulatinamente, substituído pelos derivados do petróleo. Os moto-
A produtividade aumentou e, com ela, o lucro. Essa equação
res a explosão levaram ao desenvolvimento dos automóveis que se
era muito interessante para os empresários da época, exceto por
tornaram gênero de produção em série.
um aspecto: o mercado consumidor não acompanhava o ritmo da
Diversos postos de trabalho requeriam mão de obra com espe-
produção, o que gerava estoques e capital estagnado.
cialização, muito embora os salários continuassem baixos.
Ao longo da década de 1920, a crise da superprodução e dos
Foram desenvolvidas as práticas do fordismo e do taylorismo
baixos salários gerou falências e desemprego, fatos que colocaram
com o objetivo de aumentar a produtividade e, consequentemente,
o sistema capitalista em situação de colapso.
o lucro empresarial.
Em 1929, a crise deflagrou a quebra da bolsa de valores de
Nova York.
Tecnologias de Processo – Fordismo e Taylorismo
A década de 1930 apresentou uma depressão econômica que
A evolução da produtividade não depende apenas das máqui-
motivou fortes insatisfações, que contribuíram para a erupção da
nas. Foi o que demonstraram os Estados Unidos no início do século
Segunda Guerra Mundial.
XX, em plena Segunda Revolução Industrial, com a introdução de
novas técnicas de produção industrial, que possibilitaram uma ra-
A Reestruturação do Sistema Capitalista
cionalização extrema no processo do trabalho no interior da fábri-
ca: o taylorismo e o fordismo.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, as nações europeias
O taylorismo, idealizado pelo inventor Frederick Winslow
criaram o “Estado do Bem-Estar Social”, conhecido como Welfare
Taylor (1856-1915), partia da concepção de que o trabalho fabril
State, para dar garantias de sobrevivência, moradia, saúde e educa-
era um conjunto de tarefas totalmente independentes da profissão
ção aos cidadãos de maneira indistinta. O programa do Bem-Estar
do trabalhador. Para Taylor, o melhor operário não é nada mais que
Social foi se aprimorando ao longo das décadas do século XX, crian-
um operário. O conhecimento do processo produtivo era uma ta-
do o sistema previdenciário para gerar segurança para a população.
refa exclusiva do gerente, que deveria determinar e fiscalizar cada
O Welfare State apoiou-se nas ideias do economista britânico
etapa dos trabalhos a serem feitos no menor espaço de tempo e
John Maynard Keynes (1883-1946). Para Keynes, o Estado deveria
sem perda de qualidade.
ser o interventor e o articulador da economia. Os investimentos
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
seriam necessários para tirar os países da crise em que se encon- → O insucesso norte-americano da Guerra do Vietnã. Apesar
travam e garantir, a longo prazo, a estabilidade do emprego, o que dessa derrota, a indústria bélica norte-americana, em decorrência
resultaria na estabilidade da demanda e, consequentemente, evita- do conflito, passou por um forte desenvolvimento do Complexo In-
ria novas crises. dustrial- Militar.
Com mais de 20 milhões de desempregados, sendo 14 milhões A geração de novas tecnologias, sobretudo no campo da infor-
nos EUA no pós-guerra, os países centrais não tinham outra solução mática e da robótica, pelos países capitalistas, aumentou a eficiên-
a não ser promover uma política de fortalecimento do Estado e das cia da economia ocidental. Sem essa eficiência, o bloco socialista
bases sociais para garantir o funcionamento do próprio sistema. ficou em defasagem na produção industrial e militar, o que contri-
Com as medidas do Welfare State, as populações da Europa e buiu para a sua crise, o desmoronamento e o fim da Guerra Fria.
dos EUA passaram a desfrutar de avanços sociais significativos. Ob-
viamente, os custos empresariais se elevaram com o aumento dos A Terceira Revolução Industrial e o Desemprego Estrutural
salários, as jornadas de trabalho reduzidas e os impostos mais altos.
Para as empresas, os países centrais viraram sinônimos de mer- O fim do bloco socialista, a vitória do capitalismo e a chegada
cado consumidor e mão de obra qualificada, pois agora contavam da Nova Ordem Mundial determinaram o fim da disputa ideológica
com escolarização, enquanto nos países periféricos, as políticas pú- típica da Guerra Fria. E, sem a necessidade de mostrar o sistema
blicas de bem-estar social não haviam sido implantadas. capitalista como o mais benéfico para os trabalhadores, as grandes
Os países periféricos, dessa forma, tornaram-se interessantes empresas ficaram livres para reduzir os seus custos, principalmente
como áreas de exploração da mão de obra e dos recursos naturais. os de mão de obra.
Mudava-se a concepção da função dos países centrais e periféricos A era da informatização ou Terceira Revolução Industrial trouxe
na chamada DIT (Divisão Internacional do Trabalho e da produção). agilidade, interligou o planeta por meio dos sistemas de comunica-
Diversos países periféricos, sobretudo da América Latina (Bra- ção e transportes muito eficientes, incorporou máquinas e robôs na
sil, Argentina e México) e posteriormente da Ásia (na época chama- produção. Postos de trabalho foram eliminados permanentemente,
dos de Tigres e Novos Tigres Asiáticos), industrializaram-se seguin- configurando o desemprego estrutural.
do os interesses das empresas transnacionais, que ansiavam por Nesse mesmo período, o neoliberalismo ganhou força, defen-
lucros mais expressivos. dido, principalmente, pelos governos dos EUA e da Inglaterra. Para
Os governos dos países periféricos incumbiram-se de criar a estes, a economia se “autorregula” e, portanto, o Estado não preci-
infraestrutura necessária para a implantação das indústrias estran- sa intervir na economia.
geiras, recorrendo a empréstimos internacionais. Ora, o fim da “mão protetora do Estado” ficou muito eviden-
Sabemos que o preço de um produto é fixado, primeiramente, te nos antigos países socialistas, quando o socialismo real ruiu. Os
pelo seu custo e valor agregado. Quanto maior a tecnologia empre- neoliberais queriam mais. Mais abertura econômica e o fim dos be-
gada, maior será o valor final. Dessa forma, o trabalho intelectual, o nefícios sociais-conquistados. Seria o fim do Welfare State?
de criação tecnológica, tem um valor muito maior do que o de ação E em países em que ele sequer foi implantado de forma signi-
mecânica, isto é, o da produção do gênero em série. Assim, para ficativa?
equilibrar os valores gastos nas importações de tecnologia - pro- No plano da propaganda, o neoliberalismo prega que o bem-
dutos de alto valor agregado e máquinas - os países periféricos são -estar é uma conquista individual, adquirida por meio da competên-
obrigados a produzir gêneros em quantidades cada vez maiores. cia, em vez do paternalismo do Estado.
Em última instância, o dinheiro é remetido, por meio do siste- Dessa forma, o discurso se afasta do campo das “oportunida-
ma financeiro internacional, para locais mais seguros ou lucrativos, des” e se finca no aspecto da competência individual. Assim, a res-
ou seja, nem sempre quem produziu ficará com o resultado para ponsabilidade sobre o sucesso ou o fracasso cabe, exclusivamente,
futuros investimentos. ao indivíduo.
É por isso que vemos a situação do PIB (Produto Interno Bruto) Com excesso de mão de obra no mercado, os processos sele-
dos países de forma tão discrepante no mundo. tivos são cada vez mais rigorosos, enquanto os salários estão cada
A política do Bem-Estar Social incentivou a qualificação pro- vez mais baixos.
fissional e o desenvolvimento de novas tecnologias. O mercado de O aprimoramento das técnicas e as novas relações de traba-
trabalho passou a valorizar indivíduos que têm a noção do todo e lho, avalizadas pelo Estado, trouxeram uma acumulação de capital
não apenas de uma parte da produção. como nunca se tinha visto.
Se as condições de vida melhoraram, pode-se dizer o mesmo Se o poder econômico interfere no poder político, podemos
para a economia dos países centrais. A nova DIT contribuiu para a concluir que os grandes conglomerados ditam as normas mundiais.
acumulação de riquezas, explorando os países periféricos, além de O pensamento do historiador Immanuel Wallerstein resume
também ter gerado uma massa de consumidores de elevado poder a atual fase capitalista monopolista e de concentração pessoal de
aquisitivo, principalmente nos países desenvolvidos. renda: Acumula-se capital a fim de se acumular mais capital. Os
Contudo, fatores de ordem econômica e tecnológica implica- capitalistas são como camundongos numa roda, correndo sempre
ram uma nova dinâmica de produção e consumo, nas décadas de mais depressa a fim de correrem ainda mais depressa.
1970 e 1980. Vejamos alguns destaques:
→ As crises do petróleo (1973 e 1979) aumentaram muito os Terceira Revolução Industrial e Tecnopolos
preços dos combustíveis fósseis, símbolos da Segunda Revolução Com a Terceira Revolução Industrial, ocorreu ainda a formação
Industrial; dos tecnopolos, a partir da necessidade de acumulação capitalista
em maior volume. São áreas onde a produção se faz com uso de
tecnologias de ponta e ocorre um controle sobre o trabalho mais
eficaz, ora por omissão do Estado ora por debilidade sindical.
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Estes tecnopolos são produzidos em áreas onde podem se aplicadas à criação e ao aperfeiçoamento de produtos pela indús-
associar empregos especializados e desenvolvimento por pesquisas. tria. Outro exemplo é o MIT (Massachusetts Institute of Tecnology),
Os tecnopolos caracterizam-se por: situado no nordeste dos Estados Unidos, considerado um dos prin-
→ Uma produção no modelo just-in-time, que produz de acor- cipais centros de pesquisa do mundo, mantido pelo governo norte-
do com a demanda ou os pedidos. Associado a isso pode ocorrer -americano e por grandes empresas privadas.
o just-in-case, que é a produção mediante existência de estoque Outro exemplo do desenvolvimento de novas tecnologias me-
mínimo; diante parcerias entre empresas industriais e universidades é o caso
→ Uma forte ligação entre fábricas e centros de pesquisa e uni- da Universidade de Stanford, em torno da qual surgiu o Vale do Silí-
versidades; cio, onde se concentra o maior conjunto de indústrias de informáti-
→ Estabelecimento de uma nova relação entre os oligopólios e ca de todo o mundo. Nos países capitalistas, sobretudo nos Estados
as pequenas e médias empresas, que arcam com os riscos e custos Unidos, boa parte das conquistas tecnológicas foi adaptada e esten-
de pesquisas tecnológicas para o desenvolvimento das grandes em- dida à criação de uma infinidade de bens de consumo, mesmo na
presas, gerando uma alta competitividade. época da Guerra Fria, quando o investimento em tecnologia estava
A Terceira Revolução Industrial – ou Revolução Técnico-cientí- voltado para a corrida armamentista ou espacial.
fica – começou a tomar forma no final da Segunda Guerra Mun- Com a Revolução Técnico-científica, o tempo entre qualquer
dial, mas os seus efeitos têm se manifestado em todo o mundo, inovação e sua difusão, na forma de mercadorias ou de serviços, é
de forma mais intensa, há cerca de duas décadas. Esse processo cada vez mais curto. Alguns produtos industriais classificados, em
de desenvolvimento da atividade industrial vem repercutindo for- princípio, como bens de consumo duráveis (especialmente aqueles
temente nos demais setores econômicos, nas relações sociais e nas ligados aos setores de ponta, como a microeletrônica e informáti-
relações sociedade-natureza. Uma das suas características mais im- ca), são cada vez menos duráveis e tornam-se obsoletos devido à
portantes é a interação entre a informática e as telecomunicações – rapidez com quem são incorporadas novas tecnologias.
a telemática -, mas podemos citar também outros de seus aspectos
característicos: Tecnologia de Processo – Toyotismo
* o avanço nos sistemas de telecomunicações (satélites artifi- Foi no Japão que ocorreu a transformação do processo de pro-
ciais, cabos de fibra óptica); dução de mercadorias na Terceira Revolução Industrial. Por ser um
* o desenvolvimento da informática, tanto nos equipamentos país com um território pequeno, dependente da importação de ma-
(hardware) quanto nos programas e sistemas operacionais (softwa- térias-primas e com pouco espaço para estocar os seus produtos,
re); nesse país a produção foi organizada de um modo diferente do tra-
* o desenvolvimento da microeletrônica, da robótica, da en- dicional modelo fordista.
genharia genética; Essa nova organização da produção ficou conhecida pelo nome
* a utilização da energia nuclear. de just-in-time (literalmente, tempo justo) e foi implementada pela
A Revolução Técnico-científica, ao mesmo tempo em que gera primeira vez, em meados do século XX, na fábrica de motores da
riquezas e amplia as taxas de lucros, responde também pelo desem- Toyota. Depois, foi incorporada pelas principais indústrias do mun-
prego de milhões de pessoas em todo o mundo, pois vem permi- do.
tindo produzir mais mercadorias e gerar mais serviços com menor No interior da fábrica, as diferentes etapas de produção, desde
número de trabalhadores. E isso é válido para a indústria, a agrope- a entrada das matérias-primas até a saída do produto, são reali-
cuária, o extrativismo, o comércio e os serviços. zadas de forma combinada entre fornecedores, produtores e com-
A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à ativida- pradores. A matéria-prima que entra na fábrica corresponde exa-
de industrial e às outras atividades econômicas: agropecuária, co- tamente à quantidade de mercadorias que serão produzidas. Essas
mércio, serviços. O desenvolvimento científico e tecnológico é um mercadorias são feitas dentro do prazo estipulado e de acordo com
componente fundamental para as empresas, pois é convertido em o pedido dos compradores. Além da eficiência, o sistema just-in-ti-
novos produtos e em redução de custos, permitindo maior capa- me permite diminuir o custo de estocagem e o volume da produção
cidade de competição num mercado cada vez mais disputado. As fica diretamente relacionado à capacidade do mercado de consu-
grandes empresas multinacionais possuem seus próprios centros mo, evitando-se perdas de estoque ou diminuição do preço, caso
de pesquisa e tem sido crescente o investimento na aquisição de ocorra uma defasagem tecnológica do produto.
novos conhecimentos científicos, em relação ao conjunto da ativi- O trabalho especializado e rotineiro da linha de montagem do
dade produtiva. sistema fordista foi substituído por um sistema flexível, em que o
O Estado, por meio de universidades e de instituições de pes- trabalhador pode ser deslocado para realizar diferentes funções, de
quisa, também estimula o desenvolvimento tecnológico, preparan- acordo com as necessidades da produção em cada momento.
do novos profissionais e capacitando-os para as funções de pesqui- Nesse novo sistema, a modificação e a atualização nos modelos
sa na área industrial ou agrícola, assim como no desenvolvimento das mercadorias podem ser feitas a partir de pequenas reestrutu-
de tecnologias, transferidas ou adaptadas às novas mercadorias de rações da mesma fábrica, utilizando-se os mesmos equipamentos.
consumo ou aos novos equipamentos de produção. Nesse sentido, Os recursos da microeletrônica, da robótica e da informática, in-
a pesquisa científica aplicada ao desenvolvimento de novos produ- tensivamente utilizados nesse sistema, viabilizam essas frequentes
tos tornou-se parte do planejamento estratégico do Estado, visando mudanças.
ao desenvolvimento econômico. Essa flexibilidade industrial tornou-se importante num mundo
Um exemplo desse apoio estatal ao desenvolvimento de novas em que a evolução tecnológica acarreta constante criação e modi-
tecnologias é o MITI (Ministério da Indústria e Comércio Exterior), ficação de produtos, com consequente diminuição da vida útil das
do Japão. Por intermédio do MITI – que recebe verbas das empre- mercadorias.
sas e do governo japonês -, desenvolvem-se pesquisas que serão
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
É preciso ressaltar, no entanto, que a difusão do toyotismo Todos os avanços referentes ao trabalho do ser humano de-
trouxe uma ampliação nos fluxos de mercadorias, inclusive, num mandam uma nova adaptação frente à degradação ambiental: é
ritmo mais acelerado, demandando novas exigências ao setor de preciso uma educação ambiental para que ainda haja tempo de
transportes. preservar o que resta da natureza.
Desde a pré-história, o homem subsistia com aquilo que conse-
A Sociedade da Informação guia colher manualmente na natureza, consumindo, principalmen-
Os computadores invadiram a vida cotidiana. Apesar de não es- te, frutas, legumes, raízes, além da carne obtida por meio da caça
tarem presentes em todas as residências do mundo, indiretamente e da pesca.
atingem todas as pessoas. Eles coletam, armazenam e divulgam in- Sua atividade consistia, basicamente, em procurar e colher tais
formações de forma maciça e instantânea, ligando o mundo numa recursos da natureza, pouco interferindo no meio ambiente.
grande rede, e estão presentes em diversos momentos do dia-a-dia. Tal atuação não implicava em maior dano aos recursos natu-
Por exemplo, o ato de usar o caixa eletrônico só é possível mediante rais, visto que eram atividades desempenhadas estritamente para
informações transmitidas a um computador central, que autoriza manutenção do indivíduo, o qual se apossava de recursos renová-
ou não a transação. No supermercado, um terminal, no caixa, lê o veis da natureza, produzidos de forma periódica e em decorrência
código de barras do produto, informa o preço à máquina registra- de seu ciclo normal de reprodução.
dora, dá baixa do produto no estoque e encaminha essa informação Tal fato, no entanto, foi incapaz de garantir recursos suficien-
ao departamento de compras, para a reposição do estoque. tes para satisfazer as necessidades alimentares de uma população
Em muitas residências, o computador faz parte dos equipa- que crescia constantemente, forçando, ao final, a busca por novos
mentos básicos do dia-a-dia. Por computador, usando a Internet, recursos.
pode-se acessar informações em qualquer parte do mundo para re- Aos poucos, o homem passa a desenvolver novas habilidades,
alizar pesquisas, pagar contas, transferir dinheiro de uma conta de tornando-se, então, um produtor de alimentos e, de certa maneira,
banco para outra, ou comprar mercadorias e serviços. interferindo e modificando o meio em que vive. Disso, prosperam
Tais atividades, já corriqueiras para uma pequena parcela da novas alternativas, fazendo com que o processo produtivo acelere,
população mundial, dependem de um complexo sistema de infra- assim como se constituam novas formas de organização do indiví-
-estrutura que usa desde satélites artificiais de comunicação em duo em sociedade.
órbita permanente até fios telefônicos e cabos de fibra óptica que Os modelos econômicos adotados, feudalista, capitalista, etc.,
atravessam oceanos. Enfim, trata-se de um novo modo de vida que exerceram grande influência nesse processo, em razão de terem
combina mercadoria industrial com serviços. Aparelhos diversos favorecido o aprimoramento do setor produtivo e da organização
– computadores, telefones e televisores – têm que estar ligados a social.
uma ampla rede de serviços para que possam ser utilizados. No entanto, embora esse avanço, num primeiro instante, pos-
Foi essa Revolução Técnico-científica, caracterizada também sa representar melhores condições de vida para os seres humanos,
pelo desenvolvimento dos meios de transporte, que possibilitou a também tem acarretado graves danos ao meio ambiente, face o au-
descentralização da produção industrial para os mais distantes re- mento da extração de recursos não renováveis, passível de levar ao
cantos do mundo. seu consequente esgotamento.
Nesse enfoque, destaca-se o modelo capitalista de produção,
Trabalho, sua Relação com o Meio Ambiente que, mesmo significando um novo estímulo à produção de bens e
ao progresso econômico, tende a aprofundar ainda mais o fosso
O trabalho12 é um elemento transformador, não apenas do ho- formado entre o desequilíbrio ambiental e a geração e acumulação
mem que trabalha, mas também da natureza, fonte já não tão ines- de riquezas, gerando riscos ao meio ambiente e desigualdades só-
gotável de recursos, além de modificador também das relações que cio econômicas.
se estabelecem na sociedade. Esse modelo econômico tem proporcionado, de um lado, uma
A ampliação do processo do trabalho ensejou que o trabalha- melhoria da produtividade, desencadeada, predominantemente,
dor passasse a ter garantido, por meio de leis e regulamentos, cer- pelos resultados alcançados em pesquisas tecnológicas e científi-
tos direitos frente ao tomador de seus serviços. Todavia, ainda que cas, pela competitividade, pela possibilidade de acumulação de
tenha havido progressos nesse âmbito, visto que constantemente bens materiais e, em alguns casos, a criação de tipos novos de
novos direitos vão sendo incluídos no rol dos já existentes, nada ocupação; enquanto, por outro lado, tem sido fonte, dentre outras
ou quase nada foi feito para se garantir que os trabalhadores fos- coisas, da precarização da qualidade de vida de uma parcela signi-
sem capazes de tomar ciência dos efeitos de seu trabalho sobre o ficativa da população, gerando mais desemprego, menos oportu-
meio ambiente, assim como pouco tem sido feito no sentido de se nidade de acesso aos benefícios alcançados com o progresso, mais
procurar novas alternativas menos agressivas, no sentido de incluir desequilíbrio na distribuição das riquezas, além de um crescimento
o trabalhador na busca de desenvolver atividades cada vez menos exagerado da exploração dos recursos naturais.
nocivas à integridade dos recursos naturais. Cientes de que o planeta apresenta uma limitação na sua ca-
Primeiramente, porque a eles, na maioria das vezes, não cabe pacidade de gerar recursos, de fornecer matéria-prima e que a ca-
maior poder de decisão sobre a administração da organização; se- pacidade de reprodução dos seres humanos continua crescendo,
gundo, porque a busca por novas alternativas demanda, inicialmen- acarretando um aumento da demanda por novos recursos, torna-se
te, um dispêndio de valores que nem sempre as corporações estão imperiosa a busca por alternativas capazes de conciliar a satisfação
dispostas a bancar. dessas necessidades com progresso econômico e preservação am-
biental, a fim de que seja possível ter uma qualidade digna de vida.
12 https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1010/Disserta-
cao%20Fabio%20Rodrigues.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Exploração do Trabalho e da Natureza13 a apreensão não apenas da evolução das relações laborais, mas
Sendo o toyotismo um sistema de organização voltado para a também das mutações nas percepções e identidades dos trabalha-
produção de mercadorias, paralelamente ao mesmo, se difundiram dores.
novas relações de trabalho, caracterizadas pelos salários baixos e Sob uma ótica sociológica, o movimento operário representou
direitos trabalhistas restritos ou inexistentes. uma resposta coletiva às condições adversas nas fábricas e nas in-
A maioria desses empregos foram criados em países em desen- dústrias emergentes. A intensificação do labor, jornadas extenuan-
volvimento, onde ainda em grande parte se mantinham o método tes, ausência de regulamentação e condições precárias constituíam
de produção fordista14, baseado na super exploração dos trabalha- desafios diários enfrentados pelos trabalhadores. Nesse cenário, a
dores. formação de sindicatos e a configuração de movimentos coletivos
No entanto, em muitos deles, como a China, a Índia e o Brasil, surgiram como respostas, almejando melhorias nas condições de
também há indústrias modernas e a introdução do toyotismo. trabalho, regulamentação laboral e, frequentemente, uma redefini-
Também em diversos países desenvolvidos a flexibilização da ção mais equitativa das relações entre capital e trabalho.
legislação trabalhista, com a redução dos salários e dos benefícios A sociologia aplicada ao trabalho examina como a organização
sociais e previdenciários, tem levado ao enfraquecimento do movi- dos trabalhadores influenciou não apenas as condições laborais
mento sindical. imediatas, mas também a estrutura social mais ampla. A cons-
Vários fatores contribuem para tal situação: a competição das tituição de sindicatos e a participação em movimentos operários
novas tecnologias e dos novos processos produtivos, a desconcen- contribuíram para uma reconfiguração do poder, desafiando as
tração da produção industrial e a concorrência dos trabalhadores hierarquias tradicionais e fomentando uma consciência de classe
mal remunerados, numerosos nos países em desenvolvimento. entre os trabalhadores. Essa consciência coletiva não só moldou as
Entretanto, para milhões de trabalhadores da periferia do siste- condições de trabalho, mas também desencadeou transformações
ma capitalista, que estavam fora do processo de produção, as condi- marcantes na sociedade em seu conjunto.
ções de vida melhoraram. Ademais, a psicologia aplicada ao trabalho evidencia o impacto
A vida na cidade, em geral, é melhor do que na zona rural. Isso do movimento operário na vivência individual dos trabalhadores. O
é particularmente verdadeiro na China, cuja economia atraiu gran- envolvimento em sindicatos e movimentos coletivos proporcionou
de volume de investimentos estrangeiros por causa dos baixos cus- um sentimento de solidariedade e pertencimento, contrapondo-se
tos de sua mão de obra. à alienação frequentemente associada às formas mais mecanizadas
Segundo o Banco Mundial, o número de chineses que viviam de produção. A luta coletiva por melhores condições de trabalho
na pobreza extrema caiu de 756 milhões (67% da população total), não apenas fortaleceu os laços sociais, mas também contribuiu para
em 1990, para 19 milhões (1,4% da população), em 2014. a construção da identidade dos trabalhadores, que se percebiam
Em menor escala, isso também ocorreu no Brasil, no México, não apenas como executores de tarefas, mas como agentes ativos
na Índia e em outros países emergentes. na formação de seus destinos laborais.
Além de permitir a exploração do trabalhador, durante muito O movimento operário, ao longo do tempo, evoluiu para abor-
tempo, a legislação ambiental dos países em desenvolvimento era, dar questões para além das condições imediatas de trabalho. A bus-
em sua maior parte, frágil. Esse fato permitia produzir a custos me- ca por direitos civis, igualdade de gênero, inclusão e justiça social
nores e contribuía para atrair indústrias poluidoras. tornou-se uma parte intrínseca das agendas sindicais. A sociologia
Embora isso ainda aconteça na atualidade, a crescente preocu- aplicada destaca como essas ampliações de foco não apenas trans-
pação mundial com o desenvolvimento sustentável tem pressiona- formaram a organização dos trabalhadores, mas também contri-
do os dirigentes das fábricas a desenvolver métodos de produção buíram para mudanças mais amplas na sociedade, influenciando
que causem menos impactos ambientais. políticas e promovendo a conscientização sobre questões sociais
Vem se firmando a ideia de que o desenvolvimento sustentá- cruciais.
vel pode contribuir para aumentar a produtividade das empresas e, Sob uma perspectiva psicológica, a participação ativa no movi-
consequentemente, a competividade e os lucros, além de reforçar mento operário proporcionou aos trabalhadores um senso de agên-
a imagem positiva resultante da certificação com um “selo verde”. cia, contrastando com a sensação de impotência frequentemente
associada às estruturas hierárquicas rígidas nas organizações. O en-
volvimento em protestos, greves e negociações coletivas não ape-
A ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES E TRABALHADO- nas visava melhorias tangíveis, mas também fortalecia a autoestima
RAS: O MOVIMENTO OPERÁRIO e a autoeficácia dos trabalhadores, promovendo um ambiente mais
positivo no trabalho.
A organização dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmen- A interação entre sociologia e psicologia aplicada ao movimen-
te no contexto do movimento operário, desempenhou uma função to operário é essencial para a compreensão das complexidades des-
central nas dinâmicas sociológicas e psicológicas do universo la- sas lutas coletivas. A sociologia evidencia as alterações nas estrutu-
boral ao longo das eras. Esse movimento, que adquiriu expressiva ras sociais, enquanto a psicologia explora as implicações individuais
força durante o século XIX como resposta às transformações catali- e emocionais dessas mudanças. De maneira conjunta, essas dis-
sadas pela Revolução Industrial, figura como elemento crucial para ciplinas oferecem uma compreensão holística da organização dos
trabalhadores e trabalhadoras, ressaltando a importância não ape-
13 SENE, Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil. Volume único. nas das condições de trabalho, mas também das relações sociais
Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018. e da construção de identidade no contexto laboral. O movimento
operário, dessa maneira, permanece como um marco essencial na
14 O Fordismo é um modo de produção em massa baseado na linha de
narrativa histórica do trabalho, moldando não apenas as condições
produção idealizada por Henry Ford. Foi fundamental para a racionalização do
processo produtivo e na fabricação de baixo custo e na acumulação de capital. laborais, mas também os fundamentos para a compreensão con-
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
temporânea das relações entre trabalho e sociedade. inestimáveis para a compreensão e promoção de ambientes labo-
rais mais justos e sustentáveis.
SINDICALIZAÇÃO E MILITANTISMO
A AÇÃO SINDICAL E SUA TIPOLOGIA.
A sindicalização e o engajamento sindical emergem como as-
pectos essenciais no panorama contemporâneo do trabalho, de- A relação intrincada entre trabalho e sociedade, marcada por
sempenhando funções cruciais tanto no domínio sociológico quan- uma complexidade de elementos que abrangem tanto aspectos
to no psicológico. A congregação de trabalhadores em sindicatos econômicos quanto sociais, destaca a ação sindical como uma fer-
constitui uma resposta coletiva às intricadas dinâmicas do universo ramenta fundamental na busca por equidade e justiça no ambiente
laboral, permeado por disparidades de poder e desafios socioeco- laboral. Este texto se propõe a realizar uma análise extensa e abran-
nômicos. Nesse contexto, a análise sociológica visa compreender gente sobre a ação sindical e suas diferentes tipologias, explorando
não apenas a influência da sindicalização nas condições de trabalho, as nuances sociológicas e psicológicas que permeiam esse fenôme-
mas também seu impacto nas estruturas sociais mais abrangentes. no.
Sob a perspectiva sociológica, a sindicalização se configura A história da ação sindical remonta à Revolução Industrial, uma
como um mecanismo de resistência e organização dos trabalha- época em que os trabalhadores enfrentavam condições desuma-
dores, emergindo como contrapartida à necessidade de equilibrar nas, jornadas exaustivas e salários irrisórios. Diante desse cenário
relações de poder frequentemente pendentes em favor dos em- adverso, os sindicatos surgiram como resposta às injustiças, buscan-
pregadores. A instituição de sindicatos não se limita à busca por do representar os interesses coletivos dos trabalhadores. Desde en-
negociações coletivas de salários e condições laborais; ela almeja a tão, a ação sindical evoluiu, adquirindo diversas formas e funções.
reconfiguração das hierarquias preexistentes. A sociologia aplicada Sob a tipologia da ação sindical, o sindicalismo de classe funda-
ao trabalho explora minuciosamente como essas organizações cole- menta-se na ideia de que os trabalhadores compartilham interesses
tivas influenciam as dinâmicas sociais, fomentando a solidariedade comuns e devem unir forças para alcançar objetivos coletivos. Nes-
entre os trabalhadores e desafiando estruturas de exploração. se modelo, a luta por melhores condições de trabalho, salários dig-
No âmbito psicológico, a decisão individual de se engajar como nos e benefícios é central, destacando a formação de identidades
militante sindical é objeto de análise. O envolvimento em ativida- coletivas e a solidariedade como fatores essenciais. Por outro lado,
des sindicais implica uma série de desafios psicológicos, desde lidar o sindicalismo empresarial, contrapondo-se ao sindicalismo de clas-
com pressões externas até enfrentar conflitos internos relaciona- se, concentra-se na colaboração entre empregadores e empregados
dos à identidade e ao propósito. A psicologia aplicada ao trabalho para alcançar objetivos mútuos, com uma abordagem muitas vezes
investiga a forma como os indivíduos lidam com o ativismo sindical, orientada para a produtividade e eficiência, explorando estratégias
a resistência que enfrentam e os fatores motivacionais que impul- que promovam um ambiente de trabalho mais harmonioso. A psi-
sionam sua participação. Além disso, explora os impactos na saúde cologia aplicada a esse contexto investiga as dinâmicas de negocia-
mental desses militantes, considerando as adversidades e estigmas ção e as relações interpessoais.
associados ao ativismo. O sindicalismo revolucionário, com raízes nas teorias marxistas,
A militância sindical não se restringe apenas às questões ime- vai além das melhorias nas condições de trabalho, buscando uma
diatas do ambiente de trabalho, expandindo-se frequentemente transformação radical na estrutura social e econômica. A sociologia
para abraçar causas sociais mais abrangentes, como direitos civis, desse tipo de ação sindical destaca as lutas de classes e a busca por
igualdade de gênero e justiça social. Essa ampliação de foco destaca uma reconfiguração completa do sistema.
o papel dos sindicatos não apenas como mediadores nas condições Do ponto de vista sociológico, a ação sindical pode ser interpre-
de trabalho, mas também como agentes de transformação social. A tada como um fenômeno que reflete as dinâmicas de poder presen-
sociologia aplicada ressalta como a sindicalização, quando aliada ao tes na sociedade. A teoria do conflito, por exemplo, enxerga a ação
ativismo em questões sociais, contribui para uma visão mais holísti- sindical como um produto da luta entre diferentes classes sociais,
ca das lutas por justiça e equidade. enquanto a teoria funcionalista destaca o papel dos sindicatos na
A complexidade inerente ao sindicalismo e à atuação como mi- manutenção do equilíbrio social ao representar os interesses dos
litante sindical demanda uma abordagem integrada entre a socio- trabalhadores.
logia e a psicologia aplicada ao trabalho. Enquanto a sociologia exa- A psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel crucial
mina as alterações nas estruturas sociais e nas relações de poder, a na compreensão das motivações e desafios enfrentados pelos tra-
psicologia explora as sutilezas da experiência individual do militan- balhadores envolvidos em ações sindicais. O estudo das relações de
te. A resiliência necessária para enfrentar adversidades, a constru- poder, liderança sindical e o impacto psicológico das negociações
ção da identidade em meio às lutas coletivas e a gestão emocional são aspectos fundamentais. A psicologia organizacional, por sua
desses processos são elementos centrais na análise psicológica do vez, pode oferecer insights sobre como otimizar a eficácia das ações
sindicalismo. sindicais, considerando a dinâmica psicológica dos envolvidos.
Sindicalização e engajamento sindical não representam apenas Desse modo, a ação sindical é um fenômeno multifacetado
fenômenos laborais isolados; são componentes intrínsecos de uma que transcende as fronteiras da sociologia e psicologia aplicada ao
narrativa mais ampla sobre a evolução das relações de trabalho e trabalho. Sua tipologia reflete não apenas diferentes abordagens
as lutas por justiça social. Ao compreender as complexidades so- estratégicas, mas também divergências ideológicas e sociais. Com-
ciológicas e psicológicas desses elementos, não apenas analisamos preender a complexidade desse fenômeno é essencial para promo-
o presente, mas também moldamos um futuro mais equitativo e ver ambientes de trabalho mais justos, equitativos e produtivos,
consciente das interações no mundo do trabalho. A interseção en- alinhados com os princípios fundamentais de dignidade e respeito
tre sociologia e psicologia aplicada ao trabalho proporciona insights no contexto laboral.
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
A evolução do sindicalismo diante das transformações do mundo do trabalho é um tema fascinante que nos permite analisar a dinâ-
mica complexa entre as forças sociais, econômicas e psicológicas que moldam as organizações laborais ao longo do tempo. O sindicalismo,
enquanto movimento que busca representar os interesses coletivos dos trabalhadores, tem sido influenciado por uma série de mudanças
no cenário global, desde as primeiras formas de organização no contexto da Revolução Industrial até os desafios contemporâneos da era
digital e globalizada.
Na sua origem, o sindicalismo nasceu como uma resposta às duras condições impostas aos trabalhadores durante a Revolução Indus-
trial. As jornadas exaustivas, os salários inadequados e as condições desumanas de trabalho deram origem aos primeiros sindicatos, que
lutavam por direitos básicos e condições mais dignas. Nessa fase inicial, a sociologia aplicada ao trabalho ganhava espaço ao analisar as
estruturas de poder emergentes e as relações entre capital e trabalho.
Ao longo do século XX, o sindicalismo passou por diversas transformações, refletindo as mudanças nas configurações econômicas e
sociais. O sindicalismo de classe, que fundamentava sua atuação na luta pelos direitos trabalhistas, encontrou desafios e oportunidades
nas ondas de industrialização, na ascensão do fordismo e na consolidação do modelo de welfare state. Essa evolução refletia não apenas os
avanços nas condições de trabalho, mas também as mudanças nas teorias sociológicas que fundamentavam a compreensão das relações
laborais.
No entanto, o sindicalismo não permaneceu imune às transformações estruturais da sociedade contemporânea. O advento da globa-
lização e a ascensão da economia digital trouxeram consigo novos desafios. A flexibilização das relações de trabalho, o surgimento do tra-
balho remoto e a descentralização da produção impactaram diretamente as formas tradicionais de organização sindical. Nesse contexto, a
psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel crucial ao analisar como essas mudanças afetam a saúde mental e emocional dos
trabalhadores, bem como as dinâmicas de liderança sindical.
A pluralidade de formas de sindicalismo também se destaca como um fenômeno contemporâneo. Além do sindicalismo de classe, sur-
giram abordagens mais colaborativas, como o sindicalismo empresarial, que busca uma parceria entre empregadores e empregados para
promover objetivos comuns. A psicologia organizacional desempenha aqui um papel essencial ao explorar as dinâmicas de negociação e
as relações interpessoais que sustentam essas novas formas de sindicalismo.
É crucial mencionar que o sindicalismo contemporâneo também enfrenta críticas e resistências. Algumas correntes argumentam que,
em alguns casos, os sindicatos podem reproduzir estruturas de poder hierárquicas ou que suas abordagens podem não ser suficientemen-
te adaptativas às rápidas mudanças no mundo do trabalho. Nesse sentido, a sociologia aplicada ao trabalho continua a desempenhar um
papel vital ao analisar as tensões e desafios enfrentados pelos sindicatos na contemporaneidade.
Com base no que vimos anteriormente, podemos saber que a evolução do sindicalismo diante das transformações do mundo do tra-
balho é um processo dinâmico que reflete a interseção complexa entre a sociologia e a psicologia aplicadas ao contexto laboral. Desde suas
origens na Revolução Industrial até as atuais adaptações às demandas da era digital, o sindicalismo continua a ser um ator central na busca
por equidade, justiça e dignidade no ambiente de trabalho, oferecendo oportunidades para a reflexão crítica e a inovação nas estratégias
de representação dos interesses dos trabalhadores.
Greve pode ser considerada como um fato social. Em nossa legislação é considerada como a suspensão do contrato de trabalho. Essa
suspensão define-se como uma paralização sem pagamento, mas na prática os sindicatos pedem a interrupção do serviço para que os
grevistas tenham a possibilidade de receber seus vencimentos.
O direito de greve no Brasil foi uma das mais importantes conquistas dos trabalhadores por meio da Constituição Federal de 1988, que
no artigo 9º diz:
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre
os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
O direito de greve é assegurado apenas ao trabalhador subordinado. A suspensão dos serviços deve ser temporária e não definitiva.
A paralisação pode ser parcial ou total. A titularidade do direito de greve é dos trabalhadores, no entanto, a legitimidade para a instau-
ração da greve pertence à organização sindical dos trabalhadores. O artigo 8º, VI, da CF/88 estabelece que nas negociações coletivas deve
haver a participação obrigatória do sindicato profissional.
Daí decorre que o direito de greve é um importante direito fundamental dos trabalhadores, através do qual podem se manifestar e
pressionar o seu empregador sobre suas reivindicações. Todavia, como é basilar, não se trata de um direito absoluto, cabendo aos traba-
lhadores e respectivos sindicatos, para exercê-lo regularmente e não tê-lo como abusivo, cumprir alguns requisitos legais.
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Os trabalhadores da iniciativa privada, regidos pela CLT, conforme já mencionado, possuem o direito de greve assegurado na Constitui-
ção Federal e regulamentado pela Lei 7.783/1989. Não obstante, aos servidores públicos, relativamente ao exercício do direito de greve,
o tratamento constitucional foi diverso.
Conforme o que dispõe o art. 37, VII, da CF/88: “o direito de greve do servidor público civil será exercido nos termos e nos limites defi-
nidos em lei específica”.
Esse dispositivo da Constituição Federal condicionou o pleno exercício do direito de greve dos servidores públicos estatutários à edição
de lei específica. Assim, embora assegurado pelo texto constitucional o exercício do direito de greve para o servidor público civil, se faz
necessário para ser exercício a fixação de seus limites por lei específica, cujo qual ainda não existe em nosso ordenamento jurídico.
Neste contexto, parte da doutrina e jurisprudência entende que como essa lei específica ainda não existe os servidores públicos civis
não possuem o direito de greve. Contudo, o posicionamento majoritário e que vem se consolidando, principalmente com base em decisão
já proferida pelo STF, é de que o direito de greve não pode ser sonegado diante da omissão legislativa, devendo, assim, serem aplicadas as
regras do direito de greve no âmbito privado (Lei 7.783/1989) aos servidores públicos civis.
Portanto com base nesse posicionamento é assegurado sim o direito de greve ao servidor público civil, mesmo sem a edição da lei
especifica que regulamente seu exercício.
O art. 5º, caput, da Constituição Federal prescreve como direito fundamental de todos os brasileiros à inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Para assegurar à incolumidade desses valores jurídicos tão caros, a segurança pública é um dever estatal de suma importância.
A Constituição estabelece que os militares são impedidos de sindicalização e de greve e, como no Brasil, além das Forças Armadas,
preservação da ordem pública, a incolumidade das pessoas e o patrimônio, é exercida também exercida por meio da polícia federal; policia
rodoviária federal; polícia ferroviária federal; polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares, essa proibição se estende a
todos os servidores de todos os Estados Brasileiros.
Assim, a carreira policial é o braço armado do Estado para a garantia da segurança pública, assim como as Forças Armadas são o braço
armado do Estado para garantia da segurança nacional, visando ambos a função de garantir a ordem pública.
É a redação do art. 142, §3º, IV, da CF/88: ao militar são proibidas a sindicalização e a greve”.
Nesse contexto, em recente decisão proferida em 05 de abril de 2017, no julgamento do Recurso Extraordinário com
Agravo (ARE) 654432, com repercussão geral reconhecida, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria dos
votos, reafirmou entendimento no sentido de que é inconstitucional o exercício do direito de greve por parte de policiais civis
e demais servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. São precedentes do Supremo nesse
sentido, como a Reclamação 6568 e o Mandado de Injunção (MI) 670.
Portanto, o posicionamento que prevalece é de que não há como se compatibilizar que o braço armado investigativo do Estado possa
exercer o direito de greve, sem colocar em risco a função precípua do Estado, exercida por esses órgãos, para garantia da segurança, da
ordem pública e da paz social.
Busca o Direito do Trabalho, como instrumento de justiça social, além de melhores condições para o trabalhador, assegurar seus direi-
tos e garantias laborais e lutar para o aprimoramentos das relações continuamente em prol do bem estar social nas relações de trabalho.
O processo do trabalho dá ênfase à solução do conflito por meio do princípio da conciliação. É nesse contexto que o caput do art. 764
da CLT impõe que “os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à concilia-
ção”.
A propósito, o §1º do referido artigo prevê que “os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão
no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos”.
Ademais, no rito sumaríssimo, o art. 852-E da CLT descreve que “aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as van-
tagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência”.
Já no rito ordinário, a CLT prevê dois momentos obrigatórios de tentativa de conciliação a ser conduzida pelo juiz:
1º - na abertura da audiência inicial e antes da apresentação da defesa (CLT, art. 846);
2º - depois das razões finais e antes da sentença, como declina o art. 850 da CLT.
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Arbitragem Jurisdição
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da jurisdição. Em outras palavras, as partes poderiam, cada uma, Há, ainda, um aspecto subjetivo que também integra o princí-
cumprir o seu dever, evitando o conflito. Surgindo o conflito, pode- pio do juízo natural: a imparcialidade. Ressalte-se que a imparcia-
riam, per si, buscar uma forma de resolve-lo. Em não agindo assim, lidade figura como uma das características da função jurisdicional,
a última possibilidade consiste em bater às portas do Judiciário em como princípio da jurisdição e como pressuposto processual.
busca de uma tutela jurisdicional. Uma vez provocada a jurisdição,
instaurado e desenvolvido o processo, o Estado-juiz editará a sen- Princípio da improrrogabilidade
tença, uma verdadeira lei regedora do caso concreto, a qual uma Os limites da jurisdição, em linhas gerais, são traçados na Cons-
vez imutabilizada pela coisa julgada, substituirá completamente à tituição, não podendo o legislador ordinário restringi-los nem am-
vontade das partes. A solução dada, por exemplo, julgando impro- plia-los. A improrrogabilidade traçará, então, os limites de atuação
cedente o pedido formulado na petição inicial, nem de longe inte- dos órgãos jurisdicionais. Todos os juízes são investidos de jurisdi-
grava a vontade do autor, mas ele terá que se submeter ao que fora ção, mas só poderão atuar naquele órgão competente para o qual
decidido. Goste ou não as partes do que restou decidido, terão que foram designados, e somente nos processos distribuídos para
obedecer ao comando da sentença. Esse é o sentido de substituti- aquele órgão.
vidade da jurisdição.
Em razão da substitutividade, a jurisdição é espécie de hetero- Princípio da indeclinabilidade (ou da inafastabilidade)
composição dos conflitos, gênero que se contrapõe à autocompo- Se, por um lado, não se permite ao julgador atuar fora dos limi-
sição (solução do litígio pelos próprios sujeitos da relação material, tes definidos pelas regras de competência e distribuição, por outro,
como se dá na conciliação e transação), que tem como pressuposto também a ele não se permite escusar de julgar nos casos a que a
o respeito integral à autonomia da vontade. tanto está compelido. O órgão jurisdicional, uma vez provocado,
não pode recusar-se, tampouco delegar a função de dirimir os li-
Imparcialidade tígios, mesmo se houver lacunas na lei, caso em que poderá o juiz
No exercício da jurisdição deve predominar o interesse geral de valer-se de outras fontes do direito, como a analogia, os costumes e
administração da justiça, devendo os agentes estatais zelar para os princípios gerais (art. 4º da LINDB).
que as partes tenham igual tratamento e igual oportunidade de
participar na formação do convencimento daquele que criará a nor- Princípio da inevitabilidade
ma que passará a reger o conflito de interesses. É nesse sentido que Relaciona-se com a autoridade da decisão judicial, que, uma vez
se diz que a jurisdição é atividade imparcial do Estado. transitada e julgado, se impõe independentemente da vontade das
Resumindo: a imparcialidade constitui característica de toda a partes.
atividade jurisdicional; mas há atividade típica da Administração Assim, se não concordar com a decisão, deve-se recorrer; caso
para a qual também se exige o requisito da imparcialidade. contrário, as partes a ela ficarão sujeitas em caráter inevitável.
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
de de mecanismos internos, que podem existir nas empresas e nos ticas, ao menos potencialmente, são evidenciadas nas sociedades
sindicatos, para permitir soluções autocompostas, céleres e simplifi- contemporâneas para que elas sejam classificadas como socieda-
cadas, como convém para a maioria dos conflitos trabalhistas. des em rede.
Uma dessas características, é a possibilidade de um maior fluxo
Assim, tem-se, a jurisdição como meio de resolução dos confli- de pessoas por meio de sistemas de transporte e telecomunicação
tos claramente eleito, nos costumes do direito brasileiro, como a mais abrangentes.
melhor forma de resolução dos conflitos, mesmo com sua morosi- Da mesma forma, como explica N. Canclini, as práticas comer-
dade, tem a jurisdição preferência na resolução das lides em rela- ciais da nova ordem mundial substituem a tradicional distinção
ção a arbitragem, esta, ainda pouco utilizada. entre próprio e alheio. A proliferação de produtos importados nas
prateleiras indica, ao menos em tese, a possibilidade cada vez mais
Referências Bibliográficas: acentuada de trocas de bens materiais e mercadorias em escala pla-
netária.
DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 19. Novamente, as facilitações no campo dos transportes e das te-
ed. Revisada e completamente reformulada conforme o Novo CPC lecomunicações (permitindo, por exemplo, maior rapidez no envio
– Lei 13.105, de 16 de março de 2015 e atualizada de acordo com a de mercadorias de lugares distantes tanto quanto no próprio poder
Lei 13.256, de 04 de fevereiro de 2016. São Paulo: Atlas, 2016. do consumidor de agilizar suas compras internacionais por meio da
MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho. 5ªedição. Bahia: Editora Internet) também são fundamentais para a compreensão do que se
JusPODIVM, 2016. entende como uma sociedade em rede.
Por fim, a transmissão de informações e bens simbólicos (des-
de o dinheiro volatizado nas bolsas de valores integradas até os sis-
A CRISE ATUAL DA SOCIEDADE DO TRABALHO: O temas de comunicação digitalizados que atuam no mundo inteiro)
PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO, SEUS EFEITOS SOCIAIS E aponta claramente para a efetivação de um fluxo de comunicação
AS NOVAS CADEIAS PRODUTIVAS em rede de proporções inéditas. Este último aspecto, inclusive, tem
sido objeto reflexivo de inúmeros trabalhos no campo da comunica-
Globalização: Redes Mundiais de Socialização ção nas últimas décadas, motivando inúmeras discussões acerca da
relação entre o global e o local no campo da cultura.
Sobre a ideia de rede associada às sociedades contemporâ- Não há dúvida, portanto, de que a ideia de uma sociedade em
neas, em especial nos estudos de Comunicação, em primeiro lugar, rede, a partir das transformações é pertinente e adequada aos no-
redes podem ser pensadas em sentidos diversos: ou com o sistema vos estudos sobre as sociedades contemporâneas.
de integração entre pessoas, mediante práticas de interação, em Mas, em um misto de conclusão e inquietação, colocamos aqui
um sentido mais social; ou como um sistema de troca de mercado- duas ordens de problemas que nos parecem importantes de serem
rias e bens materiais, em um sentido mais econômico; ou como tro- levadas em consideração e que, no entanto, têm sido relegadas de
cas de informações e bens simbólicos, em um sentido mais cultural. uma forma geral.
Quando vamos pensar, como propôs, por exemplo, M. Castells, Em primeiro lugar, gostaríamos de chamar a atenção para a ne-
as sociedades contemporâneas como sociedades em rede, é pre- cessidade de refinar o conceito de rede, procurando buscar suas
ciso levar em consideração a globalização, que traz, como um dos matrizes antes de usá-lo aleatoriamente.
seus efeitos mais perceptíveis, a possibilidade de se estabelecer ex- Trata-se de um conceito polissêmico, com sentidos diversos.
plicitamente sistemas de interação social em rede, em que sujeitos, No entanto, ele vem sendo tratado como dado, sem qualquer es-
através de links, participam de trocas econômicas e culturais em forço de localizá-lo historicamente e mesmo de conceituá-lo mini-
amplas escalas, que extrapolam limites espaciais e temporais antes mamente.
rígidos. Há, portanto, em nossa compreensão, um uso generalizante do
As transformações tecnológicas no campo do transporte e das conceito que só tende a esvaziá-lo, em detrimento de sua riqueza
telecomunicações evidenciam uma alteração nas possibilidades e adequação.
reais de interação social, atuando como um facilitador nas trocas Em segundo lugar, exatamente pela ausência de um esforço
interpessoais, ao vivo ou virtualmente, on-line ou com intervalos de historicização, percebemos um a tendência a considerar que o
temporais. conceito de rede seria adequado somente às sociedades contem-
Da mesma forma, a implantação de sistemas de mercado inte- porâneas globalizadas.
grados e a produção de cidadanias extraterritoriais, como no caso O conceito é adequado para qualquer sociedade. O que pode-
europeu, também atuam como agilizadores para promover uma ríamos destacar, no caso contemporâneo, em face do processo de
maior mobilidade dos sujeitos contemporâneos para além de seus globalização, é a expansão da rede, sua potencialização ampliada e
locais de origem. sua explicitação.
Obviamente, apresentamos essas questões aqui mais como Nesse sentido, o conceito nos parece multo pertinente, pois
referências potenciais do que como modificações de fato, já que, trata-se, sem dúvida, de uma conjuntura histórica em que os senti-
como nos lembra Z. Bauman, “turistas” e “vagabundos” movem-se dos propostos para o conceito de rede (interação entre indivíduos,
(ou não conseguem se mover) de formas diferenciadas dentro des- troca de mercadorias e fluxo de informações) estão evidenciados e
se modelo de sociedade sem fronteiras que se apresenta como a acabam ocupando um lugar central na configuração cultural, políti-
nova ordem mundial. ca, econômica e social.
Portanto, sabemos que o mesmo modelo que gera inclusão Mas é preciso cuidado para não cairmos em um reducionismo
também é profundamente gerador de exclusões. histórico, negando o quanto as questões que hoje nos inquietam
O que nos interessa, no entanto, é levantar aqui que caracterís- fazem parte de um processo de longa duração.
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Desse modo, as plataformas digitais representam um fenô- na uma compreensão abrangente dessas mudanças, permitindo o
meno multifacetado que exige uma abordagem interdisciplinar, desenvolvimento de estratégias que promovam um ambiente de
integrando conceitos da sociologia e da psicologia aplicadas ao tra- trabalho equitativo, adaptável e centrado no bem-estar dos traba-
balho. Ao compreender as complexidades desses novos modelos lhadores diante do avanço constante da inteligência artificial.
de emprego, é possível desenvolver estratégias e políticas que pro-
movam condições laborais mais justas, equitativas e sustentáveis, — Ciberproletariado
alinhadas aos princípios fundamentais de dignidade e respeito no O advento da era digital trouxe consigo transformações profun-
contexto profissional contemporâneo. das no mundo do trabalho, culminando no surgimento de fenôme-
nos como o ciberproletariado. Essa expressão, derivada da junção
— A inteligência artificial de “cibernética” e “proletariado”, refere-se ao grupo de trabalha-
A incorporação da inteligência artificial (IA) no ambiente de tra- dores que desempenha suas atividades em ambientes virtuais,
balho é um fenômeno que tem provocado significativos impactos muitas vezes associados a plataformas online, e enfrenta desafios
nas dinâmicas laborais, desencadeando transformações na sociolo- específicos relacionados à natureza da economia digital. A análise
gia e na psicologia aplicadas ao trabalho. Esse avanço tecnológico, sociológica e psicológica aplicada a esse contexto revela nuances
marcado por algoritmos complexos e máquinas autônomas, rede- importantes sobre as condições laborais, relações sociais e desafios
fine as relações entre humanos e máquinas, suscitando questiona- psicológicos enfrentados por esses trabalhadores.
mentos sobre o futuro do emprego, a natureza das ocupações e os Sob a perspectiva da sociologia aplicada ao trabalho, o ciber-
desafios psicológicos enfrentados pelos trabalhadores. proletariado é um fenômeno multifacetado que desafia as estrutu-
Sob a perspectiva da sociologia aplicada ao trabalho, a introdu- ras tradicionais de emprego. Em muitos casos, esses trabalhadores
ção da inteligência artificial gera uma reconfiguração das estruturas engajam-se em atividades como freelancers, trabalho remoto e
ocupacionais e hierarquias profissionais. Algumas profissões podem contribuições para plataformas de gig economy. Essa mudança na
ser automatizadas, resultando na requalificação de trabalhadores natureza do emprego traz consigo novas dinâmicas sociais, incluin-
e na emergência de novas competências. A criação de empregos do a descentralização das relações de trabalho e a reconfiguração
relacionados à manutenção e operação de sistemas de IA também das noções de comunidade laboral.
se destaca, exemplificando como as mudanças sociológicas podem A sociologia também explora as implicações da ciberproletari-
variar dependendo do setor e das habilidades exigidas. zação nas relações de poder. A dependência de plataformas digitais
No entanto, a automação implica desafios, como o desloca- muitas vezes coloca os trabalhadores em uma posição de vulnera-
mento de trabalhadores de setores tradicionais, o que pode con- bilidade, sujeitos às regras algorítmicas e políticas das plataformas
tribuir para o aumento da desigualdade. A sociologia analisa as que podem afetar diretamente suas condições de trabalho. A falta
implicações sociais dessas mudanças, considerando o impacto na de representação sindical e a descentralização do trabalho também
estratificação ocupacional, na mobilidade social e na distribuição de desafiam as estratégias tradicionais de mobilização e organização
renda, destacando a necessidade de políticas públicas que minimi- do trabalhador.
zem disparidades sociais decorrentes da automação. No âmbito psicológico, o ciberproletariado enfrenta desafios
A psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel cru- únicos relacionados à natureza virtual e despersonalizada do traba-
cial na análise dos efeitos psicológicos da IA nos trabalhadores. A lho. A psicologia aplicada ao trabalho analisa como a falta de inte-
automação pode gerar ansiedade e incerteza quanto à segurança ração face a face, a pressão constante por produtividade e a gestão
no emprego, além de desafios relacionados à adaptação a novas autônoma das tarefas impactam a saúde mental e emocional des-
tecnologias. A resiliência, a capacidade de aprendizado contínuo e ses trabalhadores. A adaptação a ambientes virtuais, a gestão do
as competências socioemocionais tornam-se, então, aspectos re- tempo e a construção de uma identidade profissional em espaços
levantes que a psicologia explora para promover o bem-estar e a digitais são aspectos que exigem uma compreensão aprofundada.
adaptação dos trabalhadores diante dessas mudanças. Além disso, a psicologia organizacional explora as dinâmicas
Adicionalmente, a introdução da inteligência artificial em am- nas plataformas digitais e como esses ambientes influenciam a
bientes de trabalho levanta questões éticas, como a transparência motivação, o engajamento e a colaboração entre os ciberproletá-
nos algoritmos, a equidade nas oportunidades de emprego e o rios. A falta de suporte psicossocial, a ausência de uma cultura or-
impacto nas relações interpessoais no local de trabalho. A psico- ganizacional tangível e a sensação de isolamento são fatores que
logia organizacional investiga as dinâmicas sociais resultantes da a psicologia organizacional procura compreender e endereçar para
interação entre humanos e sistemas de IA, analisando como essas otimizar o bem-estar e a eficácia desses trabalhadores.
tecnologias influenciam a liderança, a colaboração e a cultura orga- A ciberproletarização também suscita questões éticas e sociais.
nizacional. A exploração laboral, a falta de proteção social e as disparidades
No aspecto sociológico, as transformações na natureza do econômicas entre os trabalhadores digitais e tradicionais são temas
trabalho também se refletem em debates sobre a jornada laboral centrais na discussão sociológica sobre a justiça e a equidade no
flexível, a descentralização do trabalho e a necessidade de novos contexto do ciberproletariado. A sociologia aplicada busca identifi-
modelos de representação dos trabalhadores. A sociologia aplicada car estratégias políticas e sociais que garantam direitos e condições
destaca a importância de considerar as implicações sociais e políti- dignas de trabalho para esses profissionais.
cas da IA, garantindo a participação democrática na formulação de Concluindo, o ciberproletariado é um fenômeno complexo que
políticas que orientem o desenvolvimento tecnológico de maneira demanda uma abordagem integrada da sociologia e psicologia apli-
ética e socialmente responsável. cadas ao trabalho. A compreensão das dinâmicas sociais, desafios
Em síntese, a inteligência artificial é um fenômeno complexo psicológicos e implicações éticas desse novo paradigma laboral é
que redefine a relação entre tecnologia e trabalho. A interseção essencial para orientar práticas e políticas que promovam ambien-
entre a sociologia e a psicologia aplicadas ao trabalho proporcio- tes de trabalho justos, equitativos e sustentáveis na era digital.
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para orientar estratégias, políticas e práticas que contribuam para dades envolvidas, permitindo o desenvolvimento de estratégias e
ambientes de trabalho mais justos, equitativos e sustentáveis. políticas que promovam ambientes de trabalho mais justos, equita-
tivos e sustentáveis.
— As funções em extinção
A contemporaneidade presencia uma rápida transformação no FLEXIBILIZAÇÃO, INFORMALIDADE, TERCEIRIZAÇÃO E PRE-
cenário do trabalho, impulsionada por avanços tecnológicos, mu- CARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO
danças econômicas e sociais. Nesse contexto, emerge uma discus-
são crucial sobre as funções em extinção, fenômeno que se tornou A flexibilização das condições de trabalho representa um fenô-
mais evidente com a automação, a inteligência artificial e outras meno impactante na contemporaneidade, suscitando reflexões cru-
inovações disruptivas. Uma análise aprofundada à luz da sociologia ciais sob as lentes da sociologia e psicologia aplicadas ao trabalho.
e psicologia aplicadas ao trabalho se faz essencial para compreen- Esse paradigma emergente reflete uma resposta dinâmica às mu-
der as complexidades desse processo de transição e os impactos danças sociais, econômicas e tecnológicas, redefinindo as relações
sobre os trabalhadores. laborais e demandando uma análise aprofundada para compreen-
Sob uma perspectiva sociológica, a extinção de funções tra- der suas implicações amplas.
dicionais está intrinsecamente ligada às mudanças nas estruturas Sob a perspectiva sociológica, a flexibilização surge como uma
ocupacionais e nas relações laborais. A automação, por exemplo, resposta adaptativa às transformações nas estruturas ocupacionais
redefine os papéis profissionais, demandando uma adaptação ágil e nas relações laborais. A globalização, catalisada por avanços tec-
por parte dos trabalhadores para se manterem relevantes no mer- nológicos, conecta mercados e redefine as dinâmicas de produção,
cado. A sociologia aplicada destaca a importância de compreender conduzindo a um ambiente de trabalho mais fluido e ajustável. A
como essas mudanças impactam não apenas a estratificação ocu- sociologia aplicada destaca a necessidade de compreender como
pacional, mas também a dinâmica social e a percepção de identi- essa flexibilização impacta a estratificação ocupacional, influencian-
dade profissional. do a mobilidade social e a distribuição de recursos.
A globalização, por sua vez, tem contribuído para o desapa- A diversificação dos contratos de trabalho, horários mais fle-
recimento de certas funções ao mesmo tempo que impulsiona xíveis e a implementação de modalidades remotas são facetas da
a criação de outras. As tecnologias de comunicação e transporte flexibilização que reconfiguram a estrutura tradicional hierárquica.
conectam trabalhadores em diferentes partes do mundo, gerando A sociologia investiga como essas mudanças podem influenciar a
novas demandas e oportunidades, mas também tornando algumas percepção de identidade profissional, a estrutura de poder no am-
funções mais suscetíveis à obsolescência. A sociologia, ao analisar biente de trabalho e as possibilidades de mobilidade social. A aná-
essas mudanças globais, busca compreender como as comunida- lise sociológica também explora como diferentes grupos sociais são
des locais são afetadas e como os trabalhadores se ajustam a essas afetados de maneira desigual por essas mudanças, contribuindo
transformações. para a discussão sobre equidade e inclusão no cenário profissional.
Do ponto de vista psicológico, a extinção de funções desen- Na esfera da psicologia aplicada ao trabalho, a flexibilização
cadeia uma série de desafios emocionais e psicológicos para os das condições laborais está intrinsecamente vinculada ao bem-es-
trabalhadores. A psicologia aplicada ao trabalho explora como a tar psicológico dos trabalhadores. A transição para modelos mais
incerteza em relação ao futuro profissional, a perda de identida- flexíveis pode desencadear desafios emocionais, incluindo a gestão
de associada a determinadas funções e a pressão por adaptação do estresse, a ansiedade associada à incerteza profissional e a ne-
impactam o bem-estar psicológico dos indivíduos. A resiliência, o cessidade de adaptação constante. A psicologia explora estratégias
desenvolvimento de habilidades emocionais e a gestão do estresse de coping e o desenvolvimento de habilidades emocionais para for-
tornam-se aspectos fundamentais na preparação dos trabalhadores talecer a resiliência dos indivíduos diante desses desafios, visando
para enfrentar a extinção de funções. promover a saúde mental no ambiente de trabalho.
No âmbito das funções em extinção, é fundamental abordar A autonomia proporcionada pela flexibilização pode ser per-
as implicações sociais mais amplas desse fenômeno. O desapareci- cebida como uma oportunidade de empoderamento, conferindo
mento de determinadas ocupações pode resultar em desigualdades aos trabalhadores maior controle sobre seu tempo e espaço de
socioeconômicas, desemprego estrutural e desafios na redistribui- trabalho. No entanto, a psicologia aplicada destaca a importância
ção de recursos. A sociologia aplicada se dedica a analisar essas im- de considerar a variabilidade das respostas individuais à flexibiliza-
plicações sociais, propondo políticas e estratégias que minimizem ção, reconhecendo que diferentes personalidades e necessidades
os impactos negativos sobre as comunidades afetadas. podem influenciar a eficácia dessa abordagem. O equilíbrio entre a
Adicionalmente, a psicologia social aplicada ao trabalho exami- flexibilidade e a estabilidade emocional torna-se crucial para garan-
na como as mudanças nas funções afetam as relações interpessoais tir um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
no ambiente profissional. A competição por novas oportunidades, a O século XXI testemunha a consolidação da flexibilização como
colaboração em ambientes mais dinâmicos e a gestão das emoções uma característica intrínseca ao mundo do trabalho. A capacidade
diante das transformações são áreas de estudo importantes para de adaptação torna-se uma competência valiosa, exigindo dos tra-
entender a dinâmica social no contexto da extinção de funções. balhadores não apenas habilidades técnicas, mas também flexibili-
Em conclusão, a extinção de funções no mundo do trabalho é dade cognitiva e emocional. Nesse contexto, a sociologia e a psico-
um fenômeno intrincado que exige uma abordagem holística e in- logia aplicadas ao trabalho convergem na análise das competências
terdisciplinar. A sociologia e a psicologia aplicadas ao trabalho ofe- necessárias para prosperar em ambientes flexíveis, incluindo habili-
recem perspectivas valiosas para entender as nuances desse pro- dades de comunicação eficaz, gestão do tempo e resiliência diante
cesso, desde as mudanças estruturais até os impactos individuais da incerteza.
e sociais. A adaptação eficaz dos trabalhadores a esse cenário de A comunicação eficaz, por exemplo, torna-se fundamental
transformação requer uma compreensão profunda das complexi- para o sucesso em equipes dispersas geograficamente, enquanto
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segurança e impactar negativamente a saúde mental. A psicologia A emergência de formas precárias de emprego, caracterizadas
explora estratégias de enfrentamento e desenvolvimento de habili- por salários baixos, falta de benefícios e instabilidade no empre-
dades emocionais para fortalecer a resiliência dos indivíduos dian- go, redefine a relação entre empregador e empregado. A sociologia
te desses desafios, visando à promoção de ambientes de trabalho explora como essa mudança pode influenciar a percepção de iden-
saudáveis e sustentáveis. tidade profissional, a coesão entre os colaboradores e as possibi-
A autonomia e flexibilidade muitas vezes associadas à tercei- lidades de mobilidade social. Além disso, analisa como diferentes
rização podem ser vistas como oportunidades de empoderamento grupos sociais são afetados de maneira desigual pela precarização,
para alguns trabalhadores. No entanto, a psicologia aplicada desta- contribuindo para a discussão sobre desigualdades e injustiças no
ca a importância de reconhecer as variações nas respostas indivi- ambiente de trabalho.
duais, considerando que diferentes personalidades e necessidades Sob a perspectiva da psicologia aplicada ao trabalho, a preca-
podem influenciar a eficácia desse arranjo. A busca por um equilí- rização está intrinsecamente ligada ao bem-estar psicológico dos
brio entre a terceirização e a estabilidade emocional é crucial para trabalhadores. A instabilidade no emprego, a insegurança financei-
garantir ambientes de trabalho produtivos e que promovam o bem- ra e a falta de perspectivas a longo prazo podem gerar ansiedade,
-estar dos colaboradores. estresse e impactar negativamente a saúde mental. A psicologia
O século XXI presencia a consolidação da terceirização como explora estratégias de enfrentamento e desenvolvimento de habili-
uma característica proeminente do mundo do trabalho. A capaci- dades emocionais para fortalecer a resiliência dos indivíduos diante
dade de adaptação torna-se uma competência valiosa, exigindo dos desses desafios, visando à promoção de ambientes de trabalho sau-
trabalhadores não apenas habilidades técnicas, mas também fle- dáveis e sustentáveis.
xibilidade cognitiva e emocional para lidar com as nuances desse A precarização muitas vezes implica em uma relação desigual
novo paradigma. Nesse contexto, a sociologia e a psicologia apli- de poder, onde os trabalhadores enfrentam condições adversas sem
cadas ao trabalho convergem na análise das competências neces- as garantias básicas. A autonomia e segurança proporcionadas pelo
sárias para prosperar em ambientes terceirizados, incluindo habili- emprego estão em declínio, criando um ambiente propício para o
dades de comunicação eficaz, gestão do tempo e resiliência diante surgimento de conflitos e instabilidades psicossociais. A psicologia
da incerteza. aplicada destaca a importância de considerar as variabilidades nas
A comunicação eficaz, por exemplo, torna-se fundamental para respostas individuais, reconhecendo que diferentes personalidades
o sucesso em equipes distribuídas geograficamente, enquanto a e necessidades podem influenciar a eficácia das estratégias de en-
resiliência é uma ferramenta essencial para enfrentar os desafios frentamento.
constantes da terceirização. A sociologia investiga como esse fenô- O século XXI testemunha a consolidação da precarização como
meno impacta as estruturas sociais nas organizações, influenciando uma característica proeminente do mundo do trabalho. A capaci-
a colaboração e a coesão entre os membros da equipe. Ao mesmo dade de adaptação torna-se uma competência essencial, exigindo
tempo, a psicologia aplicada explora como a terceirização afeta a dos trabalhadores não apenas habilidades técnicas, mas também
saúde mental, identificando estratégias para promover um ambien- flexibilidade cognitiva e emocional para lidar com as nuances desse
te de trabalho saudável e sustentável. novo paradigma. Nesse contexto, a sociologia e a psicologia aplica-
Conforme falamos no decorrer do texto, a terceirização das das ao trabalho convergem na análise das competências necessá-
condições de trabalho é um fenômeno que exige uma abordagem rias para prosperar em ambientes precários, incluindo habilidades
interdisciplinar e abrangente. A sociologia e a psicologia aplicadas de comunicação eficaz, gestão do tempo e resiliência diante da in-
ao trabalho oferecem insights valiosos para compreender as impli- certeza.
cações sociais, econômicas e psicológicas desse novo modelo de A comunicação eficaz, por exemplo, torna-se fundamental
emprego. Além disso, essas disciplinas orientam estratégias e políti- para o sucesso em ambientes de trabalho precários, enquanto a
cas que visam melhorar as condições laborais, promover a inclusão resiliência é uma ferramenta essencial para enfrentar os desafios
e garantir ambientes de trabalho mais justos e sustentáveis em um constantes dessa condição. A sociologia investiga como a precari-
cenário dinâmico e desafiador. zação impacta as estruturas sociais nas organizações, influenciando
a colaboração e coesão entre os membros da equipe. Ao mesmo
— Precarização das condições de trabalho tempo, a psicologia aplicada explora como as condições precárias
A precarização das condições de trabalho, um fenômeno que de trabalho afetam a saúde mental, identificando estratégias para
tem se destacado no cenário contemporâneo, representa uma mu- promover um ambiente laboral saudável e sustentável.
dança substancial nas estruturas ocupacionais e nas relações labo- Portanto, a precarização das condições de trabalho é um fe-
rais. Este processo complexo e multifacetado demanda uma análise nômeno que exige uma abordagem interdisciplinar e abrangente.
aprofundada sob as perspectivas da sociologia e psicologia aplica- A sociologia e a psicologia aplicadas ao trabalho oferecem insigh-
das ao trabalho, a fim de compreender suas implicações sociais, ts valiosos para compreender as implicações sociais, econômicas
econômicas e psicológicas. e psicológicas desse novo modelo de emprego. Além disso, essas
Sob o olhar sociológico, a precarização reflete alterações nas disciplinas orientam estratégias e políticas que visam melhorar as
estruturas organizacionais e socioeconômicas. A globalização e condições laborais, promover a inclusão e garantir ambientes de
avanços tecnológicos têm contribuído para a fragmentação e fle- trabalho mais justos e sustentáveis em um cenário dinâmico e de-
xibilização das formas de emprego, resultando em contratos tem- safiador.
porários, trabalho intermitente e condições laborais desfavoráveis.
A sociologia aplicada destaca a necessidade de compreender como
essa precarização impacta não apenas as estratificações ocupacio-
nais, mas também as dinâmicas sociais nas organizações e nas co-
munidades afetadas.
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Trabalhadores informais podem estar envolvidos em atividades au- busca equilibrar as relações entre trabalhadores e empregadores,
tônomas, como vendedores ambulantes, ou podem realizar traba- garantindo direitos trabalhistas, promovendo a segurança no traba-
lhos subalternos sem a devida proteção legal. lho e regulamentando aspectos como jornada e salário mínimo. A
No mercado de trabalho informal, a insegurança empregatícia psicologia aplicada ao trabalho também examina como as políticas
é uma característica proeminente, pois os trabalhadores muitas governamentais afetam o bem-estar psicológico dos trabalhadores.
vezes não têm garantias de salários mínimos, benefícios sociais ou As instituições sindicais representam coletivamente os interes-
condições de trabalho adequadas. A falta de formalização também ses dos trabalhadores. Os sindicatos desempenham um papel im-
implica em uma maior dificuldade de acesso a serviços bancários, portante na negociação coletiva, na defesa dos direitos trabalhistas
crédito e outras oportunidades que dependem de histórico formal e na promoção de condições de trabalho justas. A sociologia aplica-
de emprego. da ao trabalho investiga as dinâmicas sindicais, analisando como as
A economia do trabalho e a sociologia aplicada a esse contex- organizações coletivas impactam as relações laborais e influenciam
to exploram as dinâmicas que permeiam tanto o mercado formal as políticas trabalhistas.
quanto o informal. No mercado formal, as relações de poder en- A dinâmica entre esses agentes econômicos é complexa e di-
tre empregadores e empregados, a negociação coletiva e a eficácia nâmica, moldando a estrutura do mercado de trabalho. Questões
das políticas trabalhistas são aspectos de interesse. Já no mercado como negociações salariais, condições de trabalho, políticas de em-
informal, as questões relacionadas à vulnerabilidade dos trabalha- prego e segurança no trabalho são resultados das interações entre
dores, a exploração e as estratégias de sobrevivência são focos de trabalhadores, empregadores, Estado e instituições sindicais.
análise. A economia do trabalho explora os aspectos macroeconômicos
A psicologia aplicada ao trabalho também desempenha um relacionados ao mercado de trabalho, como a taxa de desemprego,
papel importante na compreensão das implicações psicológicas a oferta e demanda por mão de obra e a mobilidade ocupacional. A
desses diferentes contextos laborais. No mercado formal, a estabi- sociologia aplicada ao trabalho, por sua vez, se concentra nas rela-
lidade pode contribuir para um maior senso de segurança e satis- ções sociais e nas dinâmicas culturais que influenciam as interações
fação no trabalho. No entanto, o estresse relacionado a pressões laborais.
corporativas e a competição também pode ser uma realidade. No A psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel vital
mercado informal, a falta de segurança pode gerar ansiedade e ins- ao analisar o impacto dessas dinâmicas nas percepções individuais,
tabilidade emocional, mas a autonomia e a flexibilidade podem ser na satisfação profissional e na saúde mental dos trabalhadores. Fa-
aspectos positivos. tores como estresse, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e
Na contemporaneidade, as transformações no mundo do tra- motivação são áreas de interesse da psicologia, que busca promo-
balho têm impactado a dinâmica entre o mercado formal e infor- ver ambientes de trabalho saudáveis e produtivos.
mal. A ascensão de formas de trabalho flexíveis e remotas, por Entretanto, os agentes econômicos no contexto da Economia
exemplo, tem desafiado as tradicionais categorias, exigindo uma do Trabalho e do Mercado de Trabalho são elementos essenciais
reavaliação das políticas e práticas no âmbito laboral. para a compreensão das complexas interações que moldam as re-
Em síntese, a distinção entre o mercado de trabalho formal e lações laborais. A análise desses agentes proporciona insights va-
informal é uma dimensão crítica na análise sociológica e psicológica liosos para o desenvolvimento de políticas, práticas de gestão e
aplicada ao trabalho. A compreensão das complexidades e das im- estratégias que promovam um ambiente de trabalho equitativo,
plicações desses dois contextos é essencial para o desenvolvimento produtivo e saudável para todos os envolvidos.
de políticas públicas, práticas de gestão e estratégias que promo-
vam um ambiente de trabalho mais equitativo, seguro e satisfatório — Trabalho e empresa
para todos os atores envolvidos. O trabalho, enquanto componente central nesse cenário, re-
presenta a atividade humana que visa à produção de bens e servi-
— Agentes econômicos ços. Além de sua dimensão econômica, o trabalho possui relevân-
Os trabalhadores, também conhecidos como a força de traba- cia social e psicológica, influenciando a identidade e a realização
lho, são fundamentais para a dinâmica do mercado de trabalho. Re- pessoal dos indivíduos. Na perspectiva sociológica, o trabalho é um
presentam os indivíduos que oferecem seus serviços e habilidades fenômeno social que contribui para a estruturação das relações na
em troca de remuneração. Sua tomada de decisões, escolhas de sociedade. A psicologia, por sua vez, explora as dimensões indivi-
carreira, mobilidade no mercado e busca por melhores condições duais do trabalho, examinando como ele afeta a saúde mental, a
de trabalho influenciam diretamente a economia do trabalho. A motivação e a satisfação pessoal.
sociologia aplicada ao trabalho explora as dinâmicas sociais que Ao adentrarmos o universo das empresas, encontramos organi-
permeiam as relações entre os trabalhadores, considerando fatores zações que desempenham um papel central na dinâmica do merca-
como solidariedade, competição e cooperação. do de trabalho. As empresas são entidades que agregam recursos,
Por outro lado, os empregadores desempenham um papel cen- organizam o trabalho e produzem bens ou serviços com o intuito
tral como os que demandam e organizam o trabalho. Empresas, or- de atender às demandas do mercado. No contexto da Economia do
ganizações e empreendedores são os responsáveis por criar opor- Trabalho, as empresas representam não apenas locais de produção,
tunidades de emprego, definir condições de trabalho e determinar mas também agentes econômicos que moldam as relações laborais.
os requisitos para a inserção no mercado laboral. A economia do A relação entre trabalho e empresa é pautada por uma comple-
trabalho analisa a influência dos empregadores na formação de sa- xa interdependência. As empresas dependem da força de trabalho
lários, na criação de empregos e nas políticas de recursos humanos. para operar e alcançar seus objetivos organizacionais. Ao mesmo
O Estado, como agente regulador, exerce um papel crucial na tempo, os trabalhadores buscam nas empresas oportunidades de
configuração do ambiente de trabalho. Por meio de políticas pú- emprego, desenvolvimento profissional e sustento econômico. Essa
blicas, legislação trabalhista e intervenções econômicas, o Estado interação é mediada por questões econômicas, sociais e psicológi-
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Concorrência perfeita? 15
SALÁRIO: CAPITAL HUMANO E INVESTIMENTO NA Numa situação de concorrência perfeita nenhuma empresa
QUALIFICAÇÃO: EDUCAÇÃO, PROFISSIONALIZAÇÃO pode, por si só, influenciar o mercado. O conjunto das empresas
E TREINAMENTO; DISCRIMINAÇÃO NO MERCADO DE é quem determina a oferta de mercado, a qual interagindo com a
TRABALHO E POLÍTICAS ANTIDISCRIMINATÓRIAS. demanda, determina o preço de equilíbrio. Independentemente da
SEGMENTAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO. CUSTOS quantidade que uma empresa produz, essa empresa terá obrigato-
NÃO SALARIAIS riamente que vender a sua produção ao preço determinado pelo
mercado.
Prezado Candidato, o tema supracitado, já foi abordado na O preço de equilibro é determinado pela interação entre oferta
materia de Eixo Temático 1 - Gestão Governamental e Governança e procura, sendo a oferta o resultado da produção do conjunto das
pública empresas existentes nesse mercado concorrencial.
Não deixe de conferir! As principais características de um mercado de concorrência
perfeita, são: grande números de empresas ofertando produtos
ESTRUTURAS DE MERCADO: CONCORRÊNCIA PERFEITA, substituíveis; inexistência de economia de escala (produção em
MONOPÓLIO, OLIGOPÓLIO E MONOPSÔNIO larga escala); nenhuma empresa ou consumidor é suficientemente
grande para impor preço, qualidade, tipo e outras condições - quem
A entrada no mercado e a permanência exigem o conhecimento dita a regra é a lei da oferta e da procura - o senhor da situação é o
da estrutura (ou regime) do mercado, para, então, se utilizar o fer- mercado; vendedores e compradores ficam subordinados ao mer-
ramental adequado de formação de preço. Vamos entender este cado.
tópico tendo em vista que cada mercado é composto de dois lados: 15 http://www.carlosescossia.com/2009/09/o-que-e-concorrencia-perfeita.
html
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Numa estrutura de concorrência perfeita, devem prevalecer as temente grandes para influenciarem o preço de mercado. Ou seja,
seguintes premissas: mercado atomizado (composto de um gran- vivemos no o mundo da concorrência imperfeita.
de número de empresas, como se fossem átomos); produtos ho-
mogêneos (não existe diferença entre os produtos ofertados pelas Definição de Concorrência Imperfeita: Se uma empresa pode
empresas concorrente); transparência de mercado (todas as infor- influenciar significativamente o preço de mercado dos bens que
mações sobre lucros e preços são conhecidos por todos os partici- produz, então a empresa é classificada com um “concorrente im-
pantes do mercado). perfeito”.
Atualmente não existe mercado tipicamente de concorrência
perfeita. O mercado dos produtos hortifrutigranjeiros é o exemplo A concorrência imperfeita verifica-se num setor de atividade
que mais e aproxima a esse tipo de mercado. O mercado da concor- sempre que existam vendedores individuais que detenham alguma
rência perfeita é o sonho ideal de todo economista liberal. parcela do controlo sobre o preço da produção desse setor.
A concorrência imperfeita não implica que uma empresa tenha
Casos especiais de mercados competitivos o controle absoluto sobre o preço dos seus produtos. Considere o
1- As regras gerais que se aplicam a oferta e demanda compe- mercado das bebidas com cola, em que a Coca-Cola e a Pepsi em
titiva: sob a regra da demanda um aumento na demanda por um conjunto detêm grande parte da quota de mercado e onde se ve-
bem – mantendo a curva da oferta inalterada- geralmente aumen- rifica claramente a existência de concorrência imperfeita. Se o pre-
tará o preço do mesmo e também a quantidade demandada. Uma ço médio das gasosas dos outros produtores do mercado for de 60
diminuição na demanda terá o efeito oposto. Sob a regra da oferta, cêntimos, para a Pepsi é possível fixar o preço em 55 ou 65 cênti-
um aumento na oferta de um bem – mantendo a curva de demanda mos e continuar a ser uma empresa viável. A empresa dificilmente
constante- geralmente diminuirá o preço e aumentará a quantidade poderá fixar o preço a 30 euros ou a 5 cêntimos a lata, pois com
vendida. Uma diminuição na oferta tem efeito contrário. esses preços seria eliminada do setor. Vemos então que um con-
2- Análise dos mercados competitivos torna mais claro como or- corrente imperfeito tem algum poder discricionário sobre os seus
ganizar de forma eficiente a sociedade. Eficiência alocativa ocorre preços, embora não se trate de um poder total.
quando não há meio de reorganizar a produção e a distribuição de O grau do poder discricionário sobre os preços varia de indús-
modo que melhore a satisfação de todos. Falando de outra maneira, tria para indústria. Em alguns setores de atividade imperfeitamente
uma economia eficiente quando nenhum indivíduo pode estar me- concorrenciais, o grau de poder de monopólio é muito pequeno. É
lhor sem fazer com que outro fique pior. importante reconhecer que a concorrência imperfeita não elimina
uma rivalidade intensa no mercado. Os concorrentes imperfeitos
Guarde que em Mercado em Concorrência Perfeita: lutam com frequência vigorosamente para aumentarem as suas
-Existência de um grande número de vendedores e comprado- quotas de mercado. A rivalidade engloba uma ampla variedade de
res; comportamentos, desde a publicidade, que tenta deslocar a curva
-O produto transacionado é homogêneo: da procura, até ao desenvolvimento da qualidade dos produtos.
-Há livre mobilidade de empresas no mercado (em termos téc-
nicos isso significa que não existem barreiras para entrada e saída Monopólio
de empresas no mercado).
-Pleno conhecimento (todos os agentes conhecem todas as con- Até que nível de imperfeição pode a concorrência imperfeita
dições do mercado todo o tempo). chegar? O caso extremo é o monopólio: um único vendedor com
o controle total sobre um ramo de atividade (que é designado por
Qualquer estrutura do mercado que não a de concorrência per- “monopolista”, a partir do grego, mono “um” e polist, “vendedor”).
feita constitui uma forma de concorrência “imperfeita”. É ele o único produtor na sua indústria, não existindo qualquer in-
De um lado, produtos idênticos oferecidos por um grande nú- dústria que produza um bem sucedâneo aproximado do seu pro-
mero de empresas. Neste caso, a concorrência entre os ofertantes é duto.
considerada perfeita. Do outro, um produto único, sem substitutos. Monopólio é a exploração sem concorrente de um negócio ou
Um único fornecedor. Um monopólio, portanto. indústria, em virtude de um privilégio. É a posse ou o direito em
Estes são os extremos no espectro das estruturas de mercado, caráter exclusivo. Ter o monopólio é possuir ou desfrutar da explo-
sob as quais as empresas podem estar funcionando. É claro que não ração de maneira abusiva, é vender um produto ou serviço sem
podem ser consideradas as únicas estruturas de mercado predomi- concorrente, por altos preços.
nantes no mundo atual.
Todas as estruturas que não se encaixam em uma concorrência Ter um monopólio é uma situação em que uma única empresa
perfeita devem ser consideradas no âmbito de uma concorrência domina a oferta de determinado produto ou serviço. É quando o
imperfeita. mercado é dominado por uma estrutura monopolista e não pelas
leis de mercado, garantindo-lhe super lucro. A maioria dos países
Concorrência Imperfeita16 possui um conjunto de leis para impedir a formação de monopólio.
A existência do monopólio origina barreiras que impedem novas
A concorrência perfeita é muito procurada, porém raramente empresas de competirem, isso por que para estas se inserirem no
encontrada. Quando o consumidor compra um automóvel Ford ou mercado, exige-se destas um elevado montante de investimentos a
Toyota, hambúrgueres da McDonald’s ou da Burger King, compu- fim de concorrer, pois se forem instaladas empresas pequenas, tão
tadores da IBM ou da Apple, está a lidar com empresas suficien- logo não conseguirão dar continuidade devido à concorrência des-
16 Rechtern, M. A. Monopólio.Oligopólio,concorrencia perfeita e imperfei-
leal, é necessário que a competição seja igualitária, pois a empresa
ta, 2013. monopolista já está estabelecida em grandes dimensões e tem con-
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
dições de operar com baixos custos; outra barreira são as patentes, rápida, economias de rede e táticas agressivas contra seus concor-
que são protegidas pelo Estado, nenhuma empresa pode concorrer rentes.
com outra sobre a proteção de sua patente; há um controle sobre o Porém, mesmo os monopolistas tem que estar sempre alertas
fornecimento de matérias-primas-chaves, empresas estabelecidas para os potenciais concorrentes. No longo prazo, nenhum mono-
podem estar protegidas da entrada de novas empresas pelo seu pólio se encontra completamente livre de ser atacado por concor-
controle de matérias-primas; a tradição no mercado que o produto rentes.
já tem; e o lobby político, que por influências políticas surge um
monopólio. Oligopólio
Quanto a isso bem destaca Vasconcelos que uma hipótese no
comportamento do monopolista é que ele não acredita que os lu- Enquanto no monopólio não existe concorrência, o oligopólio é
cros elevados que obtém a curto prazo possam atrair concorren- caracterizado por um conjunto de empresas que domina determi-
tes, ou que os preços elevados possam afugentar os consumidores; nado setor da economia ou produto colocado no mercado. Em geral
ou seja, acredita que, mesmo a longo prazo, permanecerá como impõem preços abusivos e elimina a possibilidade de concorrência,
monopolista. Evidentemente, para que esta estratégia viabilize-se, através da aquisição de pequenas empresas.
deve ser um tipo de mercadoria ou serviço que não tem substitutos O termo oligopólio significa “pouco vendedores”. Poucos, neste
próximos. contexto, podem ser 2, 5 ou 10 empresas. O aspecto importante
do oligopólio é o de que cada empresa, individualmente, pode in-
Vamos então ver algumas características predominantes: fluenciar o preço de mercado. Os oligopolistas pertencem a duas
-único produtor categorias.
-demanda da firma=demanda de mercado Em primeiro lugar, um oligopolista pode ser um dos poucos
-produto sem substitutos próximos produtores que produzem um bem idêntico (ou quase). Assim, se
-a empresa determina o preço o aço de A, que abastece a área de São Paulo, é muito semelhante
-existem barreiras ao acesso de novas firmas ao de B, então, a redução dos preços de B fará com que os consumi-
-lucros extraordinários dores abandonem A e passem a comprar B. Nem A nem B poderão
-Ex.: exploração de recursos minerais; serviços de água; trans- chamar-se monopolistas. Contudo, se o número de vendedores for
porte. pequeno, cada um deles pode ter um efeito considerável sobre o
preço de mercado. Pensa-se que este primeiro tipo de oligopólio é
Monopólios surgem devido a características particulares de um comum em atividades em que o produto é relativamente homogê-
determinado mercado, ou devido à regulamentação governamen- neo e em que a dimensão das empresas é grande.
tal. Sendo assim, temos dois tipos: A segunda espécie de oligopólio é caracterizada pela existên-
Monopólio puro ou natural: ocorre quando o mercado, por ca- cia de poucos vendedores que vendem produtos diferenciados. Por
racterísticas próprias exige elevado volume de capital. As empresas exemplo, a indústria automóvel é dominada, pode-se dizer, por três
já instaladas operam com grandes plantas industriais, com elevadas ou quatros produtores. Ford, os Chevrolet, os Toyota e os Honda
economias de escala e custos unitários bastante baixos, o que pos- são produtos de certo modo diferenciados, devendo ainda suportar
sibilita a cobrança de preços relativamente baixos por seu produto, a concorrência de outras empresas menores, como a Fiat, a Chrys-
o que acaba sendo uma grande barreira para a entrada de novos ler e a Volvo.
concorrentes.
Monopólio institucional ou estatal: são considerados estratégi- Sendo assim, temos as seguintes características a destacar do
cos ou de segurança nacional. É quando o Estado é responsável pelo oligopólio:
fornecimento de um bem ou serviço, a Petrobrás é um exemplo, -existência de pequeno número de empresas dominando o
mas pode ser relacionado também à energia, comunicação, entre mercado
outros. -produtos substitutos próximos (diferenciados: Ex.: automóveis;
A situação de monopólio gera prejuízo principalmente para o ou homogêneos: Ex.: alumínio e cimento)
consumidor que se vê sem saída em poder escolher por marcas ou -preço fixada entre as empresas
empresas diferentes para consumir. Mas, é o Estado responsável -concorrência extra preço (propaganda, publicidade, promo-
por mediar essas relações, e ele pode fazer um controle econômico ções)
do monopólio, controlando preços e com políticas de taxação. -existência de barreiras à entrada de novas firmas
-lucros extraordinários no longo prazo
Os verdadeiros monopólios hoje em dia são raros. A maioria dos Ex.: indústria automobilística, de bebidas.
monopólios persistem em virtude de alguma forma de regulação
ou proteção estatal. Por exemplo, uma empresa farmacêutica que Exemplo introdutório e conceitual - Tendência do mercado de
descobre um novo medicamento fantástico pode ter garantida uma telecomunicações é de oligopólio. O Brasil é um exemplo claro da
patente que lhe dê o controle monopolista sobre esse medicamen- tendência do mercado mundial de telecomunicações, cada vez mais
to durante um certo número de anos. Outro exemplo é o caso de concentrado nas mãos de poucas empresas. Esse cenário de oligo-
serviços locais de concessionárias, como a empresa que distribui pólio limita a competição e as opções dos consumidores na hora de
água até a casa de cada um. Nesses casos, existe de fato um único escolher o seu provedor de banda larga.
vendedor de um serviço, sem substitutos próximos. Um dos poucos
exemplos de monopólios sem permissão do governo é o da Micro-
soft Windows, que conseguiu manter o seu monopólio por meio de
grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento e inovação
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
“A oferta do acesso à banda larga17 é exageradamente concentrada, sobretudo considerando que a prestação do serviço está sujeita ao
regime de livre concorrência”, afirma estudo do Ipea de 2009.
Segundo dados da consultoria Teleco, que acompanha trimestralmente o mercado de banda larga no país, 92% das conexões são for-
necidas por apenas quatro empresas: Oi, NET, Telefônica e GVT.
A falta de alternativas causada pelo oligopólio diminui a possibilidade de o consumidor barganhar para conseguir um negócio mais
vantajoso. No caso da banda larga, o banco de investimentos J. P. Morgan demonstrou, com dados de outubro de 2009, que, nas locali-
dades onde a banda larga é oferecida apenas pelas empresas que são concessionárias de telefonia fixa (Oi e Telefônica, principalmente),
o preço médio cobrado é de R$ 118. Esse valor cai pela metade (R$ 60) quando há a presença de outras duas concorrentes (geralmente a
NET e a GVT).
Some-se a isso o fato de que, no Brasil, além da grande concentração do mercado, a banda larga está disponível para poucos consumi-
dores. Os pesquisadores do Ipea revelam que, dos municípios que têm acesso a banda larga, somente 361 (14%) têm a prestadora domi-
nante com menos de 80% do mercado e em apenas 15 cidades (0,5%) a participação da empresa dominante é inferior a 50%. Ou seja, mais
que oligopólio, na maioria dos locais se configura um monopólio, o que dá grande poder de mercado às empresas, inclusive para definir os
preços. Isso sem falar dos locais que nem sequer têm o serviço disponível.
“Não dá para imaginar que três ou quatro empresas possam, em termos de inovação, de dinâmica de mercado, resolver todas as de-
mandas de empresas e famílias em qualquer país”, afirmou o consultor legislativo do Senado Igor Freitas.
A falta de inovação também é citada pelo presidente da Telebrás, Rogério Santanna, como consequência do oligopólio. A causa seria
a ausência de modelos de negócio para atender áreas e domicílios hoje excluídos do mercado, seja pelos altos preços, seja pela indispo-
nibilidade do serviço.
“O modelo atual está em crise pela inovação tecnológica. Mercados de cidades pequenas não são rentáveis porque essas empresas não
consideram a inovação como recurso para encontrar negócio onde elas não acham. Três mil municípios estão condenados à desconexão
eterna pelo mercado. As empresas não têm interesse em operar nessas cidades por não considerá-las rentáveis”, reclamou Santanna, no
debate promovido pela CCT em maio de 2010.
Em estudo de abril de 2010, o Ipea atesta que as características do mercado levam as operadoras a concentrar sua atuação nas cidades
onde já existe infraestrutura de telecomunicações e em áreas onde os clientes têm grande poder aquisitivo.
“As grandes cidades concentram a população com maior renda e, portanto, com maior disponibilidade de pagar pelo serviço e, pela
maior densidade demográfica, o custo para instalação da infraestrutura é menor que numa pequena localidade do interior. Ao buscar
maiores lucros e rentabilidade, as operadoras provocam uma forte concentração de mercado, que somente pode ser vencida à custa de
políticas de incentivo à massificação nas áreas mal atendidas”, afirma o Ipea sobre a outra consequência do oligopólio.
17 . Ipea de 2009.
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
fica-se particularmente em mercados em que os preços não conhe- de um grande número de vendedores diferenciados e pelas duas
cidos publicamente, ou em que as mercadorias são diferenciadas, espécies de oligopólio, até se chegar, finalmente, ao caso limite do
ou em que o número de empresas é superior em algumas unidades, monopólio.
ou em que a tecnologia está a transformar-se rapidamente. Além A relação entre inovação e o poder de mercado é complexa. O
do mais, quando a confiança entre os concorrentes se quebra é ex- contributo substancial de muitas grandes empresas para a investi-
traordinariamente difícil restabelecê-la, sendo possível que perma- gação e para a inovação certamente dá que pensar aqueles que gos-
neça um comportamento de não conluio. tariam de acabar com grandes empresas, ou que pretendem que a
grande dimensão é uma imperfeição sem solução. Ao mesmo tem-
Oligopólio de empresa dominante po, as pequenas empresas e os indivíduos isolados fizeram algumas
Em mercados onde a maior empresa controla 60 a 80 por cento das descobertas mais revolucionárias. Para promover a inovação
do mercado, ela dispões de diferentes estratégias. A mais provável rápida, uma nação deve conseguir adoptar uma grande variedade
consiste simplesmente em ceder parte do mercado à franja concor- de abordagens e de organizações. É necessário deixar florescer as
rencial e então comportar-se como um monopolista relativamente ideias às centenas.
aos 60 ou 80 por cento do mercado que controla. Tal mercado é
conhecido como “oligopólio de empresa dominante”. Associação Entre Empresas
267
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
O dilema básico do oligopólio pode enunciar-se e resumir-se em mos dos impactos psicológicos sobre os trabalhadores. A percepção
“competir ou cooperar?”. Por um lado, as empresas oligopolísticas de justiça salarial e a equidade no reconhecimento financeiro estão
realizam mais lucros no seu todo (isto é, como se fossem um grupo entre os fatores que afetam diretamente o bem-estar psicológico
ou uma só empresa monopolista) se cooperarem; por outro lado, dos indivíduos no ambiente de trabalho. Portanto, a eficácia das po-
individualmente consideradas, fazem mais lucro se abandonarem o líticas salariais também é avaliada pela sua capacidade de promover
grupo enquanto os outros mantêm a cooperação (isto é, quebram um ambiente psicologicamente saudável.
a ligação/acordo com o grupo e passam a competir com ele). No No contexto das políticas de emprego, a Sociologia destaca a
primeiro caso, temos um comportamento cooperativo; no segundo importância da intervenção governamental na criação de oportuni-
caso, um comportamento não cooperativo (ou competitivo). dades equitativas no mercado de trabalho. Iniciativas voltadas para
A opção por um comportamento cooperativo ou competitivo a promoção da igualdade de gênero, raça e classe social são anali-
depende das condições concretas do mercado e dos incentivos sadas à luz de como influenciam a estrutura do emprego. A socio-
existentes. Em termos gerais, podemos dizer que a tendência para logia aplicada ao trabalho investiga como tais políticas moldam as
a cooperação entre as empresas é maior: relações sociais dentro das organizações, promovendo diversidade
i) num mercado com poucas empresas, do que num mercado e inclusão.
com muitas empresas; A Psicologia Aplicada ao Trabalho, ao abordar políticas de em-
ii) num mercado em que o produto tem um elevado grau de prego, concentra-se nos efeitos psicológicos das estratégias go-
homogeneidade, do que num mercado onde o produto é bastante vernamentais. A criação de programas que visam a reinserção no
diferenciado; mercado de trabalho para grupos marginalizados, por exemplo, não
iii) num mercado em crescimento, do que num mercado em apenas impacta a economia, mas também desencadeia mudanças
contracção; na percepção de autoeficácia e autoestima desses indivíduos. Por-
iv) num mercado onde haja uma empresa dominante, do que tanto, a efetividade das políticas de emprego também é medida
num mercado onde haja um grupo de empresas de equivalente di- pelo seu impacto na saúde mental e no desenvolvimento psicoló-
mensão; gico dos trabalhadores.
v) num mercado em que a concorrência por outras formas que A interdisciplinaridade entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao
não o preço (publicidade, diferenciação do produto, ...) é limitada, Trabalho se torna evidente na análise conjunta das políticas sala-
do que num mercado onde esse tipo de concorrência é usual; riais e de emprego. Ambas as disciplinas buscam compreender não
vi) num mercado em que as barreiras à entrada de novas em- apenas os aspectos econômicos, mas também os sociais e psicológi-
presas sejam elevadas, do que num mercado onde essas barreiras cos envolvidos nessas intervenções governamentais. A efetividade
sejam praticamente inexistentes. dessas políticas é medida pela sua capacidade de não apenas equi-
librar questões financeiras, mas também promover relações sociais
mais justas e ambientes de trabalho psicologicamente saudáveis.
A INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL: POLÍTICA
SALARIAL E POLÍTICAS DE EMPREGO. SUBSÍDIOS — Subsídios governamentais para investimentos em capital
GOVERNAMENTAIS PARA INVESTIMENTOS EM CAPITAL humano
HUMANO. SALÁRIO-MÍNIMO Sob a perspectiva sociológica, a concessão de subsídios para
investimentos em capital humano é vista como uma estratégia cru-
— Política Salarial e Políticas de Emprego cial para enfrentar desafios sociais relacionados à desigualdade de
A interação entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho oportunidades. A Sociologia do Trabalho examina como esses sub-
é vital na análise das complexidades envolvendo a intervenção go- sídios podem ser direcionados para áreas específicas, como edu-
vernamental nas esferas de política salarial e políticas de emprego. cação e treinamento, a fim de promover a igualdade de acesso ao
Ao compreender o papel do governo nesses domínios, é possível desenvolvimento de habilidades. Essa intervenção visa reduzir dis-
delinear estratégias que promovam ambientes laborais mais equi- paridades socioeconômicas, proporcionando a todos os estratos da
tativos e promissores para a população ocupada. sociedade a capacidade de aprimorar seu capital humano.
No âmbito da Sociologia do Trabalho, a intervenção governa- Ao mesmo tempo, a Sociologia destaca a importância de avaliar
mental na política salarial é um ponto crucial de análise. A definição o impacto desses subsídios na estrutura social. A criação de oportu-
de salários mínimos, por exemplo, representa uma medida desti- nidades igualitárias no mercado de trabalho influencia não apenas
nada a assegurar que os trabalhadores recebam uma remuneração a economia, mas também a composição social das organizações. A
digna, capaz de garantir condições básicas de vida. Essa intervenção promoção da diversidade e inclusão, fundamentada em subsídios
busca atenuar desigualdades sociais, promovendo uma distribuição direcionados, pode alterar as relações sociais dentro das empresas,
mais equitativa da riqueza gerada pelo trabalho. contribuindo para ambientes mais equitativos e dinâmicos.
Além disso, a Sociologia explora como as políticas salariais po- No domínio da Psicologia Aplicada ao Trabalho, a intervenção
dem impactar a estratificação social. A implementação de políticas governamental por meio de subsídios para investimentos em capi-
que buscam reduzir as disparidades salariais entre diferentes seto- tal humano é analisada em termos dos impactos psicológicos nos
res e níveis de qualificação reflete o esforço governamental em mi- trabalhadores. A ênfase recai na promoção do desenvolvimento
tigar desigualdades socioeconômicas. A análise sociológica também pessoal e profissional, influenciando positivamente a autoestima,
abrange questões como a negociação coletiva, explorando como os motivação e satisfação no trabalho. A Psicologia procura entender
sindicatos e as organizações de trabalhadores influenciam as deci- como o acesso a oportunidades de capacitação molda as percep-
sões salariais. ções individuais sobre competência e realização, contribuindo para
No que diz respeito à Psicologia Aplicada ao Trabalho, a inter- ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.
venção governamental nas políticas salariais é examinada em ter- Além disso, a Psicologia Aplicada ao Trabalho explora o papel
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
dos subsídios na gestão do estresse e na promoção do bem-estar -mínimo, quando bem concebido e implementado, não apenas
psicológico. O investimento em capital humano não se limita ape- garante uma compensação justa, mas também contribui para a
nas ao desenvolvimento de habilidades técnicas, mas também in- construção de uma sociedade mais equitativa e trabalhadores mais
clui aspectos ligados à inteligência emocional, gestão do tempo e engajados e realizados. Nesse sentido, a interdisciplinaridade entre
habilidades interpessoais. Dessa forma, os subsídios governamen- Sociologia e Psicologia oferece uma compreensão abrangente de
tais podem ser vistos como um catalisador para a construção de como as políticas salariais podem influenciar a tessitura social e psi-
ambientes de trabalho que não apenas demandam desempenho, cológica do ambiente de trabalho.
mas também cuidam da saúde mental e emocional dos colabora-
dores.
A interdisciplinaridade entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao PSICOLOGIA SOCIAL E APLICAÇÃO NO TRABALHO:
Trabalho é evidente na análise dos subsídios governamentais para RELAÇÃO ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE
investimentos em capital humano. Ambas as disciplinas convergem
na compreensão de que a intervenção governamental, quando di- A visão dicotômica entre indivíduo e sociedade é fundamental
recionada para o desenvolvimento humano, não apenas fortalece nas Ciências Sociais, e faz parte dos primórdios do desenvolvimen-
a economia, mas também nutre uma sociedade mais justa e traba- to da Sociologia, que surgiu em meio a um crescente processo de
lhadores mais realizados. A avaliação conjunta dos aspectos sociais industrialização iniciado ainda no século XVIII e que levou ao surgi-
e psicológicos dessa intervenção oferece uma visão abrangente de mento de inúmeros problemas sociais no início do século seguinte,
como as políticas podem moldar o futuro do trabalho. quando surgiu a disciplina. Podemos dizer que as transformações
ocorreram pela transição de uma realidade rural para um ambiente
— Salário-mínimo urbano e industrial. O advento de estruturas sociais mais complexas
Ao explorarmos o salário-mínimo sob essa dupla lente discipli- fez com que os homens se vissem na necessidade de compreen-
nar que é a Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho, somos ca- dê-las. Brota uma nova ciência que, partindo do instrumental das
pazes de compreender como as políticas governamentais moldam ciências naturais e exatas, tenta explicar a realidade, estudando sis-
não apenas os aspectos financeiros do trabalho, mas também as tematicamente o comportamento social dos grupos e as interações
dinâmicas sociais e o bem-estar psicológico dos trabalhadores. humanas.
Desde uma perspectiva sociológica, o salário-mínimo é visto Basicamente buscou-se compreender que todas as relações
como uma ferramenta vital na mitigação das disparidades sociais. sociais estão conectadas, formando um todo social, que chamamos
Ao estabelecer um piso salarial, o governo busca assegurar que de sociedade. A passagem de uma sociedade rural para uma so-
mesmo os trabalhadores menos qualificados ou inseridos em se- ciedade urbana, com a formação de grandes cidades, abriu novos
tores de baixa remuneração recebam um pagamento justo pelo espaços de sociabilidade, em que conviveram pessoas diferentes e
seu trabalho. Isso não apenas influencia diretamente a estrutura estranhas umas às outras, com objetivos e motivações distintas. Es-
socioeconômica, mas também tem implicações profundas na redu- ses novos espaços substituíram os espaços tradicionais de relações.
ção da desigualdade de renda, um tema crucial na Sociologia do Essa transição é essencial para compreender a sociologia. O rápido
Trabalho. processo de urbanização provocou a degradação do espaço urbano
Além disso, a Sociologia destaca como o salário-mínimo pode anterior, do meio ambiente, e a destruição dos valores tradicionais.
impactar as relações sociais dentro das organizações. A remunera- As indústrias atraíram as populações rurais para as cidades.
ção adequada não apenas eleva o padrão de vida dos trabalhado-
res, mas também promove uma cultura de valorização mútua no Conceitos de Sociedade
ambiente de trabalho. A criação de um salário-mínimo justo contri-
bui para a construção de equipes mais coesas, reduzindo a tensão e A sociedade, tal como passou a ser compreendida no início
a competição interna, elementos muitas vezes associados a dispa- do século XIX, pressupunha um grupo relativamente autônomo de
ridades salariais. pessoas que ocupavam um território comum, sendo, de certa for-
Do ponto de vista da Psicologia Aplicada ao Trabalho, o salário- ma, constituintes de uma cultura comum. Além disso, predominava
-mínimo é examinado como um determinante crucial do bem-es- a ideia de que as pessoas compartilhavam uma identidade. As rela-
tar psicológico dos indivíduos. A psicologia organizacional explora ções sociais, não só referentes às pessoas, mas, inclusive, às institui-
como a percepção de justiça salarial está intrinsicamente ligada à ções (família, escola, religião, política, economia, mídia), moldavam
satisfação no trabalho e à motivação dos funcionários. Quando os as diversas sociedades. Assim, havendo uma enorme conexão entre
trabalhadores percebem que recebem um salário digno, isso não essas relações, a mudança em uma acarretaria numa transforma-
apenas fortalece sua autoestima, mas também contribui para um ção em outra.
ambiente psicologicamente saudável. A sociedade é entendida, portanto, como algo dinâmico, em
Além disso, a Psicologia Aplicada ao Trabalho destaca como o permanente processo de mudança, já que as relações e instituições
salário-mínimo pode influenciar as dinâmicas familiares e sociais sociais acabam por dar continuidade à própria vida social. Torna-se
dos trabalhadores. Ao garantir um pagamento mínimo, o governo claro, ademais, que existe uma profunda e inevitável relação entre
está indiretamente contribuindo para a estabilidade familiar e a re- os indivíduos e a sociedade. As Ciências Sociais lidaram com essa
dução do estresse financeiro, fatores que têm um impacto direto na relação de diferentes modos, ora enfatizando a prevalência da so-
saúde mental e emocional dos indivíduos. ciedade sobre os indivíduos, ora considerando certa autonomia nas
A análise conjunta dessas disciplinas revela que a intervenção ações individuais. Para o antropólogo Ralph Linton, por exemplo, a
governamental no estabelecimento do salário-mínimo não é ape- sociedade, em vez do indivíduo, é a unidade principal, aquela onde
nas uma questão econômica, mas uma estratégia complexa para os seres humanos vivem como membros de grupos mais ou menos
moldar as estruturas sociais e psicológicas do trabalho. O salário- organizados.
269
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
A interrelação entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Traba- A psicologia é usualmente definida como ciência do comporta-
lho se revela de maneira notória ao investigarmos as intervenções mento humano e a psicologia social como aquele ramo dessa ciên-
psicossociais em comunidades e organizações. Esse domínio inter- cia que lida com a interação humana. Um dos maiores propósitos
disciplinar visa compreender e aprimorar não apenas os elementos da ciência é o estabelecimento de leis gerais por meio da observa-
individuais, mas também os sistemas sociais e organizacionais que ção sistemática. Para o psicólogo social, tais leis gerais são desen-
influenciam a vivência humana no ambiente de trabalho. Ao anali- volvidas a fim de descrever e explicar a interação social. 18
sarmos as intervenções psicossociais, ressaltamos a função crucial
que exercem na fomentação do bem-estar, na solução de conflitos e Implicações para uma ciência histórica do comportamento
na edificação de ambientes mais salutares e produtivos. social
No âmbito das organizações, as intervenções psicossociais ado-
tam diversas configurações, desde programas de desenvolvimento Sob a luz dos presentes argumentos, a tentativa contínua de
de liderança até estratégias de administração de conflitos. A Socio- construir leis gerais do comportamento social parece mal direciona-
logia do Trabalho contribui para essa compreensão ao investigar da, e a crença associada a ela de que o conhecimento da interação
como as dinâmicas sociais internas impactam o desempenho e a social pode ser acumulado como nas ciências naturais revela-se in-
satisfação no trabalho. Frequentemente, as intervenções visam es- justificada. Em essência, o estudo em psicologia social é fundamen-
tabelecer culturas organizacionais mais inclusivas, onde a diversi- talmente um empreendimento histórico. Estamos essencialmente
dade é enaltecida e as relações interpessoais são saudáveis. Essa engajados em incontáveis questões contemporâneas. Utilizamos
abordagem sociológica procura compreender como as estruturas metodologia científica, porém os resultados não são princípios
organizacionais podem ser configuradas para fomentar a equidade
e a cooperação. 18 GERGEN, K. J. A psicologia social como história. Psicol. Soc.: Florianó-
polis, 2008.
270
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
científicos no sentido tradicional. No futuro, historiadores pode- encontra suficientemente desenvolvido a ponto de que predições
rão voltar-se para tais relatos do passado a fim de alcançar uma confiáveis possam ser feitas. Do nosso ponto de vista, tais descul-
melhor compreensão acerca da vida nos dias atuais. Entretanto, é pas são inapropriadas. O campo pode raramente fornecer princí-
provável que os psicólogos do futuro encontrem pouco valor no co- pios para que predições confiáveis possam ser feitas. Padrões de
nhecimento contemporâneo. Esses argumentos não são puramente comportamento estão sob constante mudança. Contudo, o que o
acadêmicos e não se limitam a uma simples redefinição de ciência. campo pode e deve oferecer são pesquisas informando o inquiridor
Aqui estão implicadas significantes alterações na atividade de cam- do número de possíveis ocorrências, ampliando assim sua sensibi-
po. Cinco dessas alterações merecem atenção. lidade e preparando-o para uma acomodação mais rápida à modi-
Entre psicólogos acadêmicos encontra-se difundido um pre- ficação ambiental. Pode prover ferramentas conceituais e metodo-
conceito contra a pesquisa aplicada, um preconceito que é evi- lógicas com as quais um número maior de juízos de discernimento
denciado pelo enfoque dado à pesquisa pura pelos periódicos de pode ser efetuado.
prestígio e pela dependência de promoção e manutenção de con- Psicólogos sociais evidenciam uma contínua preocupação com
tribuições à pesquisa pura em oposição à pesquisa aplicada. Esse processos psicológicos básicos, ou seja, processos que influenciam
preconceito baseia-se, em parte, na suposição de que a pesquisa um vasto e variado conjunto de comportamentos sociais. Simu-
aplicada é de valor transitório. Enquanto esta se limitaria a resol- lando a preocupação de psicólogos experimentais com processos
ver problemas imediatos, a pesquisa pura contribuiria para um co- básicos, como visão em cores, aquisição da linguagem, memória e
nhecimento básico e duradouro. Do ponto de vista atual, o solo no assim por diante, psicólogos sociais detiveram-se em alguns proces-
qual se assentam tais preconceitos não é merecedor de respeito. O sos, tais como dissonância cognitiva, nível de aspiração e atribuição
conhecimento que a pesquisa pura se dedica em estabelecer é tam- causal. Entretanto, há uma profunda diferença entre os processos
bém transitório; generalizações nessa área de pesquisa geralmente estudados nos domínios da psicologia geral experimental e no do-
não perduram. A tal ponto que, quando generalizações da pesqui- mínio da psicologia social. No primeiro caso, os processos estão fre-
sa pura têm grande validade transhistórica, podem estar refletindo quentemente guardados biologicamente no organismo, não estão
processos de interesse periférico ou importantes para o funciona- sujeitos a efeitos de esclarecimento e não dependem de circuns-
mento da sociedade. tâncias culturais. Ao contrário, a maioria dos processos de domínio
Psicólogos sociais são treinados para usar ferramentas de aná- social é dependente de disposições sujeitas a modificação ao longo
lise conceitual e metodologia científica a fim de explicar a interação do tempo.
humana. No entanto, dada a esterilidade em aperfeiçoar os princí- Assim sendo, é um erro considerar os processos em psicologia
pios gerais ao longo do tempo, essas ferramentas mostram-se mais social como básicos no sentido das ciências naturais. Antes, podem
produtivas quando usadas na resolução de problemas de importân- ser largamente considerados a contrapartida psicológica de normas
cia imediata para a sociedade. Isso não implica que tais pesquisas culturais. Da mesma maneira que um sociólogo preocupa-se em
devam ser de alcance restrito. Um defeito fundamental de grande medir preferências parciais ou padrões de mobilidade no decurso
parte das pesquisas aplicadas é que os termos usados para des- do tempo, o psicólogo social poderia atentar para os padrões de
crever e explicar são relativamente concretos e específicos para o mudança das disposições psicológicas e a sua relação com o com-
caso em mãos. Enquanto os comportamentos concretos estudados portamento social. Se a redução de dissonância é um processo im-
pelos psicólogos acadêmicos são frequentemente mais triviais, a portante, então deveríamos estar aptos a medir a prevalência e a
linguagem explicativa é altamente geral, e assim mais amplamen- força de tal disposição no seio da sociedade ao longo de tempo e os
te heurística. É assim que os argumentos presentes sugerem uma modos de redução de dissonância prediletos num dado momento.
intensa focalização em assuntos sociais contemporâneos, baseados Se a elevação da estima parece influenciar a interação social, os am-
na aplicação de métodos científicos e ferramentas conceituais lar- plos estudos culturais deveriam revelar a extensão dessa disposi-
gamente generalizadas. ção, sua força em várias subculturas, e a forma do comportamento
O objetivo central da psicologia é tradicionalmente encarado social com a qual se encontra mais associada a um dado momento.
como a predição e o controle do comportamento. Do nosso ponto Embora experimentos em laboratório sejam adequados ao isola-
de vista, esse objetivo é despropositado e oferece pouca justificati- mento de disposições particulares, são pobres indicadores da série
va para a pesquisa. Princípios do comportamento humano podem e da significância dos processos da vida social contemporânea. São
ter valor preditivo temporalmente limitado, e seu alto conhecimen- extremamente necessárias metodologias que estabeleçam contato
to pode torná-los impotentes como ferramentas de controle social. com a prevalência, força e forma das disposições sociais no tempo.
Todavia, previsão e controle não precisam servir de pedras angu- Com efeito, uma tecnologia dos indicadores sociais psicologicamen-
lares do campo. A teoria psicológica pode desempenhar um papel te sensíveis (Bauer, 1969) é desejada.
excessivamente importante enquanto dispositivo de sensibilização. O fenômeno social pode variar consideravelmente na medida
Pode esclarecer-nos acerca da gama de fatores que potencialmen- em que se submete à mudança histórica. Certos fenômenos podem
te influenciam o comportamento sob várias condições. A pesquisa ser mais estreitamente vinculados a dados fisiológicos. A pesquisa
pode também oferecer algumas estimativas da importância desses de Schachter sobre estados emocionais parece ter uma forte base
valores num determinado momento. Seja no caso do domínio da fisiológica, assim como o trabalho de Hess sobre afeto e constrição
política pública ou dos relacionamentos pessoais, a psicologia social pupilar. Embora disposições adquiridas possam vir a superar algu-
pode aguçar a sensibilidade de um indivíduo para influências sutis e mas tendências fisiológicas, tais tendências deveriam se reafirmar
apontar suposições sobre o comportamento que não se mostraram gradualmente. Outras propensões fisiológicas, ainda, podem ser
úteis no passado. irreversíveis. Pode haver também disposições que são suficiente-
Quando se pede um conselho ao psicólogo social sobre um pro- mente poderosas para que nem o esclarecimento e nem mesmo as
vável comportamento em uma situação concreta, a reação consiste mudanças históricas venham a causar-lhe algum impacto. Algumas
em desculpar-se. É necessário explicar que o campo ainda não se pessoas geralmente evitarão estímulos físicos dolorosos, apesar de
271
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
suas sofisticações ou das normas correntes. Devemos pensar, en- Psicologia social e saúde coletiva: reconstruindo identidades
tão, em termos de um contínuo de durabilidade histórica, com fe- 19
272
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
psicologia, bem como as demais profissões consideradas da área de Os fatores conjunturais (a maior aceitação da psicologia e o
saúde, que praticamente só eram absorvidas em instituições am- crescimento do número de profissionais), associados à postura crí-
bulatoriais e hospitalares, passam a ser incorporadas às Unidades tica de certos segmentos da profissão, levaram à definição de novas
Básicas. Isto se torna possível a partir da VIII Conferência Nacional áreas de atuação, buscando estender os serviços psicológicos às ca-
de Saúde (...) para que se chegasse a um Sistema Único de Saúde madas mais pobres da população e, neste afã, ampliar o referencial
que possibilitasse uma atenção integral à saúde. teórico de modo a focalizar os problemas sociais mais amplos sub-
Spink acrescenta ainda, em acordo com os autores anterior- jacentes à problemática individual. “Nesse processo, muitos psicó-
mente citados, que, até recentemente, o campo da atuação da psi- logos deslocaram suas atividades dos consultórios particulares, in-
cologia se resumia a duas principais dimensões: em primeiro lugar, serindo-se diretamente na comunidade ou nas instituições voltadas
as atividades exercidas em consultórios particulares. Uma atividade ao atendimento das camadas desprivilegiadas da população”. Num
exercida de forma autônoma, como profissional liberal e, de forma processo de revisão dessas práticas e a busca por melhores formas
geral, não inserida no contexto dos serviços de saúde. A segunda de responder às necessidades dos diferentes locais de atuação, foi
vertente compreendia as atividades exercidas em hospital e ambu- gerando novos campos de saber e ampliou sua inserção na saúde.
latórios de saúde mental.
No campo da saúde, a autora considera que importantes trans- A Psicologia Social como alternativa para a nova prática
formações ocorreram entre os anos 1970 e 1990 e possibilitaram
a inclusão do psicólogo nas ações de saúde. Primeiro houve uma Na fomentação de uma nova política pública de saúde, abrem-
ressignificação da causalidade na explicação da doença, passando a -se espaços de trabalho para a psicologia, que passa a problemati-
ser vista como um processo e, especialmente, como um fenômeno zar a aplicação das práticas tradicionais em novo cenário de atua-
complexo e transdisciplinar, que precisa ser abordado de forma in- ção. Outras ferramentas de intervenção – mais apropriadas para a
tegradora englobando as dimensões biopsicossocial. A nova lingua- efetiva inserção na área – devem ser construídas para o trabalho
gem abriu espaço para ação e explicação de cunho psicológico. As na Saúde Pública, a fim de que possam contribuir com as transfor-
mudanças foram lentas, mas o espaço foi sendo conquistado, por mações propostas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Psicolo-
exemplo, nos hospitais. gia Social da Saúde, que compreende, em seus pressupostos, uma
A psicologia, embora intimamente relacionada ao conceito de intervenção mais local e coletiva, tem sido um importante campo
saúde (definida pela Organização Mundial de Saúde como bem-es- de conhecimento e prática para construir formas diferenciadas de
tar físico, mental e social), como disciplina, chega tardiamente à intervenção na saúde.
área da saúde. Chega tarde neste cenário e “chega miúda, tatean- A psicologia social, tendo como arena de atuação a complexa
do, buscando ainda definir seu campo de atuação, sua contribuição relação entre a esfera individual e a social, tem necessariamente
teórica efetiva e as formas de incorporação do biológico e do social uma vocação interdisciplinar, sendo suas fronteiras permeáveis às
ao fator psicológico, procurando abandonar os enfoques centrados contribuições de uma variedade de outras disciplinas afins. “Cabe
em um indivíduo abstrato e a-histórico tão frequentes na psicologia à psicologia social recuperar o indivíduo na intersecção de sua his-
clínica tradicional. tória com a sociedade. Abandonar, portanto, a dicotomia indivíduo
Mais recentemente, surgiu no cenário da psicologia a psicolo- sociedade”.
gia da saúde, que tem se orientado mais pelos problemas vincu- A psicologia (social) comunitária utiliza-se do enquadre da psi-
lados ao desenvolvimento da saúde humana do que pela doença. cologia social, privilegiando o trabalho com os grupos, buscando
O desenvolvimento da psicologia da saúde estimulou o traba- colaborar para a formação da consciência crítica e “para a constru-
lho do psicólogo no âmbito da prevenção e da promoção da saúde, ção de uma identidade social e individual orientadas por preceitos
assim como sua participação em equipes interdisciplinares, tanto eticamente humanos”.
em instituições de saúde quanto em sua atuação no trabalho comu- Segundo Ronzani & Rodrigues, “a psicologia comunitária cons-
nitário, tornando-se um espaço importante de prevenção e promo- titui um importante campo teórico-prático para o trabalho em APS,
ção de saúde. O desenvolvimento de uma psicologia comunitária uma vez que pode possibilitar uma maior aproximação das ques-
orientada pelo trabalho nas áreas de saúde, independentemente tões de relevância social das comunidades”. Costa e Lopez afirmam
das orientações teóricas às quais se filia, na verdade representou que é através da atuação da Psicologia Comunitária que programas
um questionamento aos estanques rígidos definidos nas pesquisas de saúde podem ser aplicados ao âmbito local de cada comuni-
e nas práticas psicológicas. dade. A Psicologia da Saúde e a Psicologia Comunitária estabele-
Segundo Bock, o termo psicologia da Saúde aparece a partir ceriam, assim, uma relação na qual esta última se converteria em
do Seminário Internacional da Saúde realizado em Cuba e relata- um instrumento de implementação dos programas que envolvem
do no Jornal do Psicólogo, nº 11/84. Esta expressão ‘psicologia da conceitos da primeira. Seria através da Psicologia Comunitária, pro-
Saúde’ também é usada por Spink como um novo campo do saber. põem Costa e López, que os programas de saúde se tornariam ágeis
Para Spink, falar da psicologia da saúde como novo campo do saber e integrados ao tecido social em que os processos de saúde, adoeci-
parece ser, à primeira vista, uma temeridade. Afinal, os aspectos mento e morte se dão, e é justamente nesse nível que a intervenção
psicológicos da saúde/doença vêm sendo discutidos desde longa preventiva deveria ocorrer. Entretanto, o que se deve tentar obter
data, e os psicólogos já há muito vêm marcando presença na área da comunidade é que a mesma análise e modifique seus comporta-
de saúde mental. Entretanto, mudanças recentes na forma de in- mentos tentando torná-los favoráveis à saúde. Assim, a Psicologia
serção dos psicólogos na saúde e a abertura de novos campos de Comunitária seria um ponto de ligação entre o sistema de saúde e a
atuação vêm introduzindo transformações qualitativas na prática comunidade, numa configuração dinâmica e móvel.
que requerem, por sua vez, novas perspectivas teóricas. É isto, pois, A Psicologia Social da Saúde configura-se como um campo de
que nos permite afirmar que estamos nos defrontando com a emer- conhecimento e prática que trata das questões psicológicas com
gência de um novo saber. enfoque mais social, coletivo e comunitário voltado para a saúde.
273
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Segundo Marín, caracteriza-se pela interlocução da Psicologia So- a de que qualquer entendimento do processo saúde-doença-cuida-
cial – com seus conhecimentos e técnicas – com o âmbito da saúde do possa ser analisado e referido a partir de seu contexto, ou seja, a
e destaca a interação como ponto fundamental do processo saú- partir da compreensão de uma pessoa, pertencente à determinada
de doença. A interação refere-se tanto ao homem e seu ambiente família, inserida numa comunidade específica, e assim por diante.
quanto aos diversos atores sociais presentes no cuidado com saúde. Assim, a Psicologia Social da Saúde viria ao encontro da Aten-
O autor ainda salienta que todas as atividades da Psicologia Social ção Primária à Saúde (APS), especificamente do Programa de Saúde
da Saúde centram-se mais na busca de uma saúde integral e não da Família (PSF), no objetivo de construir um modelo de atenção à
somente na saúde mental. saúde pertinente à realidade local e gerador de interlocuções entre
Para Spink, a psicologia social da saúde é como um campo equipe de saúde e comunidade. Nesse sentido, a parceria pode ser
ampliado de atuação do psicólogo nas instituições de saúde. Essa útil para pensar discursos, na saúde, que propiciem a construção de
ampliação ocorreria, principalmente, em relação ao referencial de espaços viabilizadores de acolhimento e a construção do vínculo,
trabalho utilizado e exercido, pois, segundo a autora, a intervenção contribuindo para a reflexão e a problematização dessas práticas
deve ser contextualizada, ou seja, é importante compreender toda que se propõem coletivas.
a história e o contexto da instituição na qual será implementada
uma ação, assim como as pessoas que compõem essa instituição. A prática do psicólogo na atenção primária
Faz-se necessário compreender que cada organização tem sua re-
alidade local, sua cultura de relações e as histórias específicas das Martinez Calvo coloca que a promoção de saúde se origina nas
pessoas que recorrem a esses serviços. ciências que se ocupam do comportamento social.
A autora explica o que seria a Psicologia Social da Saúde: A pri- Se nas propostas da atenção primária objetiva-se trabalhar
meira característica é o compromisso com os direitos sociais pen- com promoção, o interesse para a psicologia é evidente. As ações
sado numa ótica coletiva. Foge, portanto, das perspectivas mais promocionais, segundo Calatayud, necessitam apoiar-se em con-
tradicionais da psicologia voltadas à compreensão e processos ceitos puramente psicológicos, tais como: hábitos, atitudes, moti-
individuais ou intraindividuais. Dialoga com teorias e autores que vação, interações pessoais e familiares e habilidades. Faz algumas
pensam as formas de vida e de organização na sociedade brasileira recomendações para o trabalho dos psicólogos:
contemporânea. Tende a pesquisar e atuar em serviços de atenção 1) identificar os problemas que requerem atenção prioritária;
primária, em contextos comunitários, em problemas de saúde em 2) para esta identificação, as informações sobre a comunidade
que pesam a prevenção à doença e a promoção da saúde ou onde são a fonte para a tomada de decisões;
há necessidade de acompanhamento continuado (como as doenças 3) trabalhar em equipe com profissionais de outras disciplinas,
crônicas e a saúde mental). Tende ainda a atuar na esfera pública. compartilhando conhecimentos;
Ainda a mesma autora coloca que a Psicologia Social da Saú- 4) estimular a participação dos membros da comunidade, le-
de tem como características principais a atuação centrada em uma vando em conta sua opinião na definição das prioridades e as estra-
perspectiva coletiva e o comprometimento com os direitos sociais e tégias, tornando-os multiplicadores.
com a cidadania. Rompe, portanto, com enfoques mais tradicionais Segundo Calatayud, há um conjunto de temas que geralmente
centrados no indivíduo. A atuação se dá principalmente nos servi- aparecem como prioritários para a psicologia na atenção primária,
ços de atenção primária à saúde, focaliza a prevenção da doença “e este caráter prioritário se deve ao fato de que são temas que
e a promoção da saúde, e com extrema importância o incentivo mais afetam o estado de saúde das pessoas, os quais se recebem a
dos atores sociais envolvidos para a geração de propostas de trans- correta atenção, podem conduzir a melhorias importantes na saúde
formação do ambiente em que vivem. Trata-se, portanto, de um da população”.
processo de transformação crítica e democrática que potencializa e Como veremos adiante, cada um destes temas relaciona-se
fortalece a qualidade de vida. com aspectos biológicos, sociais e psicológicos. Estes últimos nos
A Psicologia Social da Saúde objetiva trabalhar dentro de um servirão de pauta para guiar o trabalho do psicólogo na aten-
modelo mais integrado, reconhece a saúde como um fenômeno ção primária.
multidimensional em que interagem aspectos biológicos, psicoló-
gicos e sociais e caminha para uma compreensão mais holística do 1) Saúde Reprodutiva
processo saúde-doença-cuidado. Dessa maneira sua inserção na Alguns problemas que afetam a saúde reprodutiva e podem
atenção primária pode ser útil para contribuir na transformação das ser abordados pela psicologia:
práticas em saúde rumo à integralidade. Traz conceitos potentes e - práticas sexuais que conduzem a gravidez indesejada, ou con-
propostas de ação que muito se aproximam aos pressupostos de tágio de doenças sexualmente transmissíveis;
trabalho da atenção primária. Vemos que os dois discursos se or- - gravidez na adolescência;
ganizam em torno de eixos que apostam na construção do fazer - aborto induzido;
conjunto, coletivo e valorizam a localidade e as interações dela de- - comportamento de risco para o bom desenvolvimento da
correntes. gravidez (álcool, drogas, etc.);
Os pressupostos da Psicologia Social da Saúde ecoam, nesse - Preparação insuficiente da gestante e da família para os cuida-
modo de organização do trabalho, à medida que têm como ponto dos físicos e emocionais do recém-nascido;
fundamental também a contextualidade e a interação com ações - insuficiente conhecimento de comportamentos paternos que
construídas coletivamente a partir das imprevisibilidades do coti- propiciem a satisfação das necessidades psicológicas do bebê no
diano. Assim, tanto a ESF (estratégia de saúde da família) como esse primeiro ano de vida.
campo da psicologia privilegiam o processo de produção de conhe-
cimento e a construção das intervenções a partir das práticas so-
ciais, dos processos interativos e da cultura. A proposta, portanto, é
274
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Segundo o autor, tais questões podem ser trabalhadas com melhora do quadro clínico, a da sua qualidade de vida; atuar junto
grupos para adolescentes, gestantes, grupos com familiares das aos profissionais da equipe do PSF, para integrar esforços, estimular
gestantes, grupos com mães a respeito das necessidades do primei- a reflexão e a troca de informações sobre a população atendida e
ro ano de vida da criança, entre outros. facilitar a avaliação e a evolução clínica.
O psicólogo pode abarcar ainda, além do atendimento indi-
2) Saúde das crianças vidual, avaliação da demanda, estudos de caso e o incentivo para
Alguns problemas frequentes que afetam as crianças e que po- facilitação da comunicação entre a comunidade e a equipe de saú-
dem ser abordados pela psicologia: de, já que muitas vezes os pacientes revelam dados nem sempre
- ambiente doméstico prejudicial; acessíveis à equipe. O teatro informativo pode ser utilizado para
- maus-tratos à criança; fornecer informações sobre o que é a psicologia e o trabalho do
- dificuldades de aprendizagem. psicólogo, tais como seus objetivos, a questão do sigilo, a compo-
Tais dificuldades podem ser abordadas, segundo Calatayud sição dos grupos, esclarecimento sobre as concepções errôneas a
(1999), através de grupos com as crianças, para que elas coloquem respeito da psicoterapia e do psicólogo. A visita domiciliar é outra
suas dificuldades, intervenção junto aos familiares, identificação de atividade que auxilia na divulgação do trabalho, ajuda a conhecer
ambientes familiares prejudiciais, entre outros. um pouco da realidade das pessoas atendidas e, quando necessá-
rio, a prestar assistência psicológica a pacientes impossibilitados de
3) Adolescentes sair de sua residência.
Os adolescentes constituem um grupo que abre espaço para Dentro desta mesma ideia, Ronzani acrescenta que: uma das
várias possibilidades de trabalho. Podem ser abordados os seguin- funções do psicólogo pode ser o acolhimento dos novos pacientes,
tes temas, através de grupos, palestras, ou, se necessário, individu- fazendo encaminhamentos, quando necessário, intervenção psicos-
almente: início da vida sexual, gravidez indesejada, drogas, álcool, social, desenvolvendo oficinas terapêuticas, atendendo a pacientes
dificuldades familiares etc. graves, fazendo visitas domiciliares e proporcionando suporte fami-
4) Idosos liar, especialmente para aqueles portadores de transtornos men-
Também os idosos são citados pelo autor como um grupo po- tais.
tencial de trabalho. Vários aspectos podem ser abordados. Entre Duran-Gonzáles apontam que o profissional de APS deve estar
eles: distância dos familiares, solidão, morte do cônjuge ou amigos, capacitado para proporcionar mudanças de atitudes da população;
aumento das limitações físicas, tempo ocioso, diminuição da auto- entrar em contato com indivíduos que possam influenciar direta-
estima, depressão etc. mente nas práticas de saúde da população. O psicólogo então se
Pelo que vimos até o momento, podemos considerar que exis- torna um ator importante na medida em que pode promover a par-
tem diversos pontos em comum entre os princípios norteadores do ticipação da comunidade no autocuidado e ainda ser o ponto de
PSF e aqueles que devem também subsidiar o trabalho do psicó- intersecção entre a população e a equipe de saúde.
logo, como, por exemplo, o atendimento da demanda de acordo
com as necessidades dos indivíduos (e não de cima para baixo); a Da formação à ação
busca do resgate da autonomia, da autoestima e da cidadania; a
ênfase na criação de vínculo entre o profissional e o cliente; a valo- Pensar a atuação do psicólogo nas Unidades Básicas de Saúde
rização dos saberes individuais e grupais; o respeito às diferenças; não é uma tarefa fácil. O tempo de inserção destes profissionais é
a relação de compromisso e corresponsabilidade dos profissionais relativamente pequeno; há um contingente reduzido de profissio-
com os usuários; a visão do humano como ser integral e não exclusi- nais atuando na área — apesar de vir aumentando gradativamen-
vamente biológico; a valorização de ações de prevenção, promoção te — existem poucas pesquisas mais sistemáticas, tanto nacionais
e manutenção da saúde, e não somente cura e reabilitação; o enfo- quanto locais, sobre a atuação do psicólogo neste campo específico
que centrado nas potencialidades para o crescimento e não apenas de trabalho.
na erradicação do sintoma ou da doença; a valorização do contexto Nas palavras de Dimenstein, é possível apontar que tais dificul-
social, histórico, cultural, ambiente familiar e psicológico dos indiví- dades encontradas pelos psicólogos para a realização da Psicologia
duos, além da dimensão orgânica e fisiológica. nas Unidades Básicas de Saúde no país advêm tanto da inadequa-
A finalidade do PSF, como já visto, é o acompanhamento da ção da sua formação acadêmica para o trabalho no setor, quanto
clientela, dentro do seu contexto sociocultural, de forma a aproxi- seu limitado modelo de atuação, bem como as dificuldades de
mar a família, a comunidade e os profissionais, com vistas principal- adaptar-se às dinâmicas condições de perfil profissional.
mente à promoção da saúde para melhoria da qualidade de vida da A inserção em instituições públicas ou na comunidade parece
população. A inserção do psicólogo na equipe de saúde da família ser bastante problemática tanto no que se refere às dificuldades ex-
também deve visar à promoção da saúde da população, no que con- ternas, relativas à falta de recursos, quanto à ausência de modelos
cerne à atenção para os aspectos psicológicos, tanto em termos de de atuação, apontando aí carências de uma formação acadêmica
prevenção quanto de promoção. mais voltada ao modelo clínico hegemônico.
Cardoso aponta como objetivos gerais da atuação do psicólogo O conhecimento e as técnicas dos quais lança mão a Psicologia
no PSF, independente da clientela atendida, os de atuar junto à co- da Saúde são frequentemente oriundos da clínica e naturalmente
munidade, fornecendo e difundindo informações sobre saúde men- passam por uma série de adaptações que se configuram em uma
tal; identificar pessoas portadoras de doenças orgânicas crônicas verdadeira reconstrução da atividade e da identidade do psicólogo
com comprometimentos emocionais que demandem assistência e da Psicologia. As implicações da atuação ou reinserção do psicólo-
psicológica; possibilitar espaço terapêutico de trocas de experiên- go no campo da saúde são de natureza complexa e envolvem desde
cias, com vistas ao desenvolvimento das potencialidades das pesso- um treinamento específico para atuar neste campo — treinamen-
as para atender às próprias necessidades, proporcionando, além da to que não tem sido observado na grande maioria dos cursos de
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
O que está em pauta no primeiro caso é a compreensão das PROMOÇÃO DA MUDANÇA SOCIAL E ENFRENTAMENTO
determinações sociais mais amplas que afetam a relação profissio- DE PROBLEMAS SOCIAIS
nal do psicólogo e as pessoas ou grupos que recebem algum tipo de
intervenção. Já no segundo caso, o que está em pauta é a aceitação A convergência entre Sociologia e Psicologia aplicada ao traba-
de uma realidade multiforme, cuja definição, ou mesmo a percep- lho oferece uma visão abrangente para compreender e fomentar
ção, é fruto de uma sociedade determinada e, dentro desta, de clas- mudanças sociais, além de enfrentar os desafios sociais que per-
ses e segmentos sociais específicos. meiam o cenário profissional. Essas disciplinas complementares
Dessa forma acreditamos que, ainda hoje, os psicólogos bus- fornecem percepções valiosas sobre as dinâmicas sociais, compor-
cam um modelo para “fazer psicologia” nos serviços de saúde. Re- tamentais e psicológicas que moldam as organizações e comunida-
conhecemos que o trabalho é complexo e requer do psicólogo um des. Nesse contexto, a promoção da mudança social e a abordagem
embasamento amplo de várias áreas do conhecimento. É um mo- de problemas sociais emergem como metas cruciais para estabele-
delo que está continuamente sendo feito, uma identidade sendo cer ambientes de trabalho mais equitativos e saudáveis.
formada: A Sociologia, ao examinar as estruturas sociais e as interações
Acreditamos que podemos ser mais úteis ao campo da assis- entre os indivíduos, oferece um arcabouço teórico vital para enten-
tência pública à saúde a partir do momento que nossa cultura pro- der as dinâmicas de poder e as disparidades presentes no mundo
fissional passe a fornecer modelos mais ampliados de atuação, os laboral. A hierarquia organizacional, por exemplo, muitas vezes re-
quais não se revelem como barreiras à troca de saberes com outros flete estruturas sociais mais amplas, como gênero, raça e classe. A
profissionais, e que o psicólogo possa se reconhecer como um tra- compreensão dessas interações é essencial para promover mudan-
balhador da saúde, preocupado com a promoção do bem-estar da ças sociais que busquem a igualdade e justiça dentro das organiza-
população. ções.
Discutir a formação necessária para a inserção institucional do A Psicologia aplicada ao trabalho contribui para esse entendi-
psicólogo na área da saúde exige um momento anterior de refle- mento ao analisar os aspectos individuais que impactam o compor-
xão sobre as especificidades desta prática. Ao procurar entender tamento no ambiente profissional. As percepções, atitudes e moti-
e pensar a formação do psicólogo para a prática em instituições, vações dos trabalhadores desempenham um papel significativo na
estamos, na verdade, buscando subsídios para a sua inserção em recepção e implementação de mudanças sociais. A promoção de
uma organização. Entretanto, esta organização é sobre determina- uma cultura organizacional saudável demanda uma compreensão
da por normas gerais, que estão intimamente ligadas às represen- aprofundada das necessidades psicológicas dos colaboradores, in-
tações coletivas que, com o passar dos anos, atingem o estatuto de centivando a motivação intrínseca e promovendo o bem-estar men-
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Como dito anteriormente, sexo também é coisa de criança21. que intervém na excreção. Os músculos que participam deste ato
Tendo sempre em mente que cada criança é uma criança, vamos são exatamente os mesmos que posteriormente atuarão na respos-
pensar o desenvolvimento sexual da criança. ta sexual.
Tomando por base os modos de viver e expressar a dimensão b) O ato de reter e expulsar os excrementos (urina e fezes) pro-
humana, temos seis períodos distintos - primeira infância, fase duz prazer sensual, pela tensão e alívio ou relaxamento, que acom-
pré-escolar, segunda infância, adolescência, maturidade e terceira panham estes comportamentos.
idade. Aqui vamos nos ater apenas aos três primeiros: primeira in- c) O controle voluntário desses músculos, assim como as sen-
fância (0 a 2 anos), fase pré-escolar (2 a 6 anos) e segunda infância sações prazerosas deles resultantes, são associados à sexualidade”.
(6 a 10 anos). Para não adiantar nem atrasar esse processo da criança é preci-
so ter em mente que ele(a) poderá ter este tipo de controle entre os
Primeira Infância (0 a 2 anos) dois e três anos de idade. Adiantar ou atrasar esse momento pode
“A educação sexual começa a partir das atitudes dos pais, no ser prejudicial ao desenvolvimento da criança. Importante, ainda,
momento em que decidem ter filhos”. salientar que pais e educadores devem evitar relacionar questões
As primeiras atitudes dos pais podem proporcionar ou um am- negativas (como sujo, feio, associar a castigos e chantagens), no de-
biente afetivo e amoroso, ou um ambiente ríspido e tumultuado. correr do treinamento do controle dos esfíncteres.
Esse ambiente será a primeira influência no desenvolvimento da
criança. É “nos primeiros anos de vida que se estabelecem as bases 4. Interesses e curiosidades sexuais
do comportamento erótico do adulto e se inicia a formação de uma É a conhecida fase dos porquês. Além das perguntas, as crianças
sexualidade saudável”. querem ver e saber. Com tantas perguntas, é um bom momento
Neste período (0 a 2 anos) a criança começa a explorar seu para ensinar às crianças os nomes corretos das partes de seu corpo.
mundo através de seu corpo, de suas sensações. Será através do Como parte de seu desenvolvimento a masturbação aparece
gosto, do cheiro, do toque, do olhar e do ouvir que a criança vai ex- como curiosidade natural da criança de seu corpo e suas sensações.
perimentar o prazer. Essa relação com seu corpo e com os sentidos É um jogo exploratório de sensações. Não tem a mesma conota-
formará suas atitudes sexuais mais tarde. ção da masturbação na adolescência e no adulto. Assim, é um bom
A relação que essa criança tem com seus cuidadores também momento para ensinar às crianças sobre a intimidade. O público e
será definidor das suas atitudes relacionais. Esse primeiro vínculo é o privado. Não precisa problematizar a situação, apenas orientar. A
um primeiro passo. Ele será fortalecido, ou não, no seu desenvol- repressão é indesejada.
vimento. Além de se tocarem, as crianças exploram também os outros.
É nessa fase que começamos a amar e sermos amados. A nossa É a fase da conhecida “brincadeira de médico”. Se a brincadeira for
capacidade de amar e de se relacionar está diretamente ligada a entre crianças da mesma idade não há razão para se preocupar, é
esse aprendizado na infância. conhecimento não abuso.
Nessa fase o pensamento é mágico e fantasioso, por isso devem
Fase pré-escolar (2 a 6 anos) ser evitadas conversas como a da “cegonha” e da “sementinha”. As
Essa fase tem quatro momentos importantes: respostas devem ser claras e objetivas o suficiente para satisfazer
a curiosidade da criança. Ela quer saber do fato, a maldade está na
1. Formação da Identidade de gênero cabeça do(a) adulto(a). Outro cuidado com as histórias fantasiosas
A identidade de gênero é a condição de pertencer a um sexo. é que elas podem gerar fantasias negativas, temores e culpas. Des-
Nesta fase a criança começa a definir-se como menino ou menina. necessário.
Os pais e educadores(as) devem, neste momento, favorecer o pro-
cesso de identificação da criança, através da brincadeira. Mostrar Segunda Infância (6 a 10 anos)
as diferenças e semelhanças entre ser menino e ser menina (evitar Período no qual a sexualidade entra em latência. Ou seja, entra
ao máximo estereótipos!). Reforçar a visão de sexo da criança, sem em adormecimento para ser mais bem elaborada. É um momen-
nunca desvalorizar o sexo oposto. A questão não é superioridade/ to de sensualidade, pois as crianças estão aptas a experimentar as
inferioridade, mas sim diferenças. sensações. Por isso, há muitos jogos sexuais nesta fase. O lúdico
aparece na imitação de modelos. É um momento em que pais e
2. Assimilação do papel sexual (social) educadores(as) devem tomar cuidado com o que falam e com o
O papel sexual diz respeito ao comportamento que a criança que fazem. A criança está em constante observação. Assim, é um
terá diante sua identidade de gênero. Importante evitar a manuten- bom momento para transmitir informações e valores (confiança,
ção de preconceitos de comportamentos tipicamente masculinos respeito, amor, honestidade, responsabilidade), as crianças estão
e/ou femininos. prestando atenção.
É nesse período que se fortalece a identidade de gênero e
3. Aprendizagem e controle dos esfíncteres prepara a criança para o próximo período, a puberdade.
É a primeira oportunidade da criança de aprender e exercer o
autocontrole, através do treinamento do controle dos esfíncteres. O que são jogos sexuais?
Segundo as considerações de Figueirêdo Netto, a aprendiza- Definição: são brincadeiras que ajudam a satisfazer a curiosi-
gem do controle dos esfíncteres, no que se refere ao desenvolvi- dade sexual.
mento da sexualidade, tem fundamental importância, pois:
a) “As áreas genitais se encontram na mesma zona do corpo Alguns tipos:
- Cócegas;
21 Colunista Portal Educação, 2013. http://www.portaleducacao.com.br. - Pegar nos próprios genitais e nos dos / das coleguinhas;
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
22 BERALDO, F. N.de M. Sexualidade e escola: um espaço de interven- Sexual com Jovens: Construindo um Exercício Responsável da Sexualidade. Sim-
ção. Psicol. Esc. Educ. (Impr.) vol.7 no.1 Campinas, 2003. pósio Internacional de Educação Sexual da UEM, 2009.
279
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Em todos os questionamentos que formulamos a respeito dos Em geral, nesta fase do desenvolvimento ocorrem as primei-
seres humanos, devemos sempre conceber o homem enquanto ras manifestações da sexualidade adulta, ou seja, o primeiro beijo,
ser integral, biopsicossocial. Desta forma, precisamos considerar as o “ficar”, o namoro, as primeiras experiências eróticas. Trata-se de
dimensões biológica, psicológica e social das pessoas, compreen- uma busca pelo outro para um relacionamento afetivo-sexual. “A
dendo que estas não são separadas, mas integradas na existência adolescência é uma fase de descobertas, de desafios e a sexualida-
humana. de humana talvez seja, para a maioria dos jovens, o aspecto mais
Em relação à dimensão biológica, percebemos que uma criança interessante desta jornada”.
começa a deixar de sê-lo quando ela vivencia o período do desen- Em relação à dimensão social, precisamos considerar que a
volvimento humano chamado de puberdade. Para esta discussão, adolescência enquanto processo de desenvolvimento humano não
tomaremos como referência o trabalho de Gewandsznajder. é universal, ou seja, não é igual para todos os jovens. Cada um vi-
Na puberdade, o corpo do menino ou da menina passa por um venciará a sua adolescência de acordo com suas condições de vida,
processo de transformação, deixando de ser um corpo infantil para o seu lugar de moradia, a dinâmica de sua família de origem, as
se tornar um corpo adulto, ou seja, pronto para reprodução. características de acesso à escola ou aos serviços de saúde, as mo-
A faixa etária que corresponde a este período é variável. Em dalidades de lazer a que tem acesso, dentre outros condicionantes.
geral, a puberdade ocorre nos garotos entre 11 e 13 anos e nas Todas as transformações vivenciadas pelo jovem são construídas
garotas entre 10 e 12 anos. É necessário saber que estas idades não mediante as relações sociais que eles estabelecem. Não existe um
são fixas, podendo variar de pessoa para pessoa. “padrão”. Cada indivíduo, a partir de sua realidade social, vivencia-
Tanto em garotos quanto em garotas ocorre o chamado “esti- rá sua juventude de forma particular.
rão”, ou seja, um crescimento do corpo acentuado em um curto pe- Não devemos pensar a juventude como crise, mas como um
ríodo de tempo. O “estirão” costuma iniciar mais cedo nas meninas processo do ciclo vital do jovem. Isto quer dizer que devemos com-
que nos meninos, razão pela qual as meninas por volta dos 12 anos preender o jovem não enquanto um “problema” ou um “fardo”.
de idade são frequentemente mais altas que os meninos. Também Deve ser compreendido sempre a partir da sua pessoa em condição
tanto em garotos quanto em garotas ocorre o aparecimento de pê- peculiar de desenvolvimento inserida num determinado contexto
los pubianos e axilares. A pele se torna mais oleosa e o corpo, atra- sociocultural.
vés do suor, passa a ter um cheiro característico de pessoa adulta, Outro fator importante a ser abordado é o prolongamento da
diferenciando-se da criança. juventude. Atualmente vivenciamos uma clara dificuldade em de-
Nos garotos ocorre o aparecimento da barba, e a laringe se limitar o término deste período. Não é raro encontrarmos pessoas
alarga provocando a tendência da voz se tornar mais grave. Tam- que pretendem terminar seus estudos, incluindo até cursos de mes-
bém ocorre o aumento da massa muscular, com consequente am- trado e doutorado, antes de decidirem morar sozinhos ou casaram-
pliação da força física, e o aumento do pênis e testículos. -se, e então deixar de morar com seus pais.
Nas garotas ocorre o aumento dos seios, quadris, nádegas e Partindo da premissa de todas estas transformações contem-
coxas, dando ao corpo o aspecto de mulher em fase adulta. A partir porâneas, é interessante tomarmos a definição do Conselho Nacio-
da puberdade a garota passa a menstruar, característica que sinaliza nal da Juventude no que diz respeito a estender até os 29 anos a
que seu organismo está pronto para gerar filhos. faixa etária das pessoas que são consideradas jovens.
É preciso deixar claro que puberdade não é sinônimo de São estes jovens que constituem o público beneficiário da prá-
adolescência. Puberdade compreende as transformações corporais tica de Orientação Sexual, no enfoque deste trabalho.
que tornam o corpo humano adequado para a reprodução,
deixando de ser um corpo infantil para tornar-se um corpo adulto. A Orientação Sexual X Educação Sexual
adolescência compreende um período mais extenso e significativo Os autores que se preocupam atualmente com a temática da
que a puberdade, sendo esta etapa constituinte daquela. Orientação Sexual formulam questionamentos a respeito do termo
O termo adolescência vem do termo latino adolescere, que que deve ser utilizado para definir tais práticas. Quando falamos
significa “crescer, engrossar, tornar maior”. Em relação à dimensão em Orientação Sexual e em Educação Sexual, utilizamos a mesma
psicológica, segundo Canosa Gonçalves et. al. e Tavares, as crianças definição para as duas expressões?
que se tornam adolescentes também passam por transformações. De acordo com Ribeiro falamos em Educação Sexual quando
A principal delas é em relação à própria identidade. Neste momen- nos referimos aos “processos culturais contínuos [...] que direcio-
to, o adolescente necessita se reconhecer num corpo transforma- nam os indivíduos para diferentes atitudes e comportamentos li-
do, que não é mais o corpo infantil que ele tinha, e que agora é um gados à manifestação de sua sexualidade”. Nesta definição, pode-
corpo adulto, visivelmente modificado. mos pensar que a educação sexual tem seu início no nascimento de
Outro passo importante é a consolidação de si próprio enquan- cada indivíduo, sendo que o processo educacional acontece através
to pessoa “independente”, sob o ponto de vista da determinação da relação deste indivíduo com seu meio social. Então, as “atitu-
de suas escolhas pessoais e da responsabilidade que elas trazem. É des e comportamentos ligados à manifestação da sexualidade” são
neste momento que pode haver uma divergência, e até um ques- construídos por cada pessoa em contato com a sociedade, ou seja,
tionamento, com as regras determinadas pela família e pela socie- amigos, grupos religiosos e/ou de convivência, meios de comuni-
dade. cação e, principalmente, a família. Portanto, a sociedade pratica
Na adolescência é comum ocorrer uma identificação muito in- ações educativas em sexualidade em relação aos indivíduos que a
tensa do jovem com seu grupo de “iguais”, em geral outros jovens. constituem. Porém, em grande parte das vezes, estas ações se tor-
Não é raro este grupo (galera, turma, etc.) compartilhar um deter- nam “deseducativas”, na medida em que reproduzem e perpetuam
minado modo de conversar, de se vestir, enfim, de se comportar. tabus, desinformações e atitudes repressivas em relação à sexuali-
Esta identificação com o grupo é importante na construção da pró- dade humana.
pria identidade (pessoal, sexual, social) do adolescente. Para Ribeiro, a Orientação Sexual pressupõe uma intervenção
280
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
institucionalizada, sistematizada e realizada por profissionais es- Tal cenário brasileiro se mantém praticamente o mesmo du-
pecialmente preparados para exercer esta função. Diferencia-se, rante os séculos XVII, XVIII e XIX. Neste período da História do Brasil
portanto, da Educação Sexual, que acontece durante toda a vida não há registros conhecidos de Orientação Sexual enquanto inter-
das pessoas, e que diz respeito ao processo educacional referente venção sistematizada.
