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CÓD: OP-117JN-24

CNU
CONCURSO NACIONAL UNIFICADO

Conhecimentos gerais - BLOCOS 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7


EDITAIS Nº 1, 2, 3, 4, 5, 6 E 7/2024
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ÍNDICE

Políticas Públicas
1. Introdução às políticas públicas: conceitos e tipologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2. Ciclos de políticas públicas: agenda e formulação; processos de decisão; implementação, seus planos, projetos e programas; 14
monitoramento e avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. Institucionalização das políticas em Direitos Humanos como políticas de Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Federalismo e descentralização de políticas públicas no Brasil: organização e funcionamento dos sistemas de programas 16
nacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Desafios do Estado de Direito: Democracia e Cidadania


1. Estado de direito e a Constituição Federal de 1988: consolidação da democracia, representação política e participação cidadã 19
2. Divisão e coordenação de Poderes da República . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3. Presidencialismo como sistema de governo: noções gerais, capacidades governativas e especificidades do caso brasileiro . . . 20
4. Efetivação e reparação de Direitos Humanos: memória, autoritarismo e violência de Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 (Decreto nº 7.037/2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Combate às discriminações, desigualdades e injustiças: de renda, regional, racial, etária e de gênero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7. Desenvolvimento sustentável, meio ambiente e mudança climática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Ética e Integridade
1. Princípios e valores éticos do serviço público, seus direitos e deveres à luz do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, e do 67
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/1994) . . . . . . . . . . . . . . .
2. Governança pública e sistemas de governança (Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017). Gestão de riscos e medidas 74
mitigatórias na Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. Integridade pública (Decreto nº 11.529/2023) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
4. Transparência e qualidade na gestão pública, cidadania e equidade social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5. Governo eletrônico e seu impacto na sociedade e na Administração Pública. Lei nº 14.129/2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
6. Acesso à informação. Lei nº 12.527/2011 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
7. Transparência e imparcialidade nos usos da inteligência artificial no âmbito do serviço público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

Diversidade e Inclusão na Sociedade


1. Diversidade de sexo, gênero e sexualidade; diversidade étnico-racial; diversidade cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

2. Desafios sociopolíticos da inclusão de grupos vulnerabilizados: crianças e adolescentes; idosos; LGBTQIA+; pessoas com defi- 110
ciências; pessoas em situação de rua, povos indígenas, comunidades quilombolas e demais minorias sociais . . . . . . . . . . . . . .
ÍNDICE

Administração Pública Federal


1. Princípios constitucionais e normas que regem a administração pública (artigos de 37 a 41 da Constituição Federal de
1988)........................................................................................................................................................................................... 115
2. Estrutura organizacional da Administração Pública Federal (Decreto Lei nº 200/1967)............................................................ 121
3. Agentes públicos: Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/1990 e suas alterações)....................................................................... 153

Finanças Públicas
1. Atribuições econômicas do Estado............................................................................................................................................. 197
2. Fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento.................................................................................................... 197
3. Financiamento das Políticas Públicas: estrutura de receitas e despesas do Estado brasileiro................................................... 198
4. Noções de orçamento público: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual
(LOA)........................................................................................................................................................................................... 199
5. Federalismo fiscal no Brasil; Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000)................................................. 245
POLÍTICAS PÚBLICAS

A política pública difere da decisão política, há uma


INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS E TI- necessidade de envolver diversas ações estratégicas para se
POLOGIAS implementar decisões tomadas e não apenas uma escolha entre
outras alternativas, sendo assim, nem todas as decisões políticas
Políticas Públicas são conjuntos de programas, ações podem ser consideradas como políticas públicas.
e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou A complexidade da sociedade moderna ocorre devido a fatores
indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, como: idade, religião, sexo, estado civil, renda, escolaridade,
que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma profissão, ideais, interesses, costumes, e tudo isso causa em algum
difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou momento uma série de conflitos.
econômico. O gerenciamento desses conflitos pode assegurar a
Para Seichi1 as Políticas Públicas, analiticamente, ocorrem com sobrevivência e progresso da sociedade como um todo, e
o monopólio de atores estatais, segundo esta concepção, o que isto é estabelecido por meio da política. Segundo Seichi3,
determina se uma política é ou não “pública” é a personalidade organizações privadas, organizações não governamentais,
jurídica do formulador, em outras palavras, é política pública organismos multilaterais, redes de políticas públicas (policy
somente quando emanada de ator estatal. networks), juntamente com atores estatais, são protagonistas no
As Políticas Públicas são formadas para atender as demandas estabelecimento das políticas públicas.
da sociedade nas mais diversas áreas ou seguimentos, a iniciativa
ocorre por parte dos poderes executivo e legislativo. A lei que institui Dica: Política Pública é um conceito que comporta diferentes
uma política pública pode, se necessário, assegurar a participação expressões, existem várias definições esclarecedoras a respeito, que
da sociedade na criação, no processo, no acompanhamento e na são importantes para formar uma ideia geral sobre o que seja polí-
avaliação da lei, a participação pode ocorrer em forma de conselhos tica e política pública.
estabelecidos no âmbito municipal, estadual ou federal.
O quadro a seguir apresenta alguns conceitos de Políticas Convém lembrar que Política Pública é diferente de política,
Públicas dados por estudiosos da área, os conceitos se integram e porque Política é ampla, envolve um conjunto de procedimentos
completam o significado ainda que em diferentes períodos: formais e informais que expressam relações de poder e que se des-
tinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos, já
Política Pública possui soluções/ações específicas.
Autor Definição de Políticas Públicas Ano
Campo dentro do estudo da política Os instrumentos que compõem as Políticas Públicas são:
Mead que analisa o governo à luz de grandes 1995 - Planejamento: os planos são direcionados a estabelecerem
questões públicas. as diretrizes, prioridades e objetivos em geral, ao estabelecerem os
planos são firmadas metas estratégicas para períodos longos.
Conjunto específico de ações do governo - Execução: os programas são estabelecidos buscando atender
Lynn 1980
que irão produzir efeitos específicos objetivos gerais com foco em um determinado tema, público,
Soma das atividades dos governos, conjunto ou área.
que agem diretamente ou através de - Monitoramento: o monitoramento é realizado por meio de
Peters 1986 ações que visam alcançar determinados objetivos preestabelecidos
delegação, e que influenciam as vidas dos
cidadãos. no programa.
- Avaliação: as atividades de avaliação são estabelecidas com
O que o governo escolhe fazer ou não o objetivo de avaliar os resultados ou percursos alcançados a partir
Dye 1984
fazer. dos objetivos preestabelecidos.
Responder às seguintes questões: quem
Laswell 1958
ganha o quê, por que e que diferença faz. Atores das Políticas Públicas
Esse é o nome dado aos grupos que apresentam as
Fonte: Oliveira (2012). reivindicações que possivelmente poderão ser convertidas em
Políticas Públicas, as ações estabelecidas por este grupo levam aos
Assim as Políticas Públicas podem ainda ser consideradas como dirigentes os interesses da sociedade e promovem uma integração
“outputs”2 como tratado na linguagem dos processos estabelecidos dos grupos com o Sistema Político.
em uma organização, elas são resultados das atividades políticas.

1 SECCHI, L.; Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos.


SP: Cengage Learning, 2010. 3 SECCHI, L.; Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos.
2 Saídas SP: Cengage Learning, 2010.

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POLÍTICAS PÚBLICAS

Esses atores são todas as pessoas, grupos ou instituições que, Os interesses apresentados pelos grupos aos dirigentes do go-
direta ou indiretamente participam da formulação e implementação verno podem ser específicos para atender uma parte específica do
de uma política. Os envolvidos no processo de discussão, criação grupo de pessoas, como por exemplo a construção de uma creche,
e execução das Políticas Públicas podem ser classificados como ou um sistema de captação de águas, ou mesmo de interesse geral
estatais ou privados: da sociedade, como por exemplo, a necessidade de melhorias na
- Estatais: são os procedentes do Governo ou do Estado, alguns saúde pública ou na questão da segurança.
foram eleitos pela sociedade por um período determinado (os A apresentação das demandas e interesses não significa ne-
políticos eleitos) e outros atuarão de forma permanente exercendo cessariamente que serão atendidas mas a força, justificativas ou
funções públicas no Estado (servidores). Os servidores teoricamente o impacto com que as reivindicações chegam aos dirigentes pode
deveriam atuar de forma neutra, sem agir de acordo com os demonstrar a urgência e importância de tal ação para o grupo ou
interesses pessoais, mas sim contribuindo de modo essencial para a sociedade.
um bom desempenho das ações governamentais.
- Privados: são os procedentes da Sociedade Civil, eles não Modelos de Tomada de Decisão em Políticas Públicas
possuem um vínculo direto com a administração do Estado, esse As decisões são escolhas entre diferentes cursos de ações pos-
grupo é formado por sindicatos de trabalhadores, sindicatos síveis, normalmente uma pessoa faz escolhas diariamente para
patronais, entidades de representação da Sociedade Civil diferentes situações ou circunstâncias e isso também ocorre no
Organizada, a imprensa, os centros de pesquisa, entre outros. contexto organizacional, essas decisões têm inúmeras implicações,
inclusive no alcance de resultados e no consumo de recursos da
Ao longo dos anos as mudanças que ocorreram na sociedade empresa.
como um todo levaram o Estado a ampliar seu papel de atuação O estudo sistemático do processo decisório pode maximizar as
que concentrava-se na segurança pública e defesa externa em caso chances de decisões boas a serem tomadas e minimizar as chances
de ataques inimigos. Essa ampliação foi tomada pela democracia e de serem tomadas decisões que tragam consequências negativas
pelas novas responsabilidades que levaram o Estado a atuar pelo para a organização.
bem-estar da sociedade como um todo. Com a finalidade de descobrir a melhor decisão para determi-
As atividades realizadas pelo Estado no exercício e busca pelo nadas situações, cabe ao indivíduo tomador de decisões construir
bem-estar comum são desenvolvidas nas mais diversas áreas como: o máximo de alternativas possíveis para que então possa escolher
saúde, trabalho, educação, meio ambiente, segurança, etc. o melhor caminho otimizando e possibilitando o crescimento e
Dessa forma, as políticas públicas são ações que buscam atingir desenvolvimento da empresa nesse contexto de competitividade
resultados nessas diversas áreas e consequentemente promover o agressiva.
bem-estar da sociedade, sendo assim, elas podem ser compreen-
didas como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas Etapas para Solução de Problemas
para a solução (ou não) de problemas da sociedade, que é a soma Seguir critérios racionais e etapas estabelecidas pode ser um
das ações, metas e planos que os governos estabelecem buscando caminho para resolução de problemas e tomada de decisões no
alcançar o bem-estar da sociedade. contexto organizacional. Abaixo foram litadas as etapas da solução
A maneira pela qual a sociedade expressa os interesses e ne- de problemas e as principais técnicas de cada uma.
cessidades é através de solicitações aos grupos organizados. Essas Deve-se primeiramente realizar a identificação do problema
necessidades são apresentas aos vereadores/deputados/senado- ou da oportunidade, pode ser caracterizada pela existência de um
res, e estes levam os interesses e demandas da sociedade aos pre- obstáculo ao alcance de objetivos organizacionais, por uma nova
feitos/governadores/presidente da República, membros do Poder oportunidade, por um problema nos processos de trabalho ou por
Executivo escolhidos para representar a sociedade e atender ao um acontecimento qualquer que exija uma decisão e, subsequen-
bem-estar coletivo. temente, a adoção de determinadas ações.
Os grupos organizados podem ser chamados de Sociedade Civil O diagnóstico do problema consiste na caracterização do pro-
Organizada, incluindo também sindicatos, associações, entidades blema, devemos entender o problema, seu contexto, suas causas e
empresariais, associações patronais e ONGs em geral. suas consequências ante de iniciar o processo de resolução. Chia-
Vivemos em uma sociedade que se caracteriza por uma grande venato destaca condições sob as quais a decisão pode ser tomada: 4
diversidade, ou seja, diferentes valores, cultura, costumes, religião, 1. Incerteza: situação em que o tomador de decisão tem pouca
idade, sexo, profissão, interesses e ainda por inúmeras necessida- ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência
des com uma quantidade escassa de recursos. de cada evento futuro.
A formação de grupos que possuem interesses comuns é um 2. Risco: é a situação em que sabemos a probabilidade de ocor-
caminho muito comum para criar força e se organizar para reivin- rência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de
dicar direitos e melhorias para a sociedade, é importante que essas acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. Por exem-
ações sejam sempre estabelecidas de acordo com as conformida- plo: na prova desse concurso, se cair uma questão que trate de um
des da legislação vigente. assunto acercado do qual nunca ouvimos falar, e todas as alter-
Levando em conta que as necessidades são ilimitadas faz-se nativas parecem igualmente plausíveis, temos 20% de chance de
necessário ao formulador de políticas públicas selecionar as prio- acertar e 80% de chance de errar. Para marcar o gabarito, cada um
ridades de modo que as políticas sejam então respostas que aten- adotará uma tática, considerando os riscos e benefícios envolvidos.
dam as expectativas e demandas da sociedade voltando o governo Neste caso, a intuição, que vimos anteriormente, também pode es-
para o atendimento dos interesses públicos da sociedade buscando tar presente.
assim atender o bem-estar da sociedade.
4 CHIAVENATO, I.; Administração nos novos tempos. 2ª ed., RJ: Elsevier, 2004.

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POLÍTICAS PÚBLICAS

3. Certeza: é a situação em que temos sob controle todos os - Decisões Operacionais: são aquelas tomadas no dia-a-dia,
fatores que afetam a tomada de decisão, aqui sabemos quais são relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realidade organi-
os riscos e probabilidades de ocorrência de eventos, temos infor- zacional.
mações acerca de custo, sabemos quais são os fatores potenciali- - Decisões Autocráticas: são decisões tomadas sem discussões,
zadores e restritivos, e possuímos estudos de viabilidade das alter- acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou
nativas etc. alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma
4. Turbulência: é a condição para tomada de decisão que ocor- rápida de tomada de decisão e não devem ser questionadas. Mui-
re quando as metas não são claras ou quando o meio ambiente tas vezes, são decisões de cunho estritamente técnico.
muda muito depressa. - Decisões Compartilhadas: são aquelas decisões tomadas de
forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características
Decisões Racionais marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso.
As decisões ordenadas de forma lógica são chamadas de deci- Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consulta,
sões racionais, uma vez que seguem critérios para escolher a me- ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
lhor alternativa buscando os melhores resultados com os menores - Decisões Delegadas: são tomadas pela equipe ou pessoa que
custos, algumas características são a busca pelo resultado e evitar recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam
a incerteza. ser aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo
É necessário considerar que não é possível obter todas as in- assume plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a
formações de modo a tomar uma decisão cem por cento racional, informação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes
considerando que nem todas as variáveis estão sob nosso total con- para decidir da melhor maneira possível.
trole.
Serão apresentadas abaixo cinco etapas sequenciais no proces-
Decisões Intuitivas so de decisão, este processo começa com a identificação da situa-
As decisões baseadas em sentimentos, intuição, percepção são ção e vai até monitoração e feedback.
chamadas de decisões intuitivas, esse tipo de decisão normalmente
ocorre quando as informações, dados não são suficientes para se 1ª Etapa - Reconhecimento: ocorre aqui a identificação/
tomar uma decisão racional ou mesmo quando não há tempo para diagnóstico da situação, é a etapa mais difícil, pois é necessário
se analisar todas as variáveis. reconhecer um problema e/ou oportunidade. Ela é fundamental
São muitos os fatores que afetam uma decisão, tais como: cus- porque, se não for bem-feita, todo trabalho de uma equipe será
tos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assumidos, perdido, essa etapa é considerada a mais difícil das cinco etapas do
tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponí- processo decisório.
veis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilidade do to-
mador de decisão, estrutura de poder da organização entre outros. 2ª Etapa - Planejamento: nessa etapa acontece o desenvol-
vimento de alternativas, ou seja, aqui são elaboradas as alternati-
Decisões Programadas e Não Programadas vas de ação. Faz-se necessária a elaboração de alternativas porque
As decisões podem ainda ser programadas ou não programa- é a partir delas que uma decisão deverá ser tomada, e sem elas,
das, as programadas são aquelas para a qual a organização dispõe não existe decisão a ser tomada. Para facilitar essa etapa, pode
de soluções padronizadas e preestabelecidas. São tomadas com ser desenvolvido um instrumento gráfico, denominado “árvore
base em regras e procedimentos preestabelecidos aplicam-se a de decisão”, que avalia as alternativas disponíveis (esse processo
problemas rotineiros, cujas soluções podem ser previstas. Neste é normalmente usado quando há muitas alternativas a serem dis-
caso, não seguiremos as etapas de decisão, pois o diagnóstico já cutidas).
foi identificado, aconselha-se no contexto organizacional tomar o
maior número possível de decisões programáveis. 3ª Etapa - Avaliação: ocorre aqui a avaliação e escolha das al-
Já as decisões não programáveis ou não programadas são ternativas, que foram desenvolvidas na etapa anterior. Nesta eta-
aquelas referentes a problemas inéditos, novos ou problemas que pa, deverá ser feita uma análise das vantagens e desvantagens das
as soluções programadas não são capazes de resolver. As transfor- alternativas desenvolvidas, e é importante destacar que realmente
mações que ocorrem no mundo organizacional contribuem para deve-se avaliar as vantagens e as desvantagens de cada alternativa
que decisões não programáveis sejam frequentemente necessá- utilizando senso crítico ao avaliar as alternativas.
rias, esse tipo de decisão exige que sejam seguidas todas as etapas
de tomada de decisão (identificação do problema, diagnóstico etc.). 4ª Etapa - Decisão e implementação: faz-se a seleção e depois
a implementação, ou seja, nessa etapa é o momento de selecio-
Há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em que ela nar a melhor alternativa. Uma vez escolhida, deve-se anunciá-la
é tomada, assim: com confiança e de forma decisiva, pois caso contrário poderá ser
- Decisões Estratégicas: são aquelas mais amplas, referentes à despertado um sentimento de insegurança nos outros. Para a im-
organização como um todo e sua relação com o ambiente, elas são plementação da alternativa escolhida, deve-se também, verificar o
tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e possuem consequên- momento oportuno de implementá-la, é um erro comum imple-
cias de longo prazo. mentar a alternativa escolhida na época errada.
- Decisões Táticas: ou chamadas também de administrativas,
são tomadas nos níveis das unidades organizacionais ou departa- 5ª Etapa - Controle: ocorre aqui a monitoração e o feedback,
mentos. para que se alcance os resultados desejados e para um bom contro-
le do andamento e do processo, faz-se necessário a avaliação dos

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POLÍTICAS PÚBLICAS

resultados da decisão. Nessa etapa é necessário humildade, pois São exemplos de políticas públicas distributivas: as podas
em se verificando que os resultados não atingiram o esperado é de árvores, os reparos em uma creche, a implementação de um
preferível admitir o erro que manter a decisão, pois as consequên- projeto de educação ambiental ou a limpeza de um córrego, dentre
cias poderão ser danosas. outros. O seu financiamento é feito pela sociedade como um todo
através do orçamento geral de um estado.
Modelos de Tomada de Decisão
Com relação as Políticas Públicas, os modelos de tomada de Políticas Regulatórias: disciplinam aspectos da atividade
decisão são classificados como: social, esse tipo consiste na elaboração das leis que autorizarão
os governos a fazerem ou não determinada política pública
Modelo Incremental: segundo informações do Ministério do redistributiva ou distributiva. Se estas duas implicam no campo
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), o modelo de tomada de ação do poder executivo, a política pública regulatória é,
de decisão incremental pode ser visto como um processo político essencialmente, campo de ação do poder legislativo.
caracterizado pela barganha e pelo compromisso entre decisores
auto orientados. As decisões limitam-se a decisões sucessivas ante- Políticas Redistributivas: são aquelas que de várias formas
riores, sendo, portanto, apenas marginalmente diferentes das an- (transferências, isenções, etc.) redistribuem recursos de qualquer
teriores. Dessa forma, ocorreriam apenas mudanças incrementais natureza, entre grupos sociais. Consistem em redistribuição de
no status quo. renda em forma de recursos e financiamentos de equipamentos e
O modelo incremental traz duas constatações ao processo de serviços públicos.
políticas públicas: São exemplos de políticas públicas redistributivas: os
1) Por mais adequada que seja a fundamentação técnica de programas de bolsa-escola, bolsa-universitária, cesta básica, renda
uma alternativa, a decisão envolve relações de poder; cidadã, isenção de IPTU e de taxas de energia/água para famílias
2) Os governos democráticos não possuem efetivamente liber- carentes, dentre outros.
dade total na alocação de recursos públicos. Do ponto de vista da justiça social o seu financiamento deveria
ser feito pelos estratos sociais de maior poder aquisitivo, de modo
A principal crítica a este modelo se refere à sua pouca compa- que se pudesse ocorrer, portanto, a redução das desigualdades
tibilidade com as necessidades de mudanças necessárias à gestão sociais. No entanto, por conta do poder de organização e pressão
de programas e projetos, podendo gerar prejuízos à eficiência do desses estratos sociais, o financiamento dessas políticas acaba
Estado e legitimar um viés conservador no processo decisório. sendo feito pelo orçamento geral do ente estatal (união, estado
federado ou município).
Modelo Racional: segundo ainda informações do MPOG, nes-
te modelo, a tomada de decisão segue as seguintes atividades se- Políticas Constitucionais: estabelecem procedimentos para a
quenciais: adoção de decisões públicas e relações entre os vários aparatos
- Um objetivo para solucionar um problema é estabelecido. do Estado. Cada tipo de política pressupõe uma arena de poder
- Todas as estratégias alternativas para alcançar o objetivo são diferente, uma rede diferente de atores, uma diferente estrutura
exploradas e listadas. decisional e um contexto institucional diferente.
- Todas as sequências significantes de cada alternativa estraté-
gica são previstas e as probabilidades dessas consequências ocor- Fases das Políticas Públicas
rerem são estimadas. As fases das Políticas Públicas também são conhecidas como “Pro-
- Por fim, a estratégia que parece resolver o problema ou que o cesso de Formulação de Políticas Públicas” ou “Ciclo das Políticas Pú-
resolve com menor custo é selecionada. blicas”. Veja na tabela a seguir, as cincos fases das Políticas Públicas:

Esse modelo parte de um pressuposto ingênuo de que a infor-


1ª Fase Formação da Agenda: seleção das prioridades.
mação é perfeita e não considera limites cognitivos em se analisar
todas as opções de políticas. Tampouco, considera adequadamente Formação de Políticas: apresentação das alternati-
2ª Fase
o peso das relações de poder na tomada de decisões. Os decisores, vas ou soluções.
muitas vezes, são obrigados a selecionar políticas públicas em ba- Processo de Tomada de Decisão: determinação ou
ses políticas, ideológicas ou aleatoriamente, sem referência a pa- 3ª Fase
escolha das ações.
drões de eficiência.
4ª Fase Implementação: execução das ações.
Tipos de Políticas Públicas 5ª Fase Avaliação: verificação dos resultados alcançados.
Veja como Oliveira5 explica as os tipos de políticas públicas:
Fonte: Elaborado com base no SEBRAE.
Políticas Distributivas: referem-se a decisões alocativas,
sem contrapartidas fiscais, esse tipo de política implica nas ações 1ª Fase - Formação de Agenda: dá-se o nome de formação de
cotidianas que todo e qualquer governo precisa fazer. Ela diz agenda para o procedimento de escolha da lista com os principais
respeito à oferta de equipamentos e serviços públicos, mas sempre problemas da sociedade a serem tratados. Estabelecer quais os as-
feita de forma pontual ou setorial, de acordo com a demanda social suntos ou questões serão tratadas pelo Governo é fundamental,
ou a pressão dos grupos de interesse. uma vez que, ilimitados são as reivindicações e interesses da socie-
5 OLIVEIRA, A.F. Políticas Públicas Educacionais: conceito e contextualização dade em meio a uma limitada quantidade de recursos.
numa perspectiva didática. SINPRODF. 2012.

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POLÍTICAS PÚBLICAS

Faz-se necessário definir as questões a serem tratadas bem lhor forma de proceder. As diversas opiniões poderão servir como
como reconhecer aquelas que não serão levadas adiante, alguns um banco de ideias que poderão apontar o caminho desejado por
elementos poderão ser levados em conta para a inserção de um cada segmento social.
problema na Agenda Governamental. Veja os exemplos abaixo: Uma análise objetiva precisa ser realizada com relação as opi-
niões do grupo e ainda considerar a viabilidade técnica, legal, fi-
Exemplo 1: se um número elevado de pequenas empresas en- nanceira e política. Comparar e medir as alternativas, os riscos, a
cerra os negócios nos primeiros meses de existência, uma política eficácia e eficiência pode conduzir a um melhor atendimento aos
pública voltada especificamente para esta situação poderia ser cria- interesses e objetivos sociais.
da como medida de controle ou influência.
3ª Fase - Processo de Tomada de Decisão: embora seja neces-
Exemplo 2: acontecimentos como crimes violentos podem sário tomar decisões em todos os momentos no ciclo de Políticas
levar a população a uma comoção, o impacto social causado por Públicas, esta fase concentra-se em um importante momento de
evento específico pode levar os dirigentes do governo a estabelece- ação em resposta aos problemas escolhidos para a Agenda. Defi-
rem ações que possam evitar a repetição do ato ocorrido. nem-se os recursos e o prazo temporal da ação política. As formali-
zações das escolhas são expressas por meio de leis, normas, resolu-
O feedback das ações governamentais que podem contribuir ções, decretos, e outros atos da administração pública.
para o apontamento de falhas em medidas adotadas pelo progra- É importante ressaltar que na terceira fase ou processo de to-
ma avaliado ou outros programas que não receberam atenção go- mada de decisão, verificam-se os procedimentos a seguir antes de
vernamental. tomar a decisão. Faz-se necessário decidir aqueles que participarão
O período onde ocorre transição entre os governos pode ser do processo e ainda se o mesmo será aberto ou fechado. Se for
considerado como um período onde a agenda passa por mudan- aberto faz-se necessário verificar se ocorrerá participação dos be-
ças, diante desta circunstância faz-se necessário valorizar e dedicar neficiários, se a decisão será ou não tomada por votação, e em qual
maior atenção aos temas já selecionados como mais relevantes en- grau direto ou indireto.
tre as demandas da sociedade. As decisões serão fortemente influenciadas por diferentes for-
mas de decisão e diferentes controladores da Agenda.
Porém ainda que uma questão esteja selecionada na Agen-
Pesquisadores e estudiosos desenvolveram modelos que po-
da Governamental, isso não significa obrigatoriamente que será
derão amenizar erros e elevar eficiência desse processo. Dentre os
dedicada uma atenção especial ou prioridade. Isso normalmente
diversos modelos, cabe a Abordagem das Organizações, que pres-
ocorrerá quando outros fatores são somados a esta questão como,
supõe que o governo é um conjunto de organizações dos mais di-
por exemplo, mobilização popular, vontade política, percepção dos
versos níveis, dotadas de maior ou menor autonomia. A forma dos
custos de não se resolver a questão versus os custos de resolver.
governos perceberem problemas são os sensores das organizações,
e as informações fornecidas por tais sensores se constituem em re-
2ª Fase - Formulação de Políticas: faz-se necessário definir curso para se solucionar os problemas inseridos nesse modelo, as
quais caminhos ou ações deverão ser tomadas para solucionar uma Políticas Públicas passam a ser entendidas como resultado da atu-
situação já vista como um problema inserido na Agenda Governa- ação das organizações.
mental. Assim, os atores são as próprias organizações que concorrem
Diante da realidade mencionada anteriormente compreende- em termos de poder e influência para promover a sua perspectiva e
-se que esse processo nem sempre é tomado como um processo interpretação dos problemas tratados. Sob este enfoque, explicam-
pacífico, embora as ações ou medidas tomadas sejam favoráveis e -se as decisões basicamente como o resultado de interações po-
de interesse de determinado grupo/parte da sociedade, outros gru- líticas entre as organizações burocráticas. As soluções ajustam-se
pos poderão considerar as ações não favoráveis aos seus interesses aos procedimentos operacionais padronizados, ou seja, às rotinas
e necessidades. organizacionais.
Por isso, definir os objetivos da política, os programas e metas Segundo esse modelo, uma boa decisão seria aquela que per-
a serem desenvolvidas fazem-se importantes e necessárias, ainda mitisse a efetiva acomodação de todos os pontos de conflito envol-
que provoque rejeições de várias propostas de ação. vidos naquela Política Pública. Os principais atores, ou seja, aque-
As decisões devem ser tomadas após ouvir o corpo técnico da les que têm condições efetivas de inviabilizar uma Política Pública
administração pública, considerando recursos materiais, econômi- devem ter a convicção de que saíram ganhando. Na pior hipótese,
cos, técnicos, pessoais, e ainda após verificação do posicionamento nenhum deles deve se sentir completamente prejudicado. Na práti-
dos grupos sociais. ca, isso requer que os atores que podem impedir a execução devem
sentir que poderão não ter ganhos reais mas, ao menos, não terão
Veja abaixo alguns importantes passos para a elaboração de prejuízos com a política proposta.
Políticas Públicas:
- A conversão de estatísticas em informação relevante para o 4ª Fase - Implementação: Na quarta fase, na implementação
problema; ocorre a transformação do planejamento e das escolhas em atos.
- Análise das preferências dos atores; e O principal responsável pela execução da política ou ação direta é
- Ação baseada no conhecimento adquirido. o corpo administrativo. Devem realizar a aplicação, o controle e o
monitoramento das medidas já definidas. Dependendo da postura
Deve haver uma comunicação entre o responsável pela elabo- do corpo administrativo a política poderá sofrer mudanças drásti-
ração da Política Pública e os atores envolvidos no contexto com o cas durante este período/fase. Mencionaremos aqui dois modelos
propósito de facilitar a formulação de propostas, onde ela irá ser de implementação das Políticas Públicas, o de cima para baixo e o
implantada e requerer a eles uma proposta sobre qual seria a me- de baixo para cima.

9
POLÍTICAS PÚBLICAS

De Cima para Baixo: aplicação descendente, do governo para A indiferença e descaso gerais, a resistência passiva ou a mo-
população. Este modelo representa um modelo centralizado onde bilização intensa contra as medidas podem configurar uma con-
um número muito pequeno de funcionários participa das decisões juntura negativa que prejudique a aplicação dos objetivos e metas
e pode opinar sobre a forma da implementação das Políticas Pú- propostas na política. Para melhor se entender isso, é importante
blicas. As decisões tomadas pela administração pública devem ser ressaltar quais características possuem os indivíduos que podem
cumpridas sem quaisquer questionamentos. contribuir para o aparecimento dos fatores externos.
De Baixo para Cima: aplicação ascendente, da população para Além da diferença na escala social (grupos de alta, média ou
o governo. Este modelo representa um modelo descentralizado. baixa posição), as características mais importantes dos atores polí-
Ocorre participação dos beneficiários ou usuário final das políticas ticos são: a racionalidade, os interesses e as capacidades que pos-
em questão. O contato direto com aqueles que serão os beneficiá- suem para agir. Se entendermos essas três características, enten-
rios, o cidadão, permite uma perspectiva participativa nas Políticas deremos como ocorre a formulação de Políticas Públicas na prática.
Públicas. A racionalidade é a capacidade de um Grupo Social (um ator)
definir estratégias e cursos de ação para alcançar seus objetivos. Os
Nesta fase deve-se chamar a atenção para fatores que podem interesses representam as preferências de um dado ator por uma
comprometer a eficácia das políticas, as disputas de poder entre certa política com a qual possui mais afinidade em detrimento de
as organizações, os fatores internos e externos que podem afetar outras que desconhece ou não possui simpatia.
o desempenho das organizações, suas estruturas, sua preparação A capacidade reflete os recursos (carisma, possibilidade de
formal. mobilização, liderança, unidade, acesso aos meios de comunica-
Dentre os fatores de disputas entre as organizações, destacam- ção) que um ator possui na sua relação com seus representados,
-se a quantidade de agências ou organizações envolvidas no acom- o que faz com que a sociedade ouça seus argumentos e os leve em
panhamento e controle das políticas e o grau de cooperação ou consideração (ou não).
lealdade entre elas.
Quanto maior o número de organizações envolvidas na execu- 5ª Fase - Monitoramento ou Avaliação: o fato de que o “Mo-
ção de uma política, maior será o número de comandos ou ordens nitoramento e Avaliação” são classificados como a quinta fase não
que tem de ser expedidas e, consequentemente, o tempo deman- significa que suas atuações ocorram somente no final. A avaliação
dado para a realização das tarefas, a extensão da cadeia de coman- pode ser realizada em todos os momentos do ciclo de Políticas Pú-
do mede-se pelo número de decisões que é necessário adotar para blicas. O constante exercício do monitoramento e avaliação pode
que o programa funcione. contribuir para o sucesso das ações governamentais e para a maxi-
A extensão de comando afeta o grau de cooperação entre as mização dos resultados obtidos com os recursos. O monitoramento
organizações, tornando o controle e monitoração do processo de e avaliação tem vital importância no processo de percepção sobre
implementação mais complexo e difícil. Dessa forma, quanto mais quais ações tendem a elevar melhores resultados.
elos (agências e organizações da administração pública envolvidas
na execução de tarefas) tiver a cadeia de comando (canais de trans- O monitoramento e a avaliação permitem à administração:
missão das ordens para execução das tarefas) mais sujeita a defici- - Corrigir e prevenir falhas;
ências estará a implementação de políticas. - Prestar contas de seus atos;
Dentre os fatores internos que afetam as organizações, pode- - Justificar as ações e explicar as decisões;
mos enumerar, em primeiro lugar, as características estruturais das
- Gerar informações úteis para futuras Políticas Públicas;
agências burocráticas (recursos humanos, financeiros e materiais) e
- Fomentar a coordenação e a cooperação entre esses atores;
a relação entre quantidade de mudanças exigidas por uma política
- Identificar as barreiras que impedem o sucesso de um pro-
e extensão do consenso sobre seus objetivos e metas.
grama;
As características das agências abrangem aspectos objetivos
- Promover o diálogo entre os vários atores individuais e cole-
(como tamanho, hierarquia, autonomia, sistemas de comunicação
tivos envolvidos; e
e de controle) e qualitativos (como a competência da equipe e a
- Responder se os recursos, que são escassos, estão produzindo
vitalidade de seus membros).
Essas características estruturais são responsáveis não apenas os resultados esperados e da forma mais eficiente possível;
pela eficácia na execução das tarefas como também pela compre-
ensão mais ou menos precisa dos implementadores acerca da polí- O processo de avaliação de uma política leva em conta seus
tica e pela abertura ou adaptabilidade da organização às mudanças. impactos e as funções cumpridas pela política, busca determinar
Quanto ao segundo fator interno, cabe destacar a existência sua relevância, analisar a eficiência, eficácia e sustentabilidade das
de consenso dentro da burocracia, com efeito, a relação entre a ações desenvolvidas, e ainda serve como um meio de aprendizado
quantidade de mudanças exigidas afeta inversamente o consenso para os atores públicos.
sobre a política, ou seja, quanto mais mudanças no padrão de inte- Os impactos se referem aos efeitos que uma Política Pública
ração dos atores ou nas estruturas forem necessárias, menor será provoca nas capacidades dos atores e grupos sociais, por meio da
o consenso sobre como atingi-las. Isso afeta negativamente o grau redistribuição de recursos e valores, afetando interesses e suas es-
de cooperação entre as organizações e a lealdade da burocracia truturas de preferências. A avaliação de impacto analisa as modifi-
aos formuladores, provocando deficiências e deturpações na im- cações na distribuição de recursos, a magnitude dessas modifica-
plementação das Políticas Públicas. ções, os segmentos afetados, as contribuições dos componentes da
Os fatores externos, por fim, também afetam as Políticas Pú- política na consecução de seus objetivos.
blicas, com efeito, a opinião pública, a disposição das elites, as con- A avaliação de uma política também deve enfocar os efeitos
dições econômicas e sociais da população e a posição de grupos que esses impactos provocam e que se traduzem em novas deman-
privados podem tornar problemática a execução das políticas. das de decisão por parte das autoridades, com o objetivo de anular

10
POLÍTICAS PÚBLICAS

ou reforçar a execução da medida. Também é importante analisar Controle Social


se a política produziu algum impacto importante não previsto ini-
cialmente, bem como determinar quais são os maiores obstáculos Transparência e Participação social: Os novos Arranjos de Po-
para o seu sucesso. líticas e Políticas Públicas
Quanto às funções cumpridas pela política, a avaliação deve A complexidade das políticas públicas tem originado iniciati-
comparar em que medida a Política Pública, nos termos em que vas pontuais, fragmentadas e descontinuadas no tempo, em face
foi formulada e implementada, cumpre os requisitos de uma boa das constantes mudanças decorrentes de influências políticas e da
política. Idealmente, uma boa política deve cumprir as seguintes incapacidade de resolver consistentemente os problemas que são
funções: postos pela sociedade para o Estado e para a Administração Públi-
- Promover e melhorar os níveis de cooperação entre os atores ca, e essa é a imagem da política pública transmitida pelos meios
envolvidos; de comunicação.
- Constituir-se num programa factível, isto é, implementável; No Brasil vigora e está em desenvolvimento um regime de-
- Reduzir a incerteza sobre as consequências das escolhas fei- mocrático, os princípios democráticos refletem profundamente no
tas; modo como as políticas públicas são desenvolvidas e implementa-
- Evitar o deslocamento da solução de um problema político por das. Em regimes democráticos é importante considerar que exis-
meio da transferência ou adiamento para outra arena, momento tem condições essenciais a serem observadas e respeitadas no que
ou grupo; tange à gestão de interesses públicos por meio de políticas públicas.
- Ampliar as opções políticas futuras e não presumir valores
dominantes e interesses futuros nem predizer a evolução dos co- Os fundamentos democráticos que contextualizam e parame-
nhecimentos. Uma boa política deveria evitar fechar possíveis al- trizam o desenvolvimento de políticas públicas são:
ternativas de ação. a) o jogo político ocorre com base em regras preestabelecidas,
haja vista que as ações e decisões políticas são pautadas direta ou
Para se determinar a relevância de uma política deve se per- indiretamente por regras constitucionais;
guntar se as ações desenvolvidas por ela são apropriadas para o b) as eleições são periódicas e têm como base o sufrágio (voto)
problema enfrentado. universal – logo, constituem fontes de manifestação de preferên-
Para se analisar a eficácia e eficiência de um programa, uma cias e escolhas do eleitorado sobre amplos programas de governo
avaliação deve buscar responder se os produtos alcançados são ge- de políticas públicas;
rados em tempo hábil, se o custo para tais produtos são os meno- c) os mandatos dos eleitos são limitados temporalmente e
res possíveis e se esses produtos atendem aos objetivos da política. quanto ao alcance de decisões e ações, o que exige a definição de
Quanto à sustentabilidade, uma política deve ser capaz de que seus consistentes linhas de ação, preferencialmente, institucionalizadas
efeitos positivos se mantenham após o término das ações governa- em legislação e instrumentos orçamentários de longo prazo para
mentais na área foco da Política Pública avaliada. que as políticas públicas tenham continuidade;
Por fim, é importante se apreender, dentre outras coisas, quais d) a prevalência da vontade da maioria da população, limitada
seriam outras alternativas de ações que poderiam ter sido adota- por regras preestabelecidas, é que determinará que tipos de políti-
das – e que poderão ser em intervenções futuras – e quais lições cas públicas serão priorizadas em cada governo;
se tirar da experiência – tanto daquilo que deu certo como do que e) a oposição tem participação legítima do jogo político e deve
deu errado. ter condições de assumir o poder por meio do voto popular – logo,
A avaliação pode ser dividida de forma interna ou externa. A sempre terá importância o seu papel de crítica sobre como estão
primeira divisão se dá entre a avaliação interna – que é conduzida sendo conduzidas políticas públicas e como propositora de diferen-
pela equipe responsável pela operacionalização do programa – e a tes agendas a serem cumpridas caso venha a assumir o poder;
externa – feita por especialistas que não participam do programa. f) os representantes são responsáveis frente ao eleitorado, de
A vantagem da primeira se dá devido ao fato de que, ao es- modo que ao cidadão sempre caberá o direito de cobrar a criação
tarem inseridos no programa, a equipe terá maior conhecimento de novas políticas púbicas de seu interesse e pela eficiência e eficá-
sobre ele, além de acesso facilitado às informações necessárias, o cia das já existentes;
que diminui o tempo e os custos da avaliação. g) os clássicos direitos civis (direito à vida, liberdade, seguran-
Em contrapartida, a equipe envolvida no programa pode não ça, igualdade, dentre outros) são garantidos – logo, exigem ações
contar com a separação do objeto avaliado, necessária para se ga- concretas dos governantes para manutenção de políticas públicas
rantir a imparcialidade. Já a avaliação externa tem como ponto fra- permanentes para que os cidadãos os desfrutem na sua plenitude.
co o tempo necessário para se familiarizar com o objeto de estudo,
porém conta com imparcialidade maior. Os elementos acima ganharam força na condução dos interes-
ses públicos, principalmente a partir dos fundamentos da Reforma
A segunda divisão se refere ao objetivo da avaliação, e pode Gerencial de 1995, com a Reforma Gerencial houve claro delinea-
ser formativa, quando se busca informações úteis para a equipe na mento sobre o papel da administração pública e o perfil de atuação
parte inicial do programa, ou a somativa, que busca gerar informa- do Estado na gestão de políticas públicas.
ções sobre o valor ou mérito do programa a partir de seus resulta- Nessa concepção a administração pública não se restringe à
dos, para que a autoridade responsável possa tomar sua decisão execução de rotinas ou ao gerenciamento de órgãos públicos: ela
de manter, diminuir, aumentar ou encerrar as ações do programa. é bem mais ampla que isso, compreende a estrutura organizacio-
nal do Estado, em seus três poderes. O Estado, por sua vez, é mais
abrangente, compreende também o sistema constitucional-legal,
que regula a população nos limites de um território.

11
POLÍTICAS PÚBLICAS

Portanto, a concepção, a implementação e a avaliação de po- canais institucionais para ampliação da participação nos processos
líticas públicas devem ser balizadas pelos condicionantes de um de concepção e implementação de políticas públicas é consequên-
regime democrático. A gestão pública deixa de ser voltada para cia lógica no processo de fortalecimento da democracia brasileira.
somente rotinas e procedimentos burocráticos internos para se
colocar também como meio para que governantes, políticos, ad- DICA: A nova governança pública representa um novo modo de
ministradores e sociedade a utilizem para viabilização de políticas governar: mais democrático, mais participativo, mais descentraliza-
públicas capazes de fortalecer a democracia por meio da elevação do e com maior número de atores participantes.
dos níveis de justiça social e fomentar o desenvolvimento econômi-
co sustentável. A gestão pública brasileira vive um intenso processo de trans-
A ampliação das discussões e a abertura de espaços para no- formação, ainda sob a influência principal da redemocratização do
vos participantes com influências na concepção e implementação país e da reforma do Estado, que tem na descentralização um de
de políticas públicas deve ser regra na democracia, pois “se demo- seus eixos principais para aproximação da ação pública das reais
cracia é participação dos cidadãos, uma participação insuficiente aspirações da sociedade.
debilita-a” (Bobbio et al., 1998). No âmbito local, surgem tendências de crescente constituição
de estruturas organizacionais em forma de rede envolvendo organiza-
Por que a participação é tão importante no processo de for- ções estatais, não governamentais e privadas para atuarem cooperati-
mação de políticas públicas? vamente em contextos de múltiplas e sobrepostas jurisdições.
A falta de participação torna difícil para os agentes públicos As relações entre tais organizações têm fundamentos que vão
e governantes perceberem demandas não expressas pelo número além de simples relações contratuais. Num processo de negociação
reduzido de cidadãos que se manifestam nas esferas políticas, essa contínua em longos períodos tende a haver formação de laços so-
falta de percepção dos problemas enfrentados pela sociedade fra- ciopolíticos em que a confiança entre os atores assume papel rele-
giliza a produção legislativa que regula a distribuição de recursos vante; logo, as relações se diferenciam substancialmente daquelas
entre grupos na sociedade. constituídas em regras puras de mercado.
Numa situação como essa, existe a tendência de que os recur- Nessa linha, estudos têm mostrado que o resgate da importân-
sos públicos sejam direcionados para os poucos cidadãos que par- cia do município na definição e condução de políticas públicas e na
ticipam dos processos políticos de elaboração de políticas públicas gestão do território está, cada vez mais, exigindo a concepção de
em detrimento da maioria da população não participante, o que novas formas de intervenção voltadas ao atendimento das necessi-
gera falta de legitimidade dos governos perante a sociedade. dades locais, assim como a incorporação de uma multiplicidade de
Assim, como o nosso sistema é democrático, não há alternativa novos atores na articulação dos interesses da comunidade.
diferente para compreender as políticas públicas e utilizá-las para A qualidade da gestão local passa a depender da capacidade
fazer cumprir o que constitucionalmente foi determinado. Veja a de obtenção de equilíbrios dinâmicos nas articulações entre atores
importância da participação que vem sendo atribuída na elabora- internos, integrantes do próprio poder público, e externos, oriun-
ção do Plano Plurianual federal e de alguns estados e municípios. É dos da iniciativa privada ou da sociedade em geral, participando da
o cidadão e a sociedade civil organizada obtendo um espaço para concepção e implementação de políticas públicas.
priorizar a alocação de recursos orçamentários em políticas que As estruturas locais de governança são vistas mais como inicia-
consideram prioritárias. tivas orgânicas que mecanicistas, logo, a forma de gestão de inicia-
Antes de ser vista como coisa de políticos, a política deve ser tivas locais tende a ser descentralizada e distribuída. Esta lógica da
compreendida por servidores públicos, agentes políticos e cida- governança leva à constituição de configurações únicas de conjun-
dãos, para que consigam se instrumentalizar, se capacitar e se arti- tos de atores em torno de projetos específicos.
cular com eficiência com vistas a planejar e executar ações públicas Os projetos, neste caso, apresentam a peculiaridade de ir além
capazes de encontrarem um mínimo de legitimidade, eficiência e da atuação das organizações e, ao mesmo tempo, serem conduzidos
eficácia perante a sociedade. sob uma lógica própria de gestão desenvolvida em espaço de inter-
Como a Administração Pública trabalha para o público, não secção de condicionantes do setor público e do setor privado local.
pode esperar, principalmente dos que detêm cargos com capacida- Nessa nova perspectiva de condução das atividades estatais,
de decisória, que “um chefe” diga o que e como fazer política pú- no Brasil apostou-se no controle social realizado por meio de co-
blica. Desenvolver políticas públicas é, portanto, atividade que en- missões/conselhos de cidadãos para avaliação da qualidade de ser-
volve políticos, administradores e servidores públicos, e cidadãos. viços, possibilitando, deste modo, influir nas mudanças da gestão
No processo de transformação de modos de governo centra- dos equipamentos sociais.
lizado para governos mais descentralizados, a governança passou A gestão de serviços tende a ser deixada a cargo da comuni-
a significar um modo de governo distinto do modelo de controle dade, das organizações não governamentais ou mesmo de espe-
hierárquico, característico do Estado intervencionista. cialistas e voluntários, com patrocínio parcial de empresas com
A acepção atual de governança diz respeito a um novo estilo de objetivos de melhorar sua imagem e evitar efeitos negativos dos
governo, distinto do modelo de controle hierárquico. Está relacio- problemas sociais que pudessem atingi-las. Ao Estado caberia man-
nada a governos que atuam procurando maior grau de cooperação ter o funcionamento e controle dessas políticas por meio de uma
e de interação entre o Estado e os atores não estatais em redes burocracia preparada para tal função.
decisórias mistas situadas na intersecção entre o espaço público e Com a Reforma do Estado de 1995 foi dado início ao processo
o espaço privado. de publicização, como incentivo à constituição de organizações hí-
A governança expande o foco para incluir atores públicos, pri- bridas de propriedade pública não estatal, submetidas ao controle
vados e da sociedade civil como componentes essenciais do proces- social, para ocupar o espaço compreendido entre o Estado e a so-
so de governo, daí na nova governança a abertura de espaços e de ciedade para prestação de serviços sociais e competitivos.

12
POLÍTICAS PÚBLICAS

Nesse sentido, a chamada Lei do Terceiro Setor (Lei n° DICA: Esses conselhos existem nas políticas públicas mais bem
9.790/1999), instituiu o Termo de Parceria como instrumento de estruturadas. Têm amparo legal com atribuições definidas e atuam
regulação das relações entre o poder público e as entidades quali- mais no planejamento e fiscalização. Em regra são paritários (50%
ficadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. de participantes públicos e 50% não públicos), e nem todos são obri-
O objetivo foi formar vínculos de cooperação entre as partes, gatórios.
para o fomento e a execução de políticas públicas e de atividades
de interesse público. Além disso, essa lei reforçou a atuação dos O aumento das atividades associativas voluntárias propiciou a
Conselhos de Políticas Públicas nos diferentes níveis de governo ao distribuição mais equitativa de serviços do governo, e o fortaleci-
determinar a necessidade de consultas a eles quanto à intenção de mento da cidadania e da democracia no Brasil. Exemplo disso foi
firmar Termos de Parceria com organizações privadas e do terceiro a criação de mais de 170 projetos de orçamento participativo ins-
setor. talados, a instalação de cerca de 5000 conselhos de saúde, e de
Um ponto positivo nesse processo de descentralização da ges- milhares de comissões de planejamento urbano.7
tão de políticas públicas foi instituição e ampliação da atuação dos Além disso, são realizadas audiências públicas em diferentes
conselhos como espaços públicos (não estatais). Isso sinalizou para âmbitos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para tratar
a possibilidade de representação de interesses coletivos na cena de assuntos que afetam interesses coletivos.
política e na definição da agenda pública, apresentando um caráter No contexto das políticas há mudanças na concepção sobre a
híbrido, uma vez que são, ao mesmo tempo, parte do Estado e da natureza dos serviços prestados e novas propostas são aplicadas
sociedade. para fazer frente a novos desafios, como a ampliação de espaços de
Esses conselhos, como canais institucionalizados de participa- cidadania, com atenção a minorias excluídas, aliadas à ampliação e
ção política, de controle público sobre a ação governamental, de reconstrução da esfera de atuação dos governos locais dentro de
deliberação legalmente aceita e de publicação das ações do gover- um processo de reconstrução da esfera pública, orientado para a
no, marcam uma reconfiguração das relações entre Estado e so- democratização da gestão das políticas públicas.8
ciedade que, idealmente, busca a corresponsabilização quanto ao A democracia brasileira vai, assim, deixando de ser uma de-
desenho, monitoramento e avaliação de políticas públicas. mocracia de elites para se transformar em uma democracia de
Ao lado de vários outros conselhos já institucionalizados que opinião pública na qual já podem ser percebidas características
figuram como arena de manifestação da sociedade civil dentro de da democracia participativa ou republicana, na medida em que se
um novo espaço “público não estatal” de interseção entre Estado multiplicam os processos participativos oriundos de organizações
e a Sociedade, a Lei de Responsabilidade Fiscal ampliou as insti- da sociedade civil, sejam elas públicas não estatais, de controle e
tuições democráticas, ao trazer a figura dos Conselhos de Gestão advocacia social, ou corporativas, como associações representati-
Fiscal. vas de interesses e sindicatos.
Tais conselhos são integrados por representantes do Estado, Nesse sentido, os governos locais assumem assim um papel de
além de contar com a presença do Ministério Público e entidades coordenação e de liderança, mobilizando atores governamentais
representativas da sociedade, que têm como função a promoção e não governamentais e procurando estabelecer um processo de
de avaliação continuada da gestão. ‘concertação’ de diversos interesses e de diferentes recursos em
Embora com funcionamento ainda precário, esses conselhos torno de objetivos comuns.
se apresentam como instrumentos de controle social sobre o Es- Através dos novos arranjos institucionais assim constituídos
tado ao viabilizarem um canal de participação da população na tende a crescer a perspectiva de sustentabilidade de políticas públi-
formulação, implementação e no controle da execução de políticas cas que, de outra forma, poderiam sofrer solução de continuidade a
públicas mais concatenadas com as demandas dos segmentos so- cada mudança de governo.
ciais a que se destinam. O enraizamento das políticas em um espaço público que trans-
Os conselhos de políticas públicas funcionam como uma espé- cende a esfera estatal reforça a possibilidade de políticas de longo
cie de fórum para negociação e captação de demandas de grupos prazo, com repercussões sobre a eficiência e a efetividade das po-
sociais, possibilitando a participação pública de segmentos menos líticas implantadas.9
representativos. Não obstante os conselhos e a formação de novos arranjos de
governança e de gestão pública, ainda persistem profundamente
As principais dificuldades enfrentadas pelos conselhos são: arraigadas culturalmente tendências de condução dos interesses
- A desigualdade de condições entre seus participantes; públicos “a portas fechadas”.
- A ausência de garantia de que suas decisões sejam efetiva- Os espaços efetivos para os cidadãos se fazerem presentes ain-
mente implementadas; e da, por um lado, são bastante diminutos e, por outro, a maioria dos
- A ausência de instrumentos jurídicos que imponham ao Poder cidadãos ainda não detêm suficiente clareza sobre os seus direitos
Executivo o cumprimento das decisões emanadas dos conselhos. em relação à administração e aos administradores públicos.

Não obstante a precariedade, os conselhos como bem expli-


citam Iglesias e Souza6 (Pinho et al, 2006), representam arranjos
que podem vir a viabilizar caminhos para maior proximidade dos
cidadãos em direção à formulação e implementação de políticas
públicas, bem como da prestação de serviços pelo governo.
7 AVRITZER, L. Sociedade Civil e Democratização. Belo Horizonte: Del Rey, 1994.
6 IGLESIAS, D.; e SOUZA, A. C. P. de; Governo Eletrônico, Transparência, 8 FARAH, M. F. S. Parcerias, novos arranjos institucionais e políticas públicas no
Accountability e Participação: o que portais de governos estaduais no Brasil nível local de governo. RAP- Revista de Administração Pública, 2001.
mostram. 2005. 9 Idem

13
POLÍTICAS PÚBLICAS

Outros Aspectos de Políticas Públicas DICA: O empresário político, em regra, não é um comercial/
industrial.
Instituições Públicas
Quase todas as políticas públicas são executadas por institui- Equilíbrio Interrompido: utiliza-se esse termo para explicar as
ções públicas, essas instituições têm papel decisivo: influenciam as políticas públicas que são implementadas por longos períodos, mas
decisões com seu poder, condicionam as decisões com sua estru- que em determinado momento são interrompidas em face de ins-
tura, limitam as decisões com suas normas, e impõem seu estilo tabilidades que provocam mudanças nas políticas anteriores.
próprio de agir. Portanto, as instituições influenciam na escolha, na
forma e na implementação das políticas públicas. Tipos de Demandas: considera três tipos de demandas: as
Instituições, políticos, gestores e servidores não são neutros: demandas novas resultam do surgimento de novos atores políti-
cada um tem seus interesses e nem sempre esses interesses são cos ou de novos problemas; as demandas recorrentes se referem
harmônicos. a problemas não resolvidos ou mal resolvidos, que retornam com
frequência ao debate e à agenda governamental; e as demandas
DICA: As instituições impõem limites e procuram moldar o com- reprimidas contemplam problemas já existentes que não foram
portamento dos atores na direção que lhes interessa. considerados problemas, mas apenas um “estado de coisas”.

É comum abordar o aspecto da racionalidade nas instituições:


A racionalidade substantiva utiliza valores absolutos e preocupa- CICLOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS: AGENDA E FORMULA-
-se com a efetividade dos resultados, mas nessa ótica os fins não ÇÃO; PROCESSOS DE DECISÃO; IMPLEMENTAÇÃO, SEUS
justificam os meios. É utilizada por políticos e refere-se à ética da PLANOS, PROJETOS E PROGRAMAS; MONITORAMENTO E
convicção. AVALIAÇÃO
Na racionalidade instrumental, funcional ou da conveniência,
os fins justificam os meios, nessa ótica os valores não são absolu-
tos (os valores são conscientes), e busca-se selecionar os melhores Ciclo das Políticas Públicas
meios que possibilitem alcançar os resultados desejados, é típica Compreende cinco etapas:
das Organizações e refere-se à ética da responsabilidade. 1) Construção da Agenda: no início do ciclo, ocorre a identifi-
cação e seleção de questões ou problemas que merecem atenção e
ação por parte do governo. Isso é influenciado por diversos atores
Pluralismo e Elitismo: O pluralismo admite a existência de di- e fatores, como grupos de interesse, eventos atuais e necessidades
versos grupos de poder e pressão e entende que as soluções po- da sociedade. A montagem da agenda de políticas públicas, con-
dem ser diferentes para os mesmos problemas. O pluralismo bene- forme Wöhlke, começa com a identificação de um problema, sua
ficia as minorias organizadas. transformação em uma questão pública e sua inclusão nas priorida-
O Elitismo compreende a tese de que apenas poucas pessoas des do governo. Nesse processo, diversos atores sociais desempe-
detêm o poder, definem e controlam as políticas públicas com a fi- nham um papel crucial, incluindo atores formais, como os poderes
nalidade de obter vantagens. É a denominada elite dominante, em legislativo e executivo, e atores informais, como sindicatos, ONGs
que os interesses da população são relegados a um segundo plano. e mídia, que influenciam a seleção dos temas públicos relevantes a
serem transformados em políticas públicas.
Carona: Em políticas públicas, carona é aquele cidadão que se 2) Formulação da Política: a fase de formulação de políticas
beneficia das políticas públicas sem ter concorrido para isso. Ex.: públicas envolve o planejamento das ações que foram previamente
políticas de preservação do meio ambiente, de controle da quali- identificadas na agenda. Nesta etapa, é essencial realizar um diag-
dade do ar, etc. Carona também é o cidadão que não paga os im- nóstico do problema, a fim de elaborar alternativas viáveis. Estabe-
postos que financiam a produção de bens/serviços pelo Estado e lecer objetivos claros é fundamental, pois eles orientarão o proces-
mesmo assim utiliza esses bens/serviços produzidos. Ex.: serviços so de formulação, bem como as fases subsequentes de tomada de
de saúde, de educação etc. decisão, implementação e avaliação das políticas públicas. Durante
O carona é irracional do ponto de vista da sociedade, mas ra- essa fase, são realizadas reuniões, consultas públicas e audiências
cional sob a ótica do indivíduo/carona, visto que os cidadãos pro- para analisar os cenários e considerar os aspectos jurídicos, admi-
curam obter os melhores benefícios com um mínimo de custo ou nistrativos e financeiros relacionados à política pública. Essa etapa
esforço. é crucial para o sucesso das fases subsequentes.
O carona também se aplica a entes estatais como Estados- 3) Processo Decisório: analisa quem será responsável por to-
-membros e Municípios. Ex.: Investir menos em programas sociais mar decisões e como isso será feito após o processo de formulação
para não atrair beneficiários de outros entes, ou, até mesmo, forçar de políticas públicas. Durante esta etapa, determina-se o curso de
cidadãos da comunidade a buscar atendimentos em outros Municí- ação a ser seguido.
pios e/ou Estados-membros. Existem alguns modelos que servem de base para a tomada
de decisão:
Empresário Político: São empresários/atores de origem diver- – Modelo de Racionalidade Absoluta: neste modelo, os atores
sa que têm disposição e recursos para investir em políticas públicas calculam os custos e benefícios de cada alternativa para encontrar
que lhes favoreçam ou gerem algum benefício. O empresário pode a melhor solução.
ser um político (eleito ou não), jornalistas, lobistas, servidores pú- – Modelo de Racionalidade Limitada: aqui, a decisão é base-
blicos, acadêmicos, etc. ada em opções satisfatórias, não necessariamente nas melhores.

14
POLÍTICAS PÚBLICAS

– Modelo Incremental: este modelo considera mais o elemen-


to político do que o critério técnico. A melhor decisão é aquela que INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS EM DIREITOS HU-
garante o melhor acordo entre os envolvidos. MANOS COMO POLÍTICAS DE ESTADO
– Modelo de Fluxos Múltiplos: no modelo de fluxos múltiplos,
há uma convergência de problemas, soluções e situações favorá- A institucionalização das políticas em direitos humanos como
veis. políticas de Estado representa um marco fundamental na promo-
ção e proteção dos direitos fundamentais de todos os cidadãos.
A tomada de decisão visa encontrar a melhor solução possível Este processo envolve a incorporação de princípios e normas de
com o mínimo uso de recursos disponíveis, com base em uma aná- direitos humanos em todos os níveis de governança e em todas as
lise de custo-benefício. áreas da administração pública, assegurando que esses direitos se-
jam respeitados, protegidos e cumpridos pelo Estado.
4) Implementação: uma vez que uma política é aprovada, ela
entra na fase de implementação. Isso envolve a tradução das polí- Fundamentos e Importância
ticas em ações concretas, alocação de recursos, definição de res- Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres
ponsabilidades e execução dos programas e serviços relacionados à humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia,
política. Na fase de implementação, a política pública é efetivamen- idioma, religião ou qualquer outra condição. A institucionalização
te colocada em prática, transformando as intenções políticas em desses direitos nas políticas de Estado visa garantir que as práticas
ações concretas. Isso ocorre após a delimitação da política pública, governamentais sejam consistentemente orientadas pelos padrões
a tomada de decisão, a alocação de recursos e o desenho institu- internacionais de direitos humanos. Isso é essencial não apenas
cional. para proteger os indivíduos contra abusos e violações, mas tam-
bém para promover o bem-estar e a dignidade de todas as pessoas.
No entanto, esta fase pode enfrentar desafios, como:
– Desenho inadequado da política; Políticas de Estado e Estruturas Institucionais
– Caráter genérico da política; As políticas de Estado em direitos humanos requerem estru-
– Envolvimento de várias organizações na implementação; turas institucionais sólidas. Isso inclui a criação de órgãos governa-
– Níveis de consenso em relação à opinião política. mentais especializados, como comissões ou secretarias de direitos
humanos, que são responsáveis por formular, implementar e mo-
Esses desafios podem impactar a eficácia da implementação nitorar políticas nesta área. Também é fundamental a existência de
da política pública. um quadro legal abrangente que alinhe a legislação nacional com
as obrigações internacionais em matéria de direitos humanos.
5) Avaliação: após a implementação da política pública, é ne-
cessário realizar uma avaliação para verificar se seus objetivos e Educação e Conscientização
metas estão sendo alcançados. Isso envolve verificar se a política A institucionalização efetiva também passa pela educação
está tendo um impacto positivo no público-alvo e se está cumprin- e conscientização. Isso significa integrar os direitos humanos nos
do sua finalidade. currículos educacionais e promover campanhas de conscientização
A avaliação pode ocorrer tanto após a implementação da polí- pública para informar os cidadãos sobre seus direitos e sobre como
tica, para corrigir possíveis problemas, quanto antes da implemen- protegê-los. Uma população bem informada sobre seus direitos é
tação, para prevenir efeitos indesejados. mais capaz de reivindicá-los e defender-se contra abusos.
Com base na avaliação, é possível tomar várias decisões, como:
– Continuar a política pública sem alterações; Participação Pública e Sociedade Civil
– Fazer modificações em alguns aspectos da política; Outro aspecto chave é a participação pública e o envolvimento
– Encerrar a política pública quando o problema foi resolvido da sociedade civil. Políticas eficazes de direitos humanos exigem
ou quando a implementação se mostrou ineficaz. um diálogo aberto entre o governo e a sociedade, incluindo organi-
zações não governamentais, grupos de defesa de direitos, acadêmi-
É importante notar que, embora essas etapas sejam apresen- cos e outros atores relevantes. A participação ativa desses grupos
tadas de forma sequencial, na prática, elas muitas vezes se sobre- assegura que as políticas sejam inclusivas, representativas e sensí-
põem e interagem entre si. Além disso, o processo de políticas pú- veis às necessidades de diferentes comunidades.
blicas envolve uma ampla gama de atores e interesses, tornando-o
complexo e sujeito a mudanças ao longo do tempo. Monitoramento e Responsabilidade
Para garantir a eficácia dessas políticas, é crucial ter mecanis-
As três principais causas que podem levar ao fim de uma Polí- mos de monitoramento e responsabilização. Isso pode ser reali-
tica Pública são: zado através de relatórios regulares, revisões independentes e a
a) Quando o problema público é resolvido; criação de órgãos de supervisão que possam avaliar o cumprimento
b) Quando a política pública se torna ineficaz para resolver o dos compromissos de direitos humanos e responsabilizar as autori-
problema; dades por falhas ou violações.
c) Quando o problema público, mesmo não resolvido, perde
sua importância na agenda política e no programa de governo. Desafios e Perspectivas Futuras
Apesar de sua importância, a institucionalização das políticas
de direitos humanos enfrenta desafios, incluindo resistências po-
líticas, limitações de recursos e a necessidade de harmonização

15
POLÍTICAS PÚBLICAS

das práticas locais com padrões internacionais. A superação desses A gestão desses programas envolve um constante processo de
desafios requer compromisso político, recursos adequados e uma negociação e coordenação entre os diferentes níveis de governo.
abordagem colaborativa entre diferentes setores da sociedade. Mecanismos como consórcios intermunicipais, conferências de po-
Em conclusão, a institucionalização das políticas em direitos líticas públicas e comissões intergestoras são exemplos de como
humanos como políticas de Estado é fundamental para a constru- essa coordenação é realizada na prática. Esses mecanismos visam
ção de sociedades justas e equitativas. Ela promove o respeito à promover a integração entre os diferentes níveis de governo e ga-
dignidade humana, a proteção contra abusos e a promoção de uma rantir a coerência e a efetividade das políticas públicas.
cultura de respeito e valorização dos direitos humanos. Esta abor-
dagem não apenas fortalece o estado de direito e a democracia, Desafios e Perspectivas
mas também contribui para a estabilidade social e o desenvolvi- Apesar dos benefícios potenciais, a descentralização enfrenta
mento sustentável. Portanto, assegurar que os direitos humanos desafios significativos no Brasil. A variação na capacidade admi-
sejam uma prioridade nas políticas de Estado é um imperativo tan- nistrativa e financeira entre os Municípios e Estados pode levar a
to ético quanto prático para governos comprometidos com o bem- desigualdades significativas na qualidade dos serviços públicos ofe-
-estar de seus cidadãos e o progresso de sua nação. recidos. Além disso, a complexidade na coordenação entre os dife-
rentes níveis de governo pode resultar em sobreposição de funções
e ineficiências.
FEDERALISMO E DESCENTRALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚ- Para enfrentar esses desafios, é necessário fortalecer mecanis-
BLICAS NO BRASIL: ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO mos de cooperação e coordenação, aprimorar a capacidade admi-
DOS SISTEMAS DE PROGRAMAS NACIONAIS nistrativa dos governos locais e regionais e garantir uma distribui-
ção mais equitativa de recursos. Além disso, a avaliação contínua
das políticas públicas e a promoção da transparência e da participa-
O federalismo e a descentralização de políticas públicas no Bra- ção cidadã são essenciais para assegurar a eficácia e a responsabili-
sil representam aspectos fundamentais da organização política e dade na gestão pública.
administrativa do país. A estrutura federal brasileira é composta O federalismo e a descentralização de políticas públicas no Bra-
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada um com sil oferecem um quadro complexo, mas potencialmente eficaz, para
competências e responsabilidades específicas definidas pela Cons- a gestão de serviços e programas em um país de dimensões conti-
tituição de 1988. Essa estrutura visa equilibrar o poder entre dife- nentais e de grande diversidade regional. Ao equilibrar a autono-
rentes níveis de governo, ao mesmo tempo que promove a autono- mia dos governos locais com a coordenação e supervisão em nível
mia regional e local. federal, busca-se promover políticas públicas que sejam ao mesmo
tempo uniformes em qualidade e adaptadas às necessidades locais.
Federalismo Brasileiro A efetivação desse modelo, contudo, requer um compromisso con-
O federalismo no Brasil é caracterizado pela distribuição de tínuo com a melhoria da capacidade administrativa, a cooperação
poderes entre os diferentes níveis de governo. A União detém com- intergovernamental e a participação ativa da sociedade.
petências exclusivas em áreas como defesa nacional, política ex-
terna, e regulação do comércio internacional. Os Estados possuem
competências residuais, ou seja, tudo aquilo que não é exclusivo da QUESTÕES
União ou atribuído aos Municípios. Já os Municípios são responsá-
veis por questões de interesse local, como educação básica e servi-
ços de saúde de atenção primária. 1. (DETRAN-MT - Administrador – UFMT) Políticas Públicas
consistem em:
Descentralização de Políticas Públicas (A) Outputs resultantes da atividade política, em áreas como
A descentralização no Brasil foi intensificada com a Constitui- emprego, educação, segurança e saúde.
ção de 1988, que ampliou as competências dos Estados e Municí- (B) Procedimentos formais e informais que expressam relações
pios, especialmente em áreas como saúde, educação e assistência de poder na solução de conflitos.
social. Essa mudança visou aproximar a administração dos serviços (C) Centros de competências instituídos para o desempenho de
públicos dos cidadãos, buscando maior eficiência e adequação às funções estatais, por meio de seus agentes.
realidades locais. A descentralização é vista como um meio de pro- (D) Procedimentos que permitem aos gestores públicos tornar
mover a participação cidadã, aumentar a transparência e melhorar públicas suas ações, garantindo-lhes transparência.
a alocação de recursos.
2. (ANVISA - Técnico Administrativo – CETRO) A respeito das
Organização e Funcionamento dos Sistemas de Programas Políticas Públicas, é correto afirmar que
Nacionais (A) geram bens públicos e privados.
No contexto desse federalismo descentralizado, os sistemas de (B) são o resultado da atividade política.
programas nacionais são organizados de modo a assegurar a uni- (C) não possuem aspecto coercitivo.
formidade de diretrizes em todo o território nacional, ao mesmo (D) leis orgânicas municipais são políticas públicas.
tempo que permitem adaptações às especificidades locais e regio- (E) Estados e Municípios priorizam a ocupação do que se con-
nais. Por exemplo, no sistema de saúde, o Sistema Único de Saúde vencionou denominar a high politics.
(SUS) estabelece diretrizes nacionais, mas permite que Estados e
Municípios adaptem suas políticas e programas de acordo com as
necessidades locais.

16
POLÍTICAS PÚBLICAS

3. (BANPARÁ - Assistente Social – EXATUS) Sobre conselhos de 6. FGV - 2022


Políticas Públicas, julgue as alternativas e assinale a INCORRETA: As políticas públicas resultam do processo decisório governa-
(A) Os conselhos, nos moldes definidos pela Constituição Fe- mental. Nelas, são identificados problemas, prioridades, estraté-
deral de 1988, são espaços públicos com força legal para atuar gias e atores que concorrem para sua execução. E sua avaliação
nas políticas públicas, na definição de suas prioridades, de seus permite aprimorar, inovar e, até mesmo, mudar o rumo da ação
conteúdos e recursos orçamentários, de segmentos sociais a governamental.
serem atendidos e na avaliação dos resultados. O processo de formulação, implementação e avaliação das po-
(B) A composição plural e heterogênea, com representação da so- líticas públicas é complexo e dinâmico. No entanto, estudos trazem
ciedade civil e do governo em diferentes formatos, caracteriza os a noção de ciclo de políticas públicas como um referencial para
conselhos como instâncias de negociação de conflitos entre diferen- pensar e pôr em prática as políticas públicas. Na perspectiva do ci-
tes grupos e interesses, portanto, como campo de disputas políticas, clo, cada etapa ressalta um aspecto desse processo, sem descartar
de conceitos e processos, de significados e resultantes políticos. possibilidades de interação entre cada uma delas.
(C) Os conselhos são canais importantes de participação cole- Considerando o ciclo das políticas públicas, a teoria do equilí-
tiva, que possibilitam a criação de uma nova cultura política e brio pontuado, que ajuda a identificar momentos de estabilidade e
novas relações políticas entre governos e cidadãos. de mudanças incrementais no foco das políticas públicas, está me-
(D) Os conselhos representam o esvaziamento das responsabilida- lhor relacionada com a seguinte etapa do ciclo:
des públicas do Estado, de qualificação das instâncias de representa- (A) formulação de alternativas.
ção coletivas, de fragmentação do espaço público, de despolitização (B) avaliação.
da política e de processos que fragilizam a capacidade de a socieda- (C) tomada de decisão.
de civil exercer pressão direta sobre os rumos da ação estatal. (D) formação da agenda.
(E) Em termos da tradição política brasileira, os conselhos de (E) implementação.
políticas públicas são arranjos institucionais inéditos, uma con-
quista da sociedade civil para imprimir níveis crescentes de de- 7. IBFC - 2020
mocratização às políticas públicas e ao Estado, que em nosso país O ciclo de políticas públicas deve conter diversas etapas. Assi-
têm forte trajetória de centralização e concentração de poder. nale a alternativa que não compreenda uma das fases do ciclo de
políticas públicas.
4. (TJ-GO - Analista Judiciário – FGV) O conceito de política pú- (A) Formulação da agenda
blica e seus diversos significados seguem uma tradicional classifi- (B) Tomada de decisão
cação, que divide em ciclos essa atividade estatal e o seu processo. (C) Implementação
A perspectiva “de cima para baixo” tem suas raízes no modelo de (D) Propaganda eleitoral
estágios, que devem ser claramente distintos.
Um desses estágios é o da implementação da política pública, 8. FGV - 2021
que pode ser definido como: O conceito de política pública modificou-se ao longo das úl-
(A) o processo de julgamentos deliberados sobre a validade de timas décadas. Atualmente considera-se que as políticas públicas
propostas para a ação pública; têm uma natureza bastante complexa e controversa. O ciclo clássi-
(B) o processo de execução e efetuação, que pressupõe um ato co de políticas públicas que englobava três etapas foi ampliado, no
anterior e direcionado à consecução de objetivos; sentido de se compreender melhor seu processo.
(C) a determinação do caminho definitivo para a solução do Considerando essa nova perspectiva, as fases e a respectiva or-
problema que a originou; dem de desenvolvimento das políticas públicas são:
(D) a discrepância entre o status quo e uma situação ideal possível; (A) agenda, formulação, estratégia, execução, implementação
(E) o conjunto de problemas ou temas que a comunidade políti- e monitoramento;
ca percebe como merecedor de intervenção pública. (B) formação da agenda, decisão de implementação, execução
e monitoramento;
5. (DPE-RJ - Técnico Superior Especializado – Administração – (C) agenda, elaboração, formulação, implementação, execução,
FGV) Os modelos de elaboração de Políticas Públicas que aspiram acompanhamento e avaliação;
à generalidade desconsideram o fato de que diferentes ambientes (D) formulação, execução, implementação, acompanhamento
sociais, que configuram a situação em que é feita a escolha da polí- e avaliação;
tica, aparentemente levam os tomadores de decisão a fazer opções (E) agenda, formulação, execução, monitoramento e avaliação.
significativamente distintas. Deste modo, para que haja adequabili-
dade de um modelo teórico, deve-se levar em conta que: 9. Qual é o principal objetivo da institucionalização das políti-
(A) não existe diferença entre a busca de um modelo para os cas de direitos humanos como políticas de Estado?
países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. (A) Assegurar que as práticas governamentais estejam orienta-
(B) o analista deve vincular-se com rigidez a um modelo em das pelos padrões internacionais de direitos humanos.
particular, não devendo, necessariamente, ter que observar os (B) Promover a supremacia do governo sobre as legislações in-
aspectos do ambiente em estudo. ternacionais.
(C) nem sempre há necessidade de identificar e estruturar os (C) Limitar a participação da sociedade civil no processo legislativo.
aspectos da política a ser analisada. (D) Centralizar o poder legislativo em órgãos governamentais
(D) esse modelo deve estar ligado às metas fixadas e como pro- especializados.
duto da participação das massas.
(E) na elaboração de políticas, as percepções e os interesses
dos atores individuais estão presentes em todos os estágios.

17
POLÍTICAS PÚBLICAS

10. Por que a educação e a conscientização são essenciais na Nesse modelo, a(s) etapa(s)
institucionalização das políticas de direitos humanos? (A) identificação do problema e formação da Agenda corres-
(A) Para aumentar o controle do Estado sobre a população. pondem aos processos de reconhecimento de uma questão
(B) Para informar os cidadãos sobre seus direitos e como protegê-los. social como problema público e de sua legitimação na pauta
(C) Para reduzir a influência da sociedade civil e de organiza- pública, em determinado momento.
ções não governamentais. (B) formulação das alternativas consiste na escolha técnico-po-
(D) Para centralizar a formulação de políticas de direitos huma- lítica dos rumos a seguir, decidindo entre as alternativas formu-
nos no governo. ladas de ação efetiva ou não.
(C) tomada de decisão refere-se à capacidade de oferecer uma
11. Qual é o papel da sociedade civil na institucionalização das solução consistente indicando os encaminhamentos e progra-
políticas de direitos humanos como políticas de Estado? mas para o problema social diagnosticado.
(A) Reduzir a transparência e a prestação de contas do governo. (D) implementação contribui para os esforços de efetivação da
(B) Assegurar que as políticas sejam inclusivas e representati- ação governamental, mediante a verificação da pertinência,
vas das necessidades de diferentes comunidades. viabilidade e eficácia potencial de um programa.
(C) Centralizar as decisões de políticas de direitos humanos nas (E) avaliação identifica o conjunto de assuntos e problemas
mãos de grupos selecionados. que os gestores públicos e a comunidade política entendem
(D) Promover uma agenda política específica, independente como mais relevantes em um dado momento.
dos direitos humanos.

12. Qual dos seguintes aspectos é um desafio significativo en-


frentado pela descentralização de políticas públicas no Brasil? GABARITO
(A) Uniformidade de diretrizes em todo o território nacional.
(B) Cooperação entre Estados e Municípios.
(C) Variação na capacidade administrativa e financeira entre 1 A
Municípios e Estados. 2 B
(D) Implementação de políticas de saúde em nível nacional.
3 D
13. No contexto do federalismo brasileiro, quais são as respon- 4 B
sabilidades primárias dos Municípios?
(A) Defesa nacional e política externa. 5 E
(B) Regulação do comércio internacional. 6 D
(C) Educação básica e serviços de saúde de atenção primária.
7 D
(D) Gestão de políticas ambientais e recursos naturais.
8 C
14. Como os sistemas de programas nacionais são organizados 9 A
no federalismo descentralizado brasileiro?
(A) Através da centralização das decisões em um único nível 10 B
de governo. 11 B
(B) Mediante a eliminação total da autonomia dos governos locais.
(C) Estabelecendo diretrizes nacionais, mas permitindo adapta- 12 C
ções às necessidades locais. 13 C
(D) Por meio da uniformidade estrita de implementação em
todos os estados e municípios. 14 C
15 A
15. FGV - 2023 - AL-MA - Técnico de Gestão Administrativa - Ciências
Sociais (Sociólogo) -O estudo das políticas públicas usa modelos na forma
de ciclos de etapas sucessivas, de modo a facilitar sua análise e identificar
uma possível intervenção, como no exemplo proposto a seguir.

18
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

outros grupos de interesse, reconhecendo o papel vital que essas


ESTADO DE DIREITO E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE entidades desempenham na articulação de interesses e na promo-
1988: CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA, REPRESENTA- ção de mudanças sociais.
ÇÃO POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ
Desafios e Avanços
O Estado de Direito e a Constituição Federal de 1988 no Bra- Apesar dos avanços significativos trazidos pela Constituição
sil estão intrinsecamente ligados à consolidação da democracia, à Federal de 1988, a consolidação da democracia no Brasil continua
representação política e à participação cidadã. A Constituição de a enfrentar desafios. Questões como a corrupção, a desigualdade
1988, frequentemente chamada de “Constituição Cidadã”, marca social, e a efetiva implementação de políticas públicas permanecem
um ponto de virada na história política brasileira, estabelecendo as como obstáculos significativos. No entanto, a Constituição forneceu
bases para um Estado democrático de direito e enfatizando os direi- uma estrutura robusta para o enfrentamento desses desafios, es-
tos e garantias fundamentais. tabelecendo um sistema legal e institucional capaz de promover
reformas e garantir a justiça social.
Consolidação da Democracia A Constituição Federal de 1988 foi um marco decisivo na his-
A Constituição de 1988 foi promulgada após um longo período tória do Brasil, estabelecendo as fundações de um Estado de Di-
de regime militar autoritário, representando um forte movimento reito democrático. Ela consolidou a democracia, reforçou a repre-
de redemocratização. Ela estabeleceu um sistema de governo de- sentação política e ampliou a participação cidadã, tornando-se um
mocrático, baseado na separação de poderes - Executivo, Legisla- símbolo de uma nova era na política brasileira. Embora desafios
tivo e Judiciário - e no respeito aos direitos humanos e liberdades permaneçam, a Constituição de 1988 continua a ser um guia para
fundamentais. A Constituição também reforçou as instituições de- o desenvolvimento democrático e a justiça social no Brasil, ofere-
mocráticas, estabelecendo regras claras para eleições livres e justas, cendo um caminho para um futuro mais inclusivo e representativo.
o funcionamento dos partidos políticos e a alternância de poder. Através dela, os cidadãos têm não apenas direitos, mas também
Esses elementos são essenciais para a consolidação da democracia, canais para participar ativamente na construção de uma sociedade
pois garantem que o governo reflita a vontade do povo e que haja mais justa e igualitária. A experiência brasileira destaca a importân-
mecanismos para a accountability e a transparência. cia de uma constituição democrática não apenas como um docu-
mento legal, mas como um compromisso vivo com os valores da
Representação Política democracia, da justiça e da participação cidadã.
A representação política é um pilar central da democracia, e
a Constituição Federal de 1988 abordou essa questão com grande
ênfase. Ela estabeleceu um sistema político representativo, no qual DIVISÃO E COORDENAÇÃO DE PODERES DA REPÚBLICA
os cidadãos elegem seus representantes para atuar em seu nome
nos níveis federal, estadual e municipal. A Constituição também
procurou garantir uma representação mais equitativa e plural, re- A divisão e coordenação de poderes da República são conceitos
conhecendo a diversidade da sociedade brasileira e incentivando a fundamentais em qualquer democracia moderna, incluindo a Repú-
participação de grupos historicamente marginalizados. Este aspecto blica Federativa do Brasil. Estes princípios estão arraigados na ideia
é crucial, pois a representação política efetiva é fundamental para de que para haver um governo eficiente e justo, é necessário dividir
que todos os segmentos da sociedade tenham suas vozes ouvidas e as funções estatais entre diferentes órgãos, garantindo, ao mesmo
seus interesses atendidos. Além disso, a representação política sob tempo, a sua coordenação e equilíbrio.
a égide da Constituição de 1988 visa assegurar que os processos de
tomada de decisão sejam responsivos e responsáveis, fortalecendo A Divisão de Poderes
assim os princípios democráticos. O conceito de divisão de poderes foi popularizado por Montes-
quieu no século XVIII. Ele propôs que o poder do Estado deveria ser
Participação Cidadã dividido em três ramos independentes: o Legislativo, o Executivo e
A Constituição de 1988 também colocou um foco especial na o Judiciário. Essa divisão tem como objetivo evitar a concentração
participação cidadã como um meio de fortalecer a democracia. Ela de poder nas mãos de uma única entidade ou grupo, o que poderia
reconheceu que a democracia vai além do simples ato de votar, en- levar à tirania. Cada um desses poderes tem funções específicas e
globando a participação ativa dos cidadãos na vida política e nas distintas:
decisões que afetam suas vidas. Isso se manifesta de várias formas,
incluindo a participação direta em plebiscitos e referendos, o enga- • Poder Legislativo: É responsável pela elaboração e aprovação
jamento em audiências públicas e o direito de propor legislação por das leis. No Brasil, este poder é bicameral, composto pela Câmara
meio de iniciativas populares. A Constituição também estimulou a dos Deputados e pelo Senado Federal, que representam, respecti-
formação de associações civis, organizações não governamentais e vamente, o povo e os estados.

19
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

• Poder Executivo: Tem a função de executar as leis aprovadas


pelo Legislativo, além de administrar os assuntos do Estado e con- PRESIDENCIALISMO COMO SISTEMA DE GOVERNO: NO-
duzir a política externa. No Brasil, é representado pelo Presidente ÇÕES GERAIS, CAPACIDADES GOVERNATIVAS E ESPECIFI-
da República, que é auxiliado por ministros de Estado. CIDADES DO CASO BRASILEIRO
• Poder Judiciário: Seu papel é interpretar as leis, garantindo
que sejam aplicadas de maneira justa e imparcial. No Brasil, o siste- O presidencialismo é um sistema de governo adotado por di-
ma judiciário é complexo e inclui diversos tribunais, como o Supre- versos países, incluindo o Brasil, caracterizado pela eleição direta
mo Tribunal Federal (STF), que é a mais alta corte do país. do chefe de Estado e de governo, que é o presidente. Esse siste-
ma difere significativamente do parlamentarismo, onde o chefe de
Coordenação entre os Poderes governo geralmente é diferente do chefe de Estado e é escolhido
Embora a divisão de poderes seja essencial, também é neces- pela maioria parlamentar. O presidencialismo possui especificida-
sário que haja uma coordenação entre eles para garantir o bom des e capacidades governativas que impactam diretamente a forma
funcionamento do Estado. Essa coordenação é alcançada por meio como um país é administrado e suas políticas são implementadas.
de um sistema de “freios e contrapesos”, no qual cada poder tem
a capacidade de limitar ou verificar os outros, prevenindo abusos e Noções Gerais do Presidencialismo
garantindo um equilíbrio. No presidencialismo, o presidente é eleito diretamente pelo
Por exemplo, o Presidente da República pode vetar leis aprova- povo, para um mandato fixo, e não pode ser destituído do cargo
das pelo Congresso Nacional, mas o Congresso pode derrubar esse por uma votação parlamentar, a menos que seja por meio de um
veto. Da mesma forma, o Judiciário pode declarar a inconstituciona- processo de impeachment, que exige procedimentos legais e justifi-
lidade de leis aprovadas pelo Legislativo ou atos do Executivo. Esse cativas sólidas. O presidente tem amplos poderes, incluindo a admi-
sistema de checagens mútuas assegura que nenhum dos poderes nistração do executivo, a condução da política externa, a nomeação
exceda suas prerrogativas constitucionais. de ministros e altos funcionários do governo, e, em muitos casos, a
capacidade de vetar legislações aprovadas pelo legislativo.
Desafios na Coordenação de Poderes
• A coordenação entre os poderes, embora ideal Capacidades Governativas do Presidencialismo
mente projetada para garantir a harmonia e o equilíbrio, pode O sistema presidencialista permite uma clara separação entre
enfrentar desafios. Conflitos entre os poderes podem surgir, espe- o Executivo e o Legislativo. Isso pode gerar uma estabilidade gover-
cialmente quando há interpretações divergentes da Constituição ou namental, pois o presidente, uma vez eleito, possui um mandato
dos limites de autoridade de cada poder. Além disso, o sistema po- fixo. Por outro lado, essa separação pode levar a impasses políticos,
lítico pode ser desafiado por crises que exigem respostas rápidas e especialmente se o presidente não possui apoio da maioria no le-
eficientes, colocando em teste a capacidade de coordenação entre gislativo. O sistema presidencialista também é caracterizado pela
os poderes. centralização do poder executivo, o que pode agilizar a tomada de
decisões e a implementação de políticas. No entanto, isso também
• Importância da Interação e Respeito Mútuo coloca uma grande responsabilidade nas mãos de um único indiví-
Para o bom funcionamento da República, é essencial que haja duo, o que pode ser um desafio em termos de checks and balances
uma interação respeitosa entre os poderes. Embora independen- democráticos.
tes, eles devem trabalhar juntos para o benefício do país e de seus
cidadãos. O respeito mútuo e a colaboração são fundamentais para Especificidades do Caso Brasileiro
a resolução de conflitos e para a promoção do bem-estar social e do No Brasil, o presidencialismo foi adotado desde a proclamação
desenvolvimento. da república em 1889, com algumas interrupções durante períodos
de regime militar. A Constituição Federal de 1988 reforçou o siste-
A Constituição como Base da Divisão e Coordenação de Po- ma presidencialista, estabelecendo um equilíbrio de poderes entre
deres o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Uma característica marcan-
te do presidencialismo brasileiro é o sistema de coalizão, no qual o
A Constituição do Brasil estabelece as bases para a divisão e presidente muitas vezes precisa formar alianças com vários partidos
coordenação de poderes. Ela define não apenas as funções de cada para garantir apoio legislativo. Isso é em parte devido ao grande
poder, mas também os limites de sua atuação. A Constituição é, número de partidos políticos e à fragmentação do Congresso.
portanto, o documento fundamental que assegura a manutenção
do equilíbrio entre os poderes e o respeito às suas funções e com- Desafios do Presidencialismo Brasileiro
petências. Um dos principais desafios do presidencialismo no Brasil é a go-
vernabilidade. A necessidade de formar coalizões amplas e muitas
vezes heterogêneas pode levar a um alto custo político e à lentidão
na implementação de políticas. Além disso, o sistema tem sido cri-
ticado por possibilitar um certo grau de “presidencialismo de coa-
lizão”, onde o presidente tem que negociar extensivamente com o
Congresso, muitas vezes concedendo cargos e favores políticos em
troca de apoio.

20
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Vantagens do Sistema Brasileiro frequentemente estabelecidos para investigar os abusos e promo-


Apesar dos desafios, o sistema presidencialista no Brasil tam- ver a justiça. Estes processos buscam equilibrar a necessidade de
bém tem suas vantagens. Ele permite uma representação direta da justiça com a promoção da reconciliação nacional.
vontade popular na escolha do líder executivo e oferece uma cer- Além da justiça legal, a reparação também pode incluir com-
ta estabilidade governamental, uma vez que o presidente tem um pensações financeiras, assistência médica e psicológica, e esforços
mandato fixo. Além disso, em situações de crise, o sistema pode para restaurar a dignidade das vítimas. A reabilitação das vítimas e a
permitir uma resposta rápida e coordenada, dada a centralização reconstrução de suas vidas são componentes essenciais para a cura
do poder executivo. das feridas deixadas pela violência e pela opressão.
O presidencialismo como sistema de governo apresenta tanto
desafios quanto oportunidades para a governança. No caso brasilei- Violência de Estado e Seus Legados
ro, essas particularidades são evidenciadas pela interação complexa A violência de Estado durante regimes autoritários deixa lega-
entre o presidente e um Congresso multipartidário. Enquanto o sis- dos duradouros que podem persistir mesmo após a transição para
tema permite uma representação direta e pode facilitar a estabili- a democracia. Estes legados incluem desconfiança nas instituições,
dade e a tomada de decisões rápidas, ele também exige habilidade trauma coletivo e divisões sociais profundas. Lidar com esses lega-
política significativa para a formação de coalizões e a condução de dos é um processo complexo que requer esforços contínuos de edu-
políticas efetivas. A experiência brasileira com o presidencialismo cação, diálogo e reformas institucionais para reconstruir a confiança
ilustra a importância do equilíbrio entre estabilidade e responsa- no Estado e em suas instituições.
bilidade democrática, bem como os desafios de governar em um
ambiente político diversificado e frequentemente fragmentado. Educação e Prevenção
A educação desempenha um papel vital na efetivação dos di-
reitos humanos e na prevenção de futuras violações. Isso envolve
EFETIVAÇÃO E REPARAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS: ME- educar as novas gerações sobre o passado, ensinando sobre os di-
MÓRIA, AUTORITARISMO E VIOLÊNCIA DE ESTADO reitos humanos e fomentando uma cultura de respeito e tolerância.
A inclusão da história do autoritarismo e das violações de direitos
humanos nos currículos escolares é crucial para garantir que as li-
A efetivação e reparação de direitos humanos são temas cen- ções do passado não sejam esquecidas.
trais no contexto de sociedades que vivenciaram períodos de au- A efetivação e reparação dos direitos humanos em contextos
toritarismo e violência de Estado. Essas questões abrangem não pós-autoritários são processos desafiadores, mas essenciais. Eles
apenas a necessidade de reconhecer e responder aos abusos come- requerem um compromisso contínuo com a verdade, a justiça e a
tidos, mas também a importância da memória para a construção de reparação. O papel da memória é fundamental, não apenas como
um futuro mais justo e democrático. um meio de honrar as vítimas, mas também como uma ferramen-
ta para construir uma sociedade mais justa e resiliente. Lidar com
Memória e Direitos Humanos o legado da violência e do autoritarismo é um passo crucial para
A memória desempenha um papel crucial na efetivação dos assegurar a dignidade de todos e para a construção de um futuro
direitos humanos, especialmente em contextos pós-autoritários. A democrático e respeitoso dos direitos humanos.
recordação de abusos e injustiças do passado não é apenas uma
forma de honrar as vítimas, mas também um meio de conscien-
tizar a sociedade sobre os perigos do autoritarismo. O processo PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS PNDH-3
de lembrar e reconhecer os erros históricos é fundamental para a (DECRETO Nº 7.037/2009)
construção de uma cultura de respeito aos direitos humanos e para
prevenir a repetição de tais abusos. Isso pode envolver a criação de
museus, memoriais, dias de lembrança, e a inclusão dessa história Política nacional é o instrumento que estabelece o patamar e
nos currículos educacionais. orienta as ações governamentais futuras, buscando o aperfeiçoa-
mento de alguma das esferas consideradas essenciais para a socie-
Autoritarismo e Violação de Direitos Humanos dade. No caso, o Brasil adota como uma de suas políticas nacionais
Regimes autoritários frequentemente perpetraram violações os direitos humanos, sendo que a aborda em detalhes em Progra-
graves de direitos humanos, incluindo tortura, desaparecimentos mas Nacionais de Direitos Humanos, reelaborados periodicamente
forçados, execuções extrajudiciais e supressão de liberdades civis. de acordo com as novas necessidades sociais.
Essas violações, muitas vezes cometidas em nome da segurança na- “A política nacional de direitos humanos do Estado brasileiro,
cional ou da estabilidade do Estado, deixaram cicatrizes profundas desenvolvida desde o retorno ao governo civil em 1985, e de forma
nas vítimas, suas famílias e na sociedade como um todo. A transição mais definida, desde 1995, pelo governo do Presidente Fernando
para um regime democrático requer não apenas o reconhecimento Henrique Cardoso, reflete e aprofunda uma concepção de direitos
dessas injustiças, mas também ações efetivas para reparar os danos humanos partilhada por organizações de direitos humanos desde a
causados. resistência ao regime autoritário nos anos 1970. Pela primeira vez,
entretanto, na história republicana, quase meio- século depois da
Reparação e Justiça Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, os direitos hu-
A reparação dos direitos humanos envolve várias medidas, in- manos passaram a ser assumidos como política oficial do governo,
cluindo a responsabilização dos perpetradores, compensações para num contexto social e político deste fim de século extremamente
as vítimas e garantias de não repetição. Processos de justiça de adverso para a maioria das não-elites na população brasileira. [...]
transição, como tribunais especiais ou comissões da verdade, são

21
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Em meados dos anos oitenta, já começava a ficar claro que o c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informa-
desenvolvimento econômico e social e a transição para democra- ções em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avalia-
cia, ainda que necessários, não eram suficientes para conter o au- ção e monitoramento de sua efetivação;
mento da criminalidade e da violência no Brasil. Ficava patente que II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos:
esse fenômeno constituía um grande obstáculo e uma ameaça aos a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sus-
processos de desenvolvimento e de consolidação da democracia. tentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equi-
A questão era saber se esta tendência de banalização da crimina- librado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente
lidade, da violência e da morte poderia ser controlada e revertida diverso, participativo e não discriminatório;
ou se ela acabaria por consumir os recursos humanos da sociedade b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito cen-
brasileira a ponto de inviabilizar os processos de desenvolvimento e tral do processo de desenvolvimento; e
de consolidação da democracia no país. [...] c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como
Com o objetivo de limitar, controlar e reverter as graves vio- Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de
lações de direitos humanos e implementando uma recomendação direitos;
da Conferência Mundial de Direitos Humanos realizada em Viena III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto
em 1993 - na qual o Brasil teve papel muito atuante, pois foi o em- de desigualdades:
baixador Gilberto Sabóia quem coordenou o comitê de redação da a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma univer-
Declaração e Programa de Viena ¾ o governo Fernando Henrique sal, indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena;
Cardoso decidiu integrar como política de governo a promoção e b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes
realização dos direitos humanos propondo um plano de ação para para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória,
direitos humanos. Em 7 de setembro de 1995, o Presidente anun- assegurando seu direito de opinião e participação;
ciava: ‘Chegou a hora de mostrarmos, na prática, num plano nacio- c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e
nal, como vamos lutar para acabar com a impunidade, como vamos d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;
lutar para realmente fazer com que os direitos humanos sejam res- IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e
peitados’. Combate à Violência:
Ao assumir esse compromisso, o governo brasileiro reconhece a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de
a obrigação do estado de proteger e promover os direitos humanos segurança pública;
e os princípios da universalidade e da indivisibilidade dos direitos b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema
humanos. [...]”.1 de segurança pública e justiça criminal;
O principal mecanismo utilizado para exteriorizar e planejar a c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e pro-
Política Nacional de Direitos humanos é o Programa Nacional de fissionalização da investigação de atos criminosos;
Direitos Humanos. d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na
erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carce-
rária;
DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009. e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de
proteção das pessoas ameaçadas;
Aprova o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3 e f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal,
dá outras providências. priorizando a aplicação de penas e medidas alternativas à privação
de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível,
confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direi-
DECRETA: tos;
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Huma-
Art. 1º Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos Huma- nos:
nos - PNDH-3, em consonância com as diretrizes, objetivos estra- a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da po-
tégicos e ações programáticas estabelecidos, na forma do Anexo lítica nacional de educação em Direitos Humanos para fortalecer
deste Decreto. uma cultura de direitos;
Art. 2º O PNDH-3 será implementado de acordo com os seguin- b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e
tes eixos orientadores e suas respectivas diretrizes: dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas insti-
I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e so- tuições de ensino superior e nas instituições formadoras;
ciedade civil: c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos;
civil como instrumento de fortalecimento da democracia participa- d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no
tiva; serviço público; e
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como ins- e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática
trumento transversal das políticas públicas e de interação demo- e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Di-
crática; e reitos Humanos; e
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como
1 PINHEIRO, Paúlo Sérgio; MESQUITA NETO, Paulo de. Direitos humanos no Direito Humano da cidadania e dever do Estado;
Brasil: perspectivas no final do século. Disponível em: <http://www.dhnet.org.
br/direitos/militantes/pspinheiro/pspinheirodhbrasil.html>.

22
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção ticipação. Fortes protestos e a luta pela democracia marcaram esse
pública da verdade; e período. Paralelamente, surgiram iniciativas populares nos bairros
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com pro- reivindicando direitos básicos como saúde, transporte, moradia e
moção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a democra- controle do custo de vida. Em um primeiro momento, eram inicia-
cia. tivas atomizadas, buscando conquistas parciais, mas que ao longo
Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além dos res- dos anos foram se caracterizando como movimentos sociais orga-
ponsáveis nele indicados, envolve parcerias com outros órgãos fe- nizados.
derais relacionados com os temas tratados nos eixos orientadores Com o avanço da democratização do País, os movimentos so-
e suas diretrizes. ciais multiplicaram-se. Alguns deles institucionalizaram-se e passa-
Art. 3º As metas, prazos e recursos necessários para a imple- ram a ter expressão política. Os movimentos populares e sindicatos
mentação do PNDH-3 serão definidos e aprovados em Planos de foram, no caso brasileiro, os principais promotores da mudança e
Ação de Direitos Humanos bianuais. da ruptura política em diversas épocas e contextos históricos. Com
Art. 4º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) efeito, durante a etapa de elaboração da Constituição Cidadã de
II - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) 1988, esses segmentos atuaram de forma especialmente articula-
III - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) da, afirmando-se como um dos pilares da democracia e influencian-
IV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) do diretamente os rumos do País.
V - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Nos anos que se seguiram, os movimentos passaram a se con-
§ 1º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) solidar por meio de redes com abrangência regional ou nacional,
I - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) firmando-se como sujeitos na formulação e monitoramento das
II - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) políticas públicas. Nos anos 1990, desempenharam papel funda-
III - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) mental na resistência a todas as orientações do neoliberalismo de
IV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) flexibilização dos direitos sociais, privatizações, dogmatismo do
V - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) mercado e enfraquecimento do Estado. Nesse mesmo período,
VI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) multiplicaram-se pelo País experiências de gestão estadual e muni-
VII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) cipal em que lideranças desses movimentos, em larga escala, passa-
VIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) ram a desempenhar funções de gestores públicos.
IX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Com as eleições de 2002, alguns dos setores mais organizados
X - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) da sociedade trouxeram reivindicações históricas acumuladas, pas-
XI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sando a influenciar diretamente a atuação do governo e vivendo de
XII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) perto suas contradições internas.
XIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Nesse novo cenário, o diálogo entre Estado e sociedade civil as-
XIV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sumiu especial relevo, com a compreensão e a preservação do distinto
XV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) papel de cada um dos segmentos no processo de gestão. A interação
XVI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) é desenhada por acordos e dissensos, debates de idéias e pela delibe-
XVII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) ração em torno de propostas. Esses requisitos são imprescindíveis ao
XVIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) pleno exercício da democracia, cabendo à sociedade civil exigir, pres-
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sionar, cobrar, criticar, propor e fiscalizar as ações do Estado.
XX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Essa concepção de interação democrática construída entre os
XXI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) diversos órgãos do Estado e a sociedade civil trouxe consigo resul-
§ 2º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) tados práticos em termos de políticas públicas e avanços na inter-
§ 3º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) locução de setores do poder público com toda a diversidade social,
§ 4º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) cultural, étnica e regional que caracteriza os movimentos sociais em
Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os órgãos nosso País. Avançou-se fundamentalmente na compreensão de que
do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público,
os Direitos Humanos constituem condição para a prevalência da
serão convidados a aderir ao PNDH-3.
dignidade humana, e que devem ser promovidos e protegidos por
Art. 6º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
meio do esforço conjunto do Estado e da sociedade civil.
Art. 7º Fica revogado o Decreto nº 4.229, de 13 de maio de
Uma das finalidades do PNDH-3 é dar continuidade à integra-
2002.
ção e ao aprimoramento dos mecanismos de participação existen-
tes, bem como criar novos meios de construção e monitoramento
Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188º da Independência e
das políticas públicas sobre Direitos Humanos no Brasil.
121º da República.
No âmbito institucional o PNDH-3, amplia as conquistas na área
dos direitos e garantias fundamentais, pois internaliza a diretriz se-
ANEXO gundo a qual a primazia dos Direitos Humanos constitui princípio
transversal a ser considerado em todas as políticas públicas.
Eixo Orientador I: As diretrizes deste capítulo discorrem sobre a importância de
fortalecer a garantia e os instrumentos de participação social, o ca-
• Interação democrática entre Estado e sociedade civil ráter transversal dos Direitos Humanos e a construção de mecanis-
A partir da metade dos anos 1970, começam a ressurgir no Bra- mos de avaliação e monitoramento de sua efetivação. Isso inclui a
sil iniciativas de rearticulação dos movimentos sociais, a despeito construção de sistema de indicadores de Direitos Humanos e a arti-
da repressão política e da ausência de canais democráticos de par- culação das políticas e instrumentos de monitoramento existentes.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

O Poder Executivo tem papel protagonista na coordenação e Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
implementação do PNDH-3, mas faz-se necessária a definição de Presidência da República, Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
responsabilidades compartilhadas entre a União, Estados, Municí- blica
pios e do Distrito Federal na execução de políticas públicas, tanto
quanto a criação de espaços de participação e controle social nos d)Criar base de dados dos conselhos nacionais, estaduais, dis-
Poderes Judiciário e Legislativo, no Ministério Público e nas Defen- trital e municipais, garantindo seu acesso ao público em geral.
sorias, em ambiente de respeito, proteção e efetivação dos Direitos Responsáveis: Secretaria-Geral da Presidência da República;
Humanos. O conjunto dos órgãos do Estado – não apenas no âm- Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú-
bito do Executivo Federal – deve estar comprometido com a imple- blica
mentação e monitoramento do PNDH-3.
Aperfeiçoar a interlocução entre Estado e sociedade civil de- e)Apoiar fóruns, redes e ações da sociedade civil que fazem
pende da implementação de medidas que garantam à sociedade acompanhamento, controle social e monitoramento das políticas
maior participação no acompanhamento e monitoramento das po- públicas de Direitos Humanos.
líticas públicas em Direitos Humanos, num diálogo plural e trans- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
versal entre os vários atores sociais e deles com o Estado. Ampliar o Presidência da República; Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
controle externo dos órgãos públicos por meio de ouvidorias, moni- blica
torar os compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasi-
leiro, realizar conferências periódicas sobre a temática, fortalecer e f)Estimular o debate sobre a regulamentação e efetividade dos
apoiar a criação de conselhos nacional, distrital, estaduais e muni- instrumentos de participação social e consulta popular, tais como
cipais de Direitos Humanos, garantindo-lhes eficiência, autonomia lei de iniciativa popular, referendo, veto popular e plebiscito.
e independência são algumas das formas de assegurar o aperfeiço- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
amento das políticas públicas por meio de diálogo, de mecanismos Presidência da República; Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
de controle e das ações contínuas da sociedade civil. Fortalecer as blica
informações em Direitos Humanos com produção e seleção de in-
dicadores para mensurar demandas, monitorar, avaliar, reformular g)Assegurar a realização periódica de conferências de Direitos
e propor ações efetivas, garante e consolida o controle social e a Humanos, fortalecendo a interação entre a sociedade civil e o po-
transparência das ações governamentais. der público.
A adoção de tais medidas fortalecerá a democracia participati- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
va, na qual o Estado atua como instância republicana da promoção sidência da República
e defesa dos Direitos Humanos e a sociedade civil como agente ati-
vo – propositivo e reativo – de sua implementação. Objetivo estratégico II:
Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil Ampliação do controle externo dos órgãos públicos.
como instrumento de fortalecimento da democracia participativa. Ações programáticas:
Objetivo estratégico I:
a)Ampliar a divulgação dos serviços públicos voltados para a
Garantia da participação e do controle social das políticas pú-
efetivação dos Direitos Humanos, em especial nos canais de trans-
blicas em Direitos Humanos, em diálogo plural e transversal entre
parência.
os vários atores sociais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
Ações programáticas:
a)Apoiar, junto ao Poder Legislativo, a instituição do Conselho
Nacional dos Direitos Humanos, dotado de recursos humanos, ma- b)Propor a instituição da Ouvidoria Nacional dos Direitos Hu-
teriais e orçamentários para o seu pleno funcionamento, e efetuar manos, em substituição à Ouvidoria-Geral da Cidadania, com in-
seu credenciamento junto ao Escritório do Alto Comissariado das dependência e autonomia política, com mandato e indicação pelo
Nações Unidas para os Direitos Humanos como “Instituição Nacio- Conselho Nacional dos Direitos Humanos, assegurando recursos
nal Brasileira”, como primeiro passo rumo à adoção plena dos “Prin- humanos, materiais e financeiros para seu pleno funcionamento.
cípios de Paris”. Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da sidência da República
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
c)Fortalecer a estrutura da Ouvidoria Agrária Nacional.
b)Fomentar a criação e o fortalecimento dos conselhos de Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Direitos Humanos em todos os Estados e Municípios e no Distrito
Federal, bem como a criação de programas estaduais de Direitos Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instru-
Humanos. mento transversal das políticas públicas e de interação democrá-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- tica.
sidência da República
Objetivo estratégico I:
c)Criar mecanismos que permitam ação coordenada entre os Promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores
diversos conselhos de direitos, nas três esferas da Federação, visan- das políticas públicas e das relações internacionais.
do a criação de agenda comum para a implementação de políticas
públicas de Direitos Humanos.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Ações programáticas: Objetivo estratégico I:


a)Considerar as diretrizes e objetivos estratégicos do PNDH-3 Desenvolvimento de mecanismos de controle social das políti-
nos instrumentos de planejamento do Estado, em especial no Plano cas públicas de Direitos Humanos, garantindo o monitoramento e a
Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária transparência das ações governamentais.
Anual.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Ações programáticas:
Presidência da República; Secretaria-Geral da Presidência da Repú- a)Instituir e manter sistema nacional de indicadores em Direi-
blica; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão tos Humanos, de forma articulada com os órgãos públicos e a so-
ciedade civil.
b)Propor e articular o reconhecimento do status constitucional Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
de instrumentos internacionais de Direitos Humanos novos ou já sidência da República
existentes ainda não ratificados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da b)Integrar os sistemas nacionais de informações para elabora-
Presidência da República; Ministério da Justiça; Secretaria de Rela- ção de quadro geral sobre a implementação de políticas públicas e
ções Institucionais da Presidência da República violações aos Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
c)Construir e aprofundar agenda de cooperação multilateral sidência da República
em Direitos Humanos que contemple prioritariamente o Haiti, os
países lusófonos do continente africano e o Timor-Leste. c)Articular a criação de base de dados com temas relacionados
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da aos Direitos Humanos.
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
d)Aprofundar a agenda Sul-Sul de cooperação bilateral em Di-
reitos Humanos que contemple prioritariamente os países lusófo- d)Utilizar indicadores em Direitos Humanos para mensurar de-
nos do continente africano, o Timor-Leste, Caribe e a América La- mandas, monitorar, avaliar, reformular e propor ações efetivas.
tina. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores Mulheres da Presidência da República; Secretaria Especial de Políti-
cas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República;
Objetivo estratégico II: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
Fortalecimento dos instrumentos de interação democrática bate à Fome; Ministério da Justiça; Ministério das Cidades; Minis-
para a promoção dos Direitos Humanos. tério do Meio Ambiente; Ministério da Cultura; Ministério do Turis-
mo; Ministério do Esporte; Ministério do Desenvolvimento Agrário
Ações programáticas:
a)Criar o Observatório Nacional dos Direitos Humanos para e)Propor estudos visando a criação de linha de financiamento
subsidiar, com dados e informações, o trabalho de monitoramento para a implementação de institutos de pesquisa e produção de es-
das políticas públicas e de gestão governamental e sistematizar a tatísticas em Direitos Humanos nos Estados.
documentação e legislação, nacionais e internacionais, sobre Direi- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
tos Humanos. sidência da República
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República Objetivo estratégico II:
Monitoramento dos compromissos internacionais assumidos
b)Estimular e reconhecer pessoas e entidades com destaque na pelo Estado brasileiro em matéria de Direitos Humanos.
luta pelos Direitos Humanos na sociedade brasileira e internacional,
com a concessão de premiação, bolsas e outros incentivos, na for- Ações programáticas:
ma da legislação aplicável. a)Elaborar relatório anual sobre a situação dos Direitos Huma-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da nos no Brasil, em diálogo participativo com a sociedade civil.
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
c)Criar selo nacional “Direitos Humanos”, a ser concedido às
entidades públicas e privadas que comprovem atuação destacada b)Elaborar relatórios periódicos para os órgãos de tratados da
na defesa e promoção dos direitos fundamentais. ONU, no prazo por eles estabelecidos, com base em fluxo de infor-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da mações com órgãos do governo federal e com unidades da Fede-
Presidência da República; Ministério da Justiça ração.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informação Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e
monitoramento de sua efetivação. c)Elaborar relatório de acompanhamento das relações entre o
Brasil e o sistema ONU que contenha, entre outras, as seguintes
informações:

25
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

• Recomendações advindas de relatores especiais do Conselho São essenciais para o desenvolvimento as liberdades e os direi-
de Direitos Humanos da ONU; tos básicos como alimentação, saúde e educação. As privações das
• Recomendações advindas dos comitês de tratados do Meca- liberdades não são apenas resultantes da escassez de recursos, mas
nismo de Revisão Periódica; sim das desigualdades inerentes aos mecanismos de distribuição,
da ausência de serviços públicos e de assistência do Estado para a
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da expansão das escolhas individuais. Este conceito de desenvolvimen-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores to reconhece seu caráter pluralista e a tese de que a expansão das
liberdades não representa somente um fim, mas também o meio
d)Definir e institucionalizar fluxo de informações, com respon- para seu alcance. Em consequência, a sociedade deve pactuar as
sáveis em cada órgão do governo federal e unidades da Federação, políticas sociais e os direitos coletivos de acesso e uso dos recursos.
referentes aos relatórios internacionais de Direitos Humanos e às A partir daí, a medição de um índice de desenvolvimento humano
recomendações dos relatores especiais do Conselho de Direitos Hu- veio substituir a medição de aumento do PIB, uma vez que o Índice
manos da ONU e dos comitês de tratados. de Desenvolvimento Humano (IDH) combina a riqueza per capita
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da indicada pelo PIB aos aspectos de educação e expectativa de vida,
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores permitindo, pela primeira vez, uma avaliação de aspectos sociais
não mensurados pelos padrões econométricos.
e)Definir e institucionalizar fluxo de informações, com respon- No caso do Brasil, por muitos anos o crescimento econômico
sáveis em cada órgão do governo federal, referentes aos relatórios não levou à distribuição justa de renda e riqueza, mantendo-se ele-
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e às decisões da vados índices de desigualdade. As ações de Estado voltadas para a
Corte Interamericana de Direitos Humanos. conquista da igualdade socioeconômica requerem ainda políticas
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da permanentes, de longa duração, para que se verifique a plena pro-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores teção e promoção dos Direitos Humanos. É necessário que o mode-
lo de desenvolvimento econômico tenha a preocupação de aperfei-
f)Criar banco de dados público sobre todas as recomendações çoar os mecanismos de distribuição de renda e de oportunidades
dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasil, contendo as medidas ado- para todos os brasileiros, bem como incorpore os valores de pre-
tadas pelos diversos órgãos públicos para seu cumprimento. servação ambiental. Os debates sobre as mudanças climáticas e o
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da aquecimento global, gerados pela preocupação com a maneira com
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores que os países vêm explorando os recursos naturais e direcionan-
do o progresso civilizatório, está na agenda do dia. Esta discussão
Eixo Orientador II: coloca em questão os investimentos em infraestrutura e modelos
de desenvolvimento econômico na área rural, baseados, em grande
Desenvolvimento e Direitos Humanos parte, no agronegócio, sem a preocupação com a potencial violação
O tema “desenvolvimento” tem sido amplamente debatido por dos direitos de pequenos e médios agricultores e das populações
ser um conceito complexo e multidisciplinar. Não existe modelo tradicionais.
único e preestabelecido de desenvolvimento, porém, pressupõe- O desenvolvimento pode ser garantido se as pessoas forem
-se que ele deva garantir a livre determinação dos povos, o reco- protagonistas do processo, pressupondo a garantia de acesso de
nhecimento de soberania sobre seus recursos e riquezas naturais, todos os indivíduos aos direitos econômicos, sociais, culturais e am-
respeito pleno à sua identidade cultural e a busca de equidade na bientais, e incorporando a preocupação com a preservação e a sus-
distribuição das riquezas. tentabilidade como eixos estruturantes de proposta renovada de
Durante muitos anos, o crescimento econômico, medido pela progresso. Esses direitos têm como foco a distribuição da riqueza,
variação anual do Produto Interno Bruto (PIB), foi usado como indi- dos bens e serviços.
cador relevante para medir o avanço de um país. Acreditava-se que, Todo esse debate traz desafios para a conceituação sobre os
uma vez garantido o aumento de bens e serviços, sua distribuição Direitos Humanos no sentido de incorporar o desenvolvimento
ocorreria de forma a satisfazer as necessidades de todas as pesso- como exigência fundamental. A perspectiva dos Direitos Humanos
as. Constatou-se, porém, que, embora importante, o crescimento contribui para redimensionar o desenvolvimento. Motiva a passar
do PIB não é suficiente para causar, automaticamente, melhoria do da consideração de problemas individuais a questões de interesse
bem estar para todas as camadas sociais. Por isso, o conceito de comum, de bem-estar coletivo, o que alude novamente o Estado e
desenvolvimento foi adotado por ser mais abrangente e refletir, de o chama à corresponsabilidade social e à solidariedade.
fato, melhorias nas condições de vida dos indivíduos. Ressaltamos que a noção de desenvolvimento está sendo ama-
A teoria predominante de desenvolvimento econômico o defi- durecida como parte de um debate em curso na sociedade e no go-
ne como um processo que faz aumentar as possibilidades de acesso verno, incorporando a relação entre os direitos econômicos, sociais,
das pessoas a bens e serviços, propiciadas pela expansão da capa- culturais e ambientais, buscando a garantia do acesso ao trabalho,
cidade e do âmbito das atividades econômicas. O desenvolvimento à saúde, à educação, à alimentação, à vida cultural, à moradia ade-
seria a medida qualitativa do progresso da economia de um país, quada, à previdência, à assistência social e a um meio ambiente sus-
refletindo transições de estágios mais baixos para estágios mais al- tentável. A inclusão do tema Desenvolvimento e Direitos Humanos
tos, por meio da adoção de novas tecnologias que permitem e fa- na 11a Conferência Nacional reforçou as estratégias governamen-
vorecem essa transição. Cresce nos últimos anos a assimilação das tais em sua proposta de desenvolvimento.
idéias desenvolvidas por Amartya Sem, que abordam o desenvol- Assim, este capítulo do PNDH-3 propõe instrumentos de avan-
vimento como liberdade e seus resultados centrados no bem estar ço e reforça propostas para políticas públicas de redução das desi-
social e, por conseguinte, nos direitos do ser humano. gualdades sociais concretizadas por meio de ações de transferência

26
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à ex- d)Avançar na implantação da reforma agrária, como forma de
pansão da reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e inclusão social e acesso aos direitos básicos, de forma articulada
do extrativismo e da promoção do turismo sustentável. com as políticas de saúde, educação, meio ambiente e fomento à
O PNDH-3 inova ao incorporar o meio ambiente saudável e as produção alimentar.
cidades sustentáveis como Direitos Humanos, propõe a inclusão do Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário
item “direitos ambientais” nos relatórios de monitoramento sobre
Direitos Humanos e do item “Direitos Humanos” nos relatórios am- e)Incentivar as políticas públicas de economia solidária, de co-
bientais, assim como fomenta pesquisas de tecnologias socialmen- operativismo e associativismo e de fomento a pequenas e micro
te inclusivas. empresas.
Nos projetos e empreendimentos com grande impacto socio- Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
ambiental, o PNDH-3 garante a participação efetiva das populações do Desenvolvimento Agrário; Ministério das Cidades; Ministério do
atingidas, assim como prevê ações mitigatórias e compensatórias. Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Considera fundamental fiscalizar o respeito aos Direitos Humanos
nos projetos implementados pelas empresas transnacionais, bem f)Fortalecer políticas públicas de apoio ao extrativismo e ao
como seus impactos na manipulação das políticas de desenvolvi- manejo florestal comunitário ambientalmente sustentáveis.
mento. Nesse sentido, avalia como importante mensurar o impacto Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do De-
da biotecnologia aplicada aos alimentos, da nanotecnologia, dos senvolvimento Agrário; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
poluentes orgânicos persistentes, metais pesados e outros poluen- Comércio Exterior
tes inorgânicos em relação aos Direitos Humanos.
Alcançar o desenvolvimento com Direitos Humanos é capa- g)Fomentar o debate sobre a expansão de plantios de mono-
citar as pessoas e as comunidades a exercerem a cidadania, com culturas que geram impacto no meio ambiente e na cultura dos po-
direitos e responsabilidades. É incorporar, nos projetos, a própria vos e comunidades tradicionais, tais como eucalipto, cana-de-açú-
população brasileira, por meio de participação ativa nas decisões car, soja, e sobre o manejo florestal, a grande pecuária, mineração,
que afetam diretamente suas vidas. É assegurar a transparência dos turismo e pesca.
grandes projetos de desenvolvimento econômico e mecanismos de Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
compensação para a garantia dos Direitos Humanos das populações sidência da República
diretamente atingidas.
Por fim, este PNDH-3 reforça o papel da equidade no Plano Plu- h)Erradicar o trabalho infantil, bem como todas as formas de
rianual, como instrumento de garantia de priorização orçamentária violência e exploração sexual de crianças e adolescentes nas ca-
de programas sociais. deias produtivas, com base em códigos de conduta e no Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento susten- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equili- Presidência da República; Ministério do Turismo
brado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente
diverso, participativo e não discriminatório. i)Garantir que os grandes empreendimentos e projetos de in-
fraestrutura resguardem os direitos dos povos indígenas e de comu-
Objetivo estratégico I: nidades quilombolas e tradicionais, conforme previsto na Constitui-
Implementação de políticas públicas de desenvolvimento com ção e nos tratados e convenções internacionais.
inclusão social. Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério dos Trans-
portes; Ministério da Integração Nacional; Ministério de Minas e
Ações programáticas: Energia; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
a)Ampliar e fortalecer as políticas de desenvolvimento social e Racial da Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente;
de combate à fome, visando a inclusão e a promoção da cidadania, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministé-
garantindo a segurança alimentar e nutricional, renda mínima e as- rio da Pesca e Aquicultura; Secretaria Especial de Portos da Presi-
sistência integral às famílias. dência da República
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome j)Integrar políticas de geração de emprego e renda e políticas
sociais para o combate à pobreza rural dos agricultores familiares,
b)Expandir políticas públicas de geração e transferência de ren- assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas, famílias de
da para erradicação da extrema pobreza e redução da pobreza. pescadores e comunidades tradicionais.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
à Fome te à Fome; Ministério da Integração Nacional; Ministério do Desen-
volvimento Agrário; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
c)Apoiar projetos de desenvolvimento sustentável local para da Justiça; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualda-
redução das desigualdades inter e intrarregionais e o aumento da de Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura; Minis-
autonomia e sustentabilidade de espaços sub-regionais. tério da Pesca e Aquicultura
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Agrário k)Integrar políticas sociais e de geração de emprego e renda
para o combate à pobreza urbana, em especial de catadores de ma-
teriais recicláveis e população em situação de rua.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério Objetivo estratégico III:


do Meio Ambiente; Ministério do Desenvolvimento Social e Comba- Fomento à pesquisa e à implementação de políticas para o de-
te à Fome; Ministério das Cidades; Secretaria dos Direitos Humanos senvolvimento de tecnologias socialmente inclusivas, emancipató-
da Presidência da República rias e ambientalmente sustentáveis.

l)Fortalecer políticas públicas de fomento à aquicultura e à pes- Ações programáticas:


ca sustentáveis, com foco nos povos e comunidades tradicionais de a)Adotar tecnologias sociais de baixo custo e fácil aplicabilida-
baixa renda, contribuindo para a segurança alimentar e a inclusão de nas políticas e ações públicas para a geração de renda e para a
social, mediante a criação e geração de trabalho e renda alternati- solução de problemas socioambientais e de saúde pública.
vos e inserção no mercado de trabalho. Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
Responsáveis: Ministério da Pesca e Aquicultura; Ministério do do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério do Meio
Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social e Com- Ambiente; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da
bate à Fome Saúde

m)Promover o turismo sustentável com geração de trabalho e b)Garantir a aplicação do princípio da precaução na proteção
renda, respeito à cultura local, participação e inclusão dos povos da agrobiodiversidade e da saúde, realizando pesquisas que ava-
e das comunidades nos benefícios advindos da atividade turística. liem os impactos dos transgênicos no meio ambiente e na saúde.
Responsáveis: Ministério do Turismo; Ministério do Desenvol- Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Meio Am-
vimento, Indústria e Comércio Exterior biente; Ministério de Ciência e Tecnologia

Objetivo estratégico II: c)Fomentar tecnologias alternativas para substituir o uso de


Fortalecimento de modelos de agricultura familiar e agroeco- substâncias danosas à saúde e ao meio ambiente, como poluentes
lógica. orgânicos persistentes, metais pesados e outros poluentes inorgâ-
nicos.
Ações programáticas: Responsáveis: Ministério de Ciência e Tecnologia; Ministério
a)Garantir que nos projetos de reforma agrária e agricultura fa- do Meio Ambiente; Ministério da Saúde; Ministério da Agricultura,
miliar sejam incentivados os modelos de produção agroecológica e Pecuária e Abastecimento; Ministério do Desenvolvimento, Indús-
a inserção produtiva nos mercados formais. tria e Comércio Exterior
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis-
tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior d)Fomentar tecnologias de gerenciamento de resíduos sóli-
dos e emissões atmosféricas para minimizar impactos à saúde e ao
b)Fortalecer a agricultura familiar camponesa e a pesca arte- meio ambiente.
sanal, com ampliação do crédito, do seguro, da assistência técnica, Responsáveis: Ministério de Ciência e Tecnologia; Ministério
extensão rural e da infraestrutura para comercialização. do Meio Ambiente; Ministério da Saúde; Ministério das Cidades
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis-
tério da Pesca e Aquicultura e)Desenvolver e divulgar pesquisas públicas para diagnosticar
os impactos da biotecnologia e da nanotecnologia em temas de Di-
c)Garantir pesquisa e programas voltados à agricultura familiar reitos Humanos.
e pesca artesanal, com base nos princípios da agroecologia. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Mi- Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério do Meio
nistério do Meio Ambiente; Ministério da Agricultura, Pecuária e Ambiente; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Mi-
Abastecimento; Ministério da Pesca e Aquicultura; Ministério do nistério de Ciência e Tecnologia
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
f)Produzir, sistematizar e divulgar pesquisas econômicas e me-
d)Fortalecer a legislação e a fiscalização para evitar a contami- todologias de cálculo de custos socioambientais de projetos de in-
nação dos alimentos e danos à saúde e ao meio ambiente causados fraestrutura, de energia e de mineração que sirvam como parâme-
pelos agrotóxicos. tro para o controle dos impactos de grandes projetos.
Responsáveis: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- Responsáveis: Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério
mento; Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Saúde; Minis- de Minas e Energia; Ministério do Meio Ambiente; Secretaria de
tério do Desenvolvimento Agrário Assuntos Estratégicos da Presidência da República; Ministério da
Integração Nacional
e)Promover o debate com as instituições de ensino superior e
a sociedade civil para a implementação de cursos e realização de Objetivo estratégico IV:
pesquisas tecnológicas voltados à temática socioambiental, agro- Garantia do direito a cidades inclusivas e sustentáveis.
ecologia e produção orgânica, respeitando as especificidades de
cada região. Ações programáticas:
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério do Desen- a)Apoiar ações que tenham como princípio o direito a cidades
volvimento Agrário inclusivas e acessíveis como elemento fundamental da implemen-
tação de políticas urbanas.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsáveis: Ministério das Cidades; Secretaria Especial dos Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central
Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério do De- do processo de desenvolvimento.
senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Objetivo estratégico I:
b)Fortalecer espaços institucionais democráticos, participati- Garantia da participação e do controle social nas políticas pú-
vos e de apoio aos Municípios para a implementação de planos di- blicas de desenvolvimento com grande impacto socioambiental.
retores que atendam aos preceitos da política urbana estabelecidos
no Estatuto da Cidade. Ações programáticas:
Responsável: Ministério das Cidades a)Fortalecer ações que valorizem a pessoa humana como su-
jeito central do desenvolvimento, enfrentando o quadro atual de
c)Fomentar políticas públicas de apoio aos Estados, Distrito Fe- injustiça ambiental que atinge principalmente as populações mais
deral e Municípios em ações sustentáveis de urbanização e regula- pobres.
rização fundiária dos assentamentos de população de baixa renda, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
comunidades pesqueiras e de provisão habitacional de interesse Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente
social, materializando a função social da propriedade.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am- b)Assegurar participação efetiva da população na elaboração
biente; Ministério da Pesca e Aquicultura dos instrumentos de gestão territorial e na análise e controle dos
processos de licenciamento urbanístico e ambiental de empreendi-
d)Fortalecer a articulação entre os órgãos de governo e os con- mentos de impacto, especialmente na definição das ações mitiga-
sórcios municipais para atuar na política de saneamento ambiental, doras e compensatórias por impactos sociais e ambientais.
com participação da sociedade civil. Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am- Cidades
biente; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da Re-
pública c)Fomentar a elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico
(ZEE), incorporando o sócio e etnozoneamento.
e)Fortalecer a política de coleta, reaproveitamento, triagem, Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am-
reciclagem e a destinação seletiva de resíduos sólidos e líquidos, biente
com a organização de cooperativas de reciclagem, que beneficiem
as famílias dos catadores. d)Assegurar a transparência dos projetos realizados, em todas
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Trabalho e as suas etapas, e dos recursos utilizados nos grandes projetos eco-
Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; nômicos, para viabilizar o controle social.
Ministério do Meio Ambiente Responsáveis: Ministério dos Transportes; Ministério da Inte-
gração Nacional; Ministério de Minas e Energia; Secretaria Especial
f)Fomentar políticas e ações públicas voltadas à mobilidade ur- dos Direitos Humanos da Presidência da República
bana sustentável.
Responsável: Ministério das Cidades e)Garantir a exigência de capacitação qualificada e participati-
va das comunidades afetadas nos projetos básicos de obras e em-
g)Considerar na elaboração de políticas públicas de desenvolvi- preendimentos com impactos sociais e ambientais.
mento urbano os impactos na saúde pública. Responsáveis: Ministério da Integração Nacional; Ministério de
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério das Cidades Minas e Energia; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
h)Fomentar políticas públicas de apoio às organizações de ca-
tadores de materiais recicláveis, visando à disponibilização de áreas f)Definir mecanismos para a garantia dos Direitos Humanos das
e prédios desocupados pertencentes à União, a fim de serem trans- populações diretamente atingidas e vizinhas aos empreendimentos
formados em infraestrutura produtiva para essas organizações. de impactos sociais e ambientais.
Responsáveis: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
tão; Ministério das Cidades; Ministério do Trabalho e Emprego; Mi- sidência da República
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
g)Apoiar a incorporação dos sindicatos de trabalhadores e cen-
i)Estimular a produção de alimentos de forma comunitária, trais sindicais nos processos de licenciamento ambiental de empre-
com uso de tecnologias de bases agroecológicas, em espaços ur- sas, de forma a garantir o direito à saúde do trabalhador.
banos e periurbanos ociosos e fomentar a mobilização comunitária Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do
para a implementação de hortas, viveiros, pomares, canteiros de Trabalho e Emprego; Ministério da Saúde
ervas medicinais, criação de pequenos animais, unidades de pro-
cessamento e beneficiamento agroalimentar, feiras e mercados pú- h)Promover e fortalecer ações de proteção às populações mais
blicos populares. pobres da convivência com áreas contaminadas, resguardando-as
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba- contra essa ameaça e assegurando-lhes seus direitos fundamentais.
te à Fome; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das
Cidades; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
Ministério da Saúde

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Objetivo estratégico II: Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como


Afirmação dos princípios da dignidade humana e da equidade Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de
como fundamentos do processo de desenvolvimento nacional. direitos.

