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A Sociologia, como sabemos, encontra-se subdividida em diversas áreas, que embora tenham princípios
muito semelhantes diferem especialmente em seu objeto central de estudo. Se a Sociologia volta-se para aná-
lises da sociedade, da vida em sociedade e das relações sociais, a especificidade do ramo da Sociologia do
Trabalho está no fato de esta voltar-se mais particularmente para a busca da compreensão da organização e
evolução do mundo do trabalho na sociedade, as relações de trabalho e as implicações sociais dos mesmos.
Essas preocupações não são tão antigas. As transformações no mundo do trabalho foram responsáveis por
atrair o olhar desses estudiosos, além disso, a visão que se tem do próprio trabalho foi construída ao longo
do tempo. Os modos de produção nos quais as sociedades já se inseriram vem se modificando, e junto com
isso vem se transformando o conceito do trabalho bem como as relações sociais suscitadas pelo mesmo e as
preocupações referentes a isso.
A Sociologia do Trabalho e a História
Historicamente sabe-se que o trabalho já foi considerado uma atividade extremamente depreciável. Os gre-
gos da antiguidade clássica consideravam que o ócio criativo era digno apenas de homens livres, e também
somente esses homens livres estariam aptos para dedicar-se a vida pública e a erudição. De outro lado esta-
vam os escravos, que se dedicavam as atividades cotidianas, aos cuidados com afazeres domésticos e etc.
Assim foi durante muito tempo, visto que se considerava a escravidão como a mais adequada relação laboral.
As transformações pelas quais o mundo do trabalho vem passando desde então são importantíssimas para
que se compreenda a organização atual dessas relações, bem como as preocupações dos sociólogos dessa
área. Desde o escravismo antigo, passando pelo artesanato, servidão, e tantas outras formas de trabalho até
chegarmos aos moldes do trabalho industrial no mundo moderno acarretaram transformações que dizem res-
peito à própria vida em sociedade, organização desses sujeitos e relações de poder entre os proprietários dos
meios de produção e aqueles que vendem sua força de trabalho.
O impacto de novas tecnologias no mundo do trabalho, novas formas de organização, obsolescência de
diversas profissões, o aumento do mecanismo de exclusão, a exigência de cada vez mais qualificação da mão
de obras são fatores ainda presentes e que nos mostram o quanto o mundo do trabalho ainda encontra-se em
contínuo processo de transformação. Contudo, o advento do capitalismo e as bruscas transformações acarre-
tadas pela revolução industrial são ainda o grande ponto de transformação da lógica do trabalho.
Essa transformação da forma de viver, destruição de costumes e instituições, a automação, a formação do
proletariado, etc. tudo isso fez com que se despertasse a atenção daqueles que observam cientificamente a so-
ciedade. O estudo científico dessa sociedade resultou de fato no advento da Sociologia, e assim sendo vemos
que a Sociologia do Trabalho é um campo de estudos e observações inerente ao próprio pensamento social, já
que ambos foram originados a partir das mesmas preocupações.
Os responsáveis por influenciar o que hoje se entende na Sociologia do Trabalho
Essa divisão da Sociologia em áreas é muito posterior. Mas isto que hoje conhecemos como Sociologia do
Trabalho sofre importante influência de grandes nomes da Sociologia, como Marx e Durkheim que já pensavam
as transformações nas relações de trabalho, na luta de classes, na vida do trabalhador e nas relações sociais
compreendidas nesse universo.
A Sociologia do Trabalho e a Alienação do trabalhador
Uma das grandes críticas que a Sociologia do Trabalho tece ao mundo moderno e ao modo capitalista de
produção é de fato a alienação do trabalhador em relação à sua atividade. Esse conceito de alienação do tra-
balho mostra de fato como o trabalhador está posto como um mero vendedor de sua força de trabalho, estando
muitas vezes colocado à parte da função de sua atividade e do produto final de seu esforço. Mais do que isso,
na esmagadora maioria das vezes a remuneração auferida por esse trabalhador não é suficiente para que ele
possa ter igual acesso àquilo que produziu.
O trabalho e o progresso técnico figuram como protagonistas na evolução social, exercendo funções essen-
ciais tanto no âmbito econômico quanto na metamorfose das interações humanas. As disciplinas de sociologia
e psicologia, voltadas para o universo laboral, buscam decifrar a intricada teia entre indivíduos, organizações e
as metamorfoses tecnológicas que moldam o cenário profissional. Nesta abordagem, investigaremos a dinâmi-
ca entre trabalho e progresso técnico, realçando as repercussões sociais e psicológicas desse entrelaçamento.
O labor, ao longo da história, surge como uma força propulsora do desenvolvimento social. Desde os primór-
dios da civilização, as atividades laborativas desempenham papel crucial na subsistência e na organização
comunitária. A sociologia analisa o trabalho como fenômeno social, explorando como as estruturas sociais
influenciam e são influenciadas pelas atividades laborais. Relações de trabalho, hierarquias e formas organiza-
cionais são fatores cruciais nessa análise da dinâmica social.
A psicologia do trabalho direciona-se para as experiências individuais dos trabalhadores. A interligação entre
as exigências laborais e a psique humana é multifacetada, incorporando elementos como motivação, satisfa-
ção, estresse e bem-estar. O progresso técnico, ao introduzir novas modalidades de produção e organização
laboral, repercute diretamente na experiência psicológica dos trabalhadores. A adaptação às mudanças tecno-
lógicas, a pressão pelo desempenho e as interações interpessoais no ambiente de trabalho são áreas de foco
na psicologia do trabalho.
O avanço técnico, impelido pela inovação e pela constante busca de eficiência, emerge como um agente
transformador nas estruturas sociais. A incorporação de tecnologias avançadas altera não somente as práticas
laborais, mas também reconfigura a distribuição de poder e recursos na sociedade. A automação, como exem-
plo, pode ocasionar mudanças significativas na composição e dinâmica das classes sociais, gerando desafios
e oportunidades abrangentes.
A automação e informatização, elementos fundamentais do progresso técnico, possuem o potencial de oti-
mizar a eficiência, mas também podem afetar a saúde mental dos trabalhadores. A pressão para se adaptar
rapidamente, o receio da obsolescência profissional e a intensificação do ritmo laboral são desafios psicológi-
cos enfrentados em ambientes onde a tecnologia desempenha papel preponderante. A psicologia aplicada ao
trabalho dedica-se à compreensão desses desafios, procurando estratégias para promover o bem-estar emo-
cional e a resiliência dos trabalhadores.
A introdução de tecnologias avançadas no ambiente de trabalho não atinge uniformemente todos os estratos
sociais. Desigualdades socioeconômicas podem ser amplificadas, uma vez que nem todos têm acesso equita-
tivo às oportunidades geradas pelo progresso técnico. A sociologia aplicada ao trabalho investiga como essas
disparidades se manifestam nas relações laborais, destacando a importância de políticas públicas e estratégias
empresariais que fomentem a inclusão e a equidade.
Na administração científica uma tarefa deve ser dividida ao maior número possível de subtarefas. Quanto
menor e mais simples a tarefa, maior será a habilidade do operário em desempenhá-la. Ao realizar um movi-
mento simples repetidas vezes, o funcionário ganha velocidade na sua atividade, aumentando o número de
unidades produzidas e elevando seu salário de forma proporcional ao seu esforço.
A divisão do trabalho permite a padronização dos procedimentos técnicos e do exercício de autoridade; e
que permite ao mesmo tempo um aumento de produtividade do trabalho e de eficiência organizacional.
A divisão do trabalho também é um dos 14 princípios gerais de Henry Fayol (o primeiro deles):
Divisão do trabalho: o princípio geral da administração que estabelece a necessidade de especialização
de empregados, desde a alta hierarquia até os trabalhadores operários, como forma de aprimorar a eficiência
da produção e, consequentemente, aumentar a produtividade. Significa dividir o trabalho em tarefas especiali-
zadas e destinar responsabilidades a indivíduos específicos.
Érika de Cássia Oliveira Caetano1 apresenta o tema divisão do trabalho na visão de Karl Marx e Dürkheim:
Dürkheim procura com seus métodos de análise e objeto de estudo, explicações para as modificações
estruturais ocorridas com o advento da sociedade moderna. O triunfo da indústria capitalista promoveu uma
transformação radial em sua estrutura socioeconômica, dando um novo rumo à sociedade emergente. É nesta
perspectiva que a sociedade moderna capitalista será colocada no plano de análise deste sociólogo.
Durkheim considera que a sociedade precisaria ser estudada como um fenômeno sui generis; como uma
unidade ou sistema organizado de relações permanentes e mais ou menos definido, com leis naturais de de-
senvolvimento que são baseadas na articulação de suas partes.
A sociedade é semelhante a um corpo vivo, em cada órgão cumpre uma função, ou seja, as partes
(os fatos sociais) existem em função do todo (a sociedade).
Ao comparar a sociedade a um organismo vivo, Durkheim identifica dois estados em que esta pode se
encontrar: o estado normal que designa os fenômenos que ocorrem com regularidade na sociedade e o pato-
lógico, comportamentos que representam doenças e devem ser isolados e tratados porque põem em risco a
harmonia e o consenso, estando fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente.
A sociedade moderna se encontra em um estado doentio, porque deixou de exercer o papel de freio moral
sobre os indivíduos. Como Durkheim demonstra no prefácio à segunda edição de sua obra “Da divisão do tra-
balho social”:
“É a esse estado de anomia que devem ser atribuídos, como mostraremos, os conflitos incessantemente
renascentes e as desordens de todo tipo de que o mundo econômico nos dá o triste espetáculo. Porque, como
nada contém as forças em presença e não lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar elas tendem a
se desenvolver sem termos e acabem se entrechocando, para se reprimirem e se reduzirem mutuamente. (...)
As paixões humanas só se detêm diante de uma força moral que elas respeitam. Se qualquer autoridade des-
se gênero inexiste, é a lei do mais forte que reina e. latente ou agudo, o estado de guerra é necessariamente
crônico”.2
1 ÉCO Caetano. A Divisão do Trabalho: Uma Análise Comparativa das Teorias de Karl Marx e Emile Dürkheim
2009.
2 DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
3 DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
4 ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 6ª ed, São Paulo: Martins Fontes, 2002.
A função da divisão social do trabalho, seria produzir a solidariedade, dando sentido às ações dos
trabalhadores. Ao restabelecer a solidariedade entre os homens, a divisão social do trabalho, assumiria
seu caráter moral ampliando a harmonia, a integração e a coesão na sociedade moderna.
A Divisão do Trabalho para Karl Marx
Karl Marx (1818-1883), desenvolveu uma corrente de pensamento considerada a mais revolucionária da
teoria social moderna: o materialismo histórico. As ideias desse teórico, destinavam-se a todos os homens pois
denunciavam as contradições básicas da sociedade capitalista, embasadas em um ideal revolucionário e numa
proposta de ação política prática. A sociedade é, portanto, produto da ação recíproca entre os homens.