às atitudes em relação à sexualidade. Desta forma, podemos pen- A preocupação com a Orientação Sexual no Brasil, enquanto
sar a Orientação Sexual enquanto prática interventiva na vida das tema científico e pedagógico, data do início do século XX. Neste mo-
pessoas, prática que intervém na Educação Sexual que todas elas mento da história brasileira registra-se a organização dos primeiros
receberam em contato com a sociedade em que vivem. espaços urbanos, que originaram as cidades brasileiras. Nestes lo-
cais a comunidade científica brasileira se organizava sofrendo forte
Citando Suplicy et. al. “Orientação Sexual é um processo de in- influência europeia.
tervenção sistemática na área de sexualidade, realizado principal- Barroso e Bruschini afirmam que, no início do século XX, esta
mente nas escolas e envolve o desenvolvimento sexual compreen- influência europeia manifesta-se no Brasil através de algumas cor-
dido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, rentes médicas e higienistas de sucesso na Europa. Tais correntes
imagem corporal, autoestima e relações de gênero. Enfoca as di- pregavam a necessidade de uma Educação Sexual eficaz no comba-
mensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da se- te à masturbação e às doenças venéreas (termo utilizado na época
xualidade, através do desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva para referir-se às infecções sexualmente transmissíveis - IST´s) e que
e comportamental, incluindo as habilidades para a comunicação e a preparasse a mulher para desempenhar adequadamente seu “no-
tomada responsável de decisões”. bre papel de esposa e de mãe”. Notamos que, logo no início de suas
atividades no Brasil, a Orientação Sexual carrega uma característi-
Percebemos a concordância de Suplicy et. al. com Ribeiro em ca de incitação do medo aos jovens (combate à masturbação e às
afirmar que a Orientação Sexual é uma prática interventiva siste- doenças sexualmente transmissíveis - IST´s), além de ser impregna-
mática na área da sexualidade. Suplicy et. al., na definição cita- da pela chamada ideologia de gênero machista (preparar a mulher
da, enfatiza que a Orientação Sexual deve ser pensada e executada para desempenhar adequadamente seu papel de esposa e mãe).
a partir da consideração do orientando enquanto ser integral, ou Neste momento, emerge a produção de teses, livros e manuais
seja, devem ser consideradas suas dimensões fisiológicas, sociológi- que tratam da Orientação Sexual, todos baseados no modelo mé-
cas, psicológicas e espirituais no exercício de sua sexualidade. Além dico higienista vigente. Referenciando este período, Chauí cita uma
disso, a Orientação Sexual deve contemplar diversos aspectos do obra datada de 1938, de autoria de Oswaldo Brandão da Silva, in-
desenvolvimento sexual dos indivíduos, ou seja, saúde reprodutiva, titulada Iniciação Sexual-Educacional. Este livro, segundo consta,
relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, autoestima tinha um conteúdo destinado somente aos “meninos de valor”.
e relações de gênero. Compreende-se o ser humano enquanto ser Segundo esta autora, o autor da obra não explica o significado do
sexuado inserido num meio social, que continuamente se relaciona termo “valor”, mas fica claro que as meninas estavam proibidas de
com outros seres humanos. Desta forma, amplia-se o enfoque da ler tal obra, pois deveriam manter-se inocentes e ser iniciadas na
Orientação Sexual no Brasil que, no início e meados do século XX vida sexual apenas por seus maridos. Interessante ressaltar que, do
priorizava a dimensão biológica da sexualidade. No final do século grupo de meninas excluídas do acesso ao conteúdo da obra, não
XX e nos dias atuais, deve-se compreender a sexualidade enquan- fazem parte as prostitutas. Estas eram consideradas uma tentação
to manifestação humana, com desdobramentos além da mera re- para os meninos enquanto aquelas eram chamadas de meninas de
produção e da possibilidade de contágio de doenças sexualmente “boa família”.
transmissíveis. Tais aspectos não devem ser descartados, mas deve- Entre as décadas de 1920 e 1940, mesma época em que foi pu-
-se somar a eles outros aspectos como o prazer, as relações afetivas blicado o manual citado por Chauí, foram publicados vários outros
e os papéis sexuais na (re)definição de gênero. livros de orientação sexual cientificamente fundamentados, escri-
Neste contexto, Santos e Bruns apontam que um dos objetivos tos por médicos, professores e até sacerdotes. Assim foi criada a
da Orientação Sexual é levar o indivíduo a valorizar o prazer, o res- sexologia enquanto campo oficial do saber médico.
peito mútuo, possibilitando-lhe uma vivência mais íntegra e feliz. Concomitante à consolidação do conhecimento científico da
época em relação à sexualidade, a Igreja Católica imprime severa
Breve histórico da Orientação Sexual no Brasil repressão às práticas sexuais da população brasileira. Desta forma,
a década de 50 é considerada pobre no sentido de não contar com
No Brasil, a sexualidade tem sido um aspecto polêmico do coti- nenhuma iniciativa no campo da Orientação Sexual.
diano das pessoas, desde a época da Colônia do século XVI. Na década de 60 surgem as primeiras experiências de Orienta-
O homem brasileiro branco, nos primeiros anos da coloniza- ção Sexual nas escolas dos estados de Minas Gerais (Belo Horizonte,
ção, mantinha relações sexuais com várias índias, tendo com elas em 1963, no Grupo Escolar Barão do Rio Branco), Rio de Janeiro
muitos filhos, caracterizando um comportamento sexual bastante (Rio de Janeiro, em 1964, no Colégio Pedro Alcântara; em 1968, nos
promíscuo. colégios Infante Dom Henrique, Orlando Rouças, André Maurois e
Com o advento da escravatura, os jovens homens filhos dos se- José Bonifácio) e São Paulo (São Paulo, de 1963 a 1968, no Colégio
nhores de engenho eram incentivados a se relacionar sexualmente de Aplicação Fidelino Figueiredo; de 1961 a 1969, nos Ginásios Vo-
com as escravas negras, para provar que eram “machos”. As mulhe- cacionais; de 1966 a 1969, no Ginásio Estadual Pluricurricular Expe-
res brancas eram dominadas e submetidas às regras de seus pais, rimental). Estas experiências são realizadas com base na ênfase ao
inicialmente, e de seus maridos, após o casamento. Em geral, ca- aspecto biológico da sexualidade humana, tal qual era o tratamento
savam ainda adolescentes com homens bem mais velhos que elas. dado a esta questão nos livros que possibilitaram o surgimento da
Era-lhes exigido um comportamento acanhado e humilde frente à sexologia enquanto área do conhecimento da medicina. Além disso,
sociedade. estas experiências foram fortemente carregadas com as marcas da
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
repressão das manifestações da sexualidade. sibiliza os jovens para a discussão construtiva do tema sexualidade
Na época das primeiras experiências em Orientação Sexual humana. Eles costumam não se sentir à vontade para receber uma
nas escolas brasileiras, o país vivia seu período histórico e político adequada Orientação Sexual, pois identificam claramente a repres-
chamado de ditadura militar. Em 1964, a população assiste à che- são sexual que experimentam em seu meio social, aqui também re-
gada das forças armadas ao poder da República Federativa do Bra- produzida pelos profissionais orientadores sexuais.
sil, através da imposição do Golpe de Estado. A partir daí o regime Em contato com um conteúdo de Orientação Sexual que prio-
militar reprime não só as manifestações políticas, mas também as riza os problemas advindos de uma vivência inadequada da se-
manifestações sexuais e as implicações nos padrões de comporta- xualidade e não os aspectos afetivos, prazerosos, e de respeito às
mento delas decorrentes. relações humanas, os jovens costumam não perceber uma relação
Em 1968, a deputada federal do Rio de Janeiro Júlia Steinbruk coerente entre o conteúdo abordado e suas próprias experiências
apresentou um projeto de lei que previa a introdução obrigatória reais concretas. Comenta-se que o sexo traz problemas, mas a
da Educação Sexual nas escolas brasileiras. Tal projeto de lei não foi maioria dos jovens percebe suas experiências sexuais como praze-
transformado em legislação porque o então Ministério da Educação rosas, surgindo aí um paradoxo.
e Cultura, através de sua Comissão Moral e Civismo, rejeitou o pro- Desta forma, urge a necessidade da discussão de conteúdos
jeto, demonstrando o severo receio por parte dos gestores da edu- adequados à realidade dos jovens para que eles possam realmente
cação brasileira da época em relação ao tratamento de questões tomar atitudes responsáveis na vivência de suas sexualidades. As-
sexuais com os estudantes. sim, um programa efetivo de Orientação Sexual deve reconhecer o
Na década de 70, cresce a censura do governo militar e há um exercício prazeroso da sexualidade, sem deixar de contemplar as
quase desaparecimento de projetos de Orientação Sexual nas es- medidas de proteção à saúde e os métodos contraceptivos para
colas brasileiras. Apenas em 1978, com a abertura política trazida tornar possível a emergência de maternidades e paternidades res-
pelo presidente Ernesto Geisel, a Prefeitura Municipal de São Paulo ponsáveis, no momento de escolha consciente de cada pessoa que
implantou projetos de Orientação Sexual em três escolas, os quais, deseje ter filhos.
posteriormente, foram ampliados para muitas escolas municipais, Nos dias atuais, percebe-se a crescente preocupação de alguns
envolvendo orientadores educacionais e professores de Ciências e pais e educadores diante do número de gestações na adolescência.
Biologia. Em 1979, a rede pública estadual paulista iniciou um tra- Segundo o Ministério da Saúde, enquanto a taxa de fecundidade
balho de informação aos estudantes sobre os aspectos biológicos de mulheres adultas tem caído nas últimas quatro décadas, entre
da reprodução, por intermédio da disciplina de Ciências e Progra- as mulheres jovens existe uma relação inversamente proporcional.
mas de Saúde da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. “Desde os anos 90, a taxa de fecundidade entre adolescentes au-
Ao fim da década de 70 e durante a década de 80, surgem no- mentou 26%.
vas ações no plano da Orientação Sexual, como o aparecimento de Tal preocupação mobiliza e estimula o avanço das ações em
serviços telefônicos, programas de rádio e de televisão, enciclopé- orientação sexual, o que pode ser intensamente benéfico para os
dias e fascículos, congressos e encontros de professores. Proliferam jovens, visto que eles poderão ter maior acesso a programas desta
as iniciativas na rede particular de ensino. Nasce nessa época a natureza. No entanto, cabe questionar se pais e educadores ain-
SBRASH - Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. da mantêm seu foco sob uma concepção repressiva da sexualida-
De 1989 a 1992, na cidade de São Paulo, foi desenvolvido um de humana, desejando que uma Orientação Sexual possa produzir
abrangente projeto de Orientação Sexual nas escolas municipais, uma atitude sexualmente abstinente dos jovens brasileiros, desejo
com a participação do renomado GTPOS (Grupo de Trabalho e Pes- que se mostra absolutamente inalcançável e indesejável. De outro
quisa em Orientação Sexual). Este projeto atingiu 30.000 alunos e modo, a preocupação advinda dos pais e educadores quanto ao nú-
foram capacitados 1.105 professores para oferecer ações de orien- mero de gestações na adolescência pode ser um ponto de partida
tação sexual nas escolas. para propiciar espaços abertos de discussão, onde o jovem possa
Nota-se que, desde as primeiras experiências de projetos de refletir sobre sua própria sexualidade, no sentido de consciente-
Orientação Sexual na década de 1960, não existiram ações conti- mente poder efetuar escolhas para sua vida, que incluem ter ou
nuadas, sendo que estes projetos historicamente ficaram atrelados não filhos. Para tal escolha, o jovem, que num futuro próximo se
às vontades político-partidárias de prefeitos ou governadores. tornará um adulto, deve ter conhecimento e autonomia sobre o uso
Ribeiro corrobora dizendo que, somente com a aprovação da de métodos contraceptivos.
LDB - Lei de Diretrizes e Bases em 1996 e o estabelecimento dos Outra preocupação de pais e educadores que mobiliza a exe-
Parâmetros Curriculares Nacionais em 1997 como linhas a serem cução de programas de Orientação Sexual são as doenças sexual-
seguidas para se concretizar a meta da educação para o exercício da mente transmissíveis uma vez que, ao iniciar a vida sexual, muitos
cidadania, a Orientação Sexual teve oficialmente reconhecida sua jovens, ainda que possuam conhecimento de prevenção, não utili-
necessidade e importância enquanto ação educativa escolar. zam preservativo.
Infelizmente a maioria dos programas brasileiros de Orientação
Os programas de Orientação Sexual Sexual não é contínua. Caracterizam-se muitas vezes pelo ofereci-
mento de palestras pontuais sobre sexualidade. Este tipo de progra-
Podemos constatar na maioria dos programas de Orientação ma não atinge os objetivos de propiciar elementos para uma cons-
Sexual executados no Brasil, ainda nos dias atuais, uma tendência trução adequada do exercício da sexualidade dos jovens. Para trazer
de mostrar apenas os problemas e possíveis más consequências da efetivos benefícios à juventude, o processo de educação precisa de
sexualidade. Em geral, no conteúdo destes programas são enfati- continuidade, de vínculo, de tempo, de reconhecimento.
zadas (quando não são exclusivas) as IST - Infecções Sexualmente
Transmissíveis e as gravidezes precoces na adolescência, com ma-
ternidade e/ou paternidade indesejadas. Este conteúdo não sen-
282
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
O governo federal brasileiro, através do Ministério da Educação Retomando a discussão sobre a definição dos termos “educa-
- MEC, em seus Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), estabe- ção sexual” e “orientação sexual” presente no item “Orientação Se-
lece a Orientação Sexual no Ensino Fundamental enquanto tema xual X Educação Sexual” deste trabalho, encontramos com maior
transversal, isto é, um assunto a ser trabalhado em todas as disci- frequência na literatura especializada o termo “educador sexual”
plinas escolares, por quaisquer professores que se sintam mobiliza- referindo-se àquele profissional que exerce a prática educacional
dos, sempre que houver espaço na grade curricular ou em horários de Orientação Sexual, enquanto prática institucionalizada e siste-
extraclasses. matizada. Desta forma, neste momento, utilizaremos o termo “edu-
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, “propõe- cador sexual” para fazermos referência a este profissional especiali-
-se que a Orientação Sexual oferecida pela escola aborde com as zado e não aos membros da família e demais relações interpessoais
crianças e os jovens as repercussões das mensagens transmitidas dos jovens, que contribuem para a sua educação em um sentido
pela mídia, pela família e pelas demais instituições da sociedade. mais amplo, conforme Vitiello.
Trata-se de preencher lacunas nas informações que a criança e o Segundo Canosa Gonçalves, o desenvolvimento psicossexual é
adolescente já possuem e, principalmente, criar a possibilidade de um processo único e pessoal, que sofre transformações ao longo do
formar opinião a respeito do que lhes é ou foi apresentado. A esco- processo por diversos aspectos do comportamento sexual humano
la, ao propiciar informações atualizadas do ponto de vista científico sendo eles: constituição biológica do indivíduo (hereditariedade,
e ao explicitar e debater os diversos valores associados à sexualida- níveis hormonais), relações familiares, padrão econômico, caracte-
de e aos comportamentos sexuais existentes na sociedade, possibi- rísticas culturais, adoção da fé, entre outros.
lita ao aluno desenvolver atitudes coerentes com os valores que ele Portanto, o educador sexual, ao realizar sua prática, está inse-
próprio eleger como seus”. rido neste complexo contexto do comportamento humano e deve
intervir nesta realidade. Os jovens com os quais o educador sexual
Percebemos o complexo dever atribuído à Orientação Sexual trabalhará trazem em suas histórias de vida diversas realidades, va-
no âmbito escolar na medida em que é sua função a reflexão con- riadas construções biopsicossociais em um mesmo grupo de jovens
tínua sobre as informações constantes recebidas pelos jovens em orientandos. Cabe ao educador sexual ter capacidade para perce-
suas relações sociais. Daí decorre a necessidade de que os pro- ber tais diferenças e pautar suas ações de maneira a privilegiar a
fissionais que executam programas de Orientação Sexual tenham diversidade, num contexto de respeito às escolhas pessoais de cada
conhecimentos científicos suficientes e adequados para abordar jovem. Ao educador sexual é requerida abertura intelectual, moral
as demandas cotidianas da juventude em relação à sexualidade. É e afetiva para tornar possível a realização da Orientação Sexual com
preciso que, pela Orientação Sexual, os jovens possam formar suas jovens tão diversos.
opiniões a respeito do tema para propiciar um pleno exercício de
suas sexualidades. A Orientação Sexual deve ser uma prática ofertada a todos os
Apesar da clara proposição dos PCN de conceber a Orientação jovens, mas não uma prática arbitrária e unidimensional, que re-
Sexual no âmbito escolar enquanto tema transversal extremamen- produz os preconceitos repressivos de nossa sociedade. Assim, o
te importante para a formação de valores conscientes pelos jovens educador sexual deve ser flexível em relação às diversas orienta-
em relação à sexualidade, muitas dificuldades têm permanecido no ções afetivo-sexuais, às religiosidades, enfim, diversas concepções
exercício diário desta prática educacional. Como sexo é um assunto construídas sobre sexualidade na história pessoal de cada jovem.
intensamente repleto de repressões em nossa sociedade ocidental, Orientação Sexual “se destina à pessoa humana, com a prerrogativa
muitos educadores não manifestam interesse sobre o tema, deixan- de igualdade entre os seres humanos, em primeiro lugar”.
do de buscar formação adequada para o trabalho de Orientação O educador sexual deve apresentar adequação sexual, isto é,
Sexual com a juventude. reconhecer-se enquanto pessoa sexuada, com suas preferências
Além dos profissionais diretamente em contato com os jovens, e limites, e não influenciar as decisões dos jovens a partir destas
há uma grande parcela de educadores que são dirigentes de esta- preferências. Diferenciar-se pessoalmente de quem orienta é im-
belecimentos educacionais e, reproduzem as mesmas repressões prescindível para que o educador sexual possa propiciar condições
sociais em relação à sexualidade, não contribuindo positivamente para reflexão ao jovem para que este possa realizar suas próprias
para a execução de bons programas de Orientação Sexual, uma vez escolhas. Segundo Canosa Gonçalves um bom educador sexual é
que não acreditam que este tema seja importante para a comunida- “aquele que convive com os jovens no dia-a-dia, que os conhece
de estudantil ou acreditam que falar sobre sexualidade com jovens e é reconhecido por eles, e que tem em sua prática profissional os
estudantes pode induzi-los à prática precoce de relações sexuais. pressupostos da educação”.
A Orientação Sexual na escola ainda tem um extenso caminho Desafiante para o trabalho do educador sexual com jovens é
a ser trilhado para que a sexualidade, presente na vida de todas utilizar métodos e técnicas que prendam a atenção deste público,
as pessoas, possa ser tratada (e aprendida) pelos profissionais da que provoquem reflexão e que sejam capazes de fazer com que o
educação e seus respectivos educandos sem os massacrantes e si- jovem se comprometa consigo próprio e com suas parcerias.
lenciadores tabus e com respeito e propriedade, para inibir práticas É imprescindível que o educador sexual possua conhecimentos
inadequadas e produzir práticas saudáveis do exercício da sexuali- científicos adequados sobre desenvolvimento humano, constituição
dade. dos órgãos sexuais, saúde reprodutiva, métodos de prevenção às
IST´s e/ou contraceptivos, relacionamentos interpessoais e relações
de gênero. Não é necessário que o profissional detenha estes co-
nhecimentos em nível de especialista em sexualidade humana, mas
deve continuar a buscar atualizar tais saberes, afim de oferecer uma
283
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
prática de qualidade em relação à Orientação Sexual. no desejo como princípio, condição e direito de liberdade. Não
Nesta realidade, o desafio proposto ao orientador sexual é que, cremos, em absoluto, que haja desejo anterior a um conjunto de
através de seu trabalho, possa propiciar condições para que os jo- normas ou acordos sociais que o faça livre. Nós o pensamos como
vens reflitam a respeito de suas sexualidades e possam exercê-las criado singularmente, mas em redes de relações.
de maneira saudável. Segundo Vitiello educar é dar ao educando Sem dúvidas, a compreensão da sexualidade poderá contribuir,
condições e meios para que cresça interiormente. de modo significativo, para novas possibilidades de construção de
conhecimentos e caminhos de busca do saber. Não se trata, portan-
Mas afinal o que é diversidade sexual de gênero no ambiente to, de aprisioná-la nos discursos sobre o ato sexual, mas de aprovei-
escolar? tá-la em seu potencial epistemológico. Essa análise é especialmente
oportuna e necessária à escola.
Gênero e Sexualidade: Diálogos e Conflitos
A Discussão na Escola
Marcas epistemológicas Na escola, as atitudes de hostilidade às identidades sexuais dis-
O modo de compreender a diferença evoluiu no sentido de sidentes são capazes de gerar inúmeras situações de violências ho-
pensa-la junto com o seu duplo, seu contrário, seu avesso, ou seja, mofóbicas. Algumas, que não se encontram na esfera dos números
ela é sempre relacional e dificilmente bipolarizada. Esse modo de e dados quantitativos, são vivenciadas no silêncio e ocultadas na
compreensão aguça a sensibilidade humana e sua condição de ex- invisibilidade.
perimentar, de se (auto) inventar. A discriminação afirma o “direito” dos que discriminam e a su-
A relevância do debate crítico ancorado no domínio discursivo balternidade dos que são discriminados. Nesse sentido, ela é ob-
da heterossexualidade que, pretensiosamente hegemônica e uni- servada nos espaços-tempos escolares. As identidades vinculadas
ficada em um modo de ser, desconsidera outras formas que não às expectativas de gênero e/ou sexo biológico estão no interior das
atendem às suas práticas discursivas. Pensamos que essa situação hierarquizações e classificações sociais, tanto quanto nos currículos
se reflete diretamente nas práticas curriculares, prejudicando o en- e, mais amplamente, nas ações e relações do cotidiano escolar.
tendimento de diversas relações sociais e culturais presentes na es- A sexualidade, infelizmente, é algo temido e capaz de gerar
cola, e mais amplamente, na sociedade. Estamos entendendo como tantos discursos na sociedade, na ciência e na cultura. Sua estreita
currículos as ações escolares, culturais e tecnológicas (arquitetura, relação com o conhecimento amedronta os que se nutrem da arro-
livros didáticos, vestimentas, músicas, conteúdos e dizeres cientí- gância, porque fragiliza suas verdades e certezas.
ficos, meios midiáticos e outros) que, significadas na cultura, ensi- Foucault24 nos ajuda a observar que é preciso fortalecer, apro-
nam e regulam o corpo, produzindo subjetividades e arquitetando fundar e prosseguir contra a dicotomia e lógica binária, até que as
formas e configurações de viver na sociedade. oposições binárias deixem de ter sentido e se consolidem convivên-
cias solidárias, em contextos sem discriminações e violências. Como
Os equívocos estratégia para fazer difuso o antigo jogo de poder que se instala na
Recorda-se que, no Brasil, a homossexualidade deixou de se relação entre opressor e oprimido, a proposta foucaultiana é a “pro-
configurar como doenças nos instrumentos médicos (mais precisa- liferação” de saberes sobre os seres humanos e as relações e de
mente como desvio mental e transtorno sexual), em fevereiro de poder que os oprimem, de tal modo que o modelo jurídico de poder
1985. Essa alteração foi fruto de uma intensa campanha, liderada como opressão e regulação deixe de ser hegemônico. Talvez, desse
pelo antropólogo Luiz Mott, junto com o Conselho Federal de Medi- significado de “proliferação” de saberes, possamos retirar as bases
cina (CFM) que, por resolução, retirou a homossexualidade da lista para “proliferar” inúmeras e ilimitadas formas de compreender os
de doença. Sendo importante lembrar que, já em 1973, a Ameri- seres humanos, sem as violências, já tantas vezes vivenciadas, e
can Psychiatric Association, afirmara que a homossexualidade não com tantas exterminações em massa, como na Segunda Guerra, de-
tinha ligação alguma com qualquer tipo de patologia e propusera a vido à não aceitação do “outro”, a quem se atribui dessemelhança
sua retirada do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos e desigualdade, potencializando os efeitos destrutivos da xenofobia
Mentais (DSM-IV). Já a Organização Mundial de Saúde (OMS), so- que, em todas as suas manifestações, incluindo as homofóbicas,
mente no dia 17 de maio de 1990, reuniu-se em Assembleia Geral conduz e justifica a aversão, o domínio ou a eliminação dos “estra-
e retirou a homossexualidade de sua lista de doenças mentais, de- nhos”, que ameaçam e incomodam o exercício arbitrário do poder.
clarando que ela não constituía um distúrbio, uma doença ou per-
versão. Assim, o que antes tinha sido classificado, estabelecido e Diversidade e Educação: Apontamentos Sobre Sexualidade e
difundido como desvio e anormalidade, a partir dessa assembleia, Gênero na Escola
seria considerado normal.
Se aceitarmos a sexualidade assim como a experiência estão Desde as décadas de 1960 e 1970, expressivas mudanças so-
condicionadas pela necessidade humana de se construir nas inte- cioculturais e históricas ocorreram, no que se refere às perspectivas
rações sociais, culturais e históricas, aceitaremos também que não das relações de gênero e sexualidade. Essas mudanças se acentua-
há uma única sexualidade. A ausência de liberdade impede o mo- ram de modo significativo, a partir, não apenas da atuação de mo-
vimento de busca pela completude, na qual a sexualidade, como vimentos sociais, mas também da emergência da discussão da AIDS
dimensão da humanidade, se constitui. nos anos 80.
Existe um nexo entre a sexualidade, a vida e a curiosidade pelo Novas maneiras de entender e discutir as questões foram sen-
saber. Esse movimento infinito em busca de completude e em bus- do consideradas, com desdobramentos na esfera social e política
ca de conhecimento é fator que constitui o ser humano e seu desejo (por meio de Organizações Não Governamentais/ONGs, de movi-
de liberdade. 24 FOUCAULT, M. História da sexualidade - A vontade de saber. Rio de
No entanto, ainda que pareça contraditório, não confiamos Janeiro: Graal, 1988.
284
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
mentos sociais e de políticas públicas) e, na esfera acadêmica, com mia na educação inclusiva e, nela, o respeito ao significado plural
a efetivação de estudos em vários campos de conhecimento, que da diversidade, sem imposição de uma única identidade central,
têm direcionado seu foco para a sexualidade e as relações de gêne- padrão.
ro, como fenômenos a serem conhecidos de modo mais fundamen- Contudo, o que se espera da escola, no interesse de ensinar
tado, expandindo sua discussão para outros aspectos, como os das e aprender, mais amplamente, sobre sexualidade, encontra barrei-
identidades e seus fundamentos históricos e culturais. ras em processos de atitudes homofóbicas que ainda permanecem
Sexo e sexualidade são frequentemente tomados como sinôni- contaminando o seu ambiente.
mos; todavia, sexo admite uma compreensão referida ao aspecto
natural, biológico, da distinção física entre o homem e a mulher. No Ninguém Pode Calar a Homossexualidades e Homofobia na
senso comum, o sentido de sexo remete ao ato sexual. Já a sexua- Escola
lidade refere-se à esfera mais ampla, dos sentimentos, das intera- Recorda-se que, desde os anos 90, a preocupação com a pre-
ções entre as pessoas. venção da AIDS e da gravidez na adolescência inseriu-se nas escolas
Recorda-se e reafirma-se, portanto, que a sexualidade, como de modo mais evidente e sistematizado. A ideia era a de que várias
construção social, tem absorvido, historicamente, em seus signifi- disciplinas agregassem o assunto de modo conectado com outros
cados, elementos das relações de gênero, frequentemente subme- temas. No entanto, o tratamento alicerçado em uma ótica biologi-
tidas a prescrições de como homens e mulheres devem vivenciá- zante do sexo prosseguiu, sendo o debate sobre a diversidade de
-las. Contudo, apesar da sexualidade estar imbricada, implícita ou orientação sexual ainda incipiente ou, na melhor das hipóteses, re-
explicitamente às relações de gênero, essas não são consideradas legado a segundo plano.
sinônimas25. A vivência da sexualidade não é determinada por nor- Espera-se que a instituição escolar, como espaço de formação,
mas padronizadas às quais homens e mulheres devem se adaptar. local onde se formam cidadãos e se estudam e consolidam direitos,
Esse é um dos princípios que motivam e sustentam significados, reconheça o problema da discriminação gerada pela homofobia em
mas amplos da sexualidade e promovem a sua problematização, suas salas de aula e perceba a necessidade de enfrentá-lo, no inte-
que incorpora aportes como os que são revistos nas relações de resse de que sejam superadas a intolerância e a violência, que se
gênero. multiplicam em sofrimento, silêncio, invisibilidade, medo e morte
física e existencial.
Problematização das Relações de Gênero: Revisão de Dados
Históricos e Conceituais Para Saber Mais...
O entendimento das relações de gênero implica a noção de
que, no decorrer da vida, por intermédio das mais díspares insti- A seguir alguns termos relevantes a serem considerados sobre
tuições e práticas sociais, os sujeitos se constituem como homens a diversidade de gênero:
e mulheres, em uma ação que não é unidimensional, coerente ou
congruente e que também sempre estará inacabada ou incompleta. Assimetrias de Gênero: desigualdades de oportunidades, con-
Sendo assim, partindo desse pressuposto de incompletude, en- dições e direitos entre homens e mulheres, gerando hierarquias.
contra-se fundamento para realçar a noção de gênero na educação, Por exemplo: no mercado de trabalho.
já que essa disposição teórica expande socialmente a própria ideia
de educação, podendo-se entender que educar envolve um conjun- Binarismo: forma de pensamento que separa e opõe mascu-
to de forçasse de processos, em cuja dinâmica os sujeitos aprendem lino e feminino, apoiando-se numa concepção naturalizante dos
a se aceitar como homens e mulheres, na esfera das sociedades e corpos biológicos.
dos grupos que estão inseridos. Essa é mais uma premissa que con-
tribui para a desconstrução de estereótipos que limitam e reduzem Bissexual: pessoa que tem desejos, práticas sexuais e relacio-
a compreensão social, culturalmente contextualizada, de gênero. namento afetivo-sexual com pessoas de ambos os sexos;
Identidades Sexuais: Revisão de Perspectivas de Desconstru- Corpo: inclui além das potencialidades biológicas, todas as di-
ção de Estereótipos mensões psicológicas, sociais e culturais do aprendizado pelo qual
É oportuno indagar se é plausível que a manifestação as pessoas desenvolvem a percepção da própria vivência. Não existe
aparente de identidades sexuais não normativas na escola um corpo humano universal - mas sim corpos marcados por expe-
colabore para desajustar dispositivo de rejeição ou, ao contrário, riências específicas de classe, de etnia, de raça, de gênero, de idade.
para realçá-lo, uma vez que a construção da heterossexualidade Visto que os corpos são significados e alterados pelas diferentes cul-
e da homossexualidade tem configurado por meio de oposição turas, pelos processos morais, pelos hábitos, pelas distintas opções
recíproca. No mesmo sentido, é apropriado indagar sobre o alcance e possibilidades de desejo, além das diversas formas de intervenção
político de transformação para uma escolarização radicalmente e produção tecnológica. Por isso, o corpo é uma produção histórica.
não heterossexista e excludente, com base na visibilidade dessas Foucault ao analisar instituições como escolas, prisões, hospi-
identidades. tais psiquiátricos, fábricas, fala das maneiras como as diferentes dis-
Dessa forma, enfatiza-se a relevância da efetivação de pesqui- ciplinas controlam, domesticam, normalizam os corpos. Sua preo-
sas sobre a presença de sexualidades não normativas no espaço cupação é com as práticas sociais, sendo que é no corpo que se dá
escolar como forma de ampliar vetores de análises dos processos o controle da sociedade sobre os indivíduos. Os corpos apresentam
educacionais possivelmente geradores de antagonismos e exclusão as marcas do processo de passar ou não pela escola como o auto
que se contrapõem a políticas que realçam o princípio da autono- disciplinamento, o investimento continuado e autônomo do sujeito
25 LOURO, G.L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-
sobre si mesmo.
-estruturalista. 2 ed., Petrópolis: Vozes, 1998. Louro parte do pressuposto antropológico de que “os corpos
285
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
são o que são na cultura”, isto é, que os corpos adquirem seu sig- corpos, mas para enfatizar a construção social e histórica produ-
nificado apenas através dos discursos na cultura e na história. Essa zida sobre as características biológicas. Dessa forma, gênero seria
vertente se afasta das discussões teóricas nas quais o corpo é tido a construção social do sexo anatômico demarcando que homens
como “natural”, no qual o biológico determina o gênero. e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da
anatomia dos seus corpos.
Desigualdade: é um fenômeno social que produz uma
hierarquização entre os indivíduos e/ou grupos que não permite Heteronormatividade: termo utilizado para expressar que
o tratamento igualitário (em termos de mercado de trabalho, de existe uma norma social que está relacionada ao comportamento
acesso a bens e recursos, para todos e todas. heterossexual como padrão. Dessa forma, a ideia de que apenas o
Essa desigualdade existe na divisão dos atributos entre homens padrão de conduta heterossexual é válido socialmente, colocando
e mulheres. Esse desnível se evidencia em vários contextos: fami- em desvantagem os sujeitos que possuem uma orientação sexual
liar, social, escolar, religioso, econômico, político, .... Dessa forma, diferente da heterossexual.
fica claro que existem fronteiras que separam atitudes e comporta-
mentos tidos como apropriados, válidas e legítimas relacionadas ao Heterossexismo: se refere à ideia de que a heterossexualida-
sexo masculino e ao feminino. de é a orientação sexual “normal” e “natural”. Considerar a hete-
rossexualidade como “natural”, aponta para algo inato, instintivo e
Diferença: indivíduos e/ou grupos possuem várias formas de que não necessita de ser ensinado ou aprendido. Ao considerar a
distinção e de semelhanças (cor, sexo, idade, nacionalidade). A de- heterossexualidade “normal”, contrapõe-se a ideia de que as ou-
sigualdade pauta-se por essas diferenças e semelhanças que consti- tras orientações sexuais (homossexualidade e bissexualidade, por
tuem os indivíduos e/ou grupos. exemplo) são um desvio à norma e reveladoras de perturbação, não
sendo encaradas como um dos aspectos possíveis na diversidade
Direitos Sexuais: direitos que asseguram aos indivíduos a li- das expressões da sexualidade humana. O heterossexismo funciona
berdade e a autonomia nas escolhas sexuais, como a de exercer a através de um sistema de negação e discriminação - a sociedade
orientação sexual sem sofrer discriminações ou violência. Os direi- tende a negar a existência da homossexualidade, tornando-a invi-
tos sexuais englobam múltiplas expressões legítimas da sexualida- sível (em quantos manuais escolares existem referências neutras
de, como por exemplo, o direito à saúde - direito de cada pessoa ou positivas à homossexualidade?) e tende a reprimir e discriminar
de ver reconhecidos e respeitados o seu corpo (autonomia), o seu todos aqueles que se tornam visíveis.
desejo e o seu direito de amar (reconhecimento da diversidade se-
xual). Heterossexual: quem tem atração sexual por pessoas do sexo
oposto ao seu, e relacionamento afetivo-sexual com elas. Heteros-
Discriminação: ação de discriminar, tratar diferente, excluir, sexuais não precisam, necessariamente, terem vivido experiências
marginalizar. sexuais com pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto para se
identificarem como tal.
Estereótipo: é uma generalização de julgamentos subjetivos
feitos a um grupo ou a um indivíduo. Pode ser atribuindo valor Heterossexualidade Compulsória: sistema que acomoda e hie-
negativo desqualificando-os e impondo-lhes um lugar inferior, ou rarquiza as relações de gênero, no qual o homem é o modelo para
simplesmente, reduzindo determinado grupo ou indivíduo a algu- todas as relações, inclusive aquelas em que ele não está presente.
mas características e, assim, definindo lugares específicos a serem
ocupados. Homoafetivo: é um termo utilizado para descrever relações en-
tre pessoas do mesmo sexo e tem relação com os aspectos emocio-
Feminilidade: se refere às características e comportamentos nais e afetivos envolvidos na relação amorosa e sexual entre essas
considerados por uma determinada cultura associados ou apropria- pessoas.
dos às mulheres.
Caracterizar os comportamentos como “masculinos” ou “fe- Homofobia: termo usado para descrever vários fenômenos
mininos” é basear-se nas noções essencialistas do binarismo mu- sociais relacionados ao preconceito, a discriminação e à violência
lher/homem, isto quer dizer que, atributos que muitas vezes são contra os homossexuais (ter desprezo, ódio, aversão ou medo de
considerados femininos podem estar baseados no biológico e nas pessoas com orientação sexual diferente do padrão heterossexual).
diferenças físicas. Dessa forma, a feminilidade nos homens, bem O termo, no entanto, não se refere ao conceito tradicional de fobia,
como a masculinidade nas mulheres, é considerada negativa por facilmente associável à ideia de doença e tratados com terapias e
agir contra os papéis tradicionais da nossa cultura. Um estereótipo antidepressivos. Atualmente, grupos lésbicos, bissexuais e transgê-
comum para homens homossexuais é de que são efeminados por- neros, com o intuito de conferir maior visibilidade política à suas
que utilizam ou exageram comportamentos tidos como femininos, lutas e criticar normas e valores postos pela dominação masculina,
por exemplo. propõem, também, o uso dos termos lesbofobia, bifobia e transfo-
bia.
Gênero: conceito formulado a partir das discussões trazidas do Daniel Borrillo faz uma leitura epistemológica e política desse
movimento feminista para expressar contraposição ao sexo biológi- conceito, não para compreender a origem e o funcionamento da
co e aos termos “sexo” e “diferença sexual”, distinguindo a dimen- homossexualidade, mas para “analisar a hostilidade provocada por
são biológica da dimensão sexual e, acentuando através da lingua- essa forma específica de orientação sexual”. Segundo este autor
gem, “o caráter fundamentalmente social das distinções baseadas quando a homossexualidade requer publicamente sua expressão é
no sexo”. Não com a intenção de negar totalmente a biologia dos que se torna insuportável, pois rompe com a hierarquia da ordem
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
sexual. Por isso, a tarefa pedagógica deve ser questionar a heteros- Lesbofobia: termo usado para descrever vários fenômenos
sexualidade compulsória e mostrar que a hierarquia de sexualida- sociais relacionados ao preconceito, a discriminação e à violência
des é tão insustentável quanto a de sexos, bem como incluir a ideia contra as lésbicas (ter desprezo, ódio, aversão ou medo de pessoas
de diversidade sexual em livros e apostilas escolares. com orientação sexual diferente do padrão heterossexual). Ver ho-
mofobia.
Homossexual: é a pessoa que tem atração sexual e afetiva por
pessoas do mesmo gênero e relacionamento com elas. Machismo: é a crença de que os homens são superiores às mu-
lheres. É uma construção cultural que definiu que as característi-
Homossexualidade: é a atração sexual e afetiva por pessoas do cas atribuídas aos homens, tem um valor maior. Se pensarmos na
mesmo sexo. Cabe uma ressalva, não é correto o uso do termo ho- educação de meninos e meninas, veremos que há um tratamento
mossexualismo, porque reveste de conotação negativa, atribuindo- diferenciado que reproduz as manifestações de machismo nos me-
-lhe significado de doença e aberração. Por isso, devemos preferir a ninos, e às vezes, nas próprias meninas. Ao incentivar (infidelidade,
utilização dos termos homossexualidade, lesbianidade, bissexuali- violência doméstica, esporte, diferença de direitos).
dade, travestilidade, transgeneridade e transexualidade.
Masculinidade: faz oposição ao termo feminilidade e diz res-
Identidade De Gênero: expressão utilizada primeiramente no peito a imagem estereotipada de tudo aquilo que seria próprio dos
campo médico-psiquiátrico para designar os “transtornos de iden- indivíduos homens, ou seja, às características e comportamentos
tidade de gênero”, isto é, o desconforto persistente criado pela di- considerados por uma determinada cultura como associados ou
vergência entre o sexo atribuído ao corpo e a identificação subjetiva apropriados aos homens. Ver feminilidade, pois são conceitos re-
com o sexo oposto. Entretanto, atualmente, a identidade de gênero lacionais que não passíveis de serem entendidos separadamente.
corresponde à experiência de cada um, que pode ou não corres-
ponder ao sexo do nascimento. Podemos dizer que a identidade de Masculinidade Hegemônica: é um modelo construído social-
gênero é a maneira como alguém se sente e se apresenta para si ou mente que controla, domina e substima as diversas formas de ex-
para os outros na condição de homem ou de mulher, ou de ambos, pressão de outras masculinidades, tornando-se um padrão de mas-
sem que isso tenha necessariamente uma relação direta com o sexo culinidade.
biológico. É composta e definida por relações sociais e moldadas
pelas redes de poder de uma sociedade. Os sujeitos têm identida- Movimento Feminista: o movimento feminista surgiu para
des plurais, múltiplas, identidades que se transformam, que não questionar a organização social, política, econômica, sexual e cul-
são fixas ou permanentes, que podem até ser contraditórias. Os tural de uma sociedade profundamente hierárquica, autoritária,
sujeitos se identificam, social e historicamente, como masculinos e masculina, branca e excludente. Sendo assim, o feminismo pode ser
femininos e assim constroem suas identidades de gênero. entendido como uma luta pela transformação da condição das mu-
Cabe enfatizar que a identidade de gênero se trata da forma lheres, que é pública e também privada. E que pode ser entendida,
que nos vemos e queremos ser vistos, reconhecidos e respeita- a partir de três eixos:
dos, como homens ou mulheres, e não pode ser confundida com 1) como movimento social e político;
a orientação sexual (atração sexual e afetiva pelo outro sexo, pelo 2) como política social;
mesmo sexo ou por ambos). 3) e como ciência, ampliando os debates teóricos e conceituais
(derivando a categoria gênero como analítica de sexo).
Identidade Sexual: identidades sexuais se constituem através Essas vias se entrecruzam, por diversas vezes, para desestabili-
das formas como vivemos nossa sexualidade, e refere-se a duas zar representações, questionar a divisão sexual da sociedade, opor-
questões diferenciadas: -se à hierarquização dos gêneros e, por isso, as teorias nem sempre
1) É o modo como a pessoa se percebe em termos de orienta- podem dissociar-se de suas ações políticas, e vice-versa.
ção sexual;
2) É o modo como ela torna pública (ou não) essa percepção de Poder/Relações de Poder: nossas definições, crenças, conven-
si em determinados ambientes ou situações. Quer dizer, correspon- ções, identidades e comportamentos sexuais têm sido modeladas
de ao posicionamento (nem sempre permanente) da pessoa como no interior de relações definidas de poder. Para Michel Foucault, o
homossexual, heterossexual, ou bissexual, e aos contextos em que poder está em toda parte; não porque englobe tudo e sim porque
essa orientação pode ser assumida pela pessoa e/ou reconhecida provém de todos os lugares. O poder se exerce de diversas formas:
em seu entorno. poder de produzir os corpos que controla, produz sujeitos, fabrica
corpos dóceis, induz comportamentos. Foucault propõe que obser-
Intersexual ou Intersex: a palavra intersexual é preferível ao vemos o poder como uma rede que, capilarmente, se distribui por
termo hermafrodita e é um termo usado para se referir a uma va- toda a sociedade. Nas palavras dele: “lá onde há poder, há resistên-
riedade de condições (genéticas e/ou somáticas) com que uma pes- cia e, no entanto (ou melhor, por si mesmo) esta nunca se encontra
soa nasce, apresentando uma anatomia reprodutiva e sexual que em posição de exterioridade em relação ao poder”.
não se ajusta às definições de masculino e feminino, tendo parcial
ou completamente desenvolvidos ambos os órgãos sexuais, ou um Preconceito: é um pré-conceito uma opinião que se emite an-
predominando sobre o outro. A intersexualidade, enquanto trans- tecipadamente alimentada pelo estereótipo, é um juízo preconce-
generidade é uma condição e não uma orientação sexual. Portanto, bido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discrimina-
as pessoas que se autodenominam intersexuais podem se identifi- tória perante pessoas, lugares ou tradições consideradas diferentes
car como homossexuais, heterossexuais ou bissexuais. ou “estranhos”.
287
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Racismo: conjunto de princípios que se baseia na superiorida- ressaltar que isso não é regra para todas (Definição adotada pelo
de de uma raça sobre a outra. A atitude racista é aquela que atribui Conferência Nacional LGBT em 2008).
qualidades aos indivíduos conforme seu suposto pertencimento
biológico a uma determinada raça. Não é apenas uma reação ao Orientação Sexual: refere-se ao sexo das pessoas que elege-
outro, mas é uma forma de subordinação do outro. mos para nos relacionar afetiva e sexualmente. Atualmente temos
três tipos de orientação sexual: heterossexual, homossexual e bis-
Sexismo: atitude preconceituosa que difere homens de mulhe- sexual. Contrapõem a OPÇÃO SEXUAL entendida como escolha de-
res definindo características específicas para cada um, subordinan- liberada e realizada de forma autônoma.
do o feminino ao masculino.
Violência De Gênero: é aquela oriunda do preconceito e da
Sexo Biológico: é o conjunto de características fisiológicas, desigualdade entre homens e mulheres e apoia-se no estigma da
informações cromossômicas, órgãos genitais, potencialidade virilidade masculina (legítima defesa da honra) e da submissão fe-
individual para o exercício de qualquer função biológica que minina.
diferencia machos e fêmeas. Entretanto, o sexo não é simplesmente Quando as vítimas são crianças e adolescentes o Art. 245 do
algo que lhe foi dado pela biologia. Foucault analisa o sexo biológico ECA, obriga os profissionais da saúde e educadores e educadoras a
como um efeito discursivo. O poder cria o corpo ao anunciá-lo comunicarem o fato aos órgãos competentes. Na escola a discrimi-
sexuado, ao fazer de sua constituição biológica um fator natural nação é manifestada por meio de apelidos, exclusões, perseguição,
que carrega características específicas e torna indiscutível a divisão agressão física.
dos humanos em dois blocos distintos (homens e mulheres). Isto
não significa que o corpo não exista de forma sexuada. O que o
poder cria é outra coisa: é a importância dada a esse fator corporal
GRUPOS E DINÂMICAS DE GRUPO: FORMAÇÃO E
(biológico). O sexo produz, interdita, possibilita e regula o corpo
DESENVOLVIMENTO DE GRUPOS. PROCESSOS DE
limitando certos tipos de escolhas para a produção de um corpo
COESÃO E CONFLITO EM GRUPOS
sexuado que seja culturalmente aceitável e inteligível. Assim, o
— Formação e desenvolvimento de grupos
sexo é uma norma através da qual alguém se torna viável.
Os estudos de Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho são
fundamentais para compreender a dinâmica dos grupos dentro do
Sexualidade: é aprendida, ou melhor, é construída ao longo de
contexto organizacional. Grupos, por definição, são conjuntos de in-
toda a vida, de muitos e diferentes modos, por todos os sujeitos
divíduos que interagem entre si, compartilhando objetivos comuns
por isso, é entendida como um conceito dinâmico que se modifica
ou interesses similares. A formação e o desenvolvimento desses
conforme as posições do sujeito e suas disputas políticas. A sexua-
grupos são processos intrincados que envolvem aspectos sociais,
lidade tem a ver tanto com o corpo, como também com os rituais,
psicológicos e organizacionais, contribuindo significativamente para
o desejo, a fantasia, as palavras, as sensações, emoções, imagens e
a eficácia e o bem-estar no ambiente de trabalho.
experiências. Ela não tem ligação somente com a questão do sexo
No processo de formação de grupos, observamos a influên-
e dos atos sexuais, mas também com os prazeres e sua relação com
cia de fatores sociais, como a necessidade de pertencimento e a
o corpo e a cultura compreendendo o erotismo, o desejo e o afeto;
busca por identificação com outros membros. A Sociologia, nesse
até questões relativas a reprodução, saúde sexual, utilização de no-
contexto, destaca a importância das relações interpessoais e da
vas tecnologias.
construção de laços sociais para a constituição de grupos coesos
e funcionais. A interação social é uma força motriz na formação de
Transexual: pessoa que possui uma identidade de gênero di-
grupos, proporcionando uma base para o desenvolvimento de rela-
ferente do sexo designado no nascimento. Homens e mulheres
ções mais profundas e colaborativas.
transexuais podem manifestar o desejo de se submeterem a inter-
A Psicologia Aplicada ao Trabalho contribui analisando os as-
venções médico-cirúrgicas para realizarem a adequação dos seus
pectos psicológicos que permeiam a formação de grupos. A mo-
atributos físicos de nascença (inclusive genitais) à sua identidade de
tivação intrínseca dos indivíduos, suas expectativas e a busca por
gênero constituída.
significado são elementos psicológicos essenciais. A necessidade de
compreensão e aceitação por parte dos colegas, aliada às expec-
Transfobia: termo usado para descrever vários fenômenos
tativas individuais, influencia diretamente na formação de grupos
sociais relacionados ao preconceito, a discriminação e à violência
coesos e produtivos.
contra transexuais (ter desprezo, ódio, aversão ou medo de pessoas
À medida que os grupos se formam, inicia-se o processo de de-
com orientação sexual diferente do padrão heterossexual). Ver ho-
senvolvimento, uma fase crucial para a efetividade do trabalho con-
mofobia.
junto. A dinâmica de grupo, sob a perspectiva sociológica, reflete as
relações de poder, os papéis desempenhados pelos membros e as
Transgêneros ou Trans: são termos utilizados para reunir, numa
normas sociais estabelecidas. Aqui, a Sociologia destaca a impor-
só categoria, travestis e transexuais como sujeitos que realizam um
tância da cooperação e da resolução de conflitos para o desenvolvi-
trânsito entre um gênero e outro.
mento saudável dos grupos no ambiente de trabalho.
Por outro lado, a Psicologia Aplicada ao Trabalho examina os
Travesti: pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino, mas
aspectos individuais que contribuem para o desenvolvimento do
que tem sua identidade de gênero oposta a seu sexo biológico, as-
grupo. As dinâmicas interpessoais, a comunicação eficaz e a lide-
sumindo papéis de gênero diferentes daquele imposto pela socie-
rança são elementos psicológicos essenciais que impactam direta-
dade. Muitas travestis modificam seus corpos através de hormonio-
mente na coesão e no desempenho do grupo. A compreensão das
terapias, aplicações de silicone e/ou cirurgias plásticas, porém vale
288
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
necessidades individuais, aliada à promoção de um ambiente psico- A diversidade no ambiente de trabalho é uma realidade con-
logicamente seguro, fomenta a colaboração e a eficiência do grupo. temporânea e impacta significativamente os grupos. A Sociologia
A diversidade dentro dos grupos é um aspecto relevante a ser destaca a importância de reconhecer e valorizar diferentes pers-
considerado. A Sociologia destaca a importância de compreender pectivas, evitando a reprodução de desigualdades, enquanto a Psi-
e valorizar as diferentes perspectivas e experiências dos membros, cologia examina como a diversidade pode enriquecer as dinâmicas
evitando assim a reprodução de desigualdades e favorecendo a in- grupais, promovendo criatividade e inovação.
clusão. A Psicologia, por sua vez, examina como a diversidade pode Para a promoção de grupos eficientes, é necessária uma abor-
enriquecer as interações dentro do grupo, contribuindo para a cria- dagem holística. A integração das perspectivas sociológicas e psico-
tividade e inovação. lógicas é essencial para compreender nuances tanto sociais quan-
O enfrentamento de desafios e a superação de conflitos são to psicológicas nas interações grupais. Estratégias que combinam
parte integrante do desenvolvimento de grupos. A Sociologia res- conscientização individual com transformação organizacional são
salta a necessidade de abordagens estruturais para resolver con- cruciais para estabelecer ambientes de trabalho equitativos e co-
flitos, enquanto a Psicologia Aplicada ao Trabalho oferece insights laborativos.
sobre a gestão emocional e o desenvolvimento de habilidades in- Em síntese, a compreensão das dinâmicas de grupos no am-
terpessoais para lidar com situações conflituosas. biente de trabalho é um componente-chave para o sucesso orga-
Desse modo, a formação e o desenvolvimento de grupos no nizacional. A interação entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao
ambiente de trabalho são processos multifacetados que deman- Trabalho oferece uma abordagem abrangente, proporcionando
dam uma compreensão profunda das dinâmicas sociais e psicoló- insights que vão desde a formação inicial dos grupos até a gestão
gicas. A interação entre Sociologia e Psicologia aplicada ao trabalho eficaz de conflitos. Reconhecendo a complexidade desses proces-
proporciona uma abordagem holística, promovendo a construção sos, as organizações podem promover ambientes de trabalho mais
de grupos coesos, eficientes e capazes de enfrentar os desafios ine- saudáveis, colaborativos e resilientes, beneficiando tanto o desem-
rentes ao ambiente organizacional. O reconhecimento da importân- penho quanto o bem-estar dos colaboradores.
cia dos grupos no contexto profissional contribui não apenas para a
melhoria do desempenho organizacional, mas também para o bem-
-estar e a satisfação dos colaboradores. LIDERANÇA, PODER E INFLUÊNCIA DENTRO DE GRUPOS.
— Processos de coesão e conflito em grupos As organizações têm evoluído, sobretudo em termos estrutu-
A compreensão profunda das dinâmicas dos grupos no ambien- rais e tecnológicos. As mudanças e o conhecimento são os novos
te de trabalho é crucial para uma abordagem eficaz nos contextos paradigmas e têm vindo a exigir uma nova postura nos estilos pes-
organizacionais. A interseção entre Sociologia e Psicologia Aplicada soais e organizacionais, voltados para uma realidade diferenciada
ao Trabalho proporciona insights valiosos sobre os processos de for- e emergente. Neste contexto, a Liderança passa a ser a chave para
mação, coesão e conflito em grupos, elementos fundamentais para o sucesso organizacional, decorrendo de uma nova cultura e estru-
o dinamismo organizacional e o bem-estar dos colaboradores. tura, na qual se privilegia o capital intelectual, pois são as pessoas
Na formação de grupos, a Sociologia destaca esse fenômeno que proporcionam as condições essenciais ao desenvolvimento das
como intrinsecamente social, impulsionado pela necessidade hu- organizações.
mana de pertencimento e interação. No âmbito organizacional, Ao longo dos tempos, a liderança tem sido alvo de interesse
fatores como afinidades, objetivos comuns e identidade compar- por parte das organizações e dos gestores, estes começaram a per-
tilhada influenciam a composição e a dinâmica dos grupos, sendo ceber a importância que a mesma tem para o sucesso e o alcance
a hierarquia organizacional muitas vezes um reflexo das estruturas dos objetivos traçados.
sociais mais amplas. Os líderes devem procurar incrementar, um melhor relaciona-
A Psicologia Aplicada ao Trabalho entra em cena ao examinar os mento entre as pessoas, incentivando o trabalho em equipa, moti-
aspectos psicológicos envolvidos na formação e coesão de grupos. vando os colaboradores e proporcionando um ambiente de traba-
Motivação intrínseca, busca por aceitação e satisfação de neces- lho saudável, seguro e propício ao progresso e desenvolvimento das
sidades psicológicas fundamentais desempenham papéis cruciais. suas capacidades e talentos.
Compreender as motivações individuais e promover um ambiente A Liderança é um tema muito atual e de importância estratégi-
psicologicamente seguro são fundamentais para construir grupos ca para as organizações, como tal, deve ser integrada na definição
coesos e colaborativos. da estratégia organizacional. As organizações precisam das pessoas
O desenvolvimento da coesão em grupos frequentemente en- para atingirem os seus objetivos e alcançar a sua visão e missão de
volve dinâmicas de poder e o estabelecimento de normas sociais. futuro, assim como as pessoas necessitam das organizações para
A Sociologia destaca como as relações de poder podem influenciar atingirem as suas metas e realizações pessoais.
a coesão ou gerar conflitos, enquanto a compreensão das normas As pessoas têm sido uma preocupação constante da gestão das
sociais é crucial para entender expectativas compartilhadas e iden- organizações, uma vez que uma boa gestão das mesmas se traduz
tificar possíveis fontes de conflitos baseados em desacordos sobre no diferencial que alavanca os bons resultados. Para trabalhar o ca-
essas normas. pital humano de modo a maximizar o seu desempenho, é necessá-
O conflito, inerente à dinâmica de qualquer grupo, exige uma rio que os indivíduos se sintam motivados e satisfeitos com o seu
gestão eficaz que combina as abordagens estruturais da Sociologia, líder e com a forma como que a Liderança vem sendo exercida.
reconhecendo desigualdades e estruturas de poder, com os insights Os líderes têm a missão de atingir os resultados pretendidos
da Psicologia sobre gestão emocional, comunicação eficaz e desen- pela organização através das pessoas que lideram. Assim sendo,
volvimento de habilidades interpessoais para lidar construtivamen- para que a gestão de pessoas seja eficaz, os líderes têm de ser os
te com conflitos. modelos sociais, dando o exemplo, estando sempre na linha da
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
frente, mostrando como se faz, fazendo. fortes sentimentos de identidade e diferenciação. As competências
A liderança é considerada como um processo dinâmico e que de liderança não podem ser ensinadas nem aprendidas são inatas
vem sofrendo alterações e adaptações aos vários níveis, daí a ne- ao ser humano, estas vão sendo moldadas pelas experiências e co-
cessidade de trabalhar algumas das suas principais características nhecimentos adquiridos.
que permitem obter o máximo de eficiência e eficácia. Para Monford e tal. (2000, p.24), “Os líderes não nascem nem
Sejam quais forem as características pessoais e de personali- são feitos; de facto, o seu potencial inato é moldado pelas experi-
dade do líder, estas afetam as relações com os liderados e, conse- ências que lhes permitem desenvolver as capacidades necessárias
quentemente, o desempenho destes nas tarefas que executam nas à resolução de problemas sociais significativas.
organizações.
As diversas definições de liderança não são unânimes e estão
longe de gerar consenso entre os autores. Desta forma, tem sido • Gestão
muito difícil definir o que é ser líder e o que é a liderança, havendo A gestão tem uma abrangência muito maior do que a liderança,
inúmeras definições para este conceito. envolve tanto os aspectos comportamentais como os que estão di-
Segundo Yukl (1998, p.5), “A liderança é um processo através retamente ligados à sua gestão, tais como: planeamento, controlo e
do qual um membro de um grupo ou organização influencia a in- regulamentos internos e externos. Os gestores são mais racionais,
terpretação dos eventos pelos restantes membros, a escolha dos trabalham mais com a “cabeça” do que com o “coração”.
objectivos e estratégias, a organização das actividades de trabalho, Segundo Bennis & Nanus (1995), “gerir consiste em provocar,
a motivação das pessoas para alcançar os objectivos, a manutenção realizar, assumir responsabilidades, comandar. Diferentemente, li-
das relações de cooperação, o desenvolvimento das competências derar consiste em exercer influência, guiar, orientar. Os gestores são
e confiança pelos membros, e a obtenção de apoio e cooperação de pessoas que sabem o que devem fazer. Os líderes são as que sabem
pessoas exteriores ao grupo ou organização.” o que é necessário fazer.”
A Liderança é uma tentativa de influência, de modo a conse- Os gestores são conservadores e analíticos, reagem e adaptam-
guir dos seus liderados empenho e cooperação. Nessa perspectiva, -se aos factos ao invés de transformá-los. Tendem a adoptar atitu-
quando um chefe manipula ou exige obediência e cooperação de des impessoais, calculam as vantagens da competição, negoceiam e
forma coerciva, não há liderança. usam as recompensas e as punições como formas de coação. Estes
estão perfeitamente enquadrados na cultura organizacional e lutam
Liderança X Gestão pela optimização dos recursos de modo a alcançarem os resultados
A liderança e a gestão são vocábulos que por vezes são vistos desejados.
por muitos como sinônimos, no entanto existem diferenças bem Para que as organizações possam sobreviver num mercado glo-
notórias entre ambos, além disso um bom líder pode não ser um balizado e cada vez mais competitivo têm de ter uma boa gestão. A
bom chefe e vice-versa. gestão tem que ter a implementação da mudança através da visão
De acordo com Rost & Smith (1992), “A liderança é uma influên- do seu líder de forma a alcançar os resultados previamente defini-
cia de relacionamento, ao passo que a gestão é um relacionamento dos. Sem uma boa gestão as organizações não conseguirão atingir
de autoridade. A liderança é levada a cabo com líderes seguidores, esses resultados e tornam-se pouco produtivas e competitivas.
enquanto a gestão é executada com gestores e subordinados.” Quer a gestão quer a liderança têm diferentes formas de gerir
a sua equipa, através dos diferentes líderes. Esta hipótese é bem
acolhida por Rowe (2001), através de um modelo triangular cujos
• Liderança vértices são a liderança gestionária, a liderança visionária e a lide-
A liderança é um processo mais emocional, envolve o coração. rança estratégica.
Os líderes são dinâmicos, criativos, carismáticos e inspiradores, são
visionários, assumem os riscos e sabem lidar com a mudança. Tipos de liderança
Os líderes são criativos e têm estilos mais imprevisíveis, são
mais intuitivos do que racionais. Em vez de se adaptarem, tentam
transformar o estado das coisas. Os líderes atuam proativamente • Líder Gestionário
formando ideias em vez de lhes reagirem. O líder gestionário está mais virado para a estabilidade finan-
Um bom líder não é aquele que se preocupa em sê-lo, mas ceira a longo prazo e orientado para os comportamentos de curto
aquele que dá o exemplo mostrando como as coisas devem ser fei- prazo e baixo custo. O seu relacionamento com as pessoas está in-
tas, que tem ética e se preocupa com as pessoas que o rodeiam, timamente ligado com os seus papéis no processo de decisão, mas
que envolve e motiva toda a equipa. Deve focar-se no desenvolvi- raramente decide com base em valores. Não investe na inovação
mento das pessoas com quem trabalha para que se tornem mais que pode mudar a organização pois falta-lhe visão, iniciativa e cria-
autónomas. tividade. Normalmente é reativo e adapta atitudes passivas perante
O líder tem a capacidade de gerir diferentes personalidades os objetivos, estes centram-se nas necessidades sentidas e não nos
mobilizando-as para objetivos comuns. Liderar é saber comunicar desejosos ou sonhos.
e conquistar a admiração e o respeito dos outros, fazendo com que
todo o grupo se identifique com o líder, o siga e execute as suas
• Líder Visionário
decisões.
Já o líder visionário fomenta a mudança, a inovação e a criati-
vidade. É proativo, muda o modo de as pessoas pensarem acerca
Os líderes são inovadores e criativos, procuram agir sobre a si-
daquilo que é desejável e necessário. Está orientado para o desen-
tuação em causa, as suas perspectivas e aspirações são a longo pra-
volvimento das pessoas e para o sucesso das organizações. Normal-
zo, têm uma atitude proativa, são emocionais e empáticos e atraem
290
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
mente decide com base em valores e relaciona-se com as pessoas com o estilo de liderança adoptado.
de modo intuitivo e empático. Enfatiza a viabilidade de empresa a White & Lippit (1939) fizeram os primeiros estudos para verifi-
longo prazo mas os seus sonhos podem ser destruidores da riqueza car o impacto causado pelas diferentes formas de liderar. Segundo
no curto prazo. eles existem essencialmente três estilos de liderança: liderança au-
toritária, liberal e democrática.
• Líder Estratégico
O líder estratégico combina as duas orientações, ou seja, com- • Liderança Autoritária
bina as qualidades dos gestores com as dos líderes. Acredita nas Em primeiro lugar aparece a liderança autoritária, “o líder fixa
escolhas estratégicas que fazem a diferença na organização. Essas as diretrizes, sem qualquer participação do grupo”, é ele que fixa
estratégias devem ter impacto imediato, sendo que as responsa- todas as diretrizes e determina qual tarefa deve ser realizada, tudo
bilidades serão a longo prazo. Fomenta o comportamento ético e tem que ser feito como ele define. (CHIAVENATO, 2003)
as decisões baseadas em valores. Tem elevadas expectativas acerca Na liderança autoritária, autocrática ou diretiva o líder foca-
dos seus superiores, colaboradores e dele próprio. -se apenas nas tarefas e determina técnicas para a execução das
Podemos então concluir que a liderança estratégica resulta da mesmas. O líder toma as decisões individualmente e não considera
conciliação da liderança visionária e gestionária. a opinião da equipe, ordena e impõe a sua vontade. Este tipo de
Alguns indivíduos terão mais aptidão para liderar e outros para liderança provoca tensão e frustração no grupo. O líder tem uma
gerir, enquanto outros conciliam as duas vertentes. postura essencialmente diretiva e não dá espaço à criatividade dos
No entanto, muitos líderes podem aprender a gerir e muitos liderados. A sua postura por vezes é paternalista e fica satisfeito por
gestores podem melhorar as suas capacidades de liderança. sentir que os outros dependem dele. É rápido na tomada de decisão
Estabelecendo a correspondência com a tese de Zaleznik, Rowe e os seus objetivos são o lucro e os resultados. Por norma, neste
(2001) “ a liderança gestionária está para os gestores como a lide- tipo de liderança as consequências são nefastas, existe ausência de
rança visionária está para os líderes. Ao contrário de Zaleznik “con- espontaneidade e de iniciativa e quando o líder abandona a orga-
sidera ainda que os dois papéis são conciliáveis na figura do líder nização as pessoas sentem-se completamente perdidas pois não
estratégico.” estavam habituadas a tomar decisões e a terem iniciativa própria.
O trabalho só se realiza na presença do líder, pois na sua ausên-
A importância dos líderes cia o grupo é pouco produtivo e indisciplinado. O líder autoritário
HARRIS (2001, p.394) “O Papel dos líderes é criar um ambiente normalmente não delega tarefas, prefere ser ele a executá-las. A
em que as pessoas se sintam livres para experimentar, exprimir-se liderança autoritária apresenta elevados níveis de produção, mas
com franqueza, tentar novas coisas. Ainda mais importante, o seu com evidentes sinais de frustração e agressividade.
papel é o de (…) construir o espaço, remover obstáculos e permitir
que os empregados façam o seu trabalho. Um dos objetivos primor-
diais dos líderes deveria ser o de libertar os talentos de cada pessoa • Liderança Liberal
para benefício delas próprias e da empresa como um todo.” A liderança liberal é totalmente inversa à autocrática, “há liber-
Nas organizações é crucial que os líderes sejam pessoas idóne- dade total para as decisões grupais ou individuais, e mínima partici-
as e sejam um exemplo para toda a equipa, pois sem um bom líder pação do líder.” (CHIAVENATO, 2003)
não haverá uma boa equipa. É fundamental que exista uma boa Na liderança laissez faire ou liberal não há imposição de regras,
liderança por parte dos líderes, somente assim a equipa será coesa parte-se do princípio que o grupo atingiu a maturidade e não ne-
e trabalhará afincadamente para o alcance das metas organizacio- cessita do líder para o orientar e o supervisionar. Caracteriza-se pela
nais e dos objetivos conjuntos. Se o objetivo primordial de um líder total liberdade da equipa o líder não interfere na divisão das tarefas
é fazer com que os outros o sigam, então é imprescindível que dê nem na tomada de decisão, quem decide é o próprio grupo. Este é
bons exemplos e lhes mostre o caminho a seguir. considerado o pior estilo de liderança, uma vez que não há demar-
A liderança é um tópico fundamental nas relações de trabalho, cação dos níveis hierárquicos instala-se a confusão, a desorganiza-
os líderes têm de trabalhar no sentido de evitar conflitos laborais e ção, o desrespeito e a falta de um líder com poder e autoridade
proporcionar benefícios para todos. para resolver os conflitos.
Por vezes, as incompatibilidades pessoais e profissionais entre Na liderança liberal o líder só participa na tomada de decisão
os líderes e os liderados, fazem com que surjam conflitos difíceis de quando é solicitado pelo grupo, os níveis de produtividade são in-
gerir, contribuindo para o insucesso das pessoas e o fracasso das satisfatórios e existem fortes sinais de individualismo, insatisfação e
organizações, dificultando assim o alcance das metas traçadas. desrespeito pelo líder.
Segundo Russo (2005) “a discussão se os líderes nascem líderes
ou aprendem a sê-lo é longa. Contudo a resposta diz Russo é sim-
• Liderança Democrática
ples e direta: as duas afirmações são verdadeiras.”
No que respeita à liderança democrática, participativa ou con-
O líder deve ser capaz de criar um ambiente saudável, bem
sultiva, este estilo está voltado para as pessoas e há participação de
como interação e dinâmica com toda a equipa de trabalho. É fun-
toda a equipa no processo de decisão. É o grupo que define as téc-
damental criar desafios e dar autonomia, para que em conjunto se
nicas para atingir os objetivos, no entanto o líder tem a responsabi-
implementem e tomem as melhores decisões.
lidade de alertar o grupo para as dificuldades existentes no alcance
desses mesmos objetivos.
Estilos de liderança
Segundo, Chiavenato (2003, p.125), “As diretrizes são debati-
As organizações, as equipas e as situações variam no tempo e
das e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder”.
no espaço, os líderes também, daí que é bastante comum que o su-
O líder envolve todo grupo, pede sugestões e aceita opiniões,
cesso do líder e dos seus seguidores esteja diretamente relacionado
291
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
proporciona eficácia para liderar as pessoas, mas a percepção posi- em virtude da troca de liberdade individual pelas recompensas fi-
tiva desses seguidores que faz dele um verdadeiro líder. nanceiras de pertencer a tais grupos ou organizações.
Num mundo altamente dinâmico e instável onde o ambiente Todas as interações profissionais ou não, envolvem uma tro-
organizacional sofre continuamente profundas alterações impul- ca de alguma coisa por outra. Mas seria possível medir de quanta
sionadas pelo processo de globalização, o mercado torna-se mais liberdade individual uma pessoa deveria abrir mão? Qual seria o
exigente e competitivo, exigindo das organizações adaptações e modelo ideal em uma organização, para que a influência individual
respostas rápidas a estas mudanças e alterações sofridas. As em- ou em grupo, não restringisse a liberdade individual de seus com-
presas necessitam de profissionais capazes de responderem de for- ponentes? É a verdadeira realidade da vida de uma organização.
ma ajustada e em tempo útil aos novos desafios. O poder de influenciar é algo que a maioria das pessoas, no
O alinhamento entre as Práticas de Liderança e a Cultura Orga- mundo moderno, gostaria de ter em maior quantidade, embora
nizacional é compreendido através dos conceitos percebidos atra- muitos não desejem a responsabilidade emanada desse poder.
vés da revisão bibliográfica. A revisão da literatura permitiu uma Pesquisas indicam que as pessoas gostariam de ter mais influência
melhor compreensão dos conceitos de Liderança e dos principais sobre seu trabalho e não sobre pessoas. Também os indivíduos que
fatores que a influenciam. exercem influência e desenvolvem melhor seu trabalho, são mais
A chave do sucesso para um elevado desempenho das orga- produtivos e muito mais envolvidos com os objetivos de sua orga-
nizações está na congruência entre os elementos da organização, nização.
principalmente entre a estratégia, a estrutura, as pessoas, a própria Porém, a responsabilidade da influência no indivíduo não pre-
cultura e como não podia deixar de ser a Liderança. Assim sendo, parado pode levar, em muitos casos, a desajustes psicológicos le-
será crucial que a organização repense a forma como a Liderança vando-o a até adquirir doenças.
vem sendo exercida, só assim, conseguirá pessoas motivadas e feli- Mas nem todos agem assim no dia a dia. Na verdade quando
zes, contribuindo de forma decisiva para o aumento da performan- se fala de poder ou influência, estamos dizendo o quanto algumas
ce da organização. pessoas têm o poder de influenciar.
Evidentemente, profundas mutações ocorreram no mercado de
Conclui-se, que diante das mudanças, o líder deve conciliar os trabalho nos últimos anos, exigindo a adequação dos profissionais à
interesses da organização com os da sua equipa de trabalho, em- nova realidade e, com ela, a implementação da prática de trabalho
penhando-se afincadamente para proporcionar um ambiente fa- em equipe, não abordadas no passado, mas mantendo-se os velhos
vorável ao desenvolvimento dos seus liderado, influenciando-os a e bons fundamentos administrativos.
alcançarem os objetivos comuns. Sem dúvida nenhuma, hoje as organizações procuram profissio-
nais éticos e honestos, reunindo pessoas mais fortemente sintoni-
PODER zadas com dimensões como trabalho, honestidade, amizade, soli-
dariedade, humildade, romantismo, alegria e competência.
A noção mais abrangente do termo poder26 relaciona-se e é si- Não podemos designar ao poder um tipo de sentido privilegia-
nônimo do termo potência. Potência designa a capacidade e/ou a damente moral. As ações possuem finalidades e estão de acordo
possibilidade que um indivíduo, um grupo, uma instituição ou uma com determinados modelos de racionalização, mas isso tampouco
determinada organização têm de realizar algo, ou seja, de agir. É quer dizer que a razão possua em seu centro uma moral determi-
sempre à disposição para cometer um ato. nada. A potência é, portanto, uma latência da força ou do poder;
É a energia acumulada que deve sustentar uma ação efetiva. uma latência do agir e da ação. É a dimensão de estados virtuais de
Essa ação que é efetivada (o ato que ocorre) pode ter ou não um uma ação, um poder acontecer de algo. Ela é o momento antes do
sentido moral ou ser simplesmente uma realização de ordem ato em si.
extrema do particularismo. Essa é a primeira implicação em uma O ato é a realização da potência, o exercício mesmo da força (no
reflexão científica sobre o poder. sentido amplo da palavra) ou poder de agir ou de se oferecer à ação
Poder e influência constituem o núcleo sutil das organizações e, de outrem. A ação propriamente dita é o momento, então, que o
na verdade, de todas as interações. A influência é o processo pelo poder aparece como tal, em exercício e em quantificação e qualifi-
qual um indivíduo modifica as atitudes ou comportamento de ou- cação da potência realizada. A ação é a materialização de uma das
tro. O poder é o que o capacita a fazê-lo. possibilidades que estava em potência. Essa é uma das possibilida-
As organizações são formadas de um conjunto de padrões de des de entendimento do que é o poder em sua dupla dimensão de
influência através dos quais, indivíduos ou grupos influenciam ou potência e de ação.
tentam influenciar outros a pensar ou agir de determinada forma. As teorias e disciplinas que tratam dessas questões abrangem
Se quisermos entender, deveremos compreender a natureza do po- os espectros de conhecimento da psicologia, da filosofia, da antro-
der e da influência, pois são através deles, que as pessoas se ligam pologia, da ciência política, da sociologia, da filosofia política e da
aos objetivos principais das organizações. história.
Embora os níveis hierárquicos sejam fundamentais em grupos Na atualidade, importantes teóricos da ação são Michel Fou-
ou sociedades de qualquer natureza, o poder e a influência deter- cault e Pierre Bourdieu (teorias das práticas), Anthony Gidens e Ri-
minam níveis de superioridade entre pessoas, o que de certa forma chard Rorty (teorias da ação).
viola o livre-arbítrio de um indivíduo sobre suas ações. Essa concepção abrangente do poder revela um conceito de cul-
A liberdade individual completa é hoje desfrutada por um nú- tura do poder que permite entender essa forma de relacionamento
mero muito reduzido de pessoas, pois a maioria possui um contrato como uma dentre as relações desenvolvidas entre os seres huma-
psicológico com qualquer grupo, família, empresa ou sociedade, nos na vida em sociedade. Os humanos, na qualidade de espécie
26 Leda Maria da Silva Senra Costa. A Influência do Poder na Gestão
social e falante, desenvolvem relações de significação. Eles querem
Estratégica de Pessoas. IX Seget, 2012. dar sentido ao mundo e a suas produções culturais. Os humanos,
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
como seres que produzem artificialmente o mundo no qual vivem, neidade, acionando um pensamento sobre a estratégia, podemos
são seres que desenvolvem relações de produção. Estas são os fun- afirmar que a trama das relações de poder é dependente de um
damentos da vida e da organização econômica das sociedades. jogo permanente de posicionamentos estratégicos adotados pelos
É na qualidade de seres que agem e se posicionam, desenvolvem, sujeitos. Isso equivale a pensar em um jogo, com certas regras, e
então, as relações de poder. Essa capacidade para agir e a ação nas tomadas de posição dos jogadores. Cada rodada é um momen-
efetiva foram se organizando e transformando o núcleo das relações to de avaliação. A estratégia coloca a potência do poder no mo-
de poder em algo historicamente visível. Concretamente, essa mento de avaliar o lance a ser dado. Assim, estratégias são formas
realização da potência tomou formas organizadas e, de empréstimo, permanentes de disputa, gerando resistências, alianças, antagonis-
passou a ter vínculo direto com a vida política. Portanto, temos que mos e vizinhanças. Essas lutas ocorrem em diversos níveis de rea-
ter em conta que poder não diz respeito apenas ao político, mas lidade e têm objetivos mais ou menos localizados. Significa dizer
a toda enunciação que afirma direitos e compromissos (deveres, que as lutas do poder podem ser imediatas e locais, como a vitória
responsabilidades) e possibilidades adicionais. momentânea sobre um colega de equipe, em uma disputa em re-
O que ocorre é que, nos termos da história social, a esfera polí- lação ao funcionamento de um maquinário, ou, ainda, uma disputa
tica passou a ser aquela na qual as relações de poder tornaram-se eleitoral. Para um maior entendimento dessas implicações de uma
mais visíveis e mais ordenadas. O político é uma esfera mais es- concepção de poder ligada ao pensamento estratégico, devemos
pecializada do poder e refere-se especialmente a tudo o que diz caminhar na direção inversa, voltando ao passado e reconstituindo
respeito à vida comunal, em sociedade. A esfera política é a esfera algumas das concepções de poder de relevância para os estudos
que se dirige à cidadania e, portanto, a um estatuto especial do in- humanísticos e sociais.
divíduo. O cidadão é uma forma particular do indivíduo, como pode
ser também parte integrante da constituição do modelo de pessoa Concepções de poder
humana, no que dependerá do modo como cada sociedade monta
sua própria cosmologia e sua explicação para o que são os seres O Poder visto como transgressão e Regressão: O utilitarismo e
humanos. o hedonismo modernos tratam especialmente do indivíduo como
O poder dirige-se ao sujeito, e o poder político dirige-se mais es- sujeito especial do poder. Assim, todas as concepções das relações
pecificamente ao indivíduo e ao cidadão. Em nossa própria cultura humanas e seus recursos, dentro dessa perspectiva devem estar
sociedade, o político diz respeito fundamentalmente à cidadania, fundamentadas no aspecto motivacional individual. Os indivíduos
ao governo e ao Estado, bem como às disputas políticas (disputas devem ser motivados a agir pela busca da realização de seus in-
de poder evocadas a partir de discursos político-partidários). teresses, dentro dos quais o maior interesse é o sentido do prazer
Devemos imaginar que potência e ação são os mecanismos fun- – dimensão egóica da realização do indivíduo. Os termos transgres-
damentais ao entendimento do poder e que a ação é o que possuí- são e regressão associados ao poder, são explicados do seguinte
mos como fenômenos propriamente visíveis em termos sociais e modo: de um lado, o indivíduo, na sua busca motivada por prazer
nos quais serão explorados todos os recursos e estratégias de or- permanente transgride as regras sociais e as leis estabelecidas. Para
dem simbólica, em que os indivíduos, grupos e uma cultura irão que o prazer seja possível, dentro de limites sociais, é preciso cons-
manifestar e apresentar o seu entendimento do mundo e o modo tituir um mecanismo regressivo do prazer. Isso é o que conhece-
como esse mundo se organiza hierarquicamente. mos, de um certo modo como sendo a sublimação. Nessa regressão
A importância dos estudos de poder encontra-se justamente no ordenada, o indivíduo é capaz de desenvolver um senso altruísta,
fato de que este se baseia nos mecanismos de potência e de realiza- aprendendo a desejar o prazer do outro. Segundo Jeremy Tentham
ção e que é na realização efetiva que encontramos os mecanismos (1748-1832) as sociedades são compostas por indivíduos. Os indi-
que sustentam as ordenações sociais e suas organizações. As inter- víduos possuem natureza egoísta e buscam a realização de praze-
pretações sobre poder são múltiplas e, por vezes, divergentes, não res. As motivações para a ação, ou seja, o que existe em potência,
constituindo um sistema estável de significações. Haverá, sim, uma fundamentando-a, são o interesse pessoal e o prazer pessoal (que
continuidade entre os diferentes modelos. Mas os modelos nunca inclui o prazer de ver o outro e sentir prazer, o altruísmo envolvido
serão capazes de dar conta da realidade. Pois as próprias teorias no processo do desejo).
do poder, em parte, demonstram como o aspecto estratégico entra
em jogo toda vez que falamos da ação social e os acordos são con- O Poder enquanto ciências técnicas: De acordo com Descartes
textualmente delimitados. Novas experiências e novos atores – as o poder relaciona-se intimamente com o desenvolvimento do co-
negociações entre atores-indivíduos em uma determinada realida- nhecimento científico. O poder é uma determinação do saber cien-
de ordenada – estão sempre chegando à cena. Os modos como sen- tífico e da tecnologia. A maior resultante dessa concepção de poder
timos, percebemos, ordenamos e agimos no mundo não são eles encontra-se no que chamamos de modernidade. A positividade ob-
mesmos estáveis. Portanto, a própria realidade é trânsfuga. servada pelo pensamento cartesiano e seus desdobramentos mo-
A experiência é um ponto fundamental para as teorias con- dernos é reposicionada crítica ou negativamente por duas grandes
temporâneas do poder. A experiência, o indivíduo, a negociação, vertentes do pensamento dos séculos XIX e XX. De um lado, o pen-
a estratégia deverão assumir um papel preponderante nos nossos samento europeu continental de Nietzsche e do pós-Nietzsche e,
entendimentos das organizações – sob pena de ficarmos com uma de outro, pela tradição pragmatista norte-americana. Em ambos os
concepção rígida e não-flexível do que são as próprias sociedades casos, a crítica a essa concepção de poder dirige-se ao modo como,
humanas. nas sociedades ocidentais, a ciência e os meios técnicos transfor-
Ressaltamos esse caráter de jogo e estratégia implicado no pen- maram o vocabulário do poder e passaram a funcionar como jus-
samento geral sobre o poder: Podemos mesmo afirmar que não há tificação objetiva para a dominação. No campo do pensamento
pensamento sobre o poder sem um pensamento sobre a estratégia. estratégico, a afirmação de Michel Foucault é de grande precisão
Se, ao falarmos de poder, estamos quase sempre, na contempora- analítica. O que o autor nos ensina é que o conhecimento é uma das
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
estratégias no âmbito das relações de poder. Assim, o seu uso visa a O Poder Legítimo, este poder tanto pode ser de cima para baixo
promover determinados modos de funcionamento dos grupos, de ou de baixo para cima, ou seja, o encarregado de um setor exige
formas de comunicação e de entendimento e do desenvolvimento que se cumpra um certo horário e concomitantemente, o vigia exi-
de determinadas capacidades nos indivíduos. ge que o gerente use o crachá para entrar na empresa;
O Poder de Competência é o que podemos chamar de
O poder visto como uma perspectiva construtiva do desejo: conhecedor do assunto, pois nele temos total confiança ao que ele
Essa é uma temática deveras abrangente e envolve os trabalhos de nos recomenda, pois há especialidade, aptidões e conhecimento
pensadores e ativistas sociais como Félix Guattari e Toni Negri. Esse técnico do líder;
conceito de poder envolve ainda um entendimento dos afetos e das O Poder de Referência existe no colega de trabalho que nos
afecções. Nesse âmbito, devemos considerar também a presença atrai ao seu lado na hora das reuniões de departamento pelo seu
de alguns dos elementos que irão caracterizar os processos do “em- carisma e pelo seu nível de prestígio e admiração.
powerment”. Assim, poder-desejo é o eixo transformacional cons-
titutivo do empowerment – o “empoderamento”, o dar-se poder, Em geral estas fontes de poder são adicionadas pelos adminis-
fortalecimento, reforçamento de poder. tradores pela recompensa aos subordinados através de dinheiro,
privilégio ou promoções ou de puni-los retirando estas recompen-
Poder enquanto razão: De acordo com Hegel é associado ao sas. Queremos pensar que seja inerente ao cargo de um adminis-
desenvolvimento histórico e uma filosofia e uma destinação da ra- trador e presume-se que eles tenham algum grau de competência.
zão. A razão seria o princípio condutor de uma Filosofia Política e da Podemos ter vários exemplos de organizações, como a tendência de
formação de um Estado-Nação esclarecido. O pensamento hegelia- subordinados seguirem o modelo de executivos mais experientes e
no, nesse sentido, tem como perspectiva do desenvolvimento da ra- bem sucedidos.
cionalidade a figura dos Estados-Nação modernos. Sua abordagem
figura o Príncipe Esclarecido, tomando o modelo monárquico como Reflexão das teorias acerca do poder
afirmação concreta do poder bem solucionado. Suas discussões so-
bre uma filosofia do processo histórico geraram obras famosas e DAFT (1999) descreve que a teoria clássica do poder é, funda-
deterministas sobre o “final da História” através da constituição de mentalmente, de caráter jurídico e encontra-se realizada concei-
um Grande Império Mundial, os Estados Unidos da América (Francis tualmente como operação contratual. Esse contrato pode ser em
Fukuyama). nome de uma vontade geral ou de uma ordem geral, mas não perde
sua característica de contrato traçado entre uma parte (o Estado) e
Poder como soberania (vontade geral): Definido por Rousseau os demais (o povo, o cidadão, o indivíduo, conforme a abordagem
como o poder que se constitui como vontade geral. Ele se encontra teórica em questão). Esse contrato jurídico sustenta o poder políti-
como deseja da maioria e pode ou não ser mobilizado, manipula- co. De outro modo, os pensadores de caráter marxista investigam
do ou simplesmente deixado em seu próprio movimento massivo. as relações de poder como formas funcionais do desenvolvimento
A Assembleia Popular representaria um princípio de soberania do classista da sociedade capitalistas e, portanto, como uma dimensão
povo. funcional da vida econômica (infraestrutura e determinante).
O poder é um regime ordenado sob a égide das classes e visa a
Poder na história, como violência: Para Marx/Engels a perspec- sustentar a produtividade econômica e a um modelo social de re-
tiva histórica também se apresenta no pensamento marxista, rela- lações humanas. É a vida econômica que sustenta o poder político.
cionando o poder com o domínio da violência social e da violência De acordo com Foucault (1999) se o poder fosse revisitado como
de classe. relação de força que é, privilegiando o seu aspecto acional indicaria
uma saída para além ou para aquém das problemáticas contratuais
Poder legítimo: Para Weber o Estado deve construir mecanis- (poder jurídico) e das problemáticas funcionais (poder econômico).
mos que forneçam e fortaleçam sua legitimidade, transformando Para esse teórico, o poder deve ser analisado sob os moldes do
suas ações e políticas em conjuntos compartilhados de crenças. enfrentamento, do combate e da guerra. O poder seria sempre um
processo de “empoderamento”. A vida política não seria a ordem e
Fontes de Poder a guerra, um estado de exceção. A guerra seria o modelo prioritário
e a política, uma exceção. É nesse sentido que encontramos na afir-
As Fontes de Poder são identificadas como cinco pelos autores mação foucautiana uma aproximação com as concepções “orienta-
John French e Bertram Ravem: lizadas” do poder. Para os clássicos do pensamento oriental, a guer-
O Poder de Recompensa baseia-se numa pessoa (o influen- ra é o meio mais adequado para se refletir sobre a vida política e,
ciador) que tenha a capacidade de recompensar outra (o influen- em decorrência disso, sobre a vida social e sua organização.
ciado) pelo cumprimento de ordens ou pela realização de outras As relações de poder e do poder como teoria da ação e da ação
exigências. Onde as recompensas são melhor usadas para reforçar estratégica deve ter em mente os seguintes itens:
as ações desejáveis dos subordinados, e não como “suborno” para - os mecanismos de dominação;
realizar tarefas; - os operadores materiais;
O Poder Coercitivo é o lado negativo do poder de recompensa, - as formas da sujeição;
onde a punição pode ir desde pequenos privilégios até a perda - as conexões e a utilização de sistemas locais de sujeição;
do emprego. Este poder geralmente é usado para manter um - os dispositivos do saber.
padrão mínimo de desempenho ou de conformidade entre os
subordinados; Em geral, estamos todos imersos nas formas do compromisso
individualizado e sentimo-nos responsabilizados e tomados como
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
“relevantes, importantes” em nossas esferas profissionais. A ideia além das formalidades contratuais para explorar as complexidades
de nos tornarmos gerentes de nós mesmos, agentes investidores das relações humanas no ambiente de trabalho. A disciplina e o
de nossas próprias vidas tem sido tomada como verdade para o mo- saber operário tornam-se lentes poderosas para compreender as
mento atual das formas de poder. Suas estratégias são inúmeras. tensões, desafios e oportunidades que permeiam o cenário profis-
Mas sempre ocorrerão os contra-ataques. sional, contribuindo assim para o desenvolvimento de ambientes
laborais mais saudáveis e sustentáveis.
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EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Teorias que abordam a motivação formas são motivados, quais os mecanismos que poderão ser usados
De acordo com Zanelli (2004) ao longo do tempo foram sur- para que o processo motivacional aconteça de forma a trazer êxodo
gindo conceitos e posteriormente teorias abordando a motivação tanto para o indivíduo quanto para a organização. Segundo Chiavena-
humana, diversos teóricos contribuíram para tal propósito, anali- to (2005, p.247). “Não faltam teorias sobre motivação. Nem pesqui-
sando o comportamento do indivíduo e buscando entender o que sas sobre o assunto. O fato é que o assunto é complexo”.
o faz motivado, e como o processo da motivação ocorre na vida do
ser humano, dentre esses teóricos se destacaram alguns, que ana- Processo motivacional
lisaram de forma a colocar essas teorias dentro do contexto organi- De acordo com Chiavenato (2005), a motivação vai estar atrela-
zacional: Maslow, Herzberg, McGregor são alguns desses teóricos. da com o comportamento humano, quando este pretende alcançar
Pode-se observar que Maslow em sua teoria destaca que o algum objetivo, a uma variedade de fatores que poderão influenciar
comportamento do indivíduo está sujeito a uma hierarquia de fa- a motivação do indivíduo, quando o mesmo tem uma determinada
tores, baseada nas necessidades humanas, o teórico afirma que o necessidade, imediatamente busca mecanismos que faz com que a
indivíduo só será motivado a partir do momento que suas necessi- satisfação seja suprida de forma a lhe garantir um conforto e reali-
dades básicas forem supridas, colocando estas como sendo as ne- zação, ainda segundo o autor:
cessidades fisiológicas e de segurança, estando na base da pirâmide “Os seres humanos são motivados por uma grande variedade
hierárquica de Maslow, o indivíduo conseguiria atingir uma nova de fatores. O processo motivacional pode ser explicado da seguinte
necessidade a partir do momento que a anterior tiver sido satis- forma: as necessidades e carências provocam tensão e desconforto
feita, as necessidades superiores apresentam-se como motivadoras na pessoa e desencadeiam um processo que busca reduzir ou eli-
da conduta humana, ou seja, as necessidades sociais, estima e au- minar a tensão. A pessoa escolhe um curso de ação para satisfazer
to-realização. Sobre esta mesma teoria Maximiano (2007, p.262), determinada necessidade ou carência. Se a pessoa consegue satis-
vai dizer: fazer a necessidade, o processo motivacional é bem-sucedido. Essa
Maslow desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas avaliação do desempenho determina algum tipo de recompensa ou
dispõem-se numa hierarquia mais complexa que a simples divisão punição à pessoa.” (CHIAVENATO, 2005 p. 273).
em dois grandes grupos. Segundo Maslow, as necessidades huma- Essas considerações referentes à motivação nos levam a enten-
nas dividem-se em cinco grupos, necessidades fisiológicas ou bási- der que o processo motivacional está intimamente ligado ao com-
cas, segurança, sociais, estima, auto-realização. portamento do indivíduo, ou seja, o que ele busca alcançar; é claro
Segundo Robbins (2005), Herzberg, com a teoria dos dois fa- e faz se lembrar que o ambiente é fator preponderante para a busca
tores, traz que os estímulos de insatisfação se eliminados podem da realização das necessidades, vários fatores são responsáveis pela
apaziguar os colaboradores, mas não necessariamente trazem a sa- motivação humana. Dentro do contexto organizacional entende-se,
tisfação. Desse modo o contrário de satisfação é a não-satisfação; pois que o clima organizacional está relacionado com a motivação,
e da insatisfação é a não-satisfação. Pelo fato das pessoas não es- segundo Chiavenato (2005).
tarem insatisfeitas, não quer dizer que estão satisfeitas. Os incenti- “O clima organizacional está intimamente relacionado com o
vos motivacionais que acercam as condições de trabalho, Herzberg grau de motivação de seus participantes. Quando há elevada moti-
caracterizou como fatores higiênicos. vação entre os membros, o clima organizacional se eleva e traduz-
Ainda dentro da teoria de Herzberg, Chiavenato (2005), aborda -se em relações de satisfação, animação, interesse, colaboração ir-
dizendo que para Herzberg a motivação das pessoas para o trabalho restrita etc., todavia, quando a baixa motivação entre os membros,
vai depender de dois fatores, sendo os higiênicos que correspon- seja por frustração ou imposição de barreiras a satisfação, das ne-
dem ao contexto do trabalho e os motivacionais que correspondem cessidades, o clima organizacional tende a baixar, caracterizando-se
ao cargo, tarefas e atividades relacionadas com o cargo. por estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação etc.,
“As condições ambientais, no entanto, não são suficientes para podendo em casos extremos chegar ao estado de agressividade, tu-
induzir o estado de motivação para o trabalho. Para que haja moti- multo, inconformismo etc., típicos de situação em que os membros
vação, de acordo com Herzberg, é preciso que a pessoa esteja sinto- se defrontam abertamente com a organização, como nos casos de
nizada com seu trabalho, que enxergue nele a possibilidade de exer- greves, piquetes etc.” (CHIAVENATO, 2005 p. 269).
citar suas habilidades ou desenvolver suas aptidões.” (MAXIMIANO, Portanto, os gestores devem compreender que o clima organi-
2007 p.268-269). zacional é fator de grande importância nas organizações, a partir do
Seguindo ainda a linha das teorias que aborda à motivação momento que a organização oferece um ambiente que seja propí-
Zanelli (2004), apresenta a teoria X e Y, onde McGregor abordou cio para o colaborador se sentir motivado, animado e interessado
que o homem tem aversão ao trabalho, precisa ser controlado e com o trabalho, a organização caminhará ao alcance dos resultados
punido, só se interessa pela parte financeira que o trabalho irá lhe positivos, colaborador que trabalha satisfeito a organização só ten-
proporcionar, sendo está à teoria X, dentro da teoria Y, McGregor de a crescer, mas para isso é preciso que haja condições; uma desta
diz que o desempenho do homem no trabalho é um fator mais de é favorecer um ambiente de trabalho agradável.
natureza gerencial do que motivacional. O autor ainda acrescenta:
“A conclusão de McGregor foi a de que a prática gerencial As relações das teorias motivacionais contemporâneas e as
apoiada na teoria X ignorava os estudos da motivação desenvolvi- organizações
dos por Maslow, que ressaltavam o quanto a motivação seria decor- A expansão da globalização exige pessoas bem instruídas e
rente da emergência de necessidades humanas dispostas hierarqui- qualificadas. As teorias contemporâneas baseiam-se na necessida-
camente.” (ZANELLI, 2004 p.151-152). de de auto realização, a ambição por um bom cargo e status dos co-
Entende-se pois, que várias teorias foram criadas para abordar laboradores, essas teorias dão ênfase aos estímulos motivacionais
a motivação, cada uma com um enfoque, mais aliadas a analisar de principalmente no trabalho.
forma criteriosa a respeito do comportamento do indivíduo; de que Clayton Alderfer, com a Teoria ERG (Existence, Relatedness,
297
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Growth), somou à Teoria das Necessidades descrita por Maslow, in- 2. Qual é a função crucial atribuída às atividades laborativas ao
formações das organizações contemporâneas, e propôs três grupos longo da história?
de motivação no trabalho. O primeiro grupo foi o de existência, que (A) Subsistência e organização comunitária.
está associado às necessidades básicas, como descritas por Maslow (B) Desenvolvimento científico.
nas necessidades fisiológicas e de segurança. O segundo, as neces- (C)Inovação tecnológica.
sidades de relacionamento, desejo que os seres humanos têm em (D) Progresso social.
manter relações sociais. No último grupo, aparece a necessidade de
crescimento do colaborador, o desejo por cargos e status dentro da 3 - O que a sociologia explora como fenômeno social em
organização, realização pessoal dá ênfase as necessidades de nível relação ao trabalho?
alto da teoria de Maslow. “Um desejo intrínseco de desenvolvimen-
to pessoal. Isto inclui os componentes intrínsecos da categoria esti- (A) Desenvolvimento social.
ma de Maslow, bem como as características da necessidade de auto (B) Relações de trabalho.
realização”. (ROBBINS, 2005 p.136). (C)Inovação tecnológica.
David McClelland e sua equipe deram ênfase a três necessi- (D) Automatização.
dades: realização, poder e associação; que aparecem de forma di-
ferenciada em cada pessoa, caracterizando-as. A necessidade de 4 - Qual é a perspectiva da psicologia do trabalho no que
realização, a compulsão por eficiência, o desejo de ser cada vez concerne às vivências individuais dos trabalhadores?
melhor, e suprir sua necessidade pessoal, os grandes realizadores
se destacam das outras pessoas pelo seu desejo de fazer melhor as (A) Estudo do desenvolvimento social.
coisas. As pessoas que gostam de estar no comando, se caracteriza (B) Enfoque nas estruturas sociais.
pela necessidade de poder, em estar liderando e preferem situa- (C)Investigação sobre a eficiência tecnológica.
ções competitivas e de status, tendem a se preocupar mais com o (D) Direcionamento para as experiências individuais.
prestígio e a influência do que propriamente com o desempenho
eficaz. “Pessoas orientadas pela necessidade de associação buscam 5 - O que o avanço técnico impacta diretamente na experiência
a amizade, preferem situações de cooperação em vez de compe- psicológica dos trabalhadores, conforme o texto?
tição e desejam relacionamentos que envolvam um alto grau de
compreensão mútua.” (ROBBINS, 2005 p.139) (A) Estabilidade emocional.
As demais teorias, como, a teoria da fixação de objetivos, ênfa- (B) Bem-estar financeiro.
se na produtividade; teoria do reforço, qualidade e volume de tra- (C)Inovação tecnológica.
balho; teoria do planejamento do trabalho, produtividade, absente- (D) Eficiência tecnológica.
ísmo, satisfação e rotatividade; teoria da equidade, ponto forte na
previsão do absenteísmo e da rotatividade; e a teoria da expectati- 6 - O que a automatização, como exemplo de progresso técnico,
va, o colaborador se sente motivado sabendo que a força exercida pode causar, de acordo com o texto?
para objetivo terá o resultado esperado.
“O ambiente de trabalho moderno é, para dizer o mínimo, desafia- (A) Aumento das desigualdades.
dor. O sucesso das organizações e das pessoas que as fazem funcionar (B) Redução da eficiência.
não vem fácil. Essa era de contrastes abre a porta para a criatividade na (C) Desaceleração do progresso.
administração. Os ganhos em produtividade, desempenho e lealdade (D) Estagnação social.
do consumidor ficam à disposição daqueles que realmente respeitam
as necessidades dos trabalhadores, tanto no emprego quanto na vida 7 - Quais são os desafios psicológicos enfrentados em ambientes
pessoal.” (KLAVA apud SCHERMERHORN et al, 2010). onde a tecnologia desempenha papel preponderante?
As teorias motivacionais contemporâneas trouxeram uma nova
roupagem, sobre a motivação do indivíduo, adequando as teorias (A) Estabilidade emocional.
anteriores a um contexto organizacional moderno e desafiador, que (B) Bem-estar financeiro.
as organizações terão que enfrentar. (C)Adaptação rápida e receio da obsolescência profissional.
(D) Eficiência tecnológica.
QUESTÕES 8 - O que a sociologia aplicada ao trabalho explora em relação à
introdução de tecnologias avançadas no ambiente laboral?
1. O que é enfatizado como o principal na evolução social no
texto? (A) Impacto na saúde mental.
(A) Desenvolvimento científico. (B) Desenvolvimento social.
(B) Binômio trabalho e progresso técnico. (C) Desigualdades socioeconômicas.
(C) Inovação tecnológica. (D) Inovação tecnológica.
(D) Organização comunitária.
298
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
9 - O que é sublinhado como vital para fomentar uma evolução 17. Quais são os temas críticos abordados pela sociologia
equitativa e sustentável da sociedade no texto? aplicada ao trabalho no cenário contemporâneo?
(A) Exclusivamente questões políticas
(A) Inovação tecnológica. (B) Desafios no acesso a oportunidades laborais, precarização
(B) Desenvolvimento social. do trabalho e mudanças nas formas de emprego
(C)Compreensão das dinâmicas sociais e psicológicas. (C) Nenhuma abordagem contemporânea
(D) Eficiência tecnológica. (D) Apenas aspectos econômicos
10 - O que as disciplinas de sociologia e psicologia aplicadas ao 18. O que a psicologia busca ao enfrentar desafios
trabalho realizam na sociedade, segundo o texto? contemporâneos na organização de trabalho?
(A) Ignorar a saúde mental
(A) Papéis secundários. (B) Desconsiderar o bem-estar emocional
(B) Funções essenciais na antecipação e gestão dos desafios. (C) Promover ambientes laborais saudáveis
(C) Contribuições mínimas. (D) Aumentar a pressão no trabalho
(D) Desenvolvimento econômico.
19. No contexto das desigualdades sociais, como a sociologia
11. Qual é o papel fundamental do processo de trabalho na aplicada destaca a organização de trabalho?
compreensão das dinâmicas sociais, econômicas e psicológicas? (A) Refletindo igualdade absoluta
(A) Meramente secundário (B) Ignorando desigualdades
(B) Essencial e central (C)Reflexo e perpetuação de disparidades
(C)Ocasional e dispensável (D) Sem impacto nas desigualdades
(D) Aleatório e insignificante
20. O que é essencial para moldar futuras práticas de trabalho
12. De que maneira a sociologia aplicada ao trabalho explora mais justas, equitativas e humanas, segundo os textos?
as relações laborais? (A) Ignorar a sociologia
(A) Ignorando as relações laborais (B) Desconsiderar as transformações tecnológicas
(B) Analisando hierarquias organizacionais (C) Compreensão das dinâmicas sociais e psicológicas
(C)Enfocando apenas a divisão do trabalho (D) Focar apenas nas exigências do trabalho
(D) Desconsiderando as estruturas sociais
21. Como a sociologia aplicada ao trabalho aborda o trabalho
13. Qual é o foco da psicologia aplicada ao trabalho no escravizado?
ambiente laboral? (A) Ignorando as relações laborais
(A) Aspectos puramente físicos (B) Analisando hierarquias organizacionais
(B) Exclusivamente econômicos (C) Enfocando apenas a divisão do trabalho
(C) Apenas a divisão do trabalho (D) Desconsiderando as estruturas sociais
(D) Saúde mental, bem-estar emocional e desenvolvimento in-
dividual 22. Qual é o papel da sociologia na análise do trabalho
escravizado no contexto histórico?
14. O que a sociologia destaca em relação às mudanças na
organização de trabalho ao longo da história? (A) Irrelevância para as estruturas sociais
(A) Irrelevância para as estruturas sociais (B) Influência nas estruturas sociais
(B) Influência nas estruturas sociais (C) Ausência de impacto nas estruturas sociais
(C) Ausência de impacto nas estruturas sociais (D) Desconhecimento das transformações
(D) Desconhecimento das transformações
23. O que a psicologia aplicada ao trabalho investiga em relação
15. Qual é o papel da tecnologia na reconfiguração das às experiências individuais dos escravizados?
estruturas sociais, conforme evidenciado na sociologia?
(A) Sem relevância para as estruturas sociais (A) Impacto apenas econômico
(B) Papel secundário nas estruturas sociais (B) Efeitos psicológicos nas relações pessoais
(C) Desconsiderada nas análises sociológicas (C) Adaptação dos trabalhadores e impacto psicológico
(D) Reconfiguração das estruturas sociais (D) Desconsidera os efeitos psicológicos
16. O que a psicologia aplicada ao trabalho investiga em relação 24. Como o sistema feudal é descrito sob a perspectiva
às mudanças tecnológicas na organização de trabalho? sociológica?
(A) Impacto apenas econômico
(B) Efeitos psicológicos nas relações pessoais (A) Refletindo igualdade absoluta
(C) Adaptação dos trabalhadores e impacto psicológico (B) Ignorando desigualdades
(D) Desconsidera os efeitos psicológicos (C) Reflexo e perpetuação de disparidades
(D)Sem impacto nas desigualdades
299
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
25. O que a psicologia do trabalho feudal destaca em relação à 32 - Como eram organizados os artesãos durante o período
falta de reconhecimento do valor do trabalho? pré-industrial?
26. No contexto do trabalho livre desprotegido, como a 33 - O que a transição para a industrialização trouxe para a
sociologia aplicada ao trabalho analisa as relações de poder? estrutura do trabalho artesanal?
27. Qual é a preocupação central da psicologia aplicada ao 34 - Qual foi o papel da manufatura na Revolução Industrial?
trabalho no trabalho livre desprotegido?
(A) Produção artesanal
(A) Ignorar a saúde mental (B) Estágio intermediário
(B) Desconsiderar o bem-estar emocional (C)Produção fabril plena
(C) Promover ambientes laborais saudáveis (D) Retorno ao artesanato
(D) Aumentar a pressão no trabalho
35 - O que caracterizou a manufatura em termos de organização
28. Como a sociologia aplicada destaca a ausência de proteção do trabalho?
no trabalho livre desprotegido?
(A) Produção fabril em grande escala
(A) Reflexo de igualdade absoluta (B) Uso intensivo de máquinas
(B) Ignorando desigualdades (C)Escala intermediária e especialização
(C) Reflexo e perpetuação de disparidades (D)Trabalho manual tradicional
(D) Sem impacto nas desigualdades
36 - Como a manufatura influenciou as relações entre os
29. O que a psicologia aplicada ao trabalho examina no contexto trabalhadores?
do trabalho livre desprotegido?
(A) Tornou-as mais impessoais e hierárquicas
(A) Impacto apenas econômico (B) Promoveu a igualdade
(B) Efeitos psicológicos nas relações pessoais (C) Reduziu a divisão de classes
(C) Adaptação dos trabalhadores e impacto psicológico (D) Reforçou a autonomia individual
(D) Desconsidera os efeitos psicológicos
37 - Quais foram os desafios psicológicos para os trabalhadores
30. Como a sociologia e a psicologia aplicada ao trabalho na manufatura?
contribuem para enfrentar as consequências do trabalho
escravizado? (A) Autonomia e padronização
b) Criatividade e identidade
(A) Ignorando as dimensões sociais e psicológicas (C) Isolamento e monotonia
(B) Analisando apenas as estruturas sociais (D) Estresse e jornadas curtas
(C) Desconsiderando os impactos psicológicos
(D) Oferecendo ferramentas para analisar e transformar as re- 38 - O que a maquinofatura introduziu nas estruturas sociais?
alidades
(A) Uso intensivo de máquinas
31 - O que representou o artesanato nas fases iniciais da (B) Fragmentação do trabalho
industrialização? (C) Transição para a produção artesanal
(D) Perda de identidade profissional
(A)Uma forma tradicional de produção
(B) Uma tecnologia avançada
(C) Um precursor da automação
(D) Um método agrícola
300
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
39 - Como a automação na maquinofatura afetou a identidade 46 - O que a participação ativa no movimento operário
dos trabalhadores? proporcionou aos trabalhadores sob uma perspectiva psicológica?
40 - O que a mecanização da produção desencadeou nas 47 - Como a sociologia aplicada ao trabalho contribui para a
dimensões sociológicas e psicológicas do trabalho? compreensão do movimento operário?
(A) Estagnação no desenvolvimento industrial (A) Evidenciando o impacto psicológico nas lutas coletivas
(B) Aumento da produção artesanal (B) Explorando as condições imediatas de trabalho
(C) Mudanças radicais na estrutura social (C)Destacando as alterações nas estruturas sociais
(D) Minimização das relações entre empregadores e (D)Ignorando as complexidades das lutas coletivas
empregados
48 - O que fortalecia a autoestima e a autoeficácia dos
41 - Qual foi o século em que o movimento operário ganhou trabalhadores durante o movimento operário, de acordo com a
expressiva força como resposta às transformações da Revolução psicologia aplicada?
Industrial?
(A) Jornadas extenuantes
(A) Século XVIII (B) Condições precárias
(B) Século XIX (C) Envolvimento em protestos e negociações coletivas
(C) Século XX (D) Ausência de regulamentação
(D) Século XXI
42 - O que motivou a formação de sindicatos e movimentos 49 - Qual é a importância destacada no texto para a compreensão
coletivos durante o movimento operário? holística da organização dos trabalhadores e trabalhadoras?
43 - Qual perspectiva destaca as mudanças nas estruturas 50 - O que o movimento operário é considerado, de acordo
sociais causadas pela organização dos trabalhadores? com o texto?
301
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
11 B ANOTAÇÕES
12 B
13 D ______________________________________________________
14 B ______________________________________________________
15 D
______________________________________________________
16 C
17 B ______________________________________________________
18 C ______________________________________________________
19 C
______________________________________________________
20 C
______________________________________________________
21 B
22 B ______________________________________________________
23 C ______________________________________________________
24 C
______________________________________________________
25 D
26 B ______________________________________________________
27 C ______________________________________________________
28 C
______________________________________________________
29 C
______________________________________________________
30 D
31 A ______________________________________________________
32 B ______________________________________________________
33 C
______________________________________________________
34 B
35 C ______________________________________________________
36 A ______________________________________________________
37 C ______________________________________________________
38 B
______________________________________________________
39 C
40 C ______________________________________________________
41 B ______________________________________________________
42 C
_____________________________________________________
43 B
_____________________________________________________
44 A
45 D ______________________________________________________
46 C ______________________________________________________
47 C
______________________________________________________
48 C
49 B ______________________________________________________
50 C ______________________________________________________
______________________________________________________
302
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO
TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
303
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Além disso, o ambiente de trabalho envolve as responsabilida- mente e padrões sociais. A saúde de um empregado pode ser pre-
des legais e morais de assegurar um local de trabalho livre de riscos judicada por doenças, acidentes ou estresse.
desnecessários e de condições ambientais que possam provocar Os gerentes devem assumir também a responsabilidade de cui-
danos à saúde física e mental das pessoas. As doenças profissionais dar do estado geral de saúde dos funcionários, incluindo seu bem-
e os acidentes do trabalho provocam enormes prejuízos as pessoas -estar psicológico. Um funcionário excelente e competente, mas de-
e as organizações2 em termos de custos humanos, sociais e finan- primido e com baixa autoestima, pode ser tão improdutivo quanto
ceiros. um funcionário doente e hospitalizado. A saúde ocupacional está
Eles podem ocorrer casualmente, mas podem ser evitados relacionada com a assistência médica preventiva.
através de programas preventivos e profiláticos. Nas últimas dé- A Portaria nº. 24/94 do Ministério do Trabalho instituiu o Pro-
cadas, foram feitos muitos progressos na redução e prevenção de grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional, que exige o exa-
doenças e acidentes relacionados com o trabalho. me médico pré-admissional, o exame médico periódico, o de re-
torno ao trabalho (no caso de afastamento superior a 30 dias), o
Assim, os principais itens do programa de higiene do trabalho de mudança efetiva de função, antes da transferência e o exame
estão relacionados com: médico demissional, nos 15 dias que antecedem o desligamento
definitivo do funcionário.
1. Ambiente físico de trabalho. Envolvendo: · O programa de medicina ocupacional envolve os exames médi-
- Iluminação: luminosidade adequada a cada tipo de atividade. cos exigidos legalmente, além de executar programas de proteção
· da saúde dos funcionários, palestras de medicina preventiva, elabo-
- Ventilação: remoção de gases, fumaça e odores desagradá- ração do mapa de riscos ambientais, relatório anual e arquivos de
veis, bem como afastamento de possíveis fumantes ou utilização exames médicos com avaliação clínica e exames complementares,
de máscaras. · visando a qualidade de vida dos funcionários e maior produtividade
-Temperatura: manutenção de níveis adequados de tempera- da organização.
tura. · Os programas de saúde começaram a atrair a atenção muito
-Ruídos: remoção de ruídos ou utilização de protetores auri- recentemente. As consequências de programas inadequados são
culares. perfeitamente mensuráveis: aumento de pagamentos por indeniza-
ções, aumento dos afastamentos por doença, aumento dos custos
2. Ambiente psicológico de trabalho. Envolvendo: de seguros, aumento do absenteísmo e rotatividade do pessoal,
-Relacionamentos humanos agradáveis. baixa produtividade e baixa qualidade, além de pressões sindicais.
-Tipo de atividade agradável e motivadora.
-Estilo de gerencia democrático e participativo. Um programa de saúde ocupacional requer as seguintes eta-
-Eliminação de possíveis fontes de estresse. pas:
1. Estabelecimento de um sistema de indicadores, abrangendo
3. Aplicação de princípios de ergonomia. Envolvendo: estatísticas de afastamentos e acompanhamento de doenças.
-Máquinas e equipamentos adequados as características hu- 2. Desenvolvimento de sistemas de relatórios médicos.
manas. 3. Desenvolvimento de regras e procedimentos para prevenção
-Mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas. médica.
-Ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico hu- 4. Recompensas aos gerentes e supervisores pela administra-
mano. ção eficaz da função de saúde ocupacional.
304
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
balho ou na família. Existem duas fontes principais de estresse no 10. Saia do escritório algumas vezes para mudar de cena e es-
trabalho: ambiental e pessoal. friar a cuca.
Primeiro, uma variedade de fatores externos e ambientais 11. Reduza o tempo em que concentra sua atenção. Delegue
pode conduzir ao estresse no trabalho. Incluem a programação do rotina e papelório.
trabalho, tranquilidade, segurança, fluxo e o número e natureza dos 12. Limite interrupções: programe períodos de isolamento e
clientes internos ou externos a serem atendidos. Pesquisas revelam outros de reuniões.
que o ruído ambiental, decorrente de máquinas funcionando, pes- 13. Não fique muito tempo lidando com problemas desagra-
soas conversando e telefones tocando, contribui para o estresse em dáveis.
54% das atividades de trabalho. 14. Faça uma relação de assuntos preocupantes. Liste os pro-
Cada pessoa reage sob diferentes maneiras na mesma situação blemas prioritários e as providências sobre cada um para que não
aos fatores ambientais que provocam o estresse. Personalidades do fiquem rondando a sua memória.
tipo A - aquelas pessoas que são viciadas no trabalho (workaholics)
e que são impulsionadas para alcançar metas - geralmente estão A organização, os gerentes de linha e os especialistas de RH po-
mais sujeitas ao estresse do que as outras. dem colaborar na identificação e redução do estresse no trabalho.
Sua tolerância para a ambiguidade, paciência, autoestima, Para o gerente de linha, isso inclui monitorar cada subordinado para
saúde e exercícios físicos e hábitos de trabalho e de sono afetam a identificar sintomas de estresse e informar os remédios organizacio-
maneira como elas reagem ao estresse. Além do trabalho, proble- nais disponíveis, como transferências de cargo ou aconselhamento.
mas pessoais, familiares, conjugais, financeiros e legais ajudam a Os especialistas de RH podem utilizar pesquisas de atitudes
aumentar o estresse dos funcionários. para identificar fontes organizacionais de estresse, refinando os
O estresse no trabalho provoca sérias consequências tanto para procedimentos de seleção e colocação para assegurar uma adequa-
o empregado como para a organização. As consequências humanas ção entre pessoa e cargo bem como propor um planejamento de
do estresse incluem ansiedade, depressão, angústia e várias conse- carreiras em termos de suas atitudes.
quências físicas, como distúrbios gástricos e cardiovasculares, dores
de cabeça, nervosismo e acidentes. Em certos casos, envolvem abu- Hábitos Saudáveis
so de drogas, alienação e redução de relações interpessoais.
Por outro lado, o estresse também afeta negativamente a or- O organismo só pode se manter sadio com a aquisição e ma-
ganização, ao interferir na quantidade e qualidade do trabalho, no nutenção de hábitos saudáveis de vida, que incluem alimentação
aumento do absenteísmo e rotatividade e na predisposição a quei- equilibrada, sono regular, exercícios, higiene e lazer.
xas, reclamações e greves.
O estresse não e necessariamente disfuncional. Algumas pes- Exercícios
soas trabalham bem sob pequena pressão e são mais produtivas O exercício desenvolve o corpo e a mente. Sem exercício, os
em uma abordagem de cobrança de metas. Outras buscam inces- músculos se atrofiam; o aparelho digestivo e os órgãos de elimina-
santemente mais produtividade ou um melhor trabalho. Um nível ção trabalham de maneira insuficiente; os pulmões não se expan-
modesto de estresse conduz a maior criatividade quando uma situ- dem bem, nem recebem a quantidade necessária de oxigênio; e a
ação competitiva conduz a novas ideias e soluções. circulação se torna lenta. O tipo e a quantidade de exercício que o
Como regra geral, muitos empregados não se preocupam com corpo exige e suporta diferem de uma pessoa para outra, segundo a
uma pequena pressão desde que ela possa conduzir a consequên- idade, o sexo, as condições físicas e o gosto pessoal. Os esportes de
cias ou resultados positivos. competição, que exigem treinamento demasiado intenso, não são
recomendados para crianças de pouca idade; os de tipo pesado não
Como reduzir o estresse no trabalho devem ser praticados por meninas em fase de crescimento, embora
Existem várias maneiras de aliviar o estresse, desde maior tem- sejam bem tolerados pelos rapazes da mesma idade.
po de sono a remédios exóticos como biofeedback e meditação. Al-
brecht sugere as seguintes medidas para reduzir a estresse: Postura Correta
Os defeitos de postura acarretam distúrbios da saúde. A boa
1. Relações cooperativas, recompensadoras e agradáveis com postura influi tanto na personalidade quanto na saúde. Uma atitude
as colegas. descuidada faz o indivíduo parecer negligente, além de prejudicar o
2. Não tentar obter mais do que cada um pode fazer. desempenho de certas funções orgânicas. Para conseguir uma pos-
3. Relações construtivas e eficazes com a gerente. tura correta são fatores importantes o tono muscular e a criação de
4. Compreender os problemas do chefe e ajudá-lo a compre- hábitos adequados. Qualquer exercício que melhore o tono mus-
ender as seus. cular (esporte ou o simples caminhar) contribui para a aquisição
5. Negociar com o gerente metas realísticas para a seu traba- de uma boa postura. Quando a postura incorreta chega a causar
lho. Esteja preparado para propor metas, apesar daquelas que lhe perturbações físicas, é conveniente procurar um médico especia-
foram impostas. lizado, que aconselhará exercícios apropriados, uso de aparelhos
6. Estude o futuro e aprenda como se defrontar com eventos para manter o dorso ereto e outras providências.
possíveis.
7. Encontre tempo para desligar-se das preocupações e relaxar. Cuidado com os pés
8. Ande pelo escritório para manter sua mente tranquila e aler- As anormalidades dos arcos plantares (longitudinal, ao longo
ta. do bordo do pé; transversal, entre a base do dedo grande e do dedo
9. Verifique os ruídos em seu trabalho e busque meios para mínimo) são causa habitual de dor. O pé chato é desconhecido dos
reduzi-los. povos primitivos, já que o hábito de andar descalço mantém o tono
305
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
dos músculos e tendões. Dois exercícios são aconselháveis para os Olhos e ouvidos
que têm arcos fracos: Os olhos precisam receber meticulosa atenção. Não convém
- Segurar a borda de um tapete com os dedos do pé; forçá-los à leitura em ambientes onde seja precária a iluminação.
- Caminhar em volta do quarto sobre o bordo externo do pé A luz artificial, em qualquer ambiente, deve ser bem planejada. É
descalço ou com meias. Por vezes, o bem-estar dos pés e o estímu- aconselhável procurar um oftalmologista de tempos a tempos, prin-
lo dos músculos e tendões podem ser facilmente obtidos, quando cipalmente se houver dores de cabeça, enxaquecas ou dificuldades
são eles mergulhados, alternativamente, em água muito quente e de visão. Os ouvidos devem ser protegidos, na medida do possível,
muito fria. de fatores externos que possam afetá-los (água do mar ou das pis-
cinas etc.), da mesma maneira que o nariz e a garganta, em que são
Sono e repouso frequentes as infecções. É aconselhável a consulta periódica a um
O corpo humano necessita tanto de repouso quanto de ativi- otorrinolaringologista.
dade. A maioria dos adultos precisa de seis a nove horas diárias de
sono; os jovens devem dormir mais, principalmente nos períodos Prevenção de doenças infecciosas
de crescimento rápido. Deve-se conservar o hábito de dormir sem- Medidas importantes na prevenção de doenças infecciosas
pre no mesmo horário. A noite é o melhor período para dormir, são a filtração e a cloração da água potável, o uso de bebedouros
porque o ambiente está escuro e calmo. Dorme-se melhor quando e copos de papel descartáveis em lugares públicos, a cocção dos
as condições do ambiente propiciam conforto: quarto bem arejado, alimentos, a pasteurização e o aquecimento do leite etc. Em rela-
roupas adequadas e cobertas apropriadas à temperatura. Durante ção às doenças que se transmite diretamente de pessoa a pessoa, o
o sono, o organismo elimina os resíduos acumulados durante o dia, isolamento dos pacientes é importante para proteger os indivíduos
os músculos relaxam, os tecidos regeneram-se e o cérebro descan- sadios. A vacinação tem sido muito eficaz para deter a difusão de
sa da atividade a que foi submetido enquanto o indivíduo esteve certas doenças infecciosas (varíola, febre tifoide, poliomielite etc.).
acordado. Para os que têm insônia, recomenda-se relaxar bem a
musculatura. Um banho morno à noite ajuda a conciliar o sono. Não Lazer
se deve ingerir drogas indutoras do sono sem prescrição médica. O organismo responde às pressões do dia-a-dia com uma des-
carga de hormônios na circulação sanguínea que acelera o meta-
Alimentação bolismo, o ritmo cardíaco e respiratório e aumenta a pressão san-
O regime alimentar deve ser equilibrado e incluir proteínas, guínea e a tensão muscular. Submetido continuamente a essas
carboidratos, gorduras, sais minerais e vitaminas. A hipovitaminose pressões, o indivíduo entra em estado de estresse e pode apresen-
ou carência de vitaminas pode causar doenças, como escorbuto, tar problemas circulatórios, digestivos e mentais, como ansiedade,
beribéri, pelagra e outras. Deve-se comer regularmente e em horas depressão e distúrbios de personalidade. Para prevenir o estresse,
certas. Durante as refeições pode-se tomar quantidade moderada os melhores remédios são o lazer e o relaxamento. Entre as ativida-
de líquidos (leite, sucos de frutas ou água). Entre as refeições prin- des recomendadas estão à dança, prática de esportes individuais ou
cipais deve-se beber bastante água, que é um regulador do funcio- em grupo, caminhada ao ar livre, meditação, ioga, leitura, palavras-
namento dos órgãos e necessário para a eliminação dos produtos -cruzadas, jogos de cartas e o cultivo de algum passatempo, como
de excreção. O fumo tem efeitos nocivos sobre o sistema nervoso colecionar selos e cuidar de animais.
e os aparelhos respiratório e digestivo. Evitar fumar contribui, por-
tanto, para preservar a saúde. Do mesmo modo, aquele que faz uso Higiene do Ambiente do trabalho (Higiene Ambiental)
imoderado de bebidas alcoólicas não poderá desfrutar de saúde
perfeita. Dentre os fatores que influenciam na qualidade de vida e no
trabalho desenvolvido pelos profissionais de uma empresa está a
Asseio limpeza e a higiene do local de trabalho, que comprovadamente
A higiene é fundamental para a saúde. As mãos devem ser la- exercem forte influência sobre a produtividade dos colaboradores.
vadas antes das refeições, para eliminar as bactérias e vírus que po- Isto porque, manter o ambiente de trabalho limpo e organi-
dem ser levados à boca e infectar o organismo. O descanso do corpo zado garante um melhor aproveitamento dos espaços, bem como
requer banhos frequentes para tirar o pó, o suor e a descamação da proporciona bem-estar e qualidade de vida para os profissionais
epiderme morta. É desaconselhável o banho após refeições abun- que ali passam a maior parte do seu dia, auxiliando consequente-
dantes, pois a atividade digestiva subtrai muito sangue à circulação mente também no desempenho dos funcionários.
periférica, o que pode causar cãibras e resfriados. Convém esperar Nesse sentido, a higiene do trabalho refere-se a técnicas e mé-
pelo menos uma hora antes de tomar o banho. O cabelo e o couro todos como, limpeza, conservação e cuidados que quando imple-
cabeludo devem ser conservados limpos da descamação que conti- mentados, evitam doenças.
nuamente se produz. As unhas devem ser cuidadas, cortadas con- Vale ressaltar ainda que, manter o ambiente de trabalho limpo
venientemente e mantidas sempre limpas. Os vernizes e pinturas e higienizado, também previne acidentes e garante a manutenção
para unhas às vezes são prejudiciais. Os dentes devem ser escova- dos equipamentos da organização.
dos (pelo menos duas vezes por dia) para a necessária limpeza das Além do aspecto visual, incluindo poeira, manchas no chão, ba-
superfícies e dos espaços que os separam e remoção de partículas nheiros com odores fortes, equipamentos com teias de aranhas, en-
alimentares. É recomendável a consulta periódica ao dentista. tre outros, existe ainda a sujeira que não está visível a olho nu e que
também pode afetar a saúde dos trabalhadores, como por exemplo
as bactérias, os ácaros e demais microrganismos que podem causar
tosses, pneumonia, meningite, entre outras complicações capazes
de comprometer a produtividade dos funcionários e, por consequ-
306
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
307
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
4. Condições ergonômicas inadequadas: agravos à saúde do trabalhador podem surgir de condições ergonômicas precárias, levando
a problemas como lesões por esforço repetitivo (LER), distúrbios musculoesqueléticos e problemas posturais.
5. Aspectos psicossociais do trabalho: fatores psicossociais, como estresse no trabalho, assédio, carga excessiva de trabalho e falta
de autonomia, podem impactar a saúde mental dos trabalhadores, resultando em agravos como ansiedade, depressão e esgotamento
profissional.
6. Exposição a agentes nocivos: trabalhadores expostos a agentes químicos, físicos ou biológicos nocivos no ambiente de trabalho
podem sofrer agravos à saúde, incluindo intoxicações, alergias e doenças infecciosas.
7. Vigilância em saúde do trabalhador: a vigilância em saúde do trabalhador envolve a coleta e análise de dados relacionados à saúde
dos trabalhadores para identificar agravos, padrões de doenças e riscos ocupacionais. Isso permite a implementação de medidas preven-
tivas e corretivas.
8. Participação dos trabalhadores: a participação ativa dos trabalhadores é crucial no estudo dos agravos à saúde. A escuta atenta dos
trabalhadores sobre suas condições laborais pode fornecer insights valiosos para a identificação e prevenção de agravos.
9. Políticas de saúde e segurança no trabalho: a implementação eficaz de políticas de saúde e segurança no trabalho desempenha um
papel significativo na prevenção de agravos à saúde dos trabalhadores. Isso envolve a criação de normas, regulamentações e práticas que
promovam ambientes laborais seguros e saudáveis.
10. Integração de medidas preventivas: a abordagem mais eficaz para lidar com agravos à saúde do trabalhador é a integração de
medidas preventivas, incluindo treinamento adequado, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), monitoramento constante das
condições de trabalho e promoção de ambientes laborais saudáveis.
A compreensão desses agravos permite a implementação de medidas preventivas e a promoção de práticas que protejam a saúde física
e mental dos trabalhadores em diferentes setores e atividades profissionais.
Destaca-se que é fundamental esgotar todas as possibilidades de controle dos fatores de risco nos ambientes de trabalho por meio de
medidas coletivas antes de considerar as de proteção individual. Algumas dessas medidas incluem:
– Educação permanente em saúde e fornecimento de informações aos trabalhadores.
– Acompanhamento por equipes de saúde, seguindo os procedimentos estabelecidos no Programa de Controle Médico e Saúde Ocu-
pacional, e monitoramento sistemático da situação de saúde para identificar alterações ou agravos resultantes da exposição a fatores de
risco no trabalho.
– Identificação dos riscos e perigos no ambiente de trabalho, com recomendação de medidas corretivas para cada situação observada.
– Adoção de normas de saúde e segurança no trabalho, incluindo as Normas Regulamentadoras, e boas práticas de funcionamento
conforme as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Quando o uso de equipamentos de proteção individual for necessário, esses devem ser adequados aos riscos, às situações reais de tra-
balho e às especificações e diferenças individuais dos trabalhadores. Além disso, é fundamental que esses equipamentos tenham garantia
de qualidade, e sua efetividade deve ser avaliada em situações e condições de uso cotidianas. Os trabalhadores devem ser devidamente
capacitados sobre o uso dos equipamentos de proteção individual, enquanto os empregadores têm a responsabilidade de realizar o acom-
panhamento da utilização, manutenção, reposição periódica e higienização desses equipamentos.
308
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
O processo de investigação da relação entre a doença ou agravo 1.5.4.3.1 A etapa de identificação de perigos deve incluir:
e o trabalho é preferencialmente conduzido por uma equipe multi- a) descrição dos perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde;
disciplinar, embora qualquer profissional de saúde possa realizar a b) identificação das fontes ou circunstâncias; e
investigação epidemiológica e estabelecer a conexão com o traba- c) indicação do grupo de trabalhadores sujeitos aos riscos.
lho. A primeira etapa envolve o reconhecimento de casos suspeitos,
que inclui a identificação do usuário como trabalhador e uma escu- 1.5.4.3.2 A identificação dos perigos deve abordar os perigos
ta qualificada das queixas pelo profissional de atendimento. externos previsíveis relacionados ao trabalho que possam afetar a
Em situações mais complexas ou quando o profissional de aten- saúde e segurança no trabalho.
dimento se sentir inadequadamente preparado, é recomendável
acionar os órgãos de vigilância e os Centros de Referência em Saúde
do Trabalhador para obter apoio especializado, facilitando a com-
ACIDENTE DO TRABALHO: DEFINIÇÃO E LEGISLAÇÃO
preensão da relação entre o evento de saúde e o trabalho.
PREVIDENCIÁRIA. EQUIPARAÇÃO DOS ACIDENTES
Para estabelecer a relação com o trabalho, são considerados a
DE TRABALHO ÀS DOENÇAS RELACIONADAS
anamnese ocupacional, o exame clínico, a avaliação de relatórios
AO TRABALHO. EMISSÃO DE COMUNICAÇÃO
e exames complementares, além da história clínica e ocupacional
DE ACIDENTE DO TRABALHO (CAT). MODELOS,
atual e pregressa do trabalhador. Isso envolve verificar se:
METODOLOGIAS, ETAPAS DA ANÁLISE DE ACIDENTES
– Existe compatibilidade entre a doença ou agravo e uma altera-
DE TRABALHO E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO E
ção corporal/funcional específica.
COMBATE A SINISTROS. ESTUDO DE FATORES CAUSAIS
– Houve identificação e caracterização da exposição a agentes
EM EVENTOS OCUPACIONAIS ADVERSOS. ACIDENTES
no ambiente e nos processos de trabalho potencialmente causado-
AMPLIADOS, PLANIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIAS
res da doença ou agravo.
E CATÁSTROFES. PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO
– A atividade desenvolvida expõe o trabalhador ao risco de do-
E EXPLOSÕES. CUIDADOS E PROTOCOLOS COM
ença ou agravo.
RESPEITO AO TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS.
– O trabalho foi um dos fatores causais da ocorrência ou contri-
PRIMEIROS SOCORROS
buiu para o agravamento da doença ou agravo.
Acidentes do trabalho
Outros aspectos relevantes para a condução da investigação Os adicionais de insalubridade e periculosidade, assim como
incluem o conhecimento e avaliação do local e da organização do o adicional noturno, são chamados de salários-condição, ou seja,
trabalho, através de inspeção sanitária em saúde do trabalhador; tais parcelas só serão devidas enquanto existirem os motivos que
o levantamento de dados epidemiológicos; a consulta à literatura deram ensejo ao recebimento. Releia a Súmula nº 80 do TST.
científica; a investigação de eventos anteriores ocorridos em traba-
lhadores expostos a riscos semelhantes; e a coleta de depoimentos O art. 19, caput, da Lei no 8.213/1991 fixa um conceito para o
e experiências dos próprios trabalhadores. acidente de trabalho:
Segundo NR-01: Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
NR 01 - DISPOSIÇÕES GERAIS e GERENCIAMENTO DE RISCOS trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo
OCUPACIONAIS exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11
dessa lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
1.5.4.2.1 O levantamento preliminar de perigos deve ser reali- cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,
zado: da capacidade para o trabalho.
a) antes do início do funcionamento do estabelecimento ou no-
vas instalações; Acidente do trabalho típico4 é o que ocorre pelo exercício
b) para as atividades existentes; e do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico,
c) nas mudanças e introdução de novos processos ou atividades provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
de trabalho. a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho (art. 19, Lei n. 8.213/91).
309
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Constatando-se que determinada doença não incluída na A natureza acidentária da incapacidade do trabalhador para
relação específica resultou das condições especiais em que o o trabalho decorre da constatação da ocorrência de nexo técnico
trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação
Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho (§ 2º, art. entre a atividade da empresa ou do empregado doméstico e
20, Lei n. 8.213/91). a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na
Classificação Internacional de Doenças (CID) – (art. 21A, Lei n.
Não são consideradas como doença do trabalho (§ 1º, art. 20, 8.213/91).
Lei n. 8.213/91):
– A doença degenerativa; Cópia da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) deve
– A inerente a grupo etário; ser fornecida ao acidentado ou a seus dependentes, bem como ao
– A que não produza incapacidade laborativa; sindicato a que corresponda a sua categoria (§ 1º, art. 22, Lei n.
– A doença endêmica adquirida por segurado habitante de 8.213/91).
região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que
é resultante de exposição ou contato direto determinado pela Na falta de comunicação por parte da empresa, podem
natureza do trabalho. formalizá-la (§ 2º, art. 22, Lei n. 8.213/91):
– O próprio acidentado;
Equiparam-se também ao acidente do trabalho (art. 21, Lei n. – Os dependentes do acidentado;
8.213/91): – A entidade sindical competente;
– O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha – O médico que o assistiu;
sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte – Qualquer autoridade pública.
do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua Considerase como dia do acidente, no caso de doença
recuperação; profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade
– O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia
trabalho, em consequência de: da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (art.
terceiro ou companheiro de trabalho; 23, Lei n. 8.213/91).
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar
disputa relacionada ao trabalho; o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato,
terceiro ou de companheiro de trabalho; à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o
d) ato de pessoa privada do uso da razão; limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição,
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada
ou decorrentes de força maior; pela Previdência Social (art. 22, Lei n. 8.213/91).
Com o intuito de evitar a ocorrência de acidentes do trabalho
– A doença proveniente de contaminação acidental do e de doenças profissionais, a empresa é responsável pela adoção e
empregado no exercício de sua atividade; uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da
– O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e saúde do trabalhador (§ 1º, art. 19, Lei n. 8.213/91).
horário de trabalho: Desse modo, a ocorrência de acidente do trabalho ou das
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a situações a ele equiparáveis pode acarretar diversas consequências
autoridade da empresa; jurídicas para o empregador, entre as quais está a responsabilidade
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa civil, caracterizada pelo dever de indenizar os danos sofridos
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; pelo trabalhador em decorrência do acidente (morais, materiais,
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo estéticos).
quando financiada por ela dentro de seus planos para melhor Nesse sentido, o art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal
capacitação da mão de obra, independentemente do meio de estabelece, como direito dos trabalhadores urbanos e rurais, o
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive dolo ou culpa”.
veículo de propriedade do segurado. O seguro contra acidentes de trabalho abrange diversos
benefícios acidentários, entre os quais estão, principalmente, as
Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião prestações de serviços, que correm às expensas do INSS, mediante
da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do financiamento do Estado e dos empregadores (art. 22, II, Lei n.
trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício 8.212/91).
do trabalho (§ 1º, art. 21, Lei n. 8.213/91). Já a indenização, fundamentada na culpa aquiliana lato sensu
Não é considerada agravação ou complicação de acidente (art. 186, Código Civil),75 é suportada pelo próprio empregador
do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, responsável, em caso de ação ou omissão decorrente de culpa ou
associe-se ou se superponha às consequências do anterior (§ 2º, dolo.76
art. 21, Lei n. 8.213/91).
310
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
No entanto, a questão relativa à natureza da responsabilidade do empregador pelos danos causados ao empregado decorrentes de
acidente do trabalho é bastante polêmica, podendo ser identificadas diversas correntes a respeito do tema, entre as quais destacamse:
a) teoria da responsabilidade subjetiva;
b) teoria da responsabilidade objetiva em atividades de risco;
c) teoria da responsabilidade objetiva como regra geral; e
d) teoria da responsabilidade com culpa presumida.
O processo de trabalho em saúde, especialmente nas ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, é caracterizado por prá-
ticas comunicativas, com ênfase na comunicação interpessoal e midiática. Destacamos que essas ações devem ser desenvolvidas por meio
de processos de planejamento e avaliação alinhados com as políticas de saúde (RANGEL-S, 2005). Nesse contexto, é crucial desenvolver
estratégias que coloquem o usuário e suas necessidades no centro dessas práticas, buscando reduzir as assimetrias e hierarquias inerentes
às dinâmicas do processo comunicativo e das relações sociais em uma sociedade marcada pela desigualdade.
As atividades educativas voltadas para a promoção da saúde e prevenção de doenças se destacam como um espaço privilegiado para
a produção das práticas de comunicação com os usuários, ganhando maior relevância com a expansão da atenção básica e da estratégia de
saúde da família. Diante desse cenário, torna-se imperativo revisar as práticas educativas, alinhando-as aos princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS) e, mais especificamente, à integralidade. O modelo de educação dialógica, em contraponto ao modelo tradicional, destaca-se
por adotar a comunicação dialógica como estratégia para práticas de educação em saúde sensíveis às necessidades subjetivas e culturais
dos usuários (ALVES, 2005).
Segundo Alves (2005:48), o propósito da educação dialógica não consiste apenas em fornecer informações sobre a saúde, mas sim
em transformar os saberes existentes. Nessa perspectiva, a prática educativa visa promover o desenvolvimento da autonomia e do auto-
cuidado em saúde. No entanto, essa transformação não é mais baseada na imposição de um conhecimento técnico-científico detido pelo
profissional de saúde, mas sim na promoção da compreensão da situação de saúde (ALVES, 2005:48).
Diante de um cenário que exige a construção de práticas educativas como estratégia de intervenção no processo saúde-doença-cuida-
do, desenvolver uma comunicação dialógica torna-se fundamental. Isso visa fortalecer os laços de corresponsabilidade entre profissionais
de saúde e usuários, reconhecendo e compreendendo os determinantes sociais em saúde, bem como comprometendo-se com a transfor-
mação da realidade comunitária para garantir o direito à qualidade de vida da população (RANGEL-S, 2005).
A comunicação, como prática, é intrinsecamente assimétrica, evidenciando as diversas posições de poder ocupadas pelos participan-
tes. No contexto do trabalho em saúde, a relevância da comunicação destaca-se como um desafio significativo para os profissionais em
suas práticas. Rangel-S (2005) destaca três atitudes essenciais no processo de construção de uma comunicação dialógica: atitude dialógica,
atitude de pesquisa e atitude reflexiva.
1. Atitude Dialógica: refere-se à predisposição para compreender a interpretação do outro sobre o evento em questão, como uma
doença ou agravo. Isso implica reconhecer o conhecimento do usuário como tão significativo quanto o do profissional de saúde, sem su-
bestimar suas experiências.
2. Atitude de Pesquisa: envolve o desenvolvimento de uma atitude de pesquisa pelo profissional de saúde. Isso significa adotar uma
postura de questionamento, de surpresa, buscando agregar novas interpretações para compreender o mundo. Essa atitude incentiva a
desconfiança em relação à obviedade das coisas, às análises habituais impregnadas de conteúdos ideológicos e preconceitos.
3. Atitude Reflexiva: enfatiza a necessidade de observar e refletir sobre as posturas adotadas pelos sujeitos nas práticas cotidianas re-
lacionadas aos riscos à saúde. Além disso, requer uma avaliação crítica da própria postura na relação com o outro, validando suas respostas
e abrindo perspectivas para a incorporação de práticas investigativas na rotina de trabalho. Isso pode ser alcançado por meio da adoção
de técnicas de observação e entrevistas. (Fonte: adaptado de Rangel-S, 2005).
311
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Os princípios mencionados anteriormente proporcionam o reconhecimento da existência de diversos discursos na sociedade brasileira
relacionados à saúde do trabalhador. Esses discursos, como o sanitarista, coexistem e se contrapõem a outros, como o biomédico, o da
saúde como mercadoria e o de culpabilização dos trabalhadores por doenças e agravos vinculados às condições de trabalho. A análise de
comunicações dedicadas à saúde do trabalhador permite a identificação e compreensão desses discursos, destacando suas potencialida-
des e fragilidades. Essa observação enriquece a compreensão do fenômeno, proporcionando uma leitura mais abrangente.
Essa perspectiva possibilita ainda reconhecer “vozes” sociais adicionais com as quais esses discursos interagem e tentam se distinguir.
Ao examinar peças de comunicação sobre a saúde do trabalhador, é viável delinear uma interpretação dos discursos que permeiam a abor-
dagem dessa temática. Isso não apenas facilita o entendimento desses discursos, mas também revela como eles se posicionam na disputa
de significados presente no campo social (ARAÚJO, 2004; ARAÚJO, 2006; LAMEGO, RANGEL, 2013).
— Conceitos
Acidente de trabalho
Qualquer incidente não natural envolvendo acidentes e violências (Capítulo XX da CID-10 V01 a Y98) que ocorra no ambiente de tra-
balho ou durante o exercício do trabalho, enquanto o trabalhador está desempenhando atividades relacionadas à sua função, a serviço
do empregador (Típico) ou no percurso entre a residência e o trabalho (Trajeto). Esse incidente provoca lesão corporal ou perturbação
funcional, podendo resultar na perda ou redução temporária ou permanente da capacidade de trabalho e até mesmo na morte.
312
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
313
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Neste cenário, a Toxicologia Ocupacional estuda os efeitos biológico, que estima o risco para a saúde dos indivíduos expostos a
nocivos causados por substâncias químicas presentes no ambiente substâncias químicas com base na exposição interna do organismo
de trabalho. (dose interna).
Importante destacar que em um ambiente de trabalho, a saúde Neste caso, os trabalhadores são examinados, individualmente,
e a segurança dos trabalhadores são sempre uma preocupação, procurando detectar precocemente uma exposição excessiva (antes
afinal, acidentes e doenças estão sempre os ameaçando. que alterações biológicas significativas ocorram) ou, então, algum
Por esta razão, um dos objetivos da Segurança do Trabalho e distúrbio biológico reversível (antes que tenham causado algum
da Toxicologia Ocupacional é a prevenção dos danos à saúde do prejuízo à saúde).
trabalhador, que possam ser causados por químicos no ambiente
laboral. Para tanto, os níveis de exposição ao risco, quando Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCM-
presentes no ambiente, devem permanecer em uma faixa de SO
valores considerada aceitável.
O crescimento acelerado das empresas e das indústrias, e Para um monitoramento eficaz do ambiente de trabalho,
consequentemente o aumento do uso de produtos químicos, são recomenda-se a implantação do Programa de Controle Médico
fatores responsáveis pela exposição do trabalhador a uma variedade de Saúde Ocupacional (PCMSO), que é um programa que deve ser
de substâncias capazes de produzirem efeitos indesejáveis sobre os elaborado em implantado em todas as empresas que possuam
sistemas biológicos. As medidas preventivas destinadas a este fim funcionários registrados, com o objetivo de promoção e preservação
são conhecidas como procedimentos de monitoramento. da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. É estabelecido com o
Médico do Trabalho, juntamente com a empresa que o mesmo irá
A toxicologia se baseia análise de três elementos básicos: prestar os serviços.
1) o agente químico capaz de produzir um efeito; A Norma Regulamentadora – NR-7 estabelece a obrigatoriedade
2) o sistema biológico com o qual o agente capaz irá interagir de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores
para produzir o efeito; e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do
3) o efeito resultante que deverá ser adverso (ou tóxico) para o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com
sistema biológico. o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos
seus trabalhadores.
Para prevenir e minimizar os efeitos causados por agentes
químicos no ambiente de trabalho é necessário um grande O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCM-
conhecimento sobre os agentes ocupacionais potencialmente SO) constitui um programa fundamentado na Norma Regulamen-
tóxicos, especialmente informações sobre a toxicidade das tadora número 7 do Ministério do Trabalho (NR 7). Seu propósito
substâncias e a relação dose/resposta. é eminentemente preventivo, visando o rastreamento e diagnósti-
Esses dados podem ser obtidos por meio da análise detalhada co precoce de possíveis agravos à saúde relacionados ao trabalho,
de cada ambiente de trabalho e ainda por meio experimentos, abrangendo tanto aspectos subclínicos quanto a identificação de
pesquisas epidemiológicas, estudos de caso, etc. casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos
Com os dados experimentais e epidemiológicos, torna-se trabalhadores.
possível definir critérios de segurança para cada substância, como, A elaboração e implementação do PCMSO devem ser orienta-
por exemplo, as suas concentrações aceitáveis, e adotar medidas das pelos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente aqueles
de prevenção que tornem possível respeitar esses critérios. Dessa identificados nas avaliações previstas em outras Normas Regula-
maneira, é mantida a saúde do trabalhador, ou, em outras palavras, mentadoras ou no levantamento de riscos conduzido pelo Setor de
alcançado o objetivo da Toxicologia Ocupacional 5. Engenharia e Segurança do Trabalho (SESET).
Após a identificação e análise dos agentes químicos capazes
de produzir algum dano à saúde do trabalhador, necessário se faz A Norma Regulamentadora 7 (NR-7)
o monitoramento ambiental constante, como forma de controle A Norma Regulamentadora 7 (NR-7) é uma legislação brasileira
desses agentes nocivos, sendo o único modo de se prevenir o que estabelece diretrizes e requisitos para o Programa de Contro-
aparecimento de alterações prejudiciais à saúde, decorrentes da le Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) em empresas. Emitida
exposição ocupacional. pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a NR-7 tem como objetivo
O monitoramento ambiental, entretanto, ao estimar a promover a saúde e a segurança dos trabalhadores por meio da
intensidade da exposição, não é inteiramente satisfatório para prevenção, monitoramento e controle de riscos ocupacionais.
evitar o risco decorrente da exposição ocupacional a agentes A NR-7 foi instituída pela Portaria nº 24, de 29 de dezembro de
nocivos. Existem inúmeras variáveis que prejudicam a associação 1994, e sofreu atualizações subsequentes para garantir a eficácia e
direta entre a exposição e os efeitos nocivos. a adequação às mudanças nas práticas de saúde ocupacional. Aqui
Os indivíduos diferem quanto à duração e à intensidade estão alguns pontos-chave relacionados à NR-7:
da exposição aos contaminantes da atmosfera, aos hábitos 1. PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio-
alimentares, hábitos próprios no trabalho e no macroambiente. O nal: O PCMSO é um programa obrigatório para todas as empresas
monitoramento ambiental não considera, por exemplo, o trabalho que admitam trabalhadores como empregados. Ele visa a promo-
extra ou o trabalho pesado, quando pode ocorrer até 20 vezes mais ção e preservação da saúde dos trabalhadores, integrando ações de
inalação de ar por minuto do que no trabalho leve. saúde médica e ocupacional.
Por esta razão, recomenda-se também o monitoramento 2. Elaboração do PCMSO: A NR-7 estabelece que o PCMSO
5 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/ deve ser elaborado e implementado por médico do trabalho, com a
introducao-a-toxicologia/52187 colaboração dos demais profissionais de saúde necessários, levan-
314
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
do em consideração os riscos específicos de cada atividade laboral. As principais vias de absorção de toxicantes são pela via
3. Abrangência e Periodicidade dos Exames Médicos: O PCMSO respiratória (gases, substancias altamente voláteis, etc.) e pela
define a obrigatoriedade de realização de exames médicos admis- mucosa gastrintestinal (geralmente intoxicação intencional
sionais, periódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função com medicamentos, venenos, etc., mas também acidentais,
e demissionais. A periodicidade desses exames varia de acordo com especialmente no caso de crianças).
a atividade e os riscos ocupacionais a que os trabalhadores estão A absorção de toxicantes pela pele é menos comum, mas ela
expostos. ocorre com substancias que possuem alta lipossolubilidade como
4. Riscos Ocupacionais e Exames Complementares: A NR-7 es- pesticidas do grupo dos organofosforados e organoclorados,
tabelece que o PCMSO deve considerar os riscos ocupacionais pre- substâncias que em animais superiores são responsáveis por crises
sentes no ambiente de trabalho. Com base nessa avaliação, são de- colinérgicas, aumento do risco do desenvolvimento de neoplasias e
terminados os exames complementares necessários para monitorar leucemias, etc.
a saúde dos trabalhadores. A absorção por outras vias é menos comum e conhecida, mas
5. Colaboração entre Profissionais de Saúde: O PCMSO promo- sua existência é possível desde que observadas as características da
ve a integração entre diferentes profissionais de saúde, como mé- região que o toxicante se encontra e também as características do
dicos, enfermeiros, engenheiros de segurança do trabalho e outros mesmo.
especialistas, para garantir uma abordagem abrangente na gestão A absorção é facilitada por mecanismos de transporte através
da saúde ocupacional. da membrana como transporte passivo (quando o gradiente de
6. Registro e Documentação: A NR-7 estabelece a necessidade concentração favorece a entrada da substância, que nesse caso
de manter registros atualizados dos resultados dos exames médicos deve possuir estrutura molecular pequena), transporte ativo
e demais avaliações realizadas no âmbito do PCMSO. Essa docu- (onde há gasto de energia, pois a entrada da substância vai contra
mentação é essencial para a fiscalização e auditorias. o gradiente de concentração, sendo esta uma via de transporte
7. Atendimento em Caso de Necessidade: A norma destaca a saturante, envolvendo carreadores de origem proteica), pinocitose
importância de garantir o atendimento médico aos trabalhadores (englobamento de substâncias através da membrana celular) e
em casos de urgência ou emergência relacionados ao trabalho, in- difusão facilitada (transporte passivo mais elaborado, com ou sem
dependentemente do horário de funcionamento dos serviços de a presença de proteínas).
saúde. Após a absorção o toxicante é distribuído pelo corpo, onde essa
8. Comunicação de Doenças Ocupacionais: A NR-7 estabelece substância busca transpor barreiras biológicas (hematoencefálica,
procedimentos para a comunicação de doenças ocupacionais aos placentária, etc.) e se ligar em proteínas plasmáticas (principalmente
trabalhadores e aos órgãos competentes, quando aplicável, garan- a albumina), pois estes são os principais carreadores de substancias
tindo a transparência e a responsabilidade no manejo dessas situ- químicas.
ações. Enquanto a substância estiver ligada a uma proteína
9. Responsabilidades dos Empregadores: A norma define que é plasmática, ela não desenvolve ação alguma no organismo, porém
responsabilidade do empregador garantir a implementação e a ma- ela também não é metabolizada e nem excretada. A ligação não é
nutenção do PCMSO, bem como proporcionar todas as condições irreversível, geralmente do tipo liga-desliga, pois favorece a ligação
necessárias para a eficácia do programa. com o sítio de ação do toxicante. Quanto maior a taxa de ligação de
10. Promoção de Ambientes de Trabalho Saudáveis: A NR-7 uma substância às proteínas plasmáticas, maior a meia-vida dessa
contribui para a promoção de ambientes de trabalho mais seguros substância e mais tempo ela permanece circulante.
e saudáveis, ao exigir a identificação e o controle de riscos, o moni- A compleição física do indivíduo, com especial atenção ao seu
toramento da saúde dos trabalhadores e a implementação de ações estado nutricional e a saúde hepática tem importância significativa
preventivas. nessa fase da toxicocinética. Indivíduos subnutridos ou com
distúrbios hepáticos, com poucas proteínas e metabolismo desta é
O cumprimento da NR-7 é fundamental para garantir a saúde e baixo, tem uma fração livre de toxicantes maior do que um mesmo
a integridade dos trabalhadores, promovendo a prevenção de do- indivíduo saudável, quando expostos ao mesmo tipo de intoxicação.
enças ocupacionais e a promoção de ambientes de trabalho segu- Quanto maior a fração livre da substância, maior serão os
ros. Empregadores devem estar cientes das exigências da norma e efeitos tóxicos no organismo. O fígado é importante, pois ele é o
implementar as medidas necessárias para atender a seus requisitos. principal órgão produtor de proteínas, hormônios, etc. e toda a
albumina circulante é produzida no fígado.
TOXICOCINÉTICA A biotransformação ou metabolismo da substância é a terceira
etapa da toxicocinética, ocorrendo nela ação sinérgica de fígado e
A fase da toxicocinética é caracterizada como sendo a ação rim sobre a substância, e com isso, está intimamente relacionada
que o organismo realiza sobre a substância toxicante. Atua em 04 com a excreção.
níveis distintos e consecutivos: absorção, distribuição, metabolismo O fígado por meio de enzimas metabolizadores de fase 1 e fase
e excreção. 2 transforma a substância xenobiótica com pouca solubilidade em
A absorção é a primeira fase da toxicocinética caracteriza pela meio aquoso, para um produto mais hidrossolúvel facilitando o
entrada do toxicante no organismo por meio de transporte em processo de excreção dos rins.
membranas. Um toxicante pode ter sua ação tóxica potencializada A classe de enzimas do citocromo P450 (CYP450) metaboliza
ou diminuída pela via de absorção, levando-se em consideração todas as classes de fármacos e outros xenobióticos (como
suas características físico-químicas e as condições do meio, como biomoléculas, toxicantes, etc.) e atua em várias famílias químicas
hidrossolubilidade ou lipossolubilidade, grau de ionização, área de e bioquímicas simultaneamente, surgindo daí o conceito de
absorção, pH do meio, etc. indução ou inibição enzimática dessas enzimas metabolizadoras,
315
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
aumentando ou diminuindo a ação farmacológica e, muitas vezes, Define-se como dose letal (DL) de uma substância a dose
favorecendo os efeitos tóxicos presentes nos medicamentos, o que mínima necessária para a observação do poder mortífero da
é bastante preocupante na prática terapêutica. mesma. A DL mais comumente mensurada é a DL50, onde se avalia
As reações de fase 1 do metabolismo envolvem reações a concentração de uma substância química capaz de matar 50% da
simples de oxidação e redução das substâncias, entre outras população de animais testados. Essa dose mede-se em miligramas
reações, tornando-as mais polares e com maior solubilidade em da substância por quilograma de massa corporal do animal testado.
meio aquoso, podendo logo após essa fase ser excretado. É nessa Existe também DL10.
fase que as enzimas do CYP450 atuam principalmente. Essa dose letal também depende do modo de exposição do
As reações de fase 2 são também denominadas de reações animal ao toxicante.
de conjugação, pois grupamentos são adicionados nas moléculas, A dose efetiva (DE) é mensurada quase da mesma forma,
complexando-se em substâncias hidrossolúveis com o auxílio de porém com o objetivo final de mensurar a quantidade mínima de
enzimas (transaminases e glicuronidases). fármaco para obter-se a resposta terapêutica do fármaco em 50%
As reações de biotransformação também podem potencializar (DE50) da população ou em 10% da população (DE10).
(bioativar) o efeito tóxico ou farmacológico de uma substância. O índice terapêutico ou intervalo terapêutico (IT) é a razão
O paracetamol é um fármaco que quando administrado entre DL50/DE50 e DL10/DE10 quanto mais próxima a DL é da DE
inicialmente é inofensivo ao organismo, mas após a passagem do em fármacos menores o intervalo terapêutico, pois maior é o risco
fígado, ele sofre reações que gera uma estrutura tóxica que geram de intoxicação comprometendo assim a segurança do indivíduo,
radicais livres e é prejudicial para os hepatócitos. situação real e preocupante no uso de agentes digitálicos e
O mesmo ocorre com hidrocarbonetos aromáticos policíclicos quimioterápicos.
(PAH’s) que após biotransformação no fígado tem sua ação A margem de segurança (MS) de um fármaco pode ser definida
toxicante cancerígena bioativada, além de ser um importante como a quantidade de substância que pode ser administrada sem
indutor enzimático. provocar efeitos tóxicos, numa equação calculada da seguinte
Alguns medicamentos denominados “pró-fármacos” são forma:
absorvidos no organismo com uma estrutura com finalidade ou MS = (DL10 - DE90)/DE90 x 100
potencialidade terapêutica, mas após a passagem pelo fígado e O efeito tóxico geralmente é causado por alterações biológicas
as reações de biotransformação, um metabólito com atividade como: interação com receptores (organofosforados), complexação
farmacológica ativa é liberado para o restante do organismo, de biomoléculas (radicais livres), inibição da fosforilação oxidativa
para daí realizar a ação pretendida. O agente inibidor de enzima com parada da respiração celular e produção de ATP (rotenona),
conversora de angiotensina (IECA), enalapril é um pró-fármaco. alteração da homeostase de íons Na+, K+, Ca++, etc. (toxina
É preciso ainda levar em consideração na biotransformação botulínica).
de xenobióticos fatores extra-hepáticos, como a capacidade
respiratória, a funcionalidade renal, a ação de pele e mucosas Atendimento na Intoxicação
sobre a metabolização dos mesmos, a real interferência de outras
substâncias, a discreta ação metabolizadora que a microbiota Para o estudo da toxicidade, conhecer as características
intestinal tem na biotransformação, etc. Além de fatores como toxicocinéticas e toxicodinâmicas é imprescindível para a avaliação
espécie, raça, idade, etnia, sexo, fatores genéticos, estados da toxicidade e como reverter o quadro, impedindo a intoxicação, o
nutricionais, estados patológicos, etc. estado patológico e o óbito.
Os rins são os principais órgãos de excreção de xenobióticos No Brasil, assim como na maioria dos países, os principais agentes
após a biotransformação, por meio da produção de urina. Mas toxicantes relatados pelos sistemas de vigilância epidemiológica
os pulmões também têm papel na excreção, especialmente dos são os medicamentos, mas também há casos de intoxicações pela
metabólitos voláteis e gases. Outras vias que também atuam na ingestão e exposição a plantas venenosas, produtos de higiene e
excreção são cabelos, lágrima, suor, leite materno, etc. limpeza, além do ataque de animais peçonhentos, como cobras,
aranhas, etc.
Toxicodinâmica As crianças são as principais vítimas de intoxicações acidentais,
com medicamentos, consumo de plantas venenosas e produtos
A toxicodinâmica é o estudo da natureza da ação tóxica domissanitário, principalmente pela curiosidade e atração que
exercida por substâncias químicas sobre o sistema biológico, sob os alguns dos itens mencionados exercem sobre elas, assim como
pontos de vista bioquímico e molecular. Dois importantes conceitos animais domésticos, por motivos semelhantes, levando assim a
de toxicodinâmica são toxicidade aguda e toxicidade crônica. uma necessidade de conscientização de evitar deixar medicamentos
Na toxicidade aguda o indivíduo se expõe a altas doses e os e produtos de limpeza ao alcance destes e também de evitar a
efeitos se desenvolvem em pouco tempo, dentro de 24 horas presença de plantas tóxicas no domicílio.
geralmente, como no caso da intoxicação por cianureto. Na Há também vários casos envolvendo adultos que se intoxicam
toxicidade crônica o indivíduo se expõe constantemente a doses com esses itens, seja por desconhecimento, ingestão acidental ou
pequenas do toxicante e desenvolve o efeito tóxico muito tempo ingestão intencional.
depois, às vezes após alguns anos e décadas, como no caso da Os sintomas clássicos de intoxicação são coma, convulsão,
exposição a metais pesados. acidose metabólica, arritmia cardíaca súbita, colapso circulatório,
Em fármacos o estudo da toxicodinâmica é importante para alteração do estado mental, etc.
definir qual é a dose letal (DL) e qual é a dose efetiva (DE), para daí Para reverter o quadro inicialmente é necessário identificar e
definir-se o índice terapêutico (IT) e a margem de segurança (MS) caracterizar o estado fisiológico da vítima, o agente causador e as
na utilização do mesmo. circunstancias da ocorrência.
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Trabalhadores que não trocam diariamente de roupa e não tomam consumo de uma droga natural ou sintética”.
banho diário. Trabalhadores que tomam banho em água quente, Por “tóxico” ou “droga” entende-se um grupo muito grande
que dilata os poros facilitando a absorção do produto. Trabalhadores de substâncias naturais, sintéticas ou semissintéticas que podem
que nos horários de descanso se alimentam sem lavar as mãos, causar tolerância, dependência e crise de abstinência.
armazenamento inadequado dos produtos. Chama-se tolerância a necessidade de doses cada vez
- Outras causas, aplicação de produtos nas horas de maior mais elevadas. Dependência, uma interação que existe entre o
temperatura, onde o calor intenso dilata os poros e facilita a absorção metabolismo. E de crise de abstinência uma síndrome caracterizada
da pele, trabalhadores que voltam a trabalhar após uma intoxicação, por tremores, inquietações, náuseas, vômitos, irritabilidade,
ou em períodos de repouso de ouras doenças, trabalhadores com anorexia e distúrbios do sono.
baixa resistência física são mais suscetíveis, trabalhadores que Assim, esses estados toxicofílicos caracterizam-se pela
fazem aplicações sozinhos e em caso de intoxicação não recebem compulsão irresistível e incontrolável que têm suas vítimas de
ajuda imediata, crianças e animais que tem contato com produtos continuar seu uso e obtê-lo a todo custo, pela dependência psíquica,
químicos. As esposas dos operários que se intoxicam ao lavar as pela tendência a aumentar gradativamente a dosagem da droga e
roupas utilizadas na aplicação e muitas outras formas. pelo efeito nocivo individual e coletivo.