Ações programáticas: Objetivo estratégico I:


a)Reforçar o papel do Plano Plurianual como instrumento de Afirmação dos direitos ambientais como Direitos Humanos.
consolidação dos Direitos Humanos e de enfrentamento da concen-
tração de renda e riqueza e de promoção da inclusão da população Ações programáticas:
de baixa renda. a)Incluir o item Direito Ambiental nos relatórios de monitora-
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- mento dos Direitos Humanos.
tão Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente
b)Reforçar os critérios da equidade e da prevalência dos Direi-
tos Humanos como prioritários na avaliação da programação orça- b)Incluir o tema dos Direitos Humanos nos instrumentos e rela-
mentária de ação ou autorização de gastos. tórios dos órgãos ambientais.
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tão Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente
c)Instituir código de conduta em Direitos Humanos para ser
considerado no âmbito do poder público como critério para a con- c)Assegurar a proteção dos direitos ambientais e dos Direitos
tratação e financiamento de empresas. Humanos no Código Florestal.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Responsável: Ministério do Meio Ambiente
sidência da República
d)Implementar e ampliar políticas públicas voltadas para a re-
d)Regulamentar a taxação do imposto sobre grandes fortunas cuperação de áreas degradadas e áreas de desmatamento nas zo-
previsto na Constituição. nas urbanas e rurais.
Responsáveis: Ministério da Fazenda; Secretaria Especial dos Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das
Direitos Humanos da Presidência da República Cidades

e)Ampliar a adesão de empresas ao compromisso de responsa- e)Fortalecer ações que estabilizem a concentração de gases de
bilidade social e Direitos Humanos. efeito estufa em nível que permita a adaptação natural dos ecossis-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da temas à mudança do clima, controlando a interferência das ativida-
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento, Indústria des humanas (antrópicas) no sistema climático.
e Comércio Exterior Responsável: Ministério do Meio Ambiente

Objetivo estratégico III: f)Garantir o efetivo acesso a informação sobre a degradação e


Fortalecimento dos direitos econômicos por meio de políticas os riscos ambientais, e ampliar e articular as bases de informações
públicas de defesa da concorrência e de proteção do consumidor. dos entes federados e produzir informativos em linguagem acessí-
vel.
Ações programáticas: Responsável: Ministério do Meio Ambiente
a)Garantir o acesso universal a serviços públicos essenciais de
qualidade. g)Integrar os atores envolvidos no combate ao trabalho escra-
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério da Educação; vo nas operações correntes de fiscalização ao desmatamento e ao
Ministério de Minas e Energia; Ministério do Desenvolvimento So- corte ilegal de madeira.
cial e Combate à Fome; Ministério das Cidades Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério do Trabalho e Emprego; Minis-
b)Fortalecer o sistema brasileiro de defesa da concorrência tério do Meio Ambiente
para coibir condutas anticompetitivas e concentradoras de renda.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Fazenda Eixo Orientador III:

c)Garantir o direito à informação do consumidor, fortalecendo Universalizar direitos em um contexto de desigualdades


as ações de acompanhamento de mercado, inclusive a rotulagem A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma em seu
dos transgênicos. preâmbulo que o “reconhecimento da dignidade inerente a todos
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvol- os membros da família humana e de seus direitos iguais e inaliená-
vimento, Indústria e Comércio Exterior; Ministério da Agricultura, veis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.
Pecuária e Abastecimento No entanto, nas vicissitudes ocorridas no cumprimento da Declara-
ção pelos Estados signatários, identificou-se a necessidade de reco-
d)Fortalecer o combate à fraude e a avaliação da conformidade nhecer as diversidades e diferenças para concretização do princípio
dos produtos e serviços no mercado. da igualdade.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria e Comércio Exterior

30
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

No Brasil, ao longo das últimas décadas, os Direitos Humanos cas, sempre sob o foco dos Direitos Humanos, com a preocupação
passaram a ocupar uma posição de destaque no ordenamento ju- de assegurar o respeito às diferenças e o combate às desigualdades,
rídico. O País avançou decisivamente na proteção e promoção do para o efetivo acesso aos direitos.
direito às diferenças. Porém, o peso negativo do passado continua Por fim, em respeito à primazia constitucional de proteção e
a projetar no presente uma situação de profunda iniquidade social. promoção da infância, do adolescente e da juventude, o capítulo
O acesso aos direitos fundamentais continua enfrentando bar- aponta suas diretrizes para o respeito e a garantia das gerações fu-
reiras estruturais, resquícios de um processo histórico, até secular, turas. Como sujeitos de direitos, as crianças, os adolescentes e os
marcado pelo genocídio indígena, pela escravidão e por períodos jovens são frequentemente subestimadas em sua participação polí-
ditatoriais, práticas que continuam a ecoar em comportamentos, tica e em sua capacidade decisória. Preconiza-se o dever de assegu-
leis e na realidade social. rar-lhes, desde cedo, o direito de opinião e participação.
O PNDH-3 assimila os grandes avanços conquistados ao longo Marcadas pelas diferenças e por sua fragilidade temporal, as
destes últimos anos, tanto nas políticas de erradicação da miséria e crianças, os adolescentes e os jovens estão sujeitos a discrimina-
da fome, quanto na preocupação com a moradia e saúde, e aponta ções e violências. As ações programáticas promovem a garantia de
para a continuidade e ampliação do acesso a tais políticas, funda- espaços e investimentos que assegurem proteção contra qualquer
mentais para garantir o respeito à dignidade humana. forma de violência e discriminação, bem como a promoção da ar-
Os objetivos estratégicos direcionados à promoção da cidada- ticulação entre família, sociedade e Estado para fortalecer a rede
nia plena preconizam a universalidade, indivisibilidade e interde- social de proteção que garante a efetividade de seus direitos.
pendência dos Direitos Humanos, condições para sua efetivação
integral e igualitária. O acesso aos direitos de registro civil, alimen- Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal,
tação adequada, terra e moradia, trabalho decente, educação, par- indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena.
ticipação política, cultura, lazer, esporte e saúde, deve considerar a
pessoa humana em suas múltiplas dimensões de ator social e sujei- Objetivo estratégico I:
to de cidadania. Universalização do registro civil de nascimento e ampliação
À luz da história dos movimentos sociais e de programas de do acesso à documentação básica.
governo, o PNDH-3 orienta-se pela transversalidade, para que a im-
plementação dos direitos civis e políticos transitem pelas diversas Ações programáticas:
dimensões dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais. a)Ampliar e reestruturar a rede de atendimento para a emissão
Caso contrário, grupos sociais afetados pela pobreza, pelo racismo do registro civil de nascimento visando a sua universalização.
estrutural e pela discriminação dificilmente terão acesso a tais di- • Interligar maternidades e unidades de saúde aos cartórios,
reitos. por meio de sistema manual ou informatizado, para emissão de re-
As ações programáticas formuladas visam enfrentar o desafio gistro civil de nascimento logo após o parto, garantindo ao recém
de eliminar as desigualdades, levando em conta as dimensões de nascido a certidão de nascimento antes da alta médica.
gênero e raça nas políticas públicas, desde o planejamento até a sua • Fortalecer a Declaração de Nascido Vivo (DNV), emitida pelo
concretização e avaliação. Há, neste sentido, propostas de criação Sistema Único de Saúde , como mecanismo de acesso ao registro
de indicadores que possam mensurar a efetivação progressiva dos civil de nascimento, contemplando a diversidade na emissão pelos
direitos. estabelecimentos de saúde e pelas parteiras.
Às desigualdades soma-se a persistência da discriminação, que • Realizar orientação sobre a importância do registro civil de
muitas vezes se manifesta sob a forma de violência contra sujeitos nascimento para a cidadania por meio da rede de atendimento
que são histórica e estruturalmente vulnerabilizados. (saúde, educação e assistência social) e pelo sistema de Justiça e de
O combate à discriminação mostra-se necessário, mas insufi- segurança pública.
ciente enquanto medida isolada. Os pactos e convenções que in- • Aperfeiçoar as normas e o serviço público notarial e de re-
gistro, em articulação com o Conselho Nacional de Justiça, para ga-
tegram o sistema regional e internacional de proteção dos Direitos
rantia da gratuidade e da cobertura do serviço de registro civil em
Humanos apontam para a necessidade de combinar estas medidas
âmbito nacional.
com políticas compensatórias que acelerem a construção da igual-
dade, como forma capaz de estimular a inclusão de grupos social-
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvi-
mente vulneráveis. Além disso, as ações afirmativas constituem
mento Social e Combate à Fome; Ministério da Previdência Social;
medidas especiais e temporárias que buscam remediar um passado
Ministério da Justiça; Ministério do Planejamento, Orçamento e
discriminatório. No rol de movimentos e grupos sociais que deman-
Gestão; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
dam políticas de inclusão social encontram-se crianças, adolescen-
República
tes, mulheres, pessoas idosas, lésbicas, gays, bissexuais, travestis,
transexuais, pessoas com deficiência, pessoas moradoras de rua, b)Promover a mobilização nacional com intuito de reduzir o nú-
povos indígenas, populações negras e quilombolas, ciganos, ribei- mero de pessoas sem registro civil de nascimento e documentação
rinhos, varzanteiros e pescadores, entre outros. básica.
Definem-se, neste capítulo, medidas e políticas que devem ser • Instituir comitês gestores estaduais, distrital e municipais
efetivadas para reconhecer e proteger os indivíduos como iguais com o objetivo de articular as instituições públicas e as entidades da
na diferença, ou seja, para valorizar a diversidade presente na po- sociedade civil para a implantação de ações que visem à ampliação
pulação brasileira para estabelecer acesso igualitário aos direitos do acesso à documentação básica.
fundamentais. Trata-se de reforçar os programas de governo e as
resoluções pactuadas nas diversas conferências nacionais temáti-

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

• Realizar campanhas para orientação e conscientização da po- b)Vincular programas de transferência de renda à garantia da
pulação e dos agentes responsáveis pela articulação e pela garantia segurança alimentar da criança, por meio do acompanhamento da
do acesso aos serviços de emissão de registro civil de nascimento e saúde e nutrição e do estímulo de hábitos alimentares saudáveis,
de documentação básica. com o objetivo de erradicar a desnutrição infantil.
• Realizar mutirões para emissão de registro civil de nascimen- Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
to e documentação básica, com foco nas regiões de difícil acesso e te à Fome; Ministério da Educação; Ministério da Saúde
no atendimento às populações específicas como os povos indíge-
nas, quilombolas, ciganos, pessoas em situação de rua, institucio- c)Fortalecer a agricultura familiar e camponesa no desenvolvi-
nalizadas e às trabalhadoras rurais. mento de ações específicas que promovam a geração de renda no
campo e o aumento da produção de alimentos agroecológicos para
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvi- o autoconsumo e para o mercado local.
mento Social e Combate à Fome; Ministério da Defesa; Ministério Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis-
da Fazenda; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Jus- tério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
tiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
República d)Ampliar o abastecimento alimentar, com maior autonomia
e fortalecimento da economia local, associado a programas de in-
c)Criar bases normativas e gerenciais para garantia da universa- formação, de educação alimentar, de capacitação, de geração de
lização do acesso ao registro civil de nascimento e à documentação ocupações produtivas, de agricultura familiar camponesa e de agri-
básica. cultura urbana.
• Implantar sistema nacional de registro civil para interligação Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
das informações de estimativas de nascimentos, de nascidos vivos bate à Fome; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
e do registro civil, a fim de viabilizar a busca ativa dos nascidos não Ministério do Desenvolvimento Agrário
registrados e aperfeiçoar os indicadores para subsidiar políticas pú-
blicas. e)Promover a implantação de equipamentos públicos de segu-
• Desenvolver estudo e revisão da legislação para garantir o rança alimentar e nutricional, com vistas a ampliar o acesso à ali-
acesso do cidadão ao registro civil de nascimento em todo o terri- mentação saudável de baixo custo, valorizar as culturas alimentares
tório nacional. regionais, estimular o aproveitamento integral dos alimentos, evitar
• Realizar estudo de sustentabilidade do serviço notarial e de o desperdício e contribuir para a recuperação social e de saúde da
registro no País. sociedade.
• Desenvolver a padronização do registro civil (certidão de nas- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
cimento, de casamento e de óbito) em território nacional. à Fome
• Garantir a emissão gratuita de Registro Geral e Cadastro de
Pessoa Física aos reconhecidamente pobres. f)Garantir que os hábitos e contextos regionais sejam incorpo-
• Desenvolver estudo sobre a política nacional de documenta- rados nos modelos de segurança alimentar como fatores da produ-
ção civil básica. ção sustentável de alimentos.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvol- à Fome
vimento Social e Combate à Fome; Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão; Ministério da Fazenda; Ministério da Justiça; g)Realizar pesquisas científicas que promovam ganhos de pro-
Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Previdência Social; dutividade na agricultura familiar e assegurar estoques reguladores.
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú- Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
blica te à Fome; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
d)Incluir no questionário do censo demográfico perguntas para
identificar a ausência de documentos civis na população. Objetivo estratégico III:
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Garantia do acesso à terra e à moradia para a população de
sidência da República baixa renda e grupos sociais vulnerabilizados.
Ações programáticas:
Objetivo estratégico II: a)Fortalecer a reforma agrária com prioridade à implementação
Acesso à alimentação adequada por meio de políticas estru- e recuperação de assentamentos, à regularização do crédito fundi-
turantes. ário e à assistência técnica aos assentados, atualização dos índices
Grau de Utilização da Terra (GUT) e Grau de Eficiência na Exploração
Ações programáticas: (GEE), conforme padrões atuais e regulamentação da desapropria-
a)Ampliar o acesso aos alimentos por meio de programas e ção de áreas pelo descumprimento da função social plena.
ações de geração e transferência de renda, com ênfase na partici- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministé-
pação das mulheres como potenciais beneficiárias. rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
bate à Fome; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República

32
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

b)Integrar as ações de mapeamento das terras públicas da k)Garantir as condições para a realização de acampamentos ci-
União. ganos em todo o território nacional, visando a preservação de suas
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- tradições, práticas e patrimônio cultural.
tão Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério das Cidades
c)Estimular o saneamento dos serviços notariais de registros
imobiliários, possibilitando o bloqueio ou o cancelamento adminis- Objetivo estratégico IV:
trativo dos títulos das terras e registros irregulares. Ampliação do acesso universal a sistema de saúde de qualida-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvi- de.
mento Agrário
Ações programáticas:
d)Garantir demarcação, homologação, regularização e desin- a)Expandir e consolidar programas de serviços básicos de saú-
trusão das terras indígenas, em harmonia com os projetos de futu- de e de atendimento domiciliar para a população de baixa renda,
ro de cada povo indígena, assegurando seu etnodesenvolvimento e com enfoque na prevenção e diagnóstico prévio de doenças e defi-
sua autonomia produtiva. ciências, com apoio diferenciado às pessoas idosas, indígenas, ne-
Responsável: Ministério da Justiça gros e comunidades quilombolas, pessoas com deficiência, pessoas
em situação de rua, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais,
e)Assegurar às comunidades quilombolas a posse dos seus ter- crianças e adolescentes, mulheres, pescadores artesanais e popula-
ritórios, acelerando a identificação, o reconhecimento, a demarca- ção de baixa renda.
ção e a titulação desses territórios, respeitando e preservando os Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
sítios de valor simbólico e histórico. ticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República;
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura; República; Ministério da Pesca e Aquicultura
Ministério do Desenvolvimento Agrário
b)Criar programas de pesquisa e divulgação sobre tratamentos
f)Garantir o acesso a terra às populações ribeirinhas, varzan- alternativos à medicina tradicional no sistema de saúde.
teiras e pescadoras, assegurando acesso aos recursos naturais que Responsável: Ministério da Saúde
tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e eco-
nômica. c)Reformular o marco regulatório dos planos de saúde, de
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis- modo a diminuir os custos para a pessoa idosa e fortalecer o pacto
tério do Meio Ambiente intergeracional, estimulando a adoção de medidas de capitalização
para gastos futuros pelos planos de saúde.
g)Garantir que nos programas habitacionais do governo sejam Responsável: Ministério da Saúde
priorizadas as populações de baixa renda, a população em situação
de rua e grupos sociais em situação de vulnerabilidade no espaço d)Reconhecer as parteiras como agentes comunitárias de saú-
urbano e rural, considerando os princípios da moradia digna, do de- de.
senho universal e os critérios de acessibilidade nos projetos. Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvol- ticas para as Mulheres da Presidência da República
vimento Social e Combate à Fome
e)Aperfeiçoar o programa de saúde para adolescentes, especi-
h)Promover a destinação das glebas e edifícios vazios ou subu- ficamente quanto à saúde de gênero, à educação sexual e reprodu-
tilizados pertencentes à União, para a população de baixa renda, tiva e à saúde mental.
reduzindo o déficit habitacional. Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po-
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Planeja- líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es-
mento, Orçamento e Gestão pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República

i)Estabelecer que a garantia da qualidade de abrigos e alber- f)Criar campanhas e material técnico, instrucional e educativo
gues, bem como seu caráter inclusivo e de resgate da cidadania à sobre planejamento reprodutivo que respeite os direitos sexuais e
população em situação de rua, estejam entre os critérios de con- reprodutivos, contemplando a elaboração de materiais específicos
cessão de recursos para novas construções e manutenção dos exis- para a população jovem e adolescente e para pessoas com defici-
tentes. ência.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvol- Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po-
vimento Social e Combate à Fome líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República
j)Apoiar o monitoramento de políticas de habitação de inte-
resse social pelos conselhos municipais de habitação, garantindo g)Estimular programas de atenção integral à saúde das mulhe-
às cooperativas e associações habitacionais acesso às informações. res, considerando suas especificidades étnico-raciais, geracionais,
Responsável: Ministério das Cidades regionais, de orientação sexual, de pessoa com deficiência, priori-
zando as moradoras do campo, da floresta e em situação de rua.

33
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- r)Apoiar a implementação de espaços essenciais para higiene
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es- pessoal e centros de referência para a população em situação de
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência rua.
da República; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Fome Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome
h)Ampliar e disseminar políticas de saúde pré e neonatal, com
inclusão de campanhas educacionais de esclarecimento, visando à s)Investir na política de reforma psiquiátrica fomentando pro-
prevenção do surgimento ou do agravamento de deficiências. gramas de tratamentos substitutivos à internação, que garantam às
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- pessoas com transtorno mental a possibilidade de escolha autôno-
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es- ma de tratamento, com convivência familiar e acesso aos recursos
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República psiquiátricos e farmacológicos.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di-
i)Expandir a assistência pré-natal e pós-natal por meio de pro- reitos Humanos da Presidência da República; Ministério da Cultura
gramas de visitas domiciliares para acompanhamento das crianças
na primeira infância. t)Implementar medidas destinadas a desburocratizar os ser-
Responsável: Ministério da Saúde viços do Instituto Nacional de Seguro Social para a concessão de
aposentadorias e benefícios.
j)Apoiar e financiar a realização de pesquisas e intervenções Responsável: Ministério da Previdência Social
sobre a mortalidade materna, contemplando o recorte étnico-racial
e regional. u)Estimular a incorporação do trabalhador urbano e rural ao
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- regime geral da previdência social.
ticas para as Mulheres da Presidência da República Responsável: Ministério da Previdência Social

k)Assegurar o acesso a laqueaduras e vasectomias ou reversão v)Assegurar a inserção social das pessoas atingidas pela hanse-
desses procedimentos no sistema público de saúde, com garantia níase isoladas e internadas em hospitais-colônias.
de acesso a informações sobre as escolhas individuais. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- Presidência da República; Ministério da Saúde
ticas para as Mulheres da Presidência da República
w)Reconhecer, pelo Estado brasileiro, as violações de direitos
l)Ampliar a oferta de medicamentos de uso contínuo, especiais às pessoas atingidas pela hanseníase no período da internação e
e excepcionais, para a pessoa idosa. do isolamento compulsórios, apoiando iniciativas para agilizar as
Responsável: Ministério da Saúde reparações com a concessão de pensão especial prevista na Lei no
11.520/2007.
m)Realizar campanhas de diagnóstico precoce e tratamento Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
adequado às pessoas que vivem com HIV/AIDS para evitar o estágio sidência da República
grave da doença e prevenir sua expansão e disseminação.
Responsável: Ministério da Saúde x)Proporcionar as condições necessárias para conclusão do
trabalho da Comissão Interministerial de Avaliação para análise
n)Proporcionar às pessoas que vivem com HIV/AIDS programas dos requerimentos de pensão especial das pessoas atingidas pela
de atenção no âmbito da saúde sexual e reprodutiva. hanseníase, que foram internadas e isoladas compulsoriamente em
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- hospitais-colônia até 31 de dezembro de 1986.
ticas para as Mulheres da Presidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
o)Capacitar os agentes comunitários de saúde que realizam a
triagem e a captação nas hemorredes para praticarem abordagens Objetivo estratégico V:
sem preconceito e sem discriminação. Acesso à educação de qualidade e garantia de permanência na
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di- escola.
reitos Humanos da Presidência da República Ações programáticas:
a)Ampliar o acesso a educação básica, a permanência na escola
p)Garantir o acompanhamento multiprofissional a pessoas e a universalização do ensino no atendimento à educação infantil.
transexuais que fazem parte do processo transexualizador no Siste- Responsável: Ministério da Educação
ma Único de Saúde e de suas famílias.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di- b)Assegurar a qualidade do ensino formal público com seu mo-
reitos Humanos da Presidência da República nitoramento contínuo e atualização curricular.
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos
q)Apoiar o acesso a programas de saúde preventiva e de prote- Direitos Humanos da Presidência da República
ção à saúde para profissionais do sexo.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
ticas para as Mulheres da Presidência da República

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

c)Desenvolver programas para a reestruturação das escolas Objetivo estratégico VI:


como pólos de integração de políticas educacionais, culturais e de Garantia do trabalho decente, adequadamente remunerado,
esporte e lazer. exercido em condições de equidade e segurança.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura;
Ministério do Esporte Ações programáticas:
a)Apoiar a agenda nacional de trabalho decente por meio do
d)Apoiar projetos e experiências de integração da escola com a fortalecimento do seu comitê executivo e da efetivação de suas
comunidade que utilizem sistema de alternância. ações.
Responsável: Ministério da Educação Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
b)Fortalecer programas de geração de emprego, ampliando
e)Adequar o currículo escolar, inserindo conteúdos que valo- progressivamente o nível de ocupação e priorizando a população
rizem as diversidades, as práticas artísticas, a necessidade de ali- de baixa renda e os Estados com elevados índices de emigração.
mentação adequada e saudável e as atividades físicas e esportivas. Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura;
Ministério do Esporte; Ministério da Saúde c)Ampliar programas de economia solidária, mediante políticas
integradas, como alternativa de geração de trabalho e renda, e de
f)Integrar os programas de alfabetização de jovens e adultos inclusão social, priorizando os jovens das famílias beneficiárias do
aos programas de qualificação profissional e educação cidadã, Programa Bolsa Família.
apoiando e incentivando a utilização de metodologias adequadas Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
às realidades dos povos e comunidades tradicionais. do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério do Desen-
volvimento Social e Combate à Fome; Ministério do Trabalho e Em- d)Criar programas de formação, qualificação e inserção profis-
prego; Ministério da Pesca e Aquicultura sional e de geração de emprego e renda para jovens, população em
situação de rua e população de baixa renda.
g)Estimular e financiar programas de extensão universitária Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do
como forma de integrar o estudante à realidade social. Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Educação
Responsável: Ministério da Educação
e)Integrar as ações de qualificação profissional às atividades
h)Fomentar as ações afirmativas para o ingresso das popula- produtivas executadas com recursos públicos, como forma de ga-
ções negra, indígena e de baixa renda no ensino superior. rantir a inserção no mercado de trabalho.
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial de Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Repú- do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
blica; Ministério da Justiça
f)Criar programas de formação e qualificação profissional para
i)Ampliar o ensino superior público de qualidade por meio da pescadores artesanais, industriais e aquicultores familiares.
criação permanente de universidades federais, cursos e vagas para Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
docentes e discentes. da Pesca e Aquicultura
Responsável: Ministério da Educação
g)Combater as desigualdades salariais baseadas em diferenças
j)Fortalecer as iniciativas de educação popular por meio da de gênero, raça, etnia e das pessoas com deficiência.
valorização da arte e da cultura, apoiando a realização de festivais Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
nas comunidades tradicionais e valorizando as diversas expressões Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
artísticas nas escolas e nas comunidades.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura; h)Acompanhar a implementação do Programa Nacional de
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú- Ações Afirmativas, instituído pelo Decreto no 4.228/2002, no âm-
blica bito da administração pública federal, direta e indireta, com vistas
à realização de metas percentuais da ocupação de cargos comissio-
k)Ampliar o acesso a programas de inclusão digital para popu- nados pelas mulheres, população negra e pessoas com deficiência.
lações de baixa renda em espaços públicos, especialmente escolas, Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
bibliotecas e centros comunitários. sidência da República
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura;
Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério da Pesca e Aquicul- i)Realizar campanhas envolvendo a sociedade civil organizada
tura sobre paternidade responsável, bem como ampliar a licença-pa-
ternidade, como forma de contribuir para a corresponsabilidade e
l)Fortalecer programas de educação no campo e nas comuni- para o combate ao preconceito quanto à inserção das mulheres no
dades pesqueiras que estimulem a permanência dos estudantes mercado de trabalho.
na comunidade e que sejam adequados às respectivas culturas e Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
identidades. da Presidência da República; Ministério do Trabalho e Emprego
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério do Desen-
volvimento Agrário; Ministério da Pesca e Aquicultura

35
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

j)Elaborar diagnósticos com base em ações judiciais que envol- f)Propor marco legal e ações repressivas para erradicar a inter-
vam atos de assédio moral, sexual e psicológico, com apuração de mediação ilegal de mão de obra.
denúncias de desrespeito aos direitos das trabalhadoras e trabalha- Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
dores, visando orientar ações de combate à discriminação e abuso Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Secre-
nas relações de trabalho. taria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidên- g)Promover a destinação de recursos do Fundo de Amparo ao
cia da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Trabalhador (FAT) para capacitação técnica e profissionalizante de
da Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Huma- trabalhadores rurais e de povos e comunidades tradicionais, como
nos da Presidência da República medida preventiva ao trabalho escravo, assim como para imple-
mentação de política de reinserção social dos libertados da condi-
k)Garantir a igualdade de direitos das trabalhadoras e trabalha- ção de trabalho escravo.
dores domésticos com os dos demais trabalhadores. Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República;
Ministério da Previdência Social h)Atualizar e divulgar semestralmente o cadastro de emprega-
dores que utilizaram mão-de-obra escrava.
l)Promover incentivos a empresas para que empreguem os Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
egressos do sistema penitenciário. Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Fazenda; Ministério do Trabalho e
Emprego; Ministério da Justiça Objetivo estratégico VIII:
Promoção do direito à cultura, lazer e esporte como elementos
m)Criar cadastro nacional e relatório periódico de empregabili- formadores de cidadania.
dade de egressos do sistema penitenciário. Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça a)Ampliar programas de cultura que tenham por finalidade pla-
nejar e implementar políticas públicas para a proteção e promoção
n)Garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profis- da diversidade cultural brasileira, em formatos acessíveis.
sionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão. Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério do Esporte
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. b)Elaborar programas e ações de cultura que considerem os
formatos acessíveis, as demandas e as características específicas
° Objetivo estratégico VII: das diferentes faixas etárias e dos grupos sociais.
° Combate e prevenção ao trabalho escravo. Responsável: Ministério da Cultura

Ações programáticas: c)Fomentar políticas públicas de esporte e lazer, considerando


a)Promover a efetivação do Plano Nacional para Erradicação do as diversidades locais, de forma a atender a todas as faixas etárias
Trabalho Escravo. e aos grupos sociais.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Responsável: Ministério do Esporte
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
d)Elaborar inventário das línguas faladas no Brasil.
b)Apoiar a coordenação e implementação de planos estaduais, Responsável: Ministério da Cultura
distrital e municipais para erradicação do trabalho escravo.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- e)Ampliar e desconcentrar os pólos culturais e pontos de cul-
sidência da República tura para garantir o acesso das populações de regiões periféricas e
de baixa renda.
c)Monitorar e articular o trabalho das comissões estaduais, dis-
Responsável: Ministério da Cultura
trital e municipais para a erradicação do trabalho escravo.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
f)Fomentar políticas públicas de formação em esporte e lazer,
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
com foco na intersetorialidade, na ação comunitária na intergera-
cionalidade e na diversidade cultural.
d)Apoiar a alteração da Constituição para prever a expropria-
Responsável: Ministério do Esporte
ção dos imóveis rurais e urbanos nos quais forem encontrados tra-
balhadores reduzidos à condição análoga a de escravos.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria de g)Ampliar o desenvolvimento de programas de produção au-
Relações Institucionais da Presidência da República; Secretaria Es- diovisual, musical e artesanal dos povos indígenas.
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça

e)Identificar periodicamente as atividades produtivas em que h)Assegurar o direito das pessoas com deficiência e em sofri-
há ocorrência de trabalho escravo adulto e infantil. mento mental de participarem da vida cultural em igualdade de
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria oportunidade com as demais, e de desenvolver e utilizar o seu po-
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República tencial criativo, artístico e intelectual.

36
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsáveis: Ministério do Esporte; Ministério da Cultura; Se- Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminató-
ria, assegurando seu direito de opinião e participação.
i)Fortalecer e ampliar programas que contemplem participação
dos idosos nas atividades de esporte e lazer. Objetivo estratégico I:
Responsáveis: Ministério do Esporte; Secretaria Especial dos Proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes por
Direitos Humanos da Presidência da República meio da consolidação das diretrizes nacionais do ECA, da Política
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos da Criança
j)Potencializar ações de incentivo ao turismo para pessoas ido- e do Adolescente e da Convenção sobre os Direitos da Criança da
sas. ONU.
Responsáveis: Ministério do Turismo; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República Ações programáticas:
a)Formular plano de médio prazo e decenal para a política na-
Objetivo estratégico IX: cional de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
Garantia da participação igualitária e acessível na vida política. adolescente.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Ações programáticas: sidência da República
a)Apoiar campanhas para promover a ampla divulgação do
direito ao voto e participação política de homens e mulheres, por b)Desenvolver e implementar metodologias de acompanha-
meio de campanhas informativas que garantam a escolha livre e mento e avaliação das políticas e planos nacionais referentes aos
consciente. direitos de crianças e adolescentes.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
líticas para as Mulheres da Presidência da República sidência da República

b)Apoiar o combate ao crime de captação ilícita de sufrágio, c)Elaborar e implantar sistema de coordenação da política dos
inclusive com campanhas de esclarecimento e conscientização dos direitos da criança e do adolescente em todos os níveis de governo,
eleitores. para atender às recomendações do Comitê sobre Direitos da Crian-
Responsável: Ministério da Justiça ça, dos relatores especiais e do Comitê sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais da ONU.
c)Apoiar os projetos legislativos para o financiamento público Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de campanhas eleitorais. Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
Responsável: Ministério da Justiça
d)Criar sistema nacional de coleta de dados e monitoramen-
d)Garantir acesso irrestrito às zonas eleitorais por meio de to junto aos Municípios, Estados e Distrito Federal acerca do cum-
transporte público e acessível e apoiar a criação de zonas eleitorais primento das obrigações da Convenção dos Direitos da Criança da
em áreas de difícil acesso. ONU.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
e)Promover junto aos povos indígenas ações de educação e ca-
pacitação sobre o sistema político brasileiro. e)Assegurar a opinião das crianças e dos adolescentes que es-
Responsável: Ministério da Justiça tiverem capacitados a formular seus próprios juízos, conforme o
disposto no artigo 12 da Convenção sobre os Direitos da Criança, na
f)Apoiar ações de formação política das mulheres em sua diver- formulação das políticas públicas voltadas para estes segmentos,
sidade étnico-racial, estimulando candidaturas e votos de mulheres garantindo sua participação nas conferências dos direitos das crian-
em todos os níveis. ças e dos adolescentes.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
da Presidência da República sidência da República

g)Garantir e estimular a plena participação das pessoas com Objetivo estratégico II:
deficiência no ato do sufrágio, seja como eleitor ou candidato, as- Consolidar o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e
segurando os mecanismos de acessibilidade necessários, inclusive Adolescentes, com o fortalecimento do papel dos Conselhos Tu-
a modalidade do voto assistido. telares e de Direitos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República Ações programáticas:
a)Apoiar a universalização dos Conselhos Tutelares e de Direi-
tos em todos os Municípios e no Distrito Federal, e instituir parâme-
tros nacionais que orientem o seu funcionamento.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República

37
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

b)Implantar escolas de conselhos nos Estados e no Distrito Fe- d)Implantar sistema nacional de registro de ocorrência de vio-
deral, com vistas a apoiar a estruturação e qualificação da ação dos lência escolar, incluindo as práticas de violência gratuita e reiterada
Conselhos Tutelares e de Direitos. entre estudantes (bullying), adotando formulário unificado de re-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- gistro a ser utilizado por todas as escolas.
sidência da República Responsável: Ministério da Educação

c)Apoiar a capacitação dos operadores do sistema de garantia e)Apoiar iniciativas comunitárias de mobilização de crianças
dos direitos para a proteção dos direitos e promoção do modo de e adolescentes em estratégias preventivas, com vistas a minimizar
vida das crianças e adolescentes indígenas, afrodescendentes e co- sua vulnerabilidade em contextos de violência.
munidades tradicionais, contemplando ainda as especificidades da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
população infanto-juvenil com deficiência. Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério do Es-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da porte; Ministério do Turismo
Presidência da República; Ministério da Justiça
f)Extinguir os grandes abrigos e eliminar a longa permanência
d)Fomentar a criação de instâncias especializadas e regionali- de crianças e adolescentes em abrigamento, adequando os serviços
zadas do sistema de justiça, de segurança e defensorias públicas, de acolhimento aos parâmetros aprovados pelo CONANDA e CNAS.
para atendimento de crianças e adolescentes vítimas e autores de Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
violência. à Fome
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Justiça g)Fortalecer as políticas de apoio às famílias para a redução dos
índices de abandono e institucionalização, com prioridade aos gru-
e)Desenvolver mecanismos que viabilizem a participação de pos familiares de crianças com deficiências.
crianças e adolescentes no processo das conferências dos direitos, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
nos conselhos de direitos, bem como nas escolas, nos tribunais e Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
nos procedimentos judiciais e administrativos que os afetem. Combate à Fome
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República h)Ampliar a oferta de programas de famílias acolhedoras para
crianças e adolescentes em situação de violência, com o objetivo
f)Estimular a informação às crianças e aos adolescentes sobre de garantir que esta seja a única opção para crianças retiradas do
seus direitos, por meio de esforços conjuntos na escola, na mídia convívio com sua família de origem na primeira infância.
impressa, na televisão, no rádio e na Internet. Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da à Fome
Presidência da República; Ministério da Educação
i)Estruturar programas de moradia coletivas para adolescentes
e jovens egressos de abrigos institucionais.
Objetivo estratégico III:
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Proteger e defender os direitos de crianças e adolescentes com
à Fome
maior vulnerabilidade.
j)Fomentar a adoção legal, por meio de campanhas educativas,
Ações programáticas:
em consonância com o ECA e com acordos internacionais.
a)Promover ações educativas para erradicação da violência na
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
família, na escola, nas instituições e na comunidade em geral, im-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
plementando as recomendações expressas no Relatório Mundial de
Violência contra a Criança da ONU. k)Criar serviços e aprimorar metodologias para identificação e
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- localização de crianças e adolescentes desaparecidos.
sidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
b)Desenvolver programas nas redes de assistência social, de
educação e de saúde para o fortalecimento do papel das famílias l)Exigir em todos os projetos financiados pelo Governo Federal
em relação ao desenvolvimento infantil e à disciplina não violenta. a adoção de estratégias de não discriminação de crianças e adoles-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da centes em razão de classe, raça, etnia, crença, gênero, orientação
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério do sexual, identidade de gênero, deficiência, prática de ato infracional
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde e origem.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
c)Propor marco legal para a abolição das práticas de castigos sidência da República
físicos e corporais contra crianças e adolescentes.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da m)Reforçar e centralizar os mecanismos de coleta e análise sis-
Presidência da República; Ministério da Justiça temática de dados desagregados da infância e adolescência, espe-
cialmente sobre os grupos em situação de vulnerabilidade, histori-
camente vulnerabilizados, vítimas de discriminação, de abuso e de
negligência.

38
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Objetivo estratégico V:


sidência da República Garantir o atendimento especializado a crianças e adolescentes
em sofrimento psíquico e dependência química.
n)Estruturar rede de canais de denúncias (Disques) de violência
contra crianças e adolescentes, integrada aos Conselhos Tutelares. Ações programáticas:
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- a)Universalizar o acesso a serviços de saúde mental para crian-
sidência da República ças e adolescentes em cidades de grande e médio porte, incluindo
a garantia de retaguarda para as unidades de internação socioedu-
o)Estabelecer instrumentos para combater a discriminação re- cativa.
ligiosa sofrida por crianças e adolescentes. Responsável: Ministério da Saúde
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República b)Fortalecer políticas de saúde que contemplem programas de
desintoxicação e redução de danos em casos de dependência quí-
Objetivo estratégico IV: mica.
Enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescen- Responsável: Ministério da Saúde
tes.
Objetivo estratégico VI:
Ações programáticas: Erradicação do trabalho infantil em todo o território nacional.
a)Revisar o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Se- Ações programáticas:
xual contra Crianças e Adolescentes, em consonância com as reco- a)Erradicar o trabalho infantil, por meio das ações interseto-
mendações do III Congresso Mundial sobre o tema. riais no Governo Federal, com ênfase no apoio às famílias e educa-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- ção em tempo integral.
sidência da República Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
da Educação; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presi-
b)Ampliar o acesso e qualificar os programas especializados em dência da República
saúde, educação e assistência social, no atendimento a crianças e
adolescentes vítimas de violência sexual e de suas famílias b)Fomentar a implantação da Lei de Aprendizagem (Lei no
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério da Educação; 10.097/2000), mobilizando empregadores, organizações de traba-
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secreta- lhadores, inspetores de trabalho, Judiciário, organismos internacio-
ria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República nais e organizações não governamentais.
Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
c)Desenvolver protocolos unificados de atendimento psicosso-
cial e jurídico a vítimas de violência sexual. c)Desenvolver pesquisas, campanhas e relatórios periódicos
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da sobre o trabalho infantil, com foco em temas e públicos que reque-
Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério do De- rem abordagens específicas, tais como agricultura familiar, trabalho
senvolvimento Social e Combate à Fome; Secretaria Especial de Po- doméstico, trabalho de rua.
líticas para as Mulheres da Presidência da República Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República;
d)Desenvolver ações específicas para combate à violência e à Ministério do Desenvolvimento Agrário; Secretaria Especial dos Di-
exploração sexual de crianças e adolescentes em situação de rua. reitos Humanos da Presidência da República; Ministério do Desen-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da volvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Justiça
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome. Objetivo estratégico VII:
Implementação do Sistema Nacional de Atendimento Socioe-
ducativo (SINASE).
e)Estimular a responsabilidade social das empresas para ações
de enfrentamento da exploração sexual e de combate ao trabalho
Ações programáticas:
infantil em suas organizações e cadeias produtivas.
a)Elaborar e implementar um plano nacional socioeducativo
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
e sistema de avaliação da execução das medidas daquele sistema,
Presidência da República; Ministério do Trabalho e Emprego; Mi-
com divulgação anual de seus resultados e estabelecimento de me-
nistério do Turismo;
tas, de acordo com o estabelecido no ECA.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
f)Combater a pornografia infanto-juvenil na Internet, por meio sidência da República
do fortalecimento do Hot Line Federal e da difusão de procedimen-
tos de navegação segura para crianças, adolescentes, famílias e b)Implantar módulo específico de informações para o sistema
educadores. nacional de atendimento educativo junto ao Sistema de Informação
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos para a Infância e Adolescência, criando base de dados unificada que
Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério da Edu- inclua as varas da infância e juventude, as unidades de internação e
cação os programas municipais em meio aberto.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

c)Implantar centros de formação continuada para os operado- k)Estabelecer parâmetros nacionais para a apuração adminis-
res do sistema socioeducativo em todos os Estados e no Distrito trativa de possíveis violações dos direitos e casos de tortura em
Federal. adolescentes privados de liberdade, por meio de sistema indepen-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da dente e de tramitação ágil.
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério do Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Desenvolvimento Social e Combate à Fome sidência da República

d)Desenvolver estratégias conjuntas com o sistema de justiça, Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais.
com vistas ao estabelecimento de regras específicas para a aplica-
ção da medida de privação de liberdade em caráter excepcional e Objetivo estratégico I:
de pouca duração. Igualdade e proteção dos direitos das populações negras, his-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- toricamente afetadas pela discriminação e outras formas de into-
sidência da República lerância.

e)Apoiar a expansão de programas municipais de atendimento Ações programáticas:


socioeducativo em meio aberto. a)Apoiar, junto ao Poder Legislativo, a aprovação do Estatuto
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba- da Igualdade Racial.
te à Fome; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
da República Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial
dos Direitos Humanos da Presidência da República
f)Apoiar os Estados e o Distrito Federal na implementação de
programas de atendimento ao adolescente em privação de liberda- b)Promover ações articuladas entre as políticas de educação,
de, com garantia de escolarização, atendimento em saúde, esporte, cultura, saúde e de geração de emprego e renda, visando incidir di-
cultura e educação para o trabalho, condicionando a transferência retamente na qualidade de vida da população negra e no combate
voluntária de verbas federais à observância das diretrizes do plano à violência racial.
nacional. Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Educa-
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da ção; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvi-
Saúde; Ministério do Esporte; Ministério da Cultura; Ministério do mento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde
Trabalho e Emprego
c)Elaborar programas de combate ao racismo institucional e
g)Garantir aos adolescentes privados de liberdade e suas famí- estrutural, implementando normas administrativas e legislação na-
lias informação sobre sua situação legal, bem como acesso à defesa cional e internacional.
técnica durante todo o período de cumprimento da medida socio- Responsável: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
educativa. Igualdade Racial da Presidência da República
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Justiça d)Realizar levantamento de informações para produção de
relatórios periódicos de acompanhamento das políticas contra a
h)Promover a transparência das unidades de internação de discriminação racial, contendo, entre outras, informações sobre in-
adolescentes em conflito com a lei, garantindo o contato com a fa- clusão no sistema de ensino (básico e superior), inclusão no merca-
mília e a criação de comissões mistas de inspeção e supervisão. do de trabalho, assistência integrada à saúde, número de violações
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- registradas e apuradas, recorrências de violações, e dados popula-
sidência da República cionais e de renda.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
i)Fomentar a desativação dos grandes complexos de unidades Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial
de internação, por meio do apoio à reforma e construção de novas dos Direitos Humanos da Presidência da República
unidades alinhadas aos parâmetros estabelecidos no SINASE e no
ECA, em especial na observância da separação por sexo, faixa etária e)Analisar periodicamente os indicadores que apontam desi-
e compleição física. gualdades visando à formulação e implementação de políticas pú-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- blicas afirmativas que valorizem a promoção da igualdade racial.
sidência da República Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial
j)Desenvolver campanhas de informação sobre o adolescente dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério da
em conflito com a lei, defendendo a não redução da maioridade Educação; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desen-
penal. volvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República f)Fortalecer a integração das políticas públicas em todas as co-
munidades remanescentes de quilombos localizadas no território
brasileiro.

40
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da h)Promover projetos e pesquisas para resgatar a história dos
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura povos indígenas.
Responsável: Ministério da Justiça
g)Fortalecer os mecanismos existentes de reconhecimento das
comunidades quilombolas como garantia dos seus direitos especí- i)Promover ações culturais para o fortalecimento da educação
ficos . escolar dos povos indígenas, estimulando a valorização de suas pró-
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis- prias formas de produção do conhecimento.
tério da Cultura; Secretaria Especial de Política de Promoção da Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
Igualdade Racial da Presidência da República
j)Garantir o acesso à educação formal pelos povos indígenas,
h)Fomentar programas de valorização do patrimônio cultural bilíngues e com adequação curricular formulada com a participação
das populações negras. de representantes das etnias indigenistas e especialistas em edu-
Responsável: Ministério da Cultura; Secretaria Especial de Pro- cação.
moção da Igualdade Racial da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
i)Assegurar o resgate da memória das populações negras, me-
dia k)Assegurar o acesso e permanência da população indígena no
nte a publicação da história de resistência e resgate de tradi- ensino superior, por meio de ações afirmativas e respeito à diversi-
ções das populações das diásporas. dade étnica e cultural.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
Igualdade Racial da Presidência da República
l)Adotar medidas de proteção dos direitos das crianças indíge-
Objetivo estratégico II: nas nas redes de ensino, saúde e assistência social, em consonância
Garantia aos povos indígenas da manutenção e resgate das com a promoção dos seus modos de vida.
condições de reprodução, assegurando seus modos de vida. Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Saúde;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secreta-
Ações programáticas: ria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
a)Assegurar a integridade das terras indígenas para proteger e
promover o modo de vida dos povos indígenas. Objetivo estratégico III:
Responsável: Ministério da Justiça Garantia dos direitos das mulheres para o estabelecimento das
condições necessárias para sua plena cidadania.
b)Proteger os povos indígenas isolados e de recente contato
para garantir sua reprodução cultural e etnoambiental. Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça a)Desenvolver ações afirmativas que permitam incluir plena-
mente as mulheres no processo de desenvolvimento do País, por
c)Aplicar os saberes dos povos indígenas e das comunidades meio da promoção da sua autonomia econômica e de iniciativas
tradicionais na elaboração de políticas públicas, respeitando a Con- produtivas que garantam sua independência.
venção no 169 da OIT. Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Responsável: Ministério da Justiça da Presidência da República

d)Apoiar projetos de lei com objetivo de revisar o Estatuto do b)Incentivar políticas públicas e ações afirmativas para a parti-
Índio com base no texto constitucional de 1988 e na Convenção no cipação igualitária, plural e multirracial das mulheres nos espaços
169 da OIT. de poder e decisão.
Responsável: Ministério da Justiça Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República
e)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti-
cas indigenistas que contemple dados sobre os processos de de- c)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti-
marcações das terras indígenas, dados sobre intrusões e conflitos cas para mulheres com recorte étnico-racial, que contenha dados
territoriais, inclusão no sistema de ensino (básico e superior), assis- sobre renda, jornada e ambiente de trabalho, ocorrências de assé-
tência integrada à saúde, número de violações registradas e apura- dio moral, sexual e psicológico, ocorrências de violências contra a
das, recorrências de violações e dados populacionais. mulher, assistência à saúde integral, dados reprodutivos, mortalida-
Responsável: Ministério da Justiça de materna e escolarização.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
f)Proteger e promover os conhecimentos tradicionais e medici- da Presidência da República
nais dos povos indígenas.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde d)Divulgar os instrumentos legais de proteção às mulheres,
nacionais e internacionais, incluindo sua publicação em formatos
g)Implementar políticas de proteção do patrimônio dos povos acessíveis, como braile, CD de áudio e demais tecnologias assistivas.
indígenas, por meio dos registros material e imaterial, mapeando os Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
sítios históricos e arqueológicos, a cultura, as línguas e a arte. da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça

41
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

e)Ampliar o financiamento de abrigos para mulheres em situa- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
ção de vulnerabilidade, garantindo plena acessibilidade. à Fome
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e)Apoiar e valorizar a associação das mulheres quebradeiras
e Combate à Fome de coco, protegendo e promovendo a continuidade de seu trabalho
extrativista.
f)Propor tratamento preferencial de atendimento às mulheres Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
em situação de violência doméstica e familiar nos Conselhos Gesto- à Fome
res do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e junto ao
Fundo de Desenvolvimento Social. f)Elaborar relatórios periódicos de acompanhamento das polí-
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres ticas direcionadas às populações e comunidades tradicionais, que
da Presidência da República; Ministério das Cidades; Ministério do contenham, entre outras, informações sobre população estimada,
Desenvolvimento Social e Combate à Fome assistência integrada à saúde, número de violações registradas e
apuradas, recorrência de violações, lideranças ameaçadas, dados
g) Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a ga- sobre acesso à moradia, terra e território e conflitos existentes.
rantia do acesso aos serviços de saúde. (Redação dada pelo Decreto Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se-
nº 7.177, de 2010) cretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da da Presidência da República
Justiça
Objetivo estratégico II:
h)Realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais
estereótipos relativos às profissionais do sexo. como Direito Humano.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Ações programáticas:
da Presidência da República a)Promover ações de afirmação do direito à diversidade das ex-
pressões culturais, garantindo igual dignidade e respeito para todas
Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade. as culturas.
Responsável: Ministério da Cultura
Objetivo estratégico I:
Afirmação da diversidade para construção de uma sociedade b)Incluir nos instrumentos e relatórios de políticas culturais a
igualitária. temática dos Direitos Humanos.
Responsável: Ministério da Cultura
Ações programáticas:
a)Realizar campanhas e ações educativas para desconstrução Objetivo estratégico III:
de estereótipos relacionados com diferenças étnico-raciais, etárias, Valorização da pessoa idosa e promoção de sua participação
de identidade e orientação sexual, de pessoas com deficiência, ou na sociedade.
segmentos profissionais socialmente discriminados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Ações programáticas:
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Pro- a)Promover a inserção, a qualidade de vida e a prevenção de
moção da Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria agravos aos idosos, por meio de programas que fortaleçam o conví-
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; vio familiar e comunitário, garantindo o acesso a serviços, ao lazer,
Ministério da Cultura à cultura e à atividade física, de acordo com sua capacidade fun-
cional.
b)Incentivar e promover a realização de atividades de valori- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
zação da cultura das comunidades tradicionais, entre elas ribeiri- Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério do Es-
nhos, extrativistas, quebradeiras de coco, pescadores artesanais, porte
seringueiros, geraizeiros, varzanteiros, pantaneiros, comunidades
de fundo de pasto, caiçaras e faxinalenses. b)Apoiar a criação de centros de convivência e desenvolver
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério do Desenvolvi- ações de valorização e socialização da pessoa idosa nas zonas ur-
mento Social e Combate à Fome; Ministério do Esporte banas e rurais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
c)Fomentar a formação e capacitação em Direitos Humanos, Presidência da República; Ministério da Cultura
como meio de resgatar a autoestima e a dignidade das comunida-
des tradicionais, rurais e urbanas. c)Fomentar programas de voluntariado de pessoas idosas, vi-
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da sando valorizar e reconhecer sua contribuição para o desenvolvi-
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Justiça; mento e bem-estar da comunidade.
Ministério da Cultura Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
d)Apoiar políticas de acesso a direitos para a população cigana,
valorizando seus conhecimentos e cultura.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

d)Desenvolver ações que contribuam para o protagonismo da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
pessoa idosa na escola, possibilitando sua participação ativa na Presidência da República; Ministério do Trabalho e Emprego; Mi-
construção de uma nova percepção intergeracional. nistério das Cidades
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República d)Garantir recursos didáticos e pedagógicos para atender às
necessidades educativas especiais.
e)Potencializar ações com ênfase no diálogo intergeracional, Responsável: Ministério da Educação
valorizando o conhecimento acumulado das pessoas idosas.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- e)Disseminar a utilização dos sistemas braile, tadoma, escrita
sidência da República de sinais e libras tátil para inclusão das pessoas com deficiência em
todo o sistema de ensino.
f)Desenvolver ações intersetoriais para capacitação continuada Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de cuidadores de pessoas idosas. Presidência da República; Ministério da Educação
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério da Cultura
f)Instituir e implementar o ensino da Língua Brasileira de Sinais
g)Desenvolver política de humanização do atendimento ao ido- como disciplina curricular facultativa.
so, principalmente em instituições de longa permanência. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério da Educação
Presidência da República; Ministério da Cultura
g)Propor a regulamentação das profissões relativas à imple-
h)Elaborar programas de capacitação para os operadores dos mentação da acessibilidade, tais como: instrutor de Libras, guia-in-
direitos da pessoa idosa. térprete, tradutor-intérprete, transcritor, revisor e ledor da escrita
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- braile e treinadores de cães-guia.
sidência da República.
Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
i)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti- h)Elaborar relatórios sobre os Municípios que possuam frota
cas para pessoas idosas que contenha informações sobre os Cen- adaptada para subsidiar o processo de monitoramento do cumpri-
tros Integrados de Atenção a Prevenção à Violência, tais como: mento e implementação da legislação de acessibilidade.
quantidade existente; sua participação no financiamento público; Responsáveis: Ministério das Cidades; Secretaria Especial dos
sua inclusão nos sistemas de atendimento; número de profissionais Direitos Humanos da Presidência da República
capacitados; pessoas idosas atendidas; proporção dos casos com
resoluções; taxa de reincidência; pessoas idosas seguradas e apo- Objetivo estratégico V:
sentadas; famílias providas por pessoas idosas; pessoas idosas em Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de
abrigos; pessoas idosas em situação de rua; principal fonte de ren- gênero.
da dos idosos; pessoas idosas atendidas, internadas e mortas por
violência ou maus-tratos. Ações programáticas:
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da a)Desenvolver políticas afirmativas e de promoção de cultura
Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério da Previ- de respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero, favo-
dência Social; Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento recendo a visibilidade e o reconhecimento social.
Social e Combate à Fome Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
Objetivo estratégico IV:
Promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiên-
b)Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre
cia e garantia da acessibilidade igualitária.
pessoas do mesmo sexo.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Ações programáticas:
Presidência da República; Ministério da Justiça
a)Garantir às pessoas com deficiência igual e efetiva proteção
legal contra a discriminação.
c)Promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
casais homoafetivos.
Presidência da República; Ministério da Justiça
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
b)Garantir salvaguardas apropriadas e efetivas para prevenir reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
abusos a pessoas com deficiência e pessoas idosas. Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República d)Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço
público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas,
c)Assegurar o cumprimento do Decreto de Acessibilidade (De- gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução
creto no 5.296/2004), que garante a acessibilidade pela adequação da heteronormatividade.
das vias e passeios públicos, semáforos, mobiliários, habitações, es- Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
paços de lazer, transportes, prédios públicos, inclusive instituições tão
de ensino, e outros itens de uso individual e coletivo.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

e)Desenvolver meios para garantir o uso do nome social de tra- entre as religiões, proporção de pessoas que já trocaram de religião,
vestis e transexuais. número de pessoas religiosas não praticantes e número de pessoas
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- sem religião.
sidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
f)Acrescentar campo para informações sobre a identidade de
gênero dos pacientes nos prontuários do sistema de saúde. Eixo Orientador IV:
Responsável: Ministério da Saúde Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência
Por muito tempo, alguns segmentos da militância em Direitos
g)Fomentar a criação de redes de proteção dos Direitos Huma- Humanos mantiveram-se distantes do debate sobre as políticas
nos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), públicas de segurança no Brasil. No processo de consolidação da
principalmente a partir do apoio à implementação de Centros de democracia, por diferentes razões, movimentos sociais e entidades
Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homo- manifestaram dificuldade no tratamento do tema. Na base dessa
fobia e de núcleos de pesquisa e promoção da cidadania daquele dificuldade, estavam a memória dos enfrentamentos com o aparato
segmento em universidades públicas. repressivo ao longo de duas décadas de regime ditatorial, a postu-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- ra violenta vigente, muitas vezes, em órgãos de segurança pública,
sidência da República a percepção do crime e da violência como meros subprodutos de
uma ordem social injusta a ser transformada em seus próprios fun-
h)Realizar relatório periódico de acompanhamento das polí- damentos.
ticas contra discriminação à população LGBT, que contenha, entre Distanciamento análogo ocorreu nas universidades, que, com
outras, informações sobre inclusão no mercado de trabalho, as- poucas exceções, não se debruçaram sobre o modelo de polícia
sistência à saúde integral, número de violações registradas e apu- legado ou sobre os desafios da segurança pública. As polícias bra-
radas, recorrências de violações, dados populacionais, de renda e sileiras, nos termos de sua tradição institucional, pouco aproveita-
conjugais. ram da reflexão teórica e dos aportes oferecidos pela criminologia
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- moderna e demais ciências sociais, já disponíveis há algumas dé-
sidência da República cadas às polícias e aos gestores de países desenvolvidos. A cultura
arraigada de rejeitar as evidências acumuladas pela pesquisa e pela
experiência de reforma das polícias no mundo era a mesma que
Objetivo estratégico VI:
expressava nostalgia de um passado de ausência de garantias indi-
Respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia
viduais, e que identificava na idéia dos Direitos Humanos não a mais
da laicidade do Estado.
generosa entre as promessas construídas pela modernidade, mas
uma verdadeira ameaça.
Ações programáticas: Estavam postas as condições históricas, políticas e culturais
a)Instituir mecanismos que assegurem o livre exercício das di- para que houvesse um fosso aparentemente intransponível entre
versas práticas religiosas, assegurando a proteção do seu espaço os temas da segurança pública e os Direitos Humanos.
físico e coibindo manifestações de intolerância religiosa. Nos últimos anos, contudo, esse processo de estranhamento
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Cultura; Se- mútuo passou a ser questionado. De um lado, articulações na so-
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República ciedade civil assumiram o desafio de repensar a segurança pública
a partir de diálogos com especialistas na área, policiais e gestores.
b)Promover campanhas de divulgação sobre a diversidade re- De outro, começaram a ser implantadas as primeiras políticas públi-
ligiosa para disseminar cultura da paz e de respeito às diferentes cas buscando caminhos alternativos de redução do crime e da vio-
crenças. lência, a partir de projetos centrados na prevenção e influenciados
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da pela cultura de paz.
Presidência da República; Ministério da Cultura; Secretaria Especial A proposição do Sistema Único de Segurança Pública, a moder-
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Re- nização de parte das nossas estruturas policiais e a aprovação de
pública novos regimentos e leis orgânicas das polícias, a consciência cres-
cente de que políticas de segurança pública são realidades mais
c) (Revogado pelo Decreto nº 7.177, de 2010) amplas e complexas do que as iniciativas possíveis às chamadas
Responsável: (Revogado pelo Decreto nº 7.177, de 2010) “forças da segurança”, o surgimento de nova geração de policiais,
disposta a repensar práticas e dogmas e, sobretudo, a cobrança da
d)Estabelecer o ensino da diversidade e história das religiões, opinião pública e a maior fiscalização sobre o Estado, resultante do
inclusive as derivadas de matriz africana, na rede pública de ensino, processo de democratização, têm tornado possível a construção de
com ênfase no reconhecimento das diferenças culturais, promoção agenda de reformas na área.
da tolerância e na afirmação da laicidade do Estado. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos (Pronasci) e os investimentos já realizados pelo Governo Federal na
montagem de rede nacional de altos estudos em segurança pública,
Direitos Humanos da Presidência da República
que têm beneficiado milhares de policiais em cada Estado, simboli-
zam, ao lado do processo de debates da 1ª Conferência Nacional de
e)Realizar relatório sobre pesquisas populacionais relativas a
Segurança Pública, acúmulos históricos significativos, que apontam
práticas religiosas, que contenha, entre outras, informações sobre
para novas e mais importantes mudanças.
número de religiões praticadas, proporção de pessoas distribuídas

44
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

As propostas elencadas neste eixo orientador do PNDH-3 ar- e sustentando que a democracia, os processos de participação e
ticulam-se com tal processo histórico de transformação e exigem transparência, aliados ao uso de ferramentas científicas e à profis-
muito mais do que já foi alcançado. Para tanto, parte-se do pressu- sionalização das instituições e trabalhadores da segurança, assina-
posto de que a realidade brasileira segue sendo gravemente mar- lam os roteiros mais promissores para que o Brasil possa avançar no
cada pela violência e por severos impasses estruturais na área da caminho da paz pública.
segurança pública.
Problemas antigos, como a ausência de diagnósticos, de pla- Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de
nejamento e de definição formal de metas, a desvalorização pro- segurança pública
fissional dos policiais e dos agentes penitenciários, o desperdício
de recursos e a consagração de privilégios dentro das instituições, Objetivo estratégico I:
as práticas de abuso de autoridade e de violência policial contra Modernização do marco normativo do sistema de segurança
grupos vulneráveis e a corrupção dos agentes de segurança pública, pública.
demandam reformas tão urgentes quanto profundas.
As propostas sistematizadas no PNDH-3 agregam, nesse con- Ações programáticas:
texto, as contribuições oferecidas pelo processo da 11ª Conferência a)Propor alteração do texto constitucional, de modo a conside-
Nacional dos Direitos Humanos e avançam também sobre temas rar as polícias militares não mais como forças auxiliares do Exército,
que não foram objeto de debate, trazendo para o PNDH-3 parte do mantendo-as apenas como força reserva.
acúmulo crítico que tem sido proposto ao País pelos especialistas e Responsável: Ministério da Justiça
pesquisadores da área.
Em linhas gerais, o PNDH-3 aponta para a necessidade de am- b)Propor a revisão da estrutura, treinamento, controle, empre-
pla reforma no modelo de polícia e propõe o aprofundamento do go e regimentos disciplinares dos órgãos de segurança pública, de
debate sobre a implantação do ciclo completo de policiamento às forma a potencializar as suas funções de combate ao crime e prote-
corporações estaduais. Prioriza transparência e participação popu- ção dos direitos de cidadania, bem como garantir que seus órgãos
lar, instando ao aperfeiçoamento das estatísticas e à publicação de corregedores disponham de carreira própria, sem subordinação à
dados, assim como à reformulação do Conselho Nacional de Segu- direção das instituições policiais.
rança Pública. Contempla a prevenção da violência e da criminalida- Responsável: Ministério da Justiça
de como diretriz, ampliando o controle sobre armas de fogo e indi-
cando a necessidade de profissionalização da investigação criminal. c)Propor a criação obrigatória de ouvidorias de polícias inde-
Com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalida- pendentes nos Estados e no Distrito Federal, com ouvidores pro-
de policial e carcerária, confere atenção especial ao estabelecimen- tegidos por mandato e escolhidos com participação da sociedade.
to de procedimentos operacionais padronizados, que previnam as Responsável: Ministério da Justiça
ocorrências de abuso de autoridade e de violência institucional, e
confiram maior segurança a policiais e agentes penitenciários. Re- d)Assegurar a autonomia funcional dos peritos e a moderni-
afirma a necessidade de criação de ouvidorias independentes em zação dos órgãos periciais oficiais, como forma de incrementar sua
âmbito federal e, inspirado em tendências mais modernas de po- estruturação, assegurando a produção isenta e qualificada da prova
liciamento, estimula as iniciativas orientadas por resultados, o de- material, bem como o princípio da ampla defesa e do contraditório
senvolvimento do policiamento comunitário e voltado para a solu- e o respeito aos Direitos Humanos.
ção de problemas, elencando medidas que promovam a valorização Responsável: Ministério da Justiça
dos trabalhadores em segurança pública. Contempla, ainda, a cria-
e)Promover o aprofundamento do debate sobre a instituição
ção de sistema federal que integre os atuais sistemas de proteção a
do ciclo completo da atividade policial, com competências reparti-
vítimas e testemunhas, defensores de Direitos Humanos e crianças
das pelas polícias, a partir da natureza e da gravidade dos delitos.
e adolescentes ameaçados de morte.
Responsável: Ministério da Justiça
Também como diretriz, o PNDH-3 propõe profunda reforma da
Lei de Execução Penal que introduza garantias fundamentais e no-
f)Apoiar a aprovação do Projeto de Lei no 1.937/2007, que dis-
vos regramentos para superar as práticas abusivas, hoje comuns. E
põe sobre o Sistema Único de Segurança Pública.
trata as penas privativas de liberdade como última alternativa, pro- Responsável: Ministério da Justiça
pondo a redução da demanda por encarceramento e estimulando
novas formas de tratamento dos conflitos, como as sugeridas pelo Objetivo estratégico II:
mecanismo da Justiça Restaurativa. Modernização da gestão do sistema de segurança pública.
Reafirma-se a centralidade do direito universal de acesso à Jus-
tiça, com a possibilidade de acesso aos tribunais por toda a popula- Ações programáticas:
ção, com o fortalecimento das defensorias públicas e a moderniza- a)Condicionar o repasse de verbas federais à elaboração e revi-
ção da gestão judicial, de modo a garantir respostas judiciais mais são periódica de planos estaduais, distrital e municipais de seguran-
céleres e eficazes. Destacam-se, ainda, o direito de acesso à Justiça ça pública que se pautem pela integração e pela responsabilização
em matéria de conflitos agrários e urbanos e o necessário estímulo territorial da gestão dos programas e ações.
aos meios de soluções pacíficas de controvérsias. Responsável: Ministério da Justiça
O PNDH-3 apresenta neste eixo, fundamentalmente, propos-
tas para que o Poder Público se aperfeiçoe no desenvolvimento de b)Criar base de dados unificada que permita o fluxo de infor-
políticas públicas de prevenção ao crime e à violência, reforçando mações entre os diversos componentes do sistema de segurança
a noção de acesso universal à Justiça como direito fundamental, pública e a Justiça criminal.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- • Quantidade e tipos de laudos produzidos pelos órgãos fede-
reitos Humanos da Presidência da República rais de perícia oficial.
Responsável: Ministério da Justiça
c)Redefinir as competências e o funcionamento da Inspetoria-
-Geral das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Objetivo estratégico II:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Defesa Consolidação de mecanismos de participação popular na ela-
boração das políticas públicas de segurança.
Objetivo estratégico III:
Promoção dos Direitos Humanos dos profissionais do sistema Ações programáticas:
de segurança pública, assegurando sua formação continuada e a)Reformular o Conselho Nacional de Segurança Pública, asse-
compatível com as atividades que exercem. gurando a participação da sociedade civil organizada em sua com-
posição e garantindo sua articulação com o Conselho Nacional de
Ações programáticas: Política Criminal e Penitenciária.
a)Proporcionar equipamentos para proteção individual efetiva Responsável: Ministério da Justiça
para os profissionais do sistema federal de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça b)Fomentar mecanismos de gestão participativa das políticas
públicas de segurança, como conselhos e conferências, ampliando
b)Condicionar o repasse de verbas federais aos Estados, ao Dis- a Conferência Nacional de Segurança Pública.
trito Federal e aos Municípios, à garantia da efetiva disponibilização Responsável: Ministério da Justiça
de equipamentos de proteção individual aos profissionais do siste-
ma nacional de segurança pública. Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e pro-
Responsável: Ministério da Justiça fissionalização da investigação de atos criminosos.

c)Fomentar o acompanhamento permanente da saúde mental Objetivo estratégico I:


dos profissionais do sistema de segurança pública, mediante servi- Ampliação do controle de armas de fogo em circulação no
ços especializados do sistema de saúde pública. País.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde Ações programáticas:
a)Realizar ações permanentes de estímulo ao desarmamento
d)Propor projeto de lei instituindo seguro para casos de aci- da população.
dentes incapacitantes ou morte em serviço para os profissionais do Responsável: Ministério da Justiça
sistema de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça; b)Propor reforma da legislação para ampliar as restrições e os
requisitos para aquisição de armas de fogo por particulares e em-
e)Garantir a reabilitação e reintegração ao trabalho dos profis- presas de segurança privada.
sionais do sistema de segurança pública federal, nos casos de defi- Responsável: Ministério da Justiça
ciência adquirida no exercício da função.
Responsável: Ministério da Justiça; c)Propor alteração da legislação para garantir que as armas
apreendidas em crimes que não envolvam disparo sejam inutiliza-
Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema das imediatamente após a perícia.
de segurança pública e justiça criminal. Responsável: Ministério da Justiça

Objetivo estratégico I: d)Registrar no Sistema Nacional de Armas todas as armas de


Publicação de dados do sistema federal de segurança pública. fogo destruídas.
Responsável: Ministério da Defesa
Ação programática
a)Publicar trimestralmente estatísticas sobre: Objetivo estratégico II:
• Crimes registrados, inquéritos instaurados e concluídos, pri- Qualificação da investigação criminal.
sões efetuadas, flagrantes registrados, operações realizadas, armas
e entorpecentes apreendidos pela Polícia Federal em cada Estado Ações programáticas:
da Federação; a)Propor projeto de lei para alterar o procedimento do inquéri-
• Veículos abordados, armas e entorpecentes apreendidos e to policial, de modo a admitir procedimentos orais gravados e trans-
prisões efetuadas pela Polícia Rodoviária Federal em cada Estado formar em peça ágil e eficiente de investigação criminal voltada à
da Federação; coleta de evidências.
• Presos provisórios e condenados sob custódia do sistema pe- Responsável: Ministério da Justiça
nitenciário federal e quantidade de presos trabalhando e estudan-
do por sexo, idade e raça ou etnia; b)Fomentar o debate com o objetivo de unificar os meios de
• Vitimização de policiais federais, policiais rodoviários fede- investigação e obtenção de provas e padronizar procedimentos de
rais, membros da Força Nacional de Segurança Pública e agentes investigação criminal.
penitenciários federais; Responsável: Ministério da Justiça

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

c)Promover a capacitação técnica em investigação criminal Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
para os profissionais dos sistemas estaduais de segurança pública. reitos Humanos da Presidência da República
Responsável: Ministério da Justiça
d)Desenvolver normas de conduta e fiscalização dos serviços
d)Realizar pesquisas para qualificação dos estudos sobre técni- de segurança privados que atuam na área rural.
cas de investigação criminal. Responsável: Ministério da Justiça
Responsável: Ministério da Justiça
e)Elaborar diretrizes para atividades de policiamento comuni-
Objetivo estratégico III: tário e policiamento orientado para a solução de problemas, bem
Produção de prova pericial com celeridade e procedimento pa- como catalogar e divulgar boas práticas dessas atividades.
dronizado. Responsável: Ministério da Justiça

Ações programáticas: f)Elaborar diretrizes para atuação conjunta entre os órgãos de


a)Propor regulamentação da perícia oficial. trânsito e os de segurança pública para reduzir a violência no trân-
Responsável: Ministério da Justiça sito.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades
b)Propor projeto de lei para proporcionar autonomia adminis-
trativa e funcional dos órgãos periciais federais. g)Realizar debate sobre o atual modelo de repressão e estimu-
Responsável: Ministério da Justiça lar a discussão sobre modelos alternativos de tratamento do uso e
tráfico de drogas, considerando o paradigma da redução de danos.
c)Propor padronização de procedimentos e equipamentos a se- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
rem utilizados pelas unidades periciais oficiais em todos os exames reitos Humanos da Presidência da República; Gabinete de Seguran-
periciais criminalísticos e médico-legais. ça Institucional; Ministério da Saúde
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República Objetivo estratégico V:
Redução da violência motivada por diferenças de gênero, raça
d)Desenvolver sistema de dados nacional informatizado para ou etnia, idade, orientação sexual e situação de vulnerabilidade.
monitoramento da produção e da qualidade dos laudos produzidos
nos órgãos periciais. Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça a)Fortalecer a atuação da Polícia Federal no combate e na apu-
ração de crimes contra os Direitos Humanos.
e)Fomentar parcerias com universidades para pesquisa e de- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
senvolvimento de novas metodologias a serem implantadas nas reitos Humanos da Presidência da República
unidades periciais.
Responsável: Ministério da Justiça b)Garantir aos grupos em situação de vulnerabilidade o conhe-
cimento sobre serviços de atendimento, atividades desenvolvidas
f)Promover e apoiar a educação continuada dos profissionais pelos órgãos e instituições de segurança e mecanismos de denún-
da perícia oficial, em todas as áreas, para a formação técnica e em cia, bem como a forma de acioná-los.
Direitos Humanos. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
reitos Humanos da Presidência da República Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidên-
Objetivo estratégico IV: cia da República
Fortalecimento dos instrumentos de prevenção à violência.
Ações programáticas: c)Desenvolver e implantar sistema nacional integrado das re-
a)Elaborar diretrizes para as políticas de prevenção à violência des de saúde, de assistência social e educação para a notificação
com o objetivo de assegurar o reconhecimento das diferenças gera- de violência.
cionais, de gênero, étnico-racial e de orientação sexual. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério do De-
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es- senvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Educação;
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
da República Presidência da República

b)Realizar anualmente pesquisas nacionais de vitimização. d)Promover campanhas educativas e pesquisas voltadas à pre-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- venção da violência contra pessoas com deficiência, idosos, mulhe-
reitos Humanos da Presidência da República res, indígenas, negros, crianças, adolescentes, lésbicas, gays, bisse-
xuais, transexuais, travestis e pessoas em situação de rua.
c)Fortalecer mecanismos que possibilitem a efetiva fiscalização Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de empresas de segurança privada e a investigação e responsabili- Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
zação de policiais que delas participem de forma direta ou indireta. Combate à Fome; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial de Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério sidência da República
da Justiça; Ministério do Turismo; Ministério do Esporte
n)Capacitar profissionais de educação e saúde para identificar
e)Fortalecer unidade especializada em conflitos indígenas na e notificar crimes e casos de violência contra a pessoa idosa e con-
Polícia Federal e garantir sua atuação conjunta com a FUNAI, em tra a pessoa com deficiência.
especial nos processos conflituosos de demarcação. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsável: Ministério da Justiça Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério da Edu-
cação
f)Fomentar cursos de qualificação e capacitação sobre aspec-
tos da cultura tradicional dos povos indígenas e sobre legislação o)Implementar ações de promoção da cidadania e Direitos Hu-
indigenista para todas as corporações policiais, principalmente para manos das lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, com
as polícias militares e civis especialmente nos Estados e Municípios foco na prevenção à violência, garantindo redes integradas de aten-
em que as aldeias indígenas estejam localizadas nas proximidades ção.
dos centros urbanos. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- reitos Humanos da Presidência da República
reitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico VI:
g)Fortalecer mecanismos para combater a violência contra a Enfrentamento ao tráfico de pessoas.
população indígena, em especial para as mulheres indígenas víti-
mas de casos de violência psicológica, sexual e de assédio moral. Ações programáticas:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se- a)Desenvolver metodologia de monitoramento, disseminação
cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da e avaliação das metas do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfi-
República co de Pessoas, bem como construir e implementar o II Plano Nacio-
nal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
h)Apoiar a implementação do pacto nacional de enfrentamen- Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Turismo; Se-
to à violência contra as mulheres de forma articulada com os planos cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
estaduais de segurança pública e em conformidade com a Lei Maria República; Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial
da Penha (Lei no 11.340/2006). dos Direitos Humanos da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po-
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da b)Estruturar, a partir de serviços existentes, sistema nacional
Saúde; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da de atendimento às vítimas do tráfico de pessoas, de reintegração e
República diminuição da vulnerabilidade, especialmente de crianças, adoles-
centes, mulheres, transexuais e travestis.
i)Avaliar o cumprimento da Lei Maria da Penha com base nos Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
dados sobre tipos de violência, agressor e vítima. Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- Mulheres da Presidência da República; Ministério da Justiça
líticas para as Mulheres da Presidência da República
c)Implementar as ações referentes a crianças e adolescentes
j)Fortalecer ações estratégicas de prevenção à violência contra previstas na Política e no Plano Nacional de Enfrentamento ao Trá-
jovens negros. fico de Pessoas.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Justiça reitos Humanos da Presidência da República

k)Estabelecer política de prevenção de violência contra a popu- d)Consolidar fluxos de encaminhamento e monitoramento de
lação em situação de rua, incluindo ações de capacitação de poli- denúncias de casos de tráfico de crianças e adolescentes.
ciais em Direitos Humanos. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
reitos Humanos da Presidência da República Políticas para as Mulheres da Presidência da República

l)Promover a articulação institucional, em conjunto com a so- e)Revisar e disseminar metodologia para atendimento de
ciedade civil, para implementar o Plano de Ação para o Enfrenta- crianças e adolescentes vítimas de tráfico.
mento da Violência contra a Pessoa Idosa. Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da sidência da República
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério do De-
senvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde f)Fomentar a capacitação de técnicos da gestão pública, orga-
nizações não governamentais e representantes das cadeias produ-
m)Fomentar a implantação do serviço de recebimento e enca- tivas para o enfrentamento ao tráfico de pessoas.
minhamento de denúncias de violência contra a pessoa idosa em Responsável: Ministério do Turismo
todas as unidades da Federação.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

g)Desenvolver metodologia e material didático para capacitar Responsável: Ministério da Justiça


agentes públicos no enfrentamento ao tráfico de pessoas. g)Publicar trimestralmente estatísticas sobre procedimentos
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da instaurados e concluídos pelas Corregedorias da Polícia Federal e
Presidência da República; Ministério do Turismo; Ministério da Jus- da Polícia Rodoviária Federal, e sobre a quantidade de policiais in-
tiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidên- fratores e condenados, por cargo e tipo de punição aplicada.
cia da República Responsável: Ministério da Justiça

h)Realizar estudos e pesquisas sobre o tráfico de pessoas, in- h)Publicar trimestralmente informações sobre pessoas mortas
clusive sobre exploração sexual de crianças e adolescentes. e feridas em ações da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da e da Força Nacional de Segurança Pública.
Presidência da República; Ministério do Turismo; Ministério da Jus- Responsável: Ministério da Justiça
tiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidên-
cia da República i)Criar sistema de rastreamento de armas e de veículos usados
pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de
Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na Segurança Pública, e fomentar a criação de sistema semelhante nos
erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carce- Estados e no Distrito Federal.
rária. Responsável: Ministério da Justiça

Objetivo estratégico I: Objetivo estratégico II:


Fortalecimento dos mecanismos de controle do sistema de Padronização de procedimentos e equipamentos do sistema
segurança pública. de segurança pública.

Ações programáticas: Ações programáticas:


a)Criar ouvidoria de polícia com independência para exercer a)Elaborar procedimentos operacionais padronizados para as
controle externo das atividades das Polícias Federais e da Força forças policiais federais, com respeito aos Direitos Humanos.
Nacional de Segurança Pública, coordenada por um ouvidor com Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
mandato. reitos Humanos da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República b)Elaborar procedimentos operacionais padronizados sobre re-
vistas aos visitantes de estabelecimentos prisionais, respeitando os
b)Fortalecer a Ouvidoria do Departamento Penitenciário Na- preceitos dos Direitos Humanos.
cional, dotando-a de recursos humanos e materiais necessários ao Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
desempenho de suas atividades, propondo sua autonomia funcio- reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
nal. Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Responsável: Ministério da Justiça c)Elaborar diretrizes nacionais sobre uso da força e de armas de
fogo pelas instituições policiais e agentes do sistema penitenciário.
c)Condicionar a transferência voluntária de recursos federais Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
aos Estados e ao Distrito Federal ao plano de implementação ou à reitos Humanos da Presidência da República
existência de ouvidorias de polícia e do sistema penitenciário, que
atendam aos requisitos de coordenação por ouvidor com mandato, d)Padronizar equipamentos, armas, munições e veículos apro-
escolhidos com participação da sociedade civil e com independên- priados à atividade policial a serem utilizados pelas forças policiais
cia para sua atuação. da União, bem como aqueles financiados com recursos federais nos
Responsável: Ministério da Justiça Estados, no Distrito Federal e nos Municípios.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
d)Elaborar projeto de lei para aperfeiçoamento da legislação reitos Humanos da Presidência da República
processual penal, visando padronizar os procedimentos da investi-
gação de ações policiais com resultado letal. e)Disponibilizar para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Fe-
Responsável: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- deral e para a Força Nacional de Segurança Pública munição, tecno-
reitos Humanos da Presidência da República logias e armas de menor potencial ofensivo.
Responsável: Ministério da Justiça
e)Dotar as Corregedorias da Polícia Federal, da Polícia Rodovi-
ária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional de recursos Objetivo estratégico III:
humanos e materiais suficientes para o desempenho de suas ativi- Consolidação de política nacional visando à erradicação da
dades, ampliando sua autonomia funcional. tortura e de outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
Responsável: Ministério da Justiça degradantes.

f)Fortalecer a inspetoria da Força Nacional de Segurança Públi- Ações programáticas:


ca e tornar obrigatória a publicação trimestral de estatísticas sobre a)Elaborar projeto de lei visando a instituir o Mecanismo Pre-
procedimentos instaurados e concluídos e sobre o número de poli- ventivo Nacional, sistema de inspeção aos locais de detenção para
ciais desmobilizados. o monitoramento regular e periódico dos centros de privação de

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

liberdade, nos termos do protocolo facultativo à convenção da ONU j)Estabelecer procedimento para a produção de relatórios anu-
contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ais, contendo informações sobre o número de casos de torturas e
ou degradantes. de tratamentos desumanos ou degradantes levados às autoridades,
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos número de perpetradores e de sentenças judiciais.
Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério das Re- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
lações Exteriores; sidência da República
• Objetivo estratégico IV:
b)Instituir grupo de trabalho para discutir e propor atualização • Combate às execuções extrajudiciais realizadas por agentes
e aperfeiçoamento da Lei no 9.455/1997, que define os crimes de do Estado.
tortura, de forma a atualizar os tipos penais, instituir sistema na-
cional de combate à tortura, estipular marco legal para a definição Ações programáticas:
de regras unificadas de exame médico-legal, bem como estipular a)Fortalecer ações de combate às execuções extrajudiciais re-
ações preventivas obrigatórias como formação específica das forças alizadas por agentes do Estado, assegurando a investigação dessas
policiais e capacitação de agentes para a identificação da tortura. violações.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
sidência da República reitos Humanos da Presidência da República

c)Promover o fortalecimento, a criação e a reativação dos co- b)Desenvolver e apoiar ações específicas para investigação e
mitês estaduais de combate à tortura. combate à atuação de milícias e grupos de extermínio.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
sidência da República reitos Humanos da Presidência da República

d)Propor projeto de lei para tornar obrigatória a filmagem dos Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de
interrogatórios ou audiogravações realizadas durante as investiga- proteção das pessoas ameaçadas.
ções policiais.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- Objetivo estratégico I:
reitos Humanos da Presidência da República Instituição de sistema federal que integre os programas de
proteção.
e)Estabelecer protocolo para a padronização de procedimen-
tos a serem realizados nas perícias destinadas a averiguar alegações Ações programáticas:
de tortura. a)Propor projeto de lei para integração, de forma sistêmica, dos
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- programas de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas, defen-
reitos Humanos da Presidência da República sores de Direitos Humanos e crianças e adolescentes ameaçados
de morte.
f)Elaborar matriz curricular e capacitar os operadores do siste- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
ma de segurança pública e justiça criminal para o combate à tortura. sidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República b)Desenvolver sistema nacional que integre as informações das
ações de proteção às pessoas ameaçadas.
g)Capacitar e apoiar a qualificação dos agentes da perícia ofi- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
cial, bem como de agentes públicos de saúde, para a identificação sidência da República
de tortura.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- c)Ampliar os programas de proteção a vítimas e testemunhas
reitos Humanos da Presidência da República ameaçadas, defensores dos Direitos Humanos e crianças e adoles-
centes ameaçados de morte para os Estados em que o índice de
h)Incluir na formação de agentes penitenciários federais curso violência aponte a criação de programas locais.
com conteúdos relativos ao combate à tortura e sobre a importân- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
cia dos Direitos Humanos. sidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República d)Garantir a formação de agentes da Polícia Federal para a pro-
teção das pessoas incluídas nos programas de proteção de pessoas
i)Realizar campanhas de prevenção e combate à tortura nos ameaçadas, observadas suas diretrizes.
meios de comunicação para a população em geral, além de cam- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
panhas específicas voltadas às forças de segurança pública, bem reitos Humanos da Presidência da República
como divulgar os parâmetros internacionais de combate às práticas
de tortura. e)Propor ampliação os recursos orçamentários para a realiza-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- ção das ações dos programas de proteção a vítimas e testemunhas
sidência da República ameaçadas, defensores dos Direitos Humanos e crianças e adoles-
centes ameaçados de morte.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- c)Desenvolver e aperfeiçoar os indicadores de morte violenta
sidência da República de crianças e adolescentes, assegurando publicação anual dos da-
dos.
Objetivo estratégico II: Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Consolidação da política de assistência a vítimas e a testemu- Presidência da República; Ministério da Saúde
nhas ameaçadas.
d)Desenvolver programas de enfrentamento da violência letal
Ações programáticas: contra crianças e adolescentes e divulgar as experiências bem su-
a)Propor projeto de lei para aperfeiçoar o marco legal do Pro- cedidas.
grama Federal de Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
ampliando a proteção de escolta policial para as equipes técnicas Presidência da República; Ministério da Justiça
do programa, e criar sistema de apoio à reinserção social dos usuá-
rios do programa. Objetivo estratégico IV:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- Garantia de proteção dos defensores dos Direitos Humanos e
reitos Humanos da Presidência da República de suas atividades.

b)Regulamentar procedimentos e competências para a execu- Ações programáticas:


ção do Programa Federal de Assistência a Vítimas e Testemunhas a)Fortalecer a execução do Programa Nacional de Proteção aos
Ameaçadas, em especial para a realização de escolta de seus usu- Defensores dos Direitos Humanos, garantindo segurança nos casos
ários. de violência, ameaça, retaliação, pressão ou ação arbitrária, e a de-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- fesa em ações judiciais de má-fé, em decorrência de suas ativida-
reitos Humanos da Presidência da República des.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
c)Fomentar a criação de centros de atendimento a vítimas de sidência da República
crimes e a seus familiares, com estrutura adequada e capaz de ga-
b)Articular com os órgãos de segurança pública de Direitos Hu-
rantir o acompanhamento psicossocial e jurídico dos usuários, com
manos nos Estados para garantir a segurança dos defensores dos
especial atenção a grupos sociais mais vulneráveis, assegurando o
Direitos Humanos.
exercício de seus direitos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
reitos Humanos da Presidência da República
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República
c)Capacitar os operadores do sistema de segurança pública e
de justiça sobre o trabalho dos defensores dos Direitos Humanos.
d)Incentivar a criação de unidades especializadas do Serviço de Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Proteção ao Depoente Especial da Polícia Federal nos Estados e no sidência da República
Distrito Federal.
Responsável: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- d)Fomentar parcerias com as Defensorias Públicas dos Estados
reitos Humanos da Presidência da República e da União para a defesa judicial dos defensores dos Direitos Huma-
nos nos processos abertos contra eles.
e)Garantir recursos orçamentários e de infraestrutura ao Servi- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
ço de Proteção ao Depoente Especial da Polícia Federal, necessários sidência da República
ao atendimento pleno, imediato e de qualidade aos depoentes es-
peciais e a seus familiares, bem como o atendimento às demandas e)Divulgar em âmbito nacional a atuação dos defensores e mi-
de inclusão provisória no programa federal. litantes dos Direitos Humanos, fomentando cultura de respeito e
Responsável: Ministério da Justiça valorização de seus papéis na sociedade.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Objetivo estratégico III: sidência da República
Garantia da proteção de crianças e adolescentes ameaçados
de morte. Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, prio-
rizando a aplicação de penas e medidas alternativas à privação de
Ações programáticas: liberdade e melhoria do sistema penitenciário.
a)Ampliar a atuação federal no âmbito do Programa de Prote- Objetivo estratégico I:
ção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte nas unidades
da Federação com maiores taxas de homicídio nessa faixa etária. Reestruturação do sistema penitenciário.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República Ações programáticas:
a)Elaborar projeto de reforma da Lei de Execução Penal (Lei no
b)Formular política nacional de enfrentamento da violência le- 7.210/1984), com o propósito de:
tal contra crianças e adolescentes. • Adotar mecanismos tecnológicos para coibir a entrada de
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- substâncias e materiais proibidos, eliminando a prática de revista
sidência da República íntima nos familiares de presos;

51
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

• Aplicar a Lei de Execução Penal também a presas e presos i)Avançar na implementação do Sistema de Informações Peni-
provisórios e aos sentenciados pela Justiça Especial; tenciárias (InfoPen), financiando a inclusão dos estabelecimentos
• Vedar a divulgação pública de informações sobre perfil psi- prisionais dos Estados e do Distrito Federal e condicionando os re-
cológico do preso e eventuais diagnósticos psiquiátricos feitos nos passes de recursos federais à sua efetiva integração ao sistema.
estabelecimentos prisionais; Responsável: Ministério da Justiça
• Instituir a obrigatoriedade da oferta de ensino pelos estabe-
lecimentos penais e a remição de pena por estudo; j)Ampliar campanhas de sensibilização para inclusão social de
• Estabelecer que a perda de direitos ou a redução de acesso egressos do sistema prisional.
a qualquer direito ocorrerá apenas como consequência de faltas de Responsável: Ministério da Justiça
natureza grave;
• Estabelecer critérios objetivos para isolamento de presos e k)Estabelecer diretrizes na política penitenciária nacional que
presas no regime disciplinar diferenciado; fortaleçam o processo de reintegração social dos presos, internados
• Configurar nulidade absoluta dos procedimentos disciplina- e egressos, com sua efetiva inclusão nas políticas públicas sociais.
res quando não houver intimação do defensor do preso; Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvi-
• Estabelecer o regime de condenação como limite para casos mento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde; Ministério da
de regressão de regime; Educação; Ministério do Esporte
• Assegurar e regulamentar as visitas íntimas para a população
carcerária LGBT. l)Debater, por meio de grupo de trabalho interministerial,
ações e estratégias que visem assegurar o encaminhamento para o
Responsável: Ministério da Justiça presídio feminino de mulheres transexuais e travestis que estejam
em regime de reclusão.
b)Elaborar decretos extraordinários de indulto a condenados Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
por crimes sem violência real, que reduzam substancialmente a po- reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
pulação carcerária brasileira. Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico II:
c)Fomentar a realização de revisões periódicas processuais dos Limitação do uso dos institutos de prisão cautelar.
processos de execução penal da população carcerária.
Responsável: Ministério da Justiça Ações programáticas:
a)Propor projeto de lei para alterar o Código de Processo Penal,
d)Vincular o repasse de recursos federais para construção de es- com o objetivo de:
tabelecimentos prisionais nos Estados e no Distrito Federal ao atendi- • Estabelecer requisitos objetivos para decretação de prisões
mento das diretrizes arquitetônicas que contemplem a existência de preventivas que consagrem sua excepcionalidade;
alas específicas para presas grávidas e requisitos de acessibilidade. • Vedar a decretação de prisão preventiva em casos que envol-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- vam crimes com pena máxima inferior a quatro anos, excetuando
líticas para as Mulheres da Presidência da República crimes graves como formação de quadrilha e peculato;
• Estabelecer o prazo máximo de oitenta e um dias para prisão
e)Aplicar a Política Nacional de Saúde Mental e a Política para provisória.
a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas no sistema
penitenciário. Responsável: Ministério da Justiça
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
b)Alterar a legislação sobre abuso de autoridade, tipificando de
f)Aplicar a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mu- modo específico as condutas puníveis.
lher no contexto prisional, regulamentando a assistência pré-natal, Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
a existência de celas específicas e período de permanência com reitos Humanos da Presidência da República
seus filhos para aleitamento.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se- Objetivo estratégico III:
cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da Tratamento adequado de pessoas com transtornos mentais.
República
Ações programáticas:
g)Implantar e implementar as ações de atenção integral aos pre- a)Estabelecer diretrizes que garantam tratamento adequado às
sos previstas no Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. pessoas com transtornos mentais, em consonância com o princípio
Responsável: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde de desinstitucionalização.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
h)Promover estudo sobre a viabilidade de criação, em âmbi-
to federal, da carreira de oficial de condicional, trabalho externo e b)Propor projeto de lei para alterar o Código Penal, prevendo
penas alternativas, para acompanhar os condenados em liberdade que o período de cumprimento de medidas de segurança não deve
condicional, os presos em trabalho externo, em qualquer regime de ultrapassar o da pena prevista para o crime praticado, e estabele-
execução, e os condenados a penas alternativas à prisão. cendo a continuidade do tratamento fora do sistema penitenciário
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Planejamen- quando necessário.
to, Orçamento e Gestão Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde

52
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

c)Estabelecer mecanismos para a reintegração social dos inter- Objetivo estratégico II:
nados em medida de segurança quando da extinção desta, median- Garantia do aperfeiçoamento e monitoramento das normas ju-
te aplicação dos benefícios sociais correspondentes. rídicas para proteção dos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Mi-
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Ações programáticas:
a)Implementar o Observatório da Justiça Brasileira, em parce-
Objetivo estratégico IV: ria com a sociedade civil.
Ampliação da aplicação de penas e medidas alternativas. Responsável: Ministério da Justiça

Ações programáticas: b)Aperfeiçoar o sistema de fiscalização de violações aos Direi-


a)Desenvolver instrumentos de gestão que assegurem a sus- tos Humanos, por meio do aprimoramento do arcabouço de san-
tentabilidade das políticas públicas de aplicação de penas e medi- ções administrativas.
das alternativas. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Ministério da Justiça Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério da Justi-
ça; Ministério do Trabalho e Emprego
b)Incentivar a criação de varas especializadas e de centrais de
monitoramento do cumprimento de penas e medidas alternativas. c)Ampliar equipes de fiscalização sobre violações dos Direitos
Responsável: Ministério da Justiça Humanos, em parceria com a sociedade civil.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
c)Desenvolver modelos de penas e medidas alternativas que reitos Humanos da Presidência da República
associem seu cumprimento ao ilícito praticado, com projetos temá-
ticos que estimulem a capacitação do cumpridor, bem como penas d)Propor projeto de lei buscando ampliar a utilização das ações
de restrição de direitos com controle de frequência. coletivas para proteção dos interesses difusos, coletivos e individu-
Responsável: Ministério da Justiça ais homogêneos, garantindo a consolidação de instrumentos coleti-
vos de resolução de conflitos.
d)Desenvolver programas-piloto com foco na educação, para Responsável: Ministério da Justiça
aplicação da pena de limitação de final de semana.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação e)Propor projetos de lei para simplificar o processamento e jul-
gamento das ações judiciais; coibir os atos protelatórios; restringir
Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil as hipóteses de recurso ex officio e reduzir recursos e desjudicializar
e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa dos direitos. conflitos.
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico I:
Acesso da população à informação sobre seus direitos e sobre f)Aperfeiçoar a legislação trabalhista, visando ampliar novas
como garanti-los. tutelas de proteção das relações do trabalho e as medidas de com-
bate à discriminação e ao abuso moral no trabalho.
Ações programáticas: Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
a)Difundir o conhecimento sobre os Direitos Humanos e sobre da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Pre-
a legislação pertinente com publicações em linguagem e formatos sidência da República
acessíveis.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- g)Implementar mecanismos de monitoramento dos serviços
reitos Humanos da Presidência da República de atendimento ao aborto legalmente autorizado, garantindo seu
cumprimento e facilidade de acesso.
b)Fortalecer as redes de canais de denúncia (disque-denúncia) Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
e sua articulação com instituições de Direitos Humanos. ticas para as Mulheres da Presidência da República
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República Objetivo estratégico III:
Utilização de modelos alternativos de solução de conflitos.
c)Incentivar a criação de centros integrados de serviços públi-
cos para prestação de atendimento ágil à população, inclusive com Ações programáticas:
unidades itinerantes para obtenção de documentação básica. a)Fomentar iniciativas de mediação e conciliação, estimulando
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da a resolução de conflitos por meios autocompositivos, voltados à
Presidência da República; Ministério da Justiça maior pacificação social e menor judicialização.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvi-
d)Fortalecer o governo eletrônico com a ampliação da disponi- mento Agrário; Ministério das Cidades
bilização de informações e serviços para a população via Internet,
em formato acessível. b)Fortalecer a criação de núcleos de justiça comunitária, em
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e
Presidência da República apoiar o financiamento de infraestrutura e de capacitação.
Responsável: Ministério da Justiça

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

c)Capacitar lideranças comunitárias sobre instrumentos e téc- Responsável: Ministério da Justiça


nicas de mediação comunitária, incentivando a resolução de confli-
tos nas próprias comunidades. b)Desenvolver sistema integrado de informações do Poder Exe-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- cutivo e Judiciário e disponibilizar seu acesso à sociedade.
reitos Humanos da Presidência da República Responsável: Ministério da Justiça

d)Incentivar projetos pilotos de Justiça Restaurativa, como for- Objetivo estratégico VI:
ma de analisar seu impacto e sua aplicabilidade no sistema jurídico Acesso à Justiça no campo e na cidade.
brasileiro.
Responsável: Ministério da Justiça Ações programáticas:
a)Assegurar a criação de marco legal para a prevenção e media-
e)Estimular e ampliar experiências voltadas para a solução de ção de conflitos fundiários urbanos, garantindo o devido processo
conflitos por meio da mediação comunitária e dos Centros de Re- legal e a função social da propriedade.
ferência em Direitos Humanos, especialmente em áreas de baixo Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e com dificuldades de
acesso a serviços públicos. b)Propor projeto de lei voltado a regulamentar o cumprimento
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da de mandados de reintegração de posse ou correlatos, garantindo a
Presidência da República; Ministério da Justiça observância do respeito aos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades;
Objetivo estratégico IV: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Garantia de acesso universal ao sistema judiciário.
c)Promover o diálogo com o Poder Judiciário para a elaboração
Ações programáticas: de procedimento para o enfrentamento de casos de conflitos fundi-
a)Propor a ampliação da atuação da Defensoria Pública da ários coletivos urbanos e rurais.
União. Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério da Justiça;
Responsável: Ministério da Justiça Ministério do Desenvolvimento Agrário

d) Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da


b)Fomentar parcerias entre Municípios e entidades de prote-
mediação nas demandas de conflitos coletivos agrários e urbanos,
ção dos Direitos Humanos para atendimento da população com difi-
priorizando a oitiva do INCRA, institutos de terras estaduais, Minis-
culdade de acesso ao sistema de justiça, com base no mapeamento
tério Público e outros órgãos públicos especializados, sem prejuízo
das principais demandas da população local e no estabelecimento
de outros meios institucionais para solução de conflitos. (Redação
de estratégias para atendimento e ações educativas e informativas.
dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis-
reitos Humanos da Presidência da República
tério da Justiça
c)Apoiar a capacitação periódica e constante dos operadores Eixo Orientador V:
do Direito e servidores da Justiça na aplicação dos Direitos Huma-
nos voltada para a composição de conflitos. Educação e cultura em Direitos Humanos
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- A educação e a cultura em Direitos Humanos visam à formação
reitos Humanos da Presidência da República de nova mentalidade coletiva para o exercício da solidariedade, do
respeito às diversidades e da tolerância. Como processo sistemático
d)Dialogar com o Poder Judiciário para assegurar o efetivo e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos,
acesso das pessoas com deficiência à justiça, em igualdade de con- seu objetivo é combater o preconceito, a discriminação e a violên-
dições com as demais pessoas. cia, promovendo a adoção de novos valores de liberdade, justiça e
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- igualdade.
reitos Humanos da Presidência da República A educação em Direitos Humanos, como canal estratégico
capaz de produzir uma sociedade igualitária, extrapola o direito à
e)Apoiar os movimentos sociais e a Defensoria Pública na ob- educação permanente e de qualidade. Trata-se de mecanismo que
tenção da gratuidade das perícias para as demandas judiciais, indi- articula, entre outros elementos: a) a apreensão de conhecimentos
viduais e coletivas, e relacionadas a violações de Direitos Humanos. historicamente construídos sobre Direitos Humanos e a sua rela-
Responsável: Ministério da Justiça ção com os contextos internacional, regional, nacional e local; b)
a afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem
Objetivo estratégico V: a cultura dos Direitos Humanos em todos os espaços da socieda-
Modernização da gestão e agilização do funcionamento do de; c) a formação de consciência cidadã capaz de se fazer presente
sistema de justiça. nos níveis cognitivo, social, ético e político; d) o desenvolvimento
de processos metodológicos participativos e de construção coleti-
Ações programáticas: va, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; e)
a)Propor legislação de revisão e modernização dos serviços no- o fortalecimento de políticas que gerem ações e instrumentos em
tariais e de registro. favor da promoção, da proteção e da defesa dos Direitos Humanos,
bem como da reparação das violações.

54
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

O PNDH-3 dialoga com o Plano Nacional de Educação em Di- Objetivo estratégico I:


reitos Humanos (PNEDH) como referência para a política nacional Implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos
de Educação e Cultura em Direitos Humanos, estabelecendo os ali- Humanos - PNEDH
cerces a serem adotados nos âmbitos nacional, estadual, distrital e
municipal. Ações programáticas:
O PNEDH, refletido neste programa, se desdobra em cinco a)Desenvolver ações programáticas e promover articulação
grandes áreas: que viabilizem a implantação e a implementação do PNEDH.
Na educação básica, a ênfase do PNDH-3 é possibilitar, desde Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
a infância, a formação de sujeitos de direito, priorizando as popula- Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
ções historicamente vulnerabilizadas. A troca de experiências entre Justiça
crianças de diferentes raças e etnias, imigrantes, com deficiência
física ou mental, fortalece, desde cedo, sentimento de convivência b)Implantar mecanismos e instrumentos de monitoramento,
pacífica. Conhecer o diferente, desde a mais tenra idade, é perder avaliação e atualização do PNEDH, em processos articulados de mo-
o medo do desconhecido, formar opinião respeitosa e combater o bilização nacional.
preconceito, às vezes arraigado na própria família. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
No PNDH-3, essa concepção se traduz em propostas de mu- Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
danças curriculares, incluindo a educação transversal e permanente Justiça
nos temas ligados aos Direitos Humanos e, mais especificamente, o
estudo da temática de gênero e orientação sexual, das culturas in- c)Fomentar e apoiar a elaboração de planos estaduais e muni-
dígena e afro-brasileira entre as disciplinas do ensino fundamental cipais de educação em Direitos Humanos.
e médio. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
No ensino superior, as metas previstas visam a incluir os Direi- Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
tos Humanos, por meio de diferentes modalidades como discipli- Justiça
nas, linhas de pesquisa, áreas de concentração, transversalização
incluída nos projetos acadêmicos dos diferentes cursos de gradu- d)Apoiar técnica e financeiramente iniciativas em educação em
ação e pós-graduação, bem como em programas e projetos de ex- Direitos Humanos, que estejam em consonância com o PNEDH.
tensão. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
A educação não formal em Direitos Humanos é orientada pe- Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
los princípios da emancipação e da autonomia, configurando-se Justiça
como processo de sensibilização e formação da consciência crítica.
Desta forma, o PNDH-3 propõe inclusão da temática de Educação e)Incentivar a criação e investir no fortalecimento dos comitês
em Direitos Humanos nos programas de capacitação de lideranças de educação em Direitos Humanos em todos os Estados e no Dis-
comunitárias e nos programas de qualificação profissional, alfabe- trito Federal, como órgãos consultivos e propositivos da política de
tização de jovens e adultos, entre outros. Volta-se, especialmente, educação em Direitos Humanos.
para o estabelecimento de diálogo e parcerias permanentes como o Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
vasto leque brasileiro de movimentos populares, sindicatos, igrejas, Presidência da República; Ministério da Justiça
ONGs, clubes, entidades empresariais e toda sorte de agrupamen-
tos da sociedade civil que desenvolvem atividades formativas em Objetivo Estratégico II:
seu cotidiano. Ampliação de mecanismos e produção de materiais pedagógi-
A formação e a educação continuada em Direitos Humanos, cos e didáticos para Educação em Direitos Humanos.
com recortes de gênero, relações étnico-raciais e de orientação
sexual, em todo o serviço público, especialmente entre os agentes Ações programáticas:
do sistema de Justiça de segurança pública, são fundamentais para a)Incentivar a criação de programa nacional de formação em
consolidar o Estado Democrático e a proteção do direito à vida e educação em Direitos Humanos.
à dignidade, garantindo tratamento igual a todas as pessoas e o Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
funcionamento de sistemas de Justiça que promovam os Direitos Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
Humanos. Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presi-
Por fim, aborda-se o papel estratégico dos meios de comuni- dência da República
cação de massa, no sentido de construir ou desconstruir ambiente
nacional e cultura social de respeito e proteção aos Direitos Huma- b)Estimular a temática dos Direitos Humanos nos editais de
nos. Daí a importância primordial de introduzir mudanças que as- avaliação e seleção de obras didáticas do sistema de ensino.
segurem ampla democratização desses meios, bem como de atuar Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
permanentemente junto a todos os profissionais e empresas do Presidência da República; Ministério da Educação;
setor (seminários, debates, reportagens, pesquisas e conferências),
buscando sensibilizar e conquistar seu compromisso ético com a c)Estabelecer critérios e indicadores de avaliação de publica-
afirmação histórica dos Direitos Humanos. ções na temática de Direitos Humanos para o monitoramento da
Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política escolha de livros didáticos no sistema de ensino.
nacional de educação em Direitos Humanos para fortalecer cultura Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de direitos. Presidência da República; Ministério da Educação

55
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

d)Atribuir premiação anual de educação em Direitos Humanos, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
como forma de incentivar a prática de ações e projetos de educação Presidência da República; Ministério da Educação
e cultura em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da c)Incluir, nos programas educativos, o direito ao meio ambien-
Presidência da República; Ministério da Educação te como Direito Humano.
Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Secretaria Espe-
e)Garantir a continuidade da “Mostra Cinema e Direitos Huma- cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério
nos na América do Sul” e o “Festival dos Direitos Humanos” como da Educação
atividades culturais para difusão dos Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- d)Incluir conteúdos, recursos, metodologias e formas de avalia-
sidência da República ção da educação em Direitos Humanos nos sistemas de ensino da
educação básica.
f)Consolidar a revista “Direitos Humanos” como instrumento Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de educação e cultura em Direitos Humanos, garantindo o caráter Presidência da República; Ministério da Educação
representativo e plural em seu conselho editorial.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- e)Desenvolver ações nacionais de elaboração de estratégias de
sidência da República mediação de conflitos e de Justiça Restaurativa nas escolas, e outras
instituições formadoras e instituições de ensino superior, inclusive
g)Produzir recursos pedagógicos e didáticos especializados promovendo a capacitação de docentes para a identificação de vio-
e adquirir materiais e equipamentos em formato acessível para a lência e abusos contra crianças e adolescentes, seu encaminhamen-
educação em Direitos Humanos, para todos os níveis de ensino. to adequado e a reconstrução das relações no âmbito escolar.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
Justiça
h)Publicar materiais pedagógicos e didáticos para a educação
em Direitos Humanos em formato acessível para as pessoas com f)Publicar relatório periódico de acompanhamento da inclusão
deficiência, bem como promover o uso da Língua Brasileira de Si- da temática dos Direitos Humanos na educação formal que conte-
nais (Libras) em eventos ou divulgação em mídia. nha, pelo menos, as seguintes informações:
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da • Número de Estados e Municípios que possuem planos de
Presidência da República; Ministério da Educação. educação em Direitos Humanos;
• Existência de normas que incorporam a temática de Direitos
i)Fomentar o acesso de estudantes, professores e demais pro- Humanos nos currículos escolares;
fissionais da educação às tecnologias da informação e comunicação. • Documentos que atestem a existência de comitês de educa-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da ção em Direitos Humanos;
Presidência da República; Ministério da Educação • Documentos que atestem a existência de órgãos governa-
mentais especializados em educação em Direitos Humanos.
Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e
dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas insti- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
tuições de ensino superior e outras instituições formadoras. sidência da República

Objetivo Estratégico I: g)Desenvolver e estimular ações de enfrentamento ao bullying


Inclusão da temática de Educação e Cultura em Direitos Hu- e ao cyberbulling.
manos nas escolas de educação básica e em outras instituições Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
formadoras. Presidência da República; Ministério da Educação

Ações Programáticas: h)Implementar e acompanhar a aplicação das leis que dispõem


a)Estabelecer diretrizes curriculares para todos os níveis e mo- sobre a inclusão da história e cultura afro-brasileira e dos povos in-
dalidades de ensino da educação básica para a inclusão da temática dígenas em todos os níveis e modalidades da educação básica.
de educação e cultura em Direitos Humanos, promovendo o reco- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
nhecimento e o respeito das diversidades de gênero, orientação se- Presidência da República; Ministério da Educação
xual, identidade de gênero, geracional, étnico-racial, religiosa, com
educação igualitária, não discriminatória e democrática. Objetivo Estratégico II:
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Inclusão da temática da Educação em Direitos Humanos nos
Presidência da República; Ministério da Educação; Secretaria Espe- cursos das Instituições de Ensino Superior .
cial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Ações Programáticas:
b)Promover a inserção da educação em Direitos Humanos nos a)Propor a inclusão da temática da educação em Direitos Hu-
processos de formação inicial e continuada de todos os profissio- manos nas diretrizes curriculares nacionais dos cursos de gradua-
nais da educação, que atuam nas redes de ensino e nas unidades ção.
responsáveis por execução de medidas socioeducativas.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da b)Fomentar núcleos de pesquisa de educação em Direitos Hu-
Presidência da República; Ministério da Educação manos em instituições de ensino superior e escolas públicas e priva-
das, estruturando-as com equipamentos e materiais didáticos.
b)Incentivar a elaboração de metodologias pedagógicas de ca- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
ráter transdisciplinar e interdisciplinar para a educação em Direitos Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da Ci-
Humanos nas Instituições de Ensino Superior. ência e Tecnologia
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação c)Fomentar e apoiar, no Conselho Nacional de Desenvolvimen-
to Científico e Tecnológico (CNPq) e na Coordenação de Aperfei-
c)Elaborar relatórios sobre a inclusão da temática dos Direitos çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a criação da área
Humanos no ensino superior, contendo informações sobre a exis- “Direitos Humanos” como campo de conhecimento transdisciplinar
tência de ouvidorias e sobre o número de: e recomendar às agências de fomento que abram linhas de finan-
• cursos de pós-graduação com áreas de concentração em Di- ciamento para atividades de ensino, pesquisa e extensão em Direi-
reitos Humanos; tos Humanos.
• grupos de pesquisa em Direitos Humanos; Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
• cursos com a transversalização dos Direitos Humanos nos Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
projetos políticos pedagógicos; Fazenda
• disciplinas em Direitos Humanos;
• teses e dissertações defendidas; d)Implementar programas e ações de fomento à extensão uni-
• associações e instituições dedicadas ao tema e com as quais versitária em direitos humanos, para promoção e defesa dos Direi-
os docentes e pesquisadores tenham vínculo; tos Humanos e o desenvolvimento da cultura e educação em Direi-
• núcleos e comissões que atuam em Direitos Humanos; tos Humanos.
• educadores com ações no tema Direitos Humanos; Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
• projetos de extensão em Direitos Humanos; Presidência da República; Ministério da Educação

Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como
Direitos Humanos da Presidência da República espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos.

d)Fomentar a realização de estudos, pesquisas e a implementa- Objetivo Estratégico I:


ção de projetos de extensão sobre o período do regime 1964-1985, Inclusão da temática da educação em Direitos Humanos na
bem como apoiar a produção de material didático, a organização de educação não formal.
acervos históricos e a criação de centros de referências.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Ações programáticas:
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da a)Fomentar a inclusão da temática de Direitos Humanos na
Justiça educação não formal, nos programas de qualificação profissional,
alfabetização de jovens e adultos, extensão rural, educação social
e)Incentivar a realização de estudos, pesquisas e produção bi- comunitária e de cultura popular.
bliográfica sobre a história e a presença das populações tradicio- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
nais. Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Agrário;
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Ministério da Educação; Secretaria Espe- Presidência da República; Ministério da Cultura; Secretaria Especial
cial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
República; Ministério da Justiça
b)Apoiar iniciativas de educação popular em Direitos Humanos
Objetivo Estratégico III: desenvolvidas por organizações comunitárias, movimentos sociais,
Incentivo à transdisciplinariedade e transversalidade nas ati- organizações não governamentais e outros agentes organizados da
vidades acadêmicas em Direitos Humanos. sociedade civil.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Ações Programáticas: Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Pro-
a)Incentivar o desenvolvimento de cursos de graduação, de moção da Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria
formação continuada e programas de pós-graduação em Direitos Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República;
Humanos. Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Secretaria Espe- c)Apoiar e promover a capacitação de agentes multiplicadores
cial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da para atuarem em projetos de educação em Direitos Humanos.
República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Pre- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República sidência da República

d)Apoiar e desenvolver programas de formação em comunica-


ção e Direitos Humanos para comunicadores comunitários.

57
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da b)Incentivar a inserção da temática dos Direitos Humanos nos
Presidência da República; Ministério das Comunicações; Ministério programas das escolas de formação de servidores vinculados aos
da Cultura órgãos públicos federais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
e)Desenvolver iniciativas que levem a incorporar a temática da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as
educação em Direitos Humanos nos programas de inclusão digital e Mulheres da Presidência da República; Secretaria Especial de Polí-
de educação à distância. ticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério das c)Publicar materiais didático-pedagógicos sobre Direitos Hu-
Comunicações; Ministério de Ciência e Tecnologia manos e função pública, desdobrando temas e aspectos adequados
ao diálogo com as várias áreas de atuação dos servidores públicos.
f)Apoiar a incorporação da temática da educação em Direi- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tos Humanos nos programas e projetos de esporte, lazer e cultura Presidência da República; Ministério do Planejamento, Orçamento
como instrumentos de inclusão social. e Gestão
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da Objetivo Estratégico II:
Cultura; Ministério do Esporte Formação adequada e qualificada dos profissionais do siste-
ma de segurança pública.
g)Fortalecer experiências alternativas de educação para os
adolescentes, bem como para monitores e profissionais do sistema Ações programáticas:
de execução de medidas socioeducativas. a)Oferecer, continuamente e permanentemente, cursos em Di-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da reitos Humanos para os profissionais do sistema de segurança pú-
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da blica e justiça criminal.
Justiça Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
Objetivo estratégico II: Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria
Resgate da memória por meio da reconstrução da história dos Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidên-
movimentos sociais. cia da República

Ações programáticas: b)Oferecer permanentemente cursos de especialização aos


a)Promover campanhas e pesquisas sobre a história dos mo- gestores, policiais e demais profissionais do sistema de segurança
vimentos de grupos historicamente vulnerabilizados, tais como o pública.
segmento LGBT, movimentos de mulheres, quebradeiras de coco, Responsável: Ministério da Justiça
castanheiras, ciganos, entre outros.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da c)Publicar materiais didático-pedagógicos sobre segurança pú-
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as blica e Direitos Humanos.
Mulheres da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República
b)Apoiar iniciativas para a criação de museus voltados ao resga-
te da cultura e da história dos movimentos sociais. d)Incentivar a inserção da temática dos Direitos Humanos nos
Responsáveis: Ministério da Cultura; Secretaria Especial dos programas das escolas de formação inicial e continuada dos mem-
Direitos Humanos da Presidência da República bros das Forças Armadas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no Presidência da República; Ministério da Defesa
serviço público.
e)Criar escola nacional de polícia para educação continuada
Objetivo Estratégico I: dos profissionais do sistema de segurança pública, com enfoque
Formação e capacitação continuada dos servidores públicos prático.
em Direitos Humanos, em todas as esferas de governo. Responsável: Ministério da Justiça

Ações programáticas: f)Apoiar a capacitação de policiais em direitos das crianças, em


a) Apoiar e desenvolver atividades de formação e capacitação aspectos básicos do desenvolvimento infantil e em maneiras de li-
continuadas interdisciplinares em Direitos Humanos para servido- dar com grupos em situação de vulnerabilidade, como crianças e
res públicos. adolescentes em situação de rua, vítimas de exploração sexual e
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da em conflito com a lei.
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Justiça; Ministério da Saúde; Ministério do Planejamento, Orça- reitos Humanos da Presidência da República
mento e Gestão; Ministério das Relações Exteriores

58
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e Objetivo Estratégico II:


ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Di- Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à
reitos Humanos. informação.

Objetivo Estratégico I: Ações Programáticas:


Promover o respeito aos Direitos Humanos nos meios de co- a)Promover parcerias com entidades associativas de mídia,
municação e o cumprimento de seu papel na promoção da cultura profissionais de comunicação, entidades sindicais e populares para
em Direitos Humanos. a produção e divulgação de materiais sobre Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Ações Programáticas: Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério das Co-
a) Propor a criação de marco legal, nos termos do art. 221 da municações
Constituição, estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos
serviços de radiodifusão (rádio e televisão) concedidos, permitidos b)Incentivar pesquisas regulares que possam identificar for-
ou autorizados. (Redação dada pelo decreto nº 7.177, de 2010) mas, circunstâncias e características de violações dos Direitos Hu-
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Espe- manos na mídia.
cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Espe-
da Justiça; Ministério da Cultura cial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b)Promover diálogo com o Ministério Público para proposição c)Incentivar a produção de filmes, vídeos, áudios e similares,
de ações objetivando a suspensão de programação e publicidade voltada para a educação em Direitos Humanos e que reconstrua a
atentatórias aos Direitos Humanos. história recente do autoritarismo no Brasil, bem como as iniciativas
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- populares de organização e de resistência.
reitos Humanos da Presidência da República Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Espe-
cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério
c)Suspender patrocínio e publicidade oficial em meios que vei-
da Cultura; Ministério da Justiça
culam programações atentatórias aos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Espe-
Eixo Orientador VI:
cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério
da Justiça
Direito à Memória e à Verdade
A investigação do passado é fundamental para a construção da
d)(Revogado pelo decreto nº 7.177, de 2010)
cidadania. Estudar o passado, resgatar sua verdade e trazer à tona
Responsáveis: (Revogado pelo decreto nº 7.177, de 2010)
seus acontecimentos caracterizam forma de transmissão de expe-
e)Desenvolver programas de formação nos meios de comuni- riência histórica, que é essencial para a constituição da memória
cação públicos como instrumento de informação e transparência individual e coletiva.
das políticas públicas, de inclusão digital e de acessibilidade. O Brasil ainda processa com dificuldades o resgate da memória
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Espe- e da verdade sobre o que ocorreu com as vítimas atingidas pela
cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério repressão política durante o regime de 1964. A impossibilidade de
da Cultura; Ministério da Justiça acesso a todas as informações oficiais impede que familiares de
mortos e desaparecidos possam conhecer os fatos relacionados aos
f)Avançar na regularização das rádios comunitárias e promover crimes praticados e não permite à sociedade elaborar seus próprios
incentivos para que se afirmem como instrumentos permanentes conceitos sobre aquele período.
de diálogo com as comunidades locais. A história que não é transmitida de geração a geração torna-se
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Espe- esquecida e silenciada. O silêncio e o esquecimento das barbáries
cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério geram graves lacunas na experiência coletiva de construção da iden-
da Cultura; Ministério da Justiça tidade nacional. Resgatando a memória e a verdade, o País adquire
consciência superior sobre sua própria identidade, a democracia se
g)Promover a eliminação das barreiras que impedem o aces- fortalece. As tentações totalitárias são neutralizadas e crescem as
so de pessoas com deficiência sensorial à programação em todos possibilidades de erradicação definitiva de alguns resquícios daque-
os meios de comunicação e informação, em conformidade com o le período sombrio, como a tortura, por exemplo, ainda persistente
Decreto no 5.296/2004, bem como acesso a novos sistemas e tec- no cotidiano brasileiro.
nologias, incluindo Internet. O trabalho de reconstituir a memória exige revisitar o passado
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Espe- e compartilhar experiências de dor, violência e mortes. Somente
cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério depois de lembrá-las e fazer seu luto, será possível superar o trau-
da Justiça ma histórico e seguir adiante. A vivência do sofrimento e das perdas
não pode ser reduzida a conflito privado e subjetivo, uma vez que se
inscreveu num contexto social, e não individual.
A compreensão do passado por intermédio da narrativa da he-
rança histórica e pelo reconhecimento oficial dos acontecimentos
possibilita aos cidadãos construírem os valores que indicarão sua

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

atuação no presente. O acesso a todos os arquivos e documentos Horizonte, o Ministro de Estado da Justiça realizou audiência pú-
produzidos durante o regime militar é fundamental no âmbito das blica de apresentação do projeto Memorial da Anistia Política do
políticas de proteção dos Direitos Humanos. Brasil, envolvendo a remodelação e construção de novo edifício
Desde os anos 1990, a persistência de familiares de mortos e junto ao antigo “Coleginho” da Universidade Federal de Minas Ge-
desaparecidos vem obtendo vitórias significativas nessa luta, com rais (UFMG), onde estará disponível para pesquisas todo o acervo
abertura de importantes arquivos estaduais sobre a repressão po- da Comissão de Anistia.
lítica do regime ditatorial. Em dezembro de 1995, coroando difícil No âmbito da sociedade civil, foram levadas ao Poder Judiciário
e delicado processo de discussão entre esses familiares, o Minis- importantes ações que provocaram debate sobre a interpretação
tério da Justiça e o Poder Legislativo Federal, foi aprovada a Lei no das leis e a apuração de responsabilidades. Em 1982, um grupo de
9.140/95, que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro familiares entrou com ação na Justiça Federal para a abertura de
pela morte de opositores ao regime de 1964. arquivos e localização dos restos mortais dos mortos e desapareci-
Essa Lei instituiu Comissão Especial com poderes para deferir dos políticos no episódio conhecido como “Guerrilha do Araguaia”.
pedidos de indenização das famílias de uma lista inicial de 136 pes- Em 2003, foi proferida sentença condenando a União, que recorreu
soas e julgar outros casos apresentados para seu exame. No art. 4o, e, posteriormente, criou Comissão Interministerial pelo Decreto no
inciso II, a Lei conferiu à Comissão Especial também a incumbência 4.850, de 2 de outubro de 2003, com a finalidade de obter informa-
de envidar esforços para a localização dos corpos de pessoas desa- ções que levassem à localização dos restos mortais de participantes
parecidas no caso de existência de indícios quanto ao local em que da “Guerrilha do Araguaia”. Os trabalhos da Comissão Interminis-
possam estar depositados. terial encerraram-se em março de 2007, com a divulgação de seu
Em 24 de agosto de 2001, foi criada, pela Medida Provisória no relatório final.
2151-3, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Esse marco Em agosto de 1995, o Centro de Estudos para a Justiça e o Direi-
legal foi reeditado pela Medida Provisória no 65, de 28 de agosto de to Internacional (CEJIL) e a Human Rights Watch/América (HRWA),
2002, e finalmente convertido na Lei no 10.559, de 13 de novembro em nome de um grupo de familiares, apresentaram petição à Co-
de 2002. Essa norma regulamentou o art. 8o do Ato das Disposições missão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), denunciando
Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição de 1988, que o desaparecimento de integrantes da “Guerrilha do Araguaia”. Em
previa a concessão de anistia aos que foram perseguidos em decor- 31 de outubro de 2008, a CIDH expediu o Relatório de Mérito no
rência de sua oposição política. Em dezembro de 2005, o Governo 91/08, onde fez recomendações ao Estado brasileiro. Em 26 de
Federal determinou que os três arquivos da Agência Brasileira de março de 2009, a CIDH submeteu o caso à Corte Interamericana
Inteligência (ABIN) fossem entregues ao Arquivo Nacional, subordi- de Direitos Humanos, requerendo declaração de responsabilidade
nado à Casa Civil, onde passaram a ser organizados e digitalizados. do Estado brasileiro sobre violações de direitos humanos ocorridas
Em agosto de 2007, em ato oficial coordenado pelo Presidente durante as operações de repressão àquele movimento.
Em 2005 e 2008, duas famílias iniciaram, na Justiça Civil, ações
da República, foi lançado, pela Secretaria Especial dos Direitos Hu-
declaratórias para o reconhecimento das torturas sofridas por seus
manos da Presidência da República e pela Comissão Especial sobre
membros, indicando o responsável pelas sevícias. Ainda em 2008,
Mortos e Desaparecidos Políticos, o livro-relatório “Direito à Me-
o Ministério Público Federal em São Paulo propôs Ação Civil Pública
mória e à Verdade”, registrando os onze anos de trabalho daquela
contra dois oficiais do exército acusados de determinarem prisão
Comissão e resumindo a história das vítimas da ditadura no Brasil.
ilegal, tortura, homicídio e desaparecimento forçado de dezenas de
A trajetória de estudantes, profissionais liberais, trabalhadores
cidadãos.
e camponeses que se engajaram no combate ao regime militar apa-
Tramita também, no âmbito do Supremo Tribunal Federal,
rece como documento oficial do Estado brasileiro. O Ministério da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, proposta
Educação e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos formularam pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que so-
parceria para criar portal que incluirá o livro-relatório, ampliado licita a mais alta corte brasileira posicionamento formal para saber
com abordagem que apresenta o ambiente político, econômico, se, em 1979, houve ou não anistia dos agentes públicos responsá-
social e principalmente os aspectos culturais do período. Serão dis- veis pela prática de tortura, homicídio, desaparecimento forçado,
tribuídas milhares de cópias desse material em mídia digital para abuso de autoridade, lesões corporais e estupro contra opositores
estudantes de todo o País. políticos, considerando, sobretudo, os compromissos internacio-
Em julho de 2008, o Ministério da Justiça e a Comissão de Anis- nais assumidos pelo Brasil e a insuscetibilidade de graça ou anistia
tia promoveram audiência pública sobre “Limites e Possibilidades do crime de tortura.
para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores de Direi- Em abril de 2009, o Ministério da Defesa, no contexto da deci-
tos Humanos durante o Estado de Exceção no Brasil”, que discutiu são transitada em julgado da referida ação judicial de 1982, criou
a interpretação da Lei de Anistia de 1979 no que se refere à contro- Grupo de Trabalho para realizar buscas de restos mortais na região
vérsia jurídica e política, envolvendo a prescrição ou imprescritibili- do Araguaia, sendo que, por ordem expressa do Presidente da Re-
dade dos crimes de tortura. pública, foi instituído Comitê Interinstitucional de Supervisão, com
A Comissão de Anistia já realizou setecentas sessões de julga- representação dos familiares de mortos e desaparecidos políticos,
mento e promoveu, desde 2008, trinta caravanas, possibilitando para o acompanhamento e orientação dos trabalhos. Após três me-
a participação da sociedade nas discussões, e contribuindo para a ses de buscas intensas, sem que tenham sido encontrados restos
divulgação do tema no País. Até 1o de novembro de 2009, já ha- mortais, os trabalhos foram temporariamente suspensos devido às
viam sido apreciados por essa Comissão mais de cinquenta e dois chuvas na região, prevendo-se sua retomada ao final do primeiro
mil pedidos de concessão de anistia, dos quais quase trinta e cinco trimestre de 2010.
mil foram deferidos e cerca de dezessete mil, indeferidos. Outros Em maio de 2009, o Presidente da República coordenou o ato
doze mil pedidos aguardavam julgamento, sendo possível, ainda, de lançamento do projeto Memórias Reveladas, sob responsabili-
a apresentação de novas solicitações. Em julho de 2009, em Belo dade da Casa Civil, que interliga digitalmente o acervo recolhido ao

60
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Arquivo Nacional após dezembro de 2005, com vários outros arqui- são Nacional da Verdade, composta de forma plural e suprapartidá-
vos federais sobre a repressão política e com arquivos estaduais de ria, com mandato e prazo definidos, para examinar as violações de
quinze unidades da federação, superando cinco milhões de páginas Direitos Humanos praticadas no contexto da repressão política no
de documentos (www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br). período mencionado, observado o seguinte:
Cabe, agora, completar esse processo mediante recolhimento • O grupo de trabalho será formado por representantes da
ao Arquivo Nacional de todo e qualquer documento indevidamente Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá, do Minis-
retido ou ocultado, nos termos da Portaria Interministerial assinada tério da Justiça, do Ministério da Defesa, da Secretaria Especial dos
na mesma data daquele lançamento. Cabe também sensibilizar o Direitos Humanos da Presidência da República, do presidente da
Legislativo pela aprovação do Projeto de Lei no 5.228/2009, assina- Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, criada
do pelo Presidente da República, que introduz avanços democrati- pela Lei no 9.140/95 e de representante da sociedade civil, indicado
zantes nas normas reguladoras do direito de acesso à informação. por esta Comissão Especial;
Iimportância superior nesse resgate da história nacional está • Com o objetivo de promover o maior intercâmbio de informa-
no imperativo de localizar os restos mortais de pelo menos cento ções e a proteção mais eficiente dos Direitos Humanos, a Comissão
e quarenta brasileiros e brasileiras que foram mortos pelo apare- Nacional da Verdade estabelecerá coordenação com as atividades
lho de repressão do regime ditatorial. A partir de junho de 2009, desenvolvidas pelos seguintes órgãos:
a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República • Arquivo Nacional, vinculado à Casa Civil da Presidência da
planejou, concebeu e veiculou abrangente campanha publicitária República;
de televisão, internet, rádio, jornais e revistas de todo o Brasil bus- • Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério da Justiça;
cando sensibilizar os cidadãos sobre essa questão. As mensagens • Comissão Especial criada pela Lei no 9.140/95, vinculada à
solicitavam que informações sobre a localização de restos mortais Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú-
ou sobre qualquer documento e arquivos envolvendo assuntos da blica;
repressão política entre 1964 e 1985 sejam encaminhados ao Me- • Comitê Interinstitucional de Supervisão instituído pelo Decre-
mórias Reveladas. Seu propósito é assegurar às famílias o exercício to Presidencial de 17 de julho de 2009;
do direito sagrado de prantear seus entes queridos e promover os • Grupo de Trabalho instituído pela Portaria no 567/MD, de 29
ritos funerais, sem os quais desaparece a certeza da morte e se per- de abril de 2009, do Ministro de Estado da Defesa;
petua angústia que equivale a nova forma de tortura. • No exercício de suas atribuições, a Comissão Nacional da Ver-
As violações sistemáticas dos Direitos Humanos pelo Estado dade poderá realizar as seguintes atividades:
durante o regime ditatorial são desconhecidas pela maioria da po- • requisitar documentos públicos, com a colaboração das res-
pulação, em especial pelos jovens. A radiografia dos atingidos pela pectivas autoridades, bem como requerer ao Judiciário o acesso a
repressão política ainda está longe de ser concluída, mas calcula-se documentos privados;
que pelo menos cinquenta mil pessoas foram presas somente nos • colaborar com todas as instâncias do Poder Público para a
primeiros meses de 1964; cerca de vinte mil brasileiros foram sub- apuração de violações de Direitos Humanos, observadas as disposi-
metidos a torturas e cerca de quatrocentos cidadãos foram mortos ções da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979;
ou estão desaparecidos. Ocorreram milhares de prisões políticas • promover, com base em seus informes, a reconstrução da
não registradas, cento e trinta banimentos, quatro mil, oitocentos e história dos casos de violação de Direitos Humanos, bem como a
sessenta e duas cassações de mandatos políticos, uma cifra incalcu- assistência às vítimas de tais violações;
lável de exílios e refugiados políticos. • promover, com base no acesso às informações, os meios e
As ações programáticas deste eixo orientador têm como fina- recursos necessários para a localização e identificação de corpos e
lidade assegurar o processamento democrático e republicano de restos mortais de desaparecidos políticos;
todo esse período da história brasileira, para que se viabilize o dese- • identificar e tornar públicas as estruturas utilizadas para a
jável sentimento de reconciliação nacional. E para se construir con- prática de violações de Direitos Humanos, suas ramificações nos
senso amplo no sentido de que as violações sistemáticas de Direitos diversos aparelhos do Estado e em outras instâncias da sociedade;
Humanos registradas entre 1964 e 1985, bem como no período do • registrar e divulgar seus procedimentos oficiais, a fim de ga-
Estado Novo, não voltem a ocorrer em nosso País, nunca mais. rantir o esclarecimento circunstanciado de torturas, mortes e de-
saparecimentos, devendo-se discriminá-los e encaminhá-los aos
Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como órgãos competentes;
Direito Humano da cidadania e dever do Estado. • apresentar recomendações para promover a efetiva reconci-
liação nacional e prevenir no sentido da não repetição de violações
Objetivo Estratégico I: de Direitos Humanos.
Promover a apuração e o esclarecimento público das viola- • A Comissão Nacional da Verdade deverá apresentar, anual-
ções de Direitos Humanos praticadas no contexto da repressão mente, relatório circunstanciado que exponha as atividades realiza-
política ocorrida no Brasil no período fixado pelo art. 8o do ADCT das e as respectivas conclusões, com base em informações colhidas
da Constituição, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade ou recebidas em decorrência do exercício de suas atribuições.
histórica e promover a reconciliação nacional.
Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção
Ação Programática: pública da verdade.
a)Designar grupo de trabalho composto por representantes da
Casa Civil, do Ministério da Justiça, do Ministério da Defesa e da Se- Objetivo Estratégico I:
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Incentivar iniciativas de preservação da memória histórica e
para elaborar, até abril de 2010, projeto de lei que institua Comis- de construção pública da verdade sobre períodos autoritários.

61
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Ações programáticas: Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com pro-


a)Disponibilizar linhas de financiamento para a criação de cen- moção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a demo-
tros de memória sobre a repressão política, em todos os Estados, cracia.
com projetos de valorização da história cultural e de socialização do
conhecimento por diversos meios de difusão. Objetivo Estratégico I:
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Suprimir do ordenamento jurídico brasileiro eventuais nor-
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério da Cul- mas remanescentes de períodos de exceção que afrontem os
tura; Ministério da Educação compromissos internacionais e os preceitos constitucionais sobre
Direitos Humanos.
b)Criar comissão específica, em conjunto com departamen-
tos de História e centros de pesquisa, para reconstituir a história Ações Programáticas:
da repressão ilegal relacionada ao Estado Novo (1937-1945). Essa a)Criar grupo de trabalho para acompanhar, discutir e articular,
comissão deverá publicar relatório contendo os documentos que com o Congresso Nacional, iniciativas de legislação propondo:
fundamentaram essa repressão, a descrição do funcionamento da • revogação de leis remanescentes do período 1964-1985 que
justiça de exceção, os responsáveis diretos no governo ditatorial, sejam contrárias à garantia dos Direitos Humanos ou tenham dado
registros das violações, bem como dos autores e das vítimas. sustentação a graves violações;
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da • revisão de propostas legislativas envolvendo retrocessos na
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da garantia dos Direitos Humanos em geral e no direito à memória e
Justiça; Ministério da Cultura à verdade.

c) Identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as insti- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tuições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de di- Presidência da República; Ministério da Justiça; Secretaria de Rela-
reitos humanos, suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos ções Institucionais da Presidência da República
estatais e na sociedade, bem como promover, com base no acesso
às informações, os meios e recursos necessários para a localização e b)Propor e articular o reconhecimento do status constitucional
identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos. de instrumentos internacionais de Direitos Humanos novos ou já
(Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010) existentes ainda não ratificados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Casa Civil da Presidência da República; Presidência da República; Ministério da Justiça; Secretaria de Re-
Ministério da Justiça; Secretaria de Relações Institucionais da Presi- lações Institucionais da Presidência da República; Ministério das
dência da República Relações Exteriores

d)Criar e manter museus, memoriais e centros de documenta- c) Fomentar debates e divulgar informações no sentido de que
ção sobre a resistência à ditadura. logradouros, atos e próprios nacionais ou prédios públicos não re-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da cebam nomes de pessoas identificadas reconhecidamente como
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério da Cultu- torturadores. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
ra; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República; Casa Civil da Presi-
e)Apoiar técnica e financeiramente a criação de observatórios dência da República; Secretaria de Relações Institucionais da Presi-
do Direito à Memória e à Verdade nas universidades e em organiza- dência da República
ções da sociedade civil.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da d) Acompanhar e monitorar a tramitação judicial dos processos
Presidência da República; Ministério da Educação de responsabilização civil sobre casos que envolvam graves viola-
ções de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8º do
f) Desenvolver programas e ações educativas, inclusive a pro- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de
dução de material didático-pedagógico para ser utilizado pelos 1988. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
sistemas de educação básica e superior sobre graves violações de Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
direitos humanos ocorridas no período fixado no art. 8º do Ato das Presidência da República; Ministério da Justiça
Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988.
(Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
Justiça; Ministério da Cultura; Ministério de Ciência e Tecnologia

62
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

estereótipos de gênero e, em casos mais extremos, violência de gê-


COMBATE ÀS DISCRIMINAÇÕES, DESIGUALDADES E nero. O combate a essa forma de discriminação requer uma abor-
INJUSTIÇAS: DE RENDA, REGIONAL, RACIAL, ETÁRIA E DE dagem holística que inclua a promoção da igualdade de gênero em
GÊNERO todos os níveis da educação, políticas de equidade salarial, legis-
lação rigorosa contra a violência de gênero e a criação de espaços
O combate às discriminações, desigualdades e injustiças de seguros e inclusivos para todas as identidades de gênero.
renda, regionais, raciais, etárias e de gênero é um desafio global Uma estratégia fundamental nessa luta é a educação. A educa-
que requer uma abordagem multifacetada e comprometimento ção desempenha um papel crucial na mudança de atitudes e pre-
contínuo de todos os setores da sociedade. Esta luta não é apenas conceitos de longa data. Ensinar desde cedo sobre igualdade de gê-
uma questão de justiça social, mas também um imperativo para o nero, respeito pelas diferenças e a importância da diversidade pode
desenvolvimento sustentável e a coesão social. moldar uma geração mais justa e igualitária. Além disso, a inclusão
de mulheres e indivíduos de gêneros não-binários em posições de
Discriminação e Desigualdade de Renda tomada de decisão garante que diversas perspectivas sejam consi-
A disparidade de renda é uma das formas mais visíveis e persis- deradas nas políticas e práticas institucionais.
tentes de desigualdade. Ela se manifesta através da concentração Outro aspecto importante é a legislação. Leis que protegem
de riqueza nas mãos de poucos, enquanto uma grande parcela da contra a discriminação de gênero, assédio e violência são essenciais.
população luta para atender às necessidades básicas. Esse fenôme- No entanto, estas leis precisam ser adequadamente implementa-
no tem raízes profundas em sistemas econômicos que favorecem das e reforçadas. A criação de mecanismos de denúncia acessíveis
os já privilegiados, perpetuando ciclos de pobreza e privação. Para e processos judiciais justos e sensíveis ao gênero são fundamentais
combatê-lo, é essencial implementar políticas econômicas inclusi- para garantir que essas leis não sejam apenas simbólicas, mas efe-
vas, promover a educação financeira, garantir salários justos e in- tivamente protejam os indivíduos contra a discriminação e a vio-
centivar modelos de negócios que distribuam mais equitativamente lência.
os lucros. Além disso, é vital promover a equidade econômica entre os
gêneros. Isso inclui abordar a diferença salarial de gênero e criar
Desigualdades Regionais oportunidades iguais de emprego e progressão na carreira para to-
As desigualdades regionais refletem disparidades no desenvol- dos, independentemente do gênero. Políticas de licença parental
vimento, acesso a serviços e oportunidades entre diferentes áreas igualitária e o fornecimento de serviços de cuidados infantis aces-
geográficas. Áreas rurais, por exemplo, frequentemente enfrentam síveis também são cruciais para permitir que homens e mulheres
falta de acesso a serviços de saúde, educação e infraestrutura bá- compartilhem responsabilidades familiares de maneira igualitária.
sica, comparadas às regiões urbanas. Uma abordagem eficaz para Por fim, a participação e o engajamento da comunidade são
reduzir essas desigualdades inclui investimentos direcionados em essenciais para impulsionar a mudança. O apoio a organizações e
infraestrutura, políticas de descentralização de serviços e incentivos movimentos que lutam pela igualdade de gênero, a participação em
para negócios que promovam o desenvolvimento local. campanhas de conscientização e a promoção de diálogos abertos
sobre questões de gênero podem criar um impacto significativo.
Discriminação Racial Além disso, é importante que cada indivíduo reflita sobre suas pró-
A discriminação racial é um legado histórico que continua a prias atitudes e comportamentos e se esforce para ser um aliado
afetar milhões de pessoas ao redor do mundo. Ela se manifesta em ativo na luta contra a discriminação de gênero.
diferentes formas, incluindo preconceitos implícitos, racismo ins- O combate às discriminações e desigualdades de renda, regio-
titucional e violência. O combate a essa discriminação exige uma nais, raciais, etárias e de gênero é um esforço contínuo que requer
mudança cultural profunda, que pode ser alcançada através da edu- uma abordagem holística. Políticas inclusivas, educação, legislação
cação, legislação anti-discriminatória e políticas de ação afirmativa. apropriada, e a participação ativa da sociedade são fundamentais
Além disso, é crucial reconhecer e valorizar a diversidade cultural, para alcançar uma sociedade mais justa e igualitária. Cada passo
promovendo uma sociedade mais inclusiva e empática. dado nesta direção não apenas melhora a vida dos indivíduos afeta-
dos, mas também fortalece o tecido social como um todo, criando
Desigualdades Etárias um mundo onde todos têm a oportunidade de prosperar e contri-
Desigualdades etárias se referem às diferentes formas como buir plenamente.
jovens e idosos são tratados e percebidos na sociedade. Enquanto
os jovens podem enfrentar estereótipos e falta de oportunidades,
os idosos muitas vezes lidam com isolamento, discriminação e fal- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, MEIO AMBIENTE E
ta de acesso a cuidados adequados. Para enfrentar estas questões, MUDANÇA CLIMÁTICA
políticas de inclusão etária, programas de mentoria intergeracionais
e a garantia de direitos e serviços adequados para todas as faixas
etárias são fundamentais. O desenvolvimento sustentável, o meio ambiente e a mudança
climática estão intrinsecamente ligados em um desafio global que
Discriminação de Gênero exige atenção imediata e ação coordenada. O desenvolvimento sus-
A discriminação de gênero é uma das formas mais profunda- tentável busca atender às necessidades das gerações atuais sem
mente enraizadas de desigualdade, afetando pessoas de todos os comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas
gêneros em diversos aspectos da vida. Ela se manifesta através de próprias necessidades. Isso implica equilibrar o crescimento econô-
diferenças salariais, sub-representação em posições de liderança, mico com a conservação ambiental e a justiça social.

63
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

Desenvolvimento Sustentável
QUESTÕES
O desenvolvimento sustentável aborda a interconexão entre
três pilares fundamentais: econômico, social e ambiental. No con-
texto econômico, significa adotar práticas que promovam a prospe- 1. Qual foi um dos principais impactos da Constituição Federal
ridade sem esgotar recursos finitos. Socialmente, envolve garantir de 1988 no sistema político brasileiro?
que todos tenham acesso a oportunidades, serviços e qualidade de (A) Aumento da centralização do poder no governo federal.
vida adequados. E ambientalmente, implica a preservação e a res- (B) Estabelecimento de um sistema de governo democrático e
tauração dos ecossistemas naturais que sustentam a vida na Terra. reforço das instituições democráticas.
Isso requer uma transição para uma economia mais verde, (C) Redução da participação cidadã na política.
onde a eficiência no uso de recursos, a produção de energia limpa e (D) Limitação das funções do Poder Judiciário.
a redução das emissões de carbono sejam prioridades. Além disso,
o desenvolvimento sustentável exige a promoção da justiça social, 2. Como a Constituição Federal de 1988 abordou a questão da
garantindo que os benefícios sejam distribuídos de forma equitati- participação cidadã na democracia brasileira?
va, incluindo a erradicação da pobreza e a redução das desigualda- (A) Restringindo o direito ao voto apenas a determinadas clas-
des. ses sociais.
(B) Enfatizando apenas a participação em eleições periódicas.
Meio Ambiente (C) Promovendo a participação direta em plebiscitos e referen-
O meio ambiente é o nosso lar comum, e sua saúde é crucial dos e o engajamento em audiências públicas.
para a sobrevivência de todas as formas de vida. A degradação am- (D) Proibindo a formação de organizações civis e grupos de interesse.
biental, a perda de biodiversidade, a poluição e o esgotamento de
recursos naturais representam ameaças significativas. Para preser- 3. Qual é o objetivo principal da divisão de poderes em um Es-
var o meio ambiente, é necessário adotar práticas sustentáveis em tado democrático, conforme proposto por Montesquieu e adotado
todos os setores, desde a agricultura até a indústria, e promover na Constituição Federal do Brasil?
a conservação de ecossistemas críticos, como florestas, oceanos e (A) Centralizar o poder legislativo para eficiência na criação de leis.
rios. (B) Prevenir a concentração de poder nas mãos de uma única
Além disso, a gestão responsável dos resíduos e a redução do entidade ou grupo, evitando a tirania.
uso de plásticos descartáveis são medidas importantes para com- (C) Facilitar a administração governamental delegando funções
bater a poluição e proteger os ecossistemas aquáticos e terrestres. específicas.
(D) Estabelecer o predomínio do Poder Judiciário sobre os de-
Mudança Climática mais poderes.
A mudança climática é um dos maiores desafios enfrentados
pela humanidade. A emissão excessiva de gases de efeito estufa, 4. No contexto do sistema de freios e contrapesos na divisão
principalmente provenientes da queima de combustíveis fósseis, de poderes, qual das seguintes afirmações descreve corretamente
tem causado o aumento da temperatura global, resultando em uma das funções do Poder Judiciário no Brasil?
eventos climáticos extremos, derretimento de geleiras e elevação (A) O Poder Judiciário pode vetar leis aprovadas pelo Poder Le-
do nível do mar. Para enfrentar a mudança climática, é imperativo gislativo.
reduzir as emissões de carbono e adaptar-se aos impactos já em (B) O Poder Judiciário tem a capacidade de declarar a inconsti-
curso. tucionalidade de leis ou atos do Executivo.
A transição para fontes de energia limpa, como a solar e a eóli- (C) O Poder Judiciário é responsável por promulgar e executar as leis.
ca, é fundamental para reduzir as emissões de carbono. Além disso, (D) O Poder Judiciário pode propor emendas à Constituição Federal.
a conservação de florestas e a restauração de ecossistemas desem-
penham um papel vital na absorção de carbono atmosférico. 5. Qual é um dos principais desafios enfrentados pelo sistema
O desenvolvimento sustentável, a preservação do meio am- presidencialista brasileiro?
biente e o combate à mudança climática são desafios complexos (A) Dificuldades em formar coalizões governamentais devido à
que exigem ação global e compromisso de todos os setores da so- fragmentação do Congresso.
ciedade. Essa é uma responsabilidade compartilhada para garan- (B) Centralização excessiva do poder legislativo.
tir um futuro sustentável e saudável para as gerações presentes e (C) Eliminação da separação entre os poderes Executivo e Le-
futuras. É necessário que governos, empresas e indivíduos atuem gislativo.
de forma coletiva e imediatamente para enfrentar esses desafios (D) Independência total do Poder Judiciário em relação às de-
cruciais. cisões presidenciais.

