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e Cultura Organizacional
Conteudista/s
Ana Cláudia Mendonça (conteudista, 2023).
Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1: A Transição do Mundo ........................................................................... 7
do Trabalho................................................................................................................ 7
Unidade 1: Pós-pandemia e os Desafios no Trabalho........................................... 8
1.1 Uma Pandemia, uma Experiência, uma Nova Forma de Trabalhar ..................... 8
1.2 Algumas Pesquisas e Estudos ................................................................................. 10
1.3 A Flexibilidade e o Trabalho Híbrido ...................................................................... 15
Referências ...................................................................................................................... 19
Olá, pessoas! Muito prazer em participar desta jornada com vocês sobre a gestão de
equipes híbridas e os desafios para a cultura organizacional, um tema que entrou na
nossa pauta corporativa, no mundo pós-pandemia, e que ainda traz alguns mitos e
desafios para nós gestores.
Mudar é a única certeza na vida, e fazemos isso na nossa vida pessoal e profissional,
não há dúvidas, às vezes sendo protagonistas, outras vezes sendo impactados por essas
mudanças. Mas dizer que isso ocorre de forma simples e fácil, não é verdade. Precisamos,
junto com o time, aprender sobre as novas formas de trabalho e desenhar uma cultura
que possa recepcionar as necessidades das pessoas e das organizações.
Pensando nisso, este curso foi construído de forma a facilitar, oferecendo o conhecimento
e algumas ferramentas que podem ajudar você a conduzir essa mudança de forma mais
humanizada.
Você também vai ter a oportunidade de compreender mais sobre a cultura organizacional,
que é o jeito como somos e trabalhamos. Entender sobre isso vai acrescentar muito para
que você possa fazer diagnósticos melhores e saber “onde está pisando”, isso o ajudará a
ter uma visão mais ampla sobre o seu ambiente.
Além disso, você vai poder reconhecer os artefatos da cultura, para que se possa
redesenhar a cultura organizacional, como também reconhecer os elementos que
compõem a experiência do servidor, bem como os seus conceitos e sua aplicação em
benefício da nova cultura.
Do mesmo modo, você vai conhecer e aprender sobre a jornada da liderança híbrida
relacionando a cultura com as estratégias da prática da liderança positiva. Também vai
reconhecer os pilares que sustentam o trabalho híbrido, seus benefícios e compreender
o papel, as competências e as ferramentas que o gestor irá adquirir para lidar com sua
equipe.
Por fim, você vai poder navegar pelo bem-estar de times e líderes, identificando estratégias
que estimulem a equipe a ter o direito à desconexão, à presença autêntica e ao flow.
Vamos lá?
1
A Transição do Mundo
do Trabalho
Este módulo tem o objetivo de colocar você a par de uma forma mais didática sobre
as mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho. Talvez, desde a segunda
revolução industrial, a sociedade nunca tenha mudado tanto quanto agora na forma
como o trabalho está estruturado.
O contexto que vivemos hoje é o que traz mais inovações no modo de pensar e de
entregar o trabalho. E podemos sentir essa evolução numa linha do tempo:
A geração do campo
Algumas pessoas trabalhavam no campo, artesãos que trabalhavam em casa.
São exemplos de uma primeira geração do trabalho.
A geração da fábrica
Pós-revolução industrial. As pessoas saíram para as fábricas e foram trabalhar
fora de casa, o trabalho era um lugar para onde íamos.
Aliás, esse modelo da revolução industrial ainda era, até a pandemia, o modelo
preponderante de trabalho, em termos de estruturas mentais e de divisão.
A geração do escritório
A fábrica gerou muitas demandas administrativas e burocráticas para serem
organizadas e gerenciadas, o que fez com que surgissem escritórios para essas
finalidades. Os escritórios foram evoluindo com máquinas de datilografar,
computadores, impressoras e vimos a tecnologia chegar a eles, o que também
contribuiu para a automatização fabril.
A geração do teletrabalho
Os escritórios foram formatados em baias, depois em formatos mais abertos,
colaborativos, salas de jogos conhecidas como “salas do Google”. Algumas
empresas começaram a se arriscar no teletrabalho, que se expandiu com a
pandemia, trazendo o pensamento flexível, um mundo do trabalho em que
cabia a modalidade híbrida também.
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os novos desafios do mundo pós-
pandemia e seu impacto no mercado de trabalho.
Covid-19.
Fonte: Storyset (2023).
Por trás dessa nova forma de trabalho, as pessoas continuavam trabalhando quase
o dia todo, acrescentando ainda: as tarefas domésticas, as atividades escolares
e outras demandas. Dessa somatória, muitas vezes, resultaram esgotamentos
emocionais e dificuldades relativas à saúde mental, pois o tempo todo, a morte e a
doença no seu seio familiar poderiam chegar ou já haviam chegado.
Pelo lado do empregador, muitas adaptações tiveram que ser feitas em relação ao
trabalho remoto, como tecnologia distribuída, VPN, empréstimo de mobiliário de
escritório, palestras, treinamentos e reuniões por meios virtuais, algumas vezes
com a presença de filhos e animais de estimação, entre outras alternativas que
permitissem o trabalho ser feito fora da organização presencial.
Muitas empresas afirmavam que não voltariam mais ao presencial, que seus
funcionários ficariam remotos para sempre, algumas delas, inclusive, vendendo
seus espaços físicos, com uma nova proposta de trabalho ou mudando de endereço
para espaços menores.
Sabemos que a solução do teletrabalho era tida como provisória, mas ocorre que
mesmo que as condições não tenham sido pensadas, algo foi ressignificado:
Bertrand Russell, em 1932, no seu livro Elogio ao Ócio, já defendia que quatro horas
diárias de trabalho eram mais que suficientes. Segundo o filósofo britânico, essa
seria a jornada ideal para dar às pessoas o direito às necessidades e aos confortos
básicos da vida, como a dedicação à ciência, à pintura e à escrita.
Numa versão mais atualizada, em 1995, O ócio criativo, de Domenico De Masi, afirma
que para vivermos um estado de satisfação precisávamos unir o trabalho, o estudo
e o lazer, a fim de aproveitarmos o valor gerado pelo trabalho, o conhecimento
ocasionado pelo estudo e a alegria proporcionada pelo lazer. Uma premonição?
Bom, se Domenico De Masi foi premonitório, não sabemos, por isso vamos nos
embasar em alguns estudos e pesquisas para entender como pensam as pessoas
atualmente.
O Google Workspace realizou uma pesquisa, para entender como seria o trabalho
no pós-pandemia. 67% dos respondentes afirmaram que o que mais valorizavam
no trabalho remoto era passar menos tempo em deslocamento.
Veja que as respostas passam pela qualidade de vida (evitar trânsito), relacionamentos
significativos (ficar com a família) e flexibilidade (horários flexíveis), e que todas
giram em torno do fator tempo. Só nessa resposta nós temos três tendências que
estão impactando o mundo do trabalho e os novos arranjos organizacionais de
modalidades de trabalho.
É claro que isso também é visto como um fator estressante de trabalho, pois o fato
é que a pandemia aumentou a lente sobre as dificuldades emocionais e de saúde
mental, outro pilar nesse espectro das mudanças sobre o trabalho, principalmente
aos fenômenos que surgiram de burnout, depressão e ansiedade.
Estudos mais específicos sobre a saúde mental como o “One Year of Covid-19”,
realizado pela Ipsos para o Fórum Econômico Mundial com 30 países, apontou que
53% das pessoas entrevistadas no Brasil acreditam que sua saúde mental mudou
para pior desde o início da crise de Covid-19 (CALLIARI, 2021).
Nem tudo são flores e não foi fácil, mas não há dúvida que foi o maior experimento
global que testamos relativo ao comportamento humano, às suas necessidades
básicas e ao conceito de trabalho.
Notícia.
Fonte: Alvarenga (2022).
Nessas percepções do trabalho, verificou-se que uma “camisa não veste mais todo
mundo”, e que tem que oferecer possibilidades que atendam às demandas de
flexibilidade das pessoas, bem como à produtividade e à entrega de resultados por
parte das organizações.
O trabalho híbrido vai ganhando espaço, mas por que ele foi se tornando a modalidade
mais requerida e desejada? E o que seria o trabalho híbrido? De forma geral é a
divisão do tempo de trabalho entre o presencial e o remoto, alternadamente.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conceituou no seu inciso II, do art. 2º, da Portaria
490/2022, como:
“Art.
2º........:
I - ...........
II - Trabalho híbrido: modalidade de trabalho executado presencial, nas
dependências físicas do Tribunal, e remotamente, com utilização de recursos
tecnológicos, de forma intercalada, em dias previamente definidos, sendo,
semanalmente, no mínimo 2 (dois) dias presenciais;”
As organizações devem ter uma política atualizada sobre o tema, para não terem
o risco de perder esses profissionais, que no caso do serviço público poderia
ser a perda para outros órgãos, requisições, redistribuições ou até dentro da
mesma organização de perder os servidores para outras unidades, onde a gestão
compreendeu o significado dessa flexibilidade.
Mais do que perder pessoas, estamos falando em deixar de ser uma marca
empregadora atrativa, causando desengajamento desses profissionais. Portanto,
independente da área de gestão de pessoas, a liderança deve estar atenta para
essas mudanças, e para ser um catalisador dessas possibilidades.
Onde?
Em qual lugar será realizado determinado tipo de trabalho.
Quando?
Em qual momento, lembrando da necessidade das pessoas se desconectarem
digitalmente.
Como?
A forma e a maneira que o trabalho é realizado e entregue.
Outro desafio, quando olhamos para o trabalho híbrido como uma grande tendência
do mercado de trabalho, é que não podemos contaminar os momentos remotos
com as práticas do presencial. Por isso, a implantação do trabalho híbrido traz esse
fato ao gestor:
Assim seguimos nessa (r)evolução do trabalho, onde já se fala que semana útil,
jornada, horário comercial, sábados e domingos como dias de descanso, e não
outros da semana, serão peças que ficarão no museu da história do trabalho. O
futuro dirá.
Por exemplo, a Apple estabeleceu, em seu projeto piloto, o chamado Team Days, os
“dias de equipe”, nos quais cada gestor marca um dia em que todos da equipe devem
estar presentes, isto é, o terceiro dia é o dia que o gestor estabelece com a equipe.
Nesse dia da equipe a proposta é favorecer a interação entre todos, colaboração em
projetos e a tomada de decisão participativa.
Lembre-se que a adoção de modalidades tem que fazer sentido para a sua atividade
e para o seu órgão, mas para quem sobreviveu à pandemia trabalhando totalmente
remoto, o híbrido já é uma boa pedida!
Diante de tudo isso que você viu, qual será mesmo o futuro do trabalho? Ainda não
temos uma unanimidade quanto a isso, mas o que é certo é que precisamos testar
e escutar as pessoas, e nesse contexto o trabalho híbrido vem ganhando cada vez
mais adeptos entre servidores e gerentes.
Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!
ALVES, T. Nem home nem office. São Paulo: Editora Gente, 2022.
CALLIARI, Marcos. One Year of Covid-19: mais da metade dos brasileiros afirma que
saúde mental piorou desde o início da pandemia. IPSOS, [s.l.], 19, abril, 2021. Disponível
em: https://www.ipsos.com/pt-br/one-year-covid-19-mais-da-metade-dos-brasileiros-
afirma-que-saude-mental-piorou-desde-o-inicio-da. Acesso em: 10 jul. 2023.
ESTADÃO CONTEÚDO. XP amplia home office até o fim do ano e estuda trabalho
remoto permanente. Exame, [s.l.], 14, maio, 2020. Disponível em: https://exame.
com/carreira/xp-amplia-home-office-ate-o-fim-do-ano-e-estuda-trabalho-remoto-
permanente/. Acesso em: 10 jul. 2023.
SOUZA, Cleber. 42% dos trabalhadores preferem modelo híbrido de trabalho, diz
pesquisa. CNN Brasil Business, São Paulo, 1, janeiro, 2021. Disponível em: https://
www.cnnbrasil.com.br/economia/42-dos-trabalhadores-preferem-modelo-hibrido-
de-trabalho-diz-pesquisa. Acesso em: 10 jul. 2023.
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer as habilidades para lidar com a
transição do mundo VUCA para o mundo BANI.
Antes de você iniciar o conteúdo desta unidade, gostaria de perguntar qual nova
habilidade você aprendeu com a pandemia? Você teve que aprender algo novo para
transitar nesse tempo ou até aprofundar alguma competência que você já sabia? Já
pensou sobre isso?
Mas, o que tudo isso significa? Que mais do que nunca as nossas atividades poderão
ser totalmente transformadas ou até extintas, e precisamos estar atentos para
desenharmos nossas carreiras e criar o nosso mercado de trabalho. Afinal, como
afirma o fundador do Fórum:
Motivação e Resiliência,
autoconsciência flexibilidade e agilidade
Agora, sugiro que você faça a seguinte experiência: uma roda de competências para
você se autoavaliar em relação a essas habilidades.
1 Faça um círculo e divida-o em 10 partes iguais, como uma pizza. Cada parte é
uma competência descrita anteriormente.
Veja um exemplo:
Você quer testar essa auditoria? Então pegue um papel e caneta e, pensando na sua
trajetória, responda às perguntas a seguir:
Pronto! Agora, você já tem uma lista de habilidades transferíveis que manterá para
usar no seu futuro, podendo pensar em novos espaços de trabalho e de carreira
dentro das suas habilidades.
Ou seja, estamos na transição do mundo VUCA para o mundo BANI. Mas como isso
ocorre?
Brittle ― Frágil
Estamos suscetíveis a catástrofes a qualquer momento, tudo pode ser mudado,
nada é tão sólido. O que hoje existe amanhã pode deixar de existir. Quantas
organizações você viu que fecharam as portas com a pandemia? E quantas
nasceram? E você? Quais habilidades e competências você não tem e podem o
deixar frágil? Pense no plano B.
Nonlinear ― Não-linear
Eventos que parecem desconectados e desproporcionais, não seguem um único
sentido ou mesma regra do início ao fim, com quebras de padrões. Causa e efeito
não são visíveis. Não faz sentido, por exemplo, pensarmos em planejamentos
detalhados e de longo prazo, se não pensarmos em ciclos curtos de entregas,
porque com a não-linearidade podemos estar indo para um caminho que
mudará de repente.
Incomprehensible ― Incompreensível
Recebemos muitas informações, tentamos encontrar respostas baseadas
em dados, mas as respostas não fazem sentido, pois os cenários mudando,
as respostas também mudarão. O excesso de dados e de fontes podem até
prejudicar a compreensão, gerar uma infodemia, sem considerar, ainda, as
chamadas fake news e a desinformação.
Bom, agora que você já compreendeu essa transição em que estamos vivendo, qual
é a forma de transitarmos por tudo isso? Quais competências podem ser úteis para
essa travessia?
É certo que o mundo BANI tem todas as características mais caóticas, então a
proposta de Jamais Cascio é uma tentativa de testar e de experimentar, e como todo
sistema incompreensível temos que ir construindo hipóteses e verificando, pois, a
única certeza é que teremos mais e mais mudanças.
As competências a serem testadas para lidar com esse mundo BANI são as
socioemocionais ou humanas chamadas soft skills. Vamos entender quais devemos
ficar de olho para desenvolver?
Como estão as suas habilidades para essa transição? Trouxemos aqui vários cenários
com habilidades diferentes, mas complementares que farão parte da sua jornada
nessa nova forma de trabalhar. E veja que as habilidades do mundo BANI de empatia,
de resiliência e de flexibilidade também foram apontadas no Fórum de Davos.
Com todo o acesso à informação, a maior valorização vai para as pessoas que
conseguirem extrair o melhor das informações, se reciclando constantemente no
movimento do “aprender a desaprender”, tornando-se protagonistas dos seus
aprendizados.
É certo que o aprendizado será maior se você procurar a aplicação dele no seu dia
a dia, por isso, separe e comece por aquele aprendizado que tenha utilidade prática
imediata, identificando quais conhecimentos, habilidades e comportamentos fazem
sentido na sua vida, no seu momento atual e no futuro próximo, adaptando-os à sua
realidade.
Isso nos desconforta, nos tira da zona de conforto e dos nossos vieses de confirmação,
entretanto, a curiosidade é uma das maiores aliadas da aprendizagem, não por acaso
a curiosidade e a aprendizagem contínua estão na quinta posição das habilidades
necessárias até 2027, pelo Fórum de Davos.
Conteúdo
Que tipo de conhecimento você quer aprender e como vai aprender. Sabemos que
esse é o mais usual da nossa educação, a aquisição do conteúdo, independente
do que você faria com ele. Podemos adquirir por meio de livros, blogs, podcasts,
jornais, artigos, entre outros. A ideia aqui é, depois que você consumir, usar
formas de retê-lo seja ensinando ou repassando para alguém, seja fazendo um
resumo, ou ainda anotando suas reflexões relacionadas ao seu dia a dia.
Experiência
Como você pode criar práticas para aproveitar o conteúdo que você aprendeu?
E se você é um gestor, como criar oportunidades de aprendizados para que as
pessoas da sua equipe possam praticar e ter experiências em que elas lidem com
esse mundo BANI? Ouço muitos servidores dizendo que seus gestores torcem
o nariz quando eles vão participar de um curso. E se você não só estimular eles
a participarem, mas criar desafios quando eles voltarem do curso para que a
prática possa ocorrer no ambiente de trabalho? Você pode projetar isso com
experiências práticas, voluntárias, de desafios e comportamentais, por exemplo.
Pessoas
Somos seres sociais, fato. E o que aprendemos ao nos relacionar com as
pessoas? Quem são as pessoas que fazem parte da nossa rede de apoio para
o aprendizado? O que aprendo com determinadas pessoas? Quem são seus
parceiros na jornada do aprender, seja no trabalho ou na vida pessoal? As pessoas
que você mais convive hoje inspiram e estimulam o seu aprendizado? Se a sua
resposta for não, desafio você a pensar o que poderia fazer, intencionalmente,
para construir o seu entorno social de aprendizado.
Redes
Como disse anteriormente somos seres sociais, e gostamos de pertencer a
algum lugar. Para isso, nos conectamos e nos ligamos a comunidades, tribos,
grupos, equipes, times, movimentos coletivos que possuem o mesmo interesse
e curiosidade e possibilitam ter companhia e estímulos para trocar aprendizados
e saberes. Assim, podemos acelerar nosso conhecimento. Quais são os seus?
Sistematizando a autoaprendizagem.
Fonte: CEPED/UFSC (2023).
Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos.
Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos!
CASCIO, J. Facing the Age of Chaos. [s.l], 29, abril. 2020. Medium: @cascio. Disponível
em: https://medium.com/@cascio/facing-the-age-of-chaos-b00687b1f51d. Acesso
em: 10 jul. 2023.
COMPETÊNCIAS para o mundo BANI com Paula Costa. [s.l.]: Marcelo Piment;
Paula Costa. 1 vídeo (60 minutos). Publicado pelo Canal do Professor Marcelo
Pimenta Inovador. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=r0SxGAd-
bOA&list=PLJcJVqL39kUbM-C4xg1ufadf_QD_o8Gpr&index=6. Acesso em: 10 jul. 2023.
CUMMINGS, K. B. Next move, best move: transitioning into a career you’ll love. New
Jersey: Wiley, 2021.
GONZÁLEZ, C. Los analfabetos del siglo XXI: ¿quiénes serán?. Vida Economica,
Málaga, 23, janeiro. 2019. Disponível em: https://www.vidaeconomica.com/2019/01/
analfabetos-siglo-xxi-quienes-seran/. Acesso em: 10 jul. 2023.
SCHWAB, K.; ZAHIDI, S. Preface. In: WORLD ECONOMIC FORUM. Future of Jobs Report.
2020. p. 3 - 4.
WORLD ECONOMIC FORUM. Future of Jobs Report. 2023. Disponível em: https://
www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2023.pdf. Acesso em: 10 jul. 2023.
Por isso, neste módulo você conhecerá os artefatos da cultura e os elementos que
compõem a experiência do servidor, bem como os seus conceitos e sua aplicação
em benefício da nova cultura organizacional.
É isso que você vai aprender a identificar neste módulo, para que você tenha
ferramentas para diagnosticar e elaborar as suas conclusões, com vistas a desenhar
e/ou fazer ajustes para desenhar a cultura necessária para as mudanças que deseja
implementar.
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os artefatos da cultura, para que se
possa redesenhar a cultura organizacional.
As novas formas de trabalho e você viu que pesquisas apontam para modelos mais
flexíveis, especialmente o híbrido, que vem sendo o preferido das organizações e
dos funcionários.
Mas, será que a sua organização está sendo preparada para essas mudanças?
Será que os valores organizacionais, os artefatos da cultura e as lideranças estão
alinhados para a prática do trabalho híbrido?
Para entender tudo isso, convido você a entender sobre a cultura organizacional.
Muitos teóricos falam e conceituam cultura, e um dos mais referenciados é Edgar
Schein (1985) que assim explicita:
A cultura é o ponto central de uma organização, é nela que são praticados os valores
que representam a forma de como as coisas são feitas e vivenciadas, assim como
quais os comportamentos que são valorizados.
Uma cultura forte é aquela alinhada e vivenciada pelas pessoas, pois o forte
alinhamento faz com que as pessoas saibam o que elas têm que fazer, sejam
mais autônomas e entendam quais comportamentos são esperados delas, assim
respondem de forma mais efetiva às adversidades, consequentemente apresentam
melhor desempenho e entregas de resultados.