Para Marx, a lei fundamental de transformação de uma sociedade está vinculada ao desenvolvimento de
suas forças produtivas, que em determinado estágio de desenvolvimento, chegam ao seu limite entrando em
contradição com as relações de produção que as desenvolveram. É na expansão das forças produtivas que
encontraremos as relações de propriedade, a distribuição da renda entre os indivíduos e a formação das clas-
ses sociais.
Marx, identifica que pelas classes sociais os homens estabelecem uma relação social de exploração, anta-
gonismos sociais e alienação, sob a forma da apropriação dos meios de produção. A expressão desta contra-
dição entre as forças produtivas e as relações de produção é a luta de classes.
Desta forma, vê as relações sociais na sociedade moderna, como negativas, por serem a principal causa
da desigualdade social entre os homens. Para Marx, “a história de toda sociedade até hoje é a história da luta
entre classes”. Para melhor entendermos este conceito, devemos nos remeter ao seu conceito de divisão do
trabalho.
Marx concebe a ideia de que a sociedade está dividida em classes, cada uma com suas regras e condutas
apropriadas, mas que estão inseridas em um único sistema que é o Modo de Produção Capitalista. A divisão
social do trabalho é para Marx “a totalidade das formas heterogêneas de trabalho útil, que diferem em ordem,
gênero, espécie e variedade”. (O Capital I, Cap.I)
5 QUINTANEIRO, Tânia. BARBOSA, Maria Ligia de O. OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um toque de clás-
sicos: Marx, Dürkheim e Weber. 2ª ed. Ver. Amp., Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
6 BOTTOMORE, Tom (org.). Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1983.
7 BRAVEMAN, Harry. Trabalho e Capital Monopolista: A Degradação do Trabalho no Século XX. 5ª ed, Rio
de Janeiro: Zahar Editores, 1980.
O processo de trabalho, como componente essencial na configuração das sociedades humanas, desem-
penha um papel crucial na compreensão das complexas dinâmicas sociais, econômicas e psicológicas. Sob a
análise conjunta da sociologia e da psicologia aplicada ao trabalho, exploram-se as interações entre indivíduos,
organizações e as nuances do ambiente laboral, proporcionando uma visão abrangente dessa experiência
multifacetada.
Na perspectiva sociológica, o processo de trabalho é estudado como um fenômeno social que tanto influen-
cia quanto é moldado pelas estruturas sociais. A sociologia aplicada ao trabalho direciona seu foco para as
relações laborais, hierarquias organizacionais e formas de organização do trabalho, buscando compreender a
dinâmica social que emerge desses elementos. Ao longo da história, as transformações nas relações de traba-
lho refletem alterações nas estruturas sociais, evidenciando a interdependência intrínseca entre o trabalho e a
sociedade.
Desde os primórdios da civilização, o trabalho não se limita à mera subsistência; ele desempenha um papel
central na definição de identidades sociais e na estruturação das comunidades. A sociologia explora a divisão
do trabalho, a especialização de funções e as formas de cooperação entre trabalhadores como aspectos cru-
ciais para a compreensão da organização social resultante do processo de trabalho.
Já na abordagem psicológica aplicada ao trabalho, o processo laboral é percebido como um ambiente com-
plexo que exerce impacto direto na saúde mental, no bem-estar emocional e no desenvolvimento individual dos
trabalhadores. A psicologia do trabalho mergulha nas experiências individuais no contexto profissional, abor-
dando temas como motivação, satisfação no trabalho, estresse ocupacional e dinâmicas de grupo.
As demandas do processo de trabalho e as condições psicossociais no ambiente laboral emergem como
fatores determinantes para a saúde mental dos trabalhadores. A pressão por desempenho, a sobrecarga de
tarefas e a falta de autonomia são elementos psicológicos que influenciam diretamente a experiência dos in-
divíduos no trabalho. Além disso, as relações interpessoais, a comunicação eficaz e o suporte emocional no
ambiente profissional são aspectos cruciais investigados pela psicologia aplicada ao trabalho.
Com o avanço tecnológico, marcado pela automação, informatização e inteligência artificial, o processo de
trabalho passa por transformações significativas. A sociologia, ao analisar as mudanças nas estruturas sociais
provocadas por inovações tecnológicas, destaca a necessidade de compreender o impacto dessas transforma-
ções nas relações laborais e nas dinâmicas sociais.
— Trabalho escravizado
O trabalho humano e sua evolução histórica constituem uma narrativa complexa, onde as dimensões so-
ciológicas e psicológicas desempenham papéis fundamentais na compreensão do fenômeno do trabalho es-
cravizado. Ao longo da história, a prática da escravidão marcou profundamente as sociedades, deixando um
legado de impactos sociais, econômicos e psicológicos que ressoam até os dias atuais. Examinar o trabalho
escravizado sob a perspectiva da sociologia e da psicologia aplicada ao trabalho é essencial para desvendar
as intricadas relações entre poder, exploração e resiliência humanas.
No contexto sociológico, o trabalho escravizado é analisado como um fenômeno social que transcende a
mera relação de trabalho. Ele é um reflexo das estruturas sociais e das dinâmicas de poder que permeiam uma
sociedade em determinado período histórico. A sociologia aplicada ao trabalho destaca como a escravidão não
apenas moldou as relações laborais, mas também contribuiu para a configuração de hierarquias sociais, estru-
turas econômicas desiguais e a construção de identidades sociais baseadas na exploração.
A evolução histórica do trabalho escravizado revela diferentes formas de organização social, desde as socie-
dades antigas até os períodos mais recentes. As práticas escravistas estiveram presentes em civilizações como
a romana, grega e egípcia, cada uma com suas peculiaridades e impactos nas estruturas sociais. Durante a
era colonial, a escravidão tornou-se um pilar da economia em diversas regiões, com a exploração massiva de
africanos sendo uma das expressões mais marcantes desse fenômeno.
Ao abordar o trabalho escravizado pela lente da psicologia aplicada ao trabalho, é possível explorar as ex-
periências individuais dos sujeitos envolvidos nesse sistema desumano. A psicologia examina como a privação
de liberdade, as condições precárias de vida e o tratamento desumano afetaram a saúde mental, o bem-estar
emocional e a resiliência psicológica dos escravizados. A escravidão impôs não apenas um fardo físico, mas
também uma carga psicológica profunda, manifestada em traumas, depressão e estratégias de resistência psi-
cológica desenvolvidas pelos escravizados para preservar sua humanidade.
A brutalidade do trabalho escravizado não apenas perpetuou desigualdades sociais, mas também deixou
cicatrizes psicológicas nas comunidades afetadas. A herança do trauma da escravidão reverbera ao longo
das gerações, influenciando a construção de identidades, relações familiares e o acesso a oportunidades. A
psicologia aplicada ao trabalho, nesse contexto, destaca a importância de compreender e abordar os efeitos
duradouros do trabalho escravizado na saúde mental das comunidades afetadas.
Ao longo do tempo, movimentos sociais, avanços legislativos e transformações culturais têm contribuído
para a abolição da escravidão em muitas partes do mundo. No entanto, é crucial reconhecer que as sequelas
desse período persistem e demandam uma abordagem sensível e holística. A sociologia e a psicologia aplicada
ao trabalho oferecem ferramentas teóricas e práticas para analisar e enfrentar as consequências sociais e psi-
cológicas do trabalho escravizado, promovendo a conscientização, a reparação e a construção de sociedades
mais justas e equitativas.
— Artesanato
O advento da Revolução Industrial marcou uma transição histórica que alterou profundamente as formas
de produção e organização do trabalho. No contexto das fases iniciais da industrialização, uma fase anterior
à plena ascensão das fábricas, destaca-se o papel crucial do artesanato. Essa forma tradicional de produção,
que remonta à Idade Média, desempenhou um papel central nas primeiras etapas da transformação econômica
e social.
Durante o período pré-industrial, o artesanato representava a principal modalidade de produção. Artífices
habilidosos, muitas vezes trabalhando em pequenas oficinas, eram responsáveis por criar bens de maneira
manual e personalizada. Esse método de produção estava intrinsecamente ligado à comunidade local, com
os artesãos desempenhando papéis multifacetados, desde a criação até a comercialização de seus produtos.
A transição para a industrialização trouxe mudanças significativas na estrutura do trabalho artesanal. O
desenvolvimento de máquinas e a introdução de novas tecnologias possibilitaram uma produção em maior es-
cala, tornando-se um precursor do que viria a ser a produção fabril. O artesanato, no entanto, não desapareceu
imediatamente; ao contrário, enfrentou uma série de desafios e transformações.
A sociologia aplicada ao trabalho nesse contexto examina como as mudanças nas práticas produtivas afeta-
ram as relações sociais entre artesãos, comunidades e as emergentes classes empresariais. A transição para
métodos mais mecanizados muitas vezes resultou na fragmentação do trabalho artesanal, com tarefas especí-
ficas sendo isoladas e atribuídas a diferentes trabalhadores. Essa fragmentação teve implicações não apenas
nas relações entre colegas de trabalho, mas também nas relações sociais mais amplas.
10 História 1. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.
11 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo Seriacopi. 1ª ed. São Paulo.
Ática.
Novas tecnologias, novas fontes de energia e a expansão da atividade industrial marcaram uma nova etapa
do desenvolvimento capitalista, na segunda metade do século XIX. É o início da Segunda Revolução Industrial.
As hidrelétricas e o petróleo ampliaram a capacidade de geração de energia e acrescentaram novas possibili-
dades à tecnologia de produção e, portanto, ao aparecimento de novos produtos. Surgiram as grandes siderúr-
gicas e as indústrias químicas. A marinha mercante multiplicou a sua frota em diversos países europeus, nos
Estados Unidos e no Japão. As ferrovias se expandiram por todo o mundo, como meio de transporte e como
atividade empresarial. A evolução e a ampliação dos sistemas de transporte estimularam o desenvolvimento
da atividade industrial e criaram novas possibilidades em relação à localização geográfica de alguns setores
industriais.
Nessa fase, a livre concorrência das pequenas e médias empresas da Primeira Revolução Industrial foi pra-
ticamente substituída pelo monopólio praticado por empresas gigantescas, comandadas por grandes bancos
que passaram a investir, também, na produção. O empresário, isolado, não tinha como realizar investimentos
tão elevados.
O domínio econômico das grandes empresas intensificou as disputas comerciais entre os países e ampliou
as disputas territoriais para muito além de suas fronteiras. No final do século XIX, a Inglaterra, que mantinha o
maior império colonial do planeta, não era a única potência industrial. Os países que se industrializaram nesse
período incorporaram as tecnologias mais recentes e modernas, enquanto algumas indústrias inglesas eram
Chaplin em “Tempos modernos”, 1936: uma denúncia da alienação e da violência na produção industrial.
12 https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1010/Dissertacao%20Fabio%20Rodrigues.pdf?-
sequence=1&isAllowed=y
13 SENE, Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Morei-
ra. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
14 O Fordismo é um modo de produção em massa baseado na linha de produção idealizada por Henry Ford.
Foi fundamental para a racionalização do processo produtivo e na fabricação de baixo custo e na acumulação
de capital.