6. No sistema presidencialista brasileiro, como é caracterizada


a relação entre o presidente e o Congresso Nacional?
(A) O Congresso Nacional tem o poder de nomear o Presidente.
(B) O Presidente pode dissolver o Congresso Nacional a qual-
quer momento.
(C) O Presidente necessita negociar com o Congresso para for-
mar coalizões e garantir apoio legislativo.
(D) O Congresso Nacional atua de forma totalmente indepen-
dente, sem interação com o Presidente.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

7. Qual é o papel da memória no contexto da efetivação dos 13. O que significa o conceito de desenvolvimento sustentável
direitos humanos em sociedades pós-autoritárias? e quais são seus três pilares fundamentais?
(A) Promover o esquecimento coletivo das violações para ace- (A) Desenvolvimento sustentável refere-se apenas à preserva-
lerar a reconciliação nacional. ção ambiental.
(B) Conscientizar a sociedade sobre os perigos do autoritarismo (B) Desenvolvimento sustentável é um termo usado exclusiva-
e prevenir a repetição de abusos. mente no contexto econômico.
(C) Justificar as ações tomadas pelos regimes autoritários. (C) Desenvolvimento sustentável busca equilibrar os pilares
(D) Focar exclusivamente no futuro, ignorando as injustiças do econômico, social e ambiental.
passado. (D) Desenvolvimento sustentável concentra-se apenas na erra-
dicação da pobreza.
8. No processo de reparação de direitos humanos após um regi-
me autoritário, qual das seguintes medidas é geralmente adotada? 14. Por que a gestão responsável de resíduos e a redução do
(A) Indenização financeira e exoneração dos perpetradores de uso de plásticos descartáveis são medidas importantes para prote-
violações de direitos humanos. ger o meio ambiente?
(B) Responsabilização dos perpetradores e compensação para (A) Para promover a conveniência no descarte de resíduos.
as vítimas. (B) Para combater a poluição e proteger ecossistemas aquáti-
(C) Promoção exclusiva de compensações financeiras, sem in- cos e terrestres.
vestigação das violações. (C) Para aumentar a produção de plásticos descartáveis.
(D) Anistia geral para todos os envolvidos em abusos, sem qual- (D) Para aumentar a demanda por recursos naturais.
quer forma de compensação às vítimas.
15. O que causa a mudança climática e quais são algumas das
9. Qual é um dos principais desafios no processo de lidar com o medidas mencionadas no texto para enfrentá-la?
legado da violência de Estado em regimes autoritários? (A) A mudança climática é causada pelo aumento da produção
(A) Reconstruir a confiança nas instituições e lidar com o trau- agrícola, e a principal medida é a urbanização.
ma coletivo e divisões sociais. (B) A mudança climática é causada pela expansão da indústria
(B) Eliminar completamente todas as formas de governo auto- de alimentos, e a principal medida é o desmatamento.
ritário futuras. (C) A mudança climática é causada pela emissão excessiva de
(C) Estabelecer um novo regime autoritário que seja mais be- gases de efeito estufa, e medidas incluem a transição para fon-
nevolente. tes de energia limpa e a conservação de florestas.
(D) Ignorar completamente o passado para evitar conflitos na (D) A mudança climática é causada pela pesca excessiva, e me-
sociedade. didas incluem a redução do consumo de frutos do mar.
10. Qual das seguintes é uma abordagem eficaz para combater
as desigualdades regionais, conforme mencionado no texto?
(A) Redução do investimento em infraestrutura em áreas ur- GABARITO
banas.
(B) Incentivos para negócios que promovam o desenvolvimen-
to local. 1 B
(C) Centralização de serviços públicos em grandes cidades. 2 C
(D) Ignorar as disparidades de desenvolvimento entre áreas ru-
rais e urbanas. 3 B
4 B
11. De acordo com o texto, qual é um dos principais meios para
combater a discriminação racial? 5 A
(A) Aumento de barreiras comerciais entre países. 6 C
(B) Redução de investimentos em educação multicultural.
(C) Implementação de legislação anti-discriminatória e políticas 7 B
de ação afirmativa. 8 B
(D) Promoção de políticas de isolamento cultural.
9 A
12. No contexto da luta contra a discriminação de gênero, qual 10 B
a importância da educação, conforme discutido no texto? 11 C
(A) A educação é irrelevante para a questão da igualdade de
gênero. 12 B
(B) Educação sobre igualdade de gênero desde cedo pode mol- 13 C
dar uma geração mais justa e igualitária.
(C) Educação formal deve ser evitada para promover a igualda- 14 B
de de gênero. 15 C
(D) Educação em igualdade de gênero deve ser restrita ao en-
sino superior.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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ÉTICA E INTEGRIDADE

A Constituição Federal também estabelece que o servidor pú-


PRINCÍPIOS E VALORES ÉTICOS DO SERVIÇO PÚBLICO, blico deve dedicar-se integralmente ao serviço, não se envolver em
SEUS DIREITOS E DEVERES À LUZ DO ARTIGO 37 DA atividades político-partidárias e atuar com zelo e probidade.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, E DO CÓDIGO DE ÉTICA Os princípios e valores éticos do serviço público, conforme deli-
PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER neados pelo Artigo 37 da Constituição Federal de 1988, constituem
EXECUTIVO FEDERAL (DECRETO Nº 1.171/1994) a base para a construção de uma administração pública transpa-
rente, eficiente e responsável. O cumprimento desses princípios e
O serviço público desempenha um papel crucial na sociedade, valores é essencial para garantir que o serviço público atenda aos
proporcionando serviços essenciais, aplicando a lei e promovendo interesses da sociedade, promovendo o bem-estar e o desenvolvi-
o bem-estar geral. Para garantir que o serviço público seja eficiente, mento do país. É responsabilidade de todos os agentes públicos, em
transparente e justo, a Constituição Federal de 1988, no Artigo 37, todas as esferas de governo, agir de acordo com esses princípios e
estabelece princípios e valores éticos que devem orientar a atuação valores, contribuindo para uma gestão pública ética e eficaz.
dos agentes públicos. Este texto explorará os princípios, valores, di-
reitos e deveres no contexto do serviço público brasileiro, conforme Direitos e Deveres dos Servidores Públicos1
estabelecido pelo Artigo 37 da Constituição. Os direitos do servidor público estão consagrados, em grande
parte, na Constituição Federal (arts. 37 a 41); não há impedimento,
Princípios do Serviço Público contudo, para que outros direitos sejam outorgados pelas Consti-
O Artigo 37 da Constituição Federal de 1988 estabelece diver- tuições Estaduais ou mesmo nas leis ordinárias dos Estados e Mu-
sos princípios fundamentais que devem nortear a atuação dos ser- nicípios.
vidores públicos. Alguns desses princípios incluem: Os direitos e deveres do servidor público estatutário constam
• Legalidade: Os agentes públicos devem atuar de acordo com do Estatuto do Servidor que cada unidade da Federação tem com-
a lei, respeitando os limites e competências definidos por ela. petência para estabelecer, ou da CLT, se o regime celetista for o es-
• Impessoalidade: A atuação do servidor público deve ser neu- colhido para reger as relações de emprego. Em qualquer hipótese,
tra, sem discriminação ou favorecimento pessoal. deverão ser observadas as normas da Constituição Federal.
• Moralidade: A administração pública deve pautar-se pela éti- Os estatutos promulgados antes da atual Constituição consig-
ca e probidade, buscando o bem comum. nam os direitos e deveres do funcionário. A Lei nº 8.112/90, tam-
• Publicidade: Os atos da administração pública devem ser bém estabelece em seus artigos os direitos e deveres dos servido-
transparentes, de forma a permitir o controle social. res públicos.
• Eficiência: O serviço público deve ser prestado com qualidade Dentre os direitos, incluem-se os concernentes a férias, licen-
e de forma eficiente, visando ao melhor atendimento das necessi- ças, vencimento ou remuneração e demais vantagens pecuniárias,
dades da sociedade. assistência, direito de petição, disponibilidade e aposentadoria, al-
guns deles já analisados no item concernente às normas constitu-
Valores Éticos no Serviço Público cionais.
Além dos princípios, o serviço público também é regido por va- Com relação à retribuição pecuniária (direito ao estipêndio), já
lores éticos fundamentais. Entre esses valores estão: foi visto que a Emenda Constitucional nº 19/98 introduziu, ao lado
• Integridade: A honestidade e a retidão moral são valores es- do regime de remuneração ou vencimento, o sistema de subsídio.
senciais para a atuação no serviço público. Para estes, o estipêndio compõe-se de uma parcela única, vedado
• Respeito: O respeito pelos direitos e dignidade das pessoas é acréscimo de vantagens outras de qualquer espécie. Para os servi-
fundamental para a construção de uma sociedade justa. dores em regime de remuneração, continuam a existir as vantagens
• Responsabilidade: A responsabilidade na gestão dos recur- pecuniárias acrescidas ao padrão fixado em lei.
sos públicos e no cumprimento das atribuições é crucial. A legislação ordinária emprega, com sentidos precisos, os vo-
• Accountability: A prestação de contas é um valor que assegu- cábulos vencimento e remuneração, usados indiferentemente na
ra a transparência e a responsabilização dos agentes públicos. Constituição. Na lei federal, vencimento é a retribuição pecuniária
pelo efetivo exercício do cargo, correspondente ao padrão fixado
Direitos e Deveres dos Servidores Públicos em lei (art. 40 da Lei nº 8.112/90) e remuneração é o vencimento e
Os servidores públicos têm direitos garantidos pela Constitui- mais as vantagens pecuniárias atribuídas em lei (art. 41). Provento
ção, como a estabilidade no emprego, remuneração digna e acesso é a retribuição pecuniária a que faz jus o aposentado. E pensão é o
à capacitação. No entanto, esses direitos estão intrinsecamente li- benefício pago aos dependentes do servidor falecido. O vencimen-
gados a deveres, como o cumprimento das obrigações funcionais, a to, o subsídio e a remuneração (inclusive as vantagens pecuniárias
atuação de acordo com os princípios éticos e a observância das leis de qualquer espécie), os proventos e a pensão são definidos em lei
e regulamentos. (arts. 37, X, 40, §3º, 61, §1º, a e d, da Constituição).
1 [ Pietro, Maria Sylvia Zanella D. Direito Administrativo. (36th edição). Grupo
GEN, 2023.]

67
ÉTICA E INTEGRIDADE

Com relação às vantagens pecuniárias, Hely Lopes Meirelles, tepios. Pela mesma razão, o artigo 100 da Constituição e o artigo 33
faz uma classificação que já se tornou clássica; para ele, “vantagens de suas disposições transitórias, ao excluírem os créditos de natu-
pecuniárias são acréscimos ao vencimento do servidor, concedidas reza alimentar do processo especial de execução contra a Fazenda
a título definitivo ou transitório, pela decorrência do tempo de ser- Pública, sempre foram interpretados de modo a incluir, na ressalva,
viço (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções especiais os vencimentos devidos aos servidores públicos. Esse entendimen-
(ex facto officii), ou em razão das condições anormais em que se to foi adotado, no Estado de São Paulo, pelo Decreto nº 29.463, de
realiza o serviço (propter laborem), ou, finalmente, em razão de 19-12-88, e pelo artigo 57, §3º, de sua Constituição. Agora, a matéria
condições pessoais do servidor (propter personam). As duas primei- constitui objeto de preceito constitucional contido no artigo 100, §1º-
ras espécies constituem os adicionais (adicionais de vencimento e A, da Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional
adicionais de função), as duas últimas formam a categoria das grati- nº 30/00; ficou expresso que “os débitos de natureza alimentícia com-
ficações de serviço e gratificações pessoais”. A Lei nº 8.112/90, em preendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos,
seu artigo 49, prevê as vantagens que podem ser pagas ao servidor, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indeni-
incluindo, além dos adicionais e gratificações, também as indeniza- zações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em
ções, que compreendem a ajuda de custo, as diárias, o transporte e virtude de sentença transitada em julgado”.
o auxílio-moradia (definidos nos artigos subsequentes). Ainda com relação aos direitos dos funcionários, é importan-
São exemplos de adicionais por tempo de serviço os acréscimos te lembrar que muitos deles correspondem a benefícios previstos
devidos por quinquênio e a sexta parte dos vencimentos, previstos para os integrantes da Previdência Social ou, mais amplamente, da
na Constituição paulista (art. 129). Eles aderem ao vencimento e Seguridade Social (que abrange previdência, saúde e assistência).
incluem-se nos cálculos dos proventos de aposentadoria. Com efeito, em relação aos servidores, o Poder Público pode
Os adicionais de função são pagos em decorrência da natureza determinar a sua inclusão na previdência social (ressalvados aque-
especial da função ou do regime especial de trabalho, como as van- les direitos, como aposentadoria e disponibilidade, que constituem
tagens de nível universitário e o adicional de dedicação exclusiva. encargos que a Constituição atribui ao Estado) ou assumi-los como
Em regra, também se incorporam aos vencimentos e aos proventos encargos próprios. A primeira opção normalmente é utilizada para
desde que atendidas as condições legais. os servidores contratados pela legislação trabalhista e, a segunda,
A gratificação de serviço é retribuição paga em decorrência das para os estatutários.
condições anormais em que o serviço é prestado. Como exemplo, Assim, examinando-se os Estatutos funcionais, normalmente,
podem ser citadas as gratificações de representação, de insalubri- encontram-se vantagens, como a licença para tratamento de saúde,
dade, de risco de vida e saúde. licença-gestante, licença ao funcionário acidentado ou acometido
As gratificações pessoais correspondem a acréscimos devidos de doença profissional e auxílio-funeral, entre outras. Na esfera fe-
deral, com a Lei nº 8.112/90, essas vantagens passaram a ter cará-
em razão de situações individuais do servidor, como o salário-espo-
ter previdenciário (art. 185).
sa e o salário-família.
Embora a classificação citada seja útil, até para fins didáticos,
Em regra, os mesmos direitos dos trabalhadores da esfera pri-
o critério distintivo – incorporação dos adicionais aos vencimentos
vada se aplicam aos servidores públicos, como:
e não incorporação das gratificações – nem sempre é o que decor-
– Garantia de salário nunca inferior ao mínimo, incluindo aque-
re da lei; esta é que define as condições em que cada vantagem
les que recebem remuneração variável;
é devida e calculada e estabelece as hipóteses de incorporação.
– Décimo terceiro salário;
É frequente a lei determinar que uma gratificação (por exemplo, – Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno;
a de risco de vida e saúde) se incorpore aos vencimentos depois – Remuneração das horas extras em no mínimo 50% a mais da
de determinado período de tempo. É evidente, contudo, que, no hora normal;
silêncio da lei, tem-se que entender que a gratificação de serviço – Salário família para os dependentes;
somente é devida enquanto perdurarem as condições especiais de – Jornada de trabalho não superior a 8 horas diária e 44 sema-
sua execução, não havendo infringência ao princípio constitucional nais + repouso semanal remunerado;
da irredutibilidade de vencimento na retirada da vantagem quando – Férias anuais remunerada com, pelo menos, um terço a mais
o servidor deixa de desempenhar a função que lhe conferiu o acrés- do que o salário normal;
cimo. As gratificações que não se incorporam não são incluídas nos – Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
vencimentos para fins de cálculo dos proventos de aposentadoria e com duração de 120 a 180 dias;
de pensão dos dependentes. – Licença paternidade, nos termos fixados em lei;
O princípio da irredutibilidade de vencimentos diz respeito – Proteção do mercado de trabalho da mulher;
ao padrão de cada cargo, emprego ou função e às vantagens pe- – Redução de riscos inerentes ao trabalho;
cuniárias já incorporadas; não abrange as vantagens transitórias, – Proibição de diferença de salários, idade, cor ou estado civil.
somente devidas em razão de trabalho que está sendo executado – No entanto, em todos esses direitos, é crucial verificar a lei
em condições especiais; cessado este, suspende-se o pagamento que se aplica a você, porque a lei é diferente para servidor federal,
do acréscimo, correspondente ao cargo, emprego ou função. estadual ou municipal.
Os vencimentos do servidor público (empregada a palavra em
sentido amplo, para abranger também as vantagens pecuniárias) Deveres dos Servidores Públicos
têm caráter alimentar e, por isso mesmo, não podem ser objeto Os deveres dos servidores públicos vêm normalmente previs-
de penhora, arresto ou sequestro, consoante artigos 649, IV, 821 e tos nas leis estatutárias, abrangendo, entre outros, os de assidui-
823 do CPC. Pelo artigo 833, IV, do novo CPC, são impenhoráveis os dade, pontualidade, discrição, urbanidade, obediência, lealdade. O
vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, descumprimento dos deveres enseja punição disciplinar.
os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os mon-

68
ÉTICA E INTEGRIDADE

Os deveres a serem abordados são: dever de agir, dever de f) Levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
eficiência, dever de probidade e dever de prestar contas. cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
O dever de agir se refere à obrigação do administrador públi- suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
co de se desincumbir no tempo próprio das atribuições inerentes a dade competente para apuração.
cargo, função ou emprego público de que é titular. Tais atribuições g) Zelar pela economia do material e a conservação do patri-
devem ser exercidas em sua plenitude e no momento legal. Sua mônio público.
omissão sujeita o agente público a punições de ordens administra- h) Guardar sigilo sobre assunto da repartição.
tiva e penal (concussão e prevaricação). i) Manter conduta compatível com a moralidade administrati-
O dever de eficiência traz como mandamento ao agente pú- va.
blico o rendimento em seu serviço, que deve ser demonstrado de j) Ser assíduo e pontual ao serviço.
maneira rápida e bem realizada. O serviço deve ser executado de k) Tratar com urbanidade as pessoas.
forma que atenda ao interesse coletivo, em tempo hábil, e sem dei- l) Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder:
xar de lado a qualidade. a representação será encaminhada pela via hierárquica e apreciada
O dever de probidade impõe ao agente público o desempenho pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegu-
de suas atribuições de forma que indique atitudes retas, leais, jus- rando-se ao representando ampla defesa.
tas e honestas, características próprias da integridade de caráter do
ser humano. O administrador deve buscar sempre o melhor para a Servidores Públicos
Administração Pública. É elemento essencial para legitimar os atos Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
do administrador público. O art. 37, §4o, da Constituição Federal à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
preceitua que os atos de improbidade administrativa importarão cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indispo- rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
nibilidade dos bens e ressarcimento ao erário na forma da lei. Distrito Federal ou aos Municípios.
O dever de prestar contas se refere à própria gestão de bens,
direitos e serviços alheios. Portanto, não foge ao administrador pú- As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
blico a responsabilidade de prestar contas de sua atuação na gestão
dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
do patrimônio público, não se restringindo apenas aos atos de na-
tureza econômico-financeira, mas também aos planos de governo.
SEÇÃO II
Os regimes jurídicos modernos impõem uma série de deveres aos
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
servidores públicos como requisitos para o bom desempenho de seus
encargos e regular funcionamento dos serviços públicos. A Lei de Im-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
probidade Administrativa, de natureza nacional, diz que constituem ato
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único
de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da ad-
ministração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de e planos de carreira para os servidores da administração pública
honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. (Lei direta, das autarquias e das fundações públicas.
8.429/92, art. 10 cap), as quais, para serem punidas, pressupõem que Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
o agente as pratique com a consciência da ilicitude, isto é, dolosamente. instituirão conselho de política de administração e remuneração de
O dever de lealdade exige do servidor maior dedicação ao ser- pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
viço e o integral respeito às leis e as instituições. deres.
O dever de obediência impõe ao servidor o acatamento às or- §1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
dens legais de seus superiores e sua fiel execução. componentes do sistema remuneratório observará:
Dever de conduta ética decorre do princípio constitucional da I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
moralidade administrativa e impõem ao servidor de jamais despre- cargos componentes de cada carreira;
zar o elemento ético de sua conduta. II - os requisitos para a investidura;
Dever de eficiência, conforme acima explanado, decorre do in- III - as peculiaridades dos cargos.
ciso LXXVIII do art. 5º da CF, acrescentado pela EC 45/2004. §2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
Outros deveres são comumente especificados nos estatutos, de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
procurando adequar a conduta do servidor. O servidor, por estar públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos
submetido à hierarquia administrativa, deve atuar segundo os pa- requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a
drões legais e éticos impostos, estabelecendo a Lei 8.112/1990 um celebração de convênios ou contratos entre os entes federados.
rol, meramente exemplificativo, de deveres impostos aos agentes §3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
públicos. Vejamos: disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
a) Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo. XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
b) Ser leal às instituições a que servir. de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
c) Observar as normas legais e regulamentares. §4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
d) Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
mente ilegais. remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
e) Atender com presteza: ao público em geral, prestando as vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; à ex- prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
pedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclare- obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
cimento de situações de interesse pessoal; às requisições para a
defesa da fazenda pública.

69
ÉTICA E INTEGRIDADE

§5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos §4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência,
caso, o disposto no art. 37, XI. previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por
§6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e Constitucional nº 103, de 2019)
empregos públicos. §4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
provenientes da economia com despesas correntes em cada penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de §4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
produtividade. do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
§8º A remuneração dos servidores públicos organizados em diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades
carreira poderá ser fixada nos termos do §4º. sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos
§9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) §5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, aplicação do disposto no inciso III do §1º, desde que comprovem
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência §6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
nº 103, de 2019) de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- Constitucional nº 103, de 2019)
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federa- §7º Observado o disposto no §2º do art. 201, quando se
tivo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; hipótese de morte dos servidores de que trata o §4º-B decorrente
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na §8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os critérios estabelecidos em lei.
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo §9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, municipal será contado para fins de aposentadoria, observado
de 2019) o disposto nos §§9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço
§2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação
ao valor mínimo a que se refere o §2º do art. 201 ou superiores dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência §10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem
Social, observado o disposto nos §§14 a 16. (Redação dada pela de tempo de contribuição fictício.
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) §11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
§3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes
serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral
§4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados de previdência social, e ao montante resultante da adição de
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável
social, ressalvado o disposto nos §§4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.

70
ÉTICA E INTEGRIDADE

§12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. tucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
§13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
regime de previdência complementar para servidores públicos sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das 2019)
aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Inclu-
social, ressalvado o disposto no §16. (Redação dada pela Emenda ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Constitucional nº 103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
§15. O regime de previdência complementar de que trata o §14 servados os princípios relacionados com governança, controle in-
oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição terno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por de 2019)
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indireta-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) mente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucio-
§16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nal nº 103, de 2019)
nos §§14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
correspondente regime de previdência complementar. X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
§17. Todos os valores de remuneração considerados para o de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
cálculo do benefício previsto no §3° serão devidamente atualizados, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
na forma da lei. Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
§18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que concurso público.
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime §1º O servidor público estável só perderá o cargo:
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
§19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do rada ampla defesa;
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
que tenha completado as exigências para a aposentadoria penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer §2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
Constitucional nº 103, de 2019) remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de §3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional
desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro
poderes, órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão cargo.
responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios, os §4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
que trata o §22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, instituída para essa finalidade.
de 2019)
§21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional – Estabilidade
nº 103, de 2019) A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
§22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os vado em estágio probatório.
que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade
e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros poder ser definida como a garantia constitucional de permanência
aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de
2019) concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após
o transcurso de estágio probatório.

71
ÉTICA E INTEGRIDADE

A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe- ANEXO


tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO
é o estágio probatório citado pela lei. CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL
Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado,
ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41, CAPÍTULO I
§1º da CF.
Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia- SEÇÃO I
dos concursos públicos, segue a tabela explicativa: DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS

Estabilidade do Servidor I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos


princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser-
Requisitos para aquisição de Cargo de provimento efetivo/ vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já
Estabilidade ocupado em razão de concurso que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
público atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser-
3 anos de efetivo exercício vação da honra e da tradição dos serviços públicos.
Avaliação de desempenho por II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
comissão instituída para esta ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
finalidade legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
Hipóteses em que o servidor Em virtude de sentença judicial o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
estável pode perder o cargo transitada em julgado o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e §4°,
Mediante processo da Constituição Federal.
administrativo em que lhe seja III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
assegurada ampla defesa tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que
Mediante procedimento o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
de avaliação periódica de finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar
desempenho, na forma de lei a moralidade do ato administrativo.
complementar, assegurada IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
ampla defesa tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
Em razão de excesso de por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
despesa trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em
fator de legalidade.
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
do Poder Executivo Federal. desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua
no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° vida funcional.
8.429, de 2 de junho de 1992, VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
DECRETA: ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,
a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,
Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa. constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem
direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências a negar.
necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode
a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria
servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado
permanente. pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comu- do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes-
nicada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da Repú- mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
blica, com a indicação dos respectivos membros titulares e suplentes. IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica-
Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar
mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a
da República. qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o,
por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao

72
ÉTICA E INTEGRIDADE

equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa-
esperanças e seus esforços para construí-los. mente em todo o sistema;
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na dências cabíveis;
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
usuários dos serviços públicos. ção;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso zação do bem comum;
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função exercício da função;
pública. q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
sempre conduz à desordem nas relações humanas. superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura orga- vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
nizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de boa ordem.
todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. direito;
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
SEÇÃO II que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
dicionados administrativos;
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes-
emprego público de que seja titular; mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen- quer violação expressa à lei;
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer ou- bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
tra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que cumprimento.
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri- SEÇÃO III
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- XV - E vedado ao servidor público;
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-
cargo; sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan- para outrem;
do o processo de comunicação e contato com o público; b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios res ou de cidadãos que deles dependam;
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú- c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
blicos; com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res- de sua profissão;
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu- d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho ou material;
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
dano moral; cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re- f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu- paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
ra em que se funda o Poder Estatal; público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie-
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de rarquicamente superiores ou inferiores;
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo
vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe- para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-
cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva; dor para o mesmo fim;

73
ÉTICA E INTEGRIDADE

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-


nhar para providências; GOVERNANÇA PÚBLICA E SISTEMAS DE GOVERNANÇA
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten- (DECRETO Nº 9.203, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2017); GES-
dimento em serviços públicos; TÃO DE RISCOS E MEDIDAS MITIGATÓRIAS NA ADMINIS-
j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti- TRAÇÃO PÚBLICA
cular;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autoriza-
do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio A governança pública e os sistemas de governança são ele-
público; mentos cruciais para o funcionamento eficaz das sociedades e or-
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in- ganizações em todo o mundo. Esses conceitos estão no centro da
terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos tomada de decisões, gestão de recursos e garantia do bem-estar da
ou de terceiros; população. Vamos explorar mais profundamente o significado e a
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual- importância desses temas.
mente;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra Governança Pública
a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; A governança pública refere-se ao processo pelo qual as de-
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a cisões são tomadas e implementadas no âmbito do setor público.
empreendimentos de cunho duvidoso. Isso abrange uma ampla gama de instituições, desde governos lo-
cais até organismos internacionais. A qualidade da governança pú-
CAPÍTULO II blica desempenha um papel fundamental na eficiência, transparên-
DAS COMISSÕES DE ÉTICA cia e responsabilidade das ações do governo.
Os princípios-chave da boa governança pública incluem a par-
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública ticipação cidadã, o Estado de direito, a transparência, a responsa-
Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer bilidade e a eficácia. A participação cidadã envolve a consulta e a
órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder colaboração ativa dos cidadãos nas decisões que afetam suas vidas.
público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de O Estado de direito garante que todas as ações governamentais es-
orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tra- tejam em conformidade com a lei e que os direitos dos cidadãos
tamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin- sejam protegidos. A transparência refere-se à divulgação aberta de
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento informações governamentais. A responsabilidade exige que os go-
susceptível de censura. vernos sejam responsáveis por suas ações e usem recursos públicos
XVII -- (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) de forma eficaz. A eficácia está relacionada com a capacidade do
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos governo de cumprir suas funções e fornecer serviços de qualidade
encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os à população.
registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e funda-
mentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios Sistemas de Governança
da carreira do servidor público. Os sistemas de governança abrangem as estruturas, processos
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) e práticas que regem a tomada de decisões e a gestão em orga-
XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) nizações, sejam elas públicas, privadas ou do terceiro setor. Esses
XXI - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) sistemas são essenciais para garantir que as organizações operem
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de de maneira eficiente, ética e em conformidade com seus objetivos
Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo e valores.
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do fal- Os sistemas de governança geralmente envolvem a definição
toso. clara de papéis e responsabilidades, o estabelecimento de regras
XXIII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) e regulamentos internos, a supervisão por parte de órgãos de con-
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, en- trole e a prestação de contas aos stakeholders. No contexto empre-
tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, sarial, a governança corporativa é um subconjunto importante da
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza governança, que se concentra na gestão de empresas e na proteção
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição dos interesses dos acionistas.
financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór-
gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, A Importância da Boa Governança
as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de Tanto a governança pública quanto os sistemas de governança
economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse desempenham um papel crítico na construção de sociedades jus-
do Estado. tas, eficientes e sustentáveis. A boa governança pública promove
XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) a confiança dos cidadãos nas instituições governamentais e ajuda
a prevenir a corrupção, ao passo que os sistemas de governança
eficazes são essenciais para o sucesso e a sustentabilidade de orga-
nizações e empresas.
Além disso, a governança adequada desempenha um papel
fundamental no desenvolvimento econômico, na estabilidade polí-
tica e na garantia dos direitos humanos. Organizações com sistemas

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ÉTICA E INTEGRIDADE

de governança bem estruturados são mais capazes de inovar, tomar internos (empregados), além de transparência nas informações e
decisões informadas e atender às expectativas de seus stakehol- responsabilização dos executivos do quadro dirigente perante os
ders. acionistas.
A etiqueta “governance” denota pluralismo, no sentido que di-
A governança pública e os sistemas de governança são ele- ferentes atores têm, ou deveriam ter, o direito de influenciar a cons-
mentos essenciais para o funcionamento eficaz das instituições em trução das políticas públicas. Essa definição implicitamente traduz-
todas as esferas da sociedade. A busca constante por práticas de -se numa mudança do papel do Estado (menos hierárquico e menos
governança transparentes, responsáveis e eficazes é fundamental monopolista) na solução de problemas públicos. Por causa disso, a
para construir um mundo mais justo, equitativo e sustentável. governança pública (GP) também é relacionada ao neoliberalismo.
A GP também significa um resgate da política dentro da admi-
— Governança pública nistração pública, diminuindo a importância de critérios técnicos
A definição de governança não é livre de contestações. Isso nos processos de decisão e um reforço de mecanismos participati-
porque tal definição gera ambiguidades entre diferentes áreas do vos de deliberação na esfera pública.
conhecimento. As principais disciplinas que estudam fenômenos de Os impulsionadores do movimento da GP são múltiplos. O pri-
“governance” são as relações internacionais, teorias do desenvol- meiro é que a crescente complexidade, dinâmica e diversidade de
vimento, a administração privada, as ciências políticas e a adminis- nossas sociedades coloca os sistemas de governo sob novos desa-
tração pública. fios e que novas concepções de governança são necessárias.
Estudos de relações internacionais concebem governança como A segunda força por trás da GP é a ascensão de valores neoli-
mudanças nas relações de poder entre estados no presente cenário berais e o chamado esvaziamento do Estado (hollowing out of the
internacional. Os chamados teóricos globalizadores (globalizers), state), em que a incapacidade do Estado em lidar com problemas
de tradição liberal, veem governance como a derrocada do modelo coletivos é denunciada. Tal movimento ideológico desconfia da ha-
de relações internacionais vigente desde o século XVII, onde o Esta- bilidade estatal de resolver seus próprios problemas de forma au-
do-nação sempre foi tido como ator individual, e a transição a um tônoma e prega a redução das autoridades nacionais em favor de
modelo colaborativo de relação interestatal e entre atores estatais organizações internacionais (blocos regionais, Nações Unidas, FMI,
e não estatais na solução de problemas coletivos internacionais. Banco Mundial), em favor de organizações não estatais (mercado e
Governança, nesse sentido, denota o processo de estabeleci- organizações não governamentais) e em favor de organizações lo-
mento de mecanismos horizontais de colaboração para lidar com cais (governos locais, agências descentralizadas etc.)
problemas transnacionais como tráfico de drogas, terrorismo e A terceira força motriz da GP é a própria APG como modelo
emergências ambientais. Teorias do desenvolvimento tratam a go- de gestão da administração pública nacional, estadual e municipal,
vernança como um conjunto adequado de práticas democráticas e focando maior atenção no desempenho e no tratamento dos pro-
de gestão que ajudam os países a melhorar suas condições de de- blemas do que nas perguntas “quem” deve implementar ou “como”
senvolvimento econômico e social. devem ser implementadas as políticas públicas. Na verdade, alguns
“Boa governança” é, portanto, a combinação de boas práti- acadêmicos consideram a GP uma consequência do movimento da
cas de gestão pública. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o APG, com a qual compartilha algumas características: há alguma se-
Banco Mundial exigem “boa governança” como requisito para paí- melhança entre as duas perspectivas e parece claro que o recente
ses em via de desenvolvimento receberem recursos econômicos interesse em governança, em parte, tem sido alavancado pela cres-
e apoio técnico. Áreas de aplicação das boas práticas são aquelas cente popularidade da administração pública gerencial e a ideia de
envolvidas na melhora da eficiência administrativa, da accounta- formas genéricas de controle social.
bility democrática, e de combate à corrupção como exemplos de Delineiam-se os elementos inexoráveis da GP: estruturas e in-
elementos essenciais de um framework2 no qual economias conse- terações. As estruturas podem funcionar por meio de mecanismos
guem prosperar. de hierarquia (governo), mecanismos autorregulados (mercado) e
Governança na linguagem empresarial e contábil significa um mecanismos horizontais de cooperação (comunidade, sociedade,
conjunto de princípios básicos para aumentar a efetividade de con- redes). As interações dos três tipos de estrutura são fluidas, com
trole por parte de stakeholders3 e autoridades de mercado sobre pouca ou nenhuma distinção clara entre elas.
organizações privadas de capital aberto. Essa abordagem relacional, e o resgate das redes/comunida-
Exemplos de princípios institucionais de governança são: a arti- des/sociedades como estruturas de construção de políticas públi-
culação entre autoridades para controlar o respeito à legislação e a cas, é a grande novidade proposta pelos teóricos da GP. A gover-
garantia de integridade e objetividade pelas autoridades regulado- nança não é mais baseada na autoridade central ou políticos eleitos
ras do mercado. Exemplos de princípios de governança para empre- (modelo da hierarquia) e nem passagem de responsabilidade para
sas privadas são: a participação proporcional de acionistas na toma- o setor privado (modelo de mercado), mas sim regula e aloca recur-
da de decisão estratégica, a cooperação de empresas privadas com sos coletivos por meio de relações com a população e com outros
organizações externas (sindicatos, credores etc.) e stakeholders níveis de governo.
Um aspecto de maior discordância dentro da comunidade epis-
2 Um framework em desenvolvimento de software, é uma abstração que une têmica de administração pública é a questão do papel do Estado num
códigos comuns entre vários projetos de software provendo uma funcionalidade
genérica. Um framework pode atingir uma funcionalidade específica, por confi-
contexto de GP. Por um lado, percebe-se uma diminuição do protago-
guração, durante a programação de uma aplicação. nismo estatal no processo de elaboração de políticas públicas.
3 Stakeholder, é um dos termos utilizados em diversas áreas como gestão de pro- A GP implica não apenas o envolvimento de atores não estatais
jetos, comunicação social administração e arquitetura de software referente às no planejamento e implementação das políticas públicas, mas tam-
partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança bém em todo o processo de coprodução e cogestão de políticas. O
corporativa executadas pela empresa.

75
ÉTICA E INTEGRIDADE

Estado torna-se uma coleção de redes interorganizacionais compos- cios são compartilhados. As áreas de políticas públicas onde as PPPs
tas por atores governamentais e sociais sem nenhum ator soberano têm sido intensamente adotadas são os setores de infraestrutura e
capaz de guiar e regular. proteção ambiental, e os contratos preveem mecanismos de con-
Alguns autores contestam esse tipo de entendimento, respon- trole para mensurar resultados e impactos no ambiente econômico
dendo que o Estado mantém seu papel de liderança na elaboração e social.
de políticas públicas. De acordo com estes, a GP provoca a criação
de centros múltiplos de elaboração da política pública, em nível lo- — Gestão de riscos e medidas mitigatórias na Administração
cal, regional, nacional ou supranacional. Pública
O Estado, no entanto, não perde importância, mas sim deslo- A gestão de riscos e medidas mitigatórias desempenha um pa-
ca seu papel primordial da implementação para a coordenação e o pel fundamental na administração pública, garantindo a eficiência,
controle. Essa abordagem centrada no Estado argumenta que a GP transparência e responsabilidade na condução dos assuntos go-
cria instrumentos de colaboração e um modelo mais transparente vernamentais. Neste contexto, é essencial compreender o que são
e integrador de Estado, que serve como um veículo ao alcance de riscos na administração pública, como identificá-los, avaliá-los e, o
interesses coletivos. mais importante, como implementar medidas mitigatórias adequa-
Tratando de questões mais práticas, a GP disponibiliza platafor- das para proteger os interesses da sociedade.
mas organizacionais para facilitar o alcance de objetivos públicos
tais como o envolvimento de cidadãos na construção de políticas, Definição de Riscos na Administração Pública
fazendo uso de mecanismos de democracia deliberativa e redes de Os riscos na administração pública referem-se a eventos ou
políticas públicas. As redes de políticas públicas (policy networks) circunstâncias que podem afetar negativamente a capacidade do
podem ser consideradas uma abordagem de pesquisa, uma filoso- governo de cumprir seus objetivos e entregar serviços públicos de
fia de mediação de interesses ou uma forma específica de interação qualidade. Esses riscos podem ser de natureza financeira, opera-
entre atores públicos e privados numa área de política pública. cional, estratégica, legal, reputacional ou política. Por exemplo, a
A democracia deliberativa foi experimentada em indústrias ja- instabilidade econômica, desastres naturais, fraudes, decisões ju-
ponesas no pós-guerra como um procedimento adequado a apro- diciais desfavoráveis e escândalos políticos são exemplos de riscos
veitar o conhecimento e os frames cognitivos dos empregados no que podem afetar a administração pública.
momento de decidir sobre produtos e processos produtivos. Essa
experiência organizacional também vem sendo usada na esfera go- Identificação e Avaliação de Riscos
vernamental com o intuito de melhorar a interação entre atores pú- A identificação e avaliação de riscos na administração pública
blicos e privados para a solução de problemas coletivos e a redução envolvem a análise minuciosa de todos os processos, atividades e
de elos na cadeia de accountability. operações governamentais. Isso inclui a revisão de políticas, regula-
Os mecanismos de democracia deliberativa já foram experi- mentos e procedimentos, bem como a análise de dados históricos e
mentados em diferentes lugares e áreas de políticas públicas. Exem- tendências. O objetivo é identificar possíveis ameaças e vulnerabili-
plos desses mecanismos são o fortalecimento da comunidade na dades que podem comprometer o desempenho do governo.
gestão do patrimônio público (community empowerment), os pla-
Uma vez identificados, os riscos devem ser avaliados quanto à
nejamentos e orçamentos participativos, os conselhos deliberativos
sua probabilidade de ocorrência e impacto potencial. A avaliação
nas diversas áreas de políticas públicas.
de riscos ajuda a priorizar quais riscos merecem maior atenção e
As redes de políticas públicas (policy networks) representam
recursos para mitigação.
outra forma específica de interação entre atores públicos e priva-
dos. A participação nas redes de políticas públicas é aberta a qual-
Medidas Mitigatórias
quer interessado e tal tipo de arena produz baixa externalidade
A implementação de medidas mitigatórias é uma etapa crucial
negativa ao ambiente externo. Um exemplo de rede desse gênero
seria o grupo de jovens que se organiza para resolver o problema no processo de gestão de riscos na administração pública. Essas
de cachorros abandonados nos grandes centros urbanos, ou ainda medidas visam reduzir a probabilidade de ocorrência de riscos ou
o grupo de empresários e organizações do terceiro setor que se or- minimizar seu impacto quando ocorrem. Existem várias estratégias
ganizam para encontrar soluções locais para combater a criminali- que podem ser adotadas, incluindo:
dade. • Políticas de Controle Interno: Estabelecimento de políticas
A relativa independência das redes de políticas públicas é sub- robustas de controle interno para prevenir fraudes, corrupção e má
linhada quando diz-se que as mesmas se auto-organizam. Trocando administração de recursos públicos.
em miúdos, auto-organização quer dizer que as redes são autô- • Seguro e Reservas Financeiras: Aquisição de seguros adequa-
nomas e autogovernáveis, redes se desvinculam da liderança go- dos e a criação de reservas financeiras para cobrir despesas impre-
vernamental, desenvolvem suas próprias políticas e moldam seus vistas, como desastres naturais ou crises econômicas.
ambientes. • Planos de Continuidade de Negócios: Desenvolvimento de
O ideal subjacente a essa forma de organização é a substituição planos de continuidade de negócios para garantir a prestação contí-
da agregação numérica de preferências (votos) pelo processo cíclico nua de serviços públicos em situações de emergência.
e dialético de fertilização cruzada das preferências no momento de • Treinamento e Capacitação: Investimento em treinamento
elaborar políticas públicas. A GP também denota a coordenação de e capacitação de servidores públicos para lidar com riscos específi-
atores estatais e não estatais nas operações de governo, e as parce- cos, como a implementação de medidas de segurança cibernética.
rias público-privadas (PPPs) são os exemplos mais básicos. • Transparência e Prestação de Contas: Fortalecimento da
Definem-se as PPPs como cooperação entre atores públicos transparência e prestação de contas, permitindo que a sociedade
e privados de caráter temporário no qual os atores desenvolvem acompanhe de perto as ações do governo e denuncie irregularida-
produtos mutuamente e/ou serviços e onde riscos, custos e benefí- des.

76
ÉTICA E INTEGRIDADE

Monitoramento e Aperfeiçoamento Contínuo I - direcionar ações para a busca de resultados para a socieda-
A gestão de riscos na administração pública não é um proces- de, encontrando soluções tempestivas e inovadoras para lidar com
so estático, mas sim contínuo e iterativo. É essencial estabelecer a limitação de recursos e com as mudanças de prioridades;
sistemas de monitoramento para acompanhar a eficácia das me- II - promover a simplificação administrativa, a modernização da
didas mitigatórias e ajustá-las conforme necessário. Além disso, a gestão pública e a integração dos serviços públicos, especialmente
aprendizagem com experiências passadas e a incorporação de boas aqueles prestados por meio eletrônico;
práticas são elementos-chave para aprimorar a gestão de riscos ao III - monitorar o desempenho e avaliar a concepção, a imple-
longo do tempo. mentação e os resultados das políticas e das ações prioritárias para
A gestão de riscos e medidas mitigatórias desempenha um pa- assegurar que as diretrizes estratégicas sejam observadas;
pel vital na administração pública, permitindo que o governo atue IV - articular instituições e coordenar processos para melhorar
de forma mais eficiente, responsável e transparente. Ao identificar, a integração entre os diferentes níveis e esferas do setor público,
avaliar e implementar medidas adequadas, as organizações gover- com vistas a gerar, preservar e entregar valor público;
namentais podem proteger seus interesses e, o que é mais impor- V - fazer incorporar padrões elevados de conduta pela alta ad-
tante, garantir que os serviços públicos sejam entregues de maneira ministração para orientar o comportamento dos agentes públicos,
consistente e de alta qualidade à sociedade. Portanto, a incorpora- em consonância com as funções e as atribuições de seus órgãos e
ção de uma cultura de gestão de riscos na administração pública é de suas entidades;
essencial para o sucesso e a integridade do setor público. VI - implementar controles internos fundamentados na gestão
de risco, que privilegiará ações estratégicas de prevenção antes de
processos sancionadores;
DECRETO Nº 9.203, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2017 VII - avaliar as propostas de criação, expansão ou aperfeiçoa-
mento de políticas públicas e de concessão de incentivos fiscais e
Dispõe sobre a política de governança da administração públi- aferir, sempre que possível, seus custos e benefícios;
ca federal direta, autárquica e fundacional. VIII - manter processo decisório orientado pelas evidências,
pela conformidade legal, pela qualidade regulatória, pela desburo-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe cratização e pelo apoio à participação da sociedade;
confere o art. 84, caput , inciso VI, alínea “a”, da Constituição, IX - editar e revisar atos normativos, pautando-se pelas boas
DECRETA : práticas regulatórias e pela legitimidade, estabilidade e coerência
do ordenamento jurídico e realizando consultas públicas sempre
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a política de governança da que conveniente;
administração pública federal direta, autárquica e fundacional. X - definir formalmente as funções, as competências e as res-
Art. 2º Para os efeitos do disposto neste Decreto, considera-se: ponsabilidades das estruturas e dos arranjos institucionais; e
I - governança pública - conjunto de mecanismos de lideran- XI - promover a comunicação aberta, voluntária e transparente
ça, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e das atividades e dos resultados da organização, de maneira a forta-
monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à lecer o acesso público à informação.
prestação de serviços de interesse da sociedade; Art. 5º São mecanismos para o exercício da governança pública:
II - valor público - produtos e resultados gerados, preservados I - liderança, que compreende conjunto de práticas de natureza
ou entregues pelas atividades de uma organização que represen- humana ou comportamental exercida nos principais cargos das or-
tem respostas efetivas e úteis às necessidades ou às demandas de ganizações, para assegurar a existência das condições mínimas para
interesse público e modifiquem aspectos do conjunto da sociedade o exercício da boa governança, quais sejam:
ou de alguns grupos específicos reconhecidos como destinatários a) integridade;
legítimos de bens e serviços públicos; b) competência;
III - alta administração - Ministros de Estado, ocupantes de car- c) responsabilidade; e
gos de natureza especial, ocupantes de cargo de nível 6 do Grupo- d) motivação;
-Direção e Assessoramento Superiores - DAS e presidentes e direto- II - estratégia, que compreende a definição de diretrizes, obje-
res de autarquias, inclusive as especiais, e de fundações públicas ou tivos, planos e ações, além de critérios de priorização e alinhamen-
autoridades de hierarquia equivalente; e to entre organizações e partes interessadas, para que os serviços e
IV - gestão de riscos - processo de natureza permanente, es- produtos de responsabilidade da organização alcancem o resultado
tabelecido, direcionado e monitorado pela alta administração, que pretendido; e
contempla as atividades de identificar, avaliar e gerenciar potenciais III - controle, que compreende processos estruturados para mi-
eventos que possam afetar a organização, destinado a fornecer se- tigar os possíveis riscos com vistas ao alcance dos objetivos institu-
gurança razoável quanto à realização de seus objetivos. cionais e para garantir a execução ordenada, ética, econômica, efi-
Art. 3º São princípios da governança pública: ciente e eficaz das atividades da organização, com preservação da
I - capacidade de resposta; legalidade e da economicidade no dispêndio de recursos públicos.
II - integridade; Art. 6º Caberá à alta administração dos órgãos e das entidades,
III - confiabilidade; observados as normas e os procedimentos específicos aplicáveis,
IV - melhoria regulatória; implementar e manter mecanismos, instâncias e práticas de gover-
V - prestação de contas e responsabilidade; e nança em consonância com os princípios e as diretrizes estabeleci-
VI - transparência. dos neste Decreto.
Art. 4º São diretrizes da governança pública: Parágrafo único. Os mecanismos, as instâncias e as práticas de
governança de que trata o caput incluirão, no mínimo:

77
ÉTICA E INTEGRIDADE

I - formas de acompanhamento de resultados; II - aprovar manuais e guias com medidas, mecanismos e prá-
II - soluções para melhoria do desempenho das organizações; e ticas organizacionais que contribuam para a implementação dos
III - instrumentos de promoção do processo decisório funda- princípios e das diretrizes de governança pública estabelecidos nes-
mentado em evidências. te Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
Art. 7º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - aprovar recomendações aos colegiados temáticos para ga-
Art. 7º-A. O Comitê Interministerial de Governança - CIG tem rantir a coerência e a coordenação dos programas e das políticas de
por finalidade assessorar o Presidente da República na condução da governança específicos; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
política de governança da administração pública federal. (Incluído IV - incentivar e monitorar a aplicação das melhores práticas de
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) governança no âmbito da administração pública federal direta, au-
Art. 8º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional; e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) V - editar as resoluções necessárias ao exercício de suas com-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) petências. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) §1º Os manuais e os guias a que se refere o inciso II do caput
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) deverão: (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) I - conter recomendações que possam ser implementadas nos
§2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) órgãos e nas entidades da administração pública federal direta, au-
§3º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional definidos na resolução que os aprovar; (In-
Art. 8º-A. O CIG é composto pelos seguintes membros titulares: cluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) II - ser observados pelos comitês internos de governança, a que
I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da se refere o art. 15-A. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
República, que o coordenará; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de §2º O colegiado temático, para fins do disposto neste Decreto,
2019) é a comissão, o comitê, o grupo de trabalho ou outra forma de co-
II - Ministro de Estado da Economia; e (Incluído pelo Decreto legiado interministerial instituído com o objetivo de implementar,
nº 9.901, de 2019) promover ou executar políticas ou programas de governança rela-
III - Ministro de Estado da Controlaria-Geral da União. (Incluído tivos a temas específicos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º Os membros do CIG poderão ser substituídos, em suas au- §1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
sências e seus impedimentos, pelos respectivos Secretários-Execu- §2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
tivos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10-A. O CIG poderá instituir grupos de trabalho específicos
§2º As reuniões do CIG serão convocadas pelo seu Coordena- com o objetivo de assessorá-lo no cumprimento das suas compe-
dor. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tências. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§3º Representantes de outros órgãos e entidades da adminis- §1º Representantes de órgãos e entidades públicas e privadas
tração pública federal poderão ser convidados a participar de reu- poderão ser convidados a participar dos grupos de trabalho consti-
niões do CIG, sem direito a voto. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, tuídos pelo CIG. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
de 2019) §2º O CIG definirá no ato de instituição do grupo de trabalho
Art. 8º-B. O CIG se reunirá, em caráter ordinário, trimestral- os seus objetivos específicos, a sua composição e o prazo para con-
mente e, em caráter extraordinário, sempre que necessário. (Inclu- clusão de seus trabalhos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10-B. Os grupos de trabalho: (Incluído pelo Decreto nº
§1º O quórum de reunião do CIG é de maioria simples dos 9.901, de 2019)
membros e o quórum de aprovação é de maioria absoluta. (Incluído I - serão compostos na forma de ato do CIG; (Incluído pelo De-
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) creto nº 9.901, de 2019)
§2º Além do voto ordinário, o Coordenador do CIG terá o voto II - não poderão ter mais de cinco membros; (Incluído pelo De-
de qualidade em caso de empate. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, creto nº 9.901, de 2019)
de 2019) III - terão caráter temporário e duração não superior a um ano;
Art. 9º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - estarão limitados a três operando simultaneamente. (Inclu-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III- (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 11. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
V - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) V - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
Art. 9º-A. Ao CIG compete: (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de Art. 11-A. A Secretaria-Executiva do CIG será exercida pela Se-
2019) cretaria Especial de Relações Governamentais da Casa Civil da Pre-
I - propor medidas, mecanismos e práticas organizacionais para sidência da República. (Redação dada pelo Decreto nº 10.907, de
o atendimento aos princípios e às diretrizes de governança pública 2021) (vigência)
estabelecidos neste Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de Parágrafo único. Compete à Secretaria-Executiva do CIG: (Inclu-
2019) ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

78
ÉTICA E INTEGRIDADE

I - receber, instruir e encaminhar aos membros do CIG as pro- competência. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
postas recebidas na forma estabelecida no caput do art. 10-A e no Art. 16. Os comitês internos de governança publicarão suas
inciso II do caput do art. 13-A; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de atas e suas resoluções em sítio eletrônico, ressalvado o conteúdo
2019) sujeito a sigilo.
II - encaminhar a pauta, a documentação, os materiais de dis- Art. 17. A alta administração das organizações da administra-
cussão e os registros das reuniões aos membros do CIG; (Incluído ção pública federal direta, autárquica e fundacional deverá estabe-
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) lecer, manter, monitorar e aprimorar sistema de gestão de riscos e
III - comunicar aos membros do CIG a data e a hora das reuni- controles internos com vistas à identificação, à avaliação, ao trata-
ões ordinárias ou a convocação para as reuniões extraordinárias; mento, ao monitoramento e à análise crítica de riscos que possam
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) impactar a implementação da estratégia e a consecução dos obje-
IV - comunicar aos membros do CIG a forma de realização da tivos da organização no cumprimento da sua missão institucional,
reunião, que poderá ser por meio eletrônico ou presencial, e o lo- observados os seguintes princípios:
cal, quando se tratar de reuniões presenciais; e (Incluído pelo De- I - implementação e aplicação de forma sistemática, estrutu-
creto nº 9.901, de 2019) rada, oportuna e documentada, subordinada ao interesse público;
V - disponibilizar as atas e as resoluções do CIG em sítio eletrô- II - integração da gestão de riscos ao processo de planejamento
nico ou, quando o seu conteúdo for classificado como confidencial, estratégico e aos seus desdobramentos, às atividades, aos proces-
encaminhá-las aos membros. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de sos de trabalho e aos projetos em todos os níveis da organização,
2019) relevantes para a execução da estratégia e o alcance dos objetivos
Art. 12. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) institucionais;
Art. 12-A. A participação no CIG ou nos grupos de trabalho por III - estabelecimento de controles internos proporcionais aos
ele constituídos será considerada prestação de serviço público rele- riscos, de maneira a considerar suas causas, fontes, consequências
vante, não remunerada. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) e impactos, observada a relação custo-benefício; e
Art. 13. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - utilização dos resultados da gestão de riscos para apoio à
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) melhoria contínua do desempenho e dos processos de gerencia-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) mento de risco, controle e governança.
Art. 13-A. Compete aos órgãos e às entidades integrantes da Art. 18 A auditoria interna governamental deverá adicionar
administração pública federal direta, autárquica e fundacional: (In- valor e melhorar as operações das organizações para o alcance de
cluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) seus objetivos, mediante a abordagem sistemática e disciplinada
I - executar a política de governança pública, de maneira a in- para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento
corporar os princípios e as diretrizes definidos neste Decreto e as de riscos, dos controles e da governança, por meio da:
recomendações oriundas de manuais, guias e resoluções do CIG; e I - realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) independente, segundo os padrões de auditoria e ética profissional
II - encaminhar ao CIG propostas relacionadas às competências reconhecidos internacionalmente;
previstas no art. 9º-A, com a justificativa da proposição e da minuta II - adoção de abordagem baseada em risco para o planejamen-
da resolução pertinente, se for o caso. (Incluído pelo Decreto nº to de suas atividades e para a definição do escopo, da natureza, da
9.901, de 2019) época e da extensão dos procedimentos de auditoria; e
Art. 14. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - promoção à prevenção, à detecção e à investigação de frau-
Art. 15. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) des praticadas por agentes públicos ou privados na utilização de
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) recursos públicos federais.
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 19. Os órgãos e as entidades da administração direta, au-
III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional instituirão programa de integridade, com o
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais
Art. 15-A. São competências dos comitês internos de governan- destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de
ça, instituídos pelos órgãos e entidades da administração pública fraudes e atos de corrupção, estruturado nos seguintes eixos:
federal direta, autárquica e fundacional: (Incluído pelo Decreto nº I - comprometimento e apoio da alta administração;
9.901, de 2019) II - existência de unidade responsável pela implementação no
I - auxiliar a alta administração na implementação e na manu- órgão ou na entidade;
tenção de processos, estruturas e mecanismos adequados à incor- III - análise, avaliação e gestão dos riscos associados ao tema
poração dos princípios e das diretrizes da governança previstos nes- da integridade; e
te Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - monitoramento contínuo dos atributos do programa de in-
II - incentivar e promover iniciativas que busquem implementar tegridade.
o acompanhamento de resultados no órgão ou na entidade, que Art. 20. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
promovam soluções para melhoria do desempenho institucional ou Art. 20-A. Revogado pelo Decreto nº 10.756, de 2021 Vigência
que adotem instrumentos para o aprimoramento do processo deci- Art. 21. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
sório; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - promover e acompanhar a implementação das medidas, Brasília, 22 de novembro de 2017; 196º da Independência e
dos mecanismos e das práticas organizacionais de governança defi- 129º da República.
nidos pelo CIG em seus manuais e em suas resoluções; e (Incluído
pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
IV - elaborar manifestação técnica relativa aos temas de sua

79
ÉTICA E INTEGRIDADE

DECRETO Nº 11.529, DE 16 DE MAIO DE 2023


INTEGRIDADE PÚBLICA (DECRETO Nº 11.529/2023)
Institui o Sistema de Integridade, Transparência e Acesso à In-
A integridade na esfera pública é um princípio fundamental formação da Administração Pública Federal e a Política de Trans-
para o funcionamento eficaz e confiável das instituições governa- parência e Acesso à Informação da Administração Pública Federal.
mentais. Ela se refere à honestidade, ética e responsabilidade no
exercício do poder e na prestação de serviços públicos. A promoção O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
da integridade pública é vital para garantir a confiança dos cidadãos confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
nas instituições governamentais e na administração pública como DECRETA:
um todo. Neste texto, exploraremos o conceito de integridade pú-
blica, sua importância e as estratégias para promovê-la. CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Definição de Integridade Pública
A integridade pública vai além da ausência de corrupção. Ela Art. 1º Este Decreto dispõe, no âmbito da administração públi-
abrange a honestidade, a imparcialidade, a transparência e a ética ca federal direta, autárquica e fundacional, sobre:
na tomada de decisões e na condução dos assuntos públicos. Isso I - o Sistema de Integridade, Transparência e Acesso à Informa-
inclui a prestação de serviços públicos eficientes e equitativos, bem ção da Administração Pública Federal; e
como a proteção dos interesses da sociedade em detrimento de II - a Política de Transparência e Acesso à Informação da Admi-
interesses pessoais ou políticos. nistração Pública Federal.

Importância da Integridade Pública CAPÍTULO II


A integridade pública desempenha um papel crucial na cons- DO SISTEMA DE INTEGRIDADE, TRANSPARÊNCIA E ACESSO À
trução de uma sociedade justa e equitativa. Quando os governos INFORMAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
e seus agentes são íntegros, os cidadãos têm maior confiança nas
instituições públicas, o que fortalece a democracia e promove a par- Art. 2º Fica instituído o Sistema de Integridade, Transparência
ticipação cívica. Além disso, a integridade ajuda a garantir o uso efi- e Acesso à Informação da Administração Pública Federal - Sitai, no
ciente dos recursos públicos, evitando o desperdício e a corrupção. âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal
direta, autárquica e fundacional. (Vigência)
Estratégias para Promover a Integridade Pública Art. 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: (Vi-
Promover a integridade pública requer a implementação de gência)
várias estratégias: I - programa de integridade - conjunto de princípios, normas,
• Transparência e Acesso à Informação: Garantir que informa- procedimentos e mecanismos de prevenção, detecção e remedia-
ções relevantes sobre as atividades governamentais sejam ampla- ção de práticas de corrupção e fraude, de irregularidades, ilícitos
mente acessíveis ao público, tornando mais fácil para os cidadãos e outros desvios éticos e de conduta, de violação ou desrespeito a
monitorar e avaliar o desempenho do governo. direitos, valores e princípios que impactem a confiança, a credibili-
• Ética e Código de Conduta: Estabelecer códigos de ética e dade e a reputação institucional;
conduta rigorosos para servidores públicos, definindo padrões de II - plano de integridade - plano que organiza as medidas de
comportamento e responsabilização. integridade a serem adotadas em determinado período, elaborado
• Auditorias e Fiscalização: Realizar auditorias regulares e fis- por unidade setorial do Sitai e aprovado pela autoridade máxima do
calizações independentes para detectar e prevenir irregularidades órgão ou da entidade; e
III - funções de integridade - funções constantes nos sistemas
e corrupção.
de corregedoria, ouvidoria, controle interno, gestão da ética, trans-
• Participação Cívica: Incentivar a participação ativa dos cida-
parência e outras essenciais ao funcionamento do programa de in-
dãos na tomada de decisões e na supervisão das atividades gover-
tegridade.
namentais, através de consultas públicas e canais de comunicação
Parágrafo único. O programa de integridade tem o objetivo de
abertos.
promover a conformidade de condutas, a transparência, a priori-
• Educação e Capacitação: Oferecer treinamento e capacitação
zação do interesse público e uma cultura organizacional voltada à
contínuos para servidores públicos sobre ética, integridade e pre-
entrega de valor público à sociedade.
venção de corrupção. Art. 4º São objetivos do Sitai: (Vigência)
• Denúncias e Proteção de Denunciantes: Estabelecer meca- I - coordenar e articular as atividades relativas à integridade, à
nismos seguros para que denúncias de irregularidades possam ser transparência e ao acesso à informação;
feitas anonimamente e proteger os denunciantes de retaliação. II - estabelecer padrões para as práticas e as medidas de inte-
gridade, transparência e acesso à informação; e
A integridade pública é essencial para a credibilidade e a efi- III - aumentar a simetria de informações e dados nas relações
ciência do governo. Ela promove a confiança dos cidadãos nas entre a administração pública federal e a sociedade.
instituições públicas, fortalece a democracia e garante o uso ade- Art. 5º Compõem o Sitai: (Vigência)
quado dos recursos públicos. Ao adotar estratégias que enfatizem I - a Controladoria-Geral da União, como órgão central; e
a transparência, a ética e a participação cívica, os governos podem II - as unidades nos órgãos e nas entidades da administração
construir uma base sólida de integridade pública, que beneficie a pública federal direta, autárquica e fundacional responsáveis pela
sociedade como um todo e ajude a criar um ambiente mais justo e gestão da integridade, da transparência e do acesso à informação,
responsável na administração pública. como unidades setoriais.

80
ÉTICA E INTEGRIDADE

§1º Na administração pública federal direta, as unidades seto- Art. 8º Compete às unidades setoriais do Sitai: (Vigência)
riais do Sitai para a gestão da integridade, da transparência e do I - assessorar a autoridade máxima do órgão ou da entidade
acesso à informação são as assessorias especiais de controle inter- nos assuntos relacionados com a integridade, a transparência e o
no. acesso à informação e com os programas e as ações para efetivá-
§2º Na administração pública federal autárquica e fundacional, -los;
as unidades setoriais do Sitai são aquelas responsáveis pela gestão II - articular-se com as demais unidades do órgão ou da entida-
da integridade, da transparência e do acesso à informação. de que desempenhem funções de integridade, com vistas à obten-
§3º O dirigente máximo das entidades de que trata o §2º desig- ção de informações necessárias à estruturação e ao monitoramento
nará uma ou mais unidades responsáveis pela gestão da integrida- do programa de integridade;
de, da transparência e do acesso à informação. III - coordenar a estruturação, a execução e o monitoramento
§4º O responsável pela unidade setorial de que trata o §1º será de seus programas de integridade;
designado para o exercício das atribuições previstas no art. 40 da IV - promover, em coordenação com as áreas responsáveis pe-
Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. las funções de integridade, a orientação e o treinamento, no âmbito
§5º Na hipótese de alteração de unidade setorial responsável, do órgão ou da entidade, em assuntos relativos ao programa de
as entidades da administração pública federal deverão informá-la integridade;
ao órgão central do Sitai. V - elaborar e revisar, periodicamente, o plano de integridade;
Art. 6º As atividades das unidades setoriais do Sitai ficarão VI - coordenar a gestão dos riscos para a integridade;
sujeitas à orientação normativa e à supervisão técnica do órgão VII - monitorar e avaliar, no âmbito do órgão ou da entidade, a
central, sem prejuízo da subordinação administrativa ao órgão ou implementação das medidas estabelecidas no plano de integridade;
à entidade da administração pública federal a que pertençam. (Vi- VIII - propor ações e medidas, no âmbito do órgão ou da entida-
gência) de, a partir das informações e dos dados relacionados com a gestão
Art. 7º Compete ao órgão central do Sitai: (Vigência) do programa de integridade;
I - estabelecer as normas e os procedimentos para o exercício IX - avaliar as ações e as medidas relativas ao programa de inte-
das competências das unidades integrantes do Sitai e as atribuições gridade sugeridas pelas demais unidades do órgão ou da entidade;
dos dirigentes para a gestão dos programas de integridade; X - reportar à autoridade máxima do órgão ou da entidade
II - orientar as atividades relativas à gestão dos riscos para a
informações sobre o desempenho do programa de integridade e
integridade;
informar quaisquer fatos que possam comprometer a integridade
III - exercer a supervisão técnica das atividades relacionadas
institucional;
aos programas de integridade geridos pelas unidades setoriais, sem
XI - participar de atividades que exijam a execução de ações
prejuízo da subordinação administrativa dessas unidades ao órgão
conjuntas das unidades integrantes do Sitai;
ou à entidade da administração pública federal a que pertençam;
XII - reportar ao órgão central as situações que comprometam
IV - coordenar as atividades que exijam ações conjuntas de uni-
o programa de integridade e adotar as medidas necessárias para
dades integrantes do Sitai;
V - monitorar e avaliar a atuação das unidades setoriais; sua remediação;
VI - realizar ações de comunicação e capacitação relacionadas XIII - supervisionar a execução das ações relativas à Política de
às temáticas de integridade, transparência e acesso à informação; Transparência e Acesso à Informação da Administração Pública Fe-
VII - dar ciência aos órgãos ou às entidades de fatos ou situa- deral;
ções que possam comprometer o seu programa de integridade e XIV - monitorar o cumprimento das normas de transparência e
recomendar a adoção das medidas de remediação necessárias; acesso à informação no âmbito dos órgãos e das entidades;
VIII - planejar, coordenar, executar e monitorar a Política de XV - manter atualizadas as informações sobre os serviços de
Transparência e Acesso à Informação da Administração Pública Fe- informação ao cidadão; e
deral; XVI - manter atualizados o inventário de base de dados e a ca-
IX - estabelecer normas complementares necessárias ao fun- talogação dos dados abertos no Portal Brasileiro de Dados Abertos.
cionamento do Sitai; Art. 9º O Sitai atuará de forma complementar e integrada aos
X - desenvolver e disponibilizar procedimentos, padrões, meto- demais sistemas estruturadores, principalmente aqueles que coor-
dologias e sistemas informatizados que permitam a disseminação, denem as atividades de instâncias que lhe prestem apoio, de forma
a obtenção, a utilização e a compreensão de informações públicas; a evitar a sobreposição de esforços, racionalizar os custos e melho-
XI - monitorar o atendimento às solicitações de acesso à infor- rar o desempenho e a qualidade dos resultados. (Vigência)
mação e o cumprimento das obrigações de transparência ativa e de
abertura de dados; CAPÍTULO III
XII - estimular e apoiar a adoção de medidas de integridade, DA POLÍTICA DE TRANSPARÊNCIA E ACESSO À INFORMAÇÃO
transparência e acesso à informação para o fortalecimento das po- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
líticas públicas;
XIII - definir critérios e indicadores para a avaliação e o monito- Art. 10. A Política de Transparência e Acesso à Informação da
ramento da implementação da Política de Transparência e Acesso à Administração Pública Federal compreende a:
Informação da Administração Pública Federal; I - transparência passiva, para garantir a prestação de informa-
XIV - promover o uso dos dados e das informações públicas pela ções em atendimento a pedidos apresentados à administração pú-
sociedade para a melhoria da gestão, das políticas e dos serviços; e blica federal com fundamento na Lei nº 12.527, de 2011;
XV - identificar bases de dados e de informações de interesse II - transparência ativa, para garantir a divulgação de informa-
público e, conforme o caso, sugerir às unidades setoriais a abertura ções nos sítios eletrônicos oficiais; e
em transparência ativa.

81
ÉTICA E INTEGRIDADE

III - abertura de bases de dados produzidos, custodiados ou Art. 14. Os dados e as informações divulgados no Portal da
acumulados pela administração pública federal, para promover Transparência do Poder Executivo Federal compreenderão aqueles
pesquisas, estudos, inovações, geração de negócios e participação relativos à gestão de recursos do Governo federal, incluídos, no mí-
da sociedade no acompanhamento e na melhoria de políticas e ser- nimo:
viços públicos. I - o orçamento anual de despesas e de receitas públicas do
Art. 11. São princípios e objetivos da Política de Transparência e Poder Executivo federal;
Acesso à Informação da Administração Pública Federal: II - a execução das despesas e das receitas públicas, nos termos
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo do disposto na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;
como exceção; III - os repasses de recursos federais aos Estados, aos Municí-
II - amplo acesso da sociedade às informações e aos dados pro- pios e ao Distrito Federal;
duzidos, custodiados ou acumulados pela administração pública IV - os convênios e as operações de descentralização de recur-
federal e livre utilização desses dados e dessas informações, inde- sos orçamentários em favor de pessoas naturais ou de organizações
pendentemente de autorização prévia ou de justificativa; não governamentais de qualquer natureza;
III - primariedade, integralidade, autenticidade e atualidade V - as licitações e as contratações realizadas pelo Poder Execu-
das informações disponibilizadas; tivo federal;
IV - tempestividade no provimento de informações; VI - as notas fiscais eletrônicas relativas às compras públicas
V - utilização de linguagem acessível e de fácil compreensão; disponíveis no Ambiente Nacional da Nota Fiscal Eletrônica, nos ter-
VI - ênfase na transparência ativa como forma de atender ao di- mos do disposto no art. 6º do Decreto nº 10.209, de 22 de janeiro
reito das pessoas físicas e jurídicas de terem acesso às informações de 2020;
e aos dados produzidos, custodiados ou acumulados pela adminis- VII - as informações sobre os servidores públicos federais e so-
tração pública federal; bre os militares, incluídos nome, detalhamento dos vínculos e re-
VII - observância das diretrizes: muneração;
a) previstas na Política de Dados Abertos do Poder Executivo VIII - as informações individualizadas relativas aos servidores
Federal, instituída pelo Decreto nº 8.777, de 11 de maio de 2016; inativos, aos pensionistas e aos reservistas vinculados ao Poder Exe-
b) previstas na Política Nacional de Governo Aberto, nos ter- cutivo federal, incluídos nome, detalhamento dos vínculos e remu-
mos do disposto no Decreto nº 10.160, de 9 de dezembro de 2019; neração;
e IX - as viagens a serviço custeadas pela administração pública
c) de Governo Digital e de eficiência pública, nos termos do dis- federal;
posto na Lei nº 14.129, de 29 de março de 2021; X - a relação de empresas e de profissionais que sofreram san-
VIII - foco no cidadão para definição de prioridades de transpa- ções que tenham como efeito a restrição ao direito de participar em
rência ativa e abertura de dados e informações; licitações ou de celebrar contratos com a Administração;
IX - participação da sociedade na formulação, na execução e no XI - a relação das entidades privadas sem fins lucrativos impe-
monitoramento das políticas públicas e no controle da aplicação de didas de celebrar novos convênios, contratos de repasse, termos
seus recursos; de fomento, termos de colaboração ou termos de parceria com a
X - utilização de tecnologias de informação e de comunicação administração pública federal; e
para disseminação e incentivo ao uso de dados e informações; XII - a relação dos servidores da administração pública federal
XI - compartilhamento de informações com vistas ao estímulo punidos com demissão, destituição ou cassação de aposentadoria.
à pesquisa, à inovação, à produção científica, à geração de negócios §1º A Controladoria-Geral da União poderá incluir outras infor-
e ao desenvolvimento econômico e social do País; mações de interesse coletivo e geral a serem divulgadas no Portal
XII - melhoria da gestão das informações disponibilizadas pela da Transparência do Poder Executivo Federal.
administração pública federal para a provisão mais eficaz e eficien- §2º Cabe às unidades setoriais do Sitai fornecer os dados e as
te de serviços públicos e para a prestação de contas adequada à informações necessários ao cumprimento do disposto neste artigo.
sociedade; §3º Os órgãos e as entidades fornecerão acesso gratuito aos
XIII - combate à corrupção por meio da inibição da prática de dados necessários para a manutenção e a atualização do Portal da
atos ilícitos na administração pública federal e de desvios de condu- Transparência do Poder Executivo Federal, nos prazos e nas formas
ta de agentes públicos; e acordadas com a Controladoria-Geral da União.
XIV - respeito à proteção dos dados pessoais. §4º Os órgãos e as entidades poderão solicitar à Controladoria-
Art. 12. A transparência ativa será realizada por meio da divul- -Geral da União, mediante indicação do fundamento legal, a restri-
gação de dados e informações nos sítios eletrônicos oficiais dos ór- ção de publicação, no Portal da Transparência do Poder Executivo
gãos e das entidades da administração pública federal. Federal, de informações sigilosas por eles produzidas ou custodia-
Parágrafo único. A ações de transparência ativa de que trata o das.
caput se darão: §5º A solicitação de que trata o §4º permanecerá à disposição
I - em cumprimento às normas vigentes; do público em seção específica do Portal da Transparência do Poder
II - por demanda ou interesse coletivo ou geral da sociedade; e Executivo Federal e conterá, no mínimo:
III - por iniciativa dos órgãos e das entidades. I - as características gerais da informação de cuja publicação foi
Art. 13. A Controladoria-Geral da União manterá o Portal da solicitada a restrição; e
Transparência do Poder Executivo Federal para divulgar dados e in- II - os fundamentos legais da restrição de publicação.
formações sobre a gestão de recursos públicos e sobre servidores §6º As unidades setoriais do Sitai que não tiverem as informa-
públicos. ções publicadas no Portal da Transparência do Poder Executivo Fe-
deral por não utilizarem sistemas estruturantes do Governo federal

82
ÉTICA E INTEGRIDADE

publicarão as informações em seus sítios eletrônicos oficiais ou pro- • accountability, que corresponde principalmente à pres-
verão os dados na forma e nos prazos estabelecidos pela Controla- tação de contas da administração para a sociedade, mas não fica
doria-Geral da União. limitada a isto.
§7º Constará no Portal da Transparência do Poder Executivo Fe-
deral a lista dos órgãos e das entidades que publicam informações Governabilidade
no sítio eletrônico e das informações publicadas. A governabilidade da administração pública tem forte relação
Art. 15. A Controladoria-Geral da União é responsável pela ges- com a afinidade de legitimidade do gestor público em relação à so-
tão do Portal Brasileiro de Dados Abertos. ciedade. Sem legitimidade não há como se falar em governabilida-
Parágrafo único. O Portal de que trata o caput tem a finalida- de. Diz respeito a uma capacidade política do Estado, refletindo na
de de prover o catálogo de referência para a busca e o acesso aos credibilidade e imagem pública da burocracia.
dados públicos e a seus metadados, informações, aplicativos e ser- Conforme Paludo (2013, p. 128), governabilidade significa tam-
viços relacionados. bém que “o governo deve tomar decisões amparadas num processo
Art. 16. A transparência passiva será realizada por sistema ele- que inclua a participação dos diversos setores da sociedade, dos
trônico específico para registro e atendimento de pedidos de aces- poderes constituídos, das instituições públicas e privadas e segmen-
so à informação direcionados aos órgãos e às entidades da adminis- tos representativos da sociedade, para garantir que as escolhas efe-
tração pública federal. tivamente atendam aos anseios da sociedade, e contem com seu
Parágrafo único. Compete à Controladoria-Geral da União a apoio na implementação dos programas/projetos e na fiscalização
gestão do sistema eletrônico específico de que trata o caput. dos serviços públicos”.
Art. 17. Os pedidos de acesso à informação registrados no sis-
tema eletrônico específico de que trata o art. 16 e suas respostas A fonte ou origem da governabilidade é representada pelos
serão disponibilizados para consulta aberta na internet, resguarda- cidadãos e pela cidadania organizada, os partidos políticos, as as-
dos os dados pessoais e as informações protegidas por outras hipó- sociações e demais agrupamentos representativos da sociedade
teses legais de sigilo. (PALUDO, 2013).
§1º A publicação de que trata o caput não incluirá dados do
solicitante de acesso à informação. Sendo assim, o desafio maior da governabilidade está em con-
§2º Os órgãos e as entidades responsáveis pelo tratamento dos ciliar as divergências constantes nos interesses dos diversos atores
pedidos de informação indicarão a existência de dados pessoais ou da sociedade, e uní-las em um ou vários objetivos comuns. Por-
de informações protegidas por outras hipóteses legais de sigilo que tanto, a viabilização dos objetivos políticos do Estado está muito
impeçam a sua disponibilização em transparência ativa. relacionada com a capacidade de articulação em alianças políticas
Art. 18. Os órgãos e as entidades da administração pública fede- e pactos sociais.
ral que receberem atribuições por força de transferência de compe-
tência de outros órgãos ou de outras entidades ficam responsáveis
Governança
pelo atendimento às solicitações de acesso à informação em anda-
A governança possui um caráter mais amplo que a governabi-
mento e pelo provimento das informações em transparência ativa.
lidade e refere-se a uma capacidade administrativa de executar as
políticas públicas.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Pereira (1997) explica que um governo pode ter governabilida-
Art. 19. Ficam revogados: de, na medida em que seus dirigentes contem com os necessários
I - o Decreto nº 5.482, de 30 de junho de 2005; e apoios políticos para governar, e no entanto pode governar mal por
II - o Decreto nº 10.756, de 27 de julho de 2021. (Vigência) lhe faltar a capacidade da governança.
Art. 20. Este Decreto entra em vigor: A governança no contexto da administração pública é um refle-
I - em 17 de julho de 2023, quanto aos art. 2º a art. 9º e quanto xo da governança corporativa da administração privada.
ao inciso II do caput do art. 19; e
II - na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos. As boas práticas de governança corporativa surgiram como
uma busca para solucionar conflitos entre acionistas e gestores a
Brasília, 16 de maio de 2023; 202º da Independência e 135º da respeito do desempenho do patrimônio, da sustentabilidade finan-
República. ceira e da transparência na gestão. A governança é também reflexo
das relações da organização com seus stakeholders (partes interes-
sadas).
De acordo com Paludo (2013), a governança é instrumental,
TRANSPARÊNCIA E QUALIDADE NA GESTÃO PÚBLICA,
pois é o braço da governabilidade. Além disso, relaciona-se com
CIDADANIA E EQUIDADE SOCIAL
competência técnica, abrangendo as capacidades gerencial, finan-
ceira e técnica propriamente dita.
Com o passar dos anos, a administração pública tem incorpo-
rado - e aplicado - alguns conceitos oriundos da administração pri- A fonte de origem da governança é, em sentido lato, os agentes
vada, como: públicos, e em sentido estrito os servidores públicos.
• governabilidade, a qual diz respeito a uma capacidade po-
lítica do Estado; Accountability
• governança, que refere-se à capacidade da administração Por sua vez, a accountability trata da prestação de contas, mas
de executar as políticas públicas; e não apenas isso. A accountability possui três planos:

83
ÉTICA E INTEGRIDADE

1. Prestação de contas: irá refletir na transparência do go- Afinal de contas, como as empresas dependem das pessoas
verno com a população. Exemplo: o Relatório de Gestão Fiscal, ins- para conduzir seus processos, é importante que haja um monito-
tituído pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); ramento para minimizar impactos em caso de deslizes. A regulação
2. Responsabilização dos agentes: os agentes devem res- da relação entre administradores e donos é feita de três formas:
ponsabilizar-se pela correta utilização dos recursos. Exemplo: a através de regras, auditorias e restrições de autonomia.
Lei de Improbidade Administrativa (LIA), que instituiu mecanismos
para punir maus gestores; 1. Regras
3. Responsividade dos agentes: diz respeito à capacidade de Estabelecer regras significa estipular normas para estruturar a
resposta do poder público às demandas sociais. Um governo res- organização e limitar o comportamento indesejável dos administra-
ponsivo buscará satisfazer as necessidades da população e colocar dores, conduzindo as suas decisões.
em prática as políticas escolhidas pelos cidadãos.
2. Auditorias
Podemos ainda classificar a accountability em dois tipos: Fazer auditorias é fundamental para checar se as regras estabe-
1. Horizontal: não há hierarquia, pois corresponde a uma lecidas previamente estão sendo cumpridas ou não, além de moni-
mútua fiscalização e controle existente entre os poderes. Exemplos: torar as ações dos administradores.
prefeitura recebe recursos do governo e a CGU faz uma auditoria;
atuação dos Tribunais de Contas, do Ministério Público; 3. Restrições de autonomia
2. Vertical: trata do controle da população sobre o gover- Impor restrições de autonomia se trata de limitar a atuação dos
no. É uma relação entre desiguais, pois o povo pode fiscalizar e administradores e determinar ações que eles estão autorizados a
punir as más gestões, principalmente através do voto em eleições fazer.
livres e justas. “É algo que depende de mecanismos institucionais,
sobretudo da existência de eleições competitivas periódicas, e que Vale lembrar que, dependendo da intensidade de como esse
é exercido pelo povo” (Miguel, 2005). controle é feito, pode-se obter diferentes efeitos, como veremos no
próximo tópico.
Conclusões
A governabilidade, a governança e a accountability constituem Impactos da governança corporativa nas empresas
diferentes conceitos, mas que trabalhados conjuntamente corres- Você já parou para pensar o que acontece quando os donos do
pondem a fatores essenciais para a boa gestão de um Estado. negócio impõem muitas regras e restrições? Ou pior, quando não
estabelecem regras e restrições suficientes?
Para finalizar, cabe ressaltar que a governabilidade está forte- Em uma governança muito forte, o administrador não conse-
mente relacionada com a legitimidade; a governança é mais ampla gue fazer seu trabalho, pois não possui autonomia para isso. Ele
que a governabilidade, e está relacionada com a capacidade de exe- está sempre “amarrado” à decisão de outras pessoas. Podemos ob-
cução e com competência técnica; já a accountability está relacio- servar esse tipo de governança na área pública e em grandes em-
nada com o uso do poder e dos recursos públicos, em que o titular presas.
da coisa pública é o cidadão e não os políticos eleitos. Já em uma governança muito fraca, as chances do adminis-
Sendo assim: trador usar de má-fé para buscar apenas seus próprios interesses
Podemos dizer que a governança mostra a direção que uma aumentam significativamente. Ou, pode ser que ele não atue com
empresa deve seguir para alcançar os resultados esperados. a competência necessária. Esse tipo de governança pode ser obser-
A governança corporativa tem suas bases fundamentadas na vado em startups e em pequenas empresas.
Teoria da Agência, que trata das questões associadas à relação en- Encontrar um ponto de equilíbrio é o grande dilema da gover-
tre principais e agentes. nança corporativa ideal! Por isso, é preciso cuidar para que os ins-
Você deve estar se perguntando: “Tá, mas quem são essas pes- trumentos de controle não sejam mais caros que eventuais prejuí-
soas?” zos dos administradores.
Atribui-se a posição de principais aos donos da empresa. Já os O conceito de governança também pode ser aplicado em ou-
agentes são as pessoas contratadas pelos donos para administrar o tros campos de negócio, para além da esfera organizacional.
negócio e representar seus interesses. Contudo, nem sempre é isso
o que acontece. Eficiência: refere-se ao bom uso dos recursos disponíveis. É a
Os administradores também possuem suas próprias demandas relação entre os insumos utilizados e os produtos/serviços gerados.
e podem acabar cometendo deslizes, por diversos motivos. Mas,
você sabia que dá para evitar e contornar esses deslizes? Eficácia: está relacionada ao alcance dos objetivos. É a relação
entre os resultados ovitidos e os resultados esperados.
Para que serve a governança corporativa?
A governança corporativa assegura que os interesses dos admi- Efetividade: diz respeito ao impacto positivo gerado na socie-
nistradores estejam alinhados aos interesses dos donos do negócio. dade.
Ela garante que os processos e as estratégias estão sendo correta-
mente seguidos, além de promover uma cultura de prestação de Accountability é a responsabilização dos agentes públicos pe-
contas na empresa. los atos praticados e sua obrigação ética de prestar contas. Em ou-
tras palavras, é o conjunto de mecanismos e procedimentos que
induzem os dirigentes governamentaisa prestar contas dos resul-
tados de suas ações à sociedade, garantindo, dessa forma, maior

84
ÉTICA E INTEGRIDADE

nível de transparência, participação da sociedade e exposição das Enfoque no produto Descrição de todos os
políticas públicas. Quanto maior for a possibilidade de os cidadãos serviços administrativos
discernirem se o agente público está agindo em prol da coletividade como “produtos”:
e de sancioná- lo, mais accountable é um governo. recursos, custos, clareza no
prazo de entrega
Horizontal: exercido por instituições do Estado devidamente
encarregadas da prevenção, reparação e punição de ações ilegais
cometidas por agentes públicos. É feita pelos mecanismos institu- Características Gestão pública Gestão pública
cionalizados, abrangendo os Poderes e também agências governa- burocrática gerencial
mentais que tenham como finalidade a fiscalização do poder públi- Modelo de gestão Rígido e ineficiente Flexível e eficiente
co e de outros órgãos estatais, como por exemplo os Tribunais de
Contas. Ideologia Formalismo e rigor Maior confiança
técnico e flexibilidade de
Vertical: são as atividades de fiscalização feitas pela sociedade gestão
procurando estabelecer formas de controle sobre o poder público. Atributos Rigidez nos Maior autonomia e
Para grande parte dos autores, ela é exercida “de baixo para cima”, procedimentos, responsabilidade
por pessoas e entidades da sociedade civil, geralmente sob a forma excesso de normas
de voto ou de mobilizações. Certo autor separou a vertical em duas: e regulamentos
- Eleitoral - os eleitores avaliam governos e fazem suas esco-
Foco Poder do Estado Cidadão / sociedade
lhas;
- Societal - especificamente para o controle exercido por agen- Ênfase Processos / Resultados
tes ou entidades de representatividade social (conselhos, associa- procedimentos
ções etc.), ou seja, grupos se mobilizam para impor suas deman- Indicadores Produção Efetividade, eficácia
das em relação à prevenção, reparação ou punição de ilegalidades. e eficiência
Outro autor aventou a possibilidade de uma accountability vertical
“de cima para baixo”, quando há direito de sanção a partir de uma Decisão Centralizada Descentralizada
relação de hierarquia, ou seja, entre chefia e subordinados. Servidor Público Estabilidade Valorização do
servidor, investindo
Estado racionalizado Redução das tarefas do em capacitação
estado Controle “A priori” nos “A posteriori” nos
Separação dos níveis de decisão Separação dos níveis processos resultados
estratégicos e operacional: Sociedade / Racionalidade Campo de conflitos,
a política decide O QUE e a ambiente aboslutada para cooperação e
Administração COMO ser impessoal incertezas
Gestão racionalizada Aplicação de gestão por Papel do Estado Executor Regulador, provedor
objetivos, hierarquia ou promotor
planejada, gestão por
projetos, remuneração de NOVA GESTÃO PÚBLICA
acordo com o desempenho
e métodos modernos de *Antecendentes:
liderança - Estados grandes, caros e ineficientes (burocráticos);
Nova atitude nos serviços Orientação de acordo com - Crises Mundiais;
o cliente: satisfação como - Necessidade de reequilíbrio financeiro/fiscal;
ponto central; mudança de - Desenvolvimento tecnológico e globalização - competição.
comportamento
*Foco:
Novo sistema de controle Atitudes definidas por
- Superar a Administração Burocrática
metas claras, avaliação de
- Rompe com os princípios negativos, mantém os positivos.
resultados, transparência
- Melhorar a Administração Pública
na aplicação de recursos
- Eficiência, Redução de Custos, Aumento da Qualidade
Descentralização Tarefas, responsabilidade,
competência *New Public Management: Modelo Pós-Burocrático - Modelo
Gestão de qualidade Garantia de serviços de Gerencial
qualidade de acordo com a - Conjunto de doutrinas administrativas que orientaram as re-
formação, competência e formas da Adm. Pública em nível mundial.
pela transparência - Incorporação, pelo serviço público, de alguns pressupostos e
inovações da administração gerencial - privada
- Cuidado: não é exatamente igual à Adm. Privada.

85
ÉTICA E INTEGRIDADE

* Downsizing e Empowerment SERVIÇO ORIENTADO AO CIDADÃO


* Descentralização e autonomia
* Redução do tamanho da máquina administrativa *Public Service Orientation
* Aumento da eficiência - Fazer o que deve ser feito
* Criação de mecanismos voltados à responsabilização dos - Acrescenta conceitos ignorados até então pela visão geren-
atores políticos cial: accountability, transparência, participação política, equidade e
justiça;
*Evolução:
- Início: Neoliberalismo - diminuir o Estado, reduzir custos *Cidadão é ciddadão - mais que um consumidor, titular da
- Após: Qualidade dos serviços coisa pública
Foco no cidadão
NOVA GESTÃO PÚBLICA: OBJETIVOS
* Três fases (não são independentes, não há um núcleo co-
mum): *Objetivo da Nova gestão Pública
- Generalismo puro: fazer mais com menos - eificência e redu- - modernizar o aparelho do Estado, tornando a administração
ção de custos; pública mais eficiente, eficaz e efetiva e mais voltada para o cida-
- Consumerismo: fazer melhor - foco no cliente e na qualidade; dão, buscando maior governança, controle por resultados e accou-
- Serviço orientado ao cidade: fazer o que deve ser feito - efe- ntability.
tividade, cidadania, equidade, Accountability. - Estado ganha dinamismo e reduz seu papel de executor ou
prestador direto de serviço, mantendo-se, entretanto, no papel de
GERENCIALISMO PURO regulador, provador ou promotor.
• Eficiência
* Fazer mais com menos • Eficácia
- Foco no aumento da eficiência • Efetividade
- Redução de custos • Governança
- Melhoria da qualidade do gasto público • Governabilidade
- Evitar o desperdício • Accountability
- Aumentar a produtividade - Horizontal
- Vertical: Societal e Eleitoral
*Cidadão = taxpayer = contribuinte = financiador
GOVERNANÇA
CONSUMERISMO
* Pilares: participação cidadã, tr4ansparência e medição de
* Fazer melhor - melhoria da qualidade dos serviços
resultados.
- Uso de estratégia - análise de stakeholders
- Participação de diversos atores (estado, terceiro setor, mer-
- Descentralização administrativa e competição entre organiza-
ções cado etc.) no desenvolvimento, na gestão de políticas públicas e no
- Paradigma do Consumidor - dar ao cidadão atendimento se- provimento de serviços.
melhante ao que ele teria como cliente em uma empresa privada - Amplia de forma sistemática as oportunidades individuais,
- visão liberal institucionais e regionais;
- Promove a adoção de modelos de gestão pós ou neoburocrá-
*Cidadão = cliente, consumidor, usuário dos serviços ticos: redes, modelos de gestão orgânicos, mecanismos amplos de
accountability, controle e permeabilidade.
CRÍTICAS AO MODELO DE CONSUMIDOR
*É um processo complexo de tomada de decisão que antecipa
e ultrapassa o governo.
*Relação cliente-fornecedor *Relação Cidadão-Servidor
- Mais simples - Mais complexa *Quatro princípios:
- relações éticas;
- Mais opções ao cliente X - Monopólio estatal
- conformidade, em todas as suas dimensões;
(concorrência)
- transparência;
- Tratamentos diferenciados - Serviços compulsórios - prestação responsável de contas - accountability
- Equidade no tratamento
NOVA GESTÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS
* Conceito de consumidor deve ser substituído pelo de cida- - Reorientação dos mecanismos de controle
dão - Foco na racionalização de recursos
- Termo mais amplo - Focalização da ação do Estado no cidadão
- Cidadania implica direitos e deveres - Flexibilidade administrativa
- Participação ativa na elaboração das políticas e na avaliação - Controle social - participação cidadã
dos serviços públicos - Valorização dos servidores
- Accountability - Transparência

86
ÉTICA E INTEGRIDADE

— Prêmios da qualidade públicos Em alguns mercados, uma qualidade superior significa, ain-
A partir da década de 80, governos de diversos países da, um diferencial competitivo. A disseminação dessa filosofia nas
começaram a implementar um conjunto de ideias que ficou conhe- empresas ocorreu, em grande parte, devido à criação dos prêmios
cido como a „nova administração pública – NPM, do inglês, New da qualidade.
Public Management. O objetivo principal dessa doutrina é o de mo- Neste momento, para que os governos sirvam à população com
dernizar a administração pública de forma a propiciar mais benefí- qualidade, os prêmios da qualidade públicos estão sendo utilizados
cios ao cidadão4. enquanto estratégia gerencial. Um prêmio da qualidade público
As principais diretrizes da NPM são: administração visível e pro- pode ser definido como um instrumento que incentiva inovação e
fissional, utilização de medidas e padrões de desempenho, maior desempenho no setor público, por meio da identificação de organi-
ênfase no controle de resultados, desagregação de unidades para zações públicas com excelência em serviços.
melhor administrar, aumento da competição no setor público (prin- Dessa forma, introduz competição em setores que não pos-
cipalmente, em licitações e parcerias), foco na utilização dos estilos suem concorrência e incentivam o aprendizado organizacional,
de gestão da iniciativa privada, e maior disciplina e economia no pois as companhias que se destacam mostram suas virtudes para
uso dos recursos públicos. outras organizações, participantes ou não da premiação. Boa parte
Desde então, o serviço público caminha, cada vez mais, no sen- das premiações da qualidade premiam tanto organizações privadas
tido de modernizar suas práticas de gestão. Para execução dessa quanto as públicas.
tarefa, a gestão da qualidade é uma importante aliada, pois traz O que motiva a criação de prêmios exclusivamente públicos é
conceitos que auxiliam na consecução de objetivos com uma me- o fato de as restrições desse ambiente serem diferentes das do am-
lhor utilização de recursos. Na aplicação da gestão da qualidade em biente privado. Fundamentalmente, o setor público pertence a uma
serviços públicos, é importante que se alinhe esses conceitos com comunidade, enquanto o setor privado pertence a um empresário
as políticas a serem implementadas e com as expectativas dos ci- ou grupo de acionistas.
dadãos. Além disso, os serviços públicos são custeados, majoritaria-
Dessa maneira, é preciso melhorar internamente, sem perder, po- mente, com recursos de impostos, enquanto que os serviços pri-
rém, o foco externo. Portanto, além de boas políticas, é necessário que vados são sustentados pelos valores pagos pelos clientes. Assim,
as organizações adotem boas práticas de gestão, alinhadas à estratégia as organizações públicas são guiadas, principalmente, por forças
traçada, com a possibilidade de medição de desempenho. políticas ao invés de forças econômicas, gerando diferentes fontes
Aplicar a gestão da qualidade a serviços é um desafio, tanto de autoridade, que podem ser conflitantes.
para o setor privado quanto para o público. Em uma pesquisa rea- Tais características influenciam no modo de administração. Na
lizada, onde usuários atribuíram notas a alguns serviços públicos e administração privada, os empresários ou sócios procuram contro-
privados oferecidos no Estado da Geórgia (EUA), apesar do estereó- lar o negócio diretamente, e os administradores possuem benefí-
tipo consagrado de que os serviços públicos possuem um nível de
cios financeiros diretos de um bom resultado da companhia, seja
desempenho abaixo do nível privado, esses recebem notas seme-
através de ações ou de programas de incentivo. Na administração
lhantes às atribuídas à iniciativa privada em processos de prestação
pública, geralmente, os administradores não obtêm benefícios fi-
de serviços.
nanceiros de um bom resultado alcançado na instituição.
Além disso, as notas atribuídas pelas pessoas que não utiliza-
Outro entrave é a burocracia, que tende a ser maior no setor
ram o serviço público (baseadas apenas na sua percepção) foram
público, devido à necessidade de controle sobre o patrimônio públi-
menores do que as notas das pessoas que os haviam utilizado re-
co. Muitas vezes, essa característica pode levantar barreiras à busca
centemente. A melhoria na qualidade dos serviços públicos benefi-
cia, além do cidadão, o funcionário público. de inovações, ou, ainda, uma preocupação excessiva com regras e
Estudos demonstraram, por meio de uma pesquisa realizada processos ao invés de resultados.
com 274 gestores públicos, que a motivação dos funcionários está Por fim, o horizonte de planejamento, geralmente é curto,
diretamente relacionada com o ambiente da organização. Uma dada a instabilidade decorrente do fato de as forças políticas mu-
organização pública que consegue manter um alto nível de motiva- darem periodicamente. Em relação à medição da qualidade em
ção e uma boa imagem perante a sociedade facilita o recrutamento serviços públicos, definem-se dez dimensões principais: acesso ao
de novos funcionários e aumenta o comprometimento com o ser- serviço (p.ex., localização, tempo de espera, disponibilidade, dentre
viço público. outros), nível de comunicação (associado à linguagem simplificada,
Os agentes públicos tendem a ter um perfil pessoal e profissio- mas que mantenha o rigor à legislação), sistema administrativo inteli-
nal diferente daquelas que optam pela iniciativa privada. Gestores gível (por meio de processos simplificados com informação suficiente
públicos tendem a ser menos sensíveis a incentivos financeiros do e de boa qualidade), respostas flexíveis e rápidas (realização de adap-
que os seus pares privados. tação quando as necessidades dos cidadãos mudam), receptividade
Para que ocorra a motivação dos agentes públicos, é necessário aos serviços (privilegiando o envolvimento dos cidadãos na definição
que eles sintam que prestam um serviço que agrega valor à socieda- dos serviços), competência do pessoal que presta o serviço (habili-
de, e não apenas servem à burocracia. Dessa forma, é importante dade técnica do servidor), polidez e gentileza do pessoal (que é um
um trabalho de comunicação que permita a esses agentes visualizar elemento-chave na qualidade de um serviço), credibilidade (no setor
os benefícios que trazem para a sociedade. público, requer tratamento igualitário e profissionalismo.
Nesse processo, a gestão da qualidade é válida, pois aumenta Possui relação direta com a imagem da organização), confia-
a eficiência da prestação de serviços, melhora a comunicação orga- bilidade e responsabilidade (consistência e precisão na prestação
nizacional e focaliza resultados. Qualidade já é um requisito básico do serviço), e segurança e qualidade dos aspectos tangíveis (ins-
para a existência das empresas da iniciativa privada. talações adequadas, acesso a pessoas deficientes, por exemplo, e
4 https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/97354/000919637.pdf?- que passem uma imagem de serviço de qualidade, mobiliário, por
sequence=1 exemplo).

87
ÉTICA E INTEGRIDADE

Quanto à medição de desempenho, no setor privado ela ocorre


de forma mais simples, visto que pode-se utilizar resultados finan- GOVERNO ELETRÔNICO E SEU IMPACTO NA SOCIEDADE E
ceiros como forma de comparação, enquanto que, no setor públi- NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; LEI Nº 14.129/2021
co, há que se considerar resultados para os diferentes interessados
(usuários do serviço, sociedade, dentre outros). Os prêmios públi- O avanço da tecnologia da informação e comunicação (TIC) tem
cos, em sua maioria, são compostos por modelos gerenciais, conhe- transformado profundamente a maneira como os governos intera-
cidos como modelos de excelência em gestão. gem com a sociedade e conduzem os assuntos públicos. O Gover-
Esses modelos são focados numa gama de atividades geren- no Eletrônico, também conhecido como e-Gov ou e-Government,
ciais, comportamentos e processos que influenciam a qualidade refere-se à utilização das TICs para melhorar a eficiência, transpa-
dos produtos e serviços entregues pelas organizações e contêm rência e acessibilidade dos serviços governamentais. Neste texto,
critérios a serem atendidos pelo setor. Eles estão baseados nos exploraremos o impacto do Governo Eletrônico na sociedade e na
princípios, conceitos e linguagem próprios da natureza pública das administração pública.
organizações.
A Sociedade no Centro da Transformação
— Cidadania e Equidade Social O Governo Eletrônico coloca a sociedade no centro da trans-
A cidadania e equidade social estão interligadas e desempe- formação digital do governo. Ele proporciona uma série de bene-
nham papéis fundamentais no desenvolvimento de comunidades e fícios diretos aos cidadãos, como o acesso conveniente a serviços
sociedades mais justas e democráticas. Vou explicar cada um desses públicos, redução de burocracia e a possibilidade de interagir com
conceitos e como eles se relacionam: o governo de forma mais eficiente. Por exemplo, a obtenção de do-
cumentos, como carteiras de identidade ou passaportes, pode ser
A cidadania realizada online, economizando tempo e recursos para os cidadãos.
É o estado e os direitos de uma pessoa como membro de uma
comunidade, cidade, estado ou nação. Ela inclui direitos e respon- A Transparência como Pilar Fundamental
sabilidades como o direito de votar, a liberdade de expressão, o A transparência é um pilar fundamental do Governo Eletrôni-
acesso à justiça, a igualdade perante a lei e a participação na vida co. A disponibilização de informações públicas de forma acessível
política e pública. Em uma democracia, a cidadania é fundamental e compreensível promove a prestação de contas e a participação
porque envolve a participação ativa dos cidadãos no governo e na cívica. Os cidadãos podem monitorar as atividades do governo,
tomada de decisões. avaliar o desempenho de seus representantes e fiscalizar o uso dos
Além disso, a cidadania é associada ao senso de pertencimento recursos públicos. A transparência fortalece a confiança na adminis-
a uma comunidade e à responsabilidade de contribuir para o bem tração pública e na democracia como um todo.
comum. A promoção da cidadania inclui garantir que os cidadãos
tenham acesso a educação, informação e recursos para exercer Eficiência na Administração Pública
seus direitos e deveres. O Governo Eletrônico também tem um impacto significativo na
administração pública. A automação de processos e a digitalização
Equidade Social de documentos reduzem a burocracia, diminuem os erros humanos
Refere-se à busca de justiça e igualdade na distribuição de re- e tornam as operações governamentais mais eficientes. Os servi-
cursos, oportunidades e benefícios na sociedade. Ela pressupõe dores públicos podem se concentrar em tarefas mais estratégicas,
que todas as pessoas, independentemente de sua origem, gênero, enquanto as operações rotineiras são realizadas de forma automa-
raça, orientação sexual, classe social ou outras características, de- tizada.
vem ter a chance de alcançar seu pleno potencial e desfrutar de
uma qualidade de vida decente. Participação Cidadã Ampliada
Ela implica a redução das desigualdades econômicas e sociais, a Além da transparência, o Governo Eletrônico também amplia a
eliminação da discriminação e o acesso igualitário a serviços, como participação cidadã. Os governos podem realizar consultas públicas
saúde, educação, moradia e emprego. Ela é uma parte essencial da online, permitindo que os cidadãos expressem suas opiniões sobre
justiça social e da construção de uma sociedade mais inclusiva e políticas e regulamentações. Essa abordagem colaborativa contri-
coesa. bui para a elaboração de políticas mais inclusivas e adequadas às
Esses conceitos estão interligados na medida em que uma boa necessidades da sociedade.
gestão local pode promover a cidadania ativa e a equidade social.
Quando as autoridades locais são responsivas às necessidades de Desafios e Considerações Éticas
suas comunidades, promovem a participação dos cidadãos na to- Embora o Governo Eletrônico ofereça inúmeras vantagens,
mada de decisões e garantem que os recursos sejam distribuídos também apresenta desafios, como questões de segurança ciber-
de maneira justa, isso contribui para o fortalecimento da cidadania nética, privacidade de dados e exclusão digital. É fundamental que
e a redução das desigualdades sociais. Uma gestão local eficaz é, os governos adotem medidas rigorosas para proteger informações
portanto, fundamental para promover uma cidadania ativa e a equi- sensíveis e garantir que todos os cidadãos tenham acesso aos ser-
dade social em nível comunitário e municipal. viços digitais, independentemente de sua capacidade tecnológica.
O Governo Eletrônico é uma revolução que está moldando a
maneira como os governos servem à sociedade e gerenciam seus
assuntos. Ele promove a transparência, eficiência e participação ci-
dadã, fortalecendo a democracia e melhorando a qualidade de vida

88
ÉTICA E INTEGRIDADE

dos cidadãos. No entanto, é importante abordar os desafios éticos III - a possibilidade aos cidadãos, às pessoas jurídicas e aos ou-
e tecnológicos que surgem com essa transformação, para garantir tros entes públicos de demandar e de acessar serviços públicos por
que ela seja inclusiva e beneficie a todos. O Governo Eletrônico re- meio digital, sem necessidade de solicitação presencial;
presenta um passo importante na busca por um governo mais efi- IV - a transparência na execução dos serviços públicos e o mo-
ciente, responsável e orientado para o cidadão. nitoramento da qualidade desses serviços;
V - o incentivo à participação social no controle e na fiscalização
da administração pública;
LEI Nº 14.129, DE 29 DE MARÇO DE 2021 VI - o dever do gestor público de prestar contas diretamente à
população sobre a gestão dos recursos públicos;
Dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o Gover- VII - o uso de linguagem clara e compreensível a qualquer ci-
no Digital e para o aumento da eficiência pública e altera a Lei nº dadão;
7.116, de 29 de agosto de 1983, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro VIII - o uso da tecnologia para otimizar processos de trabalho
de 2011 (Lei de Acesso à Informação), a Lei nº 12.682, de 9 de julho da administração pública;
de 2012, e a Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017. IX - a atuação integrada entre os órgãos e as entidades en-
volvidos na prestação e no controle dos serviços públicos, com o
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- compartilhamento de dados pessoais em ambiente seguro quando
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: for indispensável para a prestação do serviço, nos termos da Lei nº
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
CAPÍTULO I Pessoais), e, quando couber, com a transferência de sigilo, nos ter-
DISPOSIÇÕES GERAIS mos do art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código
Tributário Nacional), e da Lei Complementar nº 105, de 10 de janei-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre princípios, regras e instrumentos ro de 2001;
para o aumento da eficiência da administração pública, especial- X - a simplificação dos procedimentos de solicitação, oferta e
mente por meio da desburocratização, da inovação, da transforma- acompanhamento dos serviços públicos, com foco na universaliza-
ção digital e da participação do cidadão. ção do acesso e no autosserviço;
Parágrafo único. Na aplicação desta Lei deverá ser observado XI - a eliminação de formalidades e de exigências cujo custo
o disposto nas Leis nºs 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de econômico ou social seja superior ao risco envolvido;
Acesso à Informação), 13.460, de 26 de junho de 2017, 13.709, de XII - a imposição imediata e de uma única vez ao interessado
14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), e das exigências necessárias à prestação dos serviços públicos, justifi-
5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), e na cada exigência posterior apenas em caso de dúvida superveniente;
Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001. XIII - a vedação de exigência de prova de fato já comprovado
Art. 2º Esta Lei aplica-se: pela apresentação de documento ou de informação válida;
I - aos órgãos da administração pública direta federal, abran- XIV - a interoperabilidade de sistemas e a promoção de dados
gendo os Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, incluído o Tri- abertos;
bunal de Contas da União, e o Ministério Público da União; XV - a presunção de boa-fé do usuário dos serviços públicos;
II - às entidades da administração pública indireta federal, in- XVI - a permanência da possibilidade de atendimento presen-
cluídas as empresas públicas e sociedades de economia mista, suas
cial, de acordo com as características, a relevância e o público-alvo
subsidiárias e controladas, que prestem serviço público, autarquias
do serviço;
e fundações públicas; e
XVII - a proteção de dados pessoais, nos termos da Lei nº
III - às administrações diretas e indiretas dos demais entes fe-
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
derados, nos termos dos incisos I e II do caput deste artigo, desde
Pessoais);
que adotem os comandos desta Lei por meio de atos normativos
XVIII - o cumprimento de compromissos e de padrões de quali-
próprios.
dade divulgados na Carta de Serviços ao Usuário;
§1º Esta Lei não se aplica a empresas públicas e sociedades de
XIX - a acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobi-
economia mista, suas subsidiárias e controladas, que não prestem
serviço público. lidade reduzida, nos termos da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015
§2º As referências feitas nesta Lei, direta ou indiretamente, a (Estatuto da Pessoa com Deficiência);
Estados, Municípios e ao Distrito Federal são cabíveis somente na XX - o estímulo a ações educativas para qualificação dos servi-
hipótese de ter sido cumprido o requisito previsto no inciso III do dores públicos para o uso das tecnologias digitais e para a inclusão
caput deste artigo. digital da população;
Art. 3º São princípios e diretrizes do Governo Digital e da efici- XXI - o apoio técnico aos entes federados para implantação e
ência pública: adoção de estratégias que visem à transformação digital da admi-
I - a desburocratização, a modernização, o fortalecimento e a nistração pública;
simplificação da relação do poder público com a sociedade, me- XXII - o estímulo ao uso das assinaturas eletrônicas nas intera-
diante serviços digitais, acessíveis inclusive por dispositivos móveis; ções e nas comunicações entre órgãos públicos e entre estes e os
II - a disponibilização em plataforma única do acesso às infor- cidadãos;
mações e aos serviços públicos, observadas as restrições legalmen- XXIII - a implantação do governo como plataforma e a promo-
te previstas e sem prejuízo, quando indispensável, da prestação de ção do uso de dados, preferencialmente anonimizados, por pessoas
caráter presencial; físicas e jurídicas de diferentes setores da sociedade, resguardado o
disposto nos arts. 7º e 11 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018

89
ÉTICA E INTEGRIDADE

(Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), com vistas, especialmen- CAPÍTULO II


te, à formulação de políticas públicas, de pesquisas científicas, de DA DIGITALIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DA PRES-
geração de negócios e de controle social; TAÇÃO DIGITAL DE SERVIÇOS PÚBLICOS - GOVERNO DIGITAL
XXIV - o tratamento adequado a idosos, nos termos da Lei nº
10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso); SEÇÃO I
XXV - a adoção preferencial, no uso da internet e de suas apli- DA DIGITALIZAÇÃO
cações, de tecnologias, de padrões e de formatos abertos e livres,
conforme disposto no inciso V do caput do art. 24 e no art. 25 da Lei Art. 5º A administração pública utilizará soluções digitais para a
nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da Internet); e gestão de suas políticas finalísticas e administrativas e para o trâmi-
XXVI - a promoção do desenvolvimento tecnológico e da inova- te de processos administrativos eletrônicos.
ção no setor público. Parágrafo único. Entes públicos que emitem atestados, certi-
Art. 4º Para os fins desta Lei, considera-se: dões, diplomas ou outros documentos comprobatórios com vali-
I - (VETADO); dade legal poderão fazê-lo em meio digital, assinados eletronica-
II - autosserviço: acesso pelo cidadão a serviço público presta- mente na forma do art. 7º desta Lei e da Lei nº 14.063, de 23 de
do por meio digital, sem necessidade de mediação humana; setembro de 2020.
III - base nacional de serviços públicos: base de dados que con- Art. 6º Nos processos administrativos eletrônicos, os atos pro-
tém as informações necessárias sobre a oferta de serviços públicos cessuais deverão ser realizados em meio eletrônico, exceto se o
de todos os prestadores desses serviços; usuário solicitar de forma diversa, nas situações em que esse proce-
IV - dados abertos: dados acessíveis ao público, representados dimento for inviável, nos casos de indisponibilidade do meio eletrô-
em meio digital, estruturados em formato aberto, processáveis por nico ou diante de risco de dano relevante à celeridade do processo.
máquina, referenciados na internet e disponibilizados sob licença Parágrafo único. No caso das exceções previstas no caput deste
aberta que permita sua livre utilização, consumo ou tratamento por artigo, os atos processuais poderão ser praticados conforme as re-
qualquer pessoa, física ou jurídica; gras aplicáveis aos processos em papel, desde que posteriormente
V - dado acessível ao público: qualquer dado gerado ou acumu- o documento-base correspondente seja digitalizado.
lado pelos entes públicos que não esteja sob sigilo ou sob restrição Art. 7º Os documentos e os atos processuais serão válidos em
de acesso nos termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 meio digital mediante o uso de assinatura eletrônica, desde que
(Lei de Acesso à Informação); respeitados parâmetros de autenticidade, de integridade e de segu-
VI - formato aberto: formato de arquivo não proprietário, cuja rança adequados para os níveis de risco em relação à criticidade da
especificação esteja documentada publicamente e seja de livre co- decisão, da informação ou do serviço específico, nos termos da lei.
nhecimento e implementação, livre de patentes ou de qualquer ou- §1º Regulamento poderá dispor sobre o uso de assinatura
tra restrição legal quanto à sua utilização; avançada para os fins de que tratam os seguintes dispositivos:
VII - governo como plataforma: infraestrutura tecnológica que
I - art. 2º-A da Lei nº 12.682, de 9 de julho de 2012;
facilite o uso de dados de acesso público e promova a interação
II - art. 289 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
entre diversos agentes, de forma segura, eficiente e responsável,
III - art. 2º da Lei nº 13.787, de 27 de dezembro de 2018;
para estímulo à inovação, à exploração de atividade econômica e à
IV - art. 282-A da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Có-
prestação de serviços à população;
digo de Trânsito Brasileiro);
VIII - laboratório de inovação: espaço aberto à participação
V - (VETADO);
e à colaboração da sociedade para o desenvolvimento de ideias,
VI - art. 8º da Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012;
de ferramentas e de métodos inovadores para a gestão pública, a
VII - art. 38 da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009.
prestação de serviços públicos e a participação do cidadão para o
exercício do controle sobre a administração pública; §2º O disposto neste artigo não se aplica às hipóteses legais de
IX - plataformas de governo digital: ferramentas digitais e ser- anonimato.
viços comuns aos órgãos, normalmente ofertados de forma centra- Art. 8º Os atos processuais em meio eletrônico consideram-se
lizada e compartilhada, necessárias para a oferta digital de serviços realizados no dia e na hora do recebimento pelo sistema informati-
e de políticas públicas; zado de gestão de processo administrativo eletrônico do órgão ou
X - registros de referência: informação íntegra e precisa oriunda da entidade, o qual deverá fornecer recibo eletrônico de protocolo
de uma ou mais fontes de dados, centralizadas ou descentralizadas, que os identifique.
sobre elementos fundamentais para a prestação de serviços e para §1º Quando o ato processual tiver que ser praticado em deter-
a gestão de políticas públicas; e minado prazo, por meio eletrônico, serão considerados tempestivos
XI - transparência ativa: disponibilização de dados pela admi- os efetivados, salvo disposição em contrário, até as 23h59 (vinte e
nistração pública independentemente de solicitações. três horas e cinquenta e nove minutos) do último dia do prazo, no
Parágrafo único. Aplicam-se a esta Lei os conceitos da Lei nº horário de Brasília.
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados §2º A regulamentação deverá dispor sobre os casos e as condi-
Pessoais). ções de prorrogação de prazos em virtude da indisponibilidade de
sistemas informatizados.
Art. 9º O acesso à íntegra do processo para vista pessoal do
interessado poderá ocorrer por intermédio da disponibilização de
sistema informatizado de gestão ou por acesso à cópia do docu-
mento, preferencialmente em meio eletrônico.

90
ÉTICA E INTEGRIDADE

Art. 10. A classificação da informação quanto ao grau de sigilo SEÇÃO IV


e a possibilidade de limitação do acesso aos servidores autoriza- DOS COMPONENTES DO GOVERNO DIGITAL
dos e aos interessados no processo observarão os termos da Lei nº
12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), e SUBSEÇÃO I
das demais normas vigentes. DA DEFINIÇÃO
Art. 11. Os documentos nato-digitais assinados eletronicamen-
te na forma do art. 7º desta Lei são considerados originais para to- Art. 18. São componentes essenciais para a prestação digital
dos os efeitos legais. dos serviços públicos na administração pública:
Art. 12. O formato e o armazenamento dos documentos digi- I - a Base Nacional de Serviços Públicos;
tais deverão garantir o acesso e a preservação das informações, nos II - as Cartas de Serviços ao Usuário, de que trata a Lei nº
termos da legislação arquivística nacional. 13.460, de 26 de junho de 2017; e
Art. 13. A guarda dos documentos digitais e dos processos ad- III - as Plataformas de Governo Digital.
ministrativos eletrônicos considerados de valor permanente deverá
estar de acordo com as normas previstas pela instituição arquivísti- SUBSEÇÃO II
ca pública responsável por sua custódia. DA BASE NACIONAL DE SERVIÇOS PÚBLICOS

SEÇÃO II Art. 19. Poderá o Poder Executivo federal estabelecer Base Na-
DO GOVERNO DIGITAL cional de Serviços Públicos, que reunirá informações necessárias
sobre a oferta de serviços públicos em cada ente federado.
Art. 14. A prestação digital dos serviços públicos deverá ocorrer Parágrafo único. Cada ente federado poderá disponibilizar as
por meio de tecnologias de amplo acesso pela população, inclusive informações sobre a prestação de serviços públicos, conforme dis-
pela de baixa renda ou residente em áreas rurais e isoladas, sem posto nas suas Cartas de Serviços ao Usuário, na Base Nacional de
prejuízo do direito do cidadão a atendimento presencial. Serviços Públicos, em formato aberto e interoperável e em padrão
Parágrafo único. O acesso à prestação digital dos serviços pú- comum a todos os entes.
blicos será realizado, preferencialmente, por meio do autosserviço.
Art. 15. A administração pública participará, de maneira inte- SUBSEÇÃO III
grada e cooperativa, da consolidação da Estratégia Nacional de Go- DAS PLATAFORMAS DE GOVERNO DIGITAL
verno Digital, editada pelo Poder Executivo federal, que observará
os princípios e as diretrizes de que trata o art. 3º desta Lei. Art. 20. As Plataformas de Governo Digital, instrumentos ne-
Art. 16. A administração pública de cada ente federado poderá cessários para a oferta e a prestação digital dos serviços públicos
editar estratégia de governo digital, no âmbito de sua competência, de cada ente federativo, deverão ter pelo menos as seguintes fun-
buscando a sua compatibilização com a estratégia federal e a de cionalidades:
outros entes. I - ferramenta digital de solicitação de atendimento e de acom-
panhamento da entrega dos serviços públicos; e
SEÇÃO III II - painel de monitoramento do desempenho dos serviços pú-
DAS REDES DE CONHECIMENTO blicos.
§1º As Plataformas de Governo Digital deverão ser acessadas
Art. 17. O Poder Executivo federal poderá criar redes de conhe- por meio de portal, de aplicativo ou de outro canal digital único e
cimento, com o objetivo de: oficial, para a disponibilização de informações institucionais, notí-
I - gerar, compartilhar e disseminar conhecimento e experiên- cias e prestação de serviços públicos.
cias; §2º As funcionalidades de que trata o caput deste artigo de-
II - formular propostas de padrões, políticas, guias e manuais; verão observar padrões de interoperabilidade e a necessidade de
III - discutir sobre os desafios enfrentados e as possibilidades integração de dados como formas de simplificação e de eficiência
de ação quanto ao Governo Digital e à eficiência pública; nos processos e no atendimento aos usuários.
IV - prospectar novas tecnologias para facilitar a prestação de Art. 21. A ferramenta digital de atendimento e de acompanha-
serviços públicos disponibilizados em meio digital, o fornecimento mento da entrega dos serviços públicos de que trata o inciso I do
de informações e a participação social por meios digitais. caput do art. 20 desta Lei deve apresentar, no mínimo, as seguintes
§1º Poderão participar das redes de conhecimento todos os características e funcionalidades:
órgãos e as entidades referidos no art. 2º desta Lei, inclusive dos I - identificação do serviço público e de suas principais etapas;
entes federados. II - solicitação digital do serviço;
§2º Serão assegurados às instituições científicas, tecnológicas III - agendamento digital, quando couber;
e de inovação o acesso às redes de conhecimento e o estabeleci- IV - acompanhamento das solicitações por etapas;
mento de canal de comunicação permanente com o órgão federal a V - avaliação continuada da satisfação dos usuários em relação
quem couber a coordenação das atividades previstas neste artigo. aos serviços públicos prestados;
VI - identificação, quando necessária, e gestão do perfil pelo
usuário;
VII - notificação do usuário;
VIII - possibilidade de pagamento digital de serviços públicos e
de outras cobranças, quando necessário;

91
ÉTICA E INTEGRIDADE

IX - nível de segurança compatível com o grau de exigência, a §1º As ferramentas previstas no caput deste artigo devem:
natureza e a criticidade dos serviços públicos e dos dados utilizados; I - disponibilizar, entre outras, as fontes dos dados pessoais, a
X - funcionalidade para solicitar acesso a informações acerca do finalidade específica do seu tratamento pelo respectivo órgão ou
tratamento de dados pessoais, nos termos das Leis nºs 12.527, de ente e a indicação de outros órgãos ou entes com os quais é rea-
18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), e 13.709, de lizado o uso compartilhado de dados pessoais, incluído o histórico
14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais); e de acesso ou uso compartilhado, ressalvados os casos previstos no
XI - implementação de sistema de ouvidoria, nos termos da Lei inciso III do caput do art. 4º da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de
nº 13.460, de 26 de junho de 2017. 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais);
Art. 22. O painel de monitoramento do desempenho dos ser- II - permitir que o cidadão efetue requisições ao órgão ou à
viços públicos de que trata o inciso II do caput do art. 20 desta Lei entidade controladora dos seus dados, especialmente aquelas pre-
deverá conter, no mínimo, as seguintes informações, para cada ser- vistas no art. 18 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral
viço público ofertado: de Proteção de Dados Pessoais).
I - quantidade de solicitações em andamento e concluídas anu- §2º A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) po-
almente; derá editar normas complementares para regulamentar o disposto
II - tempo médio de atendimento; e neste artigo.
III - grau de satisfação dos usuários. Art. 26. Presume-se a autenticidade de documentos apresenta-
Parágrafo único. Deverá ser assegurada interoperabilidade e dos por usuários dos serviços públicos ofertados por meios digitais,
padronização mínima do painel a que se refere o caput deste artigo, desde que o envio seja assinado eletronicamente.
de modo a permitir a comparação entre as avaliações e os desem-
penhos dos serviços públicos prestados pelos diversos entes. SEÇÃO VI
Art. 23. Poderá o Poder Executivo federal: DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DA PRESTAÇÃO DIGITAL DE
I - estabelecer padrões nacionais para as soluções previstas SERVIÇOS PÚBLICOS
nesta Seção;
II - disponibilizar soluções para outros entes que atendam ao Art. 27. São garantidos os seguintes direitos aos usuários da
disposto nesta Seção. prestação digital de serviços públicos, além daqueles constantes
das Leis nºs 13.460, de 26 de junho de 2017, e 13.709, de 14 de
SEÇÃO V agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais):
DA PRESTAÇÃO DIGITAL DOS SERVIÇOS PÚBLICOS I - gratuidade no acesso às Plataformas de Governo Digital;
II - atendimento nos termos da respectiva Carta de Serviços ao
Art. 24. Os órgãos e as entidades responsáveis pela prestação Usuário;
digital de serviços públicos deverão, no âmbito de suas competên- III - padronização de procedimentos referentes à utilização de
cias: formulários, de guias e de outros documentos congêneres, incluí-
I - manter atualizadas: dos os de formato digital;
a) as Cartas de Serviços ao Usuário, a Base Nacional de Serviços IV - recebimento de protocolo, físico ou digital, das solicitações
Públicos e as Plataformas de Governo Digital;
apresentadas; e
b) as informações institucionais e as comunicações de interesse
V - indicação de canal preferencial de comunicação com o pres-
público;
tador público para o recebimento de notificações, de mensagens,
II - monitorar e implementar ações de melhoria dos serviços
de avisos e de outras comunicações relativas à prestação de servi-
públicos prestados, com base nos resultados da avaliação de satis-
ços públicos e a assuntos de interesse público.
fação dos usuários dos serviços;
III - integrar os serviços públicos às ferramentas de notificação
CAPÍTULO III
aos usuários, de assinatura eletrônica e de meios de pagamento di-
gitais, quando aplicáveis; DO NÚMERO SUFICIENTE PARA IDENTIFICAÇÃO
IV - eliminar, inclusive por meio da interoperabilidade de da-
dos, as exigências desnecessárias ao usuário quanto à apresentação Art. 28. Fica estabelecido o número de inscrição no Cadastro
de informações e de documentos comprobatórios prescindíveis; de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
V - eliminar a replicação de registros de dados, exceto por ra- (CNPJ) como número suficiente para identificação do cidadão ou da
zões de desempenho ou de segurança; pessoa jurídica, conforme o caso, nos bancos de dados de serviços
VI - tornar os dados da prestação dos serviços públicos sob sua públicos, garantida a gratuidade da inscrição e das alterações nes-
responsabilidade interoperáveis para composição dos indicadores ses cadastros.
do painel de monitoramento do desempenho dos serviços públicos; §1º O número de inscrição no CPF deverá constar dos cadastros
VII - realizar a gestão das suas políticas públicas com base em e dos documentos de órgãos públicos, do registro civil de pessoas
dados e em evidências por meio da aplicação de inteligência de da- naturais, dos documentos de identificação de conselhos profissio-
dos em plataforma digital; e nais e, especialmente, dos seguintes cadastros e documentos:
VIII - realizar testes e pesquisas com os usuários para subsidiar I - certidão de nascimento;
a oferta de serviços simples, intuitivos, acessíveis e personalizados. II - certidão de casamento;
Art. 25. As Plataformas de Governo Digital devem dispor de fer- III - certidão de óbito;
ramentas de transparência e de controle do tratamento de dados IV - Documento Nacional de Identificação (DNI);
pessoais que sejam claras e facilmente acessíveis e que permitam V - Número de Identificação do Trabalhador (NIT);
ao cidadão o exercício dos direitos previstos na Lei nº 13.709, de 14 VI - registro no Programa de Integração Social (PIS) ou no Pro-
de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). grama de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep);

92
ÉTICA E INTEGRIDADE

VII - Cartão Nacional de Saúde; VI - atualização periódica, mantido o histórico, de forma a ga-
VIII - título de eleitor; rantir a perenidade de dados, a padronização de estruturas de in-
IX - Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); formação e o valor dos dados à sociedade e a atender às necessida-
X - Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou Permissão para des de seus usuários;
Dirigir; VII - (VETADO);
XI - certificado militar; VIII - respeito à privacidade dos dados pessoais e dos dados
XII - carteira profissional expedida pelos conselhos de fiscaliza- sensíveis, sem prejuízo dos demais requisitos elencados, conforme
ção de profissão regulamentada; a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de
XIII - passaporte; Dados Pessoais);
XIV - carteiras de identidade de que trata a Lei nº 7.116, de 29 IX - intercâmbio de dados entre órgãos e entidades dos diferen-
de agosto de 1983; e tes Poderes e esferas da Federação, respeitado o disposto no art. 26
XV - outros certificados de registro e números de inscrição exis- da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de
tentes em bases de dados públicas federais, estaduais, distritais e Dados Pessoais); e
municipais. X - fomento ao desenvolvimento de novas tecnologias desti-
§2º A inclusão do número de inscrição no CPF nos cadastros e nadas à construção de ambiente de gestão pública participativa e
nos documentos de que trata o §1º deste artigo ocorrerá sempre democrática e à melhor oferta de serviços públicos.
que a instituição responsável pelos cadastros e pelos documentos §2º Sem prejuízo da legislação em vigor, os órgãos e as entida-
tiver acesso a documento comprobatório ou à base de dados ad- des previstos no art. 2º desta Lei deverão divulgar na internet:
ministrada pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do I - o orçamento anual de despesas e receitas públicas do Poder
Ministério da Economia. ou órgão independente;
§3º A incorporação do número de inscrição no CPF à carteira de II - a execução das despesas e receitas públicas, nos termos dos
identidade será precedida de consulta à base de dados administra- arts. 48 e 48-A da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;
da pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministé- III - os repasses de recursos federais aos Estados, aos Municí-
rio da Economia e de validação de acordo com essa base de dados. pios e ao Distrito Federal;
§4º Na hipótese de o requerente da carteira de identidade não IV - os convênios e as operações de descentralização de recur-
estar inscrito no CPF, o órgão de identificação realizará a sua ins- sos orçamentários em favor de pessoas naturais e de organizações
crição, caso tenha integração com a base de dados da Secretaria não governamentais de qualquer natureza;
V - as licitações e as contratações realizadas pelo Poder ou ór-
Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério Economia.
gão independente;
§5º (VETADO).
VI - as notas fiscais eletrônicas relativas às compras públicas;
VII - as informações sobre os servidores e os empregados públi-
CAPÍTULO IV
cos federais, bem como sobre os militares da União, incluídos nome
DO GOVERNO COMO PLATAFORMA
e detalhamento dos vínculos profissionais e de remuneração;
VIII - as viagens a serviço custeadas pelo Poder ou órgão inde-
SEÇÃO I
pendente;
DA ABERTURA DOS DADOS IX - as sanções administrativas aplicadas a pessoas, a empresas,
a organizações não governamentais e a servidores públicos;
Art. 29. Os dados disponibilizados pelos prestadores de servi- X - os currículos dos ocupantes de cargos de chefia e direção;
ços públicos, bem como qualquer informação de transparência ati- XI - o inventário de bases de dados produzidos ou geridos no
va, são de livre utilização pela sociedade, observados os princípios âmbito do órgão ou instituição, bem como catálogo de dados aber-
dispostos no art. 6º da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei tos disponíveis;
Geral de Proteção de Dados Pessoais). XII - as concessões de recursos financeiros ou as renúncias de
§1º Na promoção da transparência ativa de dados, o poder pú- receitas para pessoas físicas ou jurídicas, com vistas ao desenvolvi-
blico deverá observar os seguintes requisitos: mento político, econômico, social e cultural, incluída a divulgação
I - observância da publicidade das bases de dados não pessoais dos valores recebidos, da contrapartida e dos objetivos a serem
como preceito geral e do sigilo como exceção; alcançados por meio da utilização desses recursos e, no caso das
II - garantia de acesso irrestrito aos dados, os quais devem ser renúncias individualizadas, dos dados dos beneficiários.
legíveis por máquina e estar disponíveis em formato aberto, respei- §3º (VETADO).
tadas as Leis nºs 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso Art. 30. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de abertura
à Informação), e 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Pro- de bases de dados da administração pública, que deverá conter os dados
teção de Dados Pessoais); de contato do requerente e a especificação da base de dados requerida.
III - descrição das bases de dados com informação suficiente §1º O requerente poderá solicitar a preservação de sua identi-
sobre estrutura e semântica dos dados, inclusive quanto à sua qua- dade quando entender que sua identificação prejudicará o princípio
lidade e à sua integridade; da impessoalidade, caso em que o canal responsável deverá res-
IV - permissão irrestrita de uso de bases de dados publicadas guardar os dados sem repassá-los ao setor, ao órgão ou à entidade
em formato aberto; responsável pela resposta.
V - completude de bases de dados, as quais devem ser dispo- §2º Os procedimentos e os prazos previstos para o processa-
nibilizadas em sua forma primária, com o maior grau de granulari- mento de pedidos de acesso à informação, nos termos da Lei nº
dade possível, ou referenciar bases primárias, quando disponibiliza- 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação),
das de forma agregada; aplicam-se às solicitações de abertura de bases de dados da admi-
nistração pública.

93
ÉTICA E INTEGRIDADE

§3º Para a abertura de base de dados de interesse público, as II - a otimização dos custos de acesso a dados e o reaproveita-
informações para identificação do requerente não podem conter mento, sempre que possível, de recursos de infraestrutura de aces-
exigências que inviabilizem o exercício de seu direito. so a dados por múltiplos órgãos e entidades;
§4º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos de- III - a proteção de dados pessoais, observada a legislação vi-
terminantes da solicitação de abertura de base de dados públicos. gente, especialmente a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei
§5º Os pedidos de abertura de base de dados públicos, bem Geral de Proteção de Dados Pessoais).
como as respectivas respostas, deverão compor base de dados Art. 39. Será instituído mecanismo de interoperabilidade com
aberta de livre consulta. a finalidade de:
§6º Consideram-se automaticamente passíveis de abertura as I - aprimorar a gestão de políticas públicas;
bases de dados que não contenham informações protegidas por lei. II - aumentar a confiabilidade dos cadastros de cidadãos exis-
Art. 31. Compete a cada ente federado monitorar a aplicação, tentes na administração pública, por meio de mecanismos de ma-
o cumprimento dos prazos e os procedimentos para abertura dos nutenção da integridade e da segurança da informação no trata-
dados sob seu controle. mento das bases de dados, tornando-as devidamente qualificadas
Art. 32. (VETADO). e consistentes;
Art. 32. A existência de inconsistências na base de dados não III - viabilizar a criação de meios unificados de identificação do
poderá obstar o atendimento da solicitação de abertura. (Promul- cidadão para a prestação de serviços públicos;
gação partes vetadas) IV - facilitar a interoperabilidade de dados entre os órgãos de
Art. 33. A solicitação de abertura da base de dados será consi- governo;
derada atendida a partir da notificação ao requerente sobre a dis- V - realizar o tratamento de informações das bases de dados a
ponibilização e a catalogação da base de dados para acesso público partir do número de inscrição do cidadão no CPF, conforme previsto
no site oficial do órgão ou da entidade na internet. no art. 11 da Lei nº 13.444, de 11 de maio de 2017.
Art. 34. É direito do requerente obter o inteiro teor da decisão Parágrafo único. Aplicam-se aos dados pessoais tratados por
negativa de abertura de base de dados. meio de mecanismos de interoperabilidade as disposições da Lei nº
Parágrafo único. Eventual decisão negativa à solicitação de 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
abertura de base de dados ou decisão de prorrogação de prazo, em Pessoais).
razão de custos desproporcionais ou não previstos pelo órgão ou Art. 40. Os órgãos abrangidos por esta Lei serão responsáveis
pela entidade da administração pública, deverá ser acompanhada pela publicidade de seus registros de referência e pelos mecanis-
da devida análise técnica que conclua pela inviabilidade orçamen- mos de interoperabilidade de que trata esta Seção.
tária da solicitação. §1º As pessoas físicas e jurídicas poderão verificar a exatidão, a
Art. 35. No caso de indeferimento de abertura de base de dados, correção e a completude de qualquer um dos seus dados contidos
poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 nos registros de referência, bem como monitorar o acesso a esses
(dez) dias, contado de sua ciência. (Promulgação partes vetadas) dados.
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui- §2º Nova base de dados somente poderá ser criada quando
camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá forem esgotadas as possibilidades de utilização dos registros de re-
manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias. (Promulgação partes ve- ferência existentes.
tadas) Art. 41. É de responsabilidade dos órgãos e das entidades referi-
Art. 36. Os órgãos gestores de dados poderão disponibilizar em dos no art. 2º desta Lei os custos de adaptação de seus sistemas e de
transparência ativa dados de pessoas físicas e jurídicas para fins de suas bases de dados para a implementação da interoperabilidade.
pesquisa acadêmica e de monitoramento e de avaliação de políticas
públicas, desde que anonimizados antes de sua disponibilização os CAPÍTULO V
dados protegidos por sigilo ou com restrição de acesso prevista, nos DO DOMICÍLIO ELETRÔNICO
termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso
à Informação). Art. 42. Os órgãos e as entidades referidos no art. 2º desta Lei,
Art. 37. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, as disposi- mediante opção do usuário, poderão realizar todas as comunica-
ções da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de ções, as notificações e as intimações por meio eletrônico.
que trata este Capítulo. §1º O disposto no caput deste artigo não gera direito subjetivo
à opção pelo administrado caso os meios não estejam disponíveis.
SEÇÃO II §2º O administrado poderá, a qualquer momento e indepen-
DA INTEROPERABILIDADE DE DADOS ENTRE ÓRGÃOS PÚBLI dentemente de fundamentação, optar pelo fim das comunicações,
COS
das notificações e das intimações por meio eletrônico.
Art. 38. Os órgãos e as entidades responsáveis pela prestação
§3º O ente público poderá realizar as comunicações, as notifi-
digital de serviços públicos detentores ou gestores de bases de da-
cações e as intimações por meio de ferramenta mantida por outro
dos, inclusive os controladores de dados pessoais, conforme esta-
ente público.
belecido pela Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de
Art. 43. As ferramentas usadas para os atos de que trata o art.
Proteção de Dados Pessoais), deverão gerir suas ferramentas digi-
42 desta Lei:
tais, considerando:
I - disporão de meios que permitam comprovar a autoria das
I - a interoperabilidade de informações e de dados sob gestão
dos órgãos e das entidades referidos no art. 2º desta Lei, respeita- comunicações, das notificações e das intimações;
dos as restrições legais, os requisitos de segurança da informação e II - terão meios de comprovação de emissão e de recebimento,
das comunicações, as limitações tecnológicas e a relação custo-be- ainda que não de leitura, das comunicações, das notificações e das
nefício da interoperabilidade; intimações;

94
ÉTICA E INTEGRIDADE

III - poderão ser utilizadas mesmo que legislação especial pre- I - integração da gestão de riscos ao processo de planejamento
veja apenas as comunicações, as notificações e as intimações pes- estratégico e aos seus desdobramentos, às atividades, aos proces-
soais ou por via postal; sos de trabalho e aos projetos em todos os níveis da organização,
IV - serão passíveis de auditoria; relevantes para a execução da estratégia e o alcance dos objetivos
V - conservarão os dados de envio e de recebimento por, pelo institucionais;
menos, 5 (cinco) anos. II - estabelecimento de controles internos proporcionais aos
riscos, de modo a considerar suas causas, fontes, consequências e
CAPÍTULO VI impactos, observada a relação custo-benefício;
DOS LABORATÓRIOS DE INOVAÇÃO III - utilização dos resultados da gestão de riscos para apoio à
melhoria contínua do desempenho e dos processos de governança,
Art. 44. Os entes públicos poderão instituir laboratórios de ino- de gestão de riscos e de controle;
vação, abertos à participação e à colaboração da sociedade para o IV - proteção às liberdades civis e aos direitos fundamentais.
desenvolvimento e a experimentação de conceitos, de ferramen- Art. 49. A auditoria interna governamental deverá adicionar
tas e de métodos inovadores para a gestão pública, a prestação de valor e melhorar as operações das organizações para o alcance de
serviços públicos, o tratamento de dados produzidos pelo poder seus objetivos, mediante a abordagem sistemática e disciplinada
público e a participação do cidadão no controle da administração para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de governança, de
pública. gestão de riscos e de controle, por meio da:
Art. 45. Os laboratórios de inovação terão como diretrizes: I - realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma
I - colaboração interinstitucional e com a sociedade; independente, conforme os padrões de auditoria e de ética profis-
II - promoção e experimentação de tecnologias abertas e livres; sional reconhecidos internacionalmente;
III - uso de práticas de desenvolvimento e prototipação de sof- II - adoção de abordagem baseada em risco para o planejamen-
twares e de métodos ágeis para formulação e implementação de to de suas atividades e para a definição do escopo, da natureza, da
políticas públicas; época e da extensão dos procedimentos de auditoria;
IV - foco na sociedade e no cidadão; III - promoção da prevenção, da detecção e da investigação de
V - fomento à participação social e à transparência pública; fraudes praticadas por agentes públicos ou privados na utilização de
VI - incentivo à inovação; recursos públicos federais.
VII - apoio ao empreendedorismo inovador e fomento a ecos-
sistema de inovação tecnológica direcionado ao setor público; CAPÍTULO VIII
VIII - apoio a políticas públicas orientadas por dados e com base DISPOSIÇÕES FINAIS
em evidências, a fim de subsidiar a tomada de decisão e de melho-
rar a gestão pública; Art. 50. O acesso e a conexão para o uso de serviços públicos
IX - estímulo à participação de servidores, de estagiários e de poderão ser garantidos total ou parcialmente pelo governo, com o
colaboradores em suas atividades; objetivo de promover o acesso universal à prestação digital dos ser-
X - difusão de conhecimento no âmbito da administração pú- viços públicos e a redução de custos aos usuários, nos termos da lei.
blica. Art. 51. O art. 3º da Lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983, pas-
Art. 46. (VETADO). sa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 3º . .....................................................................................
CAPÍTULO VII .........................
DA GOVERNANÇA, DA GESTÃO DE RISCOS, DO CONTROLE E ....................................................................................................
DA AUDITORIA .........................
g) assinatura do dirigente do órgão expedidor;
Art. 47. Caberá à autoridade competente dos órgãos e das en- h) número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).
tidades referidos no art. 2º desta Lei, observados as normas e os §1º A inclusão do número de inscrição no CPF na Carteira de
procedimentos específicos aplicáveis, implementar e manter meca- Identidade, conforme disposto na alínea “h” do caput deste artigo,
nismos, instâncias e práticas de governança, em consonância com ocorrerá sempre que o órgão de identificação tiver acesso a docu-
os princípios e as diretrizes estabelecidos nesta Lei. mento comprobatório ou à base de dados administrada pela Secre-
Parágrafo único. Os mecanismos, as instâncias e as práticas de taria Especial da Receita Federal do Brasil.
governança referidos no caput deste artigo incluirão, no mínimo: §2º A incorporação do número de inscrição no CPF à Carteira
I - formas de acompanhamento de resultados; de Identidade será precedida de consulta e de validação com a base
II - soluções para a melhoria do desempenho das organizações; de dados administrada pela Secretaria Especial da Receita Federal
III - instrumentos de promoção do processo decisório funda- do Brasil.
mentado em evidências. §3º Na hipótese de o requerente da Carteira de Identidade
Art. 48. Os órgãos e as entidades a que se refere o art. 2º desta não estar inscrito no CPF, o órgão de identificação realizará a sua
Lei deverão estabelecer, manter, monitorar e aprimorar sistema de inscrição, caso tenha autorização da Secretaria Especial da Receita
gestão de riscos e de controle interno com vistas à identificação, à Federal do Brasil.” (NR)
avaliação, ao tratamento, ao monitoramento e à análise crítica de Art. 52. O art. 12 da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
riscos da prestação digital de serviços públicos que possam impac- (Lei de Acesso à Informação), passa vigorar com a seguinte redação:
tar a consecução dos objetivos da organização no cumprimento de “Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação
sua missão institucional e na proteção dos usuários, observados os é gratuito.
seguintes princípios:

95
ÉTICA E INTEGRIDADE

§1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o va-


lor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma- ACESSO À INFORMAÇÃO; LEI Nº 12.527/2011
teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da
informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela Lei de Acesso à Informação (LAI)
entidade pública consultada. A Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011 no Brasil) é
§2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no §1º deste um instrumento legal que regulamenta o direito dos cidadãos de
artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem acessarem informações públicas. Ela estabelece procedimentos
prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da claros e objetivos para a solicitação e a divulgação de informações
Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983.” (NR) públicas, promovendo a transparência e o princípio do acesso à in-
Art. 53. O caput do art. 3º da Lei nº 12.682, de 9 de julho de formação como um direito fundamental.
2012, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 3º O processo de digitalização deverá ser realizado de for- — Principais pontos da LAI incluem
ma a manter a integridade, a autenticidade e, se necessário, a con-
fidencialidade do documento digital, com o emprego de assinatura Abrangência
eletrônica. A LAI se aplica a todos os órgãos e entidades públicas dos pode-
.................................................................................................... res Executivo, Legislativo e Judiciário, em todos os níveis de governo
...........” (NR) (federal, estadual e municipal), bem como a entidades privadas sem
Art. 54. A Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017, passa a vigorar fins lucrativos que recebam recursos públicos.
com as seguintes alterações:
“Art. 7º . ..................................................................................... Princípios
............................ A lei estabelece princípios fundamentais, como a publicidade,
.................................................................................................... a autenticidade, a integridade e a primazia do interesse público, ga-
............................. rantindo que as informações sejam disponibilizadas de forma fide-
§6º Compete a cada ente federado disponibilizar as informa- digna e que a proteção do interesse público prevaleça.
ções dos serviços prestados, conforme disposto nas suas Cartas de
Serviços ao Usuário, na Base Nacional de Serviços Públicos, mantida Procedimentos para Solicitação
pelo Poder Executivo federal, em formato aberto e interoperável, A LAI define procedimentos claros para solicitar informações
nos termos do regulamento do Poder Executivo federal.” (NR) públicas, incluindo prazos para resposta, formas de disponibilização
“Art. 10-A. Para fins de acesso a informações e serviços, de e a possibilidade de recursos em caso de negativa de acesso.
exercício de direitos e obrigações ou de obtenção de benefícios pe-
rante os órgãos e as entidades federais, estaduais, distritais e muni- Divulgação Ativa
cipais ou os serviços públicos delegados, a apresentação de docu- Além das solicitações individuais, a LAI estabelece a obrigação
mento de identificação com fé pública em que conste o número de de os órgãos e entidades públicas divulgarem ativamente um con-
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) será suficiente para junto mínimo de informações, como dados orçamentários, contra-
identificação do cidadão, dispensada a apresentação de qualquer tos, licitações, estrutura organizacional, entre outros.
outro documento.
§1º Os cadastros, os formulários, os sistemas e outros instru- Responsabilização
mentos exigidos dos usuários para a prestação de serviço público A lei prevê medidas para responsabilizar aqueles que dificul-
deverão disponibilizar campo para registro do número de inscrição tem ou impeçam o acesso à informação, incluindo sanções adminis-
no CPF, de preenchimento obrigatório para cidadãos brasileiros e trativas e penais em casos de infrações.
estrangeiros residentes no Brasil, que será suficiente para sua iden-
tificação, vedada a exigência de apresentação de qualquer outro Proteção de Informações Sensíveis
número para esse fim. A LAI também prevê a proteção de informações sensíveis, como
§2º O número de inscrição no CPF poderá ser declarado pelo aquelas relacionadas à segurança nacional, a questões diplomáticas
usuário do serviço público, desde que acompanhado de documento e à privacidade individual.
de identificação com fé pública, nos termos da lei.
§3º Ato de cada ente federativo ou Poder poderá dispor sobre Empoderamento Cidadão
casos excepcionais ao previsto no caput deste artigo.” A transparência e a LAI buscam empoderar os cidadãos, permi-
Art. 55. Esta Lei entra em vigor após decorridos: tindo que participem ativamente da fiscalização do governo e con-
I - 90 (noventa) dias de sua publicação oficial, para a União; tribuam para uma gestão pública mais eficiente.
II - 120 (cento e vinte) dias de sua publicação oficial, para os
Estados e o Distrito Federal; Impacto na Governança e Democracia
III - 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial, para os A aplicação efetiva da transparência e da LAI contribui para for-
Municípios. talecer a governança, promover a confiança na administração públi-
ca e consolidar os princípios democráticos.
Brasília, 29 de março de 2021; 200o da Independência e 133o Entender esses pontos essenciais é crucial para compreender
da República. como a transparência e a LAI desempenham um papel vital na re-
lação entre governo e sociedade, promovendo uma administração
pública mais aberta, responsável e participativa.