Toda organização tem uma cultura compartilhada e não existe cultura boa ou ruim,
o que importa é saber se a cultura de hoje suporta todas as mudanças que se quer,
e no nosso caso se está apta à implantação do trabalho híbrido ou se é necessário
fazer um desenho cultural para esse fim.
Artefatos
Tudo que é visível quando alguém entra em contato com essa cultura, são
facilmente perceptíveis, mas nem sempre compreendidos por quem não
faz parte da cultura. São exemplos: normativos, processos, rituais, práticas,
uniformes, layouts e organogramas.
Valores compartilhados
Valores praticados na organização, que são menos visíveis, mas se tornam
visíveis por meio dos comportamentos e práticas, regras vivenciadas, mas
não escritas, filosofias.
Pressupostos básicos
Não visíveis. São as crenças, as percepções, os vieses, os sentimentos,
pensamentos, aquilo que é invisível, mas sabemos que estão ali, que guiam
alguns comportamentos, e que se presumem verdadeiros.
Dessa forma, conhecer esses aspectos da sua cultura vai facilitar desenhá-la para
modalidades híbridas sabendo quais elementos precisam ser alterados, estimulados
ou retirados, bem como ajudará no monitoramento e na constante atualização.
Esses valores podem, inclusive fazer parte dos acordos no time, ficando visíveis para
todos, e da gestão de desempenho e resultado para serem aferidos oportunamente.
Veja como o TSE descreveu os seus valores, com os comportamentos descritos para
cada valor.
Valores do TSE.
Fonte: TSE (2022).
Dessa forma fica mais claro o que se espera do servidor e da liderança no valor
“bem-estar”, por exemplo. E isso é o “como” a pessoa deve se comportar, pois os
resultados do time não são só quantitativos, são também qualitativos, relacionados
a como são entregues.
A organização não muda, quem muda são as pessoas. E esse conjunto de valores
praticados pela liderança, dentro do seu time, facilitará a adoção de novas modalidades
de trabalho, pois valores orientam tomada de decisão, que servem a um propósito.
Segundo Barrett (1998) culturas de alto desempenho tendem a ter uma forte base
de valores pessoais e de equipes, e a cultura de uma organização é um sistema
complexo adaptativo, que de acordo com os artefatos e valores que você introduz,
as consequências são os comportamentos praticados pelas pessoas.
Agora que você já sabe a importância da cultura organizacional e como ela traz
elementos que podem te ajudar a perceber os elementos que devem ser investigados
para a implantação do trabalho híbrido, você vai aprofundar um pouco mais no
redesenho dessa cultura, considerando a experiência do servidor.
A cultura organizacional pode parecer, e é, por vezes, algo subjetivo. Mas ela está nos
comportamentos das pessoas, nas práticas, nas atitudes dos gestores, nas políticas,
nos relacionamentos entre as pessoas, e nas tomadas de decisão. Portanto, assim
se torna mais palpável e perceptível.
Mas que cultura temos que construir para suportar essa nova forma de trabalho
híbrida? Temos dois elementos principais dessa cultura: a confiança e a flexibilidade.
O trabalho híbrido tem um paradoxo no seu pressuposto, pois as pessoas querem
trabalhar de qualquer lugar, ou seja, remotamente, mas também querem manter
contato interpessoal e interagir com a equipe, desenvolver o seu capital social.
Outro fator que precisamos ficar atentos é como construir conexões significativas
entre a equipe, já que vamos ter pessoas que não estavam presentes desde a
formação inicial do time e também teremos outros membros que podem sair ou
chegar na equipe.
Escuta ativa.
Fonte: Freepik (2023).
Então, considerando que vamos trabalhar com a cultura inicialmente, vou fazer
um recorte de time, para que você, líder, possa aplicar, em vez de trabalhar toda a
organização, que é o ideal, mas certamente a área de gestão de pessoas deve ficar
com essa incumbência.
Valores.
Fonte: Freepik (2023).
Reunião de equipe.
Fonte: Storyset (2023).
Montando um ranking.
Fonte: Storyset (2023).
Valor Transparência.
Fonte: CEPED/UFSC (2023).
Agora, vocês vão gerar para cada valor até 3 comportamentos. Por exemplo: no
quadro acima temos o valor transparência. Quais comportamentos representam,
para nosso time, agir com transparência no trabalho híbrido e gerar resultados
transparentes? Faça isso com todos os valores selecionados.
Artefatos
Você pode pensar nos artefatos como algumas mudanças que serão necessárias
para você implementar o trabalho híbrido. Aqui, vou elencar algumas que devem ser
pensadas, sem prejuízo de outras a serem acrescidas de acordo com a sua realidade:
Normativos
Há permissivo para o trabalho híbrido na sua organização ou você tem
autonomia para fazer um piloto nesse sentido? É necessária a compreensão
de todos para essa questão.
Acordos
Como serão feitas as comunicações, as colaborações, quais dias serão
presenciais, quais dias serão remotos etc.
Plano de Desempenho
É necessário estabelecer papeis, responsabilidades, atribuições, e entregas
de resultados com métricas quantitativas e qualitativas, aqui entre os
valores, para que o servidor possa ser avaliado.
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os elementos que compõem a
experiência do servidor, bem como os seus conceitos e sua aplicação em benefício da nova
cultura organizacional.
Artefatos.
Fonte: Morgan (2017). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).
Para Jacob Morgan, no seu livro The Experience Employee Advantage, a relação do
funcionário com o trabalho, a experiência do servidor, considera a conexão entre os
três ambientes da organização: cultural, físico/digital e tecnológico.
Artefatos.
Fonte: Morgan (2017). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).
Veja que a cultura é um dos vértices dessa experiência, por isso estamos trazendo-a
como um dos aspectos primordiais na implementação da modalidade de trabalho
híbrido e já reforçamos o seu uso com a identificação dos comportamentos
relacionados aos valores que foram listados e os artefatos que precisam ser
ajustados para a nova modalidade.
Como será o ambiente físico da organização e o da casa do servidor? Como ele está
disposto? Qual nível de preparação é necessária? Quem vai orientar o servidor e
apoiá-lo quando for necessário? Como se dará o fator da ergonomia? Como será
pensado o mobiliário, computadores, impressoras, o servidor vai poder levar? Vai
ter auxílio para essas aquisições?
Se queremos ter mais criatividade nos dias presenciais, teremos que pensar: Como os
espaços podem colaborar para isso? E para as videochamadas e reuniões com parte da
equipe? O que importa é saber quais atividades a equipe precisa desempenhar, quais
são os novos fluxos e necessidades, para apoiá-la em termos de espaços e processos.
O que não quer dizer que as pessoas não colaborem e não possam se conectar ou ser
contatadas no digital. Sim, elas podem, mas é necessário priorizar essas atividades e
checar se o ambiente digital está desenhado de forma favorável a essas práticas.
Por fim, quando as pessoas estiverem remotas as atividades voltadas para seu
autocuidado e cuidado com a vida familiar devem ocorrer para trazer o benefício da
modalidade híbrida de atender a vida pessoal e profissional.
Bom, até aqui você já viu sobre os ambientes cultural e físico/digital, agora você vai
conhecer o ambiente tecnológico, que diz respeito às ferramentas e às estruturas
disponíveis para funcionar no trabalho híbrido, considerando os dois contextos de
atuação do servidor, seja em casa, seja na organização.
Essa estrutura está adaptada para isso? Hoje, cada vez mais, trazemos questões
da Segurança da Informação, da Cibersegurança e da LGPD (Lei Geral de Proteção
de Dados). Como essas questões estão sendo tratadas dentro da organização
para viabilizar o trabalho híbrido? O servidor tem acesso às informações que são
importantes para o seu trabalho quando está remoto? E quando está no presencial,
tem tecnologia para uma reunião virtual, com câmera, fone de ouvido?
É bom lembrar que, quando o servidor estiver no teletrabalho, o seu espaço de mesa
e computador de trabalho na organização tende a desaparecer, mas no híbrido há
de se pensar em ter o espaço físico, mesmo que não seja específico do servidor,
para que ele possa atuar presencialmente.
Para encerrar este tópico, proponho que você escute o podcast clicando aqui e
reflita mais sobre o assunto.
Num artigo da HBR, Harvard Business Review, o pesquisador Daniel Davis (2021)
mostra que, após fazer um levantamento, detectou 5 modelos possíveis para
trabalhar no pós-pandemia:
Presencial
Como trabalhávamos antes, horário padrão de jornada e presença diária
na organização, com alguns ajustes de saúde e higiene, mas na forma
padronizada.
Híbrido
“Um modelo híbrido em que os funcionários visitam o escritório quando
precisam colaborar e voltam para casa para fazer seu trabalho focado. O
escritório serve como um centro social – o lugar aonde as pessoas vão para
se encontrar, socializar e trabalhar juntas.”
Baseado em atividades
Os funcionários trabalham em um escritório, mas não têm uma mesa
atribuída. Em vez disso, passam o dia movendo-se entre uma variedade de
áreas de trabalho, como salas de reuniões, cabines telefônicas, lounges,
auditórios, centros de aprendizagem.
Teletrabalho
Totalmente virtual. Os funcionários trabalham em casa – ou em qualquer
outro lugar que quiserem – permitindo que as empresas abandonem
aluguéis caros e aproveitem o que começaram durante a pandemia.
Como podemos ver não existe uma fórmula perfeita e nem um certo e errado, o
que existe é o que cabe na sua organização, nas suas atividades e o que as pessoas
demandam. Nada disso pode ser implementado sem verificar a necessidade de
todo o ecossistema.
Cada vez mais está crescendo a necessidade de olhar o design do trabalho mais
centrado no ser humano, assim o trabalho híbrido, ainda que os dias sejam
especificados para trabalhar no presencial, já é um avanço para dar mais autonomia
ao servidor.
Colaboração intencional.
Fonte: Storyset (2023).
Fator-chave: confiança.
Fonte: Freepik (2023).
A linha é tênue e é necessário jogar luz sobre esse fator, pois muitas organizações
criam relatórios e vários mecanismos sem sentido, que drenam a produtividade por
falta de empatia e de confiança no time.
E você? Já fez alguma pesquisa com sua equipe sobre as necessidades e interesses
delas em relação ao trabalho? Ainda não? Então, já desafio você a fazer!
Com inspiração nas pesquisas apresentadas, formule uma pesquisa, que não precisa
ser longa, pode ser um pulse (pulso) – pesquisa pequena e focada – sobre o tema. Isso
já será um primeiro passo para você começar a desenhar algumas possibilidades de
modalidades de trabalho, com sentido e aderência pela sua equipe, pois escutar as
pessoas favorece o engajamento. Creia, é possível ser feliz no trabalho!
Com base nessa visão, foi traçada uma matriz dois por dois com os eixos de
espaço e tempo, e essa matriz pode ajudar você e seu time a se alocarem para
determinadas atividades.