O aumento assustador do número de viciados em tóxicos tem
Parâmetros Toxicológicos assumido proporções alarmantes no mundo inteiro, tanto sob o
ponto de vista social como o de saúde pública.
- Toxicidade aguda: é aquela produzida por uma única dose, Diversos fatores têm contribuído para esse aumento
seja por via oral, dermal ou pela inalação dos vapores. vertiginoso: os laboratórios, que passaram a produzir, graças ao
- Toxicidade crônica: é aquela que resulta da exposição con- avanço tecnológico, um número cada vez maior de alcaloides e seus
tínua a um defensivo, sendo que este não pode causar não causa derivados; a expansão do comércio internacional pela facilidade
toxicidade aguda por apresentar-se em baixas concentrações. A dos transportes, diminuindo as distâncias; a relação entre o tráfico
toxicidade crônica é mais importante que a toxicidade aguda, pois de narcóticos com a vida miserável e o crime organizado.
normalmente ocorre pela contaminação de alimentos ou lenta- Parece que, quanto mais se criam campanhas de prevenção e
mente no seu ambiente de trabalho. esta forma o vício, piores são suas consequências. Tanto maior a
- Veneno: é todo e qualquer produto natural ou sintético, repressão policial, maior o número de viciados que vão surgindo
biologicamente ativo, que introduzido no organismo e absorvido, cotidianamente.
provoca distúrbios da saúde, inclusive morte, ou, se aplicado so- A droga é um problema fundamentalmente urbano e mais
bre tecido vivo e capaz de destruído. comum na juventude. Sua maior incidência é na faixa etária de
- Toxicidade: é a capacidade de uma substância química pro- 14-25 anos. Não existem cifras absolutas sobre a situação atual da
duzir lesões, sejam elas físicas, químicas, genéticas ou neuropsí- toxicofilia no Brasil e no mundo. Além de os viciados viverem, em
quicas, com repercussões comportamentais. sua maioria, na clandestinidade, muitos países ainda não dispõem
- Intoxicação: é um estado deletério manifestado pela intro- de mecanismos administrativos capazes de precisar com exatidão o
dução no organismo de produto potencialmente danoso. percentual de drogados.
- DL50 (Dose Letal): é a dose letal média de um produto puro Há, inclusive, necessidade de que os laboratórios do mundo
em mg/Kg do peso do corpo. Esta terminologia pode ser emprega- inteiro suspendam a fabricação de psicoestimulantes que,
da para intoxicação oral, dermal ou inalatória. desgraçadamente, são usados muito mais como meios de viciar.
- Dosagem Diária Aceitável (DDA): quantidade máxima de Não há justificativa para continuar usando as anfetaminas como
composto que, ingerida diariamente, durante toda a vida, parece anorexígenos no tratamento da obesidade, pois, como se sabe, esse
não oferecer risco apreciável à saúde. tratamento deve-se voltar para a esfera endócrina e psíquica, uma
- Carência: compreende o período respeitado entre a aplica- vez que ninguém poderá tomar essas drogas a vida inteira.
ção do agrotóxico e a colheita dos produtos. Não vemos necessidade, no mundo de hoje, do uso
- Efeito Residual: tempo de permanência do produto nos pro- indiscriminado de tranquilizantes. Afirma-se que esta necessidade
dutos, no solo, ar ou água podendo trazer implicações de ordem dos dias atuais de utilizar frequentemente os tranquilizantes é
toxicológica. devida ao mundo neurotizado e em ebulição. Mas ninguém pode
- Antídoto: Toda substância que impede ou inibe a ação de um viver de forma apática e indiferente, longe das emoções e dos
tóxico é chamada antídoto. estresses. Uma população abúlica, fria e insensível não constitui um
- Toxicidade Aguda: o processo tóxico em que os sintomas ideal de comunidade. O homem é ele mesmo e o seu momento.
aparecem nas primeiras 24 horas após a exposição às substâncias. Por que o homem encontra satisfação nos tóxicos? Antes de
- Toxicidade Crônica: processo tóxico em que os sintomas apa- tudo é necessário que se diga ser a toxicofilia uma compensação,
recem após as primeiras 24 horas, ou mesmo de semanas ou me- um remendo a um espírito débil e uma vontade fraca. Uma forma
ses após a exposição as substâncias. ilusória de enganar um viver frustrado e carente.
- Toxicidade Recôndita: é o processo tóxico em que ocorrem Vivemos numa sociedade sem pais, em que a família não se
lesões, sem manifestações clínicas. encontra, absorvida em seus próprios problemas, tentando dar
soluções às coisas materiais como maneira ilusória de alcançar a
Toxicofilias felicidade, enganada por certos valores materiais que à primeira
vista parecem conduzi-la em seu intento. Uma família extremamente
A organização mundial da saúde definiu toxicomania ou egoísta e ensimesmada. Filhos órfãos de pais vivos.
toxicofilia “como um estado de intoxicação periódica ou crônica, A historicidade do indivíduo é fator preponderante em suas
nociva ao indivíduo ou à sociedade, produzida pelo repetido possibilidades sociais. A herança familiar é muitas vezes mais forte
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
que a herança biológica. A família é o ventre social que condiciona o homem nos seus primeiros anos de vida. Ninguém nasce homem, mas
com a possibilidade de o ser. Sozinho ninguém é nada, por isso será ele o resultado de muitos encontros.
Infelizmente, há milhares de anos que o homem usa drogas psicotrópicas. Antes, produzidas pela natureza, hoje, através dos meios
mais sofisticados da técnica farmacêutica. A mais antiga dessas drogas é o álcool, conhecido pelo menos há seis mil anos a.C.
Os assírios, gregos e egípcios nos deixaram textos que testemunham o uso do ópio. Homero relata, em Odisseia, que a formosa Helena
de Troia deu a Telêmaco uma bebida denominada nephenthes para esquecer a dor e a desgraça. Heródoto, o historiador, e Hipócrates, o
médico, referem-se ao uso do ópio, assim como Aristóteles, Virgílio e Plínio, o velho 6.
Dizem o filósofo e médico árabe Avicena morreu na Pérsia, em 1037, envenenado pelo ópio.
Tipos de Tóxicos
Fonte: http://www.fmed.uba.ar/depto/toxico1/
Maconha: também denominada marijuana, diamba, liamba, fumo-de-angola, erva maldita, erva-do-diabo, cannabis, birra, haxixe e
maria-joana, é conhecida na China e na Índia há 9 mil anos. É extraída de certas partes das folhas da Cannabis sativa, planta dioica, erecta,
de cheiro acre e inflorescência verde-escura.
Seu odor é forte e quando em forma de planta seca se parece com o orégano ou com o chá grosseiramente picado. Nativa das regiões
equatoriais e temperadas, é a droga mais consumida no mundo inteiro. Seus maiores exportadores são a Birmânia, a África do Norte, o
México e o Líbano.
No Brasil, está bastante difundida, principalmente no norte e nordeste, nos estados de Alagoas, Maranhão, Piauí e Pernambuco.
Seu consumo é através de xaropes, pastilhas, infusões, bolos de folhas para mascar e, mais acentuadamente, em forma de cigarros
(baseados, dólar, fininho) ou em cachimbos especiais chamados “maricas”.
Alguns não a consideram propriamente um tóxico por não trazer dependência, tolerância, nem crise de abstinência. Outros já a
aprovam para uso médico em casos de glaucoma e como analgésico e calmante nos casos de câncer terminal. Mas é um excitante de
graves perturbações psíquicas e leva o viciado a associar outro tipo de droga.
Muitos viciados permanecem em completa prostração, enquanto outros se tornam agitados e agressivos. Traz, como regra, a lassidão,
o olhar perdido a distância, um comportamento excêntrico, uma memória afetada e uma falta de orientação no tempo e espaço. Perdem
a ambição, valorizam apenas o presente. Têm uma ilusão de prolongamento de vida e uma sensação de flutuar entre as nuvens.
Sua percepção é deformada e surgem problemas psicológicos como: fuga da realidade, indiferença e desligamento completo na fase
mais aguda. As ilusões, alucinações e dissociação de ideias são manifestações mais raras.
Seu mecanismo de ação não está ainda bem explicado e se conhece pouco sobre seus efeitos apesar dos avanços das investigações
científicas. A ação do princípio ativo do tetraidrocanabinol (THC), tudo faz crer, limita-se aos centros nervosos superiores. Sabe-se que in
vitro a maconha inibe a atividade da adenilato ciclase em determinadas células neuronais através da proteína G. Seu efeito varia de 2 a 8
horas.
Sua nocividade é relativa, pois não leva à dependência física, não cria crise de abstinência e podem os viciados recuperados com certa
facilidade, principalmente os usuários leves. No entanto, os usuários pesados podem apresentar a “síndrome de abstinência”.
O haxixe é retirado da resina seca de folhas esmagadas de maconha e comercializado em forma de tabletes sólidos, secos e duros, ou
úmidos e amolecidos, sendo geralmente misturado ao fumo e usado em cigarros ou cachimbo.
Morfina: morfinomania ou morfinofilia é o uso vicioso de tomar morfina. Os mais fracos, com predisposição ao vício, com uma
primeira dose da droga facilmente se escravizam. Por outro lado, há profissões que facilitam a aquisição da substância, como médicos,
farmacêuticos e enfermeiras.
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
O viciado começa aos poucos, com pequenas doses quase Colocado na mucosa nasal por aspiração, é esse alcaloide
homeopáticas. E cada vez mais o organismo vai exigindo dose absorvido rapidamente pelo organismo. A continuação do uso da
maior. Chegam, alguns deles, a tomar a cifra inacreditável de 6g por cocaína por via nasal termina perfurando o septo nasal, lesão está
dia. Na fase final, chegam a tomar doses de 30 em 30 minutos. muito significativa para o diagnóstico da cocainomania.
A morfina é um alcaloide derivado do ópio e apresenta-se em Um dos fatos que mais chama a atenção num viciado por
forma de líquido incolor. Esse narcótico intramuscular, aplicada nas essa droga é o contraste arrasador entre uma decadência física
mais diferentes regiões do corpo, principalmente nos braços, no lamentável e um humor imoderado e injustificável. Os olhos do
abdome e nas coxas. O viciado mesmo aplica as injeções. drogado por cocaína são fundos, brilhantes, de pupilas dilatadas.
Na fase final, premido pela necessidade da droga, aplica-se sem Há um tremor quase generalizado, mais predominante nos lábios
assepsia e vai criando, ao longo do corpo, uma série de pequenos e nas extremidades dos membros. Tiques nervosos e excitações
abscessos. Ou então, esteriliza a agulha na chama de uma vela ou repentinas.
de um fósforo, produzindo nas regiões picadas inúmeras tatuagens
provenientes da fuligem. Na intoxicação aguda pela cocaína o paciente apresenta uma
No início do uso da droga, o paciente sente-se eufórico, série de sintomas, quais sejam:
disposto, extrovertido, loquaz e alegre. Essa fase é chamada de a) psíquicos: excitação motora, agitação, ansiedade, confusão
“lua-de-mel da morfina”. mental e loquacidade;
Com o passar dos tempos, o viciado emagrece, torna-se páldo, b) neurológicos: afasia, paralisias, tremores e, às vezes,
de costas arqueadas e cor de cera. Envelhece precocemente, a pele convulsão;
enruga e o cabelo cai. Surgem a insônia, os suores, os tremores, c) circulatórios: taquicardia, aumento da pressão arterial e dor
as angústias, o desespero, a inapetência, a impotência sexual e os precordial;
vômitos. Entra no “período de estado”, passa à fase de caquexia, d) respiratórios: polipneia e até síncope respiratória;
vindo a falecer quase sempre de tuberculose ou de problemas e) secundários: náuseas, vômitos e oligúria.
cardíacos.
O processo de intoxicação é rápido. Em pouco tempo, perde É tão grave a nocividade dessa droga que, mesmo depois da
o controle, e a necessidade o obriga a se picar com frequência e cura pela desintoxicação, o viciado não se recupera das lesões mais
em qualquer ambiente, em face da exagerada dependência que a graves do sistema nervoso. Tem estados depressivos e de angústia,
droga provoca. A inteligência, a memória e a vontade do drogado alucinações visuais e tácteis, delírios de perseguição e complexo de
enfraquecem cedo. culpa. Envelhece muito precocemente, e a morte é quase sempre
Os homens, quando se viciam por esse narcótico, para obter por perturbações cardíacas.
meios que propiciem a compra da droga, roubam, furtam, saqueiam, São os produtos ilícitos feitos a partir da planta de coca
exploram, extorquem, enganam e matam. As mulheres, na fase de (Erytroxylum coca): Pasta base, crack, cloridrato de cocaína (pó) e
abstinência e de excitação, cometem atos incríveis, descem ao mais free base.
baixo nível de prostituição a fim de adquirirem o tóxico.
LSD 25: é uma droga alucinógena, um produto semissintético,
Heroína: é um produto sintético (éter diacético da morfina extraído da ergotina do centeio (dietilamina do ácido lisérgico).
- diacetilmorfina). Tem a forma de pó branco e cristalino. Após a Consome-se em tabletes de açúcar ou num fragmento de
diluição, ele é injetado. Pode, ainda, ser misturado ao fumo do cartolina manchado sutilmente da droga, dissolvido na água e
cigarro. ingerido. É uma droga de maior poder alucinógeno conhecido.
O aspecto do intoxicado é semelhante ao da morfina. Sua O viciado tem o aspecto de uma pessoa com náuseas. Mostra
decadência é maior e mais rápida, pois a heroína é cinco vezes uma intensa depressão, tristeza e fadiga. O comportamento
mais potente que a morfina. Em poucas semanas, o drogado torna- transforma-se transitoriamente, como se observa nas doenças
se um dependente; com 30 dias de uso, o viciado já necessita de mentais. Perturbações da percepção do mundo exterior, delírios
tomar uma injeção em cada duas horas. Provoca náuseas, vômitos, e alucinações. Crises constantes de convulsões, chegando até ao
delírios, convulsões, bloqueios do sistema respiratório, e a morte estado comatoso. Surgem pesadelos terríveis, dos quais a vítima
sobrevém muito rápida. pode ficar prisioneira para sempre. É o suicídio do drogado.
Tão nociva é essa droga, que muitos países já proibiram sua O mais trágico é que esses produtos alucinógenos, como LSD,
fabricação e, inclusive, o sem emprego pelos médicos. mescalina, entre outros, não apenas seduzem os jovens desajustados
e de personalidade desarmônica, mas também arrastam grande
Cocaína: é um alcaloide estimulante, extraído das folhas da parte de uma juventude que poderia ser a esperança de um povo
coca. Esse vegetal é um arbusto sul-americano. na tentativa de edificar um mundo melhor.
Apresenta-se na forma de pó branco para ser aspirado como Um Comitê Especial criado Pelo Conselho Econômico e Social
rapé, por fricção da mucosa gengival ou diluído e aplicado como das Nações Unidas vem se mostrando profundamente preocupado
injeção. com a generalização desta forma de vício e passou a exigir das
É também conhecido como “poeira divina”, de uso mais autoridades uma fiscalização mais rigorosa.
largo entre os rufiões e elegantes prostitutas, ou, como mais Recomendou aquele Comitê que o uso do LSD produz
recentemente, entre os membros da fina flor da sociedade quatro grupos de reações. O primeiro grupo de manifestações
burguesa. caracteriza-se pela consciência do drogado de que suas forças e
suas possibilidades aumentam sem limites. Sente-se um “todo
poderoso”. Chama-se a esse estado de reação megalomaníaca.
Como exemplo, cita-se o caso de uma jovem de 18 anos que, depois
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
de haver tomado essa droga, convenceu-se de que podia voar como consciência, estado de confusão com manifestações delirantes.
um pássaro atirando-se pela janela do edifício. Seu uso é por ingestão com água, dissolvidas em bebidas
O segundo grupo de reações é de conotações completamente alcoólicas ou dissolvidas e injetadas na veia. Essa é a droga mais
opostas às primeiras: estado de depressão profunda, angústia e usada e mais facilmente adquirida no Brasil.
solidão. Sente-se como um ser indigno, pecador, incapaz, tendendo,
na maioria das vezes, ao suicídio. Crack: o crack tem um efeito muito semelhante ao da cocaína,
As reações do terceiro grupo compreendem as perturbações entretanto percebido mais rapidamente e com poder maior de
paranoicas. Sentem-se perseguidos por pessoas que tentam contra viciar e produzir danos. Praticamente ele é constituído da pasta
sua vida, principalmente aquelas que o rodeiam. E, assim, partem base da cocaína, como um subproduto, e por isso é muito mais
logo para o ataque, causando lesões graves ou a morte daquelas. usado entre os viciados de poder aquisitivo reduzido.
O quarto grupo de reações é caracterizado por um estado de Seu uso é através da aspiração em cachimbos improvisados e
confusão geral cujos sintomas se assemelham aos das doenças é apontado como a droga mais usada nas cidades do sul e sudeste
mentais: ilusões, alucinações, ideias irracionais, sentimentos do Brasil. Os efeitos tóxicos e os efeitos sobre o cérebro são muito
absurdos, incapacidade de se orientar no tempo e espaço. parecidos com a da cocaína: dilatação das pupilas, irritabilidade,
Esses estados geralmente duram pouco e podem prolongar- agressividade, delírios e alucinações. Com o tempo, o usuário de
se por muito tempo. Uma criança de 8 anos que, acidentalmente, crack começa a apresentar uma sensação de profundo cansaço e de
comeu um torrão de açúcar com uma gota do LSD dissolvido teve grande ansiedade.
uma crise de loucura que demorou nove meses para se recuperar.
(El Correo, Revista da UNESCO, maio de 1968). Cogumelo: certos cogumelos de alta toxidade, pertencentes ao
grupo de alucinógenos naturais, são capazes de provocar reações
Barbitúricos: chama-se barbiturismo ao uso abusivo e vicioso as mais variadas, inclusive levando ao delírio e às alucinações. Seus
dos barbitúricos. Os barbitúricos são drogas muito usadas pelos usuários referem percepção de sons incomuns e cores mais vivas e
viciados, na falta de outro tóxico. brilhantes.
Quando utilizadas em doses adequadas e por indicação médica, Seu uso é através da infusão proposital ou pela ingestão
estas drogas não chegam a trazer incômodos e são benéficas ao acidental ou ainda de forma comestível.
paciente. Porém, quando ingeridas de forma imoderada e sem Sua ação é geralmente de aparição tardia e apresenta as vítimas
controle médico, acarretam sérios distúrbios ao organismo. três tipos de manifestações: as chamadas manifestações coléricas
A embriaguez barbitúrica caracteriza-se por tremores, que têm como sintomas vômito, cólicas, diarreia, câimbras e
perturbações da marcha, disartria, sonolência, estado confusional, desmaios; as manifestações hepatorrenais que se caracterizam pelo
apatia e bradipsiquia. A retirada repentina dessa substância traz aparecimento de icterícia, hematúria e oligúria; as manifestações
desordens psíquicas e convulsões. Em dosagem excessiva leva neurológicas que traduzem por sintomas como agitação, delírios,
a uma grave depressão do sistema nervoso central, podendo o euforia paradoxal, convulsões, podendo chegar ao coma.
paciente ir ao coma ou à morte.
Cola: a cola é constituída de hidrocarbonetos de efeitos muito
Ópio: é extraído das cápsulas da papoula Papaver somniferum. rápidos sobre o sistema nervoso, embora de pouca duração. Pode
Como tóxico é consumido sob a forma de cigarros. Seu processo levar à euforia e à alucinação. Numa fase mais avançada, a cola
de obtenção e industrialização é muito difícil, por isso é um tóxico pode causar lesões graves na medula, nos rins, fígado e nervos
pouquíssimo usado no Brasil. periféricos. Seu uso é por inalação.
O viciado em ópio tem uma fase de excitação geral,
principalmente sobre o aparelho circulatório, daí sua hiperatividade Merla: a merla é uma opção mais barata do crack, obtida a partir
funcional com estímulos, entre outros, das funções psíquicas. Em da pasta de coca, fabricada em laboratórios improvisados, com a
seguida, passa o drogado para uma fase de depressão, de indiferença ajuda de produtos químicos, como benzina, querosene, gasolina,
e de abatimento que o impede de qualquer movimentação ou ácido sulfúrico, éter e metanol. Apresenta uma consistência
esforço. pastosa, tonalidade que varia do amarelo ao marrom e um cheiro
A inteligência torna-se obscura, a memória, prejudicada, o muito ativo. Seu uso é através de cigarros ou cachimbo, misturado
estado físico é de prostração e a angústia começa a se intensificar. com fumo ou puro.
Como o ópio leva o organismo a uma hiperatividade mais ilusória Os efeitos dessa droga duram cerca de 15 minutos e sua
do que real, a vítima gasta intensamente suas reservas e, muito sensação a princípio é de bem-estar e leveza, depois segue-se uma
cedo, se depaupera e se aniquila. sensação desagradável e de inquietação, deixando o indivíduo
agitado e nervoso. Pode levar até a alucinações mais graves. Tem
Anfetaminas: o consumo abusivo de anfetaminas (bolinhas) um poder destrutivo muito maior que o do crack.
constitui, no momento, o maior problema médico e social no que se A pele do indivíduo que consome merla tem cheiro permanente
refere aos tóxicos no país. As anfetaminas são drogas estimulantes, e desagradável em virtude das substâncias a ela adicionadas no
isto é, estimulam o sistema nervoso central, provocando aumento refino da droga. O primeiro órgão a ser atingido é o fígado, com
das capacidades físicas e psíquicas. agressão às células hepáticas, podendo levar à hepatite tóxica.
Têm sido usadas essas drogas por todos os viciados que não Depois o cérebro, com a destruição dos neurônios, tendo como
dispõem do seu tipo de tóxico. Usam para evitar a sonolência, para consequência a perda progressiva da memória e problemas de
desinibir, para euforizar. coordenação motora. Pode ainda provocar a fibrose pulmonar e a
A intoxicação aguda pelas anfetaminas caracteriza-se pela alteração do ritmo cardíaco.
inquietação psicomotora, incapacidade de atenção, obnubilação da
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de drogas devem comunicar ao órgão competente do respectivo tratamento não estarem obrigados a fazê-lo, pois não há força
sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos ocorridos, determinante para o internamento.
preservando a identidade das pessoas, conforme orientações Não há nenhuma dúvida de que essa lei veio para contribuir
emanadas da União. na luta contra o tráfico de drogas e para humanizar o tratamento
O artigo 21 afirma que constituem atividades de reinserção jurídico do viciado e do consumidor eventual.
social do usuário ou do dependente de drogas e respectivos
familiares devem observar os seguintes princípios e diretrizes: Drogas Sujeitas a Controle
I - Respeito ao usuário e ao dependente de drogas,
independentemente de quaisquer condições, observados os A venda ao público de drogas sujeitas a controle passou, através
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e diretrizes da Portaria nº 20 da DIMED - Divisão Nacional de Vigilância Sanitária
do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de Assistência de Drogas, Medicamentos, Insumos Farmacêuticos, Produtos
Social; Dietéticos e Correlatos, a ser privativa das farmácias e drogarias, e
II - A adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção só será feita mediante apresentação de receita prescrita em folha
social do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares de bloco de “receituário profissional”.
que considerem as suas peculiaridades socioculturais;
III - Definição de projeto terapêutico individualizado, orientado As receitas desses medicamentos controlados só poderão ser
para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos sociais aviadas quando:
e à saúde; 1 - Prescritas por médicos legalmente habilitado;
IV - Atenção ao usuário ou dependente de drogas e 2 - Escritas por extenso, legivelmente, em português, a tinta e
aos respectivos familiares, sempre que possível, de forma do próprio punho;
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; 3 - Contiverem nome completo do doente e sua residência ou
V - Observância das orientações e normas emanadas do consultório, número do CRM e data de prescrição;
CONAD - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social 4 - Contiverem, de forma legível, o nome do medicamento e
de políticas setoriais específicas. sua posologia;
5 - As quantidades forem prescritas em algarismos arábicos e
As penas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, por extenso.
bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério
Público e o defensor. Assim, quem adquirir, guardar, tiver em A prescrição a doentes internados ou em tratamento
depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, ambulatorial dos medicamentos e substâncias controladas será
droga sem autorização ou em desacordo com determinação legal feita em folha de bloco de “receituário hospitalar”, em papel cor-
ou regulamentar será submetido às seguintes penas: de-rosa claro e subscrito por profissional legalmente habilitado,
I - Advertência sobre os efeitos das drogas; com efetivo exercício no estabelecimento ou que comprove sua
II - Prestação de serviços à comunidade; condição de médico assistente do doente, internado, em regime de
II - Medida educativa de comparecimento à programa ou curso semi-internato ou em tratamento ambulatorial.
educativo. De acordo com a portaria anteriormente mencionada, as receitas
do “receituário hospitalar” aviada no próprio estabelecimento
A prestação de serviços à comunidade será cumprida em serão arquivadas em ordem cronológicas e ficarão à disposição da
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, autoridade sanitária competente para o devido controle.
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do Perícia
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
O profissional de saúde que prescrever ou ministrar A perícia médico-legal, no campo das toxicofilias, é de
culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê- indiscutível magnitude. Vai desde a identificação da substância
lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal tóxica, quantidade consumida, até o estudo bi psicológico para
ou regulamentar: caracterizar o estado de dependência.
Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento Não se pode também omitir, nesse exame, o estudo da
de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias - multa. O juiz ainda personalidade do examinado. E, sobre isso, afirmam Hilário Veiga
comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria de Carvalho e Marco Segre: “Este exame deveria ser fundamental
profissional a que pertença o agente (artigo 38). em todo seu contorno, pois os aspectos comportamentais têm,
Pelo que se vê, a comentada Lei atende a um princípio da no exame da personalidade, a sua base e a sua fonte, de melhor
Constituição Federal de 1988 que estabelece a transação penal para compreensão de toda conduta do toxicômano.
determinados crimes rotulados de “infrações de menor potencial Acreditamos que um exame desta natureza deveria ser
ofensivo”, cuja pena máxima não ultrapasse 2 (dois) anos ou multa. de rotina habitual, sem exceções, desde que é a partir de seu
Assim, nessa nova Lei, a posse de droga para consumo próprio conhecimento que uma compreensão é válida se pode alcançar
se reveste numa infração sui generis, onde não se decretará pena de todo o complexo fenômeno da toxicomania” (in Tóxicos, Bauru:
de prisão ao portador de droga para consumo próprio, ficando Editora Jalovi, 1978).
apenas sujeito aos benefícios das medidas alternativas que podem O artigo 50 da Lei nº 11.343/2006, em seu parágrafo 1º diz:
ir da simples advertência até a prestação de serviços à comunidade. “Para efeito da lavratura do auto de pressão em flagrante e
Um dos pontos fracos da Lei nº 11.343/2006 é o fato de os estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo
usuários, mesmo tendo sido por decisão judicial orientados ao de constatação da natureza e da quantidade da droga, firmado por
323
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
perito oficial ou, na sua ausência, por pessoa idônea”! — FISPQ: uma ferramenta essencial para a segurança química
E, no parágrafo 2º: “O perito que subscrever o laudo a que e a sustentabilidade ambiental
se refere o § 1º deste artigo não ficará impedido de participar da A Ficha de Informações de Produtos Químicos (FISPQ) é mais
elaboração do laudo definitivo”. Percebe-se, portanto, a importância do que apenas um registro técnico. É uma bússola confiável para
da perícia na caracterização do flagrante, no sentido de determinar uma navegação segura em um mar de produtos químicos. Esta fer-
a natureza tóxica da substância e a sua capacidade de provocar ramenta padrão vai além da simples coleta de dados e se torna a
dependência. base da segurança química e um guia indispensável para a gestão
Não se pode deixar também de assinalar a importância da ambiental.
caracterização desse flagrante, do exame do indivíduo em estado
de intoxicação, quando determinados exames possam comprovar
certas manifestações evidentes do consumo de tóxicos. Nos
dispositivos anteriormente citados, há referências à natureza da
substâncias em poder do agente.
É claro que estes exames não são de resultados tão fácies, pois,
além de dificuldade de um bom método de pesquisa dos tóxicos
e de seus metabólicos, haverá ainda o risco de, no momento do
exame, não existirem mais vestígios da droga utilizada.
Portanto, o fundamental não é simplesmente a identificação
da natureza da substância em poder do usuário ou portador, mas
o estudo detalhado da personalidade do viciado, a fim de dar ao
julgador maiores subsídios à aplicação da Lei, a qual tem como
princípio basilar a prevenção e a recuperação do toxicômano.
A perícia médico-legal poderá contribuir também na avaliação
da imputabilidade do drogado. Se o juiz absolver o agente, A MSDS serve como um guia de prevenção, fornecendo infor-
reconhecendo por força da perícia oficial, que ele, em razão da mações detalhadas sobre os perigos inerentes a um produto quími-
dependência, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente co. Esta abordagem proativa não só protege os trabalhadores que
incapaz de entender o caráter ilícito do fasto ou de determinar-se manuseiam diretamente estas substâncias, mas também estende
de acordo com esse entendimento, deve ordenar que o mesmo se os benefícios a todas as áreas da empresa. O conhecimento deta-
submeterá a tratamento médico. lhado dos perigos permite implementar práticas de segurança efi-
Seria muito importante que a Lei tivesse indicado a perícia cazes para reduzir acidentes, lesões e minimizar impactos negativos
médico-legal, para definir a recuperação de dependentes, e na saúde ocupacional.
ouvido o Ministério Público, no encerramento do processo, como A FISPQ também desempenha um papel estratégico na pro-
determinava a Lei anterior. moção da sustentabilidade ambiental. Fornecer informações claras
sobre o manuseio seguro e o descarte adequado de resíduos aju-
FICHA DE INFORMAÇÕES SOBRE PRODUTOS da as organizações a adotarem práticas mais ecológicas. Isto não
QUÍMICOS (FISPQ)/FICHA COM DADOS DE só cumpre os requisitos regulamentares, mas também reflete um
SEGURANÇA, E CUIDADOS COM FABRICAÇÃO, compromisso ativo com a responsabilidade ambiental e a utilização
PREPARAÇÃO, ARMAZENAMENTO, TRANSPORTE, USO sustentável dos recursos.
E ELIMINAÇÃO DE RESÍDUOS TÓXICOS. Ao incorporar os princípios da FISPQ na cultura organizacional,
as empresas não apenas aderem aos padrões de conformidade,
mas também promovem uma mentalidade empresarial ecologica-
mente correta. Esse enfoque não apenas resguarda a integridade
das operações, mas posiciona a empresa como um agente positivo
na promoção da saúde, segurança e sustentabilidade, contribuindo
assim para um futuro onde as indústrias e o meio ambiente coexis-
tem de maneira equilibrada.
324
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
de controle de qualidade rigoroso e supervisão contínua por espe- Precauções durante o preparo: incorporar precauções espe-
cialistas profissionais. A implementação de medidas de automação ciais durante a preparação é uma estratégia de prevenção eficaz.
e monitoramento contínuo não só garante a qualidade do produto Isto inclui a realização de uma avaliação de riscos e a identificação
final, mas também reduz a probabilidade de erros humanos que de potenciais pontos críticos antes do processo de preparação. A
podem levar a situações perigosas. instalação de sistemas de ventilação adequados, a utilização de me-
didores precisos para garantir a capacidade correta e a implemen-
Segurança operacional: ao fabricar produtos químicos, a segu- tação de procedimentos de emergência são elementos essenciais
rança dos trabalhadores é uma prioridade clara. Devem ser desen- para uma preparação segura e eficaz.
volvidos protocolos de segurança rigorosos, incluindo a utilização
adequada de equipamentos de proteção individual (EPI), formação — Armazenamento adequado: práticas de prevenção de aci-
regular em procedimentos de segurança e instalação de sistemas dentes e contaminação
de ventilação eficazes. Além disso, estabelecer zonas de segurança O armazenamento seguro de produtos químicos é uma parte
e isolar adequadamente as áreas de produção são medidas essen- importante da gestão de riscos. Neste tópico veremos práticas bá-
ciais para prevenir a exposição acidental a substâncias perigosas. sicas para garantir o armazenamento adequado e reduzir o risco de
acidentes e contaminação. Esta orientação visa promover ambien-
Gestão de resíduos durante a produção: a geração de resíduos tes de armazenamento que priorizem a segurança e a integridade
é inevitável. Contudo, é importante gerir estes resíduos de forma dos produtos químicos, desde a separação baseada na compatibili-
consciente. Abordagens importantes incluem estratégias como a dade até o uso de recipientes dedicados.
reutilização de subprodutos, a reciclagem sempre que possível e a
implementação de tecnologias de eliminação de resíduos. Esta ges- Separação baseada na compatibilidade: é importante separar
tão responsável não só promove a sustentabilidade, mas também de acordo com a compatibilidade para evitar reações indesejadas
reduz os impactos ambientais associados à produção química. entre diferentes produtos químicos armazenados no mesmo am-
biente. Determinar as categorias de substâncias não conformes e
Monitoramento ambiental: a integração de sistemas de moni- definir áreas específicas para cada grupo reduz a probabilidade de
toramento ambiental durante a produção é uma prática proativa. acidentes químicos e melhora a segurança operacional.
Isso envolve a análise constante de emissões, a detecção precoce
de vazamentos ou derramamentos e a implementação de medidas Uso correto de recipientes: o tipo de recipiente utilizado para
corretivas imediatas. Ao adotar uma abordagem de “prevenção armazenar produtos químicos desempenha um papel importante
é melhor que a correção”, as empresas podem salvaguardar não na manutenção da integridade dos produtos químicos e na preven-
apenas a saúde dos trabalhadores, mas também a integridade do ção de derramamentos. Selecionar o recipiente adequado para o
ecossistema circundante. tipo de material, garantir a vedação adequada e rotular claramente
cada recipiente são práticas importantes. A manutenção regular do
— Preparação segura e eficiente: manipulação, diluição e pre- contêiner também é importante para evitar danos ou deterioração
cauções cruciais que possam comprometer a segurança.
A etapa de preparação dos produtos químicos é uma fase de
transição crítica que demanda precisão e precaução. Neste tópico, Procedimentos e sinais de emergência: antecipar emergências
exploraremos diretrizes abrangentes para uma preparação segura e é um hábito importante. É importante estabelecer procedimentos
eficiente, abordando desde a manipulação cuidadosa até a diluição claros para lidar com derramamentos, incêndios ou outros inciden-
adequada e as precauções essenciais. Estas práticas são essenciais tes. Além disso, marcações adequadas indicando locais de armaze-
para garantir uma transição suave e segura de produtos químicos namento e perigos associados são essenciais para orientar rapida-
para o ambiente operacional, reduzindo a exposição e os riscos de mente os trabalhadores e as equipes de emergência em situações
derramamento. críticas.
Ao compreender e implementar estas práticas durante as fases
Precauções para manuseio: o manuseio seguro de produtos de preparação e armazenamento, as organizações não só protegem
químicos começa com uma equipe treinada e ciente dos perigos os seus colaboradores e o ambiente, mas também criam uma cultu-
envolvidos. O uso de equipamento de proteção individual (EPI) ade- ra de segurança que permeia todas as operações. Estas ações refle-
quado é essencial e os procedimentos operacionais padrão devem tem o nosso compromisso com a conformidade regulamentar, bem
ser rigorosamente seguidos. Além disso, definir claramente as áre- como com a responsabilidade e a integridade em todas as fases do
as de trabalho e aplicar as melhores práticas, como não comer ou ciclo de vida dos produtos químicos.
beber e a importância da higiene pessoal, desempenham um papel
importante na criação de um ambiente de trabalho seguro. — Transporte cuidadoso: garante segurança no transporte de
produtos químicos
Diluições adequadas: diluir produtos químicos é uma prática O transporte de produtos químicos é uma etapa delicada que
comum, mas requer cuidados especiais para evitar riscos desneces- requer medidas especiais para evitar vazamentos, derramamentos
sários. Neste contexto, é importante estabelecer um protocolo de ou reações adversas durante a viagem. Este tópico desenvolve prá-
diluição claro, incluindo medições precisas e recipientes apropria- ticas e regulamentações de segurança relacionadas ao transporte
dos. Ao implementar equipamento de diluição seguro e educar o de produtos químicos e enfatiza a importância de processos de
pessoal sobre a importância das proporções adequadas, a proba- transporte informados que reduzam riscos e garantam a segurança
bilidade de reações adversas ou libertação de materiais perigosos em toda a cadeia logística.
é reduzida. Veículos e tecnologias de tiro relacionados: escolher o veículo
325
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
certo para transportar produtos químicos é importante. Para evi- Classificação e identificação de resíduos: o primeiro passo para
tar derrames e reduzir riscos durante o transporte, são essenciais o descarte responsável é classificar e identificar adequadamente os
veículos especificamente equipados com tecnologia de contenção, resíduos tóxicos. Inclui uma análise detalhada das propriedades de
como compartimentos selados e sistemas de contenção de líqui- cada substância para que possam ser utilizados procedimentos ade-
dos. A manutenção regular desses veículos e a certificação do cum- quados para reduzir o risco. Rotular claramente os recipientes de
primento das normas de segurança são práticas que fortalecem a resíduos é uma prática que promove o manuseio seguro.
integridade do transporte.
Rota planejada e comunicação eficaz: o planejamento de rotas Conformidade Ambiental: as regulamentações ambientais es-
seguro e eficiente é uma estratégia preventiva. Isto inclui a identi- tabelecem padrões específicos para a eliminação de resíduos tóxi-
ficação de rotas que minimizem a exposição a áreas densamente cos. As organizações devem estar plenamente conscientes e cum-
povoadas ou ecossistemas sensíveis. A comunicação eficaz entre as prir estes regulamentos para garantir que cada etapa do processo
partes interessadas no transporte, incluindo motoristas, conduto- de eliminação esteja em conformidade com a lei. Recomenda-se
res e reguladores, é essencial para prever e resolver problemas na também a cooperação com uma empresa especializada em elimi-
estrada. nação de resíduos.
Treinamento especial para motoristas: a consideração mais im-
portante é garantir que os motoristas tenham formação adequada Alternativas sustentáveis e reciclagem: Encontrar alternativas
para manusear produtos químicos durante o transporte. O treina- sustentáveis para o descarte de resíduos, como a reciclagem, é uma
mento deve incluir manuseio seguro, procedimentos de emergência prática que visa reduzir o impacto ambiental. Identificar oportuni-
em caso de acidente e uso adequado de equipamentos de seguran- dades para reutilizar ou reciclar resíduos em matérias-primas é uma
ça. Isto não só protege os trabalhadores diretamente envolvidos, abordagem inovadora que pode ajudar a criar cadeias de elimina-
mas também reduz o risco de acidentes durante o transporte. ção mais sustentáveis.
Ao integrar estas práticas desde a produção até à eliminação
— Uso responsável: aumenta a eficiência dos produtos quími- de resíduos tóxicos, as organizações não só reforçam a sua respon-
cos e garante seu uso seguro sabilidade ambiental, mas também contribuem para um ambiente
O uso de produtos químicos no local de trabalho ou em proces- industrial mais seguro e sustentável. Esta abordagem geral reflete
sos industriais exige precauções rigorosas para garantir eficiência o nosso compromisso com a segurança, a eficiência e a gestão am-
e segurança. Este tópico analisa mais de perto as diretrizes de uso biental em todas as fases do ciclo de vida dos produtos químicos.
responsável, abrangendo tudo, desde a escolha do equipamento Em resumo, a Ficha de Informações sobre Produtos Químicos
certo até a ventilação eficaz, para garantir que você obtenha os be- (FISPQ) emerge como uma ferramenta indispensável na gestão se-
nefícios dos produtos químicos sem comprometer a segurança. gura e responsável de substâncias químicas. Ao abordar aspectos
cruciais desde a fabricação até a eliminação de resíduos, ela não
Opções de equipamentos apropriados: ao trabalhar com pro- apenas promove ambientes de trabalho mais seguros, mas tam-
dutos químicos, é importante escolher o equipamento certo. Isto bém desempenha um papel significativo na preservação ambiental.
envolve avaliar as propriedades específicas de cada substância e A conscientização sobre os perigos potenciais, aliada à implemen-
selecionar ferramentas que minimizem o risco de exposição. Equi- tação de medidas preventivas, destaca o compromisso das organi-
pamentos de aplicação de precisão, como sistemas de aerossol ou zações com a segurança ocupacional e a sustentabilidade. Nesse
controle de dose, promovem uma distribuição eficiente e segura. contexto, a FISPQ não é apenas um documento técnico; é um guia
essencial para a promoção de práticas empresariais responsáveis e
Uso de equipamentos de proteção individual (EPI): o uso cor- para a construção de um futuro onde a segurança e a preservação
reto de equipamentos de proteção individual (EPI) é uma prática ambiental caminham lado a lado.
inegociável. Cada tipo de produto químico pode exigir EPIs específi-
cos, incluindo luvas, óculos de proteção, respiradores, etc. Para se-
gurança pessoal, é importante que os funcionários sejam treinados
NOÇÕES CONCEITUAIS EM ERGONOMIA
na seleção, utilização e manutenção deste equipamento.
RELACIONADAS A ERGONOMIA FÍSICA, COGNITIVA E
ORGANIZACIONAL .BIOMECÂNICA E FISIOLOGIA DO
Ventilação adequada: manter um ambiente bem ventilado é
TRABALHO. ASPECTOS COGNITIVOS E PSICOSSOCIAIS.
uma estratégia de prevenção eficaz. A instalação de um sistema de
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. ASSÉDIO MORAL
ventilação adequado em áreas onde são utilizados produtos quími-
ORGANIZACIONAL. ANÁLISE ERGONÔMICA DO
cos garantirá a rápida dissipação de vapores e gases, reduzindo o
TRABALHO
risco de inalação perigosa para os trabalhadores.
Entende-se por ergonomia o estudo entre a relação do corpo
— Eliminação de resíduos tóxicos: práticas responsáveis para humano, com o ambiente de trabalho no qual está inserido. Tem
um futuro sustentável como objetivo otimizar o bem-estar do ser humano com o intuito
A gestão responsável dos resíduos químicos é essencial para de melhorar seu desenvolvimento dentro do espaço de trabalho.
prevenir danos ambientais e promover a sustentabilidade. Este tó- Dentro desse ambiente, existe a preocupação com o bem-
pico analisa métodos de descarte seguro, enfatiza a importância da estar do trabalhador, incluindo sua saúde, durante suas atividades,
conformidade ambiental e fornece orientação sobre o descarte am- uma vez que isso influencia diretamente na boa execução de suas
bientalmente correto de resíduos tóxicos. funções.
326
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
É necessário analisar o local de trabalho, incluindo a condição os ruídos acima de 65dB devem ser reavaliados.
das instalações, a mobília e os equipamentos. A Norma Reguladora Atividades praticadas na posição sentada, recomenda-se que
17 é responsável por tratar sobre a ergonomia dos mobiliários, utilizem apoio para os pés, com o intuito de adaptar às condições
sendo adequados ou não para o ambiente de trabalho, além das biomecânicas do trabalhador.
condições que devem ser adequadas para que o trabalhador Entende-se por risco ergonômico tudo aquilo que pode
execute suas funções. interferir causando desconforto e afetando sua saúde, como
Especialmente em seu artigo 17.3.1 da NR17, são estabelecidos por exemplo movimento repetitivos, postura inadequada,
alguns critérios a serem seguidos sobre a posição sentada, sendo levantamento excessivo de peso, entre outros. É necessário adequar
que o mobiliário necessita possuir regulagens, com o intuito de ergonomicamente esses ambientes de trabalho, diminuindo o
que o trabalhador possa regular a altura de acordo com as suas esforço das tarefas e o risco de acidentes de trabalho.
características físicas. Sabe-se que com o envelhecimento ocorre a diminuição
Outro fator que influencia diretamente no conforto do progressiva da força muscular. Os músculos são responsáveis pela
trabalhador inserido em seu ambiente de trabalho é o nível de manutenção da estabilidade corporal e pela manutenção dos
ruído sonoro. A NR MTE 17 e a NBR Inmetro 10152 estabelece que movimentos articulares. Com essa diminuição da força muscular,
os ruídos acima de 65dB devem ser reavaliados. ocorre o desgaste das estruturas envolvidas nos movimentos.
Atividades praticadas na posição sentada, recomenda-se que Isso favorece o aparecimento de doenças como artrites, artroses,
utilizem apoio para os pés, com o intuito de adaptar às condições tendinites e outros.
biomecânicas do trabalhador. Desse modo, a prática de exercícios laborais são considerados
Entende-se por risco ergonômico tudo aquilo que pode de extrema importância para a manutenção da força muscular dos
interferir causando desconforto e afetando sua saúde, como trabalhadores. Esses exercícios são determinados por profissionais
por exemplo movimento repetitivos, postura inadequada, de fisioterapia e não dispensam a realização de outros exercícios de
levantamento excessivo de peso, entre outros. É necessário adequar força muscular. São realizados dentro do ambiente de trabalho e
ergonomicamente esses ambientes de trabalho, diminuindo o devem ser realizados antes e depois da jornada.
esforço das tarefas e o risco de acidentes de trabalho.
Sabe-se que com o envelhecimento ocorre a diminuição Os riscos presentes no ambiente de trabalho podem ser cate-
progressiva da força muscular. Os músculos são responsáveis pela gorizados em cinco tipos, conforme estabelecido pela Portaria nº
manutenção da estabilidade corporal e pela manutenção dos 3.214 do Ministério do Trabalho do Brasil, datada de 1978. Essa
movimentos articulares. Com essa diminuição da força muscular, portaria reúne normas regulamentadoras que consolidam a legis-
ocorre o desgaste das estruturas envolvidas nos movimentos. lação trabalhista relacionada à segurança e medicina do trabalho.
Isso favorece o aparecimento de doenças como artrites, artroses, A classificação dos riscos é encontrada na Norma Regulamentadora
tendinites e outros. nº 5 (NR-5):
Desse modo, a prática de exercícios laborais são considerados – Riscos de Acidentes: qualquer elemento que exponha o tra-
de extrema importância para a manutenção da força muscular dos balhador a situações de vulnerabilidade, podendo afetar sua inte-
trabalhadores. Esses exercícios são determinados por profissionais gridade física, bem-estar psíquico e físico.
de fisioterapia e não dispensam a realização de outros exercícios de Exemplos: máquinas e equipamentos sem proteção, risco de
força muscular. São realizados dentro do ambiente de trabalho e incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento
devem ser realizados antes e depois da jornada. inadequado, entre outros.
– Riscos Ergonômicos: qualquer fator que possa interferir nas
Entende-se por ergonomia o estudo entre a relação do corpo características psicofisiológicas do trabalhador, causando descon-
humano, com o ambiente de trabalho no qual está inserido. Tem forto ou impactando sua saúde.
como objetivo otimizar o bem-estar do ser humano com o intuito Exemplos: Levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho,
de melhorar seu desenvolvimento dentro do espaço de trabalho. monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho, entre
Dentro desse ambiente, existe a preocupação com o bem- outros.
estar do trabalhador, incluindo sua saúde, durante suas atividades,
uma vez que isso influencia diretamente na boa execução de suas – Riscos Físicos: agentes de risco físico são diversas formas de
funções. energia às quais os trabalhadores podem estar expostos. Exemplos:
É necessário analisar o local de trabalho, incluindo a condição Ruído, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-io-
das instalações, a mobília e os equipamentos. A Norma Reguladora nizantes, vibração, etc.
17 é responsável por tratar sobre a ergonomia dos mobiliários,
sendo adequados ou não para o ambiente de trabalho, além das – Riscos Químicos: agentes de risco químico são substâncias,
condições que devem ser adequadas para que o trabalhador compostos ou produtos que podem entrar no organismo do traba-
execute suas funções. lhador por meio respiratório, poeiras, fumos, gases, neblinas, névo-
Especialmente em seu artigo 17.3.1 da NR17, são estabelecidos as ou vapores, ou que, pela natureza da atividade, possam ser ab-
alguns critérios a serem seguidos sobre a posição sentada, sendo sorvidos pela pele ou por ingestão. Exemplos: Substâncias tóxicas,
que o mobiliário necessita possuir regulagens, com o intuito de produtos químicos nocivos, entre outros.
que o trabalhador possa regular a altura de acordo com as suas
características físicas. – Riscos Biológicos: agentes de risco biológico incluem bacté-
Outro fator que influencia diretamente no conforto do rias, vírus, fungos, parasitas, entre outros.
trabalhador inserido em seu ambiente de trabalho é o nível de
ruído sonoro. A NR MTE 17 e a NBR Inmetro 10152 estabelece que
327
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
A interação entre seres humanos e ambientes de trabalho é um A organização do trabalho é a espinha dorsal que sustenta a
campo intrincado que envolve diversos aspectos, desde a biomecâ- eficiência e o bem-estar dos trabalhadores em qualquer ambiente.
nica até a fisiologia. Este artigo explora os elementos fundamentais A distribuição criteriosa de tarefas é o primeiro passo para garantir
da biomecânica e fisiologia do trabalho, destacando aspectos cog- que cada membro da equipe esteja contribuindo de maneira signifi-
nitivos e psicossociais, organização do trabalho, assédio moral or- cativa para os objetivos organizacionais. Atribuir responsabilidades
ganizacional e a importância da análise ergonômica para promover com base nas habilidades e interesses individuais cria uma dinâmi-
ambientes laborais saudáveis. ca de trabalho mais tranquila e motivadora.
É importante definir responsabilidades claras para evitar confu-
— Aspectos cognitivos e psicossociais: desvendando a com- sões que podem levar à sobrecarga ou ao baixo moral. Quando os
plexidade humana no ambiente de trabalho colaboradores compreendem claramente o seu papel e contribui-
Uma análise aprofundada dos aspectos cognitivos e psicosso- ção para um objetivo comum, isso não só otimiza a produtividade,
ciais explora a complexidade da experiência de trabalho humana. O mas também fortalece a confiança na equipa.
estresse, entendido como uma resposta física e mental a demandas Promover um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profis-
desafiadoras, aparece como fator influenciador da dinâmica de tra- sional é um elemento-chave para uma gestão do trabalho eficaz.
balho. Para reduzir o impacto negativo do stress na saúde mental e Estratégias que incentivam horários flexíveis, políticas de férias ade-
na eficácia profissional, é importante compreender como o stress quadas e uma cultura que valoriza o tempo afastado do trabalho
se manifesta individual e coletivamente. contribuem para a qualidade de vida dos colaboradores. Esta abor-
Além disso, a tomada de decisões, uma habilidade fundamen- dagem não só melhora o bem-estar individual, mas também cria um
tal, está intimamente relacionada aos processos cognitivos. A ca- ambiente onde os funcionários se sentem valorizados e apoiados.
pacidade de avaliar informações, avaliar opções e escolher a ação Desta forma, a organização do trabalho não é apenas uma
mais adequada afeta diretamente a qualidade do desempenho no questão de eficiência operacional, mas também uma expressão
trabalho. Estratégias que incentivam melhores competências de to- visível do compromisso da organização com o bem-estar dos seus
mada de decisão não só aumentam a eficiência, mas também criam colaboradores. Quando devidamente estruturado, pode ser uma
um ambiente de confiança e autonomia. ferramenta poderosa para aumentar a satisfação, a motivação e a
As relações interpessoais, moldam a estrutura social de uma produtividade, e criar um ambiente onde os funcionários possam
organização. Compreender a dinâmica das interações entre cole- não apenas sobreviver, mas também prosperar.
gas, superiores e subordinados é essencial para criar um ambien-
te de trabalho colaborativo e inclusivo. Estratégias de gestão que — Distúrbios do moral organizacional: um desafio para a saú-
promovem relacionamentos positivos contribuem para o ambiente de no local de trabalho
de trabalho, bem como para a motivação e o engajamento dos co-
laboradores.
O último item destacado, satisfação no trabalho, reflete o ajus-
te entre as aspirações individuais e a realidade organizacional. Con-
siderar o equilíbrio entre as demandas profissionais e as aspirações
pessoais é crucial para promover um ambiente onde os colaborado-
res sintam que seu trabalho é valorizado e significativo. Estratégias
que visam aumentar a satisfação no trabalho têm o potencial não
apenas de reter talentos, mas também de impulsionar a inovação
e a produtividade.
Portanto, a gestão eficaz dos aspectos cognitivos e psicosso-
ciais não apenas melhora a qualidade de vida no trabalho, mas
também eleva o desempenho individual e coletivo, fortalecendo as
bases para um ambiente laboral saudável e sustentável.
328
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
lealdade dos funcionários. Finalmente, o bullying não só prejudica a mente uma resposta aos requisitos regulamentares, mas sim um
saúde mental de um indivíduo, como também enfraquece o tecido compromisso da organização em criar um ambiente onde os funcio-
social de uma organização. nários possam prosperar.
Diante desses cenários complexos, estratégias de prevenção e Ao investir na adaptação de espaços e processos às caracte-
intervenção tornam-se importantes. A promoção de políticas inter- rísticas humanas, as organizações não só preservam a saúde físi-
nas que rejeitem claramente todas as formas de assédio, combina- ca e mental dos seus colaboradores, mas também fortalecem um
das com programas de sensibilização e educação, parece ser uma ambiente em que o capital humano é valorizado como um recurso
abordagem proativa. O estabelecimento de canais de denúncia con- estratégico. Em outras palavras, um conhecimento profundo da
fidenciais e eficazes é essencial para incentivar as vítimas a denun- biomecânica e dos fatores que permeiam a fisiologia do trabalho é
ciar incidentes e proporcionar um ambiente seguro para resolver essencial para criar um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
estas questões. A intersecção dos aspectos cognitivos, da organização do tra-
A liderança também desempenha um papel importante na cria- balho, da prevenção do bullying e da análise ergonômica constitui
ção de uma cultura que rejeita o bullying. Modelar o comportamen- a base de uma abordagem holística à gestão de recursos humanos.
to ético, demonstrar empatia e denunciar prontamente o assédio Ao priorizar o bem-estar dos colaboradores e promover práticas
são elementos-chave na criação de um ambiente de trabalho sau- que respeitem a complexidade humana, as organizações não só
dável e respeitoso. Ao assumirem uma postura firme contra o assé- criam um ambiente propício ao crescimento profissional, mas tam-
dio moral, as organizações não só protegem os seus colaboradores, bém criam uma sociedade mais igualitária e centrada no respeito
mas também reforçam os valores éticos e humanitários como pila- mútuo.
res importantes da sua identidade corporativa. Buscar constantemente estratégias que integrem efetivamente
esses elementos é um compromisso firme com a qualidade de vida
— Análise ergonômica do trabalho: criando um ambiente de no trabalho e o desenvolvimento sustentável das organizações.
trabalho adequado às pessoas
BIOSSEGURANÇA VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DA
SAÚDE DO TRABALHADOR: NOÇÕES CONCEITUAIS
EM BIOSSEGURANÇA, VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DA
SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA.
CONCEITOS DE PERÍCIA MÉDICA OCUPACIONAL.
REABILITAÇÃO OCUPACIONAL. NOÇÕES CONCEITUAIS
EM GESTÃO DE RISCOS RELACIONADAS A
PROGRAMAS PREVENCIONISTAS. FERRAMENTAS
E TÉCNICAS DE RECONHECIMENTO E ANÁLISE DE
RISCOS E ADOÇÃO DE MEDIDAS DE PROTEÇÃO E
CONTROLE. PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS
EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS, INSTALAÇÕES E
SERVIÇOS. PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS
PSICOSSOCIAIS; GESTÃO INTEGRADA DE SAÚDE,
SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE. ELENCO DE
PROGRAMAS, LAUDOS, ENSAIOS E PERÍCIAS EM
A análise ergonômica do trabalho parece ser uma ferramen- SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. REGISTROS
ta útil para encontrar um ambiente de trabalho que respeite e se ADMINISTRATIVOS EM SEGURANÇA E SAÚDE NO
adapte às necessidades físicas e mentais dos funcionários. Esta TRABALHO
abordagem cuidadosa inclui uma avaliação detalhada da postura,
movimentos repetitivos, layout do local de trabalho e ferramentas A biossegurança7 é uma estratégia de desenvolvimento sus-
utilizadas para reduzir o risco de lesões e promover o conforto no tentável que promove ações de prevenção para eliminar os riscos
ambiente de trabalho. oriundos das novas tecnologias para a saúde.
A realização de uma análise ergonômica abrangente não é ape- As discussões sobre a importância da biossegurança iniciaram-
nas uma estratégia para reduzir os riscos ocupacionais, mas tam- -se, no Brasil, na década de 1970. Nessa época, começou-se a per-
bém uma iniciativa que visa melhorar a eficiência operacional. Ao ceber a relevância de desenvolver programas de proteção e segu-
adaptar o ambiente de trabalho às características humanas, as or- rança dos trabalhadores, principalmente daqueles envolvidos em
ganizações não só protegem a saúde dos seus colaboradores, mas pesquisas com microrganismos.
também otimizam a produtividade. A partir disso, começaram as discussões sobre o processo de
Esta abordagem preventiva representa um investimento a lon- exposição ocupacional, alinhado ao conceito de biossegurança. O
go prazo na saúde e no bem-estar dos trabalhadores e contribui foco inicial eram os trabalhadores dos laboratórios de análise de
para reduzir o absentismo devido a problemas de saúde relaciona- material biológico, considerando-se a incidência, nesses profissio-
dos com o trabalho. Além disso, um ambiente ergonomicamente nais, de doenças como tuberculose e hepatite B.
projetado tem impacto positivo na qualidade das atividades profis- Todavia, a biossegurança foi instituída no Brasil somente na dé-
sionais, aumentando a concentração, a criatividade e a satisfação
no trabalho. 7 SANTOS, S. V. M.; et al. Saúde do Trabalhador. Porto Alegre:
Sendo assim, a análise ergonômica do trabalho não é simples- Sagah, 2019.
329
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
cada de 1980, com a participação do país no programa de treinamento internacional em biossegurança, organizado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). A partir daí, iniciou-se a implantação de medidas para acompanhar os avanços tecnológicos na área de biosse-
gurança.
A partir de 1985, começaram a ser oferecidos cursos de biossegurança no país, com a finalidade de implementar medidas de seguran-
ça como parte do processo de trabalho de profissionais da saúde. Nesse mesmo período, o Ministério da Saúde começou um projeto de
capacitação científica e tecnológica para doenças emergentes e reemergentes, com a finalidade de capacitar as instituições de saúde em
biossegurança.
No entanto, foi somente na década de 1990 que foi instituída a primeira Lei de Biossegurança, na forma da Lei n°. 8.974, de 5 de janeiro
de 1995, a qual foi revogada pela Lei n°. 11.105, de 24 de março de 2005.
No Ministério da Saúde, a biossegurança é controlada pela Comissão de Biossegurança em Saúde, que foi criada em 2003, pela Portaria
GM/MS n°. 1.683, de 28 de agosto de 2003. Essa comissão tem o papel de definir estratégias de avaliação, atuação e acompanhamento das
ações relacionadas à biossegurança no território nacional. As suas principais atribuições são as seguintes:
- Participar e acompanhar, nos âmbitos nacional e internacional, a elaboração e reformulação de normas de biossegurança;
- Proceder ao levantamento e à análise das questões referentes à biossegurança, visando a identificar os seus impactos e as suas cor-
relações com a saúde humana;
- Propiciar debates públicos sobre biossegurança, por meio de reuniões e eventos abertos à comunidade;
- Estimular a integração de ações dos diversos órgãos do Sistema Único de Saúde nas questões de biossegurança em saúde;
- Assessorar as atividades relacionadas à formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança.
A partir desse contexto, a biossegurança tem trazido resultados relevantes e consideráveis para a saúde dos profissionais da saúde.
Essas ações necessitam de maior reconhecimento e divulgação junto aos trabalhadores e às instituições, uma vez que promovem menores
riscos ocupacionais de contaminação do trabalhador durante o seu processo de trabalho.
Outro avanço da biossegurança, em termos de segurança e saúde dos trabalhadores da saúde, foi a regulamentação da Norma Regula-
mentadora (NR) n°. 32, pelo Ministério do Trabalho, em 2005. Essa norma estabeleceu diretrizes básicas e fundamentais para a prática de
implementação de medidas de proteção, segurança e saúde dos trabalhadores que atuam em ambientes que prestam serviços de saúde,
tanto em atividades de promoção como de assistência à saúde em geral.
Obs.: as contaminações pelos vírus das hepatites B e C e pelo vírus HIV são as principais causas de contaminação sofridas por profissio-
nais da saúde. A prevenção de acidentes com exposição ocupacional é o principal caminho para evitar a transmissão dos vírus.
A NR 32 trouxe diversos avanços para a promoção da saúde dos trabalhadores de instituições de saúde. Ela preconiza que essas insti-
tuições devem implantar ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos seus trabalhadores, com vistas aos riscos ambientais
presentes nas atividades laborais. A NR 32 possui três eixos:
1. Capacitação contínua dos trabalhadores;
2. Definição dos programas que abordam os riscos ocupacionais;
3. Determinação das medidas de proteção contra os riscos.
A biossegurança promove, nos dias atuais, maior controle dos riscos ambientais presentes nas atividades laborais dos profissionais da
saúde. Além disso, promove a consolidação das ações e das competências nessa área, em prol de uma maior segurança e saúde no traba-
lho, bem como a qualidade de vida e saúde dos trabalhadores. Por isso, é importante manter a discussão sobre a biossegurança no local
de trabalho, a fim de reduzir os riscos ocupacionais, os acidentes e as contaminações dos trabalhadores.
Os trabalhadores têm enfrentado diversos obstáculos para desenvolver as suas atividades laborais. Além das pressões administrativas
e da sobrecarga de trabalho, eles ainda enfrentam dificuldades relacionadas ao ambiente de trabalho. Muitos ambientes laborais ofere-
cem riscos ocupacionais nas atividades exercidas, em função das necessidades do trabalho.
Os riscos ocupacionais fazem parte da vida diária do trabalhador. Por isso, todos precisam conhecer e ficar atentos a tais fatores de
riscos. Ao identificar os fatores de risco ocupacional, é possível promover a maior segurança no trabalho.
Entre os riscos ocupacionais que podem prejudicar a saúde e o trabalho do indivíduo, os riscos físicos são os mais presentes nos am-
bientes laborais. Além disso, tem-se investigado muito a exposição dos trabalhadores aos agentes químicos nos ambientes de trabalho.
Esses dois riscos são responsáveis por muitos acidentes e doenças advindas das atividades laborais.
330
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Riscos Físicos
Os riscos físicos são aqueles capazes de modificar o ambiente de trabalho dos indivíduos. São efeitos gerados por máquinas, equipa-
mentos e condições físicas características do local de trabalho que podem causar prejuízos à saúde do trabalhador.
Esses riscos são identificados por três principais características: necessitam de um meio de transmissão; agem mesmo sobre pessoas
que não têm contato direto com a fonte e podem ocasionar lesões crônicas.
Ruído
- Características: sons presentes no ambiente de trabalho que, ao atingir níveis excessivos, podem provocar sérios prejuízos à saúde,
dependendo do tempo de exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual;
- Consequências: baixa concentração, baixo rendimento, má comunicação, acidentes, desconforto, perda auditiva, alterações na pres-
são sanguínea.
Vibração
- Características: são agentes físicos nocivos, produzidos por máquinas ou equipamentos vibrantes que atuam por transmissão de
energia mecânica, emitindo oscilações com amplitudes perceptíveis;
- Consequências: danos na região espinal, alterações no sistema circulatório e/ou urológico e neurológico, fadiga, insônia, dor de
cabeça, tremor, vômitos, respiração irregular, alterações neurovasculares e articulares nas mãos, problemas nas articulações de mãos e
braços, osteoporose.
Radiação
- Características: são formas de energia transmitidas por ondas. São divididas em dois grupos: ionizantes e não ionizantes;
- Consequências
Radiação ionizante: os efeitos imediatos são eritema, queda de cabelos, necrose de tecido, esterilidade temporária ou permanente. Os
efeitos tardios são catarata, câncer, anemia;
Radiação não ionizante: os efeitos são perturbações visuais, queimaduras, lesões, insolação, fadiga.
Umidade
- Características: atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir
danos à saúde dos trabalhadores;
- Consequências: doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, efeitos metabólicos e endócrinos.
331
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Temperatura extrema
- Características
Calor: fatores ambientais podem afetar o trabalhador exposto ao calor excessivo;
Frio: atividades laborais que expõem os trabalhadores aos danos provocados pelo frio.
- Consequências
Calor: desidratação, erupção da pele, câimbras, fadiga física, distúrbios psiconeuróticos, problemas cardiocirculatórios, insolação, hi-
pertermia;
Frio: feridas, rachaduras e necrose na pele, enregelamento, agravamento de doenças reumáticas, predisposição para acidentes, pre-
disposição para doenças das vias respiratórias, hipotermia e Síndrome de Raynaud.
Pressão anormal
- Características: atividades em que os trabalhadores ficam sujeitos a pressões ambientais acima ou abaixo das pressões normais.
- Consequências
Hipobáricas (baixas pressões): irritabilidade, diminuição da capacidade motora e sensitiva, alterações do sono, fadiga muscular, hemor-
ragias na retina, edema cerebral, edema agudo do pulmão, hipóxia.
Hiperbáricas (altas pressões): convulsões, ruptura do tímpano, liberação de nitrogênio nos tecidos, necrose óssea.
A prevenção aos riscos físicos é a melhor forma de evitar as consequências que o trabalho pode causar ao trabalhador devido à expo-
sição direta aos agentes. A promoção de medidas de proteção individual pode ajudar no combate à exposição aos riscos físicos.
Nota: as pressões hiperbáricas são aquelas acima da pressão atmosférica normal. Elas ocorrem em trabalhos realizados em tubulações
de ar comprimido, máquinas de perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores. Já as pressões hipobáricas
são aquelas abaixo da pressão atmosférica normal, que ocorrem com trabalhadores que realizam tarefas em grandes altitudes, como em
arranha-céus, ou em pilotos e astronautas.
Riscos Químicos
Os riscos químicos são causados por exposição a substâncias sólidas, líquidas ou gasosas, compostas por produtos químicos capazes de
penetrar no organismo, como poeira, fumo, gases, vapores, entre outros.
Esses riscos são representados pelas substâncias químicas que se encontram nas formas líquida, sólida ou gasosa e que, quando absor-
vidas pelo organismo, podem produzir reações tóxicas e danos à saúde.
Existem três vias de penetração no organismo: respiratória (inalação pelas vias aéreas), cutânea (absorção pela pele) e digestiva (in-
gestão).
Algumas das características e das consequências da exposição aos riscos químicos são apresentadas na tabela abaixo:
332
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
A prevenção aos riscos químicos é a melhor forma de evitar danos à saúde decorrentes do trabalho. Para isso, é necessário conhecer
as suas principais fontes e consequências, possibilitando assim a implementação de barreiras para contenção da exposição do trabalhador.
As medidas de proteção individual são as melhores maneiras de evitar essa contaminação. Dessa forma, elas devem ser adotadas,
monitoradas e incentivadas pelo setor de saúde ocupacional.
Os riscos ergonômicos presentes no ambiente de trabalho são responsáveis por diversas doenças osteomusculares. Eles estão pre-
sentes na maioria das atividades ocupacionais e relacionam-se a posturas inadequadas na execução das tarefas e tempo prolongado na
mesma posição no processo de trabalho.
O objetivo principal da ergonomia é manter a satisfação, a segurança e o bem-estar do trabalhador em seu ambiente laboral. É im-
portante atentar às tarefas, aos equipamentos e ao melhor comportamento entre as equipes, assim como à adaptação do ambiente e do
processo de trabalho.
Os riscos ergonômicos são regulamentados pela NR 17 e fazem parte dos mapas de riscos dos ambientes de trabalho. Esses riscos são
divididos de acordo com as suas características:
Esforço físico intenso
- Características: esforço físico demandado por algumas tarefas, sem uso de equipamento adequado;
- Consequências: dores, fadiga, esgotamento profissional (Burnout), cansaço.
Postura inadequada
- Características: posição inadequada em que o trabalhador executa a sua atividade;
- Consequências: dores nas costas, enfraquecimento e lesões em várias partes do corpo, como ombros e pulsos, Distúrbio Osteomus-
cular Relacionado ao Trabalho (DORT).
Controle da produtividade
- Características: cobrança excessiva para um trabalho acelerado, com mais esforço físico do trabalhador;
- Consequências: estresse físico e mental, transtorno de ansiedade, fadiga, esgotamento profissional (Burnout).
Ritmos excessivos
- Características: excesso de tarefas e cobranças;
- Consequências: estresse físico e mental, hipertensão arterial, transtorno de ansiedade, depressão, doenças do trato gastrintestinal.
Monotonia e repetitividade
- Características: movimentos repetitivos, como trabalhar no computador ou operar máquinas, e a prática de atividades sempre iguais;
- Consequências: tendinites, lesão por esforço repetitivo (LER), dores e limitação de movimentos, transtorno de ansiedade, depressão.
Iluminação inadequada
- Características: redução da segurança no ambiente de trabalho por não enxergar direito em ambiente com iluminação insuficiente;
- Consequências: acidentes, fadiga visual, olhos vermelhos, doloridos e lacrimejantes.
333
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Os riscos ergonômicos precisam ser analisados de acordo com da sua saúde mental e emocional. Esta abordagem holística baseia-
as características físicas do trabalhador, ou seja, sexo, idade, peso, -se numa compreensão fundamental das inter-relações essenciais
altura, entre outros. Assim, torna-se mais fácil direcioná-lo para entre a saúde dos trabalhadores, a segurança no trabalho e a res-
uma atividade que tenha características que o agradem e que não ponsabilidade ambiental e reconhece que estes elementos estão
provoquem doenças ou acidentes. Além disso, é necessária a ado- fundamentalmente interligados.
ção de medidas que previnam as doenças ergonômicas, como a prá- A segurança física é fundamental, mas é apenas um aspecto do
tica de atividade física e alongamento antes de iniciar as atividades bem-estar geral dos funcionários. Os cuidados integrados reconhe-
laborais. cem que a saúde mental e emocional desempenha um papel igual-
mente importante na produtividade e na satisfação no trabalho. Ao
O dinamismo do local de trabalho atual apresenta desafios sig- criar estratégias e políticas que abordam esses aspectos, as organi-
nificativos relacionados com riscos psicossociais que afetam direta- zações não apenas cumprem suas obrigações éticas, mas também
mente a saúde mental e emocional dos colaboradores. Para abordar promovem um ambiente propício para o florescimento pessoal e
estas complexidades, a gestão integrada da saúde, segurança e am- profissional.
biente, combinando esforços para promover ambientes de trabalho Além disso, essa abordagem holística vai além das fronteiras da
saudáveis e sustentáveis, torna-se uma abordagem importante. organização, estendendo-se ao compromisso com a responsabilida-
de ambiental. A gestão integrada reconhece que práticas susten-
— Compreendendo os riscos psicossociais: uma revisão ampla táveis não apenas preservam o meio ambiente, mas também con-
No contexto dinâmico do ambiente de trabalho atual, os riscos tribuem para a criação de um ambiente de trabalho saudável. Isso
psicossociais tornam-se mais complexos do que apenas as exigên- inclui a conscientização sobre o consumo consciente de recursos,
cias físicas. Consiste em uma complexa rede de fatores que afetam a minimização de resíduos e a promoção de práticas que visam a
diretamente o estado emocional, mental e social dos colaborado- sustentabilidade a longo prazo.
res. Dentre esses fatores, as demandas excessivas de trabalho des- Ao adotar essa perspectiva integrada, as organizações fortale-
tacam-se como um dos grandes desafios que podem causar estres- cem não apenas seu capital humano, mas também constroem uma
se cognitivo e emocional excessivo. imagem sólida perante a sociedade. Colaboradores engajados, mo-
Além disso, a falta de controle sobre as tarefas atribuídas e as tivados e saudáveis contribuem significativamente para a consecu-
relações interpessoais adversas são fatores adicionais que contri- ção dos objetivos organizacionais. Da mesma forma, a responsabi-
buem para o surgimento de riscos psicossociais. Sentir-se desampa- lidade ambiental não apenas atende às expectativas da sociedade
rado diante de demandas excessivas ou incapaz de influenciar deci- contemporânea, mas também prepara o terreno para um futuro
sões no trabalho pode levar à insatisfação e à perda de motivação. onde a harmonia entre a atividade humana e a preservação am-
Relações interpessoais deficientes podem levar a situações de biental é uma realidade tangível.
conflito, isolamento social e até confusão moral. Os efeitos negati- Assim, a gestão integrada de saúde, segurança e meio am-
vos dessa condição estendem-se além do ambiente profissional e biente transcende os limites tradicionais da administração, trans-
atingem a esfera pessoal, afetando as relações familiares, a qualida- formando-se em um compromisso em nutrir ambientes organiza-
de do sono e a saúde geral. cionais que prosperam em todos os aspectos. Essa abordagem não
Compreender esta complexidade é importante porque estes apenas responde às demandas do presente, mas também pavimen-
elementos não funcionam de forma independente. Muitas vezes ta o caminho para uma trajetória sustentável e equitativa para as
estão inter-relacionados, criando um ambiente propício ao desen- gerações futuras.
volvimento de condições como estresse, fadiga, ansiedade e até
depressão. Esta situação não só afeta o bem-estar de cada traba- — Práticas Efetivas de Prevenção e Controle dos Riscos Psi-
lhador, mas também afeta o desempenho da organização, levando cossociais
à diminuição da produtividade, ao aumento do absentismo e ao au- Avaliação Holística: realizar avaliações regulares que identifi-
mento da rotatividade de funcionários. quem e analisem os riscos psicossociais específicos presentes no
Portanto, uma visão abrangente do risco psicossocial é essen- ambiente de trabalho é um ponto de partida crucial. Esta análise
cial para desenvolver estratégias de prevenção e controle que le- aprofundada fornece uma compreensão mais precisa das áreas que
vem em conta as inter-relações desses fatores. Isto inclui não só requerem intervenção.
abordar os sintomas óbvios, mas também identificar e abordar as Intervenção proativa: é importante desenvolver um programa
causas profundas que estão a afetar a dinâmica do local de traba- de intervenção proativa. Isso inclui a implementação de estratégias
lho. Investir na promoção de relacionamentos interpessoais positi- que abordem aspectos como carga de trabalho, gerenciamento de
vos e ao mesmo tempo criar um ambiente saudável que valorize o tempo e promoção de relacionamentos interpessoais saudáveis. A
equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um passo importante prevenção é uma ferramenta poderosa para reduzir os riscos antes
na construção de uma organização mais resiliente e sustentável. que eles aumentem.
334
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Educação e Conscientização: investir em programas de educa- as de sucesso e potenciais lacunas. A partir dessa análise, as empre-
ção e conscientização em saúde mental é uma poderosa estratégia sas podem ajustar suas estratégias, aperfeiçoar treinamentos e di-
de prevenção. Fornecer aos colaboradores ferramentas e recursos recionar recursos para áreas que requerem atenção mais especial.
para reconhecer e gerir o stress e outras questões psicossociais
pode contribuir muito para a promoção do bem-estar. Orientação futura através de estratégias de melhoria: os pro-
gramas não são estáticos e a melhoria contínua é uma parte im-
Monitoramento contínuo: para avaliar a eficácia das medidas portante disso. A análise crítica dos registros administrativos não
adotadas, é importante implementar um sistema de monitorização só avalia o passado, mas também orienta futuras estratégias de
contínua. Este processo contínuo permite-nos adaptar e melhorar melhoria. Esta abordagem interativa e baseada em dados permite
as nossas formas de trabalhar, proporcionando uma abordagem ágil que as empresas adaptem os seus programas para enfrentar novos
à dinâmica do nosso ambiente de trabalho. desafios e se adaptarem às mudanças nas condições de trabalho.
O cenário dinâmico do ambiente de trabalho atual destaca a Simplificando, um programa de saúde e segurança ocupacional
necessidade essencial de estratégias eficazes para garantir a segu- é mais do que apenas diretrizes. Isto demonstra claramente o com-
rança e a saúde dos colaboradores. Num ambiente onde a integri- promisso da organização com o bem-estar dos seus colaboradores.
dade física e mental dos trabalhadores é considerada uma priorida- Que se trate da capacitação através de formação específica, da cria-
de clara, a implementação de programas estruturados, relatórios ção de uma cultura de sensibilização ou da antecipação e mitigação
precisos, testes rigorosos e conhecimentos especializados são res- de riscos, estes programas são essenciais para a criação de um am-
postas críticas aos desafios atuais. biente de trabalho seguro, saudável e sustentável.
1. Funções básicas dos programas de segurança e saúde ocu- — Relatórios precisos: Informações detalhadas sobre a saúde
pacional do seu ambiente de trabalho
Um programa dedicado de saúde e segurança ocupacional é A preparação de relatórios por peritos profissionais não é ape-
essencial para construir a base de uma cultura organizacional fo- nas uma obrigação regulamentar; É uma ferramenta importante
cada na proteção dos funcionários. Esta iniciativa não é apenas um para compreender e promover a saúde e a segurança no local de
conjunto de regras e procedimentos, mas sim diretrizes gerais que trabalho. Este documento fornece uma análise abrangente, iden-
abrangem todos os níveis da empresa. tifica perigos potenciais, condições não conformes e sugere ações
corretivas. Ao contrário de uma visão superficial, o relatório fornece
uma radiografia detalhada do seu ambiente de trabalho, permitin-
— Treinamento profissional: treinamento de Segurança do-lhe tomar decisões informadas sobre como melhorar significati-
Uma parte importante do programa é a formação específica vamente as suas condições de trabalho.
que visa proporcionar aos colaboradores as competências e conhe-
cimentos necessários para enfrentar os desafios do local de traba- Compreensão mais profunda dos relatórios e Melhoria con-
lho. Isto não só inclui orientações sobre procedimentos de seguran- tínua: além de cumprir os requisitos regulamentares, uma com-
ça específicos, mas também promove a consciência da importância preensão profunda dos relatórios fornece orientações valiosas na
da prevenção e do papel ativo de cada indivíduo para se manter implementação de melhorias importantes. Os profissionais respon-
seguro e saudável. sáveis pela saúde e segurança ocupacional podem utilizar este re-
latório como ferramenta estratégica. Ao interpretar o relatório de
— Campanha de conscientização: construindo uma cultura de forma holística, as empresas podem identificar padrões, tendências
cuidado e questões específicas. Esta abordagem promove a implementação
Além do treinamento, as campanhas de conscientização são de ações corretivas específicas e fomenta uma cultura de melhoria
um componente-chave dos programas de saúde e segurança ocu- contínua.
pacional. O objetivo da campanha é criar consciência coletiva sobre
a importância das práticas de segurança e incentivar uma cultura — Ensaios Rigorosos: Garantir a eficácia das medidas de se-
onde os colaboradores se sintam responsáveis não só pela sua pró- gurança
pria segurança, mas também pela segurança dos seus colegas. Testes rigorosos são uma parte importante da validação das
medidas de segurança. O objetivo destes testes é garantir a confor-
Uma abordagem proativa para identificar e mitigar riscos: o midade com as normas regulamentares, bem como garantir que as
programa foi projetado para identificar e mitigar riscos de forma condições de trabalho atendam aos mais altos padrões de seguran-
proativa. Isto significa não apenas responder a incidentes, mas ça possíveis. Testes abrangentes, incluindo simulação de acidentes,
também antecipar e prevenir situações potencialmente perigosas. avaliação de equipamentos e monitoramento ambiental, fornecem
Integra sistemas de avaliação contínua de riscos e faz os ajustes ne- uma visão holística do desempenho do local de trabalho em diver-
cessários para garantir a eficácia das medidas de segurança em um sas situações. Esta abordagem não só identifica potenciais lacunas,
ambiente de trabalho em constante mudança. mas também orienta os ajustamentos em curso.
Análise crítica utilizando registros administrativos: a análise Compreensão profunda dos resultados dos testes: tal como
crítica dos registros administrativos relacionados com este progra- acontece com a interpretação de relatórios, é importante compre-
ma é um passo importante para melhorar a eficácia das atividades ender cuidadosamente os resultados dos testes. Estes testes po-
implementadas. Os registros fornecem uma imagem detalhada da dem fornecer aos gestores de saúde e segurança ocupacional in-
implementação do programa ao longo do tempo e identificam áre- formações valiosas ao avaliar a eficácia das medidas de segurança
335
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
existentes. Os resultados não são apenas números. Esta é uma visão dor está desempenhando atividades relacionadas à sua função, a
valiosa sobre áreas que podem precisar de melhorias ou ajustes. serviço do empregador (Típico) ou no percurso entre a residência e
Com este profundo conhecimento, as empresas podem ajustar e o trabalho (Trajeto). Esse incidente provoca lesão corporal ou per-
dedicar continuamente recursos a áreas críticas para criar ambien- turbação funcional, podendo resultar na perda ou redução tempo-
tes de trabalho cada vez mais seguros. rária ou permanente da capacidade de trabalho e até mesmo na
morte.
— Habilidades Especiais: Iluminando eventos e desafios com-
plexos Acidente de trabalho com exposição a material biológico
Quando ocorre um incidente grave ou surge um problema com- Qualquer ocorrência que envolva acidente de trabalho com to-
plexo, a expertise surge como uma resposta educacional. Especialis- das as categorias profissionais, incluindo a exposição direta ou indi-
tas altamente treinados assumem o papel de investigadores espe- reta do trabalhador a material biológico (orgânico) potencialmente
cializados e realizam análises detalhadas para determinar a causa. contaminado por patógenos (vírus, bactérias, fungos, príons e pro-
Essas análises não apenas fornecem resposta imediata a incidentes, tozoários), através de material perfurocortante ou não.
mas também fornecem insights profundos para evitar recorrências.
Uma compreensão profunda de conhecimentos específicos não só Transtornos mentais relacionados ao trabalho
ajuda a responder eficazmente a incidentes, mas também promove Qualquer caso de sofrimento emocional, manifestado de diver-
um ciclo de aprendizagem contínuo para melhorar continuamente sas formas, como choro fácil, tristeza, medo excessivo, doenças psi-
as suas práticas de segurança. cossomáticas, agitação, irritação, nervosismo, ansiedade, taquicar-
dia, sudorese, insegurança, entre outros sintomas. Esses sintomas
Registros administrativos: os registros administrativos de SST podem indicar o desenvolvimento ou agravamento de transtornos
(Segurança e Saúde no Trabalho) desempenham um papel estra- mentais, utilizando os CID-10: Transtornos mentais e comporta-
tégico na documentação e análise de eventos, formação e outras mentais (F00 a F99), Alcoolismo (Y90 e Y91), Síndrome de Burnout
atividades relacionadas. Esses registros fornecem uma imagem (Z73.0), Sintomas e sinais relativos à cognição, à percepção, ao esta-
abrangente do compromisso de uma organização com a segurança, do emocional e ao comportamento (R40 a R46), Pessoas com riscos
servindo como um espelho confiável das práticas aceitas. Uma com- potenciais à saúde relacionados com circunstâncias socioeconômi-
preensão abrangente desses registros não é apenas uma prática de cas e psicossociais (Z55 a Z65), Circunstância relativa às condições
conformidade, mas também uma ferramenta poderosa para análi- de trabalho (Y96) e Lesão autoprovocada intencionalmente (X60 a
se crítica. Ao mapear o progresso ao longo do tempo, os registros X84). Esses transtornos têm como elementos causais fatores de ris-
de gestão fornecem um cronograma claro para as ações tomadas, co relacionados ao trabalho, resultantes da organização e gestão do
permitindo às organizações antecipar potenciais problemas e pros- trabalho ou exposição a determinados agentes tóxicos.
seguir estratégias proativas. A análise cuidadosa desses registros
não apenas destaca as realizações, mas também identifica áreas de Câncer relacionado ao trabalho
oportunidade para impulsionar a melhoria contínua. No complexo Qualquer caso de câncer em que a exposição a fatores, agentes
campo da saúde e segurança ocupacional, onde a eficiência é es- e situações de risco presentes no ambiente e processo de trabalho
sencial, programas estruturados, relatórios precisos, testes rigoro- seja um dos elementos causais, mesmo após a cessação da expo-
sos e conhecimento especializado são essenciais. sição.
Em resumo, a gestão integrada, os registros administrativos, o
profundo entendimento dos relatórios, os testes e o conhecimen- Dermatoses ocupacionais
to são pilares que sustentam uma cultura organizacional focada na Toda alteração na pele, mucosas e anexos, direta ou indireta-
proteção dos colaboradores. Ao registar o progresso, antecipar pro- mente causada, agravada ou mantida pelo trabalho, relacionada
blemas e responder claramente aos incidentes, as organizações não à exposição a agentes químicos, biológicos ou físicos, bem como
só cumprem os requisitos regulamentares, mas também criam um a quadros psíquicos. Pode ocasionar afecções do tipo irritativa (a
ambiente de trabalho seguro, saudável e em constante melhoria. A maioria) ou sensibilizante, confirmadas por critérios clínicos, epide-
busca pela excelência em segurança e saúde ocupacional torna-se, miológicos ou laboratoriais.
portanto, uma jornada de aprendizado e desenvolvimento contí-
nuo, garantindo a integridade tanto dos colaboradores quanto do Pneumoconioses
ambiente de trabalho em que atuam. Todas as doenças pulmonares causadas pela inalação e acúmu-
lo de poeiras inorgânicas nos pulmões, com reação celular à presen-
ça dessas poeiras, devido à exposição no ambiente ou processo de
AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO: trabalho. Exemplos de pneumoconioses incluem asbestose, silico-
CONCEITOS, ASPECTOS LEGAIS, PROTOCOLOS DE se, beriliose, estanhose, siderose, entre outras.
ATENÇÃO E NOTIFICAÇÃO
PAIR (Perda Auditiva Induzida pelo Ruído)
— Conceitos Todos os casos de PAIR caracterizados pela diminuição gradual
da acuidade auditiva, resultante da exposição contínua ao ruído, as-
Acidente de trabalho sociada ou não a substâncias químicas, no ambiente de trabalho. É
Qualquer incidente não natural envolvendo acidentes e violên- sempre neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e passível
cias (Capítulo XX da CID-10 V01 a Y98) que ocorra no ambiente de de não progressão uma vez cessada a exposição ao ruído.
trabalho ou durante o exercício do trabalho, enquanto o trabalha-
LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteo-
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
asfixiantes à base de fósforo branco. 02.076 Operações com Dióxido de vinil ciclohexano.
02.045 Emprego de defensivos organofosforados. 02.077 Operações com Epicloridrina.
02.046 Fabricação de bronze fosforado. 02.078 Operações com Hexametilfosforamida.
02.047 Fabricação de mechas fosforadas para lâmpadas de 02.079 Operações com 4,4’-metileno bis (2-cloro anilina).
mineiros. 02.080 Operações com 4,4’-metileno dianilina.
02.048 Destilação do alcatrão da hulha. 02.081 Operações com Nitrosaminas.
02.049 Destilação do petróleo. 02.082 Operações com Propano sultone.
02.050 Manipulação de alcatrão, breu, betume, antraceno, 02.083 Operações com Betapropiolactona.
óleos minerais, óleo queimado, parafina ou outras substâncias 02.084 Operações com Tálio.
cancerígenas afins. 02.085 Produção de trióxido de amônio.
02.051 Fabricação de fenóis, cresóis, naftóis, nitroderivados, 02.086 Ustulação de sulfeto de níquel.
aminoderivados, derivados halogenados e outras substâncias 02.087 Aplicação a pistola de tintas de alumínio.
tóxicas derivadas de hidrocarbonetos cíclicos. 02.088 Fabricação de pós de alumínio (trituração e moagem).
02.052 Pintura a pistola com esmaltes, tintas, vernizes e 02.089 Fabricação de emetina e pulverização de ipeca.
solventes contendo hidrocarbonetos aromáticos. 02.090 Fabricação e manipulação de ácido oxálico, nítrico
02.053 Emprego de defensivos organoclorados: DDT sulfúrico, bromídrico, fosfórico, pícrico.
(diclorodifeniltricloretano), DDD (diclorodifenildicloretano), 02.091 Metalização a pistola.
metoxicloro (dimetoxidifeniltricloretano), BHC (hexacloreto de 02.092 Operações com o timbó.
benzeno) e seus compostos e isômeros. 02.093 Operações com bagaço de cana nas fases de grande
02.054 Emprego de defensivos derivados do ácido carbônico. exposição à poeira.
02.055 Emprego de aminoderivados de hidrocarbonetos 02.094 Operações de galvanoplastia: douração, prateação,
aromáticos (homólogos da anilina). niquelagem, cromagem, zincagem, cobreagem, anodização de
02.056 Emprego de cresol, naftaleno e derivados tóxicos. alumínio.
02.057 Emprego de isocianatos na formação de poliuretanas 02.095 Telegrafia e radiotelegrafia, manipulação em aparelhos
(lacas de desmoldagem, lacas de dupla composição, lacas protetoras do tipo Morse e recepção de sinais em fones.
de madeira e metais, adesivos especiais e outros produtos à base 02.096 Trabalhos com escórias de Thomás: remoção, trituração,
de poliisocianetos e poliuretanas). moagem e acondicionamento.
02.058 Emprego de produtos contendo hidrocarbonetos 02.097 Trabalho de retirada, raspagem a seco e queima de
aromáticos como solventes ou em limpeza de peças. pinturas.
02.059 Fabricação de artigos de borracha, de produtos 02.098 Trabalhos na extração de sal (salinas).
para impermeabilização e de tecidos impermeáveis à base de 02.099 Fabricação e manuseio de álcalis cáusticos.
hidrocarbonetos. 02.100 Fabricação e transporte de cal e cimento nas fases de
02.060 Fabricação de linóleos, celuloides, lacas, tintas, grande exposição a poeiras.
esmaltes, vernizes, solventes, colas, artefatos de ebonite, guta- 02.101 Trabalhos de carregamento, descarregamento ou
percha, chapéus de palha e outros à base de hidrocarbonetos. remoção de enxofre ou sulfitos em geral, em sacos ou a granel.
02.061 Limpeza de peças ou motores com óleo diesel aplicado 02.102 Trabalhos no subsolo com exposição a manganês.
sob pressão (nebulização). 02.103 Trabalhos na superfície com exposição a manganês.
02.062 Pintura a pincel com esmaltes, tintas e vernizes em
solvente contendo hidrocarbonetos aromáticos. ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM EXPLOSIVOS
02.063 Fabricação e manipulação de compostos orgânicos de 03.001 Armazenamento de explosivos.
mercúrio. 03.002 Transporte de explosivos.
02.064 Operações que desprendam poeira de silicatos em 03.003 Operação de escorva dos cartuchos de explosivos.
trabalhos permanentes no subsolo, em minas e túneis (operações 03.004 Operação de carregamento de explosivos.
de corte, furação, desmonte, carregamentos e outras atividades 03.005 Detonação de explosivos.
exercidas no local do desmonte e britagem no subsolo). 03.006 Verificação de detonações de explosivos falhadas.
02.065 Operações de extração, trituração e moagem de talco. 03.007 Queima e destruição de explosivos deteriorados.
02.066 Fabricação de material refratário, como refratários para 03.008 Operações de manuseio de explosivos.
fôrmas, chaminés e cadinhos; recuperação de resíduos.
02.067 Exposição ou contato, por qualquer via com 4-amino ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM INFLAMÁVEIS
difenil (p-xenilamina). 04.001 Produção, transporte, processamento e armazenamento
02.068 Produção de Benzidina. de gás liquefeito.
02.069 Exposição ou contato, por qualquer via com 04.002 Transporte e armazenagem de inflamáveis líquidos e
Betanaftilamina. gasosos liquefeitos e de vasilhames vazios não-desgaseificados ou
02.070 Exposição ou contato, por qualquer via com decantados (todos os trabalhadores da área de operação).
4-nitrodifenil. 04.003 Reabastecimento de aeronaves (todos os trabalhadores
02.071 Operações com Éter bis (cloro-metílico). nessas atividades ou que operam na área de risco).
02.072 Operações com Benzopireno. 04.004 Operações nos locais de carregamento de navios-
02.073 Operações com Berílio. tanques, vagões-tanques e caminhões tanques e enchimento de
02.074 Operações com Cloreto de dimetil-carbamila. vasilhames, com inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos (todos
02.075 Operações com 3,3’-dicloro-benzidina. os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área de risco).
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
04.005 Operações nos locais de descarga de navios-tanques, em locais abertos (Círculo com raio de 7,5 metros com centro nos
vagões-tanques e caminhões-tanques com inflamáveis líquidos ou bicos de enchimento).
gasosos liquefeitos ou de vasilhames vazios não-desgaseificados 04.024 Enchimento de vasilhames com inflamáveis líquidos,
ou decantados (todos os trabalhadores nessas atividades ou que em recinto fechado (Toda a área interna do recinto).
operam na área de risco). 04.025 Manutenção de viaturas-tanques, bombas e vasilhames
04.006 Serviços de operações e manutenção de navios-tanque, que continham inflamável líquido (Local de operação, acrescido de
vagões-tanques, caminhões-tanques, bombas e vasilhames, faixa de 7,5 metros de largura em torno dos seus pontos externos).
com inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos, ou vazios não 04.026 Desgaseificação, decantação e reparos de vasilhames
desgaseificados ou decantados (todos os trabalhadores nessas não desgaseificados ou decantados, utilizados no transporte de
atividades ou que operam na área de risco). inflamáveis (Local da operação, acrescido de faixa de 7,5 metros de
04.007 Operações de desgaseificação, decantação e reparos largura em torno dos seus pontos externos).
de vasilhames de inflamáveis não desgaseificados ou decantados 04.027 Testes em aparelhos de consumo de gás e seus
(todos os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área equipamentos (Local da operação, acrescido de faixa de 7,5 metros
de risco). de largura em torno dos seus pontos extremos).
04.008 operações de testes de aparelhos de consumo do gás 04.028 Abastecimento de inflamáveis (Toda a área de operação,
e seus equipamentos (todos os trabalhadores nessas atividades ou abrangendo, no mínimo, círculo com raio de 7,5 metros com centro
que operam na área de risco). no ponto de abastecimento e o círculo com raio de 7,5 metros com
04.009 transporte de inflamáveis líquidos e gasosos liquefeitos centro na bomba de abastecimento da viatura e faixa de 7,5 metros
em caminhão-tanque (motorista e ajudantes). de largura para ambos os lados da máquina).
04.010 transporte de vasilhames (em caminhões de carga), 04.029 Armazenamento de vasilhames que contenham
contendo inflamável líquido, em quantidade total igual ou superior inflamáveis líquidos ou vazios não desgaseificados ou decantados,
a 200 litros (motorista e ajudantes). em locais abertos (Faixa de 3 metros de largura em torno dos seus
04.011 transporte de vasilhames (em carreta ou caminhão de pontos externos).
carga), contendo inflamável gasosos e líquido, em quantidade total 04.030 Armazenamento de vasilhames que contenham
igual ou superior a 135 quilos (motorista e ajudantes). inflamáveis líquidos ou vazios não desgaseificados, ou decantados,
04.012 operação em postos de serviço e bombas de em recinto fechado (Toda a área interna do recinto).
abastecimento de inflamáveis líquidos (operador de bomba e 04.031 Carga e descarga de vasilhames contendo inflamáveis
trabalhadores que operam na área de risco). líquidos ou vasilhames vazios não desgaseificados ou decantados,
04.013 Trabalho em poços de petróleo em produção de gás transportados pôr navios, chatas ou batelões (Afastamento de
(círculo com raio de 30 metros, no mínimo, com centro na boca do 3 metros da beira do cais, durante a operação, com extensão
poço). correspondente ao comprimento da embarcação).
04.014 Trabalho em unidade de processamento das refinarias
(Faixa de 30 metros de largura, no mínimo, contornando a área de ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM RADIAÇÕES
operação). IONIZANTES OU SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS
04.015 Operações com inflamáveis em refinaria, em estado de 05.001 Produção, utilização, processamento, transporte,
volatilização ou possibilidade de volatilização decorrente de falha guarda, estocagem, e manuseio de materiais radioativos, selados
ou defeito dos sistemas de segurança e fechamento das válvulas e não selados, de estado físico e forma química quaisquer, naturais
(Faixa de 15 metros de largura, no mínimo, contornando a área de ou artificiais (Minas e depósitos de materiais radioativos. Plantas-
operação). piloto e usinas de beneficiamento de minerais radioativos. Outras
04.016 Operações em tanques de inflamáveis líquidos (Toda a áreas sujeitas a risco potencial devido às radiações ionizantes),
bacia de segurança). incluindo:
04.017 Operações em tanques elevados de inflamáveis a) Prospecção, mineração, operação, beneficiamento e
gasosos (Círculo com raio de 3 metros com centro nos pontos de processamento de minerais radioativos (Lixiviação de minerais
vazamento eventual (válvula registros, dispositivos de medição por radioativos para a produção de concentrados de urânio e tório.
escapamento, gaxetas)). Purificação de concentrados e conversão em outras formas para
04.018 Carga e descarga de inflamáveis líquidos contidos em uso como combustível nuclear);
navios, chatas e batelões (Afastamento de 15 metros da beira b) Produção, transformação e tratamento de materiais
do cais, durante a operação, com extensão correspondente ao nucleares para o ciclo do combustível nuclear (Produção de
comprimento da embarcação). fluoretos de urânio para a produção de hexafluoreto e urânio
04.019 Abastecimento de aeronaves (Toda a área de operação). metálico. Instalações para enriquecimento isotópico e reconversão.
04.020 Enchimento de vagões - tanques e caminhões - tanques Fabricação do elemento combustível nuclear. Instalações para
com inflamáveis líquidos (Círculo com raio de 15 metros com centro armazenamento dos elementos combustíveis usados. Instalações
nas bocas de enchimento dos tanques). para o retratamento do combustível irradiado Instalações para
04.021 Enchimento de vagões-tanques e caminhões-tanques o tratamento e deposições, provisórias e finais, dos rejeitos
inflamáveis gasosos liquefeitos (Círculo com 7,5 metros centro nos radioativos naturais e artificiais);
pontos de vazamento eventual (válvula e registros)). c) Produção de radioisótopos para uso em medicina, agricultura
04.022 Enchimento de vasilhames com inflamáveis gasosos agropecuária, pesquisa científica e tecnológica (Laboratórios para a
liquefeitos (Círculos com raio de 15 metros com centro nos bicos produção de radioisótopos e moléculas marcadas);
de enchimentos). d) Produção de Fontes Radioativas (Instalações para tratamento
04.023 Enchimento de vasilhames com inflamáveis líquidos, do material radioativo e confecção de fontes. Laboratórios de
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
testes, ensaios e calibração de fontes, detectores e monitores de com radiação e medidas nucleares);
radiação, com fontes radioativas) d) Medição de radiação, levantamento de dados radiológicos
e) Testes, ensaios e calibração de detectores e monitores de e nucleares, testes, inspeções e supervisão de trabalhos técnicos
radiação com fontes de radiação (Laboratórios de ensaios para (Áreas de tratamento e estocagem de rejeitos radioativos);
materiais radioativos. Laboratórios de radioquímica); e) Segregação, manuseio, tratamento, acondicionamento
f) Descontaminação de superfícies, instrumentos, máquinas, e armazenamento de rejeitos radioativos (Laboratórios de
ferramentas, utensílios de laboratório, vestimentas e de quaisquer processamento de alvos irradiados).
outras áreas ou bens duráveis contaminados com material
radioativo (Laboratórios para descontaminação de peças e 05.004 Atividades de operação com aparelhos de raios-X,
materiais radioativos Coleta de rejeitos radioativos em instalações, com irradiadores de radiação gama, radiação beta ou radiação de
prédios e em áreas abertas. Lavanderia para roupas contaminadas. nêutrons (Salas de irradiação e de operação de aparelhos de raios-X
Transporte de materiais e rejeitos radioativos, condicionamento, e de irradiadores gama, beta ou nêutrons), incluindo:
estocagens e sua deposição); a) diagnóstico médico e odontológico (Laboratórios de testes,
g) Separação isotópica e processamento radioquímico ensaios e calibração com as fontes de radiação descritas);
(Instalações para tratamento, condicionamento, contenção, b) Laboratórios de processamento de alvos irradiados;
estabilização, estocagem e deposição de rejeitos radioativos. c) Radiografia industrial, gamagrafia e neutronradiografia
Instalações para retenção de rejeitos radioativos); (Manuseio de fontes);
h) Manuseio, condicionamento, liberação, monitoração, d) Análise de materiais por difratometria (Manuseio do
estabilização, inspeção, retenção e deposição de rejeitos radioativos equipamento);
(Sítio de rejeitos. Instalações para estocagem de produtos e) Testes, ensaios e calibração de detectores e monitores de
radioativos para posterior aproveitamento). radiação (Manuseio de fontes e amostras radioativas);
f) Irradiação de alimentos (Manuseio de fontes e instalações
05.002 Atividades de operação e manutenção de reatores para a irradiação de alimentos);
nucleares (Edifícios de reatores; Edifícios de estocagem de g) Esterilização de instrumentos médico-hospitalares
combustível), incluindo: (Manuseio de fontes e instalações para a operação);
a) montagem, instalação, substituição e inspeção de elementos h) Irradiação de espécimes minerais e biológicos (Manuseio de
combustíveis (Instalações de tratamento e estocagem de rejeitos amostras irradiadas);
radioativos); i) Medição de radiação, levantamento de dados radiológicos
b) Manutenção de componentes integrantes do reator nuclear ensaios, testes, inspeções, fiscalização de trabalhos técnicos
e dos sistemas hidráulicos mecânicos e elétricos, irradiados, (Laboratórios de ensaios e calibração de fontes e materiais
contaminados ou situados em áreas de radiação (Instalações radioativos).
para tratamento de água de reatores e separação e contenção
de produtos radioativos; Salas de operação de reatores; Salas de 05.005 Atividades de medicina nuclear (Salas de diagnóstico e
amostragem de efluentes radioativos); terapia com medicina nuclear).
c) Manuseio de amostras irradiadas na operação e manutenção 05.006 Manuseio e aplicação de radioisótopos para diagnóstico
de reatores nucleares (Laboratórios de medidas de radiação); médico e terapia (Enfermaria de pacientes, sob treinamento
d) Experimentos utilizando canais de irradiação na operação com radioisótopos. Enfermaria de pacientes contaminados
e manutenção de reatores nucleares (Outras áreas sujeitas a risco com radioisótopos em observação e sob tratamento de
potencial às radiações ionizantes passíveis de serem atingidas por descontaminação).
dispersão de produtos voláteis); 05.007 Atividades de medicina nuclear: Manuseio de fontes
e) Medição de radiação, levantamento de dados radiológicos seladas para aplicação em braquiterapia (Área de tratamento e
e nucleares, ensaios, testes, inspeções, fiscalização e supervisão estocagem de rejeitos radioativos).
de trabalhos técnicos na operação e manutenção de reatores 05.008 Atividades de medicina nuclear: Obtenção de dados
nucleares (Laboratórios semiquentes e quentes; Minas de urânio e biológicos de pacientes com radioisótopos incorporados (Manuseio
tório; Depósitos de minerais radioativos e produtos do tratamento de materiais biológicos contendo radioisótopos ou moléculas
de minerais radioativos); marcadas).
f) Segregação, manuseio, tratamento, acondicionamento e 05.009 Atividades de medicina nuclear: Segregação, manuseio,
armazenamento de rejeitos radioativos na operação e manutenção tratamento, acondicionamento e estocagem de rejeitos radioativos
de reatores nucleares (Segregação, manuseio, tratamento, em medicina nuclear (Laboratórios para descontaminação e coleta
acondicionamento e armazenamento de rejeitos radioativos). de rejeitos radioativos).
05.010 Descomissionamento de instalações nucleares
05.003 Atividades de operação e manutenção de aceleradores e radioativas (Áreas de instalações nucleares e radioativas
de partículas (áreas de irradiação de alvos), incluindo: contaminadas e com rejeitos) que inclui:
a) Montagem, instalação, substituição e manutenção de a) Todas descontaminações radioativas inerentes (Depósitos
componentes irradiados ou contaminados (Oficinas de manutenção provisórios e definitivos de rejeitos radioativos);
de componentes irradiados ou contaminados; Salas de operação de b) Gerenciamento dos rejeitos radioativos existentes, ou
aceleradores); sejam: tratamento e acondicionamento dos rejeitos líquidos,
b) Processamento de alvos irradiados (laboratórios para sólidos, gasosos e aerossóis; transporte e deposição dos mesmos
tratamento de alvos irradiados e separação de radioisótopos); (Instalações para contenção de rejeitos radioativos. Instalações para
c) Experimentos com feixes de partículas (laboratórios de testes asfaltamento de rejeitos radioativos. Instalações para cimentação
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
ramentas de qualidade e certificações são elementos importantes rio e desempregado crônico, ou quando a ocupação habitual não
nesta jornada. A higiene ambiental e a gestão de resíduos não só puder ser obtida.
contribuem para um ambiente saudável, mas também refletem a Informações adicionais, como histórico ocupacional atual e
responsabilidade e a sustentabilidade organizacional. A sinalização pregresso, exposição a fatores de risco à saúde relacionados ao tra-
desempenha um papel importante na comunicação visual de peri- balho, antecedentes mórbidos, dados do exame clínico e físico, des-
gos, enquanto a organização do trabalho estabelece as bases para a crição da doença ou do agravo, causas, condições, objeto e agentes
eficiência e o bem-estar. que contribuíram para a ocorrência dos eventos, devem ser regis-
Por fim, as ferramentas e certificações de qualidade elevam o tradas no campo “Informações complementares e observações”.
padrão, demonstrando um compromisso com a segurança supe- A gravidade do evento relacionado ao trabalho condiciona a ur-
rior, bem como com a conformidade regulatória. A sinergia destes gência na condução da investigação epidemiológica e na implemen-
elementos não só reduz os riscos, mas também cria um ambiente tação de medidas de controle. É crucial observar o preenchimento
de trabalho que combina eficiência, segurança e melhoria contí- obrigatório do campo “Foi emitida a Comunicação de Acidente no
nua. Ao elevar os padrões e incorporar práticas de qualidade, as Trabalho – CAT” nos casos em que se aplica a emissão da CAT. Para
organizações não só cumprem os requisitos regulamentares, mas obter mais informações sobre a emissão da Comunicação de Aci-
também promovem uma cultura que vai além da segurança física dente do Trabalho, recomenda-se consultar as instruções forneci-
para alcançar a excelência operacional e um compromisso contínuo das pelo Instituto Nacional do Seguro Social (Ministério da Econo-
com o bem-estar dos funcionários. Esta abordagem integrada não é mia) e no Caderno de Atenção Básica n.º 41 – Saúde do Trabalhador
apenas um investimento na segurança, mas também um catalisador e da Trabalhadora do Ministério da Saúde (BRASIL, 2018b).
para o sucesso sustentável e o bem-estar organizacional.
A PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO: SOFRIMENTO E
GESTÃO EPIDEMIOLÓGICA NO TRABALHO: CONCEITOS PRAZER NO TRABALHO. PROCESSO DE TRABALHO E
E OBJETIVOS DE EPIDEMIOLOGIA. APLICAÇÃO DA ADOECIMENTO
EPIDEMIOLOGIA PARA A HIGIENE OCUPACIONAL.
ESTUDO DE ACIDENTES DE TRABALHO À LUZ DA
EPIDEMIOLOGIA. NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE A psicopatologia do trabalho é uma área de estudo que investiga
AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO E SEUS as relações entre a saúde mental e as condições de trabalho. No
INSTRUMENTOS campo da enfermagem, essas questões são particularmente
relevantes, dado o ambiente de trabalho desafiador, o contato
direto com situações de sofrimento e a necessidade de lidar com
A investigação epidemiológica de doenças e agravos relacio- situações de alta pressão.
nados ao trabalho, como acidentes de trabalho, acidentes com
exposição a material biológico, perda auditiva induzida por ruído — Organização do Trabalho
(PAIR), dermatoses ocupacionais, câncer relacionado ao trabalho, A organização do trabalho refere-se à maneira como as tarefas
pneumoconioses, transtornos mentais relacionados ao trabalho e são distribuídas, como o trabalho é estruturado e como os recursos
lesões por esforço repetitivo/doenças osteomusculares relaciona- são alocados. Quando mal gerenciada, a organização do trabalho
das ao trabalho (LER/DORT), é uma atividade obrigatória que deve pode levar a situações de estresse ocupacional, sobrecarga de
ser iniciada assim que ocorre o caso ou quando há informações so- trabalho e, eventualmente, ao esgotamento profissional (burnout).
bre outros trabalhadores expostos aos mesmos fatores de risco no O ritmo acelerado, os turnos prolongados, a necessidade
ambiente de trabalho. Durante essa investigação, é crucial avaliar as constante de atenção aos detalhes e a tomada de decisões rápidas e
circunstâncias da ocorrência da doença ou agravo, bem como sua críticas podem contribuir para um ambiente de trabalho estressante
relação com o trabalho. para os profissionais de enfermagem. Além disso, a distribuição
Os casos de doenças e agravos relacionados ao trabalho men- desigual de tarefas e responsabilidades pode levar a sentimentos
cionados anteriormente devem ser notificados no Sistema de In- de injustiça, o que pode aumentar ainda mais o estresse.
formação de Agravos de Notificação apenas após a confirmação da
relação com o trabalho por meio da investigação epidemiológica. A — Sofrimento Psíquico no Trabalho
notificação de intoxicações exógenas suspeitas e confirmadas rela- O sofrimento psíquico no trabalho pode ser o resultado de uma
cionadas ao trabalho também é obrigatória e deve ser realizada por organização de trabalho inadequada, bem como de outros fatores
meio da ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. como falta de apoio dos colegas e superiores, assédio moral ou falta
Ressalta-se que a notificação no Sistema de Informação de Agravos de recursos adequados para realizar o trabalho.
de Notificação tem caráter estritamente epidemiológico e de vigi- Os sintomas do sofrimento psíquico podem incluir ansiedade,
lância. depressão, insônia, irritabilidade, entre outros. No caso dos
É fundamental registrar os antecedentes epidemiológicos nas profissionais de enfermagem, o sofrimento psíquico pode também
fichas específicas de investigação, com atenção especial para o levar à diminuição da capacidade de atendimento aos pacientes,
preenchimento dos campos “Ocupação” (conforme Classificação erros de medicação e outros problemas que podem comprometer
Brasileira de Ocupações em vigência), “Atividade econômica” (de a qualidade do cuidado.
acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas vi-
gente) e “Evolução do caso”. No preenchimento do campo “Ocu- — Estratégias para Minimizar o Sofrimento Psíquico no
pação”, deve-se evitar o registro de ocupações não classificáveis, Trabalho
como estudante, dona de casa, aposentado/pensionista, presidiá-
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
– Promover um Ambiente de Trabalho Saudável: Um ambiente (C) rastrear e detectar os agravos tardios à saúde relacionados
de trabalho que promova o respeito mútuo, a colaboração e o apoio ao trabalho
entre colegas pode contribuir significativamente para reduzir o (D) manter a imunização de uma amostra dos empregados, re-
estresse e o sofrimento psíquico. lacionada a riscos ambientais, sempre que houver recomenda-
– Gerenciamento Adequado de Carga de Trabalho: As ção do Ministério do Trabalho
instituições devem assegurar que a carga de trabalho dos
profissionais de enfermagem seja gerenciada de forma adequada. 4-CESGRANRIO - 2018
Isso inclui a garantia de pausas suficientes e a limitação do número Entre as doenças relacionadas ao trabalho está o(a)
de horas trabalhadas para evitar a exaustão. (A) Hirsutismo
– Formação e Educação Continuada: A educação continuada (B) Lúpus eritematoso
pode ajudar os profissionais de enfermagem a adquirir as (C) Antracose
habilidades necessárias para lidar com o estresse e o sofrimento (D) Fibrose quística
psíquico. Isso pode incluir treinamento em habilidades de gestão do (E) Ictiose lamelar
estresse, práticas de mindfulness e outros métodos de autocuidado.
5-CESGRANRIO - 2023
– Suporte Psicológico: Os profissionais de enfermagem devem A gravidade do quadro de saúde dos trabalhadores brasileiros
ter acesso a serviços de suporte psicológico para ajudá-los a lidar está expressa, entre outros indicadores, pelos acidentes do traba-
com o estresse e o sofrimento psíquico. lho e pelas doenças relacionadas ao trabalho.
Algumas delas são de notificação compulsória, tais como
Em conclusão, é crucial que a organização do trabalho na (A) lesões por esforços repetitivos e abortos provocados
enfermagem seja conduzida de forma a minimizar o sofrimento (B) intoxicações exógenas e cirurgias videolaparoscópicas
psíquico dos profissionais. Isso não só beneficia a saúde mental dos (C) acidente do trabalho fatal ou acidente com mutilações
enfermeiros, mas também a qualidade do cuidado aos pacientes. (D) transtornos mentais relacionados ao trabalho e pneumo-
nias
(E) dermatoses ocupacionais e doenças sexualmente transmis-
QUESTÕES síveis
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
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EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
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ANOTAÇÕES
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São chamados princípios descritivos ou informativos, na Porém, na concepção e no formato construído pela Constituição
medida em que asseguram uma leitura reveladora das orientações da República, eles atuam também no sentido de enfatizarem
essenciais da ordem jurídica analisada. Os princípios informativos a profunda e ampla relevância que a pessoa humana e o valor
ou descritivos não atuam, pois, como fonte formal do Direito, mas trabalho ostentam na seara constitucional e, desse modo, na vida
como instrumental de auxílio à interpretação jurídica. jurídica, institucional, econômica e social.
Arrolam-se, de maneira sintética, os seguintes princípios
B) Princípios Normativos Subsidiários: Podem os princípios, constitucionais do trabalho:
entretanto, em segundo lugar, cumprir o papel de fontes formais a) princípio da dignidade da pessoa humana;
supletivas do Direito. Atuam como fontes normativas subsidiárias, à b) princípio da centralidade da pessoa humana na vida
falta de outras regras jurídicas utilizáveis pelo intérprete e aplicador socioeconômica e na ordem jurídica;
do Direito em face de um singular caso concreto. c) princípio da valorização do trabalho e do emprego;
A proposição ideal consubstanciada no princípio incide sobre d) princípio da inviolabilidade do direito à vida;
o caso concreto, como se fosse regra jurídica específica. É o que se e) princípio do bem-estar individual e social;
passa em situações de recurso necessário à integração jurídica, em f) princípio da justiça social;
decorrência de falta de regras jurídicas aplicáveis no conjunto das g) princípio da submissão da propriedade à sua função
fontes normativas principais existentes. socioambiental;
Denominam-se princípios normativos subsidiários, na medida h) princípio da não discriminação;
em que atuam como verdadeiras regras jurídicas em face de casos i) princípio da igualdade, especialmente a igualdade em sentido
concretos não regidos por fonte normativa principal da ordem material;
jurídica. A função normativa subsidiária dos princípios, embora mais j) princípio da segurança;
rara do que sua função interpretativa, corresponde, curiosamente, k) princípio da proporcionalidade e da razoabilidade;
àquela especialmente citada por texto expresso da legislação. l) princípio da vedação do retrocesso social.
É o que se passa quando a lei autoriza o recurso, pelo juiz, à
integração jurídica (art. 8º, CLT; art. 4º, Lei de Introdução ao Código Estudar e compreender o Direito do Trabalho,
Civil; art. 126 do antigo CPC). contemporaneamente, é estudar e compreender, antes de tudo,
o sentido da matriz constitucional de 1988, em particular o rol de
C) Princípios Normativos Próprios ou Concorrentes: Parte seus princípios constitucionais do trabalho.
importante da doutrina jurídica ocidental mais notável agrega outra
função às duas tradicionais já amplamente reconhecidas: trata-se Princípios jurídicos gerais aplicáveis ao direito do trabalho –
da função normativa própria dos princípios. Ou seja, os princípios adequações
atuam também como norma jurídica própria, ostentando, desse A par dos princípios constitucionais do trabalho, supra indicados,
modo, natureza de efetivas normas jurídicas. existem princípios gerais de todo o Direito que têm inquestionável
Esta mais recente compreensão sedimentou-se, em distintas aplicação no âmbito especializado do Direito do Trabalho. São
vertentes, dimensões e abrangência, na segunda metade do século princípios que tendem a incorporar as diretrizes centrais da própria
XX, na obra de célebres juristas, principalmente autores de Filosofia noção do Direito (ilustrativamente, os princípios da lealdade e boa-
do Direito e do Direito Constitucional. fé ou da não alegação da própria torpeza) ou as diretrizes centrais do
Dessa maneira, a clássica função interpretativa age, pois, em conjunto dos sistemas jurídicos contemporâneos ocidentais (como,
concurso com a função normativa, ajustando as regras do Direito ilustrativamente, o princípio da inalterabilidade dos contratos).
ao sentido essencial de todo o ordenamento. Por isso se pode Tendem a ser, portanto, princípios que se irradiam por todos
falar também em uma função simultaneamente interpretativa/ os segmentos da ordem jurídica, cumprindo o relevante papel
normativa, resultado da associação das duas funções específicas (a de assegurar organicidade e coerência integradas à totalidade
descritiva e a normativa), que agem em conjunto, fusionadas, no do universo normativo de uma sociedade política. Nessa linha,
processo de compreensão e aplicação do Direito. os princípios gerais, aplicando-se aos distintos segmentos
especializados do Direito, preservam a noção de unidade da ordem
Princípios constitucionais do trabalho jurídica, mantendo o Direito como um efetivo sistema, isto é, um
A Constituição da República Federativa do Brasil se caracteriza conjunto de partes coordenadas.
por uma matriz essencialmente humanística, democrática, social Qualquer dos princípios gerais que se aplique ao Direito do
e inclusiva, buscando arquitetar, no País, um verdadeiro Estado Trabalho sofrerá, evidentemente, uma adequada compatibilização
Democrático de Direito, caracterizado por três pilares estruturantes: com os princípios e regras próprias a este ramo jurídico especializado,
a centralidade da pessoa humana na ordem jurídica, social e de modo que a inserção da diretriz geral não se choque com a
econômica, com a sua dignidade; a presença de uma sociedade especificidade inerente ao ramo justrabalhista.
política efetivamente democrática e inclusiva; a presença também Esse processo de adequação será, obviamente, mais extenso
de uma sociedade civil igualmente democrática e inclusiva. naqueles específicos pontos objetivados pelo princípio geral em
Para tanto, a Constituição de 1988 firmou, enfaticamente, largo que, topicamente, se realçar a identidade singular do Direito do
elenco de princípios voltados a explicitar a sua matriz civilizatória Trabalho perante o conjunto do sistema jurídico em geral.
distintiva. Entre esses, destacam-se os princípios constitucionais
do trabalho. Tais princípios não são necessariamente trabalhistas; Princípios Gerais – adequações
alguns, inclusive, atuam em diversos outros campos do Direito. Um dos mais importantes princípios gerais do Direito aplicáveis
ao ramo justrabalhista seria o da inalterabilidade dos contratos, que
se expressa no conhecido aforismo pacta sunt servanda. Informa
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tal princípio que os ajustes contratuais firmados pelas partes não Desse modo, o Direito Coletivo pode alterar o conteúdo
são modificáveis ao longo do prazo de sua vigência, impondo-se ao do Direito Individual do Trabalho, ao menos naqueles setores
cumprimento fiel pelos pactuantes. socioeconômicos em que incidam seus específicos diplomas.
Contudo, o processo de adequação desse princípio geral Desde a Constituição de 1988, a propósito, ampliou-se o potencial
durante seu ingresso no Direito do Trabalho foi muito intenso. A criativo do Direito Coletivo, lançando ao estudioso a necessidade
intensidade de adequação desfigurou a matriz civilista, dando de pesquisar os critérios objetivos de convivência e assimilação
origem a uma diretriz justrabalhista própria, o princípio da entre as normas autônomas negociadas e as normas heterônomas
inalterabilidade contratual lesiva. tradicionais da ordem jurídica do país.
Desse modo, torna-se mais correto e prático examinar a Por esta razão, o estudo feito neste Capítulo sobre os princípios
referência histórica ao princípio geral do Direito Civil no âmbito do especiais do Direito do Trabalho (e Direito Individual do Trabalho),
estudo específico sobre o princípio especial do ramo juslaborativo. a par dos princípios gerais aplicáveis ao ramo justrabalhista, não
Há três princípios gerais do Direito, conceitualmente dispensa, de modo algum, o correspondente estudo sobre os
relacionados entre si, que, seja no conjunto sistemático que princípios especiais do Direito Coletivo.
representam, seja na identidade ideal singular de cada um,
assumem inquestionável importância na área justrabalhista. Trata- Princípios de direito individual do trabalho
se dos princípios da lealdade e boa-fé, da não alegação da própria Os princípios especiais do Direito Individual do Trabalho (ou
torpeza e, ainda, do princípio do efeito lícito do exercício regular do Direito do Trabalho) são diversos, alcançando mais de uma dezena
próprio direito, este incorporando seu contrário, consubstanciado de proposições. À medida que o ramo juslaboral desenvolve-se (e
na vedação à prática do abuso do direito. já são mais de 150 anos de evolução no mundo ocidental), novos
O princípio da razoabilidade, de larga aplicação em qualquer princípios são inferidos do conjunto sistemático de sua cultura,
segmento jurídico, também claramente atua no ramo justrabalhista. regras e institutos peculiares.
Outro princípio jurídico geral de grande interesse ao Direito do Os mais importantes princípios especiais justrabalhistas
Trabalho é o da inexistência de ilícito e respectiva penalidade sem indicados pela doutrina resumem-se em um grande grupo de nove
prévia norma legal instituidora: o princípio da tipificação legal de princípios especiais forma aquilo que denominamos núcleo basilar
ilícitos e penas. dos princípios especiais do Direito do Trabalho (ou Direito Individual
do Trabalho).
Princípios específicos ao direito do trabalho Tais princípios formam o núcleo justrabalhista basilar por, a um
O Direito Material do Trabalho desdobra-se em um segmento só tempo, não apenas incorporarem a essência da função teleológica
individual e um segmento coletivo, cada um possuindo regras, do Direito do Trabalho, como por possuírem abrangência ampliada
institutos e princípios próprios. Toda a estrutura normativa do e generalizante ao conjunto desse ramo jurídico, tudo isso sem que
Direito Individual do Trabalho constrói-se a partir da constatação se confrontem de maneira inconciliável com importantes princípios
fática da diferenciação social, econômica e política básica entre os jurídicos gerais, externos ao ramo jurídico especializado. O potencial
sujeitos da relação jurídica central desse ramo jurídico específico. vinculante, indutor e de generalização desses princípios sobre o
Em tal relação, o empregador age naturalmente como ser conjunto do ramo jurídico especializado é, desse modo, mais forte e
coletivo, isto é, um agente socioeconômico e político cujas ações, abrangente do que o característico aos demais princípios especiais
ainda que intraempresariais, têm a natural aptidão de produzir do Direito Laboral.
impacto na comunidade mais ampla. Isso significa que sem a presença e observância cultural e
Em contrapartida, no outro polo da relação inscreve-se um ser normativa desse núcleo basilar de princípios especiais, ou mediante
individual, consubstanciado no trabalhador que, como sujeito desse a descaracterização acentuada de suas diretrizes indutoras,
vínculo sócio jurídico, não é capaz, isoladamente, de produzir, como compromete-se a própria noção de Direito do Trabalho em certa
regra, ações de impacto comunitário. Essa disparidade de posições sociedade histórica concreta. Há certos princípios justrabalhistas
na realidade concreta fez emergir um Direito Individual do Trabalho especiais francamente controvertidos, e que, por isso, devem
largamente protetivo, caracterizado por métodos, princípios e ser examinados em separado (afinal, os princípios são grandes
regras que buscam reequilibrar, juridicamente, a relação desigual luminares, e a própria dúvida, se consistente, sobre sua real
vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego. existência, sentido, extensão e validade já compromete grande
O Direito Coletivo, ao contrário, é um ramo jurídico construído parte de seu próprio papel central).
a partir de uma relação entre seres teoricamente equivalentes: Trata-se do princípio in dubio pro operário, se e quando aplicado
seres coletivos ambos, o empregador de um lado e, de outro, ao terreno dos fatos, isto é, à análise da prova no processo judicial
o ser coletivo obreiro, mediante as organizações sindicais. Em trabalhista. A seu lado, também estigmatizado pela controvérsia, o
correspondência a esse quadro fático distinto, surgem, obviamente, princípio do maior rendimento.
no Direito Coletivo, categorias teóricas, processos e princípios
também distintos. Núcleo Basilar de Princípios Especiais
A compreensão global do Direito do Trabalho impõe, é A) Princípio da Proteção: Informa este princípio que o Direito
claro, a compreensão acerca dos princípios específicos de seu do Trabalho estrutura em seu interior, com suas regras, institutos,
segmento juscoletivo. É que o Direito Coletivo atua sobre o princípios e presunções próprias, uma teia de proteção à parte
Direito Individual, produzindo-lhe importante universo de regras vulnerável e hipossuficiente na relação empregatícia, ou seja,
jurídicas, consubstanciado no conjunto de diplomas autônomos o obreiro, visando retificar (ou atenuar), no plano jurídico, o
que compõem sua estrutura normativa (notadamente, Convenção desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho.
e Acordo Coletivo de Trabalho).
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
B) Princípio da Norma Mais Favorável: O presente princípio Trabalho, de assegurar melhores condições, sob a ótica obreira, de
dispõe que o operador do Direito do Trabalho deve optar pela regra pactuação e gerenciamento da força de trabalho em determinada
mais favorável ao obreiro em três situações ou dimensões distintas: sociedade.
no instante de elaboração da regra (princípio orientador da ação
legislativa, portanto) ou no contexto de confronto entre regras Princípios Justrabalhistas Especiais Controvertidos
concorrentes (princípio orientador do processo de hierarquização Princípios são grandes fachos normativos, que cumprem o
de normas trabalhistas) ou, por fim, no contexto de interpretação essencial papel de iluminar a compreensão do Direito em sua
das regras jurídicas (princípio orientador do processo de revelação regência das relações humanas. Ora, na qualidade de iluminadores
do sentido da regra trabalhista). do sentido essencial do Direito devem eles, por coerência, ser,
C) Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas: no mínimo, claros e objetivos, de um lado, e, de outro lado,
Informa tal princípio que prevalece no segmento juslaborativo o harmonizadores do conjunto jurídico geral.
domínio de regras jurídicas obrigatórias, em detrimento de regras Princípio impreciso, inseguro, ou que entre em choque com
apenas dispositivas. As regras justrabalhistas são, desse modo, o conjunto sistemático geral do Direito ou com princípios cardeais
essencialmente imperativas, não podendo, de maneira geral, ter do universo jurídico será, em síntese, uma contradição em seus
sua regência contratual afastada pela simples manifestação de próprios termos. Vejamos:
vontade das partes. A) Princípio in dubio pro operario: Uma das mais antigas
Nesse quadro, raros são os exemplos de regras dispositivas no referências doutrinárias a princípios justrabalhistas está na diretriz
texto da CLT, prevalecendo uma quase unanimidade de preceitos in dubio pro misero. Trata-se de transposição adaptada ao ramo
imperativos no corpo daquele diploma legal. justrabalhista do princípio jurídico penal in dubio pro reo.
D) Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas: O Como o empregador é que se constitui em devedor na relação
presente princípio é projeção do anterior, referente à imperatividade de emprego (e réu na relação processual trabalhista), adaptou-se o
das regras trabalhistas. Ele traduz a inviabilidade técnico-jurídica de princípio à diretriz in dubio pro misero (ou pro operario).
poder o empregado despojar-se, por sua simples manifestação de B) Princípio do Maior Rendimento: O segundo princípio do
vontade, das vantagens e proteções que lhe asseguram a ordem Direito Individual do Trabalho comumente referido pela doutrina,
jurídica e o contrato. mas cujo conteúdo, abrangência e própria validade são bastante
E) Princípio da Condição Mais Benéfica: Este princípio importa controvertidos, é a diretriz denominada princípio do maior
na garantia de preservação, ao longo do contrato, da cláusula rendimento (ou princípio do rendimento).
contratual mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter
de direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF/88). Ademais, para o princípio, — Fontes
no contraponto entre dispositivos contratuais concorrentes, há de No Direito do Trabalho, esse tema é simplesmente decisivo por
prevalecer aquele mais favorável ao empregado. comportar um relevante elemento diferenciador desse segmento
F) Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva: O princípio da jurídico especializado perante os demais ramos existentes. De
inalterabilidade contratual lesiva é especial do Direito do Trabalho. fato, o Direito do Trabalho, ao menos no contexto dos modelos
Contudo, sua origem é claramente exterior ao ramo justrabalhista, dominantes nos países democráticos centrais, diferencia-se dos
inspirado no princípio geral do Direito Civil da inalterabilidade dos outros ramos jurídicos componentes do universo do Direito pela
contratos. Tanto que, normalmente, é estudado como exemplo forte presença, em seu interior, de regras provindas de fonte
de princípio geral do Direito (ou de seu ramo civilista) aplicável ao privada, em anteposição ao universo de regras jurídicas oriundas da
segmento juslaboral. clássica fonte estatal.
G) Princípio da Intangibilidade Salarial: Estabelece o princípio A palavra fontes, como se sabe, comporta relativa variedade
da intangibilidade dos salários que esta parcela justrabalhista conceitual. Além da acepção estrita de nascente, o verbete é
merece garantias diversificadas da ordem jurídica, de modo a utilizado no sentido metafórico, traduzindo a ideia de início,
assegurar seu valor, montante e disponibilidade em benefício do princípio, origem, causa. Nesta acepção metafórica, fonte seria a
empregado. causa donde provêm efeitos, tanto físicos como morais.
Este merecimento deriva do fato de considerar-se ter o salário A teoria jurídica captou a expressão em seu sentido metafórico.
caráter alimentar, atendendo, pois, a necessidades essenciais do ser Assim, no plano dessa teoria, fontes do Direito consubstancia a
humano. expressão metafórica para designar a origem das normas jurídicas.
H) Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma: O
princípio da primazia da realidade sobre a forma (chamado ainda Classificação
de princípio do contrato realidade) amplia a noção civilista de que o A Ciência do Direito classifica as fontes jurídicas em dois
operador jurídico, no exame das declarações volitivas, deve atentar grandes blocos, separados segundo a perspectiva de enfoque
mais à intenção dos agentes do que ao envoltório formal através de do fenômeno das fontes. Trata-se da conhecida tipologia fontes
que transpareceu à vontade (art. 112, CC). materiais “versus” fontes formais.
I) Princípio da Continuidade da Relação de Emprego: Enfocado o momento pré-jurídico (portanto, o momento
Informa tal princípio que é de interesse do Direito do Trabalho anterior à existência do fenômeno pleno da regra), a expressão
a permanência do vínculo empregatício, com a integração do fontes designa os fatores que conduzem à emergência e construção
trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Apenas mediante da regra de Direito. Trata-se das fontes materiais.
tal permanência e integração é que a ordem justrabalhista poderia
cumprir satisfatoriamente o objetivo teleológico do Direito do
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Fontes Autônomas do Direito do Trabalho É o que ocorreria com determinado procedimento que o
empregador, reiteradamente, acolhesse com respeito a certo
– Convenção Coletiva de Trabalho e Acordo Coletivo de empregado: na qualidade de uso, tal procedimento integrar-se-
Trabalho ia ao respectivo contrato de trabalho, potenciando repercussões
A CLT define convenção coletiva como o “acordo de caráter jurídicas na órbita interpartes.
normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de Por costume entende-se, em contrapartida, a prática habitual
categorias econômicas e profissionais estipulam condições de adotada no contexto mais amplo de certa empresa, categoria,
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às região, etc., firmando um modelo ou critério de conduta geral,
relações individuais de trabalho” (art. 611, caput, CLT). A convenção impessoal, aplicável ad futurum a todos os trabalhadores integrados
resulta, pois, de negociações entabuladas por entidades sindicais, no mesmo tipo de contexto. Os costumes têm, assim, caráter
envolvendo o âmbito da categoria. Seu caráter coletivo e genérico inquestionável de atos-regra, isto é, normas jurídicas.
é, assim, manifesto.
TÍTULO II
As convenções coletivas de trabalho (CCTs), embora de origem DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
privada (normas autônomas), criam regras jurídicas, isto é, preceitos (...)
gerais, abstratos, impessoais, dirigidos a normatizar situações ad CAPÍTULO II
futurum. Correspondem, consequentemente, à noção de lei em DOS DIREITOS SOCIAIS
sentido material, traduzindo ato-regra ou comando abstrato.
São, desse modo, do ponto de vista substantivo (seu conteúdo), Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
diplomas desveladores de normas jurídicas típicas, tal como a o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
sentença normativa. Do ponto de vista formal, porém, despontam dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
as convenções coletivas de trabalho como acordos de vontade, aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada
contratos, na linha dos atos jurídicos (negócios jurídicos) privados pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
bilaterais ou plurilaterais. Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade
A CLT também trata, analiticamente, dos acordos coletivos social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder
de trabalho (ACTs): “é facultado aos sindicatos representativos público em programa permanente de transferência de renda, cujas
de categorias profissionais celebrar acordos coletivos com uma normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observa-
ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que da a legislação fiscal e orçamentária (Incluído pela Emenda Consti-
estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa tucional nº 114, de 2021)
ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho” Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
(art. 611, §1º, CLT). de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
– Contrato Coletivo de Trabalho ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
A figura do contrato coletivo de trabalho é um tanto equívoca indenização compensatória, dentre outros direitos;
na história do Direito brasileiro. A CLT já utilizou a denominação, II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
antes da reforma de 1967, para designar o diploma negocial III - fundo de garantia do tempo de serviço;
coletivo que regulava, correspondendo ao que hoje se chama IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado,
convenção coletiva do trabalho (antigos artigos 611 e seguintes da capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
CLT, regulando pacto entre sindicatos econômicos e profissionais). mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
Pelo Decreto-Lei nº 229, de 1967, abandonou-se a denominação higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
contrato coletivo. Passou-se, então, a diferenciar em dois os que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
diplomas da negociação coletiva: a convenção coletiva de trabalho para qualquer fim;
(que substituía a antiga figura celetista) e o recém-criado acordo V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
coletivo de trabalho. trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
– Usos e Costumes ou acordo coletivo;
As duas figuras são mencionadas englobadamente pela VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
Consolidação das Leis do Trabalho, como se ambas fossem fontes percebem remuneração variável;
normativas (art. 8º, caput, CLT). Há, contudo, nítida diferenciação VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
entre elas. ou no valor da aposentadoria;
Por uso entende-se a prática habitual adotada no contexto de IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
uma relação jurídica específica, envolvendo as específicas partes X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
componentes dessa relação e produzindo, em consequência, efeitos retenção dolosa;
exclusivamente no delimitado âmbito dessas mesmas partes. XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
Nessa acepção, o uso não emerge como ato-regra, não sendo, muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
portanto, norma jurídica. Tem, assim, o caráter de simples cláusula sa, conforme definido em lei;
tacitamente ajustada na relação jurídica entre as partes envolvidas XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
(cláusula contratual). dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di- plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943) a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos Constitucional nº 72, de 2013)
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- o seguinte:
mingos; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas
mo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sin-
§1º) dical;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em
terço a mais do que o salário normal; qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econô-
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, mica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalha-
com a duração de cento e vinte dias; dores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; área de um Município;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in- III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
centivos específicos, nos termos da lei; vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no administrativas;
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
normas de saúde, higiene e segurança; do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, dependentemente da contribuição prevista em lei;
insalubres ou perigosas, na forma da lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
XXIV - aposentadoria; sindicato;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; coletivas de trabalho;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de organizações sindicais;
trabalho; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
incorrer em dolo ou culpa; Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- as condições que a lei estabelecer.
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
nº 28, de 2000) interesses que devam por meio dele defender.
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº §1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
28, de 2000) sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº §2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da
28, de 2000) lei.
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de fun- Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em-
ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-
estado civil; resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e deliberação.
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e segurada a eleição de um representante destes com a finalidade
intelectual ou entre os profissionais respectivos; exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a gadores.
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re- Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo2:
dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) – Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo impossibilidade de redução do grau de concretização dos direitos
empregatício permanente e o trabalhador avulso. sociais já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- determinado grau de concretização de um direito social, fica o
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII 2 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim- edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
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— Fraude à Relação de Emprego Frise-se que serão nulos de pleno direito os atos praticados
O instituto da fraude nas relações de trabalho consiste num com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos
pernicioso instrumento de tentativa de mercantilização do labor, preceitos contidos na legislação trabalhista.
consistente no emprego de métodos, procedimentos, condutas e
mecanismos jurídico-formais que, por intermédio da concessão de Princípio da Primazia da Realidade
uma roupagem jurídica fictícia a uma relação de emprego, visam a O princípio da primazia da realidade destaca justamente que
obstar, no todo ou em parte, a imputação da legislação trabalhista e o que vale é o que acontece realmente e não o que está escrito.
a observância dos direitos sociais fundamentais dos trabalhadores. Neste princípio a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato
Fraude trabalhista é todo ato destinado a desvirtuar ou impedir formal, ou seja, caso haja conflito entre o que está escrito e o que
a aplicação da legislação do trabalho. Esses atos são considerados ocorre de fato, prevalece o que ocorre de fato.
nulos pela CLT, o que significa dizer que uma vez demonstrada a
existência de uma fraude, esta deixa de produzir os efeitos preten- Princípio da Proteção do Trabalhador
didos por quem a praticou. Este princípio envolve três regras, a saber:
A fraude4 à lei não se confunde com a violação da lei. No pri- a) In dubio pro mísero;
meiro caso a lei é cumprida sob o prisma objetivo e vulnerada sob o b) Condição mais favorável;
aspecto subjetivo; no segundo, ao contrário, ocorre a infração obje- c) Norma mais benéfica.
tiva do próprio texto legal.
É o que salienta, com precisão, ALÍPIO SILVEIRA, quando escre- Para algumas hipóteses, nas quais a fraude era praticada com maior
ve: “agem em fraude à lei aqueles que, embora não vulnerando a intensidade, a Consolidação prescreveu regras especiais, regulando es-
letra, se desvia conscientemente do espírito, intenção ou finalidade pecificamente os efeitos do ato anormal. É o que ocorre, por exemplo,
da lei”; já a violação da lei ocorre “quando vulnera objetivamente com a despedida de empregado com o objetivo de obstar-lhe a aquisição
o texto legal, não importando a intenção do infrator”. E acrescenta: da estabilidade no emprego, que sujeitará o empregador ao pagamento
“no caso de fraude à lei, o elemento subjetivo da intenção passa ao em dobro da indenização normalmente devida (§3º do art. 499); com a
primeiro plano, sendo que a ausência de vulneração da letra da lei sucessão de contratos por prazo determinado, com interregno inferior a
não obsta a violação do espírito ou finalidade de norma” (Ob. Cit., seis meses, desde que a expiração do primeiro não dependeu da execu-
págs. 129 e 130). ção de serviços especializados ou da realização de certo acontecimentos,
quando a relação de emprego se terá como ajustada por prazo indeter-
O direito positivo brasileiro possui, inquestionavelmente, as minado (art. 453); com o pagamento de diárias para viagem superiores
normas capazes de ensejar a repressão à fraude intentada nas re- a cinquenta por cento do salário, hipótese em que serão computadas
lações de trabalho. Frise-se ainda que o campo de incidência não como se salário fossem (§3º do art. 457), etc.
deve se limitar aos casos de fraude do referido artigo. A regra que prevalece no direito do trabalho é a da nulidade ab-
Convém acrescentar, ainda que, em matéria de fraude, e, em soluta do ato anormal praticado com o intuito de evitar a aplicação
geral, quando à prova de todo ato em que se procura iludir a ou- das normas jurídicas de proteção ao trabalho. Sempre que possível,
trem, admite-se como de grande relevo, não a prova incisiva, mas a desde que da lei não resulte solução diversa, a relação de emprego
certeza inferida de indícios e circunstâncias. Se da combinação dos deve prosseguir como se o referido ato não tivesse sido praticado;
elementos em estudo transparece o conluio ou a má-fé, dela não se em caso contrário, deve ser reparado nos limites da lei trabalhista,
pode exigir prova incisiva. o dano oriundo do ato malicioso. Ocorrendo simulação fraudulenta,
O Código Civil de 2002 dispõe em seu art. 166, que é nulo o atinente à relação de trabalho, ou a uma de suas condições, as nor-
negócio jurídico quando: - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; mas jurídicas pertinentes deverão ser aplicadas em face da verdadei-
ra natureza da relação ajustada ou da condição realmente estipulada.
Dita a CLT: Em certos casos, entretanto, o exercício anormal do direito
Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o constituirá violação e não fraude à lei, sendo expressamente regu-
objetivo de desvirtuar, ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos ladas as consequências jurídicas da respectiva infração.
na presente Consolidação. Os casos mais comuns de fraude à lei trabalhista concernem à
simulação de contratos de sociedade, de intermediação, de emprei-
Sendo que, “na apreciação dos indícios, o juiz considerará li- tada, de parceria rural e, até, de arrendamento ou locação de coisa,
vremente a natureza do negócio, a reputação dos indiciados e a ve- para ocultar a relação de emprego realmente configurada pelos ele-
rossimilhança dos fatos alegados na inicial e na defesa” (Art. 253). mentos que a caracterizam.
Com a reforma trabalhista, a primeira alteração trazida pelo novo tex-
Utilizando-se dos princípios do direito do trabalho, além das to da CLT que é válida de destaque para este estudo é o chamado traba-
leis trabalhistas citadas no subitem anterior, o Direito do Trabalho lhador autônomo exclusivo. Frise-se, inicialmente, que antes da reforma
é regido também e principalmente, de alguns princípios que nor- trabalhista o trabalhador autônomo não estava inserido na Consolidação
teiam as relações do trabalho, conforme acima explanado. das Leis do Trabalho, uma vez que esta somente se aplica aos empregados.
O Direito do Trabalho, através das leis trabalhistas e da apli- A Lei nº 13.467/2017 inovou ao trazer a figura do trabalhador autônomo
cação destes princípios, busca garantir um equilíbrio entre o hiper exclusivo ao acrescentar o art. 442-B à CLT, dispondo o seguinte:
(empregador) e o hipossuficiente (empregado), já que o hipossufi-
ciente se apresenta mais vulnerável numa relação de trabalho, fren- Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este
te ao poder econômico e diretivo do empregador. todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma
4 [ https://www.jusbrasil.com.br/artigos/fraude-a-lei-trabalhista-e-sua-nulida- contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art.
de-absoluta/136879918] 3º desta Consolidação.
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Assim, essa disposição passou a figurar como uma exceção à Atualmente, a empresa terceirizada, responsável pela presta-
regra do art. 3º da CLT. ção de serviços a terceiros, passou a se dedicar, por força da Lei nº
13.429/2017, à execução de serviços determinados e específicos, os
— Terceirização Lícita e Ilícita. quais, a partir da reforma trabalhista, doravante são direcionados
Terceirização5 é a relação trilateral que se forma entre o em- às atividades principais da contratante dentro de uma terceirização
pregado, a empresa intermediadora (empregador aparente ou for- reputada como lícita, sendo essa licitude aquela na qual não há a
mal) e o tomador dos serviços (empregador real ou natural), em presença da pessoalidade e a subordinação direta dos empregados
que esse último se vale da mão de obra de um trabalhador sem con- terceirizados para com os representantes legais e/ou prepostos da
tratá-lo diretamente como empregado. Repassa as ordens, o paga- empresa contratante (item III da Súmula nº 331 do C. TST).
mento e o trabalho para que a empresa interposta, colocadora dos A Reforma Trabalhista buscou, portanto, reprimir a “pejotização” de
serviços, o faça e se apresente formalmente como empregadora. trabalhadores que, para continuarem a prestar serviços à empresa con-
Antes a Súmula n. 331 do TST a limitava apenas às atividades- tratante, teriam que se tornar “pessoas jurídicas”. A legislação, por sua
-meio, agora, com a inserção do art. 4º-A à Lei do Trabalho Tempo- vez, traz uma presunção de ilegalidade que pode ser elidida por prova
rário, a terceirização passa a ser permitida em todas as atividades em sentido contrário, a depender a situação do caso em concreto.
empresariais, inclusive aquelas cuja finalidade dá significado à pró-
pria existência da empresa. Ilícita7
Na terceirização o vínculo empregatício se forma com o presta- A terceirização será ilícita quando estiverem presentes a pesso-
dor de serviços, desde que presente os requisitos exigidos em lei e alidade e a subordinação jurídica entre o trabalhador terceirizado e
ausentes os requisitos da relação de emprego ente o empregado e o contratante, hipótese também prevista na parte final do item III
o tomador de serviços. da Súmula 331 do TST.
É a que visa burlar os direitos dos trabalhadores para não pa-
Lícita ou Regular gá-los.
Será lícita ou regular, a terceirização que preenche as exigên- A terceirização será ilícita quando o contratante utilizar os tra-
cias legais. Seus fundamentos se encontram no art. 455 da CLT, o balhadores terceirizados em atividades distintas daquelas que fo-
qual regulamenta a subempreitada; artigo 25 da Lei nº 8.987/1995, ram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços a
que trata do regime de concessão e permissão; artigo 94, II, da Lei terceiros (desvio de função, acúmulo de funções) – §1º do art. 5º-A
nº 9.472/1997, a qual regula as telecomunicações; Lei nº 7.102/83, da Lei 6.019/1974.
que versa sobre a vigilância bancária; Lei nº 6.019/1974, regula- Será ilícita quando a empresa prestadora de serviços a tercei-
mentadora do trabalho temporário; ros (empresa de terceirização) não atender aos requisitos previstos
Em regra, a responsabilidade decorrente da terceirização é no 4º-B da Lei 6.019/1974.
subsidiária, isto é, primeiro responde o prestador de serviços (em- A terceirização será ilícita quando um ex-empregado do con-
pregador formal), e depois, em caso de inadimplemento, respon- tratante passar a prestar serviços para o mesmo empregador na
derá o tomador de serviços. Já em caso de terceirização ilícita, ou qualidade de terceirizado antes do decurso do prazo mínimo de de-
seja, não sendo preenchidos os requisitos exigidos pela legislação, zoito meses, contados a partir da rescisão, o que inclui o prazo do
acarretará a responsabilidade solidária entre o tomador e o presta- aviso prévio, trabalhado ou indenizado (OJ 82 da SDI-1) – 5º-D da
dor de serviços. Lei 6.019/1974.
Contudo, a Lei nº 13.429/2017, trouxe novo regramento do ins- A terceirização será ilícita quando a empresa prestadora de servi-
tituto da terceirização, promovendo alterações aos dispositivos da ços a terceiros (empresa de terceirização) tiver como titulares ou só-
Lei nº 6.019/1974, passando também a regulamentar, as relações cios trabalhadores que tenham laborado, nos últimos dezoito meses,
de trabalho praticadas pelas empresas de prestação de serviços a a contar do firmamento do contrato de terceirização, na qualidade de
terceiros. empregado ou trabalhador autônomo, para o contratante.
Maurício Godinho Delgado entende que “terceirização é o fe- Será ilícita quando o contrato de terceirização, firmado entre
nômeno pelo qual se dissocia a relação econômica de trabalho da a empresa prestadora de serviços a terceiros (empresa de tercei-
relação justrabalhista que lhe seria correspondente, sendo que por rização) e o contratante, não atender aos requisitos previstos nos
tal fenômeno insere-se o trabalhador no processo produtivo do incisos do 5º-B da CLT.
tomador de serviços sem que se estendam a este os laços justra-
balhista, que se preservam fixados com a prestadora de serviços Importante: Ocorrendo a terceirização ilícita, deve-se afastar
(entidade interveniente).”6 a forma, deixando emergir a realidade (art. 9º da CLT), ou seja, o
A Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) traz um conceito vínculo de emprego se forma entre o empregado e o tomador dos
muito mais abrangente sobre a terceirização, conceituando-a no serviços (vínculo direto).
artigo 4º-A: “Considera-se prestação de serviços a terceiros a trans-
ferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas A reforma trabalhista, representa uma nova e surpreendente
atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de regulamentação acerca do tema, uma vez que acabou por propi-
direito privado prestadora de serviços que possua capacidade eco- ciar maior abertura à terceirização quando prevê que a prestação
nômica compatível com a sua execução.” de serviços a terceiros é a transferência feita pela contratante da
execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade
principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços
5 [ Vólia Bomfim Cassar (Resumo de Direito do Trabalho, 6ª ed. Rio de Janeiro: que possua capacidade econômica compatível com a sua execução.
Forense; São Paulo: Ed. Método, 2018.)] 7 [ https://www.jusbrasil.com.br/artigos/terceirizacao-ilicita-na-reforma-traba-
6 [ (Curso de direito do trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr, 2016. p. 487)] lhista/598882506]
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Regime Jurídico Próprio: da empresa. Serve o estabelecimento para explicar o lugar em que
Os servidores públicos frequentemente estão sujeitos a são formados os preços, a distribuição dos recursos, onde ficam os
um regime jurídico próprio, que pode incluir regras específicas estoques. O estabelecimento ou fundo de comércio (azienda) é o
relacionadas a salários, jornada de trabalho, aposentadoria, entre conjunto de bens operados pelo comerciante, sendo uma universa-
outros aspectos. lidade de fato, ou seja, objeto e não sujeito de direitos. O estabele-
cimento compreende as coisas corpóreas existentes em determina-
Prestação de Serviços Públicos: do lugar da empresa, como instalações, máquinas, equipamentos,
Os funcionários públicos desempenham um papel crucial utensílios etc., e as incorpóreas, como a marca, as patentes, os
na prestação de serviços públicos essenciais à sociedade, como sinais etc. Não se pode, porém, dizer que a empresa é a unidade
educação, saúde, segurança e infraestrutura. econômica e o estabelecimento a unidade técnica, pois, nos casos
A atuação do Estado como empregador reflete seu papel na em que a empresa possuísse um único estabelecimento, a unidade
prestação de serviços e no cumprimento de funções essenciais para econômica se confundiria com a técnica. De outro modo, há empre-
o funcionamento da sociedade. As dinâmicas de emprego no setor sas que são móveis, como as teatrais, os circos etc.
público podem variar significativamente de um país para outro,
dependendo das normas legais e das práticas específicas adotadas Distingue-se também a empresa da pessoa do proprietário,
em cada contexto. pois uma empresa bem gerida pode durar anos, enquanto o pro-
prietário falece. É a ideia do conceito de instituição, em que ins-
—Empresa e estabelecimento responsabilidade solidária tituição é o que perdura no tempo. O empresário é a pessoa que
Responsabilidade Solidária exercita profissionalmente a atividade economicamente organiza-
O estabelecimento, muitas vezes, é relacionado simplesmente da, visando à produção ou circulação de bens ou serviços para o
ao local onde o empresário exerce a atividade econômica. O estabe- mercado (art. 966 do CC). Nesse conceito, verifica-se que o empre-
lecimento apresenta uma definição bem mais ampla que o simples sário não é aquele que exerce sua atividade eventualmente, mas
local de exploração da atividade econômica, que constitui um dos habitualmente, com características profissionais. Quem assume os
elementos do estabelecimento, não se confundindo com ele. riscos do empreendimento é o empresário, que se beneficia dos
lucros e se expõe ao prejuízo. Algumas das regras do Direito Tutelar
O art. 1.142 do Código Civil de 2002 define estabelecimento: do Trabalho destinam-se, porém, ao estabelecimento, como as rela-
“Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organi- tivas à medicina e segurança do trabalho, sem se esquecer também
zado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade de que no conceito de empresa devem ser analisados os grupos de
empresária”. empresas.
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Atualmente, a CLT impõe a responsabilidade solidária entre as Passa-se ao exame sintético dessas duas relevantes (e
empresas de determinado grupo empresarial, mas não formaliza práticas) tipologias. A tipologia concernente à existência ou não
quem é responsável por pagar os danos no caso de um processo de responsabilidade trabalhista enxerga quatro grandes situações
trabalhista. Na prática, isso significa que um trabalhador pode co- justrabalhistas. De um lado, aquelas que envolvem figuras
brar seus direitos tanto da empresa que o emprega diretamente assimiladas (ou identificadas mesmo) ao próprio empregador, como
quanto de uma empresa parceira, empresas com identidade de só- ocorrido com os entes integrantes do chamado grupo econômico.
cios ou sob o mesmo controle, caso a primeira não cumpra com De outro lado, situações que envolvem figuras vinculadas ao
seus haveres trabalhistas. empregador por laços de domínio direto ou indireto (no sentido
civil/comercial), de que é expressivo exemplo a situação do sócio
Proteções jurídicas contra credores do empregador da entidade societária. Finalmente, as situações relativas aos
O ordenamento jurídico do País estabelece um conjunto tomadores de serviços que contratam certos empregadores (grupo
diversificado de garantias e proteções em favor do crédito que envolve as situações de terceirização, por exemplo, quer no
trabalhista quando confrontado a eventuais credores do respectivo âmbito privado, quer no âmbito público).
empregador. É que o Direito do Trabalho conclui que seu largo No tocante a esses três grupos iniciais, tende a haver
arsenal de princípios, regras e institutos perderia efetividade caso entendimento relativamente homogêneo da doutrina e da
os créditos obreiros não se postassem em patamar de vantagem jurisprudência no sentido da incidência da responsabilidade
perante os créditos de outra natureza contrapostos ao patrimônio trabalhista de seus membros componentes. Mesmo havendo
da pessoa física ou jurídica do empregador10. peculiaridades com respeito à responsabilidade na terceirização
Três são as hipóteses centrais tratadas pela ordem justrabalhista ocorrida no âmbito estatal, o fato é que se tornou consensual a sua
no tocante às proteções jurídicas contra credores do empregador. A existência, respeitadas tais peculiaridades.
primeira diz respeito à ampliação da responsabilidade pelas dívidas O quarto grupo, finalmente, diz respeito a situações em torno
trabalhistas por além da figura específica do empregador, mediante das quais ainda existe razoável divergência quanto à viabilidade
os institutos da responsabilidade subsidiária ou solidária; a segunda da responsabilização trabalhista. Trata-se dos casos que atingem o
hipótese diz respeito à situação de concordata ou recuperação dono da obra.
judicial ou extrajudicial da empresa empregadora perante seus A segunda tipologia é concernente à modalidade de
credores; a terceira hipótese diz respeito à situação de falência do responsabilidade fixada pelo Direito do Trabalho. Surgem aqui dois
empregador e suas repercussões perante os credores do falido. tipos de figuras: a responsabilidade solidária e a responsabilidade
subsidiária.
Proteção Jurídica Mediante a Responsabilidade Trabalhista A responsabilidade solidária tem tradicionalmente sido
O Direito do Trabalho, como qualquer ramo jurídico que suscitada em três situações principais: as entidades integrantes
trate de direitos patrimoniais, busca encontrar mecanismos de do grupo econômico (textos do art. 2º, §2º, CLT — acrescido do
ampliação das garantias dos créditos que regula por além do §3º, pela Lei n° 13.467/2017; a seu lado, o art. 3º, §2º, Lei n°
simples patrimônio do devedor. Noutras palavras, mecanismos 5.889/73); a figura do empreiteiro perante as dívidas trabalhistas
de ampliação das garantias dos créditos trabalhistas por além do do subempreiteiro por ele contratado (interpretação corrente
estrito patrimônio do empregador. do art. 455, CLT); finalmente, a figura do tomador de serviços
Tais mecanismos de alargamento de garantias creditícias não temporários perante algumas dívidas especificadas na Lei de
são, portanto, específicos ao ramo justrabalhista. Traduzem, na Trabalho Temporário (texto do art. 16 da Lei nº 6.019/74).
verdade, a importação para a seara laborativa de instrumentos Não obstante a expressão literal dos respectivos artigos legais,
já tradicionais em outros ramos do Direito, em especial Direito o fato é que se firmou a tendência jurisprudencial em qualificar
Obrigacional Civil e Direito Empresarial (ou Direito Comercial). como subsidiária a responsabilidade mesmo nestas duas últimas
Tipificam tais mecanismos a responsabilidade solidária e a situações (empreiteiro/subempreiteiro e tomador de serviços
responsabilidade subsidiária. temporários), mormente a partir da interpretação consolidada na
O tema da responsabilidade por verbas trabalhistas, como Súmula 331, IV, do TST. Em consequência, resta a responsabilidade
se sabe, permite a construção de duas tipologias extremamente solidária essencialmente para as situações envolventes aos
práticas no Direito brasileiro, hoje. A primeira tipologia diz respeito integrantes do grupo econômico para fins justrabalhistas.
à existência ou não de responsabilidade trabalhista deferida ao não
empregador em determinado contexto concreto. Solidariedade Resultante do Grupo Econômico
A pergunta central a permear esta tipologia é a seguinte: sob A figura justrabalhista do grupo econômico surgiu como veículo
a perspectiva jurídica, mostra-se viável (ou não) responsabilizar de ampliação da garantia dos créditos trabalhistas em favor do
alguém que se mostrou beneficiário, direta ou indiretamente, pela empregado, sendo esse seu original e mais clássico objetivo e efeito.
utilização da força de trabalho manejada pelo empregador pelas A evolução do instituto, entretanto, propiciou uma extensão de seus
dívidas trabalhistas desse efetivo empregador? objetivos e efeitos por além da mera garantia creditícia, alcançando
A segunda tipologia diz respeito à modalidade de todos os aspectos contratuais e todos os entes integrantes do grupo
responsabilidade trabalhista característica àquele contexto concreto econômico. Essa extensão de objetivos e efeitos deferida à figura
supra enfocado. A pergunta central a permear esta tipologia, por do grupo não é, contudo, isenta de debates e resistência entre os
sua vez, é: de que tipo será a responsabilidade trabalhista incidente juristas.
sobre essa entidade beneficiária do trabalho dirigido por outrem? A) Solidariedade Exclusivamente Passiva: O efeito jurídico
10 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e clássico e incontroverso da figura justrabalhista do grupo
atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e econômico é a imposição de solidariedade passiva entre as
jurisprudenciais posteriores — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019. entidades componentes do grupo perante os créditos trabalhistas
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Vários são os fatores que influenciam o contrato de — Diferença entre alteração do contrato de trabalho e jus
trabalho, tais como a criação de novas técnicas, a expansão do variandi do empregador
empreendimento, ou a diversificação das atividades; e, como ajuste Aspecto relevante em relação às modificações que podem
de trato sucessivo que é, o contrato de trabalho deve adaptar-se ocorrer ao longo da relação entre empregado e empregador é o
às novas circunstâncias, sendo maleável para manter a sua própria que diz respeito à diferenciação entre alteração contratual e jus
continuidade. variandi.