96
ÉTICA E INTEGRIDADE

Assim, a transparência e a LAI são essenciais para fortalecer a I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo
participação cidadã, e garantir o direito à informação. O acesso à como exceção;
informação pública contribui para uma sociedade mais informada, II - divulgação de informações de interesse público, indepen-
empoderada e capaz de regular as ações governamentais. dentemente de solicitações;
Até janeiro de 2022, a Lei de Acesso à Informação (Lei nº III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec-
12.527/2011) estava em vigor no Brasil. No entanto, é importante nologia da informação;
observar que leis podem ser modificadas, atualizadas ou revogadas IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência
ao longo do tempo. na administração pública;
Recomenda-se, sempre verificar fontes oficiais, como o Diário V - desenvolvimento do controle social da administração pú-
Oficial da União, o site oficial da Presidência da República, ou o site blica.
do Senado Federal para obter informações atualizadas sobre a Lei Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
de Acesso à Informação. Essas fontes fornecerão os textos mais re- I - informação: dados, processados ou não, que podem ser uti-
centes, emendas ou quaisquer mudanças na legislação. lizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em
Além disso, é possível que tenham ocorrido alterações legisla- qualquer meio, suporte ou formato;
tivas após a minha última atualização em janeiro de 2022. Instruí-se II - documento: unidade de registro de informações, qualquer
verificar fontes confiáveis e atualizadas para obter informações pre- que seja o suporte ou formato;
cisas sobre o estado atual da Lei de Acesso à Informação no Brasil. III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente
à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
para a segurança da sociedade e do Estado;
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011 IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural
identificada ou identificável;
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à
5º , no inciso II do §3º do art. 37 e no §2º do art. 216 da Constituição produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazena-
Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, mento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informa-
de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. ção;
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser co-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- nhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas au-
torizados;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado in-
CAPÍTULO I
divíduo, equipamento ou sistema;
DISPOSIÇÕES GERAIS
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, in-
clusive quanto à origem, trânsito e destino;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser-
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte,
vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim
com o máximo de detalhamento possível, sem modificações.
de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor-
5º , no inciso II do §3º do art. 37 e no §2º do art. 216 da Constituição mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
Federal. ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: preensão.
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos
Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju- CAPÍTULO II
diciário e do Ministério Público; DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa-
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
nicípios. I - gestão transparente da informação, propiciando amplo aces-
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às so a ela e sua divulgação;
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realiza- II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
ção de ações de interesse público, recursos públicos diretamente autenticidade e integridade; e
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen- observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even-
tos congêneres. tual restrição de acesso.
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as en- Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos de, entre outros, os direitos de obter:
recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
a que estejam legalmente obrigadas. acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as- obtida a informação almejada;
segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser II - informação contida em registros ou documentos, produ-
executados em conformidade com os princípios básicos da adminis- zidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou
tração pública e com as seguintes diretrizes: não a arquivos públicos;

97
ÉTICA E INTEGRIDADE

III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou §2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e enti-
entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos dades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legí-
ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; timos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; oficiais da rede mundial de computadores (internet).
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti- §3º Os sítios de que trata o §2º deverão, na forma de regula-
dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú- I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o
blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis- acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em
trativos; e linguagem de fácil compreensão;
VII - informação relativa: II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro- eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani-
gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
como metas e indicadores propostos; III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, in- IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutura-
cluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. ção da informação;
VIII – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.345, de 2022) V - garantir a autenticidade e a integridade das informações
§1º O acesso à informação previsto no caput não compreende disponíveis para acesso;
as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimen- VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
to científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu- VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado co-
rança da sociedade e do Estado. municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entida-
§2º Quando não for autorizado acesso integral à informação de detentora do sítio; e
por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili-
sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art.
parte sob sigilo. 17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da
§3º O direito de acesso aos documentos ou às informações ne- Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada
les contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008.
do ato administrativo será assegurado com a edição do ato decisó- §4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha-
rio respectivo. bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a
§4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido for- que se refere o §2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, em
mulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e fi-
fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos nanceira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com-
termos do art. 32 desta Lei. plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade
§5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o Fiscal).
interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado me-
de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva docu- diante:
mentação. I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e
§6º Verificada a hipótese prevista no §5º deste artigo, o res- entidades do poder público, em local com condições apropriadas
ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de para:
10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que compro- a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa-
vem sua alegação. ções;
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in- b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res-
dependentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil pectivas unidades;
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de inte- c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a infor-
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. mações; e
§1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, de- II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
verão constar, no mínimo: participação popular ou a outras formas de divulgação.
I - registro das competências e estrutura organizacional, en-
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi- CAPÍTULO III
mento ao público; DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur-
sos financeiros; SEÇÃO I
III - registros das despesas; DO PEDIDO DE ACESSO
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, in-
clusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
contratos celebrados; acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1º
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
projetos e obras de órgãos e entidades; e identificação do requerente e a especificação da informação reque-
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. rida.

98
ÉTICA E INTEGRIDADE

§1º Para o acesso a informações de interesse público, a identi- §2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no §1º deste
ficação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem
a solicitação. prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da
§2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº 14.129,
alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de de 2021) (Vigência)
seus sítios oficiais na internet. Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em
§3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de-
determinantes da solicitação de informações de interesse público. verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conce- confere com o original.
der o acesso imediato à informação disponível. Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o
§1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve- de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não
rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: ponha em risco a conservação do documento original.
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão
efetuar a reprodução ou obter a certidão; de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
parcial, do acesso pretendido; ou SEÇÃO II
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do DOS RECURSOS
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou
interessado da remessa de seu pedido de informação. às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor re-
§2º O prazo referido no §1º poderá ser prorrogado por mais 10 curso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
(dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado ciência.
o requerente. Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui-
§3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se
e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po- manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.
derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti-
a informação de que necessitar. dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à
§4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de infor- Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco)
mação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser infor- dias se:
mado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for ne-
interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade compe- gado;
tente para sua apreciação. II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par-
§5º A informação armazenada em formato digital será forneci- cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classi-
da nesse formato, caso haja anuência do requerente. ficadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
§6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público pedido de acesso ou desclassificação;
em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa
acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi-
a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão mentos previstos nesta Lei.
ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo §1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si gido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apre-
mesmo tais procedimentos. ciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo de 5 (cinco) dias.
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser §2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Controla-
cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do doria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que adote as
custo dos serviços e dos materiais utilizados. (Vide Lei nº 14.129, providências necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
de 2021) (Vigência) §3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavalia-
no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fa- ção de Informações, a que se refere o art. 35.
zê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica-
termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. ção de informação protocolado em órgão da administração públi-
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação ca federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da
é gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência) área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reava-
§1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o liação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
valor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma- §1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da gido às autoridades mencionadas depois de submetido à aprecia-
informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela ção de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à
entidade pública consultada. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças
(Vigência) Armadas, ao respectivo Comando.

99
ÉTICA E INTEGRIDADE

§2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de in-
objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta, vestigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a pre-
caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações venção ou repressão de infrações.
prevista no art. 35. Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públi-
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias cas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à
proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classifica- segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como
ção de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação pró- ultrassecreta, secreta ou reservada.
pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em §1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data
caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido. de sua produção e são os seguintes:
Art. 19. (VETADO). I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
§1º (VETADO). II - secreta: 15 (quinze) anos; e
§2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público infor- III - reservada: 5 (cinco) anos.
marão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do §2º As informações que puderem colocar em risco a segurança
Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau de do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônju-
recurso, negarem acesso a informações de interesse público. ges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob si-
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei nº gilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato,
9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este em caso de reeleição.
Capítulo. §3º Alternativamente aos prazos previstos no §1º , poderá ser
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência
CAPÍTULO IV de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO do prazo máximo de classificação.
§4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o
SEÇÃO I evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au-
tomaticamente, de acesso público.
DISPOSIÇÕES GERAIS
§5º Para a classificação da informação em determinado grau
de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem
Estado; e
sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos prati-
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que
cada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não
defina seu termo final.
poderão ser objeto de restrição de acesso.
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses SEÇÃO III
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo DA PROTEÇÃO E DO CONTROLE DE INFORMAÇÕES
industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômi- SIGILOSAS
ca pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha
qualquer vínculo com o poder público. Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades,
SEÇÃO II assegurando a sua proteção.(Regulamento)
DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO QUANTO AO GRAU E §1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação clas-
PRAZOS DE SIGILO sificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham ne-
cessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie- forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes
dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor- públicos autorizados por lei.
mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: §2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida- obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
de do território nacional; §3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a se-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as rem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo a
relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e
em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; divulgação não autorizados.
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências ne-
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica cessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente
ou monetária do País; conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu-
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi- rança para tratamento de informações sigilosas.
cos das Forças Armadas; Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desen- razão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades
volvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne-
instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autori- observem as medidas e procedimentos de segurança das informa-
dades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou ções resultantes da aplicação desta Lei.

100
ÉTICA E INTEGRIDADE

SEÇÃO IV Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pu-


DOS PROCEDIMENTOS DE CLASSIFICAÇÃO, blicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à
RECLASSIFICAÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de
regulamento:
Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos
administração pública federal é de competência:(Regulamento) últimos 12 (doze) meses;
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com
a) Presidente da República; identificação para referência futura;
b) Vice-Presidente da República; III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerro- informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informa-
gativas; ções genéricas sobre os solicitantes.
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e §1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publi-
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes cação prevista no caput para consulta pública em suas sedes.
no exterior; §2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de in-
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos formações classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo e
titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e socieda- dos fundamentos da classificação.
des de economia mista; e
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos SEÇÃO V
I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia, DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS
nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regula- Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito
mentação específica de cada órgão ou entidade, observado o dis- de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada,
posto nesta Lei. honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias
§1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere individuais.
à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada §1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relati-
pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão vas à intimidade, vida privada, honra e imagem:
no exterior, vedada a subdelegação. I - terão seu acesso restrito, independentemente de classifica-
§2º A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecre- ção de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da
to pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I de- sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e
verá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo à pessoa a que elas se referirem; e
previsto em regulamento. II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por tercei-
§3º A autoridade ou outro agente público que classificar infor- ros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa
mação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que tra- a que elas se referirem.
ta o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que §2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este
se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento. artigo será responsabilizado por seu uso indevido.
Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de si- §3º O consentimento referido no inciso II do §1º não será exigi-
gilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os do quando as informações forem necessárias:
seguintes elementos: I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver
I - assunto sobre o qual versa a informação; física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamen-
II - fundamento da classificação, observados os critérios esta- te para o tratamento médico;
belecidos no art. 24; II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi-
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a
dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites identificação da pessoa a que as informações se referirem;
previstos no art. 24; e III - ao cumprimento de ordem judicial;
IV - identificação da autoridade que a classificou.
IV - à defesa de direitos humanos; ou
Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no
V - à proteção do interesse público e geral preponderante.
mesmo grau de sigilo da informação classificada.
§4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada,
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela au-
honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito
toridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente supe-
de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o
rior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos previs-
titular das informações estiver envolvido, bem como em ações vol-
tos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à redução
tadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância.
do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24.(Regulamento)
§1º O regulamento a que se refere o caput deverá considerar §5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para trata-
as peculiaridades das informações produzidas no exterior por auto- mento de informação pessoal.
ridades ou agentes públicos.
§2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser exa- CAPÍTULO V
minadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de DAS RESPONSABILIDADES
danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.
§3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação, Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabili-
o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua dade do agente público ou militar:
produção.

101
ÉTICA E INTEGRIDADE

I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des- Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamen-
ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la te pelos danos causados em decorrência da divulgação não autori-
intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; zada ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutili- pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos
zar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conheci- Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa físi-
mento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou ca ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer na-
função pública; tureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso ou pessoal e a submeta a tratamento indevido.
à informação;
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir CAPÍTULO VI
acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de
terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou Art. 35. (VETADO).
por outrem; §1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente in- ções, que decidirá, no âmbito da administração pública federal, so-
formação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo bre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá
de terceiros; e competência para:
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con- I - requisitar da autoridade que classificar informação como ul-
cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de trassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou inte-
agentes do Estado. gral da informação;
§1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou se-
do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão con- cretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada,
sideradas: observado o disposto no art. 7º e demais dispositivos desta Lei; e
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como
transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios ne- ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu
les estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania
contravenção penal; ou nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às
II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro relações internacionais do País, observado o prazo previsto no §1º
de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão do art. 24.
ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela §2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única reno-
estabelecidos. vação.
§2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou §3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do §1º deve-
agente público responder, também, por improbidade administrati- rá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação
va, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950, prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos
e 8.429, de 2 de junho de 1992. ou secretos.
Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver infor- §4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de
mações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder Reavaliação de Informações nos prazos previstos no §3º implicará a
público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às desclassificação automática das informações.
seguintes sanções: §5º Regulamento disporá sobre a composição, organização e
I - advertência; funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
II - multa; observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e de-
III - rescisão do vínculo com o poder público; mais disposições desta Lei.(Regulamento)
IV - suspensão temporária de participar em licitação e impe- Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tra-
dimento de contratar com a administração pública por prazo não tados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e reco-
superior a 2 (dois) anos; e mendações constantes desses instrumentos.
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Insti-
administração pública, até que seja promovida a reabilitação peran- tucional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Cre-
te a própria autoridade que aplicou a penalidade. denciamento (NSC), que tem por objetivos:(Regulamento)
§1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser apli- I - promover e propor a regulamentação do credenciamento
cadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para
do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias. tratamento de informações sigilosas; e
§2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive
quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti- aquelas provenientes de países ou organizações internacionais com
dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado,
aplicada com base no inciso IV. acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo
§3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competên- das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais
cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública, órgãos competentes.
facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, or-
de 10 (dez) dias da abertura de vista. ganização e funcionamento do NSC.

102
ÉTICA E INTEGRIDADE

Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de no- Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990,
vembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurí- passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
dica, constante de registro ou banco de dados de entidades gover- “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci-
namentais ou de caráter público. vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su-
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à rea- perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
valiação das informações classificadas como ultrassecretas e secre- autoridade competente para apuração de informação concernente
tas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
vigência desta Lei. ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun-
§1º A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia- ção pública.”
ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições pre- Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
vistos nesta Lei. em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas
§2º No âmbito da administração pública federal, a reavaliação nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao dis-
prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Co- posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III.
missão Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos Art. 46. Revogam-se:
desta Lei. I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 ; e
§3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
legislação precedente. a data de sua publicação.
§4º As informações classificadas como secretas e ultrassecretas
não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, au- Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da Independência e
tomaticamente, de acesso público. 123º da República.
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi-
nistração pública federal direta e indireta designará autoridade que TRANSPARÊNCIA E IMPARCIALIDADE NOS USOS DA INTE-
lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo ór- LIGÊNCIA ARTIFICIAL NO ÂMBITO DO SERVIÇO PÚBLICO
gão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a
informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei; A Inteligência Artificial (IA) é uma das tecnologias mais revolu-
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre- cionárias do nosso tempo, e seu impacto na esfera pública é inegá-
sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento; vel. À medida que governos e órgãos públicos exploram as possibi-
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação lidades oferecidas pela IA para melhorar a eficiência, a qualidade
e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao dos serviços e a tomada de decisões, surgem desafios críticos rela-
correto cumprimento do disposto nesta Lei; e cionados à transparência e à imparcialidade. Este texto abordará a
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cum- importância da transparência e imparcialidade na implementação
primento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. da IA no serviço público.
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis-
tração pública federal responsável: A Revolução da Inteligência Artificial no Serviço Público
I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo- A IA oferece uma série de benefícios potenciais para o setor pú-
mento à cultura da transparência na administração pública e cons- blico, incluindo automação de tarefas rotineiras, análise de dados
cientização do direito fundamental de acesso à informação; em grande escala e tomada de decisões baseadas em informações
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao precisas e rápidas. No entanto, a implantação da IA no serviço pú-
desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi- blico também traz desafios éticos e sociais, particularmente no que
nistração pública; diz respeito à transparência e imparcialidade.
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da ad-
ministração pública federal, concentrando e consolidando a publi- Transparência na IA Governamental
cação de informações estatísticas relacionadas no art. 30; A transparência é um princípio fundamental para garantir que a
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório IA no serviço público seja compreendida e confiável. Os algoritmos
anual com informações atinentes à implementação desta Lei. e modelos de IA devem ser transparentes, com explicações claras
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei sobre como tomam decisões e processam informações. Isso é es-
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua pu- sencial para que os cidadãos compreendam como suas informações
blicação. são usadas e como as decisões são tomadas em seu nome.
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezem- A transparência também implica a divulgação de dados e práti-
bro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: cas de coleta, para que o público possa avaliar a qualidade e a inte-
“Art. 116. ................................................................... gridade dos sistemas de IA. Os governos devem adotar políticas que
............................................................................................ garantam a abertura de algoritmos e modelos, bem como permitir
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do auditorias independentes.
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
dade competente para apuração;
.................................................................................” (NR)

103
ÉTICA E INTEGRIDADE

Imparcialidade na IA Governamental 2. CESGRANRIO - 2022 - ELETROBRAS-ELETRONUCLEAR


A imparcialidade é outro aspecto crítico na implementação da Um cidadão resolve atualizar os seus cadastros em inúmeras
IA no serviço público. Os sistemas de IA devem ser projetados para plataformas, mediante a modificação de suas senhas, consideradas
evitar discriminação e viés. Isso requer a identificação e a correção fracas pelo sistema.
de preconceitos nos dados usados para treinar os algoritmos. Caso Nos termos da Lei nº 14.129/2021, fica estabelecido como nú-
contrário, a IA pode perpetuar ou amplificar injustiças e desigual- mero suficiente para identificação do cidadão nos bancos de dados
dades existentes. de serviços públicos o número de inscrição no
A imparcialidade também envolve a garantia de que os siste- (A) Documento Nacional de Identificação
mas de IA não favoreçam determinados grupos ou interesses. Isso (B) Cadastro de Pessoas Físicas
requer a supervisão rigorosa e a regulamentação adequada para (C) Documento de Identificação do Trabalhador
garantir que a IA seja usada de maneira justa e equitativa. (D) Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
(E) Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
Desafios e Soluções
A implementação da transparência e imparcialidade na IA go- 3. CESGRANRIO - 2022 - ELETROBRAS-ELETRONUCLEAR
vernamental enfrenta desafios significativos. Um deles é a com- Um cidadão requer acesso a documentos e informações guar-
plexidade dos algoritmos de IA, que muitas vezes são difíceis de dados por determinado órgão público e recebe, como resposta, que
entender completamente. No entanto, pesquisas contínuas em IA uma parte está protegida pelo sigilo, e a outra foi objeto de extravio.
explicável estão buscando abordar esse desafio, tornando os siste- Nos termos da Lei nº 12.527/2011, informado do extravio da
mas de IA mais transparentes e compreensíveis. informação solicitada, poderá esse cidadão, para apurar o desa-
Outro desafio é a falta de regulamentação adequada e de pa- parecimento da respectiva documentação, requerer à autoridade
drões éticos estabelecidos. Os governos devem trabalhar em estrei- competente a imediata abertura de
ta colaboração com especialistas em ética de IA, pesquisadores e a (A) investigação
sociedade civil para desenvolver políticas e regulamentos que ga- (B) verificação
rantam a transparência e imparcialidade na IA governamental. (C) sindicância
A IA tem o potencial de transformar positivamente o serviço (D) restauração
público, tornando-o mais eficiente e responsivo às necessidades (E) responsabilização
dos cidadãos. No entanto, é imperativo que os governos priorizem
4. CESGRANRIO - 2022 - ELETROBRAS-ELETRONUCLEAR
a transparência e imparcialidade ao implementar essas tecnolo-
Segundo o Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012, que regu-
gias. A falta de transparência pode minar a confiança do público,
lamenta a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, a Lei de Aces-
enquanto a parcialidade pode perpetuar injustiças. Portanto, o de-
so à Informação, os órgãos e as entidades do Poder Executivo fede-
senvolvimento e a aplicação responsáveis da IA no âmbito do servi-
ral assegurarão às pessoas naturais e jurídicas o direito de acesso
ço público são essenciais para garantir que a tecnologia beneficie a
à informação, proporcionado mediante procedimentos objetivos,
sociedade como um todo, de forma justa e ética.
ágeis e transparentes, em linguagem clara e de fácil compreensão,
observados os princípios da Administração Pública e as diretrizes
previstas nessa Lei. Essa informação é obtida por transparência ati-
QUESTÕES va e por transparência passiva.
São exemplos de transparência ativa e de transparência passi-
va, respectivamente, o(s)
1. CESGRANRIO - 2019 - UNIRIO - Administrador (A) atendimento pelo telefone e o atendimento presencial
K, cidadão no pleno exercício dos seus direitos políticos, reque- (B) formulário eletrônico e as redes sociais
reu a um certo órgão público o reconhecimento de determinado (C) formulário físico e o pedido no protocolo
benefício a que, no seu entender, faria jus. Ao procurar informações (D) serviço de informações ao cidadão e os sítios na internet
no órgão competente, recebeu a noticia de que seu requerimento (E) sítios na internet e o serviço de informações ao cidadão
tinha grande probabilidade de ser deferido, embora o agente pú-
blico que havia fornecido tal informação já tivesse ciência de que 5. CESGRANRIO - 2019 - UNIRIO
houvera o seu indeferimento. K, cidadão no pleno exercício dos seus direitos políticos, reque-
Nesse caso, consoante as normas do Decreto n° 1.171/1994, o reu a um certo órgão público o reconhecimento de determinado
tal agente público que prestou essa informação a K violou o direito à benefício a que, no seu entender, faria jus. Ao procurar informações
(A) capacidade no órgão competente, recebeu a noticia de que seu requerimento
(B) existência tinha grande probabilidade de ser deferido, embora o agente pú-
(C) verdade blico que havia fornecido tal informação já tivesse ciência de que
(D) fraternidade houvera o seu indeferimento.
(E) ambiência
Nesse caso, consoante as normas do Decreto no 1.171/1994, o
tal agente público que prestou essa informação a K violou o direito à
(A) capacidade
(B) existência
(C) verdade
(D) fraternidade
(E) ambiência

104
ÉTICA E INTEGRIDADE

6. Quais são alguns dos valores éticos mencionados no texto


que devem guiar a atuação dos servidores públicos? GABARITO
(A) Ambição e concorrência.
(B) Integridade, respeito, responsabilidade e accountability.
1 C
(C) Secretismo e partidarismo.
(D) Lucro e eficiência. 2 B
3 C
7. Qual é um dos deveres dos servidores públicos mencionados
no texto que está relacionado à sua atuação política? 4 E
(A) Atuar com zelo e probidade. 5 C
(B) Garantir a estabilidade no emprego.
(C) Engajar-se em atividades político-partidárias. 6 B
(D) Abster-se de dedicar-se integralmente ao serviço. 7 C
8 B
8. Quais são alguns dos desafios mencionados no texto relacio-
nados à implementação da Inteligência Artificial no serviço público? 9 C
(A) A falta de regulamentação e a ausência de algoritmos de IA. 10 B
(B) A complexidade dos algoritmos de IA e a falta de especialis-
tas em ética de IA.
(C) A falta de financiamento e a falta de apoio público à IA go-
vernamental.
(D) A falta de interesse dos cidadãos na transparência e impar- ANOTAÇÕES
cialidade da IA no governo.

9.Qual é o objetivo principal do Governo Eletrônico, conforme ______________________________________________________


discutido no texto? ______________________________________________________
(A) Facilitar o acesso dos servidores públicos aos documentos
governamentais. ______________________________________________________
(B) Tornar a administração pública mais burocrática.
(C) Melhorar a eficiência, transparência e acessibilidade dos ______________________________________________________
serviços governamentais.
(D) Restringir o acesso dos cidadãos à informação governamen- ______________________________________________________
tal.
______________________________________________________
10. Texto: “A integridade pública é essencial para a credibilida-
______________________________________________________
de e a eficiência do governo. Ela promove a confiança dos cidadãos
nas instituições públicas, fortalece a democracia e garante o uso ______________________________________________________
adequado dos recursos públicos.”
De acordo com o texto, qual é a importância da integridade ______________________________________________________
pública?
(A) A integridade pública é importante apenas para garantir a ______________________________________________________
eficiência do governo.
(B) A integridade pública é essencial para a credibilidade do go- ______________________________________________________
verno, a confiança dos cidadãos e o uso adequado dos recursos
públicos. ______________________________________________________
(C) A integridade pública não tem relevância para a democra- ______________________________________________________
cia.
(D) A integridade pública só afeta o setor privado, não o go- ______________________________________________________
verno.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

105
ÉTICA E INTEGRIDADE

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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______________________________________________________ ______________________________________________________

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106
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

DIVERSIDADE DE SEXO, GÊNERO E SEXUALIDADE; DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL; DIVERSIDADE CULTURAL

A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um tema de crescente reconhecimento e importância na sociedade contemporânea.
Este tema abrange uma vasta gama de identidades e expressões que transcendem as tradicionais concepções binárias de masculino e
feminino, desafiando as normas e expectativas sociais estabelecidas. A compreensão e aceitação dessa diversidade é fundamental para a
promoção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.
Sexo, geralmente atribuído ao nascimento, refere-se a características biológicas e fisiológicas que definem humanos como masculinos,
femininos ou intersexuais. Pessoas intersexuais nascem com características sexuais (como cromossomos, genitália e padrões hormonais)
que não se encaixam nas noções típicas de corpos masculinos ou femininos. A diversidade no espectro do sexo biológico é mais complexa
do que a simples dicotomia.
Gênero, por outro lado, é um constructo social e cultural relativo às características, comportamentos, atividades e papéis que uma
sociedade considera apropriados para homens e mulheres. A identidade de gênero é o senso pessoal de alguém sobre a própria identidade
de gênero, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído ao nascimento. Além dos gêneros masculino e feminino, existem identidades
de gênero não binárias, como agênero, bigênero, gênero-fluido, entre outras, que refletem a complexidade e variabilidade da experiência
humana em relação ao gênero.
A sexualidade, que engloba a orientação sexual e as práticas sexuais, também faz parte dessa diversidade. A orientação sexual refere-
-se à atração afetiva, emocional ou sexual por indivíduos do mesmo sexo, de sexo oposto, de ambos os sexos, ou mais, incluindo atrações
que não se baseiam no gênero. Portanto, abrange identidades como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, assexual, entre
outras.
Reconhecer e respeitar a diversidade de sexo, gênero e sexualidade é crucial para o bem-estar e a dignidade de todos os indivíduos.
A falta de reconhecimento e aceitação pode levar a discriminação, estigmatização e violência. É essencial que as sociedades promovam a
inclusão e a igualdade, proporcionando ambientes seguros e acolhedores onde todas as pessoas possam expressar livremente suas iden-
tidades e viver suas vidas sem medo de preconceito ou marginalização.
A educação desempenha um papel crucial neste processo. Ensinar sobre a diversidade de sexo, gênero e sexualidade nas escolas pode
ajudar a desmantelar estereótipos e preconceitos desde cedo. A inclusão de tópicos sobre identidade de gênero e orientação sexual em
currículos educacionais promove a compreensão e o respeito pelas diferenças, além de fornecer apoio essencial a jovens que estão explo-
rando ou questionando suas próprias identidades.
Além disso, políticas públicas inclusivas são fundamentais para garantir os direitos e a proteção de todas as pessoas, independente-
mente de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Isso inclui legislações contra discriminação, acesso a cuidados de saúde adequa-
dos e representação igualitária em todos os aspectos da vida social, econômica e política.
A representação na mídia e na cultura popular também tem um papel importante na normalização e celebração da diversidade. Quan-
do filmes, programas de TV, livros e outras formas de mídia retratam uma variedade de identidades de gênero e orientações sexuais de
maneira positiva e autêntica, eles ajudam a criar uma cultura mais inclusiva e compreensiva.
Por fim, é vital criar espaços seguros e de suporte para pessoas de todas as identidades de gênero e orientações sexuais. Isso pode
incluir grupos de apoio, serviços de aconselhamento e eventos comunitários que celebram a diversidade. A promoção do diálogo aberto
e respeitoso, a educação continuada e a defesa dos direitos são essenciais para avançar na compreensão e aceitação da diversidade de
sexo, gênero e sexualidade.
A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um aspecto intrínseco da condição humana. Reconhecer, respeitar e celebrar essa di-
versidade é essencial para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e empática, onde cada pessoa é valorizada e respeitada
por sua singularidade.

Diversidade étnico-racial
A Constituição Federal determina:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
O racismo pode ser dividido em diversas espécies, entre elas:

107
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

RACISMO INSTITUCIONAL RACISMO ESTRUTURAL RACISMO RELIGIOSO RACISMO AMBIENTAL


Ocorre no funcionamento das Práticas corriqueiras nos Ofensa à religiões e crenças. Exclusão dos lugares
instituições e organizações. Provoca costumes, e que provoca Inclui perseguição e de tomada de decisão.
desigualdade na distribuição de preconceito. É comum em intolerância. Aniquilação do seu espaço,
serviços, benefícios e oportunidades. piadas ofensivas. deslegitimação da fala
e desqualificação dos
membros.

O Racismo Sexual é definido como preconceito em relações sexuais. Surgiu em razão de um aplicativo de relacionamento amoroso, no
qual havia a opção de selecionar a etnia desejada.
A lei 7.716/89 define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor:

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce-
dência nacional.

O STF incluiu a homofobia nesta lei:


1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos
incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aver-
são odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua
dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na
Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo
torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);
2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer
que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e
líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra,
pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros
e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos
e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva,
desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a
hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero;
3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou feno-
típicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar
a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e
da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de
hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento
jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do
sistema geral de proteção do direito.
STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 13/6/2019 (Info 944).

Apesar da ampla diversidade étnico-racial, o Brasil é um dos países mais preconceituosos do mundo. É raro ver um negro no poder,
em razão da discriminação feita desde pequeno até o momento que vai para o mercado de trabalho.
As causas do racismo estão relacionadas à escravidão de povos de origem africana, e, também à tardia abolição da escravidão.
Além disso, a abolição da escravidão causou enorme marginalização, pois não assegurou um futuro aos libertados. Ou seja, houve
grande irresponsabilidade na organização da abolição, que não se preocupou com a inclusão dos ex-escravos na sociedade.
Para tentar corrigir a desigualdade histórica, o STF julgou constitucional o sistema de cotas, inclusive em concursos públicos:
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de vagas para negros em concursos públicos. Consti-
tucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Procedência do pedido.

1. É constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provi-
mento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal direta e indireta, por três fundamentos.
1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em questão está em consonância com o princípio
da isonomia. Ela se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente na sociedade brasileira, e garantir
a igualdade material entre os cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da
população afrodescendente.
1.2. Em segundo lugar, não há violação aos princípios do concurso público e da eficiência. A reserva de vagas para negros não os isenta
da aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o beneficiário da política deve alcançar a nota necessária para que seja
considerado apto a exercer, de forma adequada e eficiente, o cargo em questão. Além disso, a incorporação do fator “raça” como critério
de seleção, ao invés de afetar o princípio da eficiência, contribui para sua realização em maior extensão, criando uma “burocracia repre-
sentativa”, capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de toda a população sejam considerados na tomada de decisões estatais.

108
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

1.3. Em terceiro lugar, a medida observa o princípio da propor- A diversidade cultural abrange uma ampla gama de aspectos,
cionalidade em sua tríplice dimensão. A existência de uma política incluindo, mas não se limitando a, línguas, tradições, crenças, artes,
de cotas para o acesso de negros à educação superior não torna a histórias, formas de organização social, sistemas de valores e esti-
reserva de vagas nos quadros da administração pública desnecessá- los de vida. Ela é influenciada por uma variedade de fatores, como
ria ou desproporcional em sentido estrito. Isso porque: história, geografia, religião, e interações sociais e políticas. Cada cul-
(I) nem todos os cargos e empregos públicos exigem curso su- tura oferece uma perspectiva única sobre o mundo, influenciando
perior; a maneira como seus membros veem a si mesmos, aos outros e ao
(II) ainda quando haja essa exigência, os beneficiários da ação ambiente ao seu redor.
afirmativa no serviço público podem não ter sido beneficiários das A promoção da diversidade cultural implica no reconhecimento
cotas nas universidades públicas; e e na valorização das diferenças culturais, bem como no incentivo
(III) mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ao diálogo e ao intercâmbio entre culturas. Este respeito mútuo é
ensino superior por meio de cotas, há outros fatores que impedem fundamental para prevenir conflitos e para fortalecer a coesão so-
os negros de competir em pé de igualdade nos concursos públi- cial. Além disso, a diversidade cultural é um motor essencial para
cos, justificando a política de ação afirmativa instituída pela Lei n° a inovação e a criatividade, contribuindo para o desenvolvimento
12.990/2014. social e econômico.
A educação desempenha um papel crucial na promoção da
2. Ademais, a fim de garantir a efetividade da política em ques- diversidade cultural. Educar as pessoas, especialmente os jovens,
tão, também é constitucional a instituição de mecanismos para sobre a riqueza e a importância das diferentes culturas ajuda a
evitar fraudes pelos candidatos. É legítima a utilização, além da au- construir uma base de respeito e apreciação pela diversidade. A
todeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação (e.g., educação multicultural pode ajudar a desmantelar preconceitos e
a exigência de autodeclaração presencial perante a comissão do estereótipos, promovendo a empatia e o entendimento entre pes-
concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e soas de diferentes origens culturais.
garantidos o contraditório e a ampla defesa. Além da educação, a proteção e promoção das expressões cul-
3. Por fim, a administração pública deve atentar para os seguin- turais, através de políticas públicas e legislação, são fundamentais.
tes parâmetros: Isso inclui o apoio a linguagens minoritárias, a preservação de sítios
(I) os percentuais de reserva de vaga devem valer para todas as históricos, a promoção de festivais culturais e a proteção dos di-
fases dos concursos; reitos de autores e criadores de diferentes contextos culturais. Tais
(II) a reserva deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas no medidas não apenas ajudam a manter a diversidade cultural, mas
concurso público (não apenas no edital de abertura); também incentivam a contribuição de todos para o patrimônio cul-
(III) os concursos não podem fracionar as vagas de acordo com tural comum da humanidade.
a especialização exigida para burlar a política de ação afirmativa, A diversidade cultural também é reforçada pela mídia e tec-
que só se aplica em concursos com mais de duas vagas; e nologias digitais, que têm um papel importante na disseminação e
(IV) a ordem classificatória obtida a partir da aplicação dos cri- no intercâmbio de expressões culturais. A internet, em particular,
térios de alternância e proporcionalidade na nomeação dos candi- oferece oportunidades sem precedentes para o acesso e a partilha
datos aprovados deve produzir efeitos durante toda a carreira fun- de informação cultural, embora também apresente desafios rela-
cional do beneficiário da reserva de vagas. cionados à homogeneização cultural e à preservação das identida-
des culturais locais.
4. Procedência do pedido, para fins de declarar a integral No âmbito internacional, organizações como a UNESCO traba-
constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Tese de julgamento: “É lham para promover a diversidade cultural e o diálogo intercultural
constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos através de convenções e programas. Estes esforços reconhecem
públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos que a diversidade cultural é uma parte essencial do desenvolvimen-
no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a to humano e uma necessidade para alcançar a paz e a sustentabi-
utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de he- lidade global.
teroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa hu- A diversidade cultural é uma riqueza imensurável que contribui
mana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”. para a expansão do conhecimento, da compreensão e da tolerân-
(ADC 41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, cia no mundo. É através do reconhecimento, da valorização e do
julgado em 08/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG respeito às diferentes culturas que podemos construir sociedades
16-08-2017 PUBLIC 17-08-2017) mais inclusivas e justas, onde a diversidade é vista não como uma
barreira, mas como uma fonte de força e beleza.
Diversidade cultural
A diversidade cultural refere-se à variedade de culturas exis-
tentes no mundo e à forma como essas culturas se manifestam nas
práticas, expressões, conhecimentos e habilidades das comunida-
des, grupos e indivíduos. Esta diversidade é um patrimônio valioso
da humanidade, enriquecendo nossas vidas de várias maneiras e
contribuindo para um maior entendimento global. Em um mundo
cada vez mais globalizado, onde as interações entre diferentes
culturas se tornam mais frequentes, entender e respeitar a di-
versidade cultural é essencial para a convivência harmoniosa e o
desenvolvimento sustentável das sociedades.

109
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

os povos indígenas, os LGBTQIA+, os quilombolas, os sem-teto,


DESAFIOS SOCIOPOLÍTICOS DA INCLUSÃO DE GRUPOS os sem-terra, os imigrantes e os refugiados, dentre outros grupos
VULNERABILIZADOS: CRIANÇAS E ADOLESCENTES; IDO- aos quais chamamos de minorias e que são vítimas de injustiças e
SOS; LGBTQIA+; PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS; PESSOAS violações históricas de Direitos Humanos.
EM SITUAÇÃO DE RUA, POVOS INDÍGENAS, COMUNIDA-
DES QUILOMBOLAS E DEMAIS MINORIAS SOCIAIS Direitos da mulher
A garantia desta igualdade sem uma proteção específica é
Apenas após a redemocratização do Brasil é que a participação insuficiente, pois muitas mulheres ainda se encontram numa
em organismos de proteção a direitos humanos se tornou efetiva. A posição subjugada da sociedade e, em casos extremos, vítimas
CF/88 aflorou o processo de inclusão brasileiro na defesa e promo- do domínio masculino. Assim, as mulheres formam uma categoria
ção dos direitos humanos. vulnerável que merece proteção especial para que seja possível
Conhecida como Constituição Cidadã se preocupou com diver- garantir a igualdade material entre os sexos. A razão desta
sos grupos: vulnerabilidade reside no fato de que as conquistas femininas de
independência pessoal e financeira são relativamente recentes na
história da humanidade.
Art. 227. É dever da família, da Internacionalmente, esta fragilidade feminina é reconhecida,
sociedade e do Estado assegurar notadamente, na Declaração da ONU sobre a Eliminação da
à criança, ao adolescente e ao Discriminação contra as Mulheres, de 7 de novembro de 1967;
jovem, com absoluta prioridade, na Convenção da ONU sobre a Eliminação de Todas as Formas de
o direito à vida, à saúde, à Discriminação contra a Mulher, de 18 de dezembro de 1979; e
alimentação, à educação, ao lazer, na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
CRIANÇA E
à profissionalização, à cultura, à Violência contra a Mulher, de 9 de junho de 1994. Estes documentos
ADOLESCENTE
dignidade, ao respeito, à liberdade e foram estudados anteriormente neste material.
à convivência familiar e comunitária, Regionalmente, uma grande vitória das mulheres na busca
além de colocá-los a salvo de toda de proteção foi a decisão da Comissão Interamericana de Direitos
forma de negligência, discriminação, Humanos que reconheceu a violação do direito feminino de
exploração, violência, crueldade e proteção contra a violência doméstica e familiar, diante dos fatos
opressão. que cercaram o caso de Maria da Penha (a decisão é estudada
no tópico 5.4.6.1.7.10). A decisão no âmbito regional gerou a
Art. 5º Todos são iguais perante a lei,
aprovação, no plano nacional, da Lei nº 11.340, de 07 de agosto
sem distinção de qualquer natureza,
de 2006, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
garantindo-se aos brasileiros e aos familiar contra a mulher.
estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à Direitos da criança e do adolescente
MULHERES liberdade, à igualdade, à segurança As crianças podem ser consideradas outro grupo vulnerável
e à propriedade, nos termos protegido no âmbito dos direitos humanos, tendo em vista a
seguintes: promoção da igualdade material.
I - homens e mulheres são iguais em Embora não exista um instrumento que aborde especificamente
direitos e obrigações, nos termos os direitos das crianças no Sistema Interamericano, normas
desta Constituição; genéricas do sistema permitem a proteção neste âmbito. Aliás,
Art. 7º (...) o artigo 16 do PCADH reforça as posturas ativas necessárias por
XXXI - proibição de qualquer parte do Estado, dos pais e da sociedade com os fins de garantir os
PESSOA COM direitos da criança.
discriminação no tocante a salário e
DEFICIÊNCIA Contudo, há instrumentos internacionais específicos voltados à
critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência; proteção dos direitos da criança no âmbito das Nações Unidas, quais
sejam a Declaração dos Direitos da Criança de 20 de novembro de
Art. 4º A República Federativa do 1959, e a Convenção sobre os Direitos da Criança 20 de novembro
Brasil rege-se nas suas relações de 1989, confirmada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 28, de 14
internacionais pelos seguintes de setembro de 1990.
princípios: No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe
VIII - repúdio ao terrorismo e ao importantes preceitos quanto à proteção da infância, devendo
RACISMO racismo; garantir à criança a proteção de uma infância feliz e saudável, e
o seu crescimento num seio familiar amparado pelo afeto e um
Art. 5º (...)XLII - a prática do racismo ambiente seguro, garantindo também o Direito à educação, gratuita
constitui crime inafiançável e e obrigatória e a prioridade de atendimento e socorro em caso de
imprescritível, sujeito à pena de necessidade.
reclusão, nos termos da lei;
Direitos dos idosos
Podem constituir grupos vulneráveis ou minorias as mulheres, O envelhecimento é um direito personalíssimo diretamente
os negros e afrodescendentes, as crianças e adolescentes, os relacionado ao direito à vida e a sua proteção é um direito social,
idosos, as pessoas com deficiência, as pessoas em situação de rua, nos termos da Lei. É obrigação do Estado, da sociedade e da família

110
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante a complementada pela Convenção Internacional sobre os Direitos das
garantia de condições mínimas e a efetivação de políticas sociais Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em
públicas que permitam um envelhecimento saudável em atenção à Nova York, em 30 de março de 2007, e promulgados pelo Decreto
sua dignidade, bem como liberdade, respeito, como pessoa humana nº 6.949 de 25 de agosto de 2009; e a Convenção Interamericana
e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais. para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
No âmbito da ONU, ainda não há Convenção específica de Pessoas Portadoras de Deficiência, assinada na Guatemala, em 28
proteção, mas apenas normativas principiológicas não diretamente de maio de 1999, promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956 de 8
coativas, que podem ser combinadas com normas genéricas como de outubro de 2001.
as dos Pactos Internacionais de 1966. Neste sentido, de forma mais No âmbito das Nações Unidas, a Convenção Internacional sobre
relevante, em 1991 sobrevieram os Princípios Das Nações Unidas os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo
para as Pessoas Idosas; e em 2002, na II Conferência Internacional desponta como o mais relevante tratado internacional na matéria
de Madri sobre o Envelhecimento, surgiram a Declaração Política em estudo que foi ratificado pelo Brasil com status de Emenda
e o Plano de Ação Internacional de Madri sobre Envelhecimento Constitucional. como é o caso da Convenção sobre os Direitos da
(MIPAA), estes de ordem um pouco mais pragmática. Pessoa com Deficiência. Essa convenção aproxima-se da realidade
Em janeiro de 2010, o Comitê Consultivo do Conselho de que se almeja alcançar.
Direitos Humanos das Nações Unidas publicou estudo apontando
a necessidade de uma convenção internacional específica, o que Proteção da diversidade sexual (LGBTQIA+)
indica que futuramente é possível que tal documento seja elaborado A Organização das Nações Unidas, no âmbito de seu Conselho
e ratificado pelos países-membros da ONU. de Direitos Humanos, tem elaborado resoluções voltadas a este
Em relação à normativa brasileira, destaca-se o Estatuto do grupo vulnerável, a exemplo dos Princípios de Yogyakarta, que são
Idoso (Lei nº 10.741/2003), que entrou em vigor no dia 1º de janeiro princípios voltados à aplicação da legislação de direitos humanos
de 2004, em consonância com a já manifestada preocupação
em todo o planeta em relação à diversidade sexual e à identidade
brasileira em conferir proteção específica aos direitos dos idosos.
de gênero, delimitando a igualitária aplicação dos direitos humanos
Não se pode perder de vista, ainda, o texto constitucional, que
consagrados a pessoas que se encaixem em grupos com sexualidade
no título VII (Ordem Social) traz no capítulo VII a proteção da Família,
diferenciada. Outro documento a respeito que assume relevância é
da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso, sem prejuízo da
a Declaração condenando violações dos direitos humanos com base
menção ao direito à assistência social feita anteriormente no artigo
na orientação sexual e na identidade de gênero, de 18 de dezembro
203, V.
de 2008. O Brasil estava presente quando tal Declaração foi aceita
Direitos da pessoa com deficiência pela Assembleia Geral da ONU e votou a favor, tratando-se assim de
A proteção à pessoa com deficiência é uma discussão de documento corroborado pelo país no âmbito internacional.
grande relevância na atualidade, à luz dos Direitos Humanos. A Pode-se dizer que a maior conquista no âmbito interamericano
preocupação com a proteção das pessoas com deficiência e a eficácia é a recente Convenção Interamericana contra Toda Forma de
desse caráter protetivo no plano nacional e internacional tornou-se Discriminação e Intolerância, de 5 de junho de 2013 (ainda não
constante. No Brasil e no mundo, a eficácia e a aplicabilidade da incorporada ao ordenamento interno brasileiro, mas já assinada
proteção às pessoas com deficiência dependem, principalmente, da pelo Brasil), que pode ser considerado o primeiro documento
efetividade da inclusão social, dever não só do Estado, mas também internacional juridicamente vinculante a expressamente condenar
de toda a sociedade. É na integração entre Estados, que vemos a discriminação baseada em orientação sexual, identidade e
surgir medidas mais eficazes de combate às desigualdades. expressão de gênero.
Há quatro fases históricas no desenvolvimento dos direitos
humanos da pessoa com deficiência: Proteção da população em situação de rua e sem teto
a) Fase da intolerância: a deficiência simbolizava impureza, Situação extremamente delicada é a da chamada população
pecado ou castigo divino; em situação de rua. Trata-se de grupo populacional que possui
b) Fase da invisibilidade: ignorava-se a existência das pessoas em comum a pobreza extrema, assim como os vínculos familiares
com deficiência e de seus direitos; interrompidos ou fragilizados. Seja por conta da constante – e grave
c) Fase assistencialista: pautada na perspectiva médica e – crise econômica dos tempos atuais, e/ou do déficit de moradia, e/
biológica de que era preciso encontrar uma cura para a deficiência, ou tendo em vista conflitos pessoais (como questões familiares ou
que era exclusivamente vista como enfermidade; vícios em drogas), não se pode fechar os olhos para um problema
d) Fase humanista: orientada pelo paradigma dos direitos cada vez maior, notadamente nos grandes e médios centros
humanos, na qual emergiram os direitos à inclusão social, com urbanos.
ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio em que ela Em termos normativos internacionais, é fraca a proteção da
se insere, além da necessidade de eliminar obstáculos e barreiras população em situação de rua, destacando-se relatório sobre uma
(culturais, físicos ou sociais) que possam ser superados. habitação adequada como elemento integrante do direito a um
nível de vida adequado e sobre o direito de não discriminação a
Destaca-se a inovação promovida pela Convenção da este respeito, preparado em cumprimento à Res. nº 25/17 do
ONU, que reconhece a deficiência como resultado da interação aludido Relatório propõe, inclusive, um enfoque tridimensional:
entre indivíduos e seu meio ambiente, não residindo apenas A 1ª dimensão se refere à ausência de moradia – a ausência
intrinsecamente no indivíduo. tanto do aspecto material de uma habitação minimamente
Internacionalmente, três documentos merecem destaque, adequada quanto do aspecto social de um lugar seguro, para
quais sejam: Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos estabelecer uma família ou relações sociais, e participar da vida em
das Pessoas com Deficiência, de 9 de dezembro de 1975, comunidade.

111
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

A 2ª dimensão considera a situação de rua como uma forma b) Todo ato que tenha por objeto ou consequência alhear-lhes
de discriminação sistêmica e de exclusão social, e reconhece que a suas terras, territórios ou recursos;
privação de um lar dá lugar a uma identidade social através da qual c) Toda forma de mudança forçada de local de povoado que
as pessoas em situação de rua formam um grupo social sujeito à tenha por objeto ou consequência a violação ou o menosprezo de
discriminação e estigmatização. qualquer de seus direitos;
A 3ª dimensão reconhece as pessoas em situação de rua como d) Toda forma de assimilação ou integração forçadas;
titulares de direitos que são resilientes na luta pela sobrevivência e e) Toda forma de propaganda que tenha como fim promover ou
dignidade. Com uma compreensão única dos sistemas que negam incitar à discriminação racial ou étnica dirigida contra eles.
seus direitos, deve-se reconhecer as pessoas em situação de rua
como agentes centrais da transformação social necessária para a O sentido do artigo 8º é aprofundado nos artigos 10, 11, 12,
realização do direito a uma moradia adequada. 13, 14, 15, 16, 24, 25, 26, 31, 32, 33, 34, 35, que conferem direitos
Internamente, o Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009, específicos culturais, religiosos, medicinais, territoriais, de ensino,
institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e de autoadministração e outros aos indígenas. No mais, enquanto
seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, no artigo 8º garante-se a cultura, no artigo 9º garante-se o direito
dentre outras providências. de pertencer a uma comunidade. Nos termos dos artigos 18,
19, 23 e 27, assegura-se a representação política, notadamente
Proteção da população sem-terra participando de decisões que envolvam a comunidade indígena.
O Brasil é um dos países com maior concentração de terras do Portanto, o desenvolvimento social também é um direito,
mundo, onde se encontram os maiores latifúndios. A concentração que deve ser garantido sem discriminações, permitindo o
de terras deriva da exploração portuguesa no Brasil, com a melhoramento das condições econômicas e sociais, em áreas
escravidão e a monocultura voltada à exportação. Esse perfil de como educação, emprego, capacitação e adaptações profissionais,
ocupação de nossas terras gerou profundas raízes de desigualdade moradia, saneamento, saúde e seguridade social (artigo 21, DDPI).
social sentidas até hoje. Necessidades especiais de seus grupos vulneráveis, como idosos,
A proteção à população sem terra tem suas bases nos valores mulheres e crianças também devem ser respeitadas (artigo 22,
da solidariedade e do humanismo ante ao legado histórico da classe DDPI).
trabalhadora. A respeito da retirada de povos indígenas de suas terras
Nacionalmente o Brasil dispõe do Estatuto da Terra, que regula originais, embora seja colocada como exceção, pode ocorrer, caso
os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para em que o povo local deve ser ouvido e em que é preciso garantir
os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política a justa indenização (justa, imparcial e equitativa), que poderá
Agrícola. O uso da terra decorre do direito de propriedade e da ser paga em terras, territórios e recursos de igual qualidade aos
necessidade de esta atender à sua função social. Busca-se pela tomados (artigo 28, DDPI).
reforma agrária para que as terras do Estado não permaneçam As comunidades indígenas não devem ficar isoladas e alheias
improdutivas em grandes latifúndios, enquanto pequenos aos acontecimentos fora de seu âmbito, mesmo os que envolvam
produtores se vêm privados de sua subsistência. decisões estatais. Neste sentido, o artigo 36 volta-se ao direito
de manter e desenvolver contatos, relações e cooperação e suas
Proteção da população indígena atividades; o artigo 37 reforça questões sobre a possibilidade de
O direito de autodeterminação ou livre determinação dos celebrar tratados, acordos e pactos; o artigo 39 traz o direito à
povos indígenas está embasado nos postulados da igualdade, da assistência financeira e técnica; o artigo 40 trata dos procedimentos
liberdade e da fraternidade, e encontra embasamento no Direito para solucionar controvérsias que surjam etc. Reforça-se nos
Internacional, em especial no sistema internacional de proteção demais dispositivos a necessidade de adotar medidas para garantir
aos direitos humanos a garantir o desenvolvimento humano global. todos estes direitos.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Nacionalmente, Constituição de 1988 pode ser considerada
Indígenas foi aprovada pela Assembleia da ONU em 07 de setembro um marco na conquista e garantia de direitos pelos indígenas no
de 2007. Brasil, por garantir o respeito e a proteção à cultura das populações
No artigo 1º é trazida a fórmula genérica que garante aos originárias, direitos esses expressos em capítulo específico do
indígenas, como povos ou pessoas, o desfrute pleno dos direitos Título Da Ordem Social, com preceitos que asseguram o respeito
humanos e liberdades fundamentais. O ideário da igualdade de à organização social, aos costumes, às línguas, crenças e tradições,
direitos e liberdades é reforçado pelo artigo 2º e pelos artigos 3º e além de estabelecer como obrigação da União, a proteção e a
4º (estes focados no direito à autodeterminação). Em seguimento, demarcação das terras indígenas.
garantem-se os direitos políticos no artigo 5º e o direito à
nacionalidade no artigo 6º. Outros direitos humanos são reforçados Proteção dos negros e quilombolas
no artigo 7º. Muito embora a sociedade brasileira seja pluralista e altamente
O artigo 8º tem o seguinte teor: miscigenada, ainda são comuns os casos de preconceito racial e
1. Os povos e as pessoas indígenas têm direito a não sofrer a étnico, o que coloca pessoas como negros, índios, quilombolas e
assimilação forçada ou a destruição de sua cultura. membros de grupos étnicos minoritários em geral na situação de
2. Os Estados estabeleceram mecanismos eficazes para a vulnerabilidade que assegura uma especial proteção sob o viés da
prevenção e o ressarcimento de: igualdade material.
a) Todo ato que tenha por objeto ou consequência privar Há diversos documentos internacionais específicos voltados
aos povos e as pessoas indígenas de sua integridade como povos à proteção deste grupo vulnerável, destacando-se: Declaração
distintos ou de seus valores culturais ou sua identidade étnica; das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de

112
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

Discriminação Racial, de 20 de novembro de 1963; Convenção países. Internacionalmente, o Alto Comissariado das Nações Unidas
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de para os Refugiados – ACNUR é um órgão das Nações Unidas criado
Discriminação Racial, de 21 de dezembro de 1965 (Decreto nº pela Resolução nº 428 da Assembleia da ONU em 14 de dezembro
65.810 de 8 de dezembro de 1969); e, recentemente, a Convenção de 1950 para dar apoio e proteção a refugiados de todo o mundo.
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Ainda internacionalmente a Convenção das Nações Unidas sobre o
Correlatas de Intolerância, de 5 de junho de 2013 (ainda não Estatuto dos Refugiados ou Convenção de Genebra de 1951 e seu
incorporada ao ordenamento interno brasileiro, mas já assinadas Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados de 1967 constituem
pelo Brasil). os principais instrumentos internacionais estabelecidos para a
O racismo é a manifestação de um preconceito racial proteção dos refugiados e asseguram, que qualquer pessoa, em
em determinadas situações e constitui crime inafiançável e caso de necessidade, possa exercer o direito de procurar e de
imprescritível, previsto na Lei 7.716/1989. Diferencia-se do crime de gozar de refúgio em outro país, sendo altamente reconhecidos
injúria racial, previsto no art. 140, § 3º do Código Penal brasileiro. internacionalmente.
O Brasil é reconhecido internacionalmente como um país
Os povos quilombolas tolerante e aberto aos imigrantes e refugiados. O Brasil assinou
Os quilombolas são pessoas das comunidades formadas por a Convenção de Genebra em 1952, relativa ao Estatuto dos
descendentes de africanos que fugiram da escravidão durante Refugiados, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 11, de 1960
o período colonial – os quilombos, onde ao longo dos anos e promulgada pelo Decreto nº 50.215/1961 e o Protocolo de
conseguiram preservar algumas de suas tradições e costumes. Nova York de 1967, recepcionado pelo Decreto nº 70.946/1972 e
A população quilombola no Brasil é de 1,32 milhão de pessoas, retificado pelos Decretos 98602/1989 e 99757/1990. Internamente,
ou 0,65% do total de habitantes do país e assim como os indígenas, a nova Lei de Migração – Lei 13.455/2017 revogou o antigo Estatuto
tem o seu direito à terra reconhecido na Constituição Federal, do Estrangeiro, Lei 6815/1980. O referido dispositivo é pautado
que também prevê a obrigação do Estado de demarcar e titular pelo princípio da não-discriminação.
as terras ocupadas por essas comunidades. A Lei nº 12.288/2010, É importante mencionar que nem todo imigrante possui o
conhecida como Estatuto da Igualdade Racial trata especificamente status de refugiado e asilo político (individual) é diferente de
dos quilombolas e estabelece estabelece diretrizes e políticas Refúgio (coletivo).
públicas para a promoção da igualdade racial. A legislação que No Brasil, o mecanismo do Refúgio é regido pela Lei 9.474/1997,
trata especificamente dos quilombolas é a Lei nº 12.288/2010, que estabelece todo o procedimento para a determinação,
conhecida como Estatuto da Igualdade Racial. Essa lei estabelece cessação e perda da condição de refugiado, os direitos e deveres
diretrizes e políticas públicas para a promoção da igualdade dos solicitantes de refúgio e refugiados, bem como soluções
racial no Brasil, incluindo medidas de proteção e promoção dos duradouras para essa população.
direitos dos povos quilombolas, com o objetivo promover o Portanto, não se deve confundir o asilo político, direito
desenvolvimento sustentável dessas comunidades, garantindo- individual, requerido e outorgado caso a caso, com o moderno
lhes acesso a serviços básicos, como saúde, educação, saneamento ramo do direito dos refugiados, que trata de fluxos maciços de
básico e infraestrutura, além da criação de políticas de reparação populações deslocadas. Ambos institutos podem ocasionalmente
para os povos quilombolas, como ações afirmativas e programas coincidir, já que cada refugiado pode requerer o asilo político
de inclusão social e econômica. Essas medidas visam compensar individualmente (BRASIL, 2020).
os séculos de discriminação e exclusão enfrentados por essas
comunidades.
QUESTÕES
Proteção dos imigrantes e refugiados
Refugiado é todo aquele que sofre algum tipo de perseguição
em seu país de origem numa situação de guerra e busca asilo em 1. Qual lei brasileira define os crimes resultantes de preconcei-
outro país. to de raça e cor?
(A) Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso.
Imigrante é todo aquele que sai de seu país de origem e vai (B) Lei nº 11.340/2006 - Lei Maria da Penha.
para outro em busca de melhores condições de vida. (C) Lei nº 7.716/1989.
Em ambos casos, são pessoas em locais que não são comuns (D) Lei nº 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial.
a elas, convivendo com a população local já habituada. Episódios
envolvendo xenofobia e desigualdade no acesso a direitos são, 2. O que define o Racismo Institucional?
infelizmente, comuns. Cabe ao Estado propiciar que imigrantes (A) Práticas de discriminação em ambientes educacionais.
e refugiados gozem de igual proteção jurídica aos seus direitos (B) Desigualdade na distribuição de serviços, benefícios e opor-
fundamentais. Segundo a ONU, a questão dos refugiados nos tunidades pelas instituições e organizações.
remete à pior crise humanitária do século. (C) Discriminação contra indivíduos em espaços públicos.
O refúgio e a migração não trazem em si o terrorismo e (D) Ofensa à liberdade de expressão religiosa.
necessariamente o agravamento dos problemas sociais. Tal
perspectiva seria totalmente contrária aos preceitos de cidadania e 3. Como o STF classificou as condutas homofóbicas e transfóbi-
acolhimento para com outros povos. cas no contexto dos crimes de preconceito?
Em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos da ONU (A) Como crimes inafiançáveis e imprescritíveis.
reconheceu como direito humano a possibilidade de as pessoas (B) Como expressões de racismo, ajustando-se aos preceitos da
fugirem de situações de guerra e fome e migrarem para outros Lei nº 7.716/1989.

113
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

(C) Como infrações menores, sujeitas a penas administrativas. 6 C


(D) Como delitos que não se enquadram na legislação sobre
racismo. 7 C
8 B
4. Quais são as principais causas do racismo no Brasil, segundo
o texto?
(A) Diferenças culturais e falta de educação cívica.
(B) Escravidão de povos de origem africana e a tardia abolição
ANOTAÇÕES
da escravidão.
(C) Falta de políticas públicas eficientes e problemas econômi- ______________________________________________________
cos.
(D) Diferenças linguísticas e barreiras geográficas. ______________________________________________________

5. Qual a decisão do STF em relação ao sistema de cotas em ______________________________________________________


concursos públicos?
(A) Declarou a inconstitucionalidade da reserva de vagas para ______________________________________________________
negros.
______________________________________________________
(B) Julgou constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva 20%
das vagas para negros. ______________________________________________________
(C) Limitou o sistema de cotas apenas a instituições educacio-
nais. ______________________________________________________
(D) Ampliou o sistema de cotas para incluir outras minorias.
______________________________________________________
6. Qual grupo é reconhecido internacionalmente como vulne-
rável e merece proteção especial na busca pela igualdade material ______________________________________________________
entre os sexos?
(A) Pessoas com deficiência. ______________________________________________________
(B) Mulheres. ______________________________________________________
(C) Povos indígenas.
(D) Imigrantes e refugiados. ______________________________________________________

7. Como são consideradas as crianças no âmbito dos direitos ______________________________________________________


humanos?
(A) Como indivíduos plenamente capazes de decisões legais. ______________________________________________________
(B) Como responsáveis por suas ações na sociedade.
(C) Como outro grupo vulnerável protegido, promovendo a ______________________________________________________
igualdade material.
______________________________________________________
(D) Como participantes ativos nas decisões políticas.
______________________________________________________
8. Qual documento internacional é considerado o mais relevan-
te na proteção dos direitos das pessoas com deficiência? ______________________________________________________
(A) Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(B) Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com ______________________________________________________
Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
(C) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. ______________________________________________________
(D) Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas. ______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

_____________________________________________________
1 D
_____________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 B
4 B ______________________________________________________
5 B ______________________________________________________

114
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E NORMAS QUE RE- Em relação ao Particular O Particular pode fazer tudo
GEM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ARTIGOS DE 37 A que a lei não proíbe
41 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988)
– Princípio da Impessoalidade
Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve
Disposições gerais e servidores públicos servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá-
A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte- terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de
resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos sua função é sempre o interesse público.
e pessoas que desempenham função pública.
Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra- – Princípio da Moralidade
ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de- Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público
sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de
seja, que estão a serviço da coletividade. probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé.
A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen-
Princípios da Administração Pública tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador
Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi- (moral comum) e sim com a profissional (ética profissional).
ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi-
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de do a atos de improbidade administrativa:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a Sanções ao cometimento de atos de improbidade administra-
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori- tiva
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM- Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política)
PE”. Observe o quadro abaixo: Perda da função pública (responsabilidade disciplinar)
Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
Princípios da Administração Pública Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)

L Legalidade – Princípio da Publicidade


I Impessoalidade O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica,
M Moralidade
salvo a hipótese de sigilo necessário.
P Publicidade A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e
E Eficiência tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos-
sibilitar o controle por todos os interessados.
LIMPE
– Princípio da Eficiência
Passemos ao conceito de cada um deles: Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
– Princípio da Legalidade evitando atuações amadorísticas.
De acordo com este princípio, o administrador não pode agir Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada. com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
O quadro abaixo demonstra suas divisões. medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
Princípio da Legalidade boa administração).
Em relação à A Administração Pública Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
Administração Pública somente pode fazer o que a lei desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
permite → Princípio da Estrita tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
Legalidade Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
for atingido.

115
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Disposições Gerais na Administração Pública definidos em lei específica;


O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú- VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
blica: para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
sua admissão;
Administração Pública IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
Direta Indireta interesse público;
Federal Autarquias (podem ser X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
Estadual qualificadas como agências trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
Distrital reguladoras) lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
Municipal Fundações (autarquias gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
e fundações podem ser de índices;
qualificadas como agências XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
executivas) ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
Sociedades de economia fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
mista Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
Empresas públicas mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
Entes Cooperados sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
Não integram a Administração Pública, mas prestam
tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
serviços de interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI,
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
ONG’s
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen-
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos:
Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
CAPÍTULO VII
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
SEÇÃO I
sores Públicos;
DISPOSIÇÕES GERAIS
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
tivo;
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
serviço público;
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
como aos estrangeiros, na forma da lei;
acréscimos ulteriores;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro-
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
qualquer caso o disposto no inciso XI:
anos, prorrogável uma vez, por igual período;
a) a de dois cargos de professor;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo-
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa-
saúde, com profissões regulamentadas;
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per-
ou indiretamente, pelo poder público;
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui-
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
ções de direção, chefia e assessoramento;
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
ciação sindical;
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-

116
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei
caso, definir as áreas de sua atuação; dispor sobre:
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- I - o prazo de duração do contrato;
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, III - a remuneração do pessoal.”
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a
obrigações. remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, exoneração.
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
de autoridades ou servidores públicos. Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
da lei. subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida
dos serviços; a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela Emenda
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- Constitucional nº 103, de 2019)
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
e XXXIII; de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e servidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de § 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual
ressarcimento. ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas públicas,
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o nº 109, de 2021)
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que guintes disposições:
possibilite o acesso a informações privilegiadas. I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação ção;

117
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não empregos públicos.
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos provenientes da economia com despesas correntes em cada
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência de programas de qualidade e produtividade, treinamento e
social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de ori- desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização
gem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
Servidores Públicos produtividade.
Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi- carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá- § 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter
rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de
Distrito Federal ou aos Municípios. cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores
dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos: titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
SEÇÃO II ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
DOS SERVIDORES PÚBLICOS preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional
planos de carreira para os servidores da administração pública dire- nº 103, de 2019)
ta, das autarquias e das fundações públicas. I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
instituirão conselho de política de administração e remuneração de em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
deres. são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
componentes do sistema remuneratório observará: II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
cargos componentes de cada carreira; e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
II - os requisitos para a investidura; III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
III - as peculiaridades dos cargos. se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
convênios ou contratos entre os entes federados. ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o de 2019)
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
admissão quando a natureza do cargo o exigir. ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos para concessão de benefícios em regime próprio de previdência
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
caso, o disposto no art. 37, XI. § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência,

118
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social.
equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Constitucional nº 103, de 2019) § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente,
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo,
diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social.
penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
Constitucional nº 103, de 2019) de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias
diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, 103, de 2019)
vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. § 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por
reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou
aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto
complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos correspondente regime de previdência complementar.
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados,
previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições na forma da lei.
para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias
Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
Constitucional nº 103, de 2019) superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente que tenha completado as exigências para a aposentadoria
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda
critérios estabelecidos em lei. Constitucional nº 103, de 2019)
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado de previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora
o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os
correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação poderes, órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios, os
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar
de tempo de contribuição fictício. de que trata o § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total 103, de 2019)
dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de nº 103, de 2019)
outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de
previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os
de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento
desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em 2019)
regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti- concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após
tucional nº 103, de 2019) o transcurso de estágio probatório.
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe-
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído é o estágio probatório citado pela lei.
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado,
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41,
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 1º da CF.
V - condições para instituição do fundo com finalidade previ- Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia-
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur- dos concursos públicos, segue a tabela explicativa:
sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de Estabilidade do Servidor
2019)
VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Inclu- Requisitos para aquisição Cargo de provimento
ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de Estabilidade efetivo/ocupado em razão de
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob- concurso público
servados os princípios relacionados com governança, controle inter- 3 anos de efetivo exercício
no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, Avaliação de desempenho
por comissão instituída para
de 2019)
esta finalidade
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen- Hipóteses em que o Em virtude de sentença
te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional servidor estável pode perder judicial transitada em julgado
nº 103, de 2019) o cargo Mediante processo
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela administrativo em que lhe seja
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) assegurada ampla defesa
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição Mediante procedimento
de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído de avaliação periódica de
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) desempenho, na forma de lei
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- complementar, assegurada
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de ampla defesa
Em razão de excesso de
concurso público.
despesa
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do
rada ampla defesa;
servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
misturam a não ser por expressa determinação constitucional.
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
impor deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxa-
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
tiva, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
militares de forma reflexa.
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres-
remuneração proporcional ao tempo de serviço.
so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú-
de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento
tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88.
em outro cargo.
Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acu-
instituída para essa finalidade.
mulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de
horários.
– Estabilidade
A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
vado em estágio probatório.
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade
poder ser definida como a garantia constitucional de permanência

120
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88:


ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA ADMINISTRAÇÃO
SEÇÃO III PÚBLICA FEDERAL (DECRETO LEI Nº 200/1967)
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS — Estado
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom- Conceito, Elementos e Princípios
beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e Adentrando ao contexto histórico, o conceito de Estado veio a
disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter- surgir por intermédio do antigo conceito de cidade, da polis grega
ritórios. e da civitas romana. Em meados do século XVI o vocábulo Estado
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e passou a ser utilizado com o significado moderno de força, poder
dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições e direito.
do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, direitos, que possui como elementos: o povo, o território e a
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos soberania. Nos dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino
governadores. (2010, p. 13), “Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito pelos elementos povo, território e governo soberano”.
Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica O Estado como ente, é plenamente capacitado para adquirir
do respectivo ente estatal. direitos e obrigações. Ademais, possui personalidade jurídica
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e própria, tanto no âmbito interno, perante os agentes públicos e os
dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência da cidadãos, quanto no âmbito internacional, perante outros Estados.
atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, de Vejamos alguns conceitos acerca dos três elementos que
2019) compõem o Estado:
– Povo: Elemento legitima a existência do Estado. Isso ocorre
Das Regiões por que é do povo que origina todo o poder representado pelo
De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de Estado, conforme dispões expressamente art. 1º, parágrafo único,
forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as da Constituição Federal:
desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
mentar. meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Diz o Art. 43 da CF/88: Constituição.
O povo se refere ao conjunto de indivíduos que se vincula
SEÇÃO IV juridicamente ao Estado, de forma estabilizada.
DAS REGIÕES Entretanto, isso não ocorre com estrangeiros e apátridas,
diferentemente da população, que tem sentido demográfico e
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular quantitativo, agregando, por sua vez, todos os que se encontrem
sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a sob sua jurisdição territorial, sendo desnecessário haver quaisquer
seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. tipos de vínculo jurídico do indivíduo com o poder do Estado.
§ 1º - Lei complementar disporá sobre: Com vários sentidos, o termo pode ser usado pela doutrina
I - as condições para integração de regiões em desenvolvimento; como sinônimo de nação e, ainda, no sentido de subordinação a
II - a composição dos organismos regionais que executarão, na uma mesma autoridade política.
forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais No entanto, a titularidade dos direitos políticos é determinada
de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com pela nacionalidade, que nada mais é que o vínculo jurídico
estes. estabelecido pela Constituição entre os cidadãos e o Estado.
§ 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, O Direito nos concede o conceito de povo como sendo o
na forma da lei: conjunto de pessoas que detém o poder, a soberania, conforme
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos já foi explicitado por meio do art. 1º. Parágrafo único da CFB/88
e preços de responsabilidade do Poder Público; dispondo que “Todo poder emana do povo, que exerce por meio
II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori- de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
tárias; Constituição”.
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos — Território: pode ser conceituado como a área na qual o
federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; Estado exerce sua soberania. Trata-se da base física ou geográfica
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos de um determinado Estado, seu elemento constitutivo, base
rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de delimitada de autoridade, instrumento de poder com vistas a dirigir
baixa renda, sujeitas a secas periódicas. o grupo social, com tal delimitação que se pode assegurar à eficácia
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará do poder e a estabilidade da ordem.
a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos O território é delimitado pelas fronteiras, que por sua vez,
e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas podem ser naturais ou convencionais. O território como elemento
glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.

121
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

do Estado, possui duas funções, sendo uma negativa limitante A Constituição Federal é documento jurídico hierarquicamente
de fronteiras com a competência da autoridade política, e outra superior do nosso sistema, se ocupando com a organização
positiva, que fornece ao Estado a base correta de recursos materiais do poder, a definição de direitos, dentre outros fatores. Nesse
para ação. diapasão, a soberania ganha particular interesse junto ao Direito
Por traçar os limites do poder soberanamente exercido, o Constitucional. Nesse sentido, a soberania surge novamente em
território é elemento essencial à existência do Estado, sendo, desta discussão, procurando resolver ou atribuir o poder originário e seus
forma, pleno objeto de direitos do Estado, o qual se encontra a limites, entrando em voga o poder constituinte originário, o poder
serviço do povo e pode usar e dispor dele com poder absoluto e constituinte derivado, a soberania popular, do parlamento e do
exclusivo, desde que estejam presentes as características essenciais povo como um todo. Depreende-se que o fundo desta problemática
das relações de domínio. O território é formado pelo solo, está entranhado na discussão acerca da positivação do Direito em
subsolo, espaço aéreo, águas territoriais e plataforma continental, determinado Estado e seu respectivo exercício.
prolongamento do solo coberto pelo mar. Assim sendo, em síntese, já verificados o conceito de Estado e
A Constituição Brasileira atribui ao Conselho de Defesa os seus elementos. Temos, portanto:
Nacional, órgão de consulta do presidente da República,
competência para “propor os critérios e condições de utilização ESTADO = POVO + TERRITÓRIO + SOBERANIA
de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e
opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira Obs. Os elementos (povo + território + soberania) do Estado
e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos não devem ser confundidos com suas funções estatais que
naturais de qualquer tipo”. (Artigo 91, §1º, I I I , C F B / 8 8 ) . normalmente são denominadas “Poderes do Estado” e, por sua
Os espaços sobre o qual se desenvolvem as relações sociais próprias vez, são divididas em: legislativa, executiva e judiciária
da vida do Estado é uma porção da superfície terrestre, projetada
desde o subsolo até o espaço aéreo. Para que essa porção territorial Em relação aos princípios do Estado Brasileiro, é fácil encontra-
e suas projeções adquiram significado político e jurídico, é preciso los no disposto no art. 1º, da CFB/88. Vejamos:
considerá-las como um local de assentamento do grupo humano Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
que integra o Estado, como campo de ação do poder político e indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
como âmbito de validade das normas jurídicas. se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
— Soberania: Trata-se do poder do Estado de se auto I - a soberania;
administrar. Por meio da soberania, o Estado detém o poder de II - a cidadania;
regular o seu funcionamento, as relações privadas dos cidadãos, III - a dignidade da pessoa humana;
bem como as funções econômicas e sociais do povo que o integra. IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Por meio desse elemento, o Estado edita leis aplicáveis ao seu V - o pluralismo político.
território, sem estar sujeito a qualquer tipo de interferência ou
dependência de outros Estados. Ressalta-se que os conceitos de soberania, cidadania e
Em sua origem, no sentido de legitimação, a soberania está pluralismo político são os que mais são aceitos como princípios
ligada à força e ao poder. Se antes, o direito era dado, agora é do Estado. No condizente à dignidade da pessoa humana e aos
arquitetado, anteriormente era pensado na justiça robusta, agora é valores sociais do trabalho e da livre inciativa, pondera-se que
engendrado na adequação aos objetivos e na racionalidade técnica estes constituem as finalidades que o Estado busca alcançar. Já os
necessária. O poder do Estado é soberano, uno, indivisível e emana conceitos de soberania, cidadania e pluralismo político, podem ser
do povo. Além disso, todos os Poderes são partes de um todo que plenamente relacionados com o sentido de organização do Estado
é a atividade do Estado. sob forma política, e, os conceitos de dignidade da pessoa humana
Como fundamento do Estado Democrático de Direito, nos e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, implicam na
parâmetros do art.1º, I, da CFB/88), a soberania é elemento ideia do alcance de objetivos morais e éticos.
essencial e fundamental à existência da República Federativa do
Brasil. — Governo
A lei se tornou de forma essencial o principal instrumento de
organização da sociedade. Isso, por que a exigência de justiça e de Conceito
proteção aos direitos individuais, sempre se faz presente na vida Governo é a expressão política de comando, de iniciativa
do povo. Por conseguinte, por intermédio da Constituição escrita, pública com a fixação de objetivos do Estado e de manutenção da
desde a época da revolução democrática, foi colocada uma trava ordem jurídica contemporânea e atuante.
jurídica à soberania, proclamando, assim, os direitos invioláveis do O Brasil adota a República como forma de Governo e
cidadão. o federalismo como forma de Estado. Em sua obra Direito
O direito incorpora a teoria da soberania e tenta compatibilizá- Administrativo da Série Advocacia Pública, o renomado jurista
la aos problemas de hoje, e remetem ao povo, aos cidadãos e à Leandro Zannoni, assegura que governo é elemento do Estado e o
sua participação no exercício do poder, o direito sempre tende explana como “a atividade política organizada do Estado, possuindo
a preservar a vontade coletiva de seu povo, através de seu ampla discricionariedade, sob responsabilidade constitucional e
ordenamento, a soberania sempre existirá no campo jurídico, pois política” (p. 71).
o termo designa igualmente o fenômeno político de decisão, de É possível complementar esse conceito de Zannoni com a
deliberação, sendo incorporada à soberania pela Constituição. afirmação de Meirelles (1998, p. 64-65) que aduz que “Governo é a

122
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do
do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente”. Entretanto, desenvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de
tanto o conceito de Estado como o de governo podem ser definidos utilidade ou de interesse público.
sob diferentes perspectivas, sendo o primeiro, apresentado sob o b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrativa.
critério sociológico, político, constitucional, dentre outros fatores. São os atos da Administração que limitam interesses individuais em
No condizente ao segundo, é subdividido em sentido formal sob um prol do interesse coletivo.
conjunto de órgãos, em sentido material nas funções que exerce e c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a
em sentido operacional sob a forma de condução política. Administração Pública executa, de forma direta ou indireta,
O objetivo final do Governo é a prestação dos serviços públicos para satisfazer os anseios e as necessidades coletivas do povo,
com eficiência, visando de forma geral a satisfação das necessidades sob o regime jurídico e com predominância pública. O serviço
coletivas. O Governo pratica uma função política que implica uma público também regula a atividade permanente de edição de atos
atividade de ordem mediata e superior com referência à direção normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de
soberana e geral do Estado, com o fulcro de determinar os fins da forma implementativa de políticas de governo.
ação do Estado, assinalando as diretrizes para as demais funções e A finalidade de todas essas funções é executar as políticas
buscando sempre a unidade da soberania estatal. de governo e desempenhar a função administrativa em favor do
interesse público, dentre outros atributos essenciais ao bom
— Administração pública andamento da Administração Pública como um todo com o
incentivo das atividades privadas de interesse social, visando
Conceito sempre o interesse público.
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a atividade A Administração Pública também possui elementos que a
que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
e agentes públicos. função administrativa estatal.
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como — Observação importante:
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais
regime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução acopladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato
dos interesses coletivos”. da coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e nações estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, internacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa No direito público interno encontra-se, no âmbito da
em sentido objetivo. administração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União,
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções e III, do CC).
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo. da administração indireta, as autarquias e associações públicas
Em suma, temos: (art. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas
jurídicas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41
Sentido amplo {órgãos do CC, pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar
SENTIDO SUBJETIVO governamentais e órgãos ao consórcio público a ser firmado entre entes públicos (União,
administrativos}. Estados, Municípios e Distrito Federal).

Sentido estrito {pessoas Princípios da administração pública


SENTIDO SUBJETIVO jurídicas, órgãos e agentes De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
públicos}. princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
Sentido amplo {função um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
SENTIDO OBJETIVO
política e administrativa}. jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpretes
Sentido estrito {atividade do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato de
SENTIDO OBJETIVO que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da ordem
exercida por esses entes}.
jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada pelos
Existem funções na Administração Pública que são exercidas contornos que conferem à determinada seara jurídica.
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
são subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
serviço público. Referente à função hermenêutica, os princípios são
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada amplamente responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais
uma das funções. Vejamos: parâmetros legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no
ato de tutela dos casos concretos. Por meio da função integrativa,

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais — Observação importante: O princípio da legalidade considera
lacunas legais observadas em matérias específicas ou diante das a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei,
particularidades que permeiam a aplicação das normas aos casos toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo
existentes. art. 59 da Constituição Federal.
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e
integrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos – Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, óticas:
dando-lhe unicidade e coerência. a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
positivados e não escritos na lei de forma expressa. o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
na objetividade.
— Observação importante: b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e executar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
implícitos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos atos,
que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
implícitos. ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
princípios e demais dispositivos legais que formam o Direito promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
Administrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois
princípios centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrativa
Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público. deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestidade,
probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção na
Conclama a necessidade da Administração Pública.
Supremacia do O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
sobreposição dos interesses da
Interesse Público conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
coletividade sobre os individuais.
costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que
Sua principal função é obedecer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o
orientar a atuação dos agentes agente atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado
Indisponibilidade do
públicos para que atuem em apenas nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à
Interesse Público
nome e em prol dos interesses
moralidade.
da Administração Pública.
– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas
controle dos atos administrativos por meio da sociedade. A
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a
publicidade está associada à prestação de satisfação e informação
indisponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que
da atuação pública aos administrados. Via de regra é que a atuação
tais prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses
da Administração seja pública, tornando assim, possível o controle
privados, termina por colocar limitações aos agentes públicos
da sociedade sobre os seus atos.
no campo de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de
Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é absoluto.
aprovação em concurso público para o provimento dos cargos
Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções previstas
públicos.
em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam ser
preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
Princípios Administrativos
intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal,
ser afastado.
a Administração Pública deverá obedecer aos princípios da
Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos
Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
administrativos que se voltam para a sociedade, pondera-se que
Vejamos:
os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não forem
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito
publicados.
Administrativo, apresenta um significado diverso do que apresenta
no Direito Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do
– Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá
indivíduo que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária
ser exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e
à lei, é considerada legal. O termo legalidade para o Direito
economicidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém,
Administrativo, significa subordinação à lei, o que faz com que o
hodiernamente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88,
administrador deva atuar somente no instante e da forma que a lei
com a EC n. 19/1998.
permitir.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

São decorrentes do princípio da eficiência: de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado
a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a
orçamentária e financeira de órgãos, bem como de entidades outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
administrativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão. Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuindo
b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou serviços
para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa que
art. 41, § 4º da CFB/88. transfere e a que acolhe as atribuições.

Administração direta e indireta Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspondente Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas que e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do aumento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e
administrativa de maneira centralizada. extinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas dispor sobre a organização e o funcionamento, denota-se que
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as poderá ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do
Administrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa decreto. Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério
de maneira descentralizada. a mais, o presidente da República deverá encaminhar projeto de
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser lei ao Congresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua
exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com estruturação interna deverá ser feita por decreto. Na realidade,
personalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições todos os regimentos internos dos ministérios são realizados por
a particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de intermédio de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização
direito público ou de direito privado para esta finalidade. Optando interna do órgão. Vejamos:
pela segunda opção, as novas entidades passarão a compor a – Órgão: é criado por meio de lei.
Administração Indireta do ente que as criou e, por possuírem – Organização Interna: pode ser feita por DECRETO, desde
como destino a execução especializado de certas atividades, são que não provoque aumento de despesas, bem como a criação ou a
consideradas como sendo manifestação da descentralização por extinção de outros órgãos.
serviço, funcional ou técnica, de modo geral. – Órgãos De Controle: Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribunal
Desconcentração e Descentralização de Contas da União.
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição
interna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim Pessoas administrativas
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído Explicita-se que as entidades administrativas são a própria
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre Administração Indireta, composta de forma taxativa pelas
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. economia mista.
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administração De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao
direta como na administração indireta de todos os entes federativos são reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder
do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcentração político e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou.
administrativa no âmbito da Administração Direta da União, os Não existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública
vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em indireta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais, uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista, funções para as quais foram criadas de forma correta.
ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação.
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários Pessoas políticas
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas As pessoas políticas são os entes federativos previstos na
jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos Constituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal
estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de e os Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos
subordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração pelo Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder
administrativa está diretamente relacionada ao princípio da político. Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos,
hierarquia. vindo a se organizar de forma particular para alcançar as finalidades
Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés avençadas na Constituição Federal.
Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois,

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais exploradoras
dos entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitucional,
suas leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida pelo
pela Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais
característica que se encontra presente somente no âmbito da prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma
República Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma
federativos. exclusiva e prioritária pelo direito público.

Autarquias – Observação importante: todas as empresas estatais, sejam


As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e econômica, possuem personalidade jurídica de direito privado.
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias, O que diferencia as empresas estatais exploradoras de atividade
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público é
determinadas atividades para entidades eivadas de maior a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
especialização. público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público,
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dando nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina
a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo. licitação, a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público de atividade econômica, como maneira de evitar que o princípio
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço da livre concorrência reste-se prejudicado, as referidas atividades
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar deverão ser reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo
em tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem 173 da Constituição Federal, que assim determina:
servindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,
mesmo regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
Meirelles, as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou permitida quando necessária aos imperativos da segurança
seja, são executoras de ordens determinadas pelo respectivo ente nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em
da Federação a que estão vinculadas. lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
obrigacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
do ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também prestação de serviços, dispondo sobre:
que a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
tipicamente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, sociedade;
em regime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
Em tais situações, infere-se que é possível que sejam criadas inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
autarquias no âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, trabalhistas e tributários;
oportunidade na qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e
deverá, obrigatoriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita alienações, observados os princípios da Administração Pública;
pelo respectivo Poder. IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de
Administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
— Empresas Públicas V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a
responsabilidade dos administradores
Sociedades de Economia Mista
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o Vejamos em síntese, algumas características em comum das
direito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária empresas públicas e das sociedades de economia mista:
de empresas estatais. – Devem realizar concurso público para admissão de seus
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia empregados;
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas – Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente constitucional;
atuantes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, – Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas,
obtemos dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades bem como ao controle do Poder Legislativo;
de economia mista. – Não estão sujeitas à falência;
– Devem obedecer às normas de licitação e contrato
administrativo no que se refere às suas atividades-meio;
– Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
constitucionalmente;
– Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder
Legislativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Fundações e outras entidades privadas delegatárias entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publicização.
Identifica-se no processo de criação das fundações privadas, Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, outra
duas características que se encontram presentes de forma entidade de direito privado o substitui no serviço anteriormente
contundente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para que
instituidor e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa. seja feita a qualificação da entidade como organização social é
O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim,
1988 conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito as Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários,
predominantemente de direito privado, sendo que a Constituição utilização de bens públicos e servidores públicos.
Federal dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades
de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autorização Organizações da sociedade civil de interesse público
da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso das São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, sem
autarquias. fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatutárias
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da Lei
a Fundação Pública poderá ser criada de forma direta por meio n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência do
de lei específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com o da
de direito público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou OS, entretanto, é mais amplo.
Fundação Autárquica. Vejamos:
– Observação importante: a autarquia é definida como Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
serviço personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no
conceituada como sendo um patrimônio de forma personificada respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será
destinado a uma finalidade específica de interesse social. conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes
Vejamos como o Código Civil determina: finalidades:
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) I – promoção da assistência social;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. histórico e artístico;
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
distinção entre as Fundações de direito público ou de direito complementar de participação das organizações de que trata esta
privado. O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as Lei;
fundações da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma
ligação com a Administração Pública. complementar de participação das organizações de que trata esta
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como Lei;
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
somente às entidades de direito público como um todo. Registra-se VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente
que o foro de ambas é na Justiça Federal. e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do
voluntariado;
— Delegação Social VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e
combate à pobreza;
Organizações sociais IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos
As organizações sociais são entidades privadas que recebem socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio,
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas emprego e crédito;
por particulares sob a forma de associação ou fundação que X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
desempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do humanos, da democracia e de outros valores universais;
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito neste artigo.
privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento receber a qualificação. Vejamos:
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
cultura e à saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
as entidades privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
receber a qualificação de OSs. I – as sociedades comerciais;
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por de categoria profissional;
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los por III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; civil de interesse público.


IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas O termo publicização também é atribuído a um segundo sentido
fundações; adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde à
V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar transformação de entidades públicas em entidades privadas sem
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; fins lucrativos.
VI – as entidades e empresas que comercializam planos de No que condizente às características das entidades que
saúde e assemelhados; compõem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro
VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas entende que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles:
mantenedoras; 1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas
VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não tenham sido autorizadas por lei;
gratuito e suas mantenedoras; 2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse
IX – as Organizações Sociais; público (serviços sociais não exclusivos do Estado);
X – as cooperativas; 3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público;
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e,
Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade e o por isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à
Estado é denominado termo de parceria e que para a qualificação de Administração
uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido constituída 5. Pública e ao Tribunal de Contas;
e se encontre em funcionamento regular há, pelo menos, três anos 6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derrogado
nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. 13.019/2014. O parcialmente por normas direito público;
Tribunal de Contas da União tem entendido que o vínculo firmado
pelo termo de parceria por órgãos ou entidades da Administração Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato
Pública com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público de não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e
não é demandante de processo de licitação. De acordo com o também porque não integram a Administração Pública Direta ou
que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, deverá haver a Indireta.
realização de concurso de projetos pelo órgão estatal interessado Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor
em construir parceria com Oscips para que venha a obter bens e são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado,
serviços para a realização de atividades, eventos, consultorias, seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito
cooperação técnica e assessoria. privado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente
de algum incentivo do setor público, também podem lhes ser
Entidades de utilidade pública aplicáveis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe qual a conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado
em seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços às entidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado,
estatais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para podendo ser modificado de maneira parcial por normas de direito
o setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor. público.
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública, Controle exercido pela Administração Pública (controle
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exemplo, interno)
as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil de A princípio, infere-se que a teoria da separação dos poderes
interesse público (OSCIP). possui em sua essência, de acordo com Montesquieu, o objetivo
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor certo de limitar arbítrios de maneira que venha a proteger os
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiariedade direitos individuais. Isso por que, grande parte dos detentores do
na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da Poder tende a adquirir mais poder, situação tal, que, caso não esteja
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às sujeita a controle, culminará no abuso, ou até no absolutismo.
organizações civis o atendimento dos interesses individuais e Para evitar esse tipo de distorção, Montesquieu propôs a teoria
coletivos. Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária dos freios e contrapesos, por meio da qual os poderes constituídos
nas demandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, possuem a incumbência de controlar, freando e contrabalanceando
não puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. as atuações dos demais poderes, de maneira que cada um deles
Dessa maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na tenha autonomia, possua liberdade, porém, uma liberdade sob
autossuficiência da sociedade. vigilância. Nesse sentido, o Poder Legislativo edita leis que podem
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do ser vetadas ou freadas pelo Poder Executivo, que poderá ter seu
Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos veto derrubado ou freado pelo Poder Legislativo. Ou seja, não
estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa concordando o Executivo com a derrubada de um veto vindo a
a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor entender que a lei aprovada seja inconstitucional, deterá o poder
público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos de incumbir a matéria à análise do Poder Judiciário que irá dirimir
do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o o conflito, como por exemplo, uma ADI ajuizada pelo Presidente da
Estado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um República. O Judiciário contém os membros de sua cúpula (STF),
todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que que são indicados pelo chefe de outro Poder, no caso, o Presidente
instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade da República, sendo a indicação restrita à aprovação de uma das

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Casas do Parlamento (Senado Federal), o que acaba por ser uma encontra inserida no art. 5º, XXXV, da CFB/1988, por meio da qual
espécie de controle prévio. ficou estabelecido que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Desta maneira, percebe-se que no Estado Democrático de Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Direito, o próprio ordenamento jurídico dispõe de mecanismos Há países, que de forma diferente do Brasil, adotam o
que possibilitam o controle de toda a atuação do Estado. Tais sistema de dualidade de jurisdição ou sistema do contencioso
instrumentos tem como objetivo, garantir que tal atuação se administrativo ou sistema francês. Denota-se que nesses países, a
mantenha sempre consolidada com o direito, visando ao interesse função jurisdicional é exercida por duas estruturas orgânicas que
público e mantendo o respeito aos direitos dos administrados. são regidas de forma independente, sendo elas a Justiça Judiciária
Em relação à localização do órgão de controle, infere-se que e a Justiça Administrativa, posto que cada uma profere decisão com
pode ser interno ou externo. Vejamos: força de coisa julgada no âmbito de suas competências.
– Controle interno: é realizado por órgãos de um Poder Referente à Justiça Administrativa, explica-se que no sistema
sobrepondo condutas que são praticadas na direção desse de dualidade de jurisdição, esta é composta por juízes e tribunais
mesmo Poder, ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica administrativos cuja competência cuida-se em geral, de resolver
da Administração indireta sobre atos que foram praticados pela litígios nos quais o Poder Público seja parte. Pareando a Justiça
própria pessoa jurídica da qual faz parte. No controle interno o Administrativa, está a Justiça Judiciária, composta por órgãos do
órgão controlador encontra-se inserido na estrutura administrativa Poder Judiciário, tendo competência para julgar com definitividade
que deve ser controlada. conflitos que envolvam somente particulares.
Em alguns casos, o controle interno decorre da hierarquia, Pondera-se que o controle exercido pelo Poder Judiciário, via
pois esta possibilita aos órgãos hierarquicamente superiores de regra, será sempre um controle de legalidade ou legitimidade
controlar os atos praticados pelos que lhe são subordinados. Em do ato administrativo. No exercício da função jurisdicional, os
resumo, o controle interno que venha a depender da existência de Magistrados não apreciam o mérito do ato administrativo, não
hierarquia entre controlador e controlado, é aquele exercido pelas analisando a conveniência e a oportunidade da prática do ato.
chefias sobre seus subordinados, sendo o tradicional “sistema de Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade ou
controle interno” é organizado por lei incumbida de lhe definir as de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum vício,
atribuições, não dependendo de hierarquia para o exercício de suas a decisão judicial será revertida no sentido de anulação do ato
prerrogativas. administrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que não
é cabível no exercício da função jurisdicional a revogação do ato
– Controle externo: é realizado por órgão estranho à estrutura administrativo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do
do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos práticos, mérito do ato.
quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa a julgar É de suma importância destacar que o controle judicial possui
as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário. abrangência tanto em relação aos atos vinculados quanto aos
discricionários, posto que ambos devem obedecer aos requisitos de
Controle Judicial validade como a competência, a forma e a finalidade. Desta forma,
Registremos, a princípio, que o controle judicial da é possível que tanto os atos administrativos vinculados quanto
Administração Pública, trata-se daquele exercido pelo Poder os discricionários venham a apresentar vícios de legalidade ou
Judiciário, quando em exercício de função jurisdicional, sobre os ilegitimidade, em decorrência dos quais poderão vir a ser anulados
atos administrativos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário quando estiver no exercício do controle
do próprio Poder Judiciário. O controle judicial é aquele por meio jurisdicional.
do qual, o Poder Judiciário, ao exercer de a função jurisdicional, Explicita-se que o controle judicial da Administração, de modo
aprecia a juridicidade que engloba a regularidade, a legalidade e a geral, é sempre provocado, isso por que ele depende da iniciativa de
constitucionalidade da conduta administrativa. alguma pessoa, que poderá ser física ou jurídica. Qualquer pessoa
Denota-se que o controle externo da Administração por meio que tenha a pretensão de provocar o controle da administração
do Poder Judiciário foi majorado e fortalecido pela Constituição pelo Poder Judiciário, deverá, de antemão, propor judicialmente a
Federal de 1988, tendo previsto novos instrumentos de controle, ação cabível para o alcance desse objetivo.
como por exemplo, o mandado de segurança coletivo, o mandado Por fim, diga-se de passagem, que existem várias espécies
de injunção e o habeas data. de ações judiciais que permitem ao Judiciário apreciar lesão ou
O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unidade ameaça a direito decorrente de ato administrativo. Exemplos:
de jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio de o habeas corpus, o habeas data, o mandado de injunção, etc. A
jurisdição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder relação das ações que dão possibilidade ao controle judicial da
Judiciário possui a exclusividade da função jurisdicional, vindo a Administração será sempre a título de exemplificação, tendo em
inferir que somente as decisões judiciais fazem coisa julgada em vista que o controle pode ser exercido, inclusive, por intermédio
sentido próprio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de de ação judicial ordinária sem denominação especial ou específica.
serem modificadas.
Desta maneira, percebe-se que a decisão que é proferida – Nota: a Emenda Constitucional 45/2004 ao introduzir no
pela Administração Pública ou, ainda, qualquer ato administrativo direito brasileiro o instituto das súmulas vinculantes, inaugurou um
encontram-se passíveis de revisão pelo Poder Judiciário. novo mecanismo de controle judicial da Administração Pública, ato
É importante registrar que o fundamento da adoção do por meio do qual passou-se a admitir o cabimento de reclamação
sistema de unidade jurisdicional no Brasil é a previsão que se ao STF contra ato administrativo que contrarie súmulas vinculantes

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

editadas pela Corte Suprema. – Formas de controle político:


1. Da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF,
Controle Legislativo art. 49): resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou
O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legislativo atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
sobre as autoridades e os órgãos dos outros poderes, como ocorre gravosos ao patrimônio nacional; autorizar o Presidente da
por exemplo, nos casos de convocação de autoridades com o República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que
objetivo de prestar esclarecimentos ou, ainda, do controle externo forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo Tribunal de Contas. permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos
O controle legislativo, também denominado de controle em lei complementar; autorizar o Presidente e o Vice-Presidente
parlamentar, se refere àquele no qual o Poder Legislativo exerce da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder
poder sobre os atos do Poder Executivo e sobre os atos do Poder a quinze dias; aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
Judiciário, sendo este último somente no que condiz ao desempenho autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas
da função administrativa. Trata-se assim, o controle parlamentar de medidas; sustar os atos normativos do Poder Executivo que
um controle externo sobre os demais Poderes. exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
Infere-se que a estrutura do Poder Legislativo Brasileira deve legislativa; julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente
ser verificada com atenção às peculiaridades de cada ente federado, da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos
posto que não somente o princípio da simetria, como também as de governo; fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de
regras específicas que a Constituição Federal predispõe para os suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
âmbitos federal, estadual, municipal e distrital. indireta; apreciar os atos de concessão e renovação de concessão
Em análise ao plano federal, verifica-se que vigora o de emissoras de rádio e televisão; aprovar iniciativas do Poder
bicameralismo federativo, sendo o Poder Legislativo Federal Executivo referentes a atividades nucleares; autorizar, em terras
composto por duas Casas: a Câmara dos Deputados que é composta indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos
por representantes do povo e o Senado Federal que é composto por e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; aprovar, previamente, a
representantes dos Estados-membros e do Distrito Federal. alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois
De acordo com o sistema constitucional, o controle parlamentar mil e quinhentos hectares.
pode ser exercido: a) por uma das Casas isoladamente; b) pelas 2. Da competência privativa do Senado Federal (CF, art. 52):
duas Casas reunidas em sessão conjunta; c) pela mesa diretora processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos
do Congresso Nacional ou de cada Casa; d) pelas comissões do crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os
Congresso Nacional ou de cada Casa. Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes
Levando em conta o princípio da simetria de organização, da mesma natureza conexos com aqueles; processar e julgar os
as regras mencionadas também devem ser aplicadas, no que Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho
lhes couber, ao Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público,
e distrital, desde que realizadas as devidas adaptações, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União
principalmente aquelas que advém do fato de nos planos estadual, nos crimes de responsabilidade; autorizar operações externas de
municipal e distrital a organização do Poder Legislativo serem do natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
tipo unicameral. Federal, dos Territórios e dos Municípios; fixar, por proposta
Com fundamento no princípio da autotutela, o Poder Legislativo do Presidente da República, limites globais para o montante da
também possui o poder de exercer o controle interno sobre os seus dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e
próprios atos. Nessa situação, aduz-se que o Poder Legislativo estará dos Municípios; dispor sobre limites globais e condições para as
realizando um controle administrativo interno. Esse é o motivo pelo operações de crédito externo e interno da União, dos Estados,
qual quando falamos no controle parlamentar, estamos abordando do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais
somente o controle externo exercido pelo Poder Legislativo. entidades controladas pelo Poder Público federal; dispor sobre
Destaca-se que o controle que o Poder Legislativo detém limites e condições para a concessão de garantia da União em
sobre a Administração Pública, encontra-se limitado às hipóteses operações de crédito externo e interno; estabelecer limites globais
previstas na Constituição Federal. Isso ocorre, por que porque e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do
caso contrário, haveria inferiorização do princípio da separação Distrito Federal e dos Municípios; aprovar, por maioria absoluta e
dos poderes. Acontece que em razão disso, não podem leis por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
ordinárias, complementares ou Constituições Estaduais predispor República antes do término de seu mandato; aprovar previamente,
outras modalidades de controle diversas das que são previstas na por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
Constituição Federal, sob risco de ferir o mesmo princípio. – Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
De modo geral, a doutrina diferencia dois tipos de controle – Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo
legislativo: o político e o financeiro. Presidente da República;
O controle financeiro é exercido com o auxílio dos tribunais – Governador de Território;
de contas. Já o controle político, alcança aspectos de legalidade – Presidente e diretores do Banco Central;
e de mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ou repressivo, – Procurador-Geral da República;
conforme o caso. – Titulares de outros cargos que a lei determinar;

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

– Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em Em esquema básico, temos:
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de
caráter permanente. Financeiro: é exercido com
o auxílio dos tribunais de contas.
3. Da competência privativa da Câmara dos Deputados (CF,
CONTROLE LEGISLATIVO Político: alcança aspectos
art. 51): autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração
ESPÉCIES de legalidade e de mérito, vindo
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e
os Ministros de Estado; proceder à tomada de contas do Presidente a ser preventivo, concomitante
da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional ou repressivo.
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.
4. Outros controles políticos (CF, art. 50): a Câmara dos Controle pelos Tribunais de Contas
Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, Previstos na Constituição Federal, os Tribunais de Contas são
poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo na execução
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para do exercício do controle externo da Administração Pública. São
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente órgãos especializados e não integram a estrutura administrativa
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência do Parlamento e também não mantém com ele mantém qualquer
sem justificação adequada; as Mesas da Câmara dos Deputados espécie de relação hierárquica.
e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de Denota-se que a Carta Magna de 1988 preservou a estrutura
informações a Ministros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos de organização dos Tribunais de Contas vigente nos diversos entes
diretamente subordinados à Presidência da República, importando da federação à época de sua promulgação. Com isso, nos termos
em crime de responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no do art. 31, § 4º da CFB/1988, tornou-se proibida a criação de novos
prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais.
Por fim, em relação ao controle político legislativo, cabe Em seguimento a essa diretriz, em âmbito federal, temos o
especial destaque referente ao controle exercido pelas comissões TCU (Tribunal de Contas da União); no plano estadual, os Tribunais
parlamentares de inquérito (CPIs). de Contas dos Estados; no Distrito Federal, o TCDF (Tribunal
As CPIs são comissões temporárias designadas a investigar fato de Contas do Distrito Federal), sendo que na esfera municipal,
certo e determinado e fazem parte do contexto de uma das funções percebe-se a organização dos tribunais de contas não ocorre de
típicas do Parlamento que é a função de fiscalização. maneira uniforme. Devido ao fato da maioria dos municípios ter
De acordo com a Constituição Federal, as comissões criado até a CF/1988 o seu próprio Tribunal de Contas, a função
parlamentares de inquérito possuem poderes de investigação que de prestar auxílio ao Poder Legislativo municipal no exercício do
são próprios das autoridades judiciais, além de outros poderes que controle externo é normalmente repassada ao Tribunal de Contas
estão previstos nos regimentos das Casas Legislativa. As CPIs são do respectivo Estado que é dotado de atribuições de controle ao
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, seja em das administrações estadual e municipal.
conjunto ou de forma separada mediante pugnação de um terço Em relação à sua composição, verificamos com afinco que os
de seus membros, com o objetivo de apurar fato determinado e Tribunais de Contas são órgãos colegiados, com quadro de pessoal
por prazo certo, sendo que as suas conclusões, quando for preciso, próprio (inspetores, procuradores, analistas, técnicos etc.), sendo
serão encaminhadas ao Ministério Público, para que este órgão o TCU composto por nove ministros, ao passo que os demais
promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores, nos Tribunais de contas são compostos, em regra, por sete conselheiros,
termos dispostos no art. 58, § 3º da CFB/1988. número sempre observado nos Estados, com exceção do Tribunal
Em decorrência do exercício dos seus poderes de investigação, de Contas do Município de São Paulo que conta com apenas cinco
a CPI é dotada de ato próprio, sem a necessidade de autorização conselheiros, nos parâmetros do art. 49 da Lei Orgânica daquele
judicial para: Município.
– Realizar as diligências que entender necessárias; Embora, não obstante a existência dos chamados “tribunais”
– Convocar e tomar o depoimento de autoridades, inquirir de contas, as cortes de contas também não exercem jurisdição em
testemunhas sob compromisso e ouvir indiciados; sentido próprio, isso por que suas decisões não possuem o caráter
– Requisitar de órgãos públicos informações e documentos de de definitividade, vindo a sofrer a possibilidade de serem anuladas
qualquer natureza; pelo Poder Judiciário. Entretanto, o processo ajuizado com o fito
– Requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de de anular a decisão da corte de contas é distinto do processo de
inspeções e auditorias que entender necessárias. natureza administrativa em que foi proferida tal decisão. Desta
forma, o interessado não poderá interpor um recurso para o
Ademais, conforme decisão do STF, por autoridade própria, a Judiciário em desfavor da decisão final do Tribunal de Contas com
CPI pode sem necessidade de intervenção judicial, porém, sempre o fulcro de reformá-la, mas sim ajuizar processo autônomo perante
por meio de decisão fundamentada e motivada, observadas todas o órgão jurisdicional competente com o objetivo de anular o
as formalidades da legislação, determinar a quebra de sigilo fiscal, mencionado julgado.
bancário e de dados do investigado. (MS 23.452/RJ). Registra-se que em relação ao controle externo financeiro e
as atribuições dos tribunais de contas, a Constituição Federal criou
um sistema harmonizado de controle, que prevê a existência de um
controle externo associada a um controle interno executado por

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

cada órgão sobre seus agentes e seus atos. da União, ao qual compete, nos parâmetros do art. 71 da CFB/1988:
O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
controlar de maneira externa os atos dos órgãos dos outros Poderes República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
e das entidades da administração indireta. Esse controle, além de sessenta dias a contar de seu recebimento;
controlar a parte financeira dos outros órgãos, também abrange B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
de forma ampla o controle contábil, financeiro, orçamentário, por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
operacional e patrimonial, levando em conta os aspectos da indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
e renúncia de receitas. a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
No campo contábil a análise abrange o registro dos fatos erário público; apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
contábeis e a elaboração de demonstrativos. Em âmbito financeiro, de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta
é verificado o verdadeiro ingresso das receitas, através de e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
comprovantes de depósito ou transferência de recursos, bem como Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
a realização de forma efetiva de despesas, vindo a comprovar os comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
seus tradicionais estágios de licitação, empenho, liquidação e e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
pagamento. Por sua vez, o controle orçamentário é aquele que fundamento legal do ato concessório;
acompanha a execução do orçamento, que é a legislação em C) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,
que se encontram as receitas previstas e também as despesas do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções
fixadas. Em referência ao controle operacional, ressaltamos que e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
o mesmo trata de diversos aspectos do desempenho da atividade operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
administrativa, como por exemplo, numa auditoria operacional, Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
pode ser computado o tempo médio que o usuário usa esperando referidas na letra b;
por atendimento médico em uma unidade do sistema público de D) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
saúde. Finalmente, temos o controle patrimonial, que cuida da de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
fiscalização do patrimônio público. nos termos do tratado constitutivo;
Analisando a legalidade do controle externo, observamos que E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
este investiga se a conduta administrativa está de acordo com as União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
diversas normas jurídicas. congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
O controle de legitimidade atua complementando o controle F) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional,
de legalidade, permitindo a apreciação de outros aspectos além por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas
da adequação formal da conduta à legislação pertinente. Nesse Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
diapasão, são passíveis de averiguação aspectos como a finalidade operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
do ato e a obediência aos princípios constitucionais como a inspeções realizadas;
moralidade administrativa, por exemplo. G) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
Em continuidade, o controle de economicidade é relativo à ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
utilização dos recursos de forma racional, uma vez que com ele, estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
pretende-se averiguar se a despesa realizada atende aos aspectos causado ao erário;
da melhor relação custo-benefício. H) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as
Destaca-se que o controle externo também investiga se houve providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
a aplicação de forma correta das subvenções, que se tratam de ilegalidade;
transferências de recursos feitas pelo governo com o fito de cobrir I) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,
despesas de custeio das entidades beneficiadas. comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado
As subvenções podem ser de duas espécies. São elas: Federal;
subvenções sociais e subvenções econômicas. J) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
A) Subvenções sociais: são destinadas ao custeio de instituições abusos apurados.
públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, que não
possuem finalidade lucrativa, nos ditames da Lei 4.320/1964, art. Observação: As normas retro mencionadas acima relativas
12, § 3º, I. ao Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que couber, à
B) Subvenções econômicas: são as destinadas ao custeio de organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos
empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos
agrícola ou pastoril, nos termos da Lei 4.320/1964, art. 12, § 3º, II. de Contas dos Municípios, onde houver, nos termos do art.75 da
Registra-se, que o controle externo também se incumbe CFB/1988.
de apreciar a regularidade da renúncia de receita. Há vários
mecanismos que tornam possível a renúncia de receita, como – Aspectos importantes sobre as atribuições dos Tribunais de
por exemplo: a remissão, o subsídio, a isenção e a modificação da Contas
alíquota ou da base de cálculo de tributo que implique sua redução. Vejamos a diferença entre os atributos de “apreciar contas” e
Nos ditames constitucionais, a cargo de Congresso Nacional, o “julgar contas”.
controle externo, será exercido com a ajuda do Tribunal de Contas Em relação às contas do chefe do Poder Executivo, os Tribunais

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

de Contas têm atribuição para “apreciá-las”, desde que haja a cobrança judicial da importância diretamente por intermédio de
emissão de parecer conclusivo, que deverá ser elaborado no prazo uma ação de execução, sendo desnecessário o ajuizamento de uma
de 60 dias a contar de seu recebimento (art. 71, I), sendo que é ação de conhecimento para rediscutir a matéria que já foi objeto de
competência do Poder decisão da corte de contas.
Legislativo julgar as contas de cada ente federado. Desta Pelo fato das decisões definitivas dos tribunais de contas
maneira, as contas anuais do Presidente da República são julgadas que imputam débito ou aplicam multa terem, por si só, força de
pelo Congresso Nacional nos ditames do art. 49, IX, CF/1988; as dos título executivo, sua execução independe da inscrição em dívida
Governadores, pela Assembleia Legislativa do respectivo Estado; ativa. Entretanto, os entes federados têm o costume de inscrever
a do Governador do Distrito Federal, pela Câmara Legislativa do todos os seus créditos passíveis de execução em dívida ativa, o que
Distrito Federal; e as contas dos Prefeitos, pelas respectivas câmaras ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, por que a inscrição
municipais. dá possibilidade para que a execução siga o rito estabelecido na
Existe uma particularidade em relação ao parecer que o Lei 6.830/1980, Lei das Execuções Fiscais, trazendo uma série de
tribunal de contas do Estado ou do município emite a respeito vantagens para o exequente. Em segundo lugar, a inscrição acaba
das contas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. Nos por submeter o crédito a um controle mais amplo, na medida em
termos do previsto no art. 31, § 2º, da CF/1988, o parecer prévio, que ele fica registrado em sistemas informatizados criados para a
emitido pelo tribunal de contas sobre as contas que o Prefeito administração, controle de prazos e cobrança dos valores inscritos.
deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão
de dois terços dos membros da Câmara Municipal. Assim sendo, — Controle Administrativo1
é por essa razão que grande parte da doutrina afirma que nessa O Controle da Administração pode ser interno ou externo,
hipótese, o parecer prévio é relativamente vinculante, não sendo administrativo, legislativo e judiciário, conforme seja realizado
absolutamente vinculante pelo fato de poder ser superado, porém, ou não pela própria Administração ou pelos Poderes Executivo,
como a superação depende de quórum qualificado, tem-se uma Legislativo e Judiciário.
vinculação relativa. O Controle Administrativo é aquele realizado pela própria
Em relação a esse assunto, o STF explicou que a expressão “só Administração Pública. Esse controle decorre do princípio da
deixará de prevalecer”, contida no mencionado § 2º, não quer dizer autotutela, ou seja, do poder que possui a Administração de anular
que o parecer conclusivo do tribunal de contas poderia produzir os atos ilegais e de revogar os atos inconvenientes ou inoportunos
efeitos imediatos, que se poderiam se tornar permanentes em caso ao interesse público. Ë denominado como o poder de fiscalização
do silêncio da casa legislativa. Para a Suprema Corte, o parecer do e correção que a Administração Pública (em sentido amplo) exerce
Tribunal de Contas que rejeita as contas do chefe do executivo possui sobre sua própria atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito,
natureza opinativa, só podendo produzir o efeito de inelegibilidade por iniciativa própria ou mediante provocação.
do prefeito (LC 64/1990, art. 1º, I, alínea “g”) após transcorrido o É o controle exercido pelos órgãos com função administrativa
julgamento das contas pela respectiva Câmara de Vereadores (RE sobre seus próprios atos, no desempenho da autotutela. Portanto,
729.744/MG e RE 848.826/DF). cabe ao Poder Executivo o amplo controle sobre suas próprias
De outro ângulo, o parecer antecedente emitido pela Corte funções administrativas, extroversas e introversas, e aos demais
de Contas é indispensável ao julgamento das contas anuais Poderes do Estado, bem como aos órgãos constitucionalmente
dos Prefeitos. Foi justamente por esse motivo que o STF julgou independentes, exercer o autocontrole no que toca às suas
inconstitucional dispositivo de constituição estadual que permitia respectivas funções administrativas.
às Câmaras Legislativas apreciarem as contas anuais prestadas Em relação ao objetivo, esta modalidade de controle visa,
pelos prefeitos, independentemente do parecer do Tribunal de genericamente, à juridicidade da ação administrativa pública,
Contas do Estado, quando este não fosse oferecido no prazo de 180 destacadamente quanto à sua legitimidade e legalidade.
dias. (ADI 3.077/SE). Abrange os órgãos da Administração Direta ou centralizada
Os Tribunais de Contas possuem competência distinta para e as pessoas jurídicas que integram a Administração Indireta ou
julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por descentralizada.
verba pública, bens e valores públicos da administração direta
e indireta, inclusive das fundações e sociedades instituídas e A Súmula n. 473 do STF prevê:
mantidas pelo Poder Público, e ainda, as contas dos entes que A Administração pode anular seus próprios atos, quando
ensejarem e derem causa à perda, extravio ou outra irregularidade eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
de que resulte prejuízo ao erário público, nos termos do disposto no originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
art. 71, III da CFB/1988. oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
Outro ponto importante a ser destacado, é o fato de que todos os casos, a apreciação judicial.
ao julgar as contas dos gestores públicos e demais agentes que
causarem danos ao erário, em diversos casos, os tribunais de contas Esse controle pode ser iniciado de ofício pela Administração
imputam débito com o objetivo de ressarcir o dano, ou multa com (independentemente de provocação do particular) ou mediante
caráter de punição. Denota-se que decisões das Cortes de Contas requerimento do interessado.
que imputam débito ou multa terão validade de título executivo nos
termos do art. 71, § 3º da CFB/198. Ou seja, caso a pessoa a quem
foi imputada a multa ou o débito não vier a adimplir a referida 1 Almeida, Fabrício Bolzan D. Manual de direito administrativo. Disponível em:
importância dentro do prazo estipulado por lei, poderá sofrer a Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Saraiva, 2022.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Existem instrumentos utilizados pelos particulares para comportamentos administrativos são dados pela Administração
provocar o controle administrativo, entre eles estão: como legítimos ou adequados. Exemplo: o ato de confirmação de
– Representação (denúncia de ilegalidade ou abuso de poder autuação fiscal, quando o autuado alega ilegalidade do ato.
perante a Administração); 2 – O segundo é o de correção, em que a Administração,
– Reclamação administrativa (manifestação de discordância em considerando ilegal ou inconveniente a conduta ou o ato,
razão de atuação administrativa que atingiu direito do particular); providencia a sua retirada do mundo jurídico e procede à nova
– Recurso hierárquico próprio e impróprio; conduta, agora compatível com a legalidade ou com a conveniência
– Pedido de revisão; e administrativas. Se o Poder Público, para exemplificar, revoga
– Pedido de reconsideração (quanto aos três últimos autorização de estacionamento, está corrigindo o ato anterior
instrumentos, vide a seguir no Capítulo “Processo Administrativo”). quanto às novas condições de conveniência para a Administração.
3 – Objetivo de alteração, através do qual a Administração
Meios de Controle ratifica uma parte e substitui outra em relação ao que foi produzido
O controle administrativo pode ser hierárquico ou não por órgãos e agentes administrativos. Exemplo: portaria que altera
hierárquico. local de atendimento de serviço público, mas mantém o mesmo
horário anterior.
O Controle Hierárquico entre os órgãos da administração
direta que sejam escalonados verticalmente, em cada Poder, e DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967
existe controle hierárquico entre os órgãos de cada entidade da
administração indireta que sejam escalonados verticalmente, no
âmbito interno da própria entidade. Dispõe sôbre a organização da Administração Federal, estabe-
lece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providên-
Controle Ministerial cias.
De outra parte, existe controle administrativo não hierárquico.
Também chamado de controle finalístico, de supervisão ministerial, O Presidente da República , usando das atribuições que lhe con-
de tutela administrativa, é o controle exercido pela administração fere o art. 9°, § 2º, do Ato Institucional nº 4, de 7 de dezembro de
direta aos atos praticados pela administração indireta. É um 1966, decreta:
controle interno exercido sem que haja subordinação.
O Controle ministerial é o exercido pelos Ministérios sobre os TÍTULO I
órgãos de sua estrutura administrativa e também sobre as pessoas DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL
da Administração Indireta federal.
Art. 1º O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repúbli-
O Direito de Petição, a doutrina em geral menciona diversos ca auxiliado pelos Ministros de Estado.
meios ou instrumentos passíveis de ser utilizados pelo administrado Art. 2º O Presidente da República e os Ministros de Estado exer-
para provocar o controle administrativo, todos eles espécie do cem as atribuições de sua competência constitucional, legal e regu-
abrangente direito fundamental previsto no art. 5.º, XXXIV, a, da lamentar com o auxílio dos órgãos que compõem a Administração
Constituição Federal, conhecido como “direito de petição”. Federal.
Art. 3º Respeitada a competência constitucional do Poder Le-
Revisão Recursal gislativo estabelecida no artigo 46, inciso II e IV, da Constituição , o
Como instrumento de controle administrativo, a revisão Poder Executivo regulará a estruturação, as atribuições e o funcio-
recursal significa a possibilidade de eventuais interessados se namento dos órgãos da Administração Federal. (Redação dada pelo
insurgirem formalmente contra certos atos da Administração, Decreto-Lei nº 900, de 1969)
lesivos ou não a direito próprio, mas sempre alvitrando a reforma Art. 4° A Administração Federal compreende:
de determinada conduta. I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra-
Esse meio de controle é processado através dos recursos dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos
administrativos, matéria que, marcada por muitas singularidades, Ministérios.
será estudada em separado a seguir. II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca-
tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
Controle Social a) Autarquias;
As normas jurídicas, tanto constitucionais como legais, têm b) Empresas Públicas;
contemplado a possibilidade de ser exercido controle do Poder c) Sociedades de Economia Mista.
Público, em qualquer de suas funções, por segmentos oriundos d) fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987)
da sociedade. É o que se configura como controle social, assim Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra-
denominado justamente por ser uma forma de controle exógeno do ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência
Poder Público nascido das diversas demandas dos grupos sociais. estiver enquadrada sua principal atividade. (Renumerado pela Lei
nº 7.596, de 1987)
Objetivos § 2 º (Revogado pela Lei nº 7.596, de 1987)
São três os objetivos do controle administrativo: § 3 º (Revogado pela Lei nº 7.596, de 1987)
1 – O primeiro deles é o de confirmação, pelo qual atos e Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

134
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com perso- c) orçamento-programa anual;
nalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati- d) programação financeira de desembolso.
vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen- CAPÍTULO II
tralizada. DA COORDENAÇÃO
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurí-
dica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo Art . 8º As atividades da Administração Federal e, especialmen-
da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica te, a execução dos planos e programas de governo, serão objeto de
que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou permanente coordenação.
de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer § 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da admi-
das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nistração, mediante a atuação das chefias individuais, a realização
nº 900, de 1969) sistemática de reuniões com a participação das chefias subordina-
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de perso- das e a instituição e funcionamento de comissões de coordenação
nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração em cada nível administrativo.
de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas § 2º No nível superior da Administração Federal, a coordena-
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a ção será assegurada através de reuniões do Ministério, reuniões
entidade da Administração Indireta. (Redação dada pelo Decreto- de Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de
-Lei nº 900, de 1969) incumbência coordenadora a um dos Ministros de Estado (art. 36),
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ju- funcionamento das Secretarias Gerais (art. 23, § 1º) e coordenação
rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de central dos sistemas de atividades auxiliares (art. 31).
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que § 3º Quando submetidos ao Presidente da República, os as-
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, suntos deverão ter sido previamente coordenados com todos os
com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos setores neles interessados, inclusive no que respeita aos aspectos
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recur- administrativos pertinentes, através de consultas e entendimentos,
sos da União e de outras fontes. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987) de modo a sempre compreenderem soluções integradas e que se
§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida a harmonizem com a política geral e setorial do Governo. Idêntico
regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas à procedimento será adotado nos demais níveis da Administração
União, em caráter permanente. Federal, antes da submissão dos assuntos à decisão da autoridade
§ 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Adminis- competente.
tração Indireta existentes nas categorias constantes deste artigo. Art. 9º Os órgãos que operam na mesma área geográfica serão
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem submetidos à coordenação com o objetivo de assegurar a progra-
personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de sua mação e execução integrada dos serviços federais.
constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes apli- Parágrafo único. Quando ficar demonstrada a inviabilidade de
cando as demais disposições do Código Civil concernentes às funda- celebração de convênio (alínea b do § 1º do art. 10) com os órgãos
ções. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987) estaduais e municipais que exerçam atividades idênticas, os órgãos
federais buscarão com eles coordenar-se, para evitar dispersão de
TÍTULO II esforços e de investimentos na mesma área geográfica.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO III
Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos DA DESCENTRALIZAÇÃO
seguintes princípios fundamentais:
I - Planejamento. Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal
II - Coordenação. deverá ser amplamente descentralizada.
III - Descentralização. § 1º A descentralização será posta em prática em três planos
IV - Delegação de Competência. principais:
V - Controle. a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-
-se claramente o nível de direção do de execução;
CAPÍTULO I b) da Administração Federal para a das unidades federadas,
DO PLANEJAMENTO quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio;
c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante
Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que contratos ou concessões.
vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a § 2° Em cada órgão da Administração Federal, os serviços que
segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas compõem a estrutura central de direção devem permanecer libera-
elaborados, na forma do Título III, e compreenderá a elaboração e dos das rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de
atualização dos seguintes instrumentos básicos: atos administrativos, para que possam concentrar-se nas atividades
a) plano geral de governo; de planejamento, supervisão, coordenação e controle.
b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração pluria- § 3º A Administração casuística, assim entendida a decisão de
nual; casos individuais, compete, em princípio, ao nível de execução, es-

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

pecialmente aos serviços de natureza local, que estão em contato Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante
com os fatos e com o público. simplificação de processos e supressão de controles que se eviden-
§ 4º Compete à estrutura central de direção o estabelecimento ciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente
das normas, critérios, programas e princípios, que os serviços res- superior ao risco.
ponsáveis pela execução são obrigados a respeitar na solução dos
casos individuais e no desempenho de suas atribuições. TÍTULO III
§ 5º Ressalvados os casos de manifesta impraticabilidade ou DO PLANEJAMENTO, DO ORÇAMENTO-PROGRAMA E DA
inconveniência, a execução de programas federais de caráter niti- PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA
damente local deverá ser delegada, no todo ou em parte, mediante
convênio, aos órgãos estaduais ou municipais incumbidos de servi- Art. 15. A ação administrativa do Poder Executivo obedecerá a
ços correspondentes. programas gerais, setoriais e regionais de duração plurianual, ela-
§ 6º Os órgãos federais responsáveis pelos programas conser- borados através dos órgãos de planejamento, sob a orientação e a
varão a autoridade normativa e exercerão controle e fiscalização coordenação superiores do Presidente da República.
indispensáveis sobre a execução local, condicionando-se a liberação § 1º Cabe a cada Ministro de Estado orientar e dirigir a elabo-
dos recursos ao fiel cumprimento dos programas e convênios. ração do programa setorial e regional correspondente a seu Minis-
§ 7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, tério e ao Ministro de Estado, Chefe da Secretaria de Planejamento,
coordenação, supervisão e controle e com o objetivo de impedir o auxiliar diretamente o Presidente da República na coordenação,
crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Adminis- revisão e consolidação dos programas setoriais e regionais e na ela-
tração procurará desobrigar-se da realização material de tarefas boração da programação geral do Governo. (Redação dada pela Lei
executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, nº 6.036, de 1974)
mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada su- § 2º Com relação à Administração Militar, observar-se-á a fina-
ficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encar- lidade precípua que deve regê-la, tendo em vista a destinação cons-
gos de execução. titucional das Forças Armadas, sob a responsabilidade dos respec-
§ 8º A aplicação desse critério está condicionada, em qualquer tivos Ministros, que são os seus Comandantes Superiores. (Redação
caso, aos ditames do interesse público e às conveniências da segu- dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
rança nacional. § 3º A aprovação dos planos e programas gerais, setoriais e
regionais é da competência do Presidente da República.
CAPÍTULO IV Art. 16. Em cada ano, será elaborado um orçamento-progra-
DA DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA ma, que pormenorizará a etapa do programa plurianual a ser re-
(VIDE DECRETO Nº 83.937, DE 1979) alizada no exercício seguinte e que servirá de roteiro à execução
coordenada do programa anual.
Art. 11. A delegação de competência será utilizada como ins- Parágrafo único. Na elaboração do orçamento-programa se-
trumento de descentralização administrativa, com o objetivo de rão considerados, além dos recursos consignados no Orçamento
assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na da União, os recursos extraorçamentários vinculados à execução do
proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender. programa do Governo.
Art . 12 . É facultado ao Presidente da República, aos Ministros Art. 17. Para ajustar o ritmo de execução do orçamento-pro-
de Estado e, em geral, às autoridades da Administração Federal de- grama ao fluxo provável de recursos, o Ministério do Planejamento
legar competência para a prática de atos administrativos, conforme e Coordenação Geral e o Ministério da Fazenda elaborarão, em con-
se dispuser em regulamento. junto, a programação financeira de desembolso, de modo a assegu-
Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a rar a liberação automática e oportuna dos recursos necessários à
autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições ob- execução dos programas anuais de trabalho.
jeto de delegação. Art. 18. Toda atividade deverá ajustar-se à programação gover-
namental e ao orçamento-programa e os compromissos financeiros
CAPÍTULO V só poderão ser assumidos em consonância com a programação fi-
DO CONTROLE nanceira de desembolso.

Art. 13 O controle das atividades da Administração Federal de- TÍTULO IV


verá exercer-se em todos os níveis e em todos os órgãos, compreen- DA SUPERVISÃO MINISTERIAL
dendo, particularmente: (VIDE LEI Nº 6.036, DE 1974)
a) o controle, pela chefia competente, da execução dos progra-
mas e da observância das normas que governam a atividade espe- Art . 19. Todo e qualquer órgão da Administração Federal, di-
cífica do órgão controlado; reta ou indireta, está sujeito à supervisão do Ministro de Estado
b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da obser- competente, excetuados unicamente os órgãos mencionados no
vância das normas gerais que regulam o exercício das atividades art. 32, que estão submetidos à supervisão direta do Presidente da
auxiliares; República.
c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda Art. 20. O Ministro de Estado é responsável, perante o Presi-
dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema de contabilida- dente da República, pela supervisão dos órgãos da Administração
de e auditoria. Federal enquadrados em sua área de competência.

136
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Parágrafo único. A supervisão ministerial exercer-se-á através gentes capacitados.


da orientação, coordenação e controle das atividades dos órgãos VI - Proteger a administração dos órgãos supervisionados con-
subordinados ou vinculados ao Ministério, nos termos desta lei. tra interferências e pressões ilegítimas.
Art. 21. O Ministro de Estado exercerá a supervisão de que trata VII - Fortalecer o sistema do mérito.
este título com apoio nos Órgãos Centrais. (Redação dada pelo De- VIII - Fiscalizar a aplicação e utilização de dinheiros, valores e
creto-Lei nº 900, de 1969) bens públicos.
Parágrafo único. No caso dos Ministros Militares a supervisão IX - Acompanhar os custos globais dos programas setoriais do
ministerial terá, também, como objetivo, colocar a administração, Governo, a fim de alcançar uma prestação econômica de serviços.
dentro dos princípios gerais estabelecidos nesta lei, em coerência X - Fornecer ao órgão próprio do Ministério da Fazenda os ele-
com a destinação constitucional precípua das Forças Armadas, que mentos necessários à prestação de contas do exercício financeiro.
constitui a atividade afim dos respectivos Ministérios. (Incluído pelo XI - Transmitir ao Tribunal de Contas, sem prejuízo da fiscaliza-
Decreto-Lei nº 900, de 1969) ção deste, informes relativos à administração financeira e patrimo-
Art. 22. Haverá na estrutura de cada Ministério Civil os seguin- nial dos órgãos do Ministério.
tes Órgãos Centrais: (Vide Lei nº 6.228, de 1975) Art. 26. No que se refere à Administração Indireta, a supervisão
I - Órgãos Centrais de planejamento, coordenação e controle ministerial visará a assegurar, essencialmente:
financeiro. I - A realização dos objetivos fixados nos atos de constituição
II - Órgãos Centrais de direção superior. da entidade.
Art. 23. Os órgãos a que se refere o item I do art. 22, têm a II - A harmonia com a política e a programação do Governo no
incumbência de assessorar diretamente o Ministro de Estado e, por setor de atuação da entidade.
força de suas atribuições, em nome e sob a direção do Ministro, re- III - A eficiência administrativa.
alizar estudos para formulação de diretrizes e desempenhar funções IV - A autonomia administrativa, operacional e financeira da
de planejamento, orçamento, orientação, coordenação, inspeção e entidade.
controle financeiro, desdobrando-se em: (Vide Decreto nº 64.135, Parágrafo único. A supervisão exercer-se-á mediante adoção
de 25.12.1969) (Vide Lei nº 6.228, de 1975) das seguintes medidas, além de outras estabelecidas em regula-
I - Uma Secretaria Geral. mento:
II - Uma Inspetoria Geral de Finanças. a) indicação ou nomeação pelo Ministro ou, se for o caso, elei-
§ 1º A Secretaria Geral atua como órgão setorial de planeja- ção dos dirigentes da entidade, conforme sua natureza jurídica;
mento e orçamento, na forma do Título III, e será dirigida por um b) designação, pelo Ministro dos representantes do Governo
Secretário-Geral, o qual poderá exercer funções delegadas pelo Mi- Federal nas Assembleias Gerais e órgãos de administração ou con-
nistro de Estado. trole da entidade;
§ 2º A Inspetoria Geral de Finanças, que será dirigida por um c) recebimento sistemático de relatórios, boletins, balancetes,
Inspetor-Geral, integra, como órgão setorial, os sistemas de admi- balanços e informações que permitam ao Ministro acompanhar as
nistração financeiro, contabilidade e auditoria, superintendendo o atividades da entidade e a execução do orçamento-programa e da
exercício dessas funções no âmbito do Ministério e cooperação com programação financeira aprovados pelo Governo;
a Secretaria Geral no acompanhamento da execução do programa d) aprovação anual da proposta de orçamento-programa e da
e do orçamento. programação financeira da entidade, no caso de autarquia;
§ 3º Além das funções previstas neste título, a Secretária-ge- e) aprovação de contas, relatórios e balanços, diretamente ou
ral do Ministério do Planejamento e Coordenação Geral exercerá as através dos representantes ministeriais nas Assembleias e órgãos
atribuições de Órgão Central dos sistemas de planejamento e orça- de administração ou controle;
mento, e a Inspetoria-Geral de Finanças do Ministério da Fazenda, f) fixação, em níveis compatíveis com os critérios de operação
as de Órgãos Central do sistema de administração financeira, con- econômica, das despesas de pessoal e de administração;
tabilidade e auditoria. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de g) fixação de critérios para gastos de publicidade, divulgação e
1969) relações públicas;
Art. 24. Os Órgãos Centrais de direção superior (art. 22, item h) realização de auditoria e avaliação periódica de rendimento
II) executam funções de administração das atividades específicas e e produtividade;
auxiliares do Ministério e serão, preferentemente, organizados em i) intervenção, por motivo de interesse público.
base departamental, observados os princípios estabelecidos nesta Art. 27. Assegurada a supervisão ministerial, o Poder Executivo
lei. (Vide Lei nº 6.228, de 1975) outorgará aos órgãos da Administração Federal a autoridade exe-
Art . 25. A supervisão ministerial tem por principal objetivo, na cutiva necessária ao eficiente desempenho de sua responsabilidade
área de competência do Ministro de Estado: legal ou regulamentar.
I - Assegurar a observância da legislação federal. Parágrafo único. Assegurar-se-á às empresas públicas e às so-
II - Promover a execução dos programas do Governo. ciedades de economia mista condições de funcionamento idênticas
III - Fazer observar os princípios fundamentais enunciados no às do setor privado cabendo a essas entidades, sob a supervisão
Título II. ministerial, ajustar-se ao plano geral do Governo.
IV - Coordenar as atividades dos órgãos supervisionados e har- Art. 28. A entidade da Administração Indireta deverá estar ha-
monizar sua atuação com a dos demais Ministérios. bilitada a:
V - Avaliar o comportamento administrativo dos órgãos super- I - Prestar contas da sua gestão, pela forma e nos prazos estipu-
visionados e diligenciar no sentido de que estejam confiados a diri- lados em cada caso.