Sindicalização e militantismo
A relação intrincada entre trabalho e sociedade, marcada por uma complexidade de elementos que abran-
gem tanto aspectos econômicos quanto sociais, destaca a ação sindical como uma ferramenta fundamental na
busca por equidade e justiça no ambiente laboral. Este texto se propõe a realizar uma análise extensa e abran-
gente sobre a ação sindical e suas diferentes tipologias, explorando as nuances sociológicas e psicológicas
que permeiam esse fenômeno.
A história da ação sindical remonta à Revolução Industrial, uma época em que os trabalhadores enfrentavam
condições desumanas, jornadas exaustivas e salários irrisórios. Diante desse cenário adverso, os sindicatos
surgiram como resposta às injustiças, buscando representar os interesses coletivos dos trabalhadores. Desde
então, a ação sindical evoluiu, adquirindo diversas formas e funções.
Sob a tipologia da ação sindical, o sindicalismo de classe fundamenta-se na ideia de que os trabalhado-
res compartilham interesses comuns e devem unir forças para alcançar objetivos coletivos. Nesse modelo,
a luta por melhores condições de trabalho, salários dignos e benefícios é central, destacando a formação de
identidades coletivas e a solidariedade como fatores essenciais. Por outro lado, o sindicalismo empresarial,
contrapondo-se ao sindicalismo de classe, concentra-se na colaboração entre empregadores e empregados
para alcançar objetivos mútuos, com uma abordagem muitas vezes orientada para a produtividade e eficiência,
explorando estratégias que promovam um ambiente de trabalho mais harmonioso. A psicologia aplicada a esse
contexto investiga as dinâmicas de negociação e as relações interpessoais.
O sindicalismo revolucionário, com raízes nas teorias marxistas, vai além das melhorias nas condições de
trabalho, buscando uma transformação radical na estrutura social e econômica. A sociologia desse tipo de ação
sindical destaca as lutas de classes e a busca por uma reconfiguração completa do sistema.
A evolução do sindicalismo diante das transformações do mundo do trabalho é um tema fascinante que
nos permite analisar a dinâmica complexa entre as forças sociais, econômicas e psicológicas que moldam as
organizações laborais ao longo do tempo. O sindicalismo, enquanto movimento que busca representar os inte-
resses coletivos dos trabalhadores, tem sido influenciado por uma série de mudanças no cenário global, desde
as primeiras formas de organização no contexto da Revolução Industrial até os desafios contemporâneos da
era digital e globalizada.
Na sua origem, o sindicalismo nasceu como uma resposta às duras condições impostas aos trabalhadores
durante a Revolução Industrial. As jornadas exaustivas, os salários inadequados e as condições desumanas
de trabalho deram origem aos primeiros sindicatos, que lutavam por direitos básicos e condições mais dignas.
Nessa fase inicial, a sociologia aplicada ao trabalho ganhava espaço ao analisar as estruturas de poder emer-
gentes e as relações entre capital e trabalho.
Ao longo do século XX, o sindicalismo passou por diversas transformações, refletindo as mudanças nas
configurações econômicas e sociais. O sindicalismo de classe, que fundamentava sua atuação na luta pelos di-
reitos trabalhistas, encontrou desafios e oportunidades nas ondas de industrialização, na ascensão do fordismo
e na consolidação do modelo de welfare state. Essa evolução refletia não apenas os avanços nas condições de
trabalho, mas também as mudanças nas teorias sociológicas que fundamentavam a compreensão das relações
laborais.
No entanto, o sindicalismo não permaneceu imune às transformações estruturais da sociedade contem-
porânea. O advento da globalização e a ascensão da economia digital trouxeram consigo novos desafios. A
flexibilização das relações de trabalho, o surgimento do trabalho remoto e a descentralização da produção im-
pactaram diretamente as formas tradicionais de organização sindical. Nesse contexto, a psicologia aplicada ao
trabalho desempenha um papel crucial ao analisar como essas mudanças afetam a saúde mental e emocional
dos trabalhadores, bem como as dinâmicas de liderança sindical.
A pluralidade de formas de sindicalismo também se destaca como um fenômeno contemporâneo. Além do
sindicalismo de classe, surgiram abordagens mais colaborativas, como o sindicalismo empresarial, que busca
uma parceria entre empregadores e empregados para promover objetivos comuns. A psicologia organizacional
desempenha aqui um papel essencial ao explorar as dinâmicas de negociação e as relações interpessoais que
sustentam essas novas formas de sindicalismo.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessi-
dades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
O direito de greve é assegurado apenas ao trabalhador subordinado. A suspensão dos serviços deve ser
temporária e não definitiva.
A paralisação pode ser parcial ou total. A titularidade do direito de greve é dos trabalhadores, no entanto, a
legitimidade para a instauração da greve pertence à organização sindical dos trabalhadores. O artigo 8º, VI, da
CF/88 estabelece que nas negociações coletivas deve haver a participação obrigatória do sindicato profissional.
Daí decorre que o direito de greve é um importante direito fundamental dos trabalhadores, através do qual
podem se manifestar e pressionar o seu empregador sobre suas reivindicações. Todavia, como é basilar, não se
trata de um direito absoluto, cabendo aos trabalhadores e respectivos sindicatos, para exercê-lo regularmente
e não tê-lo como abusivo, cumprir alguns requisitos legais.
2º - depois das razões finais e antes da sentença, como declina o art. 850 da CLT.
É importante observar que a obrigatoriedade está na tentativa de conciliação e não, necessariamente, na
sua celebração. Ademais, o juiz não está obrigado a homologar o acordo apresentado pelas partes (Súmula
418 do TST).
ATENÇÃO!
Por haver regra própria na CLT no tocante à conciliação, o art. 165 do Novo CPC não se aplica ao processo
do trabalho, exceto nos conflitos de natureza econômica (TST – IN nº 39/2016, art. 14).
Como visto, uma das funções principais do Direito do Trabalho é pacificar as divergências decorrentes das
relações de trabalho, utilizando-se, segundo a doutrina majoritária trabalhista dos meios de solução dos confli-
tos, que são a “autotutela ou autodefesa, autocomposição e heterocomposição”.
A diferença entre tais meios de composição dos conflitos encontra-se nos sujeitos envolvidos. Enquanto a
autodefesa ou autotutela e autocomposição tem seus conflitos autogeridos pelas próprias partes, a heterocom-
posição necessita da intervenção de um agente exterior aos sujeitos do conflito para dirimi-lo.
Passaremos abaixo ao conceito e caracterização de cada um deles.
Autotutela ou Autodefesa
Consiste a autotutela na solução do litígio pela imposição da vontade de um dos interessados sobre a von-
tade do outro. Trata-se de solução egoísta e parcial dos conflitos, vedada por nosso ordenamento, como regra
geral. Se exercida por particular, a autotutela é tipificada como crime de exercício arbitrário das próprias razões
(art. 345 do CP). Quando executada pelo Estado, configura abuso de poder. Em algumas situações excep-
cionais, a própria lei admite a autotutela. Tal ocorre por duas razões básicas: “a) a impossibilidade de estar o
Estado-juízo presente sempre que um direito esteja sendo violado ou prestes a sê-lo; b) ausência de confiança
de cada um no altruísmo alheio, inspirador de uma possível autocomposição”.
Entre as situações nas quais se admite a autotutela, podemos citar o direito de retenção (artigos 578, 644 e
1433, II, do CC), o desforço imediato pelo possuidor na defesa de sua posse (art. 1210, §1º, do CC), a legítima
defesa e a autoexecutoriedade dos atos administrativos.
Autocomposição
É a forma de solucionar um conflito a partir do consentimento em sacrificar o interesse próprio, em todo ou
em parte, em favor do interesse de outrem buscando a resolução de um conflito.
A autocomposição é a negociação direita entre as partes interessadas sem a intervenção de um terceiro.
Pode-se dividir a autocomposição em unilateral e bilateral, esta ocorre quando cada uma das partes faz
concessões recíprocas, o que se denomina de transação, enquanto aquela, é caracterizada pela renúncia de
uma das partes a sua pretensão.
Heterocomposição
A heterocomposição é o meio utilizado para solucionar os conflitos decorrentes da relação de trabalho em
que as partes utilizando-se de suas próprias forças não conseguem dirimi-lo, e utiliza-se, para resolução dos
mesmos, de um órgão ou um agente externo e desinteressado a lide que irá solucioná-lo e sua decisão será
imposta às partes de forma coercitiva.
Utiliza-se para o bom entendimento sobre heterocomposição a divisão didática apontada por Sérgio Pinto
Martins, como sendo subdividida em mediação, arbitragem e jurisdição.
Somente a presença de um agente externo à relação do conflito não caracteriza heterocomposição. Este
tem que ser impositivo, deve impor sua posição influenciando na solução do conflito.
Características da Jurisdição
Unidade
A jurisdição, dizem os clássicos, é função exclusiva do Poder Judiciário, por intermédio de seus juízes, os
quais decidem monocraticamente ou em órgãos colegiados, daí por que se diz que ela é una. A distribuição fun-
cional da jurisdição em órgãos (Justiça Federal, Justiça do Trabalho, varas cíveis, varas criminais, entre outros)
tem efeito meramente organizacional. A jurisdição, como ensina Lopes da Costa, será sempre o poder-dever de
o Estado declarar e realizar o Direito. Nesse sentido, se diz que a jurisdição é una, ou seja, é função monopoli-
zada dos juízes, os quais integram uma magistratura nacional, não obstante um segmento seja pago pela União
(magistratura federal e trabalhista, por exemplo) e outro pelos Estados-membros (magistrados estaduais).
Secundariedade
A jurisdição é o derradeiro recurso (ultima ratio), a última trincheira na busca da solução dos conflitos. O
normal e esperado é que o Direito seja realizado independentemente da atuação da jurisdição, sobretudo em
se tratando de direitos patrimoniais. Em geral, o patrão paga os salários sem que seja acionado para tanto; o
locatário paga o aluguel sem que o locador tenha que recorrer à Justiça para fazer valer seu direito; o pai, uma
vez separado de sua mulher, paga alimentos ao filho, independentemente de qualquer ação de alimentos. Pre-
valece, portanto, a observância ao dever decorrente da lei, o convencionado pelas partes, o ato jurídico perfeito.
Quando se descumpre o dever jurídico oriundo de tais atos, o que se espera é que as partes envolvidas bus-
quem os meios para solucionar o litígio de forma consensual. Nessa perspectiva, a secundariedade constitui
o reverso da unidade. Segundo a característica da unidade, a jurisdição constitui um monopólio do Judiciário.
Por outro lado, de acordo com as características da secundariedade, a função jurisdicional é secundária no
sentido de que só atuará em último caso, quando esgotadas todas as possibilidades de resolução do conflito
instaurado.