Em razão disso, surge o questionamento acerca de como A comparação entre estas duas situações relativas ao contrato
é possível compatibilizar a alterabilidade inata do contrato de de trabalho é importante porque, na prática, é difícil identificar a
trabalho, que se revela claramente em virtude de ser de trato modificação procedida pelo empregador como alteração contratual
sucessivo, com o disposto no art. 468 da CLT. ou como exercício do jus variandi. Ambas se aproximam em muitos
O dispositivo legal sob análise reflete forte intervenção na pontos e somente a partir de um paralelo entre os aspectos
autonomia da vontade, o que, no entanto, é inegavelmente diferenciais de cada uma delas é possível uma conclusão mais
necessário. acertada.
Se assim não fosse, o empregador poderia, aproveitando-se de A questão, na realidade, reside no dinamismo do contrato
sua situação de superioridade econômica, coagir o empregado a de trabalho e nos limites de tolerância às modificações de seu
aceitar alterações de cláusulas essenciais do contrato, mesmo que conteúdo, ou seja, quem pode alterar, e até que ponto, o conteúdo
isso lhe fosse prejudicial. Portanto, diante de qualquer prova de contratual, identificando-se quais as cláusulas que podem ser
prejuízo (e não é necessário que este seja direto), a declaração da atingidas por modificações.
nulidade da alteração é a solução apresentada pela lei, fundando-se As possíveis modificações no contrato de trabalho podem ser
no art. 9º da própria CLT. classificadas da seguinte forma:
A violação contratual derivada da alteração gera, portanto, a – variações procedidas pelo empregador de forma unilateral
consequência natural da nulidade do ato, restituindo as partes às dentro do âmbito contratual, constituindo expressão do jus variandi;
condições de trabalho vigentes antes da alteração. – alterações das condições essenciais do pacto, que, quando
Tratando-se de alteração bilateral, a cláusula alterada, eivada determinadas unilateralmente pelo empregador, importam em
de vício, torna-se nula. violação do contrato e, quando ajustadas bilateralmente e não
Quando, porém, a alteração for unilateral, além da nulidade tragam prejuízos para o empregado, são consideradas válidas.
do ato, o empregado pode rescindir o contrato de trabalho e
receber a respectiva indenização (rescisão indireta, por violação das O jus variandi é o poder de direção exercido nos espaços em
obrigações contratuais por parte do empregador). branco do contrato de trabalho, ou seja, em relação ao que não
Em relação à alteração de local de trabalho especificamente, foi ajustado previamente, sendo que por meio dele o empregador
o caput do art. 469 da Consolidação das Leis do Trabalho também introduz unilateralmente, mas sempre dentro de certos limites,
expressa a inalterabilidade como regra geral, e assim dispõe: variações em relação à prestação de serviço do empregado e à
organização empresarial.
Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, Os limites do jus variandi encontram-se exatamente nas
sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do cláusulas essenciais do contrato de trabalho e em necessidades
contrato, não se considerando transferência a que não acarretar reais da empresa, coibindo-se seu uso indiscriminado e abusivo.
necessariamente a mudança de seu domicílio. Assim, o exercício do jus variandi como faculdade do
empregador deve efetuar-se e ser reconhecido quando seja
Portanto, em relação a este tipo específico de alteração do utilizado de forma razoável, e não arbitrariamente.
contrato de trabalho, o mútuo consentimento é ressaltado pelo Embora a nossa legislação não contenha um dispositivo
legislador, sendo vedada a transferência do empregado por vontade específico sobre o jus variandi, o art. 2º da CLT, concedendo
unilateral do empregador. ao empregador a faculdade de dirigir a prestação de serviços,
exercendo seu poder de direção, permite, indiretamente, que
Importante destacar, porém, que a Lei n. 13.467/2017 (Reforma possa, quando necessário e para tornar a atividade mais produtiva,
Trabalhista) ampliou consideravelmente o âmbito de exercício da variar a forma de prestação desses serviços, desde que as variações
autonomia da vontade no contrato de trabalho, em especial em implementadas não impliquem em modificações de cláusulas
relação aos chamados empregados “hipersuficientes” (que têm essenciais do contrato de trabalho.
diploma de nível superior e recebem remuneração mensal igual O exercício do jus variandi pelo empregador não atinge o
ou superior a duas vezes o valor do teto máximo dos benefícios do conteúdo básico do contrato de trabalho, mas apenas aspectos
Regime Geral de Previdência Social). circunstanciais que o envolvem. Caso o empregador proceda a
Assim, como decorrência dessa ampla autonomia de vontade variações substanciais, atingindo cláusulas essenciais do contrato,
que lhes é assegurada pelo art. 444, parágrafo único, da CLT, esses tais como as relativas a localidade da prestação dos serviços,
empregados podem pactuar e aceitar alterações do contrato de jornada de trabalho, salário e função exercida, não mais estaremos
trabalho, sem que se possa falar em nulidade destas em razão de diante do jus variandi, mas passaremos ao campo das alterações
prejuízos decorrentes. contratuais. Se as modificações importam em uma alteração
substancial do contrato, já se saiu do âmbito do jus variandi.
Desta forma, as alterações do contrato individual de trabalho
são modificações de seu conteúdo essencial, daquilo que decorre
do ajuste preliminar entre empregado e empregador e de cláusulas
que são obrigatoriamente inseridas no contrato por força de lei
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
ou de norma coletiva, como reflexo do dirigismo contratual, e têm Assim, diante de alguma causa específica, não obstante o
fundamento no caráter de trato sucessivo de que o contrato é contrato de trabalho permaneça em vigor, os seus principais efeitos
revestido. deixam de ser verificados, falando-se, genericamente, em sua
As cláusulas básicas do contrato de trabalho não podem ser suspensão.
modificadas porque são revestidas de obrigatoriedade que assegura Ocorre a suspensão do contrato de trabalho quando se verifica
às partes uma segurança jurídica e evita que o empregado, como a paralisação temporária de sua execução.
contratante mais fraco que é, fique constantemente submetido às O legislador brasileiro denominar como suspensão as
alterações impostas pelo empregador economicamente mais forte. hipóteses de paralisação total dos efeitos do contrato de trabalho,
Assim, a inalterabilidade é a regra, sendo a alteração a exceção, e interrupção, as situações em que ocorre apenas uma paralisação
que somente terá validade quando procedida nos limites previstos parcial dos efeitos do pacto laboral.
pelo art. 468 da CLT e, no caso de alteração da localidade da As causas que dão origem à suspensão e à interrupção sempre
prestação dos serviços, pelo art. 469 da CLT. têm caráter transitório, pois, caso contrário, não se justificaria a
Portanto, o exercício do jus variandi pelo empregador não se conservação do vínculo contratual.
confunde com alteração do contrato de trabalho, embora ambas Assim, a suspensão desobriga as partes contratantes de
as situações refiram-se a hipóteses de modificações que são cumprirem o contrato durante determinado período. Nos períodos
verificadas no curso da relação de emprego mantida pelas partes. de suspensão do contrato, não há trabalho, não há pagamento
Referimo-nos anteriormente aos limites impostos tanto no de salário e não se conta tempo de serviço para fins trabalhistas,
que diz respeito ao jus variandi como em relação às alterações correspondendo “à sustação dos efeitos do contrato empregatício,
contratuais. que preserva, porém, sua vigência”.
Na esteira deste raciocínio, podemos dizer que esses limites A interrupção acarreta a inexecução provisória da prestação de
estão contidos em um espaço demarcado, de um lado, pela serviço, sem embargo da eficácia de outras cláusulas contratuais.
possibilidade de variar a prestação de serviços como faculdade Assim, quando o contrato está interrompido, não há trabalho,
decorrente do poder de direção do empregador (jus variandi) e, de mas o salário é pago e conta-se o tempo de serviço para fins
outro lado, pela possibilidade que tem o empregado de resistir ao trabalhistas, correspondendo tal período a uma “sustação restrita
cumprimento de ordens que impliquem em modificações essenciais e unilateral de efeitos contratuais, abrangendo essencialmente
do contrato ou lhe acarretem prejuízos (jus resistentiae). apenas a prestação laborativa e disponibilidade obreira perante o
Então, o jus variandi e o jus resistentiae funcionam como empregador”.
balizas, dentro das quais o conjunto de condições contratuais é As paralisações do contrato de trabalho têm por fundamento
capaz de flutuar com intensa mutabilidade. razões de índole:
Caso se ultrapasse o terreno delimitado por estas balizas, a – biológica-social (exs.: enfermidade, maternidade, férias etc.);
violação de direito torna-se evidente, gerando consequências que – físico-econômica (exs.: acidentes, crises econômicas etc.);
irão variar em intensidade, podendo culminar, inclusive, com a – político-social (exs.: greves, exercício de representação
ruptura do vínculo contratual. sindical etc.);
O poder de resistência que é conferido ao empregado funciona, – jurídico-penal (exs.: suspensão disciplinar, detenção policial
portanto, como um instrumento importante na preservação de sua etc.).
dignidade. Diante de um arbítrio do empregador, com o desrespeito
à pessoa do empregado, o interesse social é frontalmente vulnerado, Na análise do sistema legal brasileiro, cumpre distinguir três
além de evidenciar-se uma lesão contratual com a afronta ao situações distintas: rescisão, que corresponde à cessação do contrato
princípio da força obrigatória dos contratos. de trabalho; suspensão, que desobriga as partes contratantes de
Assim, o direito de resistência é uma possibilidade de cumprirem o contrato durante determinado período; e interrupção,
autodefesa do empregado em face do seu empregador. que acarreta a inexecução provisória da prestação de serviços, sem
O jus resistentiae caracteriza-se, então, como uma prejuízo da eficácia das demais cláusulas contratuais.
contraposição ao jus variandi e à possibilidade de alteração As hipóteses de interrupção e de suspensão do contrato de
contratual pelo empregador. Isso não significa que estas faculdades trabalho podem ser:
possam ser exercidas concomitantemente, uma anulando a outra. a) previstas em lei;
Somente a partir do uso irregular e abusivo do jus variandi, ou b) ajustadas pelos contratantes, desde que objetive atender
em virtude de alguma alteração do conteúdo do contrato que gere aos interesses do empregado;
prejuízo, é que surgirá a possibilidade do empregado exercer seu c) previstas em convenções ou acordos coletivos de trabalho.
direito de resistência.
As regras básicas sobre suspensão e interrupção do contrato de
— SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE trabalho encontram-se nos arts. 471 a 476-A da CLT.
TRABALHO; CARACTERIZAÇÃO E DISTINÇÃO De início, cumpre ressaltar que o art. 471 da CLT assegura ao
Como um dos princípios do Direito do Trabalho, a continuidade empregado, após o período de interrupção ou de suspensão do
da relação de emprego reflete-se no ordenamento jurídico, entre contrato de trabalho, o retorno ao cargo que exercia, bem como
outros, por meio de dispositivos que determinam a manutenção da todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à
relação laboral, “mesmo que, em virtude de certos acontecimentos, categoria a que pertence na empresa, tanto as derivadas de lei ou
ocorra a inexecução provisória da prestação de serviço”13. de normas coletivas como aquelas concedidas por ato espontâneo
do próprio empregador.
13 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf
366
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O prazo para o empregado retornar ao trabalho é de trinta dias Eleição para cargo de diretor de sociedade anônima –
contados da cessão da causa do afastamento, salvo as exceções conforme entendimento adotado pelo TST, durante o período
previstas em lei. Não retornando o empregado ao trabalho neste em que o empregado estiver exercendo cargo de diretor de
prazo, considera-se caracterizado o abandono de emprego (art. sociedade anônima, seu contrato de trabalho ficará suspenso,
474, CLT). salvo se permanecer a subordinação jurídica dele em relação ao
Situação específica em relação ao retorno do empregado é a empregador;
que diz respeito ao afastamento do trabalho em virtude de exigência Licença não remunerada – concedida pelo empregador a
do serviço militar ou de encargo público. Nestas hipóteses, para que pedido do empregado, para atendimento de necessidades pessoais.
o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se Ressalte-se que, por inexistir qualquer previsão legal autorizadora
afastou, é indispensável que notifique o empregador dessa intenção, de tal modalidade de licença, para que se caracterize como
por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo máximo de trinta suspensão do contrato de trabalho é necessário que decorra de
dias, contados da data em que se verificar a respectiva baixa ou a solicitação expressa do empregado, configurando ajuste bilateral;
terminação do encargo a que estava obrigado (§1º, art. 472, CLT). Suspensão bilateral para qualificação profissional do
O empregador não pode rescindir o contrato de trabalho empregado – o art. 476-A da CLT, prevê hipótese de suspensão do
durante períodos em que esteja suspenso ou interrompido, ainda contrato de trabalho para participação do empregado em curso ou
que arque com todas as reparações devidas, salvo em caso de programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador.
justa causa cometida pelo empregado devidamente reconhecida
pela Justiça do Trabalho ou em caso de extinção da empresa, FORMAS DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
impossibilitando a continuidade das relações de emprego.
367
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
empregado, no ambiente de trabalho e durante a jornada, sem Na dispensa indireta, tendo em vista que se funda em falta
consentimento do empregador. Em qualquer um dos casos, a grave praticada pelo empregador, não há que se falar em aviso
negociação pode se dar por conta própria ou alheia; prévio, sendo o contrato de trabalho rescindido de imediato. No
– condenação criminal sem sursis: é a condenação do entanto, não obstante a inexigência legal de aviso, é aconselhável
empregado, transitada em julgado, da qual decorra sua prisão, que o empregado faça alguma comunicação da sua intenção de
sem direito à suspensão da execução da pena. Desnecessário que desligar-se imediatamente em decorrência da justa causa do
o fato esteja relacionado com o trabalho. A impossibilidade de empregador, posto que deixará de prestar serviços, o que poderá
comparecer ao trabalho enseja a dispensa; ser entendido como abandono de emprego.
– desídia: é o ato de negligência, displicência habitual,
desinteresse no desempenho de suas funções. Exs.: falta de As justas causas que podem ser praticadas pelo empregador,
assiduidade e de pontualidade etc.; ou por seus prepostos, superiores hierárquicos do empregado,
– embriaguez habitual ou em serviço: uso abusivo de álcool estão numeradas, de forma taxativa, no art. 483 da CLT e são as
ou outra substância entorpecente. Nesta hipótese, o ato garante a seguintes:
imediata dispensa, se a embriaguez se deu em serviço, e depende – exigir do empregado serviços superiores às suas forças:
da habitualidade, se fora do serviço; serviços que exijam esforço físico ou intelectual excessivo, fora do
– violação de segredo da empresa: consiste na divulgação não normal ou do que seja considerado razoável levando em conta as
autorizada de informações que possa causar dano ao empregador. limitações impostas por lei;
Para a caracterização da justa causa, a informação tem que ser – exigir do empregado serviços defesos por lei: serviços que
realmente sigilosa, e sua divulgação, capaz de causar dano efetivo a lei proíba para aqueles que tenham uma determinada condição
ao empregador; (ex.: trabalho insalubre para menores de 18 anos) ou que sejam
– indisciplina: significa descumprimento de ordem geral de caracterizados como crime ou contravenção penal;
serviço, dada pelo empregador a todos os empregados da empresa – exigir do empregado serviços contrários aos bons costumes:
ou a todos os empregados de um ou de alguns setores da empresa; serviços que sejam contrários à moral do homem médio, reprováveis
– insubordinação: é o descumprimento de ordem pessoal de pela sociedade;
serviço, dirigida pelo empregador individualmente ao empregado; – exigir do empregado serviços alheios ao contrato: serviços
– abandono de emprego: requer ausência continuada e ânimo que não decorram do cargo para o qual o empregado foi contratado,
de não mais trabalhar para o empregador. A jurisprudência fixou em caracterizando típico desvio ou acúmulo de função;
30 dias o prazo que caracteriza o abandono de emprego. – tratar o empregado com rigor excessivo: exercício excessivo,
– ato lesivo da honra e boa fama: prática pelo empregado de desmedido, pelo empregador, do seu poder de comando,
atos, por gestos ou palavras, que ofendam a honra ou a boa fama extrapolando os limites da dignidade humana e do respeito que
de qualquer pessoa ligada ao serviço (empregador, superiores deve pautar a relação entre os sujeitos do contrato de trabalho;
hierárquicos, colegas de trabalho, clientes, fornecedores etc.). – colocar o empregado em situação em que corra perigo
Não é caracterizada a justa causa quando o empregado agir em manifesto de mal considerável: submeter o empregado a condições
legítima defesa, própria ou de outrem; de trabalho que ponham em risco sua integridade física acima do
– ofensas físicas: praticadas pelo empregado contra qualquer que é razoavelmente decorrente das atividades que exerce;
pessoa ligada ao trabalho (empregador, superiores hierárquicos, colegas – não cumprir as obrigações do contrato: descumprimento de
de trabalho, clientes, fornecedores etc.); Não é caracterizada a justa causa qualquer obrigação em relação aos direitos do empregado. Trata-se
quando o empregado agir em legítima defesa, própria ou de outrem; da figura mais ampla entre todas as hipóteses de justa causa do
– prática de jogos de azar: prática de jogos ilícitos, não previstos na empregador, nela se enquadrando toda inadimplência relativa ao
legislação. Exs.: jogo do bicho; rifas não autorizadas; apostas de corrida de que está previsto na lei ou no contrato de trabalho;
cavalo, fora do hipódromo ou casas autorizadas. Requer habitualidade; – praticar contra o empregado, ou pessoas de sua família, ato
– perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lesivo da honra e boa fama: prática pelo empregador ou por seus
lei para o exercício da profissão, em razão de conduta dolosa prepostos de atos, por gestos ou palavras, que ofendam a honra ou
do empregado: hipótese somente aplicável aos casos em que a a boa fama do empregado ou de qualquer pessoa de sua família.
profissão efetivamente não pode ser exercida sem a habilitação e Não é caracterizada a justa causa quando o empregador ou seus
desde que o dolo do empregado tenha sido comprovado. prepostos agirem em legítima defesa, própria ou de outrem;
Além destas figuras, a CLT traz as hipóteses de justa causa – ofender fisicamente o empregado, salvo em caso de
previstas no art. 240 e no art. 158, parágrafo único. legítima defesa, própria ou de outrem: ofensas físicas praticadas
pelo empregador ou por seus prepostos contra o empregado. Não é
— Dispensa indireta caracterizada a justa causa quando o empregador ou seus prepostos
A dispensa indireta caracteriza-se como a forma de extinção agirem em legítima defesa, própria ou de outrem;
do contrato de trabalho por iniciativa do empregado, provocada – reduzir o trabalho do empregado, sendo este por peça
por ato faltoso do empregador. Trata-se do “ato que manifesta a ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos
resolução do contrato de trabalho pelo empregado, em virtude de salários: redução salarial provocada diretamente pelo empregador
inexecução contratual por parte do empregador”. em face da redução proposital e considerável do trabalho do
A dispensa indireta, embora decorra de ato do empregado, empregado quando este tenha sido contratado por peça ou por
não se confunde com o pedido de demissão. O pedido de demissão tarefa. A redução decorrente da diminuição efetiva de serviço da
tem como causa o interesse do empregado, que não quer mais empresa, contrária também ao interesse do próprio empregador,
continuar com o vínculo de emprego, enquanto a dispensa indireta não caracteriza justa causa.
está relacionada ao comportamento do empregador.
368
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Além disso, se a redução for de pequena monta, sem que tenha vantagem empresarial (apropriação dos serviços pactuados). Daí
um peso real e efetivo nos ganhos do empregado, também não sua grande relevância no cotidiano trabalhista e no conjunto das
resta configurada a justa causa. regras inerentes ao Direito do Trabalho.
Três expressões apresentam-se, correspondendo a conceitos
— Culpa recíproca correlatos de importância na análise do fenômeno do tempo de
Caracteriza-se a culpa recíproca sempre que se verifique, trabalho, ou melhor, tempo de disponibilidade contratual. Trata-se,
simultaneamente, a prática de ato faltoso grave pelo empregado e respectivamente, de duração do trabalho, jornada de trabalho e,
pelo empregador. por fim, horário de trabalho. Vejamos:
Nos termos do art. 484 da CLT, havendo culpa recíproca no ato
que determinou a rescisão do contrato de trabalho, a indenização — Duração do Trabalho
que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador (40% Duração do trabalho abrange o lapso temporal de labor ou
dos depósitos do FGTS) será reduzida pela metade (20% dos disponibilidade do empregado perante seu empregador em virtude
depósitos do FGTS). do contrato, considerados distintos parâmetros de mensuração:
dia (duração diária, ou jornada), semana (duração semanal), mês
— Dispensa arbitrária ou sem justa causa e indenização (duração mensal), e até mesmo o ano (duração anual). Embora
A dispensa sem justa causa constitui-se na modalidade de jornada seja palavra que tem magnetizado as referências culturais
extinção do contrato de trabalho decorrente da vontade do diversas feitas ao tempo de trabalho ou disponibilidade obreira
empregador, independentemente da vontade do empregado. em face do contrato, a expressão duração do trabalho é que, na
Tradicionalmente sempre se entendeu tratar-se a dispensa de verdade, abrange os distintos e crescentes módulos temporais de
um direito potestativo do empregador, que não comporta oposição, dedicação do trabalhador à empresa em decorrência do contrato
nem do empregado, nem da autoridade pública; de uma declaração empregatício.
unilateral de vontade, de natureza receptícia e constitutiva. A CLT regula a duração do trabalho em capítulo próprio (II
Assim, inexistindo fator impeditivo da dispensa, como, por — “Duração do Trabalho” —, no Título II, “Das Normas Gerais de
exemplo, estabilidade no emprego, o empregador pode dispensar Tutela do Trabalho”), composto pelos artigos 57 até 75 - F, os quais
o empregado. tratam da jornada, da duração semanal de labor, dos intervalos
intra e interjornadas e dos repousos trabalhistas.
A indenização compensatória a que se refere o art. 7º, I, da
Constituição Federal está prevista no art. 18, §1º, da Lei n. 8.036/90 — Jornada de Trabalho
e corresponde a 40% de todos os depósitos efetuados na conta do Jornada de trabalho é expressão com sentido mais restrito do
FGTS do empregado durante a vigência do contrato de trabalho, que o anterior, compreendendo o tempo diário em que o empregado
atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. tem de se colocar em disponibilidade perante seu empregador, em
decorrência do contrato. O tempo, em suma, em que o empregador
DURAÇÃO DO TRABALHO: JORNADA DE TRABALHO; pode dispor da força de trabalho de seu empregado em um dia
REGISTRO E CONTROLE DO HORÁRIO DE TRABALHO; delimitado.
PERÍODOS DE DESCANSO; INTERVALO PARA REPOUSO O período considerado no conceito de jornada corresponde ao
E ALIMENTAÇÃO; DESCANSO SEMANAL REMUNERADO; lapso temporal diário, em face de o verbete, em sua origem, referir-
TRABALHO NOTURNO E TRABALHO EXTRAORDINÁRIO; se à noção de dia (por exemplo, no italiano: giorno — giornata; e
SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE HORAS no francês: jour — journée). Jornada, portanto, traduz, no sentido
original (e rigoroso, tecnicamente), o lapso temporal diário em que
o obreiro tem de se colocar à disposição do empregador em virtude
Jornada de trabalho é o lapso temporal diário em que o do contrato laboral.
empregado se coloca à disposição do empregador em virtude do Na cultura da língua portuguesa, porém, tem-se, comumente,
respectivo contrato. É, desse modo, a medida principal do tempo conferido maior amplitude à expressão, de modo a abranger
diário de disponibilidade do obreiro em face de seu empregador lapsos temporais mais amplos, como a semana, por exemplo
como resultado do cumprimento do contrato de trabalho que os (com o que se falaria, pois, em jornada semanal). Esta extensão
vincula15. semântica é reconhecida pelo legislador (o §2º do art. 59 da CLT
A jornada mede a principal obrigação do empregado no refere-se, ilustrativamente, “...à soma das jornadas semanais de
contrato, o tempo de prestação de trabalho ou, pelo menos, trabalho previstas...”). Nesta linha, esclarece-se que se constitui
de disponibilidade perante o empregador. Por ela mensura-se, uma particularidade da língua portuguesa o uso da expressão
também, em princípio, objetivamente, a extensão de transferência para designar tempo de trabalho, qualquer que seja a medida de
de força de trabalho em favor do empregador no contexto de uma duração.
relação empregatícia. Embora a jornada de trabalho refira-se ao tempo em que
É a jornada, portanto, ao mesmo tempo, a medida da principal se considera o empregado contratualmente à disposição do
obrigação obreira (prestação de serviços ou disponibilidade do empregador em um dia, o avanço do Direito do Trabalho tem
trabalhador perante o seu empregador) e a medida da principal produzido a inserção de certos curtos períodos de intervalos
intrajornadas dentro do conceito de jornada, como forma de
remunerar tais curtos períodos e, ao mesmo tempo, reduzir o
15 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e tempo de efetiva exposição e contato do trabalhador à atividade
atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e contratada. Por essa razão é que se afirma que no lapso temporal
jurisprudenciais posteriores — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019. da jornada deve incluir-se, também, não só o tempo trabalhado e à
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
disposição, mas também o tempo tido como contratual estritamente básica). Entretanto, é comum também ocorrer a incorporação
por imposição legal (caso dos intervalos remunerados), embora tópica, respeitadas certas circunstâncias e situações especiais,
neste último lapso o empregado não labore nem sequer fique à de regras de outro critério básico informador (produzindo uma
disposição empresarial. combinação de critérios, portanto). Por essa razão, a análise dos
A Lei nº 13.467/2017 tem buscado restringir a noção de três referidos critérios não guarda mero interesse histórico, já que
jornada de trabalho, de modo a diminuir a inserção, em seu pode auxiliar a própria compreensão da realidade jurídica brasileira
interior, de tempos tidos, classicamente, como à disposição em face envolvente.
do empregador (a esse respeito, por exemplo, ver a nova redação
conferida ao art. 4º, §2º, da CLT, além da exclusão do conceito de a) Tempo Efetivamente Trabalhado
horas in itinere no art. 58, §2º, da Consolidação). Com isso, a nova O primeiro critério considera como componente da jornada
legislação procura atingir o seu objetivo de reduzir o valor trabalho apenas o tempo efetivamente trabalhado pelo obreiro. Por esse
no ordenamento jurídico brasileiro e, ao mesmo tempo, elevar os critério excluem-se do cômputo da jornada laboral, ilustrativamente,
ganhos econômicos empresariais com o manejo do contrato de os seguintes períodos: o “tempo à disposição” do empregador, mas
emprego. sem labor efetivo; eventuais paralisações da atividade empresarial
que inviabilizem a prestação de trabalho; qualquer tipo de intervalo
Horário de Trabalho intrajornada. Em suma, exclui-se do cálculo da jornada todo e
Já a expressão horário de trabalho traduz, rigorosamente, o qualquer lapso temporal que não consista em direta transferência
lapso temporal entre o início e o fim de certa jornada laborativa. da força de trabalho em benefício do empregador.
Tem-se utilizado a expressão para abranger também o parâmetro É evidente que tal critério opera uma necessária assunção, pelo
semanal de trabalho (horário semanal). Em tal amplitude, o horário obreiro, de parte significativa do risco empresarial, uma vez que o
corresponderia à delimitação do início e fim da duração diária de salário somente seria pago em direta proporção ao real trabalho
trabalho, com respectivos dias semanais de labor e correspondentes prestado. Por essa razão é que semelhante critério tende a ser
intervalos intrajornadas. rejeitado pelas modernas ordens justrabalhistas.
Dispõe o Art. 74 da CLT: No Brasil, o fato de a Consolidação considerar como tempo
Art. 74. O horário de trabalho será anotado em registro de de serviço também o período em que o empregado estiver
empregados. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) simplesmente “à disposição do empregador, aguardando ... ordens”
§1º (Revogado pela Lei nº 13.874, de 2019) (art. 4º, caput, CLT) demonstra a rejeição, pela ordem justrabalhista
§2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) brasileira, do critério do tempo efetivamente laborado como critério
trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e padrão de cálculo da jornada no mercado de trabalho do País.
de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme Não é absoluta, contudo, essa rejeição. É que a lei brasileira
instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e admite o sistema de cálculo salarial estritamente por peça
Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação (respeitado o mínimo legal a cada mês: art. 7º, VII, CF/88; art. 78,
do período de repouso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) CLT), em que se computa o valor do salário segundo o total da
§3º Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o produção efetivada pelo trabalhador. Ora, esse sistema salarial
horário dos empregados constará do registro manual, mecânico ou provoca, indiretamente, uma relação proporcional muito estreita
eletrônico em seu poder, sem prejuízo do que dispõe o caput deste entre o tempo de trabalho efetivo e o montante salarial pago,
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) alcançando efeitos próximos ao critério do tempo efetivamente
§4º Fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção laborado.
à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito,
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Incluído pela Lei b) Tempo à Disposição
nº 13.874, de 2019) O segundo critério considera como componente da jornada
o tempo à disposição do empregador no centro de trabalho,
Composição da Jornada de Trabalho independentemente de ocorrer ou não efetiva prestação de
São três os critérios principais de cálculo da extensão da serviços. Amplia-se, portanto, a composição da jornada, em
jornada de trabalho. Podem eles ser ordenados sequencialmente, contraponto com o critério anterior, pois agrega-se ao tempo
em correspondência à crescente amplitude que conferem à noção efetivamente trabalhado também aquele tido como à disposição
de jornada. São tais critérios o do tempo efetivamente laborado, do empregador.
o do tempo à disposição no centro de trabalho e, finalmente, A ordem jurídica brasileira adota este critério como regra
o do tempo despendido no deslocamento residência-trabalho- padrão de cômputo da jornada de trabalho no País (art. 4º, caput,
residência (além do somatório anterior). CLT). Ressalte-se que a expressão centro de trabalho não traduz,
Ao lado desses três critérios mais gerais, há ainda dois outros necessariamente, a ideia de local de trabalho. Embora normalmente
de caráter especial, aventados por normas específicas de certas coincidam, na prática, os dois conceitos com o lugar em que se
categorias profissionais brasileiras: o critério do tempo prontidão presta o serviço, pode haver, entretanto, significativa diferença
(ou horas prontidão) e o do tempo sobreaviso (horas sobreaviso). entre eles.
É o que se passa em uma mina de subsolo, em que o centro
– Critérios Básicos de Fixação da Jornada de trabalho se situa na sede da mina, onde se apresentam os
As ordens justrabalhistas nacionais tendem, obviamente, a se trabalhadores diariamente, ao passo que o local de trabalho situa-
pautar, como orientação básica, por um dos três critérios principais se, às vezes, a larga distância, no fundo da própria mina (art. 294,
informadores da composição da jornada laboral (no caso brasileiro, CLT).
é indubitável a eleição do tempo à disposição como essa orientação
370
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
No bloco do tempo à disposição, o Direito brasileiro engloba Há, contudo, algumas poucas situações especiais em que o ramo
ainda dois lapsos temporais específicos: o período necessário de justrabalhista pátrio acolhe o critério do “tempo deslocamento”.
deslocamento interno, entre a portaria da empresa e o local de É o que se passa com respeito, por exemplo, a uma parcela da
trabalho (Súmula 429, TST), ao lado do tempo residual constante de categoria dos ferroviários. As chamadas “turmas de conservação de
cartão de ponto (art. 58, §1º, CLT; Súmula 366, TST). ferrovias” têm computado como seu tempo de serviço o período de
A Lei nº 13.467/17 procurou reduzir lapsos temporais deslocamento “...desde a hora da saída da casa da turma até a hora
anteriormente tidos como integrantes (ao menos alguns deles) em que cessar o serviço em qualquer ponto compreendido dentro
do conceito de tempo à disposição do empregador. Para tanto, dos limites da respectiva turma” (art. 238, §3º, CLT).
encartou no novo §2º e respectivos incisos do art. 4º da CLT a Vale-se o referido preceito celetista, uma segunda vez, do
seguinte regra: mesmo critério de “horas deslocamento” ao dispor que nas vezes
§2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, em que “...o empregado trabalhar fora dos limites da sua turma,
não será computado como período extraordinário o que exceder ser-lhe-á também computado como de trabalho efetivo o tempo
a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco gasto no percurso da volta a esses limites”.
minutos previsto no §1º do art. 58 desta Consolidação, quando o
empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso Tempo de Deslocamento – horas in itinere
de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem Este terceiro critério informador da composição da jornada de
como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para trabalho (tempo de deslocamento), embora não seja adotado como
exercer atividades particulares, entre outras: regra geral na ordem justrabalhista do País, tem produzido certa
I — práticas religiosas; repercussão particularizada no cotidiano do Direito do Trabalho
II — descanso; pátrio. É que a jurisprudência trabalhista apreendeu também do art.
III — lazer; 4º, caput, da CLT, mediante leitura alargadora desse preceito, uma
IV — estudo; hipótese excetiva de utilização do critério de tempo deslocamento.
V — alimentação; É o que se verifica nas chamadas horas “in itinere” (originalmente
VI — atividades de relacionamento social; referidas pelas Súmulas 90 e 320, TST).
VII — higiene pessoal; Após a construção jurisprudencial longamente maturada, o
VIII — troca de roupa ou uniforme, quando não houver legislador, em 19.6.2001, incorporou, em diploma normativo (Lei
obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. nº 10.243/01), as horas in itinere, mediante inserção do um §2º no
art. 58 da CLT, hoje alterado pela Lei nº 13.467, de 2017.
A figura do contrato de trabalho intermitente, também O novo critério legal não dissentiu do antigo inferido pela
encartada na Consolidação (art. 443, caput e §novo 3º, c./c. jurisprudência; na verdade, reproduziu-o, quase que de modo literal.
novo artigos 452-A, caput e §§1º até 9º) pela Lei nº13.467/2017, A partir desse critério jurídico, considera-se integrante da jornada
constitui outro claro intento de diminuir a presença do tempo à laborativa o período que o obreiro despenda no deslocamento ida-
disposição no conceito da duração do trabalho (sem contar, no caso e-volta para local de trabalho considerado de difícil acesso ou não
desse restritivo contrato de trabalho, a diminuição da presença servido por transporte regular público, desde que transportado por
dos intervalos trabalhistas e dos dias remunerados de descanso), condução fornecida pelo empregador (Sum. 90, I, TST; art. 58, §2º,
tudo com efeitos inevitáveis quanto à redução do valor trabalho na CLT).
economia e sociedade brasileiras. São dois os requisitos, portanto, das chamadas horas
itinerantes: em primeiro lugar, que o trabalhador seja transportado
c) Tempo de Deslocamento por condução fornecida pelo empregador. É óbvio que não elide o
O terceiro critério considera como componente da jornada requisito em exame a circunstância de o transporte ser efetivado
também o tempo despendido pelo obreiro no deslocamento por empresa privada especializada contratada pelo empregador,
residência-trabalho-residência, período em que, evidentemente, já que este, indiretamente, é que o está provendo e fornecendo.
não há efetiva prestação de serviços (“horas deslocamento”). Como Aqui também não importa que o transporte seja ofertado pela
se percebe, aqui se amplia mais ainda a composição da jornada, em empresa tomadora de serviços, em casos de terceirização, já que
contraponto com os critérios anteriores. há, evidentemente, ajuste expresso ou tácito nesta direção entre as
O critério de tempo deslocamento tem sido acolhido, regra duas entidades empresariais.
geral, pela legislação acidentária do trabalho: “Equiparam-se Também é irrelevante que exista onerosidade na utilização do
ao acidente do trabalho (...) o acidente sofrido pelo segurado, transporte. Isso porque a figura em tela não diz respeito a salário in
ainda que fora do local e horário de trabalho (...) no percurso da natura, mas a jornada de trabalho. É o que bem acentuou a Súmula
residência para o local de trabalho ou deste para aquela qualquer 320, TST.
que seja o meio de locomoção, inclusive de veículo de propriedade O segundo requisito pode consumar-se de modo alternativo
do segurado” (art. 21, IV, “d”, Lei nº8.213/91). (ou — e não e — enfatizam tanto a Súmula 90, I, TST, como o novo
Não obstante o “tempo deslocamento” seja, de fato, uma art. 58, §2º, CLT). Ou se exige que o local de trabalho seja de difícil
ampliação da noção de “tempo à disposição”, a doutrina e a acesso, ou se exige que, pelo menos, o local de trabalho não esteja
jurisprudência trabalhistas (não previdenciárias e acidentárias, servido por transporte público regular.
evidentemente) têm entendido, com firmeza e de modo pacífico, No exame do segundo requisito, é pertinente realçarem-
que tal critério não se encontra acobertado pela regra do art. 4º da se alguns esclarecimentos. De um lado, cabe notar-se que a
CLT. Não se aplica, pois, esta orientação geral do Direito Acidentário jurisprudência tem considerado, de maneira geral, que sítios
do Trabalho ao Direito Material do Trabalho brasileiro. estritamente urbanos (espaços situados em cidades, portanto) não
tendem a configurar local de trabalho de difícil acesso.
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sobre sua integração ao contrato de trabalho. Também aqui a a jornada laborativa obreira para todos os efeitos. Note-se que a
falta administrativa surge, propiciando a punição respectiva, sem, Súmula 366 (ex-OJ 23) manda que se computem todos os minutos,
entretanto, modificar o caráter e regras próprias às horas de mesmo os poucos iniciais e finais, se em cada extremo da jornada
sobreaviso prestadas. for ultrapassado o teto de cinco minutos.
A integração ao contrato (e, em consequência, à jornada de A mesma jurisprudência percebeu a existência, nas grandes
trabalho) do tempo sobreaviso é, como se sabe, especial. Assim, plantas empresariais, de tempo necessário de deslocamento
estabelece a lei que as horas de sobreaviso, “para todos os efeitos, interno dentro do estabelecimento, seja da portaria para o local
serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do salário normal” (art. de trabalho, seja no sentido inverso. Nesse tempo residual o
244, §2º, CLT). trabalhador está submetido ao poder empregatício, ainda que não
A figura do tempo de sobreaviso, embora originária da regência esteja efetivamente trabalhando (art. 4º, caput, CLT). É o que dispõe
própria à categoria dos ferroviários, já foi estendida, por analogia, a Súmula 429 do TST:
à categoria que vivencia circunstâncias laborais semelhantes: os TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. ART. 4º DA CLT.
eletricitários. PERÍODO DE DESLOCAMENTO ENTRE A PORTARIA E O LOCAL
O avanço tecnológico tem propiciado situações novas que DE TRABALHO — Considera-se à disposição do empregador, na
suscitam debate acerca da possibilidade de incidência da figura forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao deslocamento do
especial do tempo de sobreaviso. É o que se passa com a utilização, trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho,
pelo empregado, fora do horário de trabalho, de aparelhos de desde que supere o limite de 10 (dez) minutos diários.
comunicação telemáticos ou informatizados, como BIPs, pagers,
telefones celulares e equivalentes, mecanismos que viabilizam, em Note-se que a súmula fala em tempo necessário ao
princípio, seu contato imediato com o empregador e consequente deslocamento, ao invés de todo o tempo gasto no percurso. Com
imediato retorno ao trabalho. isso a jurisprudência, por realismo, justiça e equidade, excluiu as
Inicialmente não era pacífico o enquadramento jurídico dessas frações temporais destinadas ao uso estritamente pessoal (ida a
duas situações fáticas novas. O argumento em favor da aplicação postos bancários dentro da planta empresarial, banheiros, etc.),
da figura celetista do tempo de sobreaviso respaldava-se no juízo sugerindo a fixação do tempo médio necessário estimado, dentro
de que tais aparelhos colocariam, automaticamente, o trabalhador do caso concreto, para esse deslocamento (art. 4º, caput, da CLT).
em posição de relativa disponibilidade perante o empregador, Em acréscimo o verbete vale-se do mesmo critério acolhido
“aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço” (§2º, pela jurisprudência em situação análoga – os tempos residuais
art. 244, CLT). Esse contingenciamento à plena liberdade pessoal dos cartões (ex-OJ n. 23, SDI-1; Súmula 366; art. 58, §1º, CLT)
do obreiro, ainda que potencialmente, é que aproximaria essa –, determinando a desconsideração de dez minutos diários
moderna situação vivenciada por certos trabalhadores àquele tipo (cinco minutos na entrada e cinco na saída do estabelecimento).
legal construído pelo §2º do art. 244 da CLT. Naturalmente que, a contar do advento da Lei nº 13.467/17, a
De todo modo, anote-se que, independentemente de se acatar Súmula 429/TST, tem de ser lida em harmonia ao disposto no novo
(ou não) a incidência analógica do preceito enfocado, é importante §2º do art. 4º da CLT.
resguardar-se uma conclusão: após chamado ao serviço por
telefone celular, pager ou BIP, o obreiro que atenda à convocação e Acerca do tema em estudo, preliminarmente, cabe ressaltar
compareça ao local de trabalho passa, automaticamente, a ficar à que de acordo com o art. 66 da Consolidação das leis do Trabalho –
disposição do empregador, prestando horas normais de serviço (ou CLT, entre 2 (duas) jornadas de trabalho, deverá haver um período
horas extras, se for o caso) — e não mais horas de sobreaviso ou de mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.
prontidão (art. 4º, CLT). Além disso, a todo empregado será assegurado um descanso
semanal de 24 (vinte e quatro horas) consecutivas, mediante o
c) Tempo Residual à Disposição qual, exceto por razões de conveniência pública ou preeminente
A jurisprudência elaborou concepção relativa a pequenos necessidade do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo
períodos residuais de disponibilidade do empregado em face de ou em parte.
seu empregador, nos momentos anteriores e posteriores à efetiva Nesse sentido, nos serviços que exijam trabalho aos domingos,
prestação de serviços, em que o trabalhador aguarda a marcação salvo os elencos teatrais, deverá prevalecer escala de revezamento,
do ponto, já ingressando na planta empresarial. Trata-se de regra mensalmente organizada e constando quadro sujeito à fiscalização
inferida pela prática jurisprudencial, capturada, em 1996, pela OJ n. pela autoridade competente.
23 da SDI-I/TST (hoje Súmula 366). Anos depois, tornou-se expressa Assim, o trabalho em domingo, tanto de forma total ou
no art. 58, §1º, da CLT, após inserção feita pela Lei nº 10.243, de parcial, será sempre subordinado à permissão prévia da autoridade
19.6.2001: competente em matéria de trabalho.
“§1º Não serão descontadas nem computadas como jornada A supracitada permissão deverá ser concedida a título
extraordinária as variações de horário no registro de ponto não permanente nas atividades que, por sua própria natureza ou em
excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez razão de conveniência pública, devem ser exercidas aos domingos.
minutos diários”. É de competência do Ministro do Trabalho, Industria e Comércio,
expedir instruções que pacifique as atividades trabalhistas aos
Isso significa que as pequenas variações, até cinco minutos, domingos para os trabalhadores que por conveniência pública,
totalizando dez ao dia, não serão consideradas para qualquer fim. A ou pela natureza do trabalho, tenham que laborar aos domingos,
partir desse limite de cinco minutos, no começo e no fim da jornada, sendo que nas demais situações, tais instruções serão dadas sob
o tempo lançado no cartão de ponto será tido como à disposição forma transitória e com discriminação do período autorizado, o
do empregador (art. 4º, caput, c./c. art. 58, §1º, CLT), integrando qual, de cada vez, não poderá exceder sessenta dias.
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OBS. Importante: Na regulamentação do funcionamento De acordo com a legislação em vigor, o descanso semanal
de atividades sujeitas à CLT, deverão os municípios atender aos remunerado é um direito irrenunciável de todos os trabalhadores
preceitos nela estabelecidos, e as regras que venham a fixar não urbanos e rurais, pois, por meio desta benesse, podem usufruir
poderão contrariar tais preceitos nem as instruções que, para seu de período de descanso e socialização, preferencialmente aos
cumprimento, forem expedidas pelas autoridades competentes em domingos de cada semana.
matéria de trabalho. (Art. 69, CLT). Esse direito, além de estar previsto na Consolidação das Leis do
Trabalho, também possui amparo constitucional inserto no art. 7º,
Sobre o trabalho contínuo, deverão ser observados os seguintes inciso XV da Carta Magna.
preceitos legais: Normalmente o descanso semanal remunerado é reservado
a) Em todo tipo de trabalho contínuo, cuja duração exceda de aos domingos. Todavia, com o advento da Reforma Trabalhista,
seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso existe a viabilidade de o empregado e a empresa decidirem em
ou alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora e, exceto conjunto, pelo melhor dia para a ocorrência da folga.
haja acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá Nesses casos, não cumprindo a empresa ou organização, o
exceder de duas horas; estabelecido por lei, incorrerá no risco de pagar multas e demais
b) Não excedendo o trabalho de seis horas, será obrigatório um compensações em processos do trabalho.
intervalo de quinze minutos quando a duração ultrapassar quatro Ressalta-se que para o trabalhador que percebe salário
horas. mensalmente, o pagamento do descanso semanal remunerado é
c) Os intervalos de descanso não podem ser computados na realizado do modo integral na folha de pagamento.
duração do trabalho. Desse modo, quando a remuneração do empregado ocorre
por hora ou por dia, deverá o descanso semanal remunerado ser
NOTA: O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição equivalente à jornada de trabalho.
poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e O cálculo do descanso semanal remunerado é realizado
Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência mediante a soma das horas trabalhadas durante o mês divididas
Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às pela quantidade de dias úteis, incluindo o dia do sábado e
exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando multiplicando o resultado pela quantidade de domingos e também
os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho de feriados, onde o resultado desse cálculo, deverá ser multiplicado
prorrogado a horas suplementares. (Art. 71, §3º, CLT). pelo valor da hora.
De acordo com o art. 67 da CLT, a todo empregado será
NOTA: A não concessão ou a concessão parcial do intervalo assegurado um descanso semanal de vinte e quatro horas
intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados consecutivas, segundo o qual, salvo motivo de conveniência pública
urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o
apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por domingo, no todo ou em parte.
cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
(Art. 71, §4º, CLT). Assim, para os serviços que exijam trabalho aos domingos,
salvo o trabalho realizado em teatros, deverá ser estabelecida
Do Intervalo para Repouso e Alimentação escala de revezamento, organizada mensalmente, nela constando
Determina o art. 71 da CLT que em qualquer trabalho contínuo, quadro que por sua vez, estará sujeito à fiscalização.
cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um Destaca-se que o realizado aos domingos de forma total ou
intervalo para repouso ou alimentação, que deverá ser no mínimo parcial, conforme preconiza o art. 67 da CLT, deverá estar sempre
de uma hora e, salvo haja a existência de acordo escrito ou contrato subordinado à permissão prévia da autoridade competente em
coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas. matéria de trabalho.
Assim, não havendo no trabalho o excedente de seis horas será, Nesse sentido, a permissão será concedida a título permanente
entretanto, obrigatório um intervalo de quinze minutos quando a nas atividades que em razão de sua natureza ou por conveniência
duração do labor ultrapassar quatro horas, destacando-se que os pública, devam ser exercidas aos domingos, sendo atribuições de
intervalos de descanso não poderão ser computados na duração competência do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, expedir
do trabalho. instruções especificando tais atividades. Nas demais situações,
ela será concedida de forma transitória, discriminando o período
Do Descanso Semanal Remunerado autorizado, que, de cada vez, não poderá exceder de sessenta dias.
Trata-se o descanso semanal remunerado, de um benefício
contínuo, regulamentado por lei, que garante um dia dedicado ao NOTA: Na regulamentação do funcionamento de atividades
descanso ao trabalhador, preferencialmente aos domingos. sujeitas ao regime deste Capítulo, os municípios atenderão aos
Todavia, tal questão deverá ser estabelecida mediante acordo preceitos nele estabelecidos, e as regras que venham a fixar não
entre empregador e colaborador com aprovação do Ministério do poderão contrariar tais preceitos nem as instruções que, para seu
Trabalho. cumprimento, forem expedidas pelas autoridades competentes em
Há necessidade de prévio acordo, tendo em vista que a matéria de trabalho. (Art. 69, CLT).
depender das atividades exercidas pela empresa, o domingo pode NOTA: Salvo o disposto nos artigos 68 e 69 da CLT, (sobre as
ser considerado dia útil. São exemplos disso, dentre outros, os exceções de trabalho aos domingos), é vedado o trabalho em dias
hospitais e os hotéis. feriados nacionais e feriados religiosos, nos termos da legislação
própria. (Art. 70, CLT).
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Contudo, respeitados os parâmetros corretos do banco de Com a ratificação pelo Brasil, em 2010, da Convenção 151 da
horas, as horas suplementares ocorridas no contexto do regime OIT (Decreto Legislativo 206, publicado em 8.4.10), que trata das
compensatório serão pagas como horas normais, sem qualquer relações de trabalho na função pública, inclusive incentivando
acréscimo específico. a negociação coletiva no segmento, o óbice acima mencionado
A presença de qualquer irregularidade no regime desapareceu. Desse modo, torna-se viável o estabelecimento
compensatório anual previsto no novo art. 59 da CLT importa, de banco de horas nas entidades de direito público, mediante
entretanto, o pagamento do período de excesso laborativo diário instrumento coletivo negociado, inclusive pela circunstância de não
como sobrejornada, a qual se remunera com o respectivo adicional constituir cláusula de natureza e repercussões econômicas, as quais
de horas extras (art. 7º, XVI, CF/88). se consideram privativas de regência legal (art. 169, CF/88).
Dessa maneira, a ultrapassagem do bloco temporal máximo Agregue-se que, se considerada válida a autorização para a
de um ano; ou a não correspondente redução da jornada dentro pactuação meramente bilateral do banco de horas desde que o
do respectivo bloco temporal (mesmo que em virtude da extinção regime compensatório seja no período máximo de seis meses
do contrato); ou, até mesmo, a ausência de instrumento coletivo (novo §5º do art. 59 da CLT, conforme Lei nº 13.467/2017), nessa
autorizador desse sistema compensatório desfavorável (com a hipótese seria viável a celebração do banco de horas semestral na
ressalva do §5º do art. 59 da CLT, conforme Lei nº 13.467/2017), área pública, a contar de 11.11.2017.
qualquer dessas situações de desrespeito à regularidade da figura
jurídica conduzirá à automática sobrerremuneração das horas SALÁRIO-MÍNIMO; IRREDUTIBILIDADE E GARANTIA
diárias em excesso, como se fossem efetivas horas extras.
Esta conduta resulta do sentido da norma disposta no novo
§3º do art. 59 da CLT, dispositivo que considera que a frustração Proteções jurídicas quanto ao valor do salário
do regime compensatório anual pela não redução efetiva da De acordo com Maurício Godinho Delgado18, a proteção que a
correspondente jornada obreira enseja o pagamento do período ordem justrabalhista brasileira defere ao valor do salário manifesta-
não compensado como labor extraordinário. se, essencialmente, por meio de três ideias e mecanismos
A Lei nº 13.467/2017 dispõe que a prestação de horas extras combinados: a noção de irredutibilidade do valor salarial; os
habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada mecanismos de correção salarial automática; a determinação de
e o banco de horas (Novo art. 59-B, parágrafo único). existência de um patamar mínimo de valor salarial no conjunto do
Também dispõe a nova lei que “o não atendimento das mercado, além de certas categorias e profissões determinadas.
exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando Deve-se ressaltar, porém, que a proteção estruturada pela
estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do ordem jurídica não se estendeu, contudo, ainda, à ideia de
pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não suficiência real do salário percebido pelo obreiro. É que a noção
ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o de suficiência tradicionalmente acatada no Direito brasileiro é
respectivo adicional” (Novo art. 59-B, caput). quase que meramente formal. O art. 76 da CLT a ela reportava-
Uma última indagação: é possível ainda se falar em regime de se, ao tratar do salário mínimo (contraprestação mínima “capaz
compensação em entidades estatais de Direito Público (municípios, de satisfazer...”, dizia a CLT). A Constituição de 1988 ampliou o rol
por exemplo)? Para tais entidades que ainda contratem obreiros por de necessidades aventadas pelo texto celetista, ao estatuir que o
meio da legislação trabalhista (os chamados servidores celetistas), salário mínimo deveria ser capaz de atender às necessidades vitais
e que não podem, segundo jurisprudência largamente dominante, básicas do empregado e de sua família “com moradia, alimentação,
inclusive do Supremo Tribunal Federal, gerar normas através de educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
negociação coletiva sindical, estaria inviabilizado, de todo, o regime social” (art. 7º, IV, CF/88).
de compensação de jornada? A doutrina e jurisprudência dominantes, contudo, têm
A resposta não pode ser inteiramente negativa, sob pena de não compreendido que semelhantes regras (inclusive a constitucional
ser o Direito uma síntese de lógica e sensatez aplicada à realidade. vigorante) jamais ensejaram direito subjetivo ao empregado no
O regime de compensação de jornada (excluído o anual, é claro), sentido de ver, efetivamente, seu salário mínimo lhe garantindo o
é mecanismo essencialmente favorável ao trabalhador, garantido atendimento àquelas necessidades básicas. Noutras palavras, entre
pela Constituição (art. 7º, XIII), não podendo, desse modo, ser as garantias fixadas pela ordem jurídica brasileira não se entende
inviabilizado pela ordem infraconstitucional (nem mesmo a lei pode haver, ainda, segundo a visão interpretativa até hoje dominante,
eliminar, de todo, direito trabalhista garantido pela Constituição). a garantia da real suficiência do salário. Mas, pelo menos, existe,
É evidente que a modalidade mais desfavorável desse sim, de maneira expressa, a garantia constitucional da percepção
mecanismo (regime de compensação anual ou banco de horas) não do salário mínimo mensal nas situações contratuais que ensejam
pode, de fato, ser validamente seguida sem negociação coletiva, remuneração variável para o empregado (art. 7º, IV e VII, da
apenas por lei ou negociação coletiva é que se pode reduzir direitos Constituição).
trabalhistas no país, como se sabe (Súmula 85, V, TST). Não obstante o caráter abstrato e frágil, no plano do Direito, da
Contudo, a modalidade favorável, que engloba, no máximo, ideia da suficiência do salário, o legislador brasileiro do século XXI
o parâmetro mensal de compensação (ou, por extremo rigor, o decidiu conferir certa efetividade ao papel civilizatório do salário
parâmetro intrassemanal), continuaria a poder ser pactuada em mínimo, como patamar econômico básico de aferição do valor
segmentos, como a área pública, que não tenham possibilidade trabalho na economia e na sociedade. Nesse contexto, passou a
jurídica (segundo a jurisprudência, repita-se) de celebrar lhe conceder reajustamentos anuais sequencialmente superiores
negociação coletiva, uma vez que a vantagem compensatória está 18 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e
constitucionalmente assegurada. atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e
jurisprudenciais posteriores — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019.
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aos índices inflacionários, à diferença da linha desvalorizadora da A) Salário Mínimo Legal – O patamar genérico de valor salarial
parcela que fora percebida no período anterior. Com isso, passou firma-se pela figura do salário mínimo legal e nacional. Esta parcela,
a propiciar, em alguma medida, certa consistência econômica à prevista já no tradicional texto celetista da década de 1940 (artigos
ideia da suficiência do salário, sem embargo do conteúdo ainda 76 e seguintes, CLT), tornou-se necessariamente estipulada por
meramente abstrato que essa ideia ostenta no plano jurídico. diploma legal (e não mais decreto do Poder Executivo), a teor de
comando constitucional nessa direção (art. 7º, IV, CF/88).
1 – Irredutibilidade Salarial A Constituição, na verdade, trouxe alterações jurídicas
A primeira linha de proteção ao valor do salário manifesta-se importantes na figura do salário mínimo. Além de determinar sua
pela garantia de irredutibilidade do salário. Essa garantia traduz, no fixação em lei, assegurou sua permanente unificação nacional (art.
plano salarial, a incorporação, pelo Direito do Trabalho, do princípio 7º). Com isso eliminou a antiga tradição de fixar-se o salário mínimo
geral da inalterabilidade dos contratos (pacta sunt servanda), por decreto e em patamares diferentes segundo regiões e estados
oriundo do tronco civilista primitivo. É bem verdade que a CLT não da federação.
estabelecia texto explícito nessa linha.
Contudo, a irredutibilidade sempre foi inferida não só do Piso Salarial Estadual – Registre-se que a Constituição da
princípio geral pacta sunt servanda, como também do critério República, não obstante tenha unificado, nacionalmente, o salário
normativo vedatório de alterações prejudiciais ao empregado, mínimo (art. 7º, IV, ab initio), permitiu o posterior surgimento de
insculpido no art. 468 da CLT. Mais do que isso, o próprio Direito do leis estaduais fixadoras de pisos salariais mais favoráveis. É que seu
Trabalho evoluiu na direção de emoldurar princípio específico nesta art. 21, embora resguardando a clássica competência privativa da
área, o da inalterabilidade contratual lesiva. União para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 21, caput e inciso
A Constituição de 1988, finalmente, incorporou, de modo I, in fine), criou autorização para surgimento de norma estadual
expresso, o princípio da irredutibilidade (art. 7º, VI), atenuando-o sobre o tema: “Lei complementar poderá autorizar os Estados a
com uma ressalva: “salvo o disposto em convenção ou acordo legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
coletivo”. artigo” (parágrafo único do art. 21 da CF/88).
A ordem justrabalhista, entretanto, não tem conferido a B) Salário Profissional – O salário mínimo, como visto, consiste
semelhante garantia toda a amplitude possível. Ao contrário, como se no patamar genérico de valor salarial estabelecido na ordem jurídica
sabe, prevalece, ainda hoje, a pacífica interpretação jurisprudencial brasileira. A seu lado, existem alguns patamares especiais de valor
e doutrinária de que a regra da irredutibilidade salarial restringe-se, salarial a serem observados no contexto do mercado de trabalho.
exclusivamente, à noção do valor nominal do salário obreiro (art. O primeiro desses patamares especiais de valor de salários
468, caput, CLT, combinado com art. 7º, VI, CF/88). desponta na figura do salário mínimo profissional (também chamado
Interpreta-se ainda hoje, portanto, que a regra não assegura simplesmente salário profissional). Por essa figura entende-se o
percepção ao salário real pelo obreiro ao longo do contrato. Tal regra piso salarial mínimo devido a trabalhadores integrantes de certas
asseguraria apenas a garantia de percepção do mesmo patamar profissões legalmente regulamentadas.
de salário nominal anteriormente ajustado entre as partes, sem O salário mínimo profissional, portanto, é fixado por lei, sendo
viabilidade à sua diminuição nominal. Noutras palavras, a ordem deferido a profissional cujo ofício seja regulamentado também
jurídica heterônoma estatal, nesse quadro hermenêutico, teria em diploma legal. São exemplos expressivos de salário mínimo
restringido a presente proteção ao critério estritamente formal de profissional os estipulados para médicos (Lei nº 3.999, de 1961;
aferição do valor do salário. Súmula 370, TST) e para engenheiros (Lei nº 4.950-A, de 1966;
Súmula 370, TST), além de outros profissionais que tenham leis
2 – Correção Salarial Automática regulamentadoras próprias.
A segunda linha de proteção ao valor do salário expressa-se
por meio dos mecanismos jurídicos de correção salarial automática. C) Salário Normativo e Salário Convencional – O segundo
Tais mecanismos procuram concretizar, ainda que precariamente, a patamar especial de valor de salários desponta em duas figuras
noção de preservação do valor real do salário obreiro, em contextos jurídicas próximas: salário mínimo normativo e salário mínimo
de avanços inflacionários significativos. convencional. Por essas figuras entende-se o patamar salarial
Deve ser ressaltado, entretanto, que a cultura jurídica brasileira mínimo devido a trabalhadores integrantes de certas categorias
sempre separou as regras assecuratórias da correção automática profissionais, conforme fixado em norma jurídica infra legal a elas
de salários (fórmula que servia, ainda que precariamente, à ideia aplicável.
de proteção ao valor real dos salários) das regras concernentes à O salário mínimo normativo (ou salário normativo) é aquele
chamada irredutibilidade salarial (noção que conduzia, como visto, fixado por sentença normativa, resultante de processo de dissídio
à proteção do simples valor nominal dos salários). coletivo envolvente a sindicato de trabalhadores e respectivo(s)
empregador(es) ou sindicato de empregadores. Traduz, assim,
3 – Patamar Salarial Mínimo Imperativo o patamar salarial mínimo aplicável no contexto da categoria
A terceira linha de proteção que a ordem jurídica estabelece representada pelo respectivo sindicato obreiro partícipe na relação
ao valor do salário expressa-se por meio da determinação de processual de dissídio.
existência de um patamar mínimo de valor salarial no conjunto do O salário mínimo convencional, por sua vez (também chamado
mercado, além de certas categorias ou profissões determinadas. simplesmente salário convencional), corresponde àquele patamar
Esse patamar pode ser genérico, abrangente de todo o mercado, ou salarial mínimo fixado pelo correspondente instrumento negocial
especial, abrangente de certas profissões ou categorias profissionais coletivo (convenção ou acordo coletivo de trabalho) para se
específicas. aplicar no âmbito da respectiva categoria profissional ou categoria
diferenciada.
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Proteções jurídicas contra abusos do empregador É absolutamente nulo o pagamento mediante “cartas de
O sistema de proteções e garantias ao salário e demais verbas crédito”, bônus, cupons ou outros instrumentos semelhantes, ainda
contratuais empregatícias desdobra-se em três dimensões de que supondo representar a moeda de curso legal no País (art. 463,
abrangência: garantias e proteções direcionadas a evitar abusos CLT, combinado com art. 3º, caput, Convenção 95/OIT).
do empregador; garantias e proteções dirigidas a evitar o assédio
dos credores do empregador; e, finalmente, garantias e proteções 2 – Irredutibilidade Salarial
direcionadas a evitar o assédio dos próprios credores do empregado. Como visto, as medidas relacionadas à irredutibilidade do
Quanto às medidas voltadas a garantir e proteger as parcelas salário do trabalhador inscrevem-se entre aquelas garantias e
salariais (e mesmo contratuais) contra eventuais irregularidades proteções mais significativas criadas pela ordem jurídica no tocante
ou abusos do empregador. Fixa o Direito do Trabalho um leque a eventuais irregularidades ou abusos do empregador quanto ao
diversificado de garantias e proteções contra eventuais abusos pagamento e à própria higidez das verbas salariais.
do empregador no tocante ao pagamento e à própria higidez das
verbas salariais. 3 – Intangibilidade Salarial: controle de descontos
Tais proteções e garantias abrangem três níveis: medidas A) Regra Geral de Intangibilidade: No que tange às medidas
relacionadas ao pagamento do salário (a doutrina tende a falar relacionadas à intangibilidade dos salários, fixou a ordem jurídica a
apenas em “periodicidade do pagamento”, mas essa regra não regra básica de vedação a descontos empresariais no salário obreiro
esgota o grupo de proteções legais relativas ao pagamento do (art. 462, caput, ab initio, CLT). Essa garantia da intangibilidade
salário); medidas relacionadas à irredutibilidade do salário; salarial ampliou-se a contar de 5.10.1988.
finalmente, medidas relacionadas à intangibilidade do salário De fato, a Constituição da República estipula que a retenção
(controle de descontos). dolosa do salário constitui crime (art. 7º, X, CF/88). A norma
insculpida na Constituição obviamente não pode merecer
1 – Critérios Legais de Pagamento Salarial: tempo, lugar, meios interpretação extensiva, como qualquer norma fixadora de ilícito
A ordem jurídica estabelece para o empregador critérios ou punição.
objetivos concernentes ao pagamento do salário. Tais critérios Desse modo, deve-se compreender no sentido da norma
dizem respeito ao tempo de pagamento, a seu lugar próprio e aos constitucional a ideia de retenção do salário stricto sensu.
meios hábeis de concretização do pagamento salarial. Nessa linha, excluem-se dessa noção de salário retido (para fins
A) Tempo de Pagamento: Nesse tema, a primeira regra penais) as parcelas salariais acessórias e ainda as verbas salariais
fundamental diz respeito à periodicidade máxima mensal para controvertidas (a controvérsia sobre o débito exclui o próprio dolo
o pagamento do salário (art. 459, CLT). A periodicidade mensal, em tais casos).
como visto, envolve não apenas o lapso temporal máximo para
pagamento da parcela salarial (um mês), como também o próprio B) Descontos Salariais Autorizados: A ordem justrabalhista,
critério temporal máximo para cálculo dessa parcela (hora, dia ou contudo, tem autorizado diversas ressalvas à regra geral de vedação
mês). à efetuação de descontos no salário. A primeira ressalva inscrita no
Essa periodicidade imperativa abrange fundamentalmente o art. 462 da CLT diz respeito aos adiantamentos salariais efetivados
salário básico, refletindo-se também nos adicionais legais. Porém, pelo empregador.
não se aplica a certas parcelas de natureza salarial, como as Do ponto de vista técnico, porém, é certo que não se poderia
comissões, percentagens e gratificações (art. 459, CLT). considerar como desconto a simples dedução de adiantamento
A segunda regra fundamental é concernente ao prazo máximo salarial já efetuado, uma vez que, em tal caso, o que ocorreu, na
para pagamento da parcela salarial acima mencionada. Esse prazo verdade, foi efetivo pagamento antecipado de salário. De todo
situa-se (desde a alteração celetista produzida pela Lei nº 7.855, modo, a CLT prefere arrolar os adiantamentos salariais no rol dos
de 1989) no 5º dia útil seguinte ao mês de referência do salário “descontos autorizados” (art. 462, caput).
(o art. 459, parágrafo único, CLT, fala em “quinto dia útil do mês A segunda ressalva do texto celetista diz respeito aos descontos
subsequente ao vencido”). resultantes de dispositivos de lei. Nesta larga hipótese, inúmeros
B) Lugar de Pagamento: Nesse tema, a regra fundamental é descontos surgem no cotidiano laboral.
que o pagamento seja feito em dia útil, no local de trabalho, dentro Ilustrativamente, citem-se: descontos relativos a contribuição
do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste previdenciária oficial; imposto de renda deduzido na fonte;
(art. 465, CLT). A intenção da ordem jurídica é tornar o pagamento contribuição sindical obrigatória; prestações alimentícias
procedimento funcional, ágil, prático. judicialmente determinadas; pena criminal pecuniária; custas
Em síntese, procedimento que, a um só tempo, transfira judiciais; dívidas junto ao Sistema Financeiro da Habitação; vale-
imediatamente para a posse do trabalhador a parcela salarial transporte; retenção do saldo salarial por falta de aviso-prévio
devida, como também o desonere de se submeter, depois da de empregado que pede demissão; participação do empregado
jornada, a longa espera ou a peregrinação em busca do pagamento no custo do vale-cultura; empréstimo financeiro contratado pelo
cabível. trabalhador.
C) Meios de Pagamento: No tema concernente aos meios A terceira ressalva indicada no texto celetista diz respeito a
hábeis à concretização do pagamento das verbas salariais, a regra descontos autorizados por norma negocial coletiva (a CLT fala em
fundamental celetista estatui que o salário tem de ser pago em dispositivo de contrato coletivo, valendo-se de expressão anterior à
“moeda nacional”, compreendida esta como a expressão monetária modificação promovida em seu Título VI pelo Decreto-lei nº 229/67,
oficial e corrente no País (art. 463, CLT). instituindo a Convenção Coletiva e o Acordo Coletivo do Trabalho).
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
No entanto, o legislador amenizou esta imperatividade ao Além do pagamento em dinheiro, compreendem-se no salário,
permitir a conversão parcial do período de férias em pecúnia. para todos os efeitos legais, as prestações in natura (utilidades) que
Trata-se do abono de férias, que é caracterizado pela faculdade o empregador fornecer habitualmente ao empregado, por força
concedida ao empregado de converter 1/3 do período de férias do contrato ou do costume (art. 458, CLT). Trata-se do chamado
a que tiver direito em trabalho, recebendo, como consequência, salário-utilidade.
abono pecuniário no valor da remuneração correspondente aos
dias trabalhados (art. 143, CLT). Salário = salário-base + comissões/percentagens +
O abono de férias deverá ser requerido pelo empregado até gratificações ajustadas + diárias para viagem que
15 dias antes do término do período aquisitivo (art. 143, §1º, CLT). excedam 50% do salário + abonos + outras parcelas previstas
O pagamento do abono será feito no mesmo prazo e da mesma em lei + parcelas salariais voluntariamente concedidas pelo
forma que o pagamento da remuneração das férias, ou seja, até empregador + utilidades
dois dias antes do empregado sair de férias (art. 145, CLT).
Com a revogação do art. 143, §3º, CLT, pela Lei n. 13.467/2017 A importância de se caracterizar um pagamento feito pelo
(Reforma Trabalhista), o abono de férias também pode ser requerido empregador ao empregado como salário reside no fato de que,
pelos empregados contratados sob regime de tempo parcial. sendo considerado salário, integrará a base de cálculo dos demais
Em se tratando de férias coletivas, o abono de férias deve ser direitos trabalhistas.
objeto de acordo coletivo e, ainda, ser requerido individualmente A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm
pelo empregado que tenha interesse na conversão (art. 143, §2º, prevalência sobre a lei quando dispuserem sobre remuneração por
CLT). produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e
O abono de férias tem natureza indenizatória, não integrando a remuneração por desempenho individual (art. 611-A, IX, CLT).
remuneração do empregado para os efeitos da legislação trabalhista
(art. 144, CLT). — Modalidades de salário
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
No entanto, a Lei n. 13.467/2015 (Reforma Trabalhista) acabou salarial; ao contrário, a utilidade necessária para que o empregado
com referida distinção para fins de definição de integração ao possa realizar seu trabalho, ou seja, que é fornecida para o trabalho,
salário, tendo modificado a redação dos parágrafos 1º e 2º do art. não tem natureza salarial.
457 e redefinido a abrangência do salário e, consequentemente,
da remuneração para fins de incidência de encargos trabalhistas e O §2º do art. 458 da CLT estabelece quais utilidades concedidas
previdenciários. pelo empregador que não serão consideradas como salário.
Assim, somente as gratificações legais (por exemplo, a
gratificação por exercício de função paga, nos termos do art. 62, — Gratificação de Natal (Décimo Terceiro Salário)
parágrafo único, CLT, em decorrência do cargo de confiança) A gratificação de Natal, também chamada de décimo terceiro
integram o salário do empregado. salário, foi instituída pela Lei n. 4.090/62, com regulamentação
Não se tratando de gratificação legal, a gratificação paga pelo pelo Decreto n. 57.155/65 (que foi revogado pelo Decreto nº
empregador ao empregado, ainda que de forma habitual, não 10.854, de 2021), e pelos acréscimos trazidos pela Lei n. 4.749/65.
integram o salário deste. A Constituição Federal de 1988 estendeu o direito à gratificação
de Natal a todos os empregados, inclusive domésticos (art. 7º, VIII
Parcelas não salariais e parágrafo único).
Nem todos os valores recebidos pelo empregado em decorrência Por força do disposto no inciso XXXIV, do art. 7º, da Constituição
do contrato de trabalho têm natureza salarial. O legislador prevê Federal, aos trabalhadores avulsos são assegurados todos os direitos
alguns tipos de pagamento recebidos pelo empregado que não são trabalhistas, razão pela qual têm direito ao décimo terceiro salário.
incluídos no salário, como a ajuda de custo, o auxílio-alimentação, A gratificação de Natal é um direito recebido com periodicidade
vedado seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem, os anual, com valor equivalente à remuneração que o empregado
prêmios e os abonos (art. 457, §2º, CLT). receber em dezembro de cada ano, compreendendo o salário e
Outros pagamentos, embora não previstos expressamente por todos os seus componentes, inclusive salário in natura e gorjetas.
lei, têm reconhecida sua natureza não salarial pela doutrina e pela Os demais valores pagos pelo empregador ao empregado
jurisprudência. que tenham natureza salarial, tais como adicional de horas
extras e adicional noturno pagos habitualmente, adicionais de
Meios de pagamento do salário insalubridade, de periculosidade e de transferência, integram o
O ordenamento jurídico trabalhista permite que o salário, cálculo da gratificação natalina.
como contraprestação pelos serviços prestados, seja pago em Outras gratificações recebidas pelo empregado com
pecúnia, ou seja, em moeda corrente do país, ou em bens ou periodicidade semestral integram o décimo terceiro salário pelo
serviços, caracterizando o chamado salário-utilidade ou salário in seu duodécimo (o cálculo é feito da seguinte forma: somam-se as
natura (art. 458, CLT). duas gratificações semestrais e divide-se por 12; o resultado da
operação, isto é, o duodécimo, será integrado ao cálculo do décimo
Salário-utilidade terceiro).
Salário-utilidade é a prestação in natura que o empregador, por O pagamento do décimo terceiro salário será efetuado pelo
força do contrato de trabalho ou do costume, atribui ao empregado empregador em duas parcelas: a primeira, a título de adiantamento,
em retribuição dos serviços prestados. Constitui modalidade de será paga de uma só vez ao empregado entre os meses de fevereiro
remuneração paralela ao salário pago em dinheiro. e novembro de cada ano, sendo o seu valor calculado à base de
Assim, conclui-se que o salário pode ser pago em dinheiro ou cinquenta por cento do salário do mês anterior ao seu pagamento
em bens de outra natureza, com valor econômico significativo para (art. 2º, Lei n. 4.749/65, e art. 3º; a segunda será paga até o dia 20
o empregado, especificamente denominados utilidades. de dezembro de cada ano, tomando-se por base a remuneração de
O pagamento de salário em utilidades é permitido dezembro e compensando-se o valor do adiantamento (art. 1º, Lei
expressamente pela legislação trabalhista, no art. 458 da CLT. n. 4.749/65, e art. 1º, caput, e art. 3º, §3º).
Este dispositivo legal não é taxativo no que diz respeito à Caso o contrato de trabalho não tenha vigorado durante todo
enumeração das utilidades que são consideradas salário. o ano, a gratificação natalina será devida de forma proporcional,
Para a caracterização das prestações in natura como salário, é calculada à base de 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em
necessário, porém, que sejam preenchidos os seguintes requisitos: dezembro, por mês de serviço, sendo que a fração igual ou superior
a) habitualidade – nem toda utilidade fornecida pelo a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral (art. 1º, §§1º
empregador é salário; uma utilidade só terá natureza salarial e 2º, Lei n. 4.090/62, e art. 1º, caput e parágrafo único).
quando presente o requisito da habitualidade. A habitualidade
constitui, pois, elemento intrínseco do conceito de utilidade como — O princípio da não discriminação e a igualdade
prestação remuneratória; A questão da igualdade entre homens e mulheres no trabalho
b) a prestação in natura deve representar um ganho para deve ser tratada como uma questão de direitos humanos e como
o trabalhador – isto é, deve satisfazer total ou parcialmente um um requisito indispensável ao regime democrático.
consumo; se a utilidade não fosse fornecida pelo empregador, o Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 estabelece que
trabalhador só teria podido adquiri-la a suas próprias expensas; “todos são iguais perante a lei”, sendo que “homens e mulheres são
c) a prestação in natura não é indispensável para a realização iguais em direitos e obrigações” (art. 5º, caput e I).
do trabalho – sendo fornecida pelo trabalho, ou seja, como A previsão constitucional da igualdade entre homens e
contraprestação pelo serviço prestado, a utilidade terá natureza mulheres se aplica a diversos aspectos da relação de emprego,
como, por exemplo, em relação à capacidade para trabalhar e
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
celebrar contrato de trabalho, ao cumprimento de jornada de Importante: Esclarece a OJ 125 da SDI-1 do TST que o desvio
trabalho igual e ao recebimento do mesmo salário para trabalho funcional não dá direito ao reenquadramento, e sim às diferenças
de igual valor. salariais, assim consideradas as diferenças entre o salário recebido,
Algumas normas internacionais estabelecem importantes correspondente à função para a qual o empregado foi contratado,
regras de proteção à mulher, em relação ao trabalho. e o salário da função efetivamente desempenhada, enquanto exer-
A Convenção n. 100 da OIT, ratificada pelo Brasil, disciplina cida a função.
o princípio da igualdade de remuneração para a mão de obra O empregado público teria que prestar concurso público (art.
masculina e feminina, por um trabalho de igual valor. 37, II, da Constituição) para exercer outra função.
A Convenção n. 111 da OIT, também ratificada pelo Brasil, proíbe O empregado terá dois anos para ingressar com a ação a contar
a discriminação no emprego ou profissão. Esta Convenção enumera da cessação do contrato de trabalho, podendo postular os últimos
as hipóteses em que ocorre discriminação em matéria de emprego cinco anos contados da propositura da ação.
e profissão, delimita o campo de incidência dos termos “emprego” A doutrina trabalhista22diverge sobre o cabimento do desvio
e “profissão”, estabelece as obrigações dos Estados-membros e de função: parte defende que só poderá haver desvio de função se
indica hipóteses que não serão consideradas discriminatórias. houver quadro organizado de carreira, na hipótese de as funções
Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo serem definidas previamente. Não sendo assim, estar-se-á diante
coletivo de trabalho as disposições que contenham qualquer da ação do poder diretivo do empregador.
previsão contrária ao quanto disposto pelo art. 373-A da CLT, em
especial se estabelecerem supressão ou redução dos direitos Nesta hipótese, é importante recordar que em caso de existên-
relativos à proibição de práticas discriminatórias em relação à cia de quadro de carreira compete à Justiça do Trabalho apreciar
mulher (art. 611-B, XXX, CLT). a reclamação fundada somente nos seguintes pedidos: preterição,
enquadramento ou reclassificação.
Desvio de Função21 A existência do quadro não inviabiliza que o trabalhador plei-
Ocorre desvio de função quando o empregado exerce outra teie junto à Justiça do Trabalho sua correta observância (Súmula 19
função, sem que haja o pagamento do salário respectivo. do TST), ou, ainda, pretenda seu reenquadramento ou reclassifica-
A princípio, o desvio de função ocorre quando as responsabili- ção (Súmula 127 do TST).
dades e atribuições dos profissionais não são executadas conforme Nesse sentido, pode o empregado pleitear na Justiça do Traba-
o que foi previamente combinado com o empregador. Assim, o fun- lho diferenças salarias por desvio de função.
cionário acaba realizando atividades para as quais não foi contrata-
do inicialmente. BENEFÍCIOS AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS:
No desvio de função não existe comparação de trabalho entre VALE TRANSPORTE, FGTS, SEGURO DESEMPREGO E ABO-
duas pessoas. O desvio cria o direito ao pagamento das diferenças NO SALARIAL
salariais enquanto houver o exercício da função. Não implica, po-
rém, reclassificação do funcionário.
Com a reforma trabalhista, o desvio de função pode gerar inde- Benefícios aos trabalhadores e trabalhadoras23
nização aos profissionais. Ou seja, os colaboradores submetidos ao — Vale Transporte
ato antiético devem ter direito a contar com a alteração do contrato A Lei nº 7.418/1985 assegurou ao doméstico o direito ao vale-
vigente e consequente acréscimo na remuneração. -transporte. Não obstante, a LC nº 150/2015 facultou a substituição
Dessa forma, os funcionários, portanto, podem considerar re- do vale-transporte, a critério do empregador, pelo valor necessário
visitar as funções de seu cargo, bem como, também podem solicitar à aquisição das passagens29. Trata-se de dispositivo que tem como
a indenização por danos morais aos contratantes. finalidade simplificar a relação de emprego doméstico.
Não se confunde o desvio de função com a equiparação sala-
rial. Nesta, há a comparação entre o trabalho de duas pessoas, que A autorização consta do parágrafo único do art. 19, nos seguin-
exercem funções idênticas. No desvio, o empregado não é compa- tes termos:
rado com outro, mas em razão de exercer função diversa, seria de- Art. 19, parágrafo único. A obrigação prevista no art. 4º da Lei
vido o salário da função. nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, poderá ser substituída, a cri-
tério do empregador, pela concessão, mediante recibo, dos valores
A Súmula 223 do TFR mostrava que o empregado, apenas du- para a aquisição das passagens necessárias ao custeio das despesas
rante o desvio funcional, tem direito à diferença salarial, ainda que decorrentes do deslocamento residência-trabalho e vice-versa.
o empregador possua quadro de pessoal organizado em carreira.
O parágrafo único do art. 456 da CLT afirma que à falta de prova Naturalmente a substituição do vale-transporte pelo valor cor-
ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entende-se que o respondente em pecúnia, nos termos do supramencionado art. 19,
empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com não tem o condão de conferir à parcela natureza salarial. Aliás, mes-
a sua condição pessoal. Não existe, porém, previsão legal para o mo antes da autorização expressa trazida pela Lei do Doméstico, a
pagamento de diferenças salariais decorrentes de desvio de função. jurisprudência já admitia o pagamento em dinheiro do vale-trans-
O STJ entende que se for reconhecido o desvio de função, o porte devido ao doméstico, justamente em razão da ausência de
servidor fará jus às diferenças salariais decorrentes (S. 378). rigor formalístico neste tipo de relação.
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O benefício do seguro-desemprego será cancelado, sem preju- LEI Nº 8.036, DE 11 DE MAIO DE 1990
ízo das demais sanções cíveis e penais cabíveis: I) pela recusa, por
parte do trabalhador desempregado, de outro emprego condizente Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá
com sua qualificação registrada ou declarada e com sua remunera- outras providências
ção anterior; II) por comprovação de falsidade na prestação das in-
formações necessárias à habilitação; III) por comprovação de fraude O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Na-
visando à percepção indevida do benefício do seguro-desemprego; cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
ou IV) por morte do segurado.
O período aquisitivo é de dezesseis meses, sendo que o re- Art. 1º O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), insti-
querimento de habilitação no Programa do Seguro-Desemprego tuído pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, passa a reger-se
só poderá ser proposto a cada novo período aquisitivo, desde que por esta lei.
cumpridos todos os requisitos estabelecidos na Lei Complementar Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas
nº 150/2015 e na Resolução CODEFAT nº 754/2015 (art. 6º da Re- a que se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, de-
solução). vendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de modo a
assegurar a cobertura de suas obrigações.
— Abono Salarial §1º Constituem recursos incorporados ao FGTS, nos termos do
Embora a denominação da parcela possa levar a alguma con- caput deste artigo:
fusão em relação aos abonos referidos pela CLT, temos aqui um be- a) eventuais saldos apurados nos termos do art. 12, §4º;
nefício de direito público, advindo de fundo de natureza pública. b) dotações orçamentárias específicas;
Com efeito, o abono salarial (mais conhecido como abono do c) resultados das aplicações dos recursos do FGTS;
PIS/PASEP), no valor de até um salário mínimo58, é devido aos tra- d) multas, correção monetária e juros moratórios devidos;
balhadores cadastrados há mais de cinco anos no Programa de In- e) demais receitas patrimoniais e financeiras.
tegração Social – PIS ou no Programa de Formação do Patrimônio §2º As contas vinculadas em nome dos trabalhadores são abso-
do Servidor Público – PASEP e que tenham auferido, no ano ante- lutamente impenhoráveis.
rior, remuneração média mensal de até dois salários mínimos, bem Art. 3º O FGTS será regido por normas e diretrizes estabeleci-
como trabalhado (com a CTPS assinada, é claro) por pelo menos 30 das por um Conselho Curador, composto por representação de tra-
dias no mesmo ano59. balhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais,
Obviamente, tal parcela não tem natureza salarial, até mesmo na forma estabelecida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei
porque sequer é paga pelo empregador. Cabe ao empregador tão nº 9.649, de 1998) (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
somente informar corretamente os dados do empregado na RAIS (Vide Decreto nº 3.101, de 2001) (Vide Decreto nº 11.496, de 2023)
(Relação Anual de Informações Sociais), que serve como base para §1º A Presidência do Conselho Curador será exercida pelo Mi-
a triagem dos beneficiários do abono salarial, sob pena de, configu- nistro de Estado do Trabalho e Previdência ou representante por ele
rado o prejuízo (não recebimento do abono salarial), estar sujeito à indicado. (Redação dada pelo Lei nº 14.261, de 2021)
indenização do trabalhador, nos termos da lei civil. Ao abono, antes §2º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
da Reforma Trabalhista de 2017, era pacificamente reconhecida a §3º Os representantes dos trabalhadores e dos empregadores
natureza salarial; com a vigência da Lei nº 13.467/2017, entretanto, e seus suplentes serão indicados pelas respectivas centrais sindicais
a natureza salarial passou dessa parcela a ser expressamente afas- e confederações nacionais, serão nomeados pelo Poder Executivo,
tada pela Lei. terão mandato de 2 (dois) anos e poderão ser reconduzidos uma
única vez, vedada a permanência de uma mesma pessoa como
Importante: membro titular, como suplente ou, de forma alternada, como titu-
lar e suplente, por período consecutivo superior a 4 (quatro) anos
O abono é, tecnicamente, uma antecipação de salário fei- no Conselho. (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
ta pelo empregador. Não se confunde com outros institutos que §4º O Conselho Curador reunir-se-á ordinariamente, a cada bi-
usam denominação semelhante, tais qual o abono pecuniário mestre, por convocação de seu Presidente. Esgotado esse período,
de férias ou o abono previsto em contrato ou norma coletiva a não tendo ocorrido convocação, qualquer de seus membros poderá
que alude o art. 144 da CLT. fazê-la, no prazo de 15 (quinze) dias. Havendo necessidade, qual-
quer membro poderá convocar reunião extraordinária, na forma
que vier a ser regulamentada pelo Conselho Curador.
Abono → antecipação de salário ou de reajuste salarial. Não §4º-A. As reuniões do Conselho Curador serão públicas, bem
tem natureza salarial por força de lei. como gravadas e transmitidas ao vivo por meio do sítio do FGTS na
internet, o qual também possibilitará acesso a todas as gravações
Abono Salarial ou Abono do PIS → parcela de direito públi- que tiverem sido efetuadas dessas reuniões, resguardada a possi-
co, assegurada a quem é cadastrado no PIS/PASEP há 5 anos, re- bilidade de tratamento sigiloso de matérias assim classificadas na
cebeu em média até 2 salários mínimos no ano anterior e esteve forma da lei. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
empregado por pelo menos 30 dias. §5º As decisões do Conselho serão tomadas com a presença
da maioria simples de seus membros, tendo o Presidente voto de
qualidade. (Redação dada pela Lei nº 9.649, de 1998) (Vide Medida
Provisória nº 2.216-37, de 2001)
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§6º As despesas porventura exigidas para o comparecimento IX - fixar critérios para parcelamento de recolhimentos em atra-
às reuniões do Conselho constituirão ônus das respectivas entida- so;
des representadas. X - fixar critério e valor de remuneração para o exercício da fis-
§7º As ausências ao trabalho dos representantes dos trabalha- calização;
dores no Conselho Curador, decorrentes das atividades desse ór- XI - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as decisões profe-
gão, serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente ridas pelo Conselho, bem como as contas do FGTS e os respectivos
trabalhada para todos os fins e efeitos legais. pareceres emitidos.
§8º O Poder Executivo designará, entre os órgãos governa- XII - fixar critérios e condições para compensação entre crédi-
mentais com representação no Conselho Curador do FGTS, aquele tos do empregador, decorrentes de depósitos relativos a trabalha-
que lhe proporcionará estrutura administrativa de suporte para o dores não optantes, com contratos extintos, e débitos resultantes
exercício de sua competência e que atuará na função de Secretaria de competências em atraso, inclusive aqueles que forem objeto de
Executiva do colegiado, não permitido ao Presidente do Conselho composição de dívida com o FGTS. (Incluído pela Lei nº 9.711, de
Curador acumular a titularidade dessa Secretaria Executiva. (Reda- 1998)
ção dada pela Lei nº 13.932, de 2019) XIII - em relação ao Fundo de Investimento do Fundo de Ga-
§9º Aos membros do Conselho Curador, enquanto represen- rantia do Tempo de Serviço - FI-FGTS: (Incluído pela Lei nº 11.491,
tantes dos trabalhadores, efetivos e suplentes, é assegurada a esta- de 2007)
bilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do a) aprovar a política de investimento do FI-FGTS por proposta
mandato de representação, somente podendo ser demitidos por do Comitê de Investimento; (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
motivo de falta grave, regularmente comprovada através de pro- b) decidir sobre o reinvestimento ou distribuição dos resulta-
cesso sindical. dos positivos aos cotistas do FI-FGTS, em cada exercício; (Incluído
§10. Os membros do Conselho Curador do FGTS serão escolhi- pela Lei nº 11.491, de 2007)
dos dentre cidadãos de reputação ilibada e de notório conhecimen- c) definir a forma de deliberação, de funcionamento e a com-
to, e deverão ser atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela posição do Comitê de Investimento; (Incluído pela Lei nº 11.491,
Lei nº 13.932, de 2019) de 2007)
I - ter formação acadêmica superior; e (Incluído pela Lei nº d) estabelecer o valor da remuneração da Caixa Econômica Fe-
13.932, de 2019) deral pela administração e gestão do FI-FGTS, inclusive a taxa de
II - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas risco; (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
nas alíneas “a” a “q” do inciso I do caput do art. 1º da Lei Comple- e) definir a exposição máxima de risco dos investimentos do
mentar nº 64, de 18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 13.932, FI-FGTS; (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
de 2019) f) estabelecer o limite máximo de participação dos recursos
Art. 4º O gestor da aplicação dos recursos do FGTS será o órgão do FI-FGTS por setor, por empreendimento e por classe de ativo,
do Poder Executivo responsável pela política de habitação, e caberá observados os requisitos técnicos aplicáveis (Incluído pela Lei nº
à Caixa Econômica Federal (CEF) o papel de agente operador. (Reda- 11.491, de 2007)
ção dada pela Lei nº 13.932, de 2019) g) estabelecer o prazo mínimo de resgate das cotas e de retor-
Art. 5º Ao Conselho Curador do FGTS compete: (Vide Lei com- no dos recursos à conta vinculada, observado o disposto no §19 do
plementar nº 150, de 2015) art. 20 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
I - estabelecer as diretrizes e os programas de alocação dos re- h) aprovar o regulamento do FI-FGTS, elaborado pela Caixa Eco-
cursos do FGTS, de acordo com os critérios definidos nesta Lei, em nômica Federal; e (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
conformidade com a política nacional de desenvolvimento urbano i) autorizar a integralização de cotas do FI-FGTS pelos trabalha-
e as políticas setoriais de habitação popular, saneamento básico, dores, estabelecendo previamente os limites globais e individuais,
microcrédito e infraestrutura urbana estabelecidas pelo governo parâmetros e condições de aplicação e resgate. (Incluído pela Lei nº
federal; (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) 11.491, de 2007)
II - acompanhar e avaliar a gestão econômica e financeira dos XIV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos progra- XV - autorizar a aplicação de recursos do FGTS em outros fun-
mas aprovados; dos de investimento, no mercado de capitais e em títulos públicos
III - apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do e privados, com base em proposta elaborada pelo agente operador,
FGTS; devendo o Conselho Curador regulamentar as formas e condições
IV - aprovar as demonstrações financeiras do FGTS, com base do investimento, vedado o aporte em fundos nos quais o FGTS seja
em parecer de auditoria externa independente, antes de sua publi- o único cotista; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
cação e encaminhamento aos órgãos de controle, bem como da dis- XVI - estipular limites às tarifas cobradas pelo agente operador
tribuição de resultados; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) ou pelos agentes financeiros na intermediação da movimentação
V - adotar as providências cabíveis para a correção de atos e dos recursos da conta vinculada do FGTS, inclusive nas hipóteses
fatos do gestor da aplicação e da CEF que prejudiquem o desempe- de que tratam os incisos V, VI e VII do caput do art. 20 desta Lei.
nho e o cumprimento das finalidades no que concerne aos recursos (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) XVII - estabelecer, em relação à autorização de aplicação de re-
VI - dirimir dúvidas quanto à aplicação das normas regulamen- cursos do FGTS em fundos garantidores de crédito e sua regulamen-
tares, relativas ao FGTS, nas matérias de sua competência; tação quanto às formas e condições: (Incluído pela Lei nº 14.438,
VII - aprovar seu regimento interno; de 2022)
VIII - fixar as normas e valores de remuneração do agente ope- a) o valor da aplicação com fundamento em proposta elabora-
rador e dos agentes financeiros; da pelo gestor da aplicação; e (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022)
385
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b) a cada 3 (três) anos, percentual mínimo do valor proposto §8º A taxa de administração do FGTS devida ao agente ope-
para aplicação na política setorial do microcrédito, respeitado o rador não será superior a 0,5% (cinco décimos por cento) ao ano
piso de 30% (trinta por cento). (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022) do valor total dos ativos do Fundo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de
§1º O Conselho Curador será assistido por um Comitê de Au- 2019) (Vigência)
ditoria e Riscos, constituído na forma do Regimento Interno, cujas §9º §9º A taxa de administração de que trata a alínea “d” do in-
atribuições e condições abrangerão, no mínimo, aquelas estipula- ciso XIII do caput deste artigo não será superior a 0,5% (cinco déci-
das nos arts. 24 e 25, §§1º a 3º, da Lei nº 13.303, de 30 de junho de mos por cento) ao ano do valor total dos ativos do FI-FGTS. (Incluído
2016, ao Comitê de Auditoria Estatutário das empresas públicas e pela Lei nº 13.932, de 2019) (Vigência)
sociedades de economia mista que forem aplicáveis, ainda que por §10. O piso de que trata a alínea “b” do inciso XVII do caput
similaridade, ao FGTS, e cujas despesas serão custeadas pelo Fun- deste artigo poderá ser revisto pelo Conselho Curador a cada 3
do, por meio de sua Secretaria Executiva, observado o disposto no (três) anos. (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022)
§3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Art. 6º Ao gestor da aplicação compete: (Redação dada pela Lei
§2º O Conselho Curador poderá ser assistido regularmente por nº 13.932, de 2019)
pessoas naturais ou jurídicas especializadas em planejamento, em I - praticar todos os atos necessários à gestão da aplicação do
gestão de investimentos, em avaliação de programas e políticas, em Fundo, de acordo com as diretrizes e programas estabelecidos pelo
tecnologia da informação ou em qualquer outra especialização jul- Conselho Curador;
gada necessária para subsidiá-lo no exercício de suas atribuições, e II - expedir atos normativos relativos à alocação dos recursos
as despesas decorrentes ficarão a cargo do FGTS, observado o dis- para implementação dos programas aprovados pelo Conselho Cura-
posto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) dor;
§3º Os custos e despesas incorridos pelo FGTS não poderão III - elaborar orçamentos anuais e planos plurianuais de aplica-
superar limite a ser estabelecido pelo Conselho Curador, o qual ob- ção dos recursos, discriminados por região geográfica, e submetê-
servará, no mínimo, os custos por atividades, os ganhos de escala e -los até 31 de julho ao Conselho Curador do FGTS; (Redação dada
produtividade, os avanços tecnológicos e a remuneração praticada pela Lei nº 14.118, de 2021)
por outros fundos no mercado de capitais, excluídos da base de cál- IV - acompanhar a execução dos programas de habitação po-
culo aqueles cuja administradora receba remuneração específica, e pular, saneamento básico e infraestrutura urbana previstos no or-
incluirão: (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) çamento do FGTS e implementados pela CEF, no papel de agente
I - os serviços de fiscalização, as atividades de arrecadação, de operador; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
cobrança administrativa e de emissão de certidões; (Incluído pela V - submeter à apreciação do Conselho Curador as contas do
Lei nº 13.932, de 2019) FGTS;
II - os serviços de cobrança judicial dos créditos inscritos em VI - subsidiar o Conselho Curador com estudos técnicos neces-
dívida ativa; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) sários ao aprimoramento operacional dos programas de habitação
III - os serviços contratados pela Secretaria Executiva para su- popular, saneamento básico e infra-estrutura urbana;
porte às ações e decisões do Conselho Curador e do Comitê de Au- VII - definir as metas a serem alcançadas nos programas de ha-
ditoria e Riscos, bem como os valores despendidos com terceiros; bitação popular, saneamento básico e infra-estrutura urbana.
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Art. 6º-A. Caberá ao Ministério da Saúde regulamentar, acom-
IV - a capacitação dos gestores. (Incluído pela Lei nº 13.932, panhar a execução, subsidiar o Conselho Curador com estudos téc-
de 2019) nicos necessários ao seu aprimoramento operacional e definir as
§4º O Conselho Curador especificará os serviços de suporte à metas a serem alcançadas nas operações de crédito destinadas às
gestão e à operação que poderão ser contratados pela Secretaria entidades hospitalares filantrópicas, bem como a instituições que
Executiva com recursos do FGTS, cabendo-lhe aprovar o montante atuem no campo para pessoas com deficiência, sem fins lucrativos,
destinado a tal finalidade no orçamento anual. (Incluído pela Lei nº que participem de forma complementar do Sistema Único de Saúde
13.932, de 2019) (SUS). (Incluído pela Lei nº 13.832, de 2019)
§5º As auditorias externas contratadas pelo Comitê a que se re- Art. 6º-B. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
fere o §1º deste artigo não poderão prestar serviços ao agente ope- Art. 7º À Caixa Econômica Federal, na qualidade de agente ope-
rador durante a execução dos contratos de auditoria com o FGTS. rador, cabe: (Vide Lei Complementar nº 150, de 2015)
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) I - centralizar os recursos do FGTS, manter e controlar as contas
§6º O limite de custos e despesas a que se refere o §3º deste vinculadas, e emitir regularmente os extratos individuais corres-
artigo não inclui taxas de risco de crédito e demais custos e despe- pondentes às contas vinculadas e participar da rede arrecadadora
sas devidos ao agente operador e aos agentes financeiros. (Incluído dos recursos do FGTS;
pela Lei nº 13.932, de 2019) II - expedir atos normativos referentes aos procedimentos adi-
§7º O limite de que trata o §3º deste artigo será, em cada exer- ministrativo-operacionais dos bancos depositários, dos agentes fi-
cício, de até 0,06% (seis centésimos por cento) do valor dos ati- nanceiros, dos empregadores e dos trabalhadores, integrantes do
vos do FGTS ao final do exercício anterior e, até a publicação das sistema do FGTS;
demonstrações financeiras, esse limite será calculado a partir de III - definir procedimentos operacionais necessários à execução
estimativas divulgadas pelo Conselho Curador para o valor dos ati- dos programas estabelecidos pelo Conselho Curador, com base nas
vos do FGTS ao final daquele exercício. (Redação dada pela Lei nº normas e diretrizes de aplicação elaboradas pelo gestor da aplica-
14.438, de 2022)07, de 2022) ção; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
IV - elaborar as análises jurídica e econômico-financeira dos
projetos de habitação popular, infra-estrutura urbana e saneamen-
to básico a serem financiados com recursos do FGTS;
386
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
V - emitir Certificado de Regularidade do FGTS; l) alienação fiduciária de bens móveis em garantia; (Incluída
VI - elaborar as demonstrações financeiras do FGTS, incluídos o pela Lei nº 9.467, de 1997)
Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a m) fiança bancária; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997)
Demonstração de Fluxo de Caixa, em conformidade com as Normas n) consignação de recebíveis, exclusivamente para operações
Contábeis Brasileiras, e encaminhá-las, até 30 de junho do exercí- de crédito destinadas às entidades hospitalares filantrópicas, bem
cio subsequente, ao gestor de aplicação; (Redação dada pela Lei nº como a instituições que atuam no campo para pessoas com defici-
14.438, de 2022) ência, e sem fins lucrativos que participem de forma complementar
VII - implementar atos emanados do gestor da aplicação relati- do Sistema Único de Saúde (SUS), em percentual máximo a ser defi-
vos à alocação e à aplicação dos recursos do FGTS, de acordo com nido pelo Ministério da Saúde; e (Redação dada pela Lei nº 13.778,
as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Curador; (Redação dada de 2018)
pela Lei nº 13.932, de 2019) o) outras, a critério do Conselho Curador do FGTS; (Incluído
VIII - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) pela Lei nº 13.778, de 2018)
IX - garantir aos recursos alocados ao FI-FGTS, em cotas de ti- II - correção monetária igual à das contas vinculadas;
tularidade do FGTS, a remuneração aplicável às contas vinculadas, III - taxa de juros média mínima, por projeto, de 3 (três) por
na forma do caput do art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.491, cento ao ano;
de 2007) IV - prazo máximo de 35 (trinta e cinco) anos. (Redação dada
X - realizar todas as aplicações com recursos do FGTS por pela Lei nº 14.438, de 2022)
meio de sistemas informatizados e auditáveis; (Incluído pela Lei nº §1º A rentabilidade média das aplicações deverá ser suficiente
13.932, de 2019) à cobertura de todos os custos incorridos pelo Fundo e ainda à for-
XI - colocar à disposição do Conselho Curador, em formato di- mação de reserva técnica para o atendimento de gastos eventuais
gital, as informações gerenciais que estejam sob gestão do agente não previstos, e caberá ao agente operador o risco de crédito. (Re-
operador e que sejam necessárias ao desempenho das atribuições dação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
daquele colegiado. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) §2º Os recursos do FGTS deverão ser aplicados em habitação,
Parágrafo único. O gestor da aplicação e o agente operador saneamento básico, infraestrutura urbana, operações de microcré-
deverão dar pleno cumprimento aos programas anuais em anda- dito e operações de crédito destinadas às entidades hospitalares
mento, aprovados pelo Conselho Curador, e eventuais alterações filantrópicas, às instituições que atuem com pessoas com deficiên-
somente poderão ser processadas mediante prévia anuência da- cia e às entidades sem fins lucrativos que participem do SUS de for-
quele colegiado. (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) ma complementar, desde que as disponibilidades financeiras sejam
Art. 8º O gestor da aplicação, o agente operador e o Conselho mantidas em volume que satisfaça as condições de liquidez e de re-
Curador do FGTS serão responsáveis pelo fiel cumprimento e obser- muneração mínima necessárias à preservação do poder aquisitivo
vância dos critérios estabelecidos nesta Lei. (Redação dada pela Lei da moeda. (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022)
nº 13.932, de 2019) §3º O programa de aplicações deverá destinar: (Redação dada
Art. 9º As aplicações com recursos do FGTS serão realizadas ex- pela Lei nº 13.778, de 2018)
clusivamente segundo critérios fixados pelo Conselho Curador do I - no mínimo, 60% (sessenta por cento) para investimentos em
FGTS e em operações que preencham os seguintes requisitos: (Re- habitação popular; e, (Incluído pela Lei nº 13.778, de 2018)
dação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) II - 5% (cinco por cento) para operações de crédito destinadas
I - Garantias: (Redação dada pela Lei nº 9.467, de 1997) às entidades hospitalares filantrópicas, bem como a instituições
a) hipotecária; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) que atuam no campo para pessoas com deficiência, e sem fins lu-
b) caução de Créditos hipotecários próprios, relativos a finan- crativos que participem de forma complementar do SUS. (Incluído
ciamentos concedidos com recursos do agente financeiro; (Incluída pela Lei nº 13.778, de 2018)
pela Lei nº 9.467, de 1997) III - (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
c) caução dos créditos hipotecários vinculados aos imóveis ob- §3º-A. Os recursos previstos no inciso II do §3º deste artigo não
jeto de financiamento; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) utilizados pelas entidades hospitalares filantrópicas, bem como pe-
d) hipoteca sobre outros imóveis de propriedade do agente fi- las instituições que atuam no campo para pessoas com deficiência,
nanceiro, desde que livres e desembaraçados de quaisquer ônus; e sem fins lucrativos que participem de forma complementar do
(Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) SUS poderão ser destinados a aplicações em habitação, em sane-
e) cessão de créditos do agente financeiro, derivados de finan- amento básico e em infraestrutura urbana. (Incluído pela Lei nº
ciamentos concedidos com recursos próprios, garantidos por pe- 13.778, de 2018)
nhor ou hipoteca; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) §3º-B. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
f) hipoteca sobre imóvel de propriedade de terceiros (Incluída §3º-C. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
pela Lei nº 9.467, de 1997) §4º Os projetos de saneamento básico e infraestrutura urbana
g) seguro de crédito; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) financiados com recursos do FGTS serão, preferencialmente, com-
h) garantia real ou vinculação de receitas, inclusive tarifárias, plementares aos programas habitacionais. (Redação dada pela Lei
nas aplicações contratadas com pessoa jurídica de direito público nº 14.438, de 2022)
ou de direito privado a ela vinculada; (Incluída pela Lei nº 9.467, §5º As garantias, nas diversas modalidades discriminadas no
de 1997) inciso I do caput deste artigo, serão admitidas singular ou supletiva-
i) aval em nota promissória; (Incluída pela Lei nº 9.467, de mente, considerada a suficiência de cobertura para os empréstimos
1997) e financiamentos concedidos. (Redação dada pela Lei nº 9.467, de
j) fiança pessoal; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) 1997)
387
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§6º Mantida a rentabilidade média de que trata o §1º, as apli- I - tenham natureza privada e patrimônio segregado do patri-
cações em habitação popular poderão contemplar sistemática de mônio dos cotistas e da própria administradora do fundo garantidor
desconto, direcionada em função da renda familiar do beneficiário, e estejam sujeitos a direitos e obrigações próprios; (Incluído pela
onde o valor do benefício seja concedido mediante redução no va- Lei nº 14.438, de 2022)
lor das prestações a serem pagas pelo mutuário ou pagamento de II - respondam por suas obrigações até o limite dos bens e di-
parte da aquisição ou construção de imóvel, dentre outras, a crité- reitos que integram o seu patrimônio, vedado qualquer tipo de ga-
rio do Conselho Curador do FGTS. (Incluído pela Medida Provisória rantia ou aval por parte do FGTS; e (Incluído pela Lei nº 14.438, de
nº 2.197-43, de 2001) 2022)
§6º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) III - não paguem rendimentos a seus cotistas, assegurado o
§6º-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) direito de resgate total ou parcial das cotas com base na situação
§7º Os recursos necessários para a consecução da sistemáti- patrimonial dos fundos em valor não superior ao montante de re-
ca de desconto serão destacados, anualmente, do orçamento de cursos financeiros ainda não vinculados às garantias contratadas.
aplicação de recursos do FGTS, constituindo reserva específica, com (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022)
contabilização própria. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.197- §14. Aos recursos do FGTS destinados à aquisição de cota de
43, de 2001) fundos garantidores de que trata o §13 deste artigo não se aplicam
§8º É da União o risco de crédito nas aplicações efetuadas até os requisitos de correção monetária, taxa de juros mínima e pra-
1º de junho de 2001 pelos demais órgãos integrantes do Sistema zo máximo previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e
Financeiro da Habitação - SFH e pelas entidades credenciadas pelo de rentabilidade prevista no §1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
Banco Central do Brasil como agentes financeiros, subrogando-se 14.438, de 2022)
nas garantias prestadas à Caixa Econômica Federal. (Incluído pela §15. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
Medida Provisória nº 2.196-3, de 2001) §16. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
§9º A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil S.A. e o Banco §17. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES poderão Art. 9º-A. O risco das operações de crédito de que trata o §10
atuar como agentes financeiros autorizados para aplicação dos re- do art. 9º desta Lei ficará a cargo dos agentes financeiros referidos
cursos do FGTS em operações de crédito destinadas às entidades no §9º do art. 9º desta Lei, hipótese em que o Conselho Curador
hospitalares filantrópicas e sem fins lucrativos que participem de poderá definir o percentual da taxa de risco, limitado a 3% (três por
forma complementar do SUS. (Incluído pela Medida Provisória nº cento), a ser acrescido à taxa de juros de que trata o inciso I do §10
848, de 2018) do art. 9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.832, de 2019)
§10. Nas operações de crédito destinadas às entidades hospi- Art. 9º-B. As garantias de que trata o inciso I do caput do art. 9º
talares filantrópicas, bem como a instituições que atuam no campo desta Lei podem ser exigidas isolada ou cumulativamente. (Incluído
para pessoas com deficiência, e sem fins lucrativos que participem pela Lei nº 13.832, de 2019)
de forma complementar do SUS, serão observadas as seguintes Art. 9º-C. As aplicações do FGTS em operações de crédito des-
condições: (Incluído pela Lei nº 13.778, de 2018) tinadas às entidades hospitalares filantrópicas, bem como a insti-
I - a taxa de juros efetiva não será superior àquela cobrada para tuições que atuem no campo para pessoas com deficiência, sem
o financiamento habitacional na modalidade pró-cotista ou a outra fins lucrativos e que participem de forma complementar do SUS,
que venha a substituí-la; (Incluído pela Lei nº 13.778, de 2018) ocorrerão até o final do exercício de 2022. (Incluído pela Lei nº
II - a tarifa operacional única não será superior a 0,5% (cinco 13.832, de 2019)
décimos por cento) do valor da operação; e (Incluído pela Lei nº Art. 10. O Conselho Curador fixará diretrizes e estabelecerá cri-
13.778, de 2018) térios técnicos para as aplicações dos recursos do FGTS, visando:
III - o risco das operações de crédito ficará a cargo dos agen- I - exigir a participação dos contratantes de financiamentos nos
tes financeiros de que trata o §9º deste artigo. (Incluído pela Lei nº investimentos a serem realizados;
13.778, de 2018) II - assegurar o cumprimento, por parte dos contratantes ina-
§11. As entidades hospitalares filantrópicas, bem como a insti- dimplentes, das obrigações decorrentes dos financiamentos obti-
tuições que atuam no campo para pessoas com deficiência, e sem dos;
fins lucrativos que participem de forma complementar do SUS de- III - evitar distorções na aplicação entre as regiões do País, con-
verão, para contratar operações de crédito com recursos do FGTS, siderando para tanto a demanda habitacional, a população e outros
atender ao disposto nos incisos II e III do caput do art. 4º da Lei nº indicadores sociais.
12.101, de 27 de novembro de 2009. (Incluído pela Lei nº 13.778, Art. 11. Os recolhimentos efetuados na rede arrecadadora re-
de 2018) lativos ao FGTS serão transferidos à Caixa Econômica Federal até o
§12. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023) primeiro dia útil subsequente à data do recolhimento, observada
§13. Para garantir o risco em operações de microcrédito e em a regra do meio de pagamento utilizado, data em que os respecti-
operações de crédito de habitação popular para famílias com renda vos valores serão incorporados ao FGTS. (Redação dada pela Lei nº
mensal de até 2 (dois) salários mínimos, o FGTS poderá destinar, na 14.438, de 2022)
forma estabelecida por seu Conselho Curador, observado o dispos- Art. 12. No prazo de um ano, a contar da promulgação desta lei,
to no inciso XVII do caput do art. 5º desta Lei, parte dos recursos a Caixa Econômica Federal assumirá o controle de todas as contas
de que trata o §7º deste artigo para a aquisição de cotas de fundos vinculadas, nos termos do item I do art. 7º, passando os demais es-
garantidores que observem o seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.438, tabelecimentos bancários, findo esse prazo, à condição de agentes
de 2022) recebedores e pagadores do FGTS, mediante recebimento de tarifa,
a ser fixada pelo Conselho Curador.
388
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§1º Enquanto não ocorrer a centralização prevista no caput II - 4 (quatro) por cento, do terceiro ao quinto ano de perma-
deste artigo, o depósito efetuado no decorrer do mês será contabi- nência na mesma empresa;
lizado no saldo da conta vinculada do trabalhador, no primeiro dia III - 5 (cinco) por cento, do sexto ao décimo ano de permanên-
útil do mês subseqüente. cia na mesma empresa;
§2º Até que a Caixa Econômica Federal implemente as disposi- IV - 6 (seis) por cento, a partir do décimo primeiro ano de per-
ções do caput deste artigo, as contas vinculadas continuarão sendo manência na mesma empresa.
abertas em estabelecimento bancário escolhido pelo empregador, §4º O saldo das contas vinculadas é garantido pelo Governo
dentre os para tanto autorizados pelo Banco Central do Brasil, em Federal, podendo ser instituído seguro especial para esse fim.
nome do trabalhador. §5º O Conselho Curador autorizará a distribuição de parte do
§3º Verificando-se mudança de emprego, até que venha a ser resultado positivo auferido pelo FGTS, mediante crédito nas con-
implementada a centralização no caput deste artigo, a conta vincu- tas vinculadas de titularidade dos trabalhadores, observadas as se-
lada será transferida para o estabelecimento bancário da escolha guintes condições, entre outras a seu critério: (Incluído pela Lei nº
do novo empregador. 13.446, de 2017)
§4º Os resultados financeiros auferidos pela Caixa Econômica I - a distribuição alcançará todas as contas vinculadas que apre-
Federal no período entre o repasse dos bancos e o depósito nas sentarem saldo positivo em 31 de dezembro do exercício-base do
contas vinculadas dos trabalhadores destinar-se-ão à cobertura das resultado auferido, inclusive as contas vinculadas de que trata o art.
despesas de administração do FGTS e ao pagamento da tarifa aos 21 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.446, de 2017)
bancos depositários, devendo os eventuais saldos ser incorporados II - a distribuição será proporcional ao saldo de cada conta vin-
ao patrimônio do Fundo nos termos do art. 2º, §1º. culada em 31 de dezembro do exercício-base e deverá ocorrer até
§5º (Revogado pela Lei nº 14.438, de 2022) 31 de agosto do ano seguinte ao exercício de apuração do resulta-
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão do; e (Incluído pela Lei nº 13.446, de 2017)
corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para III - (Revogado pela Lei nº 13.932, de 2019)
atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização §6º O valor de distribuição do resultado auferido será calculado
juros de (três) por cento ao ano. posteriormente ao valor desembolsado com o desconto realizado
§1º A atualização monetária e a capitalização de juros nas con- no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), de que
tas vinculadas correrão à conta do FGTS, e a Caixa Econômica Fede- trata a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009. (Incluído pela Lei nº
ral efetuará o crédito respectivo no vigésimo primeiro dia de cada 13.446, de 2017)
mês, com base no saldo existente no vigésimo primeiro dia do mês §7º O valor creditado nas contas vinculadas a título de distri-
anterior, deduzidos os débitos ocorridos no período. (Redação dada buição de resultado, acrescido de juros e atualização monetária,
pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos não integrará a base de cálculo do depósito da multa rescisória de
§1º-A. Para fins do disposto no §1º deste artigo, o depósito rea- que tratam os §§1º e 2º do art. 18 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
lizado no prazo legal será contabilizado no saldo da conta vinculada 13.446, de 2017)
no vigésimo primeiro dia do mês de sua ocorrência. (Incluído pela Art. 14. Fica ressalvado o direito adquirido dos trabalhadores
Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos que, à data da promulgação da Constituição Federal de 1988, já ti-
§1º-B. Na hipótese de depósito realizado intempestivamente, nham o direito à estabilidade no emprego nos termos do Capítulo
a atualização monetária e a parcela de juros devida ao empregado V do Título IV da CLT.
comporão o saldo-base no vigésimo primeiro dia do mês imediata- §1º O tempo do trabalhador não optante do FGTS, anterior a
mente anterior, ou comporão o saldo no vigésimo primeiro dia do 5 de outubro de 1988, em caso de rescisão sem justa causa pelo
mês do depósito, se o depósito ocorrer nesta data. (Incluído pela Lei empregador, reger-se-á pelos dispositivos constantes dos arts. 477,
nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos 478 e 497 da CLT.
§2º No primeiro mês em que for exigível o recolhimento do §2º O tempo de serviço anterior à atual Constituição poderá
FGTS no vigésimo dia, na forma prevista no art. 15 desta Lei, a atu- ser transacionado entre empregador e empregado, respeitado o
alização monetária e os juros correspondentes da conta vinculada limite mínimo de 60 (sessenta) por cento da indenização prevista.
serão realizados: (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Pro- §3º É facultado ao empregador desobrigar-se da responsabili-
dução de efeitos dade da indenização relativa ao tempo de serviço anterior à opção,
I - no décimo dia, com base no saldo existente no décimo dia do depositando na conta vinculada do trabalhador, até o último dia útil
mês anterior, deduzidos os débitos ocorridos no período; e (Incluí- do mês previsto em lei para o pagamento de salário, o valor corres-
do pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos pondente à indenização, aplicando-se ao depósito, no que couber,
II - no vigésimo primeiro dia, com base no saldo existente no todas as disposições desta lei.
décimo dia do mesmo mês, atualizado na forma prevista no inciso §4º Os trabalhadores poderão a qualquer momento optar pelo
I deste parágrafo, deduzidos os débitos ocorridos no período, com FGTS com efeito retroativo a 1º de janeiro de 1967 ou à data de sua
a atualização monetária pro rata die e os juros correspondentes. admissão, quando posterior àquela.
(Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos Art. 15. Para os fins previstos nesta Lei, todos os empregadores
§3º Para as contas vinculadas dos trabalhadores optantes exis- ficam obrigados a depositar, até o vigésimo dia de cada mês, em
tentes à data de 22 de setembro de 1971, a capitalização dos juros conta vinculada, a importância correspondente a 8% (oito por cen-
dos depósitos continuará a ser feita na seguinte progressão, salvo to) da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada traba-
no caso de mudança de empresa, quando a capitalização dos juros lhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts.
passará a ser feita à taxa de 3 (três) por cento ao ano: 457 e 458 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada
I - 3 (três) por cento, durante os dois primeiros anos de perma-
nência na mesma empresa;
389
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e a Gratificação por meio de sistema de escrituração digital, na forma, no prazo e
de Natal de que trata a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962. (Reda- nas condições estabelecidos em ato do Ministro de Estado do Tra-
ção dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos balho e Previdência. (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022)
§1º Entende-se por empregador a pessoa física ou a pessoa §1º As informações prestadas na forma do caput deste artigo
jurídica de direito privado ou de direito público, da administração constituem declaração e reconhecimento dos créditos delas decor-
pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes, rentes, caracterizam confissão de débito e constituem instrumento
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que hábil e suficiente para a cobrança do crédito de FGTS. (Incluído pela
admitir trabalhadores a seu serviço, bem assim aquele que, regi- Lei nº 13.932, de 2019)
do por legislação especial, encontrar-se nessa condição ou figurar §2º O lançamento da obrigação principal e das obrigações
como fornecedor ou tomador de mão-de-obra, independente da acessórias relativas ao FGTS será efetuado de ofício pela autoridade
responsabilidade solidária e/ou subsidiária a que eventualmente competente, no caso de o empregador não apresentar a declaração
venha obrigar-se. na forma do caput deste artigo, e será revisto de ofício, nas hipó-
§2º Considera-se trabalhador toda pessoa física que prestar teses de omissão, erro, fraude ou sonegação. (Incluído pela Lei nº
serviços a empregador, a locador ou tomador de mão-de-obra, ex- 13.932, de 2019)
cluídos os eventuais, os autônomos e os servidores públicos civis e Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte
militares sujeitos a regime jurídico próprio. do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada
§3º Os trabalhadores domésticos poderão ter acesso ao regime do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referen-
do FGTS, na forma que vier a ser prevista em lei. tes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que ainda não
§4º Considera-se remuneração as retiradas de diretores não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. (Reda-
empregados, quando haja deliberação da empresa, garantindo-lhes ção dada pela Lei nº 9.491, de 1997)
os direitos decorrentes do contrato de trabalho de que trata o art. §1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa cau-
16. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998) sa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS,
§5º O depósito de que trata o caput deste artigo é obrigatório importância igual a quarenta por cento do montante de todos os
nos casos de afastamento para prestação do serviço militar obriga- depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do con-
tório e licença por acidente do trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.711, trato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos
de 1998) respectivos juros. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997)
§6º Não se incluem na remuneração, para os fins desta Lei, as §2º Quando ocorrer despedida por culpa recíproca ou força
parcelas elencadas no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de ju- maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o percentual de que
lho de 1991. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998) trata o §1º será de 20 (vinte) por cento.
§7º Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se §3° As importâncias de que trata este artigo deverão constar da
refere o caput deste artigo reduzida para dois por cento. (Incluído documentação comprobatória do recolhimento dos valores devidos
pela Lei nº 10.097, de 2000) a título de rescisão do contrato de trabalho, observado o disposto
Art. 16. Para efeito desta lei, as empresas sujeitas ao regime da no art. 477 da CLT, eximindo o empregador, exclusivamente, quan-
legislação trabalhista poderão equiparar seus diretores não empre- to aos valores discriminados. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de
gados aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS. Consi- 1997) (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
dera-se diretor aquele que exerça cargo de administração previsto Art. 19. No caso de extinção do contrato de trabalho prevista
em lei, estatuto ou contrato social, independente da denominação no art. 14 desta lei, serão observados os seguintes critérios:
do cargo. I - havendo indenização a ser paga, o empregador, mediante
Art. 17. O Poder Executivo assegurará a prestação de serviços comprovação do pagamento daquela, poderá sacar o saldo dos va-
digitais: (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) lores por ele depositados na conta individualizada do trabalhador;
I - aos trabalhadores, que incluam a prestação de informações II - não havendo indenização a ser paga, ou decorrido o prazo
sobre seus créditos perante o Fundo e o acionamento imediato da prescricional para a reclamação de direitos por parte do trabalha-
inspeção do trabalho em caso de inadimplemento do empregador, dor, o empregador poderá levantar em seu favor o saldo da respec-
de forma que seja possível acompanhar a evolução de eventuais tiva conta individualizada, mediante comprovação perante o órgão
cobranças administrativas e judiciais dos valores não recolhidos; competente do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do
II - aos empregadores, que facilitem e desburocratizem o cum- trabalhador cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas hi-
primento de suas obrigações perante o Fundo, incluídos a geração póteses previstas no art. 37, §2º, da Constituição Federal, quando
de guias, o parcelamento de débitos, a emissão sem ônus do Certi- mantido o direito ao salário. (Incluído pela Medida Provisória nº
ficado de Regularidade do FGTS e a realização de procedimentos de 2.164-41, de 2001)
restituição e compensação. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Parágrafo único. O saldo existente em conta vinculada, oriundo
Parágrafo único. O desenvolvimento, a manutenção e a evolu- de contrato declarado nulo até 28 de julho de 2001, nas condições
ção dos sistemas e ferramentas necessários à prestação dos servi- do caput, que não tenha sido levantado até essa data, será liberado
ços a que se refere o caput deste artigo serão custeados com recur- ao trabalhador a partir do mês de agosto de 2002. (Incluído pela
sos do FGTS. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
Art. 17-A. O empregador ou o responsável fica obrigado a ela- Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser
borar folha de pagamento e a declarar os dados relacionados aos movimentada nas seguintes situações:
valores do FGTS e outras informações de interesse do poder público I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa re-
cíproca e de força maior; (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.197-43, de 2001)
390
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A da e disponível em sua conta vinculada do Fundo de Garantia do Tem-
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto- Lei po de Serviço, na data em que exercer a opção. (Incluído pela Lei nº
no 5.452, de 1º de maio de 1943; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 9.491, de 1997) (Vide Decreto nº 2.430, 1997)
2017) XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependen-
II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de tes for portador do vírus HIV; (Incluído pela Medida Provisória nº
seus estabelecimentos, filiais ou agências, supressão de parte de 2.164-41, de 2001)
suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes
nas condições do art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador estiver em estágio terminal, em razão de doença grave, nos termos
individual sempre que qualquer dessas ocorrências implique resci- do regulamento; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de
são de contrato de trabalho, comprovada por declaração escrita da 2001)
empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial transitada XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a se-
em julgado; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.164-41, de tenta anos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
2001) XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de
III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; desastre natural, conforme disposto em regulamento, observadas
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus de- as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004) Regu-
pendentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social, lamento Regulamento
segundo o critério adotado para a concessão de pensões por mor- a) o trabalhador deverá ser residente em áreas comprovada-
te. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da mente atingidas de Município ou do Distrito Federal em situação
conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados de emergência ou em estado de calamidade pública, formalmente
em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, inde- reconhecidos pelo Governo Federal; (Incluído pela Lei nº 10.878,
pendente de inventário ou arrolamento; de 2004)
V - pagamento de parte das prestações decorrentes de finan- b) a solicitação de movimentação da conta vinculada será ad-
ciamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro mitida até 90 (noventa) dias após a publicação do ato de reconheci-
da Habitação (SFH), desde que: mento, pelo Governo Federal, da situação de emergência ou de es-
a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho tado de calamidade pública; e (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)
sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas dife- c) o valor máximo do saque da conta vinculada será definido na
rentes; forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)
b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, durante o prazo XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o disposto
de 12 (doze) meses; na alínea i do inciso XIII do art. 5º desta Lei, permitida a utilização
c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (oitenta) por máxima de 30% (trinta por cento) do saldo existente e disponível
cento do montante da prestação; na data em que exercer a opção. (Redação dada pela Lei nº 12.087,
VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de 2009)
de financiamento imobiliário, observadas as condições estabeleci- XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição,
das pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o financiamento necessite adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibi-
seja concedido no âmbito do SFH e haja interstício mínimo de 2 lidade e de inclusão social. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
(dois) anos para cada movimentação; (Vigência)
VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de mo- XIX - pagamento total ou parcial do preço de aquisição de imó-
radia própria, ou lote urbanizado de interesse social não construí- veis da União inscritos em regime de ocupação ou aforamento, a
do, observadas as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº que se referem o art. 4º da Lei no 13.240, de 30 de dezembro de
11.977, de 2009) 2015, e o art. 16-A da Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998, respec-
a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 (três) anos de tivamente, observadas as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº
trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou empresas 13.465, de 2017)
diferentes; a) o mutuário deverá contar com o mínimo de três anos de tra-
b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o balho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas
SFH; diferentes; (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o
fora do regime do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) Sistema Financeiro da Habitação (SFH) ou ainda por intermédio
IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos tra- de parcelamento efetuado pela Secretaria do Patrimônio da União
balhadores temporários regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro (SPU), mediante a contratação da Caixa Econômica Federal como
de 1974; agente financeiro dos contratos de parcelamento; (Incluído pela Lei
X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou su- nº 13.465, de 2017)
perior a 90 (noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato c) sejam observadas as demais regras e condições estabeleci-
representativo da categoria profissional. das para uso do FGTS. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes XX - anualmente, no mês de aniversário do trabalhador, por
for acometido de neoplasia maligna. (Incluído pela Lei nº 8.922, de meio da aplicação dos valores constantes do Anexo desta Lei, obser-
1994) vado o disposto no art. 20-D desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.932,
XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, de 2019)
regidos pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, permitida a
utilização máxima de 50 % (cinqüenta por cento) do saldo existente
391
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
XXI - a qualquer tempo, quando seu saldo for inferior a R$ 80,00 §13. A garantia a que alude o §4º do art. 13 desta Lei não com-
(oitenta reais) e não houver ocorrido depósitos ou saques por, no preende as aplicações a que se referem os incisos XII e XVII do caput
mínimo, 1 (um) ano, exceto na hipótese prevista no inciso I do §5º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.491, de 2007)
do art. 13 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) (Vigência) §14. Ficam isentos do imposto de renda: (Redação dada pela
XXII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes Lei nº 11.491, de 2007)
for, nos termos do regulamento, pessoa com doença rara, conside- I - a parcela dos ganhos nos Fundos Mútuos de Privatização até
radas doenças raras aquelas assim reconhecidas pelo Ministério da o limite da remuneração das contas vinculadas de que trata o art.
Saúde, que apresentará, em seu sítio na internet, a relação atualiza- 13 desta Lei, no mesmo período; e (Incluído pela Lei nº 11.491, de
da dessas doenças. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) (Vigência) 2007)
§1º A regulamentação das situações previstas nos incisos I e II II - os ganhos do FI-FGTS e do Fundo de Investimento em Cotas
assegurar que a retirada a que faz jus o trabalhador corresponda - FIC, de que trata o §19 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.491,
aos depósitos efetuados na conta vinculada durante o período de de 2007)
vigência do último contrato de trabalho, acrescida de juros e atuali- §15. A transferência de recursos da conta do titular no Fundo
zação monetária, deduzidos os saques. de Garantia do Tempo de Serviço em razão da aquisição de ações,
§2º O Conselho Curador disciplinará o disposto no inciso V, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, ou de cotas do FI-F-
visando beneficiar os trabalhadores de baixa renda e preservar o GTS não afetará a base de cálculo da multa rescisória de que tratam
equilíbrio financeiro do FGTS. os §§1º e 2º do art. 18 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.491,
§3º O direito de adquirir moradia com recursos do FGTS, pelo de 2007)
trabalhador, só poderá ser exercido para um único imóvel. §16. Os clubes de investimento a que se refere o §12 poderão
§4º O imóvel objeto de utilização do FGTS somente poderá ser resgatar, durante os seis primeiros meses da sua constituição, par-
objeto de outra transação com recursos do fundo, na forma que cela equivalente a 5% (cinco por cento) das cotas adquiridas, para
vier a ser regulamentada pelo Conselho Curador. atendimento de seus desembolsos, autorizada a livre aplicação do
§5º O pagamento da retirada após o período previsto em regu- produto dessa venda, nos termos da Lei no 6.385, de 7 de dezem-
lamento, implicará atualização monetária dos valores devidos. bro de 1976. (Incluído pela Lei nº 9.635, de 1998)
§6º Os recursos aplicados em cotas de fundos Mútuos de Pri- §17. Fica vedada a movimentação da conta vinculada do FGTS
vatização, referidos no inciso XII, serão destinados, nas condições nas modalidades previstas nos incisos V, VI e VII deste artigo, nas
aprovadas pelo CND, a aquisições de valores mobiliários, no âm- operações firmadas, a partir de 25 de junho de 1998, no caso em
bito do Programa Nacional de Desestatização, de que trata a Lei que o adquirente já seja proprietário ou promitente comprador de
no 9.491, de 1997, e de programas estaduais de desestatização, imóvel localizado no Município onde resida, bem como no caso em
desde que, em ambos os casos, tais destinações sejam aprovadas que o adquirente já detenha, em qualquer parte do País, pelo me-
pelo CND. (Redação dada pela Lei nº 9.635, de 1998) nos um financiamento nas condições do SFH. (Incluído pela Medida
§7º Ressalvadas as alienações decorrentes das hipóteses de Provisória nº 2.197-43, de 2001)
que trata o §8º, os valores mobiliários a que se refere o parágrafo §18. É indispensável o comparecimento pessoal do titular da
anterior só poderão ser integralmente vendidos, pelos respectivos conta vinculada para o pagamento da retirada nas hipóteses pre-
Fundos, seis meses após a sua aquisição, podendo ser alienada em vistas nos incisos I, II, III, VIII, IX e X deste artigo, salvo em caso de
prazo inferior parcela equivalente a 10% (dez por cento) do valor grave moléstia comprovada por perícia médica, quando será paga a
adquirido, autorizada a livre aplicação do produto dessa alienação, procurador especialmente constituído para esse fim. (Incluído pela
nos termos da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976. (Redação Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)
dada pela Lei nº 9.635, de 1998) §19. A integralização das cotas previstas no inciso XVII do caput
§8º As aplicações em Fundos Mútuos de Privatização e no FI-F- deste artigo será realizada por meio de Fundo de Investimento em
GTS são nominativas, impenhoráveis e, salvo as hipóteses previstas Cotas - FIC, constituído pela Caixa Econômica Federal especifica-
nos incisos I a XI e XIII a XVI do caput deste artigo, indisponíveis por mente para essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
seus titulares. (Redação dada pela Lei nº 11.491, de 2007) §20. A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá os requi-
§9° Decorrido o prazo mínimo de doze meses, contados da efe- sitos para a integralização das cotas referidas no §19 deste artigo,
tiva transferência das quotas para os Fundos Mútuos de Privatiza- devendo condicioná-la pelo menos ao atendimento das seguintes
ção, os titulares poderão optar pelo retorno para sua conta vincu- exigências: (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
lada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. (Incluído pela Lei I - elaboração e entrega de prospecto ao trabalhador; e (Incluí-
nº 9.491, de 1997) do pela Lei nº 11.491, de 2007)
§10. A cada período de seis meses, os titulares das aplicações II - declaração por escrito, individual e específica, pelo traba-
em Fundos Mútuos de Privatização poderão transferi-las para outro lhador de sua ciência quanto aos riscos do investimento que está
fundo de mesma natureza. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) realizando. (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
§11. O montante das aplicações de que trata o §6° deste artigo §21. As movimentações autorizadas nos incisos V e VI do caput
ficará limitado ao valor dos créditos contra o Tesouro Nacional de serão estendidas aos contratos de participação de grupo de con-
que seja titular o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. (Incluído sórcio para aquisição de imóvel residencial, cujo bem já tenha sido
pela Lei nº 9.491, de 1997) adquirido pelo consorciado, na forma a ser regulamentada pelo
§12. Desde que preservada a participação individual dos quo- Conselho Curador do FGTS. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)
tistas, será permitida a constituição de clubes de investimento, vi- §22. Na movimentação das contas vinculadas a contrato de
sando a aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização. trabalho extinto até 31 de dezembro de 2015, ficam isentas as exi-
(Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) gências de que trata o inciso VIII do caput deste artigo, podendo o
392
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
saque, nesta hipótese, ser efetuado segundo cronograma de aten- Art. 20-C. A primeira opção pela sistemática de saque-aniver-
dimento estabelecido pelo agente operador do FGTS. (Incluído pela sário poderá ser feita a qualquer tempo e terá efeitos imediatos.
Lei nº 13.446, de 2017) (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
§23. As movimentações das contas vinculadas nas situações §1º Caso o titular solicite novas alterações de sistemática será
previstas nos incisos V, VI e VII do caput deste artigo poderão ser observado o seguinte: (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
realizadas fora do âmbito do SFH, observados os mesmos limites I - a alteração será efetivada no primeiro dia do vigésimo quinto
financeiros das operações realizadas no âmbito desse sistema, no mês subsequente ao da solicitação, desde que não haja cessão ou
que se refere ao valor máximo de movimentação da conta vincula- alienação de direitos futuros aos saques anuais de que trata o §3º
da, e os limites, critérios e condições estabelecidos pelo Conselho do art. 20-D desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
Curador. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) II - a solicitação poderá ser cancelada pelo titular antes da sua
§24. O trabalhador poderá sacar os valores decorrentes da si- efetivação; e (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
tuação de movimentação de que trata o inciso XX do caput des- III - na hipótese de cancelamento, a nova solicitação estará su-
te artigo até o último dia útil do segundo mês subsequente ao da jeita ao disposto no inciso I do caput deste artigo. (Incluído pela Lei
aquisição do direito de saque. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) nº 13.932, de 2019)
§25. O agente operador deverá oferecer, nos termos do regu- §2º Para fins do disposto no §2º do art. 20-A desta Lei, as situa-
lamento do Conselho Curador, em plataformas de interação com o ções de movimentação obedecerão à sistemática a que o titular es-
titular da conta, inclusive por meio de dispositivos móveis, opções tiver sujeito no momento dos eventos que as ensejarem. (Incluído
para consulta e transferência, a critério do trabalhador, para conta pela Lei nº 13.932, de 2019)
de depósitos de sua titularidade em qualquer instituição financeira Art. 20-D. Na situação de movimentação de que trata o inciso
do Sistema Financeiro Nacional, dos recursos disponíveis para mo- XX do caput do art. 20 desta Lei, o valor do saque será determinado:
vimentação em decorrência das situações previstas neste artigo, (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
cabendo ao agente operador estabelecer os procedimentos opera- I - pela aplicação da alíquota correspondente, estabelecida no
cionais a serem observados. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Anexo desta Lei, à soma de todos os saldos das contas vinculadas do
§26. As transferências de que trata o §25 deste artigo não acar- titular, apurados na data do débito; e (Incluído pela Lei nº 13.932,
retarão a cobrança de tarifas pelo agente operador ou pelas demais de 2019)
instituições financeiras. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) II - pelo acréscimo da parcela adicional correspondente, esta-
§27. A critério do titular da conta vinculada do FGTS, em ato belecida no Anexo desta Lei, ao valor apurado de acordo com o dis-
formalizado no momento da contratação do financiamento habita- posto no inciso I do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.932,
cional, os direitos aos saques de que trata o caput deste artigo po- de 2019)
derão ser objeto de alienação ou cessão fiduciária para liquidação, §1º Na hipótese de o titular possuir mais de uma conta vincu-
amortização ou pagamento de parte das prestações decorrentes de lada, o saque de que trata este artigo será feito na seguinte ordem:
financiamento habitacional concedido no âmbito do SFH, dispensa- (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
dos os prazos mencionados na alínea “b” do inciso V e o interstício I - contas vinculadas relativas a contratos de trabalho extintos,
mínimo de 2 (dois) anos do inciso VI, ambos deste artigo, observa- com início pela conta que tiver o menor saldo; e (Incluído pela Lei
das as condições estabelecidas pelo Conselho Curador, mediante nº 13.932, de 2019)
caucionamento dos depósitos a serem realizados na conta vincula- II - demais contas vinculadas, com início pela conta que tiver o
da do trabalhador, exceto os previstos nos §1º e §2º do art. 18 desta menor saldo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.620, de 2023) §2º O Poder Executivo federal, respeitada a alíquota mínima de
§28 A vedação prevista no §2º do art. 2º desta Lei não se aplica 5% (cinco por cento), poderá alterar, até o dia 30 de junho de cada
ao que dispõe o §27. (Incluído pela Lei nº 14.620, de 2023) ano, os valores das faixas, das alíquotas e das parcelas adicionais
Art. 20-A. O titular de contas vinculadas do FGTS estará sujeito constantes do Anexo desta Lei para vigência no primeiro dia do ano
a somente uma das seguintes sistemáticas de saque: (Incluído pela subsequente. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
Lei nº 13.932, de 2019) §3º A critério do titular da conta vinculada do FGTS, os direitos
I - saque-rescisão; ou (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) aos saques anuais de que trata o caput deste artigo poderão ser
II - saque-aniversário. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) objeto de alienação ou cessão fiduciária, nos termos do art. 66-B
§1º Todas as contas do mesmo titular estarão sujeitas à mesma da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, em favor de qualquer ins-
sistemática de saque. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) tituição financeira do Sistema Financeiro Nacional, sujeitas as taxas
§2º São aplicáveis às sistemáticas de saque de que trata o caput de juros praticadas nessas operações aos limites estipulados pelo
deste artigo as seguintes situações de movimentação de conta: (In- Conselho Curador, os quais serão inferiores aos limites de taxas de
cluído pela Lei nº 13.932, de 2019) juros estipulados para os empréstimos consignados dos servidores
I - para a sistemática de saque-rescisão, as previstas no art. 20 públicos federais do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 13.932,
desta Lei, à exceção da estabelecida no inciso XX do caput do referi- de 2019)
do artigo; e (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) §3º-A. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
II - para a sistemática de saque-aniversário, as previstas no art. §4º O Conselho Curador poderá regulamentar o disposto no
20 desta Lei, à exceção das estabelecidas nos incisos I, I-A, II, IX e X §3º deste artigo, com vistas ao cumprimento das obrigações fi-
do caput do referido artigo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) nanceiras de seu titular, inclusive quanto ao: (Incluído pela Lei nº
Art. 20-B. O titular de contas vinculadas do FGTS estará sujeito 13.932, de 2019)
originalmente à sistemática de saque-rescisão e poderá optar por I - bloqueio de percentual do saldo total existente nas contas
alterá-la, observado o disposto no art. 20-C desta Lei. (Incluído pela vinculadas; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
Lei nº 13.932, de 2019)
393
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
II - impedimento da efetivação da opção pela sistemática de I - não depositar mensalmente o percentual referente ao FGTS,
saque-rescisão prevista no inciso I do §1º do art. 20-C desta Lei; e bem como os valores previstos no art. 18 desta Lei, nos prazos de
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) que trata o §6º do art. 477 da Consolidação das Leis do Trabalho -
III - saque em favor do credor. (Incluído pela Lei nº 13.932, de CLT; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)
2019) II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Pro-
§5º As situações de movimentação de que trata o §2º do art. dução de efeitos
20-A desta Lei serão efetuadas com observância ao limite decor- III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022)
rente do bloqueio referido no §4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº Produção de efeitos
13.932, de 2019) IV - deixar de computar, para efeito de cálculo dos depósitos do
§6º A vedação prevista no §2º do art. 2º desta Lei não se aplica FGTS, parcela componente da remuneração;
às disposições dos §§3º, 4º e 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº V - deixar de efetuar os depósitos e os acréscimos legais do
13.932, de 2019) FGTS constituído em notificação de débito, no prazo concedido pelo
§7º Na hipótese de despedida sem justa causa, o trabalhador ato de notificação da decisão definitiva exarada no processo admi-
que optar pela sistemática saque-aniversário também fará jus à mo- nistrativo; (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de
vimentação da multa rescisória de que tratam os §§1º e 2º do art. efeitos
18 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) VI - deixar de apresentar, ou apresentar com erros ou omissões,
Art. 21. Os saldos das contas não individualizadas e das con- as informações de que trata o art. 17-A desta Lei e as demais infor-
tas vinculadas que se conservem ininterruptamente sem créditos mações legalmente exigíveis; e (Redação dada pela Lei nº 14.438,
de depósitos por mais de cinco anos, a partir de 1º de junho de de 2022) Produção de efeitos
1990, em razão de o seu titular ter estado fora do regime do FGTS, VII - deixar de apresentar ou de promover a retificação das in-
serão incorporados ao patrimônio do fundo, resguardado o direito formações de que trata o art. 17-A desta Lei no prazo concedido na
do beneficiário reclamar, a qualquer tempo, a reposição do valor notificação da decisão definitiva exarada no processo administrati-
transferido. (Redação dada pela Lei nº 8.678, de 1993) vo que reconheceu a procedência da notificação de débito decor-
Parágrafo único. O valor, quando reclamado, será pago ao tra- rente de omissão, de erro, de fraude ou de sonegação constatados.
balhador acrescido da remuneração prevista no §2º do art. 13 desta (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos
lei. (Incluído pela Lei nº 8.678, de 1993) §1º-A. A formalização de parcelamento da integralidade do dé-
Art. 22. O empregador que não realizar os depósitos nos ter- bito suspende a ação punitiva da infração prevista: (Incluído pela Lei
mos dos arts. 15 e 18 desta Lei responderá pela incidência da Taxa nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos
Referencial (TR) sobre a importância correspondente. (Redação I - no inciso I do §1º deste artigo, quando realizada anterior-
dada pela Lei nº 14.438, de 2022) mente ao início de qualquer processo administrativo ou medida de
§1º Sobre o valor dos depósitos, acrescido da TR, incidirão, ain- fiscalização; e (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de
da, juros de mora de 0,5% a.m. (cinco décimos por cento ao mês) efeitos
ou fração e multa, sujeitando-se, também, às obrigações e sanções II - no inciso V do §1º deste artigo, quando realizada no prazo
previstas no Decreto-Lei no 368, de 19 de dezembro de 1968. (Re- nele referido. (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de
dação dada pela Lei nº 9.964, de 2000) efeitos
§2º A incidência da TR de que trata o caput deste artigo será §1º-B. A suspensão da ação punitiva prevista no §1º-A deste ar-
cobrada por dia de atraso, tomando-se por base o índice de atua- tigo será mantida durante a vigência do parcelamento, e a quitação
lização das contas vinculadas do FGTS. (Redação dada pela Lei nº integral dos valores parcelados extinguirá a infração. (Incluído pela
9.964, de 2000) Lei nº 14.438, de 2022)Produção de efeitos
§2º-A. A multa referida no §1º deste artigo será cobrada nas §2º Pela infração ao disposto no §1º deste artigo, o infrator es-
condições que se seguem: (Incluído pela Lei nº 9.964, de 2000) tará sujeito às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 14.438,
I – 5% (cinco por cento) no mês de vencimento da obrigação; de 2022) Produção de efeitos
(Incluído pela Lei nº 9.964, de 2000) a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Pro-
II – 10% (dez por cento) a partir do mês seguinte ao do venci- dução de efeitos
mento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 9.964, de 2000) b) 30% (trinta por cento) sobre o débito atualizado apurado
§3º Para efeito de levantamento de débito para com o FGTS, o pela inspeção do trabalho, confessado pelo empregador ou lançado
percentual de 8% (oito por cento) incidirá sobre o valor acrescido de ofício, nas hipóteses previstas nos incisos I, IV e V do §1º deste
da TR até a data da respectiva operação. (Redação dada pela Lei nº artigo; e (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de
9.964, de 2000) efeitos
Art. 23. Compete ao Ministério do Trabalho e Previdência a eee9c) de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (trezentos reais)
verificação do cumprimento do disposto nesta Lei, especialmente por trabalhador prejudicado, nas hipóteses previstas nos incisos
quanto à apuração dos débitos e das infrações praticadas pelos em- VI e VII do §1º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 14.438, de
pregadores ou tomadores de serviço, que serão notificados para 2022) Produção de efeitos
efetuar e comprovar os depósitos correspondentes e cumprir as §3º Nos casos de fraude, simulação, artifício, ardil, resistência,
demais determinações legais. (Redação dada pela Lei nº 14.438, de embaraço ou desacato à fiscalização, assim como na reincidência, a
2022) Produção de efeitos multa especificada no parágrafo anterior será duplicada, sem preju-
§1º Constituem infrações para efeito desta lei: ízo das demais cominações legais.
394
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§3º-A. Estabelecidas a multa-base e a majoração na forma pre- Art. 26-A. Para fins de apuração e lançamento, considera-se
vista nos §§2º e 3º deste artigo, o valor final será reduzido pela me- não quitado o valor relativo ao FGTS pago diretamente ao trabalha-
tade quando o infrator for empregador doméstico, microempresa dor, vedada a sua conversão em indenização compensatória. (Inclu-
ou empresa de pequeno porte. (Redação dada pela Lei nº 14.438, ído dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
de 2022) Produção de efeitos §1º Os débitos reconhecidos e declarados por meio de sistema
§4º Os valores das multas, quando não recolhidas no prazo de escrituração digital serão recolhidos integralmente, acrescidos
legal, serão atualizados monetariamente até a data de seu efetivo dos encargos devidos. (Incluído dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
pagamento, através de sua conversão pelo BTN Fiscal. §2º Para a geração das guias de depósito, os valores devidos a
§5º O processo de fiscalização, de autuação e de imposição de título de FGTS e o período laboral a que se referem serão expres-
multas reger-se-á pelo disposto no Título VII da CLT. (Redação dada samente identificados. (Incluído dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
pela Lei nº 13.932, de 2019) Art. 27. A apresentação do Certificado de Regularidade do
§6º Quando julgado procedente o recurso interposto na forma FGTS, fornecido na forma do regulamento, é obrigatória nas seguin-
do Título VII da CLT, os depósitos efetuados para garantia de ins- tes situações: (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
tância serão restituídos com os valores atualizados na forma de lei. a) habilitação e licitação promovida por órgão da Administra-
§7º A rede arrecadadora e a Caixa Econômica Federal deverão ção Federal, Estadual e Municipal, direta, indireta ou fundacional ou
prestar ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social as infor- por entidade controlada direta ou indiretamente pela União, Estado
mações necessárias à fiscalização. e Município;
Art. 23-A. A notificação do empregador relativa aos débitos b) obtenção, por parte da União, dos Estados ou dos Municí-
com o FGTS, o início de procedimento administrativo ou a medida pios, ou por órgãos da Administração federal, estadual ou municipal,
de fiscalização interrompem o prazo prescricional. (Incluído dada direta, indireta ou fundacional, ou indiretamente pela União, pelos
pela Lei nº 13.932, de 2019) Estados ou pelos Municípios, de empréstimos ou financiamentos re-
§1º O contencioso administrativo é causa de suspensão do pra- alizados com lastro em recursos públicos ou oriundos do FGTS pe-
zo prescricional. (Incluído dada pela Lei nº 13.932, de 2019) rante quaisquer instituições de crédito; (Redação dada pela Lei nº
§2º A data de publicação da liquidação do crédito será consi- 13.805, de 2019) (Vide Medida Provisória nº 958, de 2020) (Vide Lei
derada como a data de sua constituição definitiva, a partir da qual nº 13.999, de 2020) (Vide Medida Provisória nº 975, de 2020). (Vide
será retomada a contagem do prazo prescricional. (Incluído dada Medida Provisória nº 1.028, de 2021). (Vide Lei nº 14.179, de 2021)
pela Lei nº 13.932, de 2019) c) obtenção de favores creditícios, isenções, subsídios, auxílios,
§3º Todos os documentos relativos às obrigações perante o outorga ou concessão de serviços ou quaisquer outros benefícios
FGTS, referentes a todo o contrato de trabalho de cada trabalhador, concedidos por órgão da Administração Federal, Estadual e Muni-
devem ser mantidos à disposição da fiscalização por até 5 (cinco) cipal, salvo quando destinados a saldar débitos para com o FGTS;
anos após o fim de cada contrato. (Incluído dada pela Lei nº 13.932, (Vide Medida Provisória nº 958, de 2020) (Vide Lei nº 13.999, de
de 2019) 2020) (Vide Medida Provisória nº 975, de 2020). (Vide Medida Pro-
Art. 24. Por descumprimento ou inobservância de quaisquer visória nº 1.028, de 2021). (Vide Lei nº 14.179, de 2021) (Vide Me-
das obrigações que lhe compete como agente arrecadador, paga- dida Provisória nº 1.176, de 2023)
dor e mantenedor do cadastro de contas vinculadas, na forma que d) transferência de domicílio para o exterior;
vier a ser regulamentada pelo Conselho Curador, fica o banco de- e) registro ou arquivamento, nos órgãos competentes, de al-
positário sujeito ao pagamento de multa equivalente a 10 (dez) por teração ou distrato de contrato social, de estatuto, ou de qualquer
cento do montante da conta do empregado, independentemente documento que implique modificação na estrutura jurídica do em-
das demais cominações legais. pregador ou na sua extinção.
Art. 25. Poderá o próprio trabalhador, seus dependentes e su- Art. 28. São isentos de tributos federais os atos e operações
cessores, ou ainda o Sindicato a que estiver vinculado, acionar di- necessários à aplicação desta lei, quando praticados pela Caixa Eco-
retamente a empresa por intermédio da Justiça do Trabalho, para nômica Federal, pelos trabalhadores e seus dependentes ou suces-
compeli-la a efetuar o depósito das importâncias devidas nos ter- sores, pelos empregadores e pelos estabelecimentos bancários.
mos desta lei. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo às importân-
Parágrafo único. A Caixa Econômica Federal e o Ministério do cias devidas, nos termos desta lei, aos trabalhadores e seus depen-
Trabalho e da Previdência Social deverão ser notificados da propo- dentes ou sucessores.
situra da reclamação. Art. 29. Os depósitos em conta vinculada, efetuados nos ter-
Art. 26. É competente a Justiça do Trabalho para julgar os dis- mos desta lei, constituirão despesas dedutíveis do lucro operacio-
sídios entre os trabalhadores e os empregadores decorrentes da nal dos empregadores e as importâncias levantadas a seu favor im-
aplicação desta lei, mesmo quando a Caixa Econômica Federal e o plicarão receita tributável.
Ministério do Trabalho e da Previdência Social figurarem como li- Art. 29-A. Quaisquer créditos relativos à correção dos saldos
tisconsortes. das contas vinculadas do FGTS serão liquidados mediante lança-
Parágrafo único. Nas reclamatórias trabalhistas que objetivam mento pelo agente operador na respectiva conta do trabalhador.
o ressarcimento de parcelas relativas ao FGTS, ou que, direta ou in- (Incluído pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)
diretamente, impliquem essa obrigação de fazer, o juiz determinará Art. 29-B. Não será cabível medida liminar em mandado de se-
que a empresa sucumbente proceda ao recolhimento imediato das gurança, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações
importâncias devidas a tal título. de natureza cautelar ou preventiva, nem a tutela antecipada previs-
ta nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil que impliquem
saque ou movimentação da conta vinculada do trabalhador no
FGTS. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)
395
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Art. 29-C. Nas ações entre o FGTS e os titulares de contas vin- No entanto, “a atividade do titular do direito tem de ser
culadas, bem como naquelas em que figurem os respectivos repre- estimulada, sob pena de se verificar uma situação de expectativa
sentantes ou substitutos processuais, não haverá condenação em que impede o próprio desenvolvimento social, tornando-se, pois,
honorários advocatícios. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164- de interesse público e até mesmo de ordem pública, a advertência
41, de 2001) (Vide ADI nº 2.736) que passa a ser expressa pela ameaça da perda do direito de ação,
Art. 29-D. A penhora em dinheiro, na execução fundada em pelo decurso de certo prazo”.
título judicial em que se determine crédito complementar de sal- Portanto, a pretensão, que nasceu com a violação do direito,
do de conta vinculada do FGTS, será feita mediante depósito de extingue-se, pela prescrição, nos prazos previstos por lei (art. 189, CC).
recursos do Fundo em conta vinculada em nome do exeqüente, à O objetivo da prescrição da ação é, portanto, impedir
disposição do juízo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, a perturbação da ordem social, à medida que impede que
de 2001) indefinidamente no tempo possa ocorrer a revivescência de
Parágrafo único. O valor do depósito só poderá ser movimen- situações duvidosas que mantinham credor e devedor na incerteza
tado, após liberação judicial, nas hipóteses previstas no art. 20 ou de seu direito.
para reversão ao Fundo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164- A prescrição atinge diretamente a ação, e só como consequência
41, de 2001) será atingido o direito. Mas, embora a prescrição refira-se à ação,
Art. 30. Fica reduzida para 1 1/2 (um e meio) por cento a con- em regra a extinção da ação e a do direito ocorrem ao mesmo
tribuição devida pelas empresas ao Serviço Social do Comércio e ao tempo, porque um direito não será eficaz se não houver meio de
Serviço Social da Indústria e dispensadas estas entidades da subs- fazê-lo valer perante terceiros.
crição compulsória a que alude o art. 21 da Lei nº 4.380, de 21 de Dessa forma, pode-se concluir que, se de um lado, em nome do
agosto de 1964. princípio da justiça, o ordenamento jurídico assegura a reparação
Art. 31. O Poder Executivo expedirá o Regulamento desta lei no das violações de direitos, de outro lado o mesmo ordenamento
prazo de 60 (sessenta) dias a contar da data de sua promulgação. impõe a prescritibilidade da oportunidade de o titular do direito
Art. 32. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revo- exercer essa reparação.
gada a Lei nº 7.839, de 12 de outubro de 1989, e as demais dispo- Embora aparentemente antagônicas e conflitantes essas
sições em contrário. posturas assumidas pelo ordenamento jurídico, o fato é que são
Brasília, 11 de maio de 1990; 169º da Independência e 102º da absolutamente conciliáveis, resolvendo-se a questão pelo princípio
República. da proporcionalidade, que impõe reconhecer que “a reparação é
um direito, mas que deve ser exercido num certo prazo em nome
ANEXO do princípio da estabilidade ou segurança, de forma a possibilitar a
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) consolidação das relações sociais. Enfim, tanto a prescrição como a
reparação de direitos são formas de realização do Direito”.
LIMITE DAS FAIXAS ALÍQUOTA PARCELA ADI-
DE SALDO (EM R$) CONAL (EM R$) O Direito consagra duas espécies de prescrição:
Prescrição extintiva ou liberatória – trata-se de um modo de
de 00,01 até 500,00 50% - extinguir direitos pela perda da ação que os assegurava, devido
de 500,01 até 1.000,00 40% 50,00 à inércia do credor durante um decurso de tempo determinado
pela lei. Ou seja, significa a perda, pelo decurso de certo tempo,
de 1.000,01 até 5.000,00 30% 150,00
da faculdade de pleitear um direito, por meio da ação judicial
de 5.000,01 até 10.000,00 20% 650,00 competente. Essa é a modalidade de prescrição aplicada no âmbito
de 10.000,01 até 15.000,00 15% 1.150,00 do Direito do Trabalho.
Prescrição aquisitiva – por meio da qual, pelo decurso do
de 15.000,01 até 20.000,00 10% 1.900,00 tempo, surge o direito, adquire-se o direito (ex.: usucapião). Não se
Acima de 20.000,00 - 5% 2.900,00 fala de prescrição aquisitiva no campo do Direito do Trabalho.
Independentemente de tratar-se de uma ou de outra das
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA situações supracitadas, o fato é que na prescrição há sempre um
patrimônio que se perde e outro que se aumenta.
396
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Assim, podemos dizer que a prescrição é uma consequência do Por força da previsão contida no art. 8º da CLT, que permite
tempo, pura e simplesmente, aliada à inércia do titular do direito. a aplicação subsidiária do Direito Comum ao Direito do Trabalho,
Questiona-se a aplicabilidade da prescrição em relação referidos elementos são aplicáveis no âmbito da prescrição trabalhista.
aos créditos trabalhistas, sob o argumento de que, por sua
natureza alimentar, revestem-se de proteção diferenciada e são — Prazo prescricional no direito do trabalho
irrenunciáveis, razão pela qual não poderiam estar sujeitos aos Como consequência das alterações legislativas podemos
efeitos da prescrição. identificar a seguinte evolução dos prazos prescricionais trabalhistas:
No entanto, só se poderia entender desse modo se a prescrição – O prazo prescricional trabalhista era de dois anos para todos
resultasse apenas de uma regra moral ou de concepções subjetivas os direitos (art. 11, CLT).
alheias à ordem jurídica. Nesse caso, uma “dívida de honra”, sagrada – A Constituição Federal de 1988, no entanto, modificou este
para quem a ela se obrigara, ou uma “dívida social”, existente em prazo para cinco anos para o trabalhador urbano, como regra geral,
relação a uma parte mais fraca, não deveriam beneficiar-se com a sendo que no caso de rescisão do contrato de trabalho o prazo foi
prescrição. reduzido para dois anos, contados da data da extinção do vínculo
Adotando-se, porém, uma concepção de ordem jurídica e de empregatício.
sociedade, a prescrição funciona como elemento de tranquilidade
e de pacificação, do qual não se pode abrir mão em nome de uma Em relação ao trabalhador rural, o legislador constituinte
proteção que, de fato, não se justifica no contexto de ordem jurídica manteve o prazo da prescrição da ação em dois anos contados da
justa e de afastamento das incertezas em torno da existência e extinção do contrato de trabalho. Assim, para estes trabalhadores
eficácia dos direitos. não corria a prescrição durante a relação de emprego.