137
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

II - Prestar a qualquer momento, por intermédio do Ministro de TÍTULO VI


Estado, as informações solicitadas pelo Congresso Nacional. DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
III - Evidenciar os resultados positivos ou negativos de seus tra-
balhos, indicando suas causas e justificando as medidas postas em Art. 32. A Presidência da República é constituída essencialmen-
prática ou cuja adoção se impuser, no interesse do Serviço Público. te pelo Gabinete Civil e pelo Gabinete Militar. Também dela fazem
Art. 29. Em cada Ministério Civil, além dos órgãos Centrais de parte, como órgãos de assessoramento imediato ao Presidente da
que trata o art. 22, o Ministro de Estado disporá da assistência di- República: (Redação dada pela Lei nº 7.232, de 1984) Vide Lei nº
reta e imediata de: 7.739, de 20.3.1989 , Vide Decreto nº 99.180, de 1990 , Vide Lei nº
I - Gabinete. 8.490, de 1992 , Vide Lei nº 9.649, de 1998 , Vide Lei nº 10.683, de
II - Consultor Jurídico, exceto no Ministério da Fazenda. 28.5.2003
III - Divisão de Segurança e Informações. I - o Conselho de Segurança Nacional; (Redação dada pela Lei
§ 1º O Gabinete assiste o Ministro de Estado em sua represen- nº 7.232, de 1984)
tação política e social, e incumbe-se das relações públicas, encarre- II - o Conselho de Desenvolvimento Econômico; (Redação dada
gando-se do preparo e despacho do expediente pessoal do Ministro. pela Lei nº 7.232, de 1984)
§ 2º O Consultor Jurídico incumbe-se do assessoramento jurídi- III - o Conselho de Desenvolvimento Social; (Redação dada pela
co do Ministro de Estado. Lei nº 7.232, de 1984)
§ 3º A Divisão de Segurança e Informações colabora com a Se- IV - a Secretaria de Planejamento; (Redação dada pela Lei nº
cretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional e com o Serviço 7.232, de 1984)
Nacional de Informações. V - o Serviço Nacional de Informações; (Redação dada pela Lei
§ 4º No Ministério da Fazenda, o serviço de consulta jurídica nº 7.232, de 1984)
continua afeto à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e aos VI - o Estado-Maior das Forças Armadas; (Redação dada pela
seus órgãos integrantes, cabendo a função de Consultor Jurídico do Lei nº 7.232, de 1984)
Ministro de Estado ao Procurador-Geral, nomeado em comissão, VII - o Departamento Administrativo do Serviço Público; (Reda-
pelo critério de confiança e livre escolha, entre bacharéis em Direito. ção dada pela Lei nº 7.232, de 1984)
VIII - a Consultoria-Geral da República; (Redação dada pela Lei
TÍTULO V nº 7.232, de 1984)
DOS SISTEMAS DE ATIVIDADES AUXILIARES IX - o Alto Comando das Forças Armadas; (Redação dada pela
Lei nº 7.232, de 1984)
Art. 30. Serão organizadas sob a forma de sistema as atividades X - o Conselho Nacional de Informática e Automação. (Redação
de pessoal, orçamento, estatística, administração financeira, con- dada pela Lei nº 7.232, de 1984)
tabilidade e auditoria, e serviços gerais, além de outras atividades Parágrafo único. O Chefe do Gabinete Civil, o Chefe do Gabinete
auxiliares comuns a todos os órgãos da Administração que, a crité- Militar, o Chefe da Secretaria de Planejamento, o Chefe do Servi-
rio do Poder Executivo, necessitem de coordenação central. (Vide ço Nacional de Informações e o Chefe do Estado-Maior das Forças
Decreto nº 64.777, de 1969) Armadas são Ministros de Estado titulares dos respectivos órgãos.
§ 1º Os serviços incumbidos do exercício das atividades de que (Redação dada pela Lei nº 7.232, de 1984)
trata este artigo consideram-se integrados no sistema respectivo e Art. 33. Ao Gabinete Civil incumbe:
ficam, consequentemente, sujeitos à orientação normativa, à super- I - Assistir, direta e imediatamente, o Presidente da República
visão técnica e à fiscalização específica do órgão central do sistema, no desempenho de suas atribuições e, em especial, nos assuntos
sem prejuízo da subordinação ao órgão em cuja estrutura adminis- referentes à administração civil.
trativa estiverem integrados. II - Promover a divulgação de atos e atividades governamen-
§ 2º O chefe do órgão central do sistema é responsável pelo fiel tais.
cumprimento das leis e regulamentos pertinentes e pelo funciona- III - Acompanhar a tramitação de projetos de lei no Congresso
mento eficiente e coordenado do sistema. Nacional e coordenar a colaboração dos Ministérios e demais ór-
§ 3º É dever dos responsáveis pelos diversos órgãos competen- gãos da administração, no que respeita aos projetos de lei submeti-
tes dos sistemas atuar de modo a imprimir o máximo rendimento e dos à sanção presidencial. (Vide Lei nº 8.028, de 1990) (Vide Lei nº
a reduzir os custos operacionais da Administração. 10.683, de 28.5.2003)
§ 4° Junto ao órgão central de cada sistema poderá funcionar Art. 34. Ao Gabinete Militar incumbe:
uma Comissão de Coordenação, cujas atribuições e composição se- I - Assistir, direta e imediatamente, o Presidente da República
rão definidas em decreto. no desempenho de suas atribuições e, em especial, nos assuntos
Art. 31. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968) referentes à Segurança Nacional e à Administração Militar.
Art. 31. A estruturação dos sistemas de que trata o artigo 30 e II - Zelar pela segurança do Presidente da República e dos Palá-
a subordinação dos respectivos Órgãos Centrais serão estabelecidas cios Presidenciais.
em decreto. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) Parágrafo único. O Chefe do Gabinete Militar exerce as funções
de Secretário-Geral do Conselho de Segurança Nacional.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

TÍTULO VII temporários de natureza relevante. (Redação dada pelo Decreto-Lei


DOS MINISTÉRIOS E RESPECTIVAS ÁREAS DE COMPETÊNCIA nº 900, de 1969) (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968)
Art. 35 - Os Ministérios são os seguintes: (Redação dada pela Art . 38. O Ministro Extraordinário e o Ministro Coordenador
Lei nº 6.036, de 1974) Vide Lei nº 7.739, de 20.3.1989 , Vide Lei nº disporão de assistência técnica e administrativa essencial para o
7.927, de 1989 , Vide Lei nº 8.422, de 1992 , Vide Lei nº 8.490, de desempenho das missões de que forem incumbidos pelo Presidente
1992 , Vide Lei nº 9.649, de 1998 , Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003 da República na forma por que se dispuser em decreto. (Vide Lei nº
Ministério da Justiça (Redação dada pela Lei nº 6.036, de 1974) 10.683, de 28.5.2003)
Ministério das Relações Exteriores (Redação dada pela Lei nº Art. 39 Os assuntos que constituem a área de competência de
6.036, de 1974) cada Ministério são, a seguir, especificados: (Vide Lei nº 7.739, de
Ministério da Fazenda (Redação dada pela Lei nº 6.036, de 20.3.1989) , (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
1974) SETOR POLÍTICO (Suprimido pelo Decreto-Lei 900, de 1969)
Ministério dos Transportes (Redação dada pela Lei nº 6.036, de MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
1974) I - Ordem jurídica, nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
Ministério da Agricultura (Redação dada pela Lei nº 6.036, de garantias constitucionais.
1974) II - Segurança interna. Polícia Federal.
Ministério da Indústria e do Comércio (Redação dada pela Lei III - Administração penitenciária.
nº 6.036, de 1974) IV - Ministério Público.
Ministério das Minas e Energia (Redação dada pela Lei nº V - Documentação, publicação e arquivo dos atos oficiais.
6.036, de 1974) MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
Ministério do Interior (Redação dada pela Lei nº 6.036, de I - Política Internacional.
1º.5.1974) II - Relações diplomáticas; serviços consulares.
Ministério da Educação e Cultura (Redação dada pela Lei nº III - Participação nas negociações comerciais, econômicas, fi-
6.036, de 1974) nanceiras, técnicas e culturais com países e entidades estrangeiras.
Ministério do Trabalho (Redação dada pela Lei nº 6.036, de IV - Programas de cooperação internacional.
1974) SETOR DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL (Suprimido pelo
Ministério da Previdência e Assistência Social (Redação dada Decreto-Lei 900, de 1969)
pela Lei nº 6.036, de 1974) MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
Ministério da Saúde (Redação dada pela Lei nº 6.036, de 1974) I - Plano geral do Governo, sua coordenação. Integração dos
Ministério das Comunicações (Redação dada pela Lei nº 6.036, planos regionais.
de 1974) II - Estudos e pesquisas socioeconômicos, inclusive setoriais e
Ministério da Marinha (Redação dada pela Lei nº 6.036, de regionais.
1974) III - Programação orçamentária; proposta orçamentária anual.
Ministério do Exército (Redação dada pela Lei nº 6.036, de IV - Coordenação da assistência técnica internacional.
1974) V - Sistemas estatístico e cartográfico nacionais.
Ministério da Aeronáutica (Redação dada pela Lei nº 6.036, de VI - Organização administrativa.
1974) SETOR ECONÔMICO (Suprimido pelo Decreto-Lei 900, de 1969)
Parágrafo único. Os titulares dos Ministérios são Ministros de MINISTÉRIO DA FAZENDA
Estado (Art. 20). (Incluído pela Lei nº 6.036, de 1974) I - Assuntos monetários, creditícios, financeiros e fiscais; pou-
Art. 36. Para auxiliá-lo na coordenação de assuntos afins ou pança popular.
interdependentes, que interessem a mais de um Ministério, o Pre- II - Administração tributária.
sidente da República poderá incumbir de missão coordenadora um III - Arrecadação.
dos Ministros de Estado, cabendo essa missão, na ausência de de- IV - Administração financeira.
signação específica ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria de V - Contabilidade e auditoria.
Planejamento. (Redação dada pela Lei nº 6.036, de 1974) (Vide Lei VI - Administração patrimonial. (Redação dada pela Lei nº
nº 10.683, de 28.5.2003) 6.228, de 1975)
§ 1º O Ministro Coordenador, sem prejuízo das atribuições da MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES
Pasta ou órgão de que for titular atuará em harmonia com as instru- I - Coordenação dos transportes.
ções emanadas do Presidente da República, buscando os elementos II - Transportes ferroviários e rodoviários.
necessários ao cumprimento de sua missão mediante cooperação III - Transportes aquaviários. Marinha mercante; portos e vias
dos Ministros de Estado em cuja área de competência estejam com- navegáveis.
preendidos os assuntos objeto de coordenação. (Redação dada pela IV - Participação na coordenação dos transportes aeroviários,
Lei nº 6.036, de 1974) (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003) na forma estabelecida no art. 162.
§ 2º O Ministro Coordenador formulará soluções para a decisão MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
final do Presidente da República. (Redação dada pela Lei nº 6.036, I - Agricultura; pecuária; caça; pesca.
de 1974) (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003) II - Recursos naturais renováveis: flora, fauna e solo.
Art. 37. O Presidente da República poderá prover até 4 (quatro) III - Organização da vida rural; reforma agrária.
cargos de Ministro Extraordinário para o desempenho de encargos IV - Estímulos financeiros e creditícios.

139
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

V - Meteorologia; climatologia. SETOR MILITAR (Suprimido pelo Decreto-Lei 900, de 1969)


VI - Pesquisa e experimentação. MINISTÉRIO DA MARINHA
VII - Vigilância e defesa sanitária animal e vegetal. (Art. 54)
VIII - Padronização e inspeção de produtos vegetais e animais MINISTÉRIO DO EXÉRCITO
ou do consumo nas atividades agropecuárias. (Art. 59)
MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA
I - Desenvolvimento industrial e comercial. (Art. 63)
II - Comércio exterior.
III - Seguros privados e capitalização. TÍTULO VIII
IV - Propriedade industrial; registro do comércio; legislação me- DA SEGURANÇA NACIONAL
trológica.
V - Turismo. CAPÍTULO I
VI - Pesquisa e experimentação tecnológica. DO CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL
MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA
I - Geologia, recursos minerais e energéticos. Art. 40. O Conselho de Segurança Nacional é o órgão de mais
II - Regime hidrológico e fontes de energia hidráulica. alto nível no assessoramento direto do Presidente da República, na
III - Mineração. formulação e na execução da Política de Segurança Nacional. (Re-
IV - Indústria do petróleo. dação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
V - Indústria de energia elétrica, inclusive de natureza nuclear. § 1º A formulação da Política de Segurança Nacional far-se-á,
MINISTÉRIO DO INTERIOR basicamente, mediante o estabelecimento do Conceito Estratégico
I - Desenvolvimento regional. Nacional.
II - Radicação de populações, ocupação do território. Migrações § 2º No que se refere a execução da Política de Segurança Na-
internas. cional, o Conselho apreciará os problemas que lhe forem propostos
III - Territórios federais. no quadro da conjuntura nacional ou internacional. (Redação dada
IV - Saneamento básico. pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
V - Beneficiamento de áreas e obras de proteção contra secas e Art. 41. Caberá, ainda, ao Conselho o cumprimento de outras
inundações. Irrigação. tarefas específicas previstas na Constituição.
VI - Assistência às populações atingidas pelas calamidades pú- Art. 42. O Conselho de Segurança Nacional é convocado e presi-
blicas. dido pelo Presidente da República, dele participando, no caráter de
VII - Assistência ao índio. membros natos, o Vice-Presidente da República, todos os Ministros
VIII - Assistência aos Municípios. de Estado, inclusive os Extraordinários, os Chefes dos Gabinetes Civil
IX - Programa nacional de habitação. e Militar da Presidência da República, o Chefe do Serviço Nacional
SETOR SOCIAL (Suprimido pelo Decreto-Lei 900, de 1969) de Informações, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e os
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA Chefes dos Estados-Maiores da Armada, do Exército e da Aeronáu-
I - Educação; ensino (exceto o militar); magistério. tica.
II - Cultura - letras e artes. § 1º O Presidente da República poderá designar membros even-
III - Patrimônio histórico, arqueológico, científico, cultural e ar- tuais, conforme a matéria a ser apreciada.
tístico. § 2° O Presidente da República pode ouvir o Conselho de Segu-
IV - Desportos. rança Nacional, mediante consulta a cada um dos seus membros
MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL (Vide Lei nº em expediente remetido por intermédio da Secretária-geral.
6.036, de 1974) Art. 43. O Conselho dispõe de uma Secretária-geral, como órgão
I - Trabalho; organização profissional e sindical; fiscalização. de estudo, planejamento e coordenação no campo da segurança
II - Mercado de trabalho; política de emprego. nacional e poderá contar com a colaboração de órgãos complemen-
III - Política salarial. tares, necessários ao cumprimento de sua finalidade constitucional.
IV - Previdência e assistência social. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.093, de 1970)
V - Política de imigração.
VI - Colaboração com o Ministério Público junto à Justiça do CAPÍTULO II
Trabalho. DO SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES
MINISTÉRIO DA SAÚDE
I - Política nacional de saúde. Art. 44. O Serviço Nacional de Informações tem por finalidade
II - Atividades médicas e paramédicas. superintender e coordenar, em todo o território nacional, as ativida-
III - Ação preventiva em geral; vigilância sanitária de fronteiras des de informação e contrainformação, em particular as que inte-
e de portos marítimos, fluviais e aéreos. ressem à segurança nacional.
IV - Controle de drogas, medicamentos e alimentos.
V - Pesquisas médico-sanitárias.
MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES
I - Telecomunicações.
II - Serviços postais.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

TÍTULO IX dos e as sugestões dos Ministros Militares competentes; (Redação


DAS FÔRÇAS ARMADAS dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
III - Coordenar as informações estratégicas no Campo Militar;
CAPÍTULO I (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES IV - Coordenar, no que transcenda os objetivos específicos e as
disponibilidades previstas no Orçamento dos Ministérios Militares,
Art. 45. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha de Guer- os planos de pesquisas, de desenvolvimento e de mobilização das
ra, pelo Exército e pela Aeronáutica Militar, são instituições nacio- Forças Armadas e os programas de aplicação de recursos decorren-
nais, permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia tes. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da Repú- V - Coordenar as representações das Forças Armadas no País e
blica e dentro dos limites da lei. As Forças Armadas, essenciais à no exterior; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
execução da Política de Segurança Nacional, destinam-se à defesa VI - Proceder aos estudos e preparar as decisões sobre assuntos
da Pátria e à garantia dos Poderes constituídos, da Lei e da Ordem. que lhe forem submetidos pelo Presidente da República. (Redação
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
Parágrafo único. As Forças Armadas, nos casos de calamidade Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968)
pública, colaborarão com os Ministérios Civis, sempre que solicita- Art. 51. A Chefia do Estado-Maior das Forças Amadas é exercida
das, na assistência às populações atingidas e no restabelecimento por um oficial-general do mais alto posto nomeado pelo Presidente
da normalidade. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) da República, obedecido, em princípio, o critério de rodízio entre as
Art. 46. O Poder Executivo fixará a organização pormenorizada Forças Armadas. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
das Forças Armadas singulares - Forças Navais, Forças Terrestres Art. 52. As funções de Estado-Maior e Serviços no Estado-Maior
e Força Aérea Brasileira - e das Forças Combinadas ou Conjuntas, das Forças Armadas são exercidas por oficiais das três Forças sin-
bem como dos demais órgãos integrantes dos Ministérios Militares, gulares.
suas denominações, localizações e atribuições. Art. 53. O Conselho de Chefes de Estado-Maior, constituído do
Parágrafo único. Caberá, também, ao Poder Executivo, nos li- Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e dos Chefes do Esta-
mites fixados em lei, dispor sobre as Polícias Militares e Corpos de do-Maior das Forças singulares, reúne-se periodicamente, sob a
Bombeiros Militares, como forças auxiliares, reserva do Exército. presidência do primeiro, para apreciação de assuntos específicos do
Estado-Maior das Forças Armadas e os de interesse comum a mais
CAPÍTULO II de uma das Forças singulares.
DOS ÓRGÃOS DE ASSESSORAMENTO DIRETO DO PRESIDENTE
DA REPÚBLICA CAPÍTULO III
DOS MINISTÉRIOS MILITARES
SEÇÃO I
DO ALTO COMANDO DAS FORÇAS ARMADAS SEÇÃO I
DO MINISTÉRIO DA MARINHA
Art. 47. O Alto Comando das Forças Armadas é um órgão de
assessoramento do Presidente da República, nas decisões relativas Art. 54. O Ministério da Marinha administra os negócios da
à política militar e à coordenação de assuntos pertinentes às Forças Marinha de Guerra e tem como atribuição principal a preparação
Armadas. desta para o cumprimento de sua destinação constitucional.
Art. 48. Integram o Alto Comando das Forças Armadas os Mi- § 1º Cabe ao Ministério da Marinha;
nistros Militares, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e I - Propor a organização e providenciar o aparelhamento e ades-
os Chefes dos Estados-Maiores de cada uma das Forças singulares. tramento das Forças Navais e Aeronavais e do Corpo de Fuzileiros
Art. 49. O Alto Comando das Forças Armadas reúne-se quando Navais, inclusive para integrarem Forças Combinadas ou Conjuntas.
convocado pelo Presidente da República e é secretariado pelo Chefe II - Orientar e realizar pesquisas e desenvolvimento de interesse
do Gabinete Militar da Presidência da República. da Marinha, obedecido o previsto no item V do art. 50 da presente
Lei.
SEÇÃO II III - Estudar e propor diretrizes para a política marítima nacio-
DO ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS nal.
§ 2º Ao Ministério da Marinha competem ainda as seguintes
Art. 50. O Estado-Maior das Forças Armadas, órgãos de asses- atribuições subsidiárias;
soramento do Presidente da República tem por atribuições: (Reda- I - Orientar e controlar a Marinha Mercante Nacional e demais
ção dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) atividades correlatas no que interessa à segurança nacional e pro-
I - Proceder aos estudos para a fixação da Política, da Estratégia ver a segurança da navegação, seja ela marítima, fluvial ou lacustre.
e da Doutrina Militares, bem como elaborar e coordenar os planos II - Exercer a polícia naval.
e programas decorrentes; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, Art. 55. O Ministro da Marinha exerce a direção geral do Minis-
de 1969) tério da Marinha e é o Comandante Superior da Marinha de Guerra.
II - Estabelecer os planos para emprego das Forças Combinadas (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
ou Conjuntas e de forças singulares destacadas para participar de Art. 56. A Marinha de Guerra compreende suas organizações
operações militares no exterior, levando em consideração os estu- próprias, pessoal em serviço ativo e sua reserva, inclusive as forma-

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

ções auxiliares conforme fixado em lei. (Redação dada pelo Decre- - Secretaria Geral.
to-Lei nº 900, de 1969) - Outros Conselhos e Comissões.
Art. 57. O Ministério da Marinha é constituído de: IV - Órgãos de Apoio
I - Órgãos de Direção Geral. - Diretorias e outros órgãos.
- Almirantado (Alto Comando da Marinha de Guerra). V - Forças Terrestres
- Estado Maior da Armada. - Órgãos Territoriais.
II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa-
mental (art. 24). SEÇÃO III
III - Órgãos de Assessoramento. DO MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA
- Gabinete do Ministro.
- Consultoria Jurídica. Art. 63. O Ministério da Aeronáutica administra os negócios da
- Conselho de Almirantes. Aeronáutica e tem como atribuições principais a preparação da Ae-
- Outros Conselhos e Comissões. ronáutica para o cumprimento de sua destinação constitucional e a
IV - Órgãos de Apoio. orientação, a coordenação e o controle das atividades da Aviação
- Diretorias e outros órgãos. Civil. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
V - Forças Navais e Aeronavais (elementos próprios - navios e Parágrafo único. Cabe ao Ministério da Aeronáutica: (Redação
helicópteros - e elementos destacados da Força Aérea Brasileira). dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
- Corpo de Fuzileiros Navais. I - Estudar e propor diretrizes para a Política Aeroespacial Na-
- Distritos Navais. cional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
- Comando do Controle Naval do Tráfego Marítimo. (Incluído II - Propor a organização e providenciar o aparelhamento e
pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) o adestramento da Força Aérea Brasileira, inclusive de elementos
Art. 58. (Revogado pela Lei nº 6.059, de 1974) para integrar as Forças Combinadas ou Conjuntas. (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
SEÇÃO II III - Orientar, coordenar e controlar as atividades da Aviação
DO MINISTÉRIO DO EXÉRCITO Civil, tanto comerciais como privadas e desportivas. (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
Art. 59. O Ministério do Exército administra os negócios do IV - Estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante au-
Exército e tem, como atribuição principal a preparação do Exército torização ou concessão, a infraestrutura aeronáutica, inclusive os
para o cumprimento da sua destinação constitucional. serviços de apoio necessárias à navegação aérea. (Redação dada
§ 1º Cabe ao Ministério do Exército: pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
I - Propor a organização e providenciar o aparelhamento e o V - Orientar, incentivar e realizar pesquisas e desenvolvimento
adestramento das Forças Terrestres, inclusive para integrarem For- de interesse da Aeronáutica, obedecido, quanto às de interesse mili-
ças Combinadas ou Conjuntas. tar, ao prescrito no item IV do art. 50 da presente lei. (Redação dada
II - Orientar e realizar pesquisas e desenvolvimento de interesse pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
do Exército, obedecido o previsto no item V do art. 50 da presente VI - Operar o Correio Aéreo Nacional. (Redação dada pelo De-
lei. creto-Lei nº 991, de 1969)
§ 2º Ao Ministério do Exército compete ainda propor as medi- Art. 64. O Ministro da Aeronáutica exerce a direção geral das
das para a efetivação do disposto no Parágrafo único do art. 46 da atividades do Ministério e é o Comandante-em-Chefe da Força Aé-
presente lei. rea Brasileira. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
Art. 60. O Ministro do Exército exerce a direção geral das ativi- Art. 65. A Força Aérea Brasileira é a parte da Aeronáutica orga-
dades do Ministério e é o Comandante Superior do Exército. nizada e aparelhada para o cumprimento de sua destinação consti-
Art. 61. O Exército é constituído do Exército ativo e sua Reserva. tucional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
§ 1° O Exército ativo é a parte do Exército organizada e apare- Parágrafo único. Constituí a reserva da Aeronáutica todo o
lhada para o cumprimento de sua destinação constitucional e em pessoal sujeito à incorporação na Força Aérea Brasileira, mediante
pleno exercício de suas atividades. mobilização ou convocação, e as organizações auxiliares, conforme
§ 2° Constitui a Reserva do Exército todo o pessoal sujeito à in- fixado em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
corporação no Exército ativo, mediante mobilização ou convocação, Art. 66. O Ministério da Aeronáutica compreende: (Redação
e as forças e organizações auxiliares, conforme fixado em lei. dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
Art. 62. O Ministério do Exército compreende: I - Órgãos de Direção Geral: (Redação dada pelo Decreto-Lei
I - Órgãos de Direção Geral nº 991, de 1969)
- Alto Comando do Exército. - Alto Comando da Aeronáutica (Redação dada pelo Decreto-
- Estado-Maior do Exército. -Lei nº 991, de 1969)
- Conselho Superior de Economia e Finanças. - Estado-Maior da Aeronáutica (Redação dada pelo Decreto-Lei
II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa- nº 991, de 1969)
mental (art. 24) - Inspetoria Geral da Aeronáutica (Redação dada pelo Decreto-
III - Órgãos de Assessoramento -Lei nº 991, de 1969)
- Gabinete do Ministro. II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa-
- Consultoria Jurídica. mental (art. 24): (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

- Departamento de Aviação Civil (Redação dada pelo Decreto- III - No Poder Executivo, pelos Ministros de Estado ou dirigentes
-Lei nº 991, de 1969) v de órgãos da Presidência da República.
- Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento (Redação Art. 72. Com base na lei orçamentária, créditos adicionais e
dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) seus atos complementares, o órgão central da programação finan-
III - Órgãos de Assessoramento: (Redação dada pelo Decreto- ceira fixará as cotas e prazos de utilização de recursos pelos órgãos
-Lei nº 991, de 1969) da Presidência da República, pelos Ministérios e pelas autoridades
- Gabinete do Ministro (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, dos Poderes Legislativo e Judiciário para atender à movimentação
de 1969) dos créditos orçamentários ou adicionais.
- Consultoria Jurídica (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, § 1º Os Ministros de Estado e os dirigentes de Órgãos da Presi-
de 1969) dência da República aprovarão a programação financeira setorial e
- Conselhos e Comissões (Redação dada pelo Decreto-Lei nº autorizarão às unidades administrativas a movimentar os respecti-
991, de 1969) vos créditos, dando ciência ao Tribunal de Contas.
IV - Órgãos de Apoio: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, § 2º O Ministro de Estado, por proposta do Inspetor Geral de
de 1969) Finanças, decidirá quanto aos limites de descentralização da admi-
- Comandos, Diretorias, Institutos, Serviços e outros órgãos nistração dos créditos, tendo em conta as atividades peculiares de
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) cada órgão.
V - Força Aérea Brasileira: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº Art. 73. Nenhuma despesa poderá ser realizada sem a exis-
991, de 1969) tência de crédito que a comporte ou quando imputada a dotação
- Comandos Aéreos (inclusive elementos para integrar Forças imprópria, vedada expressamente qualquer atribuição de forneci-
Combinadas ou Conjuntas) - Comandos Territoriais. (Redação dada mento ou prestação de serviços cujo custo exceda aos limites pre-
pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) viamente fixados em lei.
Parágrafo único. Mediante representação do órgão contábil se-
CAPÍTULO IV rão impugnados quaisquer atos referentes a despesas que incidam
DISPOSIÇÃO GERAL na proibição do presente artigo.
Art. 74. Na realização da receita e da despesa pública será uti-
Art. 67. O Almirantado (Alto Comando da Marinha de Guerra), lizada a via bancária, de acordo com as normas estabelecidas em
o Alto Comando do Exército e o Alto Comando da Aeronáutica, a regulamento.
que se referem os arts 57, 62 e 66 são órgãos integrantes da Dire- § 1º Nos casos em que se torne indispensável a arrecadação de
ção Geral do Ministério da Marinha, do Exército e da Aeronáutica receita diretamente pelas unidades administrativas, o recolhimento
cabendo-lhes assessorar os respectivos Ministros, principalmente: à conta bancária far-se-á no prazo regulamentar.
a) nos assuntos relativos à política militar peculiar à Força sin- § 2º O pagamento de despesa, obedecidas as normas que re-
gular; gem a execução orçamentária ( lei nº 4.320, de 17 de março de 1964
b) nas matérias de relevância - em particular, de organização, ), far-se-á mediante ordem bancária ou cheque nominativo, conta-
administração e logística - dependentes de decisão ministerial; bilizado pelo órgão competente e obrigatoriamente assinado pelo
c) na seleção do quadro de Oficiais Generais. ordenador da despesa e pelo encarregado do setor financeiro.
§ 3º Em casos excepcionais, quando houver despesa não aten-
TÍTULO X dível pela via bancária, as autoridades ordenadoras poderão auto-
DAS NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E DE CONTA- rizar suprimentos de fundos, de preferência a agentes afiançados,
BILIDADE fazendo-se os lançamentos contábeis necessários e fixando-se pra-
zo para comprovação dos gastos.
Art. 68. O Presidente da República prestará anualmente ao Art. 75. Os órgãos da Administração Federal prestarão ao Tri-
Congresso Nacional as contas relativas ao exercício anterior, sobre bunal de Contas, ou suas delegações, os informes relativos à admi-
as quais dará parecer prévio o Tribunal de Contas. nistração dos créditos orçamentários e facilitarão a realização das
Art. 69. Os órgãos da Administração Direta observarão um pla- inspeções de controle externo dos órgãos de administração finan-
no de contas único e as normas gerais de contabilidade e da audito- ceira, contabilidade e auditorias. (Redação dada pelo Decreto-Lei
ria que forem aprovados pelo Governo. nº 900, de 1969)
Art . 70. Publicados a lei orçamentária ou os decretos de aber- Parágrafo único. As informações previstas neste artigo são as
tura de créditos adicionais, as unidades orçamentárias, os órgãos imprescindíveis ao exercício da auditoria financeira e orçamentária,
administrativos, os de contabilização e os de fiscalização financeira realizada com base nos documentos enumerados nos itens I e II do
ficam, desde logo, habilitados a tomar as providências cabíveis para artigo 36 do Decreto-lei número 199, de 25 de fevereiro de 1967
o desempenho das suas tarefas. , vedada a requisição sistemática de documentos ou comprovan-
Art. 71. A discriminação das dotações orçamentárias globais de tes arquivados nos órgãos da administração federal, cujo exame se
despesas será feita: possa realizar através das inspeções de controle externo. (Incluído
I - No Poder Legislativo e órgãos auxiliares, pelas Mesas da pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
Câmara dos Deputados e do Senado Federal e pelo Presidente do Art. 76. Caberá ao Inspetor Geral de Finanças ou autoridade
Tribunal de Contas. delegada autorizar a inscrição de despesas na conta “Restos a Pa-
II - No Poder Judiciário, pelos Presidentes dos Tribunais e de- gar” ( Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964 ), obedecendo-se na
mais órgãos competentes. liquidação respectiva as mesmas formalidades fixadas para a admi-

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

nistração dos créditos orçamentários. petência, antes de seu encaminhamento ao Tribunal de Contas para
Parágrafo Único. As despesas inscritas na conta de “Restos a os fins constitucionais e legais. (Vide Decreto nº 99.626, de 1990)
Pagar” serão liquidadas quando do recebimento do material, da § 1º A tomada de contas dos ordenadores, agentes recebedo-
execução da obra ou da prestação do serviço, ainda que ocorram res, tesoureiros ou pagadores será feita no prazo máximo de 180
depois do encerramento do exercício financeiro. (cento e oitenta) dias do encerramento do exercício financeiro pelos
Art. 77. Todo ato de gestão financeira deve ser realizado por órgãos encarregados da contabilidade analítica e, antes de ser sub-
força do documento que comprove a operação e registrado na con- metida a pronunciamento do Ministro de Estado, dos dirigentes de
tabilidade, mediante classificação em conta adequada. órgãos da Presidência da República ou da autoridade a quem estes
Art. 78. O acompanhamento da execução orçamentária será delegarem competência, terá sua regularidade certificada pelo ór-
feito pelos órgãos de contabilização. gão de auditoria.
§ 1° Em cada unidade responsável pela administração de crédi- § 2º Sem prejuízo do encaminhamento ao Tribunal de Contas, a
tos proceder-se-á sempre à contabilização destes. autoridade a que se refere o parágrafo anterior no caso de irregula-
§ 2° A contabilidade sintética ministerial caberá à Inspetoria ridade, determinará as providências que, a seu critério, se tornarem
Geral de Finanças. indispensáveis para resguardar o interesse público e a probidade na
§ 3 ° A contabilidade geral caberá à Inspetoria Geral de Finan- aplicação dos dinheiros públicos, dos quais dará ciência oportuna-
ças do Ministério da Fazenda. mente ao Tribunal de Contas.
§ 4º Atendidas as conveniências do serviço, um único órgão § 3° Sempre que possível, desde que não retardem nem dificul-
de contabilidade analítica poderá encarregar-se da contabilização tem as tomadas de contas, estas poderão abranger conjuntamente
para várias unidades operacionais do mesmo ou de vários Minis- a dos ordenadores e tesoureiros ou pagadores.
térios. Art. 83. Cabe aos detentores de suprimentos de fundos forne-
§ 5° Os documentos relativos à escrituração dos atos da receita cer indicação precisa dos saldos em seu poder em 31 de dezembro,
e despesa ficarão arquivados no órgão de contabilidade analítica e para efeito de contabilização e reinscrição da respectiva responsa-
à disposição das autoridades responsáveis pelo acompanhamento bilidade pela sua aplicação em data posterior, observados os prazos
administrativo e fiscalização financeira e, bem assim, dos agentes assinalados pelo ordenador da despesa.
incumbidos do controle externo, de competência do Tribunal de Parágrafo único. A importância aplicada até 31 de dezembro
Contas. será comprovada até 15 de janeiro seguinte.
Art. 79. A contabilidade deverá apurar os custos dos serviços de Art. 84. Quando se verificar que determinada conta não foi
forma a evidenciar os resultados da gestão. prestada, ou que ocorreu desfalque, desvio de bens ou outra irre-
Art. 80. Os órgãos de contabilidade inscreverão como respon- gularidade de que resulte prejuízo para a Fazenda Pública, as au-
sável todo o ordenador da despesa, o qual só poderá ser exonerado toridades administrativas, sob pena de corresponsabilidade e sem
de sua responsabilidade após julgadas regulares suas contas pelo embargo dos procedimentos disciplinares, deverão tomar imediatas
Tribunal de Contas. providência para assegurar o respectivo ressarcimento e instaurar
§ 1° Ordenador de despesas é toda e qualquer autoridade de a tomada de contas, fazendo-se as comunicações a respeito ao Tri-
cujos atos resultarem emissão de empenho, autorização de paga- bunal de Contas.
mento, suprimento ou dispêndio de recursos da União ou pela qual Art. 85. A Inspetoria Geral de Finanças, em cada Ministério,
esta responda. manterá atualizada relação de responsáveis por dinheiros, valores
§ 2º O ordenador de despesa, salvo conivência, não é respon- e bens públicos, cujo rol deverá ser transmitido anualmente ao Tri-
sável por prejuízos causados à Fazenda Nacional decorrentes de bunal de Contas, comunicando-se trimestralmente as alterações.
atos praticados por agente subordinado que exorbitar das ordens Art. 86. A movimentação dos créditos destinados à realização
recebidas. de despesas reservadas ou confidenciais será feita sigilosamente
§ 3º As despesas feitas por meio de suprimentos, desde que não e nesse caráter serão tomadas as contas dos responsáveis. (Vide
impugnadas pelo ordenador, serão escrituradas e incluídas na sua ADPF nº 129)
tomada de contas, na forma prescrita; quando impugnadas, deve- Art. 87. Os bens móveis, materiais e equipamentos em uso fica-
rá o ordenador determinar imediatas providências administrativas rão sob a responsabilidade dos chefes de serviço, procedendo-se pe-
para a apuração das responsabilidades e imposição das penalida- riodicamente a verificações pelos competentes órgãos de controle.
des cabíveis, sem prejuízo do julgamento da regularidade das con- Art. 88. Os estoques serão obrigatoriamente contabilizados, fa-
tas pelo Tribunal de Contas. zendo-se a tomada anual das contas dos responsáveis.
Art. 81. Todo ordenador de despesa ficará sujeito a tomada de Art. 89. Todo aquele que, a qualquer título, tenha a seu cargo
contas realizada pelo órgão de contabilidade e verificada pelo ór- serviço de contabilidade da União é pessoalmente responsável pela
gão de auditoria interna, antes de ser encaminhada ao Tribunal de exatidão das contas e oportuna apresentação dos balancetes, ba-
Contas (artigo 82 ). lanços e demonstrações contábeis dos atos relativos à administra-
Parágrafo único. O funcionário que receber suprimento de fun- ção financeira e patrimonial do setor sob sua jurisdição.
dos, na forma do disposto no art. 74, § 3º, é obrigado a prestar con- Art. 90. Responderão pelos prejuízos que causarem à Fazenda
tas de sua aplicação procedendo-se, automaticamente, a tomada Pública o ordenador de despesas e o responsável pela guarda de
de contas se não o fizer no prazo assinalado. dinheiros, valores e bens.
Art. 82. As tomadas de contas serão objeto de pronunciamento Art. 91.Sob a denominação de Reserva de Contingência, o or-
expresso do Ministro de Estado, dos dirigentes de órgãos da Presi- çamento anual poderá conter dotação global não especificamente
dência da República ou de autoridade a quem estes delegarem com- destinada a determinado órgão, unidade orçamentária, programa

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

ou categoria econômica, cujos recursos serão utilizados para aber- ções e ao volume de trabalho do órgão.
tura de créditos adicionais. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº X - Eliminação ou reabsorção do pessoal ocioso, mediante apro-
1.763, de 1980) veitamento dos servidores excedentes, ou reaproveitamento aos de-
Art. 92. Com o objetivo de obter maior economia operacional e sajustados em funções compatíveis com as suas comprovadas qua-
racionalizar a execução da programação financeira de desembolso, lificações e aptidões vocacionais, impedindo-se novas admissões,
o Ministério da Fazenda promoverá a unificação de recursos mo- enquanto houver servidores disponíveis para a função.
vimentados pelo Tesouro Nacional através de sua Caixa junto ao XI - Instituição, pelo Poder Executivo, de reconhecimento do
agente financeiro da União. (Vide Decreto nº 4.529, de 2002) mérito aos servidores que contribuam com sugestões, planos e pro-
Parágrafo único. Os saques contra a Caixa do Tesouro só pode- jetos não elaborados em decorrência do exercício de suas funções e
rão ser efetuados dentro dos limites autorizados pelo Ministro da dos quais possam resultar aumento de produtividade e redução dos
Fazenda ou autoridade delegada. custos operacionais da administração.
Art. 93. Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de jus- XII - Estabelecimento de mecanismos adequados à apresenta-
tificar seu bom e regular emprego na conformidade das leis, re- ção por parte dos servidores, nos vários níveis organizacionais, de
gulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas suas reclamações e reivindicações, bem como à rápida apreciação,
competentes. pelos órgãos administrativos competentes, dos assuntos nelas con-
tidos.
TÍTULO XI XIII - Estímulo ao associativismo dos servidores para fins sociais
DAS DISPOSIÇÕES REFERENTES AO PESSOAL CIVIL e culturais.
Parágrafo único. O Poder Executivo encaminhará ao Congres-
CAPÍTULO I so Nacional mensagens que consubstanciem a revisão de que trata
DAS NORMAS GERAIS este artigo.
Art. 95. O Poder Executivo promoverá as medidas necessárias à
Art. 94. O Poder Executivo promoverá a revisão da legislação e verificação da produtividade do pessoal a ser empregado em quais-
das normas regulamentares relativas ao pessoal do Serviço Público quer atividades da Administração Direta ou de autarquia, visando
Civil, com o objetivo de ajustá-las aos seguintes princípios: a colocá-lo em níveis de competição com a atividade privada ou a
I - Valorização e dignificação da função pública e ao servidor evitar custos injustificáveis de operação, podendo, por via de decre-
público. to executivo ou medidas administrativas, adotar as soluções ade-
II - Aumento da produtividade. quadas, inclusive a eliminação de exigências de pessoal superiores
III - Profissionalização e aperfeiçoamento do servidor público; às indicadas pelos critérios de produtividade e rentabilidade. Vide
fortalecimento do Sistema do Mérito para ingresso na função públi- Decreto nº 67.326, de 05.10.1970
ca, acesso a função superior e escolha do ocupante de funções de Art . 96. Nos termos da legislação trabalhista, poderão ser con-
direção e assessoramento. tratados especialistas para atender às exigências de trabalho técni-
IV - Conduta funcional pautada por normas éticas cuja infração co em institutos, órgãos de pesquisa e outras entidades especializa-
incompatibilize o servidor para a função. das da Administração Direta ou autarquia, segundo critérios que,
V - Constituição de quadros dirigentes, mediante formação e para esse fim, serão estabelecidos em regulamento.
aperfeiçoamento de administradores capacitados a garantir a qua- Art . 97. Os Ministros de Estado, mediante prévia e específica
lidade, produtividade e continuidade da ação governamental, em autorização do Presidente da República, poderão contratar os servi-
consonância com critérios éticos especialmente estabelecidos. ços de consultores técnicos e especialistas por determinado período,
VI - Retribuição baseada na classificação das funções a desem- nos termos da legislação trabalhista. (Expressão substituída pelo
penhar, levando-se em conta o nível educacional exigido pelos deve- Decreto-Lei nº 900, de 1969)
res e responsabilidade do cargo, a experiência que o exercício deste
requer, a satisfação de outros requisitos que se reputarem essen- CAPÍTULO II
ciais ao seu desempenho e às condições do mercado de trabalho. DAS MEDIDAS DE APLICAÇÃO IMEDIATA
VII - Organização dos quadros funcionais, levando-se em conta
os interesses de recrutamento nacional para certas funções e a ne- Art. 98. Cada unidade administrativa terá, no mais breve prazo,
cessidade de relacionar ao mercado de trabalho local ou regional o revista sua lotação, a fim de que passe a corresponder a suas estri-
recrutamento, a seleção e a remuneração das demais funções. tas necessidades de pessoal e seja ajustada às dotações previstas no
VIII - Concessão de maior autonomia aos dirigentes e chefes orçamento (art. 94 inciso IX).
na administração de pessoal, visando a fortalecer a autoridade do Art. 99. O Poder Executivo adotará providências para a perma-
comando, em seus diferentes graus, e a dar-lhes efetiva responsabi- nente verificação da existência de pessoal ocioso na Administração
lidade pela supervisão e rendimento dos serviços sob sua jurisdição. Federal, diligenciando para sua eliminação ou redistribuição ime-
IX - Fixação da quantidade de servidores, de acordo com as diata.
reais necessidades de funcionamento de cada órgão, efetivamente § 1º Sem prejuízo da iniciativa do órgão de pessoal da reparti-
comprovadas e avaliadas na oportunidade da elaboração do orça- ção, todo responsável por setor de trabalho em que houver pessoal
mento-programa, e estreita observância dos quantitativos que fo- ocioso deverá apresentá-lo aos centros de redistribuição e aprovei-
rem considerados adequados pelo Poder Executivo no que se refere tamento de pessoal que deverão ser criados, em caráter temporá-
aos dispêndios de pessoal. Aprovação das lotações segundo crité- rio, sendo obrigatório o aproveitamento dos concursados.
rios objetivos que relacionam a quantidade de servidores às atribui- § 2º A redistribuição de pessoal ocorrerá sempre no interesse

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

do Serviço Público, tanto na Administração Direta como em autar- Agentes Fiscais de Rendas Internas, Agentes Fiscais do Imposto de
quia, assim como de uma para outra, respeitado o regime jurídico Renda, Agentes Fiscais do Imposto Aduaneiro, Fiscais Auxiliares de
pessoal do servidor. Impostos Internos e Guardas Aduaneiros.
§ 3º O pessoal ocioso deverá ser aproveitado em outro setor, III - A partir da data da presente lei, fica extinto o regime de
continuando o servidor a receber pela verba da repartição ou enti- remuneração instituído a favor dos Exatores Federais, Auxiliares de
dade de onde tiver sido deslocado, até que se tomem as providên- Exatorias e Fiéis do Tesouro.
cias necessárias à regularização da movimentação. IV - (Revogado pela Lei nº 5.421, de 1968)
§ 4° Com relação ao pessoal ocioso que não puder ser utilizado V - A participação, através do Fundo de Estímulo, e bem assim
na forma deste artigo, será observado o seguinte procedimento: as percentagens a que se referem o art. 64 da Lei n° 3.244, de 14 de
a) extinção dos cargos considerados desnecessários, ficando os agosto de 1957 , o Art. 109 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de
seus ocupantes exonerados ou em disponibilidade, conforme gozem 1958 , os artigos 8º, § 2º e 9º da Lei nº 3.756, de 20 de abril de 1960
ou não de estabilidade, quando se tratar de pessoal regido pela le- , e o § 6º do art. 32 do Decreto-lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967
gislação dos funcionários públicos; , ficam também extintas.
b) dispensa, com a consequente indenização legal, dos empre- Parágrafo único. Comprovada a adjudicação da cota-parte de
gados sujeitos ao regime da legislação trabalhista. multas com desobediência ao que dispõe o inciso I deste artigo, se-
§ 5º Não se preencherá vaga nem se abrirá concurso na Admi- rão passíveis de demissão, tanto o responsável pela prática desse
nistração Direta ou em autarquia, sem que se verifique, previamen- ato, quanto os servidores que se beneficiarem com as vantagens
te, no competente centro de redistribuição de pessoal, a inexistência dele decorrentes.
de servidor a aproveitar, possuidor da necessária qualificação. Art . 105. Aos servidores que, na data da presente lei estive-
§ 6º Não se exonerará, por força do disposto neste artigo, fun- rem no gozo das vantagens previstas nos incisos III, IV e V do artigo
cionário nomeado em virtude de concurso. anterior fica assegurado o direito de percebê-las, como diferença
Art. 100. Instaurar-se-á processo administrativo para a demis- mensal, desde que esta não ultrapasse a média mensal que, àquele
são ou dispensa de servidor efetivo ou estável, comprovadamente título, receberam durante o ano de 1966, e até que, por força dos
ineficiente no desempenho dos encargos que lhe competem ou de- reajustamentos de vencimentos do funcionalismo, o nível de venci-
sidioso no cumprimento de seus deveres. mentos dos cargos que ocuparem alcance importâncias correspon-
Art. 101. O provimento em cargos em comissão e funções grati- dente à soma do vencimento básico e da diferença de vencimento.
ficadas obedecerá a critérios a serem fixados por ato do Poder Exe- (Vide Lei nº 5.421, de 1968)
cutivo que: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) Art. 106. Fica extinta a Comissão de Classificação de Cargos
a) definirá os cargos em comissão de livre escolha do Presiden- transferindo-se ao DASP, seu acervo, documentação, recursos orça-
te da República; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) mentários e atribuições.
b) estabelecerá os processos de recrutamento com base no Sis- Art. 107. A fim de permitir a revisão da legislação e das nor-
tema do Mérito; e (Incluído pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) mas regulamentares relativas ao pessoal do Serviço Público Civil,
c) fixará as demais condições necessárias ao seu exercício. (In- nos termos do disposto no art. 94, da presente lei, suspendem-se
cluído pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) nesta data as readaptações de funcionários que ficam incluídas na
Art. 102. É proibida a nomeação em caráter interino por in- competência do DASP.
compatível com a exigência de prévia habilitação em concurso para Art. 108. O funcionário, em regime de tempo integral e dedica-
provimento dos cargos públicos, revogadas todas as disposições em ção exclusiva, prestará serviços em dois turnos de trabalho, quando
contrário. sujeito a expediente diário.
Art. 103. Todo servidor que estiver percebendo vencimento, Parágrafo único. Incorrerá em falta grave, punível com demis-
salário ou provento superior ao fixado para o cargo nos planos de são, o funcionário que perceber a vantagem de que trata este artigo
classificação e remuneração, terá a diferença caracterizada como e não prestar serviços correspondentes e bem assim o chefe que
vantagem pessoal, nominalmente identificável, a qual em nenhuma atestar a prestação irregular dos serviços.
hipótese será aumentada, sendo absorvida progressivamente pe- Art. 109. Fica revogada a legislação que permite a agregação
los aumentos que vierem a ser realizados no vencimento, salário ou de funcionários em cargos em comissão e em funções gratificadas,
provento fixado para o cargo nos mencionados planos. mantidos os direitos daqueles que, na data desta lei, hajam com-
Art. 104. No que concerne ao regime de participação na arre- pletado as condições estipuladas em lei para a agregação, e não
cadação, inclusive cobrança da Dívida Ativa da União, fica estabe- manifestem, expressamente, o desejo de retornarem aos cargos de
lecido o seguinte: origem.
I - Ressalvados os direitos dos denunciantes, a adjudicação de Parágrafo único. Todo agregado é obrigado a prestar serviços,
cota-parte de multas será feita exclusivamente aos Agentes Fiscais sob pena de suspensão dos seus vencimentos.
de Rendas Internas, Agentes Fiscais do Imposto de Renda, Agentes Art. 110. Proceder-se-á à revisão dos cargos em comissão e das
Fiscais do Imposto Aduaneiro, Fiscais Auxiliares de Impostos Inter- funções gratificadas da Administração Direta e das autarquias, para
nos e Guardas Aduaneiros e somente quando tenham os mesmos supressão daqueles que não corresponderem às estritas necessida-
exercido ação direta, imediata e pessoal na obtenção de elementos des dos serviços, em razão de sua estrutura e funcionamento.
destinados à instauração de autos de infração ou início de processos Art. 111. A colaboração de natureza eventual à Administração
para cobrança dos débitos respectivos. Pública Federal sob a forma de prestação de serviços, retribuída me-
II - O regime de remuneração, previsto na Lei n° 1.711, de 28 diante recibo, não caracteriza, em hipótese alguma, vínculo empre-
de outubro de 1952 , continuará a ser aplicado exclusivamente aos gatício com o Serviço Público Civil, e somente poderá ser atendida

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

por dotação não classificada na rubrica “PESSOAL”, e nos limites es- que for solicitada.
tabelecidos nos respectivos programas de trabalho. (Vide Decreto Parágrafo único. O Departamento deverá colaborar com o Mi-
nº 66.715, de 1970) nistério Público Federal nas causas que envolvam a aplicação da
Art. 112. O funcionário que houver atingido a idade máxima legislação do pessoal.
(setenta anos) prevista para aposentadoria compulsória não poderá Art. 118. Junto ao Departamento haverá o Conselho Federal de
exercer cargo em comissão ou função gratificada, nos quadros dos Administração de Pessoal, que funcionará como órgão de consulta
Ministérios, do DASP e das autarquias. e colaboração no concernente à política de pessoal do Governo e
Art. 113. Revogam-se na data da publicação da presente lei, os opinará na esfera administrativa, quando solicitado pelo Presidente
Arts. 62 e 63 da Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952 , e demais da República ou pelo Diretor-Geral do DASP nos assuntos relativos
disposições legais e regulamentares que regulam as readmissões no à administração de pessoal civil, inclusive quando couber recurso
serviço público federal. de decisão dos Ministérios, na forma estabelecida em regulamento.
Art. 114. O funcionário público ou autárquico que, por força Art. 119. O Conselho Federal de Administração de Pessoal será
de dispositivo legal, puder manifestar opção para integrar quadro presidido pelo Diretor-Geral do Departamento Administrativo do
de pessoal de qualquer outra entidade e por esta aceita, terá seu Pessoal Civil e constituído de quatro membros, com mandato de
tempo de serviço anterior, devidamente comprovado, averbado na três anos, nomeados pelo Presidente da República, sendo: dois fun-
instituição de previdência, transferindo-se para o INPS as contribui- cionários, um da Administração Direta e outro da Indireta, ambos
ções pagas ao IPASE. com mais de vinte anos de Serviço Público da União, com experiên-
cia em administração e relevante folha de serviços; um especialista
CAPÍTULO III em direito administrativo; e um elemento de reconhecida experiên-
DO DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO DO PESSOAL CIVIL cia no setor de atividade privada.
§ 1° O Conselho reunir-se-á ordinariamente duas vezes por mês
Art. 115. O Departamento Administrativo do Pessoal Civil e, extraordinariamente, por convocação de seu presidente.
(DASP) é o órgão central do sistema de pessoal, responsável pelo § 2° O Conselho contará com o apoio do Departamento, ao qual
estudo, formulação de diretrizes, orientação, coordenação, supervi- ficarão afetos os estudos indispensáveis ao seu funcionamento e,
são e controle dos assuntos concernentes à administração do Pesso- bem assim, o desenvolvimento e a realização dos trabalhos compre-
al Civil da União. (Vide Lei nº 6.228, de 1975) endidos em sua área de competência.
Parágrafo único. Haverá em cada Ministério um órgão de pes- § 3º Ao Presidente e aos Membros do Conselho é vedada qual-
soal integrante do sistema de pessoal. quer atividade político-partidária, sob pena de exoneração ou perda
Art. 116. Ao Departamento Administrativo do Pessoal Civil de mandato.
(DASP) incumbe: (Vide Lei nº 6.228, de 1975) Art. 120. O Departamento prestará toda cooperação solicitada
I - Cuidar dos assuntos referentes ao pessoal civil da União, ado- pelo Ministro responsável pela Reforma Administrativa.
tando medidas visando ao seu aprimoramento e maior eficiência. Art. 121. As medidas relacionadas com o recrutamento, sele-
II - Submeter ao Presidente da República os projetos de regu- ção, aperfeiçoamento e administração do assessoramento superior
lamentos indispensáveis à execução das leis que dispõem sobre a da Administração Civil, de aperfeiçoamento de pessoal para o de-
função pública e os servidores civis da União. sempenho dos cargos em comissão e funções gratificadas a que se
III - Zelar pela observância dessas leis e regulamentos, orien- referem o art. 101 e seu inciso II (Título XI, Capítulo II) e de outras
tando, coordenando e fiscalizando sua execução, e expedir normas funções de supervisão ou especializadas, constituirão encargo de
gerais obrigatórias para todos os órgãos. um Centro de Aperfeiçoamento, órgão autônomo vinculado ao De-
IV - Estudar e propor sistema de classificação e de retribuição partamento Administrativo do Pessoal Civil. (Vide Lei nº 6.228, de
para o serviço civil administrando sua aplicação. 1975)
V - Recrutar e selecionar candidatos para os órgãos da Admi- Parágrafo único. O Centro de Aperfeiçoamento promoverá dire-
nistração Direta e autarquias, podendo delegar, sob sua orientação, ta ou indiretamente mediante convênio, acordo ou contrato, a exe-
fiscalização e controle a realização das provas o mais próximo pos- cução das medidas de sua atribuição.
sível das áreas de recrutamento.
VI - Manter estatísticas atualizadas sobre os servidores civis, CAPÍTULO IV
inclusive os da Administração Indireta. DO ASSESSORAMENTO SUPERIOR DA ADMINISTRAÇÃO CIVIL
VII - Zelar pela criteriosa aplicação dos princípios de administra-
ção de pessoal com vistas ao tratamento justo dos servidores civis, Art. 122. O Assessoramento Superior da Administração Civil
onde quer que se encontrem. compreenderá determinadas funções de assessoramento aos Minis-
VIII - Promover medidas visando ao bem-estar social dos servi- tros de Estado, definidas por decreto e fixadas em número limitado
dores civis da União e ao aprimoramento das relações humanas no para cada Ministério civil, observadas as respectivas peculiaridades
trabalho. de organização e funcionamento. (Redação dada pelo Decreto-Lei
IX - Manter articulação com as entidades nacionais e estrangei- nº 900, de 1969) (Vide Decreto-lei nº 2.280, de 1985) (Vide Lei nº
ras que se dedicam a estudos de administração de pessoal. 7.419, de 1985) ( Vide Decreto-lei nº 2.310, de 1986 ) (Vide Decreto
X - Orientar, coordenar e superintender as medidas de aplica- nº 2.365, de 1987) ( Vide Decreto-lei nº 2.367, de 1987 ) (Vide Lei
ção imediata (Capítulo II, deste Título). nº 7.995, de 1990)
Art. 117. O Departamento Administrativo do Pessoal Civil pres- § 1º As funções a que se refere este artigo, caracterizadas pelo
tará às Comissões Técnicas do Poder Legislativo toda cooperação alto nível de especificidade, complexidade e responsabilidade, serão

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

objeto de rigorosa individualização e a designação para o seu exer- Art. 142. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986)
cício somente poderá recair em pessoas de comprovada idoneida- Art. 143. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986)
de, cujas qualificações, capacidade e experiência específicas sejam Art. 144. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986)
examinadas, aferidas e certificadas por órgão próprio, na forma de-
finida em regulamento. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) TÍTULO XIII
§ 2º O exercício das atividades de que trata este artigo revestirá DA REFORMA ADMINISTRATIVA
a forma de locação de serviços regulada mediante contrato indivi-
dual, em que se exigirá tempo integral e dedicação exclusiva, não Art. 145. A Administração Federal será objeto de uma reforma
se lhe aplicando o disposto no artigo 35 do Decreto-lei número 81, de profundidade para ajustá-la às disposições da presente lei e, es-
de 21 de dezembro de 1966 , na redação dada pelo artigo 1º do pecialmente, às diretrizes e princípios fundamentais enunciados no
Decreto-lei número 177, de 16 de fevereiro de 1967 . (Incluído pelo Título II, tendo-se como revogadas, por força desta lei, e à medida
Decreto-Lei nº 900, de 1969) que sejam expedidos os atos a que se refere o art. 146, parágrafo
§ 3º A prestação dos serviços a que alude este artigo será re- único, alínea b , as disposições legais que forem com ela colidentes
tribuída segundo critério fixado em regulamento, tendo em vista a ou incompatíveis.
avaliação de cada função em face das respectivas especificações, e Parágrafo único. A aplicação da presente lei deverá objetivar,
as condições vigentes no mercado de trabalho. (Incluído pelo Decre- prioritariamente, a execução ordenada dos serviços da Adminis-
to-Lei nº 900, de 1969) tração Federal, segundo os princípios nela enunciados e com apoio
Art. 123. O servidor público designado para as funções de que na instrumentação básica adotada, não devendo haver solução de
trata o artigo anterior ficará afastado do respectivo cargo ou em- continuidade.
prego enquanto perdurar a prestação de serviços, deixando de re- Art. 146. A Reforma Administrativa, iniciada com esta lei, será
ceber o vencimento ou salário correspondente ao cargo ou emprego realizada por etapas, à medida que se forem ultimando as providên-
público. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) (Vide cias necessárias à sua execução.
Lei nº 7.419, de 1985) ( Vide Decreto-lei nº 2.310, de 1986 ) ( Vide Parágrafo único. Para os fins deste artigo, o Poder Executivo:
Decreto-lei nº 2.367, de 1987 ) (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
Parágrafo único. Poderá a designação para o exercício das fun- a) promoverá o levantamento das leis, decretos e atos regu-
ções referidas no artigo anterior recair em ocupante de função de lamentares que disponham sobre a estruturação, funcionamento e
confiança ou cargo em comissão diretamente subordinados ao Mi- competência dos órgãos da Administração Federal, com o propósito
nistro de Estado, caso em que deixará de receber, durante o período de ajustá-los às disposições desta Lei;
de prestação das funções de assessoramento superior, o vencimen- b) obedecidas as diretrizes, princípios fundamentais e demais
to ou gratificação do cargo em comissão ou função de confiança. disposições da presente lei expedirá progressivamente os atos de
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) reorganização, reestruturação lotação, definição de competência,
Art. 124. O disposto no presente Capítulo poderá ser estendido, revisão de funcionamento e outros necessários a efetiva implanta-
por decreto, a funções da mesma natureza vinculadas aos Minis- ção da reforma. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
térios Militares e órgãos integrantes da Presidência da República. c) (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968)
(Redação dada pela Lei nº 6.720, de 1979) (Vide Lei nº 7.419, de Art . 147. A orientação, coordenação e supervisão das providên-
1985) ( Vide Decreto-lei nº 2.310, de 1986 ) (Vide Decreto nº 2.365, cias de que trata este Título ficarão a cargo do Ministério do Plane-
de 1987) jamento e Coordenação Geral, podendo, entretanto, ser atribuídas
a um Ministro Extraordinário para a Reforma Administrativa, caso
TÍTULO XII em que a este caberão os assuntos de organização administrativa.
(REVOGADO PELO DECRETO-LEI Nº 2.300, DE 1986) Art. 148. Para atender às despesas decorrentes de execução
da Reforma Administrativa, fica autorizada a abertura pelo Minis-
Art. 125. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) tério da Fazenda do crédito especial de NCr$20.000.000,00 (vinte
Art. 126. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) milhões de cruzeiros novos), com vigência nos exercícios de 1967 a
Art . 127. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) 1968. (Vide Decreto nº 61.383, de 1967)
Art. 128. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) § 1º Os recursos do crédito aberto neste artigo incorporar-se-ão
Art. 129. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) ao “Fundo de Reforma Administrativa”, que poderá receber doações
Art. 130. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) e contribuições destinadas ao aprimoramento da Administração Fe-
Art. 131. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) deral.
Art. 132. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) § 2° O Fundo de Reforma Administrativa, cuja utilização será
Art. 133. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) disciplinada em regulamento, será administrado por um órgão tem-
Art . 134. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) porário de implantação da Reforma Administrativa, que funcionará
Art . 135. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) junto ao Ministro responsável pela Reforma Administrativa.
Art. 136. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) Art. 149. Na implantação da reforma programada, inicialmen-
Art. 137. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) te, a organização dos novos Ministérios e bem assim, prioritaria-
Art. 138. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) mente, a instalação dos Órgãos Centrais, a começar pelos de pla-
Art. 139. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) nejamento, coordenação e de controle financeiro (art. 22, item I) e
Art. 140. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) pelos órgãos centrais dos sistemas (art. 31).
Art. 141. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.300, de 1986) Art. 150. Até que os quadros de funcionários sejam ajustados

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

à Reforma Administrativa, o pessoal que os integra, sem prejuízo creto-Lei nº 900, de 1969)
de sua situação funcional para os efeitos legais, continuará a servir Art. 158. Se não considerar oportunas as medidas consubs-
nos órgãos em que estiver lotado, podendo passar a ter exercício, tanciadas no artigo anterior, o Governo poderá atribuir a formu-
mediante requisição, nos órgãos resultantes de desdobramento ou lação e coordenação da política nacional do abastecimento a uma
criados em virtude da presente lei. Comissão Nacional de Abastecimento, órgão interministerial, cuja
Art. 151. (Revogado pela Lei nº 5.843, de 1972) composição, atribuições e funcionamento serão fixados por decreto
Art. 152. A finalidade e as atribuições dos órgãos da Adminis- e que contará com o apoio da Superintendência Nacional do Abas-
tração Direta regularão o estabelecimento das respectivas estrutu- tecimento.
ras e lotações de pessoal. Art. 159. Fica extinto o Conselho Deliberativo da Superinten-
Art. 153. Para implantação da Reforma Administrativa poderão dência Nacional do Abastecimento, de que trata a Lei Delegada n°
ser ajustados estudos e trabalhos técnicos a serem realizados por 5, de 26 de setembro de 1962 .
pessoas físicas ou jurídicas, nos termos das normas que se estabele- Art. 160. A Superintendência Nacional do Abastecimento ulti-
cerem em decreto. (Vide Decreto nº 61.383, de 1967) mará, no mais breve prazo, a assinatura de convênios com os Es-
Art . 154. Os decretos e regulamentos expedidos para execução tados, Prefeitura do Distrito Federal e Territórios com o objetivo de
da presente lei disporão sobre a subordinação e vinculação de ór- transferir-lhes os encargos de fiscalização atribuídos àquela Supe-
gãos e entidades aos diversos Ministérios, em harmonia com a área rintendência.
de competência destes, disciplinando a transferência de repartições
e órgãos. CAPÍTULO IV
DA INTEGRAÇÃO DOS TRANSPORTES
TÍTULO XIV
DAS MEDIDAS ESPECIAIS DE COORDENAÇÃO Art. 161. Ficam extintos os Conselhos Setoriais de Transportes
que atualmente funcionam junto às autarquias do Ministério da
CAPÍTULO I Viação e Obras Públicas, sendo as respectivas funções absorvidas
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA pelo Conselho Nacional de Transportes, cujas atribuições, organiza-
ção e funcionamento serão regulados em decreto. (Expressão subs-
Art. 155. As iniciativas e providências que contribuem para o tituída pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
estímulo e intensificação das atividades de ciência e tecnologia, se- Art. 162. Tendo em vista a integração em geral dos transportes,
rão objeto de coordenação com o propósito de acelerar o desen- a coordenação entre os Ministérios da Aeronáutica e dos Transpor-
volvimento nacional através da crescente participação do País no tes será assegurada pelo Conselho Nacional de Transportes que se
progresso científico e tecnológico. (Redação dada pelo Decreto-Lei pronunciará obrigatoriamente quanto aos assuntos econômico-fi-
nº 900, de 1969) nanceiros da aviação comercial e, em particular, sobre:
§ 1° (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) a) concessão de linhas, tanto nacionais como no exterior;
§ 2° (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) b) tarifas;
c) subvenções;
CAPÍTULO II d) salários (de acordo com a política salarial do Governo).
DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE Art. 163. O Conselho será presidido pelo Ministro de Estado dos
Transportes e dele participará, como representante do Ministério
Art . 156. A formulação e Coordenação da política nacional de da Aeronáutica, o chefe do órgão encarregado dos assuntos da ae-
saúde, em âmbito nacional e regional, caberá ao Ministério da Saú- ronáutica civil.
de. Art. 164. O Poder Executivo, se julgar conveniente, poderá for-
§ 1º Com o objetivo de melhor aproveitar recursos e meios dis- mular a integração no Ministério dos Transportes, das atividades
poníveis e de obter maior produtividade, visando a proporcionar concernentes à aviação comercial, compreendendo linhas aéreas
efetiva assistência médico-social à comunidade, promoverá o Mi- regulares, subvenções e tarifas, permanecendo sob a competência
nistério da Saúde a coordenação, no âmbito regional das atividades da Aeronáutica Militar as demais atribuições constantes do item IV
de assistência médico-social, de modo a entrosar as desempenha- e as do item V do Parágrafo único do art. 63 e as relativas ao con-
das por órgãos federais, estaduais, municipais, do Distrito Federal, trole de pessoal e das aeronaves.
dos Territórios e das entidades do setor privado. § 1° A integração poderá operar-se gradualmente, celebrando-
§ 2º Na prestação da assistência médica dar-se-á preferência à -se, quando necessário, convênios entre os dois Ministérios.
celebração de convênios com entidades públicas e privadas, existen- § 2° Promover-se-á, em consequência, o ajuste das atribuições
tes na comunidade. cometidas ao Conselho Nacional de Transportes nesse particular.
§ 3º (Revogado pela Lei nº 6.118, de 1974)
CAPÍTULO V
CAPÍTULO III DAS COMUNICAÇÕES
DO ABASTECIMENTO NACIONAL
Art. 165. O Conselho Nacional de Telecomunicações, cujas atri-
Art. 157. As medidas relacionadas com a formulação e execu- buições, organização e funcionamento serão objeto de regulamen-
ção da política nacional do abastecimento serão objeto de coorde- tação pelo Poder Executivo, passará a integrar, como órgão nor-
nação na forma estabelecida em decreto. (Redação dada pelo De- mativo, de consulta, orientação e elaboração da política nacional

149
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

de telecomunicações, a estrutura do Ministério das Comunicações, tiva e financeira, no grau conveniente aos serviços, institutos e es-
logo que este se instale, e terá a seguinte composição: tabelecimentos incumbidos da execução de atividades de pesquisa
I - Presidente, o Secretário-Geral do Ministério das Comunica- ou ensino ou de caráter industrial, comercial ou agrícola, que por
ções; suas peculiaridades de organização e funcionamento, exijam tra-
II - Representante do maior partido de oposição no CONGRESSO tamento diverso do aplicável aos demais órgãos da administração
NACIONAL; (Redação dada pela Lei nº 5.396, de 1968) direta, observada sempre a supervisão ministerial. (Redação dada
III - Representante do Ministério da Educação e Cultura. pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
IV - Representante do Ministério da Justiça. § 1º Os órgãos a que se refere este artigo terão a denominação
V - Representante do maior partido que apoia o Governo no genérica de Órgãos Autônomos. (Renumerado do Parágrafo Único
CONGRESSO NACIONAL; (Redação dada pela Lei nº 5.396, de 1968) pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
VI - Representante do Ministério da Indústria e Comércio. § 2º Nos casos de concessão de autonomia financeira, fica o
VII - Representante dos Correios e Telégrafos. Poder Executivo autorizado a instituir fundos especiais de natureza
VIII - Representante do Departamento Nacional de Telecomu- contábil, a cujo crédito se levarão todos os recursos vinculados às
nicações. atividades do órgão autônomo, orçamentários e extraorçamentá-
IX - Representante da Empresa Brasileira de Telecomunicações. rios, inclusive a receita própria. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 900,
X - Representante das Empresas Concessionárias de Serviços de de 1969)
Telecomunicações. Art. 173. Os atos de provimento de cargos públicos ou que
XI - Representante do Ministério da Marinha; (Incluído pela Lei determinarem sua vacância assim como os referentes a pensões,
nº 5.396, de 1968) aposentadorias e reformas, serão assinados pelo Presidente da Re-
XII - Representante do Ministério do Exército; (Incluído pela Lei pública ou, mediante delegação deste, pelos Ministros de Estado,
nº 5.396, de 1968) conforme se dispuser em regulamento.
XIII - Representante do Ministério da Aeronáutica. (Incluído Art. 174. Os atos expedidos pelo Presidente da República ou Mi-
pela Lei nº 5.396, de 1968) nistros de Estado, quando se referirem a assuntos da mesma natu-
Parágrafo único. O Departamento Nacional de Telecomunica- reza, poderão ser objeto de um só instrumento, e o órgão adminis-
ções passa a integrar, como Órgão Central (art. 22, inciso II), o Mi- trativo competente expedirá os atos complementares ou apostilas.
nistério das Comunicações. Art . 175. Para cada órgão da Administração Federal, haverá
Art. 166. A exploração dos troncos interurbanos, a cargo da prazo fixado em regulamento para as autoridades administrativas
Empresa Brasileira de Telecomunicações, poderá, conforme as con- exigirem das partes o que se fizer necessário à instrução de seus
veniências econômicas e técnicas do serviço, ser feita diretamente pedidos.
ou mediante contrato, delegação ou convênio. § 1º As partes serão obrigatoriamente notificadas das exigên-
Parágrafo único. A Empresa Brasileira de Telecomunicações cias, por via postal, sob registro, ou por outra forma de comunica-
poderá ser acionista de qualquer das empresas com que tiver trá- ção direta.
fego-mútuo. § 2º Satisfeitas as exigências, a autoridade administrativa de-
Art. 167. Fica o Poder Executivo autorizado a transformar o cidirá o assunto no prazo fixado pelo regulamento, sob pena de res-
Departamento dos Correios e Telégrafos em entidade de Adminis- ponsabilização funcional.
tração Indireta, vinculada ao Ministério das Comunicações. (Vide Art. 176. Ressalvados os assuntos de caráter sigiloso, os órgãos
Decreto-Lei nº 509, de 20.3.1969) do Serviço Público estão obrigados a responder às consultas feitas
por qualquer cidadão, desde que relacionadas com seus legítimos
CAPÍTULO VI interesses e pertinentes a assuntos específicos da repartição.
DA INTEGRAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS Parágrafo único. Os chefes de serviço e os servidores serão so-
lidariamente responsáveis pela efetivação de respostas em tempo
Art. 168. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968) oportuno.
Art. 169. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968) Art . 177. Os conselhos, comissões e outros órgãos colegiados
que contarem com a representação de grupos ou classes econômi-
TÍTULO XV cas diretamente interessados nos assuntos de sua competência, te-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS rão funções exclusivamente de consulta, coordenação e assessora-
mento, sempre que àquela representação corresponda um número
CAPÍTULO I de votos superior a um terço do total.
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo os ór-
gãos incumbidos do julgamento de litígios fiscais e os legalmente
Art. 170. O Presidente da República, por motivo relevante de in- competentes para exercer atribuições normativas e decisórias rela-
teresse público, poderá avocar e decidir qualquer assunto na esfera cionadas com os impostos de importação e exportação, e medidas
da Administração Federal. cambiais correlatas.
Art. 171. A Administração dos Territórios Federais, vinculados Art. 178. As autarquias, as empresas públicas e as sociedades
ao Ministério do Interior, exercer-se-á através de programas pluria- de economia mista, integrantes da Administração Federal Indireta,
nuais, concordantes em objetivos e etapas com os planos gerais do bem assim as fundações criadas pela União ou mantidas com re-
Governo Federal. cursos federais, sob supervisão ministerial, e as demais sociedades
Art. 172. O Poder Executivo assegurará autonomia administra- sob o controle direto ou indireto da União, que acusem a ocorrência

150
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

de prejuízos, estejam inativas, desenvolvam atividades já atendidas os requisitos legais.


satisfatoriamente pela iniciativa privada ou não previstas no objeto § 2º Cargo militar é aquele que, de conformidade com as dis-
social, poderão ser dissolvidas ou incorporadas a outras entidades, posições legais ou quadros de efetivos das Forças Armadas, só pode
a critério e por ato do Poder Executivo, resguardados os direitos ser exercida por militar em serviço ativo.
assegurados, aos eventuais acionistas minoritários, nas leis e atos
constitutivos de cada entidade. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº CAPÍTULO II
2.299, de 1986) DOS BANCOS OFICIAIS DE CRÉDITO
Art . 179. Observado o disposto no art. 13 da Lei n° 4.320, de
17 de março de 1964 , o Ministério do Planejamento e Coordena- Art. 189. Sem prejuízo de sua subordinação técnica à autori-
ção Geral atualizará, sempre que se fizer necessário, o esquema de dade monetária nacional, os estabelecimentos oficiais de crédito
discriminação ou especificação dos elementos da despesa orçamen- manterão a seguinte vinculação:
tária. I - Ministério da Fazenda
Art . 180. As atribuições previstas nos arts. 111 a 113, da Lei nú- - Banco Central da República (Vide Decreto-Lei nº 278, de
mero 4.320, de 17 de março de 1964 , passam para a competência 28.2.1967)
do Ministério do Planejamento e Coordenação Geral. - Banco do Brasil
Art . 181. Para os fins do Título XIII desta Lei, poderá o Poder - Caixas Econômicas Federais
Executivo: II - Ministério da Agricultura
I - Alterar a denominação de cargos em comissão. - Banco Nacional do Crédito Cooperativo (Vide Decreto nº
II - Reclassificar cargos em comissão, respeitada a tabela de 99.192, de 1990)
símbolos em vigor. III - Ministério do Interior
III - Transformar funções gratificadas em cargos em comissão, - Banco de Crédito da Amazônia
na forma da lei. - Banco do Nordeste do Brasil
IV - Declarar extintos os cargos em comissão que não tiverem - Banco Nacional da Habitação (Vide Del 2.291, de 21.11.1986)
sido mantidos, alterados ou reclassificados até 31 de dezembro de IV - Ministério do Planejamento e Coordenação Geral
1968. - Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico.
Art . 182. Nos casos dos incisos II e III do art. 5º e no do inciso I
do mesmo artigo, quando se tratar de serviços industriais, o regime CAPÍTULO III
de pessoal será o da Consolidação das Leis do Trabalho; nos demais DA PESQUISA ECONÔMICO-SOCIAL APLICADA E DO FINAN-
casos, o regime jurídico do pessoal será fixado pelo Poder Executivo. CIAMENTO DE PROJETOS
Art . 183. As entidades e organizações em geral, dotadas de
personalidade jurídica de direito privado, que recebem contribui- Art. 190. É o Poder Executivo autorizado a instituir, sob a forma
ções para fiscais e prestam serviços de interesse público ou social, de fundação, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com
estão sujeitas à fiscalização do Estado nos termos e condições esta- a finalidade de auxiliar o Ministro de Estado da Economia, Fazenda
belecidas na legislação pertinente a cada uma. e Planejamento na elaboração e no acompanhamento da política
Art. 184. Não haverá, tanto em virtude da presente lei como em econômica e promover atividade de pesquisa econômica aplicada
sua decorrência, aumento de pessoal nos quadros de funcionários nas áreas fiscal, financeira, externa e de desenvolvimento setorial.
civis e nos das Forças Armadas. (Redação dada pela Lei nº 8.029, de 1990)
Art. 185. Incluem-se na responsabilidade do Ministério da In- Parágrafo único. O instituto vincular-se-á ao Ministério da Eco-
dústria e do Comércio a supervisão dos assuntos concernentes à nomia, Fazenda e Planejamento. (Redação dada pela Lei nº 8.029,
indústria siderúrgica, à indústria petroquímica, à indústria automo- de 1990)
bilística, à indústria naval e à indústria aeronáutica. Art. 191. Fica o Ministério do Planejamento e Coordenação
Art. 186. A Taxa de Marinha Mercante, destinada a proporcio- Geral autorizado, se o Governo julgar conveniente, a incorporar as
nar à, frota mercante brasileira melhores condições de operação e funções de financiamento de estudo e elaboração de projetos e de
expansão, será administrada pelo Órgão do Ministério dos Trans- programas do desenvolvimento econômico, presentemente afetos
portes, responsável pela navegação marítima e interior. ao Fundo de Financiamento de Estudos e Projetos (FINEP), criado
Art. 187. A Coordenação do Desenvolvimento de Brasília (CO- pelo Decreto nº 55.820, de 8 de março de 1965 , constituindo para
DEBRÁS) passa a vincular-se ao Ministro responsável pela Reforma esse fim uma empresa pública, cujos estatutos serão aprovados por
Administrativa. decreto, e que exercerá todas as atividades correlatadas de finan-
Art. 188. Toda pessoa natural ou jurídica - em particular, o de- ciamento de projetos e programas e de prestação de assistência
tentor de qualquer cargo público - é responsável pela Segurança técnica essenciais ao planejamento econômico e social, podendo
Nacional, nos limites definidos em lei. Em virtude de sua natureza receber doações e contribuições e contrair empréstimos de fontes
ou da pessoa do detentor, não há cargo, civil ou militar, específico de internas e externas. (Vide Decreto nº 61.056, de 1967)
segurança nacional, com exceção dos previstos em órgãos próprios
do Conselho de Segurança Nacional. CAPÍTULO IV
§ 1º Na Administração Federal, os cargos públicos civis, de pro- DOS SERVIÇOS GERAIS
vimento em comissão ou em caráter efetivo, as funções de pessoal
temporário, de obras e os demais empregos sujeitos à legislação Art. 192. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968)
trabalhista, podem ser exercidos por qualquer pessoa que satisfaça Art. 193. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968)

151
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Art . 194. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968) tentes.


Art. 195. (Revogado pela Lei nº 9.636, de 1998) II - Secretário-Geral e Inspetor-Geral de Finanças: Símbolo 1-C.
Art. 196. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968) III - Consultor Jurídico: igual ao dos Consultores Jurídicos dos
Art. 197. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968) Ministérios existentes.
IV - Diretor do Centro de Aperfeiçoamento: Símbolo 2-C.
CAPÍTULO V V - Diretor -Geral do Departamento de Serviços Gerais: Símbolo
DO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES 1-C.
Parágrafo único. O cargo de Diretor-Geral do Departamento
Art. 198. Levando em conta as peculiaridades do Ministério das Administrativo do Serviço Público (DASP), Símbolo 1-C, passa a de-
Relações Exteriores, o Poder Executivo adotará a estrutura orgânica nominar-se Diretor-Geral do Departamento Administrativo do Pes-
e funcional estabelecida pela presente Lei, e, no que couber, o dis- soal Civil (DASP), Símbolo 1-C.
posto no seu Título XI. Art. 207. Os Ministros de Estado Extraordinários instituídos no
Artigo 37 desta Lei terão o mesmo vencimento, vantagens e prerro-
CAPÍTULO VI gativas dos demais Ministros de Estado.
DOS NOVOS MINISTÉRIOS E DOS CARGOS Art . 208. Os Ministros de Estado, os Chefes dos Gabinetes Civil
e Militar da Presidência da República e o Chefe do Serviço Nacional
Art. 199. Ficam criados: de Informações perceberão uma representação mensal correspon-
I - (Revogado pela Lei nº 6.036, de 1974) dente a 50% (cinquenta por cento) dos vencimentos.
II - O Ministério do Interior, com absorção dos órgãos subordi- Parágrafo único. Os Secretários-Gerais perceberão idêntica re-
nados ao Ministro Extraordinário para Coordenação dos Organis- presentação mensal correspondente a 30% (trinta por cento) dos
mos Regionais. seus vencimentos.
III - O Ministério das Comunicações, que absorverá o Conselho
Nacional de Telecomunicações, o Departamento Nacional de Tele- TÍTULO XVI
comunicações e o Departamento dos Correios e Telégrafos. (Vide DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Decreto-Lei nº 509, de 20.3.1969)
Art. 200. O Ministério da Justiça e Negócios Interiores passa a Art. 209. Enquanto não forem expedidos os respectivos regu-
denominar-se Ministério da Justiça. lamentos e estruturados seus serviços, o Ministério do Interior, o
Art. 201. O Ministério da Viação e Obras Públicas passa a deno- Ministério do Planejamento e Coordenação Geral e o Ministério das
minar-se Ministério dos Transportes. Comunicações ficarão sujeitos ao regime de trabalho pertinente aos
Art. 202. O Ministério da Guerra passa a denominar-se Minis- Ministérios Extraordinários que antecederam os dois primeiros da-
tério do Exército. queles Ministérios no que concerne ao pessoal, à execução de servi-
Art. 203. O Poder Executivo expedirá os atos necessários à efeti- ços e à movimentação de recursos financeiros.
vação do disposto no Artigo 199, observadas as normas da presente Parágrafo único. O Poder Executivo expedirá decreto para con-
Lei. solidar as disposições regulamentares que em caráter transitório,
Art. 204. Fica alterada a denominação dos cargos de Ministro deverão prevalecer.
de Estado da Justiça e Negócios Interiores, Ministro de Estado da Art. 210. O atual Departamento Federal de Segurança Públi-
Viação e Obras Públicas e Ministro de Estado da Guerra, para, res- ca passa a denominar-se Departamento de Polícia Federal, consi-
pectivamente, Ministro de Estado da Justiça, Ministro de Estado dos derando-se automaticamente substituída por esta denominação a
Transportes e Ministro de Estado do Exército. menção à anterior constante de quaisquer leis ou regulamentos.
Art. 205. Ficam criados os seguintes cargos: Art. 211. O Poder Executivo introduzirá, nas normas que disci-
I - Ministros de Estado do Interior, das Comunicações e do Pla- plinam a estruturação e funcionamento das entidades da Adminis-
nejamento e Coordenação Geral. tração Indireta, as alterações que se fizerem necessárias à efetiva-
II - Em comissão: ção do disposto na presente Lei, considerando-se revogadas todas
a) Em cada Ministério Civil, Secretário-Geral, e Inspetor-Geral as disposições legais colidentes com as diretrizes nela expressamen-
de Finanças. te consignadas.
b) Consultor Jurídico, em cada um dos Ministérios seguintes: Art. 212. O atual Departamento Administrativo do Serviço Pú-
Interior, Comunicações, Minas e Energia, e Planejamento e Coorde- blico (DASP) é transformado em Departamento Administrativo do
nação Geral. Pessoal Civil (DASP), com as atribuições que, em matéria de admi-
c) Diretor do Centro de Aperfeiçoamento, no Departamento Ad- nistração de pessoal, são atribuídas pela presente Lei ao novo ór-
ministrativo do Pessoal Civil (DASP). gão. (Vide Lei nº 6.228, de 15.7.1975)
d) Diretor-Geral do Departamento dos Serviços Gerais, no Mi- Art. 213. Fica o Poder Executivo autorizado, dentro dos limites
nistério da Fazenda. dos respectivos créditos, a expedir decretos relativos às transferên-
Parágrafo único. À medida que se forem vagando, os cargos de cias que se fizerem necessárias de dotações do orçamento ou de
Consultor Jurídico atualmente providos em caráter efetivo passarão créditos adicionais requeridos pela execução da presente Lei.
a sê-lo em comissão.
Art. 206. Ficam fixados da seguinte forma os vencimentos dos
cargos criados no Art. 205:
I - Ministro de Estado: igual aos dos Ministros de Estado exis-

152
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

TÍTULO XVII Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS de forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a
transparecer que os demais agentes que exercem, com alto grau de
Art. 214. Esta Lei entrará em vigor em 15 de março de 1967, autonomia, categorias da soberania do Estado em decorrência de
observado o disposto nos parágrafos do presente artigo e ressalva- previsão constitucional, como é o caso dos membros do Ministério
das as disposições cuja vigência, na data da publicação, seja por ela Público, da Magistratura e dos Tribunais de Contas.
expressamente determinada.
§ 1º Até a instalação dos órgãos centrais incumbidos da admi- – Servidores Públicos Civis
nistração financeira, contabilidade e auditoria, em cada Ministério De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas
(art. 22), serão enviados ao Tribunal de Contas, para o exercício da que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas
auditoria financeira: jurídicas da Administração Indireta em função da relação de
a) pela Comissão de Programação Financeira do Ministério da trabalho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos
Fazenda, os atos relativos à programação financeira de desembol- cofres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas
so; jurídicas.
b) pela Contadoria Geral da República e pelas Contadorias Sec- Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públicos
cionais, os balancetes de receita e despesa; em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação
c) pelas repartições competentes, o rol de responsáveis pela aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores
guarda de bens, dinheiros e valores públicos e as respectivas toma- militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas
das de conta, nos termos da legislação anterior à presente lei. de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores
§ 2º Nos Ministérios Militares, cabe aos órgãos que forem dis- públicos para se referir somente aos servidores públicos civis.
criminados em decreto as atribuições indicadas neste artigo. De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos,
Art . 215 Revogam-se as disposições em contrário. os servidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte
maneira:
Brasília, em 25 de fevereiro de 1967; 146º da Independência e
79º da República. – Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos
pelo regime estatutário.
– Servidores ou empregados públicos: são os servidores
AGENTES PÚBLICOS: REGIME JURÍDICO ÚNICO (LEI Nº
contratados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos.
8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES)
– Servidores temporários: são os contratados por determinado
período de tempo com o objetivo de atender à necessidade
Conceito temporária de excepcional interesse público. Exercem funções
A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo, públicas, mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos
várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as por regime jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade
concernentes à Administração Pública e seus agentes como um federativa.
todo. – Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os
A designação “agente público” tem sentido amplo e serve militares eram tratados como “servidores militares”. Militares são
para conceituar qualquer pessoa física exercente de função aqueles que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha,
pública, de forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou o Exército e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de
administrativa, com investidura definitiva ou transitória. Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios,
que estão sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pelos
Espécies (classificação) cofres públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as estatutário disciplinado em lei por lei, os militares estão submetidos
categorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores à regras jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis
públicos civis, militares e particulares em colaboração com o serviço estatutários, justificando, desta forma, o enquadramento em uma
público. categoria propícia de agentes públicos.
Vejamos cada classificação detalhadamente: Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares
alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral,
– Agentes políticos são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas
Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbência com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal;
de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos. licença à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade
Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal, e assistência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o
estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam, nascimento até cinco anos de idade em creches e pré-escolas.
os Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder Ademais, os servidores militares estão submetidos por força
Legislativo como Senadores, Deputados e Vereadores. da Constituição Federal a determinadas regras próprias dos
De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo, servidores públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório,
com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de irredutibilidade de vencimentos, dentre outras peculiaridades.
cargos comissionados, de livre nomeação e exoneração. Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas
algumas vedações que constituem direito dos demais agentes

153
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

públicos, como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como – Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de
da greve e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos permanência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação
políticos. para esses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso
público.
— Cargo, Emprego e Função Pública – Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o
Para que haja melhor organização na Administração Pública, art. 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às
os servidores públicos são amparados e organizados a partir de atribuições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados
quadros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos, de maneira temporária, em função da confiança depositada pela
empregos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma autoridade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não
pessoa jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos depende de aprovação em concurso público, podendo a exoneração
internos. do seu ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da
autoridade nomeante.
Cargo
O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei Emprego
8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribuições Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito
e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que
ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos considerar também chamados de celetistas ou empregados públicos.
o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional da A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo
Administração Pública a ser preenchido por um servidor público. que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do
Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados, empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do
transformados e extinguidos por força de lei. servidor titular de cargo público é de natureza estatutária.
Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os
Poder Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas
de cargos, empregos e funções públicas. autarquias e fundações públicas de direito público, levando em
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não conta a restauração da redação originária do caput do art. 39 da
depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que CF/1988 (ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado
mesmo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou é o estatutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência
veto do chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que entre o regime estatutário e o celetista relativo aos entes que,
são leis sem sanção. anteriormente à concessão da medida cautelar mencionada,
A despeito da criação de cargos, vejamos: tenham realizado contratações e admissões no regime de emprego
a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe público. No tocante às pessoas de Direito Privado da Administração
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). Indireta como as empresas públicas, sociedades de economia mista
b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e e fundações públicas de direito privado, infere-se que somente é
do Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos possível a existência de empregados públicos, nos termos legais.
respectivos Tribunais ou Procuradores-Gerais em se tratando da
criação de cargos para o Ministério Público. Função Pública
c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou Função pública também é uma espécie de ocupação de agente
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora. existem determinadas atribuições que também são exercidas
por servidores públicos, mas no entanto, essas funções não
Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se compõem a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego
estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por público, como por exemplo, das funções exercidas por servidores
decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver contratados temporariamente, em razão de excepcional interesse
ocupado, só poderá ser extinto por lei. público, com base no art. 37, IX, da CFB/88.
Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias,
Vejamos: desempenhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego
– Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes público. Além disso, existem funções de chefia, direção e
podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em assessoramento para as quais o legislador não cria o cargo
razão do regime de progressão do servidor na carreira. respectivo, já que serão exercidas com exclusividade por ocupantes
– Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de de cargos efetivos, nos termos do art. 37, V, da CFB/88.
seus titulares. – Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da
CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão,
Em relação às garantias e características especiais que lhe são as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de
conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos; direção, chefia e assessoramento.
e comissionados. Vejamos:

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Regimente Jurídico de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento


originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra
– Provimento carreira.
Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público
servidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento
qual ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira
as funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa. por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia
Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma
cargos públicos em dois grupos. São eles: defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula
– Provimento originário: é ato administrativo que designa um vinculante nº 43 do Supremo Tribunal Federal
cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores
daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública. – Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade
O provimento originário é a única forma de nomeação de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia
reconhecida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em
ressalte-se, dependendo de prévia habilitação em concurso público cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
de provas ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei,
a ordem de classificação e o prazo de sua validade. Destaque- Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado
se que o momento da nomeação configura discricionariedade permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas características
do administrador, na qual devem ser respeitados os prazos do específicas. Vejamos:
concurso público, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90,
devendo, por conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito – Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira
dos requisitos para a ocupação do cargo. ensejando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais
Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este altos, na carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade
ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas e merecimento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha
a garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne ingressado, mediante aprovação em concurso público no serviço
servidor público, o particular deverá assinar o termo de posse, se público, bem como mediante assunção de cargo escalonado em
submetendo a todas as normas estatuárias da instituição. carreira.
O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira
investidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de
Lei 8.112/90. forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento.
De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível
é de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por
provimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a exemplo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o
devida comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por cargo de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que
meio de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3° tal situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem
da lei 8.112/90. a realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi
Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o servidor abolida pela Constituição Federal de 1988.
público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para iniciar a
exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1° do Estatuto – Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação
dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das Fundações disposta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor
Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo respeitado em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por
este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos: este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese,
Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo,
tornado sem efeito o ato de sua designação para função de no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que
confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos neste sofreu em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta
artigo, observado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n. limitação mediante a apresentação de laudo laboral expedido por
9.527, de 10.12.97). junta médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente
Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para a impossibilidade de o agente se manter no exercício de suas
posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração, atividades de trabalho.
tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de
servidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo vencimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido
a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação. pelo servidor em virtude da readaptação.

– Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a – Observação importante: esta modalidade de provimento
um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administração derivado independe da existência de cargo vago na carreira,
Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em que porque ainda que este não exista, o servidor sempre terá direito
pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento derivado de ser readaptado e poderá exercer suas funções no novo cargo
somente será possível de ser concretizado, se o agente provier como excedente. Caso não haja nenhum cargo na carreira, com

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funções compatíveis, o servidor poderá ser aposentado por servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser demitido
invalidez. Para que haja readaptação, não há necessidade de a ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilidade. Nesses
limitação ter ocorrido por causa do exercício do labor ou da função. casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma temporária,
A princípio, independentemente de culpa, o servidor tem direito a mantendo o vínculo com a administração pública.
ser readaptado.
Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilidade,
– Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo
servidor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento
de cargo específico e retorna às suas atividades. Esse provimento será obrigatório.
pode ocorrer de quatro formas. São elas:
a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retorno – Observação importante: o aproveitamento é obrigatório
do servidor público aposentado ao exercício do cargo público. A tanto para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre
reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez, porque a Administração Pública não pode deixar de executar o
quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de aproveitamento para nomear novos candidatos, da mesma forma
laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que que o servidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo
os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram a recusar o aproveitamento.
insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do
servidor ao cargo. – Vacância
Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do
de forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo
dispostos em lei, a legislação ordena que havendo interesse da público vago. É um fato administrativo que informa que o cargo
Administração Pública, que o servidor tenha requerido a reversão, público não está provido e poderá preenchido por novo agente.
que a aposentadoria tenha sido de forma voluntária, que o agente A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas:
público já tivesse, antes, adquirido estabilidade quando no exercício
da atividade, que a aposentadoria tenha se dado nos cinco anos a) Aposentadoria: acontece quando mediante ato praticado
anteriores à solicitação e também que haja cargo vago, no momento pela Administração Pública, o servidor público passa para a
da petição de reversão. inatividade. No Regime Próprio de Previdência do Servidor Público,
a aposentadoria pode-se dar voluntariamente, compulsoriamente
b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer ou por invalidez, devendo ser aprovada pelo Tribunal de Contas
o retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava para que tenha validade. A aposentadoria pode ocorrer pelas
anteriormente, em decorrência da anulação do ato de demissão. seguintes maneiras:
Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a
demissão do servidor estável por decisão judicial ou administrativa, – Falecimento
ponderando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por Quando se tratar de fato administrativo alheio ao interesse
tudo que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal. do servidor ou da Administração Pública, torna inevitavelmente
inviável a ocupação do cargo.
c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, trata-
se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente – Exoneração
ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses: Acontece sempre que o desfazimento do vínculo com o poder
– Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro cargo: público ocorre por situação prevista em lei, sem penalidades, dando
quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual já fim à relação jurídica funcional que havia tido início com a posse.
havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do
serviço público. Ressalte-se que a exoneração pode ocorrer a pedido do
– Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação servidor, situação na qual, por vontade do agente público, o vínculo
exposta, na situação prática apresentada anteriormente, através se restará desfeito e o cargo vago.
da qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é b) Demissão: será cabível todas as vezes em que o servidor
posteriormente reintegrado. cometer infração funcional, prevista em lei e será punível com a
– Observação importante: A recondução não gera direito à perda do cargo público. A demissão está disposta na lei 8.112/90
percepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim, em forma de sanção aplicada ao servidor que cometer.
o servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a Quaisquer das infrações dispostas no art. 132 que
remuneração deste cargo. são configuradas como condutas consideradas graves. Em
determinados casos, definidos pelo legislador, a demissão proporá
d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se de forma automática a indisponibilidade dos bens do servidor até
encontra em disponibilidade, para assumir cargo com funções que esse faça os devidos ressarcimentos ao erário. Em se tratando
compatíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto de situações mais extremas, o legislador vedará por completo a o
o cargo que antes ocupava. retorno do servidor ao serviço público.
Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a extinção
ou declaração de desnecessidade de determinado cargo público, o

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A penalidade deverá ser por meio de processo administrativo hierarquia de lei, não está na dependência de deliberação executiva
disciplinar no qual se observe o direito ao contraditório e a ampla com sanção ou veto do chefe do Executivo. Referidas normas, em
defesa. geral, são chamadas de Resoluções.
Denota-se que é a norma criadora do cargo a responsável pela
c) Readaptação: é a de investidura do servidor em cargo de denominação, as atribuições e a remuneração correspondentes aos
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que cargos públicos, nos termos da lei.
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada Uma questão de suma relevância, é a iniciativa da lei que cria,
em inspeção minuciosamente realizada por junta médica oficial do extingue ou transforma cargos. A despeito da criação de cargos,
órgão competente. vejamos:
O servidor que for readaptado, assumindo o novo cargo desde
que seja com funções compatíveis com sua nova situação, deverá – Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe
retornar ao cargo anteriormente ocupado. Assim, a readaptação desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”).
ensejará o provimento de um cargo e, por conseguinte, a vacância – Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e
de outro, acopladas num só ato. do Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos
respectivos Tribunais ou Procuradores-Gerais em se tratando da
d) Promoção: ocorre no momento em que o servidor público, criação de cargos para o Ministério Público.
por antiguidade e merecimento, alternadamente, passa a assumir – Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
cargo mais elevado na carreira de ingresso. transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
e) Posse em cargo inacumulável: todas as vezes que o servidor (Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.
tomar posse em cargo ou emprego público de carreira nova,
mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
e títulos, de forma que o novo cargo não seja acumulável com o estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
primeiro. decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
Ocorrendo isso, em decorrência da vedação estabelecida ocupado, só poderá ser extinto por lei.
pela Carta Magna de acumulação de cargos e empregos públicos, Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados.
será necessária a vacância do cargo anteriormente ocupado. Não Vejamos:
fazendo o servidor a opção, após a concessão de prazo de dez dias, – Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
por conseguinte, o poder público poderá instaurar, nos termos da podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
lei, processo administrativo sumário, pugnando na aplicação da razão do regime de progressão do servidor na carreira.
penalidade de demissão do servidor. – Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de
seus titulares.
– Efetividade
A efetividade não se confunde com a estabilidade. Ao passo Em relação às garantias e características especiais que lhe são
que a estabilidade é a garantia constitucional disposta no art.14, conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
que garante a permanência no serviço público outorgada ao e comissionados. Vejamos:
servidor que, no ato de nomeação por concurso público para cargo – Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de
de provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio permanência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação
probatório e aprovado numa avaliação específica e especial de para esses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso
desempenho, a efetividade é a situação jurídica daquele servidor público.
que ocupa cargo de provimento efetivo.
Os cargos de provimento efetivo são aqueles que só podem ser – Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o
titularizados por servidores estatutários. Sua nomeação depende art. 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às
explicitamente da aprovação em concurso público. atribuições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados
Ao ingressar no serviço público, o servidor ao ocupar cargo de maneira temporária, em função da confiança depositada pela
de provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. autoridade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não
Entretanto, o mencionado servidor efetivo só terá garantida sua depende de aprovação em concurso público, podendo a exoneração
permanência no serviço público, a estabilidade, depois de três anos do seu ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da
de exercício, desde que seja aprovado no estágio probatório. autoridade nomeante.
Ressalte-se que antes da EC 32/2001, os cargos e as funções
– Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e públicas só podiam ser extintos por determinação de lei. Entretanto,
funções a mencionada emenda constitucional alterou a redação do art. 84,
Via de regra, os cargos públicos apenas podem ser criados, VI, “b”, da CF, passando a legislar admitindo que o Presidente da
transformados ou extintos por determinação de lei. Cabe ao Poder República possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de
Legislativo, com o sancionamento do chefe do Poder Executivo, decreto, quando estes se encontrarem vagos.
dispor sobre a criação, transformação e extinção de cargos, O resultado disso, é que, ao aplicar o princípio da simetria,
empregos e funções públicas.Em se tratando de cargos do Poder a consequência é que os Governadores e Prefeitos, se houver
Legislativo, o processo de criação não depende apenas de lei, semelhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou
mas sim de uma norma que mesmo apesar de possuir a mesma Leis Orgânicas, também podem extinguir por decreto funções ou

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cargos públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios. resumir das seguintes formas:
Assim sendo, em se restando vagos, os cargos ou funções
públicas, embora sejam criados por lei, poderão ser extintos por lei A iniciativa é privativa do
ou por decreto do chefe do Poder Executivo. Entretanto, se o cargo Cargo do Poder Executivo
Presidente da República
estiver ocupado, só poderá ser extinto através de lei, uma vez que Federal
(CFB, art. 61, § 1.º, II, “a”);
não se admite a edição de decreto com essa finalidade.
Cargos da Câmara dos a iniciativa é privativa
– Remuneração Deputados dessa Casa (CFB, art. 51, IV);
A Constituição Federal Brasileira aduz no art. 37, inciso X do art. a iniciativa é privativa
Cargos do Senado Federal
37, a seguinte redação: dessa Casa (CF, art. 52, XIII);
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados Compete de forma privativa ao Supremo Tribunal Federal, aos
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem Legislativo a respectiva remuneração dos seus serviços auxiliares e
distinção de índices; dos juízos que lhes forem vinculados, e, ainda a fixação do subsídio
de seus membros e dos Juízes, inclusive dos tribunais inferiores,
Infere-se que a alteração mais importante trazida a esse onde houver (CF, art. 48, XV, e art. 96, II, ‘b ).
dispositivo por meio da EC 19/1998, foi a exigência de lei específica Observe-se que a fixação do subsídio dos deputados federais,
para que seja fixada ou que haja alteração na remuneração em dos senadores, do Presidente e do Vice-Presidente da República e
sentido amplo de todos os servidores públicos. Isso significa que dos Ministros de Estado é da competência exclusiva do Congresso
cada alteração de remuneração de cargo público deverá ser feita Nacional e não se encontra sujeita à sanção ou veto do Presidente
através da edição de lei ordinária específica para tratar desse da República. Nesse sentido específico, em virtude de previsão
assunto. constitucional, a determinação dos aludidos subsídios não é
O termo “subsídio”, o qual o texto do inciso X do art. 3 realizada por meio de lei, mas sim por intermédio de Decreto
7 menciona, é um tipo de remuneração inserida em nosso Legislativo do Congresso Nacional.
ordenamento jurídico através da EC 19/1998, que é de medida Nesse sentido, em relação entendimento do Supremo Tribunal
obrigatória para alguns cargos e facultativa para outros. Federal, esse órgão entende que a concessão da revisão geral
Nos parâmetros do § 4.º do art. 39 da Constituição Federal, o anual” a que se refere o inciso X do art. 37 da Constituição deve
subsídio deverá ser “fixado em parcela única, vedado o acréscimo ser efetivada por intermédio de lei de iniciativa privativa do Poder
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de Executivo de cada Federação.
representação ou outra espécie remuneratória”. No estudo desse O inciso X do art. 37 da Constituição Federal em sua parte final,
paramento legal, depreende-se que o subsídio é uma espécie garante a” revisão geral anual” da remuneração e do subsídio dos
remuneração em sentido amplo. “servidores públicos” sempre na mesma data e sem distinção de índices.
Não obstante, a redação do inciso X do art. 3 7 não tenha A Constituição da República em seu texto original, usava os
usado o termo “vencimento”, convém anotar que este é usado com termos “servidor público civil” e “servidor público militar”. No
frequência para indicar a remuneração dos servidores estatutários entanto, a partir da aprovação da EC 1811998, estas expressões
que não percebem subsídio. deixaram de existir e o texto constitucional passou a se referir aos
Nesse conceito, os “vencimentos”, também são considerados servidores civis, apenas como “servidores públicos” e aos servidores
um tipo de remuneração em sentido amplo. São compostos pelo militares, apenas como “militares.
vencimento normal do cargo com o acréscimo das vantagens Também em seu texto original e primitivo, a Constituição
pecuniárias estabelecidas em lei. Federal de 1988 determinava a obrigatoriedade do uso de índices
Portanto, o disposto no inciso X do art. 37 da CFB/88, ao de revisão de remuneração idênticos para servidores públicos civis
determinar “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio”, e para servidores públicos militares (expressões usadas antes da EC
está, em síntese, acoplando as duas espécies remuneratórias, 18/1998). Acontece que no atual inciso X do art. 37, que resultou
vencimentos e subsídios que os servidores públicos estatutários da EC 1911998, existe referência apenas a “servidores públicos”,
podem receber. o que leva a entender que o preceito nele contido não pode ser
Pondera-se que o termo “salário” não é alcançado pelo aplicado aos militares, uma vez que estes não se englobam mais
citado dispositivo, posto que este trata-se do nome usado para como espécie do gênero “servidores públicos”.
o pagamento ou quitação de serviços profissionais prestados em A remuneração dos servidores públicos passa anualmente por
uma relação de emprego quando a mesma é sujeita ao regime período revisional. Esse ato também faz parte do contido na EC
trabalhista, que é controlado e direcionado pela Consolidação das 19/1998.
Leis do Trabalho. Assim sendo, entende-se que os empregados O objetivo da revisão geral anual, ao menos, em tese, possui o
públicos recebem salário. fulcro de recompor o poder de compra da remuneração do servidor,
Dependerá do cargo conforme o dispositivo de lei que o rege, devido a inflação que normalmente está em alta. Por não se tratar
para que a iniciativa privativa das leis que fixem ou alterem as de aumento real da remuneração ou do subsídio, mas somente de
remunerações e subsídios dos servidores públicos. De acordo com um aumento nominal, por esse motivo, é denominado, às vezes, de
a Constituição, atinente às principais hipóteses de iniciativa de leis “aumento impróprio”.
que tratem a respeito da remuneração de cargos públicos, podemos

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Esclarece-se que a revisão geral de remuneração e subsídio que O art. 37, § 11, da CFB/88 também regulamenta o assunto
o dispositivo constitucional em exame menciona, não é implantada ao afirmar que estão submetidos ao teto a remuneração e o
mediante a reestruturação de algumas carreiras, posto que as subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
reestruturações de carreiras não são anuais, nem, tampouco gerais, administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de
pois se limitam a cargos específicos, além de não manterem ligação qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
com a perda de valor relativo da moeda nacional. Já a revisão geral, dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
de forma adversa das reestruturações de carreiras, tem o condão agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
de alcançar todos os servidores públicos estatutários de todos os remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
Poderes da Federação em que esteja efetuando e deve ocorrer a vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza. Referente às
cada ano. parcelas de caráter indenizatório, estas não serão computadas para
Registre-se que a remuneração do servidor público é submetida efeito de cálculo do teto remuneratório.
aos valores mínimo e máximo. Perceba que a regra do teto remuneratório também e
Em relação ao valor mínimo, a Carta Magna predispõe aos plenamente aplicável às empresas públicas e às sociedades de
servidores públicos a mesma garantia que é dada aos trabalhadores economia mista, e suas subsidiárias, que percebem recursos da
em geral, qual seja, a de que a remuneração recebida não pode ser União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
inferior ao salário mínimo. No entanto, tal garantia se refere ao total pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art.
da remuneração recebida, e não em relação ao vencimento-base. 37, § 9º, da CF).No entanto, se essas entidades não vierem a
Sobre o assunto, o STF deixou regulamentado na Súmula Vinculante receber recursos públicos para a quitação de despesas de custeio
16. e de pessoal, seus empregados não estarão submetidos ao teto
Ressalta-se que a garantia da percepção do salário mínimo remuneratório previsto no art. 37, XI, da CF.
não foi assegurada pela Constituição Federal aos militares. Para o Nos trâmites desse dispositivo constitucional, resta-se
STF, a obrigação do Estado quanto aos militares está limitada ao existente um teto geral remuneratório que deve ser aplicado a
fornecimento das condições materiais para a correta prestação todos os Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. Para tanto, sendo este, o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
denota-se que os militares são enquadrados em um sistema que Além disso, referente a esse teto geral, existem tetos específicos
não se confunde com o que se aplica aos servidores civis, uma vez aplicáveis aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
que estes têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos Em se tratando da esfera estadual e distrital, denota-se que
próprios (RE 570177/MG). a remuneração dos servidores públicos não podem exceder o
Consolidando o entendimento, enfatiza-se que a Suprema subsídio mensal dos Ministros do STF, bem como, ainda, não pode
Corte editou a Súmula Vinculante 6, por meio da qual afirma que ultrapassar os limites a seguir:
“não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração – Na alçada do Poder Executivo: o subsídio do Governador;
inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço – Na alçada do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados
militar inicial”. Estaduais e Distritais;
Referente ao limite máximo, foi estabelecido o teto – Na alçada do Poder Judiciário: o subsídio dos
remuneratório pelo art. 37, XI, da CF, com redação dada pela EC Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do
41/2003. Vejamos: subsídio dos Ministros do STF. Infere-se que esse limite também é
nos termos da Lei, aplicável aos membros do Ministério Público,
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, aos Procuradores e aos Defensores Públicos, mesmo que estes não
funções e empregos públicos da administração direta, autárquica integrem o Poder Judiciário.
e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos Em relação aos Estados e ao Distrito Federal, a Carta Magna,
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os no art. 37, § 12 com redação incluída pela EC 47/2005, facultou a
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cada um desses entes fixar, em sua alçada, um limite remuneratório
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de local único, sendo ele o subsídio mensal dos Desembargadores do
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, respectivo Tribunal de Justiça que é limitado a 90,25% do subsídio
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando- dos Ministros do STF. Se os Estados ou Distrito Federal desejarem
se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados adotar o subteto único, deverão realizar tal tarefa por meio de
e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito emenda às respectivas Constituições estaduais ou, ainda, à Lei
do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais Orgânica do Distrito Federal. Entretanto, em consonância com a
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores Constituição Federal, o limite local único não deve ser aplicado aos
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Finalizando, em relação à esfera municipal, a remuneração
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder dos agentes públicos não poder exceder o teto geral e também
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, não pode exceder o subsídio do Prefeito que cuida-se do subteto
aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela municipal.
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003). Registre-se ainda, que a Constituição Federal carrega em
seu bojo a regra de que “os vencimentos dos cargos do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

pagos pelo Poder Executivo” (art. 37, XII, da CF). No entanto, esta 1.531.494/SC).
norma tem sido de pouca aplicação, pelo fato de possuir conteúdo
genérico, ao contrário da previsão inserida no art. 37, XI, da CFB/88, – Diárias
que explicitamente estabelece limites precisos para os tetos São devidas ao servidor que a serviço, se afastar da sede em
remuneratórios. caráter eventual ou transitório para outro ponto do território
nacional ou para o Exterior, que também fará jus a passagens
Direitos e deveres destinadas a indenizar as despesas extraordinárias com pousada,
Adentrando ao tópico dos direitos e deveres dos agentes alimentação e locomoção urbana.
públicos, com o amparo da Lei 8112/90, que dispõe sobre o regime As diárias são devidas apenas nas hipóteses de deslocamentos
jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias eventuais ou transitórios. Assim, o servidor não fará jus a diárias se
e das fundações públicas federais, é importante explanar que além o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo
do vencimento-base, a lei prevê que o servidor federal poderá (art. 58, § 2º).
receber vantagens pecuniárias, sendo elas: Não terá direito a diárias o servidor que se deslocar dentro da
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião,
– Indenizações constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas,
Têm como objetivo ressarcir aos servidores em razão de ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes,
despesas que tenham tido por motivo do exercício de suas funções. cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores
São previstos por determinação legal, os seguintes tipos de brasileiros consideram-se estendidas, salvo se houver pernoite fora
indenizações a serem pagas ao servidor federal: da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas
a) Ajuda de custo: é destinada a compensar as despesas de para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58, § 3º).
instalação do servidor que, a trabalho em prol do interesse do A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida
serviço público, passar a laborar em nova sede, isso com mudança pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da
de domicílio em caráter permanente. sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas
A ajuda de custo também será devida àquele agente que, não extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º).
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, Além disso, o servidor que receber diárias e porventura, não
com mudança de domicílio. Por outro ângulo, não será concedida se afastar da sede, será obrigado a restituí-las em valor integral no
ajuda de custo ao servidor que em virtude de mandato eletivo se prazo de cinco dias.
afastar do cargo, ou vier a reassumi-lo. Da mesma forma, retornando o servidor à sede antes do
O cálculo pecuniário da ajuda de custo é feito sobre a previsto, também ficará obrigado a devolver as diárias percebidas
remuneração do servidor, e não pode exceder a importância em excesso no prazo de cinco dias.
correspondente a três meses de remuneração. a) Indenização de transporte: é devida ao servidor que no
Referente a cônjuge ou companheiro do servidor beneficiado exercício de serviço de interesse público realizar despesas com
pela ajuda de custo que também seja servidor e, a qualquer tempo, a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de
passe a ter exercício na mesma sede do seu cônjuge ou companheiro, serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo (art.
não é permitido pela legislação que ocorra o pagamento de uma 60 da Lei 8.112/90).
segunda ajuda de custo. b) Auxílio-moradia: é o ressarcimento das despesas
Além de receber o valor pago pela ajuda de custo, todas as devidamente comprovadas e realizadas pelo servidor público com
despesas de transporte do servidor e de sua família, deverão ser aluguel de moradia ou, ainda com outro meio de hospedagem
arcadas pela Administração Pública, compreendendo passagem, devidamente administrado por empresa hoteleira, no decurso do
bagagem e bens pessoais. prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor.
Falecendo o servidor estando lotado na nova sede, sua família, Para fazer jus ao recebimento do auxílio-moradia, o servidor
por conseguinte, fará jus à ajuda de custo bem como de transporte deverá atender a alguns requisitos cumulativos previstos na lei (art.
para retornar à localidade de origem, no prazo de um ano, contado 60-B). Vejamos:
do óbito. Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se
Com o fito de evitar enriquecimento sem causa, a lei determina atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de
que o servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, 2006).
sem se justificar, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
dias. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
— Observação importante: O STJ entende que a ajuda de custo funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
somente é devida aos servidores que, no interesse da Administração, III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha
forem removidos ex officio, com fundamento no art. 36, parágrafo sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente
único, I, da Lei 8.112/1990. No entanto, quando a remoção ocorrer cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
em decorrência de interesse particular do servidor, a ajuda de custo incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção,
não é devida. Assim, por exemplo, se o servidor público passar a nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela
ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter Lei nº 11.355, de 2006).
permanente, por meio de processo seletivo de remoção, não terá IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
direito à percepção da verba de ajuda de custo (AgRg no REsp auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

V - o servidor tenha se mudado do local de residência para entre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor
ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo- que exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional
Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de noturno, cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre
Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído a hora trabalhada no turno diurno. Além disso, será considerado
pela Lei nº 11.355, de 2006). como uma hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função minutos e trinta segundos (art. 75).
de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em
relação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído f) Adicional de férias: é garantido pela Constituição Federal e
pela Lei nº 11.355, de 2006). disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias,
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo das férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia
inferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva
11.355, de 2006). vantagem será considerada no cálculo do adicional de férias.
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração h) Gratificação por encargo de curso ou concurso: é direito
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº assegurado ao servidor que, em caráter eventual, se encaixar nas
11.355, de 2006). hipóteses do art.76-A, tais como: atuar como instrutor em curso
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente
(Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007). instituído no âmbito da administração pública federal; participar de
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise
prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de
relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por
candidatos; participar da logística de preparação e de realização
– Gratificações de concurso público envolvendo atividades de planejamento,
São vantagens pecuniárias que constituem acréscimos coordenação, supervisão, incluídas entre as suas atribuições
de estipêndio, que acopladas ao vencimento constituem a permanentes e participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas
remuneração do servidor público. de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas
Em consonância com o art. 61 da Lei 8.112/1990 depreende-se atividades.
que, além do vencimento e das indenizações, poderão ser deferidas Vale a pena registrar que, em tempos remotos, a lei contemplava
aos servidores as seguintes retribuições em forma de gratificações o pagamento do adicional por tempo de serviço. Entretanto, o
e adicionais: dispositivo legal que previa o mencionado adicional foi revogado.
a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia Contemporaneamente, esta vantagem é paga somente aos
e assessoramento: “Ao servidor ocupante de cargo efetivo servidores que à época da revogação restavam munidos de direito
investido em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo adquirido à sua percepção.
de provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida
retribuição pelo seu exercício” (art. 62). O valor dessa retribuição – Adicionais
será fixado por lei específica. Adicionais são formas de remuneração do risco à vida e à
b) Gratificação natalina: equivale ao 13º salário do trabalhador saúde dos trabalhadores com caráter transitório, enquanto durar
da iniciativa privada, ou pública sendo calculada à razão de 1/12 a exposição aos riscos de trabalho do servidor. No serviço público,
da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, podemos resumi-los da seguinte forma:
por mês de exercício no respectivo ano. Para efeito de pagamento a) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
da gratificação natalina, a fração igual ou superior a 15 dias de ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores
exercício será considerada como mês integral. que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que
c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas provocam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores periculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que habitualmente colocam em risco a sua vida.
provocam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de b) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele
periculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor.
habitualmente colocam em risco a sua vida. Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será
d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor. trabalho.
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será No entanto, somente será permitido serviço extraordinário
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o
trabalho. limite máximo de duas horas por jornada, nos ditames do art.74.
(art. 73). No entanto, somente será permitido serviço c) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido
extraordinário para atender a situações excepcionais e temporárias, entre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor
respeitado o limite máximo de duas horas por jornada (art. 74). que exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional
e) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido noturno, cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

a hora trabalhada no turno diurno. Além disso, será considerado das férias a que tiver direito, bem como ao incompleto, na exata
como uma hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois proporção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou, ainda
minutos e trinta segundos (art. 75). de fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Ocorrendo isso, a
d) Adicional de férias: é disposto na Constituição Federal e indenização poderá ser calculada com base na remuneração do mês
disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente em que for publicado o ato exoneratório (art. 78, § 4º).
de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias,
um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período – Observação importante: o STJ vem aplicando de forma
das férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia pacífica o entendimento de que, ocorrendo vacância, por posse
ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva em outro cargo inacumulável, sem solução de continuidade no
vantagem será considerada no cálculo do adicional de férias. tempo de serviço, o direito à fruição das férias não gozadas nem
e) Adicional de atividade penosa: será devido aos servidores indenizadas transfere-se para o novo cargo, ainda que este último
que estejam em exercício de suas funções em zonas de fronteira ou tenha remuneração maior (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1008567/
em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18.09.2008, DJe
condições e limites fixados em regulamento (art. 71). 20.10.2008).
Via de regra, as férias dos servidores públicos devem ser
– Observação importante: O direito ao adicional de gozadas sem quaisquer tipos de interrupção. Entretanto, como
insalubridade ou periculosidade cessa com a eliminação das exceção, a lei estabelece dispositivo que determina que as férias
condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão (art. 68, somente poderão ser interrompidas nas seguintes hipóteses art. 80
§ 2º). da Lei 8112/90:
O servidor que pelas circunstâncias fizer jus aos adicionais de a) calamidade pública;
insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles, não b) comoção interna;
podendo perceber ditas vantagens cumulativamente (art. 68, § 1º). c) convocação para júri, serviço militar ou eleitoral; ou
d) por necessidade do serviço declarada pela autoridade
– Férias máxima do órgão ou entidade.
De modo geral, podemos afirmar que as férias correspondem
ao direito do servidor a um período de descanso anual remunerado, – Licenças
por meio do qual, para a maioria dos servidores é de trinta dias. São períodos por meio dos quais o servidor tem direito de se
Esse direito do servidor está garantido pela Constituição Federal, afastar das suas atividades, com ou sem remuneração, de acordo
porém, a disciplina do seu exercício pelos servidores estatutários com o tipo de licença.
federais está inserida nos arts. 77 a 80 da Lei 8.112/1990. A Lei 8112/90 prevê várias espécies de licenças, são elas:
Normalmente, o servidor fará jus a trinta dias de férias a cada Art. 81.  Conceder-se-á ao servidor licença:
ano, que por sua vez, podem ser acumuladas até o máximo de I - por motivo de doença em pessoa da família;
dois períodos, em se tratando de caso de necessidade do serviço, II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
com exceção das hipóteses em que haja legislação específica (art. III - para o serviço militar;
77). Entretanto, o servidor que opera direta em permanência IV - para atividade política;
constante com equipamentos de raios X ou substâncias radioativas, V - para capacitação;             
terá direito ao gozo de 20 dias consecutivos de férias semestrais VI - para tratar de interesses particulares;
de atividade profissional, sendo proibida em qualquer hipótese a VII - para desempenho de mandato classista;
acumulação desses períodos (art. 79). VIII - para tratamento de saúde;
IX - Licença por acidente em serviço (art. 211);
– Observação importante: A lei proíbe que seja levada à conta X - Licença à Gestante (art. 207);
de férias qualquer falta ao serviço (art. 77, § 2º). XI - Licença à Adotante (art. 210);
É interessante salientar que no primeiro período aquisitivo de XII – Licença Paternidade (art. 208).
férias serão exigidos 12 meses de exercício (art. 77, § 1º); a partir Nos parâmetros do referido Estatuto, temos a seguinte
daí os períodos aquisitivos de férias são contados por exercício. explanação:
Infere-se que o gozo do período de férias é decisão Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de
exclusivamente discricionária da administração, que só o fará se doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto
compreender que o pedido atende ao interesse público. ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e
No condizente à remuneração das férias, depreende-se que conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por
esta será acrescida do adicional que corresponda a 1/3 incidente perícia médica oficial.
sobre a remuneração original. Já o pagamento da remuneração de § 1o  A licença somente será deferida se a assistência direta do
férias, com o acréscimo do adicional, poderá ser efetuado até dois servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente
dias antes do início do respectivo período do gozo (art. 78). com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na
Havendo parcelamento de gozo do período de férias, o servidor forma do disposto no inciso II do art. 44.    
receberá o adicional de férias somente após utilizado o primeiro § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
período (art. 78, § 5º). poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
Caso o servidor seja exonerado do cargo efetivo, ou em condições:  
comissão, terá o direito de receber indenização relativa ao período

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.
remuneração do servidor; Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remuneração para o desempenho de mandato em confederação,
remuneração. federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão
partir da data do deferimento da primeira licença concedida.   ou, ainda, para participar de gerência ou administração em
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para
remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas prestar serviços a seus membros, observado o disposto na alínea c do
em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento
no § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos e observados os seguintes limites:
I e II do § 2o. I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois)
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, servidores;
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta
condições: mil) associados, 4 (quatro) servidores;
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
remuneração do servidor; 8 (oito) servidores.
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem § 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para
remuneração. cargos de direção ou de representação nas referidas entidades,
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a desde que cadastradas no órgão competente.               
partir da data do deferimento da primeira licença concedida.         § 2o. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não renovada, no caso de reeleição.
remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas Art. 202.  Será concedida ao servidor licença para tratamento
em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
no § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos prejuízo da remuneração a que fizer jus.
I e II do § 2o. Art. 207.  Será concedida licença à servidora gestante por 120
§ 2o  No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.              
também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos § 1o . A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da § 2o  No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que partir do parto.
para o exercício de atividade compatível com o seu cargo. § 3o   No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do
Art. 85.   Ao servidor convocado para o serviço militar será evento, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada
concedida licença, na forma e condições previstas na      legislação apta, reassumirá o exercício.
específica. § 4o  No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
Parágrafo único.   Concluído o serviço militar, o servidor terá terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do Art. 208.  Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá
cargo. direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
Art. 86.   O servidor terá direito a licença, sem remuneração, Art. 209.  Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. dois períodos de meia hora.
§ 1o  O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde Art. 210.  À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a de licença remunerada.  
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.     criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este
§ 2o   A partir do registro da candidatura e até o décimo dia artigo será de 30 (trinta) dias.
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os Art. 211.  Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses. acidentado em serviço.
Art. 87.  Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do — Observação importante: a licença-prêmio não faz mais
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, parte do rol dos direitos dos servidores federais e foi suprimida
para participar de curso de capacitação profissional. pela Lei 9.527/1997. A licença-prêmio permitia que o servidor,
Art. 91.  A critério da Administração, poderão ser concedidas encerrado cada quinquênio ininterrupto de serviço, pudesse
ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em gozar, como prêmio pela assiduidade de três meses de licença,
estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares com a remuneração do cargo efetivo. A legislação vigente à época
pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.    facultava ao servidor gozar a licença ou contar em dobro o período
Parágrafo único.  A licença poderá ser interrompida, a qualquer da licença para efeito de aposentadoria (o que atualmente não é

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

mais possível, já que a EC 20/1998 proibiu a contagem de tempo interpostos.


de contribuição fictício para aposentadoria). Entretanto, em Nos termos do art. 109, o recurso será dirigido à autoridade
análise ao caso específico daqueles que adquiriram legitimamente imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido
o direito antes da supressão legal, o STJ entende pacificamente a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais
que “o servidor aposentado tem direito à conversão em pecúnia autoridades, sendo encaminhado por intermédio da autoridade
da licença-prêmio não gozada e contada em dobro, sob pena de a que estiver imediatamente subordinado o requerente. Dando
enriquecimento sem causa da Administração Pública” (AgRg no continuidade, o recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo,
AREsp 270.708/RN). a juízo da autoridade competente e em caso de provimento do
pedido de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
– Concessões retroagirão à data do ato impugnado, nos parâmetros do art. 109,
Três são as espécies de concessão: parágrafo único da Lei 8112/90.
a) Primeira espécie de concessão: permite ao servidor se O prazo para interposição de recurso ou de pedido de
ausentar do serviço, sem qualquer prejuízo a sua remuneração, nas reconsideração é de 30 dias, a contar da publicação ou da ciência,
seguintes condições (art. 97): por um dia, para doação de sangue; pelo interessado, da decisão recorrida (art. 108).
por dois dias, para se alistar como eleitor; por oito dias consecutivos Já o direito de requerer prescreve, nos termos do art. 110,
em razão de: casamento; falecimento do cônjuge, companheiro, em cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de
pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
tutela e irmãos. patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho; em 120
b) Segunda espécie de concessão: relacionada à concessão dias, nos demais casos, exceto quando outro prazo for fixado em lei.
de horário especial, nas seguintes situações (art. 98): ao servidor
estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o Em relação à prescrição, merece também destaque:
horário escolar e o da repartição, sendo exigida a compensação de Art. 112: a prescrição é de ordem pública, não podendo ser
horário; ao servidor portador de deficiência, quando comprovada relevada pela administração; o pedido de reconsideração e o
a necessidade por junta médica oficial, independentemente de recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111);
compensação de horário;ao servidor que tenha cônjuge, filho ou o prazo de prescrição será contado da data da publicação do ato
dependente com deficiência, quando comprovada a necessidade impugnado ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato
por junta médica oficial, independentemente da compensação de não for publicado (art. 110, parágrafo único da Lei 8112/90).
horário; ao servidor que atue como instrutor em curso instituído no
âmbito da administração pública federal ou que participe de banca Breve Introdução
examinadora de concursos, vinculado à compensação de horário a Originado do termo em latim “agens”, a palavra “agente”
ser efetivada no prazo de até um ano. refere-se ao sujeito que realiza uma ação, ou seja, à pessoa que
c) Terceira espécie de concessão: cuida dos casos relacionados executa, opera ou pratica algo. Quando empregado na expressão
à matrícula em instituições de ensino. Por amparo legal, “ao servidor “agente público”, o conceito é utilizado de maneira específica
estudante que mudar de sede no interesse da administração é para designar qualquer indivíduo que atua em nome do Estado,
assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima, independentemente de vínculo jurídico, mesmo que desempenhe
matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer suas funções sem remuneração de forma transitória.
época, independentemente de vaga” (art. 99). Denota-se que esse Ressalta-se que os agentes públicos desempenham um papel
benefício se estende também “ao cônjuge ou companheiro, aos crucial ao representar o Estado, expressando sua vontade nas
filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem diversas esferas de governo - União, Estados, Distrito Federal e
como aos menores sob sua guarda, com autorização judicial” (art. Municípios, bem como no âmbito dos Poderes Executivo, Legislativo
99, parágrafo único). e Judiciário.
Desse modo, de maneira abrangente os agentes públicos
– Direito de petição compreendem todas as pessoas que desempenham funções no
De acordo com o art. 104 da Lei 8.112/1990, é direito do âmbito da administração pública. Hely Lopes Meirelles, renomado
servidor público, requerer junto aos Poderes Públicos, a defesa de autor de diversas obras jurídicas dedicadas ao Direito Administrativo,
direito ou interesse legítimo. amplia essa definição ao afirmar que agentes públicos são
O direito de petição pode ser manifestado por intermédio de indivíduos, de forma permanente ou transitória, encarregados do
requerimento, pedido de reconsideração ou de recurso. exercício de alguma função estatal atribuída a órgão ou entidade da
Nos termos da Lei, o requerimento deverá ser dirigido Administração Pública.
à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por Além disso, infere-se que a Lei n.º 8.429/1991 – Lei de
intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado o Improbidade Administrativa, com redação dada pela Lei n.º 14.230,
requerente (art. 105). de 2021, se trata de outra fonte relevante que aborda o conceito
Além disso, nos trâmites do art. 106, caberá pedido de de agentes públicos. Em seu artigo 2º, esta Legislação estipula o
reconsideração dirigido à autoridade que houver expedido o ato ou seguinte acerca do conceito de agente público:
proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado. Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
De acordo com o art. 107 do Estatuto em estudo, caberá o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda
recurso nas seguintes hipóteses: do indeferimento do pedido de que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
reconsideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades Código Civil de 2002, os quais estabelecem que, caso alguém cause
referidas no art. 1º desta Lei. dano a outrem, essa pessoa estará obrigada a reparar os prejuízos.
Ademais, o servidor público, durante o exercício de suas Analogamente ao âmbito penal, a responsabilidade
funções, caso sua atuação ocorra de maneira irregular, fica sujeito a civil é apurada pelo Poder Judiciário. Se a conclusão for pela
três formas de responsabilidade, sendo estas as seguintes: responsabilização do servidor, este deverá compensar o dano
a) Civil; causado à administração pública, resultante de uma ação ou
b) Criminal; e omissão, dolosa ou culposa.
c) Administrativa. É importante destacar que, ao se comprovar algum dano
causado pelo servidor, é necessário realizar uma distinção do
Nesse contexto, a jurista Odete Mendauar aborda conceitos prejuízo, determinando se afetou terceiros ou exclusivamente a
relacionados à possibilidade de o servidor ser responsabilizado Administração Pública. Isso se deve ao fato de que, se o prejuízo
simultaneamente nas três esferas. Em outras palavras, uma afetar apenas a Administração Pública, esta detém a prerrogativa
punição em uma esfera não exclui a possibilidade de sanções nas da autoexecutoriedade.
outras, desde que haja previsão legal em todos esses domínios, Isso significa que a Administração pode, sem a necessidade
esclarecendo que se a conduta inadequada afeta a ordem interna de autorização judicial, apurar a extensão desse dano por meio
dos serviços e é caracterizada apenas como infração ou ilícito de procedimentos administrativos. Além disso, ela pode impor
administrativo, considerando-se, portanto, a responsabilidade sanções, como descontos em folha até o limite permitido, ou
administrativa, que pode resultar em sanção administrativa e que até mesmo ressarcir diretamente a administração, desde que
pode ser apurada no âmbito da Administração, por meio de um respeitados os princípios do devido processo legal, contraditório
processo administrativo, sendo que a possível sanção é aplicada e ampla defesa, conforme assegurados pela Constituição Federal.
também nessa esfera. A não observância desses princípios pode acarretar em nulidade
Dessa forma, conforme se deduz dessa explicação, se a ação posterior do processo.
praticada pelo servidor estiver prevista apenas no estatuto do Sob outra perspectiva, se o prejuízo afetar terceiros que
ente federado ao qual pertence ou em legislações administrativas não possuem vínculo com a Administração Pública, esta será
específicas, como a Lei de Improbidade Administrativa, o servidor responsável de maneira objetiva, conforme previsto no artigo 37,
responderá exclusivamente administrativamente. Isso implica em § 6º, da Constituição Federal. No entanto, a Administração terá
ser punido pela própria Administração Pública. posteriormente o direito de ação regressiva contra o servidor
Por outro lado, a averiguação da responsabilidade civil pode responsável pelo dano, caso este tenha agido com culpa ou dolo.
ter início e conclusão no âmbito administrativo, ou iniciar-se nesse Logo, quem responderá pelos danos que o agente público
contexto para, posteriormente, ser objeto de uma ação perante causar a terceiros, são as pessoas jurídicas de direito público e as de
o Judiciário. Assim, percebe-se que as aplicações podem ocorrer direito privado, conforme determinação inserta no §6º, art. 37 da
simultaneamente, desde que haja previsão da conduta no âmbito Constituição Federal de 1988. Vejamos:
cível. Art. 37 – [...]
Todavia, se a conduta inadequada do agente afeta, de modo [...]
imediato, a sociedade e é caracterizada pelo ordenamento como § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
crime funcional, o servidor será responsabilizado criminalmente, privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
podendo sofrer sanções penais, destacando-se que a danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
responsabilidade criminal do servidor é apurada mediante processo assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
penal, nos respectivos juízos. dolo ou culpa.
Portanto, caso, durante um eventual processo administrativo, Todavia, na ação regressiva, cabe ao poder judiciário
seja constatado que a conduta do servidor público civil corresponde determinar que o servidor repare a Administração, podendo
a outras infrações, como crimes estipulados na legislação pertinente, adotar medidas como o sequestro de bens, a perda de bens obtidos
é necessário que os agentes responsáveis pela Administração Pública ilegalmente, ou outras formas, com o propósito de indenizar e
encaminhem o caso para as esferas competentes, embasando-se na reparar adequadamente a Administração Pública.
indisponibilidade do interesse público.
Responsabilidade Criminal
Responsabilidade Civil O conceito de servidor público, conforme utilizado no Código
A responsabilidade civil se refere à obrigação de reparar ou Penal, é abordado de forma ampla, caracterizando-se como
compensar os danos infligidos aos direitos e bens de terceiros. Esta um conceito “iatu sensu”, ou seja, em sentido amplo, conforme
norma é aplicável a todas as pessoas, significando que quem causa estipulado no artigo 327:
dano por meio de um ato ilícito, em geral, tem o dever de indenizar. Art. 327 – [...]
Entretanto, quando a lesão ocorre no exercício de função [...]
pública, o processo para a vítima obter reparação difere do aplicável § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
ao cidadão comum, uma vez que envolve a responsabilidade do emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
Estado. empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
A responsabilidade civil está associada a questões pecuniárias, execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído
ou seja, envolve indenização e possui caráter patrimonial, não pela Lei nº 9.983, de 2000)
pessoal. Essa perspectiva está delineada nos artigos 186 e 927 do § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em disponibilidade, entre outras.
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão Além disso, as infrações no direito administrativo são
da administração direta, sociedade de economia mista, empresa previstas de maneira distinta em comparação com o direito penal.
pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei Enquanto este último trata os ilícitos de maneira objetiva, o direito
nº 6.799, de 1980) administrativo apresenta infrações de forma mais genérica, como
Portanto, para fins penais, basicamente, estar no ambiente o descumprimento de deveres, o que permite interpretações mais
da Administração Pública e desempenhar funções para a mesma amplas.
já é suficiente para se enquadrar como servidor passível de Dessa forma, surge uma certa margem de flexibilidade para a
responsabilização penal. Isso ocorre caso o servidor cometa crimes Administração Pública ao impor penalidades administrativas aos
considerados ilícitos penais no exercício de suas funções, geralmente servidores que agem de maneira prejudicial aos seus interesses.
denominados pela doutrina como crimes funcionais. No entanto, é importante ressaltar que essa liberdade
A responsabilização do servidor não se limita ao Código Penal, não se traduz em agir de maneira arbitrária, pois a atuação da
a norma geral, mas também se estende a legislações especiais e administração é discricionária, sujeita a limitações legais. Essas
dispersas. A título de exemplo, esses crimes podem ser encontrados limitações requerem uma fundamentação detalhada e precisa para
no Código Penal, que trata de delitos contra a Administração Pública, garantir que as ações administrativas estejam em conformidade
crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração com as normas estabelecidas.
em geral e crimes contra as finanças públicas.
A apuração da responsabilidade criminal do servidor público Da Independência entre as Esferas Civil, Criminal e Adminis-
é de competência do Poder Judiciário e se inicia por meio da trativa
propositura de ação penal pelo Ministério Público. Em sua De antemão, infere-se que um único ato praticado por um
maioria, esses casos são identificados por meio de procedimentos servidor público pode resultar não apenas em infração disciplinar,
administrativos, ou seja, de infrações administrativas, que, após sujeita a responsabilidade administrativa, mas também pode
serem verificadas pela administração pública através do agente acarretar responsabilização na esfera cível, além de ser tipificado
competente, são encaminhadas ao Ministério Público. Este, por sua como crime, levando à responsabilidade penal.
vez, leva o fato ao conhecimento do Judiciário. Dessa forma, um único ato pode desencadear três possíveis
Assim sendo, a sentença penal pode ser condenatória, consequências, cada uma delas com naturezas distintas, evitando
quando a autoria e a materialidade do delito são comprovadas, qualquer duplicidade injusta de penalidades.
ou absolutória, quando existem fundamentos diversos, como Consequentemente, uma pessoa pode ser condenada
ausência de materialidade, negativa de autoria ou falta de provas, na esfera criminal e absolvida administrativa e civilmente, ou
dependendo do caso concreto. condenada no âmbito administrativo e também no criminal e civil,
entre outras combinações, tudo isso fundamentado no princípio da
Responsabilidade Administrativa independência e autonomia entre as instâncias.
A responsabilidade administrativa é investigada dentro da Alinhadas a esse princípio, estão as seguintes disposições
própria estrutura da Administração Pública e é punida com sanções infraconstitucionais presentes no Código Civil de 2002:
de natureza administrativa, conhecidas como sanções disciplinares, Art. 935 - A responsabilidade civil é independente da criminal,
que são aplicadas pela autoridade administrativa. não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre
Assim, quando ocorre uma transgressão no âmbito quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas
administrativo por parte do servidor público civil, a apuração deve no juízo criminal.
ser conduzida pelo respectivo ente federado, ou seja, pela própria Logo, temos:
administração pública.
Nesse contexto, será instaurado um procedimento adequado, – A responsabilidade civil não depende da criminal, de
geralmente por meio de sindicância ou processo administrativo forma que não se pode questionar mais sobre a existência do
disciplinar, os quais devem obedecer aos princípios constitucionais. fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões
A não observância desses princípios pode resultar em nulidade. se acharem decididas no juízo criminal.
Dentre esses princípios, destacam-se o contraditório e a ampla
defesa, que são garantidos pela Constituição Federal da seguinte Portanto, destaca-se a validade da afirmativa sobre a existência
maneira: da independência das esferas de responsabilidades. Contudo,
Art. 5° - [..] há exceções a essa regra, especialmente nas situações em que a
[...] decisão proferida na esfera criminal tem efeito de coisa julgada nas
LV – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e esferas cíveis e administrativas, caso haja previsão para a conduta
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla praticada, nas respectivas instâncias.
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Nesse contexto, a doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro
É importante destacar que as infrações administrativas, (2011, p. 615) destaca em relação à sentença condenatória na
quando comprovadas, acarretam sanções disciplinares aplicadas instância penal que “Quando o funcionário for condenado na esfera
pela autoridade administrativa competente. Essas sanções criminal, o juízo cível e a autoridade administrativa não podem
variam de acordo com a gravidade e a natureza da infração, decidir de forma contrária, uma vez que, nessa hipótese, houve
assim como os danos causados. Exemplos de sanções incluem decisão definitiva quanto ao fato e à autoria, aplicando-se o artigo
advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

935 do Código Civil de 2002”. No entanto, é importante notar que 10 DE DEZEMBRO DE 1997.
há possibilidades de a sentença ser absolutória.
Nesse cenário, para avaliar a repercussão da decisão penal O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FAÇO SABER QUE O CONGRESSO
em outras esferas, torna-se essencial examinar a fundamentação NACIONAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
da absolvição. Se a absolvição for fundamentada na insuficiência
de provas, não há motivo para reflexos, pois o princípio da TÍTULO I
independência das instâncias prevalece. Isso ocorre porque as CAPÍTULO ÚNICO
provas que não foram suficientes para comprovar um crime podem DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ser adequadas para estabelecer ilícitos cíveis ou administrativos.
Por outro lado, se a sentença se basear na ausência de Art. 1° Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públi-
materialidade ou autoria, essa decisão vinculará as demais esferas. cos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial,
Isso implica que não haverá responsabilidade nas esferas civil ou e das fundações públicas federais.
administrativa, e questões relacionadas à materialidade e autoria Art. 2° Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente
do fato não serão discutidas nessas instâncias. investida em cargo público.
Por fim, para memorização, vejamos importantes considerações Art. 3° Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabi-
acerca do tema em estudo: lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser come-
– Agindo o servidor público de maneira contrária ao tidas a um servidor.
ordenamento jurídico, estará sujeito a responsabilização pela Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os bra-
prática de seus atos; sileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento
– O agente público é passível de punição tanto no âmbito pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou
administrativo em que atua, quanto na esfera cível e criminal, a em comissão.
depender do ilícito cometido; Art. 4° É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
– Em regra, as esferas civil, criminal e administrativa são casos previstos em lei.
independentes e autônomas entre si, não podendo haver Título II
interferência de uma decisão na outra. Contudo, o ordenamento Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substitui-
jurídico, excepciona esse regramento, dando possibilidade de a ção
sentença penal produzir reflexos nas demais instâncias, devendo CAPÍTULO I
ser analisada a motivação da sentença para realizar a viabilidade DO PROVIMENTO
dos reflexos;
– Não há dispositivo legal que regulamente acerca da suspensão SEÇÃO I
dos processos em outras esferas; DISPOSIÇÕES GERAIS
– Mesmo não existindo previsão legal referente à suspensão
dos demais processos, até que seja proferida sentença criminal, é Art. 5° São requisitos básicos para investidura em cargo pú-
aconselhável que as instâncias administrativas e cíveis aguardem o blico:
resultado dessa sentença, com o objetivo de minimizar os efeitos I - a nacionalidade brasileira;
prejudiciais à Administração Pública. II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
REFERÊNCIAS IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos;
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24ª VI - aptidão física e mental.
edição. São Paulo, Editora Atlas. 2011. § 1° As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 39. outros requisitos estabelecidos em lei.
ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2013. § 2° Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o di-
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito reito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
Administrativo. 28 ed. São Paulo: Editora Malheiros: 2011. cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm > Acesso portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por
em: 05/12/2023 cento) das vagas oferecidas no concurso.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/ § 3° As universidades e instituições de pesquisa científica e
id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf > Acesso em: 05/12/2023 tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
Art. 6° O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato
DISPÕE SOBRE O REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLI- da autoridade competente de cada Poder.
COS CIVIS DA UNIÃO, DAS AUTARQUIAS E DAS FUNDAÇÕES Art. 7° A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
PÚBLICAS FEDERAIS. Art. 8° São formas de provimento de cargo público:
I - nomeação;
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEM- II - promoção;
BRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART. 13 DA LEI Nº 9.527, DE III -(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1° A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da pu-
V - readaptação; blicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
VI - reversão; de 10.12.97)
VII - aproveitamento; § 2° Em se tratando de servidor, que esteja na data de publi-
VIII - reintegração; cação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e
IX - recondução. V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alí-
neas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado
SEÇÃO II do término do impedimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
DA NOMEAÇÃO 10.12.97)
§ 3° A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
Art. 9° A nomeação far-se-á: § 4° Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de pro- nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
vimento efetivo ou de carreira; § 5° No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto
de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão § 6° Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, in- não ocorrer no prazo previsto no § 1° deste artigo.
terinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atri- Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção
buições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar médica oficial.
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for jul-
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei nº
público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de 9.527, de 10.12.97)
classificação e o prazo de sua validade. § 1° É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de- cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. (Re-
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira § 2° O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem
na Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o
disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO III § 3° À autoridade competente do órgão ou entidade para onde
DO CONCURSO PÚBLICO for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, po- § 4° O início do exercício de função de confiança coincidirá
dendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o com a data de publicação do ato de designação, salvo quando o
regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscri- servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo
ção do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do
indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação.
nele expressamente previstas. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97) (Regulamento) Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer-
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, cício serão registrados no assentamento individual do servidor.
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará
§ 1° O prazo de validade do concurso e as condições de sua rea- ao órgão competente os elementos necessários ao seu assentamen-
lização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial to individual.
da União e em jornal diário de grande circulação. Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que
§ 2° Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expira- publicação do ato que promover o servidor.(Redação dada pela Lei
do. nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO IV Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município
DA POSSE E DO EXERCÍCIO em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou
posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo,
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retoma-
no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi- da do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse
lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.
ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
os atos de ofício previstos em lei. § 1° Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afas-
tado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a

168
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e altera- SEÇÃO V


do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) DA ESTABILIDADE
§ 2° É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos
no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossa-
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em do em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no servi-
razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada ço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (prazo 3
a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e obser- anos - vide EMC nº 19)
vados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de
respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra-
§ 1° O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado Seção VI
o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver Da Transferência
interesse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97) Seção VII
§ 2° O disposto neste artigo não se aplica a duração de traba- Da Readaptação
lho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
17.12.91) atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em ins-
de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perí- peção médica.
odo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e § 1° Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, será aposentado.
observados os seguinte fatores: (vide EMC nº 19) § 2° A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
I - assiduidade; afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equi-
II - disciplina; valência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo
III - capacidade de iniciativa; vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
IV - produtividade; ocorrência de vaga. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V- responsabilidade.
§ 1° 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- SEÇÃO VIII
batório, será submetida à homologação da autoridade competen- DA REVERSÃO
te a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão (REGULAMENTO DEC. Nº 3.644, DE 30.11.2000)
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta-
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008 I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsis-
§ 2° O servidor não aprovado no estágio probatório será exone- tentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida Pro-
rado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, visória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
observado o disposto no parágrafo único do art. 29. II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela Me-
§ 3° O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- dida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, che- a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisória
fia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente nº 2.225-45, de 4.9.2001)
poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medida
Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo- Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou c) estável quando na atividade;(Incluído pela Medida Provisória
equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 4° Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anterio-
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, res à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar 4.9.2001)
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
outro cargo na Administração Pública Federal.(Incluído pela Lei nº 45, de 4.9.2001)
9.527, de 10.12.97) § 1° A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultan-
§ 5° O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e te de sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1° , 86 e 96, bem assim 45, de 4.9.2001)
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado § 2° O tempo em que o servidor estiver em exercício será con-
a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de siderado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Medida
10.12.97) Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 3° No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o
servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência
de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

169
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

§ 4° O servidor que retornar à atividade por interesse da ad- Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a
ministração perceberá, em substituição aos proventos da aposen- disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal,
tadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive salvo doença comprovada por junta médica oficial.
com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente
à aposentadoria.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de CAPÍTULO II
4.9.2001) DA VACÂNCIA
§ 5° O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº I - exoneração;
2.225-45, de 4.9.2001) II - demissão;
§ 6° O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo. III - promoção;
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
4.9.2001) VI - readaptação;
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver comple- VII - aposentadoria;
tado 70 (setenta) anos de idade. VIII - posse em outro cargo inacumulável;
IX - falecimento.
SEÇÃO IX Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser-
DA REINTEGRAÇÃO vidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans- II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exer-
formação, quando invalidada a sua demissão por decisão adminis- cício no prazo estabelecido.
trativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
§ 1° Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. 10.12.97)
§ 2° Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante I - a juízo da autoridade competente;
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou II - a pedido do próprio servidor.
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

SEÇÃO X CAPÍTULO III


DA RECONDUÇÃO DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo SEÇÃO I


anteriormente ocupado e decorrerá de: DA REMOÇÃO
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante. Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se
30. por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
SEÇÃO XI I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº
DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO 9.527, de 10.12.97)
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei nº
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade 9.527, de 10.12.97)
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui- III - a pedido, para outra localidade, independentemente do in-
ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. teresse da Administração:(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determina- a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
rá o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos
vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no
Pública Federal. interesse da Administração;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3° do art. 37, o b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou
servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob respon- dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamen-
sabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi- to funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
outro órgão ou entidade.(Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)

170
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em les durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
que o número de interessados for superior ao número de vagas, de 10.12.97)
de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade § 2° O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo
em que aqueles estejam lotados. (Incluído pela Lei nº 9.527, de ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial,
10.12.97) nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, su-
periores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de
SEÇÃO II efetiva substituição, que excederem o referido período. (Redação
DA REDISTRIBUIÇÃO dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimen- unidades administrativas organizadas em nível de assessoria.
to efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal,
para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia aprecia- TÍTULO III
ção do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: DOS DIREITOS E VANTAGENS
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de CAPÍTULO I
10.12.97) DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluído cargo público, com valor fixado em lei.
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº 431, de
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexi- 2008). (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)
dade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres-
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1° A remuneração do servidor investido em função ou cargo
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalida- em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
des institucionais do órgão ou entidade.(Incluído pela Lei nº 9.527, § 2° O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
de 10.12.97) entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de
§ 1° A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de acordo com o estabelecido no § 1° do art. 93.
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu- § 3° O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou de caráter permanente, é irredutível.
entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 4° É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
§ 2° A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser-
ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi-
da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
9.527, de 10.12.97) § 5° Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário
§ 3° Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou en- mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
tidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a tí-
ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será co- tulo de remuneração, importância superior à soma dos valores per-
locado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos cebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbi-
arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, to dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros
de 10.12.97) do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal.
§ 4° O servidor que não for redistribuído ou colocado em dispo- Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vanta-
nibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão cen- gens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
tral do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei nº
até seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 9.624, de 2.4.98)
10.12.97) Art. 44. O servidor perderá:
Capítulo IV I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
Da Substituição justificado;(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão subs- ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art.
titutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, pre- 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de ho-
viamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. rário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pela chefia imediata.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1° O substituto assumirá automática e cumulativamente, Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um de- Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne-

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. (Vide IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Decreto nº 1.502, de 1995)(Vide Decreto nº 1.903, de 1996) (Vide Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos
Decreto nº 2.065, de 1996) (Regulamento) (Regulamento) I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão,
§ 1° (Revogado pela Lei nº 14.509, de 2022) serão estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº
§ 2° (Revogado pela Lei nº 14.509, de 2022) 11.355, de 2006)
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até
30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor SUBSEÇÃO I
ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo DA AJUDA DE CUSTO
máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do inte-
ressado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas
4.9.2001) de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter
§ 1° O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao cor- exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter per-
respondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão. manente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também
§ 2° Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. (Reda-
anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita ime- ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
diatamente, em uma única parcela. (Redação dada pela Medida § 1° Correm por conta da administração as despesas de trans-
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba-
§ 3° Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cum- gagem e bens pessoais.
primento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que § 2° À família do servidor que falecer na nova sede são asse-
venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
data da reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225- dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
45, de 4.9.2001) § 3° Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de re-
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido, moção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36.
exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cas- (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
sada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exce-
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto der a importância correspondente a 3 (três) meses.
implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medi- Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo
objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de pres- servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mu-
tação de alimentos resultante de decisão judicial. dança de domicílio.
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93,
CAPÍTULO II a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível.
DAS VANTAGENS Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no pra-
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as zo de 30 (trinta) dias.
seguintes vantagens:
I - indenizações; SUBSEÇÃO II
II - gratificações; DAS DIÁRIAS
III - adicionais.
§ 1° As indenizações não se incorporam ao vencimento ou pro- Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter
vento para qualquer efeito. eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
§ 2° As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci- para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar
mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. (Redação
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acrésci- dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico funda- § 1° A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de-
mento. vida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora
da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despe-
SEÇÃO I sas extraordinárias cobertas por diárias. (Redação dada pela Lei nº
DAS INDENIZAÇÕES 9.527, de 10.12.97)
§ 2° Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exi-
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: gência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
I - ajuda de custo; § 3° Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar
II - diárias; dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou
III - transporte. microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e de lotação ou nomeação para cargo efetivo.(Incluído pela Lei nº
servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver per- 11.355, de 2006)
noite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional. (In- (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007)
cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
prazo de 5 (cinco) dias. Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014)
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25%
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função co-
diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput. missionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído pela
Lei nº 11.784, de 2008
SUBSEÇÃO III § 1° O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluído
pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor § 2° Independentemente do valor do cargo em comissão ou
que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo- função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os
ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocen-
próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. tos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
§ 3° (Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017) (Vigên-
SUBSEÇÃO IV cia encerrada)
DO AUXÍLIO-MORADIA § 4° (Incluído pela Medida Provisória nº 805, de 2017) (Vigên-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.355, DE 2006) cia encerrada)
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das des- imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o
pesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. (Incluído pela
moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa Lei nº 11.355, de 2006)
hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo
servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) SEÇÃO II
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se aten- DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi- Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta
dor;(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, grati-
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel ficações e adicionais:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
funcional;(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te- sessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi- II - gratificação natalina;
tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela ou penosas;
Lei nº 11.355, de 2006) V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba VI - adicional noturno;
auxílio-moradia;(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) VII - adicional de férias;
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu- VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Es- pela Lei nº 11.314 de 2006)
pecial, de Ministro de Estado ou equivalentes (Incluído pela Lei nº
11.355, de 2006) SUBSEÇÃO I
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função DA RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE DIREÇÃO,
de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3° , em CHEFIA E ASSESSORAMENTO
relação ao local de residência ou domicílio do servidor;(Incluído pela (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.527, DE 10.12.97)
Lei nº 11.355, de 2006)
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in- em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
ferior a sessenta dias dentro desse período; e(Incluído pela Lei nº exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
11.355, de 2006) Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração dos

173
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9° .(Redação Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servi-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominal- condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fi-
mente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exer- xados em regulamento.
cício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de pro- Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com
vimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem os Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle per-
arts. 3° e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3° da manente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapas-
Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Medida Provisória sem o nível máximo previsto na legislação própria.
nº 2.225-45, de 4.9.2001) Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo so- submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
mente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos servido-
res públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, SUBSEÇÃO V
de 4.9.2001) DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO

SUBSEÇÃO II Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acrés-


DA GRATIFICAÇÃO NATALINA cimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de
trabalho.
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem- atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite
bro, por mês de exercício no respectivo ano. máximo de 2 (duas) horas por jornada.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias Subseção VI
será considerada como mês integral. Do Adicional Noturno
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido
dezembro de cada ano. entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia se-
Parágrafo único. (VETADO). guinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação nata- computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta
lina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a segundos.
remuneração do mês da exoneração. Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cál- acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
culo de qualquer vantagem pecuniária. prevista no art. 73.