Substitutividade
Como o Estado é um terceiro estranho ao conflito, ao exercer a jurisdição, estará ele substituindo, com ati-
vidade sua, a vontade daqueles diretamente envolvidos na relação de direito material, os quais obrigato-
riamente se sujeitarão ao que restar decidido pelo Estado-juízo. É nesse sentido que se fala em substitutividade
da jurisdição. Em outras palavras, as partes poderiam, cada uma, cumprir o seu dever, evitando o conflito. Sur-
gindo o conflito, poderiam, per si, buscar uma forma de resolve-lo. Em não agindo assim, a última possibilidade
consiste em bater às portas do Judiciário em busca de uma tutela jurisdicional. Uma vez provocada a jurisdição,
Princípios da Jurisdição
Princípio do juízo natural
O princípio do juízo natural deve ser compreendido sob dois enfoques: objetivo e subjetivo.
Objetivamente, o princípio do juízo natural desdobra-se em duas garantias básicas: preexistência do ór-
gão jurisdicional ao fato, ou proibição de juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII); e o respeito absoluto
às regras objetivas de determinação de competência (art. 5º, LIII).
Há, ainda, um aspecto subjetivo que também integra o princípio do juízo natural: a imparcialidade. Res-
salte-se que a imparcialidade figura como uma das características da função jurisdicional, como princípio da
jurisdição e como pressuposto processual.
Princípio da improrrogabilidade
Os limites da jurisdição, em linhas gerais, são traçados na Constituição, não podendo o legislador ordinário
restringi-los nem amplia-los. A improrrogabilidade traçará, então, os limites de atuação dos órgãos jurisdicio-
nais. Todos os juízes são investidos de jurisdição, mas só poderão atuar naquele órgão competente para o
qual foram designados, e somente nos processos distribuídos para aquele órgão.
O proletariado de serviços representa uma camada significativa da força de trabalho contemporânea, inseri-
da em atividades relacionadas aos setores de serviços e muitas vezes caracterizada por uma natureza precária
e flexível. Este fenômeno é intrinsecamente ligado às transformações ocorridas no mundo do trabalho, onde a
transição de uma economia industrial para uma economia baseada em serviços desempenhou um papel crucial
na reconfiguração das dinâmicas laborais.
A ascensão do proletariado de serviços é, em grande medida, uma consequência da globalização e das
mudanças tecnológicas que impactaram profundamente as estruturas econômicas e sociais. O avanço da tec-
nologia da informação e comunicação, por exemplo, resultou na automação de muitos processos industriais,
levando a uma diminuição relativa da demanda por trabalhadores na indústria tradicional.
Nesse contexto, observa-se uma crescente expansão dos setores de serviços, abrangendo desde atividades
ligadas à saúde, educação, turismo, até os diversos segmentos do mercado financeiro. Esse proletariado de
serviços, ao contrário do proletariado industrial do século XIX, caracteriza-se muitas vezes pela prestação de
serviços intelectuais, administrativos e de suporte, destacando uma mudança nas habilidades exigidas e nas
condições de trabalho.
A sociologia aplicada ao trabalho é fundamental para compreender as complexidades enfrentadas pelo pro-
letariado de serviços. A natureza fragmentada e muitas vezes precária do emprego nesse setor pode resultar
em insegurança ocupacional, falta de benefícios e maior vulnerabilidade aos impactos econômicos. A sociologia
também analisa as estruturas de poder presentes nos ambientes de trabalho de serviços, examinando as rela-
ções hierárquicas e as dinâmicas sociais que moldam as condições laborais.
A psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel crucial ao explorar o impacto psicológico dessas
condições laborais no proletariado de serviços. A falta de estabilidade no emprego, a pressão por produtividade
e a natureza muitas vezes precária das relações de trabalho podem resultar em estresse, ansiedade e outros
desafios psicológicos. Além disso, a psicologia organizacional examina as práticas de gestão e liderança nas
organizações de serviços, buscando otimizar o bem-estar dos trabalhadores e a eficácia das operações.
A precarização do trabalho no proletariado de serviços também levanta questões sociais mais amplas. A falta
de segurança no emprego pode contribuir para a desigualdade social, aumentando as disparidades de renda
e acesso a benefícios. A sociologia aplicada a essas questões investiga as implicações sociais e busca propor
políticas e estratégias que promovam uma distribuição mais equitativa dos recursos e oportunidades.
A rápida evolução do mundo do trabalho, impulsionada por avanços tecnológicos, globalização e mudanças
nas demandas socioeconômicas, tem destacado a imperativa necessidade de desenvolver novas competên-
cias por parte dos trabalhadores. Nesse contexto, a sociologia e a psicologia aplicadas ao trabalho emergem
como disciplinas fundamentais para compreender e abordar esse desafio complexo e multifacetado.
Sob a lente sociológica, a necessidade de novas competências reflete a dinâmica transformadora das estru-
turas ocupacionais e das relações laborais. O advento da automação e da inteligência artificial, por exemplo,
reconfigura os papéis profissionais, exigindo uma adaptação ágil por parte dos trabalhadores para se manterem
relevantes no mercado. A sociologia aplicada destaca a importância de compreender como essas mudanças
estruturais impactam a estratificação ocupacional, influenciando a mobilidade social e a distribuição de recur-
sos. Além disso, a globalização trouxe consigo a necessidade de competências interculturais e multilíngues, à
medida que os ambientes de trabalho tornam-se mais diversificados. A sociologia investiga como a diversidade
cultural influencia as dinâmicas sociais nas organizações, enfatizando a importância de promover ambientes
inclusivos e equitativos.
Sob o escopo da psicologia aplicada ao trabalho, a necessidade de novas competências é intrinsecamente
ligada à adaptação psicológica dos indivíduos diante das mudanças. A psicologia explora como o desenvol-
vimento contínuo de habilidades influencia a autoeficácia e a resiliência dos trabalhadores, elementos essen-
ciais para enfrentar os desafios constantes do mercado de trabalho. A rapidez das mudanças tecnológicas e
organizacionais também introduz desafios psicológicos, como a ansiedade relacionada à incerteza do futuro
profissional e a gestão do estresse em ambientes de trabalho cada vez mais dinâmicos. A psicologia aplicada
analisa estratégias de coping e desenvolvimento de habilidades emocionais para fortalecer a saúde mental dos
trabalhadores diante dessas pressões.
Prezado Candidato, o tema supracitado, já foi abordado na materia de Eixo Temático 1 - Gestão Governa-
mental e Governança pública
Não deixe de conferir!
A entrada no mercado e a permanência exigem o conhecimento da estrutura (ou regime) do mercado, para,
então, se utilizar o ferramental adequado de formação de preço. Vamos entender este tópico tendo em vista
que cada mercado é composto de dois lados: oferta e demanda.
As estruturas de mercado dependem essencialmente de três características:
- Número de empresas (fornecedores) e consumidores (vendedores) que compõem o mercado;
-Tipo de produto (grau de diferenciação);
- Existência de barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.
Concorrência Perfeita
Mercado competitivo (em concorrência perfeita): Mercados perfeitamente competitivos são mercados ideali-
zados nos quais todas as empresas e todos os consumidores são pequenos demais para afetar o preço. Possui
muitos vendedores e compradores, de modo que nenhum comprador ou vendedor individualmente consiga
exercer um impacto significativo sobre os preços. Nesse mercado, pressupõe-se que os bens e serviços ofer-
tados sejam todos iguais (qualidade, marca, rótulo, etc.). Não há barreiras de acesso para esse mercado aos
novos empresários.
As forças da Oferta e da Demanda determina tanto a quantidade vendida quanto o preço de um bem.
Como compradores e vendedores em mercados perfeitamente competitivos devem aceitar o preço que o
mercado determina, diz-se que são tomadores de preço.
Competição perfeita é um mundo de tomadores de preço. Uma empresa perfeitamente competitiva vende
um produto homogêneo (um produto idêntico ao produto vendido por outros na indústria). Ela é tão pequena
em relação ao seu mercado que não consegue afetar o preço de mercado e simplesmente aceita o preço dado.
Exemplo – quando o fazendeiro João vende um produto homogêneo como o trigo, ele o vende a um grande
grupo de compradores pelo preço de mercado de $ 3 por hectare. Assim como os consumidores geralmente
precisam aceitar os preços cobrados pelos provedores de acesso à internet ou pelos cinemas, as empresas
competitivas também precisam aceitar os preços de mercado do trigo e do petróleo que produzem.
Concorrência perfeita? 15
Numa situação de concorrência perfeita nenhuma empresa pode, por si só, influenciar o mercado. O conjun-
to das empresas é quem determina a oferta de mercado, a qual interagindo com a demanda, determina o preço
de equilíbrio. Independentemente da quantidade que uma empresa produz, essa empresa terá obrigatoriamen-
te que vender a sua produção ao preço determinado pelo mercado.
15 http://www.carlosescossia.com/2009/09/o-que-e-concorrencia-perfeita.html
Some-se a isso o fato de que, no Brasil, além da grande concentração do mercado, a banda larga está dis-
ponível para poucos consumidores. Os pesquisadores do Ipea revelam que, dos municípios que têm acesso a
banda larga, somente 361 (14%) têm a prestadora dominante com menos de 80% do mercado e em apenas 15
cidades (0,5%) a participação da empresa dominante é inferior a 50%. Ou seja, mais que oligopólio, na maioria
dos locais se configura um monopólio, o que dá grande poder de mercado às empresas, inclusive para definir
os preços. Isso sem falar dos locais que nem sequer têm o serviço disponível.
“Não dá para imaginar que três ou quatro empresas possam, em termos de inovação, de dinâmica de mer-
cado, resolver todas as demandas de empresas e famílias em qualquer país”, afirmou o consultor legislativo do
Senado Igor Freitas.
A falta de inovação também é citada pelo presidente da Telebrás, Rogério Santanna, como consequência do
oligopólio. A causa seria a ausência de modelos de negócio para atender áreas e domicílios hoje excluídos do
mercado, seja pelos altos preços, seja pela indisponibilidade do serviço.
“O modelo atual está em crise pela inovação tecnológica. Mercados de cidades pequenas não são rentá-
veis porque essas empresas não consideram a inovação como recurso para encontrar negócio onde elas não
acham. Três mil municípios estão condenados à desconexão eterna pelo mercado. As empresas não têm inte-
resse em operar nessas cidades por não considerá-las rentáveis”, reclamou Santanna, no debate promovido
pela CCT em maio de 2010.
17 . Ipea de 2009.
A visão dicotômica entre indivíduo e sociedade é fundamental nas Ciências Sociais, e faz parte dos primór-
dios do desenvolvimento da Sociologia, que surgiu em meio a um crescente processo de industrialização inicia-
do ainda no século XVIII e que levou ao surgimento de inúmeros problemas sociais no início do século seguinte,
quando surgiu a disciplina. Podemos dizer que as transformações ocorreram pela transição de uma realidade
rural para um ambiente urbano e industrial. O advento de estruturas sociais mais complexas fez com que os
homens se vissem na necessidade de compreendê-las. Brota uma nova ciência que, partindo do instrumental
das ciências naturais e exatas, tenta explicar a realidade, estudando sistematicamente o comportamento social
dos grupos e as interações humanas.