O instituto da prescrição se encontra no mundo dos bens Isto significa que, se o empregado tivesse 14 anos de trabalho
juridicamente resguardados, e a norma legal a impõe à sociedade, para o empregador, ao ser dispensado poderia reclamar os direitos
independentemente de especulações éticas ou de proteção de todo este período, desde que ajuizasse a ação no prazo de dois
individual diferenciada em detrimento do contexto social, que deve anos após a rescisão do contrato de trabalho.
ser pacificado. A EC n. 28/2000 alterou a redação do inciso XXIX, do art. 7º,
A prescrição é um instituto que encontra sua razão de ser nas da Constituição Federal e revogou o art. 233, da Constituição
exigências da segurança jurídica e na proteção da coletividade, à Federal, passando a prescrição trabalhista a ser de cinco anos para
medida que assegura a paz social os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
Não se pode considerar, portanto, que da irrenunciabilidade extinção do contrato de trabalho (art. 7º, XXIX, CF).
dos direitos trabalhistas possa decorrer a imprescritibilidade. Portanto, o trabalhador urbano e o trabalhador rural têm o
Isso porque a prescrição não depende diretamente da vontade prazo de cinco anos para reclamar seus direitos, mas, em caso de
do titular do direito, mas de uma situação contínua de inércia, extinção do contrato de trabalho, o direito de ação prescreve em
encontrando sua razão de ser em um interesse público que o dois anos, podendo o trabalhador reclamar os direitos trabalhistas
ordenamento jurídico considera prevalente em relação a outro dos últimos cinco anos contados, retroativamente, da data do
interesse público, qual seja, a proteção do trabalhador, que justifica ajuizamento da ação (art. 7º, XXIX, CF, e art. 11, caput, CLT).
a irrenunciabilidade do direito por parte do titular.
— Prescrição parcial e prescrição total
— Elementos da prescrição no direito do trabalho A prescrição pode ser total, quando afeta o próprio direito,
Segundo a doutrina, são elementos integrantes da prescrição: tendo em vista que não se poderá mais pleiteá-lo em juízo, ou
1. existência de uma ação exercitável (actio nata) – tal parcial, quando afeta apenas as partes ainda não prescritas.
elemento é entendido como a exigibilidade da pretensão ou o No Direito do Trabalho, fala-se em prescrição total, por
nascimento da pretensão. exemplo, quando o titular do direito violado deixa transcorrer o
Somente é possível falar-se em prescrição quando o direito prazo de dois anos após a extinção do contrato de trabalho para o
tenha sido adquirido por seu titular (não se inserem no campo da ajuizamento da ação, sem exercitar o referido direito, ou seja, deixa
prescrição os direitos futuros, entre os quais se incluem o direito de propor a ação neste prazo.
condicional e o direito eventual, nem uma expectativa de direito) e A prescrição parcial incide em relação às prestações periódicas
quando tenha ocorrido sua violação por terceiro; decorrentes do contrato de trabalho. A cada violação de uma
2. inércia do titular da ação pelo seu não exercício – o titular prestação devida em decorrência do contrato, nasce para o titular
do direito deixa de buscar a reparação dos danos causados pela o direito de reclamar seu cumprimento, devendo tal direito ser
violação de seu direito; exercido no prazo máximo de cinco anos.
3. continuidade dessa inércia durante um certo lapso de
tempo – o titular deixa passar o prazo fixado em lei para a busca da — Decadência no direito do trabalho
reparação dos danos causados pela violação de seu direito; O efeito do tempo nas relações jurídicas institui o requisito
4. ausência de algum fato ou ato, a que a lei atribua eficácia de validade de alguns direitos, que somente podem ser exercidos
impeditiva, suspensiva ou interruptiva do curso prescricional – dentro de um certo prazo, sob pena de perecerem.
ainda que se verifiquem a exigibilidade da pretensão e a inércia do Assim, a decadência é causa extintiva de direito pelo seu não
titular, determinadas circunstâncias previstas em lei podem impedir exercício no prazo estipulado pela lei. “É a perda de um direito
o curso da prescrição. potestativo de sujeitar outrem à constituição, desconstituição,
As causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas não afastam modificação ou extinção de uma relação jurídica, pela inércia
a inércia do titular, mas a justificam, à medida que caracterizam do titular em exercitá-lo, num determinado prazo, legal ou
situações nas quais o titular do direito não tem condições de exigi-lo. convencional”.
397
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
398
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§4º É garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo §3º Quando não for possível que a gestante ou a lactante afas-
do salário e demais direitos: (Redação dada pela Lei nº 9.799, de tada nos termos do caput deste artigo exerça suas atividades em lo-
26.5.1999) cal salubre na empresa, a hipótese será considerada como gravidez
I - transferência de função, quando as condições de saúde o de risco e ensejará a percepção de salário-maternidade, nos termos
exigirem, assegurada a retomada da função anteriormente exerci- da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo o período de
da, logo após o retorno ao trabalho; (Incluído pela Lei nº 9.799, de afastamento. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
26.5.1999) Art. 395 - Em caso de aborto não criminoso, comprovado por
II - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de
a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à
complementares. (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999) função que ocupava antes de seu afastamento.
§5º (VETADO) (incluído pela Lei nº 10.421, de 2002) Art. 396. Para amamentar seu filho, inclusive se advindo de
Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial adoção, até que este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher
para fins de adoção de criança ou adolescente será concedida licen- terá direito, durante a jornada de trabalho, a 2 (dois) descansos es-
ça-maternidade nos termos do art. 392 desta Lei. (Redação dada peciais de meia hora cada um. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
pela Lei nº 13.509, de 2017) de 2017)
§1º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência §1º Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) me-
§2º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente. (Re-
§3º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§4º A licença-maternidade só será concedida mediante apre- §2º Os horários dos descansos previstos no caput deste artigo
sentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã. (Inclu- deverão ser definidos em acordo individual entre a mulher e o em-
ído pela Lei nº 10.421, de 2002) pregador. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§5º A adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a concessão Art. 397 - O SESI, o SESC, a LBA e outras entidades públicas
de licença-maternidade a apenas um dos adotantes ou guardiães destinadas à assistência à infância manterão ou subvencionarão,
empregado ou empregada. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) de acordo com suas possibilidades financeiras, escolas maternais
Art. 392-B. Em caso de morte da genitora, é assegurado ao e jardins de infância, distribuídos nas zonas de maior densidade de
cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença por todo o trabalhadores, destinados especialmente aos filhos das mulheres
período da licença-maternidade ou pelo tempo restante a que teria empregadas. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
direito a mãe, exceto no caso de falecimento do filho ou de seu Art. 398 - (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.2.1967)
abandono. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) Art. 399 - O Ministro do Trabalho, Industria e Comercio confe-
Art. 392-C. Aplica-se, no que couber, o disposto no art. 392-A e rirá diploma de benemerência aos empregadores que se distingui-
392-B ao empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins rem pela organização e manutenção de creches e de instituições
de adoção. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) de proteção aos menores em idade pré-escolar, desde que tais ser-
Art. 393 - Durante o período a que se refere o art. 392, a mu- viços se recomendem por sua generosidade e pela eficiência das
lher terá direito ao salário integral e, quando variável, calculado de respectivas instalações.
acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses de trabalho, bem Art. 400 - Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias
como os direitos e vantagens adquiridos, sendo-lhe ainda facultado durante o período da amamentação deverão possuir, no mínimo,
reverter à função que anteriormente ocupava. (Redação dada pelo um berçário, uma saleta de amamentação, uma cozinha dietética e
Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) uma instalação sanitária.
Art. 394 - Mediante atestado médico, à mulher grávida é fa-
cultado romper o compromisso resultante de qualquer contrato de ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
trabalho, desde que este seja prejudicial à gestação.
Art. 394-A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o ( )
valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afasta- Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se
da de: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) refere o art. 7º, I, da Constituição:
I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, en- I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para qua-
quanto durar a gestação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) tro vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, “caput” e§1º, da Lei
II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou míni- nº 5.107, de 13 de setembro de 1966 ;
mo durante a gestação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vide II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
ADIN 5938) a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões in-
III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, du- ternas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candida-
rante a lactação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vide ADIN tura até um ano após o final de seu mandato;
5938) b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
§1º (VETADO) (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) cinco meses após o parto. (Vide Lei Complementar nº 146, de 2014)
§2º Cabe à empresa pagar o adicional de insalubridade à ges- §1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX,
tante ou à lactante, efetivando-se a compensação, observado o da Constituição, o prazo da licença-paternidade a que se refere o
disposto no art. 248 da Constituição Federal, por ocasião do reco- inciso é de cinco dias.
lhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e §2º Até ulterior disposição legal, a cobrança das contribuições
demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pes- para o custeio das atividades dos sindicatos rurais será feita junta-
soa física que lhe preste serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467, de mente com a do imposto territorial rural, pelo mesmo órgão arre-
2017) cadador.
399
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§3º Na primeira comprovação do cumprimento das obrigações educação das crianças e dos adolescentes, nos termos do parágrafo
trabalhistas pelo empregador rural, na forma do art. 233, após a único do art. 22 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
promulgação da Constituição, será certificada perante a Justiça do Criança e do Adolescente).
Trabalho a regularidade do contrato e das atualizações das obriga-
ções trabalhistas de todo o período CAPÍTULO II
DO APOIO À PARENTALIDADE NA PRIMEIRA INFÂNCIA
LEI Nº 14.457, DE 21 DE SETEMBRO DE 2022
SEÇÃO I
Institui o Programa Emprega + Mulheres; e altera a Consolida- DO REEMBOLSO-CRECHE
ção das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º
de maio de 1943, e as Leis nºs 11.770, de 9 de setembro de 2008, Art. 2º Ficam os empregadores autorizados a adotar o benefí-
13.999, de 18 de maio de 2020, e 12.513, de 26 de outubro de 2011. cio de reembolso-creche, de que trata a alínea “s” do §9º do art. 28
da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que cumpridos os
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- seguintes requisitos:
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: I - ser o benefício destinado ao pagamento de creche ou de pré-
-escola de livre escolha da empregada ou do empregado, bem como
CAPÍTULO I ao ressarcimento de gastos com outra modalidade de prestação de
DO PROGRAMA EMPREGA + MULHERES serviços de mesma natureza, comprovadas as despesas realizadas;
II - ser o benefício concedido à empregada ou ao empregado
Art. 1º Fica instituído o Programa Emprega + Mulheres, desti- que possua filhos com até 5 (cinco) anos e 11 (onze) meses de ida-
nado à inserção e à manutenção de mulheres no mercado de traba- de, sem prejuízo dos demais preceitos de proteção à maternidade;
lho por meio da implementação das seguintes medidas: III - ser dada ciência pelos empregadores às empregadas e aos
I - para apoio à parentalidade na primeira infância: empregados da existência do benefício e dos procedimentos neces-
a) pagamento de reembolso-creche; e sários à sua utilização; e
b) manutenção ou subvenção de instituições de educação in- IV - ser o benefício oferecido de forma não discriminatória e
fantil pelos serviços sociais autônomos; sem a sua concessão configurar premiação.
II - para apoio à parentalidade por meio da flexibilização do re- Parágrafo único. Ato do Poder Executivo federal disporá sobre
gime de trabalho: os limites de valores para a concessão do reembolso-creche e as
a) teletrabalho; modalidades de prestação de serviços aceitas, incluído o pagamen-
b) regime de tempo parcial; to de pessoa física.
c) regime especial de compensação de jornada de trabalho por Art. 3º A implementação do reembolso-creche ficará condicio-
meio de banco de horas; nada à formalização de acordo individual, de acordo coletivo ou de
d) jornada de 12 (doze) horas trabalhadas por 36 (trinta e seis) convenção coletiva de trabalho.
horas ininterruptas de descanso, quando a atividade permitir; Parágrafo único. O acordo ou a convenção a que se refere o
e) antecipação de férias individuais; e caput deste artigo estabelecerá condições, prazos e valores, sem
f) horários de entrada e de saída flexíveis; prejuízo do cumprimento dos demais preceitos de proteção à ma-
III - para qualificação de mulheres, em áreas estratégicas para ternidade.
a ascensão profissional: Art. 4º Os valores pagos a título de reembolso-creche:
a) suspensão do contrato de trabalho para fins de qualificação I - não possuem natureza salarial;
profissional; e II - não se incorporam à remuneração para quaisquer efeitos;
b) estímulo à ocupação das vagas em cursos de qualificação dos III - não constituem base de incidência de contribuição previ-
serviços nacionais de aprendizagem por mulheres e priorização de denciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); e
mulheres hipossuficientes vítimas de violência doméstica e familiar; IV - não configuram rendimento tributável da empregada ou
IV - para apoio ao retorno ao trabalho das mulheres após o do empregado.
término da licença-maternidade: Art. 5º Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos
a) suspensão do contrato de trabalho de pais empregados para 30 (trinta) mulheres com mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão
acompanhamento do desenvolvimento dos filhos; e local apropriado onde seja permitido às empregadas guardar sob
b) flexibilização do usufruto da prorrogação da licença-mater- vigilância e assistência os seus filhos no período da amamentação.
nidade, conforme prevista na Lei nº 11.770, de 9 de setembro de Parágrafo único. Os empregadores que adotarem o benefício
2008; do reembolso-creche previsto nos arts. 2º, 3º e 4º desta Lei para
V - reconhecimento de boas práticas na promoção da empre- todos os empregados e empregadas que possuam filhos com até
gabilidade das mulheres, por meio da instituição do Selo Emprega 5 (cinco) anos e 11 (onze) meses de idade ficam desobrigados da
+ Mulher; instalação de local apropriado para a guarda e a assistência de filhos
VI - prevenção e combate ao assédio sexual e a outras formas de empregadas no período da amamentação, nos termos do caput
de violência no âmbito do trabalho; e deste artigo.
VII - estímulo ao microcrédito para mulheres.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, parentalidade é o
vínculo socioafetivo maternal, paternal ou qualquer outro que re-
sulte na assunção legal do papel de realizar as atividades parentais,
de forma compartilhada entre os responsáveis pelo cuidado e pela
400
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
SEÇÃO II II - da adoção; ou
DA MANUTENÇÃO OU SUBVENÇÃO DE INSTITUIÇÕES DE III - da guarda judicial.
EDUCAÇÃO INFANTIL PELOS SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS §2º As medidas de que trata este artigo deverão ser formaliza-
das por meio de acordo individual, de acordo coletivo ou de con-
Art. 6º Os seguintes serviços sociais autônomos poderão, ob- venção coletiva de trabalho.
servado o disposto em suas leis de regência e regulamentos, man- §3º O prazo fixado no §1º deste artigo aplica-se inclusive para o
ter instituições de educação infantil destinadas aos dependentes empregado ou a empregada que tiver filho, enteado ou pessoa sob
dos empregados e das empregadas vinculados à atividade econô- guarda judicial com deficiência.
mica a eles correspondente:
I - Serviço Social da Indústria (Sesi), de que trata o Decreto-Lei SEÇÃO III
nº 9.403, de 25 de junho de 1946; DO REGIME ESPECIAL DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA DE
II - Serviço Social do Comércio (Sesc), de que trata o Decreto-Lei TRABALHO POR MEIO DE BANCO DE HORAS
nº 9.853, de 13 de setembro de 1946; e
III - Serviço Social do Transporte (Sest), de que trata a Lei nº Art. 9º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho de em-
8.706, de 14 de setembro de 1993. pregado ou empregada em regime de compensação de jornada por
meio de banco de horas, as horas acumuladas ainda não compen-
CAPÍTULO III sadas serão:
DO APOIO À PARENTALIDADE POR MEIO DA FLEXIBILIZAÇÃO I - descontadas das verbas rescisórias devidas ao emprega-
DO REGIME DE TRABALHO do ou à empregada, na hipótese de banco de horas em favor do
empregador, quando a demissão for a pedido e o empregado ou
SEÇÃO I empregada não tiver interesse ou não puder compensar a jornada
DO TELETRABALHO devida durante o prazo do aviso prévio; ou
II - pagas juntamente com as verbas rescisórias, na hipótese de
Art. 7º Na alocação de vagas para as atividades que possam ser banco de horas em favor do empregado ou da empregada.
efetuadas por meio de teletrabalho, trabalho remoto ou trabalho a
distância, nos termos do Capítulo II-A do Título II da Consolidação SEÇÃO IV
das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de DA ANTECIPAÇÃO DE FÉRIAS INDIVIDUAIS
maio de 1943, os empregadores deverão conferir prioridade:
I - às empregadas e aos empregados com filho, enteado ou Art. 10. A antecipação de férias individuais poderá ser concedi-
criança sob guarda judicial com até 6 (seis) anos de idade; e da ao empregado ou à empregada que se enquadre nos critérios es-
II - às empregadas e aos empregados com filho, enteado ou tabelecidos no §1º do art. 8º desta Lei, ainda que não tenha trans-
pessoa sob guarda judicial com deficiência, sem limite de idade. corrido o seu período aquisitivo.
Parágrafo único. As férias antecipadas não poderão ser usufru-
SEÇÃO II ídas em período inferior a 5 (cinco) dias corridos.
DA FLEXIBILIZAÇÃO DO REGIME DE TRABALHO E DAS FÉRIAS Art. 11. Para as férias concedidas na forma prevista no art. 10
desta Lei, o empregador poderá optar por efetuar o pagamento do
Art. 8º No âmbito dos poderes diretivo e gerencial dos empre- adicional de 1/3 (um terço) de férias após a sua concessão, até a
gadores, e considerada a vontade expressa dos empregados e das data em que for devida a gratificação natalina prevista no art. 1º da
empregadas, haverá priorização na concessão de uma ou mais das Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.
seguintes medidas de flexibilização da jornada de trabalho aos em- Art. 12. O pagamento da remuneração da antecipação das fé-
pregados e às empregadas que tenham filho, enteado ou pessoa rias na forma do art. 10 desta Lei poderá ser efetuado até o quinto
sob sua guarda com até 6 (seis) anos de idade ou com deficiência, dia útil do mês subsequente ao início do gozo das férias, hipótese
com vistas a promover a conciliação entre o trabalho e a parenta- em que não se aplicará o disposto no art. 145 da Consolidação das
lidade: Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
I - regime de tempo parcial, nos termos do art. 58-A da Consoli- de 1943.
dação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de Art. 13. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho, os va-
1º de maio de 1943; lores das férias ainda não usufruídas serão pagos juntamente com
II - regime especial de compensação de jornada de trabalho as verbas rescisórias devidas.
por meio de banco de horas, nos termos do art. 59 da Consolidação Parágrafo único. Na hipótese de período aquisitivo não cumpri-
das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de do, as férias antecipadas e usufruídas serão descontadas das verbas
maio de 1943; rescisórias devidas ao empregado no caso de pedido de demissão.
III - jornada de 12 (doze) horas trabalhadas por 36 (trinta e seis)
horas ininterruptas de descanso, nos termos do art. 59-A da Conso-
lidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1º de maio de 1943;
IV - antecipação de férias individuais; e
V - horários de entrada e de saída flexíveis.
§1º As medidas de que tratam os incisos I e IV do caput deste
artigo somente poderão ser adotadas até o segundo ano:
I - do nascimento do filho ou enteado;
401
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
SEÇÃO V SEÇÃO II
DOS HORÁRIOS DE ENTRADA E SAÍDA FLEXÍVEIS DO ESTÍMULO À OCUPAÇÃO DAS VAGAS DE GRATUIDADE
DOS SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS
Art. 14. Quando a atividade permitir, os horários fixos da jorna-
da de trabalho poderão ser flexibilizados ao empregado ou à em- Art. 16. As entidades dos serviços nacionais de aprendizagem,
pregada que se enquadre nos critérios estabelecidos no caput do observadas suas leis de regência e regulamentos, mediante a cele-
art. 8º desta Lei. bração de ajustes e de parcerias com a União, poderão implemen-
Parágrafo único. A flexibilização de que trata o caput deste ar- tar medidas que estimulem a matrícula de mulheres em cursos de
tigo ocorrerá em intervalo de horário previamente estabelecido, qualificação, em todos os níveis e áreas de conhecimento.
considerados os limites inicial e final de horário de trabalho diário. §1º Se ocorrer a celebração dos termos de ajustes ou de par-
cerias a que se refere o caput deste artigo, os serviços nacionais
CAPÍTULO IV de aprendizagem desenvolverão ferramentas de monitoramento e
DAS MEDIDAS PARA QUALIFICAÇÃO DE MULHERES estratégias para a inscrição e a conclusão dos cursos por mulheres,
especialmente nas áreas de ciência, de tecnologia, de desenvolvi-
SEÇÃO I mento e de inovação.
DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO PARA QUALIFI- §2º Para fins do disposto no caput deste artigo, serão prioriza-
CAÇÃO PROFISSIONAL das as mulheres hipossuficientes vítimas de violência doméstica e
familiar com registro de ocorrência policial.
Art. 15. Mediante requisição formal da empregada interessada,
para estimular a qualificação de mulheres e o desenvolvimento de CAPÍTULO V
habilidades e de competências em áreas estratégicas ou com me- DO APOIO AO RETORNO AO TRABALHO APÓS O TÉRMINO DA
nor participação feminina, o empregador poderá suspender o con- LICENÇA-MATERNIDADE
trato de trabalho para participação em curso ou em programa de
qualificação profissional oferecido pelo empregador. SEÇÃO I
§1º Na hipótese prevista no caput deste artigo, a suspensão do DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO DE PAIS EM-
contrato de trabalho será formalizada por meio de acordo individu- PREGADOS
al, de acordo coletivo ou de convenção coletiva de trabalho, nos ter-
mos do art. 476-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada Art. 17. Mediante requisição formal do empregado interes-
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. sado, o empregador poderá suspender o contrato de trabalho do
§2º O curso ou o programa de qualificação profissional ofere- empregado com filho cuja mãe tenha encerrado o período da licen-
cido pelo empregador priorizará áreas que promovam a ascensão ça-maternidade para:
profissional da empregada ou áreas com baixa participação femini- I - prestar cuidados e estabelecer vínculos com os filhos;
na, tais como ciência, tecnologia, desenvolvimento e inovação. II - acompanhar o desenvolvimento dos filhos; e
§3º Durante o período de suspensão do contrato de trabalho, a III - apoiar o retorno ao trabalho de sua esposa ou companhei-
empregada fará jus à bolsa de qualificação profissional de que trata ra.
o art. 2º-A da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990. §1º A suspensão do contrato de trabalho ocorrerá nos termos
§4º Além da bolsa de qualificação profissional, durante o perí- do art. 476-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
odo de suspensão do contrato de trabalho, o empregador poderá Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para participação em
conceder à empregada ajuda compensatória mensal, sem natureza curso ou em programa de qualificação profissional oferecido pelo
salarial. empregador, formalizada por meio de acordo individual, de acordo
§5º Para fins de pagamento da bolsa de qualificação profissio- coletivo ou de convenção coletiva de trabalho.
nal, o empregador encaminhará ao Ministério do Trabalho e Previ- §2º A suspensão do contrato de trabalho será efetuada após
dência os dados referentes às empregadas que terão o contrato de o término da licença-maternidade da esposa ou companheira do
trabalho suspenso. empregado.
§6º Se ocorrer a dispensa da empregada no transcurso do §3º O curso ou o programa de qualificação profissional deverá
período de suspensão ou nos 6 (seis) meses subsequentes ao seu ser oferecido pelo empregador, terá carga horária máxima de 20
retorno ao trabalho, o empregador pagará à empregada, além das (vinte) horas semanais e será realizado exclusivamente na modali-
parcelas indenizatórias previstas na legislação, multa a ser estabele- dade não presencial, preferencialmente, de forma assíncrona.
cida em convenção ou em acordo coletivo, que será de, no mínimo, §4º A limitação prevista no §2º do art. 476-A da Consolidação
100% (cem por cento) sobre o valor da última remuneração mensal das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
anterior à suspensão do contrato de trabalho. maio de 1943, não se aplica à suspensão do contrato de trabalho de
que trata este artigo.
§5º O empregado fará jus à bolsa de qualificação profissional
de que trata o art. 2º-A da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990.
§6º Além da bolsa de qualificação profissional, durante o perí-
odo de suspensão do contrato de trabalho, o empregador poderá
conceder ao empregado ajuda compensatória mensal, sem natu-
reza salarial.
402
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
403
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
404
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso III do caput O Direito Coletivo, ao contrário, agrega as normas que se
deste artigo será contado a partir da data de nascimento do filho.” referem às relações que envolvem um empregador ou um grupo
(NR) de empregadores com os grupos de trabalhadores ou com as
Art. 33. O art. 3º da Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020, passa organizações que os representam (relações coletivas).
a vigorar acrescido do seguinte §5º: Para que uma relação configure matéria regulada pelo Direito
“Art. 3º ....................................................................................... Coletivo do Trabalho, é condição necessária que ela vincule uma
............. pluralidade de trabalhadores. No entanto, à existência desse
................................................................................................... elemento quantitativo deve-se agregar um elemento qualitativo,
.............. qual seja, a existência de um interesse coletivo, que não é resultado
§5º Nos casos em que a empresa contratante tenha sido reco- da soma dos interesses individuais de vários trabalhadores, mas
nhecida pelo Poder Executivo federal com o Selo Emprega + Mulher, expressa um interesse qualitativamente distinto referente aos
aplicam-se os seguintes parâmetros: trabalhadores como grupo: grupo definido, mas interesse indivisível.
I - o limite do empréstimo referido no §1º do art. 2º desta Lei O estudo das relações coletivas compreende dois tipos
corresponderá a até 50% (cinquenta por cento) da receita bruta de questões: de um lado, as que envolvem as organizações de
anual calculada com base no exercício anterior ao da contratação, trabalhadores e patronais; de outro, as que se referem à ação
salvo o caso das empresas que tenham menos de 1 (um) ano de coletiva dos trabalhadores e dos empregadores.
funcionamento, hipótese em que corresponderá a até 50% (cin- No primeiro caso, abrangem-se a liberdade sindical e suas
quenta por cento) do seu capital social ou a até 50% (cinquenta manifestações, a representação dos trabalhadores na empresa, o
por cento) de 12 (doze) vezes a média da sua receita bruta mensal direito de reunião e a associação patronal. Em relação às segundas
apurada no período, desde o início de suas atividades, o que for questões, estão abrangidas a negociação coletiva, a greve, os
mais vantajoso; e procedimentos judiciais e extrajudiciais de solução dos conflitos
II - prazo de 60 (sessenta) meses para o pagamento.” (NR) coletivos de trabalho, tais como a conciliação, a mediação e a
Art. 34. O caput do art. 2º da Lei nº 12.513, de 26 de outubro de arbitragem.
2011, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso V: A denominação “Direito Coletivo do Trabalho” não é aceita
“Art. 2º ....................................................................................... pacificamente, sendo que parte da doutrina adota a nomenclatura
.............. “Direito Sindical”, considerando o fenômeno sindical como
.................................................................................................... originador das relações e dos interesses coletivos.
...............
V - mulheres vítimas de violência doméstica e familiar com re- As normas que compõem o conteúdo do Direito Coletivo do
gistro de ocorrência policial. Trabalho ordenam-se da seguinte forma:
.................................................................................................... a) organização sindical – referem-se aos tipos de entes sindicais
.....” (NR) existentes previstos pelo ordenamento jurídico, ao critério de
Art. 35. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. agrupamento dos representados, às formas e à base geográfica de
Brasília, 21 de setembro de 2022; 201º da Independência e representação, à estrutura interna e ao funcionamento dos entes
134º da República. sindicais;
b) ação e funções dos entes sindicais, em especial a negociação
DIREITO COLETIVO DO TRABALHO; CONCEITO, OBJETO, coletiva – referem-se à atuação concreta dos entes sindicais, em
FUNÇÃO, EVOLUÇÃO HISTÓRICA, PRINCÍPIOS E FONTES especial à sua função principal e essencial, que é a negociação
NORMATIVAS; ORGANIZAÇÃO SINDICAL; CONCEITO DE coletiva;
CATEGORIA; CATEGORIA DIFERENCIADA; NEGOCIAÇÃO c) conflitos coletivos de trabalho e suas formas de solução
COLETIVA NO DIREITO DO TRABALHO; INSTRUMENTOS – referem-se ao estudo das disputas decorrentes das relações
COLETIVOS DE TRABALHO; MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM coletivas de trabalho, entre as quais a greve é a principal, e das
NO DIREITO DO TRABALHO formas de solução estabelecidas pelo ordenamento jurídico;
d) representação não sindical dos trabalhadores na empresa –
referem-se aos canais de comunicação previstos pelo ordenamento,
No âmbito do Direito do Trabalho distinguem-se as normas visando melhorar o diálogo e o relacionamento entre trabalhadores
que compõem o chamado Direito Individual do Trabalho e outras e empregadores no que tange a questões de rotina.
que integram o denominado Direito Coletivo do Trabalho26. Assim
sendo, é um conjunto de normas que rege as relações coletivas, O Direito Coletivo do Trabalho, além das funções gerais do
especialmente aquelas estabelecidas por meio das entidades Direito do Trabalho como um todo, tem funções específicas, como
sindicais e defesa dos trabalhadores. Regula a relação entre seres a geração de normas coletivas de trabalho, mediante o exercício
coletivos na seara trabalhista, ao passo que o Direito Individual do da negociação coletiva e da afirmação da autonomia privada dos
Trabalho cuida da relação individual estabelecida entre empregado grupos (autonomia coletiva) e a solução dos conflitos coletivos de
e empregador. trabalho, diretamente pelos entes coletivos (formas autônomas)
O Direito Individual é composto pelas normas que regem a ou com a intervenção de terceiros (formas heterônomas), além de
relação que se estabelece entre um trabalhador e um empregador funções sociopolítica e econômica, a primeira derivada do exercício
individualmente considerados, fundada no contrato de trabalho democrático de distribuição de poder, e a segunda caracterizada
(relações individuais). pela busca da adequação das relações de trabalho às realidades
26 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es- econômicas.
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf
405
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
— Fontes do direito coletivo do trabalho confederativa e sindical, no art. 8º, IV; a greve, fixando seu exercício
Fontes formais são os modos pelos quais se manifestam as e os seus limites nos arts. 9º e 37, VII; no art. 114, a competência
normas jurídicas, enquanto que as fontes materiais são todos os da Justiça do Trabalho para dirimir conflitos coletivos de trabalho.
fatores sociais, econômicos, históricos etc., que determinam o Além disso, no que tange aos direitos individuais dos
conteúdo concreto dessas normas. trabalhadores, estabelecem-se os limites de flexibilização pela via
No plano formal, as fontes do Direito Coletivo do Trabalho são: da negociação coletiva (art. 7º, VI, XIII e XIV).
a) os atos internacionais;
b) a Constituição Federal; — Leis
c) as leis; Contrariamente do que ocorre em outros ordenamentos
d) os pactos sociais; jurídicos, como nos EUA e nos países da Europa, em que o Direito
e) a convenção coletiva e o acordo coletivo; Coletivo se forma preponderantemente em razão do exercício da
f) as decisões normativas; autonomia coletiva, notadamente a prática da negociação coletiva,
g) a jurisprudência. no Brasil a formação do Direito Coletivo do Trabalho decorre, em
sua maior parte, da legislação.
— Atos internacionais As regras sobre organização sindical, sobre campo de aplicação,
Como fontes formais do Direito Coletivo do Trabalho conteúdo, efeitos e condições de validade da convenção coletiva
encontramos diversos atos internacionais. de trabalho, sobre conflitos coletivos e suas formas de solução,
No âmbito da OIT, várias são as Convenções que tratam de decorrem das diversas leis que tratam do tema, em especial a
matéria de Direito Coletivo, destacando-se, entre outras,111 a de Consolidação das Leis do Trabalho.
n. 87, sobre a liberdade sindical e a proteção do direito sindical
(1948); a de n. 98, sobre o direito de organização e de negociação — Convenções e acordos coletivos de trabalho
coletiva (1949); a de n. 135, sobre proteção dos representantes A autonomia dos grupos profissionais e econômicos é
dos trabalhadores (1971); e a de n. 154, sobre a promoção da exteriorizada por meio das convenções e dos acordos coletivos de
negociação coletiva (1981). trabalho, que contêm normas que determinam o conteúdo dos
Fora do âmbito da OIT, são considerados como mais contratos individuais de trabalho dos trabalhadores aos quais se
importantes a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de aplicam (cláusulas econômicas), além das cláusulas obrigacionais,
1948; a Carta Internacional Americana de Garantias Sociais, de que vinculam as partes convenentes.
1948; a Convenção Europeia de Direitos Humanos, de 1950; a As normas coletivas dão maleabilidade ao conteúdo da lei,
Carta Social Europeia, de 1961; o Pacto Internacional sobre Direitos ampliando a gama de direitos e garantias legais assegurados aos
Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966; e a Convenção Americana trabalhadores (condições in mellius) e, em outros casos, prevendo
sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 1969. situações de flexibilização que, aparentemente, geram condições in
Em decorrência de todos os atos internacionais referidos, pejus (redução de salário, compensação de jornada, aumento da
aos trabalhadores são assegurados o direito de se organizarem jornada dos turnos ininterruptos de revezamento).
em sindicatos e o direito de celebrarem convenções coletivas de Nesse sentido, importante destacar que a Lei n. 13.467/2017
trabalho. (Reforma Trabalhista) ampliou enormemente as possibilidades da
Cumpre ressaltar que na esfera da OIT a greve não é objeto negociação coletiva, estabelecendo que a convenção coletiva e o
de proteção expressa, adotando-se pacificamente, porém, o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando
entendimento de que constitui um dos meios essenciais à defesa e dispuserem, entre outros (rol exemplificativo, portanto), sobre
à promoção dos interesses profissionais. as matérias indicadas no art. 611-A, CLT. Ao contrário, em âmbito
Por essa razão, a OIT recomenda reiteradamente que somente muito mais restrito, as previsões de convenções coletivas e acordos
em circunstâncias excepcionais e razoáveis seja limitado o seu coletivos de trabalho que são consideradas ilícitas são indicadas
exercício, assim consideradas as que envolvem serviços essenciais taxativamente no art. 611-B, CLT.
ou as relativas à função pública.
No campo internacional, mas fora do âmbito da OIT, existem — Decisões normativas
ao menos quatro textos que se referem expressamente à greve Através das decisões normativas (sentenças normativas) se
como atividade merecedora de proteção, entre os quais, o mais traduz o poder normativo da Justiça do Trabalho, previsto no art.
abrangente é o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, 114, §2º da Constituição Federal, mediante o qual, na ausência ou
Sociais e Culturais, de 1966. impossibilidade da negociação coletiva, são estabelecidas condições
Não se pode deixar de considerar, também, os textos de âmbito de trabalho aos membros de categoria profissional e de categoria
regional, como a Ata de Chapultepec, de 1945; a Carta de Bogotá, econômica em conflito e que são partes do dissídio coletivo levado
de 1948; e a Carta Social Europeia, de 1961. à apreciação do Judiciário.
— Constituição — Jurisprudência
A Constituição Federal de 1988 trata de temas específicos no No Brasil, a jurisprudência, em especial através das Orientações
campo do Direito Coletivo do Trabalho: a liberdade de associação Jurisprudenciais da Seção de Dissídios Coletivos e dos Precedentes
profissional, prevista no art. 8º; o reconhecimento das convenções do TST, tem grande relevância no que concerne à esfera de conflitos
e dos acordos coletivos de trabalho, indicado expressamente pelo coletivos, determinando o campo de aplicação do poder normativo
art. 7º, XXVI, como um dos direitos dos trabalhadores; as fontes da Justiça do Trabalho, estabelecendo os limites do exercício do
de receita das entidades sindicais, com previsão das contribuições direito de greve, fixando os limites da atuação das entidades
sindicais, entre outros aspectos.
406
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
— Arbitragem — Transação
A arbitragem, como fórmula de solução de conflitos na A transação ocorre exclusivamente entre as próprias partes,
sociedade, tem sido prestigiada em certas ordens jurídicas (EUA, sem interferência de um agente exterior; sozinhas, elas realizam
por exemplo). O mecanismo atua em áreas diversas, como Direito concessões recíprocas sobre aspectos duvidosos de seus interesses,
Comercial/Empresarial, Direito Civil e, até mesmo, Direito do pondo fim ao litígio.
Trabalho27.
No Brasil, entretanto, sua prática ainda não se mostrou — Jurisdição
frequente em qualquer campo do Direito, embora permitida e A jurisdição, por fim, ocorre mediante intervenção do Estado,
incentivada pela ordem jurídica. A mediação, a seu turno, como por intermédio do Judiciário, que, aplicando o Direito, põe solução
técnica de aproximação de partes em conflito, em busca da ao litígio, transformado em lide no corpo de um processo formal.
resolução do litígio, por meio dos métodos próprios existentes, As diferenças em face da arbitragem são, desse modo, substantivas.
sempre foi prestigiada no País, inclusive no Direito Coletivo do
Trabalho. — Tipos de Arbitragem
O presente instituto jurídico pode ser classificado segundo
— Arbitragem no Direito Coletivo do Trabalho distintos parâmetros de comparação. Citem-se alguns mais
Arbitragem é, desse modo, o tipo procedimental de solução de conhecidos: arbitragem nacional e internacional; arbitragem
conflitos mediante o qual a decisão, lançada em um laudo arbitral, obrigatória e voluntária (ou facultativa); arbitragem legal ou
efetiva-se por um terceiro árbitro, estranho à relação entre os convencional; arbitragem de direito e de equidade.
sujeitos em controvérsia e, em geral, por eles escolhido.
As circunstâncias de o árbitro ser um terceiro, em contraponto Arbitragem nacional e internacional
às partes divergentes, e de ser, além disso, regra geral, um expert, O primeiro desses parâmetros diferenciadores é o que separa o
profissional especializado no tema em controvérsia, são fatores que instituto em nacional e internacional. A arbitragem nacional ocorre
tendem a aproximar essa fórmula de solução de conflitos de outras envolvendo sujeitos de um mesmo Estado e sociedade, em torno de
figuras jurídicas; contudo, rigorosamente, não há como confundir- interesses essencialmente ali localizados, ou cuja resolução não exija
se a arbitragem com qualquer dessas figuras comparadas. a participação de entes ou poderes estrangeiros, consumando-se
por meio de árbitro cujos poderes circunscrevem-se, basicamente,
1. Distinções Relevantes às fronteiras do respectivo Estado.
A arbitragem deve ser diferenciada de figuras próximas, como Internacional é a arbitragem que envolve sujeitos de distintos
arbitramento, perícia técnica, mediação, transação e jurisdição: Estados e sociedades, em torno de interesses que escapam às
fronteiras de um delimitado país, consumando-se por meio de
— Arbitramento árbitro cujos poderes abrangem os diferentes territórios de
O arbitramento é simples modalidade de liquidação de sentença aplicação do laudo arbitral.
judicial, tipificada em lei, pela qual o juiz nomeia perito para fixação Este tipo de arbitragem ocorre, regra geral, quanto a conflitos
do respectivo quantum debeatur resultante da sentença liquidanda entre Estados, em que um terceiro Estado ou um organismo
(art. 879, CLT; arts. 509, I, e 510, CPC). internacional passa a atuar como árbitro. Ocorre também no tocante
O arbitramento, conforme visto, não se confunde com a conflitos entre grupos econômicos ou outros sujeitos de direito
a arbitragem. As formas de apuração do montante derivado que tenham presença significativa no mercado supranacional,
da sentença são três, como se sabe: simples cálculo contábil, solucionando disputas de interesses comerciais, tecnológicos, etc.
arbitramento ou liquidação por artigos (art. 879, CLT; arts. 509, I e
II, e 510, CPC). O arbitramento liquidatório faz-se quer em virtude Arbitragem obrigatória e voluntária (ou facultativa)
da natureza do objeto da liquidação, quer em decorrência de Outro parâmetro diferenciador refere-se à arbitragem
comando sentencial prévio, quer em virtude de acordo entre as obrigatória ou facultativa. A arbitragem obrigatória é a que se
partes processuais. impõe às partes, independentemente de sua vontade.
Pode resultar de imposição legal ou de prévia imposição
— Perícia técnica convencional, estipulada pelas mesmas partes. Neste último caso,
Perícia técnica é simples modalidade de prova, seja no âmbito a convenção fixadora de semelhante obrigatoriedade, constante
extrajudicial, seja no interior do processo. Quem a realiza é um de prévio contrato entre as partes, é denominada cláusula
expert, profissional qualificado para o exame da matéria objeto da compromissória (art. 4º, Lei nº 9.307/1996 — Lei de Arbitragem).
perícia. Concluída a diligência, integrará o processo, do qual será A arbitragem facultativa (ou voluntária) é decidida pelas partes
peça probatória relevante, de maneira geral. no contexto do surgimento do conflito. Neste caso, a convenção
que elege a arbitragem como fórmula de resolução daquele
— Mediação conflito surgido denomina-se compromisso arbitral (art. 9º, Lei n.
A mediação, como visto, é mera técnica de auxílio à resolução 9.307). Curiosamente, o compromisso arbitral pode ocorrer não
de conflitos, pela qual um terceiro cumpre o papel de aproximar só extrajudicialmente, mas também no interior de certo processo
as partes, com elas debatendo os pontos de divergência e de judicial (art. 9º, caput e §1º, Lei n. 9.307).
aproximação, sugerindo-lhes consenso sobre um resultado final No Brasil, contudo, não têm sido comuns exemplos de
pacificatório. arbitragem imperativa, por força de lei, uma vez que a convenção
27 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista de arbitragem tende a ser, naturalmente, uma escolha das partes
e atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e (art. 337, X e §5º, CPC).
jurisprudenciais posteriores — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019.
407
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Neste sentido, o art. 8º, V, da CRFB: Segundo a CLT, o sindicato é composto por três órgãos adminis-
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado trativos, a saber:
o seguinte: –Diretoria, composta por 3 a 7 membros, com a função de ad-
(...) ministrar o sindicato;
V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a –Conselho Fiscal, composto por 3 membros, com a função de
sindicato; fiscalizar a gestão financeira do sindicato;
–Assembleia Geral, composta por todos os associados, consti-
Distinção tuindo órgão máximo de deliberação do sindicato, com atribuições
O Direito Corporativo compreende as corporações, inclusive os várias, inclusive eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal.
sindicatos. É o gênero que abrange todas as corporações. A diretoria será composta de um mínimo de três membros e no
Distancia-se o sindicato das ordens profissionais, como a dos máximo de sete membros, entre os quais será eleito o presidente
advogados ou a dos músicos, que têm por objetivo a fiscalização do do sindicato. Trata-se de um órgão executivo, que tem por função
exercício da profissão e são pessoas jurídicas de direito público, na administrar o sindicato. O conselho fiscal será composto de três
modalidade de autarquias. O sindicato não disciplina a classe, de- membros. Esses membros serão eleitos pela assembleia geral (art.
fende-a. No sindicato, a filiação é facultativa, no órgão de fiscaliza- 522 da CLT), tendo mandato de três anos.
ção profissional é obrigatória, para o fim do exercício da profissão. O art. 522 da CLT, combinado com o §3º do art. 543, determina,
O sindicato tem natureza privada. portanto, o número de dirigentes sindicais que terão direito à esta-
Sindicato não se assemelha a associação desportiva. O sindica- bilidade, inclusive os suplentes.
to tem por objetivo a defesa dos interesses coletivos ou individuais
dos trabalhadores ou empregadores. A associação desportiva tem - Conceito de Categoria
por finalidade a reunião de pessoas para a prática de esportes. Categoria é o conjunto de pessoas que têm interesses profis-
Difere o sindicato da associação. Esta representa os associados. sionais ou econômicos em comum, decorrentes de identidade de
O sindicato representa os associados e também a categoria. A asso- condições ligadas ao trabalho. A categoria compreende, portanto,
ciação anteriormente era o embrião do sindicato. Pode a associação a organização do grupo profissional ou econômico, segundo as de-
não representar os associados para certos fins, como um clube. terminações políticas do Estado. Assim foi concebida a categoria,
Distinguem-se, ainda, os sindicatos das cooperativas, pois estas no sistema sindical italiano, como critério de utilidade política, em
visam à prestação de serviços a seus associados, de distribuição da razão de considerações baseadas em conveniência e oportunidade,
produção, por exemplo. O sindicato tem por objetivo a defesa dos o que posteriormente foi adotado no Brasil. O sindicato não é a ca-
interesses coletivos e individuais da categoria, judicialmente ou ex- tegoria. Ele representa a categoria.
trajudicialmente. Nossa legislação, quando trata de categoria, usa as expressões
categoria econômica e categoria profissional. A categoria econômi-
Natureza Jurídica ca é a que ocorre quando há solidariedade de interesses econômi-
Há legislações em que o sindicato adquire personalidade jurí- cos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou cone-
dica pelo fato de ser ou não registrado. Isso vai depender, portanto, xas, constituindo vínculo social básico entre essas pessoas (§1º do
da legislação de cada país. art. 511 da CLT). É também chamada de categoria dos empregado-
O sindicato é pessoa jurídica de direito privado, pois não pode res.
haver interferência ou intervenção no sindicato (art. 8º, II, da Cons- De acordo com o nosso ordenamento jurídico a organização
tituição). Não se pode dizer que o sindicato tem natureza pública, dos trabalhadores se dá por categorias, razão pela qual é importan-
pois o próprio caput do art. 8º da Constituição dispõe que é livre a te conhecer os conceitos de categoria profissional, categoria econô-
associação profissional ou sindical. O sindicato faz normas coleti- mica e categoria diferenciada. Vejamos cada um deles.
vas, como as convenções e acordos coletivos, que não têm natureza Categoria profissional, categoria econômica e categoria dife-
pública, mas privada. O reconhecimento do sindicato por parte do renciada.
Estado não o transforma em entidade de direito público, nem a ne-
gociação coletiva. A associação é uma forma de exercício de direitos Categoria profissional
privados. Dispõe o art. 8º, II, da CRFB, in verbis:
Objeta-se o fato de o sindicato ter natureza contratual, pois, se Art. 8º (...)
assim se entendesse o sindicato, não poderia estender os efeitos II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
das normas coletivas aos não filiados. Teria natureza institucional, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
daquilo que perdura no tempo. Seria uma forma de organização nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
que elabora suas regras, que são diversas das regras estatais. Há lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
ponderações de que a natureza seria mista: contratual no sentido área de um Município;
de que somente as pessoas que se interessam filiar ao sindicato irão (...)
fazê-lo; institucional, decorrente da continuidade, da organização
própria e da possibilidade de elaboração de regras, independentes Isso significa que o critério de agregação de trabalhadores ado-
das normas jurídicas estatais. tado como regra pela nossa ordem jurídica é o do sindicato por ca-
Assim, hoje, pode-se dizer que o sindicato é uma associação tegoria profissional, também chamado de sindicato vertical.
civil de natureza privada, autônoma e coletiva. Tem personalidade
jurídica. É registrado no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas.
409
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O conceito de categoria profissional é dado pelo art. 511, §2º, mais extensa e de maior número de filiados. Embora tais qualidades
da CLT: tendam, historicamente, a coincidir com sindicatos mais antigos, ao
Art. 511. (...) invés de entidades sindicais mais recentes e fracionadas, não se
§2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou pode, do ponto de vista técnico-jurídico, por outro lado, considerar
trabalho em comum, em situação de emprego na mesma ativida- essa coincidência como irremediavelmente necessária e imperio-
de econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, sa”.
compõe a expressão social elementar compreendida como catego- Assim, a especialização (ou especialidade) da atividade desen-
ria profissional. volvida seria o suficiente para autorizar o desmembramento da
(...) categoria. Pode-se mencionar como exemplo o conjunto fático do
julgado publicado no Informativo 100 (transcrito supra), em que
Dessa forma, o que caracteriza uma categoria profissional para se criou o sindicato dos trabalhadores em empresas de refeições
os fins de associação em sindicato é a condição semelhante dos rápidas (fast-food) a partir de desmembramento do sindicato dos
trabalhadores em face da atividade desenvolvida pelo empregador. hotéis, bares e restaurantes. Considerou-se, no caso, que a ativi-
Nas palavras do legislador, os trabalhadores que se vinculem a em- dade desenvolvida pelos trabalhadores seria específica em relação
pregadores cuja atividade econômica seja idêntica, similar ou cone- àquela exercida pelos empregados em restaurantes tradicionais.
xa, serão integrantes de uma mesma categoria profissional. O art. 571 da CLT, mencionado na ementa, dispõe, in verbis:
São consideradas atividades similares aquelas enquadradas
em um mesmo ramo de atividade econômica, como, por exemplo, Art. 571. Qualquer das atividades ou profissões concentradas
ocorre com os hotéis, bares e restaurantes, os quais normalmente na forma do parágrafo único do artigo anterior poderá dissociar-se
formam uma única categoria em função da similitude das ativida- do sindicato principal, formando um sindicato específico, desde que
des. o novo sindicato, a juízo da Comissão do Enquadramento Sindical,
Por sua vez, são consideradas atividades conexas aquelas que ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical
são complementares entre si, embora diferentes. Um exemplo é o eficiente.
que ocorre com os frentistas e os lavadores de carro. Da mesma
forma, na construção civil, os eletricistas, bombeiros hidráulicos, Naturalmente, tal dispositivo deve ser relido à luz da CRFB/1988,
pintores etc. porquanto a interferência do Poder Executivo (antiga Comissão de
Portanto, conta a atividade do empregador. Se há várias ativi- Enquadramento Sindical) é incompatível com a liberdade sindical
dades desenvolvidas simultaneamente, resolve-se a questão pela preconizada pela Carta de 1988. Portanto, hoje os próprios interes-
apuração da atividade preponderante, assim considerada aquela sados podem criar novo sindicato, desmembrando-os em relação
principal no empreendimento. aos anteriores.
Em uma indústria metalúrgica, por exemplo, cuja atividade Caso este assunto seja cobrado em prova, a resposta deve ser
preponderante é, por óbvio, a metalurgia, os trabalhadores que se guiada pelo entendimento jurisprudencial dominante (prevalên-
ativam no escritório também serão metalúrgicos, visto que esta seja cia do critério da especificidade ou especialidade), a não ser que a
a atividade preponderante do empregador. questão faça referência expressa à doutrina.
Há que ser destacado, neste aspecto, o princípio da agregação,
abordado com o habitual brilhantismo pelo Min. Godinho Delgado: Categoria econômica
Simetricamente à noção de categoria profissional temos a no-
“De fato, a ideia de similitude de condições de vida e labor, em ção de categoria econômica. Com efeito, o direito coletivo pressu-
função de vínculo dos obreiros a atividades econômicas empresa- põe a equivalência entre os seres coletivos, e para tal deve haver
riais similares ou conexas (ideia que forma o núcleo do conceito de também certa correspondência entre a agregação dos trabalhado-
categoria), permite o alargamento dos sindicatos – e não, neces- res e a reunião dos empregadores, o que Vólia Bomfim Cassar de-
sariamente, o seu definhamento, como verificado nas últimas dé- nomina “paralelismo sindical”13. Assim, categoria econômica nada
cadas.” mais é que a reunião de empregadores que exercem atividades
idênticas, similares ou conexas, que formará um sindicato patronal.
No campo temático do enquadramento sindical, a propósito,
desponta como mais consentâneo com a Constituição da República Neste sentido, o art. 511, §1º, da CLT:
o princípio da agregação, ao invés da diretriz civilista tradicional da Art. 511. (...)
especialização. A diretriz da especialização pode ser útil para a aná- §1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empre-
lise de certos aspectos de outras relações jurídicas, sendo inade- endem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo
quada, porém, senão incompatível, para a investigação da estrutura social básico que se denomina categoria econômica.
sindical mais legítima e representativa, apta a melhor realizar o cri- (...)
tério da unicidade sindical determinado pelo Texto Máximo de 1988
(art. 8º, I e II, CF/88) e concretizar a consistência representativa que - Categoria Diferenciada
têm de possuir os sindicatos (art. 8º, III e VI, CF/88). Para esta inves- Como visto, o critério básico de agregação de trabalhadores é
tigação sobre a legitimidade e a representatividade dos sindicatos por categoria, conforme a atividade econômica preponderante do
torna-se imprescindível, portanto, o manejo efetivo e proporcional empregador. Não obstante, há uma exceção a esta regra geral: o
do princípio da agregação, inerente ao Direito Coletivo do Trabalho. enquadramento em uma categoria diferenciada. Este é o chamado
Pelo princípio da agregação desponta como mais representati- sindicato horizontal.
vo e consentâneo com a unicidade sindical brandida pela Constitui-
ção o sindicato mais amplo, mais largo, mais abrangente, de base
410
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O conceito legal é dado pelo art. 511, §3º, da CLT: toristas e o sindicato patronal do comércio. Existe apenas a conven-
Art. 511. (...) ção coletiva de trabalho firmada entre o sindicato dos motoristas e
§3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos o sindicato das empresas de transporte. Neste caso, tal convenção
empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por coletiva não é aplicável a Diego, pois o sindicato que representa o
força de estatuto profissional especial ou em consequência de con- supermercado (sindicato do comércio) não participou da negocia-
dições de vida singulares. ção que deu origem à referida norma coletiva. Desse modo, a úni-
(...) ca alternativa será a aplicação, também a Diego, da norma coletiva
aplicável à categoria preponderante.
Este critério usa como base a profissão do trabalhador, e não a
atividade do empregador. - Negociação Coletiva no Direito do Trabalho28
Na categoria diferenciada, o que ocorre é a formação de um A Convenção nº 154 da OIT esclarece que a negociação coleti-
sindicato por profissão, que evidentemente só poderá ser de em- va compreende todas as negociações que tenham lugar entre, de
pregados e não de empregadores. São exemplos de categorias di- uma parte, um empregador, um grupo de empregadores ou uma
ferenciadas, de acordo com o quadro anexo mencionado pelo art. organização ou várias organizações de empregadores e, de outra
577 da CLT, a dos condutores de veículos rodoviários (motoristas) e parte, uma ou várias organizações de trabalhadores, visando: (a)
não de ajudantes, que não dirigem os veículos; cabineiros de eleva- fixar as condições de trabalho e emprego; (b) regular as relações en-
dores (ascensoristas); secretárias, desenhistas, aeronautas, aerovi- tre empregadores e trabalhadores; (c) disciplinar as relações entre
ários etc. empregadores ou suas organizações e uma ou várias organizações
Embora a lei estabeleça a possibilidade de formação de catego- de trabalhadores ou alcançar todos esses objetivos de uma só vez.
ria profissional diferenciada também por força de condições de vida A negociação coletiva é uma forma de ajuste de interesses en-
singulares, na prática a jurisprudência tem aceitado como diferen- tre as partes, que acertam os diferentes entendimentos existentes,
ciadas apenas as seguintes categorias: visando encontrar uma solução capaz de compor suas posições.
a)aquelas detentoras de estatuto (lei) próprio; Envolve a negociação coletiva um processo que objetiva a reali-
b)aquelas arroladas ao final da CLT, no quadro a que se refere zação da convenção ou do acordo coletivo de trabalho. Qualifica-se,
o art. 577. Com efeito, embora não caiba mais ao Estado intervir na assim, pelo resultado. As partes acabam conciliando seus interes-
atividade sindical, o que inclui o enquadramento sindical, a referida ses, de modo a resolver o conflito.
lista, remanescente da antiga Comissão de Enquadramento Sindi- A Recomendação nº 91 da OIT, de 1951, define a convenção
cal, outrora vinculada ao Ministério do Trabalho, continua sendo coletiva como “todo acordo escrito relativo a condições de traba-
utilizada de forma exemplificativa. lho e de emprego, celebrado entre um empregador, um grupo de
empregadores ou uma ou várias organizações de empregadores, de
É por lei e não por decisão judicial, que as categorias diferen- um lado, e, de outro lado, uma ou várias organizações representa-
ciadas são reconhecidas como tais. De outra parte, no que tange tivas de trabalhadores ou, na ausência de tais organizações, por re-
aos profissionais da informática, o trabalho que desempenham so- presentantes dos trabalhadores interessados, devidamente eleitos
fre alterações, de acordo com a atividade econômica exercida pelo e autorizados pelos últimos, de acordo com a legislação nacional”.
empregador. É mais difundida a negociação nos sistemas políticos liberais do
A partir do enquadramento do trabalhador em uma categoria que naqueles em que há um sistema centralizado no Estado, sendo
diferenciada, fará ele jus à norma coletiva referente à sua categoria, mais encontrada nos modelos abstencionistas (desregulamenta-
ainda que trabalhe em uma empresa cuja atividade preponderan- dos) do que nos regulamentados.
te seja outra. Ex.: um motorista que trabalha em uma grande loja Somente é válida a negociação coletiva se dela tiver tomado
atacadista. Embora a atividade preponderante da empresa seja co- parte o sindicato dos trabalhadores.
mércio, o motorista fará jus à proteção jurídica da norma coletiva Cabe ao sindicato tomar parte nas negociações coletivas de
dos motoristas, tendo em vista se tratar de categoria diferenciada trabalho e, notadamente, firmar acordo coletivo de trabalho ou
relacionada no anexo da CLT. convenção coletiva de trabalho, que, como visto, têm natureza de
Uma observação se faz importante, entretanto: somente será norma jurídica.
aplicável a norma coletiva específica da categoria diferenciada se Neste sentido, a CRFB/88 e a CLT.
houve, na negociação, participação do sindicato patronal que re- Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
presenta o empregador. Do contrário, estaríamos diante da imposi- outros que visem à melhoria de sua condição social:
ção de um contrato a quem dele não participou. (...)
Neste sentido, a Súmula 374 do TST: XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
trabalho;
Súm. 374. Norma coletiva. Categoria diferenciada. Abrangên- (...)
cia. Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.
Art. 8º (...)
Empregado integrante de categoria profissional diferenciada VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas coletivas de trabalho;
em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada (...)
por órgão de classe de sua categoria.
Exemplo: Diego é motorista de um grande supermercado e Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:
trabalha fazendo entregas. Na base territorial respectiva não existe (...)
instrumento coletivo de trabalho firmado entre o sindicato dos mo- 28 [ Martins, Sergio P. Direito do trabalho. (39th edição). Editora Saraiva, 2023.]
411
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b) celebrar contratos coletivos de trabalho15; A distinção básica entre as duas figuras se refere à legitimidade
(...) das partes, sendo que no acordo coletivo de trabalho o empregador
se faz representar sozinho ou, no máximo, acompanhado por ou-
Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de cará- tros empregadores. Na convenção coletiva de trabalho, por sua vez,
ter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos há negociação entre sindicatos, estando de um lado o sindicato re-
de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de presentativo dos trabalhadores (categoria profissional) e, de outro,
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às o sindicato representativo dos empregadores (categoria econômi-
relações individuais de trabalho. ca). Em qualquer caso, é obrigatória a participação, nas negociações
§1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias coletivas, do sindicato representativo da categoria profissional, nos
profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas termos do art. 8º, VI, da CFRB.
da correspondente categoria econômica, que estipulem condições
de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes Forma do instrumento coletivo
respectivas relações de trabalho16. Os instrumentos coletivos são solenes. Neste sentido, o art.
(...) 613, parágrafo único, da CLT:
Art. 613. (...)
Assistência aos integrantes da categoria Parágrafo único. As convenções e os Acordos serão celebrados
Incumbe aos sindicatos prestar assistência aos trabalhadores por escrito, sem emendas nem rasuras, em tantas vias quantos fo-
das mais variadas formas. rem os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes, além de
- Em primeiro lugar, mediante a prestação de assistência jurí- uma destinada a registro.
dica e judiciária.
- Em segundo lugar, prestando assistência nas rescisões contra- Logo, não há hipótese de validade de instrumento coletivo pac-
tuais (homologações). tuado verbalmente.
- Por fim, em vários outros aspectos, como através da manu- Ademais, a CLT estabelece rito próprio para a condução da ne-
tenção de cooperativas de consumo e de crédito, manutenção de gociação coletiva e ulterior aprovação do instrumento coletivo, nos
serviço médico e odontológico, assinatura de convênios com esta- seguintes termos:
belecimentos comerciais ou prestadores de serviços, entre outros
benefícios. Art. 612. Os Sindicatos só poderão celebrar Convenções ou
Acordos Coletivos de Trabalho, por deliberação de Assembleia Geral
O art. 514 da CLT arrola deveres do sindicato, o que não foi especialmente convocada para esse fim, consoante o disposto nos
recepcionado, ao menos com esta acepção, pela CRFB/88, dada a respectivos Estatutos, dependendo a validade da mesma do compa-
ampla liberdade conferida à atividade sindical pela Constituição. recimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois terços)
dos associados da entidade, se se tratar de Convenção, e dos inte-
- Instrumentos Coletivos de Trabalho29; ressados, no caso de Acordo, e, em segunda, de 1/3 (um terço) dos
Embora exista grande celeuma a respeito da delimitação da na- mesmos.
tureza jurídica dos instrumentos coletivos de trabalho, predomina Parágrafo único. O quorum de comparecimento e votação será
o entendimento no sentido de que se trata de contratos (negócios de 1/8 (um oitavo) dos associados em segunda convocação, nas en-
jurídicos) criadores de normas jurídicas. O acordo coletivo de traba- tidades sindicais que tenham mais de 5.000 (cinco mil) associados.
lho e a convenção coletiva de trabalho contêm tanto regras jurídicas
quanto cláusulas contratuais. Por fim, o instrumento coletivo deve ser depositado junto ao
As regras jurídicas são, no caso, todas aquelas capazes de gerar Ministério do Trabalho e Emprego no prazo de oito dias, contados
direitos e obrigações além do contrato de trabalho, na respectiva da assinatura, bem como deverá ser dada ampla publicidade, atra-
base territorial. Exemplo: fixação do adicional de horas extras supe- vés da afixação do seu conteúdo nas sedes das entidades sindicais
rior ao mínimo legal; estabelecimento de pisos salariais; criação de e nos estabelecimentos abrangidos pela norma coletiva. Neste sen-
novas garantias de emprego. tido, o art. 614 da CLT:
Por sua vez, cláusulas contratuais são aquelas que criam direi- Art. 614. Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes
tos e obrigações para as partes convenentes, e não para os traba- promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias
lhadores. Exemplo: cláusula que determina à empresa a entrega, ao da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do
sindicato dos trabalhadores, da lista de nomes e endereços de seus mesmo, para fins de registro e arquivo, no Departamento Nacional
empregados. do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou
São o ACT e a CCT fontes formais autônomas do Direito do Tra- interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e
balho. Fontes formais porque criam regras jurídicas, assim conside- Previdência Social, nos demais casos.
rados os preceitos gerais, abstratos e impessoais, dirigidos a nor- §1º As Convenções e os Acordos entrarão em vigor 3 (três) dias
matizar situações futuras. São autônomas porque emanadas dos após a data da entrega dos mesmos no órgão referido neste artigo.
próprios atores sociais, sem a interferência de terceiro (o Estado, §2º Cópias autênticas das Convenções e dos Acordos deverão
por exemplo, como ocorre com as leis). ser afixados de modo visível, pelos Sindicatos convenentes, nas res-
A convenção coletiva de trabalho e o acordo coletivo de traba- pectivas sedes e nos estabelecimentos das empresas compreendi-
lho são os instrumentos decorrentes da negociação coletiva. das no seu campo de aplicação, dentro de 5 (cinco) dias da data do
depósito previsto neste artigo.
29 [ Resende, Ricardo. Direito do Trabalho. (9th edição). Grupo GEN, 2023.] (...)
412
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Não é por ser um movimento coletivo que a greve deve atingir Recorde-se que a suspensão do contrato de trabalho pressupõe
todos os trabalhadores de uma categoria, de uma empresa, ou a sustação temporária das principais obrigações contratuais das
ainda do mesmo estabelecimento de uma empresa. Até mesmo a partes (prestação de serviços, pagamento de salários e contagem
greve de um ou mais setores de um estabelecimento é lícita, desde do tempo de serviço).
que a atitude seja coletiva. Por isso a lei menciona suspensão total Por sua vez, o empregador não pode demitir o empregado
ou parcial. grevista durante o movimento, a uma porque o contrato encontra-
Quanto ao critério temporal, somente há falar em greve se a se suspenso (o que impede a rescisão contratual, conforme o art.
sustação do trabalho for temporária. Se os empregados abandonam 471 da CLT), e a duas porque a própria Lei de Greve assim dispõe:
suas atividades em definitivo não teremos uma greve, e sim um Art. 7º (...)
abandono de emprego em massa. É neste sentido que Tarso Genro Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho
afirma que a greve pressupõe uma proposta de restabelecimento durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores
da normalidade rompida. substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts.
Por fim, somente haverá greve lícita se forem utilizados meios 9º e 14.
pacíficos, sendo que a ordem jurídica repele qualquer tipo de
violência contra o empregador, seja ela pessoal ou patrimonial, Há que se tomar muito cuidado neste ponto: a greve abusiva
ou ainda contra colegas de trabalho que eventualmente não corresponde à “não greve”4. Assim como uma cooperativa não
concordem com o movimento grevista. forma vínculo de emprego com seus associados se for realmente
cooperativa (art. 442, parágrafo único, da CLT), a relação de
30 Resende, Ricardo. Direito do Trabalho. (9th edição). Grupo GEN, 2023.
413
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
estágio não forma vínculo de emprego com o concedente se for Dica: O lockout corresponde ao fechamento provisório da
realmente estágio (art. 15 da Lei nº 11.788/2008), a greve protege fábrica, pelo empregador, a fim de frustrar o movimento grevista
o trabalhador somente se for realmente greve. e é expressamente vedado pela legislação.
414
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
(h) guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipa- XIV – outras prestações médico-periciais da carreira de Perito
mentos e materiais nucleares; Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades
(i) compensação bancária; inadiáveis da comunidade;
(j) controle de tráfego aéreo (segurança) e navegação aérea; XV – atividades portuárias.
(k) atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral
de previdência social e assistência social; Para a maioria da doutrina, a lista é taxativa. É a melhor inter-
(l) atividades médico-periciais relacionadas com a caracteriza- pretação, até porque todo dispositivo que restrinja direito deve ser
ção do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pes- interpretado restritivamente.
soa com deficiência, por meio da integração de equipes multidisci- A primeira peculiaridade da greve em serviços essenciais é o
plinares e interdisciplinares, para fins de reconhecimento e direitos aviso-prévio maior do que o da greve típica. Enquanto na greve em
previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146/2015; atividades não essenciais o empregador (ou o sindicato patronal)
(m) outras prestações médico-periciais de carreira de perito deve ser avisado com 48 horas de antecedência, na greve em ativi-
médico federal, indispensáveis ao atendimento das necessidades dades essenciais tanto o empregador quanto os usuários do serviço
inadiáveis da comunidade; devem ser avisados com 72 horas de antecedência. Neste sentido,
(n) atividades portuárias (art. 10 da Lei nº 7.783). São taxativas o art. 13:
tais situações e não meramente exemplificativas. Art. 13. Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam
as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obri-
Não mais são consideradas atividades essenciais: serviços de gados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com
banco, exceto a compensação bancária; serviços de comunicação, antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.
salvo os de telecomunicações; carga e descarga; escolas e correio. (grifos meus)
O Comitê de Liberdade Sindical da OIT afirma que não são aten- A segunda peculiaridade é a obrigação de manutenção da pres-
tatórias à liberdade sindical as proibições de greve que coloquem tação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades
em risco a vida, saúde ou segurança das pessoas ou de parte da inadiáveis da comunidade, como dispõe o art. 11:
população. Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os
Para a OIT, são atividades essenciais aquelas ligadas diretamen- empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acor-
te à vida, à segurança e à saúde da comunidade. do, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispen-
No Brasil, a lei não cuida propriamente de definir o que seriam sáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
atividades ou serviços essenciais, limitando-se a relacioná-los (art. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis da comunidade
10 da Lei de Greve), conforme prevê o art. 9º, §1º, da CRFB: aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobre-
vivência, a saúde ou a segurança da população. (grifos meus)
Art. 9º (...)
§1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá Caso não sejam prestados estes serviços indispensáveis, deve o
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Poder Público fazê-lo diretamente, conforme o art. 12:
(...) Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior,
o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
(Lei de Greve) Art. 10. São considerados serviços ou atividades
essenciais: O Judiciário tem considerado abusiva a greve em atividade es-
I – tratamento e abastecimento de água; produção e distribui- sencial quando não atendidas as necessidades inadiáveis da comu-
ção de energia elétrica, gás e combustíveis; nidade. Neste sentido, a OJ 38 da SDC:
II – assistência médica e hospitalar; OJ-SDC-38. Greve. Serviços essenciais. Garantia das necessida-
III – distribuição e comercialização de medicamentos e alimen- des inadiáveis da população usuária. Fator determinante da qualifi-
tos; cação jurídica do movimento (inserida em 07.12.1998). É abusiva a
IV – funerários; greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essen-
V – transporte coletivo; ciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das
VI – captação e tratamento de esgoto e lixo; necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista
VII – telecomunicações; na Lei nº 7.783/1989.
VIII – guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equi-
pamentos e materiais nucleares; Importante:
IX – processamento de dados ligados a serviços essenciais; Cuidado: Não confundir o atendimento das necessidades mí-
X – controle de tráfego aéreo e navegação aérea; nimas do empregador (lembre-se do exemplo do alto-forno) com
XI – compensação bancária; o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. No
XII – atividades médico-periciais relacionadas com o regime ge- primeiro caso, o empregador pode se valer de substitutos, tam-
ral de previdência social e a assistência social; bém conhecidos como fura-greves, caso não sejam prestados os
XIII – atividades médico-periciais relacionadas com a caracte- serviços mínimos. No segundo caso, as necessidades não são do
rização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da empregador, mas da coletividade, e por isso o Estado deve suprir
pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multi- a prestação de tais serviços.
profissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de
direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho
de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); e
415
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
416
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.3.4É responsabilidade do trabalhador avulso habilitar-se b)fornecer as informações sobre riscos ocupacionais que im-
por meio de capacitação específica, oferecida pelo OGMO ou pelo pactam na operação portuária aos operadores portuários, tomado-
tomador de serviço, quanto às normas de segurança e saúde no res de serviço, empregadores e ao OGMO.
trabalho portuário. 29.4.2.1O PGR da administração portuária poderá incluir me-
29.3.4.1O OGMO deve oferecer as capacitações quanto às nor- didas de prevenção para os operadores portuários, tomadores de
mas de segurança e saúde no trabalho para fins de engajamento do serviço, empregadores e OGMO que atuem em suas dependências
trabalhador no serviço. ou local previamente convencionado em contrato ou referenciar os
29.3.4.2O OGMO somente pode escalar trabalhadores nas ati- programas dos mesmos.
vidades que estes estejam capacitados. 29.4.3Os operadores portuários, tomadores de serviço, em-
29.3.5Compete aos trabalhadores: pregadores e o OGMO podem referenciar o PGR da administração
a)cumprir as disposições desta NR, bem como as demais dispo- portuária em seus programas.
sições legais de segurança e saúde no trabalho, no que lhe couber; 29.4.4O OGMO deve:
b)informar ao responsável pela operação, as avarias ou defici- a)elaborar e implementar o PGR levando em consideração as
ências observadas que possam constituir risco para o trabalhador informações sobre riscos ocupacionais fornecidas pelos operadores
ou para operação; e portuários, tomadores de serviço e pela administração portuária; e
c)utilizar corretamente os dispositivos de segurança, EPI e Equi- b)fornecer as informações sobre riscos ocupacionais que im-
pamentos de Proteção Coletiva - EPCs, que lhes sejam fornecidos, pactam na operação portuária aos operadores portuários, toma-
bem como as instalações que lhes forem destinadas. dores de serviço, empregadores e nas atividades da administração
29.3.6Compete às administrações portuárias, dentro dos limi- portuária.
tes da área do porto organizado, zelar para que os seus serviços 29.4.5O operador portuário, o tomador de serviço, o emprega-
estejam em conformidade com os preceitos desta NR e das demais dor, a administração portuária e o OGMO podem definir de forma
normas especiais e gerais. conjunta os mecanismos de troca de informações previstas no item
29.3.6.1Compete também à administração do porto garantir 29.4desta NR.
infraestrutura adequada para a realização segura da atividade por- 29.4.6O operador portuário, o tomador de serviço e o empre-
tuária em suas instalações, inclusive aquelas dedicadas às situações gador devem elaborar e manter de forma acessível aos trabalhado-
de emergência previstas nos planos de controle de emergência. res os seguintes procedimentos:
29.3.7Sem prejuízo do disposto nesta NR, as medidas de pre- a)acesso seguro a embarcações;
venção de segurança e saúde nas operações portuárias a bordo de b)transporte, movimentação, armazenamento e manuseio se-
embarcações devem levar em consideração as instruções do co- guro de cargas;
mandante da embarcação ou de seus prepostos. c)segurança do trabalho portuário executado nos porões das
29.3.7.1A operação portuária somente poderá ser iniciada embarcações;
após o comandante da embarcação ou seus prepostos garantirem d)segurança do trabalho portuário executado em espaço con-
condições seguras de funcionamento dos equipamentos da embar- finado, nos termos da NR-33 -Segurança e Saúde nos Trabalhos em
cação e das áreas da embarcação onde houver sido autorizada a Espaços Confinados;
circulação ou permanência dos trabalhadores portuários. e)segurança para a execução do trabalho portuário em condi-
29.3.8No caso de solicitação de serviços para sindicato dos tra- ções climáticas e ambientais adversas e interrupção das atividades
balhadores, mediante contrato, acordo ou convenção coletiva de nessas situações, quando comprometerem a segurança dos traba-
trabalho, as responsabilidades previstas nesta NR serão do respec- lhadores; e
tivo tomador de serviços. f)segurança para as operações com cargas perigosas.
29.4.6.1Os procedimentos previstos no subitem 29.4.6 devem
29.4 Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR estar em conformidade com o inventário de riscos e o plano de ação
29.4.1O operador portuário, o tomador de serviço e o empre- do PGR.
gador devem: 29.4.6.2Os procedimentos previstos no subitem 29.4.6 devem
a)elaborar e implementar o Programa de Gerenciamento de ser anexados ao PGR.
Riscos, nos termos da NR-01 na instalação portuária em que atuem;
b)considerar em seus programas as informações sobre riscos 29.5 Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalha-
ocupacionais que impactam nas operações portuárias, fornecidas dor Portuário - SESSTP
pelo OGMO e pela administração portuária, em relação às suas ati- 29.5.1O OGMO deve constituir SESSTP, de acordo com o di-
vidades; e mensionamento mínimo constante do Quadro I do Anexo I, aten-
c)fornecer as informações dos riscos ocupacionais sob sua ges- dendo aos trabalhadores avulsos.
tão que possam impactar as atividades da administração portuária 29.5.2O custeio do SESSTP será dividido proporcionalmente de
e do OGMO. acordo com o número de trabalhadores utilizados pelos OGMO, os
29.4.1.1O operador portuário e o tomador de serviço devem operadores portuários e os tomadores de serviço, por ocasião da
incluir as atividades do trabalho avulso em seu PGR. arrecadação dos valores relativos à remuneração dos trabalhado-
29.4.2A administração portuária deve: res.
a)elaborar e implementar o PGR nos portos organizados, nos 29.5.3Os operadores portuários, as administrações portuárias
termos da NR-01, levando em consideração as informações dos ris- e os terminais de uso privado podem firmar convênios para compor
cos ocupacionais que possam impactar nas operações portuárias o SESSTP local com seus profissionais.
fornecidas pelos operadores portuários, tomadores de serviço, em- 29.5.3.1O SESSTP local, formado de acordo com o item ante-
pregadores e OGMO; e rior, deve ser coordenado pelo OGMO.
417
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.5.4O SESSTP deve ser dimensionado de acordo com a média a)média aritmética obtida pela divisão entre o número de tra-
aritmética obtida pela divisão do número de trabalhadores avulsos balhadores avulsos tomados no ano civil anterior e o número de
tomados no ano civil anterior e pelo número de dias efetivamente dias efetivamente trabalhados, observado o subitem 29.6.1 desta
trabalhados. NR; e
29.5.5Nas instalações portuárias em início de operação, o di- b)média do número de empregados portuários com vínculo
mensionamento terá por base o número estimado de trabalhado- empregatício do ano civil anterior.
res avulsos a serem tomados no ano. 29.6.2A realização de inspeção prevista no subitem 29.5.7.1
29.5.6Acima de três mil e quinhentos trabalhadores para cada em instalações de operadores portuários que exploram área no
grupo de dois mil trabalhadores, ou fração acima de quinhentos, porto organizado e de titulares de instalações portuárias autoriza-
haverá um acréscimo de um profissional especializado por função, das deve ser realizada pelo SESMT, em relação a seus empregados e
exceto no caso do Técnico de Segurança do Trabalho, no qual haverá em relação aos trabalhadores avulsos em conjunto com os respec-
um acréscimo de três profissionais. tivos SESSTP.
29.5.7Compete aos profissionais integrantes do SESSTP as mes-
mas atribuições do SESMT, nos termos da NR-04 - Serviço Especia- 29.7 Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portu-
lizado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - ário - CPATP
SESMT, e a realização de inspeção das condições de segurança nas 29.7.1O OGMO, os operadores portuários e os tomadores de
operações portuárias. serviço ficam obrigados a organizar e manter em funcionamento a
29.5.7.1A inspeção das condições de segurança deve ser previa- CPATP por OGMO.
mente realizada na atracação e a bordo das embarcações e quando 29.7.2A CPATP tem como objetivo a prevenção de acidentes
houver alterações nas operações portuárias, devendo atender aos e doenças relacionadas ao trabalho, de modo a tornar compatível
seguintes requisitos: permanentemente o trabalho com a preservação da vida e da saú-
a)verificação das condições para realização das atividades, ado- de do trabalhador.
tando as medidas necessárias, de acordo com os procedimentos es- 29.7.3A CPATP será constituída de forma paritária, por repre-
tabelecidos no subitem 29.4.6 desta NR; sentantes dos trabalhadores portuários avulsos e por representan-
b)identificação de condições impeditivas, devendo a permissão tes dos operadores portuários e tomadores de serviço integrantes
para a execução ou retomada dos trabalhos ocorrer após a adoção do OGMO, dimensionado de acordo com o Anexo II desta NR.
de medidas de prevenção; e 29.7.4A duração do mandato será de dois anos, permitida uma
c)verificação da necessidade de sinalização de segurança em reeleição.
razão de olhais, escadas, tubulações, aberturas e cantos vivos e exe- 29.7.5Haverá na CPATP tantos suplentes quantos forem os re-
cução das medidas, quando for o caso. presentantes titulares.
29.5.7.1.1Quando identificados perigos ou riscos adicionais, os 29.7.6A composição dos titulares da CPATP obedecerá a crité-
integrantes do SESSTP devem: rios que garantam a representação das atividades portuárias, de-
a)imediatamente adotar medidas de prevenção específicas; e vendo considerar as categorias de maior potencial de risco e ocor-
b)se os riscos não estiverem previstos no PGR, revisar o PGR e rência de acidentes, respeitado o dimensionamento mínimo do
os procedimentos. Anexo II desta NR.
29.5.7.2A inspeção das condições de segurança deve observar o 29.7.7Quando o OGMO não se enquadrar no dimensionamen-
Código Marítimo Internacional para Cargas Sólidas à Granel - MSBC, to previsto no Anexo II desta NR e não for atendido por SESSTP,
o Código Marítimo Internacional para Cargas Perigosas - IMDG e as será nomeado um trabalhador pelo OGMO como representante
informações de segurança disponibilizadas pelo expedidor de carga. dos operadores portuários e tomadores de serviço responsável
29.5.7.3Os resultados da inspeção devem ser registrados em pelo cumprimento dos objetivos da CPATP, podendo ser adotados
relatório a ser entregue para a pessoa responsável. mecanismos de participação dos trabalhadores avulsos, através de
29.5.7.4Deve ser feita nova inspeção sempre que os trabalha- negociação coletiva.
dores verificarem a ocorrência de situações que considerarem re- 29.7.7.1No caso de atendimento pelo SESSTP, este deverá de-
presentar risco para a sua segurança e saúde ou para a de terceiros. sempenhar as atribuições da CPATP.
29.5.8Aplicam-se ao SESSTP as disposições da NR-04 no que 29.7.8A composição da CPATP será proporcional ao número
não forem contrárias ao disposto no item 29.5 desta NR. médio do conjunto de trabalhadores portuários avulsos utilizados
no ano anterior.
29.6 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e 29.7.9Os representantes dos trabalhadores avulsos na CPATP,
em Medicina do Trabalho – SESMT titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto.
29.6.1A administração portuária, o OGMO, os operadores por- 29.7.10A eleição deve ser realizada durante o expediente,
tuários e os titulares de instalações portuárias autorizadas devem respeitados os turnos, devendo ter a participação de, no mínimo,
constituir SESMT para seus empregados próprios, aplicando-se a metade mais um do número médio do conjunto dos trabalhado-
NR-04. res portuários utilizados no ano anterior, obtido conforme subitem
29.6.1.1Além do disposto na NR-04, para o dimensionamento 29.7.3 desta NR.
do número de Engenheiros de Segurança do Trabalho e Técnicos de 29.7.11O processo de votação da eleição deverá observar o
Segurança do Trabalho do SESMT, deve ser considerada a soma dos item 5.5.4 e subitens da NR-05 - Comissão Interna de Prevenção
seguintes fatores: de Acidentes - CIPA e considerar como número de participantes o
número médio do conjunto dos trabalhadores portuários avulsos
utilizados no ano anterior, obtido conforme subitem 29.7.3 desta
NR. (redação vigente até 19 de março de 2023)
418
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.7.11O processo de votação da eleição deverá observar o b)solicitação de uma das representações.
item 5.5.4 e subitens da NR-05 - Comissão Interna de Prevenção de 29.7.18.1No caso de acidente grave ou fatal, a pessoa respon-
Acidentes e de Assédio - CIPA e considerar como número de partici- sável pela operação portuária deve estar presente na reunião ex-
pantes o número médio do conjunto dos trabalhadores portuários traordinária.
avulsos utilizados no ano anterior, obtido conforme subitem 29.7.3 29.7.19A CPATP não pode ter o número de representantes re-
desta NR. (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 - re- duzido, bem como não pode ser desativada pelo OGMO, pelos ope-
dação que entra em vigor no dia 20 de março de 2023) radores portuários ou pelos tomadores de serviço antes do término
29.7.12Os representantes dos operadores portuários e toma- do mandato de seus membros, ainda que haja redução do número
dores de serviço designarão dentre os seus representantes titulares de trabalhadores portuários, exceto nos casos em que houver en-
o presidente da CPATP no primeiro ano de mandato e o vice-presi- cerramento da atividade portuária.
dente no segundo ano. 29.7.20Aplicam-se à CPATP as disposições da NR-05 no que não
29.7.13Os trabalhadores titulares da CPATP elegerão, entre forem contrárias ao disposto no item
seus pares, o vice-presidente, que assumirá a presidência no segun- 29.7desta NR.
do ano do mandato. 29.7.21A participação dos operadores portuários e dos toma-
29.7.14No caso de afastamento definitivo, a representação dores de serviço na CPATP não os desobriga de constituir a CIPA
na qual o presidente foi indicado nomeará substituto em dois dias para seus empregados próprios, nos termos da NR-05.
úteis, entre os membros da CPATP.
29.7.14.1O substituto dos trabalhadores será obrigatoriamente 29.8 Operações de atracação, desatracação e manobras de
membro da CPATP e o substituto dos operadores portuários será embarcações.
preferencialmente membro. 29.8.1Nas operações de atracação, desatracação e manobras
29.7.15Além das atribuições previstas para a CIPA na NR-05, a de embarcações, devem ser adotadas medidas de prevenção de aci-
CPATP tem por atribuição: dentes, considerando:
a)promover, anualmente, em conjunto com o SESSTP, a Semana a)prensagem de membros;
Interna de Prevenção de Acidente no Trabalho Portuário - SIPATP; b)rompimento de cabos e espias;
b)oficiar os riscos debatidos e as propostas de medidas de con- c)esforço excessivo do trabalhador;
trole às organizações que compõem a CPATP, bem como ao SESSTP, d)iluminação; e
conforme o caso; e)queda no mesmo nível e ao mar.
c)mensalmente e sempre que houver denúncia de risco, verifi- 29.8.1.1É obrigatório o uso de um sistema de telecomunicação
car os ambientes e as condições de trabalho, nas dependências das entre a embarcação e o responsável em terra pela atracação.
instalações portuárias, visando identificar situações que possam 29.8.2Todos os trabalhadores envolvidos nessas operações de-
trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; e vem fazer uso de coletes salva-vidas conforme Normas da Autorida-
d)sugerir a realização de cursos, treinamentos e campanhas de Marítima - NORMAM.
que julgar necessárias para melhorar o desempenho dos trabalha-
dores portuários quanto à segurança e saúde no trabalho. 29.9 Acesso a embarcações atracadas e fundeadas
29.7.16Compete ao OGMO: 29.9.1Deve ser garantido acesso seguro para o embarque e de-
a)promover para todos os membros da CPATP, titulares e su- sembarque da embarcação.
plentes, treinamento sobre prevenção de acidentes do trabalho, se- 29.9.2O acesso à embarcação deve ficar fora do alcance do raio
gurança e saúde ocupacional, com carga horária de 20 (vinte) horas, da lança do guindaste ou assemelhado.
sendo este de frequência obrigatória e realizado antes da posse dos 29.9.2.1Quando o item 29.9.2 não puder ser aplicado, o local
membros de cada mandato, exceção feita ao mandato inicial; de acesso deve ser isolado e sinalizado durante a movimentação de
b)convocar eleições para escolha dos membros da nova CPATP, carga suspensa.
com antecedência mínima de quarenta e cinco dias, realizando-as, 29.9.3Não é permitido o acesso à embarcação atracada utili-
no máximo, até trinta dias antes do término do mandato da CPATP zando-se escadas tipo quebra-peito.
em exercício; 29.9.4É proibido o acesso de trabalhadores a embarcações em
c)promover cursos de atualização para os membros da CPATP; e equipamentos de guindar, exceto:
d)dar condições necessárias para que todos os titulares de re- a)em operações de resgate e salvamento; ou
presentações na CPATP compareçam às reuniões ordinárias e/ou b)nas operações com contêineres previstas no subitem 29.16.3.
extraordinárias. 29.9.5Nos locais de trabalho próximos à água e nos pontos de
29.7.16.1No caso do treinamento previsto na alínea a, quando embarque e desembarque de pessoas, devem existir, na razão mí-
utilizada a modalidade de ensino a distância - EaD, deve ser garanti- nima de uma unidade para cada berço de atracação, boias salva-vi-
da a carga horária de oito horas de treinamento presencial. das e outros equipamentos necessários ao resgate de vítimas que
29.7.16.2Cabe ao OGMO, ao operador portuário e ao tomador caiam na água, de acordo com os requisitos contidos nas NORMAM.
de serviço proporcionar aos membros da CPATP os meios necessá- 29.9.5.1As boias salva-vidas possuirão dispositivo de ilumina-
rios ao desempenho de suas atribuições. ção automática ou fita reflexiva homologados pelas NORMAM.
29.7.17A CPATP se reunirá pelo menos uma vez por mês, em 29.9.5.2Nos trabalhos noturnos, as boias salva-vidas possuirão
local apropriado durante o expediente, obedecendo ao calendário dispositivo de iluminação automática aprovadas pela Diretoria de
anual. Portos e Costas, da Marinha do Brasil.
29.7.18As reuniões extraordinárias devem ser realizadas no 29.9.6Somente podem ser utilizados meios de acesso à embar-
prazo máximo de quarenta e oito horas nos seguintes casos: cação quando estes atenderem ao
a)ocorrência do acidente grave ou fatal; ou
419
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
disposto no item 30.18 da NR-30 - Segurança e Saúde no Tra- 29.10.2.1O perímetro de risco de queda de objetos deve ser
balho Aquaviário. sinalizado e isolado com barreira física.
29.9.7Meios de acesso do porto 29.10.3A arrumação do convés deve oferecer boas condições
29.9.7.1As escadas, pranchas, rampas e demais meios de aces- de visibilidade aos operadores dos equipamentos de içar, sinaleiros
so às embarcações somente podem ser utilizadas em bom estado e outros, a fim de que não sejam prejudicadas as manobras de mo-
de conservação e limpeza, além de possuir características das su- vimentação de carga.
perfícies antiderrapantes. 29.10.4As cargas ou os objetos depositados no convés devem
29.9.7.2As escadas, pranchas e rampas de acesso às embarca- estar fixos de forma a impedir a sua movimentação acidental.
ções somente podem ser utilizadas se forem dotadas de guarda- 29.10.5Olhais, escadas, tubulações, aberturas e cantos vivos
-corpo com corrimão em ambos os lados. devem possuir sinalização de segurança, em conformidade com o
29.9.7.2.1Os corrimãos devem estar firmemente fixados, ofere- subitem 29.5.7.1.
cerem resistência e apoio em toda a sua extensão e, quando cons- 29.10.6As tampas de escotilhas e aberturas similares dos equi-
tituídos por cordas ou cabos de aço, devem estar sempre esticados. pamentos acionados por força motriz devem:
29.9.7.3As escadas de acesso às embarcações ou estruturas a)possuir dispositivos que impeçam sua movimentação aciden-
complementares do subitem 29.9.8 somente podem ser utilizadas tal; e
se atenderem aos seguintes requisitos: b)ser abertos ou fechados somente após verificação de que
a)estar apoiada em terra; não existe risco para os trabalhadores.
b)compensar os movimentos da embarcação;
c)possuir largura que permita o trânsito seguro; 29.11 Porões
d)possuir rede de segurança contra queda de pessoas; e 29.11.1As bocas dos agulheiros devem estar protegidas por
e)estar livre de obstáculos. braçolas e serem providas de tampas com travas de segurança.
29.9.7.3.1A utilização da rede pode ser dispensada caso não 29.11.2As escadas de acesso ao porão devem estar em perfeito
haja risco de queda de pessoas na água. estado de conservação e limpeza.
29.9.8É proibida a colocação de extensões elétricas, manguei- 29.11.3O acesso ao porão por meio de escada vertical deve
ras, mangotes e assemelhados nas estruturas e corrimões das esca- possuir sistema de proteção contra queda.
das e pranchas de acesso às embarcações. 29.11.4A estivagem das cargas nos porões não deve obstruir o
29.9.9As pranchas, rampas ou passarelas utilizadas para aces- acesso às escadas dos agulheiros.
so, conjugadas ou não com as escadas, devem seguir as seguintes 29.11.5Quando não houver condições de utilização dos agu-
especificações: lheiros, o acesso ao porão da embarcação
a)ser construída de material rígido; deverá ser efetuado por escada de mão de no máximo 7 m
b)possuir largura mínima de 0,80 m (oitenta centímetros); (sete metros) de comprimento, afixada junto à estrutura da embar-
c)estarem providas de tacos transversais a intervalos entre cação, devendo ultrapassar a borda da estrutura de apoio em 1m
0,35m (trinta e cinco centímetros) e 0,45m (quarenta e cinco centí- (um metro).
metros) em toda extensão do piso; 29.11.6Não é permitido o uso de escada do tipo quebra-peito.
d)possuírem corrimão, em ambos os lados de sua extensão, do- 29.11.7As passarelas utilizadas para circulação de pessoas so-
tado de guarda-corpo duplo com régua superior situada a uma altu- bre cargas estivadas devem possuir no mínimo 0,60 m (sessenta
ra de 1,10 m (um metro e dez centímetros) e régua intermediária a centímetros) de largura.
uma altura entre 0,50m (cinquenta centímetros) e 0,70 m (setenta 29.11.8Os pisos dos porões devem estar limpos, livres de con-
centímetros), medidas a partir da superfície do piso e perpendicu- taminantes e de materiais inservíveis antes do início da operação.
larmente ao eixo longitudinal da escada; 29.11.9Quando empregada a forração das cargas, esta deve:
e)ser dotadas de dispositivos que permitam fixá-las firmemen- a)oferecer equilíbrio à carga; e
te à escada da embarcação ou à sua estrutura numa extremidade; b)resultar em um piso de trabalho regular e seguro.
f)a extremidade, que se apoia no cais, deve ser dotada de dis- 29.11.10As plataformas de trabalho devem ser confeccionadas
positivo rotativo que permita acompanhar o movimento da embar- de maneira que não ofereçam riscos de desmoronamento e propi-
cação; e ciem espaço seguro de trabalho.
g)estarem posicionadas no máximo a trinta graus de um plano 29.11.11Passarelas, plataformas, beiras de cobertas abertas,
horizontal. bocas de celas de contêineres e grandes vãos entre cargas, com
diferença de nível superior a 2,00 m (dois metros), devem possuir
29.10 Operação em conveses guarda- corpo com 1,10 m (um metro e dez centímetros) de altura.
29.10.1Os conveses devem: 29.11.12O trânsito de pessoas sobre os vãos entre cargas esti-
a)estar sempre limpos e desobstruídos; vadas só será permitido se cobertos os vãos com pranchas.
b)dispor de área de circulação que permita o trânsito seguro 29.11.12.1As pranchas devem ser de material resistente.
dos trabalhadores; 29.11.12.2Caso seja usada madeira, esta deve ser de boa quali-
c)possuir aberturas protegidas contra queda de pessoas e ob- dade, sem nós ou rachaduras que comprometam a sua resistência,
jetos; e sendo proibido o uso de madeira verde e de pintura que encubra
d)possuir piso livre do risco de escorregamento. imperfeições.
29.10.2Durante a movimentação de carga suspensa é vedada a 29.11.13É obrigatório o uso de escadas para a transposição de
circulação de pessoas no convés principal no perímetro de risco de obstáculos de altura superior a 1,50 m (um metro e cinquenta cen-
queda de objetos. tímetros).
420
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.11.14As escotilhas e aberturas similares devem estar sem- d)emitir a permissão de entrada e trabalho, após a adoção das
pre em perfeito estado de conservação e niveladas, a fim de não medidas de prevenção, consignando na permissão as medidas de
prejudicarem a circulação. prevenção adotadas;
29.11.15As escotilhas e aberturas similares devem permanecer e)controlar o acesso, mantendo vigia fora do espaço confinado;
fechadas por ocasião de trabalho na mesma coberta. f)monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confina-
29.11.16Em locais em que não haja atividade, os vãos livres dos nas áreas onde os trabalhadores autorizados estiverem desem-
com risco de quedas, como bocas de agulheiros, cobertas e outros, penhando as suas tarefas, para verificar se as condições de acesso e
devem estar fechados. permanência são mantidas; e
29.11.16.1Quando em atividade, os vãos livres devem ser de- g)manter equipe para situações de emergência em conformi-
vidamente sinalizados, iluminados e protegidos com guarda-corpo, dade com os possíveis cenários de acidente.
redes ou madeiramento resistente. 29.12.5É dispensado o cadastro dos espaços confinados em
29.11.17A altura entre a parte superior da carga e a coberta operações portuárias no interior de embarcações, devendo, neste
deve permitir ao trabalhador condições adequadas de postura para caso, as informações serem inseridas na Permissão de Entrada e
execução do trabalho. Trabalho.
29.11.18Nas operações de carga e descarga com contêineres,
ou demais cargas de altura equivalente, é obrigatório o uso de es- 29.13 Máquinas, equipamentos e acessórios de estivagem
cadas. 29.13.1As máquinas e equipamentos de cais devem atender à
29.11.19As escadas portáteis devem: NR-12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.
a)ultrapassar 1,0 m (um metro) do topo do contêiner; 29.13.2As máquinas e equipamentos de cais, a serem utilizadas
b)ser providas de sapatas antiderrapantes e sinalização refleti- na operação portuária no interior de embarcações, devem apresen-
va nos degraus e montantes; tar, de forma legível, sua capacidade máxima de carga e seu peso
c)possuir até 7,0 m (sete metros) de comprimento; e bruto.
d)ser construída de material leve e resistente. 29.13.2.1A capacidade máxima de carga não deve ser ultrapas-
29.11.20Nas operações em embarcações do tipo transbordo sada.
horizontal (roll-on/roll-off), devem ser adotadas medidas preventi- 29.13.3Quando utilizado mais de um equipamento, a operação
vas de controle de ruídos e de exposição a gases tóxicos. somente poder ser autorizada por permissão de trabalho emitida
29.11.21A carga deve ser estivada de forma que fique em po- por profissional legalmente habilitado.
sição segura, sem perigo de tombar ou desmoronar sobre os traba- 29.13.4As máquinas e equipamentos de cais somente podem
lhadores no porão. ser utilizadas por operador capacitado, nos termos da legislação vi-
29.11.22Tubos, bobinas ou outras cargas sujeitas à movimen- gente.
tação involuntária devem ser calçadas e peadas na pilha imediata- 29.13.4.1O operador, antes de iniciar sua atividade com a má-
mente após a estivagem. quina ou equipamento, deve realizar checagem prévia e reportar
29.11.22.1Durante a movimentação dessas cargas, os trabalha- anomalias à pessoa responsável.
dores somente devem se posicionar próximos quando for indispen- 29.13.4.2A checagem prévia deve ser registrada em meio físico
sável as suas atividades. ou eletrônico e mantida por, no mínimo, cinco anos.
29.11.23A estivagem de carga deve ser efetuada à distância de 29.13.5É proibida a circulação de empilhadeiras sobre cargas
1,0 m (um metro) da abertura do porão, quando esta tiver que ser estivadas que formem saliências ou depressões ou sejam feitas de
aberta posteriormente. material não resistente, de forma a prejudicar sua movimentação.
29.11.24É proibida qualquer atividade laboral em cobertas dis- 29.13.6Devem ser adotadas medidas de prevenção, conforme
tintas do mesmo porão e mesmo bordo simultaneamente. análise de risco, que garantam um ambiente dentro dos limites de
tolerância normatizados, quando forem utilizados máquinas e equi-
29.12 Trabalho em espaços confinados pamentos de combustão interna nos trabalhos em porões.
29.12.1Aplica-se ao trabalho em espaços confinados a NR-33, 29.13.6.1Os maquinários utilizados devem conter dispositivos
observado o disposto neste capítulo. que controlem a emissão de poluentes gasosos, fagulhas, chamas e
29.12.2Cabe ao operador portuário ou ao titular de instalação a produção de ruídos.
portuária autorizada realizar o gerenciamento de riscos ocupacio- 29.13.7É proibido o uso de máquinas e equipamentos de com-
nais dos espaços confinados, em conformidade com a NR-33. bustão interna e elétrica em porões e armazéns com cargas inflamá-
29.12.3Nas operações portuárias com trabalhadores em veis ou explosivas, salvo se as especificações das máquinas forem
porões de embarcações, deve ser verificado na inspeção das con- compatíveis com a classificação da área envolvida.
dições de segurança do subitem 29.5.7 desta NR se o porão e seus 29.13.8As máquinas, os equipamentos, os aparelhos de içar e
acessos caracterizam espaço confinado nos termos da NR-33. os acessórios de estivagem em operação devem estar posicionados
29.12.4Identificado espaço confinado em operações portuárias de forma que não ultrapassem outras áreas de trabalho, não sendo
no interior de embarcações, as operações neste espaço devem ser permitido o trânsito ou permanência de pessoas no setor necessá-
precedidas das seguintes medidas técnicas: rio à rotina operacional do equipamento.
a)isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada 29.13.9No local onde se realizam serviços de manutenção, ins-
de pessoas não autorizadas; peções ou montagens de correias transportadoras, aparelhos de
b)avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entra- içar e acessórios, a área deve ser isolada e sinalizada.
da dos trabalhadores, para determinar as medidas de prevenção a 29.13.10Todo aparelho de içar deve dispor, no interior de sua
serem adotadas; cabine, de tabela de carga que possibilite ao operador o conheci-
c)implementar todas as medidas de prevenção recomendadas; mento da carga máxima em todas as suas condições de uso.
421
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.13.11Toda máquina ou equipamento de cais que estiver so- 29.14.3O operador capacitado, antes de iniciar sua atividade
bre rodas ou trilhos deve: com a máquina ou equipamento, deve realizar inspeção diária e re-
a)emitir sinais sonoros e luminosos durante seus deslocamen- portar anomalias à pessoa responsável.
tos; 29.14.3.1A inspeção diária deve ser registrada em documento
b)dispor de suportes de prevenção de tombamento e sua área físico ou eletrônico e mantida pelo operador portuário, tomador de
de deslocamento deve estar desobstruída e sinalizada; e serviço ou empregador por, no mínimo, cinco anos.
c)ser dotado de sistema de frenagem e ancoragem a fim de 29.14.4Os acessos aos equipamentos de guindar de bordo
evitar o seu deslocamento acidental pela ação do vento. devem estar sempre limpos, desobstruídos e em condições ade-
29.13.12A máquina ou equipamento de movimentação de quadas de uso, dispondo de uma área de circulação que permita o
cargas, quando não utilizados, devem ser desligados e fixados em trânsito seguro dos trabalhadores, livre de materiais inflamáveis, de
posição que não ofereça riscos aos trabalhadores e à operação por- resíduos ou qualquer tipo de objeto que possa causar algum risco
tuária. ao trabalhador.
29.13.13As embarcações que possuírem mastros de carga de- 29.14.5As cabines dos equipamentos de guindar de bordo de-
vem conservar a bordo os planos e documentos de enxárcia/equi- vem ter acesso seguro, proteção contra queda de pessoas e obje-
pamento fixo. tos, proteção contra contaminantes e mobiliário fixo à estrutura.
29.13.14Os acessórios de estivagem ou de içamento devem ser 29.14.6As cabines dos equipamentos de guindar de bordo de-
inspecionados por pessoa responsável, antes do início e durante os vem ter assento ergonômico e conforto térmico regulável.
serviços, e serem utilizados em condições que não comprometam 29.14.6.1Na ausência desses itens de conforto, é obrigatória a
a sua integridade em face da utilização a que forem submetidos. existência de pausas na jornada de trabalho, prevista em avaliação
29.13.15Toda linga deve trazer etiqueta com a indicação da ca- ergonômica preliminar ou na análise ergonômica do trabalho, con-
pacidade e validade. forme NR-17 - Ergonomia.
29.13.16Lingas descartáveis não devem ser reutilizadas, sendo 29.14.7Na ocorrência de danos estruturais que impeçam sua
inutilizadas imediatamente após o uso. operação, os equipamentos de guindar e seus acessórios não po-
29.13.17Os ganchos de içar devem dispor de travas de seguran- derão ser operados até que sejam realizados reparos e testes para
ça sem defeitos e em condições de manterem presos as cargas ou saná-los, conforme normas técnicas vigentes.
os acessórios de estivagem a serem içados.
29.13.18A utilização, dimensionamento e conservação de ca- 29.15 Lingamento e deslingamento de cargas
bos de aço, anéis de carga, manilhas e sapatilhos para cabos de aço 29.15.1O funcionamento adequado dos freios do equipamento
utilizados nos acessórios de estivagem, nas lingas e outros dispositi- de guindar deve ser verificado no início da jornada de trabalho pelo
vos de levantamento que formem parte integrante da carga devem operador.
atender as normas técnicas aplicáveis. 29.15.2Todos os carregamentos devem lingar-se na vertical do
29.13.19O responsável pelo equipamento deverá disponibilizar engate do equipamento de guindar, observando-se em especial:
ao OGMO e aos trabalhadores capacitados o manual da máquina a)o impedimento da queda ou deslizamento parcial ou total da
ou equipamento, o relatório das inspeções realizadas e os registros carga;
de checagem prévia. b)de que nas cargas de grande comprimento como tubos, per-
fis metálicos, tubulões, tábuas e outros, sejam usadas no mínimo
29.14 Equipamentos de guindar de bordo e acessórios de es- duas lingas/estropos ou através de uma balança com dois ramais;
tivagem c)de que o ângulo formado pelos ramais das lingas/estropos
29.14.1A operação portuária de movimentação de carga so- não exceda a cento e vinte graus, salvo em caso de projeto realizado
mente poderá ser iniciada após o operador portuário ou o titular da por profissional habilitado; e
instalação portuária se certificar junto ao comandante da embar- d)de que as lingas/estropos, estrados, paletes, redes e outros
cação ou seus representantes legais no país as funcionalidades e a acessórios tenham marcada sua capacidade de carga de forma bem
segurança dos equipamentos de guindar de bordo e seus acessórios visível.
de estivagem, devendo observar: 29.15.3Nos serviços de lingamento e deslingamento de cargas
a)a última certificação dos últimos cinco anos; sobre veículos, com diferença de nível, é obrigatório o uso de pla-
b)as inspeções periódicas realizadas a partir da última certifi- taforma de trabalho segura fora da área de movimentação de carga
cação; e suspensa.
c)o histórico de acidentes dos equipamentos de guindar de 29.15.3.1Nos locais em que não exista espaço disponível deve
bordo. ser utilizada escada.
29.14.1.1O operador portuário, o empregador ou o tomador 29.15.4É proibido o transporte de objetos que não façam parte
de serviço deve designar pessoa responsável para: da carga lingada.
a)registrar a condição dos equipamentos de guindar de bor- 29.15.5A movimentação de carga suspensa deve ser orientada
do e acessórios em relatório técnico, em meio físico ou eletrônico, por sinaleiro devidamente capacitado.
com os respectivos documentos referidos nas alíneas do subitem 29.15.5.1A utilização de sinaleiro poderá ser dispensada desde
29.14.1; e que atendidos os seguintes critérios:
b)informar os trabalhadores sobre o resultado do relatório téc- a)isolamento da área de operação;
nico. b)equipamento de guindar concebido para permitir visão total
29.14.2.2 O relatório técnico deve ser mantido pelo prazo de dos locais onde as cargas serão movimentadas; e
cinco anos. c)a análise de risco verifique que a ausência do sinaleiro não
acarreta riscos adicionais.
422
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.15.6O sinaleiro deve ser facilmente destacável das demais g)piso com superfície antiderrapante e sistema de drenagem
pessoas na área de operação pelo uso de coletes ou vestimentas de cujas aberturas não permitam a passagem de uma esfera com diâ-
cor diferenciada. metro de 15 mm (quinze milímetros); e
29.15.7Nas operações noturnas o sinaleiro deve usar luvas e h)guarda corpo com, no mínimo, 1,0 m (um metro) de altura
colete, ambos com aplicações de material refletivo. e rodapé.
29.15.8O sinaleiro deve localizar-se de modo que possa visua- 29.16.3.2O cesto ou gaiola devem ser utilizados exclusivamen-
lizar toda a área de operação da carga e ser visto pelo operador do te para o transporte de trabalhadores e ferramentais necessários à
equipamento de guindar. atividade dos conveses para os contêineres e vice-versa.
29.15.8.1Quando estas condições não puderem ser atendidas, 29.16.4O trabalhador que estiver sobre o contêiner deve estar
deve ser utilizado um sistema de comunicação. em comunicação visual e utilizar-se de meios de telecomunicação
29.15.9O sinaleiro deve receber treinamento adequado para com sinaleiro e o operador de guindaste, os quais devem obedecer
aquisição de conhecimento do código de sinais de mão nas opera- unicamente às instruções formuladas pelo trabalhador.
ções de guindar. 29.16.5Não é permitida a permanência de trabalhador sobre
29.15.10É proibida a permanência do trabalhador sobre a car- contêiner quando este estiver sendo movimentado.
ga lingada, durante sua movimentação. 29.16.6O acesso ao interior de contêineres só deve ser realiza-
do se for confirmado que existe uma atmosfera segura.
29.16 Operações com contêineres 29.16.7Quando houver em um mesmo contêiner cargas peri-
29.16.1Na movimentação de carga e descarga de contêiner gosas e produtos inócuos, prevalecem as medidas de prevenção
com utilização de quadro posicionador, o equipamento deve pos- relacionadas à carga perigosa.
suir: 29.16.8Todo contêiner que requeira uma inspeção detalhada
a)travas de acoplamento acionadas de maneira automática ou deve ser retirado de sua pilha e conduzido a uma zona reservada
semiautomática; especialmente para esse fim, que disponha de meios de acesso que
b)dispositivo visual com indicador da situação de travamento; e não ofereçam risco ocupacional.
c)dispositivo de segurança que garanta o travamento dos qua- 29.16.9Os trabalhadores devem utilizar hastes guia ou cabos
tro cantos. para posicionar o contêiner, nas operações de descarregamento so-
29.16.2No caso de contêineres fora de padrão, avariados ou bre veículos.
em condições que impeçam os procedimentos do subitem 29.16.1, 29.16.10Nas operações com contêineres, devem ser adotadas
será permitida a movimentação por outros métodos seguros, sob a as seguintes medidas de segurança:
supervisão direta do responsável pela operação. a)movimentá-los somente após o trabalhador haver descido do
29.16.3Em atividades com trabalhadores sobre contêineres em mesmo;
embarcações, quando a altura seja superior a 2 (dois) contêineres b)instruir o trabalhador quanto às posturas ergonômicas e se-
ou a altura da carga seja superior 5 m (cinco metros) de altura, deve guras nas operações de estivagem, desestivagem, fixação e movi-
ser utilizado: mentação de contêiner;
a)cesto suspenso, de acordo com o Anexo XII da NR-12; ou c)obedecer a sinalização e rotulagem dos contêineres quanto
b)gaiola especialmente construída para esta finalidade, com aos riscos inerentes a sua movimentação;
capacidade máxima para dois trabalhadores. d)instruir trabalhador sobre o significado das sinalizações e das
29.16.3.1A gaiola especialmente construída para o transporte rotulagens de risco de contêineres, bem como dos cuidados e me-
de trabalhadores é o conjunto projetado por profissional legalmen- didas de prevenção a serem observados; e
te habilitado, formado por sistema de suspensão e de caçamba sus- e)mitigar o risco de queda de cargas quando da abertura de
pensa por equipamento de guindar dotado de: contêineres.
a)ponto(s) de fixação para ancoragem de cinto de segurança 29.16.11No armazenamento de contêineres vazios nos pátios,
tipo paraquedista em qualquer posição de trabalho, sinalizados e devem ser adotadas medidas para prevenir o tombamento da pilha
dimensionados em função do número máximo de ocupantes da ca- de contêineres.
çamba e capazes de suportar cargas de impacto em caso de queda;
b)sistema complementar de travamento que atuará em caso de 29.17 Operações com granéis secos
falha do sistema de travamento do spreader; 29.17.1Durante as operações devem ser adotados procedi-
c)recipiente fixado para guarda de material; mentos que impeçam a formação de barreiras que possam pôr em
d)barra fixa no perímetro interno para apoio e proteção das risco a segurança dos trabalhadores.
mãos; 29.17.2Quando houver risco de queda ou deslizamento volu-
e)portão de acesso que não permita abertura para fora e com moso durante a carga ou descarga de granéis secos, nenhum tra-
sistema de travamento que impeça abertura acidental; balhador deve permanecer no interior do porão e outros recintos
f)placa de identificação afixada em seu interior e de fácil visua- similares.
lização que contenha no mínimo as seguintes informações: 29.17.2.1A avaliação específica de risco de queda de barreiras
1.identificação do fabricante; ou deslizamento de cargas de granel sólido armazenadas em porões
2.data de fabricação; deve ser efetuada pela pessoa responsável, considerando-se, obri-
3.capacidade de carga da gaiola em peso e número máximo de gatoriamente, o ângulo de repouso do produto, conforme estabele-
ocupantes; cido na ficha do produto constante no Código Marítimo Internacio-
4.número da identificação da gaiola que permita rastreabilida- nal para Cargas Sólidas a Granel - IMSBC, da Organização Marítima
de do projeto; Internacional - OMI.
423
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.17.3Nas operações utilizando máquinas autopropelidas 29.18.1.1As instalações portuárias devem dispor de sinalização
com condutor no interior do porão, ou armazém, na presença de vertical e horizontal, com dispositivos e sinalização auxiliares, con-
aerodispersóides, o operador deve estar protegido por cabine resis- forme regulamento próprio.
tente, fechada, dotada de ar-condicionado, provido de filtro contra 29.18.2Máquinas e equipamentos que trafeguem em instala-
poeira em seu sistema de captação de ar. ção portuária devem estar em condições seguras para circulação.
29.17.4As operações com máquinas e equipamentos que pos- 29.18.3As vias para tráfego de veículos, equipamentos, ciclistas
sam gerar aerodispersóides devem prever medidas de controle e pedestres devem estar em boas condições de conservação, ilumi-
para eliminar ou reduzir sua geração, devendo observar: nação e limpeza.
a)as caraterísticas físicas e químicas da carga; 29.18.4As máquinas e equipamentos utilizados nas operações
b)a conservação das máquinas e equipamentos; e portuárias que trafeguem ou estacionem na área das instalações
c)medida de controle dos resíduos. portuárias devem possuir:
29.17.5Para transitar e estacionar em área portuária, os veícu- a)sinalização sonora e luminosa adequada para as manobras
los e vagões transportando granéis sólidos devem estar cobertos. de marcha-a-ré;
29.17.6A moega ou funil utilizado no descarregamento de b)sinal sonoro de advertência (buzina);
granéis sólidos deve ser vistoriado conforme determinação do fa- c)retrovisores de ambos os lados ou câmeras retrovisoras; e
bricante. d)faróis, lanternas e setas indicativas.
29.17.6.1Caso o fabricante não determine período para visto- 29.18.5É proibido o transporte de trabalhadores em compar-
ria, esta deverá ser anual. timentos destinados à carga ou em condições inseguras, salvo em
29.17.6.2O laudo da vistoria deve atender aos seguintes requi- situação de emergência ou resgate.
sitos: 29.18.6No transporte utilizando veículos de carga, devem ser
a)ser emitido por profissional legalmente habilitado; e adotadas medidas para evitar a queda acidental da carga.
b)comprovar que o equipamento está em condições operacio- 29.18.6.1No transporte de contêineres, deve ser verificada a
nais para suportar as tensões de sua capacidade máxima de carga fixação nos quatro cantos da carreta.
de trabalho seguro, de acordo com seu projeto construtivo. 29.18.7Para o trabalho realizado em veículos que transportam
29.17.6.3No caso de incidentes, avarias ou reformas nos equi- carga, devem ser previstas medidas para prevenir a queda de pes-
pamentos, estes somente podem iniciar seus trabalhos após nova soas ou objetos e a geração de contaminantes.
vistoria, obedecido o disposto no subitem 29.17.6.2. 29.18.8Quando o trabalho em veículos de carga for realizado
29.17.7Toda moega ou funil deve apresentar de forma legível sobre a carroceria, esta deve ser construída de material resistente,
sua capacidade máxima de carga e seu peso bruto. não podendo apresentar aberturas não projetadas e devendo o as-
29.17.8A moega ou funil que seja operada localmente pelo tra- soalho ter condições seguras de uso.
balhador deve dispor de cabine fechada que atenda aos seguintes 29.18.9As pilhas de cargas ou materiais devem distar, pelo me-
requisitos: nos, de 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros) das bordas do
a)possuir visibilidade da operação; cais.
b)interior climatizado;
c)assento ergonômico; 29.19 Segurança em armazéns e silos
d)quando localizadas em piso superior, possuir escadas dota- 29.19.1Os armazéns e silos onde houver o trânsito de pessoas
das de corrimão e guarda-corpo; devem dispor de sinalização horizontal em seu piso, demarcando a
e)instalações elétricas em bom estado, devidamente aterradas área de segurança, e sinalização vertical que indique outros riscos
e protegidas; existentes no local.
f)extintor de incêndio adequado ao risco; e 29.19.2Toda instalação portuária que tenha local onde uma
g)proteção contra raios solares e intempéries. atmosfera explosiva de gás, vapor, névoa e/ou poeira combustível
29.17.8.1Moegas e funis operados de modo remoto ficam dis- esteja presente, ou possa estar presente, deve adotar as seguintes
pensados do disposto no subitem 29.17.8, desde que o operador providências:
não esteja exposto a aerodispersóides. a)identificar as áreas classificadas;
29.17.9Nas operações de carregamento ou descarregamento b)dotar a instalação de materiais e equipamentos certificados
de graneis secos com uso de carregadores ou descarregadores con- de acordo com classificação da área, inclusive circuitos elétricos e
tínuos, deve haver dispositivos ou equipamentos que propiciem a iluminação;
eliminação ou a redução de particulados e poeiras. c)estabelecer medidas para o controle dos riscos de explosões
29.17.10Porões, armazéns e silos que contenham graneis que e incêndios; e
possam provocar a redução da concentração de oxigênio ou a ema- d)definir procedimentos de segurança para liberação de servi-
nação de gases tóxicos, serão liberados para operação após autori- ços a quente, como solda elétrica ou corte a maçarico (oxiacetileno)
zação do profissional legalmente habilitado. e para transporte, manuseio e armazenamento, incluindo entrada e
permanência de pessoas.
29.18 Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio 29.19.3Embalagens com produtos perigosos não devem ser
29.18.1As instalações portuárias devem dispor de um regula- movimentadas com equipamentos inadequados que possam dani-
mento próprio que discipline a rota de tráfego de veículos, equipa- ficá-las.
mentos, ciclistas e pedestres, bem como a movimentação de cargas 29.19.4Tubos, bobinas ou outras cargas sujeitas a movimenta-
no cais, plataformas, pátios, estacionamentos, armazéns e demais ção involuntária devem fixadas imediatamente após o armazena-
espaços operacionais. mento.
424
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.19.4.1Durante a movimentação dessas cargas, os trabalha- 29.24.2A realização de atividades em locais frigorificados, para
dores somente devem se posicionar próximos quando for indispen- trabalhadores utilizando EPI e vestimenta adequados ao risco, deve
sável às suas atividades. obedecer ao regime de tempo de trabalho com tempo de recupera-
ção térmica fora do ambiente frio previsto no Anexo III.
29.20 Segurança nos trabalhos de limpeza e manutenção
29.20.1Nas atividades de limpeza e manutenção de embarca- 29.25 Condições sanitárias e de conforto nos locais de traba-
ções e de seus tanques, realizadas por trabalhadores portuários, lho
deve ser atendido o disposto no item 30.14 (Segurança na Manu- 29.25.1As instalações sanitárias, vestiários, refeitórios e locais
tenção em Embarcação em Operação) da NR-30. de repouso devem ser mantidos pela administração do porto or-
29.20.2São vedados os trabalhos simultâneos de reparo e ma- ganizado e pelo titular da instalação portuária, conforme o caso, e
nutenção com os de operação portuária, que prejudiquem a saúde observar o disposto na NR-24 - condições sanitárias e de conforto
e a integridade física dos trabalhadores. nos locais de trabalho.
29.20.3Os trabalhos de recondicionamento de embalagens, 29.25.2Os locais de aguardo devem ser projetados de forma a
nos quais haja risco de danos à saúde e à integridade física dos tra- oferecer aos trabalhadores condições de segurança e de conforto,
balhadores, devem ser efetuados em local fora da área de movi- mantidos em condições de higiene e limpeza e atender ao seguinte:
mentação de carga. a)piso impermeável e lavável;
29.20.3.1Quando não for possível aplicação do subitem b)paredes de material resistente, impermeável e lavável;
29.20.3, a operação no local deve ser interrompida até a conclusão c)cobertura que proteja contra intempéries;
do reparo. d)proteção contra risco de choque elétrico e aterramento elé-
29.20.3.2No recondicionamento de embalagens com cargas trico;
perigosas, a área deve ser vistoriada e o risco da tarefa avaliado, e)possuir área de ventilação natural, composta por, no mínimo,
previamente, por pessoa responsável, que definirá as medidas de duas aberturas adequadamente dispostas para permitir eficaz ven-
prevenção coletiva e individual necessárias. tilação interna;
f)garantir condições de conforto térmico, acústico e de ilumi-
29.21 Segurança nos serviços do vigia de portaló nação;
29.21.1No caso de portaló sem proteção para o vigia se abri- g)ter assentos em número suficiente para atender aos usuários
gar das intempéries, deve ser providenciado abrigo, como também durante a interrupção das atividades; e
adotadas medidas especiais contra a insolação, o calor, o frio, as h)ser identificado de forma visível, proibida sua utilização para
umidades e os ventos. outras finalidades.
29.21.2Havendo movimentação de carga sobre o portaló ou 29.25.3Toda instalação portuária deve ser dotada de um local
outros postos onde deva permanecer um vigia portuário, este se de repouso destinado aos trabalhadores que operem equipamen-
posicionará fora dele, em local seguro. tos portuários de grande porte ou aqueles cuja avaliação ergonômi-
29.21.3Deve ser fornecido ao vigia assento com encosto, com ca preliminar ou análise ergonômica do trabalho exija que o traba-
forma levemente adaptada ao corpo para a proteção da região lom- lhador tenha períodos de pausas na jornada de trabalho.
bar. 29.25.3.1O local de repouso deve ser climatizado, dotado de
isolamento acústico eficiente e mobiliário apropriado ao descanso
29.22 Iluminação dos locais de trabalho dos usuários.
29.22.1Os locais de operação a bordo, ou em terra, devem ter 29.25.4O deslocamento do trabalhador até as instalações sani-
níveis adequados de iluminamento, não inferiores a 50 lux. tárias não deve ser superior a 200 m (duzentos metros).
29.22.2Nas áreas de acesso e circulação de pessoas, a bordo 29.25.5Nas operações a bordo de embarcações que não ofe-
ou em terra, não será permitido níveis inferiores a 10 lux por toda reçam instalações sanitárias com gabinete sanitário e lavatório, em
sua extensão. boas condições de higiene e funcionamento, o operador portuário
deve dispor, próximo ao acesso à embarcação, de instalações sani-
29.23 Transporte de trabalhadores por via aquática tárias móveis.
29.23.1As embarcações que fizerem o transporte de trabalha- 29.25.6O transporte de trabalhadores ao longo do porto deve
dores portuários devem observar as NORMAM. ser feito por meios seguros.
29.23.2Os locais de atracação, sejam fixos ou flutuantes, para
embarque e desembarque de trabalhadores, devem possuir dispo- 29.26 Primeiros socorros e outras providências
sitivos que impeçam a queda do trabalhador na água e que redu- 29.26.1Toda instalação portuária deve dispor de serviço de
zam o risco de impacto da embarcação contra o cais ou flutuante. atendimento de urgência próprio ou terceirizado mantido pelo
OGMO, operadores portuários e tomadores de serviço, possuindo
29.24 Locais frigorificados equipamentos e pessoal habilitado a prestar os primeiros socorros
29.24.1Nos locais frigorificados é proibido o uso de máquinas e e garantir a rápida e adequada remoção de acidentado.
equipamentos movidos a combustão interna, salvo se: 29.26.2Nas operações portuárias realizadas em berço de atra-
a)providos de dispositivos neutralizadores; e cação, é obrigatória a presença, no local da operação, de um inte-
b)as concentrações dos gases sejam monitoradas, de forma a grante do serviço de atendimento a urgência, devidamente identi-
atender as disposições contidas na NR- 09 - avaliação e controle das ficado.
exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos.
425
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.26.3Para o resgate de trabalhador portuário acidentado em c)indicação das cargas perigosas - qualitativa e quantitativa-
embarcações atracadas, devem ser mantidas, próximas a estes lo- mente - segundo o Código Marítimo Internacional de Mercadorias
cais de trabalho, cestos suspensos e macas, ou outro recurso equi- Perigosas - IMDG CODE, informando as que serão descarregadas no
valente ou superior previsto no PCE, em bom estado de conserva- porto e as que permanecerão a bordo.
ção e higiene, não podendo ser utilizados para outros fins. 29.27.8Todos os intervenientes da cadeia logística portuária
29.26.4Nos trabalhos executados em embarcações ao largo, poderão extrair as informações sobre cargas perigosas e documen-
deve ser garantida comunicação eficiente e meios para, em caso de tos envolvidos do Sistema Porto Sem Papel do Governo Federal.
acidente, prover a rápida remoção do trabalhador portuário aciden- 29.27.9Na movimentação de carga perigosa embalada para ex-
tado, devendo os primeiros socorros serem prestados por trabalha- portação, o exportador ou seu preposto deve fornecer à administra-
dor treinado para este fim. ção do porto e ao OGMO a documentação de que trata o subitem
29.26.5No caso de acidente grave ou fatal a bordo, o responsá- 29.27.6 com antecedência mínima de quarenta e oito horas do
vel pela embarcação deve comunicar, imediatamente, à Capitania embarque.
dos Portos, às suas Delegacias ou Agências e ao órgão regional com- 29.27.10Durante todo o tempo de atracação de uma embarca-
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho. ção com carga perigosa no porto, o comandante deve adotar pro-
29.26.5.1O local do acidente deve ser isolado até que seja reali- cedimentos de segurança para operação portuária, os quais devem
zada a investigação do acidente por autoridade competente desses prever:
órgãos e posterior liberação do despacho da embarcação pela Capi- a)manobras de emergência, reboque ou propulsão;
tania dos Portos, suas Delegacias ou Agências. b)manuseio seguro de carga e lastro; e
c)controle de avarias.
29.27 Operações com cargas perigosas 29.27.11O comandante deve informar imediatamente à ad-
29.27.1As cargas perigosas classificam-se de acordo com tabela ministração do porto e ao operador portuário qualquer incidente
de classificação contida no Anexo IV desta NR. ocorrido com as cargas perigosas que transporta, quer na viagem,
29.27.2Nos locais de armazenagem deve haver sinalização con- quer durante sua permanência no porto.
tendo a identificação das classes e tipos dos produtos perigosos ar- 29.27.12Cabe ao OGMO, tomador de serviço ou empregador:
mazenados, em pontos estratégicos e visíveis e em conformidade a)nas escalações de mão de obra avulsa, informar aos trabalha-
com os símbolos padronizados pela Organização Marítima Interna- dores quanto à existência de cargas perigosas, os tipos e as quanti-
cional - OMI. dades a serem movimentadas; e
29.27.3Apenas podem ser operadas ou armazenadas cargas b)promover a capacitação dos trabalhadores em operações
perigosas que possuam ficha de informações de segurança da carga com cargas perigosas.
perigosa. 29.27.13Antes do início das operações ou da armazenagem de
29.27.3.1A ficha de informações de segurança da carga perigo- cargas perigosas, os locais de operação ou armazenagem devem ser
sa deve estar disponível para os trabalhadores. previamente limpos e descontaminados por pessoas capacitadas.
29.27.3.1.1Caso não disponível a ficha de informações de segu- 29.27.14Somente devem ser manipuladas, armazenadas ou es-
rança da carga perigosa em língua portuguesa, essas informações tivadas as cargas perigosas que estiverem embaladas, sinalizadas e
devem ser repassadas aos trabalhadores antes da realização da rotuladas de acordo com o IMDG CODE.
operação. 29.27.15Nas operações com cargas perigosas a granel, devem
29.27.4As operações e o armazenamento de cargas perigosas ser observadas as medidas de controle previstas no Código Interna-
devem estar sob supervisão de profissional capacitado e sob res- cional para a Construção e Equipamento de Embarcações Transpor-
ponsabilidade de profissional legalmente habilitado. tadores de Cargas Perigosas a Granel - IBC-CODE.
29.27.5Os trabalhadores devem ser capacitados para operar e 29.27.16As cargas perigosas devem ser submetidas a cuida-
armazenar cargas perigosas. dos especiais considerando suas características, sendo observadas,
29.27.6O treinamento para operação e armazenagem com car- dentre outras, as providências para adoção das medidas constantes
gas perigosas deve ser de vinte horas e ter o seguinte conteúdo: das fichas com informações de segurança de cargas perigosas, in-
a)classes e seus perigos; clusive aquelas cujas embalagens estejam avariadas ou que estejam
b)marcação, rotulagem e sinalização; armazenadas próximas a cargas nessas condições.
c)procedimentos de resposta a emergências; 29.27.17As cargas relacionadas a seguir não podem ser manti-
d)noções de primeiros socorros; das nas áreas de operação de carga e descarga, devendo ser remo-
e)procedimentos de manuseio seguro; vidas para o armazenamento ou outro destino final:
f)requisitos de segurança nos portos para carga, trânsito e des- a)explosivos em geral;
carga; e b)gases inflamáveis (classe 2.1) e venenosos (classe 2.3);
g)regulamentação da instalação portuária, em especial, a limi- c)radioativos;
tação de quantidade. d)chumbo tetraetila;
29.27.7O Operador Portuário ou o Tomador de Serviço, respon- e)poliestireno expansível;
sável pela movimentação da carga perigosa, deve garantir, com a f)perclorato de amônia, e
antecedência mínima de vinte e quatro horas antes da escalação, g)mercadorias perigosas acondicionadas em contêineres refri-
o recebimento da seguinte documentação pelo OGMO ou, quando gerados.
substituindo o OGMO, pelos sindicatos dos trabalhadores: 29.27.18Operações com embalagens avariadas devem ser au-
a)declaração de mercadorias perigosas conforme NORMAM ou torizadas mediante sistema de permissão de trabalho e conforme
formulário internacional equivalente; sua ficha com informações de segurança de cargas perigosas.
b)ficha de informações de segurança da carga perigosa; e
426
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.27.19Nas operações com explosivos - Classe 1, além das dis- d)adotadas medidas de proteção contra incêndio e explosões,
posições previstas na NR-19: incluindo especialmente a proibição de fumar e o controle de qual-
a)serão previstos procedimentos para embarque diretamente à quer fonte de ignição e de calor.
embarcação ou recebimento em área fora da instalação portuária. 29.27.23Nas operações com substâncias tóxicas e infectantes
b)será impedido o abastecimento de combustíveis na embarca- - Classe 6, deve-se:
ção, durante essas operações; a)restringir o acesso à área operacional e circunvizinhas so-
c)será proibida a realização de trabalhos de reparos nas embar- mente ao pessoal envolvido nas operações; e
cações atracadas, carregadas com explosivos ou em outras, a me- b)disponibilizar, no local das operações, material absorvente
nos de 40 m (quarenta metros) dessa embarcação; e para conter derramamentos.
d)haverá determinação para que os explosivos sejam as últi- 29.27.24Nas operações com materiais radioativos - Classe 7:
mas cargas a embarcar e as primeiras a desembarcar. a)as embarcações estrangeiras devem possuir documentação
29.27.20Nas operações com gases inflamáveis - Classe 2.1 e lí- determinada pela Agência Internacional de Energia Atômica, e, para
quidos inflamáveis e combustíveis - Classe 3, além das disposições as embarcações de bandeira brasileira, devem ser atendidas as nor-
da NR-20: mas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.
a)devem ser prevenidos impactos e quedas dos recipientes nas b)devem ser obedecidas as normas de segregação desses materiais,
plataformas do cais, nos armazéns e porões; constantes no Código IMDG, com as distâncias de afastamento aplicá-
b)a fiação e terminais elétricos devem ser mantidos com isola- veis, constante no Regulamento para o Transporte com Segurança de
mento perfeito e com os respectivos tampões, inclusive os instala- Materiais Radioativos, da Agência Internacional de Energia Atômica;
dos nos guindastes; c)a autorização para a atracação de embarcação com carga da
c)os guindastes devem ser mantidos totalmente travados, tan- Classe 7 deve ser precedida pela confirmação de que as exigências
to no solo como nas superestruturas; contidas nas alíneas “a” e “b” deste item foram adequadamente
d)as mangueiras, tubulações e demais componentes pressuri- cumpridas, sendo que esta confirmação deve ser feita com base nas
zados devem ser inspecionados e periodicamente testados, confor- informações contidas nos documentos de transporte; e
me instruções do fabricante; d)em caso de acidente/incidente com ou sem danos aos emba-
e)em toda a área da operação ou próximos a equipamentos, lados, a pessoa responsável deverá solicitar a presença do Supervisor
devem ser instaladas sinalização proibindo o uso de fontes de igni- de Proteção Radiológica - SPR - designado pelo expedidor ou desti-
ção, incluindo os avisos NÃO FUME - NO SMOKING; NÃO USE LÂM- natário da carga para decidir os procedimentos a serem adotados.
PADAS DESPROTEGIDAS - NO OPEN LIGHTS; 29.27.24.1É assegurado ao pessoal envolvido nas operações
f)as tomadas e válvulas de gases e líquidos inflamáveis na área com materiais radioativos o total acesso aos dados e resultados da
delimitada da faixa do cais devem possuir sinalização de segurança; e eventual monitoração e do consequente controle da exposição.
g)deve ser monitorada de forma permanente a operação em 29.27.25Nas operações com substâncias corrosivas - Classe 8,
embarcações tanque com a adoção de medidas imediatas em caso deve-se:
de anormalidade da operação. a)adotar medidas de controle que impeçam o contato de subs-
29.27.21Nas operações com sólidos inflamáveis, substâncias tâncias dessa classe com a água ou com temperatura elevada;
sujeitas à combustão espontânea, que em contato com a água emi- b)utilizar medidas de prevenção contra incêndio e explosões,
tem gases inflamáveis - Classe 4, devem ser: incluindo a proibição de fumar e o controle de qualquer fonte de
a)adotadas medidas preventivas para controle do risco princi- ignição e de calor; e
pal e dos riscos secundários; c)disponibilizar, no local das operações, material absorvente
b)adotadas as práticas de segurança, relativas as cargas sólidas para contenção de derramamentos.
a granel, que constam do suplemento ao código IMDG; 29.27.26A administração portuária deve fixar em cada porto a
c)adotadas medidas de proteção contra incêndio e explosões, quantidade máxima total por classe e subclasse de substâncias a
incluindo a proibição de fumar e o controle de fonte de ignição e serem armazenadas na zona portuária.
de calor; 29.27.27Os locais de armazenamento de cargas perigosas de-
d)adotadas medidas que impeçam o contato da água com vem ser mantidos em condições seguras, conforme projeto.
substâncias das subclasses 4.2 - substâncias sujeitas a combustão 29.27.28No projeto de armazenamento de cargas perigosas,
espontânea e 4.3 - substâncias perigosas em contato com a água; devem constar:
e)adotadas medidas que evitem a fricção e impactos com a a)planta geral de localização;
carga; e b)descrição das áreas de armazenamento;
f)monitoradas, antes e durante a operação de descarga de car- c)características e informações de segurança, saúde e do am-
vão ou pré-reduzidos de ferro, a temperatura do porão e a presen- biente de trabalho relativas às mercadorias armazenadas, constan-
ça de hidrogênio ou outros gases no mesmo, para as providências tes nas fichas com dados de segurança das cargas perigosas;
devidas. d)especificação técnica dos equipamentos, máquinas e acessó-
29.27.22Nas operações com substâncias oxidantes e peróxidos rios presentes nas áreas de armazenagem, em termos de segurança
orgânicos - Classe 5, devem ser: e saúde no trabalho estabelecidos pela análise de riscos;
a)adotadas medidas preventivas para controle do risco princi- e)identificação das áreas classificadas nas áreas de armazenagem,
pal e dos riscos secundários; para efeito de especificação dos equipamentos e instalações elétricas; e
b)adotadas medidas que impossibilitem o contato das substân- f)medidas intrínsecas de segurança identificadas na análise de
cias dessa classe com os materiais ácidos, óxidos metálicos e aminas; riscos do projeto.
c)monitorada e controlada a temperatura externa, até seu li- 29.27.29Deve ser realizada inspeção, no mínimo diária, das
mite máximo, dos tanques que contenham peróxidos orgânicos; e cargas perigosas armazenadas.
427
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
428
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Nº médio de trabalhadores avulsos 20 51 101 501 1001 2001 5001 Acima de 10000 a cada grupo
a a a a a a a de 2500 acrescentar
50 100 500 1000 2000 5000 10000
Nº de representantes titulares dos operado- 01 02 04 06 09 12 15 02
res portuários e dos tomadores de serviço
Nº de representantes titulares dos traba- 01 02 04 06 09 12 15 02
lhadores avulsos
ANEXO III
REGIME DE TEMPO DE TRABALHO COM TEMPO DE RECUPERAÇÃO TÉRMICA FORA DO AMBIENTE FRIO
Faixa de Temperatura de Bulbo Regime de tempo de trabalho com tempo de recuperação fora do ambiente frio, para trabalhadores
Seco (°C) utilizando EPI e vestimenta adequados para exposição ao frio
+15,0 a -17,9 * Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 minutos, sendo quatro períodos de 1 hora
+12,0 a -17,9 ** e 40 minutos alternados com 20 minutos de repouso e recuperação térmica fora do ambiente de
+10,0 a -17,9 *** trabalho.
-18,0 a -33,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 horas alternando-se 1 hora de trabalho com 1 hora
para recuperação térmica fora do ambiente frio.
-34,0 a -56,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 hora, sendo dois períodos de 30 minutos com separa-
ção mínima de 4 horas para recuperação térmica fora do ambiente frio.
-57,0 a -73,0 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos sendo o restante da jornada cumprida obri-
gatoriamente fora do ambiente frio.
Abaixo de -73,0 Não é permitida a exposição ao ambiente frio, seja qual for a vestimenta utilizada.
(*) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
(**) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática sub-quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
429
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
(***) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
CLASSE 1 - EXPLOSIVOS
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
1.1 Substâncias ou produtos que apresentam perigo de explosão em massa.
1.2 Substâncias ou produtos que apresentam perigo de projeção, mas não apresentam perigo de explosão em massa.
1.3 Substâncias e produtos que apresentam perigo de incêndio e perigo de produção de pequenos efeitos de onda de choque
ou projeção ou ambos os efeitos, mas que não apresentam um perigo de explosão em massa.
1.4 Substâncias e produtos que não apresentam perigo considerável.
1.5 Substâncias e produtos muito insensíveis e produtos, mas que apresentam perigo de explosão em massa.
1.6 Substâncias e produtos extremamente insensíveis que não apresentam perigo de explosão em massa.
CLASSE 2 - GASES COMPRIMIDOS, LIQUEFEITOS OU DISSOLVIDOS SOB PRESSÃO
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
2.1 Gases inflamáveis.
2.2 Gases não inflamáveis e não tóxico.
2.3 Gases tóxicos.
CLASSE 3 - LÍQUIDOS INFLÁMAVEIS
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
Líquidos inflamáveis: são líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ 60° C (sessenta graus Celsius).
Líquidos que possuem ponto de fulgor superior a 60° C (sessenta graus Celsius), quando armazenados e transferidos
aquecidos a temperaturas iguais ou superiores ao seu ponto de fulgor, se equiparam aos líquidos inflamáveis.
CLASSE 4 - SÓLIDOS INFLAMÁVEIS, SUBSTÂNCIAS SUJEITAS À COMBUSTÃO ESPONTÂNEA, SUBSTÂNCIAS QUE, EM CONTATO
COM A ÁGUA EMITEM GASES INFLAMÁVEIS.
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
4.1 Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a autoignição, sólidos explosivos dessensibilizadas e substâncias polimerizadas
4.2 Substâncias sujeitas à combustão espontânea.
4.3 Substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.
CLASSE 5 - SUBSTÂNCIAS OXIDANTES E PERÓXIDOS ORGÂNICOS.
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
5.1 SUBSTÂNCIAS OXIDANTES
5.2 Peróxidos orgânicos
CLASSE 6 - SUBSTÂNCIAS TÓXICAS OU INFECTANTES.
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
6.1 Substâncias tóxicas
6.2 Substâncias infectantes
CLASSE 7 - MATERIAL RADIOATIVO
CLASSE 8 - SUBSTÂNCIAS CORROSIVAS
CLASSE 9 - SUBSTÂNCIAS E MATERIAIS PERIGOSOS DIVERSOS
430
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
431
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
TABELA II - DISTÂNCIA DE SEGREGAÇÃO Área de operação - local onde ocorre a movimentação da mer-
cadoria, da carga ou de passageiros.
TIPO DE SE- SENTIDO DA SEGREGAÇÃO Área do porto organizado - área delimitada por ato do Poder
GREGAÇÃO Executivo que compreende as instalações portuárias, a infraestru-
LONGITUDI- TRANSVERSAL VERTICAL tura de proteção e de acesso ao porto, por via terrestre ou aquaviá-
NAL ria. Integra: ancoradouros, docas, cais, pontes e píeres de atracação
TIPO 1 Não há restri- Não há restri- Permitido e acostagem, terrenos, armazéns, edificações, vias de circulação
ções ções um remonte interna, guias-correntes, quebra-mares, eclusas, canais, bacias de
evolução e áreas de fundeio, todas mantidas pela administração do
TIPO 2 Um espaço para Um espaço para Proibido o
porto.
contêiner ou contêiner ou remonte
Armazém - edificação fechada, construída em madeira, metal,
contêiner neutro contêiner neutro
alvenaria e/ou concreto armado, provida de cobertura e abertu-
TIPO 3 Um espaço Dois espaços Proibido o ras que permitam a entrada e saída de mercadorias, cargas gerais,
para contêiner para contêineres remonte equipamentos e pessoal.
ou contêiner ou dois contê- Assoalho - piso da carroceria do veículo.
neutro ineres neutros Atmosfera IPVS - Atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida ou
TIPO 4 A distância de A distância de Proibido o à Saúde - qualquer atmosfera que apresente risco imediato à vida
pelo menos 24 pelo menos 24 remonte ou produza imediato efeito debilitante à saúde.
metros metros Atores externos - organizações oficiais e de apoio que estão lo-
calizados fora do porto organizado ou instalação portuária.
TIPO X Não há nenhuma recomendação geral. Consultar Atracação - manobra de fixação da embarcação ao cais.
a ficha correspondente em cada produto Administração Portuária - é a pessoa jurídica responsável pela
administração do porto organizado, também denominada autori-
OBSERVAÇÕES: dade portuária.
1)As tabelas estão baseadas no quadro de segregação do Có- Barreiras (granel sólido) - paredes formadas no granel sólido
digo Marítimo Internacional de Mercadorias Perigosas - IMDG/CO- durante sua movimentação em depósitos a céu aberto, silos hori-
DE-IMO. zontais e porões de embarcações.
2)Um “espaço para contêineres” significa uma distância de Berço - qualquer doca, píer, molhe, caís, terminal marítimo, ou
pelo menos 6m (seis metros) no sentido longitudinal e pelo menos estrutura similar flutuante ou não, onde uma embarcação possa
2,4m (dois metros e quarenta centímetros) no sentido transversal atracar com segurança.
do armazenamento. Cabine com interior climatizado - cabine com espaço fisicamen-
3)Contêiner neutro significa cofre com carga compatível com o te delimitado, com dimensões e instalações próprias, submetidos
da mercadoria perigosa (por exemplo: contêiner com carga geral - ao processo de climatização por meio de equipamentos para con-
não alimento). forto térmico.
Cais - estrutura, plataforma ou faixa paralela ou marginal que
Glossário acompanha a linha da costa ou margens dos rios. Parte de um porto
Acessórios de estivagem ou de içamento - todo acessório por onde se efetua o embarque e o desembarque de passageiros, mer-
meio do qual uma carga pode ser fixada num aparelho de içar, mas cadorias e cargas diversas por via aquaviária.
que não seja parte integrante do aparelho ou da carga. Câmera retrovisora - dispositivo composto por câmeras e mo-
Acondicionamento - ato de embalar, carregar ou colocar cargas nitor que se destina a proporcionar uma visibilidade clara para a
perigosas em recipientes, contentores intermediários para graneis, retaguarda e para os lados no tráfego de máquina ou equipamento.
contentores de cargas, contentores-tanques, tanques portáteis, va- Carga - qualquer tipo de volume ou objeto, embalado ou não,
gões ferroviários, veículos, barcaças ou outras unidades de trans- incluindo mercadoria, que seja transportado, movimentado ou ar-
porte de carga. mazenado nos ambientes laborais alcançados pela aplicabilidade
Agulheiros ou escotilhão - pequenas escotilhas utilizadas para desta NR.
trânsito de pessoal entre pavimentos da embarcação, entre eles o Carga frigorificada - carga transportada em câmaras frigoríficas
porão. Abertura circular ou elíptica, para acesso aos compartimen- ou em porões frigoríficos, de acordo com a faixa de temperatura e
tos da embarcação normalmente não habitados ou frequentados. zonas climáticas indicadas na tabela de exposição ao frio constante
Ancoragem (equipamento de guindar sobre trilho) - ponto de no Anexo III desta NR.
fixação. Carga perigosa - qualquer carga que, em virtude de ser explo-
Aparelho de içar (equipamento de guindar) - todos os apare- siva, inflamável, oxidante, venenosa, infecciosa, radioativa, corrosi-
lhos de cargas fixos ou móveis, utilizados em terra ou a bordo da va ou contaminante, possa apresentar riscos aos trabalhadores, às
embarcação para suspender, levantar ou arriar as cargas ou deslo- embarcações, às instalações físicas de onde estiverem ou ao meio
cá-las de um lugar para outro em posição suspensa ou levantada, ambiente. O termo carga perigosa inclui quaisquer receptáculos,
incluindo rampas de caís acionadas por força motriz (Convenção nº tais como tanques portáteis, embalagens, contentores intermediá-
152 da Organização Internacional do Trabalho). rios para graneis (IBC) e contêineres-tanques que tenham anterior-
Área de armazenagem - complexo de espaços reservados à mente contido cargas perigosas e estejam sem a devida limpeza e
guarda e conservação de mercadorias soltas ou embaladas, geral- descontaminação que anulem os seus efeitos prejudiciais.
mente constituída de armazém, galpão, parque e silos.
432
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Cobertas - são as estruturas que subdividem os espaços de car- Granel sólido - todo sólido fragmentado ou grão vegetal trans-
ga (por exemplo: o porão), em subespaços na direção vertical, sob portado diretamente nos porões da embarcação, sem embalagem
a forma de conveses. e em grandes quantidades, e que é movimentado por transporta-
Contêiner - unidade de carga caracterizando-se por ser um con- dores automáticos, tipo pneumático ou de arraste e similares ou
tentor; grande caixa ou recipiente metálico construído com material aparelhos mecânicos, tais como eletroimã ou caçamba automática
resistente no qual mercadorias, carga ou volumes são acondiciona- (grabs). (Por exemplo: carvão, sal, trigo em grão, minério de ferro
dos com a finalidade de facilitar o seu embarque, desembarque e e outros).
transbordo entre diferentes meios de transporte. Em transporte, é Habilitação de Trabalhador Portuário Avulso - habilitação ob-
um equipamento construído com normas técnicas reconhecidas in- tida mediante participação e aprovação em cursos e treinamentos
ternacionalmente. ofertados ou aceitos pelo OGMO, conforme legislação específica
Convés - cada piso da embarcação que subdivide os espaços portuária (ministrados pela Marinha - DPC, requisitantes de mão
de carga em compartimentos na direção vertical. O convés princi- de obra avulsa, sindicato da categoria ou empresas especializadas),
pal, em geral, é o primeiro pavimento, acima dos demais, que se permitindo ao TPA candidatar-se às ofertas de trabalho para seu
estende por toda a área da embarcação, descoberto no todo ou em engajamento.
grande parte, por onde normalmente se ingressa na embarcação e Instalação portuária - instalação localizada dentro ou fora da
se tem acesso a todos os seus demais compartimentos. Sinônimo área do porto organizado e utilizada em movimentação de passa-
de coberta. geiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias e car-
Contaminantes - gases, vapores, névoas, fumos e poeiras pre- gas diversas destinadas ou provenientes de transporte aquaviário.
sentes na atmosfera de trabalho. Estão também compreendidas: a ETC - Estação de Transbordo de
Escada Quebra-Peito (escada de marinheiro) - escada verti- Cargas: instalação portuária explorada mediante autorização, loca-
cal utilizada para subida e descida, esporádicas, de embarcações, lizada fora da área do porto organizado e utilizada exclusivamente
construídas de cordas e madeira, obedecendo a normas marítimas para operação de transbordo de mercadorias ou cargas em em-
internacionais. barcações de navegação interior ou cabotagem; a Instalação Por-
Embalagem - Elemento ou conjunto de elementos destinados tuária Pública de Pequeno Porte: explorada mediante autorização,
a envolver, conter e proteger produtos durante sua movimentação, localizada fora do porto organizado e utilizada na movimentação
transporte, armazenagem, comercialização e consumo. de passageiros, mercadorias ou cargas diversas em embarcações
Engajamento do Trabalhador Portuário Avulso (TPA) - É a con- de navegação interior; e a Instalação Portuária de Turismo: insta-
tratação do TPA mediante as requisições dos operadores portuários lação portuária explorada mediante arrendamento ou autorização
e tomadores de serviço ao OGMO. e utilizada em embarque, desembarque e trânsito de passageiros,
Escala de trabalho do OGMO - Escalação dos TPA - Todos os TPA tripulantes e bagagens, e de insumos para o provimento e abasteci-
selecionados e relacionados (equipes de trabalho) para atender às mento de embarcações de turismo.
requisições recebidas pelo OGMO. Lingada - é a porção de cargas ou amarrado de mercadorias
Escotilha - abertura nas embarcações, geralmente retangular, que a Linga/Estropo levanta por vez através de aparelho de içar.
que põe em comunicação entre si as cobertas, o convés principal e Madeira verde - madeira cujo teor de umidade excede o ponto
o porão. Exemplo de coberta são as tampas dos porões. de saturação das fibras.
Estiva (estivagem) - é a atividade de movimentação de merca- Máquinas e equipamentos de cais - engenho destinado ao des-
dorias ou cargas diversas nos conveses e nos porões das embar- locamento da carga do porto para a embarcação e vice-versa ou
cações, nas operações de carga e descarga, incluindo arrumação, sua utilização no porão da embarcação. Pode ser autopropelido ou
peação e despeação. não. Inclui aparelhos de içar, carregador de embarcação (shiploa-
Estrado ou palete - acessório de embalagem constituindo-se der), correias transportadoras, empilhadeiras, escavadeiras e pás
em tabuleiro de madeira, metal, plástico ou outro material, com es- carregadeiras.
trutura plana, com forma adequada para ser usada por empilhadei- Mercadoria - qualquer tipo de volume ou unidade de carga,
ra ou guindaste, para transporte de carga ou mercadoria que não embalado ou não, transportado, movimentado ou armazenado nos
possa sofrer pressão. ambientes laborais alcançados pela aplicabilidade desta norma re-
Estropo ou linga - qualquer dispositivo feito de cabo, corrente gulamentadora, cuja finalidade seja o comércio de bens.
ou lona que serve para envolver ou engatar um peso para içá-lo Normas da Autoridade Marítima (NORMAN) - normas estabe-
através de guindastes. lecidas pela autoridade marítima brasileira, com os objetivos de sal-
Enxárcia ou aparelho fixo - é o conjunto de cabos fixos que dão vaguarda da vida humana e segurança da navegação no mar aberto
sustentação aos mastros de carga. e hidrovias interiores, bem como pela prevenção da poluição am-
Ficha de informações de segurança da carga perigosa - Ficha de biental causada por embarcações, plataformas e suas instalações
Informações de Segurança de Produtos Químicos conforme normas de apoio, além de outros cometimentos a ela conferidos pela le-
nacionais ou Ficha com dados de segurança do material (Material gislação.
Safety Data Sheet). Operação portuária - movimentação e/ou armazenagem de
Granel - carga quase sempre homogênea, não embalada, car- mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário,
regada diretamente nos porões das embarcações. Ela é subdividida realizada em porto organizado ou instalação portuária de uso pri-
em granel sólido e granel líquido. vado por operador portuário, tomador de serviço ou empregador.
Granel líquido - todo líquido transportado diretamente nos
porões da embarcação, sem embalagem e em grandes quantida-
des, e que é movimentado por dutos por meio de bombas. (Por
exemplo: álcool, gasolina, suco de laranja, melaço e outros).
433
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Operador portuário - pessoa jurídica pré-qualificada pela au- Trabalhador qualificado - aquele que comprova conclusão de
toridade portuária para exercer as atividades de movimentação curso específico para sua atividade em instituição reconhecida pelo
de passageiros ou movimentação e armazenagem de mercadorias, sistema oficial de ensino.
destinadas ou provenientes de transporte aquaviário, dentro da Trabalhador portuário - profissional treinado e habilitado para
área do porto organizado. executar as atividades relacionadas ao trabalho portuário, com vín-
Palete - ver estrado. culo empregatício por prazo indeterminado ou avulso, conforme
Peação - fixação da carga nos porões e conveses da embarca- definido em lei especial.
ção, visando evitar seu deslocamento e possível avaria em razão Trabalho portuário - são atividades exclusivas definidas em lei
dos movimentos da embarcação, objetivando sua preservação e a especial relacionadas aos serviços de capatazia, estiva, conferência
segurança da navegação. de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos
Pessoa responsável - é aquela designada por operador portuá- portos organizados e instalações portuárias.
rio, empregadores, tomador de serviço, comandante de embarca- Transbordo - movimentação de mercadorias ou de cargas di-
ção, OGMO, sindicato de classe, autoridade portuária, entre outros, versas entre embarcações ou entre estas e outros modais de trans-
conforme o caso, que possua conhecimento, autoridade, comando porte.
e autonomia suficientes para assegurar o cumprimento de uma ou Vigia de portaló - vigia portuário que fica no controle de entra-
mais tarefas específicas que lhe forem confiadas por quem de di- da e saída de pessoas junto à escada de portaló.
reito.
Portaló - local de entrada da embarcação, onde desemboca a TRABALHO AVULSO NÃO PORTUÁRIO
escada que liga o cais à embarcação.
Porto - local situado em baía, angra, enseada, foz ou margens
de rios, que ofereça proteção natural ou artificial contra ventos, ma- O art. 1º da Lei n. 12.023/2009 dispõe que trabalhadores avul-
rés, ondas e correntes, e ofereça instalações para atracação e amar- sos não portuários são: aqueles que desenvolvem suas atividades
ração de embarcações, áreas de armazenagem e equipamentos de (de movimentação de mercadorias em geral), em áreas urbanas ou
movimentação de carga, que possibilite o embarque e desembar- rurais, sem vínculo empregatício, mediante intermediação obriga-
que de mercadorias, cargas diversas e passageiros. tória do sindicato da categoria, com execução das atividades regu-
Porto organizado - bem público construído e aparelhado para ladas por meio de negociação coletiva.
atender a necessidades de navegação, de movimentação de passa- A diferença básica entre o trabalhador avulso portuário e o
geiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo trabalhador avulso não portuário vincula-se não ao local da pres-
tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autorida- tação dos serviços, e, sim, na intermediação ou não do sindicato na
de portuária. prestação dos serviços. O trabalho avulso não portuário tem como
Profissional legalmente habilitado - o trabalhador previamente órgão de intermediação o sindicato dos trabalhadores avulsos.
qualificado e com registro no competente conselho de classe. Podemos citar como exemplos de trabalhadores avulsos não
Silo - construção de metal, aço ou concreto armado, compos- portuários que laboram na orla marítima: o amarrador de embarca-
to de células interligadas por condutos, destinada a receber grãos ção, o carregador de bagagem em porto (atividade regulada pela Lei
vegetais. n. 4.637/65) e o prático de barra em porto (art. 9º, IV, do Decreto
Sinaleiro - é o trabalhador portuário com curso de sinalização n. 3.048/99).
para movimentação de carga. A função do sinaleiro é realizar a co- O legislador procurou delimitar bem o papel do sindicato nesta
municação com o operador do equipamento de içar para a correta intermediação, impondo ao mesmo, deveres legais tais como:
orientação espacial da manobra de movimentação da carga. Art. 5º São deveres do sindicato intermediador:
Terminal de uso privado - instalação portuária explorada me- I – divulgar amplamente as escalas de trabalho dos avulsos,
diante autorização e localizada fora da área do porto organizado. com a observância do rodízio entre os trabalhadores;
Terminal retroportuário - É o estabelecimento situado próximo II – proporcionar equilíbrio na distribuição das equipes e fun-
a um porto organizado ou a uma instalação portuária, compreendi- ções, visando à remuneração em igualdade de condições de traba-
da no perímetro de cinco quilômetros dos limites da zona primária, lho para todos e a efetiva participação dos trabalhadores não sin-
com área demarcada pela autoridade aduaneira local, no qual são dicalizados;
executados os serviços de operação, sob controle aduaneiro, com III – repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo
carga de importação e exportação, embarcadas em contêiner, rebo- de 72 (setenta e duas) horas úteis, contadas a partir do seu arreca-
que ou semi-reboque. damento, os valores devidos e pagos pelos tomadores do serviço,
Tomador de serviço - é a pessoa física ou jurídica que requisita relativos à remuneração do trabalhador avulso;
Trabalhador Portuário Avulso - TPA junto ao OGMO para a execu- IV – exibir para os tomadores da mão de obra avulsa e para as
ção de operações portuárias fora do Porto Organizado, como ocorre fiscalizações competentes os documentos que comprovem o efetivo
nos Terminais de Uso Privado - TUP. Em alguns portos organizados pagamento das remunerações devidas aos trabalhadores avulsos;
a requisição de TPA pode ocorrer para movimentar cargas diversas, V – zelar pela observância das normas de segurança, higiene e
exemplo de movimentações de carga offshore e de rancho (mate- saúde no trabalho;
rial de bordo). VI – firmar Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para nor-
Trabalhador capacitado - aquele que recebe capacitação sob matização das condições de trabalho.
orientação e responsabilidade de profissional legalmente habilita- §1º Em caso de descumprimento do disposto no inciso III deste
do. artigo, serão responsáveis, pessoal e solidariamente, os dirigentes
da entidade sindical.
434
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Da análise do referido dispositivo legal, percebe-se que o legis- b) com a rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na
lador foi mais severo quanto ao repasse da remuneração dos traba- legislação trabalhista (art. 28, §5o, IV);
lhadores avulsos não portuários (art. 5º, III), comparando-se com a c) com a dispensa imotivada do atleta (art. 28, §5o, V).
legislação dos avulsos portuários, uma vez que determinou prazo
específico para o referido repasse (72 horas) e ainda previu respon- Obs.: O valor da cláusula compensatória será livremente pactu-
sabilidade solidária dos dirigentes sindicais (art. 5º, §1º). ado entre as partes e formalizado no contrato especial de trabalho
Foi um avanço importante para proteger os trabalhadores de desportivo, observando-se, como limite máximo, 400 (quatrocen-
eventuais desvios de receita pelo próprio sindicato. Contudo, não tas) vezes o valor do salário mensal no momento da rescisão, e,
somente o sindicato passou a ter mais responsabilidade, mas o to- como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria
mador de serviços também: direito o atleta até o término do referido contrato (art. 28, §3o).