Por isso esse exercício é interessante para ser feito com a equipe,
pois além de ter a participação das pessoas, o processo fica
transparente e compartilhado.
Dessa forma, você gestor deve pensar no equilíbrio do trabalho assíncrono com o
síncrono, pois após pandemia o número de reuniões virtuais disparou e as pessoas
começaram a apresentar sinais de fadiga e de cansaço.
Planejamento do trabalho
Permita que as pessoas, em função dos quadrantes da matriz espaço-
tempo, planejem suas semanas de trabalho.
A matriz seria:
Para Lynda, quando você olha a matriz supracitada sob a ótica do trabalho e da
atividade, você tem a mesma utilidade que a matriz de Gartner que vimos no
tópico anterior: qual o trabalho a ser feito e quais fatores críticos para que haja
a produtividade, isso pode ocorrer em relação ao cargo ou às atividades a serem
desempenhadas.
E por fim, a última dimensão para você, líder, apreciar é a inclusão e justiça. Hoje
essa temática é uma premissa, não é uma concessão e nem um favor abordar esse
aspecto no trabalho. É necessário você ter transparência e justiça nas suas decisões,
principalmente ser empático com as necessidades especiais de alguns colegas, com
vistas a promover a inclusão de todas as pessoas e o senso de pertencimento e escuta.
Assim, num resumo do que você acabou de ver sobre modelo híbrido de qualquer
lugar e qualquer hora, temos:
• Comunique-se, sempre;
• Treine líderes para usar a matriz com a equipe e para fazer a gestão
de equipes híbridas!
Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos.
Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos!
MORGAN, J. The Employee Experience Advantage: How to Win the War for Talent by
Giving Employees the Workspaces they Want, the Tools they Need, and a Culture They
Can Celebrate. London: Wiley, 2017.
3 A Jornada da
Liderança Híbrida
Neste módulo você vai aprender sobre a jornada da liderança, na implantação da
modalidade de trabalho híbrido nas equipes. Sabemos que mesmo com algumas
resistências não poderemos fugir desse novo jeito de trabalhar, e como é um
caminho que precisa ser construído passo a passo, a condução da liderança se torna
um fator crítico de sucesso nessa implementação.
O trabalho híbrido traz muitos benefícios para as pessoas e para as organizações, mas
também traz muitos desafios entre eles como manter a cultura forte e viva, mesmo
com as pessoas trabalhando em casa, e como reforçar a conexão e o engajamento
entre as pessoas das equipes, o que vai demandar uma liderança positiva que seja
capaz de estrategicamente relacionar a cultura com a nova modalidade de trabalho.
Dessa forma, você vai conhecer quais são os pilares que sustentam a implantação do
trabalho híbrido dentro do ciclo de PDCA, como orientar a execução desse trabalho,
descobrindo quais atividades são mais adequadas para quais locais de trabalho,
com vistas ao bem-estar do servidor e a sua produtividade.
Objetivo de aprendizagem
Bom, esse é mais um desafio que temos que lidar no exercício da liderança: como
engajar as pessoas no caso do trabalho híbrido?
O engajamento vem sendo estudado por alguns teóricos e ele vai além da
motivação, é como se acrescentasse a questão emocional, ou seja, além da pessoa
se movimentar em direção a algo, o seu estado emocional também se envolve nessa
movimentação, um estado mental de entusiasmo. A pessoa está presente, focada e
com energia para realizar seu trabalho na organização.
Você percebe que algumas pessoas do seu time têm essas características?
Vitalidade
Pessoas que têm energia, se sentem confiantes e vibrantes com o trabalho.
Dedicação
Pessoas que têm orgulho do que fazem, percebem significado no que
fazem e são conectadas com as suas atividades.
Concentração
Pessoas que ficam imersas e absorvidas no trabalho, muitas vezes nem
observam o tempo passar, pois estão vivenciando momentos de prazer.
Veja que engajamento não é a pessoa que trabalha sem parar, viciada em trabalho,
conhecida como workaholic, que não tem vida pessoal e o trabalho funciona como
uma compulsão.
Esses laços não são necessariamente laços de amizades, e sim laços que façam
todos se sentirem parte da equipe, e estarem juntos com foco no mesmo objetivo,
pois tudo isso são influenciadores do engajamento e previnem os efeitos negativos
e estressantes do trabalho.
Laços e amizades.
Fonte: Freepik (2023).
Olhando para a sua realidade, você verifica isso ocorrer com você ou com sua
equipe? Será que esses resultados traduzem os comportamentos de engajamento
das pessoas com quem você trabalha?
Agora vamos exercitar aqui uma forma de, aproveitando essa pesquisa da Enap,
fazermos um plano de ação sobre engajamento das nossas equipes?
Liderança intencional.
Fonte: Freepik (2023).
Matriz de engajamento.
Fonte: CEPED/UFSC (2023).
Todos são pontos iniciais para uma boa conversa de desenvolvimento profissional!
O que você depreende desse gráfico? No eixo vertical nós temos o desafio e no
horizontal as habilidades e competências. Então, verificamos que quando a pessoa
tem no seu trabalho de forma contínua altos desafios com lacunas muito grandes
em relação às suas habilidades e competências, ou seja, desafio alto e competência
baixa, com o passar do tempo essa pessoa sofrerá de ansiedade, podendo até se
ausentar do trabalho com sintomas maiores de esgotamento mental e burnout.
Por outro lado, quando a pessoa tem altas habilidades e competências e baixo
desafio no decorrer do tempo essa pessoa passará a ficar entediada com o
trabalho, o que favorece o desengajamento e o aparecimento da Síndrome de
Boreout (tédio no trabalho).
Dessa forma, há uma possibilidade de a pessoa entrar numa zona de flow, onde o
fluxo da dedicação e do esforço a fazem ficar absorta na temática. Os estados de flow
ocorrem quando o corpo e a mente estão alinhados e ativados no limite, originários
de um esforço e determinação intencional de atingir um desafio significativo.
Matriz de engajamento.
Fonte: CEPED/UFSC (2023).
Você viu que o flow tem relação com habilidades e com desafios, portanto, acrescento
mais essa coluna na nossa Matriz de Engajamento, finalizando-a.
Matriz de engajamento/desafio.
Fonte: CEPED/UFSC (2023).
Reforço que a ideia aqui é você, como gestor, fazer uma avaliação de como está sendo
colocado desafios para as pessoas, se nas tarefas que elas fazem estão previstos
trabalhos que são desafiantes ou que usam as suas competências, pois o flow contribui
para o engajamento, tendo em vista que a própria atividade que a pessoa executa
provoca essa conexão, não necessariamente a recompensa por fazer isso.
De posse dessa Matriz de Engajamento você tem uma visão geral sobre como
propiciar mais engajamento na sua equipe, claro que essa atividade não é exclusiva
sua, mas você é um alavancador.
Para facilitar ainda mais pensar nesse engajamento, algumas condições podem
favorecer a ocorrência do flow segundo o próprio Mihaly (1992) como:
Que tal se você permitir que o servidor possa fazer algo que ele deseje, além das
suas tarefas do dia a dia? O que ele gostaria de fazer, de criar, de produzir, além
do que está prescrito? Será que assim ele não pode configurar suas atribuições e
trazer um pouco mais de atividades que lhe tragam flow? Essa questão poderia ser
configurada no campo de autonomia na Matriz de Engajamento.
Diante disso, sabemos que o contexto é rei, ou seja, ele impacta fortemente no
comportamento das pessoas, e mais uma vez a cultura se torna aliada ou não, para
que o engajamento possa ocorrer dentro das organizações e das equipes. Como
fazemos as coisas aqui, nesta equipe? Isso é a cultura se manifestando.
É preciso criar ambientes de trabalho que favoreçam o flow, para trazer estado de
foco e de concentração para as pessoas. Hoje, cada vez mais, somos interrompidos
com infinitas reuniões, chamadas ao vivo, mensagens eletrônicas, e precisamos
ter ferramentas apropriadas para que as equipes possam respeitar os espaços e
tempos de concentração da outra pessoa.
Às vezes percebemos que não só a área de gestão de pessoas, mas a própria liderança
tem uma fórmula já pronta que ao mesmo tempo não personaliza a experiência do
trabalho, pois coloca todas as pessoas na mesma medida, não se aprofundando no
que faz aquela equipe e em por que alguns membros não estão engajados.
Será que você sabe quais sãos os pontos fortes das equipes e como usar eles a
serviço do trabalho? Sabe o que as motiva? Sabe quais desafios elas gostam, como
estão alinhadas com o propósito do time? Você sabe qual o nível de autonomia que
elas têm?
Quer saber mais sobre flow? Assista a esse TED: “Estado de Fluxo”
com Mihaly Csikszentmihalyi, clique aqui.
Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!
CLIFTON, D. O. Descubra seus pontos fortes. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2008.
GALLUP. State of the Global Workplace: 2023 Report. [s.l.]: Gallup, 2023. Disponível
em: https://www.gallup.com/workplace/349484/state-of-the-global-workplace-2022-
report.aspx#ite-393245. Acesso em: 10 jul. 2023.
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os pilares que sustentam o trabalho
híbrido para implantação com a equipe.
Mas, para além dessa percepção, alguns pilares como confiança, transparência
e inclusão são inegociáveis nesse novo jeito de trabalhar, e podemos elencar,
também, alguns benefícios para quem adotou essa modalidade:
PARA A ORGANIZAÇÃO
Retenção de talentos.
Fonte: Freepik (2023).
Maior atratibilidade
Órgãos públicos utilizam muito os institutos
de requisição, de cessão, de remoção, de
redistribuição, e se tiver o trabalho híbrido
implantado, pode atrair mais servidores
interessados em usar esses institutos.
Maior atratibilidade.
Fonte: Freepik (2023).
Menor absenteísmo
Se considerarmos que o absenteísmo inclui
atrasos na jornada, licenças para cuidar da
pessoa da família, e a própria licença, há uma
probabilidade de que, com o trabalho híbrido,
essas ausências serem menores.
Menor absenteísmo.
Fonte: Freepik (2023).
Economia compartilhada.
Fonte: Freepik (2023).
PARA O SERVIDOR
Mais economia
O servidor, na modalidade de trabalho
híbrida, economizará com refeições fora de
casa, transportes e outros gastos referentes
a deslocamentos.
Mais economia.
Fonte: Freepik (2023).
Mais felicidade
As pessoas são mais felizes quando percebem
que a organização escuta seus servidores,
quando podem produzir e entregar um serviço
melhor ao cliente. Isso aumenta a pertença e
o engajamento.
Mais felicidade.
Fonte: Freepik (2023).
E você? O que mais você acrescentaria nessa lista para a organização e para o
servidor? Já se convenceu que o trabalho híbrido pode ser uma boa opção para o
seu time? Então, vamos agora nos aprofundar no seu funcionamento.