Basicamente buscou-se compreender que todas as relações sociais estão conectadas, formando um todo
social, que chamamos de sociedade. A passagem de uma sociedade rural para uma sociedade urbana, com a
formação de grandes cidades, abriu novos espaços de sociabilidade, em que conviveram pessoas diferentes e
estranhas umas às outras, com objetivos e motivações distintas. Esses novos espaços substituíram os espa-
ços tradicionais de relações. Essa transição é essencial para compreender a sociologia. O rápido processo de
urbanização provocou a degradação do espaço urbano anterior, do meio ambiente, e a destruição dos valores
tradicionais. As indústrias atraíram as populações rurais para as cidades.
Conceitos de Sociedade
A sociedade, tal como passou a ser compreendida no início do século XIX, pressupunha um grupo relati-
vamente autônomo de pessoas que ocupavam um território comum, sendo, de certa forma, constituintes de
uma cultura comum. Além disso, predominava a ideia de que as pessoas compartilhavam uma identidade. As
relações sociais, não só referentes às pessoas, mas, inclusive, às instituições (família, escola, religião, política,
economia, mídia), moldavam as diversas sociedades. Assim, havendo uma enorme conexão entre essas rela-
ções, a mudança em uma acarretaria numa transformação em outra.
A sociedade é entendida, portanto, como algo dinâmico, em permanente processo de mudança, já que as
relações e instituições sociais acabam por dar continuidade à própria vida social. Torna-se claro, ademais, que
existe uma profunda e inevitável relação entre os indivíduos e a sociedade. As Ciências Sociais lidaram com
A interrelação entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho se revela de maneira notória ao investigar-
mos as intervenções psicossociais em comunidades e organizações. Esse domínio interdisciplinar visa com-
preender e aprimorar não apenas os elementos individuais, mas também os sistemas sociais e organizacionais
que influenciam a vivência humana no ambiente de trabalho. Ao analisarmos as intervenções psicossociais,
ressaltamos a função crucial que exercem na fomentação do bem-estar, na solução de conflitos e na edificação
de ambientes mais salutares e produtivos.
No âmbito das organizações, as intervenções psicossociais adotam diversas configurações, desde progra-
mas de desenvolvimento de liderança até estratégias de administração de conflitos. A Sociologia do Trabalho
contribui para essa compreensão ao investigar como as dinâmicas sociais internas impactam o desempenho
e a satisfação no trabalho. Frequentemente, as intervenções visam estabelecer culturas organizacionais mais
inclusivas, onde a diversidade é enaltecida e as relações interpessoais são saudáveis. Essa abordagem so-
ciológica procura compreender como as estruturas organizacionais podem ser configuradas para fomentar a
equidade e a cooperação.
Sob a perspectiva da Psicologia Aplicada ao Trabalho, as intervenções psicossociais focalizam o indivíduo
e os processos psicológicos que moldam o comportamento no ambiente de trabalho. Programas de coaching,
treinamento de habilidades interpessoais e iniciativas de gerenciamento do estresse são exemplos de interven-
ções que buscam aprimorar o bem-estar psicológico dos colaboradores. A Psicologia Organizacional, nesse
contexto, explora como as práticas de gestão e as intervenções psicossociais podem influenciar positivamente
a motivação, a satisfação no trabalho e, consequentemente, a produtividade.
A psicologia é usualmente definida como ciência do comportamento humano e a psicologia social como
aquele ramo dessa ciência que lida com a interação humana. Um dos maiores propósitos da ciência é o es-
tabelecimento de leis gerais por meio da observação sistemática. Para o psicólogo social, tais leis gerais são
desenvolvidas a fim de descrever e explicar a interação social. 18
Implicações para uma ciência histórica do comportamento social
Sob a luz dos presentes argumentos, a tentativa contínua de construir leis gerais do comportamento so-
cial parece mal direcionada, e a crença associada a ela de que o conhecimento da interação social pode ser
acumulado como nas ciências naturais revela-se injustificada. Em essência, o estudo em psicologia social é
fundamentalmente um empreendimento histórico. Estamos essencialmente engajados em incontáveis ques-
tões contemporâneas. Utilizamos metodologia científica, porém os resultados não são princípios científicos no
sentido tradicional. No futuro, historiadores poderão voltar-se para tais relatos do passado a fim de alcançar
uma melhor compreensão acerca da vida nos dias atuais. Entretanto, é provável que os psicólogos do futuro
encontrem pouco valor no conhecimento contemporâneo. Esses argumentos não são puramente acadêmicos e
não se limitam a uma simples redefinição de ciência. Aqui estão implicadas significantes alterações na atividade
de campo. Cinco dessas alterações merecem atenção.
Entre psicólogos acadêmicos encontra-se difundido um preconceito contra a pesquisa aplicada, um precon-
ceito que é evidenciado pelo enfoque dado à pesquisa pura pelos periódicos de prestígio e pela dependência de
promoção e manutenção de contribuições à pesquisa pura em oposição à pesquisa aplicada. Esse preconceito
baseia-se, em parte, na suposição de que a pesquisa aplicada é de valor transitório. Enquanto esta se limitaria
a resolver problemas imediatos, a pesquisa pura contribuiria para um conhecimento básico e duradouro. Do
ponto de vista atual, o solo no qual se assentam tais preconceitos não é merecedor de respeito. O conhecimen-
to que a pesquisa pura se dedica em estabelecer é também transitório; generalizações nessa área de pesqui-
sa geralmente não perduram. A tal ponto que, quando generalizações da pesquisa pura têm grande validade
transhistórica, podem estar refletindo processos de interesse periférico ou importantes para o funcionamento
da sociedade.
Psicólogos sociais são treinados para usar ferramentas de análise conceitual e metodologia científica a fim
de explicar a interação humana. No entanto, dada a esterilidade em aperfeiçoar os princípios gerais ao longo do
tempo, essas ferramentas mostram-se mais produtivas quando usadas na resolução de problemas de impor-
tância imediata para a sociedade. Isso não implica que tais pesquisas devam ser de alcance restrito. Um defeito
fundamental de grande parte das pesquisas aplicadas é que os termos usados para descrever e explicar são
relativamente concretos e específicos para o caso em mãos. Enquanto os comportamentos concretos estuda-
18 GERGEN, K. J. A psicologia social como história. Psicol. Soc.: Florianópolis, 2008.
19 AGUIAR, S. G.; RONZANI, T. M. Psicologia social e saúde coletiva: reconstruindo identidades. Psicol.
pesq.: Juiz de Fora, 2007.
Na fomentação de uma nova política pública de saúde, abrem-se espaços de trabalho para a psicologia, que
passa a problematizar a aplicação das práticas tradicionais em novo cenário de atuação. Outras ferramentas
de intervenção – mais apropriadas para a efetiva inserção na área – devem ser construídas para o trabalho
na Saúde Pública, a fim de que possam contribuir com as transformações propostas pelo Sistema Único de
Saúde (SUS). A Psicologia Social da Saúde, que compreende, em seus pressupostos, uma intervenção mais
local e coletiva, tem sido um importante campo de conhecimento e prática para construir formas diferenciadas
de intervenção na saúde.
A psicologia social, tendo como arena de atuação a complexa relação entre a esfera individual e a social,
tem necessariamente uma vocação interdisciplinar, sendo suas fronteiras permeáveis às contribuições de uma
variedade de outras disciplinas afins. “Cabe à psicologia social recuperar o indivíduo na intersecção de sua
história com a sociedade. Abandonar, portanto, a dicotomia indivíduo sociedade”.
A psicologia (social) comunitária utiliza-se do enquadre da psicologia social, privilegiando o trabalho com os
grupos, buscando colaborar para a formação da consciência crítica e “para a construção de uma identidade
social e individual orientadas por preceitos eticamente humanos”.
Segundo Ronzani & Rodrigues, “a psicologia comunitária constitui um importante campo teórico-prático para
o trabalho em APS, uma vez que pode possibilitar uma maior aproximação das questões de relevância social
das comunidades”. Costa e Lopez afirmam que é através da atuação da Psicologia Comunitária que programas
de saúde podem ser aplicados ao âmbito local de cada comunidade. A Psicologia da Saúde e a Psicologia
Comunitária estabeleceriam, assim, uma relação na qual esta última se converteria em um instrumento de
implementação dos programas que envolvem conceitos da primeira. Seria através da Psicologia Comunitária,
propõem Costa e López, que os programas de saúde se tornariam ágeis e integrados ao tecido social em que
os processos de saúde, adoecimento e morte se dão, e é justamente nesse nível que a intervenção preventiva
deveria ocorrer. Entretanto, o que se deve tentar obter da comunidade é que a mesma análise e modifique seus
comportamentos tentando torná-los favoráveis à saúde. Assim, a Psicologia Comunitária seria um ponto de
ligação entre o sistema de saúde e a comunidade, numa configuração dinâmica e móvel.
A Psicologia Social da Saúde configura-se como um campo de conhecimento e prática que trata das ques-
tões psicológicas com enfoque mais social, coletivo e comunitário voltado para a saúde. Segundo Marín, ca-
racteriza-se pela interlocução da Psicologia Social – com seus conhecimentos e técnicas – com o âmbito da
saúde e destaca a interação como ponto fundamental do processo saúde doença. A interação refere-se tanto
ao homem e seu ambiente quanto aos diversos atores sociais presentes no cuidado com saúde. O autor ainda
salienta que todas as atividades da Psicologia Social da Saúde centram-se mais na busca de uma saúde inte-
gral e não somente na saúde mental.
Para Spink, a psicologia social da saúde é como um campo ampliado de atuação do psicólogo nas insti-
tuições de saúde. Essa ampliação ocorreria, principalmente, em relação ao referencial de trabalho utilizado e
exercido, pois, segundo a autora, a intervenção deve ser contextualizada, ou seja, é importante compreender
Martinez Calvo coloca que a promoção de saúde se origina nas ciências que se ocupam do comportamento
social.
Se nas propostas da atenção primária objetiva-se trabalhar com promoção, o interesse para a psicologia é
evidente. As ações promocionais, segundo Calatayud, necessitam apoiar-se em conceitos puramente psico-
lógicos, tais como: hábitos, atitudes, motivação, interações pessoais e familiares e habilidades. Faz algumas
recomendações para o trabalho dos psicólogos:
4) estimular a participação dos membros da comunidade, levando em conta sua opinião na definição das
prioridades e as estratégias, tornando-os multiplicadores.
Segundo Calatayud, há um conjunto de temas que geralmente aparecem como prioritários para a psicologia
na atenção primária, “e este caráter prioritário se deve ao fato de que são temas que mais afetam o estado de
saúde das pessoas, os quais se recebem a correta atenção, podem conduzir a melhorias importantes na saúde
da população”.
Como veremos adiante, cada um destes temas relaciona-se com aspectos biológicos, sociais e psicológicos.
Estes últimos nos servirão de pauta para guiar o trabalho do psicólogo na atenção primária.