SUBSEÇÃO III SUBSEÇÃO VII


DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO DO ADICIONAL DE FÉRIAS

Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servi-
2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999) dor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um
Subseção IV terço) da remuneração do período das férias.
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Atividades Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de di-
Penosas reção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em lo- respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de
cais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, que trata este artigo.
radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o
vencimento do cargo efetivo. SUBSEÇÃO VIII
§ 1° O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU CONCURSO
de periculosidade deverá optar por um deles. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.314 DE 2006)
§ 2° O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram cau- Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é
sa a sua concessão. devida ao servidor que, em caráter eventual:(Incluído pela Lei nº
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores 11.314 de 2006) (Regulamento)(Vide Decreto nº 11.069, de 2022)
em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou peri- Vigência
gosos. I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvol-
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afasta- vimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da
da, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais administração pública federal;(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa-
em serviço não penoso e não perigoso. mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur-
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento
insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações de recursos intentados por candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314
estabelecidas em legislação específica. de 2006)

174
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

III - participar da logística de preparação e de realização de do-se o disposto no § 1° deste artigo. (Vide Lei nº 9.525, de 1997)
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- § 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais § 3° O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições perma- perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di-
nentes;(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exa- efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela
me vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas ativida- Lei nº 8.216, de 13.8.91)
des. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) § 4° A indenização será calculada com base na remuneração
§ 1° Os critérios de concessão e os limites da gratificação de do mês em que for publicado o ato exoneratório.(Incluído pela Lei
que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os nº 8.216, de 13.8.91)
seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) § 5° Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas adicional previsto no inciso XVII do art. 7° da Constituição Fede-
a natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela ral quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela Lei nº
Lei nº 11.314 de 2006) 9.525, de 10.12.97)
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com
(cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de ex- Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecu-
cepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada tivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autori- qualquer hipótese a acumulação.
zar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais; Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por moti-
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos se- vo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri,
guintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada
administração pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) pela autoridade máxima do órgão ou entidade. (Redação dada pela
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Vide Lei nº 9.525, de 1997)
de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo;(Reda- Parágrafo único. O restante do período interrompido será go-
ção dada pela Lei nº 11.501, de 2007) zado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído pela
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. (Re-
dação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) CAPÍTULO IV
§ 2° A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente DAS LICENÇAS
será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste ar-
tigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que SEÇÃO I
o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga DISPOSIÇÕES GERAIS
horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na
forma do § 4° do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
2006) I - por motivo de doença em pessoa da família;
§ 3° A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efei- III - para o serviço militar;
to e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer IV - para atividade política;
outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
aposentadoria e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) 10.12.97)
VI - para tratar de interesses particulares;
CAPÍTULO III VII - para desempenho de mandato classista.
DAS FÉRIAS § 1° A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta
ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces- Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Vide Lei § 3° É vedado o exercício de atividade remunerada durante o
nº 9.525, de 1997) período da licença prevista no inciso I deste artigo.
§ 1° Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do
12 (doze) meses de exercício. término de outra da mesma espécie será considerada como pror-
§ 2° É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. rogação.
§ 3° As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
pública.(Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado
até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observan-

175
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

SEÇÃO II SEÇÃO V
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ- DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA
LIA
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras- partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação § 1° O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
por perícia médica oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
2009) assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
§ 1° A licença somente será deferida se a assistência direta do partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen- Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.(Redação
te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
na forma do disposto no inciso II do art. 44. (Redação dada pela Lei § 2° A partir do registro da candidatura e até o décimo dia
nº 9.527, de 10.12.97) seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
§ 2° A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a SEÇÃO VI
remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remune- (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.527, DE 10.12.97)
ração.(Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
§ 3° O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor
partir da data do deferimento da primeira licença concedida.(Inclu- poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
ído pela Lei nº 12.269, de 2010) cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
§ 4° A soma das licenças remuneradas e das licenças não remu- para participar de curso de capacitação profissional. (Redação dada
neradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006)
mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3° , Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput
não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do não são acumuláveis. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2° . (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO III Art. 90. (VETADO).
DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE
SEÇÃO VII
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompa- DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES
nhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto
do território nacional, para o exterior ou para o exercício de manda- Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao
to eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está-
§ 1° A licença será por prazo indeterminado e sem remunera- gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
ção. prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. (Redação
§ 2° No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companhei- dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
ro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Redação
poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Admi- dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
nistração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para
o exercício de atividade compatível com o seu cargo.(Redação dada SEÇÃO VIII
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA

SEÇÃO IV Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-


DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con- sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe- ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
cífica. cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi-
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII
30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car- do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser-
go. vados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094, de
2005) (Regulamento)(Regulamento)

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) deste artigo, ficando o exercício do empregado cedido condicionado
servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) a autorização específica do Ministério do Planejamento, Orçamento
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comissão ou
mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei nº função gratificada. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
12.998, de 2014) § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos
8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá de-
§ 1° Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para terminar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des- pendentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º
de que cadastradas no órgão competente.(Redação dada pela Lei e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)(Vide
nº 12.998, de 2014) Decreto nº 5.375, de 2005)
§ 2° A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser SEÇÃO II
renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº 12.998, DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO
de 2014)
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se
CAPÍTULO V as seguintes disposições:
DOS AFASTAMENTOS I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará
afastado do cargo;
SEÇÃO I II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO OU ENTI- sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
DADE III - investido no mandato de vereador:
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta-
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em ou- gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
tro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:(Redação cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento) (Vide Decreto § 1° No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá
nº 4.493, de 3.12.2002) (Vide Decreto nº 5.213, de 2004) (Vide De- para a seguridade social como se em exercício estivesse.
creto nº 9.144, de 2017) § 2° O servidor investido em mandato eletivo ou classista não
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança; poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade di-
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) versa daquela onde exerce o mandato.
II - em casos previstos em leis específicas. (Redação dada pela
Lei nº 8.270, de 17.12.91) SEÇÃO III
§ 1° Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO EXTERIOR
entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus
da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo
ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Pre-
8.270, de 17.12.91) sidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou Tribunal Federal. (Vide Decreto nº 1.387, de 1995)
sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, § 1° A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a mis-
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do são ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida
cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em nova ausência.
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despe- § 2° Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será
sas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação dada concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular
pela Lei nº 11.355, de 2006) antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a
§ 3° A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.
Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) § 3° O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
§ 4° Mediante autorização expressa do Presidente da Repúbli- carreira diplomática.
ca, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro ór- § 4° As hipóteses, condições e formas para a autorização de
gão da Administração Federal direta que não tenha quadro próprio que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. (Incluído pela Lei servidor, serão disciplinadas em regulamento.(Incluído pela Lei nº
nº 8.270, de 17.12.91) 9.527, de 10.12.97)
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou ser- Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo
vidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo. internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-
(Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) -se-á com perda total da remuneração.(Vide Decreto nº 3.456, de
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de socie- 2000)
dade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Nacional
para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pesso-
al, independem das disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º

177
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

SEÇÃO IV CAPÍTULO VI
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.907, DE 2009) DAS CONCESSÕES
DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO PAÍS Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
do serviço:
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, e I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com II - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar- to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2
-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
instituição de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, a) casamento;
de 2009) b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou pa-
§ 1° Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá, drasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
em conformidade com a legislação vigente, os programas de capa- Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante,
citação e os critérios para participação em programas de pós-gra- quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o
duação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
avaliados por um comitê constituído para este fim. (Incluído pela Lei § 1° Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a com-
nº 11.907, de 2009) pensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, res-
§ 2° Os afastamentos para realização de programas de mestra- peitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado e
do e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos § 2° Também será concedido horário especial ao servidor por-
3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, in- tador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta
cluído o período de estágio probatório, que não tenham se afastado médica oficial, independentemente de compensação de horário.(In-
por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licença cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos an- § 3° As disposições constantes do § 2° são extensivas ao servi-
teriores à data da solicitação de afastamento.(Incluído pela Lei nº dor que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência. (Reda-
11.907, de 2009) ção dada pela Lei nº 13.370, de 2016)
§ 3° Os afastamentos para realização de programas de pós- § 4° Será igualmente concedido horário especial, vinculado à
-doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano,
cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos qua- ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do
tro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não te- caput do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de
nham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares 2007)
ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse
da solicitação de afastamento.(Redação dada pela Lei nº 12.269, da administração é assegurada, na localidade da nova residência
de 2010) ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere,
§ 4° Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos em qualquer época, independentemente de vaga.
nos §§ 1° , 2° e 3° deste artigo terão que permanecer no exercício Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge
de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afas- ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na
tamento concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com auto-
§ 5° Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou rização judicial.
aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência pre-
visto no § 4° deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, CAPÍTULO VII
na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, DO TEMPO DE SERVIÇO
dos gastos com seu aperfeiçoamento.(Incluído pela Lei nº 11.907,
de 2009) Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço
§ 6° Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5° Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen-
caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade. tos e sessenta e cinco dias.
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 7° Aplica-se à participação em programa de pós-graduação Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são
no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude
nos §§ 1° a 6° deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) de: (Vide Decreto nº 5.707, de 2006)
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou
entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito
Federal;
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração,

178
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presi- órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal
dente da República; e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia
IV - participação em programa de treinamento regularmen- mista e empresa pública.
te instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no
País, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº CAPÍTULO VIII
11.907, de 2009)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006) DO DIREITO DE PETIÇÃO
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, munici-
pal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento; Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afasta- Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competen-
mento, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei te para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que esti-
nº 9.527, de 10.12.97)(Vide Decreto nº 5.707, de 2006) ver imediatamente subordinado o requerente.
VIII - licença: Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou-
a) à gestante, à adotante e à paternidade; ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e renovado.(Vide Lei nº 12.300, de 2010)
quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração
prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
efeito de promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº § 1° O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe-
11.094, de 2005) rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva-
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; mente, em escala ascendente, às demais autoridades.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Reda- § 2° O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
f) por convocação para o serviço militar; Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsidera-
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; ção ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da
X - participação em competição desportiva nacional ou convo- ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº 12.300,
cação para integrar representação desportiva nacional, no País ou de 2010)
no exterior, conforme disposto em lei específica; Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo,
XI - afastamento para servir em organismo internacional de a juízo da autoridade competente.
que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsi-
9.527, de 10.12.97) deração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e ato impugnado.
disponibilidade: Art. 110. O direito de requerer prescreve:
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa-
e Distrito Federal; ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando
período de 12 (doze) meses.(Redação dada pela Lei nº 12.269, de outro prazo for fixado em lei.
2010) Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2° ; publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessa-
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato eleti- do, quando o ato não for publicado.
vo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí-
serviço público federal; veis, interrompem a prescrição.
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre- Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser re-
vidência Social; levada pela administração.
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a
exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art. 102. procurador por ele constituído.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer
§ 1° O tempo em que o servidor esteve aposentado será conta- tempo, quando eivados de ilegalidade.
do apenas para nova aposentadoria. Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
§ 2° Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
Forças Armadas em operações de guerra.
§ 3° É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

TÍTULO IV IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-


DO REGIME DISCIPLINAR trem, em detrimento da dignidade da função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade priva-
CAPÍTULO I da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto
DOS DEVERES na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;(Redação dada
pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 116. São deveres do servidor: XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
II - ser leal às instituições a que servir; ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
III - observar as normas legais e regulamentares; companheiro;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
mente ilegais; quer espécie, em razão de suas atribuições;
V - atender com presteza: XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, geiro;
ressalvadas as protegidas por sigilo; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XV - proceder de forma desidiosa;
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. serviços ou atividades particulares;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
dade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
de 2011) XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici-
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri- tado.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mônio público; Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela Lei nº
IX - manter conduta compatível com a moralidade administra- 11.784, de 2008
tiva; I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em-
X - ser assíduo e pontual ao serviço; presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. constituída para prestar serviços a seus membros; e(Incluído pela
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será Lei nº 11.784, de 2008
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su- II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre- forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de
sentando ampla defesa. interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008

CAPÍTULO II CAPÍTULO III


DAS PROIBIÇÕES DA ACUMULAÇÃO

Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é ve-
2.225-45, de 4.9.2001) dada a acumulação remunerada de cargos públicos.
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- § 1° A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
torização do chefe imediato; e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
qualquer documento ou objeto da repartição; Estados, dos Territórios e dos Municípios.
III - recusar fé a documentos públicos; § 2° A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento da à comprovação da compatibilidade de horários.
e processo ou execução de serviço; § 3° Considera-se acumulação proibida a percepção de venci-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina-
da repartição; tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunera-
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- ções forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527,
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsa- de 10.12.97)
bilidade ou de seu subordinado; Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9° ,
associação profissional ou sindical, ou a partido político; nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação co-
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de letiva.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu-
civil; neração devida pela participação em conselhos de administração e

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas VI - destituição de função comissionada.
subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a
dades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participa- natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
ção no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legisla- provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
ção específica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, atenuantes e os antecedentes funcionais.
de 4.9.2001) Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade menciona-
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu- rá sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.(Inclu-
lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de ído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe- Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de
e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação
máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. (Redação dada pela ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais
Lei nº 9.527, de 10.12.97) grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência
CAPÍTULO IV das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibi-
DAS RESPONSABILIDADES ções que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão,
não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamen- § 1° Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servi-
te pelo exercício irregular de suas atribuições. dor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou médica determinada pela autoridade competente, cessando os efei-
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou tos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
a terceiros. § 2° Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
§ 1° A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin-
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de qüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. o servidor obrigado a permanecer em serviço.
§ 2° Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos
§ 3° A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nes-
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece- se período, praticado nova infração disciplinar.
bida. Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contra- efeitos retroativos.
venções imputadas ao servidor, nessa qualidade. Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato I - crime contra a administração pública;
omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun- II - abandono de cargo;
ção. III - inassiduidade habitual;
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão IV - improbidade administrativa;
cumular-se, sendo independentes entre si. V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será VI - insubordinação grave em serviço;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
fato ou sua autoria. em legítima defesa própria ou de outrem;
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su- IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra cargo;
autoridade competente para apuração de informação concernente X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na-
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, cional;
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função XI - corrupção;
pública.(Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011) XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi-
cas;
CAPÍTULO V XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
DAS PENALIDADES Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de
cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere
Art. 127. São penalidades disciplinares: o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia ime-
I - advertência; diata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias,
II - suspensão; contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará pro-
III - demissão; cedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata,
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; (Vide ADPF cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguin-
nº 418) tes fases: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - destituição de cargo em comissão; I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comis-

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

são, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da apu- nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponi-
ração;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e re- penal cabível.
latório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-ser-
§ 1° A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo vidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos 5 (cinco) anos. (Vide ADIN 2975)
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público fede-
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingres- ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
so, do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico. (Re- por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
§ 2° A comissão lavrará, até três dias após a publicação do do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como pro- viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
moverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio durante o período de doze meses.
de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
observado o disposto nos arts. 163 e 164. (Redação dada pela Lei nº refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada
9.527, de 10.12.97) pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3° Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con- I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº
clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em 9.527, de 10.12.97)
que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa
da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento. trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
§ 4° No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze me-
quando for o caso, o disposto no § 3° do art. 167. (Incluído pela Lei ses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nº 9.527, de 10.12.97) II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará relató-
§ 5° A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defe- rio conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor,
sa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automati- em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo
camente em pedido de exoneração do outro cargo.(Incluído pela Lei dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre
nº 9.527, de 10.12.97) a intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta dias e
§ 6° Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, remeterá o processo à autoridade instauradora para julgamento.
aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de apo- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
sentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do
os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. (Incluído Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposen-
§ 7° O prazo para a conclusão do processo administrativo disci- tadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Po-
plinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados der, órgão, ou entidade;
da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias o mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
exigirem.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
§ 8° O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, as respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
disposições dos Títulos IV e V desta Lei.(Incluído pela Lei nº 9.527, ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
de 10.12.97) IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do tratar de destituição de cargo em comissão.
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
missão. (Vide ADPF nº 418) I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujei- cargo em comissão;
ta às penalidades de suspensão e de demissão. II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este arti- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
go, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em § 1° O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
destituição de cargo em comissão. fato se tornou conhecido.

182
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

§ 2° Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
às infrações disciplinares capituladas também como crime. igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
§ 3° A abertura de sindicância ou a instauração de processo concluído o processo.
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
autoridade competente. CAPÍTULO III
§ 4° Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a DO PROCESSO DISCIPLINAR
correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a
TÍTULO V apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer-
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições
CAPÍTULO I do cargo em que se encontre investido.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão
composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no competente, observado o disposto no § 3° do art. 143, que indicará,
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efe-
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse- tivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual
gurada ao acusado ampla defesa. ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 1° (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) 10.12.97)
§ 2° (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) § 1° A Comissão terá como secretário servidor designado pelo
§ 3° A apuração de que trata o caput, por solicitação da au- seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
toridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de bros.
órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irre- § 2° Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
gularidade, mediante competência específica para tal finalidade, inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consangüí-
delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
República, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com independên-
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito cia e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do
do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competên- fato ou exigido pelo interesse da administração.
cias para o julgamento que se seguir à apuração.(Incluído pela Lei Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões te-
nº 9.527, de 10.12.97) rão caráter reservado.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fa-
apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do ses:
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten- I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
ticidade. missão;
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar eviden- II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa
te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, e relatório;
por falta de objeto. III - julgamento.
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
I - arquivamento do processo; excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual
30 (trinta) dias; prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
III - instauração de processo disciplinar. § 1° Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo in-
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não ex- tegral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
cederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a ponto, até a entrega do relatório final.
critério da autoridade superior. § 2° As reuniões da comissão serão registradas em atas que
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a deverão detalhar as deliberações adotadas.
imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias,
de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou des- SEÇÃO I
tituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de DO INQUÉRITO
processo disciplinar.
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
CAPÍTULO II contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO ção dos meios e recursos admitidos em direito.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não nar, como peça informativa da instrução.
venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau- Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con-
radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen- cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade
to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in-
prejuízo da remuneração. dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar.

183
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido,
técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em
fatos. jornal de grande circulação na localidade do último domicílio co-
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o nhecido, para apresentar defesa.
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.
quesitos, quando se tratar de prova pericial. Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
§ 1° O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- citado, não apresentar defesa no prazo legal.
siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum § 1° A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
interesse para o esclarecimento dos fatos. e devolverá o prazo para a defesa.
§ 2° Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- § 2° Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. do processo designará um servidor como defensor dativo, que de-
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante verá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun- ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Redação
da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expe- Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
dição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da re- minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e menciona-
partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para rá as provas em que se baseou para formar a sua convicção.
inquirição. § 1° O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a à responsabilidade do servidor.
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. § 2° Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
§ 1° As testemunhas serão inquiridas separadamente. indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
§ 2° Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infir- como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedimen- julgamento.
tos previstos nos arts. 157 e 158.
§ 1° No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvi- SEÇÃO II
do separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações DO JULGAMENTO
sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre
eles. Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento
§ 2° O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interfe- § 1° Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori-
rir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri- dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida-
-las, por intermédio do presidente da comissão. de competente, que decidirá em igual prazo.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do § 2° Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo pena mais grave.
menos um médico psiquiatra. § 3° Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será proces- aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autori-
sado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a ex- dades de que trata o inciso I do art. 141.
pedição do laudo pericial. § 4° Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a au-
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a in- toridade instauradora do processo determinará o seu arquivamen-
diciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados to, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.(Incluído
e das respectivas provas. pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1° O indiciado será citado por mandado expedido pelo presi- Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 quando contrário às provas dos autos.
(dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as
§ 2° Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
de 20 (vinte) dias. agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
§ 3° O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para responsabilidade.
diligências reputadas indispensáveis. Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autorida-
§ 4° No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia de que determinou a instauração do processo ou outra de hierar-
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará,
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração
assinatura de (2) duas testemunhas. de novo processo. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

184
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

§ 1° O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe-
processo. nalidade, nos termos do art. 141.
§ 2° A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
trata o art. 142, § 2° , será responsabilizada na forma do Capítulo dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a au-
IV do Título IV. toridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi- efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do
duais do servidor. servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o será convertida em exoneração.
processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins- Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição. agravamento de penalidade.
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só po-
derá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após TÍTULO VI
a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR
aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o pará- CAPÍTULO I
grafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, DISPOSIÇÕES GERAIS
se for o caso.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede servidor e sua família.
de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou in- § 1° O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja,
diciado; simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na admi-
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obriga- nistração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito
dos a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de mis- aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção da as-
são essencial ao esclarecimento dos fatos. sistência à saúde.(Redação dada pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
§ 2° O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem
SEÇÃO III direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial
DA REVISÃO DO PROCESSO internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual
coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Se-
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou guridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamen-
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a to ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do
inadequação da penalidade aplicada. mencionado regime de previdência.(Incluído pela Lei nº 10.667, de
§ 1° Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do 14.5.2003)
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do § 3° Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem
processo. remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
§ 2° No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento
requerida pelo respectivo curador. mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido pe-
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- los servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total do
querente. cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computando-se,
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. (Incluído pela Lei
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos, nº 10.667, de 14.5.2003)
ainda não apreciados no processo originário. § 4° O recolhimento de que trata o § 3° deve ser efetuado até o
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos
ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de
onde se originou o processo disciplinar. vencimento.(Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149. riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário. um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes fina-
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e lidades:
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, inva-
arrolar. lidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e reclu-
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a são;
conclusão dos trabalhos. II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do
processo disciplinar.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

III - assistência à saúde. loartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do


Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência
e condições definidos em regulamento, observadas as disposições Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina
desta Lei. especializada.
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servi- § 2° Nos casos de exercício de atividades consideradas insalu-
dor compreendem: bres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, a
I - quanto ao servidor: aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e “c”, observará o dispos-
a) aposentadoria; to em lei específica.
b) auxílio-natalidade; § 3° Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta
c) salário-família; médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a in-
d) licença para tratamento de saúde; capacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a im-
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; possibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei
f) licença por acidente em serviço; nº 9.527, de 10.12.97)
g) assistência à saúde; Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e de-
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em
satisfatórias; que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço ati-
II - quanto ao dependente: vo.
a) pensão vitalícia e temporária; Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a
b) auxílio-funeral; partir da data da publicação do respectivo ato.
c) auxílio-reclusão; § 1° A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
d) assistência à saúde. para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e
§ 1° As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas quatro) meses.
pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os § 2° Expirado o período de licença e não estando em condições
servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224. de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será aposen-
§ 2° O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, tado.
dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem § 3° O lapso de tempo compreendido entre o término da licen-
prejuízo da ação penal cabível. ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como
de prorrogação da licença.
CAPÍTULO II § 4° Para os fins do disposto no § 1° deste artigo, serão con-
DOS BENEFÍCIOS sideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade enseja-
dora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei nº
SEÇÃO I 11.907, de 2009)
DA APOSENTADORIA § 5° A critério da Administração, o servidor em licença para
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser con-
Art. 186. O servidor será aposentado:(Vide art. 40 da Consti- vocado a qualquer momento, para avaliação das condições que
tuição) ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais 11.907, de 2009)
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com ob-
doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e pro- servância do disposto no § 3° do art. 41, e revisto na mesma data e
porcionais nos demais casos; proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven- em atividade.
tos proporcionais ao tempo de serviço; Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer bene-
III - voluntariamente: fícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores em
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou re-
(trinta) se mulher, com proventos integrais; classificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma- Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao
gistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com proven- tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias especifi-
tos integrais; cadas no § 1° do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for conside-
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e rado inválido por junta médica oficial passará a perceber provento
cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; integral, calculado com base no fundamento legal de concessão da
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento
serviço. não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
§ 1° Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, Art. 192.(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação na-
ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, do- talina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao
ença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondi- respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa- encontrar internado.


do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos § 2° Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se
termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, e
aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art.
serviço efetivo. 230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
SEÇÃO II § 3° No caso do § 2° deste artigo, o atestado somente produzirá
DO AUXÍLIO-NATALIDADE efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos
do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo § 4° A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no
de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci- período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afastamento
mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. será concedida mediante avaliação por junta médica oficial. (Reda-
§ 1° Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de ção dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
50% (cinqüenta por cento), por nascituro. § 5° A perícia oficial para concessão da licença de que trata
§ 2° O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor o caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia ofi-
público, quando a parturiente não for servidora. cial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas
hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia.
SEÇÃO III (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
DO SALÁRIO-FAMÍLIA Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perí-
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao ina- cia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada pela
tivo, por dependente econômico. Lei nº 11.907, de 2009)
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
efeito de percepção do salário-família: ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qual-
até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e quer das doenças especificadas no art. 186, § 1° .
quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade; Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza- ou funcionais será submetido a inspeção médica.
ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos perió-
inativo; dicos, nos termos e condições definidos em regulamento. (Incluído
III - a mãe e o pai sem economia própria. pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento).
Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando o Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União e
beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela
de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposenta- Lei nº 12.998, de 2014)
doria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo. I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór-
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi- gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluído
verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando pela Lei nº 12.998, de 2014)
separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce-
dos dependentes. ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar-
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a quias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes. III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que possuam
nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma do art.
Previdência Social. 230; ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contra-
não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família. to administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de
junho de 1993, e demais normas pertinentes.(Incluído pela Lei nº
SEÇÃO IV 12.998, de 2014)
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
SEÇÃO V
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LICENÇA-PATER-
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem NIDADE
prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será conce- Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120
dida com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
de 2009) (Vide Decreto nº 6.690, de 2008)
§ 1° Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada § 1° A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se gestação, salvo antecipação por prescrição médica.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

§ 2° No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
partir do parto. II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato,
§ 3° No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmente;
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
reassumirá o exercício. a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 4° No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. c) Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. III - o companheiro ou companheira que comprove união es-
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis tável como entidade familiar;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois requisitos:(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
períodos de meia hora. a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de 13.135, de 2015)
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias b) seja inválido;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008) c)(Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de d) tenha deficiência intelectual ou mental; (Redação dada pela
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este Lei nº 13.846, de 2019)
artigo será de 30 (trinta) dias. V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do
servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
SEÇÃO VI VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no
inciso IV.(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor § 1° A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam
acidentado em serviço. os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, § 2° A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o
com as atribuições do cargo exercido. inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI.(Redação
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano: dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi- § 3° O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me-
dor no exercício do cargo; diante declaração do servidor e desde que comprovada dependên-
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice- cia econômica, na forma estabelecida em regulamento.(Incluído
-versa. pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de tra- § 4º (VETADO).(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
tamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, à Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão,
conta de recursos públicos. o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica habilitados.(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
oficial constitui medida de exceção e somente será admissível quan- § 1° (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
do inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública. § 2° (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) § 3° (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. Art. 219. A pensão por morte será devida ao conjunto dos de-
pendentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da
SEÇÃO VII data:(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
DA PENSÃO I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta dias)
após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em
Art. 215. Por morte do servidor, os seus dependentes, nas hipó- até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais dependentes;
teses legais, fazem jus à pensão por morte, observados os limites (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
estabelecidos no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição Fede- II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no
ral e no art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação inciso I do caput deste artigo; ou (Redação dada pela Lei nº 13.846,
dada pela Lei nº 13.846, de 2019) de 2019)
Art. 216. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de 2014) III - da decisão judicial, na hipótese de morte presumida. (Reda-
(Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) ção dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
Art. 217. São beneficiários das pensões: § 1º A concessão da pensão por morte não será protelada pela
I - o cônjuge;(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) falta de habilitação de outro possível dependente e a habilitação
a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só
b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) produzirá efeito a partir da data da publicação da portaria de con-
c) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) cessão da pensão ao dependente habilitado.(Redação dada pela Lei
d) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) nº 13.846, de 2019)

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

§ 2º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória VI - a renúncia expressa; e(Redação dada pela Lei nº 13.135,
ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de ra- de 2015)
teio dos valores com outros dependentes, vedado o pagamento da VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I a III
respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressal- do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
vada a existência de decisão judicial em contrário. (Redação dada a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que
pela Lei nº 13.846, de 2019) o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o
§ 3º Nas ações em que for parte o ente público responsável casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2
pela concessão da pensão por morte, este poderá proceder de ofício (dois) anos antes do óbito do servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135,
à habilitação excepcional da referida pensão, apenas para efeitos de 2015)
de rateio, descontando-se os valores referentes a esta habilitação b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
das demais cotas, vedado o pagamento da respectiva cota até o com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de
trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois)
decisão judicial em contrário. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de anos após o início do casamento ou da união estável: (Incluído pela
2019) Lei nº 13.135, de 2015)
§ 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 2º ou § 3º deste 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
artigo, o valor retido será corrigido pelos índices legais de reajusta- (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
mento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de
de acordo com as suas cotas e o tempo de duração de seus benefí- idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
cios.(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos
§ 5º Em qualquer hipótese, fica assegurada ao órgão concessor de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
da pensão por morte a cobrança dos valores indevidamente pagos 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de
em função de nova habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.846, de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
2019) 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:(Redação dada três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
pela Lei nº 13.135, de 2015) 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do § 1° A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada, deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para ava-
a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união liação das referidas condições.(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir § 2° Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no inciso
benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos do caput,
assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer natureza ou
pela Lei nº 13.135, de 2015) de doença profissional ou do trabalho, independentemente do reco-
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presumi- lhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação
da do servidor, nos seguintes casos: de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável. (Incluído pela
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária compe- Lei nº 13.135, de 2015)
tente; § 3° Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que
II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano inteiro
acidente não caracterizado como em serviço; na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, pode-
ou em missão de segurança. rão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins pre-
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em vistos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Ministro de
vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo
de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, na comparação com as idades anteriores ao referido incremento.
hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: § 4° O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência
I - o seu falecimento; Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) será
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais
concessão da pensão ao cônjuge; referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.(Incluído pela
III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário in- Lei nº 13.135, de 2015)
válido, ou o afastamento da deficiência, em se tratando de benefici- § 5º Na hipótese de o servidor falecido estar, na data de seu
ário com deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes falecimento, obrigado por determinação judicial a pagar alimentos
da aplicação das alíneas a e b do inciso VII do caput deste artigo; temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira, a
(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data do
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do
ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) benefício. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

§ 6º O beneficiário que não atender à convocação de que trata direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
o § 1º deste artigo terá o benefício suspenso, observado o disposto § 2° O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
nos incisos I e II do caput do art. 95 da Lei nº 13.146, de 6 de julho imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
de 2015.(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) que condicional.
§ 7º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condi- § 3° Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será
ção de microempreendedor individual, não impede a concessão ou devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependen-
manutenção da cota da pensão de dependente com deficiência in- tes do segurado recolhido à prisão.(Incluído pela Lei nº 13.135, de
telectual ou mental ou com deficiência grave. (Incluído pela Lei nº 2015)
13.846, de 2019)
§ 8º No ato de requerimento de benefícios previdenciários, não CAPÍTULO III
será exigida apresentação de termo de curatela de titular ou de be- DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
neficiário com deficiência, observados os procedimentos a serem es-
tabelecidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a de sua família compreende assistência médica, hospitalar, odonto-
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. (Redação dada lógica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica o im-
pela Lei nº 13.135, de 2015) plemento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou me-
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na diante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, median-
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos te ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou
dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos ou seguros
189. privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em regula-
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção mento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006)
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa- § 1° Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perí-
nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões.(Redação cia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta
dada pela Lei nº 13.135, de 2015) médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade celebra-
rá, preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do
SEÇÃO VIII sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas
DO AUXÍLIO-FUNERAL de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor faleci- § 2° Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação
do na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promove-
remuneração ou provento. rá a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que
§ 1° No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será constituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando
pago somente em razão do cargo de maior remuneração. os nomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprova-
§ 2° (VETADO). ção de suas habilitações e de que não estejam respondendo a pro-
§ 3° O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, cesso disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Inclu-
por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que ído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
houver custeado o funeral. § 3° Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será inde- União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a:
nizado, observado o disposto no artigo anterior. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de ser-
local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados
do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou fun- ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos
dação pública. grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas
patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente ce-
SEÇÃO IX lebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam
DO AUXÍLIO-RECLUSÃO autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que
os convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de auto-
nos seguintes valores: gestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo de
I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas tam-
prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade bém aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006;
competente, enquanto perdurar a prisão; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtu- II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de
de de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determi- 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de
ne a perda de cargo. assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do
§ 1° Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) ge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e cons-
§ 4° (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) tem do seu assentamento individual.
§ 5° O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício,
CAPÍTULO IV em caráter permanente.
DO CUSTEIO
TÍTULO IX
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) CAPÍTULO ÚNICO

TÍTULO VII DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

CAPÍTULO ÚNICO Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por
DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERES- esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos Po-
SE PÚBLICO deres da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em
regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711,
Art. 232.(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
Art. 233.(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
Art. 234.(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os contratados
Art. 235.(Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorroga-
dos após o vencimento do prazo de prorrogação.
TÍTULO VIII § 1° Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regi-
me instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na data
CAPÍTULO ÚNICO de sua publicação.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS § 2° As funções de confiança exercidas por pessoas não in-
tegrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas
oito de outubro. enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou enti-
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe- dades na forma da lei.
cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcionais, § 3° As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas
além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira: por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam extin-
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos tas na data da vigência desta Lei.
que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos § 4° (VETADO).
operacionais; § 5° O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, con- da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber.
decoração e elogio. § 6° Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade bra-
corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do venci- sileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo órgão
mento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o pra- ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de car-
zo vencido em dia em que não haja expediente. reira aos quais se encontrem vinculados os empregos.
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo- § 7° Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo,
sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais
dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem Transitórias, poderão, no interesse da Administração e conforme
eximir-se do cumprimento de seus deveres. critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados mediante
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo exercício
Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os se- no serviço público federal.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
guintes direitos, entre outros, dela decorrentes: § 8° Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substituto declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações
processual; isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista no
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
final do mandato, exceto se a pedido; § 9° Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a no § 7° poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando conside-
que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas rados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
em assembleia geral da categoria. Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos
d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em anuê-
e)(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nio.
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônju- Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada em de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos interpolados, po-
licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a 90. derá aposentar-se com a gratificação da função ou remuneração
Art. 246. (VETADO). do cargo em comissão, de maior valor, desde que exercido por um
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, haverá período mínimo de 2 (dois) anos.
ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao perí- § 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de
odo de contribuição por parte dos servidores celetistas abrangidos maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será in-
pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) corporada a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência comissão imediatamente inferior dentre os exercidos.
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem § 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens
do servidor. previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art.
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1° do art. 231, os 62, ressalvado o direito de opção.
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos per- Art. 231. .....................................................................................
centuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União ......................................
conforme regulamento próprio. § 1° .............................................................................................
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, .....................................
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentado- § 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral
ria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Fun- do Tesouro Nacional.
cionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de Art. 240. .....................................................................................
1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dispositivo. ......................................
(Mantido pelo Congresso Nacional) a) ................................................................................................
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) .....................................
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com b) ................................................................................................
efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subsequente. .....................................
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de c) ................................................................................................
1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais .....................................
disposições em contrário. d) de negociação coletiva;
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169° da Independência e e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justiça
102° da República. do Trabalho, nos termos da Constituição Federal.
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer,
PARTES VETADAS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA E MAN- dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentado-
TIDAS PELO CONGRESSO NACIONAL, DO PROJETO QUE SE ria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Fun-
TRANSFORMOU NA LEI N.º 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE cionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de
1990, QUE “DISPÕE SOBRE O REGIME JURÍDICO DOS SERVI- 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dispositi-
DORES PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO, DAS AUTARQUIAS E DAS vo.”
FUNDAÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS”. Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Independência e
103° da República.
O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:
Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e eu, MAU-
QUESTÕES
RO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos termos do § 7°
do art. 66 da Constituição, promulgo as seguintes partes da Lei n°
8.112, de 11 de dezembro de 1990: 1-CESGRANRIO - 2019
Um médico ortopedista, exercendo suas atividades em deter-
“Art. 87 ....................................................................................... minado município, com horário livre, resolveu realizar concurso
...................................... para ocupar cargo no Estado. Após aprovação no certame, ele passa
§ 1° ............................................................................................. a exercer atividades nos dois órgãos, o municipal e o estadual, ocu-
..................................... pando cargos de médico. Em determinado momento, o serviço de
§ 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não gozados medicina do Estado passa por uma troca de chefia. Esse novo che-
pelo servidor que vier a falecer serão convertidos em pecúnia, em fe exige que o ortopedista modifique os seus dias de plantão para
favor de seus beneficiários da pensão. melhor atender ao interesse público. Ocorre que os dias indicados
Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para aposen- coincidem com os realizados no município. O ortopedista, então,
tadoria com provento integral será aposentado: requer que seus dias de plantão sejam mantidos para poder exercer
I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente su- seu direito de acumulação de cargos.
perior àquela em que se encontra posicionado; Nos termos da Constituição Federal, a cumulação, quando pre-
II - quando ocupante da última classe da carreira, com a re- vista, é possível, desde que haja compatibilidade de
muneração do padrão correspondente, acrescida da diferença entre (A) conhecimentos
esse e o padrão da classe imediatamente anterior. (B) horários
Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção, che- (C) gerentes
fia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por período

192
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

(D) locais (C) 15%


(E) órgãos (D) 20%
(E) 30%
2-CESGRANRIO - 2019
Um cidadão deseja comunicar que um certo servidor público 6-CESGRANRIO - 2023
está exercendo de forma negligente o cargo que ocupa. A banca organizadora de um concurso para o cargo de agente
Nos termos da Constituição Federal, a lei disciplinará as formas de saúde em um determinado município decide estabelecer, como
de participação do usuário na administração pública direta e indi- etapa necessária para o certame, a realização de avaliação psicoló-
reta, regulando especialmente a disciplina contra o exercício negli- gica.
gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração Para sujeitar o candidato a cargo público a exame psicotécnico
pública, através de uma antes mesmo da publicação do ato em que se organiza o certame, é
(A) delação indispensável a previsão
(B) representação (A) no edital
(C) notificação (B) em aviso
(D) acusação (C) em portaria
(E) indicação (D) em lei
(E) em resolução
3-CESGRANRIO - 2018
Dispõe o art. 19 (ADCT): “Os servidores públicos civis da União, 7-CESGRANRIO - 2019
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração P obtém aprovação para ingressar no serviço público federal,
direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data tendo tomado posse e entrado em exercício nos prazos legais. Sen-
da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos conti- do profissional altamente qualificado na sua área de conhecimento,
nuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. logo após entrar em exercício, também logra aprovação para cur-
37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público.” sar mestrado no exterior do país. Baseado na Lei n° 8.112/1990,
Conforme o disposto nesse art. 19, a estabilidade no serviço P requer licença com vencimentos para manter seu vínculo com o
público serviço público.
(A) aplica-se aos servidores que a lei declare de livre exonera- O referido estatuto do servidor, no caso de período em que
ção. ocorre o estágio probatório, veda a concessão de licença para
(B) aplica-se aos ocupantes de cargos, funções e empregos de (A) capacitação
confiança ou em comissão. (B) acompanhar cônjuge
(C) depende do tempo de serviço dos servidores, que será con- (C) tratar doença
tado como título, quando se submeterem a concurso para fins (D) serviço militar
de efetivação, na forma da lei. (E) atividade política
(D) não se aplica aos professores de nível superior, nos termos
da Constituição. 8-CESGRANRIO - 2023
(E) não se aplica às hipóteses que a lei declare de livre exonera- Um funcionário de autarquia federal foi demitido após passar
ção, cujo tempo de serviço não será computado para os fins do por processo administrativo disciplinar, em que fora observada a
caput desse artigo, inclusive por se tratar de servidor.
ampla defesa e o direito ao contraditório, sob a acusação de que te-
ria cometido infração funcional relativa ao recebimento indevido de
4-CESGRANRIO - 2018
vantagem econômica. Em razão do ilícito penal, tal funcionário foi
São princípios constitucionais que regem a administração pú-
processado criminalmente. Contudo, na esfera judicial, foi provado
blica, EXCETO
que o réu não concorreu para o suposto ato delituoso que motivou
(A) Legalidade
a sua demissão.
(B) Impessoalidade
Nesse caso, a repercussão da decisão penal absolutória
(C) Moralidade (A) vincula a esfera administrativa e permite que esse funcioná-
(D) Marketing rio seja reintegrado ao cargo.
(E) Publicidade (B) vincula a esfera administrativa e permite que esse funcioná-
rio seja revertido ao cargo.
5-CESGRANRIO - 2019 (C) vincula a esfera administrativa e permite que esse funcioná-
J é portador de necessidades especiais e pretende ingressar no rio seja reconduzido ao cargo.
serviço público. Nos termos da Lei n° 8.112/1990, às pessoas por- (D) não vincula a esfera administrativa, pois a responsabilidade
tadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em administrativa não se subordina à decisão judicial.
concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam (E) não vincula a esfera administrativa, mas viabiliza a indeniza-
compatíveis com a deficiência de que são portadoras. ção por danos morais.
Para tais pessoas, serão reservadas, das vagas oferecidas no
concurso, até
(A) 5%
(B) 10%

193
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

9-CESGRANRIO - 2023 13- FCC - 2022


A Administração Pública indireta é composta por entes descen- A reserva de contingência de um ente público, de acordo com
tralizados, de competência do governo, criados para desempenha- o Decreto-Lei nº 200/1967,
rem variadas funções de serviços à população. Nesse sentido, existe (A) integra o seu Anexo de Riscos Fiscais e a sua forma de utili-
uma entidade que assume a forma de pessoa jurídica, cuja criação é zação e o seu montante devem ser definidos na Lei Orçamentá-
autorizada por lei, como um instrumento de ação do Estado, dotada ria Anual do referido ente.
de personalidade de Direito Privado, mas submetida a certas regras (B) corresponde a um crédito orçamentário destinado a aten-
especiais, decorrentes dessa sua natureza auxiliar da atuação go- der despesas correntes fixadas na sua Lei Orçamentária Anual
vernamental. Ela é constituída sob a forma de sociedade anônima, e resultantes de passivos contingentes.
cujas ações com direito a voto pertencem em sua maioria à União (C) registra o valor da dotação global, não especificamente des-
ou a uma entidade de sua administração indireta, sobre remanes- tinada a determinado programa, categoria econômica, órgão
cente acionário de propriedade particular. ou unidade orçamentária do referido ente.
Essa entidade é chamada de (D) tem o seu montante definido com base na receita orçamen-
(A) empresa pública tária total arrecadada pelo referido ente no mês em referência
e nos onze anteriores.
(B) autarquia especial
(E) tem o seu montante definido com base na receita corrente
(C) agência reguladora
prevista e a sua forma de utilização deve ser definida no Orça-
(D) sociedade de economia mista
mento Fiscal do referido ente.
(E) agência executiva
14-CESPE / CEBRASPE - 2022
10-CESGRANRIO - 2018
A administração pública é regida por normas e por princípios
Nos termos do Decreto Lei n° 200/1967, a Sociedade de Econo-
constitucionais e legais. Entre os princípios que foram estabelecidos
mia Mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
por lei, mas que não se encontram na Constituição Federal de 1988,
privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica,
inclui-se o princípio da
sob a forma de sociedade
(A) eficiência.
(A) simples
(B) moralidade.
(B) anônima
(C) impessoalidade.
(C) integral
(D) publicidade.
(D) por cotas
(E) razoabilidade.
(E) por comandita
15-FUNDATEC - 2021
11-CESGRANRIO - 2018
Em relação aos princípios constitucionais que regem a adminis-
Considerando as características dos entes que compõem a ad-
tração pública(conforme artigo 37 da Constituição Federal vigente),
ministração pública indireta, uma das diferenças entre as empresas
analise as assertivas a seguir:
públicas e as sociedades de economia mista baseia-se na
• O Princípio da __________ exige que a atividade administrati-
(A) estrutura de propriedade
va seja desenvolvida de modo leal e que assegure a toda a comuni-
(B) criação por meio de lei
dade a obtenção de vantagens justas. • As ações do administrador
(C) regras de admissão de pessoal
público são plenamente vinculadas ao que estabelecem as normas
(D) personalidade jurídica privada
vigentes, ou seja, ele somente pode fazer o que a lei autoriza ou
(E) possibilidade de falência
determina. Diferente do gestor privado, que pode fazer tudo o que
a lei não proíbe. Esse é o Princípio da __________. • O Princípio da
12-FCC - 2022
__________ exige que os atos estatais sejam levados ao conheci-
A reserva de contingência, de acordo com o Decreto-Lei nº
mento de todos, ressalvadas hipóteses em que se justificar o sigilo.
200/1967,
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen-
(A) tem o seu montante definido com base na receita corrente
te, as lacunas dos trechos acima.
total arrecadada.
(A) Eficiência – Impessoalidade – Transparência
(B) tem a sua forma de utilização estabelecida na Lei Orçamen-
tária Anual. (B) Eficiência – Legalidade – Transparência
(C) é destinada ao atendimento de despesas correntes resul- (C) Moralidade – Impessoalidade – Publicidade
tantes de passivos contingentes e outros riscos estabelecidos (D) Moralidade – Impessoalidade – Transparência
no Anexo de Riscos Fiscais. (E) Moralidade – Legalidade – Publicidade
(D) é constituída sob a forma de dotação global não especifica-
mente destinada a determinado órgão, unidade orçamentária,
programa ou categoria econômica.
(E) é apresentada na Lei Orçamentária Anual e deve ser execu-
tada com despesas correntes.

194
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 B ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 C
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 D
6 D ______________________________________________________
7 A ______________________________________________________
8 A
______________________________________________________
9 D
10 B ______________________________________________________

11 A ______________________________________________________
12 D
______________________________________________________
13 C
______________________________________________________
14 E
15 E ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
_____________________________________________________ ______________________________________________________
_____________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________

195
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

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196
FINANÇAS PÚBLICAS

diferentes esforços teóricos, na busca de se compreender como se


ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DO ESTADO dão tais interações. Entre estas perspectivas, duas correntes, a neo-
liberal e a neoestatal, são as mais comumente utilizadas.
Estado
Define-se o Estado como pessoa jurídica territorial, ou seja, é a Atribuições Econômicas do Estado
unidade de pessoas reconhecida pela ordem jurídica como sujeito As grandes empresas, os monopólios, o protecionismo e os
de direitos e obrigações. A extensão de terra na qual o Estado exer- sindicatos iniciaram a destruição inapelável do mercado como me-
ce sua soberania denomina-se território1. canismo regulador do sistema econômico. A Demanda Global mais
O Estado refere-se à convivência humana, à sociedade política, o Investimento Global, determinam a Renda Global (Tripé Macroe-
e capta o significado de poder, força e direito. Trata-se de uma so- conômico keynesiano), sob três funções:
ciedade natural, no sentido de que decorre naturalmente do fato • Função Alocativa
de que os homens vivem necessariamente e se organizam em so- Justifica-se a atividade estatal na alocação de recursos nos ca-
ciedade, realizando o bem geral que lhes é próprio, ou seja, o bem sos em que não houver a necessária eficiência por parte do sistema
comum. de mercado. Exemplos dessa alocação são os investimentos na in-
O Estado é formado pelo conjunto de instituições públicas que fraestrutura econômica e a provisão de bens meritórios.
representam, organizam e atendem os anseios da população que Tanto pode ser produzido/ofertado diretamente pelo Poder
habita o seu território, dentre essas instituições, pode-se citar: o público quanto incentivada a sua produção ou oferta pela iniciativa
governo, as escolas, as prisões, os hospitais públicos, o exército, privada. O principal instrumento utilizado pela função alocativa é o
etc. Ele é organizado politicamente, socialmente e juridicamente, orçamento público.
ocupando um território definido, onde normalmente a lei máxima
é uma constituição escrita, e dirigida por um governo que possui • Função Distributiva
soberania reconhecida tanto interna como externamente. O sistema de mercado é ineficiente para corrigir suas próprias
A Administração Pública é a forma como o Estado governa, falhas. A ação do Estado é requerida para discussão de medidas
ou seja, como executa as suas atividades para o bem-estar de seu que solucionem os problemas graves de miséria e de melhoria da
povo. A função da administração no setor público, é semelhante ao qualidade de vida das camadas mais pobres da população, oriun-
setor privado, que é planejar, organizar, dirigir e controlar recursos dos da concentração da riqueza em um determinado patamar da
humanos, materiais e financeiros, com a finalidade de atingir deter- sociedade, combinando tributos progressivos sobre as classes de
minados objetivos. renda mais elevada com a transferência de renda para as camadas
O objetivo do Estado é o bem público e o agente público deverá mais pobres da população, utilizando o orçamento público como
agir em conformidade com os ditames da Lei, em concordância com instrumento dessa distribuição.
o princípio da Legalidade, que se encontra entre os princípios da
Administração Pública, inseridos no caput do artigo 37 da Constitui- • Função Estabilizadora
ção Federal: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade A política fiscal busca a manutenção do nível de emprego, esta-
e Eficiência. bilidade nos níveis de preço, equilíbrio no balanço de pagamentos
Quanto aos recursos, os contribuintes são a fonte de receita do e uma taxa de crescimento econômico compatível. Considerada a
Estado, que arrecada por meio de impostos, que não necessaria- mais moderna das três funções, adquiriu grande importância a par-
mente, são convertidos em serviços públicos. tir da depressão dos anos 30.
No caso do emprego e do preço, em função das características
Sociedade do mercado, a ação estatal se dá sobre a demanda agregada, con-
A sociedade classifica-se como uma rede de relacionamento forme a necessidade. Além dos instrumentos fiscais, pode-se utili-
entre pessoas, uma comunidade interdependente e organizada, ou zar instrumento monetários na busca da estabilização do mercado.
seja, um grupo de indivíduos que formam um sistema semiaberto,
no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos FUNDAMENTOS DAS FINANÇAS PÚBLICAS,
pertencentes ao mesmo grupo. TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO
Na sociedade o conjunto de pessoas compartilham propósitos,
preocupações e costumes, e interagem entre si constituindo uma
comunidade. Os fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento
são pilares essenciais para a gestão eficiente dos recursos de
Mercado um Estado, desempenhando um papel crucial na administração
As relações entre Estado, mercado e sociedade civil organizada, econômica e social de uma nação. As finanças públicas abrangem
se constituem em uma problemática que vem sendo explorada por todas as atividades relacionadas à obtenção e ao uso dos recursos
pelo governo, incluindo a coleta de receitas, a realização de
1 MORAES, A.; Direito Constitucional, 23a ed. São Paulo: Atlas, 2008.

197
FINANÇAS PÚBLICAS

despesas e a gestão da dívida pública. A compreensão desses Desafios e Perspectivas


fundamentos é vital para garantir que os recursos públicos sejam As finanças públicas enfrentam vários desafios, como a
utilizados de maneira eficaz, eficiente e equitativa, contribuindo necessidade de responder a crises econômicas, gerenciar a
para o desenvolvimento econômico e o bem-estar social. dívida pública, combater a evasão fiscal e adaptar-se a mudanças
demográficas e econômicas. A globalização e a digitalização
Tributação também trazem novos desafios para a tributação e a gestão de
A tributação é uma das principais fontes de receita para os recursos. Portanto, políticas flexíveis e adaptáveis, juntamente com
governos. Ela envolve a coleta de impostos, taxas e contribuições uma gestão eficiente e transparente, são essenciais para enfrentar
dos cidadãos e empresas. O sistema tributário de um país deve ser esses desafios.
projetado de forma a garantir a justiça fiscal, eficiência econômica Os fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento
e conformidade com as normas e objetivos políticos. Os impostos são cruciais para o funcionamento eficaz e responsável de um
podem ser diretos, como o imposto de renda, que incide sobre a governo. Eles desempenham um papel vital na distribuição de
renda das pessoas e das empresas, ou indiretos, como o imposto recursos, no estímulo à economia e na promoção do bem-estar
sobre vendas, que incide sobre o consumo de bens e serviços. social. Uma gestão financeira pública eficiente requer um equilíbrio
Uma tributação eficaz deve ser equitativa, ou seja, justa entre a geração de receitas, por meio de um sistema tributário justo
em relação à capacidade de pagamento dos contribuintes. O e eficiente, e a alocação de despesas, por meio de um orçamento
princípio da progressividade, por exemplo, sugere que indivíduos bem planejado e executado. Além disso, a sustentabilidade da dívida
com maior capacidade de pagamento devem contribuir com uma pública e uma política fiscal equilibrada são essenciais para manter
parcela maior de seus rendimentos. Além disso, a simplicidade e a a saúde econômica de longo prazo de um país. A transparência,
transparência do sistema tributário são fundamentais para garantir a prestação de contas e a participação pública são fundamentais
a compreensão e a conformidade dos contribuintes. para assegurar que as finanças públicas atendam efetivamente às
necessidades e expectativas da sociedade, promovendo a confiança
Orçamento Público e a estabilidade econômica
O orçamento público é a ferramenta através da qual o governo
planeja suas receitas e despesas. Ele reflete as prioridades políticas
e econômicas de um país, sendo fundamental para a alocação
FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS:
eficiente de recursos, controle das finanças públicas e promoção da
ESTRUTURA DE RECEITAS E DESPESAS DO ESTADO
responsabilidade fiscal. O orçamento deve ser elaborado levando-
BRASILEIRO
se em conta as necessidades da sociedade e os recursos disponíveis,
buscando um equilíbrio entre os diversos setores, como saúde, O financiamento das políticas públicas no Brasil é uma questão
educação, infraestrutura e defesa. complexa, envolvendo uma intrincada estrutura de receitas e
A elaboração do orçamento envolve várias etapas, desde a despesas do Estado. Esta estrutura é fundamental para entender
proposta inicial até a aprovação pelo legislativo e a execução pelo como o país aloca seus recursos para atender às necessidades
executivo. A transparência e a participação pública são aspectos da população e promover o desenvolvimento socioeconômico.
críticos desse processo, pois permitem que os cidadãos acompanhem O financiamento das políticas públicas no Brasil é sustentado
e influenciem como os recursos públicos são utilizados. Além principalmente por meio de receitas obtidas através da tributação
disso, o monitoramento e a avaliação contínua do orçamento são e, em menor medida, por outras fontes como empréstimos e
necessários para garantir que os objetivos estabelecidos sejam financiamentos internacionais.
atingidos e para fazer ajustes conforme necessário.
Estrutura de Receitas
Gestão da Dívida Pública A principal fonte de receita do Estado brasileiro vem dos
A gestão da dívida pública é outro componente fundamental impostos, taxas e contribuições. O sistema tributário brasileiro é
das finanças públicas. Os governos frequentemente recorrem ao complexo, com tributos federais, estaduais e municipais. Entre os
endividamento para financiar despesas que não podem ser cobertas impostos federais, destacam-se o Imposto de Renda (IR), o Imposto
pelas receitas correntes. Uma gestão prudente da dívida é crucial sobre Produtos Industrializados (IPI) e a Contribuição Social sobre
para manter a sustentabilidade fiscal a longo prazo e a confiança o Lucro Líquido (CSLL). Já nos níveis estaduais e municipais, temos,
dos investidores. Isso envolve a avaliação cuidadosa dos riscos, respectivamente, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
a escolha de instrumentos de dívida apropriados e a garantia de Serviços (ICMS) e o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
que os níveis de endividamento sejam mantidos dentro de limites Urbana (IPTU).
sustentáveis. Além dos impostos, o Brasil conta com contribuições sociais,
como o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o PIS/PASEP, que
Política Fiscal são destinadas especificamente para financiar a segurança social,
A política fiscal, que inclui decisões sobre tributação e gastos incluindo aposentadorias, pensões e outros benefícios sociais.
públicos, é uma ferramenta poderosa para influenciar a economia.
Ela pode ser usada para estimular o crescimento econômico, Estrutura de Despesas
reduzir desigualdades, promover a estabilidade econômica e As despesas do Estado brasileiro são divididas em várias
alcançar objetivos sociais. A eficácia da política fiscal depende categorias, refletindo as diferentes áreas de políticas públicas. A
de um equilíbrio cuidadoso entre diferentes objetivos, tais como maior parte das despesas é destinada para a segurança social, que
incentivar o investimento e consumo, mantendo ao mesmo tempo inclui previdência, assistência e saúde. Os gastos com educação
a sustentabilidade das finanças públicas.

198
FINANÇAS PÚBLICAS

e segurança também representam uma parcela significativa do – Plurianual: o PPA cobre quatro anos, como o próprio nome
orçamento. sugere, permitindo ao governo planejar ações de médio prazo.
– Orientação estratégica: o PPA identifica áreas prioritárias,
As despesas públicas objetivos e diretrizes gerais para estabelecer a visão estratégica do
no Brasil são ainda classificadas entre despesas correntes e governo para o período.
despesas de capital. As despesas correntes incluem gastos com – Programas e ações: o PPA descreve os programas e ações que
a manutenção da máquina pública, como salários de servidores, o governo pretende implementar para atingir os objetivos defini-
benefícios sociais e custeio da administração. As despesas de capital, dos. Cada programa contém metas e ações específicas para cada
por outro lado, referem-se a investimentos em infraestrutura, como setor de atividade do governo.
construção de estradas, escolas e hospitais, que são essenciais para – Alocação de recursos: o PPA inclui uma previsão de recursos
o desenvolvimento a longo prazo. para cada programa e ação, mostrando como os recursos públicos
serão distribuídos ao longo do tempo.
Desafios e Perspectivas – Participação e controle social: a participação da sociedade
Um dos grandes desafios na gestão das finanças públicas no civil e dos órgãos de controle é necessária no processo de elabora-
Brasil é o equilíbrio entre receitas e despesas. O país enfrenta ção do PPA. Isso aumenta a transparência e a responsabilidade do
frequentemente questões relacionadas ao déficit público, onde governo.
as despesas superam as receitas, levando ao aumento da dívida
pública. Isso impõe limitações ao financiamento de políticas públicas Portanto, o modelo de planejamento do PPA 2024-2027 é es-
e pode comprometer a sustentabilidade fiscal a longo prazo. pecificamente adaptado para o contexto do governo federal bra-
Outro ponto de atenção é a rigidez orçamentária, onde uma sileiro e se concentra em diretrizes e ações de médio prazo, com
grande parte das despesas é obrigatória, limitando a capacidade do ênfase na responsabilidade, transparência e avaliação contínua do
governo de realocar recursos para áreas emergenciais ou de maior desempenho.
necessidade. A reforma tributária e a reforma da previdência são
frequentemente debatidas como meios de modernizar a estrutura — Mega Objetivos
fiscal e previdenciária, respectivamente, visando uma maior Os Mega Objetivos no Plano Plurianual (PPA) são orientações
eficiência e justiça social. estratégicas de alto nível que representam os principais desafios e
Além disso, a eficiência na aplicação dos recursos públicos é um metas que o governo federal brasileiro pretende alcançar dentro
tema constante. O objetivo é garantir que os fundos sejam usados de um determinado período de planejamento. Eles são uma parte
de maneira a maximizar o impacto positivo nas áreas de educação, fundamental do PPA e servem como uma referência para orientar
saúde, segurança e infraestrutura, beneficiando a população e as políticas e ações do governo ao longo de um ciclo de quatro anos.
contribuindo para o desenvolvimento do país. Formulados com base nas prioridades governamentais e nas neces-
O financiamento das políticas públicas no Brasil, através da sua sidades do país, eles são amplos, abrangendo áreas chave do gover-
estrutura de receitas e despesas, é um aspecto fundamental para no e refletindo os compromissos de campanha do governo eleito.
o funcionamento do Estado e o bem-estar da população. Enfrentar Este mega objetivo pode representar a determinação do go-
os desafios relacionados à gestão fiscal, ao equilíbrio orçamentário verno de reduzir a pobreza e melhorar as condições de vida dos
e à eficiência dos gastos públicos é essencial para assegurar o indivíduos vulneráveis. Também pode representar um compromis-
desenvolvimento sustentável e a equidade social no país. so com a preservação do ambiente, o uso sustentável dos recursos
naturais e o crescimento económico consciente. Pode igualmente
representar o objetivo de melhorar a educação, aumentar o acesso
NOÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO: PLANO à educação de alta qualidade e assegurar que a força de trabalho
PLURIANUAL (PPA), LEI DE DIRETRIZES seja dotada de competências.
ORÇAMENTÁRIAS (LDO) E LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL O compromisso com o acesso universal a cuidados de saúde de
(LOA) qualidade e a melhoria dos indicadores de saúde da população se
reflete no desenvolvimento de infraestruturas, incluindo estradas,
O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento de planejamento de ferrovias, portos e aeroportos, o que melhora a conectividade e a
médio prazo para estabelecer objetivos, metas e orientações para logística no país.
um período de quatro anos. É uma ferramenta crucial nos gover- A inclusão de Mega Objetivos no PPA ajuda a orientar as políti-
nos federal, estadual e municipal, sendo desenvolvida anualmente cas públicas, programas e projetos desenvolvidos e implementados
para cada mandato, tipicamente começando no segundo ano de durante o período de planejamento. Cada Mega Objetivo é dividido
um mandato presidencial, legislativo ou municipal e terminando no em programas específicos e ações para alcançar os objetivos esta-
primeiro ano do próximo mandato. belecidos. Esta estrutura hierárquica permite que o governo plane-
Portanto, o PPA 2024-2027 se refere ao planejamento que je de forma eficiente, atribuindo recursos e responsabilidades de
abrangerá o período de 2024 a 2027. acordo com as prioridades estratégicas. Estes são os objetivos mais
elevados que o governo federal brasileiro pretende alcançar ao lon-
— Modelo De Planejamento go de quatro anos, orientando o planejamento e a implementação
Embora o PPA siga diretrizes gerais de planejamento estratégi- de políticas públicas em áreas-chave.
co, ele possui características específicas que o diferenciam de ou-
tros modelos de planejamento. Aqui estão alguns aspectos chave — Dimensões
do modelo de planejamento do PPA 2024-2027: O Plano Plurianual Brasileiro (PPA) usa dimensões para repre-
sentar diferentes áreas governamentais e setores de política públi-

199
FINANÇAS PÚBLICAS

ca. Estas dimensões ajudam a organizar o planeamento estratégico Ação


e a alocação de recursos ao longo do período de quatro anos abran- Uma ação num programa é uma atividade específica, concreta
gido pelo PPA. Eles são usados para agrupar programas e ações e mensurável que faz parte do programa. Exemplos de ações in-
governamentais em categorias temáticas, tornando mais fácil iden- cluem a construção de 100 escolas, a distribuição de medicamentos
tificar e acompanhar as atividades. Embora as dimensões possam a 1 milhão de pacientes e a reforma de 500 quilômetros de estra-
variar de um ciclo de planejamento para outro, elas geralmente das. Estas ações visam atingir objetivos de curto a médio prazo e são
incluem áreas com trabalho extensivo do governo. apoiadas por recursos financeiros, datas de execução e indicadores
O desenvolvimento social engloba políticas e programas rela- de desempenho. Cada ação é atribuída a uma entidade responsável
cionados à educação, saúde, assistência social, cultura, desporto e para a execução e o acompanhamento dos progressos, que envolve
outros sectores que afetam o bem-estar e a qualidade de vida da a utilização eficiente dos recursos alocados e a garantia de que os
população. resultados são alcançados.
As infraestruturas incluem programas e ações relacionadas Em suma, os programas representam a direção geral do gover-
com transportes, energia, habitação, saneamento básico, desenvol- no em áreas chave, enquanto as ações são atividades concretas e
vimento urbano e desenvolvimento económico, incluindo políticas mensuráveis que contribuem para a realização dos objetivos esta-
de crescimento económico, criação de emprego, desenvolvimento belecidos. A combinação de programas e ações fornece uma estru-
industrial, agricultura e comércio externo. tura lógica para planejar, implementar e anunciar políticas públicas
O desenvolvimento do crescimento económico, a geração de ao longo do ciclo de quatro anos do PPA, permitindo ao governo
emprego, o desenvolvimento industrial, a agricultura e o comércio alocar eficientemente recursos, definir responsabilidades e monito-
externo abrangem políticas e programas voltados para o crescimen- rar o progresso em direção aos objetivos estabelecidos.
to econômico, a conservação do ambiente, a proteção dos recursos
naturais e a promoção da sustentabilidade. LEI Nº 14.791, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2023
A segurança pública e a defesa abrangem ações relacionadas à
segurança, justiça, defesa nacional e segurança pública, enquanto a Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e a execução da
inovação e a tecnologia abrangem programas relacionados à inves- Lei Orçamentária de 2024 e dá outras providências.
tigação, ciência e tecnologia.
Gestão e Governança aborda programas eficazes e qualidade O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
da gestão pública, promovendo transparência, responsabilidade e cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
integridade.
Outras dimensões específicas podem ser criadas para refletir CAPÍTULO I
áreas adicionais, como cultura, esportes e turismo. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
O PPA é dividido em programas e ações específicos, cada um vi-
sando alcançar objetivos comuns dentro de uma dimensão específi- Art. 1º São estabelecidas, em cumprimento ao disposto no §
ca. Estes programas são ações coordenadas, enquanto as ações são 2º do art. 165 da Constituição e na Lei Complementar nº 101, de 4
atividades específicas. As dimensões do PPA ajudam a estruturar o de maio de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, as diretrizes orça-
documento e facilitar a comunicação das prioridades governamen- mentárias da União para 2024, compreendendo:
tais, permitindo que as partes interessadas entendam as áreas de I - as metas e as prioridades da administração pública federal;
foco e os objetivos estratégicos. Isto é essencial para o planejamen- II - a estrutura e a organização dos orçamentos;
to, a implementação e o acompanhamento das políticas públicas ao III - as diretrizes para a elaboração e a execução dos orçamen-
longo do ciclo de planeamento do PPA. tos da União;
IV - as disposições relativas às transferências;
— Programa e Ação V - as disposições relativas à dívida pública federal;
Os componentes principais do Plano Plurianual (PPA) do Brasil VI - as disposições relativas às despesas com pessoal e encargos
são programas e ações, que descrevem as atividades governamen- sociais e aos benefícios aos servidores, aos empregados e aos seus
tais e as políticas públicas a serem implementadas durante o perío- dependentes;
do do plano. Uma descrição mais detalhada dos programas e ações VII - a política de aplicação dos recursos das agências financei-
incluídos no PPA pode ser encontradas como: ras oficiais de fomento;
VIII - as disposições relativas à adequação orçamentária decor-
Programa rente das alterações na legislação;
Um programa em Administração de Obras Públicas (PPA) é um IX - as disposições relativas à fiscalização pelo Poder Legislativo
conjunto estruturado de ações destinadas a atingir objetivos espe- e às obras e aos serviços com indícios de irregularidades graves;
cíficos em uma área específica do governo. Exemplos de programas X - as disposições relativas à transparência; e
incluem o Programa de Educação de Qualidade, Saúde para Todos XI - as disposições finais.
e Programa de Desenvolvimento de Infraestruturas. Os programas
são tipicamente bem estruturados, envolvendo ações conexas des- CAPÍTULO II
tinadas a atingir objetivos de médio prazo e tendo recursos finan- DAS METAS E DAS PRIORIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLI-
ceiros alocados para a sua execução. Cada programa é gerido por CA FEDERAL
uma entidade responsável, responsável pela coordenação e super-
visão da execução das ações incluídas. Art. 2º A elaboração e a aprovação do Projeto de Lei Orçamen-
tária de 2024 e a execução da respectiva Lei deverão ser compatí-
veis com a meta de resultado primário de R$ 0,00 (zero real) para os

200
FINANÇAS PÚBLICAS

Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, conforme demonstrado cursos financeiros oriundos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade
no Anexo de Metas Fiscais constante do Anexo IV a esta Lei. Social da União destinados à execução de ações orçamentárias;
§ 1º Para fins da demonstração da compatibilidade referida no V - convenente - o órgão ou a entidade da administração públi-
caput, admite-se intervalo de tolerância com: ca direta ou indireta, de qualquer esfera de Governo, e a organiza-
I - limite superior equivalente a superavit primário de R$ ção da sociedade civil, com os quais a administração pública federal
28.756.172.359,00 (vinte e oito bilhões setecentos e cinquenta e pactue a execução de ações orçamentárias com transferência de
seis milhões cento e setenta e dois mil trezentos e cinquenta e nove recursos financeiros;
reais); e VI - unidade descentralizadora - o órgão da administração pú-
II - limite inferior equivalente a deficit primário de R$ blica federal direta, a autarquia, a fundação pública ou a empresa
28.756.172.359,00 (vinte e oito bilhões setecentos e cinquenta e estatal dependente detentora e descentralizadora da dotação orça-
seis milhões cento e setenta e dois mil trezentos e cinquenta e nove mentária e dos recursos financeiros;
reais). VII - unidade descentralizada - o órgão da administração pú-
§ 2º A obtenção de resultado que exceda ao limite superior de blica federal direta, a autarquia, a fundação pública ou a empresa
que trata o inciso I do § 1º não implica descumprimento da meta estatal dependente recebedora da dotação orçamentária e dos re-
estabelecida no caput. cursos financeiros;
§ 3º A meta de resultado primário e o intervalo de tolerância VIII - produto - o bem ou o serviço que resulta da ação orça-
referidos neste artigo poderão ser adequados pela legislação de mentária;
que trata o art. 6º da Emenda à Constituição nº 126, de 21 de de- IX - unidade de medida - a unidade utilizada para quantificar e
zembro de 2022. expressar as características do produto; e
§ 4º A projeção de resultado primário dos Estados, do Distrito X - meta física - a quantidade estimada para o produto no exer-
Federal e dos Municípios será aquela indicada no Anexo de Metas cício financeiro;
Fiscais constante do Anexo IV, a qual será referência para fins de XI - atividade - o instrumento de programação para alcançar o
fixação dos limites para contratação de operações de crédito pelos objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações
entes federativos e concessão de garantias da União a essas ope- que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta
rações. um produto necessário à manutenção da ação de governo;
Art. 3º A elaboração e a aprovação do Projeto de Lei Orçamen- XII - projeto - o instrumento de programação para alcançar o
tária de 2024 e a execução da respectiva Lei, para o Programa de objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações li-
Dispêndios Globais de que trata o inciso XXII do Anexo II, deverão mitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para
ser compatíveis com a obtenção da meta de deficit primário de R$ a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo; e
7.312.117.949,00 (sete bilhões trezentos e doze milhões cento e de- XIII - operação especial - as despesas que não contribuem para
zessete mil novecentos e quarenta e nove reais). a manutenção, a expansão ou o aperfeiçoamento das ações de go-
§ 1º Não serão consideradas na meta de deficit primário, de verno no âmbito da União, das quais não resulta um produto e não
que trata o caput, relativa ao Programa de Dispêndios Globais: é gerada contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.
I - as empresas do Grupo Petrobras; § 1º As categorias de programação de que trata esta Lei serão
II - as empresas do Grupo Empresa Brasileira de Participações identificadas no Projeto de Lei Orçamentária de 2024, na respectiva
em Energia Nuclear e Binacional - ENBPar; e Lei e nos créditos adicionais, por programas, projetos, atividades ou
III - as despesas do Orçamento de Investimento destinadas operações especiais e respectivos subtítulos, com indicação, quan-
ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento, limitado a R$ do for o caso, do produto, da unidade de medida e da meta física.
5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais). § 2º Ficam vedados, na especificação dos subtítulos:
§ 2º Poderá haver, durante a execução da Lei Orçamentária de I - produto diferente daquele informado na ação;
2024, com demonstração nos relatórios de que tratam o § 4º do art. II - denominação que evidencie finalidade divergente daquela
71 e o caput do art. 158, compensação entre as metas estabelecidas especificada na ação; e
para os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social e para o Programa III - referência a mais de um beneficiário, localidade ou área
de Dispêndios Globais referido no caput. geográfica no mesmo subtítulo.
Art. 4º (VETADO). § 3º A meta física deverá ser indicada em nível de subtítulo e
agregada segundo o projeto ou a atividade e estabelecida em fun-
CAPÍTULO III ção do custo de cada unidade do produto e do montante de recur-
DA ESTRUTURA E DA ORGANIZAÇÃO DOS ORÇAMENTOS sos alocados.
§ 4º No Projeto de Lei Orçamentária de 2024, um código se-
Art. 5º Para fins do disposto nesta Lei e na Lei Orçamentária de quencial, que não constará da respectiva Lei, deverá ser atribuído
2024, entende-se por: a cada subtítulo, para fins de processamento, hipótese em que as
I - subtítulo - o menor nível da categoria de programação, que modificações propostas nos termos do disposto no § 5º do art. 166
delimita a localização geográfica da ação e que pode ser utilizado, da Constituição deverão preservar os códigos sequenciais da pro-
adicionalmente, para restringir o seu objeto; posta original.
II - unidade orçamentária - o menor nível da classificação ins- § 5º As ações que possuem a mesma finalidade, consubstancia-
titucional; da em seu título, deverão ser classificadas sob apenas um código,
III - órgão orçamentário - o maior nível da classificação institu- independentemente da unidade orçamentária.
cional, cuja finalidade é agrupar unidades orçamentárias; § 6º O projeto deverá constar de apenas uma esfera orçamen-
IV - concedente - o órgão ou a entidade da administração pú- tária, sob apenas um programa.
blica federal direta ou indireta responsável pela transferência de re- § 7º A subfunção, nível de agregação imediatamente inferior

201
FINANÇAS PÚBLICAS

à função, deverá evidenciar cada área da atuação governamental. § 2º Os GNDs constituem agregação de elementos de despesa
§ 8º A ação orçamentária, entendida como atividade, projeto de mesmas características quanto ao objeto de gasto, conforme dis-
ou operação especial, deverá identificar a função e a subfunção às criminados a seguir:
quais se vincula e referir-se a apenas um produto. I - pessoal e encargos sociais (GND 1);
§ 9º Nas referências ao Ministério Público da União constantes II - juros e encargos da dívida (GND 2);
desta Lei, considera-se incluído o Conselho Nacional do Ministério III - outras despesas correntes (GND 3);
Público. IV - investimentos (GND 4);
Art. 6º Os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social compreen- V - inversões financeiras, incluídas as despesas referentes à
derão o conjunto das receitas públicas e das despesas dos Poderes, constituição ou ao aumento de capital de empresas (GND 5); e
do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União, VI - amortização da dívida (GND 6).
de seus fundos, órgãos, autarquias, inclusive especiais, e fundações § 3º A reserva de contingência prevista no art. 13 será classifi-
instituídas e mantidas pelo Poder Público, das empresas públicas, cada no GND 9 ou poderá ter outra classificação caso seja destinada
sociedades de economia mista e demais entidades em que a União, especificamente às necessidades previstas no § 1º do art. 33 e no
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com art. 114.
direito a voto e que dela recebam recursos do Tesouro Nacional, § 4º O identificador de RP visa a auxiliar a apuração do resulta-
devendo a correspondente execução orçamentária e financeira, da do primário previsto nos art. 2º e art. 3º, o qual deverá constar do
receita e da despesa, ser registrada na modalidade total no Sistema Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e da respectiva Lei em todos
Integrado de Administração Financeira do Governo Federal - Siafi. os GNDs e identificar, de acordo com a metodologia de cálculo das
§ 1º Ressalvada a hipótese prevista no § 3º, ficam excluídos do necessidades de financiamento do Governo Central, cujo demons-
disposto no caput: trativo constará anexo à Lei Orçamentária de 2024, nos termos do
I - os fundos de incentivos fiscais, que figurarão exclusivamente disposto no inciso X do Anexo I, se a despesa é:
como informações complementares ao Projeto de Lei Orçamentária I - financeira (RP 0);
de 2024; II - primária e considerada na apuração do resultado primário
II - os conselhos de fiscalização de profissão regulamentada; e para cumprimento da meta, sendo:
III - as empresas públicas e as sociedades de economia mista a) obrigatória, cujo rol deve constar da Seção I do Anexo III (RP
que recebam recursos da União apenas em decorrência de: 1);
a) participação acionária; b) discricionária não abrangida pelo disposto nas alíneas “c” e
b) fornecimento de bens ou prestação de serviços; “d” (RP 2);
c) pagamento de empréstimos e financiamentos concedidos; e c) discricionária e abrangida pelo Programa de Aceleração do
d) transferência para aplicação em programas de financiamen- Crescimento - Novo PAC (RP 3); ou
to, nos termos do disposto na alínea “c” do inciso I do caput do art. d) discricionária decorrente de dotações ou programações in-
159 e no § 1º do art. 239 da Constituição. cluídas ou acrescidas por emendas:
§ 2º A empresa pública ou sociedade de economia mista in- 1. individuais, de execução obrigatória nos termos do disposto
tegrante dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social em que a nos § 9º e § 11 do art. 166 da Constituição (RP 6);
União detenha a maioria do capital social com direito a voto poderá 2. de bancada estadual, de execução obrigatória nos termos do
apresentar plano de sustentabilidade econômica e financeira, com disposto no § 12 do art. 166 da Constituição (RP 7);
vistas à revisão de sua classificação de dependência, na forma pre- 3. de comissão permanente do Senado Federal, da Câmara dos
vista em ato do Poder Executivo federal, quando: Deputados e de comissão mista permanente do Congresso Nacional
I - não tiver recebido ou utilizado recursos do Tesouro Nacional (RP 8); ou
para pagamento de despesas com pessoal e de custeio em geral; ou III - primária constante do Orçamento de Investimento e não
II - as receitas próprias tenham apresentado crescimento con- considerada na apuração do resultado primário para cumprimento
tínuo nos últimos três exercícios, tendo a arrecadação atingido, no da meta, sendo:
último ano, valor igual ou superior a oitenta por cento da soma de a) discricionária e não abrangida pelo PAC (RP 4); ou
todas as suas despesas com pessoal e de custeio em geral. b) discricionária e abrangida pelo PAC (RP 5).
§ 3º Na hipótese de aprovação do plano de sustentabilidade § 5º Nenhuma ação conterá, simultaneamente, dotações des-
econômica e financeira de que trata o § 2º, a empresa pública ou tinadas a despesas financeiras e primárias, ressalvada a reserva de
sociedade de economia mista continuará a integrar os Orçamentos contingência.
Fiscal e da Seguridade Social da União durante a sua vigência. § 6º A Modalidade de Aplicação - MA indica se os recursos se-
Art. 7º Os Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Inves- rão aplicados:
timento discriminarão a despesa por unidade orçamentária, com I - diretamente, pela unidade detentora do crédito orçamentá-
suas categorias de programação detalhadas no menor nível e dota- rio ou, em decorrência de descentralização de crédito orçamentá-
ções respectivas, especificando a esfera orçamentária, o Grupo de rio, por outro órgão ou entidade integrante do Orçamento Fiscal ou
Natureza de Despesa - GND, o identificador de resultado primário da Seguridade Social;
- RP, a modalidade de aplicação, o identificador de uso - IU e a fonte II - indiretamente, mediante transferência, por outras esferas
de recursos. de Governo, seus órgãos, fundos ou entidades ou por entidades pri-
§ 1º A esfera orçamentária tem por finalidade identificar se o vadas, exceto o caso previsto no inciso III; ou
orçamento é Fiscal - F, da Seguridade Social - S ou de Investimento III - indiretamente, mediante delegação, por outros entes fe-
- I. derativos ou consórcios públicos para a aplicação de recursos em
ações de responsabilidade exclusiva da União, especialmente nos
casos que impliquem preservação ou acréscimo no valor de bens

202
FINANÇAS PÚBLICAS

públicos federais. respectiva Lei serão constituídos de:


§ 7º A especificação da modalidade de que trata o § 6º obser- I - texto da lei e seus anexos;
vará, no mínimo, o seguinte detalhamento: II - quadros orçamentários consolidados relacionados no Anexo
I - Transferências a Estados e ao Distrito Federal (MA 30); I;
II - Transferências a Municípios (MA 40); III - anexo dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social com:
III - Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos a) receitas, discriminadas por natureza, identificando as fontes
(MA 50); de recursos correspondentes a cada cota-parte de natureza de re-
IV - Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos ceita, o orçamento a que pertencem e a sua natureza financeira (F)
(MA 60); ou primária (P), observado o disposto no art. 6º da Lei nº 4.320, de
V - Aplicações Diretas (MA 90); e 1964; e
VI - Aplicações Diretas Decorrentes de Operação entre Órgãos, b) despesas, discriminadas na forma prevista no art. 7º e nos
Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguri- demais dispositivos pertinentes desta Lei;
dade Social (MA 91). IV - discriminação da legislação da receita e da despesa, refe-
§ 8º O empenho da despesa não poderá ser realizado com mo- rente aos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social; e
dalidade de aplicação “a definir” (MA 99). V - anexo do Orçamento de Investimento a que se refere o inci-
§ 9º É vedada a execução orçamentária de programação que so II do § 5º do art. 165 da Constituição, na forma prevista nesta Lei.
utilize a designação “a definir” ou outra que não permita a sua iden- § 1º Os quadros orçamentários consolidados e as informações
tificação precisa. complementares exigidos por esta Lei identificarão, logo abaixo do
§ 10. O IU tem por finalidade indicar se os recursos compõem título respectivo, o dispositivo legal a que se referem.
contrapartida nacional de empréstimos ou de doações, ou se são § 2º O Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e a respectiva Lei
destinados a outras aplicações, e deverá constar da Lei Orçamen- conterão anexo específico com a relação dos subtítulos relativos a
tária de 2024 e dos créditos adicionais, no mínimo, pelos seguintes obras e serviços com indícios de irregularidades graves, cujas exe-
dígitos: cuções observarão o disposto no Capítulo X.
I - recursos não destinados à contrapartida ou à identificação § 3º Os anexos da despesa prevista na alínea “b” do inciso III do
de despesas com ações e serviços públicos de saúde, manutenção e caput deverão conter, no Projeto de Lei Orçamentária de 2024, qua-
desenvolvimento do ensino (IU 0); dros-síntese por órgão e unidade orçamentária, que discriminem os
II - contrapartida de empréstimos do Banco Internacional para valores por função, subfunção, GNDs e fonte de recursos:
Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD (IU 1); I - constantes da Lei Orçamentária de 2022 e dos créditos adi-
III - contrapartida de empréstimos do Banco Interamericano de cionais;
Desenvolvimento - BID (IU 2); II - empenhados no exercício de 2022;
IV - contrapartida de empréstimos por desempenho ou com III - constantes do Projeto de Lei Orçamentária de 2023;
enfoque setorial amplo (IU 3); IV - constantes da Lei Orçamentária de 2023; e
V - contrapartida de outros empréstimos (IU 4); V - propostos para o exercício de 2024.
VI - contrapartida de doações (IU 5); § 4º Na Lei Orçamentária de 2024, serão excluídos os valores
VII - recursos para identificação das despesas que podem ser a que se refere o inciso I do § 3º e incluídos os valores aprovados
consideradas para a aplicação mínima em ações e serviços públicos para 2024.
de saúde, de acordo com o disposto na Lei Complementar nº 141, § 5º Os anexos ao Projeto de Lei Orçamentária de 2024, ao seu
de 13 de janeiro de 2012 (IU 6); e autógrafo e à respectiva Lei:
VIII - recursos para identificação das despesas com manuten- I - de que tratam os incisos III e V do caput terão as mesmas for-
ção e desenvolvimento do ensino, observado o disposto nos art. 70 matações dos anexos correspondentes à Lei Orçamentária de 2023,
e art. 71 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no âmbito do exceto quanto às alterações previstas nesta Lei; e
Ministério da Educação (IU 8). II - não referidos nos incisos III e V do caput poderão ser aper-
§ 11. (VETADO). feiçoados, conforme a necessidade, durante o processo de elabora-
Art. 8º Todo e qualquer crédito orçamentário deverá ser con- ção do Projeto de Lei Orçamentária de 2024.
signado diretamente à unidade orçamentária à qual pertencerem § 6º O Orçamento de Investimento deverá contemplar as in-
as ações correspondentes, vedada a consignação de crédito a título formações previstas nos incisos I, III, IV e V do § 3º e no § 4º, por
de transferência a outras unidades orçamentárias integrantes dos função e subfunção.
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social. Art. 10. O Poder Executivo federal encaminhará ao Congresso
§ 1º Não caracteriza infringência ao disposto no caput e à veda- Nacional, no prazo de quinze dias, contado da data de envio do Pro-
ção a que se refere o inciso VI do caput do art. 167 da Constituição a jeto de Lei Orçamentária de 2024, exclusivamente em meio eletrô-
descentralização de créditos orçamentários para execução de ações nico, demonstrativos, elaborados a preços correntes, com as infor-
pertencentes à unidade orçamentária descentralizadora. mações complementares relacionadas no Anexo II.
§ 2º As operações entre órgãos, fundos e entidades integrantes Art. 11. A mensagem que encaminhar o Projeto de Lei Orça-
dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, ressalvado o dispos- mentária de 2024 conterá:
to no § 1º, serão executadas, obrigatoriamente, por meio de em- I - resumo da política econômica do País, análise da conjuntu-
penho, liquidação e pagamento, nos termos do disposto na Lei nº ra econômica e indicação do cenário macroeconômico para 2024 e
4.320, de 17 de março de 1964, hipótese em que será utilizada a suas implicações sobre a proposta orçamentária de 2024;
modalidade de aplicação 91. II - resumo das principais políticas setoriais do Governo;
Art. 9º O Projeto de Lei Orçamentária de 2024, o qual será en- III - avaliação das necessidades de financiamento do Gover-
caminhado pelo Poder Executivo federal ao Congresso Nacional, e a no Central relativas aos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social,

203
FINANÇAS PÚBLICAS

explicitando as receitas e as despesas, e os resultados primário e XIII - despesas de pessoal e encargos sociais decorrentes da
nominal implícitos no Projeto de Lei Orçamentária de 2024, na Lei concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, in-
Orçamentária de 2023 e na sua reprogramação, e aqueles realiza- clusive resultante de alteração de estrutura de carreiras e de provi-
dos em 2022, de modo a evidenciar: mento de cargos, empregos e funções;
a) a metodologia de cálculo de todos os itens computados na XIV - transferências temporárias aos Estados, ao Distrito Fede-
avaliação das necessidades de financiamento; e ral e aos Municípios de que trata a Lei Complementar nº 176, de 29
b) os parâmetros utilizados, informando, separadamente, as de dezembro de 2020;
variáveis macroeconômicas de que trata o Anexo de Metas Fiscais XV - anuidade ou participação regular em organismos de direi-
constante do Anexo IV a esta Lei, referidas no inciso II do § 2º do art. to internacional público, da seguinte forma:
4º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade a) para valores acima de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de re-
Fiscal, verificadas em 2022 e suas projeções para 2023 e 2024; ais), ou o equivalente na moeda estrangeira em que o compromis-
IV - indicação do órgão que apurará os resultados primário e so tenha sido estipulado, conforme taxa de câmbio utilizada como
nominal e da sistemática adotada para avaliação do cumprimento parâmetro na elaboração do Projeto de Lei Orçamentária, deverá
das metas; ser consignado em programação específica que identifique nomi-
V - demonstrativo sintético dos principais agregados da receita nalmente cada beneficiário; e
e da despesa; b) para valores iguais ou inferiores ao previsto na alínea “a”,
VI - demonstrativo do resultado primário das empresas estatais deverá ser utilizada programação específica ou a ação “00UT - Con-
federais com a metodologia de apuração do resultado; e tribuições Regulares a Organismos de Direito Internacional Público
VII - demonstrativo da compatibilidade dos valores máximos sem Exigência de Programação Específica”;
da programação constante do Projeto de Lei Orçamentária de 2024 XVI - anuidade ou participação regular em entidades nacionais
com os limites individualizados de despesas primárias calculados na e organismos nacionais ou internacionais de direito privado, da se-
forma prevista na Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de guinte forma:
2023. a) para valores acima de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de re-
Art. 12. O Projeto de Lei Orçamentária de 2024, a respectiva Lei ais), ou o equivalente na moeda estrangeira em que o compromis-
e os créditos adicionais discriminarão, em categorias de programa- so tenha sido estipulado, conforme taxa de câmbio utilizada como
ção específicas, as dotações destinadas a: parâmetro na elaboração do Projeto de Lei Orçamentária, deverá
I - ações descentralizadas de assistência social para cada Estado ser consignado em programação específica que identifique nomi-
e seus Municípios e para o Distrito Federal; nalmente cada beneficiário; e
II - ações de alimentação escolar; b) para valores iguais ou inferiores ao previsto na alínea “a”,
III - benefícios do Regime Geral de Previdência Social; deverá ser utilizada programação específica, a ação “00PW - Con-
IV - benefícios assistenciais custeados pelo Fundo Nacional de tribuições Regulares a Entidades ou Organismos Nacionais sem Exi-
Assistência Social; gência de Programação Específica” ou a ação “00UU - Contribuições
V - benefícios obrigatórios concedidos aos servidores civis, em- Regulares a Organismos Internacionais de Direito Privado sem Exi-
pregados e militares e aos seus dependentes, relativos às despesas gência de Programação Específica”;
com auxílio-alimentação ou refeição, assistência pré-escolar, assis- XVII - realização de eleições, referendos e plebiscitos pela Jus-
tência médica e odontológica, auxílios-transporte, funeral, reclusão tiça Eleitoral;
e natalidade e salário-família, inclusive decorrente de reserva para XVIII - doação de recursos financeiros a países estrangeiros e
reajuste; contribuições voluntárias a organismos nacionais e internacionais e
VI - indenização devida a ocupantes de cargo efetivo das carrei- entidades nacionais, nominalmente identificados;
ras e planos especiais de cargos, em exercício nas unidades situa- XIX - pagamento de compromissos decorrentes de contrato de
das em localidades estratégicas vinculadas à prevenção, ao contro- gestão firmado entre órgãos ou entidades da administração pública
le, à fiscalização e à repressão dos delitos transfronteiriços (Lei nº e organizações sociais, nos termos do disposto na Lei nº 9.637, de
12.855, de 2 de setembro de 2013); 15 de maio de 1998;
VII - subvenções econômicas e subsídios, que deverão identifi- XX - capitalização do Fundo Garantidor de Parcerias Público-
car a legislação que autorizou o benefício; -Privadas;
VIII - participação na constituição ou no aumento do capital de XXI - pensões indenizatórias de caráter especial ou reparações
empresas; econômicas decorrentes de legislações específicas ou de sentenças
IX - pagamento de precatórios judiciários e de sentenças ju- judiciais, inclusive montepio e compensações financeiras por danos
diciais de pequeno valor e cumprimento de sentenças judiciais de provocados pela União a terceiros, em parcelas únicas ou mensais;
empresas estatais dependentes; XXII - cada categoria de despesa com saúde relacionada nos
X - assistência jurídica a pessoas carentes, nos termos do dis- art. 3º e art. 4º da Lei Complementar nº 141, de 2012, com identifi-
posto no § 1º do art. 12 da Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, no cação do respectivo Estado ou do Distrito Federal, quando se referir
art. 98 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, e no inciso LXXIV a ações descentralizadas;
do caput do art. 5º da Constituição; XXIII - seguro-desemprego;
XI - publicidade institucional e publicidade de utilidade pública, XXIV - ajuda de custo para moradia ou auxílio-moradia, no âm-
inclusive quando for produzida ou veiculada por órgão ou entidade bito dos Poderes, do Ministério Público da União e da Defensoria
da administração pública federal; Pública da União;
XII - complementação da União ao Fundo de Manutenção e De-
senvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissio-
nais da Educação - Fundeb, na forma prevista na legislação;

204
FINANÇAS PÚBLICAS

XXV - indenização devida a anistiados políticos, nos termos § 2º Para fins do disposto no caput, não serão consideradas as
do disposto na Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979, e na Lei nº eventuais reservas de contingência constituídas:
11.354, de 19 de outubro de 2006, inclusive derivados de sentença I - à conta de receitas próprias e vinculadas; e
judicial; II - para atender programação ou necessidade específica.
XXVI - despesas com centros especializados no atendimento de § 3º Para fins de utilização das reservas de contingência referi-
pessoas com transtorno do espectro autista; das neste artigo, considera-se como evento fiscal imprevisto, a que
XXVII - (VETADO); se refere a alínea “b” do inciso III do caput do art. 5º da Lei Comple-
XXVIII - (VETADO); e mentar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, a abertura
XXIX - despesas com apoio e estruturação de políticas de au- de créditos adicionais para o atendimento de despesas não previs-
tonomia, segurança, treinamento, inovação, pesquisa, desenvolvi- tas ou insuficientemente dotadas na Lei Orçamentária de 2024.
mento e capacitação e defesa feminina, prevenção, conscientização § 4º Com vistas ao cumprimento de dispositivos constitucionais
e combate à violência contra a mulher - Antes que Aconteça. e legais que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas, as re-
§ 1º As dotações destinadas à finalidade prevista nos incisos XV servas de contingência referidas neste artigo poderão ser classifica-
e XVI do caput: das como despesas financeiras ou primárias, e a sua utilização para
I - deverão ser aplicadas diretamente pela unidade detentora abertura de créditos adicionais observará o disposto no art. 53.
do crédito orçamentário ou, em decorrência de descentralização de § 5º O Projeto de Lei Orçamentária de 2024 conterá reservas
crédito orçamentário, por outro órgão ou entidade integrante dos específicas para atender a:
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social; I - emendas individuais, em montante correspondente ao pre-
II - deverão ser destinadas exclusivamente ao repasse de re- visto na Constituição; e
cursos com a finalidade de cobertura dos orçamentos gerais dos II - emendas de bancada estadual de execução obrigatória, em
organismos internacionais, admitindo-se ainda: montante correspondente ao previsto na Constituição.
a) pagamento de taxas bancárias relativas a esses repasses; § 6º No máximo a metade dos valores destinados à reserva pre-
b) pagamentos eventuais a título de regularizações decorrentes vista no inciso II do § 5º poderá ser identificada com IU 6 e conside-
de compromissos regulamentares; e rada para a aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde
c) situações extraordinárias devidamente justificadas; e no âmbito do Projeto de Lei Orçamentária de 2024.
III - não se submetem à exigência de programação específica Art. 14. O Poder Executivo federal enviará ao Congresso Nacio-
caso o valor referido nos incisos XV e XVI do caput seja ultrapassa- nal o Projeto de Lei Orçamentária de 2024 com sua despesa regio-
do, na execução orçamentária, em decorrência de variação cambial nalizada e apresentará detalhamento das dotações por plano orça-
ou aditamento do tratado, da convenção, do acordo ou de instru- mentário e elemento de despesa nas informações disponibilizadas
mento congênere. em meio magnético de processamento eletrônico.
§ 2º Para fins do disposto no § 1º e nos incisos XV e XVI do Parágrafo único. Para fins do atendimento ao disposto no inci-
caput: so XXIV do Anexo II, os órgãos dos Poderes Legislativo, Executivo e
I - caberá ao órgão responsável pelo pagamento da despesa Judiciário, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública
realizar a conversão para moeda nacional do compromisso finan- da União deverão informar, adicionalmente ao detalhamento a que
ceiro assumido em moeda estrangeira, a fim de definir o valor a ser se refere o caput, os subelementos das despesas de tecnologia da
incluído no Projeto de Lei Orçamentária de 2024 ou nos créditos informação e comunicação, inclusive hardware, software e serviços,
adicionais; e conforme relação divulgada previamente pela Secretaria de Orça-
II - caberá à Secretaria de Assuntos Internacionais e Desenvolvi- mento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento.
mento do Ministério do Planejamento e Orçamento, no âmbito do Art. 15. Até vinte e quatro horas após o encaminhamento à
Poder Executivo federal, estabelecer os procedimentos necessários sanção presidencial do autógrafo do Projeto de Lei Orçamentária
à realização dos pagamentos decorrentes dos atos internacionais a de 2024, o Poder Legislativo enviará ao Poder Executivo federal, em
que se refere o inciso XV do caput. meio magnético de processamento eletrônico, os dados e as infor-
§ 3º Para efeito do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 1º mações relativos ao autógrafo, no qual indicarão, de acordo com os
da Lei nº 10.150, de 21 de dezembro de 2000, a Lei Orçamentária de detalhamentos estabelecidos no art. 7º:
2024 deverá prever no mínimo um terço do valor do passivo de dí- I - em relação a cada categoria de programação do projeto ori-
vidas decorrentes do Fundo de Compensação de Variações Salariais ginal, o total dos acréscimos e o total dos decréscimos realizados
(FCVS) constante do Anexo de Riscos Fiscais. pelo Congresso Nacional; e
Art. 13. A reserva de contingência, observado o disposto no in- II - as novas categorias de programação com as respectivas de-
ciso III do caput do art. 5º da Lei Complementar nº 101, de 2000 nominações.
- Lei de Responsabilidade Fiscal, será constituída de recursos do Or- Parágrafo único. As categorias de programação modificadas ou
çamento Fiscal, que equivalerão, no Projeto de Lei Orçamentária de incluídas pelo Congresso Nacional por meio de emendas deverão
2024 e na respectiva Lei, no mínimo, a dois décimos por cento da ser detalhadas com as informações a que se refere a alínea “e” do
receita corrente líquida constante do referido Projeto. inciso II do § 1º do art. 157.
§ 1º A reserva de que trata o caput poderá receber recursos
do Orçamento da Seguridade Social quando for observada a neces-
sidade de redução do total de despesas sujeitas aos limites esta-
belecidos na Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023,
demonstrada no relatório de avaliação bimestral de que trata o art.
9º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade
Fiscal.

205
FINANÇAS PÚBLICAS

CAPÍTULO IV sição, novas locações ou arrendamentos de imóveis residenciais


DAS DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO E A EXECUÇÃO DOS funcionais ou oficiais;
ORÇAMENTOS DA UNIÃO II - locação ou arrendamento de mobiliário e equipamento para
unidades residenciais funcionais ou oficiais;
SEÇÃO I III - aquisição de automóveis de representação;
DIRETRIZES GERAIS IV - ações de caráter sigiloso;
V - ações que não sejam de competência da União, nos termos
Art. 16. Além de observar as demais diretrizes estabelecidas do disposto na Constituição;
nesta Lei, a alocação dos recursos na Lei Orçamentária de 2024 e VI - clubes e associações de agentes públicos ou quaisquer ou-
nos créditos adicionais e a sua execução deverão: tras entidades congêneres;
I - atender ao disposto no art. 167 da Constituição e aos limites VII - pagamento, a qualquer título, a agente público da ativa
individualizados de despesas primárias de que trata a Lei Comple- por serviços prestados, inclusive consultoria, assistência técnica ou
mentar nº 200, de 30 de agosto de 2023; assemelhados, à conta de quaisquer fontes de recursos;
II - propiciar o controle dos valores transferidos conforme o dis- VIII - compra de títulos públicos pelas entidades da administra-
posto no Capítulo V e dos custos das ações; ção pública federal;
III - quando for o caso, considerar informações sobre a execu- IX - pagamento de diárias e passagens a agente público da ativa
ção física das ações orçamentárias e os resultados de avaliação e por intermédio de convênios ou instrumentos congêneres firmados
monitoramento de políticas públicas e programas de Governo, em com entidades de direito privado ou órgãos ou entidades de direito
observância ao disposto no § 16 do art. 165 da Constituição; e público;
IV - indicar a localização geográfica da despesa no nível mais X - concessão, ainda que indireta, de qualquer benefício, van-
detalhado possível, por meio do subtítulo, sem prejuízo de outras tagem ou parcela de natureza indenizatória a agentes públicos com
formas de regionalização do gasto, de que trata o § 2º. a finalidade de atender despesas relacionadas a moradia, hospeda-
§ 1º O controle de custos de que trata o inciso II do caput será gem, transporte, bens e serviços de uso residencial ou de interes-
orientado para o estabelecimento da relação entre a despesa públi- se pessoal, ou similares, sob a forma de auxílio, ajuda de custo ou
ca e o resultado obtido, de forma a priorizar a análise da eficiência qualquer outra denominação;
na alocação dos recursos e permitir o acompanhamento das ges- XI - pagamento, a qualquer título, a empresas privadas que
tões orçamentária, financeira e patrimonial. tenham em seu quadro societário servidor público da ativa, em-
§ 2º Os órgãos setoriais do Sistema de Planejamento e de Or- pregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista,
çamento Federal, ou equivalentes, e as respectivas unidades orça- do órgão que pretenda contratar, por serviços prestados, inclusive
mentárias são responsáveis pelas informações que comprovem a consultoria, assistência técnica ou assemelhados;
observância ao disposto nos incisos II, III e IV do caput na elabora- XII - pagamento de diária, para deslocamento a serviço no ter-
ção do Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e pela regionalização ritório nacional, em valor superior ao limite estabelecido no inciso
da despesa, quando couber, nos sistemas de acompanhamento da XIV do art. 17 da Lei nº 13.242, de 30 de dezembro de 2015, atua-
execução orçamentária e financeira. lizado monetariamente pelo IPCA acumulado desde a entrada em
§ 3º (VETADO). vigor da referida lei, incluído nesse valor o montante pago a título
§ 4º (VETADO). de despesa de deslocamento ao local de trabalho ou de hospeda-
Art. 17. Os órgãos e as entidades integrantes dos Orçamentos gem e vice-versa;
Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento deverão disponibili- XIII - concessão de ajuda de custo para moradia ou de auxílio-
zar informações atualizadas referentes aos seus contratos no Portal -moradia e de auxílio-alimentação, ou de qualquer outra espécie
Nacional de Contratações Públicas, de que trata a Lei nº 14.133, de de benefício ou auxílio, sem previsão em lei específica e com efei-
1º de abril de 2021, e às diversas modalidades de transferências tos financeiros retroativos ao mês anterior ao da protocolização do
operacionalizadas no Transferegov.br, inclusive com o georreferen- pedido;
ciamento das obras e a identificação das categorias de programação XIV - aquisição de passagens aéreas em desacordo com o dis-
e fontes de recursos, observadas as normas estabelecidas pelo Po- posto no § 6º;
der Executivo federal. XV - pavimentação de vias urbanas sem a prévia ou concomi-
§ 1º Nos casos em que o instrumento de transferência ainda tante implantação de sistemas ou soluções tecnicamente aceitas de
não for operacionalizado no Transferegov.br, as normas deverão abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana
estabelecer condições e prazos para a transferência eletrônica dos ou manejo de águas pluviais, quando necessária; e
respectivos dados para a referida plataforma. XVI - pagamento a agente público de qualquer espécie remu-
§ 2º Os planos de trabalho aprovados que não tiverem sido ob- neratória ou indenizatória com efeitos financeiros anteriores à en-
jeto de convênio até o final do exercício de 2023, constantes do trada em vigor da respectiva lei que estabeleça a remuneração, a
Transferegov.br, poderão ser disponibilizados para ser conveniados indenização ou o reajuste ou que altere ou aumente seus valores.
no exercício de 2024. § 1º Desde que o gasto seja discriminado em categoria de pro-
§ 3º Os órgãos e as entidades referidos no caput poderão dis- gramação específica ou comprovada a necessidade de execução da
ponibilizar, em seus sistemas, projetos básicos e de engenharia pré- despesa, excluem-se das vedações previstas:
-formatados e projetos para aquisição de equipamentos por ade- I - nos incisos I e II do caput, à exceção da reforma voluptuária,
são. as destinações para:
Art. 18. Não poderão ser destinados recursos para atender a a) unidades equipadas, essenciais à ação das organizações mi-
despesas com: litares;
I - início de construção, ampliação, reforma voluptuária, aqui- b) representações diplomáticas no exterior;

206
FINANÇAS PÚBLICAS

c) residências funcionais, em faixa de fronteira, no exercício de b) refira-se à realização de pesquisas e estudos de excelência:
atividades diretamente relacionadas ao combate a delitos frontei- 1. com recursos repassados às organizações sociais, nos termos
riços, para: do disposto nos contratos de gestão; ou
1. magistrados da Justiça Federal; 2. realizados por professores universitários na situação prevista
2. membros do Ministério Público da União; na alínea “b” do inciso XVI do caput do art. 37 da Constituição, des-
3. policiais federais; de que os projetos de pesquisas e os estudos tenham sido devida-
4. auditores-fiscais e analistas-tributários da Secretaria Especial mente aprovados pelo dirigente máximo do órgão ou da entidade
da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda; e ao qual esteja vinculado o professor;
5. policiais rodoviários federais; VII - no inciso VIII do caput, a compra de títulos públicos para
d) residências funcionais, em Brasília, Distrito Federal: atividades que forem legalmente atribuídas às entidades da admi-
1. dos Ministros de Estado; nistração pública federal indireta;
2. dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais VIII - no inciso IX do caput, o pagamento a militares, servidores
Superiores; e empregados:
3. do Procurador-Geral da República; a) pertencentes ao quadro de pessoal do convenente;
4. do Defensor Público-Geral Federal; e b) pertencentes ao quadro de pessoal da administração pública
5. dos membros do Poder Legislativo; e federal, vinculado ao objeto de convênio, quando o órgão for desti-
e) locação de equipamentos exclusivamente para uso em ma- natário de repasse financeiro oriundo de outros entes federativos;
nutenção predial; ou
II - no inciso III do caput, as aquisições de automóveis de repre- c) em atividades de pesquisa científica e tecnológica; e
sentação para uso: IX - no inciso X do caput, quando:
a) do Presidente, do Vice-Presidente e dos ex-Presidentes da a) houver lei que discrimine o valor ou o critério para sua apu-
República; ração;
b) dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Fe- b) em estrita necessidade de serviço, devidamente justificada;
deral; e
c) dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais c) de natureza temporária, caracterizada pelo exercício de
Superiores e dos Presidentes dos Tribunais Regionais e do Tribunal mandato ou pelo desempenho de ação específica.
de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios; § 2º A contratação de serviços de consultoria, inclusive aquela
d) dos Ministros de Estado; realizada no âmbito de acordos de cooperação técnica com orga-
e) do Procurador-Geral da República; nismos e entidades internacionais, somente será autorizada para
f) do Defensor Público-Geral Federal; e execução de atividades que, comprovadamente, não possam ser
g) dos chefes de representações diplomáticas no exterior; desempenhadas por servidores ou empregados da administração
III - no inciso IV do caput, quando as ações forem realizadas por pública federal, no âmbito do órgão ou da entidade, hipótese em
órgãos ou entidades cuja legislação que as criou estabeleça, entre que serão publicadas, no Diário Oficial da União, além do extrato
suas competências, o desenvolvimento de atividades relativas à se- do contrato, a justificativa e a autorização da contratação, da qual
gurança da sociedade e do Estado, e que tenham como precondição constarão, necessariamente, a identificação do responsável pela
o sigilo; execução do contrato, a descrição completa do objeto do contrato,
IV - no inciso V do caput, as despesas que não sejam de compe- o quantitativo médio de consultores, o custo total e a especificação
tência da União, relativas: dos serviços e o prazo de conclusão.
a) ao processo de descentralização dos sistemas de transporte § 3º A restrição prevista no inciso VII do caput não se aplica ao
ferroviário de passageiros, urbanos e suburbanos, até o limite dos servidor que se encontre em licença sem remuneração para tratar
recursos aprovados pelo Conselho Diretor do Processo de Transfe- de interesse particular.
rência dos respectivos sistemas; § 4º O disposto nos incisos VII e XI do caput aplica-se também
b) ao transporte metroviário de passageiros; aos pagamentos à conta de recursos provenientes de convênios,
c) à malha rodoviária federal, cujo domínio seja descentraliza- acordos, ajustes ou instrumentos congêneres, firmados com órgãos
do aos Estados e ao Distrito Federal; ou entidades de direito público.
d) às ações de segurança pública; § 5º O valor de que trata o inciso XII do caput aplica-se a qual-
e) à aplicação de recursos decorrentes de transferências espe- quer agente público, servidor ou membro dos Poderes Executivo,
ciais, nos termos do disposto no art. 166-A da Constituição; e Legislativo e Judiciário, do Ministério Público da União e da Defen-
f) (VETADO); soria Pública da União, até que lei disponha sobre valores e critérios
V - no inciso VI do caput: de concessão de diárias e auxílio-deslocamento.
a) às creches; e § 6º Somente serão concedidas diárias e adquiridas passagens
b) às escolas, para o atendimento pré-escolar; para servidores ou membros dos Poderes Executivo, Legislativo e
VI - no inciso VII do caput, o pagamento pela prestação de ser- Judiciário, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública
viços técnicos profissionais especializados por tempo determinado, da União no estrito interesse do serviço público, inclusive no caso
quando os contratados estiverem submetidos a regime de trabalho de colaborador eventual, compreendido o transporte entre Brasília
que comporte o exercício de outra atividade e haja declaração do e o local de residência de origem de membros do Poder Legislativo
chefe imediato e do dirigente máximo do órgão de origem da ine- e Ministros de Estado.
xistência de incompatibilidade de horários e de comprometimento § 7º Até que lei específica disponha sobre valores e critérios
das atividades atribuídas, desde que: de concessão, o pagamento de ajuda de custo para moradia ou au-
a) esteja previsto em legislação específica; ou xílio-moradia, a qualquer agente público, servidor ou membro dos

207
FINANÇAS PÚBLICAS

Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Ministério Público da I - tenha ultrapassado vinte por cento do seu custo total esti-
União e da Defensoria Pública da União fica condicionado ao aten- mado; ou
dimento cumulativo das seguintes condições, além de outras esta- II - no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social,
belecidas em lei: seja igual ou superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais),
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo agente desde que tenha sido iniciada a execução física.
público; § 2º Os órgãos setoriais do Sistema de Planejamento e de Or-
II - o cônjuge ou companheiro, ou qualquer outra pessoa que çamento Federal, ou equivalentes, e as respectivas unidades orça-
resida com o agente público, não ocupe imóvel funcional nem rece- mentárias são responsáveis pelas informações que comprovem a
ba ajuda de custo para moradia ou auxílio-moradia; observância ao disposto neste artigo.
III - o agente público ou seu cônjuge ou companheiro não seja § 3º A exigência de que trata o inciso I do caput não se aplica
ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou na hipótese de inclusão de ações ou subtítulos necessários ao aten-
promitente cessionário de imóvel no Município onde for exercer dimento de despesas que constituam obrigações constitucionais ou
o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de legais da União constantes das Seções I e II do Anexo III.
construção, nos doze meses que antecederem a sua mudança de Art. 21. Somente poderão ser incluídas no Projeto de Lei Or-
lotação; çamentária de 2024 as dotações relativas às operações de crédito
IV - o agente público encontre-se no exercício de suas atribui- externas contratadas ou cujas cartas-consulta tenham sido autori-
ções em localidade diversa de sua lotação original; e zadas pela Comissão de Financiamentos Externos - Cofiex, no âm-
V - natureza temporária, caracterizada pelo exercício de man- bito do Ministério do Planejamento e Orçamento, até 15 de julho
dato ou pelo desempenho de ação específica. de 2023.
§ 8º Ficam vedados reajustes, no exercício de 2024, do valor do Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à emis-
auxílio-moradia e do auxílio-moradia no exterior, exceto os financia- são de títulos da dívida pública federal.
dos com recursos do fundo a que se refere o inciso XIV do art. 21 da Art. 22. O Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e a respectiva
Constituição Federal. Lei poderão conter receitas de operações de crédito e programa-
§ 9º As vedações quanto à concessão ou ao reajuste de auxí- ções de despesas correntes primárias, cujas execuções ficam condi-
lio-moradia referidas nos incisos X e XIII do caput e no § 8º não se cionadas à aprovação do Congresso Nacional, por maioria absoluta,
aplicam aos dirigentes estatutários das empresas estatais federais de acordo com o disposto no inciso III do caput do art. 167 da Cons-
dependentes, desde que aprovado em Assembleia-Geral. tituição, ressalvada a hipótese prevista no § 3º deste artigo.
Art. 19. O Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e a respectiva § 1º Os montantes das receitas e das despesas a que se refere
Lei deverão, em observância ao disposto no § 12 do art. 165 da o caput serão equivalentes à diferença positiva, no âmbito dos Or-
Constituição, atender à proporção mínima de recursos estabelecida çamentos Fiscal e da Seguridade Social, entre o total das receitas de
no Anexo de Metas Fiscais constante do Anexo IV a esta Lei para a operações de crédito e o total das despesas de capital.
continuidade dos investimentos em andamento. § 2º A mensagem de que trata o art. 11 apresentará as justifi-
§ 1º No detalhamento das propostas orçamentárias, os órgãos cativas para a escolha das programações referidas no caput, a me-
setoriais do Poder Executivo federal deverão observar a proporção todologia de apuração e a memória de cálculo da diferença de que
mínima de recursos estabelecida pelo Ministério do Planejamento trata o § 1º e das respectivas projeções para a execução financeira
e Orçamento para a continuidade de investimentos em andamento. dos exercícios de 2024 a 2026.
§ 2º Na execução dos recursos constantes da Lei Orçamentária § 3º Os montantes referidos no § 1º poderão ser reduzidos em
de 2024, o poder Executivo deve dar prioridade às programações decorrência da substituição da fonte de recursos condicionada por
relacionadas a obras ou serviços de engenharia cuja execução física outras fontes, observado o disposto na alínea “a” do inciso III do §
esteja atrasada ou paralisada, especialmente as que se encontrem 1º do art. 52, inclusive aquela relativa a operação de crédito já au-
sob a responsabilidade do Ministério da Educação. torizada, disponibilizada por prévia alteração de fonte de recursos,
Art. 20. Observado o disposto no art. 45 da Lei Complemen- sem prejuízo do disposto no art. 64.
tar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, o Projeto e a Art. 23. O Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e a respectiva
Lei Orçamentária de 2024 e os créditos especiais somente incluirão Lei poderão conter despesas condicionadas à abertura de crédito
ações ou subtítulos novos se preenchidas as seguintes condições, adicional em decorrência de diferença na base de cálculo do índice
no âmbito de cada órgão dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju- aplicável à correção do limite de despesas primárias do Poder Exe-
diciário, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da cutivo federal.
União: § 1º O montante de despesas condicionadas na forma prevista
I - tiverem sido adequada e suficientemente contemplados: no caput será equivalente à estimativa de ampliação do limite de
a) o disposto no art. 4º; e despesas primárias referido no caput.
b) os projetos e os seus subtítulos em andamento; § 2º As despesas referidas no caput deverão ser evidenciadas
II - no caso dos projetos, os recursos alocados viabilizarem a no Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e não serão consideradas
conclusão de, no mínimo, uma etapa ou a obtenção de, no mínimo, para fins de demonstração de compatibilidade do referido Projeto
uma unidade completa, consideradas as contrapartidas de que tra- com o limite individualizado de despesas primárias correspondente.
ta o § 4º do art. 92; e Art. 24. Na aprovação da Lei Orçamentária de 2024, deverão
III - a ação estiver compatível com o Projeto de Lei do Plano ser observados os valores máximos de limites individualizados de
Plurianual 2024-2027 e com a respectiva Lei. despesas primárias constantes da mensagem que encaminhar o
§ 1º Entende-se como projeto ou subtítulo de projeto em an- respectivo Projeto de Lei, admitido o ajuste dos referidos valores,
damento aquele cuja execução financeira, até 31 de maio de 2023: desde que respeitadas as projeções atualizadas do Índice de Preços
ao Consumidor Amplo - IPCA.