Embora necessariamente deva ser celebrado por prazo determina-
Art. 8º As empresas tomadoras do trabalho avulso respondem do (nunca inferior a 3 meses nem superior a 5 anos), não se aplicam
solidariamente pela efetiva remuneração do trabalho contratado e ao contrato especial de trabalho desportivo os arts. 445, 451, 479 e
são responsáveis pelo recolhimento dos encargos fiscais e sociais, 480 da CLT (arts. 28, §10, e 30, caput e parágrafo único).
bem como das contribuições ou de outras importâncias devidas à
Seguridade Social, no limite do uso que fizerem do trabalho avulso Suspensão Contratual
intermediado pelo sindicato. A entidade de prática desportiva poderá suspender o contrato
especial de trabalho desportivo do atleta profissional, ficando dis-
Por fim, o legislador procurou proteger o trabalhador não sin- pensada do pagamento da remuneração nesse período, quando o
dicalizado de eventual discriminação por parte do sindicato quanto atleta for impedido de atuar, por prazo ininterrupto superior a 90
à oferta de mão de obra; vejamos: (noventa) dias, em decorrência de ato ou evento de sua exclusiva
responsabilidade, desvinculado da atividade profissional, conforme
Art. 5º (...) previsão contratual (art. 28, §7o).
§2º A identidade de cadastro para a escalação não será a car-
teira do sindicato e não assumirá nenhuma outra forma que possa Vínculo Desportivo
dar ensejo à distinção entre trabalhadores sindicalizados e não sin- O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática
dicalizados para efeito de acesso ao trabalho. desportiva contratante constitui-se com o registro do contrato de
trabalho na entidade de administração do desporto (p. ex., Confe-
TRABALHO ESPORTIVO deração Brasileira de Futebol – CBF), tendo natureza acessória ao
respectivo vínculo empregatício, dissolvendo-se, para todos os efei-
tos legais (art. 28, §5o), com:
— Trabalho Esportivo33. a) o término da vigência do contrato ou o seu distrato;
A atividade do atleta profissional está disciplinada na Lei n. b) o pagamento da cláusula indenizatória desportiva ou da
9.615/98 e deverá ser pactuada em contrato especial de trabalho cláusula compensatória desportiva;
desportivo, firmado com entidade de prática desportiva, no qual c) a rescisão decorrente do inadimplemento salarial;
constará, obrigatoriamente (art. 28): d) a rescisão indireta; ou e) a dispensa imotivada do atleta.
I – cláusula indenizatória desportiva, devida exclusivamente à
entidade desportiva à qual está vinculado o atleta, nas seguintes Deveres do Atleta
hipóteses: São deveres do atleta profissional, em especial (art. 35):
a) transferência do atleta para outra entidade, nacional ou es- I – participar dos jogos, treinos, estágios e de outras sessões
trangeira, durante a vigência do contrato de trabalho; ou preparatórias de competições com a aplicação e a dedicação corres-
b) por ocasião do retorno do atleta às atividades profissionais pondentes às suas condições psicofísicas e técnicas;
em outra entidade desportiva, no prazo de até 30 (trinta) meses. II – preservar as condições físicas que lhes permitam participar
das competições desportivas, submetendo-se aos exames médicos e
Obs.: O valor da cláusula indenizatória será livremente pac- tratamentos clínicos necessários à prática desportiva;
tuado pelas partes e expressamente quantificado no instrumento III – exercitar a atividade desportiva profissional de acordo com
contratual as regras da respectiva modalidade desportiva e as normas que re-
gem a disciplina e a ética desportivas
Até o limite máximo de 2.000 (duas mil) vezes o valor médio do
salário contratual, para as transferências nacionais; e sem qualquer Deveres da Entidade Desportiva
limitação, para as transferências internacionais (art. 28, §1o). São São deveres da entidade de prática desportiva empregadora,
solidariamente responsáveis pelo pagamento da cláusula indeniza- em especial (art. 34):
tória desportiva o atleta e a nova entidade de prática desportiva I – registrar o contrato especial de trabalho desportivo do atleta
empregadora (art. 28, §2o). II – cláusula compensatória desportiva, profissional na entidade de administração da respectiva moda-
devida pela entidade desportiva ao atleta, nas seguintes hipóteses: lidade desportiva;
a) com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial, de II – proporcionar aos atletas profissionais as condições neces-
responsabilidade da entidade de prática desportiva empregadora sárias à participação nas competições desportivas, nos treinos e em
(art. 28, §5o, III); outras atividades preparatórias ou instrumentais;
33 [ Basile, César Reinaldo O. Sinopses Jurídicas v 28 - direito do trabalho. (9th III – submeter os atletas profissionais aos exames médicos e clí-
edição). Editora Saraiva, 2019.] nicos necessários à prática desportiva.
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
a)as metodologias para avaliação de riscos ambientais preconi- 37.5.10.1 .2Em se tratando de plataforma desobrigada de dis-
zadas na legislação brasileira, sendo que, na sua ausência, podem por de SESMT complementar a bordo, a operadora da instalação
ser adotadas outras já consagradas internacionalmente ou estabe- deverá indicar outro empregado próprio, que seja profissional de
lecidas em acordo ou convenção coletiva de trabalho, desde que segurança do trabalho, para compor a equipe multidisciplinar pre-
mais rigorosas do que os critérios técnico-legais estabelecidos; vista no regulamento de segurança operacional da ANP.
b)os riscos gerados pelas prestadoras de serviços a bordo da 37.5.11O profissional de maior nível hierárquico embarcado na
plataforma; e plataforma deve tomar ciência formal do relatório das análises de
c)a adequação dos critérios e dos limites de tolerância e de ex- riscos.
posição, considerando o tempo de exposição e os diferentes regi- 37.5.12A operadora da instalação deve elaborar cronograma,
mes de trabalho a bordo. definindo prazos e responsáveis para implementar as recomenda-
37.5.3A operadora da instalação deve revisar o PGR ou elabo- ções aprovadas.
rar um programa específico quando ocorrer modificação, amplia- 37.5.12.1 A inobservância da implementação das recomenda-
ção, paradas programadas da plataforma e respectivos comissiona- ções ou dos prazos definidos no cronograma deve ser justificada e
mento ou descomissionamento. documentada, desde que não representem, separadamente ou em
37.5.4Quando solicitado, a operadora da instalação deve per- conjunto, risco grave e iminente aos trabalhadores.
mitir que as empresas prestadoras de serviços procedam, in loco, 37.5.13As análises de riscos devem ser reavaliadas, sob pena
às avaliações dos riscos e das exposições ocupacionais aos agentes de caracterização de risco grave e iminente, nas seguintes situações:
identificados no PGR da plataforma. a)quando ocorrer mudança na locação da plataforma;
37.5.4.1 Alternativamente, a operadora da instalação pode re- b)quando ocorrer mudança da operadora da instalação;
alizar estas avaliações, informando os resultados obtidos às empre- c)quando forem colocadas instalações temporárias a bordo, in-
sas prestadoras de serviços, por escrito e mediante recibo. clusive módulos de acomodação temporária;
37.5.5O inventário de riscos e o plano de ação do PGR devem d)antes da ampliação ou modificação da instalação, processo
estar disponíveis para consulta pelos trabalhadores e seus repre- ou processamento, quando indicado pela gestão de mudanças;
sentantes. e)por solicitação do SESMT ou da CIPLAT, quando aprovada tec-
37.5.6As organizações, em conformidade com PGR da platafor- nicamente pelo responsável legal pela plataforma; e
ma, devem indicar e registrar as atividades e serviços que exijam: f)por recomendação decorrente de análise de incidente.
a)análise preliminar de risco da tarefa;
b)liberação por um profissional de segurança do trabalho; 37.6 Atenção à saúde na plataforma
c)emissão de permissão de trabalho; e 37.6.1A operadora da instalação e cada uma das empresas
d)operações de risco ou simultâneas com acompanhamento/ prestadoras de serviços permanentes a bordo devem elaborar os
supervisão da atividade por profissional de segurança do trabalho. seus respectivos Programa de Controle Médico de Saúde Ocupa-
37.5.7A partir das análises de riscos, a operadora da instalação cional - PCMSO, por plataforma, atendendo aos preceitos deste ca-
deve definir a dotação e localização de lava-olhos e chuveiros de pítulo e, complementarmente, ao disposto na NR-07 (Programa de
emergência na plataforma, os quais devem ser mantidos em perfei- Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO).
to estado de funcionamento e com fácil acesso. 37.6.1.1 As plataformas desabitadas estão dispensadas da ela-
37.5.8O PGR deve estar articulado com a análise de riscos das boração de PCMSO.
instalações e processos, elaborada conforme requisitos estabeleci- 37.6.1.2 Os riscos a que estão expostos os trabalhadores em
dos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustí- plataformas desabitadas devem ser contemplados no PCMSO a que
veis - ANP. esses trabalhadores estejam vinculados.
37.5.8.1 As análises de riscos das instalações e processos de- 37.6.2A operadora da instalação e as empresas prestadoras de
vem ter seus cenários, barreiras, observações e recomendações serviços devem adotar medidas que visem à promoção, à proteção,
divulgadas aos trabalhadores, de acordo com suas atividades, bem à recuperação e à prevenção de agravos à saúde de todos os seus
como estar disponíveis para consulta de todos os trabalhadores a trabalhadores a bordo, de maneira a compreender ações em terra
bordo. e a bordo e contemplar:
37.5.8.2 A análise de riscos das instalações e processos deve a)serviços gratuitos de assistência à saúde a bordo e em ter-
ser revisada ou revalidada, no máximo, a cada 5 (cinco) anos. ra pela operadora da instalação ou por empresas especializadas na
37.5.9A operadora da instalação designará, formalmente, um prestação desses serviços, que sejam decorrentes de acidentes ou
ou mais profissionais legalmente habilitados como responsáveis por doenças ocorridas no trabalho, com os empregados próprios e ter-
elaborar e validar as análises de riscos das instalações e processos, ceirizados;
bem como por definir a metodologia a ser utilizada e fundamentar b)desembarque e remoção do trabalhador para unidade de
tecnicamente a sua escolha no relatório da análise de riscos. saúde em terra, no caso de necessidade de cuidados médicos com-
37.5.10Os relatórios das análises de riscos devem ser elabora- plementares, devendo atender aos seguintes requisitos:
dos conforme requisitos do regulamento de segurança operacional I.o tipo de aeronave a ser utilizada para transportar o trabalha-
da ANP. dor deve obedecer ao critério do médico regulador, que é designa-
37.5.10.1 Ao menos um profissional de segurança do trabalho do pela concessionária ou operadora da instalação; e
do SESMT da operadora da instalação lotado a bordo da plataforma II.no caso de atendimento emergencial, com o resgate realiza-
em questão e um trabalhador com experiência na instalação objeto do por aeronave do tipo Evacuação Aeromédica - EVAM, a aeronave
do estudo devem participar das análises de riscos. e a tripulação devem estar prontas para decolar em até 30 (trinta)
37.5.10.1 .1É facultativo o cumprimento do subitem 37.5.10.1 minutos após o seu acionamento pelo médico regulador, sendo que
na fase de projeto da plataforma.
438
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
tempos superiores a 30 (trinta) minutos devem ser justificados pela 37.6.5.2 Os profissionais de saúde de nível médio devem ter
operadora da instalação; entretanto, o prazo para a decolagem não os treinamentos em suporte básico de vida e trauma pré-hospita-
pode exceder a 45 (quarenta e cinco) minutos; lar, certificados por instituições especializadas, obedecendo às suas
c)programas de educação em saúde, incluindo temas sobre ali- respectivas validades e formações profissionais.
mentação saudável; 37.6.5.3 Os profissionais de saúde lotados na plataforma de-
d)programas de promoção e prevenção em saúde, visando vem implementar as medidas de prevenção, promoção e atendi-
implantar medidas para mitigar os fatores de riscos psicossociais mento à saúde previstas nesta NR e nas demais, naquilo que cou-
identificados, assim como prevenir constrangimentos nos locais de ber, sendo vedado o desvio ou desvirtuamento dessas funções.
trabalho decorrentes de agressão, assédio moral, assédio sexual, 37.6.5.4 Os equipamentos, materiais e medicamentos para
dentre outros; e prestar a assistência à saúde e o atendimento de primeiros socor-
e)acompanhamento pelos médicos responsáveis pelos PCMSO ros aos trabalhadores a bordo devem ser definidos e descritos pelo
da operadora da instalação e das empresas prestadoras de serviços, médico responsável pelo PCMSO da plataforma, elaborado pela
em todos os casos de acidentes e adoecimentos ocupacionais ocor- operadora da instalação.
ridos a bordo com os trabalhadores próprios e terceirizados. 37.6.5.4 .1Os tipos de equipamentos, materiais e medicamen-
37.6.3Cabe ao empregador avaliar o estado de saúde dos tra- tos necessários devem estar disponíveis a bordo, em quantidades
balhadores que acessam a plataforma ou embarcação por intermé- suficientes e dentro dos seus respectivos prazos de validades.
dio de cesta de transferência, de modo que os seguintes aspectos 37.6.6No caso de o trabalhador não dispor da quantidade ne-
sejam considerados: cessária do medicamento mencionado na alínea “b” do item 37.3.4
a)inclusão no PCMSO dos exames e sistemática de avaliação; desta NR, a operadora da instalação deve providenciar, imediata-
b)avaliação periódica dos riscos envolvidos na operação de mente, o medicamento adequado ou o desembarque do trabalha-
transbordo, consignando no Atestado de Saúde Ocupacional - ASO dor.
a aptidão para esta atividade; e
c)apreciação das patologias que podem originar mal súbito e 37.7 Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Tra-
riscos psicossociais. balho - SESMT
37.6.3.1 Trabalhadores que utilizam a cesta de transferência 37.7.1A operadora da instalação e as empresas que prestam
apenas para situações de emergência estão dispensados da avalia- serviços a bordo da plataforma devem constituir SESMT em terra
ção e exames previstos no item 37.6.3. e a bordo de cada plataforma, de acordo com o estabelecido nesta
37.6.4Cópia da primeira via do ASO, em meio físico ou eletrô- NR e na NR-04 (Serviços Especializados em Segurança e Medicina
nico, deve estar disponível na enfermaria a bordo, observado o dis- do Trabalho - SESMT), no que não conflitar.
posto no item 37.29 desta NR. 37.7.2SESMT em terra
37.6.5A plataforma habitada deve: 37.7.2.1 A operadora da instalação e as empresas que prestam
a)possuir profissional de saúde, registrado no respectivo con- serviços a bordo de plataformas devem dimensionar os seus SESMT
selho de classe, embarcado para prestar assistência à saúde e aten- situados em terra conforme o estabelecido na NR-04.
dimentos de primeiros socorros, de acordo com as Normas da Au- 37.7.2.1 .1O dimensionamento dos SESMT em terra da opera-
toridade Marítima para Embarcações Empregadas na Navegação de dora da instalação e das empresas que prestam serviços a bordo
Mar Aberto, da Diretoria de Portos e Costas - DPC da Marinha do deve considerar a gradação do risco da atividade principal de cada
Brasil, a NORMAM-01/DPC, na seguinte proporção: organização e o número total de empregados calculados conforme
I.partir de 31 (trinta e um) até 250 (duzentos e cinquenta) tra- subitem
balhadores a bordo, o profissional de saúde deve ser um técnico de 37.7.2.1 .2desta NR.
enfermagem, sob a supervisão de enfermeiro, um enfermeiro ou 37.7.2.1 .2O número total de empregados deve ser calculado
um médico; pelo somatório dos empregados próprios lotados nas unidades ter-
II.entre 251 (duzentos e cinquenta e um) até 400 (quatrocen- restres e lotados nas plataformas.
tos) trabalhadores, deve ser adicionado um profissional de saúde, 37.7.2.1 .3Compete ao SESMT constituído em terra dar assis-
assegurando que ao menos um deles seja de nível superior; e tência tanto aos empregados lotados em terra como aos embar-
III.acima de 401 (quatrocentos e um) trabalhadores, deve ser cados.
acrescentado um profissional de saúde. 37.7.3SESMT a bordo da plataforma
b)ser dotada de enfermaria que atenda ao descrito no Capítulo 37.7.3.1 A operadora da instalação também deve constituir
9 da NORMAM-01/DPC e na NR-32 (Segurança e Saúde no Trabalho SESMT a bordo da plataforma, composto por técnico(s) de segu-
em Serviços de Saúde), naquilo que couber; e rança do trabalho, quando o somatório dos seus empregados e dos
c)disponibilizar sistema de telemedicina entre o profissional de empregados das empresas prestadoras de serviços for igual ou su-
saúde a bordo e os médicos especialistas em terra, a qualquer hora perior a 25 (vinte e cinco).
do dia ou da noite, operado por trabalhador capacitado, conforme 37.7.3.1 .1O dimensionamento do SESMT a bordo da platafor-
resoluções do Conselho Federal de Medicina e demais legislações ma da operadora de instalação deve ser composto por, no mínimo,
pertinentes. um técnico de segurança do trabalho para cada grupo de 50 (cin-
37.6.5.1 Os profissionais de saúde de nível superior devem ter quenta) trabalhadores embarcados ou fração.
os treinamentos avançados em suporte cardiológico e trauma pré- 37.7.3.1 .1.1Quando o dimensionamento do SESMT a bordo da
-hospitalar, certificados por instituições especializadas, obedecen- plataforma exigir a contratação de 3 (três) ou mais técnicos de se-
do às suas respectivas validades. gurança do trabalho, a operadora da instalação pode substituir um
desses profissionais por um engenheiro de segurança do trabalho.
439
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.7.3.2 A empresa prestadora de serviços, em caráter perma- 37.8.1A operadora da instalação e as empresas prestadoras de
nente ou intermitente na plataforma, deve lotar a bordo técnico de serviços permanentes a bordo devem constituir suas CIPLAT por
segurança do trabalho, quando o número total de seus empregados plataforma, com dimensionamento por turma de embarque, de
embarcados for igual ou superior a 50 (cinquenta), durante o perío- acordo com o estabelecido nesta NR e na NR-05 (Comissão Interna
do de prestação de serviços a bordo. de Prevenção de Acidentes - CIPA), no que não conflitar. (redação
37.7.3.2 .1A partir de 100 (cem) empregados, a empresa pres- vigente até 19 de março de 2023)
tadora de serviços deve lotar a bordo mais um técnico de seguran- 37.8.1A operadora da instalação e as empresas prestadoras de
ça do trabalho para cada grupo de 50 (cinquenta) empregados ou serviços permanentes a bordo devem constituir suas CIPLAT por
fração. plataforma, com dimensionamento por turma de embarque, de
37.7.3.2 .2O(s) técnico(s) em segurança do trabalho das empre- acordo com o estabelecido nesta NR e na NR-05 (Comissão Interna
sas prestadoras de serviços devem atuar de forma integrada com o de Prevenção de Acidentes e de Assédio - CIPA), no que não confli-
SESMT da operadora da instalação. tar. (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 - redação
37.7.3.3 Os SESMT da operadora da instalação e da prestadora que entra em vigor no dia 20 de março de 2023)
de serviços a bordo devem ser registrados separadamente, cons- 37.8.2As CIPLAT da operadora da instalação e das prestadoras
tando as informações previstas na NR-04. de serviços permanentes a bordo serão constituídas por represen-
37.7.3.4 Os profissionais de segurança integrantes do SESMT tantes indicados pelo empregador e representantes eleitos pelos
a bordo devem cumprir jornada de trabalho integralmente embar- empregados, quando o número destes for igual ou superior a 8
cados na plataforma onde estão lotados e atuar exclusivamente na (oito) por turma de embarque.
área de segurança no trabalho. 37.8.2.1 Serão eleitos pelos empregados um representante
37.7.3.4 .1Nas atividades noturnas realizadas por 50 (cinquen- titular e um suplente, em cada turma de embarque, com vínculo
ta) ou mais trabalhadores, pelo menos um dos profissionais da área empregatício no Brasil, sendo um dos titulares definido como vice-
de segurança do trabalho da operadora da instalação, lotados a bor- -presidente pelos representantes eleitos.
do da plataforma, deve cumprir sua jornada nesse período. 37.8.2.2 A operadora da instalação e as prestadoras de serviços
37.7.3.4 .1.1Quando o número de trabalhadores no turno da permanentes a bordo deverão formalizar seus representantes em
noite for inferior a 50 (cinquenta), qualquer atividade nesse período paridade com o número de membros eleitos, indicando como presi-
que exija a presença de profissional de segurança do trabalho deve dente da CIPLAT o empregado de maior nível hierárquico lotado na
ser planejada com antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) ho- plataforma, com vínculo empregatício no Brasil.
ras, exceto em situações de emergência. 37.8.2.3 Quando a turma de embarque for inferior a 8 (oito)
37.7.3.4 .2A operadora da instalação poderá substituir o pro- trabalhadores, considerados os lotados na plataforma, a organiza-
fissional de segurança a bordo por outro profissional com a mesma ção deve nomear um empregado responsável pelo cumprimento
qualificação, sem a obrigatoriedade de atualização da composição dos objetivos da CIPLAT para essa turma.
do SESMT junto à inspeção do trabalho, nos seguintes casos: 37.8.3O dimensionamento da Comissão Interna de Prevenção
a)por motivos de férias, licenças, capacitação e outros afasta- de Acidentes - CIPA da empresa prestadora de serviços itinerantes
mentos legais, pelo prazo máximo de 60 (sessenta) dias; e em plataformas deve considerar como estabelecimento a sua uni-
b)para realizar atividades na base da operadora, pelo prazo má- dade em terra, obedecendo ao estabelecido na NR-05. (redação vi-
ximo de 180 (cento e oitenta) dias, em ciclos superiores a 3 (três) gente até 19 de março de 2023)
anos. 37.8.3O dimensionamento da Comissão Interna de Prevenção
37.7.3.5 Plataformas interligadas de maneira permanente, de Acidentes e de Assédio - CIPA da empresa prestadora de serviços
que possibilitam a circulação de trabalhadores, serão consideradas itinerantes em plataformas deve considerar como estabelecimen-
como uma única instalação marítima para efeito de dimensiona- to a sua unidade em terra, obedecendo ao estabelecido na NR-05.
mento do SESMT a bordo. (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 - redação que
37.7.4O dimensionamento do SESMT a bordo deve considerar entra em vigor no dia 20 de março de 2023)
a média do número de trabalhadores embarcados no trimestre an- 37.8.4Para períodos de prestação de serviços a bordo iguais ou
terior, excluindo o aumento temporário inferior a 3 (três) meses de inferiores a 12 (doze) meses, a empresa deve nomear um trabalha-
25 (vinte e cinco) ou mais trabalhadores embarcados. dor responsável pelo cumprimento dos objetivos da CIPLAT.
37.7.4.1 O atendimento decorrente do aumento temporário de 37.8.5Os períodos de inscrições e de eleições dos candidatos
trabalhadores embarcados previsto no item anterior deve ser feito a membros da CIPLAT devem considerar todo o ciclo de embarque,
por profissionais de segurança adicionais, na proporção estabeleci- de modo a permitir a participação de todos os empregados embar-
da no subitem 37.7.3.1 e seus subitens. cados.
37.7.4.2 Para as plataformas novas, o dimensionamento do 37.8.6A eleição dos representantes dos empregados de cada
SESMT a bordo deve ser baseado no efetivo estimado no item turma de embarque deve ser realizada a bordo, sendo facultada a
37.18.5 desta NR. eleição por meio eletrônico.
37.8.7As organizações que possuam ou atuem em mais de uma
37.8 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes em Plata- plataforma de uma mesma bacia petrolífera podem constituir uma
formas - CIPLAT (redação vigente até 19 de março de 2023) única comissão eleitoral para a eleição da CIPLAT.
37.8Comissão Interna de Prevenção de Acidentes em Platafor- 37.8.8As reuniões ordinárias mensais da CIPLAT devem ser re-
mas – CIPLAT (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 alizadas a bordo, atendendo ao calendário previamente estabeleci-
- redação que entra em vigor no dia 20 de março de 2023) do, podendo a participação ocorrer de forma remota.
440
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.8.8.1 O calendário de reuniões ordinárias mensais da CIPLAT 37.9 Capacitação e treinamento em segurança e saúde no tra-
deve considerar a participação de todas as turmas de embarque ao balho
longo do mandato. 37.9.1Todos os treinamentos previstos nesta NR devem obser-
37.8.8.2 As reuniões devem contar com a presença de cada var o disposto na NR-01 e ser realizados durante a jornada de tra-
bancada representativa, devendo o suplente comparecer às reuni- balho, a cargo e custo da organização, conforme disposto nesta NR.
ões no caso de impedimento do membro titular. 37.9.1.1 O tempo despendido durante qualquer treinamento
37.8.8.3 As reuniões da CIPLAT da operadora da instalação de- é considerado como horas trabalhadas, sendo proibida a participa-
vem ainda: ção em cursos nos períodos de férias, afastamentos ou descanso do
a)ter a participação de profissional de segurança do trabalho trabalhador a bordo.
embarcado; 37.9.1.2 Os treinamentos podem ser ministrados na modalida-
b)permitir a participação de membro eleito da CIPLAT ou dos de de ensino a distância ou semipresencial, desde que atendidos os
nomeados das prestadoras de serviços, quando estiverem embar- requisitos operacionais, administrativos, tecnológicos e de estrutu-
cados, sendo a prévia convocação obrigatória; e ração pedagógica previstos no Anexo II da NR-01.
c)permitir a presença de qualquer profissional que esteja a bor- 37.9.1.3 Os conteúdos práticos podem ser realizados com a uti-
do, inclusive de representante designado pelo sindicato. lização de simuladores aprovados pelo fabricante do equipamento,
37.8.8.3 .1Os profissionais citados no subitem 37.8.8.3 não ou aqueles utilizados ou reconhecidos por órgãos da administração
possuem direito a voto nas reuniões da CIPLAT. pública ou sociedades classificadoras.
37.8.8.3 .2Caso não haja consenso nas deliberações discutidas 37.9.2Os instrutores dos treinamentos devem possuir:
na CIPLAT, será instalado processo de votação, permanecendo na a)curso de formação de instrutor;
reunião, de forma paritária, somente os representantes do empre- b)qualificação ou habilitação no tema; e
gador e dos empregados da operadora da instalação. c)comprovada experiência mínima de dois anos na atividade.
37.8.8.4 As deliberações e encaminhamentos das reuniões das 37.9.3Até o início do treinamento, o trabalhador deve receber
CIPLAT devem ser disponibilizadas a todos os trabalhadores no local o material didático a ser utilizado, em meio físico ou eletrônico.
onde é realizado o briefing referido no item 37.9.3.1 O material didático escrito ou audiovisual, utilizado e
37.9.6 ou por meio eletrônico, observada a Lei Geral de Prote- fornecido em qualquer tipo de treinamento ou instrução ministra-
ção de Dados - Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. da, deve ser produzido no idioma português, utilizando linguagem
37.8.9A organização deve elaborar o cronograma de execução adequada ao nível de conhecimento dos trabalhadores.
das medidas corretivas, definindo prazos e respectivas responsabi- 37.9.3.1 .1O material didático de treinamento ministrado para
lidades, que deve ser discutido e aprovado na próxima reunião da o trabalhador estrangeiro não fluente no idioma português deve
CIPLAT, com a participação do SESMT. estar disponível no idioma inglês.
37.8.9.1 A organização deve atender aos prazos previstos no 37.9.4Para cada treinamento presencial, deve ser elaborada
cronograma ou justificar e reprogramar novos prazos, com análise e lista de presença contendo:
aprovação pela CIPLAT e SESMT. a)o título do curso ministrado;
37.8.10As empresas prestadoras de serviços devem obrigato- b)conteúdo ministrado, data, local e carga horária;
riamente atender as convocações previstas no subitem 37.8.8.3. c)nomes e assinaturas dos participantes, e
37.8.10.1 Na ausência dos representantes das empresas pres- d)identificação e qualificação do instrutor.
tadoras de serviços, as decisões tomadas na reunião da CIPLAT da 37.9.5A operadora da instalação só deve permitir a execução
operadora da instalação, que as envolvam, devem ser comunicadas de serviços por trabalhador terceirizado que esteja devidamente
formalmente às prestadoras de serviços, no prazo de 3 (três) dias capacitado para a sua função.
úteis a partir da emissão da ata, que se dará ao final da reunião. 37.9.6O operador da instalação deve implementar programa
37.8.11Nas reuniões da CIPLAT da prestadora de serviços de- de capacitação em segurança e saúde no trabalho em plataforma,
vem ser abordados os temas e deliberações referentes às suas ati- compreendendo as seguintes modalidades:
vidades na plataforma que constarem da última ata daCIPLAT da a)orientações gerais por ocasião de cada embarque (briefing
operadora da instalação. de segurança da plataforma);
37.8.12As deliberações da CIPLAT das prestadoras de serviços b)treinamento básico;
que demandem ações pela operadora da instalação devem ser en- c)treinamento avançado;
caminhadas à CIPLAT da operadora da instalação, para análise na d)treinamento eventual; e
sua próxima reunião. e)Diálogo Diário de Segurança - DDS.
37.8.13Os membros da CIPLAT da prestadora de serviços, ou 37.9.6.1 Os treinamentos citados nas alíneas “b”, “c” e “d” do
o empregado nomeado como responsável pelo cumprimento de item 37.9.6 devem ter engenheiro de segurança do trabalho como
suas atribuições, devem receber o resultado das análises de aciden- responsável técnico.
tes ou doenças ocupacionais ocorridas com os seus empregados a 37.9.6.2 As capacitações citadas nas alíneas “a” e “e” são dis-
bordo e acompanhar a implementação das recomendações junto à pensadas de emissão de certificado.
operadora da instalação. 37.9.6.2 .1A operadora da instalação deve ministrar instruções
37.8.14É vedada a transferência para outra plataforma ou es- gerais (briefing), consignado em lista de presença, por ocasião de
tabelecimento em terra, durante o mandato, de trabalhador eleito cada embarque, ao chegar a bordo da plataforma, com o seguinte
para a CIPLAT, sem sua anuência. conteúdo mínimo:
a)a descrição sucinta das características da plataforma e o seu
estado (operacional, parada, comissionamento, operações críticas
e simultâneas, etc.);
441
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b)os tipos de alarme disponíveis a bordo, destacando os de e)retorno de afastamento do trabalho por período superior a
emergência; 90 (noventa) dias.
c)os procedimentos de agrupamento (pontos de encontro) e de 37.9.6.4 .1A carga horária, o conteúdo programático do trei-
evacuação em caso de emergência; namento eventual e os trabalhadores a serem capacitados devem
d)as rotas de fuga; ser definidos pela operadora da instalação, em função da comple-
e)as localizações dos recursos de salvatagem (coletes, boias, xidade, levando-se em conta o inventário de riscos e as medidas de
baleeiras, balsas, botes de resgate, dentre outros); prevenção estabelecidas no PGR para a atividade em questão.
f)a identificação das lideranças de bordo; 37.9.6.4 .2Para operações simultâneas de risco, em conformi-
g)as regras de convívio a bordo, especialmente no que diz res- dade com o PGR e a análise preliminar de risco da tarefa, deve ser
peito ao silêncio nas áreas das acomodações; e realizado treinamento eventual ou DDS anterior à operação.
h)cuidados básicos de higiene e saúde pessoal. 37.9.6.5 Os trabalhadores que adentram a área operacional,
37.9.6.2 .2A operadora da instalação deve atualizar o briefing efetuando atividades específicas, pontuais ou eventuais relaciona-
quando houver mudança no Plano de Resposta a Emergências - das à operação, manutenção ou integridade, bem como em respos-
PRE, descrito no capítulo 37.28 desta NR. ta a situações de emergência, devem realizar treinamento avança-
37.9.6.3 O treinamento básico, previsto na alínea “b” do item do, previsto na alínea “c” do item 37.9.6, com carga horária de, no
37.9.6, deve ser realizado antes do primeiro embarque, ter carga mínimo, 8 (oito) horas, com o seguinte conteúdo programático:
horária mínima de 6 horas e abordar o inventário de riscos e as me- a)análise preliminar de riscos da tarefa: conceitos e exercícios;
didas de controle estabelecidas no PGR da plataforma, em especial: b)permissão para trabalho, a frio ou a quente, na presença de
a)meios e procedimentos de acesso à plataforma; combustíveis e inflamáveis;
b)condições e meio ambiente de trabalho; c)aditivos químicos e composição dos fluidos empregados nas
c)substâncias combustíveis e inflamáveis presentes a bordo: operações de perfuração, completação, restauração e estimulação,
características, propriedades, perigos e riscos; quando aplicável;
d)áreas classificadas, fontes de ignição e seu controle; d)noções dos sistemas de prevenção e combate a incêndio da
e)riscos ambientais existentes na área da plataforma; plataforma;
f)medidas de segurança disponíveis para o controle dos riscos e)acidentes com inflamáveis: suas causas e as medidas preven-
operacionais a bordo; tivas existentes na área operacional;
g)outros riscos inerentes às atividades específicas dos trabalha- f)resposta a emergências com combustíveis e inflamáveis, se-
dores e as respectivas medidas de controle e eliminação; gundo o Plano de Resposta a Emergências - PRE descrito no capítulo
h)riscos psicossociais decorrentes de vários estressores, como 37.28 desta NR;
jornada prolongada, trabalho em turnos e noturno, abordando seus g)noções de segurança de processo para plataformas;
efeitos nas atividades laborais e na saúde; h)segurança na operação das instalações elétricas em atmos-
i)riscos radiológicos de origem industrial ou de ocorrência na- feras explosivas; e
tural, quando existentes; i)atividade prática a bordo, de no mínimo uma hora, com a
j)produtos químicos perigosos e explosivos armazenados e ma- indicação in loco dos sistemas e equipamentos disponíveis para o
nuseados a bordo; combate a incêndio.
k)Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos - 37.9.6.6 Deve ser realizada reciclagem do treinamento básico e
FISPQ; avançado, com carga horária mínima de 4 (quatro) horas, a cada 5
l)Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC; (cinco) anos, ou quando houver:
m)Equipamentos de Proteção Individual - EPI; e a)indicação do PGR pela atualização; ou
n)procedimentos a serem adotados em situações de emergên- b)retorno de afastamento do trabalho por período superior a
cia. 180 (cento e oitenta) dias.
37.9.6.3 .1O treinamento básico não é obrigatório para as co- 37.9.6.6 .1A reciclagem do treinamento avançado deve con-
mitivas, visitantes e atividades exclusivamente administrativas. templar a parte prática.
37.9.6.3 .2O treinamento básico de trabalhadores não lotados 37.9.6.7 Diálogo Diário de Segurança - DDS
na plataforma deve ser ministrado, complementado ou validado 37.9.6.7 .1A operadora da instalação deve realizar, antes do iní-
pela operadora da instalação. cio das atividades operacionais, o DDS, considerando:
37.9.6.4 O treinamento eventual, previsto na alínea “d” do item a)as tarefas que serão desenvolvidas, de forma simultânea ou
37.9.6, deve ser realizado, além do disposto na NR-01, nas seguin- não;
tes situações: b)o processo de trabalho, os riscos e as medidas de proteção;
a)incidente de grande relevância ou acidente grave ou fatal, na c)os alarmes de evacuação a bordo e as respectivas medidas de
própria instalação ou em outras plataformas, próprias ou afretadas, segurança a serem adotadas; e
da mesma operadora; d)os cuidados para evitar o acionamento inadvertido de siste-
b)doença ocupacional que acarrete lesão grave à integridade mas de segurança levando a paradas não programadas.
física do(s) trabalhador(es); 37.9.6.7 .1.1Para comprovar a realização do DDS, as informa-
c)parada para a realização de campanhas de manutenção, re- ções da lista de presença podem ser incluídas na própria permissão
paração ou ampliação realizadas pela própria operadora ou por de trabalho, quando aplicável.
prestadores de serviços;
d)comissionamento, descomissionamento ou desmonte da
plataforma; e
442
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.10 Comissionamento, ampliação, modificação, reparo, mento comprovando autorização, pela Autoridade Marítima, des-
descomissionamento e desmonte se aumento da lotação, observando o prescrito no capítulo 37.31
37.10.1Para as atividades de comissionamento, ampliação, mo- desta NR.
dificação e reparo naval, descomissionamento e desmonte de pla- 37.10.3A operadora da instalação deve protocolar, em sistema
taformas, aplicam-se, além do disposto neste capítulo, os requisitos eletrônico disponibilizado pela inspeção do trabalho, comunicado
da NR-34 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da de descomissionamento da plataforma, em até 30 (trinta) dias an-
Construção e Reparação Naval), naquilo que couber, independente- tes do encerramento das suas operações.
mente do local, tipo e extensão do serviço a ser realizado a bordo. 37.10.4Para os trabalhadores embarcados, próprios ou ter-
37.10.1.1 Durante os serviços de comissionamento, ampliação, ceirizados, durante as fases de comissionamento, ampliação, mo-
modificação, reparo, descomissionamento ou desmonte realizados dificação, reparo, descomissionamento ou desmonte, devem ser
durante as operações simultâneas a bordo da plataforma, devem asseguradas as condições de vivência, conforme os requisitos esta-
ser adotadas as seguintes medidas: belecidos nesta NR.
a)ser precedidos de análise de riscos das tarefas; 37.10.4.1 Em situação emergencial, quando as condições de vi-
b)ser iniciados somente após implementação das medidas de vência não sejam plenamente atendidas segundo o capítulo 37.12
prevenção recomendadas pela análise de riscos das tarefas; desta NR, a operadora da instalação deve assegurar:
c)ser precedidos da emissão de permissões de trabalho e per- a)o direito de recusa aos trabalhadores envolvidos nas ações
missões de entrada e trabalho em espaços confinados, quando cou- de resposta, sem a necessidade de justificativa;
ber; e b)a aplicação do item 3.5.4 da NR-03 (Embargo e Interdição),
d)ser acompanhados por profissional de segurança do traba- na existência de condições de risco grave e iminente a bordo;
lho, nas condições estabelecidas pela análise de riscos e simultanei- c)o desembarque dos trabalhadores envolvidos nas ações de
dade, na qual devem ser estabelecidos os limites de permissões de resposta, durante o seu período de descanso; e
trabalho por profissional de segurança. d)o atendimento ao prescrito no subitem 37.12.4.5 desta NR
37.10.1.1 .1O profissional de segurança não poderá desempe- para as áreas de vivência.
nhar outra tarefa enquanto estiver em atividade que exija acompa-
nhamento contínuo. 37.11 Acesso à Plataforma
37.10.2A operadora da instalação deve protocolar comunica- 37.11.1Os deslocamentos dos trabalhadores entre o continen-
ção prévia, em sistema eletrônico disponibilizado pela inspeção do te e a plataforma ou entre plataformas não interligadas, e vice-ver-
trabalho, com no mínimo 30 dias de antecedência, às seguintes ati- sa, devem ser realizados por meio de helicópteros.
vidades: 37.11.1.1 As aeronaves, os heliportos e os procedimentos de
a)paradas programadas; transporte aéreo devem obedecer aos requisitos de segurança exi-
b)atividades com acoplamento de unidade de manutenção e gidos pelas autoridades competentes.
segurança; e 37.11.1.2 É permitido o transporte dos trabalhadores por meio
c)atividades que impliquem aumento da população da plata- de embarcações, desde que:
forma acima da lotação originalmente aprovada pela Autoridade a)estejam regularizadas junto à Autoridade Marítima;
Marítima. b)a distância a ser percorrida entre o continente e a plataforma
37.10.2.1 A operadora da instalação deve manter disponível seja inferior ou igual a 35 milhas náuticas;
a bordo, em meio físico ou digital, comprovante da ciência formal c)sejam atendidas as condições adequadas de conforto para o
acerca da realização das atividades referidas no item 37.10.2 a to- trabalhador durante a navegação;
dos os trabalhadores lotados na plataforma, mediante instruções d)a altura de onda seja de até 2,70 metros e a velocidade de
gerais por ocasião do embarque (briefing de segurança da plata- vento de até 27 nós;
forma), descrito no item 37.9.6, por até um ano após o término da e)na situação de interdição do helideque, por mais de 24 (vinte
campanha em pauta. e quatro) horas, é permitida a evacuação do pessoal não essencial à
37.10.2.2 A comunicação prévia deve conter as seguintes in- segurança e habitabilidade da plataforma, independentemente da
formações: distância a ser percorrida entre o continente e a plataforma, sendo
a)identificação da plataforma onde ocorrerá a atividade; vedada a troca de turma; e
b)cronograma com descrição resumida e período de realização f)em caso de evacuação emergencial, independentemente da
dos serviços; distância a ser percorrida entre o continente e a plataforma.
c)quantitativo estimado de trabalhadores para a realização dos 37.11.1.3 É permitida a utilização do helideque da UMS acopla-
serviços; da por passarela estabilizada (gangway) à plataforma, para embar-
d)denominação, endereço e CNPJ das empresas prestadoras de que e desembarque de trabalhadores por helicóptero.
serviços a bordo, responsáveis pela execução das atividades a se- 37.11.2É proibido o acesso de trabalhador à plataforma sem
rem realizadas conforme previsto no cronograma; e que a cópia, em meio físico ou digital, do seu ASO esteja disponível
e)limite de lotação da plataforma anterior ao início e durante a bordo ou cuja validade esteja vencida ou a vencer dentro do pe-
essas atividades. ríodo de embarque.
37.10.2.2 .1Caso ocorram alterações no cronograma inicial, a 37.11.2.1 Para acesso a plataformas desabitadas, deve ser ob-
operadora da instalação deve manter a versão atualizada do crono- servado o subitem 37.31.1.1 desta NR.
grama a bordo, observando o prescrito no capítulo 37.31 desta NR. 37.11.3A operadora do contrato deve assegurar que os termi-
37.10.2.3 Nas atividades que impliquem aumento da popu- nais próprios, compartilhados ou não, ou exclusivos, terrestres, de
lação da plataforma acima da lotação originalmente aprovada, a embarque e desembarque aéreo ou marítimo:
operadora da instalação deve disponibilizar a bordo cópia do docu- a)sejam climatizados;
443
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b)atendam às condições sanitárias, de higiene e de conforto a)possuir certificado de homologação pela Autoridade Maríti-
conforme NR-24 (Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de ma, em conformidade com a NORMAM-05/DPC e alterações pos-
Trabalho); e teriores; e
c)possuam assentos em número suficiente para acomodar to- b)estar íntegra e sempre disponível para utilização.
dos os trabalhadores em trânsito previstos no horário de maior flu- 37.11.5.2 As áreas de saída e de chegada da cesta devem:
xo de passageiros, atendendo a programação normal e excetuando a)ter a presença de tripulante capacitado para a execução das
as superposições por atrasos. manobras de transferência;
37.11.4No caso de transporte marítimo, a transferência de tra- b)estar desimpedidas; e
balhadores entre as embarcações e a plataforma, e vice-versa, deve c)manter trabalhador de prontidão para lançamento da boia
ser realizada mediante passarela estabilizada (gangway), cesta de circular, em caso de homem ao mar.
transferência de pessoal ou, em plataforma fixa, atracadouro espe- 37.11.5.3 Os sinaleiros e seus auxiliares devem estar visivel-
cial para a embarcação apropriada ao transporte de trabalhadores mente identificados e, juntamente com os passageiros, são as úni-
com segurança e conforto, nos termos descritos neste item. cas pessoas que podem permanecer nas áreas de chegada ou saída
37.11.4.1 As operações de transferência de trabalhadores, por da cesta.
cestas de transferência ou atracadouro, devem obedecer aos se- 37.11.5.4 Antes de iniciar cada operação contínua com a cesta
guintes requisitos: de transbordo, a operadora da instalação deve assegurar a adoção
a)ser realizadas durante o período diurno e com boa visibili- dos seguintes procedimentos:
dade; a)inspecionar e testar o guindaste nos moldes do subitem
b)todos os trabalhadores devem receber treinamentos de se- 37.20.3.1 desta NR, desde que seja a primeira operação na jornada
gurança e, antes de cada transporte e transferência, as instruções de trabalho do operador de guindaste;
preliminares de segurança (briefing); b)inspecionar a cesta, os acessórios e o conjunto estabilizador,
c)os trabalhadores transportados devem dispor e, quan- quando aplicável;
do transferidos, devem usar colete salva-vidas, conforme NOR- c)registrar e arquivar, nas plataformas habitadas, os resultados
MAM-01/DPC; da inspeção dos cinturões de segurança e acessórios a serem utili-
d)os trabalhadores a serem transferidos não devem carregar zados, descartando os que apresentem falhas ou deformações ou
materiais, inclusive mochilas, durante a transferência, de modo a que tenham sofrido impacto de queda;
terem as mãos livres; d)registrar as condições ambientais na ocasião da transferência
e)um tripulante capacitado da embarcação deve dar orienta- (velocidade do vento, altura da onda, condições de visibilidade e o
ção prática acerca do processo de transferência, devendo o traba- ângulo de balanço); e
lhador seguir estritamente as suas determinações; e)verificar a eficácia da comunicação visual e por rádio.
f)o trabalhador não pode ser submetido à operação de trans- 37.11.5.4 .1Para as plataformas desabitadas, os registros men-
ferência sem o seu consentimento, podendo se recusar a qualquer cionados nas alíneas “c” e “d” do subitem 37.11.5.4 devem ser ar-
momento mediante justificativa; e quivados na plataforma habitada onde estão lotados os trabalhado-
g)existindo pessoa sem condições físicas ou psicológicas para a res da operadora da instalação que executam atividades eventuais
transferência ou que se recuse a cumprir as determinações do tri- na unidade desabitada ou na sede da empresa, em terra.
pulante, o comandante da embarcação deve interromper imediata- 37.11.5.5 É proibida a utilização da cesta de transbordo:
mente a operação, solicitando a retirada desse trabalhador da área a)para o transporte de materiais ou equipamentos, com ex-
de embarque, informando a ocorrência à operadora da instalação. ceção da bagagem dos trabalhadores transportados, que deve ser
37.11.4.2 É proibida a realização de operações simultâneas ou conduzida no centro da cesta;
outras atividades na área de transferência de pessoal no decorrer b)com carga acima de sua capacidade máxima de transporte;
da mesma. c)como a primeira carga do dia de operação do guindaste,
37.11.4.3 É vedado o uso de cordas, correntes ou qualquer devendo ser usado outro elemento de carga semelhante no lugar
outro tipo de cabos para a transferência de trabalhadores entre as da cesta, com no mínimo duas vezes a sua capacidade máxima de
embarcações e a plataforma, e vice-versa. transporte para fazer as devidas verificações; e
37.11.4.3 .1É permitido o uso de escadas flexíveis ou fixas à pla- d)quando não houver permanente comunicação visual e via rá-
taforma para a transferência da equipe necessária para operação dio entre o operador do guindaste e os sinaleiros da plataforma e
do guindaste, nas plataformas desabitadas. da embarcação.
37.11.4.4 Para plataforma flutuante, posicionada em águas in- 37.11.5.6 O operador do guindaste deve obedecer unicamente
teriores, o acesso e o desembarque dos trabalhadores também po- às instruções dadas pelos sinaleiros, exceto quando for constatado
dem ser realizados por meio de escadas fixas da própria plataforma. risco de acidente e sinalizada a parada de emergência por qualquer
37.11.5A transferência de trabalhadores, por meio de cesta, pessoa situada na área de embarque ou desembarque.
deve ser realizada apenas sob as seguintes condições meteorológi- 37.11.5.7 É permitido o transbordo de pessoas, no período no-
cas e oceanográficas: turno, por meio de cesta de transferência, somente em situações
a)a altura de onda seja de até 2,70 metros e a velocidade de de:
vento de até 27 nós; a)emergência;
b)visibilidade superior a 3 km; e b)execução de serviços emergenciais que visem à proteção dos
c)balanço (roll) máximo de 3° (três graus), para plataformas flu- trabalhadores ou à segurança operacional;
tuantes. c)socorro médico de urgência; e
37.11.5.1 A operadora da instalação deve assegurar que a cesta d)resgate de náufrago.
obedeça aos seguintes requisitos mínimos:
444
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.11.6O atracadouro deve ter projeto elaborado por profissio- 37.12 Condições de vivência a bordo
nal legalmente habilitado e ser aprovado pela Autoridade Marítima. 37.12.1As condições de vivência a bordo são reguladas pelo
37.11.6.1 O procedimento de acesso à plataforma, por meio disposto neste capítulo e nas regulamentações do Ministério da
de embarcação apropriada para o transporte de trabalhadores com Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, não
segurança e conforto, deve obedecer aos seguintes requisitos: sendo aplicáveis os dispositivos constantes da NR-24.
a)as operações de transferência somente devem ser realizadas 37.12.1.1 Os registros e documentos relativos às condições de
em condições de altura de onda de até 2,70 metros, velocidade de vivência gerados em função das regulamentações do Ministério da
vento de até 27 nós e corrente marítima de até 1,5 nós; e Saúde e ANVISA devem estar disponíveis a bordo para os trabalha-
b)as condições de mar, vento e visibilidade no momento da ma- dores e suas representações.
nobra devem ser avaliadas e consignadas em documento próprio, 37.12.2A operadora da instalação deve assegurar áreas de vi-
pelo comandante da embarcação, a ser arquivado na embarcação vência das plataformas habitadas compostas por:
ou na plataforma habitada, por período não inferior a um ano, em a)alojamentos;
local de fácil acesso à inspeção do trabalho. b)instalações sanitárias;
37.11.6.1 .1Em se tratando de plataforma desabitada, o docu- c)refeitório;
mento referido na alínea “b” do subitem 37.11.6.1 pode ser arqui- d)cozinha;
vado na embarcação, na plataforma habitada onde estão lotados e)lavanderia;
os trabalhadores transportados ou na sede da operadora da insta- f)sala de recreação;
lação, em terra. g)sala de leitura;
37.11.7Quando a movimentação de trabalhadores entre a pla- h)sala para uso da rede de alcance mundial informatizada (in-
taforma, fixa ou flutuante, e ternet) e outros serviços; e
embarcação adjacente for realizada por meio de passarela es- i)espaço para prática de atividade física.
tabilizada (gangway), devem ser obedecidos os seguintes requisitos 37.12.2.1 A sala de leitura pode ser compartilhada com a sala
mínimos: prevista na alínea “h” desde que sejam separadas de forma a man-
a)manter a via desobstruída, dotada de corrimãos e piso anti- ter as condições para concentração e estudo.
derrapante; 37.12.2.2 As áreas de vivência devem ser mantidas em condi-
b)garantir ângulo de inclinação seguro para o deslocamento ções de segurança, saúde, conforto, higiênico-sanitárias e em per-
dos trabalhadores, conforme o projeto da passarela estabilizada; feito estado de funcionamento e conservação.
c)utilizar passarela estabilizada dotada de fechamento lateral; 37.12.2.3 Os métodos de medição e os níveis mínimos de ilu-
d)instalar rede de proteção contra quedas no entorno da base minamento a serem observados nos locais de trabalho internos são
da passarela estabilizada nas plataformas, quando requerida nas os estabelecidos na norma ABNT NBR IEC 61892-2 - Unidades ma-
análises de riscos; rítimas fixas e móveis - Instalações elétricas Parte 2: Projeto de sis-
e)guarnecer cada extremidade da passarela estabilizada com temas elétricos, garantindo um nível de iluminamento mínimo nos
sistema de sinalização e alarmes automáticos sonoros e luminosos planos da tarefa visual, em conformidade com a Norma de Higiene
ou vigia treinado, identificado e portando colete com faixa reflexiva, Ocupacional nº 11 (NHO 11) da Fundacentro - Avaliação dos níveis
para orientação ou interrupção do fluxo de trabalhadores; de iluminamento em ambientes internos de trabalho - versão 2018.
f)equipar os vigias com meios de comunicação entre a platafor- 37.12.3Disposições gerais
ma e a embarcação adjacente; 37.12.3.1 As áreas de vivência devem ser projetadas conside-
g)designar área segura, sinalizada, desimpedida e abrigada rando:
como ponto de espera para travessia, baseada nas análises de ris- a)o atendimento aos requisitos de segurança e saúde do tra-
cos específicas; balhador;
h)elaborar procedimento de movimentação, interrupção de b)as condições de vivência adequadas ao bem-estar dos traba-
passagem e evacuação de trabalhadores da passarela, em caso de lhadores embarcados;
condições climáticas e marítimas adversas ou emergências opera- c)a mitigação da exposição dos trabalhadores ao ruído, às vi-
cionais; brações e às substâncias perigosas, bem como aos demais fatores
i)possuir partes móveis protegidas e sinalizadas; e de riscos ambientais acima dos limites de tolerância presentes a
j)ser dotada de meio de acesso através de escada ou rampa po- bordo; e
sicionada no máximo a 30 graus de um plano horizontal e equipada d)a facilidade de abandono das áreas de vivência em situações
com dispositivo rotativo que lhe permita acompanhar o movimento de emergência.
involuntário da embarcação. 37.12.3.2 A operadora da instalação deve assegurar que, nos
37.11.7.1 A operadora da instalação onde a passarela estabili- leitos dos camarotes e módulos de acomodação temporária, os ní-
zada estiver instalada deve manter a bordo os documentos com os veis de ruídos não sejam superiores a 60 dB (A), sendo que a partir
parâmetros e cálculos utilizados como critérios para acionamento de 55 dB (A) devem ser adotadas medidas preventivas.
do alarme e interrupção imediata da passagem de trabalhadores. 37.12.3.3 As áreas de vivência devem ser dotadas de água para
37.11.8A utilização de soluções alternativas para outros tipos o consumo humano, conforme estabelecem as regulamentações do
de acesso a plataformas deve ser precedida de aprovação tripartite. Ministério da Saúde e da ANVISA.
37.12.4Instalações sanitárias
37.12.4.1 As instalações sanitárias devem:
a)possuir uma área mínima de 1,00 m², para cada vaso sani-
tário;
b)ser abastecidas por água canalizada;
445
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)dispor de água tratada nos chuveiros e pias, para fins de hi- a)ser do tipo sifonado ou dotado de mecanismo que impeça o
giene pessoal, sendo disponibilizada água quente nos chuveiros; retorno de odores, com comando de descarga, assento e tampa e
d)ser separadas por sexo; espaço frontal livre com dimensões mínimas de 0,80 m de largura e
e)ter porta principal inteiriça, para manter a privacidade, e que 0,60 m de profundidade;
permita a ventilação, seja ejetável ou provida de painel de escape b)possuir suporte para o papel higiênico em forma de rolo ou
com dimensões de acordo com a NORMAM- 01/DPC; interfolhado, com suprimento regular e suficiente e na cor branca;
f)possuir portas com fechamento interno sem, contudo, im- c)ter ducha higiênica, alimentada por água fria; e
pedir sua abertura emergencial pelo lado externo mediante chave d)estar instalado em cabines individuais e separadas.
mestra ou similar; 37.12.4.5 .1A cabine do vaso sanitário para uso coletivo deve:
g)possuir piso impermeável, lavável, antiderrapante, com cai- a)ter divisórias com altura mínima de 1,90 m e com bordo infe-
mento para o ralo sifonado e sem ressaltos e depressões; rior a, no máximo, 0,15 m acima do piso;
h)ter lixeira com tampa, com dispositivo de abertura que dis- b)ser dotada de porta independente com sistema de fecha-
pense a necessidade de contato manual; mento que impeça o devassamento; e
i)ser providas de rede de iluminação, protegida externamente c)possuir alças de apoio, em plataformas flutuantes.
por eletrodutos ou embutida nas anteparas, com iluminamento ge- 37.12.4.6 Os mictórios devem ser:
ral e difuso; a)instalados em compartimentos individuais, separados por di-
j)possuir sistema de exaustão eficaz, direcionado para fora da visórias de dimensões suficientes para garantir a privacidade, com
área de vivência e sem contaminar os seus demais ambientes; espaçamento de 0,60 m;
k)ter disponível protetor descartável ou dispositivo desinfetan- b)do tipo cuba, de material liso e impermeável e de fácil esco-
te para o assento do vaso sanitário; e amento e limpeza; e
l)ser dotada de, no mínimo, uma tomada de energia elétrica c)providos de descarga provocada ou automática.
junto aos lavatórios. (Vide prazo - Portaria MTP n.º 90, de 18 de 37.12.4.7 O lavatório deve ser dotado de:
janeiro de 2022) a)torneira;
37.12.4.2 Além do disposto no subitem 37.12.4.1, as instala- b)recipiente para o descarte de papéis servidos;
ções sanitárias para uso coletivo devem: c)saboneteira ou outro dispositivo que permita a higienização
a)estar situadas em locais de fácil e seguro acesso, próximas das mãos;
aos locais de trabalho ou das refeições; d)suporte para papel-toalha ou secador do tipo elétrico para
b)ser localizadas de maneira a não se comunicarem diretamen- as mãos;
te com os locais destinados às refeições, cozinha e dormitórios; e)iluminação; e
c)garantir a privacidade de seus usuários em relação ao am- f)espelho.
biente externo; 37.12.4.7 .1É proibida a utilização de toalhas de uso coletivo.
d)para plataformas com a maior dimensão do deck principal 37.12.4.7 .2Deve ser disponibilizado, próximo ao casario, local
acima de 200 m (duzentos metros), deve existir um banheiro o mais para retirada dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI com 2
próximo possível da meia-nau, em área não classificada; (Vide prazo (dois) lavatórios para uso coletivo.
- Portaria MTP n.º 90, de 18 de janeiro de 2022) 37.12.4.8 Os compartimentos destinados aos chuveiros devem:
e)possuir vasos sanitários em conjunto com lavatórios; a)ser dotados de portas de acesso que impeçam o devassa-
f)dispor de cabines privativas para os vasos sanitários, quando mento ou construídos de modo a manter a privacidade necessária;
houver mais de uma unidade ou forem acompanhados de mictó- b)possuir ralos com sistema de escoamento que impeça a co-
rios; e municação das águas servidas entre os compartimentos;
g)ser separadas por sexo, de forma permanente. c)possuir tento ou rebaixo com desnível mínimo de 0,05 m em
37.12.4.2 .1O dimensionamento das instalações sanitárias de relação ao piso da instalação sanitária;
uso coletivo, para cada sexo, deve levar em conta os seus respecti- d)dispor de suporte para sabonete e xampu;
vos quantitativos a bordo e os postos de trabalho. e)possuir suportes ou cabides para toalha de banho;
37.12.4.3 A plataforma deve possuir instalações sanitárias para f)ter piso antiderrapante com caimento que assegure o escoa-
uso coletivo distribuídas pelos diferentes pisos ou decks, na pro- mento da água para a rede de esgoto;
porção de, no mínimo, 1 (um) vaso sanitário e 1 (um) lavatório para g)possuir divisórias revestidas de material resistente, liso, im-
cada 15 (quinze) trabalhadores ou fração, considerando o turno de permeável e lavável;
trabalho com maior efetivo. (Vide prazo - Portaria MTP n.º 90, de 18 h)ser construídos de forma a não possuir arestas vivas que pos-
de janeiro de 2022) sam causar acidentes;
37.12.4.3 .1Em instalações sanitárias masculinas de uso coleti- i)possuir alças de apoio, exceto nas plataformas fixas;
vo, é permitida a substituição de 50% (cinquenta por cento) dos va- j)possuir registros de metal, situados à meia altura da antepa-
sos por mictórios para uso coletivo, desde que sejam assegurados, ra; e
no mínimo, dois vasos. k)possuir chuveiro dotado de crivo, confeccionado em material
37.12.4.4 A plataforma deve possuir, ainda, instalações sanitá- resistente e com altura mínima de 2 m em relação ao piso, podendo
rias para uso coletivo dotadas de chuveiro, na proporção de 1 (um) ser do tipo móvel e de altura ajustável.
para cada 30 (trinta) trabalhadores ou fração, considerando o turno 37.12.4.8 .1Os chuveiros e os aquecedores elétricos, utilizados
de trabalho com maior efetivo. (Vide prazo - Portaria MTP n.º 90, de para secar as toalhas, devem possuir resistência do tipo blindada.
18 de janeiro de 2022) 37.12.4.9 A operadora da instalação deve assegurar, no míni-
37.12.4.5 O vaso sanitário deve: mo, 60 (sessenta) litros diários de água tratada, por trabalhador,
para serem utilizados nas instalações sanitárias.
446
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.12.4.10 É vedado o uso de banheiro químico, inclusive no e)ter piso impermeável, antiderrapante e revestido de material
módulo de acomodação temporária, exceto nos casos previstos que permita a limpeza e desinfecção;
nesta NR. f)ter anteparas revestidas com material liso, resistente, imper-
37.12.4.10 .1Ao constatar a inoperância do sistema de esgota- meável e que permita a limpeza e desinfecção;
mento de todas as instalações sanitárias, sem o devido restabele- g)dispor de água potável;
cimento em até 3 (três) horas, os seguintes procedimentos devem h)possuir mesas providas de tampo liso e de material imper-
ser adotados: meável;
a)iniciar os procedimentos de parada da produção da platafor- i)possuir mesas e bancos ou cadeiras de fácil higienização e
ma; mantidos permanentemente limpos;
b)providenciar, imediatamente, a logística para o desembarque j)possuir protetor salivar nos balcões em que o usuário tiver
de todos os trabalhadores, com o retorno da tripulação somente acesso ao alimento; e
após a normalização do sistema de esgotamento; k)dispor de álcool em gel ou outro saneante na área de acesso
c)manter a bordo apenas o contingente mínimo para garantir a aos balcões de autosserviço.
segurança da instalação e o reparo do sistema; e 37.12.5.2 .1As mesas do refeitório de plataformas flutuantes
d)providenciar banheiros químicos para os trabalhadores que devem ser dotadas de tampo com ressalto arredondado nas bor-
compõem o contingenciamento mínimo, até a normalização do sis- das, acompanhada por bancos ou cadeiras fixas ou com pés de alto
tema de esgotamento. atrito.
37.12.4.11 A operadora da instalação deve elaborar, por plata- 37.12.5.3 Além do quantitativo de lavatórios para uso coletivo
forma, os procedimentos de controle e de vigilância para transpor- previsto no subitem 37.12.4.3, o refeitório também deve dispor de,
tar, manter e controlar a qualidade da água distribuída para o con- pelo menos, um lavatório localizado nas proximidades de sua entra-
sumo humano a bordo, em conformidade com as regulamentações da, no mesmo piso, ou no seu interior, na proporção de 1 (um) para
do Ministério da Saúde e da ANVISA. cada 30 (trinta) assentos.
37.12.4.11 .1O plano de amostragem deve ser realizado por 37.12.5.4 É proibida, ainda que em caráter provisório, a utiliza-
plataforma, respeitando os planejamentos mínimos de amostra- ção do refeitório como depósito.
gem expressos nas regulamentações do Ministério da Saúde e da 37.12.5.5 As plataformas desabitadas devem dispor de condi-
ANVISA. ções sanitárias, de higiene e de conforto suficientes para as refei-
37.12.4.12 Os procedimentos de vigilância e controle da quali- ções dos trabalhadores, bem como atender aos seguintes requisitos
dade de água adotados no tratamento, armazenamento e distribui- mínimos:
ção para o consumo humano a bordo devem considerar as informa- a)dispor de local adequado e isolado da área de trabalho;
ções contidas nas análises de riscos da instalação. b)possuir piso e anteparas apropriados para limpeza e desin-
37.12.4.13 Após a realização de serviços de manutenção, re- fecção;
paro, ampliação e outras intervenções na plataforma que possam c)ter ventilação artificial ou natural;
contaminar a água para o consumo humano, a operadora da insta- d)ter iluminação geral e difusa, com nível de iluminamento,
lação deve realizar as análises previstas pela ANVISA e Ministério da conforme previsto em norma técnica;
Saúde e, se necessário, efetuar os tratamentos adequados antes de e)dispor de mesas e assentos em número compatível com a
voltar a fornecer a água. quantidade de trabalhadores a bordo;
37.12.4.14 A operadora da instalação deve estabelecer meca- f)possuir lavatório nas proximidades;
nismos para o recebimento de reclamações e manter registros atu- g)fornecer água potável;
alizados sobre a qualidade da água distribuída, sistematizando-os h)dispor de equipamento para aquecer a refeição ou de dispo-
de forma compreensível aos consumidores e disponibilizando-os sitivo térmico que a mantenha aquecida em condições de higiene,
para pronto acesso e consulta pela inspeção do trabalho, trabalha- conservação e consumo até o final do horário da refeição;
dores e seus representantes. i)fornecer refeições que atendam às exigências de conservação
37.12.5Higiene, segurança e conforto por ocasião das refeições da alimentação em recipientes apropriados, adequados aos equipa-
37.12.5.1 Nas plataformas habitadas, é obrigatória a existência mentos de aquecimento disponíveis;
de refeitório para os trabalhadores. j)disponibilizar pratos, talheres e copos individuais higieniza-
37.12.5.2 O refeitório deve atender, nesta ordem, aos requisi- dos, podendo ser descartáveis; e
tos desta NR e, naquilo que couber, aos itens constantes das resolu- k)possuir compartimento para guarda e proteção dos utensí-
ções da ANVISA, conforme descrito a seguir: lios.
a)ser instalado em local apropriado, não se comunicando dire- 37.12.5.5 .1Em plataforma desabitada que não ofereça am-
tamente com os locais de trabalho, instalações sanitárias e locais biente com condições para as refeições, o tempo de permanência
insalubres ou perigosos; dos trabalhadores a bordo deve ser de, no máximo, 4 (quatro) ho-
b)possuir área mínima de 1,50 m² por usuário, com a quantida- ras.
de de mesas e assentos que atenda a 1/3 do total de empregados 37.12.5.6 É proibida a tomada das principais refeições fora dos
do turno de trabalho com o maior efetivo; locais referidos nos subitens 37.12.5.2 e 37.12.5.5.
c)possuir corredor principal com largura de 0,75 m e garantia 37.12.5.6 .1É proibido o consumo de qualquer alimento em
de corredor secundário de acesso a todos os assentos com largura ambientes com exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos,
de 0,55 m; devendo ser asseguradas as condições adequadas de conforto e hi-
d)ser provido de rede de iluminação, protegida externamente giene, descritas no item 37.12.5 e respectivos subitens desta NR.
por eletrodutos ou embutida nas anteparas ou teto, com ilumina-
mento geral e difuso;
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.12.5.7 É obrigatório o registro, em relatórios próprios, do lhadores ou fração, considerando o sexo e o turno de trabalho do
monitoramento das temperaturas e do tempo de exposição dos ali- pessoal da cozinha com maior efetivo. (Vide prazo - Portaria MTP
mentos. n.º 90, de 18 de janeiro de 2022)
37.12.5.8 É vedada a utilização de vestimenta de trabalho com 37.12.6.6 Os equipamentos e acessórios de cocção utilizados
a presença de agentes químicos ou biológicos, provenientes das nas cozinhas das plataformas flutuantes devem possuir dispositivo
atividades laborais, nos refeitórios ou nos locais específicos para a de fixação que permita a sua remoção para utilização e limpeza.
alimentação. 37.12.6.7 A cozinha, seus equipamentos e acessórios, exausto-
37.12.6Cozinha res e dutos de exaustão devem passar por processo de higienização
37.12.6.1 Em plataforma dotada de cozinha, a operadora da de acordo com as recomendações do fabricante ou fornecedor, con-
instalação deve seguir todas as medidas para garantir a higiene e signado em plano de manutenção específico e relatório assinado
a qualidade da alimentação produzida, de acordo com as normas pelo profissional responsável.
da ANVISA. 37.12.6.8 A câmara de refrigeração deve ter botoeira de emer-
37.12.6.2 A cozinha deve dispor de: gência no seu interior e dispositivo que permita a abertura inter-
a)anteparas de material impermeável, apropriado para limpeza namente.
e desinfecção; 37.12.7Camarotes
b)piso antiderrapante, de material apropriado para limpeza e 37.12.7.1 Os camarotes, camarotes provisórios e módulos de
desinfecção, com caimento e ralos ou dispositivos que favoreçam o acomodação temporária devem atender aos seguintes requisitos
escoamento de águas; gerais:
c)portas revestidas de materiais lisos e de fácil limpeza e de- a)dispor de anteparas, revestimento, forro, piso e juntas cons-
sinfecção; truídos com materiais específicos para uso marítimo e resistentes
d)rede de iluminação, protegida por eletrodutos ou embutida ao fogo, de acordo com os requisitos definidos pela International
nas anteparas ou tetos, com iluminamento geral e difuso, conforme Maritime Organization - IMO, Code for Construction and Equipment
previsto em norma técnica; of Mobile Offshore Drilling Units (Código MODU), SOLAS e suas al-
e)lavatório coletivo de uso exclusivo dos trabalhadores do ser- terações posteriores;
viço de alimentação, com acionamento automático da água e dis- b)ser construídos com materiais termoacústicos, impermeá-
positivos de sabão líquido bactericida ou sabão neutro juntamente veis, atóxicos, adequados à sua utilização e que garantam um am-
com um antisséptico, sistema para a secagem das mãos e, quando biente saudável e sua perfeita higienização;
for o caso, coletor de papel acionado sem contato manual; c)ser dotados de dispositivos suficientes para o escoamento
f)sistema de exaustão para a captação de fumaças, vapores e das águas;
odores, dotada de coifa em aço inoxidável; d)preservar a privacidade dos usuários;
g)bancadas de trabalho e pias para lavagem de utensílios em e)ser separados por sexo durante todo o seu tempo de ocu-
aço inoxidável; pação, sendo proibida a alternância diurna/noturna entre os sexos
h)locais distintos para a instalação de equipamentos de refri- masculino e feminino nesse período;
geração de alimentos, de lavagem de utensílios e de preparo de f)acomodar no máximo quatro pessoas;
refeições; g)possuir pé-direito de, no mínimo, 2,40 m quando forem usa-
i)áreas independentes para higienização dos alimentos, para o dos beliches, ou 2,20 m no caso de uso exclusivo de camas simples;
manuseio de massas e para a cocção; h)dispor de dormitório com área mínima de 3,60 m² por pes-
j)áreas distintas ou separadas por barreiras físicas para prepa- soa, exceto nos casos dos módulos de acomodação temporária,
ração de carnes, de peixes, de aves e de saladas; cuja área mínima é de 3,00 m² por pessoa, e dos dormitórios indivi-
k)lixeira confeccionada em material de fácil higienização, dota- duais ou duplos, cuja área total mínima deve ser de 7,50 m²;
da de tampa, com abertura sem contato manual; e i)ter dimensões adequadas de modo a propiciar o conforto e a
l)dispositivo para abafamento de fogo do tipo manta, confec- facilitar sua limpeza e ordem;
cionado em material antichamas, não contaminante e não alergê- j)possuir instalação sanitária privativa, adjacente ao dormitório
nico. e com uma porta para comunicação direta ou para a antecâmara,
37.12.6.2 .1É vedada a utilização de toalha de uso coletivo nos dotada de vaso sanitário, compartimento para chuveiro e lavató-
lavatórios utilizados pelos profissionais da cozinha. rio, com armário, gavetas individuais, secador de toalhas e alça de
37.12.6.3 A cozinha deve ficar interligada ao refeitório através apoio;
de aberturas do tipo passa- pratos ou portas distintas, uma para k)dispor de portas com altura mínima de 2,10 m e largura mí-
servir as refeições e a outra para a devolução dos utensílios. (Vide nima de 0,80 m, dotadas de dispositivos que permitam mantê-las
prazo - Portaria MTP n.º 90, de 18 de janeiro de 2022) abertas e providas de painéis de escape com dimensões 0,60 m x
37.12.6.4 As áreas previstas para cozinha, depósito de gêneros 0,80 m;
alimentícios secos e dispositivos de refrigeração de alimentos de- l)ser dotados de mobiliário e acessórios constituídos de ma-
vem ser compatíveis com o número diário de refeições servidas e a terial de fácil higienização, sem cantos vivos, mantidos em boas
quantidade de provisões que devem ser armazenadas, consideran- condições de uso e que não produzam gases ou partículas tóxicas
do-se ainda uma reserva de emergência. quando expostos ao fogo;
37.12.6.5 As plataformas devem possuir instalações sanitárias m)apresentar valores máximos de vibração de corpo inteiro
adicionais, exclusivas para uso coletivo dos trabalhadores da cozi- inferiores ao nível de ação para a exposição ocupacional diária à
nha, atendendo ao disposto no subitem 37.12.4.2, na proporção de vibração de corpo inteiro citada no Anexo I - Vibração da NR-09
1 (um) vaso sanitário e 1 (um) lavatório para cada 10 (dez) traba- (Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físi-
cos, Químicos e Biológicos);
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
n)dispor de tensão elétrica de 127 ou 220 volts nas tomadas, d)dispor de dois lençóis, uma fronha, um travesseiro, confec-
devidamente identificadas; cionado em material visco- elástico ou similar, substituído a cada 2
o)possuir sistema de iluminação de modo a manter um nível (dois) anos e com dimensões mínimas iguais a 55 cm x 35 cm x 10
mínimo de iluminamento geral e difuso, bem como iluminação de cm, e um cobertor, todos de uso individual, de dimensões compatí-
emergência; e veis, em condições íntegras e adequadas de higiene e conservação,
p)ter manta antichamas, não alergênica, na proporção mínima manufaturados a partir de materiais antialérgicos;
de uma peça para cada ocupante. e)ter cortina tipo blackout ou outro elemento semelhante, con-
37.12.7.1 .1Nas plataformas em operação ou que estejam em feccionada em material antialérgico, que impeça a entrada de luz
fase de construção até a data de entrada de vigência desta NR, as e promova a privacidade, sem comprometer a circulação de ar; e
portas com largura inferior a 0,80 m podem ser ejetáveis, em subs- f)ser dotada de iluminação complementar e tomada de energia
tituição ao painel de escape previsto na alínea “k”. elétrica.
37.12.7.1 .2O camarote deve ser adequadamente isolado, não 37.12.7.3 .1No caso de utilização de camas sobrepostas na ver-
podendo haver quaisquer aberturas diretas para a praça de máqui- tical (beliche), estas deverão atender também às condições a seguir:
nas, compartimento de carga, cozinha, paiol, lavanderias, poço de a)limitar-se a duas camas, com distância livre mínima de 0,90
elevador ou instalações sanitárias de uso coletivo. m, medida a partir do nível superior do colchão da cama de baixo
37.12.7.1 .3As tubulações de vapor, de descarga de gases e ou- ao nível inferior do estrado da cama superior;
tras semelhantes não devem passar pelo interior dos alojamentos, b)possuir cama superior com distância livre mínima de 0,90 m,
nem pelos seus corredores, salvo em caso de inviabilidade técnica, medida a partir do teto do dormitório até o nível superior do seu
quando deverão ser isoladas e protegidas. colchão;
37.12.7.1 .4A área de circulação para acesso aos alojamentos c)possuir cama superior com proteção lateral contra queda, até
deve ter a largura mínima de 1,20 m. a metade do seu comprimento;
37.12.7.2 O mobiliário do dormitório deve observar os seguin- d)disponibilizar acesso à cama superior por meio de escada rí-
tes requisitos mínimos: gida adequada, com degraus de superfície antiderrapante, fixada ao
a)possuir no máximo quatro leitos, cuja distância horizontal en- beliche e alça para pega junto à escada; e
tre eles seja de, no mínimo, 0,60 m para permitir a livre circulação e)possuir estrados das camas impermeáveis.
e o acesso; 37.12.7.3 .1.1Nas plataformas flutuantes, a cama inferior deve
b)ter armários individuais com tranca e chave, volume mínimo ser provida, ainda, de proteção lateral contra queda, até a metade
de 0,5 m³, providos de gaveta, prateleira e cabides, e com, pelo me- do seu comprimento.
nos, três compartimentos para guardar separadamente: 37.12.7.4 Módulos de acomodação temporária
I.os itens de higiene pessoal; 37.12.7.4 .1O módulo de acomodação temporária só pode ser
II.as roupas e os pertences pessoais; e instalado com o intuito de aumentar a capacidade de acomodação
III.os EPI e a bolsa de viagem; da plataforma, durante a execução de campanhas de manutenção,
c)ser dotado de ganchos de uso individual, em quantidade e reparação, montagem, comissionamento, descomissionamento,
condições suficientes para pendurar vestimenta de trabalho e EPI; desmonte ou intervenções de sondas em plataformas fixas.
d)possuir mesa ou escrivaninha, que poderá ser do tipo de 37.12.7.4 .2A instalação e a permanência do módulo de aco-
tampo fixo, dobrável ou corrediço, acompanhada de cadeira, provi- modação temporária nas plataformas habitadas devem ser solici-
da de iluminação auxiliar e de tomada de energia elétrica; tadas ao órgão regional da inspeção do trabalho, correspondente
e)possuir telefone e televisão de dimensão superior a 26 po- à locação da plataforma, e, em caso de plataformas desabitadas,
legadas; somente mediante negociação tripartite.
f)ter espelho, podendo ser instalado na parte interna dos ar- 37.12.7.4 .2.1A solicitação deve ser feita mediante a apresenta-
mários; ção das análises de riscos e plantas baixa e de corte.
g)dispor de estante ou prateleira para livros; 37.12.7.4 .3Além do disposto nos subitens 37.12.7.1 a
h)possuir recipiente para lixo; 37.12.7.3, o módulo de acomodação temporária deve atender às
i)conter dispositivos individuais, do tipo gancho ou barra, para seguintes exigências:
guardar e secar toalhas de banho e rosto, fora do armário, que as- a)não ter sido utilizado para outros fins, como o armazenamen-
segure condições de higiene; e to ou manuseio de substâncias perigosas à saúde;
j)ser dotado de compartimentos destinados à guarda de cole- b)dispor de anteparas, piso e teto construídos com o material
tes salva-vidas e das mantas antichamas. de classe A-60, conforme descrito no Código MODU;
37.12.7.3 A cama deve atender aos seguintes requisitos: c)ser apoiado sobre estruturas de sustentação com apoios re-
a)possuir dimensões internas que comportem um colchão de silientes para absorções de ruídos e vibrações, salvo laudo técnico
solteiro de, no mínimo, 1,88 m x 0,78 m; conclusivo que dispense tais apoios, elaborado por profissional le-
b)ter altura mínima de 0,40 m, medida da face superior do col- galmente habilitado;
chão ao piso do camarote; d)ter quadro elétrico instalado em seu interior, em local de fácil
c)possuir colchão antialérgico e com densidade mínima 33 acesso, dispondo de barramento interno com disjuntores, portas
(trinta e três), mantido íntegro, em condições higiênico-sanitárias com vedação de borracha, trinco e pintura eletrostática a pó;
e no prazo de validade estabelecida pelo fabricante, ou de 5 (cinco) e)possuir vidros ou materiais alternativos utilizados em divisó-
anos, caso não seja estabelecido outro prazo, a partir da data de rias, janelas e visores das portas que não produzam estilhaços ou
fabricação; fumaça tóxica;
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
f)dispor de antecâmara para isolamento do ruído exterior, das 37.12.8.2 As roupas de trabalho devem ser lavadas e secas se-
intempéries e do devassamento, podendo tal função ser exercida paradamente das demais (roupas de cama, de banho e de uso pes-
pelo corredor que interliga os módulos; soal), de acordo com procedimento específico para cada unidade,
g)se possuir corredor, este deve atender aos requisitos do su- que impeça a contaminação cruzada entre as roupas.
bitem 37.25.8.2; 37.12.9Serviços de bem-estar a bordo
h)dispor de portas externas que atendem aos requisitos de es- 37.12.9.1 Na plataforma habitada, devem existir os seguintes
tanqueidade e da classificação das anteparas, conforme sua locali- meios e instalações para proporcionar condições de bem-estar a
zação na embarcação, dotadas de sistema automático para o seu todos os trabalhadores a bordo:
fechamento; e a)sala de ginástica ou aparelhos para exercícios físicos, instala-
i)dispor de saída de emergência alternativa. dos em locais destinados para essa finalidade;
37.12.7.5 A operadora da instalação deve disponibilizar canais b)sala(s) de recreação com música, rádio, televisão, exibição de
para televisão, com pacote de programação diversificado (noticiá- vídeos com conteúdos variados e renovados em intervalos regula-
rios, esportes, filmes, documentários e outros), em condições ade- res, além de jogos de mesa com seus acessórios;
quadas de funcionamento, diuturnamente. c)sala de leitura dotada de uma biblioteca, cujo acervo conte-
37.12.7.6 A telefonia das acomodações deve permitir a realiza- nha periódicos e livros de conteúdos variados, em quantidade sufi-
ção de ligações entre os diferentes ramais da plataforma. ciente e renovados em intervalos regulares;
37.12.7.7 A operadora da instalação deve garantir o cumpri- d)acesso viável à rede mundial de computadores (internet), do
mento das seguintes regras de uso dos camarotes: tipo sem fio (wi-fi), ao menos nas áreas de vivência e camarotes,
a)limpeza diária e manutenção das condições higiênico-sanitá- para utilização recreativa e comunicação interpessoal, de acesso
rias; reservado a correio eletrônico, redes sociais e outros sistemas pri-
b)retirada diária do lixo e disposição em local adequado; vativos, dimensionada de modo a atender ao quantitativo de traba-
c)substituição, a cada 5 (cinco) dias, da roupa de cama e, a cada lhadores no período de folga, diuturnamente; e
3 (três) dias, da roupa de banho para proceder à sua lavagem e se- e)sala de internet recreativa e para comunicação interpessoal,
cagem, e sempre que houver a troca de ocupante do leito; dotada de computadores de uso individual, conectados à rede, na
d)em caso de suspeita ou diagnóstico de doenças infectocon- razão de, no mínimo, 1 (um) para cada 50 (cinquenta) trabalhadores
tagiosas, que possam comprometer a saúde da população embar- ou fração, considerados os trabalhadores em período de folga.
cada, devem ser providenciados, imediatamente, o isolamento e as 37.12.9.1 .1Em caso de inviabilidade técnica de instalação de
medidas para o desembarque do trabalhador; e internet sem fio (wi-fi), a operadora da instalação deve disponibi-
e)além do disposto na alínea “d”, deve ser providenciada a de- lizar computadores de uso individual, conectados à rede citada, na
sinfecção dos eventuais camarotes utilizados pelo paciente. razão de, no mínimo, 1 (um) para cada 15 (quinze) trabalhadores ou
37.12.7.8 O camarote provisório deve ter seu projeto, prazo de fração, considerados os trabalhadores em período de folga.
utilização e prorrogação, se necessária, aprovados pelo órgão regio- 37.12.9.1 .2A operadora da instalação deve manter os meios de
nal da inspeção do trabalho, depois de ouvidas as partes em proce- comunicação da sala de internet com os computadores de uso indi-
dimento de negociação tripartite. vidual ou similares (hardwares) e os sistemas operacionais (softwa-
37.12.7.9 O somatório dos trabalhadores alojados em cama- res) atualizados, de forma a garantir o seu perfeito funcionamento.
rotes provisórios e módulos de acomodação temporária não pode 37.12.9.2 A área de vivência a bordo deve possuir cabines tele-
exceder a 25% (vinte e cinco por cento) do quantitativo máximo de fônicas individuais ou locais privativos, na proporção de 1 (um) apa-
trabalhadores instalados nos camarotes permanentes, observada a relho telefônico para cada 50 (cinquenta) trabalhadores ou fração a
regulamentação NORMAM-01/DPC para os equipamentos de sal- bordo, permitindo a comunicação particular entre a plataforma e a
vatagem. terra, observando-se que:
37.12.7.10 É vedado o transbordo de trabalhadores registrados a)a operadora da instalação deve franquear ao trabalhador,
no People On Board - POB de uma plataforma para o pernoite em próprio ou terceirizado, período mínimo de 15 (quinze) minutos,
alojamento de outra plataforma, com a finalidade de suprir ausên- por dia, de ligação externa gratuita; e
cia de acomodações. b)quando excedido o tempo gratuito de ligação, e caso seja
37.12.8Lavanderia custeado pelo trabalhador, o valor máximo da ligação deve ser
37.12.8.1 A plataforma habitada deve possuir lavanderia para equivalente ao seu preço de custo, que venha a ser cobrado pela
a lavagem e a secagem das roupas de trabalho, de cama, de banho operadora de telefonia nacional.
e de uso pessoal. 37.12.9.2 .1Caso a operadora da instalação não disponibilize in-
37.12.8.1 .1A lavanderia da plataforma deve: ternet, do tipo wi-fi, a proporção estabelecida no subitem 37.12.9.2
a)ser dimensionada de acordo com a quantidade de turnos e a deve ser de, no mínimo, 1 (um) para cada 15 (quinze) trabalhadores
lotação total de trabalhadores embarcados; ou fração.
b)ter a área de lavagem e secagem projetada e isolada acusti- 37.12.9.3 A sala para a prática das atividades físicas deve:
camente para manter os níveis de ruído dentro dos limites de tole- a)ser dimensionada para os trabalhadores embarcados na pla-
rância nos demais compartimentos; taforma, em horário de folga;
c)possuir piso de circulação sem saliências e depressões; b)possuir piso apropriado, livre de rachaduras, imperfeições,
d)possuir sistema de exaustão e ventilação; elementos cortantes e perfurantes;
e)ser abastecida com água tratada; e c)ter suportes ou compartimentos exclusivos para a guarda de
f)ter facilidades para passagem de roupas. material de apoio (anilhas, barras, cordas e outros);
d)estar limpa;
e)ser climatizada; e
450
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
f)ter as áreas de circulação livres e seguras. 37.13.3É obrigatório o fornecimento de água potável e fresca
37.12.9.3 .1Os aparelhos ergométricos, os aparelhos e os equi- no casario e nas áreas operacionais da plataforma, em quantidade
pamentos fixos para a prática de exercícios físicos da sala de ginás- suficiente para atender às necessidades individuais dos trabalhado-
tica devem: res, de no mínimo ¼ litro (250 ml) por hora para cada trabalhador.
a)estar em perfeito estado de conservação, manutenção, higie- 37.13.3.1 A água potável deve estar de acordo com os padrões
ne e segurança; de potabilidade estabelecidos pela ANVISA e pelo Ministério da
b)estar aprumados, fixados e distanciados entre si, de acordo Saúde.
com as orientações do fabricante; e 37.13.3.2 A operadora da instalação deve fornecer água potá-
c)ser certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Quali- vel e fresca nos locais e frentes de trabalho por meio de bebedouro,
dade e Tecnologia - INMETRO, quando aplicável. equipamentos similares ou recipientes portáteis limpos, hermeti-
37.12.9.3 .2Para realizar atividade física a bordo, o trabalhador camente fechados e confeccionados em material apropriado que
deve ser previamente orientado por profissional legalmente habi- garanta as mesmas condições.
litado, apresentando o comprovante ao profissional de saúde da 37.13.3.3 O laudo técnico, comprovando a potabilidade da
plataforma. água consumida a bordo, deve ser elaborado por profissional le-
37.12.10Alterações eventuais que forneçam condições diver- galmente habilitado e estar afixado em quadro de aviso próximo
sas, porém equivalentes ao disposto no item 37.12.9 e respectivos ao refeitório.
subitens, devem ser apreciadas de forma tripartite e autorizadas 37.13.3.4 A responsabilidade técnica pelas análises físicas, quí-
pelo órgão regional da inspeção do trabalho. micas e biológicas da água potável fornecida deve estar desvincula-
37.12.11Na plataforma dotada de sala de projeção de filmes, da da responsabilidade técnica pela realização dos serviços de seu
quadra desportiva, piscina ou sauna, essas instalações devem ser tratamento, armazenamento e distribuição.
mantidas em funcionamento, só podendo ser descontinuadas se 37.13.4É proibido o uso de copos, pratos, talheres e outros
precedida e aprovada em negociação tripartite. utensílios de forma compartilhada, sem a prévia higienização, ou
improvisados para consumir água ou alimentos.
37.13 Alimentação a bordo 37.13.4.1 A operadora da instalação pode utilizar materiais
37.13.1A operadora da instalação deve garantir que os traba- descartáveis para servir a água e alimentos, sendo vedado o forne-
lhadores a bordo tenham acesso gratuito à alimentação de boa qua- cimento de alimentos em embalagens plásticas que serão aqueci-
lidade, preparada ou finalizada a bordo, fornecida em condições de das para o seu consumo.
higiene e conservação, conforme prevê a legislação vigente. 37.13.5Os locais de armazenamento e transporte de água po-
37.13.1.1 O cardápio deve ser: tável e as suas fontes devem ser:
a)variado e balanceado; a)protegidos contra qualquer contaminação;
b)elaborado por profissional nutricionista legalmente habilita- b)colocados ao abrigo de intempéries;
do; c)submetidos a processo de higienização;
c)de conteúdo que atenda às exigências nutricionais necessá- d)isentos de material plástico que contenham em sua composi-
rias às condições de saúde dos trabalhadores; e ção produtos químicos tóxicos e outros contaminantes que possam
d)adequado ao tipo de atividade laboral e assegurar o bem-es- causar danos à saúde do trabalhador; e
tar a bordo. e)situados em local separado da água não potável.
37.13.1.2 Nas plataformas desabitadas, a alimentação deve 37.13.6O aprovisionamento de víveres e de água potável a bor-
possuir as mesmas características citadas no item 37.13.1, sendo do deve ser suficiente e levar em conta o número de trabalhadores
dispensado o seu preparo a bordo. e as possíveis situações de emergência.
37.13.1.3 A operadora da instalação deve disponibilizar dietas 37.13.6.1 Os alimentos devem ser armazenados em local lim-
específicas para a patologia do trabalhador, segundo prescrição mé- po e organizado, protegidos contra contaminações, identificados
dica. e mantidos sobre paletes, estrados ou prateleiras, confeccionados
37.13.1.4 A operadora da instalação deve garantir que a em- em material resistente e de fácil higienização, distantes do piso, res-
presa contratada para prestar serviços de hotelaria e alimentação peitando- se o espaçamento mínimo necessário para garantir ade-
cumpra os requisitos para o sistema de gestão da segurança de ali- quada ventilação, limpeza e desinfecção do local.
mentos estabelecidos nas regulamentações da ANVISA e pela nor- 37.13.6.1 .1As áreas de armazenamento de alimentos devem
ma técnica ABNT NBR ISO 22000 – Sistemas de gestão de segurança apresentar-se isentas de materiais estranhos ao ambiente, estraga-
de alimentos – Requisitos para qualquer organização na cadeia pro- dos, tóxicos ou outros que possam contaminá-los.
dutiva de alimentos e alterações posteriores. 37.13.6.1 .2É vedado o armazenamento de alimento em caixas
37.13.2A operadora da instalação deve exigir que os manipu- de papel, que não as próprias embalagens, e outros recipientes de
ladores de alimentos sejam capacitados para cada função, com difícil higienização.
conhecimentos práticos e teóricos sobre boas práticas de manipu- 37.13.6.1 .3É proibida a disposição de água potável em galões
lação e higiene, hábitos de higiene pessoal, segurança e doenças diretamente sobre o piso.
transmitidas por alimentos, mediante curso básico para manipula- 37.13.7O gerente da plataforma ou seu preposto deve realizar
dores de alimentos, com conteúdo programático mínimo descrito inspeções semanais para verificar:
no Anexo I desta NR. a)a quantidade, a qualidade e a validade do aprovisionamento
37.13.2.1 Em adição, os cozinheiros encarregados do preparo de víveres e de água potável;
das refeições a bordo devem possuir formação e qualificações exigi- b)o estado das instalações e equipamentos utilizados para ar-
das para esta função, com conhecimentos teóricos e práticos sobre mazenamento e manuseio de víveres e de água potável;
cozinha, armazenamento de víveres e gestão de abastecimentos.
451
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.16 Inspeções de segurança e saúde a bordo d)medidas de segurança a serem adotadas para cada um dos
37.16.1As plataformas devem ser inspecionadas mensalmente elementos e os respectivos equipamentos de proteção coletiva e
pela operadora da instalação com enfoque na segurança e saúde no individual necessários, podendo estar na permissão de trabalho;
trabalho, considerando os riscos das atividades e as operações de- e)descrição das atividades a serem realizadas e os procedimen-
senvolvidas a bordo, conforme cronograma anual, elaborado pelo tos de inspeções e manutenções; e
SESMT e informado previamente à CIPLAT. f)assinaturas dos responsáveis técnicos.
37.16.2As inspeções mensais de segurança e saúde planejadas 37.17.3.1 A operadora da instalação deve justificar e documen-
com a participação do membro eleito, titular ou suplente, da CIPLAT tar a inobservância dos prazos definidos nos planos de inspeções e
devem ser coordenadas, realizadas e consignadas em relatório pe- manutenções.
los profissionais do SESMT lotados na plataforma. 37.17.4A periodicidade das inspeções e manutenções, bem
37.16.2.1 Quando houver a participação de membro eleito, ti- como da reavaliação dos respectivos planos, deve considerar:
tular ou suplente, da CIPLAT na inspeção, esta servirá para o aten- a)o previsto nas NR, nas normas técnicas nacionais ou, na au-
dimento da verificação dos ambientes e condições de trabalho pela sência destas, nas normas internacionais;
CIPLAT, conforme previsto na NR-05. b)as recomendações do fabricante ou fornecedor, especial-
37.16.3As inspeções devem ser documentadas mediante rela- mente quanto aos itens críticos à segurança e à saúde dos traba-
tórios, com o seguinte conteúdo mínimo: lhadores;
a)nome da plataforma, data e local inspecionado; c)a eficácia medida pelos indicadores de desempenho;
b)participantes e suas respectivas assinaturas; d)as medidas propostas nos relatórios de inspeções de segu-
c)pendências anteriores e situação atual; rança e saúde do trabalho;
d)registro das não conformidades que impliquem riscos à segu- e)as recomendações e pareceres contidos nos relatórios de ins-
rança e à saúde dos trabalhadores; peções e manutenções;
e)recomendações; e f)as sugestões decorrentes de investigações de incidentes do
f)cronograma com a proposta de prazos e de responsáveis pela trabalho elaboradas pelo SESMT e CIPLAT;
execução das recomendações. g)as recomendações do plano de ação decorrentes das avalia-
37.16.3.1 O responsável legal pela plataforma deve tomar ci- ções de riscos do PGR;
ência do conteúdo do relatório de inspeção de segurança e saúde h)as condições ambientais e climáticas a bordo; e
a bordo, mediante assinatura ao final desse documento, aprovando i)as sugestões dos representantes dos empregados, caso sejam
o cronograma com prazos e responsáveis pelo atendimento das re- pertinentes.
comendações. 37.17.5As inspeções, manutenções e outras intervenções de-
37.16.3.2 Os relatórios das inspeções de segurança e saúde vem ser executadas por trabalhadores com treinamento apropria-
devem ser apresentados à CIPLAT durante a reunião ordinária sub- do, sob a supervisão de profissional qualificado a bordo, e coorde-
sequente ao término de sua elaboração, sendo uma cópia anexada nadas por profissional legalmente habilitado que pode estar lotado
à ata. em terra.
37.17.6É proibida a utilização e a operação de equipamentos,
37.17 Inspeções e manutenções instrumentos, máquinas, acessórios ou qualquer outro sistema da
37.17.1A operadora da instalação deve definir e implantar pla- plataforma sujeito à inspeção e manutenção, antes da correção das
nos de inspeções e manutenções dos equipamentos, instrumentos, suas não conformidades impeditivas, com a ciência formal do res-
máquinas, sistemas e acessórios da plataforma, em conformidade ponsável legal pela plataforma.
com a NR-12 (Segurança e Saúde no Trabalho em Máquinas e Equi- 37.17.7No caso de inspeções, manutenções, reparos e outras
pamentos) e com o PGR, onde couber, tendo em consideração as atividades que utilizem os Veículos Aéreos Não Tripulados - VANT
normas técnicas nacionais, as recomendações dos fabricantes ou (drone), a operadora da instalação deve assegurar que os serviços
fornecedores e as boas práticas de engenharia aplicáveis. sejam realizados em conformidade com o Regulamento Brasileiro
37.17.1.1 A operadora da instalação deve priorizar a manuten- de Aviação Civil Especial - RBAC-E, da Agência Nacional de Aviação
ção preventiva e preditiva dos elementos críticos de segurança ou Civil - ANAC, as normas de operação estabelecidas pelo Departa-
que comprometam a segurança e saúde dos trabalhadores, para mento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA e as exigências da
eliminar os efeitos das causas básicas das possíveis não conformi- Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL.
dades, falhas ou situações indesejáveis. 37.17.7.1 Além do prescrito no item 37.17.7 desta NR, a opera-
37.17.2O comissionamento e o descomissionamento associa- dora da instalação deve:
dos à manutenção ou inspeção de equipamentos, instrumentos, a)assegurar que o operador de drone participe da elaboração
máquinas, sistemas e acessórios da plataforma devem ser prece- das análises de riscos e assine a PT para a atividade de voos a bordo;
didos de procedimento, em conformidade com as orientações de b)garantir que os drones utilizados em áreas classificadas obe-
segurança a partir de análise de riscos, e seguindo a sistemática de deçam às condições previstas nas normas do INMETRO para esses
liberação de trabalhos da operadora da instalação. tipos de locais;
37.17.3Os planos de inspeções e manutenções devem conter, c)avaliar as operações simultâneas na plataforma antes da uti-
no mínimo, os seguintes itens: lização do drone; e
a)listagem dos elementos da plataforma sujeitos às inspeções d)elaborar mapa limitando a área permitida ao voo do drone,
e manutenções; notadamente sobre as áreas com a possível presença de trabalha-
b)tipos de intervenções a serem realizadas; dores.
c)cronograma com o estabelecimento de prazos; 37.17.8Permissão de Trabalho - PT
453
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.17.8.1 Os trabalhos de inspeção e manutenção a serem re- a)as especificações técnicas do projeto dos sistemas da plata-
alizados nas áreas operacionais devem ser executados mediante a forma; e
emissão de PT. b)as instruções dos manuais de operação e de manutenção ela-
37.17.8.1 .1É dispensada a emissão de PT para as atividades de borados pelos fabricantes/fornecedores.
manutenção e inspeção, desde que atendidos cumulativamente os 37.18.2Os procedimentos operacionais devem conter instru-
seguintes requisitos: ções claras e específicas para a execução das atividades com segu-
a)não seja exigida a emissão da PT para essa atividade em ou- rança, em cada uma das seguintes fases:
tras normas regulamentadoras aplicáveis; a) comissionamento;
b)a atividade executada seja rotineira; c)pré-operação e partida;
c)a atividade seja precedida de análise de risco e procedimento d)operação;
operacional que dispense a emissão de PT; e e)parada, inclusive de emergência;
d)a atividade seja autorizada ou executada pelo responsável f)retorno à operação, incluindo após emergência; e
pelo equipamento ou sistema e não cause riscos adicionais, deven- g)descomissionamento.
do ser analisada sua simultaneidade com outras atividades em cur- 37.18.3Os procedimentos operacionais devem ser reavaliados,
so na plataforma. no mínimo, bienalmente e revisados quando ocorrer uma das se-
37.17.8.1 .1.1A operadora da instalação pode definir, por meio guintes situações:
de análise de riscos, áreas em que a execução de trabalhos a quente a)recomendações decorrentes de inspeção de segurança, ava-
ou a frio, desde que existam procedimentos específicos, sejam exe- liações dos riscos do PGR, análises de riscos da instalação ou inci-
cutadas sem a necessidade da emissão de PT. dentes ocorridos na instalação;
37.17.8.2 A PT consiste em documento contendo o conjunto de b)modificações, ampliações ou reformas nos sistemas e equi-
medidas de controle necessárias para que o trabalho seja desenvol- pamentos relacionados aos procedimentos;
vido de forma segura, além de medidas de emergência e resgate, c)alterações nas condições operacionais da plataforma, quan-
e deve: do indicada pela gestão de mudança; ou
a)ser emitida pelo responsável pela área, equipamento ou sis- d)solicitações do SESMT.
tema em que será executada a atividade; 37.18.4Quando houver revisão de procedimento operacional,
b)quando um equipamento ou sistema estiver em área de res- os trabalhadores envolvidos, próprios ou terceirizados, devem pas-
ponsabilidade de outra equipe, tanto os responsáveis pelo equipa- sar por treinamento eventual conforme prevê a alínea “d” do item
mento quanto pela área devem assinar a PT e suas revalidações; 37.9.6 desta NR.
c)ser precedida de análise de risco, considerando a simultanei- 37.18.5A operadora da instalação deve dimensionar o efetivo
dade com outras atividades em execução na unidade; suficiente de trabalhadores para a realização de todas as tarefas
d)ser disponibilizada no local de execução das atividades, em operacionais com segurança, analisando, no mínimo, os seguintes
meio físico ou digital; aspectos:
e)conter os requisitos mínimos, em conformidade com as reco- a)os diferentes níveis de capacitação técnica;
mendações estabelecidas na análise de risco; b)os postos de trabalho;
f)ser de conhecimento e ser assinada por todos os integrantes c)a organização do trabalho;
da equipe de trabalho, inclusive para novos trabalhadores que ve- e)as turmas de embarque;
nham a integrar essa equipe ao longo da atividade; f)os horários e turnos de trabalho;
g)ter validade limitada à duração da atividade; e g)os treinamentos necessários; e
h)ser encerrada, ao final do serviço ou etapa, pelos responsá- h)a definição de responsabilidades de supervisão e execução
veis por sua emissão e requisitante e arquivada de forma a permitir das atividades laborais.
sua rastreabilidade. 37.18.5.1 Os parâmetros adotados pelo empregador, no di-
37.17.8.2 .1Caso a atividade para a qual foi emitida a PT tenha mensionamento do contingente mínimo a bordo, devem ser docu-
duração de mais de um turno de serviço, esta poderá ser revalida- mentados e arquivados na plataforma e assinados pelo profissional
da, desde que: responsável, designado pela empresa.
a)não ocorram mudanças nas condições estabelecidas na PT; 37.18.5.2 A organização do trabalho deve levar em considera-
b)seja aprovada pelo novo responsável pela permissão a cada ção, no mínimo, os requisitos previstos na NR-17 (Ergonomia).
turno e pelo profissional segurança do trabalho; e 37.18.5.3 Os trabalhadores devem ser capacitados nos proces-
c)esteja em conformidade com a análise de simultaneidade sos de trabalho em que atuam.
para o novo período. 37.18.5.3 .1A capacitação deve incluir procedimentos de segu-
37.17.9A montagem, a desmontagem e a manutenção de an- rança e saúde do processo de trabalho.
daimes devem atender aos requisitos estabelecidos NR-34.
37.19 Instalações elétricas
37.18 Procedimentos operacionais e organização do trabalho 37.19.1Aplica-se à plataforma, quanto às instalações elétricas,
37.18.1A operadora da instalação deve elaborar, documentar, o disposto neste capítulo e na NR-10 (Segurança em Instalações e
implementar, divulgar, manter atualizado e disponibilizar os proce- Serviços em Eletricidade).
dimentos operacionais realizados na plataforma para todos os tra- 37.19.1.1 Na omissão da NR-10, aplicam-se, nesta ordem, as
balhadores envolvidos. normas técnicas nacionais, as normas técnicas internacionais ou o
37.18.1.1 Os procedimentos operacionais devem estar em con- Código MODU, quando couber.
formidade com:
454
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.19.2Os trabalhadores estrangeiros autorizados também c)atender à periodicidade especificada pelo profissional legal-
devem estar devidamente capacitados, qualificados ou legalmente mente habilitado, a qual não deve ser maior do que a recomendada
habilitados para o exercício de suas funções, de acordo com o esta- pelo fabricante ou fornecedor.
belecido pela NR-10. 37.20.2.5 O relatório de inspeção para certificação do equipa-
37.19.2.1 O trabalhador estrangeiro é considerado capacitado mento deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado e
após a sua formação e treinamento ministrados no exterior serem conter:
reconhecidos formalmente pelo profissional legalmente habilitado, a)critérios e normas técnicas utilizadas;
autorizado pela operadora da instalação. b)itens inspecionados;
37.19.3A plataforma com continuidade metálica está dispen- c)não conformidades encontradas, descrevendo as impeditivas
sada de comprovar as inspeções e medições de sistemas de prote- e as não impeditivas à operação do equipamento;
ção contra descargas atmosféricas, desde que essa condição seja d)medidas corretivas adotadas para as não conformidades im-
atestada por laudo técnico elaborado por profissional legalmente peditivas ao seu funcionamento;
habilitado. e)prazo de correção para as irregularidades não impeditivas
37.19.4Os trabalhadores que executam serviços em instalações que não representem, isoladamente ou em conjunto, perigo à se-
elétricas energizadas com alta tensão devem estar capacitados se- gurança e à saúde dos trabalhadores;
gundo o Anexo III desta NR. f)data estabelecida para a próxima inspeção; e
g)parecer conclusivo quanto à operação do equipamento.
37.20 Movimentação e transporte de cargas 37.20.2.6 É vedada a certificação e a operação do equipamento
37.20.1As máquinas e equipamentos utilizados nos diversos sem a correção das não conformidades impeditivas ao seu funcio-
serviços de movimentação e transporte de carga a bordo devem namento.
obedecer aos preceitos descritos nesta NR, na NR-12, nas normas 37.20.2.7 O equipamento inoperante ou reprovado deve ter
técnicas nacionais e internacionais aplicáveis, nessa ordem. essa situação registrada em seu prontuário, e, para voltar a operar,
37.20.2Projeto, manutenção e certificação dos equipamentos deve ser novamente certificado.
motorizados 37.20.2.8 É vedada a utilização de equipamento de movimen-
37.20.2.1 Os equipamentos motorizados de movimentação e tação de carga com recomendações em atraso sem a validação pelo
transporte de cargas devem ser projetados por profissional legal- profissional legalmente habilitado.
mente habilitado. 37.20.3Inspeção pré-operacional e operação de equipamento
37.20.2.1 .1Quando fabricados no exterior, os equipamentos motorizado
devem atender aos requisitos técnicos previstos em normas inter- 37.20.3.1 Antes de iniciar qualquer operação, o equipamento
nacionais e ser devidamente certificados. deve ser inspecionado pelo seu operador, conforme orientação do
37.20.2.2 A manutenção dos equipamentos motorizados deve responsável técnico (profissional legalmente habilitado) e recomen-
ser executada por profissionais qualificados, sob a responsabilidade dações do fabricante ou fornecedor.
de profissional legalmente habilitado, e formalmente autorizados 37.20.3.1 .1Os resultados obtidos durante a inspeção devem
pela operadora da instalação. ser registrados pelo operador em lista de verificação (checklist).
37.20.2.2 .1As empresas prestadoras de serviços técnicos de 37.20.3.2 Os acessórios de movimentação de carga só podem
manutenção de equipamentos motorizados devem ser registradas ser utilizados em perfeito estado operacional.
no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA. 37.20.3.3 O transporte e a movimentação eletromecânica de
37.20.2.3 A operadora da instalação deve elaborar o prontuário cargas devem ser realizados por trabalhador capacitado e autori-
dos equipamentos motorizados, contendo, no mínimo, as seguintes zado.
informações: 37.20.3.4 As áreas de carga ou descarga devem ser isoladas e
a)especificações técnicas; sinalizadas durante a movimentação, sendo nessa ocasião permiti-
b)programas e registros de inspeções e manutenções; do somente o acesso ao pessoal envolvido na operação.
c)certificações; 37.20.3.5 Os procedimentos operacionais dos equipamentos
d)prazo para correção das não conformidades encontradas du- devem estar de acordo com as recomendações do fabricante ou
rante as inspeções e manutenções; fornecedor.
e)identificação e assinatura do responsável técnico indicado 37.20.3.6 A operadora da instalação deve elaborar procedi-
pela operadora da instalação para implementar esse procedimen- mento específico para a movimentação de substâncias perigosas,
to; e como ácidos, gases inflamáveis e tóxicos, explosivos, solventes e
f)cópia do manual de operação fornecido pelo fabricante ou outras.
fornecedor, em língua portuguesa. 37.20.3.7 Ao término do seu turno, o operador do equipamen-
37.20.2.3 .1Na indisponibilidade do manual de operação do to deve consignar, em livro próprio ou em meio eletrônico, as anor-
equipamento, o mesmo deve ser reconstituído por profissional le- malidades observadas em relação ao seu funcionamento.
galmente habilitado. 37.20.3.7 .1O profissional legalmente habilitado deve avaliar e
37.20.2.4 A certificação dos equipamentos de movimentação assinar as anormalidades registradas, adotando as medidas que se
de cargas e de seus acessórios deve obedecer aos seguintes crité- fizerem necessárias, avaliando-as conjuntamente com o prazo de
rios: correção das irregularidades não impeditivas constantes do último
a)ser realizada por profissional legalmente habilitado, com re- relatório de inspeção (subitem 37.20.2.5) que certificou o equipa-
gistro no CREA; mento.
b)conter registro do relatório de inspeção; e 37.20.4Operações com guindastes
455
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.20.4.1 As operações com guindastes eletromecânicos de- 37.20.4.5 A movimentação aérea de carga deve ser orientada
vem ser supervisionadas pelo responsável pela movimentação ou por sinaleiro, situado sempre no raio de visão do operador.
supervisor de convés. 37.20.4.5 .1Na impossibilidade da visualização do sinaleiro
37.20.4.2 Toda operação de movimentação com guindaste pelo operador do guindaste, deve ser empregada comunicação via
deve ser orientada por sinaleiro e movimentada pelo operador ca- rádio, sinaleiro intermediário ou ambos.
pacitado nesse equipamento. 37.20.4.5 .1.1Em plataformas desabitadas, deve ser prevista a
37.20.4.2 .1O sinaleiro deve possuir o curso básico de seguran- obrigatoriedade do sinaleiro no procedimento de operações com
ça, com conteúdo programático descrito no Anexo IV desta NR. movimentação eventual de cargas, mediante elaboração de análise
37.20.4.2 .2Ao guindasteiro, deve ser ministrado o curso básico de risco da operação.
(Anexo IV) e o curso complementar, conforme o Anexo V desta NR. 37.20.4.6 O sinaleiro deve usar identificação de fácil visualiza-
37.20.4.2 .3O sinaleiro ou o operador de guindaste, conforme o ção, tanto no período diurno quanto no noturno, que o diferencie
caso, devem passar por reciclagem de 8 (oito) horas, de acordo com dos demais trabalhadores da área de operação do equipamento de
o conteúdo programático estabelecido pela operadora da instala- guindar.
ção, quando ocorrer uma das seguintes situações: 37.20.4.7 O operador do guindaste deve atender às indicações
a)afastamento do operador dessa atividade por tempo igual ou dos sinaleiros.
superior a 180 (cento e oitenta) dias; 37.20.4.7 .1Excepcionalmente, o operador deve atender à sina-
b)necessidade de utilização de equipamento diferente daquele lização de parada de emergência indicada por outros trabalhadores.
operado normalmente pelo operador; ou 37.20.4.8 É proibida a utilização de cabos de fibras naturais na
c)acidente grave ou fatal ocorrido a bordo relacionado à ativi- movimentação de cargas, exceto quando utilizados como cabo guia.
dade de movimentação de carga ou transporte de pessoas. 37.20.4.9 O guindaste deve dispor de dispositivo automático,
37.20.4.3 Antes de iniciar cada jornada, o responsável pela mo- com alarme sonoro, para alertar sobre a velocidade do vento.
vimentação de carga ou o supervisor de convés deve inspecionar se 37.20.4.10 É proibida a movimentação de cargas com guindas-
os acessórios a serem utilizados estão com as certificações dentro te nos seguintes casos:
do prazo de validade e em condições operacionais. a)iluminação deficiente;
37.20.4.3 .1O resultado da inspeção deve ser anotado em lista b)condições climáticas adversas ou outras desfavoráveis que
de verificação (checklist), contemplando, no mínimo, os seguintes exponham os trabalhadores a riscos; e
itens: c)inobservância das limitações do equipamento, conforme ma-
a)moitões; nual do fabricante ou fornecedor.
b)grampos; 37.20.4.10 .1Além das limitações estabelecidas no subitem
c)ganchos com travas de segurança; 37.20.4.10, a operadora da instalação deve cumprir o disposto na
d)manilhas; Tabela 1 para efetuar a movimentação de carga.
e)distorcedores; Tabela 1 - Condições para operação do guindaste em função da
f)cintas, estropos e correntes; velocidade do vento
g)cabos de aço; Velocidade do vento Condições para operação do equipamento
h)clipes ou eslingas (cabos de aço, soquetes e terminações); de guindar
i)pinos de conexões, parafusos, travas e demais dispositivos; 0 a 38 km/h - Permitidas todas as operações de movimentação
j)roldanas da ponta da lança e do moitão; de cargas.
k)olhais; 39 a 49 km/h -Acionamento de alarme sonoro a partir de 39
l)grampo de içamento; e km/h;
m)balanças. -Operações ordinárias de movimentação de cargas devem ser
37.20.4.3 .2Nova inspeção deve ser realizada sempre que hou- interrompidas; e
ver a inclusão ou substituição de qualquer acessório. -Permitidas apenas as operações assistidas, inclusive
37.20.4.4 Antes de iniciar cada jornada de trabalho, o operador entre a plataforma e embarcações, com observação contínua
do guindaste deve inspecionar e registrar em lista de verificação das condições climáticas.
(checklist) as condições operacionais e de segurança, tais como: 50 a 61 km/h - Permitidas apenas as operações assistidas e re-
a)freios; alizadas somente dentro da própria plataforma, com observação
b)embreagens; contínua das condições climáticas.
c)controles; Acima de 61 km/h
d)mecanismos da lança; - Todas as operações devem ser interrompidas.
e)anemômetro; 37.20.4.11 Para movimentar cargas com o equipamento de
f)mecanismo de deslocamento; guindar, deve-se:
g)dispositivos de segurança de peso e curso; a)proibir ferramentas ou qualquer objeto solto sobre a carga;
h)níveis de lubrificantes, combustível e fluido refrigerante; b)garantir que a carga esteja distribuída uniformemente entre
i)instrumentos de controle no painel; os ramais da lingada, estabilizada e amarrada;
j)sinais sonoro e luminoso; c)certificar-se de que o peso seja compatível com a capacidade
k)eletroímã; do equipamento;
l)limpador de para-brisa; d)garantir que o gancho do equipamento de guindar esteja per-
m)vazamentos de fluidos e combustível; e pendicular à peça a ser içada, verificando a posição do centro de
n)ruídos e vibrações anormais. gravidade da carga;
456
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
e)utilizar cabo guia ou haste rígida, quando aplicável, confec- 37.21.4O compartimento de armazenamento interno dos com-
cionados com material não condutor de eletricidade, para posicio- bustíveis e inflamáveis deve possuir:
nar a carga; a)anteparas, tetos e pisos construídos em material resistente
f)assegurar que os dispositivos e acessórios de movimentação ao fogo, sendo que os pisos não podem provocar centelha por atri-
de carga tenham identificação de carga máxima, de forma indelével to de sapatos ou ferramentas;
e de fácil visualização; b)dispositivo para impedir a formação de eletricidade estática;
g)utilizar somente ganchos dos moitões com trava de seguran- c)equipamentos e materiais elétricos apropriados à classifica-
ça; ção de área, conforme descrito na NR-10;
h)garantir que os cilindros de gases somente sejam transporta- d)ventilação e exaustão eficazes, quando requerido;
dos na posição vertical e dentro de dispositivos apropriados; e)sistema de tratamento ou eliminação segura dos gases tóxi-
i)assegurar que bombonas e tambores, quando movimentados cos ou inflamáveis;
em conjunto, estejam contidos em dispositivos adequados ao trans- f)sistema de combate a incêndio com extintores apropriados,
porte; próximos à porta de acesso;
j)proibir que sejam jogados e arrastados os acessórios de mo- g)detecção automática de fogo, instalada no interior do com-
vimentação de cargas; partimento, e alarme, na sala de controle;
k)impedir que as cintas e cabos de aço entrem em contato dire- h)portas com mecanismo de fechamento automático, quando
to com as arestas das peças durante o transporte; necessário;
l)proibir a movimentação simultânea de cargas com o mesmo i)ambiente seco e isento de substâncias corrosivas;
equipamento; j)luz de emergência;
m)proibir a interrupção da movimentação que mantenha a car- k)vias e portas de acesso sinalizadas de forma legível e visível
ga suspensa, exceto em situação emergencial; com os dizeres “INFLAMÁVEL” e “NÃO FUME”; e
n)manter os controles na posição neutra, freios aplicados, tra- l)conjunto adequado para a contenção de vazamentos.
vamento acionado e desenergizado, ao interromper ou concluir a 37.21.4.1 O compartimento deve ser de fácil limpeza e possuir
operação; e área de contenção adequada, que permita o seu recolhimento, ou
o)garantir que a área de movimentação de carga esteja sinali- sistema de drenagem, que possibilite o escoamento e armazena-
zada e isolada. mento em local seguro, no caso de vazamento de líquidos combus-
37.20.4.12 A cabine de operação do guindaste deve dispor de: tíveis ou inflamáveis.
a)posto de trabalho e condições ambientais segundo a NR-17; 37.21.4.2 Os armários, prateleiras ou estantes empregados
b)proteção contra insolação excessiva e intempéries; para armazenar os combustíveis e inflamáveis devem ser construí-
c)piso antiderrapante, limpo e isento de materiais; dos de material metálico.
d)tabela de cargas máximas em todas as condições de uso, es- 37.21.5O local utilizado para armazenar gás inflamável em área
crita em língua portuguesa e inglesa, afixada no interior da cabine e aberta da plataforma deve:
de fácil compreensão e visualização pelo operador; a)se comunicar apenas com o convés aberto;
e)painel de controle do equipamento em adequado estado de b)ser seguro, arejado, segregado e sinalizado;
funcionamento e na condição pronto para operar; c)permitir a fixação do cilindro;
f)escada em condições adequadas de segurança para permitir d)prover a proteção dos cilindros contra impactos e intempé-
o acesso e escape; e ries; e
g)cópia da Tabela 1 desta NR. e)estar afastado de fontes ignição e agentes corrosivos.
37.21.6Os cilindros de gases devem ser:
37.21 Armazenamento de substâncias perigosas a)estocados com as válvulas fechadas e protegidas por capace-
37.21.1A localização do compartimento e os locais utilizados te rosqueado;
para o armazenamento interno de substâncias perigosas na plata- b)fixados na posição vertical;
forma devem primar pela segurança e a saúde dos trabalhadores c)segregados por tipo de produto;
a bordo, bem como obedecer aos preceitos citados nesta NR, nas d)separados os cheios dos recipientes vazios ou parcialmente
normas da Autoridade Marítima e da International Maritime Dan- utilizados; e
gerous Goods Code - IMDG Code. e)sinalizados.
37.21.1.1 É proibido armazenar substâncias perigosas em lo- 37.21.6.1 Os cilindros de gases e os recipientes de substâncias
cais que não satisfaçam ao prescrito no item 37.21.1 desta NR, mes- perigosas considerados nominalmente vazios devem ser armazena-
mo que temporariamente. dos de acordo com os requisitos do item 37.21.6, até serem desem-
37.21.2Os compartimentos para armazenamento de substân- barcados.
cias perigosas devem: 37.21.7As válvulas, tubulações, mangotes e acessórios empre-
a)acessar diretamente a área aberta da plataforma; gados nos cilindros contendo gases devem ser de material resisten-
b)ser de uso exclusivo ao fim a que se destinam; e te à pressão, impacto e corrosão e compatível com o fluido.
c)estar situados a uma distância segura das áreas de vivência 37.21.8Os cilindros, válvulas, tubulações, mangotes e seus
(inclusive módulos de acomodação temporária), sala de controle, acessórios devem ser inspecionados periodicamente, devendo os
laboratórios, rotas de fuga, chamas, faíscas e calor. resultados ser consignados em relatórios e arquivados a bordo.
37.21.3Os produtos químicos armazenados devem ser distribu- 37.21.9É proibida a permanência de cilindros contendo gases
ídos e separados em função da sua natureza, sendo as substâncias inflamáveis na cozinha, refeitório ou adjacências interiores.
incompatíveis devidamente segregadas.
457
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.21.10A operadora da instalação deve manter disponível aos 37.22.6.2 No caso de plataforma cuja unidade de processo seja
trabalhadores e seus representantes a relação atualizada das subs- construída por módulos interligáveis, a inspeção inicial poderá ser
tâncias perigosas presentes a bordo e as suas respectivas FISPQ. feita com o vaso de pressão conectado ao módulo, antes de esse
37.21.11As FISPQ devem ser mantidas também no comparti- conjunto ser içado e interligado aos demais módulos de maneira
mento onde as substâncias perigosas se encontram, de forma orga- definitiva.
nizada e de fácil acesso. 37.22.6.2 .1Nessa situação, o prazo máximo para interligação
definitiva dos módulos que contenham os vasos de pressão é de
37.22 Caldeiras, vasos de pressão e tubulações um ano.
37.22.1Aplicam-se às caldeiras, aos vasos de pressão e às tubu- 37.22.6.2 .2Caso as inspeções iniciais de segurança referidas
lações das plataformas as disposições deste capítulo e o que dispõe no subitem 37.22.6.2 sejam acompanhadas formalmente por pro-
a NR-13 (Caldeiras, Vasos de Pressão, Tubulações e Tanques Metáli- fissional legalmente habilitado e empregado da operadora da ins-
cos de Armazenamento). talação, o prazo máximo para interligação definitiva dos módulos
37.22.1.1 Os vasos originariamente transportáveis, que este- que contenham os vasos de pressão poderá ser de até 2 (dois) anos.
jam permanentemente solidários às instalações da plataforma e 37.22.6.2 .3Se os prazos dos subitens 37.22.6.2.1 e 37.22.6.2.2
que não sofram qualquer tipo de movimentação durante a opera- forem excedidos, as inspeções iniciais de segurança dos vasos de
ção, devem atender às disposições contidas na NR-13. pressão devem ser refeitas.
37.22.1.2 Aos vasos de pressão destinados exclusivamente aos 37.22.6.2 .3.1Caso a reinspeção seja executada no local defi-
sistemas navais e de propulsão de embarcações convertidas em pla- nitivo, conforme item 37.22.6, fica dispensado o atendimento aos
taformas, não se aplica a NR-13, desde que: subitens 37.22.6.2.4 e 37.22.6.2.5.
a)essas embarcações possuam certificado de classe atualizado 37.22.6.2 .4O içamento dos módulos referido no subitem
emitido por sociedades classificadoras reconhecidas pela Autorida- 37.22.6.2 deve ser acompanhado por profissional legalmente habi-
de Marítima; e litado, formalmente designado pela operadora da instalação como
b)os vasos sob pressão de que trata o caput não estejam inte- responsável técnico, com a finalidade de atestar a integridade física
grados ou interligados à planta de processo da plataforma. dos vasos de pressão e de seus acessórios, ao serem instalados de
37.22.2Para caldeira instalada em ambiente fechado, não são forma definitiva na unidade de processo da plataforma.
aplicáveis as seguintes exigências do subitem 13.4.2.4 da NR-13: 37.22.6.2 .4.1Após o içamento, a operadora da instalação deve
a)prédio separado para a casa de caldeiras ou praça de máqui- proceder à inspeção externa dos vasos de pressão e tubulações
nas; contidos no respectivo módulo.
b)ventilação permanente que não possa ser bloqueada; e 37.22.6.2 .5Após a interligação dos módulos, devem ser reali-
c)proibição da utilização de casa de caldeiras ou praça de má- zados testes de estanqueidade nos seus vasos de pressão e tubula-
quinas para outras finalidades. ções, segundo critério estabelecido nas normas técnicas vigentes.
37.22.3Para os vasos de pressão instalados em ambiente fe-
chado, não é aplicável a exigência de ventilação permanente, com 37.23 Sistema de detecção e alarme de incêndio e gases
entradas de ar que não possam ser bloqueadas. 37.23.1A plataforma deve possuir sistemas de detecções e de
37.22.4É considerado trabalhador capacitado como operador alarmes para monitorar, continuamente, a possibilidade de perda
de caldeira ou de unidade de processo o estrangeiro que possuir de contenção de materiais tóxicos, inflamáveis e incêndio, utilizan-
treinamento e estágio ou treinamento e experiência maior que 2 do metodologia específica para esses sistemas, com projeto que
(dois) anos, realizados no exterior ou no Brasil. atenda aos itens desta norma e normas técnicas nacionais e inter-
37.22.4.1 A capacitação deve ser reconhecida formalmente nacionais.
pelo profissional legalmente habilitado e designado pela operadora 37.23.1.1 Nas plataformas de produção, os sistemas fixos de
da instalação como responsável técnico pela(s) caldeira(s) ou unida- detecções e de alarmes devem ter interface com os outros sistemas
de(s) de processo(s). de segurança, como os de combate a incêndio, de parada de emer-
37.22.4.2 O profissional legalmente habilitado deve fundamen- gência (shut down) e despressurizações (blow down) da unidade e
tar as razões que levaram a reconhecer a capacitação do operador outras situações de riscos, permitindo atuações conforme previsto
estrangeiro de caldeira ou de unidade de processo, emitindo o res- nas suas respectivas lógicas.
pectivo certificado. 37.23.1.2 Nas plataformas de perfuração, os sistemas fixos de
37.22.5A operadora da instalação deve manter a bordo do- detecções e de alarmes devem ter interface com os outros sistemas
cumentos que comprovem treinamento, estágio e reciclagem dos de segurança, como os de combate a incêndio, de detecção de in-
operadores de caldeira e dos profissionais com treinamento de se- fluxo (kick), de sistema de desconexão de emergência, de parada de
gurança na operação de unidades de processo. emergência (shut down) e despressurização (blow down) e outras
37.22.6A inspeção de segurança inicial do vaso de pressão deve situações de riscos, permitindo também atuações conforme previs-
ser realizada com o mesmo interligado, de modo definitivo, à unida- to nas suas lógicas.
de de processo na plataforma, conforme estabelecido no projeto. 37.23.1.3 Nas plataformas capazes de produzir, perfurar e reali-
37.22.6.1 A inspeção de segurança inicial deve ser realizada sob zar intervenções em poços, a operadora da instalação deve cumprir
responsabilidade de profissional legalmente habilitado designado os subitens 37.23.1.1 e 37.23.1.2.
como responsável técnico. 37.23.2Os detectores e alarmes fixos devem ser instalados de
acordo com o dimensionamento de projeto e suas atualizações, in-
clusive nas instalações temporárias.
458
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.23.3As botoeiras de acionamento do alarme de incêndio 37.23.12Os detectores portáteis devem ser calibrados, aprova-
devem ser do tipo “Quebre o vidro e aperte o botão” ou sistema dos e certificados por laboratório acreditado pelo INMETRO.
similar, ambos sinalizados na cor vermelha. 37.23.12.1 O auto zero (ou ajuste de ar limpo), o teste de res-
37.23.3.1 As botoeiras situadas nos corredores devem ser fa- posta (bump test ou function check) e o ajuste dos detectores fixos
cilmente acessíveis e posicionadas de modo que a distância a ser e portáteis podem ser realizados por trabalhador capacitado ou
percorrida pelo trabalhador, para o seu acionamento, seja de no qualificado para esse fim.
máximo 30 (trinta) metros, com sinalização a cada 15 (quinze) me- 37.23.13Na captação do ar do sistema de climatização, devem
tros ou desvio. ser instalados detectores, em redundância, conforme indicado em
37.23.4O projeto deve levar em conta o estudo de dispersão de estudo de riscos.
gases e vapores tóxicos ou inflamáveis no meio ambiente laboral, 37.23.13.1 Os detectores de gases devem estar associados aos
para a seleção do tipo, quantidade, distribuição e sensibilidade dos dispositivos de intertravamento para controlar ventiladores, exaus-
detectores. tores e dampers, cujo tempo máximo de resposta assegure condi-
37.23.4.1 Em caso da ausência de estudo de dispersão de ga- ções ambientais internas do compartimento adequadas à saúde
ses, a operadora da instalação deve adotar a quantidade e o posi- humana.
cionamento de detectores e alarmes previstos em norma técnica 37.23.13.2 O sistema de exaustão do ar climatizado do casa-
nacional ou internacional. rio, salas de controle e laboratórios deve ser dotado de dampers de
37.23.5Os detectores fixos devem ser identificados individual- fechamento automático, quando o ar for destinado para as áreas
mente e interligados ao sistema de alarmes da sala de controle da classificadas.
plataforma. 37.23.14Nos locais onde são preparados, armazenados ou tra-
37.23.6Os sistemas de alarme e comunicação com o pessoal tados os fluidos de perfuração, completação, estimulação e restau-
de bordo devem ser capazes de emitir sinais sonoros e visuais per- ração de poços de petróleo, com características combustíveis ou in-
ceptíveis e inconfundíveis, bem como veicular mensagens audíveis flamáveis, devem ser instalados detectores para alertar a formação
em todos os locais da plataforma destinados à ocupação humana. de atmosferas explosivas ou tóxicas.
37.23.6.1 Nas áreas em que o nível de ruído contínuo ou inter- 37.23.15A sala de baterias deve possuir sistema de detecção e
mitente estiver acima de 90 dB (A), devem ser instalados também alarme de hidrogênio (H2), considerando na sua localização a influ-
sinais luminosos. ência do sistema de exaustão e insuflação do ar no compartimento.
37.23.7O ajuste do alarme (set point) deve considerar, quando 37.23.15.1 O funcionamento adequado do sistema de exaus-
aplicável, os seguintes aspectos: tão da sala de baterias deve ser sinalizado na sala de controle da
a)a toxidez dos materiais presentes; plataforma.
b)os limites inferior e superior de explosividade dos materiais
inflamáveis; 37.24 Prevenção e controle de vazamentos, derramamentos,
c)o tempo máximo requerido para a resposta do detector; incêndios e explosões
d)as ações a serem tomadas após soar o alarme; e 37.24.1A operadora da instalação deve continuamente imple-
e)o tempo necessário para evacuar os trabalhadores do am- mentar medidas, desde a fase de projeto, para prevenir e controlar
biente contaminado ou em chamas. vazamentos, derramamentos, incêndios e explosões.
37.23.7.1 Para os detectores fixos dedicados a pontos de ema- 37.24.1.1 As medidas devem contemplar os meios necessários
nação contínua ou intermitente de gases tóxicos, o primeiro nível para minimizar a ocorrência e mitigar as suas consequências, em
de alarme deve ser ajustado para os limites de exposição estabele- caso de falhas nos sistemas de prevenção e controle.
cidos pelas normas brasileiras ou internacionais. 37.24.1.2 Para as emissões fugitivas, o projeto original da pla-
37.23.8Após instalação e comissionamento, os detectores e taforma e suas alterações, modificações nas condições de processo,
alarmes devem ser testados periodicamente por profissional capa- manutenção e reparo devem incluir procedimentos para minimizar
citado, conforme instruções do fabricante ou fornecedor, devendo os riscos de acordo com a viabilidade técnica, após a identificação
os resultados ser consignados em relatório. das suas fontes.
37.23.8.1 Os detectores fixos devem ser mantidos em perfeito 37.24.2Um representante eleito da CIPLAT ou, na sua falta, o
estado de conservação e funcionamento de acordo com as determi- nomeado de cada organização que atue no processo a ser anali-
nações do fabricante e normas técnicas nacionais e internacionais. sado deve ser consultado pela operadora da instalação durante a
37.23.9Os detectores e os alarmes fixos devem ser energizá- elaboração das medidas específicas e suas revisões para prevenir e
veis pelo sistema elétrico de emergência da plataforma, conforme controlar vazamentos, derramamentos, incêndios e explosões.
NORMAM-01/DPC. 37.24.3As medidas de prevenção e controle de vazamentos,
37.23.10Somente é permitido desativar, contornar (bypass), derramamentos, incêndios e explosões devem ser revisadas, após
mudar o nível de ação (set point) ou utilizar qualquer meio que as análises críticas das medidas adotadas em decorrência desses
impeça o correto funcionamento dos detectores ou alarmes, me- eventos ou quando ocorrer:
diante: a)recomendação decorrente de inspeção de segurança, das
a)a autorização de gestor designado pelo empregador; avaliações de riscos do PGR ou das análises de riscos das instala-
b)o procedimento ou planejamento específico; e ções;
c)a implementação das recomendações contempladas pelas b)recomendações decorrentes das análises de incidentes ocor-
análises de riscos. ridos na instalação, ou mesmo fora dela, que possam ter afetado as
37.23.11Ao menos dois instrumentos portáteis devem estar condições normais de operação da plataforma;
disponíveis a bordo para detecção de CH4, H2S, O2, CO e Compos-
tos Orgânicos Voláteis - COV.
459
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)casos de abrangência decorrentes de incidentes ocorridos 37.24.10Os serviços envolvendo o uso de equipamentos, ins-
nas suas próprias plataformas ou divulgados pela ANP, cuja avalia- trumentos, ferramentas e demais serviços que possam gerar cha-
ção deve ser realizada pela operadora da instalação; mas, fagulhas, calor ou centelhas, nas áreas sujeitas à existência
d)solicitação do SESMT; ou à formação de atmosferas explosivas ou misturas inflamáveis,
e)solicitação da CIPLAT, mediante avaliação técnica do SESMT; e devem obedecer aos requisitos da NR-34, exceto em relação à per-
f)notificação da inspeção do trabalho. missão de trabalho prevista no capítulo 37.17 desta NR.
37.24.4Os tanques, vasos e equipamentos e outros componen- 37.24.11Em plataformas semissubmersíveis do tipo coluna
tes da plataforma que armazenam líquidos combustíveis e inflamá- estabilizada, não devem ser instalados, no interior de colunas ou
veis devem possuir sistemas de contenção de vazamentos ou der- submarinos (pontoons), tanques ou vasos interligados, direta ou in-
ramamentos, como diques, bandejas ou similares, dimensionados e diretamente, à unidade de processamento de petróleo ou gás.
construídos de acordo com as normas técnicas nacionais ou, na sua 37.24.12A operadora da instalação deve assegurar que a con-
ausência, com as normas internacionais. centração de oxigênio, na mistura gasosa gerada pela queima, seja
37.24.4.1 No caso de bacias de contenção, é vedado o armaze- inferior ou igual a 5% (v/v), e, no interior dos tanques de carga, in-
namento de materiais, recipientes e similares em seu interior, exce- ferior ou igual a 8% (v/v).
to durante as atividades de manutenção, reparo, ampliação, inspe-
ção, descomissionamento e desmonte do equipamento protegido 37.25 Proteção e combate a incêndios
pelas referidas bacias. 37.25.1Aplicam-se às plataformas o disposto neste capítulo, no
37.24.4.2 Os tanques de carga ou aqueles incorporados à es- Capítulo 9 da NORMAM- 01/DPC e na norma técnica ISO 13702 -
trutura da plataforma estão desobrigados de atenderem ao item Petroleum and natural gas industries — Control and mitigation of
37.24.4 desta NR. fires and explosions on offshore production installations — Require-
37.24.5Os sistemas utilizados para preparar, armazenar ou ments and guidelines, e suas alterações posteriores, nessa ordem.
tratar os fluidos de perfuração, completação, estimulação e restau- 37.25.2A proteção contra incêndios nas plataformas deve ser
ração de poços de petróleo, com características combustíveis ou desenvolvida por meio de uma abordagem estruturada, considerar
inflamáveis, devem ser dotados de equipamentos e instrumentos os riscos existentes para os trabalhadores e ter os seguintes obje-
de medida e controle para impedir a formação de atmosferas explo- tivos:
sivas, obedecendo a seguinte hierarquia: a)reduzir a possibilidade de ocorrência de incêndio;
a)prevenir a liberação ou disseminação desses agentes no meio b)detectar e alarmar a ocorrência de incêndio na zona de ori-
ambiente de trabalho; gem;
b)reduzir a concentração desses agentes no ambiente de tra- c)limitar a possibilidade de propagação de incêndio;
balho; e d)proteger a atuação dos trabalhadores envolvidos nas ativida-
c)eliminar o risco de incêndio e explosão. des de resposta a emergências;
37.24.6Em áreas sujeitas à existência ou à formação de atmos- e)controlar e, quando for seguro, extinguir focos de incêndio; e
feras explosivas ou misturas inflamáveis, a operadora da instalação f)salvaguardar a segurança e a saúde dos trabalhadores duran-
é responsável por implementar medidas específicas para controlar te o abandono da plataforma.
as fontes de ignição. 37.25.3O sistema de proteção contra incêndio deve ser com-
37.24.7Os equipamentos elétricos, de instrumentação, de au- posto, no mínimo, pelos seguintes requisitos:
tomação e de telecomunicações instalados em áreas classificadas a)instrumentos de detecção e alarmes da presença de gases,
devem atender aos requisitos legais vigentes de certificação, sendo fumaça e chama;
que os respectivos serviços de projeto, seleção, instalação, inspe- b)controle e parada do processo de produção ou perfuração;
ção, manutenção e recuperação devem estar de acordo com a NR- c)fonte de energia elétrica autônoma de emergência;
10 e partes aplicáveis da norma técnica ABNT NBR IEC 60079 – At- d)equipamentos suficientes para combater incêndios em seu
mosferas explosivas e alterações posteriores. início, conforme prescreve a NORMAM-01/DPC;
37.24.8Os equipamentos mecânicos instalados em áreas clas- e)trabalhadores treinados no uso correto dos equipamentos
sificadas devem ser avaliados de acordo com os requisitos espe- supracitados, conforme estabelecido na NORMAM-01/DPC;
cificados na norma técnica ABNT NBR ISO 80079-36 - Atmosferas f)Equipamentos de Proteção Individual - EPI adequados para
explosivas - Parte 36: Equipamentos não elétricos para atmosferas combater o fogo e com Certificados de Aprovação - CA; e
explosivas - Métodos e requisitos básicos, ou ABNT NBR ISO 80079- g)rotas de fuga, saídas de emergência e iluminação de emer-
37 - Atmosferas explosivas - Parte 37: Equipamentos não elétricos gência para a rápida retirada do pessoal a bordo, em caso de incên-
para atmosferas explosivas - Tipos de proteção não elétricos: segu- dio ou explosão.
rança construtiva “c”, controle de ignição de fontes “b” e imersão 37.25.4Dispositivos de controle e parada de emergência
em líquido “k” e alterações posteriores. 37.25.4.1 Na plataforma devem existir sistemas automáticos
37.24.9A operadora da instalação deve assinalar e classificar que paralisem o processo, isolem parte dele, despressurizem a uni-
nas plantas da plataforma as áreas, externas e internas, sujeitas à dade ou limitem o escalonamento de situações anormais.
existência ou a formação de atmosferas contendo misturas inflamá- 37.25.4.2 A partir das análises de riscos das instalações e ava-
veis ou explosivas, de acordo com a norma ABNT NBR IEC 60079 e liações de riscos do PGR, a operadora da instalação deve elaborar
alterações posteriores. procedimentos operacionais para o sistema de parada da platafor-
37.24.9.1 As áreas classificadas devem possuir sinalização de ma, em função do local e tipo de emergência.
segurança, visível e legível, indicando a proibição da presença de
fontes de ignição.
460
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.25.4.3 A plataforma deve possuir sistema de acionamento 37.25.6.1 .6.1Os instrumentos citados no subitem 37.25.6.1.6
remoto a bordo para comandar a parada de emergência de equipa- devem possuir certificados de calibração válidos, segundo procedi-
mentos e sistemas que possam propagar ou alimentar o incêndio mento do INMETRO.
com material combustível ou inflamável. 37.25.6.1 .6.2A eficiência da bomba testada deve corresponder
37.25.4.4 A plataforma deve possuir controle das admissões e àquela requerida pelo projeto, atendendo aos cenários de incên-
descargas do ar e do funcionamento da ventilação das estações de dio estabelecidos pelos estudos de riscos, em conformidade com
controle, das áreas de vivência e dos compartimentos de serviço, de o Capítulo 4 da NORMAM-01/DPC e requisitos estabelecidos pelas
carga e de máquinas. normas NFPA 20 - Standard for the Installation of Stationary Pumps
37.25.4.4 .1Os meios de fechamento dos dutos e de controle for Fire Protection e NFPA 25 - Standard for the Inspection, Testing,
dos ventiladores devem: and Maintenance of Water-Based Fire Protection Systems.
a)ficar protegidos do fogo; 37.25.6.2 A plataforma deve ser dotada de sistemas fixos de
b)ser facilmente acessíveis; extinção de incêndio eficazes, de acordo com as classes de fogo
c)ser localizados fora dos compartimentos que estão sendo possíveis e o potencial de incêndio na área a ser protegida.
ventilados; 37.25.6.2 .1As tubulações e acessórios usados no sistema de
d)estar identificados de forma visível e legível; borrifo de água pressurizada devem estar íntegros, atendendo ao
e)indicar se os dutos estão abertos ou fechados; e projeto de combate a incêndio.
f)mostrar se os ventiladores estão ligados ou desligados. 37.25.6.3 A operadora de plataforma desabitada pode utilizar
37.25.5A operadora da instalação deve realizar exercícios de sistema alternativo de proteção contra incêndio para garantir a se-
combate a incêndio e treinamento específico para a brigada de in- gurança dos trabalhadores, baseado em análises de riscos da insta-
cêndio dentro da periodicidade e com conteúdo determinados pela lação, na avaliação de riscos do PGR e em normas técnicas nacionais
Autoridade Marítima (NORMAM-01/DPC). ou internacionais.
37.25.6Sistemas fixos de combate a incêndio 37.25.7Extintores de incêndio portáteis
37.25.6.1 As plataformas devem ser dotadas de sistemas de 37.25.7.1 A plataforma deve ser provida de extintores para per-
combate a incêndio, com água pressurizada, que assegure a respos- mitir o combate a incêndio em sua fase inicial.
ta à emergência em tempo suficiente para preservar a segurança 37.25.7.2 O número, distribuição, tipo e carga dos extintores
dos trabalhadores. devem estar relacionados com a sua capacidade extintora, as clas-
37.25.6.1 .1As especificações das bombas, redes, tomadas de ses de fogo possíveis a bordo e o potencial de incêndio na área a ser
incêndio, mangueiras e demais acessórios devem atender ao dis- protegida, conforme a NORMAM-01/DPC, ou, na sua omissão, as
posto na NORMAM-01/DPC. normas técnicas nacionais.
37.25.6.1 .2Os hidrantes devem ser facilmente visíveis e aces- 37.25.7.2 .1O extintor de incêndio sobre rodas só é contabili-
síveis. zado na capacidade extintora quando o seu agente puder atingir a
37.25.6.1 .3Os abrigos das mangueiras e demais acessórios não área a ser protegida.
podem estar trancados à chave. 37.25.7.3 Os extintores de incêndio devem ser certificados pelo
37.25.6.1 .4Os hidrantes e as redes de alimentação devem ser INMETRO, possuindo o respectivo selo de marca de conformidade.
inspecionados mensalmente e os resultados consignados em rela- 37.25.7.4 Localização e sinalização
tório. 37.25.7.4 .1Os extintores deverão ser instalados em locais de
37.25.6.1 .5O suprimento de água para a rede de combate a in- fácil visualização e acesso.
cêndio deve ser provido por, pelo menos, dois conjuntos motobom- 37.25.7.4 .2É vedada a localização dos extintores nas escadas,
bas capazes de serem acionadas independentemente do sistema antecâmaras de escadas e atrás de portas.
elétrico principal da plataforma, mediante motor a combustão ou 37.25.7.4 .3O local destinado à fixação do extintor deve ser si-
sistema elétrico de emergência. nalizado, conforme previsto na norma técnica ABNT NBR 16820 e
37.25.6.1 .5.1A plataforma deve ter conjunto motobomba de alterações posteriores.
combate a incêndio pronto para operar, com capacidade plena para 37.25.7.4 .4O extintor de incêndio não deverá ter a sua parte
o cenário de maior demanda. superior situada a mais de 1,60 m acima do nível do piso.
37.25.6.1 .5.2Caso haja ampliação ou modificações que alte- 37.25.7.4 .5Ao ser instalado, o extintor deve estar com as suas
rem o cenário de maior demanda, a operadora da instalação deve instruções de utilização voltadas para frente, de modo visível.
reavaliar e redimensionar o sistema de combate a incêndio, quando 37.25.7.5 Inspeção e manutenção dos extintores portáteis
aplicável. 37.25.7.5 .1Os serviços de inspeção e manutenção de primeiro,
37.25.6.1 .5.3No período de manutenção do conjunto moto- segundo e terceiro níveis de extintores de incêndio devem ser reali-
bomba que se encontra em reserva, a operadora da instalação deve zados conforme requisitos do INMETRO.
adotar medidas de contingenciamento baseadas nas análises de 37.25.7.5 .2O extintor de incêndio que for retirado para ma-
riscos das instalações e nas avaliações de riscos do PGR, garantindo nutenção deve ser substituído, no ato da sua retirada, por outro
o nível de confiabilidade do sistema de combate a incêndio exigido extintor de características idênticas ou superiores.
em normas técnicas nacionais ou internacionais, nessa sequência. 37.25.8Rotas de fuga, saídas, portas e iluminação de emergên-
37.25.6.1 .6As bombas de combate a incêndio devem ser testa- cia
das, anualmente, quanto ao seu desempenho, mediante a elabora- 37.25.8.1 Os locais de trabalho e as áreas de vivência devem
ção das suas curvas características (altura manométrica total versus dispor de rotas de fuga e saídas para áreas externas, em número
vazão), utilizando instrumentos para medir a vazão, a pressão e a suficiente, e dispostas de modo a conduzir os trabalhadores até um
rotação. local seguro ou para o posto de abandono da plataforma com rapi-
dez e segurança.
461
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.25.8.2 Além do estabelecido na NORMAM-01/DPC, as rotas 37.25.9.1 A plataforma deve possuir bateria de acumuladores
de fuga devem: e, se necessário, gerador de emergência, capazes de suprir, simulta-
a) possuir sinalização vertical por meio de placas fosforescen- neamente, a energia imprescindível ao funcionamento dos seguin-
tes ou sinais luminosos, segundo a norma técnica ABNT NBR 16820, tes sistemas essenciais à segurança dos trabalhadores:
ou sinalização no piso ou ao nível do rodapé, indicando o sentido a)iluminação de emergência e escape;
para chegar à saída; b)detecção e alarme de fogo e gás;
c)ser dotadas de iluminação de emergência; c)comunicação de emergência;
d)ser mantidas permanentemente desobstruídas e íntegras; d)combate a incêndio;
e)possuir largura mínima de 1,20 m quando principais e 0,70 m e)parada de emergência e desconexão de emergência; e
para as secundárias; e f)controle, intertravamento e supervisão.
f)ser contínuas e seguras para o acesso às áreas externas. 37.25.9.2 A fonte de energia elétrica de emergência a bordo
37.25.8.3 A plataforma deve possuir projeto de iluminação de deve possuir autonomia suficiente para suprir os serviços essenciais
emergência de acordo com a norma técnica ABNT NBR IEC 61892-2, à segurança dos trabalhadores por períodos de tempo especifica-
elaborado por profissional legalmente habilitado e com os objetivos dos pela legislação vigente.
de: 37.25.9.3 As baterias de acumuladores devem estar no esta-
a)facilitar a saída de zonas perigosas (áreas classificadas, de cal- do pronta-para-operar e alojadas em compartimento construído e
deiras, de vasos de pressão e outras); utilizado unicamente para esse fim, mantido ventilado e dotado de
b)propiciar apropriada visibilidade das rotas de fuga secundá- detectores específicos para os gases que possam ser gerados.
rias para que os trabalhadores possam chegar à rota de fuga prin- 37.25.9.3 .1É vedada a instalação de quadros elétricos no mes-
cipal; mo compartimento de baterias de acumuladores, exceto o quadro
c)permitir visibilidade e orientação ao longo da rota de fuga elétrico de emergência alimentado por estas.
principal; 37.25.10Manutenções, testes e inspeções
d)permitir a visualização de quadros e painéis elétricos a serem 37.25.10.1 As manutenções, os testes e as inspeções devem
ligados/desligados em caso de sinistro a bordo; ser realizados para assegurar a confiabilidade dos sistemas, equi-
e)possibilitar a identificação dos equipamentos de segurança e pamentos de combate a incêndio e fonte de energia elétrica de
de combate a incêndio; e emergência, conforme manual do fabricante e as normas técnicas
f)garantir a iluminação de emergência da enfermaria. aplicáveis, nessa ordem.
37.25.8.3 .1Os pontos de luz da iluminação de emergência de- 37.25.10.2 O plano de manutenção do sistema e equipamentos
vem estar em perfeito estado de funcionamento e ser instalados utilizados na proteção contra incêndio deve ser mantido atualizado
prioritariamente em locais onde haja desnível no piso, mudança de e disponível a bordo da plataforma.
direção da rota de fuga, escada, área de abandono, equipamento
de emergência e acionamento do alarme de incêndio, dentre ou- 37.26 Proteção contra radiações ionizantes
tros locais estratégicos. 37.26.1Durante todo o ciclo de vida da plataforma, para pro-
37.25.8.4 As portas para as rotas de fuga principais devem: teger os trabalhadores contra os efeitos nocivos da radiação ioni-
a)ser dispostas de maneira a serem sempre visíveis; zante, provenientes de operações industriais com fontes radioativas
b)ser mantidas permanentemente desobstruídas; e de materiais radioativos de ocorrência natural, gerados durante
c)abrir no sentido de fuga, exceto para as portas deslizantes; e a exploração, produção, armazenamento e movimentação de pe-
d)estar situadas de modo que, ao serem abertas, não impeçam tróleo e resíduos, a operadora da instalação deve adotar medidas
as vias de passagem ou causem lesões pessoais. prescritas nesta NR e, para as atividades relativas ao capítulo 37.10,
37.25.8.4 .1O sentido de abertura das demais portas não pode as medidas previstas na NR-34.
obstruir as rotas de fuga secundárias. 37.26.1.1 A operadora da instalação deve priorizar métodos al-
37.25.8.4 .2É vedada a utilização de portas de enrolar nas pla- ternativos que não utilizem fontes radioativas a bordo.
taformas. 37.26.1.1 .1Quando não for adotada a sua substituição, a ope-
37.25.8.4 .3As portas com abertura para o interior devem ser radora da instalação deve justificar e documentar a decisão em
dotadas de passagem de emergência que possa ser aberta para fora relatório elaborado por profissional legalmente habilitado, consig-
e ser utilizada como via de escape, em caso de pânico ou de falha nando no PGR.
no sistema regular de abertura, com dimensões mínimas de acordo 37.26.2O atendimento das exigências desta NR e da NR-34 não
com NORMAM-01/DPC. desobriga o cumprimento de outras disposições estabelecidas pe-
37.25.8.4 .3.1Para compartimentos com menos de 16 m² (de- las normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, ou,
zesseis metros quadrados), alternativamente, as portas podem ser na ausência destas, as disposições previstas em normas técnicas e
ejetáveis. regulamentos nacionais e internacionais, nessa ordem.
37.25.8.4 .4A largura do vão livre das portas que dão acesso 37.26.3A operadora da instalação deve assegurar que as em-
às escadas deve ter, no mínimo, a mesma largura da rota de fuga presas contratadas que manuseiam ou utilizam equipamentos com
atendida por elas. fontes radioativas estejam licenciadas pela CNEN.
37.25.8.4 .5É proibido fechar com chave, aferrolhar ou prender, 37.26.4Medidas de ordem geral
interna ou externamente, a porta corta-fogo ou a porta situada no 37.26.4.1 A operadora da instalação deve assegurar o atendi-
percurso da rota de fuga. mento por Serviço de Radioproteção - SR, inclusive para material ra-
37.25.9Fonte de energia elétrica autônoma de emergência dioativo de ocorrência natural, de acordo com as normas da CNEN.
462
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.26.4.1 .1O SR deve estabelecer e dispor de pessoal, instala- e)ser considerado no Plano de Resposta a Emergências - PRE da
ções, procedimentos e equipamentos adequados e suficientes para plataforma, descrito no capítulo 37.28 desta NR; e
executar todas as tarefas com segurança, bem como proceder ao f)ser mantido atualizado.
atendimento em caso de acidente ou emergência. 37.26.4.10 .2Após a ocorrência de exposições decorrentes de
37.26.4.1 .2A operadora da instalação deve designar um Su- emergências ou acidentes, ou suspeita de ocorrência de aciden-
pervisor de Proteção Radiológica - SPR, responsável pela supervisão tes, a operadora da instalação deve garantir que sejam tomadas as
dos trabalhos com exposição a radiações ionizantes. providências para a imediata avaliação dos trabalhadores, segundo
37.26.4.1 .3O SPR deve possuir certificação da qualificação váli- norma da CNEN.
da na área de atuação, segundo a sua atividade e em conformidade 37.26.4.10 .3Com o objetivo de constatar a sua adequação e
com as normas da CNEN. eficácia no controle da exposição à radiação ionizante, visando à re-
37.26.4.2 O médico responsável pelo PCMSO deve manter atu- alização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas
alizado o registro de cada trabalhador exposto à radiação ionizante, e prioridades, o PR deve ser avaliado:
em conformidade com a norma CNEN NN 3.01 e demais normas da a)anualmente;
CNEN. b)quando da revisão do PGR; e
37.26.4.3 Os trabalhadores expostos à radiação acima dos li- c)sempre que ocorrer acidente, situações de emergência ou
mites estabelecidos pelas normas da CNEN devem ser afastados de constatação de doença ocasionada por exposição a radiações ioni-
atividade com exposição à radiação e avaliados em conformidade zantes.
com o PCMSO. 37.26.4.11 O trabalhador deve ser afastado imediatamente de
37.26.4.3 .1O retorno do trabalhador afastado, ao trabalho que serviço que envolva exposição à radiação ionizante quando apre-
envolva radiações ionizantes, dependerá de autorização do médico sentar feridas ou cortes.
examinador especialista nessa área, mediante consignação no ASO 37.26.4.12 É proibido fumar, repousar, alimentar-se, beber,
do empregado. aplicar cosméticos, guardar alimentos, bebidas e bens pessoais nos
37.26.4.4 Antes de iniciar o trabalho envolvendo fonte ou ma- locais onde são manipulados, transportados, armazenados ou haja
terial radioativo, a operadora da instalação deve exigir da empresa risco de contaminação por materiais radioativos.
contratada cópias dos ASO concernentes aos seus trabalhadores. 37.26.4.13 A operadora da instalação deve garantir a higieniza-
37.26.4.5 Antes de acessar as áreas supervisionadas e controla- ção e manutenção da vestimenta e dos demais EPI utilizados em ati-
das, os trabalhadores devem ser autorizados formalmente pelo SR. vidades com materiais radioativos, bem como a descontaminação
37.26.4.6 A operadora da instalação deve assegurar que os tra- ou a sua substituição imediata, quando danificado ou extraviado.
balhadores expostos à radiação ionizante possuam capacitação de 37.26.4.13 .1Imediatamente após o término do serviço ou pa-
acordo com norma da CNEN e sob responsabilidade do SR. rada para as refeições, a operadora da instalação deve assegurar
37.26.4.7 Com o objetivo de atender ao prescrito na alínea “g” local apropriado para a troca da vestimenta de trabalho por outra
do subitem 37.9.6.3 desta NR, a operadora da instalação deve efe- limpa, segundo norma da CNEN.
tuar treinamento dos riscos radiológicos específicos da plataforma, 37.26.5Serviços e operações com fontes radioativas industriais
com conteúdo programático estabelecido pela própria empresa. 37.26.5.1 Antes do início da execução dos serviços e opera-
37.26.4.8 Nos casos previstos no subitem 37.9.6.4, o traba- ções envolvendo radiações ionizantes, a operadora da instalação
lhador exposto à radiação ionizante deve ser submetido ao treina- deve elaborar o PR específico, o qual, além do previsto no subitem
mento eventual antes de ser autorizado a executar atividades com 37.26.4.10, deve conter no mínimo:
exposição a radiações ionizantes. a)as características da fonte radioativa;
37.26.4.9 A operadora da instalação deve prover um serviço b)as características do equipamento;
médico especializado ao tipo e às proporções das fontes e materiais c)a relação dos trabalhadores envolvidos;
radioativos presentes, visando assegurar a supervisão médica aos d)as memórias de cálculos das distâncias de isolamentos físicos
trabalhadores expostos a radiações ionizantes e o tratamento apro- em instalações abertas;
priado aos envolvidos em acidentes. e)o manuseio e método de armazenamento da fonte radioativa
37.26.4.9 .1O serviço médico especializado pode ser prestado a bordo; e
por profissional legalmente habilitado com proficiência no assunto f)os procedimentos, equipamentos e acessórios a serem utili-
ou empresa especializada contratada, desde que estejam sob a co- zados em situações de acidentes ou emergência.
ordenação do médico responsável pelo PCMSO. 37.26.5.1 .1No caso de operações industriais com fontes radio-
37.26.4.10 A operadora da instalação deve garantir a elabo- ativas, o PR específico pode ser elaborado pela prestadora de servi-
ração e implementação do Plano de Radioproteção - PR aprovado ço conforme normas da CNEN, cabendo à operadora da instalação
pela CNEN, sob a responsabilidade técnica do SPR devidamente cer- garantir o seu cumprimento.
tificado pela CNEN. 37.26.5.2 A operadora da instalação e a empresa responsável
37.26.4.10 .1O PR deve ainda: pelos serviços e operações envolvendo radiações ionizantes devem
a)ser exclusivo para cada plataforma; adotar as seguintes providências:
b)estar articulado com o PGR da operadora da instalação e das a)avaliação da segurança e confiabilidade das estruturas e
empresas prestadoras de serviços cujos trabalhadores terceirizados equipamentos associados à fonte de radiação;
estão expostos a radiações; b)avaliação do local, classificação e sinalização das áreas super-
c)ser considerado na elaboração e implementação do PCMSO; visionadas, controladas e de isolamento físico;
d)ser apresentado nas CIPLAT da operadora da instalação e das c)instalação de meios físicos adequados para delimitar as áreas
empresas terceirizadas, quando existentes, com cópia anexada às supervisionadas e controladas, evitando o acesso de trabalhadores
atas dessa comissão; não autorizados;
463
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
d)definição dos alarmes no Plano de Resposta a Emergências e)locais de chegada dos poços durante a perfuração ou a pro-
- PRE; dução; e
e)identificação e sinalização de vias de circulação, entrada e sa- f)demais lugares onde for presumível a presença de materiais
ída e rotas de fuga dentro das áreas supervisionadas e controladas; radioativos.
f)iluminação adequada e de emergência nas áreas supervisio- 37.26.6.2 Durante as aberturas dos equipamentos, tubulações,
nadas, áreas controladas e nas vias de circulação onde estão sendo acessórios e demais elementos da unidade, devem ser adotadas
executados os serviços e operações com radiações ionizantes; e medidas de prevenção orientadas pelo SPR, considerando a possi-
g)sinalização e isolamento físico dos locais destinados às fontes bilidade de presença de materiais radioativos de ocorrência natural.
radioativas e de rejeitos. 37.26.6.2 .1Os resíduos removidos devem ser caracterizados
37.26.5.3 Além das medidas prescritas no PR, durante a exposi- conforme normas da CNEN.
ção a fontes radioativas, devem ser adotadas as seguintes medidas: 37.26.6.2 .2Com base na análise do material radioativo, a ope-
a)exposição do menor número de trabalhadores possível para radora da instalação deve identificar os tipos de radiações e o seu
realizar a atividade; potencial nocivo ao ser humano, bem como as medidas para asse-
b)execução do serviço de acordo com as instruções da permis- gurar a segurança e a saúde dos trabalhadores expostos a radiações
são de trabalho; ionizantes.
c)realização das tarefas somente pelos Indivíduos Ocupacional- 37.26.6.2 .3Caso as medidas de proteção coletiva e de ordem
mente Expostos - IOE autorizados; operacional e administrativa não reduzam os níveis de exposição e
d)interrupção imediata do serviço no caso de mudança das incorporação aos valores de doses previstos nas normas da CNEN,
condições que o torne potencialmente perigoso, observada a alínea a operadora da instalação deve reavaliar o projeto da plataforma e
“a” do subitem 37.4.1 desta NR; implantar soluções de engenharia para garantir o seu cumprimento.
e)interrupção imediata da atividade e recolhimento da fonte 37.26.6.2 .4A operadora da instalação deve garantir que em-
para exposições acima do limite estabelecido pelo Anexo nº 5 (Ra- presas prestadoras de serviço que realizam as atividades de limpeza
diações Ionizantes) da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres); e de locais com a possibilidade de presença de materiais radioativos
f)descontaminação, reavaliação e redimensionamento da área de ocorrência natural estejam em conformidade com as normas da
e do tempo de exposição, antes de reiniciar a atividade, caso acon- CNEN.
teça a situação citada na alínea “e” deste subitem. 37.26.6.3 Os relatórios de radioproteção são parte integran-
37.26.5.4 Após concluir o serviço, o SR deve: te do PGR da plataforma e devem ser discutidos nas reuniões das
a)recolher, acondicionar e guardar a fonte em segurança, em CIPLAT da operadora da instalação e das empresas prestadoras de
local segregado, trancado, demarcado, sinalizado, de baixa circula- serviços, com cópias anexadas às suas atas.