1) Saúde Reprodutiva
Alguns problemas que afetam a saúde reprodutiva e podem ser abordados pela psicologia:
- práticas sexuais que conduzem a gravidez indesejada, ou contágio de doenças sexualmente transmissí-
veis;
- gravidez na adolescência;
- aborto induzido;
- comportamento de risco para o bom desenvolvimento da gravidez (álcool, drogas, etc.);
- Preparação insuficiente da gestante e da família para os cuidados físicos e emocionais do recém-nascido;
- insuficiente conhecimento de comportamentos paternos que propiciem a satisfação das necessidades psi-
cológicas do bebê no primeiro ano de vida.
Segundo o autor, tais questões podem ser trabalhadas com grupos para adolescentes, gestantes, grupos
com familiares das gestantes, grupos com mães a respeito das necessidades do primeiro ano de vida da crian-
ça, entre outros.
3) Adolescentes
Os adolescentes constituem um grupo que abre espaço para várias possibilidades de trabalho. Podem ser
abordados os seguintes temas, através de grupos, palestras, ou, se necessário, individualmente: início da vida
sexual, gravidez indesejada, drogas, álcool, dificuldades familiares etc.
4) Idosos
Também os idosos são citados pelo autor como um grupo potencial de trabalho. Vários aspectos podem ser
abordados. Entre eles: distância dos familiares, solidão, morte do cônjuge ou amigos, aumento das limitações
físicas, tempo ocioso, diminuição da autoestima, depressão etc.
Da formação à ação
Pensar a atuação do psicólogo nas Unidades Básicas de Saúde não é uma tarefa fácil. O tempo de inserção
destes profissionais é relativamente pequeno; há um contingente reduzido de profissionais atuando na área
— apesar de vir aumentando gradativamente — existem poucas pesquisas mais sistemáticas, tanto nacionais
quanto locais, sobre a atuação do psicólogo neste campo específico de trabalho.
Nas palavras de Dimenstein, é possível apontar que tais dificuldades encontradas pelos psicólogos para a
realização da Psicologia nas Unidades Básicas de Saúde no país advêm tanto da inadequação da sua forma-
ção acadêmica para o trabalho no setor, quanto seu limitado modelo de atuação, bem como as dificuldades de
adaptar-se às dinâmicas condições de perfil profissional.
A convergência entre Sociologia e Psicologia aplicada ao trabalho oferece uma visão abrangente para com-
preender e fomentar mudanças sociais, além de enfrentar os desafios sociais que permeiam o cenário profis-
sional. Essas disciplinas complementares fornecem percepções valiosas sobre as dinâmicas sociais, comporta-
mentais e psicológicas que moldam as organizações e comunidades. Nesse contexto, a promoção da mudança
social e a abordagem de problemas sociais emergem como metas cruciais para estabelecer ambientes de
trabalho mais equitativos e saudáveis.
A Sociologia, ao examinar as estruturas sociais e as interações entre os indivíduos, oferece um arcabouço
teórico vital para entender as dinâmicas de poder e as disparidades presentes no mundo laboral. A hierarquia
organizacional, por exemplo, muitas vezes reflete estruturas sociais mais amplas, como gênero, raça e classe.
A compreensão dessas interações é essencial para promover mudanças sociais que busquem a igualdade e
justiça dentro das organizações.
A Psicologia aplicada ao trabalho contribui para esse entendimento ao analisar os aspectos individuais que
impactam o comportamento no ambiente profissional. As percepções, atitudes e motivações dos trabalhadores
desempenham um papel significativo na recepção e implementação de mudanças sociais. A promoção de uma
cultura organizacional saudável demanda uma compreensão aprofundada das necessidades psicológicas dos
colaboradores, incentivando a motivação intrínseca e promovendo o bem-estar mental.
No contexto da promoção da mudança social, estratégias embasadas em princípios sociológicos e psi-
cológicos podem ser adotadas. A diversidade e a inclusão, por exemplo, são elementos fundamentais para
estabelecer ambientes de trabalho mais representativos e equitativos. A Sociologia ressalta a importância de
identificar e desafiar estruturas de poder que perpetuam desigualdades, enquanto a Psicologia aplicada ao
trabalho fornece ferramentas para criar programas de treinamento e sensibilização, promovendo a aceitação e
valorização da diversidade.
No enfrentamento de problemas sociais, como assédio no local de trabalho, discriminação e disparidades
salariais, a abordagem interdisciplinar entre Sociologia e Psicologia é crucial. A Sociologia oferece uma análi-
se crítica das estruturas sociais que perpetuam esses problemas, enquanto a Psicologia aplicada ao trabalho
apresenta estratégias para alterar atitudes e comportamentos prejudiciais. Intervenções que visam conscienti-
zação, treinamento em habilidades interpessoais e políticas organizacionais inclusivas tornam-se instrumentos
poderosos para erradicar problemas sociais arraigados no ambiente profissional.
A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois indepen-
dentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessidade fundamental dos
seres humanos. Nesse sentido, a sexualidade é entendida como algo inerente, que se manifesta desde o mo-
mento do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento. Além disso, sendo a
sexualidade construída ao longo da vida, encontra-se necessariamente marcada pela história, cultura, ciência,
assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-se então com singularidade em cada sujeito. Indissocia-
velmente ligado a valores, o estudo da sexualidade reúne contribuições de diversas áreas, como Antropologia,
História, Economia, Sociologia, Biologia, Medicina, Psicologia e outras mais. Se, por um lado, sexo é expres-
são biológica que define um conjunto de características anatômicas e funcionais (genitais e extrage-
nitais), a sexualidade é, de forma bem mais ampla, expressão cultural. Cada sociedade cria conjuntos
de regras que constituem parâmetros fundamentais para o comportamento sexual de cada indivíduo.
Nesse sentido, a proposta de Orientação Sexual considera a sexualidade nas suas dimensões biológi-
ca, psíquica e sociocultural.
Sexualidade na Infância e na Adolescência20
Os contatos de uma mãe com seu filho despertam nele as primeiras vivências de prazer. Essas primeiras
experiências sensuais de vida e de prazer não são essencialmente biológicas, mas constituirão o acervo psí-
quico do indivíduo, serão o embrião da vida mental no bebê. A sexualidade infantil se desenvolve desde os pri-
meiros dias de vida e segue se manifestando de forma diferente em cada momento da infância. A sua vivência
saudável é fundamental na medida em que é um dos aspectos essenciais de desenvolvimento global dos seres
humanos.
A sexualidade, assim como a inteligência, será construída a partir das possibilidades individuais e de sua
interação com o meio e a cultura. Os adultos reagem, de uma forma ou de outra, aos primeiros movimentos
exploratórios que a criança faz em seu corpo e aos jogos sexuais com outras crianças. As crianças recebem
então, desde muito cedo, uma qualificação ou “julgamento” do mundo adulto em que está imersa, permeado de
valores e crenças que são atribuídos à sua busca de prazer, o que comporá a sua vida psíquica.
Nessa exploração do próprio corpo, na observação do corpo de outros, e a partir das relações familiares é
que a criança se descobre num corpo sexuado de menino ou menina. Preocupa-se então mais intensamente
com as diferenças entre os sexos, não só as anatômicas, mas também com todas as expressões que ca-
racterizam o homem e a mulher. A construção do que é pertencer a um ou outro sexo se dá pelo tratamento
diferenciado para meninos e meninas, inclusive nas expressões diretamente ligadas à sexualidade e pelos
padrões socialmente estabelecidos de feminino e masculino. Esses padrões são oriundos das representações
sociais e culturais construídas a partir das diferenças biológicas dos sexos e transmitidas pela educação, o que
atualmente recebe a denominação de relações de gênero. Essas representações absorvidas são referências
fundamentais para a constituição da identidade da criança.
22 BERALDO, F. N.de M. Sexualidade e escola: um espaço de intervenção. Psicol. Esc. Educ. (Impr.) vol.7
no.1 Campinas, 2003.
Percebemos a concordância de Suplicy et. al. com Ribeiro em afirmar que a Orientação Sexual é uma
prática interventiva sistemática na área da sexualidade. Suplicy et. al., na definição citada, enfatiza que
a Orientação Sexual deve ser pensada e executada a partir da consideração do orientando enquanto ser in-
tegral, ou seja, devem ser consideradas suas dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais
no exercício de sua sexualidade. Além disso, a Orientação Sexual deve contemplar diversos aspectos do de-
senvolvimento sexual dos indivíduos, ou seja, saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem
corporal, autoestima e relações de gênero. Compreende-se o ser humano enquanto ser sexuado inserido num
meio social, que continuamente se relaciona com outros seres humanos. Desta forma, amplia-se o enfoque da
Orientação Sexual no Brasil que, no início e meados do século XX priorizava a dimensão biológica da sexuali-
dade. No final do século XX e nos dias atuais, deve-se compreender a sexualidade enquanto manifestação hu-
mana, com desdobramentos além da mera reprodução e da possibilidade de contágio de doenças sexualmente
transmissíveis. Tais aspectos não devem ser descartados, mas deve-se somar a eles outros aspectos como o
prazer, as relações afetivas e os papéis sexuais na (re)definição de gênero.
Neste contexto, Santos e Bruns apontam que um dos objetivos da Orientação Sexual é levar o indivíduo a
valorizar o prazer, o respeito mútuo, possibilitando-lhe uma vivência mais íntegra e feliz.
Podemos constatar na maioria dos programas de Orientação Sexual executados no Brasil, ainda nos dias
atuais, uma tendência de mostrar apenas os problemas e possíveis más consequências da sexualidade. Em
geral, no conteúdo destes programas são enfatizadas (quando não são exclusivas) as IST - Infecções Sexual-
mente Transmissíveis e as gravidezes precoces na adolescência, com maternidade e/ou paternidade indeseja-
das. Este conteúdo não sensibiliza os jovens para a discussão construtiva do tema sexualidade humana. Eles
costumam não se sentir à vontade para receber uma adequada Orientação Sexual, pois identificam claramente
a repressão sexual que experimentam em seu meio social, aqui também reproduzida pelos profissionais orien-
tadores sexuais.
Em contato com um conteúdo de Orientação Sexual que prioriza os problemas advindos de uma vivência
inadequada da sexualidade e não os aspectos afetivos, prazerosos, e de respeito às relações humanas, os
jovens costumam não perceber uma relação coerente entre o conteúdo abordado e suas próprias experiências
reais concretas. Comenta-se que o sexo traz problemas, mas a maioria dos jovens percebe suas experiências
sexuais como prazerosas, surgindo aí um paradoxo.
Desta forma, urge a necessidade da discussão de conteúdos adequados à realidade dos jovens para que
eles possam realmente tomar atitudes responsáveis na vivência de suas sexualidades. Assim, um programa
efetivo de Orientação Sexual deve reconhecer o exercício prazeroso da sexualidade, sem deixar de contemplar
as medidas de proteção à saúde e os métodos contraceptivos para tornar possível a emergência de materni-
dades e paternidades responsáveis, no momento de escolha consciente de cada pessoa que deseje ter filhos.