208
FINANÇAS PÚBLICAS

Art. 25. Observado o disposto no art. 16-C da Lei nº 9.504, de tários calculados na forma prevista no disposto no caput.
30 de setembro de 1997, as despesas relativas ao Fundo Especial Art. 29. No âmbito dos Poderes Judiciário e Legislativo e do
de Financiamento de Campanha observarão o limite máximo cor- Ministério Público da União, os órgãos poderão realizar a compen-
respondente ao valor autorizado para essas despesas no exercício sação entre os limites individualizados para as despesas primárias,
de 2022. para o exercício de 2024, respeitado o disposto no § 8º do art. 3º
Art. 26. Durante a apreciação do Projeto de Lei Orçamentária da Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023, por meio da
de 2024 ou de crédito adicional, as receitas encaminhadas no refe- publicação de ato conjunto dos dirigentes dos órgãos envolvidos.
rido Projeto e as despesas de que trata a alínea “a” do inciso II do Parágrafo único. Na elaboração da proposta orçamentária para
§ 4º do art. 7º somente poderão ter a sua projeção alterada pelo 2024, o ato conjunto de que trata o caput deverá ser publicado até
Congresso Nacional se comprovado erro ou omissão de ordem téc- a data estabelecida no art. 27.
nica ou legal.
SEÇÃO III
SEÇÃO II DOS DÉBITOS JUDICIAIS
DIRETRIZES ESPECÍFICAS PARA OS PODERES LEGISLATIVO E
JUDICIÁRIO, O MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO E A DEFEN- Art. 30. A Lei Orçamentária de 2024 e os créditos adicionais
SORIA PÚBLICA DA UNIÃO somente incluirão dotações para o pagamento de precatórios cujos
processos contenham certidão de trânsito em julgado da decisão
Art. 27. Os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do exequenda e, no mínimo, um dos seguintes documentos:
Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União en- I - certidão de trânsito em julgado:
caminharão à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do a) da decisão que determinou a expedição de valor incontro-
Planejamento e Orçamento, por meio do Sistema Integrado de Pla- verso;
nejamento e Orçamento - Siop, até 11 de agosto de 2023, suas pro- b) dos embargos à execução; ou
postas orçamentárias, para fins de consolidação do Projeto de Lei c) da impugnação ao cumprimento da sentença; e
Orçamentária de 2024, observadas as disposições desta Lei. II - certidão de que não tenham sido opostos embargos ou
§ 1º As propostas orçamentárias dos órgãos do Poder Judiciário qualquer impugnação ao cumprimento da sentença.
encaminhadas nos termos do disposto no caput deverão ser objeto Art. 31. O Poder Judiciário, inclusive o Conselho Nacional de
de parecer do Conselho Nacional de Justiça, de que trata o art. 103- Justiça e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios,
B da Constituição, a ser encaminhado à Comissão Mista a que se re- encaminhará à Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da
fere o § 1º do art. 166 da Constituição, até 28 de setembro de 2023, Constituição, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional do Ministé-
com cópia para a Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do rio da Fazenda, à Advocacia-Geral da União, à Secretaria do Tesouro
Planejamento e Orçamento. Nacional do Ministério da Fazenda e aos órgãos e às entidades de-
§ 2º O disposto no § 1º não se aplica ao Supremo Tribunal Fe- vedores a relação dos débitos constantes de precatórios judiciários
deral e ao Conselho Nacional de Justiça. apresentados até 2 de abril de 2023, conforme estabelecido no § 5º
Art. 28. Para fins de elaboração de suas propostas orçamentá- do art. 100 da Constituição, discriminada por órgão ou entidade da
rias para 2024, os Poderes Legislativo e Judiciário, o Ministério Pú- administração pública federal e por GNDs, conforme detalhamento
blico da União e a Defensoria Pública da União terão como limites constante do art. 7º, na qual especificará:
orçamentários para as despesas primárias, excluídas as despesas I - numeração única do processo judicial, número originário, se
não recorrentes da Justiça Eleitoral com a realização de eleições, os houver, e data do respectivo ajuizamento;
valores calculados na forma prevista na Lei Complementar nº 200, II - número do processo de execução ou cumprimento de sen-
de 30 de agosto de 2023, sem prejuízo do disposto nos § 3º, § 4º e tença, no padrão estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça,
§ 5º deste artigo. caso divirja do número da ação originária;
§ 1º Aos valores estabelecidos de acordo com o disposto no III - nome do beneficiário do crédito, e do seu procurador, se
caput serão acrescidas as dotações destinadas às despesas não re- houver, com o respectivo número de inscrição no Cadastro de Pes-
correntes da Justiça Eleitoral com a realização de eleições. soas Físicas - CPF, no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ ou
§ 2º Os limites de que tratam o caput e o § 1º serão informa- no Registro Nacional de Estrangeiros - RNE, conforme o caso;
dos aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério IV - número do precatório;
Público da União e da Defensoria Pública da União até 18 de julho V - data da autuação do precatório;
de 2023. VI - indicação da natureza comum ou alimentícia do crédito;
§ 3º A utilização dos limites a que se refere este artigo para VII - valor individualizado por beneficiário e valor total do pre-
o atendimento de despesas primárias discricionárias, classificadas catório a ser pago, atualizados até 2 de abril de 2022;
nos GNDs 3 - Outras Despesas Correntes, 4 - Investimentos e 5 - In- VIII - data-base utilizada na definição do valor do crédito;
versões Financeiras, somente poderá ocorrer após o atendimento IX - data do trânsito em julgado;
das despesas primárias obrigatórias relacionadas na Seção I do Ane- X - natureza do valor do precatório, se referente ao objeto da
xo III, observado, em especial, o disposto no Capítulo VII. causa julgada, aos honorários sucumbenciais estabelecidos pelo
§ 4º As dotações do Fundo Especial de Assistência Financeira Juiz da Execução ou aos honorários contratuais;
aos Partidos Políticos - Fundo Partidário constantes do Projeto de XI - a indicação da data de nascimento do beneficiário, em se
Lei Orçamentária de 2024 e aprovadas na respectiva Lei correspon- tratando de crédito de natureza alimentícia e, se for o caso, indica-
derão ao valor pago no exercício de 2016 corrigido na forma previs- ção de que houve deferimento da superpreferência perante o juízo
ta no art. 4º da Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023. da execução;
§ 5º O montante de que trata o § 4º integra os limites orçamen- XII - a natureza da obrigação (assunto) a que se refere à requisi-

209
FINANÇAS PÚBLICAS

ção, de acordo com a Tabela Única de Assuntos - TUA do CNJ; causas processadas pelos Tribunais de Justiça dos Estados, exceto
XIII - número de meses - NM a que se refere a conta de liquida- as do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, apre-
ção e o valor das deduções da base de cálculo, caso o valor tenha sentados até 2 de abril de 2023, discriminada por órgão da admi-
sido submetido à tributação na forma de rendimentos recebidos nistração pública federal direta, autarquia e fundação e por GNDs,
acumuladamente RRA, conforme o art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22 conforme detalhamento constante do art. 7º, com as especificações
de dezembro de 1988; a que se refere este artigo, observado o disposto no § 4º, e acres-
XIV - classificação do precatório conforme critérios estabele- cida de campo que identifique o Tribunal que proferiu a decisão
cidos no § 8º do art. 107-A do Ato das Disposições Constitucionais exequenda.
Transitórias; § 7º Adicionalmente, os órgãos centrais de planejamento e or-
XV - no caso de sucessão ou cessão, o nome do beneficiário çamento, ou equivalentes, do Poder Judiciário, incluídos o Conselho
originário, com o respectivo número de inscrição no CPF ou CNPJ, Nacional de Justiça e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos
conforme o caso; Territórios, encaminharão à Secretaria de Orçamento Federal do
XVI - identificação do Juízo onde tramitou a fase de conheci- Ministério do Planejamento e Orçamento e à Comissão Mista a que
mento, caso divirja daquele de origem da requisição de pagamento; se refere o § 1º do art. 166 da Constituição, até 31 de julho de 2023,
XVII - identificação do Juízo de origem da requisição de paga- o montante dos precatórios expedidos em anos anteriores que não
mento; e tenham sido cancelados, suspensos ou utilizados em acordo direto
XVIII - o órgão a que estiver vinculado o agente público, civil ou perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Pagamento de Conde-
militar, da administração direta, quando se tratar de ação de natu- nações Judiciais contra a Fazenda Pública federal, na forma prevista
reza salarial. no § 20 do art. 100 da Constituição ou no § 3º do art. 107-A do Ato
§ 1º É vedada a inclusão de herdeiro, sucessor, cessionário ou das Disposições Constitucionais Transitórias, ou para as finalidades
terceiro nos campos destinados à identificação do beneficiário. previstas nos § 11 e § 21 do art. 100 da Constituição, e estejam pen-
§ 2º Os precatórios judiciários decorrentes de demandas relati- dentes de pagamento em razão do limite de que trata o § 1º do art.
vas à complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desen- 107-A do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, discrimi-
volvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério nado por ano de apresentação e em montantes consolidados con-
- Fundef, que integrarem a relação de que trata o caput, deverão ser forme a classificação adotada para os critérios estabelecidos no §
destacados dos demais, para fins de aplicação da regra específica de 8º do art. 107-A do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
parcelamento prevista no art. 4º da Emenda à Constituição nº 114, § 8º Os órgãos e as entidades devedores referidos no caput
de 16 de dezembro de 2021. comunicarão à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do
§ 3º As informações previstas neste artigo serão encaminhadas Planejamento e Orçamento, no prazo máximo de dez dias, contado
até 30 de abril de 2023, na forma de banco de dados, por intermé- da data de recebimento da relação dos débitos, eventuais divergên-
dio dos órgãos centrais de planejamento e orçamento, ou equiva- cias verificadas entre a relação e os processos que originaram os
lentes. precatórios recebidos.
§ 4º Os órgãos centrais de planejamento e orçamento, ou equi- § 9º A falta da comunicação a que se refere o § 8º pressupõe
valentes, do Poder Judiciário, do Conselho Nacional de Justiça e do a inexistência de divergências entre a relação recebida e os proces-
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios encaminha- sos que originaram os precatórios, sendo a omissão, quando existir
rão lista unificada à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério divergência, de responsabilidade solidária do órgão ou da entidade
do Planejamento e Orçamento, na forma e no prazo previstos no § devedora e de seu titular ou dirigente.
3º, com a relação de que trata o caput, a qual conterá as informa- § 10. Na hipótese de, após o encaminhamento da relação dos
ções a que se referem os incisos IV, V, VI, VII, IX, X, XII, XIV e XVIII do débitos constantes de precatórios judiciários na forma e no prazo
caput, sem qualquer dado que possibilite a identificação dos res- previstos no § 3º, algum requisitório ser cancelado ou suspenso,
pectivos beneficiários. ou ter alteração no seu valor atualizado até 2 de abril de 2023, o
§ 5º Caberá ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Ter- Tribunal competente, ou o Conselho Nacional de Justiça, se for o
ritórios encaminhar à Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. caso, por intermédio do seu órgão setorial de orçamento, deverá
166 da Constituição, à Secretaria de Orçamento Federal do Ministé- encaminhar lista unificada que contenha essas alterações, até 31
rio do Planejamento e Orçamento, à Procuradoria-Geral da Fazenda de janeiro de 2024, aos órgãos e às entidades referidos neste artigo.
Nacional do Ministério da Fazenda, à Advocacia-Geral da União e Art. 32. O limite para alocação dos recursos destinados ao pa-
aos órgãos e às entidades devedores, na forma e no prazo previstos gamento de precatórios e requisições de pequeno valor no Proje-
no § 3º, a relação dos débitos constantes de precatórios judiciários to de Lei Orçamentária de 2024 será calculado pela Secretaria de
resultantes de causas processadas por aquele Tribunal apresenta- Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento,
dos até 2 de abril de 2023, discriminada por órgão da administração observada a metodologia estabelecida no caput do art. 107-A do
pública federal direta, autarquia e fundação e por GNDs, conforme Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
detalhamento constante do art. 7º e com as especificações a que se § 1º Para fins de definição do limite para o pagamento de
refere este artigo, observado o disposto no § 4º. precatórios previsto no § 1º do art. 107-A do Ato das Disposições
§ 6º Caberá ao Conselho Nacional de Justiça encaminhar à Co- Constitucionais Transitórias, a Secretaria de Orçamento Federal do
missão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição, à Ministério do Planejamento e Orçamento calculará a projeção para
Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e o pagamento de requisições de pequeno valor a partir da estimativa
Orçamento, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional do Ministé- constante do relatório de avaliação de receitas e despesas primá-
rio da Fazenda, à Advocacia-Geral da União e aos órgãos e às enti- rias, de que trata o art. 71, referente ao segundo bimestre de 2023,
dades devedores, na forma e no prazo previstos no § 3º, a relação atualizada conforme os critérios estabelecidos no caput do art. 107-
dos débitos constantes de precatórios judiciários resultantes de A do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

210
FINANÇAS PÚBLICAS

§ 2º Após a definição do montante previsto no caput e a dedu- Fazenda, à Advocacia-Geral da União e à Secretaria de Orçamento
ção da projeção a que se refere o § 1º, a Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento com as espe-
Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento promoverá a cificações a que se refere o art. 31 desta Lei acerca do precatório
distribuição do limite para o pagamento de precatórios entre os ór- envolvido.
gãos centrais de planejamento e orçamento, ou equivalentes, do § 1º A comunicação à Secretaria de Orçamento Federal do Mi-
Poder Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça e o Tribunal de Jus- nistério do Planejamento e Orçamento deverá conter a indicação
tiça do Distrito Federal e dos Territórios, segundo os critérios esta- do valor a ser pago, discriminado por órgão da administração pú-
belecidos no § 8º do art. 107-A do Ato das Disposições Constitucio- blica federal direta, autarquia e fundação e por GNDs, conforme
nais Transitórias, consideradas as informações prestadas na forma detalhamento constante do art. 7º e com as especificações a que se
prevista nos § 4º e § 7º do art. 31 desta Lei , excluídos os precatórios referem os incisos IV, V, VI, VII, IX, X, XII, XIV e XVIII do caput do art.
de que trata o art. 4º da Emenda à Constituição nº 114, de 2021, e 31, sem qualquer dado que possibilite a identificação dos respec-
aqueles que venham a ser parcelados, nos termos do disposto no § tivos beneficiários, acrescida de campo que identifique o Tribunal
20 do art. 100 da Constituição. que proferiu a decisão exequenda.
§ 3º Na distribuição de que trata o § 2º, o pagamento da par- § 2º Se houver disponibilidade orçamentária, os recursos ne-
cela superpreferencial prevista no inciso II do § 8º do art. 107-A cessários ao cumprimento do acordo serão descentralizados ao
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias independerá do Tribunal competente, ou ao Conselho Nacional de Justiça, se for o
ano de requisição e será realizado com prioridade, inclusive, sobre caso.
os precatórios pendentes de anos anteriores. Art. 35. Observado o respectivo limite para pagamento de pre-
§ 4º A Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Pla- catórios estabelecido nos § 2º e § 3º do art. 32, os órgãos centrais
nejamento e Orçamento dará conhecimento aos órgãos centrais de de planejamento e orçamento, ou equivalentes, do Poder Judiciá-
planejamento e orçamento, ou equivalentes, do Poder Judiciário, rio, o Conselho Nacional de Justiça e o Tribunal de Justiça do Distri-
ao Conselho Nacional de Justiça e ao Tribunal de Justiça do Distrito to Federal e dos Territórios encaminharão, na forma de banco de
Federal e dos Territórios dos respectivos limites, apurados na forma dados, até 8 de março de 2024, à Comissão Mista a que se refere o
prevista nos § 2º e § 3º, e dos respectivos valores previstos no Pro- § 1º do art. 166 da Constituição, à Secretaria de Orçamento Federal
jeto de Lei Orçamentária de 2024 para o pagamento de requisições do Ministério do Planejamento e Orçamento, à Procuradoria-Geral
de pequeno valor, até 30 de setembro de 2023. da Fazenda Nacional do Ministério da Fazenda, à Advocacia-Geral
Art. 33. Para o pagamento dos precatórios devidos pela Fa- da União e aos órgãos e às entidades devedores, a relação dos pre-
zenda Pública federal, comporão o Projeto de Lei Orçamentária de catórios a serem pagos em 2024, na forma prevista no art. 31.
2024, alocados em programações orçamentárias distintas, os valo- Parágrafo único. Para definição dos precatórios que integra-
res destinados ao adimplemento: rão a relação de que trata o caput, os órgãos do Poder Judiciário
I - dos precatórios situados no limite previsto no § 1º do art. darão preferência, observado o disposto no § 3º do art. 32 desta
107-A do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; Lei, àqueles que não tiverem sido pagos nos anos anteriores em
II - das parcelas dos precatórios decorrentes de demandas rela- razão do limite previsto no § 1º do art. 107-A do Ato das Disposi-
tivas à complementação da União ao Fundef, na forma prevista no ções Constitucionais Transitórias, observada a ordem cronológica
art. 4º da Emenda à Constituição nº 114, de 2021, acompanhados de apresentação, em atendimento ao disposto no § 2º do referido
da respectiva atualização monetária; e art. 107-A.
III - das parcelas ou dos acordos firmados com fundamento no Art. 36. Após a publicação da Lei Orçamentária de 2024 e o
§ 20 do art. 100 da Constituição e dos acordos firmados nos termos encaminhamento da relação de que trata o art. 35, as dotações or-
do disposto no § 3º do art. 107-A do Ato das Disposições Constitu- çamentárias destinadas ao pagamento dos precatórios serão ajus-
cionais Transitórias, acompanhados da respectiva atualização mo- tadas, mediante a abertura de créditos adicionais, para que fiquem
netária. alinhadas com a referida relação e tenham as respectivas atuali-
§ 1º Será constituída reserva de contingência primária para zações monetárias previstas incorporadas à mesma programação,
atendimento da atualização monetária dos precatórios de que trata com vistas à descentralização das dotações.
o inciso I do caput. Art. 37. As dotações orçamentárias destinadas ao pagamento
§ 2º As dotações orçamentárias tratadas neste artigo deverão de débitos relativos a precatórios e requisições de pequeno valor
ser alocadas nas unidades orçamentárias referentes aos Encargos aprovadas na Lei Orçamentária de 2024 e nos créditos adicionais,
Financeiros da União, com exceção daquelas destinadas ao paga- ressalvadas aquelas destinadas ao pagamento das requisições de
mento dos precatórios de responsabilidade do Fundo do Regime pequeno valor expedidas pelos Tribunais de Justiça dos Estados,
Geral de Previdência Social, do Fundo Nacional de Assistência So- deverão ser integralmente descentralizadas pelo órgão central do
cial, do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação, que pode- Sistema de Administração Financeira Federal aos órgãos setoriais
rão ser alocadas nas respectivas unidades orçamentárias. de planejamento e orçamento do Poder Judiciário, ou equivalentes,
Art. 34. Caso seja celebrado acordo direto perante Juízos Auxi- inclusive ao Conselho Nacional de Justiça e ao Tribunal de Justiça
liares de Conciliação de Pagamento de Condenações Judiciais con- do Distrito Federal e dos Territórios, que se incumbirão de dispo-
tra a Fazenda Pública federal, na forma prevista no § 20 do art. 100 nibilizá-las aos Tribunais que proferirem as decisões exequendas,
da Constituição ou no § 3º do art. 107-A do Ato das Disposições conforme o caso.
Constitucionais Transitórias, para pagamento em 2024, o Tribunal § 1º A descentralização de que trata o caput deverá ser feita de
competente, ou o Conselho Nacional de Justiça, se for o caso, por forma automática pelo órgão central do Sistema de Administração
intermédio do seu órgão setorial de orçamento, deverá comunicar Financeira Federal, imediatamente após:
o fato à Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da Cons- I - a publicação da Lei Orçamentária de 2024 e dos créditos adi-
tituição, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional do Ministério da cionais, quanto às dotações destinadas ao pagamento das requisi-

211
FINANÇAS PÚBLICAS

ções de pequeno valor; e § 1º As unidades orçamentárias do Poder Judiciário deverão


II - a abertura do crédito de que trata o art. 36 e dos demais discriminar no Siafi a relação das requisições relativas a sentenças
créditos adicionais, quanto às dotações destinadas ao pagamento de pequeno valor e o órgão ou a entidade em que se originou o
dos precatórios. débito, no prazo de até sessenta dias, contado da data de sua autu-
§ 2º A descentralização referente ao pagamento dos precató- ação no Tribunal.
rios judiciários resultantes de causas processadas pelos Tribunais de § 2º A discriminação das informações de que tratam o caput e
Justiça dos Estados, exceto pelo Tribunal de Justiça do Distrito Fe- o § 1º pelas unidades orçamentárias do Poder Judiciário poderá ser
deral e dos Territórios, será feita em favor do Conselho Nacional de realizada em sistema próprio dessas unidades orçamentárias, com
Justiça, que se incumbirá de disponibilizar os recursos aos Tribunais posterior registro no Siafi por interoperabilidade e integração.
de Justiça que proferiram as decisões exequendas. Art. 39. O Poder Judiciário disponibilizará mensalmente, de
§ 3º Caso a dotação descentralizada seja insuficiente para o forma consolidada por órgão orçamentário, à Advocacia-Geral da
pagamento integral do débito, o Tribunal competente, ou o Conse- União e à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional do Ministério da
lho Nacional de Justiça, se for o caso, por intermédio do seu órgão Fazenda, a relação dos precatórios e das requisições de pequeno
setorial de orçamento, deverá providenciar, junto à Secretaria de valor autuados e pagos, consideradas as especificações estabeleci-
Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento, a das no caput do art. 31, com as adaptações necessárias.
complementação necessária, da qual dará conhecimento ao órgão Art. 40. Nas discussões e condenações que envolvam a Fazenda
ou à entidade descentralizadora. Pública federal, para fins de atualização monetária, remuneração
§ 4º Se as dotações descentralizadas referentes a precatórios e do capital e compensação da mora, incidirá, no exercício financeiro
a requisições de pequeno valor forem superiores ao valor necessá- de 2024, apenas uma vez, até o efetivo pagamento, o índice da taxa
rio ao pagamento integral dos débitos, o Tribunal competente, ou o referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - taxa
Conselho Nacional de Justiça, conforme o caso, por intermédio do Selic, acumulado mensalmente.
seu órgão setorial de orçamento, deverá providenciar a devolução § 1º A atualização dos precatórios não tributários, no período
imediata da dotação e da disponibilidade financeira excedentes, do a que se refere o § 5º do art. 100 da Constituição, será efetuada
que dará conhecimento ao órgão ou à entidade descentralizadora, exclusivamente pela variação do Índice Nacional de Preços ao Con-
à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e sumidor Amplo Especial - IPCA-E.
Orçamento e à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fa- § 2º Na atualização monetária dos precatórios tributários, no
zenda, até 30 de novembro de 2024, exceto se houver necessidade período a que se refere o § 5º do art. 100 da Constituição, deverão
de abertura de créditos adicionais para o pagamento de precatórios ser observados os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública
e requisições de pequeno valor. federal corrige os seus créditos tributários.
§ 5º As liberações dos recursos financeiros correspondentes às § 3º Após o prazo a que se refere o § 5º do art. 100 da Consti-
dotações orçamentárias descentralizadas na forma prevista neste tuição, caso não haja adimplemento do requisitório, a atualização
artigo deverão ser realizadas diretamente para o órgão setorial de dos precatórios tributários e não tributários será efetuada pelo ín-
programação financeira das unidades orçamentárias responsáveis dice da taxa Selic, acumulado mensalmente, vedada a sua aplicação
pelo pagamento do débito, de acordo com as regras de liberação sobre a parcela referente à correção realizada durante o referido
para os órgãos do Poder Judiciário previstas nesta Lei e a progra- período.
mação financeira estabelecida na forma prevista no disposto no art. § 4º O disposto nos § 1º, § 2º e § 3º deste artigo aplica-se, no
8º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade que couber, aos precatórios parcelados nos termos do disposto no §
Fiscal, e serão informadas aos beneficiários pela vara de execução 20 do art. 100 da Constituição e no art. 4º da Emenda à Constituição
responsável. nº 114, de 2021.
§ 6º O pagamento da Contribuição para o Regime Próprio de § 5º Os precatórios e as requisições de pequeno valor cancela-
Previdência do Servidor Público, decorrente de precatórios e requi- dos nos termos do disposto na Lei nº 13.463, de 6 de julho de 2017,
sições de pequeno valor devidos pela União, ou por suas autarquias que venham a ser objeto de novo ofício requisitório, inclusive os
e fundações, será efetuado por meio de programação específica no tributários, conservarão a remuneração correspondente ao período
âmbito de Encargos Financeiros da União. em que estiveram depositados na instituição financeira.
§ 7º Caso as dotações orçamentárias destinadas ao pagamen- § 6º Os precatórios e as requisições de pequeno valor expedi-
to de precatórios e requisições de pequeno valor integrem progra- dos nos termos do disposto no § 5º serão atualizados desde a devo-
mação de despesa corrente primária condicionada à aprovação de lução ao Tesouro Nacional de valores cancelados até o dia do novo
projeto de lei de crédito suplementar ou especial por maioria ab- depósito, conforme o previsto nos § 1º, § 2º e § 3º.
soluta do Congresso Nacional, nos termos do disposto no art. 22, Art. 41. Aplicam-se as mesmas regras constantes desta Seção
as descentralizações previstas neste artigo apenas serão realizadas quando a execução de decisões judiciais contra empresas estatais
após a publicação da respectiva lei de abertura do referido crédito dependentes ocorrer mediante a expedição de precatório ou de re-
ou após a substituição da fonte de receita de operações de crédito quisição de pequeno valor, nos termos do disposto no art. 100 da
condicionada por outras fontes de recursos que possam atender a Constituição.
tais despesas, na forma prevista no § 3º do referido artigo. Art. 42. Para fins de definição dos limites orçamentários para
Art. 38. Até sessenta dias após a descentralização de que trata atender ao pagamento de pensões indenizatórias decorrentes de
o art. 37, as unidades orçamentárias do Poder Judiciário discrimi- decisões judiciais e sentenças judiciais de empresas estatais depen-
narão no Siafi a relação dos precatórios relativos às dotações a elas dentes, os órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do
descentralizadas de acordo com o disposto no referido artigo, na Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União, por
qual especificarão a ordem cronológica dos pagamentos, os valores intermédio dos órgãos setoriais de planejamento e orçamento ou
a serem pagos e o órgão ou a entidade em que se originou o débito. equivalentes, encaminharão à Secretaria de Orçamento Federal do

212
FINANÇAS PÚBLICAS

Ministério de Planejamento e Orçamento, até 15 de junho de 2023, SEÇÃO V


informações quanto à necessidade de recursos orçamentários para DO ORÇAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL
2024, segregadas por tipo de sentença, unidade orçamentária, gru-
po de despesa, identificação da Vara ou Comarca de trâmite da sen- Art. 48. O Orçamento da Seguridade Social compreenderá as
tença objeto da ação judicial, situação processual e valor. dotações destinadas a atender às ações de saúde, previdência e as-
§ 1º Para a elaboração das informações requeridas no caput, sistência social, obedecerá ao disposto no inciso XI do caput do art.
deverão ser consideradas exclusivamente: 167, nos art. 194, art. 195, art. 196, art. 199, art. 200, art. 201, art.
I - as sentenças com trânsito em julgado e em fase de execução, 203 e art. 204 e no § 4º do art. 212 da Constituição e contará, entre
com a apresentação dos documentos comprobatórios; e outros, com recursos provenientes:
II - os depósitos recursais necessários à interposição de recur- I - das contribuições sociais previstas na Constituição, exceto a
sos. de que trata o § 5º do art. 212 e aquelas destinadas por lei às des-
§ 2º A apresentação de documentos comprobatórios para as pesas do Orçamento Fiscal;
pensões indenizatórias decorrentes de decisões judiciais somente II - da contribuição para o plano de seguridade social do ser-
será necessária quando se tratar da concessão de indenizações ain- vidor, que será utilizada para despesas com aposentadorias e pen-
da não constantes de leis orçamentárias anteriores. sões por morte;
Art. 43. As dotações orçamentárias destinadas ao pagamento III - do Orçamento Fiscal; e
de honorários periciais nas ações em que o Instituto Nacional do IV - das demais receitas, inclusive próprias e vinculadas, de ór-
Seguro Social - INSS figure como parte, aprovadas na Lei Orçamen- gãos, fundos e entidades, cujas despesas integrem, exclusivamente,
tária de 2024 e nos créditos adicionais, deverão ser integralmente o orçamento referido no caput, que deverão ser classificadas como
descentralizadas pelo órgão central do Sistema de Administração receitas da seguridade social.
Financeira Federal ao Conselho da Justiça Federal, que se incumbirá § 1º Os recursos provenientes das contribuições sociais de que
de disponibilizá-las aos Tribunais Regionais Federais. tratam o art. 40 e a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput do
Parágrafo único. As disposições constantes dos § 3º e § 4º do art. 195, ambos da Constituição, no Projeto de Lei Orçamentária de
art. 37 aplicam-se às dotações descentralizadas na forma prevista 2024 e na respectiva Lei, não se sujeitarão à desvinculação.
neste artigo. § 2º Todas as receitas do Fundo de Amparo ao Trabalhador, in-
Art. 44. Compete ao órgão setorial do Sistema de Planejamen- clusive as financeiras, deverão constar do Projeto e da Lei Orçamen-
to e de Orçamento Federal, ou à respectiva unidade orçamentária tária de 2024.
diretamente responsável pela execução orçamentária e financeira § 3º As despesas relativas ao pagamento dos benefícios assis-
da política pública pertinente ao objeto da decisão de sequestro de tenciais a que se refere o caput do art. 40 da Lei nº 8.742, de 7
verbas da Fazenda Pública, a viabilização dos recursos necessários de dezembro de 1993, mantidas as suas fontes de financiamento,
ao atendimento da ordem judicial. serão realizadas à conta do Fundo Nacional de Assistência Social.
§ 4º Será divulgado, a partir do primeiro bimestre de 2024, com
SEÇÃO IV o relatório resumido da execução orçamentária a que se refere §
DOS EMPRÉSTIMOS, DOS FINANCIAMENTOS E DOS REFINAN- 3º do art. 165 da Constituição, demonstrativo das receitas e das
CIAMENTOS despesas da seguridade social, na forma prevista no disposto no art.
52 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade
Art. 45. Os empréstimos, financiamentos e refinanciamentos Fiscal, do qual constará nota explicativa com memória de cálculo
realizados com recursos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade So- das receitas desvinculadas por força de dispositivo constitucional.
cial observarão o disposto no art. 27 da Lei Complementar nº 101, § 5º Independentemente da opção de custeio ou investimento,
de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal. as emendas parlamentares que adicionarem recursos a transferên-
§ 1º Na hipótese de operações com custo de captação não cias automáticas e regulares a serem realizadas pela União a ente
identificado, os encargos financeiros não poderão ser inferiores à federativo serão executadas em conformidade com atos a serem
Taxa Referencial e a apuração será pro rata temporis. editados pelos Ministros de Estado do Desenvolvimento e Assistên-
§ 2º Serão de responsabilidade do mutuário, além dos encar- cia Social, Família e Combate à Fome e da Saúde e publicados no
gos financeiros, eventuais comissões, taxas e despesas congêneres Diário Oficial da União, como acréscimo ao valor financeiro:
cobradas pelo agente financeiro, exceto as despesas de remunera- I - destinado à Rede do Sistema Único de Assistência Social -
ção previstas no contrato entre o agente e a União. Suas, e constituirão valor a ser somado aos repasses para cumpri-
Art. 46. Nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, as ca- mento de metas por integrantes da referida Rede; ou
tegorias de programação correspondentes a empréstimos, finan- II - transferido à rede do Sistema Único de Saúde - SUS, e cons-
ciamentos e refinanciamentos indicarão a lei que definiu encargo tituirão valor temporário a ser somado aos repasses regulares e au-
inferior ao custo de captação. tomáticos da referida Rede.
Art. 47. As prorrogações e as composições de dívidas decor- § 6º Quando se destinarem ao atendimento de consórcios pú-
rentes de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos conce- blicos, os recursos oriundos de emendas parlamentares que adicio-
didos com recursos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social narem valores aos tetos transferidos à rede do SUS, nos termos do
ficarão condicionadas à autorização expressa em lei específica. disposto no inciso II do § 5º:
I - serão transferidos aos fundos de saúde, inclusive de gestão
estadual, caso o Estado integre a entidade nos termos do disposto
no inciso I do § 1º do art. 4º da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005,
e repassados aos respectivos consórcios; e
II - (VETADO).

213
FINANÇAS PÚBLICAS

§ 7º Os recursos derivados de emendas parlamentares que, tuados aqueles que envolvam arrendamento mercantil para uso
nos termos do disposto no inciso II do § 5º, adicionarem valores próprio da empresa ou de terceiros, valores do custo dos emprésti-
transferidos à Rede do SUS, ficarão sujeitos, quando o atendimento mos contabilizados no ativo imobilizado e transferências de ativos
final beneficiar entidades privadas sem fins lucrativos que comple- entre empresas pertencentes ao mesmo grupo, controladas direta
mentem o sistema de saúde na forma prevista nos art. 24 e art. 26 ou indiretamente pela União, cuja aquisição tenha constado do Or-
da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, à demonstração de çamento de Investimento;
atendimento de metas: II - benfeitorias realizadas em bens da União por empresas es-
I - quantitativas, para ressarcimento até a integralidade dos tatais; e
serviços prestados pela entidade e previamente autorizados pelo III - benfeitorias necessárias à infraestrutura de serviços públi-
gestor; ou cos concedidos pela União.
II - qualitativas, cumpridas durante a vigência do contrato, § 2º A despesa será discriminada nos termos do disposto no
como aquelas derivadas do aperfeiçoamento de procedimentos ou art. 7º, considerada, para as fontes de recursos, a classificação 1495
de condições de funcionamento das unidades. - Recursos do Orçamento de Investimento.
§ 8º O fundo estadual, distrital ou municipal de saúde deverá § 3º O detalhamento das fontes de financiamento do investi-
efetuar o pagamento aos prestadores de assistência complementar mento de cada entidade referida neste artigo será feito de forma a
ao SUS até o quinto dia útil após o recebimento do correspondente evidenciar os recursos:
incentivo financeiro transferido pelo Ministério da Saúde. I - gerados pela empresa;
§ 9º (VETADO). II - de participação da União no capital social;
§ 10. A exceção de que trata o § 1º do art. 8º aplica-se aos cré- III - da empresa controladora sob a forma de:
ditos consignados junto ao Ministério da Saúde para atendimento a) participação no capital; e
de despesas com ações e serviços públicos de saúde, desde que b) empréstimos;
sejam de responsabilidade específica do setor da saúde, como de- IV - de operações de crédito junto a instituições financeiras:
termina o inciso III do art. 2º da Lei Complementar nº 141, de 2012, a) internas; e
e a descentralização seja necessária para atender interesses do Sis- b) externas; e
tema Único de Saúde - SUS. V - de outras operações de longo prazo.
Art. 49. As ações e os serviços de saúde direcionados à vigilân- § 4º A programação dos investimentos à conta de recursos
cia, à prevenção e ao controle de zoonoses e de acidentes causados oriundos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, inclusive
por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde mediante participação acionária, observará o valor e a destinação
pública, contemplarão recursos destinados ao desenvolvimento e constantes do orçamento original.
à execução de ações, atividades e estratégias de controle da po- § 5º As empresas cuja programação conste integralmente do
pulação de animais, de modo a resultar em benefício à saúde da Orçamento Fiscal ou do Orçamento da Seguridade Social, de acordo
população humana. com o disposto no art. 6º, não integrarão o Orçamento de Investi-
Parágrafo único. (VETADO). mento.
Art. 50. Em atendimento ao disposto no art. 239 da Constitui- § 6º Permanecerão no Orçamento de Investimento as empre-
ção, a arrecadação decorrente das contribuições para o Programa sas públicas e as sociedades de economia mista que tenham rece-
de Integração Social - PIS, instituído pela Lei Complementar nº 7, bido do seu controlador ou utilizado recursos financeiros para pa-
de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Pa- gamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de
trimônio do Servidor Público - Pasep, instituído pela Lei Comple- capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumen-
mentar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, poderá financiar, de forma to de participação acionária, desde que atendidas, cumulativamen-
indistinta, o programa do seguro-desemprego, as despesas com te, as seguintes condições e observado o disposto em ato do Poder
benefícios previdenciários e o abono salarial, desde que respeitada Executivo federal:
a destinação de, no mínimo, vinte e oito por cento para o financia- I - integrar o Orçamento de Investimento na Lei Orçamentária
mento de programas de desenvolvimento econômico, por meio do do exercício anterior;
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, II - possuir plano de reequilíbrio econômico-financeiro aprova-
com critérios de remuneração que preservem o seu valor. do e vigente; e
III - observar o disposto no § 9º do art. 37 da Constituição.
SEÇÃO VI § 7º As normas gerais da Lei nº 4.320, de 1964, não se apli-
DO ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO cam às empresas integrantes do Orçamento de Investimento no
que concerne ao regime contábil, à execução do orçamento e às
Art. 51. O Orçamento de Investimento, previsto no inciso II do demonstrações contábeis.
§ 5º do art. 165 da Constituição, abrangerá as empresas em que a § 8º O disposto no § 7º não se aplica às disposições dos art.
União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social 109 e art. 110 da Lei nº 4.320, de 1964, para as finalidades a que
com direito a voto, ressalvado o disposto nos § 5º e § 6º, e dele se destinam.
constarão todos os investimentos realizados, independentemente § 9º As empresas de que trata o caput deverão manter atualiza-
da fonte de financiamento utilizada. da a sua execução orçamentária no Siop, de forma online.
§ 1º Para efeito de compatibilidade da programação orçamen- § 10. Para o exercício de 2024, somente as empresas públicas
tária a que se refere este artigo com a Lei nº 6.404, de 15 de dezem- não financeiras e as sociedades de economia mista não financeiras
bro de 1976, e suas atualizações, serão consideradas investimento, poderão receber aportes da União para futuro aumento de capital,
exclusivamente, as despesas com: exceto se envolver empresas financeiras para enquadramento nas
I - aquisição de bens classificáveis no ativo imobilizado, exce- regras do Acordo de Basileia.

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FINANÇAS PÚBLICAS

§ 11. As empresas públicas e as sociedades de economia mista rial que impeçam a execução da programação orçamentária;
cujos investimentos sejam financiados com a participação da União d) as esferas orçamentárias;
para futuro aumento de capital serão mantidas no Orçamento de e) as denominações das classificações orçamentárias, desde
Investimento de forma a compatibilizar a programação orçamentá- que constatado erro de ordem técnica ou legal; e
ria e o disposto no inciso III do caput do art. 2º da Lei Complementar f) ajustes na codificação orçamentária:
nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal. 1. necessários à correção de erro de ordem técnica ou legal; ou
2. decorrentes da necessidade de adequação à classificação
SEÇÃO VII vigente, desde que não impliquem mudança de valores e de fina-
DAS ALTERAÇÕES NA LEI ORÇAMENTÁRIA E NOS CRÉDITOS lidade da programação.
ADICIONAIS § 2º As modificações a que se refere este artigo também pode-
rão ocorrer na abertura e na reabertura de créditos adicionais e na
Art. 52. As classificações das dotações previstas no art. 7º, as alteração de que trata o § 5º do art. 167 da Constituição.
fontes de financiamento do Orçamento de Investimento, as codifi- § 3º As alterações das modalidades de aplicação serão reali-
cações orçamentárias e as suas denominações poderão ser altera- zadas diretamente no Siafi ou no Siop pela unidade orçamentária,
das de acordo com as necessidades de execução, desde que manti- observados os procedimentos estabelecidos pela Secretaria de Or-
do o valor total do subtítulo e observadas as demais condições de çamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento.
que trata este artigo. § 4º A alteração de que trata o § 3º poderá ser realizada pelas
§ 1º As alterações de que trata o caput poderão ser realizadas, unidades orçamentárias, pelos órgãos setoriais ou pela Secretaria
justificadamente, em relação a subtítulos constantes da Lei Orça- de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamen-
mentária de 2024 e de créditos especiais ou extraordinários, aber- to, quando da indicação de beneficiários pelos autores de emendas
tos e reabertos, se autorizadas por meio de: individuais, para manter compatibilidade entre o beneficiário indi-
I - ato dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Minis- cado e a referida classificação, sem prejuízo de alterações poste-
tério Público da União e da Defensoria Pública da União, quanto à riores.
alteração entre os: § 5º Para fins do disposto no § 3º do art. 43 da Lei nº 4.320, de
a) GNDs “3 - Outras Despesas Correntes”, “4 - Investimentos” e 1964, consideram-se como excesso de arrecadação os recursos do
“5 - Inversões Financeiras”, no âmbito do mesmo subtítulo; exercício disponibilizados em razão das modificações efetivadas nas
b) GNDs “2 - Juros e Encargos da Dívida” e “6 - Amortização da fontes de financiamento e de recursos, nos termos do disposto na
Dívida”, no âmbito do mesmo subtítulo; e alínea “a” do inciso II e na alínea “a” do inciso III do § 1º e no § 2º
c) GNDs “1 - Pessoal e Encargos Sociais”, “3 - Outras Despesas deste artigo e no § 3º do art. 56, mantida a classificação original das
Correntes”, “4 - Investimentos” e “5 - Inversões Financeiras”, no âm- referidas fontes.
bito do mesmo subtítulo: § 6º As alterações de que trata o inciso I do § 1º poderão:
1. no Programa “0901 - Operações Especiais: Cumprimento de I - incluir GNDs, além daqueles aprovados no subtítulo, desde
Sentenças Judiciais”; que compatíveis com a finalidade da ação orçamentária correspon-
2. das ações orçamentárias referidas nos incisos XXI e XXV do dente; e
caput do art. 12; ou II - contemplar as demais alterações a que se refere este artigo.
3. na Unidade Orçamentária “73901 - Fundo Constitucional do Art. 53. A abertura de créditos suplementares e especiais, a re-
Distrito Federal - FCDF”; e abertura de créditos especiais e a alteração de que trata o § 5º do
d) GNDs de programações incluídas ou acrescidas por emen- art. 167 da Constituição serão compatíveis com:
das, de que trata a alínea “d” do inciso II do § 4º do art. 7º, median- I - a meta de resultado primário estabelecida nesta Lei, quando,
te solicitação ou concordância dos autores das respectivas emen- observado o intervalo de tolerância de que trata o § 1º do art. 2º:
das, observado o disposto no caput do art. 79; a) não aumentarem o montante das dotações de despesas con-
II - ato do Secretário de Coordenação e Governança das Em- sideradas na apuração da referida meta; ou
presas Estatais do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços b) na hipótese de aumento do referido montante, o acréscimo
Públicos, quanto ao Orçamento de Investimento para: estiver:
a) as fontes de financiamento; 1. amparado pelo relatório de avaliação de receitas e despesas
b) os identificadores de uso; primárias, elaborado em cumprimento ao disposto no art. 9º da Lei
c) os identificadores de resultado primário; Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, e
d) as esferas orçamentárias; no art. 71 desta Lei;
e) as denominações das classificações orçamentárias, desde 2. relacionado à transferência aos Estados, ao Distrito Federal
que constatado erro de ordem técnica ou legal; e e aos Municípios de recursos que tenham vinculação constitucional
f) ajustes na codificação orçamentária decorrentes da neces- ou legal; ou
sidade de adequação à classificação vigente, desde que não impli- 3. acompanhado de demonstrativo do espaço fiscal na exposi-
quem mudança de valores e de finalidade da programação; e ção de motivos de projeto de lei de crédito suplementar ou espe-
III - ato do Secretário de Orçamento Federal do Ministério do cial; e
Planejamento e Orçamento, quanto aos Orçamentos Fiscal e da Se- II - os limites individualizados aplicáveis às despesas primárias,
guridade Social para: de que trata o art. 3º da Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto
a) as fontes de recursos, inclusive aquelas de que trata o § 3º de 2023, em observância ao disposto no § 5º do referido artigo,
do art. 139, observadas as vinculações previstas na legislação; quando:
b) os IU; a) não aumentarem o montante das dotações de despesas pri-
c) os identificadores de RP, para fins de correção de erro mate- márias sujeitas aos referidos limites; ou

215
FINANÇAS PÚBLICAS

b) na hipótese de aumento do referido montante: II - créditos reabertos no exercício de 2024;


1. os valores das dotações resultantes da alteração, inclusive os III - valores utilizados nos créditos adicionais, abertos ou em
créditos em tramitação, conforme relatório de avaliação de receitas tramitação;
e despesas primárias de que trata o art. 71 desta Lei, sejam iguais IV - valores utilizados em outras alterações orçamentárias; e
ou inferiores aos limites de que trata a Lei Complementar nº 200, de V - saldo do superavit financeiro do exercício de 2023, por fonte
30 de agosto de 2023; e de recursos.
2. a dotação resultante não ultrapasse os limites máximos de § 7º Para fins do disposto no § 6º, a Secretaria do Tesouro Na-
que trata a Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023, cional do Ministério da Fazenda publicará, até 29 de fevereiro de
em observância ao disposto em seu § 5º, ou aqueles que venham 2024, demonstrativo do superavit financeiro de cada fonte de re-
a substituí-los. cursos, apurado no balanço patrimonial do exercício de 2023, se-
§ 1º As ampliações de que tratam a alínea “b” do inciso I e a gundo as classificações vigentes em 2023 e 2024 e observado tanto
alínea “b” do inciso II do caput serão destinadas prioritariamente o agrupamento por fonte de recursos quanto por órgão, entidade
ao atendimento de despesas obrigatórias, em conformidade com o ou fundo a que os recursos se vinculam, hipótese em que o supera-
relatório de avaliação bimestral de que trata o art. 71. vit financeiro de fontes de recursos vinculados deverá ser disponibi-
§ 2º As alterações orçamentárias referidas no caput conterão lizado em sítio eletrônico por fonte detalhada.
anexo específico com cancelamentos compensatórios de dotações § 8º As aberturas de créditos previstas nos § 5º e § 6º para o au-
destinadas a despesas primárias, como forma de garantir a compa- mento de dotações deverão ser compatíveis com o disposto no art.
tibilidade com a meta de resultado primário e com os limites indivi- 53 desta Lei e no parágrafo único do art. 8º da Lei Complementar nº
dualizados, conforme disposto nos incisos I e II. 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal.
Art. 54. Os projetos de lei relativos a créditos suplementares § 9º Na hipótese de receitas vinculadas, o demonstrativo a que
e especiais serão encaminhados pelo Poder Executivo federal ao se refere o § 7º deverá identificar as unidades orçamentárias.
Congresso Nacional, também em meio magnético, por Poder, sem § 10. Os créditos de que trata este artigo, aprovados pelo Con-
prejuízo do disposto no § 11 e no § 13. gresso Nacional, serão considerados automaticamente abertos com
§ 1º Cada projeto de lei e a respectiva lei deverão restringir-se a sanção e a publicação da respectiva lei.
a apenas um tipo de crédito adicional, conforme estabelecido nos § 11. Os projetos de lei de créditos suplementares ou especiais,
incisos I e II do caput do art. 41 da Lei nº 4.320, de 1964. relativos aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministé-
§ 2º O prazo final para o encaminhamento dos projetos refe- rio Público da União e da Defensoria Pública da União, poderão ser
ridos no caput é 15 de outubro de 2024, exceto se destinados ao apresentados de forma consolidada.
atendimento de despesas que constituem obrigações constitucio- § 12. A exigência de encaminhamento de projetos de lei por
nais ou legais, de que tratam as Seções I e II do Anexo III, hipótese Poder, de que trata o caput, não se aplica quando o crédito for:
em que deve ser observado o prazo de 29 de novembro de 2024. I - destinado a atender despesas com pessoal e encargos so-
§ 3º Acompanharão os projetos de lei concernentes a créditos ciais, benefícios aos servidores civis, empregados e militares e aos
suplementares e especiais exposições de motivos circunstanciadas seus dependentes constantes da Seção I do Anexo III, indenizações,
que os justifiquem e indiquem as consequências dos cancelamen- benefícios e pensões indenizatórias de caráter especial e auxílios-
tos de dotações propostos sobre a execução de atividades, proje- -funeral e natalidade; ou
tos, operações especiais e seus subtítulos. II - integrado exclusivamente por dotações orçamentárias clas-
§ 4º As exposições de motivos às quais se refere o § 3º, relativas sificadas com RP 6 e RP 7.
a projetos de lei de créditos suplementares e especiais destinados § 13. Serão encaminhados projetos de lei específicos quando
ao atendimento de despesas primárias, deverão conter justificativa os créditos se destinarem ao atendimento de despesas com pessoal
de que a realização das despesas objeto desses créditos não afeta a e encargos sociais, benefícios aos servidores civis, empregados e
obtenção da meta de resultado primário prevista nesta Lei e o aten- militares e aos seus dependentes constantes da Seção I do Anexo
dimento dos limites de despesa de que trata a Lei Complementar nº III, indenizações, benefícios e pensões indenizatórias de caráter es-
200, de 30 de agosto de 2023. pecial e sentenças judiciais, inclusive aquelas relativas a precatórios
§ 5º Nas hipóteses de abertura de créditos adicionais que en- ou consideradas de pequeno valor.
volva a utilização de excesso de arrecadação, as exposições de mo- § 14. Os projetos de lei a que se refere o § 13 poderão também
tivos conterão informações relativas a: conter despesas que:
I - estimativas de receitas constantes da Lei Orçamentária de I - constituam obrigações constitucionais ou legais da União,
2024, de acordo com a classificação de que trata a alínea “a” do relacionadas nas Seções I e II do Anexo III;
inciso III do caput do art. 9º; II - decorram da criação de órgãos ou entidades; ou
II - estimativas atualizadas para o exercício financeiro; III - sejam necessárias à manutenção da compatibilidade da
III - parcelas do excesso de arrecadação utilizadas nos créditos despesa autorizada com a meta de resultado primário constante do
adicionais, abertos ou em tramitação; art. 2º desta Lei e com os limites individualizados de despesas pri-
IV - valores utilizados em outras alterações orçamentárias; e márias a que se refere a Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto
V - saldos do excesso de arrecadação, de acordo com a classifi- de 2023.
cação prevista no inciso I. § 15. Nas hipóteses de abertura de créditos adicionais à conta
§ 6º Nas hipóteses de abertura de créditos adicionais que en- de recursos de excesso de arrecadação ou de superavit financeiro,
volva a utilização de superavit financeiro, as exposições de motivos ainda que envolvam concomitante troca de fontes de recursos, as
conterão informações relativas a: respectivas exposições de motivos deverão estar acompanhadas
I - superavit financeiro do exercício de 2023, por fonte de re- dos demonstrativos exigidos pelos § 5º e § 6º.
cursos, de acordo com a classificação aplicável ao exercício de 2024; § 16. Os projetos de lei de créditos suplementares ou especiais

216
FINANÇAS PÚBLICAS

solicitados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Mi- crédito por ato conjunto deverá ser comunicada à Secretaria de Or-
nistério Público da União e da Defensoria Pública da União, com çamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento e à
indicação dos recursos compensatórios, serão encaminhados ao Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda pelo órgão
Congresso Nacional no prazo de até quarenta e cinco dias, contado cedente, para que o limite de que trata a Lei Complementar nº 200,
da data de recebimento do pedido de alteração orçamentária pela de 30 de agosto de 2023, dos órgãos envolvidos seja ajustado, com
Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e o objetivo de viabilizar a execução orçamentária e financeira por
Orçamento, exceto aqueles destinados às sentenças judiciais, ao parte do órgão recebedor.
serviço da dívida e às despesas relacionadas nos incisos V, VI, XIII, § 4º Na abertura dos créditos na forma prevista no § 1º, fica ve-
XXI e XXV do caput do art. 12. dado o cancelamento de despesas financeiras para suplementação
§ 17. Na elaboração dos projetos de lei relativos a créditos su- de despesas primárias.
plementares e especiais que envolvam mais de um órgão orçamen- § 5º Os créditos de que trata o § 1º serão incluídos no Siafi,
tário no âmbito dos Poderes Judiciário e Legislativo e do Ministério exclusivamente, por intermédio de transmissão de dados do Siop.
Público da União, deverá ser realizada a compensação entre os limi- Art. 56. Na abertura de crédito extraordinário, é vedada a cria-
tes individualizados para as despesas primárias, para o exercício de ção de novo código e de título para ação existente.
2024, respeitado o disposto no § 8º do art. 3º da Lei Complementar § 1º O crédito aberto por medida provisória deverá ser classi-
nº 200, de 30 de agosto de 2023, por meio da publicação de ato ficado, quanto ao identificador de RP, de acordo com o disposto no
conjunto dos dirigentes dos órgãos envolvidos em data anterior ao § 4º do art. 7º.
encaminhamento das propostas de abertura de créditos à Secre- § 2º As dotações de créditos extraordinários que perderam efi-
taria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Or- cácia ou foram rejeitados, conforme ato declaratório do Congresso
çamento, hipótese em que os efeitos da compensação ficarão sus- Nacional, deverão ser reduzidas no Siop e no Siafi no montante dos
pensos até a publicação de cada crédito, em valor correspondente. saldos não empenhados durante a vigência da respectiva medida
§ 18. Considerados os créditos abertos e em tramitação, caso provisória, por ato do Secretário de Orçamento Federal do Ministé-
os valores resultantes das categorias de programação a serem can- rio do Planejamento e Orçamento.
celados ultrapassem vinte por cento do valor inicialmente estabele- § 3º As fontes de recursos que, em razão do disposto no § 2º,
cido na Lei Orçamentária de 2024 para as referidas categorias, de- ficarem sem despesas correspondentes, serão disponibilizadas com
verá ser apresentada, além das justificativas mencionadas no § 3º, a a mesma classificação e poderão ser utilizadas para a realização de
demonstração do desvio entre a dotação inicialmente estabelecida alterações orçamentárias.
na referida Lei e a dotação resultante. Art. 57. Os anexos dos créditos adicionais obedecerão à mesma
Art. 55. As propostas de abertura de créditos suplementares formatação dos Quadros dos Créditos Orçamentários constantes da
autorizados na Lei Orçamentária de 2024, ressalvado o disposto Lei Orçamentária de 2024.
no § 1º deste artigo e nos art. 66 e art. 67, serão submetidas ao Art. 58. As dotações das categorias de programação anuladas
Presidente da República, acompanhadas de exposição de motivos em decorrência do disposto no § 1º do art. 55 não poderão ser su-
que inclua a justificativa e a indicação dos efeitos das anulações de plementadas, exceto por remanejamento de dotações no âmbito
dotações, observado o disposto nos § 3º, § 5º, § 6º, § 15 e § 18 do do próprio órgão ou em decorrência de legislação superveniente.
art. 54. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às dotações
§ 1º Os créditos a que se refere o caput, com indicação de re- das unidades orçamentárias do Poder Judiciário que exerçam a fun-
cursos compensatórios dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judi- ção de setorial de orçamento, quando anuladas para suplementa-
ciário, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da ção das unidades do próprio órgão.
União, nos termos do disposto no inciso III do § 1º do art. 43 da Art. 59. A reabertura dos créditos especiais, conforme disposto
Lei nº 4.320, de 1964, serão abertos, no âmbito desses Poderes e no § 2º do art. 167 da Constituição, será efetivada, se necessária,
órgãos, verificados os procedimentos estabelecidos pela Secretaria mediante ato dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Mi-
de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento nistério Público da União e da Defensoria Pública da União, após a
e o disposto no § 2º, por atos: primeira avaliação de receitas e despesas a que se refere o art. 9º da
I - dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Fede- Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal,
ral e do Tribunal de Contas da União; observado o disposto nos art. 53 e art. 57 desta Lei.
II - dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Conselho § 1º Os créditos reabertos na forma prevista neste artigo, rela-
Nacional de Justiça, do Conselho da Justiça Federal, do Conselho Su- tivos aos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, serão incluídos
perior da Justiça do Trabalho, dos Tribunais Superiores e do Tribunal no Siafi, exclusivamente, por intermédio de transmissão de dados
de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios; e do Siop.
III - do Procurador-Geral da República, do Presidente do Con- § 2º O prazo previsto no caput não se aplica ao Orçamento de
selho Nacional do Ministério Público e do Defensor Público-Geral Investimento.
Federal. § 3º A programação objeto da reabertura dos créditos especiais
§ 2º Quando a aplicação do disposto no § 1º envolver mais de poderá ser adequada à programação constante da Lei Orçamentá-
um órgão orçamentário, no âmbito dos Poderes Legislativo e Ju- ria de 2024, desde que não haja alteração da finalidade das ações
diciário e do Ministério Público da União, os créditos deverão ser orçamentárias.
abertos por ato conjunto dos dirigentes dos órgãos envolvidos, con- § 4º A reabertura dos créditos de que trata o caput, relativa
forme indicado nos incisos I, II e III do § 1º, respectivamente, no aos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, fica condicionada à
qual também deverá ser realizada a compensação de que trata o anulação de dotações orçamentárias relativas a despesas primárias
caput do art. 29. aprovadas na Lei Orçamentária de 2024, no montante que exceder
§ 3º A compensação realizada simultaneamente à abertura do os limites a que se refere a Lei Complementar nº 200, de 30 de agos-

217
FINANÇAS PÚBLICAS

to de 2023, ou que tornar a despesa autorizada incompatível com Art. 65. Fica a Secretaria de Coordenação das Estatais do Mi-
meta de resultado primário estabelecida nesta Lei. nistério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos autorizada
Art. 60. Fica o Poder Executivo federal autorizado a abrir crédi- a cancelar os saldos orçamentários do Orçamento de Investimento
tos especiais ao Orçamento de Investimento para o atendimento de eventualmente existentes, na data em que a empresa estatal fede-
despesas relativas a ações em execução no exercício de 2023, por ral vier a ser extinta ou tiver o seu controle acionário transferido
meio da utilização, em favor da correspondente empresa estatal e para o setor privado.
da respectiva programação, de saldo de recursos do Tesouro Na- Art. 66. O Presidente da República poderá delegar ao Ministro
cional repassados em exercícios anteriores ou inscritos em restos de Estado do Planejamento e Orçamento e ao Ministro de Estado
a pagar no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social. da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, no âmbito, respec-
Art. 61. A reabertura dos créditos extraordinários, conforme tivamente, dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social e do Or-
disposto no § 2º do art. 167 da Constituição, será efetivada, se ne- çamento de Investimento, as alterações orçamentárias que depen-
cessária, por meio de ato do Poder Executivo federal, observado o dam de ato do Poder Executivo federal referidas nesta Seção e no
disposto no art. 57 desta Lei. art. 179, exceto quanto ao encaminhamento de projetos de lei de
Art. 62. O Poder Executivo federal poderá transpor, remanejar, crédito suplementar ou especial ao Congresso Nacional e à abertu-
transferir ou utilizar, total ou parcialmente, as dotações orçamentá- ra de créditos extraordinários.
rias aprovadas na Lei Orçamentária de 2024 e nos créditos adicio- Art. 67. Os dirigentes indicados no § 1º do art. 55 desta Lei po-
nais, em decorrência da extinção, da transformação, da transferên- derão delegar, no âmbito de seus órgãos, vedada a subdelegação,
cia, da incorporação ou do desmembramento de órgãos e entidades a abertura de créditos suplementares autorizados na Lei Orçamen-
e de alterações de suas competências ou atribuições, mantida a tária de 2024 que contenham a indicação de recursos compensató-
estrutura programática, expressa por categoria de programação, rios, nos termos do disposto no inciso III do § 1º do art. 43 da Lei nº
conforme estabelecido no § 1º do art. 5º, inclusive os títulos, os 4.320, de 1964, desde que observadas as exigências e as restrições
descritores, as metas e os objetivos, assim como o detalhamento constantes do art. 55, especialmente aquelas a que se refere o seu
por esfera orçamentária, GNDs, fontes de recursos, modalidades de § 4º, e do § 18 do art. 54 desta Lei.
aplicação e IU, e identificador de RP. Art. 68. As dotações destinadas à contrapartida nacional de
Parágrafo único. A transposição, a transferência ou o remaneja- empréstimos internos e externos e ao pagamento de amortização,
mento não poderá resultar em alteração dos valores das programa- juros e outros encargos, ressalvado o disposto no parágrafo único,
ções aprovadas na Lei Orçamentária de 2024 ou nos créditos adicio- somente poderão ser remanejadas para outras categorias de pro-
nais, hipótese em que poderá haver, excepcionalmente, adequação gramação por meio da abertura de créditos adicionais, por projeto
da classificação funcional, da esfera orçamentária e do Programa de de lei ou medida provisória.
Gestão e Manutenção ao novo órgão. Parágrafo único. Os recursos de que trata o caput poderão ser
Art. 63. A transposição, o remanejamento ou a transferência remanejados para outras categorias de programação na abertu-
de recursos autorizada no § 5º do art. 167 da Constituição deverá: ra de créditos suplementares autorizados na Lei Orçamentária de
I - ser realizada no âmbito das atividades de ciência, tecnologia 2024, por ato dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Mi-
e inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos nistério Público da União e da Defensoria Pública da União, obser-
restritos às programações classificadas na função “19 - Ciência e vados os limites autorizados na referida Lei e o disposto no art. 55,
Tecnologia” e subfunções “571 - Desenvolvimento Científico”, “572 desde que mantida a destinação, respectivamente, à contrapartida
- Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia” ou “573 - Difusão do nacional e ao serviço da dívida.
Conhecimento Científico e Tecnológico”; e Art. 69. Para fins do disposto nos § 10 e § 11 do art. 165 da
II - ser destinada a categoria de programação existente. Constituição, consideram-se compatíveis com o dever de execução
Art. 64. As alterações orçamentárias de que trata este Capítulo das programações as alterações orçamentárias referidas nesta Lei e
deverão observar as restrições estabelecidas no inciso III do caput os créditos autorizados na Lei Orçamentária de 2024 e nas leis de
do art. 167 da Constituição. créditos adicionais.
§ 1º Enquanto houver receitas e despesas condicionadas, nos § 1º O dever de execução de que trata o § 10 do art. 165 da
termos do disposto no art. 22, as alterações orçamentárias realiza- Constituição não vincula a abertura e a reabertura de créditos adi-
das no âmbito dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, do cionais e não obsta a escolha das programações que serão objeto
Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União não de cancelamento e aplicação, por meio das alterações de que trata
poderão ampliar a diferença entre as receitas de operações de cré- o caput, desde que cumpridos os demais requisitos referidos nesta
dito e as despesas de capital considerada na Lei Orçamentária de Lei.
2024. § 2º Para fins do disposto no inciso I do § 11 do art. 165 da Cons-
§ 2º Após a redução do total de despesas condicionadas na for- tituição, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Ministério
ma prevista no § 3º do art. 22, eventual diferença entre as receitas Público da União e a Defensoria Pública da União ficam autorizados
de operações de crédito e as despesas de capital deverá ser ade- a realizar o bloqueio de dotações orçamentárias discricionárias, de
quada até o encerramento do exercício. que trata a alínea “b” do inciso II do § 4º do art. 7º, no montante ne-
§ 3º Para fins do cálculo da diferença mencionada nos § 1º e § cessário ao cumprimento dos limites individualizados estabelecidos
2º, consideram-se: na Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023, com base
I - as fontes de recursos de operações de crédito que financiem nas informações constantes dos relatórios de avaliação de receitas
despesas estabelecidas na Lei Orçamentária de 2024 e nos créditos e despesas, referidos no art. 71.
adicionais; e § 3º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Ministério
II - as despesas de capital estabelecidas na Lei Orçamentária de Público da União e a Defensoria Pública da União deverão adotar
2024 e nos créditos adicionais. providências, em relação aos bloqueios efetuados na forma previs-

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FINANÇAS PÚBLICAS

ta no § 2º, para garantir a adequação das despesas autorizadas na b) o estoque de restos a pagar ao final de 2023 líquido de can-
Lei Orçamentária de 2024 aos limites individualizados estabelecidos celamentos ocorridos em 2024, o limite ou valor estimado para pa-
na Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023, até o fim do gamento, e a respectiva diferença.
exercício, ou quando se fizer necessário à observância dos referidos § 2º O Poder Executivo federal estabelecerá no ato de que trata
limites. o caput as despesas primárias obrigatórias constantes da Seção I do
§ 4º O bloqueio de que trata o § 2º poderá incidir sobre as pro- Anexo III que estarão sujeitas a controle de fluxo, com o respectivo
gramações referidas no art. 76, exceto quanto àquelas previstas nos cronograma de pagamento.
§ 11 e § 12 do art. 166 da Constituição, até a proporção aplicável § 3º Excetuadas as despesas com pessoal e encargos sociais,
ao conjunto das despesas primárias discricionárias no âmbito dos precatórios e sentenças judiciais, os cronogramas anuais de de-
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Ministério Público da sembolso mensal dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministé-
União e da Defensoria Pública da União, sem prejuízo da aplicação rio Público da União e da Defensoria Pública da União terão como
de medidas necessárias, conforme estabelecido em ato do Poder referencial o repasse previsto no art. 168 da Constituição, na forma
Executivo federal. de duodécimos.
§ 4º Os cronogramas ou limites de pagamento das despesas
SEÇÃO VIII primárias obrigatórias sujeitas a controle de fluxo e das despesas
DA LIMITAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA primárias discricionárias, incluídas as ressalvadas de limitação de
empenho e movimentação financeira, de que trata o § 2º do art.
Art. 70. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Mi- 9º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade
nistério Público da União e a Defensoria Pública da União deverão Fiscal, poderão ter como referência o valor da programação orça-
elaborar e publicar por ato próprio, até trinta dias após a data de mentária do exercício e dos restos a pagar inscritos, limitados ao
publicação da Lei Orçamentária de 2024, cronograma anual de de- montante global da previsão das Despesas com Controle de Fluxo
sembolso mensal, por órgão, nos termos do disposto no art. 8º da do Poder Executivo do exercício constante do Relatório de Avaliação
Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, das receitas e despesas primárias, ajustada pelo eventual esforço
com vistas ao cumprimento da meta de resultado primário estabe- ou espaço fiscal indicado no referido relatório.
lecida nesta Lei. § 5º Os valores constantes dos cronogramas ou limites de paga-
§ 1º No caso do Poder Executivo federal, o ato referido no mento estabelecidos pelo Poder Executivo federal poderão ser dis-
caput e os atos que o modificarem conterão, em milhões de reais: tintos das dotações orçamentárias ou dos limites de movimentação
I - metas quadrimestrais para o resultado primário dos Orça- e empenho, inclusive quanto à distribuição por órgão, por fontes
mentos Fiscal e da Seguridade Social, com demonstração de que a de recursos e por classificação da despesa, desde que observado o
programação atende à meta estabelecida nesta Lei e a outras regras disposto no § 4º.
fiscais vigentes aplicáveis; § 6º Os órgãos setoriais do Sistema de Administração Finan-
II - metas bimestrais de realização de receitas primárias, em ceira Federal, os seus órgãos vinculados e as suas unidades execu-
atendimento ao disposto no art. 13 da Lei Complementar nº 101, toras observarão a oportunidade, a conveniência e a necessidade
de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, discriminadas pelos prin- de execução para garantir a efetiva entrega de bens e serviços à
cipais tributos administrados pela Secretaria Especial da Receita sociedade, quando da distribuição dos recursos financeiros às suas
Federal do Brasil do Ministério da Fazenda, as contribuições pre- unidades subordinadas.
videnciárias para o Regime Geral de Previdência Social e o Regime § 7º Os cronogramas ou limites de pagamento do Poder Exe-
Próprio de Previdência do Servidor Público, a contribuição para o cutivo federal aplicam-se tanto ao pagamento de restos a pagar
salário-educação, as concessões e as permissões, as compensações quanto ao pagamento de despesas do exercício, e caberá ao órgão
financeiras, as receitas próprias e de convênios e demais receitas, setorial, aos seus órgãos vinculados e às suas unidades executoras
identificadas separadamente, as resultantes de medidas de com- definir a sua prioridade, observado o disposto no § 6º.
bate à evasão e à sonegação fiscal, da cobrança da dívida ativa, e § 8º Na hipótese de não existir programação orçamentária no
administrativa; exercício corrente, as demandas para pagamento de restos a pagar
III - cronogramas ou limites de pagamentos mensais de despe- pelos órgãos setoriais poderão servir de base para a inclusão de va-
sas primárias sujeitas ao controle de fluxo, abertos em fontes de lores nos cronogramas ou limites de pagamento do Poder Executivo
recursos do Tesouro Nacional e fontes próprias; federal, observado o disposto nos § 4º, § 5º e § 7º.
IV - demonstrativo do montante dos restos a pagar inscritos § 9º Se houver indicação formal, justificada técnica ou judicial-
das despesas primárias sujeitas ao controle de fluxo, por órgão, de mente, do órgão setorial de que o cronograma ou limite de paga-
modo a separar os processados dos não processados; mento das despesas primárias obrigatórias sujeitas ao controle de
V - metas quadrimestrais para o resultado primário das empre- fluxo e das despesas primárias discricionárias ressalvadas de limita-
sas estatais federais, com as estimativas de receitas e despesas que ção de empenho e movimentação financeira, de que trata o § 2º do
o compõem, de modo a separar, nas despesas, os investimentos; e art. 9º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabi-
VI - quadro geral da programação financeira, detalhado em de- lidade Fiscal, não será executado, os valores indicados poderão ser
monstrativos distintos segundo a classificação da despesa em finan- remanejados para outras despesas, a critério do Poder Executivo
ceira sujeita a controle de fluxo, primária discricionária e primária federal.
obrigatória sujeita a controle de fluxo, evidenciados por órgão: § 10. Após o relatório de avaliação de receitas e despesas de
a) a dotação autorizada na Lei Orçamentária de 2024 e nos cré- que trata o art. 71, relativo ao 5º bimestre, o Poder Executivo fede-
ditos adicionais, o limite ou valor estimado para empenho, o limite ral, amparado em critérios técnicos apresentados pelo órgão cen-
ou valor estimado para pagamento e as diferenças entre montante tral do Sistema de Administração Financeira Federal, poderá alterar
autorizado e limites ou valores estimados; e os cronogramas ou limites de pagamento de que trata o § 9º, se

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FINANÇAS PÚBLICAS

identificado que há ou haverá sobra de valores na execução finan- dio do barril de petróleo, a média da taxa de câmbio do dólar dos
ceira, respeitadas as regras fiscais vigentes. Estados Unidos da América, a taxa Selic, o PIB nominal e o salário
§ 11. O Poder Executivo federal poderá constituir reserva finan- mínimo;
ceira nos cronogramas ou limites de pagamento, até o valor corres- III - a justificativa das alterações de despesas primárias obriga-
pondente aos créditos orçamentários em tramitação e ao montante tórias, com explicitação das providências que serão adotadas quan-
correspondente a eventual espaço fiscal demonstrado no relatório to à alteração da dotação orçamentária, e os efeitos dos créditos
de avaliação de receitas e despesas primárias, hipóteses em que os extraordinários abertos;
recursos deverão ser totalmente liberados até o encerramento do IV - os cálculos relativos à frustração das receitas primárias, que
exercício. terão por base os demonstrativos atualizados de que trata o inciso X
§ 12. A obrigatoriedade de liberação dos recursos de que trata do Anexo II, e os demonstrativos equivalentes, no caso das demais
o § 11 poderá ser dispensada caso não exista demanda de alteração receitas, justificados os desvios em relação à sazonalidade original-
de cronograma ou limite de pagamento pendente de atendimento. mente prevista;
§ 13. O disposto nos § 4º ao § 12 aplica-se exclusivamente ao V - a estimativa atualizada do resultado primário das empresas
Poder Executivo federal. estatais, acompanhada da memória dos cálculos referentes às em-
Art. 71. Se for necessário efetuar a limitação de empenho e presas que responderem pela variação;
movimentação financeira de que trata o art. 9º da Lei Complemen- VI - a justificativa dos desvios ocorridos em relação às proje-
tar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, o Poder Execu- ções realizadas nos relatórios anteriores; e
tivo federal apurará o montante necessário e informará a cada ór- VII - detalhamento das dotações relativas às despesas primá-
gão orçamentário dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério rias obrigatórias com controle de fluxo financeiro, a identificação
Público da União e da Defensoria Pública da União, até o vigésimo das respectivas ações e dos valores envolvidos, exceto no caso de
segundo dia após o encerramento do bimestre, observado o dis- contribuições a organismos internacionais, que poderão ser infor-
posto no § 4º. madas de maneira agregada.
§ 1º O montante da limitação a ser promovida pelo Poder Exe- § 5º O Poder Executivo federal poderá elaborar, em caráter
cutivo federal e pelos órgãos referidos no caput será estabelecido excepcional, relatório extemporâneo, observado, no que couber, o
de forma proporcional à participação de cada um no conjunto das disposto no § 4º, e, caso identifique necessidade de limitação de
dotações orçamentárias iniciais classificadas como despesas primá- empenho e movimentação financeira, a limitação será aplicável so-
rias discricionárias, identificadas na Lei Orçamentária de 2024 na mente ao Poder Executivo federal, que deverá editar o ato respecti-
forma prevista no disposto nas alíneas “b”, “c” e “d” do inciso II do vo no prazo de sete dias úteis, contado da data do encaminhamento
§ 4º do art. 7º, excluídas as atividades dos Poderes Legislativo e do relatório ao Congresso Nacional.
Judiciário, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública § 6º O restabelecimento dos limites de empenho e movimenta-
da União constantes da Lei Orçamentária de 2024 e as despesas ção financeira poderá ser efetuado a qualquer tempo, hipótese em
ressalvadas de limitação de empenho e movimentação financeira, que o relatório de que tratam os § 4º e § 5º deverá ser divulgado em
na forma prevista no § 2º do art. 9º da Lei Complementar nº 101, de sítio eletrônico e encaminhado ao Congresso Nacional e aos órgãos
2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal. referidos no caput.
§ 2º As alterações orçamentárias realizadas com fundamento § 7º O decreto de limitação de empenho e movimentação fi-
na alínea “c” do inciso III do § 1º do art. 52 publicadas até a data de nanceira, ou de restabelecimento desses limites, editado nas hipó-
divulgação do relatório de que trata o § 4º deste artigo que decor- teses previstas no caput e no § 1º do art. 9º da Lei Complementar
ram de erro material na classificação da Lei Orçamentária de 2024 nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, e nos § 5º e § 6º
serão consideradas no cálculo do montante de limitação previsto no deste artigo, conterá as informações de que trata o § 1º do art. 70
§ 1º deste artigo. desta Lei.
§ 3º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Ministé- § 8º O relatório a que se refere o § 4º será elaborado e divulga-
rio Público da União e a Defensoria Pública da União, com base na do em sítio eletrônico também nos bimestres em que não houver
informação a que se refere o caput, editarão ato que evidencie a limitação ou restabelecimento dos limites de empenho e movimen-
limitação de empenho e movimentação financeira até o trigésimo tação financeira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 19.
dia subsequente ao encerramento do respectivo bimestre. § 9º O Poder Executivo federal prestará as informações adicio-
§ 4º Em atendimento ao disposto no caput, o Poder Executivo nais para apreciação do relatório de que trata o § 4º deste artigo
federal divulgará em sítio eletrônico e encaminhará ao Congresso no prazo de cinco dias úteis, contado da data de recebimento do
Nacional e aos órgãos referidos no caput, no prazo nele previsto, requerimento formulado pela Comissão Mista a que se refere o §
relatório que será apreciado pela Comissão Mista a que se refere o 1º do art. 166 da Constituição.
§ 1º do art. 166 da Constituição, que conterá: § 10. Os órgãos setoriais de planejamento e orçamento ou equi-
I - a memória de cálculo das novas estimativas de receitas e valentes manterão atualizado, em seu sítio eletrônico, demonstrati-
despesas primárias e a demonstração da necessidade da limitação vo bimestral com os montantes aprovados e os valores da limitação
de empenho e movimentação financeira nos percentuais e montan- de empenho e movimentação financeira por unidade orçamentária.
tes estabelecidos por órgão; § 11. Para os órgãos que possuam mais de uma unidade orça-
II - a revisão dos parâmetros estimados pela Secretaria de Polí- mentária, os prazos para publicação dos atos de restabelecimento
tica Econômica do Ministério da Fazenda, que conterá, no mínimo, de limites de empenho e movimentação financeira, quando for o
as estimativas anualizadas da variação real do Produto Interno Bru- caso, serão de até:
to - PIB, da massa salarial dos empregados com carteira assinada, I - trinta dias após o encerramento de cada bimestre, quando
do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna - IGP-DI, do IPCA decorrer da avaliação bimestral de que trata o art. 9º da Lei Com-
e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, o preço mé- plementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal; ou

220
FINANÇAS PÚBLICAS

II - sete dias úteis após o encaminhamento do relatório previs- II - são facultadas ao Poder Executivo federal a elaboração e a
to no § 6º deste artigo, se não for resultante da referida avaliação divulgação do relatório de avaliação de receitas e despesas a que
bimestral. se refere o § 4º.
§ 12. Observada a disponibilidade de limites de empenho e § 20. O disposto nos § 4º a § 13 do art. 70 também se aplica ao
movimentação financeira, estabelecida na forma prevista neste contexto de limitação orçamentária e financeira de que trata este
artigo, os órgãos e as unidades executoras, ao assumirem os com- artigo e de outras regras fiscais vigentes aplicáveis.
promissos financeiros, não poderão deixar de atender às despesas § 21. (VETADO).
essenciais e inadiáveis, além da observância ao disposto no art. 4º.
§ 13. Sem prejuízo da aplicação mínima em ações e serviços pú- SEÇÃO IX
blicos de saúde e em manutenção e desenvolvimento do ensino, a DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DO PROJETO DE LEI ORÇAMEN-
limitação de empenho do Poder Executivo federal, a que se referem TÁRIA
os § 2º e § 4º deste artigo, e o restabelecimento desses limites, a
que se refere o § 6º deste artigo, considerarão as dotações discricio- Art. 72. Na hipótese de a Lei Orçamentária de 2024 não ser
nárias passíveis de limitação, nos termos do disposto no § 2º do art. publicada até 31 de dezembro de 2023, a programação constante
9º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade do Projeto de Lei Orçamentária de 2024 poderá ser executada para
Fiscal, e sua distribuição entre os órgãos orçamentários observará o atendimento de:
a conveniência, a oportunidade e as necessidades de execução e o I - despesas com obrigações constitucionais ou legais da União
critério estabelecido no § 12 deste artigo. relacionadas nas Seções I e II do Anexo III;
§ 14. Os limites de empenho de cada órgão orçamentário serão II - ações de prevenção a desastres ou resposta a eventos crí-
distribuídos entre suas unidades e programações no prazo previsto ticos em situação de emergência ou estado de calamidade pública,
no § 15 ou por remanejamento posterior, a qualquer tempo, e ob- classificadas na subfunção “Defesa Civil”, ações relativas a opera-
servarão os critérios estabelecidos no § 13. ções de garantia da lei e da ordem, ações de acolhimento humani-
§ 15. Os órgãos orçamentários, no âmbito dos Poderes Execu- tário e interiorização de migrantes em situação de vulnerabilidade,
tivo, Legislativo e Judiciário, do Ministério Público da União e da ações de fortalecimento do controle de fronteiras e ações emer-
Defensoria Pública da União, detalharão no Siop, com transmissão genciais de recuperação de ativos de infraestrutura na subfunção
ao Siafi, até quinze dias após o prazo previsto no caput, as dotações “Transporte Rodoviário” para garantia da segurança e trafegabilida-
indisponíveis para empenho por unidade orçamentária e programa- de dos usuários nos eixos rodoviários;
ção, exceto quanto à limitação incidente sobre dotações ou progra- III - concessão de financiamento ao estudante e integralização
mações incluídas ou acrescidas por emendas, que deverá observar de cotas nos fundos garantidores no âmbito do Fundo de Financia-
o disposto no ato de que trata o art. 80. mento Estudantil - Fies;
§ 16. Os limites de empenho das programações classificadas IV - dotações destinadas à aplicação mínima em ações e servi-
com identificador de RP constante da alínea “d” do inciso II do § 4º ços públicos de saúde classificadas com o IU 6;
do art. 7º poderão ser reduzidos na mesma proporção aplicável ao V - realização de eleições e continuidade da implementação do
conjunto das despesas primárias discricionárias do Poder Executivo sistema de automação de identificação biométrica de eleitores pela
federal. Justiça Eleitoral;
§ 17. Os órgãos setoriais do Sistema de Administração Financei- VI - despesas custeadas com receitas próprias, de convênios e
ra Federal, os seus órgãos vinculados e as suas unidades executoras de doações;
deverão dar publicidade, bimestralmente, até o décimo dia do mês VII - formação de estoques públicos vinculados ao programa de
subsequente ao fim do bimestre, às prioridades e aos pagamentos garantia de preços mínimos;
realizados das despesas primárias discricionárias. VIII - outras despesas de capital de projetos em andamento,
§ 18. Não serão objeto de limitação orçamentária e financeira, cuja paralisação possa causar prejuízo ou aumento de custos para a
na forma prevista no § 2º do art. 9º da Lei Complementar nº 101, de administração pública, até o limite de um doze avos do valor previs-
2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, as despesas: to para cada órgão no Projeto de Lei Orçamentária de 2024, multi-
I - relativas às fontes vinculadas ao Fundo Nacional de Desen- plicado pelo número de meses total ou parcialmente decorridos até
volvimento Científico e Tecnológico - FNDCT, observado o disposto a data de publicação da respectiva Lei; e
no § 2º do art. 11 da Lei nº 11.540, de 12 de novembro de 2007; IX - outras despesas correntes de caráter inadiável não auto-
II - necessárias para a execução de montante correspondente rizadas nos incisos I a VIII, até o limite de um doze avos do valor
às dotações orçamentárias, inclusive os créditos suplementares e previsto para cada órgão no Projeto de Lei Orçamentária de 2024,
especiais, a que se refere o inciso I do § 1º do art. 3º, multiplicadas multiplicado pelo número de meses total ou parcialmente decorri-
pelo índice a que se refere o art. 4º, caput e § 1º, e pelo menor dos dos até a data de publicação da respectiva Lei.
índices a que se refere o § 1º do art. 5º, todos da Lei Complementar § 1º Será considerada antecipação de crédito à conta da Lei
nº 200, de 30 de agosto de 2023; e Orçamentária de 2024 a utilização dos recursos autorizada por este
III - não sujeitas ao limite de que trata o art. 3º da Lei Comple- artigo.
mentar nº 200, de 30 de agosto de 2023. § 2º Os saldos negativos eventualmente apurados entre o Pro-
§ 19. Durante a execução provisória do Projeto de Lei Orçamen- jeto de Lei Orçamentária de 2024 encaminhado ao Congresso Na-
tária de 2024, de que trata o art. 72: cional e a respectiva Lei serão ajustados, considerada a execução
I - não se aplica a limitação de empenho e movimentação fi- prevista neste artigo, por ato do Poder Executivo federal, após a pu-
nanceira a que se refere este artigo, hipótese em que deverá ser blicação da Lei Orçamentária de 2024, por intermédio da abertura
observado, até a publicação da Lei Orçamentária de 2024, o dispos- de créditos suplementares ou especiais, mediante o cancelamento
to no art. 72; e de dotações constantes da Lei Orçamentária de 2024, até o limite

221
FINANÇAS PÚBLICAS

de vinte por cento do valor do subtítulo, sem prejuízo da realização II - não se aplica às hipóteses de impedimentos de ordem téc-
do referido ajuste por meio de créditos suplementares autorizados nica devidamente justificados; e
na Lei Orçamentária de 2024 ou alterações orçamentárias autoriza- III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricioná-
das nesta Lei. rias, no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social.
§ 3º Ficam autorizadas as alterações orçamentárias previstas § 2º Para fins do disposto no caput, entende-se como progra-
no art. 52 e as alterações de GNDs dos recursos liberados na forma mação orçamentária o detalhamento da despesa por função, sub-
prevista neste artigo. função, unidade orçamentária, programa, ação e subtítulo.
§ 4º O disposto no inciso I do caput aplica-se: § 3º O dever de execução a que se referem o caput deste artigo
I - às alterações realizadas na forma prevista no art. 179; e e o § 10 do art. 165 da Constituição corresponde à obrigação do
II - às obrigações constitucionais e legais que tenham sido cria- gestor de adotar, observados os princípios da legalidade, da efici-
das ou modificadas após o encaminhamento ao Congresso Nacional ência, da eficácia, da efetividade e da economicidade, as medidas
do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2024 ou durante necessárias para executar as dotações orçamentárias disponíveis,
a execução provisória do Projeto de Lei Orçamentária de 2024, hi- nos termos do disposto no § 2º, referentes a despesas primárias
pótese em que o Poder Executivo federal deverá proceder com a discricionárias, inclusive aquelas resultantes de alterações orça-
alteração de que trata o art. 179 antes da data de publicação da Lei mentárias, e compreende:
Orçamentária de 2024. I - a emissão do empenho até o término do exercício financeiro,
§ 5º A autorização de que trata o inciso I do caput não abrange sem prejuízo da reabertura de créditos especiais e extraordinários,
as despesas a que se refere o inciso IV do caput do art. 120. de que trata o § 2º do art. 167 da Constituição; e
§ 6º O disposto no caput aplica-se às propostas de modificação II - a liquidação e o pagamento, admitida a inscrição em restos a
do Projeto de Lei Orçamentária de 2024 encaminhadas ao Congres- pagar regulamentada em ato do Poder Executivo federal.
so Nacional de acordo com o disposto no § 5º do art. 166 da Cons- Art. 74. Para fins do disposto no inciso II do § 11 do art. 165 e
tituição. no § 13 do art. 166 da Constituição, entende-se como impedimento
§ 7º A programação de que trata o art. 22 poderá ser executada de ordem técnica a situação ou o evento de ordem fática ou legal
na forma prevista no caput por meio da substituição das operações que obste ou suspenda a execução da programação orçamentária.
de crédito por outras fontes de recursos, de acordo com o disposto § 1º O dever de execução das programações estabelecido no
no § 3º do referido artigo. § 10 do art. 165 e no § 11 do art. 166 da Constituição não impõe a
§ 8º Sem prejuízo das demais disposições aplicáveis, até a pu- execução de despesa na hipótese de impedimento de ordem téc-
blicação do cronograma anual de desembolso mensal de que trata nica.
o art. 70 desta Lei, o Poder Executivo federal poderá, com vistas ao § 2º São consideradas hipóteses de impedimentos de ordem
cumprimento da meta de resultado primário constante do art. 2º técnica, sem prejuízo de outras posteriormente identificadas em
desta Lei e dos limites estabelecidos na Lei Complementar nº 200, ato do Poder Executivo federal:
de 30 de agosto de 2023, estabelecer programação orçamentária e I - a ausência de projeto de engenharia aprovado pelo órgão
financeira provisória que estabeleça limites mensais para: setorial, ou pela unidade orçamentária, responsável pela programa-
I - o empenho das despesas de que trata este artigo; e ção, nos casos em que for necessário;
II - o pagamento das despesas de que trata este artigo e dos II - a ausência de licença ambiental prévia, nos casos em que
restos a pagar, inclusive os relativos a emendas individuais (RP 6) e for necessária;
de bancada estadual (RP 7). III - a não comprovação, por parte dos Estados, do Distrito Fe-
§ 9º Será considerada antecipação de cronograma de paga- deral ou dos Municípios, quando a cargo do empreendimento após
mento a utilização dos recursos autorizada por este artigo, até que a sua conclusão, da capacidade de aportar recursos para sua opera-
seja publicado o cronograma de execução mensal de desembolso ção e manutenção;
de que trata o art. 8º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de IV - a não comprovação de que os recursos orçamentários e
Responsabilidade Fiscal. financeiros sejam suficientes para conclusão do projeto ou de etapa
útil, com funcionalidade que permita o imediato usufruto dos bene-
SEÇÃO X fícios pela sociedade;
DO REGIME DE EXECUÇÃO OBRIGATÓRIA DAS PROGRAMA- V - a incompatibilidade com a política pública aprovada no âm-
ÇÕES ORÇAMENTÁRIAS E DE EXECUÇÃO DAS EMENDAS DE bito do órgão setorial responsável pela programação;
COMISSÃO VI - a incompatibilidade do objeto da despesa com os atributos
da ação orçamentária e do respectivo subtítulo; e
SUBSEÇÃO I VII - os impedimentos cujo prazo para superação inviabilize o
DISPOSIÇÕES GERAIS empenho no exercício financeiro.
§ 3º (VETADO).
Art. 73. A administração pública federal tem o dever de exe- Art. 75. As justificativas para a inexecução das programações
cutar as programações orçamentárias, por intermédio dos meios orçamentárias primárias discricionárias serão elaboradas pelos ges-
e das medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva tores responsáveis pela execução das respectivas programações,
entrega de bens e serviços à sociedade. nos órgãos setoriais e nas unidades orçamentárias, e comporão os
§ 1º O disposto no caput: relatórios de prestação de contas anual dos Poderes Executivo, Le-
I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucio- gislativo e Judiciário, do Ministério Público da União e da Defensoria
nais e legais que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas Pública da União.
e não impede o cancelamento necessário à abertura de créditos Parágrafo único. Faculta-se a apresentação da justificativa refe-
adicionais; rida no caput para as programações cuja execução tenha sido igual

222
FINANÇAS PÚBLICAS

ou superior a noventa e nove por cento da respectiva dotação, in- seguintes procedimentos e prazos:
clusive as classificadas com identificador de RP constante da alínea I - até cinco dias para abertura do Siop, contados da data de
“d” do inciso II do § 4º do art. 7º. publicação da Lei Orçamentária de 2024;
II - até quinze dias para que os autores de emendas indiquem
SUBSEÇÃO II beneficiários e ordem de prioridade, contados do término do pra-
DAS DOTAÇÕES OU DAS PROGRAMAÇÕES INCLUÍDAS OU zo previsto no inciso I ou da data de início da sessão legislativa de
ACRESCIDAS POR EMENDAS 2024, prevalecendo a data que ocorrer por último;
III - até cento e cinco dias para que os Ministérios, órgãos e
Art. 76. Para fins do disposto nesta Lei e na Lei Orçamentária de unidades responsáveis pela execução das programações realizem
2024, entendem-se como dotações ou programações incluídas ou a divulgação dos programas e das ações, análise e ajustes das pro-
acrescidas por emendas aquelas referentes às despesas primárias postas e registro e divulgação de impedimento de ordem técnica no
discricionárias classificadas com identificador de RP constante da Siop, e publicidade das propostas em sítio eletrônico, contados do
alínea “d” do inciso II do § 4º do art. 7º. término do prazo previsto no inciso II;
Art. 77. É obrigatória a execução orçamentária e financeira, de IV - até dez dias para que os autores das emendas solicitem
forma equitativa e observados os limites constitucionais, das pro- no Siop o remanejamento para outras emendas de sua autoria, no
gramações decorrentes de emendas individuais (RP 6) e de bancada caso de impedimento parcial ou total, ou para apenas uma progra-
estadual (RP 7). mação constante da Lei Orçamentária de 2024, no caso de impe-
§ 1º Considera-se equitativa a execução das programações que dimento total, contados do término do prazo previsto no inciso III;
observe critérios objetivos e imparciais, independentemente de sua V - até trinta dias para que o Poder Executivo federal edite ato
autoria. para promover os remanejamentos solicitados, contados do térmi-
§ 2º A obrigatoriedade de execução orçamentária e financeira no do prazo previsto no inciso IV; e
de que trata o caput deste artigo compreende, cumulativamente, o VI - até dez dias para que as programações remanejadas sejam
empenho e o pagamento, observado o disposto no § 18 do art. 166 registradas no Siop, contados do término do prazo previsto no inci-
da Constituição. so V, com a reabertura imediata do prazo para novas indicações e
§ 3º Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa priorizações.
poderá resultar no não cumprimento da meta de resultado primá- § 1º Do prazo previsto no inciso III do caput deverão ser desti-
rio estabelecida nesta Lei, os montantes de execução obrigatória nados, no mínimo, dez dias para o cadastramento e envio das pro-
das programações de que tratam as Subseções III e IV poderão ser postas pelos beneficiários indicados pelos autores das emendas.
reduzidos até a mesma proporção da limitação incidente sobre o § 2º As solicitações de que trata o inciso IV do caput deste arti-
conjunto das despesas primárias discricionárias. go deverão observar os limites estabelecidos na alínea “d” do inciso
§ 4º As programações orçamentárias previstas nos § 11 e § 12 I e na alínea “a” do inciso II do caput do art. 12 da Lei nº 11.540, de
do art. 166 da Constituição não serão de execução obrigatória nos 2007, referentes ao FNDCT.
casos dos impedimentos de ordem técnica, hipótese em que se § 3º Caso haja necessidade de limitação de empenho e paga-
aplicará o disposto nos art. 74 e art. 75 desta Lei. mento, em observância ao disposto no § 18 do art. 166 da Consti-
§ 5º (VETADO). tuição, os valores incidirão na ordem de prioridade definida no Siop
Art. 78. As dotações classificadas com identificador de resulta- pelos autores das emendas.
do primário 3 - RP3 poderão ser objeto de emendas individuais, de § 4º Não constitui impedimento de ordem técnica a classifica-
bancada e de comissão, sendo os recursos acrescidos classificados ção indevida de modalidade de aplicação ou de GNDs.
com os identificadores de resultado primário previstos na alínea “d” § 5º Na abertura de créditos adicionais, não poderá haver re-
do inciso II do § 4º do art. 7º dução do montante de recursos orçamentários destinados na Lei
Art. 79. As emendas ao Projeto de Lei Orçamentária de 2024, Orçamentária de 2024 e nos créditos adicionais, por autor, relativos
exceto as emendas de relator-geral destinadas à correção de erros a ações e serviços públicos de saúde.
e omissões, somente poderão alocar recursos para programação de § 6º Inexistindo impedimento de ordem técnica ou tão logo
natureza discricionária. o óbice seja superado, os órgãos e as unidades deverão adotar os
Art. 80. O identificador da dotação ou programação incluída ou meios e as medidas necessários à execução das programações, ob-
acrescida por emendas, de que trata o art. 76, que constará dos sis- servados os limites da programação orçamentária e financeira vi-
temas de acompanhamento da execução financeira e orçamentária, gente.
tem por finalidade a identificação do proponente da inclusão ou do § 7º Na hipótese do parágrafo anterior, os órgãos e unidades
acréscimo da programação. responsáveis pela execução deverão:
Art. 81. (VETADO). I - (VETADO); e
II - (VETADO).
SUBSEÇÃO III § 8º (VETADO).
DAS DOTAÇÕES OU DAS PROGRAMAÇÕES INCLUÍDAS OU Art. 83. O beneficiário das emendas individuais impositivas pre-
ACRESCIDAS POR EMENDAS INDIVIDUAIS NOS TERMOS DO vistas no art. 166-A da Constituição deverá indicar no Transferegov.
DISPOSTO NOS § 9º E § 11 DO ART. 166 DA CONSTITUIÇÃO br, para que seja realizado o depósito e permitida a movimentação
do conjunto dos recursos oriundos de transferências especiais de
Art. 82. Em atendimento ao disposto no § 14 do art. 166 da que trata o inciso I do caput do referido artigo:
Constituição, para viabilizar a execução das dotações ou programa- I - a agência bancária da instituição financeira oficial em que
ções incluídas por emendas identificadas de acordo com o item 1 será aberta conta corrente específica; e
da alínea “d” do inciso II do § 4º do art. 7º, serão observados os II - a destinação dos recursos, definindo o objeto de gasto.

223
FINANÇAS PÚBLICAS

§ 1º Outras regras necessárias à operacionalização das emen- ção indevida de modalidade de aplicação ou de GNDs.
das de que trata o caput poderão ser editadas em ato do Poder § 5º Inexistindo impedimento de ordem técnica ou tão logo
Executivo federal. o óbice seja superado, os órgãos e as unidades deverão adotar os
§ 2º O Poder Executivo do ente beneficiado das transferências meios e as medidas necessários à execução das programações, ob-
especiais, a que se refere o inciso I do caput do art. 166-A da Consti- servados os limites da programação orçamentária e financeira vi-
tuição, deverá comunicar ao respectivo Poder Legislativo, ao TCU e gente.
ao respectivo TCE ou TCM, no prazo de trinta dias, o valor do recur- § 6º Na hipótese do parágrafo anterior, os órgãos e unidades
so recebido e o respectivo plano de aplicação, do que dará ampla responsáveis pela execução deverão:
publicidade. I - (VETADO); e
§ 3º Para fins do disposto no § 16 do art. 37, no art. 163-A e no II - (VETADO).
§ 16 art. 165 da Constituição, os entes federativos beneficiários dos § 7º Aplica-se o disposto nos §§ 3º a 6º aos Ministérios, órgãos
recursos previstos neste artigo deverão utilizar o Portal Nacional de e unidades responsáveis pela execução das programações que utili-
Contratações Públicas, de que trata o art. 174 da Lei nº 14.133, de zem sistemas próprios para viabilizar a execução.
2021, para o registro das contratações públicas realizadas.
§ 4º O ente beneficiário de transferência especial deverá com- SUBSEÇÃO V
provar a utilização dos recursos na execução do objeto previamen- DAS DOTAÇÕES OU DAS PROGRAMAÇÕES INCLUÍDAS OU
te informado por meio do Transferegov.br até 31 de dezembro de ACRESCIDAS POR EMENDAS DE COMISSÃO
2024, sob pena de vedação a novas transferências especiais en-
quanto perdurar o descumprimento, sem prejuízo da responsabili- Art. 85. (VETADO).
zação administrativa, cível e penal do gestor. § 1º Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa
§ 5º Para fins de controle da aplicação dos recursos da União poderá resultar no não cumprimento da meta de resultado fiscal es-
repassados aos demais entes por meio de transferências especiais, tabelecida no art. 2º, os montantes das programações de que trata
poderão ser realizados acordos de cooperação entre o Tribunal de este artigo poderão ser reduzidos em até a mesma proporção da
Contas da União e os respectivos TCE e TCM. limitação incidente sobre o conjunto das despesas primárias discri-
cionárias.
SUBSEÇÃO IV § 2º Para viabilizar a execução das dotações ou programações
DAS DOTAÇÕES OU DAS PROGRAMAÇÕES INCLUÍDAS OU incluídas por emendas de comissão, as indicações e a priorização
ACRESCIDAS POR EMENDAS DE BANCADA ESTADUAL NOS pelos autores serão realizadas por meio de ofício encaminhado
TERMOS DO DISPOSTO NO § 12 DO ART. 166 DA CONSTITUI- diretamente aos Ministérios, órgãos e unidades responsáveis pela
ÇÃO execução das programações.
§ 3º Não constitui impedimento de ordem técnica a classifica-
Art. 84. A garantia de execução referente a dotações ou progra- ção indevida de modalidade de aplicação ou de GNDs.
mações incluídas ou acrescidas por emendas de bancada estadual § 4º Inexistindo impedimento de ordem técnica ou tão logo o
aprovadas na Lei Orçamentária de 2024 com RP 7 compreenderá, óbice seja superado, os órgãos e as unidades poderão adotar os
cumulativamente, o empenho e o pagamento, sem prejuízo da apli- meios e as medidas necessários à execução das programações, ob-
cação do disposto no § 3º do art. 77. servados os limites da programação orçamentária e financeira vi-
§ 1º Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa gente.
poderá resultar no não cumprimento da meta de resultado fiscal es-
tabelecida no art. 2º, os montantes das programações de que trata CAPÍTULO V
este artigo poderão ser reduzidos em até a mesma proporção da DAS TRANSFERÊNCIAS
limitação incidente sobre o conjunto das despesas primárias discri-
cionárias. SEÇÃO I
§ 2º Para viabilizar a execução das dotações ou programações DAS TRANSFERÊNCIAS PARA O SETOR PRIVADO
incluídas por emendas de bancada estadual, serão observados os
seguintes procedimentos e prazos: SUBSEÇÃO I
I - as indicações e a priorização pelos autores terão início após DAS SUBVENÇÕES SOCIAIS
cinco dias contados da data de publicação da Lei Orçamentária de
2024, sendo realizadas por meio de ofício encaminhado diretamen- Art. 86. A transferência de recursos a título de subvenções so-
te aos Ministérios, órgãos e unidades responsáveis pela execução ciais, nos termos do disposto no art. 16 da Lei nº 4.320, de 1964,
das programações; e atenderá as entidades privadas sem fins lucrativos que exerçam
II - até noventa dias para que os Ministérios, órgãos e unidades atividades de natureza continuada nas áreas de assistência social,
responsáveis pela execução das programações realizem a divulga- saúde ou educação, observado o disposto na legislação, e desde
ção dos programas e das ações, análise e ajustes das propostas e que tais entidades:
registro e divulgação de impedimento de ordem técnica por ofício I - sejam constituídas sob a forma de fundações incumbidas
encaminhado ao autor, e publicidade das propostas em sítio eletrô- regimental e estatutariamente para atuarem na produção de fár-
nico, contados da indicação. macos, medicamentos, produtos de terapia celular, produtos de
§ 3º Do prazo previsto no inciso II do § 2º deverão ser destina- engenharia tecidual, produtos de terapia gênica, produtos médicos
dos, no mínimo, dez dias para o cadastramento e envio das propos- estabelecidos em legislação específica e insumos estratégicos na
tas pelos beneficiários indicados pelos autores das emendas. área de saúde; ou
§ 4º Não constitui impedimento de ordem técnica a classifica- II - prestem atendimento direto ao público e tenham certifica-

224
FINANÇAS PÚBLICAS

ção de entidade beneficente, nos termos do disposto na Lei Com- referido Ministério, e àquelas cadastradas junto ao Ministério para
plementar nº 187, de 16 de dezembro de 2021. recebimento de recursos de programas ambientais doados por or-
Parágrafo único. A certificação de que trata o inciso II do caput ganismos internacionais ou agências governamentais estrangeiras;
poderá ser: III - relativas ao atendimento direto e gratuito ao público na
I - substituída pelo pedido de renovação da certificação devi- área de saúde e:
damente protocolizado e ainda pendente de análise junto ao órgão a) obedeçam ao estabelecido no inciso II do caput do art. 86;
competente, nos termos do disposto na legislação; e ou
II - dispensada, em caráter excepcional e mediante decisão b) sejam signatárias de contrato de gestão celebrado com a
fundamentada, para execução de ações, programas ou serviços em administração pública federal, não qualificadas como organizações
parceria com a administração pública federal, desde que garanti- sociais, nos termos do disposto na Lei nº 9.637, de 1998;
do o atendimento contínuo e gratuito à população, nas seguintes IV - qualificadas ou registradas, e credenciadas como institui-
áreas: ções de apoio ao desenvolvimento da pesquisa científica e tecno-
a) atenção à saúde dos povos indígenas; lógica e tenham contrato de gestão, observado o disposto no § 8º
b) atenção às pessoas com transtornos decorrentes do uso, do do art. 90, ou parceria por meio de instrumento jurídico específico
abuso ou da dependência de substâncias psicoativas; firmado com órgão público;
c) combate à pobreza extrema; V - qualificadas para o desenvolvimento de atividades espor-
d) atendimento às pessoas idosas ou com deficiência; tivas que contribuam para a capacitação de atletas de alto rendi-
e) prevenção de doenças, promoção da saúde e atenção às pes- mento nas modalidades olímpicas e paralímpicas, desde que seja
soas com síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), hepatites formalizado instrumento jurídico que garanta a disponibilização do
virais, tuberculose, hanseníase, malária, câncer e dengue; e espaço esportivo implantado para o desenvolvimento de progra-
f) atendimento de serviços de creches. mas governamentais e seja demonstrada, pelo órgão concedente, a
necessidade de tal destinação e sua imprescindibilidade, oportuni-
SUBSEÇÃO II dade e importância para o setor público;
DAS CONTRIBUIÇÕES CORRENTES E DE CAPITAL VI - relacionadas ao atendimento direto e gratuito ao público
na área de assistência social, desde que cumpram o disposto no
Art. 87. A transferência de recursos a título de contribuição cor- inciso II do caput do art. 86 e as suas ações se destinem a:
rente somente será destinada a entidades sem fins lucrativos que a) pessoas idosas, jovens, crianças e adolescentes em situação
não atuem nas áreas de que trata o caput do art. 86, observado o de vulnerabilidade social ou risco pessoal e social;
disposto na legislação. b) habilitação, reabilitação e integração de pessoa com defici-
Parágrafo único. A transferência de recursos a título de con- ência ou doença crônica; ou
tribuição corrente, não autorizada em lei específica, dependerá de c) acolhimento a vítimas de crimes violentos e a seus familiares;
publicação, para cada entidade beneficiada, de ato de autorização VII - destinadas às atividades de coleta e processamento de
da unidade orçamentária transferidora, o qual conterá o critério de material reciclável, e constituídas sob a forma de associações ou
seleção, o objeto, o prazo do instrumento e a justificativa para a cooperativas integradas por pessoas em situação de risco social, na
escolha da entidade. forma prevista em regulamento do Poder Executivo federal, hipóte-
Art. 88. A alocação de recursos para entidades privadas sem se em que caberá ao órgão concedente aprovar as condições para
fins lucrativos, a título de contribuições de capital, fica condiciona- aplicação dos recursos;
da à autorização em lei especial anterior, conforme o § 6º do art. 12 VIII - voltadas ao atendimento de pessoas em situação de vul-
da Lei nº 4.320, de 1964. nerabilidade social, risco pessoal e social, violação de direitos ou
SUBSEÇÃO III diretamente alcançadas por programas e ações de combate à po-
DOS AUXÍLIOS breza e geração de trabalho e renda, nos casos em que ficar de-
monstrado o interesse público;
Art. 89. A transferência de recursos a título de auxílios, previs- IX - colaboradoras na execução dos programas de proteção a
tos no § 6º do art. 12 da Lei nº 4.320, de 1964, somente poderá ser pessoas ameaçadas, com fundamento na Lei nº 9.807, de 13 de ju-
realizada para entidades privadas sem fins lucrativos e desde que lho de 1999;
sejam: X - direcionadas às atividades de extrativismo, manejo de flo-
I - relacionadas ao atendimento direto e gratuito ao público na restas de baixo impacto, sistemas agroecológicos, pesca, aquicultu-
área de educação, atendam ao disposto no inciso II do caput do art. ra e agricultura de pequeno porte realizadas por povos indígenas,
86 e sejam destinadas à: povos e comunidades tradicionais, beneficiários do Programa Na-
a) educação especial; cional de Reforma Agrária e agricultores familiares, constituídas sob
b) educação básica; ou a forma de associações e cooperativas integradas por pessoas em
c) educação bilíngue de surdos; situação de risco social, na forma prevista em regulamento do Po-
II - registradas no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalis- der Executivo federal, hipótese em que caberá ao órgão concedente
tas - CNEA do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e aprovar as condições para aplicação dos recursos;
qualificadas para desenvolver atividades de conservação, preserva- XI - canalizadas para atividades humanitárias desenvolvidas por
ção ambiental, combate à desertificação e mitigação dos efeitos da entidade reconhecida por ato do Governo federal como de natureza
Seca, incluídas aquelas relacionadas à aquisição e instalação de sis- auxiliar ao Poder Público; ou
temas de geração de energia elétrica solar fotovoltaica, desde que XII - voltadas à realização de estudos, pesquisas e atividades
formalizado instrumento jurídico adequado que garanta a destina- que possam subsidiar as políticas públicas de emprego, renda e
ção de recursos oriundos de programas governamentais a cargo do qualificação profissional.

225
FINANÇAS PÚBLICAS

SUBSEÇÃO IV cionadas à matéria objeto da parceria.


DISPOSIÇÕES GERAIS § 1º A transferência de recursos públicos a instituições priva-
das de educação, nos termos do disposto no art. 213 da Constitui-
Art. 90. Sem prejuízo das disposições contidas nos art. 86 a art. ção, deverá ser obrigatoriamente vinculada ao plano de expansão
89, a transferência de recursos prevista na Lei nº 4.320, de 1964, à da oferta pública no nível, na etapa e na modalidade de educação
entidade privada sem fins lucrativos, nos termos do disposto no § respectivos.
3º do art. 12 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, depende- § 2º A determinação contida no inciso I do caput não se aplica
rá da justificação pelo órgão concedente de que a entidade comple- aos recursos alocados para programas habitacionais, conforme pre-
menta de forma adequada os serviços prestados diretamente pelo visão em legislação específica, em ações que viabilizem o acesso à
setor público e ainda de: moradia, e a elevação de padrões de habitabilidade e qualidade de
I - aplicação de recursos de capital exclusivamente para: vida de famílias de baixa renda que vivam em localidades urbanas
a) aquisição e instalação de equipamentos e obras de adequa- e rurais.
ção física necessárias à instalação dos referidos equipamentos; § 3º A exigência constante do inciso III do caput não se apli-
b) aquisição de material permanente; e ca quando a transferência dos recursos ocorrer por intermédio de
c) (VETADO); fundos estaduais, distrital e municipais, nos termos do disposto na
II - identificação do beneficiário e do valor transferido no res- legislação pertinente.
pectivo convênio ou instrumento congênere; § 4º A destinação de recursos a entidade privada não será
III - execução na modalidade de aplicação “50 - Transferências permitida nos casos em que agente político dos Poderes Executi-
a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos”; vo, Legislativo e Judiciário ou do Ministério Público ou Defensores
IV - compromisso da entidade beneficiada de disponibilizar ao Públicos da União, tanto quanto dirigente de órgão ou entidade da
cidadão, em seu sítio eletrônico ou, na falta deste, em sua sede, administração pública, de qualquer esfera governamental, ou seu
consulta ao extrato do convênio ou instrumento congênere, que cônjuge ou companheiro, e parente em linha reta, colateral ou por
conterá, no mínimo, o objeto, a finalidade e o detalhamento da afinidade, até o segundo grau, seja integrante de seu quadro diri-
aplicação dos recursos; gente, ressalvados os casos em que a nomeação decorra de previ-
V - apresentação da prestação de contas de recursos anterior- são legal ou que sejam beneficiados:
mente recebidos, nos prazos e nas condições estabelecidos na legis- I - o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conselho
lação, e inexistência de prestação de contas rejeitada; Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, os Conselhos de Se-
VI - publicação, pelo Poder respectivo, de normas a serem ob- cretarias Municipais de Saúde, o Conselho Nacional de Secretários
servadas na concessão de subvenções sociais, auxílios e contribui- de Educação, a União Nacional dos Dirigentes de Educação, o Co-
ções correntes, que estabeleçam, entre outros aspectos, critérios legiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social e o
objetivos de habilitação e seleção das entidades beneficiárias e de Fórum Nacional de Secretarias de Assistência Social;
alocação de recursos e prazo do benefício, com previsão de cláusula II - as associações de entes federativos, limitada à aplicação dos
de reversão no caso de desvio de finalidade; recursos de capacitação e assistência técnica; ou
VII - comprovação pela entidade da regularidade do mandato III - os serviços sociais autônomos destinatários de contribui-
de sua diretoria, inscrição no CNPJ e apresentação de declaração de ções dos empregadores incidentes sobre a folha de salários.
funcionamento regular nos últimos três anos, emitida no exercício § 5º O disposto nos incisos VII, VIII do caput deste artigo, no
de 2024; que se refere à garantia real, X e XI do caput não se aplica às enti-
VIII - cláusula de reversão patrimonial, válida até a depreciação dades beneficiárias de que tratam os incisos VII, VIII e X do caput
integral do bem ou a amortização do investimento, constituindo ga- do art. 89.
rantia real em favor do concedente em montante equivalente aos § 6º As organizações da sociedade civil, nos termos do disposto
recursos de capital destinados à entidade, cuja execução ocorrerá no inciso I do caput do art. 2º da Lei nº 13.019, de 31 de julho de
caso se verifique desvio de finalidade ou aplicação irregular dos re- 2014, poderão receber recursos oriundos de transferências previs-
cursos; tas na Lei nº 4.320, de 1964, por meio dos seguintes instrumentos:
IX - manutenção de escrituração contábil regular; I - termo de fomento ou de colaboração, hipótese em que de-
X - apresentação pela entidade de certidão negativa ou certi- verá ser observado o disposto na Lei nº 13.019, de 2014, na sua
dão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos regulamentação e nas demais legislações aplicáveis; e
administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil II - convênio ou outro instrumento congênere celebrado com
do Ministério da Fazenda e à Dívida Ativa da União, certificado de entidade filantrópica ou sem fins lucrativos nos termos do disposto
regularidade do FGTS e de regularidade do Cadastro Informativo de no § 1º do art. 199 da Constituição, hipótese em que deverá ser ob-
Créditos não Quitados do Setor Público Federal - Cadin; servado o conjunto das disposições legais aplicáveis à transferência
XI - demonstração, por parte da entidade, de capacidade ge- de recursos para o setor privado.
rencial, operacional e técnica para desenvolver as atividades, com § 7º As entidades qualificadas como Organização da Sociedade
informações acerca da quantidade e qualificação profissional de Civil de Interesse Público - Oscip poderão receber recursos oriundos
seu pessoal; de transferências previstas na Lei nº 4.320, de 1964, por meio dos
XII - manifestação prévia e expressa do setor técnico e da as- seguintes instrumentos:
sessoria jurídica do órgão concedente sobre a adequação dos con- I - termo de parceria, observado o disposto na legislação es-
vênios e dos instrumentos congêneres às normas referentes à ma- pecífica pertinente a essas entidades, e processo seletivo de ampla
téria; e divulgação;
XIII - comprovação pela entidade privada sem fins lucrativos de
efetivo exercício, durante os últimos três anos, de atividades rela-

226
FINANÇAS PÚBLICAS

II - termo de colaboração ou de fomento, observado o disposto SEÇÃO II


na Lei nº 13.019, de 2014, na sua regulamentação e nas demais DAS TRANSFERÊNCIAS PARA O SETOR PÚBLICO
legislações aplicáveis; e
III - convênio ou outro instrumento congênere celebrado com SUBSEÇÃO I
entidade filantrópica ou sem fins lucrativos nos termos do disposto DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS
no § 1º do art. 199 da Constituição, observado o conjunto das dis-
posições legais aplicáveis à transferência de recursos para o setor Art. 92. A transferência voluntária é caracterizada como a en-
privado. trega de recursos correntes ou de capital aos Estados, ao Distrito
§ 8º As entidades qualificadas como Organizações Sociais - OS, Federal e aos Municípios, a título de cooperação, auxílio ou assis-
nos termos do disposto na Lei nº 9.637, de 1998, poderão receber tência financeira, que não decorra de determinação constitucional,
recursos oriundos de transferências previstas na Lei nº 4.320, de legal ou que seja destinada ao SUS, conforme o disposto no caput
1964, por meio dos seguintes instrumentos: do art. 25 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsa-
I - contratos de gestão, hipótese em que as despesas serão ex- bilidade Fiscal.
clusivamente aquelas necessárias ao cumprimento do programa de § 1º Sem prejuízo dos requisitos previstos na Lei Complemen-
trabalho proposto e ao alcance das metas pactuadas, sendo assim tar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, os entes bene-
classificadas no GND “3 - Outras Despesas Correntes”, observados ficiados pelas transferências de que trata o caput deverão observar
o disposto na legislação específica aplicável a essas entidades e o as normas editadas pela União relativas à aquisição de bens e à
processo seletivo de ampla divulgação; contratação de serviços e obras, em especial em forma eletrônica,
II - termo de colaboração ou de fomento, observado o disposto exceto nas hipóteses em que a lei ou a regulamentação específica
na Lei nº 13.019, de 2014, na sua regulamentação e nas demais que dispuser sobre a modalidade de transferência discipline forma
normas aplicáveis; e diversa para as contratações com os recursos do repasse.
III - convênio ou outro instrumento congênere celebrado com § 2º Para a realização de despesas de capital, as transferências
entidade filantrópica ou sem fins lucrativos nos termos do dispos- voluntárias dependerão de comprovação do Estado, do Distrito Fe-
to no § 1º do art. 199 da Constituição Federal, observadas as dis- deral ou do Município convenente de que possui as condições orça-
posições legais aplicáveis à transferência de recursos para o setor mentárias para arcar com as despesas dela decorrentes e os meios
privado. que garantam o pleno funcionamento do objeto.
§ 9º Para garantir a segurança dos beneficiários, os requisitos § 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
de que tratam os incisos II, IV e V do caput considerarão, para o comprovar a existência de previsão na lei orçamentária da contra-
seu cumprimento, as especificidades dos programas de proteção a partida para recebimento de transferência voluntária da União.
pessoas ameaçadas. § 4º A contrapartida de que trata o § 3º, exclusivamente finan-
§ 10. As disposições relativas a procedimentos previstos no art. ceira, será estabelecida em termos percentuais do valor previsto no
93 aplicam-se, no que couber, às transferências para o setor priva- instrumento de transferência voluntária, considerados a capacida-
do. de financeira da unidade beneficiada e o seu Índice de Desenvolvi-
§ 11. É vedada a destinação de recursos à entidade privada que mento Humano - IDH, que terão como limites mínimo e máximo,
mantenha, em seus quadros, dirigente que incida em quaisquer das respectivamente:
hipóteses de inelegibilidade previstas no inciso I do caput do art. 1º I - no caso dos Municípios:
da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990. a) um décimo por cento e quatro por cento, para Municípios
§ 12. A comprovação a que se refere o inciso XIII do caput: com até cinquenta mil habitantes;
I - será regulada pelo Poder Executivo federal; b) dois décimos por cento e oito por cento, para Municípios com
II - alcançará, no mínimo, os três anos imediatamente anterio- mais de cinquenta mil habitantes localizados nas áreas prioritárias
res à data prevista para a celebração do convênio, termo de parce- estabelecidas no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento
ria ou contrato de repasse, a qual deve ser previamente divulgada Regional - PNDR, nas áreas da Superintendência do Desenvolvimen-
por meio do edital de chamamento público ou de concurso de pro- to do Nordeste - Sudene, da Superintendência do Desenvolvimento
jetos; e da Amazônia - Sudam e da Superintendência do Desenvolvimento
III - será dispensada para entidades sem fins lucrativos presta- do Centro-Oeste - Sudeco;
doras de serviços ao SUS, habilitadas até o ano de 2014 no Cadastro c) um por cento e vinte por cento, para os demais Municípios;
Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES. d) um décimo por cento e cinco por cento, para Municípios
§ 13. A localização física de que trata o inciso I do caput do art. com até duzentos mil habitantes, situados em áreas vulneráveis a
5º independerá da localização geográfica da entidade privada signa- eventos extremos, tais como secas, deslizamentos e inundações,
tária do instrumento administrativo. incluídos na lista classificatória de vulnerabilidade e recorrência de
Art. 91. Não será exigida contrapartida financeira como requisi- mortes por desastres naturais fornecida pelo Ministério da Ciência,
to para as transferências previstas na forma dos art. 86, art. 87 e art. Tecnologia e Inovação; e
89, facultada a contrapartida em bens e serviços economicamente e) um décimo por cento e cinco por cento, para Municípios
mensuráveis, ressalvado o disposto em legislação específica. com até duzentos mil habitantes, situados em região costeira ou
de estuário, com áreas de risco provocado por elevações do nível
do mar, ou por eventos meteorológicos extremos, incluídos na lista
classificatória de vulnerabilidade fornecida pelo Ministério do Meio
Ambiente e Mudança do Clima;
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal:
a) um décimo por cento e dez por cento, se localizados nas

227
FINANÇAS PÚBLICAS

áreas prioritárias estabelecidas no âmbito da PNDR, nas áreas da Art. 97. As transferências no âmbito do SUS destinadas à aquisi-
Sudene, da Sudam e da Sudeco; e ção de veículo para transporte sanitário eletivo na rede de atenção
b) dois por cento e vinte por cento, para os demais Estados; e à saúde serão regulamentadas pelo Ministério da Saúde.
III - no caso de consórcios públicos constituídos por Estados,
Distrito Federal e Municípios, um décimo por cento e quatro por SUBSEÇÃO III
cento. DAS DEMAIS TRANSFERÊNCIAS
§ 5º Os limites mínimos e máximos de contrapartida estabele-
cidos no § 4º poderão ser reduzidos ou ampliados mediante crité- Art. 98. A entrega de recursos aos Estados, ao Distrito Federal,
rios previamente estabelecidos ou justificativa do titular do órgão aos Municípios e aos consórcios públicos em decorrência de dele-
concedente, quando: gação para a execução de ações de responsabilidade exclusiva da
I - necessário para viabilizar a execução das ações a serem de- União, especialmente quando resulte na preservação ou no acrés-
senvolvidas; cimo no valor de bens públicos federais, não se configura como
II - necessário para transferência de recursos, conforme dispos- transferência voluntária e observará as modalidades de aplicação
to na Lei nº 10.835, de 8 de janeiro de 2004; ou específicas.
III - decorrer de condições estabelecidas em contratos de finan- § 1º A destinação de recursos de que trata o caput observará o
ciamento ou acordos internacionais. disposto na Subseção I.
§ 6º As transferências voluntárias priorizarão os entes com os § 2º É facultativa a exigência de contrapartida na delegação de
menores indicadores socioeconômicos. que trata o caput.
Art. 93. O ato de entrega dos recursos a outro ente federativo
a título de transferência voluntária é caracterizado no momento da SUBSEÇÃO IV
assinatura do convênio ou instrumento congênere e dos aditamen- DISPOSIÇÕES GERAIS
tos que impliquem aumento dos valores a serem transferidos e não
se confunde com as efetivas liberações financeiras, as quais devem Art. 99. Na hipótese de igualdade de condições entre Estados,
obedecer ao respectivo cronograma de desembolso. Distrito Federal, Municípios e consórcios públicos para o recebi-
§ 1º (VETADO). mento de transferências de recursos nos termos estabelecidos nes-
§ 2º A comprovação de regularidade do ente federativo, para ta Seção, os órgãos e as entidades concedentes deverão dar prefe-
fins de celebração dos instrumentos de que trata o caput, será efe- rência aos consórcios públicos.
tivada no momento da assinatura do concedente. Art. 100. É vedada a transferência de recursos para obras e ser-
§ 3º No caso de celebração de convênios ou contratos de re- viços de engenharia que não atendam ao disposto na Lei nº 13.146,
passe com cláusula suspensiva, é dispensado o detalhamento de de 6 de julho de 2015.
coordenadas geográficas, trechos, ruas, bairros e localidades, entre
outros, na proposta, no objeto, na justificava e no plano de traba- SEÇÃO III
lho, devendo essas informações constar do projeto de engenharia DISPOSIÇÕES GERAIS
apresentado ao concedente ou à mandatária.
§ 4º (VETADO). Art. 101. As entidades públicas e privadas beneficiadas com re-
Art. 94. As transferências voluntárias ou decorrentes de progra- cursos públicos a qualquer título estarão submetidas à fiscalização
mação incluída na Lei Orçamentária de 2024 por emendas poderão do Poder Público com a finalidade de verificar o cumprimento de
ser utilizadas para os pagamentos relativos à elaboração de estudos metas e objetivos para os quais receberam os recursos.
de viabilidade técnica, econômica e ambiental, anteprojetos, proje- § 1º O Poder Executivo federal adotará providências com vistas
tos básicos e executivos, além das despesas necessárias ao licencia- ao registro e à divulgação, inclusive por meio eletrônico, das infor-
mento ambiental. mações relativas às prestações de contas de instrumentos de parce-
Art. 95. A execução orçamentária e financeira, no exercício de ria, convênios ou congêneres.
2024, das transferências voluntárias de recursos da União, cujos § 2º Na aceitação do projeto e execução da obra, o órgão con-
créditos orçamentários não identifiquem nominalmente a loca- cedente ou a sua mandatária deverá considerar a observância dos
lidade beneficiada, inclusive aquelas destinadas genericamente a elementos técnicos de acessibilidade, conforme normas vigentes.
Estado, fica condicionada à prévia divulgação em sítio eletrônico, Art. 102. As transferências financeiras para órgãos públicos e
pelo concedente, dos critérios de distribuição dos recursos, consi- entidades públicas e privadas serão feitas preferencialmente por
derando os indicadores socioeconômicos da população beneficiada intermédio de instituições e agências financeiras oficiais que, na
pela política pública, demonstrando o cumprimento do disposto no impossibilidade de atuação do órgão concedente, poderão atuar
§ 6º do art. 92. como mandatárias da União para execução e supervisão, e a nota
de empenho deve ser emitida até a data da assinatura do acordo,
SUBSEÇÃO II convênio, ajuste ou instrumento congênere.
DAS TRANSFERÊNCIAS AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE § 1º As despesas administrativas decorrentes das transferên-
cias previstas no caput poderão constar de categoria de programa-
Art. 96. Para a transferência de recursos no âmbito do SUS, ção específica ou correr à conta das dotações destinadas às respec-
inclusive aquela efetivada por meio de convênios ou instrumentos tivas transferências, podendo ser deduzidas do valor atribuído ao
congêneres, não será exigida a contrapartida dos Estados, do Distri- beneficiário.
to Federal e dos Municípios. § 2º Os valores relativos à tarifa de serviços da mandatária,
correspondentes aos serviços à operacionalização da execução dos
projetos e atividades estabelecidos nos instrumentos pactuados,

228
FINANÇAS PÚBLICAS

para fins de cálculo e apropriações contábeis dos valores transferi- Art. 108. Os valores mínimos para as transferências previstas
dos, compõem o valor da transferência da União. neste Capítulo serão estabelecidos por ato do Poder Executivo fe-
§ 3º As despesas administrativas decorrentes das transferên- deral.
cias previstas no caput correrão à conta:
I - prioritariamente, de dotações destinadas às respectivas CAPÍTULO VI
transferências; ou DA DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL
II - de categoria de programação específica.
§ 4º A prerrogativa estabelecida no § 3º, referente às despesas Art. 109. A atualização monetária do principal da dívida mobi-
administrativas relacionadas às ações de fiscalização, é extensiva a liária refinanciada da União não poderá superar a variação acumu-
outros órgãos ou entidades da administração pública federal com lada:
os quais o concedente ou o contratante venha a firmar parceria I - do Índice Geral de Preços do Mercado - IGP-M, no período
com esse objetivo. compreendido entre a data de emissão dos títulos que a compõem
§ 5º Os valores relativos às despesas administrativas com tari- e o final do exercício de 2019; e
fas de serviços da mandatária: II - do - IPCA, a partir do exercício de 2020.
I - compensarão os custos decorrentes da operacionalização Art. 110. As despesas com o refinanciamento da dívida pública
da execução dos projetos e das atividades estabelecidos nos instru- federal serão incluídas na Lei Orçamentária de 2024, nos seus ane-
mentos pactuados; e xos e nos créditos adicionais separadamente das demais despesas
II - serão deduzidos do valor total a ser transferido ao ente ou com o serviço da dívida, constando o refinanciamento da dívida mo-
entidade beneficiário, conforme cláusula prevista no instrumento biliária em programação específica.
de celebração correspondente, quando se tratar de programação Parágrafo único. Para os fins desta Lei, entende-se por refinan-
de que tratam os § 9º, § 11 e § 12 do art. 166 da Constituição, até o ciamento o pagamento do principal, acrescido da atualização mo-
limite de quatro inteiros e cinco décimos por cento. netária da dívida pública federal, realizado com a receita provenien-
§ 6º Eventual excedente da tarifa de serviços da mandatária em te da emissão de títulos.
relação ao limite de que trata o inciso II do § 5º correrá à conta de Art. 111. Será consignada, na Lei Orçamentária de 2024 e nos
dotação orçamentária do órgão concedente. créditos adicionais, estimativa de receita decorrente da emissão de
§ 7º Na hipótese de os serviços para operacionalização da exe- títulos da dívida pública federal para atender, estritamente, a des-
cução dos projetos e das atividades e de fiscalização serem exerci- pesas com:
dos diretamente, sem a utilização de mandatária, fica facultada a I - o refinanciamento, os juros e outros encargos da dívida, in-
dedução de até quatro inteiros e cinco décimos por cento do valor terna e externa, de responsabilidade direta ou indireta do Tesouro
total a ser transferido para custeio desses serviços. Nacional ou que venham a ser de responsabilidade da União nos
§ 8º (VETADO). termos de resolução do Senado Federal;
Art. 103. (VETADO). II - o aumento do capital de empresas e sociedades em que a
Art. 104. (VETADO). União detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social
Art. 105. No Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e na respec- com direito a voto e que não estejam incluídas no programa de de-
tiva Lei, os recursos destinados aos investimentos programados no sestatização; e
Plano de Ações Articuladas - PAR deverão priorizar a conclusão dos III - outras despesas cuja cobertura com a receita prevista no
projetos em andamento com vistas a promover a funcionalidade e caput seja autorizada por lei ou medida provisória.
a efetividade da infraestrutura instalada. Art. 112. Os recursos de operações de crédito contratadas jun-
Art. 106. Os pagamentos à conta de recursos recebidos da to aos organismos multilaterais que, por sua natureza, estejam vin-
União abrangidos pela Seção I e pela Seção II estão sujeitos à identi- culados à execução de projetos com fontes orçamentárias internas
ficação, por CPF ou CNPJ, do beneficiário final da despesa. deverão ser destinados à cobertura de despesas com amortização
§ 1º Toda movimentação de recursos de que trata este artigo, ou encargos da dívida pública federal ou à substituição de receitas
por parte de convenentes ou executores, somente será realizada se de outras operações de crédito externas.
atendidos os seguintes preceitos: Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se às operações na
I - movimentação mediante conta bancária específica para cada modalidade enfoque setorial amplo (sector wide approach) do BIRD
instrumento de transferência; e e aos empréstimos por desempenho (performance driven loan) do
II - desembolsos por meio de documento bancário, por inter- BID.
médio do qual se faça crédito na conta bancária de titularidade do Art. 113. Serão mantidas atualizadas, em sítio eletrônico, in-
fornecedor ou do prestador de serviços, ressalvado o disposto no formações a respeito das emissões de títulos da dívida pública fe-
§ 2º. deral, compreendendo valores, objetivo e legislação autorizativa,
§ 2º Ato do dirigente máximo do órgão ou da entidade con- independentemente da finalidade e forma, incluindo emissões para
cedente poderá autorizar, mediante justificativa, o pagamento em fundos, autarquias, fundações, empresas públicas ou sociedades de
espécie a fornecedores e prestadores de serviços, considerada a re- economia mista.
gulamentação em vigor.
Art. 107. As transferências previstas neste Capítulo serão clas-
sificadas, obrigatoriamente, nos elementos de despesa “41 - Con-
tribuições”, “42 - Auxílio” ou “43 - Subvenções Sociais”, conforme
o caso, e poderão ser feitas de acordo com o disposto no art. 102.
Parágrafo único. A exigência constante do caput não se aplica à
execução das ações previstas no art. 98.