Por outro lado, não se pode esquecer o fato de que a equipe é formada por pessoas
e que cada um tem as suas necessidades e aspirações, o que deve ser levado em
conta na hora de fazer a gestão, principalmente no trabalho híbrido, que traz várias
nuances sobre as individualidades.
A figura, a seguir, traz as dimensões que são relevantes para a gestão nos novos
modelos de trabalho. Equilibrar as três dimensões e intencionalmente fazer ações
para que elas estejam sempre na pauta do gestor é o grande desafio.
Havia uma cartilha de trabalho mais prescrita que os gestores estavam acostumados,
mas com tantas mudanças e exigência de novas competências comportamentais,
essa cartilha não faz mais sentido. Agora todos foram tirados das suas zonas de
confortos, exigindo-se novas respostas e posturas às demandas atuais, por vezes
ficando paralisados por não saberem como fazer diferente, e por isso são taxados
de gestores resistentes.
Calma! Você não está só, muitos estão atravessando a mesma zona de turbulência,
por isso o maior desafio nessa mudança é olhar para você e para suas vulnerabilidades
nesse processo, para que possa reconhecer que está num processo de aprendizagem
(o fato de ter você aqui, já demonstra isso) e que precisa da cooperação dos servidores
nessa travessia.
Afinal, seu cargo agora ganha um subtítulo como líder de pessoas e para isso precisa
compartilhar a gestão com as pessoas do seu time, trazer mais para o centro das
reuniões as conversas sobre o futuro do time, o que pensam e o que necessitam,
colocando também as suas necessidades como gestor. Assim, há uma grande chance
de a empatia ser gerada na equipe.
Uma pesquisa da Microsoft (2022) verificou que quando a liderança apoia a equipe
na vivência da cultura organizacional, no equilíbrio entre vida profissional e pessoal,
as pessoas se sentem mais conectadas e positivas em relação ao seu trabalho.
Nunca se falou tanto da importância das pessoas e dos gestores (também pessoas)
para os resultados organizacionais, e essa mudança traz duas grandes competências:
as humanas e as técnicas, com contribuições significativas para o contexto da
comunicação positiva (CAMERON, 2008):
Isso nos sugere que precisamos capacitar os gestores para essa nova modalidade
de trabalho e redesenhar o papel da liderança para novas atribuições e descarte de
outras que não fazem mais sentido na nova realidade.
Por muito tempo o nosso modelo de gestão se desenvolveu em cima dos conceitos
da revolução industrial, tendo em vista que o trabalho pouco mudava, era mais
estável, realizado em silos, maciçamente na modalidade presencial e a comunicação
era totalmente vertical de cima para baixo.
Hoje, no mundo líquido e BANI que vivemos, não faz mais sentido esse tipo de
liderança, precisamos de modelos mais horizontais, diversos, ágeis, compartilhados,
com maior conexão humana e inovação, portanto nova abordagem da liderança.
A decisão agora está na mão da gestão em querer fazer parte dessa mudança e
seguir na travessia. Vamos lá?
Mas, por que ainda vimos resistência das organizações para essa modalidade, se
essa é a preferência dos trabalhadores? A resposta é outra pergunta: estamos
preparados para implantar, nas nossas equipes, o trabalho híbrido?
• 12% (apenas) dos líderes dizem estar totalmente confiantes de que seus
funcionários são produtivos (maior para gestores com equipes remotas).
Você já percebeu que há uma confusão sobre produtividade? Pois ela ainda é
confundida com a visualização da “presença” digital do servidor em várias reuniões,
chamadas de vídeos, ferramentas de comunicação corporativa em excesso, e outras
formas de controle.
Se continuarmos a fazer isso de forma excessiva, qual será o tempo que o servidor
vai realmente trabalhar? Será que a produtividade não está sendo dizimada pela
própria organização?
Para visualizarmos essa implementação, vamos pensar num ciclo de PDCA, com
vistas a uma jornada de trabalho mais estruturada e projetada.
Sugiro que faça um quadro com as fases do PDCA para preencher com as questões
principais que deverão constar em cada fase, sem prejuízo de outras que julgue
importantes para sua equipe.
Dessa forma, você terá uma visualização mais rápida sobre as temáticas e uma
espécie de checklist.
Planejar (P)
É por onde toda a sua implementação vai começar, porque precisamos de
um planejamento forte e uma nova mentalidade da equipe e da gestão
para aproveitarmos os benefícios desse tipo de arranjo organizacional.
Nessa primeira fase do ciclo, você vai levantar todas as informações sobre a
implementação do trabalho híbrido, com foco no fortalecimento da cultura
organizacional. Lembre-se que você está testando e aprendendo, por isso
nada é escrito em pedra e pode ser alterado a qualquer momento.
Aqui, você vai focar nos pontos da cultura da organização. Volte-se aos
conceitos que você já conhece para colocar os valores e os respectivos
comportamentos elencados pelo time, como também os artefatos que
precisam ser alterados para essa implementação, como normativos, por
exemplo.
Executar (D)
Aqui a ideia é a execução do trabalho híbrido, fazer o plano rodar e ser
vivenciado por todos. Alguns ajustes serão necessários, para verificar a
viabilidade da proposta planejada.
Checar/Monitorar (C)
A ideia é fazer a medição, obedecendo um conceito clichê de “o que é
medido é gerenciado”. Um dos objetivos dessa etapa é verificar se os
indicadores críticos de sucesso, que foram colocados no planejamento,
Aqui, você irá monitorar os resultados, fará revisão das entregas e avaliará
o desempenho, para analisar os indicadores críticos de sucesso, as metas
e os objetivo, com vistas a fazer uma avaliação dos processos, que no
fundo já ocorre na própria execução.
Agir/Retrospectiva (A)
Nesse ciclo a ideia é agir diante dos aprendizados que você analisou na
etapa anterior e que devem ser transformados em ações corretivas e de
melhoria, se for o caso.
Uma boa opção para isso é fazer uma retrospectiva, reunião de avaliação
com o time, para que os resultados possam ser revelados e compartilhados
com o time, gerando discussões que ajudem na elaboração de novos
planos de ação, a serem implementados no próximo ciclo.
Diante de tudo o que você viu até agora, já ficou claro que você é a liderança de
pessoas do seu time, certo? Portanto, alguns processos que fazem parte da jornada
do servidor terão a sua colaboração, pois não são exclusivos da área de gestão de
pessoas, e incorporam o novo rol de competências da liderança.
Apresento a seguir as etapas de uma jornada que geralmente norteia a maior parte
das organizações, para fins didáticos. A jornada está dividida em algumas fases mais
marcantes da sua vida profissional:
Observe na imagem:
Ambientação (onboarding)
A ambientação tem o propósito de integrar novos membros à cultura da
organização, mas também visa acelerar a performance deles, e isso é uma
responsabilidade da sua equipe, pois é no ambiente do time que ocorre a
verdadeira ambientação.
Desenvolvimento
Essa etapa está focada em como será a formação do time em termos de
capacitação, estágios, mentorias, acompanhamentos e ciclos de feedbacks.
Performance e Recompensa
Acompanhar, ter visibilidade sobre o trabalho da equipe e avaliar a evolução
do trabalho são etapas fundamentais na gestão de equipes flexíveis. Ter
acordos de desempenho alinhados às expectativas sua, como gestor, da
equipe e da pessoa são determinantes para o sucesso desse ciclo.
Desligamento (offboarding)
É o encerramento do vínculo da pessoa com aquele time ou com aquela
organização seja por interesse da liderança, da organização ou por
interesse do próprio servidor.
Veja, a seguir, mais informações a respeito de cada etapa do Ciclo de Vida. Acompanhe:
É certo que se a sua área tiver a opção de trabalho híbrido, ela ficará muito atrativa, o
que pode fazer com que servidores da sua organização ou fora dela queiram trabalhar
por lá. Por isso, a importância de fazer uma análise prévia das competências e dos
papéis necessários, para não fazer o recrutamento sem técnica e padronização.
Uma boa prática é fazer com que o time ou alguns membros participem também
como entrevistadores no processo seletivo, inclusive de estagiários, pois a pessoa
será parte dessa equipe, nada mais inclusivo do que elas poderem participar da
decisão.
Agora, uma última questão que gostaria de reforçar sobre esse assunto é o feedback
ao candidato, principalmente quando ele não for selecionado para trabalhar com
você. É importante que isso ocorra, não necessariamente em detalhes, mas um
retorno de que a pessoa não foi selecionada, e em todas as etapas do processo,
contribui para a marca empregadora, segundo Cruzeiro (2019).
AMBIENTAÇÃO (ONBOARDING)
É importante ter uma agenda preparada para isso, pelo menos com uma estrutura
básica do que deve ser abordado nessa etapa, e um dos principais tópicos é uma
reunião de apresentação e de boas-vindas de toda a equipe, de forma virtual, para
que todos participem, no primeiro dia do novo colega.
Ambientação.
Fonte: Storyset (2023).
DESENVOLVIMENTO
É natural que as pessoas, quando estão no trabalho mais flexível, não se preocupem
com essa parte da sua vida profissional, cabendo a você, gestor, estimular o
desenvolvimento da sua equipe criando oportunidades para que ela se desenvolva,
seja por meio de aprendizagem formal, seja informal.
E essa prática pode ser objeto do plano e metas de trabalho, ou seja, metas de
aprendizagem, que podem ser relativas ao desenvolvimento individual (PDI) ou ao
desenvolvimento da equipe (PDE), que passa por uma avaliação coletiva do time e
do gestor para pensar nos desafios da equipe para aquele ciclo x as competências
necessárias x competências instaladas no time.
Outra boa prática é você demandar ao seu time, para que eles façam, de forma
colaborativa, uma curadoria de conteúdos, de canais de aprendizagem, de materiais,
disponibilizando-os em algum arquivo para que todos acessem e possam também
contribuir, como se fosse uma Wiki de aprendizagem do time.
A carreira do servidor é uma questão importante para ser evidenciada nesse ciclo,
mesmo sabendo que somos regidos por planos de carreira normativos e imutáveis
por nossa vontade. Mas, carreira não é só a sua estruturação e salário, o conceito
é muito mais amplo e envolve direcionamento, ambições, talentos e mobilidades.
Separe um tempo na agenda para conversar com cada membro da equipe sobre
em que ponto das carreiras eles estão e que caminhos gostariam de percorrer.
Isso facilita para que você propicie projetos, desafios e oportunidades em apoio ao
desenvolvimento das pessoas.
PERFORMANCE E RECOMPENSA
Aqui é necessário que haja o reforço do porquê pelo qual as pessoas estão fazendo
o que fazem e como elas se conectam à estratégia da organização, para que, dessa
forma, seja evocado o senso de pertencimento.
• O quê? (What):
objetivos, metas e métricas.
• Onde? (Where):
em qual projeto, trabalho
daquela unidade.
• Quando? (When):
prazo, cronograma da entrega.
• Quem? (Who):
responsável, time.
• Como? (How):
processo, qualidade, valores
5W2H. éticos.