Nos dias atuais, percebe-se a crescente preocupação de alguns pais e educadores diante do número de
gestações na adolescência. Segundo o Ministério da Saúde, enquanto a taxa de fecundidade de mulheres
adultas tem caído nas últimas quatro décadas, entre as mulheres jovens existe uma relação inversamente pro-
porcional. “Desde os anos 90, a taxa de fecundidade entre adolescentes aumentou 26%.
Tal preocupação mobiliza e estimula o avanço das ações em orientação sexual, o que pode ser intensamen-
te benéfico para os jovens, visto que eles poderão ter maior acesso a programas desta natureza. No entanto,
cabe questionar se pais e educadores ainda mantêm seu foco sob uma concepção repressiva da sexualidade
humana, desejando que uma Orientação Sexual possa produzir uma atitude sexualmente abstinente dos jo-
vens brasileiros, desejo que se mostra absolutamente inalcançável e indesejável. De outro modo, a preocupa-
ção advinda dos pais e educadores quanto ao número de gestações na adolescência pode ser um ponto de
partida para propiciar espaços abertos de discussão, onde o jovem possa refletir sobre sua própria sexualidade,
no sentido de conscientemente poder efetuar escolhas para sua vida, que incluem ter ou não filhos. Para tal
escolha, o jovem, que num futuro próximo se tornará um adulto, deve ter conhecimento e autonomia sobre o
uso de métodos contraceptivos.
Outra preocupação de pais e educadores que mobiliza a execução de programas de Orientação Sexual são
as doenças sexualmente transmissíveis uma vez que, ao iniciar a vida sexual, muitos jovens, ainda que pos-
suam conhecimento de prevenção, não utilizam preservativo.
Infelizmente a maioria dos programas brasileiros de Orientação Sexual não é contínua. Caracterizam-se
muitas vezes pelo oferecimento de palestras pontuais sobre sexualidade. Este tipo de programa não atinge os
objetivos de propiciar elementos para uma construção adequada do exercício da sexualidade dos jovens. Para
trazer efetivos benefícios à juventude, o processo de educação precisa de continuidade, de vínculo, de tempo,
de reconhecimento.
Percebemos o complexo dever atribuído à Orientação Sexual no âmbito escolar na medida em que é sua
função a reflexão contínua sobre as informações constantes recebidas pelos jovens em suas relações sociais.
Daí decorre a necessidade de que os profissionais que executam programas de Orientação Sexual tenham
conhecimentos científicos suficientes e adequados para abordar as demandas cotidianas da juventude em re-
lação à sexualidade. É preciso que, pela Orientação Sexual, os jovens possam formar suas opiniões a respeito
do tema para propiciar um pleno exercício de suas sexualidades.
Apesar da clara proposição dos PCN de conceber a Orientação Sexual no âmbito escolar enquanto tema
transversal extremamente importante para a formação de valores conscientes pelos jovens em relação à se-
xualidade, muitas dificuldades têm permanecido no exercício diário desta prática educacional. Como sexo é
um assunto intensamente repleto de repressões em nossa sociedade ocidental, muitos educadores não mani-
festam interesse sobre o tema, deixando de buscar formação adequada para o trabalho de Orientação Sexual
com a juventude.
Além dos profissionais diretamente em contato com os jovens, há uma grande parcela de educadores que
são dirigentes de estabelecimentos educacionais e, reproduzem as mesmas repressões sociais em relação à
sexualidade, não contribuindo positivamente para a execução de bons programas de Orientação Sexual, uma
vez que não acreditam que este tema seja importante para a comunidade estudantil ou acreditam que falar
sobre sexualidade com jovens estudantes pode induzi-los à prática precoce de relações sexuais.
A Orientação Sexual na escola ainda tem um extenso caminho a ser trilhado para que a sexualidade, pre-
sente na vida de todas as pessoas, possa ser tratada (e aprendida) pelos profissionais da educação e seus
respectivos educandos sem os massacrantes e silenciadores tabus e com respeito e propriedade, para inibir
práticas inadequadas e produzir práticas saudáveis do exercício da sexualidade.
O Educador/Orientador Sexual
Retomando a discussão sobre a definição dos termos “educação sexual” e “orientação sexual” presente no
item “Orientação Sexual X Educação Sexual” deste trabalho, encontramos com maior frequência na literatura
especializada o termo “educador sexual” referindo-se àquele profissional que exerce a prática educacional de
Orientação Sexual, enquanto prática institucionalizada e sistematizada. Desta forma, neste momento, utilizare-
mos o termo “educador sexual” para fazermos referência a este profissional especializado e não aos membros
da família e demais relações interpessoais dos jovens, que contribuem para a sua educação em um sentido
mais amplo, conforme Vitiello.
Segundo Canosa Gonçalves, o desenvolvimento psicossexual é um processo único e pessoal, que sofre
transformações ao longo do processo por diversos aspectos do comportamento sexual humano sendo eles:
constituição biológica do indivíduo (hereditariedade, níveis hormonais), relações familiares, padrão econômico,
características culturais, adoção da fé, entre outros.
Portanto, o educador sexual, ao realizar sua prática, está inserido neste complexo contexto do comporta-
mento humano e deve intervir nesta realidade. Os jovens com os quais o educador sexual trabalhará trazem
em suas histórias de vida diversas realidades, variadas construções biopsicossociais em um mesmo grupo
25 LOURO, G.L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 2 ed., Petrópolis:
Vozes, 1998.
2) É o modo como ela torna pública (ou não) essa percepção de si em determinados ambientes ou situa-
ções. Quer dizer, corresponde ao posicionamento (nem sempre permanente) da pessoa como homossexual,
heterossexual, ou bissexual, e aos contextos em que essa orientação pode ser assumida pela pessoa e/ou
reconhecida em seu entorno.
Intersexual ou Intersex: a palavra intersexual é preferível ao termo hermafrodita e é um termo usado para
se referir a uma variedade de condições (genéticas e/ou somáticas) com que uma pessoa nasce, apresentando
uma anatomia reprodutiva e sexual que não se ajusta às definições de masculino e feminino, tendo parcial ou
completamente desenvolvidos ambos os órgãos sexuais, ou um predominando sobre o outro. A intersexuali-
dade, enquanto transgeneridade é uma condição e não uma orientação sexual. Portanto, as pessoas que se
autodenominam intersexuais podem se identificar como homossexuais, heterossexuais ou bissexuais.
Lesbofobia: termo usado para descrever vários fenômenos sociais relacionados ao preconceito, a discrimi-
nação e à violência contra as lésbicas (ter desprezo, ódio, aversão ou medo de pessoas com orientação sexual
diferente do padrão heterossexual). Ver homofobia.
Machismo: é a crença de que os homens são superiores às mulheres. É uma construção cultural que definiu
que as características atribuídas aos homens, tem um valor maior. Se pensarmos na educação de meninos e
meninas, veremos que há um tratamento diferenciado que reproduz as manifestações de machismo nos me-
ninos, e às vezes, nas próprias meninas. Ao incentivar (infidelidade, violência doméstica, esporte, diferença de
direitos).
Masculinidade: faz oposição ao termo feminilidade e diz respeito a imagem estereotipada de tudo aquilo
que seria próprio dos indivíduos homens, ou seja, às características e comportamentos considerados por uma
determinada cultura como associados ou apropriados aos homens. Ver feminilidade, pois são conceitos relacio-
nais que não passíveis de serem entendidos separadamente.
Masculinidade Hegemônica: é um modelo construído socialmente que controla, domina e substima as
diversas formas de expressão de outras masculinidades, tornando-se um padrão de masculinidade.
Movimento Feminista: o movimento feminista surgiu para questionar a organização social, política, eco-
nômica, sexual e cultural de uma sociedade profundamente hierárquica, autoritária, masculina, branca e ex-
cludente. Sendo assim, o feminismo pode ser entendido como uma luta pela transformação da condição das
mulheres, que é pública e também privada. E que pode ser entendida, a partir de três eixos:
3) e como ciência, ampliando os debates teóricos e conceituais (derivando a categoria gênero como analítica
de sexo).
Essas vias se entrecruzam, por diversas vezes, para desestabilizar representações, questionar a divisão
sexual da sociedade, opor-se à hierarquização dos gêneros e, por isso, as teorias nem sempre podem disso-
ciar-se de suas ações políticas, e vice-versa.
Poder/Relações de Poder: nossas definições, crenças, convenções, identidades e comportamentos se-
xuais têm sido modeladas no interior de relações definidas de poder. Para Michel Foucault, o poder está em
toda parte; não porque englobe tudo e sim porque provém de todos os lugares. O poder se exerce de diversas
formas: poder de produzir os corpos que controla, produz sujeitos, fabrica corpos dóceis, induz comportamen-
tos. Foucault propõe que observemos o poder como uma rede que, capilarmente, se distribui por toda a socie-
dade. Nas palavras dele: “lá onde há poder, há resistência e, no entanto (ou melhor, por si mesmo) esta nunca
se encontra em posição de exterioridade em relação ao poder”.
Preconceito: é um pré-conceito uma opinião que se emite antecipadamente alimentada pelo estereótipo,
é um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas,
lugares ou tradições consideradas diferentes ou “estranhos”.
Racismo: conjunto de princípios que se baseia na superioridade de uma raça sobre a outra. A atitude racista
é aquela que atribui qualidades aos indivíduos conforme seu suposto pertencimento biológico a uma determi-
nada raça. Não é apenas uma reação ao outro, mas é uma forma de subordinação do outro.
Sexismo: atitude preconceituosa que difere homens de mulheres definindo características específicas para
cada um, subordinando o feminino ao masculino.
Sexo Biológico: é o conjunto de características fisiológicas, informações cromossômicas, órgãos genitais,
potencialidade individual para o exercício de qualquer função biológica que diferencia machos e fêmeas.
Entretanto, o sexo não é simplesmente algo que lhe foi dado pela biologia. Foucault analisa o sexo biológico
como um efeito discursivo. O poder cria o corpo ao anunciá-lo sexuado, ao fazer de sua constituição biológica
um fator natural que carrega características específicas e torna indiscutível a divisão dos humanos em dois
blocos distintos (homens e mulheres). Isto não significa que o corpo não exista de forma sexuada. O que
o poder cria é outra coisa: é a importância dada a esse fator corporal (biológico). O sexo produz, interdita,
possibilita e regula o corpo limitando certos tipos de escolhas para a produção de um corpo sexuado que seja
culturalmente aceitável e inteligível. Assim, o sexo é uma norma através da qual alguém se torna viável.
Sexualidade: é aprendida, ou melhor, é construída ao longo de toda a vida, de muitos e diferentes modos,
por todos os sujeitos por isso, é entendida como um conceito dinâmico que se modifica conforme as posições
do sujeito e suas disputas políticas. A sexualidade tem a ver tanto com o corpo, como também com os rituais, o
desejo, a fantasia, as palavras, as sensações, emoções, imagens e experiências. Ela não tem ligação somente
com a questão do sexo e dos atos sexuais, mas também com os prazeres e sua relação com o corpo e a cultura
compreendendo o erotismo, o desejo e o afeto; até questões relativas a reprodução, saúde sexual, utilização
de novas tecnologias.