229
FINANÇAS PÚBLICAS

CAPÍTULO VII dados abertos:


DAS DESPESAS COM PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS E DOS I - tabela, por níveis e denominação, de:
BENEFÍCIOS OBRIGATÓRIOS AOS AGENTES PÚBLICOS E AOS a) quantitativo de cargos efetivos vagos e ocupados por mem-
SEUS DEPENDENTES bros de Poder, servidores estáveis e não estáveis e postos militares,
segregado por pessoal ativo e inativo;
Art. 114. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Minis- b) remuneração e subsídio de cargo efetivo, posto e graduação,
tério Público da União e a Defensoria Pública da União terão como segregado por pessoal ativo e inativo;
base de projeção do limite para elaboração de suas propostas orça- c) quantitativo de cargos em comissão e funções de confiança
mentárias de 2024, relativas às despesas relacionadas nos incisos vagos e ocupados por servidores com e sem vínculo com a adminis-
V, VI, XIII, XXI e XXV do caput do art. 12, a despesa com a folha de tração pública federal;
pagamento vigente em março de 2023, compatibilizada com as des- d) remuneração de cargo em comissão ou função de confiança;
pesas apresentadas até esse mês, e os eventuais acréscimos legais, e
inclusive o disposto nos art. 120 e art. 128, observados os limites e) quantitativo de pessoal contratado por tempo determinado,
estabelecidos no art. 28. observado o disposto nos § 2º e § 3º do art. 126;
§ 1º Não constituem despesas com pessoal e encargos sociais, II - tabela com os totais de beneficiários e valores per capita, se-
ainda que processadas em folha de pagamento, entre outras, as gundo cada benefício referido no inciso XXXIV da Seção I do Anexo
relacionadas ao pagamento de assistência pré-escolar de depen- III, por órgão e entidade, e os atos legais relativos aos seus valores
dentes de servidores civis, militares e empregados públicos, saúde per capita; e
suplementar de servidores civis, militares, empregados públicos e III - os acordos coletivos, convenções coletivas e dissídios co-
seus dependentes, diárias, fardamento, auxílios alimentação ou re- letivos de trabalho aprovados, no caso das empresas estatais de-
feição, moradia, transporte de qualquer natureza, ajuda de custo pendentes.
concernente a despesas de locomoção e instalação decorrentes de § 1º No caso do Poder Executivo federal, a responsabilidade
mudança de sede e de movimentação de pessoal, de caráter inde- por disponibilizar e atualizar as informações constantes do caput
nizatório no exterior e quaisquer outras indenizações, exceto as de será:
caráter trabalhista previstas em lei. I - do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos,
§ 2º As despesas oriundas da concessão de pensões especiais no caso do pessoal pertencente aos órgãos da administração públi-
previstas em leis específicas só serão classificadas como despesas ca federal direta, autárquica e fundacional;
com pessoal se vinculadas a cargo público federal. II - de cada empresa estatal dependente, no caso de seus em-
§ 3º São consideradas despesas com pessoal e encargos sociais pregados;
as despesas com pagamento de serviços extraordinários prestados, III - do Ministério da Defesa, no caso dos militares dos Coman-
voluntariamente ou não, por servidores, militares e empregados, dos das Forças Armadas;
nos períodos de folga, repouso remunerado e nas férias e afasta- IV - da Agência Brasileira de Inteligência - Abin e do Banco Cen-
mentos, entre outros, no qual o agente público venha a desempe- tral do Brasil, no caso de seus servidores; e
nhar as mesmas competências previstas para o seu cargo, indepen- V - de cada Ministério, relativamente às empresas públicas e
dente da denominação, nos termos do disposto no art. 18 da Lei sociedades de economia mista a ele vinculadas.
Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal. § 2º A tabela a que se refere o caput obedecerá a modelo de-
§ 4º Para fins de elaboração da proposta orçamentária dos be- finido pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Pla-
nefícios obrigatórios aos agentes públicos e aos seus dependentes, nejamento e Orçamento e pela Secretaria de Gestão de Pessoas e
a projeção deverá estar compatibilizada, quando aplicável, com os de Relações do Trabalho do Ministério da Gestão e da Inovação em
totais de beneficiários e valores per capita divulgados nos sítios ele- Serviços Públicos, em conjunto com os órgãos técnicos dos Poderes
trônicos, nos termos do disposto no art. 115, e acrescida do número Legislativo e Judiciário, do Ministério Público da União e da Defen-
previsto de ingresso de beneficiários oriundos de posses e contrata- soria Pública da União.
ções ao longo dos anos de 2023 e 2024, que deverá ser informado § 3º Para efeito deste artigo, não serão consideradas como car-
nas respectivas metas. gos e funções vagos as autorizações legais para a criação de cargos
§ 5º Nos casos em que o benefício não tenha valor per capita efetivos e em comissão e funções de confiança cuja efetividade es-
fixo e universal, deverá ser utilizado o valor médio praticado no âm- teja sujeita à implementação das condições de que trata o § 1º do
bito da unidade orçamentária. art. 169 da Constituição.
§ 6º O resultado da divisão entre os recursos alocados nas § 4º Caberá ao Conselho Nacional de Justiça editar as normas
ações orçamentárias relativas aos benefícios relacionados no caput complementares para a organização e a disponibilização dos dados
e o número previsto de beneficiários deverá corresponder ao va- referidos neste artigo, no âmbito do Poder Judiciário, exceto o Su-
lor per capita projetado no âmbito de cada órgão ou unidade orça- premo Tribunal Federal.
mentária, nos casos em que este for fixo e idêntico para todos os § 5º Caberá aos órgãos setoriais de orçamento das Justiças Fe-
beneficiários, ou ao valor médio praticado no âmbito da unidade deral, do Trabalho e Eleitoral e do Ministério Público da União con-
orçamentária para os demais casos. solidar e disponibilizar, em seus sítios eletrônicos, as informações
Art. 115. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Minis- divulgadas pelos Tribunais Regionais ou unidades do Ministério Pú-
tério Público da União e a Defensoria Pública da União disponibili- blico da União.
zarão e manterão atualizada, em seus sítios eletrônicos, no Portal
da Transparência ou em portal eletrônico similar, preferencialmen-
te na seção destinada à divulgação de informações sobre recursos
humanos e seus dependentes, quando for o caso, em formato de

230
FINANÇAS PÚBLICAS

§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Ministério Estado da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
Público da União e a Defensoria Pública da União informarão à Se- Art. 119. As proposições relacionadas à criação ou ao aumento
cretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Or- de gastos com pessoal e encargos sociais, e com benefícios obriga-
çamento e à Secretaria de Gestão de Pessoas e de Relações do Tra- tórios, de que trata o caput do art. 114, deverão ser acompanhadas
balho do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, de:
até 31 de março de 2024, o endereço do sítio eletrônico no qual for I - demonstrativo do impacto da despesa com a medida pro-
disponibilizada a tabela com as informações a que se refere o caput. posta, por Poder ou órgão referido no art. 20 da Lei Complementar
§ 7º As informações disponibilizadas nos termos do disposto nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, destacando ativos,
no § 6º comporão quadro informativo consolidado da administra- inativos e pensionistas e, quando for o caso, beneficiários, acompa-
ção pública federal a ser divulgado pelo Ministério da Gestão e da nhado de premissas e metodologia de cálculo utilizadas, conforme
Inovação em Serviços Públicos, em seu sítio eletrônico, no Portal da estabelece o art. 17 da mesma Lei Complementar;
Transparência ou em portal eletrônico similar. II - comprovação de que a medida, em seu conjunto, não im-
§ 8º Os quantitativos físicos relativos aos inativos, referidos no pacta a meta de resultado primário estabelecida nesta Lei, nos ter-
inciso I do caput, serão segregados em nível de aposentadoria, re- mos do disposto no § 2º do art. 17 da Lei Complementar nº 101, de
forma, reserva remunerada, instituidor de pensões e pensionista. 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, os limites de despesas primá-
§ 9º Nos casos em que as informações previstas nos incisos I rias estabelecidos na Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de
a III do caput sejam enquadradas como sigilosas ou de acesso res- 2023, tampouco descumprirá os limites estabelecidos no art. 20 da
trito, a tabela deverá ser disponibilizada nos sítios eletrônicos com citada Lei Complementar;
nota de rodapé que contenha a indicação do dispositivo que legi- III - manifestação do Ministério do Planejamento e Orçamento
tima a restrição, conforme disposto na Lei nº 12.527, de 18 de no- e do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, no
vembro de 2011. caso do Poder Executivo federal, e dos órgãos próprios dos Poderes
Art. 116. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Minis- Legislativo e Judiciário, do Ministério Público da União e da Defen-
tério Público da União e a Defensoria Pública da União disponibiliza- soria Pública da União sobre o mérito e a adequação orçamentária
rão até o dia 30 de setembro de cada exercício, com a finalidade de e financeira; e
possibilitar a avaliação da situação financeira e atuarial do regime IV - parecer ou comprovação de solicitação de parecer do Con-
próprio de previdência social dos servidores públicos civis, na forma selho Nacional de Justiça, de que trata o art. 103-B da Constituição,
prevista no disposto na alínea “a” do inciso IV do § 2º do art. 4º da sobre o cumprimento dos requisitos previstos neste artigo, quando
Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, se tratar de projetos de lei de iniciativa do Poder Judiciário, exceto
base de dados relativa a todos os seus servidores ativos, inativos, aqueles referentes exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal e
pensionistas e dependentes. ao Conselho Nacional de Justiça.
§ 1º No caso do Poder Executivo federal, a responsabilidade § 1º As proposições previstas neste artigo e os atos publicados
por disponibilizar as bases de dados previstas no caput obedecerá delas decorrentes não poderão conter dispositivo que crie ou au-
ao disposto nos incisos I e IV, do § 1º, do art. 115 desta Lei. mente despesa com efeitos financeiros anteriores à sua entrada em
§ 2º As bases de dados a que se refere o caput serão entregues vigor ou à plena eficácia da norma.
ao Congresso Nacional e à Secretaria de Regime Próprio e Comple- § 2º É incompatível com o disposto no § 1º do art. 169 da Cons-
mentar do Ministério da Previdência Social, com conteúdo idêntico, tituição e com o art. 120 desta Lei a edição de atos derivados das
conforme estabelecido em ato da referida Secretaria, que também proposições de que trata o caput deste artigo, sem a prévia autori-
disciplinará a sua forma de envio. zação em anexo específico da Lei Orçamentária, quando for o caso,
Art. 117. No exercício de 2024, observado o disposto no art. e a demonstração de prévia dotação suficiente para atendimento
169 da Constituição e no art. 120 desta Lei, somente poderão ser do pleito.
admitidos servidores e empregados se, cumulativamente: Art. 120. Para atendimento ao disposto no inciso II do § 1º do
I - existirem cargos e empregos públicos vagos a preencher, de- art. 169 da Constituição, observados as disposições do inciso I do
monstrados na tabela a que se refere o art. 115; e referido parágrafo, os limites estabelecidos na Lei Complementar
II - houver prévia dotação orçamentária suficiente para o aten- nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, e as condições
dimento da despesa. estabelecidas nos art. 117 e art. 119 desta Lei, ficam autorizados:
Parágrafo único. Nas autorizações previstas no art. 120, deve- I - a criação de cargos, funções e gratificações por meio de
rão ser considerados os atos praticados em decorrência de decisões transformação de cargos, funções e gratificações que, justificada-
judiciais. mente, não implique aumento de despesa;
Art. 118. No exercício de 2024, a realização de serviço extra- II - o provimento em cargos efetivos e empregos, funções, gra-
ordinário, inclusive aqueles constantes no art. 114, § 3º, quando a tificações ou cargos em comissão vagos, que estavam ocupados no
despesa houver extrapolado noventa e cinco por cento dos limites mês de março de 2023 e cujas vacâncias não tenham resultado em
referidos no art. 20 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de pagamento de proventos de aposentadoria ou pensão por morte;
Responsabilidade Fiscal, exceto para a hipótese prevista no inciso II III - a contratação de pessoal por tempo determinado, quando
do § 6º do art. 57 da Constituição, somente poderá ocorrer quando caracterizar substituição de servidores e empregados públicos, des-
destinada ao atendimento de relevantes interesses públicos decor- de que comprovada a disponibilidade orçamentária;
rentes de situações emergenciais de risco ou prejuízo para a socie- IV - a criação de cargos, funções e gratificações, o provimento
dade. de cargos efetivos civis ou militares, o aumento de despesas com
Parágrafo único. A autorização para a realização de serviço ex- pessoal relativas à concessão de quaisquer vantagens, aumentos de
traordinário, no âmbito do Poder Executivo federal, nas condições remuneração e alterações de estrutura de carreiras, até o montante
estabelecidas no caput, é de exclusiva competência do Ministro de das quantidades e dos limites orçamentários para o exercício e para

231
FINANÇAS PÚBLICAS

a despesa anualizada constantes de anexo específico da Lei Orça- Executivo, Legislativo e Judiciário, do Ministério Público da União e
mentária de 2024, cujos valores deverão constar de programação da Defensoria Pública da União, deverão ser, obrigatoriamente, pu-
orçamentária específica e ser compatíveis com os limites estabele- blicados em órgão oficial de imprensa e disponibilizados nos sítios
cidos na Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabili- eletrônicos dos órgãos.
dade Fiscal; Parágrafo único. Na execução orçamentária, deverá ser eviden-
V - a reestruturação de carreiras que não implique aumento de ciada a despesa com cargos em comissão e funções de confiança
despesa; em subelemento específico.
VI - o provimento em cargos em comissão, funções e gratifica- Art. 122. O pagamento de quaisquer aumentos de despesa
ções existentes, desde que comprovada disponibilidade orçamen- com pessoal decorrente de medidas administrativas ou judiciais
tária; e que não se enquadrem nas exigências dos art. 114, art. 119 e art.
VII - a revisão geral anual de que trata o inciso X do caput do 120 dependerá de abertura de créditos adicionais, mediante re-
art. 37 da Constituição, observado o disposto no inciso VIII do caput manejamento de dotações de despesas primárias, observados os
do art. 73 da Lei nº 9.504, de 1997. limites estabelecidos na Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto
§ 1º Para fins do disposto no caput, serão consideradas exclu- de 2023.
sivamente as gratificações que atendam, cumulativamente, aos se- Art. 123. Para fins de incidência do limite de que trata o inci-
guintes requisitos: so XI do caput do art. 37 da Constituição, serão considerados os
I - cuja concessão, designação, nomeação, retirada, dispensa pagamentos efetuados a título de honorários advocatícios de su-
ou exoneração requeira ato discricionário da autoridade competen- cumbência.
te; e Art. 124. As dotações orçamentárias destinadas ao pagamento
II - não componham a remuneração do cargo efetivo, do em- da despesa com pessoal e encargos sociais, e com benefícios obri-
prego ou do posto ou da graduação militar, para qualquer efeito. gatórios aos agentes públicos e seus dependentes, referentes aos
§ 2º O anexo a que se refere o inciso IV do caput terá os limi- inativos e pensionistas, deverão ser preferencialmente descentra-
tes orçamentários correspondentes discriminados por Poder, pelo lizadas pelo órgão central do Sistema de Administração Financeira
Ministério Público da União e pela Defensoria Pública da União e, Federal ao:
quando for o caso, por órgão referido no art. 20 da Lei Complemen- I - Departamento de Centralização de Serviços de Inativos, Pen-
tar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, com: sionistas e Órgãos Extintos da Secretaria de Gestão de Pessoas e
I - as quantificações para a criação de cargos, funções e grati- Relações do Trabalho do Ministério da Gestão e da Inovação em
ficações, além das especificações relativas a vantagens, aumentos Serviços Públicos, quanto ao pessoal da administração pública fe-
de remuneração e alterações de estruturas de carreira, com a indi- deral direta integrante do Sistema de Pessoal Civil da Administração
cação específica da proposição legislativa correspondente, quando Federal - Sipec; e
for o caso; II - INSS, quanto ao pessoal das autarquias e fundações da ad-
II - as dotações orçamentárias para o exercício de 2024, cor- ministração pública federal.
respondentes ao valor igual ou superior à metade do impacto or- Art. 125. O relatório resumido da execução orçamentária de
çamentário-financeiro anualizado, constantes de programação es- que trata o § 3º do art. 165 da Constituição conterá, em anexo, a
pecífica, nos termos do disposto no inciso XIII do caput do art. 12; discriminação das despesas com pessoal e encargos sociais, inclusi-
III - as quantificações para o provimento de cargos efetivos civis ve o quantitativo de pessoal, de modo a evidenciar os valores des-
e militares e empregos, exceto se destinados a empresas públicas e pendidos com vencimentos e vantagens fixas, despesas variáveis,
sociedades de economia mista, nos termos do disposto no inciso II encargos com pensionistas e inativos, e encargos sociais para:
do § 1º do art. 169 da Constituição; e I - pessoal civil da administração pública direta;
IV - os valores relativos à despesa anualizada, correspondente II - pessoal militar;
ao impacto orçamentário para um exercício, incluindo férias e déci- III - servidores das autarquias;
mo-terceiro salário, e demais acréscimos legis, quando for o caso. IV - servidores das fundações;
§ 3º Fica facultada a atualização, pelo Ministério do Planeja- V - empregados de empresas que integrem os Orçamentos Fis-
mento e Orçamento, dos valores previstos nos incisos III e IV do § cal e da Seguridade Social;
2º deste artigo durante a apreciação do Projeto de Lei Orçamentária VI - despesas com cargos em comissão; e
de 2024 no Congresso Nacional, no prazo estabelecido no § 5º do VII - contratado por prazo determinado, quando couber.
art. 166 da Constituição. Parágrafo único. A Secretaria de Gestão de Pessoas e Relações
§ 4º Para fins de elaboração do anexo previsto no inciso IV do do Trabalho do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Pú-
caput, cada órgão dos Poderes Legislativo e Judiciário, o Ministério blicos unificará e consolidará as informações relativas a despesas
Público da União e a Defensoria Pública da União, e no âmbito do com pessoal e encargos sociais do Poder Executivo federal.
Poder Executivo, o Ministério da Defesa, no que tange aos militares, Art. 126. Para apuração da despesa com pessoal prevista no art.
e o Ministério da Fazenda, referente à forças de Segurança Pública 18 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade
do Distrito Federal custeadas com os recursos do FCDF, e o Ministé- Fiscal, deverão ser incluídas, quando caracterizarem substituição de
rio da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, para os demais militares, servidores ou empregados públicos, aquelas relativas à:
casos, enviarão as informações sobre suas pretensões à Secretaria I - contratação de pessoal por tempo determinado; e
de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento II - contratação de terceirização de mão de obra e serviços de
no prazo estabelecido no art. 27. terceiros, quando se enquadrar na hipótese prevista no art. 18 da
§ 5º (VETADO). Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal.
Art. 121. Os atos de provimentos e vacâncias de cargos efetivos § 1º Para fins do disposto neste artigo, e sem prejuízo da obser-
e comissionados e de funções de confiança, no âmbito dos Poderes vância das regras específicas aplicáveis a cada modalidade de con-

232
FINANÇAS PÚBLICAS

tratação, caracterizam-se como substituição de militares, servido- que morem em áreas consideradas de risco ou faixa de fronteira
res ou empregados públicos aquelas contratações para atividades prioritárias estabelecidas no âmbito da PNDR, pessoas vítimas de
que sejam: violência institucional, por meio de financiamentos e projetos ha-
I - consideradas estratégicas ou envolvam a tomada de decisão bitacionais de interesse social, projetos de investimentos em sane-
ou posicionamento institucional nas áreas de planejamento, coor- amento básico e desenvolvimento da infraestrutura urbana e rural,
denação, supervisão e controle; inclusive mediante a prestação de serviços de assessoramento téc-
II - relacionadas ao poder de polícia, de regulação, de outorga nico, estruturação e desenvolvimento de projetos que propiciem a
de serviços públicos e de aplicação de sanção; ou celebração de contratos de parcerias com os entes públicos para
III - inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de execução de empreendimentos de infraestrutura de interesse do
cargos do órgão ou da entidade, exceto disposição legal em contrá- país, e projetos de implementação de ações de políticas agroam-
rio ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no bientais;
âmbito do quadro geral de pessoal. II - o Banco do Brasil S.A., aumento da oferta de alimentos para
§ 2º As despesas relativas à contratação de pessoal por tempo o mercado interno, especialmente integrantes da cesta básica e por
determinado: meio de incentivos a programas de segurança alimentar e nutricio-
I - quando caracterizarem substituição de militares, servidores nal, de agricultura familiar, de agroecologia, de agroenergia, e de
ou empregados públicos, na forma prevista no § 1º, deverão ser produção orgânica, a ações de implementação de políticas agroam-
classificadas no GND 1 e no elemento de despesa “04 - Contratação bientais, de fomento para povos indígenas, e povos e comunidades
por Tempo Determinado”; e tradicionais, de incremento da produtividade do setor agropecuá-
II - quando não caracterizarem substituição de militares, ser- rio, da oferta de produtos agrícolas para exportação e intensificação
vidores ou empregados públicos, não se constituem em despesas das trocas internacionais do país com seus parceiros com vistas a
classificáveis no GND 1 e deverão ser classificadas no elemento de incentivar a competitividade de empresas brasileiras no exterior e
despesa “04 - Contratação por Tempo Determinado”. de ações de desenvolvimento do turismo no País;
§ 3º As despesas de contratação de terceirização de mão de III - o Banco do Nordeste do Brasil S.A., o Banco da Amazônia
obra e serviços de terceiros, nos termos do disposto no § 1º do art. S.A., o Banco do Brasil S.A. e a Caixa Econômica Federal, estímulo à
18 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade criação de empregos e à ampliação da oferta de produtos de con-
Fiscal, não se constituem em despesas classificáveis no GND 1 e de- sumo popular por meio do apoio à expansão e ao desenvolvimento
vem ser classificadas no elemento de despesa “34 - Outras Despe- das cooperativas de trabalhadores artesanais, do extrativismo sus-
sas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização”. tentável, do manejo de florestas de baixo impacto e da recupera-
Art. 127. As eventuais disponibilidades de dotações orçamen- ção de áreas degradadas, das atividades desenvolvidas pelos povos
tárias classificadas como despesas primárias obrigatórias, relati- indígenas, povos e comunidades tradicionais, do turismo de base
vas aos benefícios aos servidores civis, empregados e militares e comunitária, da agricultura de pequeno porte, dos sistemas agroe-
aos seus dependentes, fardamento e movimentação de militares, cológicos, da pesca, dos beneficiários do Programa Nacional de Re-
somente poderão ser remanejadas para o atendimento de outras forma Agrária e das microempresas, pequenas e médias empresas,
despesas após atendidas todas as necessidades de suplementação especialmente daquelas localizadas na faixa de fronteira prioritárias
das mencionadas dotações no âmbito das unidades orçamentárias, estabelecidas na PNDR, e do fomento à cultura, ao turismo e a saú-
respectivamente, do Poder Executivo federal ou de cada órgão or- de complementar prestada por entidades filantrópicas;
çamentário dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Públi- IV - o BNDES, estímulo à criação e à preservação de empregos
co da União e da Defensoria Pública da União. com vistas à redução das desigualdades, à proteção e à conservação
Art. 128. Os reajustes dos benefícios obrigatórios aos agentes do meio ambiente com foco na redução dos efeitos das mudanças
públicos, quando houver, deverão ter previsão orçamentária em climáticas, ao aumento da capacidade produtiva e ao incremento
programação específica, nos termos do inciso V do caput do art. 12. da competitividade da economia brasileira e ao incentivo ao turis-
Art. 129. O disposto neste Capítulo aplica-se, no que couber, mo, especialmente, por meio do apoio:
aos militares das Forças Armadas e às empresas estatais dependen- a) à inovação, à difusão tecnológica, às iniciativas destinadas ao
tes. aumento da produtividade, ao empreendedorismo, às incubadoras
e aceleradoras de empreendimentos e às exportações de bens e
CAPÍTULO VIII serviços;
DA POLÍTICA DE APLICAÇÃO DOS RECURSOS DAS AGÊNCIAS b) à ampliação e modernização da capacidade produtiva do se-
FINANCEIRAS OFICIAIS DE FOMENTO tor industrial;
c) às microempresas, pequenas e médias empresas;
Art. 130. As agências financeiras oficiais de fomento terão d) à infraestrutura nacional nos segmentos de energia, inclusi-
como diretriz geral a preservação e a geração do emprego e, respei- ve na geração e na transmissão de energia elétrica, no transporte
tadas as suas especificidades, as seguintes prioridades para: de gás por gasodutos, no uso de fontes alternativas e na eletrifica-
I - a Caixa Econômica Federal, redução do deficit habitacional ção rural, logística e navegação fluvial e de cabotagem, e mobilida-
e melhoria das condições de vida das populações em situação de de urbana, dentre outros;
pobreza e de insegurança alimentar e nutricional, especialmente e) à modernização da gestão pública e ao desenvolvimento dos
quando beneficiem pessoas idosas, pessoas com deficiência, povos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e dos serviços sociais
indígenas, povos e comunidades tradicionais, vítimas de trabalho básicos, tais como saneamento básico, educação, cultura, saúde e
escravo, mulheres chefes de família ou em situação de vulnerabi- segurança alimentar e nutricional;
lidade social, policiais federais, civis e militares, servidores da Se- f) aos investimentos socioambientais e à descarbonização das
cretaria Nacional de Políticas Penais e militares das Forças Armadas atividades econômicas, à agricultura familiar, à agroecologia, às co-

233
FINANÇAS PÚBLICAS

operativas e empresas de economia solidária, à inclusão produtiva possibilidade do fornecimento do bem ou da prestação do serviço
e ao microcrédito, à reciclagem de resíduos sólidos com tecnologias por empresa nacional, a ser aferida de acordo com a metodologia
sustentáveis, aos povos indígenas, e povos e comunidades tradicio- definida pela agência financeira oficial de fomento; e
nais e aos projetos destinados ao turismo; e IV - instituições cujos dirigentes sejam condenados por traba-
g) à adoção das melhores práticas de governança corporativa lho infantil, trabalho escravo, crime contra o meio ambiente, assé-
e ao fortalecimento do mercado de capitais inclusive mediante a dio moral ou sexual, ou violência contra a mulher, racial e de etnia.
prestação de serviços de assessoramento que propiciem a celebra- § 2º Integrarão o relatório de que trata o § 3º do art. 165 da
ção de contratos de parcerias com os entes públicos para execução Constituição demonstrativos consolidados relativos a empréstimos
de empreendimentos de infraestrutura de interesse do país; e financiamentos, inclusive operações não reembolsáveis, dos quais
V - a Financiadora de Estudos e Projetos - Finep, promoção do constarão, discriminados por região, unidade federativa, setor de
desenvolvimento da infraestrutura e indústria, do turismo, agricul- atividade, porte do tomador e origem dos recursos aplicados, em
tura e agroindústria, com ênfase no fomento à pesquisa, ao softwa- consonância com o disposto no inciso XIV do Anexo II:
re público, software livre, à capacitação científica e tecnológica, me- I - saldos anteriores;
lhoria da competitividade da economia, estruturação de unidades e II - concessões no período;
sistemas produtivos orientados para o fortalecimento do Mercado III - recebimentos no período, com discriminação das amortiza-
Comum do Sul - Mercosul, geração de empregos e redução do im- ções e dos encargos; e
pacto ambiental; IV - saldos atuais.
VI - o Banco da Amazônia S.A., o Banco do Nordeste do Brasil § 3º O Poder Executivo federal demonstrará, em audiência pú-
S.A. e o Banco do Brasil S.A., redução das desigualdades nas Regiões blica perante a Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da
Norte, Nordeste, com ênfase na região do semiárido, e Centro-Oes- Constituição, em maio e setembro, convocada com antecedência
te do país, observadas as diretrizes estabelecidas na PNDR, median- mínima de trinta dias, a aderência das aplicações dos recursos das
te apoio a projetos para melhor aproveitamento das oportunidades agências financeiras oficiais de fomento, de que trata este artigo,
de desenvolvimento econômico-social sustentável, desenvolvimen- à política estipulada nesta Lei, e a execução do plano de aplicação
to da atividade turística e maior eficiência dos instrumentos geren- previsto no inciso XIV do Anexo II.
ciais do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNO, § 4º As agências financeiras oficiais de fomento deverão ainda:
do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE e I - observar os requisitos de sustentabilidade, transparência e
do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste - FCO, controle previstos na Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, regula-
cujas aplicações em financiamentos rurais deverão ser destinadas mentada pelo Decreto nº 8.945, de 27 de dezembro de 2016, e nas
preferencialmente ao financiamento da produção de alimentos bá- normas e orientações do Conselho Monetário Nacional e do Banco
sicos por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricul- Central do Brasil;
tura Familiar - Pronaf; e II - observar a diretriz de redução das desigualdades, quando
VII - o Banco da Amazônia S.A., o Banco do Nordeste do Brasil da aplicação de seus recursos;
S.A., o Banco do Brasil S.A., o BNDES e a Caixa Econômica Federal, o III - considerar como prioritárias, para a concessão de emprés-
financiamento de projetos que promovam: timos ou financiamentos, as empresas:
a) modelos produtivos rurais sustentáveis associados às metas a) que desenvolvam projetos de responsabilidade socioam-
da Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida - INDC, biental ou de atendimento a mulheres, crianças e adolescentes víti-
aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS e a outros mas ou testemunhas de violência doméstica e familiar;
compromissos assumidos na política de clima, especialmente no b) que promovam a aquisição e a instalação, ou adquiram e ins-
Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, destinados à talem sistemas de geração de energia elétrica solar fotovoltaica ou
recuperação de áreas degradadas e à redução, de forma efetiva e eólica, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste;
significativa, da utilização de produtos agrotóxicos, desde que haja c) que integrem as cadeias produtivas locais;
demanda habilitada; e d) que empreguem pessoas com deficiência em proporção su-
b) ampliação da geração de energia elétrica a partir de fontes perior àquela exigida no art. 93 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de
renováveis, especialmente para produção de excedente visando ao 1991;
aproveitamento por meio de sistema de compensação de energia e) privadas que adotem políticas de participação dos trabalha-
elétrica; e dores nos lucros;
c) fomento de iniciativas para a adaptação do turismo às mu- f) que atuem no setor de turismo, podendo ser destinado, in-
danças climáticas e para a redução das emissões de gases de efeito clusive, ao financiamento voltado para a manutenção de emprego
estufa nas atividades turísticas, sobretudo o carbono, em conso- e a capital de giro; ou
nância com metodologias internacionais. g) que incentivem o empreendedorismo feminino ou que pre-
§ 1º A concessão ou renovação de quaisquer empréstimos ou encham mais de 50% de seus cargos com mulheres;
financiamentos pelas agências financeiras oficiais de fomento não IV - adotar medidas que visem à simplificação dos procedimen-
será permitida para: tos relativos à concessão de empréstimos e financiamentos para
I - pessoas jurídicas de direito público ou privado que estejam micro e pequenas empresas e de cooperativas que tenham auferi-
inadimplentes com a União, os órgãos e as entidades da administra- do receita bruta anual até o limite de que trata o inciso II do caput
ção pública federal ou o FGTS; do art. 3º Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
II - aquisição de ativos públicos incluídos no Plano Nacional de V - priorizar o apoio financeiro a segmentos de micro e peque-
Desestatização; nas empresas e a implementação de programas de crédito que fa-
III - importação de bens ou serviços com similar nacional deten- voreçam a criação de postos de trabalho;
tor de qualidade e preço equivalentes, exceto se constatada a im- VI - publicar bimestralmente, em sítio eletrônico, demonstra-

234
FINANÇAS PÚBLICAS

tivo que discrimine os financiamentos a partir de R$ 1.000.000,00 concedidos a países adimplentes com obrigações anteriores com o
(um milhão de reais) concedidos aos Estados, ao Distrito Federal, banco e mediante seguro ou garantias mitigadoras de risco sobera-
aos Municípios e aos governos estrangeiros, com informações rela- no do país devedor.
tivas a ente beneficiário e execução financeira; Art. 131. Os encargos dos empréstimos e financiamentos con-
VII - fazer constar dos contratos de financiamento de que trata cedidos pelas agências não poderão ser inferiores aos custos de
o inciso VI cláusulas que obriguem o favorecido a publicar e manter captação e de administração, ressalvado o disposto na Lei nº 7.827,
atualizadas, em sítio eletrônico, informações relativas à execução de 27 de setembro de 1989.
física do objeto financiado; e
VIII - publicar, até o dia 30 de abril de 2024, em seus portais de CAPÍTULO IX
transparência, nos sítios eletrônicos a que se refere o § 2º do art. DA ADEQUAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DAS ALTERAÇÕES NA LE-
8º da Lei nº 12.527, de 2011, relatório anual do impacto de suas GISLAÇÃO
operações de crédito no combate às desigualdades mencionadas
no inciso II deste parágrafo. Art. 132. As proposições legislativas, de que tratam o art. 59 da
§ 5º É vedado o impedimento ao financiamento de qualquer Constituição, as suas emendas e os atos infralegais que importem
atividade produtiva, comercial ou de serviços legalmente estabele- renúncia de receitas ou criação ou aumento de despesas obriga-
cidas, exceto quando se destinarem a: tórias de caráter continuado, nos termos dos art. 14 e art. 17 da
I - aquisição de terras e terrenos sem edificações concluídas; Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal,
II - aquisição ou reforma de imóveis destinados à locação; deverão ser instruídos com demonstrativo do impacto orçamentá-
III - intermediação financeira; rio-financeiro no exercício em que devam entrar em vigor e nos dois
IV - jogos de azar de qualquer espécie; exercícios subsequentes e atender ao disposto neste artigo.
V - saunas, termas e boates; § 1º O proponente é o responsável pela elaboração e apresen-
VI - comercialização de bebidas alcoólicas no varejo ou fracio- tação do demonstrativo a que se refere o caput, o qual deverá con-
nada; ou ter memória de cálculo com grau de detalhamento suficiente para
VII - comercialização de fumo. evidenciar as premissas e a consistência das estimativas.
§ 6º Poderão ser impostas restrições a produtos ou serviços § 2º A estimativa do impacto orçamentário-financeiro, elabora-
mediante justificativa da agência financeira oficial de fomento, em da com fundamento no demonstrativo de que trata o caput, deverá
cada caso. constar da exposição de motivos ou de documento equivalente que
§ 7º É vedada a imposição de critérios ou requisitos para con- acompanhar a proposição legislativa.
cessão de crédito pelos agentes financeiros habilitados que não § 3º O atendimento ao disposto nos incisos I e II do art. 14 da
sejam delineados e estabelecidos originalmente pelas agências fi- Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal,
nanceiras oficiais de fomento para as diversas linhas de crédito e dependerá, para proposições legislativas e atos infralegais prove-
setores produtivos. nientes do Poder Executivo federal, de declaração formal:
§ 8º Nas hipóteses de financiamento para redução do deficit I - da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, para as
habitacional e melhoria das condições de vida das pessoas com de- receitas administradas por essa Secretaria; ou
ficiência, deverá ser observado o disposto no inciso I do caput do II - do órgão responsável pela gestão da receita objeto da pro-
art. 32 da Lei nº 13.146, de 2015. posta, nos demais casos.
§ 9º A vedação de que trata o inciso I do § 1º não se aplica às § 4º Para fins de atendimento ao disposto nos art. 14 e art. 17
renegociações previstas no art. 2º da Lei Complementar nº 156, de da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fis-
28 de dezembro de 2016. cal, as medidas para compensar a renúncia de receita ou o aumen-
§ 10. O disposto na alínea “e” do inciso IV do caput aplica-se to de despesa obrigatória de caráter continuado devem integrar a
preferencialmente a Municípios com até cinquenta mil habitantes. proposição legislativa ou o ato infralegal, com indicação expressa no
§ 11. O BNDES relacionará e publicará os financiamentos rea- texto, na exposição de motivos ou no documento que os fundamen-
lizados no exercício de 2024 com recursos derivados do Fundo de tarem, hipótese em que será:
Amparo ao Trabalhador. I - vedada a referência a outras proposições legislativas em tra-
§ 12. As agências financeiras oficiais de fomento devem esta- mitação; e
belecer linhas de crédito específicas com objetivo de redução de II - permitida a referência à lei ou a ato infralegal publicados
desigualdades de gênero e raça e mitigação de impactos ambien- no mesmo exercício financeiro, que registrem de forma expressa,
tais, em especial voltadas para transição energética e mitigação dos precisa e específica, ainda que na exposição de motivos ou no docu-
efeitos de mudanças climáticas. mento que os tenham fundamentado, os casos em que seus efeitos
§ 13. As agências financeiras oficiais de fomento têm como poderão ser considerados para fins de compensar a redução de re-
diretriz geral a inclusão, em seus critérios de análise de propostas ceita ou o aumento de despesa.
de financiamento a empresas, a existência de políticas voltadas § 5º Ficam dispensadas das medidas de compensação as hi-
para aumento da representação de populações sub representadas póteses de aumento de despesas previstas no § 1º do art. 24 da
(como gênero, raça e etnia). Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal.
§ 14. As agências financeiras oficiais de fomento, ao concede- § 6º Quando solicitados por presidente de órgão colegiado do
rem financiamentos com valor superior a R$ 30 milhões, devem Poder Legislativo, os órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e
exigir que os tomadores tenham políticas de integridade e confor- Judiciário, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública
midade estabelecidas e devidamente estabelecidas. da União fornecerão, no âmbito de suas competências, no prazo
§ 15. Os financiamentos do BNDES à exportação de bens e ser- máximo de sessenta dias, os subsídios técnicos relacionados ao cál-
viços de engenharia de empresas brasileiras somente poderão ser culo do impacto orçamentário e financeiro associado à proposição

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FINANÇAS PÚBLICAS

legislativa, para fins da elaboração do demonstrativo a que se refere suficiente para evidenciar a pertinência das estimativas elaboradas
o caput. pelo órgão ou entidade proponente.
§ 7º Para fins de cumprimento do disposto no inciso I do caput Parágrafo único. As proposições legislativas de iniciativa do Po-
do art. 14 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Respon- der Executivo, as proposições submetidas à sanção, e os decretos,
sabilidade Fiscal, as proposições legislativas em tramitação que im- relacionados ao disposto no caput, deverão ser encaminhados para
portem ou autorizem renúncia de receita poderão ter seus efeitos o Órgãos Centrais dos Sistemas de Planejamento e de Orçamento
considerados na estimativa de receita do Projeto da Lei Orçamentá- Federal, e de Administração Financeira Federal, para fins de verifi-
ria e da respectiva Lei. cação da adequação das estimativas e eventuais impactos sobre a
§ 8º O disposto no caput aplica-se às proposições legislativas e meta de resultado primário do exercício e de outras regras fiscais
aos atos infralegais que: vigentes aplicáveis.
I - contenham remissão a futura legislação, parcelamento de Art. 136. Somente por meio de lei poderá ser concedido au-
despesa ou postergação do impacto orçamentário-financeiro; mento de parcelas, fixas ou variáveis, que não se incorporem a ven-
II - estejam em tramitação no Congresso Nacional; ou cimentos ou proventos, relativas a férias, abono de permanência,
III - estejam em fase de sanção. exercício de função eleitoral e outras remuneratórias, de natureza
Art. 133. Com vistas à manifestação sobre a compatibilidade e eventual ou não, como retribuições, parcelas ou vantagens com
a adequação orçamentária e financeira, deverão ser encaminhados previsão constitucional ou legal.
previamente à sua edição as proposições legislativas e os decretos Art. 137. A proposição legislativa ou o ato normativo regula-
relacionados ao disposto no art. 132, no âmbito do Poder Executivo mentador de norma constitucional ou legal, para constituir transfe-
federal, ao Ministério da Fazenda e ao Ministério do Planejamento rência obrigatória, deverá conter:
e Orçamento. I - critérios e condições para identificação e habilitação das par-
Art. 134. Será considerada incompatível com as disposições tes beneficiadas;
desta Lei a proposição que: II - fonte e montante máximo dos recursos a serem transferi-
I - aumente despesa em matéria de iniciativa privativa, na for- dos;
ma prevista nos art. 49, art. 51, art. 52, art. 61, art. 63, art. 96 e art. III - definição do objeto e da finalidade da realização da des-
127 da Constituição; pesa; e
II - altere gastos com pessoal, nos termos do disposto no § 1º IV - forma e elementos pormenorizados para a prestação de
do art. 169 da Constituição, para conceder aumento que resulte em: contas.
a) somatório das parcelas remuneratórias permanentes supe- Art. 138. As disposições deste Capítulo aplicam-se também às
rior ao limite estabelecido no inciso XI do caput do art. 37 da Cons- proposições decorrentes do disposto nos incisos XIII e XIV do caput
tituição; do art. 21 da Constituição.
b) despesa, por Poder ou órgão, acima dos limites estabeleci- Art. 139. Na estimativa das receitas e na fixação das despesas
dos no art. 20 e no parágrafo único do art. 22 da Lei Complementar do Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e da respectiva Lei, pode-
nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal; ou rão ser considerados os efeitos de propostas de emenda à Cons-
c) descumprimento dos limites estabelecidos na Lei Comple- tituição, projetos de lei e medidas provisórias em tramitação no
mentar nº 200, de 30 de agosto de 2023; Congresso Nacional.
III - crie ou autorize a criação de fundos contábeis ou institucio- § 1º Se estimada a receita na forma prevista neste artigo, no
nais com recursos da União e: Projeto de Lei Orçamentária de 2024 serão identificadas:
a) não contenham normas específicas sobre a gestão, o funcio- I - as proposições de alterações na legislação e a variação es-
namento e controle do fundo; ou perada na receita, em decorrência de cada uma das propostas e de
b) estabeleçam atribuições ao fundo que possam ser realizadas seus dispositivos; e
pela estrutura departamental da administração pública federal; ou II - as despesas condicionadas à aprovação das alterações na
IV - determine ou autorize a indexação ou atualização monetá- legislação.
ria de despesas públicas, inclusive aquelas a que se refere o inciso V § 2º O disposto no caput e no § 1º aplica-se às propostas de
do caput do art. 7º da Constituição. modificação do Projeto de Lei Orçamentária de 2024 encaminhadas
§ 1º Para fins da verificação de incompatibilidade de que trata a ao Congresso Nacional na forma prevista no § 5º do art. 166 da
alínea “b” do inciso II do caput e do cálculo da estimativa do impac- Constituição.
to orçamentário-financeiro, será utilizada a receita corrente líquida § 3º A alteração de fontes de recursos condicionadas, constan-
constante do Relatório de Gestão Fiscal do momento da avaliação. tes da Lei Orçamentária de 2024, pelas respectivas fontes defini-
§ 2º O disposto no inciso III do caput não se aplica a proposi- tivas, cujas alterações na legislação tenham sido aprovadas, será
ções que tenham por objeto a transformação ou a alteração da na- efetuada no prazo de trinta dias após a data de publicação da Lei
tureza jurídica de fundo existente na data de publicação desta Lei. Orçamentária de 2024 ou das referidas alterações legislativas, hipó-
Art. 135. As proposições legislativas, de que trata o art. 59 da tese em que prevalecerá a data que ocorrer por último.
Constituição, e os atos infralegais que impliquem redução de recei- Art. 140. As proposições legislativas que vinculem receitas a
tas, que não sejam renúncias previstas nos termos do disposto no despesas, órgãos ou fundos deverão conter cláusula de vigência de,
art. 14 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabi- no máximo, cinco anos.
lidade Fiscal, ou aumento de despesas, nos termos do disposto no § 1º O disposto no caput não se aplica à vinculação de taxas
art. 16 da referida Lei Complementar, deverão estar acompanha- pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços ou pelo exercício
das das estimativas de impacto orçamentário e financeiro para o do poder de polícia.
exercício em que entrarão em vigor, e os dois subsequentes, com § 2º O disposto no caput não se aplica à alteração de vinculação
as premissas e metodologias de cálculo em grau de detalhamento de receitas existente quando a nova vinculação for menos restritiva.

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FINANÇAS PÚBLICAS

§ 3º Para fins do disposto no parágrafo único do art. 8º e no titucionais a que está submetida a administração pública federal;
§ 2º do art. 9º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Res- V - indício de irregularidade grave com recomendação de re-
ponsabilidade Fiscal, a mera vinculação de receitas não torna obri- tenção parcial de valores - IGR - aquele que, embora atenda ao dis-
gatória a despesa custeada com as referidas receitas e não cria a posto no inciso IV, permite a continuidade da obra desde que haja
obrigatoriedade de sua programação. autorização do contratado para retenção de valores a serem pagos,
Art. 141. A proposta de criação ou a alteração de tributos de ou a apresentação de garantias suficientes para prevenir o possível
natureza vinculada será acompanhada de demonstração, devida- dano ao erário até a decisão de mérito sobre o indício relatado; e
mente justificada, de sua necessidade para oferecimento dos ser- VI - indício de irregularidade grave que não prejudique a con-
viços públicos ao contribuinte ou para exercício do poder de polícia tinuidade - IGC - aquele que, embora gere citação ou audiência do
sobre a atividade do sujeito passivo. responsável, não atenda ao disposto nos incisos IV ou V.
Art. 142. As proposições legislativas que concedam, renovem § 2º Os ordenadores de despesa e os órgãos setoriais de or-
ou ampliem benefícios tributários deverão: çamento deverão providenciar o bloqueio, nos sistemas próprios,
I - conter cláusula de vigência de, no máximo, cinco anos; da execução física, orçamentária e financeira de empreendimentos,
II - estar acompanhadas de metas e objetivos, preferencialmen- contratos, convênios, etapas, parcelas ou subtrechos constantes do
te quantitativos; e anexo a que se refere o § 2º do art. 9º desta Lei, que perdurará até a
III - designar órgão gestor responsável pelo acompanhamento deliberação em contrário da Comissão Mista a que se refere o § 1º
e pela avaliação do benefício tributário quanto à consecução das do art. 166 da Constituição.
metas e dos objetivos estabelecidos. § 3º Não estão sujeitos ao bloqueio da execução a que se refere
§ 1º O órgão gestor definirá indicadores para acompanhamen- o § 2º os casos para os quais tenham sido apresentadas garantias
to das metas e dos objetivos estabelecidos no programa e dará pu- suficientes à cobertura integral dos prejuízos potenciais ao erário,
blicidade a suas avaliações. na forma prevista na legislação pertinente, sem prejuízo do dispos-
§ 2º Ficam dispensadas do atendimento ao disposto neste arti- to nos § 1º e § 2º do art. 71 da Constituição, hipótese em que será
go as proposições legislativas que tratem de: permitido apresentar as garantias à medida que sejam executados
I - alterações de normas de tributação de investimentos de não os serviços sobre os quais recaia o apontamento de irregularidade
residentes no país ou de domiciliados no exterior; grave.
II - benefícios tributários associados a emissão de letras de cré- § 4º Os pareceres da Comissão Mista a que se refere o § 1º
dito destinadas ao financiamento de longo prazo em programas de do art. 166 da Constituição acerca de obras e serviços com indícios
desenvolvimento econômico; e de irregularidades graves deverão ser fundamentados, de modo a
III - benefícios tributários associados às debêntures incentiva- explicitar as razões da deliberação.
das e de infraestrutura. § 5º A inclusão no Projeto de Lei Orçamentária de 2024, na res-
pectiva Lei e nos créditos adicionais de subtítulos relativos a obras e
CAPÍTULO X serviços com indícios de irregularidades graves obedecerá, sempre
DISPOSIÇÕES SOBRE A FISCALIZAÇÃO PELO PODER LEGISLA- que possível, à mesma classificação orçamentária constante das leis
TIVO E SOBRE AS OBRAS E OS SERVIÇOS COM INDÍCIOS DE orçamentárias anteriores, ajustada ao Plano Plurianual, conforme
IRREGULARIDADES GRAVES o caso.
§ 6º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, às alte-
Art. 143. O Projeto de Lei Orçamentária de 2024 e a respecti- rações decorrentes de créditos adicionais e à execução física, orça-
va Lei poderão contemplar subtítulos relativos a obras e serviços mentária e financeira de empreendimentos, contratos, convênios,
com indícios de irregularidades graves, hipótese em que a execução etapas, parcelas ou subtrechos relativos aos subtítulos de que trata
física, orçamentária e financeira de empreendimentos, contratos, o caput cujas despesas tenham sido inscritas em restos a pagar.
convênios, etapas, parcelas ou subtrechos constantes do anexo a § 7º Os titulares dos órgãos e das entidades executoras e con-
que se refere o § 2º do art. 9º desta Lei permanecerá condicionada cedentes deverão suspender as autorizações para execução física,
à deliberação prévia da Comissão Mista a que se refere o § 1º do orçamentária e financeira de empreendimentos, contratos, convê-
art. 166 da Constituição, sem prejuízo do disposto nos § 1º e § 2º nios, etapas, parcelas ou subtrechos relativos aos subtítulos de que
do art. 71 da Constituição e observado o disposto nos § 6º e § 8º do trata o caput, situação que deverá ser mantida até a deliberação em
art. 148 desta Lei. contrário da Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da
§ 1º Para fins do disposto nesta Lei, entende-se por: Constituição, sem prejuízo do disposto nos § 1º e 2º do art. 71 da
I - execução física - a realização da obra, o fornecimento do Constituição e no art. 147 desta Lei.
bem ou a prestação do serviço; § 8º A suspensão de que trata o § 7º, sem prejuízo do disposto
II - execução orçamentária - o empenho e a liquidação da des- nos § 1º e § 2º do art. 71 da Constituição, poderá ser evitada, a cri-
pesa, inclusive a sua inscrição em restos a pagar; tério da Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da Cons-
III - execução financeira - o pagamento da despesa, inclusive tituição, caso os órgãos e as entidades executores ou concedentes
dos restos a pagar; adotem medidas corretivas para o saneamento das possíveis falhas
IV - indício de irregularidade grave com recomendação de pa- ou se forem oferecidas garantias suficientes à cobertura integral
ralisação - IGP - ato ou fato materialmente relevante em relação ao dos supostos prejuízos potenciais ao erário, nos termos do disposto
valor total contratado que apresente potencialidade de ocasionar no § 3º deste artigo.
prejuízos ao erário ou a terceiros e que: § 9º A classificação, pelo Tribunal de Contas da União, dos in-
a) possa ensejar nulidade de procedimento licitatório ou de dícios de irregularidades nas modalidades previstas nos incisos IV e
contrato; ou V do § 1º ocorrerá por decisão monocrática ou colegiada, que deve
b) configure graves desvios relativamente aos princípios cons- ser proferida no prazo máximo de quarenta dias corridos, contado

237
FINANÇAS PÚBLICAS

da data de conclusão da auditoria pela unidade técnica, durante o que aprove a forma final da referida relação; e
qual deverá ser assegurada a oportunidade de manifestação preli- III - para as informações encaminhadas na forma prevista no
minar, no prazo de quinze dias corridos, aos órgãos e às entidades art. 148, no prazo de quinze dias, contado da data de recebimento
aos quais forem atribuídas as supostas irregularidades. da decisão monocrática ou da publicação do acórdão a que se refe-
§ 10. O enquadramento na classificação a que se refere o § 9º re o § 9º do art. 143.
poderá ser revisto a qualquer tempo mediante decisão posterior, § 3º A omissão na prestação das informações, na forma e nos
monocrática ou colegiada, do Tribunal de Contas da União, em ra- prazos previstos no § 2º, não impedirá as decisões da Comissão Mis-
zão de novos elementos de fato e de direito apresentados pelos ta a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição e do Congresso
interessados. Nacional, nem retardará a contagem dos prazos de tramitação e
Art. 144. O Congresso Nacional considerará, na sua deliberação deliberação.
pelo bloqueio ou desbloqueio da execução física, orçamentária e § 4º Para fins do disposto neste artigo, o Tribunal de Contas da
financeira de empreendimentos, contratos, convênios, etapas, par- União subsidiará a deliberação do Congresso Nacional, com o envio
celas ou subtrechos relativos aos subtítulos de obras e serviços com de informações e avaliações acerca de potenciais prejuízos econô-
indícios de irregularidades graves: micos e sociais advindos da paralisação.
I - a classificação dos indícios de irregularidades, na forma pre- Art. 145. Para fins do disposto no inciso V do § 1º do art. 59
vista nos incisos IV, V e VI do § 1º do art. 143; e da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade
II - as razões apresentadas pelos órgãos e pelas entidades res- Fiscal, e no § 2º do art. 9º desta Lei, o Tribunal de Contas da União
ponsáveis pela execução, que deverão abordar, em especial: encaminhará:
a) os impactos sociais, econômicos e financeiros decorrentes I - à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Plane-
do atraso na fruição dos benefícios do empreendimento pela po- jamento e Orçamento e aos órgãos setoriais do Sistema de Planeja-
pulação; mento e de Orçamento Federal, até 1º de agosto de 2023, a relação
b) os riscos sociais, ambientais e à segurança da população lo- das obras e dos serviços com indícios de irregularidades graves,
cal, decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do empreendi- com o banco de dados correspondente, a especificação das classifi-
mento; cações institucional, funcional e programática vigentes, os números
c) a motivação social e ambiental do empreendimento; dos contratos e convênios, na forma prevista no Anexo VI à Lei Orça-
d) o custo da deterioração ou da perda de materiais adquiridos mentária de 2023, acrescida do custo global estimado de cada obra
ou serviços executados; ou serviço listado e do estágio da execução física, e a data a que se
e) as despesas necessárias à preservação das instalações e dos referem essas informações; e
serviços executados; II - à Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da Cons-
f) as despesas inerentes à desmobilização e ao retorno poste- tituição, até cinquenta e cinco dias após o encaminhamento do Pro-
rior às atividades; jeto de Lei Orçamentária, a relação atualizada de empreendimen-
g) as medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou tos, contratos, convênios, etapas, parcelas ou subtrechos relativos
da entidade para o saneamento dos indícios de irregularidades aos subtítulos nos quais sejam identificados indícios de irregulari-
apontados; dades graves, classificados na forma prevista nos incisos IV, V e VI
h) o custo total e o estágio de execução física e financeira de do § 1º do art. 143, e a relação daqueles que, embora tenham tido
empreendimentos, contratos, convênios, obras ou parcelas envol- recomendação de paralisação da equipe de auditoria, não tenham
vidas; sido objeto de decisão monocrática ou colegiada no prazo previsto
i) empregos diretos e indiretos perdidos em razão da paralisa- no § 9º do art. 143, acompanhadas de cópias em meio eletrônico
ção; das decisões monocráticas e colegiadas, dos relatórios e votos que
j) custos para realização de nova licitação ou celebração de as fundamentarem e dos relatórios de auditoria das obras e dos
novo contrato; e serviços fiscalizados.
k) custo de oportunidade do capital durante o período de pa- § 1º É obrigatória a especificação dos empreendimentos, con-
ralisação. tratos, convênios ou editais relativos a etapas, parcelas ou subtre-
§ 1º A apresentação das razões a que se refere o inciso II do chos nos quais tenham sido identificados indícios de irregularidades
caput é de responsabilidade: graves e da decisão monocrática ou do acórdão a que se refere o §
I - do titular do órgão ou da entidade da administração pública 9º do art. 143.
federal, executor ou concedente, responsável pela obra ou serviço § 2º O Tribunal de Contas da União e a Comissão Mista a que se
em que se tenha verificado indício de irregularidade, no âmbito do refere o § 1º do art. 166 da Constituição manterão as informações
Poder Executivo federal; ou sobre obras e serviços com indícios de irregularidades graves de
II - do titular do órgão dos Poderes Legislativo e Judiciário, do que trata este artigo atualizadas em seu sítio eletrônico.
Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União, para § 3º Para fins de atendimento ao disposto no inciso I do § 1º
as obras e os serviços executados em seu âmbito. do art. 59 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Respon-
§ 2º As razões de que trata este artigo poderão ser encaminha- sabilidade Fiscal, o Tribunal de Contas da União enviará subsídios à
das ao Congresso Nacional, por escrito, pelos responsáveis a que se Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição
refere o § 1º: acerca de fatos e situações que possam comprometer a gestão fis-
I - para as obras e os serviços constantes da relação de que tra- cal e o atingimento das metas previstas nesta Lei, em especial a
ta o inciso I do caput do art. 145, no prazo a que se refere o art. 10; necessidade de limitação de empenho e pagamento de que trata o
II - para as obras e os serviços constantes da relação de que tra- art. 9º da referida Lei Complementar.
ta o inciso II do caput do art. 145, no prazo de quinze dias, contado Art. 146. A seleção das obras e dos serviços a serem fiscalizados
da data de publicação do acórdão do Tribunal de Contas da União pelo Tribunal de Contas da União considerará, entre outros fatores:

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FINANÇAS PÚBLICAS

I - o valor autorizado e empenhado nos exercícios anterior e Art. 147. A Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da
atual; Constituição poderá realizar audiências públicas com vistas a subsi-
II - a regionalização do gasto; diar as deliberações acerca do bloqueio ou desbloqueio de empre-
III - o histórico de irregularidades pendentes obtido a partir de endimentos, contratos, convênios, etapas, parcelas ou subtrechos
fiscalizações anteriores e a reincidência de irregularidades cometi- relativos a subtítulos nos quais tenham sido identificados indícios
das, tanto do órgão executor como do ente beneficiado; e de irregularidades graves.
IV - as obras contidas no Anexo VI à Lei Orçamentária em vigor § 1º Serão convidados para as audiências os representantes do
que não tenham sido objeto de deliberação posterior do Tribunal Tribunal de Contas da União, dos órgãos e das entidades envolvidos,
de Contas da União pela regularidade. que poderão expor as medidas saneadoras adotadas e as razões
§ 1º O Tribunal de Contas da União deverá, adicionalmente, pelas quais as obras sob a sua responsabilidade não devem ser pa-
encaminhar informações sobre outras obras ou serviços nos quais ralisadas, inclusive aquelas a que se refere o art. 144, acompanha-
tenham sido constatados indícios de irregularidades graves em ou- das da justificativa por escrito do titular do órgão ou da entidade
tros procedimentos fiscalizatórios realizados nos últimos doze me- responsável pelas contratações e dos documentos comprobatórios.
ses, contados da data de publicação desta Lei, com o grau de deta- § 2º A deliberação da Comissão Mista a que se refere o § 1º do
lhamento estabelecido no § 2º e observado o disposto nos incisos art. 166 da Constituição que resulte na continuidade da execução
IV, V e VI do § 1º e no § 9º do art. 143. de empreendimentos, contratos, convênios, etapas, parcelas ou
§ 2º Da seleção referida no caput constarão, para cada obra subtrechos relativos a subtítulos nos quais tenham sido identifica-
fiscalizada, sem prejuízo de outros dados considerados relevantes dos indícios de irregularidades graves com recomendação de para-
pelo Tribunal de Contas da União: lisação ainda não sanados dependerá da avaliação das informações
I - as classificações institucional, funcional e programática, atu- recebidas na forma prevista no § 2º do art. 144 e de realização pré-
alizadas de acordo com o disposto na Lei Orçamentária de 2023; via da audiência pública a que se refere o caput, quando deverão
II - a localização e a especificação, com as etapas, as parcelas ser avaliados os prejuízos potenciais da paralisação para a adminis-
ou os subtrechos e os seus contratos e convênios, conforme o caso; tração pública e a sociedade.
III - o número de inscrição no CNPJ e a razão social da empresa § 3º A Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da
responsável pela execução da obra ou do serviço nos quais tenham Constituição poderá realizar audiências públicas para subsidiar a
sido identificados indícios de irregularidades graves, na forma pre- apreciação do relatório de que trata o § 7º do art. 148.
vista nos incisos IV, V e VI do § 1º do art. 143, e o nome do órgão ou Art. 148. Durante o exercício de 2024, o Tribunal de Contas da
da entidade responsável pela contratação; União remeterá ao Congresso Nacional e ao órgão ou à entidade
IV - a natureza e a classificação dos indícios de irregularidades fiscalizada, no prazo de quinze dias, contado da data da decisão ou
e o pronunciamento acerca da estimativa do valor potencial do pre- do acórdão a que se referem os § 9º e § 10 do art. 143, informa-
juízo ao erário e de elementos que recomendem a paralisação pre- ções relativas a novos indícios de irregularidades graves identifica-
ventiva da obra; dos em empreendimentos, contratos, convênios, etapas, parcelas
V - as providências adotadas pelo Tribunal de Contas da União ou subtrechos relativos a subtítulos constantes da Lei Orçamentária
quanto às irregularidades; de 2024, inclusive com as informações relativas às execuções física,
VI - o percentual de execução físico-financeira; orçamentária e financeira, acompanhadas das manifestações dos
VII - a estimativa do valor necessário à conclusão; órgãos e das entidades responsáveis pelas obras que permitam a
VIII - as manifestações prévias do órgão ou da entidade fiscali- análise da conveniência e oportunidade de bloqueio das execuções
zada aos quais tenham sido atribuídas as supostas irregularidades e física, orçamentária e financeira.
as decisões correspondentes, monocráticas ou colegiadas, com os § 1º O Tribunal de Contas da União disponibilizará à Comissão
relatórios e os votos que as fundamentarem, quando houver; Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição acesso ao
IX - o conteúdo das alegações de defesa apresentadas e a sua seu sistema eletrônico de fiscalização de obras e serviços.
apreciação; e § 2º Os processos relativos a obras ou serviços que possam ser
X - as garantias de que trata o § 3º do art. 143, com a identifi- objeto de bloqueio na forma prevista nos art. 143 e art. 144 serão
cação do tipo e do valor. instruídos e apreciados prioritariamente pelo Tribunal de Contas da
§ 3º As unidades orçamentárias responsáveis por obras e servi- União, hipótese em que a decisão deverá indicar, de forma expres-
ços que constem, em dois ou mais exercícios, do anexo a que se re- sa, se as irregularidades inicialmente apontadas foram confirmadas
fere o § 2º do art. 9º desta Lei, deverão informar à Comissão Mista e se o empreendimento questionado poderá ter continuidade sem
a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição, no prazo de trinta risco de prejuízos significativos ao erário, no prazo de quatro meses,
dias após o encaminhamento do Projeto de Lei Orçamentária de contado da data da comunicação prevista no caput.
2024, as medidas adotadas para sanar as irregularidades apontadas § 3º A decisão mencionada no § 2º deverá relacionar todas as
em decisão do Tribunal de Contas da União da qual não caiba mais medidas a serem adotadas pelos responsáveis, com vistas ao sane-
recurso perante aquela Corte. amento das irregularidades graves.
§ 4º Para fins do disposto no § 6º do art. 148, o Tribunal de § 4º Após a manifestação do órgão ou da entidade responsável
Contas da União encaminhará informações das quais constará pro- quanto à adoção das medidas corretivas, o Tribunal de Contas da
nunciamento conclusivo quanto a irregularidades graves que não se União deverá se pronunciar sobre o cumprimento efetivo da deci-
confirmaram ou a seu saneamento. são de que trata o § 2º, no prazo de três meses, contado da data da
§ 5º Sempre que a informação encaminhada pelo Tribunal de entrega da referida manifestação.
Contas da União, na forma prevista no caput, implicar reforma de § 5º Na impossibilidade de cumprimento dos prazos previstos
deliberação anterior, deverão ser evidenciadas a decisão reformada nos § 2º e § 4º, o Tribunal de Contas da União deverá apresentar
e a decisão reformadora correspondente. justificativas ao Congresso Nacional.

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FINANÇAS PÚBLICAS

§ 6º Após a publicação da Lei Orçamentária de 2024, o blo- ma;


queio e o desbloqueio da execução física, orçamentária e financeira XIII - Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em
na forma prevista neste Capítulo ocorrerão por meio de decreto le- Saúde - Siops;
gislativo baseado em deliberação da Comissão Mista a que se refere XIV - Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em
o § 1º do art. 166 da Constituição, à qual compete divulgar, em sítio Educação - Siope;
eletrônico, a relação atualizada dos subtítulos de que trata o caput. XV - Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Públi-
§ 7º O Tribunal de Contas da União encaminhará, até 15 de co Brasileiro - Siconfi;
maio de 2024, à Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 XVI - sistemas de informação e banco de dados utilizados pelo
da Constituição o relatório com as medidas saneadoras adotadas e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-
as pendências relativas a obras e serviços com indícios de irregula- xeira - INEP;
ridades graves. XVII - sistema utilizado pela Secretaria de Regime Próprio e
§ 8º A decisão pela paralisação ou continuidade de obras ou Complementar do Ministério da Previdência Social para elaboração
serviços com indícios de irregularidades graves, na forma prevista da avaliação atuarial do Regime Próprio de Previdência Social dos
no § 2º do art. 147 e no caput e no § 4º deste artigo, ocorrerá sem servidores civis;
prejuízo da continuidade das ações de fiscalização e da apuração de XVIII - Sistema Integrado de Administração de Recursos Huma-
responsabilidades dos gestores que lhes deram causa. nos - Siape;
§ 9º O disposto no § 2º do art. 147 aplica-se às deliberações de XIX - Sistema Único de Benefícios - Siube;
que trata este artigo. XX - Sistema Integrado de Tratamento Estatístico de Séries Es-
§ 10. O Tribunal de Contas da União remeterá ao Congresso tratégicas - Sintese;
Nacional, no prazo de trinta dias, contado da data do despacho ou XXI - Sistema de Informações dos Regimes Públicos de Previ-
do acórdão que adotar ou referendar medida cautelar fundamen- dência - Cadprev;
tada no art. 276 do Regimento Interno daquele Tribunal, cópia da XXII - Sistema Informatizado de Controle de Óbitos - Sisobi;
decisão relativa à suspensão de execução de obra ou serviço de XXIII - Sistema Nacional de Informações de Registros Civis - Sirc;
engenharia, acompanhada da oitiva do órgão ou da entidade res- XXIV - Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS;
ponsável. XXV - Sistema Integrado de Gestão Patrimonial - Siads;
Art. 149. O Tribunal de Contas da União enviará à Comissão XXVI - Cadastro Integrado de Projetos de Investimentos do Go-
Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição, no prazo de verno Federal - CIPI;
trinta dias após o encaminhamento do Projeto de Lei Orçamentária XXVII - Portal Nacional de Contratações Públicas - PNCP;
de 2024, quadro-resumo relativo à qualidade da implementação e XXVIII - Sistema de Monitoramento de Obras do Ministério da
ao alcance de metas e dos objetivos dos programas e das ações Saúde - SISMOB;
governamentais objeto de auditorias operacionais realizadas para XXIX - Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Con-
subsidiar a discussão do Projeto de Lei Orçamentária de 2024. trole do Ministério da Educação - SIMEC;
Art. 150. Com vistas à apreciação do Projeto de Lei Orçamen- XXX - Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, man-
tária de 2024 e ao acompanhamento e à fiscalização orçamentária tido pelo Ministério da Integração Nacional - S2iD;
a que se referem o art. 70 e o inciso II do § 1º do art. 166 da Cons- XXXI - Sistema de Gerenciamento de Tarefas, do Instituto Na-
tituição, será assegurado aos membros e aos órgãos competentes cional de Seguridade Social - GET;
dos Poderes da União, inclusive ao Tribunal de Contas da União, ao XXXII - Cadastro Único, inclusive microdados - CECAD; e
Ministério Público Federal e à Controladoria-Geral da União, o aces- XXXIII - Estudos Técnicos Preliminares - ETP Digital.
so irrestrito, para consulta, aos seguintes sistemas ou informações, § 1º Os cidadãos e as entidades sem fins lucrativos, credencia-
e o recebimento de seus dados, em meio digital: dos de acordo com os requisitos estabelecidos pelos órgãos gesto-
I - Sistema Integrado de Administração Financeira - Siafi; res dos sistemas, poderão ser habilitados para consulta aos siste-
II - Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento - Siop; mas e cadastros de que trata este artigo.
III - Sistema de Análise Gerencial da Arrecadação, inclusive às § 2º Para fins de elaboração de avaliação atuarial do Regi-
estatísticas de dados agregados relativos às informações constantes me Próprio de Previdência Social dos servidores civis da União, a
das declarações de imposto sobre a renda das pessoas físicas e jurí- Câmara dos Deputados, o Senado Federal e o Tribunal de Contas
dicas, respeitado o sigilo fiscal do contribuinte; da União, no exercício do controle externo, poderão solicitar aos
IV - Sistema de Informação das Estatais; demais órgãos e Poderes da União e às suas entidades vinculadas
V - Siasg, inclusive ao Portal de Compras do Governo Federal - informações cadastrais, funcionais e financeiras relativas a servido-
Compras.gov.br; res, inativos e pensionistas.
VI - Sistema de Informações Gerenciais de Arrecadação - Infor- Art. 151. Em cumprimento ao disposto no caput do art. 70 da
mar; Constituição, o acesso irrestrito e gratuito a que se refere o art. 150
VII - cadastro das entidades qualificadas como Oscip, mantido desta Lei será igualmente assegurado:
pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública; I - aos membros do Congresso Nacional, aos servidores indica-
VIII - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ; dos por membros do Congresso Nacional, bem como aos servido-
IX - Sistema de Informação e Apoio à Tomada de Decisão do res lotados nas Consultorias de Orçamentos e Legislativa da Câmara
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT; dos Deputados e do Senado Federal e na Instituição Fiscal Indepen-
X - Portal sobre transferências e parcerias da União - Transfe- dente, para consulta aos sistemas ou às informações a que se refe-
regov.br; rem os incisos II e IV do caput do art. 150 e ao Laboratório de Infor-
XI - Sistema de Acompanhamento de Contratos do DNIT; mações de Controle - LabContas nos maiores níveis de amplitude,
XII - CNEA do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Cli- abrangência e detalhamento existentes, e por iniciativa própria, a

240
FINANÇAS PÚBLICAS

qualquer tempo, aos demais sistemas e cadastros; e SEÇÃO I


II - aos órgãos de tecnologia da informação da Câmara dos De- DA PUBLICIDADE NA ELABORAÇÃO, NA APROVAÇÃO E NA
putados e do Senado Federal, e a disponibilização, em meio eletrô- EXECUÇÃO DOS ORÇAMENTOS
nico, das bases de dados dos sistemas a que se refere o art. 150,
ressalvados os dados e as informações protegidos por sigilo legal, Art. 157. A elaboração e a aprovação dos Projetos de Lei Orça-
em formato e periodicidade a serem estabelecidos em conjunto mentária de 2024 e dos créditos adicionais, e a execução das res-
com o órgão competente do Poder Executivo federal. pectivas leis, deverão ser realizadas de acordo com os princípios
da publicidade e da clareza, além de promover a transparência da
CAPÍTULO XI gestão fiscal e permitir o amplo acesso da sociedade a todas as in-
DA TRANSPARÊNCIA formações relativas a cada uma dessas etapas.
§ 1º Serão divulgados em sítios eletrônicos:
Art. 152. Os órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciá- I - pelo Poder Executivo federal:
rio, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União a) as estimativas das receitas de que trata o § 3º do art. 12 da
divulgarão e manterão atualizada, no sítio eletrônico do órgão con- Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal;
cedente, relação das entidades privadas beneficiadas na forma pre- b) o Projeto de Lei Orçamentária de 2024, inclusive em versão
vista nos art. 86 ao art. 91, com, no mínimo: simplificada, os seus anexos e as informações complementares;
I - nome e número de inscrição no CNPJ; c) a Lei Orçamentária de 2024 e os seus anexos;
II - nome, função e número de inscrição no CPF dos dirigentes; d) os créditos adicionais e os seus anexos;
III - área de atuação; e) até o vigésimo dia de cada mês, o relatório com a compa-
IV - endereço da sede; ração da arrecadação mensal, realizada até o mês anterior, das
V - data, objeto, valor e número do convênio ou instrumento receitas administradas ou acompanhadas pela Secretaria Especial
congênere; da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda, líquida de
VI - órgão transferidor; restituições e incentivos fiscais, com as estimativas mensais cons-
VII - valores transferidos e datas de transferência; tantes do demonstrativo de que trata o inciso X do Anexo II e com
VIII - edital do chamamento e instrumento firmado; e as eventuais reestimativas realizadas por força de lei;
IX - forma de seleção da entidade. f) até o vigésimo quinto dia de cada mês, o relatório com a
Art. 153. Os órgãos orçamentários manterão atualizados em comparação da receita realizada, mensal e acumulada, com a pre-
seu sítio eletrônico a relação dos contratados, com os valores pagos vista na Lei Orçamentária de 2024 e no cronograma de arrecadação,
nos últimos três anos, e a íntegra dos contratos, convênios e termos e com a discriminação das parcelas primária e financeira;
ou instrumentos congêneres vigentes, exceto os sigilosos, na forma g) até o sexagésimo dia após a data de publicação da Lei Orça-
prevista na legislação pertinente. mentária de 2024, o cadastro de ações com, no mínimo, o código,
Parágrafo único. Serão também divulgadas as informações rela- o título e a descrição de cada uma das ações constantes dos Orça-
tivas às alterações contratuais e penalidades. mentos Fiscal e da Seguridade Social, que poderão ser atualizados,
Art. 154. Os instrumentos de contratação de serviços de tercei- quando necessário, observado o disposto nas alíneas “e” e “f” do
ros deverão prever o fornecimento pela empresa contratada de in- inciso III do § 1º do art. 52, desde que as alterações não ampliem
formações com nome completo, número de inscrição no CPF, cargo ou restrinjam a finalidade da ação, consubstanciada no seu título
ou atividade exercida, lotação e local de exercício dos empregados constante da referida Lei;
na contratante, para fins de divulgação em sítio eletrônico. h) até o trigésimo dia após o encerramento de cada bimestre,
Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da administração os demonstrativos relativos a empréstimos e financiamentos, inclu-
pública federal deverão divulgar e atualizar quadrimestralmente as sive a fundo perdido, consolidados por agência de fomento, elabo-
informações a que se refere o caput. rados de acordo com as informações e os critérios constantes do §
Art. 155. A divulgação das informações de que tratam os art. 2º do art. 130;
152 e art. 154 deverá ocultar os três primeiros dígitos e os dois dígi- i) até 30 de abril de cada exercício, o relatório anual, referen-
tos verificadores do número de inscrição no CPF. te ao exercício anterior, de impacto dos programas destinados ao
Art. 156. Os sítios eletrônicos de consulta a remuneração, sub- combate das desigualdades;
sídio, provento e pensão recebidos por membros de Poder e ocu- j) o demonstrativo, atualizado mensalmente, de contratos,
pantes de cargo, posto, graduação, função e emprego público, ati- convênios, contratos de repasse ou termos de parceria referentes
vos e inativos, e por pensionistas, disponibilizados pelos Poderes a projetos, com a discriminação das classificações funcional e por
Executivo, Legislativo e Judiciário, pelo Ministério Público da União programas, da unidade orçamentária, da contratada ou do conve-
e pela Defensoria Pública da União, possibilitarão a consulta direta nente, do objeto e dos prazos de execução, dos valores e das datas
da relação nominal dos beneficiários e dos valores recebidos, além das liberações de recursos efetuadas e a efetuar;
de permitir a gravação de relatórios de planilhas, em formatos aber- k) a posição, atualizada mensalmente, dos limites para empe-
tos e não proprietários, com a integralidade das informações dispo- nho e movimentação financeira por órgão do Poder Executivo fe-
nibilizadas na consulta. deral;
Parágrafo único. Deverão também ser disponibilizadas as in- l) o demonstrativo mensal com a indicação da arrecadação, no
formações relativas ao recebimento de vantagens, gratificações ou mês e acumulada no exercício, separadamente, relativa a depósitos
outras parcelas de natureza remuneratória, compensatória ou in- judiciais e a parcelamentos amparados por programas de recupera-
denizatória. ção fiscal da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Mi-
nistério da Fazenda, os montantes dessa arrecadação classificados
por tributo, os valores, por tributo partilhado, entregues aos Esta-

241
FINANÇAS PÚBLICAS

dos, ao Distrito Federal e aos Municípios, relativamente a parcelas equivalente responsável pelas contas, integrantes das tomadas ou
não classificadas, e os valores, por tributo partilhado, entregues aos das prestações de contas, no prazo de trinta dias após a data de
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios em caráter definitivo; encaminhamento ao referido Tribunal.
m) o demonstrativo bimestral das transferências voluntárias § 2º Para fins de atendimento ao disposto na alínea “g” do inci-
realizadas, por ente federativo beneficiado; so I do § 1º, a Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da
n) o demonstrativo do fluxo financeiro do regime próprio de Constituição deverá encaminhar planilha eletrônica ao Poder Exe-
previdência dos servidores públicos federais, com a discriminação cutivo federal, no prazo de quarenta e cinco dias após a data de pu-
das despesas por categoria de beneficiário e das receitas por na- blicação da Lei Orçamentária de 2024, com as informações relativas
tureza; às ações que tenham sido incluídas no Congresso Nacional.
o) até o vigésimo dia de cada mês, a arrecadação mensal, reali- § 3º O não encaminhamento das informações de que trata o §
zada até o mês anterior, das contribuições a que se refere o art. 149 2º implicará a divulgação somente do cadastro das ações constan-
da Constituição, destinadas aos serviços sociais autônomos e a sua tes do Projeto de Lei Orçamentária de 2024.
destinação por entidade beneficiária; Art. 158. Para fins de realização da audiência pública prevista
p) o demonstrativo dos investimentos públicos em educação, no § 4º do art. 9º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de
considerada a definição utilizada no Plano Nacional de Educação, Responsabilidade Fiscal, o Poder Executivo federal encaminhará ao
com a sua proporção em relação ao PIB, detalhado por níveis de Congresso Nacional, até três dias antes da referida audiência ou até
ensino e com dados consolidados da União, dos Estados, do Distrito o último dia dos meses de maio, setembro e fevereiro, o que ocor-
Federal e dos Municípios; rer primeiro, relatórios de avaliação do cumprimento da meta de
q) as informações do Fundo Nacional de Saúde sobre repasses resultado primário e da trajetória da dívida pública federal, com as
efetuados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, com a justificativas de eventuais desvios e a indicação das medidas corre-
discriminação das subfunções, dos programas, das ações orçamen- tivas adotadas.
tárias e, quando houver, dos planos orçamentários; § 1º Os relatórios previstos no caput conterão também:
r) até 30 de abril, os relatórios anuais referentes ao exercício I - os parâmetros constantes do inciso XV do Anexo II, espera-
anterior, relativos à participação no orçamento das Agendas Trans- dos e efetivamente observados, para o quadrimestre e para o ano;
versais e Multissetoriais selecionadas, contemplando no mínimo II - o estoque e serviço da dívida pública federal, comparando o
a participação da mulher nas despesas do orçamento e a Agenda resultado do final de cada quadrimestre com o do início do exercício
Transversal e Multissetorial da Igualdade Racial e da Primeira In- e o do final do quadrimestre anterior; e
fância; III - o resultado primário obtido até o quadrimestre, comparan-
s) até 30 de abril, o relatório anual de impacto dos programas do com o programado e discriminando, em milhões de reais, recei-
destinados à prevenção da violência contra crianças e adolescentes tas e despesas, obrigatórias e discricionárias, no mesmo formato da
referente ao exercício anterior; e previsão atualizada para todo o exercício.
t) (VETADO); § 2º O relatório referente ao terceiro quadrimestre de 2024
II - pela Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da conterá, adicionalmente, demonstrativo do montante das despesas
Constituição: primárias pagas pelos órgãos naquele exercício, incluídos os restos
a) a relação atualizada dos contratos e convênios nos quais te- a pagar pagos e demais operações que afetam o resultado primário,
nham sido identificados indícios de irregularidades graves; com o comparativo entre esse demonstrativo e os limites estabele-
b) o relatório e o parecer preliminar, os relatórios setoriais e cidos na Lei Complementar nº 200, de 30 de agosto de 2023.
final e o parecer final da Comissão, as emendas de cada fase e os § 3º O demonstrativo a que se refere o § 2º será encaminhado,
pareceres e o autógrafo respectivos, relativos ao Projeto de Lei Or- nos prazos previstos no caput, aos órgãos a que se referem os inci-
çamentária de 2024; sos II a V do caput do art. 3º da Lei Complementar nº 200, de 30 de
c) o relatório e o parecer preliminar, o relatório e o parecer final agosto de 2023.
da Comissão, as emendas de cada fase e os pareceres e o autógrafo § 4º A Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da
respectivos, relativos ao projeto desta Lei; Constituição poderá, por solicitação do Poder Executivo federal ou
d) o relatório e o parecer da Comissão, as emendas e os pare- iniciativa própria, adiar as datas de realização da audiência prevista
ceres e os autógrafos respectivos, relativos aos projetos de lei e às no caput.
medidas provisórias sobre créditos adicionais;
e) a relação das emendas aprovadas ao Projeto de Lei Orça- SEÇÃO II
mentária de 2024, com a identificação, em cada emenda, do tipo DISPOSIÇÕES GERAIS
de autor, do número e do ano da emenda, do autor e do respectivo
código, da classificação funcional e programática, do subtítulo e da Art. 159. A empresa destinatária de recursos, na forma prevista
dotação aprovada pelo Congresso Nacional; e na alínea “a” do inciso III do § 1º do art. 6º desta Lei, deverá divul-
f) até o trigésimo dia após a data de publicação da Lei Orça- gar, mensalmente, em sítio eletrônico, as informações relativas à
mentária de 2024, a relação dos precatórios constantes das progra- execução das despesas do Orçamento de Investimento, com a dis-
mações da Lei Orçamentária; e criminação dos valores autorizados e executados, mensal e anual-
III - pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, pelo Minis- mente.
tério Público da União e pela Defensoria Pública da União, no sítio Art. 160. As entidades constituídas sob a forma de serviço social
eletrônico de cada unidade jurisdicionada ao Tribunal de Contas da autônomo e destinatárias de contribuições dos empregadores inci-
União, o relatório de gestão, o relatório e o certificado de auditoria, dentes sobre a folha de salários deverão divulgar, trimestralmente,
o parecer do órgão de controle interno e o pronunciamento do Mi- nos respectivos sítios eletrônicos, em local de fácil visualização:
nistro de Estado supervisor, ou da autoridade de nível hierárquico I - os valores arrecadados com as referidas contribuições, a es-

242
FINANÇAS PÚBLICAS

pecificação do montante transferido pela União e do arrecadado do caput do art. 49 da Constituição, julgará as contas de 2024 a
diretamente pelas entidades; serem prestadas pelo Presidente da República e apreciará os relató-
II - as demonstrações contábeis; rios de 2024 sobre a execução dos planos de governo até o encerra-
III - a especificação de cada receita e de cada despesa cons- mento da sessão legislativa de 2024.
tantes dos orçamentos, discriminadas por natureza, finalidade e Art. 167. A União manterá cadastro informatizado para consul-
região, com destaque para a parcela destinada a serviços sociais e ta, com acesso público, das obras e dos serviços de engenharia no
formação profissional; e âmbito dos orçamentos de que tratam os incisos I e III do § 5º do
IV - a estrutura remuneratória dos cargos e das funções e a art. 165 da Constituição, que conterá, no mínimo:
relação dos nomes de seus dirigentes e dos demais membros do I - identificação do objeto, acompanhado de seu programa de
corpo técnico. trabalho e de seu georreferenciamento;
§ 1º As entidades a que se refere o caput divulgarão também II - custo global estimado referido à sua data-base; e
em seus sítios eletrônicos: III - data de início e execução física e financeira.
I - seus orçamentos para o ano de 2024; Parágrafo único. Ato do Poder Executivo federal poderá defi-
II - demonstrativos de alcance de seus objetivos legais e estatu- nir outros atributos para compor o cadastro, a estrutura e o pra-
tários e de cumprimento das respectivas metas; zo de envio de dados por parte dos órgãos e das entidades com
III - resultados dos trabalhos de auditorias independentes so- sistemas próprios de gestão de obras e serviços, além de critérios
bre suas demonstrações contábeis; e específicos, para fins de obrigatoriedade de inclusão no cadastro,
IV - demonstrativo consolidado dos resultados dos trabalhos de que considerem, em especial, o custo global, a área de governo e a
suas unidades de auditoria interna e de ouvidoria. relevância da obra ou do serviço.
§ 2º Os sítios eletrônicos a que se refere o caput permitirão
a gravação de relatórios de planilhas, em formatos abertos e não CAPÍTULO XII
proprietários, com a integralidade das informações disponibilizadas DISPOSIÇÕES FINAIS
para consulta.
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se aos conselhos de fiscali- Art. 168. A execução da Lei Orçamentária de 2024 e dos crédi-
zação de profissão regulamentada. tos adicionais obedecerá aos princípios constitucionais da legalida-
Art. 161. As instituições de que trata o caput do art. 102 deve- de, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiên-
rão disponibilizar, em seus sítios eletrônicos, informações relativas cia na administração pública federal, e não poderá ser utilizada para
à execução física e financeira, inclusive a identificação dos benefici- influenciar na apreciação de proposições legislativas em tramitação
ários de pagamentos à conta de cada convênio ou instrumento con- no Congresso Nacional.
gênere, acompanhadas dos números de registro no Transferegov. Art. 169. Em atendimento ao disposto no inciso I do caput do
br e no Siafi, observadas as normas de padronização estabelecidas art. 57 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e no art. 105 da
pelo Poder Executivo federal. Lei nº 14.133, de 2021, para demonstrar a compatibilidade com as
Art. 162. Os órgãos da esfera federal a que se refere o art. 20 da metas estabelecidas no Plano Plurianual, poderá ser considerada a
Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal adequação dos objetos das contratações aos objetivos expressos no
disponibilizarão, por meio do Siconfi, os relatórios de gestão fiscal, Projeto de Lei do Plano Plurianual 2024-2027 ou na respectiva Lei.
no prazo de trinta dias após o encerramento de cada quadrimestre. Art. 170. A despesa não poderá ser realizada se não houver
Art. 163. O Poder Executivo federal informará ao Congresso Na- comprovada e suficiente disponibilidade de dotação orçamentária
cional sobre os empréstimos feitos pelo Tesouro Nacional a banco para atendê-la, vedada a adoção de qualquer procedimento que
oficial federal na forma prevista na alínea “e” do inciso V do Anexo viabilize a sua realização sem observar a referida disponibilidade.
II. § 1º A contabilidade registrará todos os atos e fatos relativos à
Art. 164. O Poder Executivo federal adotará medidas com vistas gestão orçamentária, financeira e patrimonial, independentemente
a: de sua legalidade, sem prejuízo das responsabilidades e das demais
I - elaborar metodologia de acompanhamento e avaliação dos consequências advindas da inobservância ao disposto no caput.
benefícios tributários, financeiros e creditícios, além de cronogra- § 2º A realização de atos de gestão orçamentária e financei-
ma e periodicidade das avaliações, com base em indicadores de efi- ra, no âmbito do Siafi, após 31 de dezembro de 2024, relativos ao
ciência, eficácia e efetividade; exercício encerrado, não será permitida, exceto quanto aos proce-
II - designar os órgãos responsáveis pela supervisão, pelo dimentos relacionados à inscrição dos restos a pagar, os quais deve-
acompanhamento e pela avaliação dos resultados alcançados pelos rão ser efetuados até o trigésimo dia de seu encerramento, na for-
benefícios tributários, financeiros e creditícios; e ma prevista pelo órgão central do Sistema de Contabilidade Federal.
III - elaborar metodologia de acompanhamento dos programas § 3º Com vistas a atender o prazo máximo estabelecido no § 2º,
e das ações destinados às mulheres com vistas à apuração e à di- o órgão central do Sistema de Contabilidade Federal poderá definir
vulgação de relatório sobre a participação da mulher nas despesas prazos menores para ajustes a serem efetuados por órgãos e enti-
do orçamento. dades da administração pública federal.
Art. 165. O relatório resumido de execução orçamentária a que § 4º Para assegurar o conhecimento da composição patrimonial
se refere o § 3º do art. 165 da Constituição conterá demonstrativo a que se refere o art. 85 da Lei nº 4.320, de 1964, a contabilidade:
da disponibilidade da União por fontes de recursos agregadas, com I - reconhecerá o ativo referente aos créditos tributários e não
indicação do saldo inicial de 2024, da arrecadação, da despesa exe- tributários a receber; e
cutada no objeto da vinculação, do cancelamento de restos a pagar II - segregará os restos a pagar não processados em exigíveis e
e do saldo atual. não exigíveis.
Art. 166. O Congresso Nacional, na forma prevista no inciso IX § 5º Integrarão as demonstrações contábeis consolidadas dos

243
FINANÇAS PÚBLICAS

Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União somente os ór- I - os custos da remuneração das disponibilidades do Tesouro
gãos e as entidades cuja execução orçamentária e financeira, da Nacional;
receita e da despesa, seja registrada na modalidade total no Siafi, II - os custos de manutenção das reservas cambiais, com de-
conforme estabelecido no caput do art. 6º. monstração da composição das reservas internacionais com a me-
§ 6º (VETADO). todologia de cálculo de sua rentabilidade e do custo de captação; e
§ 7º (VETADO). III - a rentabilidade de sua carteira de títulos, com destaque
§ 8º Fica autorizado o aporte de recursos adicionais, inclusive para aqueles emitidos pela União.
por meio de emendas, com a finalidade de viabilizar a conclusão de Parágrafo único. As informações de que trata o caput constarão
obras ou serviços de engenharia paralisados há mais de um ano, também de relatório a ser encaminhado ao Congresso Nacional, no
que tiveram seus orçamentos defasados, ainda que os recursos ini- mínimo, até dez dias antes da reunião conjunta prevista no § 5º do
cialmente acordados tenham sido totalmente transferidos. art. 9º da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabili-
Art. 171. Ficam prorrogados, em caráter excepcional, até 31 de dade Fiscal.
dezembro de 2024, os convênios ou contratos de repasse celebra- Art. 176. A avaliação de que trata o § 5º do art. 9º da Lei Com-
dos pela Fundação Nacional de Saúde, vencidos ou a vencer no ano plementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, será
de 2023. efetuada com fundamento no anexo específico sobre os objetivos
Art. 172. Os restos a pagar não processados inscritos a partir das políticas monetária, creditícia e cambial, nos parâmetros e nas
do exercício de 2019, vigentes no mês de novembro de 2023, e que projeções para os seus principais agregados e variáveis, e nas metas
se refiram a transferências realizadas pelos órgãos e entidades da de inflação estimadas para o exercício de 2024, na forma prevista
administração pública federal aos Estados, Distrito Federal e Mu- no § 4º do art. 4º daquela Lei Complementar, observado o disposto
nicípios ou a descentralizações de crédito realizadas entre órgãos e no inciso I do caput do art. 11 desta Lei.
entidades integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social Parágrafo único. A avaliação de que trata o caput incluirá a aná-
da União poderão ser liquidados até 31 de dezembro de 2024. lise e a justificativa da evolução das operações compromissadas do
Art. 173. Para fins do disposto no art. 16 da Lei Complementar Banco Central do Brasil no período.
nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal: Art. 177. O Poder Executivo federal, por intermédio do seu ór-
I - as exigências nele contidas integrarão: gão central do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal,
a) o processo licitatório, de que tratam o art. 38 da Lei nº 8.666, deverá atender, no prazo máximo de dez dias úteis, contado da data
de 1993, e o Capítulo I do Título II da Lei nº 14.133, de 2021; e de recebimento, às solicitações de informações encaminhadas pelo
b) os procedimentos de desapropriação de imóveis urbanos a Presidente da Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166
que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição; da Constituição, relativas a aspectos quantitativos e qualitativos de
II - no que se refere ao disposto no § 3º do art. 16 da Lei Com- qualquer categoria de programação ou item de receita, incluídos
plementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, enten- eventuais desvios em relação aos valores da proposta que venham
dem-se como despesas irrelevantes aquelas cujo valor não ultra- a ser identificados após o encaminhamento do Projeto de Lei Orça-
passe, para bens e serviços, os limites previstos nos incisos I e II do mentária de 2024.
caput do art. 75 da Lei nº 14.133, de 2021; Art. 178. Não serão considerados prorrogados os prazos previs-
III - no que se refere ao inciso I do § 1º do art. 16 da Lei Com- tos nesta Lei e na Lei Orçamentária de 2024 se o vencimento recair
plementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, na exe- sobre dia em que não houver expediente ou este for encerrado an-
cução das despesas na antevigência da Lei Orçamentária de 2024, o tes ou iniciado depois da hora normal.
ordenador de despesa poderá considerar os valores constantes do Art. 179. Ato do Poder Executivo federal poderá alterar a rela-
respectivo Projeto de Lei; e ção de que trata o Anexo III em razão de emenda à Constituição ou
IV - os valores e as metas constantes no Projeto de Lei Orça- lei que crie ou extinga obrigações para a União.
mentária de 2024 e no Projeto de Lei do Plano Plurianual 2024- § 1º O Poder Executivo federal poderá incluir outras despesas
2027 poderão ser utilizados, até a sanção da respectiva Lei, para na relação de que trata o caput, desde que demonstre que consti-
demonstrar a previsão orçamentária nos procedimentos referentes tuem obrigação constitucional ou legal da União.
à fase interna da licitação. § 2º As alterações referidas neste artigo serão publicadas no
Art. 174. Para fins do disposto no art. 42 da Lei Complementar Diário Oficial da União e a relação de que trata o Anexo III atualizada
nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, considera-se con- será incluída no relatório de que trata o § 4º do art. 71, relativo ao
traída a obrigação no momento da formalização do contrato admi- bimestre em que ocorrer a publicação.
nistrativo ou do instrumento congênere. Art. 180. A retificação dos autógrafos dos Projetos da Lei Or-
Parágrafo único. Na hipótese de contratos administrativos ou çamentária de 2024 e dos créditos adicionais, na hipótese de ser
instrumentos congêneres de caráter plurianual, incluindo a pres- comprovado erro no processamento das deliberações no âmbito do
tação de serviços existentes e destinados à manutenção da admi- Congresso Nacional, somente poderá ocorrer, por meio de mensa-
nistração pública federal, consideram-se compromissadas apenas gem ao Presidente da República:
as prestações cujos pagamentos devam ser realizados no exercício I - até o dia 17 de julho de 2024, no caso da Lei Orçamentária
financeiro, observado o cronograma pactuado. de 2024; ou
Art. 175. O impacto e o custo fiscal das operações realizadas II - até trinta dias após a data de sua publicação no Diário Ofi-
pelo Banco Central do Brasil na execução de suas políticas serão cial da União e dentro do exercício financeiro, no caso dos créditos
demonstrados nas notas explicativas dos balanços e dos balancetes adicionais.
trimestrais, para fins do disposto no § 2º do art. 7º da Lei Comple- § 1º Encerrados os prazos de que trata o caput, ou após o dia 22
mentar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, divulgados de dezembro de 2024, o que ocorrer primeiro, a retificação poderá
em sítio eletrônico, e conterão: será feita, dentro do exercício financeiro, por meio da abertura de

244
FINANÇAS PÚBLICAS

créditos suplementares ou especiais, observado o disposto nos art. *Prezado(a),


54 e art. 55, ou por intermédio das alterações admitidas no art. 52. A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, os anexos
§ 2º Caso as retificações previstas nos incisos I e II do caput dei- relativos ao Art. 186 desta lei será disponibilizado na Área do Aluno
xem as despesas executadas sem cobertura orçamentária ou com em nosso site. Essa área é reservada para a inclusão de materiais
dotação atual insuficiente, poderão ser adotados os procedimentos que complementam a apostila, sejam esses, legislações, documen-
previstos no § 2º do art. 72. tos oficiais ou textos relacionados a este material, e que, devido a
Art. 181. Os projetos e os autógrafos das leis de que trata o art. seu formato ou tamanho, não cabem na estrutura de nossas apos-
165 da Constituição, e de suas alterações, incluídas aquelas decor- tilas.
rentes do disposto no § 14 do art. 166 da Constituição, deverão ser, Visto a importância dos referidos anexos desta lei, lá você
reciprocamente, disponibilizados em meio eletrônico, inclusive em acompanha melhor quaisquer atualizações que surgirem depois da
bancos de dados, quando for o caso, na forma prevista por grupo publicação da apostila.
técnico integrado por representantes dos Poderes Legislativo e Exe- Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
cutivo. link a seguir:
§ 1º A integridade entre os projetos de lei de que trata o caput,
assim como aqueles decorrentes do disposto no § 14 do art. 166 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/
da Constituição, e os meios eletrônicos é de responsabilidade das lei/Anexo/LEI14791-Anexos.pdf
unidades correspondentes do Ministério do Planejamento e Orça-
mento. Bons estudos!
§ 2º A integridade entre os autógrafos referidos neste artigo,
assim como as informações decorrentes do disposto no § 14 do art.
166 da Constituição, e os meios eletrônicos é de responsabilidade
FEDERALISMO FISCAL NO BRASIL; LEI DE
do Congresso Nacional.
RESPONSABILIDADE FISCAL (LEI COMPLEMENTAR Nº
§ 3º O banco de dados com as indicações de remanejamen-
101/2000)
to de emendas individuais enviado pelo Poder Legislativo ao Poder
Executivo federal, em razão do disposto no § 14 do art. 166 da Cons- — Conceito
tituição, deverá conter a mesma estrutura do banco de dados das As Finanças Públicas de um país estão orientadas para a gestão
justificativas de impedimentos de ordem técnica. das operações relacionadas com a receita, a despesa, o orçamento
§ 4º O autógrafo de projetos de lei de créditos adicionais, in- e o crédito público. Dentre as suas preocupações principais estão a
cluídos os projetos de lei de conversão de medidas provisórias de obtenção, distribuição, utilização e o controle dos recursos finan-
abertura de créditos extraordinários, deverá ser encaminhado pelo ceiros do Estado2.
Poder Legislativo em formato previamente acordado com o Poder A arrecadação dos tributos decorre de uma manifestação do
Executivo federal ou, caso não haja formato acordado, em arquivo poder de império do Estado, impondo obrigações pecuniárias à
do tipo planilha eletrônica, com os dados estruturados em colunas. sociedade, retirando-lhes parte da riqueza produzida, com vista a
Art. 182. (VETADO). realizar a atividade financeira. A atividade financeira normalmente
Art. 183. Os municípios e as regiões turísticas que fazem parte é realizada a partir da obtenção de receitas, pela gestão dos pro-
do Mapa do Turismo Brasileiro deverão ser, preferencialmente, os dutos da arrecadação e pela efetivação dos dispêndios e despesas
beneficiários dos recursos públicos federais destinados ao desen- estatais.
volvimento do turismo. A atividade financeira consiste em obter, criar, gerir e despen-
Art. 184. (VETADO). der dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado
Art. 185. (VETADO). assumiu ou cometeu àqueloutras pessoas de direito público. Embo-
*Art. 186. Integram esta Lei: ra expressa em algarismos em dinheiro, a atividade financeira, do
I - Anexo I - Relação dos quadros orçamentários consolidados; ponto de vista econômico, desloca, do setor privado para o setor
II - Anexo II - Relação das informações complementares ao Pro- público, massa considerável de bens e serviços, retirando-os uns e
jeto de Lei Orçamentária de 2024; outros ao consumo e ao investimento dos particulares.
III - Anexo III - Despesas que não serão objeto de limitação de Assim, a atividade financeira é aquela marcada pela realização
empenho, nos termos do disposto no § 2º do art. 9º da Lei Comple- de uma receita ou pela administração do produto arrecadado ou
mentar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal; pela realização de um dispêndio ou investimento3.
IV - Anexo IV - Metas fiscais, constituídas por:
a) Anexo IV.1 - Metas fiscais anuais; e
b) Anexo IV.2 - Demonstrativo da margem de expansão das des-
pesas obrigatórias de caráter continuado;
V - Anexo V - Riscos fiscais;
VI - Anexo VI - Objetivos das políticas monetária, creditícia e
cambial; e
VII - (VETADO).
Art. 187. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 29 de dezembro de 2023; 202º da Independência e 2 http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/1599/50.Financas%20


135º da República. Publicas%20-%20SERVI%C3%87OS%20P%C3%9ABLICOS%20-%20IFMG.pdf
3 https://juniorcampos2.wordpress.com/2018/03/01/10949/

245
FINANÇAS PÚBLICAS

— Elementos centrais do escopo das Finanças Públicas cessidades públicas e não para armazená-los.

— Efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)


A Lei de Responsabilidade Fiscal - Lei Complementar nº 101,
de 4 de maio de 2000, tem como finalidade a regulamentação do
art.163 da Constituição Federal de 1988. Este artigo dita as condi-
ções das Finanças Públicas em relação à responsabilidade dos ges-
tores públicos na aplicação fiscal, em que estão envolvidos a União,
Estados, municípios e as entidades de administração indireta5.
O seu foco principal é a transferência dos processos, prevendo
os riscos e os desvios dos recursos públicos nas contas governamen-
tais. O déficit é outra preocupação que deve ser combatida nas apli-
cações das despesas de pessoal.
A redução do nível da dívida pública eleva os superávits primá-
rios, diminuindo indevidamente de restos a pagar, conseguindo o
máximo de dívida consolidada. A soma de gastos dos entes federa-
tivos é usada para o custeio de pessoal ativo e inativo.
http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/1599/50. As despesas não podem ultrapassar a porcentagem da receita
Financas%20Publicas%20-%20SERVI%C3%87OS%20P%C3%9ABLI- corrente líquida, sendo que a despesa total se dá com a soma do
COS%20-%20IFMG.pdf mês, mais 11 meses anteriores dentro do regime de competência.
As porcentagens estão assim distribuídas: 50% da União, 60%
A atividade financeira do Estado envolve quatro fenômenos es- dos Estados e 60% dos municípios. Existem certas despesas que não
tudados pelo direito financeiro: as receitas públicas, as despesas fazem parte da receita corrente, que são as indenizações das demis-
públicas, o orçamento público e o crédito público. Em suma, po- sões e os incentivos às demissões voluntárias.
de-se dizer que a satisfação de certas necessidades coletivas pú-
blicas, como a prestação de serviços públicos, implica a existência LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000
de gastos públicos, que só poderão ser satisfeitos a partir de uma
adequada obtenção de receitas4. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a respon-
As receitas e os gastos públicos serão geridos através da ela- sabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
boração de um meticuloso orçamento público e, se for o caso, o
Estado poderá obter empréstimos para custeio de suas atividades O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
ou para atingir o equilíbrio entre receitas e despesas. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

Assim, a atividade financeira do Estado é considerada como um CAPÍTULO I


meio para a realização do próprio fim do Estado, a partir da obten- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ção de receitas e da previsão ordenada de despesas. Diante disto,
conceitua-se o direito financeiro como o conjunto de regras e prin- Art. 1° Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças
cípios que estuda a atividade financeira do Estado, compreendida públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com am-
esta como receita, despesa, orçamento e créditos públicos. paro no Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 1°A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação pla-
— Características nejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem des-
Consideram-se como características da atividade financeira do vios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o
Estado: cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a
obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita,
• O sujeito ativo é sempre uma pessoa jurídica de direito pú- geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dí-
blico vidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
São pessoas jurídicas de direito público, a União, os Estados, os antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos
Municípios, o Distrito Federal e suas respectivas autarquias, excluí- a Pagar.
das as atividades desenvolvidas por pessoas de direito privado no § 2° As disposições desta Lei Complementar obrigam a União,
exercício de função ou serviço. os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 3° Nas referências:
• Trata-se de atividade de conteúdo econômico I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
No entanto, o conteúdo econômico refere-se somente à medi- estão compreendidos:
da em que se cuida do ingresso e da saída de recursos financeiros. a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os
Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;
• Não se trata de atividade fim b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias,
Não refere-se à atividade fim porque a mesma representa um fundações e empresas estatais dependentes;
meio de arrecadar recursos que serão aplicados para atender as ne- II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
4 https://www.portalestudandodireito.com.br/wp-content/uploads/2018/04/ 5 https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/206380/2/CST%20GP%20
PGE-SP-Direito-Financeiro-I-Material-Demonstrativo.pdf -%20Financas%20p%C3%BAblicas%20-%20MIOLO.pdf

246
FINANÇAS PÚBLICAS

III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da d) (VETADO)


União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos re-
Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município. sultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;
Art. 2° Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se f) demais condições e exigências para transferências de recur-
como: sos a entidades públicas e privadas;
I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal II - (VETADO)
e cada Município; III - (VETADO)
II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital so- § 1° Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Ane-
cial com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da xo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em
Federação; valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resul-
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que re- tados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exer-
ceba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de cício a que se referirem e para os dois seguintes.(Vide ADI 7064)
despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluí- § 2° O Anexo conterá, ainda:
dos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participa- I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano ante-
ção acionária; (Regulamento) rior;
IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e
de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de servi- metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos,
ços, transferências correntes e outras receitas também correntes, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evi-
deduzidos: denciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios política econômica nacional;
por determinação constitucional ou legal, e as contribuições men- III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três
cionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos
239 da Constituição; com a alienação de ativos;
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter- IV - avaliação da situação financeira e atuarial:
minação constitucional; a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servi-
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos dores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistên- b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natu-
cia social e as receitas provenientes da compensação financeira ci- reza atuarial;
tada no § 9º do art. 201 da Constituição. V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia
§ 1° Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de
valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no caráter continuado.
87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do VI – quadro demonstrativo do cálculo da meta do resultado pri-
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. mário de que trata o § 1º deste artigo, que evidencie os principais
§ 2° Não serão considerados na receita corrente líquida do agregados de receitas e despesas, os resultados, comparando-os
Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos com os valores programados para o exercício em curso e os realiza-
recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o dos nos 2 (dois) exercícios anteriores, e as estimativas para o exercí-
inciso V do § 1°do art. 19. cio a que se refere a lei de diretrizes orçamentárias e para os subse-
§ 3° A receita corrente líquida será apurada somando-se as quentes. (Incluído pela Lei Complementar nº 200, de 2023) Vigência
receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, § 3° A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos
excluídas as duplicidades. Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros ris-
cos capazes de afetar as contas públicas, informando as providên-
CAPÍTULO II cias a serem tomadas, caso se concretizem.
DO PLANEJAMENTO § 4° A mensagem que encaminhar o projeto da União apre-
sentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária,
SEÇÃO I creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para
DO PLANO PLURIANUAL seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação,
para o exercício subsequente.
Art. 3° (VETADO) § 5º No caso da União, o Anexo de Metas Fiscais do projeto de
lei de diretrizes orçamentárias conterá também: (Incluído pela Lei
SEÇÃO II Complementar nº 200, de 2023) Vigência
DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS I - as metas anuais para o exercício a que se referir e para os 3
(três) seguintes, com o objetivo de garantir sustentabilidade à tra-
Art. 4° A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no jetória da dívida pública; (Incluído pela Lei Complementar nº 200,
§ 2°do art. 165 da Constituição e: de 2023) Vigência
I - disporá também sobre: II – o marco fiscal de médio prazo, com projeções para os prin-
a) equilíbrio entre receitas e despesas; cipais agregados fiscais que compõem os cenários de referência,
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada distinguindo-se as despesas primárias das financeiras e as obriga-
nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. tórias daquelas discricionárias; (Incluído pela Lei Complementar nº
9° e no inciso II do § 1° do art. 31; 200, de 2023) Vigência
c) (VETADO)

247
FINANÇAS PÚBLICAS

III - o efeito esperado e a compatibilidade, no período de 10 dade imprecisa ou com dotação ilimitada.
(dez) anos, do cumprimento das metas de resultado primário sobre § 5° A lei orçamentária não consignará dotação para investi-
a trajetória de convergência da dívida pública, evidenciando o nível mento com duração superior a um exercício financeiro que não es-
de resultados fiscais consistentes com a estabilização da Dívida Bru- teja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclu-
ta do Governo Geral (DBGG) em relação ao Produto Interno Bruto são, conforme disposto no § 1°do art. 167 da Constituição.
(PIB); (Incluído pela Lei Complementar nº 200, de 2023) Vigência § 6° Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei
IV - os intervalos de tolerância para verificação do cumprimen- orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e
to das metas anuais de resultado primário, convertido em valores encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a
correntes, de menos 0,25 p.p. (vinte e cinco centésimos ponto per- benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.
centual) e de mais 0,25 p.p. (vinte e cinco centésimos ponto per- § 7° (VETADO)
centual) do PIB previsto no respectivo projeto de lei de diretrizes Art. 6° (VETADO)
orçamentárias; (Incluído pela Lei Complementar nº 200, de 2023) Art. 7° O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após
Vigência a constituição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesou-
V - os limites e os parâmetros orçamentários dos Poderes e ro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subsequente à
órgãos autônomos compatíveis com as disposições estabelecidas aprovação dos balanços semestrais.
na lei complementar prevista no inciso VIII do caput do art. 163 da § 1° O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro para
Constituição Federal e no art. 6º da Emenda Constitucional nº 126, com o Banco Central do Brasil e será consignado em dotação espe-
de 21 de dezembro de 2022; (Incluído pela Lei Complementar nº cífica no orçamento.
200, de 2023) Vigência § 2° O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo
VI – a estimativa do impacto fiscal, quando couber, das reco- Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos
mendações resultantes da avaliação das políticas públicas previstas termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União.
no § 16 do art. 37 da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Com- § 3° Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil con-
plementar nº 200, de 2023) Vigência terão notas explicativas sobre os custos da remuneração das dis-
§ 6º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas
adotar, total ou parcialmente, no que couber, o disposto no § 5º cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os
deste artigo. (Incluído pela Lei Complementar nº 200, de 2023) Vi- de emissão da União.
gência
§ 7º A lei de diretrizes orçamentárias não poderá dispor sobre SEÇÃO IV
a exclusão de quaisquer despesas primárias da apuração da meta DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E DO CUMPRIMENTO DAS
de resultado primário dos orçamentos fiscal e da seguridade social. METAS
(Incluído pela Lei Complementar nº 200, de 2023) Vigência
Art. 8° Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos
SEÇÃO III termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observa-
DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL do o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo es-
tabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução
Art. 5° O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma mensal de desembolso. (Vide Decreto nº 4.959, de 2004) (Vide
compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamen- Decreto nº 5.356, de 2005)
tárias e com as normas desta Lei Complementar: Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalida-
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da de específica serão utilizados exclusivamente para atender ao ob-
programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes jeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em
do documento de que trata o § 1°do art. 4o; que ocorrer o ingresso.
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6°do Art. 9° Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização
art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de re-
a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de sultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fis-
caráter continuado; cais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limita-
e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão ção de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao: fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
a) (VETADO) § 1°No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limita-
eventos fiscais imprevistos. dos dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
§ 1° Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou § 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam
contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orça- obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas desti-
mentária anual. nadas ao pagamento do serviço da dívida, as relativas à inovação e
§ 2° O refinanciamento da dívida pública constará separada- ao desenvolvimento científico e tecnológico custeadas por fundo
mente na lei orçamentária e nas de crédito adicional. criado para tal finalidade e as ressalvadas pela lei de diretrizes orça-
§ 3° A atualização monetária do principal da dívida mobiliária mentárias. (Redação dada pela Lei Complementar nº 177, de 2021)
refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços pre-
visto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.
§ 4° É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finali-

248
FINANÇAS PÚBLICAS

§ 3°No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministé- medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valo-
rio Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no res de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da
caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financei- evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobran-
ros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. ça administrativa.
(Vide ADI 2238)
§ 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Mi- SEÇÃO II
nistro ou Secretário de Estado da Fazenda demonstrará e avaliará o DA RENÚNCIA DE RECEITA
cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre e a trajetória
da dívida, em audiência pública na comissão referida no § 1º do art. Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de
166 da Constituição Federal ou conjunta com as comissões temá- natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar
ticas do Congresso Nacional ou equivalente nas Casas Legislativas acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro
estaduais e municipais. (Redação dada pela Lei Complementar nº no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,
200, de 2023) Vigência atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo me-
§ 5°No prazo de noventa dias após o encerramento de cada se- nos uma das seguintes condições: (Vide Medida Provisória nº
mestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta 2.159, de 2001) (Vide Lei nº 10.276, de 2001) (Vide ADI 6357)
das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avalia- I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi con-
ção do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, siderada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do
creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas
operações e os resultados demonstrados nos balanços. no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os II - estar acompanhada de medidas de compensação, no perí-
beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de odo mencionado no caput, por meio do aumento de receita, pro-
sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de veniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,
observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da majoração ou criação de tributo ou contribuição.
Constituição. § 1° A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito
presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração
CAPÍTULO III de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redu-
DA RECEITA PÚBLICA ção discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios
que correspondam a tratamento diferenciado.
SEÇÃO I § 2° Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou bene-
DA PREVISÃO E DA ARRECADAÇÃO fício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida
no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade as medidas referidas no mencionado inciso.
na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de to- § 3° O disposto neste artigo não se aplica:
dos os tributos da competência constitucional do ente da Federa- I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos in-
ção. cisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º;
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências volun- II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao
tárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se dos respectivos custos de cobrança.
refere aos impostos.
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técni- CAPÍTULO IV
cas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, DA DESPESA PÚBLICA
da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demons- SEÇÃO I
trativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os DA GERAÇÃO DA DESPESA
dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cál-
culo e premissas utilizadas. Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e le-
§ 1° Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só sivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de
será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
ou legal. Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação go-
§ 2° O montante previsto para as receitas de operações de cré- vernamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado
dito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes de: (Vide ADI 6357)
do projeto de lei orçamentária. (Vide ADI 2238) I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício
§ 3° O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;
demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem
do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentá- adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual
rias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício sub- e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
sequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias orçamentárias.
de cálculo. § 1°Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto
desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arre- de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por cré-
cadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das dito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma

249
FINANÇAS PÚBLICAS

espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, SEÇÃO II


não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; DAS DESPESAS COM PESSOAL
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orça-
mentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, SUBSEÇÃO I
prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja DEFINIÇÕES E LIMITES
qualquer de suas disposições.
§ 2°A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompa- Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se
nhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas. como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente
§ 3°Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos
irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamen- a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e
tárias. de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais
§ 4°As normas do caput constituem condição prévia para: como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proven-
I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou tos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gra-
execução de obras; tificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza,
II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3°do bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às
art. 182 da Constituição. entidades de previdência.
§ 1° Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra
Subseção I que se referem à substituição de servidores e empregados públicos
Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”.
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a des- realizada no mês em referência com as dos 11 (onze) imediatamen-
pesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administra- te anteriores, adotando-se o regime de competência, independen-
tivo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua exe- temente de empenho. (Redação dada pela Lei Complementar nº
cução por um período superior a dois exercícios. (Vide ADI 6357) 178, de 2021)
§ 1° Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata § 3º Para a apuração da despesa total com pessoal, será obser-
o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso vada a remuneração bruta do servidor, sem qualquer dedução ou
I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. retenção, ressalvada a redução para atendimento ao disposto no
(Vide Lei Complementar nº 176, de 2020) art. 37, inciso XI, da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Com-
§ 2° Para efeito do atendimento do § 1°, o ato será acompa- plementar nº 178, de 2021)
nhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Consti-
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido tuição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração
no § 1°do art. 4°, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais
seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita da receita corrente líquida, a seguir discriminados:
ou pela redução permanente de despesa. (Vide Lei Complementar I - União: 50% (cinquenta por cento);
nº 176, de 2020) II - Estados: 60% (sessenta por cento);
§ 3° Para efeito do § 2°, considera-se aumento permanente de III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base § 1°Na verificação do atendimento dos limites definidos neste
de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. (Vide artigo, não serão computadas as despesas:
Lei Complementar nº 176, de 2020) I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
§ 4° A comprovação referida no § 2°, apresentada pelo propo- II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
nente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6°do art.
sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as de- 57 da Constituição;
mais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentá- IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de perío-
rias. (Vide Lei Complementar nº 176, de 2020) do anterior ao da apuração a que se refere o § 2°do art. 18;
§ 5° A despesa de que trata este artigo não será executada V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e
antes da implementação das medidas referidas no § 2°, as quais Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma
integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. (Vide Lei Com- dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emen-
plementar nº 176, de 2020) da Constitucional no 19;
§ 6° O disposto no § 1° não se aplica às despesas destinadas ao VI - com inativos e pensionistas, ainda que pagas por inter-
serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pesso- médio de unidade gestora única ou fundo previsto no art. 249 da
al de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. Constituição Federal, quanto à parcela custeada por recursos pro-
§ 7° Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela venientes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
criada por prazo determinado. a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
b) da compensação financeira de que trata o § 9°do art. 201 da
Constituição;

250
FINANÇAS PÚBLICAS

c) de transferências destinadas a promover o equilíbrio atuarial § 3° Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciá-
do regime de previdência, na forma definida pelo órgão do Poder rio, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constitui-
Executivo federal responsável pela orientação, pela supervisão e ção, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.
pelo acompanhamento dos regimes próprios de previdência social § 4° Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municí-
dos servidores públicos. (Redação dada pela Lei Complementar nº pios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput
178, de 2021) serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro
§ 2° Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas décimos por cento).
com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no § 5° Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega
limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pes-
§ 3º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste soal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percen-
artigo, é vedada a dedução da parcela custeada com recursos apor- tuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes
tados para a cobertura do déficit financeiro dos regimes de previ- orçamentárias.
dência. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021) § 6° (VETADO)
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá § 7º Os Poderes e órgãos referidos neste artigo deverão apu-
exceder os seguintes percentuais: rar, de forma segregada para aplicação dos limites de que trata este
I - na esfera federal: artigo, a integralidade das despesas com pessoal dos respectivos
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legisla- servidores inativos e pensionistas, mesmo que o custeio dessas des-
tivo, incluído o Tribunal de Contas da União; pesas esteja a cargo de outro Poder ou órgão. (Incluído pela Lei
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; Complementar nº 178, de 2021)
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para
o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas SUBSEÇÃO II
com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do DO CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL
art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19,
repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas Art. 21. É nulo de pleno direito: (Redação dada pela Lei Com-
a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente plementar nº 173, de 2020)
líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente I - o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;(Vide Decreto atenda:
nº 3.917, de 2001) a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da disposto no inciso XIII do caput do art. 37 e no § 1º do art. 169 da
União; Constituição Federal; e (Incluído pela Lei Complementar nº 173,
II - na esfera estadual: de 2020)
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas
Contas do Estado; (Vide ADI 6533) com pessoal inativo; (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; (Vide ADI 6533) 2020)
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo; (Vide II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos
ADI 6533) 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados; de Poder ou órgão referido no art. 20; (Redação dada pela Lei Com-
(Vide ADI 6533) plementar nº 173, de 2020)
III - na esfera municipal: III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de preveja parcelas a serem implementadas em períodos posteriores
Contas do Município, quando houver; ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;
b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo. (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
§ 1° Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os li- IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Exe-
mites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à cutivo, por Presidente e demais membros da Mesa ou órgão deci-
média das despesas com pessoal, em percentual da receita corren- sório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de Tribunal
te líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da União e
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar. (Vide ADI dos Estados, de norma legal contendo plano de alteração, reajuste e
6533) reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição de ato, por
§ 2° Para efeito deste artigo entende-se como órgão: esses agentes, para nomeação de aprovados em concurso público,
I - o Ministério Público; quando: (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
II - no Poder Legislativo: a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento
a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União; e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular do Poder
b) Estadual, a Assembleia Legislativa e os Tribunais de Contas; Executivo; ou (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Con- b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja
tas do Distrito Federal; parcelas a serem implementadas em períodos posteriores ao final
d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do mandato do titular do Poder Executivo. (Incluído pela Lei Com-
do Município, quando houver; plementar nº 173, de 2020)
III - no Poder Judiciário: § 1º As restrições de que tratam os incisos II, III e IV: (Incluído
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição; pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver. I - devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondu-

251
FINANÇAS PÚBLICAS

ção ou reeleição para o cargo de titular do Poder ou órgão autôno- I – diminuição das transferências recebidas do Fundo de Parti-
mo; e (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) cipação dos Municípios decorrente de concessão de isenções tribu-
II - aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo tárias pela União; e (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de
dos Poderes referidos no art. 20. (Incluído pela Lei Complementar 2018) Produção de efeitos
nº 173, de 2020) II – diminuição das receitas recebidas de royalties e participa-
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos ções especiais. (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018)
de nomeação ou de provimento de cargo público aqueles referidos Produção de efeitos
no § 1º do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que, de qual- § 6º O disposto no § 5º deste artigo só se aplica caso a des-
quer modo, acarretem a criação ou o aumento de despesa obriga- pesa total com pessoal do quadrimestre vigente não ultrapasse o
tória. (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) limite percentual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, consi-
Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabeleci- derada, para este cálculo, a receita corrente líquida do quadrimes-
dos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre. tre correspondente do ano anterior atualizada monetariamente.
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) Produção de
(noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou ór- efeitos
gão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de SEÇÃO III
remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença ju- DAS DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL
dicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão
prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade so-
II - criação de cargo, emprego ou função; cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento fonte de custeio total, nos termos do § 5°do art. 195 da Constitui-
de despesa; ção, atendidas ainda as exigências do art. 17. (Vide ADI 6357)
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação § 1°É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumen-
de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de to de despesa decorrente de:
aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de ha-
saúde e segurança; bilitação prevista na legislação pertinente;
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no in- II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços pres-
ciso II do § 6°do art. 57 da Constituição e as situações previstas na tados;
lei de diretrizes orçamentárias. III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão re- preservar o seu valor real.
ferido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, § 2°O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de
sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual exce- saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos
dente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sen- servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.
do pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as
providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição. CAPÍTULO V
§ 1° No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS
objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e fun-
ções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. (Vide Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por
ADI 2238) transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de ca-
§ 2° É facultada a redução temporária da jornada de trabalho pital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou
com adequação dos vencimentos à nova carga horária.(Vide ADI assistência financeira, que não decorra de determinação constitu-
2238) cional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido e enquan- § 1°São exigências para a realização de transferência voluntá-
to perdurar o excesso, o Poder ou órgão referido no art. 20 não ria, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
poderá: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021) I - existência de dotação específica;
I - receber transferências voluntárias; II - (VETADO)
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Consti-
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas tuição;
ao pagamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:
despesas com pessoal. (Redação dada pela Lei Complementar nº a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, em-
178, de 2021) préstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem
§ 4° As restrições do § 3° aplicam-se imediatamente se a des- como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele
pesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre recebidos;
do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educa-
no art. 20. ção e à saúde;
§ 5º As restrições previstas no § 3º deste artigo não se aplicam c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária,
ao Município em caso de queda de receita real superior a 10% (dez de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de
por cento), em comparação ao correspondente quadrimestre do inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;
exercício financeiro anterior, devido a: (Incluído pela Lei Comple- d) previsão orçamentária de contrapartida.
mentar nº 164, de 2018) Produção de efeitos § 2°É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade

252
FINANÇAS PÚBLICAS

diversa da pactuada. III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido


§ 3°Para fins da aplicação das sanções de suspensão de trans- em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título,
ferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetu- aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores
am-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento
social. mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de
derivativos financeiros;
CAPÍTULO VI IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de
DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação
PRIVADO ou entidade a ele vinculada;
V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos
Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, para pagamento do principal acrescido da atualização monetária.
cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídi- § 1°Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconheci-
cas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições mento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem preju-
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no ízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.
orçamento ou em seus créditos adicionais. § 2°Será incluída na dívida pública consolidada da União a re-
§ 1° O disposto no caput aplica-se a toda a administração indi- lativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do
reta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no Brasil.
exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e § 3°Também integram a dívida pública consolidada as opera-
o Banco Central do Brasil. ções de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas te-
§ 2°o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, nham constado do orçamento.
financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorro- § 4°O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não
gações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do
participação em constituição ou aumento de capital. final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito au-
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pes- torizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas,
soa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou in- acrescido de atualização monetária.
direto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres
não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação. SEÇÃO II
Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as DOS LIMITES DA DÍVIDA PÚBLICA E DAS OPERAÇÕES DE
prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações CRÉDITO
de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financia-
mentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspon- Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei
dente consignado na lei orçamentária. Complementar, o Presidente da República submeterá ao:
Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser uti- I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante
lizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo
socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como
mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financia- de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo
mentos para mudança de controle acionário. artigo;
§ 1°A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites
de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições do para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inci-
Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei. so XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração
§ 2°O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil de de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da
conceder às instituições financeiras operações de redesconto e de União, atendido o disposto no inciso I do § 1°deste artigo.
empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias. § 1°As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas al-
terações conterão:
CAPÍTULO VII I - demonstração de que os limites e condições guardam coe-
DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO rência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com
os objetivos da política fiscal;
SEÇÃO I II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma
DEFINIÇÕES BÁSICAS das três esferas de governo;
III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas esfera de governo;
as seguintes definições: IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nomi-
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apu- nal.
rado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Fede- § 2°As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput tam-
ração, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou trata- bém poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida, evi-
dos e da realização de operações de crédito, para amortização em denciando a forma e a metodologia de sua apuração.
prazo superior a doze meses; § 3°Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão
II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera
títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação
Estados e Municípios; que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos.

253
FINANÇAS PÚBLICAS

§ 4°Para fins de verificação do atendimento do limite, a apu- I - existência de prévia e expressa autorização para a contra-
ração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final de tação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei
cada quadrimestre. específica;
§ 5°No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos re-
enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, conforme o cursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por
caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições antecipação de receita;
previstos nos incisos I e II do caput. III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado
§ 6°Sempre que alterados os fundamentos das propostas de Federal;
que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica ou alte- IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar
rações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da Repúbli- de operação de crédito externo;
ca poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons-
solicitação de revisão dos limites. tituição;
§ 7°Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei
orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida con- Complementar.
solidada, para fins de aplicação dos limites. § 2°As operações relativas à dívida mobiliária federal autoriza-
das, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão
SEÇÃO III objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.
DA RECONDUÇÃO DA DÍVIDA AOS LIMITES § 3°Para fins do disposto no inciso V do § 1o, considerar-se-á,
em cada exercício financeiro, o total dos recursos de operações de
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultra- crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas,
passar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser observado o seguinte:
a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas
o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no pri- sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com
meiro. o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de
§ 1°Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver in- competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta
corrido: ou indireta, do ônus deste;
I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I
externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvadas as para for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Fe-
pagamento de dívidas mobiliárias; (Redação dada pela Lei Comple- deração, o valor da operação será deduzido das despesas de capital;
mentar nº 178, de 2021) III - (VETADO)
II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívi- § 4°Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e
da ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de em- do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o regis-
penho, na forma do art. 9o. tro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna
§ 2°Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquan- e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão:
to perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de receber I - encargos e condições de contratação;
transferências voluntárias da União ou do Estado. II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada
§ 3°As restrições do § 1°aplicam-se imediatamente se o mon- e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
tante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último § 5°Os contratos de operação de crédito externo não conte-
ano do mandato do Chefe do Poder Executivo. rão cláusula que importe na compensação automática de débitos
§ 4°O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a relação e créditos.
dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas consoli- § 6° O prazo de validade da verificação dos limites e das condi-
dada e mobiliária. ções de que trata este artigo e da análise realizada para a concessão
§ 5°As normas deste artigo serão observadas nos casos de des- de garantia pela União será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no
cumprimento dos limites da dívida mobiliária e das operações de máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministério da
crédito internas e externas. Fazenda. (Incluído pela Lei Complementar nº 159, de 2017)
§ 7º Poderá haver alteração da finalidade de operação de cré-
SEÇÃO IV dito de Estados, do Distrito Federal e de Municípios sem a necessi-
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO dade de nova verificação pelo Ministério da Economia, desde que
haja prévia e expressa autorização para tanto, no texto da lei orça-
SUBSEÇÃO I mentária, em créditos adicionais ou em lei específica, que se de-
DA CONTRATAÇÃO monstre a relação custo-benefício e o interesse econômico e social
da operação e que não configure infração a dispositivo desta Lei
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
limites e condições relativos à realização de operações de crédito Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de cré-
de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles contro- dito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobi-
ladas, direta ou indiretamente. liária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação
§ 1°O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando- atende às condições e limites estabelecidos.
-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a § 1°A operação realizada com infração do disposto nesta Lei
relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cance-
e o atendimento das seguintes condições: lamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento

254
FINANÇAS PÚBLICAS

de juros e demais encargos financeiros. SUBSEÇÃO III


§ 2°Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA
dos recursos, será consignada reserva específica na lei orçamentá- ORÇAMENTÁRIA
ria para o exercício seguinte.
§ 3º Enquanto não for efetuado o cancelamento ou a amortiza- Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita desti-
ção ou constituída a reserva de que trata o § 2º, aplicam-se ao ente na-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro
as restrições previstas no § 3º do art. 23. (Redação dada pela Lei e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguin-
Complementar nº 178, de 2021) tes:
§ 4°Também se constituirá reserva, no montante equivalente I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do
ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da exercício;
Constituição, consideradas as disposições do § 3°do art. 32. II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos inciden-
tes, até o dia dez de dezembro de cada ano;
SUBSEÇÃO II III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que
DAS VEDAÇÕES não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou in-
dexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir;
Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida IV - estará proibida:
pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Comple- a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não
mentar. integralmente resgatada;
Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou
ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autar- Prefeito Municipal.
quia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive § 1°As operações de que trata este artigo não serão computa-
suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma das para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição,
de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput.
anteriormente. § 2°As operações de crédito por antecipação de receita reali-
§ 1°Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as opera- zadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertu-
ções entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, ra de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo
inclusive suas entidades da administração indireta, que não se des- competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.
tinem a: § 3°O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanha-
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; mento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de inobser-
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição vância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.
concedente.
§ 2°O disposto no caput não impede Estados e Municípios de SUBSEÇÃO IV
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo- DAS OPERAÇÕES COM O BANCO CENTRAL DO BRASIL
nibilidades.
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Cen-
financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualida- tral do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e mais
de de beneficiário do empréstimo. às seguintes:
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição fi- I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mer-
nanceira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida públi- cado, ressalvado o disposto no § 2°deste artigo;
ca para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de institui-
de emissão da União para aplicação de recursos próprios. ção financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por
Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados: título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e
I - captação de recursos a título de antecipação de receita de venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à
tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, permuta;
sem prejuízo do disposto no § 7°do art. 150 da Constituição; III - concessão de garantia.
II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o § 1°O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de
Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do ca- Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na cartei-
pital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma ra das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante
da legislação; novas operações de venda a termo.
III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou § 2°O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente
operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária fede-
serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não ral que estiver vencendo na sua carteira.
se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes; § 3°A operação mencionada no § 2°deverá ser realizada à taxa
IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com média e condições alcançadas no dia, em leilão público.
fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços. § 4°É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pú-
blica federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda
que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.

255
FINANÇAS PÚBLICAS

SEÇÃO V SEÇÃO VI
DA GARANTIA E DA CONTRAGARANTIA DOS RESTOS A PAGAR

Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de Art. 41. (VETADO)
crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo, Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art.
as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obri-
condições estabelecidos pelo Senado Federal e as normas emitidas gação de despesa que não possa ser cumprida integralmente den-
pelo Ministério da Economia acerca da classificação de capacidade tro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte
de pagamento dos mutuários. (Redação dada pela Lei Comple- sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
mentar nº 178, de 2021) (Vide Lei Complementar nº 178, de 2021) (Vigência)
§ 1°A garantia estará condicionada ao oferecimento de contra- Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa
garantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pa-
e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas gar até o final do exercício.
obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas,
observado o seguinte: CAPÍTULO VIII
I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do DA GESTÃO PATRIMONIAL
próprio ente;
II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, SEÇÃO I
ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA
de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de
transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garan- Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação
tidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da serão depositadas conforme estabelece o § 3°do art. 164 da Cons-
dívida vencida. tituição.
§ 2°No caso de operação de crédito junto a organismo financei- § 1°As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência so-
ro internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento para cial, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas
o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a ente a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Cons-
que atenda, além do disposto no § 1o, as exigências legais para o tituição, ficarão depositadas em conta separada das demais dispo-
recebimento de transferências voluntárias. nibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado,
§ 3° (VETADO) com observância dos limites e condições de proteção e prudência
§ 4° (VETADO) financeira.
§ 5°É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo § 2°É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o §
Senado Federal. 1°em:
§ 6°É vedado às entidades da administração indireta, inclusive I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em
suas empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo res-
que com recursos de fundos. pectivo ente da Federação;
§ 7°O disposto no § 6°não se aplica à concessão de garantia II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Po-
por: der Público, inclusive a suas empresas controladas.
I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à
prestação de contragarantia nas mesmas condições; SEÇÃO II
II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei. DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
§ 8°Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada:
I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da
normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público
com a legislação pertinente; para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por
II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
financeira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às públicos.
operações de seguro de crédito à exportação. Art. 45. Observado o disposto no § 5°do art. 5o, a lei orçamen-
§ 9°Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de garan- tária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após
tia prestada, a União e os Estados poderão condicionar as transfe- adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as
rências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento. despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em
§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em ope- Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará
ração de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou finan- ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes
ciamentos até a total liquidação da mencionada dívida. orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cum-
§ 11. A alteração da metodologia utilizada para fins de classifi- primento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divul-
cação da capacidade de pagamento de Estados e Municípios deverá gação.
ser precedida de consulta pública, assegurada a manifestação dos Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel
entes. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021) urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3°do art. 182
da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da indenização.

256
FINANÇAS PÚBLICAS

SEÇÃO III penalidades previstas no § 2°do art. 51.(Incluído pela Lei Comple-
DAS EMPRESAS CONTROLADAS PELO SETOR PÚBLICO mentar nº 156, de 2016)
§ 5° Nos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos
Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na for- cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput.
ma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e finan- (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
ceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5°do art. 165 da § 6° Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos
Constituição. autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e
Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balan- fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de
ços trimestrais nota explicativa em que informará: execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo
I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com res- Poder Executivo, resguardada a autonomia. (Incluído pela Lei
pectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no Complementar nº 156, de 2016)
mercado; Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo
II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, especi- único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer
ficando valor, fonte e destinação; pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a:(Inclu-
III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de em- ído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
préstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
diferentes dos vigentes no mercado. gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
CAPÍTULO IX número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao ser-
DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO viço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; (In-
SEÇÃO I cluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
DA TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a
receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extra-
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos ordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orça- ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder
mentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para
o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de-
§ 1°A transparência será assegurada também mediante:(Reda- monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais
ção dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016) de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
I – incentivo à participação popular e realização de audiências nômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos pla- concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu-
nos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos;(Incluído pela Lei ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns-
Complementar nº 131, de 2009). tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.
II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a SEÇÃO II
execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de aces- DA ESCRITURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS
so público; e (Redação dada pela Lei Complementar nº 156, de
2016) Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade
III – adoção de sistema integrado de administração financeira pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:
e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de
pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A.(Incluído modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obriga-
pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº 7.185, tória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;
de 2010) II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis- segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter com-
ponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários plementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e con-
pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser juntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou en-
divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluí- tidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive
do pela Lei Complementar nº 156, de 2016) empresa estatal dependente;
§ 3° Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminha- IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas
rão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a se- em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;
rem definidos em instrução específica deste órgão, as informações V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e
necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos
e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o § junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o
4°do art. 32.(Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016) montante e a variação da dívida pública no período, detalhando,
§ 4° A inobservância do disposto nos §§ 2°e 3o ensejará as pelo menos, a natureza e o tipo de credor;

257
FINANÇAS PÚBLICAS

VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque desempenho até o final do exercício;
à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso
ativos. IV do art. 50;
§ 1°No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as III - resultados nominal e primário;
operações intragovernamentais. IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o;
§ 2° A edição de normas gerais para consolidação das contas V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no
públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, en- art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante
quanto não implantado o conselho de que trata o art. 67. a pagar.
§ 3°A Administração Pública manterá sistema de custos que § 1°O relatório referente ao último bimestre do exercício será
permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, acompanhado também de demonstrativos:
financeira e patrimonial. I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons-
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta tituição, conforme o § 3°do art. 32;
de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das con- II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social,
tas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua geral e próprio dos servidores públicos;
divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público. III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos
§ 1°Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
Poder Executivo da União nos seguintes prazos: § 2°Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo I - da limitação de empenho;
Estado, até trinta de abril; II - da frustração de receitas, especificando as medidas de com-
II - Estados, até trinta e um de maio. bate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações
§ 1º Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao de fiscalização e cobrança.
Poder Executivo da União até 30 de abril. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 178, de 2021) (Vigência) SEÇÃO IV
§ 2º O descumprimento dos prazos previstos neste artigo im- DO RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL
pedirá, até que a situação seja regularizada, que o Poder ou órgão
referido no art. 20 receba transferências voluntárias e contrate Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titu-
operações de crédito, exceto as destinadas ao pagamento da dívida lares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão
mobiliária. (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021) Fiscal, assinado pelo:
(Vigência) I - Chefe do Poder Executivo;
II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão
SEÇÃO III decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
DO RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA Poder Legislativo;
III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3°do art. 165 da Cons- Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimen-
tituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será tos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
composto de: Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas auto-
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria eco- ridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle
nômica, as: interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem Poder ou órgão referido no art. 20.
como a previsão atualizada; Art. 55. O relatório conterá:
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Comple-
para o exercício, a despesa liquidada e o saldo; mentar, dos seguintes montantes:
II - demonstrativos da execução das: a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a pensionistas;
previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita re- b) dívidas consolidada e mobiliária;
alizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar; c) concessão de garantias;
b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício; II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se
c) despesas, por função e subfunção. ultrapassado qualquer dos limites;
§ 1°Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliá- III - demonstrativos, no último quadrimestre:
ria constarão destacadamente nas receitas de operações de crédito a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um
e nas despesas com amortização da dívida. de dezembro;
§ 2°O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
ente às sanções previstas no § 2°do art. 51. 1) liquidadas;
Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a
relativos a: uma das condições do inciso II do art. 41;
I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo
inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu da disponibilidade de caixa;

258
FINANÇAS PÚBLICAS

4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos em- editadas pelo conselho de que trata o art. 67, com ênfase no que se
penhos foram cancelados; refere a: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes or-
inciso IV do art. 38. çamentárias;
§ 1°O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos in- II - limites e condições para realização de operações de crédito
cisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas e inscrição em Restos a Pagar;
à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III. III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pes-
§ 2°O relatório será publicado até trinta dias após o encerra- soal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;
mento do período a que corresponder, com amplo acesso ao públi- IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para
co, inclusive por meio eletrônico. recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos
§ 3°O descumprimento do prazo a que se refere o § 2°sujeita o respectivos limites;
ente à sanção prevista no § 2°do art. 51. V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos,
§ 4°Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser ela- tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Comple-
borados de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser mentar;
atualizados pelo conselho de que trata o art. 67. VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos mu-
nicipais, quando houver.
SEÇÃO V § 1°Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos refe-
DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS ridos no art. 20 quando constatarem:
I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inci-
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo so II do art. 4o e no art. 9o;
incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou
Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, 90% (noventa por cento) do limite;
referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separada- III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das
mente, do respectivo Tribunal de Contas. (Vide ADI 2324) operações de crédito e da concessão de garantia se encontram aci-
§ 1°As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âm- ma de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
bito: IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram
I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e acima do limite definido em lei;
dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais; V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos pro-
II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, con- gramas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
solidando as dos demais tribunais. § 2°Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos
§ 2°O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será pro- dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão
ferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista permanente referido no art. 20.
referida no § 1°do art. 166 da Constituição ou equivalente das Casas § 3°O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimen-
Legislativas estaduais e municipais. (Vide ADI 2324) to do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.
§ 3°Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação
das contas, julgadas ou tomadas. CAPÍTULO X
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclu- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
sivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se
outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores
leis orgânicas municipais. àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consoli-
§ 1°No caso de Municípios que não sejam capitais e que te- dada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
nham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente
oitenta dias. escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, po-
§ 2°Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto derão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou
existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico,
de parecer prévio. conforme definido pelo Ministério da Fazenda.
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despe-
arrecadação em relação à previsão, destacando as providências sas de competência de outros entes da Federação se houver:
adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sone- I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orça-
gação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias adminis- mentária anual;
trativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legis-
das receitas tributárias e de contribuições. lação.
Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a
SEÇÃO VI cinquenta mil habitantes optar por:
DA FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4°do art. 30 ao final do
semestre;
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos II - divulgar semestralmente:
Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder a) (VETADO)
e do Ministério Público fiscalizarão o cumprimento desta Lei Com- b) o Relatório de Gestão Fiscal;
plementar, consideradas as normas de padronização metodológica c) os demonstrativos de que trata o art. 53;

259
FINANÇAS PÚBLICAS

III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o midade pública: (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de dire- I - aplicar-se-á exclusivamente: (Incluído pela Lei Complemen-
trizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a tar nº 173, de 2020)
partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Com- a) às unidades da Federação atingidas e localizadas no territó-
plementar. rio em que for reconhecido o estado de calamidade pública pelo
§ 1°A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser re- Congresso Nacional e enquanto perdurar o referido estado de cala-
alizada em até trinta dias após o encerramento do semestre. midade; (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
§ 2°Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com b) aos atos de gestão orçamentária e financeira necessários ao
pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação, atendimento de despesas relacionadas ao cumprimento do decreto
o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de legislativo; (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
retorno ao limite definidos para os demais entes. II - não afasta as disposições relativas a transparência, controle
Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação fi- e fiscalização. (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
nanceira aos Municípios para a modernização das respectivas admi- § 3º No caso de aditamento de operações de crédito garantidas
nistrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com pela União com amparo no disposto no § 1º deste artigo, a garantia
vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar. será mantida, não sendo necessária a alteração dos contratos de
§ 1°A assistência técnica consistirá no treinamento e desen- garantia e de contragarantia vigentes. (Incluído pela Lei Comple-
volvimento de recursos humanos e na transferência de tecnologia, mentar nº 173, de 2020)
bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o Art. 65-A. Não serão contabilizadas na meta de resultado pri-
art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público. mário, para efeito do disposto no art. 9º desta Lei Complementar,
§ 2°A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e as transferências federais aos demais entes da Federação, devida-
valores, o financiamento por intermédio das instituições financeiras mente identificadas, para enfrentamento das consequências sociais
federais e o repasse de recursos oriundos de operações externas. e econômicas no setor cultural decorrentes de calamidades públi-
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo cas ou pandemias, desde que sejam autorizadas em acréscimo aos
Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembleias Legis- valores inicialmente previstos pelo Congresso Nacional na lei orça-
lativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a mentária anual. (Incluído pela Lei Complementar nº 195, de 2022)
situação: Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão du-
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições es- plicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto
tabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70; Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a ou superior a quatro trimestres.
limitação de empenho prevista no art. 9o. § 1°Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real
§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento),
Congresso Nacional, nos termos de decreto legislativo, em parte ou no período correspondente aos quatro últimos trimestres.
na integralidade do território nacional e enquanto perdurar a situ- § 2°A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Ins-
ação, além do previsto nos inciso I e II do caput: (Incluído pela Lei tituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a
Complementar nº 173, de 2020) substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB
I - serão dispensados os limites, condições e demais restrições nacional, estadual e regional.
aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí- § 3°Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as medi-
pios, bem como sua verificação, para: (Incluído pela Lei Comple- das previstas no art. 22.
mentar nº 173, de 2020) § 4°Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na con-
a) contratação e aditamento de operações de crédito; (Incluí- dução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado
do pela Lei Complementar nº 173, de 2020) Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado
b) concessão de garantias; (Incluído pela Lei Complementar em até quatro quadrimestres.
nº 173, de 2020) Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma perma-
c) contratação entre entes da Federação; e (Incluído pela Lei nente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão reali-
Complementar nº 173, de 2020) zados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes
d) recebimento de transferências voluntárias; (Incluído pela de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e
Lei Complementar nº 173, de 2020) de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:
II - serão dispensados os limites e afastadas as vedações e san- I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;
ções previstas e decorrentes dos arts. 35, 37 e 42, bem como será II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência
dispensado o cumprimento do disposto no parágrafo único do art. na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de recei-
8º desta Lei Complementar, desde que os recursos arrecadados se- tas, no controle do endividamento e na transparência da gestão
jam destinados ao combate à calamidade pública; (Incluído pela fiscal;
Lei Complementar nº 173, de 2020) III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, pa-
III - serão afastadas as condições e as vedações previstas nos dronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstra-
arts. 14, 16 e 17 desta Lei Complementar, desde que o incentivo ou tivos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas
benefício e a criação ou o aumento da despesa sejam destinados ao e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como
combate à calamidade pública. (Incluído pela Lei Complementar outros, necessários ao controle social;
nº 173, de 2020) IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.
§ 2º O disposto no § 1º deste artigo, observados os termos es- § 1°O conselho a que se refere o caput instituirá formas de pre-
tabelecidos no decreto legislativo que reconhecer o estado de cala- miação e reconhecimento público aos titulares de Poder que alcan-

260
FINANÇAS PÚBLICAS

çarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvimento Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cum-
social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pautada pelas primento das determinações dispostas nos incisos II e III do pará-
normas desta Lei Complementar. grafo único do art. 48 e do art. 48-A: (Incluído pela Lei Complemen-
§ 2°Lei disporá sobre a composição e a forma de funcionamen- tar nº 131, de 2009).
to do conselho. I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e
Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes;(Incluído
do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recur- II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000
sos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdên- (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído pela Lei
cia social. Complementar nº 131, de 2009).
§ 1°O Fundo será constituído de: III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000
I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacio- (cinquenta mil) habitantes. (Incluído pela Lei Complementar nº 131,
nal do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste; de 2009).
II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão
ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei; contados a partir da data de publicação da lei complementar que
III - receita das contribuições sociais para a seguridade social, introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo. (Incluído
previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Consti- pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
tuição; Art. 73-C. O não atendimento, até o encerramento dos prazos
IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III
jurídica em débito com a Previdência Social; do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção
V - resultado da aplicação financeira de seus ativos; prevista no inciso I do § 3°do art. 23. (Incluído pela Lei Complemen-
VI - recursos provenientes do orçamento da União. tar nº 131, de 2009).
§ 2°O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro So- Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua
cial, na forma da lei. publicação.
Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio
regime próprio de previdência social para seus servidores conferir- de 1999.
-lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de
contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio financeiro e Brasília, 4 de maio de 2000; 179o da Independência e 112o da
atuarial. República.
Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total
com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Com-
plementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20
QUESTÕES
deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eli-
minando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. 1-CESGRANRIO - 2019
(cinquenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das O orçamento público no Brasil é regido pela Constituição e por
medidas previstas nos arts. 22 e 23. Lei complementar e ordinária que definem conteúdos e caracterís-
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no pra- ticas dos instrumentos básicos de planejamento, de forma a prover
zo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3°do art. 23. a sociedade com informações prévias sobre os planos do governo.
Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Cons- Se um cidadão desejar saber quais as medidas aprovadas pelo
tituição, até o término do terceiro exercício financeiro seguinte à governo para controle de custos e avaliação dos resultados dos pro-
entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pes- gramas financiados com recursos do orçamento de um dado perío-
soal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em do, ele deve consultar o(a)
percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exer- (A) Plano Plurianual
cício imediatamente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento), (B) Anexo de Metas Fiscais
se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20. (C) Relatório de Gestão Fiscal
Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e (D) Lei Orçamentária Anual
órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentual da (E) Lei de Diretrizes Orçamentárias
receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor
desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguin- 2-CESGRANRIO - 2018
te. Nos termos da Constituição Federal, a lei que compreenderá as
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar metas e prioridades da administração pública federal é a de
serão punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro (A) orçamento anual
de 1940 (Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o (B) análise bilateral
Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2 (C) plano plurianual
de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente. (D) relatório periódico
Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou (E) diretrizes orçamentárias
sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de
Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumpri-
mento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar.(In-
cluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).

261
FINANÇAS PÚBLICAS

3-CESGRANRIO - 2018 7-CESGRANRIO - 2018


Nos termos da Constituição Federal, a lei que instituir o plano A lei orçamentária anual, nos termos da Constituição Federal,
plurianual estabelecerá as diretrizes, objetivos e metas da adminis- compreenderá o orçamento referente aos Poderes da União, seus
tração pública federal para as despesas de capital e outras delas fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, in-
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continu- clusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, que é
ada de forma intitulado de
(A) disjuntiva (A) fiscal
(B) regionalizada (B) creditício
(C) separada (C) investidor
(D) setorial (D) contábil
(E) unificada (E) matemático

4-CESGRANRIO - 2019 8-CESGRANRIO - 2019


Segundo a Constituição Federal e Leis Complementares, no Um servidor defende, no âmbito das receitas que compõem o
Brasil, a Lei do Plano Plurianual de Ação (PPA) deve dispor sobre orçamento, a necessidade de renúncia de receita para gerar desen-
as(os) volvimento em determinada região.
(A) limitações para a elaboração das propostas orçamentárias Nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, a renúncia pode
do Poder Judiciário e do Ministério Público. compreender crédito
(B) diretrizes, objetivos e metas da administração pública fede- (A) presumido
ral para as despesas de capital e programas de duração conti- (B) especial
nuada. (C) majorado
(C) autorizações para a concessão de vantagens ou de aumen- (D) provisório
tos de remuneração e criação de cargos. (E) extensivo
(D) avaliações de resultados dos programas financiados com
recursos do orçamento federal. 9-CESGRANRIO - 2023
(E) riscos fiscais, ou seja, situações que podem impactar as me- Um integrante da comissão de orçamento de órgão público
tas estabelecidas. busca analisar as despesas continuadas.
De acordo com a Lei Complementar nº 101/2000, considera-se
5-CESGRANRIO - 2019 obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de
Um cidadão participa da organização de audiências públicas lei que fixe para o ente a obrigação legal de sua execução por um
durante os processos de elaboração e discussão dos planos, da lei período superior a
de diretrizes orçamentárias e dos orçamentos. (A) dois exercícios
Nesse caso, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, está sen- (B) trinta dias
do assegurada a (C) quatro meses
(A) operação (D) vinte horas
(B) referência (E) três anos
(C) antecipação
(D) transparência 10-CESGRANRIO - 2019
(E) captação Para fins de controle das despesas públicas que promova uma
gestão equilibrada dos gastos, a LRF impôs limite quanto à despesa
6-CESGRANRIO - 2018 de pessoal, que consiste em um dos principais gastos públicos. Esse
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) exerce um papel im- limite foi definido por poderes pela Lei de Responsabilidade para
portante no sistema orçamentário federal brasileiro. maior responsabilização dos gestores.
Essa lei Considerando a composição da administração pública federal,
(A) estabelece um plano de quatro anos para a ação governa- um órgão que tem suas despesas com pessoal incluídas no limite
mental. atribuído ao Poder Executivo (40,9% da RCL) é a(o)
(B) orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). (A) Controladoria Geral da União
(C) inclui o orçamento monetário relativo às políticas e às ações (B) Ministério Público Federal
do Banco Central do Brasil. (C) Supremo Tribunal Federal
(D) é aprovada anualmente, após a elaboração do projeto da (D) Tribunal Regional Federal
Lei Orçamentária Anual (LOA). (E) Tribunal de Contas da União
(E) é constituída por três orçamentos: fiscal, seguridade social
e investimentos das empresas. 11- O que define a política fiscal e qual é sua principal aplica-
ção?
(A) Decisões sobre emissão de moeda e controle de inflação.
(B) Regulação do mercado de capitais e controle de investimen-
tos.

262
FINANÇAS PÚBLICAS

(C) Decisões sobre tributação e gastos públicos, influenciando


a economia.
ANOTAÇÕES
(D) Gestão de políticas externas e relações comerciais interna- ______________________________________________________
cionais
______________________________________________________
12-Qual das seguintes opções melhor descreve a importância
do orçamento público? ______________________________________________________
(A) Estabelecer padrões de comércio exterior.
(B) Planejar receitas e despesas, refletindo as prioridades eco- ______________________________________________________
nômicas e políticas.
______________________________________________________
(C) Definir taxas de juros bancários.
(D) Regular a cotação da moeda nacional ______________________________________________________
13-Quais são as principais características de um sistema tribu- ______________________________________________________
tário eficiente?
(A) Alta complexidade e taxas de tributação variáveis. ______________________________________________________
(B) Foco exclusivo em grandes corporações.
(C) Equidade, simplicidade e eficiência econômica. ______________________________________________________
(D) Tributação progressiva e incentivos fiscais para exportação.
______________________________________________________
14-Qual é a principal fonte de receita do Estado brasileiro? ______________________________________________________
(A) Impostos, taxas e contribuições.
(B) Empréstimos internacionais. ______________________________________________________
(C) Vendas de empresas estatais.
(D) Doações de organizações internacionais ______________________________________________________

15-Como são classificadas as despesas do governo brasileiro? ______________________________________________________


(A) Despesas primárias e secundárias.
(B) Despesas correntes e de capital. ______________________________________________________
(C) Despesas fixas e variáveis.
______________________________________________________
(D) Despesas internas e externas.
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 E
2 E ______________________________________________________

3 B ______________________________________________________
4 B
______________________________________________________
5 D
______________________________________________________
6 B
7 A _____________________________________________________
8 A _____________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 A
11 C ______________________________________________________

12 B ______________________________________________________
13 C ______________________________________________________
14 A
_____________________________________________________
15 B
_____________________________________________________

_____________________________________________________

263
FINANÇAS PÚBLICAS

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