Fonte: Freepik (2023).
• Quanto? (How much) – custo,
quantidade.
Sabemos que cada órgão tem o seu processo de avaliação de performance, mas
a sugestão é que além desse processo normativo, você possa fazer sessões de
avaliação, que no fundo são as retrospectivas para discutir as entregas da equipe, os
aprendizados, as melhorias que precisam feitas, a saúde e o bem-estar das pessoas,
praticar o reconhecimento, sem prejuízo das reuniões individuais. Registre tudo,
pois isso será de grande valia para seu acompanhamento, e construa planos de
ação para as melhorias apontadas.
Ambientação.
Fonte: Storyset (2023).
Ambientação.
Fonte: Storyset (2023).
Ambientação.
Fonte: Storyset (2023).
Ambientação.
Fonte: Storyset (2023).
O que você junto com a equipe pode criar de recompensas com menor poder
financeiro? Como também podemos tornar transparentes as decisões sobre
gratificações para determinados membros do time em detrimento de outros?
DESLIGAMENTO (OFFBOARDING)
Na próxima unidade você verá mais sobre algumas ferramentas que poderão auxiliar
você a navegar nessa jornada de liderança de pessoas!
MORGAN, J. The Employee Experience Advantage: How to Win the War for Talent by
Giving Employees the Workspaces they Want, the Tools they Need, and a Culture They
Can Celebrate. London: Wiley, 2017.
MICROSOFT. Great Expectations: Making Hybrid Work Work. Microsoft, [s.l.], 16,
março. 2022. Disponível em: https://www.microsoft.com/en-us/worklab/work-trend-
index/great-expectations-making-hybrid-work-work. Acesso em: 10 jul. 2023.
Objetivo de aprendizagem
A cada dia surgem mais e mais ferramentas digitais, e o interessante é você aplicá-
las ao seu favor. Por isso, neste tópico você vai conhecer dinâmicas e tecnologia
humana para que você possa aplicar com o seu time.
TEAM CANVAS
Essa ferramenta é útil para iniciar o trabalho híbrido, facilitando a sua implantação
na jornada do servidor e no planejamento do ciclo do PDCA. Se você já implantou,
seria bom abrir um espaço para usá-la no sentido de fazer um alinhamento entre
O Team Canvas, criado por Alex Ivanov e Mitya Voloshchuk possui aplicabilidade no
trabalho em equipe, para fazer alinhamento entre os membros com o objetivo de
propor uma discussão em torno da dinâmica do trabalho e da interação do time.
Se possível faça isso nos dias de trabalho presencial, para reunir todos numa
atividade que possa aproveitar o tempo e o espaço, com uma duração aproximada
de 2h. Caso não seja possível fazer presencial, faça esse quadro virtual, usando
ferramentas de colaboração de quadro branco como Miro, Mural, Jamboard, Zoom,
Microsoft Teams, entre outras. Apenas, atente ao ritmo do grupo no virtual, para
não haver distrações e falta de foco.
Pessoas e funções
Nomes individuais das pessoas da equipe, funções que cada um
desempenha (se um membro tiver mais de um papel na equipe, escrever
todos). Se a equipe tiver um nome pelo qual ela é conhecida, acrescentar.
Objetivos comuns
Pedir para a equipe chegar a um acordo sobre objetivos comuns. A ideia é
que vocês pensem em qual objetivo e meta querem chegar em relação ao
trabalho híbrido. Vamos pensar no trabalho híbrido como um projeto que
está sendo implementado pelo time, então qual seria o objetivo comum
desse projeto?
Objetivos pessoais
Quais são os objetivos individuais para o trabalho híbrido ou teletrabalho?
Existem questões pessoais que queremos compartilhar?
Propósito
Peça para a equipe pensar além dos objetivos comuns e discutir por que
elas fazem o que fazem.
Valores
Pergunte quais dos valores organizacionais eles querem compartilhar
com a equipe de forma mais central e reforçada. Tem algum outro valor
da equipe que queiram acrescentar? Quais são os mais importantes e
Forças e Oportunidades
Quais habilidades técnicas ou socioemocionais que se tem na equipe que
apoiam o alcance dos objetivos comuns, ou seja, a construção de ambientes
propícios ao trabalho híbrido ou flexível? Quais recursos existem na equipe,
quais talentos? Liste todos, pois às vezes os hobbies também são úteis
para determinadas atividades que a equipe possa desenvolver. Pense no
que a equipe tem de qualidades tanto individuais quanto como equipe.
Quais são as oportunidades que devemos abraçar para esse projeto do
trabalho híbrido?
Fraquezas e Riscos
Quais são os pontos que temos que melhorar individualmente e em equipe?
O que nos ameaça que nos torna vulneráveis? Que riscos e obstáculos
teremos para implantar o trabalho híbrido?
Desejos e Expectativas
Quais são as necessidades da equipe? O que cada um pode ofertar para o
time e o que o time quer receber e de que forma? Quais necessidades para
potencializar os pontos fortes e desenvolver o que precisa ser melhorado?
Regras e Atividades
Quais são as regras e os acordos em comum? Que atividades serão
implementadas para fazer funcionar o trabalho híbrido e para que aconteça
as necessidades expostas em cada questão? Quais as regras do trabalho,
da comunicação... enfim, o que sentir necessidade de colocar.
O ciclo de vida profissional do servidor é uma jornada formada por etapas que você,
como líder, terá que incorporar como novas competências a serem desempenhadas.
Vamos ver algumas ferramentas que podem ajudar nessa facilitação?
Além das competências que você irá verificar na entrevista, juntamente com os
valores, você pode pedir para a pessoa responder essa avaliação de perfil, existem
várias gratuitas disponíveis, no sentido de não rotular a pessoa, mas de criar uma
conversa sobre o resultado.
Muitos são usados no mundo corporativo como o DISC, MBTI de forma paga, para
um resultado mais completo, e gratuita para uma devolutiva mais simples.
Lembre-se que todos os resultados de avaliação não são testes e nem diagnósticos,
são indícios do que se apresenta no momento, mas nunca uma forma de rotular as
pessoas. Além disso, não é para ser usada isoladamente, e sim com entrevista por
competência, análise curricular, dinâmicas, se for o caso, entre outras práticas.
Mapa pessoal.
Fonte: Moser (2017).
Você pode fazer em dupla e, depois, cada um da dupla apresenta o colega e comenta
as descobertas sobre o outro. Os comentários podem refletir em quantas coisas
em comum se tem no time, o que é diferente de todo mundo, o que é surpresa,
inusitado etc.
Como você interpreta essa matriz? O que ela diz a respeito das competências desse
restaurante? Podemos verificar que estamos com algum problema na competência
de cozinheiro e caixa, concordam? Temos que fazer alguma ação no sentido de
melhorar esse quadro.
Vejam que essa matriz faz com que você possa olhar rapidamente e de forma visual
a situação da sua equipe, tanto pelas linhas horizontais, onde você vê como está a
situação de cada competência em relação às pessoas, como na forma vertical que
você observa os níveis que são necessários de cada competência no time e o que o
time apresenta.
Vamos à prática?
Após o resultado, conversem sobre as formas de mitigarem essas lacunas, para que
haja uma promoção da cultura de aprendizagem e de desenvolvimento no time, que
traz benefícios para as organizações e para as pessoas, pois aumentam seu poder
de empregabilidade.
Comece com perguntas para quebrar o gelo, perguntas pessoais tais como família,
hobby, viagens e depois veja a agenda de tópicos para serem tratados, que devem
constar, da sua parte como gestor, temáticas como: o trabalho, a motivação, o
crescimento e o desenvolvimento, usando uma estrutura de equilíbrio, perpassando
por todos os tópicos. Conforme você pode ver no exemplo a seguir:
Tópicos.
Fonte: Hypercontext (2023).
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
Como a pessoa pensa o seu futuro profissional dentro da organização? O que ela se
vê fazendo daqui a alguns anos? Essas conversas são sobre a carreira do servidor,
seus interesses, habilidades, pontos fortes. Aqui, o gestor vai dizer como pode apoiar
o servidor na sua trajetória.
Como o servidor está engajado no trabalho, o que o motiva, quais são as atividades
que ele entra em flow? Os gerentes devem aproveitar a oportunidade em conversas
individuais para verificar quais são os motivadores dos servidores, o que pode ajudar
a avaliar e melhorar a motivação dos funcionários. O que os deixa entusiasmados
para trabalhar? Quais projetos revigoram e quais desmotivam?
TRABALHAR
Discuta especialmente se a pessoa está satisfeita com o que está fazendo, se tem
alguma dúvida, alguma questão que a gestão pode ajudar, se está integrado ao
time e não sobre o status do projeto, sobre metas, etc. Se a conversa começar a se
desviar demais para o trabalho, reserve um tempo separado para discutir o trabalho
relacionado ao projeto.
• Como é um dia de trabalho produtivo e ideal para você? Me fale sobre ele.
PERFORMANCE E RECOMPENSA
O feedback ainda é algo que temos muita dificuldade em fazer, até porque ele traz
embutido em si, especificamente na pessoa que oferta, um pouco de arrogância
ou até de prepotência, segundo Buckingham (2019), em seu artigo para a Harvard
Business Review – HBR.
Para ele, as pessoas que dão o feedback assumem que o seu jeito de fazer ou de
se comportar é melhor do que o do colega e reforçam aquilo que o colega não tem,
talvez nunca tenha, ou o que ele não sabe como fazer. E conclui que humanos não
são tão bons em avaliar outros humanos. Será verdade? O que você pensa sobre isso?
Força da equipe
Fonte: Storyset (2023)
Em que pese termos que realizar a avaliação individual para efeitos de promoção,
de legislação e outras imposições, podemos mesclar as avaliações individuais com
as coletivas, juntando as duas modalidades.
Feedback Canvas.
Fonte: Matheus Haddad (2023).
Após essa fase, a pessoa passa para os pontos negativos, que seriam as lacunas
que a competência tem ainda e o impacto nas atividades, elencando como pontos
de melhoria, na visão de cada um dos colegas, justificando por meio de fatos
ocorridos no desenvolvimento do trabalho.
Por fim, todos, inclusive a pessoa que está recebendo o feedback, pensam em ações
de desenvolvimento, e ela selecionará aquelas ações que forem mais aplicáveis à
sua realidade, que é o feedforward.
Essa reunião pode ser solicitada pela pessoa, pode ser combinado que o time fará 4
sessões dessa por ano para cada membro, ou sessões trimestrais, enfim, o arranjo
pode ser combinado e já ficar agendado no cronograma de reuniões da equipe.
Compartilho com vocês uma ferramenta chamada Kudo Cards, que é para
fomentar o reconhecimento entre as pessoas da equipe, de forma lúdica. Essa
ferramenta é composta por cartões, que podem ser confeccionados pelo time, e
que valorizam algum aspecto positivo da contribuição de uma pessoa ou um feito
que ela fez, estimulando a motivação intrínseca das pessoas.