Transexual: pessoa que possui uma identidade de gênero diferente do sexo designado no nascimento. Ho-
mens e mulheres transexuais podem manifestar o desejo de se submeterem a intervenções médico-cirúrgicas
para realizarem a adequação dos seus atributos físicos de nascença (inclusive genitais) à sua identidade de
gênero constituída.
Transfobia: termo usado para descrever vários fenômenos sociais relacionados ao preconceito, a discrimi-
nação e à violência contra transexuais (ter desprezo, ódio, aversão ou medo de pessoas com orientação sexual
diferente do padrão heterossexual). Ver homofobia.
Transgêneros ou Trans: são termos utilizados para reunir, numa só categoria, travestis e transexuais como
sujeitos que realizam um trânsito entre um gênero e outro.
26 Leda Maria da Silva Senra Costa. A Influência do Poder na Gestão Estratégica de Pessoas. IX Seget,
2012.
A psicossociologia do contrato de trabalho é uma área que se debruça sobre as complexas interações entre
os aspectos psicológicos e sociais presentes no ambiente laboral. Entender o contrato de trabalho não apenas
como um acordo formal, mas como um fenômeno psicossocial, proporciona insights valiosos para compreender
as dinâmicas organizacionais e a experiência individual do trabalhador.
No contexto da psicossociologia do contrato de trabalho, disciplina e saber operário emergem como con-
ceitos-chave. A disciplina no ambiente de trabalho não se resume apenas à obediência a regras e regulamen-
tos, mas também envolve a internalização de normas sociais e culturais que permeiam a organização. Essas
normas, muitas vezes invisíveis, moldam as relações interpessoais, as expectativas e as práticas cotidianas,
influenciando diretamente a psicologia do trabalhador.
A psicossociologia destaca a importância de compreender o saber operário, ou seja, o conhecimento prático
adquirido pelos trabalhadores ao longo de suas experiências laborais. Esse saber muitas vezes não é formal-
mente reconhecido, mas desempenha um papel crucial no desempenho e na adaptação dos trabalhadores ao
contexto organizacional. A relação entre a disciplina imposta pela organização e o saber operário pode gerar
tensões, uma vez que o reconhecimento desse conhecimento prático pode ser negligenciado.
A subjetividade do trabalhador no contexto do contrato laboral é um elemento central na psicossociologia. As
percepções individuais sobre a justiça, a equidade e o propósito do trabalho influenciam diretamente o engaja-
mento e a satisfação no ambiente profissional. A compreensão desses aspectos subjetivos é fundamental para
o desenvolvimento de práticas organizacionais que promovam um contrato de trabalho saudável e equitativo.
No entanto, a psicossociologia do contrato de trabalho também destaca os desafios associados à precariza-
ção do emprego e às transformações no mundo do trabalho. A instabilidade contratual, a falta de segurança no
emprego e a pressão por produtividade podem impactar negativamente a psicologia do trabalhador, gerando
ansiedade, estresse e desmotivação. Nesse sentido, a disciplina organizacional muitas vezes se choca com a
necessidade de segurança e reconhecimento por parte dos trabalhadores.
A combinação entre sociologia e psicologia no estudo da psicossociologia do contrato de trabalho permite
uma análise abrangente das relações laborais. A sociologia traz a compreensão das estruturas sociais que
moldam as organizações e os contratos de trabalho, enquanto a psicologia aprofunda a análise das emoções,
motivações e percepções individuais dos trabalhadores. Essa abordagem integrada é crucial para desenvolver
estratégias que promovam contratos de trabalho mais justos, equitativos e satisfatórios para todas as partes
envolvidas.
Portanto, a psicossociologia do contrato de trabalho oferece uma perspectiva enriquecedora sobre as dinâ-
micas laborais, indo além das formalidades contratuais para explorar as complexidades das relações humanas
no ambiente de trabalho. A disciplina e o saber operário tornam-se lentes poderosas para compreender as
tensões, desafios e oportunidades que permeiam o cenário profissional, contribuindo assim para o desenvolvi-
mento de ambientes laborais mais saudáveis e sustentáveis.
— Motivação
A implantação da psicologia nas organizações nas últimas décadas concedeu aos gestores, as respostas
de certas lacunas sobre o trabalho humano, pois o homem é movido por uma força interior, mas, para que
seja satisfatória, e traga bem estar, é estimulada por fatores externos. No ponto econômico das organizações,
quando o colaborador trabalha com satisfação é sinal de mais resultado e mais rentabilidade para a empresa.
Motivação é um processo responsável por impulso no comportamento do ser humano para uma determina-
da ação, que o estimula para realizar suas tarefas de forma que o objetivo esperado seja alcançado de forma
satisfatória.
Exercícios
4 - Qual é a perspectiva da psicologia do trabalho no que concerne às vivências individuais dos trabalhadores?
(A) Estudo do desenvolvimento social.
(B) Enfoque nas estruturas sociais.
(C)Investigação sobre a eficiência tecnológica.
(D) Direcionamento para as experiências individuais.
5 - O que o avanço técnico impacta diretamente na experiência psicológica dos trabalhadores, conforme o
texto?
(A) Estabilidade emocional.
(B) Bem-estar financeiro.
(C)Inovação tecnológica.
(D) Eficiência tecnológica.
6 - O que a automatização, como exemplo de progresso técnico, pode causar, de acordo com o texto?
(A) Aumento das desigualdades.
(B) Redução da eficiência.
(C) Desaceleração do progresso.
(D) Estagnação social.
7 - Quais são os desafios psicológicos enfrentados em ambientes onde a tecnologia desempenha papel
preponderante?
(A) Estabilidade emocional.
(B) Bem-estar financeiro.
(C)Adaptação rápida e receio da obsolescência profissional.
(D) Eficiência tecnológica.
11. Qual é o papel fundamental do processo de trabalho na compreensão das dinâmicas sociais, econômicas
e psicológicas?
(A) Meramente secundário
(B) Essencial e central
(C)Ocasional e dispensável
(D) Aleatório e insignificante
14. O que a sociologia destaca em relação às mudanças na organização de trabalho ao longo da história?
(A) Irrelevância para as estruturas sociais
(B) Influência nas estruturas sociais
(C) Ausência de impacto nas estruturas sociais
15. Qual é o papel da tecnologia na reconfiguração das estruturas sociais, conforme evidenciado na
sociologia?
(A) Sem relevância para as estruturas sociais
(B) Papel secundário nas estruturas sociais
(C) Desconsiderada nas análises sociológicas
(D) Reconfiguração das estruturas sociais
16. O que a psicologia aplicada ao trabalho investiga em relação às mudanças tecnológicas na organização
de trabalho?
(A) Impacto apenas econômico
(B) Efeitos psicológicos nas relações pessoais
(C) Adaptação dos trabalhadores e impacto psicológico
(D) Desconsidera os efeitos psicológicos
17. Quais são os temas críticos abordados pela sociologia aplicada ao trabalho no cenário contemporâneo?
(A) Exclusivamente questões políticas
(B) Desafios no acesso a oportunidades laborais, precarização do trabalho e mudanças nas formas de
emprego
(C) Nenhuma abordagem contemporânea
(D) Apenas aspectos econômicos
19. No contexto das desigualdades sociais, como a sociologia aplicada destaca a organização de trabalho?
(A) Refletindo igualdade absoluta
(B) Ignorando desigualdades
(C)Reflexo e perpetuação de disparidades
(D) Sem impacto nas desigualdades
23. O que a psicologia aplicada ao trabalho investiga em relação às experiências individuais dos escravizados?
(A) Impacto apenas econômico
(B) Efeitos psicológicos nas relações pessoais
(C) Adaptação dos trabalhadores e impacto psicológico
(D) Desconsidera os efeitos psicológicos
25. O que a psicologia do trabalho feudal destaca em relação à falta de reconhecimento do valor do trabalho?
(A) Aumento da pressão no trabalho
(B) Desconsideração do bem-estar emocional
(C)Adversidade nas relações pessoais
(D)Afeta a saúde mental dos trabalhadores
27. Qual é a preocupação central da psicologia aplicada ao trabalho no trabalho livre desprotegido?
(A) Ignorar a saúde mental
(B) Desconsiderar o bem-estar emocional
(C) Promover ambientes laborais saudáveis
(D) Aumentar a pressão no trabalho
28. Como a sociologia aplicada destaca a ausência de proteção no trabalho livre desprotegido?
(A) Reflexo de igualdade absoluta
(B) Ignorando desigualdades
(C) Reflexo e perpetuação de disparidades
(D) Sem impacto nas desigualdades
29. O que a psicologia aplicada ao trabalho examina no contexto do trabalho livre desprotegido?
(A) Impacto apenas econômico
(B) Efeitos psicológicos nas relações pessoais
(C) Adaptação dos trabalhadores e impacto psicológico
(D) Desconsidera os efeitos psicológicos
30. Como a sociologia e a psicologia aplicada ao trabalho contribuem para enfrentar as consequências do
trabalho escravizado?
(A) Ignorando as dimensões sociais e psicológicas
(B) Analisando apenas as estruturas sociais
(C) Desconsiderando os impactos psicológicos
(D) Oferecendo ferramentas para analisar e transformar as realidades
41 - Qual foi o século em que o movimento operário ganhou expressiva força como resposta às transformações
da Revolução Industrial?
(A) Século XVIII
(B) Século XIX
(C) Século XX
(D) Século XXI
43 - Qual perspectiva destaca as mudanças nas estruturas sociais causadas pela organização dos
trabalhadores?
(A) Psicologia aplicada
(B) Sociologia aplicada
(C) Ambas
(D)Nenhuma das opções
45 - Além das condições imediatas de trabalho, o movimento operário evoluiu para abordar quais outras
questões?
(A) Direitos civis e igualdade de gênero
(B) Inovações tecnológicas
(C)Sustentabilidade ambiental
(D)Igualdade de gênero, inclusão e justiça social
46 - O que a participação ativa no movimento operário proporcionou aos trabalhadores sob uma perspectiva
psicológica?
(A) Sentimento de impotência
(B) Sensação de alienação
(C) Senso de agência
(D)Desmotivação constante
49 - Qual é a importância destacada no texto para a compreensão holística da organização dos trabalhadores
e trabalhadoras?
(A) Condições de trabalho
(B) Relações sociais e construção de identidade
(C) Hierarquias tradicionais
(D) Expressiva força do movimento operário
1 B 26 B
2 A 27 C
3 B 28 C
4 D 29 C
5 C 30 D
6 A 31 A
7 C 32 B
8 C 33 C
9 C 34 B
10 B 35 C
11 B 36 A
12 B 37 C
13 D 38 B
14 B 39 C
15 D 40 C
16 C 41 B
17 B 42 C
18 C 43 B
19 C 44 A
20 C 45 D
21 B 46 C
22 B 47 C
23 C 48 C
24 C 49 B
25 D 50 C