ção de pessoas e monitorado quanto aos níveis de radiação emitida; 37.26.6.4 A operadora da instalação deve implementar proce-
b)avaliar o nível de radiação da área onde foi realizado o servi- dimentos para evitar a exposição e contaminação passiva dos tra-
ço, de acordo com o PR; e balhadores não envolvidos nas atividades com material radioativo
c)proceder à liberação das áreas supervisionada e controlada, de ocorrência natural.
removendo os isolamentos e a sinalização. 37.26.6.4 .1Medidas adicionais às supracitadas devem ser
37.26.6Materiais radioativos de ocorrência natural implantadas para controlar o risco de contaminação da água, dos
37.26.6.1 A operadora do contrato deve assegurar que a ope- alimentos e do ar-condicionado pelos materiais radioativos de ocor-
radora da instalação efetue a avaliação da presença de materiais ra- rência natural, quando reconhecido no PGR, observada a NR-09.
dioativos de ocorrência natural no meio ambiente de trabalho que 37.26.6.5 Áreas específicas para a descontaminação dos traba-
possam representar riscos à saúde dos trabalhadores, de acordo lhadores devem ser instituídas pelo SR, conforme legislação espe-
com as normas da CNEN. cífica da CNEN, normas técnicas nacionais ou internacionais, nessa
37.26.6.1 .1A operadora da instalação deve identificar as ope- ordem.
rações e os locais onde podem ocorrer exposições às radiações ou 37.26.6.6 É vedado aos trabalhadores adentrarem o casario
incorporações, as trajetórias do material radioativo e os seus meios com a vestimenta, EPI e equipamentos de trabalho contaminados.
de propagação, e adotar as medidas de prevenção prescritas nas 37.26.6.7 Caso constatada a contaminação interna por mate-
normas da CNEN. rial radioativo de ocorrência natural, o PCMSO da plataforma deve
37.26.6.1 .1.1As medidas de prevenção devem estar articula- contemplar análises de sangue e excreta e, se necessário, exame
das com o PGR. com contador de corpo inteiro a ser realizado por instituições auto-
37.26.6.1 .2Deve ser elaborado plano de monitoramento defi- rizadas pela CNEN.
nido pelo SPR, cuja frequência deve atender, no mínimo, à revisão
do PGR. 37.27 Sistemas de drenagem, de tratamento e de disposição
37.26.6.1 .2.1O monitoramento deve ser realizado nos locais de resíduos
onde haja presença de materiais radioativos de ocorrência natural, 37.27.1Os resíduos industriais devem ter destino adequado,
especialmente em: sendo proibido o lançamento ou a liberação no meio ambiente de
a)tubos e seus acessórios, inclusive os armazenados já utiliza- trabalho de quaisquer contaminantes que possam comprometer a
dos; segurança e a saúde dos trabalhadores, segundo previsto na NR-25
b)tanques contendo água da formação produtora, fluidos de (Resíduos Industriais).
perfuração, completação, restauração e estimulação recuperados; 37.27.1.1 No caso de resíduos líquidos e sólidos, a concessioná-
c)suspiros (vents) e drenos; ria e a operadora da instalação devem:
d)separadores e tratadores; a)desenvolver ações de controle para evitar riscos à segurança
e à saúde dos trabalhadores, em cada uma das etapas;
464
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b)coletar, acondicionar, armazenar e transportar para a sua f)afastados de fontes de ignição e materiais corrosivos.
adequada disposição final; 37.27.5.2 .6Inspeções do sistema de acendimento remoto de-
c)dispor e desembarcar os resíduos perigosos; e vem ser realizadas de acordo com o capítulo 37.17 desta NR.
d)dispor e desembarcar os materiais radioativos de ocorrência 37.27.5.2 .7Os sistemas não convencionais de acendimento re-
natural, de acordo com a legislação ambiental e, quando aplicável, moto do queimador podem ser usados desde que aprovados por
com o estabelecido nas normas da CNEN. profissional legalmente habilitado, mediante emissão de laudo téc-
37.27.2Os drenos, descargas de válvulas de segurança, suspi- nico e da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica - ART.
ros (vents) e outros mecanismos de equipamentos, instrumentos 37.27.5.2 .8Para o acendimento do queimador, é vedado o em-
e acessórios que liberem substâncias no meio ambiente devem ser prego do equipamento de guindar ou qualquer outro tipo de im-
projetados e instalados segundo normas técnicas nacionais ou, na provisação.
ausência destas, de normas internacionais, de maneira a não con- 37.27.6A plataforma deve possuir procedimento e sistema para
taminar a plataforma. tratamento da água oleosa, de modo a monitorar o H2S (gás sulfí-
37.27.3Os sistemas de drenos da plataforma devem ser efica- drico) biogênico gerado pela ação de bactérias redutoras de sulfato.
zes e separados fisicamente para escoar e descartar substâncias e 37.27.6.1 O procedimento para tratamento de água oleosa
águas pluviais. deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado e con-
37.27.3.1 Nas plataformas flutuantes, os drenos devem ser templar a periodicidade do monitoramento da concentração de
projetados para operar independentemente das condições de mar. H2S, a adoção de medidas de controle, bem como possíveis inter-
37.27.4Os líquidos combustíveis e inflamáveis, passíveis de rupções no processo.
serem represados nas bacias de contenção, devem ser escoados, 37.27.6.2 Os resultados do monitoramento da concentração
armazenados e tratados, segundo normas das autoridades compe- de H2S e da adoção de medidas de controle devem ser supervi-
tentes. sionados por profissional legalmente habilitado e consignados em
37.27.5A plataforma deve possuir equipamento projetado es- relatórios.
pecificamente para descartar os gases inflamáveis e tóxicos através 37.27.6.3 A utilização do biocida no tratamento da água oleo-
de queima ou dispersão apropriada, durante os diversos processos sa deve estar de acordo com o disposto pela autoridade ambiental
de produção de petróleo, parada e outros procedimentos operacio- competente.
nais e de segurança. 37.27.7A cozinha da plataforma deve ser dotada de sistema
37.27.5.1 O tipo de queimador (flare) e as descargas dos suspi- para trituração de resíduos orgânicos e disposição de lixo, de acor-
ros (vents) de alta velocidade e suas respectivas localizações devem do com o disposto pelas autoridades competentes.
assegurar, em todas as áreas da plataforma, níveis aceitáveis de ex- 37.27.8É proibida a comunicação direta dos sistemas de esgoto
posição à vibração, ao ruído e ao calor, conforme limites estabele- e de disposição de resíduos com os locais de trabalho e os destina-
cidos na NR- 09, exceto durante as operações de despressurização. dos às refeições.
37.27.5.2 O queimador (flare) deve ser dotado de acendimento 37.27.9A operadora da instalação deve gerenciar os rejeitos ra-
remoto e de sistema de detecção de piloto apagado para proceder à dioativos de ocorrência natural, segundo as normas da CNEN.
parada controlada da planta industrial que o utiliza. 37.27.9.1 O gerenciamento de rejeitos radioativos deve conter
37.27.5.2 .1A chama piloto deve ser mantida permanentemen- procedimentos para identificar, manusear, segregar, acondicionar,
te acesa com o gás proveniente do processo ou da origem definida monitorar e armazenar provisoriamente a bordo os rejeitos, até
em projeto. que sejam desembarcados da plataforma.
37.27.5.2 .1.1No queimador fechado (flare fechado), a chama 37.27.9.2 Os recipientes devem possuir condições de integrida-
piloto pode ser mantida apagada enquanto estiver operando o sis- de asseguradas, vedação adequada e conteúdo identificado, segun-
tema de reaproveitamento de gás, de acordo com especificação do do as normas da CNEN.
projeto. 37.27.9.3 O armazenamento de rejeitos oriundos de materiais
37.27.5.2 .2Os botões do painel de controle do sistema de radioativos de ocorrência natural deve obedecer ao prescrito pelas
acendimento remoto devem ser devidamente identificados. autoridades competentes, assim como ser:
37.27.5.2 .3A plataforma deve possuir procedimento operacio- a)definido pelo Supervisor de Radioproteção;
nal contemplando o acendimento da chama piloto e periodicidade b)realizado em lugar que contenha tais rejeitos com segurança;
de teste, considerando as diretrizes do fabricante ou fornecedor. c)disposto em local dotado de piso e anteparas impermeáveis e
37.27.5.2 .4Os operadores devem ser capacitados no procedi- de fácil descontaminação;
mento operacional descrito no subitem 37.27.5.2.3. d)destinado para área de uso específico, enquanto o rejeito es-
37.27.5.2 .4.1A carga horária e o conteúdo programático de- tiver a bordo;
vem ser definidos pela operadora da instalação, considerando o e)situado em ambientes com sistemas de ventilação, exaustão
procedimento operacional e os riscos envolvidos na operação do e filtragem, quando o armazenamento for em locais ou comparti-
queimador a partir das análises de riscos. mentos fechados;
37.27.5.2 .5Os cilindros de gases utilizados para acender a cha- f)provido de drenos para a coleta de líquidos provenientes de
ma piloto devem ser: vazamentos;
a)armazenados em áreas abertas da plataforma; g)localizado em áreas delimitadas, sinalizadas, isoladas fisica-
b)estocados em local seguro e arejado; mente e com acesso restrito ao pessoal autorizado;
c)segregados e fixados; h)distante dos postos de trabalho e de materiais corrosivos, in-
d)sinalizados com os dizeres “INFLAMÁVEL” e “PROIBIDO FU- flamáveis e explosivos; e
MAR”; i)dotado de espaços reservados à monitoração e à descontami-
e)protegidos contra impacto e intempéries; e nação dos trabalhadores expostos a materiais radioativos.
465
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.27.9.4 A operadora da instalação deve disponibilizar os pro- o)cronograma, metodologia, registros e critérios para avaliação
cedimentos relacionados ao gerenciamento de rejeito radioativo dos resultados dos exercícios simulados; e
para todos os trabalhadores a bordo, devendo tal gerenciamento p)EPI para combater incêndios, adentrar o fogo total e outros,
ser apresentado e registrado na ata da reunião da CIPLAT. de acordo com os riscos descritos na alínea “e” supracitada.
37.27.9.5 A operadora da instalação deve disponibilizar no local 37.28.2.1 A operadora da instalação deve manter em local
de armazenamento o inventário atualizado dos rejeitos presentes. visível a tabela atualizada de postos de emergência, relacionando
37.27.9.5 .1O plano de ação do PGR deve estabelecer as me- nominalmente os trabalhadores integrantes das equipes que com-
didas de proteção coletiva e individuais e os procedimentos para põem o PRE a bordo.
incidentes e situações de emergência, baseados nas informações 37.28.3A operadora da instalação deve disponibilizar meios de
contidas nas Fichas com Dados de Segurança de Resíduos Quími- resgate de emergência durante todo o período de pouso e decola-
cos - FDSR e no rótulo, conforme norma técnica ABNT NBR 16725 gem de aeronaves na plataforma, conforme prescrito na NORMAM/
- Resíduo químico — Informações sobre segurança, saúde e meio DPC.
ambiente e suas alterações posteriores. 37.28.3.1 Os exercícios simulados devem envolver os trabalha-
37.27.9.5 .2As FDSR devem ser disponibilizadas nos locais de dores designados e contemplar os cenários e a periodicidade defi-
armazenamento e na enfermaria da plataforma. nidos no PRE.
37.27.9.6 Os riscos presentes nos locais de armazenamento de 37.28.3.1 .1Após a realização dos exercícios simulados ou na
materiais radioativos de ocorrência natural devem constar no in- ocorrência de sinistros a bordo, deve ser avaliado o atendimento do
ventário de riscos do PGR, ainda que o material seja mantido tran- PRE, com o objetivo de se verificar a sua eficácia, detectar possíveis
sitoriamente a bordo. desvios e proceder aos ajustes necessários.
37.27.10Os resíduos de riscos biológicos devem ser dispostos 37.28.4As equipes de resposta às emergências devem:
segundo o prescrito na NR-32 e nas legislações sanitárias e ambien- a)ser compostas, considerando todos os turnos de trabalho,
tais, no que for aplicável. por, no mínimo, 20% (vinte por cento) do POB;
b)ser submetidas a exames médicos específicos para a função
37.28 Plano de Resposta a Emergências - PRE que irão desempenhar, incluindo os fatores de riscos psicossociais,
37.28.1A operadora da instalação deve, a partir dos cenários consignando a sua aptidão no respectivo ASO;
das análises de riscos e das informações constantes no PGR, ela- c)possuir conhecimento das instalações; e
borar, implementar e disponibilizar a bordo o Plano de Resposta a d)ser treinadas de acordo com a função que cada um dos seus
Emergências - PRE, que contemple ações específicas a serem ado- membros irá executar, observando o prescrito no capítulo 37.9 des-
tadas na ocorrência de eventos que configurem situações de riscos ta NR.
grave e iminente à segurança e à saúde dos trabalhadores. 37.29Comunicação e investigação de incidentes
37.28.1.1 A operadora da instalação deve capacitar os traba- 37.29.1A operadora da instalação deve comunicar, à inspeção
lhadores que tiverem suas atribuições alteradas pela revisão do do trabalho da jurisdição da plataforma, a ocorrência de doenças
PRE, cumprindo o descrito no capítulo 37.9 desta NR. ocupacionais, acidentes graves, fatais e demais incidentes, confor-
37.28.2O PRE deve ser elaborado considerando as caracterís- me critérios estabelecidos no Manual de Comunicação de Inciden-
ticas e a complexidade da plataforma e contemplar, no mínimo, os tes de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, emitido
seguintes tópicos: pela ANP, para danos à saúde humana.
a)identificação da plataforma e do responsável legal, designa- 37.29.1.1 A comunicação deve ser protocolizada, em sistema
do pela operadora da instalação; eletrônico disponibilizado pela inspeção do trabalho, até o segundo
b)função do(s) responsável(eis) técnico(s), legalmente habilita- dia útil após a ocorrência do incidente a bordo da plataforma, con-
do(s), pela sua elaboração e revisão; forme formulário do Anexo VI desta NR.
c)função do responsável pelo gerenciamento, coordenação e 37.29.1.2 Para fins desta NR, considera-se incidente qualquer
implementação; ocorrência envolvendo risco de dano ou dano à integridade física
d)funções com os respectivos quantitativos; ou à saúde dos trabalhadores, conforme critérios estabelecidos no
e)estabelecimento dos cenários de emergências, definidos com Manual de Comunicação de Incidentes de Exploração e Produção
base nas análises de riscos e legislação vigente, capazes de conduzir de Petróleo e Gás Natural, emitido pela ANP, para danos à saúde
a plataforma a um estado de emergência; humana.
f)procedimentos de resposta à emergência para cada cenário 37.29.2A operadora da instalação deve comunicar, em até 72
contemplado, incluindo resposta a emergências médicas e demais (setenta e duas) horas, a ocorrência de doenças ou acidentes ocu-
cenários acidentais de helicópteros previstos na NORMAM-27/DPC; pacionais, graves ou fatais, ao representante sindical preponderan-
g)descrição de equipamentos e materiais necessários para res- te da categoria embarcada.
posta a cada cenário contemplado; 37.29.2.1 É facultado ao sindicato participar de investigação
h)descrição dos meios de comunicação; de doenças ou acidentes ocupacionais, graves ou fatais, mediante
i)sistemas de detecção de fogo e gás; a indicação de um representante para compor a comissão, no prazo
j)sistemas de parada de emergência; máximo de 72 (setenta e duas) horas a partir do recebimento da
k)equipamentos e sistemas de combate a incêndio; comunicação mencionada no item 37.29.2.
l)procedimentos para orientação de não residentes quanto aos 37.29.3A operadora da instalação deve encaminhar o relatório
riscos existentes e como proceder em situações de emergência; de investigação e análise do incidente à inspeção do trabalho da ju-
m)procedimento para acionamento de recursos e estruturas de risdição da plataforma, em até 60 (sessenta) dias após a ocorrência
resposta complementares e das autoridades públicas; do incidente.
n)procedimentos para comunicação do acidente;
466
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
467
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
ANEXO I ANEXO IV
CURSO BÁSICO PARA MANIPULADORES DE ALIMENTOS CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM OPERAÇÕES DE MOVI-
MENTAÇÃO DE CARGAS E TRANSPORTE DE PESSOAS
Carga horária mínima: 12 horas. Conteúdo programático:
a)entendendo a contaminação dos alimentos; Carga horária mínima: 20 horas. Conteúdo programático:
b)ambiente de manipulação e cuidados com a água; a)conceitos básicos na movimentação de cargas e pessoas;
c)manuseio do lixo e controle de vetores e pragas; b)tipos de equipamentos de guindar;
d)higienização; c)componentes e acessórios utilizados na movimentação e
e)manipuladores e visitantes; suas respectivas aplicações;
f)etapas da manipulação dos alimentos; d)inspeção visual de equipamentos e acessórios de movimen-
g)documentação e função do responsável pelo serviço; tação de carga;
h)revisão do conteúdo; e)tabela de capacidade de cargas do equipamento e seus aces-
i)noções sobre higienização e segurança na operação de equi- sórios;
pamentos para panificação e confeitaria e máquinas fatiadoras de f)movimentação crítica de cargas (materiais perigosos, peças
frios; e de grande porte, tubos, perfis, chapas, eixos, etc.);
j)uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual - EPI. g)comunicação durante a movimentação de pessoas e cargas:
sinaleiro, sinalização e comunicação por rádio;
ANEXO II h)incidentes e acidentes durante a movimentação;
SÍMBOLOS PARA SINALIZAR FONTES DE RADIAÇÃO IONIZAN- i)procedimentos para a segurança na movimentação de pesso-
TE, LOCAIS DE ARMAZENAMENTO DE MATERIAL RADIOATIVO as e cargas;
E LOCAIS DE TRABALHO COM EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONI- j)equipamentos de proteção;
ZANTE INDUSTRIAL OU DE OCORRÊNCIA NATURAL k)práticas de operação de movimentação a bordo da platafor-
ma; e
l)avaliação final.
ANEXO V
CURSO COMPLEMENTAR PARA OPERADORES DE GUINDASTES
468
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade es- Exercícios simulados: exercícios práticos de simulação de um
tabelecido pela legislação vigente e que não ofereça riscos à saúde. cenário de acidente, durante o qual deve ser testada a eficiência do
Água tratada: água da qual foram eliminados os agentes de plano de resposta a emergências, com foco nos procedimentos, no
contaminação que possam causar algum risco para a saúde, tornan- desempenho das equipes, na funcionalidade das instalações e dos
do-a própria ao uso humano, exceto para o consumo. equipamentos, dentre outros aspectos.
Águas Jurisdicionais Brasileiras - AJB: compreendem as águas Fonte de radiação: equipamento ou material que emite ou é
interiores e os espaços marítimos nos quais o Brasil exerce jurisdi- capaz de emitir radiação ionizante ou de liberar substâncias ou ma-
ção, em algum grau, sobre atividades, pessoas, instalações, embar- teriais radioativos.
cações e recursos naturais vivos e não vivos, encontrados na massa Incorporação: ingestão, inalação ou absorção, através da pele,
líquida, no leito ou no subsolo marinho, para os fins de controle de material radioativo no corpo humano.
e fiscalização, dentro dos limites da legislação internacional e na- Manutenção: é o conjunto de procedimentos realizados para
cional. Esses espaços marítimos compreendem a faixa de duzentas manter ou recolocar um equipamento ou maquinário de uma pla-
milhas marítimas contadas a partir das linhas de base, acrescida das taforma, durante a sua operação, em um estado que volte a desen-
águas sobrejacentes à extensão da plataforma continental além das volver a função requerida inicialmente.
duzentas milhas marítimas, onde ela ocorrer. Material radioativo de ocorrência natural: material que contém
Alojamento: local projetado e apropriado para o repouso dos radionuclídeos naturalmente presentes nas rochas, nos solos e na
trabalhadores embarcados, composto de dormitório e instalação água, que emite ou é capaz de emitir radiação ionizante, que pode
sanitária privativa, como: camarotes, camarotes provisórios e mó- ser concentrado ou exposto ao meio ambiente como resultado de
dulos de acomodação temporária. atividades humanas, e cujos limites máximos de exposição estão
Área controlada: áreas sujeitas às regras especiais de proteção estabelecidos pelas normas técnicas nacionais ou internacionais,
e segurança radiológica, com a finalidade de controlar as exposi- nessa ordem.
ções normais, prevenir a disseminação de contaminação radioativa Operação simultânea: é o conjunto de duas ou mais operações
e prevenir ou limitar a amplitude das exposições potenciais. realizadas ao mesmo tempo na plataforma onde existam interfaces
Autoridade Marítima: Comandante da Marinha do Brasil, con- operacionais, de acordo com a matriz de operações simultâneas e,
forme designado pelo parágrafo único do Art. 17 da Lei Comple- em particular, quando elas introduzem perigos novos que não fo-
mentar n° 97, de 9 de junho de 1999. ram considerados de uma forma específica na avaliação de riscos;
Camarote provisório: alojamento de caráter excepcional, utili- requerem logísticas especiais, medidas de apoio ou procedimentos
zado em casos de aumento temporário da população embarcada, de trabalho seguro ou comprometem a disponibilidade e funciona-
e que emprega estrutura ou compartimento de finalidade diversa, lidade dos elementos críticos de segurança operacional.
já existente no casario, porém adaptado à sua utilização, segundo Operações industriais com fontes radioativas: são operações
exigências específicas desta NR. que utilizam fontes artificiais de radiações ionizantes, tais como:
Ciclo de vida da plataforma: consiste na construção, comissio- perfilagem, gamagrafia, radiografia, dentre outras.
namento, operação, modificação, descomissionamento e desmonte Operador do contrato: empresa detentora de direitos de ex-
de plataformas. ploração e produção de petróleo e gás natural com contrato com
Código MODU (Mobile Offshore Drilling Units Code): código a ANP e responsável pela condução e execução, direta ou indireta,
internacional emitido pela Organização Marítima Internacional (In- de todas as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento,
ternational Maritime Organization – IMO) e adotado pela Autorida- produção, desativação e abandono.
de Marítima brasileira para regulamentação de requisitos técnicos Operadora da instalação: empresa responsável pelo gerencia-
de plataformas de petróleo. mento e execução de todas as operações e atividades de uma pla-
Comissionamento: conjunto de técnicas e procedimentos de taforma.
engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte dela, People On Board (POB): número total de pessoas a bordo da
visando torná-la operacional, de acordo com os requisitos especifi- plataforma.
cados em projeto. Plataforma desabitada: instalação que não possui tripulação
Convenção SOLAS (International Convention for the Safety of embarcada em caráter permanente.
Life at Sea): Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Portas externas do módulo de acomodação temporária: são
Humana no Mar, ratificada pelo Brasil, da Organização Marítima In- aquelas que ligam a antecâmara do módulo de acomodação tem-
ternacional. porária ou o corredor comum dos módulos à área externa.
Damper: dispositivo que regula ou interrompe o fluxo de ar em Procedimentos operacionais: conjunto de instruções para o de-
sistemas de ventilação ou climatização. senvolvimento das atividades operacionais de uma instalação, con-
Descomissionamento: conjunto de técnicas e procedimentos siderando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente que
de engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte impactem sobre a integridade física e a saúde dos trabalhadores.
dela, visando retirá-la de operação, de acordo com os requisitos es- Proficiência: competência, aptidão, capacitação e habilidade
pecificados em projeto e na legislação. aliadas à experiência profissional, comprovadas por meio de diplo-
Desmonte: consiste na desmontagem completa da plataforma mas, registro na carteira de trabalho, contratos específicos na área
em local destinado para esse fim, visando à reciclagem de seus com- em questão e outros documentos.
ponentes, após o término do período de vida útil da plataforma. Profissional legalmente habilitado: profissional previamente
Emissões fugitivas: liberações involuntárias de gases e vapores qualificado, com atribuições legais para a atividade a ser desempe-
que ocorrem de maneira contínua ou intermitente durante as ope- nhada, que assume a responsabilidade técnica, possuindo registro
rações normais dos equipamentos e instrumentos. no conselho de classe competente.
469
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Proteção radiológica ou radioproteção: conjunto de medidas que visam a proteger o ser humano e seus descendentes e o meio am-
biente contra possíveis efeitos indesejados causados pela radiação ionizante.
Radiação ionizante: qualquer partícula ou radiação eletromagnética que, ao interagir com a matéria, ioniza seus átomos ou moléculas.
Resíduos industriais: são aqueles provenientes dos processos industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação dessas, e
que por suas características físicas, químicas ou microbiológicas não se assemelham aos resíduos domésticos.
Responsável legal pela plataforma: preposto formalmente designado pela empresa como responsável pela gestão da instalação.
Riscos psicossociais: decorrem de deficiências na concepção, organização e gestão do trabalho, bem como de um contexto social
de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a nível psicológico, físico e social, como o estresse relacionado ao trabalho, o
esgotamento ou a depressão. Exemplos de condições de trabalho que conduzem aos riscos psicossociais: cargas de trabalho excessivas,
exigências contraditórias, falta de clareza na definição das funções, ausência de sua participação na tomada de decisões que afetam o
trabalhador, descontrole sobre a forma como executa o trabalho, gestão de mudanças organizacionais inadequadas, insegurança laboral,
comunicação ineficaz, deficiência de apoio por parte de chefias e colegas, assédio psicológico ou sexual, violência proveniente de terceiros,
etc.
Rotas de fuga: saídas e caminhos devidamente sinalizados, iluminados e desobstruídos, a serem percorridos pelas pessoas para uma
rápida e segura evacuação de qualquer local da plataforma até o ponto de encontro previamente determinado pelo plano de resposta a
emergências.
Saúde: é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doença.
Serviço de Radioproteção (SR): estrutura constituída especificamente com vistas à execução e manutenção do plano de proteção
radiológica de uma instalação.
Supervisor de Proteção Radiológica ou Supervisor de Radioproteção (SPR): indivíduo com certificação de qualificação pela CNEN para
supervisionar a aplicação das medidas de radioproteção.
Trabalhador capacitado: aquele que tenha recebido capacitação sob a orientação e responsabilidade de profissional legalmente ha-
bilitado.
Trabalhador qualificado: aquele que tenha comprovada a conclusão de curso específico para sua atividade, em instituição reconhecida
pelo sistema oficial de ensino nacional.
Treinamento (capacitação ou curso): conjunto de instruções teóricas e práticas ministradas sob a supervisão de profissional legal-
mente habilitado, e que seguem conteúdo programático planejado, destinado a tornar o trabalhador apto a exercer determinada função.
ANEXO VI¶
COMUNICAÇÃO DE INCIDENTE EM PLATAFORMA - CIP ¶
c) Data¶ e¶ hora¶ do ¶
incidente: ¶
470
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Glossário
Acidente ampliado: evento subitâneo, como emissão, incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade em
instalação sujeita a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais substâncias perigosas e que implica grave perigo, imediato ou
retardado, para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente.
Água oleosa: água contendo petróleo ou frações, também designada como água produzida ou água de formação.
Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido pela legislação vigente e que não ofereça riscos à saúde.
Água tratada: água da qual foram eliminados os agentes de contaminação que possam causar algum risco para a saúde, tornando-a
própria ao uso humano, exceto para o consumo.
Águas Jurisdicionais Brasileiras - AJB: compreendem as águas interiores e os espaços marítimos nos quais o Brasil exerce jurisdição, em
algum grau, sobre atividades, pessoas, instalações, embarcações e recursos naturais vivos e não vivos, encontrados na massa líquida, no
leito ou no subsolo marinho, para os fins de controle e fiscalização, dentro dos limites da legislação internacional e nacional. Esses espaços
marítimos compreendem a faixa de duzentas milhas marítimas contadas a partir das linhas de base, acrescida das águas sobrejacentes à
extensão da plataforma continental além das duzentas milhas marítimas, onde ela ocorrer.
Alojamento: local projetado e apropriado para o repouso dos trabalhadores embarcados, composto de dormitório e instalação sani-
tária privativa, como: camarotes, camarotes provisórios e módulos de acomodação temporária.
471
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Área controlada: áreas sujeitas às regras especiais de proteção atividades humanas, e cujos limites máximos de exposição estão
e segurança radiológica, com a finalidade de controlar as exposi- estabelecidos pelas normas técnicas nacionais ou internacionais,
ções normais, prevenir a disseminação de contaminação radioativa nessa ordem.
e prevenir ou limitar a amplitude das exposições potenciais. Operação simultânea: é o conjunto de duas ou mais operações
Autoridade Marítima: Comandante da Marinha do Brasil, con- realizadas ao mesmo tempo na plataforma onde existam interfaces
forme designado pelo parágrafo único do Art. 17 da Lei Comple- operacionais, de acordo com a matriz de operações simultâneas e,
mentar n° 97, de 9 de junho de 1999. em particular, quando elas introduzem perigos novos que não fo-
Camarote provisório: alojamento de caráter excepcional, utili- ram considerados de uma forma específica na avaliação de riscos;
zado em casos de aumento temporário da população embarcada, requerem logísticas especiais, medidas de apoio ou procedimentos
e que emprega estrutura ou compartimento de finalidade diversa, de trabalho seguro ou comprometem a disponibilidade e funciona-
já existente no casario, porém adaptado à sua utilização, segundo lidade dos elementos críticos de segurança operacional.
exigências específicas desta NR. Operações industriais com fontes radioativas: são operações
Ciclo de vida da plataforma: consiste na construção, comissio- que utilizam fontes artificiais de radiações ionizantes, tais como:
namento, operação, modificação, descomissionamento e desmonte perfilagem, gamagrafia, radiografia, dentre outras.
de plataformas. Operador do contrato: empresa detentora de direitos de ex-
Código MODU (Mobile Offshore Drilling Units Code): código ploração e produção de petróleo e gás natural com contrato com
internacional emitido pela Organização Marítima Internacional (In- a ANP e responsável pela condução e execução, direta ou indireta,
ternational Maritime Organization – IMO) e adotado pela Autorida- de todas as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento,
de Marítima brasileira para regulamentação de requisitos técnicos produção, desativação e abandono.
de plataformas de petróleo. Operadora da instalação: empresa responsável pelo gerencia-
Comissionamento: conjunto de técnicas e procedimentos de mento e execução de todas as operações e atividades de uma pla-
engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte dela, taforma.
visando torná-la operacional, de acordo com os requisitos especifi- People On Board (POB): número total de pessoas a bordo da
cados em projeto. plataforma.
Convenção SOLAS (International Convention for the Safety of Plataforma desabitada: instalação que não possui tripulação
Life at Sea): Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida embarcada em caráter permanente.
Humana no Mar, ratificada pelo Brasil, da Organização Marítima In- Portas externas do módulo de acomodação temporária: são
ternacional. aquelas que ligam a antecâmara do módulo de acomodação tem-
Damper: dispositivo que regula ou interrompe o fluxo de ar em porária ou o corredor comum dos módulos à área externa.
sistemas de ventilação ou climatização. Procedimentos operacionais: conjunto de instruções para o de-
Descomissionamento: conjunto de técnicas e procedimentos senvolvimento das atividades operacionais de uma instalação, con-
de engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte siderando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente que
dela, visando retirá-la de operação, de acordo com os requisitos es- impactem sobre a integridade física e a saúde dos trabalhadores.
pecificados em projeto e na legislação. Proficiência: competência, aptidão, capacitação e habilidade
Desmonte: consiste na desmontagem completa da plataforma aliadas à experiência profissional, comprovadas por meio de diplo-
em local destinado para esse fim, visando à reciclagem de seus com- mas, registro na carteira de trabalho, contratos específicos na área
ponentes, após o término do período de vida útil da plataforma. em questão e outros documentos.
Emissões fugitivas: liberações involuntárias de gases e vapores Profissional legalmente habilitado: profissional previamente
que ocorrem de maneira contínua ou intermitente durante as ope- qualificado, com atribuições legais para a atividade a ser desempe-
rações normais dos equipamentos e instrumentos. nhada, que assume a responsabilidade técnica, possuindo registro
Exercícios simulados: exercícios práticos de simulação de um no conselho de classe competente.
cenário de acidente, durante o qual deve ser testada a eficiência do Proteção radiológica ou radioproteção: conjunto de medidas
plano de resposta a emergências, com foco nos procedimentos, no que visam a proteger o ser humano e seus descendentes e o meio
desempenho das equipes, na funcionalidade das instalações e dos ambiente contra possíveis efeitos indesejados causados pela radia-
equipamentos, dentre outros aspectos. ção ionizante.
Fonte de radiação: equipamento ou material que emite ou é Radiação ionizante: qualquer partícula ou radiação eletromag-
capaz de emitir radiação ionizante ou de liberar substâncias ou ma- nética que, ao interagir com a matéria, ioniza seus átomos ou mo-
teriais radioativos. léculas.
Incorporação: ingestão, inalação ou absorção, através da pele, Resíduos industriais: são aqueles provenientes dos processos
de material radioativo no corpo humano. industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação des-
Manutenção: é o conjunto de procedimentos realizados para sas, e que por suas características físicas, químicas ou microbiológi-
manter ou recolocar um equipamento ou maquinário de uma pla- cas não se assemelham aos resíduos domésticos.
taforma, durante a sua operação, em um estado que volte a desen- Responsável legal pela plataforma: preposto formalmente de-
volver a função requerida inicialmente. signado pela empresa como responsável pela gestão da instalação.
Material radioativo de ocorrência natural: material que contém Riscos psicossociais: decorrem de deficiências na concepção,
radionuclídeos naturalmente presentes nas rochas, nos solos e na organização e gestão do trabalho, bem como de um contexto so-
água, que emite ou é capaz de emitir radiação ionizante, que pode cial de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a ní-
ser concentrado ou exposto ao meio ambiente como resultado de vel psicológico, físico e social, como o estresse relacionado ao tra-
balho, o esgotamento ou a depressão. Exemplos de condições de
trabalho que conduzem aos riscos psicossociais: cargas de trabalho
472
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
excessivas, exigências contraditórias, falta de clareza na definição O contrato de trabalho conterá, obrigatoriamente:
das funções, ausência de sua participação na tomada de decisões - qualificação das partes contratantes;
que afetam o trabalhador, descontrole sobre a forma como executa - prazo de vigência;
o trabalho, gestão de mudanças organizacionais inadequadas, in- - natureza da função profissional, com definição das obrigações
segurança laboral, comunicação ineficaz, deficiência de apoio por respectivas;
parte de chefias e colegas, assédio psicológico ou sexual, violência - título do programa, espetáculo ou produção, ainda que pro-
proveniente de terceiros, etc. visório, com indicação do personagem nos casos de contrato por
Rotas de fuga: saídas e caminhos devidamente sinalizados, ilu- tempo determinado;
minados e desobstruídos, a serem percorridos pelas pessoas para - locais onde atuará o contratado, inclusive os opcionais;
uma rápida e segura evacuação de qualquer local da plataforma até - jornada de trabalho, com especificação do horário e intervalo
o ponto de encontro previamente determinado pelo plano de res- de repouso;
posta a emergências. - remuneração e sua forma de pagamento;
Saúde: é o estado de completo bem-estar físico, mental e so- - disposição sobre eventual inclusão do nome do contratado no
cial, e não somente a ausência de doença. crédito de apresentação, cartazes, impressos e programas;
Serviço de Radioproteção (SR): estrutura constituída especifi- - dia de folga semanal;
camente com vistas à execução e manutenção do plano de proteção - ajuste sobre viagens e deslocamentos;
radiológica de uma instalação. - período de realização de trabalhos complementares, inclusive
Supervisor de Proteção Radiológica ou Supervisor de Radiopro- dublagem, quando posteriores a execução do trabalho de interpre-
teção (SPR): indivíduo com certificação de qualificação pela CNEN tação objeto do contrato;
para supervisionar a aplicação das medidas de radioproteção. - número da Carteira de Trabalho e Previdência Social.
Trabalhador capacitado: aquele que tenha recebido capacita-
ção sob a orientação e responsabilidade de profissional legalmente Nos contratos de trabalho por tempo indeterminado deverá
habilitado. constar, ainda, cláusula relativa ao pagamento de adicional, devido
Trabalhador qualificado: aquele que tenha comprovada a con- em caso de deslocamento para prestação de serviço fora da cidade
clusão de curso específico para sua atividade, em instituição reco- ajustada no contrato de trabalho.
nhecida pelo sistema oficial de ensino nacional. A jornada normal de trabalho dos profissionais de que trata
Treinamento (capacitação ou curso): conjunto de instruções te- esta Lei, terá nos setores e atividades respectivos, as seguintes du-
óricas e práticas ministradas sob a supervisão de profissional legal- rações:
mente habilitado, e que seguem conteúdo programático planejado, - Radiodifusão, fotografia e gravação: 6 (seis) horas diárias, com
destinado a tornar o trabalhador apto a exercer determinada função. limitação de 30 (trinta) horas semanais;
- Cinema, inclusive publicitário, quando em estúdio: 6 (seis) ho-
TRABALHO DO ARTISTA E DO TÉCNICO EM ESPETÁCULOS ras diárias;
DE DIVERSÕES - Teatro: a partir de estreia do espetáculo terá a duração das
sessões, com 8 (oito) sessões semanais;
- Circo e variedades: 6 (seis) horas diárias, com limitação de 36
- Trabalho Do Artista e Do Técnico Em Espetáculos De Diver- (trinta e seis) horas semanais;
sões35. - Dublagem: 6 (seis) horas diárias, com limitação de 40 (quaren-
Artista, o profissional que cria, interpreta ou executa obra de ta) horas semanais.
caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de exibição ou
divulgação pública, através de meios de comunicação de massa ou O trabalho prestado além das limitações diárias ou das sessões
em locais onde se realizam espetáculos de diversão pública; semanais previstas neste artigo será considerado extraordinário,
Técnico em Espetáculos de Diversões, o profissional que, mes- A profissão dos artistas e técnicos em espetáculos e diversões
mo em caráter auxiliar, participa, individualmente ou em grupo, de é regulamentada pela Lei nº 6.533/78 e pelo Decreto nº 82.385/78
atividade profissional ligada diretamente à elaboração, registro,
apresentação ou conservação de programas, espetáculos e produ- TRABALHO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E REABILITADA
ções.
Para registro do Artista ou do Técnico em Espetáculos de Diver- Como forma de discriminação positiva, a lei previdenciária pre-
sões, é necessário a apresentação de: vê cotas para contratação de pessoas com deficiência e reabilitadas
- diploma de curso superior de Diretor de Teatro, Coreógrafo, perante o INSS.
Professor de Arte Dramática, ou outros cursos semelhantes, reco- Em princípio, o tema não tem qualquer relação com as garan-
nhecidos na forma da Lei; ou tias de emprego. Ocorre que, embora constitua garantia de em-
- diploma ou certificado correspondentes às habilitações pro- prego indireta, o art. 93, §1º, da Lei nº 8.213/1991, prevê que os
fissionais de 2º Grau de Ator, Contra-regra, Cenotécnico, Sonoplas- empregados contratados para cumprimento de tal cota somente
ta, ou outras semelhantes, reconhecidas na forma da Lei; ou podem ser dispensados sem justa causa se a empresa contratar ou-
- atestado de capacitação profissional fornecido pelo Sindica- tro substituto em condição semelhante. Vejamos:
to representativo das categorias profissionais e, subsidiariamente, Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está
pela Federação respectiva. obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento)
35 [ Disponivel em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6533.htm. dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portado-
Acesso em 18.01.2024] ras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
473
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
474
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
TRABALHO RURAL: LEI Nº 5889 DE 1973 E ALTERAÇÕES E Nos termos do art. 2º, §4º, do Decreto n. 73.626/74,
NR 31 consideram-se como exploração industrial em estabelecimento
agrário as atividades que compreendem o primeiro tratamento dos
produtos agrários in natura sem transformá-los em sua natureza,
— Trabalho Rural37 tais como:
Segundo a Lei n. 5.889/73, empregado rural é toda pessoa fí- a) o beneficiamento, a primeira modificação e o preparo dos
sica que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços produtos agropecuários e hortigranjeiros e das matérias-primas de
de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência origem animal ou vegetal para posterior venda ou industrialização;
deste e mediante salário (art. 2º). Desta forma, empregado rural é b) o aproveitamento dos subprodutos oriundos das operações
aquele que trabalha para empregador rural. de preparo e modificação dos produtos in natura, referidas na letra
anterior.
A doutrina trabalhista apresenta cinco requisitos do conceito
de empregado rural: Se houver atividade desenvolvida em processo de industrializa-
a) pessoa física; ção sem que haja transformação da matéria-prima, tratase de tra-
b) serviço em propriedade rural ou prédio rústico; balho rural, mas se estiver presente um processo de transformação
c) não eventualidade; da matéria-prima na aparência e a força de trabalho do obreiro for
d) subordinação jurídica e utilizada, o trabalhador será enquadrado como industriário. Assim
e) onerosidade. o forneiro é industriário e não rural, pois a transformação da madei-
ra em carvão por meio de aplicação de calor é de tal ordem que se
É importante conhecer o conceito de empregador rural, pois tem processo industrial.
todo empregado que trabalhar para empregador rural será empre- O local da atividade laboral do rurícola poderá ser zona rural
gado rural, portanto, o critério definidor não é a utilização de mé- ou prédio rústico (áreas campestres incrustadas no espaço urbano).
todos de trabalho rurais e sim se o empregado presta serviços para
empregador rural. Nem todo trabalhador rural é empregado rural. É o caso dos
Por exemplo, pode ser empregado rural o escriturário da fa- arrendatários, parceiros e empreiteiros, que são trabalhadores ru-
zenda, o veterinário, o agrônomo e tantos outros profissionais que rais e não empregados rurais, pois não se enquadram na definição
trabalham para um empregador rural, sem necessariamente desen- de empregado rural, uma vez que a esses trabalhadores faltam os
volver atividades tipicamente rurais. principais pressupostos de uma relação de emprego.
1) A Constituição Federal expandiu os direitos do emprega-
Os requisitos do conceito de empregador rural são: do rural, equiparando-os aos dos trabalhadores urbanos (art. 7º,
a) pessoa física ou jurídica; caput). Em 1993, o Brasil aprovou a Convenção n. 141 da OIT relati-
b) proprietário ou não; va às organizações de trabalhadores rurais e a função no desenvol-
c) que exerce atividade agroeconômica; vimento econômico e social pelo Decreto Legislativo n. 5/93.
d) de caráter permanente ou temporário; e 2) Vale ressaltar que o empregado rural tem alguns direitos di-
e) diretamente ou através de prepostos e com auxílio de em- ferenciados em relação ao empregado urbano, tais como o trabalho
pregados. noturno.
Desta forma, o critério é atividade rurícola do empregador ru- A hora noturna do trabalhador rural é de 60 (sessenta) minu-
ral: exploração de atividade agroeconômica. tos, sendo o adicional noturno de 25% sobre a hora diurna. O horá-
Em resumo, empregado rural é aquele que presta serviços a rio noturno para os empregados rurais que trabalham na lavoura é
empregador rural. Portanto, o conceito de empregador rural é es- das 21 às 5 horas e dos empregados rurais que trabalham na pecu-
sencial para tipificação do vínculo do emprego rural. ária é das 20 às 4 horas.
Esta é a principal diferenciação entre o chacareiro ou caseiro Há outros direitos diferenciados do empregado rural em rela-
considerado empregado rural ou doméstico. ção ao empregado urbano, tais como:
- Intervalo: trabalho superior a seis horas, obrigatória a con-
Para guardar: O Decreto n. 7.943/2013 institui a Política Na- cessão de uma hora de intervalo, observados os usos e costumes
cional para os Trabalhadores Rurais Empregados – PNATRE e a Co- da região.
missão Nacional dos Trabalhadores Rurais Empregados – CNATRE. - Salário-utilidade: os percentuais dos valores pagos a título
2) O empregador rural é aquele que desenvolve atividade agro- de habitação e alimentação são de 20% e 25% do salário mínimo,
econômica, assim entendida como atividade agrícola ou pecuária. respectivamente.
Se o empregador exercer atividade industrial, não será considerado - Aviso prévio trabalhado: dispensa de um dia por semana
empregador rural. para procurar outro emprego.
3) Nos termos do art. 2º, §3º, do Decreto n. 73.626/74, incluise - Serviços intermitentes: não serão computados os intervalos
na atividade econômica rural a exploração industrial em estabele- superiores a cinco horas, desde que anotados na CTPS do empre-
cimento agrário. gado rural.
- Moradia: não constitui salário-utilidade de natureza salarial,
se constar no contrato escrito, com assinatura de duas testemunhas
e notificação do sindicato de empregados. É vedada a moradia co-
37 [ Calvo, Adriana. Manual de Direito do Trabalho. (7th edição). Editora Sarai- letiva de famílias, com fundamento no art. 8º, §2º, da referida lei:
va, 2023]
475
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O contrato de safra é um contrato por tempo determinado, Estatui normas reguladoras do trabalho rural.
do tipo não formalístico, portanto se aplicam a ele todas as regras
celetistas do contrato por prazo determinado (prorrogação, suces- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
sividade, rescisão do contrato, dentre outras). Em geral, o termo cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
do contrato de safra é incerto, uma vez que depende de eventos Art. 1º As relações de trabalho rural serão reguladas por esta
naturais (solo, chuva, sol, dentre outros). Lei e, no que com ela não colidirem, pelas normas da Consolida-
No contrato de safra temos, de um lado, o empregado rural, ção das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de
que fornece sua mão de obra por prazo determinado para o em- 01/05/1943.
pregador rural, que poderá ser o proprietário das terras a serem Parágrafo único. Observadas as peculiaridades do trabalho ru-
cultivadas, ou, de outro lado, a empresa que atua na área de agro- ral, a ele também se aplicam as leis nºs 605, de 05/01/1949, 4090,
negócios. de 13/07/1962; 4725, de 13/07/1965, com as alterações da Lei nº
Nos contratos de safra é possível estabelecer o pagamento de 4903, de 16/12/1965 e os Decretos-Leis nºs 15, de 29/07/1966; 17,
salários por tarefa ou por produção. de 22/08/1966 e 368, de 19/12/1968.
Salário por tarefa é aquele fixado em determinado valor que Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em proprieda-
será pago ao empregado pela realização de uma tarefa em período de rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual
especificado. Já o salário por produção é variável e corresponderá a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.
à quantidade de serviços produzidos pelo trabalhador rural, sem Art. 3º - Considera-se empregador, rural, para os efeitos des-
levar em conta o tempo gasto para sua execução. ta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore
atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário,
Pequeno produtor rural – contrato rural de pequeno prazo diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.
A Lei n. 11.718/2008 acrescentou o art. 14-A à Lei n. 5.889/73. §1o Inclui-se na atividade econômica referida no caput des-
Nesse sentido, o produtor rural, pessoa física, poderá realizar a con- te artigo, além da exploração industrial em estabelecimento agrá-
tratação de trabalhador rural por pequeno prazo, para o exercício rio não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
de atividades de natureza temporária, sendo vedada a feitura de aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, a
contrato de trabalhador rural por pequeno prazo com produtores exploração do turismo rural ancilar à exploração agroeconômica.
rurais pessoas jurídicas e agroindústrias, consoante expressamente (Redação dada pela Lei nº 13.171, de 2015)
previsto no art. 14-A, §4º. §2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada
uma delas personalidade jurídica própria, estiverem sob direção,
controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guar-
476
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
dando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou fi- Art. 12. Na regiões em que se adota a plantação subsidiária ou
nanceiro rural, serão responsáveis solidariamente nas obrigações intercalar (cultura secundária), a cargo do empregado rural, quando
decorrentes da relação de emprego. autorizada ou permitida, será objeto de contrato em separado.
Art. 4º - Equipara-se ao empregador rural, a pessoa física ou Parágrafo único. Embora devendo integrar o resultado anual a
jurídica que, habitualmente, em caráter profissional, e por conta de que tiver direito o empregado rural, a plantação subsidiária ou in-
terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização tercalar não poderá compor a parte correspondente ao salário mí-
do trabalho de outrem. (Vide Lei nº 6.260, de 1975) nimo na remuneração geral do empregado, durante o ano agrícola.
Art. 5º Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a Art. 13. Nos locais de trabalho rural serão observadas as nor-
seis horas, será obrigatória a concessão de um intervalo para repou- mas de segurança e higiene estabelecidas em portaria do ministro
so ou alimentação observados os usos e costumes da região, não do Trabalho e Previdência Social.
se computando este intervalo na duração do trabalho. Entre duas Art. 14. Expirado normalmente o contrato, a empresa pagará
jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas con- ao safrista, a título de indenização do tempo de serviço, importân-
secutivas para descanso. cia correspondente a 1/12 (um doze avos) do salário mensal, por
Art. 6º Nos serviços, caracteristicamente intermitentes, não se- mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias.
rão computados, como de efeito exercício, os intervalos entre uma Parágrafo único. Considera-se contrato de safra o que tenha sua
e outra parte da execução da tarefa diária, desde que tal hipótese duração dependente de variações estacionais da atividade agrária.
seja expressamente ressalvada na Carteira de Trabalho e Previdên- Art. 14-A. O produtor rural pessoa física poderá realizar con-
cia Social. tratação de trabalhador rural por pequeno prazo para o exercício
Art. 7º - Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho notur- de atividades de natureza temporária. (Incluído pela Lei nº 11.718,
no o executado entre as vinte e uma horas de um dia e as cinco de 2008)
horas do dia seguinte, na lavoura, e entre as vinte horas de um dia e §1o A contratação de trabalhador rural por pequeno prazo
as quatro horas do dia seguinte, na atividade pecuária. que, dentro do período de 1 (um) ano, superar 2 (dois) meses fica
Parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% convertida em contrato de trabalho por prazo indeterminado, ob-
(vinte e cinco por cento) sobre a remuneração normal. servando-se os termos da legislação aplicável. (Incluído pela Lei nº
Art. 8º Ao menor de 18 anos é vedado o trabalho noturno. 11.718, de 2008)
Art. 9º Salvo as hipóteses de autorização legal ou decisão judi- §2o A filiação e a inscrição do trabalhador de que trata este
ciária, só poderão ser descontadas do empregado rural as seguintes artigo na Previdência Social decorrem, automaticamente, da sua
parcelas, calculadas sobre o salário mínimo: inclusão pelo empregador na Guia de Recolhimento do Fundo de
a) até o limite de 20% (vinte por cento) pela ocupação da mo- Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social –
rada; GFIP, cabendo à Previdência Social instituir mecanismo que permita
b)até o limite de 25% (vinte por cento) pelo fornecimento de a sua identificação. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
alimentação sadia e farta, atendidos os preços vigentes na região; §3o O contrato de trabalho por pequeno prazo deverá ser for-
c) adiantamentos em dinheiro. malizado mediante a inclusão do trabalhador na GFIP, na forma do
§1º As deduções acima especificadas deverão ser previamente disposto no §2o deste artigo, e : (Incluído pela Lei nº 11.718, de
autorizadas, sem o que serão nulas de pleno direito. 2008)
§2º Sempre que mais de um empregado residir na mesma mo- I – mediante a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência
rada, o desconto, previsto na letra “a” deste artigo, será dividido Social e em Livro ou Ficha de Registro de Empregados; ou
proporcionalmente ao número de empregados, vedada, em qual- II – mediante contrato escrito, em 2 (duas) vias, uma para cada
quer hipótese, a moradia coletiva de famílias. parte, onde conste, no mínimo: (Incluído pela Lei nº 11.718, de
§3º Rescindido ou findo o contrato de trabalho, o empregado 2008)
será obrigado a desocupar a casa dentro de trinta dias. a) expressa autorização em acordo coletivo ou convenção cole-
§4º O Regulamento desta Lei especificará os tipos de morada tiva; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
para fins de dedução. b) identificação do produtor rural e do imóvel rural onde o tra-
§5º A cessão pelo empregador, de moradia e de sua infra es- balho será realizado e indicação da respectiva matrícula; (Incluído
trutura básica, assim, como, bens destinados à produção para sua pela Lei nº 11.718, de 2008)
subsistência e de sua família, não integram o salário do trabalhador c) identificação do trabalhador, com indicação do respectivo
rural, desde que caracterizados como tais, em contrato escrito ce- Número de Inscrição do Trabalhador – NIT. (Incluído pela Lei nº
lebrado entre as partes, com testemunhas e notificação obrigatória 11.718, de 2008)
ao respectivo sindicato de trabalhadores rurais. (Incluído pela Lei nº §4o A contratação de trabalhador rural por pequeno prazo só
9.300, de 29/08/96) poderá ser realizada por produtor rural pessoa física, proprietário
Art. 10. A prescrição dos direitos assegurados por esta Lei aos ou não, que explore diretamente atividade agroeconômica. (Incluí-
trabalhadores rurais só ocorrerá após dois anos de cessação do con- do pela Lei nº 11.718, de 2008)
trato de trabalho. §5o A contribuição do segurado trabalhador rural contratado
Parágrafo único. Contra o menor de dezoito anos não corre para prestar serviço na forma deste artigo é de 8% (oito por cento)
qualquer prescrição. sobre o respectivo salário-de-contribuição definido no inciso I do
Art. 11. Ao empregado rural maior de dezesseis anos é assegu- caput do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. (Incluído
rado salário mínimo igual ao de empregado adulto. pela Lei nº 11.718, de 2008)
Parágrafo único. Ao empregado menor de dezesseis anos é as-
segurado salário mínimo fixado em valor correspondente à metade
do salário mínimo estabelecido para o adulto.
477
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§6o A não inclusão do trabalhador na GFIP pressupõe a inexis- Art. 20. Lei especial disporá sobre a aplicação ao trabalhador
tência de contratação na forma deste artigo, sem prejuízo de com- rural, no que couber, do regime do Fundo de Garantia do Tempo
provação, por qualquer meio admitido em direito, da existência de de Serviço.
relação jurídica diversa. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, re-
§7o Compete ao empregador fazer o recolhimento das contri- vogadas as disposições em contrário, em especial a Lei nº 4.214, de
buições previdenciárias nos termos da legislação vigente, cabendo 02/03/1963, e o Decreto-lei nº 761, de 14/08/1969.
à Previdência Social e à Receita Federal do Brasil instituir mecanis- Brasília, 8 de junho de 1973; 152º da Independência e 85º da
mos que facilitem o acesso do trabalhador e da entidade sindical República.
que o representa às informações sobre as contribuições recolhidas.
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) TRABALHO COOPERADO
§8o São assegurados ao trabalhador rural contratado por pe-
queno prazo, além de remuneração equivalente à do trabalhador
rural permanente, os demais direitos de natureza trabalhista. (In- O trabalhador cooperado é um profissional autônomo. Isso sig-
cluído pela Lei nº 11.718, de 2008) nifica que ele não possui vínculo empregatício. Ele é o responsável
§9o Todas as parcelas devidas ao trabalhador de que trata este por sua prestação de serviços ou produtos e sócio da cooperativa a
artigo serão calculadas dia a dia e pagas diretamente a ele mediante que está vinculado. Um fator importante que você deve saber é que
recibo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) os cooperados não recebem salários e sim honorários.
§10. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS deverá Cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza
ser recolhido e poderá ser levantado nos termos da Lei no 8.036, jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constitu-
de 11 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) ídas para prestar serviços aos associados”.
Art. 15. Durante o prazo do aviso prévio, se a rescisão tiver sido Referida legislação regulamenta as cooperativas em geral. Re-
promovida pelo empregador, o empregado rural terá direito a um centemente, foi aprovada a Lei n. 12.690/2012 que regulamentou a
dia por semana, sem prejuízo do salário integral, para procurar ou- organização e o funcionamento das cooperativas de trabalho.
tro trabalho. A Lei n. 12.690/2012 é expressa no sentido de que a Cooperati-
Art. 16. Toda propriedade rural, que mantenha a seu serviço va de Trabalho é regulada por esta lei e, no que com ela não colidir,
ou trabalhando em seus limites mais de cinqüenta famílias de tra- pelas Leis n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971, e 10.406, de 10 de
balhadores de qualquer natureza, é obrigada a possuir e conservar janeiro de 2002 – Código Civil.
em funcionamento escola primária, inteiramente gratuita, para os
filhos destes, com tantas classes quantos sejam os filhos destes, O ato cooperativo é aquele praticado entre os cooperados e
com tantas classes quantos sejam os grupos de quarenta crianças a cooperativa, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si
em idade escolar. quando associadas, para a consecução dos objetivos sociais.
Parágrafo único. A matrícula da população em idade escolar
será obrigatória, sem qualquer outra exigência, além da certidão de Ilustre-se das principais características distintivas da coopera-
nascimento, para cuja obtenção o empregador proporcionará todas tiva em relação a outras sociedades é que as cooperativas têm por
as facilidades aos responsáveis pelas crianças. finalidade a prestação de serviços aos associados, para o exercício
Art. 17. As normas da presente Lei são aplicáveis, no que cou- de uma atividade comum, econômica, sem objetivo de lucro.
ber, aos trabalhadores rurais não compreendidos na definição do A relação jurídica estabelecida entre o associado e a sociedade
art. 2º, que prestem serviços a empregador rural. cooperativa é de natureza civil, caracterizada pela combinação de
Art. 18. As infrações aos dispositivos desta Lei serão punidas esforços ou recursos dos associados para o fim comum.
com multa de R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais) por emprega- A Lei n. 12.690/2012 traz a definição de cooperativa de traba-
do em situação irregular. (Redação dada pela Medida Provisória nº lho: “sociedade constituída por trabalhadores para o exercício de
2.164-41, de 2001) suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum,
§1o As infrações aos dispositivos da Consolidação das Leis do autonomia e autogestão para obterem melhor qualificação, renda,
Trabalho - CLT e legislação esparsa, cometidas contra o trabalhador situação socioeconômica e condições gerais de trabalho”.
rural, serão punidas com as multas nelas previstas. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) O art. 7º da referida lei prevê que:
§2o As penalidades serão aplicadas pela autoridade competen- Art. 7º A Cooperativa de Trabalho deve garantir aos sócios os
te do Ministério do Trabalho e Emprego, de acordo com o dispos- seguintes direitos, além de outros que a Assembleia Geral venha a
to no Título VII da CLT. (Redação dada pela Medida Provisória nº instituir:
2.164-41, de 2001) I – retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional e,
§3o A fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego exigirá na ausência deste, não inferiores ao salário mínimo, calculadas de
dos empregadores rurais ou produtores equiparados a comprova- forma proporcional às horas trabalhadas ou às atividades desen-
ção do recolhimento da Contribuição Sindical Rural das categorias volvidas;
econômica e profissional. (Redação dada pela Medida Provisória nº II – duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) horas
2.164-41, de 2001) diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, exceto quando a
Art. 19 O enquadramento e a contribuição sindical rurais con- atividade, por sua natureza, demandar a prestação de trabalho por
tinuam regidos pela legislação ora em vigor; o seguro social e o meio de plantões ou escalas, facultada a compensação de horários;
seguro contra acidente do trabalho rurais serão regulados por lei III – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
especial. (Vide Lei nº 6.195, de 1974) mingos;
IV – repouso anual remunerado;
478
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
V – retirada para o trabalho noturno superior à do diurno; IV – notificar o responsável pela empresa ou local de trabalho
VI – adicional sobre a retirada para as atividades insalubres ou onde a situação irregular de trabalho infantil foi encontrada, para
perigosas; efetuar o pagamento das verbas trabalhistas decorrentes do tempo
VII – seguro de acidente de trabalho. de serviço laborado à criança ou ao adolescente afastado do traba-
lho, conforme previsto no art. 55 e art. 56.
A Lei n. 12.690/2012 é clara ao dispor que a Cooperativa de Parágrafo único. Caso o responsável pelo estabelecimento ou
Trabalho não pode ser utilizada para intermediação de mão de obra local de trabalho não atenda à determinação do Auditor-Fiscal do
subordinada (art. 5º), uma vez que o cooperado é sóciotrabalhador Trabalho de mudança de função do adolescente ou não seja possível
- possui esta dupla qualidade. a adequação da função, fica configurada a rescisão indireta do con-
A previsão contida no art. 442, parágrafo único, deve ser consi- trato de trabalho, nos termos do art. 407 da Consolidação das Leis
derada presunção relativa, ou seja, cabe prova em sentido contrá- do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943.
rio. Vejamos:
Art. 442. (...) Ao constatar o trabalho de crianças ou adolescentes menores
Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo de atividade da so- de 16 anos que não estejam na condição de aprendiz, o AFT deve,
ciedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus sem prejuízo da lavratura do auto de infração, determinar o paga-
associados, nem entre estes e os tomadores de serviço daquela. mento das seguintes verbas rescisórias:
a) saldo de salário;
Conclui-se que, caso seja evidenciada relação de subordinação, b) férias proporcionais e vencidas, acrescidas do terço constitu-
o cooperado poderá pleitear reconhecimento de vínculo de empre- cional, conforme o caso;
go, como qualquer outro trabalhador. c) décimo terceiro salário proporcional ou integral, conforme
o caso; e
TRABALHO INFANTIL E PROTEÇÃO DO TRABALHADOR d) aviso-prévio indenizado.
ADOLESCENTE
No caso, não se exige o registro, ao passo que ele é proibido em
se tratando de menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz.
Combate ao trabalho infantil38 Para propiciar a comprovação do trabalho da criança ou do adoles-
Indiscutivelmente o combate ao trabalho infantil é uma das mais cente menor de 16 anos na via judicial, o Auditor Fiscal do Trabalho
nobres missões institucionais da Auditoria Fiscal do Trabalho. Com deve lavrar o Termo de Constatação de Tempo de Serviço, que deve
efeito, hoje se tem a noção clara, ao menos entre boa parte dos ope- ser entregue ao responsável legal pela criança ou adolescente, des-
radores do direito, de que a criança e o adolescente não devem ser cabendo exigência de anotações na CTPS.
inseridos precocemente no mercado de trabalho, a fim de ter assegu- Por sua vez, a constatação do trabalho de adolescentes com
rado seu perfeito desenvolvimento físico, mental e psicológico. idade superior a 16 anos em situações legalmente proibidas, frus-
A compreensão da dinâmica das ações de combate ao traba- trada a mudança de função, configura rescisão indireta do contrato
lho infantil pela fiscalização do trabalho não apresenta maiores de trabalho, nos termos do art. 407 da CLT, pelo que são devidos
dificuldades àqueles que se preparam para concursos públicos, ao os mesmos direitos trabalhistas assegurados a qualquer empregado
passo que tais ações consistem basicamente na verificação, in loco, com mais de 18 anos.
do trabalho infantil proibido, bem como do trabalho proibido aos No caso, o agente de inspeção deve determinar ao responsável
menores de 18 anos (noturno, perigoso, insalubre etc.), com a con- pela empresa ou local de trabalho a anotação do contrato na CTPS
sequente determinação de afastamento do menor diante das irre- do adolescente maior de 16 anos, ainda que o trabalho seja proibi-
gularidades eventualmente encontradas e pagamento das parcelas do, devendo ser consignada a função efetivamente desempenhada.
trabalhistas devidas.
No tocante às providências que deve adotar o Auditor Fiscal do Por fim, a rede de proteção à criança e ao adolescente deve
Trabalho, dispõe o art. 53 da IN MTP nº 2/2021: ser comunicada, com o que se exaure a atuação administrativa da
Art. 53. No curso da ação fiscal, o Auditor-Fiscal do Trabalho fiscalização do trabalho.
deve, sem prejuízo da lavratura dos autos de infração cabíveis e de-
mais encaminhamentos previstos nesta Instrução Normativa: TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO E TRÁFICO DE
I – preencher a Ficha de Verificação Física para cada criança ou PESSOAS
adolescente encontrado em situação irregular de trabalho, indepen-
dentemente da natureza da relação laboral, previsto no Anexo III;
II – determinar, quando for possível, a mudança de função dos Infelizmente ainda vivenciamos, nos dias atuais, a exploração
adolescentes maiores de dezesseis anos em situação de trabalho, do trabalho humano mediante a submissão de trabalhadores a con-
por meio do Termo de Mudança de Função constante do Anexo IV, dições análogas à de escravo.
nos termos do art. 407 da Consolidação das Leis do Trabalho, apro- O art. 149 do Código Penal Brasileiro, com a redação dada pela
vada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943; Lei nº 10.803/2003, ampliou as hipóteses de caracterização de tal
III – notificar o responsável pela empresa ou local de trabalho figura jurídica, nos seguintes termos:
onde a situação irregular de trabalho infantil foi encontrada, para Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
que afaste de imediato do trabalho as crianças e os adolescentes da submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer
atividade proibida, por meio do Termo de Afastamento do Trabalho, sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringin-
previsto no Anexo V; do, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
38 Resende, Ricardo. Direito do Trabalho. (9th edição). Grupo GEN, 2023. com o empregador ou preposto:
479
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena A coação que limita a autonomia da vontade do empregado
correspondente à violência. pode ser física, moral ou psicológica. A coação física é aquela pra-
§1º Nas mesmas penas incorre quem: ticada mediante violência física, por exemplo, por meio do impedi-
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do mento da locomoção do trabalhador por prepostos do empregador,
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; ou, ainda, pela imposição de castigos físicos. A coação psicológica
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apo- se revela nas ameaças levadas a efeito pelo empregador ou seus
dera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim prepostos, bem como na vigilância ostensiva do local de trabalho.
de retê-lo no local de trabalho. Por fim, a coação moral decorre da indução do trabalhador a acre-
ditar que deve permanecer no trabalho, por exemplo, em caso de
Com base na tipificação penal, estabeleceu-se a caracterização dívidas contraídas junto ao empregador.
administrativa da figura da redução do trabalhador a condições A Instrução Normativa MTP nº 2/2021, ao dispor sobre a fis-
análogas à de escravo, nos termos do art. 6º da Instrução Normati- calização para a erradicação de trabalho em condição análoga à
va MTP nº 2/202157: de escravo, estabeleceu um rol exemplificativo de indicadores de
Art. 23. Considera-se em condição análoga à de escravo o tra- submissão do trabalhador a trabalhos forçados, o qual pode ser de
balhador submetido, de forma isolada ou conjuntamente, a: grande valia ao candidato, notadamente em eventual questão dis-
I – Trabalho forçado; cursiva sobre o tema. Vejamos a seguir.
II – Jornada exaustiva;
III – Condição degradante de trabalho; 1 – São indicadores de submissão de trabalhador a trabalhos
IV – Restrição, por qualquer meio, de locomoção em razão de forçados:
dívida contraída com empregador ou preposto, no momento da - trabalhador vítima de tráfico de pessoas;
contratação ou no curso do contrato de trabalho; - arregimentação de trabalhador por meio de ameaça, fraude,
V – Retenção no local de trabalho em razão de: engano, coação ou outros artifícios que levem a vício de consenti-
a) cerceamento do uso de qualquer meio de transporte; mento, tais como falsas promessas no momento do recrutamento
b) manutenção de vigilância ostensiva; ou ou pagamento a pessoa que possui poder hierárquico ou de mando
c) apoderamento de documentos ou objetos pessoais. sobre o trabalhador;
- manutenção de trabalhador na prestação de serviços por
Observe-se que o caput do art. 23 da IN MTP nº 2/2021 escla- meio de ameaça, fraude, engano, coação ou outros artifícios que
rece que se considera trabalho realizado em condição análoga à de levem a vício de consentimento quanto a sua liberdade de dispor da
escravo o que resulte das situações mencionadas, quer em conjun- força de trabalho e de encerrar a relação de trabalho;
to, quer isoladamente. - manutenção de mão de obra de reserva recrutada sem ob-
Não obstante, infelizmente ainda é comum a resistência, mes- servação das prescrições legais cabíveis, através da divulgação de
mo no âmbito da Justiça do Trabalho, em aceitar a existência do promessas de emprego em localidade diversa da de prestação dos
trabalho escravo contemporâneo. Muitas vezes, mesmo diante de serviços;
notória precariedade das condições de trabalho a que são subme- - exploração da situação de vulnerabilidade de trabalhador
tidos os trabalhadores, nega-se o reconhecimento do trabalho em para inserir no contrato de trabalho, formal ou informalmente, con-
condições análogas às de escravo. dições ou cláusulas abusivas;
Na verdade, o trabalho em condições análogas à de escravo é - existência de trabalhador restrito ao local de trabalho ou de
reconhecido hoje em dia, a partir do momento em que há o des- alojamento, quando tal local situar-se em área isolada ou de difícil
respeito ao atributo maior do ser humano, que é a sua dignidade, acesso, não atendida regularmente por transporte público ou parti-
e que ocorre, do ponto de vista do trabalho humano, quando é ne- cular, ou em razão de barreiras como desconhecimento de idioma,
gado ao trabalhador um conjunto mínimo de direitos que a Organi- ou de usos e costumes, de ausência de documentos pessoais, de
zação Internacional do Trabalho convencionou denominar trabalho situação de vulnerabilidade social ou de não pagamento de remu-
decente, e que são dos Direitos Humanos específicos dos trabalha- neração;
dores”. - induzimento ou obrigação do trabalhador a assinar documen-
tos em branco, com informações inverídicas ou a respeito das quais
Caracterização do trabalho em condições análogas às de es- o trabalhador não tenha o entendimento devido;
cravo - induzimento do trabalhador a realizar jornada extraordinária
Sujeição do obreiro a trabalhos forçados acima do limite legal ou incompatível com sua capacidade psicofi-
A Convenção nº 29 da OIT, em seu art. 2º, define o trabalho siológica;
forçado como “todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob - estabelecimento de sistemas de remuneração que não propi-
a ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido esponta- ciem ao trabalhador informações compreensíveis e idôneas sobre
neamente”. valores recebidos e descontados do salário;
Considera-se trabalho forçado aquele exigido sob ameaça de - estabelecimento de sistemas remuneratórios que, por ado-
sanção física ou psicológica e para o qual o trabalhador não tenha tarem valores irrisórios pelo tempo de trabalho ou por unidade
se oferecido ou no qual não deseje permanecer espontaneamente de produção, ou por transferirem ilegalmente os ônus e riscos da
(art. 24, I, da IN nº 2/202160). atividade econômica para o trabalhador, resultem no pagamento
Não importa, para a caracterização, em que momento o traba- de salário base inferior ao mínimo legal ou remuneração aquém da
lhador teve cerceada a sua liberdade de escolha, ou seja, pode o pactuada;
contrato ter se iniciado de forma espontânea, e posteriormente ter
se tornado forçado.
480
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
- exigência do cumprimento de metas de produção que indu- O ponto mais relevante das dificuldades com a elaboração das
zam o trabalhador a realizar jornada extraordinária acima do limite normas da OIT é o grau de flexibilidade que devem possuir, porque
legal ou incompatível com sua capacidade psicofisiológica; a sua redação deve se adaptar a diferentes países.
- manutenção do trabalhador confinado através de controle Com efeito, verifica-se que a grande maioria das normas ado-
dos meios de entrada e saída, de ameaça de sanção ou de explora- tadas pela Organização são formulados de modo a serem bastante
ção de vulnerabilidade; flexíveis para atender às necessidades de tradução ao idioma de
- pagamento de salários fora do prazo legal de forma não even- cada país e às respectivas práticas nacionais.
tual; Assim, é costume usar expressões genéricas, tipo medidas
- retenção parcial ou total do salário; apropriadas. Não se adota uma norma que obrigue os Estados a
- pagamento de salário condicionado ao término de execução fixação de determinado salário, mas apenas a implementar meca-
de serviços específicos com duração superior a trinta dias. nismos para fixar salários compatíveis com o seu desenvolvimento
e suas necessidades.
Sujeição do trabalhador a jornada exaustiva Também existem cláusula de flexibilidade, como são conheci-
É comum a constatação, notadamente em atividades remu- dos os dispositivos que permitem a fixação provisória de normais
neradas por produção, da submissão dos trabalhadores a jornadas mais brandas que as previstas, aplicar apenas alguns critérios do
absurdas, de 15 ou 16 horas diárias. Sem nenhuma dúvida este ce- tratado e excluir algum grupo de trabalhadores da aplicação de uma
nário caracteriza a jornada exaustiva a que alude o art. 149 do CPB. convenção.
Mas não é só. Nessa mesma linha, usa-se métodos alternativos para aplicar
O Ministério do Trabalho e Emprego considera exaustiva toda uma convenção. A Convenção 96, cuida de trabalho temporário e
forma de trabalho, de natureza física ou mental, que, por sua ex- consagra a supressão progressiva de agências de colocação.
tensão ou por sua intensidade, acarrete violação de direito funda- Como sabido, é reconhecida a dificuldade de se legislar inter-
mental do trabalhador, notadamente os relacionados à segurança, namente. Quando passamos para as relações internacionais, essa
saúde, descanso e convívio familiar e social. situação naturalmente se agrava. Assim, os instrumentos oriundos
da OIT se propõe ser normas duradouras, que possam se adaptar
CONVENÇÕES DA OIT: NATUREZA JURÍDICA, PROCESSO ao longo do tempo às diversas alterações que se processam na hu-
DE ELABORAÇÃO, RATIFICAÇÃO, DENÚNCIA, VIGÊNCIA, manidade.
APLICAÇÃO E REVISÃO Ademais, um dos grandes problemas da elaboração dos trata-
dos na OIT é a identificação dos direitos codificáveis, isto é, saber a
natureza dos direitos que podem ser objeto de normação interna-
Convenções da OIT cional. Assim, existem dois ângulos do exame. O primeiro refere à
Natureza Jurídica39 aplicabilidade imediata da norma, e aqui encontramos temas como
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma das mais proibição de trabalho forçado; liberdade sindical, que são assuntos
antigas organizações de Estados em regular funcionamento. Sua urgentes e que precisam de solução mais rápida, O segundo cuida
criação coincide com a da antiga Sociedade das Nações, já extinta, de normas programáticas, traçando planos gerais para os Estados-
e, desde 1919, vem prestando uma contribuição relevantíssima na -membros como a Convenção sobre política de emprego.
formação normativa do Direito internacional do Trabalho.
As Convenções possuem a natureza jurídica de tratados multi- Ratificação
laterais abertos, pois não se destinam à Estados-membros previa- Quanto à ratificação, os Estados-membros têm a responsabi-
mente determinados, mas sim à adesão de qualquer dos países que lidade de ratificar uma convenção através de uma declaração que
compõem a OIT, mesmo por aqueles que não tomaram parte nas é dirigida ao Diretor Geral da Repartição Internacional do Traba-
tratativas e debates iniciais que conduziram à sua aprovação. lho, onde, inclusive, expõem eventual clausula de flexibilidade que
Precisa ser ratificada e passar por toda a processualística de in- poderá ser aplicada. Celso de Albuquerque Mello entende que “a
corporação dos tratados, para que então ingresse no ordenamento ratificação passou a ser considerada a fase mais importante do pro-
jurídico interno de um país com status de fonte formal do direito. cesso de conclusão dos tratados” porque é o momento em que se
Se assim não for, ela terá natureza de fonte material, assim como as processará a internalização do documento, com a participação ativa
recomendações, que também são fontes materiais. dos Poderes Executivo e Legislativo dos Estados.
481
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
-de-obra humana, cuja denúncia brasileira está vigendo desde 14 A fiscalização do trabalho é oriunda de alguma denúncia fei-
de janeiro de 1973, valendo lembrar, no particular, que, logo em ta por um colaborador, juiz do trabalho ou pelo auditor fiscal. Essa
seguida, foi sancionada a Lei 6.109/1974, dispondo sobre trabalho denúncia é chamada de “notícia fato”. Algumas empresas têm o di-
temporário em nosso país. reito a dupla visita.
Fiscalização do trabalho ou fiscalização trabalhista é uma ins- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
peção pela qual qualquer empresa está sujeita. confere o art. 84, inciso IV, e considerando o disposto no art. 21,
A fiscalização do trabalho pode ser descrita como uma inspe- inciso XXIV, ambos da Constituição, na Lei nº 10.593, de 06 de de-
ção referente ao cumprimento da legislação trabalhista. zembro de 2002, e na Convenção 81 da Organização Internacional
Na fiscalização, os auditores do trabalho averiguam se a empre- do Trabalho, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 24, de 29 de maio
sa está cumprindo com suas obrigações legais diante dos direitos de 1956, promulgada pelo Decreto nº 41.721, de 25 de junho de
dos seus colaboradores. O principal objetivo da fiscalização traba- 1957, e revigorada pelo Decreto nº 95.461, de 11 de dezembro de
lhista é combater a informalidade. 1987, bem como o disposto na Consolidação das Leis do Trabalho,
A fiscalização trabalhista é realizada pelos auditores fiscais do aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
Ministério do Trabalho e Previdência e do Ministério Público do DECRETA:
Trabalho. Estes órgãos são responsáveis por realizar a fiscalização
administrativa, isto é, extrajudicial. Art. 1º Fica aprovado o Regulamento da Inspeção do Trabalho,
Já o Ministério Público do Trabalho é o responsável por apre- que a este Decreto acompanha.
sentar ações civis públicas, como ajustes de conduta baseado em Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.
irregularidades que ainda podem ser corrigidas pela companhia.
482
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Art. 3º Revogam-se os Decretos nºs 55.841, de 15 de março de I - organizar, coordenar, avaliar e controlar as atividades de au-
1965, 57.819, de 15 de fevereiro de 1966, 65.557, de 21 de outu- ditoria e as auxiliares da inspeção do trabalho.
bro de 1969, e 97.995, de 26 de julho de 1989. II - elaborar planejamento estratégico das ações da inspeção do
Brasília, 27 de dezembro de 2002; 181º da Independência e trabalho no âmbito de sua competência;
114º da República. III - proferir decisões em processo administrativo resultante de
ação de inspeção do trabalho; e
REGULAMENTO DA INSPEÇÃO DO TRABALHO IV - receber denúncias e, quando for o caso, formulá-las e enca-
minhá-las aos demais órgãos do poder público.
CAPÍTULO I §1o As autoridades de direção local e regional poderão empre-
DA FINALIDADE ender e supervisionar projetos consoante diretrizes emanadas da
autoridade nacional competente em matéria de inspeção do tra-
Art. 1o O Sistema Federal de Inspeção do Trabalho, a cargo do balho.
Ministério do Trabalho e Emprego, tem por finalidade assegurar, §2o Cabe à autoridade nacional competente em matéria de
em todo o território nacional, a aplicação das disposições legais, in- inspeção do trabalho elaborar e divulgar os relatórios previstos em
cluindo as convenções internacionais ratificadas, os atos e decisões convenções internacionais.
das autoridades competentes e as convenções, acordos e contratos Art. 8o O planejamento estratégico das ações de inspeção do
coletivos de trabalho, no que concerne à proteção dos trabalhado- trabalho será elaborado pelos órgãos competentes, considerando
res no exercício da atividade laboral. as propostas das respectivas unidades descentralizadas.
§1o O planejamento de que trata este artigo consistirá na des-
CAPÍTULO II crição das atividades a serem desenvolvidas nas unidades descen-
DA ORGANIZAÇÃO tralizadas, de acordo com as diretrizes fixadas pela autoridade na-
cional competente em matéria de inspeção do trabalho.
Art. 2o Compõem o Sistema Federal de Inspeção do Trabalho: §2o (Revogado pelo Decreto nº 4.870, de 330.10.2003)
I - autoridades de direção nacional, regional ou local: aquelas
indicadas em leis, regulamentos e demais atos atinentes à estrutura CAPÍTULO III
administrativa do Ministério do Trabalho e Emprego; DA INSPEÇÃO
II - Auditores-Fiscais do Trabalho; (Redação dada pelo Decreto
nº 4.870, de 30.10.2003) Art. 9o A inspeção do trabalho será promovida em todas as
III - Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho, em funções empresas, estabelecimentos e locais de trabalho, públicos ou pri-
auxiliares de inspeção do trabalho. vados, estendendo-se aos profissionais liberais e instituições sem
Art. 3o Os Auditores-Fiscais do Trabalho são subordinados tec- fins lucrativos, bem como às embarcações estrangeiras em águas
nicamente à autoridade nacional competente em matéria de inspe- territoriais brasileiras.
ção do trabalho. Art. 10. Ao Auditor-Fiscal do Trabalho será fornecida Carteira
Art. 4o Para fins de inspeção, o território de cada unidade fede- de Identidade Fiscal (CIF), que servirá como credencial privativa,
rativa será dividido em circunscrições, e fixadas as correspondentes com renovação qüinqüenal.
sedes. §1o Além da credencial aludida no caput, será fornecida cre-
Parágrafo único. As circunscrições que tiverem dois ou mais dencial transcrita na língua inglesa ao Auditor-Fiscal do Trabalho,
Auditores-Fiscais do Trabalho poderão ser divididas em áreas de que tenha por atribuição inspecionar embarcações de bandeira es-
inspeção delimitadas por critérios geográficos. trangeira.
Art. 5o A distribuição dos Auditores-Fiscais do Trabalho pelas §2o A autoridade nacional competente em matéria de inspe-
diferentes áreas de inspeção da mesma circunscrição obedecerá ao ção do trabalho fará publicar, no Diário Oficial da União, relação no-
sistema de rodízio, efetuado em sorteio público, vedada a recondu- minal dos portadores de Carteiras de Identidade Fiscal, com nome,
ção para a mesma área no período seguinte. número de matrícula e órgão de lotação.
§1o Os Auditores-Fiscais do Trabalho permanecerão nas dife- §3o É proibida a outorga de identidade fiscal a quem não seja
rentes áreas de inspeção pelo prazo máximo de doze meses. integrante da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho.
§2o É facultado à autoridade de direção regional estabelecer Art. 11. A credencial a que se refere o art. 10 deverá ser devol-
programas especiais de fiscalização que contemplem critérios di- vida para inutilização, sob pena de responsabilidade administrativa,
versos dos estabelecidos neste artigo, desde que aprovados pela nos seguintes casos:
autoridade nacional competente em matéria de inspeção do tra- I - posse em outro cargo público efetivo inacumulável;
balho. II - posse em cargo comissionado de quadro diverso do Ministé-
Art. 6º Atendendo às peculiaridades ou circunstâncias locais rio do Trabalho e Emprego;
ou, ainda, a programas especiais de fiscalização, poderá a autori- III - exoneração ou demissão do cargo de Auditor-Fiscal do Tra-
dade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho balho;
alterar os critérios fixados nos arts. 4º e 5º para estabelecer a fis- IV - aposentadoria; ou
calização móvel, independentemente de circunscrição ou áreas de V - afastamento ou licenciamento por prazo superior a seis me-
inspeção, definindo as normas para sua realização. (Redação dada ses.
pelo Decreto nº 4.870, de 30.10.2003) Art. 12. A exibição da credencial é obrigatória no momento da
Art 7o Compete às autoridades de direção do Sistema Federal inspeção, salvo quando o Auditor-Fiscal do Trabalho julgar que tal
de Inspeção do Trabalho: identificação prejudicará a eficácia da fiscalização, hipótese em que
deverá fazê-lo após a verificação física.
483
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Parágrafo único. O Auditor-Fiscal somente poderá exigir a exibi- IX - averiguar e analisar situações com risco potencial de gerar
ção de documentos após a apresentação da credencial. doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, determinando as
Art. 13. O Auditor-Fiscal do Trabalho, munido de credencial, medidas preventivas necessárias;
tem o direito de ingressar, livremente, sem prévio aviso e em qual- X - notificar as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho para o
quer dia e horário, em todos os locais de trabalho mencionados no cumprimento de obrigações ou a correção de irregularidades e ado-
art. 9o. ção de medidas que eliminem os riscos para a saúde e segurança
Art. 14. Os empregadores, tomadores e intermediadores de dos trabalhadores, nas instalações ou métodos de trabalho;
serviços, empresas, instituições, associações, órgãos e entidades de XI - quando constatado grave e iminente risco para a saúde ou
qualquer natureza ou finalidade são sujeitos à inspeção do traba- segurança dos trabalhadores, expedir a notificação a que se refere
lho e ficam, pessoalmente ou por seus prepostos ou representantes o inciso X deste artigo, determinando a adoção de medidas de ime-
legais, obrigados a franquear, aos Auditores-Fiscais do Trabalho, o diata aplicação;
acesso aos estabelecimentos, respectivas dependências e locais de XII - coletar materiais e substâncias nos locais de trabalho para
trabalho, bem como exibir os documentos e materiais solicitados fins de análise, bem como apreender equipamentos e outros itens
para fins de inspeção do trabalho. relacionados com a segurança e saúde no trabalho, lavrando o res-
Art. 15. As inspeções, sempre que necessário, serão efetuadas pectivo termo de apreensão;
de forma imprevista, cercadas de todas as cautelas, na época e ho- XIII - propor a interdição de estabelecimento, setor de serviço,
rários mais apropriados a sua eficácia. máquina ou equipamento, ou o embargo de obra, total ou parcial,
Art. 16. As determinações para o cumprimento de ação fiscal quando constatar situação de grave e iminente risco à saúde ou à
deverão ser comunicadas por escrito, por meio de ordens de ser- integridade física do trabalhador, por meio de emissão de laudo
viço. técnico que indique a situação de risco verificada e especifique as
Parágrafo único. As ordens de serviço poderão prever a realiza- medidas corretivas que deverão ser adotadas pelas pessoas sujeitas
ção de inspeções por grupos de Auditores-Fiscais do Trabalho. à inspeção do trabalho, comunicando o fato de imediato à autori-
Art. 17. Os órgãos da administração pública direta ou indireta e dade competente;
as empresas concessionárias ou permissionárias de serviços públi- XIV - analisar e investigar as causas dos acidentes do trabalho
cos ficam obrigadas a proporcionar efetiva cooperação aos Audito- e das doenças ocupacionais, bem como as situações com potencial
res-Fiscais do Trabalho. para gerar tais eventos;
Art. 18. Compete aos Auditores-Fiscais do Trabalho, em todo o XV - realizar auditorias e perícias e emitir laudos, pareceres e
território nacional: relatórios; (Redação dada pelo Decreto nº 4.870, de 30.10.2003)
I - verificar o cumprimento das disposições legais e regulamen- XVI - solicitar, quando necessário ao desempenho de suas fun-
tares, inclusive as relacionadas à segurança e à saúde no trabalho, ções, o auxílio da autoridade policial;
no âmbito das relações de trabalho e de emprego, em especial: XVII - lavrar termo de compromisso decorrente de procedimen-
a) os registros em Carteira de Trabalho e Previdência Social to especial de inspeção;
(CTPS), visando à redução dos índices de informalidade; XVIII - lavrar autos de infração por inobservância de disposições
b) o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço legais;
(FGTS), objetivando maximizar os índices de arrecadação; XIX - analisar processos administrativos de auto de infração,
c) o cumprimento de acordos, convenções e contratos coletivos notificações de débitos ou outros que lhes forem distribuídos;
de trabalho celebrados entre empregados e empregadores; e XX - devolver, devidamente informados os processos e demais
d) o cumprimento dos acordos, tratados e convenções interna- documentos que lhes forem distribuídos, nos prazos e formas pre-
cionais ratificados pelo Brasil; vistos em instruções expedidas pela autoridade nacional competen-
II - ministrar orientações e dar informações e conselhos técni- te em matéria de inspeção do trabalho;
cos aos trabalhadores e às pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, XXI - elaborar relatórios de suas atividades, nos prazos e formas
atendidos os critérios administrativos de oportunidade e conveni- previstos em instruções expedidas pela autoridade nacional com-
ência; petente em matéria de inspeção do trabalho;
III - interrogar as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, seus XXII - levar ao conhecimento da autoridade competente, por
prepostos ou representantes legais, bem como trabalhadores, so- escrito, as deficiências ou abusos que não estejam especificamente
bre qualquer matéria relativa à aplicação das disposições legais e compreendidos nas disposições legais;
exigir-lhes documento de identificação; XXIII - atuar em conformidade com as prioridades estabeleci-
IV - expedir notificação para apresentação de documentos; das pelos planejamentos nacional e regional, nas respectivas áreas
V - examinar e extrair dados e cópias de livros, arquivos e ou- de especialização;
tros documentos, que entenda necessários ao exercício de suas XXIII -atuar em conformidade com as prioridades estabelecidas
atribuições legais, inclusive quando mantidos em meio magnético pelos planejamentos nacional e regional. (Redação dada pelo De-
ou eletrônico; creto nº 4.870, de 30.10.2003)
VI - proceder a levantamento e notificação de débitos; §1o (Revogado pelo Decreto nº 4.870, de 330.10.2003)
VII - apreender, mediante termo, materiais, livros, papéis, ar- §2o Aos Auditores-Fiscais do Trabalho serão ministrados regu-
quivos e documentos, inclusive quando mantidos em meio magné- larmente cursos necessários à sua formação, aperfeiçoamento e
tico ou eletrônico, que constituam prova material de infração, ou, especialização, observadas as peculiaridades regionais, conforme
ainda, para exame ou instrução de processos; instruções do Ministério do Trabalho e Emprego, expedidas pela au-
VIII - inspecionar os locais de trabalho, o funcionamento de má- toridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho.
quinas e a utilização de equipamentos e instalações; Art. 19. É vedado às autoridades de direção do Ministério do
Trabalho e Emprego:
484
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
I - conferir aos Auditores-Fiscais do Trabalho encargos ou fun- Parágrafo único. O auto de infração não terá seu valor proban-
ções diversas das que lhes são próprias, salvo se para o desempenho te condicionado à assinatura do infrator ou de testemunhas e será
de cargos de direção, de funções de chefia ou de assessoramento; lavrado no local da inspeção, salvo havendo motivo justificado que
II - interferir no exercício das funções de inspeção do trabalho será declarado no próprio auto, quando então deverá ser lavrado
ou prejudicar, de qualquer maneira, sua imparcialidade ou a autori- no prazo de vinte e quatro horas, sob pena de responsabilidade.
dade do Auditor-Fiscal do Trabalho; e Art. 25. As notificações de débitos e outras decorrentes da ação
III - conferir qualquer atribuição de inspeção do trabalho a ser- fiscal poderão ser lavradas, a critério do Auditor-Fiscal do Trabalho,
vidor que não pertença ao Sistema Federal de Inspeção do Trabalho. no local que oferecer melhores condições.
Art. 20. A obrigação do Auditor-Fiscal do Trabalho de inspecio- Art. 26. Aqueles que violarem as disposições legais ou regu-
nar os estabelecimentos e locais de trabalho situados na área de lamentares, objeto da inspeção do trabalho, ou se mostrarem ne-
inspeção que lhe compete, em virtude do rodízio de que trata o art. gligentes na sua aplicação, deixando de atender às advertências,
6o, §1o, não o exime do dever de, sempre que verificar, em qual- notificações ou sanções da autoridade competente, poderão sofrer
quer estabelecimento, a existência de violação a disposições legais, reiterada ação fiscal.
comunicar o fato, imediatamente, à autoridade competente. Parágrafo único. O reiterado descumprimento das disposições
Parágrafo único. Nos casos de grave e iminente risco à saúde legais, comprovado mediante relatório emitido pelo Auditor-Fiscal
e segurança dos trabalhadores, o Auditor-Fiscal do Trabalho atuará do Trabalho, ensejará por parte da autoridade regional a denúncia
independentemente de sua área de inspeção. do fato, de imediato, ao Ministério Público do Trabalho.
Art. 21. Caberá ao órgão regional do Ministério do Trabalho e
Emprego promover a investigação das causas de acidentes ou do- CAPÍTULO IV
enças relacionadas ao trabalho, determinando as medidas de pro- DO PROCEDIMENTO ESPECIAL PARA A AÇÃO FISCAL
teção necessárias.
Art. 22. O Auditor-Fiscal do Trabalho poderá solicitar o con- Art. 27. Considera-se procedimento especial para a ação fiscal
curso de especialistas e técnicos devidamente qualificados, assim aquele que objetiva a orientação sobre o cumprimento das leis de
como recorrer a laboratórios técnico-científicos governamentais ou proteção ao trabalho, bem como a prevenção e o saneamento de
credenciados, a fim de assegurar a aplicação das disposições legais infrações à legislação.
e regulamentares relativas à segurança e saúde no trabalho. Art. 28. O procedimento especial para a ação fiscal poderá ser
Art. 23. Os Auditores-Fiscais do Trabalho têm o dever de orien- instaurado pelo Auditor-Fiscal do Trabalho quando concluir pela
tar e advertir as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho e os traba- ocorrência de motivo grave ou relevante que impossibilite ou difi-
lhadores quanto ao cumprimento da legislação trabalhista, e obser- culte o cumprimento da legislação trabalhista por pessoas ou setor
varão o critério da dupla visita nos seguintes casos: econômico sujeito à inspeção do trabalho, com a anuência da chefia
I - quando ocorrer promulgação ou expedição de novas leis, imediata.
regulamentos ou instruções ministeriais, sendo que, com relação §1o O procedimento especial para a ação fiscal iniciará com a
exclusivamente a esses atos, será feita apenas a instrução dos res- notificação, pela chefia da fiscalização, para comparecimento das
ponsáveis; pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, à sede da unidade descen-
II - quando se tratar de primeira inspeção nos estabelecimentos tralizada do Ministério do Trabalho e Emprego.
ou locais de trabalho recentemente inaugurados ou empreendidos; §2o A notificação deverá explicitar os motivos ensejadores da
III - quando se tratar de estabelecimento ou local de trabalho instauração do procedimento especial.
com até dez trabalhadores, salvo quando for constatada infração §3o O procedimento especial para a ação fiscal destinado à
por falta de registro de empregado ou de anotação da CTPS, bem prevenção ou saneamento de infrações à legislação poderá resultar
como na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ouembara- na lavratura de termo de compromisso que estipule as obrigações
ço à fiscalização; e assumidas pelo compromissado e os prazos para seu cumprimento.
IV - quando se tratar de microempresa e empresa de pequeno §4o Durante o prazo fixado no termo, o compromissado poderá
porte, na forma da lei específica. ser fiscalizado para verificação de seu cumprimento, sem prejuízo
§1o A autuação pelas infrações não dependerá da dupla visita da ação fiscal em atributos não contemplados no referido termo.
após o decurso do prazo de noventa dias da vigência das disposi- §5o Quando o procedimento especial para a ação fiscal for
ções a que se refere o inciso I ou do efetivo funcionamento do novo frustrado pelo não-atendimento da convocação, pela recusa de fir-
estabelecimento ou local de trabalho a que se refere o inciso II. mar termo de compromisso ou pelo descumprimento de qualquer
§2o Após obedecido o disposto no inciso III, não será mais ob- cláusula compromissada, serão lavrados, de imediato, os respecti-
servado o critério de dupla visita em relação ao dispositivo infrin- vos autos de infração, e poderá ser encaminhando relatório circuns-
gido. tanciado ao Ministério Público do Trabalho.
§3o A dupla visita será formalizada em notificação, que fixa- §6o Não se aplica o procedimento especial de saneamento às
rá prazo para a visita seguinte, na forma das instruções expedidas situações de grave e iminente risco à saúde ou à integridade física
pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do do trabalhador.
trabalho. Art. 29. A chefia de fiscalização poderá, na forma de instruções
Art. 24. A toda verificação em que o Auditor-Fiscal do Trabalho expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de ins-
concluir pela existência de violação de preceito legal deve corres- peção do trabalho, instaurar o procedimento especial sempre que
ponder, sob pena de responsabilidade, a lavratura de auto de infra- identificar a ocorrência de:
ção, ressalvado o disposto no art. 23 e na hipótese de instauração I - motivo grave ou relevante que impossibilite ou dificulte o
de procedimento especial de fiscalização. cumprimento da legislação trabalhista pelo tomador ou interme-
diador de serviços;
485
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
II - situação reiteradamente irregular em setor econômico. XV - prestação de informações e orientações em plantões fis-
Parágrafo único. Quando houver ação fiscal em andamento, o cais na área de sua competência.
procedimento especial de fiscalização deverá observar as instru- §1o As atividades externas de que trata este artigo somente
ções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria poderão ser exercidas mediante ordem de serviço expedida pela
de inspeção do trabalho. chefia de fiscalização.
Art. 30. Poderão ser estabelecidos procedimentos de fiscaliza- §2o Para o desempenho das atribuições previstas neste artigo,
ção indireta, mista, ou outras que venham a ser definidas em instru- será fornecida aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho cre-
ções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria dencial específica que lhes possibilite o livre acesso aos estabeleci-
de inspeção do trabalho. mentos e locais de trabalho.
§1o Considera-se fiscalização indireta aquela realizada por Art. 32. Aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho pode-
meio de sistema de notificações para apresentação de documentos rão ser ministrados cursos necessários à sua formação, aperfeiço-
nas unidades descentralizadas do Ministério do Trabalho e Empre- amento e especialização, conforme instruções a serem expedidas
go. pelo Ministério do Trabalho e Emprego, expedidas pela autoridade
§2o Poderá ser adotada fiscalização indireta: nacional competente em matéria de inspeção do trabalho.
I - na execução de programa especial para a ação fiscal; ou
II - quando o objeto da fiscalização não importar necessaria- CAPÍTULO VI
mente em inspeção no local de trabalho. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
§3o Considera-se fiscalização mista aquela iniciada com a visita
ao local de trabalho e desenvolvida mediante notificação para apre- Art. 33. Os Auditores-Fiscais do Trabalho poderão participar de
sentação de documentos nas unidades descentralizadas do Minis- atividades de coordenação, planejamento, análise de processos e
tério do Trabalho e Emprego. de desenvolvimento de programas especiais e de outras atividades
internas e externas relacionadas com a inspeção do trabalho, na
CAPÍTULO V forma das instruções expedidas pela autoridade nacional compe-
DAS ATIVIDADES AUXILIARES À INSPEÇÃO DO TRABALHO tente em matéria de inspeção do trabalho.
Art. 34. As empresas de transportes de qualquer natureza, in-
Art. 31. São atividades auxiliares de apoio operacional à ins- clusive as exploradas pela União, Distrito Federal, Estados e Muni-
peção do trabalho, a cargo dos Agentes de Higiene e Segurança do cípios, bem como as concessionárias de rodovias que cobram pe-
Trabalho: dágio para o trânsito concederão passe livre aos Auditores-Fiscais
I - levantamento técnico das condições de segurança nos locais do Trabalho e aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho, no
de trabalho, com vistas à investigação de acidentes do trabalho; território nacional em conformidade com o disposto no art. 630,
II - levantamento de dados para fins de cálculo dos coeficientes §5o, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mediante a apre-
de freqüência e gravidade dos acidentes; sentação da Carteira de Identidade Fiscal.
III - avaliação qualitativa ou quantitativa de riscos ambientais; Parágrafo único. O passe livre a que se refere este artigo abran-
IV - levantamento e análise das condições de risco nas pessoas ge a travessia realizada em veículos de transporte aquaviário.
sujeitas à inspeção do trabalho; Art. 35. É vedado aos Auditores-Fiscais do Trabalho e aos Agen-
V - auxílio à realização de perícias técnicas para caracterização tes de Higiene e Segurança do Trabalho:
de insalubridade ou de periculosidade; I - revelar, sob pena de responsabilidade, mesmo na hipótese
VI - comunicação, de imediato e por escrito, à autoridade com- de afastamento do cargo, os segredos de fabricação ou comércio,
petente de qualquer situação de risco grave e iminente à saúde ou bem como os processos de exploração de que tenham tido conhe-
à integridade física dos trabalhadores; cimento no exercício de suas funções;
VII - participação em estudos e análises sobre as causas de aci- II - revelar informações obtidas em decorrência do exercício
dentes do trabalho e de doenças profissionais; das suas competências;
VIII - colaboração na elaboração de recomendações sobre se- III - revelar as fontes de informações, reclamações ou denún-
gurança e saúde no trabalho; cias; e
IX - acompanhamento das ações de prevenção desenvolvidas IV - inspecionar os locais em que tenham qualquer interesse
pela unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego; direto ou indireto, caso em que deverão declarar o impedimento.
X - orientação às pessoas sujeitas à inspeção do trabalho sobre Parágrafo único. Os Auditores Fiscais do Trabalho e os Agentes
instalação e funcionamento das Comissões Internas de Prevenção de Higiene e Segurança do Trabalho responderão civil, penal e ad-
de Acidentes (CIPA) e dimensionamento dos Serviços Especializados ministrativamente pela infração ao disposto neste artigo.
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT); Art. 36. Configura falta grave o fornecimento ou a requisição de
XI - prestação de assistência às CIPA; Carteira de Identidade Fiscal para qualquer pessoa não integrante
XII - participação nas reuniões das CIPA das pessoas sujeitas à do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho.
inspeção do trabalho, como representantes da unidade descentrali- Parágrafo único. É considerado igualmente falta grave o uso da
zada do Ministério do Trabalho e Emprego; Carteira de Identidade Fiscal para fins outros que não os da fiscali-
XIII - devolução dos processos e demais documentos que lhes zação.
forem distribuídos, devidamente informados, nos prazos assinala- Art. 37. Em toda unidade descentralizada do Ministério do Tra-
dos; balho e Emprego em que houver Auditores-Fiscais do Trabalho de-
XIV - elaboração de relatório mensal de suas atividades, nas verá ser reservada uma sala para o uso exclusivo desses servidores.
condições e nos prazos fixados pela autoridade nacional em maté-
ria de inspeção do trabalho; e
486
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Art. 38. A autoridade nacional competente em matéria de ins- §1º Para os fins desta Lei, progressão funcional é a passagem
peção do trabalho expedirá as instruções necessárias à execução do servidor para o padrão de vencimento imediatamente superior
deste Regulamento. dentro de uma mesma classe, e promoção, a passagem do servidor
do último padrão de uma classe para o primeiro da classe imedia-
LEI Nº 10.593/2002 E ALTERAÇÕES E REGULAMENTO DA tamente superior.
INSPEÇÃO DO TRABALHO §2º A progressão funcional e a promoção observarão requisitos
e condições fixados em regulamento.
§3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.464, de2017)
LEI Nº 10.593, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2002. §4o Os critérios e procedimentos específicos para o desenvol-
vimento nos cargos das carreiras Tributária e Aduaneira da Receita
Dispõe sobre a reestruturação da Carreira Auditoria do Tesouro Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho serão regulamen-
Nacional, que passa a denominar-se Carreira Auditoria da Receita tados por ato do Poder Executivo federal, observados os seguintes
Federal - ARF, e sobre a organização da Carreira Auditoria-Fiscal da requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017) (Regulamento)
Previdência Social e da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, e dá I - para fins de progressão funcional: (Incluído pela Lei nº
outras providências. 13.464, de 2017)
a) cumprir o interstício de 12 (doze) meses de efetivo exercício
Faço saber que o Congresso Nacional decretou, o PRESIDEN- em cada padrão; (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
TE DA REPÚBLICA, nos termos dos §3º do art. 66 da Constituição b) atingir percentual mínimo na avaliação de desempenho indi-
sancionou, e eu, Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, nos vidual, nos termos de ato do Poder Executivo federal; (Incluído pela
termos do §7º do mesmo artigo, promulgo a seguinte Lei nº 13.464, de 2017)
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a reestruturação da Carreira Audi- II - para fins de promoção: (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
toria do Tesouro Nacional, de que trata o Decreto-Lei no 2.225, de a) cumprir o interstício de 12 (doze) meses de efetivo exercício
10 de janeiro de 1985, que passa a denominar-se Carreira Auditoria no último padrão de cada classe; (Incluído pela Lei nº 13.464, de
da Receita Federal - ARF, e sobre a organização da Carreira Audi- 2017)
toria-Fiscal da Previdência Social e da Carreira Auditoria-Fiscal do b) atingir percentual mínimo na avaliação de desempenho indi-
Trabalho. (Vide Medida Provisória nº 258, de 2005) vidual realizada no último padrão da classe, nos termos do regula-
Art. 2º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) mento; (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
Art. 3o O ingresso nos cargos das Carreiras disciplinadas nesta c) acumular pontuação mínima mediante participação em cur-
Lei far-se-á no primeiro padrão da classe inicial da respectiva ta- sos de aperfeiçoamento e especialização e comprovar experiência
bela de vencimentos, mediante concurso público de provas ou de profissional e acadêmica em temas relacionados às atribuições do
provas e títulos, exigindo-se curso superior em nível de graduação cargo, nos termos do regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.464, de
concluído ou habilitação legal equivalente. (Redação dada pela Lei 2017)
nº 11.457, de 2007) (Vigência) §5o O ato de que trata o §4o deste artigo poderá prever re-
§1º O concurso referido no caput poderá ser realizado por áre- gras de transição necessárias para a progressão e a promoção nas
as de especialização. carreiras Tributária e Aduaneira da Receita Federal do Brasil e de
§2º Para investidura no cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho, nas Auditoria-Fiscal do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
áreas de especialização em segurança e medicina do trabalho, será §6o Não haverá progressão funcional ou promoção dos ser-
exigida a comprovação da respectiva capacitação profissional, em vidores das carreiras Tributária e Aduaneira da Receita Federal do
nível de pós-graduação, oficialmente reconhecida. Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho durante o período de está-
§3º Sem prejuízo dos requisitos estabelecidos neste artigo, o gio probatório. (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
ingresso nos cargos de que trata o caput deste artigo depende da Art. 5º Fica criada a Carreira de Auditoria da Receita Federal do
inexistência de: (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) Brasil, composta pelos cargos de nível superior de Auditor-Fiscal da
I - registro de antecedentes criminais decorrentes de decisão Receita Federal do Brasil e de Analista-Tributário da Receita Fede-
condenatória transitada em julgado de crime cuja descrição envol- ral do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)
va a prática de ato de improbidade administrativa ou incompatível (Vide Medida Provisória nº 765, de 2016) (Vide Lei nº 13.464, de
com a idoneidade exigida para o exercício do cargo; 2017) (Vide ADIN 5391)
II - punição em processo disciplinar por ato de improbidade Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.457, de 2007) Vigên-
administrativa mediante decisão de que não caiba recurso hierár- cia
quico. Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor-Fis-
§4o Para fins de investidura nos cargos das carreiras Tributá- cal da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.457,
ria e Aduaneira da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal de 2007) (Vigência)
do Trabalho, o concurso público será realizado em 2 (duas) etapas, I - no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal
sendo a segunda constituída de curso de formação, de caráter eli- do Brasil e em caráter privativo: (Redação dada pela Lei nº 11.457,
minatório e classificatório ou somente eliminatório. (Incluído pela de 2007) (Vigência)
Lei nº 13.464, de2017) a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de
Art. 4º O desenvolvimento do servidor nas carreiras de que contribuições; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigên-
trata esta Lei ocorrerá mediante progressão funcional e promoção. cia)
487
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo §2º (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008)
administrativo-fiscal, bem como em processos de consulta, restitui- Art. 9º A Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho será composta
ção ou compensação de tributos e contribuições e de reconheci- de cargos de Auditor-Fiscal do Trabalho.
mento de benefícios fiscais; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de §1º É de 40 (quarenta) horas semanais a jornada de trabalho
2007) (Vigência) dos integrantes da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, não se lhes
c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos aplicando a jornada de trabalho a que se refere o art. 1o,, caput e
definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o §2o, da Lei no 9.436, de 5 de fevereiro de 1997, e não mais se admi-
controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, tindo a percepção de 2 (dois) vencimentos básicos
materiais, equipamentos e assemelhados; (Redação dada pela Lei §2º Os atuais ocupantes do cargo de Médico do Trabalho que
nº 11.457, de 2007) (Vigência) optarem por permanecer na situação atual deverão fazê-lo, de for-
d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, em- ma irretratável, até 30 de setembro de 1999, ficando, neste caso,
presários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se em quadro em extinção.
lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Có- Art. 10. São transformados em cargo de Auditor-Fiscal do Tra-
digo Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma balho, na Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, os seguintes cargos
legal; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) efetivos do quadro permanente do Ministério do Trabalho e Em-
e) proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à inter- prego:
pretação da legislação tributária; (Redação dada pela Lei nº 11.457, I - Fiscal do Trabalho;
de 2007) (Vigência) II - Assistente Social, encarregado da fiscalização do trabalho da
f) supervisionar as demais atividades de orientação ao contri- mulher e do menor;
buinte; (Incluída pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) III - Engenheiros e Arquitetos, com a especialização prevista na
II - em caráter geral, exercer as demais atividades inerentes à Lei no 7.410, de 27 de novembro de 1985, encarregados da fiscali-
competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação zação da segurança no trabalho;
dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) IV - Médico do Trabalho, encarregado da fiscalização das condi-
§1o O Poder Executivo poderá cometer o exercício de ativida- ções de salubridade do ambiente do trabalho.
des abrangidas pelo inciso II do caput deste artigo em caráter priva- Art. 11. Os ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho
tivo ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil. (Redação dada têm por atribuições assegurar, em todo o território nacional:
pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) I - o cumprimento de disposições legais e regulamentares, in-
§2o Incumbe ao Analista-Tributário da Receita Federal do Bra- clusive as relacionadas à segurança e à medicina do trabalho, no
sil, resguardadas as atribuições privativas referidas no inciso I do âmbito das relações de trabalho e de emprego;
caput e no §1o deste artigo: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de II - a verificação dos registros em Carteira de Trabalho e Pre-
2007) (Vigência) vidência Social - CTPS, visando a redução dos índices de informa-
I - exercer atividades de natureza técnica, acessórias ou prepa- lidade;
ratórias ao exercício das atribuições privativas dos Auditores-Fiscais III - a verificação do recolhimento do Fundo de Garantia do
da Receita Federal do Brasil; (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) Tempo de Serviço - FGTS, objetivando maximizar os índices de ar-
(Vigência) recadação;
II - atuar no exame de matérias e processos administrativos, III - a verificação do recolhimento e a constituição e o lança-
ressalvado o disposto na alínea b do inciso I do caput deste artigo; mento dos créditos referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de
(Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) Serviço (FGTS) e à contribuição social de que trata o art. 1o da Lei
III - exercer, em caráter geral e concorrente, as demais ativida- Complementar no 110, de 29 de junho de 2001, objetivando ma-
des inerentes às competências da Secretaria da Receita Federal do ximizar os índices de arrecadação; (Incluído pela Lei nº 13.464, de
Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) 2017)
§3o Observado o disposto neste artigo, o Poder Executivo re- IV - o cumprimento de acordos, convenções e contratos cole-
gulamentará as atribuições dos cargos de Auditor-Fiscal da Receita tivos de trabalho celebrados entre empregados e empregadores;
Federal do Brasil e Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil. V - o respeito aos acordos, tratados e convenções internacio-
(Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) (Regulamen- nais dos quais o Brasil seja signatário;
to) VI - a lavratura de auto de apreensão e guarda de documentos,
§4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) materiais, livros e assemelhados, para verificação da existência de
Art. 7º (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) fraude e irregularidades, bem como o exame da contabilidade das
Art. 8º (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) empresas, não se lhes aplicando o disposto nos arts. 17 e 18 do
I - (Revogado pela medida provisória nº 440, de 2008) Código Comercial.
a) (Revogado pela medida provisória nº 440, de 2008) VII - a verificação do recolhimento e a constituição e o lança-
b) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) mento dos créditos decorrentes da cota-parte da contribuição sin-
c) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) dical urbana e rural. (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
d) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) §1º. O Poder Executivo regulamentará as atribuições privativas
e) (Vide Medida Provisória nº 258, de 2005) previstas neste artigo, podendo cometer aos ocupantes do cargo de
f) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) Auditor-Fiscal do Trabalho outras atribuições, desde que compatí-
g) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) veis com atividades de auditoria e fiscalização. (Redação dada pela
h) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) Lei nº 13.464)
II - (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) Remuneração das Carreiras Vigente a Partir de 30 de Junho de
§1º (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) 1999
488
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§2o Os ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho, no §3º Constatada a redução de remuneração decorrente da
exercício das atribuições previstas neste artigo, são autoridades tra- transposição de que trata este artigo, a diferença será paga a título
balhistas. (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017) de vantagem pessoal nominalmente identificada, a ser absorvida
Art. 11-A. A verificação, pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, do por ocasião do desenvolvimento na Carreira.
cumprimento das normas que regem o trabalho do empregado Art. 18. O ingresso nos cargos de Auditor-Fiscal da Receita Fe-
doméstico, no âmbito do domicílio do empregador, dependerá de deral, Auditor-Fiscal da Previdência Social e Auditor-Fiscal do Tra-
agendamento e de entendimento prévios entre a fiscalização e o balho dos aprovados em concurso, cujo edital tenha sido publicado
empregador. (Incluído pela Lei Complementar nº 150, de 2015) até 30 de junho de 1999, dar-se-á, excepcionalmente, na classe A,
§1o A fiscalização deverá ter natureza prioritariamente orienta- padrão V.
dora. (Incluído pela Lei Complementar nº 150, de 2015) Art. 19. Aplicam-se as disposições desta Lei a aposentadorias
§2o Será observado o critério de dupla visita para lavratura de e pensões.
auto de infração, salvo quando for constatada infração por falta de Parágrafo único. Constatada a redução de proventos ou pensão
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social ou, ainda, na decorrente da aplicação do disposto nesta Lei, a diferença será paga
ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fisca- a título de vantagem pessoal nominalmente identificada.
lização. (Incluído pela Lei Complementar nº 150, de 2015) Art. 20. O regime jurídico das Carreiras a que se refere esta Lei
§3o Durante a inspeção do trabalho referida no caput, o Au- é exclusivamente o da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
ditor-Fiscal do Trabalho far-se-á acompanhar pelo empregador ou Remuneração das Carreiras Vigente a Partir de 1º de Junho de
por alguém de sua família por este designado. (Incluído pela Lei 2002
Complementar nº 150, de 2015) Art. 20-A. O Poder Executivo regulamentará a forma de transfe-
Art. 12. Fica extinta a Retribuição Adicional Variável de que tra- rência de informações entre a Secretaria da Receita Federal do Bra-
ta o art. 5o da Lei no 7.711, de 22 de dezembro de 1988, devida aos sil e a Secretaria de Inspeção do Trabalho para o desenvolvimento
ocupantes dos cargos da Carreira Auditoria do Tesouro Nacional. coordenado das atribuições a que se referem os arts. 6o e 11 desta
Art. 13. Os integrantes da Carreira Auditoria-Fiscal da Previdên- Lei. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)
cia Social e da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho não fazem jus à Art. 21. (Revogado pela medida provisória nº 440, de 2008)
percepção da Gratificação de Estímulo à Fiscalização e Arrecadação Art. 22.(Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
- GEFA, criada pelo Decreto-Lei no 2.371, de 18 de novembro de I - (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
1987. II - (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
Art. 14. Os integrantes das Carreiras de que trata esta Lei não §1º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
fazem jus à percepção da Gratificação de Atividade de que trata a §2º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
Lei Delegada no 13, de 27 de agosto de 1992. §3º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
Art. 15 (Revogado pela medida provisória nº 440, de 2008)
§1º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) DISPOSIÇÕES FINAIS
§2º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
§3º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) Art. 23. Ficam convalidados os atos praticados com base nas
§4º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) Medidas Provisórias nºs 2.175-29, de 24 de agosto de 2001, e 46,
§5º (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) de 25 de junho de 2002.
I - (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) Art. 24. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
II - (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) Art. 25. Ficam revogados o art. 5o da Lei no 7.711, de 22 de de-
a) (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) zembro de 1988, o parágrafo único do art. 1o da Lei no 8.448, de 21
b) (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) de julho de 1992, e nos termos do art. 2o da Emenda Constitucional
III - (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) no 32, de 11 de setembro de 2001, a Medida Provisória no 2.175-
IV - (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) 29, de 24 de agosto de 2001.
§6º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
Art. 16. (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) NR 3 – EMBARGO E INTERDIÇÃO
Art. 17. Os ocupantes dos cargos de Auditor-Fiscal do Tesouro
Nacional e de Técnico do Tesouro Nacional são transpostos, a partir
de 1º de julho de 1999, na forma dos Anexos V e VI. 3.1 Objetivo
§1º Os ocupantes dos cargos de Fiscal de Contribuições Previ- 3.1.1 Esta norma estabelece as diretrizes para caracterização
denciárias; Fiscal do Trabalho; Assistente Social, encarregados da do grave e iminente risco e os requisitos técnicos objetivos de em-
fiscalização do trabalho da mulher e do menor; Engenheiro, encar- bargo e interdição.
regados da fiscalização da segurança no trabalho; e Médico do Tra- 3.1.1.1 A adoção dos referidos requisitos técnicos visa à forma-
balho, encarregados da fiscalização das condições de salubridade ção de decisões consistentes, proporcionais e transparentes.
do ambiente do trabalho, são transpostos, a partir de 1º de agosto
de 1999, na forma do Anexo V. 3.2 Definições
§2º Os ocupantes do cargo de Arquiteto, encarregados da fisca- 3.2.1 Considera-se grave e iminente risco toda condição ou si-
lização da segurança no trabalho, são transpostos, a partir de 1º de tuação de trabalho que possa causar acidente ou doença com lesão
setembro de 2001, na forma do Anexo V. grave ao trabalhador.
3.2.2 Embargo e interdição são medidas de urgência adotadas
a partir da constatação de condição ou situação de trabalho que
caracterize grave e iminente risco ao trabalhador.
489
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
3.2.2.1 O embargo implica a paralisação parcial ou total da TABELA 3.2: Classificação das probabilidades
obra.
3.2.2.2 A interdição implica a paralisação parcial ou total da CLASSIFICA- DESCRIÇÃO
atividade, da máquina ou equipamento, do setor de serviço ou do ÇÃO
estabelecimento.
3.2.2.3 O embargo e a interdição podem estar associados a PROVÁVEL Medidas de prevenção inexistentes ou re-
uma ou mais das hipóteses referidas nos itens 3.2.2.1 e 3.2.2.2. conhecidamente inadequadas.
3.2.2.3.1 O Auditor Fiscal do Trabalho deve adotar o embargo Uma consequência é esperada, com gran-
ou a interdição na menor unidade onde for constatada situação de de probabilidade de que aconteça ou se realize
grave e iminente risco. POSSÍVEL Medidas de prevenção apresentam des-
vios ou problemas significativos. Não há garan-
3.3 Caracterização do grave e iminente risco tias de que as medidas sejam mantidas.
3.3.1 A caracterização do grave e iminente risco deve conside- Uma consequência talvez aconteça, com
rar: possibilidade de que se efetive, concebível
a) a consequência, como o resultado ou resultado potencial es-
REMOTA Medidas de prevenção adequadas, mas
perado de um evento, conforme
com pequenos desvios. Ainda que em funcio-
Tabela 3.1 (Retificação no DOU de 23/01/2020 – seção 1 – pág.
namento, não há garantias de que sejam man-
57); e
tidas sempre ou a longo prazo.
b) a probabilidade, como a chance de o resultado ocorrer ou
Uma consequência é pouco provável que
estar ocorrendo, conforme Tabela
aconteça, quase improvável.
3.2 (Retificação no DOU de 23/01/2020 – seção 1 – pág. 57).
3.3.2 Para fins de aplicação desta norma, o risco é expresso em RARA Medidas de prevenção adequadas e com
termos de uma combinação das consequências de um evento e a garantia de continuidade desta situação.
probabilidade de sua ocorrência. Uma consequência não é esperada, não é
3.3.3 Ao avaliar os riscos o Auditor-Fiscal do Trabalho deve con- comum sua ocorrência, extraordinária.
siderar a consequência e a probabilidade separadamente.
3.3.4 A classificação da consequência e da probabilidade será 3.3.6 Na caracterização de grave e iminente risco ao trabalha-
efetuada de forma fundamentada pelo Auditor-Fiscal do Trabalho. dor, o Auditor-Fiscal do Trabalho deverá estabelecer o excesso de
3.3.5 A classificação das consequências deve ser efetuada de risco por meio da comparação entre o risco atual (situação
acordo com o previsto na Tabela encontrada) e o risco de referência (situação objetivo).
3.1 e a classificação das probabilidades de acordo com o pre- 3.3.7 O excesso de risco representa o quanto o risco atual (si-
visto na Tabela 3.2. tuação encontrada) está distante do risco de referência esperado
após a adoção de medidas de prevenção (situação objetivo).
TABELA 3.1: Classificação das consequências 3.3.8 A Tabela 3.3 deve ser utilizada pelo Auditor-Fiscal do Tra-
balho em caso de exposição individual ou de reduzido número de
potenciais vítimas expostas ao risco avaliado.
CONSEQUÊN- PRINCÍPIO GERAL
3.3.9 A Tabela 3.4 deve ser utilizada para a avaliação de situ-
CIA
ação onde a exposição ao risco pode resultar em lesão ou adoeci-
MORTE Pode levar a óbito imediato ou que venha mento de diversas vítimas simultaneamente.
a ocorrer posteriormente. 3.3.10 Os descritores do excesso de risco são: E - extremo, S -
SEVERA Pode prejudicar a integridade física e/ou substancial, M - moderado, P - pequeno ou N - nenhum.
a saúde, provocando lesão ou sequela perma- 3.3.11 Para estabelecer o excesso de risco, o Auditor-Fiscal do
nentes Trabalho deve seguir as seguintes etapas:
a) primeira etapa: avaliar o risco atual (situação encontrada)
SIGNIFICA- Pode prejudicar a integridade física e/ou a decorrente das circunstâncias encontradas, levando em conside-
TIVA saúde, provocando lesão que implique em in- ração as medidas de controle existentes, ou seja, o nível total de
capacidade temporária por prazo superior a 15 risco que se observa ou se considera existir na atividade, utilizando
(quinze) dias. a classificação indicada nas colunas do lado esquerdo das Tabelas
LEVE Pode prejudicar a integridade física e/ou 3.3 ou 3.4 (Retificação no DOU de 23/01/2020 – seção 1 – pág. 57);
a saúde, provocando lesão que implique em b) segunda etapa: estabelecer o risco de referência (situação
incapacidade temporária por prazo igual ou in- objetivo), ou seja, o nível de risco remanescente quando da imple-
ferior a 15 (quinze) dias. mentação das medidas de prevenção necessárias, utilizando a clas-
NENHUMA Nenhuma lesão ou efeito à saúde. sificação nas linhas da parte inferior das Tabelas 3.3 ou 3.4 (Retifica-
ção no DOU de 23/01/2020 – seção 1 – pág. 57);
c) terceira etapa: determinar o excesso de risco por compara-
ção entre o risco atual e o risco de referência, localizando a interse-
ção entre os dois riscos na tabela 3.3 ou 3.4 (Retificação no DOU de
23/01/2020 – seção 1 – pág. 57).
490
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
3.3.12 Para ambos os riscos, atual e de referência (definidos na primeira e na segunda etapas, respectivamente), deve-se determinar
a consequência em primeiro lugar e, em seguida, a probabilidade de a consequência ocorrer.
3.3.12.1 As condições ou situações de trabalho contempladas em normas regulamentadoras consideram-se como situação objetivo
(risco de referência).
3.3.12.2 O Auditor-Fiscal do Trabalho deve sempre considerar a consequência de maior previsibilidade de ocorrência.
3.4 Requisitos de embargo e interdição
3.4.1 São passíveis de embargo ou interdição, a obra, a atividade, a máquina ou equipamento, o setor de serviço, o estabelecimento,
com a brevidade que a ocorrência exigir, sempre que o Auditor-Fiscal do Trabalho constatar a existência de excesso de risco extremo (E).
3.4.2 São passíveis de embargo ou interdição, a obra, a atividade, a máquina ou equipamento, o setor de serviço, o estabelecimento,
com a brevidade que a ocorrência exigir, consideradas as
circunstâncias do caso específico, quando o Auditor-Fiscal do Trabalho constatar a existência de excesso de risco substancial (S).
3.4.3 O Auditor-Fiscal do Trabalho deve considerar se a situação encontrada é passível de imediata adequação.
3.4.3.1 Concluindo pela viabilidade de imediata adequação, o Auditor-Fiscal do Trabalho determinará a necessidade de paralisação
das atividades relacionadas à situação de risco e a adoção imediata de medidas de prevenção e precaução para o saneamento do risco,
que não gerem riscos adicionais.
3.4.4 Não são passíveis de embargo ou interdição as situações com avaliação de excesso de risco moderado (M), pequeno (P) ou
nenhum (N).
TABELA 3.3 - Tabela de excesso de risco: exposição individual ou reduzido número de potenciais vítimas
491
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
TABELA 3.4 - Tabela de excesso de risco: exposição ao risco pode resultar em lesão ou adoecimento de diversas vítimas simultanea-
mente
492
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
493
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
24.4.2.1Em estabelecimentos com mais de 750 (setecentos e 24.5 Locais para refeições
cinquenta) trabalhadores, os vestiários devem ser dimensionados 24.5.1Os empregadores devem oferecer aos seus trabalhado-
com área de, no mínimo, 0,75m² (setenta e cinco decímetros qua- res locais em condições de conforto e higiene para tomada das re-
drados) por trabalhador. feições por ocasião dos intervalos concedidos durante a jornada de
24.4.3Os vestiários devem: trabalho.
a)ser mantidos em condição de conservação, limpeza e higiene; 24.5.1.1É permitida a divisão dos trabalhadores do turno, em
b)ter piso e parede revestidos por material impermeável e la- grupos para a tomada de refeições, a fim de organizar o fluxo para
vável; o conforto dos usuários do refeitório, garantido o intervalo para ali-
c)ser ventilados para o exterior ou com sistema de exaustão mentação e repouso.
forçada; 24.5.2Os locais para tomada de refeições para atender até 30
d)ter assentos em material lavável e impermeável em número (trinta) trabalhadores, observado o subitem 24.5.1.1, devem:
compatível com o de trabalhadores; e a)ser destinados ou adaptados a este fim;
e)dispor de armários individuais simples e/ou duplos com sis- b)ser arejados e apresentar boas condições de conservação,
tema de trancamento. limpeza e higiene; e
Armários c)possuir assentos e mesas, balcões ou similares suficientes
24.4.4É admitido o uso rotativo de armários simples entre usu- para todos os usuários atendidos.
ários, exceto nos casos em que estes sejam utilizados para a guarda 24.5.2.1A empresa deve garantir, nas proximidades do local
de Equipamentos de Proteção Individual - EPI e de vestimentas ex- para refeições:
postas a material infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou que a)meios para conservação e aquecimento das refeições;
provoquem sujidade. b)local e material para lavagem de utensílios usados na refei-
24.4.5Nas atividades laborais em que haja exposição e ma- ção; e
nuseio de material infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou c)água potável.
aerodispersóides, bem como naquelas em que haja contato com 24.5.3Os locais destinados às refeições para atender mais de 30
substâncias que provoquem deposição de poeiras que impregnem (trinta) trabalhadores, conforme subitem 24.5.1.1, devem:
a pele e as roupas do trabalhador devem ser fornecidos armários de a)ser destinados a este fim e fora da área de trabalho;
compartimentos duplos ou dois armários simples. b)ter pisos revestidos de material lavável e impermeável;
24.4.5.1Ficam dispensadas de disponibilizar 2 (dois) armários c)ter paredes pintadas ou revestidas com material lavável e im-
simples ou armário duplo as organizações que promovam a higieni- permeável;
zação diária de vestimentas ou que forneçam vestimentas descartá- d)possuir espaços para circulação;
veis, assegurada a disponibilização de 1 (um) armário simples para e)ser ventilados para o exterior ou com sistema de exaustão
guarda de roupas comuns de uso pessoal do trabalhador. forçada, salvo em ambientes climatizados artificialmente;
24.4.6Os armários simples devem ter tamanho suficiente para f)possuir lavatórios instalados nas proximidades ou no próprio
que o trabalhador guarde suas roupas e acessórios de uso pessoal, local, atendendo aos requisitos do subitem 24.3.4;
não sendo admitidas dimensões inferiores a: 0,40m (quarenta cen- g)possuir assentos e mesas com superfícies ou coberturas la-
tímetros) de altura, 0,30m (trinta centímetros) de largura e 0,40m váveis ou descartáveis, em número correspondente aos usuários
(quarenta centímetros) de profundidade. atendidos;
24.4.6.1Nos armários de compartimentos duplos, não são ad- h)ter água potável disponível;
mitidas dimensões inferiores a: i)possuir condições de conservação, limpeza e higiene;
a)0,80m (oitenta centímetros) de altura por 0,30m (trinta cen- j)dispor de meios para aquecimento das refeições; e
tímetros) de largura e 0,40m (quarenta centímetros) de profundida- k)possuir recipientes com tampa para descarte de restos ali-
de, com separação ou prateleira, de modo que um compartimento, mentares e descartáveis.
com a altura de 0,40m (quarenta centímetros), se destine a abrigar 24.5.4Ficam dispensados das exigências do item 24.5 desta NR:
a roupa de uso comum e o outro compartimento, com altura de a)estabelecimentos comerciais bancários e atividades afins que
0,40m (quarenta centímetros) a guardar a roupa de trabalho; ou interromperem suas atividades por 2 (duas) horas, no período des-
b)0,80m (oitenta centímetros) de altura por 0,50m (cinquenta tinado às refeições;
centímetros) de largura e 0,40m (quarenta centímetros) de profun- b)estabelecimentos industriais localizados em cidades do inte-
didade, com divisão no sentido vertical, de forma que os compar- rior, quando a empresa mantiver vila operária ou residirem, seus
timentos, com largura de 0,25m (vinte e cinco centímetros), esta- trabalhadores, nas proximidades, permitindo refeições nas próprias
beleçam, rigorosamente, o isolamento das roupas de uso comum residências.
e de trabalho. c)os estabelecimentos que oferecerem vale-refeição, desde
24.4.7As empresas que oferecerem serviços de guarda volume que seja disponibilizado condições para conservação e aquecimen-
para a guarda de roupas e acessórios pessoais dos trabalhadores to da comida, bem como local para a tomada das refeições pelos
estão dispensadas de fornecer armários. trabalhadores que trazem refeição de casa.
24.4.8Nas empresas desobrigadas de manter vestiário, deve
ser garantido o fornecimento de escaninho, gaveta com tranca ou 24.6 Cozinhas
similar que permita a guarda individual de pertences pessoais dos 24.6.1Quando as empresas possuírem cozinhas, estas devem:
trabalhadores ou serviço de guarda-volume. a)ficar anexas aos locais para refeições e com ligação para os
mesmos;
b)possuir pisos e paredes revestidos com material impermeá-
vel e lavável;
494
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)dispor de aberturas para ventilação protegidas com telas ou c)ter dimensões compatíveis com o colchão a ser utilizado de
ventilação exautora; acordo com o item 24.7.3.
d)possuir lavatório para uso dos trabalhadores do serviço de 24.7.3.1.1As camas superiores dos beliches devem ter prote-
alimentação, dispondo de material ou dispositivo para a limpeza, ção lateral e escada fixas à estrutura. (Inserido pela Portaria MTP nº
enxugo ou secagem das mãos, proibindo-se o uso de toalhas cole- 2.772, de 05 de setembro de 2022 – início de vigência: 03/10/2022)
tivas; 24.7.3.2Os armários dos quartos devem ser dotados de siste-
e)ter condições para acondicionamento e disposição do lixo de ma de trancamento e com dimensões compatíveis para a guarda
acordo com as normas locais de controle de resíduos sólidos; e de roupas e pertences pessoais do trabalhador, e enxoval de cama.
f)dispor de sanitário próprio para uso exclusivo dos trabalhado- 24.7.4Os trabalhadores alojados no mesmo quarto devem per-
res que manipulam gêneros alimentícios, separados por sexo. tencer, preferencialmente, ao mesmo turno de trabalho.
24.6.2Em câmaras frigoríficas devem ser instalados dispositivos 24.7.5Os locais para refeições devem ser compatíveis com os
para abertura da porta pelo lado interno, garantida a possibilidade requisitos do item 24.5 desta NR, podendo ser parte integrante do
de abertura mesmo que trancada pelo exterior. alojamento ou estar localizados em ambientes externos.
24.6.3Os recipientes de armazenagem de gás liquefeito de pe- 24.7.5.1Quando os locais para refeições não fizerem parte do
tróleo (GLP) devem ser instalados em área externa ventilada, obser- alojamento, deverá ser garantido o transporte dos trabalhadores.
vadas as normas técnicas brasileiras pertinentes. 24.7.5.2É vedado o preparo de qualquer tipo de alimento den-
tro dos quartos.
24.7 Alojamento 24.7.6Os alojamentos devem dispor de locais e infraestrutura
24.7.1Alojamento é o conjunto de espaços ou edificações, para lavagem e secagem de roupas pessoais dos alojados ou ser
composto de dormitório, instalações sanitárias, refeitório, áreas de fornecido serviço de lavanderia.
vivência e local para lavagem e secagem de roupas, sob responsa- 24.7.7Os pisos dos alojamentos devem ser impermeáveis e la-
bilidade do empregador, para hospedagem temporária de trabalha- váveis.
dores. 24.7.8Deve ser garantida coleta de lixo diária, lavagem de rou-
24.7.2Os dormitórios dos alojamentos devem: pa de cama, manutenção das instalações e renovação de vestuário
a)ser mantidos em condições de conservação, higiene e lim- de camas e colchões.
peza; 24.7.9Nos alojamentos deverão ser obedecidas as seguintes
b)ser dotados de quartos; instruções gerais de uso:
c)dispor de instalações sanitárias, respeitada a proporção de 01 a)os sanitários deverão ser higienizados diariamente;
(uma) instalação sanitária com chuveiro para cada 10 (dez) traba- b)é vedada, nos quartos, a instalação e utilização de fogão, fo-
lhadores hospedados ou fração; e gareiro ou similares;
d)ser separados por sexo. c)ser garantido o controle de vetores conforme legislação local.
24.7.2.1Caso as instalações sanitárias não sejam parte inte- 24.7.10Os trabalhadores hospedados com suspeita de doença
grante dos dormitórios, devem estar localizadas a uma distância infectocontagiosa devem ser submetidos à avaliação médica que
máxima de 50 m (cinquenta metros) dos mesmos, interligadas por decidirá pelo afastamento ou permanência no alojamento.
passagens com piso lavável e cobertura.
24.7.3Os quartos dos dormitórios devem: 24.8 Vestimenta de trabalho
a)possuir camas correspondente ao número de trabalhadores 24.8.1Vestimenta de trabalho é toda peça ou conjunto de pe-
alojados no quarto, vedado o uso de 3 (três) ou mais camas na mes- ças de vestuário, destinada a atender exigências de determinadas
ma vertical, e ter espaçamentos vertical e horizontal que permitam atividades ou condições de trabalho que impliquem contato com
ao trabalhador movimentação com segurança; sujidade, agentes químicos, físicos ou biológicos ou para permi-
b)possuir colchões certificados pelo INMETRO; tir que o trabalhador seja mais bem visualizado, não considerada
c)possuir colchões, lençóis, fronhas, cobertores e traves- como uniforme ou EPI.
seiros limpos e higienizados, adequados às condições climáticas; 24.8.2O empregador deve fornecer gratuitamente as vestimen-
d)possuir ventilação natural, devendo esta ser utilizada con- tas de trabalho.
juntamente com a ventilação artificial, levando em consideração as 24.8.3A vestimenta não substitui a necessidade do EPI, poden-
condições climáticas locais; do seu uso ser conjugado.
e)possuir capacidade máxima para 8 (oito) trabalhadores; 24.8.4Cabe ao empregador quanto às vestimentas de trabalho:
f)possuir armários; a)fornecer peças que sejam confeccionadas com material e em
g)ter, no mínimo, a relação de 3,00 m² (três metros quadrados) tamanho adequado, visando o conforto e a segurança necessária à
por cama simples ou 4,50 m² (quatro metros e cinquenta centíme- atividade desenvolvida pelo trabalhador;
tros quadrados) por beliche, em ambos os casos incluídas a área de b)substituir as peças conforme sua vida útil ou sempre que da-
circulação e armário; e nificadas;
h)possuir conforto acústico conforme NR-17. c)fornecer em quantidade adequada ao uso, levando em consi-
24.7.3.1As camas ou beliches devem atender aos seguintes re- deração a necessidade de troca da vestimenta; e
quisitos: (Alterado pela Portaria MTP nº 2.772, de 05 de setembro d)responsabilizar-se pela higienização com periodicidade ne-
de 2022 – início de vigência: 03/10/2022) cessária nos casos em que a lavagem ofereça riscos de contamina-
a)todos os componentes ou peças com os quais o trabalhador ção.
possa entrar em contato durante o uso não podem ter rebarbas e 24.8.4.1Nos casos em que seja inviável o fornecimento de ves-
arestas cortantes, nem ter tubos abertos; timenta exclusiva para cada trabalhador, deverá ser assegurada a
b)ter resistência compatível com o uso; e higienização prévia ao uso.
495
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
24.9 Disposições gerais 1.Para efeito deste Anexo, considera-se “Shopping Center” o
24.9.1Em todos os locais de trabalho deverá ser fornecida aos espaço planejado sob uma administração central sujeito a normas
trabalhadores água potável, sendo proibido o uso de copos coleti- contratuais padronizadas, procurando assegurar convivência inte-
vos. grada, composto por estabelecimentos tais como: lojas de qualquer
24.9.1.1O fornecimento de água deve ser feito por meio de natureza e quiosques, lanchonetes, restaurantes, salas de cinema e
bebedouros na proporção de, no mínimo, 1 (um) para cada grupo estacionamento, destinados à exploração comercial e à prestação
de 50 (cinquenta) trabalhadores ou fração, ou outro sistema que de serviços.
ofereça as mesmas condições. 2.A administração central é responsável pela disponibilização
24.9.1.2Quando não for possível obter água potável corrente, das instalações sanitárias, vestiários e ambientes para refeições aos
esta deverá ser fornecida em recipientes portáteis próprios e her- seus trabalhadores e aos trabalhadores dos estabelecimentos que
meticamente fechados. não disponham de espaço construtivo para atender os dispositivos
24.9.2Os locais de armazenamento de água potável devem desta NR em seus estabelecimentos.
passar periodicamente por limpeza, higienização e manutenção, 2.1A administração central disponibilizará local para conserva-
em conformidade com a legislação local. ção, aquecimento da alimentação trazida pelos trabalhadores, bem
24.9.3Deve ser realizada periodicamente análise de potabilida- como para tomada das refeições.
de da água dos reservatórios para verificar sua qualidade, em con- 2.2A administração central disponibilizará vestiário para troca
formidade com a legislação. de roupa dos trabalhadores usuários, dos quais são exigidos o uso
24.9.4A água não-potável para uso no local de trabalho ficará de uniforme e vestimentas de trabalho, bem como para guarda de
separada, devendo ser afixado aviso de advertência da sua não po- seus pertences.
tabilidade. 3.Os estabelecimentos referidos no item 1 ficam dispensados
24.9.5Os locais de armazenamento de água, os poços e as fon- dos itens relativos a instalações sanitárias, vestiários e locais para
tes de água potável serão protegidos contra a contaminação. refeições, desde que os trabalhadores possam utilizar as instalações
24.9.6Os locais de trabalho serão mantidos em estado de higie- sanitárias e a praça de alimentação do “Shopping Center” ou outro
ne compatível com o gênero de atividade. espaço destinado a estes fins, conforme o estabelecido nesta nor-
24.9.6.1O serviço de limpeza será realizado, sempre que possí- ma.
vel, fora do horário de trabalho e por processo que reduza ao míni- 4.Aos trabalhadores de lanchonetes, restaurantes ou similares
mo o levantamento de poeiras. deverão ser disponibilizados vestiários e instalações sanitárias com
24.9.7Todos os ambientes previstos nesta norma devem ser chuveiros na proporção de um conjunto para cada grupo de 20 (vin-
construídos de acordo com o código de obras local, devendo: te) trabalhadores ou fração, obedecendo ao horário do turno de
a)ter cobertura adequada e resistente, que proteja contra in- maior contingente.
tempéries; 4.1Aos trabalhadores de atividades com exposição a material
b)ter paredes construídas de material resistente; infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou que provoquem suji-
c)ter pisos de material compatível com o uso e a circulação de dade deverão ser disponibilizados vestiários e instalações sanitárias
pessoas; com chuveiros na proporção de um conjunto para cada grupo de 10
d)possuir iluminação que proporcione segurança contra aci- (dez) trabalhadores ou fração, obedecendo ao horário do turno de
dentes. maior contingente.
24.9.7.1Na ausência de código de obra local, deve ser garanti-
do pé direito mínimo de 2,50 m (dois metros e cinquenta centíme- ANEXO II DA NR-24
tros), exceto nos quartos de dormitórios com beliche, cuja medida CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO APLICÁVEIS A
mínima será de 3,00 m (três metros). TRABALHADORES EM TRABALHO EXTERNO DE PRESTAÇÃO
24.9.7.2As instalações elétricas devem ser protegidas para evi- DE SERVIÇOS
tar choques elétricos.
24.9.8Devem ser garantidas condições para que os trabalhado- 1.Para efeito deste Anexo, considera-se trabalho externo todo
res possam interromper suas atividades para utilização das instala- aquele realizado fora do estabelecimento do empregador cuja exe-
ções sanitárias. cução se dará no estabelecimento do cliente ou em logradouro
24.9.9Em edificações com diversos estabelecimentos, todas as público. Excetua-se deste anexo as atividades relacionadas à cons-
instalações previstas nesta NR podem ser atendidas coletivamente trução, leituristas, vendedores, entregadores, carteiros e similares,
por grupo de empregadores ou pelo condomínio, mantendo-se o bem como o de atividade regulamentada pelo Anexo III desta nor-
empregador como o responsável pela disponibilização das instala- ma.
ções. 2.Nas atividades desenvolvidas em estabelecimento do cliente,
24.9.9.1O dimensionamento deve ser feito com base no maior este será o responsável pelas garantias de conforto para satisfação
número de trabalhadores por turno. das necessidades básicas de higiene e alimentação, conforme item
24.1 desta norma.
2.1Sempre que o trabalho externo, móvel ou temporário, ocor-
rer preponderantemente em logradouro público, em frente de tra-
balho, deverá ser garantido pelo empregador:
496
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
a)instalações sanitárias compostas de bacia sanitária e lavató- separação de instalação sanitária por sexo, para grupo de até 10
rio para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, podendo (dez) trabalhadores desde que sejam garantidas condições de pri-
ser usados banheiros químicos dotados de mecanismo de descarga vacidade e higiene.
ou de isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, material 4.1.2As instalações sanitárias podem ser substituídas por uni-
para lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas dades de banheiros químicos dotados de mecanismo de descarga
coletivas, garantida a higienização diária dos módulos; ou de isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, material
b)local para refeição protegido contra intempéries e em condi- para lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas
ções de higiene, que atenda a todos os trabalhadores ou prover meio coletivas, garantida a higienização diária dos módulos.
de custeio para alimentação em estabelecimentos comerciais; e 4.2Os locais para refeição deverão ser protegidos contra intem-
c)água fresca e potável acondicionada em recipientes térmicos péries, estar em boas condições e atender a todos os trabalhadores.
em bom estado de conservação e em quantidade suficiente. 4.3Água potável deve ser disponibilizada nos pontos inicial ou
3.O uso de instalações sanitárias em trabalhos externos deve final e nos terminais por bebedouro ou equipamento similar que
ser gratuito para o trabalhador. permita o enchimento de recipientes individuais ou o consumo no
4.Aos trabalhadores, em trabalho externo que levem suas pró- local, proibido o uso de copos coletivos.
prias refeições, devem ser oferecidos dispositivos térmicos para 4.3.1As trocas de recipientes estarão sob a responsabilidade
conservação e aquecimento dos alimentos. da empresa permissionária ou concessionária cujas recomposições
5.Em trabalhos externos o atendimento a este Anexo poderá se darão numa frequência que leve em consideração as condições
ocorrer mediante convênio com estabelecimentos nas proximida- climáticas e o número de trabalhadores, de tal modo a que haja
des do local do trabalho, garantido o transporte de todos os traba- sempre suprimento de água a qualquer momento da jornada de
lhadores até o referido local. trabalho.
4.4Para efeito de dimensionamento das instalações sanitárias
ANEXO III DA NR-24 e do local para refeição, deverá ser considerado o número máximo
CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO APLICÁVEIS A TRA- existente de trabalhadores presentes ao mesmo tempo, no referido
BALHADORES EM TRANSPORTE PÚBLICO RODOVIÁRIO COLE- ponto inicial ou final, de acordo com a programação horária oficial
TIVO URBANO DE PASSAGEIROS EM ATIVIDADE EXTERNA das linhas de ônibus.
4.5O atendimento ao disposto nos itens 4.1, 4.2 e 4.3 poderá
1.Para efeito deste Anexo, considera-se trabalho em transporte ocorrer mediante convênio ou parceria com estabelecimentos co-
público coletivo rodoviário urbano de passageiros aquele desem- merciais, industriais ou propriedades privadas.
penhado pelo pessoal de operação do transporte coletivo urbano e 4.6O uso de instalações sanitárias em trabalhos externos de
de caráter urbano por ônibus: os motoristas, cobradores e fiscais de transporte público coletivo urbano rodoviário não deve ter custo
campo - assim identificados como trabalhadores. para o trabalhador.
2.Este Anexo estabelece as condições mínimas aplicáveis às ins-
talações sanitárias e locais para refeição a serem disponibilizados NR 12 – SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E
pelo empregador ao pessoal que realiza trabalho externo na ope- EQUIPAMENTOS
ração do transporte público coletivo urbano e de caráter urbano.
3.Para efeito deste Anexo, são considerados pontos iniciais
e finais de linhas de ônibus urbano e de caráter urbano os locais Prezado(a),
pré-determinados pelo poder público competente como pontos A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
extremos das linhas, itinerários ou rotas de ônibus, situados em será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é
logradouros públicos, com área destinada ao estacionamento de reservada para a inclusão de materiais que complementam a apos-
veículos e instalações mínimas para controle operacional do serviço tila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relacio-
e acomodação do pessoal de operação nos intervalos entre viagens. nados a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
3.1Em caso de terminais e estações de passageiros implantados pelo cabem na estrutura de nossas apostilas.
poder público, presumem- se cumpridos os dispositivos desta norma. Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
3.2Recomenda-se aos órgãos gestores públicos responsáveis organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
pelas redes de transporte público coletivo urbano e de caráter ur- dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
bano que considerem as disposições deste Anexo no processo de material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
definição dos locais para instalação dos pontos iniciais e finais das Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
linhas que compõem as referidas redes. lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
4.Condições de Satisfação de Necessidades Fisiológicas, Ali- apostila.
mentação e Hidratação. Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
4.1Nos casos de linhas de transporte público coletivo de pas- link a seguir:
sageiros por ônibus que não possuem nenhum dos pontos iniciais
e finais em edifício terminal, deverão ser garantidos pelo empre- https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-infor-
gador, próximo a pelo menos um dos referidos pontos, instalações macao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comis-
sanitárias, local para refeição e hidratação, em distância não supe- sao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamen-
rior a 250 m (duzentos e cinquenta metros) de deslocamento a pé. tadoras/nr-12-atualizada-2022-1.pdf
4.1.1As instalações sanitárias serão compostas de bacia sanitá-
ria e lavatório, respeitando a proporção de 1 (um) para cada grupo Bons estudos!
de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, podendo ser dispensada a
497
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA 18.4.4As empresas contratadas devem fornecer ao contratante
CONSTRUÇÃO: NORMA REGULAMENTADORA Nº 18 o inventário de riscos ocupacionais específicos de suas atividades, o
qual deve ser contemplado no PGR do canteiro de obras.
18.4.5As frentes de trabalho devem ser consideradas na elabo-
NR 18 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA ração e implementação do PGR.
DA CONSTRUÇÃO 18.4.6São facultadas às empresas construtoras, regularmente
registradas no Sistema CONFEA/CREA, sob responsabilidade de pro-
18.1 Objetivo fissional legalmente habilitado em segurança do trabalho, median-
18.1.1Esta Norma Regulamentadora - NR tem o objetivo de es- te cumprimento dos requisitos previstos nos subitens seguintes, a
tabelecer diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de adoção de soluções alternativas às medidas de proteção coletiva
organização, que visam à implementação de medidas de controle e previstas nesta NR, a adoção de técnicas de trabalho e o uso de
sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e equipamentos, tecnologias e outros dispositivos que:
no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. a)propiciem avanço tecnológico em segurança, higiene e saúde
dos trabalhadores;
18.2 Campo de aplicação b)objetivem a implementação de medidas de controle e de sis-
18.2.1Esta norma se aplica às atividades da indústria da cons- temas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no
trução constantes da seção “F” do Código Nacional de Atividades meio ambiente de trabalho na indústria da construção;
Econômicas - CNAE e às atividades e serviços de demolição, reparo, c)garantam a realização das tarefas e atividades de modo se-
pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral e de manuten- guro e saudável.
ção de obras de urbanização. 18.4.6.1As tarefas a serem executadas mediante a adoção de
soluções alternativas devem estar expressamente previstas em pro-
18.3 Responsabilidades cedimentos de segurança do trabalho, nos quais devem constar:
18.3.1A organização da obra deve: a)os riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores estarão ex-
a)vedar o ingresso ou a permanência de trabalhadores no can- postos;
teiro de obras sem que estejam resguardados pelas medidas pre- b)a descrição dos equipamentos e das medidas de proteção co-
vistas nesta NR; letiva a serem implementadas;
b)fazer a Comunicação Prévia de Obras em sistema informati- c)a identificação e a indicação dos EPI a serem utilizados;
zado da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho - SIT, antes do início d)a descrição de uso e a indicação de procedimentos quanto
das atividades, de acordo com a legislação vigente. aos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e EPI, conforme as
etapas das tarefas a serem realizadas;
18.4 Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e)a descrição das medidas de prevenção a serem observadas
18.4.1São obrigatórias a elaboração e a implementação do PGR durante a execução dos serviços, dentre outras medidas a serem
nos canteiros de obras, contemplando os riscos ocupacionais e suas previstas e prescritas por profissional legalmente habilitado em se-
respectivas medidas de prevenção. gurança do trabalho.
18.4.2O PGR deve ser elaborado por profissional legalmente 18.4.6.2As tarefas envolvendo soluções alternativas somente
habilitado em segurança do trabalho e implementado sob respon- devem ser iniciadas com autorização especial, precedida de análise
sabilidade da organização. de risco e permissão de trabalho, que contemple os treinamentos,
18.4.2.1Em canteiros de obras com até 7 m (sete metros) de os procedimentos operacionais, os materiais, as ferramentas e ou-
altura e com, no máximo, 10 (dez) trabalhadores, o PGR pode ser tros dispositivos necessários à execução segura da tarefa.
elaborado por profissional qualificado em segurança do trabalho e 18.4.6.3A documentação relativa à adoção de soluções alterna-
implementado sob responsabilidade da organização. tivas integra o PGR do canteiro de obras, devendo estar disponível
18.4.3O PGR, além de contemplar as exigências previstas na no local de trabalho e acompanhada das respectivas memórias de
NR-01, deve conter os seguintes documentos: cálculo, especificações técnicas e procedimentos de trabalho.
a)projeto da área de vivência do canteiro de obras e de eventu-
al frente de trabalho, em conformidade com o item 18.5 desta NR, 18.5 Áreas de vivência
elaborado por profissional legalmente habilitado; 18.5.1As áreas de vivência devem ser projetadas de forma a
b)projeto elétrico das instalações temporárias, elaborado por oferecer, aos trabalhadores, condições mínimas de segurança, de
profissional legalmente habilitado; conforto e de privacidade e devem ser mantidas em perfeito esta-
c)projetos dos sistemas de proteção coletiva elaborados por do de conservação, higiene e limpeza, contemplando as seguintes
profissional legalmente habilitado; instalações:
d)projetos dos Sistemas de Proteção Individual Contra Quedas a)instalação sanitária;
(SPIQ), quando aplicável, elaborados por profissional legalmente b)vestiário;
habilitado; c)local para refeição;
e)relação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e suas d)alojamento, quando houver trabalhador alojado.
respectivas especificações técnicas, de acordo com os riscos ocupa- 18.5.2As instalações da área de vivência devem atender, no
cionais existentes. que for cabível, ao disposto na NR-24 (Condições Sanitárias e de
18.4.3.1O PGR deve estar atualizado de acordo com a etapa em Conforto nos Locais de Trabalho).
que se encontra o canteiro de obras.
498
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.5.3A instalação sanitária deve ser constituída de lavatório, 18.6.4É proibida a existência de partes vivas expostas e acessí-
bacia sanitária sifonada, dotada de assento com tampo, e mictório, veis pelos trabalhadores não autorizados em instalações e equipa-
na proporção de 1 (um) conjunto para cada grupo de 20 (vinte) tra- mentos elétricos.
balhadores ou fração, bem como de chuveiro, na proporção de 1 18.6.5Os condutores elétricos devem:
(uma) unidade para cada grupo de 10 (dez) trabalhadores ou fração. a)ser dispostos de maneira a não obstruir a circulação de pes-
18.5.4É obrigatória, quando o caso exigir, a instalação de aloja- soas e materiais;
mento, no canteiro de obras ou fora dele, contemplando as seguin- b)estar protegidos contra impactos mecânicos, umidade e con-
tes instalações: tra agentes capazes de danificar a isolação;
a)cozinha, quando houver preparo de refeições; c)possuir isolação em conformidade com as normas técnicas
b)local para refeição; nacionais vigentes;
c)instalação sanitária; d)possuir isolação dupla ou reforçada quando destinados à ali-
d)lavanderia, dotada de meios adequados para higienização e mentação de máquinas e equipamentos elétricos móveis ou por-
passagem das roupas; táteis.
e)área de lazer, para recreação dos trabalhadores alojados, po- 18.6.6As conexões, emendas e derivações dos condutores elé-
dendo ser utilizado o local de refeição para este fim. tricos devem possuir resistência mecânica, condutividade e isola-
18.5.5Deve ser de, no máximo, 150 m (cento e cinquenta me- ção compatíveis com as condições de utilização.
tros) o deslocamento do trabalhador do seu posto de trabalho até a 18.6.7As instalações elétricas devem possuir sistema de ater-
instalação sanitária mais próxima. ramento elétrico de proteção e devem ser submetidas a inspeções
18.5.6É obrigatório o fornecimento de água potável, filtrada e e medições elétricas periódicas, com emissão dos respectivos lau-
fresca para os trabalhadores, no canteiro de obras, nas frentes de dos por profissional legalmente habilitado, em conformidade com o
trabalho e nos alojamentos, por meio de bebedouro ou outro dis- projeto das instalações elétricas temporárias e com as normas téc-
positivo equivalente, na proporção de 1 (uma) unidade para cada nicas nacionais vigentes.
grupo de 25 (vinte e cinco) trabalhadores ou fração, sendo vedado 18.6.8As partes condutoras das instalações elétricas, máqui-
o uso de copos coletivos. nas, equipamentos e ferramentas elétricas não pertencentes ao cir-
18.5.6.1O fornecimento de água potável deve ser garantido de cuito elétrico, mas que possam ficar energizadas quando houver fa-
forma que, do posto de trabalho ao bebedouro ou ao dispositivo lha da isolação, devem estar conectadas ao sistema de aterramento
equivalente, não haja deslocamento superior a 100 m (cem metros) elétrico de proteção.
no plano horizontal e 15 m (quinze metros) no plano vertical. 18.6.9É obrigatória a utilização do dispositivo Diferencial Re-
18.5.6.2Na impossibilidade de instalação de bebedouro ou de sidual (DR), como medida de segurança adicional nas instalações
dispositivo equivalente dentro dos limites referidos no subitem an- elétricas, nas situações previstas nas normas técnicas nacionais vi-
terior, as empresas devem garantir, nos postos de trabalho, supri- gentes.
mento de água potável, filtrada e fresca fornecida em recipientes 18.6.10Os quadros de distribuição das instalações elétricas de-
portáteis herméticos. vem:
18.5.7Nas frentes de trabalho, devem ser disponibilizados: a)ser dimensionados com capacidade para instalar os compo-
a)instalação sanitária, composta de bacia sanitária sifonada, nentes dos circuitos elétricos que o constituem;
dotada de assento com tampo, e lavatório para cada grupo de 20 b)ser constituídos de materiais resistentes ao calor gerado pe-
(vinte) trabalhadores ou fração, podendo ser utilizado banheiro los componentes das instalações;
com tratamento químico dotado de mecanismo de descarga ou de c)ter as partes vivas inacessíveis e protegidas aos trabalhadores
isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, de material para não autorizados;
lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas cole- d)ter acesso desobstruído;
tivas, e garantida a higienização diária dos módulos; e)ser instalados com espaço suficiente para a realização de ser-
b)local para refeição dos trabalhadores, observadas as condi- viços e operação;
ções mínimas de conforto e higiene, e com a devida proteção contra f)estar identificados e sinalizados quanto ao risco elétrico;
as intempéries. g)estar em conformidade com a classe de proteção requerida;
18.5.7.1O atendimento ao disposto neste item poderá ocorrer h)ter seus circuitos identificados.
mediante convênio formal com estabelecimentos nas proximidades 18.6.11É vedada a guarda de quaisquer materiais ou objetos
do local de trabalho, desde que preservadas a segurança, higiene e nos quadros de distribuição.
conforto, e garantido o transporte de todos os trabalhadores até o 18.6.12Os dispositivos de manobra, controle e comando dos
referido local, quando o caso exigir. circuitos elétricos devem:
a)ser compatíveis com os circuitos elétricos que operam;
18.6 Instalações elétricas b)ser identificados;
18.6.1A execução das instalações elétricas temporárias e defi- c)possuir condições para a instalação de bloqueio e sinalização
nitivas deve atender ao disposto na NR-10 (Segurança em Instala- de impedimento de ligação.