• Escreva sua mensagem e afixe em algum lugar que seja visível para o
time.
• Pode ser uma parede virtual ou física para isso (Kudo Wall) ou um
quadro branco e compartilhe os elogios.
Kudo cards.
Fonte: Upflow.me (2023).
O desligamento pode ser feito pelo próprio servidor ou pela liderança, que nesse
caso, presume-se que foi precedido por vários feedbacks e oportunidades de
melhoria.
Embora os feedbacks tenham ocorrido não deixa de ser uma conversa difícil e
delicada, onde a liderança precisa se preparar para o encontro, que pode ser esse
modelo de tipologia conversacional que pode ser aplicada nessa situação.
Veja como pode ser utilizado, numa situação hipotética, um desligamento que se
daria pelo fato da não entrega reiterada do trabalho acordado:
Tipologia conversacional.
Fonte: Coaching Ontológico (2023). Adaptação: CEPED/UFSC.
BUCKINGHAM, M.; GOODALL, A. Nove mitos sobre o trabalho: Uma nova maneira
de pensar cultura empresarial e liderança para promover o potencial criativo e a
realização profissional das equipes. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.
MOSER, G. Personal Map: excelente dinâmica para formação de times. K21, [s.l.]. 2017.
Disponível em: https://k21.global/br/blog/personal-map. Acesso em: 10 jul. 2022.
THETEAMCANVAS.COM. Team Canvas: Get Your Team on the Same Page. Disponível
em: https://theteamcanvas.com/. Acesso em: 10 jul. 2023.
4 O Bem-Estar de
Times e Líderes
No início de 2022, uma pesquisa realizada pelo Indeed com profissionais brasileiros
apontou que 18% dos entrevistados sentiram que sua saúde mental ficou muito
prejudicada após a mudança integral para o sistema a distância.
Para isso vou apresentar o modelo Perma, de Martin Seligman (2004), que ajudará
você a construir um planejamento de bem-estar no seu time.
A ideia com esse módulo é fortalecer a liderança para gerenciar equipes híbridas
utilizando estratégias de bem-estar para ser uma liderança promotora de ambientes
saudáveis e engajadores.
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar estratégias que estimulem a equipe
no trabalho híbrido a ter o direito à desconexão, à presença autêntica e ao flow.
Hoje, mais do que nunca, esse tema ganha destaque em nossas organizações, e o
bem-estar aparece não como uma tendência, mas uma estratégia organizacional e
da liderança, que foi intensificada no período da pandemia.
Durante a pandemia vários órgãos se adaptaram para oferecer aos servidores ações que
atendessem ao quesito da segurança, do bem-estar e da qualidade de vida no trabalho.
Ações pontuais como lives, aulas de meditação, yoga, ginástica laboral, palestras, e
outras, de forma mais duradoura, como políticas de saúde, de QVT e de bem-estar.
Burnout.
Fonte: Freepik (2023).
Mas essas ações não são suficientes, se não trabalhar a cultura e a liderança, que
têm um papel, hoje, de se tornarem mais humanizadas para essa exigência do novo
trabalho. Mas o que seria essa humanização?
Muito do que se faz de bem-estar no trabalho são ações pontuais que não
estão ancoradas em nenhuma política, denominadas pelo professor doutor da
Universidade de Brasília (UnB) Ferreira (2006) como ofurô corporativo. Ações com
efeitos efêmeros e que não têm seus efeitos mais duradouros, pois não fazem parte
da estratégia e da cultura daquela organização.
São positivas? Sim, são ótimas, mas devem estar alinhadas aos valores e às práticas
da liderança, pois essas atividades, algumas exclusivamente assistencialistas, estão
em nítido descompasso com as causas mais profundas dos problemas provenientes
das situações de trabalho.
Não adianta as pessoas participarem de ações, terem salas coloridas com almofadas
e jogos, se quando voltam para as suas salas convivem com líderes assediadores
e gestões autocráticas, focadas em comando e controle, dos quais as metas e a
produtividade ignoram os riscos e os custos humanos envolvidos nos resultados.
Nas pesquisas realizadas pelo professor Ferreira (2015), as questões que são fontes
de bem-estar das pessoas nas organizações passam por fatores como:
Muitos teóricos falam sobre QVT, como Limongi-França (2015), que reforça a
importância de se investigar além da ergonomia e da saúde mental, as dimensões
biológicas, psicológicas, sociais e organizacionais pois são variáveis importantes nas
condições de trabalho que o funcionário está exposto, e a gestão faz parte dessas
condições, por impactar nos resultados organizacionais e humanos.
Os gestores não são super-heróis e não podem adivinhar tudo o que é necessário
para o bem-estar da sua equipe. Portanto, caberá ao líder reunir-se com a equipe
para traçar um plano de QVT na sua unidade de trabalho, no sentido de promover
condições que gerem o bem-estar e remover as que geram mal-estar. Esse é o
verdadeiro papel da liderança.
Hoje, com as cobranças cada vez maiores da sociedade por bons serviços prestados,
vem aumentando em larga escala a pressão pelo aumento de produtividade, de
cumprimento de metas e de prazos. Por isso, essa discussão se torna mais do que
O bem-estar deve começar no indivíduo, na sua relação com ele mesmo, o chamado
autocuidado, e deve ser incentivado pelas organizações. Esse autocuidado, que são
ações deliberadas que a pessoa faz em prol da sua saúde física, mental e emocional,
deve estar na agenda da liderança para que ela possa desenvolver empatia pela
equipe e apoiá-la nesse processo.
Com as novas formas de trabalhar, fomos ficando cada vez mais hiperconectados.
Pois para tudo que fazemos, precisamos, de alguma forma, nos conectar a sites,
aplicativos, QRCodes etc., tanto na nossa vida pessoal, como profissional.
A questão de alerta que trago para essa reflexão é que, tendo o Brasil como maior
usuário de WhatsApp, e mesmo sabendo que não é uma ferramenta adequada ao
trabalho remoto, usamos como ferramenta de comunicação principal no nosso dia a
dia, inclusive no trabalho, o que vem retirando o limite entre as jornadas de trabalho
e as atividades da vida pessoal.
Sobrecarga.
Fonte: Freepik (2023).
É certo que o limite físico da nossa vida pessoal e profissional não será mais
recuperado de forma tão binária, pois o trabalho será feito em casa e algo pessoal
pode ser decidido no escritório, entretanto é necessário que, em nome da liberdade
do trabalho, tenhamos o momento de nos desligarmos sem culpa e sem julgamento.
Veja algumas dicas que você, líder, pode praticar para favorecer a desconexão digital:
Desligar-se.
Fonte: Freepik (2023).
3 Será que você pode esperar para enviar uma mensagem no dia seguinte ou precisa
realmente enviá-la às 21h para algo que deve ser feito no dia seguinte? Percebe como
é uma questão de modelar o comportamento, de forma intencional? Se formos deixar
para fazer de forma mais instintiva, o natural é nos livrarmos logo das demandas que
A ideia aqui é trazer essas questões para a reflexão de vocês na construção dos novos
modelos de trabalho. Essas situações não podem ficar de fora do planejamento da
mudança e precisam ser discutidas, pois tudo isso não pode deixar de ser percebido
pela gestão, o que, mais uma vez, confirma a necessidade do relacionamento aberto
e participativo do gestor com a sua equipe.
Você já se perguntou sobre o que torna uma vida boa? Um estudo de Harvard sobre
o tema, realizado por pesquisadores desde 1938 vem procurando essa resposta.
Segundo Waldinger (2018), "o que descobrimos é que, no caso das pessoas mais
satisfeitas em seus relacionamentos, mais conectadas ao outro, seu corpo e cérebro
permanecem saudáveis por mais tempo", afirma o acadêmico americano.
Você pode ainda encontrar a mesma ideia em Almeida et al. (1999), que afirma:
“a saúde mental significa um socius saudável; ela implica emprego, satisfação no
trabalho, vida cotidiana significativa, participação social, lazer, qualidade das redes
sociais, equidade, enfim, qualidade de vida.”
Trabalhando esse modelo para a sua realidade e pensando em criar ações de bem-estar
para o seu time, proponho que use a ferramenta abaixo, para planejarem as ações.
Modelo Perma-V.
Fonte: CEPED/UFSC (2023).
A ideia é que você possa aproveitar o momento que sua equipe estará presente na
organização e criar essa oportunidade para que todos participem. Por si só essa
ação já contribui com a percepção de um ambiente mais acolhedor e aberto, além
de potencializar os dias presentes no escritório para as atividades colaborativas
da equipe.
ENGAJAMENTO (E)
Precisam verificar quem são e quais são os talentos da equipe, as suas forças
e competências, para oferecer desafios proporcionais a elas, que estimulem
o aprendizado e o desenvolvimento. Perguntas que norteiam:
• Há projetos colaborativos?
REALIZAÇÕES (A)
Nos sentimos realizados, também, quando entregamos algo, quando
somos capazes de deixar um legado, de fazer e de realizar nossos objetivos
e sonhos. A realização é o quinto elemento do Perma-V. Precisamos cumprir
metas, objetivos, conquistar algo na vida para termos realização.
• As pessoas estão alinhadas e sabem por que têm que fazer o que é
necessário?
VITALIDADE (V)
Recentemente ela foi incorporada ao Perma, e dá ênfase a 3 aspectos:
dormir bem, comer melhor e movimentar-se.
Bom, até aqui, você já deve ter preenchido o canvas e já tem uma lista de várias
ações e práticas que podem ser implantadas para gerar melhoria na qualidade de
vida e no bem-estar da sua equipe, não é só uma questão de saúde corporativa e
sim de sustentabilidade organizacional!
Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!
Estudo de Harvard sobre Felicidade. What Makes a Good Life? TED Robert Waldinger.
[s.l.]: [s.n.], 2015. 1 (13 minutos). Publicado por Ligia Costa - Thank God its Today.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=d52BStMyOMw. Acesso em: 10
jul. 2023.
FERREIRA, M.C.; ALMEIDA, C.P.; GUIMARÃES, M.C.; WARGAS, R.D. Qualidade de Vida
no Trabalho: a ótica da restauração corpo-mente e o olhar dos trabalhadores. In:
FERREIRA, M.C.; ARAÚJO, J.N.G.; ALMEIDA, C.P.; MENDES, A.M. (Orgs.). Dominação e
Resistência no Contexto Trabalho-Saúde. São Paulo: Editora Makenzie, 2011. p. 159-
182.
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em: https://
www.freepik.com/. Acesso em: 10 jul. 2023.
WALDINGER, R; SCHULZ, M. The Good Life: Lessons from the World's Longest Scientific
Study of Happiness. New York: Simon & Schuster, 2023.
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a promoção da cultura do bem-estar,
por meio de estratégias que mantenham um clima organizacional saudável e produtivo.