ções e Serviços em Eletricidade). 18.6.13Em todos os ramais ou circuitos destinados à ligação de
18.6.2As instalações elétricas temporárias devem ser executa- equipamentos elétricos, devem ser instalados dispositivos de sec-
das e mantidas conforme projeto elétrico elaborado por profissio- cionamento, independentes, que possam ser acionados com facili-
nal legalmente habilitado. dade e segurança.
18.6.3Os serviços em instalações elétricas devem ser realiza-
dos por trabalhadores autorizados conforme NR-10.
499
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.6.14Máquinas e equipamentos móveis e ferramentas elétri- 18.7.2.3Toda escavação com profundidade superior a 1,25 m
cas portáteis devem ser conectadas à rede de alimentação elétrica, (um metro e vinte e cinco centímetros) somente pode ser iniciada
por intermédio de conjunto de plugue e tomada, em conformidade com a liberação e autorização do profissional legalmente habilita-
com as normas técnicas nacional vigentes. do, atendendo o disposto nas normas técnicas nacionais vigentes.
18.6.15Os circuitos energizados em alta tensão e em extra bai- 18.7.2.4O projeto das escavações deve levar em conta a carac-
xa tensão devem ser instalados separadamente dos circuitos ener- terística do solo, as cargas atuantes, os riscos a que estão expostos
gizados em baixa tensão, respeitadas as definições de projeto. os trabalhadores e as medidas de prevenção.
18.6.16As áreas de transformadores e salas de controle e co- 18.7.2.5Nas escavações em encostas, devem ser tomadas pre-
mando devem ser separadas por barreiras físicas, sinalizadas e pro- cauções especiais para evitar escorregamentos ou movimentos de
tegidas contra o acesso de pessoas não autorizadas. grandes proporções no maciço adjacente, devendo merecer cuida-
18.6.17As áreas onde ocorram intervenções em instalações do a remoção de blocos e pedras soltas.
elétricas energizadas devem ser isoladas e sinalizadas e, se neces- 18.7.2.6O talude da escavação, quando indicado no projeto,
sário, possuir controle de acesso, de modo a evitar a entrada e a deve ser protegido contra os efeitos da erosão interna e superficial
permanência no local de pessoas não autorizadas. durante a execução da obra.
18.6.18Os canteiros de obras devem estar protegidos por Sis- 18.7.2.7Nas bordas da escavação, deve ser mantida uma faixa
tema de Proteção contra Descargas Atmosféricas - SPDA, projetado, de proteção de no mínimo 1 m (um metro), livre de cargas, bem
construído e mantido conforme normas técnicas nacionais vigentes. como a manutenção de proteção para evitar a entrada de águas
18.6.18.1O cumprimento do disposto neste subitem é dispen- superficiais na cava da escavação.
sado nas situações previstas em normas técnicas nacionais vigen- 18.7.2.8As escavações com profundidade superior a 1,25 m
tes, mediante laudo emitido por profissional legalmente habilitado. (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ser protegidas com
18.6.19O trabalho em proximidades de redes elétricas energi- taludes ou escoramentos definidos em projeto elaborado por pro-
zadas, internas ou externas ao fissional legalmente habilitado e devem dispor de escadas ou ram-
canteiro de obras, só é permitido quando protegido contra o pas colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir,
choque elétrico e arco elétrico. em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores.
18.6.20Nas atividades de montagens metálicas, onde houver 18.7.2.8.1Para escavações com profundidade igual ou inferior
a possibilidade de acúmulo de energia estática, deve ser realizado a 1,25 m (um metro e vinte e cinco centímetros), deve-se avaliar no
aterramento da estrutura desde o início da montagem. local a existência de riscos ocupacionais e, se necessário, adotar as
medidas de prevenção.
18.7 Etapas de obra 18.7.2.9As escavações do canteiro de obras próximas de edifi-
18.7.1Demolição cações devem ser monitoradas e o resultado documentado.
18.7.1.1Deve ser elaborado e implementado Plano de Demo- 18.7.2.10Quando existir, na proximidade da escavação, cabos
lição, sob responsabilidade de profissional legalmente habilitado, elétricos, tubulações de água, esgoto, gás e outros, devem ser to-
contemplando os riscos ocupacionais potencialmente existentes madas medidas preventivas de modo a eliminar o risco de aciden-
em todas as etapas da demolição e as medidas de prevenção a se- tes durante a execução da escavação.
rem adotadas para preservar a segurança e a saúde dos trabalha- 18.7.2.11Os escoramentos utilizados como medida de preven-
dores. ção devem ser inspecionados diariamente.
18.7.1.2O Plano de Demolição deve considerar: 18.7.2.12Quando for necessário o trânsito de pessoas sobre
a)as linhas de fornecimento de energia elétrica, água, inflamá- as escavações, devem ser construídas passarelas em conformidade
veis líquidos e gasosos liquefeitos, substâncias tóxicas, canalizações com o item 18.8 desta NR.
de esgoto e de escoamento de água e outros; 18.7.2.13O tráfego próximo às escavações deve ser desviado,
b)as construções vizinhas à obra; ou, na sua impossibilidade, devem ser adotadas medidas para re-
c)a remoção de materiais e entulhos; dução da velocidade dos veículos.
d)as aberturas existentes no piso;
e)as áreas para a circulação de emergência; Fundação
f)a disposição dos materiais retirados; 18.7.2.14Em caso de utilização de bate-estacas, os cabos de
g)a propagação e o controle de poeira; sustentação do pilão, em qualquer posição de trabalho, devem ter
h)o trânsito de veículos e pessoas. comprimento mínimo em torno do tambor definido pelo fabricante
18.7.2Escavação, fundação e desmonte de rochas ou pelo profissional legalmente habilitado.
18.7.2.1O serviço de escavação, fundação e desmonte de ro- 18.7.2.15Quando o bate-estacas não estiver em operação, o
chas deve ser realizado e supervisionado conforme projeto elabo- pilão deve permanecer em repouso sobre o solo ou no fim da guia
rado por profissional legalmente habilitado. do seu curso.
18.7.2.2Os locais onde são realizadas as atividades de escava-
ção, fundação e desmonte de rochas, quando houver riscos, devem Tubulão escavado manualmente
ter sinalização de advertência, inclusive noturna, e barreira de iso- 18.7.2.16É proibida a utilização de sistema de tubulão escavado
lamento em todo o seu perímetro, de modo a impedir a entrada de manualmente com profundidade superior a 15 m (quinze metros).
veículos e pessoas não autorizadas. 18.7.2.17O tubulão escavado manualmente deve:
18.7.2.2.1A sinalização deve ser colocada de modo visível em a)ser encamisado em toda a sua extensão;
número e tamanho adequados. Escavação b)ser executado após sondagem ou estudo geotécnico local,
para profundidade superior a 3 m (três metros); e
c)possuir diâmetro mínimo de 0,9 m (noventa centímetros).
500
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.7.2.17.1A escavação manual de tubulão acima do nível 18.7.2.24O armazenamento, manuseio e transporte de explosi-
d’água ou abaixo dele somente pode ser executada nos casos em vos deve obedecer às recomendações de segurança do fabricante e
que o solo se mantenha estável, sem risco de desmoronamento, e aos regulamentos definidos pelo órgão responsável.
seja possível controlar a água no seu interior. 18.7.2.25Para a operação de desmonte de rocha a fogo, com
18.7.2.18A atividade de escavação manual de tubulão deve ser a utilização de explosivos, é obrigatória a elaboração de um Plano
precedida de plano de resgate e remoção. de Fogo para cada detonação, por profissional legalmente habilita-
18.7.2.19Os trabalhadores envolvidos na atividade de escava- do, considerando os riscos ocupacionais e as medidas de prevenção
ção manual de tubulão devem: para assegurar a segurança e saúde dos trabalhadores.
a)possuir capacitação específica de acordo com o Anexo I desta 18.7.2.26Na operação de desmonte de rocha a fogo, fogacho
NR, de acordo com a NR-33 (Segurança e Saúde no Trabalho em ou mista, deve haver um blaster responsável pelo armazenamento
Espaços Confinados) e com a NR-35 (Trabalho em Altura); e preparação das cargas, carregamento das minas, ordem de fogo
b)ter exames médicos atualizados de acordo com a NR-07 (Pro- e detonação e retirada dos explosivos que não explodiram e sua
grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional). destinação adequada.
18.7.2.20As ocorrências e as atividades sequenciais da escava- 18.7.2.27Em casos especiais, quando da necessidade de o car-
ção manual do tubulão devem ser registradas diariamente em livro regamento dos explosivos ser executado simultaneamente com a
próprio por profissional legalmente habilitado. perfuração da rocha, deve ser garantida uma distância mínima, de-
18.7.2.21No tubulão escavado manualmente, são proibidos: terminada pelo blaster, entre o local do carregamento e o local de
a)o trabalho simultâneo em bases alargadas em tubulões adja- perfuração.
centes, sejam estes trabalhos de escavação e/ou de concretagem; 18.7.2.28Antes da introdução das cargas deve ser verificada a
b)a abertura simultânea de bases tangentes. existência de obstrução nos furos.
18.7.2.22O equipamento de descida e içamento de trabalha- 18.5.2.29 O carregamento dos furos deve ser efetuado imedia-
dores e materiais utilizados no processo de escavação manual de tamente antes da detonação.
tubulão deve: 18.7.2.30A área de fogo deve ser protegida para evitar a proje-
a)dispor de sistema de sarilho, projetado por profissional le- ção de partículas quando expuser a risco trabalhadores e terceiros.
galmente habilitado, fixado no terreno, fabricado em material re- 18.7.2.31Durante o carregamento só devem permanecer no
sistente e com rodapé de 0,2 m (vinte centímetros) em sua base, local os trabalhadores envolvidos na atividade, conforme condições
dimensionado conforme a carga e apoiado com, no mínimo, 0,5 m estabelecidas pelo blaster.
(cinquenta centímetros) de afastamento em relação à borda do tu- 18.7.2.32O aviso final da detonação deve ser feito por meio de
bulão; sirene, com intensidade de som suficiente para que seja ouvido em
b)ser dotado de sistema de segurança com travamento; todos os setores da obra e no entorno.
c)possuir dupla trava de segurança no sarilho, sendo uma de 18.7.2.33O tempo de retorno ao local da detonação deve ser
cada lado; definido pelo blaster.
d)possuir corda de cabo de fibra sintética que atenda às reco- 18.7.2.34Os explosivos e espoletas não utilizados devem ser
mendações do Anexo II desta NR; recolhidos aos seus respectivos depósitos após cada fogo.
e)utilizar corda de sustentação do balde com comprimento 18.7.3Carpintaria e armação
de modo que haja, em qualquer posição de trabalho, no mínimo 6 18.7.3.1As áreas de trabalho dos serviços de carpintaria e onde
(seis) voltas sobre o tambor; são realizadas as atividades de corte, dobragem e armação de ver-
f)ter gancho com trava de segurança na extremidade da corda galhões de aço devem:
do balde. a)ter piso resistente, nivelado e antiderrapante;
18.7.2.22.1A operação do equipamento de descida e içamento b)possuir cobertura capaz de proteger os trabalhadores contra
de trabalhadores e materiais utilizados no processo de escavação intempéries e queda de materiais;
manual de tubulão deve atender às seguintes medidas: c)possuir lâmpadas para iluminação protegidas contra impac-
a)liberar o serviço em cada etapa (abertura de fuste e alarga- tos provenientes da projeção de partículas;
mento de base), registrada no livro de registro diário de escavação; d)ter coletados e removidos, diariamente, os resíduos das ati-
b)dispor de sistema de ventilação por insuflação de ar por duto, vidades.
captado em local isento de fontes de poluição, ou, em caso contrá- 18.7.3.2A área de movimentação de vergalhões de aço deve
rio, adotar processo de filtragem do ar; ser isolada para evitar a circulação de pessoas não envolvidas na
c)depositar materiais longe da borda do tubulão, com distância atividade.
determinada pelo estudo geotécnico; 18.7.3.3Os feixes de vergalhões de aço que forem deslocados
d)ter cobertura quando o serviço for executado a céu aberto; por equipamentos de guindar devem ser amarrados de modo a evi-
e)isolar, sinalizar e fechar os poços nos intervalos e no término tar escorregamento.
da jornada de trabalho; 18.7.3.4As armações de pilares, vigas e outras estruturas de-
f)impedir o trânsito de veículos nos locais de trabalho; vem ser apoiadas e escoradas para evitar tombamento e desmo-
g)paralisar imediatamente as atividades de escavação no início ronamento.
de chuvas quando o serviço for executado a céu aberto; 18.7.3.5É obrigatória a colocação de pranchas de material re-
h)utilizar iluminação blindada e à prova de explosão. sistente firmemente apoiadas sobre as armações, para a circulação
Tubulão com pressão hiperbárica de trabalhadores.
18.7.2.23É proibida a execução de fundação por meio de tubu- 18.7.3.6As extremidades de vergalhões que ofereçam risco
lão de ar comprimido. Desmonte de rochas para os trabalhadores devem ser protegidas.
18.7.4Estrutura de concreto
501
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.7.4.1O projeto das fôrmas e dos escoramentos, indicando a b)sejam liberados após constatação da ausência de atividades
sequência de retirada das escoras, deve ser elaborado por profissio- incompatíveis com o trabalho a quente.
nal legalmente habilitado. 18.7.6.6Devem ser tomadas as seguintes medidas de preven-
18.7.4.2Na montagem das fôrmas e na desforma, são obrigató- ção contra incêndio nos locais onde se realizam trabalhos a quente:
rios o isolamento e a sinalização da área no entorno da atividade, a)eliminar ou manter sob controle possíveis riscos de incên-
além de serem previstas as medidas de prevenção de forma a impe- dios;
dir a queda livre das peças. b)instalar proteção contra o fogo, respingos, calor, fagulhas ou
18.7.4.3A operação de concretagem deve ser supervisionada borras, de modo a evitar o contato com materiais combustíveis ou
por trabalhador capacitado, devendo ser observadas as seguintes inflamáveis, bem como evitar a interferência em atividades parale-
medidas: las ou na circulação de pessoas;
a)inspecionar os equipamentos e os sistemas de alimentação c)manter sistema de combate a incêndio desobstruído e próxi-
de energia antes e durante a execução dos serviços; mo à área de trabalho;
b)inspecionar as peças e máquinas do sistema transportador d)inspecionar, ao término do trabalho, o local e as áreas adja-
de concreto antes e durante a execução dos serviços; centes, a fim de evitar princípios de incêndio.
c)inspecionar o escoramento e a resistência das fôrmas antes e 18.7.6.7Para o controle de fumos e contaminantes decorren-
durante a execução dos serviços; tes dos trabalhos a quente, devem ser implementadas as seguintes
d)isolar e sinalizar o local onde se executa a concretagem, sen- medidas:
do permitido o acesso somente à equipe responsável; a)limpar adequadamente a superfície e remover os produtos
e)dotar as caçambas transportadoras de concreto de dispositi- de limpeza utilizados, antes de realizar qualquer operação;
vos de segurança que impeçam o seu descarregamento acidental. b)providenciar renovação de ar em ambientes fechados a fim
18.7.4.4Durante as operações de protensão e desprotensão de eliminar gases, vapores e fumos empregados e/ou gerados du-
dos tirantes, a área no entorno da atividade deve ser isolada e si- rante os trabalhos a quente.
nalizada, sendo proibida a permanência de trabalhadores atrás ou 18.7.6.8Sempre que ocorrer mudança nas condições ambien-
sobre os dispositivos de protensão, ou em outro local que ofereça tais, as atividades devem ser interrompidas, avaliando-se as condi-
riscos. ções ambientais e adotando-se as medidas necessárias para ade-
18.7.4.5Quando o local de lançamento de concreto não for vi- quar a renovação de ar.
sível pelo operador do equipamento de transporte ou da bomba de 18.7.6.9Nos trabalhos a quente que utilizem gases, devem ser
concreto, deve ser utilizado um sistema de sinalização, sonoro ou adotadas as seguintes medidas:
visual, e, quando isso não for possível, deve haver comunicação por a)utilizar somente gases adequados à aplicação, de acordo com
telefone ou rádio para determinar o início e o fim do lançamento. as informações do fabricante;
18.7.5Estruturas metálicas b)seguir as determinações indicadas na Ficha de Informação de
18.7.5.1Toda montagem, manutenção e desmontagem de es- Segurança de Produtos Químicos - FISPQ;
trutura metálica deve estar sob responsabilidade de profissional c)utilizar reguladores de pressão e manômetros calibrados e
legalmente habilitado. em conformidade com o gás empregado;
18.7.5.2Na montagem de estruturas metálicas, o SPIQ e os d)utilizar somente acendedores apropriados, que produzam
meios de acessos dos trabalhadores à estrutura devem estar pre- somente centelhas e não possuam reservatório de combustível,
vistos no PGR da obra. para o acendimento de chama do maçarico;
18.7.5.3Nas operações de montagem, desmontagem e manu- e)impedir o contato de oxigênio a alta pressão com matérias
tenção das estruturas metálicas, o trabalhador deve ter recipiente orgânicas, tais como óleos e graxas.
e/ou suporte adequado para depositar materiais e/ou ferramentas. 18.7.6.10É proibida a instalação de adaptadores entre o cilin-
18.7.6Trabalho a quente dro e o regulador de pressão.
18.7.6.1Para fins desta NR, considera-se trabalho a quente as 18.7.6.11No caso de equipamento de oxiacetileno, deve ser
atividades de soldagem, goivagem, esmerilhamento, corte ou ou- utilizado dispositivo contra retrocesso de chama nas alimentações
tras que possam gerar fontes de ignição, tais como aquecimento, da mangueira e do maçarico.
centelha ou chama. 18.7.6.12Somente é permitido emendar mangueiras por meio
18.7.6.2Deve ser elaborada análise de risco específica para tra- do uso de conector em conformidade com as especificações técni-
balhos a quente quando: cas do fabricante.
a)houver materiais combustíveis ou inflamáveis no entorno; 18.7.6.13Os cilindros de gás devem ser:
b)for realizado em área sem prévio isolamento e não destinada a)mantidos em posição vertical e devidamente fixados;
para este fim. b)afastados de chamas, de fontes de centelhamento, de calor e
18.7.6.3Quando definido na análise de risco, deve haver um de produtos inflamáveis;
trabalhador observador para exercer a vigilância da atividade de c)instalados de forma a não se tornar parte de circuito elétrico,
trabalho a quente até a conclusão do serviço. mesmo que acidentalmente;
18.7.6.4O trabalhador observador deve ser capacitado em pre- d)transportados na posição vertical, com capacete rosqueado,
venção e combate a incêndio. por meio de equipamentos apropriados, devidamente fixados, evi-
18.7.6.5Nos locais onde se realizam trabalhos a quente, deve tando-se colisões;
ser efetuada inspeção preliminar, de modo a assegurar que o local e)mantidos com as válvulas fechadas e guardados com o pro-
de trabalho e áreas adjacentes: tetor de válvulas (capacete rosqueado), quando inoperantes ou va-
a)estejam limpos, secos e isentos de agentes combustíveis, in- zios.
flamáveis, tóxicos e contaminantes;
502
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.7.6.14Sempre que o serviço for interrompido, devem ser fe- 18.7.8.2É proibida a realização de trabalho ou atividades em
chadas as válvulas dos cilindros, dos maçaricos e dos distribuidores telhados ou coberturas:
de gases. a)sobre superfícies instáveis ou que não possuam resistência
18.7.6.15Os equipamentos e as mangueiras inoperantes ou estrutural;
que não estejam sendo utilizados devem ser mantidos fora dos es- b)sobre superfícies escorregadias;
paços confinados. c)sob chuva, ventos fortes ou condições climáticas adversas;
18.7.6.16São proibidas a instalação, a utilização e o armazena- d)sobre fornos ou qualquer outro equipamento do qual haja
mento de cilindros de gases em ambientes confinados. emanação de gases provenientes de processos industriais, deven-
18.7.6.17Nas operações de soldagem ou corte a quente de va- do o equipamento ser previamente desligado ou serem adotadas
silhame, recipiente, tanque ou similar que envolvam geração de ga- medidas de prevenção no caso da impossibilidade do desligamento;
ses, é obrigatória a adoção de medidas preventivas adicionais para e)com a concentração de cargas em um mesmo ponto sobre
eliminar riscos de explosão e intoxicação do trabalhador. telhado ou cobertura, exceto se autorizada por profissional legal-
18.7.7Serviços de impermeabilização mente habilitado.
18.7.7.1Os serviços de aquecimento, transporte e aplicação de
impermeabilizante em edificações devem atender às normas técni- 18.8 Escadas, rampas e passarelas
cas nacionais vigentes. 18.8.1É obrigatória a instalação de escada ou rampa para trans-
18.7.7.2O reservatório para aquecimento deve possuir: posição de pisos com diferença de nível superior a 0,4 m (quarenta
a)nome e CNPJ da empresa fabricante ou importadora em ca- centímetros) como meio de circulação de trabalhadores.
racteres indeléveis; 18.8.2A utilização de escadas e rampas deve observar os se-
b)manual técnico de operação disponível aos trabalhadores; guintes ângulos de inclinação:
c)tampa com respiradouro de segurança; a)para rampas, ângulos inferiores a 15° (quinze graus);
d)medidor de temperatura. b)para escadas móveis, ângulos entre 50° (cinquenta graus) e
18.7.7.3O local de instalação do reservatório para aquecimento 75° (setenta e cinco graus), ou de acordo com as recomendações
deve: do fabricante;
a)possuir ventilação natural ou forçada; c)para escadas fixas tipo vertical, ângulos entre 75° (setenta e
b)estar nivelado; cinco graus) e 90° (noventa graus).
c)ter isolamento e sinalização de advertência; 18.8.3É obrigatória a instalação de passarelas quando for ne-
d)ser mantido limpo e organizado. cessário o trânsito de pessoas sobre vãos com risco de queda de
18.7.7.4A armazenagem dos produtos utilizados nas operações altura.
de impermeabilização, inclusive os cilindros de gás, deve ser reali- 18.8.4As escadas, rampas e passarelas devem ser dimensiona-
zada em local isolado, sinalizado, ventilado, protegido contra risco das e construídas em função das cargas a que estarão submetidas.
de incêndio e distinto do local de instalação dos equipamentos de 18.8.5O transporte de materiais deve ser feito por meio ade-
aquecimento. quado, quando utilizadas escadas que demandem o uso das mãos
18.7.7.5Os sistemas de aquecimento a gás devem atender aos como ponto de apoio para o acesso ou para a execução do trabalho.
seguintes requisitos: 18.8.6Escadas
a)cilindros de gás devem ter capacidade de, no mínimo, 8 kg Escada fixa de uso coletivo
(oito quilos); 18.8.6.1As escadas de uso coletivo devem:
b)cilindros de gás devem ser instalados a, no mínimo, 3 m (três a)ser dimensionadas em função do fluxo de trabalhadores;
metros) do equipamento de aquecimento; b)ser dotadas de sistema de proteção contra quedas, de acordo
c)cilindros de gás com capacidade igual ou superior a 45 kg com o subitem 18.9.4.1 ou
(quarenta e cinco quilos) devem estar sobre rodas; 18.9.4.2 desta NR;
d)devem ser utilizados tubos ou mangueiras flexíveis de, no mí- c)ter largura mínima de 0,8 m (oitenta centímetros);
nimo, 5 m (cinco metros), previstos nas normas técnicas nacionais d)ter altura uniforme entre os degraus de, no máximo, 0,2 m
vigentes. (vinte centímetros);
18.7.7.6O sistema de aquecimento a gás deve ser inspeciona- e)ter patamar intermediário, no máximo, a cada 2,9 m (dois
do, quanto à existência de vazamentos, a cada intervenção. metros e noventa centímetros) de altura, com a mesma largura da
18.7.7.7A limpeza e a manutenção do equipamento de aqueci- escada e comprimento mínimo igual à largura;
mento devem seguir as recomendações do fabricante. f)ter piso com forração completa e antiderrapante;
18.7.7.8Nos serviços de impermeabilização, é proibido: g)ser firmemente fixadas em suas extremidades.
a)utilizar aquecimento à lenha; Escada fixa vertical
b)movimentar equipamento de aquecimento com a tampa 18.8.6.2A escada fixa vertical deve:
destravada. a)suportar os esforços solicitantes;
18.7.7.9Os trabalhadores envolvidos na atividade devem ser b)possuir corrimão ou continuação dos montantes da escada
capacitados conforme definido no Anexo I desta NR. ultrapassando a plataforma de descanso ou o piso superior com al-
18.7.8Telhados e coberturas tura entre 1,1 m (um metro e dez centímetros) a 1,2 m (um metro
18.7.8.1No serviço em telhados e coberturas que excedam 2 m e vinte centímetros);
(dois metros) de altura com risco de queda de pessoas, aplica-se o c)largura entre 0,4 m (quarenta centímetros) e 0,6 m (sessenta
disposto na NR-35. centímetros);
18.7.8.1.1O acesso ao SPIQ instalado sobre telhados e cobertu- d)ter altura máxima de 10 m (dez metros), se for de um único
ras deve ser projetado de forma que não ofereça risco de quedas. lance;
503
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
e)ter altura máxima de 6 m (seis metros) entre duas platafor- 18.8.6.14É proibido o uso de escada de mão com montante
mas de descanso, se for de múltiplos lances; único.
f)possuir plataforma de descanso com dimensões mínimas de 18.8.6.15A escada de mão deve ter seu uso restrito para servi-
0,6 m x 0,6 m (sessenta centímetros por sessenta centímetros) e ços de pequeno porte e acessos temporários.
dotada de sistema de proteção contra quedas, de acordo o subitem Escada portátil dupla (cavalete, abrir ou autossustentável)
18.9.4.1 ou 18.9.4.2 desta NR; 18.8.6.16As escadas duplas devem:
g)espaçamento uniforme dos degraus entre 0,25 m (vinte e cin- a)possuir, no máximo, 6 m (seis metros) de comprimento quan-
co centímetros) e 0,3 m (trinta centímetros); do fechadas;
h)fixação na base, a cada 3 m (três metros), e no topo na parte b)ser utilizadas com os limitadores de abertura operantes e nas
superior. posições indicadas pelo fabricante;
i)espaçamento entre o piso e a primeira barra não superior a c)ter a estabilidade garantida, quando da utilização de ferra-
0,4 m (quarenta centímetros); mentas e materiais aplicados na atividade.
j)distância em relação à estrutura em que é fixada de, no míni- 18.8.6.17As escadas duplas devem ser utilizadas apenas para
mo, 0,15 m (quinze centímetros); a realização de atividades com ela compatíveis, sendo proibida sua
k)dispor de lances em eixos paralelos distanciados, no mínimo, utilização para a transposição de nível.
0,7 m (setenta centímetros) entre eixos. Escada portátil extensível
18.8.6.3É obrigatória a utilização de SPIQ em escadas tipo fixa 18.8.6.18As escadas extensíveis devem:
vertical com altura superior a 2 m (dois metros). a)ser dotadas de dispositivo limitador de curso, colocado no
Escadas portáteis quarto vão a contar da catraca, ou conforme determinado pelo fa-
18.8.6.4As escadas de madeira não devem apresentar farpas, bricante;
saliências ou emendas. b)permitir sobreposição de, no mínimo, 1 m (um metro), quan-
18.8.6.5A seleção do tipo de escada portátil como meio de do estendida, caso não haja limitador de curso;
acesso e local de trabalho deve considerar a sua característica e se c)ser fixada em estrutura resistente e estável em pelo menos
a tarefa a ser realizada pode ser feita com segurança. um ponto, de preferência no nível superior;
18.8.6.6A escada portátil deve ser selecionada: d)ter a base apoiada a uma distância entre 1/5 (um quinto) e
a)de acordo com a carga projetada, de forma a resistir ao peso 1/3 (um terço) em relação à altura;
aplicado durante o acesso ou a execução da tarefa; e)ser posicionada de forma a ultrapassar em pelo menos 1 m
b)considerando os esforços quando da utilização de sistemas (um metro) o nível superior, quando usada para acesso.
de proteção contra quedas; 18.8.6.19A escada extensível com mais de 7 m (sete metros)
c)considerando as situações de resgate. de comprimento deve possuir sistema de travamento (tirante ou
18.8.6.7As escadas portáteis devem: vareta de segurança) para impedir que os montantes fiquem soltos
a)ter espaçamento uniforme entre os degraus de 0,25 m (vinte e prejudiquem a estabilidade.
e cinco centímetros) a 0,3 m (trinta centímetros); 18.8.7Rampas e passarelas
b)ser dotadas de degraus antiderrapantes; 18.8.7.1As rampas e passarelas devem:
c)ser apoiadas em piso resistente; a)ser dimensionadas em função de seu comprimento e das car-
d)ser fixadas em seus apoios ou possuir dispositivo que impeça gas a que estarão submetidas;
seu escorregamento. b)possuir sistema de proteção contra quedas em todo o perí-
18.8.6.8É proibido utilizar escada portátil: metro, conforme o subitem 18.9.4.1 ou 18.9.4.2 desta NR;
a)nas proximidades de portas ou áreas de circulação, de aber- c)ter largura mínima de 0,8 m (oitenta centímetros);
turas e vãos e em locais onde haja risco de queda de objetos ou d)ter piso com forração completa e antiderrapante;
materiais, exceto quando adotadas medidas de prevenção; e)ser firmemente fixadas em suas extremidades.
b)em estruturas sem resistência; 18.8.7.2Nas rampas com inclinação superior a 6° (seis graus),
c)junto a redes e equipamentos elétricos energizados despro- devem ser fixadas peças transversais, espaçadas em, no máximo,
tegidos. 0,4 m (quarenta centímetros) ou outro dispositivo de apoio para
18.8.6.9No caso do uso de escadas portáteis nas proximidades os pés.
de portas ou áreas de circulação, a área no entorno dos serviços
deve ser isolada e sinalizada. 18.9 Medidas de prevenção contra queda de altura
18.8.6.10As escadas portáteis devem ser usadas por uma pes- 18.9.1É obrigatória a instalação de proteção coletiva onde hou-
soa de cada vez, exceto quando especificado pelo fabricante o uso ver risco de queda de trabalhadores ou de projeção de materiais e
simultâneo. objetos no entorno da obra, projetada por profissional legalmente
18.8.6.11Durante a subida e descida de escadas portáteis, o habilitado.
trabalhador deve estar apoiado em três pontos. 18.9.2As aberturas no piso devem:
18.8.6.12As escadas portáteis devem possuir sapatas antider- a)ter fechamento provisório constituído de material resistente
rapantes ou dispositivo que impeça o seu escorregamento. travado ou fixado na estrutura; ou
Escada portátil de uso individual (de mão) b)ser dotada de sistema de proteção contra quedas, de acordo
18.8.6.13As escadas de mão devem: com o subitem 18.9.4.1 ou 18.9.4.2 desta NR.
a)possuir, no máximo, 7 m (sete metros) de extensão; 18.9.3Os vãos de acesso às caixas dos elevadores devem ter
b)ultrapassar em pelo menos 1 m (um metro) o piso superior; fechamento provisório de toda a abertura, constituído de material
c)possuir degraus fixados aos montantes por meios que garan- resistente, travado ou fixado à estrutura, até a colocação definitiva
tam sua rigidez. das portas.
504
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.9.4É obrigatória, na periferia da edificação, a instalação de 18.10.1.2As máquinas e equipamentos estacionários devem
proteção contra queda de trabalhadores e projeção de materiais a estar localizados em ambiente coberto e com iluminação adequada
partir do início dos serviços necessários à concretagem da primeira às atividades.
laje. 18.10.1.3Devem ser elaborados procedimentos de segurança
18.9.4.1A proteção, quando constituída de anteparos rígidos para o trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas não
com fechamento total do vão, deve ter altura mínima de 1,2 m (um contempladas no campo de aplicação da NR-12.
metro e vinte centímetros). 18.10.1.4Nas obras com altura igual ou superior a 10 m (dez
18.9.4.2A proteção, quando constituída de anteparos rígidos metros), é obrigatória a instalação de máquina ou equipamento de
em sistema de guarda-corpo e rodapé, deve atender aos seguintes transporte vertical motorizado de materiais.
requisitos: 18.10.1.4.1As máquinas ou equipamentos de transporte de
a)travessão superior a 1,2 m (um metro e vinte centímetros) materiais devem possuir dispositivos que impeçam a descarga aci-
de altura e resistência à carga horizontal de 90 kgf/m (noventa qui- dental do material.
logramas-força por metro), sendo que a deflexão máxima não deve 18.10.1.5A serra circular deve:
ser superior a 0,076 m (setenta e seis milímetros); a)ser projetada por profissional legalmente habilitado;
b)travessão intermediário a 0,7 m (setenta centímetros) de al- b)ser dotada de estrutura metálica estável;
tura e resistência à carga horizontal de 66 kgf/m (sessenta e seis c)ter o disco afiado e travado, devendo ser substituído quando
quilogramas-força por metro); apresentar defeito;
c)rodapé com altura mínima de 0,15 m (quinze centímetros) d)possuir dispositivo que impeça o aprisionamento do disco e
rente à superfície e resistência à carga horizontal de 22 kgf/m (vinte o retrocesso da madeira;
e dois quilogramas-força por metro); e)dispor de dispositivo que possibilite a regulagem da altura
d)ter vãos entre travessas preenchidos com tela ou outro dis- do disco;
positivo que garanta o fechamento seguro da abertura. f)ter coletor de serragem;
18.9.4.3Quando da utilização de plataformas de proteção pri- g)ser dotada de dispositivo empurrador e guia de alinhamento,
mária, secundária ou terciária, essas devem ser projetadas por pro- quando necessário;
fissional legalmente habilitado e atender aos seguintes requisitos: h)ter coifa ou outro dispositivo que impeça a projeção do disco
a)ser projetada e construída de forma a resistir aos impactos de corte.
das quedas de objetos;
b)ser mantida em adequado estado de conservação; Máquina autopropelida
c)ser mantida sem sobrecarga que prejudique a estabilidade de 18.10.1.6Na operação com máquina autopropelida, devem ser
sua estrutura. observadas as seguintes medidas de segurança:
18.9.4.4Quando da utilização de redes de segurança, essas de- a)as zonas de perigo e as partes móveis devem possuir pro-
vem ser confeccionadas e instaladas de acordo com os requisitos de teções de modo a impedir o acesso de partes do corpo do traba-
segurança e ensaios previstos nas normas EN 1263-1 e EN 1263-2 lhador, podendo ser retiradas somente para limpeza, lubrificação,
ou em normas técnicas nacionais vigentes. reparo e ajuste, e, após, devem ser, obrigatoriamente, recolocadas;
18.9.4.4.1O projeto de redes de segurança deve conter o pro- b)os operadores não podem se afastar do equipamento sob
cedimento das fases de montagem, ascensão e desmontagem. sua responsabilidade quando em funcionamento;
18.9.4.4.2As redes devem apresentar malha uniforme em toda c)nas paradas temporárias ou prolongadas, devem ser adota-
a sua extensão. das medidas com o objetivo de eliminar riscos provenientes de fun-
18.9.4.4.3Quando necessárias emendas na panagem da rede, cionamento acidental;
devem ser asseguradas as mesmas características da rede original, d)quando o operador do equipamento tiver a visão dificultada
com relação à resistência, à tração e à deformação, além da durabi- por obstáculos, deve ser exigida a presença de um trabalhador ca-
lidade, sendo proibidas emendas com sobreposições da rede. pacitado para orientar o operador;
18.9.4.4.4As emendas devem ser feitas por profissional capaci- e)em caso de superaquecimento de pneus e sistema de freio,
tado, sob supervisão de profissional legalmente habilitado. devem ser tomadas precauções especiais, prevenindo-se de possí-
18.9.4.4.5O sistema de redes deve ser submetido a uma inspe- veis explosões ou incêndios;
ção semanal para verificação das condições de todos os seus ele- f)possuir retrovisores e alarme sonoro acoplado ao sistema de
mentos e pontos de fixação. câmbio quando operada em marcha a ré;
18.9.4.4.6As redes, os elementos de sustentação e os acessó- g)não deve ser operada em posição que comprometa sua es-
rios devem ser armazenados em local apropriado, seco e acondicio- tabilidade;
nados em recipientes adequados. h)antes de iniciar a movimentação ou dar partida no motor, é
18.9.4.4.7As redes, quando utilizadas para proteção de perife- preciso certificar-se de que não há ninguém sobre, debaixo ou per-
ria, devem estar associadas a um sistema, com altura mínima de 1,2 to dos mesmos, de modo a garantir que a movimentação da máqui-
m (um metro e vinte centímetros), que impeça a queda de mate- na não exponha trabalhadores ou terceiros a acidentes;
riais e objetos. i)assegurar que, antes da operação, esteja brecada e com suas
rodas travadas, implementando medidas adicionais no caso de pi-
18.10 Máquinas, equipamentos, ferramentas sos inclinados ou irregulares.
18.10.1Máquinas e equipamentos 18.10.1.7A inspeção, limpeza, ajuste e reparo somente devem
18.10.1.1As máquinas e os equipamentos devem atender ao ser executados com a máquina desligada, salvo se o movimento for
disposto na NR-12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipa- indispensável à realização da inspeção ou ajuste.
mentos).
505
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.10.1.8É proibido manter sustentação de máquinas autopro- sárias, utilização conjunta de mais de um equipamento de guindar,
pelidas somente pelos cilindros hidráulicos, quando em manuten- ensaios e/ou treinamentos preliminares e qualquer outra situação
ção. singular de alto risco;
18.10.1.9O abastecimento de máquinas autopropelidas com h)conter lista de verificação do equipamento e dos dispositivos
motor a explosão deve ser realizado por trabalhador capacitado, auxiliares de movimentação de carga, emitida pelo fabricante, loca-
em local apropriado, utilizando-se de técnica e equipamentos que dor ou profissional legalmente habilitado;
garantam a segurança da operação. i)conter lista de verificação para plataforma de carga e descar-
18.10.1.10O processo de enchimento ou esvaziamento de ga, emitida por profissional legalmente habilitado;
pneus deve ser feito de modo gradativo, com medições sucessivas j)conter medidas preventivas complementares quando no mes-
da pressão, dentro de gaiolas de proteção, projetadas para esse fim, mo local houver outro equipamento de guindar com risco de inter-
de modo a resguardar a segurança do trabalhador. ferência entre seus movimentos.
18.10.1.11O transporte de acessórios e materiais por içamento 18.10.1.17.1Para grua, além do disposto neste subitem, deve
deve ser feito o mais próximo possível do piso, com o isolamento da ser indicada a altura inicial e final, o comprimento da lança, a capa-
área, em conformidade com a análise de risco. cidade de carga na ponta, a capacidade máxima de carga, se provida
18.10.1.12Devem ser tomadas precauções especiais quando ou não de coletor elétrico e a planilha de esforços sobre a base e
da movimentação de máquinas autopropelidas próxima a redes sobre os locais de ancoragens do equipamento.
elétricas. 18.10.1.18Deve ser elaborada análise de risco para movimen-
18.10.1.13A máquina autopropelida com massa (tara) superior tação de cargas, sendo que, quando a movimentação for rotineira, a
a 4.500 kg (quatro mil e quinhentos quilos) deve possuir cabine cli- análise pode estar descrita em procedimento operacional.
matizada e oferecer proteção contra queda e projeção de objetos e 18.10.1.19Deve ser elaborada análise de risco específica para
contra incidência de raios solares e intempéries. (Vide prazo - Por- movimentação de cargas não- rotineiras, com a respectiva permis-
taria SEPRT nº 3.733, de 10/02/20) são de trabalho.
18.10.1.14A máquina autopropelida com massa (tara) igual ou 18.10.1.20Quando da utilização de equipamento de guindar
inferior a 4.500 kg (quatro mil e quinhentos quilos) deve possuir sobre base móvel, a sua estabilidade deve ser garantida, assim
posto de trabalho protegido contra queda e projeção de objetos e como a da superfície onde será utilizado, atendendo às recomenda-
contra incidência de raios solares e intempéries. ções do fabricante ou do profissional legalmente habilitado.
Equipamentos de guindar 18.10.1.21Devem ser mantidos o isolamento e a sinalização da
18.10.1.15Para fins de aplicação dos subitens 18.10.1.16 a área sob carga suspensa.
18.10.1.44, consideram-se equipamentos de guindar as gruas, in- 18.10.1.22Quando no mesmo local houver dois ou mais equi-
clusive as de pequeno porte, os guindastes, os pórticos, as pontes pamentos de guindar com risco de interferência entre seus movi-
rolantes e equipamentos similares. mentos, deve haver sistema automatizado anticolisão instalado nos
18.10.1.16Os equipamentos de guindar devem ser utilizados equipamentos ou sinaleiro capacitado e autorizado para coordenar
de acordo com as recomendações do fabricante e com o plano de os movimentos desses equipamentos.
carga, elaborado por profissional legalmente habilitado e contem- 18.10.1.23Quando da utilização de equipamento de guindar, os
plado no PGR. seguintes documentos, quando aplicável, devem ser disponibiliza-
18.10.1.17O plano de carga para movimentação de carga sus- dos no canteiro de obras:
pensa deve ser elaborado para cada equipamento e conter as se- a)plano de cargas, conforme subitem 18.10.1.17 desta NR;
guintes informações: b)registro de todas as ações de manutenção preventivas e cor-
a)endereço do local onde o equipamento estiver instalado e a retivas e de inspeção do equipamento, ocorridas após a instalação
duração prevista para sua utilização; no local onde estiver em operação, e os termos de entrega técnica
b)razão social, endereço e CNPJ do fabricante, importador, lo- e liberação para uso, conforme disposto no item 12.11 da NR-12;
cador ou proprietário do equipamento e do responsável pela mon- c)comprovantes de capacitação e autorização do operador do
tagem, desmontagem e serviços de manutenção; equipamento de guindar em operação no local;
c)tipo, modelo, ano de fabricação, capacidade, dimensões e de- d)comprovantes de capacitação do sinaleiro/amarrador de car-
mais dados técnicos; gas e do trabalhador designado para inspecionar plataformas em
d)conter croquis ou planta baixa, mostrando a área coberta balanço para recebimento de cargas;
pela operacionalização do equipamento, de todas possíveis inter- e)projeto de fixação na edificação ou em estrutura indepen-
ferências dentro e fora dos limites da obra, e os principais locais de dente;
carregamento e descarregamento de materiais; f)projeto para a passarela de acesso à torre da grua;
e)indicar as medidas previstas para isolamento das áreas sob g)listas de verificação mencionadas nesta NR e instruções de
cargas suspensas e das áreas adjacentes que eventualmente pos- segurança emitidas, específicas à operacionalização do equipamen-
sam estar sob risco de queda de materiais; to;
f)especificar todos os dispositivos e acessórios auxiliares de iça- h)laudo de aterramento elétrico com medição ôhmica, confor-
mento que devem ser utilizados em cada operação, tais como gan- me normas técnicas nacionais vigentes, elaborado por profissional
chos, lingas, calços, contenedores especiais, balancins, manilhas, legalmente habilitado e atualizado semestralmente.
roldanas auxiliares e quaisquer outros necessários; 18.10.1.24O equipamento de guindar, de acordo com suas es-
g)detalhar procedimentos especiais que se façam necessários pecificidades, deve dispor dos seguintes itens de segurança:
com relação à movimentação de peças de grande porte, quanto à a)limitador de carga máxima;
preparação da área de operações, velocidades e percursos previs- b)limitador de altura que permita a frenagem do moitão na ele-
tos na movimentação da carga, sequenciamento de etapas neces- vação de cargas;
506
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)dispositivo de monitoramento na descida, se definido na aná- f)utilização de cordas de fibras naturais ou sintéticas como ele-
lise de risco; mentos de içamento de cargas, salvo cabos de fibra sintética previs-
d)alarme sonoro com acionamento automático quando o limi- tos nas normas técnicas nacionais vigentes;
tador de carga ou de momento estiver atuando; g)transporte de pessoas, salvo nas condições em operação de
e)alarme sonoro para ser acionado pelo operador em situações resgate e salvamento, sob supervisão de profissional legalmente
de risco e/ou alerta; habilitado, ou quando em conformidade com o item 4 do Anexo XII
f)trava de segurança no gancho do moitão; da NR-12;
g)dispositivo instalado nas polias que impeça o escape aciden- h)trabalho em condições climáticas adversas ou qualquer outra
tal dos cabos de aço; condição meteorológica que possa afetar a segurança dos trabalha-
h)limitadores de curso para movimento de translação quando dores.
instalado sobre trilhos. 18.10.1.30Na impossibilidade de o operador do equipamen-
18.10.1.25Quando o equipamento de guindar possuir cabine to visualizar a carga em todo o seu percurso, a operação deve ser
de comando, esta deve dispor de: orientada por, no mínimo, um sinaleiro/amarrador de carga.
a)acesso seguro e, quando necessário em movimentação verti- 18.10.1.31A comunicação entre o operador do equipamento e
cal para acessar a cabine, tornar obrigatório o uso do SPIQ; o sinaleiro/amarrador de carga deve ser efetuada por sistema de
b)interior climatizado; (Vide prazo - Portaria SEPRT nº 3.733, comunicação eficiente.
de 10/02/20) 18.10.1.32Devem ser realizadas e registradas as inspeções diá-
c)assento ergonômico; rias das condições de segurança:
d)proteção contra raios solares e intempéries; a)no equipamento, pelo seu operador, com lista de verificação
e)tabela de cargas máximas em todas as condições de uso, es- emitida e sob a responsabilidade do fabricante, locador ou proprie-
crita em língua portuguesa, no seu interior e de fácil visualização tário do equipamento;
pelo operador; b)nos dispositivos auxiliares de movimentação de carga, pelo
f)extintor de incêndio adequado ao risco. sinaleiro/amarrador de carga, mediante lista de verificação;
18.10.1.26Guindastes e gruas, além das exigências anteriores c)nas plataformas de carga e descarga, por trabalhador capa-
cabíveis, devem possuir: citado e autorizado pelo seu empregador, mediante lista de verifi-
a)limitador de momento máximo, impedindo a continuidade cação.
do movimento e só permitindo a sua reversão;
b)anemômetro que indique no interior da cabine do equipa- Gruas
mento a velocidade do vento; 18.10.1.33Além do exigido nos itens anteriores pertinentes a
c)indicadores de níveis longitudinal e transversal, exceto para equipamento de guindar, a grua deve dispor de:
as gruas que não são montadas sobre base móvel. a)cabine de comando, acoplada à parte giratória do equipa-
18.10.1.27Os dispositivos auxiliares de içamento devem aten- mento, exceto para gruas de pequeno porte e automontante;
der aos seguintes requisitos: b)limitador de fim de curso para o carro da lança nas duas ex-
a)dispor de forma indelével a razão social do fabricante ou do tremidades;
locador, a capacidade de carga e o número de série que permita sua c)sistema automático de controle de carga admissível ou placas
rastreabilidade; indicativas de carga admissível ao longo da lança, conforme especi-
b)possuir certificado ou dispor de projeto elaborado por profis- ficado pelo fabricante ou locador;
sional legalmente habilitado, contendo a especificação e descrição d)luz de obstáculo no ponto mais alto da grua;
completa das características mecânicas e elétricas, se cabíveis; e)SPIQ para acesso horizontal e vertical onde houver risco de
c)ser inspecionado pelo sinaleiro/amarrador de cargas antes de queda;
entrar em uso. f)limitador/contador de giro, mesmo quando a grua dispuser
18.10.1.28Os controles remotos utilizados para o comando de de coletor elétrico;
equipamento de guindar devem conter a identificação correspon- g)sistema de proteção contra quedas na transposição entre a
dente ao equipamento que está sendo utilizado e possuir indicação, escada de acesso e o posto de trabalho do operador e na contra
em língua portuguesa, dos comandos de operação. lança, conforme a NR-12;
18.10.1.29São proibidos durante a operação dos equipamen- h)escadas fixas conforme disposto no item 18.8 desta NR;
tos de guindar: i)limitadores de movimento para lanças retráteis ou basculan-
a)circulação ou permanência de pessoas estranhas nas áreas tes;
sob movimentação da carga suspensa; j)dispositivo automático com alarme sonoro que indique a
b)colocação de placas de publicidade na estrutura do equipa- ocorrência de ventos superiores a 42 km/h (quarenta e dois quilô-
mento, salvo quando especificado pelo fabricante ou profissional metros por hora).
legalmente habilitado; 18.10.1.34Além das proibições referidas no subitem 18.10.1.29
c)movimentação de cargas com peso desconhecido; desta NR, as gruas também devem obedecer às seguintes prescri-
d)movimentação em ações de arraste ou com o içamento incli- ções restritivas:
nado em relação à vertical; a)o trabalho sob condições de ventos com velocidade acima de
e)içamento de carga que não esteja totalmente desprendida da 42 km/h (quarenta e dois quilômetros por hora) deve ser precedido
sua superfície de apoio e livre de qualquer interferência que ofere- de análise de risco específica e autorizado mediante permissão de
ça resistência ao movimento pretendido; trabalho;
507
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b)sob nenhuma condição é permitida a operação com gruas d)quando ocorrer algum evento que possa comprometer a sua
quando da ocorrência de ventos com velocidade superior a 72 km/h integridade estrutural e eletromecânica, a critério de profissional
(setenta e dois quilômetros por hora); legalmente habilitado.
c)a ponta da lança e o cabo de aço de levantamento da car- 18.10.1.41Cabe ao empregador prover instalação sanitária
ga devem estar afastados da rede elétrica conforme orientação da contendo vaso sanitário e lavatório, a uma distância máxima de 50
concessionária local e distar, no mínimo, 3 m (três metros) de qual- m (cinquenta metros) do posto de trabalho do operador do equi-
quer obstáculo, sendo que, para distanciamentos inferiores a ope- pamento.
racionalização da grua, deve ser realizada análise de risco elaborada 18.10.1.41.1Na impossibilidade do cumprimento desta exigên-
por profissional legalmente habilitado. cia, deve o empregador disponibilizar no mínimo 4 (quatro) inter-
18.10.1.35Quando o equipamento não estiver em funciona- valos para cada turno de trabalho diário, com duração que permita
mento, a movimentação da lança da grua deve ser livre, salvo em ao operador do equipamento sair e retornar à cabine, para atender
situações onde há obstáculos ao seu giro, que devem estar previs- suas necessidades fisiológicas.
tas no plano de carga.
18.10.1.36O posicionamento e configuração dos pontos de an- Gruas de pequeno porte
coragens e/ou estaiamento da grua devem: 18.10.1.42São considerados gruas de pequeno porte os equi-
a)seguir as instruções do fabricante sobre os esforços aplicados pamentos que atendam simultaneamente às seguintes caracterís-
nesses pontos; ticas:
b)ter as estruturas e materiais de fixação definidos em projeto a)raio máximo de alcance da lança de 6 m (seis metros);
e cálculos elaborados por profissional legalmente habilitado, vin- b)capacidade de carga máxima não superior a 500 kg (quinhen-
culado ao locador ou à empresa responsável pela montagem do tos quilogramas);
equipamento. c)altura máxima da torre de 6 m (seis metros) acima da laje em
18.10.1.37A grua ascensional que possuir sistema de telesco- construção.
pagem por meio de elementos metálicos verticais só pode ser uti- 18.10.1.43Além do exigido nos subitens anteriores pertinentes
lizada quando dispuser de sistema de fixação ou quadro-guia que a equipamentos de guindar, a grua de pequeno porte deve possuir:
garanta seu paralelismo, de modo a evitar a desacoplagem da torre a)comando elétrico por botoeira ou manipulador a cabo, res-
dos elementos metálicos durante o processo de telescopagem. peitando voltagem máxima de 24V (vinte e quatro volts);
18.10.1.38Nas operações de montagem, telescopagem e des- b)botão de parada de emergência;
montagem de gruas ascensionais, devem ser obedecidas as seguin- c)limitador de carga máxima;
tes prescrições: d)limitador de momento máximo, impedindo a continuidade
a)o sistema hidráulico deve ser operado fora da torre, não sen- do movimento e só permitindo a sua reversão;
do permitida a presença de pessoas no interior do equipamento; e)limitador de altura que permita a frenagem do moitão na ele-
b)em casos previstos pelo fabricante ou locador, é permitida a vação de cargas;
presença de pessoas para inspeção e verificação do acionamento f)dispositivo de monitoramento na descida, se definido na aná-
do sistema hidráulico, mediante análise de risco para a operação, lise de risco;
elaborada e sob responsabilidade de profissional legalmente habi- g)luz de obstáculo no ponto mais alto do equipamento;
litado. h)alarme sonoro com acionamento automático quando o limi-
18.10.1.39No término da montagem inicial e após qualquer tador de carga ou de momento estiver atuando;
intervenção de inspeção ou manutenção da grua, é obrigatória a i)alarme sonoro para ser acionado pelo operador em situações
emissão de termo de entrega técnica e liberação para uso, que deve de risco e/ou alerta;
ser entregue mediante recibo, contendo, no mínimo: j)trava de segurança do gancho de moitão;
a)descrição de todas as ações executadas; k)dispositivo instalado nas polias que impeça o escape aciden-
b)resultados dos testes de carga e sobrecarga, se efetuados; tal dos cabos de aço;
c)data, identificação e respectivas assinaturas do responsável l)SPIQ para utilização quando da operação do equipamento.
pelo trabalho executado e por quem o aceita como bem realizado; 18.10.1.43.1Não se aplica à grua de pequeno porte o disposto
d)a explícita afirmação impressa ou carimbada no documento no subitem 18.10.1.24 desta NR.
de que “todos os dispositivos e elementos de segurança do equipa- 18.10.1.44É proibido o uso de grua de pequeno porte:
mento estão plenamente regulados e atuantes para a sua operacio- a)com giro da lança inferior a 180° (cento e oitenta graus);
nalização segura”; b)que necessite de ação manual para girar a lança.
e)registro em livro próprio, ficha ou sistema informatizado, de
acordo com item 12.11 da NR-12. Guincho de coluna
18.10.1.40Deve ser elaborado laudo estrutural e operacional 18.10.1.45Para fins de cumprimento dos dispositivos da NR-18,
quanto à integridade estrutural e eletromecânica da grua, sob res- o guincho de coluna deve atender exclusivamente aos seguintes re-
ponsabilidade de profissional legalmente habilitado, nas seguintes quisitos:
situações: a)ter capacidade de carga não superior a 500 kg (quinhentos
a)quando não dispuser de identificação do fabricante, não pos- quilos);
suir fabricante ou importador estabelecido; b)possuir análise de risco e procedimento operacional;
b)conforme periodicidade estabelecida pelo fabricante ou, no c)possuir dispositivos adequados para sua fixação, especifica-
máximo, com 20 (vinte) anos de uso; dos no projeto de instalação;
c)para equipamentos com mais de 20 (vinte) anos de uso, o d)ter seu tambor nivelado para garantir o enrolamento ade-
laudo deve ser feito a cada 2 (dois) anos; quado do cabo de aço;
508
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
e)possuir proteção para impedir o contato de qualquer parte 18.10.2.17.1É obrigação do trabalhador zelar pelo cuidado na
do corpo do trabalhador com o tambor de enrolamento; utilização das ferramentas manuais e devolvê-las ao empregador
f)possuir comando elétrico por botoeira ou manipulador a sempre que solicitado.
cabo, respeitando voltagem máxima de 24V (vinte e quatro volts); 18.10.2.18As ferramentas manuais não devem ser deixadas so-
g)possuir botão para parada de emergência. bre passagens, escadas, andaimes e outras superfícies de trabalho
18.10.2Ferramentas ou de circulação, devendo ser guardadas em locais apropriados,
18.10.2.1Os trabalhadores devem ser capacitados e instruídos quando não estiverem em uso.
para a utilização das ferramentas, seguindo as recomendações de 18.10.2.19As ferramentas manuais utilizadas nas instalações
segurança desta NR e, quando aplicável, do manual do fabricante. elétricas devem ser totalmente isoladas de acordo com a tensão
18.10.2.2Para a utilização das ferramentas, deve ser evitada a envolvida, ficando exposta apenas a parte que fará contato com a
utilização de roupas soltas e adornos que possam colocar em risco instalação.
a segurança do trabalhador. 18.10.2.20As ferramentas manuais devem ser transportadas
18.10.2.3As ferramentas devem ser vistoriadas antes da sua em recipientes próprios.
utilização. Ferramenta elétrica portátil
18.10.2.4O condutor de alimentação da ferramenta elétrica 18.11 Movimentação e transporte de materiais e pessoas
deve ser manuseado de forma que não sofra torção, ruptura ou (elevadores)
abrasão, nem obstrua o trânsito de trabalhadores e equipamentos. 18.11.1As disposições deste item aplicam-se à instalação, mon-
18.10.2.5Os dispositivos de proteção removíveis da ferramenta tagem, desmontagem, operação, teste, manutenção e reparos em
elétrica só podem ser retirados para limpeza, lubrificação, reparo e elevadores para transporte vertical de materiais e de pessoas em
ajuste, e após devem ser, obrigatoriamente, recolocados. canteiros de obras ou frentes de trabalho.
18.10.2.6A ferramenta elétrica utilizada para cortes deve ser 18.11.2É proibida a instalação de elevador tracionado com
provida de disco específico para o tipo de material a ser cortado. cabo único e aqueles adaptados com mais de um cabo, na movi-
18.10.2.7É proibida a utilização de ferramenta elétrica portátil mentação e transporte vertical de materiais e pessoas, que não
sem duplo isolamento. atendam as normas técnicas nacionais vigentes.
18.11.3Toda empresa fabricante, locadora ou prestadora de
Ferramenta pneumática serviços de instalação, montagem, desmontagem e manutenção,
18.10.2.8A ferramenta pneumática deve possuir dispositivo de seja do equipamento em seu conjunto ou de parte dele, deve ser
partida instalado de modo a reduzir ao mínimo a possibilidade de registrada no respectivo conselho de classe e estar sob responsabi-
funcionamento acidental. lidade de profissional legalmente habilitado.
18.10.2.9A válvula de ar da ferramenta pneumática deve ser 18.11.4Os equipamentos de transporte vertical de materiais e
fechada automaticamente quando cessar a pressão da mão do ope- de pessoas devem ser dimensionados por profissional legalmente
rador sobre os dispositivos de partida. habilitado e atender às normas técnicas nacionais vigentes ou, na
18.10.2.10As mangueiras e conexões de alimentação devem sua ausência, às normas técnicas internacionais vigentes.
resistir às pressões de serviço, permanecendo firmemente presas 18.11.5Os serviços de instalação, montagem, operação, des-
aos tubos de saída e afastadas das vias de circulação. montagem e manutenção devem ser executados por profissional
18.10.2.11A ferramenta pneumática deve ser desconectada capacitado, com anuência formal da empresa e sob a responsabili-
quando não estiver em uso, e o suprimento de ar para as manguei- dade de profissional legalmente habilitado.
ras deve ser desligado e aliviada a pressão. 18.11.6São atribuições do operador:
18.10.2.12No uso das ferramentas pneumáticas, é proibido: a)manter o posto de trabalho limpo e organizado;
a)utilizá-la para a limpeza das roupas; b)organizar a carga e descarga de material no interior da cabi-
b)exceder a pressão máxima do ar. ne;
Ferramenta de fixação a pólvora ou gás c)separar materiais de pessoas no interior da cabine;
18.10.2.13A ferramenta de fixação a pólvora ou gás deve pos- d)comunicar e registrar ao técnico responsável pela obra qual-
suir sistema de segurança contra disparos acidentais. quer anomalia no equipamento;
18.10.2.14É proibido o uso de ferramenta de fixação a pólvora e)acompanhar todos os serviços de manutenção no equipa-
ou gás: mento.
a)em ambientes contendo substâncias inflamáveis ou explosi- 18.11.7Toda empresa usuária de equipamentos de movimen-
vas; tação e transporte vertical de materiais e/ou pessoas deve possuir
b)com a presença de pessoas, inclusive o ajudante, nas proxi- os seguintes documentos disponíveis no canteiro de obras:
midades do local do disparo. a)programa de manutenção preventiva, conforme recomenda-
18.10.2.15A ferramenta de fixação a pólvora deve estar des- ção do locador, importador ou fabricante;
carregada (sem o pino e o finca-pino) sempre que estiver sem uso. b)termo de entrega técnica de acordo com as normas técnicas
18.10.2.16Antes da fixação de pinos por ferramenta de fixação, nacionais vigentes ou, na sua ausência, de acordo com o determi-
devem ser verificados o tipo e a espessura da parede ou laje, o tipo nado pelo profissional legalmente habilitado responsável pelo equi-
de pino e finca-pino mais adequados, e a região oposta à superfície pamento;
de aplicação deve ser previamente inspecionada. c)laudo de testes dos freios de emergência a serem realizados,
Ferramenta manual no máximo, a cada 90 (noventa) dias, assinado pelo responsável
18.10.2.17Cabe ao empregador fornecer gratuitamente aos técnico pela manutenção do equipamento ou, na sua ausência,
trabalhadores as ferramentas manuais necessárias para o desen-
volvimento das atividades.
509
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
pelo profissional legalmente habilitado responsável pelo equipa- 18.11.16Deve haver altura livre de, no mínimo, 2 m (dois me-
mento, contendo os parâmetros mínimos determinados por nor- tros) sobre a rampa.
mas técnicas nacionais vigentes; 18.11.17É proibido, nos elevadores, o transporte de pessoas
d)registro, pelo operador, das vistorias diárias realizadas antes juntamente com materiais, exceto quanto ao operador e ao respon-
do início dos serviços, conforme orientação dada pelo responsável sável pelo material a ser transportado, desde que isolados da carga
técnico do equipamento, atendidas as recomendações do manual por uma barreira física, com altura mínima de 1,8 m (um metro e
do fabricante; oitenta centímetros), instalada com dispositivo de intertravamento
e)laudos dos ensaios não destrutivos dos eixos dos motofreios com duplo canal e ruptura positiva, monitorado por interface de
e dos freios de emergência, sendo a periodicidade definida por pro- segurança.
fissional legalmente habilitado, obedecidos os prazos máximos pre- 18.11.18O elevador de materiais e/ou pessoas deve dispor, no
vistos pelo fabricante no manual de manutenção do equipamento; mínimo, de:
f)manual de orientação do fabricante; a)cabine metálica com porta;
g)registro das atividades de manutenção conforme item 12.11 b)horímetro;
da NR-12; c)iluminação e ventilação natural ou artificial durante o uso;
h)laudo de aterramento elaborado por profissional legalmente d)indicação do número máximo de passageiros e peso máximo
habilitado. equivalente em quilogramas;
18.11.8É proibido o uso de chave do tipo comutadora e/ou re- e)botão em cada pavimento a fim de garantir comunicação úni-
versora para comando elétrico de subida, descida ou parada. ca através de painel interno de controle.
18.11.9Todos os componentes elétricos ou eletrônicos que fi- 18.11.19O elevador de materiais e/ou pessoas deve dispor, no
quem expostos às condições meteorológicas devem ter proteção mínimo, dos seguintes itens de segurança:
contra intempéries. a)intertravamento das proteções com o sistema elétrico,
18.11.10Devem ser observados os seguintes requisitos de se- através de dispositivo de intertravamento com duplo canal e rup-
gurança durante a execução dos serviços de montagem, desmonta- tura positiva, monitorado por interface de segurança que impeça a
gem, ascensão e manutenção de equipamentos de movimentação movimentação da cabine quando:
vertical de materiais e de pessoas: I.a porta de acesso da cabine, inclusive o alçapão, não estiver
a)isolamento da área de trabalho; devidamente fechada;
b)proibição, se necessário, da execução de outras atividades II.a rampa de acesso à cabine não estiver devidamente recolhi-
nas periferias das fachadas onde estão sendo executados os ser- da no elevador de cremalheira, e;
viços; III.a porta da cancela de qualquer um dos pavimentos ou do
c)proibição de execução deste tipo de serviço em dias de con- recinto de proteção da base estiver aberta.
dições meteorológicas adversas. b)dispositivo eletromecânico de emergência que impeça a que-
18.11.11As torres dos elevadores devem estar afastadas das da livre da cabine, monitorado por interface de segurança, de for-
redes elétricas ou estar isoladas conforme normas específicas da ma a freá-la quando ultrapassar a velocidade de descida nominal,
concessionária local. interrompendo automática e simultaneamente a corrente elétrica
18.11.12As torres dos elevadores devem ser montadas de ma- da cabine;
neira que a distância entre a face da cabine e a face da edificação c)dispositivo de intertravamento com duplo canal e ruptura
seja de, no máximo, 0,2 m (vinte centímetros). positiva, monitorado por interface de segurança, ou outro sistema
18.11.12.1Para distâncias maiores, as cargas e os esforços so- com a mesma categoria de segurança que impeça que a cabine ul-
licitantes originados pelas rampas devem ser considerados no di- trapasse a última parada superior ou inferior;
mensionamento e especificação da torre do elevador. d)dispositivo mecânico que impeça que a cabine se desprenda
18.11.13Em todos os acessos de entrada à torre do elevador acidentalmente da torre do elevador;
deve ser instalada barreira (cancela) que tenha, no mínimo, 1,8 m e)amortecedores de impacto de velocidade nominal na base,
(um metro e oitenta centímetros) de altura, impedindo que pessoas caso o mesmo ultrapasse os limites de parada final;
exponham alguma parte de seu corpo no interior da mesma. f)sistema que possibilite o bloqueio dos seus dispositivos de
18.11.13.1A barreira (cancela) da torre do elevador deve ser acionamento de modo a impedir o seu acionamento por pessoas
dotada de dispositivo de intertravamento com duplo canal e rup- não autorizadas;
tura positiva, monitorado por interface de segurança, de modo a g)sistema de frenagem automática, a ser acionado em situa-
impedir sua abertura quando o elevador não estiver no nível do ções que possam gerar a queda livre da cabine;
pavimento. h)sistema que impeça a movimentação do equipamento quan-
18.11.14O fechamento da base da torre do elevador deve pro- do a carga ultrapassar a capacidade permitida.
teger todos os lados até uma altura de pelo menos 2,0 m (dois me- Movimentação de pessoas
tros) e ser dotado de proteção e sinalização, de forma a proibir a 18.11.20O transporte de passageiros no elevador deve ter prio-
circulação de trabalhadores através da mesma. ridade sobre o de cargas.
18.11.15A rampa de acesso à torre de elevador deve: 18.11.21Na construção com altura igual ou superior a 24 m
a)ser provida de sistema de proteção contra quedas, conforme (vinte e quatro metros), é obrigatória a instalação de, pelo menos,
o subitem 18.9.4.1 ou 18.9.4.2 desta NR; um elevador de passageiros, devendo seu percurso alcançar toda a
b)ter piso de material resistente, sem apresentar aberturas; extensão vertical da obra, considerando o subsolo.
c)não ter inclinação descendente no sentido da torre; 18.11.21.1O elevador de passageiros deve ser instalado, no
d)estar fixada à cabine de forma articulada no caso do elevador máximo, a partir de 15 m (quinze metros) de deslocamento vertical
de cremalheira. na obra.
510
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.11.22Nos elevadores do tipo cremalheira, a altura livre para c)com ferramentas com amarração que impeçam sua queda
trabalho após a amarração na última laje concretada ou último pa- acidental;
vimento será determinada pelo fabricante, em função do tipo de d)com isolamento e sinalização da área.
torre e seus acessórios de amarração. 18.12.7O andaime tubular deve possuir montantes e painéis
18.11.23Nos elevadores do tipo cremalheira, o último elemen- fixados com travamento contra o desencaixe acidental.
to da torre do elevador deve ser montado com a régua invertida 18.12.8Em relação ao andaime e à plataforma de trabalho, é
ou sem cremalheira, de modo a evitar o tracionamento da cabine. proibido:
Movimentação de materiais a)utilizar andaime construído com estrutura de madeira, ex-
18.11.24Na movimentação de materiais por meio de elevador, ceto quando da impossibilidade técnica de utilização de andaimes
é proibido: metálicos;
a)transportar materiais com dimensões maiores do que a cabi- b)retirar ou anular qualquer dispositivo de segurança do an-
ne no elevador; daime;
b)transportar materiais apoiados nas portas da cabine; c)utilizar escadas e outros meios sobre o piso de trabalho do
c)transportar materiais do lado externo da cabine, exceto nas andaime, para atingir lugares mais altos.
operações de montagem e desmontagem do elevador; 18.12.9O ponto de instalação de qualquer aparelho de içar ma-
d)transportar material a granel sem acondicionamento apro- teriais no andaime deve ser escolhido de modo a não comprometer
priado; a sua estabilidade e a segurança do trabalhador.
e)adaptar a instalação de qualquer equipamento ou dispositi- 18.12.10A manutenção do andaime deve ser feita por traba-
vo para içamento de materiais em qualquer parte da cabine ou da lhador capacitado, sob supervisão e responsabilidade técnica de
torre do elevador. profissional legalmente habilitado, obedecendo às especificações
técnicas do fabricante.
18.12 Andaime e plataforma de trabalho 18.12.11É proibido trabalhar em plataforma de trabalho sobre
18.12.1Os andaimes devem atender aos seguintes requisitos: cavaletes que possuam altura superior a 1,5 m (um metro e cin-
a)ser projetados por profissionais legalmente habilitados, de quenta centímetros) e largura inferior a 0,9 m (noventa centíme-
acordo com as normas técnicas nacionais vigentes; tros).
b)ser fabricados por empresas regularmente inscritas no res- 18.12.12Nas edificações com altura igual ou superior a 12 m
pectivo conselho de classe; (doze metros), a partir do nível do térreo, devem ser instalados dis-
c)ser acompanhados de manuais de instrução, em língua por- positivos destinados à ancoragem de equipamentos e de cabos de
tuguesa, fornecidos pelo fabricante, importador ou locador; segurança para o uso de SPIQ, a serem utilizados nos serviços de
d)possuir sistema de proteção contra quedas em todo o perí- limpeza, manutenção e restauração de fachadas.
metro, conforme subitem 18.9.4.1 ou 18.12.12.1Os pontos de ancoragem de equipamentos e dos
18.9.4.2 desta NR, com exceção do lado da face de trabalho; cabos de segurança devem ser independentes, com exceção das
e)possuir sistema de acesso ao andaime e aos postos de traba- edificações que possuírem projetos específicos para instalação de
lho, de maneira segura, quando superiores a 0,4 m (quarenta cen- equipamentos definitivos para limpeza, manutenção e restauração
tímetros) de altura. de fachadas.
18.12.2A montagem de andaimes deve ser executada confor- 18.12.12.2Os dispositivos de ancoragem devem:
me projeto elaborado por profissional legalmente habilitado. a)estar dispostos de modo a atender todo o perímetro da edi-
18.12.2.1No caso de andaime simplesmente apoiado constru- ficação;
ído em torre única com altura inferior a 4 (quatro) vezes a menor b)suportar uma carga de trabalho de, no mínimo, 1.500 kgf (mil
dimensão da base de apoio, fica dispensado o projeto de monta- e quinhentos quilogramas-força);
gem, devendo, nesse caso, ser montado de acordo com o manual c)constar do projeto estrutural da edificação;
de instrução. d)ser constituídos de material resistente às intempéries, como
18.12.2.2Quando da utilização de andaime simplesmente aço inoxidável ou material de características equivalentes.
apoiado com a interligação de pisos de trabalho, independente- 18.12.12.2.1Os ensaios para comprovação da carga mínima do
mente da altura, deve ser elaborado projeto de montagem por pro- dispositivo de ancoragem devem atender ao disposto nas normas
fissional legalmente habilitado. técnicas nacionais vigentes ou, na sua ausência, às determinações
18.12.3As torres de andaimes, quando não estaiadas ou não do fabricante.
fixadas à estrutura, não podem exceder, em altura, 4 (quatro) vezes 18.12.12.3A ancoragem deve apresentar na sua estrutura, em
a menor dimensão da base de apoio. caracteres indeléveis e bem visíveis:
18.12.4Os andaimes devem possuir registro formal de libera- a)razão social do fabricante e o seu CNPJ;
ção de uso assinado por profissional qualificado em segurança do b)modelo ou código do produto;
trabalho ou pelo responsável pela frente de trabalho ou da obra. c)número de fabricação/série;
18.12.5A superfície de trabalho do andaime deve ser resisten- d)material do qual é constituído;
te, ter forração completa, ser antiderrapante, nivelada e possuir tra- e)indicação da carga;
vamento que não permita seu deslocamento ou desencaixe. f)número máximo de trabalhadores conectados simultanea-
18.12.6A atividade de montagem e desmontagem de andaimes mente ou força máxima aplicável;
deve ser realizada: g)pictograma indicando que o usuário deve ler as informações
a)por trabalhadores capacitados que recebam treinamento es- fornecidas pelo fabricante.
pecífico para o tipo de andaime utilizado; Andaime simplesmente apoiado
b)com uso de SPIQ; 18.12.13O andaime simplesmente apoiado deve:
511
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
a)ser apoiado em sapatas sobre base rígida e nivelada capazes 18.12.22O sistema de contrapeso, quando utilizado como for-
de resistir aos esforços solicitantes e às cargas transmitidas, com ma de fixação da estrutura de sustentação do andaime suspenso,
ajustes que permitam o nivelamento; deve:
b)ser fixado, quando necessário, à estrutura da construção ou a)ser invariável quanto à forma e ao peso especificados no pro-
edificação, por meio de amarração, de modo a resistir aos esforços jeto;
a que estará sujeito. b)possuir peso conhecido e marcado de forma indelével em
18.12.14O acesso ao andaime simplesmente apoiado, cujo piso cada peça;
de trabalho esteja situado a mais de 1 m (um metro) de altura, deve c)ser fixado à estrutura de sustentação do andaime;
ser feito por meio de escadas, observando-se ao menos uma das d)possuir contraventamentos que impeçam seu deslocamento
seguintes alternativas: horizontal.
a)utilizar escada de mão, incorporada ou acoplada aos painéis, 18.12.23O sistema de suspensão do andaime deve:
com largura mínima de 0,4 m (quarenta centímetros) e distância a)ser feito por cabos de aço;
uniforme entre os degraus compreendida entre 0,25 m (vinte e cin- b)garantir o seu nivelamento;
co centímetros) e 0,3 m (trinta centímetros); c)ser verificado diariamente pelos usuários e pelo responsável
b)utilizar escada para uso coletivo, incorporada interna ou ex- pela obra, antes de iniciarem seus trabalhos.
ternamente ao andaime, com largura mínima de 0,6 m (sessenta 18.12.23.1Os usuários e o responsável pela verificação devem
centímetros), corrimão e degraus antiderrapantes. receber treinamento e os procedimentos para a rotina de verifica-
18.12.15O andaime simplesmente apoiado, quando montado ção diária.
nas fachadas das edificações, deve ser externamente revestido por 18.12.24Em relação ao andaime suspenso, é proibido:
tela, de modo a impedir a projeção e queda de materiais. a)utilizar trechos em balanço;
18.12.15.1O entelamento deve ser feito desde a primeira plata- b)interligar suas estruturas;
forma de trabalho até 2 m (dois metros) acima da última. c)utilizá-lo para transporte de pessoas ou materiais que não es-
18.12.16O andaime simplesmente apoiado, quando utilizado tejam vinculados aos serviços em execução.
com rodízios, deve: 18.12.25Os guinchos de cabo passante para acionamento ma-
a)ser apoiado sobre superfície capaz de resistir aos esforços so- nual devem:
licitantes e às cargas transmitidas; a)ter dispositivo que impeça o retrocesso do sistema de movi-
b)ser utilizado somente sobre superfície horizontal plana, que mentação;
permita a sua segura movimentação; b)ser acionados por meio de manivela ou outro dispositivo, na
c)possuir travas, de modo a evitar deslocamentos acidentais. descida e subida do andaime.
18.12.17É proibido o deslocamento das estruturas do andaime 18.12.26O andaime suspenso com acionamento manual deve
com trabalhadores sobre os mesmos. possuir piso de trabalho com comprimento máximo de 8 m (oito
Andaime suspenso metros).
18.12.18Os sistemas de fixação e sustentação e as estruturas 18.12.27Quando utilizado apenas um guincho de sustentação
de apoio dos andaimes suspensos devem suportar, pelo menos, 3 por armação, é obrigatório o uso de um cabo de aço de segurança
(três) vezes os esforços solicitantes e ser precedidos de projeto ela- adicional, ligado a um dispositivo de bloqueio mecânico automáti-
borado por profissional legalmente habilitado. co, observando-se a sobrecarga indicada pelo fabricante do equi-
18.12.19A sustentação de andaimes suspensos em platibanda pamento.
ou beiral de edificação deve ser precedida de laudo de verificação
estrutural sob responsabilidade de profissional legalmente habili- Andaime suspenso motorizado
tado. 18.12.28O andaime suspenso motorizado deve dispor de:
18.12.20É proibida a utilização do andaime suspenso com en- a)cabos de alimentação de dupla isolação;
rolamento de cabo no seu corpo. b)plugues/tomadas blindadas;
18.12.21O andaime suspenso deve: c)limitador de fim de curso superior e batente;
a)possuir placa de identificação; d)dispositivos que impeçam sua movimentação, quando sua
b)ter garantida a estabilidade durante todo o período de sua inclinação for superior a 15° (quinze graus);
utilização, através de procedimentos operacionais e de dispositivos e)dispositivo mecânico de emergência.
ou equipamentos específicos para tal fim; Plataforma de trabalho de cremalheira
c)possuir, no mínimo, quatro pontos de sustentação indepen- 18.12.29A plataforma por cremalheira deve dispor de:
dentes; a)cabos de alimentação de dupla isolação;
d)dispor de ponto de ancoragem do SPIQ independente do b)plugues/tomadas blindadas;
ponto de ancoragem do andaime; c)limites elétricos de percurso inferior e superior;
e)dispor de sistemas de fixação, sustentação e estruturas de d)motofreio;
apoio, precedidos de projeto elaborado por profissional legalmente e)freio automático de segurança;
habilitado; f)botoeira de comando de operação com atuação por pressão
f)ter largura útil da plataforma de trabalho de, no mínimo, 0,65 contínua;
m (sessenta e cinco centímetros). g)dispositivo mecânico de emergência;
18.12.21.1A placa de identificação do andaime suspenso deve h)capacidade de carga mínima de piso de trabalho e das suas
ser fixada em local de fácil visualização e conter a identificação do extensões telescópicas de 150 kgf/m² (cento e cinquenta quilogra-
fabricante e a capacidade de carga em peso e número de ocupan- mas-força por metro quadrado);
tes. i)botão de parada de emergência;
512
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
j)sinalização sonora automática na movimentação do equipa- c)dispositivos de proteção individual, incluindo proteção con-
mento; tra quedas;
k)dispositivo de segurança que garanta o nivelamento do equi- d)sistemas de ar, hidráulico e de combustível;
pamento; e)painéis, cabos e chicotes elétricos;
l)dispositivos eletroeletrônicos que impeçam sua movimenta- f)pneus e rodas;
ção, quando abertos os seus acessos; g)placas, sinais de aviso e de controle;
m)ancoragem obrigatória a partir de 9 m (nove metros) de al- h)estabilizadores, eixos expansíveis e estrutura em geral;
tura. i)demais itens especificados pelo fabricante.
18.12.30A operação da plataforma de cremalheira deve: 18.12.39No uso da PEMT, são vedados:
a)ser realizada por trabalhadores capacitados quanto ao carre- a)o uso de pranchas, escadas e outros dispositivos que visem
gamento e posicionamento dos materiais no equipamento; atingir maior altura ou distância sobre a mesma;
b)ser realizada por trabalhadores protegidos por SPIQ indepen- b)a sua utilização como guindaste;
dente da plataforma ou do dispositivo de ancoragem definido pelo c)a realização de qualquer trabalho sob condições climáticas
fabricante; que exponham trabalhadores a riscos;
c)ter a área de trabalho sob o equipamento sinalizada e com d)a operação de equipamento em situações que contrariem as es-
acesso controlado; pecificações do fabricante quanto à velocidade do ar, inclinação da pla-
d)ser realizada, no percurso vertical, sem interferências no seu taforma em relação ao solo e proximidade a redes de energia elétrica;
deslocamento. e)o transporte de trabalhadores e materiais não relacionados
18.12.31Não é permitido o transporte de pessoas e materiais aos serviços em execução.
não vinculados aos serviços em execução na plataforma de crema- 18.12.40Antes e durante a movimentação da PEMT, o operador
lheira. deve manter:
18.12.32No caso de utilização de plataforma de chassi móvel, a)visão clara do caminho a ser percorrido;
este deve ficar devidamente nivelado, patolado ou travado no iní- b)distância segura de obstáculos, depressões, rampas e outros
cio da montagem das torres verticais de sustentação da plataforma, fatores de risco, conforme especificado em projeto ou ordem de
permanecendo dessa forma durante o seu uso e desmontagem. serviço;
Plataforma elevatória móvel de trabalho - PEMT c)distância mínima de obstáculos aéreos, conforme especifica-
18.12.33Os requisitos de segurança e as medidas de preven- do em projeto ou ordem de serviço;
ção, bem como os meios para a sua verificação, para as plataformas d)limitação da velocidade de deslocamento da PEMT, obser-
elevatórias móveis de trabalho destinadas ao posicionamento de vando as condições da superfície, o trânsito, a visibilidade, a exis-
pessoas, juntamente com as suas ferramentas e materiais neces- tência de declives, a localização da equipe e outros fatores de risco
sários nos locais de trabalho, devem atender às normas técnicas de acidente.
nacionais vigentes. 18.12.41A PEMT não deve ser operada quando posicionada
18.12.34A PEMT deve atender às especificações técnicas do sobre caminhões, trailers, carros, veículos flutuantes, estradas de
fabricante quanto à aplicação, operação, manutenção e inspeções ferro, andaimes ou outros veículos, vias e equipamentos similares,
periódicas. a menos que tenha sido projetada para este fim.
18.12.35A PEMT deve ser dotada de: 18.12.42Todos os trabalhadores na PEMT devem utilizar SPIQ
a)dispositivos de segurança que garantam seu perfeito nivela- conectado em ponto de ancoragem definido pelo fabricante.
mento no ponto de trabalho, conforme especificação do fabricante; Cadeira suspensa
b)alça de apoio interno; 18.12.43Em qualquer atividade que não seja possível a instala-
c)sistema de proteção contra quedas que atenda às especifica- ção de andaime ou plataforma de trabalho, é permitida a utilização
ções do fabricante ou, na falta destas, ao disposto na NR-12; de cadeira suspensa.
d)botão de parada de emergência; 18.12.44A cadeira suspensa deve apresentar na sua estrutura,
e)dispositivo de emergência que possibilite baixar o trabalha- em caracteres indeléveis e bem visíveis, a razão social do fabrican-
dor e a plataforma até o solo em caso de pane elétrica, hidráulica te/importador, o CNPJ e o número de identificação.
ou mecânica; 18.12.45A cadeira suspensa deve:
f)sistema sonoro automático de sinalização acionado durante a)ter sustentação por meio de cabo de aço ou cabo de fibra
a subida e a descida; sintética;
g)proteção contra choque elétrico; b)dispor de sistema dotado com dispositivo de subida e desci-
h)horímetro. da com dupla trava de segurança, quando a sustentação for através
18.12.36A manutenção da PEMT deve ser efetuada por pessoa de cabo de aço;
com capacitação específica para a marca e modelo do equipamen- c)dispor de sistema dotado com dispositivo de descida com du-
to. pla trava de segurança, quando a sustentação for através de cabo
18.12.37Cabe ao operador, previamente capacitado pelo em- de fibra sintética;
pregador, realizar a inspeção diária do local de trabalho onde será d)dispor de cinto de segurança para fixar o trabalhador na mesma.
utilizada a PEMT. 18.12.46A cadeira suspensa deve atender aos requisitos, mé-
18.12.38Antes do uso diário ou no início de cada turno, devem todos de ensaios, marcação, manual de instrução e embalagem de
ser realizadas inspeção visual e teste funcional na PEMT, verifican- acordo com as normas técnicas nacionais vigentes.
do-se o perfeito ajuste e o funcionamento dos seguintes itens: 18.12.47O trabalhador, quando da utilização da cadeira sus-
a)controles de operação e de emergência; pensa, deve dispor de ponto de ancoragem do SPIQ independente
b)dispositivos de segurança do equipamento; do ponto de ancoragem da cadeira suspensa.
513
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
514
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.16.18É obrigatória a colocação de tapume, com altura mínima de 2 i)conter sistema de controle de ruído.
m (dois metros), sempre que se executarem atividades da indústria da cons- 18.17.4O plano de ação para acidentes com descompressão
trução, de forma a impedir o acesso de pessoas estranhas aos serviços. deve conter: nome, CNPJ e endereço da clínica responsável pelo tra-
18.16.19Nas atividades da indústria da construção com mais tamento com oxigenoterapia hiperbárica, bem como nome e CRM
de 2 (dois) pavimentos a partir do nível do meio-fio, executadas do responsável da clínica.
no alinhamento do logradouro, deve ser construída galeria sobre o 18.17.5O empregador deve manter ambulância UTI com médi-
passeio ou outra medida de proteção que garanta a segurança dos co no canteiro de obras enquanto houver trabalhador comprimido.
pedestres e trabalhadores, de acordo com projeto elaborado por 18.17.6Quando houver câmara hiperbárica de tratamento no
profissional legalmente habilitado. canteiro de obras, esta deve seguir os seguintes requisitos:
18.16.20Nas atividades da indústria da construção em que há ne- a)estar instalada em local coberto ao abrigo de alterações climá-
cessidade da realização de serviços sobre o passeio, deve-se respeitar a ticas, em sala exclusiva obedecendo a todas as determinações da Re-
legislação do Código de Obras Municipal e de trânsito em vigor. solução - RDC n° 50/2002, da ANVISA, sobre elaboração e avaliação
18.16.21Os canteiros de obras devem possuir sistema de co- de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde;
municação de modo a permitir a comunicabilidade externa. b)atender à Nota Técnica n° 01/2008/GQUIP/GGTPS/ANVISA
18.16.22A madeira a ser usada para construção de escadas, ram- (Riscos nos Serviços de Medicina Hiperbárica);
pas, passarelas e sistemas de proteção coletiva deve ser de boa quali- c)a operação da câmara deve ser realizada por profissional de
dade, sem nós e rachaduras que comprometam sua resistência, estar saúde habilitado, e o modo de tratamento (pressão, tempos de
seca, sendo proibido o uso de pintura que encubra imperfeições. compressão e descompressão) deve ser definido pelo médico habi-
18.16.23Em caso de ocorrência de acidente fatal, é obrigatória litado, que deve permanecer na supervisão de todo o tratamento;
a adoção das seguintes medidas: d)o trabalhador sujeito ao tratamento deve ser acompanhado
a)comunicar de imediato e por escrito ao órgão regional com- por um guia interno durante todo o período de tratamento, confor-
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho, que repassa- me determinação do Conselho Federal de Medicina;
rá a informação ao sindicato da categoria profissional; e)a câmara deverá ter revisão preventiva anual comprovada,
b)isolar o local diretamente relacionado ao acidente, manten- assim como registro de teste hidrostático a cada 5 (cinco) anos e
do suas características até sua liberação pela autoridade policial teste de sistema contra incêndio a cada 6 (seis) meses.
competente e pelo órgão regional competente em matéria de segu- 18.17.7Deve-se evitar trabalho simultâneo em fustes e bases
rança e saúde no trabalho; alargadas em tubulões adjacentes, seja quanto à escavação ou à con-
c)a liberação do local, pelo órgão regional competente em ma- cretagem, visando impedir o desmoronamento de bases abertas.
téria de segurança e saúde no trabalho, será concedida em até 72 18.17.8Toda campânula deve ter:
(setenta e duas) horas, contadas do protocolo de recebimento da a)laudo de verificação estrutural atualizado a cada 5 (cinco) anos,
comunicação escrita ao referido órgão. incluindo a pressão máxima de trabalho, e laudos do teste hidrostá-
tico e de outros ensaios não destrutivos que se fizerem necessários;
18.17 Disposições transitórias b)manômetros, interno e externo, que indiquem a pressão in-
18.17.1O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho terna de trabalho, com medição em Sistema Internacional;
da indústria da construção (PCMAT) existente antes da entrada em vi- c)termômetros, interno e externo, que indiquem a temperatu-
gência desta Norma terá validade até o término da obra a que se refere. ra interna de trabalho, com medição em Sistema Internacional;
d)sistema de ventilação artificial projetado por profissional le-
Contêiner galmente habilitado;
18.17.2É proibido reutilizar contêiner originalmente utilizado e)aterramento elétrico de acordo com a NR-10;
para transporte de cargas em área de vivência. (Vide prazo - Porta- f)sistema interno e externo de descompressão.
ria SEPRT nº 3.733, de 10/02/20) 18.17.9Para cada campânula deve haver dois compressores
ligados em paralelo para que, em caso de pane, o segundo equipa-
Tubulões com pressão hiperbárica mento entre em operação de modo automático.
18.17.3Nas atividades com uso de tubulões com pressão hiper- 18.17.10Quanto ao uso dos compressores e grupos geradores
bárica, devem ser adotadas as seguintes medidas: de energia, devem ser atendidas as seguintes medidas:
a)permitir a comunicação entre os trabalhadores do lado in- a)ter silenciador de ruído;
terno e externo da campânula pelo sistema de telefonia ou similar; b)ficar em área coberta;
b)executar plano de ação para acidentes com descompressão c)manter no local das atividades peças para substituição emergen-
com duração menor que a prevista na tabela de descompressão dis- cial como manômetros, termômetros, válvulas, registros, juntas etc.;
ponível em norma regulamentadora; d)ter cuidado especial na captação do ar quanto à descarga de
c)executar plano de ação de emergência em caso de acidentes fumaça de veículos ou outros equipamentos.
no interior do tubulão; 18.17.11Os trabalhadores que adentrarem e ficarem expostos
d)manter no local grupo gerador de energia para emergência; a pressões hiperbáricas devem:
e)possuir compressores, prevendo um de reserva para cada a)possuir capacitação, de acordo com a NR-33 e NR-35;
frente de trabalho; b)ter exames médicos atualizados, de acordo com a NR-07;
f)elaborar plano de manutenção com inspeções atualizadas c)seguir procedimentos de compressão e descompressão previstos na NR-07.
das campânulas, compressores e dos grupos geradores de energia; 18.17.12O encarregado de ar comprimido deve possuir capaci-
g)atender ao disposto no Anexo IV da NR-07; tação, conforme o Anexo I desta NR.
h)conter sistema de refrigeração do ar comprimido de modo 18.17.13Cada frente de trabalho deve possuir no mínimo 3 (três) traba-
a evitar temperaturas elevadas e desidratação dos trabalhadores; lhadores com capacitação para atuação como encarregado de ar comprimido.
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EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.17.14Os meios de acessos devem atender o previsto nos Instalação, a critério do a critério do
itens 18.8 e 18.9 desta NR. montagem, empregador empregador/
18.17.15Os trabalhadores devem ser avaliados pelo médico, no desmontagem anual
máximo, até 2 (duas) horas antes de iniciar as atividades em ambiente e manutenção
hiperbárico, não sendo permitida a entrada em serviço daqueles que de elevadores
apresentem sinais de afecções das vias respiratórias ou outras moléstias.
18.17.16Os trabalhadores devem permanecer no canteiro de Operador de 4 horas 4 horas/2 anos
obras pelo menos 2 (duas) horas após o término da descompressão. PEMT
18.17.17Deve haver, no canteiro de obras ou frente de traba- Encarregado 16 horas a critério do
lho, instalações para assistência médica, recuperação e observação de ar compri- empregador
dos trabalhadores. mido
18.17.18Após a utilização de explosivos só é permitida a entrada
Resgate e 8 horas a critério do
de trabalhadores no tubulão após 6 (seis) horas de ventilação forçada.
remoção em empregador
atividades no
Equipamentos de guindar
tubulão
18.17.19As obras iniciadas antes da vigência desta Norma es-
tão dispensadas do atendimento da
alínea “b” do subitem 18.10.1.25. Serviços de 4 horas a critério do
impermeabili- empregador
ANEXO I - CAPACITAÇÃO: CARGA HORÁRIA, PERIODICIDADE E zação
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Utilização 16 horas, 8 horas/anual
de cadeira sendo pelo
1.Carga horária e periodicidade
suspensa menos 8 horas
1.1A carga horária e a periodicidade das capacitações dos tra-
para a parte
balhadores da indústria da construção devem seguir o disposto no
prática
Quadro 1 deste Anexo.
Atividade de 24 horas, 8 horas/anual
Quadro 1 escavação sendo pelo
manual de menos 8 horas
tubulão para a parte
Capacitação Treinamento Treinamento Treinamento prática
inicial (carga periódico eventual
horária) (carga horária/ Demais a critério do a critério do
periodicidade) atividades/ empregador empregador/
funções a critério do
Básico em 4 horas 4 horas/2 anos empregador
segurança do
trabalho
1.2No caso das gruas e guindastes, além do treinamento teóri-
Operador de 80 horas, a critério do co e prático, o operador deve passar por um estágio supervisionado
grua sendo pelo empregador de pelo menos 90 (noventa) dias.
menos 40 carga horária
horas para a a critério do
1.2.1O estágio supervisionado pode ser dispensado para o ope-
parte prática empregador
rador com experiência comprovada de, no mínimo, 6 (seis) meses
Operador de 120 horas, a critério do na função, a critério e sob responsabilidade do empregador.
guindaste sendo empregador
pelo menos 2.Conteúdo programático
80 horas para 2.1 O conteúdo programático do treinamento inicial deve con-
a parte prática ter informações sobre:
a)para a capacitação básica em segurança do trabalho:
Operador de a critério do a critério do I.as condições e meio ambiente de trabalho;
equipamentos empregador, empregador/ 2 II.os riscos inerentes às atividades desenvolvidas;
de guindar sendo pelo anos III.os equipamentos e proteção coletiva existentes no canteiro
menos 50% de obras;
para a parte IV.o uso adequado dos equipamentos de proteção individual;
prática V.o PGR do canteiro de obras.
Sinaleiro/ 16 horas a critério do b)para o operador de equipamento de guindar: o conteúdo
amarrador de empregador/ 2 programático descrito no Anexo II da NR-12 ou definido pelo fabri-
cargas anos cante/locador.
Operador de 16 horas 4 horas/anual c)para o operador de grua:
elevador I.operação e inspeção diária do equipamento;
516
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
517
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Campânula: câmara utilizada sob condições hiperbáricas que Fumos: vapores provenientes da combustão incompleta de
permite a passagem de pessoas de um ambiente sob pressão mais metais.
alta que a atmosférica para o ar livre, ou vice-versa. Fuste: escavação feita com a finalidade de alcançar camadas de
Canteiro de obra: área de trabalho fixa e temporária onde se solo mais profundas para construção de fundação.
desenvolvem operações de apoio e execução de construção, demo- Galeria: corredor coberto que permite o trânsito de pedestres
lição, montagem, instalação, manutenção ou reforma. com segurança.
Caracteres Indeléveis: qualquer dígito numérico, letra do alfa- Goivagem: operação de remoção de cordões de solda ou aber-
beto ou símbolo especial que não possa ser apagado ou removido. tura de sulcos para posterior soldagem.
Climatização: processo para se obter condições ambientais de Grua: equipamento de guindar que possui lança de giro hori-
temperatura e umidade confortáveis ao trabalhador, nas cabines zontal, suportada por uma estrutura vertical (torre), utilizado para
dos equipamentos. movimentação horizontal e vertical de materiais.
Coifa: dispositivo destinado a impedir a projeção do disco de Grua ascensional: grua cuja torre é de altura definida, normal-
corte da serra circular. mente instalada e fixada no poço do elevador, amarrada à laje atra-
Coletor de serragem: dispositivo destinado a captar a serragem vés de gravatas e elevada através de sistema hidráulico.
proveniente do corte de madeira. Grua automontante: grua cuja montagem é feita de forma au-
Coletor elétrico: dispositivo responsável pela transmissão da tomática sem a necessidade de equipamento auxiliar.
alimentação elétrica da parte fixa (torre) da grua à parte rotativa. Guia de alinhamento: dispositivo, fixo ou móvel, instalado na
Condutor habilitado: condutor de veículos portador de Carteira bancada da serra circular, destinado a orientar a direção e a largura
Nacional de Habilitação (CNH), expedida pelo órgão competente. do corte na madeira.
Desmonte de rocha a fogo: retirada de rochas com explosivos. Guincho de coluna: equipamento fixado na edificação ou es-
Desprotensão: operação de alívio da tensão em cabos ou fios trutura independente, destinado ao içamento de pequenas cargas.
de aço usados no concreto protendido. Guincho de sustentação: equipamento, mecânico ou elétrico,
Dispositivo auxiliar de içamento: dispositivo conectado ao gan- utilizado para a movimentação do andaime suspenso.
cho do moitão utilizado para facilitar a movimentação da carga. Guindaste: equipamento de guindar utilizado para a elevação e
Dispositivo empurrador: dispositivo instalado na serra circular, movimentação de cargas e materiais pesados.
destinado à movimentação da madeira durante o corte. Instalações elétricas temporárias: instalações elétricas das edi-
Dispositivo limitador de curso: dispositivo destinado a permitir ficações temporárias que compõem o canteiro de obras e as frentes
uma sobreposição segura dos montantes da escada portátil extensível. de trabalho.
Eixo expansível: eixo provido de rodízios ou esteiras nas extre- Laudo estrutural: documento emitido por profissional legal-
midades que permitem sua expansão, com o objetivo de proporcio- mente habilitado referente às condições estruturais no que diz res-
nar estabilidade à PEMT. peito à resistência e integridade da estrutura em questão.
Equipamento de guindar: equipamento utilizado no transporte Laudo operacional: documento emitido por profissional legal-
vertical de materiais (grua, guincho, guindaste e outros). mente habilitado referente às condições operacionais e de funcio-
Equipamento de salvatagem: equipamento utilizado para resga- namento dos mecanismos, comandos e dispositivos de segurança
te e manutenção da vida do trabalhador após um acidente na água. de um equipamento.
Escada fixa vertical: escada fixada a uma estrutura e utilizada Linga: conjunto de correntes, cabos ou outros materiais utiliza-
para transpor diferença de nível. Escada portátil: escada de mão dos para o içamento de carga. Manilha: dispositivo auxiliar para o
transportável. içamento de carga.
Escada portátil de uso individual: escada de mão com lance único. Máquina autopropelida: máquina que se desloca por meio pró-
Escada portátil dupla: escada de abrir, cavalete ou autossusten- prio de propulsão.
tável. Moitão: dispositivo mecânico utilizado nos equipamentos de
Escada portátil extensível: escada que pode ser estendida em guindar para movimentação de carga.
mais de um lance. Momento máximo: indicação do máximo esforço de momento
Estabilidade garantida: condição caracterizada via laudo técni- aplicado na estrutura de alguns equipamentos de guindar.
co, atestando que determinada estrutura, talude, vala, escoramen- Montante: peça estrutural vertical de andaime, torres e esca-
to ou outro elemento estrutural não oferece risco de colapso. das.
Estabilizador: barra extensível dotada de mecanismo hidráuli- Organização: pessoa ou grupo de pessoas, com suas próprias
co, mecânico ou elétrico, fixado na estrutura da PEMT para impedir funções, responsabilidades, autoridades e relações para alcançar
sua inclinação ou tombamento. seus objetivos. Inclui, mas não se limita a: empregador, tomador de
Estaiamento: utilização de cabos, hastes metálicas ou outros serviços, empresa, empreendedor individual, produtor rural, com-
dispositivos para a sustentação de uma estrutura. panhia, corporação, firma, autoridade, parceria, organização de ca-
Estudo geotécnico: estudo necessário à definição de parâ- ridade ou instituição, parte ou combinação desses, seja incorporada
metros do solo ou rocha, tal como sondagem, ensaios de campo ou ou não, pública ou privada.
ensaios de laboratório. Panagem: tecido que forma a rede de proteção. Patamar: pla-
Ferramenta: instrumento manual utilizado pelo trabalhador taforma entre dois lances de uma escada.
para realização de tarefas. PEMT: Plataforma Elevatória Móvel de Trabalho. Equipamento
Ferramenta de fixação a pólvora ou gás: instrumento utilizado móvel, autopropelido ou não, dotado de uma estação de trabalho,
para fixação de pinos acionada a pólvora ou a gás. cesto ou plataforma, sustentado por haste metálica, lança ou te-
Ferramenta pneumática: instrumento acionado por ar compri- soura, capaz de ascender para atingir ponto ou local de trabalho
mido. Frente de trabalho: área de trabalho móvel e temporária. elevado.
518
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Pilão: peça utilizada para imprimir golpes por gravidade no ba- 1.2 Campo de aplicação
te-estaca. 1.2.1As NR obrigam, nos termos da lei, empregadores e empre-
Pistola finca-pino: ferramenta utilizada para fixação de pino gados, urbanos e rurais.
metálico em estrutura da edificação. 1.2.1.1As NR são de observância obrigatória pelas organizações
Plataforma de proteção: plataforma instalada no perímetro da e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem
edificação destinada a aparar materiais em queda livre. como pelos órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério
Plataforma de proteção primária: plataforma instalada na pri- Público, que possuam empregados regidos pela Consolidação das
meira laje. Plataforma de proteção secundária: plataforma instalada Leis do Trabalho -
acima da primeira laje. Plataforma de proteção terciária: platafor- 1.2.1.2Nos termos previstos em lei, aplica-se o disposto nas NR
ma instalada abaixo da primeira laje. Platibanda: mureta construída a outras relações jurídicas.
na periferia da parte mais elevada da edificação. 1.2.2A observância das NR não desobriga as organizações do
Profissional legalmente habilitado: trabalhador previamente cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, se-
qualificado e com registro no competente conselho de classe. jam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos
Profissional qualificado: trabalhador que comprove conclusão Estados ou Municípios, bem como daquelas oriundas de conven-
de curso específico na sua área de atuação, reconhecido pelo siste- ções e acordos coletivos de trabalho.
ma oficial de ensino.
Protensão: operação de aplicar tensão em cabos ou fios de aço 1.3 Competências e estrutura
usados no concreto protendido. 1.3.1A Secretaria de Trabalho - STRAB, por meio da Subsecre-
Quadro-guia: estrutura de alinhamento para utilização durante taria de Inspeção do Trabalho - SIT, é o órgão de âmbito nacional
o processo de telescopagem da grua ascensional. competente em matéria de segurança e saúde no trabalho para:
Rede de segurança: sistema de proteção para evitar ou amorte- a)formular e propor as diretrizes, as normas de atuação e su-
cer a queda de pessoas. pervisionar as atividades da área de segurança e saúde do traba-
Reservatório para aquecimento: equipamento metálico utiliza- lhador;
do para aquecimento do produto impermeabilizante. b)promover a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes
Sarilho: equipamento para levantar materiais constituído por do Trabalho - CANPAT;
um cilindro horizontal móvel, acionado por motor ou manivela, c)coordenar e fiscalizar o Programa de Alimentação do Traba-
onde se enrola a corda ou cabo de aço. lhador - PAT;
Semimecanizado: processo que utiliza, conjuntamente, meios d)promover a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais
mecânicos e esforços físicos do trabalhador para movimentação de e regulamentares sobre Segurança e Saúde no Trabalho - SST em
cargas. todo o território nacional;
Serviços em flutuantes: atividades desenvolvidas em embarca- e)participar da implementação da Política Nacional de Segu-
ções, plataformas ou outras estruturas sobre a água. rança e Saúde no Trabalho - PNSST; e
Sinaleiro/amarrador: trabalhador responsável pela sinalização f)conhecer, em última instância, dos recursos voluntários ou de
e amarração de carga. ofício, das decisões proferidas pelo órgão regional competente em
SPIQ: Sistema de Proteção Individual contra Quedas, constitu- matéria de segurança e saúde no trabalho, salvo disposição expres-
ído de sistema de ancoragem, elemento de ligação e equipamento sa em contrário.
de proteção individual, em consonância com a NR-35. 1.3.2Compete à SIT e aos órgãos regionais a ela subordinados
Talude: resultado de uma escavação em solo com determinada em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho, nos limites de sua
inclinação. competência, executar:
Telescopagem da grua: processo que altera a altura da grua g)fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre se-
pela inserção de elementos à sua torre através de uma abertura gurança e saúde no trabalho; e
na gaiola. h)as atividades relacionadas com a CANPAT e o PAT.
Trabalhador capacitado: trabalhador treinado para a realização 1.3.3Cabe à autoridade regional competente em matéria de
de atividade específica no âmbito da organização. trabalho impor as penalidades cabíveis por descumprimento dos
preceitos legais e regulamentares sobre segurança e saúde no tra-
NORMA REGULAMENTADORA Nº 1 balho.
519
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no traba- a)os riscos ocupacionais que existam ou possam originar-se nos
lho, dando ciência aos trabalhadores; locais de trabalho;
d)permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem b)os meios para prevenir e controlar tais riscos;
a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre seguran- c)as medidas adotadas pela organização;
ça e saúde no trabalho; d)os procedimentos a serem adotados em situação de emer-
e)determinar procedimentos que devem ser adotados em caso gência; e
de acidente ou doença relacionada ao trabalho, incluindo a análise e)os procedimentos a serem adotados, em conformidade com
de suas causas; os subitens 1.4.3 e 1.4.3.1.
f)disponibilizar à Inspeção do Trabalho todas as informações 1.4.4.1As informações podem ser transmitidas:
relativas à segurança e saúde no trabalho; e f)durante os treinamentos; e
g)implementar medidas de prevenção, ouvidos os trabalhado- g)por meio de diálogos de segurança, documento físico ou ele-
res, de acordo com a seguinte ordem de prioridade: trônico.
I.eliminação dos fatores de risco;
II.minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de 1.5 Gerenciamento de riscos ocupacionais
medidas de proteção coletiva; 1.5.1O disposto neste item deve ser utilizado para fins de pre-
III.minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção venção e gerenciamento dos riscos ocupacionais.
de medidas administrativas ou de organização do trabalho; e 1.5.2Para fins de caracterização de atividades ou operações in-
IV.adoção de medidas de proteção individual. salubres ou perigosas, devem ser aplicadas as disposições previstas
1.4.1.1As organizações obrigadas a constituir CIPA nos termos na NR-15 – Atividades e operações insalubres e NR-16 – Atividades
da NR-05 devem adotar as seguintes medidas, além de outras que e operações perigosas.
entenderem necessárias, com vistas à prevenção e ao combate ao 1.5.3Responsabilidades
assédio sexual e às demais formas de violência no âmbito do traba- 1.5.3.1.A organização deve implementar, por estabelecimento,
lho: (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 - Item e o gerenciamento de riscos ocupacionais em suas atividades.
alíneas entram em vigor no dia 20 de março de 2023) 1.5.3.1.1O gerenciamento de riscos ocupacionais deve consti-
a)inclusão de regras de conduta a respeito do assédio sexual tuir um Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR.
e de outras formas de violência nas normas internas da empresa, 1.5.3.1.1.1A critério da organização, o PGR pode ser implemen-
com ampla divulgação do seu conteúdo aos empregados e às em- tado por unidade operacional, setor ou atividade.
pregadas; 1.5.3.1.2O PGR pode ser atendido por sistemas de gestão, des-
b)fixação de procedimentos para recebimento e acompanha- de que estes cumpram as exigências previstas nesta NR e em dispo-
mento de denúncias, para apuração dos fatos e, quando for o caso, sitivos legais de segurança e saúde no trabalho.
para aplicação de sanções administrativas aos responsáveis diretos 1.5.3.1.3O PGR deve contemplar ou estar integrado com pla-
e indiretos pelos atos de assédio sexual e de violência, garantido o nos, programas e outros documentos previstos na legislação de se-
anonimato da pessoa denunciante, sem prejuízo dos procedimen- gurança e saúde no trabalho.
tos jurídicos cabíveis; e 1.5.3.2A organização deve:
c)realização, no mínimo a cada 12 (doze) meses, de ações de a)evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no
capacitação, de orientação e de sensibilização dos empregados e trabalho;
das empregadas de todos os níveis hierárquicos da empresa sobre b)identificar os perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde;
temas relacionados à violência, ao assédio, à igualdade e à diversi- c)avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco;
dade no âmbito do trabalho, em formatos acessíveis, apropriados e d)classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessi-
que apresentem máxima efetividade de tais ações. dade de adoção de medidas de prevenção;
1.4.2Cabe ao trabalhador: e)implementar medidas de prevenção, de acordo com a classi-
a)cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segu- ficação de risco e na ordem de prioridade estabelecida na alínea “g”
rança e saúde no trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas do subitem 1.4.1; e
pelo empregador; f)acompanhar o controle dos riscos ocupacionais.
b)submeter-se aos exames médicos previstos nas NR; 1.5.3.2.1A organização deve considerar as condições de traba-
c)colaborar com a organização na aplicação das NR; e lho, nos termos da NR-17.
d)usar o equipamento de proteção individual fornecido pelo 1.5.3.3A organização deve adotar mecanismos para:
empregador. a)consultar os trabalhadores quanto à percepção de riscos ocu-
1.4.2.1Constitui ato faltoso a recusa injustificada do emprega- pacionais, podendo para este fim ser adotadas as manifestações da
do ao cumprimento do disposto nas alíneas do subitem anterior. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, quando hou-
1.4.3O trabalhador poderá interromper suas atividades quan- ver; e (redação vigente até 19 de março de 2023)
do constatar uma situação de trabalho onde, a seu ver, envolva um a)consultar os trabalhadores quanto à percepção de riscos ocu-
risco grave e iminente para a sua vida e saúde, informando imedia- pacionais, podendo para este fim ser adotadas as manifestações da
tamente ao seu superior hierárquico. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio - CIPA,
1.4.3.1Comprovada pelo empregador a situação de grave e quando houver; e (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de
iminente risco, não poderá ser exigida a volta dos trabalhadores à 2022 - redação que entra em vigor no dia 20 de março de 2023)
atividade enquanto não sejam tomadas as medidas corretivas. b)comunicar aos trabalhadores sobre os riscos consolidados no
1.4.4Todo trabalhador, ao ser admitido ou quando mudar de inventário de riscos e as medidas de prevenção do plano de ação
função que implique em alteração de risco, deve receber informa- do PGR.
ções sobre:
520
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
1.5.3.4A organização deve adotar as medidas necessárias para 1.5.4.4.6A avaliação de riscos deve constituir um processo con-
melhorar o desempenho em SST. tínuo e ser revista a cada dois anos ou quando da ocorrência das
1.5.4Processo de identificação de perigos e avaliação de riscos seguintes situações:
ocupacionais a)após implementação das medidas de prevenção, para avalia-
1.5.4.1O processo de identificação de perigos e avaliação de ção de riscos residuais;
riscos ocupacionais deve considerar o disposto nas Normas Regu- b)após inovações e modificações nas tecnologias, ambientes,
lamentadoras e demais exigências legais de segurança e saúde no processos, condições, procedimentos e organização do trabalho
trabalho. que impliquem em novos riscos ou modifiquem os riscos existentes;
1.5.4.2Levantamento preliminar de perigos c)quando identificadas inadequações, insuficiências ou ineficá-
1.5.4.2.1O levantamento preliminar de perigos deve ser reali- cias das medidas de prevenção;
zado: d)na ocorrência de acidentes ou doenças relacionadas ao tra-
a)antes do início do funcionamento do estabelecimento ou no- balho;
vas instalações; e)quando houver mudança nos requisitos legais aplicáveis.
b)para as atividades existentes; e 1.5.4.4.6.1No caso de organizações que possuírem certifica-
c)nas mudanças e introdução de novos processos ou atividades ções em sistema de gestão de SST, o prazo poderá ser de até 3 (três)
de trabalho. anos.
1.5.4.2.1.1Quando na fase de levantamento preliminar de peri-
gos o risco não puder ser evitado, a organização deve implementar 1.5.5.Controle dos riscos
o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos ocupa- 1.5.5.1.Medidas de prevenção
cionais, conforme disposto nos subitens seguintes. 1.5.5.1.1A organização deve adotar medidas de prevenção
1.5.4.2.1.2A critério da organização, a etapa de levantamento para eliminar, reduzir ou controlar os riscos sempre que:
preliminar de perigos pode estar contemplada na etapa de identifi- a)exigências previstas em Normas Regulamentadoras e nos dis-
cação de perigos. positivos legais determinarem;
1.5.4.3Identificação de perigos b)a classificação dos riscos ocupacionais assim determinar,
1.5.4.3.1A etapa de identificação de perigos deve incluir: conforme subitem 1.5.4.4.5;
a)descrição dos perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde; c)houver evidências de associação, por meio do controle médi-
b)identificação das fontes ou circunstâncias; e co da saúde, entre as lesões e os agravos à saúde dos trabalhadores
c)indicação do grupo de trabalhadores sujeitos aos riscos. com os riscos e as situações de trabalho identificados.
1.5.4.3.2A identificação dos perigos deve abordar os perigos 1.5.5.1.2Quando comprovada pela organização a inviabilidade
externos previsíveis relacionados ao trabalho que possam afetar a técnica da adoção de medidas de proteção coletiva, ou quando es-
saúde e segurança no trabalho. tas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo,
1.5.4.4Avaliação de riscos ocupacionais planejamento ou implantação ou, ainda, em caráter complementar
1.5.4.4.1A organização deve avaliar os riscos ocupacionais rela- ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecen-
tivos aos perigos identificados em seu(s) estabelecimento(s), de for- do-se a seguinte hierarquia:
ma a manter informações para adoção de medidas de prevenção. a)medidas de caráter administrativo ou de organização do tra-
1.5.4.4.2Para cada risco deve ser indicado o nível de risco ocu- balho; e
pacional, determinado pela combinação da severidade das possí- b)utilização de equipamento de proteção individual - EPI.
veis lesões ou agravos à saúde com a probabilidade ou chance de 1.5.5.1.3A implantação de medidas de prevenção deverá ser
sua ocorrência. acompanhada de informação aos trabalhadores quanto aos proce-
1.5.4.4.2.1A organização deve selecionar as ferramentas e téc- dimentos a serem adotados e limitações das medidas de prevenção.
nicas de avaliação de riscos que sejam adequadas ao risco ou cir- 1.5.5.2.Planos de ação
cunstância em avaliação. 1.5.5.2.1A organização deve elaborar plano de ação, indican-
1.5.4.4.3A gradação da severidade das lesões ou agravos à saú- do as medidas de prevenção a serem introduzidas, aprimoradas ou
de deve levar em conta a magnitude da consequência e o número mantidas, conforme o subitem 1.5.4.4.5.
de trabalhadores possivelmente afetados. 1.5.5.2.2Para as medidas de prevenção
1.5.4.4.3.1A magnitude deve levar em conta as consequências deve ser definido cronograma, formas de acom-
de ocorrência de acidentes ampliados. panhamento e aferição de resultados.
1.5.4.4.4A gradação da probabilidade de ocorrência das lesões 1.5.5.3Implementação e acompanhamento das medidas de
ou agravos à saúde deve levar em conta: prevenção
a)os requisitos estabelecidos em Normas Regulamentadoras; 1.5.5.3.1A implementação das medidas de prevenção e respec-
b)as medidas de prevenção implementadas; tivos ajustes devem ser registrados.
c)as exigências da atividade de trabalho; e 1.5.5.3.2O desempenho das medidas de prevenção deve ser
d)a comparação do perfil de exposição ocupacional com valo- acompanhado de forma planejada e contemplar:
res de referência estabelecidos na NR-09. a)a verificação da execução das ações planejadas;
1.5.4.4.5Após a avaliação, os riscos ocupacionais devem ser b)as inspeções dos locais e equipamentos de trabalho; e
classificados, observado o subitem 1.5.4.4.2, para fins de identificar c)o monitoramento das condições ambientais e exposições a
a necessidade de adoção de medidas de prevenção e elaboração do agentes nocivos, quando aplicável.
plano de ação. 1.5.5.3.2.1As medidas de prevenção devem ser corrigidas
quando os dados obtidos no acompanhamento indicarem ineficácia
em seu desempenho.
521
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
1.5.5.4Acompanhamento da saúde ocupacional dos trabalha- e)avaliação dos riscos, incluindo a classificação para fins de ela-
dores boração do plano de ação; e
1.5.5.4.1A organização deve desenvolver ações em saúde ocu- f)critérios adotados para avaliação dos riscos e tomada de de-
pacional dos trabalhadores integradas às demais medidas de pre- cisão.
venção em SST, de acordo com os riscos gerados pelo trabalho. 1.5.7.3.3O inventário de riscos ocupacionais deve ser mantido
1.5.5.4.2O controle da saúde dos empregados deve ser um pro- atualizado.
cesso preventivo planejado, sistemático e continuado, de acordo 1.5.7.3.3.1O histórico das atualizações deve ser mantido por
com a classificação de riscos ocupacionais e nos termos da NR-07. um período mínimo de 20 (vinte) anos ou pelo período estabeleci-
1.5.5.5.Análise de acidentes e doenças relacionadas ao traba- do em normatização específica.
lho 1.5.8Disposições gerais do gerenciamento de riscos ocupacio-
1.5.5.5.1A organização deve analisar os acidentes e as doenças nais
relacionadas ao trabalho. 1.5.8.1Sempre que várias organizações realizem, simultane-
1.5.5.5.2As análises de acidentes e doenças relacionadas ao amente, atividades no mesmo local de trabalho devem executar
trabalho devem ser documentadas e: ações integradas para aplicar as medidas de prevenção, visando à
a)considerar as situações geradoras dos eventos, levando em proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos ocupacio-
conta as atividades efetivamente desenvolvidas, ambiente de tra- nais.
balho, materiais e organização da produção e do trabalho; 1.5.8.2O PGR da empresa contratante poderá incluir as medi-
b)identificar os fatores relacionados com o evento; e das de prevenção para as empresas contratadas para prestação de
c)fornecer evidências para subsidiar e revisar as medidas de serviços que atuem em suas dependências ou local previamente
prevenção existentes. convencionado em contrato ou referenciar os programas d contra-
tadas.
1.5.6.Preparação para emergências 1.5.8.3As organizações contratantes devem fornecer às contra-
1.5.6.1A organização deve estabelecer, implementar e manter tadas informações sobre os riscos ocupacionais sob sua gestão e
procedimentos de respostas aos cenários de emergências, de acor- que possam impactar nas atividades das contratadas.
do com os riscos, as características e as circunstâncias das ativida- 1.5.8.4As organizações contratadas devem fornecer ao contra-
des. tante o Inventário de Riscos Ocupacionais específicos de suas ativi-
1.5.6.2Os procedimentos de respostas aos cenários de emer- dades que são realizadas nas dependências da contratante ou local
gências devem prever: previamente convencionado em contrato.
d)os meios e recursos necessários para os primeiros socorros,
encaminhamento de acidentados e abandono; e 1.6 Da prestação de informação digital e digitalização de do-
e)as medidas necessárias para os cenários de emergências de cumentos
grande magnitude, quando aplicável. 1.6.1As organizações devem prestar informações de segurança
e saúde no trabalho em formato digital, conforme modelo aprova-
1.5.7 Documentação do pela STRAB, ouvida a SIT.
1.5.7.1O PGR deve conter, no mínimo, os seguintes documen- 1.6.1.1Os modelos aprovados pela STRAB devem considerar os
tos: princípios de simplificação e desburocratização.
a)inventário de riscos; e 1.6.2Os documentos previstos nas NR podem ser emitidos e
b)plano de ação. armazenados em meio digital com certificado digital emitido no
1.5.7.2Os documentos integrantes do PGR devem ser elabora- âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil),
dos sob a responsabilidade da organização, respeitado o disposto normatizada por lei específica.
nas demais Normas Regulamentadoras, datados e assinados. 1.6.3Os documentos físicos, assinados manualmente, inclusive
1.5.7.2.1Os documentos integrantes do PGR devem estar sem- os anteriores à vigência desta NR, podem ser arquivados em meio
pre disponíveis aos trabalhadores interessados ou seus represen- digital, pelo período correspondente exigido pela legislação pró-
tantes e à Inspeção do Trabalho. pria, mediante processo de digitalização conforme disposto em Lei.
1.5.7.3Inventário de riscos ocupacionais 1.6.3.1O processo de digitalização deve ser realizado de forma
1.5.7.3.1Os dados da identificação dos perigos e das avaliações a manter a integridade, a autenticidade e, se necessário, a confi-
dos riscos ocupacionais devem ser consolidados em um inventário dencialidade do documento digital, com o emprego de certificado
de riscos ocupacionais. digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Bra-
1.5.7.3.2O Inventário de Riscos Ocupacionais deve contemplar, sileira (ICP-Brasil).
no mínimo, as seguintes informações: 1.6.3.2Os empregadores que optarem pela guarda de docu-
a)caracterização dos processos e ambientes de trabalho; mentos prevista no caput devem manter os originais conforme pre-
b)caracterização das atividades; visão em lei.
c)descrição de perigos e de possíveis lesões ou agravos à saúde 1.6.4O empregador deve garantir a preservação de todos os
dos trabalhadores, com a identificação das fontes ou circunstâncias, documentos nato digitais ou digitalizados por meio de procedi-
descrição de riscos gerados pelos perigos, com a indicação dos gru- mentos e tecnologias que permitam verificar, a qualquer tempo,
pos de trabalhadores sujeitos a esses riscos, e descrição de medidas sua validade jurídica em todo território nacional, garantindo per-
de prevenção implementadas; manentemente sua autenticidade, integridade, disponibilidade,
d)dados da análise preliminar ou do monitoramento das expo- rastreabilidade, irretratabilidade, privacidade e interoperabilidade.
sições a agentes físicos, químicos e biológicos e os resultados da
avaliação de ergonomia nos termos da NR-17.
522
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
1.6.5O empregador deve garantir à Inspeção do Trabalho am- a)o conteúdo e a carga horária requeridos no novo treinamen-
plo e irrestrito acesso a todos os documentos digitalizados ou nato to estejam compreendidos no treinamento anterior;
digitais. b)o conteúdo do treinamento anterior tenha sido ministrado
1.6.5.1Para os documentos que devem estar à disposição dos no prazo inferior ao estabelecido em NR ou há menos de 2 (dois)
trabalhadores ou dos seus representantes, a organização deverá anos, quando não estabelecida esta periodicidade; e
prover meios de acesso destes às informações, de modo a atender c)seja validado pelo responsável técnico do treinamento.
os objetivos da norma específica. 1.7.6.1O aproveitamento de conteúdos deve ser registrado no
certificado, mencionando o conteúdo e a data de realização do trei-
1.7 Capacitação e treinamento em Segurança e Saúde no Tra- namento aproveitado.
balho 1.7.6.1.1A validade do novo treinamento passa a considerar a
1.7.1O empregador deve promover capacitação e treinamento data do treinamento mais antigo aproveitado.
dos trabalhadores, em conformidade com o disposto nas NR. Aproveitamento de treinamentos entre organizações
1.7.1.1Ao término dos treinamentos inicial, periódico ou even- 1.7.7Os treinamentos realizados pelo trabalhador podem ser
tual, previstos nas NR, deve ser emitido certificado contendo o avaliados pela organização e convalidados ou complementados.
nome e assinatura do trabalhador, conteúdo programático, carga 1.7.7.1A convalidação ou complementação deve considerar:
horária, data, local de realização do treinamento, nome e qualifi- a)as atividades desenvolvidas pelo trabalhador na organização
cação dos instrutores e assinatura do responsável técnico do trei- anterior, quando for o caso;
namento. b)as atividades que desempenhará na organização;
1.7.1.2A capacitação deve incluir: c)o conteúdo e carga horária cumpridos;
a)treinamento inicial; d)o conteúdo e carga horária exigidos; e
b)treinamento periódico; e e)que o último treinamento tenha sido realizado em período
c)treinamento eventual. inferior ao estabelecido na NR ou há menos de 2 (dois) anos, nos
1.7.1.2.1O treinamento inicial deve ocorrer antes de o traba- casos em que não haja prazo estabelecido em NR.
lhador iniciar suas funções ou de acordo com o prazo especificado 1.7.8O aproveitamento de treinamentos anteriores, total ou
em NR. parcialmente, não exclui a responsabilidade da organização de emi-
1.7.1.2.2O treinamento periódico deve ocorrer de acordo com tir a certificação da capacitação do trabalhador, devendo mencio-
periodicidade estabelecida nas NR ou, quando não estabelecido, nar no certificado a data da realização dos treinamentos convalida-
em prazo determinado pelo empregador. dos ou complementados.
1.7.1.2.3O treinamento eventual deve ocorrer: 1.7.8.1Para efeito de periodicidade de realização de novo trei-
a)quando houver mudança nos procedimentos, condições ou namento, é considerada a data do treinamento mais antigo convali-
operações de trabalho, que impliquem em alteração dos riscos ocu- dado ou complementado.
pacionais; Dos treinamentos ministrados na modalidade de ensino a dis-
b)na ocorrência de acidente grave ou fatal, que indique a ne- tância ou semipresencial
cessidade de novo treinamento; ou 1.7.9Os treinamentos podem ser ministrados na modalidade
c)após retorno de afastamento ao trabalho por período supe- de ensino a distância ou semipresencial, desde que atendidos os
rior a 180 (cento e oitenta) dias. requisitos operacionais, administrativos, tecnológicos e de estrutu-
1.7.1.2.3.1A carga horária, o prazo para sua realização e o con- ração pedagógica previstos no Anexo II desta NR.
teúdo programático do treinamento eventual deve atender à situa- 1.7.9.1O conteúdo prático do treinamento pode ser realizado
ção que o motivou. na modalidade de ensino a distância ou semipresencial, desde que
1.7.1.3A capacitação pode incluir: previsto em NR específica.
a)estágio prático, prática profissional supervisionada ou orien- 1.8Tratamento diferenciado ao Microempreendedor Individual
tação em serviço; - MEI, à Microempresa - ME e à Empresa de Pequeno Porte - EPP
b)exercícios simulados; ou 1.8.1O Microempreendedor Individual - MEI está dispensado
c)habilitação para operação de veículos, embarcações, máqui- de elaborar o PGR
nas ou equipamentos. 1.8.1.1A dispensa da obrigação de elaborar o PGR não alcan-
1.7.2O tempo despendido em treinamentos previstos nas NR é ça a organização contratante do MEI, que deverá incluí-lo nas suas
considerado como de trabalho efetivo. ações de prevenção e no seu PGR, quando este atuar em suas de-
1.7.3O certificado deve ser disponibilizado ao trabalhador e pendências ou local previamente convencionado em contrato.
uma cópia arquivada na organização. 1.8.2Serão expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e
1.7.4A capacitação deve ser consignada nos documentos fun- Trabalho – SEPRT fichas com orientações sobre as medidas de pre-
cionais do empregado. venção a serem adotadas pelo MEI.
1.7.5Os treinamentos previstos em NR podem ser ministrados 1.8.3As microempresa e empresas de pequeno porte que não
em conjunto com outros treinamentos da organização, observados forem obrigadas a constituir SESMT e optarem pela utilização de
os conteúdos e a carga horária previstos na respectiva norma regu- ferramenta(s) de avaliação de risco a serem disponibilizada(s) pela
lamentadora. SEPRT, em alternativa às ferramentas e técnicas previstas no subi-
Aproveitamento de conteúdos de treinamento na mesma or- tem 1.5.4.4.2.1, poderão estruturar o PGR considerando o relatório
ganização produzido por esta(s) ferramenta(s) e o plano de ação.
1.7.6É permitido o aproveitamento de conteúdos de treina- 1.8.4As microempresas e empresas de pequeno porte, graus
mentos ministrados na mesma organização desde que: de risco 1 e 2, que no levantamento preliminar de perigos não iden-
tificarem exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e bio-
523
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
lógicos, em conformidade com a NR9, e declararem as informações Empregado: a pessoa física que presta serviços de natureza
digitais na forma do subitem 1.6.1, ficam dispensadas da elabora- não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
ção do PGR. salário.
1.8.4.1As informações digitais de segurança e saúde no traba- Empregador: a empresa individual ou coletiva que, assumindo
lho declaradas devem ser divulgadas junto aos trabalhadores. os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a pres-
1.8.5A dispensa prevista nesta Norma é aplicável quanto à obri- tação pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador as organi-
gação de elaboração do PGR e não afasta a obrigação de cumpri- zações, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as
mento por parte do MEI, ME e EPP das demais disposições previstas associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos,
em NR. que admitam trabalhadores como empregados.
1.8.6O MEI, a ME e a EPP, graus de risco 1 e 2, que declararem Estabelecimento: local privado ou público, edificado ou não,
as informações digitais na forma do subitem 1.6.1 e não identifica- móvel ou imóvel, próprio ou de terceiros, onde a empresa ou a or-
rem exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos, biológicos ganização exerce suas atividades em caráter temporário ou perma-
e riscos relacionados a fatores ergonômicos, ficam dispensados de nente.
elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional Evento perigoso: Ocorrência ou acontecimento com o poten-
- PCMSO. cial de causar lesões ou agravos à saúde.
1.8.6.1A dispensa do PCMSO não desobriga a empresa da rea- Frente de trabalho: área de trabalho móvel e temporária. Local
lização dos exames médicos e emissão do Atestado de Saúde Ocu- de trabalho: área onde são executados os trabalhos.
pacional - ASO. Obra: todo e qualquer serviço de engenharia de construção,
1.8.7Os graus de riscos 1 e 2 mencionados nos subitens 1.8.4 montagem, instalação, manutenção ou reforma.
e 1.8.6 são os previstos na Norma Regulamentadores nº 04 - Servi- Ordem de serviço de segurança e saúde no trabalho: instruções
ços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do por escrito quanto às precauções para evitar acidentes do trabalho
Trabalho - SESMT. ou doenças ocupacionais. A ordem de serviço pode estar contem-
1.8.8O empregador é o responsável pela prestação das infor- plada em procedimentos de trabalho e outras instruções de SST.
mações previstas nos subitens 1.8.4 e 1.8.6. Organização: pessoa ou grupo de pessoas com suas próprias
funções com responsabilidades, autoridades e relações para alcan-
1.9 Disposições finais çar seus objetivos. Inclui, mas não é limitado a empregador, a toma-
1.9.1O não-cumprimento das disposições legais e regulamen- dor de serviços, a empresa, a empreendedor individual, produtor
tares sobre segurança e saúde no trabalho acarretará a aplicação rural, companhia, corporação, firma, autoridade, parceria, organi-
das penalidades previstas na legislação pertinente. zação de caridade ou instituição, ou parte ou combinação desses,
1.9.2Os casos omissos verificados no cumprimento das NR se- seja incorporada ou não, pública ou privada.
rão decididos pela Secretaria de Trabalho, ouvida a SIT. Perigo ou fator de risco ocupacional/ Perigo ou fonte de risco
ocupacional: Fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à
ANEXO I DA NR-01 saúde. Elemento que isoladamente ou em combinação com outros
TERMOS E DEFINIÇÕES tem o potencial intrínseco de dar origem a lesões ou agravos à saú-
de.
Agente biológico: Microrganismos, parasitas ou materiais ori- Prevenção: o conjunto das disposições ou medidas tomadas ou
ginados de organismos que, em função de sua natureza e do tipo previstas em todas as fases da atividade da organização, visando
de exposição, são capazes de acarretar lesão ou agravo à saúde do evitar, eliminar, minimizar ou controlar os riscos ocupacionais.
trabalhador. Exemplos: bactéria Bacillus anthracis, vírus linfotrópico Responsável técnico pela capacitação: profissional legalmente
da célula T humana, príon agente de doença de Creutzfeldt-Jakob, habilitado ou trabalhador qualificado, conforme disposto em NR
fungo Coccidioides immitis. específica, responsável pela elaboração das capacitações e treina-
Agente físico: Qualquer forma de energia que, em função de mentos.
sua natureza, intensidade e exposição, é capaz de causar lesão ou Risco ocupacional: Combinação da probabilidade de ocorrer le-
agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: ruído, vibrações, pres- são ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição
sões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radia- a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severi-
ções não ionizantes. dade dessa lesão ou agravo à saúde.
Observação: Critérios sobre iluminamento, conforto térmico e Setor de serviço: a menor unidade administrativa ou operacio-
conforto acústico da NR-17 não constituem agente físico para fins nal compreendida no mesmo estabelecimento.
da NR-09. Trabalhador: pessoa física inserida em uma relação de traba-
Agente químico: Substância química, por si só ou em misturas, lho, inclusive de natureza administrativa, como os empregados e
quer seja em seu estado natural, quer seja produzida, utilizada ou outros sem vínculo de emprego.
gerada no processo de trabalho, que em função de sua natureza,
concentração e exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à ANEXO II DA NR-01
saúde do trabalhador. Exemplos: fumos de cádmio, poeira mineral DIRETRIZES E REQUISITOS MÍNIMOS PARA UTILIZAÇÃO DA
contendo sílica cristalina, vapores de tolueno, névoas de ácido sul- MODALIDADE DE ENSINO A DISTÂNCIA E SEMIPRESENCIAL.
fúrico.
Canteiro de obra: área de trabalho fixa e temporária, onde se Sumário:
desenvolvem operações de apoio e execução à construção, demoli- 1.Objetivo
ção ou reforma de uma obra. 2.Disposições gerais
3.Estruturação pedagógica
524
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
525
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
como sendo uma “sala de aula” acessada via web. Permite integrar NORMA REGULAMENTADORA Nº 9
múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de
maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e obje-
tos de conhecimento, elaborar e socializar produções, tendo em NR-09 - AVALIAÇÃO E CONTROLE DAS EXPOSIÇÕES OCUPA-
vista atingir determinados objetivos. CIONAIS A AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS
Avaliação de Aprendizagem: visa aferir o conhecimento adqui-
rido pelo trabalhador e o respectivo grau de assimilação após a re- 9.1 Objetivo
alização da capacitação. 9.1.1Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requisi-
EAD: segundo Decreto n.º 9.057/2017, caracteriza-se a Educa- tos para a avaliação das
ção a Distância como modalidade educacional na qual a mediação exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológi-
didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocor- cos quando identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos
re com a utilização de meios e tecnologias de informação e comu- - PGR, previsto na NR-1, e subsidiá-lo quanto às medidas de preven-
nicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades ção para os riscos ocupacionais.
educativas em lugares ou tempos diversos.
Ensino semipresencial: conjugação de atividades presenciais 9.2 Campo de Aplicação
obrigatórias com outras atividades educacionais que podem ser re- 9.2.1As medidas de prevenção estabelecidas nesta Norma se
alizadas sem a presença física do participante em sala de aula, uti- aplicam onde houver exposições ocupacionais aos agentes físicos,
lizando recursos didáticos com suporte da tecnologia, de material químicos e biológicos.
impresso e/ou de outros meios de comunicação. 9.2.1.1A abrangência e profundidade das medidas de preven-
Projeto pedagógico: instrumento de concepção do processo ção dependem das características das exposições e das necessida-
ensino-aprendizagem. Nele deve-se registrar o objetivo da apren- des de controle.
dizagem, a estratégia pedagógica escolhida para a formação e ca- 9.2.2Esta NR e seus anexos devem ser utilizados para fins de
pacitação dos trabalhadores, bem como todas as informações que prevenção e controle dos riscos ocupacionais causados por agentes
estejam envolvidas no processo. físicos, químicos e biológicos.
Instrumentos para potencialização do aprendizado: recursos, 9.2.2.1Para fins de caracterização de atividades ou operações
ferramentas, dinâmicas e tecnologias de comunicação que tenham insalubres ou perigosas, devem ser aplicadas as disposições previs-
como objetivo tornar mais eficaz o processo de ensino- aprendiza- tas na NR-15 - Atividades e operações insalubres e NR-16 - Ativida-
gem. des e operações perigosas.
Log: registro informatizado de acesso ao sistema. Ex.: log de
acesso: registro de acessos; login: registro de entrada; 9.3 Identificação das Exposições Ocupacionais aos Agentes Fí-
Logoff: registro de saída. sicos, Químicos e Biológicos
9.3.1A identificação das exposições ocupacionais aos agentes
NORMA REGULAMENTADORA Nº 7 físicos, químicos e biológicos deverá considerar:
a)descrição das atividades;
b)identificação do agente e formas de exposição;
Prezado(a), c)possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados às exposi-
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico ções identificadas;
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é d)fatores determinantes da exposição;
reservada para a inclusão de materiais que complementam a apos- e)medidas de prevenção já existentes; e
tila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relacio- f)identificação dos grupos de trabalhadores expostos.
nados a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
cabem na estrutura de nossas apostilas. 9.4 Avaliação das Exposições Ocupacionais aos Agentes Físi-
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são cos, Químicos e Biológicos
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po- 9.4.1Deve ser realizada análise preliminar das atividades de
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste trabalho e dos dados já disponíveis relativos aos agentes físicos,
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno. químicos e biológicos, a fim de determinar a necessidade de ado-
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me- ção direta de medidas de prevenção ou de realização de avaliações
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da qualitativas ou, quando aplicáveis, de avaliações quantitativas.
apostila. 9.4.2A avaliação quantitativa das exposições ocupacionais aos
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo agentes físicos, químicos e biológicos, quando necessária, deverá
link a seguir: ser realizada para:
a)comprovar o controle da exposição ocupacional aos agentes
https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-infor- identificados;
macao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comis- b)dimensionar a exposição ocupacional dos grupos de traba-
sao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamen- lhadores;
tadoras/nr-07-atualizada-2022-1.pdf c)subsidiar o equacionamento das medidas de prevenção.
9.4.2.1A avaliação quantitativa deve ser representativa da ex-
Bons estudos! posição ocupacional, abrangendo aspectos organizacionais e condi-
ções ambientais que envolvam o trabalhador no exercício das suas
atividades.
526
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
527
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
1.O bjetivos
1.1Estabelecer os requisitos para a avaliação da exposição ocu-
pacional ao agente físico calor, quando identificado no Programa de
Gerenciamento de Riscos - PGR, previsto na NR-01, e subsidiá- lo
quanto às medidas de prevenção.
528
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
2.Campo de Aplicação 3.3A avaliação quantitativa do calor deverá ser realizada com
2.1As disposições estabelecidas neste Anexo se aplicam onde base na metodologia e procedimentos descritos na Norma de Higie-
houver exposição ocupacional ao agente físico calor. ne Ocupacional n° 06 - NHO 06 (2ª edição - 2017) da Fundacentro,
nos seguintes aspectos:
3.Responsabilidades da organização a)determinação de sobrecarga térmica por meio do índice IBU-
3.1A organização deve adotar medidas de prevenção, de modo TG - Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo;
que a exposição ocupacional ao calor não cause efeitos adversos à b)equipamentos de medição e formas de montagem, posicio-
saúde do trabalhador. namento e procedimentos de uso dos mesmos nos locais avaliados;
3.1.1A organização deve orientar os trabalhadores especial- c)procedimentos quanto à conduta do avaliador; e
mente quanto aos seguintes aspectos: d)medições e cálculos.
a)fatores que influenciam os riscos relacionados à exposição ao 3.3.1A taxa metabólica deve ser estimada com base na compa-
calor; ração da atividade realizada pelo trabalhador com as opções apre-
b)distúrbios relacionados ao calor, com exemplos de seus sinais sentadas no Quadro 3 deste anexo.
e sintomas, tratamentos, entre outros; 3.3.1.1Caso uma atividade específica não esteja apresentada
c)necessidade de informar ao superior hierárquico ou ao médi- no Quadro 3 deste anexo, o valor da taxa metabólica deverá ser
co a ocorrência de sinais e sintomas relacionados ao calor; obtido por associação com atividade similar do referido Quadro.
d)medidas de prevenção relacionadas à exposição ao calor, de 3.3.1.1.1Na impossibilidade de enquadramento por similari-
acordo com a avalição de risco da atividade; dade, a taxa metabólica também pode ser estimada com base em
e)informações sobre o ambiente de trabalho e suas caracterís- outras referências técnicas, desde que justificadas tecnicamente.
ticas; e 3.3.2Para atividades em ambientes externos sem fontes artifi-
f)situações de emergência decorrentes da exposição ocupacio- ciais de calor, alternativamente ao previsto nas alíneas “b”, “c”, e “d”
nal ao calor e condutas a serem adotadas. do subitem 3.3, poderá ser utilizada ferramenta da Fundacentro,
3.1.2Devem ser realizados treinamentos periódicos anuais es- para estimativa do IBUTG, se disponível.
pecíficos, quando indicados nas medidas de prevenção.
3.2A avaliação preliminar da exposição ocupacional ao calor 4.Medidas de prevenção
deve considerar os seguintes aspectos, quando aplicáveis: 4.1Medidas preventivas
a)a identificação do perigo; 4.1.1Sempre que os níveis de ação para exposição ocupacional
b)a caracterização das fontes geradoras; ao calor, estabelecidos no Quadro 1 forem excedidos, devem ser
c)a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propa- adotadas pela organização, uma ou mais das seguintes medidas:
gação dos agentes no ambiente de trabalho; a)disponibilizar água fresca potável (ou outro líquido de reposi-
d)identificação das funções e determinação do número de tra- ção adequado) e incentivar a sua ingestão; e
balhadores expostos; b)programar os trabalhos mais pesados (acima de 414W - qua-
e)a caracterização das atividades e do tipo da exposição, consi- trocentos e quatorze watts), preferencialmente nos períodos com
derando a organização do trabalho; condições térmicas mais amenas, desde que nesses períodos não
f)a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de ocorram riscos adicionais.
possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; 4.1.2Para os ambientes fechados ou com fontes artificiais de
g)os possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados aos peri- calor, além do subitem 4.1.1, o empregador deve fornecer vesti-
gos identificados, disponíveis na literatura técnica; mentas de trabalho adaptadas ao tipo de exposição e à natureza
h)a descrição das medidas de prevenção já existentes; da atividade.
i)características dos fatores ambientais e demais condições de 4.2Medidas corretivas
trabalho que possam influenciar na exposição ao calor e no meca- 4.2.1As medidas corretivas visam reduzir a exposição ocupacio-
nismo de trocas térmicas entre o trabalhador e o ambiente; nal ao calor a valores abaixo do limite de exposição.
j)estimativas do tempo de permanência em cada atividade e si- 4.2.2Quando ultrapassados os limites de exposição estabele-
tuação térmica às quais o trabalhador permanece exposto ao longo cidos no Quadro 2, devem ser adotadas pela organização uma ou
da sua jornada de trabalho; mais das seguintes medidas corretivas:
k)taxa metabólica para execução das atividades com exposição a)adequar os processos, as rotinas ou as operações de traba-
ao calor; e lho;
l)registros disponíveis sobre a exposição ocupacional ao calor. b)alternar operações que gerem exposições a níveis mais ele-
3.2.1A avaliação preliminar deve subsidiar a adoção de medi- vados de calor com outras que não apresentem exposições ou im-
das de prevenção, sem prejuízo de outras medidas previstas nas pliquem exposições a menores níveis, resultando na redução da
demais Normas Regulamentadoras. exposição; e
3.2.1.1Se as informações obtidas na avaliação preliminar não c)disponibilizar acesso a locais, inclusive naturais, termicamen-
forem suficientes para permitir a tomada de decisão quanto à ne- te mais amenos, que possibilitem pausas espontâneas, permitindo
cessidade de implementação de medidas de prevenção, deve-se a recuperação térmica nas atividades realizadas em locais abertos
proceder à avaliação quantitativa para: e distantes de quaisquer edificações ou estruturas naturais ou ar-
a)comprovar o controle da exposição ou a inexistência de riscos tificiais.
identificados na etapa de avaliação preliminar; 4.2.2.1Para os ambientes fechados ou com fontes artificiais de
b)dimensionar a exposição dos trabalhadores; e calor, além do subitem 4.2.2, a organização deve:
c)subsidiar o equacionamento das medidas de prevenção. a)adaptar os locais e postos de trabalho;
b)reduzir a temperatura ou a emissividade das fontes de calor;
529
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
5.Aclimatização
5.1Para atividades de exposição ocupacional ao calor acima do nível de ação, deve ser considerada a aclimatização dos trabalhadores
descrita no PCMSO.
5.2Quando houver a necessidade de elaboração de plano de aclimatização dos trabalhadores, devem ser considerados os parâmetros
previstos na NHO 06 da Fundacentro ou outras referências técnicas emitidas por organização competente.
6.Procedimentos de emergência
6.1A organização deve possuir procedimento de emergência específico para o calor, contemplando:
a)meios e recursos necessários para o primeiro atendimento ou encaminhamento do trabalhador para atendimento; e
b)informação a todas as pessoas envolvidas nos cenários de emergências.
530
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
531
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
155 31,5 289 28,4 537 25,3 Trabalho moderado com um 225
158 31,4 294 28,3 548 25,2 braço
161 31,3 300 28,2 559 25,1 Trabalho pesado com um braço 261
165 31,2 306 28,1 570 25,0 Trabalho leve com dois braços 243
168 31,1 313 28,0 582 24,9 Trabalho moderado com dois 279
braços
171 31,0 319 27,9 594 24,8
Trabalho pesado com dois 315
175 30,9 325 27,8 606 24,7 braços
178 30,8 332 27,7 Trabalho leve com o corpo 351
182 30,7 339 27,6 Trabalho moderado com o 468
corpo
Nota 1: Os limites estabelecidos são válidos apenas para tra-
balhadores com uso de vestimentas que não incrementem ajuste Trabalho pesado com o corpo 630
de IBUTG médio, conforme correções previstas no Quadro 4 deste Em pé, em movimento
anexo. Andando no plano
Nota 2: Os limites são válidos para trabalhadores com aptidão
para o trabalho, conforme avaliação médica prevista na NR-07. 1. Sem carga
•2 km/h 198
QUADRO 3 - TAXA METABÓLICA POR TIPO DE ATIVIDADE
•3 km/h 252
•4 km/h 297
ATIVIDADE TAXA METABÓLICA (W)
•5 km/h 360
Sentado
2. Com carga
Em repouso 100
•10 kg, 4 km/h 333
Trabalho leve com as mãos 126
•30 kg, 4 km/h 450
Trabalho moderado com as 153
mãos Correndo no plano
Trabalho pesado com as mãos 171 •9 km/h 787
Trabalho leve com um braço 162 •12 km/h 873
Trabalho moderado com um 198 •15 km/h 990
braço Subindo rampa
Trabalho pesado com um braço 234 1. Sem carga
Trabalho leve com dois braços 216 •com 5° de inclinação, 4 km/h 324
Trabalho moderado com dois 252 •com 15° de inclinação, 3 km/h 378
braços
•com 25° de inclinação, 3 km/h 540
Trabalho pesado com dois 288
2. Com carga de 20 kg
braços
•com 15° de inclinação, 4 km/h 486
Trabalho leve com braços e 324
pernas •com 25° de inclinação, 4 km/h 738
Trabalho moderado com bra- 441 Descendo rampa (5 km/h) sem
ços e pernas carga
Trabalho pesado com braços e 603 •com 5° de inclinação 243
pernas •com 15° de inclinação 252
Em pé, agachado ou ajoelhado •com 25° de inclinação 324
Em repouso 126 Subindo escada (80 degraus
Trabalho leve com as mãos 153 por minuto - altura do degrau
de 0,17 m)
Trabalho moderado com as 180
mãos •Sem carga 522
Trabalho pesado com as mãos 198 •Com carga (20 kg) 648
Trabalho leve com um braço 189
532
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
533
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
4. IBFC - 2022 - Prefeitura de Dourados - MS - Procurador Mu- III - A empresa ALFA tem responsabilidade pelo acidente de tra-
nicipal balho ocorrido com Pedro, considerando que lhe deveria ter asse-
Relativamente às características do contrato de trabalho, assi- gurado o treinamento adequado para a atividade exercida.
nale a alternativa incorreta. IV - Pedro tem direito ao mesmo salário pago pela empresa
(A) O contrato de trabalho é consensual, em contraposição ao ALFA aos seus empregados que exercem a função de vigilante, con-
contrato formal ou solene. Com efeito, o contrato de trabalho siderando que a prestação de serviços ocorre em atividade finalísti-
exige apenas o acordo entre as partes, ou seja, o mero consen- ca da empresa ALFA.
timento, independentemente de qualquer solenidade (pode
ser até tácito) ou forma especial (pode ser verbal ou escrito, se Assinale a alternativa CORRETA:
expresso, ou, repita-se, apenas tácito) (A) Apenas a assertiva I está correta.
(B) O contrato de trabalho é dotado de alteridade, porque o (B) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
empregado trabalha por conta própria, no que deve afirmar (C) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
que, ao receber o salário, o empregado faz jus aos resultados (D) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
do empreendimento, sejam eles positivos ou negativos (E) Não respondida.
(C) O contrato de trabalho é sinalagmático, no sentido de que é
bilateral e cria obrigações para ambas as partes, e comutativo, 7. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Área
no sentido de que há equivalência entre a prestação de servi- Judiciária
ços e a contraprestação salarial A Tecelagem Fios Quentinhos Ltda. precisou cortar gastos, pre-
(D) O contrato de trabalho é ajuste de direito privado, porque servando os postos de trabalho de seus colaboradores. Assim, de-
a essência do contrato, a saber, a prestação de serviço, é de cidiu suprimir o turno da noite, compreendido entre as 22:00 hs. e
natureza privada, inclusive quando o Estado é o empregador, às 6:00 hs., bem como as horas extras habituais. Roberto, que tra-
pois neste caso age como particular, sem privilégios frente ao balhava nesse turno por 8 anos, foi informado que a partir do mês
Direito do Trabalho. Ademais, os sujeitos do contrato são par- seguinte deveria escolher a prestação de seus serviços ou no turno
ticulares das 6:00 hs. às 14:00 hs. ou no das 14:00 hs. às 22:00 hs. Miriam
foi informada que não mais prestaria horas extras, adicional este
5. (FCC - TRT - 5ª REGIÃO (BA) - 2022 - ANALISTA JUDICIÁRIO - que fez parte de sua remuneração durante 5 anos. Diante do caso
ÁREA JUDICIÁRIA) Considere: narrado e de acordo com a legislação vigente e o entendimento su-
I. Empresa A é controlada administrativamente pela Empresa B. mulado do TST,
II. Empresa C e Empresa D, autônomas entre si, possuem os (A) é ilícito ao empregador, unilateralmente, alterar o contrato
mesmos sócios, não atuando de forma conjunta. de trabalho, devendo ter o aval do sindicato que representa
III. Empresa E e Empresa F possuem sócios em comum, atuam seus empregados para qualquer alteração.
comprovadamente com interesse integrado, em conjunto, com efe- (B) em virtude do jus variandi do empregador podem ser supri-
tiva comunhão de interesses. midos adicionais de remuneração, quando a condição gravosa
IV. Empresa G e Empresa H são dirigidas pela Empresa J. que acarretava o seu pagamento não mais existe; entretanto,
no caso da supressão de adicional noturno, como também fo-
Conforme a Consolidação das Leis do Trabalho, há responsabi- ram suprimidos os pagamentos relativos à hora noturna redu-
lidade solidária pelos direitos decorrentes da relação de emprego zida, é devida uma indenização a Roberto.
dos seus empregados APENAS em (C) conforme o jus variandi do empregador podem ser supri-
(A) I e II. midos adicionais de remuneração, quando a condição gravosa
(B) I, III e IV. que acarretava o seu pagamento não mais existe; entretanto,
(C) II e III. pelos anos de trabalho prestados, tais alterações somente são
(D) II e IV. válidas aos novos empregados, caracterizando direito adquiri-
(E) I e III. do tanto para Roberto quanto para Miriam, que continuarão a
recebê-los.
6. MPT - 2022 - MPT - Procurador do Trabalho (D) tanto Miriam quanto Roberto terão direito a uma indeniza-
Pedro era empregado da empresa GAMA, que mantém con- ção, calculada sobre os anos de serviços prestados na condição
trato de prestação de serviços com a empresa de vigilância ALFA. que acarretava o pagamento dos adicionais de remuneração.
Pedro exercia a função de vigilante em estabelecimento da empresa (E) por força do jus variandi do empregador podem ser supri-
ALFA quando sofreu acidente de trabalho em razão de treinamento midos adicionais de remuneração, quando a condição gravosa
inadequado e da não adoção de medidas de segurança estabele- que acarretava o seu pagamento não mais existe; entretanto,
cidas no Programa de Gerenciamento de Riscos da empresa ALFA. no caso da supressão de horas extras, é devida uma indeniza-
Com base no relato acima, analise as seguintes assertivas: ção a Miriam.
I - A empresa ALFA tem responsabilidade pelo acidente de trabalho
ocorrido com Pedro, considerando que deveria ter assegurado as condi-
ções de segurança, higiene e salubridade aos trabalhadores da empresa
GAMA que estavam prestando serviços em suas dependências.
II - Pedro deveria ter buscado o serviço médico e ambulatorial
da empresa GAMA, considerando que não é assegurado aos empre-
gados desta as mesmas condições de atendimento médico ou am-
bulatorial existentes nas dependências da empresa tomadora ALFA.
534
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
535
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
13. CESPE / CEBRASPE - 2021 - APEX Brasil - Analista 16. CESPE / CEBRASPE - 2021 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito
Paulo começou a trabalhar em uma empresa privada no dia 10 e Legislação
de abril de 2019. No dia 5 de abril de 2020, ele requereu ao seu em- Com relação à proteção ao trabalho da mulher, julgue o item
pregador a conversão de um terço do período de férias a que teria subsecutivo.
direito em abono pecuniário. O empregador atendeu ao pedido e Situação hipotética: Uma empregada demitida no mês de mar-
pagou a respectiva verba no dia anterior ao início do período de ço descobriu, em maio, que estava grávida e que a data da gestação
fruição das férias. era anterior à de sua demissão. Ciente do fato, a empresa convo-
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta, com cou a empregada para retornar ao emprego, o que foi recusado.
base na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) Assertiva: Nesse caso, a empregada perde o direito à indenização
(A) O empregador não era obrigado a atender o pedido de Pau- compensatória decorrente da estabilidade da gestante.
lo, porque a concessão do abono é uma faculdade do próprio ( ) Certo
empregador e independe de concordância ou pedido do em- ( ) Errado
pregado.
(B) Paulo solicitou o referido abono pecuniário fora do prazo 17. CESGRANRIO - 2018 - Petrobras
estipulado pela CLT. No exame de acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho
(C) Paulo fazia jus à conversão de até dois terços do período de balizará sua atuação pelo princípio da intervenção na autonomia da
férias em abono, conforme previsto pela CLT. vontade coletiva
(D) O empregador agiu corretamente, porque o prazo para pa- (A) efetiva
gamento do referido abono, conforme a CLT, é de até 24 dias (B) positiva
antes do início do período de fruição das férias. (C) contributiva
(D) mínima
14. CESGRANRIO - 2022 - ELETROBRAS-ELETRONUCLEAR (E) protetiva
K promoveu reclamação trabalhista em face de JJ S/A, sendo
seu pedido julgado procedente. Iniciada a execução, constata-se 18. MPT - 2022 - MPT
que a ré não possui patrimônio. O processo veio a ser suspenso De acordo com os posicionamentos do Tribunal Superior do
por um ano. Após o período de suspensão, manteve-se inalterada a Trabalho e do Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa COR-
situação patrimonial da executada. RETA:
(A) Assegura-se a liberação de dirigente sindical, com ônus para
Nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho, pode ser o empregador, para participação em assembleias e reuniões
declarada a prescrição intercorrente, não cumprida pelo exequen- sindicais.
te da ordem judicial, sendo o prazo estabelecido de inércia de, no (B) A administração pública não deve proceder ao desconto dos
mínimo, dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve
(A) três meses pelos servidores públicos, sendo permitida, entretanto, a com-
(B) seis meses pensação em caso de acordo.
(C) nove meses (C) É incompatível com a declaração de abusividade de movi-
(D) um ano mento grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou
(E) dois anos garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes
à utilização do instrumento de pressão máximo.
15. VUNESP - 2022 - Docas - PB (D) O membro de conselho fiscal tem direito à estabilidade pro-
De acordo com a CLT, assinale a alternativa que trata correta- visória porque representa e atua na defesa de direitos da cate-
mente de decadência e prescrição no direito do trabalho. goria respectiva, incluindo a fiscalização da gestão financeira
(A) Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho do sindicato.
no prazo de cinco anos. (E) Não respondida.
(B) A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajui-
zamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo in- 19. VUNESP - 2022 - Docas - PB
competente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do A respeito do trabalho portuário, pode-se afirmar que
mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos (A) cabe ao operador portuário efetuar o pagamento da remu-
idênticos. neração pelos serviços executados, bem como das parcelas re-
(C) A prescrição intercorrente não pode ser declarada de ofício. ferentes às férias e 13° , diretamente ao trabalhador portuário
(D) Em período de recesso forense, os prazos decadenciais fi- avulso.
cam suspensos. (B) na hipótese de constituição ou associação à cooperativa
(E) A prescrição intercorrente não é cabível em processos tra- para se estabelecer como operador portuário, o trabalhador
balhistas. portuário avulso terá seu registro junto ao OGMO cancelado.
(C) cabe ao OGMO a escalação do trabalhador portuário avul-
so em sistema de rodízio, atentando-se para a observância do
intervalo mínimo de onze horas consecutivas entre duas jorna-
das, ressalvadas as situações excepcionais previstas em acordo
ou convenção coletiva de trabalho.
536
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
537
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 A ______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 B
5 B ______________________________________________________
6 A ______________________________________________________
7 E
______________________________________________________
8 A
9 B ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________
11 E
______________________________________________________
12 E
______________________________________________________
13 B
14 E ______________________________________________________
15 B ______________________________________________________
16 ERRADO
_____________________________________________________
17 D
18 C _____________________________________________________
19 C ______________________________________________________
20 A ______________________________________________________
21 B
______________________________________________________
538