Segundo a pesquisa Edelman Trust Barometer 2023, um estudo global sobre confiança
e credibilidade realizada pela Edelman Data & Intelligence (DxI), as empresas e as
ONGs são as únicas instituições vistas, pelos brasileiros, como competentes, éticas
e confiáveis, enquanto o menos confiável é o governo.
Ora, mas o que isso tem a ver com o trabalho híbrido? Isso tem a ver com o nosso
propósito como servidor público, como geramos valor para a sociedade, e como
precisamos estabelecer essa confiança no nível intraorganizacional, para que
possamos, por meio das pessoas e das entregas dos nossos, resgatar o índice de
confiança para as partes interessadas. Então, tem tudo a ver com o nosso trabalho!
Nesse estudo, Frei (2020) destaca que a confiança se baseia em três agentes
que a impulsionam e que são acionados quando confiamos em alguém. Veja na
ilustração a seguir:
Autenticidade
Diz respeito ao verdadeiro eu da pessoa, quando é percebido que a
pessoa age de acordo com o seu pensamento, com o que fala, quando há
coerência no comportamento, ou seja, há uma verdade na forma do outro
se comportar.
Lógica
Faz parte de acreditar no julgamento, no raciocínio, na seriedade e na
competência do outro, o quanto a pessoa tem solidez para atuar sobre
aquela temática, comunicar, se posicionar, ter uma linha de raciocínio clara
e objetiva.
Para Frei (2020) esses agentes servem tanto para criar a confiança como para
reconstruí-la. Sim, a confiança pode ser quebrada, e algumas vezes reconstruída. E,
quando a confiança é perdida, pode ser porque uma dessas vertentes estremeceu:
a autenticidade, a empatia ou a lógica.
Agora, vamos fazer exercícios reflexivos sobre esses agentes e o impacto na sua
confiança.
Na minha experiência, ao fazer esse diagnóstico, vi que meu padrão era mais “falho”
para a empatia. E o seu? Uma boa sugestão é conversar com essas interações
para neutralizar o viés que nossa autoavaliação traz, pois às vezes não somos
tão neutros quanto deveríamos. Identificar os pontos fortes e os mais frágeis da
confiança é um começo para você promovê-la no ambiente de trabalho com sua
equipe.
Se essa confiança foi quebrada com alguma das suas interações, ao fazer esse
pequeno diagnóstico e achar sua “fragilidade” da confiança, estabeleça uma
conversa com essa pessoa, assumindo a sua responsabilidade nessa vertente que
você identificou, na intenção de reconstruir essa confiança.
Se a empatia foi o seu lado mais inconsistente, como é o meu caso, tente ser
mais presente na interação com as pessoas, nas reuniões, nas conversas, mostre
interesse genuíno pelo que o outro fala, e evite fazer uso da tecnologia nesses
momentos, se concentrando mais no outro, fazendo perguntas, sendo curioso.
Evite focar somente na sua necessidade como gestor, e foque na de todas as
Se a sua questão está mais voltada para a lógica, competência naquela temática,
a sugestão é que você saiba mais sobre o assunto, estude, pesquise fontes
variadas e trabalhe com dados e referências. Seja humilde em assumir o que
não sabe, mas seja curioso para aprender com as situações e principalmente com
aquelas pessoas que dominam o assunto.
Mentoria.
Fonte: Freepik (2023).
E, por fim, se seu ponto oscilante é a sua autenticidade, muitas vezes você pode
estar fazendo um “papel” nas suas interações. A pessoa que você é com amigos e
familiares tem a mesma versão de valores e de atitudes que a pessoa profissional?
Muitos de nós aprendemos que nos ambientes corporativos devemos modelar
quem somos e não nos apresentar por inteiros, controlar nossas emoções, não
demonstrar sentimentos, enfim, não ser quem somos!
Por outro lado, cada vez mais vimos a necessidade de termos segurança psicológica
nas equipes para sermos quem somos e podermos nos manifestar em situações
e conflitos, que antes eram colocados embaixo do tapete. Hoje, se posicionar com
o que somos verdadeiramente nos traz liberdade e autenticidade nas relações,
além de fazer parte da estratégia para você ter restaurada essa vertente da sua
confiança.
Esses três agentes moldam a base da confiança, mas antes de todos estarem em
uso, é fundamental que você tenha confiança em você mesmo. Sua autoconfiança
é precursora de todo esse processo.
Dois termos básicos são sugeridos por Neeley (2021) para confiança do trabalho
em equipe.
Confiança cognitiva
É similar à que Frei (2020) chamou de lógica, onde as competências e
qualificações se sobressaem e é mais rápida de se estabelecer.
Assim, em equipes remotas é mais provável que trabalhem num nível mais baixo
de confiança emocional e mais alto de confiança cognitiva, lembrando que não há
uma melhor ou pior. O que importa é você saber qual tipo de confiança existe na
sua equipe e como serem colaborativos e produtivos. Qual tipo de confiança deve
ser mais estimulado para que você possa estruturar experiências de confiança no
seu time.
Assim, a liderança deve provocar e estimular essas conversas grupais com frequência
para que a equipe possa fazer interações que não sejam só com assuntos técnicos
e voltados diretamente para o trabalho. Pelo contrário, que sejam para criar laços,
diminuindo a distância social, que se conheçam como pessoas e aprendam mais
sobre uns e outros, com mais empatia.
Como podemos ter segurança para atuar no trabalho? Imagine que você percebe que
uma decisão que a sua liderança tomou pode levar a um resultado não satisfatório,
ou até prejudicial para ela, para as pessoas e para a organização. O que você faz?
Contesta? Se cala? Comenta somente com uma pessoa próxima?
A reação que você terá em uma situação parecida com essa pode ter relação com
o seu ambiente de trabalho. Ou seja, a segurança psicológica que você tem ou não
para se posicionar.
Foi numa situação similar, ocorrida num hospital entre uma enfermeira e uma
decisão tomada por uma médica, que a cientista comportamental organizacional, a
Dra. Amy Edmondson (2020) da Harvard Business School, trouxe as evidências para
cunhar o termo segurança psicológica, que faz parte dos seus estudos, e que se
originou no livro Organização sem medo.
Muitas lideranças não querem ouvir notícias que acham negativas, pois rotulam as
pessoas de sabotadoras e resistentes, mas às vezes é naquelas falas que se tem
que prestar atenção, pois a falta de segurança psicológica pode criar uma ilusão
de sucesso ou de que tudo está bem, e esconder graves falhas que poderiam ser
evitadas.
Não é fácil criar ambientes assim, mas, principalmente nas modalidades de trabalho
remotas, é importante pensar nesse quesito, tendo em vista que nem sempre se
terá interação presencial, e que a percepção das equipes e a abertura de fala de
cada um se torna fundamental para o alinhamento e a autonomia de todos. A ideia
é que a segurança psicológica seja um exercício contínuo de todos da equipe.
Sabe-se que cada vez mais teremos a diversidade nas nossas equipes remotas,
pois essas modalidades favorecem sobremaneira esse tipo de constituição e de
funcionamento, o que traz mais um motivo para que a abertura e o debate sejam
possíveis e levem a uma cultura de aprendizado e de melhoria contínua.
Portanto a liderança deve, após uma escuta mais qualificada, aceitar as diferenças,
fazer boas perguntas, estabelecer fóruns de discussão para colaborações, que são
fundamentais para equipes híbridas e remotas, orientar em relação ao aprendizado
contínuo e ressignificar a falha como um dos pilares do aprender.
Para você que é líder, Edmondson (2020) explicita três dicas rápidas para tentar
implantar no seu ambiente de trabalho:
Aprendizado.
Fonte: Storyset (2023).
Modele a curiosidade
Faça muitas perguntas como líder,
crie desafios, abra para a escuta, peça
opiniões, inclua as pessoas nos debates,
isso cria a necessidade por novas vozes e
ideias.
Fazer boas perguntas é uma habilidade, portanto pode ser adquirida e aprendida.
Seguem alguns exemplos: para ampliar a compreensão ou expandir as opções
pergunte “O que pode estar faltando? Quais outras ideias podemos gerar? Quem
O líder precisa criar ambientes seguros e extrair o melhor das forças da sua equipe,
lembrando que toda e qualquer diversidade deve ser celebrada, pois há estudos
que comprovam que equipes diversas têm maior satisfação no trabalho. Mas como
criar esse ambiente?
Demonstre engajamento
Esteja presente e concentre-se na conversa; faça perguntas com a intenção
de aprender; seja aberto, interativo e mostre que você está escutando a
pessoa; esteja ciente da sua linguagem corporal e faça contato visual para
mostrar conexão e escuta ativa.
Mostre compreensão
Recapitule o que foi dito para confirmar a compreensão; evite colocar a culpa
e concentre-se em soluções; gerencie suas expressões faciais de reprovação.
Seja inclusivo
Compartilhe informações sobre seu estilo de trabalho e estimule os colegas
a fazerem o mesmo; esteja disponível e acessível aos colegas da equipe;
comunique claramente o propósito das reuniões; expresse gratidão pela
contribuição da equipe; solicite informações e opiniões dos colegas para
tomada de decisão; explique o raciocínio por trás de suas decisões.
1 Se você cometer um erro nesta equipe, muitas vezes ele será usado contra você.
Quando se tem uma baixa segurança psicológica, em que as pessoas não interagem,
não falam umas com as outras, não se sentem livres para se manifestar e que não
se responsabilizam pelos seus resultados, instala-se uma zona de apatia que pode
levar a pessoa ao adoecimento, revelando um total desânimo e desinteresse pelo
que faz.
Quando se tem um ambiente com alta segurança psicológica e baixa busca por
resultados, temos uma zona de conforto, onde as pessoas estão estagnadas,
desinteressadas e sem motivação para buscar inovações, resultados e excelência
nas suas atividades.
Quando se há uma alta busca por resultados, mas o ambiente não propicia
segurança psicológica, as pessoas não se expressam, não interagem com as outras
no sentido de se posicionarem sobre determinado assunto, temos uma situação
Quando há um ambiente com alta segurança psicológica e alta busca por resultados
também é alta, estamos falando de uma zona de aprendizagem, onde as pessoas
interagem sem medo, podendo se arriscar e inovar, pois sabem que o erro será
objeto do processo de aprendizagem e faz parte do trabalho de quem se arrisca,
de equipes com diversidade, e de quem busca resultados e soluções de excelência.
Não basta ter diversidade se a inclusão não é praticada, pois sem inclusão não há
senso de pertença, lembrando que a inclusão depende de outros tantos fatores, e a
segurança psicológica é apenas um deles.
Bom, encerramos o curso, espero que tenha tido vários aprendizados para a sua
jornada na liderança híbrida! Sucesso e até a próxima!
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em: https://
www.freepik.com/. Acesso em: 10 jul. 2023.
FREI, Frances. Begin with trust. Harvard Business Review. Boston, maio-junho, 2020.